Revista Ensino Arte - Rosa Iavelberg

download Revista Ensino Arte - Rosa Iavelberg

of 3

Transcript of Revista Ensino Arte - Rosa Iavelberg

  • 8/18/2019 Revista Ensino Arte - Rosa Iavelberg

    1/3

      2

     A aprendizagem artística trabalhada em sala de aula

    tem como função desenvolver no aluno a competência

    para criar, interpretar e refletir sobre a arte.

    P A L A V R A

       E   D   U   A   R   D

       O    S

       A   N   T   A   L   I   E   S   T   R   A

    Rosa Iavelberg: “O ensino de arte requer um professor orientador, que incentiva a produção, o envolvimento e a constância do aluno”.

    O ensino de arte

    A educação em arte ganha crescente importânciaquando se pensa na formação necessária para umaadequada inserção social, cultural e profissional do

     jovem contemporâneo. Ela imprime sua marca aodemandar um sujeito da aprendizagem criador, pro-positor, reflexivo e inovador. Se hoje o aluno deveser formado para enfrentar situações incertas e pararesistir às imposições de velocidade e de fragmenta-ção que caracterizam a contemporaneidade, a artepode colaborar e muito.

    Na construção da identidade artística das crianças edos jovens que freqüentam as escolas, os professorestêm um papel significativo. Sua colaboração é aindamaior quando sabem respeitar os modos de apren-dizagem e dedicar o tempo necessário a fornecerorientações e conteúdos adequados para a formaçãoem arte, que inclui tanto saberes universais comoaqueles que se relacionam ao cotidiano do aluno.

    É o professor quem promove o fazer artístico, aleitura dos objetos estéticos e a reflexão sobre a arte,

    Rosa Iavelberg 

  • 8/18/2019 Revista Ensino Arte - Rosa Iavelberg

    2/3

      3

    Na construção da

    identidade artística das

    crianças e dos jovens que

     freqüentam as escolas, os professores têm um papel

    significativo.“   “

    de modo que o aluno possa se desenvolver como umsujeito governado por si próprio ao mesmo tempo emque interage com os símbolos da cultura. Além dedebater os conteúdos específicos da área, o profes-sor deve estar atento para o temperamento de cada

    aluno, observando suas ações e individualidade. Ouseja, na formação em arte o plano da subjetividadedialoga permanentemente com as informações eorientações oferecidas pelo professor.

    Acolher e exigir são os pólos da oscilação pen-dular, que representa os movimentos do professornas orientações didáticas em arte. Dessa forma, sãocriadas as condições para que o aluno sinta-se bemao manifestar seus pontos de vista e mostrar suascriações artísticas na sala de aula, além de favorecera construção de uma imagem positiva de si mesmocomo conhecedor e produtor em arte.

    Assim, fazem parte do conjunto de ações desenvol-vidas pelo professor nessa área: orientar os proces-sos de criação artística oferecendo suporte técnico,acompanhando o aluno no enfrentamento dos obs-táculos inerentes à criação, ajudando-o na resoluçãode problemas com dicas e perguntas e fazendo-oacreditar em si mesmo; propor exercícios que apri-moram a criação, informando-o sobre a História daArte; promover a leitura, a reflexão e a construçãode idéias sobre arte e ainda documentar ostrabalhos e textos produzidos para análise ereflexão conjunta na sala de aula.

    Cada imagem, cada gesto, cada som queemerge nas formas artísticas criadas emsala de aula têm grande importância, umavez que se referem ao universo simbólicodo aluno. Portanto, exigem a atuaçãoprecisa do professor, o planejamentodo tempo, a organização do espaço e aatenção aos processos de comunicação,tanto entre professor e aluno como entreos colegas de classe.

    Uma aprendizagem artística assim percorridadeixará marcas positivas na memória do aprendiz,um sentimento de competência para criar, interpre-tar objetos artísticos e refletir sobre arte sabendosituar as produções. Além disso, o aluno aprendea lidar com situações novas, inusitadas eincorpora competências e habilidadespara expor publicamente suas produ-ções e idéias com autonomia.

    Isso não significa que arte pro-mova a auto-estima num passede mágica, pela simples afirma-tiva de que tudo o que o alunofaz e pensa em arte é ótimo.

    Cada um se sentirá confiante em relação a sua arteà medida que aprender efetivamente, atendendo aostrês eixos de aprendizagem significativa: fazer, inter-pretar e refletir sobre arte, sabendo contextualizá-lacomo produção social e histórica.

    Dominar os processos de criação em arte, cons-truindo um percurso cultivado, ou seja, informadopela cultura requer um professor orientador, queincentiva a produção, ensina os caminhos da criaçãoe solicita do aluno envolvimento e constância. Oapoio do professor, por sua vez, é alimentado pela suaatualização permanente, necessária para se ter fami-liaridade com o universo procedimental da arte.

       E   D   U   A   R   D   O    S

       A   N   T   A   L   I   E   S   T   R   A

  • 8/18/2019 Revista Ensino Arte - Rosa Iavelberg

    3/3

      4

    Cada imagem, cada gesto,

    cada som que emerge nas

     formas artísticas criadas

    em sala de aula têm

    grande importância, uma

    vez que se referem ao

    universo simbólico 

    do aluno.

    “    “

    Também as leituras de objetos artís-ticos, outra competência que promovea imagem positiva do aprendiz, devemter papel destacado na sala de aula,

    porque além de cumprirem o papel deformação cultural, conectam a apren-dizagem escolar ao patrimônio cultu-ral. A instância de formação escolarintegrada à produção social da arte éum aprendizado para a participaçãodo jovem na sociedade. Ao atribuir eextrair significados das produções decríticos, historiadores da arte, jornalis-tas, artistas, filósofos, com a mediaçãodo professor, os jovens compreendeme se situam no mundo como agentes

    transformadores.

    Nesse percurso de construção de saberes, cadaaluno fará escolhas com liberdade e discernimento,o que caracteriza os processos de criação em artee de aprendizagem autoral. Será, sim, influenciadopelas culturas, mas contará com traços propositivose transformadores, próprios dos modos de continuaraprendendo sempre e por si, dentro e fora da escola,renovando-se em contato a diversidade de manifesta-ções artísticas que revelam o movimento contínuo daarte e do conhecimento.

    A vida cultural pode (e deve) transitar pela escola.A visita a feiras e ateliês, mostras da cidade, apresen-tações de dança, teatro e música tem o objetivo deestabelecer a comunicação permanente entre o quese estuda e a cultura em produção, além dos estudosreferentes à História da Arte. Um aluno preparado parao futuro é aquele que acompanha seu tempo, anco-rado em uma sólida formação. Nesse aspecto, a arteé, sem dúvida, uma base imprescindível por incluir asformas simbólicas que dizem respeito à humanizaçãode todos os tempos e lugares.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte . São Paulo: Ática, 1985.

    COLL, C. & MARTÍN E. & MAURI, T. & MIRAS, M. &ONRUBIA, J. & SOLÉ, I. & ZABALA, A. O Construtivismona sala de aula. São Paulo: Ática, 1997.

    FERRAZ, Maria Heloisa C. T. & FUSARI, Maria F. R.  Artena educação escolar . São Paulo: Cortez, 1992.

    FERNANDO, Hernandez & VENTURA, M.  A organiza- ção do currículo por projetos de trabalho . Porto Alegre:Artmed, 1998.

    IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender Arte: sala deaula e formação de professores . Porto Alegre: Artmed, 2003.

    ________________. Material didático como meio de for- mação – criação e utilização . In: Educação com arte/sérieIdéias 31. São Paulo: FDE, 2004.

    Parâmetros Curriculares Nacionais para o EnsinoFundamental, MEC/SEF, 1997.

    ZABALA, Antoni.  A prática educativa: como ensinar .Porto Alegre: Artmed, 1998.

       C   I   D

    Rosa Iavelberg  é doutora em Arte-Educação pela Escolade Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo(USP). Coordenou e elaborou os Parâmetros NacionaisCurriculares do Ensino Fundamental de 1a a 4a séries.