Revista Forum Democratico

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E MAIS: : WALL STREET HISTÓRIA ITALIANA TURISMO BRASITÁLIA ARTES PLÁSTICAS Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 111-112 Ano XII - Novembro / Dezembro 11 - R$ 10,00 PODE SER ABERTO PELA ECT

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Nº 111 - 112 - Ano XI - Novembro/Dezembro 11 - R$ 10,00

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E MAIS : : WALL STREET • H ISTÓRIA I TAL IANA • TURISMO • BRA S ITÁL IA • ARTES PLÁST ICA S

Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 111-112 Ano XII - Novembro / Dezembro 11 - R$ 10,00

PODE SER ABERTO PELA ECT

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O INCA-CGIL tutela gratuitamente os trabalhadores e aposentados italianos e brasileiros e suas famílias.

D E S E G U N D A A S E X T A , D A S 8 : 3 0 À S 1 3 : 0 0

“Patronato” da maior

Confederação Sindical Italiana, a CGIL

INCACGILINCA

http:\\www.incabrasil.org.br

RIO DE JANEIROAv. Rio Branco, 257 sala 141420040-009 - Rio de Janeiro - RJTelefax: 0xx-21-2262-2934 e 2544-4110

PORTO ALEGRERua dos Andradas. 1234 cj. 2309 90020-100 - Porto Alegre - RSTelefax: 0xx-51-3228-0394 e 3224-1718

BELO HORIZONTERua Curitiba, 705 - 7º andar30170-120 - Belo Horizonte - MGTelefax: 0xx-31 3272-9910

SÃO PAULO (Coordenação)Rua Dr. Alfredo Elis, 6801322-050 - São Paulo - SPTelefax: 0xx-11-2289-1820 e 3171-0236

Rua Itapura,300 cj. 60803.310-000 - São Paulo- SP

Page 3: Revista Forum Democratico

forumD E M O C R A T I C O

NOSSA CAPA

w w w . f o r u m d e m o c r a t i c o . o r g . b r

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A n o X I I - N o 1 1 1 - 1 1 2 - N o v e m b r o / D e z e m b r o 2 0 1 1

05 agenda cultural

05 Os melhores eventos culturais do momento.

18 “Una e Una Notte”, di Ennio Flaiano.

18 encarte

Andrea Lanzi

06 editorial

06 Cai Berlusconi, assume Mario Monti. Pior do que estava, não fica.

12 Arantine, bolinhos de risoto de açafrão, deli-ciosa receita do chef Josué Folly, do restaurante Petite Itália.

12 gastronomia

17 Dicas e sugestões imperdíveis.

17 às compras

13 turismo

13 Litoral oeste do Ceará. De bem com a vida II: mais praias e mais diversão.Marisa Oliveira

Reflexão42 Um problema de condução.Luis Maffei

24 Italia

36 Italia / cultura

22 2006, liberamente tratto dal libro “Patria 1978- 2008” di Enrico Deaglio, Casa editrice Il Saggiatore.

Storia italiana

36 Maria Bonomi, brasileira, emigrante italiana: feita na gravura, na Arte Pública e em outros veículos.

Emigrazione/Artes Plásticas

Marisa Oliveira

Marisa Oliveira

32 entrevista

32 São João da Barra, novo pólo de desenvolvi-mento econômico no Rio de Janeiro. Entrevista com Carla Machado, prefeita da cidade.

08 Congiuntura Brasile.

09 Rio de Janeiro: Festival di Venezia.

09 Brasil: Possibilità di aumentare il beneficio pagato dall’INSS.

10 BRASITALIA: Mostra de Arte e Produtos ítalo brasileiros.

09 Congiuntura Italia.

08 Paraolimpíadas: 1960, em Roma e 2016, no Rio de Janeiro.

08 comunità

16 cultura

14 “Mortos, amantes e funerais”, de Matteo Gennari e “Poesia traduzida: Carlos Drummond de Andrade”, traduções de Carlos Drummond de Andrade.

Literatura

Danielle Lima

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f o r u mD E M O C R A T I C O84 Novembro / Dezembro 11

La rivista Forum Democratico è una pubblicazionedell’Associazione per l’interscambio culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi.

Comitato di redazione Giorgio Veneziani, Andrea Lanzi, Arduino Monti, Mauro Attilio Mellone, Lorenzo Zanetti (em memória).

Direttore di redazione Andrea Lanzi

Giornalista ResponsabileLuiz Antonio Correia de Carvalho (MTb 18977)

RedazioneAvenida Rio Branco, 257/1414 20040-009 - Rio de Janeiro - [email protected]

Pubblicità e abbonamenti Telefax (0055-21) 2262-2934

Revisione di testo (portoghese)Marcelo Gargaglione Lopes, Clara Salvador.

Hanno collaborato: Cristiana Cocco, Marisa Oliveira, Danielle Lima Logotipo: concesso da Núcleo Cultura Ítalo Brasileira Valença

Stampa: Gráfica Opção Copertina e Impaginazione: Ana Maria MouraA Mão Livre Design Gráfico

Dados internacionais de catalogação

na fonte (CIP) Instituto Brasileiro de

Informação em Ciência e Tecnologia

- Forum Democratico/ Associazione per

l’insterscambio culturale italo-brasiliano

Anita e Giuseppe Garibaldi - No.0 (mar.

1999) - Rio de Janeiro: A Associazione,

1999 - v. Mensal. - Texto em português e

italiano - ISSN 1516-8123 I. Política - Itália

- Brasil - Periódicos. 2. Difusão cultural

- Itália - Brasil - Periódicos. I. Associazione

per l’interscambio culturale italo-brasiliano,

Anita e Giuseppe Garibaldi.

CDU 32:316.7(450 + 81)(05)

e x p e d i e n t e

Carta do leitor

Nota do Editor

“Foi com grande prazer que li as entrevistas com Renata Franceschi e com as Mulheres de Nelson. Renata é encantadora e as Mulheres de Nelson, promissoras. Mas nada se compara à obra de Raimundo Rodriguez: Que entre a felicidade”.

Josephina Ribeiro, em conversa, agosto de 2011

As festas natalinas e o prenúncio de um ano novo que chega instiga-nos a querer renovar, recriar, a

ter esperança e a querer fazer diferente, com foco no melhor.Assim é com o novo governo italiano representado por Mario Monti, um aceno de esperança, em um quadro político já tão alquebrado e desgastado pela imagem do primeiro ministro Berlusconi (Editorial).Assim é com o município de São João da Barra que

vem há quatro anos se preparando para se adequar ao futuro, aos anos novos que virão, a partir dos empreendimentos que estão chegando e transformando o perfil da cidade: um superporto, um distrito industrial de peso, um corredor logístico – entrevista com a

prefeita Carla Machado (Entrevista Brasil).Mas isso não se aplica apenas aos grandes atores sociais. O Bistrô Petite Itália inova apresentando a receita de bolinhos de risoto! (Gastronomia). Não bastasse o chef Josué Folly inovar, Matteo Gennari traz-nos seu romance Morte, amantes e funerais, onde pessoas comuns, com problemas comuns, enfrentam e fazem contato com o mundo dos espíritos. Ainda na seção Literatura, Carlos Drummond de Andrade, em Poesia traduzida, revela, como tradutor, a mesma capacidade de criar/encontrar palavras-coisas, dando-lhes vida, fazendo-as corresponder-se quase

que perfeitamente em ambos os idiomas.E o que dizer de Maria Bonomi? Se por si só todo emigrante é um mestre da esperança e renovação, o que dizer de uma emigrante artista? Que a cada pincelada ou cinzelada é uma eterna mutante, “renovante”, visionária? Não só isso, mas Maria nos instiga a questio-nar, através das suas obras, de seu pensamento crítico, da sua produção escrita. Como ela

mesma diz: “Não me canso de alertar...” (Artes Plásticas & Emigração).Reportagem sobre Brasitália, um multievento concebido para celebrar o ano da Itália no Brasil e realizado pela nossa associação, entre outras, no Forte de Copacabana.Por fim e visando o começo do ano que vai chegar, as dicas da Agenda Cultural são ricas e tentadoras, obras de quem está sempre em movimento,

escavando, pesquisando, apresentando, buscando fazer o melhor.E que venha o melhor para todos nós!

As “Mulheres de Nelson”, Marina Considera, Chiara Santoro e Mirna Rubim.

Vem chegando o ano novo...

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f o r u mD E M O C R A T I C O 5Novembro / Dezembro 11

agenda cultural

EXPOSIÇÕES

ÍNDIA!

Manuel Álvarez Bravo: fotopoesiaThomaz Farias: uma antologia pessoal

Em 18 salas e 380 peças, ÍNDIA! é um olhar caleidoscópico sobre a história cultural deste país de 1,21 bilhão de habi-tantes, mais de 200 etnias, seis religiões e 23 línguas oficiais, mostrado através de obras de arte, fotografia e recursos audiovisuais. As peças antigas vêm do Museu de Arte Asiática de Berlim, do Museu Rietberg, de Zurique, Suíça, do Museu Volkenkunde, de Leiden, Holanda, do Museu Histórico Nacional, do RJ, e de coleções particulares. Instituições privadas e artistas indianos

emprestam fotografias antigas e ítens de arte popular. ÍNDIA! está divi-dida em quatro módulos: Homem, Deuses, Forma-ção da Índia moderna e Arte contemporânea. É possível apreciarmos desde um Ganesha até uma escultura contem-porânea de Ravinder Reddy, isto é, vamos do ano 200 a.C. até 2011. Cores, impacto,

Marcas da Alma

CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galeria 2; Av. Almte Barroso, 25, Centro; Tel.: (21) 2544-4080; de 3ª a sáb., das 10h às 22h; dom. das 10h às 21h; Acesso para portadores de necessidades especiais. Classificação livre; Entrada franca; até 27/12/2011.

Foto

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ano

Jr.

Marcas da Alma: uma viagem pela cultura afro-brasileira através das marcas corpo-rais, uma mostra composta por 260 peças

Estátua de africano com as escarificações corporais

arqueológicas, 10 fotografias e duas montagens cenográficas, apresenta importantes períodos de nosso passado escravagista. As fotografias de Cristiano Jr., pertencentes ao acervo Noronha Santos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, trazem registros preciosos das etnias africanas e suas marcas corporais, usadas para iden-tificação do grupo. Trata-se de um raro registro deste período e desses homens e mulheres. Já as peças arqueológicas, reconstruídas e restauradas, são origi-nárias do sítio São Francisco, na cidade de São Sebastião (SP). Entre os objetos a serem expostos estão cerâmicas, ca-chimbos, figuras votivas e estátuas, que foram cedidas pela Fundação Cultural de São Sebastião especialmente para a mostra Marcas da Alma.

CCBB-RJ – Rua 1ª de Março, nº66, Centro, Rio de Janeiro; Tel.: (21) 3808-2020; de 3ª a Dom., de 9h às 21h; Entrada grátis; até 29 de janeiro de 2012.

Foto

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As duas mostras são retrospectivas dos fotógrafos, que são referência na fotografia moderna, cada um em seu país: Manuel Álvarez Bravo (1902-2002), no México, e Thomaz Farkas (1924-2011), no Brasil. A exposição

de Manuel Bravo reúne 250 imagens e percorre a sua obra ao longo de 70 anos de atividade artística. Já na de Thomaz Farkas, parte das 100 imagens é inédita e foi organizada pelo fotógrafo (morto no início de 2011), em parceria com seus filhos e com

pesquisadores e curadores do IMS.

Bonecos

TEATRO

Foto: Guga Melgar

Judy Garland – O Fim do Arco-Íris não é uma biografia musical nem tem a intenção de contar a história da estrela, mas flagra os bastidores de sua últi-ma turnê, em Londres, entre momentos no palco e em um quarto no Ho-tel Ritz, onde se hospedava com Mickey Deans, que viria a ser seu quinto marido. Antes mesmo de chegar à Broadway – onde aporta em março – o texto, do inglês Peter Quilter, ganha versão brasileira com a assinatura de Charles Möeller e Claudio Botelho. A vida de Judy Garland (1922 – 1969) foi certamente mais dramática e acidentada que as inúmeras personagens e canções imortalizadas por ela em filmes, shows e discos. A intensidade

sempre deu o tom de sua trajetória, desde o precoce início de carreira, ainda criança, à decadência dos últimos anos de vida, passando pelo avassalador sucesso juvenil em O mágico de Oz, uma série de casamentos fracassa-dos e a dependência química.

Teatro Fashion Mall – Estrada da Gávea, 899/2º Piso, São Conrado, Rio de Janeiro; Tel.: (21) 2422-9800; 5ª, às 18h; 6ª, às 21h30; Sáb. às 21h; Dom. às 20h; Ingressos: R$ 80,00 (5ª e 6ª) e R$ 100 (Sáb. e Dom.); Lotação: 474 lugares; Duração: 120 min (com intervalo); Classificação etária: 14 anos; até 12/02/2012.

Texto: Peter Quilter; Versão brasileira: Claudio Botelho; Direção: Charles Möeller; Produção: Charles Möller e Claudio Botelho; Elenco: Claudia Netto, Gracindo Jr e Igor Rickli; Cenografia: Rogério Falcão; Figurinos: Marcelo Pies; Iluminação: Paulo Cesar Medeiros

Judy Garland

Águas, série Recortes, Rio de Janeiro, década de 1940. Foto:Thomaz Farkas

Peluquero (Barbeiro), 1924Foto: Manuel Álvarez Bravo © Colette Urbajtel/ Asociación Manuel Álvarez Bravo, a.c.

IMS – RJ - Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea, Rio de Janeiro; Tel.: (21) 3284-7400/ (21) 3206-2500; de 3ª a 6ª, das13h às 20h; sáb, dom. e feriados, das 11 às 20h; Classificação livre; Entra-da franca; até 26/02/2012.www.ims.com.br; http://twitter.com/moreirasalles

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f o r u mD E M O C R A T I C O86 Novembro / Dezembro 11

e d i t o r i a l e

Andrea Lanzi

Il governo Berlusconi è caduto non per colpa dei giudici comunisti

come il primo ministro amava ripetere, ma perché la crisi eco-

nomica internazionale e le manovre speculative stavano mettendo

in ginocchio l’Italia dopo aver colpito duramente Grecia, Spagna

e Portogallo. Il problema aggiuntivo per il nostro paese era che il

governo non aveva più nessuna credibilità a livello internazionale,

come ha dimostrato il sorriso di derisione fra Sarkozy e Angela

Merkel indirizzato a Berlusconi nel corso di un vertice dei capi di

stato, che ha fatto il giro del mondo. Le confederazioni sindacali

-dopo essersi drammaticamente divise negli ultimi anni sia rispetto

alle politiche del governo che alle risposte da dare agli atteggiamenti

più aggressivi del mondo imprenditoriale- avevano già richiesto

un cambiamento nella direzione politica. Le associazioni degli

imprenditori, a partire da Confindustria, la più forte e rappresen-

tativa, avevano anch’esse abbandonato il governo. La fronda nella

base parlamentare del centro destra era ormai materia di cronaca

giornalistica. In questa situazione la personale valutazione del

Presidente Napolitano è stata quella di indurre i partiti politici a fare

un passo indietro per permettere di dare vita ad un “governo del

presidente” presieduto da Mario Monti e composto da tecnici. Non

è la prima volta che si formano governi con queste caratteristiche,

basti citare il governo Ciampi nel 1993, alla fine della cosiddetta

“prima Repubblica”. Il nuovo governo ha ottenuto la fiducia da

parte di tutte le forze politiche presenti in parlamento eccetto la

Lega Nord, che ha dichiarato chiusa l’alleanza con Berlusconi. Il

segretario del Partito Democratico, Pierluigi Bersani, ha rinunciato

ad una previsibile vittoria elettorale per evitare di vincere accer-

chiato da un campo di macerie, come egli stesso ha commentato.

Nel campo del centro sinistra (ma non solo) le prime misure del

governo stanno creando forti tensioni perché di fatto le misure di

risanamento economico appaiono a senso unico, colpendo “i soliti

noti”, ovvero il lavoro dipendente e coloro che le tasse le hanno

sempre pagate. Come ha commentato la segretaria generale della

CGIL, Susanna Camusso, nella manovra presentata in parlamento

di equità se ne vede poca; e sulla base di questo giudizio, condiviso

dalle altre confederazioni, si è realizzato un primo sciopero gene-

rale unitario dopo anni di divisione sindacale. In verità – nonostante

l’assenza della patrimoniale e il rinvio dei provvedimenti sul mercato

del lavoro e sul sostegno alla crescita– qualche briciola di equità si

scorge nella prima finanziaria del governo Monti, anche sulla base del

dibattito parlamentare: l’aumento del tetto fino ad euro 1.402, per

l’aggancio delle pensioni al costo della vita; il contributo di solidarietà

per le pensioni più alte; aumento delle tasse per alcuni beni di lusso

come gli yhath; imposta sui conti correnti rapportata all’entità dei

depositi. Sono invece abbondanti e sostanziose le dichiarazioni di

intenti del nuovo primo ministro, arrivando a sostenere la Tobin tax.

I provvedimenti più impopolari sono quelli che allontanano nel tem-

po la data del pensionamento, prevedendo più anni di contributi per

la pensione di anzianità e una maggiore età per quella di vecchiaia.

Due ultime osservazioni. L’Italia per superare la crisi provocata dal

precedente governo con le sue omissioni e con i suoi provvedimenti,

deve voltare a crescere, perché in caso contrario il debito è impa-

gabile. Per la salvezza dell’Unione Europea e della moneta unica

- come ha argomentato recentemente Josefh Stiglitz - è necessario

agire controccorrente rispetto ai dogmi neo liberali che hanno

centrato l’azione della Banca Europea solo sul controllo dell’inflazione

e che negano importanza alla regolazione dei mercati da parte delle

autorità statali.

Cade Berlusconi, arriva Mario Monti. Peggio di come era, è impossibile.

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f o r u mD E M O C R A T I C O 7Novembro / Dezembro 11

e d i t o r i a l

O governo Berlusconi caiu não pelas mãos dos juízes comunistas,

como ele gostava de repetir, mas porque a crise econômica in-

ternacional e as manobras especulativas estavam colocando de joelhos

a Itália, depois de ter atingido duramente Grécia, Espanha e Portugal.

Para o nosso país, o problema a mais consistia no fato que o governo já

não tinha nenhuma credibilidade no âmbito internacional, como tinha

comprovado o sorriso de gozação – que correu mundo afora- entre

Sarkozy e Angela Merkel, direcionado a Berlusconi, na ocasião de um

summit de chefes de estado. As centrais sindicais – depois de uma dra-

mática separação nos últimos anos, tanto no que concerne às políticas

governativas quanto às respostas a serem dadas aos comportamen-

tos mais contundentes do empresariado – já tinham requerido uma

mudança na direção política. As associações empresariais, em primeiro

lugar a Confindustria – a mais forte e representativa- também tinham

abandonado o governo. A rebeldia dentro da própria base de sustenta-

ção do centro-direita tinha virado objeto de matérias de jornais. Nesta

situação, a avaliação pessoal do Presidente Napolitano foi de convencer

os partidos políticos a dar um passo atrás para viabilizar um “governo

do presidente”, chefiado por Mario Monti e formado por técnicos. Não

é a primeira vez que surgem governos com estas características; por

exemplo, o governo Ciampi em 1993, no fim da chamada “primeira re-

pública”. O novo governo obteve o voto de confiança de todas as forças

políticas presentes no parlamento com a exceção da Liga Norte, que

proclamou o fim da aliança com Berlusconi. O secretário geral do Par-

tido Democrático, Pierluigi Bersani, abriu mão de uma previsível vitória

nas eleições antecipadas, para não vencer sobre um monte de ruínas,

como ele próprio explicou. No campo do centro- esquerda (mas não

só) as primeiras medidas do governo estão determinando forte tensão

e d i t o r i a l

porque de fato as ações de recuperação econômica aparecem afetar

unicamente “os mesmos de sempre”, ou seja os trabalhadores assalaria-

dos e aqueles que habitualmente pagam os impostos. Como observou

Susanna Camusso, secretária geral da CGIL (ndr. A maior central sindi-

cal), na manobra apresentada ao parlamento, percebe-se muito pouca

equidade; com base nesta consideração, compartilhada pelas outras

centrais sindicais, foi convocada unitariamente uma primeira greve geral,

depois de anos de divisão entre as centrais. Na verdade – apesar da

falta de uma taxa sobre os patrimônios e do adiamento das medidas

no tocante ao mercado de trabalho e para alavancar o crescimento da

economia – umas migalhas de equidade encontram-se na primeira lei

orçamentária do governo Monti, fruto também do debate parlamentar:

proteção contra a inflação das prestações previdenciárias até 1.402,00

euros; uma contribuição de solidariedade oriunda dos benefícios mais

ricos; aumento dos impostos sobre bens de luxo, como iates; taxação

sobre contas correntes relacionada à movimentação. São, ao contrá-

rio, inúmeras e de peso as declarações de intenção do novo primeiro

ministro, chegando a defender a Tobin tax. As medidas mais impopu-

lares são aquelas que postergam a data da aposentadoria, prevendo

mais anos de contribuição quando por tempo de serviço e uma idade

mais alta naquela por velhice. Duas últimas observações. A Itália para

sair da crise, provocada pelo governo anterior com as suas omissões e

as medidas erradas, deve voltar a crescer, porque do contrário a dívida

acumulada é impagável. Para salvar a União Européia e o euro – como

argumentou recentemente Josefh Stiglitz - é necessário seguir no sentido

contrário aos dogmas neoliberais que centraram a ação do Banco Cen-

tral Europeu somente no controle da inflação e que rejeitam a regula-

mentação dos mercados por parte das autoridades governamentais.

Cai Berlusconi, assume Mario Monti. Pior do que estava, não fica.

Page 8: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O88 Novembro / Dezembro 11

c o m u n i t à

Neste número da Forum Democratico antecipa-mos uma novidade para 2012. Na próxima

edição da FD, haverá um espaço dedicado ao es-porte ítalo-brasileiro. Muito além do futebol, uma paixão tanto no Brasil quanto na Itália, ambos os países reúnem atletas vitoriosos em tantas outras modalidades esportivas. E para começar com o pé direito, eis que esses dois países compartilham de uma feliz coincidência: em 1960, Roma sediou a primeira Paraolimpíada e nos dias de hoje, os bra-sileiros estão trabalhando duro para receber, com louvor, delegações e turistas em 2016, quando a cidade do Rio de Janeiro será a sede da 15ª edição da competição.O Brasil só tem a comemorar! A conquista mais recente foi o bicampeonato no quadro geral de medalhas do Parapanamericano de Guadalajara, no México. Das 197 medalhas em que o Brasil subiu ao pódio, 81 vezes foram no primeiro lugar, 61 foram pelo segundo e 55, pelo terceiro. Cerca de 10% dessas medalhas, 14 delas, são de atletas da Andef (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos). Na piscina, na quadra e no levantamento de muito peso, seis atletas paralímpicos (sim, este é o mais recente termo, ‘paraolímpico’ não será mais usado) conquistaram três medalhas de ouro, sete de prata e quatro de bronze.Clodoaldo Silva, o atleta brasileiro que mais ganhou medalhas em competições para pessoas com deficiência, trouxe seis medalhas (duas de ouro e quatro de prata), a estreante Camille Rodrigues, quatro (três de prata e uma de bronze) e João Luís, duas (ambas de bronze). Fora da piscina, Wescley Oliveira e Guilherme Borrajo subiram ao lugar mais alto do pódio com acamisa da seleção brasileira de vôlei garantindo a vaga para Londres 2012. No halterofilismo, Alexandre Gouveia trouxe o bronze ao levantar 132kg na categoria entre 48kg e 56kg.Os resultados obtidos pela maior delegação bra-sileira já vista em Parapans (222 esportistas) abriu muitas portas para a próxima Paraolimpíada. Mas, nenhum atleta tem a vaga garantida. Para terem seus passaportes carimbados para o Reino Unido, os atletas paraolímpicos precisam alcançar resulta-dos em competições nacionais e internacionais.Enquanto isso, o CPB (Comitê Paralímpico Brasilei-ro), lançou a marca da competição 2016, que será realizada no Rio de Janeiro. Para vê-la e entender o processo de criação da peça acesse este link: http://bit.ly/rSpMn0.

Paraolimpíadas: 1960, em Roma e 2016, no Rio de Janeiro.

Atletas brasileiros comemorando suas vitórias na Paraolimpíada do México.

Congiuntura Brasile.

Anche il Ministro del Lavoro, Carlos Luppi, ha dovuto alla fine rinunciare in base alle denunce

di aver viaggiato con aerei privati messi a disposi-zione di entità che avevano contratti con lo stesso ministero. Adesso sotto accusa si trova Fernando Pimentel, titolare del Ministero dell’Industria e del Commercio Estero; avrebbe ricevuto lauti compensi per consulenze non comprovate dopo aver lasciato l’incarico di sindaco di Belo Horizonte e quando era già uno dei coordinatori della campagna elettorale dell’attuale presidente della Repubblica, Dilma Rouseff. Ad oggi, quest’ultima difende il suo ministro a cui è legata anche per il comune passato di oppo-sizione armata alla dittatura militare. Ha commosso la popolazione la malattia dell’ex presidente Lula, a cui è stato diagnosticato un tumore alla laringe e che si è sottoposto a sessioni di chemioterapia. Il ministro dell’Educazione Haddad è alla fine il can-didato del Partido dos Trabalhadores per disputare

Fernando Haddad Fernando Pimentel

l’incarico di sindaco di San Paolo, senza necessità di primarie interne. Opposta la situazione del maggiore avversario del PT, il PSDB (Partido Socialdemocrata Brasileiro) per lo stesso incarico, che non riesce a trovare un consenso interno. Agitate le acque anche a Belo Horizonte, vetrina nell’ultima elezione munici-pale di un inedito avvicinamento fra PT e PSDB per eleggere sindaco Márcio Lacerda del Partido Socialista Brasileiro; il PT, che ha eletto il vice sindaco, non sembra convinto di dare continuità a questa alleanza. La situazione economica si mantiene relativamente stabile anche se le previsioni di crescita del prodotto interno lordo sono in diminuzione a cui il Banco Centrale sta rispondendo con una flessione dei tassi di interesse. In una prospettiva di medio e lungo periodo rimangono senza soluzione soddisfacente le questioni strutturali dell’istruzione, delle infrastrutture, del sistema tributario e previdenziale.

* Danielle Lima é jornalista formada pela Universidade Candido Mendes. Já entrevistou grandes atletas e jornalistas esportivos do cenário brasileiro. Até os 20 anos, era completa-mente sedentária, mas o gosto pelo esporte a fez mudar sua rotina nos últimos cinco anos. O italiano também é algo recente. Unindo essas duas paixões, a jovem de 25 anos é a nova colunista da FD.

Danielle Lima*

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Page 9: Revista Forum Democratico

f o r u mD E M O C R A T I C O 9Novembro / Dezembro 11

c o m u n i d a d e

Mario Monti

Ministri del Governo Monti

Si è svolta dal 9 al 15 dicembre presso il Cine-ma Odeon la settima edizione della Mostra

Venezia Cinema. L’iniziativa è il frutto della colla-borazione fra l’Ambasciata d’Italia e la Mostra del Cinema di Venezia per presentare in Brasile una selezione di film esibiti nel 68 festival di Venezia. In occasione dei 150 anni dell’unificazione d’Italia sono anche stati esibiti 1860 (1934) di Alessan-dro Blasetti e Noi Credevamo (2009) de Mario Martone.

Notizia importante per i pensionati. Il Supremo Tribunale Federale sta giudicando con valore

erga omnes, ossia con una decisione che deve essere applicata in tutte le vertenze legali riguar-danti questa materia, la questione dell’aumento del valore della pensione in ragione di contributi versati dopo la data del pensionamento. Pur essendo molto diffusa l’evasione contributiva per i rapporti di lavoro instaurati dopo il pensionamen-to, una parte dei pensionati che ha continuato a lavorare e a contribuire nel sistema previdenziale si può beneficiare di questa decisione.

lavoro dipendente e chi le tasse le ha sempre pagate. Il fatto di non avere più Berlusconi a capo del governo ha già ri-sollevato le quotazioni dell’Italia a livello internazionale; e anche per gli italiani che risiedono all’estero, questo è un fattore che aumenta l’autostima. L’Italia è tecnicamente ormai in recessione e si prevede un aumento del tasso di disoc-cupazione, ma anche dei sottoccupati e di chi ormai non cerca più il lavoro.

Oggi come non mai negli ultimi 50 anni il mondo del lavoro vede peggiorare le proprie condizioni materiali e il proprio potere contrattuale, senza prospettive a breve di invertire questa tendenza. In questa situazione la disdetta unilaterale dei contratti collettivi da parte della FIAT, appare come un tentativo di far tornare in-dietro le lancette della storia, di privilegiare le esigenze della produzione a scapito di quelle del lavoro, mentre andrebbero pensati rapporti di produzione innovativi. Preoccupa, infine, l’affacciarsi di nuove sigle terroristi-che responsabili di un attentato in cui è rimasto ferito un dirigente di Equitalia.

Congiuntura Italia.

Il governo Monti ha ottenuto la sua prima fiducia sulla manovra finanziaria, il 16 dicembre, a larghissi-

ma maggioranza con soli 88 voti contrari alla camera. Il ministro allo Sviluppo economico e Infrastrutture, Passera, dichiara nella stessa giornata, intervenendo ad un seminario di Confindustria: «Senza crescita anche gli altri due punti del programma di Monti diventano ineseguibili. Senza crescita anche equi-tà e rigore diventano irraggiungibili». Questa è la scommessa perché il “governo dei professori” non sia solo un nuovo modo per applicare la vecchia ricetta per cui a pagare sono sempre “i soliti noti”, il

RIO DE JANEIRO

BRASILE

Festival di Venezia.

Possibilità di aumentare il beneficio pagato dall’INSS.

“1860” di Alessandro Blasetti

“Noi Credevamo” di Mario Martone

Page 10: Revista Forum Democratico

D E M O C R A T I C O8 f o r u m10 D E M O C R A T I C O8 f o r u m10 Novembro / Dezembro 11Novembro / Dezembro 11

b r a s i t a l i a

BRASITALIA realizou-se no Rio de Janeiro, no Forte de Copacabana, de 7 a 11 de dezembro, organizado pelo Instituto Tocando em você, Associação Anita e Giuseppe

Garibaldi, União Italianos no Mundo e Federação das Associações Lucanas no Brasil. O evento era inserido no MIB - Momento Itália no Brasil - e teve o apoio do Comites e do Consulado Geral da Itália do Rio de Janeiro além da Associação de Amizade Itália Brasil, presidida pelo deputado Fabio Porta, eleito na circunscrição da América Meridional. O patrocínio via Lei Rouanet - que possibilitou a manifestação - foi oferecido pela Telespazio. Abertura com a música lírica italiana, com o espetáculo “Nelson e as suas mulheres”; um jogo de palavras usado pelas sopranos Miriam Rubim, Marina Considera e Chiara Santoro para indicar as per-sonagens femininas que acompanharam na sua longa carreira - realizada em grande parte na Itália - o barítono Nelson Portella, que apresentou o concerto do qual participou também Leonardo La Grecca. Lembramos a participação, entre tantos outros, do compositor Weber Iago, da violinista Tamara Barquette, do trio jazz Adriano Giffoni, do diretor de cinema Phillip Johnston, da Companhia de Dança Folclórica de Petrópolis, do quarteto Santa Teresa, além de todos os artistas, entre músicos e atores, do Instituto Tocando em Você. Na área das artes plásticas, lembramos a exposição multimídia de Rui de Carvalho “Ver, sentir, tocar a Itália no Brasil” e a mostra “A arte da relação/ Presença” de Gilda Goulart e Vicente de Percia. Hóspede de honra a região Basilicata que fez chegar uma grande variedade de produtos enogastronômicos.

BRASITALIA 1: Mostra de Arte e Produtos ítalo brasileiros.

“Mulheres de Nelson”: Mirna Rubim, Chiara Santoro, Marina Considera ao lado de Leonardo La Grecca

Violinos da Orquestra Tocante

Simone Colucci e o Cavaliere Aldo Alessandri apresentam o Coral dos Meninos do Colegio de Sâo Bento

Atores da peça infantil PInóquio

O público dançando ciranda

RIO DE JANEIRO

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Companhia de Dança Folclórica de Petrópolis

Weber Iago, compositor do jingle do evento, juntando os hinos do Brasil e da Itália

Público na avenida

Giorgio Barban, um dos expositores Crianças e adolescentes da Orquestra Tocante, regida pelo maestro Gilvan Melo

Gilda Goulart e Vicente de Percia, artistas da exposição “A arte da Relação/Presença”; na sequência, uma das obras participantes, intitulada “Vôo 1”, de Gilda Goulart

Chiara Santoro com Nelson Portella

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Arantine

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Bolinhos de risoto de açafrão

Receita assinada pelo chef Josué Folly

Ingredientes para o risoto de açafrão*

Ingredientes para o Arantine

1/4 de cebola picada 2 colheres (sopa) de manteiga 250 g de arroz arbóreo 1/2 xícara (chá) de vinho branco seco 800 ml de caldo de galinha (se for usar cubos, dissolva apenas 2) 1 pitada de pimenta-do-reino

Modo de preparo: Coloque o caldo de galinha numa leiteira e leve ao fogo alto. Quando ferver, abaixe o fogo. Acrescente o açafrão no caldo, fazendo uma infusão. Numa panela, coloque a manteiga e leve ao fogo médio. Em seguida, junte a cebola picada, mexendo bem para não queimar. Assim que a cebola ficar transparente, acrescente o arroz e refogue por uns 2 minutos, mexendo sempre. Acrescente o vinho e mexa até evaporar. Coloque 1/3 do caldo de galinha com o açafrão (que deve estar bem quente) e misture bem. Não é necessário mexer continua-mente. Quando o caldo começar a secar, acrescente mais 1/3 de cal-do. Quando o arroz estiver secando novamente, acrescente a última parte do caldo e mexa bem. Tempere com sal e pimenta-do-reino. Quando o risoto estiver bem cremoso, desligue o fogo e acrescente a manteiga e o parmesão ralado. Misture bem devagar.* Rendimento 2 pessoas

145g de risoto de açafrão (zaferano) preparado. Reserve e espere esfriar.50g queijo parmegiano regiano ralado1 ovo sal e pimenta do reino a gosto

Modo de preparo:Com o risoto frio, faça as bolinhas, faça um espaço em cada uma delas e recheie com mussarela de búfala, tomate seco ou presunto cru. Empanar no trigo, ovo batido e farinha de rosca. Fritar com óleo a 180 graus até dourar ligeiramente.

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Aberto em janeiro de 2011, o Petite Itália - o nome já indica - oferece culinárias francesa

e italiana. Entradas e antepastos bem servidos e uma infinidade de massas como fusilli, farfalle, fettuccine, penne e penne integral, com os mais diversos molhos. A cozinha é comandada pelo chef Josué Folly e os preços são bastante acessíveis. A receita escolhida pela Forum Democratico faz parte do cardápio de novas criações: arantine, bolinhos de risoto de açafrão, recheados com mussarela de búfala, presunto cru ou tomates secos. A experimentar!

Petite ItáliaRua General Polidoro, 185-A, Botafogo, RJ Tel: (21) 2275-7722, próximo à estação de metrô de Botafogo.2ª a 6ª : 12h até 22hSábados: 17h30 até 22h. Acesse o site: www.petiteitalia.com.br

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Cobra-se rolha para vinhos: R$ 20Atende delivery em Botafogo, Humaitá, Urca e Flamengo, entregando apenas massas, pizzas e risotos.

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De bem com a vida II: Mais praias, e mais diversão.Fotos: FTP SeturMarisa Oliveira

Litoral oeste do Ceará

Jangadas na praia de Taíba

A beleza da flora da região

encanta os visitantes

Lagoinha

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Outras informações:[email protected]: (85) 3101.4661

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Dunas gigantes e vastos coqueirais formam paisagens inesquecíveis. Lá, dizem que até os ven-tos encontraram sua melhor função, criando as condições ideais para a prática de esportes

de aventura. Com um denso coqueiral e grandes dunas e lagoas, o Cumbuco é ideal para a prática de espor-tes de aventura como o kitesurf. Passeios de jangada e de buggy são atividades também muito procuradas, sempre com a recomendação de que sejam realizadas por profissionais cadastrados na associação local.Para aqueles que apreciam a boa mesa, na Praia da Taíba há uma série de restaurantes, alguns dos quais franceses. No mês de agosto, em Taíba, realiza-se um festival de escargot, com adesão de todos os restaurantes da localidade.Em Flecheiras, que também é conhecida como excelente para a prática de esportes de aven-tura, há uma excelente infra-estrutura turística e o rio Mundaú pode ser explorado, em um inesquecível passeio de catamarã. Como curiosidade, em Flecheiras, há a extração/produção de algas, muito usadas na culinária e na fabricação de produtos de beleza.Bem, chegamos em Jericoacoara. Pousadas charmosas e o pôr do sol visto do alto das dunas constituem os pontos altos dessa praia. Em Jeri, a culinária, rica em peixes e frutos do mar, torna-se um delicioso atrativo. Come-se bem e, para quem curte, um forrozão à noite é uma pedida que diverte e relaxa. De bem com a vida!

L i t o r a l l e s t e d o C e a r á

Ainda com a natureza como artista, o litoral oeste do Ceará oferece ao turista praias paradisíacas, onde a tranqüilidade e os esportes de aventura convivem em perfeita harmonia.

Jericoacoara Flecheiras

Caranguejada

O windsurf é um dos muitos esportes de aventura praticados na região.

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L i t o r a l l e s t e d o C e a r á

Dunas em Jericoacoara

Outra vista de Lagoinha

Praia de Cumbuco

Camocim

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Poesia traduzida: Carlos Drummond de Andrade

Poesia traduzida: Carlos Drummond de AndradeTradução de poemas de Vicente Aleixandre, Guillaume Apollinaire, José Antonio Bal-bontín, Fernando de Córdoba y Bocanegra, Bertold Brecht, et alli.Organização e notas: Augusto Massi e Júlio Castañon GuimarãesIntrodução: Júlio Castañon GuimarãesEditora: Cosac NaifyCo-edição: Editora 7 LetrasEdição multilínguePáginas: 448 (11 ilustrações)Preço: R$ 84,00

Poesia traduzida reúne 64 poemas traduzidos por Carlos Drumond de Andrade, original-

mente publicados sob pseudônonimos em jornais e revistas, a partir do francês, do espanhol e do inglês. O trabalho de pesquisa dos organizadores resultou em revelar Drummond como um tradu-tor de grande perícia, assim como já era conside-rado por suas versões de prosa e de teatro, visto que essas são tidas dentre as melhores já publica-das no Brasil: Thèrese Desqueyroux, de François Mauriac; As relações perigosas, de Chordelos de Laclos; Os camponeses, de Honoré de Balzac; A fugitiva, de Marcel Proust; Dona Rosita, a solteira, de Federico García Lorca; e As artimanhas de Scapino, de Molière.Sem dúvida, o Drummond poeta, virtuose que é, como tradutor, é capaz de encontrar palavras-coisas – assim como as criou em sua escrita, onde as palavras não são símbolos, mas têm vida em si mesmas – de tal forma que em duas línguas as palavras-coisas correspondam-se exatamente, ou

Quem é Carlos Drummond de Andrade?

Poeta, escritor, mineiro de Itabira, é considerado o poeta maior. Tem o cotidiano como temática e os versos em métrica livre. O erotismo torna-se tema na fase final da sua produção como poeta. Na verdade, este verbete é apenas um indicador de quem é Drummond. Para nós, brasileiros, Carlos Drumond de Andrade dispensa apresentação.

quase exatamente. Por ser Carlos Drummond de Andrade, não é demais afirmar que na busca de tradução, surge um novo poema tão ou mais belo.Vale mencionar que o poema de Paul Éluard foi traduzido a quatro mãos por Manuel Bandeira e Drummond, e a tradução do poema de Erich Käst-ner contou com o auxílio de Otto Maria Carpeaux. Todos craques! A maioria dos poetas traduzidos pertence à tradição modernista do século XX, mas o arco de tempo do volume remonta ao sé-culo XV, com a tradução de um trecho do drama sacrofrancês de Arnoul Gréban (c. 1420-c.1471) e Jean Michel (c.1430-1501), considerado por Drummond verdadeira poesia dramática.Marca da Cosac Naify, o capricho na edição: ao final do volume, notas elucidam as circunstâncias de publicação de cada poema, incluindo explica-ções do próprio Drummond que originalmente acompanharam alguns dos textos.

Marisa Oliveira

c u l t u r a l i t e r a t u r a

Mortos, amantes e funerais

Mortos, amantes e funerais conta a história de uma família italiana - marido, mulher e

três filhos - proprietária de uma agência funerária. Uma família comum como qualquer uma. Edgardo Giardini, após sofrer um acidente de carro e entrar em coma, tem sua primeira experiência com o além. A filha Costanza, seguindo o caminho do pai, também percebe a existência dos espíritos. Edgardo passa então a questionar suas atitudes e comportamentos; já a filha exorciza seu medo

Quem é Matteo Gennari?

Matteo Gennari nasceu em Milão, em 1975. Graduou-se em Letras Modernas. Como repórter colaborou com algumas revistas e periódicos italianos. Como escritor, teve um conto publicado na revista literária Ellin Selae e, na internet, um romance. Vive na cidade do Rio de Janeiro, onde ensina italiano e português. É casado e tem uma filha.

Mortos, amantes e funerais Autor: Matteo GennariColaborou na tradução para o português: Lourdes PortoEditora: abelbooks.netPreço: € 4,99 (euros)

Onde comprar: http://www.ultimabooks.it/mortos-amantes-e-funeraisComo comprar: escolher o formato (PDF, EPUB ou MOBI); clicar em Acquista; Vai Alla cassa; continua com il check out; registrati; inserir dados; comprar)

através do sexo. Manifesta-se a verdadeira nature-za da família dos Giardini: de volta a casa, Edgardo somente se interessa em transcrever as conversas com o espírito de um amigo de adolescência mor-to num acidente de carro. Com escrita fluida, Gennari constrói um romance feito de pessoas comuns, com problemas comuns, mas que se enveredam por uma das vertentes que mais instigam os seres humanos: o mundo dos espíritos. Vale conferir.

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à s c o m p r a s

Contatos com a seção Às Compras para apresentação/sugestão de produtos sustentáveis ou demais produtos podem ser enviados para [email protected]

Práticos, úteis e criativos

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Ideias, ideias, ideias

Um fim de ano bem enfeitado

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Sugestões para final do ano que vão com a assinatura de diferentes grupos de artesãos: imãs recobertos com cerâmica plástica (Grupo Transformarte), descansos de panela feitos de mistura de fibras naturais (Grupo Arte das Mãos) e aromatizador, essência de maçã ou de algas (Grupo Mãos Brasil).

Boas ideias são aquelas que estão sempre em transformação, em reaproveitamento e não desper-diçam! Os agarradinhos – bela imagem de carinho e afeto, são feitos com sobras de linho por uma ONG paulista. Os vasos, lindos, são garrafas de madeira, produzidas com reaproveitamen-to de pallets.

AromatizadorPreço: R$39,00

Agarradinhos - Preço: R$ 155,00

Onde encontrar: www.reviraideias.com.br

Cores vibrantes e espírito de alegria são a marca dos enfeites Família Noel. Quem resiste às pedaladas do Papai Noel? E para manter acesa a chama das festas natalinas, as velas Pote Berries, um charmoso adorno de mesa.

Onde encontrar: Tok&Stok - Norte Shopping - Av. Dom Helder Câmara, 5474, 2o piso - Cachambi, Rio de Janeiro, RJ; Tel.: (21) 3344-5750 - Call center: 0800 7010161

Papai Noel Bicicleta - Preço: R$59,00*

Vela Pote BerriesPreço: R$ 35,50*

*Preços válidos até 25/12/2011 para retirada na loja, sujeita à disponibilidade de estoque.

Vaso Preço: R$ 200,00

Ímãs – Preço: R$19,00

Descanso de panelas Preço: R$ 12,00 (unidade)

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“Una e Una notte”

1 ‘Giornale’ nel senso di ‘redazione del giornale’.2 La cronaca sono i fatti del giorno di maggior interesse avvenuti in ambiti come quello cittadino, sportivo, giudiziario o politico; poi c’è la cosiddetta cronaca rosa (il gossip) o quella nera (i reati).3 Una persona immusonita esprime scontentezza o risentimento. Il verbo ‘immusonirsi’ viene da ‘musone’, ossia una persona scontrosa, taciturna, che ‘tiene il muso’; a sua volta, ‘muso’ significa, in portoghese, ‘fuço’.4 Ossia della Ciociaria, zona del Lazio

di Ennio Flaiano

Venute le ore del pomeriggio, come sempre Graziano prese la strada del giornale1. Erano le ore migliori per andarci, fino alle

sei non veniva nessuno e nello stanzone della cronaca2 tutto era in ordine, in una penombra piacevole. Le macchine per scrivere, coi cappucci di traverso, sembravano immusonite3 nella solitudine degli oggetti d’occasione, le sedie erano a posto, il pavimento spazzato, un raggio di sole batteva dritto su uno scaffale di vecchi libri inviati per recensione che nessuno portava via e davano al luogo una dignità di biblioteca. Erano raccolte di liriche, annuari, saggi di eco-nomia, romanzi stampati a spese dell’autore: la polvere s’era ormai fitta nei tagli come una forfora.Levando gli occhi al soffitto, Graziano salutava l’affresco dell’In-dustria e del Commercio, due donne composte e nude sino alla cintola, con lo sguardo tondo delle modelle ciociare4, sedute tra gli attributi delle loro attività: ruote meccaniche, magli, diplomi e balle di mercanzia5. Verso la finestra, sotto il cartiglio con la data 1889, un giovane Mercurio totalmente nudo e pronto agli ordini calava un piede alato fuori della cornice e sembrava sul punto di scendere per qualche commissione.C’era il silenzio di quel cielo bonario, rosa e turchino, che aveva sopra la testa. Quando passava l’autobus, il legno delle pareti e il pavimento, pure di legno, tremavano: era un brivido intenso che scuoteva i vetri e spostava i calamai; poi, tutto s’acquetava.Graziano sedette al tavolo del capo cronista, sistemato a cattedra di fronte agli altri tavoli, accese la lampada col paralume verde e prese a sfogliare un pacco di giornali ancora freschi, facendo attenzione a non gualcirli, anzi aprendo appena le pagine come chi apre le porte di un corridoio alla ricerca della sua stanza, poiché il capo cronista una volta l’aveva ammonito: “Giovanotto, io credo soltanto alla verginità dei giornali, per me un giornale sfogliato è un giornale già vecchio, senza notizie.” Quei fogli odoravano di petrolio e la ca-

parbietà dei fatti che succedono nel mondo, il ritornare degli stessi nomi nei titoli stancavano presto Graziano. Allora telefonava al bar per farsi mandare un caffè e un panino, la sua colazione; e consu-mandola sentiva che quelli erano gli unici momenti felici al giornale, protetti dal silenzio, dalla solitudine e dalla coscienza di un ozio non colpevole. Telefonava anche a qualche ragazza, predisponeva la sua serata, frugava6 nei cassetti e infine si chiudeva nella toletta del direttore, con una rivista.Quel giorno scelse una rivista inglese, pensava di dover riprende-re lo studio di questa lingua, che gli sarebbe stata utile se doveva girare un po’ il mondo. Verso le sei, quando i suoi colleghi co-minciavano ad arrivare, se ne sarebbe andato. Non resisteva a quell’allegria, che subito creavano, di solidale attività, al loro gorgo7 di cronaca che immiseriva i fatti della vita in un cinismo quotidiano e abitudinario.Graziano non aveva mai pensato di diventare giornalista, era stato suo padre, con le sue conoscenze di ex usciere alla Presidenza, a trovargli quel posto e a dirgli: “Adesso non hai più scuse.” Da un anno era al giornale come praticante e per passare a professionista doveva fare altri sei mesi. Ma in questi sei mesi avrebbero trovato il modo di mandarlo via. Non che gli rendessero la vita difficile, l’osteggiavano anzi con la cordiale indifferenza che nei giornali viene riservata ai dilettanti. Graziano pensava: “Forse non piaccio, qui c’è la retorica della gavetta8, del “servizio”, e io sono di un’altra pasta, forse non migliore, ma quanto diversa! In fondo, io lavoro, ma non ne avrei bisogno.”In quella redazione, quando ogni notte, chiuso il giornale, ci si attardava a conversare in attesa delle prime copie che l’usciere portava ancora calde della rotativa, gli argomenti erano gli stipendi, gli inizi difficili, le manie del direttore e infine le donne. Talvolta

I n t r o d u z i o n e a l la lettura

f a s c i c o l o L X X

di brevi testi in Lingua Italiana

a cura di Cristiana Cocco

Símbolos utilizados

Informação histórica

Expressão - locução

“Falsos amigos” ou falsas analogias

Ao fim do parágrafo, há uma janela com informações fora do texto

Anglicismos e neologismos

Dialetos

Gírias ou expressões fixas

5Una ‘balla’ è un sacco di fibre grezze fortemente pressate, e può contenere vari tipi di merci.6 Frugare significa cercare minutamente e insistentemente fra più cose.7 Nel senso di ‘vortice’, ossia ‘redemoinho’.8 La ‘gavetta’, che è il recipiente metallico in cui i soldati, specialmente in passato, mangiavano il rancio, serve per formare l’espressione ‘venire dalla gavetta’, ossia percorrere i vari passi di una carriera, venendo dal basso, dallo stato di apprendista.

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Graziano raccontava le sue fortunate avventure con ragazze o con signore, fermate per istrada o incontrate al cinema, e non aveva ancora capito che il segreto era di riservarsi la parte comica. Il col-lega che passava gli interni, Mastracchio, era invece inimitabile con le sue storie sfortunate: all’ultimo momento la contessa elegante e sdegnosa aveva chiesto troppo; oppure, erano finiti con la macchina

in un fosso perché aveva dimenticato di tirare il freno; oppure, con un’altra, era stato colto dal mal di ventre.O raccontava di quella volta che una vecchia popolana s’era parata dinanzi alla sua automobile, chiedendo per pietà un passaggio verso il Policlinico, dove suo marito stava morendo; e, appena seduta, diventando subito lieta e ficcandogli una ruvida mano tra le gambe

7Nel significato di ‘ottenere per sé stesso’.

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Ennio Flaiano nasce a Pescara il 5 marzo 1910. Nel 1935 partecipa come sottoufficiale alla campagna di Etiopia

e da qui nasce il ripudio al fascismo che lo fa approdare all’ideale liberale. Nel 1939 inizia la collaborazione con

“Oggi” diretto da Pannunzio, come critico cinemato-grafico e teatrale; attività che realizzerà nel corso di tutta la vita per numerose testate, fra cui “Il Mondo” e “Il Corriere della Sera”. Nel 1943 inizia a lavorare come sceneggiatore e scrittore nel mondo del cinema, collaborando con Fellini, Blasetti, Antonioni, Monicelli, Rossellini, fra gli altri. Nel 1947 pubblica per Longanesi Tempo di uccidere con il quale vince il Premio Strega. Muore nel 1972 a Roma. Fra le altre sue opere ricordiamo: Diario notturno (1956), Un marziano a Roma (1960), Il gioco e il mas-sacro (1970), Le ombre bianche (1972), La solitudi-ne del satiro (1973), Un bel giorno di libertà (1979), Un giorno a Bombay (1980), L’uovo di Marx (1987). Nella prefazione del racconto di cui pubblichiamo alcu-ne pagine, Carlo Laurenzi scrive:

“Finché Flaiano visse non eravamo in molti a rite-nerlo fra gli autori contemporanei più stimolanti; in compenso la nostra certezza non aveva crepe. Per quanto riguarda Una e una notte, invidio coloro i quali leggeranno per la prima volta le due storie del 1959 che formano il libro: la grazia satirica non senza candore di una fantascienza in chiave casalinga (o ro-manesca) è ancora più irresistibile che in Un marzia-no a Roma, la più famosa delle farse di Flaiano... C’erano due anime in Flaiano, e la più amabile era quella giocosa, paradossale, generosa, beffarda per cui l’autore aggregava a sé l’oggetto della propria attenzione e del proprio scherno: ecco il segno dell’umorismo; ecco, soprattutto, l’abilità di sondare un’avventura avendo assunto una maschera.“

IL VERBO “PRENDERE”

In italiano si hanno molti verbi che, insieme ad altri elementi frasali, formano le cosiddette ‘locuzioni verbali’. Uno di questi – e uno dei più produttivi in questo senso, insieme a ‘fare’, ‘mettere’ ecc – è il verbo ‘prendere’, che oltre ad assumere diversi significati a seconda del contesto frasale, forma espressioni dai più svariati significati. Vediamone qualche caso. Dal più comune prendere come ‘afferrare, pigliare, stringere, sollevare: prendere una valigia, prendere una persona per il braccio, per il bavero ecc.’, fino al significato di ‘suscitare interesse o attenzione: è totalmente preso dalla politica; questo libro prende’; poi c’è il suo significato come ‘trattare in un certo modo: prendere qualcuno con le buone, con le cattive o prendere qualcuno in simpatia/antipatia, a calci, a

parolacce; nel senso di ‘acciuffare, acchiappare un oggetto in movimento: prendere il pallone al volo; quando riferito a persona, arrestare, catturare [n.d.r. Grazie alla sua evoluzione dal latino volgare simile a quella del verbo in portoghese, in questo senso presenta un identico significato, ossia ‘prender’): prendere un ladro, un orso, un pesce; poi il senso ‘conquistare, espugnare, invadere, occupare: prendere una città, una fortezza nemica, prendere il potere; la forma passiva ‘essere preso dai dubbi, dal rimorso. Questi pochi esempi sono stati tratti dal Dizionario Garzanti, ma ne trove-rete tantissimi e tutti gli altri significati nel dizionario on-line reso disponibi-le nel sito del quotidiano La Repubblica. Eccovi il link http://dizionari.repubblica.it. Buona lettura!

Informazione sul testo

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aveva detto: “Ah, pisellone mio.”9 Per farla scendere, Mastracchio le aveva dato un po’ di denaro, e la vecchia era scesa, placata, augurando una buona salute e benedizioni alla famiglia e lasciando sul sedile un tanfo10 di acquaio.Quando si parlava di stipendi, Graziano interveniva: “Io avrei diritto alle ferie non godute, quest’anno non ho fatto un giorno di ferie.” Lo guardavano sorpresi, non avevano mai creduto alla sua assun-zione e pensavano che un giorno o l’altro il direttore l’avrebbe mandato via.I primi tempi l’avevano tenuto nell’archivio, a incollare ritagli e a metterli in ordine di argomento e di data. Quando l’archivio s’era incendiato (e, dicevano, proprio per colpa di Graziano), l’avevano passato alla cronaca bianca: doveva occuparsi di conferenze, nasci-te, morti, inaugurazioni, cerimonie, arrivi e partenze; ma se tentava di trattare queste notizie con un po’ di garbo letterario, in tipografia gli tagliavano tutto. Restava la notizia nuda e cruda, offensiva. Una volta era tornato allegro dall’inaugurazione di una chiesa in periferia e aveva detto al capo cronista: “Oltre il solito pezzo, pubblicherei anche dei versi. Che ne pensa?” E i versi che proponeva erano questi:

La funzione è finita L’organo suona Bach, E il Cardinale, ossequiato, Riparte in Cadillac.

Era rimasto con un sorriso melenso stampato sulle labbra, quando il capo cronista, strappando i suoi versi gli aveva risposto, quasi addolorato: “Fai meno il fesso.”“Sarebbe umiliante, pensava Graziano, se non mi sentissi superio-re, anzi estraneo.” Non riusciva a legare11. Perché? Poteva darsi una sola risposta: era un signore, tagliato per un’altra vita, per scrivere roba di immaginazione, o per un compito direttivo e non poteva adattarsi a un orario, né al vizio di una professione ottusa.Così, gli dicevano: “Oggi lei va alla tale riunione.” Ci andava portan-dosi Dory Nelson, una ragazza friulana che lavorava negli avanspet-tacoli e adesso era disoccupata e batteva, ma stancamente, i bar notturni. Anche lei, un po’ folle, fatta per un’altra vita, s’incantava davanti ai negozi di mobili, di cucine laccate, di frigoriferi e diceva celiando di ogni oggetto: “Me lo compri?” Con Dory Nelson, Gra-ziano si sentiva tranquillo, avvolto da una tacita e canina ammirazio-ne, che gli risparmiava lo sforzo di rinnovare la conquista, anche se stava un mese senza vederla. Le faceva qualche regaletto o le pa-gava a volte il conto della trattoria e lei, calma: “Sei proprio carino.” Non avevano motivi di conversazione, uniti dai piaceri che offre la grande città: il cinema, i caffè, il letto. Alle domande di Graziano, elladi solito rispondeva mugolando una canzone (ne conosceva

moltissime) nel tono della domanda, con un automatismo rassi-curante, frutto della stessa malinconia che una volta, quand’era a servizio12 e si chiamava Botton Zelinda, l’aveva portata a tentare il suicidio. Un’altra volta Graziano aveva scoperto un lampo desolato, quasi ironico nei suoi occhi, quando lei aveva detto: “Sai la novità? Sono incinta.” Per un attimo egli aveva pensato di abbracciarla, rassicurandola con proteste amabili e commosse. Sarebbe stata una soluzione da gran signore, se Dory Nelson avesse apprezzato un gesto tanto magnanimo. Le sarebbe parso, invece, naturale e paesano. Ora, le reazioni semplici dello spettatore non sono quelle che eccitano Graziano alle azioni eroiche.Aveva taciuto e, qualche giorno dopo, eccolo daccapo con Dory Nelson che non accenna più alla cosa e canticchia sbadata; forse, come sempre, immersa in una sua vegetale infelicità.Alla riunione, quel giorno, parlavano di argomenti agrari. Graziano e Dory Nelson si divertivano a osservare gli invitati; poi s’accor-gevano che mancava il buffet e andavano fuori a bere una birra. A notte, in tipografia, Graziano scriveva due righe convenzionali ma cercava di salvare l’argomento parlando della vita dei campi, della maestà dell’Agro romano e citando un passo di Goethe, per marcare la differenza da allora a oggi.Il giorno dopo il direttore lo fa chiamare e comincia: “Non ho ancora capito se sei veramente fesso, come tutti sostengono, o se ti diverti a farcelo credere.” E Graziano a spiegargli come stanno le cose, che alla Federbraccianti non era successo nulla che potesse interessare uno scrittore, se togliamo la noia di una riunione. Il direttore lo guarda come se lo vedesse per la prima volta e gli domanda quanti anni ha.“Trentadue,” risponde Graziano; e aggiunge che, se deve occuparsi d’agricoltura, è pronto, ma potrebbe farlo su un piano diverso: se-guire, per esempio, sui luoghi, le correnti della nostra emigrazione, in Australia o nel Canada. Il direttore non dice niente e si mette a giocare con un accendisigaro a forma di pistola. Pensava di doversi liberare di Graziano senza offendere i suoi raccomandatori, o di vederlo il meno possibile. Non soffriva13 quella sua faccia buona e assonnata.

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PRONOMI ‘EGLI e ELLA’

Il pronome di terza persona singolare presenta forme diverse tra loro, quindi è molto importante saperlo usare a seconda del contesto in cui ci si trova. Infatti abbiamo pronomi di più largo uso nell’italiano standard contemporaneo LUI e LEI, che si usano nel linguaggio parlato e scritto per indicare persone e animali; EGLI e ELLA, che si usavano molto in letteratura fino a qualche decennio fa (infatti si trovano nel testo usato in questo inserto), ma che ora sono usati soltanto nel linguaggio scritto di alto registro per indicare persone; ESSO e ESSA, che si usano nel linguaggio parlato e scritto per indicare animali e cose. Ma eventualmente possono anche riferirsi a persone.

Informazione sul testo

9 Il termine ‘pisello’ (ervilha) è uno tra i tanti sinonimi di ‘pene’. Qui viene addirittura usato come aumentativo, come a significare che il pene è grande, o per acquisire una certa intimità insieme al possessivo ‘mio’.10 Ossia puzzo intenso, specialmente di muffa o rinchiuso.11 Ossia a fare gruppo, a fare amicizia.12 Essere a servizio significa lavorare come domestica o, come si dice oggigiorno, collaboratrice familiare, acronimo ‘colf’.13 Soffrire nel senso di sopportare.

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Graziano finiva per lamentarsene con l’usciere, nei momenti di cal-ma, quando al giornale non c’era nessuno. Diceva: “Mi riservano gli argomenti noiosi. Se parla qualcuno in Campidoglio, mandano me. Se muore una persona poco importante, chi deve fare il coccodril-lo14? Io. Così mi scoraggiano.”“Io, rispondeva l’usciere, avevo diritto al posto di usciere capo e mi hanno messo in cronaca pure a me. Chi nasce fregnone, muore coglione.15”Telefonavano al bar per farsi mandare due caffè e restavano a par-lare: ma Graziano dopo un po’ rifiutava la cupa solidarietà d’incom-preso che gli veniva offerta e si alzava dicendo: “Lavoriamo.”Ma come? Dopo l’incendio dell’archivio si era sistemato, solo, in una stanzetta dove tenevano anche le scope. Quando si erano accorti che faceva venire Dory Nelson a tenergli compagnia, avevano chiu-so la stanzetta, dicendogli di lavorare nello stanzone comune. Non aveva più nemmeno un tavolo e se doveva scrivere aspettava che se ne liberasse uno, o andava al bar del giornale.Graziano stava quel giorno nella toletta del direttore quando sentí urlare il suo nome nel corridoio. Sentire il proprio nome, come un grido d’aiuto, quando si è appartati, in una calma che dovrebbe essere intangibile, dà sempre un suono di colpa o di catastrofe. Era infatti il direttore, arrivato in anticipo, che lo faceva chiamare. Graziano pensò che lo avrebbe licenziato; e a quest’ipotesi, appunto perché tanto temuta, riprese coraggio. Era successo questo: la sera prima, mentre avrebbe dovuto trovarsi al giornale, lui e il direttore si erano incontrati, faccia a faccia, in un ristorante della via Cassia. Graziano era con Dory Nelson, molto sfarzosa e libera per qualche tempo del suo nuovo protettore, tutti e due allegri per la serata che si annunziava felice, la cena, il cinema, il letto. Il direttore era con al-tri amici, gente della politica, e si annoiava. Ballando, Graziano aveva colto per un attimo il suo sguardo pesante.“Dunque, pensava, mi licenzierà e l’incubo cessa. Il lavoro a questo modo non è più una conquista. A casa si lamentano anche più di prima, ora che faccio la notte al giornale e mi alzo alle due; e cosi la faremo finita.”Se non aveva lasciato il giornale sino ad allora, era stato nella segreta speranza che non si accorgessero di lui per questi altri sei mesi di prova. Aveva in animo di chiedere la liquidazione appena assunto stabilmente e forse di andarsene da questo paese, dove affermarsi è un’impresa sempre più assurda e infine inutile, dacché la Fama si concede al primo che la trascina con sé.Il direttore, senza accennare all’incontro della sera prima, parlò di una serie di articoli, che intendeva pubblicare, sui dischi volanti, sfruttando tutta la documentazione già nota. “Ah, disse Graziano condiscendente16, è un tema molto sfruttato, ma abbastanza attuale,

se ne può cavare qualcosa, volendo.” E il direttore: “Visto che lei non fa niente, raccolga almeno il materiale.”Graziano levò gli occhi al soffitto, approvando. “Cosicché, pensava, io non faccio niente.”L’affresco del soffitto, nella stanza del direttore, rappresentava il Progresso: una donna discinta che sorregge una lampada a forma di torcia e con essa illumina una scena dove uomini e donne di tutte le razze si affratellano, in un amore che non conosce più ostacoli. Un treno corre lungo il bordo, un Telegrafo alato lancia folgori, un battello scarica sulla spiaggia generi coloniali. Sopra la testa del di-rettore, un’Araba dal corpo nudo e sfrontato, la cintura che le cade sui fianchi sino a scoprire l’inguine opimo, guarda in basso, distratta da un pensiero che la fa sorridere: è sdegnosa ma invitante come certe contadine accaldate.“Bene, disse Graziano, quanti articoli debbo tirarci fuori?”Il direttore si spazientì: “Lei non deve tirar fuori niente, raccolga soltanto il materiale e lo passi a Papaleo. Gli articoli li scrive Papa-leo.”Graziano sorrise, stretto da un sentimento di pena e di ingiustizia, ma sorrideva stoicamente per mostrare sino a che punto accettava la sconfitta. Papaleo, pensò, il giovane e puntuale collega meridio-nale che prende appunti su ogni argomento e la notte, quando si parla di stipendi, di carriera e di donne, eccolo là, ancora al suo tavolo, senza partecipare. E a ogni scoppio di risa: “Signori, vi pre-ghiamo, un pochettino di silenzio,” implora, perché sta scrivendo.Protestare? Graziano è piuttosto portato all’accettazione malinco-nica del destino, non reagisce, tutto vada come deve andare. Ma la sua bocca si storce in un altro sorriso penoso, si apre a vuoto e infine emette la frase che lo tormenta: “E le ferie non godute?”Spiega che, durante l’anno, non ha preso un giorno di ferie, né l’amministrazione aveva creduto opportuno di risarcirlo (come si usa) prendendo a pretesto l’incendio dell’archivio. Se adesso deve raccogliere anche il materiale...“Bene, conclude il direttore, prenda allora i suoi giorni di ferie non godute, ne abbia o no diritto, e raccolga il materiale.”Ne abbia o no diritto! Graziano andò a riferire questa decisione al capo cronista, che per quindici giorni non sarebbe venuto al giornale. Il capo cronista disse: “Per me, puoi star via pure un anno, neanche me ne accorgo,” autorizzando Graziano a credere che al giornale lo considerano di troppo o che forse il valore di un individuo, in una società che sta perdendo il senso dell’umano, si calcola ormai in ragione del tempo che sa trascorrere nelle attese inutili e servili.La libertà per Graziano ha un sapore inebriante, a cui non è estranea la noia, o almeno la nuova calma dei giorni che si trova

15 Come se fosse un proverbio popolare, “chi nasce sciocco (o stupido), muore imbecille (o inca-pace)”. In realtà funziona molto bene perché le due parole (fregnone e coglione) fanno rima. 16 Significa indulgente, arrendevole.

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14 Nel gergo giornalistico, biografia commemorativa di un personaggio vivente preparata in anticipo perché si possa pubblicare tempestivamente in caso di morte. Il necrologio invece viene scritto post mortem. Quindi, in questo testo, non viene usata correttamente.

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davanti. Potendo far tutto, non si decide a far nulla, prende arie di convalescente e si fa servire il pranzo a letto, stavolta senza rimorsi, perché è in vacanza. Il giornale è un ricordo lontano; e tutte le abitudini che vi aveva legate, cadute anch’esse. Si sorprende a non rimpiangerle e i colleghi di lavoro gli appaiono ora più che mai scialbe figure destinate alla mediocrità del ‘servizio’, a una vile e sorniona obbedienza. Ritorna ai tempi placidi della disoccupazione e rinvia all’indomani una visita alla biblioteca americana per cercarvi qualche libro sugli “oggetti volanti non identificati”. Ma un giorno, alla Sala Corse, parla della sua inchiesta e gli amici l’informano che un colonnello a riposo, tale Soprani, sta studiando l’argomento da anni, ci impazzisce e raccoglie documenti.Il giorno dopo Graziano andò a trovare questo colonnello. Abitava un ultimo piano dalle parti di San Giovanni e sulla terrazza, da dove lo sguardo spaziava verso i Colli Albani, aveva montato un cannoc-chiale.“Stupendo, qui,” disse Graziano. In un angolo della terrazza il vento del mare gonfiava la biancheria tesa ad asciugare: fazzoletti, cami-cie, lunghe mutande di lana e una sottoveste di pizzo nero che in quell’accolta familiare si agitava con la grazia di un richiamo.Il colonnello era in pantofole e giacca, da camera, con due alamari. Di statura minuta, ormai casalingo, preoccupato del suo ordine, educato in altri tempi. Mentre parlava dell’infinito, Graziano appro-vava e puntò il cannocchiale verso una finestra dirimpetto17, dove una ragazza stava stirando; e il colonnello subito a pregarlo di non spostare gli strumenti scientifici. Per il resto, persona cortese; mo-stra a Graziano la sua raccolta di fotografie, prese da lui stesso, da amici o ritagliate da riviste: dischi volanti in formazione di pattuglia su San Pietro, un “oggetto” sopra la stessa porta San Giovanni, un corpo luminoso che attraversa il cielo di Roma.Il silenzio di Graziano lo incoraggia a continuare con la citazione di testimonianze: a Cosenza, a Termini Imerese, a Carrara hanno avvistato dischi volanti; ad Ancona (e la Domenica del Corriere ne fece tema di una tavola a colori, allegata ai documenti), avvistarono addirittura un sigaro volante.“Acceso?” domanda Graziano, serio.Il colonnello, seccamente: “Se lei continua così, sono costretto ad interrompere, l’intervista.” Sembrava un bambino irritato. Graziano gli dette un colpettino amichevole sulle spalle, in realtà il colonnello stava diventandogli simpatico per la sua fede in quei misteri puerili, e disse: “Mon colonel, non s’inquieti, nessuno più di me può capir-la, io scrivo... e credo fermamente nei dischi volanti. Sono la nostra unica speranza di lasciare questo mondo ormai senza avvenire. Arrivano anzi al momento giusto.”Il colonnello, rabbonito18, corre nel suo studio, ne ritorna sfoglian-do un libro e legge, solennemente: “Il sentimento per cui l’uomo

s’è posto lungo tempo al centro dell’universo, considerandosi l’oggetto speciale delle cure della natura, porta ciascun individuo (e qui calcò le parole) a farsi il centro di una sfera più o meno estesa e a credere che il caso abbia per lui delle preferenze.”“Giusto,” commentò Graziano pensieroso. La sottoveste di pizzo nero si agitava sferzante come un gonfalone davanti ai suoi occhi. “È suo questo libro?”Il colonnello chiuse il libro e vi battè sopra una mano: “È Laplace, caro giovanotto. Il Saggio sul calcolo delle probabilità.”“Interessante, voglio leggerlo,” disse Graziano.“La verità, continuò il colonnello, è che nessuno (mi stia bene a sentire), nessuno è il centro di niente. Io sostengo che tutto l’uni-verso è abitato e che non bisogna meravigliarsi se il caso ha favorito altri mondi più del nostro. Chiaro?”“Chiarissimo,” e mentre Graziano approvava senza più ascoltarlo, il colonnello svolse la sua teoria, dicendosi anche preoccupato per l’umanità terrestre, e di temere prossime conflagrazioni interpla-netarie. “A meno che...” A meno che non si fosse formato (senza perdere tempo) un comitato internazionale che esaminasse questa realtà per trattare con gli enti sconosciuti. Lasciava intendere che egli volentieri avrebbe accettato un incarico, anche modesto, in seno al comitato. Infine volle che Graziano pescasse tra il suo materiale, restando intesi che avrebbero firmato assieme gli articoli e si sarebbero diviso il compenso.In quel momento li raggiunse sul terrazzo una giovane donna, la figlia del colonnello, e Graziano ne rimase turbato, quasi che l’averne avuto il preavviso da quella sottoveste lo autorizzasse ad una segreta intimità con lei. Era alta, noncurante e anche bella. Sotto il suo semplice vestito, sciolto, Graziano indovinava un corpo ardito dalla lunga schiena arcuata, che contraddiceva la severità degli occhi, cioè pronto a tutte le perversioni. Graziano guardan-dola pensava: “Sono i miracoli di cui è ancora capace la nostra media borghesia e mi turbano sempre per il giuoco ipocrita che propongono. Sta bene, l’accetto.” Così, fingendo di ascoltare il co-lonnello, egli fissava la bocca della ragazza - si chiamava Claudia - e poi scendeva con lo sguardo di proposito severo, anzi duro, lungo il viso e il collo di lei, fermandosi alla scollatura del seno, per poi risalire alla bocca. Infine, vedendo che il suo giuoco sfacciato aveva reso nervosa al punto giusto la ragazza, vibrò il colpo conclusivo dicendole in un soffio e senza mutare espressione del volto, quasi che l’intesa tra loro fosse già perfetta e di lunga data: “L’aspetto giù al portone”.Poi, subito profondendosi in ringraziamenti al colonnello e reiterati ossequi alla figlia, per impedirle di reagire, si congedava. Dopo aver atteso mezz’ora al portone, pensò che la ragazza era forse troppo turbata per scendere, non gli restava che telefonare a Dory Nelson

17 Davanti, di fronte.18Calmato, tranquillizzato..

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prima telefonare e viene ad aprire lei stessa, Claudia, in vestaglia: sta rassettando perché non hanno domestica e vivono soli, lei e suo padre. Appena vede Graziano la ragazza fa un gesto brusco, incontrollato, per chiudere la porta: si è tradita. Finge di dominarsi: “Mio padre è fuori, mi dispiace,” e si stringe la vestaglia sul ven-tre, altro gesto che svela il timore e il desiderio di un assalto. “Ho tempo, dice piano Graziano, posso aspettare.” Claudia si morde le labbra: “Se vuole...” Senza fretta. Graziano la segue e lei, già stordita, continua a rassettare il corridoio, ignorando l’intruso. Ma il corridoio è già troppo rassettato, lei s’impappina20, ripete i suoi gesti. È nella sua stanza quando Graziano si affaccia sulla soglia e si appoggia indolente allo stipite. La ragazza rapida esce, apre di là un rubinetto, ritorna col viso gocciolante, è andata a bagnarsi la faccia. Dalle persiane semichiuse entra a dolci folate un vento arido che sa di sabbia. “Che caldo,” dice Claudia, per rompere il silenzio, perché il silenzio è un invito, anzi la più ipocrita delle complicità e soltanto parlando ella potrà tenere a bada l’uomo: “Che caldo,” ripete. E aggiunge con un sorriso involontario e anche penoso: “E pensare che sotto non ho niente.”Fissandola negli occhi, Graziano le è addosso, la rovescia e lei, in-fine libera, grida: “Sì, sì, arruvineme, arruvineme...” Arruvineme21? Strano che Claudia parlasse quel dialetto, a meno di non sostitu-irla con un’immagine di altri tempi, una ragazza del suo paese... immagine cupa, odorosa di sonno e selvatica. Pure, le due imma-gini cedevano sovrapposte, anzi Claudia traduceva: “Sì, rovinami,” sicché il suo grido non era più la rivolta di un istinto, ma qualcosa di più meditato, la riflessione cosciente di un sentimento che la rendeva schiava nell’attimo stesso che osava chiarirlo a se stessa. Ella dava a Graziano non soltanto il suo corpo, ma la sua volontà, ogni pensiero, povera amante rovinata.Da questa eventualità Graziano si distrasse osservando una finestra vicina, nel cortile, che s’era illuminata. Sporgendosi, vedeva passare una forma umana dietro i vetri, resa indistinta ma più desiderabile dai veli della tenda. Una cameriera che deve stirare? pensò. Ma erano appena le quattro. Una signora che i sensi inquieti lasciano sveglia e sola? Allora, prima tossendo e facendo “pss, pss”, poi lan-ciando contro i vetri certi fagioli secchi che aveva trovato sul tavolo della cucina, Graziano rivelò la sua presenza e la sua disponibilità. Si affacciò alla finestra una vecchina con la testa fasciata e ancora senza dentiera; guardava tacendo Graziano, che ora fissava daccapo la luna, e infine chiuse le imposte con una decisione brusca, che era il rimprovero peggiore. In quel momento un orologio battè lontano, quattro colpi languidi. Graziano sentì freddo e raggiunse Dory Nel-son nel suo letto, con l’animo turbato da curiosi presentimenti.Si sentiva vecchio, stanco, inutile. Bisognava cambiar vita, sistema, donna, ambizioni; e per fortuna aveva ancora qualche giorno di ferie non godute per pensarci.

19 Sinonimo di ‘tuttavia’.

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e infatti la pescò che era sul punto di uscire. Andarono a cena, al cinema, in un caffè di via Veneto e infine a casa di lei.Mentre Dory Nelson dormiva (e dormendo riprendeva la sua aria di brava ragazza di campagna, dormiva coi pugni stretti e ogni tanto si lamentava), Graziano volle guardarsi il materiale del colonnello. Questo fu il punto d’avvio per insolite e tenaci considerazioni. “Certamente, pensava, è una prospettiva affascinante, ma non c’è niente di vero, sarebbe infatti una soluzione troppo comoda men-tre è soltanto un’allucinazione collettiva, provocata da un bisogno di autopunizione. Com’è dura a morire la paura dell’inconoscibile! Pensare che esseri di un altro pianeta siano tanto progrediti da costruire macchine che attraversano gli spazi, si fermano, scompa-iono, si fanno fotografare da un colonnello a riposo, è un nonsen-so. Una mediocre conoscenza delle più elementari leggi fisiche e biologiche ci fa concludere che gli altri pianeti non possono essere abitati. Già sulla Luna, che è vicinissima a noi, manca l’atmosfera, figuriamoci altrove.”Eppure19 andarci... essere il primo uomo che viola lo Spazio, che assapora l’Infinito. Qui, diciamolo pure, ci si annoia. Cinquant’anni fa c’era almeno il Polo Nord. Adesso?“Ma a parte queste considerazioni, continuava Graziano, perché i piloti di questi dischi volanti si avvicinano alla Terra e non la toccano mai? Che cosa temono, se sono loro i più forti, i più favoriti dal caso? Così avanti scientificamente come sono, figuriamoci la loro filosofia. Apprezzerebbero i miei versi? Oh, finire su Marte con un incarico culturale, che mi lasciasse il tempo libero per le mie inclinazioni .”Rimuginando queste fantasie. Graziano andò sulla terrazza della cucina a guardare il cielo, dal quale aspettava una risposta immedia-ta. La luna era piena e chiarissima, coi bordi di un argento ancora liquido. Si vedevano i monti, le chiazze dei deserti e poi, distoglien-do lo sguardo e ancora fissando gli occhi socchiusi su quella sfera, Graziano vedeva gli amanti che si baciano.Per fortuna, disse, l’immaginazione poetica risolve tutto:Che fai tu, luna, in ciel?“Povero Leopardi!” concluse, ma già il suo pensiero volava alla figlia del colonnello: “E Claudia?, pensò, che farà a quest’ora, la silenzio-sa Claudia? Certo anche lei non potrà dormire, con quella pulce che le ho messo nell’orecchio.”Pensò a lei, che vorrebbe essere severa, ma non vi riesce e, tentando di svincolarsi, dice: “La prego, basta.” E la voce comincia a tremarle, le sue mani stringono quelle di Graziano, vuol torcerle, tenerle lontane dai suoi fianchi e invece di colpo, piena di desiderio e di rancore verso se stessa, morde il collo di Graziano e, a conclu-sione di un suo tormentato ragionamento, geme: “Ma sì.”Oppure, altra soluzione: Graziano va a casa del colonnello, senza

20 Dal verbo ‘impappinarsi’, ossia confondersi.21 Più avanti c’è in italiano (rovinami) invece qui è in un dialetto meridionale.

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Sono più di 200mila, e sfilano nel centro di Milano. Riempiono piazza del Duomo, sono

le esponenti di almeno tre generazioni. Chie-dono che non venga toccata la legge sull’aborto, protestano contro le ingerenze del Vaticano e l’ac-quiescenza dei partiti politici, contro le incredibili obiezioni di coscienza nei reparti di ginecologia, specie al Sud, contro i picchetti minacciosi di cat-tolici tradizionalisti di fronte ai consultori, contro il divieto posto dalla Chiesa e dal governo a metodi anticoncezionali chimici (la pillola Ru486, da anni in libero uso in Europa). Ma non è frutto della mobilitazione di grossi partiti o organizzazioni. Tutto è partito da una mail spedita dalla giornalista Assunta Sarlo nel novembre scorso: chiede che cosa si può fare per «uscire dal silenzio». Le rispo-ste che riceve sono moltissime, viene convocata un’assemblea di donne alla Camera del lavoro di Milano e si presentano in più di mille. E nel giro di poche settimane si moltiplicano per duecento nelle vie di Milano.

ITALIA, INIZIO 2006. ROMANO PRODI A CAPO DI UN NUOVO CLN. Mancano quattro mesi alle elezioni politiche, fissate per il 9-10 aprile, dopo un quinquennio di governo berlusconiano. La coalizione di cen-trosinistra si è riformata e allargata in un arco molto eterogeneo che va da Clemente Mastella e Lamberto Dini sulla destra a Fausto Bertinotti e Oliviero Diliberto sull’estrema sinistra. Non si chiama più l’Ulivo, ma l’Unione. È un cartello di un’ampiezza mai vista prima; viene definito, come ai tempi della Resistenza, un Cln (Comi tato di libe-razione nazionale) per la liberazione, appunto, da Silvio Berlusconi e dai suoi metodi. Romano Prodi, che torna dopo l’esperienza europea, riceve un battesimo popolare con le primarie che vedono la partecipazione imprevista di oltre quattro milioni di persone. L’alleanza con la cosiddetta sinistra radi-cale questa volta promette alla coalizione l’afflusso di un milione e mezzo di voti in più. Il programma prevede la lotta all’evasione fiscale, un patto tra Confindustria e sindacati per la detassazione dei salari e degli stipendi, oltre a dichiarazioni di intenti sulla riforma della Rai, sui temi della società civile, sulla moralizzazione della vita pubblica e su un forte aggancio con l’Europa.

ITALIA, INIZIO 2006. LA MOSSA ARDITA DI SILVIO BERLUSCONI. A dodici anni dalla sua famosa «discesa in campo» del 1994, Silvio Berlusconi sente arrivare la vitto-ria elettorale del centrosinistra. I sondaggi sono pessimi e una sconfitta pregiudicherebbe i suoi affari (nei cinque anni di governo ha pra ticamente

raddoppiato la sua ricchezza personale). Uomo molto pratico, oltre ché spregiudicato, ha fatto - in extremis - quello che un politico di mestiere non avrebbe mai osato. La legge elettorale lo dà per-dente? L’ha cambiata. Dopo dodici anni in cui gli italiani hanno votato con il sistema uninomina le, si torna improvvisamente al sistema proporzionale. La nuova legge, che uno dei suoi promotori, il leghista Calderoli, definisce candidamente «una porcata», prevede un premio cospicuo (una maggioranza di 350 deputati) alla coalizione che vince anche di un solo voto la competizione alla Camera. Al Senato, invece, il premio sarà regionale, sulla base del numero degli elettori. E siccome le tre re gioni più popolose d’Italia (Lombardia, Sicilia, Veneto) sono saldamente in mano al centrodestra, questo parte con un bonus iniziale piuttosto forte. È necessario conquistare due o tre regioni «in bilico» per avere un Senato assicurato al cen trodestra. Nella peggiore delle ipotesi si creerebbe uno stallo politico. Non solo: con la nuova legge i segretari dei partiti nominano di fatto i parla mentari. L’elettore non ha scelta, può votare solo il simbolo della lista in cui le segreterie dei partiti mettono in ordine di importanza i loro candidati. Non sarà possibile alcuna sorpresa: al Parlamento e al Senato arriveranno solo i candida-ti scelti dai vertici, non ci sarà spazio per outsider o guastafeste. La nuova legge passa con velocità record. I partiti del centrosinistra non sembrano stracciarsi le vesti. Anche ai loro leader piace l’idea di scegliersi dei parlamentari fedeli. ITALIA, FEBBRAIO-MARZO 2006. DUBBI

PREVENTIVI SULLA REGOLARITÀ DEL VOTO. A poche settimane dal voto politico nazionale viene portato alla luce uno scandalo riguardante le elezioni regionali del Lazio, avvenuto solo un anno prima. L’ufficio del governatore Francesco Storace è penetrato nel circuito informatico elettorale per danneggiare una sua concorrente diretta, Alessan-dra Mussolini. Si è scoperto che sono stati utilizzati uomini della Guardia di finanza, poi confluiti nel Sismi. Lo scandalo è arrivato fino al capo del Sismi, Nicolò Pollari, che ha offerto le sue dimissioni a Berlusconi, il quale le ha rifiutate. Il Presidente del Consiglio risponde alle domande della giornalista

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Manifestazione delle donne a Milano

Romano Prodi

MILANO, 14 GENNAIO 2006. LE DONNE ESCONO DAL SILENZIO.

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una vol ta. C’è chi la vuole più democratica, chi la vuole un po’ meno democratica, c’è il computer e c’è la Corte suprema. C’è anche chi non la vuole più. Però ancora adesso si prova una certa emo-zione, quando si vede in tv la vecchia afghana o la vecchia irachena con il dito dipinto di blu. Si sa che si tratta di una messa in scena per i media, però la vecchia afghana o la vecchia irachena non sono delle attrici professioniste. Alzano il dito dipinto di blu, che vuol dire che hanno vo tato e che non potranno più votare una seconda volta. Non sono pagate per crederci. In quel momento ci credono davvero. La notte delle elezioni italiane del 2006 si svolge nel più drammatico teatro politico del mondo, il centro di Roma. Qui Marco Giunio Bru-to ripristinò la democrazia, piazzando un coltello nel petto di Giulio Cesare che si era procla mato dittatore e sovvertendo tutti i sondaggi. Poco più in là, simbolicamente, duemila anni dopo, venne fatto ritrovare dalle Brigate rosse il cadavere di Aldo Moro. La storia trasuda dai muri di Roma e la sua umidità affascina. Affreschi, pugnali, sedu-zione, i mille vizi del potere, tutti i suoi abusi qui sono di casa. E lunedì 10 aprile 2006 va in scena una straordinaria rappresentazione, all’altezza del passato.

LUNEDÌ 10 APRILE. ROMA, ORE 15.01. Le urne si sono chiuse da un minuto, i giochi sono fatti. Gli exit poll sono del consorzio Nexus, che si è aggiudicato il contratto esclusivo della diffusione delle proiezioni elettorali per Rai e Mediaset. Valore del contratto, un milione di euro, di cui il 40% è a carico di Mediaset. Dichiarazione uf-ficiale di Fabrizio Masia, direttore di Nexus: «Ha vinto l’Unione di Romano Prodi». Si calcola che in termini reali l’Unione abbia circa un milione di voti in più della Casa delle libertà. Non c’è stato

Lucia Annunziata nel programma In mezz’ora. Annunziata gli chiede quali garanzie può dare il governo sulla regolarità del prossimo voto politico e Berlusconi risponde che «Pollari è uno splen-dido generale e i brogli sono una specialità dei comunisti». Si dice sicuro che ad aprile i comunisti manipoleranno il voto. Annunziata lo incalza e gli chiede ragione di affermazioni così gravi da parte del capo del governo; Berlusconi non sopporta le domande, si alza e se ne va dallo studio televisivo. Un piccolo settimanale, Diario, rivela intanto stra-ne manovre intorno al voto di aprile: in quattro regioni il conteggio verrà effettuato con mezzi elettronici, impiegando ragazzi appena assunti. Un contratto, molto segreto e molto urgente, ma del valore di 25 milioni di euro è stato firmato con le aziende Telecom, Accenture e Eds (queste ultime due, colossi dell’informatica statunitense) dal di-partimento per 1’Innovazione e la tecnologia del ministro Lucio Stanca. Alle domande di chiarimen-to, il ministero dell’Interno risponde che il conteg-gio elettronico non sarà considerato più vero di quello manuale e tradizionale dei seggi elettorali. Pochissimi giorni prima delle elezioni, il ministero dell’Interno provvede alla rotazione di dodici pre-fetti, nonostante la protesta dell’Associazione dei prefetti: «Signor ministro, non lo faccia [...]. Non rovini la sua immagine [...]. Nessun ministro, dal 1948 ha osato tanto».

ITALIA, MARZO-APRILE 2006. LA CAMPA-GNA ELETTORALE.Il tallone d’Achille di Romano Prodi, dicono gli esperti, è la sua difficoltà di comunicazione. Pro-fessore, abituato a ragionare, non è pratico di de-magogia televisiva. I confronti in tv con Berlusconi sono due e il primo lo supera agevolmente. Negli ultimi secondi dell’ultimo confronto, Berlusconi getta la carta segreta: «Se sarò eletto abolirò l’Ici sulla prima casa». L’Ici è una tassa che, a seconda delle dimensioni dell’immobile, costa al proprieta-rio dai duecento ai mille euro l’an no. L’80% degli italiani è proprietario della casa in cui abita. La pro-posta è for te. Berlusconi risale nei sondaggi che lo vedevano come sicuro sconfitto. Il suo finale di campagna elettorale è violento, con insulti agli avversari («coglioni») e un appello a serrare le fila contro il comunismo alle porte. Conclude a Na-poli dove gruppi fascisti sotto il palco lo acclamano come il nuovo Duce.

ROMA, 10 APRILE, LA NOTTE DELLE ELE-ZIONI. UN TEATRO, TRA CENTRO STORICO E CYBERSPAZIO. La notte delle elezioni resta sempre nel ricordo. È per quello che la organizzano. Ha ritmo e passione, uno dei migliori spettacoli al mondo. È il teatro. La demo crazia, poi, è bella perché

permette la rivincita, mentre la dittatura no. Così uno, poi, si ricorda. Uno si ricorda dei suoi amori, della nascita dei suoi figli, e li col lega alle date delle elezioni. Quando votarono le donne per la prima volta. Quando i neri dell’Alabama si misero in fila per andare al seggio. Quando in Italia votarono i diciottenni, perché se erano buoni per fare la guerra, erano anche buoni per fare una croce nell’ur na. Quando, a Caccamo, in Sicilia, Vera Pegna, una donna comunista venuta da fuori, sfidò il capomafia del paese con il megafono. Valentino Parlato, uno dei fondatori del quotidiano il ma-nifesto, racconta che il Pci lo aveva candidato ad Agrigento - erano gli anni cinquanta - e che lui si era dato da fare con i comizi. Fino a quando certe persone lo avevano avvicinato, con sigliandogli di non esagerare. Ma gli dissero anche: «Non ti faremo sfigurare». Tutte le persone di pelle un po’ dura sanno che nelle elezioni si gioca pesan te. Mussolini nel 1922 aveva solo un piccolo partito, ma il Savoia gli diede il governo. Due anni dopo lo votò il 66% degli ita-liani e così venne legittimato. Ma un deputato so-cialista, Giacomo Matteotti, gli contestò la vittoria e Mussolini lo fece uccidere. Neppure Hitler vinse la maggioranza dei seggi nel 1933, ma otten ne il plebiscito dopo. Salinas de Gortari, presidente del Messico nel 1988, stava perdendo. Allora fece spegnere la luce in tutto il Messico e, quando la luce ri comparve, si scoprì che aveva vinto lui. John Kennedy nel 1960 vinse perché era la modernità, ma anche perché il sindaco Daley di Chicago fece votare i mor ti e perché la mafia si mobilitò per lui (anche se tre anni dopo lo fece uccidere a Dallas, Texas). George W. Bush nel 2000 perse contro Al Gore. Ma poi la Cor te suprema gli diede la vittoria nella contestata Florida. La democrazia sta diventando un affare difficile, non è più quella di

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Liberamente tratto dal libro “Patria 1978- 2008” di Enrico Deaglio. Casa editrice Il Saggiatore.

Lucia Annunziata

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aumento di votanti, anzi ha votato circa mezzo milione di persone in meno che nel 2001. Non c’è stata significativa differenza tra il voto di domenica e quello di lunedì mattina. Gli exit poll si svolgo-no così: vengono scelti a campione elettrici ed elettori che escono dal seggio dopo aver votato. Gli si chiede di ripetere il voto che hanno appena depositato nell’urna, in anonimato e riservatezza. Si calcola il possibile errore nell’ordine del 2-3 %. Già la domenica sera gli exit poll della giornata era-no stati calcolati e, naturalmente, i partiti ne erano a conoscenza. E siccome i partiti sono fatti di es-seri umani che hanno amici, genitori, figli, amanti, mogli e mariti, la domenica sera un vorticoso giro di sms era già partito. Non ci sono, secondo gli exit poll, sostanziali differenze rispetto alle elezioni precedenti nel numero di schede bianche e nulle: come nelle ultime volte, si aggirano intorno ai due milioni gli italiani che non hanno scelto o che hanno sfregiato la scheda. Si erano chiuse anche le scommesse dei bookmaker di Londra. Prodi è dato sicuro vincente, chi punta su di lui vince qualcosa, ma non tantissimo.

ARCORE, ORE 16. Contrariamente a quanto aveva annunciato, Silvio Berlusconi parte per Roma con il suo jet privato. Alle 18.45 è nel suo ufficio a palazzo Grazioli, che diventerà il centro operativo della Casa delle libertà. Non farà alcuna dichiarazione pubbli ca fino al mattino seguente. Il suo splendido palazzo romano sarà uno degli epi centri della democrazia in Italia. VIMINALE, ORE 16. I dati che arrivano al computer del Viminale si fermano per circa mezz’ora. Tutte le informazioni digitali si mettono in coda prima di essere smal-tite. I tecnici del ministero, della polizia postale, della Siemens che gestisce una parte del si stema informatico, sono avari di particolari. Alla respon-sabile delle operazioni, prefetto Adriana Fabbretti, spiegano genericamente che si tratta di «problemi tecnici delle macchine».

SITI DEL VIMINALE, ORE 16-17. L’andamento del voto per il Senato mostra una cu-riosità. Mentre tutte le regioni mantengono il trend iniziale che conserveranno fino alla fine, Piemonte, Lazio e Campania lo invertono inaspettatamente. Se questa tendenza sarà conferma ta, per i mecca-nismi di premio regionale, l’Unione non avrà più la maggioranza al Senato.

VIMINALE, ORE 18. Il ministro dell’Interno Beppe Pisanu fa la sua prima e unica dichiarazione pubblica di tutta la notte elettorale: «Le operazioni di voto sono state regolari, le schede nulle sono diminuite grazie alla semplicità della scheda». In realtà a quell’ora sa an che che sono crollate le schede bianche e i suoi analisti gli hanno annunciato che la Casa delle libertà è in vantaggio, sia alla Camera sia al Senato. Il ministro avver te della favorevole situazione il sottosegretario Gianni Letta e il portavoce di Ber-lusconi Paolo Bonaiuti.

PER LE STRADE DI ROMA, ORE 20. Il ministro dell’Interno Beppe Pisanu lascia il Vimi-nale e si reca a palazzo Gra zioli. Come è sempre successo con tutti i ministri dell’Interno italiani, intorno a lui si muove una falange di prefetti, addetti stampa, addetti alla sicurezza. Le automobili con le sirene coprono il brevissimo tragitto che porta il responsabi le delle operazioni elettorali nell’abita-zione privata del presidente del Consiglio in carica. L’entrata del ministro a palazzo Grazioli è ostentata. Il ministro comunica privatamente a Silvio Berlu-sconi che la Casa delle libertà ha vinto le elezioni sia al Senato sia alla Camera. Il colloquio è riservato, ma solenne. Sono uno davanti all’altro due uomini di 70 anni. Silvio Berlusconi in quel momento sente di essere entrato nella Storia. Ha vinto tre elezioni, ha plasmato l’Italia da cui è amato, è ricchissimo. Beppe Pisanu deve molto a quell’uomo, che dodici anni prima lo ha tolto dal cono d’ombra in cui era caduta la sua carriera politica. Lo aspetta un finale di carriera glorioso. I due uomini escono dalla stanza e riferiscono allo stato maggiore della Casa della li-bertà. Decidono però di non far trapelare la notizia. Pisanu si siede in poltrona di fronte alla televisione che racconta di dati, proiezioni, percentuali di cui sa già il finale. Chiede di essere lasciato solo, mangia un gelato. Ha tempo, ha voglia di rimanere lì. Tutti si complimentano con lui. Il segretario dell’Udc Lorenzo Cesa però gli sussurra: «Alla Camera siamo in bilico, non sarebbe il caso che tornassi al Viminale?».

IN UN LUOGO DEL CYBERSPAZIO, ORE 20. Il sistema di trasmissione dati sui risultati elettorali è sottoposto ad attacchi di hacker, come aveva previsto il Tiger team di Telecom, chiamato a dare la sua consulenza. Il flusso si ferma almeno per mezz’ora. Per riattivarlo viene bypassato il sistema di sicurezza antintrusione. A questo punto sono in molti ad avere le chiavi di casa per entrare e vede-re lo spettacolo. I voti di milioni di italiani sono lì, eserciti sotto forma di numeri, che aspettano di es-

sere «processati» dalle macchine. Possono ancora decidere dove andare. Dal cyberspazio si pos-sono vedere, come se si osservasse una battaglia dall’alto di una collina. Ecco, si muo-vono 250mila voti in Campania, 100mila in Calabria, 100mila in Puglia, è così dapper-tutto ... Abbandonano l’anonimato della sche-da bianca o annullata, si mettono una divisa. Ci sono anche degli am-mutinati, degli sbanda-ti. Sono tanti, 80mila. C’è un focolaio dove il fenomeno è enor-me, è Catania dove ci sono quasi 20mila voti

contestati. Guarda, guarda, ci sono altri movimenti curiosi. Tutti stanno prendendo campo, ma gli elettori della Camera, che sono 3 milioni in più di quelli del Senato, hanno una percentuale inferiore di schede bianche.

LO STRANO CASO DEI TESTIMONI DI GEO-VA. Sparsi per tutta Italia, dal Nord al Sud, aspettano i risultati elettorali senza particolare emozione gli aderenti alla fede di Geova, un’antica religione che fu perseguitata dal nazismo e che in Italia oggi raccoglie 400mila fedeli e 200mila che aspirano a diventarlo. Contrariamente ad altre fedi religiose per cui la politica è molto importante - si pensi per esempio all’interesse profondo che ha il Vatica no per le vicende di casa nostra - i testimoni di Geova se ne tengono molto lon tani; nessuno di loro si è mai candidato alle elezioni e nessun uomo politico ha mai chiesto i loro voti, perché sa che sarebbe fatica inutile. I testimoni di Geova infatti «votano Dio» e sono tenuti a non compromet-tersi con schieramenti e uomini politici, perché se questi si macchiassero di qualche atto immorale, la responsabilità cadrebbe anche su chi li ha vo-tati. Quando chiedono ai loro dirigenti religiosi, la risposta è sempre chiara: biso gna andare a votare, perché siamo rispettosi delle leggi italiane, ma non biso gna compromettersi con nessuno. Per cui si può votare scheda bianca oppure annullare la scheda. Chissà se lo hanno fatto? O se si sono lasciati trascinare dalla passione poli tica? Non lo si saprà mai: ma se si guarda il risultato finale del voto italiano, si apre un caso politico-religioso molto in-teressante: le schede bianche sono po chissime, in tutto 448.002 e le nulle 611.158. Forse, a lasciare bianca la scheda o ad annullarla, in tutta Italia, sono stati solo i testimoni di Geova. NELLE PIAZZE DI ROMA, ORE 20-24. Non esiste un popolo della destra visibile per le strade, nessuno di loro infat ti prevede una vitto-

Beppe Pisanu

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ria. Il popolo della sinistra riunito in piazza Santi Apostoli è smarrito. Romano Prodi ha annullato apparizioni e comunicazioni. Circo lano le voci più incontrollate. Si sa che il sistema di trasmissione dei dati si è bloccato. I leader del centrosinistra cerca-no con angoscia il ministro Pisanu. In Cam pania i Ds ordinano ai loro militanti di andare in massa a Caserta, dalla cui Pre fettura non escono più notizie da parecchio tempo. Si saprà - ma solo molti mesi dopo - che una carovana di macchine si mosse e assediò, nel suo ufficio, il pre fetto Elena Stasi, che aveva preso servizio appena tre giorni prima.

TRA LE MONTAGNE DELLA VALLE D’AO-STA. Le operazioni di voto si sono svolte, come al solito, nella calma e nella serenità. Hanno vinto, come sempre, gli autonomisti collegati con il centrosinistra. Gli elettori che non si sono voluti esprimere e che hanno messo nell’urna una sche-da bianca o l’hanno annullata, sono sempre i soliti e nel solito numero, più o meno il 3%: indecisi, arrabbiati, delusi o motivati dalla fede religiosa dei testi moni di Geova. La regione autonoma della Valle d’Aosta ha per legge un siste ma di raccolta ed elaborazione dati del tutto autonomo. Non passa né da Roma né dal cyberspazio. VIMINALE, ORE 18-20 Lo spoglio delle schede procede con molta len-tezza. Alle 20 il sistema si blocca nuovamente e, clima di grande allarme, si decide di eliminare il sistema di sicurezza antihacker. A questo punto, visto che la guardia ha smontato, sono in molti a poter entrare. Il sistema elettronico del Viminale si blocca per altre due volte.

IL FAMOSO BOTTEGHINO. In via Nazionale, dove da tempo si sono trasferiti

i Ds. È un palazzo che non ha più il fascino del Bottegone, in via delle Botteghe oscure, che si affiancava simbolicamente alla sede della Demo-crazia cristiana, in piazza del Gesù. Qui sono riu-niti i responsabili dei Ds: Massimo D’Alema, Piero Fassino e i «maghi» delle elezioni. Fin dai tempi del Pci e per cinquant’anni queste persone sono note per aver costruito un sistema autonomo in grado di prevedere e anticipare i risultati ufficiali. Il segreto: innovazione tecnologica, disponibilità, fedeltà di una rete nazionale di militanti. Oltre alla loro personale rete interna, sono collegati, come tutti i grandi partiti e le grandi agenzie di stampa, al sistema intranet - uno speciale meccanismo che decodifica le cifre esadecimali che il Viminale sputa, in numeri reali. Le cose si stanno mettendo veramente male: i Ds hanno molti meno voti delle previsioni; non collimano i dati che i militanti inviano dai seggi con i dati trasmessi dal Viminale. Il sistema interno che riporta al centro le infor-mazioni che vengono dalla periferia è crollato. Saltato, oscurato. Non si saprà mai il perché. Il milione di voti di vantaggio che si aveva alle 15 si è quasi totalmente eroso. Viene trasmesso via sms un «allarme rosso» a tutti i militanti: vigilare, essere presenti in tutte le prefetture, guardare, osservare, chiedere spiegazioni.

IL VIMINALE Grandiosa costruzione concepita da Giolitti e inau-gurata nel 1925. Il ministero più potente d’Italia riflette nella sua architettura la concezione del po-tere, il suo modus operandi e le sue stratificazioni. All’interno, smisurati corridoi che i ministri e i capi della polizia, da sempre, sono soliti percorrere bisbigliando tra di loro sotto gli occhi degli astanti. La vastità degli ambienti e degli spazi impedisce di sentire quello che si dicono. Ma nella notte dello spoglio delle schede, il ministro non c’è e il capo

della po lizia è occupato a prendere finalmente il capo di Cosa Nostra, Bernardo Provenzano. Non c’è il fermento che precede le dichiarazioni ufficiali, l’arrivo solenne del ministro preceduto dalla sue avanguardie. Si respira un’aria di abbandono, non ci sono notizie, i giornalisti nella sala stampa la per-cepiscono. Poi, a mezzanotte, un fatto veramente inconsueto. Arriva trafelato l’onorevole Marco Minniti, deputa to calabrese e sottosegretario alla presidenza del Consiglio nel governo di Massi mo D’Alema. È solo. Viene dal Botteghino che dista poche centinaia di metri dal Viminale. È incaricato di una missione, ma per svolgerla ha voluto un crisma di ufficialità, la macchina del segretario del partito. Cerca il ministro, non lo trova. Parla con il suo principale collaboratore. Alza la voce, poi si calma. Telefona al Botteghino. Poi anche lui, come aveva fatto Pisanu a palazzo Grazioli, si siede su un divano e si rilassa. Un mese e mezzo dopo non avrà più bisogno di chiede re, nei saloni del Viminale, né di entrare con la macchina del partito. Sarà sotto segretario del ministro Giuliano Amato nel governo Prodi.

EUR, IL PALAZZO SEGRETO DI MOTORE AZZURRO. Tra i tanti palazzi del nuovo potere c’è anche quello di Motore azzurro. È una delle grandi novità della campagna elettorale, annunciata dai dirigenti di For za Italia, Berlusconi, Previti e Dell’Utri. Pochi mesi prima delle elezioni hanno preso in como-dato dall’Unicredit un grande spazio che sarebbe servito a gesti re i candidati e il voto. Con rapidità lo hanno riempito di grande tecnologia, computer, sale per video conferenze, gestione delle notizie in tempo reale. Ma i giornalisti non vi hanno mai circolato, né mai si è saputo chi e quante persone, e a fare cosa, ci abbiano lavorato. L’attività è durata ancora alcuni mesi dopo i risultati elettorali, ma l’in gresso è rimasto vietato.

EUR, COMPLESSO DELLA TELECOM IN VIA PARCO DE’ MEDICI. È stato costruito negli anni cinquanta, quando i telefoni erano ancora fissi e l’azien da era natural-mente di Stato. Una serie di palazzine bianche di quattro piani in torno a un giardino. È la centrale operativa dell’azienda. Sezioni, compartimenti. In alcune si accede liberamente, in altre con un «pas-si». Oggi l’azienda (che fu Stipel, Sip ... ) si chiama Telecom ed è privata, ma conserva importantis-simi doveri pubblici. Tra questi la gestione delle linee dedicate alla trasmissione dei dati nel la notte delle elezioni. Il capo della security della Telecom, Giuliano Tavaroli, ha firmato con il Viminale un accordo per cui è la sua security a vigilare sul cor-retto funzionamento di tutti i dati che affluiscono al ministero dell’Interno. Del vertice aziendale in servizio nella notte elettorale molti hanno cam-biato posizione, uno più tragicamente degli altri. Marco Tronchetti Provera, presiden te Telecom, si è dimesso il 15 settembre 2006, dichiarando

Bernardo Provenzano

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Bernardo Provenzano sta per essere arrestato. Da mesi la polizia, che sta condu cendo la sua migliore indagine contro ogni sorta di ostacoli, sa che la vergogna dell’Italia, il latitante da 43 anni, il capo di Cosa Nostra, l’uomo che ha ordinato migliaia di omicidi e che ha trattato con i vertici della politica italiana, l’uomo che aveva a Bagheria un «campo di sterminio», è tornato alla Corleone in cui era na-to, vecchio, stanco e malato. La polizia ha seguito e intercettato la moglie, i figli, il cognato e le loro pene. Ha riempito di cimici l’imprendibile Pro-venzano. Una microtelecamera nascosta dietro il monitor dell’apparecchio televisivo nella cucina di Saveria Palazzolo, la moglie, inquadra costan-temente il tavolo che c’è davanti. In genere non succede niente, qualche volta si vedono delle mani che confezionano un pacco del supermercato De-spar: ci mettono dentro viveri e biancheria. Forse anche a Binnu sarà arrivata qualche sensazione. Ai latitanti di lunga data capita. Nella sua casupola ha un televisore. Come tutti gli italiani se gue la notte elettorale. È un argomento che conosce bene, quello dei voti. Tutti, ancora adesso, gli chiedono, con i famosi pizzini, di indicare chi votare alle ele zioni: di un certo Comune, della Regione, della Provincia. E a lui le elezioni so no sempre interessate. Si ricorda anche di quando addirittura il gran capo della politica italiana, Giulio Andreotti, dovette venire in Sicilia a trattare. Ora è lì, latitante, vecchio e malato. Non ha grandi voti da spostare, governi di Roma da fare e disfare. E non sa di essere proprio lui a poter cambiare la sor te delle elezioni italiane. A Roma stavano discutendo di quando arrestarlo. La sua persona da sola, vista in televisione con le manette, può spostare molti voti. Il governo Berlusconi farebbe bella figura.

VIMINALE, ORE 3 DI NOTTE Il grande show della notte elettorale, la più emo-zionante elezione mai vissuta in Italia, è un flop comunicativo totale, il teatro è avvenuto altrove. Alle 3 di not te, i risultati finali, quelli che danno la vittoria all’Unione per appena 25mila voti alla Ca-mera, vengono esposti di fronte alle telecamere su due pezzi di cartone, come si fa nel mercato del pesce quando si svendono gli ultimi naselli che stanno andando a male.

ROMA, MARTEDÌ 11 APRILE. ORE 10, TE-LEVIDEO: «CATTURATO PROVENZANO» Lo prendono a urne chiuse. E non gli capita, come al suo compare Salvatore Ri ina, che almeno la sua casa sia svuotata in segreto di Stato. Macché, ci entrano tutte le televisioni, come elefanti. L’esube-rante conduttrice televisiva Anna La Rosa diventa in pratica la padrona di casa. Provenzano in casa ha molti testi sacri e una vecchia macchina da scri-vere sui cui scrive i suoi ordini. Sono piccoli ritagli di carta che poi vengono affidati a corrieri che li recapitano, con giri molto tortuosi, ai destinatari. Vengono chiamati «pizzini».

ROMA, MARTEDÌ 11 APRILE. TARDA MATTINATA, IL VOTO DEGLI ITALIANI

ALL’ESTERO. Con sorpresa di tutti, l’Unione di Prodi si è assi-curata il voto degli italiani all’estero. Questo rende meno fragile la sua maggioranza al Senato.

ROMA, 11 APRILE. IL VIMINALE COMUNI-CA DATI INCREDIBILI.Il computer del Viminale comunica i risultati «ufficiosi» delle elezioni. Il dato complessivo delle schede bianche e nulle è drasticamente diminuito, praticamente azzerato, come non era successo da vent’anni. Non solo, ma sono di più al Senato, dove votano tre milioni di elettori in meno, che alla Camera. E in più al ministero risultano 39.800 schede contestate per il Senato e 43.028 per la Camera. Si definiscono schede contestate quelle che la commissione elettorale al seggio non riesce ad attribuire e che sono rimandate alla decisione della Magistratura, che controlla la regolarità del voto e che darà il verdetto finale. In ge nere sono pochissime, ora la cifra è spropositata, ma soprat-tutto è in grado di cambiare il verdetto. La vittoria alla Camera è infatti avvenuta per soli 25mila voti. Silvio Berlusconi non accetta la vittoria di Prodi e chiede un riconteggio. Il suo tono è molto aggressivo. Nello stesso tempo offre a Prodi la formazione di un governo di «unità nazionale». Nei tre giorni che seguono, la democrazia italiana è sospesa. Berlusconi si fa forte dei voti contestati annunciati dal Viminale e afferma che il voto non è vali do e che bisogna ricontare tutte le schede. Ha pronto un decreto. Il presidente della Repubblica Carlo Azeglio Ciampi si oppone. A scoprire che quel numero così elevato di schede contestate non ha senso è per primo il professor Pasquale Scaramozzino dell’Università di Pavia: esaminan-do i tabulati riservati del ministero dell’Interno si accorge subito che quasi la me tà delle 40mila schede contestate proviene dalla città di Catania. Nel frattempo, magistrati e giornalisti che seguo-no i controlli della Magistratura sul voto fanno sapere che il numero delle schede contestate a loro risulta minimo. ROMA, 14 APRILE. IL VIMINALE SI COR-REGGE. Dopo tre giorni di convulsione politica, con un brevissimo comunicato ufficiale, il Viminale af-ferma che, dopo controlli ordinati dal ministro, «il numero del le schede contestate si riduce da 43.028 a 2131 per la Camera; e da 39.822 a 3135 per il Senato». Punto. Anche se tutte le schede contestate venissero assegnate a Berlu-sconi, non cambierebbero il verdetto finale. Ro-mano Prodi può formare il suo governo che, per la legge elettorale, ha una si cura maggioranza alla Camera, ma è molto, molto traballante al Senato, dove si regge sul voto dei senatori a vita, del sena-tore indipendente Luigi Pallaro eletto in Argenti na («el senador»), e di due, tre senatori trotzkisti eletti nelle liste di Rifondazione co munista. Sia «el senador» sia i trotzkisti si riveleranno molto egoisti e molto esosi. Comincia un’agonia che dura 14 mesi.

che per un imprendi tore in Italia ci sono troppe interferenze politiche. Giuliano Tavaroli, capo della security, viene arrestato il 20 settembre 2006 in-sieme a Marco Mancini, numero due del Sismi. Fa-bio Ghioni, responsabile della security informatica, sarà arrestato il 18 gennaio 2007. Adamo Bove, responsabile della security Tim (telefonia mobile), viene trovato morto a Napoli il 21 luglio 2006, in circostanze che restano non spiegate.

VIA DEL PLEBISCITO, PALAZZO GRAZIOLI. L’imponente edificio del 1650 è l’equivalente romano della villa di Arcore, che è stata il simbolo del modo di intendere la vita di Silvio Berlusconi. Qui ha sede, e non a Palazzo Chigi, il potere del governo, e ostentatamente è proprietà privata. (Lo chiedono spesso agli esami di cinematografia: quale è l’immagine iniziale del film Quarto potere? Risposta giusta: il cartello posto all’ingresso del castello di Citizen Kane a Xanadu: «No trespas-sing»).Qui Pisanu torna verso mezzanotte. E que-sta volta avrebbe preferito non tornare. Il clima è completamente cambiato. Berlusconi sente di aver perso le elezioni. Accusa violentemente il suo ministro dell’Interno per averlo permesso. Lo insulta. Lo taccia di tradimento. Il palazzo risuona dell’alterco e le condizioni di riservatezza che ad Arcore sono sempre state garantite, nella Roma antica e moderna non sono mai valse. Ci sono segretari, addetti stampa, scorte personali che sentono. Il capo è furioso, vuole buttare all’aria il tavolo. Vuole invalidare il voto.

RESIDENZA PRIVATA DI FRANCESCO COS-SIGA, ORE 1.15 DI MARTEDI.Il presidente emerito della Repubblica detta alle agenzie un brevissimo comunicato: «Bisogne-rebbe che Berlusconi facesse un passo indietro, vedrei bene Pisanu premier».

VIA DI TORRE ARGENTINA, NOTTE. C’è grande festa tra i radicali e i socialisti della Rosa nel pugno. Dopo molti anni tornano al Senato con quattro senatori. Saranno Marco Pannella, Ugo Inti ni, Rita Bernardini, Maria Rosaria Manieri. Nella notte ricevono telefonate di felicitaazioni. Però hanno capito che qualcosa è contro di loro. Un’interpreta zione della legge che li penalizza (sulla soglia del 3 % prevista dalla nuova legge ele-ttorale) è stata sposata dal ministero dell’Interno. E siccome il ministero dell’Interno spedisce a tutti gli uffici elettorali circoscrizionali il modulo su cui dovranno fare i loro calcoli, e su quel modulo c’è scritto così, i quattro senatori della Rosa nel pugno vengono esclusi e al loro posto vengono eletti Giannicola Sinisi (Margherita, in Puglia); Giorgio Mele (Ds, in Lazio); Franco Turigliatto (Rifonda-zione, in Piemonte); Olimpia Vano (Rifondazione, in Campania). In più viene eletto Luigi Zanda (Margherita, in Lazio) al posto di Dante Merlonghi dell’Italia dei valori.

NELLE CAMPAGNE DI CORLEONE, NOTTE DI LUNEDI.

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ITALIA, 2 MAGGIO 2006. LA «CALCIOPO-LI» DI LUCIANO MOGGI È il 2 maggio 2006. Non è ancora finito il cam-pionato, ma c’è attesa soprattutto per i Mondiali che, ogni quattro anni, riuniscono tutto il paese. Ma verso sera le tv dan no la notizia: la Federcalcio sta indagando su un dossier arbitri. Sembra che, alme no per due stagioni, Luciano Moggi, dirigente della Juventus, abbia lavorato con i designatori Pierluigi Pairetto e Paolo Bergamo, per assegnare gli arbitraggi della settimana. La Juventus è la squa-dra con il maggior numero di tifosi in Italia, circa uno su quattro. Gli altri tre pensano da sempre che vinca perché ruba i risultati. Moggi è uno dei personaggi più popolari del mondo del calcio. Detto «er pa letta» perché da giovane faceva il ferroviere, o «Lucky Luciano», perché sospetta to di gangsterismo sportivo, ha girato per parecchie squadre prima di approdare alla Juventus. Si dice che Gianni Agnelli lo chiamasse «il nostro stallie-re», con evidente riferimento a quello di Berlu-sconi. Ma sotto accusa non c’è solo la Juventus, imputata con Moggi e Antonio Gi raudo. C’è il patron della Fiorentina Diego Della Valle, quello della Lazio Clau dio Lotito, che in tv parla sempre di onestà, quello della Reggina Lillo Foti. Ci sono poi Leonardo Meani, addetto agli arbitri del Milan, più arbitri come Paolo Dondarini, Paolo Bertini, Domenico Messina, Gianluca Rocchi, Paolo Ta-gliavento, Pasquale Rodomonti. Sono coinvolti tutti, anche i giornalisti Aldo Biscardi, che al suo Processo rimprovera sempre le ingiustizie arbitrali, Tony Damascelli, Franco Melli, Lamberto Sposini, Guido D’Ubaldo, Ignazio Scardina, Ciro Venerato. C’è di mezzo anche la Gea World – società che gestisce calciatori - accusata di essere un’ asso-ciazione a delinquere: viene accusato tra gli altri anche Davide Lippi, il figlio di Marcello, che tra un mese guiderà la Nazionale ai Mondiali. Nei giorni di maggio le voci si inseguono. I giornali parlano di «Calciopoli», «Sistema Moggi», «Moggiopoli». È una rete di illeciti che abbraccia non solo tutto il calcio ma tutto il paese. Si scopre una telefonata del ministro dell’Interno Beppe Pisanu a Moggi: chiede che la Torres, che gioca in serie C1, vinca finalmente anche fuori casa. Qualche giorno dopo il presidente della Torres Rinaldo Carta chiama

Moggi e lo ringrazia: «Erano due anni che non vin-cevamo in trasferta». Emerge che Moggi, seguace di Padre Pio («Per evitare i rigori contro la Juven-tus, pregavo per lui»), ha perfino rinchiuso nello spogliatoio l’arbitro Gianluca Paparesta, dopo Reggina-Juventus, dove aveva concesso un rigore ai calabresi. L’anno prossimo la Juventus giocherà in B per la prima volta nella sua storia, le altre avranno molti punti di penalizzazione. Insomma, è crollato il mondo. Non c’è più religione, nemme-no quella che nel nostro paese aveva più seguaci del cattolicesimo. Ci sono i Mondiali? «Anche lì è uno schifo» dice la gente. Lippi viene accusato di ascoltare, per le convocazioni, i «consigli» di Moggi: cioè convocare i gio catori sotto il dominio Gea. Il più forte portiere del mondo, Gianluigi Buffon, viene accusato di fare scommesse sulle partite. Bene, quest’estate andremo al mare. Che si dimetta l’allenatore, che lascino scendere in campo la primavera, che vadano al diavolo, nel calcio chi ci crede più. Il 21 maggio Lippi apre il ritiro di Coverciano annunciando: «lo non mi dimetto». Il presidente del comitato organizzatore dei Mondiali, Franz Beckenbauer dice alla stampa che «l’Italia pagherà caro il peso psicologico di queste vicende».

ITALIA, 17 MAGGIO 2006. SI FORMA IL GOVERNO PRODI. Mentre tutta l’attenzione popolare è rivolta allo scandalo del calcio, si forma il nuovo governo Prodi. I vicepresidenti del Consiglio sono Massimo D’Alema e Francesco Rutelli. Il ministro dei Di-ritti e delle pari opportunità è Barbara Polla strini, quello delle Politiche europee è Emma Bonino. Agli Affari esteri c’è Mas simo D’Alema, all’Interno Giuliano Amato, Clemente Mastella è il ministro della Giustizia, Tommaso Padoa Schioppa è quello dell’Economia e finanze. Ci sono poi Pierluigi Bersani (Sviluppo economico), Fabio Mussi (Uni-

versità e ricerca), Beppe Fioroni (Istruzione), Anto-nio Di Pietro (Infrastrutture), Livia Turco (Sanità) e Francesco Rutelli (Beni e attività culturali). Negli stessi giorni sono elette anche le altre tre cariche istituzio-nali. Il presidente della Camera è Fausto Bertinotti, quello del Senato è Franco Marini. Il presi dente della Repubblica (eletto al quarto scrutinio, con 543 voti su 990) è Giorgio Napolitano, 81 anni, primo ex comunista a diventare capo dello Stato italiano.

BERLINO, 9 LUGLIO 2006. L’ITALIA È DI NUOVO CAMPIONE DEL MONDO. Come nel 1982, la Nazionale italiana partecipa ai Mondiali fresca di scandali. Ma si fa strada fino alla finale del 9 luglio. Luca Toni, Andrea Pirlo, il capitano Fabio Cannavaro, Rino Gattuso, Marco Materazzi e il portiere Buffon sono i suoi uo mini più rappresentati-vi. Il 9 luglio si gioca la finale Italia-Francia all’Olympia-stadion di Berlino. Segna per prima la Francia, con un rigore al 7’ messo a segno con un cucchiaio da Zinédine Zidane, l’algerino marsigliese considerato il mi glior giocatore del mondo. Pareggia il terzino italiano Marco Materazzi al 19’ del primo tempo. Poi la partita resta ferma per tutto il secondo tempo, con grandi parate di Buffon davanti agli attacchi di Zidane e Thierry Henri, il martinicano che non sorride mai. Al 3’ del secondo tempo supplementare le televisioni inqua drano un fatto inaudito: Zinédine Zidane colpi-sce, a gioco fermo, con una testa ta al petto, Marco Materazzi e viene espulso. I tempi supplementari finiscono in parità, i Mondiali si decidono ai rigori. Per la Francia, l’errore fatale è di David Trézéguet, il gol della vittoria dell’Italia è del terzino Fabio Grosso. 24 anni do po la vittoria di Madrid, l’Italia è di nuovo campione del mondo.

ITALIA, lO LUGLIO 2006. IL CORTEO DELLA VITTORIA. Il sindaco di Roma Walter Veltroni organizza, in fretta e furia, uno spettacolo po polare circense per festeg-giare i giocatori che tornano vittoriosi da Berlino. Pri-

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Luciano Moggi

Italia campione del mondo

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ma gli eroi di Berlino sono stati ricevuti da Prodi a Palazzo Chigi in un cerimonia molto fredda. Prima ancora, negli spogliatoi dopo la vittoria, il ministro Giovanna Melandri viene salutata dai calciatori al coro di: «Faccela vede’, faccela tocca’». Il giornali-sta e scrittore Gabriele Romagnoli, che ha seguito per la Repubblica i mondiali tedeschi, guarda sul video la manifestazione di Roma e rifletterà così: “C’è stato un momento divinatorio, in cui il futuro imminente dell’Italia è apparso chiaro a chiunque avesse occhi per vederlo. Era il luglio del 2006, la Nazionale aveva appena vinto i Mondiali di calcio e i trionfatori sfilavano ai Fori imperiali, vestiti di scuro, sul tetto di un autobus. Li accompagnavano una folla immensa e uno striscione con la scritta: «Fieri di essere italiani». A un certo punto appa-rivano, dalle parti dell’eroico portiere Buffon, sim-boli inequivocabilmente nazi sti. «Forse non se ne è accorto», commentò sospesa tra ipocrisia e su-perficialità la giovane Giorgia Meloni, attualmente ministro in quota Alleanza nazionale. Quello di cui era necessario accorgersi era che tutta la sce-nografia della celebrazione, l’evento stesso che il destino aveva partorito, recava i crismi della storia in fieri, conteneva gli elementi del Dna, del para-dossale Dna della destra italiana che si avviava, di lì a due anni, a una vittoria paragonabile a quella ottenuta dai calciatori nel lugubre, hitleriano, stadio di Berlino”.

ITALIA, 27 OTTOBRE 2006. GIUSTIZIA SPORTIVA, TUTTO SOMMATO RAPIDA. Il 27 ottobre, questa la sentenza della giustizia sportiva su «Calciopoli», dopo l’arbitrato del Coni. Di tutto il cosiddetto giustizialismo italiano, resta l’unica definitiva. Giulio Andreotti se l’è cavata molto meglio. Juventus: confermata la retrocessio-ne in serie B con 9 punti di penalizzazione.Claudio Lotito (28 novembre 2006): 4 mesi (con-tro i 2 anni e 6 mesi nella sentenza della Corte federale); Adriano Galliani (21 dicembre 2006): 5 mesi (contro i 9 nella sentenza del la Corte federale); Luciano Moggi (13 marzo 2007): con-fermati i 5 anni con proposta di radiazione; Diego Della Valle (27 marzo 2007): 8 mesi (contro i 3

anni e 9 mesi nella sen tenza della Corte federale); Andrea Della Valle (27 marzo 2007): 1 anno e 1 mese (contro i 3 anni nella sentenza della Corte federale). ITALIA, 2006. GOMORRA, IL LIBRO DI UN RAGAZZO. Roberto Saviano è un giornalista napoletano di appena 27 anni con la passione e il talento per le inchieste e una forte personalità letteraria. Pub-blica per Monda dori il libro Gomorra, con una copertina in cui si stagliano su fondo nero sei mi nacciosi col-telli rosa. Il sottotitolo dice: Viaggio nell’impero economico e nel sogno di dominio della camorra. Saviano gira in motorino, segue processi dimenticati da tutti, frequenta i grandi quartieri dello spaccio di droga, scarica con-tainer nel por to di Napoli, vive con gli immigrati cinesi, ricostruisce la filiera clandestina della moda italiana, conta i morti sull’asfalto. Il libro che presenta è uno shock: a par tire dal piccolo paese di Casal di Principe, in provincia di Caserta, segue i desti ni e gli affari della banda camorristica locale per scoprirne l’insospettata potenza econo-mica e la normalità della ferocia. È il ritratto di un pezzo d’Italia che nes suno aveva mai fatto prima. Saviano viene immediatamente minacciato di morte e costretto a vivere sotto pressante scorta della polizia. Per lui e per la sua liber tà si mobilitano scrittori e premi Nobel. Il libro venderà più di un milione di co pie, verrà tradotto in tutto il mondo e sarà la base per il crudissimo, tragico film omoni-mo. Ma la sua denuncia muove poco per quanto riguarda il mondo politico, la cui moralità dovreb-be essere l’antidoto al crimine.

ITALIA, 2006. RICORDANDO LUCA CO-SCIONI E PIERGIORGIO WELBY Luca Coscioni, nato a Orvieto nel 1967, è un docente e ricercatore universitario di economia ambientale all’Università di Viterbo. È stato colpito

da sclerosi laterale amiotrofica, una malattia che gli provoca la progressiva degenerazione dei muscoli e la paralisi del corpo. Riesce a parlare solo attraverso un sintetizzatore vocale. Aderisce al Partito radicale, si batte per la li-bertà di sperimentazione scientifi-ca e denuncia gli ostacoli posti dal-la Chiesa. Fonda un’associazione che porta il suo nome. Dopo aver rifiutato una tracheotomia per non dover vivere at taccato a una macchina, Luca Coscioni muore il 20 febbraio a soli 38 anni. Piergiorgio Welby, nato aRoma nel 1945, è affetto dall’età di 16 anni dalla distrofia muscolare, che

progressivamente lo paralizza fino a costringerlo immobile in un letto, attaccato a un respiratore automatico. Attraverso la moglie Mina, prima, e poi il Partito radicale, fa conoscere le sue volontà: poter morire senza accanimento terapeutico. Il 16 dicembre 2006 il Tribunale di Roma respinge la richiesta dei suoi legali, in 50 città italiane ven-gono organizzate veglie perché sia rispettata la sua volontà. Il 20 dicembre Welby si congeda da amici e parenti, chiede di ascoltare una canzone di Bob Dylan, di essere sedato e di essere staccato dal respiratore. Il dottor Mario Riccio, anestesista, lo aiuta a morire. Sono presenti la moglie Mina, la sorella Carla e i suoi compagni dell’associazione Luca Coscioni, di cui è copresidente: Marco Pan-nella, Rita Bernardini, Marco Cappato. Il Vicariato di Roma, per decisione del cardinale Camillo Ruini non concede i funerali religiosi chiesti dalla moglie cattolica.

SCRITTORI ITALIANI DEL 2006. GOLIARDA SAPIENZA, L’UNIVERSITÀ DI REBIBBIA.Goliarda Sapienza è nata nel 1926 a Catania. Inizia la sua carriera come attrice; a vent’anni recita in Un giorno nella vita di Blasetti e negli anni successivi compare anche in Senso di Visconti (1954). Poi inizia come scrittrice. Nel 1967 pubblica il suo primo romanzo Lettera aperta, due anni dopo esce Il filo di mezzogiorno. Nel 1980, quando sta preparando L’arte della gioia (che non riuscirà mai a pubblicare in vita e che uscirà postumo solo nel 2000) viene arrestata per aver rubato gioielli in casa di una conoscente. «L’ho fatto per rabbia» raccon tò all’epoca «per provocazione. Lei era molto ricca, io diventavo sempre più povera. Più diventavo povera più le davo fastidio. Magari mi invitava nei risto ranti più cari, ma mi rifiutava le centomila lire che mi servivano per il mio li bro. Le ho rubato i gioielli anche per metterla alla prova, ma ero sicura che mi avrebbe denunciato.» Rac-conterà l’esperienza del carcere in L’università di

Roberto Saviano

Piergiorgio Welby

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Rebibbia (1983). Quest’anno la casa editrice Riz-zoli ristampa il libro, dopo che Goliarda Sapien za è morta da dieci anni, all’ età di settant’anni.“A sirene spiegate (o io sono diventata una crimi-nale molto importante, o loro - sono quasi le dieci - hanno solo fretta di tornare alle rispettive case), percorriamo la città che mi appare più sontuosa e immensa. La vicinanza di quei carabinieri dai corpi scattanti già protesi alle loro vite private allenta la morsa dei nervi che, ora comprendo, era solo pau-ra della loro forza fisica. Un’altra volta ho provato quel terrore d’essere fra uomini ostili. Quel poco di sicurezza che la donna crede d’avere, tutta la superiorità che a volte t’attribuisce un amante, l’amico, il figlio, spariscono davanti all’inferiorità muscolare - semplicemente muscolare - avver tita in mezzo a due o tre uomini che non hanno più bisogno di fingere rispetto, ammirazione, pietà perché sei femmina e più debole. Un’altra volta mi sono tro vata in una situazione come questa, ed è stato sotto i tedeschi. Quei camminamenti sot-terranei parlano di morte e conducono a tombe. Infatti, per la legge dell’uomo un tuo modo di es-sere è stato cassato, la fedina penale macchiata, le mani insozzate dall’inchiostro per le impronte digitali: quella che eri prima è morta civilmente per sempre. Camminando a passo svelto (è notte ormai, anche le secondine hanno fretta), prima cosa che l’istinto ti suggerisce, proprio come a scuola, è: non irritare mai i superiori. L’autodegra-dazione che genera quella lunga discesa e, dopo, il passaggio d’un grande cancello e dopo ancora - sempre più in basso - la vista d’una diecina di portoncini metallici sbarrati tutt’intorno a un piazzale buio, è così potente da apparirmi come una sorta di piacere al quale abbandonarsi e farla finita con le angustie minute della vita, le varie etiche, l’orgoglio, la rispettabilità. Davanti a uno di quei portoncini di ferro, tarchiato e solido, le due donne si fermano. Una tira fuori le chiavi dalla grande tasca sformata e si accinge ad apri re la porta. [... ] Brividi di freddo salgono alle caviglie. Fuori era tiepido. Il caldo vento dell’au-tunno romano danzava scherzoso per le strade, le piazze, i colonnati. Timido vento ancora rispettoso dell’agonia delle grandi foglie dei platani. Per set-timane e settimane durerà. Poi bruscamente lo spiro lieve d’ottobre si farà ta gliente e una marea di foglie ossidate invaderà il grande viale di casa mia. Ma non è tempo di ricordi. «Tu com’hai detto che te chiami? Nome e cogno-me, dico ... » «Goliarda Sapienza.» «Ammazzete! Ma qual è il cognome ... Goliarda?» “ «No, Sapien-za.» «E perché dici il nome prima del cognome? Non è che sei ‘na politica?» «N o, te l’ho detto ... Ho rubato.» «Non t’ho chiesto c’hai fatto. Io volevo sapere s’eri una politica e basta.» «E per-ché?» «Perché ... perché ... perché rompono! Tu gli chiedi un po’ de vino e loro non solo non te lo danno, ma te vogliono convince’ delle loro idee ... So’ fanatiche ... È ve ro che il vino se ce metti tanto zucchero imbriaca prima?» «E certo» rispondo pronta (comincio a capire il suo ritmo associativo).

«Tu lo bevi il vino?» «No.» «Lo vedi che sei ‘na politica! A Marrò devi di’ la verità.»

MUSICA ITALIANA DEL 2006. GIANMARIA TESTA, «TELA DI RAGNO».Gianmaria Testa è nato a Cavallermaggiore, in provincia di Cuneo, e ha 48 anni. Inizia come ca-postazione allo scalo ferroviario di Cuneo, poi un giorno del 1993 manda una cassettina al Premio Recanati e la giuria del premio lo promuo ve. L’an-no successivo ci riprova e vince ancora. A vederlo c’è Nicole Courtois, produttrice musicale, che lo porta a suonare in Francia. Oltralpe pubblica due al bum (in italiano) e arriva anche a suonare all’Olympia di Parigi. La stampa fran cese lo parago-na a Cale, Cohen, Dylan e Conte messi insieme. Poi pubblica altri tre album e viene notato anche in Italia. Quest’anno esce Da questa parte del mare, che l’anno prossimo vincerà la targa Tenco per il mi glior album. Così Mario Luzzatto Fegiz lo descrive sul Corriere della Sera: «Sesto disco per Gianmaria Testa, cantautore di Cuneo apprezza-to in mezzo mondo. Da que sta parte del mare è un concept album, interamente dedicato al tema delle migra zioni moderne. Concetti come i mo-vimenti di popoli che attraversano latitudini vengono rappresen-tati da sonorità acusti-che. Motivazioni della partenza, soffe renze, sradicamento e smar-rimento. Questo filo rosso rende l’ascolto simile al la lettura di un romanzo». Una del le canzoni più belle dell’album è «Tela di ragno»:

Goliarda Sapienza

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Gianmaria Testa

Sono una tela di ragno sospesa / sono l’acqua che stagna marcita / sono la crosta di sangue che piaga / una vecchia ferita. / Sono una mosca che sporca il bicchie re / sono la brace che brucia il cuscino / sono una sveglia che suona sbagliata / di primo mattino / e sono un cane che abbaia di notte. / Sono vernice che mac chia il vestito / sono un treno arrivato in ritardo / che tutto è finito / e sono ro gna, patema, imbarazzo. / Sono un grumo di sale nei denti / sono la chiave lasciata e l’ufficio / che ha chiuso i battenti. / Sono corrente che manca d’inverno / sono ruota finita in un fosso / sono quello che tende la mano / al semaforo rosso. / Sono tempesta sul grano maturo / sono singhiozzo che viene / e non passa / sono l’anello prezioso perduto / nell’acqua più bassa / sono un martello sul dito e sul muro / sono una lettera che non arriva / sono l’inutile cosa buttata / che adesso serviva. / Sono la coda nel posto sbagliato / gatto nero sull’itinerario / coincidenza perduta / partita da un altro binario. / Sono la mano sudata che stringe / sono zucchero al posto del sale / sono l’amante tenuta segreta / che chiama a Natale I E sono sabbia che punge nel letto / scarafaggio che ti sale addosso / sono quello che tende la mano / al semaforo rosso. Sono polvere nell’ingranaggio / sono rovescio che non ha medaglia / sono l’ago trovato col piede / in un mucchio di paglia/ Sono biglietto vincente perduto / rubinetto che cola una goccia / sono saliva sputata che arriva e / che offende la faccia. / Sono una porta che sbatte sul naso / sono rifiuto da chi non t’aspetti / sono vergogna privata / finita alla gogna di tutti. / Sono la mano sinistra del caso / sono silenzio che gela un saluto / sono soccorso che arriva correndo / ma a tempo scaduto. / Sono la beffa che intossica il danno / sono la cosa che voglio e non posso / sono quello che tende la mano / al semaforo rosso.

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FD - Em 2005, a srª iniciou seu primeiro mandato como prefeita em São João da Barra. Naquela ocasião, qual era o perfil do município e qual era sua plata-forma de gestão? CM - Praticamente iniciamos um trabalho do zero. Encontramos um município sem perspec-tiva e sem estrutura para alçar voos maiores. A partir daí iniciamos um trabalho de gestão plane-jada, reestruturando setores como agricultura, pesca, turismo – pilares de nossa economia – e investir em saúde e educação e, principalmente, em qualificação. Fizemos o nosso Plano Dire-tor, organizamos nossos códigos municipais, zoneamentos, além de infraestrutura e logística.

Com seus aproximadamente 30 mil habitantes, muitas bicicletas e uma enorme área rural, o município de São João da Barra, no norte fluminense, em 2007, foi escolhido como local para construção do Super Porto do Açu (LLX, empresa do Grupo EBX). Como o projeto encerra o conceito de terminais portuários com áreas industriais contíguas, em uma área de cer-ca de 70km² próxima ao porto, a Companhia de Desenvolvimen-to Industrial do Estado do Rio de Janeiro – Codin - vai instalar um distrito industrial que rece-berá usinas siderúrgicas, pólo metal-mecânico, unidades de armazenamento e tratamento de petróleo, estaleiro, plantas de pelotização, cimenteiras, entre outras. Muita movimen-tação vem ocorrendo no muni-cípio: mineroduto, construção de estradas, do porto, desapro-priações, estudos para implan-tação de um corredor logístico (rodovias, ferrovias, linhas de transmissão), corrida para qua-lificação profissional. Governo municipal de São João da Barra, governo do estado do Rio de Janeiro, empreendedores, po-pulação. Nesta edição, a revista Forum Democratico entrevistou a prefeita Carla Machado para conhecer como o município vem lidando com todas essas ques-tões e como vem se preparando para tamanha transformação.

Mesmo antes do advento do Porto do Açu já tínhamos preocupação em criar mecanismos que gerassem oportunidades para a população de São João da Barra. Outro norte em nossa gestão foi tecnologia onde nossas primeiras ações foram inaugurar dois elos digitais disponibilizando internet gratuita para o sanjoanense. Vivíamos, até então, num verdadeiro breu tecnológico. Começamos a fomentar a cultura local com restauração dos prédios históricos, incentivo ao artesão e aos artistas em geral. Sempre fomos um celeiro de talentos, mas que não tinham incentivos. Direcionamos ações para o coope-rativismo, inclusive, fomos a uma missão técnica à Itália no programa Lidera Rio, do Sebrae, para

conhecer de perto projetos que deram certo. O sucesso de nossas cooperativas nos rendeu o prêmio do Sebrae de Prefeito Empreen-dedor. Nossa plataforma sempre previa projetos de sustentabilida-de e preocupação com o meio ambiente. De forma global, cada ação técnica de nossos profissio-nais foi moldando o município para o futuro. Com a chegada do Porto para o nosso municí-pio e um Distrito Industrial que deve gerar dezenas de bilhões de dólares em investimentos,

S ã o J o ã o d a B a r r anovo pólo de desenvolvimento econômico no Rio de Janeiro

Entrevista com Carla Machado, prefeita do Município de São João da Barra

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A Estação das Artes, antiga estação ferroviária

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e n t r e v i s t a b r a s i l

estamos tendo que acelerar as ações para que possamos ter um desenvolvimento sustentável, com a população local inserida no contexto, meio ambiente em equilíbrio e uma economia forte. Faz-se necessário um novo planejamento para aportar um dos maiores projetos mundiais. E assim o estamos fazendo.

FD - Ainda por aquela ocasião, qual a importância dos royalties do petróleo para o município?CM - Não necessariamente naquela ocasião, mas ainda hoje, os royalties de petróleo são funda-mentais para darmos andamento ao projeto de um município estruturado. Nosso orçamento, assim como dos outros municípios da região, ainda é muito dependente desta compensação. E São João da Barra precisa se preparar para este boom de desenvolvimento que já é uma realidade, seja no campo da logística, transpor-te, serviços públicos, saneamento, inovação tecnológica, entre diversos outros setores, e são os royalties que estão nos dando a segurança de poder investir em infraestrutura, qualificação pro-fissional, construção de novas escolas e creches, postos de saúde, setores turísticos, saneamento básico, estradas, cooperativismo. Esta discussão sobre redistribuição dos royalties é absurda e injusta já que somos indenizados por sofremos diretamente todos os impactos da exploração de petróleo. FD - Em 2007, São João da Barra foi escolhido para receber um porto, um complexo industrial, parte de um mineroduto e obras de um corredor logístico. Como o município vem se estruturando para absorver, adequar todas as transformações oriundas dessa nova realidade?CM - O interessante neste processo é que sem-pre tivemos uma visão à frente para o município. Obviamente que, agora, o processo se acelerou de forma que a cada dia uma nova informação nos chega e precisamos buscar caminhos para que, principalmente, a população se beneficie deste momento. Estamos construindo a nossa primeira Escola Técnica, nos padrões IFF (Ins-tituto Federal Fluminense), mas já implantamos um Núcleo Avançado do IFF com cursos de Metalurgia – único da região – e Eletromecânica. Somos pioneiros no curso de mandarim de for-ma gratuita para estudantes e comunidade, além de outras parcerias com o IFF que já formaram profissionais em Informática Industrial, Segurança do Trabalho e Logística Portuária. Nossos estu-dantes de ensino superior recebem o “Cartão Universitário” que lhe dão bolsas de 60% a 80% de acordo com o rendimento escolar e integral

para universitários de Medicina e Odontologia. Hoje, o filho do mais humilde pode cursar uma faculdade. Diversos municípios nos visitam para conhecer este modelo de bolsa onde no final do curso, o cidadão, já formado, presta serviços à comunidade como forma de compensação pela bolsa. Além disso, disponibilizamos trans-porte gratuito para os universitários em todo o município. Falando em inovação, assinamos um convênio com a Unicamp – uma das maiores universidades do mundo – para fomento à inovação tecnológica e estamos desenvolven-do o projeto “Cidade Digital Radical” que terá interligação dos serviços públicos, cartão cidadão digital, infovias, fibra ótica, segurança pública, fortalecimento do projeto de internet gratuita (hoje já disponibilizamos internet gratuita para todo o município). Vamos chegar a um momen-to do projeto em que o aluno chegará à escola e haverá leitura biométrica, os pais receberão um torpedo informando sobre tal fato, entre outras muitas propostas futuristas. É algo inovador e jamais visto no país.Outro ponto necessário diz respeito ao plane-jamento urbano. Segundo estudos, em pouco tempo vamos sair dos atuais 33 mil habitantes e passaremos a ser 150 mil. O conhecido arquiteto Jayme Lerner será o responsável por esta questão em nosso município no que diz res-peito à mobilidade urbana, planejamento viário, paisagismo. Vale ressaltar que fomos o primeiro município do país a adquirir cadeiras anfíbias e a construir passarelas que levam os portadores de necessidades especiais à beira-mar. A mobilidade e acessibilidade são encaradas de forma estru-

turantes. De modo geral, tudo passa a ser em escala maior. Os novos postos de saúde que es-tamos construindo são quase minihospitais, estra-das estão sendo estruturadas, pessoas que ainda estão em situação de vulnerabilidade social rece-bem Cartão Cidadão, de acordo com determi-nados critérios pré-estabelecidos, remodelamos o Plano Diretor para a nova realidade, criamos o Fundo de Desenvolvimento para fomentar os micros e pequenos empresários locais, setores esportivos estão direcionando nossas crianças e jovens, agricultores e pescadores sempre tiveram projetos direcionados para eles. Realmente, é um desafio que temos que compartilhar com todos os atores envolvidos neste contexto.

E como o município vem dialogando com o poder estadual, com os empreen-dedores, com a população local?CM - Sempre deixamos claro que o nosso maior patrimônio é o povo de São João da Barra e a sua qualidade de vida. Se isso não for possível, não existe desenvolvimento pleno. Somos parceiros do governo do estado e dos empre-endedores, mas cobramos muito de todos. As pautas das reuniões sempre são os projetos estruturantes, a empregabilidade da popula-ção local, as compensações pelos impactos, a preocupação com o meio ambiente. Isso tudo deve ser revertido em ações concretas em favor do povo. Nisso, o governador Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista tem se sensibiliza-do e nos ajudado na construção de um novo município. Tivemos o impacto social com as desapropriações via decreto estadual. Acho que

S ã o J o ã o d a B a r r anovo pólo de desenvolvimento econômico no Rio de Janeiro

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Marisa Oliveira

O prédio da antiga cadeia de São João da Barra

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c o m u n i t à

faltou um diálogo inicial mais profundo, mas hoje as coisas estão se acertando. A Vila da Terra já é uma realidade e produtores rurais ganharam uma casa mobiliada e uma área fértil com assistência técnica para plantio. Além disso, os agricultores já recebem o auxílio-produção e outros se inte-ressaram em vender sua terra. Sempre apoiamos os produtores rurais, pessoas trabalhadoras, por entender a questão emotiva que os ligava à terra e ao mesmo tempo tínhamos uma população ávida por desenvolvimento e oportunidades de empregos. Felizmente caminhamos para um equilíbrio e mostramos que é possível todos caminharmos juntos em direção a um futuro promissor. O filho do agricultor de hoje pode ser um grande engenheiro amanhã, sem deixarmos, é claro, de fomentar a agricultura como sempre fizemos.

FD - Quais os principais pontos positivos do projeto? O que o projeto vai trazer de melhor?

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CM - Primeiramente as oportunidades. Antiga-mente, o sanjoanense tinha que buscar emprego nos grandes centros e ficar à mercê da violência. Éramos consideramos final de linha e, hoje, somos a porta de entrada do desenvolvimento regional, do estado do Rio e do país. Estima-se a geração de aproximadamente 50 mil empregos, número maior que nossa população atual. Por isso, trabalhamos forte na qualificação profissio-nal, no investimento em educação. É preciso citar, também, que as compensações estão sendo revertidas em benefícios para o povo. Fizemos drenagem no município e esta-remos construindo um Terminal Pesqueiro para fomentar a atividade pesqueira do município, além dos laboratórios de informática e consultó-rio odontológico na Colônia de Pescadores, em Atafona. Outro ponto importante são as divisas oriundas de impostos que vão tornar o município uma po-tência econômica e se poderá investir cada vez mais em projetos para o funcionalismo público,

crianças, jovens, adultos e idosos. Cabe ressaltar, ainda, que teremos a maior Unidade de Conser-vação de Restinga do País, na fazenda Caroara, como forma de proteção do meio ambiente.

FD - Quais as principais preocupações do município como um todo em relação ao projeto?CM - Nossa maior preocupação é com algum tipo de crescimento desordenado o que acarreta violência e favelização. Sempre tivemos um município tranquilo, com poucas questões de violência. Por isso, estamos trabalhando muito para mitigar ao máximo estes impactos. Revisão do Plano Diretor e as questões de zoneamento, planejamento urbano, investimento maciço em qualificação profissional – quando mais profissio-nais de São João da Barra trabalhando, menos pessoas de fora – e estamos buscando uma Companhia Independente da Polícia Militar para o município. Outra preocupação é com o meio ambiente e para isso estamos observando de perto cada proposta de empreendimento e o que isso acarreta de desequilíbrio ambiental. Se retirar uma árvore daqui, tem que plantar outras ali. Preservamos o perfil sustentável socioeconô-mico e ambiental.

FD - Para o município, qual a represen-tação que terá a soma de todo o com-plexo portuário e industrial?CM - É a redenção de um município que, em meados do século XIX, foi um dos maiores portos fluviais do Rio de Janeiro e do País e, hoje, tem novamente a oportunidade de se tornar uma grande potência econômica. O que mais nos engrandece é ver a autoestima elevada do povo de São João da Barra. O sanjoanense, que sempre se orgulhou de sua terra a ponto de fortalecer a ideia de “o paraíso é aqui”, agora

Entrada do balneário Atafona, em São João da Barra

Vista aérea das obras no portoA prefeita Carla Machado visitando as obras no porto do Açu

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vê no horizonte uma gama de oportunidades. O conceito de porto-indústria já atrai olhares mundiais para a gente. Como falamos, o proces-so é acelerado e cabe a todos nós nos profissio-nalizarmos para podermos atender da melhor maneira possível a demanda que chega com os novos empreendimentos.

FD - Tão perto e tão longe dos pólos de desenvolvimento econômico do estado, como Campos dos Goytacazes, Macaé, Rio de Janeiro, São João da Barra sem-pre viveu à sua própria maneira, fiel à sua realidade. Em sua opinião, o futuro - transformação, desenvolvimento, evolução - já é uma realidade em São João da Barra? CM - Só para se ter uma ideia, somos observa-dos pela Un-Habitat, órgão da ONU, dentro do programa “Iniciativa das 100 cidades”, cujo foco são as cidades que terão um rápido crescimento num curto espaço de tempo e as iniciativas adotadas pela municipalidade para um desen-volvimento sustentável. É possível transitar pelo município e ouvir idiomas como mandarim e espanhol, por exemplo. Novos comércios estão se instalando, outros se expandindo. Pousadas estão lucrando com os profissionais que chegam a São João da Barra; restaurantes estão lotados e o povo se empregando aqui mesmo. Progra-mas sociais, esportivos, educacionais, de saúde,

de infraestrutura tiveram que ser acelerados. É uma corrida contra o tempo. Sabemos que temos que cami-nhar bastante, aperfeiçoar serviços, qualificar ainda mais cidadãos. O que nos deixa orgulhosa é saber que o povo confia e aprova nosso trabalho. Recente pesquisa do renomado Instituto GPP mostra uma popularidade ao nosso governo de 88,1%. Isso mostra que estamos no caminho certo do desenvolvimento para construir um amanhã melhor para todos.

Procissão fluvial em São João da Barra

Operários trabalhando no porto do Açu

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FD - Que lembranças a srª tem da sua cidade natal? Para a srª, como foi dei-xar a Itália durante a guerra e chegar ao Brasil? No Rio de Janeiro, com o avô, quais foram suas vivências?MB - Minha cidade natal, Meina, às beiras do Lago Maggiore, quase intocada por um turismo modesto, é para mim um ninho de lembranças mágicas. Mesmo se havia a dureza da ocupação alemã em retirada e dos “sfollati” misteriosos, ainda sinto o cheiro dos musgos úmidos, castanheiras gigantescas, grandes nevascas e depois a colheita dos cogumelos e “mirtilli” no bosque com outras crianças (uma foi assassinada brutalmente por suas origens) e o fatalismo dos “contadini” das redondezas...Muito novinha (não tinha 10 anos) me assustei porque foi uma decisão repentina peremp-tória. Minha mãe me comunicou que iríamos embora imediatamente e que eu não podia pegar nada (levei apenas uma rã viva num vidro). Perguntei quando voltaríamos e me respondeu nunca mais, que no Brasil o pai dela cuidaria de nós e deixaríamos aquela vida perigosa para trás, para sempre. Portanto

Brasileira, emigrante italiana: feita na gravura, na Arte Pública e em outros veículos

desejei muito chegar ao Brasil, na realidade, a Itália em guerra era a presença de mil perigos iminentes, não tive naquela hora nenhuma revolta ou rancor, sentia forte impulso para a nova, livre e prometida terra que nos espera-va. Sempre fui de ir em frente, desde então, talvez tenha sido aquele o primeiro passo. No Rio de Janeiro, meu avô já me acolheu ao me buscar no navio (Serpa Pinto) antes que atracasse e com ele desci na Praça XV para um sonho total de infância tropical e serena. Morei com ele até ele falecer. Meus pais vieram para São Paulo com meu irmão e aqui se estabele-ceram.

FD - Ao retornar para a Itália pela pri-meira vez, que olhar a srª teve sobre seu país de origem?MB - Retornei para a Itália pela primeira vez em 1952 acompanhando meu pai. Fiquei muito impressionada pela retomada da cidade de Milão (terra do meu pai) que eu havia visto destruída pelos bombardeios. Revi meus parentes de todas as idades que aparentemen-te nos invejavam por estarmos aqui no Brasil “terra do futuro”, mas também tive a sorte

de acompanhar um tio, arquiteto, tradicional amigo dos Bardi, que trabalhava com museus e coleções em restauro e formação, círculos culturais e ateliers efervescentes de artistas. Pude perceber uma vida intelectual muito ativa e articulada. Decidi então manter ligações com o meu país de origem, mesmo já sendo de outra nacionalidade.Cheguei a acompanhar o grupo de Enrico Prampolini para trabalhos de cenografia em Roma e escavações em Fiesole. O grande correspondente dele no Brasil era Waldemar Cordeiro que se tornou meu amigo, apesar de eu ter resistido às suas investidas concre-tistas.

FD - São Paulo para Maria Bonomi é...MB - É minha pátria laboratorial, cheia de oportunidades e desafios. Globalizada desde sempre. É onde meu avô, também imigrante, fez na década de 30 o mais alto edifício da América Latina, no centro de São Paulo. Pena que em 1939 ele o tenha perdido devido à (ignorância local) inveja das classes oligárqui-cas que temiam que ele tombasse. (ler livro

Antes de preparar o roteiro de entrevista de Maria Bonomi, pesquisei, claro. São 60 anos de carreira, 76 anos de idade e o título de maior gravurista viva do país. No Centro Cul-tural do Banco do Brasil, de Brasília, atual-mente em andamento, a exposição Da gravura à Arte Pública apresenta ao público 300 obras de Maria. Desenho, pintura, xilogravura, ce-nografia, figurinos, Arte Pública, exposições, prêmios, uma infinidade de experiências, conquistas e reconhecimentos. Como emigran-

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Maria Bonomi em seu ateliê, em 2002

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Martinelli – “O Prédio Martinelli – Ascensão do Imigrante e Verticalização de São Paulo; Maria Cecília Naclério Homem, 1984, tese USP). Aqui é tudo se fazendo e pedindo nossa parti-cipação total, externa e internamente. Quando cheguei, aderi à frenética loucura de atividades. Estudei e trabalhei muito inserida em diversas questões do momento - 4º Centenário, Bienal de São Paulo, MAC, USP, Sindicato dos Artistas Plásticos, Salões de Arte e Museus, formação em todo país, ateliers de arte e centros experi-mentais, até que ganhei uma bolsa de estudos para os Estados Unidos. Fiquei lá de 57 a 59. Quando voltei fiz parte dos inícios de Brasília, realizando diversos projetos em São Paulo de intercâmbios para o Itamaraty e etc.Trabalhei muito para o teatro, também fundei com Lívio Abramo o Estúdio Gravura que formou uma quantidade enorme de artistas bolsistas latino-americanos, até que 1964 chegou. Chegou. O resto se sabe. S. Paulo foi também desilusão. Podia ter se tornado outra coisa, mas com a ditadura perdeu muito de sua fisionomia pujante e dedicou-se ao con-sumo despersonalizado. Tanto aqui como em

todo o país (salvo raras exceções) os políticos perderam suas propostas culturais. Surgiu um sonho de desenvolvimento primitivo e há uma grande ausência de projetos qualificados.Há uma celebração do vazio (shoppings e mais shoppings, “Santuários do Nada”), privação de conteúdos e significados. Vemos cada vez

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m a r i a b o n o m ite, Maria, italiana de Meina, fugiu da guerra, veio para o Brasil. Neta de Giuseppe Martinelli, morou no Rio de Janeiro e em São Paulo. Conviveu com artis-tas, como Lasar Segal, Livio Abramo, Magnelli, Bardi e outros. Depois da entrevista, as informações acima são quase lugares-comuns. Maria é muito mais do que isso. Talvez a São Paulo que ela vivenciou e define: uma matriz laboratorial, atenta às oportunidades que a vida oferece, aceitando e propondo desafios às cidades, aos artistas, aos indivíduos, a si mesma, multiplicando-se em possibilidades, vivendo intensa-mente. Sempre em mutação, sem nunca ter esquecido o cheiro dos musgos úmidos, nem as castanheiras gi-gantescas da sua cidade natal. Como ela mesmo diz: “Não há tempo a perder.”

e m i g r a n t emais a fuga da reflexão. Falo das maiorias e das tendências, constato um jogo de exibição e ostentação dos endinheirados subvencionados pelo governo ignaro.Não me canso de alertar... FD - Hoje, tempos passados, qual a parcela italiana, qual a parcela brasi-leira de Maria Bonomi?MB - Hoje, tempos passados, a parcela italiana de M.B. é aquela anárquica e lutadora pelo país que me recebeu e fez com que eu tivesse tantas oportunidades de conhecimento e atuação. Não paro, compro todas as brigas possíveis porque não aceito que a gente ande para trás.Não quero um país que não valha a pena de ter deixado um outro por ele. Minha parcela brasileira é aquela que tem esperança, que faz propostas e participa dos prós e contras apesar dos pesares do que todo dia é propalado, que busca novas estratégias e que se envolve na transformação possível e tento compreender os processos. Isto desde a natureza explorada até à péssima qualidade urbana, a violência e até as nossas instituições a recuperar incluindo a consciência geral.As duas parcelas são exigentes, as duas querem servir e pensar com clareza. Não há tempo a perder.

Da esquerda para a direita, Maria Bonomi, Marie Helena Peres e Jefferson del Rios na inauguração de Etnias, em 2008

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FD - Como a srª se descobriu artista? Aos seis anos, ao fazer ilustrações descom-promissadas para o livro Cobra Norato, de Raul Bopp? Mais adiante, no Brasil, ao conviver com um grupo de artesãos, quando teve a oportunidade de confec-cionar uma pomba de gesso?MB - Ninguém “se descobre” artista. Tenho me-mória só do “fazer” sem um marco especifico de iniciação, aliás penso que todo ser desde a mais tenra idade expressa-se de alguma forma mais in-tensa (conforme suas preferências e oportunida-des) numa linguagem artística, sem desconfiar de suas práticas, vale para o som, para a visualidade ou para o movimento. Esta pergunta abre um dos questionamentos mais importantes da evolução humana, é toda a base de ensino.Sobretudo fiz muitas escolhas desde pequenina, seguia uma tendência inata e sentia uma forte atração e conforto na prática visual com o exer-cício (não se pode dizer criação) manual para gerar coisas, coisinhas, transformar materiais, traçar signos, interferir no existente, desenhar idéias inconsequentes, às vezes até escrever ou descrever sensações. Baseada nestas experiências do passado é que norteei o Atelier Amarelo em São Paulo (anos de 2005, 2006 e 2007), entidade provida pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, uma espécie de fábrica de artistas “mar-ginais”, como dizia o então Secretário de Cultura João Sayad. Marginal aqui significa independentes, insatisfeitos pesquisadores e pesquisados não inseridos na máquina comercial do mercado de arte, pré artistas. Eu tentava sintonizar com estas atitudes autênticas nos alunos que se submetiam a um edital, com ótimos resultados. Encerramos o Atelier Amarelo porque não tivemos expansão do apoio de que se necessitava a menos que nos transformássemos em OSCIP, ou seja, tínhamos que nos burocratizar para continuar.Até hoje esta fórmula é imitadíssima, mas nunca foi igualada, pois partem de premissas contrárias à nossa proposta que era justamente desorgani-

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zar o percurso oficial e acadêmico do momento buscando dinâmicas “primeiras” como atitudes a serem alimentadas para evitar estagnação ou o uniformismo reinante. Igualmente trabalhei nesse sentido com a implantação e criação de dois gran-des projetos coletivos de Arte Pública na cidade de S. Paulo: o Epopéia Paulista (Estação da Luz, 2004) e Etnias do Primeiro e Sempre Brasil (Me-morial da América Latina, 2008), tendo-se forma-do uma equipe fantástica. Passaram pelas minhas mãos mais de 1500 estagiários e colaboradores. Foram propostas gigantescas apoiadas pela Lei Rouanet e diversas entidades.Os resultados estão super documentados pela USP e outros tantos centros de estudo e meios de divulgação.O encantamento e o entusiasmo é o mesmo de quando confeccionei uma pomba de gesso. Só que para estas obras a dedicação foi de seis anos.

FD - A srª teve uma formação ampla e variada, além do convívio com gran-

des artistas – Lasar Segall, Magnelli, Ascarelli, Bardi, Livio Abramo, Emilio Vedova, entre outros. Entre todas essas experiências, o que a srª considera ter sido fundamental na sua formação?MB - Todas as pessoas com quem privei sempre me transferiram muito do seu conhecimento hu-mano e artístico. Isto ocorre até os dias de hoje. Poderia aumentar em 300 mil a lista de nomes citados. Porque o aprendizado é contínuo, nunca se encerra e cria uma grande responsabilidade também social. Acredito que as influências mais fortes foram do Lívio Abramo, do Seong Moy, do Emilio Vedova, Haroldo de Campos, da Lina Bar-di, do Arthur Luiz Piza, não somente com aqueles que eu trabalhei, mas também aqueles que eu observava no convívio.

FD - Em 60 anos de carreira, tendo expe-rimentado muitas técnicas e atuado em muitas frentes de trabalho, quais são as suas preferências em termos de técnica, de temas, de área de atuação?MB - Gravura como linguagem expressiva re-alizada através de uma infinidade de técnicas. Basicamente com a presença de uma matriz de madeira (xilogravura), de pedra (litografia) ou de metal (calcografia) que é “atacada” diretamente com goivas, formões e buris abrindo espaços ou com ácidos e gorduras acrescentando signos em camadas indiretamente. Portanto a técnica que prefiro é a gravação manual que abre sulcos que tanto podem ser impressos em papéis seriados (numerados) como também preenchidos com metal derretido e utilizados para “espacializar” as imagens. Quase como esculturas no ar. É o caso da série dos Quadrantes e do Amor Inscrito, cuja estréia se deu em Brasília na exposição do CCBB agora em andamento. Os temas são o dia a dia conectando com vivências ou notícias externas ou internas relacionando-se com meus sentimentos e percepções íntimas e sensoriais. A área de atuação preferida é a área coletiva inserida na cidade, espa-

Tetraz VB, 80x300cm, 2003, xilogravura

Máscara para a peça teatral Peer Gynt,1971

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ços públicos e/ou institucionais, com a finalidade de transformar, sensibilizar, re-ferenciar ou aliviar o cotidiano. E acredite que isto acontece. É surpreendente!

FD - Quais foram suas maiores influências?MB - Muito das atitudes das propostas e conquistas de personalidades mais velhas passam para a gente até subliminarmente. Nós as adotamos sem saber, acho até como inconsciente coletivo somos impregnados pela feliz e clara ex-periência alheia. Repetindo Lívio Abramo, Emilio Vedova, Seong Moy, Arnaldo Pomodoro, Arthur Luiz Piza e tantos outros.

FD - Quem é a Maria Bonomi que aparece nas obras?MB - Quem aparece nas obras é a matéria prima de minha vida... Feita gravura, Arte Pública e outros veículos.

FD - Em 1999, a srª defendeu a tese Arte Pública. Sistema Ex-pressivo/Anterioridade (Doutorado em Poéticas Visuais – Deptº de Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Artes/USP), discu-tindo a necessidade de a arte ser socializada. Onze anos depois, a srª considera que sua proposição ainda é atual? Algo mudou?MB - Em referência à tese que defendi em 1999, apenas lamento não tê-lo feito antes, visto que ela já era necessária para normatizar a questão da Arte Pública (em sua essencialidade) no espaço coletivo e em nosso entorno há 10 anos pelo menos.Continua super atual e polêmica, pois ainda hoje, paradoxal-mente, existem mal entendidos a respeito do assunto, aliás muitas questões que levantei e defini na tese fazem parte hoje de propostas e teses de terceiros posteriores que usufruíram do meu trabalho. Sem citar as fontes, of course... Não importa, a sinergia é uma só. Mesmo se a metamorfose planetária tam-bém está normatizada na minha tese... Portanto, as mudanças já faziam parte do seu corpo, a proposta da tese inclui esta possibilidade mutante, de perene mutante, de abrangência.Vamos dizer que acontece o contrário: a percepção da proposta é que está antiquada. Há muita lenha dentro da tese a ser queimada (percebida) ainda. As nostalgias são dinamitadas dentro dela.

FD - Em sua trajetória, há alguns fatos marcantes. Em l967, a srª pediu ao presidente Castelo Branco a libertação de alguns presos políticos, por ocasião da Bienal de Arte em São Paulo. Ainda nas décadas de 60/70, ousou não ser concretista, não fazer conces-são. Maria, para a srª, pensando na sua vida, qual a sua maior ousadia?MB - A maior ousadia é vivenciar plenamente a verdade individual. Ser coe-rente consigo mesmo sabendo que tudo à nossa volta é impermanente. Até as críticas que nos fazem e suas fontes. Concretizar obras para que não haja limites entre fantasia e realidade é o que importa. Realizar sempre metagênese em massa e bem acordada.

FD - Maria, hoje, quem você apontaria como artista que des-ponta...MB - Os que despontam para mim são alguns que estão presentes há muito tempo, mas que estão aparecendo somente agora, ou seja, seu valor foi perce-bido atualmente por muitos e todos finalmente. Antes só para poucos. Evandro Jardim, Luise Weiss, Sérgio Fingermann e Dimas de Mello Pimenta. Há uma leva enorme de jovencitos em galerias de moda imitando este ou aquele com sucesso, mas de consistência precária. Chuvas de verão... Para apontar um dos mais jovens seria o Henrique Oliveira, ex-aluno do Atelier Amarelo. Poderoso, mas tem que cuidar para não se perder pela pressão do mercado.

Balada do Terror, 250x100cm, 1970, xilogravura

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Super Quadrante Pequena A - 205x97 - 65kg - escultura em alumínio

Favela ferro - 221x136x60 - 250kg

Etnias, 2008, processo de criação

Epopéia Paulista, 2004

Epopéia Paulista, 2004

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A Ponte, 180x268cm, 2011, xilogravura

Diretas Já, 30x40cm,1984, xilogravura Infecção da Memória, 2004, xilogravura

Cairo January 2011, 78,5x103cm, 2011, impressão digital

Lena V2, 70x93cm, 2011, gravura digital

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Luis [email protected]

Cena 1: voltando, em companhia de Ingmar, de um Vasco 2x0 Corinthians, 2010, entramos numa Kombi que prometia, por um papelzinho exposto no

para-brisa, cumprir o itinerário do ônibus 624. Sabedor de que dizer algo pode ser, atualmente, produção de sentido vã, portanto sem sentido, perguntei ao condutor se o veículo faria mesmo aquele trajeto, e ele disse que sim. Mentira: ignorada a curva que nos levaria à Joaquim Palhares, voltei a perguntar se não faríamos o caminho do 624 e o homem, muito pouco alterado em suas convicções, disse que não passaria por aquela rua. Redargui que o itinerário do 624 chegava à Joaquim Palhares, problematizei o cumprimento da promessa e a conversa começou a acabar porque. Ele, sem discutir nem por um momento sua trapaça, qual seja, induzir alguém a tomar sua condução fazendo uma falsa oferta, deduziu que meu objetivo com aquela conversa toda era não pagar as passagens, cujo montante seria de, aproximadamente, quatro reais. Insisti em questioná-lo acerca do fosso entre o que era para ser feito e o que estava sendo feito, questionei com veemência seu profissionalismo e sua ética. Ele calou. Felizmente não havia nada tocando no rádio – não me lembro se havia rádio.Cena 2: 2011, junho ou julho, entrei em um ônibus que não parou no ponto, mas no meio da rua, o que me fez ter de atravessar uma das faixas. Disse ao motorista que forçar um passageiro àquilo era expô-lo ao perigo. Ele, já um tanto contrariado, perguntou-me como poderia ter-se livrado de um caminhão que lhe complicava a manobra. Respondi-lhe que aquilo era questão sua, pois faz parte de sua obrigação parar no ponto e, profissionalmente, contornar caminhões e outros veículos – meu trabalho não é esse. Definitivamente fulo, o homem esbravejou, “eu paro se eu quiser”, o que me levou a confrontá-lo com o contrassenso de aquilo ser dito por um motorista de ônibus, cuja tarefa passa por parar eventualmente o veículo a fim de permitir a entrada de passageiros. Ele calou. Perguntei se aquilo não seria atitude de mau profissional. Ele calou. E continuou calado. Algumas ruas depois, entraram no ônibus uns indivíduos com instrumentos de percussão rudimentares, que co-meçaram uma espécie de batucada de mínima formalização dentro do coletivo. O motorista sorria muito. Desci. Cena 3: novembro de 2011: dentro de um ônibus, falava eu ao telefone com Fer-nando. Entrou um homem e sentou-se próximo a mim – entre nós havia apenas o corredor. Ato contínuo, pôs seu telefone para tocar umas coisas de que, certamente, ele gosta, coisas, como sempre nesses casos, muito exitosas e pouco queridas por meu paladar. Pedi que ele desligasse, pois estava ao telefone. Ele fez uma expressão entre o enfado e o espanto e disse-me que, no máximo, diminuiria o volume, não desligaria. Pus em questão um fato que me pareceu, e parece, proeminente: o que ele fazia é proibido, tão evidentemente proibido que havia um aviso visual dessa proibição diante de nossos olhos. O sujeito nada argumentou em defesa de seu gesto infrator, nem discutiu a norma, ou sua contravenção; apenas me disse que, se eu quisesse, poderia sair dali. Levantei-lhe o absurdo da situação: o contraventor era ele e, segundo ele próprio, outro, ator então socialmente legal, sofreria as con-seqüências da contravenção. Muito irritado, o tipo gritou frases pouco inabituais em situações assim, como “vai embora”, “não me enche”, “sai daqui” etc. Fiz-lhe uma indagação que me soube central naquele momento, dado que ele nunca desligou o aparelhinho: o que o movia a continuar cometendo uma infração mesmo após alguém alertá-lo de que se tratava de uma infração? Ele não respondeu, o que me motivou a uma segunda pergunta: por que ele não me respondia? Ele calou. Insisti. Ele continuou calado. Insisti, e alguns passageiros olhavam com alguma surpresa a minha insistência. Meu interlocutor não era mais interlocutor – se é que houvera alguma hipótese de interlocução ali. Logo depois, na Presidente Vargas, o homem desceu.Acabada a cena três, pensei nas outras duas e reparei que tinha um tríptico autobio-gráfico recente, ligado a coletivos. Naquele momento, em virtude do que é nosso transporte público, soou-me quase justo cidadãos encherem nossas ruas com seus veículos particulares. Ao velho mau trato que sofrem os usuários, juntam-se novos maus tratos, causados por quem mormente os sofria. Não estou dizendo que o outro já foi, em época pregressa, bálsamo ou lisura; se o fosse, não seria outro. Estou dizendo que existem novas maneiras de hostilidade, e um dos paroxismos disso é a impossibilidade de comunicação. No momento em que me dei conta do tríptico, cogitei, não sem sobressalto, que existe uma triste recorrência no modus carioca de relação social. Se o Rio de Janeiro

é pródigo numa dita e redita simpatia interpessoal, não conheço cidade onde seja mais frequente a agressão rápida, a ofensa ao desconhecido, o xingamento imediato. Estou num terreno perigoso, posto que elenco clichês, coisa que não aprecio. Mas uma cena como a 2, quando, em pleno dia útil, um ônibus se transforma em cena de filme do Zé Carioca, faz-me pensar que o tal modus carioca existe e gosta de existir, ou seja, o comportamento médio nesta cidade procura ser o mais semelhante possível aos discursos menos densos sobre esse mesmo comportamento. No limite, não é insensato afirmar que muitos cariocas só se sentem cariocas quando tocam, ou melhor, invadem sua própria caricatura. Esse traço é um dos mais graves obstáculos à obtenção pelo Rio de Janeiro de uma mentalidade cosmopolita – em luta incons-ciente, muitas vezes involuntária, com isso, a grande quantidade de não cariocas habitando a cidade, e na convivência entre o forasteiro e o da gema surge uma via mais problemática, mais inteligente. O que acabo de dizer é problemático, pois muito rápido e excessivamente intuitivo – talvez eu ainda venha a meditar acerca do que escrevi no parágrafo acima. Mais certo estou de que palavras como “trapaça”, que usei ao relatar a cena 1, devem ser pensadas com cuidado em cenários como aquele, assim como o comportamento do homem da cena 3 não pode ser imediatamente visto como falta de educação. É certamente raro que o motorista da Kombi se veja impelido a dar coerência entre uma informação e seu cumprimento, do mesmo modo que, para a cabeça do sujeito que ligou seu aparelhozinho a meu lado, faz pouco sentido evitar uma proibição só porque se trata de proibição – não é assim que pensa um motorista ao estacionar seu carro onde não pode? Menos ainda pensa o indivíduo que alguém pode estar inco-modado com seu gesto, mesmo sendo gesto infrator, e, se alguém revela incômodo, os incomodados que se retirem, ainda mais porque pouca gente se incomoda com barulhos comercialmente bem sucedidos, sejam eles ilícitos ou apenas imbecis.Atualmente, muita produção de sentido é vã, portanto sem sentido. Algo, nos três casos relatados, me assusta acima de tudo, acima até da grosseria, coisa que não me surpreende em cenas cariocas: as três personagens, diante de algo que as punha em emergência argumentativa, calaram. Imagino que o motorista de ônibus da cena 2 realmente suponha que para “se quiser”, mas ele foi incapaz de dizer qualquer coisa que justificasse tão peremptória afirmação. Por quê? Por que o homem da Kombi nada disse depois que eu o pus frente a frente com sua incoerência comunicativa? Por que o passageiro sonoro renunciou à conversa que eu lhe propus, dizendo-me nada além de frases toscamente hostis? Não me basta supor que o silêncio dos três deveu-se a eles não terem razão, afinal, todos dispunham de argumentos possíveis. O condutor do transporte alternativo poderia dizer que eu estava sendo mais rigoroso que o rigor, pois só um caxias ou um ingênuo imaginaria que o trajeto chegasse à Joaquim Palhares, logradouro um tanto quanto remoto – o anúncio 624 era aproximado, não uma literal. Ao motorista do ônibus oferecia-se comentar que há sempre outro exemplar de sua linha (no caso, a 415) vindo mais ou menos atrás, e que, portanto, não se justificava uma manobra arriscada para driblar um caminhão e parar exatamente no ponto. O indivíduo da cena 3 teria o argumento de que poucos se incomodam com um gesto como o dele, e que o hábito, tacitamente, derrota a proibição.Se havia argumentos, o que faltava? Formação educacional para lançar mão dos argu-mentos? Não sei. Outra hipótese, por tangível, assusta-me: estamos vivendo época de especial dificuldade de entendimento entre seres humanos, e a comunicação está vivendo grave crise. Penso isso pensando na progressiva dificuldade que a música encontra para ser simples e discretamente escutada, o que me abre a possibilidade analógica de especular: um tempo que praticamente não ouve música, apenas, em momentos educados, enfia fones nos ouvidos, ou, quando embrutecido, abre malas de automóveis ou liga pequenos aparelhos em coletivos, não terá preocupante di-ficuldade de se ouvir? Nas três situações que vivi, fui silenciado, não pelas pequenas agressões de que fui vítima, mas pelo silêncio do outro, que, no fundo, se recusou a jogar seu papel de outro e recusou-me o papel de alteridade que me aprazeria – é no difícil manejo com o outro que nossa vida se define, áspera e possível. O problema é de condução, menos pela inegável hostilidade de nosso transporte pú-blico e mais, muito mais, pela dificuldade de conduzirmos vidas em diálogo. Quando nossa condução atropela, emudecida e surda, quem cruza nosso caminho, não há música que aja ou resista.

Um problema de condução

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