Revista do Meio Ambiente 18

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Edição 18 da Revista do Meio Ambiente

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Novo Livro: O Desafio de Escolher

Leia, recomende eadote os livros

de Vilmar Berna

Como Fazer Educação Ambiental3ª Edição - Ed. Paulus

O Tribunal dos Bichos8ª Edição - Ed. Paulus

Parábola da Felicidade10ª Edição - Ed. Paulus

O Desafio do Mar17ª Edição - Ed. Paulus

A Consciência Ecológica na AdministraçãoEd. Paulinas

A Criação e a Ação Humana5ª Edição - Ed. Paulus

Pensamento EcológicoEd. Paulinas

“Apresenta uma reflexão de diversas práticaspossíveis em nossas vidas.”

“Através de uma fábula com animais, ricamente ilustrada,o autor aborda numa linguagem simples, nossa relação comos animais em temas polêmicos como caça, experimentaçãocientífica, maltrato e abandono, etc.”

“Através da parábola envolvendo quatro amigosque reúnen-se ao final do curso embaixo deuma velha jaqueira, tem início uma hostória queleva os leitores a refletirem sobre sucessoprofissional, felicidade, valores.”

“Compara a construção de um navio ao desenvolvimentohumano onde nosso corpo é comparado ao casco, a partemais visível do navio, a primeira e a que demora menostempo para ficar pronta.”

“A administração à qual o autor se refere aqui nãoé apenas numa empresa, mas também numa escola,organização, até mesmo em casa.”

“Mescla o texto bíblico da criação com informações atuaissobre o atual estado das coisas.O livro contém um glossário para o leitor conhecer mais sobreefeito estufa, poluição, erosão do solo, seca, desmatamento, etcTem belíssimas ilustrações.” - Cecília Iwashita.Cecília Iwashita

“Vilmar conhece os diferentes aspectos que permeiam a questãoambiental com a autoridade de quem já esteve nos mais diversoscampos de batalha em favor da vida.”

Michèle Sato - professora e pesquisadora em EducaçãoAmbiental do Instituto de Educação da UFMT e doPrograma de Pós-Graduação em Ecologia da UFSCar.

Michèle Sato

André Trigueiro - Apresentador da TV Globo e Globonews.André Trigueiro

Vilmar Berna Escreveu O DESAFIO DO MAR, que está em sua 17ª edição, e oferece agora aos leitores a possibilidade de refletir sobre o direito que temos de escolher o que é melhor para nossa vida. O autor defende que não temos de ser marionetes ou vítimas do destino, de nossa própria natureza humana ou das circunstâncias, por mais que elas exerçam influência sobre nós. Escolher inclui riscos, alerta o autor, e por isso é preciso aprender a escolher com cuidado, desde as mais simples decisões sobre nosso cotidiano, até decisões que nos seguirão por toda a vida, como a profissão, um novo relacionamento, a educação dos filhos, a relação com o mundo, com o outro, com o meio ambiente.

Compre estes livros numa livraria em sua cidade ou ligue grátis paraa (0800 557880) ou - (0800 7010081)Paulus Paulinas

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2 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

Por Vilmar SidneiDemamam Berna*

Pela regulamentação do

TAC – Termo de Ajuste

de Conduta

Sobre a capa: Na primavera todas as coisas se renovam, diz o provérbiochinês. Alheio ao trânsito de Brasília e aos vôos rasantes da Esquadrilhada Fumaça, durante a “Parada de 7 de Setembro”, o ipê branco(Tabebuia roseo-alba) florescia altaneiro, bem ao lado da Catedral eao Museu da República, em Brasília, onde aconteceu o VIII EncontroVerde das Américas. Um privilégio para assistir maravilhado! Lembreido quadro de Vincent Van Gogh e de suas palavras: “Amamos a artepara que ela nos ajude a ver e amar a natureza, mais e mais.” (Os ipêsde Brasília são Patrimônio Ecológico do Distrito Federal e, por isso,imunes ao corte - decretos nºs. 14.783, 17/06/1993 e 23.585, 05/02/2003).

m levantamentoinédito feito pelojornal O Globo re-

* Vilmar é escritor com 15 livros publicados. Na Paulus, publicou “Como Fazer Educação Ambiental”, “O Desafio do Mar”, “O Tribunal dosBichos”, entre outros, e nas Paulinas, “Pensamento Ecológico” e “A Administração com Consciência Ambiental”, transformados em cursoà distância pela UFF – Universidade Federal Fluminense. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente.É fundador e superintendente executivo da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br ) e editor do Portal (www.portaldomeioambiente.org.br ) e da Revista do Meio Ambiente (www.revistadomeioambiente.org.br ). Mais informações sobre o autor:(http://www.rebia.org.br/VilmarBerna/ ). Contatos: [email protected]

Uvelou que, nos dez anos dalei de Crimes Ambientais,menos de 1% do valor totalde multas administrativasaplicadas pelos órgãosambientais estaduais no Es-tado do Rio de Janeiro foipago. Mesmo quando elascaem na dívida ativa, com co-brança judicial, o percentualse mantém baixo: 12%. NoIbama, a situação é parecida:

a União recebeu, desde 1998,apenas 10% das multas emi-tidas no período.

Chamo a atenção para anecessidade de regulamentaro TAC – Termo de Ajuste deConduta por que um dos mo-tivos da má vontade em co-brar o dinheiro das multaspode estar numa estratégiade não deixar mesmo o di-nheiro das multas entrar nocaixa do governo. Primeiropor que, se entrar, esse di-nheiro dificilmente volta para

beneficiar o meio ambiente eacaba perdido nos caixasúnicos, e, depois, por que, nahipótese de entrar, vira di-nheiro público e, para gastá-lo, será preciso obedecer to-dos os trâmites e exigênciasda Lei 8.666 de licitações, sesubmeter a auditorias de tri-bunais de contas, etc.

Então parece melhor re-verter o valor das multas emTAC – Termo de Ajuste deConduta. O dinheiro das mul-tas passa a ser empregadoem projetos negociados en-tre o infrator e o órgãofiscalizador. O problema é afalta de regras claras paraesta negociação. Além disso,não existe uma valoraçãoeconômica ecológica entre odano causado e os proje-tos de ajuste de conduta.Então alguns maus em-presários podem estar des-cumprindo a legislação decrimes ambientais de propó-sito, tomando a iniciativalogo em seguida de confes-sar o crime e propor um TACatravés de seus advogadosespecializados no assunto,beneficiando-se das atenu-antes previstas na Lei para

aqueles que se auto-denun-ciam.

Outro problema é que, aopropor o TAC, o mau empre-sário pode habilmente propora execução de projetos am-bientais que absolutamentenão reparam o dano e que dequalquer forma estariam fa-zendo como parte de sua Po-lítica de ResponsabilidadeSocial ou como parte das me-didas compensatórias delicenciamentos. Para sensibi-lizar o agente do governo,tais projetos do TAC podemcom habilidade contemplaralguma ONG ou universida-de da simpatia do agente oumesmo projetos do interes-se do agente. Como não setrata de dinheiro público,mas do infrator, nada impe-de que o agente indiquepessoas ou instituições deseu interesse, confiança ourelacionamento para execu-tar os referidos projetos oucompor as equipes.

O fato é que não existeTRANSPARÊNCIA nasnegociações do TAC oque pode abrir uma largaavenida para interessesescusos.

Editorial

Com a palavra os parlamentares comprometidoscom o meio ambiente que já passaram da hora deregulamentar o TAC, urgentemente.

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 018 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 3

REBIA – REDE BRASILEIRA DE INFORMAÇÃO AMBIENTAL - ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDA-DE CIVIL, SEM FINS LUCRATIVOS, DEDICADA À DEMOCRATIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL

COM A PROPOSTA DE COLABORAR NA FORMAÇÃO E MOBILIZAÇÃO DA CIDADANIAAMBIENTAL PLANETÁRIA ATRAVÉS DA EDIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DA REVISTA

DO MEIO AMBIENTE, PORTAL DO MEIO AMBIENTE E DO BOLETIM DIGITAL NOTÍCIAS DO

MEIO AMBIENTE (CNPJ 05.291.019/0001-58)http://www.portaldomeioambiente.org.br/rebia/conheca.asp

FUNDADOR DA REBIA E EDITOR (voluntário)Escritor e jornalista VILMAR Sidnei Demamam BERNA - Prêmio Glo-bal 500 da ONU Para o Meio Ambiente e Prêmio Verde das Américashttp://www.portaldomeioambiente.org.br/VilmarBerna/Contatos: [email protected] (021) 9994-7634Telfax: (021) 2610-2272

DIRETORIA DA REBIAPresidente do Conselho Deliberativo: JC Moreira, jornalistaPresidente do Conselho Diretor: Ricardo Harduim, biólogoPresidente do Conselho Fiscal: Flávio Lemos, psicólogo

CONSELHO CONSULTIVO DA REBIAhttp://www.portaldomeioambiente.org.br/rebia/conselho.aspAmyra El Khalili, Aristides Arthur Soffiati, Bernardo Niskier, CarlosAlberto Muniz, David Man Wai Zee, Flávio Lemos de Souza, KeylahTavares, Paulo Braga, Ricardo Harduim, Roberto Henrique de GoldHortale (Petrópolis, RJ), Rogério Álvaro Serra de Castro, Raul Mazzei,Rogério Ruschel.

REDAÇÃOTrav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - 24370-290 Niterói, RJ - Telfax.: (21) 2610-2272 [email protected]

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PESSOA JURÍDICAA REBIA mantém parceria com a OSCIP ASSOCIAÇÃO ECOLÓGICAPIRATINGAÚNA para a administração financeira da Revista do MeioAmbiente: CNPJ: 03.744.280/0001-30 - Rua Maria Luiza Gonzaga, nº217 - no bairro Ano Bom - Barra Mansa, RJ CEP: 23.323.300 Represen-tante: Presidente EDUARDO AUGUSTO SILVA WERNECHTels: (24) 3323-4861 (ACIAP), Celular: (24) [email protected]

ASSINATURASA distribuição dirigida é gratuita, mas para assegurar o recebimento pelocorreio é preciso pagar os custos de envio e postagem. Na página http://www.portaldomeioambiente.org.br/JMA-Assinar/JMA-Assinar.asp vocêpode assinar agora pagando apenas R$ 70,00 por ano através de depósi-to à ASSOCIAÇÃO ECOLÓGICA PIRATINGAÚNA no Banco Itaú -agência 6105-1 c/c 12.983-4 - CNPJ: 03.744.280/0001-30IMPRESSÃO: Grafmec (21) 2577-5221PRODUÇÃO GRÁFICA: LL Divulgação Editora Cultural Ltda.www.lldivulga.com.br – [email protected] /Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opi-nião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto devista das organizações parceiras e da REBIA.

Expediente

Antonio Vasques

Eugênio Neves

Guazzelli

Santiago

Vila Nova

Dia da Árvore

Mais informações: a Grafar é uma associação de cartunistas,chargistas, caricaturistas, ilustradores e quadrinistas gaúchos(http://grafar.blogspot.com)

Fontes MistasGrupo de produto provenientede de florestas bemmanejadas e fontes controladas - www.fcs.org Cert. nº SW-COC002641 - 1996 Forest Stewardship Council

A Revista do Meio Ambiente foi impressa em papel certificado proveniente dereflorestamentos da Votorantim. Certificados pelo FSC de acordo com os rigorosospadrões sociais e ambientais.

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REBIA NACIONAL

Desertos Brasileiros

REBIA SUL

Por causa do Complexo Madeira, governo é

duramente criticado em reunião do Conama e

recebe censura internacional

Fórum dos Leitores

A Rede Brasileira de Informação Ambiental – REBIA mantém seis fóruns de debates que reúnem hoje cerca de 3.000 cidadãosambientais que trocam informações e debatem temas de interesse socioambiental. Para participar basta acessar o Portal do MeioAmbiente (www.portaldomeioambiente.org.br) e se inscrever. É gratuito. Selecionamos alguns dos temas que foram debatidospelos leitores neste período.

Caros, estou fazendo pesquisa e gostariade seguintes dados: Quais os desertos e emdesertificação no mundo? em km 2 ? porcen-tagem de área desértica em relação a área decada país ? Quanto ao Brasil, Quais os locais ea área (km2) de regiões desérticas e degrada-das no país ? em km2 e % ? Sei que em RS, háuma área desertificada, caso alguém souberfavor informar-me o local e a área. Obrigado,Márcio K Iizuka ([email protected])

Olá meu caro Márcio! Aconselho a vocêler essa matéria muito boa feita pela jorna-lista Tânia Martins do Piauí: Gilbués: odeserto vermelho - Mineradora contribuiaté hoje com a terrível desertificação deGilbués (http://www.folhadomeio.com.br/publix/fma/folha/2008/06/gilbues189.html)

Dionísio CarvalhoRede Ambiental do Piauí – REAPI -

[email protected]

“Houve de fato o parecer dos técnicos,mas depois o parecer do diretor foi outro” -reconheceu o presidente do IBAMA, RobertoMessias Franco, após ser questionado repeti-damente pelo plenário do Conselho Nacionalde Meio Ambiente (CONAMA) a respeitodas razões pelas quais - apenas três dias apósreceber parecer contrário à concessão da Li-cença de Instalação para a usina de Santo An-tônio - a mesma foi liberada sem explicações arespeito da mudança de opinião do órgão. Aafirmação de Messias Franco se deu no con-texto de uma sessão especialmente dedicada aesclarecer as alegadas irregularidades no pro-cesso de licenciamento das duas usinas do RioMadeira, para a qual foram convocadosIBAMA, FUNAI, Ministério da Saúde, MPFe a OSCIP Amigos da Terra – Amazônia Bra-sileira. Na mesma sessão, o representante doMPF leu um ofício encaminhado pelo procu-rador Heitor Alves Soares que anuncia ter ins-taurado inquérito para apurar as razões pelasquais foi desrespeitado o laudo técnico con-clusivo.” - Fonte: http://www.amazonia.org.br

”O Tribunal Latinoamericano da Água(TLA), reunido na Guatemala nos últimos dias11 e 12 de setembro, proferiu uma resoluçãocensurando o governo brasileiro pela constru-ção das Usinas Hidrelétricas de Santo Antô-nio e Jirau, no rio Madeira, em Rondônia. OTLA decidiu depois de analisar a denúncia fei-ta pela Associação de Defesa Etno-AmbientalKanindé e considerou que as usinas implicamem uma destruição ambiental de magnitudeimprevisível, colocando em risco o bem-estar

físico e social das populações das regiões afe-tadas pelas obras. Além disso, a sentença tam-bém censurou o governo brasileiro por ignoraros direitos indígenas e por não considerar osimpactos dos empreendimentos fora das fron-teiras do país.”Fonte: http://www.amazonia.org.br

Silvânio, foi um verdadeiro circo dos hor-rores. O Sr. Messias - O profeta daHECATOMBE do rio Madeira, não explicounada, passou os 10 minutos estipulado pelapresidência da mesa Sra. Isabela, tentando en-rolar os conselheiros, demonstrou não conhe-cer o que estava no Parecer da equipe técnicado IBAMA. Telma Monteiro que vem asses-sorando a Kanindé e a APROMAC (vale lem-brar que voluntariamente), questionou basea-da no Parecer o por que a LI foi concedida seas condicionantes não foram cumpridas e quenão havia tempo hábil para tanto. Leu um tre-cho do Parecer onde trata de que haverá umahecatombe no Madeira (mostrou inclusive fo-tos de áreas completamente secas com naviosencalhados), bem como o texto final do pare-cer onde não recomenda o empreendimento.Pasmem! Não houve resposta, ficando de serencaminhada por escrito. Isto porque Zuleicae eu pedimos formalmente. Também, foi ditopor Messias que havia ouvido falar em viola-ção dos direitos dos ribeirinhos, mas que nãotinha nada confirmado. Fiz a manifestação di-zendo que realmente estava havendo a viola-ção dos direitos e entreguei ao mesmo o docu-mento da ADA e a denúncia feita pelo ribeiri-nho e protocoladas no MPE. Portanto, estes

documentos devem constar no relatório doCONAMA e deverão ser respondido peloIBAMA. A FUNAI de forma vergonhosa apre-sentou que deu o OK para o empreendimento,devendo as empreiteiras bancarem as ações dacoordenação de índios isolados, e banca açõesde saúde na Karitiana, Karipuna e isolados.Ou seja, vendeu os índios. Fiquei tão revolta-da com a fala da FUNAI que os acusei deserem responsáveis pelo genocídio dos índiosisolados, e disse a eles que a proposta do Jiraufica a 14 km de uma das áreas de ocupação dosisolados, e que os índios morreram com osefeitos dos acampamentos, alagamento, etc.Fiquei tão revoltada de ver que o órgão quedeveria proteger os direitos indígenas os con-dena a morte, que muitos questionamentos quetinha pensando em fazer, não foram feitos.Entreguei a FUNAI e à presidência da mesa apublicação do GTA “O fim da floresta”, poisficou claro que a FUNAI não sabe nada sobrea situação indígena em Rondônia, se não forcoisa pior. Zuleica fez uma série dequestionamentos, mas infelizmente a mesa nãonos deixava falar. Era como se houvesse umablindagem em torno da hidrelétrica. Tínhamosno dia anterior tido uma reunião com o embai-xador da Bolívia, que nos pediu ajuda para quepudéssemos fazer os questionamentos sobreos impactos no lado Boliviano, pois eles esta-vam muito preocupados. Durante sua fala aTelma fez o questionamentos sobre os impac-tos na Bolívia. Mais uma vez ficamos semresposta. O Brent, que estava assistindo, podedar um relato melhor, pois fiquei tão transtor-nada com o que ouvi da FUNAI, que não con-seguia pensar como aquilo podia esta aconte-cendo. Até agora estou meio tonta e com umador imensa no pescoço, pensei que iria ter umtroço. O livro do Glenn “Águas turva” foi en-tregue a mesa e ao Sr. Messias pela Telma. Saidaquele lugar com uma certeza: este Governonão se importa com a vida dos índios, dosribeirinhos e nem com a do povo de PortoVelho e das cidades que serão impactadas! Sónos resta a via judicial, se quisermos impedirque vidas e o meio ambiente sejam destruídos.Precisamos cada vez mais nos unir e buscar-mos recursos para entrar na justiça, talvez as-sim tenhamos algum sucesso. Meus sincerosagradecimentos ao Brent e a Telma, Cristina,Yvi, Osorio, Zuleica, Esmeraldi, Marcio queestiveram lá nos dando todo apoio e defen-dendo nossas propostas. Vamos aguardar asrespostas e ver o que podemos fazer, poiscertamente o Governo e o setor privado estãoandando de mãos dadas para em nome do de-senvolvimento para destruir o meio ambiente

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e os povos indígenas. Abraços, Neidinha(Ivaneide Bandeira Cardozo)[email protected]

Quando leio relatos como este eu sinto -tão somente - repulsa. E não consigo enten-der como os nossos ambientalistas - abne-

gados, inteligentes, cultos - ainda insistemem participar de um conselho que não lhesdá o devido valor, que não lhes ouve, que ostrata como lixo. Esse “circo de horrores”,como bem disse a nossa Neidinha, sempreexistiu, gente! E até quando vamos partici-

REBIA SUDESTE

Animais perdidos

REBIA NORTE

No Acre predominam palavras derivadasda língua tupi para a denominação de animaise peixes. Isso se justifica não apenas pela ri-queza das espécies nesse campo, mas, sobre-tudo, pelo gosto alimentar e pela forma desobrevivência dos acreanos: caça e pesca. OBrasil, com sua diversidade cultural singular, éum país fértil em palavras nascidas na línguatupi, vocábulos que provavelmente não exis-tem em outros países lusófonos. São palavrastidas como brasileirismos de origem tupi, ou-tras regionais e/ou locais, como se mostramnos exemplos: capim, tajá, tiririca, samambaia,cipó, abacaxi, araçá, abiu, açaí, ananás, mandi-oca, aipim, macaxeira, sapé, ipê, imbuia,capeba, jucá, carnaúba, peroba, cumarú,paxiúba, cajarana, jacarandá, araticum, cipó,pitanga, maracujá, jabuticaba, jatobá, jenipapo,jerimum, maniva, tucumã, taioba, urucum, caju,capivara, quati, tatu, sagüi, urubu, sanhaçu,pipira, araponga, urubu, curió, sabiá, caboré,curica, jaçanã, jacamim, socó, caninana, cutia,cutiara, guariba, tracajá, maracajá, jaguatirica,paca, pacu, jacaré, tambaqui, surubim, bodó,cará, curimatã, sarapó, jacundá, jundiá, lambari,mandim, mapará, piaba, piau, pirarara,pirarucu, piranha, piranambu, tambaqui, tra-íra. Jane de Castro Nogueira, Professora doDepartamento de Letras da Universidade Fe-deral do Acre, desenvolveu, durante a realiza-ção de sua dissertação de mestrado, um estu-do sobre o legado da língua tupi na flora efauna acreanas. Em suas palavras, “descrevero legado tupi, dentro das regiões acreanas, nocampo da flora e da fauna é caminhar no senti-do de ter uma maior compreensão da comuni-

O legado tupi na flora e na fauna acreanas

Olá! Um serviço muitíssimo interes-sante às pessoas que querem localizar seu ani-mal (cão ou gato) caso ele se perca. Somenteserá cobrada uma taxa única de R$ 13,00, parase adquirir o kit Anjo da Guarda. Sem mensa-lidade ou anuidade. Mais informações visite:www.bayerpet.com.br/anjodaguarda O Anjoda Guarda é o serviço do Bayer Pet que ajudaa localizar o cão ou gato cadastrado caso elesse percam. Para aderir a este serviço é neces-sário adquirir o Kit Anjo da Guarda (cartão,medalha e folder explicativo) que écomercializado através da loja virtual. O usu-

REBIA CENTRO-OESTE

Amigos, está em jogo não apenas a defesaambiental do vizinho estado de Mato Grosso- o que já é um imenso motivo para apoiar umaproposta de Zoneamento Socio-conômicoEcológico para a região - mas também a garan-tia da participação democrática e do exercícioda cidadania para todos os segmentos da po-pulação. Vamos colaborar assinando a peti-ção! http://www.petitiononline.com/gtms2008/petition.html - abraços, LianaMárcia Justen - [email protected]

Assine abaixo assinado

para o Zoneamento

Sócio-Econômico

Ecológico – ZSEE

REBIA NORDESTE

Olá pessoas, quero abrir aqui um de-bate. Como vocês sabem, Natal sediará oXXXI Congresso Brasileiro de Ciênciasda Comunicação, em setembro deste ano,o qual tem como tema “Mídia, Ecologia eSociedade”. Na opinião de cada um devós, qual a importância desse debate so-bre “Mídia, Ecologia e Sociedade?”

Abraços, F. Hippólyto([email protected]

Mídia, Ecologia e Sociedade

dade regional e, assim, abrir uma trilha paraque outros estudiosos retomem e alarguem estatarefa que não se esgota aqui, e leguem às futu-ras gerações dados que podem se perder notempo, por força do rolo compressor do cha-mado “progresso”. O estudo faz uma descri-ção de palavras da flora e da fauna acreana,com verbetes abonados com fragmentos colhi-dos no uso corrente e dispostos por campossemânticos ou idéias afins: flora alimentícia,medicinal, madeireira, artesanal e silvestre...Para ler o artigo na íntegra:http://ambienteacreano.blogspot.com/2008/03/o-legado-tupi-na-flora-e-na-\fauna.html - Evandro Ferreira:evandro [email protected]

Olá Evandro, o legado tupi nabiogeografia e na cultura brasileiras é consi-derável sim. Porém, os pesquisadores devemestar atentos àquilo que se chamou detupimania: a tendência dos intelectuais brasi-leiros explicar toda palavra de origem indíge-na pelo tupi-guarani. Eu sou apenas umdiletante, nativo da ilha do Marajó; e passei avida escutando como tradução deste nome“barreira do mara”, “aquele que aparece”, “oque se levanta”, etc. Indiscutivelmente étimotupi-guarani será melhor traduzido, talvez,como “homem malvado” (“marã” (mau, o mal)+ “yu / ió / jó = gente, povo). Explicação quetem por apoio a etno-história do conflito he-reditário entre tupinabás e “nheengaíbas”(falandes da língua ruim”, bárbara; o aruaque).Como vê, neste simples exemplo, a comple-xidade e controvérsia estão presentes. NaAmazônia, a língua geral ou Nheengatu (in-

ário pode também criar Álbum de fotos para oamigo de estimação, além da Agenda do Ami-go, além de acessar informações e outros ser-viços como Correio Sentimental e Adote umamigo. Este serviço está à disposição paraquaisquer esclarecimentos ou sugestões, nosetor de Atendimento ao Cliente –TELEBAYER DDG 0800 701 55 46, discan-do a OPÇÃO 2, de Segunda à Sexta, das 7:45até 16:45 ou através da internet no endereço:[email protected] Atenciosa-mente, Walter Ribeiro - Técnico Ambiental [email protected]

par disso? Até quando vamos ter a ilusãode que poderemos mudar as regrasdeste jogo???? - Ana Echevenguá - Coor-denadora do Programa Eco&ação -www.ecoeacao.com.br - (48) 84014526 -Florianópolis, SC.

ventado pelos missionários jesuítas baseadono tupi-guarani) foi, na verdade, um esperantoformado de diversas línguas tapuais, aruaquese caribes. Segundo Armando Levy Cardoso,em “Toponímia brasílica”, o nome do rio Acre,p. ex., se deve á corruptela em português doaruaque Aquiri. Seria interessante que aUNAMAZ (Associação de UniversidadesAmazônicas) incentivassem suas filiadas aoestudo, ensino e difusão de linguas amazôni-cas, tal como a UERJ realiza, no Rio de Ja-neiro, com a cátedra do prof. José RibamarFerreira Bessa, autor do apreciado livro .”RioBabel”.

Atenciosamente, José Varellawww.unilivre.org /www.museudomarajo.com.br

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6 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

Por Vilmar SidneiDemamam Berna*

Carlos Alberto Muniz:

para cada R$ 1 colocado no sistema de

água e esgoto, há uma economia de até

R$ 4 em saúde.

Comprometido com o meio ambiente, o economista Carlos Alberto Muniz(PMDB) exerceu os cargos de presidente da Fundação estadual de Engenhariado Meio Ambiente (Feema), de 87 a 90, e presidente da Serla, em 96. Vice agorana chapa do candidato Eduardo Paes à prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro,Muniz coloca sua longa experiência tanto ambiental quanto nas lutas pelademocracia no Brasil à disposição dos cariocas.

Fale um pouco de sua trajetória naluta pela democratização do Brasil.Muniz – comecei antes do golpe mili-tar de 1964 quando já participava domovimento estudantil como presiden-te do grêmio do Colégio Pedro II. Du-rante os chamados anos de chumbo,presidi o Diretório da Faculdade de En-genharia da então Universidade doUniversidade do Brasil (atual UFRJ), oDiretório Central de Estudantes, e porfim, presidi a União Estadual dos Es-tudantes, de 1968 a 1969, que esteve àfrente da organização das grandes pas-seatas contra a ditadura e pelas liber-dades democráticas, como a passeatados 100 mil. Com o Ato Institucional n°5 e o recrudescimento do regime, fizparte da geração que resistiu ao que seconvencionou chamar de “golpe den-tro do golpe” e passei a viver na clan-destinidade, ajudando a organizar a re-sistência à ditadura. Minha foto era es-tampada em cartazes de “procura-se”em toda parte: aeroportos, estaçõesferroviárias e rodoviárias e outros lu-gares. Também exerci tarefas de conta-to internacional em países como Argé-lia, França, Cuba e Chile e vivi nesteúltimo país até 1973 quando o presi-dente Salvador Allende também foiderrubado por um golpe militar. Em se-guida, fui viver na França onde fiz dou-torado na área de economia e adminis-tração. Todo esse período conturbadofez com que eu não pudesse concluir afaculdade de engenharia no Brasil. Naocasião minha mulher, Ângela, estevepresa no Brasil e só fomos nos reen-contrar no Chile, onde nasceu Pedro,

nosso filho mais velho, hoje com 35anos. Já o caçula André, hoje com 33,nasceu na França.

Quando foi o seu retorno ao Brasil?Muniz - Em 1976, mas ainda tive de vi-ver na clandestinidade, com outra iden-tidade. A situação só mudou com o de-creto de anistia do então presidenteJoão Figueiredo, assinado em setembrode 1979. Naquele mesmo dia, saí daclandestinidade e me filiei-me ao MDBnum ato na Assembléia Legislativa.Queria explicitar uma atitude políticaque a maneira de prosseguir a luta pe-las liberdades democráticas passavapela organização de um partido políti-co forte. No MDB, que depois passa-ria a se chamar PMDB, exerci diversasfunções partidárias e há muitos anosocupo o cargo de secretário-geral dopartido no Estado do Rio e integro odiretório nacional da sigla.

Como vice, qual será o seu papel?Muniz – pretendo ajudar na adminis-tração do município a exemplo mais oumenos do que o Luiz Fernando Pezão,vice do governador Sérgio Cabral, temfeito no Estado. Não afirmo que sereiisso, mas é um modelo de como ajudaro Eduardo Paes que será o futuro pre-feito.

Como presidente da SERLA você aju-dou a implementar diversos progra-mas e obras que melhoraram o siste-ma de drenagem. Caso eleito, Eduar-do Paes já assumiu o compromisso deretomar o projeto Guardiões dos Rios.

Como será isso?Muniz – de fato, Eduardo Paes anun-ciou durante visita ao Rio do Anil, emJacarepaguá, a retomada do projetoGuardiões dos Rios. A idéia é contratarmão-de-obra comunitária para atuar nalimpeza dos rios da cidade. A situaçãode nossos rios é uma questão que nospreocupa especialmente diante das ine-vitáveis chuvas de verão, no início decada ano, em que a cidade vê se repetirano após ano situações de calamidadepública provocadas por enchentes,deslizamentos, transtornos de todo otipo para a cidade. Falta manutenção,dragagem e chamar atenção para o pe-ríodo da chuva de verão no Rio. Nãopodemos deixar repetir a situação queaconteceu, por exemplo, em 1996, quan-do os cariocas assistiram uma das ce-nas mais tristes da cidade com as en-chentes na região de Jacarepaguá queprovocaram mais de 100 mortes.

A cidade do Rio de Janeiro terá re-cursos para a limpeza dos rios? Muniz - a situação financeira do muni-cípio não é boa e será necessária a aju-da do Governo Federal para dragar osrios da cidade. Temos que chamar aatenção agora para esse problema, poiso verão é a época em que essas tragé-dias acontecem. A atual administraçãomunicipal não teve empenho para obterfinanciamento de US$ 200 milhões,já aprovado pelo J-Bank, para adespoluição dos rios e lagos da Baixa-da de Jacarepaguá, por exemplo. O pro-jeto prevê o replantio da vegetação ori-ginal da região, que é restinga; a

Entrevista

Page 9: Revista do Meio Ambiente 18

dragagem e canalização dos rios e orealocamento das comunidades que vi-vem na beira dos rios. O Eduardo Paesconhece bem esse projeto e vamos in-vestir pesado nisso.

A cidade do Rio de Janeiro possui amaior floresta urbana do mundo lo-calizada no Parque Nacional daTijuca. Como será a relação da Pre-feitura com este rico patrimônio na-tural?Muniz - Vamos renegociar um convê-nio com o Ministério do Meio Ambien-te para que a Prefeitura da Cidade doRio de Janeiro volte a administrar ecuidar da Floresta da Tijuca com jáaconteceu em passado recente. Issoserá fundamental para que possamosadministrar de maneira equilibrada ebuscar solução para os problemasfundiários, a questão do crescimentodas favelas para cima da Floresta e ga-rantir segurança aos turistas e usuári-os do Parque.

E o saneamento do Rio?Muniz – Investir em saneamento é fa-zer prevenção na saúde. Eduardo Paes

lembra sempre com razão que para cadaR$ 1 colocado no sistema de água e es-goto, há uma economia de até R$ 4 emsaúde. Entre as propostas que defende-mos está o desenvolvimento de um pro-jeto, em parceria com a Cedae e o Go-verno Federal, que garanta a evoluçãoprogressiva do volume de esgoto queé efetivamente tratado na cidade: 40%,em 2009; 50%, em 2010; 60%, em 2011;e 70%, em 2012. O foco inicial seráJacarepaguá, Barra e o entorno da lagoaRodrigo de Freitas. Também em parce-ria com a Cedae, municípios da RegiãoMetropolitana e Ministério do MeioAmbiente, pretendemos fazer uma amplareestruturação do Programa deDespoluição da Baía de Guanabara(PDBG), visando a definição de novasfontes de recurso e de um cronogramamais realista para o projeto. O governodo estado já retomou, através da Cedae,o PDBG, mas há tarefas da prefeituraque não são cumpridas. As línguas ne-gras, por exemplo, não são esgoto daCedae, mas ligações clandestinas quecaem nas galerias pluviais da prefeitu-ra, que está sendo omissa em fiscalizare mapear essas ligações. No ano pas-

sado, por exemplo, por solicitação daprefeitura, a Cedae transferiu para o mu-nicípio a responsabilidade do sanea-mento na Zona Oeste e nas comunida-des carentes. Entretanto, nem as obrase nem a manutenção da rede foram fei-tas pela atual administração. Pretende-mos levar saneamento básico a 100%da Zona Oeste em parceria com o go-verno do Estado através de uma parce-ria que fortaleça a Fundação Rio-Águas.O mesmo está acontecendo com os riose lagoas, cuja responsabilidade tambémfoi transferida à prefeitura, mas quenada vem sendo feito. Infelizmente, oque eu e o Eduardo Paes estamos ven-do são canais assoreados, ocupaçõesirregulares nas margens, perda da vege-tação e excesso de lixo, colocando emrisco as populações dessas regiões.Com a chegada do verão, os riscos dasenchentes aumentam. Vamos ter que en-trar com um programa forte dedragagens de canais para impedir queas pessoas corram risco de vida no ve-rão.

Mais informações:http://www.eduardopaes15.can.br

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8 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

Por Gustavo da S.D. Berna*

A Rede Brasileira de Informação Ambiental – REBIA envia gratuita e diariamente umboletim digital para cerca de 30.000 leitores cadastrados atualizado com 10 novasnotícias ambientais por dia. Para receber o boletim basta acessar o Portal do MeioAmbiente (www.portaldomeioambiente.org.br) e se inscrever. É gratuito.Selecionamos algumas notícias que foram destaque neste período.

Governo lança pacote de

medidas para fomentar turismo

nos parques nacionais

O presidente Lula junta-mente com o ministro deMeio Ambiente (MMA)Carlos Minc, o ministro deTurismo (Mtur) interino LuizEduardo Pereira Barretto Fi-lho e o presidente do Institu-to Chico Mendes de Conser-vação da BiodiversidadeRômulo (ICMBio) Mello lan-çaram o Programa de Turis-mo nos Parques - pacote demedidas que irá investirR$ 28 milhões na estrutu-ração de seis parques nacio-nais, sendo R$ 10 milhões in-vestidos pelo MTur e R$ 18milhões pelo MMA. Estatís-ticas do setor demonstramque o impacto do turismo nosparques nacionais, quandobem planejado e estruturado,pode trazer resultados bené-ficos para a gestão davisitação e principalmente

para o desenvolvimento dacadeia do turismo re-gional e local. Portaria assi-nada, no evento, criou o Gru-po de Trabalho de Fomentoaos Investimentos no Turis-mo com SustentabilidadeAmbiental. O GT deverá apre-sentar no prazo de três me-ses, proposta de alternativaspara a avaliação de impactoambiental dos projetos e em-preendimentos do setor turís-tico e propor mecanismosnormativos e institucionaispara o aperfeiçoamento dosprocedimentos para o licen-ciamento ambiental de proje-tos de investimentos do se-tor, inclusive no que tange aadoção de parâmetros tecno-lógicos ambientais a seremobservados nos projetos deempreendimentos turísticos.(http://www.icmbio.gov.br)

Manifesto em defesa da

reforma tributária ambientalMembros do Ministério

Público Federal e dos Minis-térios Públicos dos Estadosque promovem a defesaambiental na Amazônia Legalestão divulgando o Manifes-to em Defesa da Reforma Tri-butária Ambiental. Trata-sede um documento que defen-de a aprovação das alteraçõesna PEC da Reforma Tributá-ria apresentada pelo Gover-no Federal, a fim de contem-plar normas que direcionema tributação à proteçãoambiental, incentivando ati-vidades – públicas ou priva-das – que proporcionemganhos ambientais e deses-

timulando as atividadessocio-ambientalmente inade-quadas. O objetivo principaldo Manifesto é sensibilizar oslegisladores, encaminhandoproposições a serem agrega-das à Proposta de EmendaConstitucional 233/2008. Porisso, o manifesto será entre-gue a todos os deputados esenadores dos Estados daAmazônia Legal, além de di-versas associações e organi-zações não-governamentaisque trabalham na defesa domeio ambiente. A íntegrado Manifesto pode serconseguida pelo site :www.prac.mpf.gov.br

Atlas da Economia SolidáriaO Ministério do Trabalho e Emprego preparou esta ferra-

menta para que você possa encontrar informaçõesgeorreferenciadas dos Empreendimentos Econômicos Solidári-os (EES) que estão registrados no Sistema de Informações emEconomia Solidária (SIES).Acesse: http://www.mte.gov.br/sistemas/atlases/

O primeiro relatórioregionalizado sobre as alte-rações climáticas na Região

Amazônia já sofre mudança no clima

mos climáticos na região,com elevação da temperatu-ra geral, aumento da mínimae da máxima, maior concen-tração de chuvas em menornúmero de dias, resultandoem alternância de fortes pre-cipitações com longos perí-odos de seca. O trabalho, es-pecífico para os Estados doMaranhão e do Pará, queconcentram as atividades daVale na região, prevê que atemperatura média pode su-bir até 2 graus Celsius do

leste do Pará até o Maranhãode 2010 a 2040, quando emtodo o século passado o au-mento da temperatura terrafoi de apenas 0,8 grauCelsius. O resultado até o fimdeste século pode ser atransformação de toda a áreaque vai do leste do Amazo-nas até o Maranhão em umavegetação rala, semelhante àsavana da África.

Fonte:www.amazonia.org.br(Valor Econômico)

Amazôn i -ca, feito pe-lo InstitutoNacional dePesqu i sasE s p a c i a i s(Inpe), sobe n c o m e n -da da Vale,comprova oque estu-dos menos

específicos já diziam: estáhavendo um processo acele-rado de aumento dos extre-

Notícias do Meio Ambiente

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 018 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 9

O Fundo Mundial para aNatureza (WWF, em inglês)advertiu sobre o baixo nívelde gelo no Ártico e das con-seqüências que isso pode ter.Segundo nota distribuídapela instituição, os últimosdados mostram que este anoa cobertura de gelo no Árticopode ser igual ou inclusivemenor que a do ano passado,quando alcançou um mínimohistórico de apenas 4,13 mi-lhões de quilômetros quadra-

WWF alerta para baixos

níveis de gelo no Ártico

dos. Martin Sommerkorn, co-ordenador do programa doÁrtico advertiu de que a per-da de gelo afetará a Terra emgeral, já que “se o gelo desa-parece, as águas absorverãoo calor dos raios do sol, o quecontribuirá ao aquecimentoglobal. Além disso, esse ca-lor liberará mais gases do efei-to estufa que antes estavabloqueado no gelo”, alertou.

(Fonte: Agência EFE – Terra)

Norma que aumenta milvezes número de recursosa serem analisados peloConama preocupa ambien-talistas, que temem porinadimplência. Uma iniciativado ministro do Meio Ambien-te, Carlos Minc, para aceleraro trâmite de recursos e elimi-nar o excesso de instânciasrecursais administrativas paramultas ambientais corre o ris-co de provocar efeito contrá-rio ao pretendido. A discretamudança trazida pelo polêmi-co decreto de crimes am-bientais (Decreto 6.514/08)aumenta em mil vezes o nú-

Decreto ameaça cobrança de

multas ambientais

mero de recursos a serem jul-gados pelo Conselho Nacio-nal de Meio Ambiente(Conama), um órgão consul-tivo e deliberativo que se re-úne ordinariamente apenasquatro vezes ao ano. Em vezdos atuais 40 recursos queanalisa em média por ano, oConama passará a emitir pa-recer sobre aproximadamente40 mil pedidos de revisão demulta. O volume é estimadopelo próprio diretor-geral doórgão, Nilo Diniz, que anun-cia a criação de uma CâmaraTécnica Recursal de Infra-ções Ambientais.

Acordo entre MMA e Caixa

antecipa sonho da “água

limpa” em rios do Sudeste

A Caixa Econômica Federal antecipará os recursos da co-brança pelo uso da água para financiar grandes projetos desaneamento urbano e despoluição de águas nas bacias dos riosParaíba do Sul e Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), nos esta-dos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A presidenteda Caixa, Maria Fernanda Coelho, o ministro Carlos Minc e opresidente da ANA José Machado assinaram acordo de coope-ração técnica para formatar a nova carteira que, na definição doministro, “antecipará o sonho” dos habitantes da região de te-rem novamente água limpa correndo naqueles rios. (Fonte: Im-prensa MMA)

O Programa Petrobras Ambiental 2008 investe em iniciati-vas que visam à proteção ambiental e à difusão da consciên-cia ecológica. Apóia projetos que colaboram com a criação desoluções e alternativas para a preservação ambiental. Com otema “Água e Clima: contribuições para o desenvolvimentosustentável”, a Seleção Pública de Projetos 2008 vai destinarR$ 60 milhões a projetos ambientais. As inscrições já estãoabertas, e vão até 24 de setembro. Para maiores informações,acesse http://www2.petrobras.com.br/minisite/programa-ambiental/index.asp

Programa Petrobras Ambiental 2008

O Brasil poderá ter prejuí-zos de até R$ 7,4 bilhões no seuPIB agrícola já em 2020 e ter suageografia de produção desfi-gurada se não agir para mitigaros efeitos do aquecimento glo-bal, prevê um estudo realizadopela Embrapa e a UniversidadeEstadual de Campinas(Unicamp). “As mudanças doclima devem ser tão intensas aponto de mudar a geografia daprodução nacional. Municípi-os que hoje são grandes pro-dutores poderiam não ser maisem 2020”, diz o estudo divulga-do durante o Congresso Brasi-leiro de Agribusiness, em SãoPaulo. Com base no relatóriodo Painel Intergovernamentalde Mudanças Climáticas(IPCC), da ONU, os cientistasprojetaram os impactos das mu-danças climáticas em nove dosprincipais produtos agrícolasdo país e concluíram que, àexceção da cana-de-açúcar e

Agricultura brasileira pode perder

R$ 7,4 bi com aquecimento em

2020, diz estudo

da mandioca, todas perderiamárea de cultivo. Principal pro-duto agrícola exportado pelopaís, a soja seria a mais preju-dicada, podendo concentrarmetade de todas as perdas em2070. “No pior cenário, as per-das podem chegar a 40% em2070, em decorrência do au-mento da deficiência hídrica edo possível impacto dosveranicos mais intensos”, dizo estudo. Com base nessesdados, os pesquisadores afir-mam que as estimativas doMinistério da Agricultura - deque o Brasil passará a respon-der por 33% da produção mun-dial de soja em 2017/2018, ul-trapassando os EUA - “podemestar otimistas demais” e que afalta de ação frente às mudan-ças climáticas poderia “afetara capacidade competitiva dopaís”. (Fonte: CarolinaGlycério - Da BBC Brasil emSão Paulo ).

* Gustavo é biólogo Marinho, pós-graduado em meio ambi-ente na COPPE/UFRJ, assessor científico da REBIA – RedeBrasileira de Informação Ambiental – [email protected](21) 9719-3974.

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10 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

Por Efraim Neto*

Ações juvenis destacam a importância do

desenvolvimento das Metas do Milênio

4ª Congresso Mundial de Jovens destaca o desenvolvimento global liderado pela juventude.

om o título Regénération 2008(Regeneração em português),o 4º Congresso Mundial deC

Jovens reuniu 500 jovens, escolhidosdentre mais de 15 mil candidatos, origina-dos de 120 países, para compartilhar ha-bilidades e experiências sobre as mais di-versas atividades lideradas por jovens emtodo o planeta. Realizado este ano na ci-dade de Quebec, Canadá, entre os dias10 e 21 de agosto, o evento foi uma opor-tunidade para que os jovens, entre 12 e30 anos, demonstrassem o seu potencialno que se refere ao cumprimento dasMetas do Milênio (MDG), estipuladaspelas Nações Unidas.

Debater os desafios do desenvolvi-mento sustentável, intercambiar boas prá-ticas sociais, apresentar idéias inovado-ras e, sobretudo, definir, junto aos repre-sentantes governamentais e profissionaisdo desenvolvimento, como contribuir efe-tivamente para o desenvolvimento dacomunidade, foram algumas das ativida-des desenvolvidas pelos jovens delega-dos de cada país nos 13 dias de evento.Os jovens representantes estavam divi-didos nas seguintes categorias de atua-ção: Jovens Ativistas, Jovens Jornalis-tas, Jovens Educadores, Jovens Artistase Observadores.

Tendo como principal meta promovero desenvolvimento liderado por jovens,o Congresso, junto aos delegados dos

países participan-tes, construiu umaoportunidade efeti-va para chamara atenção de go-vernos e agênciasde cooperação in-ternacional parao tão importantesegmento socialque a juventude épara as questõesque envolvem osMDG’s.

O CongressoO 4º Congresso Mundial de Jovens

nasceu da interação da região de Quebecem ceder aos jovens um rol importantedentre as celebrações do 400º aniversárioda Cidade de Quebec, assim como tam-bém, dar a oportunidade de se desenharo futuro – tanto para a cidade, como parao resto do mundo. Por este motivo, esteano não foi somente uma ocasião paracelebrar o passado e o presente dessa ci-dade, mas também um momento únicopara traçar metas para o futuro. Não exis-te maneira melhor de se preparar para ofuturo do que realizando um encontro dosjovens mais ativos e idealistas do mun-do, os quais dialogaram sobre os gran-des desafios de suas gerações – erradicara pobreza, lograr um equilíbrio entre o meioambiente e as necessidades humanas eoutros desafios enumerados nos MDG’s.

O evento faz para da série “WorldCongress of Youth Series”, organizada acada dois anos pela ONG britânica PeaceChild International, e dá continuidade aoprojeto após o cancelamento pelasNações Unidas, e tem por objetivopromover o desenvolvimento susten-tável e o empoderamento jovem (youthempowerment em inglês).

As atividades em QuebecOs primeiros movimentos foram im-

portantes para a apresentação das metasque congresso possuía para fortalecer a

juventude que busca trabalhar com me-tas do milênio. Após dois anos de prepa-ração, o congresso teve a oportunidadede juntar diversos jovens ativistas de to-dos os 5 continentes para cambiar experi-ência e traçar ações em conjunto.

Durante o evento diversas personali-dades importantes passaram pelosworkshops, oficinas e debates. O presi-dente da International Youth Foundation,Wiliam Reese, aproveitou a oportunida-de para sinalizar a importância de se de-senvolver as atividades que envolvem ajuventude. “A juventude é um bem dasociedade e por isso necessitamos apren-der de forma podemos utilizá-la na cons-trução de uma sociedade melhor. Reco-nhecer essa questão é a linha de atuaçãode diversas organizações, como a nossa,pois somente assim chegaremos ao de-senvolvimento local e global”, disseReese. Na noite abertura, o Sr. Reese re-cebeu o prêmio “Challenge of Youth”.

David Woolkcombe, Diretor da PeaceChild Internacional, salientou que a cha-ve para a construção da sociedade é umsolida parceria entre a juventude e osgovernos. “O estereótipo que muitas pes-soas têm da juventude é de que ela é osjovens são medrosos, perigosos eperturbadores. Muitos os consideram umproblema e não umas soluções por issoacreditam que seja necessário os inibir”,disse ele. David ainda apontou que osjovens precisam do lobby social para de-monstrar aos governos que eles são dig-nos de tempo e investimento, lograndoassim de conversas para ações de fato.

Recomendações para o Governo:- Inclusão dos jovens nas tomadas de

decisões políticas através da lei de cotas.- Democratizar e facilitar o acesso a

fundos públicos, privados, nacionais einternacionais para o desenvolvimentoliderados por jovens.

- Cumprimento do acordo deMontrerey (PBI 0,7%), com destinação deuma porcentagem para as políticas jo-vens.

Jovens e Meio Ambiente

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 018 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 11

Recomendações Gerais:- Renovação e adequação dos planos

de estudos, por região e necessidades.- Apoio financeiro a organizações

juvenis la t inas para promover oempoderamento juvenil em matéria

de meio ambiente.- Que o governo assuma responsabi-

lidade frente as problemáticas socio-ambientais.

- Acessibilidade a informação atravésde um articulador políticas.

- Que os países da região desenvol-vam a cooperação internacional para odesenvolvimento regional. (0,7% e Agên-cia de Cooperação)

BrasilO Brasil, que participa desde a segun-

da edição do congresso, foi representa-do por nove jovens das mais diversas áre-as. Os jovens brasileiros foram selecio-nados por desenvolverem trabalhos dedestaque na promoção do desenvolvi-mento social e ambiental em suas re-giões. Os delegados do país foram: Efraim

Neto (Jovem Jornalista / Salvador-BA),Felipe Rebelo (Jovem Ativista / Brasília-DF e Argentina), João Felipe (JovemAtivista / Santos-SP e Inglaterra), HelenaGomes (Jovem Jornalista / Guaxupé-MG),Paulo Farine (Jovem Ativista / Londrina-PR), Ramatis Radis (Jovem Ativistas /Ubatuba-SP), Daniel Perini (Jovem Edu-cador / Belo Horinzonte-MG), CristianeCiancio (Jovem Ativista / São Paulo-SP),Ionara da Silva (Jovem Jornalista /Brasília-DF).

* Efraim Neto, 22 anos, é jornalista. É editordo ECOBlog (www.efraimneto.zip.net), mem-bro da Rede Brasileira de Jornalismo Ambi-ente, moderador da Rede Brasileira de Infor-mação Ambiental (REBIA) para o Nordeste emembro da Rede de Comunicação Ambientalda América Latina e Caribe (RedCalc) [email protected] .

No dia 12 de agosto, dia internacional daJuventude, o congresso realizou umamarcha pela Paz. A manifestação contoucom a participação de 2 mil jovens e semdúvida alguma, marcou de vez a história dajuventude global por sinalizar ao mundoque a juventude desempenha um papelmuito importante no que se refere a reduçãoda pobreza e de outras mazelas sociais.

Pesquisa AmbientalPor Vivian Lobato, do Aprendiz/Envolverde

Só 17% dos jovens dizem que são

comprometidos com o nosso planeta!

O dado é do Dossiê Universo Jovem 4.Produzido pela MTV Brasil desde 1999, apesquisa busca conhecer os valores, as atitudese o comportamento do jovem brasileiro. Aedição deste ano teve como tema principal asustentabilidade.

Como a geração vai usufruir por maistempo dos recursos naturais, como percebe opróprio planeta e até onde vai seu interessepelo assunto foram algumas das questõesabordadas pela pesquisa e que resultaram emum documentário com o mesmo nome dapesquisa.

Para chegar aos resultados, o estudoescutou, entre abril e maio de 2008, quase 3mil jovens de 12 a 30 anos das classes A, B e Cde nove cidades (Belo Horizonte, Brasília,Manaus, Porto Alegre, Salvador, São Paulo,Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e Recife). Ouniverso pesquisado representa 8 milhões dejovens nas nove cidades pesquisadas, 49milhões de jovens no Brasil e 92% do Índicede Potencial de Consumo, considerando asclasses pesquisadas.

Sustentabilidade - Além dos 17%comprometidos, a pesquisa identificou outrosquatro perfis em relação ao engajamento notema sustentabilidade.

Apenas 17% dos jovens brasileiros identificam- se como comprometidos com asustentabilidade do planeta. Isso quer dizer que eles se acham conscientes,ajudam a conscientizar, tomam alguma atitude e valorizam as causasambientais.

Os eco-alienados (16%) são aqueles commenos conhecimento ecológico, os intuitivos(21%) gostariam de ter mais informações, osrefratários (20%) não se importam com o tema,e, por fim, os teóricos (26%) têm consciênciada relevância do tema, mas não tomamnenhuma atitude.

Quando pensam no futuro, dois assuntosrelacionados ao meio ambiente se destacam: oaquecimento global (34%) e a falta de água(24%).

Com relação à sustentabilidade, o jovembrasileiro está mais atento à questão dapoluição do ar (28%), utilizando comoprincipais fontes de informação sobre o meioambiente a televisão (71%), jornal (33%),Internet (29%) e escolas e faculdades (28%).

Contudo, os jovens acreditam que a mídiapoderia ter um maior papel mobilizador,trazendo mais conteúdo sobre o meio ambiente(53%) e incentivando o jovem na preservação(73%).

O professor e filósofo da PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo (PUC-SP),Mário Sérgio Cortella, presente na apre-sentação do vídeo, comentou os resultados dadiscussão e ressaltou a importância que oassunto tem atualmente. “O vídeo não é paradar lição de moral e sim para chamar atenção

para a questão, mas sem ser apocalíptico” ,ressaltou Cortella. “É um convite atransbordar, ir além da conformidade” ,completou o filósofo.

Outros Resultados - De acordo com apesquisa, 77% dos jovens são solteiros e 97%moram com os pais. 73% afirmam ter boarelação com a família, e apesar da maioria morarcom os pais, 24% chefiam a renda familiar e25% já têm filhos. 70% dos jovens têm algumtipo de renda mensal: 14% deles recebemmesada e 56% têm renda do trabalho.

A cada 10 jovens, 3 buscam o sucessofinanceiro a qualquer custo.61% dosentrevistados acima de 15 anos já experi-mentaram algum tipo de droga, sendo as maiscomuns: álcool, cigarro e maconha.

Quando questionados sobre os temas quecausam maior preocupação, sete grandesassuntos assustam os jovens brasileiros. Sãoeles: Violência (43%); desemprego (39%);drogas (32%); fome (26%); aquecimento global(24%); desigualdade social (23%) e poluição(20%).

Os jovens também apontam como osprincipais problemas enfrentados pelo Brasil:corrupção (37%); violência (32%);desemprego (24%); desigualdade social(24%); fome (23%) e drogas (21%).

Apesar da consolidação da Internet, queteve um salto no índice de acesso pelos jovensde 66% para 86% entre 2005 e 2008, a TVaberta e o rádio continuam sendo os meios decomunicação com maior penetração, somando98%.

Na TV, os jovens costumam assistir,principalmente, filmes (79%); jornalismo(64%); novelas, (59%); clips e programasmusicais (46%); programas humorísticos(45%); esportes e seriados (45%).

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12 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

Por Bernardo Niskier*

Aprenda a economizar

energia brincando

Faça a sua Parte

Casa Eficiente é um jogo vir-tual criado para conscientizaras pessoas do impacto do des-

nhos de vento nem suas zonas marítimas,tanto na península Ibérica quanto nasIlhas Canárias, localizadas diante da cos-ta noroeste da África. Para este país estaenergia não apenas lhe permite afastar-se um pouco da dependência da impor-tação de petróleo como também gerapostos de trabalho e negócios, tanto naEspanha quanto no exterior. Fontes doMinistério do Meio Ambiente disseramque as energias renováveis criaram 180mil postos de trabalho na Espanha e,destes, 96 mil foram no setor eólico. Acomercialização vai além das fronteiras eum exemplo é a empresa Gamesa, que fa-brica parques eólicos e tem como clien-tes seis das sete principais operadorasde parques eólicos no mundo. Outra em-presa espanhola, a Iberdrola, tem em an-damento a construção de quatro parqueseólicos na França, onde já conta com ou-tros 15 e consolida sua definição comoa principal empresa eólica do mundo,com 7.9490 megawatts de capacidadeinstalada e em funcionamento, e possuinos Estados Unidos seu maior parqueeólico, denominado Klindike III.

Energias do Brasil defende produçãolocal de equipamentos

O presidente da Energias do Brasil,Antonio Pita de Abreu, defendeu a pro-dução local de equipamentos utilizadosem projetos eólicos, como forma de es-timular o desenvolvimento do setor. Acriação de um pólo de produção no mer-cado brasileiro substituirá a atual neces-sidade de importação desses equipa-mentos e diminuirá o custo de constru-ção de futuros projetos eólicos, dissePita de Abreu. “O Brasil tem água, sol,vento, todas as condições para desen-volver projetos eólicos na sua matrizenergética”, disse o responsável pelasubsidiária brasileira da Energias de Por-tugal (EDP). “A EDP está empenhada emcolocar eólicas cá com todo o knowhow que tem”, frisou o presidente da em-presa, durante um seminário sobre ener-

gias renováveis, que reuniu dezenas deespecialistas, em São Paulo. Pita deAbreu ressaltou que o grupo portugu-ês tem a quarta maior potência mundialinstalada para produção de energiasrenováveis, e que o Brasil tem um po-tencial de produção de 143 gigawatts deenergia eólica. (Mais informações: http://www.energiasdobrasil.com.br/energia/).

Aperdício de energia nas mudanças climá-ticas. O desafio de quem visita a Casa Efi-ciente é encontrar maneiras de economi-zar energia e diminuir os danos ao meioambiente. Cada mudança de hábito ga-rante mais pontos ao jogador. Vence o jogoquem diminuir ao máximo o nível de des-perdício na casa. Ao navegar pela casa,você também vai encontrar dicas de comoutilizar melhor os aparelhos eletrônicospara gastar menos energia e informaçõessobre o impacto de pequenos gestos noclima do planeta. O setor de energia, con-siderado o maior vilão das mudanças cli-máticas, é responsável por 37% de todasas emissões de gás carbônico no mundo.A cada ano, a indústria energética no pla-neta emite 23 bilhões de toneladas de CO2,o equivalente a mais de 700 toneladas porsegundo. Por enquanto, a matrizenergética brasileira é considerada umadas mais limpas do planeta. Atualmente,75% da energia elétrica gerada no paísvêm de hidrelétricas. Porém, produzir ener-gia de forma sustentável não basta, pre-cisamos consumir de maneira eficiente,diminuindo a pressão sobre os recursosnaturais. (Acesse e brinque agora: http://jogos.wwf.org.br/casaeficiente/ )

Espanha lidera no setor de energia eólicaA Espanha é o segundo maior pro-

dutor de energia eólica do mundo, de-pois da Alemanha e à frente dos EstadosUnidos, e pretende continuar aumentan-do sua infra-estrutura para em 2012 terduplicado as cifras atuais. O aquecimen-to desigual da superfície terrestre pela ra-diação solar é a que causa o movimentodo ar. Por isso a velocidade dos ventosnão é igual e isto se reflete nas mudan-ças na produção de energia. Na Espanha,os ministérios do Meio Ambiente e da In-dústria, Comércio e Turismo trabalhampara promover um desenvolvimento daenergia eólica marinha, instalando moi-

Veículo que ajuda a manter o meioambiente limpo

As scooters eletrônicas Motor Z sãodotadas de um conjunto de baterias, liga-do a um motor elétrico acoplado à roda,que transforma a energia elétrica em forçamotriz. Para “abastecer” o scooter, bastaconectar o cabo da bateria a uma tomadaresidencial comum (110v ou 220v), duran-te o tempo de 2 a 8 horas, o que rendeuma autonomia média de 45Km. Osscooters são equipadas com um motor decorrente contínua, silencioso e que dis-pensa o uso de óleos lubrificantes e amanutenção comum de um motor a com-bustão. Sua aplicação é pensada princi-palmente para o uso no lazer, em peque-nas e médias distâncias, principalmenteno percurso plano ou com até 20% de in-clinação. Na linha eletrônica Motor Z, ocusto do quilômetro rodado equivale aR$ 0,02 (baseado no preço da energia elé-trica cobrada no Estado de S.Paulo). Maisinformações: www.motor-z.com.br

* Bernardo é arquiteto e membro doConselho Editorial desta Revista [email protected]

Energia e Meio Ambiente

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Manifesto do FBOMS contra o Programa Nuclear Brasileiro:

O Brasil é Renovável

a véspera do 21º aniversário doacidente com o Césio-137 emGoiânia, um triste marco da

Argentina e os demais países do MERCOSULe da América Latina deve fortalecer odesenvolvimento e a transferência de tecnologiaspara energias renováveis, reafirmando ocompromisso de uma plataforma de 10% deenergias renováveis na matriz energética regional.

Questionamos a visão expressada emreunião do recém-convocado Comitê deDesenvolvimento do Programa NuclearBrasileiro, de que haveria consenso no governode que a energia nuclear deve ganhar maisimportância na matriz energética brasileira. Asusinas de Angra 1 e Angra 2, juntas, respondempor menos de 2% da eletricidade gerada no Brasil.Construir novas usinas nucleares não afasta omedo de um novo apagão, estimulado através deinformações errôneas sobre o potencialenergético do Brasil, já que não muitoprovavelmente seriam concluídas antes de 2020e teriam participação pouco significativa namatriz nacional. Não podemos, tampouco,comparar o Brasil em termos de recursos naturaiscom relação a outros países que utilizam estafonte para gerar energia.

O governo brasileiro não pode continuarignorando o enorme potencial da eficiênciaenergética e das fontes renováveis de energia, taiscomo a eólica, a biomassa e a solar e PequenasCentrais Hidrelétricas, desde que sejam respeitadastodas as salvaguardas socioambientais que garantama sustentabilidade de tais empreendimentos.

Em Goiânia, o acidente com o Césio-137,elemento altamente radioativo, ocorreu no dia13 de setembro de 1987, quando um aparelhoutilizado em radioterapias foi furtado dasinstalações de um hospital abandonado. Oinstrumento roubado foi desmontado erepassado para terceiros, gerando um rastro decontaminação. Matou, até hoje, 60 pessoas,causando doenças como câncer de tiróide e depulmões em dezenas de outras e contaminandomais de 6mil vidas, segundo a Associação deVítimas do Césio -137. As vitimas do acidentelutam até hoje por amparo e reconhecimentoapropriados.

O aniversário do acidente de Goiânia deve serum momento de reflexão. A sociedade brasileiranão quer e não precisa conviver com ameaçasnucleares e depósitos de lixo radioativo. O Brasilé renovável.

Mais informações: Ivan Marcelo Neves - ISABI/APEDEMA-RJ/Secretário Executivo doFBOMS - Fórum Brasileiro de ONGs eMovimentos Sociais para o Meio Ambiente e oDesenvolvimento - SCS, Quadra 08, Bloco B-50- Edifício Venâncio 2000, Sala 105 CEP 70333-900 Brasília, DF – BrasilFone: (61) 3033.5535 ou 3033.5545www.fboms.org.br

Ninsegurança nuclear no Brasil, o Fórum Brasi-leiro de ONGs e Movimentos Sociais para oMeio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS)reafirma seu repúdio ao Programa NuclearBrasileiro. O governo do presidente Luiz InácioLula da Silva vem anunciando, à revelia dasociedade e do Congresso Nacional e em flagrantedesrespeito à democracia e à Constituição Federal,o licenciamento ambiental de Angra 3, acordosbinacionais com a Argentina para fabricação decombustível nuclear, novos investimentospúblicos em pesquisas de enriquecimento deurânio e metas de ampliar a mineração de urânio,bem como a construção de pelo menos outrasquatro usinas nucleares no país.

Com a ampliação do seu programa nuclear,o Brasil acelera na contramão do de-senvolvimento sustentável investindo nessafonte cara, insegura e suja. O orçamento para aconstrução de Angra 3 é estimado em pelo menosR$ 7,3 bilhões e a usina apresenta custos degeração maiores do que a hidroeletricidade egeração eólica. A conta do governo tampoucoinclui recurso financeiro real para odescomissionamento das usinas nucleares apóso término de sua vida útil, que é de cerca de 40anos, ou mesmo para o gerenciamento futurodos rejeitos radioativos.

Usinas nucleares são perigosas, comocomprovam o triste legado do acidente deChernobyl e os recentes incidentes e vazamentosde urânio na França, país de amplo parqueatômico, demonstrando as graves perdashumanas, físicas e financeiras e evidenciando osseus riscos incalculáveis e inaceitáveis. No casoda usina Angra 3, o plano de emergência previstose torna inexeqüível para o caso de sinistro já quenão considera, entre outros fatores, o alto índicede crescimento da população de Angra dos Reis,na casa de 5,9 % ao ano. Vale lembrar ainda queas usinas de Angra 1 e Angra 2 estão construídassobre a areia, em terreno instável, e não foramincluídos dispositivos de segurança relacionadosaos riscos de elevação do nível do mar, conformecenários apresentados em 2007 pelo PainelIntergovernamental de Mudanças Climáticas(IPCC) da ONU. Tampouco existe planejamentodo governo federal sobre a capacidade de suportepara a região de Angra dos Reis absorver o fluxomigratório conseqüente das obras de Angra 3.

O ciclo de vida da energia nuclear gera impactosambientais e riscos desde a mineração do urânioaté o armazenamento do lixo radioativo. Amineração e beneficiamento de urânio em Caetité(BA), de onde sai o concentrado de urânio queabastece as usinas nucleares de Angra dos Reis

opera há 8 anos sob forte rejeição da populaçãolocal, junto à ocorrência de acidentes, vazamentose licenças controversas. Com a construção deAngra 3, o setor nuclear planeja dobrar a capacidadeprodutiva da mina baiana e já se mobiliza parainiciar a exploração de urânio em Santa Quitéria(CE). Assim, quanto maior a demanda porcombustível nuclear, maiores os impactos sociaise ambientais da mineração e maior a freqüência detransportes de materiais nucleares que atravessamáreas densamente povoadas nos estados da Bahiae do Rio de Janeiro.

O lixo radioativo resultante da geração nuclearcontinua a ser um grande problema sem solução.Como não existe tecnologia definitiva, os rejeitosprecisam ser armazenados em depósitos econtrolados por milhares de anos, criando grandepressão sobre a estrutura de Estado além deenormes custos financeiros que serão eternamenterepassados aos contribuintes. O lixo de altaradioatividade de Angra 1 e 2 continua a serestocado dentro do próprio vaso do reator, o queaumenta ainda mais o risco potencial da operação.Ao exigir, na licença prévia de Angra 3, uma soluçãodefinitiva para o lixo radioativo, o Ibamatransformou em condicionante uma questão quedeveria ter sido equacionada durante o Estudo deImpacto Ambiental do empreendimento. Restaagora saber como a Comissão Nacional de EnergiaNuclear (CNEN) e a Eletronuclear responderãoao prazo de 60 dias estipulado pelo presidenteLula em reunião com 11 ministros em 18 de agostopassado para definição do destino dos rejeitos deAngra 3, e apresentar uma solução que não foiencontrada em nenhum lugar do mundo durantetoda a história da energia nuclear.

Desde o primeiro mandato do governo Lula,o Conselho Nacional de Política Energética(CNPE) funciona de forma ilegítima, sem a devidanomeação de cidadão brasileiro especialista emenergia e que teria direito a voto, conforme previstoem regimento. Exigimos a democratização imediatado CNPE para permitir um debate minimamentetransparente sobre o planejamento energéticobrasileiro. É fundamental, ainda, que se cumpramas Resoluções nº 5 de 2001 e nº 8 de 2002 doCNPE, assim como a Moção nº 31 do ConselhoNacional do Meio Ambiente (CONAMA) queressalta que a avaliação da viabilidade ambientaldo empreendimento Angra 3 só será possívelmediante realização dos procedimentos dolicenciamento ambiental previstos na legislação.

Criticamos a proposta de criação de umacomissão de especialistas argentinos e brasileiros- o Comitê Binacional de Energia Nuclear (Coben)- para desenvolver um modelo de reator nuclearde geração de energia elétrica, assim como acriação de uma empresa binacional deenriquecimento de urânio. A cooperação com a

Nuclear

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A madeira plantada, o déficit

mineiro, a pressão sobre as nativas,

o ovo e a galinha...

necessidade da sociedade peloconsumo de madeira é indiscu-tível, sua tendência de cres-

lheita e processamento da mesma é umaatividade agrícola como outra qualquer,na maioria de seus aspectos e caracterís-ticas. Como itens comuns têm a tecnologia,a seleção genética de boas espécies, e aspráticas de cultivo que evoluem mais acada dia no objetivo de se alcançar índi-ces de produtividade cada vez maiores,permitindo uma menor utilização de áreaspara uma maior quantidade de produção,uma intervenção no solo cada vez menormantendo sua integridade, evitando suadegradação e diminuindo assim necessi-dade de expansões de fronteiras agríco-las em áreas de matas nativas, e o concei-to em todas as etapas de cultivo e colhei-ta, de uma maior sintonia com as deman-das sociais e ambientais.

O conceito, que não pode virar clichê, dedesenvolvimento sustentado

Como peculiaridades específicas, te-mos, o longo prazo de maturação da cultu-ra (sete anos para colheita), os altos cus-tos de implementação e manutenção damesma que em conjunto demandam depolíticas de financiamento adequadas e

capazes de capacitar Minas a ser o Estadomais competitivo do Brasil, e ao Brasil paraser o País mais competitivo do Mundo.

Estamos discutindo em sociedadeuma série de situações que são importan-tíssimas, e porque não dizer incômodas ealarmantes. A maioria voltada para o usoda madeira como fonte de energia, carvãovegetal, matéria prima para a celulose,para a construção civil, para a indústriamoveleira, e todo este debate tem e nãopode perder com enfoque em meio ambi-ente e relações sociais. Mas é precisosaber por onde começar, é preciso traba-lhar causas, só com bom alicerce temosboas construções.

“É fato que hoje a demandaenergética por carvão vegetal é supridapor uma grande quantidade de carvãooriunda de mata nativa, é fato que exis-te um problema envolvendo carvão ob-tido e fabricado de forma ilegal, é notó-rio que existem problemas com docu-mentos ambientais inidôneos.”

Também é fato a pressão que as ma-tas nativas sofrem para a obtenção de ma-deiras para a indústria moveleira e para aconstrução civil. Mas devemos tratar decada questão de forma específica e sepa-rada, para entendermos a sistemática quehoje vigora em nosso Estado, e separa-mos cada situação entendendo como cadauma é diferente entre si em todos os as-pectos. Mas as dificuldades de obten-ção sustentada desta matéria primainsubstituível e necessária para a huma-nidade, só é possível de ser enfrentadade uma forma, fomentando, incentivandoe facilitando o cultivo da madeira. O restoé combater conseqüência, sem atacar acausa o combate é eterno e cada vez maisfracassado.

É preciso adotar um novo modelo noPaís que permita o crescimento destescultivos. É preciso desburocratizar, incen-tivar os produtos de origem de madeiraplantada, e os cultivos realizados em áre-as já desmatadas, ou seja, sem supressão

Por Bernardo deVasconcellos*

Acimento é inevitável, suprir esta de-manda de forma social, econômica eambientalmente correta e sustentada, éuma condição de modus operandi, essen-cial a nossa sobrevivência e a própria vi-abilidade da vida social em equilíbrio como País e com o planeta, a situação de défi-cit de suprimento de madeira plantada éuma realidade posta, com as causas co-nhecidas.

O espaço que o Brasil tem para, apósatender sua demanda interna, se firmarcomo o maior país exportador de produ-tos de origem de madeira plantada noMundo, é também muito visível e palpá-vel, e pode e deve ser o grande motorimpulsionador e orientador de nossaspráticas e políticas, tanto no meio empre-sarial, quanto em nossas estratégias degoverno.

Partindo das premissas acima, tente-mos fazer juntos uma análise sobre o qua-dro atual e as possibilidades de futuro. Ocultivo de madeira com o objetivo de co-

Silvicultura

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de mata nativa. O cultivo de florestas derápido crescimento tem hoje tecnologiasdominadas e aplicadas que permitem arecuperação de áreas degradadas e aban-donadas, em cujas extensões não há pro-veito de nenhuma atividade. Pior do queisto, esta cultura de falta de técnicas, queredunda no mau uso dos solos atingindoem determinado ciclo a sua degradação eabandono, gera como efeito nefasto umanecessidade cada vez maior de expansãode áreas, buscando novas áreas produti-vas com a supressão de florestas. Ape-nas na Amazônia temos mais de16.000.000 (dezesseis milhões) de hecta-res abandonados, cuja recuperação po-deria significar importante mecanismo deretenção de novos desmatamentos.

“O cultivo de Florestas permite, emcada hectare aplicado, uma produçãode madeira equivalente ao que se teriaem dez hectares de mata nativa, o quepode diminuir sobremaneira a pressãosob os biomas naturais.”

Além disso, a atividade não precisaexcluir as demais. Importantes e bem su-cedidos projetos de integração tem re-sultado em um cultivo de culturas agrí-colas como o milho, o feijão e a soja nosdois primeiros anos de crescimento dasflorestas plantadas, e da utilização depastagens, com capacidade de lotaçãomuito superior a média nacional nos anosseguintes do cultivo florestal até a suacolheita.

Hoje infelizmente temos umordenamento legal que não separa de for-ma eficiente o cultivo e a colheita de ma-deira cultivada, da exploração de matasnativas. Em Minas Gerais o Poderlegislativo está atento e vem construin-do importantes discussões e debates, porvia do trabalho competente da FrenteParlamentar da Silvicultura da AssembléiaLegislativa do Estado de Minas Gerais.

A Associação Mineira de Silviculturaé uma entidade que congrega empresasque tem como sua política trabalhar como cultivo de madeira (silvicultura). Sãoempresas de produtos que tem na basede sua cadeia a madeira cultivada. So-mos uma entidade que não tem obriga-ção de aceitar sócios, temos como sóci-os as empresas que entendemos respon-sáveis, sérias e que adotam as boas prá-ticas sustentáveis. (social, ambiental eeconomicamente). Por isto temos orgu-

lho de ter em nossos quadros, represen-tantes das melhores empresas do ramode Celulose, Painéis de Madeira, Siderur-gia a carvão vegetal e Metalurgia (ferro-ligas e silício metálico).

São várias as empresas que se enqua-dram neste conceito e que ainda não es-tão associadas, mas elas estão se juntan-do cada vez mais em um esforço de unirforças para alçar o Brasil ao seu lugar dedireito no mercado Mundial de produtoscom base em madeira plantada. Esta uniãovem se dando tanto pela associação dasempresas a nossa entidade, quanto pelotrabalho conjunto da AMS e outras enti-dades de classe.

O resultado deste esforço vem apre-sentando cada vez mais frutos. Hoje, asempresas associadas da AMS já se utili-zam de modernos conceitos de preserva-ção ambiental, como a manutenção eadensamento das áreas de reserva legale preservação permanente, a manutençãode corredores ecológicos que interligamestas áreas de reserva, colheita da ma-deira em mosaicos, alternando as áreascolhidas o que resulta em uma exposiçãode menor área contígua ao efeito da reti-rada da cobertura das florestas plantadas,plantio direto com intervenção mínima nosolo, entre outras várias e importantesiniciativas.

“As empresas associadas da AMS –Associação Mineira de Silvicultura sãoresponsáveis hoje pela manutenção epreservação de mais de 500 mil hecta-res de matas nativas, o que é feito com oemprego das mais modernas técnicas eequipamentos de prevenção e combatea incêndio.”

Apoiamos o Governo de nosso Esta-do no PREVINCENDIO, um programaousado de prevenção e combate a incên-dios em parques florestais e áreas de in-teresse ambiental, com combate aéreo eterrestre.

No aspecto social os últimos levanta-mentos que apuraram a evolução de umadécada nos índices de desenvolvimentohumano, IDH, ficou assinalado que aque-las regiões que contam com as atividadesde plantio de florestas, tiveram evoluçãonestes índices a níveis superiores em 34%(trinta e quatro por cento) da média denosso Estado.

Encaminhamos ao Governo de Minas,uma proposta que chamamos de pacto da

sustentabilidade e que visa criar um ambi-ente que possibilite e viabilize o inadiávelesforço de incremento do cultivo da Ma-deira em Minas. O pacto prevê um maciçoe cumulativo investimento, para que emdez anos alcancemos a sustentabilidadetotal, e teve sua importância e relevânciareconhecidos com a concessão da Men-ção Honrosa à AMS, por seu trabalho emprol deste projeto, ocorrida durante o even-to VIII Encontro Verde das Américas, rea-lizado este ano em Brasília.

O Governo de Minas sinalizou com acriação de uma Câmara Temática de Silvi-cultura, com a participação de todos ossegmentos interessados e presidida peloSecretário de Estado de Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento, Dr. Gilman ViannaRodrigues. Nesta Câmara deverão ser dis-cutidas, elaboradas e apresentadas às di-retrizes da nova política de cultivo demadeira que precisamos implementar deforma urgente no Estado.

Estes investimentos propostos nopacto, prevêem a utilização de áreas jáutilizadas ou degradadas, com a aplica-ção da substituição da atividade atualpor cultivo de florestas, a integraçãoagrosilvopastoril, e a recuperação de áre-as degradadas.

“Não existe melhor forma de se al-cançar o desmatamento zero do que pro-duzindo e colhendo madeira de formasustentável, e viabilizando ainda a re-cuperação de áreas degradadas paranelas se fazer expansão agrícola, semnecessidade de novos desmatamentos.”

Para tanto é urgente criar um cenárioque permita viabilizar a competitividadebrasileira no setor, promover e incentivaro plantio de florestas de rápido cresci-mento e precisamos fazê-lo de forma ur-gente.

* Bernardo é presidente da AMS – Asso-ciação Mineira de Silvicultura.

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Balanço dos primeiros 100 dias

u não pedi para ser ministro,não queria e ainda coloqueicondições para aceitar. Conhe-

RPPNs; assinamos 5 acordos públicoscom setores produtivos e ONGs, como aMoratória da Soja e o Pacto pela madeiraLegal e Sustentável; mas a crítica a mimdirigida não se baseia nestes 18 atos re-ais e publicados, mas sim em extratos dedeclarações na mídia, especulações, TO-DOS desmentidos, que não se sustentamem fatos.

Nestes 100 dias estivemos em açõesdiretas na Amazônia, combatendo odesmatamento e as queimadas, em açõesno Nordeste, defendendo o bioma Caa-tinga e destruindo 300 fornos ilegais decarvão (em Pernambuco), em reuniõescom os 9 governadores da Amazônia (emBelém) onde conseguimos reverter a pres-são e manter a resolução do Banco Cen-tral que corta o crédito aos proprietáriosque estejam na ilegalidade fundiária ouambiental. Apreendemos e leiloamos gadoilegal em unidades de conservação naAmazônia. Obtivemos reduções substan-ciais nas taxas de desmatamento em 3meses, com um resultado expressivo emjulho, de queda de 60%. Estes númerossão instáveis e precários, apesar do imen-so esforço, pois a pressão é enorme, agra-vado pelas eleições; o ritmo das ações doArco Verde e de criação de empregos sus-

tentáveis (que depende de 8 ministérios)é muito lenta; o Ibama fecha uma serrariailegal em uma hora, mas o governo nãocria 50 empregos sustentáveis neste tem-po, e o desempregado vai desmatar 5 kmadiante.

Relacionamos abaixo medidas execu-tadas, suposições infundadas e os imen-sos desafios.

PantanalO IBAMA rastreou e multou em mais

de R$ 400 milhões dezenas de carvoariasque estavam transformando áreas do Pan-tanal e do Cerrado em carvão para forne-cimento de 60 siderúrgicas de Minas Ge-rais e do Espírito Santo. Carvoarias e si-derúrgicas deverão replantar 11 mil hadevastados. Na discussão preliminar doZoneamento Agro-Ecológico da Cana-de-Açúcar defendemos que no bioma Ama-zônia e no bioma Pantanal não haja no-vas usinas de cana-de-açúcar. O Ministé-rio da Agricultura defendeu que no pla-nalto do Mato Grosso, fora do Pantanal,em áreas consolidadas, poderia haver ex-pansão da cana. Explicamos ao governoque leis estaduais e resoluções doCONAMA (de 1985) interditam usinas decana em toda a bacia hidrográfica do Pan-tanal, incluindo o Planalto Pantaneiro,pelo risco do vinhoto e dos agrotóxicoscontaminarem a planície pantaneira. Ob-tivemos apoio de vários ministérios, masdevemos continuar atentos.

Decreto de crimes ambientaise reserva legal

Mais de 90% das multas ambientaisnão são pagas e os criminosos ambientaisenriquecem com o produto de atos ilíci-tos. Preparamos e o presidente Lula assi-nou decreto de 162 artigos, que diminuias manobras de recursos, dá poderes aoIbama de apreender e dar destino (doar,leiloar) produtos de crimes ambientais,como grãos, toras de madeira, gado. Lei-loamos dezenas de lotes de soja, toras e ofamoso boi pirata. Esta medida gerou for-te reação da CNA, bancada ruralista,Fórum de secretários estaduais de agri-cultura. Depusemos por 4 horas na Co-

Caros amigos, companheiras, ambientalistas

Por Carlos Minc,Ministro do MeioAmbiente

Ecia o tamanho do desafio, o que a minis-tra Marina Silva havia penado (semprecom o meu apoio, nas horas mais difíceis).Aqui vai um balanço e uma resposta àsquestões que foram deformadas por umaparte da mídia. É uma prestação de con-tas, sobretudo para aqueles que conhe-cem minha história e sabem que não per-mitirei que o Pantanal se transforme numcanavial, que não pedirei adiamento dasnormas para redução do teor de enxofreno diesel, que não aceitarei que a florestanativa da Amazônia se converta em plan-tação de exóticas. Neste período o presi-dente Lula assinou 10 decretos que pre-paramos, como o Fundo Amazônia, o de-creto que regulamenta e reprime crimesambientais, o Fundo Clima, 3 grandesunidades de conservação na Amazônia,o preço mínimo para os produtosextrativistas; assinei outras 3 portarias: aque agiliza o acesso de cientistas àbiodiversidade, com co-responsabilidade,a que abre a Câmara de CompensaçãoAmbiental (com direito a voto) às ONGs,universidades, Anama, Abema e empre-sários, e atos que incentivam a criação de

Política Ambiental

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missão de Agricultura da Câmara Federalcom transmissão pela TV. Os deputadosalegaram que eram exíguos os prazos paraaverbar as reservas legais e recuperarAPPs (Áreas de preservação permanen-tes) e que nas regiões Sul e Sudeste asáreas produtivas ocupavam mais de 90%das propriedades, e que a demarcaçãodiminuiria a produção. Afirmaram que pro-duções de maçã, uva, café ocupam há 30anos encostas de mais de 45% , o que éconsiderado APP. Note-se que há 40 anosquase ninguém cumpre a demarcação deAPPs e de Reserva Legal, e não são inco-modados. Ao darmos prazo definido emultas, a grita foi geral. Abrimos diálogo,em curso, envolvendo ONGs, 4 ministéri-os e a Frente Parlamentar Ambientalista,que poderá definir prazos, com compro-missos e cronogramas de cumprimento, eformas de restaurar a reserva legal foradas propriedades, nas bacias e no bioma,definidas por órgãos ambientais, quecumpram a função pretendida.

Desmatamento Zero, Zee, preçosmínimos para produtos extrativistas ,manejo florestal e plantas exóticas

Lutamos pela meta de desmatamentozero. Vamos concluir até final de 2009todo o zoneamento ecológico econômi-co (ZEE) dos 9 estados da Amazônia –com apoio técnico e recursos do MMA.Ampliamos o combate ao desmatamentocom a Polícia Federal (PF) e a PolíciaRodoviária Federal (PRF) e com os esta-dos, usando os dados dos satélites doINPE e dos satélites japoneses. Com aestiagem prolongada e com conivênciade autoridades as queimadas continuame os esforços deverão ser duplicados.Obtivemos uma MP que garante preçosmínimos para 10 produtos extrativistas,como a castanha, a seringa, o babaçu.Isto para que os trabalhadores extra-tivistas possam obter crédito, ter cartei-ra assinada, 13º e escapar da miséria emque se encontram e que os sujeitam avender madeira ilegal e permitir a entra-da ilegal de gado nas RESEX. Esti-mularemos o beneficiamento das cadei-as produtivas, agregando valor a estesetor. Depois de um ano de espera co-meçamos a licitar áreas para o manejoflorestal, ampliando a oferta de madeiralegal, melhor forma de combater a madei-ra ilegal – base para o pacto da MadeiraLegal de manejo, que assinamos no Paráem julho.

ExóticasNas áreas completamente degradas (les-te do Pará, p.ex) , depois de concluído oZEE, deverá ser reconstituída a ReservaLegal das propriedades com plantas nati-vas do Bioma; a área produtiva (fora dareserva legal) poderá ser utilizada complantação de palmáceas garantido renda,capturando carbono, desde que estejaprevisto no ZEE.

Fundo AmazôniaCriado por decreto do presidente

Lula em 1 de agosto, é um fundo priva-do, abrigado no BNDES, controlado porum conselho formado por 3 componen-tes: 5 ministérios (gov. federal) , 9 go-vernos da Amazônia e a sociedade civil(universidade, sindicato, empresários,3º setor) , onde os países doadores nãotem assento. Os recursos financiarãoatividades sustentáveis, reflorestamen-to, extrativismo, pagamento por servi-ços ambientais, para manter a florestaem pé e defender o bioma Amazônia. Ga-rantimos a presidência por 3 anos parao MMA e participação relevante da so-ciedade civil, pois as decisões deverãoter o apoio dos 3 segmentos.

Licenciamento Ambiental, concurso,fiscalização, pesca

Com o Ibama agilizamos o licen-ciamento ambiental, aumentando o rigore as compensações, como fizemos no Riode Janeiro, na Secretaria Estadual doAmbiente. Reduzindo burocracias, encur-tando prazos, informatizando processosreduzimos o tempo de tramitação, comcritérios mais rigorosos, descartando em-preendimentos inviáveis e obrigando osproponentes a investir no saneamentolocal, no custeio de parques nacionais ede reservas indígenas. No caso de Angra3, encontramos o licenciamento 90% pron-to. Somos contrários, como a ministraMarina, que perdeu a votação no Conse-lho Nacional de Política Energética, e deucontinuidade, aceitando o Eia-Rima, rea-lizando as audiências e preparando o re-latório, ao longo de um ano. Acrescen-tamos exigências, como o monitoramentoindependente, a prévia definição do de-pósito do lixo atômico, adoção dos Par-ques da Bocaina e da Reserva Tamoios, eR$ 50 milhões em saneamento de Angra eParati, declarando o apoio às energiasrenováveis, alternativas e à redução dodesperdício, metas do 1º Plano Nacional

de Mudanças Climáticas, avançando emrelação à posição anterior, mais conser-vadora. O licenciamento da hidroelétricade Santo Antônio estava avançada; nagestão da ministra Marina se concedeu aLP (Licença Provisória) depois de 2 anose da famosa luta pela defesa dos bagres eda ictiofauna, reduzindo em 70% a áreainundada; a LI foi concedida pelo Ibamacom rigor e compensações que incluíramo saneamento de Porto Velho, o custeiode 2 parques e de 2 reservas indígenas.Um documento técnico intermediário doIbama referia à necessidade de apresen-tação de 2 documentos, que foram inclu-ídos no dia seguinte ao processo. Reabri-mos um processo de corrupção nolicenciamento e fiscalização no Rio de Ja-neiro, que havia sido bloqueado por pos-tura corporativa de um grupo. Garantimosum concurso para 400 analistasambientais (Ibama e Instituto Chico Men-des) para novembro/2008, com priorida-de para a fiscalização e o licenciamento.No processo de criação do Ministério daPesca, que agora será por lei, e não porMP, realizamos 3 rodadas de discussõescom o Ministro Gregolin e a MinistraDilma Roussef para garantir que o MMAe o Ibama mantivessem o poder da fisca-lização integral. Os ambientalistas devemestar atentos para impedir que emendasretirem esta competência necessária paraevitar que espécies sobre-pescadascolapsem.

Unidades de conservação, manejoe eco-turismo

O Instituto Chico Mendes administra299 UCs, com 78 milhões de ha. Encontra-mos 68 destas sem um gestor, 121 sem umfiscal, 54 das 56 RESEX sem planos demanejo, nenhuma das FLONAS (flores-tas nacionais) fornecendo madeira legalde manejo, apenas 26 Parques Nacionais(de 65) recebendo visitantes , sendo que90% dos 3,5 milhões de visitantes con-centrados em 2 parques: Iguaçu e Tijuca.Os parques nos EUA recebem 192 milhõesde turistas e são mais bem cuidados. DosR$ 550 milhões disponíveis para compen-sação ambiental, foram aplicados em 5anos apenas R$ 52 milhões. Garantimosadministradores para estas 68 UCs,estamos formando até novembro 180 fis-cais , para que nenhuma UC fique semfiscal, decidimos, com 60 lideranças dostrabalhadores extrativistas, realizar ou li-citar planos de manejo para todas as

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RESEX até março 2009. Através do Servi-ço Florestal Brasileiro (do MMA) e doICM Bio vamos dobrar a meta de 2009para oferta de manejo florestal, incluindomanejo comunitário para assentamentosdo Incra e RESEX. No dia 13 de setembroo presidente Lula lançará o plano de Tu-rismo nos Parques, do MMA em conjun-to com o min do Turismo; este define par-ques prioritários e recursos para sedes,centros de visitante, de pesquisador, tri-lhas sinalizadas, acesso.

Mata Atlântica, artigo 23 , guardasparque , fundo clima

O decreto do Guarda Parque viabilizaconvênios com governos estaduais quereceberão equipamentos para bombeirose batalhões florestais; estes apoiarão adefesa das UCs federais e ações preven-tivas e de fiscalização do Ibama. O decre-to que regulamenta a lei da Mata Atlânti-ca estava atrasado em um ano; realiza-mos audiências, aperfeiçoamos artigos eele será publicado em setembro. Aplica-mos R$ 120 milhões em multas aosusineiros de Pernambuco, que arrasarama Mata Atlântica, deixando apenas 2,7%da cobertura original. Ajuizamos ações eo TAC deverá ser assinado com o MPFederal até novembro. O artigo 23 daConstituição define as competências deestados, municípios e União nolicenciamento; depois de 3 anos bloque-ado, estabelecemos um diálogo, inclusi-ve em reunião da Abema com 23 secretá-rios estaduais de meio ambiente (fomosinformados que foi a primeira vez que umministro participa deste fórum); o PL de-verá ir a voto em novembro. O presidenteLula enviou ao Congresso o PL que cria oFundo de Mudanças Climáticas, que de-verá receber recursos de até R$ 600 mi-lhões da participação especial do petró-leo, para aplicações em redução de emis-sões, tecnologia limpa, prevenção emitigação.

Combate ao desmatamento,regularização fundiária

O Ibama, com apoio do MMA, do ICMBio , da PF e da PRF tem se desdobrado

para combater o desmatamento, sobretu-do na Amazônia. Alguns estados tem co-laborado, outros pouco. As operaçõesdo Ibama dobraram em junho e em julho,passando de uma média diária de 20 para40 operações. Esta foi uma das razões daqueda do desmatamento em julho. Hou-ve uma desarticulação da Operação ArcoVerde, de iniciativas sustentáveis, comoutros ministérios, que será retomada.Faltam recursos, pessoal, viaturas. Aspressões para derrubar a resolução doBanco Central que veda o crédito aos em-preendimentos ilegais continuam, e aatenção deve ser redobrada. Existem tam-bém pressões de prefeitos e de governa-dores para o afrouxamento da operaçãoArco de Fogo no período eleitoral. Estáhavendo obstrução, e se verifica o incre-mento de queimadas. Apoiamos umnovo modelo, com manejo florestal,extrativismo, preços mínimos, eco-negó-cios, recuperação de áreas degradadas,tecnologia limpa, pesquisa aplicada à flo-resta, acordos e rastreamento das cadei-as produtivas (soja, madeira, carne, mi-nério) e Fundo Amazônia. Isto exige umesforço de ministérios, governos estadu-ais e municipais e de toda a sociedade. Oritmo é insuficiente. Priorizamos a regula-rização fundiária, a conclusão do ZEE e ocadastramento; estamos trabalhando como Incra, Institutos de Terra e secretariasestaduais de meio ambiente para concluiro trabalho até 2012. Esclareço que o PLque ampliou a legalização de terras públi-cas de 500 ha para 1500 ha foi preparadopelo MDA (Ministério de Desenvolvi-mento Agrário) antes da nossa chegadaao governo. Não participamos do proces-so de votação no Congresso, e posteri-ormente exigimos que antes da titulaçãohaja a demarcação da reserva legal.

Enxofre, diesel e arApesar das pressões não adiaremos

a Resolução do Conama, de 2002, queestabelece padrão de emissão mais rigo-roso em 2009. Propusemos adiantar a eta-pa seguinte, que estabelece o máximo de10 partes de enxofre por milhão no diesel.Apresentaremos até o final do ano umPrograma Nacional de Qualidade do Ar,incluindo vistoria veicular obrigatória(como aprovamos no Rio de Janeiro) epadrões de emissão atmosférica mais ri-gorosos para a indústria.

Reforçar o diálogoPouco tempo, muitos desafios,

problemas crônicos, profundos, en-frentamentos dentro do governo, no par-lamento, na sociedade; a eco-ansiedadede enfrentar tudo ao mesmo tempo preju-dicou o diálogo constante e necessáriocom o setor ambientalista. Estive 8 ve-zes no parlamento, 3 com a FrenteAmbientalista. Recebemos em 12 encon-tros ONGs e lideranças da Amazônia,Mata Atlântica, Cerrado, extrativistas,cooperativas. Há que construir planosconjuntos, com prioridades, metas, alian-ças, no governo e na sociedade.

Saudações eco-libertárias do CarlosMinc *(Enviado por Gerusa Barbosa -Assessoria de Comunicação doMinistério do Meio Ambiente -+55 61 3317-1227/1165Fax:+55 61 [email protected]

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 018 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 19

ministro do Meio Ambiente,Carlos Minc, chega ao seu cen-tésimo dia de governo em clima

posicionamento histórico de opositor àenergia nuclear, ele anunciou, então, a li-cença para a construção da usina nuclearAngra 3. A exigência de construção de umdepósito definitivo para o lixo atômico feitapor Minc parece inclusive que será suavi-zada em razão das pressões da ComissãoNacional de Energia Nuclear (Cnem).

Logo depois, Minc e Alfredo Nascimen-to, ministro dos Transportes, anunciaram aconcessão da licença para o asfaltamentoda rodovia Manaus-Porto Velho (BR 319).Antes de ser um projeto de governo, a obraé uma aspiração política de Nascimento parapavimentar os rumos de sua candidatura aogoverno do Amazonas. A negociação dosministros atropelou os esforços do gover-no do Amazonas e da sociedade civil parasubstituir a estrada, hoje de terra, por umalinha férrea, menos impactante do ponto devista ambiental. Só o anúncio do asfalto játrouxe uma onda de invasão de terras públi-cas, desmatamentos e aumento dos casosde malária nas imediações como nunca haviaacontecido desde que a estrada foi aberta,nos anos 1970.

Na gestão de Marina, quando o gover-no anunciou o asfaltamento da Cuiabá-Santarém, o MMA se mobilizou para, emconjunto com a sociedade civil da área deinfluência da estrada, construir o Plano BR-163 Sustentável. Agora, durante a negoci-ação entre Minc e Alfredo, a sociedade se-quer foi consultada.

Ainda na conta dos desacertos doMMA, está a decisão de não priorizar acriação de novas unidades de conservaçãoaté o final do governo Lula. Implantar asunidades de conservação já criadas, comoquer o ministro, é importante, mas num paísque tem apenas 0,4% de áreas marinhasprotegidas e 80% dos estoques pesqueirosameaçados de extinção, essa decisão é umdesastre.

A medida ganha contornos ainda maispreocupantes diante do silêncio do minis-tro em relação à proposta de criação doMinistério da Pesca. Contrariando seu es-tilo performático, Minc se calou diante de

toda a polêmica causada pelo anúncio datransformação da Secretaria Especial deAqüicultura e Pesca (Seap) em ministério.Não se ouviu nenhuma frase do ministrosobre os problemas do setor. O ministrosequer questionou a política anunciada,voltada apenas para o aumento da produ-ção, como se os mares fossem fontes ines-gotáveis de pesca. Assim, iria faltar peixepara encher o balaio do Ministério da Pescainventado por Lula, se a invenção tivessedado certo.

Qualquer análise do desempenho deMinc, no entanto, tem que levar em consi-deração que os rumos das questõesambientais do governo Lula não estão so-mente nas mãos do ministro. As decisõesambientais passam obrigatoriamente porLula e Dilma Rousseff e, para a dupla, nadaé mais importante que viabilizar o PAC. Osdois, juntamente com a bancada ruralista,conseguiram inviabilizar a permanência deMarina no governo.

Mangabeira Unger também tem sua cotade contribuição no cenário de dificuldadespolíticas impostas ao MMA. O ministro deAssuntos Estratégicos trama abertamentea revisão de toda a legislação de proteçãoao meio ambiente. Completamente afinadocom a bancada ruralista, Unger tem reduzi-do as leis ambientais a meros entraves aocrescimento econômico brasileiro. Na ân-sia de satisfazer seu antigo desejo de influirna política nacional, Unger, que já buscouos corpos de Brizola e Ciro Gomes paraencarnar suas idéias, parece finalmente terencontrado na bancada ruralista seu “ca-valo-de-santo”.

Se Minc quiser escapar do mesmo des-tino, precisa ser mais criterioso e fiel naseleção de seus parceiros. Ele precisa com-preender que, para ganhar a confiança doagronegócio e dos setores do governo Lulaque pretendem o desenvolvimento a qual-quer preço, não existem limites nas conces-sões a fazer. A esperança é que ele entendaque é preciso priorizar a conquista da suacredibilidade pela afirmação do seu com-promisso com a defesa do meio ambiente.

Enquanto Minc dança em Brasília, navida real agentes do IBAMA (INSTITUTOBRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE e dosRecursos Naturais Renováveis) em SãoPaulo fazem fiscalização a pé porque nãotêm dinheiro para abastecer os carros. Comose diz na China, onde existe muita luz, assombras são mais profundas.

Fonte: Valor Econômico, 3 de setembro de 2008.

Cem dias de Minc:

muita luz, muita sombra

Por Sérgio Leitão,diretor de PolíticasPúblicas do [email protected]

Ode bandeira branca, buscando restabelecera confiança inicial com os ambientalistas,abalada pelos controversos acordos comseu colega Reinhold Stephanes, da Agri-cultura. O tema da negociação entre os dois- negada em reunião de Minc com ONGs -seria a recuperação da reserva legal com oplantio de espécies exóticas e a defesa deajustes no decreto nº 6.514/08, que regula-mentou a Lei de Crimes Ambientais. O en-contro com as ONGs, realizado no últimodia 25, ilustra precisamente esses primeirosdias, marcado pelo seu vai-e-vem pelos sa-lões governamentais, dançando com dife-rentes parceiros.

Minc condicionou o convite para assu-mir o ministério à não-alteração do CódigoFlorestal, principalmente na parte que defi-ne a reserva legal de 80% na Amazônia; aoestabelecimento de políticas que levassema zerar o desmatamento na região; e àdestinação de recursos para o bom funcio-namento do Ministério do Meio Ambiente(MMA). Sinalizava com isso que não dariaespaço para as mesmas pressões que der-rubaram Marina Silva.

A boa impressão inicial foi reforçadapelo apoio à Moratória da Soja, que estabe-leceu a restrição da compra do produto quan-do oriundo de novos desmatamentos naAmazônia. Outro sinal positivo emitido porMinc foi a assinatura do decreto regula-mentando a Lei dos Crimes Ambientais que,além de tornar mais rápida a tramitação dosprocessos de punição dos delitosambientais, reforçou a exigência dos fazen-deiros respeitarem a reserva legal. A dispo-sição demonstrada por ele, naquele mo-mento, levou os setores que pediram a ca-beça de Marina a dizer que já estavam comsaudades dela.

Contrariando a impressão inicial, noentanto, o ministro passou a dar sinais deexcessiva flexibilidade nas conversaçõescom os setores que sempre reclamaram dapolítica ambiental. Afrontando seu

Política Ambiental

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20 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

A

Ingrid Betancourt é

homenageada no VIII

Encontro Verde das Américas

Por Eliana Lucena

ex-senadora colombiana, IngridBetancourt, recentemente liber-tada por guerrilheiros das FARC,

prontos para votação”,disse o presidente daCâmara.

No encontro realiza-do no Museu Nacionalda República, o minis-tro do Superior Tribu-nal de Justiça, HermanBenjamim, especialistaem meio ambiente, de-fendeu a legislaçãoambiental aplicada nopaís, mas criticou oatraso em sua im-plementação e a moro-sidade da Justiça. “Não

pode mais o órgão público argumentar quenão tem instrumentos para detectar os pro-blemas, mas por outro lado, de nadaadianta identificá-los se a resposta doPoder Público tarda”, criticou o ministro.

O coordenador geral do Green-nmeeting, Ademar Leal, defendeu umaação global que garanta a proteção ao meioambiente, mas que também busque solu-ções de combate à desigualdade social eàs injustiças. O objetivo do evento é bus-car soluções para os problemas ambientaislocais e globais, envolvendo no debateinstituições do Brasil e do exterior. OGreenmeeting conta com o apoio dasNações Unidas, da Organização dos Esta-dos Americanos (OEA), de vários ministé-rios e órgãos do governo brasileiro eda REBIA – Rede Brasileira de Infor-mação Ambiental.

Mudanças ClimáticasNa primeira rodada de debates, medi-

adas pelo Coordenador da FrenteAmbientalista da Câmara dos Deputadose líder do Partido Verde, Sarney Filho, osembaixadores do México, Andrés Valen-cia, e da Inglaterra, Petter Collecott, anali-saram a questão das mudanças climáticas.

O embaixador mexicano Andrés Valen-cia apresentou a proposta de um FundoVerde, um mecanismo de financiamentomundial contra as mudanças climáticas,que teria cerca de US$ 1 bilhão para o

desenvolvimento e suporte a ações decombate à liberação de gases do efeitoestufa. Segundo o embaixador, na atuali-dade, há uma diversidade de fundos dealcance limitado e diferentes níveis degovernança, o que não permite um finan-ciamento adequado para o incentivo depráticas sustentáveis.

Já o embaixador britânico PeterCollecott, vencedor do Prêmio Verde nacategoria mudanças climáticas, frisou quea conservação do meio ambiente não im-põe obstáculos ao crescimento econômi-co, mas é uma oportunidade para o desen-volvimento de outros setores sustentá-veis. “A redução de emissões de gasespoluentes não acompanha a diminuiçãoda economia; os dois setores andam jun-tos”, disse o embaixador, ao lembrar que,na Inglaterra, as indústrias de energiarenovável geram mais emprego do que asde combustível fóssil.

Sobre a criação de um Fundo Verdemultilateral, o deputado Sarney Filho de-fendeu que ele poderia se incorporar aoFundo da Amazônia. “É importante discu-tir a participação internacional na resolu-ção do problema da Amazônia, um biomaque presta serviço à humanidade e não sóao Brasil”, disse o deputado. Ele ressaltouo papel do Brasil na Agenda Verde Mun-dial. “Hoje somos o 4° maior emissor degases do efeito estufa por causa dodesmatamento na Amazônia, mas ao mes-mo tempo temos ali um estoque importan-tíssimo para a humanidade de biodi-versidade, de possibilidades de curas, depossibilidades de vida”, ressaltou.

Ele também alertou para a importân-cia da implementação da Agenda Mar-rom, voltada para as áreas urbanas, jáque hoje, 90% da população do país vi-vem em cidades, que enfrentam proble-mas sérios com o lixo, com a poluição doar, ocupação desordenada do solo epoluição dos rios.

foi homenageada com o Prêmio Verde dasAméricas, conferido pelo VIII EncontroVerde das Américas - Greenmeeting-, jun-to com a Maristela Kubstichek, filha do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Ingridreceberá o troféu pessoalmente quandoestiver no Brasil no fim deste mês. Ao re-ceber o prêmio, Maristela defendeu a ne-cessidade de uma ação mundial pelo meioambiente e afirmou que os países queadotam o discurso de que o Brasil estaria“destruindo o pulmão do mundo”, no casoa Amazônia, no passado “ também forampulmões do mundo, mas destruíram suasflorestas

Na abertura do evento, o presidente daCâmara, Arlindo Chinaglia, anunciou quea proposta de emenda à Constituição queinclui as áreas de Cerrado entre os patri-mônios naturais do Brasil (PEC 524/02) e oprograma de revitalização do Rio São Fran-cisco (PEC 542/02) estão entre as priorida-des de votação da Câmara até o fim do ano.Chinaglia afirmou que as PECs são as duasprincipais propostas relacionadas ao meioambiente que estão em discussão na Casa.Segundo ele, essas propostas fazem partede uma lista de matérias que serão discu-tidas com o Colégio de Líderes.”Não sãoas únicas propostas sobre esse tema, massão dois exemplos relevantes que estão

Mais informações:[email protected] /www.greenmeeting.org

(Foto: Vinícius Ramos – Folha do Interior)

Evento Ambiental

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 018 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 21

Eduardo Wernech pede

socorro ao presidente da

Câmara dos Deputados

Por Vinicius Ramos

Ambientalista participa do VIII Encontro Verde das Américas, emBrasília, e aproveita para cobrar ações do Senado e da CâmaraFederal em relação à Bacia do Rio Paraíba do Sul

ambientalista e presidente daOscip (Associação Ecoló-gica) Piratingaúna, Eduardo

Vilmar Berna (Prêmio Global 500 da ONU),como ferramenta de democratização da in-formação ambiental. “Senador, boa partedo que está sendo discutido aqui hoje fazparte do nosso projeto. O Vilmar Bernadesenvolveu esse projeto que é realizadoem parceria com a Oscip Piratingaúna”,comentou.

Minas Gerais e Rio de Janeiro precisamurgentemente do envolvimento dossenadores com a causa”, alertou oambientalista.

Paraíba é contaminado pormetais pesados

A Bacia do Rio Paraíba do Sul, quecorta os estados de São Paulo (23,7%),Minas Gerais (39,6%) e Rio de Janeiro(36,7%), é uma das mais poluídas do Brasil.Essa é a constatação de um recente estudofeito por pesquisadores da Escola Nacio-nal de Saúde Pública (ENSP), que identifi-cou concentrações de cádmio, metais pe-sados e pesticidas em golfinhos e botosda região. “O médio Paraíba e a foz [dabacia] são os trechos mais poluídos”, ex-plica o pesquisador da ENSP, SalvatoreSiciliano. Por cortar regiões altamenteurbanizadas, a bacia sofre com constantesprocessos de contaminação industrial edoméstica.

Fonte: http://www.folhadointerior.com.br

OWernech, reivindicou ao presidente daCâmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia,uma maior atenção dos deputados aosproblemas ambientais diagnosticados naBacia do Rio Paraíba do Sul. Wernech seencontrou com o parlamentar durante oVIII Encontro Verde das Américas, emBrasília. O rio Paraíba do Sul é o vetor deligação e desenvolvimento de uma dasmais importantes regiões econômicas daAmérica do Sul, e contribui com cerca de5 bilhões de litros diários de água paraconsumo humano. Além disso, suas águassão utilizadas pelo setor industrial em cer-ca de 2,5 bilhões de litros por dia. É vitaldestacar que cerca de 15 milhões de pes-soas dependem das águas do Paraíba,incluindo mais de 80 % da população dacidade do Rio de Janeiro.

“Presidente, precisamos muito de suaajuda. Um dos rios mais importantes doSudeste está morrendo e contamos comos deputados”, disse. Wernech acertoucom Chinaglia a entrega de uma série dedocumentos que irão fundamentar as dis-cussões sobre o Rio Paraíba do Sul naComissão de Meio Ambiente da Câmara eno plenário do Congresso Nacional.REBIA – Um dos argumentos de EduardoWernech para chamar a atenção deChinaglia para o tema foi a utilização daREBIA (Rede Brasileira de InformaçõesAmbientais), criada pelo ambientalista

Garibaldi Alves e Mercandante tambémouvem reivindicações sobre o Rio Paraíbado Sul

Na visita que fez ao Congresso Naci-onal na quinta-feira, dia 11, o presidente daOscip Piratingaúna, Eduardo Wernech, so-licitou ao presidente do Senado, GaribaldiAlves, que leve para a pauta da Casa dis-cussões sobre a despoluição da Bacia doRio Paraíba do Sul, que engloba mais de 2,4mil municípios e abastece mais de 14 mi-lhões de pessoas. “Levem também essasreivindicações aos líderes dos partidos,para termos condições de discutir o temae colocá-lo na pauta. Enviem-me a maiorquantidade de dados e informações pos-síveis”, explicou Garibaldi.

No encontro com o senador paulistaAloísio Mercadante, Eduardo Wernechreforçou o pedido feito anteriormente aopresidente do Senado. “Senador, o rio pedesocorro. A situação é gritante e muito gra-ve. Em alguns pontos, temos até peixescom deformação genética. São Paulo,

Evento Ambiental

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22 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

Salas Verdes: Espaço de

articulação e transformação

Por JulianoRoberto da SilvaRaramilho*

oje elas já são 390, espalhadaspor todo o país, funcionam emPrefeituras, ONGs, barcos, es-H

articuladora e integradora, viabilizandoiniciativas que propiciem uma efetiva par-ticipação dos diversos segmentos da so-ciedade na gestão ambiental, seguindouma pauta de atuação permeada porações educacionais, que caminhem emdireção à sustentabilidade.

São estruturas que fazem e procuramcada vez mais, promover o diálogo entreos coletivos educadores, com a promo-ção da Agenda 21, na articulação com asConferências Infanto Juvenil, propostasde resgate histórico-cultural e ambiental,dentre outras.

Essas Salas promovem a sinergia epotencializam os espaços propícios paraa Educação Ambiental nas instituições quesão proponentes delas. Além disso, bus-cam também a multiplicação de parceriaspromovendo o acesso, debate, reflexão eações prática em Educação Ambiental. ASala Verde não é apenas uma bibliotecaambiental, é muito mais que isso, é umaestrutura que de acordo com algumas ex-periência nos mostra a capacidade de ar-ticulação e de transformAÇÃO. Mas numprojeto grande como esse não é fácil ocontato com todo ao mesmo tempo e nomomento que é necessário. Para tanto osmembros participantes do projeto promo-

vem a interação entre as Salas e com acoordenação em Brasília, através de duasprincipais ferramentas de comunicação:

1- Lista de Comunicação no YahooGrupos. Dessa maneira em rede os mem-bros cadastrados (e isso esta aberto paraquem não participa do projeto também)podem ficar informados sobre o queesta acontecendo no projeto e tambémcolocar alguns questionamentosna “roda” para a discussão e debate.Para entrar nesse grupo envie ume-mail para [email protected]

2- O Blog é a outra ferramenta de co-municação criada para agilizar o contatode experiência das Salas de todo o país. Ealém, proporcionar o contato com infor-mações e oportunidades na área ambientale da Educação Ambiental. No endereçowww.salasverdes.blogspot.com é possí-vel ter uma visão do que as Salas Verdesestão desenvolvendo.

E claro, nem tudo acontece de formavirtual. Encontros presenciais foram reali-zados como a Oficina de Coletivos Educa-dores e Salas Verdes e que aconteceramem todos os Estados. Outros encontrosespecíficos também ocorreram como é ocaso de São Paulo, Rio Grande do Sul erecentemente do Paraná.

É um projeto que como falamos temseu surgimento a partir de proposta go-vernamental do Ministério do Meio Ambi-ente, mas que ao poucos vem trazendo re-sultados grandiosos no que diz respeitoao envolvimento, a articulação, especial-mente no local, onde as coisas acontecem,onde as pessoas precisam de informação,de formação e de motivação para a partici-pação. Aqui nesse breve texto, não cita-mos nenhuma sala, pessoa ou experiência,pois seriamos injustos e a proposta éinstigá-los a conhecer nossos canais decomunicação que já citamos e se não ficousatisfeito acesse a www.salaverde.cjb.net

colas. Promovem ações educativas, deformação de educadores, fazem articula-ções com as estruturas já existentes rela-cionadas a Educação Ambiental em todoo país. Estamos falando das Salas Ver-des, coordenado pelo Departamento deEducação Ambiental do Ministério doMeio Ambiente (DEA/MMA) que con-siste no incentivo à implantação de espa-ços socioambientais para atuarem comopotenciais Centros de informação e For-mação ambiental.

A dimensão básica de qualquer SalaVerde é a disponibilização, a democratiza-ção da informação ambiental e a buscapor maximizar as possibilidades dos ma-teriais distribuídos, colaborando para aconstrução de um espaço, que além doacesso à informação, ofereça a possibili-dade de reflexão e construção do pensa-mento/ação ambiental.

Sala Verde é um espaço definido, vin-culado a uma instituição pública ou pri-vada, que poderá se dedicar a projetos,ações e programas educacionais voltadosà questão ambiental. Deve cumprir umpapel dinamizador, numa perspectiva

* Juliano Roberto da Silva Raramilho éformado em Ciências Sociais pela UNESP,professor no Colégio Agrícola Estadual deCambará/PR, coordenador das Salas Verdesde Cambará/PR e Canitar/PR e moderadorda REBIA Sudeste [email protected]

Educação Ambiental

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 018 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 23

Fazer sexo também pode ser de

forma ecológica

1. Apagarás as luzes - grande parte daenergia consumida no planeta é produ-zida através da queima de combustíveisfósseis. Substitua a luz elétrica por ve-las de cera de abelha e parafina, ficamuito mais romântico. Se você não con-segue transar sem ver cada detalhe doseu parceiro, faça amor à luz dodia!

2. Consumirás alimentosafrodisíacos orgânicos e não-transgênicos - Algumas frutas sãoconhecidas por seu poderafrodisíaco. Que tal optar por suaversão orgânica, livre detransgênicos e pesticidas? Dê pre-ferência a produtores locais.

3. Pouparás os seres marinhos -As ostras e outros mariscos tam-bém são conhecidos por seu po-der afrodisíaco. Entretanto, a pes-ca predatória está pondo em riscoa vida nos oceanos. Sugere-se quevocê substitua essas iguarias poróleos e sabonetes biodegradáveiscom aromas estimulantes, produ-zidos artesanalmente por comuni-dades cujo sustento seja obtidoatravés de projetos sustentáveis.As ostras, eles informam, sãobiomonitores da poluição marinha, poisabsorvem toda a contaminação da re-gião em que vivem. Se você não abremão dela, verifique a procedência.

4. Reciclarás os objetos do amor - Em-balagens que seriam jogadas fora po-dem ser decoradas com temas “sexy” e

O Greenpeace México (http://www.greenpeace.org/mexico/news/c-mo-enverdecer-tu-vida-sexu ) lançou um guia para quem quer levar as atitudes ecologicamente corretaspara a cama. São dez mandamentos para a prática do “sexo ecológico”.

usadas para guardar os objetos da pai-xão: camisinhas, lubrificantes,brinquedinhos e lingerie.

5. Usarás ecolubrificantes - “Nada me-lhor do que a lubrificação natural. A lín-gua é sempre um bom instrumento para

isso, mas se precisar de alguma ajuda amais, recomendamos que nunca use lu-brificantes à base de petróleo, como óle-os ou vaselina. Prefira aqueles à basede água.”

6. Serás escravo do amor, não do petró-leo - Se você gosta de apimentar a rela-ção com brinquedinhos, acessórios de

PVC/vinil devem ficar de fora. O PVCgera componentes químicos altamentetóxicos: dioxinas e furanos. Alguns pa-íses proibiram o uso desse material embrinquedos infantis, por sercancerígeno. Prefira acessórios feitos desubstâncias naturais como borracha,

látex ou pele.

7. Economizarás água - Um banhocompartilhado ajuda a economizara água do planeta. Mais de 500 mi-lhões de pessoas não têm acessoà água potável e corrente.

8. Deitarás em leito sustentável -Se estiver na hora de comprar umacama nova, verifique se ela tem oselo do FSC, que garante a produ-ção com madeira sustentável.Comprar o objeto usado ou feitocom madeira de demolição tambémé uma boa pedida.

9. Farás sexo verde - Se você cur-te uma prática sadomasô, veja seo chicotinho é feito de madeira cer-tificada. Use óleo para massagemorgânico. Use roupas de baixo epijamas feitos de algodão orgâni-co. O processo de fabricação e

branqueamento do algodão convenci-onal é um dos mais contaminantes queexistem.

10. Farás amor, não guerra.

Fonte: http://www.verbeat.org/blogs/facaasuaparte/acoes-praticas/

Faça sua parte

Acesse:www.portaldomeioambiente.org.br

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24 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

GVcev - Centro de Excelênciaem Varejo da Escola de Admi-nistração de Empresas de São

FGV-EAESP divulga finalistas

do 4º Prêmio de

Responsabilidade Social e

Sustentabilidade no Varejo

Rel

ação

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a um

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:

pelarias, lojas de móveis e eletrodomésti-cos, restaurantes, entre outros.

Promovido pelo GVcev, desde2003, o Prêmio é uma iniciativa pioneirada FGV-EAESP com o intuito de reconhe-cer e incentivar projetos de responsabili-dade social e sustentabilidade desenvol-vidos por empresas e entidades varejis-tas de todo o Brasil. O Programa é patro-cinado pela AES Eletropaulo, PhilipMorris Brasil, Serasa, VisaNet e Whirlpool.Os inscritos concorrem nas categorias:Microempresa (até 20 funcionários), Pe-quena Empresa (de 21 a 100 funcionári-os), Média Empresa (de 101 a 500 funcio-

nários), Grande Empresa (acima de 501funcionários), Shopping Center e Entida-de Varejista.O(*) Excepcionalmente, foram escolhidos 4finalistas nas categorias Pequena e MédiaEmpresa, devido a um empate no processode julgamento do Comitê Técnico.Observação: Não há distinção entre 1º, 2º e3º colocados, em cada categoria. Os finalistasestão relacionados em ordem alfabética.Mais informações: 4º Prêmio deResponsabilidade Social no Varejo –www.fgv.br/cev/premio e Programa deResponsabilidade Social e Sustentabilidadeno Varejo: www.fgv.br/cev/rsnovarejo

Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) anunciou as iniciativas (projetos)finalistas do 4º Prêmio de Responsabili-dade Social e Sustentabilidade no Varejo.Veja relação abaixo. Em sua quarta edi-ção, o Prêmio recebeu 104 iniciativasde responsabilidade social e/ou sus-tentabilidade, inscritas por empresas eentidades varejistas de todas as regiõesdo Brasil, dos mais diversos portes e seg-mentos do varejo brasileiro, como porexemplo, supermercados, farmácias, pa-

Sustentabilidade

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 018 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 25

Por Alfried KarlPlöger*

Indústria gráfica brasileira

cria prêmio para estimular

responsabilidade

socioambiental

Apartir da revolução industrial,ao longo de todo o Século 19 equase até o final do 20, a hu-

cialização de créditos cresceu mais de100% em 2007, atingindo US$ 64 bilhões.Muito mais do que um bom negócio paraempresas do mundo emergente ou emdesenvolvimento que abdicam da emis-são de gases do efeito estufa, converten-do sua quota em créditos de carbono, onúmero expressa um ganho para a huma-nidade.

O Banco Mundial, contudo, assimcomo a ONU, o Fundo Monetário Inter-nacional e a FAO (Organização das Na-ções Unidas para a Agricultura e a Ali-mentação), não está preocupado apenascom as mudanças climáticas. De modomuito correto, aliás, todos vêem a ques-tão de maneira mais ampla e holística,focando, também, o uso racional dos re-cursos naturais, a recuperação e preser-vação de biomas e ecossistemas, a ofertade energia e de alimentos.

Tais reflexões estavam muito nítidasno recente alerta do presidente do BancoMundial, Robert B. Zoellick, quanto ànecessidade urgente de se reagir às ame-aças da escassez de alimentos e energia.Numa releitura do que dizia Teilhard deChardin, salientou ser “necessário cons-truir as bases para maximizar a oportuni-dade e a esperança para todos no longoprazo”.

O universo corporativo, obviamente,não pode ficar alheio a esse movimentovoltado à sobrevivência (com dignidadee um mínimo de qualidade de vida) da pre-sente civilização. Todos têm de fazer a suaparte. É com essa meta que acaba de sercriado o Prêmio Abigraf de Responsabili-dade Socioambiental, cuja primeira ediçãoserá realizada em 2009. É uma reposta con-sistente da indústria gráfica brasileira aodesafio da sustentabilidade.

A indústria gráfica, como integranteda cadeia produtiva da comunicação, temparticular responsabilidade na difusão de

uma consciência universal sobre a impor-tância do voluntariado e das práticas cor-retas nos aspectos social e ambiental. Li-vros, jornais, revistas, cadernos, manu-ais de distintos produtos, embalagens enumerosos outros impressos interagemno dia-a-dia com todos os cidadãos. Quesejam, cada vez mais, portadores da men-sagem da sustentabilidade e da sobrevi-vência digna da presente civilização.

*Alfried Karl Plöger é o presidente da Associ-ação Brasileira da Indústria Gráfica (AbigrafNacional) e vice-presidente da AssociaçãoBrasileira das Companhias Abertas (Abrasca).De origem alemã, nascido em 1939, na cida-de de Stettin, veio para o Brasil com sua famí-lia em 1948. Formado pela Escola Superiorde Economia de Mannheim (Alemanha), in-gressou em 1969 na Companhia Melhoramen-tos, onde, entre diversas funções, exerceuo cargo de presidente do Conselho de Admi-nistração até o ano de 2002. Atualmen-te é Conselheiro de Administraçã[email protected]

manidade preocupou-se tão somente coma produção desenfreada, superestiman-do a capacidade do Planeta de assimilar aexploração ilimitada dos recursos natu-rais e o poder dos ecossistemas de sereciclarem ante a devastação. Somentealgumas mentes mais lúcidas anteviam aarmadilha em que se estava convertendoo modelo quase irresponsável de desen-volvimento. Uma delas era o filósofo,paleontólogo e teólogo francês PierreTeilhard de Chardin. Em “O futuro do ho-mem”, coletânea de textos escritos entre1920 e 1952, ele já discutia a questão dasobrevivência.

E esse futuro previsto pelo pensadorchegou. Felizmente, a consciência sobrea sustentabilidade não é mais o alerta iso-lado de alguns cientistas e pesquisado-res. Trata-se de desafio assumido porparte expressiva dos empresários, traba-lhadores e organismos multilaterais, den-tre eles instituições que, há algumas dé-cadas, ninguém imaginaria que estives-sem hoje dedicadas à equação da sobre-vivência.

Exemplo emblemático do comprome-timento com os preceitos do desenvolvi-mento sustentável é o recente relatóriodo Banco Mundial relativo ao mercadointernacional de carbono, estabelecidopelo Protocolo de Quioto. A comer-

Sustentabilidade

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26 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

E

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o ministro de Minase Energia, Edison Lobão, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,conversam durante assinatura de acordos entre o Brasil e aVenezuela nas áreas energética, industrial, agrícola, tecnológica,ambiental e de educação (Foto: Marcello Casal Jr./Abr)

Programa Petrobras Ambiental busca alinhar

crescimento com proteção aos ecossistemas

stão presentes noterritório brasileiroentre 10% e 20%

das espécies da biodiver-sidade catalogadas no mundo,o que expressa nossa mul-tiplicidade de biomas. O paístambém tem grande abun-dância de águas subterrâ-neas e a maior rede de baciashidrográficas do planeta, oque representa 13,8% das re-servas mundiais de águadoce. Tudo isso atribui ao Bra-sil, ao mesmo tempo, granderesponsabilidade no sentidoevitar que os processos pro-dutivos interfiram em áreaspreservadas e venham a pre-judicar seu patrimônio natural.Esse cenário torna crescentena sociedade a preocupaçãoem relação à conservação domeio ambiente e à adoção demedidas que permitam o de-senvolvimento em bases sus-tentáveis.

São grandes as expectati-vas das comunidades e dosmovimentos civis organiza-dos em relação à contribuição

das empresas para o cresci-mento econômico com igual-dade social e preservaçãoambiental. O Pacto Global daONU, do qual a Petrobras ésignatária, tem sua estratégiaestabelecida sobre dez prin-cípios. E três deles tratam es-pecificamente da questãoambiental.

Como maior empresa doBrasil e da América Latina eresponsável por 50% da ma-triz energética nacional, aPetrobras tem um importantepapel de liderança para o de-senvolvimento sustentáveldo país. Em 2007, a Petrobrasinvestiu R$ 1,976 bilhão emmeio ambiente, incluindo pro-cessos operacionais; melho-ria da qualidade e desenvol-vimento de produtos, comobiocombustíveis e fontes deenergia alternativas; gestãodas emissões atmosféricas;redução do teor de contami-nantes nos efluentes; e con-sumo eficiente de água e ener-gia. Outros R$ 51,7 milhõesforam destinados, no mesmo

alinhar crescimento econômi-co com proteção aos ecos-sistemas nos locais onde atua.Esse compromisso se refletena implantação de políticascorporativas; na gestão dosprocessos e atividades; nodesenvolvimento de progra-mas e ações de preservaçãoambiental; e pelo patrocínio ainiciativas que visem não so-mente à preservação, mas tam-bém à difusão da consciênciaecológica.

Os resultados obtidos peloPrograma entre 2003 e 2007 fo-ram amplos e significativos.As ações desenvolvidas al-cançaram cinco biomas –Amazônia, Caatinga, Cerrado,Mata Atlântica e Pantanal –,com mais de 5 mil espéciesnativas estudadas. Três mi-lhões de pessoas foram aten-didas diretamente e 20 mi-lhões, indiretamente. A execu-ção de cerca de 2.200 cursosqualificou em torno de mil pro-fissionais. As pesquisas já re-sultaram em 21 bancos de da-dos, com 14 Sistemas de In-formação Geográfica (SIGs) e150 publicações especia-lizadas. Foram firmadas 432parcerias, sendo 105 com ór-gãos públicos, 103 com ONGs,158 com universidades e enti-dades de pesquisa e 66 comempresas e associações.

Em 2006, os resultados doPrograma Petrobras Ambientalforam reconhecidos pelaAgência Nacional de Águas(ANA), que concedeu à Com-panhia menção honrosa peloimpacto e abrangência das ini-ciativas.

Gestão Ambiental

período ao patrocínio a pro-jetos ambientais.

As ações da Companhiaem busca da ecoeficiência deprocessos e no desenvolvi-mento de soluções inovado-ras geram reconhecimento,como a inclusão no Dow JonesSustainability Index, da Bolsade New York, e no Índice deSustentabilidade Empresarial(ISE), da Bovespa. Recente-mente, a Petrobras também foivitoriosa no segmento Petró-leo e Gás do Anuário Valor1000, publicação do jornal Va-lor Econômico sobre as em-presas consideradas as maiseficientes em 25 setores daeconomia. Além disso, rece-beu o prêmio “Empresa de Va-lor”, por seu desempenho emindicadores como finanças,governança corporativa e res-ponsabilidade socio-am-biental.

Gerenciamento integrado depatrocínios

Em 2003, quando lançouo Programa Petrobras Am-biental, a Companhia teve oobjetivo de gerenciar, de for-ma integrada, as ações de pa-trocínio ambiental realizadasem todas as unidades e nassubsidiárias. Com isso, estámaximizando os resultados emfavor do meio ambiente. Des-de o lançamento, foram reali-zados dois editais de seleçãopública de projetos: em 2004foram destinados R$ 40 mi-lhões a 30 iniciativas e, em2006, o investimento foi deR$ 48 milhões em 36 projetos.

O Programa é estratégicopara a Petrobras em seu obje-tivo de contribuir para o de-senvolvimento de uma agen-da ambiental brasileira, reafir-mando seu compromisso de

Fonte: www.agenciapetrobrasdenoticias.com.br/materia.asp?id_editoria=12&id_ noticia=5362

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 018 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 27

O

Por Dal Marcondes*

O futuro passa por mídias sustentáveisA evolução do conceito de sustentabilidade empresarial já atingiu empresasindustriais e de serviços, no entanto passa ao largo quando se fala emsustentabilidade das empresas de mídia.

s conceitos de susten-tabilidade baseadosno tripé econômi-

co, social e ambiental estãopermeando as atividades de to-dos os setores da economia. Istotem acontecido principalmenteporque as empresas estão em per-manente disputa por mercados epor consumidores cada vez maisatentos às questões relacionadasà sustentabilidade. As bolsas devalores de Nova York e de SãoPaulo estão entre as primeiras alançar indicadores de susten-tabilidade em seus pregões, e osbalanços socioambientais estãotornando-se companheirosinseparáveis dos balanços eco-nômicos das empresas. Os ban-cos e as empresas seguradorasjá descobriram que financiar ousegurar empresas “sustentáveis”é mais rentável e oferece menorexposição ao risco.

Os mesmos conceitos desustentabilidade que permeiamas relações entre empresas dosmais diversos setores com a so-ciedade (é claro que isto aindanão é um comportamento gene-ralizado), ainda não chegaram àsempresas de mídia. Jornais, re-vistas, emissoras de rádio e detelevisão têm a sustentabilidadecomo coisa pontual. São rarosos exemplos de incorporação dosconceitos de respeito social eambiental na estrutura diária decobertura da mídia, em todas assuas vertentes. Para muitos mei-os, ambiente ainda é pauta espe-

cial e não uma transversalidade.Mesmo sendo vanguarda da

sociedade em movimentos para agarantia de direitos fundamentais,a mídia é extremamente conser-vadora em relação à incorporaçãode comportamentos e conceitosque levem a transformações nospadrões de consumo e comporta-mento. Vem sempre a reboque deoutros setores e normalmente re-fletem uma realidade institucionale social às quais se mantêm refra-tária em sua estrutura interna. Écomum as páginas de jornais es-tamparem odes à modernidadeempresarial enquanto em seus pró-prios balancetes os números nãose harmonizam. Em se tratandode políticas de recursos humanosentão, ai a desafinação é total.

No quesito transparência egovernança as empresas demídias são modelo de opacida-de. A lei exige que a propriedadede empresas de comunicação sejade pessoa física natural do Brasil.Mesmo com a abertura permiti-da para o capital estrangeiro, estaliberalidade atingiu apenas 30%do capital da empresa e não per-mitiu que este capital fosse cap-tado em bolsa de valores, ondeinvestidores poderiam tornar-seacionistas e, assim, com base nasregras impostas pelo mercado epela Comissão de Valores Mobi-liários, as empresas teriam de tor-nar públicos seus balanços e suasmazelas.

Um dos requisitos maiores dasustentabilidade é a transparênciae a coerência das ações das em-presas nos mercados. E estes sãoos pontos onde as empresas de co-municação pecam. E o problemavem de longe, a quebra de empre-sas de comunicação de grandeporte no Brasil é endêmica, no en-tanto muito pouco se sabe dascausas das doenças que as atin-

gem, dos sintomas. Quando o pú-blico toma ciência de que há al-gum problema, o paciente já des-fila em carro fúnebre. Diários As-sociados, com sua estrela maior, aTV Tupi, Grupo Visão, GrupoDCI, TV Excelsior, Grupo Man-chete, Gazeta Mercantil, isto sópara falar nos grandes.

Não existe na mídia a noçãode que sustentabilidade é um pro-cesso transversal. Assim como nasredações se acredita com muitaforça que as empresas de comuni-cação são expectadores privilegi-ados da realidade, com muita ca-pacidade de influenciá-la, masimune às suas emanações.

Meio ambiente não está pre-sente na grande mídia de formaconsistente porque também nãoestá presente na estrutura de ges-tão destas empresas. Grandescorporações nacionais e interna-cionais já elevaram o tema ambi-ente e sustentabilidade para seucoração administrativo. As gerên-cias de meio ambiente dos anos90 tornaram-se as diretorias demeio ambiente neste início de sé-culo XXI e, em breve, deixarão deexistir para que a transversalidadeocupe todos os espaços ambientaisnas estruturas de gestão.

Medo e preconceito estão en-tre os motivos para que as empre-sas de mídia, principalmente aque-las que têm versões impressas pos-sam abraçar os conceitos desustentabilidade em seu cotidia-no. Papel é a grande matéria-pri-ma. Ou seja, elas pensam não exis-tir sustentabilidade em seus pro-cessos industriais. Tintas com baseem chumbo já foram abolidas, mascentenas de milhares de toneladasde papel são utilizadas diariamen-te para fazer jornais, revistas,encartes e toda a série de produtosligados ao mercado editorial. Ora,as próprias empresas produtoras

Comunicação Ambiental

de papel estão entre as que bus-cam se enquadrar nos processosde sustentabilidade, não há razãopara as empresas de mídia senti-rem-se acuadas neste quesito.

Mas e os padrões insustentá-veis de consumo apregoados des-de a revolução industrial eentronizados como absolutos apartir do século XX? Estes simpodem ser a resposta mais coeren-te para o distanciamento da mídiados processos de sustentabilidade.Afinal, segundo uma definição uni-versalmente aceita e apregoadapela ex-primeira Ministra da No-ruega, Groo Brutland, “ser susten-tável é suprir as necessidades dasgerações atuais garantindo os re-cursos naturais para que as gera-ções futuras consigam suprir suaspróprias necessidades”. É tambémuniversalmente aceito que os pa-drões de consumo pregados pelamídia são insustentáveis para todaa população do planeta Terra e quevão esgotar os recursos naturaisem um prazo de tempo muito cur-to. No entanto, o marketing rastei-ro continua apostando na exaustãodos ecossistemas.

O caso do descompromisso domarketing com a sustentabilidadee com a ética chega aos limites doabsurdo e do crime. É o caso deuma publicidade de um aparelhode TV Samsung que mostra e in-centiva um vizinho a roubar umaparelho de TV entregue por en-gano em sua casa. Mas este é ape-nas um caso entre milhares.

Enquanto as mídias veicula-rem coisas como esta, certamen-te, por uma questão de coerência,não poderão falar emsustentabilidade, governança eética com muito conforto.

* O autor é jornalista e editor do siteEnvolverdehttp://dalmarcondes.blig.ig.com.br/#

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28 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 018 - SETEMBRO - 2008

Por Inês Santos deOliveira*

Visita à maior fábrica de papel

reciclado da América Latina

mostra processo de reciclagem

da embalagem tetra pak

s embalagens do tipo Tetra Pak sur-giram como uma solução para eco-nomizar energia e proteger os ali-

negócio de reciclagem de embalagens TetraPak.

Todo o processo da reciclagem da emba-lagem Tetra Pak só se torna possível por quea Klabin separa as lâminas que compõem aembalagem num equipamento denominadopulper, que através de agitação e adição deágua em sistema fechado conseguindo que opapel se solte do plástico e do alumínio, po-dendo assim ser reaproveitado.

Após a retirada do papel, sobra o plásticoque vem colado ao alumínio que a Klabin en-via para vários destinos. Um deles é a forma-ção de pellet pela indústria Mercoplast, quefornece depois para a Polares para a fabrica-ção de vassouras e escovas de roupa. Outradestinação ainda é a fabricação de telhas, naempresa Eco Futuro, que está com a sua pro-dução toda vendida até o final do ano.

Todo o processo da reciclagem da emba-lagem Tetra Pak só se torna possível por quea Klabin separa as lâminas que compõem aembalagem num equipamento denominadopulper, que através de agitação e adição deágua em sistema fechado conseguindo que opapel se solte do plástico e do alumínio, po-dendo assim ser reaproveitado.

Após a retirada do papel, sobra o plásticoque vem colado ao alumínio que a Klabin en-via para vários destinos. Um deles é a forma-ção de pellet pela indústria Mercoplast, quefornece depois para a Polares para a fabrica-ção de vassouras e escovas de roupa. Outradestinação ainda é a fabricação de telhas, naempresa Eco Futuro, que está com a sua pro-dução toda vendida até o final do ano.

Um processo mais nobre para o resíduoplástico colado ao alumínio é realizado pelaindústria EET, estrategicamente instalada noterreno ao lado da Klabin, onde através de umprocesso inédito à base de Plasma e nitrogê-nio, onde as temperaturas podem chegar a15.000 graus celcius, o plástico se separa doalumínio e vira parafina de alto grau de pure-za usada na confecção de cosméticos e produ-ção de madeira MDF. O sai na forma de pópara adição a certos tipos de tintas metálicaspara automóveis, ou em lingotes.

* Inês é bióloga e pós-graduando em MBE naCOPPE/UFRJ. É assistente técnica da REBIA- inê[email protected]

O jornalista Adalberto Marcondes, doEnvolverde, explica aos jornalistas como oroteiro da visita técnica foi organizado paradar um panorama de todo o ciclo de vida daembalagem Tetra Pak e de sua reciclagem.

A partir da esquerda, Angelo Brustolin, gerenteindustrial da unidadedepapel reciclado e Fernando Torres,coordenador de produção, ambos da Klabin,eFernando Von Zuben, diretor de meio ambienteda Tetra-Pak. Os três sãoengenheiros químicos.

A

Pulper

mentos. Possuem seis camadas de materiais,quatro de polietileno, uma de papel, e uma dealumínio, que criam uma barreira protetoracontra a entrada de luz, água, ar e microor-ganismos. Essa combinação de matérias-pri-mas asseguram segurança e higiene ao ali-mento, promovendo a preservação dos nutri-entes e sabor e possibilitando o seu ar-mazenamento por longo período, sem neces-sidade de refrigeração, o que significa econo-mia de energia.

As embalagens Tetra Pak são 100%recicláveis e foi isso que uma equipe de téc-nicos e jornalistas foram comprovar de pertoatravés de uma visita técnica organizada nodia 26/08/2008 pela Envolverde em parceriacom a Tetra Pak. A equipe visitou as indústriasKlabin e EET, em Piracicaba, e as indústriasPolares e Eco Futuro, em Campinas, no inte-rior de São Paulo

O papel responde por 75% da embalagemTetra Pak, por isso visitamos a Klabin quedesde 1970 faz reciclagens dessas embala-gens. Fomos recepcionados pelo engenheiroquímico Angelo Brustolin, gerente industrialda unidade de papel reciclado que informouque a Klabin possui quatro fábricas só parareciclagem de papel, constituindo-se na mai-or fábrica de papel reciclado da América La-tina. Ele informou que a Klabin é responsávelpor fornecer todo o papel virgem das embala-gens Tetra Pak, cerca de 50 mil toneladas pormês, e que a Política de Sustentabilidade daKlabin tem por meta a reciclagem de no mí-nimo 50% do papel novo que coloca no mer-cado. Angelo ressaltou que a legislação nãopermite o uso de material reciclado em emba-lagens que tenham contato com alimentos, porisso o papel das embalagens Tetra Pak é sem-pre novo, e o papel reciclado é destinado àfabricação de embalagens de papel corrugado.

A Coordenadora de Comunicação Exter-na da Tetra Pak, jornalista Liliane Morales,explicou que a empresa tem apresentado anoa ano índices crescentes de reciclagem de suasembalagens, estando hoje em torno de 27%.Liliane frisou entretanto que a capacidade ins-talada para a reciclagem é muito maior queisso, revelando um enorme potencial para o

Visita Técnica

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 012 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 29

Consumo Sustentável

OInstituto de Defesa do Consu-midor (IDEC) considerou insu-ficientes as informações dadas

Os nomes dos boisPor André Trigueiro*

pelas três maiores redes varejistas dopaís – Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart – a respeito da origem da carne bo-vina vendida nestes estabelecimentos.Através das respostas enviadas ao Ins-tituto, chegou-se à conclusão de que ossupermercados não dispõem hoje de mei-os seguros e isentos para aferir se a pro-dução de carne causa desmatamento ouexplora mão-de-obra escrava ou infantil.

A rastreabilidade da carne é condiçãofundamental para a redução do desma-tamento em uma região onde, de acordocom o IBGE, a população de bois dobrounos últimos 10 anos, alcançando a mar-ca de 73 milhões de cabeças de gado(três vezes superior à população de bra-sileiros que vivem na área da AmazôniaLegal). Um terço da carne hoje exporta-da pelo Brasil tem origem na Amazônia.

Considerando que 18% da maior flo-resta tropical úmida do mundo já foramdestruídos, e que a derrubada de árvo-res na Amazônia para a abertura de no-vos pastos responde por 80% dessa de-vastação, o consumidor de carne torna-se, na prática, um avalista dessa tragé-dia ambiental. A inexistência de carnecertificada inviabiliza qualquer tentativade privilegiar os segmentos do mercadoque atuam na legalidade em toda a ca-deia produtiva. Os bons pecuaristas têma reputação abalada pela impunidade dosque atuam na clandestinidade, e tornam-se competitivos apenas porque não re-colhem impostos.

Para piorar a situação, a construçãode frigoríficos em áreas de floresta vemsendo financiada por bancos oficiais eprivados sem qualquer estudo prévio

que possa revelar com clareza os impac-tos ambientais causados pela aplicaçãodesses recursos. Segundo o relatórioproduzido pela organização não-gover-namental Amigos da Terra (“O reino dogado – uma nova fase na Pecuarizaçãoda Amazônia Brasileira”), “a proliferaçãode abatedouros, assim como a compra demuitos deles por grandes grupos que osampliam e equipam, é financiada princi-palmente com apoio financeiro doBNDES, e em certa medida de bancosmultilaterais como o IFC (grupo ligado aoBanco Mundial) e o Banco Interame-ricano de Desenvolvimento (BID), e debancos comerciais, entre os quais Itaú,Banco do Brasil e Bradesco”.

O que deveria valer para a carne éigualmente importante para os mercadosde soja e de madeira. A moratória da soja– renovada recentemente – assegura aosimportadores europeus o fornecimentode grãos plantados em áreas onde nãohouve desmatamentos recentes (de 2006para cá). Por que não ampliar essa exi-gência para o mercado interno?

No mercado madeireiro, o exemplotambém poderia vir de cima. Toda a ma-deira bruta ou processada comprada pe-los governos (federal, estaduais emunicipais) deveria ser certificada,priorizando-se nas licitações públicas osfornecedores que seguem à risca os pla-nos de manejo.

A certificação não está imune à frau-de, e qualquer movimento nesta direçãodemandará novos esforços de fiscaliza-ção e controle. Mas é muito bem-vindoo compromisso do Ministério do MeioAmbiente de mobilizar os esforços neces-sários para identificar a origem dessesprodutos e dividir com o consumidor atarefa de proteger a floresta.

A rigor, quando a certificação obtidapor meios confiáveis é entendida comoalgo elementar e referencial nas relaçõescomerciais, todo e qualquer produto ouserviço – não apenas os da Amazônia –são passíveis de algum selo que atesteo cumprimento desse check-list sócio-ambiental. Imóveis, veículos, roupas, ele-trodomésticos, tudo o que demanda usode mão-de-obra, matéria-prima e energia,merece algum tipo de certificação. Entra-mos no século XXI experimentando umacrise ambiental sem precedentes, com di-reito à exploração de crianças e escravosem linhas de montagem abomináveis.Quem compra o resultado dessa lógicaperversa é responsável por isso.

A sociedade de consumo possui fer-ramentas sofisticadas e inteligentes depromover ajustes no mercado em favorda sustentabilidade. A disposição dosconsumidores em comprar produtos eserviços sustentáveis já foi amplamenteconfirmada por pesquisas no Brasil, re-petindo um fenômeno que já se consoli-dou na maioria dos países desenvolvi-dos. Entender o consumo como um atopolítico é um sinal de maturidadecivilizatória, de respeito à vida e ao pró-ximo.

* André Trigueiro é jornalista com Pós-graduação em Gestão Ambiental pelaCOPPE/UFRJ, Professor e criador docurso de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, autor do livro “Mundo Sustentável –Abrindo Espaço na Mídia para um Pla-neta em transformação” (Editora Globo,2005), Coordenador Editorial e um dosautores do livro “Meio Ambiente no sé-culo XXI”, (Editora Sextante, 2003). -http://www.mundosustentavel.com.br/andre.asp

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30 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 012 - SETEMBRO - 2008

Petróleo I

APor Amyra El Khalili*

América Latina vive hoje umaguerra intestina, mas silenciosa,em pequenos focos espalhados

Água e petróleo,

a mesma moeda

pelo continente, mas que podem eclodir aqualquer momento num emaranhado de açõese convulsões sociais se não estivermos pre-parados para novos enfrentamentos econômi-cos e políticos. As águas da América Latinade hoje podem ser, no futuro próximo, obje-to de disputas sangrentas, como é hoje o pe-tróleo do Oriente Médio. Se o Oriente Mé-dio sofre por ter seus recursos naturais es-poliados, a América Latina sofre com a ser-vidão ao sistema financeiro internacional. So-fre com a usura das altas taxas de juros, a es-peculação financeira, o endividamento e é vi-timada pela corrupção endêmica.

A América Latina detém a maiorbiodiversidade do planeta, as maiores reser-vas de água doce do mundo. É rica em miné-rios, abriga as maiores florestas tropicais, ex-tensos litorais paradisíacos, solo e climas di-versificados, que garantem o vigor da produ-ção agropecuária nos 365 dias do ano.

Construímos na América Latina a nossacultura americana árabe, agregando valor à cul-tura miscigenada dos povos latino-america-nos. O carisma, a vontade de trabalhar, a di-plomacia e nossa maneira de ser deram a nós,árabes e descendentes, uma vantagem com-parativa para negociar e realizar parcerias.

É esse exemplo de integração que nos dáa certeza de que só com o apoio, a união dosvários países, árabes em especial, nos inves-timentos, parcerias, joint-ventures é que sai-remos da servidão financeira que nos é im-posta por um modelo econômico degradadore desumano pelos países ditos desenvolvidos.

Não faz sentido que os recursos obtidospela exploração do petróleo árabe funcionemcomo lastro para o sistema financeiro que hojeos bombardeia. Contra o capital excludentesomente um novo capital inclusivo. Contrauma globalização que tenta extorquir nossosrecursos naturais e estratégicos, somente umanova globalização cultural, inter-racial e inter-religiosa.

A América Latina possui todos os recur-sos naturais estratégicos que os países desen-volvidos necessitam para produzir bens deconsumo na indústria, comércio e serviços. OBrasil tem posição estratégica na América La-tina por sua dimensão continental, miscige-nação e por concentrar o sistema financeirodo continente.

O mundo árabe tem sua economiacentrada nos recursos energéticos não

renováveis, um “privilégio” pago com milha-res e milhares de vidas. Faz-se estratégico evital migrar para a energia renovável, comtodo conhecimento e tecnologia acumuladosao longo de décadas por aqueles produtoresde petróleo.

Por não ter água o mundo árabe não con-segue produzir o que consome, nem gerar ex-cedentes para exportação. Por isso é francocomprador de mercadorias in natura e indus-trializadas.

Infelizmente, pouco exportamos em linhareta para o mundo árabe, pois as rotas decomercialização ou foram reduzidas ou foramfechadas para os países em desenvolvimen-to. Produzimos laranja no Brasil, exportamosin natura ou suco para a Itália, onde éreprocessada e embalada com a marca “madein Italy” e reexportada para os países árabes.Assim, ficamos com todos os riscos de pro-dução, custos de financiamento, encargos etributos, enquanto as indústrias estrangeirasficam com a parte gorda dos lucros.

Temos fortes laços culturais que, se aliadosà capacidade e desenvolvimento de tecnologias,poderiam se traduzir em grandes operações detrocas entre os países árabes com um intercâm-bio e, conseqüentemente, aquecer as economi-as árabe e latino-americanas.

Os fundos islâmicos não aplicam em ju-ros, mas podem muito bem financiar a pro-dução de longo prazo, desde que tenhamostambém nesses contratos, a contrapartida dosinvestimentos de base em educação, saúde,agricultura, ciência, cultura, cooperativas deprodução, entre outros.

Estudar uma estratégia para as rotas ma-rítimas e aéreas é imprescindível para que asrelações entre o Oriente Médio e América La-tina se fortaleçam e intensifiquem, com gan-hos para os dois lados.

No âmbito nacional e continental, é vi-tal que parcerias e acordos garantam a pre-servação e o uso público e social das ba-cias hidrográficas e águas subterrâneastransfronteiriças. Trata-se não só de umaquestão ambiental e social, mas de sobera-nia e segurança internacional. A crise hídricamundial que se prenuncia pode transformaro ora pacífico continente no cenário de dis-putas cruentas como as que têm lugar hojeno Oriente Médio.

Outro aspecto importante é aprofundaro estudo crítico das questões intrínsecas doProtocolo de Kyoto, recomendando cautelacom negócios nos mecanismos de desenvol-vimento limpo. O estabelecimento do merca-

do de carbono, através de créditoscompensatórios, simplesmente re-produz o modelo econômico queé alvo de nossas críticas.

A alternativa é a es-truturação de uma rede deinvestimentos, parcerias ecomercialização, que ga-ranta o monitoramento, afiscalização e a orientaçãode negócios e projetos só-cio-ambientais na AméricaLatina.

Para debater esta questãona América Latina criamos oProjeto RECOs – Redes de Co-operação Comunitária, que têmcomo objetivos o intercâmbio de expe-riências, a promoção e fomento da produ-ção de bens e serviços das comunidades re-gionais. O projeto atende às reivindicações daAgenda 21 – Pense Globalmente e Aja Lo-calmente, com a implantação da responsabi-lidade social empresarial, comércio justo esustentabilidade em diversos programas edu-cacionais.

Estes são, em resumo, os principais pon-tos do pronunciamento elaborado por Amyra El Khalili, Eduardo Felício Elias eAlém Garcia e encaminhado por Claude FahdHajjar ao Primeiro Congresso Fearab Améri-ca-Liga de Estados Árabes, realizado no Cai-ro, Egito, entre 10 e 12 de julho de 2006. Es-peramos que sirvam de ponto de partida paraum amplo debate sobre o futuro deste nossoplaneta.

Fontes:Entrevista por Sandro C. Cardelíquio com

Amyra El Khalili - Água e Petróleo, a mes-ma moeda - para a Revista Eco Spy - Ano 2,n. 07 - Novembro/2006. Editora Risc.www.ecospy.com.br.

Misleh, Soraya. Entrevista com Amyra ElKhalili. Do Oriente à América Latina, a cobi-ça por recursos naturais. Revista Al Urubat -Sociedade Beneficiente Muçulmana deSão Paulo. Fevereiro 2007 - nº 785.www.sbmsp.org.sp

El Khalili, Amyra. Elias, Eduardo Felício.Garcia, Além. Boletim 0999 [BECE REBIA]Cúpula do Cairo: Tratado Água e Petróleo,a mesma moeda. Pronunciamento encami-nhado por Claude Fahd Hajjar ao PrimeiroCongresso Fearab – Federação das Entida-des Árabes Americanas e Liga de EstadosÁrabes, realizado no Cairo, Egito, entre 10

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2008 - SETEMBRO - EDIÇÃO 012 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 31

e 12 de julho de 2006 (Documento BECE).06 de Agosto de 2006.

(*) Amyra El Khalili* é economista, presi-dente do Projeto BECE (sigla em inglês) Bol-sa Brasileira de Commodities Ambientais. Étambém fundadora e co-editora da Rede In-ternacional BECE-REBIA (www.bece.org.br),

Petróleo II

PARIS – A prolonga-da evolução conjunta do

gênero humano e da biosferafoi marcada no passado por

duas grandes transições. A pri-meira, ao passar da coleta e da caça

para a agricultura e criação de animais,ocorreu muitos milhares de anos atrás. A

segunda, a era dos abundantes e baratos com-bustíveis de origem fóssil (carvão, petróleo egás) começou há poucos séculos. Agoraestamos no umbral da terceira grande transi-ção, que deixará para trás a era do petróleo e,esperamos, de toda a energia de origem fóssil.A transição levará décadas, mas, segundo mui-tos indícios, já começou, empurrada pela altaespetacular dos preços do petróleo e pela re-cuperação dos preços dos alimentos.

Quando analisarem os acontecimentos denosso tempo, os futuros historiadores verãoa era da “energia fóssil” como um breve, masacidentado, interlúdio que provocou um gran-de aumento da população mundial. Agora so-mos 6,7 bilhões de habitantes, e estima-seque seremos 9 bilhões em meados deste sé-culo, com a maioria da humanidade vivendoem áreas urbanas. Mas, apresentam-se doisgrandes e iminentes desafios: o de uma po-tencialmente catastrófica mudança climáticae o dilema de uma abismal desigualdade soci-al, de mãos dadas com um crônico e severodéficit de oportunidades para a obtenção detrabalho decente.

Para evitar o aquecimento do clima, devi-do às excessivas emissões de gases causadoresdo efeito estufa, devemos modificar drastica-mente nossas pautas de uso da energia. Paraconseguirmos isso são necessárias três coisas:redução do consumo de energia por meio deuma mudança nos padrões de consumo e deestilos de vida; melhoria da eficiênciaenergética; substituição dos combustíveis fós-seis pelas diferentes energias renováveis (so-lar, eólica, hidráulica, marinha e biomassa).

Ao mesmo tempo, devemos reabrir a dis-cussão sobre um novo ciclo de desenvolvi-

Da era petrolífera para a biocivilização

preços dos alimentos se mostrarão positivosse nos ajudarem a nos libertarmos da depen-dência do petróleo e a melhorar a vida dospequenos agricultores em lugar de beneficiaras multinacionais da alimentação. Naturalmen-te, neste momento são necessárias medidasurgentes para ajudar os pobres urbanos afeta-dos pelo atual encarecimento dos alimentos.As apostas são altas, mas o resultado estálonge de ser garantido. Os capitalistas de riscosão rápidos para aproveitar as ocasiões parafazer dinheiro com as novas tecnologias paraproduzir energia que estão surgindo graças aopetróleo caro e para explorá-las sem transfor-mação séria do tecido social e econômico.

O começo da terceira grande transição co-incide com o esgotamento dos mais importan-tes modelos de desenvolvimento, que domi-naram o cenário desde o fim da Segunda Guer-ra Mundial. O comunismo se desmoronou coma queda do Muro de Berlim. O reformado ca-pitalismo do pós-guerra deu lugar aoneoliberalismo. Mas, para alguns observado-res, a recente crise financeira anuncia o iníciodo fim do neoliberalismo. Por sua vez, a soci-al-democracia está presa na situação de “sim àeconomia de mercado, não à sociedade de mer-cado”. É por isso que, condenada a inventarnovos modelos, a próxima geração se dirigirá ainexplorados e excitantes territórios.

Uma coisa é certa: a emergência debiocivilizações, quando ocorrer, mudará ageopolítica mundial, pois favorecerá os paísestropicais, qualificados por Pierre Gourou como“Terras da boa esperança”. Tanto mais se es-ses países conseguirem ampliar a vantagemque lhes dá o clima natural por meio da pes-quisa, uma apropriada organização de sua pro-dução e um efetivo desenvolvimento da coo-peração Sul-Sul.

(*) Ignacy Sachs é professor honorário na Es-cola de Altos Estudos em Ciência Sociais deParis e na Universidade de São Paulo. Seumais recente livro é La troisième rive — à larecherche de l’ècodéveloppement (Paris, 2008).

mento rural para evitar o beco sem saída daexcessiva e prematura urbanização, comoaponta Mike Davis em seu livro “Planeta debairros marginalizados”. É fundamental criaroportunidades de trabalho decente para bilhõesde pobres das áreas rurais.

Estes objetivos podem ser conciliados me-diante a promoção de modernas biocivilizaçõesque sejam baseadas na energia solar aproveita-da através da fotossíntese e que explorem osmúltiplos usos da biomassa (alimento para se-res humanos, forragem para animais, fertili-zantes orgânicos, bioenergias, materiais deconstrução, fibras, plástico e outros produtosde química orgânica elaborados por bio-refi-narias, indústrias farmacêuticas e de cosméti-cos). Os biocombustíveis são apenas um seg-mento de um todo mais amplo. Todas as gran-des civilizações da antiguidade foram“civilisations du vegetal” (Pierre Gourou). Ascivilizações que virão serão diferentes das an-tigas, já que a humanidade se encontra em umnovo e superior ponto da espiral do conheci-mento. Deste modo, as modernasbiocivilizações não devem ser vistas de modoalgum como uma regressão, mas como um sal-to para o futuro.

Para envolver os pequenos proprietáriosrurais na produção sustentável e noprocessamento de biomassa, deveremos recor-rer a tecnologias que impliquem conhecimen-tos e trabalho intensivos e, ao mesmo tempo,economia de recursos. As soluções virão desistemas integrados de produção de alimen-tos/energia agro-ecológicos adaptados aos di-ferentes biomas e realizados com os princípi-os da “revolução sempre verde”, segundo aspalavras de M. S. Swarninathan, também co-nhecidos como os da revolução duplamenteverde. Trata-se de um difícil desafio, já que sepretende transformar as ameaçadoras crisesdos alimentos e da energia em uma oportuni-dade para avançar para civilizações mais jus-tas e sustentáveis.

Vistos com uma ampla perspectiva, o en-carecimento do petróleo e a recuperação dos

Por Ignacy Sachs*

Vistos com uma ampla perspectiva, o encarecimento do petróleo e a recuperação dos preços dosalimentos se mostrarão positivos se nos ajudarem a nos libertarmos da dependência do petróleo e amelhorar a vida dos pequenos agricultores em lugar de beneficiar as multinacionais da alimentação.

membro do Conselho Gestor da REBIA -Rede Brasileira de Informação Ambiental, doConselho Editorial do Portal do Meio Am-biente (www.portaldomeio-ambiente.org.br )e da Revista do Meio Ambiente(www.rebia.org.br). É professora de pós gra-duação com a disciplina “EconomiaSócioambiental” na Faculdade de Direito de

Campos de Goytacazes, pela OSCIP PrimaSustentabilidade e MBA pela UNOESC, en-tre outras. Indicada para o “Prêmio 1000Mulheres para o Nobel da Paz” e para oPrêmio Bertha Lutz. email: ([email protected])Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-es-creve/agua-e-petroleo-a-mesma-moeda/

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Brasil desperdiça 64%

do que se planta

Por João GuilhermeSabino Ometto*

Numerosas pessoas compram muito mais do que consomem, e nãohá cuidado com o aproveitamento racional e reciclagem.No Brasil, 70 mil toneladas de comida, a cada ano, acabam no lixo.

ara uma área que se inclui en-tre as mais atingidas pela infla-ção dos produtos agropecu-

tais estatísticas, contribuição importan-te, que poderia ser multiplicada no Brasile em toda América Latina, é o “ProgramaAlimente-se Bem”, criado e difundido peloSesi-SP, que visa exatamente a proporci-onar o aproveitamento integral dos ingre-dientes, com a produção de pratos sau-dáveis, nutritivos e baratos.

Por outro lado, é premente enfrentarcausas históricas e graves do desperdí-cio, como a infra-estrutura e armaze-namento precários, bem como fatorespolíticos e conjunturais que provocam oaumento de preços e/ou a redução da ofer-ta de alimentos, dentre eles a utilizaçãosignificativa de grãos para a produção deetanol, no Hemisfério Norte, o preço ele-vado dos fertilizantes e do petróleo e ossubsídios agrícolas nos Estados Unidose Europa. Este último fator poderá atémesmo ser agravado após o retumbantefracasso das negociações da RodadaDoha da Organização Mundial do Comér-cio (OMC). Para se ter uma idéia do pro-blema, somente os subsídios agrícolasconcedidos na Europa, que somam US$326 bilhões por ano, equivalem ao valorde 58% de toda a produção agrícola doBrasil.

As providências são urgentes, pois agravidade do problema cresce de maneirarápida, conforme atestam números deoutros relatórios da FAO. Os preços damaioria das commodities agrícolas tive-ram grande aumento nos últimos doisanos: arroz - 217%; trigo - 136%; milho -125%; e soja - 107%. Em 2008, o valor glo-bal de importação de alimentos deveráchegar a US$ 1,035 bilhão. É um cresci-mento de 26% em relação ao ano passa-do. Segundo alerta a organização, os pa-íses economicamente mais vulneráveisirão pagar a maior parcela da conta des-sas importações. Seu gasto total com es-sas operações deverá crescer até 40% emrelação a 2007.

Dentre as nações incluídas no novo

estudo da FAO, como em todo o mundo,o Brasil certamente é a que tem melhorescondições de enfrentar o problema. O pró-prio organismo indica que o País terá co-lheita histórica na safra 2007/2008, comprodução total de grãos de 143,3 milhõesde toneladas, 8,7% maior do que no perí-odo 2006/07. Soja e milho terão a maiorcolheita, representando 82,6% do total, ese prevê que a produção de trigo em 2009será 35% maior do que a anterior. Desfru-tamos de alguns fatores favoráveis, comoo atraente preço internacional dascommodities agrícolas, boas condiçõesmeteorológicas e avanço da tecnologiarural. Além disso, a área de plantio degrãos aumentou 1,9%, significando a in-clusão de mais 47,1 milhões de hectares.

Tais números da agricultura brasileiraampliam ainda mais a responsabilidade denosso País na questão da segurança ali-mentar. Não temos o direito de continuarjogando fora tanta comida, por mera ne-gligência, vícios culturais e a persistên-cia de problemas estruturais que deveri-am ter sido solucionados há décadas. Opovo brasileiro nunca sofreu quebras ex-pressivas na oferta de alimentos, pois nãopassou por guerras e catástrofes natu-rais, que semeiam violência, medo e fome.Portanto, é fundamental que assimilemosa consciência dos imigrantes europeus easiáticos e a sua disciplina de economia eprodutividade na saga da sobrevivência.O Brasil, que grande e louvável esforçodiplomático fez na recente e frustrada reu-nião da Rodada Doha, precisa impor suasposições pelo bom exemplo, que, no caso,valerá muito mais do que mil palavras.

*João Guilherme Sabino Ometto, enge-nheiro (EESC/USP), é vice-presidenteda Federação das Indústrias do Estadode São Paulo (Fiesp), presidente do Gru-po São Martinho e membro do ConselhoUniversitário da Universidade de SãoPaulo (USP).

ários, na qual 62 milhões de pessoas pas-sam fome e nove milhões de crianças so-frem de desnutrição crônica, é um verda-deiro tapa na cara o novíssimo informedivulgado em agosto pela FAO (Organi-zação das Nações Unidas para a Agricul-tura e a Alimentação), no âmbito do “Pro-jeto América Latina e Caribe sem Fome”:é maior do que se pensava o desperdíciode gêneros alimentícios no Continente.

O número relativo ao Brasil é, no míni-mo, assustador. O desperdício chega a64% do que se planta. O problema é se-melhante em todas as nações do Conti-nente. As causas não se limitam, como sepodia supor, às deficiências de infra-es-trutura, logística e armazenamento. Alémdesses graves e conhecidos fatores, osautores do estudo indicam a falta de cons-ciência dos consumidores. Numerosaspessoas compram muito mais do que con-somem, e não há cuidado com o aprovei-tamento racional e reciclagem.

No Brasil, 70 mil toneladas de comida,a cada ano, acabam no lixo. No México,segundo a sua Associação de Bancos Ali-mentares, são desperdiçadas 23 mil tone-ladas anuais. Isto é uma verdadeira afrontaaos 19 milhões de habitantes desse paísque não têm asseguradas as refeições di-árias minimamente recomendadas pela Or-ganização Mundial da Saúde (OMS). As-sim, são pertinentes as sugestões conti-das no novo relatório da FAO: criar coo-perativas de alimentos, estabelecendo-seadequado marco legal e estímulos fiscais;realizar campanhas de conscientizaçãodos consumidores; e fomentar o desen-volvimento da agricultura familiar. Ante

Ecologia Humana

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