Revista Ideias 105

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ano VII nº 105 R$ 10,00 www.revistaideias.com.br

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Cuidado, eles estão a solta!

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ano VII nº 105 R$ 10,00

www.revistaideias.com.br

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Anúncio Itaipu

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Qualquer cidade — em qualquer parte do mundo — pode melhorar sua qualidade de vida em menos de três anos. Isso é possível porque

nem sempre a resposta vem com dinheiro público, mas com ações coletivas. É importante ter decisão política, mas é fundamental a visão

estratégica para promover uma mudança e fazer com que todas as forças da comunidade

atuem a favor.

Jaime Lerner

gente de

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Fábio Campana 06

Luiz Geraldo Mazza 11

Judas Tadeu Grassi Mendes 12

O preço da corrupção no Brasil 18

Os fichas sujas 22

Gente Fina 24

Luiz Fernando Pereira 31

Mirian Gasparin 33

Um dia na vida de Fernanda Richa

34

Carlos Alberto Pessôa 37

Câmara dos vereadores 39

Cuidado, eles estão à solta 40

Os políticos consultam os bruxos

44

Invernais de Dico Kremer 46

Claudia Wasilewski 51

Talento sem fronteiras 52

Toda mediocridade

será castigada

56

Rogerio Distefano 58

Marianna Camargo 61

Vicente Ferreira 62

Luiz Carlos Zanoni 64

Prateleira 66

Márcia Toccafondo 70

Tamandaré constrói um novo futuro

77

Pryscila Vieira 78

ÍNDICEEDITORIAL

IDEIAS 105

Revista Ideias: publicação da Travessa dos EditoresISSN 1679-3501 Edição 105 – R$10,00www.travessadoseditores.com.br e-mail: [email protected] de julho de 2010

Editor: Fábio Campana Secretária de Redação: Marianna CamargoColaboradores: Antonio Vera, Carlos Alberto Pessôa, Claudia Wasilewski, Eros Ramonzoni, Judas Tadeu Grassi Mendes, Larissa Reichmann Lobo, Luiz Carlos Zanoni, Luiz Fernando Pereira, Luiz Geraldo Mazza, Márcia Toccafondo, Mirian Gasparin, Rogerio Distefano, Pryscila Vieira, Vicente Ferreira.Capa: Guilherme ZamonerProjeto gráfico: Clarissa M. MeniniDiagramação: Katiane Cabral

Diagramação colunas Gente Fina e Márcia Toccafondo: Espresso DesignConselho Editorial: Aroldo Murá G. Haygert, Belmiro Valverde, Carlos Alberto Pessôa, Denise de Camargo, Fábio Campana, Lucas Leitão, Paola De Orte, Rubens Campana

Para anunciar: [email protected]

Rua Desembargador Hugo Simas nº 1570cep 80520-250 / curitiba prTel.: [41] 3079 9997

O Paraná foi obrigado a acompanhar longa novela protago-nizada pelo senador Osmar Dias no papel de indeciso e no final por Requião, no papel de algoz arrependido.Depois de meses de oscilação entre uma aliança com o tu-canato e a adesão ao PT, PMDB ET caterva, Osmar Dias decidiu-se, na undécima hora, a ficar com o PT do governo Lula e a companhia de Requião, o mesmo que o desancou com acusações de corrupção. Entre outras, a de ter adqui-rido uma fazenda em Tocantins por meio ilícito.Pois, pois, agora estão juntos e pelas circunstâncias se pode dizer que os dois se merecem. Tanto que vão dividir o mesmo palanque e dar chá de explicação sobre o que o povo chama de incoerência e outros adjetivos impublicáveis e que eles juram que representa o mais alto interesse do Estado.Pode? Tudo pode na política nativa. E é bom que o leitor se cuide, pois eles estão á solta, como conta a matéria de capa. Eles são os candidatos em busca de votos. Amassam velhi-nhas, beijam moçoilas, fazem bilu bilu para as criancinhas, dão tapinhas nas costas do marmanjo e procuram vender simpatia. Nada mais chato e inconveniente, sem contar a invasão da telinha e do rádio com o horário gratuito de propaganda eleitoral. Gratuito não, porque quem paga é o Tesouro Nacional, ou seja, todos nós. Vamos lá. A campanha começa mais cedo com o desastre de Dunga e seus medíocres na Copa do Mundo de futebol. Aliás, estes são tempo de segunda ordem, diria um poeta russo. A política nativa comprova isso à exaustão.

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POLÍTICA

FÁBIO CAMPANA jornalista

Os brutos também amam

“Os brutos também amam”, poderia ser o título deste

episódio da vida de Osmar Dias e Roberto Requião. Depois de anos a insultar Osmar, eis que Requião passa de algoz a aliado e protetor.

Patética a cena. Os dois, lado a lado, trocando olhares e sinais, a explicar para a impren-sa que agora estão no mesmo leito político porque amam o Estado. Não souberam dizer se a referência era ao Paraná ou à máquina estatal. Talvez os dois, cada qual a sua maneira.

Questionado se os eleitores entenderiam essa mudança radi-cal que não implica apenas em flexão tática da política, mas em concessão moral, Osmar afirmou que os interesses do Estado estão acima de divergências pessoais.

Requião, mais experien-te e no confortável papel do agressor redimido saiu pela tangente. Disse que sua reapro-ximação a Osmar Dias é uma “unidade necessária” e garantiu que as divergências entre os dois “estão absolutamente superadas em nome do Estado”.

Osmar também teve de dar expli-cações a respeito de outra incoerên-cia em seu comportamento político:

disputar o governo contra o tucano Beto Richa após negociar uma aliança com o PSDB.

Tanta incoerência rendeu novo apelido na imprensa nacional para Osmar Dias nestes dias de Copa do Mundo de Futebol. Depois de mui-

to quicar de um lado para o outro, Osmar Dias, por fim candidato ao governo do Pa-raná como aliado de Requião e Dilma, ganhou o apelido de Jabulani da eleição de 2010. Referência a bola da Copa do Mundo que oscila em trajetória errática tanto quanto o próprio Osmar Dias.

José Serra, o presidenciá-vel do PSDB, queixou-se da in-constância de Osmar Dias, que teria dito que não concorreria ao governo caso Alvaro fosse o vice do PSDB para a presi-dência. “Ele (Osmar) apertou minha mão três vezes”, disse Serra.

Tigrões e tchutchucas - Bom lembrar alguns dos episódios que fa-

ziam crer ao Cidadão normal e de princípios que Osmar Dias jamais voltaria a se aliar ao seu algoz Roberto Requião.

Na eleição de 2006, Os-mar Dias e Roberto Requião protagonizaram alguns dos

momentos mais baixos da política paranaense.

Requião acusou Osmar Dias de ter uma fazenda de origem suspeita no Tocantins. Osmar reagiu com du-ras críticas a Requião. Do imbróglio, restou uma vitória apertadíssima de

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Requião que nunca engoliu o resul-tado e insinuou que houve manipu-lação em favor de Osmar.

Osmar respondeu da tribuna do Senado. Disse que Requião. “usou de todos os artifícios sórdidos e baixos para, com calúnias, tentar manchar a minha honra”. “A reeleição levou (...) Requião a usar, de forma es-candalosa, a máquina pública. Um escândalo que entreguei aos meus advogados para que tomem as de-vidas providências (...). Houve de tudo, desde cabos eleitorais pagos com dinheiro público, até ocupantes de cargos comissionados, durante o expediente, nas ruas de todo o estado do Paraná.”

Com o humor ácido de sempre, Requião afirmou que o Paraná tem dois senadores (os irmãos Alvaro e Osmar Dias) que aqui se fazem pas-sar por “tigrões”, mas em Brasília são “tchutchucas”. Ora, pois, Osmar esqueceu as ofensas e abraçou Re-quião para provar que a política é a profissão mais antiga do mundo.

Diante da cena, foi interessante a reação de um proeminente prefeito peemedebista, diante da cena que protagonizaram Requião e Osmar, ontem, na entrevista coletiva do Hotel Mabu: “Estou decepcionado e me sentindo usado pelo que vi hoje. Lutei e trabalhei 8 anos por um homem que eu admirava. Per-di muitos votos em meu município em 2006, defendendo algo e alguém

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em quem acreditava, contra o Osmar. Como explicar isso ao povo que não tem culpa de nada?”

O mais indeciso dos Dias - Qualquer que seja o desfe-cho das eleições deste ano,

este 2010 passará para a história como o ano da indefinição do senador Os-mar Dias. Durante nove meses, prazo de uma gestação, ele apoquentou a paciência dos paranaenses com seu exercício diário de vacilação.

Osmar Dias oscilou entre aliar-se aos tucanos de Beto Richa ou aceitar a oferta do PT para ser candidato a governador e erguer um palanque para Dilma Rousseff. No final, cedeu às pressões de Carlos Lupi, cacique de seu partido e controlador dos in-teresses do PT em seu arraial.

Osmar agora é candidato ao gover-no contra o tucano Beto Richa. Tornou-se aliado de tudo que mais combateu, entre outros o MST. E abrigou seu algoz Requião, além de engolir um vice do

PMDB. Tudo em troca da promessa de uma campanha fortalecida pela logís-tica do PT e do governo Lula.

Cabe a pergunta: como pode um político de vôo majoritá-rio passar de um lado para o

outro como se não houvesse limite político e ideológico a separar as duas grandes forças políticas no país: o PT no governo e o tucanato na oposição.

Outra pergunta: que credi-bilidade tem Osmar Dias que sofreu ataques furibundos

do ex-governador Roberto Requião e depois aceitou sentar-se com o algoz para negociar uma saída que possa servir aos interesses dos dois.

Requião percebeu a besteira que fez. Ao destruir a candidatura de Os-mar Dias ao governo arrumou um forte adversário na disputa do Senado.

Assim é a política paranaense. Dessa experiência ficou a evidência de que vivemos um momento de re-velação. Não temos partidos ideolo-gicamente definidos e modernamente concebidos, conforme se demonstra até pelo fato de que, às vésperas das eleições, temos candidatos que osci-lam entre uma composição do centro para a direita e outra do centro para a esquerda e tratam as duas como se não houvesse diferença alguma. Pior, não há. Pesando bem, elas se equivalem e não se diferenciam pelas idéias e pro-pósitos. Muito menos pela voracidade

Depois de muito quicar de um lado para o outro, Osmar Dias,

por fim candidato ao governo do Paraná como aliado de Requião e Dilma, ganhou o apelido de Jabulani da eleição de 2010

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com que disputam o poder.Assim, o senador Osmar Dias

notabilizou-se como protagonista do mais longo drama da indefinição de que se tem notícia nesta área chuvosa do planeta. Ele sempre disse, com emocionante candura, que qualquer apoio lhe serviria, contanto que acei-tasse seu programa de governo que colheu das sugestões populares em suas visitas aos municípios.

Pecado original - O pecado não está na candidatura de um agrônomo que virou sena-

dor da República graças à trajetória política paralela de seu irmão, o ex-governador e hoje também senador Alvaro Dias. Um dos mais amados presidentes dos EUA, Harry Truman, começara como vendedor de gravatas.

O pecado está na salada ideológica, que implica falta de objetivo, além da obstinada ambição de poder pelo poder. Osmar Dias sempre foi um representante do agronegócio, dos mega-agricultores e se identifica com propósitos que são diametralmente opostos aos que o PT diz defender. Nem por isso recusou sentar-se à mesa do presidente Lula para ouvir suas propostas e seus apelos.

Vivemos, ainda, em bran co e preto. Nos arraiais do PT, partido que chegou a representar as espe-ranças dos trabalhadores, o objetivo é eleger Dilma Rousseff a qualquer preço. Não importa que trato se faz

com as forças da direita ou do fi-siologismo para apoiar a candidata à sucessão do Lula.

Nessa seara, fala-se em coli-gação de centro, juntando centro-direita, centro-esquerda, centro-centro. Mais uma vez me pergunto: onde está a direita? Curioso país o nosso, a direita existe, mas nin-guém se assume como tal. É igual visitar um cemitério. Onde estão enterrados os cafajestes? Ninguém sabe ninguém viu, não há cafajes-

tes indicados nas lápides.Uma coisa é certa, vivemos uma

larga indefinição provocada pela di-ficuldade de Osmar Dias para tomar seu rumo e indicar o que pretende. Candidato viável no plano eleitoral, com experiência acumulada de várias campanhas majoritárias, pintou no cenário como esperança do PT nativo em compor uma frente política forte e um palanque para a presidenciável Dilma Rousseff.

Qual é a esquerda de Lula? Boa pergunta, se ele próprio não fosse vítima de suas fantasias, cumpre esclarecer. Mas é perfeitamente ad-missível que uma profunda mudan-ça esteja em andamento debaixo de nossos narizes, sem que a gente se dê conta dela. No dia em que toma-ram a Bastilha ninguém disse “está começando a revolução francesa”.

Repetição e caricatura - Os cidadãos que ocupam a ribal-ta da política paranaense, de

Gleisi Hoffmann a Requião, de Osmar Dias ao seu irmão Alvaro, só conse-guem imaginar movimentos e saídas experimentados no passado próximo e remoto, às vezes repetidos como ca-ricaturas. O tempo ficou propício, no entanto, á desmistificação. Admitamos então uma mudança adequada ao Pa-raná, nova, original inconfundível. Distante dos padrões tradicionais, desligada dos modelos consagrados

pelo PMDB de Requião e seus mode-litos nacionaleiros do século passado. Mudança nossa, apenas paranaense.

Mas o que deve prevalecer é a nossa rasa cultura política. Durante séculos chamou-se a esquerda, ge-nericamente, de bicho-papão, com variações sobre o tema, como se dá com o diabo, também chamado de Astaroth, Ramãzinho, Cão, Satanás, etc. Esquerda, sinônimo de comu-nismo, radicalismo, terrorismo, etc. Gerações de gerações de burguesotes e remediados foram criadas na crença de que a esquerda existe para levar ao forno, além de criancinhas, qualquer anseio de bem-estar pessoal.

A classe média brasileira lê apres-sadamente os jornais e os livros de história, ou não os lê de vez, e sendo assim se conforma tranqüilamente a contos da carochinha tecidos para legitimá-la como minoria privilegiada.

Trata-se de não perder os pri-vilégios. Ou seja, de não entregar sequer os anéis, contrariando, se-gundo se crê, os propósitos da es-querda, a qual insufla a plebe rude e ignara a tom ar tudo o que temos e, quem sabe, abocanhar os nossos dedos como os comensais de Santa Felicidade atacam asas de frango.

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A luta de classes foi um fator de desenvolvimento nos países civili-zados do mundo e em alguns se en-caminha para virar debate de idéias entre grupos iguais. Mas por aqui se preserva o faroeste. E a esquerda é mais temida que apaches e sioux.

Mas é bom não perder as esperan-ças. Sejamos, aqui, se não ufanistas, ao menos imaginosos. Trata-se de pensar, simplesmente, sem o risco de pensar grande. Para enxergar o Paraná como ele é, a seu modo único, na desgra-ça e na chance de sair dela. Parece quimera a pretensão de fazer deste Estado de todas as gentes uma Bolí-via, uma Venezuela ou mesmo um Paraguai. Senhores, não é por aí. E não adianta inven-tar bichos papões. Os povos acabam sempre por ocupar seus espaços e assumir suas identidades. Infelizmente já custa muito esperar.

Olhando no espelho - Neste quadro, desa-parecem as grandes

metas, os programas de gover-no, os planos de realizações. Resta apenas a esperança da população das camadas mé-dias de que a corrupção de-sapareça e nas populações mais pobres a de que os benefícios do assistencialismo, consagrados no Bolsa Família, sejam garantidos.

De resto, é o vazio. As pesqui-sas mostram uma população saturada pela longa experiência de bravatas e mentiras de Requião. Cansou de ou-vir frases como “o pedágio ou baixa ou acaba” e depois nada acontecer. Absolutamente nada, porque o que mais caracterizou a vida paranaense nos últimos sete anos e meio foi a anomia, a ausência de governo e a prosperidade do crime.

A respeito de Requião já se dese-nhou o estupor, o espanto — o medo,

até — a partir da constatação de que ele encena o desastre da ideologia e se agiganta no vácuo partidário. Requião é o estandarte do fracasso de todas as tentativas de se criar, entre o Equador e o Capricórnio, alguma forma de vida política aparentada com a contemporaneidade do mundo.

Requião vem, eis a demonstra-ção do teorema constrangedor, como candidato de si mesmo, embora com o disfarce precário do aval do PMDB nativo. Mas isto ainda é pouco, para quem quiser descer ao genuíno signi-ficado das expectativas da população. Não se trata de praticar espeleologia

e baixar no breu com tochas e cordas. Tudo brilha à luz do sol.

A única esperança - O trá-gico é ler as pesquisas de opinião e perceber que o

povo não está nem aí para os gran-des projetos. Na verdade, ele nada espera, nada sonha, nada almeja além da exemplar punição dos corruptos. E os políticos, com a maior desfaça-tez, dirão o que o povo quer ouvir. Um juramento só — sagrado, na ex-pectativa do salvador da pátria, mas absolutamente único —, selando o compromisso sem quartel de combate

à corrupção, como se todos os males, os insuportáveis males do Brasil, pu-dessem ser sanados dessa maneira.

As pesquisas pintam um retrato sombrio do Paraná. Quem assusta não são os candidatos, é o povo. Quer dizer, a gente teria de tremer ao se olhar no espelho. Parece que o Paraná se sente faltamente tolhido para a realização de um grande destino por uma vasta camarilha de políticos corruptos, tão vasta a ponto de suscitar a impressão de que a política é sinônimo de corrupção.

Neutralizada a gang com o cor-retivo da punição devastadora, os problemas estarão resolvidos, de

sorte a justificar a impressão de que a Revolução Brasileira realizaria, por este caminho, a Igualdade em vão buscada de 220 anos para cá, da Tomada da Bastilha em diante.

Trata-se, obviamente, de uma perigosa simplificação dos problemas, de uma conclusão que dispensa, bem mais que a objetividade, a própria lógi-ca. A precariedade de nossas instituições, a imaturidade da população, o seu distanciamen-to de uma modernidade preci-pitada pela revolução francesa que alguns de nossos políticos pretendem entender, são dolo-

rosamente flagrantes.E nadas, absolutamente nada,

indica que os pesquisados de hoje sejam substancialmente melhores ou, se preferirem, de quem os governa ou de quem os governará.

Não há razão alguma para se su-por que os políticos sejam piores do que os demais cidadãos nativos, ou que empresários, jornalistas, metalúr-gicos, professores universitários, etc. etc, constituam categorias à parte, devidamente sintonizadas com a con-temporaneidade do mundo. Estamos todos na vala comum do nosso atraso, cada vez mais fundo.

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IDEIAS | julho de 201010

Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré

TAMANDARÉ TERÁCENTRO DA JUVENTUDE

Laboratórios de informática, biblioteca, auditório,piscina, praça, teatro, pista de skate

e ginásio poliesportivo para atendimento a Juventude.

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luIz geRAlDO MAzzA jornalista

O apagão da inteligência

OPINIÃO

Se há um momento em que o exercício do pensamento, em sua mais refinada expressão,

seria obrigatório, imperioso, é o de uma eleição. Mas será justamente aí que não teremos, como já se viu nos pleitos anteriores, quer estadual ou municipal, qualquer indício de reflexão e aprofundamento em torno de valores filosóficos ou morais. É que o varejo dos marqueteiros como sempre substituirá a prática obriga-tória do raciocínio: slogans, saques primários de publicidade, vinhetas cromáticas serão a linguagem subs-titutiva e para a qual não é necessá-rio, tal o seu primitivismo, nenhum Champollion.

Nenhum pleito, mesmo aquele plebiscitário, como o havido entre Re-quião e Osmar Dias, trouxe qualquer contribuição como pensamento orga-nizado e o de Curitiba no confronto Beto Richa versus Gleisi Hoffmann incidiu também nessa deficiência. A impressão que se tem é que candi-datos e partidos ignoram, de forma absoluta, o ‘’universo’’ em que vi-vem. Nem a vinculação de candida-tos locais às alternativas nacionais e respectivas pregações parece oferecer espaço à inteligência, mesmo com a existência de uma candidata como Marina Silva que ao menos recupera a perspectiva da utopia, que era uma

constante em toda e qualquer eleição, isso antes da Queda do Muro.

Os preceptores - Que fim levaram os preceptores de governantes como um Wil-

son Martins com Manoel Ribas, Renê Pereira Alves e Raul Viana com Lu-pion, os filósofos Ernani Reichmann e Ubaldo Puppi, o crítico Temístocles Linhares com Munhoz da Rocha e depois Samuel Guimarães da Costa com Ney Braga (aí também Joaquim de Mattos Barreto e José Augusto Ribeiro)? É inútil a verificação porque entre o pensamento e o exercício da simplificação marqueteira a opção é pelas artes da manipulação. É nessas horas que se sente a falta do intelectu-al orgânico tal qual se dava no breve governo de transição de Adolpho de Oliveira Franco com a presença de uma figura de expressão no mundo da filosofia como Fausto Castilho e também a de Lamartine Correa Lira como assessor de Ney Braga, ambos escalados para a Biblioteca Pública do Paraná. Dá para medir aí a impor-tância que se concedia a esse posto.

um pouco de Bento - Al-guém é capaz hoje de defi-nir como Bento Munhoz da

Rocha Neto o presente e o devir do Paraná como processo civilizatório?

Ao justificar as obras de seu governo falava em que era indispensável cons-truir para o futuro e com noção de escala numa unidade federativa em que as estatísticas nasciam atrasadas.

Nas reflexões era insuperável como quando se referiu à busca do êxito a qualquer preço como itinerá-rio dos políticos. ‘’Para atingi-lo todas as armas são boas, as curvaturas não degradam, as mentiras não infamam, as promessas não prometem, as fintas constituem habilidade louvável. Con-cluo, com melancolia, que a moral da atividade política é especificamente utilitária. Percebo a convicção, que nela se gerou, de que a sordidez é condição de sobrevivência.’’ E mais adiante: ‘’Recolho-me ao meu mun-do interior, nos intervalos da luta, construindo para mim mesmo o meu clima incontaminado, livre das co-ações da propaganda e da sugestões da convivência. Para pensar só por mim mesmo. Para julgar só por mim mesmo. Para resolver e agir só por mim mesmo. E conservar a fé no ide-al, e continuar a amar a verdade, a verdade antidialética, a verdade que não apodrece, não flutua ao vento das paixões e não se supera; a verdade que não traz em si o germe da con-tradição e da morte; a verdade que fixa para as limitações humanas um aspecto da eternidade’’.

Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré

TAMANDARÉ TERÁCENTRO DA JUVENTUDE

Laboratórios de informática, biblioteca, auditório,piscina, praça, teatro, pista de skate

e ginásio poliesportivo para atendimento a Juventude.

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Nunca antes na história deste país...

JuDAS TADeu gRASSI MeNDeS professor e analista

O objetivo do presente (su-cinto) documento é o de fornecer informações para

serem utilizadas pelo candidato José Serra, pois se não forem ditas

as reais verdades, estaremos, por omissão, referendando as coisas er-radas do atual governo, que é “cam-peão” em vender “enganações” para o povão. Vamos a alguns dados:

1A Verdade sobre os Juros - Nos 89 meses do governo Lula (jan/2003 a maio/2010), já fo-

ram pagos R$ 1,170 trilhão, o que equivale a R$ 13,1 bilhões em mé-

dia por mês, ou seja, R$ 438 milhões por dia, isto é, R$ 54,7 milhões por hora-útil (dia de 8 horas de trabalho). Nunca antes na história deste país... Ao completar os oito anos, Lula irá

para a história com o astronômico valor de R$ 1,28 trilhão somente em juros. Para fins de comparação, é mais do que o dobro do governo FHC, que foi de R$ 600 bilhões. É por isso, que os banqueiros estão cantando a musiquinha: “ah! Isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais”. Eles adorariam que Lula tivesse mais um mandato. Quem diria, hein? É o maior entreguismo da nossa história.

2A falácia dos juros altos - É um grave erro de visão dizer que o Brasil precisa

ter juros altos para conter a infla-ção. Isso seria verdade, se a nossa

inflação tivesse origem apenas na demanda agregada, como aconte-ce nos EUA. Aprendi em 1976 nos EUA no início do meu Ph.D. em economia, que combate-se a infla-ção dando choque de oferta. Por que será que o mundo inteiro tem juros baixos e não tem inflação? Por choque de oferta, entende-se criar condições favoráveis para a produção, tais como: menos bu-

ou algumas coisas que os tucanos devem dizer ao presidente Lula

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Como não investimos em infraestrutura (que é padrão africano), parece que estamos condenados a não poder crescer. Se crescer

acima de 5% ao ano, teremos os apagões

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rocracia, menos impostos, juros mais baixos, infraestrutura física eficiente (e não como a que temos, que é ineficiente e cara), educação de excelência, e mais investimentos em ciência e tecnologia. Por isso, os EUA, apesar do demanda agre-gada ser oito vezes maior do que a brasileira, não tem inflação porque tem um PIB de US$ 14 trilhões e importa mais de US$ 2 trilhões (ou seja, oferta agregada enorme).

3Ainda sobre os juros - Em 2009, pagamos de juros algo como R$ 320 bilhões, assim

distribuídos: governo: R$ 170 bi-lhões; as empresas: R$ 50 bilhões, as pessoas físicas: R$ 40 bilhões e de tarifas: R$ 60 bilhões. Isto significa ao redor de R$ 1 bilhão por dia-útil (tirando os domingos). Simplesmente um absurdo.

4Sobre os juros reais - É um escárnio sobre a ignorância da população quando o Banco

Central calcula a taxa de juros reais com base na SELIC (agora em 9,5% ao ano) e dela deduz a inflação e aí parece para os incautos que a taxa de juros reais fica ao redor de 4,5% ao ano. Ora, quem consegue tomar emprestado a taxa de 9,5% ao ano, se somente nos cartões de crédito cobram-se taxas mensais acima de 10%? Simplesmente um roubo. O juro médio no Brasil, considerando-se a média ponderada entre o que a po-pulação paga e o que os empresários pagam, é de 45% ao ano. Tirando-

se desta taxa a inflação (ao redor de 5%) conclui-se que a taxa de juros reais é de 40% ao ano ou até mais. Simplesmente, 700 por cento acima da inflação. Esta é a verdade.

5Único país do mundo: um recorde negativo - O Bra-sil é o único país do mundo

em que os gastos do governo com juros é o principal item de gastan-ça. É mais do que pessoal. No ano passado, o governo torrou R$ 169 bilhões com juros e com pessoal foi ao redor de R$ 150 bilhões (o segundo item), e olha que o gover-no Lula na questão de pessoal foi pródigo em gastança.

6Finalizando sobre os ju-ros - Ao invés de ter torra-do tanto em juros (repito:

nos 8 anos, Lula terá pago R$ 1,28

trilhão), de maneira tão desneces-sária, e parte desta montanha de recursos tivesse melhorado a in-fraestrutura física (estrada, por-tos, energia, etc), os juros no Brasil poderiam ser bem baixos e mesmo assim não teríamos inflação.

7Um governo de Gastança - Além dos juros, o governo Lula torrou em 2009 R$ 511 bilhões

em apenas quatro itens (que pouco contribuem para o desenvolvimen-to do país), que são juros, pessoal, maquina administrativa e déficit da previdência. Isto significa R$ 1,4 bi-lhão por dia em gastança.

8Juros = 8 vezes os inves-timentos em infraestru-tura - Em todos os oito anos,

o governo Lula torrou acima de R$ 150 bilhões em juros. Na média, R$ 160 bilhões. Por outro lado, em in-fraestrutura física, na media, nem chegou a R$ 20 bilhões por ano, ou seja, para os banqueiros desti-nou oito vezes mais do que para a infraestrutura. Como é que pode um país arrecadar 36,5% do PIB e investir em infraestrutura apenas 0,43% do PIB? Algo está errado e não precisa ser gênio.

9Um país com medo de cres-cer - Como não investimos em infraestrutura (que é padrão

africano), parece que estamos conde-nados a não poder crescer. Se crescer acima de 5% ao ano, teremos os apa-gões. Isto significa dizer que estamos

condenados? Um país com medo de crescer? Basta parar de torrar em juros e fazer um canteiro de obras em infraestrutura. Aí, tudo muda.

10 E o crescimento da dívida interna? O fenômeno que não

para de crescer - O governo Lula recebeu do governo FHC uma dívida interna que era inferior a R$ 800 bilhões. Hoje se aproxima de R$ 2 trilhões. Isto significa que cresceu R$ 1,2 trilhão em 89 meses. Dessa maneira, concluímos que a dívida interna tem aumentado em média R$ 13,5 bilhões por mês, ou seja,

O Brasil é o único país do mundo em que os gastos do governo com juros

é o principal item de gastança.

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julho de 2010 | IDEIAS 15

R$ 449 milhões por dia. Algo ina-creditável, mas é, infelizmente, a verdade.

11 Juros + aumento da dívida - Somando-se os R$ 438 milhões por dia

somente em juros com os R$ 449 milhões referente ao aumento diário da dívida interna, conclui-se que o

governo Lula vem torrando, desde janeiro de 2003, o valor absurdo de R$ 887 milhões por DIA, mas investe apenas 6% desse valor em infraes-trutura. Para cada um real investido em infraestrutura, o atual governo torra R$ 16 em pagamento de juros e no aumento da dívida.

12 E o PAC: uma outra enganação - Vamos uti-lizar os dados divulgados

pelo próprio governo, no final de maio de 2010. O PAC já tem 48 meses de existência e neste período o governo federal investiu R$ 41 bilhões, ou seja, ao redor de apenas R$ 1 bilhão por

mês. É bom lembrar que menos da me-tade das obras (na verdade, segundo o governo, são 46%) foram concluídas. Como neste período foram investidos, segundo o governo, o valor total de R$ 302,5 bilhões, conclui-se que o gover-no federal (leia-se recursos do Tesouro) é responsável por apenas 13,8% do PAC. A grande fonte de recursos são as estatais e o setor privado.

13 Por ano no PAC menos do que em juros por mês - Os dados acima

evidenciam que o governo investiu apenas R$ 1 bilhão por mês no PAC (apesar de toda a mídia avassalado-ra), enquanto em juros tem sido de R$ 13 bilhões por mês. Isso significa que para cada um real investido no PAC (que é para beneficiar a popu-lação), o governo Lula “encaminha” para os bancos 13 reais. E olha que seis grandes bancos privados contro-lam dois terços de todo o crédito no Brasil. Concentração maior de riqueza, impossível. Por isso, nunca antes na história deste país...

Ao completar os oito anos, lula irá para a história com o astronômico valor de R$ 1,28

trilhão somente em juros.

14 Crescimento pífio - Como pagamos por ano, R$ 320 bilhões em juros

e em serviços para os bancos, e ain-da pagamos R$ 1,2 trilhão em im-postos por ano, o total chega a mais de R$ 1,5 trilhão. Como o nosso PIB em 2010 vai ser de R$ 3,3 trilhões, concluímos que os dois itens acima (dinheiro para bancos e dinheiro para o governo) consomem 45% do PIB. Um absurdo. Mas, por outro lado, quase nada é investido, o crescimento econômico brasileiro tem sido pífio. É bom lembrar que nos oito anos do atual governo, somos:

a. o último entre o grupo BRIC;

b. o penúltimo na América La-tina. Aliás, graças ao Haiti, não fomos o último em alguns anos. O crescimento médio tem sido de 3,5% ao ano. Como a população brasileira tem crescido a uma taxa mé-dia de 1,1% ao ano, conclui-se que o crescimento per ca-pita tem sido de apenas 2,4% ao ano. Isto significa dizer que levaremos 30 anos para du-plicar a renda per capita. A China por outro lado, não leva nem dez anos para duplicar a dela. Não podemos nos con-tentar com tão pouco, ainda mais considerando o potencial tão grande do Brasil.

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Anúncio Prefeitura Curitiba

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As denúncias de corrupção vêm de todos os cantos do país e de todos os setores –

públicos e privados. Denunciadas em parte pela imprensa, em parte por setores privados fiscalizadores, não se havia medido ainda o tamanho do rombo e o mais alarmante: o prejuízo que este montante de dinheiro causa em setores fundamentais, como edu-cação, saúde, infraestrutura, ha bi tação e saneamento. O relatório da Fiesp in-forma que o custo disso chega até R$ 69 bilhões de reais ao ano. Segundo o levantamento, a renda per capita do País poderia ser de US$ 9 mil, 15,5% mais elevada que o nível atual.

Segundo dados de 2008, a pes-quisa aponta que o custo médio anual da corrupção no Brasil representa de 1,38% a 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, gira em torno de

R$ R$ 41,5 bilhões a R$ 69,1 bilhões. No período entre 1990 e 2008,

a média do PIB per capita do País era de US$ 7.954. Contudo, o estudo constatou que se o Brasil estivesse entre os países menos corruptos este valor subiria para US$ 9.184, aumen-to de 15,5% na média do período, equivalente a 1,36% ao ano.

Entre 180 países, o Brasil está na 75ª colocação, no ranking da cor-rupção elaborado pela Transparência Internacional. Numa escala de zero a 10, sendo que números mais altos representam países menos corruptos, o Brasil tem nota 3,7. A média mun-dial é 4,03 pontos. Além disso, o le-vantamento também traz simulações de quanto a União poderia investir, em diversas áreas econômicas e so-ciais, caso a corrupção fosse menos elevada. Veja abaixo o quanto poderia

POLÍTICA

O preço da corrupção no Brasil

MARIANNA CAMARgO

Um estudo realizado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) revelou os prejuízos econômicos e sociais que a corrupção causa ao País. O valor chega a R$ 69 bilhões de reais por ano

ser investido do dinheiro gasto em corrupção no Brasil.

• Educação – O número de matri-culados na rede pública do ensino fundamental saltaria de 34,5 mi-lhões para 51 milhões de alunos. Um aumento de 47,%, que inclui-ria mais de 16 milhões de jovens e crianças.

• Saúde – Nos hospitais públicos do SUS, a quantidade de leitos para internação, que hoje é de 367.397, poderia crescer 89%, que signifi-cariam 327.012 leitos a mais para os pacientes.

• Habitação – O número de mora-dias populares cresceria conside-ravelmente. A perspectiva do PAC é atender 3.960.000 de famílias;

Para o Brasil, as ações anticorrupção devem ser focadas em duas questões principais. Primeiro, na criação e fortalecimento dos mecanismos de prevenção, monitoramento e controle da corrupção na administração pública. Segundo, é essencial reduzir a percepção de impunidade, por meio de uma justiça mais rápida e eficiente. Os agentes corruptos ao perceberem que suas ações serão severamente punidas têm maior incentivo para mudar seu comportamento oportunista.

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julho de 2010 | IDEIAS 19

sem a corrupção, outras 2.940.371 poderiam entrar nessa meta, ou seja, aumentaria 74,3%.

• Saneamento – A quantidade de domicílios atendidos, segun-do a estimativa atual do PAC, é de 22.500.00. O serviço pode-ria crescer em 103,8%, somando mais 23.347.547 casas com esgo-tos. Isso diminuiria os riscos de saúde na população e a mortali-dade infantil.

• Infraestrutura – Os 2.518 km de ferrovias, conforme as metas do PAC, seriam acrescidos de 13.230 km, aumento de 525% para es-coamento de produção. Os portos também sentiriam a diferença, os 12 que o País possui poderiam sal-

tar para 184, um incremento de 1537%. Além disso, o montante absorvido pela corrupção poderia ser utilizado para a construção de 277 novos aeroportos, um cresci-mento de 1383%.

lei da Transparência – A melhor maneira de controlar o que está sendo gasto pelos

setores públicos é fiscalizar, acom-panhar e cobrar. Mas para que o cidadão tenha acesso aos gastos é preciso que todos os órgãos tenham os chamados “portais da transparên-cia”, onde devem constar os recursos investidos, relação dos funcionários, folha de pagamento, etc. A chamada Lei da Transparência foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 27 de maio de 2009 e pu-

blicada no dia seguinte. Desde então não havia sido regulamentada. A lei é uma alteração na Lei de Responsa-bilidade Fiscal (LRF), do ano 2000.

O governo federal publicou em uma edição extra do “Diário Oficial da União” de 27 de maio de 2010, exatamente um ano depois, as regras para divulgação de gastos públicos nos sites dos estados e prefeituras, com a definição de que as informa-ções financeiras estejam disponíveis até um dia útil depois das operações. O novo decreto que regulamenta a transparência também define que os sites não podem exigir cadastramen-to prévio de usuários e nem utilizar senhas de acesso.

A exigência de sites com infor-mações sobre pagamentos e recebi-mentos para todos os estados e as 273 cidades com mais de 100 mil habitantes começaram a valer dia 28 de maio. A lei determina que os gas-tos estejam disponíveis “em tempo real”, mas o próprio governo federal já havia definido que incluiria as informações diariamente. O termo “tempo real” foi criticado por enti-dades, que afirmaram que não havia uma regulamentação clara.

A lei estipula que estejam dispo-níveis as informações sobre receitas e despesas. A regulamentação deter-mina que para as despesas seja infor-mado o valor, o número do processo, a fonte dos recursos que financiaram o gasto, beneficiário e dados sobre a licitação realizada, quando houver.

Vacina anticorrupção – O ministro-chefe da Controla-doria-Geral da União (CGU),

Jorge Hage, afirmou em entrevista à Agência Brasil que a transparên-cia nas ações públicas é a melhor “vacina” contra a corrupção e o desperdício do dinheiro público. O site de Informações Diárias no Portal da Transparência permite que qual-

Simulação dos benefícios que os brasileiros deixam de obter por causa da corrupção

Fontes: 1 Investimento público direto médio por aluno do ensino fundamental – 1ª a 8ª série (Inep, 2007); Estes dados referem-se aos gastos consolidados do Governo Federal, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios, 2 Fundo Nacional da Saúde e Cadernos de Informação (DATASUS, 2007), 3 Balanço do PAC (Portal do Governo Brasileiro, http://www.brasil.gov.br/pac/conheca/infra_estrutura/), 4 Inclui recursos de contrapartida de estados, municípios e pessoas físicas e não considera SBPE. *Gastos do Governo Federal, Estadual e Municipal. ** Repasse dos créditos orçamentários e recursos financeiros destinados às ações e aos serviços públicos de saúde realizados pelos governos federal, estaduais, municipais e pelas instituições sem fins lucrativos. Elaboração: Decomtec/FIESP.

Valor Observado ou Meta (A)

Adicional: equivalen-te ao desviado para

a corrupção (B)

Adicionalem %(B/A)

EducAçãO – EnSinO FundAMEntAl

número de Alunos da Rede Pública1* 34.510.989 16.438.071 47,6%

SAúdE – SuS

número de leitos (internação)2** 367.397 327.012 89,0%

PAc – MEtAS (2007-2010)3

luz para todos (pessoas atendidas) 5.150.000 24.570.088 477,1%

Saneamento Básico (domicílio atendidos) 22.500.000 23.347.547 103,8%

Habitação (famílias atendidas)4 3.960.000 2.940.371 74,3%

Rodovia (Km) 45.337 56.341 124,3%

Ferrovia (Km) 2.518 13.2 30 525,4%

Porto (unidade) 12 184 1537,3%

Aeroporto (unidade) 20 277 1383,6%

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IDEIAS | julho de 201020

quer cidadão obtenha informações sobre todos os gastos dos governos (empenho, liquidação e pagamento).

A nova ferramenta, ressaltou Hage, permitirá ao cidadão acom-panhar diariamente a execução or-çamentária e financeira dos órgãos e entidades do Poder Público que usam o Sistema Integrado de Administra-ção Financeira (Siafi), antes restrito a gestores com senha.

Para o ministro-chefe da CGU, a população deve acompanhar o uso do dinheiro público. Essa nova pos-tura, tornará, segundo ele, “irrever-sível” o processo de abertura das informações referente às despesas dos órgãos públicos.

Hage afirmou ainda que a CGU já exibe os gastos do governo desde 2004 e que o cidadão pode acompanhar desde os investimentos em obras até o repasse aos municípios. O ministro lem-brou que para tentar evitar problemas com o uso de recursos públicos para a promoção da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, a CGU lançou este ano os portais dos dois eventos, detalhando a execução de cada obra.

Portais da transparência – No Paraná, o governo esta-dual lançou, no fim do mês de

maio, o site Gestão do Dinheiro Público (www.gestaododinheiropublico.pr.gov.br) que promete atualizar de hora em hora todas as despesas do Governo do Estado. São publicados os valores pa-gos, serviços prestados, além da iden-

tificação dos beneficiários. Qualquer pessoa pode verificar as informações.

Além dos pagamentos, a Secre-taria da Fazenda, administradora do portal, também passará a atualizar a arrecadação do Estado semanalmente, trabalho que era feito todo o mês. O Governo também publica na internet a relação dos servidores e cargos em comissão, com respectivos salários, as licitações em processo e concluídas no site Compras Paraná (www.com-prasparana.pr.gov.br), e sobre o an-damento das obras públicas no Foco na Obra (www.foconaobra.pr.gov.br).

Em setembro de 2009, a As-sembleia Legislativa do Paraná di-vulgou o processo de transparência da Casa no site www.transparencia.alep.pr.gov.br. O orçamento de 2010 está previsto em 319 milhões de reais este ano. Cada um dos 54 deputados paranaenses terá um custo de R$ 5,9 milhões anuais para o Estado.

Segundo a assessoria de im-prensa da Assembleia, os deputados também perderam o direito de usar veículos oficiais e deixaram de rece-ber pelas sessões extraordinárias, o que acontece em muitas assembleias do país. Os deputados paranaenses também possuem uma verba de res-sarcimento de R$ 15 mil que podem ser usados para abater despesas de 27 itens, como alimentação, hospe-dagem, combustível, material de escritório, por exemplo. A cota de transporte e de R$ 9,3 mil e de Cor-reio e telefone, R$ 3,2 mil.

Na Prefeitura de Curitiba, o por-tal “Curitiba Aberta” (www.curitiba-aberta.curitiba.pr.gov.br) lançado dia 27 de maio, mostra a conta do que é arrecadado e onde a Prefeitura está investindo esses recursos. Pensado como uma área especial dentro do site (www.curitiba.pr.gov.br), serão divulgados todos os gastos do mu-nicípio, com atualização diária das despesas e receitas da Prefeitura.

“Todos os balanços e informa-ções financeiras, que já eram publica-das na internet de forma consolidada, a cada dois meses, agora estarão dis-poníveis diariamente para o cidadão. O objetivo do “Curitiba Aberta” é permitir o controle social da qua-lidade do gasto público”, afirma o prefeito Luciano Ducci. Já na Câmara Municipal de Curitiba o acesso é pelo www.cmc.pr.gov.br/portal.php, onde o cidadão pode acompanhar toda a relação dos servidores, remuneração dos vereadores e tabela de valores.

O Ministério Público do Paraná ganhou a partir de 21 de junho uma nova ferramenta – a apresentação em tempo real dos dados, conforme de-termina a Lei Complementar de nº 131, gerenciada pela própria institui-ção. Com isso, a população tem acesso diário a todas as despesas e receitas pertinentes ao MP-PR via internet, diretamente na página www.mp.pr.

Corrupção: um dos canais

que reduz a eficiência do

gasto público, em especial, dos gastos

sociais

O custo da corrupção representa todo o montante de recursos que

deixa de ser aplicado no país desviado para o pagamento

das práticas corruptas.

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julho de 2010 | IDEIAS 21

gov.br, no link Transparência. Até então, esse serviço era feito pelo Sis-tema Integrado de Acompanhamento Financeiro (SIAF), da Secretaria de Estado da Fazenda (SEFA), que con-tinua recebendo os dados.

ONG fará ranking dos sites mais transparentes – Com a entrada em vigor da nova lei,

a ONG Contas Abertas e um grupo de especialistas em contas públicas desen-volveram um índice de transparência para avaliar a qualidade das informa-ções divulgadas na internet pela União, estados e municípios. Com base nos parâmetros, serão dadas notas de 0 a 10 para os portais. Entre os critérios de avaliação, estão o nível de detalha-mento das despesas, as possibilidades de download dos dados, a frequência de atualização das informações e as facilidades na navegação.

Na primeira etapa, será anuncia-do o ranking da União, dos estados e do Distrito Federal. Em seguida, será elaborado o ranking dos 273 municípios brasileiros com popula-ção superior a 100 mil habitantes, incluindo 16 cidades do Paraná.

Para municípios com população entre 50 e 100 mil habitantes, o prazo

para o enquadramento na lei é de dois anos (maio de 2011). Já para muni-cípios com até 50 mil habitantes, o prazo para providenciar a publicação das informações definidas na lei é de quatro anos (maio de 2013).

Mapeamento da corrup-ção – A organização não governamental Transparên-

cia Brasil em parceria com a Controla-doria-Geral da União tem disponível para consulta em seu site www.trans-parencia.org.br um manual de aplica-ção da metodologia de levantamento do mapa de riscos de corrupção em instituições públicas. A metodologia foi concebida para permitir a autoa-plicação pelos servidores dos órgãos públicos. Trata-se de um instrumento auxiliar na prevenção à corrupção.

De acordo com o documento, en-tre as ações de prevenção adotadas, destaca-se a criação de métodos de mapeamento e avaliação das áreas de maior risco de corrupção e a imple-mentação de medidas que reduzam, cada vez mais, possíveis focos capazes de fragilizar as instituições públicas. De fato, atualmente, diversos países vêm investindo no desenvolvimento de instrumentos para fortalecer a in-

tegridade institucional dos órgãos do Estado. Na América Latina, por exem-plo, podemos citar as experiências da Colômbia, Argentina e México.

O Mapeamento de Riscos de Corrupção consiste em ferramenta de gestão que permite aos agentes públi-cos mapear os processos organizacio-nais das instituições que integram, de forma a identificar fragilidades que possibilitem a ocorrência de atos de corrupção. A partir disso, imple-mentam-se mecanismos preventivos que minimizem as vulnerabilidades e evitem a prática de corrupção.”

* Pesquisa encomendada pelo Jornal Gazeta do Povo.Fonte: Transparência Internacional e Banco Mundial 7. Elaboração: Decomtec/FIESP.

Relação entre o Indicador Efetividade do Governo e o Índice de Percepção da Corrupção

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não sabe 0,33%Segurança pública 46,84%Saúde 37,21%drogas 28,90%corrupção 27,57%Educação 11,30%desemprego 8,80%transporte coletivo 7,97%Falta de habitação 5,81%Pedágio 5,15%Falta de pavimentação/asfalto 4,15%condições das estradas 2,82%Saneamento básico/esgoto 2,82%Preço das tarifas públicas 2,66%Obras paradas 2,33%Área social 1,66%Falta de apoio à agricultura 0,83%Falta de incentivo ao turismo 0,17%Outras citações 0,50%

A corrupção aparece em 4º lugar no ranking dos maiores problemas apon-tados pelos curitibanos, segundo levan-tamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas*. Para a realização desta pesquisa foram entrevistados 602 habi-tantes maiores de 16 anos em curitiba, durante os dias 22 a 24 de junho de 2010. tal amostra representativa do município de curitiba atinge um grau de confiança de 95,0% para uma mar-gem estimada de erro de 4,0%.

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IDEIAS | julho de 201022

O site Congresso em Foco divulgou a relação com-pleta de deputados e senadores de todo o país que respondem inquérito ou ação penal no Supremo

Tribunal Federal. Para o senso comum e os dicionários, processo é todo procedimento ou demanda em andamento no Judiciário. É esse o conceito usado pelo Congresso em Foco no levantamento a seguir, feito entre 29 de setembro e 29 de maio.

Para os juristas, há uma diferença entre inquérito, fase em que o parlamentar é considerado suspeito de ter praticado ato ilícito, e se reúnem elementos para se propor ou não uma ação penal; e as ações penais, às quais o congressista responde na condição de réu, após aceita a denúncia pelo STF.

No sul, as ações penais são contra os deputados: Abelardo Lupion (DEM-PR), Alceni Guerra (DEM-PR), Cássio Taniguchi (DEM-PR), Dilceu Sperafico (PP-PR), Fernando Giacobo (PR-PR), Luiz Carlos Setim (DEM-PR).

Os inquéritos são contra os deputados Alfredo Kaefer (PSDB-PR), Cássio Taniguchi (DEM-PR), Eduardo Sciarra (DEM-PR), Fernando Giacobo (PR-PR), Odílio Balbinotti (PMDB-PR), Takayama (PSC-PR).

De todo o país - Eles são de 15 partidos di-ferentes, das 27 unidades da Federação. Nove ocupam cargos de liderança no Congresso. Um

deles preside a Câmara, outro é vice-presidente do Senado. Em comum, têm o mandato que exercem no Parlamento e os processos a que respondem no Supremo Tribunal Federal (STF). É a bancada mais numerosa do Legislativo federal, a dos parlamentares processados, composta por 21 senadores e 147 deputados. Juntos, eles são alvos de 396 investigações no Supremo.

Entre esses 168 parlamentares, cinco respondem a pelo menos uma dezena de processos. O campeão nesta lista é o ex-governador de Roraima Neudo Campos (PP-RR), candi-dato ao governo do estado em outubro, com 21 denúncias.

Depois dele, vêm os deputados Jader Barbalho (PMDB-PA), candidato a uma vaga no Senado, Abelar-do Camarinha (PSB-SP), Fernando Chiarelli (PDT-SP) e Lira Maia (DEM-PA), com dez investigações em curso.

No Senado, os senadores Jayme Campos (DEM-MT), com cinco, Valdir Raupp (PMDB-RO) e João Ribeiro (PR-TO), com quatro cada, são os que acumulam maior número de pendências na Corte Suprema.

O senador João Ribeiro é líder do PR. Assim como ele, outros quatro líderes no Senado também devem explicações ao Supremo: os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo; Renan Calheiros (AL), líder do PMDB e da maioria; Mão Santa (PI), líder do PSC, e Gim Argello (DF), líder do PTB. Na Câmara, também são alvo de investigação os líderes do PR, Sandro Mabel (GO);  do PDT, Dagoberto (MS);  do PRB, Cléber Verde (MA), e do PMN, Fábio Faria (RN). O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e o primeiro-vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), também são alvos do Supremo.

O vice de Dilma - Oficializado na convenção do PMDB, candidato a vice-presidente na chapa en-cabeçada por Dilma Rousseff (PT), Michel Temer

está indiciado no Inquérito 2747, suspeito de ter cometido crime contra o meio ambiente. Na última movimentação do inquérito registrada na página do Supremo, o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, cobrou explicações da Procuradoria-Geral da República sobre a “demora excessiva” da investigação.

Como mostrou a Folha de S. Paulo, o presidente da Câmara é suspeito de ter recorrido a grileiros para se apropriar de terras na reserva ecológica da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. O deputado sempre negou as acu-sações. No ofício, o ministro pediu ao procurador-geral, Roberto Gurgel, que explicasse por que não haviam sido cumpridas as diligências por ele determinadas um ano antes. Não há registro de resposta da PGR desde o envio do documento, em 27 de outubro.

O vice do Senado - Candidato ao governo de Goiás, Marconi Perillo acumula três inquéri-tos, um por concussão (ato de exigir para si ou

para outrem dinheiro ou vantagem em razão da função), corrupção passiva, prevaricação, tráfico de influência, corrupção ativa e crimes de abuso de autoridade; outro por corrupção passiva, e um terceiro cuja natureza não é informada pelo Supremo.

A relação dos parlamentares processados inclui ou-tros personagens ilustres da política brasileira, como o ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) e o ex-governador paulista Paulo Maluf (PP-SP).

Candidato ao governo de Alagoas, Collor de Mello é réu em duas ações penais: uma por corrupção passiva, peculato, tráfico de influência, corrupção ativa e falsidade

Os fichas sujasANTONIO VeRA

POLÍTICA

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julho de 2010 | IDEIAS 23

ideológica; e outra por crime contra a ordem tributária. Incluído este ano na relação de procurados pela Interpol, Maluf responde a cinco acusações no Supremo: por crimes contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro, de responsabilidade, formação de quadrilha ou bando, e lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores.

Ações penais - O ex-presidente da República e o ex-governador de São Paulo estão entre os 63 parlamentares que figuram na condição de

réu em 108 ações penais, procedimentos que podem resultar em condenação. Nesses casos, os ministros do Supremo aceitaram as denúncias da Procuradoria-

Geral da República por entenderam que há indícios da participação dos 54 deputados e nove senadores nos crimes que lhes são atribuídos.

Entre as denúncias mais frequentes contra deputa-dos e senadores, estão as de crime de responsabilidade (praticados no exercício de outra função pública), pecu-lato (apropriação, por funcionário público, de bem ou valor de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio), formação de quadrilha, crimes elei-torais, ambientais, contra a ordem tributária e a Lei de Licitações. Também há acusações de menor gravidade, como os chamados crimes contra a honra, como calúnia, infâmia e difamação.

Page 24: Revista Ideias 105

IDEIAS | junho de 201024

Tânia Espírito SantoFuncionalidade e equilíbrio marcam o trabalho da Designer de Interiores Tânia Espírito Santo. Com um estilo que segue as referências do clean,para ela na hora de transformar os desejos dos clientes em realidade, o que conta é o modo de vida, sem o uso de qualquer modismo. Com essa atitude ela conse-gue projetar interiores com uma linguagem contem-porânea e soluções atemporais. Cada projeto traz a cultura dos seus moradores, mas com sua interpre-tação. É com esse seu jeito despretensioso que cada ambiente sempre revela uma agradável surpresa.

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junho de 2010 | IDEIAS 25

Musa paradisíacaA tradução nos roubou um tanto da poesia da Jose, a Josely Maria Biscaia Vianna Baptista. Também nos roubou a musa paradisíaca e sua beleza admirada por gerações de escritores, artistas e afi ns desta Curitiba modorrenta e chuvosa. Mas nos deu a melhor tradução possível de obras do espanhol que nenhum outro tradutor honesto deste país teria condições de fazer. Imaginem traduzir “Paradiso”, de José Lezama Lima. Trabalho para quem é cra-que. Ninguém mais teria condições de se aventurar nessa seara. Jose também tradu-ziu Jorge Luis Borges, Juan Carlos Onetti, Guillermo Cabrera Infante, Gabriel García Marques, Mário Vargas Llosa. Mas bem que podia deixar algum tempo para a poeta que nos deu os livros “Ar” e “Corpografi a”, publicados no Brasil, e “Los poros fl óridos”, publicado no México. E vol-tar, vez ou outra a Curitiba, para ser vista pelos amigos e os inconsoláveis admiradores.

Rogério na CopaCinco dos principais artistas dos países que participam da Copa do Mundo foram convidados a criar uma obra para a 2010FINEART — Coleção Ofi cial de Arte da Copa 2010. Entre os brasileiros está Rogério Dias, que enviou para a África a sua “Seleção Canarinho”.A Coleção é extremamente exclusiva, com apenas 210 cópias de cada obra. Todas as estampas foram impressas no Museu da Gravura Hahnemühle na Ale-manha. Cada cópia é única, numerada e assinada pelo artista, com certifi cado de autenticidade e selo da 2010 FIFA World Cup.

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O Arquiteto da NoiteGastão Lima foi fotógrafo do Teatro Guaíra enquan-to estudava. Formado pela PUC Paraná, é professor de pós graduação há 9 anos, e dedica-se à arquitetura de entretenimento fazendo a noite curitibana há 25. Projetou grande maioria das casas noturnas da moda. Busca suas informações em viagens específicas para pesquisa e conhecimento. Aos 50 anos foi derruba-do por crise de identidade. Decidiu recomeçar. Tem agendado cursos nos EUA para julho. Vai criar luga-res ainda mais especiais. Sua vida gira em torno do amor pelo filho e isto o faz buscar energia para viver feliz e realizado ao lado dele e de sua profissão.

Hora do saltoDepois dos cds “Acorda” e “No País de Alice” Rogéria Holtz gravou canções de compositores paranaenses. A cantora acredita que é hora de dar um salto em sonoridade. Nada melhor que parceiros de porte internacional como o grupo Na Tocaia. É claro que ela não vai deixar de cantar os poetas amigos, mas quer caprichar ainda mais na execução de cada faixa. Ela também tem curtido compor e passa horas em busca de belas melodias. Adora. Já fez umas 3. Também não poderia deixar de registrar aqui o orgulho de cantar o musical “O Carrossel” de Helinho Brandão e de participar do cd novo de Glauco Sölter. Um privilégio.

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Designer de luxoA designer Silvia Döring é uma das mais destacadas pro-fissionais no mercado de acessórios de luxo de Curitiba. A leveza, a elegância e a qualidade acompanham os traços de todas as suas criações. A inspiração da designer nasce do cotidiano, do contemporâneo e das atualidades. Tra-balho que resulta em peças exclusivas. Em 2007 abriu sua primeira loja de acessórios de luxo em Curitiba. Em 2010, Silvia Döring iniciou a expansão de seu negócio com siste-ma de franquias. Em outubro, a designer abre sua primei-ra loja em shopping. Será no Park Shopping Barigüi.

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Page 27: Revista Ideias 105

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O pediatra especializado em neonatologia, Dado Dantas, e a decoradora e artista plás-tica, Ilse Lambach, são, em primeiro lugar, realizadores de sonhos. Se antes Dado se de-dicava aos sonhos de milhares de mães, por meio dos mais de 60 mil partos que fez, e Ilse de seus clientes, com ambientes sofi sticados e quadros que ex-pressavam toda a sua sensibi-lidade, hoje eles fazem sonhos de festas. A dupla criou uma empresa que vem, desde 2003, realizando as festas e eventos corporativos mais comentados

da capital paranaense. São diversos eventos pessoais e profi ssionais, que vão de casamentos e festas de aniversário até a ambientação de lounges de empresas e festas corporativas, além de marketing de rela-cionamento agregado às suas festas. Para eles, o segredo do sucesso é a capacidade de organizar um evento como um todo. Mérito da infraes-trutura que possuem, mas também da experiência adquirida.

Olhar ÚnicoComeçou aos 18 anos. Assistente de fotografi a comercial. Muito antes tinha contato com o mundo das imagens. Kraw Penas é fi lho do fotógrafo Gibi Penas e aprendeu desde cedo a olhar o mundo através de uma câmera. Também por isso desenvolveu uma linguagem peculiar e inconfundível. Seu trabalho tem impres-são única, fruto de experiências diversifi -cadas na captação de imagens. Trabalhou com fotografi a publicitária com vários fotógrafos conceituados antes de montar seu próprio estúdio. Também tem expe-riência com fotojornalismo. Suas fotos foram publicadas em revistas regionais e nacionais. Há mais de 20 anos atua como free lancer, faz eventos e casamentos com diferenciais que transformam a sua foto-grafi a em obras de arte: um olhar único e uma captação de luz original.

Gisa Gabriel trabalha com produção de eventos há cerca de 20 anos. Além disso é DJ e famosa por suas festas badala-díssimas. Mora em São Paulo, entre idas e vindas a Curitiba. Recentemente fez dois even-tos em Curitiba, um deles foi desfi le para a Bob Store e Los Dos na loja da Mini Cooper em parceria com o stylist Chrys Kishida e o projeto The Way We Run – Converse, por meio da revista e produ-

tora Vice SP. Vai continuar com os projetos de festas em Curitiba. A Strong Girls em parceria com as amigas Sandra Carraro e Fernanda Dias, é um sucesso. Em breve estará em Curitiba com o MMMix (Mercado Mundo Mix) repaginado e com atrações inusitadas.

A festa nunca termina

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Durante anos, Fábio Elias foi líder da banda de pop/rock do Paraná, a Relespública. Em 2010, lança a car-reira solo com o disco “Me Dê Um Pedaço Teu”. A música sertaneja e a country music são suas grandes paixões desde que começou a tocar, ainda criança. Um músico que passeia por vários estilos sem preconceito. A mudança de roqueiro para sertanejo, muito bem pensada segundo o artista, fazia parte de seus sonhos, desde a época em que morava em Wenceslau Braz, no interior do Paraná, com os pais.Do estilo caipira aprendeu a gostar

desde cedo ao mesmo tempo que passou a gostar de rock. Aos 4 anos tocava viola e violão; adolescente, criou uma banda, de onde traz ba-gagem autoral, performance de pal-co e a coragem para inovar. Estilos que são um pedaço do artista. Isso deu forma e som ao disco “Me Dê Um Pedaço Teu”. O CD, lançado em abril de 2010, tem 13 canções, todas composições próprias. Com o bom humor que conquista fãs em todos os palcos do país ele fala: “Digamos que Elvis Presley se encontrou com José Rico e eles fizeram um som.”

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Vício do RádioCarol Domingues sempre achou que trabalho deve ser bem pareci-do com um hobby para que pos-samos trabalhar com amor, e não só pelo dinheiro. Ela é locutora de rádio há 19 anos. Muitas vezes tentou fazer outras coisas. Até se formou em letras. Mas não adian-ta - rádio é o seu único vício. Não tem um fim de semana inteiro. E nenhum feriado com exceção de Natal e Ano Novo. É assim que ela acha que tem que ser. Fala mesmo. Das 6 horas da manhã ao meio-dia. De segunda a domingo na Mundo Livre Fm 93.9.

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Elvis ou José Rico?

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Imaginários de LuanaLuana Navarro é artista visual. Desenvolve trabalhos autorais e participa do Coletivo Mofo Zero. Realiza ações urbanas, trabalhos em vídeo e fotografia. No início do ano esteve na Amazônia e desenvolveu o projeto “Imaginários Compartilha-dos” com o artista Arthur do Carmo que recebeu o incentivo da Funarte para sua realização.

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A criadora da BisbilhotecaCláudia Serathiuk é a criadora da Bisbilho-teca, o espaço de cultura infanto-juvenil mais bacana da cidade. Esta ideia ela trouxe de sua infância, lugar de leitura. O primeiro presente que ganhou foi um livro e a primeira palavra que lembra de ter vis-to escrita foi Biblioteca. Cresceu frequentando a Casa de Leitura Franco Giglio. Mais do que uma livraria para o público infan-til e juvenil, tornou-se um ponto de encontro e polo cultural. Lançamento de livros, presença de autores, exposições, música, oficinas. Vale a pena conferir: www.bisbilhoteca.com.br

A marca Angelino nasceu para capitanear as oportunidades no mercado infantil de se-gurança. O personagem, um simpático anjinho da guarda é distraído e traz embuti-

do mensagem de alerta – não confie na sorte, é preciso aprender a prevenir acidentes e ensinar as crianças a se protegerem desde cedo. A empre-sa gestora da marca é a curitibana 97 Graus, dos publicitários Renato Cavalher, Toni Rodrigues e Adalberto Gonçalves, que desenvolveu novas tecnologias e patenteou mais de 20 produtos para ajudar a evitar acidentes dentro de casa. Na área editorial a empresa lançou no mês de abril, du-rante a bienal de Fortaleza, uma coleção de livros que vai ensinar, de forma lúdica, como os pais e as crianças devem se proteger, numa parceria com as editoras Educarte e Littere. Outras. O personagem está na internet: www.angelino.com.br.

Angelino, a marca

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Requião e as ideias bolorentas

OPINIÃO

luIz FeRNANDO PeReIRA advogado

O Governo Requião foi o tempo todo prisioneiro de um preconceito. E de um

preconceito alimentado por ideias bolorentas; ideias que só vicejam no mofo.

Requião se diz um “nacionalis-ta de esquerda” (?). Vive anuncian-do que tem uma visão de “Brasil nação”; em suposta contraposi-ção aos que defendem o “Brasil mercado”. Como discursa bem (e isso ninguém pode negar), a boa forma acaba nublando um pouco a ausência absoluta de conteúdo. Ninguém sabe o que exatamente significa defender um “Brasil na-ção”. E o próprio Requião também nunca explica; quem sabe por que também não saiba. É só um slogan. Não passa disso.

Na gestão que comandou aqui no Paraná o componente ideológico se expressa apenas no preconceito que Requião tem em relação à ini-ciativa privada. O mercado é malva-do – nos explica Requião –, pois só busca o lucro! Este discurso raso e retrô, sempre acompanhado de uma fraseologia pseudo-revolucionária,

redunda sempre em medidas admi-nistrativas desastrosas.

Em recente artigo aqui na Re-vista Ideias, lembrei que tal postura espanta interessados em investir no estado. A Copel foi a grande víti-ma disso. O preconceito impediu parcerias com a iniciativa privada. Repito aqui o dado impressionan-te mencionado no artigo anterior: recente avaliação do americano JP Morgan indica que a Copel, no iní-cio do Governo Requião, tinha um valor de mercado equivalente ao da Cemig; hoje a Copel vale apenas a metade da companhia mineira. Aécio Neves autorizou que a Cemig bus-casse parceiros privados. Requião ficou vociferando contra o mercado. O mercado malvado!

Assim como muitos outros es-tados, Minas Gerais atraiu mais de um bilhão de reais

em Parcerias Público-Privadas – as PPPs. Aqui no Paraná Requião sequer autorizou a aprovação de uma Lei Estadual sobre o tema. As PPPs, disse em entrevista, são uma “privatização disfarçada”. E como

a privatização não está no projeto do “Brasil nação”, deixamos para os outros estados os investidores interessados nestas parcerias.

A forma obsoleta de administrar também impediu que fosse criada qualquer política de incentivos fis-cais. Esta omissão, embalada apenas por um slogan (abaixo o mercado!), evitou a atração de grandes empresas ao Paraná durante todo o seu período. E assim criamos menos empregos do que poderíamos ter criado. E menos impostos, etc.

A verdade é que Requião não se conforma com a virada antiu-tópica da política. Segue com

uma visão anacrônica de Estado. O Paraná quase dobrou a arrecadação nas duas últimas gestões, mas não conseguiu aumentar a capacidade de investimento – inferior a 0,8 do PIB. Gastamos tudo com funcioná-rios, previdência e manutenção da pesada máquina.

Requião é, enfim, um obstinado do retrocesso. E termino aqui como terminei o artigo anterior: ficaremos gerações pagando o prejuízo.

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Anúncio S.J. Pinhais

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MIRIAN gASPARIN jornalista

Inovação é fundamental para tornar as empresas

mais competitivas

NEGÓCIOS

Talento empreendedor é o que não falta nas micro e peque-nas empresas, mas para que

se tornem realmente competitivas e sustentáveis nos negócios é necessá-rio que passem por um processo de inovação. Hoje, as empresas de uma forma geral ainda não entenderam a inovação como um instrumento para a competitividade e para avançar em novos mercados.

A maioria dos micro e pequenos empresários tem uma ideia errada sobre o que é inovação, confundin-do inovação com alta tecnologia e, consequentemente, acham que um projeto de tal nível se torna inviável financeiramente. Inovação é redu-zir custos, agilizar a produção, fa-zer um atendimento diferenciado ou desenvolver um novo produto que atenda às necessidades do mercado consumidor.

Há dois anos o Paraná e o Dis-trito Federal foram escolhidos para fazer parte do Projeto Agentes Lo-cais de Inovação, criado pelo Sebrae, e que no estado conta com o apoio da Secretaria da Ciência Tecnolo-gia e Ensino Superior (SETI) e da

Fundação Araucária. Este programa consiste em capacitar em inovação, jovens recém-formados e inseri-los nas micro e pequenas empresas. De-pois desta boa experiência, o pro-jeto foi levado para 22 unidades da Federação. Atualmente, 11 estados já prestam atendimento, por meio dos agentes locais, para um total de 12 mil micro e pequenas empresas. Outros 11 estados estão em processo de implantação do Projeto. A meta do Sebrae é chegar a 24 mil micro e pequenas empresas atendidas até o final do ano.

No Paraná, 26 profissionais fo-ram a campo para atuarem como dis-seminadores da cultura da inovação em micro e pequenas empresas, nos setores de Agronegócio, Vestuário e Construção Civil, sensibilizando cerca de 3 mil empresários nos dois últimos anos. Em 2010, as entidades realizaram uma nova capacitação para formar a segunda turma do projeto. Ao todo 2.550 profissionais enviaram currículos candidatando-se às vagas e 40 foram selecionados para parti-cipar da capacitação, que aconteceu em Curitiba.

Segundo o presidente do Se-brae, Paulo Okamoto, que esteve em Curitiba participando do I En-contro Nacional dos Agentes Locais de Inovação, inovação é a melhor estratégia para melhorar a compe-titividade das empresas. Já para o diretor técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, a inovação é parte de um processo contínuo e hoje os empresários não precisam se queixar da falta de recursos, uma vez que existem diversas linhas de financiamento para implantação de projetos de inovação.

Entre os recursos está o Sebrae-tec (Serviços em Inovação e Tecnolo-gia), solução destinada às empresas com faturamento anual inferior a R$ 2,4 milhões, dos setores do comér-cio, indústria, serviços e agronegócio. Para 2010, o recurso disponível para projetos é R$ 28 milhões e a meta, para este ano, é atender cerca de 17 mil micro e pequenas empresas. Em-presas interessadas na contratação dos serviços oferecidos pelo Sebra-etec poderão parcelar sua contrapar-tida financeira em até 48 vezes, por meio do uso do cartão BNDES.

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O dia de Fernanda Richa começa cedo. Ainda antes das 8h está pronta para o compromisso das 8h30. Uma informação tão simples como esta é bastante

para revelar dois aspectos da personalidade da presidente da FAS (Fundação de Ação Social, de Curitiba): ela não admite atrasar-se, portanto está sempre adiantada para cumprir a agenda; a rotina matutina, que não falha um dia sequer, impede que ela pratique tênis, a única ati-vidade regular que fazia além do trabalho.

É que Fernanda prefere seguir a maratona de encon-tros, visitas, audiências em tal quantidade que seria capaz

de nocautear o mais experiente político habituado a movimen-tadas campanhas. Ela não deixa ninguém sem uma resposta, sem um sorriso, sem um abraço. É isso mesmo: mesmo em épocas que nada têm de campanha, Fer-nanda está presente nos lugares mais remotos, mais pobres, mais necessitados de Curitiba.

Quem não a conhece fica-ria impressionado. Todos reco-nhecem Fernanda, gritam seu nome, chamam sua atenção, beijam e abraçam na maior sem cerimônia. E foto, é claro. Pelo menos metade da população de Curitiba deve ter uma fotografia em que aparece ao lado da ex-primeira dama.

Na segunda-feira 26 de abril, o café da manhã foi to-mado com membros de uma das

sete cooperativas de catadores de papel, os Eco-cidadãos; neste caso, a cooperativa do Rebouças. Era a terceira vi-sitada nos últimos dias e a satisfação de Fernanda foi ver que a principal reivindicação foi por cursos de formação.

E, surpresa, não apenas cursos para obter mais qua-lidade em seu trabalho, mas também de alfabetização de adultos, empreendedorismo e sobre o próprio coo-perativismo – informática já é oferecida. Em conversa com os catadores, Fernanda cobra a participação dos catadores e incentiva que procurem seus representantes para exigir melhorias.

um dia na vida de Fernanda Richa

GENTE

MIRIAM KARAM

FOTOS ROgéRIO MAChADO

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No mesmo dia, mais duas audiências pela manhã, uma visita a duas garotas gêmeas, hoje com sete anos, que se tornaram xodó de Fernanda por

participarem de todas as campanhas eleitorais; e almoço na casa de outro amigo feito nos bairros durante as cam-panhas, Alexandre Magno, portador de leve deficiência mental. “Pelo menos uma vez a cada dois meses tenho de almoçar com ele e a família, caso contrário fica muito sentido”, conta Fernanda.

Fernanda cultiva essas amizades “de campo” com a naturalidade com que outra pessoa cumpriria compro-missos sociais. E a naturalidade de quem está habitua-da ao convívio com gente simples da periferia. “Minha avó teve asilo, minha família teve educandário... desde pequena acompanhamos meus pais em entregas de ali-mentos, cobertores, lençóis...”, conta a herdeira de uma das famílias mais ricas do Paraná.

No caso de Alexandre Magno, a casa fica na Vila Leão, que “não tinha uma rua asfaltada, não tinha água, luz, nenhuma infraestrutura quando começamos a frequentá-la na primeira campanha do Beto para a prefeitura”, relata. Ela lembra que seu grupo foi praticamente escorraçado do

local – não queriam deixá-los entrar porque era reduto de outro partido – e chegou a ser agredido fisicamente. Hoje, Fernanda Richa é quase uma rainha no bairro.

As pessoas saem às janelas para cumprimentá-la quando passa a pé, as crianças correm para abraçar e beijar Fernanda. Ela conhece quase todos pelo nome, lembra de suas histórias e responde a perguntas espe-cíficas sobre um caso ou outro sem cometer enganos.

Na correria entre um compromisso e uma audiência, Fernanda trabalha mesmo é no carro, enquanto se deslo-ca. Não sai do telefone celular, discutindo situações com seu staff, pedindo providências, orientando projetos e até despachando com a assessora que a acompanha. No carro, com uma pilha de papéis organizados no console que divide o banco traseiro, Fernanda também cuida da família. Fala constantemente com os três filhos e orienta os empregados domésticos.

E guarda sempre um olhar carinhoso à cidade e seus desprotegidos. Assim como um cuidador. Enquanto conversa, observa pela janela do carro em movimento um mendigo dormindo numa esquina, outro sob uma marquise. Só aponta o problema para a assessora, que

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imediatamente telefona para quem de di-reito, para que tomam uma providência de atendimento ao mendigo.

No pequeno passeio que faz na Vila Leão, depois do almoço, Fernanda visita a associação dos moradores e combina pro-vidências com o presidente da entidade, Jaime de Oliveira. Na saída, uma senhora confirma: “Eu tinha vergonha de dizer que moro na Vila Leão. Agora... dá licença”, diz com orgulho.

À tarde , a maratona inclui três eventos em lugares distantes da cidade, tudo antes de um jantar beneficente marcado para 20 horas, no Clube Curitibano. Fernanda en-cerra a noite entregando troféus a empresas solidárias que colaboraram com a Associação Franciscana de Educação Especial (Afece).

Num dos eventos da tarde, Fernanda participou da entrega de 4 mil coberturas para 2 mil famílias da Re-gional CIC. Pouco antes, esteve no Centro de Integração Social Divina Misericórdia, no Sabará, onde são aten-didas cerca de 160 crianças de cinco a 17 anos. Destas, 100 praticam futebol em quadra erguida com apoio da prefeitura. Jovens dali saíram direito para treinar em grandes times, conta a enérgica e incansável Irmã Anete

Giordani. Contam que nos raros momentos de folga, Irmã Anete veste uma calça comprida, arregaça um pouco o hábito e sai disputando a bola com a garotada.

Em todos os eventos, Fernanda entrega uma boa notícia – a aprovação de algum convênio ou parceria, o atendimento de reivindicações. Mas ela também é clara quando ouve os pedidos e explica que nem todos poderão ser atendidos. Sem falsas promessas.

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Que Canga!

LIVRE PENSAR

CARlOS AlBeRTO PeSSÔA jornalista

Um dos temas crônicos da crônica econômica brasileira é o baixo crescimento relativo do PIB, produto interno bruto; comparado com os tempos do milagre econômico, quando chegamos a crescer 14% num ano, o nosso crescimento desde o governo Sarney tem sido muito baixo, muito abaixo do que podemos e devemos crescer se quisermos encurtar mais rapidamente a distância que ainda nos separa dos países ricos*.

Nas chamadas décadas perdidas (80-90) crescemos em torno de 2%, pouco mais, pouco menos. Taxa que emperrou a renda per capita. E ficou muito abaixo da nossa taxa histórica de crescimento: desde o final do século XIX até a metade dos anos 80 do século passado crescemos em média 6,5% ao ano. Agora passemos ao coração da matéria.

A carga tributária no Brasil atingiu 37% do Produto Interno Bruto. De tudo o que produzimos pouco menos de 40% é entregue ao grande irmão. Exceto raros países europeus, os escandinavos especialmente, não há carga de impostos igual ou superior a nossa.

E ela é grande porque as despesas são grandes, imen-sas. E cresceram adoidamente sob Lula, notadamente as despesas com pessoal&custeio**.

Acontece que boa parte delas é supérflua. O que levou Sérgio Warlang, ex-diretor do Banco Central, a afirmar: podemos aumentar bastante o superavit primário (a diferença entre o que se arrecada e o que se gasta, sem contar os juros da dívida pública).

Tenho outra sugestão: cortar os gastos em 3% do PIB! E derrubar a carga tributária para menos de 35% do PIB! Esses três pontos percentuais voltarão para o setor produtivo, isto é, privado. Que poderá transformá-lo em algo como mais um ponto percentual de crescimento do PIB, dado que historicamente a relação capital/produto é de três para um.

Nessa altura chegamos a um ponto crucial. A chamada fragilidade externa do Brasil é produto da nossa baixa taxa de poupança/investimento. Que nos constrange a crescimento menor e a uma dependência maior do capital externo. Não só para equilibrar nossas contas como para crescer.

Uma das razões da baixa taxa de poupança/investi-mento é que o Estado consome muito. E despoupa. Ao contrário do que fazia nos anos do milagre e até pelo menos o ano de 82, quando contribuía com percentual significativo para o crescimento do País. Ao contrário dos anos posteriores até hoje. Daí a nossa dívida interna. Que é simples consequência do deficit público. E daí também as relativamente baixas taxas de crescimento. O resto é papo engana trouxa.

* ATENÇÃO! ESTA DISTÂNCIA FOI BEM MAIOR! NOSSO PIB É DE UM TRILHÃO E SEISCENTOS BILHÕES DE DÓLARES! E A RENDA POR CABEÇA ESTÁ ACIMA DE DEZ MIL DÓLARES ANUAIS!** O governo investe pouquinho mais que 1% do PIB! APENAS! É por isto também que crescemos relativamente pouco.

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VEREADORES

Por dentro da CâmaraAcompanhe o trabalho dos vereadores

da Câmara Municipal de Curitiba

CâmaRa munICIPal DE CuRItIba • www.cmc.pr.gov.brR. Barão do Rio Branco, s/nº — cep 80010-902 telefone: (41) 3350-4500 fax: (41)3350-4737

RESÍDuOS Foi sancionada a lei de auto-ria dos vereadores João Cláudio Derosso (PSDB), Julieta Reis (DEM) e João do Suco (PSDB) que dispõe sobre o tratamento e destinação final diferenciada de resíduos especiais. Agora, empresas que traba-lham com pneumáticos, pilhas, baterias, lâmpadas, tintas, solventes, óleos lubri-ficantes, equipamentos e componentes eletrônicos são responsáveis pelo descarte final destes produtos.

CElulaR Também foi sancionada pelo prefeito Luciano Ducci a lei que proíbe o uso de telefone celular ou equipamentos similares no interior de agências bancárias e instituições assemelhadas de Curitiba. A medida determina que o infrator fique sujeito à apreensão do equipamento, que será devolvido somente na saída.

COPa A Comissão de Legislação, Justiça e Redação na Câmara de Curitiba deu pa-recer favorável à mensagem do Executivo que prevê isenção do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) à Fifa e seus parceiros sobre as operações necessárias à organização e realização da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014.

EmPREGO Desde 2006, o vereador Mario Celso Cunha (PSB) aguarda a vo-tação de um projeto de sua autoria que autoriza o Executivo a criar um sistema municipal integrado de inserção de jovens no primeiro emprego. “Milhares de jovens

completam a maioridade e não conseguem seu primeiro emprego por não terem ex-periência e carteira de trabalho assinada, já que buscam seu primeiro emprego. Eles um olhar especial da administração pú-blica”, defendeu o parlamentar.

bR-116 O vereador Pedro Paulo (PT) reuniu-se com o diretor superintenden-te da Autopista Planalto Sul do Grupo OHL, Arthur de Vasconcellos Netto, e o gerente de engenharia, Fernando Macluf, para verificar como estão os prazos para iniciar as obras na BR-116. A concessio-nária tem uma obrigação contratual de duplicar a estrada no trecho entre a Vila Pompéia, em Curitiba, e Mandirituba. A empresa informou que deve iniciar a obra em 2011 para terminá-la em 2014.

lDO 2011 Duas emendas de ordem técnica, protocoladas pela Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização da Câmara de Curitiba, foram aprova-das junto ao projeto original da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2011. O orçamento de Curitiba para o próximo ano é de R$ 4,49 bilhões.

RaDaR Para que haja permanente visua-lização e alerta aos motoristas, o vereador Jairo Marcelino (PDT) solicitou, na Câmara Municipal, a manutenção da sinalização que informa a distância a ser percorrida até estes equipamentos. Curitiba conta com 110 radares e 34 lombadas eletrôni-cas, conforme dados da Urbs.

VaCIna O vereador Serginho do Posto (PSDB) destacou o cumprimento da meta de vacinação contra a poliomielite (pa-ralisia infantil). Segundo a Central de Vacinas da Secretaria Municipal da Saúde, 115.099 crianças menores de cinco anos haviam tomado a dose até o dia 17 de junho, o que representa 95,7% das 120.294 da faixa etária re-sidentes na cidade.

EnCHEntES Os vereadores da Comissão Especial para Assuntos Metropolitanos devem se reunir no próximo semestre com a comunidade de Pinhais para buscar soluções para evitar as enchentes do Rio Atuba, que atingem também a população do Bairro Alto, em Curitiba. A comissão é pre-sidida por Omar Sabbag Filho (PSDB).

lutO A morte do médico cardiologista Danton Rocha Loures foi registrada com pesar, em minuto de silêncio, durante a sessão plenária na Câmara de Curitiba, pelo primeiro vice-presidente da Casa, Tito Zeglin (PDT). O médico realizou o primei-ro transplante de coração no Paraná, no Hospital Evangélico de Curitiba.

SEGuRanÇa Preocupado com a mé-dia de nove assaltos por dia no sistema de transporte público da capital, o ve-reador Jair Cézar (PSDB) solicita estudo à prefeitura para criar um pelotão de guardas municipais para fiscalizar ôni-bus, estações tubos e terminais.

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Preparem a sua paciência. Eles estão mais uma vez nas ruas. Cuidado. A qualquer momento você pode ser atacado por um ou por vários ao mesmo tempo.

Os sinais imediatos para identificá-los são o sorriso armado, permanente, certo ar de subser-viência quando explicam suas te-ses, a atenção inusitada quando você fala, além dos galanteios, elogios, enfim, todo o arsenal de bajulação e conquista.

São os candidatos. Abra-çam velhinhas, comparecem a todos os eventos que reúnam mais de cinco pessoas, de festa de igreja a formaturas, beijam criancinhas, lançam perdigo-tos sobre os bebês, fazem bilu-bilu, sorriem para as mães, gastam elo-gios para as moças, chamam os mais novos de meu jo-vem, distribuem santinhos e se transformam nos insuportáveis cha-tos de galocha da política nativa que aparecem um ano sim outro não nos períodos eleitorais

para tentar conquistar o voto que lhes dará um mandato.Em outubro deste ano, os paranaenses vão eleger

54 deputados estaduais, 30 deputados federais, dois senadores, um governador e seu vice, e o presidente

da República. Milhares disputam es-sas vagas que dão acesso ao

poder e suas maravilhas, que incluem prebendas e sinecuras para os pa-rentes, agregados e ca-bos eleitorais, benesses,

comissões, negócios, en-fim, tudo aquilo que o poder

pode proporcionar aos políti-cos da catadura que caracteriza

a maioria dos nossos nesta área úmida do planeta.

Há mais. Além dos candi datos você terá

que suportar o cabo eleitoral, que é o chato de galo-chas sem pedi-gree. “Você já escolheu seu candidato?”, será a pergun-

ta a atenazar a nossa paciência

em 2010. Atena-zar (ou atazanar)

Cuidado, eles estão à solta

FÁBIO CAMPANA

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significa apertar com tenaz, ou seja, mortificar, aborre-cer, importunar, torturar.

Ano eleitoral é ano de torturadores políticos. Não cometa a asneira (comportar-se como um asno, burro, jumento) de revelar seu candidato a um desses tortura-dores. Se coincidir com o dele, você receberá tapinhas, sorrisos, abraços e, quem sabe, alguma promessa de duvidoso valor moral. Se não coincidir, você será bru-talmente atazanado pelos chatos de galochas.

O chato de galochas - As galochas dos chatos políticos não são os revestimentos de borracha usados antigamente, nos dias de chuva, para

proteger os calçados do barro (o tal chato de galochas era o que entrava nas casas sem tirar as galochas, sujando tudo). O chato político calça num pé a galocha do fisio-logismo e, no outro, a galocha do maniqueísmo. Depois, sai pela cidade sujando tudo.

“Você perdeu uma ótima chance de ficar calado”, disse uma senhora a um desses chatos, nas eleições pas-

sadas, quando ouviu uma série de desaforos sobre o candidato que ela escolhera para votar.

O cabo eleitoral chato de galochas depende deste ou daquele candidato para continuar mamando numa das

tantas tetas suculentas e fartas do poder público (que é público

mais no nome de batismo do que na vida real). Ele luta

por cargos e carguinhos, e não pela sua cidade. Age movido mais pelo bolso

do que pela consciência (fisiologismo).

Além da abordagem direta, o chamado corpo a corpo fei-to pelo próprio candidato ou pelos seus prepostos que são os cabos elei-torais, seremos todos bombardeados por horas de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Tempo dado aos políticos, pago pela viúva e usado para ampliar o festival de besteiras que assola o país, como diria Sergio Porto – Stanislaw Ponte Preta que tanta falta nos faz para registrar em crônicas a política de nosso tempo.

Um político, um governante, assim como os locutores de rádio e TV (perdoem-me os locutores) são em geral pessoas mais cheias de palavras do que de ideias. Isso nada teria de extraordinário, se não fosse a característica essencial dos atuais meio de comunicação que obrigam as pessoas a falarem, mesmo quando obviamente não têm o que dizer.

Propaganda eleitoral - Se você duvida dessa capacidade dos candidatos nativos de falar muito sem dizer nada, observe a televisão. Basta ligar

um aparelho de TV aqui, em Paris ou Nova Iorque para perceber que um microfone, quando espetado diante do nariz de um candidato, é um maravilhoso instrumento capaz de esvaziar até mesmo cérebros vazios. Calar-se seria uma derrota e a perda da oportunidade que o candidato mais almeja, o de falar para muita gente por meio da mídia.

O importante para os candidatos é produzir palavras; é satisfazer o apetite do pequeno aparelho e encher o tempo e o espaço com promessas e lugares comuns antes que outro aventureiro o faça. Políticos, especialmente

Abraçam velhinhas, comparecem a todos os eventos que reúnam mais de cinco pessoas, de

festa de igreja a formaturas, beijam criancinhas, lançam perdigotos sobre os bebês, fazem

bilu-bilu, sorriem para as mães, gastam elogios para as moças, chamam os mais novos de

meu jovem, distribuem santinhos...

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candidatos, ou falam ou perdem a vez.É óbvio que a censura não seria a melhor solução

para essa espécie de sangria desatada. Mas, quem sabe, o racionamento? As sociedades civilizadas limitam o tempo de trabalho das pessoas, tornam obrigatórias as férias anuais e os dias de descanso semanal. Por que não impor um regime semelhante ao menos nos meios de comunicação coletivos, isto é, compulsórios?

Um professor da Universidade Federal do Paraná, na área das ciências sociais, defende a tese de que podia-se determinar também a criação de espaços diários, exclu-sivamente destinados à música e às imagens, sem pala-vras, para compensar os enfadonhos soporíferos, espaços destinados à propaganda eleitoral gratuita.

Candidato pensa? - Dizia o inglês John Ruskin que, para cada cem ou duzentas pessoas que falam, apenas uma pensa. E que, para cada mil pessoas que

pensam, apenas uma sabe realmente ver o que tem diante dos olhos. Ruskin, grande admirador de Turner e de Santo Agostinho, foi um apaixonado observador das coisas da natureza e um crítico severo do capitalismo de seu tempo.

Ele morreu em 1900, aos setenta anos de idade, mas não é difícil imaginar o que teria a dizer deste início de século, tão diferente de seu universo vitoriano. Com efeito, o nosso mundo moderno parece ter sido inventado para contrariar Ruskin.

De tal maneira estão organizadas as coisas, que as pessoas que falam são estimuladas e favorecidas, desde que não pensem. Enquanto que, na maioria dos países, aqueles que realmente enxergam mais longe não se ar-riscam a dizer o que pensam, por medo de verem surgir, diante dos seus narizes, não um microfone, mas um juiz questionando-lhe as ideias e acusando-o de difamação.

Tempo de segunda ordem, diria Joseph Brodsky, poeta russo. É certo que há avanços inquestionáveis que libertaram a humanidade de doenças, de pragas e que ampliaram a expectativa de vida de multidões em todo o planeta. Em compensação, como diria Octávio Paz, recuamos sobre nossos próprios passos e preenchemos

o mundo de vulgarizações e de indigência do espírito.

O povo é ingênuo? - Essa gente acredita que o povo é ingênuo, desmemoriado, pacífico e fa-cilmente induzido a dar seu voto em troca de

promessas que os candidatos a mandatos políticos não economizam. São capazes de prometer da cura da AIDS ao calçamento da rua da periferia. Ou uma nova fórmula para o bolsa-família que atenda todas as expectativas, inclusive a gratuidade de motéis e a felicidade imediata.

Não se enganam. O povo tem confiado em figuras que agora aparecem nas longas listas da “fichas-sujas”. Um exemplo histórico? O falecido demagogo Adhemar de Barros dizia em suas campanhas eleitorais: “Nem es-querda, nem direita; para frente e para o alto”. Eleito, assumiu o governo e organizou uma companhia de aviação para servir ao seu partido.

Consta que o povo, em qualquer latitude, pode ser de humor instável. Consta também que os homens, em situações análogas, agem de forma semelhante. Nas cir-cunstâncias e segundos os padrões de nossas instituições político-eleitorais, as massas nativas portaram-se dentro dos padrões, quer dizer, quase sempre sofreu em silêncio e elegeu costumeiramente os demagogos mais despre-parados para a vida pública, o que é apresentado pelos senhores políticos como mais uma prova da natureza pacífica da maioria que habita o Paraná.

Mas deixemos os pequenos. Num mundo de segunda ordem, também a História acaba sendo representada por atores de segunda ordem: Requião é exemplo clássico. Evo Morales e Hugo Chavez são outros da mesma extração dos populistas nacionaleiros.

Talvez o mal da história contempo-rânea seja parecer-se tanto com esses modernos meios de comunicação que a registram e que, como ela, não podem parar, não podem emudecer. E por que não seria assim? Afinal, a História tam-bém é uma obra nossa.

Basta ligar um aparelho de TV aqui, em Paris ou Nova Iorque para perceber que um microfone, quando espetado diante do nariz de um candidato,

é um maravilhoso instrumento capaz de esvaziar até mesmo cérebros vazios

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O tempo passa, o tempo voa, e os políticos, em desespero diante das eleições, não es-

tão numa boa. Suam frio nas mãos, andam à beira de ataque de nervos, sofrem frouxos intestinais desmo-ralizantes e enfrentam, flatulentos, longas noites insones.

Imaginem o que significa a der-rota para essa moçada que só sabe viver à sombra do poder. Pois, pois, em ansiedade, o coração em dispara-da, mesmo os mais frios e racionais se permitem a consulta aos adivinhos, videntes, sortistas, tarólogos, pro-fetas e outros profissionais capazes de antecipar o futuro ou de orientar a maneira de evitar o desastre que se anuncia.

Nestes dias, há fila na porta do tarólogo e bruxo curitibano Chik Jei-toso, que agora também é dublê de político, candidato a deputado esta-dual. Há de tudo. Gente da extrema esquerda a extrema direita. Católicos, adventistas, pentecostais, espíritas, luteranos, presbiterianos, islamitas,

Os políticos consultam os bruxoseROS RAMeNzONI

“em Curitiba não é difícil encontrar um futurólogo das diversas especialidades. Basta abrir as

páginas dos classificados dos jornais e pronto. lá estão vários anúncios, de “pais” e “mães”

de santos, “irmãs”, gurus e afins”

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ção todos acreditam numa previsão do

futuro quando a situação aperta e o desespero bate à porta.

Chik Jeitoso, paramentado, de-fuma o ambiente com seu charuto e vai desfiando as previsões. Para uns, a vitória sorri, embora isso venha a custar-lhes o amor perdido ou in-felicidade nos negócios. Outros não têm chances nas eleições, em com-pensação terá a felicidade depositada em sua cama. E há quem não terá futuro nem na política nem no amor, mas terá sorte nos negócios, o que pode ser, segundo o próprio Jeitoso, o necessário para que em dia alcance sucesso onde hoje vai mal.

Muitos políticos respeitados na praça passaram pelo consultório de Jeitoso. O senador Alvaro Dias, que já foi governador, chegou a publicar as previsões do tarólogo em seu site oficial, o que encheu de orgulho o cidadão que é candidato a deputado estadual pelo PPS, partido que já foi o Comunista, de inspiração marxista e portanto avesso a religiões, crenças

O “guru” do Paraná chick Jeitoso acertou muitas previsões para políticos

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e superstições. Mas são os tempos pós-modernos e vale tudo no terreno ideológico, inclusive as misturas mais inacreditáveis.

Jeitoso se apresenta como o “guru do Paraná” e conta que é co-nhecido em 107 países. No currículo, a previsão da vitória de Barak Obama quando ninguém apostava um tostão furado em sua vitória para a presi-dência dos Estados Unidos. Jeitoso vai usar o slogan “Sim, nós também podemos”, que foi de Obama e que ele acredita que será po-deroso em sua eleição.

— Você é o quê?— Sou tudo. Ma-

cumbeiro, vidente, fei-ticeiro, tarólogo, bruxo, pai-de-santo.

Responde o guru de políticos e artistas que tem no currículo man-dingas para o Coritiba voltar a 1ª divisão (2007), Barack Obama ser eleito (2008) e a filha sequestra-da de Silvio Santos ser libertada (2000).

Acompanhado por três ajudantes, o homem que quando menino foi internado pela mãe num hospício, arma no barracão do Caxola seu altar com diferentes apetrechos místicos sobre uma toalha de jogar baralho. Sempre sorridente, brinca enquanto Fofo prende o microfone: “Não passa a mão assim que me arrepio todo”.

Na gravação de uma terça à noite, Chik previu para 2009: Pelé sobrevive a um acidente de carro, um avião da TAM cai em São Paulo no primeiro semestre e o Caxola vai para o SBT. Acredita?

Nem tudo se con firma e o bruxo explica que sempre é possível interfe-rir no destino. Basta seguir seus con-selhos. Portanto, se alguma previsão não se confirmou, está explicado, o

próprio Chik Jeitoso mostrou o cami-nho para mudar o roteiro programado pelo Altíssimo.

Neste momento, Jeitoso faz as seguintes previsões: Beto Richa ven-cerá as eleições com a desistência do candidato pedetista, Osmar Dias, que vai concorrer ao Senado novamente. Ele previra a vitória de Alvaro Dias para governador, mas este não fez todos os trabalhos que deveria ter feito, explica o bruxo.

Outro que está mal nas previsões

de Jeitoso é o ex-governador Requião, destinado a uma derrota acachapante que deve curá-lo de vez dos males da cabeça ou decretar sua insanidade para todo o sempre.

Jeitoso não está sozinho no mer-cado dos futurólogos de Curitiba. Há muitos outros. Famosos como a Mãe Virgínia, que recebe o cliente, prende uma saia vermelha de rendas e ba-bados na cintura com dourados nas pontas e incorpora a Cigana que é sua outra personalidade e na verdade quem lê as cartas que informam o que poderá acontecer com cada um desses políticos nativos que a pro-curam para saber se terão chances de eleição.

A consulta subiu de preço. Era R$ 30,00 e agora é R$ 50,00, mas para certos casos cabeludos, como o da in-vestigação da sorte dos desafetos, pode chegar a R$ 200,00. Há quem pague. O que um político não daria para saber de si mesmo e do adversário?

E não imaginem essas profissio-nais como pessoas envelhecidas ou de mau aspecto. Há uma moça bonita, de menos de 25 anos, que leva muita gen-te ao seu tugúrio no Bacacheri onde lê a sorte e se propõe a trabalhos para

resolver problemas de amor, impotência, maus odores e coisas tais que normalmente exigem a in-tervenção do cupido ou de um médico para que tenham solução.

Em Curitiba não é difícil encontrar um fu-turólogo das diversas es-pecialidades. Basta abrir as páginas dos classifica-dos dos jornais e pronto. Lá estão vários anúncios, de “pais” e “mães” de santos, “irmãs”, gurus e afins. Todos prontos a resolver qualquer tipo de problema, desde impo-

tência sexual até desastres financeiros.Alguns garantem que só cobram

a consulta e não os “trabalhos” que precisem ser feitos. Outros, só cobram pelos “trabalhos” e dão de brinde a consulta. O fato é que todos ganham dinheiro com isso, usando e abusando do imaginário e da fé das pessoas.

Cuidado. Há um político que na eleição passada ficou nas mãos de uma mãe de santo e certo de que ela oferecia o melhor caminho para o seu sucesso, entregou-lhe o que tinha e o que não tinha. Hoje procura os gabinetes para tentar a sorte em um cargo em comissão ou uma beirada numa estatal. Perdeu tudo, inclusive as joias da mulher.

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As fotografias aqui publicadas fazem parte de um projeto de livro chamado “Invernais” que concebi no Monte Estoril, Portugal, onde morei entre 1990 e 1997. Tanto lá em Portugal como cá no Brasil

andei de Herodes a Pilatos mas não consegui patrocínio para a publicação. Aqui está uma amostra das 80 fotografias selecionadas, de aproximadamen-

te 500 tiradas e um excerto do texto que escrevi para a apresentação do livro.Palmilhando Lisboa no inverno de 1993, cidade que me acolheu du-

rante quase 8 anos, vi, olhando com olhos de ver, fachadas de edificações percebidas através dos galhos das árvores sem folhas. Embrenhei-me na Graça, na Mouraria, em Capo de Ourique e em Campolide, no Rossio, na Sé, na Estrela, no Campo Grande e no Campo Pequeno, na Estefânia, na Ajuda, no Bairro Alto e em Alfama, em Alcântara, no Areeiro, nos Prazeres. Em ruas, avenidas, becos, alamedas, largos, praças, travessas, vielas, áleas, azinhagas. Nessas fachadas imóveis vi um eloquente testemunho de vidas, dramas de vidas vividas no interior e no exterior dessas habitações. Como grandes olhos, ouvidos, bocas, aparentemente cegos, surdos, mudas, essas quietudes fizeram-me imaginar uma parte da história da cidade: história pública e privada. Onde parece haver desolação, nudez, silêncio, pude imaginar (e ver) uma porção vibrante da vida e da história de Lisboa.

Ficaria recompensado se essas fotografias transmitissem o mesmo sen-timento que tive quando descobri uma Lisboa vista pelos olhos de um andarilho num já distante inverno. Para caracterizar minha ligação com Lisboa faço minhas, mudando-as, as palavras com as quais Miguel Torga descreveu a sua ligação com o Brasil quando disse que “ tinha o Brasil tatuado na alma”. Eu trago Lisboa tatuada no meu coração.

Dico Kremer

i n v e r n a i s d e D i c o K r e m e r

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ClAuDIA WASIleWSKI cronista

Fora de Moda

CRÔNICA

Coisas tão boas estão fora de moda. Por favor, com licença, muito obrigada. É impressio-

nante como o agradecimento virou humilhação. Com licença foi subs-tituído por empurrão, pisão no pé. Por favor, agora é “Hei”.

Mas a gentileza desapareceu sem deixar rastro. Gentileza, cadê você?

Procuro pessoas gentis desespe-radamente. Ser gentil não depende de idade, de classe social, muito menos de cultura. As pessoas são ou não. Já se nasce assim.

O fi lho de uma amiga minha é o Lord Guilherme desde pequeno. Fui a uma festa junina na escola e ele teve a capacidade de segurar a catraca para eu passar. Dá para ima-ginar? Isto corresponde a colocar um lenço na poça d’água, coisa que só vi em fi lme. Com certeza ninguém o mandou fazer isto, o fez porque está na sua essência.

Adoro levar uma fl or ou doce quando visito alguém. Me faz bem dar e receber. Sou incapaz de não agradecer um presente. Tem gente que não agradece, e eu encaro como pouco caso. Risco da minha lista.

Antes no mundo gentil segura-vam-se portas. Agora são puxadas e a pessoa te olha com uma expressão de bem feito, se ferrou.

No trânsito, não existe colabo-ração. O que custa deixar as pessoas

trocarem de faixa, segurar o carro antes de uma garagem? Nada, apenas segundos perdidos. Acho que o vidro preto nos carros, nem é tanto para segurança. É mais para não vermos quem está dirigindo quando se pede a vez. E tocam em cima e fi camos sem saber como xingar. Na dúvida é melhor se dirigir à mãe mesmo. Todo mundo teve ou tem uma e provavel-mente é culpa dela. Pronto.

No ônibus é que realmente o bicho pega. Enquanto não se fi zer uma propaganda vexatória, os ido-sos, defi cientes, grávidas, jamais terão seu lugar respeitado. Quando minha mãe ainda podia passear, levantou e cedeu o lugar para uma moça grá-vida, com uma criança com as duas perninhas engessadas, no colo. Não tem cabimento uma pessoa de 75 anos na época, ter que tomar uma atitude, porque os que estavam em volta fi ngiam não ver. E ocupando os bancos preferenciais. Sonho em fazer uma campanha agressiva. Colar nos bancos. SÓ NÃO FICA VELHO QUEM MORRE CEDO! Ou desenhar uma ca-deira de roda com a frase AGUARDE, A SUA VEZ CHEGARÁ! Pelo menos incomodaria. A confusão da entrada e saída já se estendeu aos elevadores. Prestem atenção. O elevador ainda não esvaziou e vão te peitando para entrar como acontece nas estações tubos. É uma loucura.

Não podia deixar de cutucar o supermercado. A semana passada pedi ajuda ao segurança para des-conectar um maldito carrinho. Ele me olhou com ar angelical e disse não. Bem assim, calmamente, não. Poderia ter puxado o carrinho. Fui reclamar e me informaram que ele estava em experiência. Deixo para a imaginação de vocês qual foi a minha reação. Não entrarei em detalhes.

Por favor pessoas, com licença, mui to obrigada. Viram só como não dói? Façam este exercício e sejam felizes.

Mesmo com erros de português o Profeta Gentileza foi um fi lósofo e tanto. Pregava assim: “GENTILEZA GERA GENTILEZA / AMORRR BE-LEZA PERFEICÃO E / BONDADE E RIQUESA A NATUREZA ….” Texto extraído de uma das pilastras do Via-duto do Caju no Rio de Janeiro.

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Realização profi ssional é tarefa árdua. As possi-bilidades de trabalho,dependendo da profi ssão escolhida, são limitadas, além disso, a competi-

tividade aumentou, e assim tornou-se mais difícil traba-lhar em sua área. Estas difi culdades amplifi cam-se fora do seu país. Outro idioma, outra cultura, outro modo

Talento sem fronteiras

MARIANNA CAMARgO

Paranaenses realizam-se profi ssionalmente no exterior

de viver. As fronteiras diminuem quando o assunto é talento, persistência, oportunidade e inteligência, moeda comum entre pessoas, que independe de lugar, língua ou origem. Cinco paranaenses contam essa história sob este ângulo, driblando questões migratórias, geográfi cas e socioculturais.

Cientista da NASA - Quem imaginaria uma paranaense cientista convidada da NASA? Pois a curitibana Sônia Maria Fi-

delis Garcia, PhD em matemática, é cientista da marinha americana e professora da Academia Naval dos Estados Unidos. Foi cientista convi-dada da NASA (National Aeronautics and Space Administration) entre os anos de 2001 e 2005. Mora há 32 anos nos Estados Unidos, em Severna Park, Maryland, e trabalha em Annapolis. Sônia tem um vasto currículo e uma consagração pro-fi ssional em uma área difi cílima. Entre 99 e 2000 trabalhou como cientista convidada para ONR – principal escritório de pesquisa para a Marinha Americana em Washington, DC. Em 2006 recebeu um prêmio da Marinha Americana “Meritorious Civilian Service Award”. Em 2008, recebeu uma bolsa de pesquisa como “Fulbright Scholar” para trabalhar na Irlanda. No ano passado foi convidada pela Universidade de Reading, departamento de meteorologia, na Inglaterra, e viajou por 20 países da Europa e Ásia para dar conferências e palestras.

Apesar do espaço que alcançou, Sônia diz que as difi culdades são imensas. “Neste nível você tem que competir com os cientistas daqui e tem que

Cientista da marinha americana, Sônia precisa provar

constantemente a sua habilidade

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provar constantemente a sua habilidade na matéria que você trabalha. Mas eu acredito que nós, brasileiros, so-mos muito persistentes e isto ajudou muito”. Sônia teve a oportunidade também de sempre trabalhar na sua área. Afi rma que tentou trabalhar no Brasil, mas encontrou muita resistência e por isso voltou aos Estados Unidos para desenvolver seu trabalho, onde conseguiu obter reconhecido mérito profi ssional.

Arte no Oriente Médio - A história de Luciana Ceccatto Farah é diferente, porém não menos instigante. Há seis anos fora do Brasil, Luciana

morou no Kuwait, Bahrain e desde 2007 está no Qatar. O motivo de sua mudança para a península arábica foi o casamento com um líbio que morava no Kuwait. Hoje, ela é curadora do Arts & Culture Specialist na campanha para a Copa de 2022 no Qatar.

Começou a trabalhar com isso um pouco por acaso, quando buscava um atelier para continuar seus estudos e aprender mais sobre a cena local. Aconteceu de nessa busca ela conhecer uma socialite que havia herdado uma galeria, mas não sabia o que fazer com ela. Co-

meçou catalogando o acervo, realizou a curadoria de uma série de exposições com artistas locais no início de 2005, e de repente estava representando a galeria em simpósios e feiras na região. “A região” são todos os países que falam árabe, do Marrocos ao Líbano. Nessas viagens, fez muitas visitas a ateliers em vários países e agendou mais um ano de exposições, criou um progra-ma de residência na galeria, cursos de história da arte e workshops. Em 2007, quando mudou para o Qatar, começou a trabalhar para uma família de colecionado-res, clientes da galeria. “Este trabalho me proporcionou oportunidades incríveis: eu representei a coleção em leilões, feiras, aprendi muito sobre aquisições e todos os trâmites legais de ceder obras para museus.

Isso resultou numa proposta de criar o conceito e projeto de implementação de um centro cultural no Souq Waqif”, conta Luciana.

No ano passado, depois de uma visita ao Brasil, recebeu uma proposta para trabalhar como Consultora de Arte e Cultura da campanha para a Copa 2022. “Estou criando uma série de exposições e eventos culturais durante a campanha, aqui no Qatar, na Europa e até no Brasil”.

Especialista em arte moderna e contemporânea do Oriente Médio e Norte da África, Luciana acredita que seria difícil desenvolver o mesmo tra-balho na cidade onde nasceu. “Curiti-ba tem outras prioridades. Onde moro sobra dinheiro para projetos culturais, mas falta mão de obra especializada. No Brasil sobra mão de obra especia-lizada, mas falta dinheiro. Porém, ado-raria mediar um diálogo entre artistas brasileiros e árabes”, afi rma.

Marketing em Manhattan -André Bodowski é diretor de Marketing em Nova York,

onde mora há dez anos.André demo-rou apenas 40 dias para trabalhar na sua área, “tive sorte e estava no lugar certo na hora certa. Logo consegui ser contratado por uma agência de publi-cidade em Manhattan. Meu primeiro cliente foi um laboratório farmacêutico (Bristol-Myers Squibb). Foi difícil no começo. Eu falava inglês fl uentemente, mas mesmo assim houve um período de um ou dois anos de choque, de um processo de adaptação difícil e de muito

Luciana, consultora de arte, gostaria de mediar um diálogo entre artistas brasileiros e árabes

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O publicitário André no ritmo intenso de Nova York

trabalho. O ritmo em Nova York é intenso, o ambiente muito competitivo. O mercado publicitário e de marke-ting ainda mais”.

Adaptado ao ritmo intenso planejou e executou cam-panhas de marketing para redes sociais, campanhas de palavras-chave através de AdWords e Google Analytics.

Trabalhou em uma das divisões da EURO/RSCG, onde atuava como Campaign Specialist, atendendo contas de peso como AOL, Bank of America, Bose, Chase, Citibank, DIRECTV, Earthlink, Martha Stewart Living, Netfl ix, Omaha Steaks, The Sharper Image, QVC, entre outros. Executou, com sua equipe, uma campanha que gerou mais de 12 milhões de dólares em comissão de mídia por ano.

André diz que as difi culdades de trabalhar nos Estados Unidos são normalmente relacionadas com as questões migratórias. Observa que quando chegou não havia muitas vantagens específi cas relacionadas ao fato de ser brasileiro. Mas que hoje o Brasil é uma “marca” muito mais reconhecida e valorizada.

Sobre o fato de realizar o mesmo trabalho no Brasil, ele é otimista. “Fico sempre impressionado (e um pouco

assustado) com as mudanças em Curi-tiba. Sei que grandes empresas estão estabelecidas na cidade e que elas im-põem uma profi ssionalização grande, o que é muito importante. Cada vez mais acredito que Curitiba pode ser uma alternativa para quem não quer viver em São Paulo”, defi ne.

Tendências de todos os tempos - Diretora de cinema, redatora, publicitária e fotógrafa, Gláucia

Nogueira mora em Paris desde 2008. Cur-sa História da Arte na Ecole du Louvre e participará do Paris Photo 2010. Foi a Paris na década de 90, quando recebeu um prêmio como redatora para um co-mercial de TV, e retornou há dois anos. “Além de ser um cenário perfeito, Paris mistura tendências de todos os tempos. E isso inspira. Não é preciso sair dos limites urbanos para se sentir viajando por esse mundo afora de todas as épocas”, afi rma.

Atualmente tem dois programas para TV em andamento e um projeto-piloto aprovado. Está fazendo um livro fotográfi co chamado “Movimento”, escrevendo dois roteiros para cinema, que espera dirigir em 2011, além de publicar uma foto por dia no Face.

Gláucia diz que não poderia existir um momen-to melhor para ser brasileiro no exterior. “Quando o país da gente vira capa do Le Point, a vida fi ca mais fácil”, pontua com humor. Mas afi rma que as diferen-ças culturais existem. “Por exemplo, nosso relógio à Dali, maleável, não agrada em nada a cultura do país do rendez-vous”.

Ela diz que os franceses fi cam impressionados pela criatividade e leveza na maneira “brasileira” de trabalhar. “Temos agilidade e solução, não problema. Na minha área, as portas estão se abrindo”. E completa: “os diretores de criação gostam do trabalho, mas acham nossa fotografi a quente, um olhar muito tropical, alegre, para cima, até mesmo quando falamos da pior realidade brasileira. Isso encanta, mas ao mesmo tempo atrapalha”. Apesar de não gostar muito da publicidade francesa, “muito barroca e pouco divertida”, aprecia a qualidade das produções culturais e acredita que em Paris tem oportunidade de conviver com um mercado cultural e artístico que não tem em Curitiba.

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Arquitetura sonora - Carlos Daniel de Arruda Camargo mora em San Francisco, na Califórnia, há seis anos. Baterista e ar-

tista plástico por opção, desenhista industrial por formação, sua criatividade abrange estas diversas áreas: música, artes plásticas, moda e arquitetura. Foi à Califórnia conhecer outra cultura e aprender mais sobre suas atividades. Desde que chegou traba-lha com arquitetos e executa projetos importantes.

Paralelamente, entrou em contato com a cena musical de San Francisco e tocou com músicos re-conhecidos internacionalmente como Barry Finer-ty, guitarrista do Miles Davis e Crusaders; Jarrod Kaplan, percussionista e sonoplasta do Cirque du Soleil, Marcos Silva, pianista de Airto Moreira e Flora Purim e dividiu gravação com o baterista Celso Alberti, da dupla Moreira e Flora. Além disso, tem uma banda, Macabea, onde toca música brasileira.

Como artista plástico fez exposições em San Francisco, Berkeley e San Diego. Recentemente teve dois trabalhos aceitos em uma das maiores feiras de Marin County, “The Marin County Fair”, even-to muito concorrido, que expõe obras de grandes artistas da Bay Area de San Francisco.

Com sua linha de roupas Cdaniac Artways, participou dos mais populares eventos de Fashion Design como Chillin’ Productions, Mission Bazaar, How Weird Street Festival. Trabalhou com artistas como Rafael Moreira (Christina Aguilera, Pink e Paul Stanley), Ivan Lins, Rob Trujillo (Metallica), Angeline Saris e Uriah Duff y (White Snake).

Daniel diz que apesar de trabalhar em todas as áreas, as difi culdades de viver lá são gritan-tes. “As vias de aceitação ao imigrante legal no país com questão a trabalho são bem limitadas e burocráticas. O número de brasileiros ilegais e exercendo o subemprego são enormes. As di-fi culdades de adaptação variam muito. Grande parte da população brasileira vive e se relaciona em comunidades. Vivem de certa forma a cultura brasileira aqui. No meu caso sempre procurei expandir, conhecer pessoas e culturas novas, compartilhar nossas diferenças e afi nidades independentemente da nacionalidade”.

Ele conta que em San Francisco, além do incentivo e acesso à arte, música e cultura em geral, o senso de organização, civilidade e respeito onde vive são o que fazem a di-ferença.

Entre projetos, moda e música, Daniel investe em todas as possiblidades

A fotógrafa Gláucia vê em Paris um cenário perfeito

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Toda mediocridade será castigadalARISSA ReIChMANN lOBO

Sexta-feira, 2 de Julho de 2010. Os brasileiros tive-ram um almoço indigesto. Na tela da televisão a cor laranja vibrante dominava. Parecia pinceladas

de Van Gogh que assombravam a seleção brasileira que acabara de perder para a Holanda nas quartas de fi nal pela Copa do Mundo.

Aconteceu o inesperado? Talvez depois do anún-cio do técnico Dunga sobre a escalação da seleção, cada brasileiro lá no fundo tenha fi cado com a dúvida sobre a efi cácia do time. Seria essa a seleção que traria o tão sonhado hexacampeonato para o Brasil?

A verdade é que nos quase quatro anos que esteve no comando da seleção, Dunga conquistou a Copa América de 2007, diante da Argentina, e a Copa das Confedera-ções de 2009, contra os Estados Unidos. Além disso,

ele classifi cou a equipe para o Mundial como primeira colocada das Eliminatórias Sul Americanas.

Apesar de tantas vitórias e excelente campanha, o técnico precisou driblar desde o início a pressão da torcida e da imprensa. Isso porque ele sempre foi muito enfático nas entrevistas e também por não ter levado para a copa atletas com maior qualidade técnica, isso na opinião da maioria dos brasileiros. Se Dunga fosse o técnico da se-leção de 58, certamente ele não escalaria Pelé para seu time por não ter as devidas qualifi cações para isso. Em Johanesburgo, Dunga chamou a atenção de todos quando criou uma briga com jornalistas ao fechar quase todos os treinamentos do time. Mas ao ser questionado sobre o assunto, o técnico falou que em momento algum agiu de forma diferente das outras seleções.

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No jogo pelas quartas de final contra a seleção da Holanda o time brasileiro jogou um excelente futebol durante os primeiros quarenta e cinco minutos, digno de melhor seleção do mundo. O que aconteceu no inter-valo ninguém sabe, mas podemos imaginar, os jogadores ao liberarem a tensão por estarem na frente por 1 a 0, acabaram deixando no vestiário a atenção. No segundo tempo a seleção brasileira voltou perdida, desencontrada e perdeu o equilíbrio depois do primeiro gol holandês aos oito minutos do segundo tempo. O tempo foi passando e os jogadores brasileiros cada vez mais nervosos come-teram erros imperdoáveis e abriram espaço para o time da Holanda chegar e marcar o segundo gol. A equipe brasileira não fez mais nada, teve um jogador expulso e viu o sonho de ser o hexacampeão do mundo escorrer pelo gramado.

Dunga retornou para o Brasil com seus Sonecas, pena que não eram Mestres e por sinal, em seguida zangado voltou para Buenos Aires.

Na sala de entrevistas do Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, após a derrota da seleção brasileira, o treinador tentou explicar o nervosismo dos jogadores da equipe no segundo tempo e afirmou que deixará o cargo. “Quanto ao meu futuro, já se sabe bem quando eu cheguei na Seleção que eram quatro anos que eu ia ficar”, disse o treinador após a derrota de virada para a Holanda, por 2 a 1.

Dunga também disse que muitos jogadores viam nessa Copa do Mundo uma oportunidade de vida, a de fazer história na Seleção Brasileira, e isso causou o ner-vosismo durante a partida. Essa afirmação deixa a per-gunta: somente essa seleção pensou em fazer história? A verdade é que no fim Dunga retornou para o Brasil com seus Sonecas, pena que não eram Mestres e por sinal, em seguida Zangado voltou para Buenos Aires.

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A transparência e o disco voador

OPINIÃO

ROgeRIO DISTeFANO advogado

A cidade de Denver, capital do Colorado, no Centro dos EUA, fará referendo

em novembro próximo para deci-dir sobre a criação de uma agência municipal para contatos alienígenas. Os termos da convocação são cla-ros: a comissão deverá assegurar a saúde e segurança dos habitantes de Denver, e também ajustá-los ao choque cultural nos contatos com seres terrestres inteligentes ou seus veí culos – sim, veículos, e na falta de detalhes quero crer que seriam robôs exploratórios, como os que a NASA remete à Lua e Marte.

O referendo é resultado da cam-panha de Jeff Beckman, que a jus-tifi ca na frustração de ufologistas e ufofi listas com a recusa do governo em liberar informações sobre visitas de encontros com extraterrestres, política que completa sessenta anos. Beckman conseguiu exposição na sua campanha – EXTRA – ponto divulgá-la no programa David Let-terman, importante talk show da tevê dos EUA.

O referendo restringe-se ao Co-lorado, não expande para o resto do país, nem cogita dos confl itos com agências federais operando no cam-po da segurança nacional. Ao ler a

notícia só tive uma dúvida: por que exato o Colorado? Não há resposta na convocação do referendo, mas posso imaginar que as Montanhas Rochosas, cartão-postal do estado, exerçam especial atração nos aliení-genas. Ou que as minas que fi zeram fama e riqueza do estado possam atiçar a cobiça extraterrestre.

No referendo EXTRA não me atrai a assistência no contato com alienígenas, apostolado de Jeff Be-ckman e de tantos afi cionados – como minha prima, que desenhou o heli-ponto no terraço de seu sobrado, para fornecer porto seguro para naves do espaço exterior; não consegui enten-der a dimensão das naves, um pouco maiores que a de Mino, o extraterres-tre das histórias em quadrinhos; mas conhecendo o combustível à base de cânhamo ingerido pela prima entendi que as naves caberiam perfeitamente no atracadouro.

Não descreio em alienígenas. Não tem sentido negar-lhes a exis-tência, considerando a dimensão infi nita, eterna e expansiva do uni-

verso. O que não faz sentido é achar que eles andaram por aqui ou que podem voltar à Terra. Se aqui pou-saram e não fi zeram contato, é plau-sível pensar que para eles não paga a pena maiores intimidades conosco. E se aparecerem não faço fé num contato amigável, fraterno, solidário, de colaboração. Ao contrário, eles nos dizimam ou eventualmente nos comem crus, com garfos e facas alie-nígenas. Tenho excelente companhia nesta convicção: Stephen Hawking, o maior físico da atualidade, disse que contato dos terráqueos com ci-vilização alienígena – evidentemente mais adiantada – teria os mesmos resultados daquele entre os astecas e Hernán Cortés.

O que me fascina no referendo EXTRA é a consagração da democra-cia americana, em que tudo está aber-to para debate e decisão. Fascina mais o referendo vir para enfatizar a noção da full disclosure, onipresente nas instituições e na vida americana de um modo geral. As duas coisas andam juntas, a plena e aberta discussão e a

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full disclosure – que podemos tradu-zir para transparência, em português. A transparência norte-americana che-ga a irritar, como assistimos todos os dias: que melhor exemplo que a nomeação de um promotor especial para investigar as estripulias sexuais do presidente Bill Clinton, a ponto de aparecer como prova o vestido da namorada, com marcas do augusto sêmen presidencial?

A transparência americana se difunde em todos os sentidos. Co-meçou nas igrejas pentecostais, em que os fiéis expõem seus pecados aos irmãos de fé e, com ruidoso arrepen-dimento, redimem-se e são perdoa-dos. O traço cultural da transparência permeia de tal maneira a sociedade

americana que aparece nas técnicas de psicodrama para treinamento de vendas. Quem duvida compareça a reunião de treinamento da Amway, a maior vendedora de detergentes porta-a-porta. Ou num curso Dale Carnegie, em que para “aprender a fazer amigos e influenciar pessoas”, o aluno precisa primeiro lavar sua alma em público.

Mas o melhor do full disclosure está no exigir que o governo abra seus arquivos, que não pode subtrair aos cidadãos – a menos que traga risco à segurança nacional. Felizmente para os norte-americanos o espaço racio-nal e político da segurança nacional

não é estrito como o brasileiro – e é isso que nos interessa aqui. Os norte-americanos liberaram todos os seus arquivos sobre a II Guerra Mundial e mantêm sob sigilo parte deles sobre a guerra do Vietnã. Já o Brasil retém arquivos sobre a Guerra do Paraguai, que terminou há mais de cem anos, os do Estado Novo ainda são liberados em conta-gotas, alguns com trechos rasurados. Não sou rigoroso na crítica a Rui Barbosa, que como ministro do primeiro governo republicano, mandou queimar os registros de compra e venda de escravos. Se de um lado ficamos livres de demandas paraguaias por conta de Itaipu, no outro ficamos sem argumentos para as sucessivas exigências de cotas de

afrodescendentes. Também deve haver um traço

religioso na tradição brasileira an-titransparência, igualmente difusa em nossas instituições, inclusive na política. Esse traço há de ser o catoli-cismo, que reduz a confissão do peca-do a um conchavo com o padre, que ouve escondido, não nos identifica, e burocraticamente nos isenta com amenas penitências. Nada daquilo de lavar a roupa suja diante da igreja, da televisão, do clube, da empresa, como nos EUA. O crescimento das religiões pentecostais e fundamentalistas no Brasil não teve ainda sedimentação para mudar o comportamento – nem

entre os bispos deputados apanhados em flagrante delito.

Mas incluímos a transparência na constituição e nas leis. A cada dia temos mais leis sobre transpa-rência, em absurda sobreposição de normas, a seguinte para dar força à anterior – surgiu nestes dias uma lei antidiscriminação racial, matéria de lei anterior e da constituição. A constituição e as leis determinam que o Estado seja transparente, que informe tudo que faz, quanto gas-ta, com quem gasta, etc. O Estado não informa e surgem leis para de-terminar que o Estado informe. A antitransparência é tão forte que o próprio Estado esconde a lei que iniciou e não a vota, como acontece

no Paraná com a lei da transparência, que a assembleia legislativa conserva no olvido de uma gaveta.

Para dar foros de elegância a esta análise teria que dizer que na transparência o Brasil vive conflito entre a ética e a religião: uma quer a transparência, outra atua para que os pecados fiquem bem escondidos. Então está claro que a transparência não integra nossa mos maiorum, a tradição ancestral e inconsciente coletivo. Não pegou. Ponto. A me-nos que algum disco voador pouse no Brasil. Aí teremos transparên-cia, o governo não poderá sonegar a informação – que será divulgada pelo presidente e sua candidata jactarem-se precursores no conta-to alienígena. Nessa transparência seremos nós, diferentes, superiores aos norte-americanos.

Não descreio em alienígenas. Não tem sentido negar-lhes a existência, considerando a dimensão

infinita, eterna e expansiva do universo.

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CRÔNICA

Se engana quem pensa que a cafonice e o provin-cianismo das pessoas se resume apenas à origem ou ao modo de vestir. Aquilo que subverte o

que é considerado elegante aparece na maneira de ver o mundo, extremamente limitada e local, no jeito de falar, no excesso. Contudo, além dessa esfera compor-tamental, há aspectos bem-humorados na cafonice, na película deste universo felliniano, com cores de Almodóvar, identificado imediatamente nos excessos desse vasto mundo.

Já ouvi algumas “damas da sociedade” falarem seu parco francês para parecerem mais cultas, poliglotas, inteligentes, quando na verdade, seu francês se resume a duplicar os “Rs” em um péssimo português, très bien. Fora os que creem entender de vinhos e exibem todo seu conhecimento de aromas de pneus e madeiras em extinção das florestas da Irlanda. A turma do perfume é pior, pois se trata de algo que todos vão sentir, e não existe nada mais deselegante e mal-educado do que fazer as pessoas sentirem apenas o “seu” perfume. E os que comem frango com polenta e besuntam seus ouros e peles de gordura? Temos ainda uma senhora conhecida das colunas sociais que comprou uma autêntica cadeira Luis XV com tecido adamascado no valor de R$ 10 mil reais. Para os cachorros sentarem. Pasmem.

Quando se pensa em moda, então, encaramos um batalhão de exageros e similaridades grotescas. Gilles

O sucesso do excesso

Lipovetsky, no seu livro “O império do efêmero”, observa que “a moda é um sistema inseparável do excesso, da desmedida, do exagero”. Amplificador de ideias, conceitos e atitudes, nem sempre próximas à realidade da maioria; preta e branca, minimalista, sem exageros, o avesso do excesso.

Certa vez uma citada consultora de moda ex-plicou como as pessoas deveriam se comportar e se vestir em viagens internacionais. A ideia em si compreende um arsenal preconceituoso e provin-ciano sem tamanho. Uma das dicas era: “se não tiver dinheiro, aja como se tivesse, vá ao melhor restaurante da cidade e peça o vinho mais caro”. Não existe algo mais cafona que isso.

Em Curitiba este provincianismo se traduz em uma classe típica classificada de “peruas”. Os salões de beleza devem ganhar rios de dinheiro para dei-xar todas loiras, com o indefectível topete, a marca curitibana, e morrer de tédio por não ter nenhum ímpeto criativo.

Mas a sua essência reside nas atitudes, na es-treiteza de horizontes sem nenhuma linha rasa de sol, da pausa de algo menos fundamental e dema-siadamente descartável. Oscar Wilde acertou em cheio quando disse “moderação é algo fatal; nada traz mais sucesso que o excesso”. Por isso, falem o que quiserem, mas a cafonice é um sucesso.

MARIANNA CAMARgO jornalista

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hermes Custódio comanda a cozinha que prepara alguns dos pratos mais cobiçados da cidade. Sua principal fonte de inspiração é Paul Bocuse.

O mestre maior, seu iniciador, foi o Celso Freire. Deles aprendeu a nova gastronomia, essa que deixou mais leve e simples a cozinha francesa clássica e revolucionou a culinária no mundo.

Hermes Custódio usa ingredientes tradicionais, mas mudou a maneira de prepará-los. Sua preocupação é a de preservar o sabor dos alimentos. Por isso mesmo os seus molhos e temperos são suaves. Nem um grama a mais para não comprometer o sabor original.

Mas há criatividade nessa faina que o obriga dia-riamente a procurar o que há de melhor para servir. Quando pode, faz seus experimentos. Alguns levaram mais de ano para que chegassem ao ponto que ele pre-tendia. Prove o lombo de bacalhau com a crosta de alho ou o mignon acompanhado de arroz em molho de queijos. Peça um peixe, experimente os frutos do mar. Depois organize uma corrente de orações para manter o chef em atividade.

Hermes Custódio tem uma história que repete a dos meninos humildes do interior que procuraram na cidade grande um destino melhor.

Veio de Wenceslau Brás, cidade que parou no tempo e feneceu com a mudança de sua agricultura. Hoje, a população é menor do que na época que Her-mes a deixou.

Em Curitiba, aos 15 anos, ele foi lavar pratos para sobreviver. Aí começou a mudar a sua sorte e a desen-volver uma vocação que ele acredita que tem origem anterior, na observação da cozinha doméstica, no pre-paro das caças e na educação paciente, mas rigorosa, que recebeu do avô.

Ainda menino, Hermes era escalado para o sacri-fício das aves de caça que o avô trazia das incursões pela região. Trabalho a que levou muito tempo para se habituar e que fazia parte de sua formação para a idade adulta, como explicava o avô, que não queria um neto com temores e preguiças. O italiano era um convicto defensor do princípio do desempenho.

VICeNTe FeRReIRAFOTO De DICO KReMeR

No restaurante Boulevard, passou da estiva de lavar a louça para a função de auxiliar de cozinha. Cortava os legumes segundo o pedido do chef Celso Freire. Fo-ram anos de paciência e observação até que surgisse a oportunidade. Um subchefe pediu demissão. Freire lhe ofereceu a vaga. Ele aceitou.

Freire presenteou Hermes com um volumoso com-pêndio onde estavam as receitas que ele usava. Hermes agradeceu, olhou o livro e surpreso, observou:

— Mas este livro é em francês e eu não seu francês.— Você pensa que a vida é fácil? Respondeu Freire.O primeiro teste foi o da preparação dos molhos. Her-

mes comprou um dicionário, traduziu as receitas como podia, pendurou cartazes na cozinha com as palavras em francês e sua tradução. Assim aprendeu francês e a cozinhar.

No começo, Freire experimentava os molhos e os despejava no lixo. Um atrás do outro. Nada dizia. Meses depois, Freire aprovou o primeiro, o segundo e daí em diante deixou Hermes à vontade.

Desde então, nosso chef evoluiu à condição de um dos principais da cidade. Para encontrá-lo, em sua cozinha ampla, onde comanda uma equipe com rigor de general de briga-da, visite o Vin Bistrô, na rua Rua Fernando Simas, 260, Batel.

O professor Vicente Ferreira é gourmet e gastrólogo

GASTROLOGIA

A arte do simples

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luIz CARlOS zANONI enólogo e jornalista

Rolhas da discórdia

Alguns amigos que andaram pela Austrália e Nova Zelândia relataram sua surpresa por de-pararem, à entrada dos restaurantes de cidades

como Sidney ou Auckland, a onipresente plaqueta com a estranha palavra BYOW. Decifrada a charada, viu-se que era apenas o acrônimo de Bring Your Own Wine, um convite ao cliente para que leve seu próprio vinho. Essa prática, bem vista e estimulada por lá, constitui-se, entre nós, jogo de regras ainda obscuras, causa de frequentes barracos. Da mesma forma que alguns restaurantes se ofendem, encarando como uma bofetada em suas cartas, certos clientes ignoram o básico, acham-se no direito de aparecer com vinhos rigorosamente comuns, ou de nível inferior aos oferecidos pela casa. Fora do bom senso não há salvação. As regras não estão escritas, pertencem ao mundo dos costumes. Há que contem-

plar aí dois interesses, o do restaurante, para o qual a carta de vinhos é ítem valioso de sobrevivência, e o do cliente, que deseja celebrar um momento especial com um rótulo repleto de credenciais.

O importante é sempre consultar antes. Telefonar perguntando não custa nem ofende. Curiosa-mente, os restaurantes com boas adegas, que

trabalham profissionalmente o vinho, são os mais com-preensivos, encaram com naturalidade. A maioria esti-pula uma taxa, a chamada “rolha”, que custeia o serviço e equivale ao preço de uma garrafa de valor médio da carta, cerca de 20 ou 30 reais. Outros nada cobram. E até permitem que o cliente estoque algumas garrafas na adega da casa, o que sempre lhe dará bons motivos para um retorno.

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Qualidade é o ponto seguinte. Os restaurantes que dizem sim realmente se sentem honrados pela presença de um rótulo de bom gosto, fruto de

garimpo individual e guarda cuidadosa. Vinhos assim enobrecem a culinária da casa, marcam a consideração que lhe devota o cliente. Nem sempre está em questão o preço da garrafa, mas ela deve ser incomum, situar-se fora da seleção proposta na carta do restaurante, ou acima dela. Pega mal chegar com alguma coisa de nível igual ou inferior. Também não está escrito, porém pedir um vinho do restaurante é retribuição esperada. Talvez um branco ou um espumante para acompanhar a entrada, talvez um Porto para o fi nal. E manda a eti-queta que o serviço receba uma gratifi cação generosa nessas ocasiões.

exemplo negativo foi o da pessoa que levou uma sacola de tintos argentinos da uva Malbec para festejar com parentes o aniversário da mulher.

Nada contra Malbecs. Os tais, porém, eram comuns, disponíveis em todas as prateleiras. O próprio res-

taurante tinha às pencas. Mas há também casos de estabelecimentos que, por ignorância pura, vetam o vinho do cliente mesmo dispondo de pouco para oferecer. Um amigo conta que, numa churrascaria da cidade, com modernas instalações por sinal, além da negativa ouviu o gerente cochichar ao garçom que “é preciso abrir o olho, hoje trazem o vinho, amanhã a comida”. O tal gerente não sabia nem o signifi cado de cobrar a rolha. O cliente tomou uma cerveja e não voltou nunca mais.

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PRATELEIRA

Filmes

Fellini 8 e ½

Vi o 8 e ½ de Fellini bem uma cen-tena de vezes. É, para mim e mais penca graúda de amigos, o filme mais importante de toda a história do cinema, da época em que ainda havia cinema. 

Entre esses amigos posso listar o Nêgo Pessôa e o Dico Kremer, duas figuras que também habitam estas páginas da revista Ideias.

Há, entre nós, con-versas internas onde a referência a diálogos de Fellini é constante. “Quanta gente bruta” é exclamação comum quando nos deparamos com os representantes da barbárie local.

Voltemos ao filme e à civilização. “Fellini 8 e 1/2” trata da crise de inspiração de um dire-tor de cinema. Guido, interpretado por Mar-cello Mastroianni, é um

artista cujo único comprometimento é com sua arte. Mas, ao se deparar com a indagação de se ainda havia algo essencialmente importante a ser dito, entra em crise de criação que blo-queia a produção de seu novo filme.

Buscando em suas raízes biográ-ficas elementos possíveis para consti-tuir um possível roteiro, Guido acaba mergulhado em memórias confusas, em devaneios oníricos e numa aporia mais do que filosófica.

Ao mesmo tempo, Guido en-frenta necessária reflexão sobre sua relação com as mulheres, desde a in-fância e a experiência com Saraguina, passando por todas que conheceu

e que ele procura encaminhar ao sótão na medida em que perdem graça e beleza. Formidável. Oito e Meio contém todos os filmes feitos antes e depois e anuncia os futu-ros, aqueles em que Fellini adquire definitivamente sua personalidade cinematográfica.

É sempre difícil falar sobre os filmes de Fellini, já que eles se en-cerram em si mesmo. Este diretor italiano é mestre em criar obras aparentemente sem trama, com quadros potencialmente descone-xos e com personagens grotescos e in. É neste clima turbulento e confuso que Fellini faz transpare-

cer suas preocupações vi tais acerca do papel de uma obra de arte.

É natural que um filme que retrata um artista em crise seja uma das mais belas obras de arte do cine-ma. E também é natu-ral que em sua imagi-nação o personagem Guido tenha eliminado o intelectual e crítico que lhe apoquentava a existência com obser-vações e reprimendas. F.C.

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Livros

ADeUS, SARAMAGO

Morreu José Saramago, aos 87 anos, em sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Ele sofria de leucemia e, nos últimos anos, havia sido hos-pitalizado em várias oportunidades devido a problemas respiratórios.

Vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1998 e de um prêmio Camões - a mais importante conde-coração da língua portuguesa.

Entre seus livros mais conhe-cidos estão “Memorial do conven-to”, “O ano da morte de Ricardo Reis”, “O evangelho segundo Jesus Cristo”, “A jangada de pedra” e “A viagem do elefante”.

Saramago era considerado como o criador de um dos universos li-terários mais pessoais e sólidos do século XX e uniu a atividade de es-critor com a de homem crítico da sociedade, denunciando injustiças e se pronunciando sobre confl itos políticos de sua época. Em 1997, es-creveu a introdução para o livro de fotos “Terra”, em que o fotógrafo Se-bastião Salgado retratava a rotina do movimento dos sem-terra no Brasil.

O SÁBiO e O lOUCO

Belo livro sobre Picasso de Marie-Laure Bernadac e Paul de Bouchet editado pela Objetiva. Edição cui-dada, iconografi a interessante... Um homem para quem pintar sig-nifi cava ver e que melhor do que ninguém enxergou seu século. Dos primeiros esboços dos pombos de Málaga aos período azul e rosa, dos anos loucos de Montmartre às Se-nhoritas de Avignon, da explosão surrealista à Guernica, das mulhe-res que choram à mulher fl or, ele sempre afi rmou sem cessar: “Eu não procuro, eu encontro”.

ViSÃO DO PARAÍSOEnfi m, nova edição de “Visão do Paraíso”, de Sérgio Buarque de Holanda. Em posfácio, Laura de Mello e Souza analisa o impacto do livro em seu tempo e seu signifi cado decisivo para a historio-grafi a. Destaca o empenho de Sérgio Buarque em passar em revista a história colonial portuguesa e espanhola. O segundo posfácio, de Ronaldo Vainfas, apresenta brevemente o livro no contexto da obra do autor e sua limitada recepção entre os anos 1960 e 1980.

POeTA RUSSAMarina Tsvietáteva é um livro prefaciado e tradu-zido por Décio Pignatari. Marina foi uma das me-lhores poetas modernistas russas, mas seu trabalho é

pouco conhecido no Brasil. Décio Pig-natari nos presenteia com este livro que ele abre com três prefácios que falam sobre tradução, o conturbado cenário da Rússia na época e o ponto de vista de Marina em relação ao seu país e à sua vida. Marina nasceu em 1892 e cometeu suicídio em 1941, teve uma juventude agitada, alguns anos felizes, mas passou por duas guerras e uma revolução que trouxeram sofri-mento e também pai xões. É possível ver todos estes sentimentos nas suas poesias, como o Ensaio de Ciúme. As ilustrações de Maria Angela Biscaia trazem a leveza necessária. (Travessa dos Editores – 2005).

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Música

AMel BRAHiM DJellOUl

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Para ouvi-la é preciso encomen-dar gravações na Suíça. Mas vale a pena. Amel é argelina. Nasceu em Argel e começou por estudar violino, iniciou-se posteriormen-te na disciplina de canto, con-quistou, em 2003, o 1º Prémio de Canto no Conservatório de Paris. O seu repertório estende-se da música antiga à contemporânea, tendo recentemente interpretado os Grands Motets de Lully, sob a direção de Olivier Scheenebeli, Dido and Aeneas (Dido) e Fary Queen de Purcell.

No verão de 2004, inter-pretou o papel de Sesto (Giulio Cesare de Antonio Sartorio), no Festival de Innsbruck. Cantou também o papel de Pamina (A Flauta Mágica) numa produção do Conservatório de Paris (2002) e interpretará Servilla (La Cle-menza di Tito) no Festival de Aix-en-Provence, em 2005.

OUÇA ninO, leMBRe De FELLINI

O trabalho de Nino Rota para o cinema data dos anos 40. A fi lmografi a inclui nomes de todos os realizadores notáveis da sua época. Marcou a obra de Federico Fellini.

Rota compôs para todos os fi lmes de Fellini, desde o ‘Sheik Branco’, de 1952, até ‘Ensaio de Orquestra’, de 1979. A lista dos outros realizado-res inclui os nomes de Renato Castellani, Luchino Visconti, Franco Zeffi relli, Mario Mo-nicelli, Francis Ford Coppo-la, King Vidor, René Clément, Edward Dmytryk e Eduardo de Filippo. Também compôs a mú-sica de várias produções tea-trais de Visconti, Zefi relli e de Filippo.

MARiA JOÃO Maria João Pires é pianista portu-guesa. Genial. Muito cedo apren-deu a tocar piano: aos cinco anos deu o seu primeiro recital e aos sete tocou publicamente concertos de Mozart. Com nove anos recebeu o prêmio da Juventude Musical Portuguesa. Estudou na Alemanha, primeiro na Musikakademie em Munique com Rosl Schmid e de-pois em Hannover com Karl Engel.

Maria João Pires torna-se re-conhecida internacionalmente ao vencer o concurso internacional do bicentenário de Beethoven em 1970, que se realizou em Bruxelas.

Fez na sua carreira numerosas digressões onde interpretou obras de Bach, Beethoven, Schumann, Schubert, Mozart, Brahms, Chopin e muitos outros compositores dos períodos clássico e romântico. É encontrável nesta aldeia periférica. Ouça. Não é sem tempo.

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O Motel Luna Blu trouxe para Curitiba o ator e cantor Daniel Boaventura que encantou com o show “Songs 4 U”, acompanhado de sua banda afi nadíssima, a platéia do Tea-tro Guaira. No camarim, Daniel Boaventura entre Fabiane Pedroso e o irmão Thiago Pedroso, ambos do Luna Blu.

O chef Laurent Suadeau comandou as cozinhas do Espaço Gourmet Escola de Gastronomia em duas aulas em junho, para um público seleto de apreciado-res da gastronomia. O cardápio foi exclusivo e criado especialmente para a aula. Na foto Laurent com o chef Márcio Silva, diretor do Espaço Gourmet.

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A socialite Paris Hilton que desfi lou para a Triton, foi a grande estrela da São Paulo Fashion Week trazendo o

tema Evening Party Triton para o verão 2010. A franqueada da Triton em Curitiba Aline Fajardo assistiu na primeira fi la e con-tou que as novidades da grife chegam em Curitiba no mês de agosto. O Verão 2011 da mar-ca terá vestidos curtíssimos, saias godês ou em camadas grandes de babado. A cintu-ra chega marcada ou mais baixa. Na foto, Paris Hilton

durante desfi le para a Triton, que em Curitiba

possui lojas nos shoppings Crystal Plaza e Mueller.

Os sócios da Pastilhart, apoiadora da Casa Cor PR, Fábio Pacheco e Alexandre de Lara recebe-ram convidados para apresentar os lançamentos 2010. Entre os convidados: A badaladíssima dupla Daniel Casagrande e Luiz Maganhoto, que assina o Quarto do Moço na Mostra com a artista plástica Simone Trombini Costa e a arquiteta Carla Gil Heller, que projetou a Suíte Veneza.

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A RE/MAX, maior rede de franquia imobiliária do mundo e com 68 escritórios comercializados no Brasil, promoveu evento de lançamento da franquia em Curitiba reunindo profissionais do ramo imobiliário. No evento, o presidente da RE/MAX do Brasil, Renato Teixeira, com Carlos Canto, diretor da Revista Imóvel Magazine.

A artista paranaense e curitibana Simone Campos está com uma exposição individual em sua Galerie d’Art Lúcia Hinz, na cidade de Alsdorf na Alemanha.

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Patrocinador da Casa Cor Paraná, o Balaroti realizou evento fechado para con-vidados vipérrimos. Os anfitriões foram Talita Ballaroti, gerente de marketing da empresa, Hélio Ballarotti, diretor-presidente, e o arquiteto Maximiliano Scandelari, autor do projeto do Lounge Balaroti, onde foi realizado o evento.

O diretor da marca de roupa masculina LOS DOS Raphael Sahyoun Filho recebeu amigos e imprensa, para assistirem o jogo da Seleção Brasileira - na Copa do Mundo - na loja da grife localizada no bairro Moema, em São Paulo. Entre muitas estrelas que foram torcer estava a simpaticíssima Fernanda Souza.

O chef Laurent Suadeau comandou as cozinhas do Espaço Gourmet Escola de Gastronomia em duas aulas em junho, para um público seleto de apreciado-res da gastronomia. O cardápio foi exclusivo e criado especialmente para a aula. Na foto Laurent com o chef Márcio Silva, diretor do Espaço Gourmet.

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www.marciatoccafondo.blogspot.com márciatoccafondo

Nereide Michel, o estilista paulista Mario Queiroz e Vanessa Malucelli Andersen, durante o coquetel de apresentação e desfile da coleção cole-ção Primavera/Verão 2010-2011 da marca curitibana de bolsas Dela-tia e da linha masculina de Mario Queiroz, no Clube Concórdia.

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O Motel Luna Blu trouxe para Curitiba o ator e cantor Daniel Boaventura que encantou com o show “Songs 4 U”, acompanhado de sua banda afi nadíssima, a platéia do Tea-tro Guaira. No camarim, Daniel Boaventura entre Fabiane Pedroso e o irmão Thiago Pedroso, ambos do Luna Blu.

O chef Laurent Suadeau comandou as cozinhas do Espaço Gourmet Escola de Gastronomia em duas aulas em junho, para um público seleto de apreciado-res da gastronomia. O cardápio foi exclusivo e criado especialmente para a aula. Na foto Laurent com o chef Márcio Silva, diretor do Espaço Gourmet.

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A socialite Paris Hilton que desfi lou para a Triton, foi a grande estrela da São Paulo Fashion Week trazendo o

tema Evening Party Triton para o verão 2010. A franqueada da Triton em Curitiba Aline Fajardo assistiu na primeira fi la e con-tou que as novidades da grife chegam em Curitiba no mês de agosto. O Verão 2011 da mar-ca terá vestidos curtíssimos, saias godês ou em camadas grandes de babado. A cintu-ra chega marcada ou mais baixa. Na foto, Paris Hilton

durante desfi le para a Triton, que em Curitiba

possui lojas nos shoppings Crystal Plaza e Mueller.

Os sócios da Pastilhart, apoiadora da Casa Cor PR, Fábio Pacheco e Alexandre de Lara recebe-ram convidados para apresentar os lançamentos 2010. Entre os convidados: A badaladíssima dupla Daniel Casagrande e Luiz Maganhoto, que assina o Quarto do Moço na Mostra com a artista plástica Simone Trombini Costa e a arquiteta Carla Gil Heller, que projetou a Suíte Veneza.

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A RE/MAX, maior rede de franquia imobiliária do mundo e com 68 escritórios comercializados no Brasil, promoveu evento de lançamento da franquia em Curitiba reunindo profissionais do ramo imobiliário. No evento, o presidente da RE/MAX do Brasil, Renato Teixeira, com Carlos Canto, diretor da Revista Imóvel Magazine.

A artista paranaense e curitibana Simone Campos está com uma exposição individual em sua Galerie d’Art Lúcia Hinz, na cidade de Alsdorf na Alemanha.

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Patrocinador da Casa Cor Paraná, o Balaroti realizou evento fechado para con-vidados vipérrimos. Os anfitriões foram Talita Ballaroti, gerente de marketing da empresa, Hélio Ballarotti, diretor-presidente, e o arquiteto Maximiliano Scandelari, autor do projeto do Lounge Balaroti, onde foi realizado o evento.

O diretor da marca de roupa masculina LOS DOS Raphael Sahyoun Filho recebeu amigos e imprensa, para assistirem o jogo da Seleção Brasileira - na Copa do Mundo - na loja da grife localizada no bairro Moema, em São Paulo. Entre muitas estrelas que foram torcer estava a simpaticíssima Fernanda Souza.

O chef Laurent Suadeau comandou as cozinhas do Espaço Gourmet Escola de Gastronomia em duas aulas em junho, para um público seleto de apreciado-res da gastronomia. O cardápio foi exclusivo e criado especialmente para a aula. Na foto Laurent com o chef Márcio Silva, diretor do Espaço Gourmet.

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www.marciatoccafondo.blogspot.com márciatoccafondo

Nereide Michel, o estilista paulista Mario Queiroz e Vanessa Malucelli Andersen, durante o coquetel de apresentação e desfile da coleção cole-ção Primavera/Verão 2010-2011 da marca curitibana de bolsas Dela-tia e da linha masculina de Mario Queiroz, no Clube Concórdia.

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julho de 2010 | IDEIAS 71

Page 72: Revista Ideias 105

Inaugurado em junho, no piso L2 do Shopping Crystal, o corner da Masdar - Joias de prata e aço, que contagiou os corredores do shopping com coquetel para jornalistas, clientes, convidados. Na foto: Claudia Tomasi e o sócio-proprietário da Masdar, Augusto Santana na inauguração, durante a inauguração.

A presidente do IAP - Instituto dos Advogados do Paraná, Rogéria Dotti e um dos novos filiados do Instituto - o advogado Francisco Zardo, na noite do jantar de comemoração dos 93 anos do IAP, em junho, no Graciosa Country Club. A jornalis-ta Dora Kramer foi a convidada e proferiu palestra com o tema Reforma Política.

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Melina Velozo, a estilista Karina Kulig, João Paulo Porangaba e Franc Souza no prestigiado coquetel para lançamento da Coleção Verão 2011 da estilista intitulada de Cocktail Sunrise.

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Dias 6 e 7 de agosto o consultor Carlos Ferreirinha, expert nos mercados do Luxo e Premium, ministra o curso de gestão de negócios de luxo, em Curitiba, no o Mabu Royal & Premium Hotel - Praça Santos Andrade. Informações: 41.3329-8205.

O casal de Djs Tati Bittencourt e Léo B. ferveram tudo na Liqüe em junho, com um set impecável e cada vez mais conquistan-do os baladeiros de plantão curitibanos. A dupla tocou logo após o Vácuo Live.

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A dupla Hugo Pena e Gabriel escolheu Curitiba para gravar seu terceiro DVD. Três dias serão dedicados à produção assinada pela CWB Brasil, leia-se João Guilherme Leprevost. O cenário será montado no Curitiba Master Hall que recebe a dupla de 28 a 30 de julho.

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Antenadíssimos e de olho na moda do Brasil e do mundo: o produ-tor Paulo Martins, o estilista Jefferson Kulig, a jornalista Nereide Michel e a estilista Irit Czerny, “tricotando” durante evento.

Os proprietários da Construtora San Remo na Casa Cor Paraná – Sonia Moritz Perussolo, João Carlos Perussolo e Aline Moritz Perussolo. É da San Remo a mão-de-obra empregada na infraestrutura do Espaço do Curitiba Convention & Visitors Bureau (Curitiba CVB), e que leva a assinatura da arquiteta Cynthia Karas.

A marca de bolsas curitibana Delatia – das irmãs Sâmy e Suliane dos Anjos com o apoio do investidor norte-americano Wallace Fitzwa-ter – estreou sua linha masculina em junho, na São Paulo Fashion Week, durante o desfi le do badalado estilista Mario Queiroz, que passa a assinar a linha masculina da marca. Na passarela, os modelos vestiram trajes em cores suaves sem grandes diferenças nos tons e para acompanhar a proposta do desfi le, “Delatia por Mario Queiroz” apostou em bolsas em tons terrosos.

A Fundação Cultural de Curitiba e a Fnac Curitiba realizaram um concurso para escolher a capa da edição do Guia Curitiba Apresenta. O vencedor foi José Aguiar que é formado em Artes Plásticas pela FAP. Na foto Mariana Manita (Gerente de Comunicação da Fnac Curitiba) Fernanda Brun (Editora da Revista), José Aguiar (vencedor), Danilo Boeno (Diretor da Fnac Curitiba) e Marili Azim (Coordenadora de Artes Visuais da Fundação Cultural de Curitiba) na entrega da premiação.

A fotógrafa e jornalista Cris Berger lançou em Curitiba, seu primeiro livro “69 Lugares para Amar”, na Livraria Curitiba Megastore do ParkShopping.

O modelo e ator Cássio Reis brinca com Maria Clara Cavalca Machado, fi lha da franqueada da Tyrol em Curitiba, Francelli Cavalca, durante o desfi le benefi cente da marca.

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Melina Velozo, a estilista Karina Kulig, João Paulo Porangaba e Franc Souza no prestigiado coquetel para lançamento da Coleção Verão 2011 da estilista intitulada de Cocktail Sunrise.

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Inaugurado em junho, no piso L2 do Shopping Crystal, o corner da Masdar - Joias de prata e aço, que contagiou os corredores do shopping com coquetel para jornalistas, clientes, convidados. Na foto: Claudia Tomasi e o sócio-proprietário da Masdar, Augusto Santana na inauguração, durante a inauguração.

A presidente do IAP - Instituto dos Advogados do Paraná, Rogéria Dotti e um dos novos filiados do Instituto - o advogado Francisco Zardo, na noite do jantar de comemoração dos 93 anos do IAP, em junho, no Graciosa Country Club. A jornalis-ta Dora Kramer foi a convidada e proferiu palestra com o tema Reforma Política.

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Melina Velozo, a estilista Karina Kulig, João Paulo Porangaba e Franc Souza no prestigiado coquetel para lançamento da Coleção Verão 2011 da estilista intitulada de Cocktail Sunrise.

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Dias 6 e 7 de agosto o consultor Carlos Ferreirinha, expert nos mercados do Luxo e Premium, ministra o curso de gestão de negócios de luxo, em Curitiba, no o Mabu Royal & Premium Hotel - Praça Santos Andrade. Informações: 41.3329-8205.

O casal de Djs Tati Bittencourt e Léo B. ferveram tudo na Liqüe em junho, com um set impecável e cada vez mais conquistan-do os baladeiros de plantão curitibanos. A dupla tocou logo após o Vácuo Live.

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A dupla Hugo Pena e Gabriel escolheu Curitiba para gravar seu terceiro DVD. Três dias serão dedicados à produção assinada pela CWB Brasil, leia-se João Guilherme Leprevost. O cenário será montado no Curitiba Master Hall que recebe a dupla de 28 a 30 de julho.

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Antenadíssimos e de olho na moda do Brasil e do mundo: o produ-tor Paulo Martins, o estilista Jefferson Kulig, a jornalista Nereide Michel e a estilista Irit Czerny, “tricotando” durante evento.

Os proprietários da Construtora San Remo na Casa Cor Paraná – Sonia Moritz Perussolo, João Carlos Perussolo e Aline Moritz Perussolo. É da San Remo a mão-de-obra empregada na infraestrutura do Espaço do Curitiba Convention & Visitors Bureau (Curitiba CVB), e que leva a assinatura da arquiteta Cynthia Karas.

A marca de bolsas curitibana Delatia – das irmãs Sâmy e Suliane dos Anjos com o apoio do investidor norte-americano Wallace Fitzwa-ter – estreou sua linha masculina em junho, na São Paulo Fashion Week, durante o desfi le do badalado estilista Mario Queiroz, que passa a assinar a linha masculina da marca. Na passarela, os modelos vestiram trajes em cores suaves sem grandes diferenças nos tons e para acompanhar a proposta do desfi le, “Delatia por Mario Queiroz” apostou em bolsas em tons terrosos.

A Fundação Cultural de Curitiba e a Fnac Curitiba realizaram um concurso para escolher a capa da edição do Guia Curitiba Apresenta. O vencedor foi José Aguiar que é formado em Artes Plásticas pela FAP. Na foto Mariana Manita (Gerente de Comunicação da Fnac Curitiba) Fernanda Brun (Editora da Revista), José Aguiar (vencedor), Danilo Boeno (Diretor da Fnac Curitiba) e Marili Azim (Coordenadora de Artes Visuais da Fundação Cultural de Curitiba) na entrega da premiação.

A fotógrafa e jornalista Cris Berger lançou em Curitiba, seu primeiro livro “69 Lugares para Amar”, na Livraria Curitiba Megastore do ParkShopping.

O modelo e ator Cássio Reis brinca com Maria Clara Cavalca Machado, fi lha da franqueada da Tyrol em Curitiba, Francelli Cavalca, durante o desfi le benefi cente da marca.

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Melina Velozo, a estilista Karina Kulig, João Paulo Porangaba e Franc Souza no prestigiado coquetel para lançamento da Coleção Verão 2011 da estilista intitulada de Cocktail Sunrise.

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MARCIA

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Cida Colombo recebeu 70 mulheres charmosas da sociedade curitibana em sua residência, lindamente repaginada, distribuindo sorrisos e gentilezas. A noite fria não impediu as amigas de come-morar ao seu lado e o clima da festa foi muito agradável. A organização e o decór foi de Luiz Roberto Borges, o buffet foi assinado por César Monteiro, flores linda da Flor de Liz, docinhos deliciosos de Miriam. Champagne Möe Chandon, vinhos pra lá de elegantes e muita conversa divertida. Confiram nas minhas fotos:

A aniversariante Cida Colombo com a filha Mauren e a arquiteta Karin Klassen.

Florlinda Andraus, Stella Winnikes e Cristiane Andraus.

Moema Michaelis, Alda Gulin Crivelar e Izaura Mueller.

A aniversariante recebe o carinho do chef Cesar Monteiro e da mulher Ana.

Louise Alves e Neuza Madalosso.

Zaira Gáleas, Gladys Fadel e Cintia Peixoto.

Lylian Vargas, Julietinha Miró, Zaira Gáleas, Beth Pallazo e Norma Camargo.Lylian Vargas, Julietinha Miró, Zaira Gáleas, Beth Pallazo e Norma Camargo.

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ESTRELAS DA CASA COR

O luxo e a sofisticação dos interiores fizeram bonito na 17a. edição regional da Casa Cor, o mais tradicional evento sobre tendências de arquitetura e design de interiores do país, que aconteceu na Casa de Retiros Mossun-guê - Bairro Ecoville, entre 21 de Maio a 29 de Junho. O tema da mostra foi “Morar verde: sustentável maneira de viver” e seguiu as ten-dências mundiais de sustentabilidade. Conheça algumas estrelas da 17a. edição paranaense.

HOUSE OF SHOES BY FERNANDO PIRES

O artesão de sapatos glamourosos e de salto altíssimos, Fernando Pires, aterrisou em Curitiba para a inaugura-ção da loja que leva seu nome: House of Shoes Fernan-do Pires. Um aglomerado de pessoas foi conferir a nova loja que conta com 350 modelos belíssimos, femininos e masculinos. O projeto da loja leva a assinatura compe-tente da dupla Luiz Maganhoto e Daniel Casagrande.

A arquiteta Luciana Baggio com a Suíte Brasil.

A arquiteta Karen Camilotti com a diretora da Mostra, Marina Nessi.

O arquiteto Ivan Wodzinsky em seu premiado espaço Escritório-Biblioteca.

O arquiteto curitibano Jorge Elmor, com a concepção do Espaço Café.

O arquiteto Jayme Bernardo assinou o espaço Green Bar.

Fernando Pires e Maribel de Cássia Souza, proprietária da loja

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Melissa Mussi, Fernando Pires e Norah de Paula Gomes.

Luiz Maganhoto, Maribel de Cássia Souza, Fernando Pires e Daniel Casagrande.

Márcia Toccafondo com o artesão Fernando Pires.

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Cida Colombo recebeu 70 mulheres charmosas da sociedade curitibana em sua residência, lindamente repaginada, distribuindo sorrisos e gentilezas. A noite fria não impediu as amigas de come-morar ao seu lado e o clima da festa foi muito agradável. A organização e o decór foi de Luiz Roberto Borges, o buffet foi assinado por César Monteiro, flores linda da Flor de Liz, docinhos deliciosos de Miriam. Champagne Möe Chandon, vinhos pra lá de elegantes e muita conversa divertida. Confiram nas minhas fotos:

A aniversariante Cida Colombo com a filha Mauren e a arquiteta Karin Klassen.

Florlinda Andraus, Stella Winnikes e Cristiane Andraus.

Moema Michaelis, Alda Gulin Crivelar e Izaura Mueller.

A aniversariante recebe o carinho do chef Cesar Monteiro e da mulher Ana.

Louise Alves e Neuza Madalosso.

Zaira Gáleas, Gladys Fadel e Cintia Peixoto.

Lylian Vargas, Julietinha Miró, Zaira Gáleas, Beth Pallazo e Norma Camargo.Lylian Vargas, Julietinha Miró, Zaira Gáleas, Beth Pallazo e Norma Camargo.

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ESTRELAS DA CASA COR

O luxo e a sofisticação dos interiores fizeram bonito na 17a. edição regional da Casa Cor, o mais tradicional evento sobre tendências de arquitetura e design de interiores do país, que aconteceu na Casa de Retiros Mossun-guê - Bairro Ecoville, entre 21 de Maio a 29 de Junho. O tema da mostra foi “Morar verde: sustentável maneira de viver” e seguiu as ten-dências mundiais de sustentabilidade. Conheça algumas estrelas da 17a. edição paranaense.

HOUSE OF SHOES BY FERNANDO PIRES

O artesão de sapatos glamourosos e de salto altíssimos, Fernando Pires, aterrisou em Curitiba para a inaugura-ção da loja que leva seu nome: House of Shoes Fernan-do Pires. Um aglomerado de pessoas foi conferir a nova loja que conta com 350 modelos belíssimos, femininos e masculinos. O projeto da loja leva a assinatura compe-tente da dupla Luiz Maganhoto e Daniel Casagrande.

A arquiteta Luciana Baggio com a Suíte Brasil.

A arquiteta Karen Camilotti com a diretora da Mostra, Marina Nessi.

O arquiteto Ivan Wodzinsky em seu premiado espaço Escritório-Biblioteca.

O arquiteto curitibano Jorge Elmor, com a concepção do Espaço Café.

O arquiteto Jayme Bernardo assinou o espaço Green Bar.

Fernando Pires e Maribel de Cássia Souza, proprietária da loja

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Melissa Mussi, Fernando Pires e Norah de Paula Gomes.

Luiz Maganhoto, Maribel de Cássia Souza, Fernando Pires e Daniel Casagrande.

Márcia Toccafondo com o artesão Fernando Pires.

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O prefeito de Almirante Ta-mandaré Vilson Goinski lançou diversas obras no

mês de junho: pavimentações, obras de ampliação e construção. Foi assi-nada ordem de serviço para o início das pavimentações no Tanguá, obra que custará cerca de R$ 130 mil reais, pagos com recursos próprios do município. A pavimentação na região de Areias ficou em R$ 498 mil reais. Na região de Tranqueira, a obra, que inicia na primeira quin-zena do mês de julho, está orçada em R$ 422 mil reais. Além disso, começaram as obras de pavimenta-ção da Rua João Vicentini, no Dis-trito Industrial II – São Venâncio. É a primeira rua pavimentada pelo Programa PROPAT, que faz as obras

Tamandaré constrói um novo futuro

Prefeitura investe em obras e melhora a qualidade de vida dos moradores

numa parceria entre o Poder Público e a comunidade. A construção do

Centro da Juventude, localizado numa área de 20 mil m2, custará cerca de R$ 2 milhões de reais e fará parte de um grande complexo de prédios públicos que atenderão a população da região da Grande Cachoeira. O local contará com área de lazer, piscina, teatro ao ar livre, quadras esportivas, pista de skate e um prédio com salas de informática, auditório, salas de estudo.

No mês de junho, cerca de R$ 6,5 milhões de reais foram investidos pela administra-

ção em Almirante Tamandaré. Com estas iniciativas, a cidade mostra que está crescendo no rumo certo, com administração austera e transparente do dinheiro público.

CIDADES

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