Revista Eletrônica Bragantina On Line - Março/2015
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Edição nº 41 – Março/2015 0
Revista Eletrônica Bragantina On Line
Discutindo ideias, construindo opiniões!
Número 41 – Março/2015
Joanópolis/SP
Edição nº 41 – Março/2015 1
SUMÁRIO
Nesta Edição:
- EDITORIAL – Um novo amanhecer .................................................................... Página 3;
- ROMANCE DAS LETRAS – A Volta ao Mundo, escrito por Anselmo Vasconcellos
Por Betta Fernandes ................................................................................................. Página 4;
- PESQUISA E ATUALIDADE VETERINÁRIA – Fasciolose
Por Diego Carvalho Viana ....................................................................................... Página 8;
- A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA – Massificação turística e planejamento
Por Leonardo Giovane ........................................................................................... Página 11;
- EDUCAÇÃO AMBIENTAL – Os mitos nada mais são que o iluminismo
Por Flávio Roberto Chaddad ................................................................................. Página 14;
- ARTE E VARIEDADES – Pedofilia não mais
Por Thiago Santos ................................................................................................... Página 17;
- LINHA DO TEMPO – Uma pequena ação é capaz de transformar a sociedade
Por Helen Kaline Pinheiro ..................................................................................... Página 20;
- HISTÓRIA AMBIENTAL – O milagre de Nossa Senhora
Por Diego de Toledo Lima da Silva ....................................................................... Página 23;
- O ANDARILHO DA SERRA – Correndo para o futuro
Por Susumu Yamaguchi ......................................................................................... Página 25;
- EDUCAÇÃO: ESPAÇO DE POSSIBILIDADES – O tutor e o sistema virtual de aprendizagem
Por Conceição Marques .......................................................................................... Página 29.
Edição nº 41 – Março/2015 2
REVISTA ELETRÔNICA BRAGANTINA ON LINE
Uma publicação independente, com periodicidade mensal.
Site:
https://sites.google.com/site/revistabragantinaonline
Facebook:
https://www.facebook.com/RevistaBragantinaOnLine
E-mail:
Nossas edições são publicadas na maior biblioteca on line do mundo:
www.scribd.com
Edição nº 41 – Março/2015 3
EDITORIAL
UM NOVO AMANHECER
Prezados leitores!
Numa estrada qualquer cercada por serras e montanhas, localizada em elevada
altitude, fomos blindados por um novo amanhecer, um simples e belo nascer do dia.
Renovando a vida e o corpo cansado do ato de caminhar. Sono, dor, medo e angústia
foram deixados para trás, a simplicidade do campo tornou nova a vida, cheia de emoção e
alegria.
A foto de capa ilustra o momento descrito, acompanhando as palavras de nossos
colunistas: que a transformação é possível, mas deve iniciar por nós mesmos.
E que a surpresa do amanhecer dure pela vida toda, como as eternas páginas desta
edição. Um grande abraço!
Diego de Toledo Lima da Silva – Editor (16/03/2015)
E-mail: [email protected]
Edição nº 41 – Março/2015 4
ROMANCE DAS LETRAS
Betta Fernandes
Escritora e Advogada E-mail: [email protected]
A VOLTA AO MUNDO, ESCRITO POR ANSELMO VASCONCELLOS
Anselmo no cenário das lutas ideológicas contra totalitarismos e buscas frenéticas de
experimentalismos comportamentais nos conturbados anos 70 se permitiu inventar-se.
Premiado como ator de cinema no Brasil e na Colômbia, diretor no Teatro e roteirista no
concurso do Ministério da Cultura de 1990, tem significativas atuações em mais de 40 filmes
de longa metragem, dezenas de curtas, 50 peças de teatro, além de haver trabalhado em
novelas, seriados e programas de humor em todas as emissoras nacionais de televisão. Hoje
atua continuamente em programas de humor da TV Globo, no Zorra Total, e no Teatro com a
série Cult, o Teatro do Terror, que permaneceu 14 anos em cartaz. Então ele deixa-se tornar
um espaço para escrever uma história fantástica A volta ao Mundo da Editora Chiado Editora,
de Portugal, demonstrando toda sua experiência e mostrando uma reinvenção de si mesmo.
A volta ao Mundo te faz viajar no tempo. Um tempo que não existe. Como diz
Anselmo Vasconcellos: é a organização do passado. Um momento para repensarmos a
memória que somos. Não podemos evitar o encontro com nós mesmos porque podemos
perder grandes e reveladoras surpresas.
Tive o privilégio de conversar com Anselmo Vasconcellos e adquirir o seu livro, que
me renderam boas risadas e experiências fantásticas para a vida e para a maneira como penso
da vida. Me encontrei em vários trechos do livro. Um bom livro é àquele que te faz viajar e
que você se identifique com ele.
Vários trechos me encantaram, onde Anselmo descreve na página 34: "Dirijo meu
fusca pelas ruas numa tempestade de pensamentos. Vou ao Baixo Leblon, mas é muito tarde.
Nada há para me distrair. Circulo pela zona sul. Toda essa história me emociona. Túneis,
Edição nº 41 – Março/2015 5
viadutos, curvas, ladeiras, orlas desertas, em que chorei pensamentos e fumei demais. Em
casa, restaurei-me em leituras”.
Deleuze analisa o tema do tempo, em seu estudo sobre A la recherche du temps perdu,
de Proust: "O que nos faz pensar é o signo. O signo é o objeto de um encontro; mas é
precisamente a contingência do encontro que garante a necessidade daquilo que faz pensar.
O ato de pensar não decorre de uma simples possibilidade natural; é, ao contrário, a única
criação verdadeira. A criação é a gênese do ato de pensar no próprio pensamento. Essa
gênese deve implicar alguma coisa que violente o pensamento, de suas abstrações. Pensar é
romper com a passividade. Pensar é interpretar. Pensar é explicar, desenvolver, decifrar,
traduzir signos”.
Durante uma conversa com Anselmo Vasconcellos, ele me disse que escrever A volta
ao Mundo foi: “relatar a minha vida, quero lembrar e fazer conhecer a minha memória.
Apresento o meu segredo e a imagem que inspirou o intento de escrever este livro”.
Ouço o vinil de Calabar, um trecho do livro que é algo fantástico, porque é algo que
está esquecido no tempo. Eu tinha muitos discos de vinil da Rita Lee e Legião Urbana. Ler o
livro de Anselmo me fez voltar às origens da adolescência que levei escutando as melhores
músicas e lendo os melhores livros.
Edição nº 41 – Março/2015 6
Outro trecho fascinante que me fez rir muito e nos explica porque Anselmo
Vasconcellos é um grande homem:
"Meu pai saiu de casa para me batizar Antonio Carlos Carneiro de Almeida
Vasconcellos num cartório do Centro. Saltou do bonde na Cinelândia e o cartaz do cinema
anunciava a estreia de Sinhá Moça que foi uma história inesquecível. Assistiu ao filme e
depois, quando a escrevente lhe perguntou o nome da criança para o registro no cartório, ele
disse: Anselmo Carneiro de Almeida Vasconcellos. Pára tudo gente! Que fantástico o trecho
onde o Padre olha para o pai de Anselmo e diz: Anselmo, vai ser um grande homem, um
Rodolfo Mayer”.
Anselmo realmente é um grande homem, com uma bagagem de experiências
fantásticas, onde suas histórias são relatadas de uma forma muito verdadeira. Um homem
família, um homem com uma bagagem de experiências fascinantes.
Agradeço imensamente por compartilhar esta fantástica história com todos os leitores.
Uma fantástica viagem onde os olhos ficam vidrados há todo momento em busca de palavras
que só nos engrandecem o intelecto e a alma.
Eu indico de olhos fechados este livro magnífico que relata os impulsos que todos
temos e neste livro podemos nos identificar com algumas loucuras de Anselmo e muitas
surpresas, pois:
Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
na imaginação!
Edição nº 41 – Março/2015 7
Mergulhe neste livro fantástico que está à venda nas Livrarias Blooks do Rio de
Janeiro, em São Paulo, na Martins Fontes, no site da Livraria Cultura ou com o próprio autor
através do facebook Anselmo Vasconcellos, onde o autor envia pelo correio com dedicatória.
Veja mais em:
Blog: bettafernandes.blogspot.com.br
Twitter: @bettabianchi40
Facebook: Betta Fernandes
Como citar:
FERNANDES, B. A Volta ao Mundo, escrito por Anselmo Vasconcellos. Revista
Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 4-7, mar. 2015.
Edição nº 41 – Março/2015 8
PESQUISA E ATUALIDADE VETERINÁRIA
Diego Carvalho Viana
Médico Veterinário
E-mail: [email protected]
FASCIOLOSE
A fasciolose é uma zoonose causada pela Fasciola hepatica, verme achatado e de
corpo foliáceo (Fig.1). É classificado como helminto trematódeo causador da fasciolose,
zoonose pouco comum no homem. Ele é encontrado no fígado e canais biliares dos animais,
ocorrendo em ovinos, caprinos, bovinos, búfalos, suínos e em seres humanos. Caracteriza-se
por apresentar o corpo com coloração avermelhada, os vermes adultos podem chegar até 30
mm de comprimento por 8 a 13 mm de largura, com 2 a 3 mm de espessura.
Fig. 1. Fasciola hepatica
Animais parasitados por F. hepatica apresentam retardo no desenvolvimento, redução
no ganho de peso e na produção de leite, e problemas de reprodução. Esses baixos
desempenhos geram perdas econômicas consideráveis, mas as condenações de fígados pela
presença de formas imaturas e adultas do verme (Fig. 2) em matadouros são mais visíveis e
provam de forma inegável que aqueles animais provieram de rebanhos que albergam o
parasita.
Flukeman, 2005
Edição nº 41 – Março/2015 9
Fig. 2. Fígados bovino com a presença de formas adultas de F. hepatica.
Ciclo acontece da seguinte maneira: os ovos são eliminados pelas fezes e liberam na
água miracídios, que infectarão caramujos do gênero Lymnaea (esses são chamados de
hospedeiros intermediários) porque depende de outro organismo para completar seu ciclo; no
interior do molusco, o miracídio (100 mm) transforma-se em esporocistos e, depois, em
rédias. Essas produzirão as cercárias (200 mm), que serão liberadas na água. As cercárias
fixam-se à vegetação aquática das margens de rios e lagos e perdem a cauda, originando as
metacercárias. O hospedeiro definitivo (ruminantes ou o próprio homem) infecta-se ao ingerir
as metacercárias presentes nessa vegetação e, eventualmente, livres na água.
No intestino, ocorre desencistamento das metacercárias e liberação das larvas que
migram até os canalículos biliares. Nesse local, evoluem até vermes adultos, com cerca de 3
cm de comprimento. Os ovos produzidos pelas fêmeas são eliminados por ductos chamados
de colédoco e liberados no ambiente através das fezes e assim reiniciando todo o ciclo.
A epidemiologia da fasciolose é influenciada pelo tipo de pastejo realizado pelos
animais. Bovinos pastejam em áreas de banhados, mananciais e pequenos córregos, lugares
onde os moluscos têm seu habitat, o que facilita a continuação do ciclo biológico do parasita.
Ovinos pastejam normalmente em áreas não alagadas e são infectados quando usam áreas
úmidas do pasto logo após longos períodos de seca, pois os moluscos sobrevivem nesses
locais e passam a liberar as cercárias logo que ocorre aumento da umidade no pasto. O
humano pode acidentalmente se tornar hospedeiro, através da ingestão de água e verduras
contendo a forma infectante do parasita (metacercárias). Em um estudo da prevalência e
fatores associados à fasciolose no município de Canutama, no estado do Amazonas, foi
observada associação entre a doença e indivíduos com cinco ou menos anos de idade.
Bovinos e ovinos se comportam de modos diferentes diante de uma infecção por F.
hepatica. Dificilmente a fasciolose aguda provoca mortes entre bovinos e estes tendem a
desenvolver resistência gradual às novas infecções. Essa espécie desenvolve imunidade
adquirida, devido às repetidas infecções crônicas, e com isso há uma diminuição do número
de ovos produzidos pelos parasitas. Já a mortalidade é alta em ovinos que manifestam a forma
Veterinarios Matadero, 2009
Edição nº 41 – Março/2015 10
aguda da doença, com índices que podem chegar a 20%. Esses animais são sempre altamente
sensíveis às infecções.
A forma infectante, após ser ingerida, atravessa a mucosa intestinal, passa para a
cavidade peritonial e alcança o fígado, onde migra pelo parênquima hepático durante as
primeiras oito semanas até atingir os ductos biliares. Nesse estágio passa a afetar muito mais a
produtividade dos animais. O parasita torna-se um hematófago voraz e provoca o
aparecimento de anemia severa. É nesta fase também que surgem os problemas de
crescimento nos animais jovens e a queda do ganho de peso pode ser acentuada.
Para o diagnóstico da fasciolose é necessário exames parasitológicos das fezes, para
contagem de ovos, que são eficientes e na maioria dos casos uma amostragem de 10% do lote
suspeito é suficiente para se obter o nível de parasitismo do rebanho. Realizar necropsia de
animais mortos em surtos é importante para suspeita clínica. Ou por fim, o teste de ELISA.
O controle dessa parasitose deve ocorrer no ambiente (moluscos) e nos animais
parasitados (F. hepatica). A limitação da população de moluscos pode ser feita por meio da
modificação do seu habitat, isto é, ao diminuir as áreas alagadas das pastagens, com o uso de
drenagem, como também a utilização de predadores naturais. Como é uma doença geralmente
assintomática (varia de acordo com a quantidade ingerida), o produtor deve ficar atento.
Referências
ARALDI, D.F.; PINZON, P.W.; SANTOS, A.V. et al. Fasciola hepática em bovinos:
diagnostico e medidas preventivas. XVI Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e
Extensão da Universidade no Desenvolvimento Regional. Disponível em:
http://www.unicruz.edu.br/seminario/artigos/saude/FASCIOLA%20HEP%C3%81TICA%20
EM%20BOVINOS%20DIAGNOSTICO%20E%20MEDIDAS%20PREVENTIVAS.pdf
Acesso em: 12 Março 2015.
OLIVEIRA, A.A.; NASCIMENTO, A.S.; SANTOS, T.A.M. et al. Estudo da prevalência e
fatores associados à fasciolose no Município de Canutama, Estado do Amazonas, Brasil.
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 16(4):251-259, out-dez, 2007.
OLIVEIRA, E.L.; MACEDO, E.L.; MACEDO, N.A. Fasciolose. Radares Técnicos.
Sanidade. Disponível em: http://www.farmpoint.com.br/radares-
tecnicos/sanidade/fasciolose-50500n.aspx Acesso em: 12 Março 2015.
OLIVEIRA, S.M.; FILHA, E.S. Fasciolose hepática. Instituto Biológico. Disponível em:
http://www.biologico.sp.gov.br/artigos_ok.php?id_artigo=67. Acesso em: 12 Março 2015.
Como citar:
VIANA, D.C. Fasciolose. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 8-
10, mar. 2015.
Edição nº 41 – Março/2015 11
A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA
Leonardo Giovane M. Gonçalves
Técnico em Hospedagem e Graduando em Turismo E-mail: [email protected]
MASSIFICAÇÃO TURÍSTICA E PLANEJAMENTO
Ao longo dos anos o papel do turismólogos vem sendo mais evidente na sociedade
contemporânea. Quando se analisa o turismo exacerbado, sem planejamento e massivo na
faixa litorânea, afere-se a necessidade de um profissional que seja capaz de reorganizar e
planejar essa realidade.
O litoral no período de final de ano se torna um caos, ressalvam-se algumas praias da
alta sociedade que possuem um profissional que organize a apropriação do espaço. Quando se
menciona a apropriação do espaço podemos utilizar como exemplo a Praia Grande de
Ubatuba, situada no estado de São Paulo.
A praia é praticamente um típico local onde a organização não é predominante, uma
vez que é possível visualizar uma massificação do número de turista, que acarretam no
trânsito, filas nos mercados, bancos, lojas, açougues, barracas, bares e outros. Além disso,
embalado pelo grande número de turistas, proporcionalmente aumenta o número dos famosos
“camelos”, que procuram vender seus produtos e sobreviver a partir disso, mas os mesmos
são estimuladores da pirataria, não pagam impostos e o seu grande número dificulta a
fiscalização.
Outro impacto do turismo massivo pode ser sentido na virada do ano. Todos sabem
que o sudeste do país e outras regiões estão sendo fortemente afetados pela estiagem e, as
cidades que recebem muitos turistas, sejam nas casas de veraneio, segunda residência, hotéis,
resorts e outros meios de hospedagem não conseguem atender a demanda com água, esgoto e
energia elétrica, ou seja, a infraestrutura básica turística.
Edição nº 41 – Março/2015 12
Retornando ao planejamento da Praia Grande de Ubatuba, é possível elencar o perfil
do turista. Em sua maioria os turistas que frequentam essas praias massificadas são àqueles
pertencentes à Classe C, que frequentemente compram os alimentos, objetos e outros insumos
em seus municípios e levam ao litoral.
Além disso, os mesmos levam esses insumos para a praia, os famosos “turistas
isopor”. O problema é que o município receptor sofre um giro econômico menor, uma vez que
o turista não gera tantas divisas no município se privando de gastar no comércio local.
Ressalta-se também que os preços dessas épocas de temporadas são abusivos, mas a
explicação desse aumento significativo do preço na alta temporada reside no fato do aumento
da demanda, gerando uma necessidade no reajuste da oferta, uma vez que há muitos turistas.
Além disso, os preços sobem para suprir os períodos de baixa temporada, na qual os
comerciantes também são obrigados a custear seus impostos e contas.
O “turista isopor” também é aquele que vai à praia e deixa o seu rastro de sujeira.
Geralmente, nas cidades onde há a massificação do turismo existem campanhas para que o
turista leve consigo ou deposite em uma lixeira os resíduos produzidos. Contudo, dado a
quantidade de turistas, as campanhas perdem força e o lixo é apenas mais um integrante da
degradação ambiental.
Vale ressaltar que o turismo no litoral é realizado em uma área natural, na qual existe
vida marinha e terrestre, além de toda configuração espacial natural, bem como o mar, pedras,
mata nativa e outros elementos. E o turismo massivo danifica esse meio de diversas formas,
seja pela urbanização forçada, despejo de dejetos, ocupação do solo e outros diversos fatores.
Esta problemática vivenciada no turismo de massa litorâneo é reaplicada a inúmeras
cidades do mundo, que também sofrem com a falta de planejamento. O planejamento é algo
trivial, para que seja possível garantir a utilização do espaço por mais tempo, bem como o seu
bom funcionamento, pautando nos princípios da sustentabilidade.
Quando o curso de Bacharel em Turismo foi criado por volta da década de 70, em
meio a Ditadura Militar, o seu principal objetivo era capacitar profissionais para planejar a
atividade turística. Contudo, a sociedade pouco aderiu a esse novo profissional e as
consequências podem ser mensuradas no contexto atual.
Edição nº 41 – Março/2015 13
Ilustração: Foto colagem do Artista Plástico Silvio Alvarez (E-mail: [email protected]).
Como citar:
GONÇALVES, L.G.M. Massificação turística e planejamento. Revista Eletrônica
Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 11-13, mar. 2015.
Edição nº 41 – Março/2015 14
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Flávio Roberto Chaddad
Graduado em Engenharia Agronômica e Ciências Biológicas; Graduando em Filosofia;
Especialista em Educação Ambiental, Gestão da Educação Básica e Gestão Ambiental;
Mestre em Educação [Superior] e Mestrando em Educação Escolar
E-mail: [email protected]
OS MITOS NADA MAIS SÃO QUE O ILUMINISMO
É uma sorte profunda e fundamental que a ciência descubra coisas que
permanecem firmes e continuam a fornecer a base para novas descobertas:
poderia ser diferente, afinal! Estamos tão persuadidos da incerteza e irrealidade
de nossos juízos e da perene mudança das leis e conceitos humanos, que ficamos
realmente espantados ao ver quão firmes permanecem os resultados da ciência!
Anteriormente nada se sabia do caráter mutável de tudo que é humano, os
costumes da moralidade mantinham a crença de que toda a vida interior do
homem se achava presa com grampos eternos à necessidade férrea: talvez se
experimentasse semelhante volúpia do assombro, ao estudar lendas e contos de
fadas. O maravilhoso fazia muito bem àqueles homens, que às vezes podiam
cansar-se da regra e da eternidade. Deixar de sentir uma vez o chão sob os pés!
Flutuar! Errar! Ser tolo! – isso era parte do paraíso e do deboche das épocas
passadas: enquanto a nossa felicidade é como a do náufrago que atingiu a costa e
poes os dois pés na velha terra firme – assombrado de que elas não oscilem.
(Nietzsche – “A Gaia Ciência”)
Edição nº 41 – Março/2015 15
Com este título acima começo minha reflexão a Nietzsche. Aqui neste trecho
Nietzsche faz uma crítica à verdade científica. Para ele, a ciência acabou com o espanto do
homem perante o mundo. Ao dizer o que é isto ou aquilo a ciência tomou o lugar dos mitos na
explicação da realidade, tornando esta realidade dura, ácida e sem brilho. Esta é a constatação
de Nietzsche diante do que foi e é a ciência.
Mas alguns autores não concordam com esta assertiva nietzschiana. Estes autores são
Adorno e Horkheimer (1999). Para eles, o mito, de forma alguma, deixa de personificar o
esclarecimento, a ciência. Eles – os mitos – eram uma forma do ser humano exercer, ainda
primitivamente, um poder sobre a natureza. A única diferença entre os mitos para a ciência é
que nos mitos ainda havia uma relação entre o ser humano e os objetos ou natureza.
Sacrificava-se, portanto, animais ao invés dos seres humanos – por exemplo. Com a
ciência, a natureza agora não mais se identifica com os seres humanos. A natureza é apenas
uma espécie de matéria, pronta para ser manipulada pelo cientista, que assume uma figura
patriarcal de domínio sobre o mundo.
Isto é verificado na figura do ex-chanceler inglês Francis Bacon, para quem a natureza
deveria ser acossada em seus descaminhos, que sob tortura o cientista deveria retirar dela
todos os seus segredos. Estas eram as palavras que este senhor, que participava do julgamento
das bruxas, utilizava para condená-las à fogueira.
Neste sentido, a ciência é o próprio mito, agora radicalizado. Esta ciência que tem
como pressuposto o domínio do homem e da natureza, conhecida como a razão instrumental,
percorreu séculos provocando morte e destruição, como, por exemplo, o holocausto e as
bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki.
Porém, por outro lado, os avanços na civilização foram enormes. Esta ciência nos
legou a luz elétrica, a medicina avançada, conforto, transporte, conhecimento, etc. Aqui, é
necessário mostrar que esta mesma ciência, que retira a poesia do mundo, que o embriaga em
destruição, como Nietzsche constata neste trecho - que influencia a filosofia de um Heidegger
ou de Adorno, Horkheimer e Marcuse - é de suma importância para a humanidade.
O problema é como a ciência, que produz o conhecimento disciplinar, é utilizada.
Neste sentido, o porquê da inquestionalidade do discurso do especialista que se coloca acima
das relações históricas. Por exemplo, os problemas ambientais para este sujeito do
conhecimento ou especialista carece muito mais da técnica do que da superação do modo de
produção capitalista, que causa a reificação do homem e da natureza.
Assim, vejo que o conhecimento disciplinar, produzido pela lógica formal, deve ser
contextualizado através da lógica dialética, para que realmente este conhecimento, associado a
outras tantas observações, possa ser uma síntese das múltiplas determinações que são
históricas e através deste espírito democrático produzir um caminho para a humanidade.
Desta forma, os mitos e lendas nada mais são do que as raízes do iluminismo, a
Edição nº 41 – Março/2015 16
vontade ou a sede do ser humano explicar para dominar o que lhe parecia imponderável. Com
a ciência ele consegue, mas esta ciência se faz de neutra e inquestionável, ou seja, não é
guiada por um espírito ético.
Neste sentido é necessário articular, como dito acima, a esta lógica formal - produtora
do conhecimento científico disciplinar - a lógica dialética, que contextualiza este
conhecimento e mostra os caminhos para a humanidade.
A beleza do mundo não está nas lendas ou nos mitos, está em entender o mundo não
para dominá-lo à força como quer Francis Bacon, mas para exercer um domínio sobre o como
é estabelecida às relações entre homem-homem e homem-natureza.
Referências
ADORNO, T; HORKHEIMER, M. O conceito de iluminismo. São Paulo: Abril Cultural,
1999.
Como citar:
CHADDAD, F.R. Os mitos nada mais são que o iluminismo. Revista Eletrônica
Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 14-16, mar. 2015.
Edição nº 41 – Março/2015 17
ARTE E VARIEDADES
Thiago Santos
Cineasta, Roteirista e Escritor E-mail: [email protected]
PEDOFILIA NÃO MAIS
O viver se resume em momentos aos quais ocorrem escolhas que sejam de cunho
benéfico; próprio e também para o próximo!
Quem acompanha meu trabalho já é conhecedor que tenho utilizado da escrita (livros
digitais de cunho gratuito) como ferramenta principal. Protestante direta em prol de nossas
crianças... Inaceitável, inadmissível e inapropriado aceitar que existam no ciclo do viver entre
os humanos tais agressões, que brutalizam o sexo de seres tão frágeis.
Nesta curta caminhada levo aos senhores leitores três livros. E todos eles abordam o
tema, objetivando plantar uma “semente no coração protestante” existente em todos os que
são mais que humanos. Pois são seres humanos que não perderam a própria humanidade...
Edição nº 41 – Março/2015 18
Bestial: Narra o ato de um ser vivente. Que nascera humano, porém, não exerce sua
humanidade. Com isso, bestializa outros, unicamente para que satisfaça os próprios desejos
sexuais sem se importar com o bem estar alheio.
Link do Livro: http://www.livrosdigitais.org.br/index.php/home/livro/28494
Proteja-Me: Uma ficção que narra às dores sentidas por uma criança, quando é
agredida sexualmente. E tem que fazer o percurso do local em que fora vitimada. Até seu lar...
Os pensamentos terríveis que assolam seu pensar, e destrói suas emoções e crenças quanto o
todo da vida.
Link do Livro: http://www.livrosdigitais.org.br/index.php/home/livro/28501
Edição nº 41 – Março/2015 19
Monstros: Aborda diversas contestações e relatos fictícios em relação ao ato da
agressão: protestos, indignações e outros... Levando ao leitor as dores sentidas por àqueles
que sofreram ou sofrem tais barbáries. E também a falta de misericórdia por parte do agressor.
Link do Livro: http://www.livrosdigitais.org.br/index.php/home/livro/23330
Somos maioria. Somos àqueles que não perderam a humanidade e, portanto, podemos
proteger as nossas crianças!
Como citar:
SANTOS, T. Pedofilia não mais. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.41,
p. 17-19, mar. 2015.
Edição nº 41 – Março/2015 20
LINHA DO TEMPO
Helen Kaline Pinheiro
Estudante de Psicologia e jovem talento de Joanópolis
E-mail: [email protected]
UMA PEQUENA AÇÃO É CAPAZ DE TRANSFORMAR A SOCIEDADE
É impossível viver sem modificar a sociedade e ser por ela modificada, é uma
constante influência de ambos os lados. Um meio social que é modificado a todo instante pela
atitude que cada indivíduo desencadeia, e este por sua vez é modificado pelo social que o
permeia, construindo um ciclo interminável de modificação da sociedade. Afinal, será que
àquilo que todos anseiam por possuir está condizente com as atitudes que estão sendo
oferecidas por cada um?
Dos pequenos gestos até as grandes responsabilidades, tudo afeta o meio e a cada um,
seja de uma maneira positiva ou negativa. Os valores e os pensamentos, eles sempre são
revelados nas atitudes de cada ser humano, o que se tem internamente é o que se transmite por
meio das atitudes, sem necessitar de muito esforço e nem de muitas palavras. Desse modo, as
escolhas individuais que cada pessoa realiza para si mesma se revelam no seu caráter,
modificando aos poucos a sociedade, de um modo único e diferenciado.
Todos têm contato com a dimensão histórica e social da sociedade (essa dimensão que
todos constroem a todo instante com suas atitudes), e isso não pode ser desconsiderado
quando se busca uma reflexão sobre as atitudes das pessoas. Não existe como culpar o
indivíduo por um problema que é social, este social que por sua vez está em uma modificação
constante, por conta das diferentes ações que chegam até ele, e isso é uma consequência
inevitável daquilo que cada um oferece a si mesmo.
Desse modo, todos de alguma forma transparecem e devolvem à sociedade um pouco
daquilo que se é, por meio de suas atitudes, as quais são geradas no interior de cada pessoa.
Edição nº 41 – Março/2015 21
Nesse meio de transformações, cada pessoa é convidada a influenciar o meio de um modo
eficaz, procurando concretizar o bem, a justiça e a paz, seja para sorrir ou para defender uma
causa, todos fazem parte desta grande mudança que acontece todos os dias, a começar no
interior de cada um.
“O que eu faço é uma gota no meio de oceano. Mas sem ela o oceano será menor”
(Madre Teresa de Calcutá)
Referência
LANE, SILVIA T.M. Psicologia social o homem em movimento (8 Ed.). São Paulo:
Brasiliense, 1989.
Edição nº 41 – Março/2015 22
Leia mais no Blog: http://helenkaline.blogspot.com.br/
Como citar:
PINHEIRO, H.K. Uma pequena ação é capaz de transformar a sociedade. Revista Eletrônica
Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 20-22, mar. 2015.
Edição nº 41 – Março/2015 23
HISTÓRIA AMBIENTAL
Diego de Toledo Lima da Silva
Técnico/Engenheiro Ambiental, Andarilho e Cronista E-mail: [email protected]
O MILAGRE DE NOSSA SENHORA
No fim da curva está a ponte de madeira, cortada pelo ribeirão das Posses.
Artisticamente moldada sobre uma barroca funda, escarpado por rochas de grande resistência,
talento de antigos construtores.
Pilar sobre rocha, viga sobre pilar, tábua sobre viga, apenas madeiras e pregos como
artefatos construtivos. Estrutura com objetivo de ligar a estrada de terra com o Sítio
Pedacinho do Céu, sede da Capela de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Edição nº 41 – Março/2015 24
Reza a lenda que alguns anos atrás uma grande chuva provocou forte tromba d’água,
que desceu carregando tudo pela frente. Os moradores do local pediram a intercessão de
Nossa Senhora e a ponte resistiu à tormenta.
Permaneceu em pé como a ponte sobre o rio Ganges, do conto fantástico “Os
construtores de pontes”, do ano de 1898, de Rudyard Kipling, que também enfrentou grande
cheia na Índia. Escapou da sorte da destruição, diferente da estrutura do filme “A ponte do rio
Kwai”, de 1957, construída por uma tropa marcada por um ritmo de assobios em marcha.
Aliás, as pontes sempre foram objetos marcantes de obras literárias, artísticas e
cinematográficas. Nas casas e casarões antigos da região, muitos dos quadros apresentam
delicadas pontes transpondo cursos d’água.
Voltando à ponte do Sítio Pedacinho do Céu, sua madeira escura lembra grandes
árvores derrubadas há muitos anos, como exemplares de centenárias Araucárias. Hoje elas
regeneram em capões dispersos nos campos, regido pela sinfonia de gralhas-azuis.
Com tanta chuva e sol, calor e frio, cheia e estiagem, um dia a ponte irá ruir... Cederá
espaço para uma estrutura mais moderna, provavelmente de cimento. Mas, na memória dos
moradores e andarilhos locais, ela permanecerá para sempre, reconhecida como o milagre de
Nossa Senhora...
Como citar:
DA SILVA, D.T.L. O milagre de Nossa Senhora. Revista Eletrônica Bragantina On Line.
Joanópolis, n.41, p. 23-24, mar. 2015.
Edição nº 41 – Março/2015 25
O ANDARILHO DA SERRA
Susumu Yamaguchi
Cronista, andarilho e morador de Joanópolis
E-mail: [email protected]
CORRENDO PARA O FUTURO
Foi depois de passar ao lado da Igreja Matriz de Sapucaí-Mirim e atravessar a ponte
sobre seu rio que começamos a subir gradativamente, por ruas e estradas de terra que se
transformaram em íngremes trilhas, até atingirmos o topo do Alto do Campestre, a dois mil e
cem metros de altitude.
Muitas horas se passaram desde que deixáramos o ônibus no meio da manhã, e o
pouco tempo de luz que ainda restava do dia foi ocupado com montagem de barracas e
preparativos para a refeição da noite, além de uma pequena fogueira na pedra para assarmos
pinhões que recolhêramos no caminho.
A visão solitária da Pedra de São Domingos ao pôr do sol dera lugar, em vários
quadrantes, a claridades emanadas de cidades do sul de Minas e do Vale do Paraíba,
colocando-nos no centro da manta escura pontilhada de estrelas que em vão tentava nos
aquecer no crescente frio da noite de maio.
Horas depois, deixamos o calor dos sacos de dormir e reavivamos a chama da fogueira
ainda na escuridão, bem antes da aparição do fogo maior. Nossa espera aos poucos revelava a
ascensão de luz que tornava existentes Eunice, Yasmin e Dorival naquele topo de morro. E
também, na fotografia que abre esta coluna.
Com nosso fiat lux completo pelo surgir do sol no horizonte, contemplávamos a
recriação diária do mundo na Serra da Mantiqueira. A extensa neblina que formava ilhas de
topos dos morros mais baixos ocultava o fundo dos vales, mas nos delatava seus necessários
cursos de água, em especial o do rio Sapucaí-Mirim.
A imagem da vigília no Alto do Campestre sugere expectativas quanto ao que virá
com a claridade, mas a nós, ali, bastava que cada novo dia trouxesse em si tão só a sua magia.
Como a que, inimagináveis dezesseis anos depois, faria com que eu passasse novamente a
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pé ao pé da trilha, dessa vez descendo para a cidade pelo Corrupio.
A primeira travessia do rio Sapucaí-Mirim levou-me ao Alto do Campestre e, de lá, a
São Bento do Sapucaí pelo outro lado da montanha; a segunda, elevou-me às serras de Santo
Antonio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, Sapucaí-Mirim e Monteiro Lobato através do
relato a seguir, publicado no jornal Correio da Serra.
Ao atravessar a ponte sobre o rio Sapucaí-Mirim, no km 38 após São
Francisco Xavier, cheguei ao final de mais uma jornada. O que eu não sabia era
que logo mais, na Sorveteria do Robertinho, iniciaria outra viagem ao ter a
atenção atraída por um mural dedicado a corridas pedestres. Sim, e havia
também troféus. Depois de vários dias andando ermo pela Serra da Mantiqueira,
uma inesperada sociedade de corredores cruzou meu caminho.
ACOSM – Como muitos jovens, Willian Francisco Teixeira e Alexandre
Aparecido Palma corriam atrás de bola antes de se tornarem corredores. Uma
significativa foto mostra-os ao lado do ex-jogador corintiano Wladimir Rodrigues
dos Santos, Secretário de Esportes de São Sebastião (SP). Com trajetórias bem
diferentes do ídolo, eles faziam parte da equipe que fundou a Associação de
Corredores de Rua de Sapucaí-Mirim - MG, a ACOSM, em janeiro de 2007.
Em setembro de 2005 o grupo realizara a 1ª Corrida Rústica de Sapucaí-
Mirim, com 263 participantes. Rodolfo Lucena correu lá e exaltou a alegria
rusticana em relato publicado pela revista Contra-Relógio em novembro. A cargo
da ACOSM desde 2007, a prova cresceu e chega à 5ª edição com inscrição
limitada a 700 atletas, o que equivale a 12% da população do município.
Incluindo a caminhada a partir de 2006, a corrida conta desde o início com o
apoio especial de Emerson Iser Bem, vencedor da Corrida Internacional de São
Silvestre 1997.
Já em abril de 2007 a ACOSM se tornou maior ao se voltar para o menor,
com a criação do Projeto Correndo Para o Futuro. Em parceria com a Secretaria
Municipal de Educação, o projeto atende cerca de 25 alunos de 7 a 12 anos.
Willian e a corredora Luanna Marília Rodrigues Pimentel, em trabalho
voluntário, iniciam as crianças na corrida e observam nelas a vontade, a
dedicação e eventual potencial atlético. A Secretaria acompanha a aplicação nos
estudos e comportamento e cabe à Prefeitura o transporte para as corridas.
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A associação cresceu e envolveu a cidade em sua ação, tornando-a
participante de suas Corrida Para o Futuro e Corrida Rústica e Caminhada. A
abnegação e o zelo pelos recursos arrecadados conquistaram o reconhecimento
da comunidade, e atualmente um representante da ACOSM, Willian, preside o
Conselho Municipal da Criança e do Adolescente. Em dois anos muitos passos
para o futuro já foram dados, correndo.
O RIO DILETO – De novo sobre a ponte, deixando a cidade em direção a
São Bento do Sapucaí pelo antigo percurso do Caminho da Fé, agora é Alberto
Caeiro quem me diz pela voz de Fernando Pessoa:
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
Margareth – [email protected]
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Olho e ouço o rio correr feito risos e gritos de crianças que correm como
suas primeiras águas. Uma comunidade que cuide para que tanto umas como
outras prossigam sempre límpidas, ainda que um dia possam turvar, terá ao
menos tentado ser feliz.
Sapucaí-Mirim é uma pequena cidade mineira rodeada de São Paulo por
quase todos os lados, onde a ACOSM é presidida pelo Willian, que é filho do
Robertinho, cujo sorvete com sabor de infância se toma ao lado dos jardins e sob
os sinos da Igreja Matriz. E é também uma aldeia por onde corre um rio em cujas
margens correm para o futuro os alegres mirins de Sapucaí.
Pairando acima de vastidões e transitoriedades nas serras e vales da Mantiqueira, o
nosso olhar daquele amanhecer no Alto do Campestre continua buscando, na delicada fresta
entre luz e sombra da vida nossa de cada dia, novas trilhas frescas para suas preciosas águas e
também caminhos cristalinos para seus renitentes jovens.
Como citar:
YAMAGUCHI, S. Correndo para o futuro. Revista Eletrônica Bragantina On Line.
Joanópolis, n.41, p. 25-28, mar. 2015.
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EDUCAÇÃO: ESPAÇO DE POSSIBILIDADES
Conceição Marques
Professora de Sociologia, Filosofia e História E-mail: [email protected]
O TUTOR E O SISTEMA VIRTUAL DE APRENDIZAGEM
1. INTRODUÇÃO
Ser tutor é atuar através de uma ação pedagógica séria, que requer muita disciplina
por conta da flexibilidade existente na relação ensino-aprendizagem. O cursista trabalha com
a possibilidade de construção do seu tempo de estudo, dentro das condições específicas
próprias. Sem rigor e disciplina, o tutor não consegue exigir do educando que dê significado à
produção do conhecimento.
O papel inicial do tutor no ambiente virtual de aprendizagem é de promover a
interação entre os cursistas e o professor, entre a turma e a coordenação e direção da
instituição que oferece a formação.
As experiências do tutor são variadas em todo o processo, no começo alguns alunos
apresentam dificuldades, principalmente por falta de prática com a máquina e com o ambiente
virtual apresentado, mas quando se familiarizam ficam a vontade e realizam as atividades com
mais rapidez e segurança. Àqueles que já estão habituados a manipular espaços virtuais e o
maquinário da área de informática não apresentam dificuldades com o domínio dos recursos
apresentados, pode desconhecer algum tipo de ferramenta, mas sem muita dificuldade.
O tutor começa e finaliza seu trabalho com o envio de mensagens dos mais variados
tipos, para parabenizar, motivar a realização das tarefas, exigir o cumprimento das atividades
no prazo, orientar na realização das mesmas. Utiliza várias ferramentas como o fórum, o chat,
o telefone, a caixa de correio individual e a caixa de mensagens do próprio ambiente.
Mesmo com todo o empenho do tutor em orientar os educandos nem sempre a
comunicação é realizada com sucesso, pois alguns não respondem as mensagens e os pedidos
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de resposta. Outros perdem a motivação ao primeiro problema que surge, seja relacionado ao
ambiente, ao material didático ou mesmo na compreensão dos conteúdos.
Infelizmente não basta somente a tentativa de motivação por parte do tutor, seu
interesse e compromisso, na falta de motivação intrínseca do próprio educando o processo de
aprendizagem não se desenvolve. Todos os sujeitos devem estar envolvidos e motivados para
o aprendizado, em qualquer realidade, inclusive virtual.
O tutor precisa compreender o que o professor pretende realizar em cada disciplina,
entender a organização do seu trabalho para conseguir orientar a turma, oferecer caminhos de
investigação e realização de atividades e acompanhar o processo de cada cursista, além de
tomar conhecimento do material utilizado pelo professor, fazer as leituras deste material,
auxiliar a turma no desenvolvimento do curso e na continuidade do mesmo.
Uma dificuldade que ainda é real no trabalho à distância é estabelecer relação virtual,
comunicar-se neste ambiente, esclarecer dúvidas, enviar mensagens, fazer tantas outras coisas
que já fazemos presencialmente, mas para algumas pessoas ainda é difícil absorver esta nova
forma de estabelecer relações, parece que fica sempre um vazio, uma necessidade do contato
físico, dos materiais, de ver o outro, ouvir o outro, pessoalmente.
2. DESAFIO NO AMBIENTE VIRTUAL
Diante deste novo desafio que é a educação a distância nos moldes atuais, através do
ambiente virtual de aprendizagem, é necessário uma postura dinâmica na forma de atuar do
profissional, sempre pronto a atender e acompanhar novas necessidades trazidas neste espaço.
Estão presentes elementos da realidade cultural de cada região, da turma, das experiências e
relações dos sujeitos:
[...] o corpo discente é composto de alunos advindos de famílias
com situações financeiras diferenciadas, com múltiplas opções
religiosas, com expectativas socioculturais diferentes, com
hábitos inerentes à sua educação inicial, etc. (MACEDO, 2007,
p.121).
Ainda que os cursistas estabeleçam outro tipo de relação que não a presencial, eles são
sujeitos do processo pedagógico, levantam situações novas, questões desconhecidas,
comportamentos que o tutor pode não dar conta. O cursista é alguém, fruto de uma cultura, de
uma história, de uma família, sujeito a problemas, doenças, dificuldades de horário e tantas
outras questões. O tutor conhece situações particulares que muitas vezes impedem a
continuidade do cursista na turma, ou necessita fazer sua retirada temporariamente do
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ambiente.
O tutor tem que dominar o uso das ferramentas no ambiente, conhecer o conteúdo a
ser trabalhado, a metodologia planejada pelo professor e os prazos exigidos para cumprimento
de tarefas. Ele precisa apresentar cotidianamente aos cursistas a proposta da formação, fazer
as exigências, supervisionar o trabalho dos educandos e se dispor a entender o tempo de cada
um e suas especificidades.
Paulo Freire afirma no seu livro Pedagogia da Autonomia que “o respeito à
autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou
não conceder uns aos outros” (1996, p. 59). É na relação construída no ambiente que o tutor
precisa animar e manter o compromisso do educando, espaço onde a metodologia apresentada
deve contemplar a possibilidade da construção do conhecimento, da valorização da identidade
do aluno, enquanto sujeito de sua história:
É nesse sentido que reinsisto em que formar é muito mais do
que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas,
e por que não dizer também da quase obstinação com que falo
de meu interesse por tudo o que diz respeito aos homens e às
mulheres, assunto de que saio e a que volto com o gosto de
quem a ele se dá pela primeira vez (FREIRE, 1996, p.14).
Freire mostra a preocupação com a formação do educando para a vida, por isso as
metodologias e as intervenções devem ser as mais significativas, que possam despertar o
interesse dos cursistas e a manutenção dos mesmos na formação específica. O tutor mobiliza
para a produção do conhecimento e um dos primeiros saberes necessários é a criação das
possibilidades para a produção ou construção da formação do aluno, com o objetivo de
construir e fortalecer sua autonomia e identidade:
[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou a sua construção
(IDEM, p. 22).
No ensino a distância o tutor incentiva o cursista a montar o seu plano de ação
pedagógica, a partir de um objetivo, direciona, solicita que ele produza o conhecimento, a sua
aprendizagem, através das diversas ferramentas disponibilizadas no ambiente. Fortalece a
autonomia do cursista, transformando-o em um sujeito independente.
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3. O OLHAR DO TUTOR NA RELAÇÃO À DISTÂNCIA
As experiências do tutor, a vida acadêmica, os encontros pedagógicos, a formação -
tanto inicial, quanto continuada -, constroem os saberes necessários para a atuação do mesmo
no ambiente virtual de aprendizagem.
[...] nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos
vão se transformando em reais sujeitos da construção e da
reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo (FREIRE, 1996, p.26).
Para Paulo Freire os saberes são construídos a partir da prática e o tutor aprende em
cada nova experiência vivida, percebe as grandes diferenças existentes entre as turmas, a
depender do lugar, do interesse, da disposição, dos materiais, é na ação pedagógica que ele
percebe a importância do diálogo como elemento de promoção para uma relação interativa.
Estas experiências, estes saberes são levados por ele para outras vivências.
A relação dialógica vai montando o currículo do dia a dia, é um construir e um
reconstruir a cada nova informação, uma fala escrita do aluno no ambiente, uma provocação,
“[...] professores e educadores em geral, nos seus cenários formativos, atualizam, constroem
e dão feição ao currículo, cotidianamente” (MACEDO, 2007, P.26). Ainda que existam
conteúdos específicos na matriz do curso os educandos demandam outras necessidades e um
currículo a parte vai se desenhando na montagem de todo o processo do curso de formação.
O papel do tutor é de orientar, papel importante na formação do sujeito, estabelece
valores necessários a uma prática que o próprio aluno vai moldando, sem deixar de lado a
direção oferecida para não desistir, continuar com os estudos e o interesse em finalizar um
trabalho que já foi iniciado:
[...] as relações dos professores com os saberes nunca são
relações estritamente cognitivas: são relações mediadas pelo
trabalho que lhes fornece princípios para enfrentar e solucionar
situações cotidianas (TARDIF, 2006, p.17).
Cada turma é plural e desafia o tutor no processo de construção da formação inicial ou
continuada, para isso as práticas metodológicas devem ser planejadas a partir do
conhecimento da turma e do curso, na compreensão acerca da diversidade existente para um
maior aproveitamento dos seus saberes no trabalho de temáticas significativas a partir de
ferramentas dinâmicas disponíveis no ambiente virtual, motivar a discussão sobre os
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conteúdos.
A postura do cursista, enquanto educando é de aprendente, pesquisador, questionador,
aquele que investiga, busca, retorna ao ambiente sempre que precisar, solicita auxílio, não se
perde, possui uma direção, um caminho para alcançar os resultados desejados. O tutor orienta
o cursista na formação de uma atitude aplicada para estudar.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades cotidianas são construídas a partir do acompanhamento feito pelo tutor
em relação ao acesso ao ambiente, na verificação da participação nas discussões, supervisão
da continuidade dos acessos e das tarefas realizadas. É um processo de comunicação contínua,
com a coordenação do curso, com o tutor presencial, professor e os cursistas. É o tutor que faz
as exigências no cumprimento dos prazos das atividades, nos acessos das disciplinas, faz o
envio de relatório à coordenação do curso e aos professores.
O curso a distância exige compromisso e dedicação, uma vez que existe certa
liberdade, principalmente de horário, para o acesso ao ambiente, na construção das atividades
e discussões das temáticas apresentadas. A distância não impede o cumprimento das tarefas,
nem a supervisão dos trabalhos. Os cursistas podem ser constantemente orientados por tutores
e professores.
A educação a distância tem a oportunidade de democratizar as formações, iniciais ou
continuadas de diversos setores da sociedade e o tutor tem um papel importante, pois
estabelece vínculos com os cursistas, no acompanhamento do trabalho pedagógico e no
retorno dado aos educandos das atuações vivenciadas por eles no ambiente, através de
avaliações permanentes, realizam os diagnósticos de cada fase do processo pedagógico.
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5. REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 29ª ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.148 pgs.
MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo. Campo, conceito e pesquisa. Petrópolis: Vozes,
2007. 140 pgs.
MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo, Diversidade e Equidade. Luzes para uma educação
intercrítica. Salvador: EDUFBA, 2007.172 pgs.
Módulos 1 e 2 do Curso de Capacitação de Tutores em EAD. Núcleo de Educação a
Distância. Universidade Federal do Paraná. 2009.
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 38ª ed. Campinas: Autores Asociados, 2006.
(Coleção Polêmicas do Nosso Tempo)
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2006. 325
pgs.
TARDIF, Maurice e LESSARD, Claude. O Trabalho Docente. Elementos para uma teoria da
docência como profissão de interações humanas. Petrópolis: Vozes, 2007. 317 pgs.
VAGULA, Edilaine e LOCATELLI, Adriana C. Dias. Fundamentos da Educação Especial:
pedagogia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
www. portal.mec.gov.br/seed.
Como citar:
MARQUES, M.C.N. O tutor e o sistema virtual de aprendizagem. Revista Eletrônica
Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 29-34, mar. 2015.