Revista Ecologica Edicao 2 Ano 2

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Essa revista é impressa em papel reciclado

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2 REVISTA ECOLÓGICA Edição 2 Ano II fevereiro/2009 www.revistaecologica.net

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4 REVISTA ECOLÓGICA Edição 2 Ano II fevereiro/2009 www.revistaecologica.net

Existem alguns hábitos negativos dos brasileiros que me ajudam muito a conquistar espaços e a realizar meus projetos. Um deles é a postergação – o famoso ‘empurrar com a barriga’. En-quanto a maioria ‘dorme’, eu trabalho.

E é por isto que tenho o maior pra-zer em anunciar duas novas parcerias: Sicoob e Oca Brasil e vários outros projetos arquitetônicos, tanto de em-presas e pessoas que querem utilizar o sistema construtivo HI-TECH (Casas Térmicas), quanto a possibilidade de realizar pesquisas científi cas para em-basar algumas de minhas descobertas e invenções voltadas à sustentabilidade,

realizadas entre o Natal e o Carnaval. Aguardem, que em breve terei mais novidades!

A parceria com o Sicoob já tem início com uma entrevista com o Sr. José Salvino, presidente da instituição. Além da troca mútua de anúncios a partir da próxima edição, publicaremos artigos nossos na revista do Sicoob e também parte de nossa distribuição será feita junto com a mesma. As parcerias também incluem o SEBRAE-GO e SENAC.

Nesta edição, a entrevista que fi zemos com a Regina Migliori virou artigo de capa: a importância da mudança de comportamento e atitudes de todos, mas principalmente dos meios de

comunicação é “MONUMENTAL”. Simplesmente relatar fatos ocorridos, sejam eles positivos ou negativos é muito pouco. Devemos assumir nossa posição de formadores de opinião e infl uenciarmos com fi rmeza e segurança as pessoas nos rumos da sustentabilidade. Mudamos o formato para endossarmos as palavras de Regina Migliori como nossas. E a proposta da Revista ECOLÓGICA é exatamente esta: mostrar exemplos de atitudes sustentáveis de sucesso para inspirar e transpirar o que somos. Se Barack Obama faz, nós também po-demos fazê-lo.

Bosco Carvalho

Palavra do editor

[ C A R T A P A R A O L E I T O R ]

Bosco Carvalho

12 169[ R E C I C L A G E M ]Entulho vira reboco

[R E C I C L A G E M ]Papel reciclado vira dinheiroUm papel sintético fabricado com plástico descartado pós-consumo foi desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos

[ I N O V A Ç Ã O ]Software gratuito avalia impacto das inovações tecnológicas

[ R E S P O N S A B I L I D A D E ]Comunicação sustentável. É possível?O papel dos veículos de comunicação neste momento em que o mundo se volta para a necessidade de ações sustentáveis é “monumental”.

[ M E I O A M B I E N T E ]Goiânia mapeia erosões

[ E N T R E V I S T A ]Cooperativismo - A caminho do futuroJosé Salvino afi rma que o cooperativismo é uma das opções para se conquistar o desenvolvimento econômico do País.

[ I N I C I A T I V A ]Idéias simples, resultados positivos

[ S U S T E N T Á V E L ]Shopping Flamboyant investe R$ 60 mil em ETEDiante da necessidade de medidas para conterem os impactos, o Flamboyant Shopping Center demonstra que é possível sua parcela de responsabilidade para melhorar as condições ambientais do planeta.

[ A R T I G O ]Oportunidade de intercâmbio científi co

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EDITOR EXECUTIVOBosco Carvalho

MTB 38

[email protected]

EDITORA EXECUTIVAIzabela Carvalho

MTB 1058

[email protected]

EDITOR FOTOGRÁFICOEdmar Wellington

MTB 1842

[email protected]

COMERCIALAna Maria Camargo

[email protected]

PROJETO GRÁFICOCarlos Nascimento

DESIGN GRÁFICO/DIAGRAMAÇÃOJuliano Pimenta Fagundes

DIRETORA INTERNACIONALElke Seiwert

[email protected]

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EXPEDIENTE

Edição 2 - Ano IIFevereiro de 2009

SUMÁRIOSUMÁRIO

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Entulho vira reboco

[ R E C I C L A G E M ] [ R E C I C L A G E M ]

O volume de materiais gerados pela construção civil em algumas cidades

brasileiras pode representar mais de 50% dos resíduos sólidos. Os impactos ambientais são observados em terrenos baldios e margens de rios. Geram, desde problemas de saúde pública, até inundações e deslizamentos. Além disso, outro fator que precisa ser considerado é o gasto com a obtenção da matéria-prima bruta (areia e brita), em decorrência da extração, armazenamento e trans-porte. Uma alternativa viável é a reutilização de parte dos Resíduos da Construção Civil e Demolição (RCCD) como matéria-prima para argamassas. A partir dela é possível obter uma economia de até 50% do cimento, 40% da areia e 30% em mão-de-obra.

Entre as aplicações possíveis para o reaproveitamento dos RCCD é a obtenção da argamassa a partir da utilização de um moinho e misturador, o “ANVI500”. O produto é aplicado na execução de alvenaria, revestimentos e pisos. Na busca de atender as necessidades de solucionar o problema dos RSCC, existem soluções práticas como o moinho e misturador de argamassas “ANVI500”, utilizadas na execução de alvenaria, revesti-mentos e pisos. Além de minimizar o impacto sobre o meio ambiente, também representa economia de 30% da mão de obra, 50% do

cimento, 40% da areia, 80% do cal e 97% das despesas do “bota fora” de entulho.

Ao moer o entulho é possível obter areia, pó de cimento e pó de cal, que ainda têm parte da atividade aglomerante. Além disso, argila calcinada (blocos e tijolos cerâmicos com características 100% pozolânicas) ou; areia e cimento (blocos de concreto). Ao trocar 30% da areia por entulho, a argamassa obtida é 30% mais resistente à compressão, conforme ensaios realizados por diversos laboratórios.

O reaproveitamento do entulho permite a produção de massa fina, utilizando cal e areia sem penei-rar, pois as pedrinhas desta são esmagadas pelos rolos moedores.

Na fabricação de blocos de concreto, o material quebrado e desagregado pela ANVI500, com a utilização de um dispositivo especial, é possível recuperar a areia e o pedrisco originais. Ao agregar cimento e água pode-se moldar novos blocos. A economia de cimento é de no mínimo 10% conforme testes práticos realizados.

O engenheiro Paulo Marcelo Torres, gestor da Coopercon - Cooperativa da Construção Civil do Estado de Goiás, informa que a implantação de uma Usina de Resíduos da Construção Civil e Demolição (RCCD), está em fase de planejamento e ajustamento entre a Coopercon, Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) e Prefeitura de Goiânia. “Estão em estudo todos os parâmetros para que se possa reaproveitar os resíduos”, explica.

O engenheiro informa que a partir dos resíduos triturados são obtidos: areia, brita e pedriscos.

O material obtido serve como matéria-prima para a confecção de blocos pré-moldados. Os produtos do reaproveitamento servem para uma infinidade de outras aplicações na construção civil, desde que não seja estrutural.

A Holanda, Dinamarca e Bél-gica já reciclam hoje mais de 80 % dos seus resíduos de construção e demolição, enquanto em países como a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha esse percentual não chega a 5 % (DORSTHORST e HENDRIKS, 2000). No Brasil o uso deste tipo de resíduo ainda é bastante restrito, e os estudos para utilização do material estão bem no início, mas este panorama tende a mudar.

Em Belo Horizonte estão em funcionamento três estações de reciclagem, localizadas nos bairros Estoril, Pampulha e Glória (BR 040), onde os materiais passam pelas etapas de triagem, classificação e britagem. Entre os materiais obtidos durante o processo, destacam-se os blocos e pisos.

As matérias primas utilizadas são cimento e entulho (blocos ce-râmicos e de concreto quebrados, tijolos e restos de argamassa), areia e água. A argamassa obtida é da melhor qualidade, pronta para ser utilizada. Pela ação violenta dos rolos do ANVI500, de 600 Kg cada um, a argamassa obtida tem muita plasticidade, maciez e liga. Estas excelentes características são possíveis a partir da produção de material fino durante a moagem. Eles geram a liga entre os grãos de areia, e ao preencher os vazios, aumentam a impermeabilidade. A mistura é homogênea. O cimento reveste cada grão de areia por igual.

Conama 307Publicada em 2002, a Resolução Conama 307 estabe-

lece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. De acordo com a legislação ambiental, é proibida a disposição final de entulho em aterros sanitários, áreas de “bota fora”, encostas, rios e lotes vagos, sendo obrigatória a elaboração e implementação pelos municípios de Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

Desinformação e falta de interesse ainda são os maiores motivos para o desperdício na maioria das obras de engenharia civil

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Revista Pesquisa FAPESP – Um papel sintético fabricado com plástico descar-tado pós-consumo foi desenvolvido na

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e testado em uma planta piloto da empresa Vi-topel, fabricante de fi lmes fl exíveis com fábrica em Votorantim, no interior paulista.

Produzido em forma de fi lmes, o material feito a partir de garrafas de água, potes de alimentos e embalagens de material de limpeza pode ser empregado em rótulos de garrafas, outdoors, tabuleiros de jogos, etiquetas, livros escolares e cédulas de dinheiro.

“Ele é indicado para aplicações que necessi-tam de propriedades como barreira à umidade e água, além de ser bastante resistente”, explica a professora Sati Manrich, do Departamento de Engenharia de Materiais da universidade e coordenadora do projeto que teve fi nanciamento da FAPESP para o desenvolvimento da pesquisa e o depósito de patente.

O papel sintético atualmente no mercado é produzido com derivados de petróleo. De acordo com Sati, existem patentes e produtos comercializados com matéria-prima virgem, mas não foi encontrada nenhuma patente ou papel sintético feito a partir de material plástico reciclado.

Os testes na planta piloto, também chamada de escala semi-industrial, foram conduzidos por Lorenzo Giacomazzi, coordenador de tecnologia de processos da Vitopel, que tem a cotitularidade da patente. Segundo ele, o diferencial desse pro-cesso é fabricar um papel sintético com material totalmente reciclado.

Foram usadas várias composições e misturas de plásticos da classe das poliolefi nas. O aspecto fi nal é o mesmo do produto feito a partir da resina virgem, com a vantagem de que se aproveita o material que iria para o aterro sanitário ou lixões.

Novo método que permite a avaliação dos impactos de inovações tecnológicas

em diversas áreas do conhecimen-to foi desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente. A ferramenta foi desenvolvida pela pesquisadora da área de Biossegurança da Embrapa Meio Ambiente, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Jaguariúna (SP), Katia de Jesus-Hitzschky. O software está disponi-bilizado gratuitamente na internet.

O programa Inova-Tec fornece informações de acordo com critérios defi nidos em sete dimensões, entre elas “ambiental”, “social”, “econômica” e “desenvolvimento institucional”. A partir desta ferramenta, os impactos da tecnologia podem ser percebidos

e mensurados.O sistema apresenta 61 indica-

dores mais gerais, que são inseridos no contexto das sete dimensões. O avaliador utilizará indicadores mais representativos da tecnologia que será analisada. Também possibilita o estudo de caso a caso. A ferramenta permite a análise do cenário no qual a tecnologia será introduzida e também do desempenho da inovação propria-mente dita. Além de avaliar o impacto real da introdução de uma tecnologia no mercado, por exemplo, retorno fi nanceiro, faz análises prospectivas de impactos potenciais.

O software já é utilizado na ava-liação de projetos e programas da Embrapa. Ele é bem inclusivo e mede o impacto de inovações em qualquer área do conhecimento. Merece destaque

um estudo de caso voltado ao setor fl orestal desenvolvido pela instituição de pesquisa, que utilizou o método. Os resultados foram publicados no Journal of Technology Management & Innovation.

Os resultados das avaliações pelo método são apresentados no formato de gráfi cos, tabelas, relatórios e por meio de uma matriz que fornece a recomendação para o melhor geren-ciamento do impacto da inovação. Para um resultado mais apurado é necessário que um maior número de indicadores sejam inseridos no sistema pelo pesquisador.

O software permite ainda que o pesquisador cruze informações no sistema. Isto possibilita mensurar a qualidade de uma determinada tecnologia. O sistema permite ainda um aprimoramento dos trabalhos científi cos antes de eles serem apre-sentados às agências de fomento para a obtenção de fi nanciamento. Com isso, o pesquisador pode avaliar seu trabalho antes da investigação mais refi nada da agência. A ferramenta recomenda a melhora de indicadores prioritários.

Plástico reciclado vira dinheiro

Software gratuito avalia impacto das inovações tecnológicas

Tecnologia brasileira é uma das mais avançadas do mundo e permite a reciclagem de todo plástico descartado no país

[ R E C I L A G E M ] [ I N O V A Ç Ã O ]

– Um papel sintético fabricado com plástico descar-tado pós-consumo foi desenvolvido na

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e testado em uma planta piloto da empresa Vi-topel, fabricante de fi lmes fl exíveis com fábrica

Produzido em forma de fi lmes, o material feito a partir de garrafas de água, potes de alimentos e embalagens de material de limpeza pode ser empregado em rótulos de garrafas, outdoors, tabuleiros de jogos, etiquetas, livros escolares

“Ele é indicado para aplicações que necessi-tam de propriedades como barreira à umidade e água, além de ser bastante resistente”, explica a professora Sati Manrich, do Departamento de Engenharia de Materiais da universidade e coordenadora do projeto que teve fi nanciamento da FAPESP para o desenvolvimento da pesquisa

O papel sintético atualmente no mercado é produzido com derivados de petróleo. De acordo com Sati, existem patentes e produtos comercializados com matéria-prima virgem, mas não foi encontrada nenhuma patente ou papel sintético feito a partir de material plástico

Os testes na planta piloto, também chamada de escala semi-industrial, foram conduzidos por Lorenzo Giacomazzi, coordenador de tecnologia de processos da Vitopel, que tem a cotitularidade da patente. Segundo ele, o diferencial desse pro-cesso é fabricar um papel sintético com material

Foram usadas várias composições e misturas de plásticos da classe das poliolefi nas. O aspecto fi nal é o mesmo do produto feito a partir da resina virgem, com a vantagem de que se aproveita o material que iria para o aterro sanitário ou lixões.

Tecnologia brasileira é uma das mais avançadas do mundo e permite a reciclagem de todo plástico descartado no país

Dinorah Ereno

Chega de surpresas: software nacional avalia impacto ambiental a longo prazo

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[ R E S P O N S A B I L I D A D E ]

Comunicação sustentável

[ R E S P O N S A B I L I D A D E ]

O papel dos veículos de comunicação neste momento em que o mundo se volta para a necessidade de ações sustentáveis é “mo-

numental”. Quando se fala da responsabilidade da mídia, ela é imensa, neste processo de transformação

porque, existe uma descrença na possibilidade de mudança que a gente deve em 90% à mídia. O que reforça um modelo, que já não é mais um modelo hegemônico. Mas, ele ainda é um modelo que ainda está instalado. A afirmação é da consultora Regina Migliori. Ela salienta

que talvez os comunicadores desconheçam a responsabilidade que possuem. “Eles

precisam fazer uma revisão no seu modelo de negócio”, alerta.

Regina considera que existe uma responsabilidade dos comunicadores, que é a difusão e informação, do con-teúdo, das experiências, dos resultados que o novo modelo empresarial está

tendo. Ela afirma que o posiciona-mento dos veículos é importante por

têm o poder de estimular as empresas a se organizarem neste direcionamento. “O profissional de comunicação precisa parar de se achar neutro. ele não é um papagaio. É alguém que faz escolhas e

tem que ser responsabilizado pelos impactos que provoca”, enfatiza.

Segundo a consultora, a natureza de negócio da mídia é responsável por uma dimensão neurológica. Ela

explica que o profissional de Comu-nicação constrói redes neurais (uma

forma de dobras ou pregas no cérebro), identificação descoberta recente. Salienta, que os comunicadores sabem como imprimir uma rede neural, chamar a atenção, repetir a informação para

Rede neural:por aqui passa tudo o que vemos, ouvimos e sentimos. É a porta de entrada para nossas memórias.

Regina Migliori: O profissional de comunicação e os veículos tem papel crucial no século XXI

sedimentar até que esteja disponível numa rede de memória,

A consultora alerta que é necessária a revisão na natureza do negócio dos veículos de comunicação. A preocupação dela é de que os profissionais precisam estar atentos para o quanto contribuem para uma transformação benéfica e sustentável. Os mesmos têm que com-preender o quanto a ação a partir dos veículos é importante para consolidar atitudes voltadas à sustentabilidade. Atualmente, Regina comenta, que os veículos reforçam e imprimem redes desesperançadas, violentas e “pouco

competentes para criar um outro mundo, o que é possível”, evidencia.

Regina lembra que há pouco tempo a discussão era no contexto do direito que as pessoas têm de acesso às infor-mações. Ela explica que hoje, o assunto é abordado em múltiplas dimensões, “que incluem o direito de acesso à informação, mas que não exclui a responsabilidade do comunicador sobre a da escolha que faz a respeito do conteúdo que vai difundir”, cobra. “O que a gente vê é um processo de denúncia que hoje não faz mais sentido”, critica.

Regina de Fátima Migliori é pioneira no Brasil na execução de projetos em diferentes áreas de atividade, centrados na ética, valores universais e sustentabilidade; é diretora do Migliori Consultoria e consultora em Cultura da Paz da UNESCO; coordenou o MBA em Gestão com foco em Ética, Valores e Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas. Entre seus clientes, estão: Banco Real, Grupo Votorantim, BASF, Pepsico, Natura, Governo do Estado de Minas Gerais, Governo do Estado de Alagoas, Polícia Militar do Estado de São Paulo. É Professora Convidada do Núcleo de Educação Global da Universidade de Toronto/Canadá, autora de livros, CD-ROM e programas de e-learning. - www.migliori.com.br

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Falta de informação e mau uso do solo ameaçam as margens de vários rios

[ M E I O A M B I E N T E ][ E N T R E V I S T A ]

Goiânia mapeia erosões

Goiânia é referência nacional em gestão ambiental. Além da

agenda verde que conseguiu implementar, com a quantidade de parques e eventos que privi-legiam a educação ambiental, a Capital conta com um trabalho de controle, fiscalização e monitora-mento ambientais. Recentemente teve início o Diagnóstico das Erosões, realizado pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma). Dos 63 processos erosivos cadastrados em áreas públicas e privadas da capital, as seis maiores - com mais riscos ambientais e para a população - já têm planos de contenção concluídos. A recuperação já teve início.

Ações de revegetação das áreas e obras físicas (como os muros de arrimo, por exemplo), foram adotadas para a recuperação. Para conter os danos a Amma reaproveita resíduos sólidos da construção civil como tijolos, blocos de concreto, cimento e telhas.

A importância do trabalho de recuperação deve-se, princi-palmente, ao fato de que dos 63 processos erosivos cadastrados, 55,6% (35) são voçorocas - erosões que já atingiram o lençol freático e podem gerar maiores danos ao meio ambiente e mais riscos à população. As ravinas, erosões em estágio menos avançado, representam 44,4% (28) dos

processos erosivos detectados. Conforme o levantamento da Amma, a maior parte das erosões (9) concentram-se nas proximidades do Córrego Baliza, na Região Sudoeste da Capital. As causas dos processos erosivos mais frequentes são o desmatamento, a concentração de escoamento de água pluvial, a composição do solo e os pro-blemas de drenagem urbana.

Para combater os processos erosivos em Goiânia, a Amma utiliza o cadastramento das ero-sões e o Diagnóstico Ambiental das Micro-Bacias Hidrográficas da capital.

Por meio deste diagnóstico das micro-bacias, é possível identificar, georreferenciar e quantificar os pontos de de-gradação ambiental (impactos) existentes nos cursos d’água do município de Goiânia. Isto possibilita a elaboração de pro-jetos específicos de recuperação para cada impacto identificado. Estão em andamento 12 diag-nósticos ambientais de bacias hidrográficas que apresentam características físicas ambientais variadas, além de uso do solo diferenciado (algumas inseridas em um ambiente altamente ur-banizado. Os córregos analisados são Botafogo, Cavalo Morto (Macrozona Rural do Alto Anicuns), Taquaral, Palmito, Macambira, Cascavel, Baliza, Capim Puba e Barreiro.

Revista Ecológica: O senhor acredita que o cooperativismo seja a solução para a atual crise na economia mundial?José Salvino: O cooperativismo de crédito é uma das alternativas para o desenvolvimento econômico do País. Em momentos difíceis da economia há uma redução natural de liquidez no mercado e as cooperativas se apre-sentam como importante opção. Elas mantêm a oferta crescente de crédito e continuam praticando taxas de juros mais atrativas, enquanto que os bancos comerciais, por sua vez, restringem o crédito e praticam juros ainda mais altos.

RE: Como o senhor vê o cooperativis-mo relacionado à sustentabilidade?JS: Todas as cooperativas têm como finalidade promover o crédito a con-dições melhores do que o sistema financeiro convencional, uma vez que são instituições sem fins lucrativos. Desta forma, com solidariedade elas contribuem significativamente para o desenvolvimento sustentável.

RE: Quais as projeções para o crescimento do cooperativismo no Brasil nos próximos anos?

JS: O cooperativismo de crédito vem apresentando um crescimento constante. Hoje, as cooperativas de crédito representam cerca de 3% do Sistema Financeiro Nacional. Nossa expectativa é que o cooperativismo de crédito corresponda a 5% num médio prazo.

RE: Quais as maiores vantagens para o cooperativismo diante deste cenário de crise?JS: A crise representa perigo, mas também oportunidade. Acredito que o cooperativismo de crédito vive um bom momento de sua história no Brasil e tem uma grande oportunidade de se fortalecer e de se consolidar como alternativa viável aos bancos comerciais.

RE: Quais as vantagens das co-operativas de crédito em relação aos bancos?JS: A pessoa que se associa numa cooperativa de crédito é mais do que uma simples consumidora de produtos financeiros. Ela é cliente e, ao mesmo tempo, dona da cooperativa, pois participa dos resultados financeiros da instituição, tem direito a voto nas assembléias, recebe atendimento

personalizado, além de ter acesso a produtos e serviços com taxas de juros menores em relação aos bancos comerciais.

RE: O Sicoob pode ser considerado um fator de transformação socio-econômica?JS: O cooperativismo de crédito é um dos principais motores para a economia, pois estimula a geração de empregos e o fomento ao crédito. Nos lugares onde não há interesse dos bancos comerciais, as cooperativas de crédito são a única saída de produtos e serviços financeiros para a comunidade. Por não visarem lucro, as cooperativas de crédito estão presentes em municípios totalmente desprovidos de instituições financeiras, cumprindo, assim, o seu papel social.

RE: Qual o papel social e ambiental do Sicoob?JS: Além de oferecerem crédito com juros menores, as cooperativas de crédito também têm compromisso educativo, social e ambiental, pois patrocinam e apóiam diversos projetos de sua região. Aliás, a interação com a comunidade é um dos princípios básicos do cooperativismo.

A caminho do futuroCompromisso educativo, social e ambiental O Sicoob é o maior sistema de cooperativismo de crédito do Brasil com mais de 1.600 pontos de atendimento e cerca de 1,6 milhão de associados. José Salvino afirma que o cooperativismo é uma das opções para se conquistar o desenvolvimento econômico do País. Hoje, cerca de 3% do Sistema Financeiro Nacional é repre-sentado pelas cooperativas de crédito. José Salvino salienta que as cooperativas de crédito também têm compromisso educativo, social e ambiental, já que as mesmas possuem interação com a comunidade, que é um dos princípios básicos do cooperativismo.

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[ I N I C I A T I V A ] [ I N I C I A T I V A ]

A partir da postura adotada pela empresa, os colaboradores também têm vestido a camisa “verde” e se engajam na iniciativa ambiental. Alguns chegam a levar materiais recicláveis de casa para o trabalho, por saberem que os mesmos têm destinação correta. “Os resíduos deixam de virar lixo. São transformados em matéria-prima a partir da destinação correta”, salienta Fernando.

CONSCIÊNCIA DE BERÇO - Rai-mundo Mendes, diretor Comercial da empresa, lembra que aprendeu a importância da preservação com o avô, que era plantador de cacau na Bahia. Ele conta que o avô ensinou

que um árvore tinha vida longa. Por isso, merecia cuidados para continuar produzindo frutos. Diante dos en-sinamentos familiares, afi rma que a empresa teve a preocupação em saber se o trabalho que realiza provocava danos ao meio ambiente. A partir deste ponto passou a informar-se e buscou orientação especializada para minimizar os impactos.

Ele salienta que, “todos comentam a respeito do desmatamento na Ama-zônia, mas não tomam providências práticas”. Por acreditar que cada um precisa fazer sua parte, decidiu-se por ações que certifi quem a empresa.

TERRENO FÉRTIL - Emiliano Go-

doi, consultor do Sebrae, acompanha o projeto desde o início. Ele afi rma que a implantação do projeto é possível, por haver interesse e consciência por parte da diretoria da empresa. “Um trabalho como este só é possível em terreno fértil”, comemora.

O consultor explica que a ação realizada na empresa é um piloto. O objetivo é que, a partir dos resultados positivos, a metodologia adotada sirva de exemplo para outras empresas, até a nível nacional. Ele explica que, a ação teve custo zero e transformou o que era problema em solução.

Com um pouco de cuidado e inteligência no modo como usamos vários equipamentos e objetos no dia-a-dia, podemos economizar muito dinheiro e ainda ajudar outras pessoas

Idéias simples, resultados positivos

O sucesso da primeira empresa em Goiás, do segmento de materiais para impressão já

é comemorado. A certifi cação NBR ISO 14001:2004 será consolidada no próximo mês. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da Qualiprint começou a ser implantado em março de 2008. Com custo zero de imple-mentação, a empresa de reciclagem de cartuchos e toners, conseguiu reduzir em mais de 2.600% o con-sumo de água em uma das etapas do trabalho. Por outro lado, a empresa transformou os testes de impressão, que iriam para o lixo, em material didático que é doado a creches. O que era desperdiçado, passou a ter importante papel na geração do saber para crianças.

A primeira idéia foi simples, ex-plica Fernando Witicovski, gestor de Qualidade Ambiental da Qualiprint. A economia começou na lavagem das espumas que protegem os cartuchos. Uma mangueira, com pouca vazão, foi colocada na torneira. O resultado é uma economia mensal de cerca de R$ 300.

Além do material didático en-caminhado às creches, a empresa também fechou parceria com uma cooperativa de material reciclável. O toner é incinerado. Mas a idéia é de que o mesmo possa ser utilizado na produção de asfalto. A empresa também substituiu os copos descar-táveis. Os colaboradores ganham garrafinhas ‘squeeze’ (Doação de fornecedores que gostaram da idéia e aderiram a ela).

As iniciativas vão mais além. Focada na economia e preservação ambiental, a empresa substituiu todos os monitores tipo CRT (de tubos catódicos) por telas de LCD. O resultado é uma economia de 40% no consumo de energia. O in-vestimento é pago em quatro meses. Os aparelhos de ar condicionado da empresa foram substituídos por modelos novos, mais econômicos.

Idéias e ações simples de quem compreende a importância de utilizar os recursos naturais de forma racional e preservar o que existe a favor das gerações futuras, geram resultados positivos.

Globalização é mais do que dividir programas de TV ou uma crise fi nanceira, é dividir também o mesmo ar e a mesma água. Um bom planejamento pode sim economizar dinheiro e ainda ajudar o planeta

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[ S U S T E N T Á V E L ][ S U S T E N T Á V E L ]

Iniciativa pioneira na preservação ambiental

A atenção mundial está voltada para os efeitos da interferência humana no meio ambiente

e nos efeitos negativos causados por tais ações. Diante da necessidade de medidas para conterem os impactos, o Flamboyant Shopping Center de-monstra que é possível sua parcela de responsabilidade para melhorar as condições ambientais do planeta. Uma ação inédita na indústria brasileira de shopping centers foi a construção de uma mini estação de tratamento de esgoto - ETE. O projeto é uma iniciativa pioneira, coordenada pelo

diretor administrativo do Flamboyant, o engenheiro Miranides Esteves de Matos, com investimento de R$ 60 mil.

“Além de darmos nossa contribuição ao meio ambiente, queremos servir de estímulo para que outras empresas invistam em projetos como este. As empresas exercem influência direta no comportamento da sociedade. Também por isso, acreditamos que nossas atitudes devem ser direcio-nadas para que causem mudanças positivas na sociedade e nos locais em que atuamos”, salienta o engenheiro Miranides Esteves de Matos. Para concluir a obra foram gastos 40 dias.

Todo o esgoto gerado no shopping, cerca de 70 mil litros/dia, passa por um beneficia-mento. A água não sai pronta para consumo (potável), mas parte dela é devolvida já tratada ao lençol freático. A outra parte é destinada para regar jardins, limpeza de calçadas e de algumas áreas comuns.

Paralela à construção da mini ETE, o Flamboyant também investe em poços de captação e concregramas, ambos, recursos para captar água pluvial e devolvê-la de forma responsável ao lençol freático. Além do esgoto, a água e o monitoramento da qualidade do ar têm recebido atenção por parte da equipe de engenharia do Flamboyant Shopping Center. O departamento realiza o monitoramento periódico do esgoto que é descartado e investe na limpeza de reservatórios, coletando a cada 20 dias, a água potável que fica armazenada. As amostras são enviadas ao Laboratório Quality, de São Paulo, que verifica e emite certificados e laudos que atestam a qualidade da água consumida no shopping.

Outra ação neste sentido é a limpeza e manutenção do ar condicionado. O proce-dimento preventivo abrange limpeza e/ou remoção dos componentes do sistema tais como bandejas, serpentinas, umidificadores, ventiladores e dutos. A medida visa evitar a difusão ou multiplicação de agentes nocivos à saúde humana, garantindo boa qualidade do ar interno.

Muito além de cumprir a lei, trata-se de um compromisso com o cliente, já que se a conservação for inadequada poderá causar sérios danos à saúde. Por isso, os laudos apresentados comprovam a ausência de mi-croorganismos patogênicos, atestando que o ar condicionado do Flamboyant está de acordo com os padrões de qualidade e segurança exi-gidos pelo Ministério da Saúde para clientes e funcionários. Outro critério utilizado no ar do shopping é o cuidado com a renovação. O Flamboyant investiu em equipamentos, que pela manhã, antes da abertura do shopping substituem o ar quente pelo ar fresco de fora (renovação com ar puro).

Um exemplo raro dentro da iniciativa privada: o resultado é uma imagem melhor e clientes mais satisfeitos

Etapas de construção da mini ETI: 70 mil

litros de água tradada gerando economia para

o shopping e para o meio ambiente

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18 REVISTA ECOLÓGICA Edição 2 Ano II fevereiro/2009 www.revistaecologica.net18 REVISTA ECOLÓGICA Edição 2 Ano II fevereiro/2009 www.revistaecologica.net

O Ministério da Edu-cação e Pesquisa da Alemanha (BMBF)

promove o concurso Green Talents – Th e International Forum for High Potentials in Green Technologies.

O objetivo é selecionar jo-vens cientistas que se dedicam à busca e ao desenvolvimento de tecnologias ambientais sustentáveis. As inscrições poderão ser feitas pela internet até o dia 31 de maio.

Os 15 candidatos selecio-nados entre cientistas de todo o mundo, participarão, ainda

em 2009, de um programa de intercâmbio exclusivo na Alemanha, onde poderão fazer novos contatos e ampliar suas redes de pesquisa.

Além de uma semana de viagens pela Alemanha, quan-do os selecionados poderão interagir com instituições e empresas locais, eles terão acesso a um diversifi cado pro-grama cultural, a um workshop com especialistas alemães e a um encontro com a patrona do concurso, a ministra da Educação e Pesquisa do país, Annette Schavan.

Oportunidade de intercâmbio científi co

[ A R T I G O ]

Informações: www.research-in-germany.de/greentalents

Dresden é um destino turístico por excelência: além de ser referência internacional em cultura, é lar de grandes artistas, como o Wagner

Sonho: o Planeta sem destruição.Realidade: fazer a minha parte.Papel: reciclado.Gráfica: Liberdade.

Liberdade Gráfica, Editora e JornalismoAv. Rui Barbosa, 109, Setor SerrinhaGoiânia-GO - Fone: (62) 3255.1616

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