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CENA EM Especialistas alertam que mudança na rotina de trabalho e falta de exercícios físicos são alguns dos fatores que podem contribuir para a obesidade TRABALHO NOTURNO E OBESIDADE Ano XIV - Número 19 Julho/Agosto 2011

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Especialistas alertam que mudança na rotina de trabalho e falta de exercícios

físicos são alguns dos fatores que podem contribuir para a obesidade

TRABALHO NOTURNO E OBESIDADE

Ano XIV - Número 19Julho/Agosto 2011

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EDITORIAL

CARTA DO LEITOR

ESPECIALTrabalho noturno x obesidade

ENTREVISTAMinistro da Saúde

PERSONAGEM DA SAÚDEClaúdio Souza

SAÚDE/COMPORTAMENTOMedo de dirigir

SAÚDE/BEM-ESTARFibrose cística

ATUALIDADECidadania digital

TENDÊNCIAFaculdade da beleza

BELEZATransformação

LAZER E TURISMOAraraquara e Ibitinga

CULTURALiteratura de cordel

MEIO AMBIENTESacolas biodegradáveis

FATOS E FOTOSPinhal

ENCARTE SINSAÚDE12 de maioDia Internacional da Mulher

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A obesidade é um dos grandes problemas de saúde no mundo. Ao todo são 400 milhões de obesos e a previsão é que este número aumente para 1 bilhão daqui a 10 anos. A preocupa-

ção das autoridades médicas vai muito além dos “quilos a mais” adquiridos. O distúrbio desenvolve uma série de doenças consideradas um fator de risco, como o colesterol, a hiper-tensão e os males cardiovasculares.

Até médicos e especialistas brasileiros estão em alerta, pois os índices de excesso de peso têm atingido mais da metade da população: os homens representam 50,1% desta parcela e as mulheres 48%. De acordo com a pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada no perío-do de 2008 a 2009, o percentual do sexo mas-culino cresceu 20,2%, comparado com o fim da década de 80, enquanto o feminino teve um aumento de 6,6%. O risco é de o País atingir em uma década as mesmas proporções atuais dos Estados Unidos, que é de 63%.

Os motivos que levam as pessoas a adqui-rir o distúrbio são vários, entre eles fatores comportamentais, genéticos e metabólicos. Segundo estudos, até a insônia é uma causa para a doença. É justamente isso que pode-mos observar na matéria especial desta edição “Obesidade: trabalho noturno contribui para o excesso de peso”. A mudança na rotina ali-mentar e a troca do horário de sono também podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio. Esta afirmação é comprovada por uma pesquisa da Universidade de Harvad, nos EUA, e defendida pelo professor da Faculda-de de Ciências Médicas da Unicamp, Lício Velloso.

Mas isso não quer dizer que os profissio-nais da saúde e segurança, que, geralmente,

exercem atividades nesse período, ou até aqueles que trabalham em serviços 24 horas em mercados, farmácias e postos de gasolina, por exemplo, vão desenvolver excesso de peso. Como dito anteriormente, a obesidade depen-de de inúmeros fatores e até de alterações no funcionamento hormonal. Por este motivo, é bom ficar atento à saúde e procurar a ajuda de um especialista se o seu índice de massa corporal (IMC) estiver muito alto.

A dica dos especialistas para quem trabalha à noite é manter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos regularmente. As-sim, o profissional evita o sobrepeso ou a obe-sidade e até a cirurgia bariátrica, considerada um procedimento arriscado para o paciente e só indicada, em último caso, quando nem a medicação ajuda na perda de peso.

Atento aos estudos sobre o assunto, o Sindicato da Saúde procura auxiliar os funcio-nários do setor, garantindo que os hospitais e demais estabelecimentos de saúde informem sobre o risco do excesso de peso e forneçam um cardápio adequado para quem faz o plan-tão noturno.

A edição da Em Cena destaca ainda uma entrevista com o ministro da Saúde, Alexan-dre Padilha, que fala sobre a Emenda 29, dentre outras questões de relevância para o setor da saúde. Mas a revista também traz matérias muito interessantes, como o medo de dirigir e formas de superar este trauma; a nova faculdade que visa aprimorar a profis-são de cabeleireiro e a expansão da literatura de cordel no Brasil. Estes são apenas alguns exemplos. A revista traz muitas outras maté-rias interessantes. Confira.

Boa leitura!

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Edison Laércio de OliveiraPresidente

Brasil está em alertana luta contra a obesidade

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EXPEDIENTE

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““Mais uma surpresa! Realmente a revista Em Cena consegue a cada edição se superar. A matéria sobre o erro de medicamento, que levou à morte a garota em São Paulo, deixa claro que os hospitais têm que avaliar melhor o acondicionamento dos remédios e as indústrias farmacêuticas têm que usar rótulos diferenciados, que chamem a atenção para que, numa emergência, não haja troca de medicamento. Todos nós estamos sujeitos a erro, pois somos humanos.” Marisa Begossi - Campinas

“Bárbara a reportagem de moda inclusiva. Até que enfim alguém se preocupou com estas pessoas. A indústria da moda acha que só as magras e bem-feitas de corpo têm direito de se vestir bem. Não se preocupa com pessoas fora do padrão de medida, como as que têm alguma deficiência ou as mais ‘gordinhas’. A dificuldade de encontrar uma roupa bonita e da moda é bastante grande e quando encontramos é muito mais cara. Parabéns a toda a equipe que desenvolve esta fantástica revista!” Márcia Rodrigues - Araras

“Diversificar temas não deve ser tarefa fácil, por isso parabenizo a equipe que produz as matérias da revista Em Cena. A cada edição, a revista está mais interessante, leve e mais bonita. Sem falar da linguagem simples e clara, que nos remete a querer fazer esporte radical, como a matéria sobre arvorismo. Continuem a produzir cada vez melhor a revista que nós, leitores, agradecemos. Parabéns!” Alexandre A. P. Silva - Campinas

“Caro Edison, que excelência de material que conta um pouco da história do Sindicato da Saúde de Campinas. Acabei de ver os DVDs sobre os 70 anos de história do Sinsaúde Campinas e Região. Como cresceu e se organizou este sindicato! É uma pena que temos somente uns poucos sindicatos como o seu. Parabéns a você, como comandante desta grande luta, aos outros membros da diretoria e às demais pessoas que têm contribuído para o sucesso alcançado ao longo dos anos.” - Raimundo Simão de Melo - procurador regional do Trabalho - Campinas

“Primeiramente quero parabenizar pela revista. Estava na recepção de um consultório médico, em Campinas, e comecei a vascular as revistas quando uma com a bandeira do Brasil na capa me chamou a atenção. Era a revista Em Cena. Em Descalvado, cidade onde moro, nunca tinha visto esta revista; os assuntos me chamaram a atenção e acabei levando a revista para casa. As matérias e a diagramação da revista são de muito bom gosto. Também achei muito legal a festa que vocês fazem para as crianças em outubro. Sucesso nas novas edições!” Fábia Cirelli - Descalvado

Editora responsável: Sirlene Nogueira (Mtb 15.114)Redação: Ana Carolina Barros ( Mtb 58.939), Andressa Vilela (Mtb 57.810), Daniella Almeida (Mtb 4.352), Mariana Dorigatti (Mtb 60.431), Sirlene Nogueira e Vera Bison (Mtb 12.391)Projeto gráfico: Javé Editoração: Felipe Teixeira e Caio CapelaCapa: Ari Ferreira, Felipe Teixeira e Caio CapelaFotografia: Ari FerreiraTiragem: 22 mil exemplares

Esta é uma publicação do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Campinas (Sinsaúde)Site: www.sinsaude.org.brE-mail: [email protected]: Edison Laércio de OliveiraDiretora de Comunicação: Sofia Rodrigues do NascimentoRedação e criação: DOMMA Comunicação Integrada

Sua opinião ou sugestão é muito importante!Correspondências para esta seção:Por e-mail: [email protected] ou [email protected] carta: Rua Duque de Caxias, 368, Centro, CEP 13015-310 – Campinas/SP

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l ObesidadeTrabalho noturno pode contribuir para o excesso de peso

Estudo revela que, além do distúrbio, as pessoas que exercem atividades nesse período, também estão sujeitas a desenvolver diabetes

e doenças cardiovasculares

O sedentarismo e a mudança na rotina de trabalho contribuíram para que a técnica de enfermagem Rosemari Baís da Matta chegasse ao grau mais

perigoso do excesso de peso, a obesidade mórbida. Em 2010, ela era uma das 15 milhões de pessoas no Brasil, segundo o Ministério do Trabalho, que exercia

suas funções à noite. Os motivos para essa escolha são vários: maior remu-neração; garantia de recolocação no mercado de trabalho ampliada com o surgimento de serviços 24

horas, por exemplo, em farmá-cias, supermercados e

lojas de conve-niência; e a exigência profissio-nal, como no caso dos profissionais de saúde e vigilantes.

Rosemari foi atraída pelas

vantagens salariais, mas viu

que trabalhar nesse período contribuiu para aumen-tar um problema que já tinha: a obesidade. Hoje, a mulher de 1,75 m de altura tem aproximadamente 190 kg, o que é considerado por especialistas como obesidade mórbida, pois o seu índice de massa corporal (IMC) ultrapassa 60 kg/m². “Eu sempre fui gordinha, mas nos últimos dez anos, após o casa-mento, a chegada dos filhos e o trabalho no período noturno, o ganho de peso se tornou constante. Sou muito ansiosa, me alimentava sem ter fome. No hos-pital, durante o meu turno, comia lanche e também a comida servida lá.”

Desde o início do ano ela está afastada do hospital. Além do excesso de peso, a técnica de enfermagem desenvolveu um quadro de depressão e enfrenta o agravamento da asma, que é tratada com corticóide, medicamento que também pode proporcionar ganho de peso, dificultando ainda mais o seu emagrecimen-to. “Quando eu era apenas gordinha nunca me senti mal, hoje sinto canseira, dores fortes nas pernas e na coluna. Faço tudo, mas não com a mesma agilidade de antes”, desabafa.

Um estudo da Universidade de Harvard, EUA, realizado em 2009, revelou que durante o período em que uma pessoa exerce a atividade noturna, ela pode desenvolver obesidade, diabetes e doenças cardio-vasculares. Isso acontece porque a noite de trabalho motiva à redução da leptina (hormônio da saciedade) no sangue, aumentando o risco de adquirir o distúr-bio em longo prazo. Neste processo também pode ser elevado o nível do hormônio cortisol estresse e, consequentemente, aumentar a pressão arterial.

Segundo a Associação nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), os problemas de saúde mais

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frequentes nas pessoas que trabalham à noite são as de origem gastrointestinal (azia, má digestão, úlceras gástricas, irritações do cólon e dificuldades em manter a regularidade intestinal), além das ligadas ao sistema cardiovascular. Pes-quisas revelam ainda propensão para o desenvolvimento de câncer de mama e colorretal (aquele que atinge o intestino grosso e o reto).

O organismo sente a mu-dança de hábito. “A vida toda a pessoa seguiu uma rotina e, de repente, a alimentação é alte-rada. Ela passa a jantar às sete da manhã e tomar café às oito da noite. E durante o trabalho, para se manter ativo, consome comida gordurosa, cafeína e refrigerante”, exemplifica a nu-tricionista Carolina Chuichman Ribeiro dos Anjos, mostrando alguns dos errados hábitos que muitos notívagos adotam.

De acordo com o professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Uni-camp), Dr. Lício Velloso, a redução das horas de sono também contribui para o desenvolvimento do excesso de peso. “Isso acontece porque ficar acordado em horários não convencionais muda o padrão do organismo. Mas é claro que não vai acontecer com todos que trabalham neste período. A obesidade resulta de fatores genéticos e ambientais”, explica.

A nutricionista Carolina sugere que para garantir a qualidade das refeições é importante que se estabeleça uma rotina alimentar semelhante à dos trabalhadores diurnos. Mas estas mudanças não devem acontecer de uma hora para a outra, já que o corpo precisa de algum tempo para adaptação.

“Quando chega o horário da refeição, sentimos fome e ocorre a liberação de hormônios e enzimas. No entanto, quando o trabalhador inicia uma rotina noturna, há uma

alteração do ritmo de secreção destas substâncias, gerando maior dificuldade de digestão, absorção e metabolização dos nutrientes. À medida que se consegue organizar a rotina das refeições noturnas e de descanso durante o dia, esta desordem desaparece e o trabalhador passa a tolerar melhor uma grande refeição no período da madrugada”,

explica ela.Apesar das inúmeras tentativas de emagrecimento,

com medicamentos e dietas, a técnica de enfermagem Rosemari só procurou ajuda profissional depois de desco-brir que estava com um quadro de depressão, ocasionado pela obesidade. O uso do corticóide dificulta ainda mais a perda de peso, por isso ela luta para conseguir implan-tar um balão intragástrico - uma espécie de bexiga que é colocada no estômago, por um endoscópio, para ocupar parte do órgão e evitar o consumo excessivo de alimen-tos. O procedimento já foi concedido pelo convênio,

mas a dificuldade é encontrar um endoscopista para realizá-lo e acompanhar o caso. “Alguns técnicos chegaram a cobrar até R$ 3 mil para fazer o procedi-mento”, confidencia.

“Eu só posso fazer uma cirurgia bariátrica, aquela que reduz o estômago, se conseguir perder peso. E a alternati-va dada pelos médicos foi a implantação desse balão, que ajuda a reduzir até 33% do peso de quatro a seis meses”, declara

Rosemari. A expectativa dela é que depois da cirurgia e de todo acompanhamento profissional, possa chegar a pelo menos 90 kg.

Diferente da colega, a técnica de enfermagem Marisa Helena Feliciano de Oliveira já fez esse procedimento cirúrgico há três anos. Durante este período, ela mudou a rotina - apesar de continuar trabalhando à noite - e tem uma alimentação mais saudável e pratica exercícios físicos.

Dicas nutricionais para trabalhadores noturnos

- Evitar, principalmente, a ingestão de refeições volumosas, ricas em gorduras, de duas a três horas antes de dormir.- Dividir a alimentação diária em cinco ou seis refeições. - Jantar antes do início do turno, entre sete ou oito horas, ao invés de tarde da noite, por volta de meia-noite, por exemplo.- Evitar alimentos ácidos e muito condimentados à noite, porque neste período o metabolismo é mais

lento, o que auxilia na retenção de líquidos e dificulta a digestão.- Beber bastante água, suco de limão ou água de coco, pois a hidratação durante a noite é muito importante.- Controlar a ingestão de alimentos, como pão branco, biscoitos, alimentos açucarados e frituras. Eles podem afetar os níveis de colesterol e, uma vez que são consumidos durante à noite, com um ambiente de trabalho estressante, eles são ainda mais propensos ao surgimento de doenças cardiovasculares.- Evitar molhos de salada preparados, condimentos, temperos, molho inglês, molho barbecue, molho de soja, catchup, picles, mostarda, azeitonas e chucrute.

- Consumir todos os tipos de frutas: frescas e secas, principalmente nos intervalos entre as refeições (como lanches).- Consumir hortaliças frescas.- Aumentar a ingestão de fibras dietéticas.- Comer uma combinação de frutas (salada de frutas) ou iogurte com cereais, se tiver fome à noite.- Controlar a quantidade de café consumido; deve-se consumir até quatro xícaras de 50 ml em 24 horas. Mais do que isso, tende a causar acidez, gases, flatu-lência, agitação e interferência no sono.

Dr. Lício Velloso Professor Unicamp

Carolina Chuichman Nutricionista

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Até agora perdeu 41 kg. “O trabalho à noite muda os seus hábitos. Você passa a comer mais para passar o tempo. Os amigos te chamam para um lanche e você vai. O café e o refrigerante fazem parte da rotina, enfim, o peso vai au-mentando gradativamente”, conta.

Marisa só começou a se preocu-par quando um médico chamou sua atenção para o excesso de peso. Na época, ela estava com 1,62 m e pesava 126 kg. Outros problemas também surgiram com a obesidade: a hiperten-são e o colesterol alto. “Quase no final, não conseguia andar, sentia muita canseira e o coração parecia que ia parar”, diz.

Ela continua com o acompanhamento de profis-sionais e pretende fazer uma plástica abdominal ainda este ano. “É muito bom experimentar uma roupa e dar certo. Antes tinha que usar roupas maiores que o tamanho GG, hoje meu manequim é 46 ou 48, de-pendendo da fabricação. Meus médicos querem que

eu ainda perca peso, mas estou satisfeita.”

Para Velloso, a forma cor-reta de perder peso é por meio de atividade física e dieta, mas estudos mostram que apenas 10% das pessoas conseguem emagrecer desta forma. “A cirurgia bariátrica é recomendada quando a massa corpórea está em 35 ou acima de 40, mas para isso a pessoa tem que emagrecer alguns quilos, pois nestes níveis a obesidade ajuda a desenvolver

doenças, como hipertensão ou diabetes, o que torna arriscado o procedimento”. Segundo o professor, o uso de medi-camentos também é aplicado para o emagrecimento, mas pode acarretar em uma série de efeitos colaterais, entre eles, a retomada do peso anterior após a suspensão dos remédios.

“É necessário cuidar da alimentação, monitorar o peso e ter ajuda de profis-sionais, mas quem chegou à obesidade tem, num primeiro momento, que pro-curar um acompanhamento nutricional

e também especialistas clínicos para verificar se adquiriu alguma doença, como as cardiovascu-lares, por exemplo. Se não houver resultados neste tratamento, aí receitamos uma medi-cação. A cirurgia só acontece em último caso, quando a obesidade atinge o grau 3”, explicou a nutricionista Carolina Chuichman Ribeiro dos Anjos.

Denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a “doença epidêmica do século 21”, a obesidade tem sido a preocupação de médicos e especialistas nos últimos tempos, tanto pelo seu crescimento quando alcance, pois atinge diversas faixas etárias. “A maior preocupação é com as doenças que surgem com a obesidade e que, consequentemente, aumentam as chances do paciente morrer”, diz Velloso, professor da Unicamp.

Conheça mais sobre a obesidade

A obesidade é uma doença crônica em que o excesso de gordura acumulada chega a atingir graus capazes de afetar a saúde. Este distúrbio não é exclusividade de um sexo ou idade; homens, mulheres e até crianças, depen-dendo de fatores genéticos, metabólicos, ambientais ou comportamentais podem se tornar pessoas obesas.

A doença apresenta algumas características que são classificadas em:

*Obesidade difusa ou generalizada – o tecido gordu-roso se distribui de forma homogênea por todo o corpo.

*Obesidade andróide, trocular ou centrípeta – é quando o tecido adiposo se acumula na metade superior do corpo, sobretudo no abdômen. Está relacionada com alto risco de doenças metabólicas e cardiovasculares. Este tipo de obesidade geralmente acomete os homens.

*Obesidade ginecóide – é quando a gordura predo-mina no nível do quadril e é tipicamente feminina. Está associada a um risco maior de artrose e varizes.

A doença pode ser diagnosticada por meio do cálculo da massa corporal, que é baseado em uma relação entre o peso e a altura. O resultado do IMC é obtido dividin-do-se o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado.

Marisa Helena Feliciano Técnica de enfermagem

Rosemari Baís da Matta Técnica de enfermagem

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De acordo com ele, no mundo existem 400 milhões de obesos e a previsão é que daqui a 10 anos aumente para um bilhão. “O motivo para ocorrer este aumento, entre outras coisas, é a mudança no comportamento, a melhora na produção de alimentos e o enriquecimento das classes. Com o poder aquisitivo maior e com alimen-tos mais saborosos no mercado, é claro que haverá mais consumo, e consequentemente, um maior ganho de peso.” Uma pesquisa do Ministério da Saúde, realizada entre 2006 e 2009, revelou que a soma dos índices de sobrepeso e obesidade dos brasileiros aumentou con-

sideravelmente, de 42,7% para 46,6%. O número de obesos também subiu de 11,4%

para 13,9% neste mesmo período.

Sinsaúde tem ação voltada

para pessoal do noturno

Garantir salários condizentes com as funções no noturno e condições de trabalho adequadas

e mais confor-táveis são

metas da diretoria do Sin-saúde Campinas e Região (Sinsaúde), entidade que representa os profissionais da área da saúde. “Na área da saúde não é possível trabalhar somente no período diurno, então trabalhamos para que o esforço e a dedicação dos funcionários sejam valori-zados e reconhecidos pe-los empresários”, explicou o presidente da entidade, Edison Laércio de Oliveira.

Os profissionais do setor, representados pelo Sinsaú-de, usufruem de benefícios, como sobretaxa nas horas noturnas em índices superiores à legislação, além da garantia de uma hora de interrupção na jornada. Os estabelecimentos de saúde são obrigados a oferecer salas adequadas ao descanso dos funcionários, além de ali-mentação para os que trabalham à noite. “Defendemos que isso seja feito com a supervisão dos nutricionistas da ‘casa’ para que seja oferecida uma alimentação saudável e nos horários adequados para a manutenção da saúde dos empregados”, reforça.

Os trabalhadores da saúde ainda usufruem de jornada especial de trabalho, também conquistada pelo Sindicato representativo, podendo cumprir seis horas diárias com

cinco ou seis folgas ou 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso com duas ou três folgas men-

sais. “O pessoal do noturno normalmente atua no sistema de 12x36 e as folgas mudam

conforme o estabelecimento”, conclui Edison Oliveira.

Veja o exemplo:

IMC (kg/m2) Grau de risco Tipo de obesidade

18 a 24,9 Peso saudável Ausente

25 a 29,9 Moderado Sobrepeso (pré-obesidade)

30 a 34,9 Alto Obesidade grau I

35 a 39,9 Muito alto Obesidade grau II

40 ou mais Extremo Obesidade grau III (mórbida)

A obesidade pode ser prevenida se a pessoa levar uma vida saudável, com boa alimentação e com a prática de atividades físicas regulares. O tratamento envolve necessa-riamente a reeducação alimentar, o aumento de exercícios físicos e, eventualmente, o uso de algumas medicações au-xiliares. Dependendo da situação de cada paciente, pode ser indicado o tratamento com um psiquiatra. Nos casos de obe-sidade, em quem a origem está associada a outras doenças, o tratamento deve inicialmente ser dirigido para a causa do distúrbio. A cirurgia só é recomendada quando o excesso de peso atinge o grau 3, conhecido como ‘obesidade mórbida’.

Edison Laércio de OliveiraPresidente do Sinsaúde

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e emergência com a criação de 50 UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) em integração com o Samu, cujos recursos para constru-ção estão assegurados no PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento); implantar a rede cegonha, que vai acom-panhar desde o pré-natal até o parto; elaborar e executar um programa de enfrenta-mento, prevenção, tratamen-to e reinserção dos usuários de crack; e aumentar a oferta de medicamentos gratuitos por meio do Farmácia Popular. Isto combinado com o fortale-cimento da atenção primária e medidas de melhoria do processo de gestão com a implantação do Cartão Nacional de Saúde.

Em Cena: O ministro é favorável à regulamentação da Emenda 29? Quais mu-danças traria para o finan-ciamento na área da saúde?

Padilha: A regulamentação da Emenda 29 é uma ferramenta importante no enfrentamento do tema do subfinanciamento da saúde. Para montá-la, temos de firmar um compromisso com os governadores e prefei-tos, de todos os partidos, em defesa de regras claras para o setor.

Todo mundo sabe e concorda que a saúde precisa de mais dinheiro, mas se a gente não fizer o máximo com o que temos é absolutamente impossível pensar em exigir o que quer que seja a mais da população. Quero dizer que não vamos conseguir mais recursos para a área se não mostrarmos antes para a sociedade para onde vai o dinheiro e se está sendo bem empregado.

Em Cena: Qual a opinião do ministro em relação à reedição da CPMF, agora denominada CSS?

Padilha: Quando comparamos nossa realidade à dos demais países emergentes, não encontramos nenhum modelo de cobertura e atendimento público da área com a dimensão do SUS (Sistema Único de Saúde). Custear este modelo tem sido um desafio para a União, para os

Estados e para os municípios.É evidente que precisamos

ampliar a disponibilidade de recursos para a saúde, mas a origem deste dinheiro não é alçada do Ministério da Saúde definir. A nossa tarefa é não se deixar de lado o desafio de gerenciar melhor, com maior transparência e eficiência, os recursos de que já dispomos.

Em Cena: Qual será a política adotada para a área da saúde mental?

Padilha: Garantir atendi-mento de qualidade também nesta área é uma prioridade desta gestão, que continuará ampliando a política nacional de saúde mental. De 2003 a 2009 houve aumento de 142%, passando de R$ 619,2 milhões para R$ 1,5 bilhão ao ano no setor. Com estes recursos, pudemos imple-

mentar mais de 1,5 mil Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) em todo o País, dos quais parte atende especifi-camente usuários de álcool e drogas, e fortalecer a atu-ação de profissionais de saúde que atuam nos Núcleos de Atenção ao Saúde da Família (Nasfs), em municípios com até 20 mil habitantes.

Sob a orientação da presidenta Dilma Rousseff, estamos trabalhando com outros ministérios e órgãos federais na política nacional de combate ao crack, que contempla desde a repressão ao tráfico até a recuperação e reinserção social dos dependentes. Na área da saúde, queremos estimular o envolvimento da família e a mobi-lização de toda a sociedade nesta empreitada.

O governo está investindo R$ 140,9 milhões na implantação de um total de 6.120 leitos destinados à in-ternação e ao acolhimento de usuários de crack e outras drogas. Destes, 2,5 mil leitos já são disponibilizados em hospitais gerais, integrantes da rede local de serviços de saúde. Outros 2,5 mil leitos estão sendo implantados em comunidades terapêuticas, que constituem serviços de acolhimento, em regime de residência, a pessoas com transtornos decorrentes do uso de drogas, sem compro-metimento clínico grave.

“A saúde precisa de mais din-heiro, mas se a gente não fizer o máximo com o que temos é

absolutamente impossível pen-sar em exigir o que quer que seja a mais da população.”

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Em entrevista exclusiva para a Em Cena, o ministro da Saúde, Ale-xandre Padilha, fala sobre as metas que pretende atingir à frente do

cargo e defende a implantação da Emenda Constitucional 29, que fixa os percentuais mínimos a serem gastos no setor por Estados e municípios e diz que esta é uma importan-te ferramenta para resolver os problemas de financiamento na área da saúde.

Sete meses após assumir o Ministério, o médico sanitarista também discute as con-dições de trabalho para os profissionais do setor, tendo como foco a questão da forma-ção profissional, além de considerar, como prioridade em sua gestão, o atendimento de qualidade para a área da saúde mental, trabalhando e investindo principalmente com outros ministérios e órgãos federais na política nacional de combate ao crack.

Confira a entrevista na íntegra:

Em Cena: Quais são as principais metas a serem atingidadas área da saúde no País?

Padilha: De imediato, honrar os quatro principais compromissos assumidos pela presidenta Dilma durante o período eleito-ral: ampliar a cobertura da rede de urgência

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e emergência com a criação de 50 UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) em integração com o Samu, cujos recursos para constru-ção estão assegurados no PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento); implantar a rede cegonha, que vai acom-panhar desde o pré-natal até o parto; elaborar e executar um programa de enfrenta-mento, prevenção, tratamen-to e reinserção dos usuários de crack; e aumentar a oferta de medicamentos gratuitos por meio do Farmácia Popular. Isto combinado com o fortale-cimento da atenção primária e medidas de melhoria do processo de gestão com a implantação do Cartão Nacional de Saúde.

Em Cena: O ministro é favorável à regulamentação da Emenda 29? Quais mu-danças traria para o finan-ciamento na área da saúde?

Padilha: A regulamentação da Emenda 29 é uma ferramenta importante no enfrentamento do tema do subfinanciamento da saúde. Para montá-la, temos de firmar um compromisso com os governadores e prefei-tos, de todos os partidos, em defesa de regras claras para o setor.

Todo mundo sabe e concorda que a saúde precisa de mais dinheiro, mas se a gente não fizer o máximo com o que temos é absolutamente impossível pensar em exigir o que quer que seja a mais da população. Quero dizer que não vamos conseguir mais recursos para a área se não mostrarmos antes para a sociedade para onde vai o dinheiro e se está sendo bem empregado.

Em Cena: Qual a opinião do ministro em relação à reedição da CPMF, agora denominada CSS?

Padilha: Quando comparamos nossa realidade à dos demais países emergentes, não encontramos nenhum modelo de cobertura e atendimento público da área com a dimensão do SUS (Sistema Único de Saúde). Custear este modelo tem sido um desafio para a União, para os

Estados e para os municípios.É evidente que precisamos

ampliar a disponibilidade de recursos para a saúde, mas a origem deste dinheiro não é alçada do Ministério da Saúde definir. A nossa tarefa é não se deixar de lado o desafio de gerenciar melhor, com maior transparência e eficiência, os recursos de que já dispomos.

Em Cena: Qual será a política adotada para a área da saúde mental?

Padilha: Garantir atendi-mento de qualidade também nesta área é uma prioridade desta gestão, que continuará ampliando a política nacional de saúde mental. De 2003 a 2009 houve aumento de 142%, passando de R$ 619,2 milhões para R$ 1,5 bilhão ao ano no setor. Com estes recursos, pudemos imple-

mentar mais de 1,5 mil Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) em todo o País, dos quais parte atende especifi-camente usuários de álcool e drogas, e fortalecer a atu-ação de profissionais de saúde que atuam nos Núcleos de Atenção ao Saúde da Família (Nasfs), em municípios com até 20 mil habitantes.

Sob a orientação da presidenta Dilma Rousseff, estamos trabalhando com outros ministérios e órgãos federais na política nacional de combate ao crack, que contempla desde a repressão ao tráfico até a recuperação e reinserção social dos dependentes. Na área da saúde, queremos estimular o envolvimento da família e a mobi-lização de toda a sociedade nesta empreitada.

O governo está investindo R$ 140,9 milhões na implantação de um total de 6.120 leitos destinados à in-ternação e ao acolhimento de usuários de crack e outras drogas. Destes, 2,5 mil leitos já são disponibilizados em hospitais gerais, integrantes da rede local de serviços de saúde. Outros 2,5 mil leitos estão sendo implantados em comunidades terapêuticas, que constituem serviços de acolhimento, em regime de residência, a pessoas com transtornos decorrentes do uso de drogas, sem compro-metimento clínico grave.

“A saúde precisa de mais din-heiro, mas se a gente não fizer o máximo com o que temos é

absolutamente impossível pen-sar em exigir o que quer que seja a mais da população.”

10 - EM CENA - julho/agosto 2011

Em entrevista exclusiva para a Em Cena, o ministro da Saúde, Ale-xandre Padilha, fala sobre as metas que pretende atingir à frente do

cargo e defende a implantação da Emenda Constitucional 29, que fixa os percentuais mínimos a serem gastos no setor por Estados e municípios e diz que esta é uma importan-te ferramenta para resolver os problemas de financiamento na área da saúde.

Sete meses após assumir o Ministério, o médico sanitarista também discute as con-dições de trabalho para os profissionais do setor, tendo como foco a questão da forma-ção profissional, além de considerar, como prioridade em sua gestão, o atendimento de qualidade para a área da saúde mental, trabalhando e investindo principalmente com outros ministérios e órgãos federais na política nacional de combate ao crack.

Confira a entrevista na íntegra:

Em Cena: Quais são as principais metas a serem atingidadas área da saúde no País?

Padilha: De imediato, honrar os quatro principais compromissos assumidos pela presidenta Dilma durante o período eleito-ral: ampliar a cobertura da rede de urgência

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Ministro da Saúde

defende a regulamentação da Emenda 29

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12 - EM CENA - julho/agosto 2011

Em Cena: O ministro tem algum projeto voltado para a profissionalização dos trabalha-dores da saúde, que pertencem tanto ao setor público quanto ao privado (hospitais que pos-suem leitos destinados a pacientes do SUS), visando à melhoria na qualidade de trabalho destes profissionais?

Padilha: Nós precisamos discutir com a sociedade, com as universidades e com as entidades da saúde a questão da formação pro-fissional, tendo em vista a universalização do atendi-mento e a redefinição das demandas dos usuários por conta da mudança no perfil socioeconômico do Brasil, que implica trans-formações na pirâmide etária e ampliação nas doenças típicas dos países desenvolvidos.

Criar condições de trabalho para os pro-fissionais em todo o País é, certamente, uma questão central na condução deste processo. Eu estou convencido que, com nossa dimensão continental e nossa diversidade, não teremos uma alternativa única, rígida. É a partir do diálogo que vamos definir quais são viáveis e para quais contextos. Uma possibilidade é avançar na idéia de termos uma carreira do SUS, cujos servidores atuariam em situações específicas. Medidas concretas já foram tomadas, com participação do Congresso Nacional, como o reforço no quadro da saúde das Forças Armadas e o estímulo a profissionais formados com apoio do ProUni ou do FIEs (Fundos de Investimento ao Estudante) a atuarem no SUS.

Em Cena: Pesquisas recentes do IBGE mos-tram redução significativa dos leitos hospita-lares que estão bem abaixo do preconizado pela OMS. Em sua opinião, a que se deve esta redução? Ela é prejudicial à população?

Padilha: A política nacional de saúde, coordenada pelo Ministério da Saúde e executada pelos Estados e Municípios, está alinhada à tendência mundial de se priorizar o atendimento primário, de emergência e os serviços de apoio ao diagnóstico com o objetivo central de se reduzir drasticamente as internações hospitalares. Isso significa uma mudança de foco na assistência à

saúde da população, ou seja, aumenta-se a atenção para as ações básicas e ambulatoriais de saúde para que se reduzam as intervenções hospitalares.

Aliada ao fortalecimento das ações básicas e de urgência e emergência, a quantidade de leitos de inter-nação do SUS aumentou. A própria pesquisa do IBGE aponta que em 2002, a rede pública contava com 146.3 mil leitos hospitalares. Ano passado este número chegava a 153 mil.

Por fim, as ações de assistência básica e primária

têm o potencial de resolver mais de 80% dos agravos de saúde da população. Por isso, o Ministério da Saúde defende que a atenção básica seja a principal porta de entrada do cidadão na rede pública de saúde.

Em Cena: Ainda segundo os dados do IBGE, a oferta de equipamentos hospitalares de tecnologia mais avançada aumentou no País, porém com excesso no setor privado e escas-sez para pacientes do SUS. Como garantir mais acesso à população que utiliza o SUS?

Padilha: A nossa grande preocupação é ampliar o acesso ao serviço e financiar estratégias claras que viabilizem isso. Precisamos concentrar governadores, prefeitos, setor filantrópico, saúde suplementar, para colocar no centro do debate esta ampliação.

O Governo Federal tem fortalecido e ampliado a rede de atendimento integrado (Saúde da Família, Samu, UPAs, saúde bucal, medicamentos), além de aumentar os investimentos na ampliação e em reformas da rede hospitalar pública. Entre 2003 e 2009, o Mi-nistério da Saúde construiu e apoiou financeiramente a construção de 30 hospitais, 12 deles nas regiões Norte e Nordeste.

Além disso, desde 2003, o Governo Federal investiu mais de R$ 6 bilhões em infraestrutura, pesquisa e

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de

PARTICIPESe você quer participar da coluna Transformação, entre em contato com a Diretoria de Comunicação do Sinsaúde pelo e-mail: [email protected] ou escreva para Rua Duque de Caxias, 368 - Centro - Campinas/SP - CEP 13015-310.

Cabelo, a moldura do rostoÉ necessário saber qual é o melhor corte e cor para valorizá-

“Garantir atendimento de qualidade também na área da saúde mental é uma prioridade desta gestão, que continuará ampliando a

política nacional de saúde mental.”

Page 13: Revista Em Cena nº 19

12 - EM CENA - julho/agosto 2011

Em Cena: O ministro tem algum projeto voltado para a profissionalização dos trabalha-dores da saúde, que pertencem tanto ao setor público quanto ao privado (hospitais que pos-suem leitos destinados a pacientes do SUS), visando à melhoria na qualidade de trabalho destes profissionais?

Padilha: Nós precisamos discutir com a sociedade, com as universidades e com as entidades da saúde a questão da formação pro-fissional, tendo em vista a universalização do atendi-mento e a redefinição das demandas dos usuários por conta da mudança no perfil socioeconômico do Brasil, que implica trans-formações na pirâmide etária e ampliação nas doenças típicas dos países desenvolvidos.

Criar condições de trabalho para os pro-fissionais em todo o País é, certamente, uma questão central na condução deste processo. Eu estou convencido que, com nossa dimensão continental e nossa diversidade, não teremos uma alternativa única, rígida. É a partir do diálogo que vamos definir quais são viáveis e para quais contextos. Uma possibilidade é avançar na idéia de termos uma carreira do SUS, cujos servidores atuariam em situações específicas. Medidas concretas já foram tomadas, com participação do Congresso Nacional, como o reforço no quadro da saúde das Forças Armadas e o estímulo a profissionais formados com apoio do ProUni ou do FIEs (Fundos de Investimento ao Estudante) a atuarem no SUS.

Em Cena: Pesquisas recentes do IBGE mos-tram redução significativa dos leitos hospita-lares que estão bem abaixo do preconizado pela OMS. Em sua opinião, a que se deve esta redução? Ela é prejudicial à população?

Padilha: A política nacional de saúde, coordenada pelo Ministério da Saúde e executada pelos Estados e Municípios, está alinhada à tendência mundial de se priorizar o atendimento primário, de emergência e os serviços de apoio ao diagnóstico com o objetivo central de se reduzir drasticamente as internações hospitalares. Isso significa uma mudança de foco na assistência à

saúde da população, ou seja, aumenta-se a atenção para as ações básicas e ambulatoriais de saúde para que se reduzam as intervenções hospitalares.

Aliada ao fortalecimento das ações básicas e de urgência e emergência, a quantidade de leitos de inter-nação do SUS aumentou. A própria pesquisa do IBGE aponta que em 2002, a rede pública contava com 146.3 mil leitos hospitalares. Ano passado este número chegava a 153 mil.

Por fim, as ações de assistência básica e primária

têm o potencial de resolver mais de 80% dos agravos de saúde da população. Por isso, o Ministério da Saúde defende que a atenção básica seja a principal porta de entrada do cidadão na rede pública de saúde.

Em Cena: Ainda segundo os dados do IBGE, a oferta de equipamentos hospitalares de tecnologia mais avançada aumentou no País, porém com excesso no setor privado e escas-sez para pacientes do SUS. Como garantir mais acesso à população que utiliza o SUS?

Padilha: A nossa grande preocupação é ampliar o acesso ao serviço e financiar estratégias claras que viabilizem isso. Precisamos concentrar governadores, prefeitos, setor filantrópico, saúde suplementar, para colocar no centro do debate esta ampliação.

O Governo Federal tem fortalecido e ampliado a rede de atendimento integrado (Saúde da Família, Samu, UPAs, saúde bucal, medicamentos), além de aumentar os investimentos na ampliação e em reformas da rede hospitalar pública. Entre 2003 e 2009, o Mi-nistério da Saúde construiu e apoiou financeiramente a construção de 30 hospitais, 12 deles nas regiões Norte e Nordeste.

Além disso, desde 2003, o Governo Federal investiu mais de R$ 6 bilhões em infraestrutura, pesquisa e

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PARTICIPESe você quer participar da coluna Transformação, entre em contato com a Diretoria de Comunicação do Sinsaúde pelo e-mail: [email protected] ou escreva para Rua Duque de Caxias, 368 - Centro - Campinas/SP - CEP 13015-310.

Cabelo, a moldura do rostoÉ necessário saber qual é o melhor corte e cor para valorizá-

“Garantir atendimento de qualidade também na área da saúde mental é uma prioridade desta gestão, que continuará ampliando a

política nacional de saúde mental.”

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zaProfissional polivalente

Mãos que aferem pressão, auscultam coração, ministram medicamentos são as mesmas que manipulam giz escolar, músicas e iluminação para festas. Assim é

a rotina do enfermeiro Cláudio Cesar de Souza.Aos 38 anos, formado em Enfermagem pela Faculdade Anchieta, de Jundiaí, em 2010, ele desempenha multitarefas: é enfer-meiro na Santa Casa de Vinhedo, técnico de enfermagem na Santa Casa de Valinhos, supervisor do Curso Técnico de Enfermagem no Colégio Santana - que funciona dentro da Santa Casa de Vinhedo -, pós-graduando nos cursos de Atendimento Pré-hospitalar e Do-cência e DJ nos finais de semana.

O ingresso na área da saúde aconteceu acidentalmente. Em 1990, ao acompanhar a esposa para se inscrever num concurso que daria direito a fazer um curso de auxiliar de enfermagem gratuito pela Prefeitura da cidade de Registro/SP, resolveu se inscrever também. “Para minha surpresa, eu passei e ela não; foi aí que comecei a estudar para crescer na profissão”, conta Cláudio, que começou como auxiliar de enfermagem, em 1991, passou a técnico e, agora, é enfermeiro. Após con-cluir a Faculdade de Enfermagem, ingressou nos cursos de pós-graduação. “Além de me preparar melhor na área da saúde, terei a possibilidade de dar aulas e realizar o sonho de ser professor”, diz ele.

A rotina diária desse profissional é intensa, mas ele garante que todo estresse acumulado é compensado nos finais de

semana quando trabalha como DJ. “É o combustível para recarregar as energias e começar renovado na segunda-feira.”

DJ começou na adolescência Amante da música, desde os 14 anos, Cláudio Cesar de

Souza começou a ‘fazer som’, com uma aparelhagem rústica, no colégio onde es-tudava em Jacupiranga, cidade próxima a Registro. A partir daí, os convites para tocar em festas começaram a surgir e, aos poucos, sentiu a necessidade de aprimo-rar seus equipamentos. “Comecei com disco de vinil, que possibilitava dar um toque pessoal à música e produzir efeitos especiais. Com a chegada dos CDs, os recursos não eram os mesmos, mas ainda assim conseguia fazer um bom trabalho”,

conta ele.Com o avanço da tecnologia e o lançamento de com-

putadores com softwares (programas) de músicas, dedica-dos à manipulação ou criação de áudio e efeitos especiais, quase todos os equipamentos de um estúdio de DJ foram substituídos. “Com isso foi possível reduzir a quantidade de equipamentos necessários para uma apresentação, pre-valescendo, assim, ao bom profissional, o conhecimento musical, a habilidade e a criatividade diante do público”, explica Cláudio.

Atualmente, o profissional da saúde assumiu tantas tarefas que lamenta não ter tempo para uma

atividade física, “mas assim que terminar minha pós, com certeza, vai sobrar um tempinho.

Enquanto isso não acontece, uso a música para alguns movimentos corporais”, diz ele.

Trabalhador da saúde tem na atividade musical a fórmula para aliviar o estresse. ‘Trabalhar com música é mais que prazer. É terapia.’

Cláudio na Santa Casa de Vinhedo

julho/agosto 2011- EM CENA - 13

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Dirigir

julho/agosto 2011 - EM CENA - 1514 - EM CENA - julho/agosto 2011

Nos dias de hoje saber dirigir e possuir um veículo deixou de ser uma questão de luxo e passou a ser uma necessidade, sobretudo nas grandes cidades, onde

os lugares são distantes e o trânsito é cada vez mais caótico.

Contudo, também cresce em um ritmo assustador o número de pessoas que, por motivos diversos, adquiriram o medo de dirigir e, por isso, depen-dem do transporte público ou de ami-gos e familiares, por exemplo, para se locomover. De acordo com a Organi-zação Mundial de Saúde (OMS), 6% dos motoristas habilitados no Brasil sofrem com a chamada amaxofobia, que é o pânico de guiar um automó-vel. Deste índice, 80% são mulheres com idade entre 30 e 60 anos.

Esse foi o caso de Regina Célia Lima Fonseca Barbieri que, após sofrer três assaltos dentro de um carro, ficou traumatizada por 12 anos e dependia das caronas do marido. Mãos suadas, pernas tremendo e coração disparado eram as sensações sentidas por Regina ao chegar perto do volante.

“Só de ver uma moto eu já entrava em pânico, fi-cava cada vez mais apavorada até que um dia eu parei de vez e assim se passaram 12 anos”, conta.

O sofrimento de Regina acabou quando resolveu procurar ajuda especializada para o seu caso com a psicóloga Adriana Lindoio Potye, da Clínica Escola Cecília Bellini de Campinas, centro especializado em tratamento psicológico para pessoas que apresentam

trauma de direção.De acordo com a psicóloga, os

motivos mais comuns que levam uma pessoa a adquirir o problema são o medo do desempenho e da exposi-ção, perfeccionismo e insegurança. “Devido a um aprendizado ruim que tiveram na autoescola, muitas pessoas se sentem despreparadas para enfrentar o trânsito e procuram ajuda até sentirem confiança para dirigir”, explica.

O tratamento na clínica é realizado de forma psicológica, com sessões em

grupo, duas horas por semana e também de maneira prática, em que o paciente vai gradativamente tendo contato com o automóvel. “Sempre com a minha presença no carro, os pacientes começam a dirigir numa rua bem tranquila e vão evoluindo até conse-guirem realizar o percurso em uma rodovia”, explica Adriana.

O programa também inclui dez objetivos que os pacientes listam no começo do procedimento

terapêutico, com lugares que desejariam dirigir, indo do mais fácil para o mais difícil. Depois de cumpridos os dez objetivos é concedida a alta. “Meu primeiro lugar foi o drive-in do McDonald’s, nunca vou esque-cer”, conta a ex-paciente Regina Célia, que agora recuperou sua autoestima, confiança e independência.

Mulheres no volanteUm conceito comum que persiste ainda na

sociedade contemporânea considera as mulhe-res como motoristas ruins ou com menos ha-bilidade que os homens. Segundo a psicóloga Adriana Lindoio Potye, este é um dos motivos que levam as mulheres a se sentirem inseguras e menos incentivadas. “O fato de 90% dos meus pacientes serem do sexo feminino é cultural, pois mui-tas sentem a cobrança, ficam bloqueadas e não conseguem enfrentar o medo”, esclarece a especialista.

Porém, indo na contramão do que a sociedade acredita, foi apresentado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran)/RS estatísticas que comprovam o quanto a mo-

torista é prudente no trânsito. Em 2010, elas cometeram oito vezes menos infrações do que os homens. De cada 100

condutores que morreram no trânsito somente três eram do sexo feminino e nove em cada 100 mulheres que morreram no trânsito no ano passado estavam dirigindo.

No registro de infrações, o sexo feminino também comprova ser mais prudente; os homens cometeram, em média, oito vezes mais faltas. As mulheres foram responsáveis por 548.5 mil infrações, de um total de 4,8 milhões registradas de 2001 a 2010.

CordialidadeA violência enfrentada no trânsito nos dias

de hoje é um fator importante a ser considera-do, pois contribui para a formação de pessoas inseguras e esti-mula o comportamento agressivo e indelicado entre os moto-ristas. Por isso, as técnicas de direção devem estar associadas à responsabilidade de quem está ao volante. “O que deve haver entre os condutores é cordialidade, um respeitando o outro e contribuindo para um trânsito mais gentil”, finaliza a psicólo-

ga Adriana Lindoio Potye.

Um pavor que acomete 6% dos motoristas brasileiros e está relacionado a insegurança, mau aprendizado, perfeccionismo, traumas e medo de se expor

Regina Célia Fonseca BarbieriEx-paciente

Adriana Lindoio PotyePsicóloga

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Dirigir

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Nos dias de hoje saber dirigir e possuir um veículo deixou de ser uma questão de luxo e passou a ser uma necessidade, sobretudo nas grandes cidades, onde

os lugares são distantes e o trânsito é cada vez mais caótico.

Contudo, também cresce em um ritmo assustador o número de pessoas que, por motivos diversos, adquiriram o medo de dirigir e, por isso, depen-dem do transporte público ou de ami-gos e familiares, por exemplo, para se locomover. De acordo com a Organi-zação Mundial de Saúde (OMS), 6% dos motoristas habilitados no Brasil sofrem com a chamada amaxofobia, que é o pânico de guiar um automó-vel. Deste índice, 80% são mulheres com idade entre 30 e 60 anos.

Esse foi o caso de Regina Célia Lima Fonseca Barbieri que, após sofrer três assaltos dentro de um carro, ficou traumatizada por 12 anos e dependia das caronas do marido. Mãos suadas, pernas tremendo e coração disparado eram as sensações sentidas por Regina ao chegar perto do volante.

“Só de ver uma moto eu já entrava em pânico, fi-cava cada vez mais apavorada até que um dia eu parei de vez e assim se passaram 12 anos”, conta.

O sofrimento de Regina acabou quando resolveu procurar ajuda especializada para o seu caso com a psicóloga Adriana Lindoio Potye, da Clínica Escola Cecília Bellini de Campinas, centro especializado em tratamento psicológico para pessoas que apresentam

trauma de direção.De acordo com a psicóloga, os

motivos mais comuns que levam uma pessoa a adquirir o problema são o medo do desempenho e da exposi-ção, perfeccionismo e insegurança. “Devido a um aprendizado ruim que tiveram na autoescola, muitas pessoas se sentem despreparadas para enfrentar o trânsito e procuram ajuda até sentirem confiança para dirigir”, explica.

O tratamento na clínica é realizado de forma psicológica, com sessões em

grupo, duas horas por semana e também de maneira prática, em que o paciente vai gradativamente tendo contato com o automóvel. “Sempre com a minha presença no carro, os pacientes começam a dirigir numa rua bem tranquila e vão evoluindo até conse-guirem realizar o percurso em uma rodovia”, explica Adriana.

O programa também inclui dez objetivos que os pacientes listam no começo do procedimento

terapêutico, com lugares que desejariam dirigir, indo do mais fácil para o mais difícil. Depois de cumpridos os dez objetivos é concedida a alta. “Meu primeiro lugar foi o drive-in do McDonald’s, nunca vou esque-cer”, conta a ex-paciente Regina Célia, que agora recuperou sua autoestima, confiança e independência.

Mulheres no volanteUm conceito comum que persiste ainda na

sociedade contemporânea considera as mulhe-res como motoristas ruins ou com menos ha-bilidade que os homens. Segundo a psicóloga Adriana Lindoio Potye, este é um dos motivos que levam as mulheres a se sentirem inseguras e menos incentivadas. “O fato de 90% dos meus pacientes serem do sexo feminino é cultural, pois mui-tas sentem a cobrança, ficam bloqueadas e não conseguem enfrentar o medo”, esclarece a especialista.

Porém, indo na contramão do que a sociedade acredita, foi apresentado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran)/RS estatísticas que comprovam o quanto a mo-

torista é prudente no trânsito. Em 2010, elas cometeram oito vezes menos infrações do que os homens. De cada 100

condutores que morreram no trânsito somente três eram do sexo feminino e nove em cada 100 mulheres que morreram no trânsito no ano passado estavam dirigindo.

No registro de infrações, o sexo feminino também comprova ser mais prudente; os homens cometeram, em média, oito vezes mais faltas. As mulheres foram responsáveis por 548.5 mil infrações, de um total de 4,8 milhões registradas de 2001 a 2010.

CordialidadeA violência enfrentada no trânsito nos dias

de hoje é um fator importante a ser considera-do, pois contribui para a formação de pessoas inseguras e esti-mula o comportamento agressivo e indelicado entre os moto-ristas. Por isso, as técnicas de direção devem estar associadas à responsabilidade de quem está ao volante. “O que deve haver entre os condutores é cordialidade, um respeitando o outro e contribuindo para um trânsito mais gentil”, finaliza a psicólo-

ga Adriana Lindoio Potye.

Um pavor que acomete 6% dos motoristas brasileiros e está relacionado a insegurança, mau aprendizado, perfeccionismo, traumas e medo de se expor

Regina Célia Fonseca BarbieriEx-paciente

Adriana Lindoio PotyePsicóloga

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stic

a Fibrose cística

julho/agosto 2011 - EM CENA - 1716 - EM CENA - julho/agosto 2011

Quem vê a linda e saudável Giovanna Gomes Giacomelli, de 7 anos, não imagina que ela convive com uma doença rara e que exige algumas res-

trições e cuidados diários. Trata-se da fibrose cística, um mal que acomete um a cada três mil nascimen-tos na população caucasiana (branca), sendo mais rara na população negra e na asiática.Giovanna,

que teve risco de morte devido às cirurgias fei-tas quando recém-nascida, herdou a doença por meio de um gene defeituoso da mãe e outro do pai, tendo como consequência a formação de um muco mais espesso no organismo, que dificulta a passagem de substâncias que são importantes para o crescimento e funcionamento de algumas partes do corpo, pois envolve todas as glândulas secretoras: as do suor, pâncreas, canais biliares do fígado, dos brônquios e outras.

De acordo com o gastroenterologista Antonio Fernando Ribeiro, que é coordenador do Centro de Referência em Fibrose Cística da Universidade

Estadual de Campinas (Unicamp), os principais sintomas da doença são o suor muito sal-

gado; insuficiência pancreática, com má digestão dos alimentos e consequente

perda de nutrientes pelas fezes; esterilidade nos homens; diabetes, principalmente após a segunda dé-cada de vida e doenças respiratórias

crônicas, com tosse

frequente, chiado, além de infecções e dificuldade progressi-va para respirar.

“O acometimento respiratório e suas complicações constituem o fator limitante de vida nos pacientes com fibrose cística, embora com a descoberta de novos anti-bióticos, medicamentos cada vez mais efetivos na fluidez das secreções; novas técnicas de fisioterapia, com o de-senvolvimento de centros especializados no tratamento, e com o conhecimento cada vez maior dos mecanismos que determinam a doença, hoje os pacientes com fibrose cística sobrevivem até a idade adulta e levam uma vida normal”, esclarece o médico.

Para ter mais qualidade de vida, Gio-vanna, que pretende ser dentista quando crescer, realiza a rotina de cuidados diários com naturalidade. Entre eles estão a inges-tão das cápsulas de enzimas antes de todas as refeições; o uso de medicação, orientada pelos médicos, como antibióticos, inalação, suplementação de vitaminas e sais minerais; coleta frequente das secreções respiratórias para avaliação microbiológica; acompanha-mento periódico nos centros de referência a cada dois ou três meses para procedimentos médicos e a prática da fisioterapia respirató-ria.

“A Giovanna sabe da seriedade da doença e por isso faz os tratamentos sem reclamar. O importante é sempre con-versar e explicar que se ela quer continuar tendo uma vida normal é imprescindível que tome os remédios para não

ficar doente”, explica a mãe Adriana Giacomelli.Além disso, Giovanna e todos os que convivem com

a fibrose cística precisam de uma alimentação hipercaló-rica, pois o sistema digestivo tem dificuldade de absorver a gordura dos alimentos. Assim, todas as guloseimas que, geralmente, são restritas ou controladas pela maioria das pessoas, são permitidas para os fibrocísticos.

“Eu costumo sempre preparar os alimentos com mais gordura, incrementando os pratos com queijo, creme de leite e outros ingredientes que deixam os pratos mais calóri-cos”, conta Adriana.

Dessa forma, pode-se dizer que o paciente tem chances de ter uma vida normal, principal-mente nas fases menos sintomáticas da doença. Isto vai depender muito de como ele e a família vão lidar com a rotina dos compromissos diá-rios que são impostos pelo problema.

“Infelizmente, nossa sociedade privilegia o forte, o belo e o poderoso, mas isso não impede que a pessoa com fibrose cística seja um cidadão, cumpra seus deveres e usufrua de seus direitos, com a ajuda de sua família da socie-dade civil e do Estado”, diz o médico Antonio Fernando Ribeiro.

Pilates no tratamento para a fibrose císticaRecentemente, um novo recurso para o tratamento de

pacientes com fibrose cística foi estudado pela fisioterapeuta Caroline Buarque Franco, aluna de mestrado do Programa da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de

Pouco conhecida, a doença é causada por um distúrbio nas secreções de glândulas do corpo, fazendo com que o paciente precise de cuidados diários

para ter uma vida normal

Antonio Fernando RibeiroGastroenterologista

Page 17: Revista Em Cena nº 19

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a Fibrose cística

julho/agosto 2011 - EM CENA - 1716 - EM CENA - julho/agosto 2011

Quem vê a linda e saudável Giovanna Gomes Giacomelli, de 7 anos, não imagina que ela convive com uma doença rara e que exige algumas res-

trições e cuidados diários. Trata-se da fibrose cística, um mal que acomete um a cada três mil nascimen-tos na população caucasiana (branca), sendo mais rara na população negra e na asiática.Giovanna,

que teve risco de morte devido às cirurgias fei-tas quando recém-nascida, herdou a doença por meio de um gene defeituoso da mãe e outro do pai, tendo como consequência a formação de um muco mais espesso no organismo, que dificulta a passagem de substâncias que são importantes para o crescimento e funcionamento de algumas partes do corpo, pois envolve todas as glândulas secretoras: as do suor, pâncreas, canais biliares do fígado, dos brônquios e outras.

De acordo com o gastroenterologista Antonio Fernando Ribeiro, que é coordenador do Centro de Referência em Fibrose Cística da Universidade

Estadual de Campinas (Unicamp), os principais sintomas da doença são o suor muito sal-

gado; insuficiência pancreática, com má digestão dos alimentos e consequente

perda de nutrientes pelas fezes; esterilidade nos homens; diabetes, principalmente após a segunda dé-cada de vida e doenças respiratórias

crônicas, com tosse

frequente, chiado, além de infecções e dificuldade progressi-va para respirar.

“O acometimento respiratório e suas complicações constituem o fator limitante de vida nos pacientes com fibrose cística, embora com a descoberta de novos anti-bióticos, medicamentos cada vez mais efetivos na fluidez das secreções; novas técnicas de fisioterapia, com o de-senvolvimento de centros especializados no tratamento, e com o conhecimento cada vez maior dos mecanismos que determinam a doença, hoje os pacientes com fibrose cística sobrevivem até a idade adulta e levam uma vida normal”, esclarece o médico.

Para ter mais qualidade de vida, Gio-vanna, que pretende ser dentista quando crescer, realiza a rotina de cuidados diários com naturalidade. Entre eles estão a inges-tão das cápsulas de enzimas antes de todas as refeições; o uso de medicação, orientada pelos médicos, como antibióticos, inalação, suplementação de vitaminas e sais minerais; coleta frequente das secreções respiratórias para avaliação microbiológica; acompanha-mento periódico nos centros de referência a cada dois ou três meses para procedimentos médicos e a prática da fisioterapia respirató-ria.

“A Giovanna sabe da seriedade da doença e por isso faz os tratamentos sem reclamar. O importante é sempre con-versar e explicar que se ela quer continuar tendo uma vida normal é imprescindível que tome os remédios para não

ficar doente”, explica a mãe Adriana Giacomelli.Além disso, Giovanna e todos os que convivem com

a fibrose cística precisam de uma alimentação hipercaló-rica, pois o sistema digestivo tem dificuldade de absorver a gordura dos alimentos. Assim, todas as guloseimas que, geralmente, são restritas ou controladas pela maioria das pessoas, são permitidas para os fibrocísticos.

“Eu costumo sempre preparar os alimentos com mais gordura, incrementando os pratos com queijo, creme de leite e outros ingredientes que deixam os pratos mais calóri-cos”, conta Adriana.

Dessa forma, pode-se dizer que o paciente tem chances de ter uma vida normal, principal-mente nas fases menos sintomáticas da doença. Isto vai depender muito de como ele e a família vão lidar com a rotina dos compromissos diá-rios que são impostos pelo problema.

“Infelizmente, nossa sociedade privilegia o forte, o belo e o poderoso, mas isso não impede que a pessoa com fibrose cística seja um cidadão, cumpra seus deveres e usufrua de seus direitos, com a ajuda de sua família da socie-dade civil e do Estado”, diz o médico Antonio Fernando Ribeiro.

Pilates no tratamento para a fibrose císticaRecentemente, um novo recurso para o tratamento de

pacientes com fibrose cística foi estudado pela fisioterapeuta Caroline Buarque Franco, aluna de mestrado do Programa da Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de

Pouco conhecida, a doença é causada por um distúrbio nas secreções de glândulas do corpo, fazendo com que o paciente precise de cuidados diários

para ter uma vida normal

Antonio Fernando RibeiroGastroenterologista

Page 18: Revista Em Cena nº 19

Medicina da Unicamp. Ela realizou o primeiro trabalho, no mundo, desenvolvido com pilates em pacientes com a doença congênita.

“A presença de desvios postu-rais é facilmente observado nessas pessoas, em consequência da tosse frequente e da grande quantidade de secreção pulmonar. Os doentes apresentam a sensação de cansaço nas atividades diárias, como correr, pular e subir escadas; a realização do pilates, além de melhorar a postura, abrindo a região do tórax, que é bem afetada pela tosse, ajuda a reduzir o cansaço e a sensação de falta de ar. Estes são os primeiros resultados conseguidos nas primeiras sessões”, explica Caroline.

Após este estudo, a profissional se prepara para lançar o “Manual de Pilates para Crianças e Adoles-centes”, com um capítulo focando a importância da aplicação do método no tratamentoa da fibrose cística. “O projeto de publicar o manual tem o objetivo de despertar o interesse e habilitar outros profissionais a

realizar o trabalho, sendo também uma ótima ferra-menta para os pacientes realizarem exercícios em casa”, esclarece.

Sociedade de Assistência à Fibrose Cística

Além dos tratamentos disponíveis atual-mente, os familiares dos pacientes com fibrose cística contam com o reforço de um grupo de funcionários e voluntários da Fibrocis (So-ciedade de Assistência à Fibrose Cística), que presta atendimento aos portadores da doença no setor de pediatria do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. O trabalho da instituição compreende uma abordagem do lado social e

psicológico dos doentes, principalmente com as crian-ças e suas famílias. Por meio do entrosamento com a equipe do HC é feito um acompanhamento caso a caso e as famílias da região também são orientadas so-bre como lidar com as dificuldades diárias de convívio e como obter a medicação de alto custo.

Para conhecer mais sobre a entidade, entre em contato pelo fone (19) 3243-0877 ou acesse a página na internet www.fibrocis.com.br.

Caroline Buarque FrancoFisioterapeuta

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18 - EM CENA - julho/agosto 2011

Giovanna realiza os exercícios de pilates para ajudar no tratamento da fibrose cística

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Em 26 de março de 2011, centenas de monu-mentos e residências em todo o mundo apaga-ram as luzes por 60 minutos para comemorar a “Hora do Planeta”(www.horadoplaneta.org.

br) em uma iniciativa mundial para sensibilizar a opinião pública para o problema da mudança climática. E como esta ação foi possível de se concretizar? Bastou usar o meio de comunicação mais completo e democrático já criado pelo homem: a internet.

O ciberativismo, ou ativismo digital, é um fenômeno que alterou a forma de muita gente se expressar. Com a possibilidade de difundir reivindicações, o espaço virtual se transformou no ‘habitat’ natural do ativista, que desco-briu a força da web para reforçar a sua cidadania.

No Brasil, as possibilidades são enormes. De acordo com dados do Censo de 2010, 81 milhões de brasileiros acessam a internet e 51 milhões de pessoas se utilizam das diversas mídias sociais (Twitter, Facebook, Orkut) para obter informações. Somando-se a isso as eleições para pre-sidente do ano passado, disputadas tanto nas ruas quanto na web, pode-se imaginar a grande influência que o uni-verso on-line tem, principalmente no campo político.

Dentro desse contexto a Avaaz (www.avaaz.org), uma ONG internacional de ciberativismo, que possui milhões de membros, afirma poder alterar políticas públicas por meio da pressão popular compactada em uma petição on-line com uma mensagem de um ou dois parágrafos, e milhares ou milhões de assinaturas. Sua linha de atuação consiste em defender causas que vão desde a libertação de presos políticos até a proteção da Amazônia, por exemplo.

Segundo a gerente de Mobilização da Ong Avaaz no Brasil, Graziela Tanaka, uma das campanhas de maior impacto no Brasil foi o ‘Ficha Limpa’, que luta contra a corrupção e a impunidade no País. Na época, a ONG recebeu mais de 40 mil mensagens no período de cinco dias, que, juntado a outras mobilizações, contribuíram para criação da lei no Congresso e Senado Nacional. A divulgação partiu da lista de membros da Avaaz, via Twitter e Facebook. “A simplicidade da idéia contribuiu bastante, pois

qualquer pessoa podia participar, enviando mensagens contra a corrupção. Este manifesto che-gou aos deputados e muitos deles ficaram um tanto assustados, pois não estavam acostumados com este tipo de envolvimento dos eleitores. Não só nesta área, mas, em muitos outros casos, as campanhas podem mover milhões de pessoas em situações de urgências globais, como o Tsunami, por exemplo, que arrecadou milhões de dólares para ajudar as vítimas”, pontua Graziela.

Além de questões políticas e ambientais, as ações so-ciais também repercutem bastante na web. Elas vão desde ajuda para catástrofes globais, como mobiliza a Avazz, para singelas solidariedades, como o caso da campanha “Um Caminho para o Lúcio” (www.umcaminhoparao-lucio.com.br), criada pelo analista de sistemas e aluno do curso de Mecânica de Precisão, da Faculdade Técnica (Fatec)/SP, José Renato de Oliveira. Por meio da inter-net, o estudante desperta a consciência das pessoas para a história de Lúcio, um deficiente mental e cadeirante que não tem acessibilidade para sair de casa. “Com o dinhei-ro arrecado por meio de um bazar que criamos no site, construíremos uma plataforma elevatória (elevador) para Lúcio, que não precisará mais ser carregado toda vez que tiver que descer a estreita escadaria da sua casa para ir ao médico fazer seu tratamento”, explicou o analista.

Sites, blogs, redes sociais, lojas virtuais. O mundo digi-tal oferece diversas possibilidades para aproximar as pesso-as das decisões do País, captar recursos e promover ações. “Com certeza, a internet é um valioso instrumento para exercermos nossa cidadania. É uma ferramenta que nos permite não apenas fortalecer, mas perpetuar ideias que pequenas, podem se tornar grandiosas”, conclui Renato.

A força dacidadania na era

digital

Graziela TanakaGerente da ONG Avaaz

José RenatoAnalista de Sistemas

Veja alguns sites onde você pode exercer sua cidadania na web• www.horadoplaneta.org.br • www.fichalimpa.org.br • www.avaaz.org

• www.umcaminhoparaolucio. com.br• www.votenaweb.com.br

julho/agosto 2011 - EM CENA - 19

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a realização de boas práticas dentro deste ambiente é fundamental para auxiliar na manutenção da saúde de todos”, explica. Segundo Danuzio, além da prevenção, os cabeleireiros podem atuar na promoção da saúde. “Por enxergarem as pessoas do alto da cabeça, podem visualizar alergias e pragas, além de erros de postura e

outros problemas detectados em conversas informais, como o uso errado da automedicação, e alertar o cliente para que se encaminhe ao médico. Além de ensinar como lidar com os cabelos, a função da faculdade é ampliar o olhar do aluno sobre outros fatores importantes em sua profissão”, avalia.

O perigo das químicas caseirasSomente no interior paulista existem mais de 10 mil salões

de beleza. Um dos grandes vilões à saúde em muitos destes salões é a preparação caseira de produtos. Exemplo clássico são as polêmicas escovas progressivas que, a partir de 2004, se disseminaram contendo formol. Casos de intoxicação e até morte de profissionais e clientes foram noticiados em diversos Estados brasileiros, como a morte de uma cliente em Goiás em 2007, o que levou a Agência Nacional de Vigilância Sani-tária (Anvisa) a proibir, dois anos depois, a comercialização de formol e de produtos com este composto.

Mônica Bispo, química com especialização em cosme-tologia, é professora de Química para os cabeleireiros na Faculdade BSGU e explica a seriedade de modificar fórmulas

sem conhecimento. “As formulações ‘batizadas’ têm seu balanceamento al-terado. Com a alteração este produto sai completamente da recomendação da Anvisa e, com certeza, no míni-mo, terá impactos a saúde e seguran-ça, tanto do manipulador quanto do cliente”, afirma a professora.

Mônica explica ainda que as aulas de química visam tornar profissionais criteriosos, mesmo com produtos fa-bricados pela indústria. “A formação

profissional para capacitar profissio-nais com conhecimentos técnico-científicos, isto é, a química aplicada à estética e à cosmética, é urgente. Sem conhecimento técnico, o profissio-nal não está apto para questionar a qualidade e segurança de produtos utilizados para tratamentos químicos capilares. Estes atributos são impor-tantíssimos para a legitimação de uma categoria profissional competente e ética”, pondera a química.

Saúde dos profissionaisLeide Mengatti, vice-presidente do Sindicato da Saúde de

Campinas e Região (Sinsaúde), explica que além da saúde dos clientes, a preocupação dos profissionais de salões de beleza com a própria saúde é fundamental. “Seguir as normas de segurança e usar equipamentos de proteção são indispensáveis, como máscaras, ao lidar com produtos químicos; luvas, ao manusear instrumentos perfurocortantes, além de esterilizar materiais. Estes devem ser procedimentos básicos”, pondera.

Leide é também diretora executiva do Instituto de Saúde Integrada (ISI), que forma profissionais em outra área, a de enfermagem. Ela avalia que, assim como ocorreu com outras profissões, é por meio do conhecimento que a área de estética irá se regulamentar. “Esta é uma discussão que deve ser feita e o estudo é um grande passo na evolução do setor de estética. Isto porque a tendência é que quanto melhor a formação profissional, mais alto é o nível de exigência deste trabalhador, o que faz com que os profissionais sejam mais cuidadosos com seu traba-lho e exigentes com as condições para exercer a profissão. Com a qualidade de formação profissional, trabalhado-res e sociedade só têm a ganhar”, frisa a diretora.

- Faculdade BSGU: (19) 3367-2791 / [email protected] Instituto de Saúde Integrada (ISI): (19) 3737-5500- Nilse Vilela: (19) 3227-2129- Sylvio Alduino: (19) 3258-9013

Cuidar da aparência deixou de ser apenas uma preocupação estética.Passou a ser questão de saúde estudada em faculdades Sylvio Alduino

Cabeleireiro e aluno

Mônica BispoQuímica

A revista Em Cena mantém o quadro Transfor-mação, em que leitores se inscrevem para ter uma mudança no visual pelas mãos de profis-sionais que priorizam a saúde de seus clientes e a excelência dos serviços. Os cabeleireiros Sylvio Alduino, proprietário do Salão Loft Hair,

e Nilse Vilela, proprietária do Salão Nilse Vilela Cabelo & Corpo, que participam

do quadro Transformação, são exemplos disso. Tanto é que cursam o ensino superior para cabeleireiros.“O fato de fazer faculdade nos valoriza e tam-bém nos dá maior embasamento para saber o que é correto fazer, afinal o conhecimento é bem científico. É interessante ver como nosso olhar sobre outros serviços realizados no salão muda, pois aprendemos até mesmo sobre cutícula e não só do pescoço para cima”, aponta Sylvio.

“Sou cabeleireira há 31 anos e optei por cursar faculdade na busca por conhecimento aprofun-dado. Por incluir matérias, como história, artes, anatomia e psicologia, aprendemos a cuidar melhor das pessoas e de nós mesmos como profissionais. Acredito que esta não seja apenas uma tendência, mas a nova forma de trabalhar daqui em diante”, avalia Nilse.

Revista Em Cena e a responsabilidade

Na última década, a relação da socieda-de com a aparência física deixou de ser apenas uma questão estética para se tornar assunto de saúde. Segundo a Associação

Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor de beleza cresceu 10,5%

nos últimos 14 anos, e com ele cresce-

ram também

os riscos que a busca pela perfeição pode provocar. Pro-dutos danosos lançados todos os dias no mercado, aliados a clientes ávidas por fórmulas mágicas de beleza e profissio-nais despreparados em salões, formam uma combinação perigosa à saúde. Estes fato-res, entre outros, apontaram para a necessidade de prepa-rar com maior profundidade os profissionais do setor para lidar com as mudanças de forma responsável.

Ensino superiorPercebendo a carência da área de estética por conhe-

cimento técnico, acadêmicos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) voltaram os olhos para o setor a fim de dar mais respaldo à profissão, criando, em 2011, um curso superior para cabeleireiros. Conforme resolução do Ministério da Educação (MEC), o curso na Faculdade BSGU, denominado Estética e Cosmética com ênfase em Design de Cabelo, está classificado na área de saúde. Danuzio Silva, ex-pesquisador da Uni-camp, reitor da Faculdade BSGU, historiador e doutor em Arte, Cultura e Educação, explica o fundamento desta classificação.

“A profissão de cabeleireiro envolve o trato com pro-dutos químicos e instrumentos perfurocortantes, os

quais os profissionais precisam aprender a lidar de forma correta para não colocar a si pró-

prio e seus clientes em risco. Portanto,

Danuzio SilvaReitor da Faculdade BSGU

Nilse VilelaCabeleireira e aluna

Leide MengattiVice-presidente do Sinsaúdee diretora executiva do ISI

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julho/agosto 2011 - EM CENA - 2120 - EM CENA - julho/agosto 2011

a realização de boas práticas dentro deste ambiente é fundamental para auxiliar na manutenção da saúde de todos”, explica. Segundo Danuzio, além da prevenção, os cabeleireiros podem atuar na promoção da saúde. “Por enxergarem as pessoas do alto da cabeça, podem visualizar alergias e pragas, além de erros de postura e

outros problemas detectados em conversas informais, como o uso errado da automedicação, e alertar o cliente para que se encaminhe ao médico. Além de ensinar como lidar com os cabelos, a função da faculdade é ampliar o olhar do aluno sobre outros fatores importantes em sua profissão”, avalia.

O perigo das químicas caseirasSomente no interior paulista existem mais de 10 mil salões

de beleza. Um dos grandes vilões à saúde em muitos destes salões é a preparação caseira de produtos. Exemplo clássico são as polêmicas escovas progressivas que, a partir de 2004, se disseminaram contendo formol. Casos de intoxicação e até morte de profissionais e clientes foram noticiados em diversos Estados brasileiros, como a morte de uma cliente em Goiás em 2007, o que levou a Agência Nacional de Vigilância Sani-tária (Anvisa) a proibir, dois anos depois, a comercialização de formol e de produtos com este composto.

Mônica Bispo, química com especialização em cosme-tologia, é professora de Química para os cabeleireiros na Faculdade BSGU e explica a seriedade de modificar fórmulas

sem conhecimento. “As formulações ‘batizadas’ têm seu balanceamento al-terado. Com a alteração este produto sai completamente da recomendação da Anvisa e, com certeza, no míni-mo, terá impactos a saúde e seguran-ça, tanto do manipulador quanto do cliente”, afirma a professora.

Mônica explica ainda que as aulas de química visam tornar profissionais criteriosos, mesmo com produtos fa-bricados pela indústria. “A formação

profissional para capacitar profissio-nais com conhecimentos técnico-científicos, isto é, a química aplicada à estética e à cosmética, é urgente. Sem conhecimento técnico, o profissio-nal não está apto para questionar a qualidade e segurança de produtos utilizados para tratamentos químicos capilares. Estes atributos são impor-tantíssimos para a legitimação de uma categoria profissional competente e ética”, pondera a química.

Saúde dos profissionaisLeide Mengatti, vice-presidente do Sindicato da Saúde de

Campinas e Região (Sinsaúde), explica que além da saúde dos clientes, a preocupação dos profissionais de salões de beleza com a própria saúde é fundamental. “Seguir as normas de segurança e usar equipamentos de proteção são indispensáveis, como máscaras, ao lidar com produtos químicos; luvas, ao manusear instrumentos perfurocortantes, além de esterilizar materiais. Estes devem ser procedimentos básicos”, pondera.

Leide é também diretora executiva do Instituto de Saúde Integrada (ISI), que forma profissionais em outra área, a de enfermagem. Ela avalia que, assim como ocorreu com outras profissões, é por meio do conhecimento que a área de estética irá se regulamentar. “Esta é uma discussão que deve ser feita e o estudo é um grande passo na evolução do setor de estética. Isto porque a tendência é que quanto melhor a formação profissional, mais alto é o nível de exigência deste trabalhador, o que faz com que os profissionais sejam mais cuidadosos com seu traba-lho e exigentes com as condições para exercer a profissão. Com a qualidade de formação profissional, trabalhado-res e sociedade só têm a ganhar”, frisa a diretora.

- Faculdade BSGU: (19) 3367-2791 / [email protected] Instituto de Saúde Integrada (ISI): (19) 3737-5500- Nilse Vilela: (19) 3227-2129- Sylvio Alduino: (19) 3258-9013

Cuidar da aparência deixou de ser apenas uma preocupação estética.Passou a ser questão de saúde estudada em faculdades Sylvio Alduino

Cabeleireiro e aluno

Mônica BispoQuímica

A revista Em Cena mantém o quadro Transfor-mação, em que leitores se inscrevem para ter uma mudança no visual pelas mãos de profis-sionais que priorizam a saúde de seus clientes e a excelência dos serviços. Os cabeleireiros Sylvio Alduino, proprietário do Salão Loft Hair,

e Nilse Vilela, proprietária do Salão Nilse Vilela Cabelo & Corpo, que participam

do quadro Transformação, são exemplos disso. Tanto é que cursam o ensino superior para cabeleireiros.“O fato de fazer faculdade nos valoriza e tam-bém nos dá maior embasamento para saber o que é correto fazer, afinal o conhecimento é bem científico. É interessante ver como nosso olhar sobre outros serviços realizados no salão muda, pois aprendemos até mesmo sobre cutícula e não só do pescoço para cima”, aponta Sylvio.

“Sou cabeleireira há 31 anos e optei por cursar faculdade na busca por conhecimento aprofun-dado. Por incluir matérias, como história, artes, anatomia e psicologia, aprendemos a cuidar melhor das pessoas e de nós mesmos como profissionais. Acredito que esta não seja apenas uma tendência, mas a nova forma de trabalhar daqui em diante”, avalia Nilse.

Revista Em Cena e a responsabilidade

Na última década, a relação da socieda-de com a aparência física deixou de ser apenas uma questão estética para se tornar assunto de saúde. Segundo a Associação

Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor de beleza cresceu 10,5%

nos últimos 14 anos, e com ele cresce-

ram também

os riscos que a busca pela perfeição pode provocar. Pro-dutos danosos lançados todos os dias no mercado, aliados a clientes ávidas por fórmulas mágicas de beleza e profissio-nais despreparados em salões, formam uma combinação perigosa à saúde. Estes fato-res, entre outros, apontaram para a necessidade de prepa-rar com maior profundidade os profissionais do setor para lidar com as mudanças de forma responsável.

Ensino superiorPercebendo a carência da área de estética por conhe-

cimento técnico, acadêmicos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) voltaram os olhos para o setor a fim de dar mais respaldo à profissão, criando, em 2011, um curso superior para cabeleireiros. Conforme resolução do Ministério da Educação (MEC), o curso na Faculdade BSGU, denominado Estética e Cosmética com ênfase em Design de Cabelo, está classificado na área de saúde. Danuzio Silva, ex-pesquisador da Uni-camp, reitor da Faculdade BSGU, historiador e doutor em Arte, Cultura e Educação, explica o fundamento desta classificação.

“A profissão de cabeleireiro envolve o trato com pro-dutos químicos e instrumentos perfurocortantes, os

quais os profissionais precisam aprender a lidar de forma correta para não colocar a si pró-

prio e seus clientes em risco. Portanto,

Danuzio SilvaReitor da Faculdade BSGU

Nilse VilelaCabeleireira e aluna

Leide MengattiVice-presidente do Sinsaúdee diretora executiva do ISI

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22 - EM CENA - julho/agosto 2011

O sonho de toda mulher é ter um dia de be-leza. Uma oportunidade para se transfor-mar; deixar os profissionais da arte brincar com a aparência, melhorar a imagem dian-

te do espelho e gostar do que vê. É o que aconteceu com Lúcia Vicente Góis, a auxiliar de farmácia do Hospi-tal Estadual

Sumaré, que deixou para trás aquela imagem cansada e se entregou nas mãos mágicas de Fernando Nadaleto, do PH Institute.

Para suavizar o rosto de Lúcia, o profissional repicou os cabelos e desfiou as pontas, redu-zindo o volume. Como as madeixas já tinham descoloração e estavam bastante danificadas e com três cores, ele fez uma pigmentação de cor, mantendo as mechas mais claras para o efeito de luzes. “O objetivo foi dar um tom

bele

za -

tran

sfor

maç

ão

PARTICIPESe você quer participar da coluna Transformação, entre em contato com a Diretoria de Comunicação do Sinsaúde pelo e-mail: [email protected] ou escreva para Rua Duque de Caxias, 368 - Centro - Campinas/SP - CEP 13015-310.

Cabelo, a moldura do rostoÉ necessário saber qual é o melhor corte e cor para valorizá-

um pouco mais escuro para suavizar o rosto, porque o loiro muito claro dei-xava-a com aspecto cansado”, explica Fernando.

A profissional da saúde ficou realizada quando olhou no espelho e viu seu novo visual. Ela estava com a autoestima baixa e se inscreveu para participar desta coluna. “Desde que tive minha filha, eu brigo com o espe-lho, não estava contente com minha imagem e o Sinsaúde me deu esta oportunidade e, nas mãos de Fernan-do, voltei a gostar de mim”, diz Lúcia.

Mas não foi só o cabelo que mudou. A produção continuou nas mãos de Thiago Scagliarini. Ele fez uma limpeza no rosto para, em seguida, maquiá-lo. Em tons mais escuros, próprios para a noite, pois já passava das 19 horas, o maquiador usou sombra mar-rom,

esfumaçou com preto, colocou cílios e finalizou com um tom claro para dar um aspecto iluminado; o blush e o batom rosa completaram o make. “Ela está pronta para ir a uma festa. Seu rosto ganhou beleza e ela está linda!”, comemora Thiago.

Lúcia demonstrou a satisfação com o resultado do seu ‘dia da beleza’, fa-zendo planos para o futuro. “Acho que agora muita coisa vai mudar, eu estou

me sentindo linda e agradeço a toda a equipe que me tratou muito bem e me deu esta alegria”, pontua Lúcia.

Para esses profissionais, o prazer é saber que realizaram um bom trabalho e que a cliente gostou. “É um orgulho ver o sorriso no rosto da pessoa ao olhar no espelho e saber que fizemos um trabalho perfeito e alguém feliz!”, finaliza Fernando, que há 30 anos faz a cabeça das mulheres.

É necessário saber qual é o melhor corte e a cor para valorizá-lo

Cabeloa moldura do rosto

julho/agosto 2011 - EM CENA - 23

Fonte: PH Institute - Rua Dona Prisciliana

Soares, 106 - Cambuí - Campinas

Fones (19) 3252-1055 e

3255-7395

Page 23: Revista Em Cena nº 19

22 - EM CENA - julho/agosto 2011

O sonho de toda mulher é ter um dia de be-leza. Uma oportunidade para se transfor-mar; deixar os profissionais da arte brincar com a aparência, melhorar a imagem dian-

te do espelho e gostar do que vê. É o que aconteceu com Lúcia Vicente Góis, a auxiliar de farmácia do Hospi-tal Estadual

Sumaré, que deixou para trás aquela imagem cansada e se entregou nas mãos mágicas de Fernando Nadaleto, do PH Institute.

Para suavizar o rosto de Lúcia, o profissional repicou os cabelos e desfiou as pontas, redu-zindo o volume. Como as madeixas já tinham descoloração e estavam bastante danificadas e com três cores, ele fez uma pigmentação de cor, mantendo as mechas mais claras para o efeito de luzes. “O objetivo foi dar um tom

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PARTICIPESe você quer participar da coluna Transformação, entre em contato com a Diretoria de Comunicação do Sinsaúde pelo e-mail: [email protected] ou escreva para Rua Duque de Caxias, 368 - Centro - Campinas/SP - CEP 13015-310.

Cabelo, a moldura do rostoÉ necessário saber qual é o melhor corte e cor para valorizá-

um pouco mais escuro para suavizar o rosto, porque o loiro muito claro dei-xava-a com aspecto cansado”, explica Fernando.

A profissional da saúde ficou realizada quando olhou no espelho e viu seu novo visual. Ela estava com a autoestima baixa e se inscreveu para participar desta coluna. “Desde que tive minha filha, eu brigo com o espe-lho, não estava contente com minha imagem e o Sinsaúde me deu esta oportunidade e, nas mãos de Fernan-do, voltei a gostar de mim”, diz Lúcia.

Mas não foi só o cabelo que mudou. A produção continuou nas mãos de Thiago Scagliarini. Ele fez uma limpeza no rosto para, em seguida, maquiá-lo. Em tons mais escuros, próprios para a noite, pois já passava das 19 horas, o maquiador usou sombra mar-rom,

esfumaçou com preto, colocou cílios e finalizou com um tom claro para dar um aspecto iluminado; o blush e o batom rosa completaram o make. “Ela está pronta para ir a uma festa. Seu rosto ganhou beleza e ela está linda!”, comemora Thiago.

Lúcia demonstrou a satisfação com o resultado do seu ‘dia da beleza’, fa-zendo planos para o futuro. “Acho que agora muita coisa vai mudar, eu estou

me sentindo linda e agradeço a toda a equipe que me tratou muito bem e me deu esta alegria”, pontua Lúcia.

Para esses profissionais, o prazer é saber que realizaram um bom trabalho e que a cliente gostou. “É um orgulho ver o sorriso no rosto da pessoa ao olhar no espelho e saber que fizemos um trabalho perfeito e alguém feliz!”, finaliza Fernando, que há 30 anos faz a cabeça das mulheres.

É necessário saber qual é o melhor corte e a cor para valorizá-lo

Cabeloa moldura do rosto

julho/agosto 2011 - EM CENA - 23

Fonte: PH Institute - Rua Dona Prisciliana

Soares, 106 - Cambuí - Campinas

Fones (19) 3252-1055 e

3255-7395

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ga Interior de São Pauloregião central pode ser uma boa opção nas férias

24 - EM CENA - julho/agosto 2011

Araraquara é uma das alternativas para quem pretende conhecer o interior paulista. A 269 quilômetros de São Paulo, a cidade, que é considerada uma das mais prósperas do Es-

tado, oferece a seus visitantes características interioranas com toques de pólo regional.

O município que está estrategicamente localizado no centro do Estado de São Paulo tem aproximadamente 208 mil habitantes. Fundado em 22 de agosto de 1817, ele se destaca atualmente nos cenários regional e nacio-nal pela qualidade de vida de sua população, pela exube-rante paisagem do local e pela urbanização planejada. Estes são alguns atrativos que trazem constantemente consumidores e empresários para a região.

Um dos destaques em Araraquara é a Feira Agro-Co-mercial e Industrial da Região de Araraquara (Facira), que é realizada anualmente em agosto. O evento ocorre durante 10 dias e tem a finalidade de ajudar as entida-des ligadas ao Fundo das Instituições Sociais de Arara-

quara (Fisa). O desenvolvi-

mento do local e a infraestrutura para

receber eventos se devem, em parte,

à concentração de indústrias na cidade, que está baseada na agroindústria,

representada pela cana-de-açúcar e laranja, e também por outros setores, como a indústria têxtil e tecnologia de informação. O município ainda é privilegiado na área de transporte de cargas, pois é cortado por rodo-vias importantes e abriga um dos principais terminais ferroviários de carga do País, ligando regiões produtoras (centro-oeste) e exportadoras (capital paulista e portos marítimos).

O turista que visita Araraquara pode encontrar, além de vários corredores comerciais, dois shoppings centers e diversificada rede gastronômica, com pratos das cozi-nhas nacional e internacional.

Depois das compras e de experimentar a gastronomia da região, o visitante pode curtir as atividades culturais e conhecer um pouco mais da história do município, visitando a Casa da Cultura “Luiz Antônio Martinez Corrêa” ou o Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria. E quem sabe até ir ao Teatro Municipal de Araraquara, considera-do um dos mais modernos do interior, com capacidade para 460 pessoas.

Em um passeio simples é possível se encan-tar com a arquitetura do local, que tem 200 anos. Segundo a Coordenadoria de Prestação do Patrimônio Histórico e Cultural, há 28 imóveis tombados, sendo oito particulares. Outra opção, durante o percurso, é caminhar ao ar livre no Parque Infantil ou no Bosque Botânico.

E para quem gosta de esporte, não pode deixar de conhecer o Estádio Arena da Fonte. O local recebe

grandes clássicos e até campeonatos, como o Brasileirão. Araraquara também tem grande tradição espor-tiva: no futebol com a Associação Ferroviária de Esporte (AFE) e no basquete com o Palmeiras/Arara-quara, o antigo time do Clube 22 de Agosto.

Ibitinga

Na região de Araraquara está lo-calizado o município de Ibitinga. A cidade, com 52 mil habitantes, pos-sui no turismo de compras a base para a existência e desenvolvimento da cadeia produtiva do bordado.

A atividade artesanal é respon-sável pelo desenvolvimento do local nos últimos anos. Ao todo são 2.100 estabelecimentos comerciais e industriais, além de uma série de serviços relacionados à fonte de ren-da. Juntos, estes setores são respon-sáveis por aproximadamente 35 mil empregos, o que representa cerca de 90% da população economicamen-te ativa do município.

A Feira de Artesanato é uma das atrações da cidade. Ela acontece to-dos os sábados na Praça Ruy Barbosa, em frente à Igreja Matriz, das 6 às 13

horas. Anualmente, também é realizada a Feira do Bordado de Ibitinga, onde mais de 200 expositores apresentam seus produtos. Os visitantes podem conferir, este ano, a 38ª edição entre os dias 7 e 17 de julho.

Apesar de o município ser conhecido como a Capital Nacional do Bordado, a Prefeitura tem se preocupado em desen-volver outras atividades turísticas na re-gião, como os eventos religiosos anuais: a Via Sacra e o Corpus Christi. A natureza do local também é privilegiada, por isso os visitantes podem conhecer o encontro das águas dos rios Tietê e Jacaré-Guaçu e a eclusa do Rio Tietê e Pantanal paulista, onde fauna e flora são similares ao Pan-tanal matogrossense, com várias espécies de animais, algumas em extinção, como onça-parda, tamanduá-bandeira, veado-campeiro e jacaré tinga.

Justamente para estimular o turismo ecológico, foi criada uma parceria entre a Prefeitura da cidade, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ibitinga (Faibi) e a Fundação Florestal para de-senvolver dois projetos, um relacionado a trilhas ecológicas e outro sobre passeio de barco. A previsão da Secretaria de

Turismo de Ibitinga é que a iniciativa vire realidade ainda neste segundo semestre.

De cima para baixo: Casa da Cultura e Estação Ferroviária de Araraquarae os famosos bordados de Ibitinga

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Igreja Matriz na Praça Ruy

Barbosa

Saiba como Ibitinga se tornou a capital nacional do bordado

Na década de 30, o bordado foi divulgado em Ibitinga por mulheres como Dioguina Martins Sampaio Pires, Maria Gonçalves Amorim Grilo, Marieta Macari Pires e Maria Braga. Elas ensinavam o bordado em máquinas de costurar, chamadas de

maquininhas, para as moças e senhoras ibitinguenses. A partir daí, o bordado passou a ser um complemento na renda familiar.A evolução na forma de produção e nas matérias-primas utilizadas foi rápida. As máquinas elétricas chegaram por meio da Escola de Bordados Singer, montada por Gottardo Juliani, revendedor da marca, que projetou o equipamento especialmente

para atender o mercado da cidade. Com a evolução dos maquinários, o bordado passou a ser principal fonte de renda do município. Hoje, apesar de a tecnologia ter aprimorado o processo de fabricação das confecções bordadas, o grande diferencial ainda é a mão de obra, com acabamentos e técnicas artesanais que se especializam a cada dia.

HOSPITAL

Hospital Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel

Hospital São Sebastião de Borborema

Santa Casa Misericórdia de Araraquara

Irmandade São José de Novo Horizonte

Lab. de Análises Clínicas Dr. Arnaldo Buainain

Maxi - Medical Diagnóstico por Imagem - Araraquara

Santa Casa e Maternidade de Ibitinga

Santa Casa N. S. Fátima e Beneficência Portuguesa

Santa Casa de Nova Europa

Santa Casa de São Miguel - Tabatinga

Santa Casa e Maternidade D. Julieta Lyra - Itápolis

Unidade de Tratamento Dialítico de Araraquara

Unimed de Araraquara Coop. de Trabalho Médico

Saúde - Araraquara é uma das subsedes do Sindicato da Saúde Campinas e Região (Sinsaúde), na qual estão vinculadas algumas cidades próximas, entre elas, Ibitinga. O presidente regional é o técnico de enfermagem Antônio Aparecido dos Santos, o Toninho. A unidade sindical representa cerca de 3 mil profissionais em 13 estabelecimentos de saúde. Veja abaixo.

julho/agosto - 2011 - EM CENA - 25

Antonio Ap. dos SantosDiretor do Sinsaúde

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ga Interior de São Pauloregião central pode ser uma boa opção nas férias

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Araraquara é uma das alternativas para quem pretende conhecer o interior paulista. A 269 quilômetros de São Paulo, a cidade, que é considerada uma das mais prósperas do Es-

tado, oferece a seus visitantes características interioranas com toques de pólo regional.

O município que está estrategicamente localizado no centro do Estado de São Paulo tem aproximadamente 208 mil habitantes. Fundado em 22 de agosto de 1817, ele se destaca atualmente nos cenários regional e nacio-nal pela qualidade de vida de sua população, pela exube-rante paisagem do local e pela urbanização planejada. Estes são alguns atrativos que trazem constantemente consumidores e empresários para a região.

Um dos destaques em Araraquara é a Feira Agro-Co-mercial e Industrial da Região de Araraquara (Facira), que é realizada anualmente em agosto. O evento ocorre durante 10 dias e tem a finalidade de ajudar as entida-des ligadas ao Fundo das Instituições Sociais de Arara-

quara (Fisa). O desenvolvi-

mento do local e a infraestrutura para

receber eventos se devem, em parte,

à concentração de indústrias na cidade, que está baseada na agroindústria,

representada pela cana-de-açúcar e laranja, e também por outros setores, como a indústria têxtil e tecnologia de informação. O município ainda é privilegiado na área de transporte de cargas, pois é cortado por rodo-vias importantes e abriga um dos principais terminais ferroviários de carga do País, ligando regiões produtoras (centro-oeste) e exportadoras (capital paulista e portos marítimos).

O turista que visita Araraquara pode encontrar, além de vários corredores comerciais, dois shoppings centers e diversificada rede gastronômica, com pratos das cozi-nhas nacional e internacional.

Depois das compras e de experimentar a gastronomia da região, o visitante pode curtir as atividades culturais e conhecer um pouco mais da história do município, visitando a Casa da Cultura “Luiz Antônio Martinez Corrêa” ou o Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria. E quem sabe até ir ao Teatro Municipal de Araraquara, considera-do um dos mais modernos do interior, com capacidade para 460 pessoas.

Em um passeio simples é possível se encan-tar com a arquitetura do local, que tem 200 anos. Segundo a Coordenadoria de Prestação do Patrimônio Histórico e Cultural, há 28 imóveis tombados, sendo oito particulares. Outra opção, durante o percurso, é caminhar ao ar livre no Parque Infantil ou no Bosque Botânico.

E para quem gosta de esporte, não pode deixar de conhecer o Estádio Arena da Fonte. O local recebe

grandes clássicos e até campeonatos, como o Brasileirão. Araraquara também tem grande tradição espor-tiva: no futebol com a Associação Ferroviária de Esporte (AFE) e no basquete com o Palmeiras/Arara-quara, o antigo time do Clube 22 de Agosto.

Ibitinga

Na região de Araraquara está lo-calizado o município de Ibitinga. A cidade, com 52 mil habitantes, pos-sui no turismo de compras a base para a existência e desenvolvimento da cadeia produtiva do bordado.

A atividade artesanal é respon-sável pelo desenvolvimento do local nos últimos anos. Ao todo são 2.100 estabelecimentos comerciais e industriais, além de uma série de serviços relacionados à fonte de ren-da. Juntos, estes setores são respon-sáveis por aproximadamente 35 mil empregos, o que representa cerca de 90% da população economicamen-te ativa do município.

A Feira de Artesanato é uma das atrações da cidade. Ela acontece to-dos os sábados na Praça Ruy Barbosa, em frente à Igreja Matriz, das 6 às 13

horas. Anualmente, também é realizada a Feira do Bordado de Ibitinga, onde mais de 200 expositores apresentam seus produtos. Os visitantes podem conferir, este ano, a 38ª edição entre os dias 7 e 17 de julho.

Apesar de o município ser conhecido como a Capital Nacional do Bordado, a Prefeitura tem se preocupado em desen-volver outras atividades turísticas na re-gião, como os eventos religiosos anuais: a Via Sacra e o Corpus Christi. A natureza do local também é privilegiada, por isso os visitantes podem conhecer o encontro das águas dos rios Tietê e Jacaré-Guaçu e a eclusa do Rio Tietê e Pantanal paulista, onde fauna e flora são similares ao Pan-tanal matogrossense, com várias espécies de animais, algumas em extinção, como onça-parda, tamanduá-bandeira, veado-campeiro e jacaré tinga.

Justamente para estimular o turismo ecológico, foi criada uma parceria entre a Prefeitura da cidade, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ibitinga (Faibi) e a Fundação Florestal para de-senvolver dois projetos, um relacionado a trilhas ecológicas e outro sobre passeio de barco. A previsão da Secretaria de

Turismo de Ibitinga é que a iniciativa vire realidade ainda neste segundo semestre.

De cima para baixo: Casa da Cultura e Estação Ferroviária de Araraquarae os famosos bordados de Ibitinga

Foto

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Igreja Matriz na Praça Ruy

Barbosa

Saiba como Ibitinga se tornou a capital nacional do bordado

Na década de 30, o bordado foi divulgado em Ibitinga por mulheres como Dioguina Martins Sampaio Pires, Maria Gonçalves Amorim Grilo, Marieta Macari Pires e Maria Braga. Elas ensinavam o bordado em máquinas de costurar, chamadas de

maquininhas, para as moças e senhoras ibitinguenses. A partir daí, o bordado passou a ser um complemento na renda familiar.A evolução na forma de produção e nas matérias-primas utilizadas foi rápida. As máquinas elétricas chegaram por meio da Escola de Bordados Singer, montada por Gottardo Juliani, revendedor da marca, que projetou o equipamento especialmente

para atender o mercado da cidade. Com a evolução dos maquinários, o bordado passou a ser principal fonte de renda do município. Hoje, apesar de a tecnologia ter aprimorado o processo de fabricação das confecções bordadas, o grande diferencial ainda é a mão de obra, com acabamentos e técnicas artesanais que se especializam a cada dia.

HOSPITAL

Hospital Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel

Hospital São Sebastião de Borborema

Santa Casa Misericórdia de Araraquara

Irmandade São José de Novo Horizonte

Lab. de Análises Clínicas Dr. Arnaldo Buainain

Maxi - Medical Diagnóstico por Imagem - Araraquara

Santa Casa e Maternidade de Ibitinga

Santa Casa N. S. Fátima e Beneficência Portuguesa

Santa Casa de Nova Europa

Santa Casa de São Miguel - Tabatinga

Santa Casa e Maternidade D. Julieta Lyra - Itápolis

Unidade de Tratamento Dialítico de Araraquara

Unimed de Araraquara Coop. de Trabalho Médico

Saúde - Araraquara é uma das subsedes do Sindicato da Saúde Campinas e Região (Sinsaúde), na qual estão vinculadas algumas cidades próximas, entre elas, Ibitinga. O presidente regional é o técnico de enfermagem Antônio Aparecido dos Santos, o Toninho. A unidade sindical representa cerca de 3 mil profissionais em 13 estabelecimentos de saúde. Veja abaixo.

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julho/agosto 2011 - EM CENA - 2726 - EM CENA - julho/agosto 2011

O cordel é poesiaUma arte popularPode ser contada em versosMetrificados com rimar

Na escrita ou na cançãoO que importa é a devoçãoNesta arte milenar!

A Literatura de Cordel tem raízes na Europa, quando trovadores da Idade Média divulgavam velhas histórias nas praças, em textos memorizados e cantados por cegos em troca de esmola. Os cordéis foram batizados com este nome por serem expos-tos para venda pendurados em cordões. Narrativas de heroísmo, guerra, amor, viagens e conquistas marítimas, além de fatos do cotidiano, eram os temas preferidos do público.

Trazidas para o Brasil no século 17, na bagagem dos colonos portugueses e espanhóis, as histórias eram decoradas por quem sabia ler, transmitida de forma oral e transformada pela memória do povo. Enraizado no Nordeste, principalmen-te nas cidades do interior, o cordel tam-bém servia como expressão para expor os problemas sociais de cada região.

Segundo o estudo monográfico ‘Comunicação Social e Resistência Cultural na Literatura de Cordel’, realizado pelo jornalista Alan Bar-

reto, como um jornal, o cordel assumiu a função de informar às pessoas fatos da região, façanhas de cangaceiros, casos de rapto de moças, crimes, estragos da seca, efeitos das cheias, entre outras temáticas. A oralidade também é um elemento forte do estilo lite-rário. Antigamente, os versos eram declamados pelos trovadores; hoje, os cordelistas, cantadores e violeiros assumiram esta função.

De acordo com o pesquisador em cultura popular e cordelista Marco Haurélio, o cordel que se conhece atualmente (com predominância da sextilha setis-sílaba, ou seja, em versos rimados e metrificados) nasceu na Paraíba com os poetas Leandro Gomes de Barros (considerado por Drummond o rei da poesia do sertão) e Silvino Pirauá de Lima, consolidando-se como atividade editorial no Recife e na região do Brejo paraibano e se espalhando por outras regiões do Brasil por meio do migrante nordestino.

“O nosso cordel aproxi-ma-se, em certo ponto, da poesia popular praticada em Portugal, Espanha, França, Itália e na América espanhola. Em especial quando retrabalha temas da tradição oral. Mas apre-senta uma temática mais abrangente e dialoga, desde

sempre, com outros gêneros literários. E foi assim que ele ganhou uma feição própria, que se torna único”, explica ele.

Diversidade artística O cordel também está presente em outras

vertentes da cultura. Um bom exemplo desta influência está no denominado “Movimento Armorial”, fundado pelo escritor Ariano Suassu-na na década de 70, no Recife. Ele cria uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular, encontrados nos folhetos de cordel, e a vincula a música, dança, artes plásticas, teatro, cinema e televisão. O ‘Auto da Compadecida’ (1955) e ‘A Pedra do Reino’ (1970) são alguns de seus clássicos que, além da linguagem literária, também aderiram à linha teatral, cinematográfica e televisiva, sendo comum a todos a ligação com elementos cordelísticos.

Na música, artistas, como Antônio Carlos Nóbrega, Alceu Valença, Nando Cordel, Elba e Zé Ramalho, estão fortemen-te ligados ao estilo literário. Nas artes plásticas, a xilogravura (de-senho que ilustra as capas dos folhetos) é a arte que melhor representa o cordel, tendo nos artistas J. Borges, Marcelo So-ares, Dila e José da Costa Leite seus principais representantes.

Como o universo do cordel é muito rico e nele existe todo um imaginário simbólico da cultura nordestina, a jornalis-ta e pesquisadora em cultura popular Maria Alice Amorim afirma que este imaginário é

o principal responsável pela reelaboração das outras expressões artísticas. “Temos exemplos muito felizes em outras artes, em que artistas contemporâneos estão sempre bebendo na fonte cordeliana. Penso que esta diversidade de linguagens expressa a força do cordel na nossa cultura brasileira”, avalia.

Na televisão, atualmente a novela ‘Cordel Encantado’ leva ao grande público a riqueza da temática desta literatura, alvo de elogios e críticas dos que estão diretamente ligados à

cultura popular. Para o cordelista e professor Arievaldo Viana, alguns dos

pecados de ‘Cordel Encantado’ são os sotaques. “Estão exa-gerados, estereotipados, distantes da realidade da maioria dos Estados do Nordeste. Parece que, para o elenco e a direção da novela, o único sotaque que prevalece é aquele do ‘baiano preguiçoso’, de fala cantada, que a própria mídia se encarre-gou de criar e difundir. Desde já fique claro o meu respeito e

admiração pelo povo baiano”, ressalta Viana.

Já, Maria Alice Amorim acre-dita que vários temas da literatura tradicional nordestina são abordados acertadamente por ‘Cordel Encanta-do’. “O cangaço é bastante recorrente na literatura de cordel, assim como a narrativa de rapto de princesa, do casamento e do encantamento relacionado às sagas de reis e rainhas, príncipes e princesas. No cordel é comum tramas que envolvem poder e conquista. Nisso a novela acertou”, justifica a pesquisadora.

Ainda que seja uma arte que se confunde com as origens do próprio Brasil, até a estreia da novela da TV Globo, ‘Cordel Encantado’, muita gente ainda desconhecia o universo do cordel. O estilo literário também está ligado às artes plásticas, ao teatro, à música e outras linguagens

que vão muito além dos estereótipos abordados pela trama global

Marco HaurélioPesquisador e cordelista

Conheça alguns movimentos e instituições fomentadores do cordel no Brasil

Academia Brasileira de Literatura de Cordel (RJ) - é a entidade literária máxima a reunir, no Brasil, os expoentes deste gênero literário, típico da região Nordeste, com sede no Rio de Janeiro, fundada em 7 de setembro de 1988. Atualmente, é presidida por Gonçalo Ferreira da Silva. Outras informações: www.ablc.com.br

Bodega do Brasil (SP) - movimento constituído por artistas da cultura popular, cujo objetivo é fazer o intercâmbio entre a classe artística, o público e os meios sociais, com apresentações e exposições de trabalhos. O movimento acontece uma vez por mês no Centro de São Paulo. A Bodega é coordenada pelos cordelistas Costa Senna e Daniella Almeida. Informações: www.bodegadobrasil.blogspot.com.

Caravana do Cordel (SP) - projeto coletivo, construído por poetas populares nordestinos, radicados em São Paulo. O grupo, que é formado por poetas, artistas plásticos, músicos e pesquisadores, reúne muita gente nos eventos realizados em São Paulo, mantendo viva a tradição da poesia popular. A Caravana é coordenada por Varneci Nascimento, Marco Haurélio, Costa Senna, Pedro Monteiro, Nando Poeta, João Gomes de Sá e Cacá Lopes.

Ucran - União dos Cordelistas, Repentistas e Apologistas do Nordeste (SP) - entidade, fundada em 1988, em São Paulo, é formada por artistas populares, apologistas, pesquisadores, repentistas e cordelistas. A Ucran é presidida pelo repentista Sebastião Marinho. Outras informações: www.ucran.com.br. Unicordel - União dos Cordelistas de Pernambuco (PE) - é um movimento de

promoção e defesa da poesia popular, composto por poetas, declamadores, folheteiros, editores e pesquisadores. Suas ações prezam pela oralidade do cordel, apresentado em mercados públicos, escolas, universidades, bares, restaurantes e eventos culturais. Ela é presidida pelo cordelista José Honório da Silva. Outras informações: www.josehonorio.com.br.

ACLC - Academia Caruaruense de Literatura de cordel (PE) - tem o objetivo de formar novas gerações de leitores e produtores de literatura de cordel e homenagea os mestres cordelistas da região.

Casa Rui Barbosa (RJ) - possui o maior acervo de literatura popular em versos da América Latina e uma extensa bibliografia, composta de catálogos, antologias e estudos especializados com mais de 9 mil folhetos de cordel. A iniciativa está ligada ao Governo Federal. Outras informações: www.casaruibarbosa.gov.br.

Arievaldo VianaCordelista e professor

Maria Alice AmorimPesquisadora e jornalista

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O cordelcomo difusor da cultura popular

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O cordel é poesiaUma arte popularPode ser contada em versosMetrificados com rimar

Na escrita ou na cançãoO que importa é a devoçãoNesta arte milenar!

A Literatura de Cordel tem raízes na Europa, quando trovadores da Idade Média divulgavam velhas histórias nas praças, em textos memorizados e cantados por cegos em troca de esmola. Os cordéis foram batizados com este nome por serem expos-tos para venda pendurados em cordões. Narrativas de heroísmo, guerra, amor, viagens e conquistas marítimas, além de fatos do cotidiano, eram os temas preferidos do público.

Trazidas para o Brasil no século 17, na bagagem dos colonos portugueses e espanhóis, as histórias eram decoradas por quem sabia ler, transmitida de forma oral e transformada pela memória do povo. Enraizado no Nordeste, principalmen-te nas cidades do interior, o cordel tam-bém servia como expressão para expor os problemas sociais de cada região.

Segundo o estudo monográfico ‘Comunicação Social e Resistência Cultural na Literatura de Cordel’, realizado pelo jornalista Alan Bar-

reto, como um jornal, o cordel assumiu a função de informar às pessoas fatos da região, façanhas de cangaceiros, casos de rapto de moças, crimes, estragos da seca, efeitos das cheias, entre outras temáticas. A oralidade também é um elemento forte do estilo lite-rário. Antigamente, os versos eram declamados pelos trovadores; hoje, os cordelistas, cantadores e violeiros assumiram esta função.

De acordo com o pesquisador em cultura popular e cordelista Marco Haurélio, o cordel que se conhece atualmente (com predominância da sextilha setis-sílaba, ou seja, em versos rimados e metrificados) nasceu na Paraíba com os poetas Leandro Gomes de Barros (considerado por Drummond o rei da poesia do sertão) e Silvino Pirauá de Lima, consolidando-se como atividade editorial no Recife e na região do Brejo paraibano e se espalhando por outras regiões do Brasil por meio do migrante nordestino.

“O nosso cordel aproxi-ma-se, em certo ponto, da poesia popular praticada em Portugal, Espanha, França, Itália e na América espanhola. Em especial quando retrabalha temas da tradição oral. Mas apre-senta uma temática mais abrangente e dialoga, desde

sempre, com outros gêneros literários. E foi assim que ele ganhou uma feição própria, que se torna único”, explica ele.

Diversidade artística O cordel também está presente em outras

vertentes da cultura. Um bom exemplo desta influência está no denominado “Movimento Armorial”, fundado pelo escritor Ariano Suassu-na na década de 70, no Recife. Ele cria uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular, encontrados nos folhetos de cordel, e a vincula a música, dança, artes plásticas, teatro, cinema e televisão. O ‘Auto da Compadecida’ (1955) e ‘A Pedra do Reino’ (1970) são alguns de seus clássicos que, além da linguagem literária, também aderiram à linha teatral, cinematográfica e televisiva, sendo comum a todos a ligação com elementos cordelísticos.

Na música, artistas, como Antônio Carlos Nóbrega, Alceu Valença, Nando Cordel, Elba e Zé Ramalho, estão fortemen-te ligados ao estilo literário. Nas artes plásticas, a xilogravura (de-senho que ilustra as capas dos folhetos) é a arte que melhor representa o cordel, tendo nos artistas J. Borges, Marcelo So-ares, Dila e José da Costa Leite seus principais representantes.

Como o universo do cordel é muito rico e nele existe todo um imaginário simbólico da cultura nordestina, a jornalis-ta e pesquisadora em cultura popular Maria Alice Amorim afirma que este imaginário é

o principal responsável pela reelaboração das outras expressões artísticas. “Temos exemplos muito felizes em outras artes, em que artistas contemporâneos estão sempre bebendo na fonte cordeliana. Penso que esta diversidade de linguagens expressa a força do cordel na nossa cultura brasileira”, avalia.

Na televisão, atualmente a novela ‘Cordel Encantado’ leva ao grande público a riqueza da temática desta literatura, alvo de elogios e críticas dos que estão diretamente ligados à

cultura popular. Para o cordelista e professor Arievaldo Viana, alguns dos

pecados de ‘Cordel Encantado’ são os sotaques. “Estão exa-gerados, estereotipados, distantes da realidade da maioria dos Estados do Nordeste. Parece que, para o elenco e a direção da novela, o único sotaque que prevalece é aquele do ‘baiano preguiçoso’, de fala cantada, que a própria mídia se encarre-gou de criar e difundir. Desde já fique claro o meu respeito e

admiração pelo povo baiano”, ressalta Viana.

Já, Maria Alice Amorim acre-dita que vários temas da literatura tradicional nordestina são abordados acertadamente por ‘Cordel Encanta-do’. “O cangaço é bastante recorrente na literatura de cordel, assim como a narrativa de rapto de princesa, do casamento e do encantamento relacionado às sagas de reis e rainhas, príncipes e princesas. No cordel é comum tramas que envolvem poder e conquista. Nisso a novela acertou”, justifica a pesquisadora.

Ainda que seja uma arte que se confunde com as origens do próprio Brasil, até a estreia da novela da TV Globo, ‘Cordel Encantado’, muita gente ainda desconhecia o universo do cordel. O estilo literário também está ligado às artes plásticas, ao teatro, à música e outras linguagens

que vão muito além dos estereótipos abordados pela trama global

Marco HaurélioPesquisador e cordelista

Conheça alguns movimentos e instituições fomentadores do cordel no Brasil

Academia Brasileira de Literatura de Cordel (RJ) - é a entidade literária máxima a reunir, no Brasil, os expoentes deste gênero literário, típico da região Nordeste, com sede no Rio de Janeiro, fundada em 7 de setembro de 1988. Atualmente, é presidida por Gonçalo Ferreira da Silva. Outras informações: www.ablc.com.br

Bodega do Brasil (SP) - movimento constituído por artistas da cultura popular, cujo objetivo é fazer o intercâmbio entre a classe artística, o público e os meios sociais, com apresentações e exposições de trabalhos. O movimento acontece uma vez por mês no Centro de São Paulo. A Bodega é coordenada pelos cordelistas Costa Senna e Daniella Almeida. Informações: www.bodegadobrasil.blogspot.com.

Caravana do Cordel (SP) - projeto coletivo, construído por poetas populares nordestinos, radicados em São Paulo. O grupo, que é formado por poetas, artistas plásticos, músicos e pesquisadores, reúne muita gente nos eventos realizados em São Paulo, mantendo viva a tradição da poesia popular. A Caravana é coordenada por Varneci Nascimento, Marco Haurélio, Costa Senna, Pedro Monteiro, Nando Poeta, João Gomes de Sá e Cacá Lopes.

Ucran - União dos Cordelistas, Repentistas e Apologistas do Nordeste (SP) - entidade, fundada em 1988, em São Paulo, é formada por artistas populares, apologistas, pesquisadores, repentistas e cordelistas. A Ucran é presidida pelo repentista Sebastião Marinho. Outras informações: www.ucran.com.br. Unicordel - União dos Cordelistas de Pernambuco (PE) - é um movimento de

promoção e defesa da poesia popular, composto por poetas, declamadores, folheteiros, editores e pesquisadores. Suas ações prezam pela oralidade do cordel, apresentado em mercados públicos, escolas, universidades, bares, restaurantes e eventos culturais. Ela é presidida pelo cordelista José Honório da Silva. Outras informações: www.josehonorio.com.br.

ACLC - Academia Caruaruense de Literatura de cordel (PE) - tem o objetivo de formar novas gerações de leitores e produtores de literatura de cordel e homenagea os mestres cordelistas da região.

Casa Rui Barbosa (RJ) - possui o maior acervo de literatura popular em versos da América Latina e uma extensa bibliografia, composta de catálogos, antologias e estudos especializados com mais de 9 mil folhetos de cordel. A iniciativa está ligada ao Governo Federal. Outras informações: www.casaruibarbosa.gov.br.

Arievaldo VianaCordelista e professor

Maria Alice AmorimPesquisadora e jornalista

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O cordelcomo difusor da cultura popular

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avel Estado de São Paulo quer extinguir

sacolinhas até final de

julho/agosto 2011 - EM CENA - 2928 - EM CENA - julho/agosto 2011

A sacolinha plástica tem sido considera-da a grande “vilã” do meio ambiente, principalmente nos últimos anos quando aumentaram as discussões

sobre a criação de medidas para reduzir a poluição causada por ela. A solução encontrada para ame-nizar o problema foi a proibição do seu uso. Para viabilizar esta tendência, em maio deste ano, o governador de São Paulo, Geral-do Alckmin, assinou um acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas), prevendo a extinção destas embalagens até o final de 2011 em todo o terri-tório paulista.

Além dessa iniciativa do Estado, as campanhas contra as sacolinhas surtiram efeito em todo o País e elas estão proibidas em 14 capitais: Aracajú, Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, Goiânia, João Pessoal, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Luís, Teresina e Vitória. Recente-mente, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sancionou a lei que proíbe a distribuição gratuita

ou a venda de sacolas plásticas a consumidores em todos os estabelecimentos da cidade. O prazo para os empresários se adequarem é até o dia 31 de dezembro. O estabelecimento comercial que não cumprir a determinação poderá ser multa-

do entre R$ 50,00 e R$ 50 milhões.

Mesmo antes de a capital paulista aderir à medida, o interior já vinha criando alternativas para dimi-nuir esse hábito. No mês de junho começou a vigorar em Americana uma lei semelhante, de autoria do vereador Odair Dias (PV). Assim, como o município, outras cidades, como Monte Mor, Rio Claro, Ipeúna, Itapetininga e Taubaté também cria-

ram legislações sobre o assunto. Mas o debate sobre a proi-

bição desse tipo de embalagem ainda exige que sejam oferecidas outras opções para o transporte

de produtos, como as sacolas retornáveis ou biodegradáveis (feita de material orgânico) e até incentivos para a mu-dança de costume. Por isso, alguns supermercados, por exemplo, cobram pelas sacoli-nhas utilizadas pelo consumi-dor ao preço que varia de R$ 0,99 a R$ 1,99, para que as pessoas se acostumem a usar a sacola retornável.

As sacolinhas orgânicas são consideradas por alguns especialistas como uma boa opção, pois levam 180 dias para decompor, enquanto as comuns, feitas de polietileno, que é derivada do petróleo, chegam a demorar de 100 a 200 anos para se deteriorar. Em contrapartida, o professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), Ernesto Paulella, diz que

apesar do material orgânico ficar menos tempo presen-te no solo, durante o seu processo de decomposição ele libera gás metano na atmosfera.

“A sacolinha biodegradável é totalmente orgâni-ca. Durante a sua decomposição, além do

chorume, que é um líquido contami-nante e causa impacto nas águas, no

procedimento ela (saco-la) vai gerar ainda

o gás metano, que é o pior

dos gases no efeito estufa,

que agride a camada de

ozônio. Portanto, você troca um problema por outro”, alerta Paulella.

Na opinião do professor, as embalagens comuns não deveriam ser extintas, pois elas são de grande utilidade no transporte dos produtos. O que pode ser feito é criar uma boa gestão de resíduos, educar e informar a população sobre a forma adequada de descarte. Ele sugere também a adoção

de práticas usadas antigamente pelos consumidores, como carregar as compras em caixas de papelão e sacos de papel, para tentar diminuir a utilização das sacolas.

Descarte das sacolinhasMuitas vezes, as pessoas, sem a devida informação,

acreditam que estão agindo corretamente ao reaproveitar as embalagens plásticas para depositar o lixo, só que na verdade este é um costume errado. Em vez de contri-buir com o meio ambiente, estão enviando para o aterro sanitário um material que vai demorar até 200 anos para deteriorar. “Não podemos ver a sacolinha como vilã. O problema é o uso inadequado e a maneira como as pessoas a descartam”, afirmou o professor Ernesto Paulella.

Ele explica que o esse “mau hábito” pode gerar uma sé-rie de problemas, entre eles a ocupação do espaço físico da natureza por este tipo de plástico; o aumento dos riscos de enchentes nos centros urbanos, porque os saquinhos vão parar nos bueiros; e a causa de morte de animais aquáti-cos, quando eles se alimentam do material.

Segundo Paulella, a forma correta de descartar a sacola é separá-la para a reciclagem, mas quando é utilizada para

colocar restos de alimento ou objetos indesejados, por exemplo, a indicação é depositar a embalagem

em um saco de lixo, como é exigido pela Associação Brasileira de Nor-

mas Técnicas (ABNT).

Especialista alerta que sacolas biodegradáveis geram gás metano e sugere criação de uma boa gestão de resíduos

2011

Ernesto PaulellaProfessor

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avel Estado de São Paulo quer extinguir

sacolinhas até final de

julho/agosto 2011 - EM CENA - 2928 - EM CENA - julho/agosto 2011

A sacolinha plástica tem sido considera-da a grande “vilã” do meio ambiente, principalmente nos últimos anos quando aumentaram as discussões

sobre a criação de medidas para reduzir a poluição causada por ela. A solução encontrada para ame-nizar o problema foi a proibição do seu uso. Para viabilizar esta tendência, em maio deste ano, o governador de São Paulo, Geral-do Alckmin, assinou um acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas), prevendo a extinção destas embalagens até o final de 2011 em todo o terri-tório paulista.

Além dessa iniciativa do Estado, as campanhas contra as sacolinhas surtiram efeito em todo o País e elas estão proibidas em 14 capitais: Aracajú, Belo Horizonte, Brasília, Florianópolis, Goiânia, João Pessoal, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Luís, Teresina e Vitória. Recente-mente, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sancionou a lei que proíbe a distribuição gratuita

ou a venda de sacolas plásticas a consumidores em todos os estabelecimentos da cidade. O prazo para os empresários se adequarem é até o dia 31 de dezembro. O estabelecimento comercial que não cumprir a determinação poderá ser multa-

do entre R$ 50,00 e R$ 50 milhões.

Mesmo antes de a capital paulista aderir à medida, o interior já vinha criando alternativas para dimi-nuir esse hábito. No mês de junho começou a vigorar em Americana uma lei semelhante, de autoria do vereador Odair Dias (PV). Assim, como o município, outras cidades, como Monte Mor, Rio Claro, Ipeúna, Itapetininga e Taubaté também cria-

ram legislações sobre o assunto. Mas o debate sobre a proi-

bição desse tipo de embalagem ainda exige que sejam oferecidas outras opções para o transporte

de produtos, como as sacolas retornáveis ou biodegradáveis (feita de material orgânico) e até incentivos para a mu-dança de costume. Por isso, alguns supermercados, por exemplo, cobram pelas sacoli-nhas utilizadas pelo consumi-dor ao preço que varia de R$ 0,99 a R$ 1,99, para que as pessoas se acostumem a usar a sacola retornável.

As sacolinhas orgânicas são consideradas por alguns especialistas como uma boa opção, pois levam 180 dias para decompor, enquanto as comuns, feitas de polietileno, que é derivada do petróleo, chegam a demorar de 100 a 200 anos para se deteriorar. Em contrapartida, o professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), Ernesto Paulella, diz que

apesar do material orgânico ficar menos tempo presen-te no solo, durante o seu processo de decomposição ele libera gás metano na atmosfera.

“A sacolinha biodegradável é totalmente orgâni-ca. Durante a sua decomposição, além do

chorume, que é um líquido contami-nante e causa impacto nas águas, no

procedimento ela (saco-la) vai gerar ainda

o gás metano, que é o pior

dos gases no efeito estufa,

que agride a camada de

ozônio. Portanto, você troca um problema por outro”, alerta Paulella.

Na opinião do professor, as embalagens comuns não deveriam ser extintas, pois elas são de grande utilidade no transporte dos produtos. O que pode ser feito é criar uma boa gestão de resíduos, educar e informar a população sobre a forma adequada de descarte. Ele sugere também a adoção

de práticas usadas antigamente pelos consumidores, como carregar as compras em caixas de papelão e sacos de papel, para tentar diminuir a utilização das sacolas.

Descarte das sacolinhasMuitas vezes, as pessoas, sem a devida informação,

acreditam que estão agindo corretamente ao reaproveitar as embalagens plásticas para depositar o lixo, só que na verdade este é um costume errado. Em vez de contri-buir com o meio ambiente, estão enviando para o aterro sanitário um material que vai demorar até 200 anos para deteriorar. “Não podemos ver a sacolinha como vilã. O problema é o uso inadequado e a maneira como as pessoas a descartam”, afirmou o professor Ernesto Paulella.

Ele explica que o esse “mau hábito” pode gerar uma sé-rie de problemas, entre eles a ocupação do espaço físico da natureza por este tipo de plástico; o aumento dos riscos de enchentes nos centros urbanos, porque os saquinhos vão parar nos bueiros; e a causa de morte de animais aquáti-cos, quando eles se alimentam do material.

Segundo Paulella, a forma correta de descartar a sacola é separá-la para a reciclagem, mas quando é utilizada para

colocar restos de alimento ou objetos indesejados, por exemplo, a indicação é depositar a embalagem

em um saco de lixo, como é exigido pela Associação Brasileira de Nor-

mas Técnicas (ABNT).

Especialista alerta que sacolas biodegradáveis geram gás metano e sugere criação de uma boa gestão de resíduos

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30 - EM CENA - julho/agosto 2011

A cada edição desta publicação, o Sinsaúde Campinas e Região presta uma homenagem aos trabalhado-res de sua base de representação que acreditaram e

depositaram sua confiança na entidade, empenhando-se em suas lutas e conquistas para que a entidade ultrapassasse as barreiras do tempo e garantindo uma imagem forte e positi-va há mais de sete décadas.

Os homenageados nesta edição são os profissionais de Espírito Santo do Pinhal que atuam nos mais variados setores, mas integram uma só equipe quando o assunto é dar qualidade de vida aos pacientes. São trabalhadores que lutam para ter seu trabalho reconhecido e respeitado pela sociedade e não medem esforços para isso.

Nas edições anteriores tiveram destaque, nesta coluna, os trabalhadores das cidades que compõem a base de Tupã, Araraquara, Americana, Amparo, Atibaia, Dracena, Araras e Itapira, que, assim como Pinhal, são formadas por profissio-nais que acreditam no Sinsaúde e apoiam seu trabalho.

Cada profissional, independente do trabalho que exerce, enfrenta desafios diários para salvar vidas e luta para vencê-los. Entre ganhos e perdas, dores e alegrias, os profissionais da saúde de Pinhal se mostram capazes de enfrentar os problemas impostos no dia a dia pela profissão. Homena-geá-los nesta página é uma forma de agradecer a dedicação e o esforço em porporcionar o bem-estar às pessoas que necessitam de seus cuidados.

Espírito Santo do Pinhal

Hospital Francisco RosasHospital Bezerra de Menezes

Clínica Sayão

Hospital Bezerra de Menezes

1 maria do socorro pimentel madruga2 - izaias silveira3- nivian michelle santos da silva; luciana luques das chagas4 demitida; priscila helena rodrigues dos santos

Hospital Francisco Rosas

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