Revista Estilo 52

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Ano 9 N 0 52 R$ 4,50 água fontes de cristalina PEIXES: QUATRO RECEITAS IDEAIS PARA O VERÃO HIDROPÔNICOS: SABOR QUE CRESCE NA ÁGUA FASANO RIO: EXCLUSIVIDADE À BEIRA-MAR REIKI: MÃOS QUE ATIVAM ENERGIAS A ESTÉTICA E O EFEITO DAS FONTES NA DECORAÇÃO

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edição de dezembro de 2009

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Ano 9 N0 52 R$ 4,50

águafontes de

cristalina

PEIXES: QUATRORECEITAS IDEAISPARA O VERÃO

HIDROPÔNICOS:SABOR QUECRESCE NA ÁGUA

FASANO RIO:EXCLUSIVIDADEÀ BEIRA-MAR

REIKI: MÃOSQUE ATIVAMENERGIAS

A ESTÉTICA E O EFEITO DAS FONTES NA DECORAÇÃO

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Cotidiano

MERGULHANDO EM MIMUm dos momentos inesquecíveis de 2009 foi ter conhe-

cido Fernando de Noronha. Aproveitei minha participação na Feira do Livro de Recife e dei uma esticadinha até a ilha, e foi um deslumbramento. O comandante do avião, antes de aterrissar, fez um sobrevoo de 360 graus, apresentando aos passageiros aquele pedaço de natureza selvagem circundado por uma faixa de um azul tão claro que até parecia fluores-cente. O mar!

Eu, que fico fóbica até embaixo do chuveiro (me afogo bebendo água), antes mesmo de desembarcar tomei uma decisão: vou mergulhar pela primeira vez. Depois pensei: vou coisa nenhuma. Por fim: claro que vou. Me dá aí uma máscara e um snorkel, moço.

Sim, snorkel. Tubo de oxigênio seria crer demais na transformação de um ser humano.

De máscara e snorkel à mão, fui pra Baía do Sancho, cujo acesso exige uma certa logística: estaciona-se o buggy em cima de um despenhadeiro e desce-se para a praia por uma escadinha de 50 centímetros de largura e uns 100 metros de comprimento, entalada entre duas rochas que formam uma espécie de caverna, lotada de calangos circulando ao redor. Nenhum espanto pra quem já viu os filmes do Indiana Jones. Desci. Não deixei cair nem a máscara, nem o snorkel, nem a peteca. A peteca é figura de linguagem, bem entendido.

Diante daquele mar azul caribenho fluorescente, colo-quei os pés-de-pato, a máscara e aí não soube como prender o snorkel na boca. Se você é desengonçada como eu, nunca viaje sozinha: tenha sempre alguém ao lado disposto a en-

sinar a fazer coisas para as quais você não tem habilidade. Feito. Com aquela borracha incômoda presa entre os dentes, respirei fundo e enfiei a cara no mar. Vi areia. E mais areia. E um monte de areia. Cadê o Nemo?? Tem que ir adian te. Comecei a bater os pés e lembrei por que eu nunca fui boa em natação: me contorci de tanta câimbra.

O primeiro dia foi assim, de testes.No segundo eu fui pra Baía dos Porcos. Já sabia colocar

a máscara e o snorkel, mas ainda não sabia o que fazer com a câimbra. Dei uma espiadinha para dentro do mar e foi então que eu vi. Não só duas dezenas de peixes listradinhos de tudo que é cor, mas também três tartarugas do tamanho de um orelhão cada uma. Entrei mar adentro. Virei Jacques Costeau. Perdeu, câimbra.

Quando lembro da experiência, ainda me sinto um pouco fóbica. O barulho da minha respiração dentro d’água parecia trilha sonora de filme de terror. Mas, além do visual, valeu o mais importante: eu mergulhei pela primeira vez. Minha primeira vez no mar de Fernando de Noronha, minha primeira vez enfrentando meu afogamento iminente, minha primeira vez permitindo a existência de um eu que não era eu. Virou resolução de fim de ano: vou tirar do cativeiro todas as Marthas escondidas em mim. Próxima aventura: subir num camelo e adentrar pelo deserto para passar a noite numa tenda de tuaregues. No Marrocos! Sem chance de afogamento. Depois eu conto.

M A R t H A M E D E I R O s

MARtHA MEDEIROs é EsCRItORA

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Cesta básica

O NEGÓCIO DELE É UVA!Ele já nasceu predestinado. Na infância eadolescência, seu lugar predileto era o pequenoparreiral atrás da casa do avô, em BentoGonçalves/RS, onde aproveitava a sombra ecomia cachos e cachos de uva fresca. Hoje, seulugar preferido continua sendo junto das uvas.Não alguns cachos, mas as 25 mil toneladas que,anualmente, são utilizadas para a produção dosvinhos, sucos e destilados da Vinícola Aurora.Por seu trabalho, Nauro MorbiniNauro MorbiniNauro MorbiniNauro MorbiniNauro Morbini, de 56 anos,recebeu em outubro o título de Enólogo do Anoda Sociedade Brasileira de Enologia. A relação deMorbini com o mundo das bebidas começoucedo. A família tinha uma fabriqueta derefrigerantes em Bento e ele ajudava os pais comas misturas dos xaropes, lavagem de garrafas ecolagem de rótulos. Em 1975 entrou na Aurora,como estagiário. Passou por todos os setores,provou todas as funções e sabores até tornar-seespecialista nas misturas que se transformam emuma bebida especial. Segundo ele, até para fazerum bom suco de uva é preciso que a alquimiaentre os tipos de fruta seja perfeita.

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NOVAS DELÍCIASNO CARLOTAUma cozinha multicultural. É assim que CarlaPernambuco resume o estilo do CarlotaCarlotaCarlotaCarlotaCarlota, restauran-te que a chef inaugurou há quase 15 anos em SãoPaulo e que desde 2001 tem filial no Rio de Janeiro.O cardápio, segundo ela, tem um pouco de cadaparte do mundo e muito do Brasil. Mas o interes-sante é que Carla está sempre inventando receitasnovas, que de tanto em tanto acrescenta ao roll dedelícias que seduzem a clientela do Carlota. Nestemês de dezembro a casa está com várias novidades,com certeza inspiradas nas últimas andanças deCarla mundo afora. A Bomba de Morangos da fotoacima é um dos novos hits. E a fotogênicaCavaquinha Poche aqui abaixo é outro.Dá vontade de sair correndo para provar, não?Endereços: REndereços: REndereços: REndereços: REndereços: Rua Sergipe 753, Higienópolis,ua Sergipe 753, Higienópolis,ua Sergipe 753, Higienópolis,ua Sergipe 753, Higienópolis,ua Sergipe 753, Higienópolis,São PSão PSão PSão PSão Pailo/SPailo/SPailo/SPailo/SPailo/SP; R; R; R; R; Rua Dias Fua Dias Fua Dias Fua Dias Fua Dias Ferreira, 64, Leblon,erreira, 64, Leblon,erreira, 64, Leblon,erreira, 64, Leblon,erreira, 64, Leblon,Rio de Janeiro/RJ.Rio de Janeiro/RJ.Rio de Janeiro/RJ.Rio de Janeiro/RJ.Rio de Janeiro/RJ.

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HOTEL BOUTIQUENA NORMANDIAO Hotel des OrmesHotel des OrmesHotel des OrmesHotel des OrmesHotel des Ormes, localizado na região daNormandia, ao norte da França, não tem olhos a nãoser para o mar. A elegante moradia do século XIX foitransformada há 10 anos em hotel e adquirida em 2005pelo casal Flávia e José De Mello, ela brasileira(gaúcha), ele português. Os dois são simpaticíssimose adoram receber hóspedes do Brasil. O hotel é umaverdadeira inspiração para casais apaixonados.Com vistas para o porto ou para o jardim, tem apenas12 apartamentos, sendo dois triplos e 10 duplos.Um de seus grandes atrativos é a alta gastronomiado restaurante “Le Rivage”, que lembra, com suadecoração marinha, a doçura de viver das praias deCotentin. Cozinha refinada, ambiente elegante eserviço impecável são as características que resumem oespírito do restaurante. As receitas são supervisionadaspelo Chef Anthony Riche, que frequentou a Academiade Alain Ducasse e, após terminar os estudos, viajoumuito tempo para aprimorar sua experiência. Procuremais informações no site wwwwwwwwwwwwwww.hoteldesormes.fr.hoteldesormes.fr.hoteldesormes.fr.hoteldesormes.fr.hoteldesormes.frE vá pra lá correndo!

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Cesta básica

TRAVEL GUIDEUma edição primorosa, com textos de Ricardo Freire,fotos de Tuca Reinés (ambientes e natureza) e SérgioPagano (gastronomia) e ilustrações de Filipe Jardim, fazdo Travel Guide 2010-2011 do resort Ponta dos Ganchosum objeto de desejo para viajantes de bom gosto.Trata-se de um belíssimo guia para que o hóspede possaconhecer o resort (localizado em Governador CelsoRamos, próximo a Florianópolis) em detalhes, mesmoantes da sua chegada. Mas o guia contempla também omais completo roteiro de passeios curtos na região,além de dicas de gastronomia, compras e locaishistóricos da capital catarinense. Seguindo princípios desustentabilidade, o material foi impresso de acordo como certificado FSC (Forrest Stewardship Council).TTTTTravel Guide 2010-2011, 130 páginas.ravel Guide 2010-2011, 130 páginas.ravel Guide 2010-2011, 130 páginas.ravel Guide 2010-2011, 130 páginas.ravel Guide 2010-2011, 130 páginas.

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PARA AMAR E VIAJARnViajante profissional, Cris Berger acumulouimensa quilometragem nos últimos cinco anos,percorrendo os quatro cantos e todos os miolos domundo. Publicou reportagens nas principaisrevistas nacionais do segmento de viagens (aestréia de Cris, diga-se de passagem, foi na EstiloZaffari!). Pois agora a fotógrafa e jornalistaresolveu reunir em um livro os lugares que maistocaram sua alma romântica. O título é amplamen-te sugestivo: 69 lugares para amar69 lugares para amar69 lugares para amar69 lugares para amar69 lugares para amar..... Cada capítulodo livro corresponde a um destino que Cris destacacomo especial: são lugares ou endereços quetiveram o mérito de encantar, surpreender eseduzir a autora. Do singelo ao luxuoso, da praia àmontanha, do tropical ao invernal, da badalação àmais completa tranquilidade. Os textos sãocurtinhos, mas apresentam cada destino com todosos seus predicados e uma descrição da atmosferalocal – sempre, é claro, favorável ao romance. Asbelas fotos de Cris completam o “pacote tentação”:69 lugares para amar 69 lugares para amar 69 lugares para amar 69 lugares para amar 69 lugares para amar é um verdadeiro incentivoao hábito de viajar e, sobretudo, um estímulo aoexercício do amor.À venda na Livraria Cultura, 144 páginas,À venda na Livraria Cultura, 144 páginas,À venda na Livraria Cultura, 144 páginas,À venda na Livraria Cultura, 144 páginas,À venda na Livraria Cultura, 144 páginas,R$ 24,90.R$ 24,90.R$ 24,90.R$ 24,90.R$ 24,90.

FLORESTA MÁGICABichos da selva com carinhas pra lá de simpáticassão os anfitriões da JungleJungleJungleJungleJungle, loja de moda infantil queacabou de inaugurar em Porto Alegre promovendouma verdadeira renovação neste segmento docomércio. Toda mamãe se encanta ao entrar naJungle, afinal, o mix de produtos inclui marcas topdo vestuário infantil, peças da moda, acessórios eutensílios cheios de estilo. Mas a grande novidade éque as crianças se encantam mais ainda! A Jungle foiplanejada para proporcionar uma experiênciaagradável e divertida para toda a família na hora dascompras. Assim, os pequenos contam com espaçosde entretenimento equipados com brinquedos, tv,computador, camarim, cantinho de leitura e até umacasa na árvore. E os pais têm à sua disposição sofásconfortáveis, revistas e rede wi-fi. Lá fora, estaciona-mento e segurança. Dá pra aproveitar a tarde semnotar o tempo passar...Endereço: REndereço: REndereço: REndereço: REndereço: Rua Coronel Bordini, 634, bairroua Coronel Bordini, 634, bairroua Coronel Bordini, 634, bairroua Coronel Bordini, 634, bairroua Coronel Bordini, 634, bairroMoinhos de VMoinhos de VMoinhos de VMoinhos de VMoinhos de Vento, Pento, Pento, Pento, Pento, Porto Alegre/RS.orto Alegre/RS.orto Alegre/RS.orto Alegre/RS.orto Alegre/RS.

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CENA DE DESIGNBRASILEIROHá mais de duas décadas Marilene Bittencourt éreferência no mercado do design com sua HabitartHabitartHabitartHabitartHabitart.Desde 1986 a empresa trabalha com edição,distribuição e desenvolvimento de mobiliárioassinado original brasileiro. Agora a Habitart temseu primeiro ponto de venda voltado também aopúblico final, instalado na Avenida Nilo Peçanha,em Porto Alegre. Até então a empresa funcionavacom um show-room, fornecendo para importanteslojas de decoração e design de todo o país. A novaloja, que transpira design em todos os seus recantose detalhes, é criação da Salvi Giorgi Arquitetura eDesign. O material institucional e as aplicações dalogomarca foram desenvolvidos pela designer KátiaPrates, com grafismo criado especialmente peloartista plástico Mauro Fuke. Para inaugurar a loja,Marilene convidou os designers Fernando eHumberto Campana, que na ocasião lançaram comexclusividade para a Habitart a Mesa 2 em 1.Endereço: AEndereço: AEndereço: AEndereço: AEndereço: Avvvvv. Nilo P. Nilo P. Nilo P. Nilo P. Nilo Peçanha, 2424,eçanha, 2424,eçanha, 2424,eçanha, 2424,eçanha, 2424,PPPPPorto Alegre/RS.orto Alegre/RS.orto Alegre/RS.orto Alegre/RS.orto Alegre/RS.

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Cesta básica

SABOR PASSO A PASSOReceitas explicadas tintim por tintim. Esse é ogrande trunfo da coleção Cozinha PCozinha PCozinha PCozinha PCozinha Passo a Passo a Passo a Passo a Passo a Passoassoassoassoasso,lançada pela Larousse do Brasil. O primeiro livro dasérie chama-se Pratos BásicosPratos BásicosPratos BásicosPratos BásicosPratos Básicos e reúne receitas jáconsagradas pelo paladar do brasileiro (frangoassado, sopa de abóbora...), além de novos clássicosda culinária, como molho pesto, tajine de coelho,etc. O livro está dividido em seis capítulos: Clássi-cos, Massa e Arroz, Carnes, Peixes, Legumes eSobremesas. ConfeitariaConfeitariaConfeitariaConfeitariaConfeitaria é o nome do segundolivro da coleção, que também prima pela profusãode imagens e explicações detalhadas do modo defazer cada prato. São 70 receitas ricamente ilustra-das que prometem desvendar os segredos da arte daconfeitaria. Esta edição conta com cinco capítulos:Cremes & Cia, Bolos Simples, Bolos e DocesConfeitados, Doces e Biscoitos, Tortas.À venda na Livraria Cultura.À venda na Livraria Cultura.À venda na Livraria Cultura.À venda na Livraria Cultura.À venda na Livraria Cultura.Editora: Larousse do Brasil.Editora: Larousse do Brasil.Editora: Larousse do Brasil.Editora: Larousse do Brasil.Editora: Larousse do Brasil.

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Consumo

Nosso muNdo Caiu. ViVa o NoVo muNdo.Fui assistir o TEDXSP, uma conferência que acon-

tece anualmente desde 1984 nos Estados Unidos e que agora também tem sua edição brasileira. Originalmente, TED significa Technology, Entertainment, Design, um formato criado para apresentar e disseminar gente inte-ressante de todos os tipos mostrando ideias, pensamentos e projetos num formato de minipalestras de no máximo 15 minutos. Os 700 convidados e inscritos se reuniram no Teatro da Faculdade Anhembi Morumbi, em São Paulo, para ouvir, durante 12 horas, com três intervalos de 40 minutos, o que o Brasil tem a oferecer para o mundo hoje – o tema proposto.

É impossível reproduzir a emoção das apresenta-ções, o clima quase messiânico da organização, a alegria e a leveza que pairava no ar após cada palestra. Num efeito mágico, ao final, esquecemos que somos público e passamos a nos enxergar, de fato, como uma comunidade. Foram muitos os exemplos. Cito alguns.

Um rapaz pobre virou ator de teatro, chegou a se apresentar na Broadway e, em plena escalada do sucesso, percebeu que não era para fazer aquilo que ele tinha vin-do ao mundo. Deixou a turnê americana e voou direto para a favela do Vidigal, onde, há 23 anos, fundou o projeto Nós do Morro. Uma referência no mundo: www.nosdomorro.com.br

Uma educadora carioca chegou à conclusão que os alunos da rede pública não estavam mais tão inte-ressados em aprender e que isso se devia especialmente à antiguidade do modelo de ensino, que não levava em conta o formato como os jovens consomem informação

T e T ê p a C h e C o

TeTê paCheCo é publiCiTária

20 Estilo Zaffari

hoje. Foi assim que surgiu a Nave (Nucleo Avançado em Educação). Que trouxe para dentro da sala de aula tudo o que é proibido nas outras escolas. O celular, o video game, o computador. www.nave.org.br/

Lindo o projeto do desenhista industrial que desenvolveu a bicicleta de bambu, sensacional a orquestra executando uma partitura criada a partir de uma foto de passarinhos nos fios da rede elétrica, maravilhosa a performance ao vivo de um pianista de 18 anos, louvável a atitude do dentista-ciclista que resolveu cursar medicina para ter condições de avaliar e lutar contra o impacto das emissões de gases na atmosfera na saúde humana.

Mas mais do que disseminar bons exemplos, o que acredito que eventos como o TED fazem é mexer diretamente na convicção das pessoas. Não foi uma nem duas pessoas que encontrei no corredor, meio en-vergonhadas, falando baixinho: e eu que só advogo em causa própria? É impressionante o efeito do “eu também tenho que fazer alguma coisa”.

Nosso velho modelo está se esgotando. Não faz mais sentido, não é mais moderno, não é desejável viver apenas para gerar benefício para si mesmo. Desejável e novo é, a partir de si mesmo, gerar soluções que sejam transformadoras para todo mundo.

Essa é a nova ordem mundial. Temos que ouvir o chamado.

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Verão combina com

Sabor

P O R R E J A N E M A R T I N S F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

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Quando se fala em alimentação saudável, o peixedesponta como prato imbatível. Sua carne nutritiva,magra, com poucas e benéficas gorduras, é rica em áci-dos graxos, ferro, iodo, potássio, proteínas e vitaminasA, B e D. Como fonte de proteína magra, o peixe éexcelente item em dietas de emagrecimento, tão cobi-çadas em tempos de exposição dos corpos ao sol e aomar. Aproveitando a temporada, buscamos referênci-as com quem entende do assunto: chefs de cozinha. Afrancesa Valérie Lafay, o nissei Emerson Miyamato eos brasileiros Felippe Sica e Peter Knoblich lidam dia-riamente com o peixe como matéria prima de suas cri-ações de ofício e de prazer. Eles selecionaram receitaslindas e razoavelmente fáceis de preparar. Aproveite ainspiração que vem com a brisa marinha. Fuja da roti-na de cardápios de frituras, dos empanados ou àmilanesa, e mergulhe nas vantagens e no genuíno sa-bor do peixe.

Peixe sem erroAlém das receitas, os chefs deixam dicas bem prá-

ticas para quem quiser preparar outras receitas sem cor-rer riscos:

procure utilizar peixe sempre fresco, observe acarne firme, olhos e escamas brilhantes, guelras úmidase vermelhas;

lave com muita água e limão; prepare de maneira simples: assado, cozido, gre-

lhado ou no vapor; peixe não precisa muito tempero, conserve o má-

ximo de seu sabor natural, usando apenas azeite, ervasfrescas, pimenta e sal grosso;

tenha cuidado com molhos, pois os muito elabo-rados escondem seu sabor. Melhor fazer peixes feitos ape-nas de caldo reduzido do cozimento do próprio animal(aproveitando cabeça e espinha) e aromatizando comervas e manteiga.

pe xesQUATRO CHEFS APRESENTAM RECEITAS CRIATIVAS, DELICIOSAS E, SOBRETUDO, MUUUUITO SAUDÁVEIS!

24 Estilo Zaffari

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Verão combina com

Sabor

P O R R E J A N E M A R T I N S F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

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Quando se fala em alimentação saudável, o peixedesponta como prato imbatível. Sua carne nutritiva,magra, com poucas e benéficas gorduras, é rica em áci-dos graxos, ferro, iodo, potássio, proteínas e vitaminasA, B e D. Como fonte de proteína magra, o peixe éexcelente item em dietas de emagrecimento, tão cobi-çadas em tempos de exposição dos corpos ao sol e aomar. Aproveitando a temporada, buscamos referênci-as com quem entende do assunto: chefs de cozinha. Afrancesa Valérie Lafay, o nissei Emerson Miyamato eos brasileiros Felippe Sica e Peter Knoblich lidam dia-riamente com o peixe como matéria prima de suas cri-ações de ofício e de prazer. Eles selecionaram receitaslindas e razoavelmente fáceis de preparar. Aproveite ainspiração que vem com a brisa marinha. Fuja da roti-na de cardápios de frituras, dos empanados ou àmilanesa, e mergulhe nas vantagens e no genuíno sa-bor do peixe.

Peixe sem erroAlém das receitas, os chefs deixam dicas bem prá-

ticas para quem quiser preparar outras receitas sem cor-rer riscos:

procure utilizar peixe sempre fresco, observe acarne firme, olhos e escamas brilhantes, guelras úmidase vermelhas;

lave com muita água e limão; prepare de maneira simples: assado, cozido, gre-

lhado ou no vapor; peixe não precisa muito tempero, conserve o má-

ximo de seu sabor natural, usando apenas azeite, ervasfrescas, pimenta e sal grosso;

tenha cuidado com molhos, pois os muito elabo-rados escondem seu sabor. Melhor fazer peixes feitos ape-nas de caldo reduzido do cozimento do próprio animal(aproveitando cabeça e espinha) e aromatizando comervas e manteiga.

pe xesQUATRO CHEFS APRESENTAM RECEITAS CRIATIVAS, DELICIOSAS E, SOBRETUDO, MUUUUITO SAUDÁVEIS!

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Sabor

Robalo Primavera P O R P E T E R K N O B L I C H

800 G DE ROBALO / SAL E PIMENTA BRANCA A GOSTO

60 ML DE VINHO BRANCO SECO

PARA O MOLHO

16 UNIDADES DE LICHIA

100 ML DE AZEITE DE OLIVA (PARA MARINADA)

TEMPEROS FRESCOS

1 COLHER (SOBREMESA) DE TOMILHO

1 COLHER (SOBREMESA) DE TOMILHO-LIMÃO

1 COLHER (SOBREMESA) DE MANJERICÃO PICADO

1 COLHER (SOBREMESA) DE HORTELÃ PICADA

1 COLHER (SOBREMESA) DE MENTA PICADA

1 COLHER (SOBREMESA) DE CIBOULETTE PICADA

TEMPEROS SECOS

4 UNIDADES DE CARDAMOMO EM GRÃO

2 FOLHAS DE LOURO /1 RAMO DE CANELA

½ COLHER (SOBREMESA) DE CURRY

½ COLHER (SOBREMESA) DE AÇAFRÃO

½ COLHER (SOBREMESA) DE CURCUMA

½ COLHER (SOBREMESA) DE GENGIBRE EM PÓ

PARA A GUARNIÇÃO DE FRUTAS

2 MANGAS CORTADAS EM CUBOS

2 COLHERES (SOPA) DE GENGIBRE FINAMENTE PICADO

(EM VINAGRE E AÇÚCAR)

2 MAÇÃS-VERDE CORTADAS EM CUBOS / 1 LIMÃO

4 COLHERES (SOPA) DE AZEITE DE OLIVA

1 COLHER (SOPA) DE COENTRO FRESCO PICADO

PARA O CUSCUZ

RASPAS DE 2 LIMÕES SCICILIANOS PICADAS

SUCO DOS 2 LIMÕES / 2 GRÃOS DE CARDAMOMO PICADOS

200 G DE CUSCUZ DE SÊMOLA

CANELA EM PAU 3 CM / 1 COLHER DE AZEITE DE OLIVA

2 FOLHAS DE LOURO / SAL E PIMENTA A GOSTO

400 ML DE CALDO DE FUNDO CLARO DE AVES

20 G DE MANTEIGA SEM SAL / 1/2 COLHER

(SOBREMESA) DE GENGIBRE EM PÓ / AÇÚCAR

PARA A QUENELLES

2 COLHERES (SOPA) DE NATA / 1 COLHER (SOPA) DE

IOGURTE / SAL E PIMENTA A GOSTO

UMA PITADA DE COENTRO FRESCO PICADO

UMA PITADA DE CIBOULETTE PICADA

UMA PITADA DE RASPAS DE LIMAO SCICILIANO PICADAS

½ COLHER (SOBREMESA) DE ALGA MARINHA

CONCENTRADA

Modo de fazer:Cuscuz: Numa panela coloque o suco de dois limões sicilianos.Deixe reduzir com uma pitada de açúcar até que fique quaseum caramelo. Acrescente o louro, a canela em pau, 2 grãos decardamomo picados, gengibre em pó e refogue. Acrescente ocaldo de aves. Deixe em fogo brando, colocando o cuscuz sem-pre mexendo. Tampe e cozinhe por 3 minutos. Remova do fogo,mantendo abafado por ainda 5 minutos. Volte ao fogo, acres-cente a manteiga, o azeite de oliva e, com auxilio de um garfo,solte o cuscuz enquanto estiver ainda no fogo, por 2 minutos.(total 10 minutos)

Frutas: Misture o gengibre e a manga. Reserve. Acrescente a maçã,o suco de 1 limão, sal, pimenta, coentro e azeite de oliva.

Marinada de Lichia: Misture os temperos secos aos frescos,junte o azeite de oliva e a lichia cortada ao meio. Deixe des-cansando por 24 horas sob refrigeração.

Peixe: Numa frigideira bem aquecida acrescente um filete de azei-te de oliva e sobre este o robalo temperado com sal e pimentabranca. Grelhe dos dois lados até atingir coloração dourada. Fina-lize com o vinho branco e a marinada da lichia. Tampe e reserve.

Montagem: Sobre um aro, disponha o cuscuz já aquecido. So-bre o cuscuz, disponha a manga e a maçã já aquecidas emfrigideira, montando um gateaux de cuscuz, maçã e manga.Retire o aro e acrescente o peixe com molho de lichia e ervas.

Finalização – Quenelles do Mar: Bata a nata até obter umcreme homogêneo, acrescente iogurte, raspas de limão siciliano,tomilho limão, ciboulette e coentro picados. Finalize com sal,pimenta e alga marinha concentrada. Decore o peixe fazendouma quenelles com auxilio de duas colheres.

CARINHO PERFUMADOOS AROMAS DOS PRATOS ASSINADOS PELO CHEF PETER KNOBLICH PERMANECEM NA MEMÓRIA DE CADA COMENSAL MESMO DEPOIS DA DERRADEIRA GARFADA.FORTEMENTE MARCADO PELA CULINÁRIA FRANCESA, O CARDÁPIO ASSINADO POR PETER RECEBE TOQUES CONTEMPORÂNEOS. PETER É APAIXONADO PELOSEGMENTO SMOKED FOOD E OUTRAS TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS. A PAIXÃO SE REFLETE EM PRATICAMENTE TODOS OS SEUS PRATOS, QUECHEGAM À MESA COM UM IRRESISTÍVEL PERFUME, UM TOQUE LEVE DE DEFUMAÇÃO E GENEROSAS PITADAS DE CARINHO. ATÉ CHEGAR AO FOGÃO, PETER PASSOUPELO SALÃO, PELA COPA, E PERAMBULOU PELAS COZINHAS DE RENOMADOS CHEFS. À FRENTE DA COZINHA DO LORITA, EM PORTO ALEGRE, QUE ELE COMANDA AOLADO DA MÉDICA ROBERTA GOMES, PETER CRIA E RECRIA SABORES ÚNICOS EM PERFEITAS DOSAGENS DE ERVAS, AZEITES, CONDIMENTOS E MUITA DEDICAÇÃO.

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Sabor

Robalo Primavera P O R P E T E R K N O B L I C H

800 G DE ROBALO / SAL E PIMENTA BRANCA A GOSTO

60 ML DE VINHO BRANCO SECO

PARA O MOLHO

16 UNIDADES DE LICHIA

100 ML DE AZEITE DE OLIVA (PARA MARINADA)

TEMPEROS FRESCOS

1 COLHER (SOBREMESA) DE TOMILHO

1 COLHER (SOBREMESA) DE TOMILHO-LIMÃO

1 COLHER (SOBREMESA) DE MANJERICÃO PICADO

1 COLHER (SOBREMESA) DE HORTELÃ PICADA

1 COLHER (SOBREMESA) DE MENTA PICADA

1 COLHER (SOBREMESA) DE CIBOULETTE PICADA

TEMPEROS SECOS

4 UNIDADES DE CARDAMOMO EM GRÃO

2 FOLHAS DE LOURO /1 RAMO DE CANELA

½ COLHER (SOBREMESA) DE CURRY

½ COLHER (SOBREMESA) DE AÇAFRÃO

½ COLHER (SOBREMESA) DE CURCUMA

½ COLHER (SOBREMESA) DE GENGIBRE EM PÓ

PARA A GUARNIÇÃO DE FRUTAS

2 MANGAS CORTADAS EM CUBOS

2 COLHERES (SOPA) DE GENGIBRE FINAMENTE PICADO

(EM VINAGRE E AÇÚCAR)

2 MAÇÃS-VERDE CORTADAS EM CUBOS / 1 LIMÃO

4 COLHERES (SOPA) DE AZEITE DE OLIVA

1 COLHER (SOPA) DE COENTRO FRESCO PICADO

PARA O CUSCUZ

RASPAS DE 2 LIMÕES SCICILIANOS PICADAS

SUCO DOS 2 LIMÕES / 2 GRÃOS DE CARDAMOMO PICADOS

200 G DE CUSCUZ DE SÊMOLA

CANELA EM PAU 3 CM / 1 COLHER DE AZEITE DE OLIVA

2 FOLHAS DE LOURO / SAL E PIMENTA A GOSTO

400 ML DE CALDO DE FUNDO CLARO DE AVES

20 G DE MANTEIGA SEM SAL / 1/2 COLHER

(SOBREMESA) DE GENGIBRE EM PÓ / AÇÚCAR

PARA A QUENELLES

2 COLHERES (SOPA) DE NATA / 1 COLHER (SOPA) DE

IOGURTE / SAL E PIMENTA A GOSTO

UMA PITADA DE COENTRO FRESCO PICADO

UMA PITADA DE CIBOULETTE PICADA

UMA PITADA DE RASPAS DE LIMAO SCICILIANO PICADAS

½ COLHER (SOBREMESA) DE ALGA MARINHA

CONCENTRADA

Modo de fazer:Cuscuz: Numa panela coloque o suco de dois limões sicilianos.Deixe reduzir com uma pitada de açúcar até que fique quaseum caramelo. Acrescente o louro, a canela em pau, 2 grãos decardamomo picados, gengibre em pó e refogue. Acrescente ocaldo de aves. Deixe em fogo brando, colocando o cuscuz sem-pre mexendo. Tampe e cozinhe por 3 minutos. Remova do fogo,mantendo abafado por ainda 5 minutos. Volte ao fogo, acres-cente a manteiga, o azeite de oliva e, com auxilio de um garfo,solte o cuscuz enquanto estiver ainda no fogo, por 2 minutos.(total 10 minutos)

Frutas: Misture o gengibre e a manga. Reserve. Acrescente a maçã,o suco de 1 limão, sal, pimenta, coentro e azeite de oliva.

Marinada de Lichia: Misture os temperos secos aos frescos,junte o azeite de oliva e a lichia cortada ao meio. Deixe des-cansando por 24 horas sob refrigeração.

Peixe: Numa frigideira bem aquecida acrescente um filete de azei-te de oliva e sobre este o robalo temperado com sal e pimentabranca. Grelhe dos dois lados até atingir coloração dourada. Fina-lize com o vinho branco e a marinada da lichia. Tampe e reserve.

Montagem: Sobre um aro, disponha o cuscuz já aquecido. So-bre o cuscuz, disponha a manga e a maçã já aquecidas emfrigideira, montando um gateaux de cuscuz, maçã e manga.Retire o aro e acrescente o peixe com molho de lichia e ervas.

Finalização – Quenelles do Mar: Bata a nata até obter umcreme homogêneo, acrescente iogurte, raspas de limão siciliano,tomilho limão, ciboulette e coentro picados. Finalize com sal,pimenta e alga marinha concentrada. Decore o peixe fazendouma quenelles com auxilio de duas colheres.

CARINHO PERFUMADOOS AROMAS DOS PRATOS ASSINADOS PELO CHEF PETER KNOBLICH PERMANECEM NA MEMÓRIA DE CADA COMENSAL MESMO DEPOIS DA DERRADEIRA GARFADA.FORTEMENTE MARCADO PELA CULINÁRIA FRANCESA, O CARDÁPIO ASSINADO POR PETER RECEBE TOQUES CONTEMPORÂNEOS. PETER É APAIXONADO PELOSEGMENTO SMOKED FOOD E OUTRAS TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS. A PAIXÃO SE REFLETE EM PRATICAMENTE TODOS OS SEUS PRATOS, QUECHEGAM À MESA COM UM IRRESISTÍVEL PERFUME, UM TOQUE LEVE DE DEFUMAÇÃO E GENEROSAS PITADAS DE CARINHO. ATÉ CHEGAR AO FOGÃO, PETER PASSOUPELO SALÃO, PELA COPA, E PERAMBULOU PELAS COZINHAS DE RENOMADOS CHEFS. À FRENTE DA COZINHA DO LORITA, EM PORTO ALEGRE, QUE ELE COMANDA AOLADO DA MÉDICA ROBERTA GOMES, PETER CRIA E RECRIA SABORES ÚNICOS EM PERFEITAS DOSAGENS DE ERVAS, AZEITES, CONDIMENTOS E MUITA DEDICAÇÃO.

26 Estilo Zaffari Estilo Zaffari 27

Page 18: Revista Estilo 52

Sabor

Peixe 7ème Sens P O R V A L É R I E L A F A Y

PARA O PEIXE

800 G DE FILÉ DE CÔNGRIO ROSA

ÓLEO DE CANOLA PARA FRITAR

50 G DE FARINHA DE TRIGO / SUCO DE 1 LIMÃO TAITI

UM MAÇO DE SALSINHA FRESCA PICADA

MOLHO

4 CARAMBOLAS MÉDIAS / 250 G DE AÇÚCAR

150 ML DE ÁGUA / SUCO DE 3 LIMÕES TAITI

SAL E PIMENTA A GOSTO / 1 MAÇO DE HORTELÃ

PURÊ

1KG DE MANDIOQUINHA SEM PELE

50 G DE MANTEIGA / 100 G DE NATA FRESCA

500 G DE CUSCUZ MARROQUINO

150 G DE MANTEIGA / ÁGUA QUENTE

SAL E PIMENTA

Modo de fazer:Peixe: Tempere os filés com um pouco de sal, pimenta egotas de limão. Passe na farinha de trigo para que fique umacamada leve e frite um de cada vez em óleo quente até ficardourado.

Molho: Retire a pele das carambolas e corte em fatias, emforma de estrela. Separe quatro estrelas maiores e pique oresto em cubinhos pequenos. Leve os cubos ao fogo baixocom o açúcar, cozinhando até ficar em ponto de geleia. Bataessa mistura em um mixer ou liquidificador e adicione meiaxícara de água, sal, suco de limão e as folhas de hortelã.Cozinhe em fogo baixo. Reserve.

Purê: Cozinhe as mandioquinhas, retire as cascas e amassecom um garfo. Adicione a nata e a manteiga e acerte o sal.

Cuscuz: Prepare o cuscuz conforme as instruções da caixae finalize com sal e pimenta a seu gosto.

Finalização: Coloque o cuscuz e o purê de mandioquinhalado a lado e o filé por cima em um prato individual. Cubracom o molho de carambolas, salpique com salsa e decorecom uma fatia da fruta em forma de estrela. Pode servir comlegumes na manteiga.

AUTENTICIDADE MEDITERRÂNEADETERMINADA E CRIATIVA. OS DOIS ADJETIVOS AJUDAM A DEFINIR A FRANCESA VALÉRIE LAFAY. NASCIDA EM CASSIS, NO SUL DA FRANÇA,A CHEF JÁ SE AVENTURAVA NA COZINHA AOS TRÊS ANOS DE IDADE. NO FINAL DOS ANOS 80, CHEGOU AO BRASIL E EM POUCOS MESES,PRESENTEOU A CAPITAL DOS GAÚCHOS COM UM RESTAURANTE AUTÊNTICO FRANCÊS: L'ARMAZÉM, ONDE PRATICAVA O MELHOR DA CULI-NÁRIA MEDITERRÂNEA. DEPOIS DE ANDANÇAS COMO CHEF EXECUTIVA E CONSULTORA DE HOTÉIS E RESTAURANTES DE SÃO PAULO,SALVADOR, FLORIANÓPOLIS E PUNTA DEL ESTE, VOLTOU À FRANÇA E RETORNOU A PORTO ALEGRE. AGORA, EM SEU REDUTO “À LACAMPAGNE”, UM ESPAÇO A 40 QUILÔMETROS DA CIDADE, ELA RECEBE PEQUENOS GRUPOS PARA IMERSÃO E DESFRUTE DA CULINÁRIAPROVENÇAL NA PRÁTICA E NA TEORIA COM DIREITO A FOGÃO À LENHA E ERVAS COLHIDAS NA HORTA. À NOITE, ELA MOSTRA SEU ECLETIS-MO DO BARDÔ – BAR E BISTRÔ, ONDE A COZINHA BRASILEIRA GANHA RETOQUES MEDITERRÂNEOS.

Page 19: Revista Estilo 52

Sabor

Peixe 7ème Sens P O R V A L É R I E L A F A Y

PARA O PEIXE

800 G DE FILÉ DE CÔNGRIO ROSA

ÓLEO DE CANOLA PARA FRITAR

50 G DE FARINHA DE TRIGO / SUCO DE 1 LIMÃO TAITI

UM MAÇO DE SALSINHA FRESCA PICADA

MOLHO

4 CARAMBOLAS MÉDIAS / 250 G DE AÇÚCAR

150 ML DE ÁGUA / SUCO DE 3 LIMÕES TAITI

SAL E PIMENTA A GOSTO / 1 MAÇO DE HORTELÃ

PURÊ

1KG DE MANDIOQUINHA SEM PELE

50 G DE MANTEIGA / 100 G DE NATA FRESCA

500 G DE CUSCUZ MARROQUINO

150 G DE MANTEIGA / ÁGUA QUENTE

SAL E PIMENTA

Modo de fazer:Peixe: Tempere os filés com um pouco de sal, pimenta egotas de limão. Passe na farinha de trigo para que fique umacamada leve e frite um de cada vez em óleo quente até ficardourado.

Molho: Retire a pele das carambolas e corte em fatias, emforma de estrela. Separe quatro estrelas maiores e pique oresto em cubinhos pequenos. Leve os cubos ao fogo baixocom o açúcar, cozinhando até ficar em ponto de geleia. Bataessa mistura em um mixer ou liquidificador e adicione meiaxícara de água, sal, suco de limão e as folhas de hortelã.Cozinhe em fogo baixo. Reserve.

Purê: Cozinhe as mandioquinhas, retire as cascas e amassecom um garfo. Adicione a nata e a manteiga e acerte o sal.

Cuscuz: Prepare o cuscuz conforme as instruções da caixae finalize com sal e pimenta a seu gosto.

Finalização: Coloque o cuscuz e o purê de mandioquinhalado a lado e o filé por cima em um prato individual. Cubracom o molho de carambolas, salpique com salsa e decorecom uma fatia da fruta em forma de estrela. Pode servir comlegumes na manteiga.

AUTENTICIDADE MEDITERRÂNEADETERMINADA E CRIATIVA. OS DOIS ADJETIVOS AJUDAM A DEFINIR A FRANCESA VALÉRIE LAFAY. NASCIDA EM CASSIS, NO SUL DA FRANÇA,A CHEF JÁ SE AVENTURAVA NA COZINHA AOS TRÊS ANOS DE IDADE. NO FINAL DOS ANOS 80, CHEGOU AO BRASIL E EM POUCOS MESES,PRESENTEOU A CAPITAL DOS GAÚCHOS COM UM RESTAURANTE AUTÊNTICO FRANCÊS: L'ARMAZÉM, ONDE PRATICAVA O MELHOR DA CULI-NÁRIA MEDITERRÂNEA. DEPOIS DE ANDANÇAS COMO CHEF EXECUTIVA E CONSULTORA DE HOTÉIS E RESTAURANTES DE SÃO PAULO,SALVADOR, FLORIANÓPOLIS E PUNTA DEL ESTE, VOLTOU À FRANÇA E RETORNOU A PORTO ALEGRE. AGORA, EM SEU REDUTO “À LACAMPAGNE”, UM ESPAÇO A 40 QUILÔMETROS DA CIDADE, ELA RECEBE PEQUENOS GRUPOS PARA IMERSÃO E DESFRUTE DA CULINÁRIAPROVENÇAL NA PRÁTICA E NA TEORIA COM DIREITO A FOGÃO À LENHA E ERVAS COLHIDAS NA HORTA. À NOITE, ELA MOSTRA SEU ECLETIS-MO DO BARDÔ – BAR E BISTRÔ, ONDE A COZINHA BRASILEIRA GANHA RETOQUES MEDITERRÂNEOS.

Page 20: Revista Estilo 52

Arani de PargoP O R S U S H I M A N E M E R S O N Y O S H I M I T S U M I Y A M O T O

2 FATIAS DE 200 G DE PARGO COM ESPINHA

200 ML DE ÁGUA

200 ML DE SHOYU

30 ML DE SAKÊ

30 ML DE MIRIM

20 G DE AÇÚCAR

2 FATIAS FINAS DE GENGIBRE

Modo de fazer:Junte todos os ingredientes exceto o pargo e cozinhe em fogobrando. Quando começar a ferver, coloque o pargo e abafe comuma tampa por 15minutos até que o caldo comece a ficar gros-so. Acompanhe o pargo com bardana palha.

Bardana: é uma raiz e tem um formato comprido. Ela deve serdescascada de forma leve e depois cortada em tiras bem finas.No Japão se come cozido, refogado. Só que o sushiman adap-tou ao paladar brasileiro e resolveu fritar. Dá um aspecto debatata palha, porém tem um sabor bem característico próprioda bardana. Pode ser comprado em qualquer loja de produtosjaponeses.

Arani: é um cozido de peixe de carne branca com gengibre e shoyu.

Mirim: é um tipo de sakê.

ENCANTO PRECOCEEMERSON YOSHIMITSU MIYAMOTO TEM 28 ANOS E JÁ TRAZ NA BAGAGEM SEUS PRE-COCES 11 ANOS DE EXPERIÊNCIA. DESCENDENTE DIRETO DE JAPONÊS (NISSEI), ELEÉ GAÚCHO DE PORTO ALEGRE, E DEU SEUS PRIMEIROS PASSOS AINDA NA ADOLES-CÊNCIA QUANDO, EM 1995, OS PAIS INAUGURARAM O RESTAURANTE MIYUKI, NA RUACASTRO ALVES. AOS 17 ANOS JÁ ESTAVA ESTAGIANDO NO JAPÃO. FOI EM ITO, CIDADEDA PROVÍNCIA DE SHIZUOKA, QUE EMERSON APRENDEU TODO O PROCESSO DE PRE-PARO DA CULINÁRIA TRADICIONAL JAPONESA. DE VOLTA AO BRASIL, TRABALHOUTAMBÉM NO RESTAURANTE YASHIRO, EM SÃO PAULO, ONDE APERFEIÇOOU A TÉCNI-CA. HOJE ELE MOSTRA SUA COMPETÊNCIA E TALENTO NAS VERDADEIRAS OBRAS DEARTE QUE SAEM DA COZINHA DO DAIMU, DELICIANDO OLHOS E PALADARES UNÂNI-MES NO BAIRRO MOINHOS DE VENTO.

Sabor

ÔMEGA 3: TODO PODEROSODas gorduras contidas nos peixes, a maioria éinsaturada. Entre elas, está o ômega 3, um tipode gordura do bem, chamada monoinsaturada,que auxilia na diminuição do risco de doençascardiovasculares, ajuda a conter inflamações eatua na regeneração das células-tronco. Comoage nas células nervosas, o ômega 3 atua nocombate à ansiedade e outros problemas de fun-do emocional. Quem tem pressão alta tambémvai se beneficiar com o consumo regular de pei-xes, principalmente de atum, sardinha e salmão,ricos neste tipo de gordura.

PEIXE CERTOPeixes de águas frias, como sardinha, atum, sal-mão, arenque e cavala são ideais como fonte denutrientes. A sardinha apresenta uma quantidadesignificativa de cálcio, devido à sua espinha, porisso é boa fonte para quem tem deficiência dessemineral. A tilápia, por sua vez, é rica em proteínase possui baixo teor de calorias e gorduras, princi-palmente saturadas, ou seja, é uma excelenteopção para quem quer controlar o peso.Cuidado com os peixes conservados em sal, comobacalhau, salmão defumado e anchova, que sãomuito ricos em sódio, devendo ser consumidos commoderação, principalmente por quem tem propen-são à hipertensão, doenças cardiovasculares ousofre de retenção de líquidos.

CONSUMO NO BRASILO Brasil dispõe de 4,5 milhões de quilômetros deárea oceânica, 8,6 mil quilômetros de costa e 15%da água doce de todo o planeta. Seria natural quesua população despontasse como grande consu-midora de peixes. Não é bem assim. Anualmente,o brasileiro consome sete quilos de pescado, po-rém a recomendação da Organização Mundial daSaúde (OMS) é quase o dobro: 12 quilos por pes-soa a cada ano. E por incrível que pareça, a pescapor aqui ainda é pouco desenvolvida. Países comoa China, o Chile e a Noruega, com extensão litorâ-nea muito menor que a brasileira, são os maioresprodutores do mundo.

PEIXES E MAIS PEIXES...

Page 21: Revista Estilo 52

Arani de PargoP O R S U S H I M A N E M E R S O N Y O S H I M I T S U M I Y A M O T O

2 FATIAS DE 200 G DE PARGO COM ESPINHA

200 ML DE ÁGUA

200 ML DE SHOYU

30 ML DE SAKÊ

30 ML DE MIRIM

20 G DE AÇÚCAR

2 FATIAS FINAS DE GENGIBRE

Modo de fazer:Junte todos os ingredientes exceto o pargo e cozinhe em fogobrando. Quando começar a ferver, coloque o pargo e abafe comuma tampa por 15minutos até que o caldo comece a ficar gros-so. Acompanhe o pargo com bardana palha.

Bardana: é uma raiz e tem um formato comprido. Ela deve serdescascada de forma leve e depois cortada em tiras bem finas.No Japão se come cozido, refogado. Só que o sushiman adap-tou ao paladar brasileiro e resolveu fritar. Dá um aspecto debatata palha, porém tem um sabor bem característico próprioda bardana. Pode ser comprado em qualquer loja de produtosjaponeses.

Arani: é um cozido de peixe de carne branca com gengibre e shoyu.

Mirim: é um tipo de sakê.

ENCANTO PRECOCEEMERSON YOSHIMITSU MIYAMOTO TEM 28 ANOS E JÁ TRAZ NA BAGAGEM SEUS PRE-COCES 11 ANOS DE EXPERIÊNCIA. DESCENDENTE DIRETO DE JAPONÊS (NISSEI), ELEÉ GAÚCHO DE PORTO ALEGRE, E DEU SEUS PRIMEIROS PASSOS AINDA NA ADOLES-CÊNCIA QUANDO, EM 1995, OS PAIS INAUGURARAM O RESTAURANTE MIYUKI, NA RUACASTRO ALVES. AOS 17 ANOS JÁ ESTAVA ESTAGIANDO NO JAPÃO. FOI EM ITO, CIDADEDA PROVÍNCIA DE SHIZUOKA, QUE EMERSON APRENDEU TODO O PROCESSO DE PRE-PARO DA CULINÁRIA TRADICIONAL JAPONESA. DE VOLTA AO BRASIL, TRABALHOUTAMBÉM NO RESTAURANTE YASHIRO, EM SÃO PAULO, ONDE APERFEIÇOOU A TÉCNI-CA. HOJE ELE MOSTRA SUA COMPETÊNCIA E TALENTO NAS VERDADEIRAS OBRAS DEARTE QUE SAEM DA COZINHA DO DAIMU, DELICIANDO OLHOS E PALADARES UNÂNI-MES NO BAIRRO MOINHOS DE VENTO.

Sabor

ÔMEGA 3: TODO PODEROSODas gorduras contidas nos peixes, a maioria éinsaturada. Entre elas, está o ômega 3, um tipode gordura do bem, chamada monoinsaturada,que auxilia na diminuição do risco de doençascardiovasculares, ajuda a conter inflamações eatua na regeneração das células-tronco. Comoage nas células nervosas, o ômega 3 atua nocombate à ansiedade e outros problemas de fun-do emocional. Quem tem pressão alta tambémvai se beneficiar com o consumo regular de pei-xes, principalmente de atum, sardinha e salmão,ricos neste tipo de gordura.

PEIXE CERTOPeixes de águas frias, como sardinha, atum, sal-mão, arenque e cavala são ideais como fonte denutrientes. A sardinha apresenta uma quantidadesignificativa de cálcio, devido à sua espinha, porisso é boa fonte para quem tem deficiência dessemineral. A tilápia, por sua vez, é rica em proteínase possui baixo teor de calorias e gorduras, princi-palmente saturadas, ou seja, é uma excelenteopção para quem quer controlar o peso.Cuidado com os peixes conservados em sal, comobacalhau, salmão defumado e anchova, que sãomuito ricos em sódio, devendo ser consumidos commoderação, principalmente por quem tem propen-são à hipertensão, doenças cardiovasculares ousofre de retenção de líquidos.

CONSUMO NO BRASILO Brasil dispõe de 4,5 milhões de quilômetros deárea oceânica, 8,6 mil quilômetros de costa e 15%da água doce de todo o planeta. Seria natural quesua população despontasse como grande consu-midora de peixes. Não é bem assim. Anualmente,o brasileiro consome sete quilos de pescado, po-rém a recomendação da Organização Mundial daSaúde (OMS) é quase o dobro: 12 quilos por pes-soa a cada ano. E por incrível que pareça, a pescapor aqui ainda é pouco desenvolvida. Países comoa China, o Chile e a Noruega, com extensão litorâ-nea muito menor que a brasileira, são os maioresprodutores do mundo.

PEIXES E MAIS PEIXES...

Page 22: Revista Estilo 52

Sabor

Linguado com ArrozNegro Thai Style P O R F E L I P P E S I C A

400 G DE FILÉ DE LINGUADO

100 G DE ARROZ NEGRO

200 G DE COGUMELO SHIITAKE

2 UNIDADES DE ALHO PORÓ

1 UNIDADE DE CENOURA

100 G DE ERVILHA TORTA

6 COLHERES (SOPA) MOLHO DE OSTRAS

1 COLHER (CHÁ) DE AÇÚCAR CRISTAL

3 COLHERES (SOPA) DE CALDO DE LEGUMES

4 COLHERES (SOPA) DE ÓLEO DE CANOLA

OU GIRASSOL

1 UNIDADE DE LIMÃO SICILIANO

SAL E PIMENTA DO REINO EM GRÃO A GOSTO

Modo de fazer: Comece cozinhando o arroz negro, pois eledemora mais do que o comum. Faça como no risoto, coloqueágua aos poucos e verifique o ponto dos grãos. Leva cerca de35 a 40 minutos essa operação ou até que o arroz esteja leve-mente macio. Deixe esfriar na geladeira. Lamine o shiitake e oalho poró. Cortar a cenoura em juliana e a ervilha torta nadiagonal. Seque bem os filés de linguado com papel toalha.Tempere com sal e pimenta do reino moída na hora. Aqueçauma frigideira antiaderente e coloque duas colheres de sopa deóleo. Coloque o linguado com a parte da pele para cima e gre-lhe aproximadamente dois minutos de cada lado, dependendoda espessura do filé. Numa panela wok ou frigideira com asbordas altas, entre com o restante do óleo. Em seguida, colo-que os legumes, mexa bem ou salteie por dois minutos. O fogotem que estar forte sempre. Temperar com o molho de ostras,caldo de legumes e açúcar cristal. Adicione o arroz negro emexa sem parar (stir fry) por um minuto. Coloque um poucode pimenta do reino moída.Finalização: Sirva o arroz na base do prato com o peixe porcima. O molho fica por conta do limão siciliano em gomos,espremido na hora. Ele dará o toque de acidez no prato. Deco-re com ervas frescas como tomilho, alecrim e cebolete.

TEMPERO DESCOLADOA CHEGADA DA FILHOTA DORA, NASCIDA EM AGOSTO, FOI FATOR DECISIVO PARA QUE FELIPPE SICA DECIDISSE LARGAR AINTENSIDADE E A DEDICAÇÃO QUE A COZINHA DE UM RESTAURANTE EXIGEM PARA GANHAR MAIS TEMPO PARA SI. FORAM TRÊSANOS ATUANDO NOS BASTIDORES DO KOH PEE PEE, EXCELÊNCIA EM CULINÁRIA TAILANDESA E UMA DAS CASAS MAIS APLAU-DIDAS DO SUL DO BRASIL. ANTES, ELE JÁ HAVIA ENRIQUECIDO A CULINÁRIA DE DOIS OUTROS ÍCONES LOCAIS: CHEZ PHILIPPE ECONSTANTINO. AGORA, FELIPPE FAZ JANTARES EXCLUSIVOS, CONSULTORIAS E AULAS COM DIREITO A TEMPERO EXTRA, POISELE ENFATIZA O CICLO COMPLETO: PERCEPÇÃO DO GOSTO DE CADA ALUNO, SUGESTÕES E PROVOCAÇÕES GUSTATIVAS DO CHEF,COMPRAS NO MERCADO PÚBLICO, ENCONTRO COM SOMMELIERS PARA COMPRA DE VINHOS, PREPARO DOS PRATOS E, AÍ SIM,O JANTAR. SOBRA TEMPO PARA A FAMÍLIA E PARA ALIMENTAR O BLOG (HTTP://FELIPPESICABLOGSPOT.COM) EM QUE ELENARRA SUAS DESCOBERTAS, RECEITAS E PENSATAS CULINÁRIAS.

Page 23: Revista Estilo 52

Sabor

Linguado com ArrozNegro Thai Style P O R F E L I P P E S I C A

400 G DE FILÉ DE LINGUADO

100 G DE ARROZ NEGRO

200 G DE COGUMELO SHIITAKE

2 UNIDADES DE ALHO PORÓ

1 UNIDADE DE CENOURA

100 G DE ERVILHA TORTA

6 COLHERES (SOPA) MOLHO DE OSTRAS

1 COLHER (CHÁ) DE AÇÚCAR CRISTAL

3 COLHERES (SOPA) DE CALDO DE LEGUMES

4 COLHERES (SOPA) DE ÓLEO DE CANOLA

OU GIRASSOL

1 UNIDADE DE LIMÃO SICILIANO

SAL E PIMENTA DO REINO EM GRÃO A GOSTO

Modo de fazer: Comece cozinhando o arroz negro, pois eledemora mais do que o comum. Faça como no risoto, coloqueágua aos poucos e verifique o ponto dos grãos. Leva cerca de35 a 40 minutos essa operação ou até que o arroz esteja leve-mente macio. Deixe esfriar na geladeira. Lamine o shiitake e oalho poró. Cortar a cenoura em juliana e a ervilha torta nadiagonal. Seque bem os filés de linguado com papel toalha.Tempere com sal e pimenta do reino moída na hora. Aqueçauma frigideira antiaderente e coloque duas colheres de sopa deóleo. Coloque o linguado com a parte da pele para cima e gre-lhe aproximadamente dois minutos de cada lado, dependendoda espessura do filé. Numa panela wok ou frigideira com asbordas altas, entre com o restante do óleo. Em seguida, colo-que os legumes, mexa bem ou salteie por dois minutos. O fogotem que estar forte sempre. Temperar com o molho de ostras,caldo de legumes e açúcar cristal. Adicione o arroz negro emexa sem parar (stir fry) por um minuto. Coloque um poucode pimenta do reino moída.Finalização: Sirva o arroz na base do prato com o peixe porcima. O molho fica por conta do limão siciliano em gomos,espremido na hora. Ele dará o toque de acidez no prato. Deco-re com ervas frescas como tomilho, alecrim e cebolete.

TEMPERO DESCOLADOA CHEGADA DA FILHOTA DORA, NASCIDA EM AGOSTO, FOI FATOR DECISIVO PARA QUE FELIPPE SICA DECIDISSE LARGAR AINTENSIDADE E A DEDICAÇÃO QUE A COZINHA DE UM RESTAURANTE EXIGEM PARA GANHAR MAIS TEMPO PARA SI. FORAM TRÊSANOS ATUANDO NOS BASTIDORES DO KOH PEE PEE, EXCELÊNCIA EM CULINÁRIA TAILANDESA E UMA DAS CASAS MAIS APLAU-DIDAS DO SUL DO BRASIL. ANTES, ELE JÁ HAVIA ENRIQUECIDO A CULINÁRIA DE DOIS OUTROS ÍCONES LOCAIS: CHEZ PHILIPPE ECONSTANTINO. AGORA, FELIPPE FAZ JANTARES EXCLUSIVOS, CONSULTORIAS E AULAS COM DIREITO A TEMPERO EXTRA, POISELE ENFATIZA O CICLO COMPLETO: PERCEPÇÃO DO GOSTO DE CADA ALUNO, SUGESTÕES E PROVOCAÇÕES GUSTATIVAS DO CHEF,COMPRAS NO MERCADO PÚBLICO, ENCONTRO COM SOMMELIERS PARA COMPRA DE VINHOS, PREPARO DOS PRATOS E, AÍ SIM,O JANTAR. SOBRA TEMPO PARA A FAMÍLIA E PARA ALIMENTAR O BLOG (HTTP://FELIPPESICABLOGSPOT.COM) EM QUE ELENARRA SUAS DESCOBERTAS, RECEITAS E PENSATAS CULINÁRIAS.

Page 24: Revista Estilo 52

(con)vivências

NÃO GRUDE NO CLIENTE“Senhores fabricantes, prometo não esquecer de suas

marcas. Mas, por favor, permitam-me usar seus produtos –que já foram pagos e que agora são meus – do jeito que eubem entender”. Esta será a introdução de uma carta abertaque pretendo endereçar aos fabricantes como um todo, poiseles formam uma entidade que insiste em estar presente emtodos os momentos e objetos da minha vida, tal qual criançaagarrada à mão de um adulto temendo ser abandonada. Potesde vidro, por exemplo, geralmente têm etiquetas grudadas comcolas invencíveis, que só sairão depois de o vidro já estar todoarranhado de tanto a gente esfregar. As etiquetas das roupas -especialmente as que ficam na altura da nuca – são costura-das com nylon em pontinhos ínfimos, para intimidar quemqueira retirá-las. Não sei o que me atrapalha mais: a etiqueta,a torturante linha de nylon ou a insistência do fabricante emgrudar em mim. Aliás, os botões das roupas deveriam ser pre-sos com igual eficiência, coisa que não acontece, pois a umaúnica puxadinha da ponta da linha eles despencamdespudoradamente. Uma mulher pode ficar nua em plenaavenida por causa dos botões costurados à máquina, mas ja-mais correrá o risco de esquecer a grife patrocinadora do es-petáculo, pois a etiqueta estará lá, mais à mostra do que nun-ca, pra quem quiser conferir. Dia desses, levei uns dez minutosna meticulosa cirurgia de retirada da etiqueta de uma camisa,com direito a extração à pinça dos últimos vestígios do nylonusado para prendê-la. “Etiquetomia” é o nome dessa prática,que já me custou buracos em camisetas e peças de tricô, tudopor culpa dos fabricantes que desejam ser irritantemente lem-brados. No fundo, eu entendo e concordo com essa filosofia.Porém, as marcas devem estar presentes na cabeça do consu-

midor e não no pescoço dele. Não é de hoje que as maisons demoda aplicam suas logomarcas em estampas de lenços e teci-dos de bolsas. Porém, antes de sua total vulgarização, esse eraum recurso relativamente discreto, usado com elegância. Nosúltimos 20 anos, no entanto, as grifes ficaram salientes e assa-nhadas porque os consumidores passaram a valorizar os pro-dutos 'de marca', fazendo questão de exibir suas escolhas. Desdeentão, a gente vê etiquetas de tudo que é jeito, estampadas,costuradas e até penduradas em todos os cantos de roupase acessórios, ao ponto de trazer confusão a certas pessoas.Uma vez, encontrei um homem que vestia um sobretudo.Na manga esquerda (na mesma altura do Rolex de proce-dência duvidosa), via-se uma etiqueta imensa onde estavaescrito “100% wool”. Ela era muito grande para passar des-percebida, ficando evidente que o dono do casaco decidiranão retirá-la, mesmo sem saber o que ela informava. Tal-vez ele tenha considerado que o termo em língua estran-geira conferia importância à roupa. E aí está mais uma ob-sessão do momento: palavras e grafismos de difícil tradu-ção. Neste quesito, os campeões de preferência são osideogramas do alfabeto Kanji. Particularmente, eu teriamedo de exibi-los sem a assessoria de um japonês de confi-ança que me fizesse a tradução precisa do significado. Jápensou sair desfilando com um “aluga-se”ou “fechado aosdomingos” nas costas de uma jaqueta ou mesmo na tatua-gem do tornozelo? Pensando melhor, as etiquetas internaspodem até arranhar o pescoço, mas pelo menos não fazema gente passar vexame.

R U Z A A M O N

RUZA AMON É JORNALISTA

34 Estilo Zaffari

Page 25: Revista Estilo 52
Page 26: Revista Estilo 52

Casa

águaesculturas de

em movimento

P O R I R E N E M A R C O N D E S

F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

QuANDO ESTAMOS PERTO DE uMA FONTE CONSEguIMOS NOS AbSTRAIR COMPLETAMENTE DA REALIDADE

AO NOSSO REDOR. É O PODER DO buRbuRINhO RELAxANTE COMbINADO AO MOvIMENTO SuAvE DA águA.

CRISTALINA, ELA bROTA DAS PAREDES DE PEDRA, vERTE DAS CASCATAS Ou IRROMPE DA bOCA DO LEÃO. NÃO

IMPORTA O ESTILO. O QuE IMPORTA É QuE ESTAS bELÍSSIMAS ESCuLTuRAS EM MOvIMENTO TAMbÉM SERvEM

PARA REFRESCAR... A ALMA, CLARO.

36 Estilo Zaffari

Page 27: Revista Estilo 52

Casa

águaesculturas de

em movimento

P O R I R E N E M A R C O N D E S

F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

QuANDO ESTAMOS PERTO DE uMA FONTE CONSEguIMOS NOS AbSTRAIR COMPLETAMENTE DA REALIDADE

AO NOSSO REDOR. É O PODER DO buRbuRINhO RELAxANTE COMbINADO AO MOvIMENTO SuAvE DA águA.

CRISTALINA, ELA bROTA DAS PAREDES DE PEDRA, vERTE DAS CASCATAS Ou IRROMPE DA bOCA DO LEÃO. NÃO

IMPORTA O ESTILO. O QuE IMPORTA É QuE ESTAS bELÍSSIMAS ESCuLTuRAS EM MOvIMENTO TAMbÉM SERvEM

PARA REFRESCAR... A ALMA, CLARO.

36 Estilo Zaffari

Page 28: Revista Estilo 52

Segundo a arte milenar do Feng Shui, o movi-mento da água deve ir em direção à casa para que as boas energias permaneçam nela. Aqui, neste projeto de uma residência no condomínio Jardim do Sol, em Porto Alegre, não poderia ser diferente. “O jardim foi todo criado para dar boas vindas e trazer vibrações positivas. Nada melhor do que um riachinho, uma cascatinha e um minilago”, descreve o agrônomo e paisagista gaúcho Toni Backes, que conta com mais de 24 anos de experiência. Para surpresa de muitos, este mini-ecossistema levou apenas uma semana para ser construído e, segundo a moradora, a manutenção é simples e pode ser feita pelo próprio jardineiro da casa. Um dos segredos é a escolha das espécies, que se adaptam facilmente ao ambiente. “Para as aquáticas optei pela alface d’água, papiro e iris amarela. Já para as folhagens, escolhi dólar roxo, hedichium, bromélias, clívia, aspargo vela e liriópsis”, aponta. A cascata foi criada para ficar discreta na paisagem, parecendo o mais natural possível.

Cascata traz boas energias

mini-

ecos

sistem

a

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Segundo a arte milenar do Feng Shui, o movi-mento da água deve ir em direção à casa para que as boas energias permaneçam nela. Aqui, neste projeto de uma residência no condomínio Jardim do Sol, em Porto Alegre, não poderia ser diferente. “O jardim foi todo criado para dar boas vindas e trazer vibrações positivas. Nada melhor do que um riachinho, uma cascatinha e um minilago”, descreve o agrônomo e paisagista gaúcho Toni Backes, que conta com mais de 24 anos de experiência. Para surpresa de muitos, este mini-ecossistema levou apenas uma semana para ser construído e, segundo a moradora, a manutenção é simples e pode ser feita pelo próprio jardineiro da casa. Um dos segredos é a escolha das espécies, que se adaptam facilmente ao ambiente. “Para as aquáticas optei pela alface d’água, papiro e iris amarela. Já para as folhagens, escolhi dólar roxo, hedichium, bromélias, clívia, aspargo vela e liriópsis”, aponta. A cascata foi criada para ficar discreta na paisagem, parecendo o mais natural possível.

Cascata traz boas energias

mini-

ecos

sistem

a

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Casa

spa

em ca

sa

Na serra gaúcha, a vida agitada de uma empresária pedia um espaço dentro de casa que fosse totalmente voltado para os cuidados com o corpo e com a alma. A designer de interiores Maria Lucia Finger debruçou-se sobre o projeto para atender ao desejo da cliente. Imediatamente elegeu o tom acqua como paleta principal que nortearia as demais escolhas. Desenhou um mosaico com diferentes pastilhas verdes para revestir a piscina de forma a alcançar o tom desejado. Na parede principal, recoberta com placas de pedra em estilo fossilizado, três quedas d´água re-forçam a proposta zen do local. “As cascatas são elementos fortes nesta arquitetura, já que conseguem trabalhar com os principais aspectos sensoriais - fundamentais em qualquer espaço voltado ao relaxamento e ao bem-estar”, explica Maria Lucia, que apostou em um moderno sistema de automação para controlar as quedas d´água. Vasos vietnamitas feitos com pedra vulcânica pontuam a decoração, que conta também com plantas típicas da vegetação balinesa. “Esta piscina indoor integra-se harmoniosamente ao jardim externo, onde a família e amigos relaxam aos finais de semana”, explica a designer de interiores.

Espaço para o bem-estar

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Casa

spa

em ca

saNa serra gaúcha, a vida agitada de uma empresária pedia

um espaço dentro de casa que fosse totalmente voltado para os cuidados com o corpo e com a alma. A designer de interiores Maria Lucia Finger debruçou-se sobre o projeto para atender ao desejo da cliente. Imediatamente elegeu o tom acqua como paleta principal que nortearia as demais escolhas. Desenhou um mosaico com diferentes pastilhas verdes para revestir a piscina de forma a alcançar o tom desejado. Na parede principal, recoberta com placas de pedra em estilo fossilizado, três quedas d´água re-forçam a proposta zen do local. “As cascatas são elementos fortes nesta arquitetura, já que conseguem trabalhar com os principais aspectos sensoriais - fundamentais em qualquer espaço voltado ao relaxamento e ao bem-estar”, explica Maria Lucia, que apostou em um moderno sistema de automação para controlar as quedas d´água. Vasos vietnamitas feitos com pedra vulcânica pontuam a decoração, que conta também com plantas típicas da vegetação balinesa. “Esta piscina indoor integra-se harmoniosamente ao jardim externo, onde a família e amigos relaxam aos finais de semana”, explica a designer de interiores.

Espaço para o bem-estar

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Queda d´água no jardim

suav

e bu

rbur

inho

Se internamente a casa conta com as três quedas d’água no SPA, o jardim exibe a minifonte construída com pedras palito. Linda e com um burburinho suave, ela nasceu de improviso. “Eu queria esconder todo o maquinário da piscina indoor e para isso ergui uma coluna que serviu como base para esta fonte”, explica a designer de interiores Maria Lucia Finger, responsável pelo projeto desta casa localizada na serra gaúcha. “Ao todo coloquei quatro fontes em lugares diferentes da residência, tamanha paixão que a moradora tem pela água e pela sensação de bem-estar que estas fontes proporcionam”, conta Maria Lucia. Diferentemente do SPA que exibe plantas de Bali, o jardim aposta nas suculentas para dar vida aos vasos vietnamitas. “Elas resistem bem ao nosso clima gaúcho e garantem o jardim sempre bonito”, conclui Maria Lucia.

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Queda d´água no jardim

suav

e bu

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Se internamente a casa conta com as três quedas d’água no SPA, o jardim exibe a minifonte construída com pedras palito. Linda e com um burburinho suave, ela nasceu de improviso. “Eu queria esconder todo o maquinário da piscina indoor e para isso ergui uma coluna que serviu como base para esta fonte”, explica a designer de interiores Maria Lucia Finger, responsável pelo projeto desta casa localizada na serra gaúcha. “Ao todo coloquei quatro fontes em lugares diferentes da residência, tamanha paixão que a moradora tem pela água e pela sensação de bem-estar que estas fontes proporcionam”, conta Maria Lucia. Diferentemente do SPA que exibe plantas de Bali, o jardim aposta nas suculentas para dar vida aos vasos vietnamitas. “Elas resistem bem ao nosso clima gaúcho e garantem o jardim sempre bonito”, conclui Maria Lucia.

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Casa

herança de família Esta fonte de pedra pertenceu ao engenheiro gaú-

cho Fernando Martins, que desempenhou importante papel na administração do prefeito Otávio Francisco da Rocha, na década de 20, em Porto Alegre. Nesse mesmo período, o engenheiro concluía a obra do seu casarão, então localizado no Morro Ricaldoni, região que abrigava belos projetos arquitetônicos da cidade. A fonte decorava o jardim da casa. Décadas depois, a história se repete. Só que desta vez, a escultura de pedra decora a residência de um de seus descenden-tes. Acolhida pelas árvores frondosas, ela forma um dos recantos mais agradáveis do bosque. É ao redor desta relíquia que os bisnetos do engenheiro Fernando Martins brincam, admirados, com a quantidade de passarinhos que ali passeiam. O burburinho da água deixa o refúgio ainda mais bucólico – fazendo com que ali a vida passe com mais tranquilidade. re

líquia

no

bosq

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Casa

herança de família Esta fonte de pedra pertenceu ao engenheiro gaú-

cho Fernando Martins, que desempenhou importante papel na administração do prefeito Otávio Francisco da Rocha, na década de 20, em Porto Alegre. Nesse mesmo período, o engenheiro concluía a obra do seu casarão, então localizado no Morro Ricaldoni, região que abrigava belos projetos arquitetônicos da cidade. A fonte decorava o jardim da casa. Décadas depois, a história se repete. Só que desta vez, a escultura de pedra decora a residência de um de seus descenden-tes. Acolhida pelas árvores frondosas, ela forma um dos recantos mais agradáveis do bosque. É ao redor desta relíquia que os bisnetos do engenheiro Fernando Martins brincam, admirados, com a quantidade de passarinhos que ali passeiam. O burburinho da água deixa o refúgio ainda mais bucólico – fazendo com que ali a vida passe com mais tranquilidade. relíq

uia n

o bo

sque

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Qual o sabor?c a r l a p e r n a m b u c o

DuaS palaVraS bonITaS e DuaS FeIaS Saudade e luz. Medo e fome.

uma FraSe Que Você nunca uSaJamais farei.

uma FraSe Q Te IrrITa “Esta crise...”

SIGno e aScenDenTeS Sagitário e sagitário.

o munDo Tem SoluÇÃo? Impossível é nada.

eSTIlo É... conceito.

luxo É... com o mínimo fazer o máximo.

QuaTro InGreDIenTeS De luxo Temperos, azeites, ovos e farinha.

QuaTro InGreDIenTeS nobreS Ostras, trufas, frutas, vinho.

Sabor Que Você reJeITa... xuxu.

uma proFISSÃo Que InVeJaDoceira.

TenTaÇÃo IrreSISTÍVel ao palaDar... frutos do mar.

o Que maIS SeDuZ em uma coZInHa? Cheiro e misturas.

praTo FaVorITo? Muitos!

o Que nunca comerIa? Pedra.

SorTe É... educação.

a Gula É um pecaDo conSTanTe em Sua VIDa?Sim.

VIVer bem É... simplicidade.

o Que maIS Te DeIxa InFelIZ?Injustiça.

e FelIZ? Família.

o Que Você eSTÁ penSanDo neSTe exaTo momenTo? Jantar com amigos.

Qual o Tempero Da Sua VIDa? Amor.

Você É conTra ou a FaVor Do coenTro? A favor.

um cHeIro De... cozinha.

um GoSTo Que nÃo eSQuece... cozinha indiana.

uma comIDa De alma Paella de Frutos do Mar do meu pai.

Sal ou aÇÚcar?Sal.

QuanTo maIS QuenTe É melHor? Sopa.

a VInGanÇa É um praTo Que Se come FrIo?Não se come.

luxo na meSa É... o que importa é a comida.

cInco InGreDIenTeS eSSencIaISLouças, talheres, comida bem feita, vinho e educação.

Se Vc FIZeSSe um JanTar para 6 peSSoaS FamoSaS, Quem conVIDarIa?Carla Bruni, Benicio Del Toro, Barak Obama, Audrey He-pburn e Sean Penn.

Seu olHo É maIor Que a boca?Com certeza!

uma receITa De SuceSSoBacalhau às natas.

Seu praTo De crIanÇa era....milk shake de creme.

um praTo para comer... filé de atum.

um praTo para FaZer... cordeiro com muitas ervas.

exÍmIa coZInHeIra, alQuImISTa De SaboreS, banQueTeIra por proFISSÃo, FernanDa aZeVeDo praTIcamenTe naSceu e

creSceu enTre panelaS, FrIGIDeIraS e lIVroS De receITaS e reVISTaS De DecoraÇÃo. o Dna, eSTÁ lÁ, HerDaDo DoS paIS

eunIce e JoaQuIm aZeVeDo, VanGuarDISTaS por naTureZa. ela Tem o Dom De receber com muITo eSTIlo e reQuInTe. como

naS receITaS, o aSpecTo VISual É TÃo FunDamenTal QuanTo a coerencIa De DeTalHeS DoS InGreDIenTeS. aTualmenTe

DIVIDe Seu Tempo enTre a conSulTorIa para bISTrÔS cHarmoSoS Da cIDaDe e o buFFeT Que FaZ FeSTaS IneSQuecÍVeIS e

leVa Seu nome e aSSInaTura. Sempre recrIanDo o paSSaDo De olHo no FuTuro. aQuI reVelou para eSTIlo ZaFFarI ToDaS

aS SuaS preFerêncIaS e SeGreDoS. VoIlÀ! com VocêS, maDame FernanDa aZeVeDo, prêT-a-a-FaZer!

Qual o sabor de

Fernanda azevedo

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Qual o sabor?c a r l a p e r n a m b u c o

DuaS palaVraS bonITaS e DuaS FeIaS Saudade e luz. Medo e fome.

uma FraSe Que Você nunca uSaJamais farei.

uma FraSe Q Te IrrITa “Esta crise...”

SIGno e aScenDenTeS Sagitário e sagitário.

o munDo Tem SoluÇÃo? Impossível é nada.

eSTIlo É... conceito.

luxo É... com o mínimo fazer o máximo.

QuaTro InGreDIenTeS De luxo Temperos, azeites, ovos e farinha.

QuaTro InGreDIenTeS nobreS Ostras, trufas, frutas, vinho.

Sabor Que Você reJeITa... xuxu.

uma proFISSÃo Que InVeJaDoceira.

TenTaÇÃo IrreSISTÍVel ao palaDar... frutos do mar.

o Que maIS SeDuZ em uma coZInHa? Cheiro e misturas.

praTo FaVorITo? Muitos!

o Que nunca comerIa? Pedra.

SorTe É... educação.

a Gula É um pecaDo conSTanTe em Sua VIDa?Sim.

VIVer bem É... simplicidade.

o Que maIS Te DeIxa InFelIZ?Injustiça.

e FelIZ? Família.

o Que Você eSTÁ penSanDo neSTe exaTo momenTo? Jantar com amigos.

Qual o Tempero Da Sua VIDa? Amor.

Você É conTra ou a FaVor Do coenTro? A favor.

um cHeIro De... cozinha.

um GoSTo Que nÃo eSQuece... cozinha indiana.

uma comIDa De alma Paella de Frutos do Mar do meu pai.

Sal ou aÇÚcar?Sal.

QuanTo maIS QuenTe É melHor? Sopa.

a VInGanÇa É um praTo Que Se come FrIo?Não se come.

luxo na meSa É... o que importa é a comida.

cInco InGreDIenTeS eSSencIaISLouças, talheres, comida bem feita, vinho e educação.

Se Vc FIZeSSe um JanTar para 6 peSSoaS FamoSaS, Quem conVIDarIa?Carla Bruni, Benicio Del Toro, Barak Obama, Audrey He-pburn e Sean Penn.

Seu olHo É maIor Que a boca?Com certeza!

uma receITa De SuceSSoBacalhau às natas.

Seu praTo De crIanÇa era....milk shake de creme.

um praTo para comer... filé de atum.

um praTo para FaZer... cordeiro com muitas ervas.

exÍmIa coZInHeIra, alQuImISTa De SaboreS, banQueTeIra por proFISSÃo, FernanDa aZeVeDo praTIcamenTe naSceu e

creSceu enTre panelaS, FrIGIDeIraS e lIVroS De receITaS e reVISTaS De DecoraÇÃo. o Dna, eSTÁ lÁ, HerDaDo DoS paIS

eunIce e JoaQuIm aZeVeDo, VanGuarDISTaS por naTureZa. ela Tem o Dom De receber com muITo eSTIlo e reQuInTe. como

naS receITaS, o aSpecTo VISual É TÃo FunDamenTal QuanTo a coerencIa De DeTalHeS DoS InGreDIenTeS. aTualmenTe

DIVIDe Seu Tempo enTre a conSulTorIa para bISTrÔS cHarmoSoS Da cIDaDe e o buFFeT Que FaZ FeSTaS IneSQuecÍVeIS e

leVa Seu nome e aSSInaTura. Sempre recrIanDo o paSSaDo De olHo no FuTuro. aQuI reVelou para eSTIlo ZaFFarI ToDaS

aS SuaS preFerêncIaS e SeGreDoS. VoIlÀ! com VocêS, maDame FernanDa aZeVeDo, prêT-a-a-FaZer!

Qual o sabor de

Fernanda azevedo

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Reiki

mag caUm toque de

P O R P a U l a t a i t e l b a U m i l U s t R a ç õ e s n i k

se o Reiki não for uma experiência mística, só pode ser um passe de mágica. Do con-

trário, como explicar que, apenas com a imposição das mãos sobre minha barriga, sem

nem tocar no meu corpo, a terapeuta reikiana tenha feito eu sentir os órgãos internos

se mexendo? Pelo menos foi essa a sensação que tive ao receber o meu primeiro Reiki:

minhas entranhas pareciam estar sendo massageadas. Ok, eu sei, não é mágica. mas

que o Reiki tem lá seus encantamentos, isso tem. aliás, está aí uma questão que nem

os mais céticos poderão negar.

Estilo Zaffari 49

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Reiki

mag caUm toque de

P O R P a U l a t a i t e l b a U m i l U s t R a ç õ e s n i k

se o Reiki não for uma experiência mística, só pode ser um passe de mágica. Do con-

trário, como explicar que, apenas com a imposição das mãos sobre minha barriga, sem

nem tocar no meu corpo, a terapeuta reikiana tenha feito eu sentir os órgãos internos

se mexendo? Pelo menos foi essa a sensação que tive ao receber o meu primeiro Reiki:

minhas entranhas pareciam estar sendo massageadas. Ok, eu sei, não é mágica. mas

que o Reiki tem lá seus encantamentos, isso tem. aliás, está aí uma questão que nem

os mais céticos poderão negar.

Estilo Zaffari 49

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Reiki

Apesar de ter natureza espiritual, possuir muitos seguido-res e pregar o amor ao próximo, o Reiki não é seita ou religião. Na verdade, é uma técnica oriental reconhecida pela OMS, Organização Mundial de Saúde, para oferecer harmonia, equilíbrio, cura e auto-cura. Para revelar o mistério, basta dizer que as mãos que captam a boa energia universal Rei – que está no ambiente – a unem com a energia vital Ki – que pertence a cada indivíduo. Sim, eu sei, não é muito fácil de entender. Por hora, basta dizer que funciona. Se duvidar, vá lá e experimente pra ver.

Nascida como uma antiga arte tibetana, o Reiki ficou séculos adormecido até ser redescoberto no Japão, em 1922, pelo monge budista Mikao Usui. Conhecedor do idioma sâscrito, Usui traduziu os milenares manuscritos que falavam sobre técnicas de cura pelas mãos e, para compreendê-los, passou 21 dias no Monte Koryama, orando e jejuan do, até iluminar e desvendar os segredos do Reiki. Do Japão, o Reiki viajou até o Havaí e de lá espalhou-se rapidamente pelos EUA. A partir daí, foi sendo disseminado pelos meridianos do mundo até chegar timidamente ao Brasil no início dos anos 1980. Trinta anos depois, estima-se que mais de um milhão de brasileiros são iniciados no Reiki.

São três os níveis de iniciação. O Nível I é quando as energias Rei e Ki são pela primeira vez sintonizadas. No Nível II, o reikiano potencializa essa sintonização e conhece três dos quatro símbolos ativadores de energia. O Nível III é o mestrado e a revelação do quarto símbolo. Tentando explicar melhor, esses símbolos são como cha-ves que abrem as portas da percepção e os chakras que estão bloqueados, são desenhos que, feitos com a mão ou mentalmente, permitem a conexão com outras dimensões e a efetiva realização do Reiki (deve ter sido um desses símbolos que fez com que eu sentisse aquele mexe-mexe dentro de mim).

Para completar, são cinco os princípios do Reiki: hoje

eu abandono a minha raiva; hoje eu abandono as minhas preocupações; hoje eu conto com todas as minhas bênçãos; hoje eu faço meu trabalho honestamente; hoje sou gentil com todas as criaturas vivas. Não que o passado e o futuro não importem, mas dá pra perceber que o aqui e agora são, como no budismo, o foco do Reiki, de todos os Reikis. Sim, porque ao longo dos anos, a partir do tradicional método de Usui Mikao, foram surgindo várias outras vertentes que adaptaram e acrescentaram símbolos e rituais. Há, por exemplo, o Blue Star Reiki, o Golden Age Reiki, o Iron Reiki, o Men Chhos Reiki, o Rainbow Reiki e outras centenas de Reikis espalhados pelos continentes. Por via das dúvidas, prefiro sempre seguir as tradições originais. Mas sabe como é, cada um é livre para procurar o que mais combina com seu estilo.

Johnny D’ Carli é, atualmente, o mais famoso mestre de Reiki do Brasil. Com uma escola no Rio e outra em São Paulo, foi ele que iniciou Maitê Proença e o reikiano Nível III Roberto Carlos. Pois Johnny estudou na escola Usui Reiki Gakkai, em Tóquio, e me explicou – citando as palavras da Sra. Koyama, chefe da escola – que, independente do tipo de Reiki, “a energia é sempre a mesma, em todo lugar, não importa de que país ou filosofia veio”. Mas desde que tenha derivado do Mestre Usui, é claro. Johnny, além do sistema tradicional, trabalha com Osho-Neo-Reiki e Karuna Reiki. E entre os vários livros que escreveu está Reiki para Crian-ças. “Muitas crianças foram nossas alunas. Elas vinham ao seminário acompanhadas de seus pais e avós. Minhas filhas foram iniciadas no Nível I quando tinham apenas 6 e 8 anos de idade. Já iniciei bebês HIV positivos, em um deles o vírus desapareceu. A iniciação no Reiki torna uma criança mais feliz”, responde Johnny depois de questionado sobre o assunto.

E foi justamente para deixar o filho mais feliz e tranquilo que Maria Helena Damo acabou chegando ao Reiki. Mãe de um garotinho que não dormia nunca e andava sempre na ponta dos pés, Maria Helena foi em busca de terapias al-ternativas. Começou com a homeopatia, passou por pedras

O Reiki FiCOU aDORmeCiDO atÉseR ReDesCObeRtO nO JaPÃO

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Reiki

Apesar de ter natureza espiritual, possuir muitos seguido-res e pregar o amor ao próximo, o Reiki não é seita ou religião. Na verdade, é uma técnica oriental reconhecida pela OMS, Organização Mundial de Saúde, para oferecer harmonia, equilíbrio, cura e auto-cura. Para revelar o mistério, basta dizer que as mãos que captam a boa energia universal Rei – que está no ambiente – a unem com a energia vital Ki – que pertence a cada indivíduo. Sim, eu sei, não é muito fácil de entender. Por hora, basta dizer que funciona. Se duvidar, vá lá e experimente pra ver.

Nascida como uma antiga arte tibetana, o Reiki ficou séculos adormecido até ser redescoberto no Japão, em 1922, pelo monge budista Mikao Usui. Conhecedor do idioma sâscrito, Usui traduziu os milenares manuscritos que falavam sobre técnicas de cura pelas mãos e, para compreendê-los, passou 21 dias no Monte Koryama, orando e jejuan do, até iluminar e desvendar os segredos do Reiki. Do Japão, o Reiki viajou até o Havaí e de lá espalhou-se rapidamente pelos EUA. A partir daí, foi sendo disseminado pelos meridianos do mundo até chegar timidamente ao Brasil no início dos anos 1980. Trinta anos depois, estima-se que mais de um milhão de brasileiros são iniciados no Reiki.

São três os níveis de iniciação. O Nível I é quando as energias Rei e Ki são pela primeira vez sintonizadas. No Nível II, o reikiano potencializa essa sintonização e conhece três dos quatro símbolos ativadores de energia. O Nível III é o mestrado e a revelação do quarto símbolo. Tentando explicar melhor, esses símbolos são como cha-ves que abrem as portas da percepção e os chakras que estão bloqueados, são desenhos que, feitos com a mão ou mentalmente, permitem a conexão com outras dimensões e a efetiva realização do Reiki (deve ter sido um desses símbolos que fez com que eu sentisse aquele mexe-mexe dentro de mim).

Para completar, são cinco os princípios do Reiki: hoje

eu abandono a minha raiva; hoje eu abandono as minhas preocupações; hoje eu conto com todas as minhas bênçãos; hoje eu faço meu trabalho honestamente; hoje sou gentil com todas as criaturas vivas. Não que o passado e o futuro não importem, mas dá pra perceber que o aqui e agora são, como no budismo, o foco do Reiki, de todos os Reikis. Sim, porque ao longo dos anos, a partir do tradicional método de Usui Mikao, foram surgindo várias outras vertentes que adaptaram e acrescentaram símbolos e rituais. Há, por exemplo, o Blue Star Reiki, o Golden Age Reiki, o Iron Reiki, o Men Chhos Reiki, o Rainbow Reiki e outras centenas de Reikis espalhados pelos continentes. Por via das dúvidas, prefiro sempre seguir as tradições originais. Mas sabe como é, cada um é livre para procurar o que mais combina com seu estilo.

Johnny D’ Carli é, atualmente, o mais famoso mestre de Reiki do Brasil. Com uma escola no Rio e outra em São Paulo, foi ele que iniciou Maitê Proença e o reikiano Nível III Roberto Carlos. Pois Johnny estudou na escola Usui Reiki Gakkai, em Tóquio, e me explicou – citando as palavras da Sra. Koyama, chefe da escola – que, independente do tipo de Reiki, “a energia é sempre a mesma, em todo lugar, não importa de que país ou filosofia veio”. Mas desde que tenha derivado do Mestre Usui, é claro. Johnny, além do sistema tradicional, trabalha com Osho-Neo-Reiki e Karuna Reiki. E entre os vários livros que escreveu está Reiki para Crian-ças. “Muitas crianças foram nossas alunas. Elas vinham ao seminário acompanhadas de seus pais e avós. Minhas filhas foram iniciadas no Nível I quando tinham apenas 6 e 8 anos de idade. Já iniciei bebês HIV positivos, em um deles o vírus desapareceu. A iniciação no Reiki torna uma criança mais feliz”, responde Johnny depois de questionado sobre o assunto.

E foi justamente para deixar o filho mais feliz e tranquilo que Maria Helena Damo acabou chegando ao Reiki. Mãe de um garotinho que não dormia nunca e andava sempre na ponta dos pés, Maria Helena foi em busca de terapias al-ternativas. Começou com a homeopatia, passou por pedras

O Reiki FiCOU aDORmeCiDO atÉseR ReDesCObeRtO nO JaPÃO

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e florais e, um dia, ao comentar com uma amiga que suas mãos ficavam quentes quando fazia certas coisas, ouviu pela primeira vez a palavra Reiki. Maria Helena matriculou--se na Escola Brasileira de Reiki em Porto Alegre, uniu a técnica a seus conhecimentos como bióloga e, alguns anos depois, além de ter conseguido fazer seu filho “aterrar” com o Reiki, sentiu-se pronta para atender pacientes e ministrar cursos. “A ideia é ajudar as pessoas a serem mais felizes, possibilitar com que façam o que querem, mas não conseguem”, fala Maria Helena que, atualmente, não tem a menor dúvida de que existe um mundo energético e que é fácil acessá-lo. “Tem a ver com física quântica”, declara.

E não pense você que as mãos precisam estar próximas ao corpo. Maria Helena, assim como Johnny e outros mestres reikianos, aplica Reiki à distância. “É ideal para crianças, pois elas são muito curiosas e dificilmente ficam quietas para rece-berem o Reiki. Nesse caso, basta saber o nome, o endereço e o horário que a criança vai estar dormindo para mentalizar os símbolos e enviar a energia para elas”, explica Maria Helena. Johnny completa contando que o Reiki não apenas pode ser aplicado à distância como traz grandes resultados. O

único pré-requisito, segundo ele, seria a aceitação por parte de quem recebe: “Existem mestres que pregam que podemos aplicar Reiki sem o consentimento do receptor, alegando ser uma energia de amor e que não precisamos de autorização para amar alguém. Particularmente, não discordo dessa tese, porém observei intensas contamina-ções energéticas no campo áurico de reikianos que assim o fizeram. O pedido de autorização em alguns casos pode ser feito mentalmente, pela conexão com o Eu Superior da pessoa que irá receber”. Ai, agora preciso abrir um pa-rênteses para confessar que nessa parte o meu Eu Cético quase brigou com o meu Eu Místico. Mandar Reiki pelo endereço? Sem conhecer a pessoa? Como assim?

Seja como for, o mais comum mesmo é o Reiki com presença física. O receptor deitadinho na cama, o mestre de pé com suas mãos postas e todo o sossego do mundo para acalmar o corpo, a mente e o coração. Tudo muito relaxante, energizante e reconfortante. “Tenho a sensação de um calor que se movimenta dentro do corpo”, diz a fotógrafa Sandra Bordin. “Parece que após a sessão o mundo é maravilhoso, na verdade, nada mais é do que a presença da paz”, conta a publicitária Vanessa Machado. “O Reiki é uma coisa mara-

vilhosa, só um reikiano sabe o valor que ele tem”, declara o Rei Roberto Carlos. E ainda há depoimentos sobre a grande sensação de leveza, as dores que sumiram, as Síndromes do Pânico que evaporaram e os animais de estimação que de nervosos passaram a tranquilos. Isso mesmo: animais.

Em Porto Alegre, a veterinária Adda Moreira aplica Reiki em pets para que fiquem mais dóceis ou mesmo para tratar distúrbios de comportamento como agressividade, estresse, depressão ou ainda para doenças e recuperações pós-cirúrgicas. Nesse caso, o Reiki vem em forma de carinho, com um leve toque sobre o pêlo. E um bichano calminho é só mais uma das vantagens que o Reiki tem. Outra que me chamou a atenção é que os iniciados podem aplicar Reiki em si mesmos. A fotógrafa Sandra é uma: “Hoje, auto recebo Reiki duas vezes por dia e faço no meu filho, que dorme muito mais tranquilo, e no meu cachorro, que andava doente há anos e agora está muito melhor”.

Ou seja: não importa a idade, a crença religiosa, a angústia que lhe aflige, não importa nem de que espécie você é ou em que voltagem está ligado, o Reiki está aí para ajudá-lo. E para recarregar sua luz de energia.

eneRGia UniVeRsal tRaZ CURa, Calma e COnFORtO

Reiki

Estilo Zaffari 53

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e florais e, um dia, ao comentar com uma amiga que suas mãos ficavam quentes quando fazia certas coisas, ouviu pela primeira vez a palavra Reiki. Maria Helena matriculou--se na Escola Brasileira de Reiki em Porto Alegre, uniu a técnica a seus conhecimentos como bióloga e, alguns anos depois, além de ter conseguido fazer seu filho “aterrar” com o Reiki, sentiu-se pronta para atender pacientes e ministrar cursos. “A ideia é ajudar as pessoas a serem mais felizes, possibilitar com que façam o que querem, mas não conseguem”, fala Maria Helena que, atualmente, não tem a menor dúvida de que existe um mundo energético e que é fácil acessá-lo. “Tem a ver com física quântica”, declara.

E não pense você que as mãos precisam estar próximas ao corpo. Maria Helena, assim como Johnny e outros mestres reikianos, aplica Reiki à distância. “É ideal para crianças, pois elas são muito curiosas e dificilmente ficam quietas para rece-berem o Reiki. Nesse caso, basta saber o nome, o endereço e o horário que a criança vai estar dormindo para mentalizar os símbolos e enviar a energia para elas”, explica Maria Helena. Johnny completa contando que o Reiki não apenas pode ser aplicado à distância como traz grandes resultados. O

único pré-requisito, segundo ele, seria a aceitação por parte de quem recebe: “Existem mestres que pregam que podemos aplicar Reiki sem o consentimento do receptor, alegando ser uma energia de amor e que não precisamos de autorização para amar alguém. Particularmente, não discordo dessa tese, porém observei intensas contamina-ções energéticas no campo áurico de reikianos que assim o fizeram. O pedido de autorização em alguns casos pode ser feito mentalmente, pela conexão com o Eu Superior da pessoa que irá receber”. Ai, agora preciso abrir um pa-rênteses para confessar que nessa parte o meu Eu Cético quase brigou com o meu Eu Místico. Mandar Reiki pelo endereço? Sem conhecer a pessoa? Como assim?

Seja como for, o mais comum mesmo é o Reiki com presença física. O receptor deitadinho na cama, o mestre de pé com suas mãos postas e todo o sossego do mundo para acalmar o corpo, a mente e o coração. Tudo muito relaxante, energizante e reconfortante. “Tenho a sensação de um calor que se movimenta dentro do corpo”, diz a fotógrafa Sandra Bordin. “Parece que após a sessão o mundo é maravilhoso, na verdade, nada mais é do que a presença da paz”, conta a publicitária Vanessa Machado. “O Reiki é uma coisa mara-

vilhosa, só um reikiano sabe o valor que ele tem”, declara o Rei Roberto Carlos. E ainda há depoimentos sobre a grande sensação de leveza, as dores que sumiram, as Síndromes do Pânico que evaporaram e os animais de estimação que de nervosos passaram a tranquilos. Isso mesmo: animais.

Em Porto Alegre, a veterinária Adda Moreira aplica Reiki em pets para que fiquem mais dóceis ou mesmo para tratar distúrbios de comportamento como agressividade, estresse, depressão ou ainda para doenças e recuperações pós-cirúrgicas. Nesse caso, o Reiki vem em forma de carinho, com um leve toque sobre o pêlo. E um bichano calminho é só mais uma das vantagens que o Reiki tem. Outra que me chamou a atenção é que os iniciados podem aplicar Reiki em si mesmos. A fotógrafa Sandra é uma: “Hoje, auto recebo Reiki duas vezes por dia e faço no meu filho, que dorme muito mais tranquilo, e no meu cachorro, que andava doente há anos e agora está muito melhor”.

Ou seja: não importa a idade, a crença religiosa, a angústia que lhe aflige, não importa nem de que espécie você é ou em que voltagem está ligado, o Reiki está aí para ajudá-lo. E para recarregar sua luz de energia.

eneRGia UniVeRsal tRaZ CURa, Calma e COnFORtO

Reiki

Estilo Zaffari 53

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O sabor e o saberF e r n a n d O l O k s c h i n

‘Pássaros sem canto, flores sem perfume, homens sem honra, mulheres sem honestidade’. Para o europeu recém chegado, o novo continente era degenerado, ‘terra ainda molhada e lânguida pelo dilúvio’ onde ‘até o ferro é mais mole’. A fauna era decepcionante, até existiam grandes árvores (‘de raízes diminutas’...) mas não grandes animais; em vez de elefantes, antas; no lugar de rinocerontes, capivaras. Não haviam im-ponentes camelos, mas tímidas lhamas.

As lhamas eram exploradas pelos andinos para tração, couro, lã e carne, mas não para leite. Diferen-temente dos árabes que bebiam o leite de camela, os incas e astecas não ordenhavam suas lhamas por serem incapazes de absorver a lactose. Da mesma forma, mui-tas tribos norte-americanas viviam da carne e couro do bisão, mas não do leite; os peles vermelhas sofriam a mesma indigestão dos primos do sul. Ainda em 1858, Sir Richard Burton, cônsul britânico em Santos, espantava--se como a ausência de leite na dieta dos brasileiros, fossem eles portugueses, africanos ou índios.

Há lógica evolutiva na intolerância ao leite, um alimento próprio do recém nascido – não faz sentido adultos disputando com crias a mesma fonte nutricio-nal. Livre na natureza, não há uma única espécie onde adultos bebam leite, todo animal desmama.

O primeiro censo chinês ocorreu há 2.100 anos e contou 60 milhões de bocas. Em contraste com o novo mundo, o sudeste asiático é há tempos cheio de gente e vazio de bichos. Além da intolerância à lactose, havia escassez de proteína animal e foi vital que lá surgisse uma planta afim ao leite e carne.

Se todo animal é rico em proteína, são poucos os vegetais capazes de proporcioná-la, isto só acontece com a espelta, a quinua, o cânhamo e, especialmente, a soja – a proteína da Ásia. A soja é chamada lá de ‘carne sem ossos’ e ‘vaca verde’, mas o mais justo seria chamarmos aqui a carne de ‘soja animal’ – 68% da proteína consu-

ras, mel, frutas, cervejas, vinhos e queijos) os budistas desenvolveram e espalharam a soja (e o chá) pela Ásia como acompanhamento de seus preceitos vegetarianos (e abstêmios de álcool). Os budistas também criaram todos os beneficiamentos que chegam aos nossos dias: o farelo, o leite, o molho de soja e o tofu.

Há razões para estes subprodutos já que os feijões de soja in natura não se prestam ao consumo: duros, custam a cozinhar, têm sabor adstringente, absorção difícil e causam enorme flatulência. Também possuem toxinas que danificam o pâncreas.

Devido a tais limitações, a Europa não acolheu a soja tão pronto como os produtos do novo mundo. Os termos ocidentais para soja não derivam dos seus nomes asiáticos (C. dadou e J. daizu), mas do J. shoyu, o shoio, testemunho que o molho de soja chegou à mesa europeia séculos antes do que o grão.

O molho de soja é a mistura fermentada de soja, trigo e sal. Criado no Séc. I AC, evoluiu como contra-partida ao garum, o molho de peixe dos romanos, com quem os chineses comerciavam. Sua confecção tradicio-nal leva um ano inteiro e exige as variações climáticas das quatro estações. Rico em monoglutamato de sódio, o shoio tem presença semelhante ao sal no ocidente: todo o alimento é banhado em shoio.

Versão vegetal do leite de vaca, o leite de soja é obtido pelo embebimento dos feijões em água, amas-samento, fervura, pressão e filtragem. O conteúdo protéico torna-se assimilável, mas como o sabor é amargo os japoneses adicionaram flavorizantes como baunilha e frutas.

Réplica chinesa do queijo de égua dos mongóis, o tofu é o queijo de soja. O leite de soja é coagulado com cristais salinos obtidos por fervura de água do mar e prensado em forma para dessorar. No registro de Do-mingos de Navarrete, missionário português na China (Séc. XVII), o tofu, ‘bolo que parece queijo, é o mais

mida provem da soja, a planta mais cultivada no mundo.A proteína é a maquinaria da vida e o próprio

termo saído do G. protos, ‘primeiro’, diz a sua impor-tância. Uma pessoa de 70kg tem 11kg de proteínas; retirando-se a água de um corpo, o que permanece, sejam músculos, órgãos, cabelos, unhas, até ossos e dentes, é quase só proteína. A gordura e carboidrato são os combustíveis, a proteína é motor e carroceria, confere a forma e função ao ser vivo.

A necessidade de proteína não é pequena – 60g – que corresponde a 280g de queijo ou 6 ovos ou 2.3l de leite ou 400g de carne. É tanto como 3.5kg de batatas ou tão pouco como 140g de soja. Se as pessoas, como as abelhas e os pandas, dependessem de um único ali-mento, este alimento teria de ser a soja. O grão, 40% proteína, contém todos aminoácidos essenciais, quali-dade que nem a carne, deficiente de metionina, tem.

Há perto de 10.000 variedades de soja, todas descendentes de uma espécie nativa e abundante na Mongólia e China. A poesia e o carinho contidos nos nomes das variedades chinesas testemunham o valor de uma cultura na outra: ‘jóia grande’, ‘pérola redonda’, ‘olho negro’, ‘ouro precoce’, ‘tesouro’, pássaro do céu’, ‘espírito do vento’, ‘flor de jardim’.

Já havia manipulação genética na pré-história. Animais e plantas são artefatos concebidos pelo enge-nho humano tanto quanto potes de cerâmica e pontas de flecha, e têm um desenvolvimento como o das construções e aviões. A domesticação da soja iniciou há 3.000 anos na China e se espalhou pelo Japão para abranger a Ásia. Foram criadas plantas menos sensíveis ao sol, com mais e maiores sementes, de vagens que não se abrem na maturação e com caules mais altos e eretos para facilitar a colheita.

Não é a toa que Mendel era um monge e seu laboratório, uma horta de ervilhas. Se os mosteiros cristãos foram polos de pesquisa agropecuária (verdu-

sOja, a vaca verde

shOiO de shOgunlaminar alcatre e temperar cOm sal,

pimenta e shOiO. passar as Fatias

na Farinha de trigO. aquecer óleO

e dOurar cebOlas em pedaçOs.

Fritar a carne, retirar as cebOlas,

cOlOcar cOgumelOs Ou brócOlis.

acrescentar mais shOiO e caldO

de carne. cOzinhar 1 minutO.

servir cOm arrOz.

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O sabor e o saberF e r n a n d O l O k s c h i n

‘Pássaros sem canto, flores sem perfume, homens sem honra, mulheres sem honestidade’. Para o europeu recém chegado, o novo continente era degenerado, ‘terra ainda molhada e lânguida pelo dilúvio’ onde ‘até o ferro é mais mole’. A fauna era decepcionante, até existiam grandes árvores (‘de raízes diminutas’...) mas não grandes animais; em vez de elefantes, antas; no lugar de rinocerontes, capivaras. Não haviam im-ponentes camelos, mas tímidas lhamas.

As lhamas eram exploradas pelos andinos para tração, couro, lã e carne, mas não para leite. Diferen-temente dos árabes que bebiam o leite de camela, os incas e astecas não ordenhavam suas lhamas por serem incapazes de absorver a lactose. Da mesma forma, mui-tas tribos norte-americanas viviam da carne e couro do bisão, mas não do leite; os peles vermelhas sofriam a mesma indigestão dos primos do sul. Ainda em 1858, Sir Richard Burton, cônsul britânico em Santos, espantava--se como a ausência de leite na dieta dos brasileiros, fossem eles portugueses, africanos ou índios.

Há lógica evolutiva na intolerância ao leite, um alimento próprio do recém nascido – não faz sentido adultos disputando com crias a mesma fonte nutricio-nal. Livre na natureza, não há uma única espécie onde adultos bebam leite, todo animal desmama.

O primeiro censo chinês ocorreu há 2.100 anos e contou 60 milhões de bocas. Em contraste com o novo mundo, o sudeste asiático é há tempos cheio de gente e vazio de bichos. Além da intolerância à lactose, havia escassez de proteína animal e foi vital que lá surgisse uma planta afim ao leite e carne.

Se todo animal é rico em proteína, são poucos os vegetais capazes de proporcioná-la, isto só acontece com a espelta, a quinua, o cânhamo e, especialmente, a soja – a proteína da Ásia. A soja é chamada lá de ‘carne sem ossos’ e ‘vaca verde’, mas o mais justo seria chamarmos aqui a carne de ‘soja animal’ – 68% da proteína consu-

ras, mel, frutas, cervejas, vinhos e queijos) os budistas desenvolveram e espalharam a soja (e o chá) pela Ásia como acompanhamento de seus preceitos vegetarianos (e abstêmios de álcool). Os budistas também criaram todos os beneficiamentos que chegam aos nossos dias: o farelo, o leite, o molho de soja e o tofu.

Há razões para estes subprodutos já que os feijões de soja in natura não se prestam ao consumo: duros, custam a cozinhar, têm sabor adstringente, absorção difícil e causam enorme flatulência. Também possuem toxinas que danificam o pâncreas.

Devido a tais limitações, a Europa não acolheu a soja tão pronto como os produtos do novo mundo. Os termos ocidentais para soja não derivam dos seus nomes asiáticos (C. dadou e J. daizu), mas do J. shoyu, o shoio, testemunho que o molho de soja chegou à mesa europeia séculos antes do que o grão.

O molho de soja é a mistura fermentada de soja, trigo e sal. Criado no Séc. I AC, evoluiu como contra-partida ao garum, o molho de peixe dos romanos, com quem os chineses comerciavam. Sua confecção tradicio-nal leva um ano inteiro e exige as variações climáticas das quatro estações. Rico em monoglutamato de sódio, o shoio tem presença semelhante ao sal no ocidente: todo o alimento é banhado em shoio.

Versão vegetal do leite de vaca, o leite de soja é obtido pelo embebimento dos feijões em água, amas-samento, fervura, pressão e filtragem. O conteúdo protéico torna-se assimilável, mas como o sabor é amargo os japoneses adicionaram flavorizantes como baunilha e frutas.

Réplica chinesa do queijo de égua dos mongóis, o tofu é o queijo de soja. O leite de soja é coagulado com cristais salinos obtidos por fervura de água do mar e prensado em forma para dessorar. No registro de Do-mingos de Navarrete, missionário português na China (Séc. XVII), o tofu, ‘bolo que parece queijo, é o mais

mida provem da soja, a planta mais cultivada no mundo.A proteína é a maquinaria da vida e o próprio

termo saído do G. protos, ‘primeiro’, diz a sua impor-tância. Uma pessoa de 70kg tem 11kg de proteínas; retirando-se a água de um corpo, o que permanece, sejam músculos, órgãos, cabelos, unhas, até ossos e dentes, é quase só proteína. A gordura e carboidrato são os combustíveis, a proteína é motor e carroceria, confere a forma e função ao ser vivo.

A necessidade de proteína não é pequena – 60g – que corresponde a 280g de queijo ou 6 ovos ou 2.3l de leite ou 400g de carne. É tanto como 3.5kg de batatas ou tão pouco como 140g de soja. Se as pessoas, como as abelhas e os pandas, dependessem de um único ali-mento, este alimento teria de ser a soja. O grão, 40% proteína, contém todos aminoácidos essenciais, quali-dade que nem a carne, deficiente de metionina, tem.

Há perto de 10.000 variedades de soja, todas descendentes de uma espécie nativa e abundante na Mongólia e China. A poesia e o carinho contidos nos nomes das variedades chinesas testemunham o valor de uma cultura na outra: ‘jóia grande’, ‘pérola redonda’, ‘olho negro’, ‘ouro precoce’, ‘tesouro’, pássaro do céu’, ‘espírito do vento’, ‘flor de jardim’.

Já havia manipulação genética na pré-história. Animais e plantas são artefatos concebidos pelo enge-nho humano tanto quanto potes de cerâmica e pontas de flecha, e têm um desenvolvimento como o das construções e aviões. A domesticação da soja iniciou há 3.000 anos na China e se espalhou pelo Japão para abranger a Ásia. Foram criadas plantas menos sensíveis ao sol, com mais e maiores sementes, de vagens que não se abrem na maturação e com caules mais altos e eretos para facilitar a colheita.

Não é a toa que Mendel era um monge e seu laboratório, uma horta de ervilhas. Se os mosteiros cristãos foram polos de pesquisa agropecuária (verdu-

sOja, a vaca verde

shOiO de shOgunlaminar alcatre e temperar cOm sal,

pimenta e shOiO. passar as Fatias

na Farinha de trigO. aquecer óleO

e dOurar cebOlas em pedaçOs.

Fritar a carne, retirar as cebOlas,

cOlOcar cOgumelOs Ou brócOlis.

acrescentar mais shOiO e caldO

de carne. cOzinhar 1 minutO.

servir cOm arrOz.

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O sabor e o saberF e r n a n d O l O k s c h i n

comum e barato dos alimentos’ e serve ‘desde Impe-rador até o mais humilde dos súditos’. Prato preferido do Camarada Mao, há até o suzu, o tofu fedorento que sugere a textura e fragrância do Camembert.

Tanta proteína e a soja é a planta da gordura. Metade do óleo vegetal fabricado vem da soja e seu emprego é culinário e industrial, num leque que vai desde a fabricação de margarina até a lubrificação dos elevadores do Empire States.

Embora Benjamin Franklin plantasse algumas se-mentes no seu jardim, a soja debutou na América no fim do Séc. XIX quando os grãos trazidos como lastro dos navios chineses que chegavam à Califórnia passaram a ser cultivados para forragem de gado.

Mas o ocidente manteve distância da soja até a II Guerra quando os aliados necessitaram de substitutos de carne para nutrir soldados e civis. Mesmo hoje, quase toda soja ocidental destina-se a óleo vegetal e aplicações industriais tais como alimentos processados, tintas, vernizes, saponáceos, cosméticos, adesivos, celuloses, borrachas, plásticos e, inclusive, explosivos. Paradoxalmente a soja favoreceu o consumo de carne ao baratear seu custo – tornou-se mais econômico ali-mentar peixes, aves, suínos e gado com farelo de soja.

Entusiasta da planta à beira da inconveniência, Henry Ford vestia ternos de tecidos à base de soja e submetia seus convidados a jantares onde os grãos figuravam em todos pratos servidos, do canapé à so-bremesa. Havia soja até nos seus automóveis, cada Modelo A que fabricava utilizava meio saco de soja na pintura e plásticos.

Planta feminina, a soja é rica em isoflavona, um gêmeo do estrogênio, e seu uso poderia minimizar os sintomas da menopausa e osteoporose. Há quem espe-cule que a menor incidência de calvície e tumores de próstata dos asiáticos estaria relacionada ao seu alto consumo.

Nutrição boa e barata, soja é a base das ajudas humanitárias da ONU nas grandes calamidades de fome como as do Haiti, Biafra e Somália. Duzentos e cinquenta dólares compram óleo e farelo suficientes para alimentar 80 pessoas por um mês inteiro.

A era brasileira da soja iniciou em 1914 em Santa Rosa (RS) quando um pastor anglicano trouxe dos EUA 2 kg de feijões que distribuiu entre seus paroquianos. Em poucos anos se criava lá uma cooperativa e, em 1941, uma usina de beneficiamento. Um ciclo de crescimento de 4 meses e a propriedade de restaurar o solo na lavoura rotativa com o trigo deram grande

FernandO lOkschin é médicO e gOurmet [email protected]

expansão ao plantio, e o Brasil colhe hoje 60 milhões de toneladas, quase toda transgênica, competindo com os EUA como o maior exportador mundial. Do sul, a soja escalou o centrooeste até a floresta amazônica, onde compete com a pecuária como a principal causa de riqueza e desmatamento.

E Santa Rosa ostenta hoje duas titulações: Berço Nacional da Soja e Terra Natal da Xuxa; é sede da Fenasoja e do Museu da Xuxa. Duplo celeiro, na re-gião gaúcha da soja brota a beleza: Shirley Mallmann (Santa Clara), Letícia Birkheuer (Passo Fundo), Raquel Zimmermann (Bom Retiro), Ana Hickmann (Santa Cruz), Carol Trentini (Panambi), Alessandra Ambrosio (Erechim) e last but not least Gisele Bündchen, de Ho-rizontina, cidade pioneira na mecanização da lavoura de soja.

Não surprende que estes grãos mágicos transbor-dem de isoflavona, um análogo vegetal do hormônio sexual feminino. Mais que a nutrição, muito mais que a gastronomia, este é o fascínio que nos deixa, como Hen-ry Ford, entusiastas da planta à beira da inconveniência.

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Viagem

ipanemaO ponto alto deT E X T O S E F O T O S P O R C R I S B E R G E R

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Viagem

ipanemaO ponto alto deT E X T O S E F O T O S P O R C R I S B E R G E R

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O Rio de janeiro é paixão mundial. A praia deIpanema, um dos lugares mais badalados da CidadeMaravilhosa. O nome Fasano remete imediatamente aum conceito de luxo, requinte, bom gosto, exclusivida-de. E o hotel Fasano Rio é, há cerca de dois anos, olugar mais exclusivo de Ipanema.

As portas do Fasano na avenida Viera Souto fo-ram abertas ao público em agosto de 2007. No localonde existia a mansão da família Bezerra de Mello foiconstruído um pequeno prédio, com 89 apartamen-tos, no qual a cobertura é o ponto alto, literalmente.Não apenas porque de lá se tem uma vista incrível domorro dos Dois Irmãos e da orla de Ipanema e Le-blon, mas pelo belo espaço de lazer ali instalado, comdireito à piscina com borda infinita, charmosas espre-guiçadeiras, sauna úmida, fitness center e bar com de-

liciosos drinks, sorvetes artesanais, petiscos e pratosà base de peixes.

Rogério Fasano – criador e proprietário do hotel,representante da quarta geração de empreendedores dafamília Fasano – chamou Philippe Starck para assinara decoração e criar algumas peças exclusivas. Starckusou espelhos, longas cortinas de veludo, lumináriasarrojadas e deu ênfase aos detalhes. Um bom exemploé o genial espelho chamado “orelhas que vêem”, ins-pirado em Dalí. Exemplares dessa peça estão espalha-dos nos quartos e na cobertura do hotel.

Conforto e vistaO hotel tem quatro tipos de acomodações: aparta-

mento Superior, apartamento Deluxe, Suíte e Suíte De-luxe. Todas têm sacadas, entretanto, o apartamento

DA COBERTURA, A VISTA É ESPETACULAR. ESPELHOSCRIADOS POR PHILIPPE STARCK REFLETEM A PAISAGEM

Viagem

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O Rio de janeiro é paixão mundial. A praia deIpanema, um dos lugares mais badalados da CidadeMaravilhosa. O nome Fasano remete imediatamente aum conceito de luxo, requinte, bom gosto, exclusivida-de. E o hotel Fasano Rio é, há cerca de dois anos, olugar mais exclusivo de Ipanema.

As portas do Fasano na avenida Viera Souto fo-ram abertas ao público em agosto de 2007. No localonde existia a mansão da família Bezerra de Mello foiconstruído um pequeno prédio, com 89 apartamen-tos, no qual a cobertura é o ponto alto, literalmente.Não apenas porque de lá se tem uma vista incrível domorro dos Dois Irmãos e da orla de Ipanema e Le-blon, mas pelo belo espaço de lazer ali instalado, comdireito à piscina com borda infinita, charmosas espre-guiçadeiras, sauna úmida, fitness center e bar com de-

liciosos drinks, sorvetes artesanais, petiscos e pratosà base de peixes.

Rogério Fasano – criador e proprietário do hotel,representante da quarta geração de empreendedores dafamília Fasano – chamou Philippe Starck para assinara decoração e criar algumas peças exclusivas. Starckusou espelhos, longas cortinas de veludo, lumináriasarrojadas e deu ênfase aos detalhes. Um bom exemploé o genial espelho chamado “orelhas que vêem”, ins-pirado em Dalí. Exemplares dessa peça estão espalha-dos nos quartos e na cobertura do hotel.

Conforto e vistaO hotel tem quatro tipos de acomodações: aparta-

mento Superior, apartamento Deluxe, Suíte e Suíte De-luxe. Todas têm sacadas, entretanto, o apartamento

DA COBERTURA, A VISTA É ESPETACULAR. ESPELHOSCRIADOS POR PHILIPPE STARCK REFLETEM A PAISAGEM

Viagem

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PEÇAS DE DESIGN COMPÕEM A DECORAÇÃO DOSQUARTOS. O EFEITO É SÓBRIO, AGRADÁVEL E ELEGANTE

Superior é o único que não tem vista para o mar. AsSuítes se diferenciam pelo espaço. E pela lindíssima vis-ta, é claro. Na hora de distribuir os móveis, a camaficou de costas para a porta e de frente para a sacada.Assim, mesmo deitado o hóspede pode apreciar a pai-sagem e ver a linha do horizonte. O mesmo aconteceno chuveiro, pois a parede lateral é de vidro. A saca-da é decorada com cadeiras assinadas pelo arquiteto edesigner Sérgio Rodrigues. Ao lado da cama, sandáli-as Ipanema desenhadas pelo estilista Oskar Metsa-vaht esperam por você.

Fazem parte dos pequenos e importante detalhesdo Fasano os lençóis de fio egípcio, travesseiros depena de ganso, roupões, serviço de buttler – encarre-gado de desfazer e fazer sua mala –, televisão LCD eDVD. O atendimento é personalizado dentro das suas

necessidades e desejos. O concierge pode, por exem-plo, montar uma agenda de programas culturais e gas-tronômicos especial para você, além de reservar carrosparticulares do hotel para transportá-lo durante essasprogramações.

E se você gosta de viajar na companhia de seumelhor amigo de quatro patas, saiba que o Fasanorecebe com alegria cachorros e gatos, e ainda os pre-senteia com o VIPET, kit com caminha, potinhos decomida e água, brinquedinhos e um cartão de boasvindas assinado: seu novo Amigo Fasano.

Agito e requinteLogo ao entrar pela porta principal do hotel você

observa o corredor limitado por altas cortinas de ve-ludo bordô que o leva ao Bar Londra, um dos lugares

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PEÇAS DE DESIGN COMPÕEM A DECORAÇÃO DOSQUARTOS. O EFEITO É SÓBRIO, AGRADÁVEL E ELEGANTE

Superior é o único que não tem vista para o mar. AsSuítes se diferenciam pelo espaço. E pela lindíssima vis-ta, é claro. Na hora de distribuir os móveis, a camaficou de costas para a porta e de frente para a sacada.Assim, mesmo deitado o hóspede pode apreciar a pai-sagem e ver a linha do horizonte. O mesmo aconteceno chuveiro, pois a parede lateral é de vidro. A saca-da é decorada com cadeiras assinadas pelo arquiteto edesigner Sérgio Rodrigues. Ao lado da cama, sandáli-as Ipanema desenhadas pelo estilista Oskar Metsa-vaht esperam por você.

Fazem parte dos pequenos e importante detalhesdo Fasano os lençóis de fio egípcio, travesseiros depena de ganso, roupões, serviço de buttler – encarre-gado de desfazer e fazer sua mala –, televisão LCD eDVD. O atendimento é personalizado dentro das suas

necessidades e desejos. O concierge pode, por exem-plo, montar uma agenda de programas culturais e gas-tronômicos especial para você, além de reservar carrosparticulares do hotel para transportá-lo durante essasprogramações.

E se você gosta de viajar na companhia de seumelhor amigo de quatro patas, saiba que o Fasanorecebe com alegria cachorros e gatos, e ainda os pre-senteia com o VIPET, kit com caminha, potinhos decomida e água, brinquedinhos e um cartão de boasvindas assinado: seu novo Amigo Fasano.

Agito e requinteLogo ao entrar pela porta principal do hotel você

observa o corredor limitado por altas cortinas de ve-ludo bordô que o leva ao Bar Londra, um dos lugares

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mais em voga na noite carioca. O ambiente lembra ospubs londrinos. Tijolos argentinos do século XIX co-brem as paredes, decoradas com as capas dos LPs dacoleção de Rogério Fasano, um aficionado por rockdos anos setenta.

A esquerda da entrada está montado o living, commóveis assinados por Ocimar Versolato. Ele criou o mo-biliário com inspiração no estilo dos anos 50 e 60 no Riode Janeiro, conhecidos como os “Anos de Ouro” (e daBossa Nova). Ao lado do living está o restaurante El Mare,mais uma das grandes atrações do Fasano Rio.

Fasano gastronomiaO El Mare é especializado em cozinha mediterrâ-

nea, que ganha a assinatura do chef italiano Luca Gozza-ni, radicado no Rio desde que a casa inaugurou. Cozi-

nhar com maestria é um dom natural que ele aperfeiçouno Instituto Prefessionale Alberghiero Dio Stato Bernar-do, em Florença, Itália. Sua trajetória incluiu o restau-rante Don Alfonso, em Sorrento na província de Nápo-les, destacado com três estrelas no Guia Michelin (a bí-blia da gastronomia mundial); a Enoteca Pinchiorri, emFlorença, também detentora de três estrelas Michelin e oÂntica Osteria del Teatro, na província de Piacenza.

De posse desse currículo, Luca chegou ao Brasil como desafio de fazer o El Mare ganhar a admiração e o res-peito devotados ao Fasano de São Paulo. Para fazer partedo clã Fasano teve de preparar 30 receitas que SalvatoreLoi, chef executivo do grupo, provou e aprovou. Dez de-las hoje fazem parte do cardápio do El Mare que privile-gia peixes e frutos do mar e brilha como um dos melhoresendereços gastronômicos da cidade.

O BAR LONDRA E O RESTAURANTE EL MARE SÃODUAS DAS MAIORES ATRAÇÕES DO FASANO RIO

Viagem

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mais em voga na noite carioca. O ambiente lembra ospubs londrinos. Tijolos argentinos do século XIX co-brem as paredes, decoradas com as capas dos LPs dacoleção de Rogério Fasano, um aficionado por rockdos anos setenta.

A esquerda da entrada está montado o living, commóveis assinados por Ocimar Versolato. Ele criou o mo-biliário com inspiração no estilo dos anos 50 e 60 no Riode Janeiro, conhecidos como os “Anos de Ouro” (e daBossa Nova). Ao lado do living está o restaurante El Mare,mais uma das grandes atrações do Fasano Rio.

Fasano gastronomiaO El Mare é especializado em cozinha mediterrâ-

nea, que ganha a assinatura do chef italiano Luca Gozza-ni, radicado no Rio desde que a casa inaugurou. Cozi-

nhar com maestria é um dom natural que ele aperfeiçouno Instituto Prefessionale Alberghiero Dio Stato Bernar-do, em Florença, Itália. Sua trajetória incluiu o restau-rante Don Alfonso, em Sorrento na província de Nápo-les, destacado com três estrelas no Guia Michelin (a bí-blia da gastronomia mundial); a Enoteca Pinchiorri, emFlorença, também detentora de três estrelas Michelin e oÂntica Osteria del Teatro, na província de Piacenza.

De posse desse currículo, Luca chegou ao Brasil como desafio de fazer o El Mare ganhar a admiração e o res-peito devotados ao Fasano de São Paulo. Para fazer partedo clã Fasano teve de preparar 30 receitas que SalvatoreLoi, chef executivo do grupo, provou e aprovou. Dez de-las hoje fazem parte do cardápio do El Mare que privile-gia peixes e frutos do mar e brilha como um dos melhoresendereços gastronômicos da cidade.

O BAR LONDRA E O RESTAURANTE EL MARE SÃODUAS DAS MAIORES ATRAÇÕES DO FASANO RIO

Viagem

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Viagem

NÃO IMPORTA O MOMENTO DO DIA, A VISTA É SEMPREIMPERDÍVEL. ASSIM COMO AS RECEITAS DO CHEF LUCA

CHEF ITALIANO LUCA GOZZANI

FASANO RIO DE JANEIROAv. Vieira Souto 80Telefone: 21 3202.4066www.fasano.com.br

FASANO AL MARECAFÉ DA MANHÃ SEG – SEX - 06:30H ÀS 10:30HSÁB, DOM E FERIADOS - 06:30H ÀS 11HALMOÇO SEG – SEX - 12H ÀS 15:30HSÁB, DOM E FERIADOS - 12:30H EM DIANTEJANTAR SEG – QUI - 19H À 01HSEX – SÁB - 19H ÀS 01:30HDOM - 19H À 0H

BARETTO-LONDRA:SEG – SAB: a partir de 19h

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ENDEREÇOS, FONES E HORÁRIOS

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PARA FICARHotel Pavillon de La Reine, na Place des Vosges, no coração do Marais. Charmoso, aconchegante e com trata-mento especial faz você se sentir em casa de amigos.

PARIs é o PARAíso de gouRMets e gouRMAnds. quAndo se FALA nA CIdAde Luz,todos têM seMPRe ALguMA IndICAção PReCIosA PARA FAzeR. AquI estão As MInHAs PA-RAdAs obRIgAtóRIAs quAndo de PAssAgeM PoR Lá.

PARA CoMeRo neo bistrô do chef Yves de Camde-borde. depois e 13 anos no Le Regala-de, Claudine e Yves tocam o projeto em saint germain. Mesas muito disputadas para provar o menu degustação, com 5 pratos só no jantar!! Reservas com muita antecedência. no almoço,o bistrô vira uma deliciosa brasserie. Vale a visita.

guLoseIMAberthillon: esta sorveteria que já com-pleta meio século segue tocada pela mão dos proprietários originais. Isto se nota quando provamos um dos muitos sabores irressitíveis dos sorbets e sorvetes artesanais – marrom glacê, pralinê, pessego, peras e laranja. 29-31 Rue saint Louis en I’Île

IguARIAsbar thélemy: nicole bar thélemy é especialista em camember t. nesta pequenina loja você pode encontrar uma variedade de queijos especiais de todas as regiões da França, verdadei-ras iguarias. 51,rue de grenelle

A n d A n ç A s P o R P A R I sgusto C A R L A P e R n A M b u C o w w w . c a r l o t a . c o m . b r

o “estilo de Paris” é realmente quase indefinível. difícil explicar aquela combi-

nação de pessoas com elegância nada exibicionista, de mulheres com cortes de

cabelos impecáveis, de pequenos cafés onde se pode ler durante horas sem

ser incomodado, de floristas com singelos buquês, de aroma de tabaco no ar,

de baguetes com queijos sublimes, de taças de vinho sorvidas sem nenhuma

pretensão “enóloga”, de vitrines com objetos misteriosamente belos.

A palavra “Paris” provoca uma espécie de encantamento a cada vez que alguém

a pronuncia. Faça o teste. basta dizer o nome da capital francesa e todos

querem saber do que você está falando. e comentar sobre Paris é um hábito

que o planeta inteiro adotou. senão, como explicar que mais de 30 milhões de

visitantes cheguem anuamente à cidade que se tornou o destino turístico mais

procurado do mundo?

sim, sabemos que motivos não faltam: história, arte, cultura, compras, moda,

gastronomia, monumentos, romantismo e mais uma centena de possibilidades.

Paris encanta também pela arquitetura de perspectivas de largas avenidas,

imensos jardins, monumentos grandiosos, ruas estreitas, pontes, igrejas e o

sena sempre soberano (o rio é considerado monumento mundial). Mesmo que

você viaje até lá apenas para reverenciar a culinária dos bistrôs ou olhar mais

uma vez a Place des Voges, Paris será sempre surpreendente.

A cidade tem números que merecem atenção: é a maior metrópole da França e segunda da

europa (só Moscou é mais populosa). e quem nós podemos chamar hoje de “parisiense”

– já que são raros os que nasceram ali? os mais velhos se retiraram para o campo e,

nos últimos anos, Paris atraiu levas de uma população mais jovem, proveniente de todos

os cantos do planeta. existem quase 400 mil estrangeiros residentes. o mix de etnias e

a renovação de ideias são responsáveis pela atmosfera de charme que encontramos a

cada esquina. sem falar que o estilo de Paris prossegue inigualável e quase intransferível.

Como descrever as fachadas histó-

ricas de museus, hotéis e antigas

lojas? e a mistura de elementos

contrastantes dos prédios modernos

ou de projetos como a pirâmide de

cristal do Louvre? Inesquecível voltar

a pé de madrugada para seu hotel,

no Marais ou na bastille, abrir a janela

do quarto e permanecer observando

a cidade que há séculos encanta

a humanidade. Paris pode, nesses

momentos, parecer um sonho, um

filme, uma tela. então sugiro que você

celebre em silêncio a felicidade que

é pisar as mesmas calçadas em que

caminhavam Chanel, Picasso, Proust,

Hemingway, dali, Piaf... é assim que

acontece a melhor experiência de uma

viagem: deixar o espírito da cidade to-

mar conta de nós. e vamos combinar:

ser invadido pelo espírito de Paris é

emocionante. será esse o segredo do

estilo parisiense? Faça o teste.

68 Estilo Zaffari Estilo Zaffari 69

Page 59: Revista Estilo 52

PARA FICARHotel Pavillon de La Reine, na Place des Vosges, no coração do Marais. Charmoso, aconchegante e com trata-mento especial faz você se sentir em casa de amigos.

PARIs é o PARAíso de gouRMets e gouRMAnds. quAndo se FALA nA CIdAde Luz,todos têM seMPRe ALguMA IndICAção PReCIosA PARA FAzeR. AquI estão As MInHAs PA-RAdAs obRIgAtóRIAs quAndo de PAssAgeM PoR Lá.

PARA CoMeRo neo bistrô do chef Yves de Camde-borde. depois e 13 anos no Le Regala-de, Claudine e Yves tocam o projeto em saint germain. Mesas muito disputadas para provar o menu degustação, com 5 pratos só no jantar!! Reservas com muita antecedência. no almoço,o bistrô vira uma deliciosa brasserie. Vale a visita.

guLoseIMAberthillon: esta sorveteria que já com-pleta meio século segue tocada pela mão dos proprietários originais. Isto se nota quando provamos um dos muitos sabores irressitíveis dos sorbets e sorvetes artesanais – marrom glacê, pralinê, pessego, peras e laranja. 29-31 Rue saint Louis en I’Île

IguARIAsbar thélemy: nicole bar thélemy é especialista em camember t. nesta pequenina loja você pode encontrar uma variedade de queijos especiais de todas as regiões da França, verdadei-ras iguarias. 51,rue de grenelle

A n d A n ç A s P o R P A R I sgusto C A R L A P e R n A M b u C o w w w . c a r l o t a . c o m . b r

o “estilo de Paris” é realmente quase indefinível. difícil explicar aquela combi-

nação de pessoas com elegância nada exibicionista, de mulheres com cortes de

cabelos impecáveis, de pequenos cafés onde se pode ler durante horas sem

ser incomodado, de floristas com singelos buquês, de aroma de tabaco no ar,

de baguetes com queijos sublimes, de taças de vinho sorvidas sem nenhuma

pretensão “enóloga”, de vitrines com objetos misteriosamente belos.

A palavra “Paris” provoca uma espécie de encantamento a cada vez que alguém

a pronuncia. Faça o teste. basta dizer o nome da capital francesa e todos

querem saber do que você está falando. e comentar sobre Paris é um hábito

que o planeta inteiro adotou. senão, como explicar que mais de 30 milhões de

visitantes cheguem anuamente à cidade que se tornou o destino turístico mais

procurado do mundo?

sim, sabemos que motivos não faltam: história, arte, cultura, compras, moda,

gastronomia, monumentos, romantismo e mais uma centena de possibilidades.

Paris encanta também pela arquitetura de perspectivas de largas avenidas,

imensos jardins, monumentos grandiosos, ruas estreitas, pontes, igrejas e o

sena sempre soberano (o rio é considerado monumento mundial). Mesmo que

você viaje até lá apenas para reverenciar a culinária dos bistrôs ou olhar mais

uma vez a Place des Voges, Paris será sempre surpreendente.

A cidade tem números que merecem atenção: é a maior metrópole da França e segunda da

europa (só Moscou é mais populosa). e quem nós podemos chamar hoje de “parisiense”

– já que são raros os que nasceram ali? os mais velhos se retiraram para o campo e,

nos últimos anos, Paris atraiu levas de uma população mais jovem, proveniente de todos

os cantos do planeta. existem quase 400 mil estrangeiros residentes. o mix de etnias e

a renovação de ideias são responsáveis pela atmosfera de charme que encontramos a

cada esquina. sem falar que o estilo de Paris prossegue inigualável e quase intransferível.

Como descrever as fachadas histó-

ricas de museus, hotéis e antigas

lojas? e a mistura de elementos

contrastantes dos prédios modernos

ou de projetos como a pirâmide de

cristal do Louvre? Inesquecível voltar

a pé de madrugada para seu hotel,

no Marais ou na bastille, abrir a janela

do quarto e permanecer observando

a cidade que há séculos encanta

a humanidade. Paris pode, nesses

momentos, parecer um sonho, um

filme, uma tela. então sugiro que você

celebre em silêncio a felicidade que

é pisar as mesmas calçadas em que

caminhavam Chanel, Picasso, Proust,

Hemingway, dali, Piaf... é assim que

acontece a melhor experiência de uma

viagem: deixar o espírito da cidade to-

mar conta de nós. e vamos combinar:

ser invadido pelo espírito de Paris é

emocionante. será esse o segredo do

estilo parisiense? Faça o teste.

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Bom conselhoP O R M A L U C O E L H O

O verão chega e o calor pede água, muita água. Sabemos que nosso corpo precisaestar hidratado: estipula-se a dose diária em 1,5 litro de água. Mas, como fica quem nãogosta de beber água pura?

Pensando nisso, minha garotinha interior vem à memória, aquela que nunca gostoude água pura. Lembro, então, de minhas tias pelotenses usando a criatividade e preparandolindas jarras de água com fatias de frutas cítricas e alguns galhos de hortelã ou alecrim, porpuro carinho, criando uma forma mais agradável de me fazer consumir essa bebida tão im-portante. Hoje as águas com sabores cumprem este “dever” de nos fazer hidratar o corpo,mas associado ao prazer de experimentar um gostinho diferente.

Apesar de, no Brasil, a água saborizada ser definida pela ANVISA como refrigerante,ela é composta por água comum, sais minerais, leve adição de aromatizante de frutas eadoçante. Desde o ano passado o Brasil convive com a expansão das indústrias de água comsabor e hoje conta com doze marcas no mercado.

Eu, que hoje superei o problema de tomar água, gosto de variar. A tangerina é minhapreferida, seguida da água plus morango. Destaco também as de uva e framboesa, mas a depitanga estimula meu paladar. Hummmmm... Portanto, considero beber água uma arte (nemtanto quanto o vinho), lembrando até que existem estudos sobre este tema.

As empresas que disputam esse mercado investem na cor e no sabor de frutas,tudo para atrair a nova geração de consumidores. E acrescentam, além do sabor, vitami-nas e ingredientes diversos: a de uva contém fibras para o intestino, a de maracujá temcamomila e passiflora, a de pêssego é acompanhada de zinco e ácido fólico...

Novidades à parte, vale lembrar que para servir uma bela mesa de verão é muitoelegante encher uma jarra de vidro transparente com bastante gelo, incluindo rodelasde laranja ou limão e galhinhos de ervas, como alecrim ou hortelã. Lindo de ver e deli-cioso de degustar!

70 Estilo Zaffari

PORTANTO, UM BRINDE ÀS ÁGUAS SABORIZADAS!

ÁGUAS COM SABOR E COR

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Vida

suspensosJardins P O R P a u l a t a i t e l b a u m

F O t O S c R i S t i a n O S a n t ’ a n n a

Page 63: Revista Estilo 52

Vida

suspensosJardins P O R P a u l a t a i t e l b a u m

F O t O S c R i S t i a n O S a n t ’ a n n a

Page 64: Revista Estilo 52

Armando foi uma criança como a maioria das que conhecemos: fazia cara feia quando a mãe colocava salada verde em seu prato. E mesmo ao escolher agronomia como opção do vestibular da UERJ – Universidade Estadual do RJ – jamais pensou que seriam elas, as verduras, que fariam com que se tornasse um empresário bem sucedido. Recém formado, Armando trocou a brisa da praia pelos ares do pampa: mudou-se do Rio de Janeiro para Porto Alegre, tornou-se bolsista da UFRGS – Universidade Federal do RS e, um belo dia, ainda em meio ao seu doutorado, percebeu que estava com suas raízes bem fincadas no sul do Brasil. Raízes essas que, diga-se de passagem, não foram plantadas na terra, mas sobre pequenas espumas especiais embebidas em água e nutrientes.

Atualmente dono das empresas Acqua e Hortiflor, Armando Martins dos Santos produz rúcula, radicci, agrião e quatro tipos de alface hidropônicos. Senhor do seu próprio mundo verde, é possível dizer que, quatro anos depois de iniciar o negócio, está chovendo na sua horta. Hoje, toda a produção da Acqua e da Hortiflor vai parar nas prateleiras dos supermercados Zaffari e Bourbon de Porto Alegre. Mas não pense que o começo foi assim tão fácil: muita água precisou

Vida

belOS cORRedOReS FORmadOS POR tRincheiRaS eSVeRdeadaS

rolar para que a produção de 5 mil pés mensais saltasse para os atuais 60 mil pés por mês.

Com recursos reduzidos e nenhuma experiência como empresário, ele ficou três meses procurando um lugar para montar suas estufas. Acabou escolhendo um local cujo nome parecia ser um bom presságio: Águas Claras. Instalado a 50 km da capital gaúcha, o novo investidor logo descobriu que havia vento demais e a estrada que levava ao sítio era tão esburacada que praticamente destruiria seu carro. Para completar, o jeito chiado de falar de Armando causava desconfiança entre os bairristas gaúchos. Aos poucos, no entanto, o carioca foi conquistando mercado, foi plantando boas relações, foi colhendo os louros dos seus hidropônicos. “Hoje dou consultoria no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”, diz ele, enquanto caminha entre os corredores formados pelas trincheiras esverdeadas de suas hortaliças, ao mesmo tempo que vai indicando: “Aqui é o berçário, aqui é o pré-primário...”

Armando mostra todo o processo – que mais parece uma escola de formação –, orgulhoso de seus babys alfaces, de suas pré-adolescentes rúculas, de seus jovens agriões e de seus maduros radiccis. E ele tem motivos para isso. Dentro dos 4.000 m2 de área

Estilo Zaffari 75

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Armando foi uma criança como a maioria das que conhecemos: fazia cara feia quando a mãe colocava salada verde em seu prato. E mesmo ao escolher agronomia como opção do vestibular da UERJ – Universidade Estadual do RJ – jamais pensou que seriam elas, as verduras, que fariam com que se tornasse um empresário bem sucedido. Recém formado, Armando trocou a brisa da praia pelos ares do pampa: mudou-se do Rio de Janeiro para Porto Alegre, tornou-se bolsista da UFRGS – Universidade Federal do RS e, um belo dia, ainda em meio ao seu doutorado, percebeu que estava com suas raízes bem fincadas no sul do Brasil. Raízes essas que, diga-se de passagem, não foram plantadas na terra, mas sobre pequenas espumas especiais embebidas em água e nutrientes.

Atualmente dono das empresas Acqua e Hortiflor, Armando Martins dos Santos produz rúcula, radicci, agrião e quatro tipos de alface hidropônicos. Senhor do seu próprio mundo verde, é possível dizer que, quatro anos depois de iniciar o negócio, está chovendo na sua horta. Hoje, toda a produção da Acqua e da Hortiflor vai parar nas prateleiras dos supermercados Zaffari e Bourbon de Porto Alegre. Mas não pense que o começo foi assim tão fácil: muita água precisou

Vida

belOS cORRedOReS FORmadOS POR tRincheiRaS eSVeRdeadaS

rolar para que a produção de 5 mil pés mensais saltasse para os atuais 60 mil pés por mês.

Com recursos reduzidos e nenhuma experiência como empresário, ele ficou três meses procurando um lugar para montar suas estufas. Acabou escolhendo um local cujo nome parecia ser um bom presságio: Águas Claras. Instalado a 50 km da capital gaúcha, o novo investidor logo descobriu que havia vento demais e a estrada que levava ao sítio era tão esburacada que praticamente destruiria seu carro. Para completar, o jeito chiado de falar de Armando causava desconfiança entre os bairristas gaúchos. Aos poucos, no entanto, o carioca foi conquistando mercado, foi plantando boas relações, foi colhendo os louros dos seus hidropônicos. “Hoje dou consultoria no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”, diz ele, enquanto caminha entre os corredores formados pelas trincheiras esverdeadas de suas hortaliças, ao mesmo tempo que vai indicando: “Aqui é o berçário, aqui é o pré-primário...”

Armando mostra todo o processo – que mais parece uma escola de formação –, orgulhoso de seus babys alfaces, de suas pré-adolescentes rúculas, de seus jovens agriões e de seus maduros radiccis. E ele tem motivos para isso. Dentro dos 4.000 m2 de área

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coberta que formam as estufas da Acqua, é possível encontrar um pé de alface crespa tão farto de folhas que é preciso quase abraçá-lo na hora de colocar na embalagem. E ao visitar o lu-gar, sente-se um delicioso perfume herbáceo que se desprende de delicados buquês verdes que crescem sobre os canos por onde passa uma bem nutrida água de poço. São entre 30 e 40 dias desde a semente até a colheita das verduras. Tempo esse que varia de acordo com a época do ano. “No inverno, a planta para, demora mais”, explica Armando.

Assim como a terra, que possui elementos essenciais para o crescimento saudável da planta, a água dos hidropônicos deve ter tudo o que as plantas precisam para que, ao chegarem até você, estejam saudáveis e saborosas.

Trazida em 1986 ao Brasil pelos japoneses Shigeru Ueda e Takanori Sekine, a hidroponia que, em grego, significa “trabalho em água” (hydro + ponos) desembarcou em solo nacional com séculos de atraso. Há achados arqueológicos que revelam que, por volta do quinto milênio antes de Cristo, os Sumérios já utilizavam poços e canais para o desenvol-vimento de plantas no meio líquido. Os jardins suspensos da Babilônia, os jardins flutuantes dos chineses da dinastia Chou, as chinampas astecas, todos eles desenvolveram suas

hidROPOnia, em gRegO, SigniFica tRabalhO em água

Vida

próprias técnicas de cultivo na água. Mas somente a partir de 1600, cientistas de diferentes

lugares do mundo deram início a uma série de experimentos na tentativa de descobrir a fórmula de nutrientes essenciais para as plantas. Muito tempo e tentativas depois, em 1930, o norteamericano William F. Gericke não apenas propôs o uso do termo hidroponia para nomear essa forma de cultura, como foi o primeiro a produzir tomates, cereais, frutas, flores e tubérculos hidropônicos em escala comercial. A partir das descobertas de Gericke, em meados da década de 1960, foi desenvolvido o que se chama de NFT – Nutrient Film Tecnique, uma fórmula de plantio onde a solução nutritiva passa por canaletas, entrando em contato direto com as raízes das plantas. Foi um marco da hidroponia moderna.

Outros sistemas e inovações vieram a partir daí. E as experiências relacionadas com o cultivo de vegetais em água e a busca por técnicas cada vez mais inovadoras nunca mais pararam. No Brasil, um dos polos de pesquisas na área está plantado em Florianópolis, no Laboratório de Hidroponia da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, o chamado LabHidro. Coordenado pelo professor Jorge Barcelos, o La-bHidro é uma referência nacional. Realiza estudos, oferece

76 Estilo Zaffari

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coberta que formam as estufas da Acqua, é possível encontrar um pé de alface crespa tão farto de folhas que é preciso quase abraçá-lo na hora de colocar na embalagem. E ao visitar o lu-gar, sente-se um delicioso perfume herbáceo que se desprende de delicados buquês verdes que crescem sobre os canos por onde passa uma bem nutrida água de poço. São entre 30 e 40 dias desde a semente até a colheita das verduras. Tempo esse que varia de acordo com a época do ano. “No inverno, a planta para, demora mais”, explica Armando.

Assim como a terra, que possui elementos essenciais para o crescimento saudável da planta, a água dos hidropônicos deve ter tudo o que as plantas precisam para que, ao chegarem até você, estejam saudáveis e saborosas.

Trazida em 1986 ao Brasil pelos japoneses Shigeru Ueda e Takanori Sekine, a hidroponia que, em grego, significa “trabalho em água” (hydro + ponos) desembarcou em solo nacional com séculos de atraso. Há achados arqueológicos que revelam que, por volta do quinto milênio antes de Cristo, os Sumérios já utilizavam poços e canais para o desenvol-vimento de plantas no meio líquido. Os jardins suspensos da Babilônia, os jardins flutuantes dos chineses da dinastia Chou, as chinampas astecas, todos eles desenvolveram suas

hidROPOnia, em gRegO, SigniFica tRabalhO em água

Vida

próprias técnicas de cultivo na água. Mas somente a partir de 1600, cientistas de diferentes

lugares do mundo deram início a uma série de experimentos na tentativa de descobrir a fórmula de nutrientes essenciais para as plantas. Muito tempo e tentativas depois, em 1930, o norteamericano William F. Gericke não apenas propôs o uso do termo hidroponia para nomear essa forma de cultura, como foi o primeiro a produzir tomates, cereais, frutas, flores e tubérculos hidropônicos em escala comercial. A partir das descobertas de Gericke, em meados da década de 1960, foi desenvolvido o que se chama de NFT – Nutrient Film Tecnique, uma fórmula de plantio onde a solução nutritiva passa por canaletas, entrando em contato direto com as raízes das plantas. Foi um marco da hidroponia moderna.

Outros sistemas e inovações vieram a partir daí. E as experiências relacionadas com o cultivo de vegetais em água e a busca por técnicas cada vez mais inovadoras nunca mais pararam. No Brasil, um dos polos de pesquisas na área está plantado em Florianópolis, no Laboratório de Hidroponia da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, o chamado LabHidro. Coordenado pelo professor Jorge Barcelos, o La-bHidro é uma referência nacional. Realiza estudos, oferece

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Vida

aS mudaS de mORangO SãO imPORtadaS dO chile

cursos, esclarece dúvidas em seu site, defende a produção sem agrotóxicos e busca novos meios para enfrentar as pragas das quais os hidropônicos não estão livres. Barcelos diz, por exemplo, que a maior dificuldade está em produzir morangos e tomates sem o uso de pesticidas, pois são tão deliciosos que “todos os bichinhos querem saboreá-los”. Mesmo sendo difícil, o professor trabalha com as duas culturas desde 1998 e costuma dar várias dicas para quem deseja investir nos mais puros moranguinhos pelo método hidropônico. Para se colher bons frutos, por exemplo, as mudas devem ser de alta qualidade. As melhores, aliás, costumam ser importadas do Chile.

É do Chile que vêm as mudas dos morangos que nascem aos cachos na Rio do Vento Hidroponia, empresa cria da em 1998 em Caxias do Sul, cidade da serra gaúcha. Cultivados com água da chuva (captada por um moderno sistema de calhas e cisternas), em estufas com temperatura controlada e livres de vento, sol e geada, os morangos e tomates-cerejas da Rio do Vento têm cores mais cintilantes e sabores mais adocicados. “Todo mundo me chamava de louco por investir em morangos hidropônicos. E eles tinham razão, pois não havia literatura e resultados de pesquisas sobre esse tipo de

cultura no Brasil”, conta Mauricio Fedrizzi, proprietário da Rio do Vento. Ele explica que, enquanto no cultivo de alface e rúcula basta o tempo de crescimento das folhas, no morango e no tomate é preciso produzir as folhas, em seguida as flores, para só depois obter os frutos. E por ser um ciclo mais longo, consequentemente, traz mais riscos para o produtor. No inverno, são 90 dias desde a colocação da muda até o início da produção. E no verão, o período completo é de 75 dias. Vale dizer que ali o cultivo é realmente especial e as frutinhas não apenas recebem atenção e carinho, como vivem mergu-lhadas no som de Beatles, Cat Power, Eric Clapton, Vander Wildner, REM, Pink Floyd, entre outros. “Só é totalmente proibido sertanejo, pagode e outras toxinas do gênero”, fala Mauricio, revelando que seu paladar musical também é apu-rado. Ficou com vontade de experimentar o gosto que essas frutinhas roqueiras têm? Então prepare-se para tomar o rumo de Caxias do Sul. Isso porque praticamente toda a colheita é consumida no próprio bar da Rio do Vento, o Barlavento. Um lugar diferenciado que oferece sucos, sorvetes, geleias e outras delícias feitas a partir da produção desse verdadeiro jardim suspenso na serra.

E já que estamos falando em viagem, outra opção para

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aS mudaS de mORangO SãO imPORtadaS dO chile

cursos, esclarece dúvidas em seu site, defende a produção sem agrotóxicos e busca novos meios para enfrentar as pragas das quais os hidropônicos não estão livres. Barcelos diz, por exemplo, que a maior dificuldade está em produzir morangos e tomates sem o uso de pesticidas, pois são tão deliciosos que “todos os bichinhos querem saboreá-los”. Mesmo sendo difícil, o professor trabalha com as duas culturas desde 1998 e costuma dar várias dicas para quem deseja investir nos mais puros moranguinhos pelo método hidropônico. Para se colher bons frutos, por exemplo, as mudas devem ser de alta qualidade. As melhores, aliás, costumam ser importadas do Chile.

É do Chile que vêm as mudas dos morangos que nascem aos cachos na Rio do Vento Hidroponia, empresa cria da em 1998 em Caxias do Sul, cidade da serra gaúcha. Cultivados com água da chuva (captada por um moderno sistema de calhas e cisternas), em estufas com temperatura controlada e livres de vento, sol e geada, os morangos e tomates-cerejas da Rio do Vento têm cores mais cintilantes e sabores mais adocicados. “Todo mundo me chamava de louco por investir em morangos hidropônicos. E eles tinham razão, pois não havia literatura e resultados de pesquisas sobre esse tipo de

cultura no Brasil”, conta Mauricio Fedrizzi, proprietário da Rio do Vento. Ele explica que, enquanto no cultivo de alface e rúcula basta o tempo de crescimento das folhas, no morango e no tomate é preciso produzir as folhas, em seguida as flores, para só depois obter os frutos. E por ser um ciclo mais longo, consequentemente, traz mais riscos para o produtor. No inverno, são 90 dias desde a colocação da muda até o início da produção. E no verão, o período completo é de 75 dias. Vale dizer que ali o cultivo é realmente especial e as frutinhas não apenas recebem atenção e carinho, como vivem mergu-lhadas no som de Beatles, Cat Power, Eric Clapton, Vander Wildner, REM, Pink Floyd, entre outros. “Só é totalmente proibido sertanejo, pagode e outras toxinas do gênero”, fala Mauricio, revelando que seu paladar musical também é apu-rado. Ficou com vontade de experimentar o gosto que essas frutinhas roqueiras têm? Então prepare-se para tomar o rumo de Caxias do Sul. Isso porque praticamente toda a colheita é consumida no próprio bar da Rio do Vento, o Barlavento. Um lugar diferenciado que oferece sucos, sorvetes, geleias e outras delícias feitas a partir da produção desse verdadeiro jardim suspenso na serra.

E já que estamos falando em viagem, outra opção para

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provar morangos hidropônicos é atravessar as águas do Atlântico e ir até o Algarve, em Portugal. É lá que está a cooperativa Madrefrutas que, só em 2009, produziu cerca de 900 toneladas de morangos por hidroponia. Acondicionados em caixinhas trasparentes com 400 gramas, os luxuosos mo-rangos algarvianos são exportados para Holanda, Noruega, Suécia, Bélgica, França e Inglaterra e fazem um enorme su-cesso entre os europeus que querem saborear frutas silvestres sem nenhuma gota de agrotóxico.

Estar livre de defensivos agrícolas é apenas uma das van-tagens dos cultivos hidropônicos. Entre os pontos positivos, pode-se ainda listar que essa técnica preserva o meio-ambiente, a colheita é mais rápida e, por ser verticalizada, a hidroponia permite um maior rendimento por área. E enganam-se aque-les que pensam que há desperdício de água. Um único pé de alface da Acqua, por exemplo, utiliza, do início ao fim de seu cultivo, apenas quatro litros de água. Água essa que, após o uso, é tratada e utilizada novamente.

Vantagem também existe para as comunidades cuja terra não é boa para o plantio. No nordeste brasileiro, principalmen-te em Alagoas, já estão sendo desenvolvidos projetos que utilizam garrafas pet recicladas na produção de sistemas

teR uma hORta hidROPônica em caSa é um SaudáVel hObby

Vida

hidropônicos em locais semi-áridos. Como você pode ver, a hidroponia é assim: totalmente democrática e adaptável aos mais diferentes climas. Inclusive àquele cantinho da sua sacada. Sim, porque ter uma horta hidropônica em casa é um saudável hobby que já possui muitos adeptos. O espaço destinado para isso não precisa ser dos maiores e os mais habilidosos podem até construir sua própria bancada para a colocação das mudas. Já se você for do time dos menos prendados, como eu, pode adquirir tudo o que precisa pelo site da Hidrogood que oferece um kit completo para quem se habilitar a criar hidropônicos caseiros. O investimento não é muito alto e você poderá colher sua própria alface antes do almoço. E para os que gostam de uma tecnologia mais avançada, já chegou ao Brasil o Aerogarden, um sistema computadorizado que vem com sementes, nutrientes e cujo único trabalho do agricultor amador será escolher o programa de cultivo e colocar água no reservatório. Além dos mais variados tipos de folhas verdes, tomates e morangos, você ainda pode plantar temperos, pimentões coloridos, legumes e muito mais. Com uma horta hidropônica própria dessas, talvez fique até mais fácil convencer o seu filho a comer todas essas delícias.

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Ser & VestirR O B E R T A G E R H A R D T

Você já parou para observar o quanto o seu guarda-roupa anda sustentável?A busca de um estilo de vida ecológico é uma exigência que a Mãe Terra anda fazendoa todos os seres humanos do nosso Planeta, e o guarda-roupa do homem contempo-râneo precisa e pode responder a este chamado com todo o charme.

Muita gente acredita que o guarda-roupa sustentável é aquele onde só hápeças com tecidos orgânicos e artigos vindos de fonte renovável; que não passarampor nenhum processo químico do cultivo à manufatura. Seguindo esta ideia, a buscados tecidos ecologicamente corretos – as fibras de bambu e algodão orgânico – éobrigatória; assim como a cartela de cores acaba nos modernos tons neutros, quetem os corantes ambientalmente adequados e de excelente qualidade.

Este é um jeito maravilhoso de você tornar o seu guarda-roupa ecologicamen-te correto, entretanto, há um porém: tais peças costumam ter preços bem acima damédia, fazendo com que você pense duas vezes antes de aderir com fervor a tudoque tenha o tal do selo verde. Sem entrar no mérito do motivo dos altos custos dessaspeças orgânicas, há outras estratégias que podem deixar o seu guarda-roupa sus-tentável e ao mesmo tempo econômico.

Quer exemplos? Aqui vão alguns: buscar roupas de alta qualidade e com estiloatemporal para ser coringas em muitos looks, pois assim, com poucos acessóriosnovos, você os deixa sempre atuais; aprender a cuidar da conservação correta daspeças existentes no guarda-roupa, principalmente artigos de couro e alfaiataria, demodo que eles estejam sempre impecáveis, garante mais tempo de uso. São atitudesque ajudam você a consumir menos e respeitar o meio ambiente. O importante é vocêficar atento a esta tendência importantíssima e que veio para ficar devido ao alcancedos benefícios que a Mãe Terra tanto reivindica – e com toda a razão!

DICAS SEGUIR A ESTRATÉGIA DO GUARDA-ROUPA COM ESTILO ECOLÓGICO TAMBÉM PASSA PELO

CONFORTO. NESTE VERÃO, AS PEÇAS ESTÃO MAIS LARGAS PARA A ROUPA CASUAL. ASSIM,ABUSE DO VISUAL RELAXADO DAS CALÇAS E CAMISAS DE ALGODÃO ORGÂNICO NO MESMOTOM, DE PREFERÊNCIA CORES CLARAS, COMO O BRANCO, O NUDE E O OFF-WHITE. E BRINQUECOM A DESPROPORÇÃO, ARREGAÇANDO MANGAS DAS CAMISAS E BARRAS DAS CALÇAS.

QUANDO O LOOK É MONOCROMÁTICO, EVITE COLOCAR CORES FORTES OU CONTRASTANTESNOS ACESSÓRIOS, COMO NO CASO DE CINTOS E SAPATOS, POIS GERALMENTE TENDEM ADAR A ILUSÃO ÓPTICA DE ACHATAR OU ENGORDAR A SILHUETA DO HOMEM.

O TERNO FORMAL DE ALFAIATARIA QUE LHE ACOMPANHA NO TRABALHO E EM MOMENTOSQUE O TRAJE EXIGE, NÃO COMBINA COM PEÇAS DESCONTRAÍDAS E CASUAIS COMO CAMISASDE TECIDO ORGÂNICO COM DETALHES DE BOTÕES E AVIAMENTOS ESPORTIVOS. PREFIRA OSMODELOS CLÁSSICOS. JÁ EXISTEM BOAS MARCAS QUE OFERECEM TECIDOS ECOLÓGICOS.

GUARDA-ROUPA SUSTENTÁVELESTILO PRÓPRIO E ECOLÓGICOO estilo ecológico é uma tendência da moda que veio para ficar, a tal ponto

que, logo mais, nem será visto como um simples modismo, pois estará inserido nocotidiano de todas as mulheres. Ele é interessante porque nos faz refletir sobre oquanto as nossas atitudes, e escolhas pessoais afetam, de alguma forma, todo onosso Planeta ao tornar nosso guarda-roupa ecologicamente correto.

Com pequenos ajustes, seja nas atitudes seja nos detalhes da vestimenta,todos os estilos podem e devem aderir à "cartilha verde". Vou dar alguns exem-plos. A mulher esportiva, que prima tanto pelo confor to, ao comprar tecidosorgânicos, como os feitos de fibras de bambu, entra na onda ecológica. Já amulher tradicional, que busca a qualidade acima de tudo e desconsidera modis-mos, ao comprar apenas as suas peças atemporais e duráveis está, no fundo,ajudando o meio ambiente mais do que imagina.

A mulher de estilo elegante contemporâneo, que adora um toque de gla-mour em tudo o que veste, ao escolher a seda de alta qualidade segue totalmen-te "a cartilha do selo verde", uma vez que a seda consta na lista dos tecidosrenováveis e biodegradáveis; especialmente quando não foi quimicamente trata-da ou misturada a sintéticos. Já a mulher de estilo feminino romântico, que adoraos detalhes do feito à mão e do artesanato, adere à tendência quando escolhesementes e materiais reciclados para compor sua vestimenta. O estilo sexy comcerteza contribui com o meio ambiente quando prima por peles sintéticas e sal-tos de madeira reciclada.

Enfim, há uma necessidade imperiosa de mudar os padrões de consumo ede comportamento com o guarda-roupa de todos os estilos, a fim de atender aosnovos tempos deste novo século que exige um ser humano realmente atento àMãe Natureza. Está mais do que na hora de cuidarmos da "nossa casa" de umamaneira como nunca antes feita. Descubra o seu estilo pessoal e mãos à obra!

DICAS RECICLE PEÇAS DO GUARDA-ROUPA ENTRANDO NA MODA. QUE TAL TINGIR T-SHIRTS VELHI-

NHAS COM OS MODERNOS TONS CÍTIRICOS? OU CRIAR ESTAMPAS DE PATCHWORK COM RESTOSDE TECIDOS?

DESCUBRA O PODER DE UMA PEÇA VINTAGE. QUANDO TEM ALTA QUALIDADE E ETIQUETARENOMADA, DEIXAM O LOOK COMPLETAMENTE ACIMA DA ELEGÂNCIA COMUM E É UMA ATITU-DE TOTALMENTE ECOLÓGICA.

DÊ UM "RESPIRO DE VERÃO" ÀS PEÇAS CLÁSSICAS DE ALFAIATARIA, QUE SÃO ÓTIMAS PARAO TRABALHO E GERALMENTE TÊM CARINHA DE MEIA-ESTAÇÃO, USANDO PEÇAS CLARAS EACESSÓRIOS DE MATERIAL RECICLADO, COLARES DE PALHAS, CONCHAS, SEMENTES NATURAIS.

ROBERTA GERHARDT É CONSULTORA DE MODA E ESTILO E [email protected]

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Page 73: Revista Estilo 52

Ser & VestirR O B E R T A G E R H A R D T

Você já parou para observar o quanto o seu guarda-roupa anda sustentável?A busca de um estilo de vida ecológico é uma exigência que a Mãe Terra anda fazendoa todos os seres humanos do nosso Planeta, e o guarda-roupa do homem contempo-râneo precisa e pode responder a este chamado com todo o charme.

Muita gente acredita que o guarda-roupa sustentável é aquele onde só hápeças com tecidos orgânicos e artigos vindos de fonte renovável; que não passarampor nenhum processo químico do cultivo à manufatura. Seguindo esta ideia, a buscados tecidos ecologicamente corretos – as fibras de bambu e algodão orgânico – éobrigatória; assim como a cartela de cores acaba nos modernos tons neutros, quetem os corantes ambientalmente adequados e de excelente qualidade.

Este é um jeito maravilhoso de você tornar o seu guarda-roupa ecologicamen-te correto, entretanto, há um porém: tais peças costumam ter preços bem acima damédia, fazendo com que você pense duas vezes antes de aderir com fervor a tudoque tenha o tal do selo verde. Sem entrar no mérito do motivo dos altos custos dessaspeças orgânicas, há outras estratégias que podem deixar o seu guarda-roupa sus-tentável e ao mesmo tempo econômico.

Quer exemplos? Aqui vão alguns: buscar roupas de alta qualidade e com estiloatemporal para ser coringas em muitos looks, pois assim, com poucos acessóriosnovos, você os deixa sempre atuais; aprender a cuidar da conservação correta daspeças existentes no guarda-roupa, principalmente artigos de couro e alfaiataria, demodo que eles estejam sempre impecáveis, garante mais tempo de uso. São atitudesque ajudam você a consumir menos e respeitar o meio ambiente. O importante é vocêficar atento a esta tendência importantíssima e que veio para ficar devido ao alcancedos benefícios que a Mãe Terra tanto reivindica – e com toda a razão!

DICAS SEGUIR A ESTRATÉGIA DO GUARDA-ROUPA COM ESTILO ECOLÓGICO TAMBÉM PASSA PELO

CONFORTO. NESTE VERÃO, AS PEÇAS ESTÃO MAIS LARGAS PARA A ROUPA CASUAL. ASSIM,ABUSE DO VISUAL RELAXADO DAS CALÇAS E CAMISAS DE ALGODÃO ORGÂNICO NO MESMOTOM, DE PREFERÊNCIA CORES CLARAS, COMO O BRANCO, O NUDE E O OFF-WHITE. E BRINQUECOM A DESPROPORÇÃO, ARREGAÇANDO MANGAS DAS CAMISAS E BARRAS DAS CALÇAS.

QUANDO O LOOK É MONOCROMÁTICO, EVITE COLOCAR CORES FORTES OU CONTRASTANTESNOS ACESSÓRIOS, COMO NO CASO DE CINTOS E SAPATOS, POIS GERALMENTE TENDEM ADAR A ILUSÃO ÓPTICA DE ACHATAR OU ENGORDAR A SILHUETA DO HOMEM.

O TERNO FORMAL DE ALFAIATARIA QUE LHE ACOMPANHA NO TRABALHO E EM MOMENTOSQUE O TRAJE EXIGE, NÃO COMBINA COM PEÇAS DESCONTRAÍDAS E CASUAIS COMO CAMISASDE TECIDO ORGÂNICO COM DETALHES DE BOTÕES E AVIAMENTOS ESPORTIVOS. PREFIRA OSMODELOS CLÁSSICOS. JÁ EXISTEM BOAS MARCAS QUE OFERECEM TECIDOS ECOLÓGICOS.

GUARDA-ROUPA SUSTENTÁVELESTILO PRÓPRIO E ECOLÓGICOO estilo ecológico é uma tendência da moda que veio para ficar, a tal ponto

que, logo mais, nem será visto como um simples modismo, pois estará inserido nocotidiano de todas as mulheres. Ele é interessante porque nos faz refletir sobre oquanto as nossas atitudes, e escolhas pessoais afetam, de alguma forma, todo onosso Planeta ao tornar nosso guarda-roupa ecologicamente correto.

Com pequenos ajustes, seja nas atitudes seja nos detalhes da vestimenta,todos os estilos podem e devem aderir à "cartilha verde". Vou dar alguns exem-plos. A mulher esportiva, que prima tanto pelo confor to, ao comprar tecidosorgânicos, como os feitos de fibras de bambu, entra na onda ecológica. Já amulher tradicional, que busca a qualidade acima de tudo e desconsidera modis-mos, ao comprar apenas as suas peças atemporais e duráveis está, no fundo,ajudando o meio ambiente mais do que imagina.

A mulher de estilo elegante contemporâneo, que adora um toque de gla-mour em tudo o que veste, ao escolher a seda de alta qualidade segue totalmen-te "a cartilha do selo verde", uma vez que a seda consta na lista dos tecidosrenováveis e biodegradáveis; especialmente quando não foi quimicamente trata-da ou misturada a sintéticos. Já a mulher de estilo feminino romântico, que adoraos detalhes do feito à mão e do artesanato, adere à tendência quando escolhesementes e materiais reciclados para compor sua vestimenta. O estilo sexy comcerteza contribui com o meio ambiente quando prima por peles sintéticas e sal-tos de madeira reciclada.

Enfim, há uma necessidade imperiosa de mudar os padrões de consumo ede comportamento com o guarda-roupa de todos os estilos, a fim de atender aosnovos tempos deste novo século que exige um ser humano realmente atento àMãe Natureza. Está mais do que na hora de cuidarmos da "nossa casa" de umamaneira como nunca antes feita. Descubra o seu estilo pessoal e mãos à obra!

DICAS RECICLE PEÇAS DO GUARDA-ROUPA ENTRANDO NA MODA. QUE TAL TINGIR T-SHIRTS VELHI-

NHAS COM OS MODERNOS TONS CÍTIRICOS? OU CRIAR ESTAMPAS DE PATCHWORK COM RESTOSDE TECIDOS?

DESCUBRA O PODER DE UMA PEÇA VINTAGE. QUANDO TEM ALTA QUALIDADE E ETIQUETARENOMADA, DEIXAM O LOOK COMPLETAMENTE ACIMA DA ELEGÂNCIA COMUM E É UMA ATITU-DE TOTALMENTE ECOLÓGICA.

DÊ UM "RESPIRO DE VERÃO" ÀS PEÇAS CLÁSSICAS DE ALFAIATARIA, QUE SÃO ÓTIMAS PARAO TRABALHO E GERALMENTE TÊM CARINHA DE MEIA-ESTAÇÃO, USANDO PEÇAS CLARAS EACESSÓRIOS DE MATERIAL RECICLADO, COLARES DE PALHAS, CONCHAS, SEMENTES NATURAIS.

ROBERTA GERHARDT É CONSULTORA DE MODA E ESTILO E [email protected]

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Page 74: Revista Estilo 52

Perfil

Realidade e fantasia se mistuRam na tRajetóRia do caRtunista mauRício de sousa. o soRRiso laRgo e a Pele

lisa dificultam acReditaR que o Pai da mônica e do cebolinha tenha 74 anos de vida. aliás, de muitas vidas.

mauRício é Pai de 10 filhos Reais, todos tRansfoRmados em PeRsonagens de suas históRias, somando-se a

mais de 200 filhos fictícios cRiados em 50 anos de caRReiRa e que se esPalhaRam mundo afoRa em mais de

um bilhão de Revistas Publicadas. os PRimeiRos a daR o aR da gRaça foRam o cachoRRinho bidu e seu dono

fRanjinha, em 1959. mônica, a filha mais famosa, suRgiu em 1963. símbolo do sucesso de seu cRiadoR, há

dois anos ela foi escolhida PaRa seR a PRimeiRa PeRsonagem em quadRinhos a ocuPaR o Posto de embai-

xadoRa do fundo das nações unidas PaRa a infância – unicef. Pais, PRofessoRes e cRianças em difeRentes

geRações, ao longo destas cinco décadas, fazem coRo ao ReveRenciaR o mestRe dos quadRinhos que RomPeu

as fRonteiRas nacionais e continua cRiando com fôlego de menino.

e suas criações

f o t o s m a R c o t e R R a n o v a

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Page 75: Revista Estilo 52

Perfil

Realidade e fantasia se mistuRam na tRajetóRia do caRtunista mauRício de sousa. o soRRiso laRgo e a Pele

lisa dificultam acReditaR que o Pai da mônica e do cebolinha tenha 74 anos de vida. aliás, de muitas vidas.

mauRício é Pai de 10 filhos Reais, todos tRansfoRmados em PeRsonagens de suas históRias, somando-se a

mais de 200 filhos fictícios cRiados em 50 anos de caRReiRa e que se esPalhaRam mundo afoRa em mais de

um bilhão de Revistas Publicadas. os PRimeiRos a daR o aR da gRaça foRam o cachoRRinho bidu e seu dono

fRanjinha, em 1959. mônica, a filha mais famosa, suRgiu em 1963. símbolo do sucesso de seu cRiadoR, há

dois anos ela foi escolhida PaRa seR a PRimeiRa PeRsonagem em quadRinhos a ocuPaR o Posto de embai-

xadoRa do fundo das nações unidas PaRa a infância – unicef. Pais, PRofessoRes e cRianças em difeRentes

geRações, ao longo destas cinco décadas, fazem coRo ao ReveRenciaR o mestRe dos quadRinhos que RomPeu

as fRonteiRas nacionais e continua cRiando com fôlego de menino.

e suas criações

f o t o s m a R c o t e R R a n o v a

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Page 76: Revista Estilo 52

você é de santa isabel (sP) e começou a tRabalhaR em mogi das cRuzes desenhando. como milhões de outRas Pessoas de todo o bRasil, Resolveu que seRia em sP que RealizaRia seu sonho PRofissional. como foi esse “início Paulistano”?

Ainda hoje muitos jovens saem de suas pequenas cidades do interior para estudar e conseguir trabalho nos grandes centros. Comigo não foi diferente. Queria trabalhar em um grande jornal, mas até chegar lá trabalhei em escritórios de contabilidade, como datilógrafo, como colaborador de uma agência de empregos... Até que consegui entrar na Folha da Manhã, atual Folha de S.Paulo. Ao mesmo tempo em que uma cidade como São Paulo assusta por sua grandiosidade, também era um sonho para um jovem como eu. Mas é pre-ciso estar preparado para receber muitos “nãos” até ganhar o primeiro “sim”!

e esse PRimeiRo tRabalho na folha da manhã eRa de Re-PóRteR Policial, nada a veR com o que queRia de veRdade. como foi essa “fase joRnalista”?

Ih, muito difícil! Eu fazia o plantão policial para o jornal. Ficava junto às delegacias para conseguir aquelas matérias de crimes... Na verdade, em 1954, visitei a redação da Folha para tentar trabalhar como desenhista mesmo. Fui recebido pelo editor de arte, que depois de ver meus desenhos me aconselhou a desistir... Não foi fácil... Fiquei tão pra baixo que minha expressão chamou a atenção de um jornalista da redação, o Mario Cartaxo. Então ele me aconselhou a tentar outro trabalho dentro do jornal enquanto me aprimorava no desenho. Ligou para o departamento pessoal e conseguiu um serviço de copidesque (função hoje extinta), que era basi-camente melhorar textos antes de publicá-los. Na verdade, foi depois disso que prestei um concurso e entrei na vaga de repórter policial. Só após cerca de cinco anos consegui publicar minha primeira tira no jornal!

suas tiRinhas, no início, tinham um Público adulto, emboRa os PeRsonagens fossem cRianças, meio à la chaRles schulz (cRiadoR do chaRlie bRown e do snooPy). quando elas começaRam a atRaiR as cRianças, hoje seu maioR Público, e PoR quê?

Não sei se era exatamente para um público adulto... É que no começo, como publicava apenas as tiras dentro do jornal, é claro que imaginava um público adulto lendo as piadas e isso me influenciou a agradar a esse leitor. Mas quando tive a possibilidade de desenhar os personagens para o suplemento infantil Folhinha de S.Paulo, acho que encontrei meu público mais direto. Na Folhinha, tínhamos muitas cartas dos leitores que chegavam à redação, e eu as usava para sentir o retorno das histórias. Foi um aprendizado importante para que eu conquistasse cada vez mais fãs da turminha. O ponto alto

mesmo veio em 1970, com a publicação de minha primeira revista na Editora Abril. Desde então, nunca deixei de acompanhar as cartas dos leitores, para sempre atualizar o diálogo com eles.

a mônica, a magali, a maRia cebolinha, a maRina, o nimbus e o do contRa foRam baseados em filhos seus (esqueci algum?). aliás, quantos filhos você tem e quais ainda “viRaRão” PeRsonagens?

Sim, esqueceu o Professor Spada / Doutor Spam, que também é meu filho. Tenho dez filhos e só faltam virar per-sonagens o Marcelinho, que é o caçula e já está “esboçado”, e as gêmeas Vanda e Valéria, que já estão criadas e devem entrar pra Turma da Tina.

no início você fazia tudo quanto aos seus PeRsonagens (desenhos, RoteiRos e tudo mais), mas com o temPo foi delegando os tRabalhos. foi difícil deixaR seus “filhos” nas mãos de outRos, PoR mais comPetentes que fossem?

O sucesso não depende só de uma boa criação de perso-nagens e de histórias, mas de poder criar uma estrutura para a produção desse material. No começo eu fazia tudo, inclusive visitar redações de jornais pelo interior de São Paulo para ven-der minhas tiras em formato de clichê (chumbo com o desenho em alto-relevo para as impressoras da época). Depois, quando a minha produção teria que ser de mais de 200 tirinhas por mês, ficou impossível sem montar uma equipe! Tenho hoje desenhistas e roteiristas que fazem esse trabalho – mas ne-nhuma história é publicada sem passar por minha avaliação! Com isso, consigo manter a qualidade que esse material teria como se eu mesmo estivesse produzindo tudo.

e PoR que o único que você não delegou foi o hoRácio? É que o Horácio sempre foi muito ligado ao meu pensa-

mento filosófico. Até já delego algumas historinhas dele, mas sempre terá que ter muito de mim ali. Como digo, às vezes me sinto realmente um dinossauro dentro desse mundão!

quantos Países já conhecem a tuRma da mônica e que outRos estão na sua miRa?

Atualmente, estamos em cerca de 40 países. O mercado externo é muito dinâmico e vive não apenas de gibis, mas também de uma visualização na mídia eletrônica. Com o Ro-naldinho Gaúcho estou conseguindo entrar em vários países, mas estou consciente de que minha produção de desenhos animados é que pode dar uma sequência consistente diante de tanta concorrência hoje em dia. Para isso, estou produ-zindo uma série de animações para TV por conta própria. Já terminamos a primeira série de 13 episódios que logo estarão em algum canal no Brasil e vários no mundo. Para você ter

Perfil

bidu e fRanjinha foRam os PRimeiRos a aPaReceR, em 1959. a mônica veio em 1963

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você é de santa isabel (sP) e começou a tRabalhaR em mogi das cRuzes desenhando. como milhões de outRas Pessoas de todo o bRasil, Resolveu que seRia em sP que RealizaRia seu sonho PRofissional. como foi esse “início Paulistano”?

Ainda hoje muitos jovens saem de suas pequenas cidades do interior para estudar e conseguir trabalho nos grandes centros. Comigo não foi diferente. Queria trabalhar em um grande jornal, mas até chegar lá trabalhei em escritórios de contabilidade, como datilógrafo, como colaborador de uma agência de empregos... Até que consegui entrar na Folha da Manhã, atual Folha de S.Paulo. Ao mesmo tempo em que uma cidade como São Paulo assusta por sua grandiosidade, também era um sonho para um jovem como eu. Mas é pre-ciso estar preparado para receber muitos “nãos” até ganhar o primeiro “sim”!

e esse PRimeiRo tRabalho na folha da manhã eRa de Re-PóRteR Policial, nada a veR com o que queRia de veRdade. como foi essa “fase joRnalista”?

Ih, muito difícil! Eu fazia o plantão policial para o jornal. Ficava junto às delegacias para conseguir aquelas matérias de crimes... Na verdade, em 1954, visitei a redação da Folha para tentar trabalhar como desenhista mesmo. Fui recebido pelo editor de arte, que depois de ver meus desenhos me aconselhou a desistir... Não foi fácil... Fiquei tão pra baixo que minha expressão chamou a atenção de um jornalista da redação, o Mario Cartaxo. Então ele me aconselhou a tentar outro trabalho dentro do jornal enquanto me aprimorava no desenho. Ligou para o departamento pessoal e conseguiu um serviço de copidesque (função hoje extinta), que era basi-camente melhorar textos antes de publicá-los. Na verdade, foi depois disso que prestei um concurso e entrei na vaga de repórter policial. Só após cerca de cinco anos consegui publicar minha primeira tira no jornal!

suas tiRinhas, no início, tinham um Público adulto, emboRa os PeRsonagens fossem cRianças, meio à la chaRles schulz (cRiadoR do chaRlie bRown e do snooPy). quando elas começaRam a atRaiR as cRianças, hoje seu maioR Público, e PoR quê?

Não sei se era exatamente para um público adulto... É que no começo, como publicava apenas as tiras dentro do jornal, é claro que imaginava um público adulto lendo as piadas e isso me influenciou a agradar a esse leitor. Mas quando tive a possibilidade de desenhar os personagens para o suplemento infantil Folhinha de S.Paulo, acho que encontrei meu público mais direto. Na Folhinha, tínhamos muitas cartas dos leitores que chegavam à redação, e eu as usava para sentir o retorno das histórias. Foi um aprendizado importante para que eu conquistasse cada vez mais fãs da turminha. O ponto alto

mesmo veio em 1970, com a publicação de minha primeira revista na Editora Abril. Desde então, nunca deixei de acompanhar as cartas dos leitores, para sempre atualizar o diálogo com eles.

a mônica, a magali, a maRia cebolinha, a maRina, o nimbus e o do contRa foRam baseados em filhos seus (esqueci algum?). aliás, quantos filhos você tem e quais ainda “viRaRão” PeRsonagens?

Sim, esqueceu o Professor Spada / Doutor Spam, que também é meu filho. Tenho dez filhos e só faltam virar per-sonagens o Marcelinho, que é o caçula e já está “esboçado”, e as gêmeas Vanda e Valéria, que já estão criadas e devem entrar pra Turma da Tina.

no início você fazia tudo quanto aos seus PeRsonagens (desenhos, RoteiRos e tudo mais), mas com o temPo foi delegando os tRabalhos. foi difícil deixaR seus “filhos” nas mãos de outRos, PoR mais comPetentes que fossem?

O sucesso não depende só de uma boa criação de perso-nagens e de histórias, mas de poder criar uma estrutura para a produção desse material. No começo eu fazia tudo, inclusive visitar redações de jornais pelo interior de São Paulo para ven-der minhas tiras em formato de clichê (chumbo com o desenho em alto-relevo para as impressoras da época). Depois, quando a minha produção teria que ser de mais de 200 tirinhas por mês, ficou impossível sem montar uma equipe! Tenho hoje desenhistas e roteiristas que fazem esse trabalho – mas ne-nhuma história é publicada sem passar por minha avaliação! Com isso, consigo manter a qualidade que esse material teria como se eu mesmo estivesse produzindo tudo.

e PoR que o único que você não delegou foi o hoRácio? É que o Horácio sempre foi muito ligado ao meu pensa-

mento filosófico. Até já delego algumas historinhas dele, mas sempre terá que ter muito de mim ali. Como digo, às vezes me sinto realmente um dinossauro dentro desse mundão!

quantos Países já conhecem a tuRma da mônica e que outRos estão na sua miRa?

Atualmente, estamos em cerca de 40 países. O mercado externo é muito dinâmico e vive não apenas de gibis, mas também de uma visualização na mídia eletrônica. Com o Ro-naldinho Gaúcho estou conseguindo entrar em vários países, mas estou consciente de que minha produção de desenhos animados é que pode dar uma sequência consistente diante de tanta concorrência hoje em dia. Para isso, estou produ-zindo uma série de animações para TV por conta própria. Já terminamos a primeira série de 13 episódios que logo estarão em algum canal no Brasil e vários no mundo. Para você ter

Perfil

bidu e fRanjinha foRam os PRimeiRos a aPaReceR, em 1959. a mônica veio em 1963

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Page 78: Revista Estilo 52

Perfil

uma ideia do potencial, a China acaba de comprar histórias em quadrinhos da Turma da Mônica para serem utilizadas na área educacional do país.

você não abRe mão do tRabalho social usando a tuRma. o que está fazendo nesse sentido atualmente?

Hoje temos uma série de revistas com temas de importân-cia educacional sobre ecologia, saúde e direitos das crianças. Geralmente, são produzidas para a área educacional e de saúde. Mas a responsabilidade aumentou no final de 2007, quando a Mônica foi convidada a ser embaixadora do Unicef no Brasil, juntamente com Renato Aragão e Daniela Mercury. Ela é a primeira personagem de quadrinhos convidada para este cargo no mundo. Com certeza, trabalharemos nas ações da entidade que promovem a qualidade de vida para as crianças mundialmente. Além disso, temos o Instituto Mauricio de Sousa, que está sempre realizando ações ligadas a causas sociais. É uma bandeira minha e da Turma da Mônica.

você Resolveu cRiaR novos PeRsonagens e situações que Refletem a diveRsidade de nossos dias, um jeito de insPiRaR ResPeito ao PRóximo e suas difeRenças, como no caso do luca (cadeiRante), da doRinha (deficiente visual) e do xaveco (filho de Pais sePaRados). como o Público os Recebeu?

Sei da responsabilidade de ser um interlocutor das crianças e da influência que meus quadrinhos têm sobre elas. Assim, sempre procuramos, por meio da Turma da Mônica, passar mensagens sobre direitos das crianças, saúde, contra a violência e sobre a inclusão social. O Luca e Dorinha vieram para mostrar às crianças que são exatamente iguais a elas. Querem – e devem – ser tratadas da mesma forma para se sen-tirem parte da sociedade. Esse trabalho repercute na criança, que um dia será um adulto mais resolvido nessa questão. O caso do Xaveco, que é filho de pais separados, por exemplo, é uma realidade que vivemos no mundo atual com constân-cia. Não adianta esconder assuntos das crianças quando elas convivem com isso diariamente! É melhor que entendam do que não conheçam, pois estão mais ligadas nessas questões do que os pais possam imaginar! Recentemente, criamos uma personagem com síndrome de Down, mas ela não estreou ainda porque queremos estar bem seguros dessa realidade. Por isso, estamos entrevistando os pais dessas crianças e especialistas na área.

uma vez estávamos conveRsando em seu escRitóRio e seu celulaR tocou. tinha acabado de nasceR seu PRimeiRo bis-neto (neto da magali). “agoRa eu sou bisavô”, você dizia todo feliz. então PaRou de RePente e bRincou: “RaPaz... a ficha tá caindo”. caiu mesmo?

Ser avô é uma experiência sensacional. É como “ser pai duas vezes”. Então, ser bisavô é ser pai três vezes! Caiu a ficha, sim, e estou adorando!

as Pessoas se suRPReendem quando descobRem sua idade. qual é o segRedo de aPaRentaR seR bem mais novo, “con-seRvadão” assim?

Em primeiro lugar, procurar manter o bom humor. Sempre! Sei que é uma tarefa complicada nos momentos difíceis, mas ajuda a passar por eles mais facilmente. Depois, é ter uma alimentação saudável e sentir-se sempre criança.

Poucos aRtistas Podem PResenciaR sua obRa seR aPReciada PoR tRês geRações. como é essa sensação?

O segredo de manter um público constante num mer-cado inconstante é sempre estar antenado na linguagem atualizada das crianças. Os pais curtem ter lido a Mônica, que falava com eles na linguagem da época e que se adapta hoje à linguagem do filho. Que pai não aprecia um filho que gosta das mesmas coisas que ele quando era criança?Além disso, não nos esquecemos dos antigos leitores. Relançamos as primeiras tiras e os primeiros gibis da Turma da Mônica mantendo aquelas histórias originais, e a resposta do público demonstra o quanto foi feliz essa ideia. Espero que muitas outras gerações divirtam-se com a turminha.

como é são Paulo Pelos olhos do mauRicio? como você inte-Rage com a cidade? tem um cantinho PRedileto na caPital?

Adoro São Paulo! Foi a cidade que me abrigou e me pos-sibilitou a realização pessoal e profissional. Tem muitos lugares que adoro aqui, como o Parque Villa-Lobos e o bairro onde moro, Alto de Pinheiros, com suas ruas arborizadas. Gosto de belas paisagens, desenhos bonitos, muito verde. E lá no meu bairro tem tudo isso! Difícil mesmo é dizer do que menos gosto... Sou muito carinhoso com a terra onde piso. Mas... há uma coisa que me desgosta: os muros altos escondendo as belas construções da cidade. Culpa da sensação de inse-gurança que, infelizmente, nos cerca.

dez filhos de caRne e osso, mais de 200 de ficção, 74 anos de vida e 50 de caRReiRa

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Perfil

uma ideia do potencial, a China acaba de comprar histórias em quadrinhos da Turma da Mônica para serem utilizadas na área educacional do país.

você não abRe mão do tRabalho social usando a tuRma. o que está fazendo nesse sentido atualmente?

Hoje temos uma série de revistas com temas de importân-cia educacional sobre ecologia, saúde e direitos das crianças. Geralmente, são produzidas para a área educacional e de saúde. Mas a responsabilidade aumentou no final de 2007, quando a Mônica foi convidada a ser embaixadora do Unicef no Brasil, juntamente com Renato Aragão e Daniela Mercury. Ela é a primeira personagem de quadrinhos convidada para este cargo no mundo. Com certeza, trabalharemos nas ações da entidade que promovem a qualidade de vida para as crianças mundialmente. Além disso, temos o Instituto Mauricio de Sousa, que está sempre realizando ações ligadas a causas sociais. É uma bandeira minha e da Turma da Mônica.

você Resolveu cRiaR novos PeRsonagens e situações que Refletem a diveRsidade de nossos dias, um jeito de insPiRaR ResPeito ao PRóximo e suas difeRenças, como no caso do luca (cadeiRante), da doRinha (deficiente visual) e do xaveco (filho de Pais sePaRados). como o Público os Recebeu?

Sei da responsabilidade de ser um interlocutor das crianças e da influência que meus quadrinhos têm sobre elas. Assim, sempre procuramos, por meio da Turma da Mônica, passar mensagens sobre direitos das crianças, saúde, contra a violência e sobre a inclusão social. O Luca e Dorinha vieram para mostrar às crianças que são exatamente iguais a elas. Querem – e devem – ser tratadas da mesma forma para se sen-tirem parte da sociedade. Esse trabalho repercute na criança, que um dia será um adulto mais resolvido nessa questão. O caso do Xaveco, que é filho de pais separados, por exemplo, é uma realidade que vivemos no mundo atual com constân-cia. Não adianta esconder assuntos das crianças quando elas convivem com isso diariamente! É melhor que entendam do que não conheçam, pois estão mais ligadas nessas questões do que os pais possam imaginar! Recentemente, criamos uma personagem com síndrome de Down, mas ela não estreou ainda porque queremos estar bem seguros dessa realidade. Por isso, estamos entrevistando os pais dessas crianças e especialistas na área.

uma vez estávamos conveRsando em seu escRitóRio e seu celulaR tocou. tinha acabado de nasceR seu PRimeiRo bis-neto (neto da magali). “agoRa eu sou bisavô”, você dizia todo feliz. então PaRou de RePente e bRincou: “RaPaz... a ficha tá caindo”. caiu mesmo?

Ser avô é uma experiência sensacional. É como “ser pai duas vezes”. Então, ser bisavô é ser pai três vezes! Caiu a ficha, sim, e estou adorando!

as Pessoas se suRPReendem quando descobRem sua idade. qual é o segRedo de aPaRentaR seR bem mais novo, “con-seRvadão” assim?

Em primeiro lugar, procurar manter o bom humor. Sempre! Sei que é uma tarefa complicada nos momentos difíceis, mas ajuda a passar por eles mais facilmente. Depois, é ter uma alimentação saudável e sentir-se sempre criança.

Poucos aRtistas Podem PResenciaR sua obRa seR aPReciada PoR tRês geRações. como é essa sensação?

O segredo de manter um público constante num mer-cado inconstante é sempre estar antenado na linguagem atualizada das crianças. Os pais curtem ter lido a Mônica, que falava com eles na linguagem da época e que se adapta hoje à linguagem do filho. Que pai não aprecia um filho que gosta das mesmas coisas que ele quando era criança?Além disso, não nos esquecemos dos antigos leitores. Relançamos as primeiras tiras e os primeiros gibis da Turma da Mônica mantendo aquelas histórias originais, e a resposta do público demonstra o quanto foi feliz essa ideia. Espero que muitas outras gerações divirtam-se com a turminha.

como é são Paulo Pelos olhos do mauRicio? como você inte-Rage com a cidade? tem um cantinho PRedileto na caPital?

Adoro São Paulo! Foi a cidade que me abrigou e me pos-sibilitou a realização pessoal e profissional. Tem muitos lugares que adoro aqui, como o Parque Villa-Lobos e o bairro onde moro, Alto de Pinheiros, com suas ruas arborizadas. Gosto de belas paisagens, desenhos bonitos, muito verde. E lá no meu bairro tem tudo isso! Difícil mesmo é dizer do que menos gosto... Sou muito carinhoso com a terra onde piso. Mas... há uma coisa que me desgosta: os muros altos escondendo as belas construções da cidade. Culpa da sensação de inse-gurança que, infelizmente, nos cerca.

dez filhos de caRne e osso, mais de 200 de ficção, 74 anos de vida e 50 de caRReiRa

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1. Se você estiver diante de um texto consagrado, um clás-sico mesmo – Shakespeare, Voltaire ou Machado de Assis, porexemplo –, e acontecer alguma dificuldade na leitura, pode tercerteza que o problema é seu, não do texto. Isso quer dizer quevale a pena insistir na leitura, na hora mesmo ou em algum mo-mento posterior. Bons textos muitas vezes exigem mais de umatentativa de leitura. (Se, ao contrário, o que estiver diante deseus olhos for um autor não-consagrado, pode bem ser que oproblema seja do texto, e não seu. Seja sincero consigo mesmo:feito um honesto esforço de leitura e persistindo algum embara-ço real, o leitor tem todo o direito de abandonar o texto, exer-cendo seu inalienável direito de cair fora.)

2. No concreto de uma leitura, dentro de um texto, nomiolo de um parágrafo ou mesmo de uma frase, pode acontecerque a compreensão trave, que a fruição fique embaçada. Porque isso acontece? São vários os motivos potenciais, de limita-ção do leitor a complicações inúteis do texto mesmo. Seja qualfor o problema, e antes de entrar em pânico ou de abandonartudo, tente localizar com precisão o foco do impasse: se foruma palavra específica que seja desconhecida (ou duas, ou três),bem, para isso existe o dicionário; se não estiver numa palavrao problema, volte a atenção para os “que” (ou “cujo”, ou“onde”), para palavras que fazem nexos entre as partes da frase– em torno desses nexos é que circula o perigo da falta de clare-za, de fluência, de solidez do texto. (A outra hipótese tem a vercom a pontuação: o autor do texto pode ter utilizado os sinaisde trânsito que são as vírgulas e os pontos de modo criativo, eisso pode render bem, mas também de modo equivocado, o quebota tudo a perder.)

3. Um texto literário, obra de arte que é (ou aspira a ser),tem direito de ser como é, em sua integridade, em seus detalhes,em sua extensão. Esse princípio alerta para a necessidade de aleitura ser respeitosa: o leitor deve dispor-se a receber as infor-mações e as formas do texto tal como o autor as concebeu, eportanto idealmente o leitor deve ler o texto totalmente, de caboa rabo, para poder avaliar como a coisa funcionou (ou não). Mastal verdade geral não impede que o leitor comum, não-especia-lista, o leitor que quer o prazer do texto e não está ali cumprindo

uma tarefa, pule fora ao perceber que seu honesto empenho deleitura não está sendo recompensado; também não impede, poroutro lado, que o leitor se dê o direito de fruir apenas aspectosparciais do texto: tenho um amigo, que se chama de leitor fútil(sendo porém um leitor muito agudo à sua maneira), porque vi-bra quase que exclusivamente com aspectos parciais de um tex-to, um gerúndio bem apanhado, uma palavra rara bem colocada,um giro narrativo, etc., sem atenção ao conjunto.

4. Um texto literário merece ser lido em pelo menos duasdimensões: uma é linear, uma palavra depois da outra, uma fraseapós outra, tudo encadeado da esquerda para a direita e de cimaabaixo da página; a outra é menos perceptível, mas muitas vezesé decisiva, e tem sua carnadura num plano alusivo, nas chama-das entrelinhas, num patamar figurado ou alegórico. Grandesescritores compõem em suas obras essa segunda dimensão medi-ante reiteração (sutil ou escancarada) de motivos, de termos, defiguras, numa composição que, nesse particular sentido, vizinhacom a poesia. Isso quer dizer que muitas vezes a leitura não podecontentar-se com a decifração daquela primeira dimensão, ne-cessitando uma atenção mais difusa, menos imediata, alguma coisapróxima da atenção dita flutuante que os psicanalistas praticamao ouvir o paciente.

5. Em narrativas, um detalhe radicalmente importante, emespecial nos romances e contos escritos a partir do final do sécu-lo 19 (no Brasil, o marco é Machado de Assis, mas você podepensar em Dostoiévski, em Poe, em Flaubert), é o jeito de ser donarrador. O bom leitor sempre mantém em vista que o narradorpode ser parte interessada no enredo, quer dizer, ele pode serparcial na avaliação dos fatos e das pessoas que menciona e co-menta, pode saber mais ou menos do que aparenta. Se a históriafor contada em primeira pessoa, essa desconfiança é lei (algunsdos maiores romances brasileiros são dessa natureza, Dom Cas-murro, São Bernardo, Grande sertão: veredas, e assim também sãomuitos casos de outros quadrantes, como Joseph Conrad ou ÍtaloSvevo), mas também se a narração estiver organizada em tercei-ra pessoa vale a advertência.

CINCO PALPITES PARA LER MELHOR

LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR

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L U Í S A U G U S T OF I S C H E R

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