Revista Ecos de EaD

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1 Ecos de EaD Novembro 2011 T dades em curso, sendo que, como estratégia pedagógica, estes blogs podem surgir como portefólios digitais ou até mesmo como espaço de debate e de integração. ARS: “A problemática do e-learning entrou claramente na agenda dos temas educacionais em debate, sendo que o termo e-learning é atualmente um dos mais discutidos no domínio da utilização das tecnologias na educação/formação.” Gomes, M. J. (data, p.?). Perante o conceito de e-learning, qual a visão existente nesta conferência acerca de conceitos associados à aprendizagem e tecnologias na educação, como: dimensão do grupo; uso do tempo online; adaptação à assíncronia; e comunidade de aprendizagem? CN: Encontramo-nos hoje aqui, nesta conferência, debatendo questões fundamentais que possibilite a todos o entendimento da importância do ensino a distância. O fator fundamental que manteve o ensino a distância, durante décadas, numa situação de relativa menoridade face ao ensino presencial passava, precisamente, pela perceção de que a ausência de um grupo e a consequente inexistência de um contexto de aprendizagem levariam, inevitavelmente, a uma aprendizagem de qualidade inferior. Nessa perspetiva, concorde-se ou não com os fundamentos e a validade dessa perceção, o ensino a distância era visto como uma alternativa secundária de formação, destinado aos que, por razões várias, não podiam frequentar o ensino presencial (o ensino “a sério”). Ora, o fato de o ensino online poder contar com um grupo de aprendizagem, suportado pelas capacidades de comunicação oferecidas pelas tecnologias atuais, permitiu-lhe, finalmente, constituir-se como alternativa credível face ao ensino presencial, oferecendo as suas próprias vantagens e benefícios no quadro de uma formação cuja diferença não é percecionada já em termos de constrangimentos ou grau de qualidade mas sim de oportunidades e preferências pessoais. Será, talvez, exagerado afirmar que o ensino online atingiu já um grau de paridade total com o ensino presencial, no que toca à perceção que alguns setores da sociedade têm da sua qualidade relativa face ao ensino presencial. Contudo, o crescimento acelerado da Internet e do fenómeno da globalização, ao inundar de tecnologia e de comunicação a experiência quotidiana dos indivíduos, estão a contribuir para que esse momento esteja muito próximo. Mesmo aceitando que muitas das experiências designadas de e-learning, baseadas na perspetiva do estudo autónomo, independente e autorregulado, possam justificar-se, tendo em contas circunstâncias específicas (como referimos acima), parece inegável que uma perspetiva assente na colaboração e na interação, desenvolvidas no seio de uma comunidade de aprendizagem, oferece grandes vantagens em termos da qualidade e do alcance potencial das aprendizagens. Nós, os especialistas desta área, vemos na comunicação mediada por computador (CMC) o potencial para a criação de uma comunidade de aprendizagem que promova o diálogo, o debate, o pensamento coletivo, o trabalho em equipa e a interação colaborativa, proporcionando ganhos a nível social, afetivo e cognitivo e favorecendo a construção partilhada do conhecimento. Eu acredito que, a correta utilização do tempo que os estudantes despendem online - aquando dos seus vários acessos às suas plataformas de trabalho - pode contribuir de uma forma lógica e muito inteligente para tirar o melhor partido desse tempo. Cabe ao estudante um papel ativo na gestão temporal das suas tarefas e a monitorização das tarefas realizadas. Não esqueçamos que, os cursos neste regime de aprendizagem estão estruturados para servir pequenos grupos, por forma a não se instalar o caos. A aprendizagem provém do trabalho desenvolvido em conjunto por pequenos grupos que partilham experiências e perspetivas com base em objetivos comuns e negociados em grupo. Apesar de as modernas tecnologias facilitarem a comunicação de natureza síncrona, o modelo de ensino a distância que é adotado pela maior parte das instituições, incide maioritariamente sobre nas tecnologias assíncronas, com particular relevo para o fórum de discussão que promove a reflexão, a partilha de conhecimento e o pensamento de ordem superior (típico do ensino superior), e caminha a passos largos para a adoção num futuro próximo, de outros modos de ferramentas assíncronas que se têm vindo a desenvolver-se a par com o crescimento da web 2.0. Edição especial Turma A Novembro 2011 FFOL - 9ª Edição Universidade Aberta EM DESTAQUE: ENTREVISTAS TESTEMUNHOS ARTIGOS DE ESPECIALISTAS DA ÁREA PORQUÊ ESTE FÓRUM? ENTREVISTA COM AS ORGANIZADORAS EDIÇÃO ESPECIAL FÓRUM NACIONAL SOBRE FORMAÇÃO A DISTÂNCIA E ONLINE P ALÁCIO NACIONAL DA FORMAÇÃO NOVEMBRO 2011

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Revista online sobre Educação a Distância editada no âmbito da Formação de Formadores online da Universidade Aberta - 9ª Edição - Turma A

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Page 1: Revista Ecos de EaD

1 Ecos de EaD Novembro 2011

T

dades em curso, sendo que, como estratégia

pedagógica, estes blogs podem surgir como portefólios

digitais ou até mesmo como espaço de debate e de

integração.

ARS: “A problemática do e-learning entrou

claramente na agenda dos temas educacionais em

debate, sendo que o termo e-learning é atualmente

um dos mais discutidos no domínio da utilização das

tecnologias na educação/formação.” Gomes, M. J.

(data, p.?). Perante o conceito de e-learning, qual a

visão existente nesta conferência acerca de

conceitos associados à aprendizagem e tecnologias

na educação, como: dimensão do grupo; uso do

tempo online; adaptação à assíncronia; e

comunidade de aprendizagem?

CN: Encontramo-nos hoje aqui, nesta conferência,

debatendo questões fundamentais que possibilite a

todos o entendimento da importância do ensino a

distância. O fator fundamental que manteve o ensino a

distância, durante décadas, numa situação de relativa

menoridade face ao ensino presencial passava,

precisamente, pela perceção de que a ausência de um

grupo e a consequente inexistência de um contexto de

aprendizagem levariam, inevitavelmente, a uma

aprendizagem de qualidade inferior. Nessa perspetiva,

concorde-se ou não com os fundamentos e a validade

dessa perceção, o ensino a distância era visto como uma

alternativa secundária de formação, destinado aos que,

por razões várias, não podiam frequentar o ensino

presencial (o ensino “a sério”). Ora, o fato de o ensino

online poder contar com um grupo de aprendizagem,

suportado pelas capacidades de comunicação oferecidas

pelas tecnologias atuais, permitiu-lhe, finalmente,

constituir-se como alternativa credível face ao ensino

presencial, oferecendo as suas próprias vantagens e

benefícios no quadro de uma formação cuja diferença

não é percecionada já em termos de constrangimentos

ou grau de qualidade mas sim de oportunidades e

preferências pessoais. Será, talvez, exagerado afirmar

que o ensino online atingiu já um grau de paridade total

com o ensino presencial, no que toca à perceção que

alguns setores da sociedade têm da sua qualidade

relativa face ao ensino presencial. Contudo, o

crescimento acelerado da Internet e do fenómeno da

globalização, ao inundar de tecnologia e de comunicação

a experiência quotidiana dos indivíduos, estão a

contribuir para que esse momento esteja muito próximo.

Mesmo aceitando que muitas das experiências

designadas de e-learning, baseadas na perspetiva do

estudo autónomo, independente e autorregulado,

possam justificar-se, tendo em contas circunstâncias

específicas (como referimos acima), parece inegável que

uma perspetiva assente na colaboração e na interação,

desenvolvidas no seio de uma comunidade de

aprendizagem, oferece grandes vantagens em termos da

qualidade e do alcance potencial das aprendizagens.

Nós, os especialistas desta área, vemos na comunicação

mediada por computador (CMC) o potencial para a

criação de uma comunidade de aprendizagem que

promova o diálogo, o debate, o pensamento coletivo, o

trabalho em equipa e a interação colaborativa,

proporcionando ganhos a nível social, afetivo e cognitivo

e favorecendo a construção partilhada do conhecimento.

Eu acredito que, a correta utilização do tempo que os

estudantes despendem online - aquando dos seus vários

acessos às suas plataformas de trabalho - pode

contribuir de uma forma lógica e muito inteligente para

tirar o melhor partido desse tempo. Cabe ao estudante

um papel ativo na gestão temporal das suas tarefas e a

monitorização das tarefas realizadas. Não esqueçamos

que, os cursos neste regime de aprendizagem estão

estruturados para servir pequenos grupos, por forma a

não se instalar o caos. A aprendizagem provém do

trabalho desenvolvido em conjunto por pequenos grupos

que partilham experiências e perspetivas com base em

objetivos comuns e negociados em grupo. Apesar de as

modernas tecnologias facilitarem a comunicação de

natureza síncrona, o modelo de ensino a distância que é

adotado pela maior parte das instituições, incide

maioritariamente sobre nas tecnologias assíncronas,

com particular relevo para o fórum de discussão que

promove a reflexão, a partilha de conhecimento e o

pensamento de ordem superior (típico do ensino

superior), e caminha a passos largos para a adoção num

futuro próximo, de outros modos de ferramentas

assíncronas que se têm vindo a desenvolver-se a par

com o crescimento da web 2.0.

Edição especial Turma A Novembro 2011 FFOL - 9ª Edição

Universidade Aberta

EM DESTAQUE: ENTREVISTAS

TESTEMUNHOS

ARTIGOS DE ESPECIALISTAS DA ÁREA

PORQUÊ ESTE FÓRUM? ENTREVISTA COM AS ORGANIZADORAS

EDIÇÃO ESPECIAL

FÓRUM NACIONAL SOBRE FORMAÇÃO A DISTÂNCIA E ONLINE PALÁCIO NACIONAL DA FORMAÇÃO

NOVEMBRO 2011

Page 2: Revista Ecos de EaD

2 Ecos de EaD Novembro 2011

Nesta Edição

Capa: Imagem em: http://www.cesa8.k12.wi.us/services/distance/index.htm

3 Editorial 4 Reportagem: Fórum Nacional sobre Formação a Distância e Online no Palácio Nacional da Formação 6 À Conversa com:

Manuela Francisco e Elsa Oliveira (organizadores da conferência); Carla Noronha, Especialista em Formação. Formadores especialistas ‚Ensino a distância e e-learning, quais as vantagens?‛; ‚Quais os contributos pa-

ra a aprendizagem?‛; ‚O que o distingue? a quem se destina?‛

13 Artigos dos formadores

Educação a Distância: Conceitos e Características Fundamentais Caracterização e utilidade das formações presencial e a distância Ensino Presencial e Ensino a Distância: vantagens e desvantagens Será o Ensino a Distância eficiente?

20 Vokis – testemunhos orais dos especialistas

21 Crónicas Ensino à distância - Uma acessibilidade e possibilidade aos portadores de necessidades educativas especiais M-learning para uma educação inclusiva? Entre o presencial e a distância, qual o futuro da formação em Portugal?‛ O B-learning Blended learning e modelos de virtualização

31 Ecos passados: testemunhos de alunos de e-learning

36 Ecos de Vox: artigo de opinião da especialista Isabel Vieira

37 Apresentações online dos formadores

38 Top 10: Ferramentas online para formadores de eLearning

39 Ecos de Humor

10 Sugestões para leituras adicionais

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3 Ecos de EaD Novembro 2011

Durante o mês de novembro decorreu o Fórum Nacional sobre Formação a Distância e Online, no palácio nacional da formação. Contou--se com a presença do Presidente da República e do Primeiro-ministro para a inauguração deste

evento que reuniu especialistas nacionais e internacionais. Deste Fórum emergiu uma dupla preocupação: por um lado, a necessidade sentida por parte das diversas entidades e agentes educativos envolvidos na aplicação no terreno, de continuar a ponderar, testar e avançar neste modelo de ensino, como é o caso da Universidade Aberta; por outro lado, a perceção da parte das altas autoridades nacionais de que este é um dos trilhos pelos quais o nosso país precisa enveredar, para formar os profissionais no ativo, permitir a formação ao longo da vida e reforçar as competências dos trabalhadores portugueses, com resultados na competitividade e consequente emergência da economia nacional. Houve também a preocupação em convidar parceiros do setor privado, uma vez que estes têm todo o interesse em conhecer as potencialidades do ensino Online e em aplicá- -las nas respetivas empresas. O objetivo deste número especial do jornal digital ‚Ecos de Ead‛ é precisamente dar a conhecer aos nossos leitores a problemática da Formação a Distância e do ensino Online, em consonância com o trabalho levado a cabo pelos especialistas neste tipo de ensino, presentes no fórum nacional. Esperamos tornar a informação acessível e assim desmistificar o conceito de que os ambientes virtuais de aprendizagens não podem ser locais de excelência para a educação e formação. Ao longo das páginas seguintes estão disponíveis intervenções de diversos formadores especialistas. Identificaremos o que entendemos quando falamos em Educação Aberta, Educação a Distância e

Educação Online. Quais as diferenças e semelhanças entre A Educação presencial e o Ensino a distância: vantagens e desvantagens dos diversos modelos de educação Online bem como as evoluções que foram sentidas neste campo. A formação presencial é um modelo que se esgotou para muitos e que não está acessível para outros tantos. Como podemos aprender a relacionarmo-nos com aquilo que é novo e não tem antecedentes na nossa experiência pessoal? Aprofundando o nosso conhecimento sobre Ensino Online! Este é o tempo que todos sonhávamos um dia, viver. É o tempo de mudanças históricas! Pois na visão de poucos e no desejo de muitos, podemos antever que a educação, enquanto direito e necessidade inerente ao Ser Humano, seja, independentemente das barreiras geográficas, económicas, sociais, realmente acessível a todos.

@s Editor@s

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4 Ecos de EaD Novembro 2011

Educação à Distância através do tempo

No passado dia 12 de novembro de 2011, durante o dinâmico e enérgico debate entre os vários especialistas de formação, foi abordada e explicitada a quantidade e caracterização de gerações da Educação a Distância. Contudo, não foi possível apurar um consenso total relativamente ao número de gerações.

A especialista Maria Martins, definiu 4 gerações: 1ª e 2ª de cariz tecnológico - incidindo, maioritariamente na implementação de meios de apresentação e distribuição de conteúdos; 3ª geração -

valorização da comunicação, evidenciando a aprendizagem como processo social – questão de cariz tecnológico e institucional; e 4ª geração, sustentada na tecnologia como suporte à comunicação em grupos, suportada pela comunicação em rede, com recurso a computador e telecomunicações.

A especialista, Isabel Vieira, por sua vez, descreveu três gerações, assente nos avanços e recursos tecnológicos e de comunicação de cada época: 1ª - ensino por correspondência, caracterizada pelo material impresso iniciado no século XIX; 2ª - teleducação/ telecursos, recurso a programas rádio e televisivos, aulas expositivas, fitas de vídeo e material impresso (destaque para a telescola); 3ª - ambiente interativo, por via de teleconferência, chat, fóruns de discussão, correio eletrónico, blogues, espaços wiki, plataformas de ambientes virtuais que possibilitam interação multidirecional entre alunos e tutores.

Neste seguimento, a especialista Estela Gomes, revelou que a educação a distância iniciou antes do avanço das novas tecnologias. Facto assente em cinco etapas históricas postuladas pelo investigador Michael Moore: 1ª geração – estudo por correspondência – cursos de instrução assistida, ministrados via correspondência; 2ª geração - transmissão via rádio e televisão - tecnologia de divulgação da educação e emissão de programas educacionais, telecursos; 3ª geração – abordagem sistémica – testagem da conjugação de várias tecnologias de comunicação, como guias de estudo impressos e orientação por correspondência, transmissão por rádio e televisão, cassetes gravadas, conferências por telefone, kits para experiências realizadas a nível doméstico e recursos a uma biblioteca local; 4ª geração – teleconferência/ audioconferência – comunicação bidirecional em tempo real e em locais diferentes com recurso a telefones comuns, em escritórios, em grupo, surgindo, mais tarde, a videoconferência; 5ª geração - aulas virtuais baseadas no computador e na Internet, acesso ao mesmo documento por computadores diferentes em qualquer distância (comunicação multidirecional).

A especialista Sónia Marcelino, apoiada em Garrison, introduz nova categorização, postulando 6 gerações: 1ª - Geração Monomédia - cursos por correspondência, com destaque para a comunicação assíncrona, o desfasamento temporal; o envio maioritário de documentos para avaliação; a inexistência de comunicação entre professor/aluno e aluno/aluno; 2ª - Geração da telecomunicação - recurso à tecnologia electrónica como o telefone e a teleconferência, linguagem áudio e visual, contacto entre professor/aluno dependente da disponibilidade do professor, aparecimento do tutores e do correio electrónico; 3ª e 4ª - Gerações Tecnológicas -

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predomínio do correio electrónico, contacto frequente entre professor/aluno e aluno/aluno; 5ª - Geração e-learning – recurso a páginas web, contacto muito frequente professor/aluno e aluno/aluno, integrado no ensino a distância, uso de tecnologias de suporte à comunicação como fóruns, chats, videoconferências, blogues; 6ª – Continuação da geração e-learning, cujas tecnologias de suporte à comunicação são os chats, os podcasts, os forúns, os PDA's; 6ª - Virtual Campus in Second Life - futuro e realidade virtual, aumentada.

Para além deste contributo de cariz evolucionista e histórico, a especialista Maria Estibeira reforçou que a individualização das gerações não passa, apenas, pelas modalidades de comunicação e técnicas de suporte mas, também, há evolução de papéis: comunicação entre professor e aluno (e vice-versa), entre alunos e alunos, quase inexistente nas primeiras gerações, passando a existir maior dinâmica no momento em que o modelo de ensino-aprendizagem é aliado à interatividade e à construção colectiva de saberes, baseado numa intensa comunicação entre todos os intervenientes – criação de novas situações de aprendizagem em grupo que promovem a reconstrução colectiva de conhecimentos.

Em tom reflexivo e conclusivo, a especialista Eugénia Baltazar, numa perspetiva de consenso, articula as várias interpretações e tipologias das gerações, realçando o caráter positivo das que, na sua opinião, considera mais relevantes: 3ª geração de Garrison e de Nipper - utilização das novas tecnologias determinará um aumento de autonomia dos alunos, proporcionando a criação de ambientes de aprendizagem individualizados mas que esta

aprendizagem, por mais facilitada que possa vir a ser graças ao computador, só será viável se o professor desempenhar o papel de interveniente direto no processo de comunicação. A especialista mostra, então, a potencialidade de um processo em crescimento, cujo aperfeiçoamento passa pela deteção de pontos a melhorar – a dependência do aprendente que, sem a figura do professor, ou dum formador que o acompanhe, se sente perdido, incapaz de, por si próprio, criar um ambiente proporcionador de aprendizagem real. A especialista revela, baseada na sua experiência que, mesmo com a disponibilização atempada e esclarecedora de ferramentas de ensino, os aprendentes entregues a

si próprios sentiam-se, um pouco, como tripulantes dum navio sem comandante, registando níveis de dependência elevados face à figura do professor.

Não obstante, parece clara a intervenção da especialista Estela Gomes, ao afirmar que a ‚rápida evolução da tecnologia estimulou

novas ideias em termos de ensino a distância e novas propostas para organizar este tipo de ensino tornando o seu acesso cada vez mais fácil e mais eficiente‛. ‚Hoje assistimos a uma ampla oferta de cursos profissionais, cursos de formação superior, cursos de graduação posterior à licenciatura providos a distância, possibilitando que a população adulta se recicle ou aumente o seu grau de competências nos mais variados campos‛.

Estaremos, assim, perante a educação do ‚futuro‛?

António Félix | Rita Baptista| Sónia Valente

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6 Ecos de EaD Novembro 2011

Manuela Francisco e Elsa Oliveira

Entrevista a Manuela Francisco e Elsa Oliveira,

responsáveis pela organização do Fórum Nacional

sobre Formação a Distância e Online, Ano 2011,

acerca da temática: da Formação a Distância e da

Formação Online. Local: Palácio Nacional da

Formação entre X e Y. O evento contou com a

presença do Exmos. Srs. Presidente da República e

Primeiro-ministro, assim como vários especialistas

em formação de renome.

Q: Como surgiu o conceito e estrutura do Fórum?

Este fórum nasce da necessidade de desmitificar

conceitos em torno da EaD e sobretudo quebrar com

conceitos tradicionais de ensino/aprendizagem.

Procurámos juntar os especialistas de diferentes áreas

de formação que além de investigadores nesta área têm

vindo a desenvolver diferentes estratégias pedagógicas

com recurso à tecnologia e aos diferentes dispositivos

tecnológicos.

Q: Qual a importância da temática para o público em

geral?

Esta temática é de extrema importância para

profissionais da educação, empresários e todos os que

de alguma forma estão ou poderão estar envolvidos na

formação a distância quer como formadores quer como

formandos. A clarificação de conceitos e a partilha de

experiências que iremos acompanhar neste fórum

poderão ser um enorme contributo para a mudança de

uma mentalidade coletiva que está enraizada nos

processos tradicionais de ensino. Acreditamos que no

final deste fórum se veja emergir um novo perfil de

formando, de empresário e de educador.

Q: Quais os objetivos da Conferência?

Os grandes objetivos são fundamentalmente

desmistificar estereótipos, clarificar conceitos e

estabelecer pontes entre o ensino/formação e a atividade

profissional e empresarial. Partindo destes objetivos e

conscientes da qualidade dos especialistas convidados e

da sua larga experiência, pretende-se levar a EaD e o e-

-learning a um número alargado de pessoas para que

estas consigam distinguir o que de bom e menos bom se

faz por aí e, quem sabe, se este fórum não termina com

um esboço de um referencial de qualidade para o EaD?

Realço ainda o fato deste evento ter transmissão direta

em podcast, onde convidados de renome internacional

se juntarão a nós para um grande debate com a

participação de todos os que estão em sala e os que

estão a assistir via web. Isto permite mostrar o que de

bom se faz em Portugal nesta área, com qualidade e

pioneirismo.

Q: Quais as vossas expetativas face à problemática?

Qual o impato esperado?

É fundamental que os empregadores ganhem

consciência das competências transversais que os

formandos do regime EaD adquirem ao longo da sua

formação. Estas competências nem sempre são

explicitadas nas ações de formação EaD e e-learning,

contudo, tal como alguns estudos demonstram, os

formandos destas modalidades demonstram maiores

competências ao nível da escrita, da comunicação

formal, da utilização de ferramentas tecnológicas, do

pensamento crítico, da organização e gestão do tempo.

Existem autores que referem ainda que os

estudantes/formadores, apresentam em geral um espírito

empreendedor e autodidata que é fundamental hoje em

dia em qualquer posto de trabalho. Debatermos estas

questões irá certamente ter impacto na audiência e

poderá despertar algumas

consciências.

António Félix | Rita Baptista| Sónia Valente

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7 Ecos de EaD Novembro 2011

Carla Noronha

Entrevista a Carla Noronha, especialista de formação, conferencista e porta-voz dos especialistas, no Fórum Nacional sobre Formação a Distância e Online, acerca desta temática. Local: Palácio Nacional da Formação entre X e Y. Ano 2011. ARS: Tendo em conta a atual dinâmica do ensino a distância com as novas tecnologias de educação online e a diversidade de ferramentas ao alcance do e-formador, estará o público-alvo (aprendentes) preparado para acolher este tipo de educação?

CN: Sabe, Sr. (a) jornalista, certamente compreende que, hoje em dia, as pessoas procuram cada vez mais a sua autonomia e a sua autoaprendizagem. Logo, quando pensamos em e-aprendentes, subentendemos que o perfil dessas pessoas é adequado à versatilidade necessária neste tipo de ensino. Todos os estudos realizados mostram que a EaD está cada vez mais centrada no aluno. Os profissionais atuais devem estar, preferencialmente, ligados a novas tendências, aprimorando a sua aprendizagem em prol, quer do seu trabalho, quer da

sua realização pessoal. E, embora este seja o perfil ideal de todos os estudantes da Educação a Distância, é certo que a grande maioria dos alunos ainda prefere fazer uma aprendizagem mais passiva, digerindo mais e mais informação e regurgitando literalmente os conhecimentos assimilados. Mas, no meu ponto de vista, penso que os potenciais clientes desta forma de ensino estão a modificar-se rapidamente por forma a satisfazer as demandas especificas da globalização e integração.

ARS: Tendo em consideração a especificidade da formação a distância, a quem se dirige esta oferta pedagógica?

CN: Esta forma de aprendizagem é sobretudo destinada a quem quer progredir, seja a nível pessoal ou a nível profissional. As transformações que se têm vindo a verificar ao longo dos tempos têm levado a que o nosso desempenho dependa, em grande medida, daquilo que podemos aprender e em que quantidade o podemos fazer. Há um número crescente de fatores, quer sociais, quer tecnológicos ou económicos que exercem uma pressão constante sobre as pessoas, levando-as à necessidade de formação contínua. As contingências da atividade profissional de hoje, nomeadamente em áreas mais tecnológicas leva a que, mesmo os recém-licenciados tenham desde logo que equacionar a necessidade de atualização continuada para se poderem manter competitivos no mercado de trabalho.

ARS: Nipper (1989, p. 3) afirma que ‚novos papéis esperam professores e alunos nos sistemas de ensino a distância‛. Perante esta nova atribuição quais são os papéis do professor e do aluno? E de que forma são definidos neste sistema?

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8 Ecos de EaD Novembro 2011

CN: Pois, de fato, eu também concordo com esta afirmação. Repare que o ensino/aprendizagem à distância pode ser uma forma de ultrapassar alguns dos problemas causados pelo crescente número de candidatos a maiores níveis de qualificação. É evidente que, face a estes novos desenvolvimentos, é necessário haver mudanças de atitude por parte dos alunos e professores, quer em termos de conteúdo, quer em termos de materiais. O e-formador, tal como no regime presencial, tem que atuar como organizador e facilitador da participação dos formandos, usando todo um conjunto de estratégias necessárias para assegurar que a aprendizagem seja uma experiência enriquecedora e agradável. Este novo ‘professor’ deve promover, estimular, orientar e apoiar as interações que ocorrem neste processo de formação. Shepherd (2003) sintetizou muito bem, do meu ponto de vista, numa mnemónica de 4 P’s as qualidades do e-formador: deve ser Positivo, estabelecendo ligações, gerando entusiasmo e mantendo o interesse; deve ser Proativo, fazendo acontecer, identificando quando é necessário agir e fazendo-o; deve ser Paciente, compreender as necessidades diferentes de cada formando e também do grupo e, finalmente, deve ser Persistente, mantendo o foco naquilo que é essencial e impedindo os formandos de dispersarem. Quanto aos alunos, é em grande parte a impossibilidade de assistir a aulas presenciais que os leva a procurar este tipo de ensino. Contudo, não é adequado a todos. Este novo estudante deve saber gerir o seu tempo de forma autónoma e possuir hábitos e

métodos de estudo e de trabalho. Terá que ter também algumas competências na utilização das tecnologias de informação e de comunicação e capacidade de escrita.

ARS: Ferramentas como Blogs, Edublogs, Weblog, podem ser encarados como recursos ou como uma estratégia pedagógica? (justifique a sua opção).

CN: Penso que têm um pouco das duas vertentes. Enquanto recurso pedagógico, constituem um espaço de acesso a informação privilegiada e também um espaço de disponibilização de informação por parte do professor. É lá que ele (professor) coloca endereços sobre temáticas e informações cientificamente corretas.

Habitualmente é o professor quem cria e dinamiza o blog. Enquanto estratégia pedagógica, centra-se mais no aluno que, como autor ou coautor do blog, fica responsável pela pesquisa, seleção, análise, síntese e publicação da informação, sobre os temas em estudo e/ou as atividades em curso, sendo que, como estratégia pedagógica, estes blogs podem surgir como portefólios digitais ou até mesmo como espaço de debate e de integração.

ARS: ‚A problemática do e-learning entrou claramente na agenda dos temas educacionais em debate, sendo que o termo e-learning é atualmente um dos mais discutidos no domínio da utilização das tecnologias na educação/formação.‛ Gomes, M. J. (data, p.?). Perante o conceito de e-learning, qual a visão existente nesta conferência acerca de conceitos

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associados à aprendizagem e tecnologias na educação, como: dimensão do grupo; uso do tempo online; adaptação à assíncronia; e comunidade de aprendizagem?

CN: Encontramo-nos hoje aqui, nesta conferência, debatendo questões fundamentais que possibilite a todos o entendimento da importância do ensino a distância. O fator fundamental que manteve o ensino a distância, durante décadas, numa situação de relativa menoridade face ao ensino presencial passava, precisamente, pela perceção de que a ausência de um grupo e a consequente inexistência de um contexto de aprendizagem levariam, inevitavelmente, a uma aprendizagem de qualidade inferior. Nessa perspetiva, concorde-se ou não com os fundamentos e a validade dessa perceção, o ensino a distância era visto como uma alternativa secundária de formação, destinado aos que, por razões várias, não podiam frequentar o ensino presencial (o ensino ‚a sério‛). Ora, o fato de o ensino online poder contar com um grupo de aprendizagem, suportado pelas capacidades de comunicação oferecidas pelas tecnologias atuais, permitiu-lhe, finalmente, constituir-se como alternativa credível face ao ensino presencial, oferecendo as suas próprias vantagens e benefícios no quadro de uma formação cuja diferença não é percecionada já em termos de constrangimentos ou grau de qualidade mas sim de oportunidades e preferências pessoais. Será, talvez, exagerado afirmar que o ensino online atingiu já um grau de paridade total com o ensino presencial, no que toca à perceção que alguns setores da sociedade têm da sua qualidade relativa face ao ensino presencial. Contudo, o crescimento acelerado da Internet e do fenómeno da globalização, ao inundar de tecnologia e de comunicação a experiência quotidiana dos indivíduos,

estão a contribuir para que esse momento esteja muito próximo. Mesmo aceitando que muitas das experiências designadas de e-learning, baseadas na perspetiva do estudo autónomo, independente e autorregulado, possam justificar-se, tendo em contas circunstâncias específicas (como referimos acima), parece inegável que uma perspetiva assente na colaboração e na interação, desenvolvidas no seio de uma comunidade de aprendizagem, oferece grandes vantagens em termos da qualidade e do alcance potencial das aprendizagens. Nós, os especialistas desta área, vemos na comunicação mediada por computador (CMC) o potencial para a criação de uma comunidade de aprendizagem que promova o diálogo, o debate, o pensamento coletivo, o trabalho em equipa e a interação colaborativa, proporcionando ganhos a nível social, afetivo e cognitivo e favorecendo a construção partilhada do conhecimento. Eu acredito que, a correta utilização do tempo que os estudantes despendem online - aquando dos seus vários acessos às suas plataformas de trabalho - pode contribuir de uma forma lógica e muito inteligente para tirar o melhor partido desse tempo. Cabe ao estudante um papel ativo na gestão temporal das suas tarefas e a monitorização das tarefas realizadas. Não esqueçamos que, os cursos neste regime de aprendizagem estão estruturados para servir pequenos grupos, por forma a não se instalar o caos. A aprendizagem provém do trabalho desenvolvido em conjunto por pequenos grupos que partilham experiências e perspetivas com base em objetivos comuns e negociados em grupo. Apesar de as modernas tecnologias facilitarem a comunicação de natureza síncrona, o modelo de ensino a distância que é adotado pela maior parte das instituições, incide maioritariamente sobre nas tecnologias assíncronas, com particular relevo para o fórum de

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discussão que promove a reflexão, a partilha de conhecimento e o pensamento de ordem superior (típico do ensino superior), e caminha a passos largos para a adoção num futuro próximo, de outros modos de ferramentas assíncronas que se têm vindo a desenvolver-se a par com o crescimento da web 2.0.

ARS: Os nossos leitores são potenciais aprendentes neste tipo de ensino. Podem ser oriundos dos mais variados campos de formação - o que pode originar a formulação de diversas definições, possivelmente descontextualizadas, do objetivo do ensino a distância. Neste sentido, defina tipos e contextos que descrevam o ensino a distância.

CN: As caraterísticas que definem melhor a EaD são a flexibilidade e a adaptação, a formação permanente e, principalmente, a economia. A EaD tem-se tornado uma arma preciosa para lidar com a falta de tempo que todas as pessoas enfrentam. Um dos principais objetivos desta forma de aprendizagem é desenvolver um sistema interativo e agradável que possa ajudar estudantes e profissionais. A EaD é realmente uma alternativa pedagógica que permite tirar maior proveito das novas tecnologias e das ferramentas existentes, visando sempre proporcionar as melhores condições ao público a que se destina. Esta forma de ensino promove a flexibilidade do local e horário das aulas e o ganho em escala da produção de materiais didáticos. Com esta forma de ensino, é possível aprimorar as possibilidades de desenvolvimento do material educacional e proporciona feedback imediato. Nesta forma de ensino, utilizam-se múltiplas estratégias pedagógicas e formam-se comunidades de aprendizagem. A EaD proporciona acesso crescente a oportunidades de aprendizagem ao longo de toda a vida e também

de atualizar competências; melhora a redução dos custos dos recursos educacionais e evidentemente apoia a qualidade das estruturas educacionais existentes; a educação a distância melhora a capacidade das pessoas se integrarem no sistema educativo e consegue, com grande facilidade, nivelar desigualdades entre faixas etárias. O ensino a distância é uma forma relativamente fácil de proporcionar o aumento de competências em novas áreas de conhecimento e oferece uma oportunidade de flexibilizar horários, permitindo ao formando conjugar a vida pessoal e profissional com a vida académica. Por fim, mas de igual importância, permita-me afirmar com toda a certeza que, esta forma de ensino permite o contacto entre diferentes culturas já que a distância não limita a aprendizagem a fronteiras geográficas.

ARS: Deixe uma mensagem para todos aqueles que possuem dúvidas sobre a qualidade da formação a distância no quadro atual Nacional.

CN: Na verdade, a qualidade e eficiência do ensino a distância é ainda questionada mas, felizmente, já existem inúmeros estudos comparativos efetuados por entidades de renome, que me permitem dizer com toda a convição que Sim, o ensino a distância é tanto ou mais eficiente do que o ensino tradicional. Repare que os números não mentem. Atualmente, existem cerca de 700 000 cursos neste regime de aprendizagem o que representa mais de 100% de crescimento anual em todo o mundo. Maxey, em 2002, já defendia que a aprendizagem e o desempenho aumentam em pelo menos 10% com a educação a distância e geram uma curva de aprendizagem mais rápida em cerca de 60% quando comparado com o ensino tradicional. Se os cursos estiverem bem estruturados, se as

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tecnologias utilizadas forem apropriadas e se existir feedback entre formador e formando, todas as hipotéticas barreiras são ultrapassadas. Repare, esta é apenas uma questão cultural, sendo certo que este tipo de aprendizagem não é destinado a todos os perfis. É urgente mudar mentalidades! Na minha opinião, no contexto socioeconómico nacional atual, é fundamental dinamizar a EaD pelas mais variadas razões. A redução de custos que este tipo de aprendizagem acarreta quando comparado com o ensino tradicional não implica a perda da sua qualidade, muito pelo contrário. Os e-formadores são profissionais em constante atualização, eles próprios, beneficiários da EaD na sua grande maioria. Investir na Educação a Distância é contribuir para a evolução constante dos profissionais de quase todas as áreas e tirar o melhor partido das novas tecnologias. Outrora, nós, portugueses, já fomos pioneiros em tantas outras áreas e, tendo em conta a nossa tradição e o nosso poder de adaptação a novas

situações, é expetável que consigamos dinamizar os nossos recursos por forma a potenciar as mais valias que a EaD promove. Numa altura de crise como esta, em que se fala de flexibilização do mercado de trabalho, é da maior importância compreender o conceito desta nova forma de transmissão de informação, de conhecimentos e de saber. É de suma importância que os nossos governantes compreendam que investir na formação continua a ser a melhor das ferramentas para acompanharmos as grandes economias europeias e, principalmente as economias emergentes. O investimento nesta área, em particular, é muito menor do que no ensino tradicional e acarreta em grande escala a dinamização e constante reciclagem dos nossos formadores, tornando-os profissionais de elite, capazes e dinâmicos q.b., para lidarem com este novo ciclo que a economia portuguesa e mundial atravessa.

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Especialistas de formação a distância

A educação à distância e a educação online poderão relacionar-se de forma complementar e/ou articulada. A EaD pode recorrer à educação

online como ferramenta pedagógica e didática co-adjuvante de outros regimes de ensino como o presencial, ou ser totalmente neste formato (integrado num modelo pedagógico de e-learning). Por sua vez, a educação online não implica ser à distância. A educação online pode ser ministrada como aliada da educação presencial, como pedagogia da descoberta (auto-estudo, ou outras) ou em sistema b-learning, articulação entre regime presencial e a distância. Aproveitando o facto de estarmos num contexto privilegiado para debater esta questão, recolhemos a opinião de diversos especialistas: Toda a Educação à Distância (EaD) é online? | Toda a Educação online é à Distância? Especialista de Formação, Isabel Vieira (Quinta, 10 Novembro 2011, 22:38): ‚Não, nem toda a Educação à distância (EaD) é online. Um exemplo disso é a Telescola. A EaD ‚é a modalidade de ensino que permite que quem queira aprender não esteja fisicamente presente num ambiente formal de ensino-aprendizagem, assim como também permite que o aluno estude autonomamente e em horários distintos‛, Diz respeito também à separaçãocronológica ou espacial entre professor e aluno. A interligação didática entre professor e aluno ocorre por meio de tecnologias. Especialista de Formação, Maria Estibeira (Quinta, 10 Novembro 2011, 23:03): ‚a educação à distância inclui o ensino online, mas não exclusivamente‛; ‚telescola ou os cursos por correspondência podiam ser enquadrados no domínio da educação à distância… substituídos por novas tecnologias no ensino online‛. O ensino online surge, assim, como potencial ‚complemento ao ensino presencial, como método de pesquisa… sendo assim um recurso que de todo não implica educação à distância‛. Especialista de Formação, Sónia Marcelino (Sexta, 11 Novembro 2011, 00:10): ‚A Educação à Distância não é toda online. ‚Basta lembrar as emissões da UAb na tv, nos nossos dias, ou o antigo modelo de tele-escola‛ e nem toda a Educação online é à Distância, pois pode apenas ‚levar a sala de aulas para o ambiente virtual‛.

António Félix | Rita Baptista| Sónia Valente

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS

INTRODUÇÃO

As transformações produzidas durante estes últimos

anos no cenário mundial são o reflexo da aceleração no ritmo das mudanças que emergem e que estão a criar uma sociedade onde a formação colocada como fator estratégico do desenvolvimento, da produtivida-de e da competitividade. Surgem assim, como natural preocupação por parte dos governos e dos agentes sociais, políticas relacio-nadas com a qualificação de recursos humanos, on-de a continuidade da formação, a permanente atuali-zação e a renovação dos conteúdos, são colocadas como prioridade incontestável. Em 1972, a UNESCO, ao traçar as diretrizes para a educação ao longo de uma década, afirmava que: ‚a educação deve ter por finalidade não apenas formar as pessoas visando uma profissão determinada, mas sobretudo colocá-las em condições de se adaptar a diferentes tarefas e de se aperfeiçoar continuamente, uma vez que as formas de produção e as condições de trabalho evoluem: ela deve tender, assim, a facili-tar as reconversões profissionais‛ (UNESCO, 1972) Os atuais sistemas educativos formais têm vindo a revelar uma incapacidade de prover resposta às ne-cessidades educativas massivas, diversificadas e

dinâmicas de educação e formação de adultos. Como atender às demandas crescentes de formação e atualização de conhecimentos e práticas profissionais quando as instituições de ensino superior enfrentam uma crise financeira acentuada e uma falta evidente de recursos? O ensino a distância pode ser uma solução para esta questão e para mais algumas que se colocam no âmbito da formação de adultos tais como, as questões de mobilidade, de posicionamento geográfico condicionante do acesso de instituições habilitadas para formação, questões relativas à capa-cidade de gestão de tempo cuja resolução se revela pertinente para a população adulta. No decorrer deste artigo serão abordados alguns conceitos básicos que permitem entender, com maior fluidez o que é o ensino a distância e quais as van-tagens que oferece no contexto da formação de adul-tos. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO Muitas são as denominações e as conceptualizações que encontramos relacionadas com o ensino a dis-tância. Fala-se com alguma ligeireza de Ensino a Distância e Educação a Distância como se de sinó-nimos se tratassem. Contudo, Ensino representa ins-trução, socialização da informação, aprendizagem, enquanto Educação representa uma estratégia básica da formação humana, aprender a aprender, saber

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pensar, criar, inovar, construir conhecimento, partici-par. É nesta segunda linha de pensamento que este artigo se insere e onde se pretende discutir o signifi-cado e as dimensões que abarcam a EAD (Educação a Distância). A Educação a Distância, enquanto prática educativa, deve comprometer-se com os processos de liberta-ção do indivíduo em direcção a uma sociedade mais justa e onde todos tenham o direito ao livre acesso à formação. Enquanto prática mediatizada, deve utilizar a tecnologia como um processo de planeamento, de construção de currículos, de metodologia, ou seja, em termos muito lineares, deve buscar a possibilida-de de viabilizar o processo educativo. Em conse-quência destes pressupostos, exige-se uma organi-zação de apoio institucional e uma mediação peda-gógica que garantam as condições para que a aprendizagem se revele significativa, eficaz e de qua-lidade. A EAD distingue-se da modalidade de ensino pre-sencial pelo facto de se constituir um sistema tecno-lógico de comunicação bidirecional que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal na sala de aula entre o professor e aluno como meio prefe-rencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organi-zação e tutória que propiciam uma aprendizagem independente e flexível. Os elementos constitutivos da Educação a Distância podem resumir-se a: . Distância física entre o professor e o aluno – a aprendizagem ocorre sem que os dois intervenientes no processo de ensino/aprendizagem tenham de

compartilhar o mesmo espaço físico; a aprendizagem ocorre de forma virtual. . Estudo individualizado e independente – reconhece-se ao estudante as capacidades de construção do seu trilho educativo através da sua reflexão pessoal sobre os conteúdos que lhe são fornecidos e capaci-dades de comunicação e partilha que permitem ao estudante aprender a aprender com os outros e atra-vés da pesquisa individual. . Processo de ensino/aprendizagem mediatizado – a educação a distância deve proporcionar aos apren-dentes suportes e estruturas que viabilizem e incenti-vem a autonomia nos processos de aprendizagem. Tal acontece se forem instituídos mecanismos de disponibilização de conteúdos, meios tecnológicos, sistema de tutória e mecanismos de avaliação. . O uso de tecnologias – Os recursos técnicos de que dispomos atualmente permitem romper barreiras rela-tivas à distância, às dificuldades de acesso e às difi-culdades que podem surgir na prática de um ensino mais individualizado e autónomo. Existem inúmeras possibilidades de proceder ao estímulo e motivação do estudante, bem como proceder ao armazenamen-to de dados e à sua divulgação. . A comunicação bidirecional – o estudante deixa de ser um mero recetor de informações, mas passa a ser um interlocutor em relações diversas, criativas, críticas e produtivas, e passa a ter o papel de produ-tor de conhecimento e não apenas consumidor do mesmo. As características mais evidentes da EAD podem ser resumidas como: . Abertura – Existem múltiplas ofertas educativas que permitem a eliminação de barreiras e requisitos de acesso, que atendem à especificidade de cada popu-lação, que respeitam os estilos de aprendizagem

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diferenciados e que atendem à complexidade da vida contemporânea. . Flexibilidade – A Educação a Distância permite uma flexibilidade de espaço, de assistência, de gestão de tempo, de ritmos diferenciados de aprendizagem, que favorece a população adulta que pretende combinar o trabalho, o estudo e a vida familiar. . Adaptação – A EAD permite a adaptação de princí-pios de andragogia à realidade vivenciada pelos adul-tos quando confrontados com o regresso às exigên-cias de uma formação específica. . Eficácia – O estudante é incentivado a tomar as rédeas da sua aprendizagem, a ser crítico face à sua produção. Para tal, recebe apoio pedagógico e cogni-tivo através da integração dos meios e da comunica-ção que se pretende bidirecional. . Formação permanente - Existe uma grande procura de formação adicional e contínua face às exigências registadas no mercado de trabalho e face à procura de profissionais que exibam no seu currículo compe-tências transversais a vários domínios de atuação . Economia – Para o estudante, a EAD proporciona economia em termos de deslocação, do abandono do local de trabalho e de energia indispensável a uma produção eficiente das tarefas laborais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A EAD representa, em termos efetivos, uma alternati-va pedagógica que deve incorporar as novas tecno-logias como meio de alcançar os objetivos das práti-cas educativas adotadas, tendo em mira a conceção de Homem e Sociedade e considerando as popula-ções que deseja servir; coloca-se, assim, como um conjunto de métodos, técnicas e recursos que ser-vem as populações estudantis que revelem uma ma-turidade e um nível de motivação para que, em regi-me de autoaprendizagem, se permitam adquirir co-nhecimentos e qualificações nos mais variados pata-mares da aprendizagem. É, portanto, uma alternativa pedagógica comprometida com uma prática alicerça-da em princípios éticos, solidários que permitam uma integração do indivíduo na sociedade em permanente mutação. BIBLIOGRAFIA MOORE, Michael; KEARSLEY, Greg. Educação a Distância - Uma visão integrada. Thomson Learning, 2007.

por Estela Gomes

[email protected]

Caracterização e utilidade das formações presencial e a distância

Circula, em senso comum, a ideia de que a formação presencial é percecionada como sendo de referência e a formação a distância como um método de ensino de segundo plano, havendo mesmo quem defenda que a segun-da jamais suplantará a primeira.

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Não será, contudo, correto efetuar uma comparação entre ambas com base no peso relativo que cada uma possa ter. Em primeiro lugar porque, objetivamente, não se prevê que a formação online possa vir a obter uma posição de prevalência no campo da formação em termos genéricos; e em segundo lugar, devido ao facto de os dois tipos de formação terem características distintivas. No entanto, a formação a distância deverá ser consi-derada como uma alternativa válida ao método de for-mação dito ‚tradicional‛, na medida em que é uma ino-vação que, a passo da evolução das novas tecnologias de informação e comunicação, se encontra num proces-so de afirmação, demonstrando ainda potencial para evoluir e firmar-se como uma modalidade de formação de grande valia para determinados perfis de procura. Com efeito, a formação presencial caracteriza-se por um conjunto de sessões que ocorre num tempo e num espaço definidos, segundo um plano elaborado pelo formador. O formador é o agente principal neste tipo de formação, no sentido em que este detém grande parte do conhe-cimento que é passado aos formandos, estando geralmente disponível para clarificar dúvidas apenas no período de formação (embora o possa fazer fora dela, mas por iniciativa própria). Os recursos fornecidos são normalmente complementares às exposições efetuadas pelo formador, pelo que a presença do formando é indispensável e obedece a regras rígidas em termos de assiduidade e de pontualidade. A formação presencial é também caracterizada, regra geral por maiores custos de inscrição para o formando, na medida em que envolve a disponibilização e mobilização de recursos (instalações, recursos humanos, materiais didáticos, etc.) Quanto à formação a distância, esta caracteriza-se pela existência de um ambiente virtual de aprendizagem que está disponível a qualquer hora para a consulta de informação e para a promoção de interações entre formandos e entre formandos e formador. Neste caso, a aprendizagem está centrada no aluno, dado que os tempos de aprendizagem – ainda que obede-ça a certos prazos de realização de trabalhos para avaliação – são ditados pelo formando, que assim poderá con-ciliar outras atividades com a formação. Quanto aos recursos disponibilizados, estes assumem um papel mais preponderante na medida em que, quer a bibliografia sugerida, quer os recursos carregados na plataforma pelos formadores, constituem a fonte principal de conhecimento, passando o formador a exercer funções de tutoria. Finalmente, quanto aos custos de formação, estes são geralmente inferiores aos da formação presencial.

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Como já foi mencionado anteriormente, cada tipo de formação serve pessoas com diferentes necessidades es-pecíficas. Por um lado, a formação presencial poderá servir formandos com maior disponibilidade e com maior motivação para se deslocarem às entidades de formação, beneficiando de uma aprendizagemin loco, valorizando as vanta-gens da interação presencial com o formador e da troca de experiências com colegas formandos. Por outro lado, a formação a distância será de particular importância para um target constituído por um conjunto de pessoas com um leque de responsabilidades pessoais e profissionais que seriam, à partida, um entrave para a frequência do ensino presencial. É neste espírito de complementaridade que estes tipos de formação deverão ser compreendidos, tendo em con-ta pontos fortes e fracos de cada um, que serão julgados por cada indivíduo em função do seu perfil pessoal e das suas necessidades.

por Henrique Cabeleira

Ensino Presencial e Ensino a Distância: vantagens e desvantagens Quando se fala das vantagens e desvantagens destes dois tipos de ensino, tem de se considerar que existe um debate em aberto. Encontram-se tanto os defensores de um como do outro. Mas existem já apontadas diferenças básicas que podem esclarecer o leitor do artigo em causa e efetuar a sua escolha.

Sobre a formação presencial não é preciso fazer muitas introduções, sendo que a maioria dos leitores já o experimentou (escola, liceu, universidade). Neste tipo de ensino o espaço e tempo são regulamentados e definidos pelas instituições em causa. O apoio é imediato, presencial, também existe uma interação do grupo elevada. Existe o velho paradigma de que a

aprendizagem no ensino presencial é uma qualidade garantida. Mas atualmente o ensino presencial deixa a desejar. Com o decorrer do tempo observa-se um declínio e uma maior adesão ao ensino a distância. O leitor pergunta: porquê? Acontece que, atualmente, no mundo globalizado em que vivemos, temos todas as oportunidades para ter uma vida melhor: estudar e trabalhar, viajar e estudar, criar filhos e estudar, etc.

A gestão assenta no princípio de sustentabilidade e seus derivados. Algumas das instituições de ensino estão a inovar para satisfazer a procura ambiciosa por parte dos alunos.

Por exemplo: uma pessoa que pratica surf profissional pode tirar um curso de ensino superior,

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porque tem acesso de qualquer ponto do mundo à Internet e à sua plataforma de ensino. Existe um apoio online (administrativo, tutorial, etc.) e o material didático é disponibilizado na plataforma. A qualidade é consistente, existe uma viva interação entre formador e formando e vice-versa. Gera-se uma intensa exploração das funcionalidades das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), por sua vez a informação apresentada é ilimitada. Quando se fala sobre custos, o ensino a distância apresenta claramente um custo mais baixo em comparação com o custo da educação presencial. A autenticidade do material didático prevalece no ensino a distância.

O papel do professor e do aluno assenta numa relação horizontal. Os formadores no ensino a

distância utilizam inúmeras ferramentas para formular, transmitir os conhecimentos. A avaliação presencial que normalmente é efetuada através de um teste difere da avaliação do ensino a distância através duma avaliação contínua da matéria didática.

Assim, se alguém dos leitores é uma pessoa que trabalha, tem uma vida pessoal intensa, tem que poupar, viajar, etc., mas ao mesmo tempo quer estudar por diferentes motivos, obter curso superior, formação para fins de carreira, aqui tem o tipo de ensino ao seu alcance de qualidade superior - ensino a distância.

por Larisa Dem

Será o ensino à distância eficiente?

Muitos questionam a eficiência do ensino à distância, no entanto, pelos resultados comparativos de estudos efetuados em diversas instituições de ensino, podemos concluir que este é tão ou mais eficiente que o tradicional, desde que:

- o método e tecnologias usadas sejam as apropriadas à matéria que se ensina; - exista interação entre os formadores; - exista feedback formador-formando.

Para vencer as barreiras da distância, ultrapassar as condicionantes da separação entre o formador e o formando e estabelecer um diálogo formador/formando, o ensino à distância tem procurado responder através da utilização combinada e integrada de 2 vertentes principais:

-aplicação e utilização das tecnologias da informação (correio, telefone, teleconferência, correio eletrónico, fax, internet, chat, fóruns); -exploração e adaptação do desenho dos próprios materiais de estudo;

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Assim, numa perspetiva atual, o ensino à distância apresenta-se cada vez mais como uma alternativa, e não como um complemento aos tradicionais métodos de ensino presenciais. Reconhecendo, algumas das particularidades do ensino à distância podemos identificar:

- o formando pode ter a liberdade de gerir a sua aprendizagem, escolher conteúdos e a celeridade do estudo; - ter motivação, responsabilidade e capacidade para a autoaprendizagem (aprender a aprender); - poder ser avaliado presencial ou remotamente; - poder rever a matéria quando e quantas vezes entender; - avançar na sua aprendizagem de forma autónoma e individualizada; - estar em contacto com o formador e com a turma usando as tecnologias disponíveis; - aprender ao seu próprio ritmo.

Para concluir, podemos dizer que é uma questão de cultura adotar a educação à distância.

por Maria Martins

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21 Ecos de EaD Novembro 2011

Muito se discute ainda na actualidade sobre o ensino à distância. Da polémica inicial sobre o e-learning e a sua validade, verifica-se que é um meio de ensino aprendizagem cada vez mais recorrente. Podem-se referir aos detractores os benefícios: possibilidade do acesso à educação para todos, a diminuição dos custos, a partilha global do conhecimento à escala mundial. Surgem sempre os cépticos, que apontam lacunas quanto à eficiência e qualidade. Um dos argumentos muito usado, para pôr em causa o ensino à distância é a probabilidade de promover o isola-mento individual. Assim os diversos tipos de e-learning são rotulados de propiciarem hipoteticamente, um enfra-quecimento dos relacionamentos interpessoais e intersociais. Para a maioria do público é desconhecida a Declaração de Salamanca (1994) sobre a inclusão plena dos portadores de necessidades educativas especiais nos diferentes sistemas educativos. A escola inclusiva advoga o fim da segregação e o direito universal de todos à educação, independente das suas limitações físicas.

Parece-nos oportuno defender o ensino à distância como uma acessibilidade e um meio poderoso para vencer muitas barreiras. Os portadores de deficiências motoras são muitas vezes condicionados nas suas deslocações pelas dificuldades de transporte e obstáculos arquitectónicos. Estes cidadãos encontram neste tipo de ensino, um

Ensino à distância - Uma acessibilidade e possibilidade aos portadores de

necessidades educativas especiais

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modo de resolução das suas contrariedades em termos de limitações de tempo e movimento em todos os espaços. Lembrámos estas pessoas, por serem um exemplo mais concreto. Não queremos ser exaustivos, mas há muitos cidadãos com necessidades educativas sem serem permanentes. Aqueles a quem surgem doenças degenerativas ou tratamentos oncológicos, e não podem aceder aos estabelecimentos de ensino durante determinados períodos temporais. O ensino à distância permite-lhes o contacto e o estímulo de continuarem a progredir nas suas aspirações académicas. Recordaremos sumariamente que o ensino à distância e a Web, tornaram possível o desenvolvimento de várias ferramentas de software, que permitem a comunicação a muitos cidadãos com necessidades educativas especiais. Pode-se propor a perspectiva de se encarar o ensino à distância como uma forma de inclusão e um potencial inesgotável acesso à educação, de acordo com os Princípios defendidos pela Convenção de Salamanca.

por Conceição Alencoão

M-learning para uma educação inclusiva?

RESUMO: O presente texto pretende uma aborda-gem não exaustiva à emergente modalidade de ensi-no e aprendizagem, na Educação a Distância, de-signada por m-learning, cujas potencialidades podem favorecer uma educação inclusiva, num mundo de sete biliões de habitantes, em que cinco biliões são utilizadores de dispositivos de comunicações móveis. Palavras-chave: Educação a Distância, m-learning, ubiquidade, aprendizagem situada, educação inclusi-va. Introdução

A rápida evolução da tecnologia (computadores com interface inteligente e cada vez mais intuitiva, desenvol-vimento das comunicações através de wireless - Wi-Fi, Bluetooth, LAN, GPS… -e dos sistemas de satélite) criou um leque de possibilidades de utilização e explo-

ração dos diversos dispositivos tecnológicos cada vez mais desafiante. A utilização desses dispositivos móveis em contextos de aprendizagem começou a fazer emer-gir um novo paradigma de ensino e aprendizagem: o mobile learning ou m-learning. O mobile learning ou m-learning

O conceito de m-learning contempla a utilização de tecnologia de equipamento móvel (laptops, MP3, note-books, telemóveis…) para a aprendizagem, mas não a reduz a isso mesmo: a característica principal do m- -learning assenta no facto de ser uma aprendizagem através de contextos: toda e qualquer aprendizagem que ocorre quando o sujeito aproveita as potencialida-des da tecnologia móvel para aprender., decorrendo a aprendizagem do acesso à informação e a conteúdos, da interação social ou de jogos e simulações.

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O m-learning e o “acesso à inclusão”

Numa sociedade em que estamos cada vez mais ‚co-nectados‛, que nos impõe mobilidade, ubiquidade e multitasking, importa considerar a relevância de novos paradigmas de aprendizagem que vão ao encontro das necessidades e preferências dos aprendentes e que potenciem cada vez mais uma educação inclusiva.. Ora, o m-learning esbatendo as limitações decorrentes de localização no espaço, e até no tempo, permite a acessibilidade a partir de qualquer lugar que reúna condições de comunicação via internet e faculta a parti-lha de materiais de aprendizagem, a interação e a co-laboração simultânea em situações e/ou contextos co-muns ou diversos e também a receção de feedback. É, portanto, um modelo pedagógico ‚just in time, just enough and just for me‛ (Peters, 2007, p. 15). Muito ligado ao e-learning (em sentido amplo), o m-learning permite a conceção ou desenho de ambientes/ módulos/ cursos de m-learning, embora com considerá-vel cuidado, uma vez que os dispositivos móveis de acesso se revestem de uma pluralidade de caraterísti-cas técnicas e software bem mais diverso do que o necessário para o e-learning (já que envolve dispositi-vos como smartphones leitores Mp3/Mp4, consolas de videojogos portáteis, tablet's e ebook readers, iPhone's, iPad's…). A forma de contornar essa pluralidade passa-rá pelo recurso às tecnologias da Web 2.0 (e.g., blogs, wikis, Twitter, YouTube…) ou sites de redes sociais (e.g., Facebook ou Edmodo), que, além de gratuitas,

disponibilizam (e atualizam) frequentemente versões adaptadas aos dispositivos móveis e permitem e poten-ciam uma versátil utilização pedagógica. A conceção de estratégias é outro fator a relevar. Elas devem: a)fomentar a articulação entre o desenvolvi-mento individual e o contexto (tirando significativo pro-veito deste último); b)promover a interação aprendente-conteúdo, aprendente-tutor e entre aprendentes; c)favorecer a criação de comunidades de aprendentes e prática, que podem beneficiar, em termos imediatos e experienciais, dos ambientes colaborativos ‚móveis‛ (como as redes sociais, por exemplo); d)facilitar a as-similação e construção (individual e coletiva) de conhe-cimento. Os conteúdos para m-learning devem ser concebidos visando uma pluralidade de fatores: competências dife-rentes, contextos e localizações diversas e dispositivos vários. Há, pois, que acautelar a convergência entre o dispositivo, o público-alvo e a dimensão social, priori-zando as pessoas, os seus estilos de aprendizagem e os seus objetivos. Assim, devem os conteúdos: a)ser em formatos bastante simples (SMS, p. ex.); b)ser apresentados em pequenas porções (devido às limita-

ções tecnológicas dos dispositivos); c)privilegiar a utili-zação de ferramentas de software livre, interativo e online, cujo acesso potencie uma eficaz interoperabili-

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dade sem a necessidade frequente de instalação de apps. Os conteúdos já existentes para outras modalidades

podem ser convertidos em formatos acessíveis à

pluralidade dos dispositivos móveis: ebooks,

audiobooks, podcasts, vídeo/ áudio…

Conclusão O desafio que se coloca reside, pois, em repensar pa-radigmas educativos e abordagens do processo de aprendizagem, em apostar no desenvolvimento criativo de técnicas e materiais educativo-pedagógicos para tecnologia de utilização simples e acesso fácil, fomen-

tadora de uma educação inclusiva. Porque, mais impor-tante do que dominar o funcionamento da tecnologia, é saber aproveitar todo o potencial que ela oferece, para construir e incluir cidadãos num mundo cada vez mais glocal. Referências bibliográficas

por

Leonor Campos de Melo [email protected]

Entre o presencial e a distância, qual o futuro da formação em Portugal?”

Na sociedade atual, tudo acontece excessivamente rápido e o que hoje é verdade amanhã já pode não o ser… Encontramo-nos numa sociedade de informação onde se privilegia o armazenamento de informação, o seu pro-cessamento e a sua disseminação e onde tudo se passa num clique; cada vez mais conhecimento significa po-der… As atividades relacionadas com a informação e a aquisição de conhecimentos cada vez mais assumem um valor apreciável, transformando antigos paradigmas em novas formas de interação com os outros num mundo cada vez mais globalizado. Lèvy (1997) e Castells (2004) são dois autores que impulsionaram a discussão da importância da problemática da informação. Para Castells, cada indivíduo constitui um agente disseminador da informação e cada pessoa repre-

Bradley, C., Haynes, R., Cook, J., Boyle, T., & Smith, C.

(2009). Design and development of multimedia learning

objects for mobile phones. In M. Ally (Ed.), Mobile learning:

Transforming the delivery of education and training (pp. 157–

182). Edmonton, AB: Athabasca University Press.

Peters, K. (2007). m-Learning: Positioning educator for a mobile, connected future. International Journal Of Research in Open and Distance Learning, 8(2), 1-17. Valentim, Hugo (2009). Para uma compreensão do mobile

learning. Reflexão sobre a utilidade das tecnologias mó-veis na aprendizagem informal e para a construção de ambientes pessoais de aprendizagem. Tese de mestrado em Gestão de Sistemas de e-Learning, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa. Obtido em novembro de 2011, de http://hugovalentim.com

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25 Ecos de EaD Novembro 2011

senta um nó na teia da informação. Para Lèvy o ciberespaço constitui um espaço de comunicação aberta pela interligação dos computadores, ou seja, o espaço onde as informações digitais transitam. A evolução das novas tecnologias leva a uma necessidade constante de atualização de conhecimentos e evidencia cada vez mais a necessidade de cada um de nós aprender por si só a resolver questões emergentes no dia a dia. A competência de aprender a aprender obriga à emergência de um novo paradigma em educação. A nível euro-peu, várias recomendações têm surgido com o desejo de que a Europa se adeque a uma sociedade cognitiva, baseada na aquisição de conhecimentos e onde aprender seja um processo contínuo ao longo da vida. Hoje em dia todos nós temos acesso a redes sociais como o Facebook, o Twitter, que constituem uma forma de disseminação de informação incontestável; muitos possuem smartphones ou Notebooks ou ainda iPads que permi-tem ampliar o conceito de mobilidade na aprendizagem. Os computadores cada vez são mais pequenos, mais portáteis, permitindo que qualquer indivíduo tenha acesso fácil à infor-mação através da World Wide Web. Esta evidência revolucio-na por completo a noção de aprendizagem e da forma como esta se processa; revela-se necessária uma alteração de men-talidades e de um reajustamento da oferta pedagógica das nossas escolas às necessidades da sociedade contemporâ-nea. O professor não é mais o único polo de saber, mas sim um mediador da aprendizagem e um facilitador de informação. A aprendizagem informal cada vez mais se assume como uma via de obtenção de conhecimento que não deve ser descurada. Neste contexto, a educação não é somente presencial mas também a distância e é importante que as escolas se adaptem às novas exigências do aprendente e acompanhem o ritmo imposto pelas novas tecnologias. Embora, em faixas etárias muito reduzidas não se coloque a hipótese de se instituir um regime de Elearning, já que este obriga a um grau de autonomia que não se adequa ao grau de maturidade das crianças e adolescentes, ainda assim a existência de um Moodle onde seja possível a colocação de materiais didáticos, recomendações e atividades, é desejável e estimula a responsabilidade da consulta individual, bem como aumenta as competências digitais. Por outro lado, os blogues, os wikis, os sites, são ferramentas que deveriam ser utilizadas em contexto de trabalho colaborativo, principalmente no ensino secundário; estas ferramentas são de fácil acesso e de agradável utilização permitindo potenciar a aprendizagem e o trabalho de grupo, para além de permitir a exploração de situações novas a nível tecnológico. Vertentes do ensino a distância mais elaboradas como o b-learning ou o e-learning ou o m-learning são recomendadas no ensino superior e observa-se que o rumo educativo tende para a adoção cada vez mais acentuada de práticas pedagógicas onde alguma das modalidades de ensino esteja incluída. Ainda não podemos afirmar que o futuro da formação em Portugal é o ensino a distância, mas uma solução de compromisso entre a educação a distância e a educação presencial já se trabalha em muitas universidades do nosso país, sendo encarada como uma alternativa desejável ao ensino tradicional.

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Bibliografia Castells, Manuel (2004). A Galáxia da Internet. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. Comissão Europeia COM (1995). Livro Branco sobre a Educação e a Formação – Ensinar e Aprender –Rumo à Sociedade Cognitiva. Disponível em: https://infoeuropa.eurocid.pt/registo/000037230/. Consultado a 15 de Novembro de 2011. Lévy, Pierre (1997). Cibercultura. Lisboa: Instituto Piaget.

por Estela Gomes

O B-learning

O B-learning é um sistema de formação misto em que uma parte da aprendizagem se faz através da Inter-net, no sistema de E-learning, e algumas das actividades da formação são desenvolvidas em sala de aula (ses-sões presenciais), juntando o grupo de formandos e o formador-tutor. Assim, a aprendizagem torna-se mais fácil e mais agradável. Diversos estudos sobre métodos de E-learning, indicam que o b-learning é, em geral, o mais efi-caz para conseguir desenvolver aprendizagens à distância.

Pode ser estruturado com atividades síncronas, ou assíncronas, da mesma forma que o e-learning, ou se-ja, em situações onde professor e alunos trabalham juntos num horário pré-definido, ou não, com cada um a cum-prir suas tarefas em horários flexíveis. Entretanto o blended learning em geral não é totalmente assíncrono, porque exigiria uma disponibilidade individualizada para encontros presenciais, o que dificulta o atendimento.

Vantagens do B-learning

- Melhor integração pessoal entre os participantes, com consequente troca de experiências.

- Possibilidade de desenvolver dinâmicas colectivas.

- Eventual redução de custos com a formação de grupos, a permitir que toda uma turma inicie o curso e termine no mesmo prazo.

- Melhor capacidade de avaliação dos alunos, em situações ao vivo, especialmente quando o objecto da formação envolve performance de relacionamento e postura do aluno frente ao público.

- Possibilidade de realizar trabalhos de campo e visitas técnicas a locais de interesse.

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- Humanização da relação entre a instituição e os alunos.

- Melhores resultados de aprendizagem dentro de prazos estabelecidos, com meios mais diversificados e colabo-ração entre os alunos mais intensa.

Desvantagens do B-learning

-Necessidade de organizar turmas presenciais, para redução de custos, com datas definidas, pode limitar o acesso de alunos individuais que queiram estudar programas de forma independente e com prazos mais flexíveis, como no caso do E-learning.

-Limita o acesso de alunos individuais que pretendam estudar programas de forma independente e com horários flexíveis -Desvalorização do professor online e elevada valorização do professor presencial. Frequentemente o professor à distância tem a função de tutor, ou seja, não é o principal responsável pelos conteúdos, mas apenas pela relação do aluno com o sistema pedagógico. Já o professor presencial tem mais protagonismo, entretanto não sendo ele quem atende os alunos à distância, os alunos ficam desampara-dos dos dois lados: aquele que domina o conteúdo não faz atendimento, e quem faz o atendimento não domina total-mente o conteúdo.

por

Maria Martins

Blended learning e modelos de virtualização

O Blended Learning, modelo de ensino misto (educação presencial complementada por vertente online) visa uma

melhoria na aprendizagem.

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Para muitos apresenta como ponto fraco a ausência de contato presencial, para outros uma mais-valia dado que

veio derrubar fronteiras geográficas, sociais e económicas permitindo, assim, a mais pessoas o acesso ao ensino.

Provado está o facto que o ensino online permite a organização de estruturadas comunidades de aprendizagem,

fomentadas pelos amplos benefícios da comunicação em rede, onde se desenvolve uma aprendizagem

colaborativa e se estabelecem fortes ligações sociais.

Este modelo de ensino tem sido adotado quer por instituições que se dedicavam, até então, exclusivamente ao

ensino presencial quer por universidades presenciais, procurando uma relação qualidade-preço que possa

repercutir-se num ensino atrativo e cuja qualidade seja acessível. Todavia, tal como aponta Moore (2005), há que

ter em conta duas realidades distintas: a produção de materiais que visem a aprendizagem em rede para alunos

do ensino presencial (que se traduz numa economia de tempo e recursos) e a organização do ensino numa

universidade à distância, cujo público-alvo se encontra geograficamente disperso.

O DESENHO DE CURSOS MISTOS TERÁ DE TER EM CONTA OS RECURSOS EXISTENTES (HUMANOS E TECNOLÓGICOS) QUE,

EFICAZMENTE CONCILIADOS, POSSAM GARANTIR O EQUILÍBRIO ENTRE O NÚMERO DE HORAS DE ENSINO ONLINE E DE ENSINO

PRESENCIAL.

MODELOS DE EDUCAÇÃO ONLINE E ENSINO MISTO

Atualmente, na génese do ensino online, segundo Mason (1998) os cursos podem classificar-se em:

- de ‚utilização relevante‛, onde a Web é apenas um recurso complementar onde poderão ser disponibiliza-dos materiais e onde há recurso ao correio eletrónico;

- de ‚utilização integrada‛, em que grande parte dos conteúdos e atividades se encontram online, sendo que este sistema já é bastante valorizado, embora o aluno concilie a utilização destes recursos com fontes de informação tradicionais (livros, vídeos...);

- e, finalmente, de ‚cursos totalmente online‛ onde, para além da disponibilização online de materiais e con-teúdos, todas as atividades e interações se efetuam através da utilização da web. Aqui já se evidencia a construção de comunidades de aprendizagem que, em propostas de realização de atividades, debates, cir-culação e produção de informação, se verifica trabalharem dinamica e colaborativamente, contribuindo para o sucesso escolar do grupo.

VISÃO DE CAROL TWIGG

Segundo Carol Twigg (2003) existem cinco tipos de virtualização:

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1. O modelo de “Suplemento‛, onde a estrutura de ensino é a de um curso tradicional, com idêntico número

de encontros presenciais em situação de sala de aula, mas com algumas alterações em duas versões do

modelo:

- na primeira versão a informação em suporte tradicional é complementada pelo acesso a atividades, desen-volvidas fora da sala de aula, que recorrem à tecnologia, como cd-roms, onde atividades interativas com-plementam os assuntos abordados em sala de aula;

- na segunda versão a situação é a inversa: os alunos resolverão, antes da aula presencial, atividades dis-ponibilizadas num website da disciplina, por exemplo.

2. Modelo de “Substituição”, onde se irão suprir alguns dos encontros em sala de aula por ensino online.

Assim, parte das aulas presenciais serão efetuadas recorrendo ao ambiente virtual, onde atividades irão gerar

aprendizagem de determinados conteúdos. Aqui, com a introdução do modelo online, assistimos ao questionar

da necessidade dos encontros presenciais, o que vem romper determinadas barreiras ideológicas.

3. Modelo de “Emporium”, que assenta numa escolha, por parte do aluno, referente à tipologia de materiais a utilizar, tendo em conta o seu ritmo e disponibilidade horária. Desta forma todas as aulas presenciais serão substituídas por um centro de recursos de aprendizagem online e o tradicional professor presente será substi-tuído por tutores que prestam assistência personalizada. Este modelo exige a utilização de software instrucional, da criação do sistema de módulos, onde os alunos, re-correndo à navegação interativa, terão de responder a determinados assuntos. Existirá, pois, uma base de perguntas e respostas devidamente classificadas que fomentarão a aprendizagem. O tutor terá aqui um papel de direcionador do estudante face aos recursos que ele dispõe, apostando-se fortemente na criação de softwa-re educativo de excelência.

4. Modelo Totalmente Online, que anula todas, ou quase todas, as aulas presenciais, substituindo-as pelo ambi-ente online. Recorrendo a recursos da web e multimédia, software comercial ou open source, tem por base o ensino através de plataformas de e-learning e ferramentas web 2.0, onde se formam turmas virtuais que evoluem através da aprendizagem colaborativa e/ou auto-aprendizagem por parte dos estudantes.

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5. Modelo de “Buffet‛, baseado num ensino individualizado e nas necessidades de cada estudante, tendo em conta o seu percurso habilitacional. Existirá um leque de percursos individualizados que possibilitará a cada aluno atingir os seus objetivos em termos de aprendizagens.

Bibliografia: Quintas-Mendes, António; Morgado, Lina; Mota, José. Blended Learning e Modelos de Virtualização.

por

Eugénia Baltazar

O B-LEARNING

Olá a todos! Hoje venho falar-vos de um assunto muito interessante: o b-learning ou blended learning. Venham comigo aprender um pouco mais… Quero então falar-vos de um sistema de formação que resulta da combinação de múltiplas abordagens à aprendi-zagem. Este é um sistema de aprendizagem combinada, também conhecida por híbrida ou mista, que combina os métodos do ensino presencial (tradicional) e do ensino à distância, procurando desta forma maximizar as vanta-gens de cada um. No passado, existiam dois métodos de ensino diferentes: o presencial e o ensino à distância. No ensino presencial a comunicação é face a face e todos os intervenientes encontram-se no mesmo espaço físi-co, cumprindo um horário rígido e é uma forma de ensino na qual se recorre pouco aos meios tecnológicos. Nesta forma de ensino, predomina a população estudantil mais jovem, enquanto que, no ensino à distância atravessa-ram-se muitas gerações. A primeira, dos documentos impressos recorrendo aos correios (ensino por correspon-dência); a segunda, a geração do áudio e do vídeo com recurso a emis-sões de rádio e televisão; uma terceira geração do inicio dos computado-res, cd-rom’s e dvd’s e, finalmente, a última geração da comunicação mediada por computador, em qualquer hora, em qualquer lugar e com o predomínio das ferramentas tecnológicas e uma população mais adulta. No presente surge então o blended learning (b-learning), que mais não é do que a junção do dois métodos de ensino, presencial e à distância, que procura maximizar as vantagens de cada sistema mas que, contudo, ain-da depende muito da componente presencial. O b-learning oferece como

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principais vantagens o poder estudar a qualquer hora, em qualquer lugar, a facilidade de distribuição da informa-ção, os baixos custos, a interactividade e a cooperação. Posso dizer-vos que os modelos de b-learning capitalizam as forças de uma equipa e diminuem as suas fraquezas. Ao transformar a aprendizagem num processo contínuo e não num acto isolado, as estratégias combinadas melhoram a performance no trabalho dos formandos. O b-learning oferece um leque alargado de opções de aprendizagem e é vista hoje em dia como uma forma económica das organizações/empresas proporcionarem aos seus colaboradores a componente de auto-aprendizagem que tanta falta faz na sua formação contínua. O b-learning desenvolve a autonomia, a responsabilidade, o espírito criti-co…no fundo, aprendemos a aprender! No futuro, esperamos obter maior interligação entre estes dois mundos e uma diminuição progressiva da depen-dência do ensino presencial, com o natural aumento da componente à distância.

por Carla Noronha

De forma a permitir uma abordagem diferente ao modelo de ensino e-learning, optei por recolher testemunhos diretos de alunos que dia-riamente convivem com este sistema de aprendizagem. Assim, entre-vistei os alunos Uab Fernanda Santos (1), aluna do 3º ano de Edu-cação (aluna nº 900482) e Cidália Figueiredo (2), aluna caloira que iniciou este ano o curso de Educação (aluna nº 1102244). E, como não consegui resposta atempada da colega (e amiga) a quem solici-

tei colaboração para este breve depoimento, serei eu mesma (3), na qualidade de aluna Uab que terminou o curso Ciências da Informação e Documentação em 2010, a responder às questões cria-das, sendo que o meu número de estudante é o 701321.

Como tomou conhecimento desta forma de aprendizagem? 1 - Pela Internet, através de um motor de busca. Pesquisava por formação on-line e um dos resultados foi a Uni-versidade Aberta. Daí até enviar a candidatura, ir a exame e ser admitida, foi um ‚salto‛, e já a frequento há dois anos, estando a iniciar o terceiro ano. 2 - Certo dia, em pesquisas web, deparei-me com a página eletrónica da Universidade Aberta, onde constatei a existência de cursos de diferentes níveis na modalidade ensino a distância. Fiquei, desde esse primeiro momento, na expetativa: afinal ambicionava prosseguir estudos mas, devido a condicionantes familiares (sou mãe de duas

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32 Ecos de EaD Novembro 2011

meninas de tenra idade), não seria de todo possível a frequência de uma universidade em regime presencial. Por outro lado, um colega de trabalho falou-me na aprendizagem em e-learning e na própria universidade – pois a meu ver no atual panorama educativo é impossível dissociar Uab do termo ensino em e-learning – o que me levou, após reflexão e avaliação familiar, a candidatar-me às provas de acesso. 3 - Eu, pessoalmente, fui informada por uma docente que na época lecionava no estabelecimento de ensino onde exerço funções, com a qual mantinha (e mantenho) uma relação muito estreita. A docente sensibilizou-me para ‚uns novos cursos‛ que iriam abrir, na Universidade Aberta, em que eu nem teria de me deslocar para frequentar o ensino superior. Ela sabia que eu tinha o sonho de prosseguir estudos e de me licenciar por isso foi com grande entusiasmo que me veio dar a nova. E, com a mesma agitação fomos ambas saber informações pormenorizadas relativamente ao funcionamento deste (na altura estranho!) modelo de ensino e das opções existentes. Como te-nho uma predileção pelos livros e pelo universo da leitura e das animações, como a biblioteca é ‚a minha praia‛ certo e sabido que só poderia seguir Ciências da Informação e Documentação! E foi assim que enviei, no mesmo dia, prématrícula com vista à realização de exame de acesso; e, de um dia para o outro, a minha vida sofreu grandes mudanças. Quais serão as vantagens e as desvantagens que aponta a este modelo de ensino (e-learning)? 1 - Uma das vantagens, e que foi preponderante na minha escolha, é o fato de não haver barreiras, nem de tempo nem de espaço. Não sou obrigada a seguir determinados horários nem a deslocar-me até à Uni-versidade. Organizo o meu estudo segundo a minha disponibilidade, em casa ou em qualquer outro lugar onde tenha acesso a computador com ligação Internet. Esta, para mim, é a grande vantagem. Depois, posso falar numa característica que tem vantagens mas também pode ser desvantagem, consoante cada aluno: o facto de os conteúdos serem disponibilizados online. Não temos nenhuma sala com um professor a debi-tar matéria, temos sim a informação da bibliografia, uma que é disponibilizada gratuitamente online (e isso, nos dias que correm, é uma grande vantagem) e outra que devemos adquirir. Já há muitas unidades curriculares que fornecem todos os conteúdos obrigatórios. Como estava a dizer, o facto de não termos quem nos debite matéria obriga a que o estudante seja muito organizado e autosuficiente para o estudo. Sabemos que sempre que neces-sário temos um fórum onde colocar dúvidas, no entanto essas dúvidas, na maior parte das vezes, não são logo esclarecidas, o que faz com que tenhamos de continuar a estudar, a pesquisar, até, se possível for, sermos nós a encontrar a orientação para a resposta, enquanto aguardamos pela do/a professor/a. Da mesma forma, não co-lhemos as manifestações dos colegas e professores sobre o nosso desempenho, mesmo que consigamos esclare-cer as nossas dúvidas, ninguém nos vai elogiar pelo empenho, o que, para certas pessoas, pode ser desmotivan-te, pelo que o estudante e--learning deve ser automotivado. Quanto a mim, sou muito independente e tento organi-zar o melhor possível todas as tarefas que tenho a cumprir, de igual forma não tenho necessidade que me reco-

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33 Ecos de EaD Novembro 2011

nheçam ou dêem valor, pois tenho consciência do esforço e empenho que tenho tido para conseguir levar a bom porto este sonho. Uma desvantagem a que tenho assistido frequentemente, prende-se com a falta de conhecimentos que as pesso-as têm, em geral, no domínio das novas tecnologias. Este ensino é baseado digamos que exclusivamente nas TIC (podemos recorrer a livros em formato papel, ou ir a bibliotecas, mas perdemos uma das enormes vantagens da Internet, que é o acesso fácil a muitos conteúdos, igualmente fiáveis!). Tenho observado que muitos dos meus colegas têm dificuldades mesmo ao nível de passos básicos, como o exemplo de criar contas online ou anexar ficheiros… impensável para quem se decide pelo e-learning como ferramenta de aprendizagem e muitas das vezes compromete o seu sucesso na aprendizagem. Por fim, como desvantagem e indo ao encontro do fator económico/financeiro, podemos falar na obrigação de ter-mos um computador com acesso à Internet, o que requer despesas que, a juntar às despesas das propinas e ma-nuais, pode ser uma desvantagem para quem tiver fraco recurso económico. 2 - A principal vantagem, a meu ver, é decisivamente o fato de não termos de nos deslocar. A comodidade é, aqui, uma mais-valia considerável na medida em que podemos prosseguir o nosso percurso sem a necessidade de des-locações diárias. Realmente é uma imensa vantagem termos acesso a tudo na comodidade do nosso lar: basta um simples clique e temos, diante dos nossos olhos, uma universidade que vem até nós. Estudar sem pressões de horários a cumprir (embora saibamos que temos calendarizações refiro-me a horários diários), ao nosso ritmo, onde nos apetece e quando nos apetece, é uma vantagem difícil de superar. Relativamente às desvantagens, temo que possa existir alguma dificuldade de comunicação entre aluno e tutor, na medida em que não existe contacto presencial. Nem sempre temos uma expressividade escrita idêntica à oral e corporal, por isso podem surgir dificuldades. Uma imagem vale mais que mil palavras, como diz o sábio ditado popular, e poderá ser essa falta de imagem que dificultará a compreensão. Relativamente às relações humanas estabelecidas, como retrata a interação entre aluno/tutor e alu-no/alunos? 1 - As relações em e-learning pouco diferem das presenciais. Quero com isto dizer que depende da empatia e da maneira de ser de cada um. Tenho tido tutores que me têm ajudado bastante, motivam os alunos, interessam-se no seu sucesso. Tenho tido outros que quase não aparecem nos fóruns, demoram imenso tempo a responder às dúvidas, chegando mesmo a ter acontecido que algumas dúvidas ficam por responder… O facto de termos os fó-runs acessíveis faz com que a comunicação não seja feita em simultâneo, quando tenho uma dúvida coloco-a e fico a aguardar a resposta. Não é como um chat, um msn, em que estamos todos presentes no mesmo horário… Quanto aos relacionamentos entre alunos, tenho um grupo de colegas que facilmente criámos uma amizade e temos estudado mais em conjunto (principalmente em épocas de avaliação, organizamos estudos no msn, com a vantagem de estarmos presentes no mesmo horário e a desvantagem de alguns não estarem disponíveis nessa altura. O grupo não é muito grande, caso contrário no msn o estudo tornar-se-ia muito confuso). Outros colegas, muito embora tenham tempo e disponibilidade, raramente aparecem nos fóruns, é da maneira de ser de cada um, no presencial também não temos a mesma empatia por todos os colegas…

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34 Ecos de EaD Novembro 2011

2 - De momento talvez ainda seja algo suspeita a minha experiência a este nível pois apenas iniciei este percurso há dois meses a esta parte. Todavia, pelo que averiguei até à data os alunos interagem entre pares, apoiando-se com um certo à vontade. Penso que se tivéssemos mais tempo disponível esse convívio sairia reforçado mas nem sempre é fácil desempenhar todos os papéis sociais que nos estão atribuídos (no meu caso: ser mãe, filha, espo-sa, empregada, cuidar do lar das roupas e alimentação, ser estudante...) e conseguir reunir tempo para se permitir um convívio mais aprofundado entre colegas. Obviamente que tal seria benéfico, faríamos amizades, partilharí-amos ideias académicas e experiências de vida, trabalharíamos cooperativamente em prol da realização dos nos-sos objetivos, mas outros valores se levantam e temos de fazer opções. Entre professores e alunos talvez se vá notar alguma cumplicidade mas, obviamente, existirá sempre alguma re-serva inerente às ‚funções‛ que cada um apresenta no processo. 3 - Eu sou uma pessoa comunicativa por natureza, estar calada para mim é um terror. Talvez isso também tenha contribuído para o fato de estar sempre no cibercafé, o que veio a fazer com que criasse um grupo de trabalho muito conciso. Efetivamente, fiz amizades durante os três anos que frequentei este modelo de ensino. Penso que o fato de estarmos todos ali, com algumas dificuldades em termos de gestão de tempo, com privações a nível económico em prol das propinas, com o desejo de realização do sonho da obtenção dum grau de licenciado, aca-ba por fomentar a cooperação entre alunos. Criámos, desde o início, hábitos de partilha de ideias, de resumos, de informações, inclusive agendámos horários para nos juntarmos, acreditando que aprendizagem em grupo é sempre melhor, menos dura e mais concisa. No verão até estive de férias com uma colega da universidade, em Monte Gordo, pela qual hoje sinto enorme estima. Decisivo foi, igualmente, o fato de sermos um projeto piloto pois inte-grámos, muito orgulhosamente, as primeiras turmas em e-learning; tudo era novo, de parte a parte, e criámos em conjunto: alunos, docentes, até a própria universidade e a forma como foi melhorando e adaptando o ensino em e-learning. Quanto à relação aluno-tutor, testemunho ter sido, na maioria dos casos, muito positiva. Claro que, como em tudo na vida, existiram exceções: tive docentes muito pouco despertos, nada presentes, que nunca tiveram o dom de conseguir encorajar-nos. Em determinadas alturas sentimos alguma falta a esse nível porque em algumas unida-des curriculares estávamos quase que entregues a nós próprios, sem qualquer tipo de apoio. Mas, felizmente, outros houve que me marcaram. Dois dos nossos docentes estiveram connosco num dia tão marcante, aquando das cerimónias da benção e queima das fitas. E esses momentos jamais se esquecerão, esse apoio, essa partilha humana. Há um docente, que não cito o nome por razões óbvias, que ainda hoje mantém connosco uma relação muito estreita, que regularmente se encontra com os alunos, com o qual sabemos que poderemos contar. E são estes pequenos nadas que nos fazem crescer enquanto pessoas. Infelizmente, até à data ainda não consegui co-lher frutos profissionais desse curso que efetuei mas cresci enquanto pessoa e essa foi, de facto, a grande mais-valia desse percurso! Quais foram as maiores dificuldades por si sentidas no decorrer deste percurso? 1 - As maiores prendem-se só com a disponibilidade de tempo. Quando temos várias atividades, como família, emprego, … temos de retirar um pouco ao lazer para conseguirmos tempo para o estudo. Reconheço que, não

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35 Ecos de EaD Novembro 2011

raras vezes, retirei tempo ao convívio familiar mas a minha família apoia-me e entende que não é situação perma-nente, só assim conseguimos tempo para os variadíssimos conteúdos que temos de aprender. 2 - Pessoalmente, as maiores dificuldades que senti até este momento prendem-se com o domínio das ferramen-tas informáticas. Diariamente não utilizo o computador, embora tenha alguns conhecimentos ao nível das tecnolo-gias de informação e comunicação tenho ainda algumas dificuldades. Sinto que com o tempo e a experiência con-seguirei fazer o que faço agora mais rapidamente o que me trará benefícios em termos de gestão do tempo. 3 - Inicialmente não foi fácil gerir tudo e ter sempre as leituras em dia. Optei por me matricular sempre nas dez unidades curriculares anuais e, alturas houve, em que ive de abdicar de tempo passado com a família, deixar de ter vida social, em prol da vontade de concluir o percurso. Para além de que, embora sempre lesse bastante, há uns anos que não escrevia e regressar à produção escrita, desta feita mais rigorosa, foi outro desafio inicial. No entanto, aos poucos fui conciliando tudo, aproveitando todo o tempo disponível (a fazer resumos, por exemplo, enquanto aguardava por uma consulta) e consegui definir tarefas prioritárias de secundárias. A nível informático não senti grandes dificuldades pois já havia efetuado diversas formações na área e utilizava diariamente o computador. Esse foi um grande trunfo pois apercebi-me que imensos colegas tinham sérios dissa-bores ao nível das TIC. E se uns, devido a apreciarem desafios, seguiram em frente e conseguiram superar esses dilemas aprofundando conhecimentos informáticos outros, infelizmente, por mais que os tentássemos motivar aca-baram por desistir. Aconselharia este modelo de ensino, e a frequência de um curso na UAb, a um amigo? Com que fundamen-tos? 1 - Sem dúvida! Quanto a mim, e no meu caso em particular, são mais as vantagens do que as desvantagens e ter acesso à formação através de um método que se adapta melhor ao nosso estilo de vida, é sem dúvida um peso enorme na hora da decisão! 2 - Aconselharia pois! Pelas vantagens que já citei inerentes à comodidade, sugiro a quem pretenda (re)prosseguir estudos que opte por este sistema de aprendizagem e pela Universidade Aberta. Procurar complementar as habilitações literárias deveria ser uma prioridade para todos: estagnar é acomodar-se e não procurar uma melhoria a nível profissional. Por isso, atualmente mais que nunca, aconselho a todos os que me rodeiam que estudem, que enriqueçam a sua cultura geral, que ambicionem ir mais além. 3 – Sim, de todo! Estudar em e-learning é garantir autonomia, derrubar fronteiras geográficas e físicas, garantir uma igualdade de oportunidades. Mas com uma condição: pratiquem a nível informático, teclem textos, elaborem ficheiros em diferentes formatos, efetuem pesquisas na web, adquiram conhecimentos que permitam um cresci-mento ao nível das aptidões informáticas na ótica do utilizador. Dessa forma será bem mais fácil obter sucesso académico. Ser um razoável utilizador das tecnologias de informação e comunicação é, decisivamente, ter em sua posse um passaporte para o sucesso informático. De resto, como em tudo na vida, nada se conquista sem esfor-ço. E são as conquistas mais suadas que nos dão mais prazer!

por Eugénia Baltazar

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36 Ecos de EaD Novembro 2011

Artigo de opinião

Página 36

Primeira geração—A história da educação a

distância inicia-se com os cursos de instrução

entregues via correio. Conhecido como curso

por correspondência. Estes cursos

possibilitavam o estudo em casa ou no

trabalho. Segunda geração—telecursos. Alguns

destes cursos integravam programas de

televisão com livros didácticos, guias de

estudo, guias para o corpo docente e

administração. Terceira geração—tecnologias

de co

por Isabel Vieira

municação, com o

propósito de fornecer um ensino de qualidade

e a custo reduzido a alunos não universitários.

As tecnologias incluíam guias de estudo

impressos e orientação por correspondência,

transmissão por rádio e televisão, cassetes

gravadas, conferências por telefone, kits para

experiências realizadas a nível doméstico e

recursos a uma biblioteca local. Em 1969 surgiu

a primeira universidade nacional de educação

a distância, com mais alunos matriculados do

que qualquer outra universidade e dispondo

da mais completa gama de tecnologias de

comunicação para ensinar os currículos

Página 36

Primeira geração—A história da educação a

distância inicia-se com os cursos de instrução

entregues via correio. Conhecido como curso

por correspondência. Estes cursos

possibilitavam o estudo em casa ou no

trabalho. Segunda geração—telecursos. Alguns

destes cursos integravam programas de

televisão com livros didácticos, guias de

estudo, guias para o corpo docente e

administração. Terceira geração—tecnologias

de comunicação, com o propósito de fornecer

um ensino de qualidade e a custo reduzido a

alunos não universitários. As tecnologias

incluíam guias de estudo impressos e

orientação por correspondência, transmissão

por rádio e televisão, cassetes gravadas,

conferências por telefone, kits para

experiências realizadas a nível doméstico e

recursos a uma biblioteca local. Em 1969 surgiu

a primeira universidade nacional de educação

a distância, com mais alunos matriculados do

que qualquer outra universidade e dispondo

da mais completa gama de tecnologias de

comunicação para ensinar os currículos

universitários à população adulta. Quarta

geração—A primeira tecnologia a ser usada na

teleconferência, durante os anos de 1970 e

E-LEARNING ENQUANTO FORMAÇÃO DE

QUALIDADE?

Falamos em aplicações projetadas para funcionar

como salas de aulas virtuais, gerando várias

possibilidades de interação entre os seus

participantes.

A interatividade disponibilizada pelas tecnologias da

internet pode ser encarada como um meio de

comunicação entre alunos/tutores; aluno/conteúdo;

aluno/aluno e aluno/ambiente.

O e-learning tem como pilar de sustentação a

Internet e os meios de publicação de informação e

utilização da mesma que a Web 2.0 disponibiliza e,

do ponto de vista pedagógico, implica interação

entre tutor e aluno e entre alunos baseada na

aprendizagem colaborativa.

O termo e-learning resulta de "Electronic-

LEARNING" e coloca uma clara ênfase na

dimensão da aprendizagem. Não quer isto dizer

que o ensino tenha sido relegado para um plano

inferior. Não. Apenas realça que o alvo de todo o

processo de ensino não se limita a habilitar o aluno

a aprender: o termo e-learning convoca

necessariamente uma abordagem da

aprendizagem centrada no aluno. E, por isso, as

metodologias pedagógicas ligadas ao e-learning

evoluíram nessa linha, agregando, também, a

aprendizagem colaborativa.

E-learning... enquanto formação de qualidade

facultando riquíssimas experiências de construção

e gestão de conhecimento.

por Isabel Vieira

Page 37: Revista Ecos de EaD

37 Ecos de EaD Novembro 2011

MARIA DO CÉU ESTIBEIRA

UNIVERSIDADE ABERTA

MODELOS DE EDUCAÇÃO ONLINE

Os formadores especialistas cederam-nos trabalhos que ilustram as temáticas abordadas no fórum nacional. deixamo-los aqui!

Clique nos links para aceder aos trabalhos

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Segunda Geração – o modelo multimédia (rádio e televisão)

Quando a rádio surgiu como tecnologia inovadora do séc. XX, muitos

educadores reagiram com grande entusiasmo: agora sería possível chegar a

uma maior parte da população. Mas, depressa se desvaneceu o tal entusiasmo

pelas mais variadas razões : desde o amadorismo dos poucos docentes que se

interessaram pelo tema até ao cepticismo das pessoas que poderíam ter feito a

diferença. Em breve se abraçaria um novo caminho com o surgir da televisão.

Tal como nos cursos por correspondência, foi no Estados Unidos (Iowa) que

se difundiram as primeiras videoaulas sobre temas como Astronomia e

Higiene dentária. Com o começo das televisões por cabo em 1952, a

legislação obrigou a existência de canais educativos. Os programas

transmitidos por estes canais foram apelidados de telecursos.

Terceira Geração – o modelo de Tele-Aprendizagem (AIM e

UA)

No final da década de 1960 e inicio da década de 1970 assistiu-se a

um período de bastante desenvolvimento na EaD. Foram

conduzidas várias experiências com o intuito de testar as diferentes

modalidades de organização da tecnologia e recursos humanos

utilizados nesta forma de ensino. Dessa séria de experiências, há

duas, em particular, que se destacam : o Projecto AIM da

Universidade de Wiscosin e a Universidade Aberta (UA) na Grã-

Bretanha. O projecto AIM visava o agrupamento de várias formas

de tecnologia por forma a proporcionar um ensino de qualidade

com custos reduzidos. Estas tecnologia incluíam guias de estudo,

cassetes gravadas, transmissões via rádio e televisão e ainda o

apoio dos grupos de estudo e a possibilidade da utilização dos

laboratórios das universidades para a realização de experiências.

Podemos dizer que com Wedemeyer (o mentor deste projecto) se

obteve aquele que podemos designar de primeiro projecto global

de Ensino à Distância.

Em 1967 o governo britânico organizou uma comissão que

pretendía instalar um modelo de ensino à distância destinado

principalmente ao ensino superior para adultos. Wedemeyer

trabalhou com esta comissão e surge então a Universidade Aberta

em Londres com mais alunos matriculados do que qualquer outra

universidade do modelo tradicional de ensino. Rapidamente este

modelo de ensino se difundiu por outros países (incluindo

Portugal).

O desenvolvimento da EaD (Educação à Distância) passou por

várias etapas até atingir o estádio em que hoje se encontra.Talvez a

maior parte das pessoas não tenha consciência do longo caminho

que a EaD trilhou nas últimas décadas e daí a importância de se

conhecer com alguma humildade quão difícil foi e pedagógico,

diria mesmo, crescer, evoluir e chegar até onde antes nunca se

pensaria.

Desde a Antiguidade que se constatam iniciativas de intercambiar

informações, de veicular orientações, instruções entre pessoas ou

cidades. Tanto na Grécia como, posteriormente em Roma, as

pessoas comunicavam-se através de correspondência com o intuito

de troca de informação sobre o quotidiano privado e/ou da

comunidade, transmitindo informações e noticias úteis ao

desenvolvimento económico e social das comunidades. No entanto,

é na modernidade que se manifestarão as primeiras iniciativas de

ensinar determinados saberes sem a relação presencial entre o

perceptor (professor) e o aprendiz (aluno).

ABSTRACT

INTRODUÇÃOCONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS

REFERÊNCIAS

“Gerações” da Educação à Distância

Carla Noronha([email protected])

Curso de Formação de Formadores Online – 9ª Edição

Muitos pensarão que o Ensino a Distância só teve o

seu início com o começo da Internet em 1990

(quando a World Wide Web começou a alcançar a

população em geral), mas a verdade é que esta

forma de ensino teve o seu início antes, muito antes

de existir a possibilidade de comunicar através do

computador.

Palavras-chave: gerações, tecnologias

É possivel subdividir cronologicamente a evolução do Ensino a

Distância em várias etapas distintas que, para uns autores são 3,

para outros 5 ou 6, dependendo da opinião do

investigador.Abordamos aqui a divisão em 5 “Gerações” de

Michael Moore, professor catedrático de Educação da

Universidade da Pensilvânia e que é mundialmente conhecido

pelos seus trabalhos na área da Educação à Distância.

Primeira Geração – o modelo de ensino por correspondência

Por volta de 1728, a Gazeta de Boston (EUA) publicava um

anúncio que dizia : “Toda a pessoa da região, desejosa de aprender

esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e

ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em

Boston”. O curso era de taquigrafia. Mas foi no inicio do século

XIX na Europa que o ensino por correspondência vai caracterizar-

se como a primeira geração de procedimentos de EaD. Apelidado

de Curso por Correspondência, o material distribuído pelas

primeiras escolas com fins lucrativos era entendido como estudo

em casa ou estudo independente se lecionado pelas universidades.

Até à Segunda Guerra Mundial várias experiências foram adotadas

desenvolvendo-se melhor as metodologias aplicadas ao ensino por

correspondência.

DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

• Gomes, Estela, Brainstorming, Universidade Aberta, Curso de Formação de

Formadores Online, 9ª edição, 201

• Marcelino, Sónia, Brainstorming, Universidade Aberta, Curso de Formação de Formadores

Online, 9ª edição, 2011

• Moore, Michael; Kearsley, Greg, Educação à distância – Uma visão integrada.

Thomson Learning, 2007

• www.mundovestibular.com.br/articles/ O que é a educação à distância,2011

A EaD tem-se vindo a tornar ao longo dos últimos anos uma discussão fundamental

para aqueles que vêm refletindo sobre os rumos da educação, numa sociedade cada

vez mais interligada por redes de tecnologia digital.É um processo de

transformação no cenário educacional, de amplitudes ainda desconhecidas e que

necessita de ser analisado e publicado. Pouco a pouco percebe-se que as politicas

educacionais em quase todos os paises ocidentais já começaram a definir

posicionamentos mais claros e também mais detalhados sobre este assunto,

incentivando cada vez mais o surgimento de programas de ensino à distância e

introduzindo regras para os mesmos. A evolução desta forma de ensino tem

tendência crescente e, para os governos dos vários países tem sido uma forma de

gradualmente aumentar o número de pessoas com qualificações superiores, apesar

do investimento mínimo em instalações e infra-estruturas.Com o passar dos

próximos anos espera-se que as novas tecnologias que têm evoluído rapidamente

sejam parceiras desta forma de ensino de uma forma ainda mais simbiótica. É

preciso ter consciência de que este assunto é transversal a várias áreas, desde os

educadores até aos formandos, desde os politicos até aos engenheiros que

concebem mais e mais sistemas tecnológicos mais dinâmicos e interativos.

Espera-se que num futuro mais próximo, o número de alunos em EaD aumente

substancialmente.

Quarta Geração – o modelo da Teleconferência

A primeira tecnologia a ser utilizada foi a da audioconferência na

década de 1970 e 1980. Esta forma de ensino permitia a interação

entre o professor e o aluno em tempo real e em locais diferentes,

ao contrário dos modelos adotados até então. A audioconferência

podia ser levada a cabo nas casas dos estudantes (através do

telefone) ou em escritórios com grupos de vários estudantes.

Em 6 de Abril de 1965, com o inicio dos satélites de

comunicações, surge o “boom” do ensino à distância. Os

programas eram transmitidos através de redes por cabo e

começou-se a organizar as chamadas Telescolas onde se reuniam

os alunos para receber e partilhar informação. Com o

aparecimento da fibra ótica na década de 1990 este modelo

assume contornos diferentes com as videoconferências.

Actualmente, este tipo de tecnologia é utilizado em todas as áreas,

nomeadamente a Medicina, onde especialistas de todo o mundo

trocam informação e ensinamentos com os seus pares.

Quinta Geração – O modelo de Aulas Virtuais

Com o crescimento exponencial da World Wide Web e o uso de redes de

computadores, permitiu-se o acesso simultâneo de vários utilizadores ao

mesmo documento em tempo real. Não há dúvida que a dinamização do

Ensino à Distância ficou a dever o seu franco progresso ao desenvolvimento

da tecnologia. Hoje em dia, todas as formas de ensino usufruem desta forma

de transmissão de dados, desde as Licenciaturas até aos Mestrados e

Doutoramentos. Este modelo de ensino estende-se transversalmente por

cursos com vários formatos, permitindo a existência de diferentes patamares

de ensino, desde as pós graduações até outras formas de aprendizagem,

nomeadamente ensino para adultos e aprendizagem ao longo da vida.

Hoje em dia é possível a população adulta reciclar-se ou aumentar as suas

competências nos campos mais distintos.

O FUTURO É AQUI….

Estratégias pedagógicas específicas dos

modelos de educação online

por Larisa Dem

Educação Aberta

vs Educação a Distânciapor: Carla Noronha, Maria Martins.

Estela Gomes, Isabel Vieira,

Sónia Marcelino, Conceição Alencoão,

Henrique Cabeleira

Execução: Larisa Dem

http://www.slideshare.net/CristinaNeto1/

modelos-de-educacaoonlinemaria-

10260884

http://www.slideshare.net/fullscreen/Cristina

Neto1/diferencas-sonia/1elos-de-

educacaoonlinemaria

http://www.slideshare.net/CristinaNeto1/

modelos-de-educacaoonlineisabel

http://www.slideshare.net/CristinaNeto1/c

map-nuno-10260858

http://www.slideshare.net/CristinaNeto1/geracoes-carla

http://www.slideshare.net/CristinaNeto1/educacao-

aberta-vseducacaoadistancia1larisa-10260885

elos-de-educacaoonlinemaria

elos-de-educacaoonlinemaria

http://www.slideshare.net/CristinaNeto1/estrategias-

pedagogicas-especificasdosmodelosdeeducacaoonlinelarisa-

10261210

elos-de-educacaoonlinemaria

http://www.slideshare.net/CristinaNeto1/modelo-pedagogico-daua

Page 38: Revista Ecos de EaD

38 Ecos de EaD Novembro 2011

Veja aqui o Top10 das ferramentas online. As melhores, mais fáceis de utilizar e gratuitas. A equipa editorial disponibiliza algumas ferramentas

web 2.0 sugeridas pelos diversos membros da 9ª turma do curso de forma-ção de formadores da Universidade Aberta.

Nº 10 - http://kraski.yandex.ru/new.xml - ferramenta para criação de animações;

Nº 9 - http://moodle.org/ - plataforma de aprendizagem colaborativa;

Nº 8 - http://prezi.com/ - alternativa ao clássico powerpoint;

Nº 7 - http://educainternet.wikispaces.com/. – esta ferramenta é semelhante ao software weebly embora

permita o trabalho colaborativo. Vários membros têm acesso a uma página comum;

Nº 6 - http://www.weebly.com/ - permite a criação de páginas na internet;

Nº 5 - http://cmap.ihmc.us/ - utilizando este recurso é possível construir mapas conceptuais;

Nº 3 - http://www.myebook.com/ - possibilidade de converter ficheiros em ebooks;

Nº 4 - http://www.tagxedo.com/ - programa para configuração de textos;

Nº 2 - http://scholar.google.pt/schhp?hl=pt-PT&tab=ss - ferramenta muito útil na pesquisa;

Nº 1 - https://webconference.fccn.pt/colibri/public/mainPortal.jsp - permite a comunicação síncro-

na, através de vídeo

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42 Ecos de EaD Novembro 2011

Ficha Técnica

Editoras: Cristina Neto, Florbela Ferreira, Sónia

Abrantes

Redação: António Félix, Rita Batista, Sónia Valente

Colaboradores: Estela Gomes, Carla Noronha,

Conceição Alencoão, Eugénia Baltazar, Henrique

Cabeleira, Isabel Vieira, Larisa Dem, Leonor Melo, Maria

do Céu Estibeira, Maria Martins, Nuno Pires, Sónia

Marcelino

Proprietário: FFO 9ª Edição Universidade Aberta