Revista Eletrônica de Nutrição 2013 Jul/Dez

60

Transcript of Revista Eletrônica de Nutrição 2013 Jul/Dez

CONSELHO EDITORIAL

REVISTA ELETRÔNICA DE NUTRIÇÃO, ALIMENTOS E GASTRONOMIA

ANO 2

Jul/Dez 2013

COORDENADORA DA REVISTA

Prof.ª Ms. Elis Carolina de Souza Fatel

CONSELHO EDITORIAL INTERNO CONSELHO EDITORIAL EXTERNO Prof.ª Ms. Márcia Pires Ferreira Prof.ª Dra. Gersislei A. Salado Prof.ª Dra. Damares Tomasin Biazin Prof.ª Dra. Ana Flávia Oliveira Prof. Dr. Fernando Pereira dos Santos Prof.ª Dra. Janesca Alban Roman Prof.ª Ms. Flávia Hernendes Fernandes Prof.ª Ms. Iris Barbosa de Souza Prof.ª Ms. Carla Regina Pires Prof. Dr. Leandro Henrique Magalhães Prof.ª Dra. Maira S. Fortes Prof.ª Dra. Karina de A. Gualtieri Prof.ª Ms. Elis Carolina de Souza Fatel

Reitor

• Dr. Eleazar Ferreira

Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários

• Prof. Dr. Mario Antônio da Silva

Pró-Reitora Pós-Graduação e Iniciação à Pesquisa

• Prof.ª Dra. Damares Tomasin Biazin

ENTIDADE MANTENEDORA: INSTITUTO FILADÉLFIA DE LONDRINA

Diretoria: Sra. Ana Maria Moraes Gomes Presidente Sr. Getulio Hideaki Kakitani Vice-Presidente Sra. Edna Virginia Castilho Monteiro de Mello Secretária Sr. José Severino Tesoureiro Dr. Osni Ferreira (Rev.) Chanceler Dr. Eleazar Ferreira Reitor

Coordenadores de Cursos de Graduação

• Administração - Prof. Dr. Edgard José Carbonell Menezes Prof.ª Esp. Denise Dias Santana

• Agronomia - Prof. Dr. Fabio Suano de Souza • Arquitetura e Urbanismo - Prof. Ms. Ivan Prado Junior

• Biomedicina - Prof.ª Ms. Karina de Almeida Gualtieri • Ciência da Computação - Prof. Ms. Sergio Akio Tanaka

• Ciências Contábeis - Prof. Ms. Eduardo Nascimento da Costa • Direito - Prof. Dr. Osmar Vieira

• Educação Física - Prof.ª Ms. Joana Elisabete Ribeiro Pinto Guedes • Enfermagem – Prof.ª Ms. Rosângela Galindo de Campos

• Engenharia Civil - Prof. Dr. Paulo Adeildo Lopes • Estética e Cosmética - Prof.ª Ms. Mylena C. Dornellas da Costa

• Farmácia – Prof.ª Dra. Gabriela Gonçalves de Oliveira • Fisioterapia – Prof. Ms. Luiz Antonio Alves

• Gastronomia - Prof.ª Esp. Cláudia Diana de Oliveira • Gestão Ambiental - Prof. Dr. Tiago Pellini

• Logística – Prof. Esp. Pedro Antonio Semprebom • Medicina Veterinária - Prof.ª Ms. Maira Salomão Fortes

• Nutrição – Prof.ª Ms. Elis Carolina de Souza Fatel • Pedagogia – Prof.ª Ms. Ana Cláudia Cerini Trevisan

• Psicologia – Prof.ª Dra. Denise Hernandes Tinoco • Sistema de Informação – Prof. Ms. Sergio Akio Tanaka

• Teologia – Prof. Dr. Mário Antônio da Silva

Normas Para Publicação

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO REVISTA ELETRÔNICA DE GASTRONOMIA (SEGUNDO AS NORMAS DO LIVRO ABNT & PADRONIZAÇÃO PARA TRABALHOS ACADÊMICOS, PROF.ª Dra. DAMARES T. BIAZIN)

Verificar:

Título, Resumo e Palavras Chave (Português e Inglês)

Nome Completo e Referências dos Autores

Formatação:

Resumo e Palavras Chave: espaçamento simples (1,0) e sem recuo, fonte 10.

RESUMO e PALAVRAS CHAVE: maiúscula e negrito.

Texto

Arial 12, espaço 1 e ½

Recuo 1,5 cm

Nota de Rodapé: não usar numeração, mas símbolos (exemplo: * ). Arial 10, espaçamento simples;

Título de Seção Principal: TODAS AS LETRAS MAIÚSCULAS.

o Título de Seção Secundária: Apenas as Primeiras Letras de Cada Palavra Maiúsculas;

Título de Seção Terciária: Apenas a primeira letra da frase maiúscula.

Citação direta, no corpo do texto: "até três linhas, entre aspas, com citação do autor ao final, contendo sobrenome, ano e página" (MAGALHÃES, 2011, p. 25);

Citação direta, em destaque:

Citações com mais de três linhas. Deverá ter recuo de 5 cm, letra arial 10, espaçamento simples, sem aspas, com citação do autor ao final, contendo sobrenome, ano e página. Dar um espaço entre os parágrafos (MAGALHÃES, 2011, p. 25).

Quando houver figura, o nome deve vir abaixo da mesma, com numeração: FIGURA 01 – Titulo da Figura. Quando necessário, indicar a fonte logo abaixo do título da figura.

Quando houve tabela, o nome deve vir acima, com numeração: TABELA 01 – Título do Gráfico. A indicação da fonte deverá vir abaixo.

Título – Referências: maiúscula e lateralizado à esquerda, sem número de seção:

REFERÊNCIAS

Numeração: canto superior direito. Não numerar a primeira página. Verificar livro das Normas.

Contato

O envio de artigos para a revista é contínuo, e podem ser encaminhados para o email [email protected], respeitando-se as normas do periódico, que podem ser encontradas no site.

*Discente do Curso de Nutrição da Unifil. Orientanda do Trabalho de Conclusão de Curso (e-mail: [email protected]) ** Docente do Departamento de Nutrição da UNIFIL (Centro Universitário Filadélfia) (e-mail: [email protected]) *** Nutricionista do Hospital Infantil. Coorientadora do Trabalho de Conclusão de Curso (e-mail: [email protected]).

SUMÁRIO

AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA ........... 2

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA X FORMAÇÃO DO HÁBITO ALIMENTAR ..................... 17

ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES DA CLÍNICA DE CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO .... 31

HÁBITOS ALIMENTARES DE ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA

PÚBLICA E OUTRA PRIVADA DE APUCARANA ............................................................................. 45

AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE CRIANÇAS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA

ASSESSMENT OF DIETARY INTAKE OF CHILDREN WITH CONGENITAL HEART DISEASE

Mayra Bossa dos Santos*

Mirtz Ayumi Nakamura** Natália D’Angelo Pierobon***

RESUMO

As crianças com cardiopatias congênitas normalmente apresentam um grau de desnutrição devido ao gasto energético elevado, prejudicando o crescimento e o desenvolvimento da criança. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o consumo alimentar de crianças com cardiopatia congênita no Ambulatório de Cardiologia de um Hospital Pediátrico de Londrina-PR. Foram avaliadas 115 crianças portadoras de cardiopatia congênita de 0 a 12 anos, de ambos os sexos, no ambulatório cardiológico de um Hospital Pediátrico. Os inquéritos alimentares utilizados foram: Recordatório Habitual (RH) e Questionário de Frequência e Consumo alimentar (QFCA). Os cálculos das calorias, macronutrientes e micronutrientes foram realizado através do software Nutrilife. Grande parte das crianças possuem baixo consumo de lipídeos, potássio, ferro e ômega 3 e consumo superior de calorias, gordura saturada, sódio, cálcio, magnésio, fósforo e zinco. Crianças cardiopatas apresentam dietas inadequadas, sendo extremamente necessário o acompanhamento nutricional, tendo em vista que necessitam de auxilio para melhor crescimento e desenvolvimento; proporcionando melhor qualidade de vida.

PALAVRAS CHAVES: cardiopatia congênita, nutrição, pediatria.

ABSTRACT

Children with congenital heart disease usually have a degree of malnutrition due to high energy expenditure, damaging growth and development of children. The objective of this research was to evaluate the dietary intake of children with congenital heart disease in an Outpatient Cardiology Pediatric Hospital of Londrina-PR. Total of 115 children with congenital heart disease 0-12 years, of both sexes, in the cardiology clinic of a pediatric hospital. The dietary questionnaires were used: Habitual dietary recall (HDR) and Frequency Questionnaire and food consumption (FQFC). The calculation of calories, macronutrients and micronutrients were performed using software Nutrilife. Most children have low consumption of fat, potassium, iron and omega 3 and higher consumption of calories, saturated fat, sodium, calcium, magnesium, phosphorus and zinc. Children with heart disease have inadequate diets, and nutritional counseling extremely necessary in order to needing help to better growth and development, providing better quality of life.

KEY WORDS: Congenital Heart Disease, Nutrition, Pediatrics.

INTRODUÇÃO

Estudos populacionais americanos mostraram que a incidência de

Cardiopatia Congênita (CC) era de aproximadamente 4 a 6/ 1.000 por

nascimentos vivos. No Brasil, são poucas as referências, porém um estudo

epidemiológico no estado do Paraná mostrou uma incidência estimada em

5,4/1.000 nascimentos (CARDOSO; ZAMBERLAN, 2010).

A etiologia da doença é desconhecida, porém alguns fatores aumentam

a incidência como rubéola na gravidez, desnutrição, diabetes materna, idade

acima de 40 anos, síndromes e anormalidades congênitas e membros da

família com problemas cardíacos.

Normalmente a suspeita cardíaca pode ser feita pelos quadros de

sopro cardíaco, cianose, taquipneia e arritmia. Fazem-se necessárias

observações e análises, pois o período neonatal para o paciente portador de

CC pode ser crítico devido à gravidade e alterações fisiológicas.

Devido a essas alterações decorrentes da cardiopatia, o gasto

energético se eleva interferindo no estado nutricional, tornando-se necessário

um acompanhamento através da avaliação antropométrica, anamnese

alimentar e exames bioquímicos.

Algumas crianças apresentam alterações clínicas, como diminuição da

capacidade gástrica, inóxia, congestão na circulação, motilidade intestinal

alterada e absorção diminuída. Sabe-se que essas alterações influenciam a

ingestão alimentar, fazendo com que o consumo alimentar fique abaixo das

exigências nutricionais para a idade, interferindo no estado nutricional, com

possibilidade de comprometimento das reservas calóricas e das proteínas

viscerais (VIEIRA et al., 2007).

Desta forma, este trabalho teve como objetivo analisar o consumo

alimentar de crianças cardiopatas, a fim de identificar os pacientes que

necessitam de intervenção nutricional para proporcionar melhor qualidade de

vida.

METODOLOGIA

A amostra foi de 115 crianças portadoras de cardiopatia congênita,

com patologias associadas ou não, do sexo masculino e feminino, com faixa

etária de 0 a 12 anos, do Ambulatório do Hospital Pediátrico de Londrina - PR.

Os pacientes foram atendidos após a aprovação do comitê de bioética

da Santa Casa de Londrina – ISCAL e mediante a assinatura do responsável

no Termo de consentimento Livre.

A História Alimentar do paciente foi verificada, sendo analisado o hábito

alimentar, a frequência, apetite, alergias e restrições alimentares. Os inquéritos

alimentares também são informações necessárias, desta forma, foi avaliado a

alimentação do paciente de forma quantitativa (recordatório habitual, onde foi

calculado através do programa nutrilife) e qualitativa (questionário de

frequência alimentar).

Após análise de todos os dados obtidos do paciente, foram calculadas

as necessidades de macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídio) e

micronutrientes (potássio, sódio, cálcio, magnésio, fibras, vitamina A, vitamina

C, ferro).

Os cálculos de necessidades energéticas foram realizados de acordo

com a faixa etária e grau de atividade física através da referência de Dietary

Reference Intake (DRI), (2002).

Os macronutrientes foram analisados de acordo com Delgado, Cardoso

e Zamberland (2010), utilizando referências para cardiopatia congênita.

Os nutrientes foram analisados de acordo com de Dietary Reference

Intake, DRI (2002).

O levantamento de dados teve início em Julho com finalização em

setembro de 2011. Os dados obtidos foram tabulados, sendo apresentados em

gráficos e tabelas com percentuais, teste de significância, média e desvio

padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Gráfico 1 – Sexo das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr.

Foram observadas semelhanças segundo ao sexo, com pequena

predominâcia no sexo masculino com 54% (62 pacientes).

No estudo de Rodrigues e cols. (2006), que teve como objetivo avaliar

o estado nutricional, de crianças com cardiopatia congênita internadas no

Hospital Universitário, foram estudadas 145 crianças sendo 84 do sexo

masculino (57,93%) e 61 do sexo feminino (42,07%).

54%

46%

SEXO

SEXO MASCULINO (62 CRIANÇAS) SEXO FEMININO (53 CRIANÇAS)

Estudos de Gentil et al. (2003), onde foi realizado um estudo descritivo

com 31 crianças de 0 a 12 meses que utilizaram o serviço de remoção

aeromédica, observaram semelhanças com relação ao sexo.

O estudo de Silva, Araújo e Lopes (2007), foi desenvolvido com 45

crianças portadoras de CC internadas em um hospital da rede pública, onde

66,7% das crianças eram do sexo masculino, numa razão de dois meninos

para uma menina.

Gráfico 2 - Porcentagem de Patologias das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr.

Há um total de 32 patologias diferentes encontradas nos prontuários

das crianças atendidas no ambulatório, sendo que há pacientes com variação

de 1 até 6 defeitos cardíacos.

Conforme o gráfico acima, as patologias mais frequentes encontradas

foram o sopro com 18,34% (31), seguida da CIV com 15,38% (26) e CIA com

11,83% (20).

A porcentagem obtida como outros com 29,58%, apresenta as

patologias que foram pouco frequentes, como Síndrome de Marfan, Síndrome

de Wolff-Parkinson-White (WpW), Miocardiopatia Dilatada, Insuficiência da

Valva Tricúspide entre outros.

Miyague et al. (2003), verificou que as cardiopatias congênitas

acianóticas mais frequentes foram: comunicação interventricular (30,5%),

comunicação interatrial (19,1%), persistência do canal arterial (17%), estenose

pulmonar valvar (11,3%) e coarctação da aorta (6,3%). Tetralogia de Fallot

(6,9%), transposição dos grandes vasos da base (4,1%), atresia tricúspide

18,340%

15,380%

11,830%

5,920% 4,730% 4,140%

3,550%

3,550%

2,960%

29,580%

SOPRO

COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR (CIV) COMUNICAÇÃO INTERATRIAL (CIA) FORAME OVAL PATENTE (FOP)

PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL (PCA) ESTENOSE PULMONAR VALVAR (EPV) TETRALOGIA DE FALLOT

HIPERTENSÃO ARTERIAL

COARTAÇÃO DA AORTA

OUTROS

(2,3%) e a drenagem anômala total de veias pulmonares (2%) foram as

anomalias cianóticas mais frequentes.

No estudo de Amaral et al. (2005), foram analisados 399 pacientes

onde, 71% pacientes tinham sopro cardíaco; 8% com arritmia, 7% com dor

precordial, 6,5% dispneia e 7,5% outras patologias.

Gráfico 3 - Porcentagem de cirurgias realizadas nas crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr.

Em 34,78% dos casos avaliados foram necessário correções

cirúrgicas, paliativas e corretivas num total de 115 crianças estudadas.

34,780%

65,210%

CIRURGIA

SIM

NÃO

Tabela 1 - Recordatório Habitual dos pacientes

Nº MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA DV

Nº REFEIÇÕES 115 0 13 5,25 2,695

KCAL 97 526 3099 1783,5 582,33

CHO % 97 37,33 71,84 57,28 7,56

PTN % 97 7,77 25,72 16,65 3,63

LIP % 97 13,36 47,07 26,05 6,15

G. SAT 97 0,12 42,52 19,8 9,06

G. MONO 97 0,2 34,54 12,57 6,63

G. POLI 97 0,26 34,82 7,7 7,05

FIBRA (g) 97 2,04 54,86 15,31 8,59

SÓDIO (mg) 97 16,12 7219 2142,4 1307,6

POTÁSSIO (mg) 97 10,81 4549 1703,1 828,9

CÁLCIO (mg) 97 18,65 3015 902,02 478,74

FERRO(mg) 97 1,55 26,92 10,4 5,25

MAGNÉSIO (mg) 97 18,58 853 215,41 107,69

FÓSFORO (mg) 97 18,64 2125 986,98 428,3

ZINCO (mg) 97 0,52 34,64 10,47 7,14

COLEST. (mg) 97 0 468 206,9 106,22

VIT A (mcg) 97 1,82 2740 419,02 396,71

VIT. C (mg) 97 0 411 74,71 86,6

ÔMEGA 3 (g) 97 0 6,55 0,66 0,87

A tabela 1 apresenta a classificação do consumo alimentar observado

nas crianças obtidos através do recordatório habitual. Pode-se observar que a

média de refeições realizadas pelos pacientes é de 5,25 refeições ao longo do

dia, estando dentro dos padrões, pois o indicado é o fracionamento de 5 a 6

vezes diárias.

Houve uma oscilação muito grande com relação às calorias. Na

ingestão máxima, obteve-se 3099 kcal, ingerido por um paciente de 7 anos.

O carboidrato e a proteína obtiveram a média dentro da porcentagem

recomendada, porém o lipídio ficou abaixo com 26,05%, gorduras saturadas

acima e gordura monoinsaturada e polinsaturada abaixo.

Observou-se que o sódio também teve oscilação acentuada, sendo a

média 2142,39 mg, quantidade excessiva para pacientes com cardiopatia

congênita. Já o potássio, a ingestão verificada através da média foi baixa, não

ocorrendo o equilíbrio adequado sódio/potássio.

Observa-se que o cálcio, magnésio, fósforo, vitamina A e vitamina C

obtiveram resultados com grandes oscilações.

A média da ingestão de colesterol foi abaixo de 300mg, isto é, ideal de

acordo com as recomendações, porém observa-se uma elevada oscilação

verificada pelo desvio padrão.

Gráfico 4 - Consumo de calorias das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr.

Pode-se observar que 67% das crianças atendidas obtiveram ingestão

calórica acima do recomendado, podendo ser o motivo pelo qual a maioria das

crianças apresentam-se eutróficas e algumas com sobrepeso.

Em várias literaturas, foram analisadas a baixa ingestão de calorias em

crianças com CC, porém, pode-se observar no presente estudo ingestão

excessiva de alimentos calóricos com alto teor de gorduras e açúcares.

Tabela 2 – Análise dos Macronutrientes

MACRONUTRIENTES ABAIXO IDEAL ACIMA

CARBOIDRATOS 0% 68% 32%

PROTEÍNA 30,90% 69,10% 0%

LIPÍDEOS 90,70% 9,30% 0%

Verificou-se que o consumo de carboidrato obteve-se dentro do

recomendado para 68% dos pacientes.

No estudo de Vieira e cols. (2007), foi observado consumo de

carboidratos acima do recomendado em crianças de 0 a 24 meses com CC,

com 29% das crianças.

15,500%

17,500% 67%

CALORIAS

ABAIXO

IDEAL

ACIMA

Houve diferenças com relação ao estudo de Vieira e cols. devido a

faixa etária estudada.

Dos pacientes avaliados, 69,10% apresentaram ingestão ideal de

proteínas.

No estudo de Albano e cols. (2003), 60% das crianças com CC

internadas em hospital, apresentaram inadequações com relação à proteína.

No estudo de Vieira et al. (2007), 63% das crianças de 0 a 24 meses

com CC, apresentaram ingestão proteica acima do recomendado.

Verificou-se que 90,70% dos pacientes apresentaram-se ingestão

lipídica abaixo do recomendando.

Conforme Vitolo (2008), 58% da energia do coração são gerados pela

oxidação lipídica, o coração é um grande consumidor de ácidos graxos. A

ingestão adequada é essencial para auxiliar no crescimento e desenvolvimento

da criança.

Tabela 3 – Análise dos Lipídeos

LIPÍDEOS ABAIXO IDEAL ACIMA

GORDURA SATURADA 0% 48,50% 51,50%

COLESTEROL 1% 84,50% 14,40%

Das crianças analisadas 51,50% apresentaram ingestão acima da

recomendada, o que torna preocupante, pois este auxilia no aumento de LDL,

agravando a cardiopatia.

A estratégia utilizada no nível pediátrico é adotar uma dieta

balanceada, dando principal atenção à restrição de ingesta de gorduras

saturadas e colesterol (PELLANDA et al., 2000).

A ingestão de colesterol apresenta-se de acordo com o recomendado

com 84,50%, porém 14,40% consomem acima do recomendado.

Altas concentrações de LDL e VLDL colesterol e uma baixa

concentração de HDL colesterol em crianças estão associados a um maior

risco de doença aterosclerótica precoce (PELLANDA et al., 2002).

Gráfico 5 - Consumo de ômega 3 das crianças portadoras de cardiopatia congênita no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr

Observou-se ingestão de ômega 3 abaixo do recomendado com

74,2%.

Os benefícios do ômega 3 são amplamente conhecidos no que diz

respeito à prevenção de doenças coronárias, doenças cardiovasculares, ação

anti-inflamatórias, efeitos antiarrítmicos entre outros (SOUZA; ANIDO;

TOGNON, 2007). Também auxilia na redução da viscosidade do sangue,

relaxamento das artérias e redução da pressão arterial (SILVA; MURA, 2007).

Tabela 4 – Análise da relação Sódio/Potássio

RELAÇÃO Na/K ABAIXO IDEAL ACIMA

SÓDIO (Na) 10,3% 7,20% 82,50%

POTÁSSIO (K) 93,8% 4,10% 2,10%

Das crianças atendidas, 82,50% apresentaram ingestão de Sódio

acima do recomendado. No estudo de Vieira et al., (2007), a ingestão de sódio

esteve dentro do recomendado, porém não houve significância estatística

(p<0,05).

A porcentagem de crianças que ingerem potássio abaixo do ideal teve

prevalência de 93,80%. No estudo de Vieira e cols. (2007), o potássio esteve

abaixo do recomendado (p<0,05).

O potássio é descrito pelo efeito anti-hipertensivo porque induz uma

perda aumentada de água e sódio pelo corpo (TOMAZONI; SIVIERO, 2009).

74,200%

14,400%

11,300%

ÔMEGA 3

ABAIXO

IDEAL

ACIMA

Gráfico 6 - Consumo de zinco das crianças portadoras de cardiopatia congênita no

Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr

Dos pacientes analisados, 75,30% apresentaram ingestão de zinco

acima do recomendado, diferente do estudo de Hansen e Dorup (1993), onde a

maioria das crianças não conseguiram alcançar as quantidades recomendadas

de zinco.

Conforme Zanoni e cols. (2007), no período pré-operatório das

cirurgias cardíacas está indicada a análise plasmática do zinco. A reposição de

zinco no período pós-operatório é benéfica para a recuperação da injúria de

reperfusão.

13,400%

11,300%

75,300%

ZINCO

ABAIXO

IDEAL

ACIMA

Gráfico 7 - Consumo de magnésio das crianças portadoras de cardiopatia congênita

no Ambulatório de um Hospital Pediátrico de Londrina-Pr

Dos pacientes analisados, 76,30% apresentaram com ingestão de

magnésio acima do recomendado.

De acordo com Cozzolino (2005), o magnésio é essencial para a

função normal do miocárdio, relacionando-se com sua contratibilidade.

Não foram encontrado estudos relacionados com o magnésio, não

sendo possível sua comparação.

Tabela 5 – Questionário de Frequência Alimentar

ALIMENTO NÃO 1xSEM 2xSEM 3xSEM 4xSEM 5xSEM 7 X SEM 15 DIAS 1 XMÊS

ARROZ 7,83% 0,87% 2,61% 1,74% 0,87% 0% 86,09% 0% 0%

FEIJÃO 8,70% 1,74% 2,61% 0,87% 1,74% 0% 82,61% 1,74% 0%

FRUTAS 5,22% 7,83% 17,39% 4,35% 6,09% 0% 56,52% 2,61% 0%

VERDURAS 17,39% 7,83% 8,70% 6,09% 6,96% 0% 52,17% 0,87% 0%

LEITE 4,35% 0,00% 1,74% 0,00% 0,87% 0% 78,26% 0% 0%

OVOS 27,83% 21,74% 19,13% 9,57% 6,09% 0% 3,48% 10,43% 1,74%

CARNE

VERMELHA14,78% 4,35% 9,57% 12,17% 30,43% 0,87% 27,83% 0% 0%

CARNE

BRANCA13,91% 9,57% 32,17% 8,70% 22,61% 0% 12,17% 0,87% 0%

QUEIJOS 47,83% 10,43% 13,91% 3,48% 5,22% 0% 4,35% 7,83% 6,96%

DOCES E

GULOSEIMAS20,00% 12,17% 13,04% 10,43% 7,83% 0,87% 29,57% 5,22% 0,87%

PÃES 8,70% 5,22% 3,48% 5,22% 3,48% 0,87% 71,30% 1,74% 0%

BISCOITOS 11,30% 4,35% 6,09% 5,22% 3,48% 0,87% 66,09% 2,61% 0%

SALGADINHOS 31,30% 24,35% 14,78% 3,48% 0,87% 0% 7,83% 15,65% 1,74%

FRITURAS 33,91% 13,91% 8,70% 11,30% 6,09% 0% 24,35% 0,87% 0,87%

13,400%

10,300%

76,300%

MAGNÉSIO

ABAIXO

IDEAL

ACIMA

Os alimentos escolhidos foram selecionados exclusivamente para a

faixa etária estudada, para evitar subestimação.

Dos pacientes estudados, 86,09% ingerem arroz todos os dias,

juntamente com o feijão, 82,61%. No estudo de Chiara e Sichiri (2001), que

avaliou o consumo alimentar de 650 adolescentes, 98,7% dos pacientes

ingeriam arroz e 96,7% ingeriam feijão diariamente.

Com relação às frutas e verduras, observa-se que apenas pouco mais

da metade dos pacientes ingerem todos os dias, 17,39% e 8,70% ingerem

frutas e verduras, respectivamente apenas 2X por semana, sendo possível

relacionar com quadro de obstipação apresentado por grande parte dos

pacientes analisados.

O leite é ingerido todos os dias por 78,26% dos pacientes, sendo

extremamente importante para evitar principalmente deficiência de cálcio.

A maioria dos pacientes relataram consumir mais a carne vermelha,

sendo que 30,43% ingere 4 X na semana. Já a carne branca, a maioria, com

32,17% consomem apenas 2X na semana.

A ingestão de doces é diária em 29,57% dos pacientes, alimentos que

contribuem para obesidade e agravos da cardiopatia. Os salgadinhos e frituras

também representam alimentos que devem ser evitados para reduzir os riscos

de transposição de gordura nas artérias, onde 7,83% consomem salgadinhos e

24,35% consomem frituras todos os dias.

CONCLUSÃO

A incidência de cardiopatia congênita tende a aumentar, tendo em vista

que as doenças crônicas degenerativas estão se tornando cada vez mais um

desafio para a saúde pública, principalmente devido ao aumento das doenças

cardiovasculares, hipertensão e obesidade.

Na literatura, observa-se que a desnutrição é um quadro característico da

doença. Porém neste estudo observou-se que a minoria das crianças avaliadas

apresentou desnutrição. Acredita-se que a explicação para este resultado é

devido à falta de qualidade da dieta apresentada pelos pacientes. Grande parte

das crianças possuem baixo consumo de lipídeos, potássio, ferro e ômega 3 e

consumo superior de calorias, gordura saturada, sódio, cálcio, magnésio, fósforo

e zinco.

Nas últimas décadas, observa-se um processo de transição nutricional,

houve uma redução da prevalência da desnutrição e aumento da obesidade

infantil. Um dos principais fatores são as mudanças no estilo de vida, hábitos

alimentares inadequados, influência da mídia e utilização de métodos práticos

como fast foods, produtos industrializados e também devido ao baixo consumo de

frutas e verduras.

Acredita-se que essa transição tenha influenciado também as crianças

que apresentam cardiopatia congênita, pois mesmo com o gasto energético

elevado característico da patologia, o consumo principalmente de calorias tem se

tornado excessivo.

Com o acompanhamento do profissional Nutricionista, erros alimentares

poderão ser verificados, e assim, dadas as devidas orientações específicas para o

paciente. Com uma dietoterapia adequada, as crianças portadoras de cardiopatia

congênita terão um crescimento e desenvolvimento saudável, proporcionando

melhor qualidade de vida.

O desafio de fornecer substrato nutricional adequado para essas crianças

é árduo e envolve total integração do trabalho da equipe multiprofissional.

REFERÊNCIAS

ALBANO, M. R. C; BRUNO, M. L. M; CARDOSO, E. Disponível em: Avaliação nutricional de crianças cardiopatas em hospital universitário especializado em cardiologia. Acesso: 01 de out. 2011. AMARAL, F; et al. Perfil ambulatorial em cardiologia pediátrica na cidade de Ribeirão Preto, SP. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2005000200010>. Acesso em: 4 de mar. 2011.

CHIARA, V. L; SICHIERI, R. Consumo Alimentar em Adolescentes. Questionário Simplificado para Avaliação de Risco Cardiovascular. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v77n4/p03v77n4.pdf>. Acesso em: 23 de ago. 2011. COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de nutrientes. Barueri: Manole, 2005. DELGADO, A.F.; CARDOSO, A.L.; ZAMBERLAN, P. Nutrologia básica e avançada. Barueri: Manole; 2010. DIETARY REFERENCE INTAKE (DRI). Resources on Indivídual macronutrientes, phytonutrientes, vitamins, &minerals. Disponível em: <http://fnic.nal.usda.gov/nal_display/index.php?info_center=4&tax_level=2&tax_subject=256&topic_id=1342>. Acesso em: 14 de fev. 2011. DUARTE, A. C. G. Avaliação Nutricional: Aspectos Clínicos e Laboratoriais. Editora Atheneu, São Paulo, 2007. GENTIL, R. C.; et al. Perfil de crianças com cardiopatia congênita que utilizaram o serviço de remoção aeromédica. Disponível em: <http://www.unifesp.br/denf/acta/2003/16_3/pdf/art6.pdf>. Acesso em: 03 de set.

2011. HANSEN, S. R; DORUP, I. Energy and nutrient intakes in congenital heart disease. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.16512227.1993.tb12632.x/abstract>. Acesso em: 01 de out. 2011 PELLANDA, L. C; et al. Doença cardíaca isquêmica: a prevenção inicia durante a infância. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jped/v78n2/v78n2a06.pdf>. Acesso em: 27 de set. 2011. RODRIGUES, E. G; et al. Frequência de consumo alimentar de crianças internadas no Hospital Universitário Oswaldo Cruz: um estudo qualitativo. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1519-38292006000500014&script=sci_arttext>. Acesso em: 12 de out. 2011.

RODRIGUES, E. G; et al. Perfil nutricional de crianças com cardiopatia congênita internadas no Hospital Universitário Oswaldo Cruz. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S151938292006000500014&script=sci_arttext>. Acesso em: 12 de out. 2011. SILVA, S. M. C; MURA, J. D. A. Tratado de Alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. SILVA, V. M; ARAUJO, T.L; LOPES, M. V. O. Evolução dos diagnósticos de enfermagem de crianças com cardiopatias congênitas. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n4/pt_v14n4a14.pdf>. Acesso em: 10 de mar. 2011. SOUZA, S. M. G; ANIDO, R. J. V; TOGNON, F. C. Ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 na nutrição de peixes: fontes e relações. Disponível em: <http://rca.cav.udesc.br/rca_2007_1/souza.pdf>. Acesso em: 23 de set. 2011.

TOMAZONI, T; SIVIERO, J. Consumo de potássio de idosos hipertensos participantes do Programa Hiperdia do município de Caxias do Sul, RS. Disponível em: <http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/16-4/12-consumo.pdf>. Acesso em: 20 de ago. 2011. VIEIRA, T. C. L; et al. Avaliação do consumo alimentar de crianças de 0 a 24 meses com cardiopatia congênita. Disponível em: <http://www.arquivosonline.com.br/2007/8904/pdf/8904002.pdf>. Acesso em: 17

de abr. 2011. VITOLO, M, R. Nutrição da gestação ao Envelhecimento. Ed. Rúbio, Rio de janeiro, 2008. ZANONI, L. Z; et al. Zinco em Crianças Submetidas à Cirurgia Cardíaca com Circulação Extracorpórea. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abc/v90n6/a13v90n6.pdf>. Acesso em: 28 de set. 2011.

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA INFÂNCIA X FORMAÇÃO DO HÁBITO ALIMENTAR

CHILDHOOD NUTRITION EDUCATION X FORMATION OF FOOD HABIT

Bruna Barreto da Costa * Cristina Faria de Souza Moreira *

Graziela Maria Gorla Campiolo dos Santos**

RESUMO

A Saúde Infantil compreende um dos indicadores de Saúde Pública do país e representa as condições de vida de um local, despertando assim interesse no campo da pesquisa. A criança inicia seu vínculo alimentar no seio da mãe, e em seguida, começa a receber outros alimentos presentes na mesa da família e, logo é inserida nas instituições de Educação Infantil, onde aprende e adquire novos hábitos alimentares, e estas situações contribuem para a formação do hábito alimentar, existindo, portanto à necessidade da implantação da educação nutricional desde cedo. Portanto, esta pesquisa tem como objetivo fazer uma revisão da literatura publicada de 2002 a 2012 a cerca do tema e assim discutir os melhores métodos para se aplicar a educação nutricional. Para a identificação dos artigos, realizou-se, em 2012, um rastreamento na base de dados MEDLINE (National Library of Medicine, Estados Unidos), LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO. Foram selecionados artigos de estudos experimentais, revisão bibliográfica, livros, teses e boletins de comitês de saúde, sobre as ações desenvolvidas voltadas para a educação nutricional na infância no contexto atual das crianças brasileiras e sobre a formação dos seus hábitos alimentares. A pesquisa revelou que existem várias ferramentas para a aplicação da educação nutricional dentre elas a culinária, formação de hortas, brincadeiras envolvendo os cinco sentidos, juntamente com refeições nutritivas que favorecem o desenvolvimento da preferência por alimentos saudáveis, e estratégias educativas que envolvam atividades corporais, tais como: projetos de arte, música, teatro, marionetes e quebra-cabeça. Assim, diante deste contexto é possível afirmar que a educação alimentar é uma estratégia fundamental na promoção da saúde na infância e de grande importância para a formação dos hábitos alimentares saudáveis e prevenção de inúmeras patologias na idade adulta. PALAVRAS - CHAVE: Criança. Educação nutricional. Hábito Alimentar.

ABSTRACT

The Children‟s Health comprises one of indicators of Public Health in the in the country and represents the living conditions from a local, arousing interest in the research field. The child begins its eating tied in the mother‟s breast and, then, it starts receaving other food present on the family‟s table and, soon it is inserted in the Institutions of Childhood Education, where they learn and get new eating habits, and those situations contribute to the eating habit formation, there is, therefore, the necessity to implement an easy nutrition education. Therefore, this research has, as an objective to make a revision of literature which was publiched from 2002 to 2012, around the issue and thus discuss the best metholds to apply it in nutrition education. To identify of the articles, the tracking in the data base was achieved in 2012 MEDLINE (National Library of Medicine, EstadosUnidos), LILACS (Literature in the Health Sciences in Latin America and the Caribbean) and SCIELO. The articles of experimental studies, literature review, books, theses and reports from health committees about developed actions for nutrition education in childhood in the current context of brazilian children and the training of their eating habits were selected.The research revealed that there are several tools to apply the nutrition education them such as cookery, vegetable garden building, games involving the five senses, along with nutritious meals which favor the development of preference for healthy foods and educational strategies that involve bodily activity, such as: art projects, music, theater, puppets and puzzle. Thus, before this context, it‟s possible to declare that the nutrition education is the fundamental strategy in promotion of children‟s health and the great importance for the formation of healthy eating habits and the prevention of countless deseases in adulthood. KEYWORDS: Children. Nutrition education. Food Habit.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, sabe-se que é na escola onde a criança passa a maior parte

do seu dia levando em consideração que com os pais trabalhando é grande o

número de crianças que permanecem em período integral no âmbito escolar,

realizando assim suas principais refeições, deve-se então considerar que é

fundamental a escola ofertar uma alimentação equilibrada aos escolares bem

como enfatizar a educação nutricional no âmbito de aprendizagem, visto que esta

irá influenciar diretamente na formação dos hábitos alimentares saudáveis. Então

o papel da escola na fase de educação nutricional vem sendo considerada por

organismos internacionais um ambiente adotado para tratar sobre a promoção de

hábitos alimentares saudáveis, uma vez que tais hábitos devem ser solidificados

desde a infância (FERNANDES et al., 2009).

A população infantil é considerada do ponto de vista psicológico,

socioeconômico e cultural, influenciada pelo ambiente onde vive que, na maioria

das vezes, é constituído pelo ambiente familiar e escolar. Dessa forma, as suas

atitudes são, frequentemente, reflexos desse ambiente e quando este é

desfavorável, o mesmo poderá propiciar condições que levem ao

desenvolvimento de distúrbios alimentares que, uma vez instalados, poderão

permanecer ao longo da vida, visto que as crianças são mais vulneráveis e não

tem a perspicácia de identificar e escolher o certo e o errado (ROSSI; MOREIRA;

RAUEN, 2008).

A universalização da educação no Brasil é uma realidade, sendo que em

2002, 93,8% das crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos freqüentavam o

Ensino Fundamental, assim sendo a escola é propícia à aplicação de programas

de educação em saúde em larga escala, incluindo programas de educação

nutricional, onde estes devem consistir em processos ativos, lúdicos e interativos,

que favoreçam mudanças de atitudes e das práticas alimentares (SCHMITZ et al.,

2008).

A presente pesquisa bibliográfica foi elaborada a partir de informações

publicadas de 2002 a 2012 a cerca do tema e assim discutir os melhores métodos

para se aplicar a educação nutricional na infância. Para a identificação dos

artigos, realizou-se, em 2012, um rastreamento na base de dados MEDLINE

(National Library of Medicine, Estados Unidos), LILACS (Literatura Latino-

americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO (Scientific Electronic

Library Online).

Assim, o objetivo deste trabalho foi apontar os benefícios da Educação

Alimentar na promoção do conhecimento nutricional, definir quais são as

intervenções alimentares aplicadas por meio do ensino e comparar os diferentes

estudos realizados, apontando as formas de aplicação da educação nutricional e

discutir sobre a sua importância na formação do hábito alimentar.

2 FORMAÇÃO DO HÁBITO ALIMENTAR

Segundo Marin, Berton e Rossi (2009), os hábitos alimentares são

condicionados desde os primeiros anos de vida, pelo fato de que as crianças não

estão dotadas de uma capacidade para escolher alimentos em função do seu

valor nutricional, elas são dependentes de seus pais ou de seus cuidadores, e

esta afirmação deve se ao fato de que as crianças não possuem autonomia para

ir ao supermercado escolher ou preparar suas refeições.

O comportamento alimentar da criança também é determinado pela

interação da criança com o alimento, pelo seu desenvolvimento

anatomorfisiológico e por fatores emocionais, psicológicos, socioeconômicos e

culturais (VIEIRA et al., 2004).

Vitolo (2008) também afirma que os hábitos alimentares são formados por

meio de uma complexa rede de influências genéticas e ambientais e por esta

razão é um grande desafio para os profissionais de saúde. Além de existirem

predisposições genéticas para se gostar ou não de determinados alimentos e

diferenças na sensibilidade para alguns gostos e sabores herdados dos pais e

assim desta forma deve se estimular o contato com preparações de alimentos que

sejam simultaneamente saudáveis e agradáveis aos sentidos, proporcionando

prazer e respeitando a cultura dos indivíduos e de seu grupo social.

Sendo que a influência marcante na formação dos hábitos alimentares é

o produto da interação da criança com a própria mãe ou a pessoa mais ligada à

sua alimentação. A família oferece amplo campo de aprendizado social à criança

interligada ao ambiente doméstico e o estilo de vida dos pais, além das relações

interfamiliares exercerem grande influência na alimentação, nas preferências

alimentares onde a família poderá estabelecer o aprendizado de um hábito

socialmente aceito ou inserir novos hábitos, contribuindo para a formação de um

padrão de comportamento alimentar adequado ou não (VIEIRA et al., 2004).

Os autores Rossi, Moreira e Rauen (2008), ressaltam que na promoção

de uma alimentação saudável dois aspectos devem ser ressaltados, sendo que a

mudança de um comportamento alimentar a longo prazo é um objetivo com

elevadas taxas de insucesso e os hábitos alimentares da idade adulta estão

relacionados com os aprendidos na infância e esses dois aspectos apontam para

que a intervenção na promoção de comportamentos alimentares saudáveis

devam incidir com maior ênfase os primeiros anos da infância, para que os

mesmos permaneçam ao longo da vida.

Sendo assim, o grande desafio para os profissionais de saúde é estimular

o contato com preparações de alimentos que sejam simultaneamente saudáveis e

agradáveis aos sentidos, proporcionando prazer e respeitando a cultura dos

indivíduos e de seu grupo social. Almeida e Quaioti (2006) afirmam que as

crianças estão abertas a novas descobertas no que diz respeito a sabor e cor,

pois a sua palatabilidade não se encontra completamente formada e se houver

este contato aliado a uma educação nutricional implantada por estes profissionais

esta irá ter consequentemente uma melhor aceitação dos alimentos saudáveis.

3 EDUCAÇÃO ALIMENTAR

Segundo Vitolo (2008) o tema educação alimentar e nutricional demanda

de muitas discussões, que vão desde o âmbito histórico da inserção dessa

atividade nas propostas de Políticas de Saúde a até que ponto ela esta

conseguindo atingir o objetivo de mudar o comportamento; e atualmente pode-se

dizer que essa área esta em período de grande evolução, pois em Maio de 2006

os Ministérios da Saúde e da Educação, em conjunto instituíram a Portaria nº

1010, que apresenta as diretrizes para a implantação da alimentação saudável

nas escolas de educação infantil, fundamental, de nível médio das redes públicas

e privadas em âmbito nacional.

A educação alimentar é um dos caminhos existentes para a promoção da

saúde, que leva a população a refletir sobre o seu comportamento alimentar a

partir da conscientização sobre a importância da alimentação para a saúde,

permitindo a transformação e o resgate dos hábitos alimentares tradicionais, onde

envolve vários aspectos do desenvolvimento da criança, com uma metodologia de

ensino-aprendizagem capaz de desenvolver habilidades individuais, possibilitando

escolhas adequadas com relação à alimentação e nutrição como, por exemplo,

relativas ao consumo de frutas, legumes e verduras, enfim uma alimentação

saudável e balanceada, para que no futuro possa ter uma vida sadia, sem

doenças relacionadas a maus hábitos alimentares (RODRIGUES; RONCADA,

2008).

4 INFLUÊNCIA DA ESCOLA

De acordo com Schimtz et al. (2008) a escola está se destacando como

espaço privilegiado para o desenvolvimento de ações de melhoria das condições

de saúde e do estado nutricional das crianças, sendo um setor estratégico para a

concretização de iniciativas de promoção da saúde, que incentiva o

desenvolvimento humano saudável e as relações construtivas e harmônicas e

também é propícia à aplicação de programas de educação em saúde em larga

escala, incluindo programas de educação nutricional, e estes devem consistir em

processos ativos, lúdicos e interativos, que favorecem mudanças de atitudes e

das práticas alimentares.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a busca bibliográfica foram selecionados artigos que tratassem

de estudos referentes à educação nutricional na infância e os ambientes mais

propícios para a aplicação da educação nutricional, e observou-se que a maior

parte dos artigos tem o objetivo de esclarecer e demonstrar as formas e os

métodos eficazes para realizar a educação nutricional bem como o envolvimento

da família, educadores, além do ambiente em que a criança vive incluindo, escola,

crenças e culturas. Assim, pode-se observar nos achados científico desta área

que a aplicação da educação nutricional apresenta se eficaz, pois os estudos

aplicados utilizando diferentes métodos apresentaram resultados positivos sobre

a educação nutricional e a formação do hábito alimentar na infância.

A educação nutricional constitui por uma busca da construção de

conceitos e estratégias para impulsionar a cultura e a valorização da alimentação

saudável concebida no reconhecimento da necessidade de respeitar, mas

também modificar crenças, valores, atitudes, representações e práticas sociais

que se estabelecem em torno da alimentação, compreendendo uma busca

compartilhada estabelecida entre educadores e educando (GARCIA; MANCUSO,

2011).

Gonçalves et al. (2009 apud MACEDO; CERVATO; GAMBARDELLA,

2008) destacam que o papel da educação alimentar e nutricional está vinculado à

produção de informações, que sirvam como subsídios para auxiliar a tomada de

decisões dos indivíduos, tornando-os providos de seus direitos e assim ampliando

seus conhecimentos, na busca do bem-estar físico e psicológico.

Os métodos preventivos ainda são um desafio para as áreas envolvidas

além da resistência familiar marcada por crenças e a falta de entendimento por

parte dos educadores e planejamento bem como do apoio das entidades públicas

em investir na educação nutricional como forma de prevenir o desenvolvimento de

doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2008).

Tal necessidade nasce juntamente com a mudança encontrada no perfil

epidemiológico onde as doenças infecto-contagiosas e parasitárias dão cada vez

mais lugar para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), associada com

a mudança no estilo de vida como o sedentarismo e a facilidade encontrada na

aquisição de alimentos não nutritivos e altamente calóricos (AQUINO; PHILIPPI,

2002).

Portanto, nos últimos anos tem ocorrido a implantação de vários

programas e projetos de educação alimentar nas escolas, com o objetivo de evitar

o aparecimento de doenças na vida adulta destas crianças. Essas ações tanto

podem gerar conhecimento voltado para conscientização de hábitos alimentares

saudáveis como também trazer melhor qualidade de vida capacitando crianças a

fazerem escolhas saudáveis sobre um comportamento alimentar correto e

benéfico para saúde do indivíduo (DAVANÇO; TADDEI; GAGLIANONE, 2004).

A discussão dos artigos acerca da hipótese levantada tem sua relevância

pautada na necessidade de interferência científica sobre a educação nutricional

desde os primeiros anos, visto que as crianças têm uma rápida adesão aos

ensinamentos, já que seus hábitos alimentares estão em processo de formação e

a partir daí ocorre à aprendizagem a respeito da importância de uma alimentação

saudável.

Garcia e Mancuso (2011) afirmam que para realizar a aplicação da

educação nutricional deve existir um planejamento, porém este deve ser

embasado no contexto em que está envolvido e assim analisar os problemas

alimentares e nutricionais da população a ser orientada, sendo assim possível

identificar os fatores causais que serão considerados pela intervenção.

O conhecimento sobre a educação nutricional deve ser diretamente

aplicado por meio de diferentes procedimentos, tais como: atividades baseadas

em alimentos como: culinária; cuidado com hortas, brincadeiras envolvendo os

cinco sentidos, juntamente com refeições nutritivas que favorecem o

desenvolvimento da preferência por alimentos saudáveis, e ainda existem

estratégias educativas que envolvam atividade corporal, tais como: projetos de

arte, música, teatro, marionetes e quebra-cabeça (MATTA, 2008).

Linden (2011) também descreve sobre a colocação de Matta (2008)

salientando que para os pré-escolares é aconselhável utilizar materiais os quais

se envolvem os cinco sentidos para que o processo de ensino e aprendizagem

seja mais eficiente, como por exemplo: alimentos para oficinas nas diferentes

áreas do conhecimento, como: português, biologia, matemática. A mesma autora

ainda afirma que são ótimos recursos voltados para educação alimentar com

crianças as visitas em feira, fruteira, peixarias, supermercados e outros locais

onde há venda de alimentos, pois propiciam a criança acesso e contato podendo

ser uma ótima forma de aprendizagem acerca do conhecimento sobre os

alimentos e consequentemente sobre a alimentação.

Um estudo realizado por Bernart e Zanardo (2011) em uma escola de pré-

escolares pode-se constatar a importância e a eficácia da educação nutricional,

onde por meio de atividades lúdicas enfatizando a alimentação saudável

proporcionaram a estas crianças um aprendizado do tema, as atividades

consistiram em brincadeiras como: historinhas de frutas, verduras onde as

crianças participavam; atividades de montagem do prato saudável, onde era

enfatizada a importância de um prato colorido; brincadeiras dos cinco sentidos;

teatro de fantoches, “O Segredo do Sherek”, onde era contada a história infantil, e

em seguida servido o suco verde (hortelã, agrião, limão, açúcar), o qual o

personagem tomava e assim incentivando o consumo de sucos naturais às

crianças.

Com estas atividades pode se concluir que por meio da educação

nutricional torna-se possível despertar a curiosidade, e o interesse de pré-

escolares pelos alimentos e demonstra a importância de cada um para a saúde

humana. Também mostra, em seus resultados, que as atividades em educação

nutricional tornam-se estratégias de fundamental importância para o

desenvolvimento da aprendizagem sobre nutrição, pois prendem a atenção do

ouvinte e fazem interagir com as atividades (BERNART; ZANARDO, 2011).

Após análise dos estudos descritos pode se constatar que dentre as

formas de aplicação e métodos utilizados para as iniciativas educativas são todas

essenciais e importantes para cada vez mais criar novas estratégias e métodos

para possibilitar que as crianças recebam educação nutricional as quais irão

influenciar os hábitos alimentares por toda sua vida.

Martins, Walder e Rubiatti (2010) desenvolveram um trabalho que propôs

realizar atividades de educação nutricional com 75 crianças em idade escolar na

faixa etária entre 09 e 12 anos, de uma escola municipal da cidade de

Corumbataí/SP. As atividades de educação nutricional realizadas para incentivar

hábitos alimentares saudáveis nas crianças foram abordadas em seis módulos de

atividades de educação nutricional, visando à discussão de temas relacionados à

alimentação saudável, aplicados em 06 dias seguidos, com duração de 30 a 40

minutos no máximo cada um.

Todos os módulos consistiam em temas relacionados à alimentação com

exposição teórica de um tema seguido de práticas a fim de facilitar na fixação dos

conhecimentos adquiridos. Nas práticas realizadas às crianças demonstraram

todas interessadas e participaram ativamente das atividades desta forma a

execução das atividades de educação nutricional na escola age diretamente na

modificação e formação de bons hábitos alimentares das crianças em idade

escolar uma vez que além de transmitir o conhecimento de forma clara e de fácil

compreensão (MARTINS; WALDER; RUBIATTI, 2010).

Salvi e Ceni (2009) em trabalho de educação nutricional também

desenvolvido com pré-escolares observaram que as crianças estão aptas para

receber informações sobre alimentação e nutrição. É nesta fase da vida que as

crianças apresentam maior facilidade em assimilar conceitos, aprendem a

conhecer a si própria, as normas sociais de comportamento e inclusive se

alimentar.

Já Schmitz et al. (2008) focaram em um estudo analítico com dados de

duas oficinas teóricas-práticas sobre temas relacionados à alimentação e nutrição

para educadores e proprietários de cantinas e o estudo foi bem aceito, porém

sabe se que a implantação de alimentos saudáveis nas cantinas escolares ainda

é um grande desafio pelos profissionais da saúde visto que ainda existe

resistência por parte dos proprietários levando a necessidade de muitos outros

estudos e até aplicações mais severas por parte dos órgãos públicos, pois sabe-

se que estes locais possuem uma parcela significativa no fornecimento diário de

pelo menos uma refeição de muitos escolares.

Em uma escola de ensino fundamental foi implantada algumas atividades

e dinâmicas educativas em relação à educação nutricional, onde foram aplicados

três tipos de dinâmicas; desenvolvendo-se um pré-teste com temas relacionados

aos alimentos saudáveis e não saudáveis o qual possibilitou a verificação inicial

da percepção dos estudantes acerca do conhecimento sobre alimentação. Ainda

foram realizadas atividades denominadas minuto-cinema, em um vídeo que

tratava os riscos de uma alimentação pautada em doces e guloseimas e a terceira

dinâmica via metodologia intitulada caixa dos sentidos, onde foi explicado sobre a

importância das frutas na alimentação e seus benefícios (MAIA et al., 2012).

Após a concretização do estudo os resultados obtidos foram satisfatórios,

demonstrando assim a aquisição de saberes a partir da interação com os meios

de comunicação, o ensino nutricional e o convívio social infantil além das crianças

terem demonstrado interesse e motivações pelas atividades realizadas e também

o conhecimento adquirido ter sido constatado (MAIA et al., 2012).

Os recursos didáticos utilizados para a educação nutricional são diversos

o qual se encontra a produção de materiais educativos, tais como: guias, cartilhas

e pirâmides alimentares, a realização de oficinas culinárias e de dietética cada

vez mais com enfoque regional, assim como programas voltados para o

treinamento de multiplicadores, a predominância de palestras e cursos com

métodos expositivos, e ainda o uso de recursos como as dramatizações e os

vídeos, dentre outros, já que estes recursos facilitam o aprendizado do conteúdo

estabelecido. E ainda existem intervenções baseadas no modelo do

aconselhamento dietético, assim como oficinas culinárias, e na perspectiva da

educação ambiental, com hortas escolares (SANTOS, 2012).

Nesse contexto, a American Dietetic Association e também os autores

Bizzo e Leder (2005) destacam ser importante que o profissional especialista em

nutrição participe dos programas de educação nutricional, o que é essencial para

a efetividade de tais programas e para a aquisição de mudanças desejáveis no

estado nutricional da população (DETREGIACHI; BRAGA, 2011).

Nesta mesma esfera um estudo dirigido por Rigo et al. (2010) vem afirmar

as descrições em relação a educação nutricional e os métodos a serem aplicados

relatados por Santos (2012), pois quando estes autores realizaram um estudo

centrado em atividades para um grupo de 10 crianças, de 4 a 13 anos com

atividades de educação nutricional as quais foram baseadas em processos

lúdicos utilizando os seguintes temas: aspectos de higiene e saúde; hábitos

alimentares: os saudáveis e não saudáveis; alimentos e como eles podem ou não

trazer benefícios a saúde e a aplicação de uma história chamada “Próxima

Parada: Estação Barriga”, onde foi enfocado o sistema digestório e o que

acontece com os alimentos após serem ingeridos. Portanto ao final, foi possível

observar a construção do conhecimento sobre alimentação e nutrição de forma

prazerosa e bem aceita pelas crianças.

Triches e Giugliani (2005) realizaram um estudo com crianças das

escolas municipais do Rio Grande Sul, onde foi observado que os escolares com

maior índice de massa corporal apresentavam menor conhecimento de nutrição e

possuíam práticas alimentares menos saudáveis. Estes resultados sugerem que a

realização de intervenções nutricionais no ambiente escolar pode ter papel

positivo na prevenção do desenvolvimento de doenças crônicas na vida adulta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste estudo, pode-se constatar que a educação nutricional no

âmbito educacional, permite que as crianças adquiram o conhecimento sobre

uma alimentação saudável, devido esta fase ser propícia à aprendizagem. E

com isso inúmeros benefícios são gerados, sendo desde formação de hábitos

alimentares saudáveis como também a prevenção de doenças decorrentes de

uma má alimentação. Portanto, a implantação da educação nutricional no âmbito

escolar deve ser feita por profissionais capacitados e treinados para aplicar a

educação da forma mais adequada, utilizando diversos recursos a fim de facilitar

a aprendizagem de uma alimentação saudável. Além de intervir diretamente na

formação do hábito alimentar, pois diante de tantos métodos e formas de

aplicação é possível atingir os mais diferentes grupos sociais respeitando as

individualidades, porém modificando conhecimentos e conceitos acerca da

alimentação de forma agradável e prazerosa.

Ainda sabe se que existe uma predisposição genética e ambiental capaz

de influenciar de forma positiva ou negativa na formação do hábito alimentar, ou

seja, o indivíduo já por si só possui uma tendência na escolha dos alimentos os

quais serão consumidos por ele, mas no desenvolvimento deste trabalho foi

possível observar que usando como ferramenta a educação nutricional esta é

capaz de fazer a diferença, principalmente quando se trata das crianças, as quais

não tem seus conceitos e costumes completamente formados e possuírem um

rápida adesão ao processo de ensino e aprendizagem. Desta forma, se a

educação nutricional for aplicada de forma correta e por pessoas qualificadas que

utilizam as ferramentas específicas para cada grupo social torna se fundamental

para a formação de hábitos alimentares saudáveis.

REFERÊNCIAS

AQUINO, R. C.; PHILIPPI, S. T. Consumo infantil de alimentos industrializados e renda familiar na cidade de São Paulo. Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São Paulo- SP, Brasil. 2002. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php? pid= S003489102002 000 700 001 &script=sci_arttext>. Acesso em: 17 set., 2011. BERNART, A.; ZANARDO, V. P. S. Educação Nutricional para crianças em escolas públicas de ERECHIM/RS. Revista Eletrônica de Extensão da URI. ISSN 1809- 1636. Disponível em: <http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/numero _013/ artigos /artigos_vivencias_13/n13_09.pdf. Acesso em: 09 out. 2012. BIZZO, M. L. G.; LEDER, L. Educação nutricional nos parâmetros curriculares nacionais para o ensino fundamental. Revista Nutrição. Campinas, v. 18, n. 5, Oct. 2005. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/s1415-52732005 000500009. >. Acesso em: 11 aug. 2012.

CARVALHO. C. M. Construindo o Saber: metodologia científica, fundamentos e

técnicas. 13 ed. Papirus Campinas: Papirus 2002.

DAVANCO, G. M.; TADDEI, J. A. A. C.; GAGLIANONE, C. P. Conhecimentos, atitudes e práticas de professores de ciclo básico, expostos e não expostos a Curso de Educação Nutricional. Revista de Nutrição, Campinas, v. 17, n. 2, jun. 2004. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= s1415 -52732004000200004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 05 abr. 2012. DETREGIACHI, C. R. P.; BRAGA, T. M. S. Projeto "criança saudável, educação dez": resultados com e sem intervenção do nutricionista. Revista Nutricao, Campinas, v. 24, n. 1, Feb. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/sci elo.php? script=sci_arttext&pid=s1415-52732011000100005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 11 aug. 2012. FERNANDES, P. S; et al. Avaliação do efeito da educação nutricional na prevalência de sobrepeso/ obesidade e no consumo alimentar de escolares do ensino fundamental. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2009, v. 85, n. 4, p. 315-321. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=s00217557 2009000400008> Acesso em: 14 jun. 2012. GARCIA, R. W. D.; MANCUSO, A. M. C. Nutrição e Metabolismo: mudanças alimentares e educação nutricional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. GONÇALVES et al. 2009. Estratégia de Intervenção na Prática de Educação Nutricional de professores da Educação Infantil. In: MACEDO, I. C.; CERVATO, A. M.; GAMBARDELLA, A. M. D. Revista Simbio-Logias. Minas Gerais, v. 2, n. 1, Maio/2009. Disponível em: http:// www.ibb.unesp.br/ home/departamentos/edu cacão/ simbio _ logias/ estratégia intervençãonapratica.pdf. Acesso em: 03 out.2012. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LINDEN, Sônia. Educação Alimentar e Nutricional: Algumas ferramentas de ensino. 2. ed. São Paulo: Varela, 2011. MAIA, E. R. et al . Validação de metodologias ativas de ensino-aprendizagem na promoção da saúde alimentar infantil. Revista Nutrição.Campinas, v. 25, n. 1, feb. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci _arttext& pid=s1415-52732012000100008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 ago. 2012. MACEDO, I.C.; CERVATO, A. M.; GAMBARDELLA, A. M. D. Estratégia de capacitação em educação nutricional para professores de educação infantil. Revista Nutrição Brasil. São Paulo, v. 7, n. 1, jan./fev. 2008.

MARIN, T.; BERTON, P., ROSSI, L. K. E. S. Educação Nutricional E Alimentar: Por Uma Correta Formação Dos Hábitos Alimentares. Revista F@pciência, Apucarana, v.3, n. 7, 2009. Disponível em: <http://www.fap.com.br/fapciencia/003 /edicao_ 2009 /007.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2012. MATTA, J. S. Manual de atividades de educação nutricional para pré-escolares em creches. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://www.nutricao.uerj.br/monografi a/2007/matta.pdf. Acesso em: 16 jun. 2012. OLIVEIRA, S., I.; OLIVEIRA, K. S. Novas perspectivas em educação alimentar e nutricional. Psicologia. USP.São Paulo, v. 19, n. 4, oct./dec. 2008. Disponível em: QUAIOTI, T. C. B.; ALMEIDA, Sebastião de Sousa. Determinantes psicobiológicos do comportamento alimentar: uma ênfase em fatores ambientais que contribuem para a obesidade. Psicologia USP. São Paulo, v. 17, n. 4, dez. 2006. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=s1678-5177200 600 0400011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 09 abr. 2012. RIGO, N. N. et al. Educação Nutricional com Crianças Residentes em uma Associação Beneficente de Erechim, Rs. Revista Vivencias, v.6, n.11, out. 2010. Disponível em: <http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/n umero_01 /artigos/artigos_ vivencias_11/n11_14.pdf>. Acesso em: 01 out. 2012. RODRIGUES, L, P, F; RONCADA, M., J. Educação nutricional no Brasil: evolução e descrição de proposta metodológica para escolas. Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, Brasília, v.19, n. 4. 2008. Disponível em: <http://www.fepecs.edu.br/revista/vol19_4art04.pdf>. Acesso em: 17 set. 2011. ROSSI, A.; MOREIRA, E. A. M.; RAUEN, M. S. Determinantes do comportamento alimentar: uma revisão com enfoque na família.Revista de Nutrição, Campinas, v. 21, n. 6, nov. dec. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid= s1415-52732008000600012&script=sci_arttext>. Acesso em: 09 abr. 2012. SANTOS, L. A. S. O fazer educação alimentar e nutricional: algumas contribuições para reflexão. Ciência de saúde coletiva. Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, feb. 2012. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo. php?pid=s141381232 0120002 00018&script=sci_arttext> Acesso em: 09 jun. 2012. SALVI, C.; CENI, G. C. Educação nutricional para pré-escolares da associação creche Madre Alix. Revista Vivências, v. 5, n. 8, 2009. SCHMITZ, B. A. S. et al. A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis: uma proposta metodológica de capacitação para educadores e donos de cantina escolar. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro, 24 Sup 2:S312-S322, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v24s2/16.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2012.

TRICHES, R. M; GIUGLIANI, Elsa Regina Justo. Obesidade, práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 4, Aug. 2005 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_ arttext &pid =s0034-89102005000400004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 nov. 2012. VIEIRA, G. O. et al . Hábitos alimentares de crianças menores de 1 ano amamentadas e não-amamentadas. Jornal Pediatria do Rio de Janeiro. Porto Alegre, v. 80, n. 5, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script= sci_arttext&pid=S0021-75572004000600013&lng=en&nrm=iso>. Access on 23 Nov. 2012. VITOLO, M. R. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed, Rubio, 2008.

ESTADO NUTRICIONAL DE PACIENTES DA CLÍNICA DE CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO

NUTRITIONAL STATUS OF PATIENTS OF SURGERY CLINIC OF DIGESTIVE

Fernanda Guimarães Burghi* Silvia Mayumi Adanya*

Mirtz Ayumi Nakamura** RESUMO:

Pacientes com afecções no trato gastrointestinais tem o estado nutricional comprometido devido às alterações na digestão e absorção. Com o trauma cirúrgico e modificações na ingestão alimentar a piora do estado nutricional é intensificada aumentando o tempo de internação podendo ocorrer à desnutrição. O objetivo deste trabalho foi identificar o estado nutricional dos pacientes submetidos às cirurgias do aparelho digestivo através da revisão de literatura sobre o tema. As palavras-chaves utilizadas para a pesquisa de busca foram avaliação nutricional subjetiva global, pacientes hospitalizados, desnutrição, cirurgia do aparelho digestivo, trauma cirúrgico e terapia nutricional. Os estudos analisados demonstraram a prevalência de pacientes com risco de desnutrição e desnutridos devido às alterações metabólicas e fisiológicas decorrentes das doenças que acometem o trato gastrointestinal e do trauma cirúrgico, e o tempo de permanência prolongado. O nutricionista em uma equipe multidisciplinar é responsável em diagnosticar precocemente indivíduos com riscos nutricionais e intervir com adequações nas dietas e suporte na terapia enteral para a recuperação e manutenção do estado nutricional do paciente.

PALAVRAS-CHAVE: Avaliação Subjetiva Global. Cirurgia do Aparelho Digestivo. Estado Nutricional.

ABSTRACT:

Patients who suffer with gastrointestinal disorders have impaired nutritional status due to changes in digestion and absorption. The surgical trauma and changes in food intake can

also contribute for worsening the nutritional status and extend the period patients are kept at

hospital, which can lead to malnutrition. The aim of this study was to identify the nutritional status in patients who have undergone any gastrointestinal surgery using a literature review

about the topic. The keywords used were subjective global assessment, hospitalized

patients, malnutrition, gastrointestinal surgery, surgery trauma and nutritional therapy. The study showed the patients at risk of malnutrition and malnourished prevalence due to

physiological and metabolic disorders arising from gastrointestinal diseases, surgical trauma, and prolonged time at hospitals. The nutritionists, in a multidisciplinary team, is responsible for the early diagnosis in individuals with nutritional risks. The nutritionist is also responsible for intervening with adjustments in diet and in the enteral therapy to

support the restoration and maintenance of the patient´s good nutritional status.

KEYWORDS: Subjective Global Assessment. Digestive Tract Surgery. Nutritional Status.

INTRODUÇÃO

Dados levantados no relatório anual de 2011 de um Hospital do Paraná

mostram que as cirurgias mais realizadas são pela clínica de ortopedia (1178),

pronto socorro cirúrgico (807), ginecologia (608), obstetrícia (500), urologia (468),

cirurgia infantil (409) seguido da clínica da Cirurgia do Aparelho Digestivo (CAD),

que foram realizados 262 procedimentos.

A cirurgia videolaparoscópica tem como característica básica a redução

da agressão e do trauma cirúrgico. Tem menor repercussão orgânica, menor

reação metabólica, inflamatória e imunológica, quando comparada a laparotomia,

outro método de incisão cirúrgica, representando grande benefício para o

paciente, incluindo aqui os mais graves e com comprometimento de órgãos e

sistemas (SALIM; CUTAIT, 2008).

A intervenção cirúrgica no aparelho digestivo desencadeia vários tipos de

estresse ao paciente. Além das alterações locais, provoca distúrbios sistêmicos

mediados pelos fenômenos de adaptação orgânica à nova condição e pela

resposta ao trauma devido mudanças endócrinas metabólicas, liberação de

mediadores suprarrenais e hipofisários, levando ao aumento do catabolismo

protéico e lipídico, hiperglicemia não glicídica e retenção hidrossalina (PEREIRA,

1998; SILVA; MURA, 2007; BOTTONI e BOTTONI, 2002; WAITZBGERG;

PLOPPER; TERRA, 1997; SENA et al., 1999).

Estudos demonstram que a prevalência da desnutrição em doentes

sujeitos a cirurgia digestiva oscila entre os 30% a 50%. Isto ocorre devido a

maioria destes pacientes apresentarem a ingestão alimentar insuficiente, má

digestão ou absorção relacionados diretamente ao órgão comprometido e

anormalidades no metabolismo de nutrientes, aumentando o risco de desnutrição

quando sujeitos a cirurgia (BARROS, 2009; SENA et al., 1999).

A desnutrição pode afetar adversamente a evolução clínica de pacientes

hospitalizados aumentando o tempo de permanência hospitalar, a incidência de

infecções e complicações pós-operatórias, a mortalidade e retardo da cicatrização

de feridas, representando um fator de estresse adicional que pode levar a

complicações pós-operatórias ou agravá-las (MERHI et al., 2007).

A Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) é um método clínico de

avaliação do estado nutricional, desenvolvido por Detsky e colaboradores (1984)

e diferencia-se dos demais métodos de avaliação nutricional utilizados na prática

clínica por englobar, não apenas alterações da composição corporal, mas

também alterações funcionais do paciente. Trata-se de método simples, de baixo

custo e não invasivo, podendo ser realizado à beira do leito (BARBOSA-SILVA;

BARROS, 2002).

Embora a morbidade cirúrgica correlacione-se mais com a extensão da

doença primária e com o procedimento cirúrgico realizado, a má nutrição pode

gerar diversas complicações o que está associado com uma alta incidência de

intercorrências operatórias, de morbidade e mortalidade. (MAHAN; ESCOTT-

STUMP, 2010).

O cuidado nutricional adequado e precoce tem como objetivo a correção

do quadro nutricional e a prevenção das suas complicações. A adequada terapia

nutricional é um componente essencial do cuidado do paciente hospitalizado, a

fim de fornecer nutrientes suficientes para manter ou recuperar o estado

nutricional, atenuando os efeitos adversos da resposta metabólica às lesões de

naturezas diversas e minimizando o acometimento da estrutura e funcionamento

de órgãos vitais (VANUCCHI; UNAMUNO; MARCHINI, 1996).

No âmbito hospitalar, as dietas utilizadas são adequadas conforme as

necessidades de cada paciente. As modificações das dietas oferecidas para

adequar a ingestão alimentar são necessárias na consistência, no valor

energético, nas quantidades de macronutrientes e micronutrientes e preferências

alimentares.

O uso de complementos nutricionais e dietas enterais são frequentes nos

hospitais pelo inadequado consumo alimentar, menos de 60% da dieta, devido as

alterações no trato gastrointestinal ou inapetência. A prescrição das dietas

enterais é realizada concomitantemente com os médicos para melhorar ou manter

o estado nutricional.

Este artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, cuja trajetória apoia-se

em leituras exploratórias e seletivas do material pesquisado com o objetivo de

descrever o estado nutricional de pacientes submetidos a cirurgias do aparelho

digestivo e as consequências da desnutrição no pós-operatório.

METODOLOGIA

Esse artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, sobre o tema, de artigos

científicos impressos e online, nacionais e internacionais nas bases de dados

Medline, Lilacs, Scielo, Capes, livros de nutrição publicados nos últimos 10 anos e

teses de dissertação. Inicialmente foi realizada uma busca com o objetivo de

identificar complicações devido as cirurgias do aparelho digestivo e suas

consequências no estado nutricional através da revisão de literatura sobre o tema.

Na busca inicial foram considerados os títulos e os resumos dos artigos para a

seleção ampla de prováveis trabalhos de interesse, utilizando-se como palavras

chave: avaliação nutricional, avaliação nutricional subjetiva global, pacientes

hospitalizados, desnutrição, doenças gastrointestinais, cirurgia do aparelho

digestivo, trauma cirúrgico e terapia nutricional no pós-operatório.

CIRURGIA DO APARELHO DIGESTIVO

O trato gastrointestinal é responsável pela digestão, absorção e excreção

dos alimentos. No estudo da terapia nutricional das doenças que envolvem o trato

digestório deve-se relacionar a repercussão da doença sobre o estado nutricional

e realizar alterações necessárias frente aos aspectos fisiopatológicos existentes

(CUPPARI, 2005).

A Cirurgia do Aparelho Digestivo (CAD) é um ramo da medicina que

estuda sob ponto de vista cirúrgico e endoscópico, as patologias provenientes no

esôfago, estomago, intestinos, pâncreas, fígado e vias biliares, ou seja, órgãos

responsáveis pela digestão dos alimentos.

Em um estudo realizado por Lima et al. (2012), o qual comparava os

métodos cirúrgicos de apendicectomia videoassistida com o método

laparoscópico e a laparotomia, mostrou vantagens das duas primeiras técnicas

cirúrgicas em relação a tradicional.

As chances dos pacientes com laparotomia de apresentar dor pós-

operatória foi aproximadamente quatro vezes aos submetidos à laparoscópica. As

possibilidades de evoluírem com complicações foram, aproximadamente, duas

vezes mais em aqueles que realizaram a apendicectomia laparotômica. Os

pacientes que realizaram a cirurgia por laparotomia, 6,9% apresentaram infecção

às feridas enquanto 2,7% dos pacientes de laparoscopia infectaram a incisão. O

tempo médio de internação também foi maior nas cirurgias por laparotomia

comparados a laparoscopia e o retorno das atividades habituais dos pacientes

com cirurgia tradicional foi de 14 dias a mais que por laparoscopia (LIMA et

al.,2012).

A resposta inflamatória está diretamente relacionada ao trauma inerente

ao processo cirúrgico caracterizado pela produção de mediadores pró-

inflamatórios que irão promover a ativação de mecanismos imunológicos.

Entretanto, a resposta inflamatória exagerada pode ser prejudicial ao organismo

(CAMPOS; CARAVATTO; ARAÚJO, 2005).

O trauma cirúrgico induz às extensas mudanças fisiológicas, causadas

por dano tecidual e isquemia em adição a distúrbios hemodinâmicos o que leva a

desencadear complexa resposta neuroendócrina, imunológicos e inflamatórios,

cujos efeitos metabólicos e cardiorrespiratórios tendem a preservar algumas

funções fundamentais para manter a volemia, o debito cardíaco, a oxigenação

tecidual, a oferta e a utilização de substratos energéticos. A intensidade da

resposta é variável e diretamente proporcional a severidade da cirurgia, a

ocorrência de complicações e aos fatores relacionados como diagnóstico e

tratamento (BOTTONI e BOTTONI, 2002; WAITZBGERG; PLOPPER; TERRA,

1997).

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

O risco nutricional se refere ao risco aumentado de morbimortalidade em

decorrência do estado nutricional. Tão importante quanto diagnosticar desnutrição

é avaliar o risco de deterioração nutricional naqueles pacientes em situações que

podem estar associadas a problemas nutricionais possibilitando uma intervenção

adequada de forma a auxiliar na recuperação e/ou manutenção do estado de

saúde do paciente (RASLAN et al., 2008; CUPPARI, 2005).

O conhecimento do estado nutricional de um paciente é de fundamental

importância na avaliação pré-operatória, já que a desnutrição implica aumento de

riscos operatórios e pós-operatórios. Os fatores que fazem o paciente

desenvolver complicações no pós-operatório e ter o tempo de internação mais

prolongado depende também do tamanho do procedimento cirúrgico realizado e

da doença aguda ou crônica antes do tratamento (CASTIONI; GARCIA; SOUSA,

2010).

Com o propósito de complementar os métodos usuais de avaliação

nutricional, vários autores têm utilizado a Avaliação Nutricional Subjetiva Global

(ANSG) como uma opção para a detecção de pacientes com risco de desnutrição

e para a organização e a avaliação das informações coletadas para elaboração

do plano de terapia nutricional principalmente devido a alta sensibilidade e

especificidade na detecção de estado nutricional em pacientes cirúrgicos

(YAMAUTI et al., 2006; RASLAN et al., 2008; MOURÃO et al., 2004).

A Avaliação Nutricional Subjetiva Global é capaz de identificar os

pacientes com maior risco de complicações associadas ao estado nutricional

durante a internação através de história clínica, exame físico e exames

bioquímicos onde se avalia principalmente, perda de peso relatada pelo próprio

paciente ou acompanhante, diminuição do tecido adiposo e muscular analisada

pelo investigador, sintomas gastrointestinais e alterações na ingestão alimentar

relativa ao habitual, capacidade funcional, albumina, transferrina, hemoglobina,

hematócrito e contagem total de linfócitos (QUADROS; VENTURI, 2009; PRATO

et al.,2010; WAITZBERG, 2002; MERHI et al., 2007).

TERAPIA NUTRICIONAL

As doenças no trato digestivo podem acarretar alterações nos processos

de ingestão, digestão, absorção e/ou utilização dos nutrientes da dieta o que traz

prejuízos ao estado nutricional no pré-operatório, podendo ser minimizados com

adaptações da dieta de maneira individualizada e monitorização constante

(WAITZBERG, 2002).

A ingestão alimentar adequada deve ser retomada o mais breve possível

após o procedimento cirúrgico. A terapia nutricional deve iniciar-se tão logo o

paciente esteja hemodinamicamente estável, apresentando funções vitais

estabilizadas, equilíbrio de líquidos, eletrólitos, ácido-básico e perfusão tecidual

adequada para permitir o transporte de oxigênio e combustível, tornando mais

lenta a perda de proteínas corporais (FONSECA, 2006).

Apesar das necessidades energéticas estarem aumentadas em

decorrência do trauma operatório, as calorias e proteínas ofertadas são mínimas

deixando o balanço nitrogenado negativo. O longo período de jejum em que o

paciente já passou para o preparo da cirurgia se mantem até o retorno da

motilidade intestinal caracterizada clinicamente pelo aparecimento dos ruídos

hidroaéreos e eliminação de gases, por um período de dois a cinco dias do pós-

operatório. No entanto, essa prática está sendo discutida e os resultados de

estudos têm demonstrado que a realimentação precoce após cirurgias

envolvendo ressecções e anastomoses trazem benefícios para os pacientes como

a alta mais rápida, menor incidência de complicações e infecções e menores

custos aos hospitais (AGUILAR-NASCIMENTO; GOELZER, 2002; TARTARI;

BUSNELLO; NUNES, 2010).

Segundo Aguilar-Nascimento e Goelzer (2002), a realimentação precoce

em pacientes submetidos a cirurgias do aparelho digestivo é possível, segura e

pode trazer potenciais benefícios, iniciando com dieta líquida restrita por via oral

evoluindo conforme a aceitação do paciente.

Ademais, pacientes submetidos a grandes intervenções e alimentados

precocemente apresentam melhor oxigenação da mucosa intestinal, diminuição

da resposta orgânica e do número de complicações no pós-operatório, assim

como redução do tempo da volta do peristaltismo intestinal (CORREIA; SILVA,

2005; TARTARI; BUSNELLO; NUNES, 2010).

A dieta hospitalar é importante para garantir o aporte de nutrientes ao

paciente hospitalizado, permitindo preservar ou recuperar seu estado nutricional

através do seu papel co-terapêutico em doenças crônicas e agudas considerando

o estado fisiológico e nutricional das pessoas. (GARCIA, 2006; WAITZBERG,

2009).

Além disso, a terapia nutricional enteral poderá ser indicada quando o

trato gastrointestinal seja funcionante e tenha capacidade de digerir e absorver,

mesmo que parcialmente os alimentos, quando a alimentação oral não for

possível ou não alcançar ao menos 60% das necessidades nutricionais do

paciente ocorre a saciedade precoce, a presença de náuseas e desordens

neurológicas que dificultam a deglutição, caquexia cardíaca e câncer,

queimaduras, cirurgia ortopédica, lesão de face e mandíbula, ou por

anormalidades funcionais do intestino como, anorexia, diminuição do

esvaziamento gástrico, síndrome do intestino curto e estados hipermetabólicos

podendo ser administrada tanto como via exclusiva de calorias e nutrientes como

na forma de complementação, associada à via oral e/ou parenteral (SILVA;

MURA, 2007; VANUCCHI; UNAMUNO; MARCHINI, 1996; WAITZBERG, 2009).

Fonseca (2006) em um estudo realizado com pacientes internados para

cirurgias por laparotomia,constatou que a ingestão calórica e proteica desses

pacientes foi insuficiente para suprir a demanda nutricional na primeira semana

pós-operatória. A maior queixa para a baixa ingestão alimentar foi a falta de

apetite em 63,8% dos enfermos.

DESNUTRIÇÃO NAS COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS DO APARELHO

DIGESTIVO

As condições gastrintestinais que podem levar à desnutrição são as

relacionadas a má absorção (doença celíaca, deficiência de dissacaridases,

insuficiência pancreática, Síndrome de Dumping, Síndrome do intestino curto,

Doença de Crohn, Colite ulcerativa e infecção por HIV ou AIDS), a função

mecânica prejudicada (constrição esofágica, obstrução esofágica, acalasia ou

hipomotilidade esofágica, fístula traqueoesofágica, estenose pilórica, íleo

adinâmico, obstrução intestinal, Doença de Hirschsprung) e condições que podem

causar receio em comer (diarréia, espasmo esofágico, esofagite de refluxo,

gastrite, pancreatite, colelitíase e outras doenças biliares, diverticulite) (ESCOTT-

STUMP, 2007).

As doenças gastrointestinais que levam a maior alteração do estado

nutricional são as doenças do pâncreas e vias biliares, neoplasias, vasculopatia,

abdome agudo, doenças intestinais, hemorragias digestivas e doenças do

esôfago, quando em conjunto de fatores, da doença e dieta insuficiente ou

inadequada, agravam o quadro podendo ser levado à desnutrição (LEANDRO-

MERHI et al., 2000).

Além de alterar esses mecanismos, os pacientes que são submetidos a

grandes intervenções cirúrgicas do trato digestivo normalmente passam por jejum

prolongado ou ingestão inadequada de nutrientes ocorrendo respostas

fisiológicas, desencadeadas por múltiplos estímulos que atingem o hipotálamo e

estimulam o sistema nervoso simpático e a medula suprarrenal a liberarem

substâncias desencadeadoras da resposta, no intuito de manter a homeostase

corporal, tornando-se exacerbada se o estímulo for prolongado e de grande

intensidade (CORREIA; SILVA, 2005).

O jejum simples, não associado ao estresse, leva a degradação dos

lipídios para o fornecimento do substrato energético, já o jejum acompanhado ao

estresse metabólico ou desnutrição, faz com que as catecolaminas inibam a

liberação de insulina, e então, sua ação periférica é antagonizada pela atividade

glicocorticoide levando ao aumento da gliconeogênese e a depleção de massa

celular corpórea através do turnover proteico (SENA et al., 1999)

As manifestações imunológicas da desnutrição são amplas e incluem a

atrofia do tecido linfoide, a redução do número de linfócitos, e as respostas

imunológicas humorais e celulares anormalmente baixas. Como resultado, a

desnutrição está associada a uma incidência alta de morbidade e mortalidade por

infecções (FONSECA, 2006).

Pacientes desnutridos submetidos a tratamento cirúrgico tem retardo da

cicatrização das feridas, com aumento de probabilidade de deiscência da ferida

operatória e das anastomoses aumentando o período de hospitalização e da

mortalidade (FONSECA, 2006).

Trabalhos bem conduzidos são concordantes em verificar a alta

incidência de pacientes cirúrgicos hospitalizados com alterações no seu estado

nutricional, tendendo a desnutrição. Quanto mais precocemente instalar uma

terapia nutricional bem conduzida, melhor será a repercussão da mesma no

estado nutricional do paciente e na diminuição das suas complicações cirúrgicas

(WAITZBERG, 2002).

Em amostra de 709 pacientes do Inquérito Brasileiro de Avaliação

Nutricional (IBRANUTRI), notou-se que a incidência de complicações nos

desnutridos foi de 27% sendo que os custos hospitalares aumentaram em 60,5%

para os desnutridos e a mortalidade neste grupo foi de 12,4% contra 4,7% nos

pacientes bem nutridos. A permanência hospitalar dos pacientes desnutridos foi

de 16,7 dias contra 10,1 dias de permanência dos bem nutridos (CORREIA;

WAITZBERG, 2003).

A longa permanência hospitalar é uma das causas da desnutrição

presente em 60,6% dos pacientes avaliados sendo a média do tempo de

internação de 13, enquanto o tempo médio de internação de 6 dias para pacientes

eutróficos, segundo os dados obtidos pela Sociedade Brasileira de Nutrição

Parenteral e Enteral (SBNPE) através do Inquérito Brasileiro de Avaliação

Nutricional (IBRANUTRI) em 2001, e presente em 50,2% nos pacientes em

hospitais públicos da América Latina – ELAN (WAITZBERG; CAIAFFA;

CORREIA, 2001; CORREIA; CAMPOS, 2003).

Esses dados também foram encontrados em um estudo realizado por

Santos et al. (2010), em um hospital público na cidade de Vitória – ES, nos meses

de agosto a setembro de 2008, em que pacientes com tempo de internação de 31

a 90 dias encontravam-se a maioria desnutridos, enquanto os que estavam

internados até 30 dias ou com tempo de internação acima de 90 dias a maioria

encontravam-se com menor frequência de desnutrição.

Em uma pesquisa realizada por Sena et al. (1999), em uma enfermaria de

Gastroenterologia Clínica do Departamento de Medicina da Santa Casa de São

Paulo, no período de dezembro de 1996 a junho de 1997, 31,5% dos pacientes

analisados estavam com o estado nutricional de desnutrição.

Já Rezende et al. (2004), constataram que a desnutrição hospitalar

alcança valores mais altos nos pacientes internados para tratamento de doenças

do trato digestório (14,34%), seguidos dos casos de neoplasias (9,84%) e

patologias do aparelho cardiovascular (9,02%).

Em um estudo realizado com pacientes com disfagia, internado na Clínica

Médica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo entre agosto e

dezembro de 2008 obteve 43,3% dos indivíduos classificados como baixo peso

(SONSIN et al., 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a revisão de literatura foi possível concluir que a

intervenção cirúrgica no aparelho digestivo desencadeia vários tipos de estresse

ao paciente e junto com o aumento das demandas nutricionais, normalmente,

observa-se a ingestão inadequada de calorias e nutrientes, predispondo às

deficiências nutricionais que podem ser evitadas com o acompanhamento do

profissional nutricionista junto aos pacientes através da avaliação, do diagnóstico

nutricional e das intervenções impostas com uma equipe multiprofissional.

A ANSG composta de avaliação antropométrica, exames laboratoriais,

avaliação física, sintomas gastrointestinais, quantificação do consumo alimentar e

do diagnóstico clínico, é capaz de identificar os pacientes com maior risco de

complicações associadas ao estado nutricional durante a internação e intervir o

quanto antes para recuperar ou manter o estado nutricional de pacientes

hospitalizados devido à cirurgia do aparelho digestivo.

A importância do nutricionista na equipe multiprofissional se deve ao fato

de adequar a dieta conforme as necessidades nutricionais, intercorrências,

aversões, intolerâncias e preferências alimentares de cada paciente. Quando

necessário indicar a necessidade da terapia nutricional enteral a fim de melhorar o

estado nutricional do paciente no pré e pós-operatório para evitar complicações

decorrentes do déficit nutricional e reduzir o tempo de internação.

REFERÊNCIA AGUILAR-NASCIMENTO, J. E. ACERTO: Acelerando a Recuperação Total Pós-operatória. ed. 2. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2011. Disponível em: <http://issuu.com/editorarubio/docs/acerto>. Acesso em: 06 nov, 2011. AGUILAR-NASCIMENTO, José Eduardo; GOELZER, Júlio. Alimentação precoce após anastomoses intestinais: Riscos ou benefícios? Revista Associação Médica Brasileira, v. 4, n. 48, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v48n4/14207.pdf. Acesso em: 20 nov 2011. BARBOSA-SILVA, M. C. G. B.; BARROS, A. J. D. Avaliação nutricional subjetiva: Parte 2 - Revisão de suas adaptações e utilizações nas diversas especialidades clínicas. Arquivos de Gastroenterologia, v. 39, n. 4, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid= S0004-28032002000400008&script=sci_arttext>. Acesso em: 22 out, 2011. BARROS, Suzana Raquel Moura. Importância da avaliação e monitorização nutricional em doentes submetidos a cirurgia digestiva, integrado num programa ERAS (Enhanced Recovery After Surgery) – Experiência do Hospital Pedro Hispano, ULSM. Monografia – Universidade do Porto, 2009. Disponível em: <http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/54760/2/ 132440_09105TCD105.pdf >. Acesso em: 15 ago, 2012. BOTTONI, A.; BOTTONI, A. Cirurgia e Trauma. In: CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. Barueri, SP: Manole, 2002. p. 319-342. CORREIA, Maria Isabel Toulson Davisson; CAMPOS, Antonio Carlos L. Prevalence of hospital malnutrition in Latin America: the multicenter ELAN study. Nutrition, v. 19, n. 10, 2003. Disponível em: <http://www. nutritionjrnl.com/article/S0899-9007(03)00168-0/abstract>. Acesso em: 22 out, 2012.

CORREIA, Maria Isabel Toulson Davisson; SILVA, Rodrigo Gomes da. Paradigmas e evidências da nutrição peri-operatória. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgia, v. 32, n. 6, 2005. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912005000600012&lng=pt&userID=-2>. Acesso em: 16 jun, 2012. CORREIA, Maria Isabel Toulson Davisson; WAITZBERG, Dan Linetz. The impact of malnutrition on morbidity, mortality, length of hospital stay and costs evaluated through a multivariate model analysis. Clinical Nutrition, v. 22, n. 3, 2003. Disponível em:<http://www.clinicalnutritionjournal.com/article/S0261-5614(02)00215-7/abstract>. Acesso em: 20 out, 2012. CUPPARI, Lilian. Guia de nutrição clínica no adulto. 2 ed. Barueri: Manole, 2005. 490p. ESCOTT-STUMP. S. Nutrição relacionada ao diagnóstico e tratamento. 5ª ed. Barueri: Manole, 2007. 847p. FONSECA, Patrícia Costa. Estado nutricional e adequação da ingestão alimentar em pacientes submetidos a laparotomia. 2006. 70f. Dissertação (Pós-Graduação em Ciências dos Alimentos) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MBSA-6ZAJ2S/disserta__o_patr_cia_costa_fonseca.pdf?sequence=1>. Acesso em: 22 out, 2012. GARCIA, Rosa Wanda Diez. A dieta hospitalar na perspectiva dos sujeitos envolvidos em sua produção em sua produção e em seu planejamento. Revista de Nutrição, v. 19, n. 2, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732006000200001&script=sci_arttext>. Acesso em: 15 out, 2012. LEANDRO-MERHI, Vânia Aparecida; et al. Relação entre o estado nutricional e as características clinicas de pacientes internados em enfermaria de cirurgia. Revista de Ciência Médica, v. 9, n. 3, 2000. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=285729&indexSearch=ID>. Acesso em: 05 out, 2012. LIMA, Geraldo José de Souza et al. Apendicectomia videoassistida por acesso único transumbilical comparada à via laparoscópica e laparotômica na apendicite aguda. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, v. 25, n. 1, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-67202012000100002&script=sci_arttext> Acesso em: 05 out, 2012. MAHAN, L. K; SCOTT-STUMP, S. Krause, alimentos, nutrição e dietoterapia. 12 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 1242p.

MERHI, Vania Aparecida Leandro; et al. Relação de concordância entre a avaliação subjetiva global e o índice de massa corporal em pacientes hospitalizados. Alimentação e Nutrição, v.18, n.4, 2007. Disponível em: <http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/viewFile/178/186>. Acesso em: 05 out, 2012. MOURÃO, F; et al. Nutritional risk and status assessment in surgical patientes: a challenge amidst plenty. Hospital Nutrition, v. 19, 2004. Disponível em: <http://www.nutricionhospitalaria.com/pdf/3460.pdf>. Acesso em: 05 out, 2012. PEREIRA, Shirley Ferreira. Composição corporal na desnutrição causada por câncer e doenças benignas do aparelho digestivo. Revista do Colégio de Cirurgiões, v. 16, n. 1, 1998. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v26n1/02.pdf>. Acesso em: 12 mar, 2012. PRADO, Rafaela Carolina Guerra do; et al. Desnutrição e Avaliação Nutricional Subjetiva em Pediatria. Revista Ciências e Saúde, v. 21, n. 1, 2010. Disponível em: <http://www.fepecs.edu.br/revista/Vol21_1_08desnutricao.pdf>. Acesso em: 12 mar, 2012. QUADROS, Antônio P.; VENTURI, Ivan. Avaliação Nutricional Subjetiva Global: Sua contribuição no Diagnóstico e Tratamento Nutricional. Prática Hospitalar, v. 11, n.61, 2009. Disponível em: <http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2061/pdf/08.pdf>. Acesso em: 22 nov 2011. RASLAN, Mariana; et al. Aplicabilidade dos métodos de triagem nutricional no paciente hospitalizado. Revista de Nutrição, v. 21, n.5, 2008. Disponível em: <http://200.144.190.38/handle/2012.1/9283>. Acesso em: 05 out, 2012. REZENDE, Ionar Figeredo Bonfim; OLIVEIRA, Verusca Ssilva de; KUWANO, Emília Alves; et al. Prevalência da desnutrição hospitalar em pacientes internados em um hospital filantrópico em Salvador (BA), Brasil. Revista de Cirurgia Médica Biológica, v.3, n.2, 2004. Disponível em:<http://www.portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/4425/3283>. Acesso em: 22 out, 2012. SALIM, Marcelo Talasso; CUTAIT, Raul. Complicações da cirurgia videolaparoscópica no tratamento de doenças da vesícula e vias biliares. Arquivo Brasileiro de Cirurgia Digestiva, v. 21, n. 4. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0102-67202008000400001>. Acesso em: 05 out, 2012. SANTOS, Roberta Pereira; et al. Prevalência de desnutrição em um hospital público da Grande Vitória – ES – Brasil. Revista Saúde e Pesquisa, v. 3, n. 3, 2010. Disponível em: <http://www.cesumar.br/pesquisa/periodicos/index.php/saudpesq/ article/view/1600/1154>. Acesso em: 22 out, 2012.

SENA, Fany Govetri; et al. Estado nutricional de pacientes internados em enfermaria de gastroenterologia. Revista de Nutrição de Campinas, v. 12, n. 3, 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S1415-52731999000300004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 22 out, 2012. SILVA, Sandra Maria Chemin Seabra; MURA, Joana D‟Arc Pereira. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. 1122 p. SOSIN, Patricia Bissoli; et al. Análise da assistência nutricional a pacientes disfágicos hospitalizados na perspectiva de qualidade. O Mundo da Saúde, v. 33, n. 3, 2009. Disponível em: <http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/69/310a319.pdf>. Acesso em: 22 out, 2012. TARTARI, Rafaela Festugatto; BUSNELLO, Fernanda Michielin; NUNES, Claudia Helena Abreu. Perfil nutricional de pacientes em tratamento quimioterápico em um ambulatório especializado em quimioterapia. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 56, n. 1, 2010. Disponível em: <http://www.dietpro.com.br/site/components/com_artigo/upload/ 9d5b3072bfba46452de5477a924c356c.pdf>. Acesso em: 16 ago, 2012. VANNUCCHI, Hélio; UNAMUNO, Maria do Rosário Del Lama de; MARCHINI, Julio Sergio. Avaliação do estado nutricional. Medicina, Ribeirão Preto, v.29, 1996. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/1996/vol29n1/avaliacao_estado_nutricional.pdf> Acesso em: 17 jun 2012. YAMAUTI, Aurea Kaoru; OCHIAI, Marcelo Eidi; BIFULCO, Paula Sofia; et al. Avaliação nutricional subjetiva global em pacientes cardiopatas. Arquivos Brasileiro Cardiologia, v. 87, n. 6, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0066-782X2006001900014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt.> Acesso em: 19 Nov 2011 WAITZBERG, Dan Linetzky. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. v. 1. São Paulo: Editora Atheneu, 2002. 928p. WAITZBERG, Dan Linetzky. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. v. 2. São Paulo: Editora Atheneu, 2009. WAITZBERG, Dan Linetzky; CAIAFFA, Waleska T; CORREIA, Maria Isabel T. D. Hospital malnutrition: the brazilian national survey (Ibranutri): a study of 4000 patients. Nutrition, v. 17, n. 7, 2001. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/23087628/872524018/ name/ibranutri2001.pdf>. Acesso em: 22 out, 2012. WAITZBERG, Dan L; PLOPPER, Caio; TERRA, Ricardo M. Postoperative total parenteral nutrition . Arquivo Brasileiro de Cirurgia Digestiva, v. 12, n. 1, 1997. Disponével em: <http://www.springerlink.com/content/8kdbynwm9bx6wmwl/fulltext.pdf>. Acesso em: 22 out, 2012.

HÁBITOS ALIMENTARES DE ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA E OUTRA PRIVADA DE APUCARANA

FOOD HABITS OF TEENS OF AN ELEMENTARY SCHOOL PUBLIC AND OTHER SCHOOL

PRIVATE IN APUCARANA.

Camila Storm Ribeiro*, Tatiana Marin**

* Graduação em Nutrição, Faculdade de Apucarana-FAP,campus de Apucarana/Pr.

**Nutricionista,Mestre em Ciência de Alimentos, Especialista em Tecnologia e Controle de Qualidade dos Alimentos e Coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade de Apucarana-

FAP,campus de Apucarana/Pr.

E-mail: [email protected] Telefone: (43) 9911-1025

Rua Renê Camargo de Azambuja, nº 752, aptº 501, Apucarana, Paraná.

RESUMO Hoje em dia, os adolescentes de todas as classes sociais costumam pular refeições, substituindo refeições de grande importância como o almoço e o jantar por lanches e salgados. Essas mudanças observadas no hábito alimentar dos adolescentes tem favorecido o aparecimento de doenças como obesidade, doenças do coração, câncer entre outras. O presente estudo tem como objetivo comparar o hábito alimentar entre adolescentes de uma escola pública e outra privada. Foi aplicado um questionário de hábito alimentar e freqüência alimentar com dezoito perguntas em escolas públicas e privadas para duzentos e quatorze alunos. A coleta de dados foi feita no mês de maio e junho de dois mil e onze. Pode-se observar que os adolescentes das duas escolas consomem grandes quantidades de frutas e verduras diariamente, porém, o índice de consumo de produtos industrializados se mostrou bastante elevado, onde a maioria dos adolescentes de escola privada consome esses produtos diariamente e os de escola estadual a maior parte consomem semanalmente. Foi concluído que o monitoramento e mudanças de hábitos alimentares na fase da adolescência são de suma importância para prevenção de doenças crônicas não transmissíveis no futuro. PALAVRAS-CHAVE: Alimentação . Diário Alimentar . Produtos Industrializados. Frutas e Verduras. ABSTRACT Nowadays, teenagers from all social classes tend to skip meals, replacing meals of great importance as lunch and dinner for snacks and „‟fast foods‟‟. These observed changes in the dietary habits of adolescents have favored the emergence of diseases such as obesity, heart disease, cancer and others. The present study aims to compare the eating habits among students of a public and a private school. A questionnaire was applied in eating habits and food frequency questions in eighteen public and private schools for two hundred and fourteen students. Data collection was made in May and June of the year Two Thousand and Eleven. It can be observed that adolescents from both schools consume large quantities of fruits and vegetables daily, but the rate of consumption of industrial products proved to be very high, where the majority of private school teens consume these products daily and those of state school most consume weekly. It was also noted that differences in the frequency of consumption is due to socioeconomic issues, eating habits, and extra class activities what makes teenagers prefer fast food. It was concluded that monitoring and changes in eating habits during adolescence is very important for prevention of chronic noncommunicable diseases in the future. KEYWORDS: Food. Food Diary. Industrial Products. Fruits and vegetables

Introdução

A formação dos hábitos alimentares é influenciada através de uma série

de fatores: fisiológicos, psicológicos, socioculturais e econômicos.

A adolescência é uma das mais ricas e plenas variantes e condicionantes

etapas da vida pelas quais passa o ser humano antes de atingir a fase adulta. (1)

Hoje em dias os adolescentes costumam pular e trocar as principais

refeições como o café da manhã, almoço e jantar por lanches e salgados. Apesar

de saberem e conhecerem quais são os alimentos saudáveis existe ainda uma

alta porcentagem que preferem consumir alimentos como pizzas, biscoitos

recheados, batata frita, refrigerantes entre outros.

Além de não praticarem nenhum tipo de atividade física ou deixar de

praticar para ficar assistindo televisão, em frente ao computador ou jogando

vídeo-game, ganhando assim uma vida sedentária podendo levar a obesidade.

A dieta dos adolescentes costuma ser pobre em fibras, vitamina e

minerais, sendo um fator preocupante à má ingestão de cálcio, pois é um período

associado à formação de massa óssea.

Os principais fatores dietéticos responsável pelo aumento do sobrepeso e

obesidade são causados pelo hábito inadequado alimentar como a alimentação

fora de casa, o crescimento na oferta de refeições rápidas (fast food) e a

ampliação do uso de alimentos industrializados e processados. (2)

Essas mudanças observadas no hábito alimentar dos adolescentes tem

favorecido o aparecimento de doenças como obesidade, doenças do coração,

câncer entre outras.

Este trabalho tem como objetivo comparar o hábito alimentar dos

adolescentes do ensino fundamental de uma escola pública e outra privada de

Apucarana.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo transversal, realizados em uma escola pública e

outra privada de Apucarana, através de uma pesquisa de campo com uma

amostra que constitui 400 adolescentes, sendo 200 da escola pública e 200 da

escola privada, divididos em 5ª e 6ª séries na faixa etária de 10 a 12 anos. Foram

excluídos adolescentes com idade inferior a 10 anos e superior a 12 anos.

A coleta de dado foi realizada no período de maio a junho de 2011/1, o

trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana da Faculdade

de Apucarana.

Foi utilizado um questionário elaborado para este estudo e analisado por

três professores da área, este questionário contém dezoito questões sobre hábito

e freqüência alimentar dos adolescentes.

Resultados e Discussão

Dos 400 adolescentes selecionados para pesquisa que estudam nas 5ª e

6ª séries houve uma participação de 214 alunos das duas escolas. Dentre os 186

que não participaram foi pelo motivo de não terem entregado para a pesquisadora

o termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos pais.

Os adolescentes da escola pública a amostra foi de 112 alunos, sendo 59

(53%) do sexo feminino e 53 (47%) do sexo masculino.

Na escola privada houve uma participação de 102 alunos, a amostra foi

composta de 66 (65%) do sexo feminino e 35 (35%) do sexo masculino como

observado na figura 1.

Figura 1- Gênero dos participantes da pesquisa

53%

65%

47%

35%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Escola Estadual Escola Particular

Meninas

Meninos

A figura 2 mostra que os adolescentes que estudam tanto na escola

pública quanto na escola particular 86% (n=96) e 75% (n=76), respectivamente,

têm o hábito de realizar o desjejum. Esta porcentagem alta das duas escolas

pode ser pelo hábito que estes adolescentes têm de realizar o café da manha

desde crianças.

Confirmando o resultado da presente pesquisa Silva et al. (2009) (3), em

pesquisa realizada em escolas públicas observam que 90,3% dos escolares têm o

hábito de tomar o café da manhã, entre os que não tomavam o café da manhã, os

motivos citados foram não ter o hábito e principalmente acordar perto da hora do

almoço deixando apenas para fazer essa refeição.

Resultado parecidos com o da presente pesquisa foi encontrados por

Nuzzo et al. (2010) (4), observou em sua pesquisa de frequência de refeições que

adolescentes de escola particular que 97,5% realizavam o café da manhã.

Adolescentes que têm o hábito de realizar o desjejum têm um rendimento

escolar melhor, tendo uma disposição melhor nos estudos dos que os

adolescentes que não consomem. (6)

Figura 2 - Adolescentes que realizam o desjejum, matriculados nas duas escolas.

Ao analisarmos a figura 3 foi observado que dos 112 alunos da escola

pública 87% (n=97) consomem arroz todos os dias, 3% (n=4) não consomem e

10% (n=11) consomem ás vezes e dos 102 alunos da escola particular 92%

(n=93) consomem arroz todos os dias e 8% (n=8) consomem ás vezes.

86%

14%

75%

25%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Sim Não

Escola Pública

Escola Particular

O arroz é um dos alimentos bases de nossa alimentação, por isso nas

duas escolas é grande o número de adolescentes que consomem arroz todos os

dias, os adolescentes que consomem ás vezes são por não ter o hábito desde

criança de consumir esse alimento diariamente e os que não consomem,

podemos afirmar que é um motivo de aversão a esse alimento.

Figura 3 - Porcentagem do consumo de arroz entre os adolescentes

Já na figura 4 podemos observar que o consumo diariamente de feijão

pelos adolescentes das duas escolas é menor que o consumo de arroz

diariamente, 70% (n=79) dos adolescentes de escola pública consome feijão

diariamente contra 58% (n=59) da escola particular, os que não consomem 10%

(n=11) são da escola pública e 13% (n=13) da escola particular e os que

consomem ás vezes 20% (n=22) e 29% (n=29) da escola pública e escola

particular respectivamente.

87%

3%

10%

92%

0%

8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Sim Não As vezes

Escola Pública

Escola Particular

Figura 4 - Porcentagem do consumo de feijão entre os adolescentes

O feijão contribui em média com 2,6 e 2,4 mg de ferro no almoço e no

jantar respectivamente, sendo uma fator muito importante no crescimento e

desenvolvimento dos adolescentes ajudando a prevenir doenças do tipo anemia

ferropriva. (7)

Resultados parecidos com o da presente pesquisa foi encontrado por

Silva et al. (2009) (3), em pesquisa realizada com adolescentes de escola pública

de Recife os autores observaram que 95,8% consomem arroz diariamente, já o

feijão é consumido por 75% dos adolescentes.

Novaes, Priore e Franceschini (2004) (8), observaram resultados

parecidos com o da presente pesquisa onde adolescentes de escolas privadas

92% tinham frequência de consumirem arroz, o consumo de feijão pelos

adolescentes foi de 86,5%, isto caracteriza o hábito típico da população brasileira.

O arroz e feijão são consumidos pela maior parte dos adolescentes das

duas escolas, sendo muito importante na fase da adolescência, pois a

combinação dos dois alimentos ajuda no crescimento e desenvolvimentos dos

adolescentes.

Pode-se observar que na tabela I que alguns adolescentes das duas

escolas preferem somente um tipo dos alimentos citados na questão sete, sendo

que 5% (n=5) da escola privada e 2% (n=2) da escola pública consomem

somente a carne de peixe. Na escola privada 15% (n=17) e na e na escola pública

12% (n=12) consomem somente a carne de frango. Nas duas escolas 4% (n=4)

dos adolescentes consomem somente a carne bovina. 2% (n=2) dos adolescentes

70%

10%

20%

58%

13%

29%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Sim Não As vezes

Escola Pública

Escola Particular

da escola pública e 1% (n=1) dos adolescentes da escola privada consomem

somente a carne bovina. Os adolescentes da escola pública 4% (n=4), e da

escola privada 3% (n=3) consomem somente o ovo, não consumindo nenhum tipo

de carne.

A maior parte dos adolescentes das duas escolas consome todos os tipos

de alimentos protéicos, 57% (n=64) deles são da escola pública e 59% (n=59) da

escola privada sem nenhuma aversão. Deduz-se que a maioria destes

adolescentes tem este hábito desde criança ou se espelham no hábito alimentar

da família.

Alguns adolescentes matriculados tanto na escola pública quanto na

particular consomem a maioria dos alimentos protéicos, porém com algumas

exceções, os que não consomem ovo 2% (n=2) e 7% (n=7), peixe 11% (n=12) e

5% (n=5), carne suína 3% (n=5) e 4% (n=5) respectivamente.

Tabela I - Porcentagem de adolescentes que consomem alimentos protéicos

O baixo consumo de peixes merece destaque, podendo sugerir que os

adolescentes não estão atingindo a quantidade necessária de ácidos graxos da

série ômega-3 que está relacionada à prevenção de distúrbios cardiovasculares e

câncer. (9)

Alimento Protéico Escola Pública Escola

Particular

Peixe 2% 5%

Frango 15% 12%

Boi 4% 4%

Porco 2% 1%

Ovo 4% 3%

Todos 57% 59%

Todos tipos de carne 2% 7%

menos o ovo

Todos menos peixe 11% 5%

Todo menos porco 3% 4%

As proteínas têm grande importância para o metabolismo energético é

essencial pelo fato dos aminoácidos não apenas atuar como energia mais

também como cofator enzimático e manutenção da imunidade. (10)

A maior parte dos adolescentes tanto da escola pública quanto da privada

96% (n=96) e 92% (n=93) respectivamente tem o hábito de consumir frutas.

Arruda e Lopes (2007) (10), encontraram resultados diferentes da

presente pesquisa com adolescentes de escolas públicas e privadas, apenas 9%

dos estudantes tinham o hábito de consumir frutas.

Em relação à frequência do consumo de fruta pelos adolescentes

observar-se na figura 5, que 86% dos alunos das duas escolas têm o hábito de

consumir frutas diariamente, sendo divididos em 44% (n=47) da escola pública e

42% (n=39) da escola privada. Já o hábito dos adolescentes consumirem

semanalmente foi de 50% (n=54) de estudantes da escola pública e 54% (n=50)

de escola privada. E 1 vez ao mês apenas 6% (n=7) e 4% (n=4) de escola pública

e privada respectivamente.

Na presente pesquisa sobre a frequência do consumo de frutas foi

observado que os adolescentes das duas escolas estão ingerindo a quantidade

adequada de frutas.

Júnior et al. (2009) (11), observaram que cerca de 46,5% dos

adolescentes do sul do Brasil consumiam frutas com frequência de menos de

quatro dias por semana.

Figura 5 – Frequência do consumo de frutas pelos adolescentes

44%

26% 24%

6%

42%

35%

19%

4%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Todos os dias 3 vezes por

semana

1 vez por

semana

1 vez por mês

Escola Pública

Escola Privada

Pode-se observar que a maior parte dos adolescentes as duas escolas

tem um grande consumo de verduras sendo que 87% (n=97) dos adolescentes da

escola pública e 81% (n=82) consomem este tipo de alimento, juntamente com o

grande consumo de frutas dos adolescentes diminuem as chances dos mesmos

de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta.

Figura 6 – Frequência do consumo de verduras pelos adolescentes

Diferente resultado da presente pesquisa foi encontrado por Schumacher,

Morelo, Rufatto (2010) (12), em estudos com 147 adolescentes sobre

comportamento alimentar, verificam que 51% dos estudantes têm um baixo

consumo de verduras.

Observa-se na figura 6 que 54% (n=52) dos adolescentes de escola

pública e 52% (n=43) de escola privada consomem verduras diariamente. Já o

consumo de verduras semanalmente pelos adolescentes foi 44% (n=43) e 47%

(n=38) de escola pública e particular respectivamente. E o consumo de 1 vez por

mês foi baixo, sendo que 2% (n=2) são de escola pública e apenas 1% (n=1) de

escola particular.

O consumo insuficiente de verduras entre os adolescentes podem

acarretar doenças no futuro aumentando o risco de doenças crônicas não

transmissíveis, como as cardiovasculares e alguns tipos de câncer. (12)

Sobre o hábito dos adolescentes consumirem produtos industrializados

pode-se observar na figura 7 que alunos de escola pública 62% (n=70) e de

54%

18%

26%

2%

52%

32%

15%

1%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Todos os

dias

3 vezes por

semana

1 vez por

semana

1 vez por

mês

Escola Pública

Escola Privada

escola privada 60% (n=61) consomem estes tipos de produtos. Ao analisar estes

resultados foi possível perceber que a troca de alimentos saudáveis por alimentos

com alta concentração de sódio, açúcar e gorduras está cada vez mais presente

na vida dos brasileiros.

No estudo de Andrade, Pereira e Sichieri (2003) (13), os autores

perceberam que os adolescentes estão consumindo abaixo do recomendado

porções de frutas, leguminosas e grãos integrais e os produtos industrializados

acima das recomendações.

Conclusão

Algumas práticas alimentares dos adolescentes das duas escolas

mostraram-se inadequadas, como a elevada freqüência do consumo de todos os

produtos industrializados citados no questionário principalmente pelos

adolescentes de escola privada devido o poder aquisitivo. Outra prática

inadequada por alguns adolescentes é deixar de realizar as refeições mais

importantes ou trocá-las por lanche.

Porém em relação à alimentação saudável pode-se observar que a

condições socioeconômicas não influenciaram, pois os alunos das duas escolas

têm uma frequência de consumo elevado de frutas e verduras. Outro fator positivo

encontrado pela maioria dos adolescentes das duas escolas foi o consumo de

ovos e todos os tipos de carnes sem nenhuma aversão. O grande consumo de

arroz e feijão pela maior parte dos adolescentes também foi observado no estudo,

assim os mesmos estão consumindo macronutrientes e micronutrientes de grande

importância no desenvolvimento dos mesmos.

Faz-se necessário a implementação de educação nutricional nas escolas

para promover algumas mudanças de comportamento alimentar e assegurar e

monitorar a formação de hábitos alimentares saudáveis na adolescência como

uma forma de promoção de saúde e prevenção de doenças na vida adulta.

REFERÊNCIAS

Andrade, RG, Pereira, RA, Sichieri, R. Consumo alimentar de adolescentes com e sem sobrepeso do município do Rio de Janeiro. Caderno de Saúde Pública, 2003; v.19: 1485-1495. Brito, LL, et al. Fatores de risco para anemia por deficiência de ferro em crianças e adolescentes parasitados por helmintos intestinais. Revista Panamericana de Salud Pública, 2003; v. 16. Fagundes, ALN, L, et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares da região de Parelheiros do município de São Paulo. Revista Paulista de Pediatria, 2008; v.26: 212-217. França, AA, Kneube, DPF, Kaneshima, AMS. Hábitos alimentares e estilo de vida de adolescentes estudantes na rede pública de ensino da cidade de Maringá - PR. Iniciação Científica Cesumar, 2006; v.8: 175-183. Júnior, JCF, et al. Comportamentos de risco a saúde em adolescentes no Sul do Brasil: prevalência e fatores associados. Revista Panamericana de Salud Pública, 2009; v.25: 344-352. Lima, FA, Lacerda, LM, Navarro, F. Perfil alimentar e composição corporal de atletas da seleção paraibana feminina infanto-juvenil de basquetebol. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 2008; v.2: 29-36. Novaes, JF, Franceschni, SCC, Priore, SE. Hábitos alimentares de crianças eutróficas e com sobrepeso em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Revista de Nutrição, 2007; v.20: 633-642. Nunes, MMA, Figueiroa, JN, Alves, JGB. Excesso de peso, atividade física e hábitos alimentares entre adolescentes de diferentes classes econômicas em Campina Grande (PB). Revista da Associação Médica Brasileira, 2007; v.53: 130-134. Nuzzo, L, et al. Estado nutricional e consumo alimentar de adolescentes de uma instituição particular de ensino de São Paulo, Brasil. Revista Saúde, 2010; v.4. Riviera, FSR, Souza, EMT. Consumo alimentar de escolares de uma comunidade rural. Comunicação, Ciência e Saúde, 2006; v.17: 111-119. Schumacher, LM, Morelo, SDB, Rufatto, SC. Estado nutricional e comportamento alimentar associado ao rendimento escolar de adolescentes. Conscientiae Saúde, 2010; v.9: 87-96. Silva, ARV, et al. Hábitos alimentares de adolescentes de escolas públicas de Fortaleza, CE, Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem, 2009; v.62: 18-24.

Trancoso, SC, Cavalli, SB, Proença, RPC. Qual a importância do consumo freqüente de café da manhã para a saúde? Revista de Nutrição, 2010; v.23: 859-869.