Revista do Meio Ambiente 38

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AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Unidades de conservação podem render cerca de Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br As empresas e o Poder Legislativo ano V • julho 2011 38 Rio+20 deve ter mesmos impasses vinte anos depois Falando francamente sobre consumo e consumismo 9772236101004 ISSN 2236-1014 Mais de 90% das escolas tem projetos ambientais R$ 6 bi por ano

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Edição 38 da Revista do Meio Ambiente

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ambIenterevista do meioRebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

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Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br

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38Rio+20 deve ter mesmos impasses vinte anos depois

Falando francamente sobre consumo e consumismo

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ISSN 2236-1014

Mais de 90% das escolas tem projetos ambientais

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Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fi ns lucrativos, dedicada à democratização da informação ambiental com a proposta de colaborar na formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da edição e distribuição gratuita da Revista do Meio Ambiente, Portal do Meio Ambiente e do boletim digital Notícias do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - CEP 24370-290 www.rebia.org.br

Conselho Consultivo e EditorialAristides Arthur Soffi ati, Bernardo Niskier, Carlos Alberto Muniz, David Man Wai Zee, Flávio Lemos de Souza, Keylah Tavares, Luiz Prado, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro Serra de Castro, Roberto Henrique de Gold Hortale (Petrópolis, RJ) e Rogério Ruschel

Diretoria ExecutivaPresidente do Conselho Diretor: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista Presidente do Conselho Deliberativo: JC Moreira, jornalista Presidente do Conselho Fiscal: Flávio Lemos, psicólogo

Moderadores dos Fóruns RebiaRebia Nacional ([email protected]): Ivan Ruela, gestor ambientalRebia Norte ([email protected]) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritorRebia Nordeste ([email protected]) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambientalRebia Centro-Oeste ([email protected]): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) Rebia Sudeste ([email protected]) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul ([email protected]) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física.

Pessoa JurídicaA Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela fi nanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia:• Associação Ecológica PiratingaúnaCNPJ: 03.744.280/0001-30 • Sede: R. Maria Luiza Gonzaga, nº 217, Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 • Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade(Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ - CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0www.prima.org.br

“A Revista do Meio Ambiente é distribuída gratuitamente para compor o acervo de bibliotecas de escolas e organizações comunitárias e conta com o apoio das empresas EDIOURO.”

Capa27 Unidades de conservação podem render cerca de R$ 6 bi por ano por Luana Lourenço

10 As empresas e o Poder Legislativo por Gustavo Berna

14 Rio+20 deve ter mesmos impasses vinte anos depois • por Isabela Vieira

45 Falando francamente sobre consumo e consumismo por Vilmar Sidnei Demamam Berna

46 Mais de 90% das escolas têm projetos ambientais

Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272Editor e Redator-chefe: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas www.escritorvilmarberna.com.br http://escritorvilmarberna.blogspot.com/ Contatos: [email protected] • Celulares (21) 9994-7634 e 7883-5913 ID 12*88990Editor Científi co: Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista, mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científi ca e Tecnológica em Saúde Pública • (21) 2710-5798 / 9509-3960 • MSN: [email protected] Skype: fabricioangelo • www.midiaemeioambiente.blogspot.comProdução gráfi ca: Projeto gráfi co e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 Skype: estudio.mutum • [email protected]ão: Imprinta Express Gráfi ca e Editora Ltda. Portal do Meio Ambientewww.portaldomeioambiente.org.brWebmaster: Ricardo Paes • [email protected] • (21) 9475-3844ComercialLinha direta com o editor: [email protected] • Celular (21) 7883-5913 ID 12*88990 e 9994-7634 • Telfax: (21) 2610-2272Diretor: Maurício Cabral • (21) 7872-9293 ID 10*96559 • [email protected] e [email protected]ção em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • [email protected]: agatha.cn • www.minasdeideias.com.br

• Convocatória para o 1º Encontro Nacional da Rebia • Crise terminal do capitalismo• Moção de repúdio• Incentivos verdes ao desenvolvimento sustentável• Cúpula paralela na Rio+20• Notícias ambientais

• As atuais prioridades nas empresas• Empresas sustentáveis e a sociedade frugal• O olhar sobre a natureza• O Brasil na fossa• Refl orestar não impedirá aquecimento global• Florestas brasileiras armazenam quase 25% do CO2

• “Senado precisa modifi car o código fl orestal”• Desmatamento químico• A Amazônia da grande mídia• Suicídio da agricultura• Carta e Plenária da 10ª Jornada de Agroecologia• 30 anos da lei ambiental, que fazer para cumprí-la?• Questão de sobrevivência• Vida estressante na cidade• Publicidade “sustentável”• Macacos amestrados da Indonésia

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Revista ‘Neutra em Carbono’

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Luz Aos parlamentares comprometidos com a democratização da informação ambiental

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Sob o manto da escuridão os gatos parecem pardos e, sem transparên-cia, a negociação entre os interesses públicos e os privados envolvendo o meio ambiente podem facilmente virar balcão de negócios onde cor-ruptos e corruptores costumam ficar muito à vontade.

Um dos maiores instrumentos da cidadania ambiental para a defesa do meio ambiente é o acesso à informação, pois não basta ter direitos se não se tem acesso ao conhecimento sobre eles. Apesar de existirem leis que as-seguram a democratização da informação ambiental, na prática, elas exis-tem mais no papel, o que é natural num sistema democrático ainda em construção como o nosso.

Um dos exemplos das boas mudanças que a democratização da informação ambiental pode oferecer pode ser vista na década de 80, quando a internet ainda nem tinha a forca que tem hoje. Muita coisa mudou nos EUA quan-do as empresas foram todas obrigadas a disponibilizar, nas bibliotecas pú-blicas municipais, as informações sobre as características e as quantidades de produtos químicos utilizados ou formados durante o processo de produ-ção e descartados no meio ambiente, com especificações de toxicidade e car-gas totais. Imagine se tal medida fosse adotada também aqui? Permitiria a qualquer cidadão acesso local às informações ambientais sobre as empresas que provocam impactos ambientais em suas comunidades, bastando uma simples visita à biblioteca pública de sua cidade. Os cidadãos poderiam ter acesso também ao inteiro teor da licença, pois são informações de interesse publico não protegidas por sigilo industrial. Fica a sugestão aos parlamenta-res ainda sérios e comprometidos com o interesse público e com a democra-tização da informação ambiental, pois o meio ambiente não é propriedade de ninguém em particular muito menos pertence aos governos, mas se trata de uso de bem comum a todos e um direito de toda a sociedade.

Com o aumento da consciência ambiental, resultado também do maior interesse da mídia sobre o assunto, a tendência tem sido uma legislação ambiental cada vez mais rigorosa, pois a sociedade já não admite com tan-ta facilidade, quanto no passado, que o meio ambiente de todos seja priva-tizado por uns poucos a pretexto de gerar progresso.

Por outro lado, o setor produtivo precisa do meio ambiente para produzir riquezas e produtos para o consumo. Entre os interesses públicos e priva-dos, os órgãos públicos ambientais deveriam agir como árbitros isentos, ne-gociando e intermediando conflitos sempre de olho no interesse público,

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e não na permanência no poder ou no interesse privado. Infelizmente, ainda estamos bem lon-ge disso e cabe aos eleitores irem depurando, a cada eleição, quem merece nos representar.

Os desmandos, as corrupções, as negociatas em torno de licenças ambientais, medidas compen-satórias, postergamento de prazos e termos de ajuste de conduta que nunca são cumpridos, ou são mal cumpridos e tudo fica por isso mesmo, só se tornam possíveis diante da falta transpa-rência e informação ambiental pública. A socie-dade deveria ter disponível - sem que precisas-se enfrentar a burocracia para obter – o acesso a informações sobre os projetos que foram ofe-recidos pelos empreendedores e os que foram efetivamente aceitos como condicionantes das licenças pelos órgãos licenciadores pelos danos ambientais a mitigar, reparar ou compensar. E mais. A sociedade tem o direito de saber quais os prazos e os valores com os quais os empreen-dedores se comprometeram e quem fiscalizará o cumprimento? Quem são os responsáveis téc-nicos pelos projetos com seus respectivos regis-tros profissionais? No caso de não cumprimen-to, quantos termos de ajuste de conduta (TACs) e postergações de prazos serão tolerados? Prin-cipalmente, em que local de fácil acesso ao pú-blico tais informações estarão disponíveis, por exemplo, nas bibliotecas públicas municipais?

Existe a falsa impressão de que a informa-ção ambiental está acessível ao público, mas isso está longe de ser verdade. As informações estratégicas sobre as licenças ambientais, es-pecialmente sobre suas condicionantes, por exemplo, e sobre os termos de ajustes de con-duta, permanecem inacessíveis. Ainda há tempo de corrigir as distorções, e cabem aos Parlamentares, principalmente, elaborarem leis que assegurem estes direitos à sociedade, sabendo de antemão que talvez tenham de enfrentar obstáculos dos que preferem man-ter as coisas como estão, ou que negam o pro-blema, por que não querem declarar nada já que há muito a manter na escuridão. *Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista, fundou a REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br) e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente (www.portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas. www.escritorvilmarberna.com.br

sobre a escuridão

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PREZADOS E PREZADAS MEMBROS DA REBIA, diretamente, somos mais de 200 MIL PESSOAS interessadas em meio am-

biente e conectadas na Rede Brasileira de Informação Ambiental no Brasil! Por qualquer ângulo que se olhe, trata-se de um grande número, de uma grande capacidade de mobilização.

Indiretamente, a REBIA infl uencia muito mais, pois o perfi l de seus mem-bros é de formadores e multiplicadores de opinião ambiental que inclui, en-tre outros, jornalistas, professores, gestores, educadores ambientais, etc., que reproduzem e ampliam as informações e artigos para outros veículos, blogs, portais, etc.! Segundo estimativas de público, feita por especialistas, os nú-meros de leitores da REBIA podem ser multiplicados no mínimo por cinco ou-tros leitores, o que daria um número próximo de UM MILHÃO DE PESSOAS.

OS NÚMEROS DE PÚBLICO DA REBIA SÃO AUDITÁVEIS.

Nos Fóruns livres da REBIA, no Yahoo, somos 4.191 membros que interagem, podem comentar notícias e opiniões, postar artigos, democratizar suas próprias informações sem interferência de moderadores ( REBIA Nacional - 489 mem-bros; REBIA Centro-Oeste - 156 membros; REBIA Nordeste - 218 membros; REBIA Norte - 122 membros; REBIA Sudeste 388 membros; REBIA Sul - 198 membros; Fórum REBIA de Amigos do Planeta - 145 membros; Fórum REBIA de Voluntá-rios Ambientais - 684 membros), no Orkut a REBIA possui 1.791 membros.

No www.grupos.com.br mantemos o cadastro dos leitores da REBIA que possui 215.048 membros, que recebem diariamente o boletim digital Notícias do Meio Ambiente.

A versão virtual da Revista do Meio Ambiente, no www.portaldomeioam-biente.org.br tem mantido a média de 5.000 downloads e a versão impres-sa tem mantido a média de 30.000 exemplares. E o próprio Portal do Meio Ambiente tem mantido a média de 10.000 acessos ao mês.

Por qualquer ângulo que se olhe, os números da REBIA são robustos e in-dicam não só o interesse crescente de uma parcela signifi cava da sociedade brasileira pelas informações socioambientais, como as que disponibiliza-mos, mas também o crescimento de uma consciência ambiental cidadã em que os leitores não querem ser apenas espectadores passivos dos aconteci-mentos, mas querem ter assegurados canais de participação como os ofe-recidos pela REBIA, livres e democráticos.

Apesar deste sucesso, os membros da REBIA precisam manter a perspectiva de que sem chegarmos ao povo não construiremos nada de novo, e o povo bra-

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sileiro possui mais de 170 milhões de habitantes, a metade dele, infelizmente, de analfabetos fun-cionais e a grande maioria sem consciência am-biental, ou com informações ambientais equivo-cadas, manipuladas ou mesmo falsas sobre pro-gresso, sustentabilidade, meio ambiente.

Então, o desafi o ainda é enorme para os ci-dadãos e cidadãs deste país que sonham com um mundo melhor, ambientalmente susten-tável e socialmente mais justo, especialmente para assegurar e encontrar as alternativas de fi nanciamento para manter canais de divulga-ção e debates sobre as questões socioambien-tais em nosso planeta.

Iº ENCONTRO NACIONAL DA REBIA

Tais desafi os nos levam a convidar a todos os interessados a participarem do Iº ENCON-TRO NACIONAL DA REDE BRASILEIRA DE IN-FORMAÇÃO AMBIENTAL – REBIA, que ocorre-rá paralelo ao IV CBJA – Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, programado para novembro deste ano na PUC-RJ.

Aguardo pelas manifestações dos interessa-dos em participar e, principalmente, em ajudar voluntariamente na organização deste evento.

Um abraço fraterno e ecológico do

VILMAR S. D. BERNAwww.escritorvilmarberna.com.brEditor da Revista do Meio Ambiente e do Por-tal do Meio Ambiente: www.portaldomeioam-biente.org.br / [email protected]. Gonçalo Ferreira, 777 – casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba, Niterói, RJ – 24370-290Telfax: (21) 2610-2272 / Celulares (21) 9994-7634 e 7883-5913 / Rádio comunicador ID 12*88990.

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Convocatória para oIº encontro nacIonaL da rebIa

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Comunicação para a sustentabilidade e preparatório para a cobertura da conferência Rio + 20RESERVE JÁ SEU ESPAÇO PUBLICITÁRIO NA EDIÇÃO ESPECIAL DA REVISTADO MEIO AMBIENTE QUE CIRCULARÁ ENTRE OS PARTICIPANTES DO IV CBJA

> Fóruns de Debates> Ofi cinas de Capacitação> Mostra Científi ca

> EVENTOS PARALELOS• Encontro da RedCalc • Red Latino • Americana de Periodismo Ambiental

• Iº Encontro Nacional da REBIA • Rede Brasileira de Informação Ambiental

> REALIZAÇÃO• Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA)http://br.groups.yahoo.com/group/jorn-ambiente/?yguid=21314702

• Rede Brasileira de Informação Ambiental (REBIA)www.rebia.org.br

• Instituto Envolverde • Jornalismo & Sustentabilidadewww.envolverde.com.br

• ECOMÍDIAS (Associação Brasileira de Mídias Ambientais)http://eco-midias.blogspot.com/

> CURADORIADAL MARCONDES(Envolverde e RBJA) e VILMAR BERNA (REBIA e RBJA)

> SECRETARIA EXECUTIVAInstituto Envolverde • Jornalismo & Sustentabilidade11 3034-4887 • [email protected]

IV CONGRESSO BRASILEIRO DE JORNALISMO AMBIENTAL

> Mostra de vídeos ambientais> Estandes

17, 18, 19 e 20/11 de 2011 RIO DE JANEIRO • PUC-RJ

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Tenho sustentado que a crise atual do capi-talismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capita-lismo de sempre adapatar-se a qualquer cir-cunstância. Estou consciente de que são pou-cos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente o ca-pitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfa-zendo seu sutil equilíbrio e exaurindo exces-sivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi se-questrado. Já nos meados do século XIX, Karl Marx escreveu profeticamente que a tendên-cia do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as re-giões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

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Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou

Milhões nunca mais vão ingressar no mun-do do trabalho, sequer no exército de reser-va. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o de-semprego atinge 20% no geral e 40% entre os jovens. Em Portugual 12% no pais e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise so-cial, assolando neste momento a Grécia. Sa-crifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas mas para pagar a dívi-da com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise huma-nitária que o capitalismo está gerando. Antes

As ruas de vários paises europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia, são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital

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Crise terminal se restringia aos paises periféricos. Hoje é global e atingiu os países cen-trais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a socie-dade. As vítimas, entrelaçadas por novas avenidas de comunicação, re-sistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, es-pecialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos interesses dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode ma-tar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais apri-morada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competi-tividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamen-te, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estres-se profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários paises europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia, são manifestação de revolta contra o sis-tema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jo-vens espanhois gritam: “Não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refeste-lados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penali-zando a vida de seus filhos e filhas. Fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br

Comentários do leitoresEm que pese as sábias palavras, não concordo. Isto porque, vejo o capitalismo como algo inerente ao próprio egoísmo humano, não vejo como mudá-lo. Na verdade, é possível verificar esse egoísmo que se transforma no capitalismo destrutivo desde a idade mais tenra, quando uma criança que brinca com um brinquedo, tenta tomar o brinquedo da outra, havendo uma competição. Penso que quando os recursos da Terra estiverem mais próximos do esgotamento, a exploração será ainda maior, e após haverão novas navegações, agora, espaciais, situação em que o capitalismo será interminável. Entendo que os reinados e impérios foram instrumentos de seus reis e imperadores; já o capitalismo é um instrumento da burguesia, que transformou o Estado em uma espécie de procurador de grandes corporações. Mas, não importa o sistema que se insira, o único traço marcante será sempre o traço mais essencial que o capitalismo apresenta, ou seja, a incapacidade do ser humano amar o próximo como a si mesmo, sendo apenas um ser egoísta e acumulador por sua natureza.Por um Brasil melhor

Caro Frei Leonardo. Sua tese é mais um desejo que uma realidade baseada em fatos. Fazer previsões com base em desejos tem uma probabilidade muito pequena de acontecer. O capitalismo, com certeza, continuara se reciclando, como historicamente tem acontecido. Quanto aos argumentos utilizados em seu texto, quero lembrá-lo, que o aumento da demanda por bens e serviços, tem como fatores importantes o crescimento populacional e o melhoramento do padrão de vida. Não importa se o regime é capitalista ou socialista, o estresse causado pelo aumento da demanda será o mesmo. O planeta continuará cada vez mais a ser exaurido, enquanto não houver um controle populacional. Lauro Melo

Perfeita colocação a do artigo. Não é necessário voltar ao totalitarismo, mas sim agir com responsabilidade e consciência. Liberdade não é sinônimo de irresponsabilidade e abuso de poder, e é isso que vemos no capitalismo atual. Para quem interessar, sugiro o documentário “The Corporation” .Ana

E porque esse pretenso intelectual não diz logo o que propõe no lugar do Capitalismo? Todos sabemos que ele é petista e comunista. Será melhor termos o comunismo e a nossa vida mais vigiada e controlada ainda? Sem liberdade de ir pra onde queremos e sem liberdade de falar de nos expressar? Sem a imprensa livre que nos defende e que denuncia as falcatruas e corrupções dos políticos e governantes? Sem opção de escolher a religião que professamos, sem liberdade para merda nenhuma como é em Cuba, China, Coreia do Norte, etc? Vá pastar seu comuna petista, prefiro o capitalismo e a liberdade de viver e dizer o que eu quero.Ademar

A crise do capital é estrutural e tem aumentado. Isso é visivel. Mas a mudança ainda me parece distante. Banqueiros e os donos do mercado não estão nem um pouco p´reocupados com humanidade ou natureza. Empresário não quer nada além de dinheiro. E ainda insiste-se em entregar os governos nacionais nas mãos destes crápulas. A dificuldade foi, com clareza expressa, por um aluno meu de 17 anos quando disse: “Professor, aquilo que nos faz poderosos é exatamente o que nos faz fracos, o nosso tamanho. Eles (os empresários e especuladores) são poucos, se organizam mais depressa. Como organizar uma quantidade de pessoas tão grande como é o povo?” E para além da organização, volta a pergunta de Lenin, “que fazer?”Thiago Miranda

Leonardo Boff: “E os homens irão matar, estuprar, desmatar, poluir tudo em nome de Deus...! A certeza do fim é o princípio do caos em que a criatura não vive e morre aos poucos em rituais desnecessários na observação melancólica do Senhor...! Não sou ateu nem à toa, mas, por consideração à minha insignificância de vida não preciso me reservar o direito de dizer e pedir permissão para “falar” que concordo com tudo que você escreveu maravilhosamente e dizer de coração aberto que você inteligentemente expôs o calcanhar de Aquiles e calçou com verdades um caminho que sabemos que será o último...! “Que Deus nos ajude”...! “E viva o Fidel ou será o Fudel”...! Paulo Cesar Veloso

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de olho no parlamento

as empresas

Projeto de Lei nº 3.723/2006, de autoria do Deputado Alessandro Calazans (PMN), que “dispõe sobre a não renovação de contratos firmados entre as empresas privadas e os órgãos do Poder Executivo do Estado do Rio de Ja-neiro em caso de não cumprimento dos termos de ajuste de conduta (TACs) celebrados com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimen-to Sustentável”.• O que é: As empresas privadas que celebraram Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus-tentável só poderão renovar seus contratos com os órgãos da Administração Direta e Indireta do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, caso tenham cumprido, no mínimo, 70% (setenta por cento) do que determina o TAC.• Posição das Empresas: DIVERGENTE. Justificativas: O licenciamento serve justamente para avaliar custos, riscos e benefícios, permitindo o exercício de atividades potencialmente poluidoras de forma controlada. Ou seja, a legisla-ção ambiental em vigor possui medidas capazes de coibir, controlar e compen-sar eventuais impactos ambientais. O simples impedimento das atividades, por meio de suspensão, não é solução coerente, pois certamente trará graves consequências à economia local e atravancará o desenvolvimento da região.• Posição atual: A matéria está pronta para inclusão na Ordem do Dia.

Projeto de Lei nº 20/2007, de autoria do Deputado Paulo Ramos (PDT), que “dispõe sobre a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e Relató-rio de Impacto Ambiental – RIMA e dá outras providências”.• O que é: Restringe a realização de Estudos de Impacto Ambiental e Rela-tórios de Impacto Ambiental a órgãos públicos estaduais vinculados à Se-cretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano do Rio de Janeiro, vedada a terceirização. A proposta visa evitar o conluio entre os setores interessados, promovendo assim fidedignidade no processo de ela-boração dos Estudos e Relatórios.• Posição das Empresas: DIVERGENTE. Ao determinar que os Estudos de Impacto Ambiental e os Relatórios de Impacto Ambiental sejam sempre elaborados pelos órgãos ambientais, o Projeto de Lei institui uma condição inaplicável à realidade. Atualmente, o Poder Público não possui recursos suficientes para atender à demanda com razoável celeridade. Dessa forma, a centralização pretendida acarretará atraso aos licenciamentos ambien-tais. Por fim, nos termos da legislação vigente, os órgãos públicos estaduais podem exigir e analisar os Relatórios. Caso subsistam dúvidas, é facultada ainda a solicitação de estudos complementares ao empreendedor.• Posição atual: A matéria está pronta para inclusão na Ordem do Dia.

e o Poder LegislativoPosição das empresas fluminenses sobre alguns projetos de lei de iniciativa dos parlamentares fluminenses

Projeto de Lei nº 1.880/2008, de autoria do Deputado André Lazaroni (PMDB), que “proí-be o funcionamento e/ou instalação de em-presas que trabalhem com produtos que con-tenham substâncias do grupo dos organoclo-rados na Bacia do Rio Paraíba”.• O que é: A proibição abrange as atividades de produção, comercialização, transporte e armazenamento das referidas substâncias. O descumprimento do disposto na futura Lei sujeita os infratores às sanções previs-tas na Lei Federal 9.605/98, a Lei dos crimes ambientais. • Posição das Empresas: DIVERGENTE. Orga-noclorado é um termo genérico que abrange substâncias que contêm carbono e cloro. Atu-almente, são conhecidas mais de onze mil substâncias organocloradas, sendo que duas mil delas são produzidas pela própria natu-reza. A indústria química produz milhares de compostos organoclorados distintos, utili-zados numa ampla gama de produtos. Inclui de pesticidas e plásticos, com destaque para o PVC na forma de filmes, tubos, peças, a pastas de dente e soluções para higiene bucal. Na jus-tificativa do Projeto de Lei, o autor menciona os prejuízos que um vazamento acidental de pesticida causou ao meio ambiente, o que su-gere que seu propósito seja a prevenção de no-vas dispersões de substâncias pesticidas. En-tretanto, da forma como o projeto está escrito, muitas atividades que não têm relação com a produção de pesticidas serão impactadas. Ademais, a medida interfere na competência do órgão ambiental. Dentro dos limites do seu poder discricionário e no âmbito do licencia-mento ambiental, o órgão possui mecanismos para avaliar custos, riscos e benefícios, permi-tindo o exercício de atividades potencialmen-te poluidoras de forma controlada, com base na legislação vigente.• Posição atual: Deferido o requerimento de inclusão na Ordem do Dia apresentado pelo autor do PL.

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Projeto de Lei nº 2.753/2009, de autoria do Deputado João Pedro (DEM), que “altera o artigo 40 da lei nº 3239, de 2 de agosto de 1999”.• O que é: Altera a Lei 3.239, de 2 de agosto de 1999, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos e regulamenta a Constituição Estadual, em seu arti-go 261, parágrafo 1º, inciso VII. A alteração visada pelo PL consiste na in-trodução do inciso IX ao artigo 40 da mencionada Lei, com o propósito de restringir o uso de água potável ao consumo humano. O artigo 40 passa-ria a ter a seguinte redação: “Art. 40 – Na implantação da Política Estadual de Recursos Hídricos, cabe ao Poder Executivo, na sua esfera de ação e por meio do organismo competente, entre outras providências: (...) IX – vedar o uso de água potável que não seja para o consumo humano e promover a utilização de outras formas de água, como água reciclada, água do mar, água pluvial, água de chuva e água servida, para lavagem de logradouros e bens públicos e privados, rega de jardins públicos e privados, irrigação, dentre outras aplicações.”• Posição das Empresas: DIVERGENTE. A proposta contraria o próprio obje-tivo da Política Estadual de Recursos Hídricos, que é a harmonização entre os múltiplos e competitivos usos da água. A Política já prevê como prioritá-rio o abastecimento da população humana. Se não há problema de disponi-bilidade de água potável em uma determinada região, é desnecessário res-tringir seu uso a um único fim, o que poderia prejudicar o desenvolvimento socioeconômico da localidade.• Posição atual: Encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça, re-latora Deputada Aparecida Gama (PMDB).

Projeto de Lei nº 3.757/2006, de autoria da Comissão Especial instituída pelo Requerimento nº 198/2003, que “Cria o Código Ambiental do Estado do Rio de Janeiro, que atualiza a legislação, estabelece a sua estruturação técnica, reorganiza a legislação vigente e dá outras providências”.• O que é: Institui o Código Ambiental do Estado do Rio de Janeiro, como ins-trumento de atualização, estruturação e consolidação da legislação ambien-tal no Estado. Haja vista que as diversas normas vigentes sobre o assunto não guardam entre si unidade, identidade e conformidade, pretende-se que o novo Código resolva lacunas, conflitos e dificuldades interpretativas devido à plura-lidade de disposições normativas.• Posição das Empresas: CONVERGENTE COM RESSALVAS. Justificativas: Po-der contar com uma legislação ambiental clara e bem definida é uma condi-ção que gera confiança nos investidores, favorece os negócios e fundamenta o desenvolvimento socioeconômico de nosso País. Todavia, da forma como o Có-digo Ambiental foi proposto, as ambiguidades e as indefinições da Legislação Ambiental permanecem inalteradas e algumas foram agravadas. Após amplo debate, o posicionamento e as considerações do setor industrial em relação ao Projeto de Lei em questão foram entregues à ALERJ. As seguintes premissas nortearam o trabalho enviado à ALERJ: alinhar aos preceitos constitucionais e à legislação federal existente; evitar as duplicidades e as contradições; retirar conceitos vagos e repetitivos que podem provocar entendimentos equivoca-dos; simplificar procedimentos ambientais, reduzir a burocracia e agilizar os processos, garantindo a proteção ao meio ambiente. Neste sentido, foram in-seridas sugestões relacionadas ao bom funcionamento do Sistema Estadual de Informações Ambientais (SEIA) e ao licenciamento ambiental, além de alte-rar as orientações relacionadas às audiências públicas. Por fim, algumas seções podem ser retiradas em virtude da existência de ampla legislação tratando dos temas: uso e ocupação do solo, a avaliação ambiental estratégica, planejamen-to energético, gestão dos recursos hídricos e auditorias ambientais. • Posição atual: As Comissões de Economia, e de Cultura baixaram o PL em diligência. O PL saiu da pauta da Ordem do Dia para cumprimento da diligência.

O FBOMS – Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Am-biente e o Desenvolvimento divulgou a Moção de Repúdio ao Ministério do Meio Ambiente pela Não-realização da Conferência Nacional do Meio Ambien-te e pelo Desmonte da CPDS, da Política e dos Órgãos Gestores da Agenda 21 Lo-cal e Educação Ambiental no MMA, Iba-ma e Instituto Chico Mendes:

As organizações presentes ao XX Encon-tro Nacional do FBOMS, realizado nos dias 13 e 14 de junho de 2011 em Brasília, atentos e preocupados com a ação deliberada de desmonte dos órgãos gestores da Agenda 21 Local e da Educação Ambiental, por par-te do Ministério do Meio Ambiente, vêm a público denunciar essa iniciativa que in-terrompe um ciclo de política pública rele-vante iniciada nos governos anteriores que tem dado uma contribuição significativa para promoção do desenvolvimento sus-tentável, especialmente em comunidades atingidas por externalidades do processo produtivo e sido vítimas do modelo econô-mico excludente e predatório.

Especialmente neste momento pré-Rio+20, quando o governo brasileiro afir-mou publicamente seu compromisso com a implementação da Agenda 21, e quando os olhos do mundo estarão sobre a nação brasileira e que se faz necessário fortale-cer iniciativas da sociedade civil e de po-líticas públicas que contribuam com os objetivos e metas assumidos pelo Brasil, especialmente no âmbito das Agendas 21 Global e Nacional.

Dessa forma, o FBOMS apela à presiden-ta Dilma Roussef e à ministra Isabela Tei-xeira a revisão do procedimento recém adotado no MMA e o consequente forta-lecimento das políticas de promoção da educação ambiental, das Agendas 21 Lo-cais e a reestruturação desses órgãos no MMA, IBAMA, Instituto Chico Mendes, as-sim como dos espaços participativos de formulação e fiscalização das políticas ambientais e de desenvolvimento susten-tável, como a CPDS e as Conferências Na-cionais do Meio Ambiente.

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O desenvolvimento ambientalmente equi-librado, socialmente justo e economica-mente viável, requer decisões sensatas e soluções criativas. Para isso é necessário mudar o pensamento da sociedade e moti-var sua participação cooperativa.

O conceito de desenvolvimento sustentável não explica como melhorar ou mudar o pro-cesso de desenvolvimento que experimenta-mos desde a revolução industrial. O que vemos hoje em dia é uma iniciativa de sustentabili-dade resumida ao financiamento de ações (ex. projetos) de curta duração, com começo, meio e fim definidos, representando uma contribui-ção mas não ‘sustentabilidade’ conforme pos-tulada pela Declaração do Milênio, porque na verdade isso não inova padrões de desenvolvi-mento e nem muda prioridades econômicas, além de não induzir melhoria no comporta-mento da sociedade.

Apesar do desenvolvimento econômico orto-doxo, ter causado muitos problemas ambien-tais, estabeleceu também inúmeros instru-mentos econômicos e gerou riquezas suficien-tes para financiar sustentabilidade de longo prazo. Podemos usar os instrumentos econô-micos em favor do desenvolvimento sustentá-vel, ou seja, usá-los para incentivar a socieda-de ser mais sustentável com vantagens sociais e econômicas para todos.

A perspectiva defendida é que ao invés de só punir a sociedade (o lado negativo), é possível também incentivá-la com benefícios (o lado positivo). Neste sentido o governo é o princi-pal agente para motivar a cooperação social no processo de implementação das estraté-gias da RIO-92, conforme sugerido por diver-sas entidades nacionais e internacionais.

A sustentabilidade global será alcançada com a somatória de ações locais em diversas localidades, e não somente através de planos e projetos governamentais isolados. A socie-dade precisa aprender a ser sustentável e en-sinar isto para as gerações futuras. Incentivos educacionais e econômicos do governo são fundamentais para motivar a sociedade a co-operar com este processo de maneira perma-

nente. Isto nos leva ao campo das teorias motivacionais do desenvolvimen-to social que explicam as bases do comportamento humano em resposta à incentivos e a oferta de bens e serviços em troca de vantagens tangíveis (ex. Preservação ambiental e redução de impostos).

A implementação local de ações sustentáveis deve levar em conta dois importantes pontos. No primeiro, a questão dos incentivos educacionais para informar e capacitar a sociedade a agir sustentavelmente. No segun-do, como a sociedade moderna indexa praticamente tudo em valores mo-netários, estão os incentivos econômicos para alavancar este processo, pois um dos pilares do desenvolvimento sustentável é garantir o investi-mento financeiro de ações sustentáveis de longo prazo.

Diversas experiências em países da União Europeia, da América do Norte e no Brasil, mostram que o uso de impostos verdes são eficazes para proteger o meio ambiente através do princípio-poluidor-pagador (PPP) e do princípio-protetor-recebedor (PPR). O primeiro caso volta-se para desincentivar a degradação ambiental, onde os poluidores devem pagar um tributo baseado na estimativa do dano causado pela emis-são de poluentes. Neste caso, os recursos arrecadados podem financiar ações de recuperação ambiental. O segundo caso busca incentivar ações de proteção ambiental e compensações por serviços ambientais, inclusi-ve transferências direta de recursos financeiros, até acesso à tecnologias e pagamentos de royalties.

Alguns instrumentos econômicos usados para incentivar sustentabi-lidade no Brasil são a Bolsa Floresta do Programa Nacional de Florestas (PNF), o Programa Produtor de Água, o ICMS Ecológico e o IPTU Verde, es-tes dois últimos incentivam diversas prefeituras a realizarem gestão am-biental com sucesso.

O desenvolvimento de recursos humanos, a participação social e a me-lhoria da administração pública municipal, são considerados pontos fun-damentais para institucionalizar o desenvolvimento sustentável local. No Brasil existem ações piloto que apoiam projetos de modernização da ges-tão pública municipal, contudo, a maioria das 5.600 prefeituras munici-pais brasileiras não tem a possibilidade de adequar-se de maneira inte-gral a esta demanda da noite para o dia. Há uma grande necessidade de motivar e preparar, tanto os atores sociais como o setor público, para uma gestão ambiental eficiente. Os meios para o desenvolvimento sustentável já existem, bastam eles serem orientados para este fim. As gerações futu-ras irão agradecer muito por isso. * Ricardo Braun é alumni do GIZ e consultor de organizações governamentais e não-governamentais, nacionais e internacionais como a GIZ, MMA, PNUD, OEA, entre outras. Professor em ‘Construção Sustentável’ e ‘Auditoria Ambiental’ pelo INBEC/UNIP/ UNICID. Vem trabalhando com ecodesign BoP a vários anos. Pesquisador do Núcleo de Análise de Sistemas Ambientais, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Aberdeen Centre for Environmental Sustainability (ACES) Universidade de Aberdeen. Está ligado a ONG Project Maya na Grã-Bretanha. Facilita seminários de planejamento participativo e modelos de participação social. Atualmente coordena o Projeto Plano de Manejo da Serra das Almas pelo Instituto Iguaçu. www.ricbraun.wordpress.com

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Foi há quase vinte anos. Em junho de 1992, 108 chefes de estado, de quase todos os paí-ses politicamente relevantes, vieram ao Rio de Janeiro. O principal objetivo era resignifi-car a ideia de desenvolvimento. Diminuir as distâncias entre os países do norte e do sul, sob a ótica de um conceito nascente, o de “de-senvolvimento sustentável”. Era a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e Desen-volvimento, que se popularizou inicialmente como Eco 92, e depois como Rio 92. Por alguns dias, o Rio de Janeiro voltou a ser, oficialmente, a capital do país. Era o primeiro megaevento sediado pelo Brasil, e pela cidade. Inicialmen-te, o clima era de esperança de que a humani-dade vislumbraria soluções justas para o im-passe ambiental que se apresentava. O tempo mostrou que o otimismo de então não tinha tanta razão de existir.

Duas décadas depois, já se organiza, na mes-ma cidade, a chamada Rio+20. Falta exata-mente um ano para sua realização, prevista para o início de junho de 2012, e as polêmicas e disputas já se delineiam de forma clara en-tre os distintos setores sociais. Curioso é que o cenário se assemelha, em parte, ao de 1992. O conceito de “desenvolvimento sustentável” era resgatado de organizações de vanguarda que já vinham questionando, há anos, o mo-delo mundial de desenvolvimento, e a neces-sidade de se preservar o planeta. Hoje, muitos desses setores consideram que o conceito foi apropriado pelo capital, esvaziando o conte-údo reformador nele contido. Mercantiliza-do, teria perdido seu sentido original. Agora, teme-se que ocorra o mesmo com o conceito de “economia verde”. Na verdade, para a maio-ria das ONG´s e movimentos sociais que dis-cutem a Rio+20, isso já vem ocorrendo.

Entre esses, há os que entendem que o con-ceito ainda está em disputa, e os que já con-sideram batalha perdida. O próprio estado

do Rio de Janeiro serve de exemplo. Nele, inúmeros empreendimentos e atividades econômicas desafiam o bom senso ambien-tal, como a instalação dos megaempreendi-mentos da TKCSA, do Complexo Petroquími-co do Rio de Janeiro, do Porto do Açu, o Porto Sudeste, entre outros. No nordeste do esta-do, o plantio de cana-de-açúcar foi recordis-ta, há um ano, em trabalho escravo, e utiliza práticas ilegais como as queimadas. O plan-tio de eucalipto foi liberado, e já se fala na instalação de papeleiras. A extração massiva de petróleo tende a aumentar com a explo-ração do pré-sal. Mesmo assim, é o primeiro estado do Brasil a ter uma contraditória sub-secretaria de “economia verde”.

Movimentos sociais e ONG´s que compõe o Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasilei-ra para a Rio+20 vêm construindo a Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Am-biental. A tentativa é reverter o processo de legitimação do padrão clássico de desenvolvi-mento, através da apropriação dos setores di-tos verdes pelo capital, com fortes investimen-

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Organizações da sociedade e movimentos ambientalistas estão se articulando para tentar influenciar as decisões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD) Rio+20, que será realizada no Rio de Janeiro, em 2012.

A ideia é reunir entidades para instalar a Cúpula dos Povos da Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, que funcionará paralela-mente à conferência. A cúpula também acompanhará os eventos preparatórios para a Rio+20.

Cerca de 150 entidades de 27 país querem garantir a aprovação de propostas para o fim de problemas ambientais que acentuam desigualdades sociais, além de chamar atenção para o mito da “economia verde”, segundo o representante dos povos indígenas Marcos Terena.

“Não vamos permitir que o argumento da ‘economia verde’ olhe para a Amazônia, as florestas, a natureza, como mais uma fonte mercadológica capaz de atender as mesmas pessoas que estão destruindo o meio ambiente: os grandes blocos industriais, econô-micos e até estatais”, disse.

Para Fátima Mello, que integra a Rede Brasileira de Integração dos Povos, os países têm dificuldades de assumir compromissos com medo de prejudicar as economias, mas a Rio+20 pedirá que comecem imediatamente um novo ciclo de economia comprome-tido com as novas realidades ambientais.

“Vamos afirmar que não haverá uma RIO+40. Nosso planeta não aguentará isso. Vamos dizer claramente que estamos cansados de conferências sem capacidade implementação e compromissos que não são condizentes com a crise do nosso planeta”, disse.

Os ativistas avaliarão a Conferência da ONU sobre o Meio Am-biente e o Desenvolvimento, a Rio92 ou Eco 92, que há 20 anos dis-cutiu medidas para frear o aquecimento global, como o Protocolo de Quioto. O documento propôs a redução da emissão de gases de efeito estufa.

A expectativa é que outros assuntos, como os impactos sociais e ambientais das obras para Olimpíadas e a Copa do Mundo, tam-bém sejam debatidos. O ativista sul-africano Brian Ashley disse que está impressionado em ver as semelhanças nas reivindicações na África do Sul, último país a organizar a Copa, e no Brasil em re-lação ao evento esportivo.

“De repente, apareceu dinheiro para construção de elefantes brancos, como os estádios. Estamos vendo isso aqui também”, dis-se. Segundo ele, na África do Sul o problema dos transportes no país vem desde o Apartheid, e não foi resolvido com os investi-mentos da Copa do Mundo de 2010. Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

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Rio+20 terá cúpula paralela organizada por entidades da sociedade civil

vInte anos depoIstos neles. “Está em curso uma relegitimação do modelo. Essa tentativa é predominante hoje. Nós apostamos em outro caminho, da criação de políticas públicas, de fundos, de acesso a terra e crédito aos pequenos produtores”, de-fende Fátima Mello, diretora da ONG Fase.

Fátima argumenta que a Rio+20 cria espaço para um momento político de reinvenção do modelo de sociedade. “Já existem condições materiais e tecnológicas para que novas for-mas de produção, consumo e organização po-lítica sejam estabelecidas”, diz. Ela julga im-portante criar uma ampla mobilização entre ambientalistas, ONG´s, movimentos sociais, trabalhadores rurais e urbanos, povos origi-nários, trabalhadores da economia solidária, entre outros.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) se movimenta nessa direção. Estão agindo no sentido de mobilizar o movimento sindi-cal para pressionar o poder público a aderir a essa reinvenção do modelo de desenvolvi-mento. Para Carmen Foro, secretária nacio-nal de meio ambiente da CUT, “está se dis-putando no mundo todo qual será o rumo do desenvolvimento, e nós temos a oportu-nidade de construir um caminho novo.” Ela entende que o conceito de “economia verde” ainda está em disputa, e que é preciso con-vencer amplos setores sociais. “Não adianta uma economia que só se pinta de verde, com o mesmo modelo do século passado. Não adianta fazer ‘programinhas’, fingindo que se está investindo no social. É preciso buscar desenvolvimento sustentável, com o traba-lhador no centro do processo”, diz.

Essas organizações rejeitam o conceito de mercado de carbono, em que as nações po-dem intercambiar títulos para que uma evi-te a poluição que seria causada pela outra. O modelo já estaria movimentando altos recur-sos na Bolsa de Chicago, permitindo aos paí-ses ricos maquiar os resultados, transferindo os problemas às nações pobres. Em outubro de 2009, no Pará, foi assinada a “Carta de Be-lém”, condenando esse mecanismo de resolu-ção do impasse ambiental, e propondo, como solução, a resolução de conflitos fundiários e a transformação no modelo de exploração predatória dos recursos naturais.

O Protocolo de Kyoto, cujo pontapé inicial foi dado na Rio92, está fazendo 15 anos. Conside-rado pelos especialistas um avanço importan-te mas insuficiente à época, pouco avançou até hoje. Em 2002, foi realizado em Johanes-burgo, na África do Sul, a Rio+10. Os resultados do evento não são considerados relevantes. Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

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Errata Na página 41 da

edição de junho, na matéria “Visitantes Ilustres do Litoral Brasileiro” a legen-da correta é “Golfi -nhos-nariz-de-gar-rafa”. Agradecemos ao Marcelo Tardelli pelo alerta, autor da foto e da matéria.

Pesquisa indica que 80% rejeitam corte de proteção a matas

Reinaldo José Lopes em reportagem publi-cada pelo jornal Folha de S. Paulo (11-06-2011) revela que uma pesquisa encomendada pe-las principais organizações ambientalistas do país diz que cerca de 80% da população não aprova as mudanças no Código Flores-tal. A pesquisa Datafolha foi encomendada por ONGs como SOS Mata Atlântica e Ami-gos da Terra e mostra, primeiro, que 62% dos quase 1.300 entrevistados “tomou conheci-mento” da votação na Câmara dos Deputa-dos. Depois, todos os entrevistados, mesmo os que não acompanharam a votação, ti-nham de dizer o que achavam melhor: prio-rizar a proteção de florestas e rios, ainda que isso penalizasse a agricultura, ou priorizar a produção agrícola, ainda que com efeitos ambientais negativos. A primeira opção foi escolhida por 85% deles. A maioria (77%) também se diz contra a isenção da obrigação de repor florestas desmatadas ilegalmente. Não houve diferenças significativas nas res-postas dadas por entrevistados da zona ru-ral e de áreas urbanas.

Conselho Regional de Biologia 2ª Região e Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro homenageiam a Revista do Meio Ambiente

O Conselho Regional de Biologia da 2ª Região RJ/ES – CRBio-2, em con-junto com o Vereador Leonel Brizola Neto, prestaram homenagem a 15 Instituições ligadas com a preservação ou divulgação do meio ambien-te, em comemoração ao dia mundial do meio ambiente, entre as quais a Revista do Meio Ambiente da Rebia.

notícias do meio ambiente

Superintendente do Ibama-PB lança livro sobre Gestão Ambiental

Foi lançado em 6/7 na OAB-PB o livro Ges-tão Ambiental: O Caminho para a Sustenta-bilidade, organizado pelo Superintendente do Ibama-PB e Biólogo Ronilson José da Paz, pelo professor da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Pombal, Rômu-lo Gil de Luna e pelo Advogado Talden Farias. Ronilson é também o coordenador da Rebia na Paraíba. Publicado pela Editora da Uni-versidade Federal da Paraíba, o livro Gestão Ambiental: O Caminho para a Sustentabili-dade, está organizado em 15 capítulos, que vão das contribuições mais gerais aos subsí-dios mais específicos da gestão ambiental.

Este é o sétimo livro da área ambiental ela-borado pelo Ronilson, que recebeu recente-mente a Comenda Verde da Assembleia Le-gislativa da Paraíba, concedida àqueles que contribuíram significativamente para a con-servação e preservação do meio ambiente no Estado.

Quase meio bilhão de reais para a educação ambiental em 2011. Nos EUA.

Pela primeira vez, um orçamento federal de educação inclui o fi nancia-mento para a educação ambiental. Em plena crise econômica, o orçamen-to para a educação básica dos Estados Unidos prevê verba específi ca para o currículo de Educação Ambiental nas escolas de quase R$ 0,5 bilhão para o ano de 2011. O Senador Jack Reed, de Rhode Island, disse: “Este orçamento é um importante passo para impulsionar a educação ambiental na escola e dar mais oportunidade para as crianças saírem da sala de aula [para ati-vidades ao ar livre] e aprenderem sobre o mundo natural ao seu redor”.

Mais informações: www.ronilson-paz.netMais informações: http://ra-bugio.blogspot.com/2011/06/educacao-ambiental-esta-incluida-no-pac.html

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Jornalismo Ecológico e a Educação Ambiental na Escola e na Vida no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil

Nós da Umes RJ(União Metropolitana dos Estudantes do Estado do Rio de Janeiro) temos a plena convicção da importância da questão ambien-tal é de tal ordem que já não se pode mais deixar apenas a cargo da esco-la escola forma o dever de educar para o meio ambiente.

A Democratização da Informação Ambiental através do Jornalismo Eco-lógico associado com a Educação Ambiental formal e informal implemen-tada de forma conjunta nas Escolas, Universidades,Empresas e Comunida-des é de vital importância para a preservação dos nossos ecossistemas.

As Autoridades Públicas tem que invistir mais recursos em Projetos di-recionados a Democratização da Informação Ambiental e da Educação Ecológica em nosso País e nos Estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Amazonas, Minas Gerais entre outras Unidades da Federação Brasileira.

O belo trabalho desenvolvido pelo Jornalista, Ecologista e Escritor Vilmar Berna e pela Rebia (Rede Brasileira de Informação Ambiental) é de vital importância em nosso País.

Nos da Umes RJ (União Metropolitana dos Estudantes do Estado do Rio de Janeiro) uma Associação Estudantil defensora da Educação Pública e do Meio Ambiente esperamos que as Autoridades Públicas seja a ní-vel municipal, regional ou nacional olhem para o Meio Ambiente não como Politica de Governo mas sim como Politica de Estado de forma prioritário, estratégica e planejada.

Muitas Ongs e Veículos de Comunicação Ambiental tais como a S.O.S Floresta da Pedra Branca, a Associação Sócio Cultural Uzina Eco Arte, os Defensores da Terra, o Grude, a SOS Mata Atlântica e o Jornal do Meio Ambiente entre outras Ongs Ecológicas e Veiculos de Comunicação Ambien-tal vem dando uma contribuição importantissima na luta pela preservação do Meio Ambiente tanto do Estado do Rio de Janeiro quanto do Brasil.

Rios e Lagoas PoluídasDesmatamento de Áreas VerdesPoluição Sonora e do ArSolos contaminadosEsses e outros temas precisam ser trabalhados através da Democratiza-

ção da Informação Ambiental e da Educação Ambiental.

Cordialmente,Flavia Quadros – Presidente da UMES RJ (União Metropolitana dos Estudantes do Estado do Rio de Janeiro (21 9655 4441 / 7461 2865), Fabiana Cristina – Vice Presidente da Umes RJ (21 7118 1086) e Marcio Luiz – Diretor da Umes RJ (21 9755 0846) • [email protected] / [email protected]

Soecal e REBIA levam leitura e conscientização socioambiental aonde o povo está

Dando sequência às ações idealizadas para o ano de 2011 – ano em que a Soecal completou seus 15 anos em ações na região da Serra Azul – a organização tem disponibilizado o acesso à literatura através de uma biblioteca monta-da sobre uma charrete puxada pelo cavalo que atende pelo sugestivo nome de “Brinquedo”, levando conhecimento, cultura e lazer às co-munidades interioranas e ao povo simples da região. A Rebia tem ajudado através da divul-gação e também da distribuição de exempla-res da Revista do Meio Ambiente e dos livros do escritor Vilmar Berna. Parabéns ao Cláudio, à Soecal, parabéns cavaleiros e colaboradores pela alegria de podermos ser úteis.

Mais informações: Claudio Pessoa Goulart – [email protected]

Biblioteca montada sobre uma charrete ajuda a aproximar a literatura de comunidades interioranas

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notícias do meio ambiente

A Mostra Itinerante do Fica 2011 prossegue com a tempo-rada de exibições, desta vez no município de Morrinhos, nos dias 27, 28 e 29 de julho, com sessões às 18 e às 20 horas, no Teatro Juquinha Diniz.

A próxima cidade a receber os fi lmes premiados na 13ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, realiza-do em junho, na Cidade de Goiás, será Florianópolis (SC). A Mos-tra será apresentada no território gaúcho nos dias 24, 25 e 26 de agosto. Também no mês de agosto estão agendadas exibições na Assembleia Legislativa, em Goiânia, no horário vespertino.

Na sequência, nos dias 9, 10 e 11 de setembro o Fica Itine-rante estará em Ipamei; de 15 a 19, no Centro Cultural Basi-leu França de Jataí, e nos dias 28, 29 e 30 do mesmo mês, em Planaltina (DF).

O Fica Itinerante é um projeto que viaja o país com os filmes premiados no festival. Nas cidades por onde pas-sa o evento conquista público, críticos e comunidades que nunca tiveram acesso a esse tipo de entretenimento.

O projeto visa atender a toda comunidade de Goiás e ou-tros Estados brasileiros no período de julho a novembro, com agendamento prévio.

As solicitações deverão ser enviadas na forma de pro-posta, via e-mail: [email protected], com informações sobre data, local, perfil e quantidade de público a ser atingido, monitoria, local de exibição e plano de divulgação. Não há custos pelo empréstimo dos filmes.

Filmes premiados do 13º Fica vão a mais cidades

Mais informações: Escritório do Fica – (62) 3223-1313

Os livros podem ser adquiridos diretamente na editora à rua Gonçalves Dias, 89/2º andar, Salas 205/206, Centro, Rio de Janeiro, RJ; tel/fax 2224-3177; 2531-9027 ou pelo e-mail: [email protected].

Apresentação do livro Macroalgas (Chlorophyta) e Gramas (Magnoliophyta) Marinhas do Brasil

Esse é o segundo volume da Série Flora Marinha do Brasil que abrangerá a biodiversidade tanto de macroalgas como de microalgas marinhas de nosso litoral e produzida pela editora Technical Books. O primeiro volume introdu-tório abrangeu: a) a importância ambiental e humana das macroalgas marinhas; b) características fl orísticas das macroalgas marinhas; c) bases contemporâneas dos sistemas de classifi cação das macroalgas; d) abordagens avançadas de classifi cação das macroalgas pela biologia molecu-lar e quimiosistemática; e) metodologia de campo, laboratório e guarda científi ca em herbário fi cológico.

A presente obra que é o segundo volume da série apresenta 29 gêneros de macroalgas verdes e 3 gêneros de gramas marinhas, abrangendo:a) descrição detalhada da morfologia e da reprodução dos corpos dessas plantas; b) informações de utilidade humana e ambiental sobre espécies importan-tes do gênero; c) número de espécies do gênero no planeta; d) obras importantes brasileiras que permitem a determinação segura das espécies de cada gênero; e) distribuição geográfica no planeta e no Brasil; f) farta ilustração das espécies representativas; g) chaves morfológicas de identificação de cada gênero.h) glossário técnico dos termos mais complicados.i) literatura emblemática sobre algas verdes e gramas marinhas brasileiras.

Em suma, é um livro indispensável a quem deseja identifi car com segurança a fl ora marinha do litoral brasileiro, pois a obra inclui as recentes atualizações nomenclaturais internacionais. Pelo seu caráter didático é dirigido a biólogos, oceanógrafos, engenheiros de pesca, ecólogos, botânicos, professores de bio-logia, botânica e biologia marinha, consultores socioambientais, educadores ambientais, gestores ambientais, engenheiros ambientais, etc.

Alexandre de Gusmão Pedrini, organizador da série e um dos autores desse segundo volume, é biólogo, doutor, professor de botânica do Departamento de Biologia Vegetal do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes da Uni-versidade do Estado do Rio de Janeiro, organizou 7 coletâneas e foi autor único de um livro –todos publicados no Brasil.Possui também artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e exterior.

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Caixa – Relatório de Sustentabilidade

O Relatório de Sustentabilidade da Caixa está disponível em www.caixa.gov.br em formato PDF, para consulta e download. Du-rante o evento de lançamento do Relatório, o presidente da Caixa anunciou duas cha-madas públicas de projetos, para receber apoio fi nanceiro do Fundo Socioambiental Caixa (FSA): projetos de recuperação fl ores-tal de nascentes e áreas que margeiam os corpos d’água, para “Proteção das Águas de Abastecimento Humano”, no valor de R$ 4 milhões, e projetos que promovam a ges-tão adequada de resíduos de construção e demolição, contribuindo para a implemen-tação da “Política Nacional de Resíduos Só-lidos”, no valor de R$ 3,8 milhões.

Verdes lançam revista sobre sustentabilidadeEm solenidade bastante prestigiada na Câmara dos Deputados a

bancada do Partido Verde e a Fundação Herbert Daniel lançaram a Re-vista Pensar Verde, que passa a contar a história do pensamento ver-de no Brasil e sua repercussão nas diversas esferas da sociedade. A publicação visa propor novas refl exões acerca do ideário dos verdes, além de fomentar discussões que irão fazer a diferença na construção da democracia do país. A iniciativa representa um marco histórico na trajetória bem-sucedida de 25 anos de luta pela construção de uma política limpa em todos os sentidos. A primeira edição traz artigos so-bre as mudanças no Código Florestal, matriz energética brasileira e a reforma política, escritos por representantes do partido: Rosane Fer-reira, Marco Antonio Mroz, Sarney Filho, Fernando Gabeira, Alfredo Si-rkis José Carlos Lima e Paulo Davim; entre os convidados estão André Lima e Nilo D’avila, além de entrevista com o presidente nacional da legenda, deputado José Luiz Penna. Durante a apresentação, a editora-chefe, Angélica Brunacci, explicou que a publicação será trimestral e foi confeccionada com base no conceito de sustentabilidade, em pa-pel reciclado com tinta de composição 60% vegetal. A tiragem é de mil exemplares, e também poderá ser lida pela internet, na página da Fundação Herbert Daniel.

Para o líder da bancada na Câmara, deputado Sarney Filho (MA) “o Pensar Verde é mais um passo na árdua caminhada do PV em defesa da sustentabilidade, um novo instrumento de discussão, de oxigenação das ideias do pensamento verde no nosso país, no nosso continente e nosso planeta”

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Mais informações: Assessoria de Imprensa da Caixa – (61) 3206-9645/9298/4651/8030/4311

Fundação Banco do Brasil inaugura novo portal

Mais acessível e dinâmica, a nova ferramen-ta disponibiliza números de investimentos e integra perfi s das redes sociais. O novo portal de notícias da Fundação BB faz parte da estra-tégia de comunicação dos 25 anos da Fundação e destaca a transparência na aplicação dos re-cursos por meio do Mapa dos Investimentos Sociais. Desenvolvido em ambiente web 2.0, o site reúne os perfi s nas redes sociais Facebook, YouTube e Twitter, que possibilitam aproxima-ção e interação da Fundação Banco do Brasil com os participantes de projetos sociais, enti-dades parceiras e a sociedade. O espaço virtual mantém conteúdos com informações dos pro-jetos desenvolvidos pela Instituição e link dire-to para o Banco de Tecnologias Sociais. Acesse www.fbb.org.br e conheça.

Petrobras – Relatório de SustentabilidadeO Relatório de Sustentabilidade 2010 da Petrobras também está dispo-

nível ao público em http://sala.agenciapetrobras.com.br/Arquivos/Ane-xo/3911-Relatorio-de-Sustentabilidade-2010.pdf e apresenta informações sobre o desempenho da Companhia. Um dos destaques é o aumento do investimento em meio ambiente, que em 2010 ultrapassou R$ 2,4 bilhões – cerca de R$ 457 milhões a mais que em 2009. Esse total inclui gastos com processos operacionais e apoio a projetos ambientais. A publicação tam-bém destaca as ações da Petrobras para mitigação das mudanças do clima, especialmente as ações de efi ciência energética.

Mais informações: Fundação Banco do Brasil – Gerência de Comunicação e Mobilização Social [email protected] (61) 3104-4657

Mais informações: Gerência de Imprensa/Comunicação Institucional – Telefone: 55 (21) 3224-1306 e 3224-2312 – [email protected]

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notícias do meio ambiente

As inscrições no Prêmio Jovem Cientista podem ser feitas até 31 de agosto.

Está disponível para download o kit pedagógico sobre Cidades Sus-tentáveis do Prêmio Jovem Cientista, uma iniciativa do CNPq, Funda-ção Roberto Marinho, Gerdau e GE na página www.jovemcientista.org.br. Este recurso pedagógico foi especialmente desenvolvido para professores do Ensino Médio que querem envolver seus alunos na melhoria da qualidade do meio urbano. O material é composto de: 1) CADERNO DO PROFESSOR, com informações, casos e indicações de fontes sobre as principais questões relacionadas ao ambiente urbano, tais como: planejamento, edifi cações, mobilidade, agricultura urbana, gestão das águas e dos resíduos, além dos impactos das mudanças climáticas nas cidades. 2) ROTEIROS DE TRABALHO, com seis percur-sos para preparar e aplicar aulas relacionadas ao tema, favorecendo a interdisciplinaridade e a integração dos alunos. Incluem sugestões de leitura, refl exões, discussões, referências de recursos didáticos dis-poníveis na Internet, assim como exemplos do tema em exames ves-tibulares. 3) FICHAS DE ATIVIDADES, são doze propostas voltadas à experimentação no ambiente de aprendizagem. Relacionam o conte-údo dos Cadernos a aspectos do cotidiano, auxiliando na identifi ca-ção de temas de pesquisa para o Prêmio Jovem Cientista. Orientam o aluno a pesquisar fontes bibliográfi cas e a levantar dados na comuni-dade ou em órgãos públicos, que levarão à melhor compreensão dos problemas de sua cidade e à proposta de soluções. Os kits impressos podem ser solicitados pelo email: [email protected].

Poluição sonora pode causar perda auditivaOs casos de surdez vêm crescendo vertiginosamente por causa da po-

luição sonora. Quem mora em grandes cidades percebe o quanto inco-moda o barulho do trânsito, de uma buzina, de uma obra. O pior é que, dentro de casa, muitas vezes, o som alto das TVs, rádios e outros apa-relhos é prática corriqueira, que também afeta a capacidade de ouvir. As lesões podem ocorrer após exposição rápida ou prolongada ao ruído. Isso vai depender da predisposição do indivíduo, do tipo e da intensida-de do som. O barulho diário dos aviões que pousam e decolam de Con-gonhas, em São Paulo, por exemplo, atinge diretamente cerca de 31 mil pessoas que moram em “zonas de ruído com níveis inaceitáveis”, impró-prias para habitação, no entorno do aeroporto, segundo revela mapea-mento realizado pela Anac - Agência Nacional de Aviação Civil. A fono-audióloga Isabela Gomes, da Telex Soluções Auditivas, alerta que não só perto de aeroportos, mas em muitos locais nos grandes centros urbanos, medições de ruído mostram alarmantes 90 decibéis. O nível máximo de conforto é de 55 decibéis no período diurno e de 50 decibéis no período noturno. “Nessa intensidade de 90 decibéis, após quatro horas diárias de exposição, o indivíduo terá sua acuidade auditiva afetada”. A fonoaudi-óloga conclui com um alerta importante. “A perda auditiva induzida por ruído é cumulativa. Qualquer dano à audição vai se somando ao longo do tempo. Os efeitos podem não ser sentidos e a percepção do problema auditivo pode vir tarde demais. A exposição frequente ao barulho pode levar, com o tempo, à perda permanente e irreversível da audição.”

Mais informações: Andrea Margit - Fundação Roberto [email protected]

Mais informações: Assessoria de imprensa da Telex Soluções Auditivas / Ex-Libris Comunicação Integrada – Cristina Freitas (21) 2204-3230 [email protected]

Cerca de 20% da população mundial da ave Mutum está nas áreas preservadas pela Cenibra

No dia 6/7, em São Paulo, a Diretoria da Ce-nibra recebeu a premiação Exame - Melhores e Maiores, como a melhor Empresa do Setor de Papel e Celulose. Esta é a terceira vez que a Cenibra é eleita a melhor do setor brasilei-ro de papel e celulose. A Empresa também foi agraciada com o prêmio em 2001 e 2003. A Cenibra desenvolve ainda uma série de projetos e ações de sustentabilidade, além de cumprir o exigido pela legislação. Preser-va mais de 100 mil hectares de mata Atlân-tica; já superou a marca de 350 mil mudas de espécies nativas plantadas para promo-ver a recuperação ambiental de matas cilia-res e nascentes. Dentre os cerca de 20 Proje-tos Socioambientais da Cenibra destaca-se o de Reintrodução de Aves Silvestres Ameaça-das de Extinção: o Projeto Mutum, com mais de duas décadas, na Fazenda Macedônia. O trabalho é realizado por meio de um acordo de cooperação técnico-científica entre a Ce-nibra e a Sociedade de Pesquisa do Manejo e da Reprodução da Fauna Silvestre (Crax), entidade não governamental sediada em Contagem (MG). Desde então, o projeto já possibilitou a soltura do mutum-do-sudeste (Crax blumembachii), do macuco (Tinamus solitarius), da capoeira (Odontophorus ca-pueira), do jaó (Crytpturellus n. noctivagus), do inhambuaçu (Crytpturellus obsoletus), do jacuaçu (Penelope obscura) e da jacutinga (Pipile jacutinga).

Mais informações: Hudson Vieira - Comunicação Corporativa da Cenibra – www.cenibra.com.br

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As empresas que integram o Pacto Global, iniciativa da ONU em prol da responsabi-lidade social, estão incorporando os prin-cípios relativos à preservação do meio am-biente e aos direitos trabalhistas em um rit-mo mais acelerado do que os referentes a di-reitos humanos e combate à corrupção. É o que aponta a Pesquisa de Implementação do Pacto Global 2010, divulgada dia 7 de junho.

Em novembro de 2010, todas as 6 mil empre-sas participantes do pacto foram convidadas a responder a uma pesquisa on-line. O questio-nário foi preenchido por 1.251 empresas de 103 países, ou 20% das que integram o compro-misso. No Brasil, participaram 48 dos 370 em-preendimentos fi liados (13% do total).

O objetivo foi fazer um balanço do desempe-nho das corporações nos dez princípios do Pac-to, que envolvem direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. O es-tudo foi conduzido por uma equipe da Escola Wharton, da Universidade da Pensilvânia.

Dentre as empresas que participaram, cerca de 60% afi rmaram atuar em questões ambien-tais e trabalhistas, percentual bem superior ao apresentado em setores como política de direi-tos humanos, que teve adesão de 26%. Já com relação a medidas de combate à corrupção, uma minoria das corporações dispõe de planos relacionados à limitação do valor de presentes (38%) e divulgam suas doações políticas (10%).

Outra conclusão do estudo é que as corpo-rações de grande porte tendem a implantar maior quantidade de medidas previstas no pacto. Quase 90% das empresas com mais de

Sustentabilidade e direito trabalhista são

Corporações que integram Pacto Global estão incorporando princípios relativos a sustentabilidade e direito trabalhista com maior agilidade

prIorIdades nas empresas50 mil funcionários, por exemplo, indicaram que incluem princípios dos direitos humanos em seu código global, contra 56% dos peque-nos e médios empreendimentos. O mesmo ocorre em relação à instalação de linhas anô-nimas para denúncias (68% contra 9%) e re-gistro de casos de corrupção (57% e 12%).

O relatório aponta ainda que 65% das empre-sas levam em consideração se os seus parcei-ros da cadeia de abastecimento adotam prin-cípios de sustentabilidade, e 12% exigem que os fornecedores participem do Pacto Global antes de fazer negócio. Além disso, 79% das empresas declaram fazer esforços para difun-dir o compromisso entre suas subsidiárias e 28% exigem que as fi liais apliquem os princí-pios e avaliem os progressos.

Segundo Maria Celina Arraes, coordenadora de Planejamento Estratégico do PNUD, os da-dos coletados no Brasil coincidem com os re-gistrados em nível global. “De maneira geral, as empresas contam com políticas e códigos para respeito aos princípios do Pacto Global, mas ainda existem desafi os no campo de im-plementação”, afi rma.

Sobre o Pacto GlobalO Pacto Global é uma iniciativa que reúne 6

mil empresas, organizações sociais e institui-ções com o objetivo de mobilizar a comunida-de empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de dez princípios nas áreas de direitos humanos, relações de traba-lho, meio ambiente e combate à corrupção. Fonte: http://www.pnud.org.br

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sustentabilidade

socIedade frugaLComo é difícil esclarecer o que é sustentabilidade e como as empresas po-dem se inserir nesse contexto. Todos os especialistas dizem ser esse um princípio em evolução, um conceito em construção. Mas é verdade também que o conceito de sustentabilidade foi cunhado por um processo histórico e evoluiu com o passar dos anos. Percebo que muitas empresas já descobriram ou definiram o conceito de sustentabilidade, criaram departamentos, desen-volveram projetos, incorporaram inovações tecnológicas, e muitas outras ações sustentáveis foram implantadas. Serão empresas realmente sustentáveis?

A preocupação com o futuro do planeta é recente. Cinco décadas marcam o surgimento dos primeiros debates acerca do por vir planetário. Um marco im-portante foi a publicação do livro Primavera Silenciosa, em 1962, da bióloga Ra-chel Carson. O texto denunciava a contaminação do meio ambiente por resídu-os tóxicos de pesticidas químicos e os seus efeitos no solo, ar e nas águas super-ficiais e subterrâneas – resultado da forte atividade industrial da época.

No início dos anos 70, um grupo formado por cientistas, intelectuais e em-presários, denominado Clube de Roma, discutiu a incompatibilidade entre o modelo de desenvolvimento vigente e o meio ambiente. Perceberam que, se o consumo dos recursos naturais continuasse a crescer naquela proporção o planeta não suportaria tal impacto. O relatório Limites do Crescimento, publi-cado em 1971, apontou que não poderíamos continuar com aquele modelo de crescimento econômico. Seria ruim para o curso natural do planeta e da vida humana. Este é o segundo item a ser incluído nas políticas de sustentabili-dade empresarial. Que modelo de desenvolvimento as organizações devem perseguir e qual modelo de produção ou atuação poderá garantir a preserva-ção do meio ambiente?

Em 1987, com a publicação do relatório Nosso Futuro Comum, pela Comissão de Meio Ambiente da ONU, conhecida também como a Comissão de Brun-dtland, se cunhou o conceito clássico de desenvolvimento sustentável, ou seja, que as necessidades do presente sejam atendidas sem comprometer a capacidade das futuras gerações. O relatório propôs uma nova ordem econô-mica mundial, com maior equilíbrio entre as questões econômicas, sociais e ambientais. Este é o conceito que vem norteando todas as estratégias empre-sariais e as políticas relacionadas ao desenvolvimento sustentável. A questão é: as empresas investem de forma equilibrada nas questões econômicas, so-ciais e ambientais, conforme o modelo de desenvolvimento proposto?

Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, e conhecida como ECO-92, teve como ob-jetivo principal conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conserva-ção e proteção dos ecossistemas do planeta, e deu origem a vários documentos com o foco principal relacionado às mudanças climáticas e à biodiversidade. Um desses documentos foi a Agenda 21, que serve de base para que cada país, estado, município e/ou instituição elabore seu plano de preservação para o meio ambiente. Fica nítida aqui a preocupação com o controle da poluição am-biental e os impactos gerados pelas indústrias ao meio ambiente. Um terceiro item a ser inserido nas estratégias de sustentabilidade das organizações em-presariais, um controle maior aos impactos que causam ao meio ambiente.

Passados dez anos, é realizado em Joanesburgo, em 2002, a Conferência Mun-dial sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio + 10. O evento reafirmou o desenvolvimento sustentável como o elemento central da agen-

Empresas sustentáveis e a construção da

da internacional e introduziu um novo item à ação mundial, o combate à pobreza. Colocava aqui um componente importante no debate so-bre sustentabilidade, a distribuição de riqueza no mundo. Que planeta poderá ser sustentável se ainda existir pobreza e miséria? Que seguran-ça nossos filhos terão se não houver um equilí-brio social entre a humanidade? Já é sabido que os reflexos da pobreza se mostram pelo viés da violência, um problema a ser resolvido. Uma questão: como estão atuando as organizações empresariais nas ações relacionadas ao comba-te à pobreza e para a melhoria da distribuição de renda? Afinal, falamos de sustentabilidade!

Recentemente li um artigo que me encheu de otimismo, contava os valores da frugalida-de. Lembrei das brigas e da insistência do meu pai para eu não desperdiçar a comida no prato, porque havia gente passando fome, apagar a luz ao sair de um quarto, desligar a TV quando não estiver assistindo, para não desperdiçar água, aproveitar as roupas do meu irmão mais velho, conservar os livros escolares para usá-los no ano seguinte, e tantas outras recomendações que fa-ziam parte do pacote de educação na época.

Sabemos hoje que somos estimulados a con-sumir o tempo todo. Será preciso rever nosso modo de vida, resgatar conceitos como: sim-plicidade, sobriedade, modéstia, austeridade. Temos que buscar estilos de vida mais inteli-gentes, baseados na frugalidade e na susten-tabilidade. As empresas, entretanto, deveriam inovar nas suas práticas de produção e estímu-lo ao consumo, adotar políticas mais frugais em relação ao meio ambiente. Como diria Kofi An-nan, ex-secretário da ONU, “sem o setor priva-do, o desenvolvimento sustentável continuará sendo apenas um sonho distante. Não estamos pedindo às empresas que façam algo diferen-te de seus próprios negócios; estamos pedindo para fazerem seus negócios de maneira dife-rente”. Que venha a mudança. *Backer Ribeiro é relações públicas e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP. Professor da Faculdade de Comunicação e Marketing da FAAP/SP e professor conferencista da ECA/USP. É diretor da Communità, consultoria especializada em comunicação para a sustentabilidade.

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Muitas empresas já descobriram ou definiram o conceito de sustentabilidade. Mas serão empresas realmente sustentáveis?

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Visite o Portal do Meio Ambiente

www.portaldomeioambiente.org.br

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Considero o meio ambiente tão rico em expressões quanto a rosto hunano

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*Sávio Barbosa é um fotógrafo autodidata niteroiense, com boas experiências em fotografia jornalística e publicitária desde 1969. Premiado nos poucos concursos em que participou (Enitur e Ministério da Previdência), tem predileção por retratos até o advento da fotografia digital.

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na fossaO imperador dom Pedro II iniciou a cons-trução de esgotos no Brasil em 1857. Só a in-glesa Londres e a alemã Hamburgo dispu-nham, então, de sistemas de coleta de de-jetos. O Rio de Janeiro, a capital imperial, tornou-se a terceira cidade do mundo a in-vestir nessa infraestrutura.

O pioneirismo nacional no quesito sanea-mento terminou aí. Mais de 150 anos depois, 45% dos domicílios brasileiros ainda permane-cem desconectados do sistema de escoamen-to. Nesses lares, 90 milhões de pessoas usam fossas sépticas ou, pior, despejam seus excre-mentos em valas a céu aberto ou diretamente nos rios e no mar. A proporção de residências brasileiras ligadas à rede de esgotos é menor que a do Equador e semelhante à de Angola. E a evolução é lenta.

Na década passada, o sistema se expandiu à taxa pífia de 1,58% ao ano. Foi o pior resulta-do desde 1970. O descaso com o setor tem sido uma tônica negativa de todas as gestões, mas na petista ele é ainda maior. Em seu segundo mandato, o antecessor da presidente Dilma Rousseff destinou 5,7 bilhões de reais à exten-são da rede sanitária, só 4% do que seria neces-sário para universalizar o serviço. Em 2009, o presidente barbudo conseguiu um feito inédi-to na história do país: a proporção de domicí-lios atendidos encolheu. Se o ritmo imprimido por seu governo for mantido, os mais pobres só serão plenamente atendidos em 2048.

Na última década, o país registrou seu pior desempenho na expansão da rede de esgotos

Uma das promessas de campanha feitas por Dilma Rousseff no ano passado foi promover uma revolução no saneamento e estender a rede de esgotos a todos os domicílios até 2014. Mas a presidente não deu nenhum indício de que pretende manter esse compromisso. O Mi-nistério das Cidades planeja investir apenas 14,5 bilhões de reais no sistema de coleta nos próxi-mos quatro anos. Até o secretário nacional de Saneamento, Leodegar Tiscoski, reconhece que o valor não chega a um décimo do necessário para estender a rede de coleta à totalidade das residências. As consequências disso são graves. Onde não há esgoto proliferam a diarreia, a he-patite, a esquistossomose e a leptospirose. A ca-pital do Pará, Belém, é um bom mau exemplo.

Como apenas 6% de seus domicílios são liga-dos à rede de esgotos, a taxa de internação por diarreia atinge por ano 500 pessoas de cada grupo de 100.000 habitantes. É uma proporção 36 vezes maior que a da paulista Santos, onde 99% das casas estão conectadas ao sistema de coleta. O impacto sobre o ambiente também é devastador. Na Grande São Paulo, há oito meses a cidade de Guarulhos ainda lançava in natura no Rio Tietê os excrementos de todo o seu 1,2 mi-lhão de habitantes. Respondia assim por 10% da poluição do rio. É sabido que os políticos nacio-nais não investem em esgoto porque acreditam que enterrar tubos não rende votos. Não é por outro motivo que o Brasil não sai da fossa. Fontes: Instituto Trata Brasil e Ministério das Cidades

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saneamento básico

O BrasilAs capitais da porcaria Das 27 capitais brasileiras, somente sete têm mais de 80% dos seus domicílios conectados à rede de coleta de dejetos. Os centros com os maiores déficits nesse serviço estão nas regiões Norte e Nordeste

Cobertura de esgoto/capital1º Porto Velho (RO) - 2%2º Belém (PA) - 6%3º Macapá (AP) - 7%4º Manaus (AM) - 11%5º Teresina (PI) - 15%6º Rio Branco (AC) - 19%7º Maceió (AL) - 31%8º Natal (RN) - 31%9º Aracaju (SE) - 34%10º Recife (PE) - 37%

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São Sebastião, Porto Velho, Rondônia: apenas 2% da

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na fossa

O jornal Denver Post publicou em junho uma galeria do fotojornalista

Ulet Ifansasti, que na cidade de Jacarta,

Indonésia, esteve acompanhando os macacos

treinados que fazem truques na rua

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O cálculo é do estudo Contribuição das Unidades de Conservação (UCs) para a Economia Nacional, coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado dia 7 de junho.

A conta considera o potencial econômico de cinco bens e serviços propor-cionados pelas unidades de conservação: produtos florestais, uso público das áreas – principalmente para o turismo –, estoque de carbono conser-vado, água e repartição de receitas tributárias, baseada no modelo de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) Ecológico já adotado por alguns estados.

“A conservação deve ser vista como um setor da economia do país. O estudo pode permitir o planejamento de investimentos em conservação de maneira mais assertiva”, sugeriu o biólogo da Universidade Federal Rural do Rio de Ja-neiro (UFRRJ), Rodrigo Medeiros, um dos coordenadores técnicos do estudo.

A exploração sustentável de madeira em florestas nacionais na Ama- zônia, por meio de concessão pública, poderia gerar anualmente entre R$ 1,2 bilhão e R$ 2,2 bilhões aos cofres públicos. “Esse valor já ultrapassa o R$ 1 bilhão necessários para bancar a gestão das 800 unidades de conserva-ção do país”, comparou o economista Carlos Eduardo Young, da Universida-de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que também coordenou o estudo.

A extração de borracha e castanha poderia render mais R$ 52 milhões por ano, segundo os pesquisadores, considerando apenas parte das reservas ex-trativistas onde os produtos são explorados.

Para avaliar o potencial econômico do uso público das UCs, os pesquisa-dores consideraram principalmente as estimativas de aumento da explora-ção turística de 67 parques nacionais e o potencial multiplicador do turismo nas economias locais. “O Brasil tem potencial para gerar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 1,8 bilhão por ano, considerando as estimativas de fluxo de turistas proje-tadas para o país até 2016, ano das Olimpíadas”, diz o estudo. Em 2016, a renda movimentada pelo turismo nos parques pode chegar a R$ 2,2 bilhões.

Já o cálculo do potencial econômico do carbono estocado com a preser-vação das florestas em unidades de conservação considera que a criação dessas áreas evitou a emissão de pelo menos 2,8 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera. Esses créditos renderiam por ano, segundo os pes-quisadores, entre R$ 2,9 bilhões e R$ 5,8 bilhões. Para fechar a conta, o es-tudo aponta que estados que ainda não têm legislação de ICMS Ecológico poderiam arrecadar até R$ 14,9 milhões com a adoção do mecanismo, que compensa os municípios pela existência de UCs em seus territórios.

Unidades de conservação podem render cerca de

“Temos a comprovação de que floresta é so-lução, e não problema, do ponto de vista da compensação financeira. Fazer a conserva-ção de áreas florestais é uma forma de ativar a economia, por isso é preciso dar uma valor monetário à preservação”, disse Young.

Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, a possibilidade de calcular o potencial econômi-co de unidades de conservação pode ajudar a garantir investimentos para a implementação efetiva e a gestão correta dessas áreas. “Tradicio-nalmente os custos com conservação são vistos como gastos e não como oportunidades. Mui-tos setores assumem que a contribuição dos in-vestimentos em conservação tem impacto zero na economia, e isso nos derrota em discussões como a do Código Florestal”, afirmou.

Dias reconheceu que a implementação e ges-tão das UCs é ineficiente e disse que o cená-rio só mudará quando a conservação deixar de ser tratada como uma questão secundária. “Os recursos estão aquém do tamanho da ta-refa porque a sociedade e o governo não en-xergam a contribuição dessas áreas para o de-senvolvimento do país, encaram como uma questão marginal. Estamos falando de uma área significativa do território e damos aten-ção mínima a essas áreas”, disse.

O Sistema Nacional de Unidades de Conser-vação recebe cerca de R$ 450 milhões por ano, metade do mínimo necessário para a gestão e o funcionamento básico das unidades. Além desse custeio mínimo, os pesquisadores calcu-lam em R$ 1,8 bilhão o aporte necessário em infraestrutura e planejamento para que o po-tencial econômico das UCs seja aproveitado ao máximo. Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

A implementação efetiva das unidades de conservação e o aproveitamento do potencial econômico dessas áreas – que cobrem cerca de 15% do território do país – podem gerar pelo menos R$ 5,77 bilhões por ano, considerando um cenário conservador.

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Deste modo, afirma Vivek Arora “Os benefí-cios globais no que diz respeito à temperatu-ra de qualquer reflorestação realista devem ser marginais”.

A investigação revelou ainda que nem to-das as florestas contribuem de forma igual no combate ao aquecimento global, sendo as flo-restas tropicais 3 vezes mais eficientes do que as áreas florestais cobrem as regiões de latitu-des mais elevadas, como resultado da sua ca-pacidade de arrefecimento do meio envolven-te decorrente da evaporação de água, que au-menta a reflexão da luz solar.

Os autores deste estudo defendem por isso que a importância das florestas nas zonas tropicais está a ser subestimada quando se avalia o seu potencial para contrariar o au-mento das temperaturas exclusivamente através da sua capacidade de absorver e ar-mazenar de carbono.

Esta função de captura e armazenamen-to do dióxido de carbono constitui a base do Programa de Redução das Emissões resultan-tes da Destruição e Degradação das Florestas (REDD), através do qual os países em desen-volvimento são pagos para preservar as suas florestas de acordo com a quantidade de CO2 que retêm. Fonte: www.newscientist.com

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Cientistas canadianos publicaram recen-temente na revista Nature Geoscience um estudo analisa a eficiência da refloresta-ção do planeta no combate às Alterações Climáticas.

Os investigadores Vivek Arora e Alvaro Montenegro da Environment Canadá/Uni-versidade de Victoria (British Columbia) e da Universidade de St Francis Xavier, recorreram à modelação computacional para determinar o impacto da conversão em florestas das áre-as agrícolas no que diz respeito à limitação da subida da temperatura.

Os seus resultados indicam que a substitui-ção de metade ou de todas as zonas cultivadas por florestas até 2060 resultaria apenas numa diminuição das temperaturas em 2100 na or-dem dos 0,25 ºC e 0,45 ºC, respectivamente.

A investigação, que recorreu à modelação computacional, chegou à conclusão que a substituição de todas ou de

metade das áreas cultivadas do planeta por florestas até 2060 resultaria, apenas, numa redução das temperaturas

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toneladas de carbono, sendo que a América Latina é responsável por metade desse valor, e o Brasil, por si só têm acumuladas nas suas flo-restas 61 mil milhões de toneladas de carbono, quase 25% do valor global.

O autor principal da investigação, Sassan Sa-atchi explica que “Estes padrões de armazena-mento de carbono, desconhecidos até à data, dependem do clima, solo, da topografia e da história de perturbação das florestas por parte do homem.”

O inovador mapa vai servir de referência para estudos de monitorização do carbono e permitir a identificação de fontes de emissões quando combinado com imagens de satélite de desflorestação.

Por outro lado, o mapa será uma ferramen-ta útil para os países dos trópicos que parti-cipam no programa que pretende Reduzir as Emissões da Desflorestação e Degradação das Florestas (REDD+), promovido pela ONU, e que pretende minimizar a destruição das florestas do planeta – que é responsável por até 20% das emissões de carbono – através do pagamento aos países que dos serviços que prestam pela captura e armazenamento de carbono. Fonte: www.gizmag.com

Foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences os resul-tados de um inovador estudo que analisou com detalhe a capacidade das florestas tro-picais do planeta armazenarem carbono.

A equipe de investigação liderada pela NASA recorreu a uma combinação de dados de satéli-te e medições realizadas no solo para, pela pri-meira vez construir um mapa global que per-mite comparar as contribuições de diferentes tipos de florestas em distintas partes do mundo no que diz respeito à retenção de carbono.

Os resultados revelaram que as florestas tro-picais acumulam, no total, 247 mil milhões de

Esta é uma das conclusões do estudo que levou à elaboração de um mapa mundial do armazenamento de carbono por parte das florestas tropicais, elaborado a partir da dados de satélite e de medições feitas no solo, e que é o primeiro do gênero a comparar florestas de diferentes tipos e estruturas numa escala global

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No estado do Pará, na confluência do rio Tapajós (centro inferior) e Amazonas (correndo de oeste para leste através da imagem ao centro), áreas da floresta amazônica que estão sendo derrubadas para exploração madeireira, pecuária e agricultura para exportação espalham-se ao norte e ao sul das margens. Essas áreas desmatadas aparecem em verde mais claro do que as florestas ao redor intactas, e são facilmente reconhecíveis em imagens de satélite devido à forma como o desmatamento, muitas vezes se espalha em um padrão de espinha de peixe. Extremamente raro na floresta, mesmo durante épocas de seca, o fogo é agora uma ocorrência comum na Amazônia, e é utilizado como uma ferramenta de gestão da terra.

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código florestal

Na véspera da votação do projeto de re-forma do Código Florestal na Câmara dos Deputados, um grupo de ex-ministros do Meio Ambiente peregrinou pelo Congresso para levar suas contribuições à polêmica proposta do relator Aldo Rebelo (PC do B), que seria aprovada no dia seguinte.

Entre eles estava Paulo Nogueira-Neto, o primeiro a ocupar a pasta, quando ain-da era uma secretaria especial no governo militar. Aos 89 anos e se locomovendo com a ajuda de uma cadeira de rodas, Nogueira- Neto fez questão de participar do encon-tro. “Não queremos prejudicar a agricul-tura. Estamos pedindo que a reforma do Código Florestal seja feita com respaldo científico”, diz ele, um dos mais respeita-dos ícones do ambientalismo brasileiro.

De sua residência em São Paulo – um es-paço de 4 mil m2 reflorestado por ele, com espécies da Mata Atlântica – Nogueira-Neto falou ao Estado.O sr., com outros sete ex-ministros do Meio Ambiente, levou aos parlamentares contri-buições para o novo Código. Como foi?

Eu fui “convocado” às pressas. Num do-mingo, depois do almoço, a (ex-senadora) Marina Silva me telefonou e pediu para ir imediatamente para Brasília. Fui até o Ae-roporto de Viracopos, comprei uma passa-gem e fui. À noite já estava lá. Nós falamos com o presidente do Senado, da Câmara, todos com boa vontade em nos atender.Depois vocês foram falar com a presiden-te Dilma Rousseff.

Fomos falar com a presidente. Pedimos o encontro de última hora, mas ela nos rece-beu. E, para nós, foi uma agradável surpre-sa verificar que as preocupações dela eram praticamente as nossas. Queremos fazer uma legislação que seja eficiente, boa. Não queremos prejudicar a agricultura. Mas também não podemos prejudicar o meio ambiente, agravar o efeito climático.

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Houve algum compromisso por parte da presidência?Dilma absolutamente não concorda com a anistia a quem desmatou.

Ela tem compromissos internacionais, está preocupada com os efeitos do desmatamento. Saímos de lá contentes.Em compensação, a Câmara aprovou a reforma do Código Florestal por 410 votos a favor, 63 contrários e 1 abstenção.

Eu atribuo a grande derrota na Câmara a fatores políticos, que indepen-dem de nossa vontade. Grande parte dos deputados que votaram con-tra nós votou, na verdade, contra o governo. Havia a questão do Palocci (o ex-ministro Antonio Palocci). Mas esse texto não deverá ter vida longa. No Senado, será possível reverter a derrota na Câmara.Qual a expectativa para as negociações do Código no Senado?

Tudo indica que teremos ainda três ou quatro meses para discutir o as-sunto no Senado. O que pedimos é a coisa mais lógica: que se reforme o Có-digo com respaldo científico. Nesse tempo será possível informar os sena-dores dos riscos que o País corre se o Código for aprovado do jeito que está. O Código do Aldo Rebelo tem coisas boas, mas há pontos desastrosos.Quais são os pontos bons e os desastrosos?

É desastroso o fato de que os Estados poderão dar a palavra final sobre o desmatamento. O texto reproduz o Código antigo em vários pontos, mas lá no meio há um dispositivo que permite aos Estados, sem intervenção da União, derrubar o que quiserem. Já se fala em um desmatamento do tama-nho do Paraná. Isso é gravíssimo. Nós queremos uma legislação equilibra-da, sem prejuízos à agricultura. A Embrapa merece os maiores elogios, pois aumentou a produtividade. Nisso estamos de pleno acordo, o Brasil precisa de uma agricultura moderna.Rebelo diz que a lei atual penaliza o produtor. Qual sua opinião?

O problema é a falta de compreensão. Aldo Rebelo acredita que há uma conspiração internacional, que as ONGs querem que o Brasil fique numa condição agrícola difícil. Não conheço nenhuma ONG que tenha cria-do dificuldades para a agricultura brasileira. Agora, é verdade que as ONGs internacionais estão preocupadas com o desmatamento no Brasil. E nós também estamos. E se não estamos, deveríamos estar, por causa do aquecimento climático.Governos anteriores incentivaram a ocupação da Amazônia e a derruba-da da floresta. Hoje qual seria o caminho para o desenvolvimento susten-tável na região?

Primeiro, é preciso um bom Código Florestal para segurar o desmatamen-to. Segundo, é necessário subsidiar os produtos da floresta para que as po-pulações locais a proteja. Mas temos de dar um passo além, pagar mais do que esses produtos valem, como fazem na Europa. Incluir nessa conta o va-lor dos serviços ambientais prestados. Se estivesse no governo, faria isso com urgência, para não acontecer o que ocorre no Acre hoje em dia. Os an-tigos seringueiros estão começando a criar gado para não morrer de fome.

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E as hidrelétricas na Amazônia, podem trazer a prosperidade que o governo espera? Como fi cam os impactos ambientais?

O aproveitamento dos rios têm de seguir cuidados especiais para reduzir o impacto. É preciso fazer eclusas, para que os peixes possam migrar e os rios sejam aproveitados para navegação. Outra coisa: as represas não podem ser muito grandes. Reservatório blo-queia a migração da fauna terrestre. Mas a energia do futuro é a fusão nuclear, obtida de dois isótopos de hidrogênio. É possível fazer energia barata, abundante, pouco radioativa. A energia do futuro é essa, além dos reforços da solar e eólica. Quando essa energia estiver disponível, as hidrelétricas fi carão obsoletas.E como fi ca a exploração do pré-sal no momento em que o mundo busca uma transição para fontes mais limpas?

Não sou contra a exploração do pré-sal, porque o País pode precisar dele para seu desenvolvimento. Mas tem de ser feito de forma ordenada. O Brasil deve plantar grandes extensões de fl orestas para com-pensar essas emissões. Também precisa-mos de planejamento das cidades costei-ras. Nós não podemos permitir que ocorra a favelização da Serra do Mar.Desde que o sr. foi secretário especial de Meio Ambiente (de 1974 a 1986), o que mudou no País em termos de conscientização ambiental?

O País mudou muito. Eu sou testemunha disso. Antes, nós ambientalistas éramos malvistos. A opinião pública, achava que pri-meiro precisava desenvolver para depois, en-tão, pensar no meio ambiente. Na secretaria, um dos principais desafi os era despertar a consciência para isso. Me deram cinco fun-cionários, três salas e nenhum poder de mul-tar. Fizemos a Política Nacional de Meio Am-biente, durante o governo Figueiredo, que é a base de nossa legislação ambiental. Fonte: Estado de S. Paulo

O desmatamento na Amazônia caiu 44% no último mês de maio se com-parado com o mês de abril deste ano. Os dados, divulgados em 30 de ju-nho, são do Sistema Deter, do Inpe, que mede o corte raso e a degradação da fl oresta em tempo real. A área desmatada, captada pelos satélites que monitoram o bioma, registrou uma redução este mês de mais de 200 km², o que aponta uma tendência de queda.

O recuo de 477,2 km², para 267,9 km² é explicado pelo Ministério do Meio Ambiente como consequência das duras medidas adotadas nos meses de março e abril pelo Gabinete de Crise. Formado em março, após o anúncio de crescimento do desmate, a força tarefa integrada pelo Ibama, Polícia Fede-ral, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança e o Exército, in-tensifi cou suas ações tanto no combate ao desmatamento ilegal, quanto no patrulhamento das rodovias por onde a madeira ilegal é transportada.

O número de alertas emitidos para orientar o Ibama nas fi scalizações dobrou, o que indica que os satélites conseguiram captar com mais precisão as ima-gens do desmatamento na Amazônia. O tempo mais aberto permitiu uma me-lhor visualização. De janeiro a junho deste ano foram embargados 500 km² na região e apreendidos mais de 30 caminhões de toras de madeira ilegal. Além disso, sete novos municípios foram incluídos na lista dos maiores desmatado-res, sujeitos a medidas especiais de fi scalização, que subiu para 48.

O Ibama colocou 400 fi scais somente no Mato Grosso, nas áreas mais sensí-veis, realizando operações onde havia crescimento registrado pelo sistema de monitoramento. O estado continua respondendo pelas maiores taxas de des-matamento. Em maio foram 93,67 km², cerca de 35% do total. Em segundo lu-gar veio Rondônia, com 67,17 km². Os municípios que mais desmataram foram Porto Velho (RO), com 41,8 km², seguido de Altamira, no Pará, com 21,3 km² .

Os dados do Deter revelam, ainda, que em maio de 2011 o desmatamento na Amazônia superou os números dos anos de 2009 e 2010 para o mesmo mês. Porém, com a ressalva de que em anos anteriores, o sistema de detec-ção captou áreas maiores que as atuais (2,92 km² ), contra áreas de menos de um quilômetro quadrado este ano. Isso demonstra que a tendência dos des-matadores é cortar áreas cada vez menores em maior número.

Baixe o boletim do Deter em http://www.mma.gov.br/estruturas/ascom_boletins/_arquivos/determaio2011_83.pdf

Desmatamento amazônico cai quase peLa metade

Ministros Izabella Teixeira e José Eduardo Cardozo e Silval Barbosa, Governador do MT, durante operação contra desmatamento em SinopJe

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O Deter, sistema de detecção do desmatamento em tempo real, registrou uma queda em maio de 44% em relação a abril de 2011. Ação do Gabinete de Crise foi decisiva para reduzir de 477,2 para 267,9 km²

Aldo Rebelo acredita que há uma conspiração internacional, que as ONGs querem que o Brasil fique numa condição agrícola difícil. Não conheço nenhuma ONG que tenha criado dificuldades para a agricultura brasileira(Paulo Nogueira-Neto)

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O Ibama identificou uma área de floresta amazônica, do tamanho de 180 campos de futebol, destruída pela ação de herbicidas. A terra, que pertence à União, fica ao sul do mu-nicípio amazonense de Canutama, na divisa com Rondônia. O responsável pelo crime am-biental ainda não foi identificado pelo órgão.

Em sobrevoo de duas horas de helicóptero, na segunda semana de junho, analistas do Ibama observaram milhares de árvores em pé, mas desfolhadas e esbranquiçadas pela ação do veneno.

Encontraram também vestígios de extra-ção de madeira por motosserras e queima-das, práticas usadas para limpar o terreno. Especialistas dizem que os agrotóxicos, pul-verizados de avião sobre as florestas nativas, matam as árvores de imediato, contaminam solo, lençóis freáticos, animais e pessoas.

Anteontem, a Folha informou que o Ibama apreendera quatro toneladas de agrotóxicos que seriam usados para esse fim. Até agora, o único registro de uso dessas substâncias em desmatamentos no Estado era de 1999.

O Ibama de Rondônia, por sua vez, afirma que, em 2008, flagrou uma área de cinco hectares destruída por herbicidas na região de São Francisco do Guaporé.

Florestas públicasJerfferson Lobato, chefe da Divisão de Contro-

le e Fiscalização do Ibama no Amazonas, afir-ma que o uso de agrotóxicos acelera o desma-tamento de florestas públicas (pertencentes à União ou aos Estados), que são um dos alvos da ação de grileiros, fazendeiros e madeireiros.

O fenômeno é recente, no entanto. O mais comum é devastar com motos-serras, tratores e queimadas. “Eles [os infratores] mudaram de estratégia porque em pouco tempo conseguem destruir mais áreas com os agrotóxi-cos. Assim, deixam de mobilizar muitos extratores para driblar a fiscaliza-ção do Ibama”, afirmou Lobato.

O Ibama chegou à área destruída, de 178 hectares, depois que o sistema por satélite Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), apontou indícios do crime am-biental. “Fomos verificar e confirmamos a destruição.”

Para encontrar o local no sul de Canutama (555 km em linha reta de Ma-naus), os analistas ambientais do Ibama partiram de helicóptero de Hu-maitá (AM) em direção a Porto Velho (RO).

A terra atingida fica entre o Parque Nacional de Mapinguari e a terra in-dígena Jacareúba/Katawixi, que ainda não foi demarcada. De acordo com o chefe da delegacia especializada em repressão contra crimes ambien-tais e patrimônio histórico da Polícia Federal, delegado Carlos André Gas-tão, pulverizar agrotóxicos em florestas é crime. Um inquérito deve ser aberto para investigar a denúncia, após a notificação do Ibama. “A pessoa será responsabilizada pelo uso indevido de agrotóxicos e pelo desmata-mento”, disse. A multa pode chegar a R$ 2 milhões, afirma o órgão.

Alta e baixaO Inpe divulgou ontem os dados do Deter correspondentes ao mês de

maio deste ano. Foram derrubados 268 km² de mata na Amazônia, um au-mento em torno de 2,5 vezes em relação ao mesmo mês do ano passado.

É, no entanto, uma desaceleração no desmate em relação aos meses de março e abril, quando a média da área derrubada chegou a quase 300 km². O governo atribui a diferença ao fortalecimento da fiscalização em abril. Fonte: Folha.com

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comunicação ambental

O programa Observatório da Imprensa de 14 de junho transmitido pela TV Brasil e con-duzido pelo jornalista Alberto Dines fez uma discussão sobre o estranhamento da grande mídia sobre a Amazônia. Participaram como convidados o cientista político Sérgio Abran-ches, o antropólogo Alfredo Wagner Almeida e a repórter de meio ambiente Afra Balazina, do Estado de S.Paulo. A tese do programa era a de mostrar as limitações da grande mídia (leia-se os veículos do sudeste) em cobrir o país em sua totalidade, sobretudo a Amazônia.

Os convidados deram uma grande contribui-ção à discussão mostrando que os problemas da região são muito mais complexos do que a mídia pressupõe. Wagner, coordenador do im-portantíssimo Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia fez um paralelo sobre o aumento da violência no campo e a revisão no Congres-so Nacional do Código Florestal. Abranches fa-lou do enfraquecimento do interesse da mídia pelo tema e a jornalista do Estadão mostrou a dificuldade de se cobrir à distância assuntos delicados e urgentes.

No entanto, algumas abordagens sobre a Ama-zônia não foram consideradas como se deveria. Apesar do esforço do antropólogo em mostrar esses debates, Alberto Dines sempre voltava a questão da necessidade de mais profissionais dos maiores jornais distribuídos pelo país e em vários momentos criticou a cobertura dos veí-culos locais. Ainda que grande parte dos veícu-los pequenos mereça críticas e que o jornalista é um grande pensador brasileiro, seu enviesa-mento no programa deixou muitas abordagens interessantes sem serem discutidas.

Uma questão muito importante se refere ao fato de que a imprensa brasilei-ra não conhece a Amazônia. Trata a região que abriga nove estados e mais de 60% do território brasileiro como se fosse uma coisa só, desconsiderando suas diferenças geográficas, econômicas, de biodiversidade, cultural, potencialida-des e problemas. Essa limitação é ancorada num outro fator muito preponde-rante: o mito sobre a Amazônia. É do senso comum conceber a Amazônia como sendo uma grande floresta em que mesmo em capitais como Manaus, Belém ou Cuiabá é possível ver índios andando semi-nus nas ruas e não raro se depa-rar com uma onça pintada na esquina ou um jacaré saindo da beira do rio.

Mais do que isso, cria-se um imaginário quase onírico ou saído das páginas de José de Alencar sobre os povos que habitam a região. Já faz alguns anos que parei de contar as vezes que algum amigo, familiar ou jornalista fez conside-rações etnocêntricas sobre comunidades indígenas quando constatam, por exemplo, que em muitas (talvez a maioria das aldeias em Mato Grosso) exis-tem escolas, telefone, televisão e seus moradores andem vestidos. “Nossa, eles deixaram de serem índios”, é o que mais escuto. Não necessariamente por mal-dade e sim por ignorância, mesmo. No sentido literal do termo.

É claro que a Amazônia tem que sair na mídia por conta do desmatamen-to que voltou a aumentar e a violência no campo que explodiu na mídia, embora aconteça sistematicamente desde antes da morte de Chico Mendes e Irmã Dorothy, em várias regiões. Mas também tem uma riqueza social, cultural, econômica e ambiental que tem que ser valorizada e discutida na mídia com intensidade parecida.

É muito fácil os jornalistas do sudeste criticarem as mídias do norte por não repercutirem tanto os descasos de sua região, embora sofram muito mais de carência de pessoal e infra-estrutura. E sim, e é claro que quase a totalidade das mídias locais pertence ou sofre severas influências de políticos locais que impedem a divulgação de determinados temas. Mas essa censura (às vezes velada, às vezes às claras) não é privilégio dos pequenos grupos.

As grandes corporações de comunicação também evitam assuntos ao má-ximo ou deturpam de tal maneira temas como Terras Indígenas, comunida-des tradicionais e grandes obras de infra-estrutura que reforçam estereótipos e preconceitos de tal maneira que dificulta ainda mais que as vozes dos que precisam gritar sejam ouvidas. A grande mídia precisa descer do pedestal e de suas torres de marfins e ir mais a campo, contar com jornalistas locais e ouvir fontes mais diversas. Existe um mundo de organizações não-governamentais, associações de assentados, comunidades tradicionais e indígenas que sistema-ticamente divulgam suas lutas por sites, blogs e emails, que ajudam a diminuir a distância entre os fatos da Amazônia e os jornalistas do sudeste.

A mídia quando quer faz boa cobertura sobre qualquer assunto. E talvez seja esse o verbo que falte às redações! Fonte: Pauta SocioAmbiental* André Alves é jornalista em Mato Grosso e especialista em Antropologia

A Amazônia da grande mídIa

Anapu (PA) - Monumento em homenagem à missionária americana Dorothy Stang, cujo assassinato foi assunto muito explorado pela mídia “do sudeste”, em 2005

Tese de programa televisivo mostra as limitações da grande mídia – leia-se os veículos do sudeste – em cobrir o país em sua totalidade, sobretudo a Amazônia

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Talvez não haja na história econômica do Brasil nenhum exemplo tão indiscutível de transformação de eficiência e produtividade como na agropecuária. Essa modernização só se tornou possível graças à pesqui-sa tecnológica, que erradicou o pessimismo sobre a agricultura tropical.

A tecnologia, afirma-se, permitiria expandir a produção sem devastar mais a floresta e o cerrado que restam. Os 70 milhões de hectares de pastagens degradadas poderiam servir de reserva à expansão agrícola ou florestal.

Em teoria, tudo isso é verdade. Na prática, o que se vê é pouco. Sinais positi-vos como o aumento de produção em proporção maior do que a expansão da área plantada são largamente compensados pela destruição. De forma ine-xorável, a fronteira agrícola avança rumo ao coração da floresta amazônica.

O choque da devastação em Mato Grosso estimulada pelo projeto de lei apro-vado na Câmara provocou a mobilização do governo em verdadeira operação de guerra. O resultado foi pífio: a destruição apenas se reduziu marginalmente.

Essa mesma desproporção entre esforços de preservação e resultados precários, geralmente revertidos logo depois, caracteriza o panorama de desolação em todas as regiões e em todos os biomas: mata atlântica, caa-tinga, Amazônia, cerrado, árvores de Carajás convertidas em carvão para o ferro-gusa.

As entidades do agro protestam que suas intenções são progressistas. Contudo o comportamento de parte considerável de seus representados desmente as proclamações. Mesmo em Estado avançado como São Paulo e lavoura rentável como a da cana, quantos recuperaram as matas ciliares de rios e nascentes?

Tem-se a impressão de reeditar o debate sobre o fim da escravatura. To-dos eram a favor, mas a unanimidade não passava de ilusão.

É fácil concordar sobre os fins; o problema é estar de acordo sobre os meios e os prazos. Sempre que se falava em datas, a maioria desconversava: o país não estava preparado, era preciso esperar por futuro incerto e distante.

Em 1847, um agricultor esclarecido, o barão de Pati de Alferes, se escan-dalizava com a aniquilação da mata atlântica no manual prático que es-creveu sobre como implantar uma fazenda de café: “Ela mete dó e faz cair o coração aos pés daqueles que estendem suas vistas à posteridade e olham para o futuro que espera seus sucessores”.

De nada adiantou: o café acabou devido à destruição dos solos. A joia da economia imperial deu lugar às cidades mortas fluminenses e paulistas. Não foi só naquela época. No auge da pecuária no vale do rio Doce, como lembra o ex-ministro José Carlos Carvalho, um hectare sustentava 2,8 ca-beças de gado; hoje, mal chega a 0,6!

Produto do passado da erosão e da secagem das nascentes, o processo agora se acelera por obra do aquecimento global, que atingirá mais cedo e mais fortemente áreas tropicais como o Brasil. Sem compatibilização entre produção e ambiente, o destino da agricultura será o do suicídio dos fazendeiros fluminenses e do rio Doce.

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Se a agricultura brasileira não conseguir sustentar a impressionante trajetória das últimas décadas, será devido à incapacidade de resolver com inteligência o desafio do meio ambiente.

Nós, mais de 4 mil participantes da 10ª Jornada de Agroecologia, vindos de diferentes regiões do Brasil e de outros países da América Latina reu-nidos na cidade de Londrina/Paraná – Brasil, en-tre os dias 22 a 25 de junho de 2011, reafirmamos nosso compromisso com a Agroecologia e assim damos continuidade a nossa luta por uma Ter-ra Livre de latifúndios, Sem Transgênicos e Sem Agrotóxicos, e pela construção de um Projeto Po-pular e Soberano para a Agricultura.

No dia-a-dia os camponeses e as camponesas seguem construindo a agroecologia em siste-mas produtivos sustentáveis que garantem so-berania alimentar e contribuem decisivamente com a superação das crises alimentar, climática e energética.

Esta luta cotidiana da afirmação da agroeco-logia não conta com políticas públicas estru-turantes, como: reforma agrária, educação do campo da primeira infância à universidade, pes-quisa científica e assistência técnica, infra-estru-tura social e produtiva com fomento a produ-ção, agro-industrialização e comercialização de modo a potencializar os excelentes resultados com programas governamentais, ainda parciais e isolados, como o PAA, PNAE e PRONERA.

Em oposição ao campesinato e a agroecologia, o Estado segue patrocinando majoritariamente a reprodução e a expansão do agronegócio que concentra terra, impede a reforma agrária e os direitos territoriais dos quilombolas, povos indí-genas e comunidades tradicionais, situa-se des-de 2008, como o maior usuário mundial de agro-tóxicos, com 6 litros de veneno por pessoa/ano, vem impondo os transgênicos ampliando o do-mínio das transnacionais sobre a agricultura e os agricultores, mercantiliza a natureza, destrói a biodiversidade com os monocultivos, a pecuá-ria extensiva e a eliminação das florestas nati-vas, utiliza-se do trabalho escravo e da crimina-lização e assassinato de lideranças camponesas, indígenas e ambientalistas.

É no âmbito dos seus interesses e da ampliação do lucro que o agronegócio age pelo desmante-lamento do Código Florestal, impõe barreiras a proibição de agrotóxicos comprovadamente carcinogênicos, teratogênicos e desreguladores endócrinos já banidos em muitos países, hege-monizaram o controle da CTNBIO para aprovar transgênicos violando o princípio da precaução,

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jul 2011revista do meio ambiente

meio ambiente rural

atacam a moratória internacional contra a libe-ração das tecnologias “terminator” – “extermi-nador” na tentativa de aprovar projetos de lei no Congresso Nacional, e desarticulando as políti-cas públicas especialmente ambientais no intuito de impor a mercanti-lização da biodiversidade.

Por uma agricultura cam-ponesa agroecológica sus-tentável e a soberania ali-mentar, nós, participantes da 10ª Jornada de Agroecologia reivindicamos dos Governos dos Estados e Federal: 1 – Criação e implementação imediata de políticas públicas estruturantes à promoção da agroecologia;2 – Implementação de políticas públicas que efetivem a legisla-ção ambiental atual e derrubada no Senado Federal do PL do “Có-digo do Desmatamento”(relatorio aldo rabelo), aprovado na Câmara Federal;3 – Banimento de todos os agrotóxicos e de ime-diato dos 14 princípios ativos já comprovados pela ANVISA como perniciosos a saúde e ao meio ambiente em total desacordo com a legis-lação vigente; 4 – Manter a Moratória Internacional contra a liberação das tecnologias “terminator” – “exter-minador”, não aprovando o Projeto de Lei em tra-mitação na Câmara Federal que preconiza a le-galização da tecnologia das sementes estéreis;5 – Fazer cumprir o princípio da precaução e a le-gislação de rotulagem dos produtos com trans-gênicos, combater o monopólio das empresas transnacionais sobre as sementes e a contami-nação genética com transgênicos, e revisar as normas e liberações das cultivares transgênicas;6 – Garantir política pública de proteção aos defen-sores e defensoras de Direitos Humanos ameaça-dos/as e combate a criminalização dos Movimen-tos Sociais e a violência e impunidade no campo;7 – Na Conferência Internacional da ONU – RIO +20, a se realizar em junho de 2011 no Brasil, afi r-mar que o caminho para a conservação e uso sus-tentável da biodiversidade não passa pela priva-tização e mercantilização dos bens comuns.

Londrina, Paraná, Brasil, 25 de junho de 2011.

carta 10ª Jornada de Agroecologia

CARTA AO GOVERNO EM DEFESA DA PROIBIÇÃO DO VENENO METAMIDOFÓS, PELA ANVISA

Excelentíssima Chefe da Casa Civil Senhora Gleize Hoff man, Excelentíssimo Ministro da Saúde Senhor José Padilha e,Excelentíssimo Presidente da ANVISA Senhor Dirceu Barbano,

Nós, participantes da 10ª Jornada de Agroecologia, abaixo as-

sinados, requeremos a proibição nacional imediata da fabrica-ção, comercialização e uso do veneno Metamidofós, conforme determinação da ANVISA pela RDC 10/2008.

Esta determinação se baseou em estudos técnicos científi cos da Fiocruz, que em nota técnica detectou que o referido veneno traz graves consequências para a saúde pública, em especial se tratando de um neurotóxico (com características imunotóxicas, além de ser tóxico para o sistema endócrino, reprodutor e tam-bém para o desenvolvimento embriofetal) e infl uindo negati-vamente e com graves impactos no desenvolvimento reprodu-tivo dos seres humanos (desregulador endócrino). Esta medida,

além de ser uma imposição legal de acordo com o que dispõe o art. 3., § 6, alíneas c e d da lei 7.802/89 e art. 31 do Decreto 4074/02, é mais do que necessária e urgente, haja vista que a maioria dos países do mundo já proi-biu sua utilização há vários anos, inclusive EUA, Europa e a China, e justifi -cativas meramente econômicas não podem servir para a manutenção dos graves danos que este ingrediente ativo vem causando à saúde humana.

Sabe-se que, de última hora, há pressões empresariais para adiar a fi nali-zação defi nitiva de sua fabricação, por mais seis meses. Isto é inaceitável e injustifi cável, levando-se em consideração que até os quatro principais fabri-cantes já cessaram sua utilização. Diante disto, nós agricultores, movimentos sociais, igrejas e pesquisadores, viemos exigir a manutenção da RDC 10/2008 da ANVISA que estabelece a necessidade de reavaliação deste veneno, e a RDC 01/2011 no que tange à defi nição de limite máximo para fi nalização de sua formulação até 30 de junho de 2011, mas que, para além dela, tanto a fa-bricação, como a venda e uso deste veneno sejam fi nalizados também até o prazo máximo de 30 de junho de 2011, ou seja, imediatamente!

Agroecologia, soberana e popular – Por uma terra livre de transgênicos e agrotóxicos

Londrina, 24 de Junho de 2011.

Seguem- se no documento original mais de tres mil assinaturas.

SE VOCE QUISER ADERIR Mande sua adesão para Dirceu Barbano, presidente da ANVISA – [email protected]; Ministro da Saúde, Dr.José Padilha, a/c gabinete – [email protected]; Secretaria Operativa Jornada de Agroecologia – [email protected] – Vanessa Gardin – 43 9937-2948

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cas públicas especialmente ambientais no

Por uma agricultura cam-ponesa agroecológica sus-tentável e a soberania ali-mentar, nós, participantes da 10ª Jornada de Agroecologia reivindicamos dos Governos

1 – Criação e implementação imediata de políticas públicas estruturantes à promoção da

2 – Implementação de políticas públicas que efetivem a legisla-ção ambiental atual e derrubada no Senado Federal do PL do “Có-

Excelentíssima Chefe da Casa Civil Senhora Gleize Hoff man, Excelentíssimo Ministro da Saúde Senhor José Padilha e,Excelentíssimo Presidente da ANVISA Senhor Dirceu Barbano,

Nós, participantes da 10ª Jornada de Agroecologia, abaixo as-sinados, requeremos a proibição nacional imediata da fabrica-ção, comercialização e uso do veneno Metamidofós, conforme determinação da ANVISA pela RDC 10/2008.

Esta determinação se baseou em estudos técnicos científi cos da Fiocruz, que em nota técnica detectou que o referido veneno traz graves consequências para a saúde pública, em especial se tratando de um neurotóxico (com características imunotóxicas, além de ser tóxico para o sistema endócrino, reprodutor e tam-bém para o desenvolvimento embriofetal) e infl uindo negati-

além de ser uma imposição legal de acordo com o que dispõe o art. 3.,

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Dia 31 de agosto completará 30 anos a Política Nacional do Meio Ambiente, consolidada na Lei 6.938. Que balanço se pode fazer dessas três décadas?

A lei surgiu no momento em que o mundo se preocupava com os primeiros relatórios sobre o buraco na camada de ozônio, sobre a inten-sificação de mudanças climáticas em conse-quência de ações humanas, com as altas taxas de perdas de florestas. O temor das consequên-cias do buraco na camada de ozônio, até sobre a saúde humana (câncer de pele, principalmente), levaria a um dos raríssimos acordos globais na área dita ambiental: o Protocolo de Montreal, de 1987, que determinou a cessação do uso de gases CFC, principalmente em sistemas de refrigera-ção. Clima e biodiversidade (em perda acelerada) constituiriam os objetos centrais da conferência mundial Rio-92, que aprovaria uma convenção para cada área, além da Agenda 21 global e de uma declaração sobre florestas.

A lei era surpreendente e ambiciosa para um tempo de regime militar, em que a palavra de ordem central e excludente de outras preocu-pações era o crescimento a qualquer preço do produto interno bruto – a ponto de, numa entre-vista coletiva no início da década de 70, quando perguntado pelo autor destas linhas sobre o que o governo pretendia fazer diante das notícias do forte aumento do desmatamento no Cen-tro-Oeste e no Noroeste com o asfaltamento da BR-364, o então todo-poderoso ministro Delfim Netto haver respondido: “Nada. Você está que-rendo inverter a ordem natural das coisas. Pri-meiro vem o faroeste, só depois é que chega o xerife; você está querendo que o xerife chegue primeiro”. Só agora, 40 anos depois, em depoi-mento no livro O que os Economistas Pensam da Sustentabilidade, de Ricardo Arnt, o ex-ministro admite que jamais pensou que viesse um dia a preocupar-se com o consumo excessivo de re-cursos naturais, além da capacidade de reposi-ção do planeta. Mas a lei já dizia que um de seus objetivos era “compatibilizar o desenvolvimento econômico e social com a preservação do meio ambiente e do equilíbrio ecológico”.

Também pretendia a lei racionalizar o uso do solo, do subsolo, da água e do ar, impor ao po-luidor e ao predador a obrigação de recuperar e/ou indenizar pelos danos causados, da mes-ma forma que impunha ao usuário a obriga-toriedade de “contribuição pela utilização de

cumprI-La?30 anos da lei ambiental, que fazer para

recursos ambientais com fins econômicos”. Pretendia ainda levar “as ativi-dades empresariais públicas ou privadas” a serem exercidas em “consonân-cia com as diretrizes da política”.

Talvez o maior êxito dessas três décadas seja a construção de uma cons-ciência social nessa área – embora frequentemente ela não se traduza em avanços práticos. Ainda há poucos dias foi divulgada pesquisa de várias instituições segundo a qual 95% das pessoas ouvidas não concordam com modificações no Código Florestal que permitam plantações e pecuária em áreas de preservação permanente, como encostas, topos de morros e mar-gens de rios. E querem que cientistas sejam ouvidos, além de não concorda-rem (79%) com anistia a desmatadores.

A questão central não resolvida pela lei está na carência de recursos para im-plantação de políticas e fiscalização eficiente. Já se tem comentado aqui que o Ministério do Meio Ambiente tem pouco mais de 0,5% do Orçamento federal e que também nos Estados e municípios os recursos são escassos. Não é por aca-so, assim, que já tenham sido desmatados uns 20% do bioma amazônico, mais de 93% da Mata Atlântica, mais de 50% do Cerrado e da Caatinga. E que esse desmatamento, aliado a queimadas, seja a causa principal das emissões de ga-ses que contribuem para mudanças climáticas.

Um balanço mostrará também que a área dos recursos hídricos continua muito preocupante, com todas as bacias, da Bahia ao Sul, em “situação crítica”, além de a Agência Nacional de Águas prever que mais de metade dos municí-pios brasileiros terá problemas graves em prazo curto. Uma das razões está no escasso cumprimento do dispositivo que manda criar comitês de gestão das bacias e pagamento por todos os usos da água - com os recursos aplicados nas próprias bacias. Entre os poucos comitês que funcionam, a maioria fica no Es-tado de São Paulo. Mas o próprio governo federal contribui para a pouca efeti-vidade da lei quando não acata a decisão de um comitê como o da Bacia do Rio São Francisco, que por 44 votos a 2 se manifestou contra o projeto de transpo-sição de águas. O governo levou o tema para o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e ali o aprovou, com a maioria de votos que tem, sozinho. Para a pre-ocupação na área da água contribui também o inadmissível déficit no sanea-mento, com metade dos brasileiros sem dispor de rede coletora de esgotos e menos de 30% do que é coletado ter algum tratamento – por isso o despejo de esgotos in natura é a principal causa da poluição dos recursos hídricos e da vei-culação de doenças transmitidas pela água. Sem falar no desperdício, por vaza-mentos, de mais de 40% da água que passa pelas redes de distribuição.

Outra obrigatoriedade criada pela lei e não cumprida é a que manda cobrar do poluidor os custos por ele gerados. Quem se lembra disso na área da polui-ção do ar e nos custos que gera para o sistema de saúde, ou na implantação dos sistemas viários urbanos e de rodovias? Ou na área do lixo?

Talvez importantes avanços possam vir a ser feitos quando se levar à prá-tica a exigência de uma resolução (1/86) do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que manda “contemplar todas as alternativas tecno-lógicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto”. Iniciativas como a transposição de águas do Rio São Francisco ou a Hidrelétrica de Belo Monte resistiriam a uma análise dessa natureza? Ou o plano de usinas nucleares? Cabe à sociedade exigir, neste 30.º aniversário, que a lei seja integralmente cumprida. Fonte: O Estado de S. Paulo

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*Local:MuseuNacionaldaRepública,

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www.greenmeeting.org

XI Encontro Verde das Américas

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Em 2011, a ONU divulgou relatório com pro-jeções de população: sete bilhões neste ano; 9,3 em 2050 e 10 em 2100. Alguns cenários que integram o clima às projeções de po-pulação são catastróficos. James Lovelock, o formulador da Teoria Gaia, estimou para 2100 uma população reduzida a um bilhão de pes-soas. Se existe tal grau de divergência quanto a projeções de população – variando de um até 15 bilhões, cenário que considera altas taxas de fertilidade – seria conveniente que os de-mógrafos integrassem em suas projeções aquilo que os cientistas do clima estimam como consequências das mudanças climáticas.

sobrevIvêncIa

Entramos num novo período da história do planeta, o antropoceno. Nele, o homo sapiens transforma o meio ambiente e causa mudanças climáticas e perdas de biodiversidade. Por outro lado, com sua capacidade de autoconhecimento e de compreender como funciona a natureza, é agente preservador e restaurador. A evolução é crescentemente influenciada por suas ações

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A confiabilidade das projeções demográficas de longo prazo é questionável quando elas fazem de conta que as mudanças climáticas não impactarão sobre a população. Segurança climática é crucial para a segurança huma-na. Qualquer que venha a ser seu tamanho, a população humana precisa se abastecer de água, energia, alimentos e materiais, o que exerce pressão sobre os recursos ambientais.

A multiplicação das classes médias, com grandes quantidades de pesso-as saindo da subsistência para condições de consumo material mais in-tenso, gera intensa pressão e impactos sobre esses recursos. Em nome de pretensa defesa do desenvolvimento econômico, da geração de emprego e de renda, geram-se colapsos. Um deles ocorreu no Mar de Aral, cuja morte começou em 1960: na ex-União Soviética, planejadores conceberam um ambicioso programa econômico que redirecionava a água de diversos rios para converter terras devolutas num cinturão de produção do algodão.

Navio órfão no antigo Mar de Aral, perto de Aral, no Cazaquistão

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Não obstante o sucesso inicial, o projeto resultou na devastação do Mar de Aral que, em duas décadas, tornou-se uma superfície seca e contaminada, com solos e água salinizados e erodidos por tempestades de poeira, com os leitos de desova dos peixes destruídos, o consequente colapso da indústria pesqueira e a ruptura da navegação. Hoje a paisagem ali resultante é deso-ladora, com grandes navios encalhados na areia. A lição do mar de Aral pre-cisa ser relembrada no momento em que o Brasil debate o código florestal, pois aqui, também, vozes pré-ecológicas se manifestam com força. Preten-samente defendem interesses sociais e econômicos legítimos; na prática, podem provocar resultados desastrosos.

Cada cidadão, empresa, país, tem sua pegada ecológica, de carbono, hí-drica, associada a seu modo de vida. Convém saber mais a respeito delas e reduzir desperdícios. No futuro, será cada vez mais necessário um proces-so seletivo para escolher quais os produtos e serviços devem ser prioriza-dos. Continuará, por exemplo, a ser tolerável destinar quantidades vulto-sas de energia e minerais para a produção de armamentos? Os subsídios econômicos, os critérios para concessão de crédito e demais sinais emiti-dos pela gestão econômica podem atuar a favor ou contra a ecologização da economia. Hoje, bancos prestam um desserviço ecológico ao concede-rem crédito a atividades degradadoras.

Segurança hídrica e energética Quanto à gestão da água, um avanço necessário é considerar, de forma in-

tegrada, todo o ciclo hídrico: em estado de vapor na atmosfera, em estado lí-quido nas águas subterrâneas e superficiais, em estado sólido nas geleiras e pólos. Na União Europeia, a gestão das águas promove sua integração com as políticas do clima e do meio ambiente e harmoniza interesses de vários países que compartilham bacias hidrográficas. Em Portugal, por exemplo, a lei define como recursos hídricos, além as águas, os respectivos leitos e mar-gens, zonas adjacentes, zonas de infiltração máxima e zonas protegidas. Na legislação brasileira não existe uma definição clara do que são os recursos hídricos. Outro tema relevante é o da segurança energética. O acidente nu-clear na usina de Fukushima, no Japão, reacendeu o debate sobre os perigos dessa fonte de energia. Mas há crescentes controvérsias, pois alguns ecolo-gistas passam a considerar que esses riscos são suportáveis, se comparados com as consequências desastrosas de fontes de energia baseadas em com-bustíveis fósseis, que emitem gases de efeito estufa. Há possibilidades cres-centes de uso de fontes de energia renovável – eólica, solar, dos oceanos, bem como das fontes mais convencionais. São cruciais, também, a redução de desperdícios de água e de energia.

Consciência e modelos mentais Há grande diversidade de estágios de consciência quanto às questões

ecológicas. Um dos modelos mentais que ainda perdura é o ecoalienado. Alinhamento com interesses econômicos imediatistas sem visão de lon-go prazo o caracterizam. Baixa sensibilidade e percepção estão frequente-mente atreladas a interesses econômicos imediatos; também eles, pré-eco-lógicos. As motivações para essa visão podem variar da simples ignorância, até os interesses de conservação do status quo e a resistência às transfor-mações. Sistemas de abastecimento cultural e científico produzem e disse-minam informação e conhecimento que permitem se agir com sabedoria. Ecologizar os sistemas de abastecimento cultural passa a ser elemento fun-damental para a sociedade humana.

A natureza é, ela própria uma grande mestra, que, por meio de desastres, ensina lições que, caso sejam adequadamente aprendidas, podem levar a mudanças de comportamentos individuais e coletivos. Por meio do sofri-mento causado por deslizamentos de encostas, inundações urbanas e rurais, a natureza se manifesta e dá margem a que se aprendam lições de prudên-

cia ecológica e que se evitem comportamentos temerários, tais como a ocupação de áreas vul-neráveis e de risco. A visão ecológica integral genuína explicita as conexões entre decisões tomadas dentro de um modelo mental pré-ecológico e suas consequências ambientais. Há uma crescente percepção da centralidade das questões ambientais e uma consciência cada vez mais difundida sobre sua importân-cia. Falta ainda transpô-las para a ação.

Segurança alimentar No sistema de abastecimento alimentar há

relações de causa e efeito entre o desmatamen-to para a produção pecuária ou de soja para alimentar animais e os hábitos alimentares e de consumo. O hábito alimentar é um campo em que cada pessoa pode reduzir seu impac-to sobre o ambiente ou a emissão de gases de efeito estufa. Nas escolhas alimentares, há va-riações de A a Z. Cada um desses modos reflete um estágio de consciência ecológica: há pesso-as que adotam hábitos alimentares formados desde a infância; as que se sensibilizam, mas não mudam atitudes; as que desejam que se limpe o processo de produção, que seja identi-ficada a origem da carne na cadeia produtiva e evitam comprar carne não certificada e que provoca desmatamentos na Amazônia.

Há, também, os que, por razões de ecolo-gia energética, renunciaram a ingerir a car-ne vermelha; os que não se alimentam com qualquer tipo de produto de origem animal, por terem compaixão para com os animais e preocuparem-se com seus efeitos na saúde. Um indivíduo que reduza seu consumo de carne faz pouca diferença no cômputo global. Mas quando tal mudança ocorre em toda a sociedade, com milhões (ou bilhões) de pes-soas adotando-a, o benefício ecológico torna-se significativo. No sentido inverso, à medida que sociedades emergentes prosperam eco-nomicamente, há uma tendência a aumentar o consumo per capita de carne.

Mudanças de estágios de consciência, de atitudes e comportamentos podem aconte-cer rapidamente, com avanços e retrocessos. Quanto mais pessoas se transportarem de uma visão ecoalienada para um estágio mais avançado de consciência ecológica e adequa-rem seus hábitos de consumo, menores po-dem ser os impactos negativos associados às mudanças climáticas.

Nesse início de era ecológica e do período an-tropoceno, o homo sapiens, um ser em transi-ção, precisará evoluir para o homo ecologicus. * Autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia para a civilização sustentável. [email protected] / www.ecologizar.com.br

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na cIdadeNascer e crescer em uma cidade grande está geralmente associado a um maior risco de desenvolver problemas como ansiedade e distúrbios de comportamento. Mas não se conhecem os mecanismos biológicos por trás dessas associações

Um novo estudo, conduzido por pesquisa-dores da Alemanha e do Canadá, é o pri-meiro a mostrar que duas regiões no cé-rebro, que atuam na regulação tanto da emoção como do estresse, são particular-

mente afetadas pela vida urbana.A pesquisa foi destacada na capa da edi-ção atual da revista Nature. Segundo Jens Pruessner, da Universidade McGill, no Canadá, e colegas, os resultados poderão ajudar no desenvolvimento de estraté-gias para melhorar a qualidade de vida nessas áreas.

“Estudos anteriores mostraram que o risco de desenvolver ansiedade é 21% maior para pessoas que vivem em

grandes cidades, as quais também têm 39% mais chances de desenvol-ver distúrbios de comportamento. Além disso, a incidência de esquizo-frenia é quase duas vezes maior em quem vive em cidades. Esses núme-ros são preocupantes e determinar a biologia por trás dessas manifesta-ções é o primeiro passo para reme-

diar essa tendência”, disse Pruessner.Os pesquisadores avaliaram as ativi-

dades cerebrais de voluntários saudá-veis de áreas urbanas e rurais na Ale-manha. Por meio da análise de imagens obtidas por ressonância magnética fun-

cional, o grupo observou que viver nas ci-dades estava associado com maiores respos-tas ao estresse na amígdala, parte do cérebro envolvida no controle da emoção e do humor.

Por outro lado, ter crescido em área urbana se mostrou associado com atividade maior no córtex cingulado, região envolvida na re-gulação do estresse.

“Os resultados sugerem que diferentes regi-ões no cérebro são sensíveis à experiência de viver na cidade durante períodos distintos da vida de um indivíduo. Novas pesquisas pode-rão esclarecer a relação entre esses efeitos e

psicopatologias”, disse Pruessner. Fonte: Agência Fapesp

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O artigo City living and urban upbringing aff ect neural social stress processing in humans, de Florian Lederbogen e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

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O planeta está vivendo uma grande crise ambiental: aquecimento global, perda da biodiversidade, comprometimento de água doce, contaminação do ambiente, etc., o que exige uma tomada de decisão em um espaço de tempo muito curto

As empresas, por serem dependentes dos re-cursos naturais que geram os bens e serviços para uso da sociedade, têm um papel absolu-tamente relevante na solução dessa crise.

De alguns anos para cá, vemos uma maciça publicidade de empresas que se dizem sus-tentáveis, sendo muitas vezes difícil deter-minar a verdade sobre esse volume de propa-ganda. Todos se dizem sustentáveis e o risco é o esvaziamento do conceito de sustentabili-dade, antes mesmo que este se torne efetivo, operacional e verificável.

O Brasil viveu essa polêmica recentemente no caso da Petrobras, com o episódio do diesel: a empresa não cumpriu com o padrão exigido pela Resolução CONAMA nº 315/02, distribuin-do um diesel com teor de enxofre muito acima dos padrões ideais para a saúde humana e da-queles permitidos nos Estados Unidos e países europeus, por exemplo. É importante destacar que o óleo diesel é o principal responsável pela emissão de material particulado fino, causan-do mortes e doenças cardio-respiratórias nas cidades do país e do mundo.

Como consequência, um movimento deno-minado “Coalizão pelo Diesel Limpo” se for-mou, passando a questionar a Petrobras em várias instâncias. No Judiciário, esse questio-namento resultou em um acordo, que está em fase de cumprimento. Mas, o mais inovador foi o questionamento da Petrobras junto ao Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE, da Bovespa e ao Conselho Nacional de Autor-regulamentação Publicitária – Conar.

O ISE é uma carteira da Bovespa composta por ações de empresas com reconhecido com-prometimento com a responsabilidade social

“sustentáveL”Publicidade

e a sustentabilidade empresarial e atua como promotor de boas práticas no meio empresa-rial brasileiro. Após ser questionada, a Petro-bras foi excluída da carteira do ISE.

Em relação ao Conar, a Coalizão questionou a inconsistência existente entre a prática em-presarial da Petrobras e seu apelo “ambiental-mente responsável”, exposto recorrentemente em suas campanhas publicitárias. Face aos ar-gumentos de que o diesel comercializado pela empresa compromete a saúde da população dos grandes centros urbanos, o Conar, em his-tórica decisão, recomendou a sustação da vei-culação de anúncios da Petrobras em que es-tivessem presentes as expressões “revolução ambiental” e “ambientalmente responsável”.

O cerne da discussão movida pela Coalizão reside basicamente em se saber o que é uma empresa responsável ambientalmente.

A resposta a esse questionamento foi dada pelo Conar que, a exemplo do que ocorreu em 2010 nos EUA pela Federal Trade Commission e na Inglaterra pelo DEFRA - Department for Environment and Rural Affairs, criou, numa postura corajosa, “normas éticas para apelos de sustentabilidade na publicidade”, sendo que as informações ambientais contidas nas publicidades devem atender aos princípios da veracidade, exatidão, pertinência e rele-vância. Ou seja, daqui em diante, quem fizer afirmações publicitárias despidas de veraci-dade, correrá o risco de contestação e conse-quente perda de credibilidade.

Com isso, certamente o joio será separado do trigo, gerando benefícios à sociedade e ao setor empresarial comprometido com a sustentabilidade.

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*Fabio Feldmann é advogado e administrador, vem atuando na área de meio ambiente e desenvolvimento sustentável desde os anos 70, como militante, parlamentar, secretário de estado e, atualmente, consultor. Em 1986, foi o primeiro parlamentar brasileiro eleito a defender o meio ambiente. Foi responsável pela criação do capítulo dedicado ao meio ambiente na Constituição Brasileira. Entre seus projetos aprovados incluem-se a Lei da Mata Atlântica, a Política Nacional de Educação Ambiental, a Lei de Acesso Público à Informação. Recebeu o Prêmio Global 500 das Nações Unidas em 1990, em reconhecimento a sua luta em favor do meio ambiente e indicou o ambientalista Vilmar Berna para o Prêmio. Ajudou a criar e foi o primeiro secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

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PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTESAM 1360 (RJ)COM ÁTILA NUNES FILHO E ÁTILA NUNES NETO

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia

Acesse pela internet: www.reclamaradianta.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5588 [email protected]

Permitir que dezenas de ouvintes diariamente entrem no ar para reclamar, protestar, denun-ciar, sem censura. Essa é a fórmula do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segunda à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse sucesso é um resultado, e não o objetivo. O ob-jetivo sempre foi – e é – de dar voz aos cida-dãos que não têm acesso aos veículos de co-municação para externar seus pontos de vista.

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da IndonÉsIaSão, talvez, algumas das mais perturbadoras imagens que já vi na mi-nha vida de jornalista e ativista pró-animais. Sujeira, miséria e degra-dação – social e moral, deixemos bem claro – de um país que, volta e meia, entra no pacote da ‘sabedoria oriental’, que tantos incautos anga-ria aqui no Ocidente.

Nas fotos, eu apenas vi humanos presos às ratoeiras das consequências de sua própria superpopulação, o que entope esgotos – onde estes existem, vejo que é luxo, ainda – urbanos, arranca com mais voracidade tudo que está em preparação no rural e entorpece a maioria das pessoas, que são tocadas como gado por uma minoria ‘dois neurônio’ mais esperta. E para botar um pouco de luz, de cor e de alegria tênue nessa vida de tijolo vivo, basta treinar animais não-humanos para dançarem e vestirem roupas que os fazem pa-recer uma pessoa. Uma pessoa desajeitada, sem motivo para seguir em fren-te, exceto o castigo lá adiante, que não sabe se caminha de quatro ou em pé, que fala uma língua espasmódica, e tudo isso deve provocar diversão e lazer para os que estão acima, claro, dessa condição de animal pateta. O palhaço que escorrega para todos rirem, o personagem desafortunado da piada que vai de boca a boca, levando a baba da tradição oral inculta pelos tempos. A repetição do dia anterior, outorga para tudo que é feito cotidianamente.

E assim os macacos apresentam o show de sua vida sobre o concreto feio e sujo, música urbana. As roupas mimetizam glamour e decadência, apa-rência de importância e solenidade com uma existência qualquer-nota, e o que alguns aplaudem e dão moedas é o mesmo que outros percebem como a estrutura-raiz da humanidade. Subjugar o que está a seu alcance, enquan-to pode. Confesso não imaginar os detalhes das técnicas para treinamento desses ‘truques’. Quando não treinados, permanecem na coleira, junto a um pote de esmolas. Mas o showbizz não para.

muitas vezes quem luta pelos direitos animais escuta o mantra ‘vocês es-tão humanizando os animais’, como se houvesse degraus/castas bem defi -nidos onde cada um deve fi car, e este aqui, por ser parecido comigo – mas não me chame de macaco que é ofensa! – vai ser um bobo-da-corte porque

O jornal Denver Post publicou em junho uma galeria do fotojornalista Ulet Ifansasti, que na cidade de Jacarta, Indonésia, esteve acompanhando os macacos treinados que fazem truques na rua

assim eu quero. Colocar roupas, cabelo, más-cara de boneca em um animal, fazê-lo andar ereto, pilotar uma bicicletinha em meio às baganas de cigarro da calçada – eis o ‘huma-nizar’, da forma doente que a visão de domi-nação dita. E a antropomorfi zação serviu ape-nas para que o pai e mãe, que ali param para proporcionar aos fi lhos um instante de brilho em meio à caixa-de-gordura-entupida de suas vidas, eduquem seus rebentos a ver o animal não-humano como um alvo, um cabide, um acessório, uma engrenagem, um ralo para a humanidade.

E ensinam a não ver que há uma corrente bem presa no pescoço de cada um deles, e a ver que não há uma corrente bem presa no pescoço do macaco, pois assim a mágica pare-ce verdadeira, e a vida, mágica.

Me parece que o detalhe cruel da máscara de boneca, antes de qualquer adorno circense-ilu-sionista, foi a saída que o humano-que-segura-a-corrente encontrou para tapar e tampar a ex-pressão facial do animal-atração que ali se des-cobriu na tediosa e estressante sala de espera de sua própria morte. Fontes: http://www.anda.jor.br

As fotos estão em http://blogs.denverpost.com/captured/2011/06/02/in-focus-performing-street-monkeys/4478

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consumismoSomos, por natureza, seres consumidores e estamos no topo da ca-deia alimentar. Logo, consumir é nosso destino natural, o problema são os excessos. Excesso de gente, que já está demais e que continua se multiplicando globalmente, embora se reduza em diversos países e regiões. Cada boca que nasce demanda mais recursos naturais, que não são infinitos. Mas existe um excesso ainda pior: o da desigualdade social, que permite que uns poucos possam se apropriar de mais recur-sos que a maioria. Ou seja, não adiantará muito diminuir o excesso de gente sem também diminuir a ganância.

O mundo atual se construiu em torno da falsa ideia de que o mercado será capaz de suprir as necessidades humanas a ponto de aceitarmos a organização da sociedade em classes sociais em razão do poder de consumo. Quem pode consumir muito pertence às classes altas; os remediados, à classe média; e os pobres, às classes baixas. A reboque do conceito do poder aquisitivo, surge qua-se que naturalmente a falsa noção de que os que têm muito são mais impor-tantes e com mais direitos do que os que não tem, e isso é absolutamente falso, pois somos todos iguais em dignidade e direitos. O mercado só consegue ser solução para os que têm dinheiro. Para os demais, é preciso políticas públicas.

O problema não está só no colapso ambiental, mas no colapso ético e mo-ral que nos põe em risco enquanto humanidade e civilização muito antes de desaparecermos enquanto espécie. Se as pessoas aceitarem a ideia de uma sociedade que valoriza o dinheiro acima dos valores humanos, acu-mular riquezas pode tornar-se um fim em si mesmo em vez de meio de vida. Aliás, a própria ideia de vida pode se empobrecer a ponto de resumir-se em produzir numa ponta e consumir na outra. Bem longe da ideia de viver em abundância e plenamente. Em vez de nos tornarmos mais solidá-rios e cultivarmos bons valores e cidadania, acabaremos valorizando muito mais o individualismo, o materialismo, a competição desmedida e a insen-sibilidade com os menos favorecidos.

E tudo isso baseado numa mentira – a de que, se todos alcançarem os mesmos padrões de consumo dos mais ricos, será possível haver recursos naturais para todos. Fazer com que todos acreditem nessa mentira é con-veniente para os que dominam e controlam os recursos e as riquezas, pois, em vez de exigir mudanças, as pessoas irão querer que tudo continue como está, na esperança de que um dia chegará a sua vez e que só não chegou ainda por que não foram suficientemente capazes ou merecedores. Não é de se admirar que seja tão difícil ser sustentável e compatibilizar progresso e meio ambiente. Mas não é impossível.

Não só outro mundo é possível como já vemos por todos os lados os sinais de mudança. Por mais que alguns gostem de se iludir com falsas promessas de consumo, eles percebem os sinais de esgotamento do planeta. Um novo mun-do já está nascendo do velho mundo. O que assistimos são as dores do parto.

Precisamos é de coragem para persistir nos caminhos da mudança e valori-zar escolhas diferentes das que trouxeram a humanidade à beira do colapso.

Não temos de comprar tudo o que vemos nas prateleiras. Não temos de

É preciso coragem para persistir nos caminhos da mudança e valorizar escolhas diferentes das que trouxeram a humanidade à beira do colapso

acreditar em tudo o que se diz nas propagan-das e devemos duvidar das informações ten-denciosas, mentirosas e manipuladores. Não temos de seguir a moda e descartar um produ-to que ainda serve. Não precisamos de nenhum bem de consumo para amar e ser amados, para ser felizes ou para nos sentirmos importantes e reconhecidos socialmente.

Da mesma maneira que temos a liberdade de consumir o que nosso dinheiro ou crédito a perder de vista nos permite, também temos a liberdade de recusar o consumo desperdiçador de recursos. Podemos escolher consumir crite-riosamente, apenas para atender a necessida-des objetivas e realmente necessárias, preferir produtos socioambientalmente responsáveis, recicláveis, que fortaleçam as cadeias produti-vas locais e a criatividade de nossos trabalha-dores e artesãos. Podemos consumir de ma-neira planejada, em vez de agir por impulso. Temos o poder de dizer sim e também de dizer não. Somos nós o poder do mercado.

Não foi o consumismo que nos fez assim. Ele apenas aproveitou a oportunidade por agirmos dessa forma e encheu as lojas e prateleiras e nossos sonhos e desejos de bugigangas e obje-tos que no final podem nem ser tão importan-tes para vivermos uma vida plena e feliz.

Os inimigos não estão fora de nós. Para re-solvermos a crise socioambiental em que nos metemos, teremos de ter a coragem de admi-tir que somos uma parte importante do pro-blema – e também da solução. * Vilmar é escritor e jornalista, editor da Revista do Meio Ambiente e do Portal do Meio Ambiente.

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educação ambiental

Os dados oficiais mais recentes sobre Edu-cação ambiental, colhidos no censo esco-lar do Ministério da Educação (MEC) em 2004, mostram que 95% das escolas do en-sino fundamental no País tinham algum tipo de iniciativa nessa área. Em 2001, o porcentual dos colégios que afirmavam trabalhar o assunto com estudantes era bem menor: 61,2%.

O tema que se tornou comum na grade de muitas escolas, tanto da rede pública como da privada, começou a entrar na agenda do en-sino brasileiro depois da Eco-92, conferência ambiental da ONU realizada no Rio.

“Em meados dos anos 80, metade dos 250 professores que entrevistei para meu dou-torado nunca tinha ouvido falar do termo Educação ambiental”, afirma Luiz Marcelo

têm projetos ambientaisO tema que se tornou comum na grade de muitas escolas, começou a entrar na agenda do ensino brasileiro depois da Eco-92, conferência ambiental da ONU realizada no Rio

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de Carvalho, professor do Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) que em 1989 defendeu a tese A Temática Am-biental e a Escola de 1.º e 2.º Grau.

“A escola trabalhava a natureza de maneira geral, e não o impacto das ações humanas no meio. Não se atribuíam a eventos naturais e às inter-venções humanas os significados de hoje.”

Na lei

Na tentativa de criar parâmetros para iniciativas de Educação ambien-tal nas escolas e ONGs, em 1999 o governo promulgou a Lei 9.795, crian-do a Política Nacional de Educação Ambiental. Pela lei, regulamentada em 2002, o tema deve estar presente em todos os níveis de ensino, de modo transversal, sem constituir disciplina específica.

Alguns Estados já editaram leis, ainda não regulamentadas, como Mato Grosso e São Paulo. Outros estão discutindo os termos, como Bahia e Para-ná. O texto paulista é de 2007 e sofreu vários vetos no governo passado.

“A Educação ambiental não é uma política pública no Estado. Há ações pontuais, mas, na prática, cada um faz o que quer”, afirma Mônica Borba, da ONG Instituto 5 Elementos.

“Há desde trabalhos articulados a ações focadas nas velhas datas come-morativas”, diz Carvalho, da Unesp. “E também experiências de tanto valor que é preciso tirar o chapéu para professores e gestores.”

Tirar o chapéu parece ser a expressão adequada. De acordo com uma pes-quisa feita pela Unesco em parceria com o MEC, a iniciativa de um profes-sor ou grupo de professores era a principal motivação para ações de Educa-ção ambiental nas escolas, respondendo por 24% dos casos pesquisados. Fonte: O Estado de S. Paulo

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