Revista GAIA

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A região natural da América do sul corre risco de extinção O FIM da AMAZÔNIA Entrevista com Albert Arnold “Al” Gore Jr. Conheça o lixo de Chris Jordan Aprenda a reaproveitar suas sobras de alimentos! Aprenda a reaproveitar suas sobras de alimentos! revistagaia.com.br Ano1 Maio 2010 R$ 14,90 Nesta Edição: Yoav Kotik - Eco-Design - Chriss Jordan Al Gore - Receitas Sustentáveis - Ecobags Renove suas idéias Editora Pantone

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Trabalho Interdisciplinar apresentado à disciplina Projeto Aplicado III, como requisito parcial para a obtenção de certificado no terceiro módulo do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico. Alunos: ALEXANDRE MACHADO, FABIO WATANABE, NATHAN GONZALEZ

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A região natural da América do sul corre risco de extinção

O FIM da AMAZÔNIA

Entrevista com Albert

Arnold “Al” Gore Jr.

Conheça o lixo de

Chris Jordan

Aprenda a reaproveitar

suas sobras de alimentos!Aprenda a reaproveitar

suas sobras de alimentos!

revistagaia.com.brAno1 Maio 2010R$ 14,90

Nesta Edição:Yoav Kotik - Eco-Design - Chriss JordanAl Gore - Receitas Sustentáveis - Ecobags

Renove suas idéias

Editora Pantone

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O QUE É SERECOLOGICAMENTECORRETO?

Produto ecológico é todo artigo que

artesanal, manufaturado ou industrializado,

seja não-poluente, não-tóxico, notadamente bené�co

ao meio ambiente e a saúde, contribuindo para o

desenvolvimento de um modelo econômico

e social sustentável.

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O QUE É SERECOLOGICAMENTECORRETO?

Produto ecológico é todo artigo que

artesanal, manufaturado ou industrializado,

seja não-poluente, não-tóxico, notadamente bené�co

ao meio ambiente e a saúde, contribuindo para o

desenvolvimento de um modelo econômico

e social sustentável.

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Nunca antes se ouviu falar tanto nessa palavra quanto nos dias atuais: Sustentabilidade. Mas,

afinal de contas, o que é sustentabilidade?Segundo a Wikipédia: “sustentabilidade é um con-ceito sistêmico; relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana”.

Podemos dizer “na prática”, que esse conceito de sustentabilidade representa promover a exploração de áre-as ou o uso de recursos planetários de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e as comunidades humanas e toda a biosfera que dele depen-dem para existir. Pode parecer um conceito difícil de ser implementado e, em muitos casos, economicamente inviá-vel. No entanto, não é bem assim. Mesmo nas atividades humanas altamente impactantes no meio ambiente como a mineração; a extração vegetal, a agricultura em larga escala; a fabricação de papel e celulose e todas as outras; a aplicação de práticas sustentáveis nesses empreendimen-tos; revelou-se economicamente viável e em muitos deles trouxe um fôlego financeiro extra.

De uma forma simples, podemos afirmar que garantir a sustentabilidade de um projeto ou de uma região determinada; é dar garantias de que mesmo explorada essa área continuará a prover recursos e bem estar econômico e social para as comunidades que nela vivem por muitas e muitas gerações. Mantendo a força vital e a capacidade de regenerar-se mesmo diante da ação contínua e da presença atuante da mão humana.

revistagaia.com.brAno 1 - Junho 2010R$ 14,90

01Editorial

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EDITOR CHEFE:Nathan Gonzalez

EDITOR:Fabio Watanabe

DIRETOR DE ARTE:Alexandre Machado

EDITOR DE ARTE:Alexandre Machado

DESIGNERS:Nathan Gonzalez, Alexandre Machado, Fabio Watanabe

Colaboradores:Alexandre Machado, Fabio Watanabe, Nathan Gonzalez,Alexandre Barbosa, André Reis,Luis Gustavo

FALE COM A GENTE:[email protected] (13) 1234 1234 Rua Fulano de Tal, 69, São Vicente, SP CEP 11666-000www.revistagaia.com.br

Diretores:Alexandre MachadoFabio WatanabeNathan Gonzalez

Editora Pantone

MODA

Yoav KotikConheça o designer que transforma

tampinhas de garrafa em peças

maravilhosas de arte

pag. 17

Eco BagConsciência ambiental da tom no

nicho de “ecobags”

pag. 22

DESIGN

Eco-DesignUm conceito de design feito com

consciência ambiental

pag. 11

OPINIÃO

Al GoreA cruzada de Al Gore contra

o efeito estufa

pag. 25

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MODA

Yoav KotikConheça o designer que transforma

tampinhas de garrafa em peças

maravilhosas de arte

pag. 17

Eco BagConsciência ambiental da tom no

nicho de “ecobags”

pag. 22

SUSTENTABILIDADE

O fim da Amazônia

em 10 anosMarc Dourojeanni, discorre sobre

as ameaças ao futuro da Amazônia

pag. 33

ARTES

Chris JordanA arte como crítica

pag. 45

EcoCartoonEvento com a participação de

cartunistas que traçam em seus

desenhos um tema ambiental

pag. 51

GASTRONOMIA

Reaproveitamento das

sobras de alimentos!Receitas feitas reaproveitando alimentos,

passo a passo

pag. 40

VegetarianismoEntenda o que é vegetarianismo e o porquê

de ser a dieta cada vez mais adotada

pag. 42

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DESIGNInovação, Beleza e Funcionabilidade era a base que todo objeto precisava para se destacar perante os outros. Hoje, o objeto tem que ter, além desses 3 bá-sicos, uma preocupação com o meio-ambiente, sendo este base primordial para se realçar e se diferenciar do mercado atual.

Texto: blog.eco4planet.com Ilustrações: Nathan Gonzalez

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DESIGN

Essa é pra quem gosta de música, inovação e design sustentável. A Solo é um lumi-nária feita com um microfone usado que ganha nova serventia graças à criatividade dos profissionais da Re-Surface Design.Equipada com uma pequena lâmpada de 6 watt, a luminária-microfone é ideal para quem quer decorar o ambiente de forma descontraída e sustentável.O fio, que tradicionalmente levaria a voz dos cantores até a caixa de som, serve agora para levar a corrente elétrica até a ponta do microfone.Com isso, o usuário pode escolher de que forma quer dispor sua luminária: pendura-da, apoiada em uma superfície ou na própria mão, iluminando algo específico.Com tanta originalidade e versatilidade, o Solo pode cativar quem ainda gosta de reaproveitar materiais que, em outra situação, acabaria no lixo.A luminária está à venda pelo site da Supermarket e custa U$ 200,00.

Uma árvore artificial que ilumina as ruas da cidade com potentes lâmpadas LED abastecidas com energia limpa produzida pelas células solares que cobrem seu tronco. Achou muito?Pois assim é a Árvore de Luz – uma criação do desig-ner Omar Ivan Huerta Cardoso que promete unir meio ambiente, eficiência energética e fontes alternativas em um único produto.Apesar de soar complicada, a criação não tem muitos segredos. A estrutura em formato de árvore é coberta com células solares que geram energia ao longo do dia e a transmite às lâmpadas LED durante a noite.Mas não pense que tudo é artificial nesse projeto. Para dar um clima mais natural à árvore, o designer reservou as extremidades do protótipo para plantar árvores reais. Assim, a luz solar que sai das LEDs reflete nas folhas e cria o efeito.

Microfones velhos viram luminárias nas mãos de ecodesigners

Designer cria Árvore de Luz com energia solar

ECO-DESIGN

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Luminária solar tem ventosas na base e pode ser fixada à qualquer superfície plana.Chamada de ‘Saint Clair’, a invenção é da designer francesa Stéphane Maupin.Na base da luminária estão células solares que, graças às ventosas, podem ser fixadas nas janelas. Assim, durante o dia, elas são carregadas com a luz solar e, à noite, a lâmpada está pronta para iluminar qualquer ambiente.A base que se fixa facilmente na vertical ou horizontal também torna a Saint Clair versátil, podendo ser usada como luz ambiente ou de cabeceira.

O que acha de ter uma mesa de centro capaz de recarre-gar a bateria do seu celular enquanto você assiste TV ou conversa com as visitas? E não pense que essa eletricidade virá de uma tomada qualquer. Reparou na grama no topo da mobília? Ela não foi usada só para decorar o ambien-te, mas também para que a reação metabólica natural dos micróbios presentes no solo gere a energia necessária para carregar o aparelho.O protótipo foi desenvolvido pelo escritório de design Néctar e batizado de Volt Pot. Sua superfície é dividida ao meio: um lado serve para colocar objetos (inclusive o que será carregado), enquanto o outro é coberto por plantas.

Luminária solar gruda na janela

Mesa “gera” energia para pequenos gadgets

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DESIGN

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“As mesas aparam a comida, então porque ela não pode ser a comida?” A pergunta nada convencional dos criadores da mesa abaixo já demonstra parte das intenções da criação. Feita com caixas de ovos, cola de farinha de trigo, sementes e terra, a peça foi desenhada para não ser apenas o suporte dos alimentos, mas também a fonte deles.A mesa, batizada de Auto-Cannibalistic (auto-canibal, em portu-guês), foi projetada para receber as sementes de algumas ervas, que logo se transformariam no tempero do almoço, colhido ali mesmo, na hora da refeição.

Encontrar painéis solares portáteis já não é algo tão difícil hoje em dia. Mas turbinas eólicas potentes e capazes de serem transportadas

para qualquer canto já é uma história bem diferente.Mas essa dificuldade pode estar com os dias contatos graças à in-

venção do Aero 600w– uma turbina eólica que pode ser levada para qualquer lugar e montada em oito passos simples e rápidos.

Os criadores contam que o gerador foi concebido a partir da ideia de unir funcionalidade e portabilidade. Dessa forma, pessoas em

ocasiões de emergência, como na tragédia recente no Haiti, poderão ter acesso à energia limpa graças aos geradores de campanha.

Móvel feito com caixas de ovos traz a horta para a mesa

Designers desenvolvem turbinas eólicas portáteis

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16, 17 e 18 de junho

6 ANOS DE VIDA2 CIDADES

10 PALESTRANTES9000 PARTICIPANTES

15 REVISTASMUITAS FESTAS

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕESwww.designbrasil.com.br

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Já pensou em usar acessórios completamente chiques e, ainda, ecologicamente corretos? Tampinhas de gar-rafa e bolsas ecológicas talvez não seja os primeiros objetos à virem em sua cabeça. Conheça o designer que tranformou o mundo dos acessórios e conheça mais sobre o mundo das ecobags.

Texto: Thaynan Gonzalez CoelhoIlustrações: Nathan Gonzalez MarianoFotografias: www.kotik-design.com - ecobag.com.brEdição de imagens: Alexandre Machado

MODA

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Observando suas criações, pode-se pensar que se trata de outro jovem revolucionário querendo

enviar ao mundo uma mensagem ecológica. Mas não. Yoav Kotik é, na verdade, um jovem cinquentão com um espírito destemido. Israelense, graduado pela Academia de Arte e Design Bezalel de Jerusalém, Kotik desenvolve uma forma de arte baseada em materiais reaproveitáveis e em conceitos que envolvem a vida das pessoas no ambiente urbano e

no contexto de vida atual. Professor em institutos

acadêmicos como na própria Bezalel e na Academia de Design Shenkar, fornece aulas de escultura e design com os próprios materiais recicláveis com os quais realiza seu trabalho. Kotik afirma que não criou sua linha de “jóias”, batizada de Precious Metal (metal precioso), motivado por ideais ecológicos, mas sim pelo ambiente urbano que o rodeia e às pessoas nas grandes cidades. Seu objetivo é mudar a maneira como se vê e se pensa sobre o lixo produzido pelo ser humano, a fim de encontrar outras finalidades para ele.

Segundo Kotik, a sugestão é dar uma sobrevida, uma segunda vida aos objetos que já cumpriram a função para a qual foram criados. Assim,

Yoav Kotik O designer Israelense Yoav Kotik transforma meras tampinhas de garrafa em peças maravilhosas

e originais de arte

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transforma tampinhas de garrafas em anéis, brincos, braceletes, broches, colares e flores encantadoras. As marcas e cores das tampinhas deixam a linha com um ar bastante diversificado e colorido, com cada peça diferente da anterior. Cada obra confeccionada evoca um conceito de nova experiência, reutilização, potencial e beleza. As tampinhas de cervejas e refrigerantes de diferentes lugares e culturas trazem emoção às obras do artista, que as escolhe com muito cuidado.

É gratificante conferir seu site www.kotik-design.com , onde estão expostas todas as opções de jóias, lembrando que elas são peças de edições limitadas, que se renovam, é claro!!!

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As criações de Kotik só deixam de ser mais incríveis quando outras novas aparecem. São anéis, colares, pingentes uns mais bonitos que os outros.

Imagina se as marcas de bebidas começarem a patrocinar essa arte e começar a ser uma linha de jóias de âmbito mundial.

Basta um pouco de imaginação para ficar na moda! Isso é Yoav Kotik sugere. Simplesmente CRIATIVO! É mais uma vez um exemplo de como a inovação e a criatividade andam sempre juntas.

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MODA

Se, para o consumidor comum, sair do super-mercado com as compras embaladas em dezenas de sacolas plásticas é uma cena cotidiana, para o consumidor consciente, a prática é um atentado ao meio-ambiente.

De olho nesse público e em companhias que têm ações socialmente responsáveis, empresá-rios estão investindo em sacolas sustentáveis ou “ecobags” – que substituem as de plástico na hora da compra. Para ingressar

nesse mercado que mistura moda com sustentabilidade, Beth Salles, consultora de moda em acessórios do Senac-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), aconselha o empre-sário a ter criatividade. “O pri-meiro passo é ter acesso às matérias-primas que serão usadas no produto ou a ma-teriais diferenciados, como tecido de fio PET”, ensina.

Há 11 anos trabalhan-do com sustentabilidade, a empresária Graça Rodrigues, proprietária da Ecosacolas, conta que não teve dificuldades em encontrar parceiros para a produção de suas bolsas. Atu-

almente produz 5.000 itens por mês. “Meus maiores clientes são empresas de grande por-te que distribuem as sacolas como brindes.”

Apesar de parecer promis-sor e ser bem difundido no exte-rior, o empresário que entrar no mercado de sacolas sustentáveis enfrentará desafios.

Para Walfrido Neto, 30, sócio-proprietário da Ecobag.com.br, que produz cerca de 8.000 sacolas por mês, a prin-cipal dificuldade do negócio é a falta de consciência ambiental da população brasileira.

Para José Goldemberg, 79, presidente do Conselho de Estudos Ambientais da Fecomer-cio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), a principal barreira vem dos supermercados que ainda não aderiram à idéia das bolsas sustentáveis.

Elaine Guapo, 39, diretora comercial da Gatto de Rua, em-presa de soluções promocionais, faz coro. Ela produz uma sacola de três compartimentos para ser usada no carrinho de supermerca-do. “Não tenho dúvidas de que, se os supermercados vendes-sem o produto, ele estouraria nas vendas, porque é muito prático”, diz a empresária que patenteou a sacola.

Consciência ambiental

da tom no nicho de

“ecobags”

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1. Certificada: Sacola confeccionada com palha natural e tecidos de algodão.

2. Natural: Sacola biodegradável, confeccionada em tecidos de 100% algodão.3. Crua: Sacola feita com algodão cru, de tecido natural.

4. Quadrada: Sacola de algodão cru, também disponível em formato quadrado

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Para se conhecer uma grande pessoa, precisa-se conhecer uma grande assunto que se trata de um grande problema. Essa pessoa se torna grande a partir do momento que pensa e consegue arranjar uma solução para o grande problema. Conheçam a mente do homem que tenta concientizar e resolver a tragédia mundial que está por vir.

Texto: veja.abril.com.brFotografias: www.westcoastgreen.comEdição de imagens: Alexandre Machado

OPINIÃO

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OPINIÃO

AL GORE

Albert Arnold “Al” Gore Jr.

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Afastado dos cargos públicos desde que perdeu a disputa pela Casa Branca para George W. Bush, seis anos atrás, o ex-vice-presidente Al Gore converteu-se num in flamado pregador da

salvação do planeta por meio do desenvolvimento de novas tecnologias e da adoção de atitudes contra a poluição. Seu documentário Aqueci-mento Global: uma Verdade Inconveniente, baseado nas mais de 1.000 palestras que proferiu sobre os riscos das mudanças climáticas, foi a estréia de maior repercussão no Festival de Cannes, em maio. Filho de um senador, ele preocupa-se com questões ambientais desde o início de sua carreira política, em 1976. Há dois anos, para provar que investir no verde é bom negócio, Gore abriu com sócios um fundo de investi-mentos que administra 200 milhões de dólares aplicados na produção de energia sustentável. Também comprou um canal de TV a cabo especia-lizado em assuntos ambientais. Aos 58 anos, Al Gore vem ao Brasil na próxima semana a convite da Câmara Americana de Comércio para a cerimônia do Prêmio Eco 2006. Da Califórnia, ele concedeu a seguinte entrevista a GAIA.

GAIA – Qual a importância da Amazônia na prevenção do aquecimento global?Gore – Há dois pontos principais a considerar a respeito da Amazônia. Primeiro, a ação humana fez com que as florestas, aspiradores natu-rais do gás carbônico, se tornassem grandes emissores desse poluente. A cada ano, 10 trilhões de tone-ladas de CO2 são lançadas na atmosfera e, desse total, 2,5 trilhões são produzidas pelas queimadas. Não sei precisar a contribuição exata do desmatamento da Ama-zônia para toda essa poluição. Os brasileiros precisam agir com urgên-cia para frear o ritmo das queima-das. Estamos vivendo uma crise global e todos precisam participar do esforço de reduzir a emissão de gás carbônico. O segundo ponto é que, ao devastarmos as florestas tropicais, não apenas afetamos o clima e a biodiversidade, mas tam-bém perdemos as riquezas naturais

contidas nessas matas. Acredito que, do ponto de vista brasileiro, faz sentido preservar a floresta para o bem – inclusive econômico – do Brasil. As espécies vegetais, a maioria delas ainda desconhe-cida da ciência, valem milhares de centenas de vezes mais do que a agricultura de subsistência ou a lavoura de soja que estão substituindo a floresta.

GAIA – Muitos brasileiros temem que a pretexto de garantir a preservação da floresta surjam propostas de internacionalizar a Amazônia. O senhor acredita que isso seja possível?Gore – O que acontece no Brasil deve ser uma decisão soberana do povo brasileiro. Não pode ser uma decisão internacional ou de outro país. O tema da participação estrangeira na preservação da

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OPINIÃO

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Amazônia já causou muitos desentendimentos. É perfeitamen-te possível para uma nação tão grande quanto o Brasil descobrir e garantir a riqueza existente na Amazônia e usar esse conheci-mento de forma bem-intencionada.

GAIA – O que outros países podem fazer para ajudar?Gore – Uma coisa que os Esta-dos Unidos poderiam fazer para ajudar o Brasil seria remover as altas taxas sobre a cana-de-açú-

car e o álcool combustível. Isso sim ajudaria o Brasil.

GAIA – O senhor acha que a experiência brasileira no uso de álcool combustível pode ser reproduzida em escala global?Gore – O álcool é o substituto mais importante que temos hoje para os combustíveis fósseis. Acredito que seja uma solução concreta para a ameaça de aquecimento da Terra. É claro

que há limites para a produção de álcool na enorme escala neces-sária para substituir totalmente a gasolina, mas já estão sendo de-senvolvidas técnicas para resolver esse problema. São tecnologias que, no futuro, poderão produzir álcool pela metade do preço do petróleo. O mais importante é que permitirão produzir o combustível com raízes, bagaços e folhas de plantas, evitando que alimentos sejam usados para esse fim. Se conseguirmos avançar nesse pon-to, não haverá mais a competição comida versus combustível.

GAIA – Já é possível imaginar um mundo que não dependa do petróleo?Gore – O Brasil não só inovou no desenvolvimento desse combustível alternativo como se tornou líder mundial dessa indústria. O país pode ensinar o resto do mundo a ter um melhor entendimento na solução de problemas relacionados aos combustíveis fósseis. Prova disso é o sucesso dos carros flex. Esses veículos mostram aos demais países que há alternativas viáveis e que não é necessário mendigar a misericórdia dos países do Oriente Médio e da Venezuela.

GAIA – Pelo que o senhor diz, a ecologia pode ser um ótimo negócio.Gore – É um excelente negócio tanto para a economia quanto para o meio ambiente. A Toyo-ta só tem lucros com seu carro

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híbrido. Já os fabricantes tradicio-nais só têm prejuízos. A General Electric decidiu recentemente tornar-se uma empresa engajada na preservação ambiental e está ganhando muito dinheiro nesse processo. O mesmo faz a DuPont, a gigante da indústria química. Empresas gigantes não entram em negócios para perder dinheiro.

GAIA – O senhor tem negócios ligados à ecologia?Gore – Tenho dois. Um canal de televisão dedicado à divulgação de assuntos ambientais e um fun-do de investimentos para novas tecnologias. Ambos vão muito bem, obrigado. Essas iniciativas são do tipo que chamamos de carbon-free, ou seja, não emitem CO2 e usam energias alterna-tivas. Em outras palavras, não poluem. Estou tendo muito lucro, sim. Não vejo problema nenhum nisso. Espero que as pessoas per-cebam que todos podem lucrar – ambiental e economicamente – se agirem como eu.

GAIA – Em seu documentário sobre o aquecimento global, o senhor pinta um quadro assustador da situação ambiental do planeta. No fim, muda o tom e diz que basta mudarmos nosso estilo de vida para reverter tudo. Não é muito otimismo?Gore – Certamente não é tão fácil assim. As recomendações mostradas no fim do filme sobre

o que cada indivíduo pode fazer para melhorar a vida na Terra são importantes, mas sozinhas não resolvem a crise. As pessoas devem se organizar para pressio-nar por mudanças nas políticas públicas. Cada pessoa que adota um estilo de vida ecológico enco-raja o governo a tomar decisões a favor da preservação ambiental. Isso ocorre na Califórnia e em ou-tros estados americanos que vão em direção contrária à política ambientalista de Washington, que rejeitou o Tratado de Kioto.

GAIA – Muitos cientistas acham que já é tarde demais para evitar o desastre. James Lovelock, o criador da Hipótese Gaia, sustenta que as mudanças climáticas eliminarão 80% da população mundial até o fim do século.Gore – Lovelock, por quem tenho imenso respeito, é muito pessi-mista e erra em presumir que o ser humano é incapaz de mudar seu comportamento. Sei algo sobre política que ele não sabe. Os políticos são em geral muito lentos, e isso se reflete na con-dução do governo e na tomada de decisões. Por outro lado, eles podem agir com muita rapidez se pressionados pelos eleitores. Foi assim quando os Estados Unidos tomaram a decisão de enviar um homem à Lua e fizeram isso em menos de dez anos. O mesmo aconteceu quando os aliados rea-giram ao fascismo. Em 1940,

“É um excelente negócio tanto para a economia quanto para o meio ambiente. A Toyota só tem lucros com seu carro híbrido.”

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a idéia de montar 1 000 aviões de guerra por ano era considerada insana. Em 1943, esse número estava muito abaixo da capacidade industrial.

GAIA – Dez anos não é um tempo curto demais para mudanças capazes de afetar o clima em escala global?Gore – Não precisamos fazer tudo em dez anos. De qualquer forma, seria impossível. A questão é outra. De acordo com muitos cientistas, se nada for feito, em dez anos já não teremos mais como reverter o processo de degradação da Terra. Os estudos mostram que é necessário iniciar imediatamente uma forte redução na emissão de gases poluentes. O primeiro objetivo seria estabilizar a quanti-dade de poluentes na atmosfera. E então, quem sabe, depois de cinco anos, começar a reduzir o montan-te de CO2 no planeta.

GAIA – O senhor já começou a mudar seu estilo de vida?Gore – Há dois anos decidi viver uma vida sem carbono. Tudo o que eu e minha família fazemos visa a emitir a menor quantidade possível de gás carbônico. Temos carros híbridos, usamos energia verde, evitamos água quente, desligamos nossos aparelhos elé-tricos quando eles não estão sen-do usados. Claro que ainda pego aviões comerciais e vou tomar um para ir ao Brasil. Mas a minha emissão pessoal de carbono nas

viagens é compensada com a divulgação que faço do tema.

GAIA – Qual é a maior ameaça ao planeta hoje?Gore – Não vejo só uma ame-aça, mas uma combinação de fatores. A superpopulação é um deles. Daí a necessidade de tecnologias que evitem o uso de alimentos como fonte de energia. O mundo não pode suportar por muito tempo o crescimento do consumo no ritmo atual. O número de pessoas quadrupli-cou nos últimos 100 anos. Isso é muita gente. A boa notícia é que o tamanho das famílias nos países onde há educação para o povo, justamente aqueles que consomem mais, está diminuindo de forma jamais imaginada. O importante é evitarmos aquilo que Jared Diamond mostrou em seu livro Colapso. Ou seja, civili-zações que se autodestroem em nome do progresso.

GAIA – A escassez de água potável é um problema cada vez mais grave. Um dia a água valerá mais do que o petróleo?Gore – Em poucos anos a água será um problema sério em mui-tos países. Isso devido tanto ao aumento da população quanto às estratégias ignorantes de de-terminados países em relação a esse bem. Não tenho dúvidas de que a água será uma commodity preciosa. Na minha opinião, ela

“Em poucos anos a água será um

problema sério em muitos países. Isso

devido tanto ao aumento da população

quanto às estratégias ignorantes de

determinados países em relação a esse bem”

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já vale mais do que o petróleo. Note que uma garrafa de água mineral custa mais do que o equi-valente em gasolina. E não estou falando de águas de marcas famosas, como San Pellegrino.

GAIA – O senhor considera a energia nuclear uma boa alternativa ao consumo de combustíveis fósseis?Gore – Não acredito nessa op-ção. É possível que ocorra um au-mento no uso de energia nuclear, mas creio que será mínimo. Trata-se de uma opção complicada por duas razões. A primeira é o alto custo. Essa ainda é uma tecno-logia muito cara. A segunda, e mais importante, é que a energia nuclear é sempre um risco. Ao se permitir o seu uso, aumenta bastante o risco de proliferação de armas nucleares. Os oito anos em que estive na Casa Branca me alertaram para as dimensões desse desafio. Alguns países anunciaram a intenção de obter tecnologia nuclear para produzir energia e na verdade estavam interessados em fabricar armas atômicas. Hoje temos a ameaça da Coréia do Norte, que aliás já tem armas nucleares, e do Irã. Em todo caso, se houver o desen-volvimento de uma nova geração de reatores mais seguros, pode-ríamos tolerar o uso moderado dessa energia.

GAIA – Em seu documentário, o senhor se refere várias

vezes a aspectos de sua vida pessoal. Por quê?Gore – Um desses episódios foi o incidente com o meu filho, que quase morreu quando criança. Ao vermos um ente querido à beira da morte, somos levados a reava-liar nossas prioridades na vida. O incidente deu-me maior enten-dimento emocional do significado de uma grande perda. O que será do planeta daqui a vinte anos, caso não façamos nada? O que será dos nossos filhos?

GAIA – O senhor ainda está ressentido por ter perdido as eleições presidenciais para Bush apesar de ter obtido maior votação popular?Gore – Eu não guardo mágoas. Não olho para o passado, olho para o futuro.

GAIA – O senhor vai se candidatar novamente à Casa Branca?Gore – Eu não planejo concor-rer. Na verdade, não descarto totalmente essa possibilidade, ainda que não conte com isso.

“Eu não guardo mágoas. Não olho para o passado, olho para o futuro. “

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Ici ipsuntis por rem nate dolorep eliquaepro ex en-delent autemque dolectotasit et, exerum, ute optatus, ommolup tamendae. Et quae vel id quosserchil inulli-qui ommos porum et assuntur sedit omnist lamendam, odit, ut quo beaturio omni ut prorererci cum rae vo-lum, con num int laut velles simint voluptatis et.

DESIGNA Floresta Amazônica é um dos únicos poderes natu-rais que ainda restam no nosso planeta. Destruir ela é, praticamente, destruir nosso próprio futuro, que já está em decadência. Concientização e mobilização são as palavras chaves para combater nós mesmos contra a extinção da vida no mundo.

Texto: www.sustentabilidade.blog.brFotografias: www.sxc.huEdição de Imagens: Alexandre Machado

SUSTENTABILIDADE

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SUSTENTABILIDADE

O FIM daAMAZÔNIA em 10 ANOS

Não é de hoje que Marc Dourojeanni, ambientalista ve-terano e colunista de O Eco, discorre sobre as ameaças de grandes obras de infra-estrutura ao futuro da Ama-

zônia. São dezenas de artigos que detalham incongruências e inconsistências de tantas inter-venções. Elas se avolumam, se agravam, e continuam muito mal explicadas para a sociedade. Por isso, juntos, Marc, Alberto Baran-diarán e Diego Dourojeanni resol-veram iniciar a segunda década do milênio publicando um livro

que traz a inestimável contribui-ção de detalhar de forma clara, objetiva e completa quais são os empreendimentos planejados para a Amazônia peruana, suas motivações e suas consequências como um todo para a região. Fizeram eles o que o governo tem se esquivado a revelar.

“Amazonía peruana em 2021: Explotación de recursos naturales e infraestructuras: ¿Qué está pasando? ¿Qué es lo que significan para el futuro?” (em espanhol), é uma obra provo-cativa que não se encerra nos inte-resses do país vizinho. Muito pelo contrário. Mostra quão envolvidos estão atores brasileiros nesses pro-

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Entre 2009 e 2021 o Peru pretende

constuir 52 centrais na região amazônica

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jetos, não se furtando a nomeá-los nem a detalhar as consequências de grande escala nas áreas de exploração madeireira, petróleo, mineração, energia hidrelétrica, agricultura e transportes.

Depois de dois intensos meses de trabalho, os autores conseguiram compilar em 162 páginas o que empreiteiros, ban-cos e governos querem omitir da sociedade quando se abordam as consequências de arrojados pro-jetos de infraestrutura que atraves-sarão a Amazônia peruana. Hoje, toda essa informação está dispersa em empresas, administrações locais e nacionais, mas agora pode ser compreendida através da interpreta-ção crítica dos autores. “A infor-mação é inacreditavelmente contraditória de fonte para fonte e de mês a mês. Na verdade, ela só pode ser reunida por equipes com muito conhecimento da realidade e da operação gover-namental, com contatos pesso-ais nos ministérios e após muito trabalho para extrair-la da internet, dos relatórios, declara-ções nos jornais e publicações”, explicou Marc Dourojeanni.

Por mais que os planos brasileiros deixem a dever em diversos aspectos, o Peru sequer tem um planejamento de desenvolvi-mento nacional, nem garante a seus cidadãos acesso às informações dos empreendimentos que apoia. “É impossível para um cidadão comum entender o que se passa na Amazônia peruana. No Bra-sil pelo menos programas como o “Avança Brasil” e o próprio

Plano de Aceleração do Cresci-mento (PAC) podem ser lidos em um só documento amplamente divulgado. No Peru isso não existe”, revela Marc.

Rumo ao retrocessoNesta década em que a ousa-dia dos governos deveria estar direcionada à implantação de projetos alternativos de geração de energia, manejo sustentável, pagamento por serviços ambien-tais e incremento de esforços para diminuir as emissões oriundas de desmatamento em nações como o Peru, o país resolveu apostar nos velhos modelos.

Entre 2009 e 2021 o Peru pretende constuir 52 centrais hidrelétricas na região amazô-nica (24.500MW). Também tem planos para a concessão de 53 lotes para exploração petrolífera e outros que cubrirão 70% da área de floresta, fora oleodutos e gasodutos. Terá ao final da década mais de 24 mil direitos minerários titulados, sendo outros 7 mil já em tramitação na Amazônia, além de quase 5 mil quilôme-tros de estradas recuperadas, incluindo 880 km de novas vias, 2 mil km de ferrovias, 4.213 km de hidrovias e 483.581 hectares de plantações novas para biocombustíveis. O Peru quer ainda triplicar sua área de floresta concedida a ex-ploração privada, o que se somará à altíssima taxa de desmatamento que ocorre ilegalmente no país.

Os autores reconhecem

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Page 36: Revista GAIA

SUSTENTABILIDADEque a região amazônica

precisa de investimentos na área de infra-estrutura, mas duvidam da necessidade de tantas obras ao mesmo tempo em apenas uma década, questionam a viabilidade econômica e social desse pacote e se indagam por que ainda não foi feito estudo de impacto ambiental para tudo isso. Além do mais, eles estimam que se tudo for realizado, os custos podem chegar à casa dos 80 bilhões de dólares que, financiados com recursos externos em sua gran-de parte, poderiam provocar um endividamento público e privado sem precedentes.

Projeções trágicasO desmatamento e a degradação florestal na Amazônia peruana, consequentes da abertura de estradas, exploração madeireira e petrolífera, poderão atingir 91% da área de floresta num cenário mais pessimista, que, entretanto, tem grandes chances de se concretizar. Os autores também discorrem sobre a perda das funções econômicas e ecológicas dessas matas, como capacidade de fixação de carbono, conservação da biodiversidade e saúde do ciclo hidrológico – aspec-tos que se não forem levados em conta, transformarão os empreendi-mentos em desastres para o país.

As áreas protegidas serão fortemente pressionadas e invadi-das. As emissões de gás carbônico da Amazônia peruana aumentariam em grandes proporções, colocando o país em situação incômoda diante de compromissos internacionais. Do-enças, ondas migratórias, enchentes

e secas severas, crescimento desordenado das periferias, grila-gem de terras, violência, pressão sobre populações indígenas isola-das e ribeirinhas, são algumas das inúmeras consequências sociais não devidamente contabilizados no pacote de projetos e que, em muito, superam as vantagens sociais anunciadas.

Interesse brasileiroOs autores atribuem ao governo brasileiro e suas empresas os maiores interesses de grande parte das intervenções no Peru, a fim de que o país aumente sua hegemonia na América do Sul, atendendo as necessidades de escoamento de produtos pelo Pacífico e venda de energia hidrelétrica de usinas peruanas para o Brasil. Os inves-timentos serão benéficos, é claro, para as empreiteiras e prestadoras de serviços, para o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), além de estimularem agricultores e garimpeiros da Amazônia brasileira a cruzar a fronteira. Sem falar nas entidades financeiras peruanas e nos políticos que sempre ganham com obras megalomaníacas.

Ainda que nem tudo seja cumprido à risca, nunca na his-tória peruana se projetou tantas obras de infra-estrutura nem houve tantas iniciativas de exploração de recursos naturais em apenas dez anos. Qualquer semelhança com os empreendimentos brasi-leiros para a Amazônia não são mera coincidência.

Em diversas passagens, o leitor tem a sensação de estar lendo

“O Brasil também

tem muito a perder de uma futura Amazônia

peruana sem matas”

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Page 37: Revista GAIA

um livro sobre a Amazônia brasilei-ra. Marc vê também muitas seme-lhanças, mas ressalva que a perua-na é mais complexa. “O padrão de ocupação pode ser drasticamen-te diferente, com minifúndios no Peru e preponderância do latifúndio pecuário no Brasil. E gerando problemas e conflitos como o narcotráfico e o terro-rismo ou guerrilha. A população andina peruana sempre foi mui-to organizada e politicamente combativa, o que é positivo em muitos aspectos, mas agrava os conflitos”, explica Marc. Enquanto a Amazônia brasileira recebeu nos anos da ditatura militar incentivos para sua ocupação, com abertura de estradas e nascimento de cida-des, o Peru esteve até pouco tempo de costas para sua floresta e ainda hoje vê a região como um território a ser explorado ou vendido, de acordo com Marc.

A saída, para os autores, reside numa interrupção estratégica das intervenções planejadas para que se possam incluir a participa-ção social e o cumprimento da legislação no que se refere à mensuração dos impactos, inclusive ambientais. “Se não for assim, somos realistas e conscientes de que as recomendações deste trabalho não encontrarão muito eco no governo atual”, diz Marc. Entre as sugestões dos autores estão o funcionamento de um cadastro de passivos ambientais para a Ama-zônia, para registrar e quantificar os danos ambientais acumulados que mais podem influenciar nega-

tivamente o futuro da Amazônia, a ser elaborado em escala municipal, regional ou para toda a Amazônia.

Mais do que abrir os olhos da população, para que não assista inerte à destruição da Amazônia pe-ruana em apenas dez anos, os auto-res quiseram chamar a atenção dos próprios governantes, muitos dos quais sem noção clara do conjunto e das interações de tantas obras propostas, esperando deles alguma atitude. “O Brasil também tem muito a perder de uma futura Amazônia peruana sem matas, com os solos arrasados, águas contaminadas e socialmente mais instável que agora. A Ama-zônia é uma só. Este trabalho é, portanto, um convite à reflexão e à ação”, resume Marc.

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Aprenda o que se pode aproveitar que não aprovei-tamos. Fazer pratos deliciosos apenas com o que não comemos e jogamos fora no final do almoço. E enten-da como funciona o Vegetarianismo e o vegetariano.

Texto: georickk.multiply.com - www.vegetarianismo.com.brIlustrações: Nathan Gonzalez Mariano e Fabio Watanabe

GASTRONOMIA

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Em primeiro lugar, a pes-soa deve procurar a orientação profissional de um nutricionista, como em qualquer transição alimentar. Não é incomum que vegetarianos se queixem de terem procurado um nutricionis-ta e terem sido mal orientados na sua opção alimentar, muitas vezes tendo recebido a recomen-dação de voltar a comer carne. A verdade é que os profissionais desta área estão mal preparados, desde a faculdade, para lidar com pacientes vegetarianos, por isso é importante buscar dentre os poucos nutricionistas que se

especializam em dietas ve-getarianas ou alternativas. A informação é a princi-pal arma de quem busca adotar uma dieta vegeta-riana. É preciso conhecer novos alimentos, aprender novas receitas e saber

quais são as fontes dos nutrientes mais importantes.

Quanto mais informada a pessoa estiver, mais apta ela estará a discernir entre fatos e mitos, o que é muito importante quando se trata de nutrição vegetariana.

Uma das questões mais rodeadas de mitos no vegetaria-nismo é a questão em torno da proteína. Os alimentos vegetais são capazes de suprir o organis-mo com toda a proteína necessária, seja para uma criança, um idoso ou até mesmo um atleta.

GASTRONOMIA

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É considerada vegetariana a pessoa que elimina de seu cardápio o consumo de todo tipo de carne.

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Existem várias formas de vegetarianismo, classificadas de acordo com o grau de restrição de alimentos:

Vegans ou Vegetarianos PurosNão consomem nenhum produ-to de origem animal, inclusive ovos,leite e derivados, gelatina e mel. Abstendo-se também do consumo de lã, couro e cosméti-cos derivados de animais.

Consomem leite e derivados. Não consomem ovos. Geralmente relacionados com filosofias indianas. Esta é a ca-racterística alimentar da maioria da população indiana.

Lacto-Vegetarianos

Ovo-Lacto-VegetarianosConsomem ovos, leite e derivados. É a forma mais comum de vegetarianismo.

Controle de Peso:Uma dieta isenta de produtos animais é pobre em gordura, o que reduz o conteúdo calórico da refeição.

Redução do Risco de Doenças do Coração: Mais pobre em gordura, uma dieta sem produtos animais é totalmente isenta de colesterol.

Redução do Risco de Desenvolver Câncer: Os alimentos de ori-gem vegetal são muito ricos em vitaminas e minerais que são de fundamental importância para uma boa saúde.

Outros Benefícios: Melhora a disposição e energia, possibilita a descoberta de novos alimentos, reduz o risco de doenças degenerativas.

Estudos científicos provam os benefícios que uma dieta vegetariana proporciona:

Existem possibilidades de um indi-víduo desenvolver uma deficiência protéica, mas estes são casos muito específicos. Uma maneira é não ingerir uma quantidade suficiente de alimentos, sejam estes de origem vegetal ou animal. A imagem de crianças desnutridas que vemos na televisão ou nas ruas é um exemplo típico de desnutrição protéico-calórica. Mas estas crianças (ou adultos) não apresentam carências exclusivamente protéicas, elas também sofrem de carências de vitaminas de A a Z, calorias, ferro, cálcio e etc. A proteína não será um problema desde que se ingira uma quantidade suficiente de alimentos e, caso não hajam alimentos em quantidade suficiente, a proteína não será o único nutriente com que

se preocupar.Devido à suficiência - ou abundância - de proteínas nos produtos de origem vegetal, o con-sumo de produtos de origem animal é totalmente desnecessário para su-prir nossas necessidades protéicas. O único produto de origem animal necessário à nutrição humana é o leite e este deve ser, obviamente, humano. Após o período de ama-mentação, como o próprio nome sugere, o leite deixa de ser neces-sário ao homem ou a qualquer outro mamífero. O leite materno, que vem fornecendo proteína aos humanos em fase de amamentação por milênios, fornece apenas 6% de suas calorias na forma de proteína, enquanto o leite de vaca fornece, exageradamente, 22% de suas calorias na forma de proteína.

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O lixo que você joga fora é a arte revolucionária de Chris Jordan. A ironia, o ataque à sociedade e a polí-tica moderna, são duas caracteríscitas de suas obras tão detalhadas e conceituais.

Texto: Thaynan Gonzalez CoelhoFotografias: www.chrisjordan.comEdição de imagens: Alexandre Machado

ARTES

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ARTES

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Os anos 80 e 90 viram um rigoroso debate, especialmente, sobre os méritos da arte po-lítica. Durante esse período, muitos artistas

inclinados politicamente, assumiram preocupações até então defendidas por grupos minoritários: o racis-mo, o sexismo, a homofobia, a hegemonia ocidental e assim por diante. Muitos desses artistas saíram das escolas de arte em um período de crescimento da

sensibilidade política e de problemas ambientais. Por mais bem intenciona-dos que fossem, grande parte dos trabalhos sofreram com o fato de uma expectativa exa-gerada sobre o poder da mensagem política sobre a própria arte, e mais, dividiu simplifica-damente o mundo entre opressores e vítimas.O trabalho de arte como crítica é um exercício longo que proporciona

o prazer de encontrar as atitudes mais ou menos radicais, sem os riscos

Artista norte-americano conhecido pela crítica feroz à sociedade de consumo

CHRIS JORDAN

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inerentes de uma crença radical.Jordan estudou Direito e, entre 1981 e 1991, tra-balhou como advogado coorporativo. Em 2003 ele se afastou do Direito, sempre consciente de que não o exercia com satisfação. Exerceu a profissão por 10 anos com medo de fracassar na área artistica. Mudou de idéia devido ao receio de envelhecer e não realizar nada que pudesse expressar esse lado artístico e que representasse alguma diferença na conscientização do mundo. Durante seus anos de ad-vocacia, fotografava por prazer, assuntos variados, mais precisamente para fugir do mundo legal.

Jordan mostra suas fotografias em museus e galerias e as vende como objetos de arte, mas o conteúdo e a reação ao seu trabalho vive predominan-temente fora do controle da arte institucional. Hoje em dia a maioria das pessoas conhece seu trabalho pela internet e por e-mails que as pessoas passam umas para as outras. O site do artista recebe uma média de 75 mil visitantes individuais por mês.

Seu timing foi perfeito afinal quando ainda advogava em até 5 ou 6 anos atrás a internet estava num estágio inicial e não tão massificada.

A imagem imposta, maior que a escala huma-na, implica os visitantes se posicionarem fisicamente, e também tomarem uma posição em relação ao assunto. A escala também aumenta nossa atividade de reconstrução da imagem, de longe para perto, do esterno para o íntimo. A experiência é próxima a ver uma obra de arte pontilhista na qual centenas de partes se combinam para formar uma imagem geral e, com um olhar aproximado o efeito coletivo explo-de em pequenos detalhes vistos individualmente.

Em 2003 mesmo, começou o projeto chamado Intorelable Beauty: Portraits of American Mass Con-suption. Explorando em torno dos portos e estaleiros industriais dos EUA, onde os detritos do consumo humano ficam à vista, como camadas de erosão.“Como camadas de erosão do Grand Canyon, eu encontro provas de um apocalipse em andamento em câmera lenta. Eu estou chocado com essas cenas, e também atraído com temor e fascínio”.

A mesma escala de consumo pode parecer desoladora, macabra e cósmica e

Descreve 2.4 milhões de pedaços de plástico, equi-valente ao peso estimado de poluição plástica que é

jogada nos oceanos a cada hora. Todo o plástico dessa imagem foi coletado do Oceano Pacífico.

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ARTES

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estranhamente irônica, até mesmo obscuramente bonita, a sua característica constante é uma complexidade desconhecercertante. Coletivamente, o ser humano esta cometendo um ato grande e insustentável, mas separadamente cada ser é anônimo e ninguém se responsabiliza pelas consequências gerais separadamente . É a partir desse raciocínio que é notório a dimensão do prejuízo irreparável do planeta e na qualidade de vida e de crenças individuais. Ao se refletir sobre uma questão difícil, na ausência de uma resposta, a atenção tende a se voltar para um estágio de uma maior consciência, e é nesse estágio que existe a possibilidade de alguma evolução de pensamento ou ação. “Então, minha esperança é que essas fotografias possam servir como portais para uma espécie de auto-inquérito cultural. Pode não ser o mais confortável terreno, mas tenho ouvido dizer que arriscando a autoconsciência pelo menos sabemos que estamos despertos”

Justo quando a fotografia perde toda sua Pretensão da verdade (Photoshop), Jordan a resgata como um novo jeito de mostrar a realidade. Suas imagens mostram dados, verdades, que no inconsciente coletivo se entende, porém a irracionalidade que contém a ambição individual, faz com que a ignorância se mostre como a principal desculpa para uma não conscientização coletiva.

Em 2005, o furacão Katrina destruiu Nova Orleans e, Jordan e sua esposa Victoria, começaram uma espécie de peregrinação para responder ao de-sastre por meio de sua fotografia e da poesia dela. Resultando no livro: In Katrina`s Wake: Portraits of Loss from as Unnatural Disaster. Jordan mostrou seu ponto de vista juntando a ideia de escritores ambientais e cientistas em contraposição aos escritores de artes. As fotografias de Jordan eram poéticas contrapon-do-se a textos sociais e científicos. Esta série, fotografada em New Orleans, em novembro e dezembro de 2005, retrata o custo do furacão Katrina, em uma escala pessoal. Embo-ra o tema seja diferente da série anterior, este pro-jeto é motivado pelas mesmas preocupações sobre 106 mil latas de alumínio, o número usado em todos os E.U.A em trinta segundos

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o consumismo desenfreado no planeta. Há evidên-cias de que o Katrina não foi um evento totalmente natural como um terremoto ou tsunami. A temporada de furacões de 2005 de gravidade extraordinária pode estar ligada ao aquecimento global, que a América contribuiu desproporcionalmente devido a um consumismo exagerado de práticas industriais. Nunca antes os efeitos cumulativos de comunismo se mostraram tão poderosamente concentrados numa forma visível. Quase 300 mil americanos perderam tudo o que possuíam. Os danos do furacão foram ainda ampliados por causas humanas, incluindo a falta de preparação e responsabilidade, condições de pobreza existentes, causas políticas, ambientais, instalações em locais vulneráveis e falta de recursos federais, já que o presidente da época estava admi-

nistrando as guerras no Iraque e no Afeganistão. A partir dessa perspectiva, a esperança é que essas imagens possam incentivar uma reflexão sobre a contribuição à perda que o ser humano está cons-tantemente enfatizando com suas atitudes, quando evitáveis catástrofes dessa magnitude acontecem Em 2005, Jordan também iniciou a série Running the Numbers: Na American-Selfportrait, uma experiência de repetir imagens para convencer uma estatística precisa, visualizando nossa relação com o planeta. Este projeto examina visualmente as medidas vastas e bizarras da sociedade em grandes impressões detalhadas, montadas a partir de milhares de fotografias menores. Empregando temas como: “Próximo x Agora”, “Um x Muitos”, Chris espera levantar algumas questões sobre

Feita com 32.000 bonecas Barbie, a imagem representa as cirurgias de aumento de mama - de mesmo número - realizadas mensalmente nos Estados Unidos em 2006.

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ARTES

Arte feita com lâmpadas

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os papéis e responsabilidades de cada um para com o ser coletivo.

À distância, Chris Jordan fabrica paisagens plásticas digitalmente, que parece uma vasta área de tundra ártica, mas quando a imagem é aproximada nota-se uma composição muito bem focada de 2 milhões de garrafas plásticas.

Seu trabalho depende muito da atualidade do assunto, depois de ver sua obra, é difícil não pensar na questão coletiva e a na responsabilidade de cada um para que esta se torne um ser pensante. Embora a atualidade desempenhe um papel, as fotografias também se apresentam como obra de arte autônoma. A imagem é impressionante. Elas são grandes, maiores em escala do que a maioria das pessoas esperam quando pensam em fotografia. Os detalhes são claros e o título informativo, de certa forma se tornam numa realidade chocante.

Jordan fotografa objetos individuais ou grupo de objetos e depois os junta digitalmente. São milhares de imagens separadas que se transformam em uma imagem de acumulação em massa. Ele reagrupa o mesmo grupo de objetos mais de uma vez para conseguir diversos ângulos e formas, para formar a perspectiva final que deseja.

Em Cans Seurat, ele fotografou diversas latas de cores diferentes. Cada imagem virou um arqui-vo digital individual, depois, trabalhando sob uma imagem em alta-resolução da obra A Sunday on La Grande Jatte (1884-86) de Seurat, ele escolheu os lugares que as latas melhor se encaixavam como um pontilhado ou pixelado, compondo a obra de Seurat com 106 mil latas, o equivalente ao consumo huma-no em 30 segundos. A elegância técnica serve para mascarar a esmagadora estatística. Jordan Chama sua estratégia formal de “hipermodernismo”, um tipo de fenômeno do Google Earth, no qual ele diz: “Um número muito grande de coisas pequenas para criar imagens de extrema complexidade visual. Eles falam da relação entre o individual e o coletivo, e também a relação entre o perto e o longe.” Com isso Chris cria um novo jeito de per-cebermos as estatísticas. Para ele, a vida cotidiana é descartável, sua obra é uma intrigante impressão digital de uma civilização com problemas. Esse tra-balho mostra o desperdício de uma nova dimensão: o desperdício das pessoas, de vidas e de culturas. É a partir dessa conexão entre desperdiçar no planeta e o dísperdício para com o outro é o desfecho de sua obra. O tratamento entre cada ser humano é o reflexo do tratamento que se dá ao planeta. A essência de sua obra destaca-se como um tipo de transição da linguagem morta das estatís-ticas em uma linguagem visual de maior alcance, onde busca a conscientização através de um emba-samento realista assustador.

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O ECOCARTOON é um evento com a participação de cartunistas do mundo inteiro que traçam em seus desenhos um tema ambiental com o intuito de despertar na população os sérios riscos que o planeta Terra enfrenta.

ECOCARTOON

Toda edição terá uma tirinha, charge ou cartoon abordando o tema sustentabilidade ecológica. A charge acima é do desenhista Bruno Mutti, se chama “O paredão”.

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1. Destaque o papel semente.

2. Após picar, molhe o papel.

3. Pegue um vaso com terra fértil, coloque o papel semente dentro e cubra com uma fina camada de terra de 0,5 a 1,0cm.

4. Regue diariamente. Dependendo da semente, ela irá germinar em 20 dias aproximadamente.

5. Após começar a germinar, sua plantinha deverá ser cuidada como uma planta convencional. Continue regando diariamente.

De 120 a 150 dias, você terá lindas flores, uma erva para chás ou até mesmo uma deliciosa salada que veio do nosso papel. Tudo vai depender do tipo de semente presente em seu papel.

Não esqueça que você está lidando com uma vida e não simplesmente com um papel.

Através dessa ação, você está se alinhando com a causa da sustentabilidade!

Cuide bem da sua nova plantinha e ajude nosso planeta!

Tenha consciência de que precisamos fazer a nossa parte para contribuirmos com o equilíbrio do meio ambiente!

Plantando e CUIDANDO

do seu Papel Semente

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Após o uso, reutilizar o produto para outro �m

sustenTABILIDADEreduzir

reutilizarreciclarMandar o produto de volta para o processamento após sua utilização.

Após o uso, reutilizar o produto para outro �m.

Diminuir a quantidade de lixo produzida.

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