Revista Eletrônica Bragantina On Line - Março/2015

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Revista Eletrônica Bragantina On Line Discutindo ideias, construindo opiniões! Número 41 Março/2015 Joanópolis/SP

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Edição de Março/2015 da Revista Eletrônica Bragantina On Line. Discutindo ideias, construindo opiniões. Ótima leitura!

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Revista Eletrônica Bragantina On Line

Discutindo ideias, construindo opiniões!

Número 41 – Março/2015

Joanópolis/SP

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Edição nº 41 – Março/2015 1

SUMÁRIO

Nesta Edição:

- EDITORIAL – Um novo amanhecer .................................................................... Página 3;

- ROMANCE DAS LETRAS – A Volta ao Mundo, escrito por Anselmo Vasconcellos

Por Betta Fernandes ................................................................................................. Página 4;

- PESQUISA E ATUALIDADE VETERINÁRIA – Fasciolose

Por Diego Carvalho Viana ....................................................................................... Página 8;

- A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA – Massificação turística e planejamento

Por Leonardo Giovane ........................................................................................... Página 11;

- EDUCAÇÃO AMBIENTAL – Os mitos nada mais são que o iluminismo

Por Flávio Roberto Chaddad ................................................................................. Página 14;

- ARTE E VARIEDADES – Pedofilia não mais

Por Thiago Santos ................................................................................................... Página 17;

- LINHA DO TEMPO – Uma pequena ação é capaz de transformar a sociedade

Por Helen Kaline Pinheiro ..................................................................................... Página 20;

- HISTÓRIA AMBIENTAL – O milagre de Nossa Senhora

Por Diego de Toledo Lima da Silva ....................................................................... Página 23;

- O ANDARILHO DA SERRA – Correndo para o futuro

Por Susumu Yamaguchi ......................................................................................... Página 25;

- EDUCAÇÃO: ESPAÇO DE POSSIBILIDADES – O tutor e o sistema virtual de aprendizagem

Por Conceição Marques .......................................................................................... Página 29.

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REVISTA ELETRÔNICA BRAGANTINA ON LINE

Uma publicação independente, com periodicidade mensal.

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EDITORIAL

UM NOVO AMANHECER

Prezados leitores!

Numa estrada qualquer cercada por serras e montanhas, localizada em elevada

altitude, fomos blindados por um novo amanhecer, um simples e belo nascer do dia.

Renovando a vida e o corpo cansado do ato de caminhar. Sono, dor, medo e angústia

foram deixados para trás, a simplicidade do campo tornou nova a vida, cheia de emoção e

alegria.

A foto de capa ilustra o momento descrito, acompanhando as palavras de nossos

colunistas: que a transformação é possível, mas deve iniciar por nós mesmos.

E que a surpresa do amanhecer dure pela vida toda, como as eternas páginas desta

edição. Um grande abraço!

Diego de Toledo Lima da Silva – Editor (16/03/2015)

E-mail: [email protected]

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ROMANCE DAS LETRAS

Betta Fernandes

Escritora e Advogada E-mail: [email protected]

A VOLTA AO MUNDO, ESCRITO POR ANSELMO VASCONCELLOS

Anselmo no cenário das lutas ideológicas contra totalitarismos e buscas frenéticas de

experimentalismos comportamentais nos conturbados anos 70 se permitiu inventar-se.

Premiado como ator de cinema no Brasil e na Colômbia, diretor no Teatro e roteirista no

concurso do Ministério da Cultura de 1990, tem significativas atuações em mais de 40 filmes

de longa metragem, dezenas de curtas, 50 peças de teatro, além de haver trabalhado em

novelas, seriados e programas de humor em todas as emissoras nacionais de televisão. Hoje

atua continuamente em programas de humor da TV Globo, no Zorra Total, e no Teatro com a

série Cult, o Teatro do Terror, que permaneceu 14 anos em cartaz. Então ele deixa-se tornar

um espaço para escrever uma história fantástica A volta ao Mundo da Editora Chiado Editora,

de Portugal, demonstrando toda sua experiência e mostrando uma reinvenção de si mesmo.

A volta ao Mundo te faz viajar no tempo. Um tempo que não existe. Como diz

Anselmo Vasconcellos: é a organização do passado. Um momento para repensarmos a

memória que somos. Não podemos evitar o encontro com nós mesmos porque podemos

perder grandes e reveladoras surpresas.

Tive o privilégio de conversar com Anselmo Vasconcellos e adquirir o seu livro, que

me renderam boas risadas e experiências fantásticas para a vida e para a maneira como penso

da vida. Me encontrei em vários trechos do livro. Um bom livro é àquele que te faz viajar e

que você se identifique com ele.

Vários trechos me encantaram, onde Anselmo descreve na página 34: "Dirijo meu

fusca pelas ruas numa tempestade de pensamentos. Vou ao Baixo Leblon, mas é muito tarde.

Nada há para me distrair. Circulo pela zona sul. Toda essa história me emociona. Túneis,

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viadutos, curvas, ladeiras, orlas desertas, em que chorei pensamentos e fumei demais. Em

casa, restaurei-me em leituras”.

Deleuze analisa o tema do tempo, em seu estudo sobre A la recherche du temps perdu,

de Proust: "O que nos faz pensar é o signo. O signo é o objeto de um encontro; mas é

precisamente a contingência do encontro que garante a necessidade daquilo que faz pensar.

O ato de pensar não decorre de uma simples possibilidade natural; é, ao contrário, a única

criação verdadeira. A criação é a gênese do ato de pensar no próprio pensamento. Essa

gênese deve implicar alguma coisa que violente o pensamento, de suas abstrações. Pensar é

romper com a passividade. Pensar é interpretar. Pensar é explicar, desenvolver, decifrar,

traduzir signos”.

Durante uma conversa com Anselmo Vasconcellos, ele me disse que escrever A volta

ao Mundo foi: “relatar a minha vida, quero lembrar e fazer conhecer a minha memória.

Apresento o meu segredo e a imagem que inspirou o intento de escrever este livro”.

Ouço o vinil de Calabar, um trecho do livro que é algo fantástico, porque é algo que

está esquecido no tempo. Eu tinha muitos discos de vinil da Rita Lee e Legião Urbana. Ler o

livro de Anselmo me fez voltar às origens da adolescência que levei escutando as melhores

músicas e lendo os melhores livros.

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Outro trecho fascinante que me fez rir muito e nos explica porque Anselmo

Vasconcellos é um grande homem:

"Meu pai saiu de casa para me batizar Antonio Carlos Carneiro de Almeida

Vasconcellos num cartório do Centro. Saltou do bonde na Cinelândia e o cartaz do cinema

anunciava a estreia de Sinhá Moça que foi uma história inesquecível. Assistiu ao filme e

depois, quando a escrevente lhe perguntou o nome da criança para o registro no cartório, ele

disse: Anselmo Carneiro de Almeida Vasconcellos. Pára tudo gente! Que fantástico o trecho

onde o Padre olha para o pai de Anselmo e diz: Anselmo, vai ser um grande homem, um

Rodolfo Mayer”.

Anselmo realmente é um grande homem, com uma bagagem de experiências

fantásticas, onde suas histórias são relatadas de uma forma muito verdadeira. Um homem

família, um homem com uma bagagem de experiências fascinantes.

Agradeço imensamente por compartilhar esta fantástica história com todos os leitores.

Uma fantástica viagem onde os olhos ficam vidrados há todo momento em busca de palavras

que só nos engrandecem o intelecto e a alma.

Eu indico de olhos fechados este livro magnífico que relata os impulsos que todos

temos e neste livro podemos nos identificar com algumas loucuras de Anselmo e muitas

surpresas, pois:

Viajar pela leitura

sem rumo, sem intenção.

Só para viver a aventura

que é ter um livro nas mãos.

É uma pena que só saiba disso

quem gosta de ler.

Experimente!

Assim sem compromisso,

você vai me entender.

Mergulhe de cabeça

na imaginação!

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Mergulhe neste livro fantástico que está à venda nas Livrarias Blooks do Rio de

Janeiro, em São Paulo, na Martins Fontes, no site da Livraria Cultura ou com o próprio autor

através do facebook Anselmo Vasconcellos, onde o autor envia pelo correio com dedicatória.

Veja mais em:

Blog: bettafernandes.blogspot.com.br

Twitter: @bettabianchi40

Facebook: Betta Fernandes

Como citar:

FERNANDES, B. A Volta ao Mundo, escrito por Anselmo Vasconcellos. Revista

Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 4-7, mar. 2015.

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PESQUISA E ATUALIDADE VETERINÁRIA

Diego Carvalho Viana

Médico Veterinário

E-mail: [email protected]

FASCIOLOSE

A fasciolose é uma zoonose causada pela Fasciola hepatica, verme achatado e de

corpo foliáceo (Fig.1). É classificado como helminto trematódeo causador da fasciolose,

zoonose pouco comum no homem. Ele é encontrado no fígado e canais biliares dos animais,

ocorrendo em ovinos, caprinos, bovinos, búfalos, suínos e em seres humanos. Caracteriza-se

por apresentar o corpo com coloração avermelhada, os vermes adultos podem chegar até 30

mm de comprimento por 8 a 13 mm de largura, com 2 a 3 mm de espessura.

Fig. 1. Fasciola hepatica

Animais parasitados por F. hepatica apresentam retardo no desenvolvimento, redução

no ganho de peso e na produção de leite, e problemas de reprodução. Esses baixos

desempenhos geram perdas econômicas consideráveis, mas as condenações de fígados pela

presença de formas imaturas e adultas do verme (Fig. 2) em matadouros são mais visíveis e

provam de forma inegável que aqueles animais provieram de rebanhos que albergam o

parasita.

Flukeman, 2005

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Fig. 2. Fígados bovino com a presença de formas adultas de F. hepatica.

Ciclo acontece da seguinte maneira: os ovos são eliminados pelas fezes e liberam na

água miracídios, que infectarão caramujos do gênero Lymnaea (esses são chamados de

hospedeiros intermediários) porque depende de outro organismo para completar seu ciclo; no

interior do molusco, o miracídio (100 mm) transforma-se em esporocistos e, depois, em

rédias. Essas produzirão as cercárias (200 mm), que serão liberadas na água. As cercárias

fixam-se à vegetação aquática das margens de rios e lagos e perdem a cauda, originando as

metacercárias. O hospedeiro definitivo (ruminantes ou o próprio homem) infecta-se ao ingerir

as metacercárias presentes nessa vegetação e, eventualmente, livres na água.

No intestino, ocorre desencistamento das metacercárias e liberação das larvas que

migram até os canalículos biliares. Nesse local, evoluem até vermes adultos, com cerca de 3

cm de comprimento. Os ovos produzidos pelas fêmeas são eliminados por ductos chamados

de colédoco e liberados no ambiente através das fezes e assim reiniciando todo o ciclo.

A epidemiologia da fasciolose é influenciada pelo tipo de pastejo realizado pelos

animais. Bovinos pastejam em áreas de banhados, mananciais e pequenos córregos, lugares

onde os moluscos têm seu habitat, o que facilita a continuação do ciclo biológico do parasita.

Ovinos pastejam normalmente em áreas não alagadas e são infectados quando usam áreas

úmidas do pasto logo após longos períodos de seca, pois os moluscos sobrevivem nesses

locais e passam a liberar as cercárias logo que ocorre aumento da umidade no pasto. O

humano pode acidentalmente se tornar hospedeiro, através da ingestão de água e verduras

contendo a forma infectante do parasita (metacercárias). Em um estudo da prevalência e

fatores associados à fasciolose no município de Canutama, no estado do Amazonas, foi

observada associação entre a doença e indivíduos com cinco ou menos anos de idade.

Bovinos e ovinos se comportam de modos diferentes diante de uma infecção por F.

hepatica. Dificilmente a fasciolose aguda provoca mortes entre bovinos e estes tendem a

desenvolver resistência gradual às novas infecções. Essa espécie desenvolve imunidade

adquirida, devido às repetidas infecções crônicas, e com isso há uma diminuição do número

de ovos produzidos pelos parasitas. Já a mortalidade é alta em ovinos que manifestam a forma

Veterinarios Matadero, 2009

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aguda da doença, com índices que podem chegar a 20%. Esses animais são sempre altamente

sensíveis às infecções.

A forma infectante, após ser ingerida, atravessa a mucosa intestinal, passa para a

cavidade peritonial e alcança o fígado, onde migra pelo parênquima hepático durante as

primeiras oito semanas até atingir os ductos biliares. Nesse estágio passa a afetar muito mais a

produtividade dos animais. O parasita torna-se um hematófago voraz e provoca o

aparecimento de anemia severa. É nesta fase também que surgem os problemas de

crescimento nos animais jovens e a queda do ganho de peso pode ser acentuada.

Para o diagnóstico da fasciolose é necessário exames parasitológicos das fezes, para

contagem de ovos, que são eficientes e na maioria dos casos uma amostragem de 10% do lote

suspeito é suficiente para se obter o nível de parasitismo do rebanho. Realizar necropsia de

animais mortos em surtos é importante para suspeita clínica. Ou por fim, o teste de ELISA.

O controle dessa parasitose deve ocorrer no ambiente (moluscos) e nos animais

parasitados (F. hepatica). A limitação da população de moluscos pode ser feita por meio da

modificação do seu habitat, isto é, ao diminuir as áreas alagadas das pastagens, com o uso de

drenagem, como também a utilização de predadores naturais. Como é uma doença geralmente

assintomática (varia de acordo com a quantidade ingerida), o produtor deve ficar atento.

Referências

ARALDI, D.F.; PINZON, P.W.; SANTOS, A.V. et al. Fasciola hepática em bovinos:

diagnostico e medidas preventivas. XVI Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e

Extensão da Universidade no Desenvolvimento Regional. Disponível em:

http://www.unicruz.edu.br/seminario/artigos/saude/FASCIOLA%20HEP%C3%81TICA%20

EM%20BOVINOS%20DIAGNOSTICO%20E%20MEDIDAS%20PREVENTIVAS.pdf

Acesso em: 12 Março 2015.

OLIVEIRA, A.A.; NASCIMENTO, A.S.; SANTOS, T.A.M. et al. Estudo da prevalência e

fatores associados à fasciolose no Município de Canutama, Estado do Amazonas, Brasil.

Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 16(4):251-259, out-dez, 2007.

OLIVEIRA, E.L.; MACEDO, E.L.; MACEDO, N.A. Fasciolose. Radares Técnicos.

Sanidade. Disponível em: http://www.farmpoint.com.br/radares-

tecnicos/sanidade/fasciolose-50500n.aspx Acesso em: 12 Março 2015.

OLIVEIRA, S.M.; FILHA, E.S. Fasciolose hepática. Instituto Biológico. Disponível em:

http://www.biologico.sp.gov.br/artigos_ok.php?id_artigo=67. Acesso em: 12 Março 2015.

Como citar:

VIANA, D.C. Fasciolose. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 8-

10, mar. 2015.

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A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA

Leonardo Giovane M. Gonçalves

Técnico em Hospedagem e Graduando em Turismo E-mail: [email protected]

MASSIFICAÇÃO TURÍSTICA E PLANEJAMENTO

Ao longo dos anos o papel do turismólogos vem sendo mais evidente na sociedade

contemporânea. Quando se analisa o turismo exacerbado, sem planejamento e massivo na

faixa litorânea, afere-se a necessidade de um profissional que seja capaz de reorganizar e

planejar essa realidade.

O litoral no período de final de ano se torna um caos, ressalvam-se algumas praias da

alta sociedade que possuem um profissional que organize a apropriação do espaço. Quando se

menciona a apropriação do espaço podemos utilizar como exemplo a Praia Grande de

Ubatuba, situada no estado de São Paulo.

A praia é praticamente um típico local onde a organização não é predominante, uma

vez que é possível visualizar uma massificação do número de turista, que acarretam no

trânsito, filas nos mercados, bancos, lojas, açougues, barracas, bares e outros. Além disso,

embalado pelo grande número de turistas, proporcionalmente aumenta o número dos famosos

“camelos”, que procuram vender seus produtos e sobreviver a partir disso, mas os mesmos

são estimuladores da pirataria, não pagam impostos e o seu grande número dificulta a

fiscalização.

Outro impacto do turismo massivo pode ser sentido na virada do ano. Todos sabem

que o sudeste do país e outras regiões estão sendo fortemente afetados pela estiagem e, as

cidades que recebem muitos turistas, sejam nas casas de veraneio, segunda residência, hotéis,

resorts e outros meios de hospedagem não conseguem atender a demanda com água, esgoto e

energia elétrica, ou seja, a infraestrutura básica turística.

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Retornando ao planejamento da Praia Grande de Ubatuba, é possível elencar o perfil

do turista. Em sua maioria os turistas que frequentam essas praias massificadas são àqueles

pertencentes à Classe C, que frequentemente compram os alimentos, objetos e outros insumos

em seus municípios e levam ao litoral.

Além disso, os mesmos levam esses insumos para a praia, os famosos “turistas

isopor”. O problema é que o município receptor sofre um giro econômico menor, uma vez que

o turista não gera tantas divisas no município se privando de gastar no comércio local.

Ressalta-se também que os preços dessas épocas de temporadas são abusivos, mas a

explicação desse aumento significativo do preço na alta temporada reside no fato do aumento

da demanda, gerando uma necessidade no reajuste da oferta, uma vez que há muitos turistas.

Além disso, os preços sobem para suprir os períodos de baixa temporada, na qual os

comerciantes também são obrigados a custear seus impostos e contas.

O “turista isopor” também é aquele que vai à praia e deixa o seu rastro de sujeira.

Geralmente, nas cidades onde há a massificação do turismo existem campanhas para que o

turista leve consigo ou deposite em uma lixeira os resíduos produzidos. Contudo, dado a

quantidade de turistas, as campanhas perdem força e o lixo é apenas mais um integrante da

degradação ambiental.

Vale ressaltar que o turismo no litoral é realizado em uma área natural, na qual existe

vida marinha e terrestre, além de toda configuração espacial natural, bem como o mar, pedras,

mata nativa e outros elementos. E o turismo massivo danifica esse meio de diversas formas,

seja pela urbanização forçada, despejo de dejetos, ocupação do solo e outros diversos fatores.

Esta problemática vivenciada no turismo de massa litorâneo é reaplicada a inúmeras

cidades do mundo, que também sofrem com a falta de planejamento. O planejamento é algo

trivial, para que seja possível garantir a utilização do espaço por mais tempo, bem como o seu

bom funcionamento, pautando nos princípios da sustentabilidade.

Quando o curso de Bacharel em Turismo foi criado por volta da década de 70, em

meio a Ditadura Militar, o seu principal objetivo era capacitar profissionais para planejar a

atividade turística. Contudo, a sociedade pouco aderiu a esse novo profissional e as

consequências podem ser mensuradas no contexto atual.

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Ilustração: Foto colagem do Artista Plástico Silvio Alvarez (E-mail: [email protected]).

Como citar:

GONÇALVES, L.G.M. Massificação turística e planejamento. Revista Eletrônica

Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 11-13, mar. 2015.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Flávio Roberto Chaddad

Graduado em Engenharia Agronômica e Ciências Biológicas; Graduando em Filosofia;

Especialista em Educação Ambiental, Gestão da Educação Básica e Gestão Ambiental;

Mestre em Educação [Superior] e Mestrando em Educação Escolar

E-mail: [email protected]

OS MITOS NADA MAIS SÃO QUE O ILUMINISMO

É uma sorte profunda e fundamental que a ciência descubra coisas que

permanecem firmes e continuam a fornecer a base para novas descobertas:

poderia ser diferente, afinal! Estamos tão persuadidos da incerteza e irrealidade

de nossos juízos e da perene mudança das leis e conceitos humanos, que ficamos

realmente espantados ao ver quão firmes permanecem os resultados da ciência!

Anteriormente nada se sabia do caráter mutável de tudo que é humano, os

costumes da moralidade mantinham a crença de que toda a vida interior do

homem se achava presa com grampos eternos à necessidade férrea: talvez se

experimentasse semelhante volúpia do assombro, ao estudar lendas e contos de

fadas. O maravilhoso fazia muito bem àqueles homens, que às vezes podiam

cansar-se da regra e da eternidade. Deixar de sentir uma vez o chão sob os pés!

Flutuar! Errar! Ser tolo! – isso era parte do paraíso e do deboche das épocas

passadas: enquanto a nossa felicidade é como a do náufrago que atingiu a costa e

poes os dois pés na velha terra firme – assombrado de que elas não oscilem.

(Nietzsche – “A Gaia Ciência”)

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Com este título acima começo minha reflexão a Nietzsche. Aqui neste trecho

Nietzsche faz uma crítica à verdade científica. Para ele, a ciência acabou com o espanto do

homem perante o mundo. Ao dizer o que é isto ou aquilo a ciência tomou o lugar dos mitos na

explicação da realidade, tornando esta realidade dura, ácida e sem brilho. Esta é a constatação

de Nietzsche diante do que foi e é a ciência.

Mas alguns autores não concordam com esta assertiva nietzschiana. Estes autores são

Adorno e Horkheimer (1999). Para eles, o mito, de forma alguma, deixa de personificar o

esclarecimento, a ciência. Eles – os mitos – eram uma forma do ser humano exercer, ainda

primitivamente, um poder sobre a natureza. A única diferença entre os mitos para a ciência é

que nos mitos ainda havia uma relação entre o ser humano e os objetos ou natureza.

Sacrificava-se, portanto, animais ao invés dos seres humanos – por exemplo. Com a

ciência, a natureza agora não mais se identifica com os seres humanos. A natureza é apenas

uma espécie de matéria, pronta para ser manipulada pelo cientista, que assume uma figura

patriarcal de domínio sobre o mundo.

Isto é verificado na figura do ex-chanceler inglês Francis Bacon, para quem a natureza

deveria ser acossada em seus descaminhos, que sob tortura o cientista deveria retirar dela

todos os seus segredos. Estas eram as palavras que este senhor, que participava do julgamento

das bruxas, utilizava para condená-las à fogueira.

Neste sentido, a ciência é o próprio mito, agora radicalizado. Esta ciência que tem

como pressuposto o domínio do homem e da natureza, conhecida como a razão instrumental,

percorreu séculos provocando morte e destruição, como, por exemplo, o holocausto e as

bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki.

Porém, por outro lado, os avanços na civilização foram enormes. Esta ciência nos

legou a luz elétrica, a medicina avançada, conforto, transporte, conhecimento, etc. Aqui, é

necessário mostrar que esta mesma ciência, que retira a poesia do mundo, que o embriaga em

destruição, como Nietzsche constata neste trecho - que influencia a filosofia de um Heidegger

ou de Adorno, Horkheimer e Marcuse - é de suma importância para a humanidade.

O problema é como a ciência, que produz o conhecimento disciplinar, é utilizada.

Neste sentido, o porquê da inquestionalidade do discurso do especialista que se coloca acima

das relações históricas. Por exemplo, os problemas ambientais para este sujeito do

conhecimento ou especialista carece muito mais da técnica do que da superação do modo de

produção capitalista, que causa a reificação do homem e da natureza.

Assim, vejo que o conhecimento disciplinar, produzido pela lógica formal, deve ser

contextualizado através da lógica dialética, para que realmente este conhecimento, associado a

outras tantas observações, possa ser uma síntese das múltiplas determinações que são

históricas e através deste espírito democrático produzir um caminho para a humanidade.

Desta forma, os mitos e lendas nada mais são do que as raízes do iluminismo, a

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Edição nº 41 – Março/2015 16

vontade ou a sede do ser humano explicar para dominar o que lhe parecia imponderável. Com

a ciência ele consegue, mas esta ciência se faz de neutra e inquestionável, ou seja, não é

guiada por um espírito ético.

Neste sentido é necessário articular, como dito acima, a esta lógica formal - produtora

do conhecimento científico disciplinar - a lógica dialética, que contextualiza este

conhecimento e mostra os caminhos para a humanidade.

A beleza do mundo não está nas lendas ou nos mitos, está em entender o mundo não

para dominá-lo à força como quer Francis Bacon, mas para exercer um domínio sobre o como

é estabelecida às relações entre homem-homem e homem-natureza.

Referências

ADORNO, T; HORKHEIMER, M. O conceito de iluminismo. São Paulo: Abril Cultural,

1999.

Como citar:

CHADDAD, F.R. Os mitos nada mais são que o iluminismo. Revista Eletrônica

Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 14-16, mar. 2015.

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ARTE E VARIEDADES

Thiago Santos

Cineasta, Roteirista e Escritor E-mail: [email protected]

PEDOFILIA NÃO MAIS

O viver se resume em momentos aos quais ocorrem escolhas que sejam de cunho

benéfico; próprio e também para o próximo!

Quem acompanha meu trabalho já é conhecedor que tenho utilizado da escrita (livros

digitais de cunho gratuito) como ferramenta principal. Protestante direta em prol de nossas

crianças... Inaceitável, inadmissível e inapropriado aceitar que existam no ciclo do viver entre

os humanos tais agressões, que brutalizam o sexo de seres tão frágeis.

Nesta curta caminhada levo aos senhores leitores três livros. E todos eles abordam o

tema, objetivando plantar uma “semente no coração protestante” existente em todos os que

são mais que humanos. Pois são seres humanos que não perderam a própria humanidade...

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Edição nº 41 – Março/2015 18

Bestial: Narra o ato de um ser vivente. Que nascera humano, porém, não exerce sua

humanidade. Com isso, bestializa outros, unicamente para que satisfaça os próprios desejos

sexuais sem se importar com o bem estar alheio.

Link do Livro: http://www.livrosdigitais.org.br/index.php/home/livro/28494

Proteja-Me: Uma ficção que narra às dores sentidas por uma criança, quando é

agredida sexualmente. E tem que fazer o percurso do local em que fora vitimada. Até seu lar...

Os pensamentos terríveis que assolam seu pensar, e destrói suas emoções e crenças quanto o

todo da vida.

Link do Livro: http://www.livrosdigitais.org.br/index.php/home/livro/28501

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Edição nº 41 – Março/2015 19

Monstros: Aborda diversas contestações e relatos fictícios em relação ao ato da

agressão: protestos, indignações e outros... Levando ao leitor as dores sentidas por àqueles

que sofreram ou sofrem tais barbáries. E também a falta de misericórdia por parte do agressor.

Link do Livro: http://www.livrosdigitais.org.br/index.php/home/livro/23330

Somos maioria. Somos àqueles que não perderam a humanidade e, portanto, podemos

proteger as nossas crianças!

Como citar:

SANTOS, T. Pedofilia não mais. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.41,

p. 17-19, mar. 2015.

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Edição nº 41 – Março/2015 20

LINHA DO TEMPO

Helen Kaline Pinheiro

Estudante de Psicologia e jovem talento de Joanópolis

E-mail: [email protected]

UMA PEQUENA AÇÃO É CAPAZ DE TRANSFORMAR A SOCIEDADE

É impossível viver sem modificar a sociedade e ser por ela modificada, é uma

constante influência de ambos os lados. Um meio social que é modificado a todo instante pela

atitude que cada indivíduo desencadeia, e este por sua vez é modificado pelo social que o

permeia, construindo um ciclo interminável de modificação da sociedade. Afinal, será que

àquilo que todos anseiam por possuir está condizente com as atitudes que estão sendo

oferecidas por cada um?

Dos pequenos gestos até as grandes responsabilidades, tudo afeta o meio e a cada um,

seja de uma maneira positiva ou negativa. Os valores e os pensamentos, eles sempre são

revelados nas atitudes de cada ser humano, o que se tem internamente é o que se transmite por

meio das atitudes, sem necessitar de muito esforço e nem de muitas palavras. Desse modo, as

escolhas individuais que cada pessoa realiza para si mesma se revelam no seu caráter,

modificando aos poucos a sociedade, de um modo único e diferenciado.

Todos têm contato com a dimensão histórica e social da sociedade (essa dimensão que

todos constroem a todo instante com suas atitudes), e isso não pode ser desconsiderado

quando se busca uma reflexão sobre as atitudes das pessoas. Não existe como culpar o

indivíduo por um problema que é social, este social que por sua vez está em uma modificação

constante, por conta das diferentes ações que chegam até ele, e isso é uma consequência

inevitável daquilo que cada um oferece a si mesmo.

Desse modo, todos de alguma forma transparecem e devolvem à sociedade um pouco

daquilo que se é, por meio de suas atitudes, as quais são geradas no interior de cada pessoa.

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Nesse meio de transformações, cada pessoa é convidada a influenciar o meio de um modo

eficaz, procurando concretizar o bem, a justiça e a paz, seja para sorrir ou para defender uma

causa, todos fazem parte desta grande mudança que acontece todos os dias, a começar no

interior de cada um.

“O que eu faço é uma gota no meio de oceano. Mas sem ela o oceano será menor”

(Madre Teresa de Calcutá)

Referência

LANE, SILVIA T.M. Psicologia social o homem em movimento (8 Ed.). São Paulo:

Brasiliense, 1989.

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Leia mais no Blog: http://helenkaline.blogspot.com.br/

Como citar:

PINHEIRO, H.K. Uma pequena ação é capaz de transformar a sociedade. Revista Eletrônica

Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 20-22, mar. 2015.

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HISTÓRIA AMBIENTAL

Diego de Toledo Lima da Silva

Técnico/Engenheiro Ambiental, Andarilho e Cronista E-mail: [email protected]

O MILAGRE DE NOSSA SENHORA

No fim da curva está a ponte de madeira, cortada pelo ribeirão das Posses.

Artisticamente moldada sobre uma barroca funda, escarpado por rochas de grande resistência,

talento de antigos construtores.

Pilar sobre rocha, viga sobre pilar, tábua sobre viga, apenas madeiras e pregos como

artefatos construtivos. Estrutura com objetivo de ligar a estrada de terra com o Sítio

Pedacinho do Céu, sede da Capela de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

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Reza a lenda que alguns anos atrás uma grande chuva provocou forte tromba d’água,

que desceu carregando tudo pela frente. Os moradores do local pediram a intercessão de

Nossa Senhora e a ponte resistiu à tormenta.

Permaneceu em pé como a ponte sobre o rio Ganges, do conto fantástico “Os

construtores de pontes”, do ano de 1898, de Rudyard Kipling, que também enfrentou grande

cheia na Índia. Escapou da sorte da destruição, diferente da estrutura do filme “A ponte do rio

Kwai”, de 1957, construída por uma tropa marcada por um ritmo de assobios em marcha.

Aliás, as pontes sempre foram objetos marcantes de obras literárias, artísticas e

cinematográficas. Nas casas e casarões antigos da região, muitos dos quadros apresentam

delicadas pontes transpondo cursos d’água.

Voltando à ponte do Sítio Pedacinho do Céu, sua madeira escura lembra grandes

árvores derrubadas há muitos anos, como exemplares de centenárias Araucárias. Hoje elas

regeneram em capões dispersos nos campos, regido pela sinfonia de gralhas-azuis.

Com tanta chuva e sol, calor e frio, cheia e estiagem, um dia a ponte irá ruir... Cederá

espaço para uma estrutura mais moderna, provavelmente de cimento. Mas, na memória dos

moradores e andarilhos locais, ela permanecerá para sempre, reconhecida como o milagre de

Nossa Senhora...

Como citar:

DA SILVA, D.T.L. O milagre de Nossa Senhora. Revista Eletrônica Bragantina On Line.

Joanópolis, n.41, p. 23-24, mar. 2015.

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O ANDARILHO DA SERRA

Susumu Yamaguchi

Cronista, andarilho e morador de Joanópolis

E-mail: [email protected]

CORRENDO PARA O FUTURO

Foi depois de passar ao lado da Igreja Matriz de Sapucaí-Mirim e atravessar a ponte

sobre seu rio que começamos a subir gradativamente, por ruas e estradas de terra que se

transformaram em íngremes trilhas, até atingirmos o topo do Alto do Campestre, a dois mil e

cem metros de altitude.

Muitas horas se passaram desde que deixáramos o ônibus no meio da manhã, e o

pouco tempo de luz que ainda restava do dia foi ocupado com montagem de barracas e

preparativos para a refeição da noite, além de uma pequena fogueira na pedra para assarmos

pinhões que recolhêramos no caminho.

A visão solitária da Pedra de São Domingos ao pôr do sol dera lugar, em vários

quadrantes, a claridades emanadas de cidades do sul de Minas e do Vale do Paraíba,

colocando-nos no centro da manta escura pontilhada de estrelas que em vão tentava nos

aquecer no crescente frio da noite de maio.

Horas depois, deixamos o calor dos sacos de dormir e reavivamos a chama da fogueira

ainda na escuridão, bem antes da aparição do fogo maior. Nossa espera aos poucos revelava a

ascensão de luz que tornava existentes Eunice, Yasmin e Dorival naquele topo de morro. E

também, na fotografia que abre esta coluna.

Com nosso fiat lux completo pelo surgir do sol no horizonte, contemplávamos a

recriação diária do mundo na Serra da Mantiqueira. A extensa neblina que formava ilhas de

topos dos morros mais baixos ocultava o fundo dos vales, mas nos delatava seus necessários

cursos de água, em especial o do rio Sapucaí-Mirim.

A imagem da vigília no Alto do Campestre sugere expectativas quanto ao que virá

com a claridade, mas a nós, ali, bastava que cada novo dia trouxesse em si tão só a sua magia.

Como a que, inimagináveis dezesseis anos depois, faria com que eu passasse novamente a

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pé ao pé da trilha, dessa vez descendo para a cidade pelo Corrupio.

A primeira travessia do rio Sapucaí-Mirim levou-me ao Alto do Campestre e, de lá, a

São Bento do Sapucaí pelo outro lado da montanha; a segunda, elevou-me às serras de Santo

Antonio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, Sapucaí-Mirim e Monteiro Lobato através do

relato a seguir, publicado no jornal Correio da Serra.

Ao atravessar a ponte sobre o rio Sapucaí-Mirim, no km 38 após São

Francisco Xavier, cheguei ao final de mais uma jornada. O que eu não sabia era

que logo mais, na Sorveteria do Robertinho, iniciaria outra viagem ao ter a

atenção atraída por um mural dedicado a corridas pedestres. Sim, e havia

também troféus. Depois de vários dias andando ermo pela Serra da Mantiqueira,

uma inesperada sociedade de corredores cruzou meu caminho.

ACOSM – Como muitos jovens, Willian Francisco Teixeira e Alexandre

Aparecido Palma corriam atrás de bola antes de se tornarem corredores. Uma

significativa foto mostra-os ao lado do ex-jogador corintiano Wladimir Rodrigues

dos Santos, Secretário de Esportes de São Sebastião (SP). Com trajetórias bem

diferentes do ídolo, eles faziam parte da equipe que fundou a Associação de

Corredores de Rua de Sapucaí-Mirim - MG, a ACOSM, em janeiro de 2007.

Em setembro de 2005 o grupo realizara a 1ª Corrida Rústica de Sapucaí-

Mirim, com 263 participantes. Rodolfo Lucena correu lá e exaltou a alegria

rusticana em relato publicado pela revista Contra-Relógio em novembro. A cargo

da ACOSM desde 2007, a prova cresceu e chega à 5ª edição com inscrição

limitada a 700 atletas, o que equivale a 12% da população do município.

Incluindo a caminhada a partir de 2006, a corrida conta desde o início com o

apoio especial de Emerson Iser Bem, vencedor da Corrida Internacional de São

Silvestre 1997.

Já em abril de 2007 a ACOSM se tornou maior ao se voltar para o menor,

com a criação do Projeto Correndo Para o Futuro. Em parceria com a Secretaria

Municipal de Educação, o projeto atende cerca de 25 alunos de 7 a 12 anos.

Willian e a corredora Luanna Marília Rodrigues Pimentel, em trabalho

voluntário, iniciam as crianças na corrida e observam nelas a vontade, a

dedicação e eventual potencial atlético. A Secretaria acompanha a aplicação nos

estudos e comportamento e cabe à Prefeitura o transporte para as corridas.

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A associação cresceu e envolveu a cidade em sua ação, tornando-a

participante de suas Corrida Para o Futuro e Corrida Rústica e Caminhada. A

abnegação e o zelo pelos recursos arrecadados conquistaram o reconhecimento

da comunidade, e atualmente um representante da ACOSM, Willian, preside o

Conselho Municipal da Criança e do Adolescente. Em dois anos muitos passos

para o futuro já foram dados, correndo.

O RIO DILETO – De novo sobre a ponte, deixando a cidade em direção a

São Bento do Sapucaí pelo antigo percurso do Caminho da Fé, agora é Alberto

Caeiro quem me diz pela voz de Fernando Pessoa:

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,

Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia

Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

Margareth – [email protected]

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Olho e ouço o rio correr feito risos e gritos de crianças que correm como

suas primeiras águas. Uma comunidade que cuide para que tanto umas como

outras prossigam sempre límpidas, ainda que um dia possam turvar, terá ao

menos tentado ser feliz.

Sapucaí-Mirim é uma pequena cidade mineira rodeada de São Paulo por

quase todos os lados, onde a ACOSM é presidida pelo Willian, que é filho do

Robertinho, cujo sorvete com sabor de infância se toma ao lado dos jardins e sob

os sinos da Igreja Matriz. E é também uma aldeia por onde corre um rio em cujas

margens correm para o futuro os alegres mirins de Sapucaí.

Pairando acima de vastidões e transitoriedades nas serras e vales da Mantiqueira, o

nosso olhar daquele amanhecer no Alto do Campestre continua buscando, na delicada fresta

entre luz e sombra da vida nossa de cada dia, novas trilhas frescas para suas preciosas águas e

também caminhos cristalinos para seus renitentes jovens.

Como citar:

YAMAGUCHI, S. Correndo para o futuro. Revista Eletrônica Bragantina On Line.

Joanópolis, n.41, p. 25-28, mar. 2015.

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EDUCAÇÃO: ESPAÇO DE POSSIBILIDADES

Conceição Marques

Professora de Sociologia, Filosofia e História E-mail: [email protected]

O TUTOR E O SISTEMA VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

1. INTRODUÇÃO

Ser tutor é atuar através de uma ação pedagógica séria, que requer muita disciplina

por conta da flexibilidade existente na relação ensino-aprendizagem. O cursista trabalha com

a possibilidade de construção do seu tempo de estudo, dentro das condições específicas

próprias. Sem rigor e disciplina, o tutor não consegue exigir do educando que dê significado à

produção do conhecimento.

O papel inicial do tutor no ambiente virtual de aprendizagem é de promover a

interação entre os cursistas e o professor, entre a turma e a coordenação e direção da

instituição que oferece a formação.

As experiências do tutor são variadas em todo o processo, no começo alguns alunos

apresentam dificuldades, principalmente por falta de prática com a máquina e com o ambiente

virtual apresentado, mas quando se familiarizam ficam a vontade e realizam as atividades com

mais rapidez e segurança. Àqueles que já estão habituados a manipular espaços virtuais e o

maquinário da área de informática não apresentam dificuldades com o domínio dos recursos

apresentados, pode desconhecer algum tipo de ferramenta, mas sem muita dificuldade.

O tutor começa e finaliza seu trabalho com o envio de mensagens dos mais variados

tipos, para parabenizar, motivar a realização das tarefas, exigir o cumprimento das atividades

no prazo, orientar na realização das mesmas. Utiliza várias ferramentas como o fórum, o chat,

o telefone, a caixa de correio individual e a caixa de mensagens do próprio ambiente.

Mesmo com todo o empenho do tutor em orientar os educandos nem sempre a

comunicação é realizada com sucesso, pois alguns não respondem as mensagens e os pedidos

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de resposta. Outros perdem a motivação ao primeiro problema que surge, seja relacionado ao

ambiente, ao material didático ou mesmo na compreensão dos conteúdos.

Infelizmente não basta somente a tentativa de motivação por parte do tutor, seu

interesse e compromisso, na falta de motivação intrínseca do próprio educando o processo de

aprendizagem não se desenvolve. Todos os sujeitos devem estar envolvidos e motivados para

o aprendizado, em qualquer realidade, inclusive virtual.

O tutor precisa compreender o que o professor pretende realizar em cada disciplina,

entender a organização do seu trabalho para conseguir orientar a turma, oferecer caminhos de

investigação e realização de atividades e acompanhar o processo de cada cursista, além de

tomar conhecimento do material utilizado pelo professor, fazer as leituras deste material,

auxiliar a turma no desenvolvimento do curso e na continuidade do mesmo.

Uma dificuldade que ainda é real no trabalho à distância é estabelecer relação virtual,

comunicar-se neste ambiente, esclarecer dúvidas, enviar mensagens, fazer tantas outras coisas

que já fazemos presencialmente, mas para algumas pessoas ainda é difícil absorver esta nova

forma de estabelecer relações, parece que fica sempre um vazio, uma necessidade do contato

físico, dos materiais, de ver o outro, ouvir o outro, pessoalmente.

2. DESAFIO NO AMBIENTE VIRTUAL

Diante deste novo desafio que é a educação a distância nos moldes atuais, através do

ambiente virtual de aprendizagem, é necessário uma postura dinâmica na forma de atuar do

profissional, sempre pronto a atender e acompanhar novas necessidades trazidas neste espaço.

Estão presentes elementos da realidade cultural de cada região, da turma, das experiências e

relações dos sujeitos:

[...] o corpo discente é composto de alunos advindos de famílias

com situações financeiras diferenciadas, com múltiplas opções

religiosas, com expectativas socioculturais diferentes, com

hábitos inerentes à sua educação inicial, etc. (MACEDO, 2007,

p.121).

Ainda que os cursistas estabeleçam outro tipo de relação que não a presencial, eles são

sujeitos do processo pedagógico, levantam situações novas, questões desconhecidas,

comportamentos que o tutor pode não dar conta. O cursista é alguém, fruto de uma cultura, de

uma história, de uma família, sujeito a problemas, doenças, dificuldades de horário e tantas

outras questões. O tutor conhece situações particulares que muitas vezes impedem a

continuidade do cursista na turma, ou necessita fazer sua retirada temporariamente do

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Edição nº 41 – Março/2015 31

ambiente.

O tutor tem que dominar o uso das ferramentas no ambiente, conhecer o conteúdo a

ser trabalhado, a metodologia planejada pelo professor e os prazos exigidos para cumprimento

de tarefas. Ele precisa apresentar cotidianamente aos cursistas a proposta da formação, fazer

as exigências, supervisionar o trabalho dos educandos e se dispor a entender o tempo de cada

um e suas especificidades.

Paulo Freire afirma no seu livro Pedagogia da Autonomia que “o respeito à

autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou

não conceder uns aos outros” (1996, p. 59). É na relação construída no ambiente que o tutor

precisa animar e manter o compromisso do educando, espaço onde a metodologia apresentada

deve contemplar a possibilidade da construção do conhecimento, da valorização da identidade

do aluno, enquanto sujeito de sua história:

É nesse sentido que reinsisto em que formar é muito mais do

que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas,

e por que não dizer também da quase obstinação com que falo

de meu interesse por tudo o que diz respeito aos homens e às

mulheres, assunto de que saio e a que volto com o gosto de

quem a ele se dá pela primeira vez (FREIRE, 1996, p.14).

Freire mostra a preocupação com a formação do educando para a vida, por isso as

metodologias e as intervenções devem ser as mais significativas, que possam despertar o

interesse dos cursistas e a manutenção dos mesmos na formação específica. O tutor mobiliza

para a produção do conhecimento e um dos primeiros saberes necessários é a criação das

possibilidades para a produção ou construção da formação do aluno, com o objetivo de

construir e fortalecer sua autonomia e identidade:

[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua produção ou a sua construção

(IDEM, p. 22).

No ensino a distância o tutor incentiva o cursista a montar o seu plano de ação

pedagógica, a partir de um objetivo, direciona, solicita que ele produza o conhecimento, a sua

aprendizagem, através das diversas ferramentas disponibilizadas no ambiente. Fortalece a

autonomia do cursista, transformando-o em um sujeito independente.

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3. O OLHAR DO TUTOR NA RELAÇÃO À DISTÂNCIA

As experiências do tutor, a vida acadêmica, os encontros pedagógicos, a formação -

tanto inicial, quanto continuada -, constroem os saberes necessários para a atuação do mesmo

no ambiente virtual de aprendizagem.

[...] nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos

vão se transformando em reais sujeitos da construção e da

reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador,

igualmente sujeito do processo (FREIRE, 1996, p.26).

Para Paulo Freire os saberes são construídos a partir da prática e o tutor aprende em

cada nova experiência vivida, percebe as grandes diferenças existentes entre as turmas, a

depender do lugar, do interesse, da disposição, dos materiais, é na ação pedagógica que ele

percebe a importância do diálogo como elemento de promoção para uma relação interativa.

Estas experiências, estes saberes são levados por ele para outras vivências.

A relação dialógica vai montando o currículo do dia a dia, é um construir e um

reconstruir a cada nova informação, uma fala escrita do aluno no ambiente, uma provocação,

“[...] professores e educadores em geral, nos seus cenários formativos, atualizam, constroem

e dão feição ao currículo, cotidianamente” (MACEDO, 2007, P.26). Ainda que existam

conteúdos específicos na matriz do curso os educandos demandam outras necessidades e um

currículo a parte vai se desenhando na montagem de todo o processo do curso de formação.

O papel do tutor é de orientar, papel importante na formação do sujeito, estabelece

valores necessários a uma prática que o próprio aluno vai moldando, sem deixar de lado a

direção oferecida para não desistir, continuar com os estudos e o interesse em finalizar um

trabalho que já foi iniciado:

[...] as relações dos professores com os saberes nunca são

relações estritamente cognitivas: são relações mediadas pelo

trabalho que lhes fornece princípios para enfrentar e solucionar

situações cotidianas (TARDIF, 2006, p.17).

Cada turma é plural e desafia o tutor no processo de construção da formação inicial ou

continuada, para isso as práticas metodológicas devem ser planejadas a partir do

conhecimento da turma e do curso, na compreensão acerca da diversidade existente para um

maior aproveitamento dos seus saberes no trabalho de temáticas significativas a partir de

ferramentas dinâmicas disponíveis no ambiente virtual, motivar a discussão sobre os

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conteúdos.

A postura do cursista, enquanto educando é de aprendente, pesquisador, questionador,

aquele que investiga, busca, retorna ao ambiente sempre que precisar, solicita auxílio, não se

perde, possui uma direção, um caminho para alcançar os resultados desejados. O tutor orienta

o cursista na formação de uma atitude aplicada para estudar.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades cotidianas são construídas a partir do acompanhamento feito pelo tutor

em relação ao acesso ao ambiente, na verificação da participação nas discussões, supervisão

da continuidade dos acessos e das tarefas realizadas. É um processo de comunicação contínua,

com a coordenação do curso, com o tutor presencial, professor e os cursistas. É o tutor que faz

as exigências no cumprimento dos prazos das atividades, nos acessos das disciplinas, faz o

envio de relatório à coordenação do curso e aos professores.

O curso a distância exige compromisso e dedicação, uma vez que existe certa

liberdade, principalmente de horário, para o acesso ao ambiente, na construção das atividades

e discussões das temáticas apresentadas. A distância não impede o cumprimento das tarefas,

nem a supervisão dos trabalhos. Os cursistas podem ser constantemente orientados por tutores

e professores.

A educação a distância tem a oportunidade de democratizar as formações, iniciais ou

continuadas de diversos setores da sociedade e o tutor tem um papel importante, pois

estabelece vínculos com os cursistas, no acompanhamento do trabalho pedagógico e no

retorno dado aos educandos das atuações vivenciadas por eles no ambiente, através de

avaliações permanentes, realizam os diagnósticos de cada fase do processo pedagógico.

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5. REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 29ª ed.

São Paulo: Paz e Terra, 1996.148 pgs.

MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo. Campo, conceito e pesquisa. Petrópolis: Vozes,

2007. 140 pgs.

MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo, Diversidade e Equidade. Luzes para uma educação

intercrítica. Salvador: EDUFBA, 2007.172 pgs.

Módulos 1 e 2 do Curso de Capacitação de Tutores em EAD. Núcleo de Educação a

Distância. Universidade Federal do Paraná. 2009.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 38ª ed. Campinas: Autores Asociados, 2006.

(Coleção Polêmicas do Nosso Tempo)

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2006. 325

pgs.

TARDIF, Maurice e LESSARD, Claude. O Trabalho Docente. Elementos para uma teoria da

docência como profissão de interações humanas. Petrópolis: Vozes, 2007. 317 pgs.

VAGULA, Edilaine e LOCATELLI, Adriana C. Dias. Fundamentos da Educação Especial:

pedagogia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

www. portal.mec.gov.br/seed.

Como citar:

MARQUES, M.C.N. O tutor e o sistema virtual de aprendizagem. Revista Eletrônica

Bragantina On Line. Joanópolis, n.41, p. 29-34, mar. 2015.