Revista Espordivas #2 - Novembro de 2010 - Cascavel (PR)

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Edição 2 - Novembro de 2010 Rastro de Poeira Atenção, equilíbrio, postura e velocidade! Conheça o hipismo e as amazonas de Cascavel

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A Espordivas é uma revista especializada em esportes, voltada especificamente para mulheres. Foi idealizado por Nathália Sartorato, Jéssica Moreira, Tátila Pereira, Marcele Antonio e Simone Lima. Na Espordivas falamos sobre esporte, de mulher para mulher e sobre mulher. *Os anúncios são meramente ilustrativos.

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Edição 2 - Novembro de 2010

Rastro de PoeiraAtenção, equilíbrio, postura e velocidade!Conheça o hipismo e as amazonas de Cascavel

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Escalação

Futebol, futebol, futebol!Paloma Tocci

Salto alto sim, mas não sempreNathália Sartorato

Rubgy: e aí, vai encarar?Marcele Antonio

Em busca do sossegoJéssica Moreira e Simone Lima

Pilates: na guerra contra a balança e o estresseTátila Pereira

CAPA - Rastro de poeiraJéssica Moreira e Simone Lima

Princesas do saibroNathália Sartorato

ESPORDICA - Alongue-se!Jéssica Moreira

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Expediente

Acadêmicas: Jéssica Moreira, Marcele Antonio, Nathália Sartorato, Simone Lima e Tátila Pereira.Jornalistas Responsáveis: Claudemir Hauptmann, Franciele Luzia, Ralph Willians de Camargo e Silvio Demétrio.Contato: [email protected]

Jornalismo - Faculdade Assis Gurgacz - Cascavel (PR)

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Honrando ser uma revista

de esportes para mulheres,

essa nova edição da Espor-

divas traz junto das páginas

muito suor, vindo da correria

das cinco divas que coman-

dam a publicação.

Preparamos para vocês

uma revista recheada de nar-

rativas bacanas de espordi-

vas que se destacaram em

alguma área do esporte e têm

boas histórias para contar.

Nós, editoras, buscamos

sempre uma grande varieda-

de nos assuntos abordados.

Você vai ver que Cascavel

está muito bem servida de

tenistas. As divas da matéria

têm várias idades e motivos

para permanecer no esporte.

Além de conhecê-las, você

pode vai saber um pouco so-

bre esse jogo cheio de regras.

E os benefícios do Pilates?

São inúmeros. Nós fomos ver

de pertinho o que esta prática

tem de bom e as divas que a

escolheram como forma de

manterem-se bem com elas

mesmas. E tem mais: vai des-

cobrir quem foi o precursor da

técnica.Conhece o rugby? Sabia

que Cascavel tem uma equi-

pe feminina de rugby? Pois

é, encontramos um grupo de

mulheres que não está nem

aí para a fama de “bruta” que

essa prática tem. Muito pelo

contrário, elas mostram que

no gramado tem muito espa-

ço para ser diva.

Ainda tem a nossa maté-

ria de capa, que vai mostrar

a garra das garotas que so-

nham em ser campeãs do

hipismo profissional. Vai en-

O recheio da 2ª edição!

blá blá blá

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tender porque esse esporte

ganhou a preferência do pú-

blico feminino, aliando saúde

e personalidade. Nessa ma-

téria você vai descobrir que

no Brasil tem muita gente fa-

zendo história no hipismo.

Que tal uma caminhada

no Lago Municipal? Fizemos

esse passeio e comprovamos

que o cartão postal da cida-

de pode ser um ótimo lugar

para a prática esportiva, um

passeio com a família, ou até

mesmo para aquele descan-

so de fim de semana.

Vale lembrar que olhares

masculinos são bem-vindos

sobre nossas matérias e, é

claro, sobre nossas divas. Es-

peramos que você curta essa

nova edição e que se aventu-

re nas histórias. Boa leitura.

Jéssica Moreira

Simone LimaMarcele Antonio

Nathália Sartorato

Tátila P

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Salto alto sim, mas não sempre

É quase unânime entre as mulheres a opinião de que salto alto é sinônimo de elegância, feminilidade e poder. Mas é preciso moderação.

Pâmella Albertti, acadêmica do 3º pe-ríodo de Educação Física da Faculdade Assis Gurgacz realizou um estudo para analisar o ‘caminhar’ com salto alto e compará-lo com o ‘caminhar padrão’. Os resultados obtidos mostraram que o salto alto traz uma instabilidade na caminhada,

e seu uso frequente pode ocasionar do-res lombares, nas articulações do joe-lho e tornozelo, podendo até chegar a lesões musculares.

Do ponto de vista da medicina, salto alto é apenas um calçado estético, com uma grande variação de tamanhos, mo-delos, formas e cores.

Mas nós sabemos que ele é peça chave no universo feminino. Por isso, usem sem abusar!

Nathália Sartorato

Futebol, futebol, futebol!

Acordo pensando na redonda e vou dormir com o futebol na cabeça. Parece estranho? Pode até ser. Não para quem quer trabalhar com o esporte ou para quem se emociona com o espetáculo.

As mulheres estão cada vez mais liga-das ao mundo, que até pouco tempo, era dominado pelos marmanjos. Com pro-priedade elas falam sobre o assunto, entendem a tática e a técnica e dentro de campo dão um show: a melhor joga-dora do mundo é brasileira, se chama Marta e deveria ser estudada. Ela faz o que quer com a bola!

Confesso: não são todas as mulheres que se interes-sam pelo assunto! É preciso sentir o futebol. Enquanto discuto a modalidade com algumas amigas, outras não se conformam com essa paixão. Um jogo pode arrepiar, emo-cionar, impressionar... mas, não são todas que sentem essas emoções!

Já arrisquei uns dribles, fiz uns gol-zinhos na época da escola. Adorava os esportes coletivos: vôlei, handebol, basquete. Com o tempo e a falta dele, o sedentarismo e o trabalho tomaram conta da minha vida. Não adianta só falar, falar, falar de esporte: não emagrece e nem faz bem para a saúde! Mas, mulheres, de uns tempos pra cá, em alguns momentos do meu dia a dia, um outro esporte colocou a

bola para escanteio.E aqui vai minha dica. Enquanto umas

gostam de futebol, outra gostam de A-CA--DE-MI-A. Eu sempre detestei A-CA-DE--MI-A! E quando escrevo essa palavra assim, separadinha é para ficar claro o

SO-FRI-MEN-TO, porque, pra mim sem-pre foi.

Está certo que as revistas chamam a atenção para os exercícios diários e a qualidade de vida, só que fazer muscu-lação é hábito, tem que ter prazer. E haja força de vontade! Bom, minha ligação com a musculação sempre foi trágica.

Paloma Tocci*

Já passei por muitas academias, fazia a inscrição, chegava para a aula, o profes-sor passava os exercícios e.... Está certo. Vou sim viu, contar 3 séries de 12 sem fraudá-las; vou sim saber o exercício per-feitamente: posicionamento do braço ou da perna, carga, ajuste do banco, etc! No fim, perdia o pique, perdia o plano, perdia dinheiro!

Se alguém se identificou com estes relatos aí vai uma dica: personal train-ner. Tem que investir? Sim. Vale a pena? Vale. O corpo muda? E como! O astral

então...É verdade o que escrevem

nas revistas de boa forma! E saibam que estou totalmen-te envolvida com o esporte! Quem sabe, daqui a alguns uns meses ou anos eu já es-teja treinando sozinha! Sem fraudar exercícios, ajustando os aparelhos sozinha e deba-tendo boa forma com minhas amigas.

Esporte é saúde. Com a bola ou sem ela todos deve-riam praticar. Sentir. Mas, nada

supera uma partida de futebol!

*Paloma Tocci é jornalista e apresentadora do programa RedeTV Esporte.

opinião

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RUGBYE AÍ, VAI ENCARAR?Marcele Antonio

Quem foi disse que mulheres não encaram desafios mais agressivos? A equipe feminina de rugby de Cascavel é a pro-va concreta de que divas não temem gramado, chuteira e muitos tombos. Com pouco tempo de formação, elas já estão mostrando a que vieram: os treinos são puxados, sem qual-quer diferenciação do masculino. Garra é o que não falta para enfrentar competições, mas ainda é cedo pra pensar nisso. Por enquanto elas transformam o campo do Jardim Maria Lui-za em um verdadeiro palco de ensaio. E comprovam, com determinação de guerreiras, que rugby não é um esporte pre-dominantemente masculino.

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São poucas as pessoas que já escutaram falar sobre rugby. Esse é um esporte pouco divulgado, mas que possui muitos adeptos. São três milhões de praticantes distribuí-dos em mais de 120 países. Quem pratica, defende o esporte com unhas e dentes: jo-gadores de rugby são verdadeiros apaixo-nados pela força e pela agilidade. Gostam tanto que desprezam completamente o fato de que roupas podem ser rasgadas, joe-lhos podem ser esfolados e que arranhões podem acontecer. Essa é uma prática pra coragem de poucos, apesar de ser extrema-mente democrático: pessoas baixas, altas, gordas, magras... todas estão aptas a pra-ticar e cada uma delas recebe uma função conforme a sua habilidade.

Das muitas versões contadas sobre o sur-gimento do rugby, a mais aceita é de que em 1823, um jogador de futebol se irritou com a monotonia do jogo, agarrou a bola com as mãos e saiu correndo. Os companheiros ficaram nervosos e também correram atrás da bola. Esse jogo bizarro aconteceu na Ru-gby School, em Londres, e deu origem, in-conscientemente, a um novo esporte. Hoje, pra quem vê de longe, a primeira resposta que vem à cabeça quando perguntamos so-bre rugby, é: “é um espor-te tipo futebol americano né?”. Tem lá suas seme-lhanças, mas, difere mui-to mais do que parece. “O futebol americano é mais tático, mais técnico e mais parado. Um parti-da desse esporte dura três horas, três horas e meia. Já o rugby não: são dois tempos de 40 minutos”, explica Rafael Lustoza, prati-cante e treinador. No rubgy, o corpo recebe a proteção da boqueira, e algumas vezes de um colete e capacete. Nada das paraferná-lias usadas no futebol americano. Por essas

e outras, o rugby ganha rótulo de esporte bruto e agressivo. Algo difícil de descons-truir, mas não impossível.

No Brasil todo são 20 times credencia-dos na Associação Brasileira de Rugby. E o esporte também conquistou o Paraná e, é claro, Cascavel. Nossa cidade se consagra por ter um time masculino tradicional e, por há cerca de um mês, dar um largo e audacioso passo: o Casca-vel Rugby Clube tem agora sua versão feminina. Uma atitude que nasceu da von-tade das esposas dos jo-gadores: convivendo com a adrenalina do esporte, viciaram também. Uniram adeptas e tomaram a frente até do presidente do Clube, Nilo Fuscarini. Ele continua como presidente, mas pra todos os efeitos, as mulheres se tornaram suas pró-prias coordenadoras.

São duas horas de suor por semana, no campo do bairro Maria Luiza, que aos poucos vão transformando amadoras em profissionais. Às duas da tarde no sábado, elas trocam os terninhos, vestidos, sapatos e chapinha por shorts, camiseta e rabo de

cavalo. A maquiagem agora é feita de protetor solar. No jogo, agilidade é quesito fundamental. Os movimentos bruscos, ignorados pela maioria

das mulheres, no rugby são indispensá-veis. Para os homens, a própria estrutu-ra do corpo já parece facilitar a prática do esporte. Para as mulheres, essa agressi-vidade implícita pede um esforço a mais. Mas elas não se intimidam. Essa ousadia fica

nítida no olhar de cada uma delas, mas prin-cipalmente, no daquela que timidamente parece apontar como a capitã do time. Lu-ciane Cikotski, de 34 anos é a mais velha do grupo. Praticante assídua de musculação, ela acompanhou o trajeto do marido nos campeonatos de rugby e não teve dúvida de

que esse esporte seria perfeito para trabalhar a força do corpo. Foi então que Luciane deu o impul-so para a construção do time. “Nós fomos para Cianorte e vimos lá duas equipes femininas... E eu vi que as meninas se

igualavam a competição dos homens e per-cebi que Cascavel precisava ter uma equipe feminina. Daí surgiu a idéia de chamar algu-mas amigas minhas pra treinar”, conta.

É fácil concordar com a Luciane. De fato, o jogo das meninas está nivelado ao dos homens. As regras continuam as mesmas, o tamanho do campo também. A única di-ferença, que nas palavras do treinador Ra-fael, percebemos que é ínfima, é o peso da bola. O que se nota apenas é que o tempo de um mês ainda não é suficiente pra as-similar todos os movimentos, posições e particularidades do rugby. Quem está tendo os primeiros contatos com o esporte, como a Amanda Dias de 13 anos, sente muita dificuldade. “Fiquei sabendo do time por uma amiga que treina. No começo, fiquei assustada. Sou a menor do time e tenho medo de me machucar”, explica a pequena rugberiana. No primeiro treino dela, parecia apreensiva e ao mesmo tempo, encantada. Jogava, caia, levantava e ria. O treino é uma diversão. Percebe-se isso não só no sorriso da Amanda, mas de todas as demais. Tal-vez sejam esses os sorrisos que o rugby

precisava pra desmistificar sua brutalida-de. “Eu gosto de esporte forte, não gos-to de nada fraco. Então pra mim está sendo maravilhoso, me apaixonei”, ex-pressou engajadamente Shyze Silva,

de 29 anos. O passo inicial de cada treino, seja masculino, seja feminino é a par-te técnica: treinam-se

O rugby ganha rótulo de esporte bruto e agressivo.

Algo difícil de descons-truir, mas não impossível.

“Eu gosto de esporte forte, não gosto de nada

fraco. Então pra mim está sendo maravilhoso, me

apaixonei”

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todos os movimentos. Partir para o jogo propriamente dito só depois de vários tom-bos no gramado. E acredite, são treinadas até maneiras de como cair corretamente. Agora imagine as mulheres voando com a bola nas mãos, se confrontando como se descontassem umas nas outras as raivas da tensão pré-menstrual. Elas incorporam totalmente o clima do jogo. Verdadeiramen-te, compram a briga. O treinador grita, cor-rige, incentiva: “bóra mu-lherada”.

O que elas estão co-meçando a aprender são as minúcias do es-porte, que, aliás, não são poucas. O objetivo principal é colocar a bola in-goal, a linha de fundo do campo. Nessa jogada, ganha-se a pontuação máxima do jogo, o try, com 5 pontos, seguidos dos do penault (3), do drop-goal (3) e da conversão (2). A bola é passada de jogador para joga-dor sempre para trás, ou para os lados. No caso de chutes, o lance é sempre pra frente.

Complicado? Só na teoria. Praticando, as diferentes funções que cada um ocu-pa em campo, se complementam. E para elas é ainda mais evidente que o espírito de equipe

reina soberano sobre a competitividade. Elas já acompanharam um torneio de

rugby sevens, onde disputam apenas sete jogadores de cada lado. Mas pra compe-tir, segundo o presidente do clube, ainda é cedo. É preciso amadurecimento. “O treina-mento delas é basicamente igual ao nosso: extremamente técnico, depois faz um jogui-nho coletivo pra se adaptar, pra ter a condi-ção de estar encarando uma competição de

verdade. Mais futuramente quando elas acharem e nós acharmos que estão prontas, a gente inscreve elas num torneio, e vamos ver no que é que dá! “, ex-plicou Nilo.

E quer uma prova de que a competição fica no campo, e que o clima de

respeito e esportividade predomina nesse esporte? O terceiro tempo. No rugby, essa é uma tradição: o momento de confraterni-zação entre as equipes. Depois das parti-das, os jogadores se reúnem pra conversar e comentar as jogadas. “O que aconteceu em campo, morreu em campo. Fora dele todo mundo é amigo, todo mundo é irmão”,

ressalta Rafael Henze, treinador e um dos jogadores mais antigos do Cascavel Ru-gby Clube.

O terceiro tempo feminino? Acontece

Elas incorporam total-mente o clima do jogo. Verdadeiramente, com-

pram a briga. O treinador grita, corrige, incentiva:

“bóra mulherada!”

em campo praticamente em todos os inter-valos. As meninas se divertem em todas as jogadas, e conversam assim que podem. Essa diversão explícita é o reflexo da ale-gria que elas sentem em estarem encaran-do tamanho desafio. Foi preciso ousadia, e agora, é preciso dose extra de persistência. “A gente está treinando pra ir pra frente, com garra. Não ter medo de cair, não ter medo de machucar, de não conseguir fazer. Todas temos que treinar, todas temos que tentar”, conta Shyze.

No ano que vem veremos estas divas prontas para competir. Segundo elas, até lá estarão preparadas, seguras, e “glamouro-samente” uniformizadas. De rosa, é claro.

Se você goStou e quer encarar, o Cascavel Rubgy Feminino está esperando você, espordiva! Entre em contato com a Priscila Henze através do [email protected] e encare o desafio de ser uma rugberiana!

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Domingo, 18º, sol e muito vento! São nove horas da manhã e um dos pontos tu-rísticos de Cascavel está repleto de gente animada. Pessoas sozinhas ou acompa-nhadas que aproveitam o começo do dia da semana mais preguiçoso para cuidar da saúde.

Moletom e tênis! Combinação perfeita para uma caminhada sob as árvores e a beira do lago. Não importa a hora ou o dia da semana, o que elas buscam é fugir da ro-tina, movimentar o corpo e relaxar a mente. Basta um olhar mais apurado para entender o porque estar aqui transforma o agir, o an-dar, e revigora a alma. Elas vêm acompa-nhadas de seus animais de estimação, dos filhos e dos maridos.

A professora Luci Petry tem 49 anos e enfrenta durante toda a semana uma in-tensa rotina de aulas. No fim de semana ela aproveita para aliviar a tensão olhando as diferentes espécies de árvores do lago. “É o momento de ficar sozinha com os pen-samentos. Gosto de caminhar e ir fazendo as minhas orações. É o tempo que tiro para mim.”

Já na altura dos 100 metros, o retrato da manhã movimentada pela brincadeira das crianças no parquinho e dos piqueniques em família, cede lugar para um ambiente de papo atlético e concentração. E, lá vem os bombeiros num treinamento acelerado para testar o desempenho físico. 19 homens e uma mulher, essa era a proporção que se percebia num rastro de tempo curto. Em menos de um minuto já não são mais visí-veis, se perderam em meio ao caminho do lago.

De encontro vem chegando a jornalista Rejane Martins Pires, que aos 39 anos es-banja juventude quando o assunto é disposi-ção. “Caminho três vezes por semana, faço 4km. Essa é a opção que encontrei para dri-blar o meu sedentarismo, a minha profissão exige que eu passe muito tempo na mesma posição. Caminhar aqui traz muita energia positiva. É muito mais saúde.”

Ainda nos 100 metros de percurso a bei-ra do lago vem passando mais uma diva. Moletom verde, cabelos loiros, unhas bem

caminhada

Em busca do sossego

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Quem se exercita no lago de Cascavel aproveita a paisagem para esquecer os problemas

Jéssica Moreira e Simone Lima

Foto: Simone Lima

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feitas, olhos marcados e uma simpatia que de longe poderia animar qualquer pessoa. Nicea Rossatto é bancária. Aos 44 anos dá lição em muita mocinha que prefere passar o dia na frente do computador. “Tenho necessida-de de mudar de ares e aqui é o melhor lugar para isso: você vê gente diferente. Mexe com a auto-estima mesmo.”

Apesar de toda animação Nicea confessa que a caminhada só passou a fazer parte da rotina em 2010 - foi um propósito da virada do ano. Em primeiro de janeiro ela prometeu mudar os hábitos, e está cumprindo com a palavra. “Eu mesma nunca fui muito ligada ao esporte, mas no começo do ano eu decidi mudar de vida, com muita força de vontade, duas vezes por semana estou aqui dando duas voltas completas no lago.”

E não é só a Nicea que deixa a preguiça de lado. Lorena Grando passa todas as manhãs admirando a paisagem e se exercitando. Ela é psicóloga, tem 46 anos e confessa que o ponto mais atrativo do passeio é a fuga dos problemas. Como ela mesma diz: “aqui é um paraíso, pela necessidade. Estar aqui faz a gente esquecer um pouco os problemas, a rotina”.

Das mulheres que caminham sozinhas para aquelas que vem acompanhadas. Ana Rita Bonfanti tem como companheiras a filha Betina, uma jovem de 15 anos, e a Daphe, uma cadelinha poodle de pêlos brancos e fo-cinho rosado. Para Ana Rita o mais difícil é o alongamento. Por enquanto tem feito apenas antes de caminhar, mas o compromisso que fez com a filha é o de se cuidar fazendo o certo, antes e depois do exercício. A Betina é estudante e confessa que o esforço vale a pena pela companhia da mãe. “Venho para acompanhar a mãe, é o tempo que a gente tem. Além do que, eu gosto de ficar perto da natureza.”

Depois de caminhar esse trecho o que vem a mente, a partir das conversas com as esportistas, são as sábias palavras de Érico Veríssimo: a vida começa todos os dias!

Foi com esse pensamento que Cristiane Marcon Rauber passou a frequentar o Lago Municipal acompanhada do marido. É a ter-ceira vez que faz caminhada por aqui, mas já percebeu a mudança de humor. “Mais bem--estar, disposição e eu tenho um propósito: perder a barriga, mas já dá para perceber que o corpo fica leve, estou bem mais tranquila.”

De volta ao quilômetro zero! Crianças no parquinho e namorados tomando sorvete, um cenário de despedida para as repórteres da Espordivas, mas uma vista animadora para as irmãs que acabaram de descer do carro do pai com os patins na mão para aproveitar o finalzinho da manhã.

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“Contemplo o lago mudoQue uma brisa estremece.Não sei se penso em tudoOu se tudo me esquece.”

Fernando Pessoa

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Quando se pensa em malhação, cor-po perfeito e academia deve vir à cabe-ça de muita gente a seguinte cena: um personal trainner gritando, uma música alta e um bando de pessoas em frente a um espelho numa obsessão narcisista incrível. Apague essa cena da sua mente agora. Respire fundo. Você acaba de en-trar numa sala e neste ambiente só estão você e uma instrutora. O único som que chega aos seus ouvidos é o da voz calma da professora que indica o que você deve fazer, ou, no máximo, uma música lenta. Relaxou? Está melhor para você? Então seja bem-vinda para descobrir os benefí-cios e a história do Pilates.

Um sujeito com muitos problemas de saúde, mas com uma cabeça cheia de ideias inventou essa técnica na década de 1920. O momento sócio-político era complicado. Há pouco, uma guerra havia matado mais de 19 milhões de pessoas e ainda deixara mais milhares com proble-mas de saúde. Joseph Pilates foi prisio-neiro nesse período e, no confinamento, desenvolveu formas de reabilitar os feri-dos que ali chegavam.

Apesar da descoberta, a prática não se disseminou na Alemanha. Pilates só conseguiu notoriedade quando foi para os Estados Unidos, onde passou a ter alunos e seguidores. Lá ele abriu o que se chama

de Estúdio, que é como se fosse uma sala para fazer essa atividade. A aceitação dos americanos foi imediata, atraindo espor-tistas, dançarinos, atores e várias outras pessoas influentes da cidade.

Mas o Pilates não é o mesmo lá dos anos 20. Com o passar do tempo, novos exercícios, formas e aparelhos foram sen-do usados. As influências acrescentadas vieram do zenbudismo, das artes marciais e também da milenar prática do ioga. Po-rém, os princípios de Joseph Pilates continuam os mesmos: “concentração, controle, centralização de força, fluidez, precisão e respiração”.

Surgido no palco da guerra, hoje o

Pila

tes na guerra contra a

balança e o estresseO método que busca a harmonia entre mente e corpo ganha a cada dia mais adeptos

Pilates se encontra frente a um outro confronto: a ba-talha contra as gordurinhas localizadas. Em Cascavel tem muita gente buscando um corpo em dia com este método. Clínicas de estéti-ca, de fisioterapia ou estú-dios especializados estão com os horários lotados. Os exercícios podem ser defi-nidos como uma espécie de encontro consigo mesmo. O Pilates possibilita o autoco-nhecimento, pois após um tempo você passa a perce-ber a sua força, seus pontos fortes e fracos, resistência e ainda controlar os pen-samentos. “Quando a gen-te tem um pleno controle do nosso corpo e da nossa mente nós somos considera-dos pessoas saudáveis, har-

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moniosas, que dificilmente desenvolverão doenças derivadas do estresse, fadiga”, explica Simone Fonseca, fisioterapeuta e instrutora de Pilates.

O método parece um ballet com seus passos ensaiados e, bem de perto, su-pervisionados pelos instrutores. Essa perfeição procurada nos movimentos é a responsável pela evolução postural que a prática proporciona.

O primeiro aparelho utilizado por Jose-ph foram as molas de camas. Esses ob-jetos servem até hoje como base para os mais de 1.000 exercícios criados pelo ale-mão. Quem vê uma sala de Pilates, num primeiro momento, pode até se assustar pela aparência dos aparelhos, mas tenha calma! Os estúdios não são nenhuma sala de tortura, pelo contrário, os instru-tores sempre visam acompanhar o tempo de adaptação corporal de cada pratican-te, passando dos exercícios fáceis para os mais complexos.

As sessões duram cerca de uma hora, e para que dê resultados a visita ao Estú-dio deve ser bissemanal. Poliana Debiazi pratica o Pilates há um ano e já percebe muitas mudanças. “A minha flexibilidade melhorou muito, além da força muscular, a melhora da postura e também a concen-tração”, afirma, bem animada.

Se você quer realinhar sua postura, desenvolver a coordenação, aumentar a flexibilidade, adquirir força, e o melhor, um corpo definido sem “puxar ferro” na aca-demia, aproveite porque o criativo Joseph Pilates trouxe isso até você.

“A minha flexibilidade me-lhorou muito, além da força

muscular, a melhora da postu-ra e também a concentração”

onde praticar em caScavel?

Clínica São PauloTelefone: (45) 3037-5091

CorporeTelefone: (45) 3035-7696

Academia Brasil Fitness Telefone: (45) 3038-1100

Naturalíssima Spa Telefone: (45) 3322-0090

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Joseph Pilates, o criador do método

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Nada de parar para pensar. A campeã vai ter que mostrar velocidade, atenção, postura, equilíbrio! Tudo isso num único esporte e precisamente na marca dos segundos. Um minuto já é tempo demais. O cenário empoeirado não atrapalha em nada a beleza das meninas na pista de montaria. Ali, naquele espaço, o brete se faz camarim deixando as estrelas da sela na expectativa de mostrar talento e técnica.

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preparado para Marilia, a jovem amazona mais rápida da turma.

De volta a luz do sol, lá está Cidinha com seu chapéu de cowboy, que não está ali por estilo somente, mas por proteção. O figurino tem ainda a bota sem salto de couro para suportar o vai e vem da baia para a pista e o óculos de sol para não ofuscar a visão e poder acompanhar cada movimento das futuras campeãs do

hipismo. Bárbara Feiber tem 11

anos. Há três pratica o esporte e nesse tempo o vocabulário de menina tímida mudou. Quando está montando o substantivo é força, nada de medo ou vergonha, pelo contrário firmeza e coragem se tornam a armadura para não perder

o foco da competição. “Eu gosto muito de cavalos e com ele fico mais confiante, e eu nem sei o porquê disso!”

A dúvida de Bárbara tem um fundamento que a experiente Cidinha sabe pontuar com muita propriedade: “a relação que estabelecemos com o animal é muito forte, é uma ligação de sentidos. Quando estamos montando temos que nos movimentar junto com o animal como se fossemos um só.”

turma de garotas que se interessa pelo esporte a faz sentir uma empolgação de menina. O grupo que começou ainda em janeiro de 2010 já conquistou medalhas em campeonatos regionais, um incentivo para que elas continuem no esporte.

Cidinha passa quase o dia todo ao lado das baias cuidando e conversando com os cavalos. “Quando algum fica doentinho eu chego a dormir ali na casa de apoio para ficar mais perto e poder cuidar”, conta ela com o olhar voltado para a pista onde treinam as meninas.

O retrato das baias poderia parecer um tanto fora de cena se comparado a luz que brilha na pista de montaria. Mas é só entrar pelos vãos entre uma mureta e outra, e ouvir o silêncio sendo consumido pelos relinchos dos cavalos, sentir os olhos se habituando a pouca claridade... Pronto! Na primeira baia o mais leve do grupo. Na segunda e terceira os animais já haviam sido levados para a pista. Os outros estavam a caminho ao lado dos treinadores. Agora resta apenas o maior deles - escovado, negro - sendo

Lá vão elas sobre a sela com firmeza. O que se vê? Faces delicadas sob o sol, cabelos com “rabo de cavalo”, bochechas rosadas, botas, jeans, camisetas bem confortáveis e um hidratante labial para enfrentar o cenário de poeira, calor, vento e transpiração.

Combinação perfeita? Para alguns, destoante, mas para elas, perfeita! O ambiente tranquilo, longe do asfalto da cidade e do ar condicionado do shopping. Aqui, a terra comanda, é chão para os galopes, trotes e corridas atrás do melhor tempo e o melhor desempenho nas montarias.

Escolher a equitação, também chamada por autores e esportistas de hipismo, como esporte preferido talvez não seja a opção mais comum entre as meninas, no entanto, as que ali estão não escondem o prazer e o entusiasmo de praticar um esporte onde se interage com um ser que também tem vontade própria. Valente e dócil, o cavalo acaba se tornando um amigo.

“Eu costumo dizer que esse contato com os animais é importantíssimo, muda o jeito de ver as coisas”, declara Cidinha Shimitt amazona há 30 anos. Cidinha desde 2008 é a Diretora da Escola de Equitação da Família que fica na Sociedade Rural do Oeste. Cada

“A relação que estabe-lecemos com o animal é muito forte, é uma liga-ção de sentidos. Quando estamos montando temos que nos movimentar jun-to com o animal, como se

fossemos um só”

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Foi assim que surgiu

A amizade entre o homem e o cavalo já existia nos princípios da civilização quando ele nos servia apenas como um meio de locomoção. De lá pra cá, esse animal foi fundamental na história do mundo. Ajudante nas guerras, fazendas, praias ou em qualquer outro lugar onde houvesse uma necessidade de sua força e agilidade. Também não falharam como companheiros. Ao se tornarem acompanhantes como um animal de estimação, em concursos de beleza ou simplesmente o colega para cavalgadas, respondem com altivez e prontidão.

No esporte os cavalos passaram a fazer parte dentro do programa da primeira Olimpíada da Era Moderna no ano de 1896, em Atenas, como esporte de demonstração. Só em 1912 – 16 anos mais tarde – foi incorporado e reconhecido como esporte nos Jogos Olímpicos.

O hipismo é conhecido pela elegância. Surgiu do costume dos nobres europeus, especialmente ingleses, que praticavam a caça à raposa. Com os cavalos eles conseguiam superar os obstáculos como troncos, riachos e barrancos em meio às matas. Os pequenos saltos para driblar as barreiras encontradas nos caminhos foram os primeiros passos do esporte. Durante a caça outras características da equitação foram sendo “plantadas” como essenciais aos cavaleiros e amazonas. Velocidade e atenção são os maiores exemplos da herança dos caçadores de raposa.

muita brasilidade no hipismo

No Brasil o esporte começou por influência holandesa. A primeira competição data de abril de 1641. A prova na época era realizada em Recife (Pernambuco), e organizada por um desbravador brasileiro. Maurício de Nassau, que na época era governador da Colônia Holandesa no país, caçava raposas e conhecia o potencial dos animais, por isso incentivou a prática esportiva.

Os competidores eram cavaleiros holandeses, franceses e brasileiros. E apesar da rápida aceitação do esporte, apenas em 1911 surgem os primeiros clubes hípicos. As mais antigas hípicas em território nacional são a Paulista e o Clube Esportivo de Equitação do Rio de Janeiro.

Só no Brasil são 369 anos de história. Hoje a coordenação do esporte é feita pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) que conta com a ajuda das federações estaduais. Com tanta história não poderiam faltar os atletas que conseguiram se destacar no meio hípico: Luiz Felipe Azevedo, Vítor Alves Teixeira, André Bier Johannpeter, Alvaro Affonso de Miranda Neto e Bernardo Alves Rezende.

Atualmente a principal referência do hipismo no mundo é o brasileiro Rodrigo Pessoa, filho de Nelson Pessoa um dos maiores cavaleiros reconhecidos internacionalmente. Rodrigo abocanhou três prêmios almejados pelo pai e fez parte da equipe que conquistou a medalha olímpica de bronze em Atlanta, 1996. No mesmo ano o jovem de 26 anos venceu a prova individual de saltos dos Jogos Equestres Mundiais, disputados em Roma na Itália. O maior feito do hipismo nacional.

As conquistas dos atletas do hipismo não ficam apenas na mão de Rodrigo. A equipe Brasileira tem muitas conquistas nas Olimpíadas e nos jogos Panamericanos. No entanto, para os esportistas mais experientes, o quarto lugar na Copa das Nações na Alemanha foi a recompensa mais válida pelo esforço e garra da equipe.

estímulo de vida

E quando o assunto é superação o hipismo se torna um aliado da medicina. A equitação ganhou campo na área da saúde como ferramenta terapêutica. A modalidade desportiva pode ser definida pelo termo ‘descoberta’, já que a partir dela novas capacidades vão sendo visualizadas. Com a chamada Hipoterapia o cavalo é usado como um recurso motor melhorando o equilíbrio e a coordenação. Com a atividade a pessoa submetida ao tratamento ganha mais autonomia e passa a ter mais habilidade na tomada de decisões.

A equitação é uma atividade sensorial. É uma terapia em que as capacidades sociais e dinâmicas são impulsionadas pelos movimentos do animal. Isso auxilia no tratamento de indivíduos que possuem comprometimentos motores, mentais e sociais.

hora de treinar

Na infância o esporte auxilia a moldar a personalidade. Marilia Branco tem apenas 12 anos e há dois decidiu ser uma amazona. Os pais são fãs da “filhota”, relatam que até o desempenho dentro da sala de aula melhorou. “A Marília era

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uma menina bem ativa, e como todas as crianças de hoje em dia passava muito tempo na frente do computador. A equitação tira ela de dentro de casa, faz ela ter contato com a natureza. Acaba sendo o único jeito de ter esse tempo, porque do jeito que andam as coisas, com tantos problemas até mesmo de segurança, é melhor que esteja num lugar seguro. Além do que aqui tem profissionais que sabem o que estão fazendo, então ela não corre risco nenhum. E o mais interessante é que depois que ela começou a ter esse contato com o animal, de cuidar, e ter que entende-lo, ela mudou de postura. Na escola passou a se destacar, é adiantada na turma dela. Chegou a vencer o concurso de oratória.”

É da arquibancada que os pais olham atentos e curiosos cada um dos galopes e trotes das filhas. Os movimentos são coordenados pela técnica. Na lista de requisitos estão: equilíbrio, atenção, postura e velocidade - muita velocidade!

Num mesmo tempo duas reações: na arquibancada vibração, tensão, mãos e pés inquietos; e, na pista tranquilidade, postura, serenidade e vontade! Para quem olha de longe chega a ser incompreensível: são apenas adolescentes. Quando em cima do cavalo se transformam em gente grande, mulheres de pulso firme e crentes de que no futuro a hípica vai se tornar o lugar de trabalho. Serão atletas.

Maria Tereza Tomazzi tem 14 anos. Ela mesma não sabe de onde surgiu o interesse pelo esporte. Há 11 meses se vê na expectativa para os treinos. “O meu tempo aqui é pequeno, mas eu gosto e não quero mais parar.”

Maria se demonstrou tão empolgada com as aulas, que trouxe uma colega especial para fazer parte do seu grupo de treino: a irmã mais velha. Ana Letícia Tomazzi começou a treinar um mês depois de sua irmã por influência da própria Maria. A Ana tem 16 anos e conta animada que apesar do pouco tempo já está participando de competições e tem feito bonito. “É legal, as pessoas ficam elogiando.

Meus pais ficam apontando o certo e o errado, mas no final sempre acabam parabenizando.”

Enquanto o olhar do lado de fora da pista passeia de um lado para o outro, a pressão ali, do lado de dentro da cerca começa a crescer. A poeira já subiu e lá vão elas com sorriso no rosto, pulseiras e anéis enfeitando a mão que prende as rédeas, cuidando para não errar o percurso. Quanto à postura? “Impecável”, define precisamente Cidinha, com uma única palavra.

A prova da vez é a dos Três Tambores. Na pista um triângulo equilátero é formado pela sequência de cada tambor, ou seja, um triângulo onde cada um dos pontos – aqui marcados pelos tambores – tem exatamente a mesma distância um do outro. No brete uma fila de pequenas amazonas sobre o cavalo

já está formada. Uma a uma elas testam o domínio sobre o animal e também à ligação entre estes. O percurso é simples:

passa pelo primeiro tambor num círculo rasteiro, vai para o segundo num ritmo ainda maior, no mesmo movimento chega à hora do último. Circulou? Passou o Brete? Zera o cronômetro e boa sorte... Vence quem fizer o percurso, sem erros, em menor tempo!

Das nove meninas, apenas uma derrubou o obstáculo, mas com muita classe passou e continuou a prova. A Cidinha soltou apenas uma frase: “que pena, ela vai tão bem.”

O tempo é determinante nas provas de hipismo. Um deslize significa perder a competição. A diferença entre as colocações chega a ser de milésimos de segundo. Justamente pelas regras da equitação serem claras, derrubou um tambor: penalidade máxima, cinco segundos de acréscimo no tempo total.

Pelo rigor das normas, as garotas do grupo são extremamente cúmplices. Entre elas o incentivo é muito forte. Não teria outro jeito de expressar essa união sem utilizar a clássica frase dos Três Mosqueteiros: Um por todos e todos por um. No caso das nossas futuras campeãs de hipismo profissional “uma por todas e todas por uma.”

Não teria outro jei-to de expressar essa

união: “uma por todas e todas por uma”

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Por dentro do jogo

Você nunca entendeu por que uma partida de tênis demora tanto tempo para acabar? En-tão vamos te explicar:

Uma partida só acaba quando algum jogador vence 3 sets; e um set só acaba quando um dos jogadores vence 6 games primeiro. Ok, o quê é um game? Para vencer um game é preciso fazer 4 pontos. A contagem dos pontos é que é um pouquinho diferente. Ao invés de falarmos que o joga-dor marcou 1 ponto, falamos que marcou 15. O segundo ponto nós chamamos de 30 e o terceiro ponto de 40. Aí, quem fizer mais um ponto (o 4º) fecha um game.

O saque é sempre na diago-nal. Se o jogador estiver do lado direito, ele terá que sacar no retângulo esquerdo do outro lado da quadra. São duas chances para acertar o saque e é apenas um jogador que saca até acabar o game.

Agora, quer uma explicação bem simples para a queima de calorias? Dá uma olhada no tamanho da quadra de tênis:

Comprimento: 23,77 mLargura: 8,23 m

Imagine só, ficar correndo de um lado para o outro por mais de 1 hora! Não há ‘gor-durinha’ que resista!

As quadras mais usadas são as de saibro. Com o avanço tecnológico, já é possível en-contrar quadras de materiais sintéticos, como borracha e fibra de vidro.

Serena Williams, Elena Dementieva, Ana Ivanovic, Victoria Azarenka, Venus Williams e muitas outras mulheres devem muito aos romanos. Foram eles que, lá no século XII começaram com essa história de ‘bater em uma bolinha’, antes com a palma da mão.

Vários anos, guerras, revoluções e conquis-tas depois, o tênis foi introduzido no Brasil, por volta de 1898, inicialmente nas cidades de Niterói e Porto Alegre. A partir daí ele se disseminou por todo o país, apesar de sem-pre carregar o apelido de ‘esporte de elite’. Infelizmente, isso não é totalmente mentira. A prática do tênis, em sua maioria, continua restrita a clubes particulares.

Mas a história também tem seus contos felizes: agora as mulheres estão dominando as quadras e já têm seu espaço garantido! E elas começam bem cedo. Encontramos me-ninas de 11, 12 e 13 anos que já estão sedu-zidas pelo esporte.

Uma delas é a pequena e meiga Letícia Frare, de 12 anos. Com apenas 30 quilos e 1,47 m de altura, Lê não se deixa intimidar. Bate na bola feito gente grande! “O tênis não é difícil; é mais jeito e vontade. Se você não tiver vontade, aí não vai”. Há três anos e meio, inspirada em Serena Williams, ela de-cidiu: quero ser uma tenista! “Primeiro era o meu irmão que treinava. Aí eu fui ‘pegando gosto’ pelo esporte e ele me incentivou a co-meçar.” Apesar da pouca idade, Lê percebe que o esporte traz muitos benefícios. “O tênis ajuda na parte física e mental. Eu fico mais calma e mais concentrada.”

A ‘caçulinha’ da turma é Heloísa Antunes Mecabô, 11 anos. Pratica o tênis há cerca de um ano e também foi influenciada pelo ir-mão, ex-praticante. “Ah, eu achava que era um esporte legal. E a gente sempre tem que praticar al-gum esporte, né?”. Apesar de ser mais alta e forte que a Letícia, Helô diz que é pre-ciso bastante força e agilida-de para fazer a bola passar para o outro lado. “Jogar com os meninos é mais difícil porque eles têm mais força!”.

Gabriela Bachinski, a mais experiente en-tre as meninas, tem apenas 13 anos e já conquistou o 4º lugar no Campeonato Pa-

ranaense. Assim como as colegas, também conheceu o tênis porque o irmão praticava. “No começo é difícil, até você pegar o jeito, mas depois é só questão de prática, de trei-no”. Ela nos conta que as meninas que par-ticipam dos campeonatos estão em um nível técnico muito bom. Mas chegar a este nível não é nada fácil. Gabi não consegue escon-der as mãos cheias de bolhas e brinca: “é, ganhar tem seus prós e seus contras”.

Um dos responsáveis em cultivar a vonta-de que Letícia, Heloísa e Gabriela têm de se tornarem grandes tenistas é o professor Jú-nior Freitas, de 28 anos. Graduado em Edu-

cação Física, ele dá aulas de tênis há dez anos e afirma que existe apenas uma dife-rença entre o tênis praticado por homens e por mulheres. “Os hormônios de cada um. O homem tem mais força

para sacar, mais explosão. Só isso.”Agora, mulheres, se preparem! Vocês es-

tão com aqueles quilinhos a mais e querem emagrecer? O tênis é altamente recomen-dável! Essa é a palavra do professor Júnior. “O tênis trabalha perna, abdômen, quadril, braço. Trabalha todos os membros! Fortale-ce e tonifica o corpo inteiro. Pra quem quer emagrecer o tênis é bastante indicado, já que queima muitas calorias.”

Mas você já passou dos 20, 30 ou até mes-mo dos 40 e acha que praticar um esporte, a essa altura do campeonato, não vai funcio-nar? Então apresentamos à vocês Maria de Fátima Prestes, de 47 anos! Há nove anos ela descobriu que tem uma deficiência res-piratória. “Meu pulmão é preguiçoso, aí eu tenho que praticar um esporte para cansar bastante, ativar o meu pulmão e fazer ele funcionar. Hoje eu simplesmente adoro jo-

gar tênis”. É, e ela não só adora como é uma grande jogadora! “No ano retrasado eu joguei seis etapas do Campeonato Municipal. Das seis, em quatro eu fiquei em 1º lugar e nas outras duas

etapas conquistei o 2º lugar”. A relação da Maria com o tênis foi amor à primeira vista. “No primeiro dia que eu joguei tênis eu já senti que eu não ia parar tão cedo. O tênis faz bem pra tudo. Faz bem pra cabeça, faz

“O esporte ajuda na parte física e mental. Eu fico mais calma e mais concentrada.”

“O tênis trabalha perna, abdômen, quadril, braço. Trabalha todos os mem-

bros! Fortalece e tonifica o corpo inteiro.”

O lado democrático do tênis elistista, que abre espaço para que mulheres de várias idades possam brilhar dentro de quadra

Nathália Sartorato

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bem pro corpo. Eu já não fico sem.” O vôlei também faz parte da rotina de Maria há aproximadamente 10 anos. Haja disposição! “Eu tenho facilidade em aprender esportes. Acho que só não fui uma grande atleta por que não tive a oportunidade de treinar quando era criança”.

Mas, pelo visto, talento é coisa de família. Maria Alice Pres-tes, filha de Maria de Fátima tem 16 anos e também pratica vá-rios esportes: tênis, natação e vôlei. Com a natação ela já foi

pré-convocada para as Olimpíadas de 2012, mas, pasme, ela não quis ir! “O esporte pra mim é só um hobby, não quero ser uma profissional”. Com o tênis ela também já conseguiu alguns triunfos. “Antigamente eu sempre ficava em 1º lugar na minha categoria”.

Seja como hobby ou profissionalmente, a prática de um espor-te é sempre válida. Nunca é tarde ou cedo demais para cuidar da saúde, manter o corpinho em ordem e tornar-se uma Espordiva.

Letícia: A pequena tenista de 12 anos, 1,47m de altura e 30 quilos.

Talento passado de mãe para filha. Maria de Fátima incentiva Maria Alice a praticar o tênis.

Heloísa: uma tenista super meiga! Saia branca, camiseta rosa e unhas pintadas!

Maria de Fátima: “Eu sempre fui muito vaidosa. Não acho que porque uma atleta desenvolve bem um esporte ela precisa deixar a vaidade de lado.”

Amigas nos treinos e rivais dentro de quadra, Gabriela e Maria de Fátima já se enfrentaram em Campeonatos.

Cabelo preso, vestidinho preto e tênis cor de rosa demonstram a preocupa-ção que a Gabriela tem com o visual. “A roupa tem que ser confortável, não adianta ser só bonita”

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espordica

Alongue-se!Ser uma Espordiva tem lá as suas responsabilidades. Você cuida do seu corpo fazendo alongamentos? Se a sua resposta é não, está mais do que na hora de mudar o hábito. Um exercício bem feito e completo começa no alongamento, por isso nós convidamos a Pâmella Albertti, acadêmica de Educação Física e louca nos cuidados com a saúde do corpo, para mostrar a forma correta de se alongar. O alongamento deve começar dos membros superiores para os inferiores, para seguir uma sequência lógica.

Jéssica Moreira

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Passe a mão esquerda sobre a cabeça até que a palma da

mão fique sobre a orelha direita. Com o corpo reto, mantenha a posição e con-te até 15. Depois repita o movimento do lado contrário e conte até 15. Esse exercício ajuda a alongar os músculos

do pescoço e ombros e te ajuda a relaxar quan-

do passa horas na mesma posição.

Posicione o braço direito em linha reta, colocando-o em fren-te aos seios com a palma

da mão virada para você. Depois o braço esquerdo deve segurar o di-reito, mantendo a posição por 15 segundos. Repita o exercício do lado

oposto. Com esse mo-vimento os músculos do braço e a coluna são alongados.

Nesse exercício você deve estar com as pernas levemente afastada para que o corpo se mantenha firme. Primeiro fle-xione o braço esquerdo posicionando-o atrás da cabeça. Em seguida segure com a mão direita o cotovelo esquerdo, forçan-do-o para a direita. Mantenha e conte até

15 nessa posição. Repita o movimento alongando agora os músculos do lado oposto.

Levante os braços e junte as mãos no alto. Mantenha as pernas com um leve afastamento para que o equilíbrio seja mantido. Estenda os braços de forma que eles fiquem retos. Imagine que te-nha algo lá em cima que você queira

pegar. Mantenha o movi-mento por 15 segundos e depois repita posicio-

nando os braços para traz.

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