Revista Ilustrar 02

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Neste número: Weberson Santiago Martin French Mario Alberto Manoel Victor Filho Benício Ziraldo

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Desenho, pintura, ilustração

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Neste número:

Weberson SantiagoMartin FrenchMario Alberto

Manoel Victor FilhoBenícioZiraldo

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uita gente me perguntou o que me levoua desenvolver a Revista Ilustrar, e sempre que pensava naresposta vinha na minha cabeça uma entrevista que HughHefner, fundador da revista Playboy, deu certa vez.

Ele dizia que quando era novo não era uma pessoa muitopopular e que não era convidado para as festas da faculdadeou dos amigos.Então quando criou a revista Playboy resolveu criar tambémsuas próprias festas, e levá-las onde quisesse.

A Revista Ilustrar tem mais ou menos esse mesmo espírito.Como não havia nenhuma revista desse gênero antes no Brasil,então criamos a nossa própria. Mas para esta festa todos estãoconvidados.

E no segundo número temos como sempre convidadosespecias, e entre eles o americano Martin French, comuma entrevista prá lá de especial, onde além de mostrartoda a sua inteligência e talento, também deixou umpresente a todos, com uma dedicatória especial.

Também temos uma nova seção chamada “Curtas”,com pequenas notas interessantes, e para o próximonúmero estão previstas outras novidades.

Espero que gostem, e para o próximo número tem mais.

Um grande abraço...

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DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ARTE FINAL: Ricardo Antunes [email protected]

DIREÇÃO DE ARTE: Neno Dutra - [email protected] Ricardo Antunes - [email protected]

REDAÇÃO: Ricardo Antunes - [email protected]

REVISÃO: Neno Dutra - [email protected] Montalvo Machado - [email protected]

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Augusto Minighitti - [email protected] Angelo Shuman - [email protected]

ILUSTRAÇÃO DE CAPA: Weberson Santiago - [email protected]

PUBLICIDADE: [email protected]

DIREITOS DE REPRODUÇÃO: Esta revista pode ser copiada, impressa, publicada,postada, distribuída e divulgada livremente, desde que seja na íntegra, gratuitamente,sem qualquer alteração, edição, revisão ou cortes, juntamente com os créditos aosautores e co-autores.Os direitos de todas as imagens pertencem aos respectivos ilustradores de cada seção.

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• EDITORIAL ......................................................................... 2

• PORTFOLIO: Weberson Santiago ........................................... 4

• INTERNACIONAL: Martin French ......................................... 9

• SKETCH BOOK: Mario Alberto ............................................. 18

• MEMÓRIA: Manoel Victor Filho ............................................... 22

• STEP-BY-STEP: Benício ...................................................... 28

• 15 PERGUNTAS PARA: Ziraldo ........................................ 34

• CURTAS ............................................................................... 42

• LINKS DE IMPORTÂNCIA ............................................ 45

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eberson Santiago nasceu em 1983 na cidade de SãoBernardo do Campo, no estado de São Paulo, mas cresceuem Mauá, também no mesmo estado.

Aos 13 anos foi estudar desenho na Quanta Academiade Artes na cidade de São Paulo.

Antes de publicar seu primeiro trabalho teve diversosempregos, inclusive numa banca de jornal onde teve

contato com diversos tipos de jornais e revistas.

Morou em São Paulo durante 3 anos e 3 dias.

Hoje, Weberson é ilustrador do jornal Folhade São Paulo e seus desenhos estãofreqüentemente nas páginas de revistascomo Rolling Stone, Galileu e ÉpocaNegócios.

Além disso também ilustra livros paraas editoras Moderna e Saraiva.

Atualmente mora em Mogi das Cruzes(São Paulo) com sua esposa e seu filho,

e nas horas vagas toca clarinete.

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Pra mim a parte mais importante numa ilustração é a idéia. Por isso geralmentegasto boa parte do tempo do trabalho pensando nas possibilidades gráficaspara poder transmitir com clareza a essência do texto.

Esse "pensar" muitas vezes é feito através de rabiscose mais rabiscos. Geralmente a etapa do desenho

é muito curta, desenho de uma maneira rápidae expressiva, pra ficar algo leve, sincero e

objetivo.

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Gosto de usar todos os tipos de materiais: guache, aquarela, acrílica, canetavelha, papel amassado e por aí vai. Ultimamente tenho desenhando muito combico-de-pena mosquito e colorido tudo no Photoshop. Tenho usado muito tambémo lápis integral e lapiseira 0.5 com o grafite 4B.

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Editorial. Publico toda semana no caderno Equilíbriodo jornal Folha de São Paulo.

Tenho ilustrado para diversas revistas como RollingStone, Galileu, Pequenas Empresas & GrandesNegócios, Mundo Estranho e Época Negócios.

Além de fazer ilustrações para livros da editoraModerna e Saraiva.

Também tenho pintado bastante.

Estou produzindo algumas pinturas eilustrações para alguns projetos de livrosmeus e de uma amiga minha chamadaMarcela Godoy e fazendo algunsrabiscos de uns personagens deum outro amigo chamado RicardoCruz, que é o editor da RollingStone aqui no Brasil.

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ascido na Califórniae morando atualmente noOregon, Martin French é um

ilustrador com um trabalhobastante diversificado, abrangendo

quase todas as áreas da ilustração.

Com um estilo gráfico bastante pessoal,ganhou mais de 60 prêmios de excelência dos

juris das mais diversas entidades de ilustradores,entre elas American Illustration, CommunicationArts e Society of Illustrators.

Um desses prêmios é a medalha de ouro dadapelo Society of Illustrators por uma ilustraçãofeita após uma experiência com crianças emSão Paulo, de onde vai surgir também um mural.

Além do trabalho de ilustração, também se dedicaao ensino, onde lecionou em várias escolas. E nos

tempos livres prefere a tranquilidade da vida naregião de Cascade Mountains.

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Eu uso uma mistura de mídias para criar as minhas imagens. Tudo começacom um desenho e pintura tradicionais, muito deles feitos em preto e brancoem carvão, grafite e tinta. Os desenhose pinturas são criados separadamente - estudode figuras, marcas de pincel e texturas, símbolosgráficos, e scanneados para o computador.Eu desenho e componho a imagem básica noPhotoshop usando as múltiplas imagens quecriei à mão.

O Photoshop está mais para uma ferramentade design do que de pintura no meu processo.Então imprimo a imagem em grande formatoem papel de aquarela e pinto, desenho e colonovamente no impresso. Também uso serigrafiacomo base ao invés de mídia digital, e pinto edesenho de volta na impressão.No geral, estou procurando criar um diálogovisual entre marcas chapadas e texturizadase símbolos, e uma dinâmica interação entredesenho, pintura e design.

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Minhas influências são bastante variadas. Alguns dos artistas que têm me inspiradomuito são Toulouse Lautrec, os pintores americanos Jacob Lawrence e RichardDiebenkorn, os ilustradores americanos Aaron Douglas e Maxfield Parrish, odesigner gráfico americano Lester Beal, e o artista de poster britânico Tom Purvis.

Eu também amo a arte dos posters revolucionários da América Latina duranteo século XX.

Sim, a minha lista de clientes é bem diversificada, o que eu gosto muito. Parte do prazerde ser ilustrador é trazer a sua própria voz e visão para uma extensa gama transversalde conteúdos. Nesse ponto, eu diria que a ilustração para livros e posters é a minhapreferência. Ela oferece muita liberdade e parece ser onde eu estou concentrandoa maior parte do meu esforço comercial e pessoal.

Eu estou atualmente trabalhando em três projetos para livros com conteúdos meus,bem como uma série de cartazes que também são produzidos por mim. Em relação aotipo de trabalho mais complicado, trabalhos em publicidade sempre oferecem um maiordesafio devido ao fato de que existem muitas vozes criativas que entram no jogoenquanto o trabalho está sendo criado.

Tentar atender essas demandas pode ser difícil. Eu acho que ainda cabe ao ilustradorse manter verdadeiro na sua visão pessoal e ao mesmo tempo ir ao encontro dasnecessidades dos clientes. Em último caso, foi para isso que você foi contratado. Vocêsó deve lutar pela sua visão pessoal em alguns casos.

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Eu tenho uma colega que faz trabalho voluntário em uma organização chamadaHope Unlimited (Esperança Ilimitada) que trabalha com crianças de rua noBrasil. Ela me perguntou se eu poderia criar um mural para o quintal ondeessas crianças vêm viver. O projeto ainda está em andamento - está na fasedo design. Eu criei uma série de estudos de cor que estão sendo adaptadosao mural.

Eu nunca criei um mural antes, então estou tentando estudar os artistas nahistória que foram bem sucedidos tanto em ilustração quanto em trabalhomural. A experiência da cidade (São Paulo) e das crianças foi incrível depoisda visita inicial, e eu estou ansioso para voltar e fazer o mural de verdade.

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A imagem "Esperança" foiparte de uma série deimagens que eu trabalheilidando com música eesperança - usando culturasde todo o mundo como meucontexto, ela não foi para umcliente de São Paulo.

Eu fui simplesmenteinfluenciado pela cultura equis comentá-la visualmente.

As imagens foram entãoimpressas como posters eusadas para angariar fundospara um grupo sem finslucrativos nos Estados Unidosque trabalham com criançasque vivem com HIV/AIDS.

As questões das crianças derua, adolescentesdesabrigadas, e jovensvivendo na pobreza e nadoença é muito próximo domeu coração e muito pessoal.

Ambos os meus filhos sãoadotados de países emdesenvolvimento - ambosvêm de situações de extremapobreza, então eu tentointeragir com essas questõescomo artista quantas vezeseu puder.

Em última análise, meus filhos têm sido minha grande influência como um artistaenquanto têm aberto meus olhos para questões mais amplas da vida e da culturaque excedem largamente minha própria experiência como americano.

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O tempo que eu tenho passado na nossa casa em Cascade Mountains tem sido de grandeinfluência. Eu passei os primeiros 9 anos da minha carreira de free-lancer lá e ela meofereceu um cenário único para se fazer arte. As imagens que eu crio não têm osentimento rural, envolvência natural, mas as cores e as texturas e as luzes do planaltodo alto deserto encontram seu caminho nas minhas ilustrações.

O afastamento do lugar também me permitiu concentrar totalmente na base do trabalhoque eu pretendia criar no início da minha carreira sem as distrações da cidade. Vocêfaz alguns sacrifícios ao separar-se, mas globalmente, ele foi uma decisão positivaprofissional e pessoalmente.

Mesmo que eu gaste mais tempo na cidade agora, esses 10 acres em Indian Ford Creeksão ainda meu santuário onde eu volto a me concentrar.

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A área da ilustração no Brasil me parecebastante vibrante. Eu estou impressionadocom a expressão e talento dos artistastrabalhando aí.

Eu sempre achei o design gráfico saídodo Brasil muito dinâmico, e a ilustraçãotem uma voz poderosa semelhante.

Eu estou honrado em fazer parte destapublicação.

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“Esperança”

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caricaturista,chargista e ilustrador Mario

Alberto tem um trabalhobastante conhecido e

divulgado em alguns dosprincipais meios de

comunicação, trabalhandoem especial com ecoline e

aquarela.

Mas, como acontece commuitos ilustradores, pouca

gente conhece o seu trabalho desketch book, que surgiu da

necessidade do trabalho e hojefaz parte do seu dia-a-dia.

Mostrando um traço seguro, Mariotambém fala um pouco sobre aimportância que o sketch book

tem para ele.

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“Trabalho há dez anos como chargista, caricaturistae ilustrador em um jornal esportivo. Para sobrevivernessa jaula de leões tive que aprender a aceitar acontradição diária entre a minha natural obsessãopor detalhe e acabamento e o pouquíssimo tempopara desenvolver as ilustrações.

Essa urgência de resolver tudo rapidamente, semmuita abertura para estudar novas soluções foi o queprimeiro me despertou a necessidade de fazer sketches.Comecei rabiscando caricaturas. Se no trabalho diáriome via obrigado a deixar a ousadia de lado paracumprir o horário do fechamento, nessesesboços, eu me permitia atirar praqualquer lado sem me preocupar como que iria acertar.

Numa tentativa de ampliar essabrincadeira, comprei recentementeum caderno comum com o intuitonão só de fazer desenhos aleatóriosmas também de pintá-los de formadescompromissada. Afinal, pormais que eu queira, é impossívelficar sobrepondo camadas ecamadas de aquarela em umpapel offset 75 g/m2.

O melhor dessa coisa toda é que, no fimdas contas, volta-e-meia eu pego essas "ousadias" aparecendo meioque de surpresa nos trabalhos do dia-a-dia...”

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uem tem mais de 30 anos de idade com certezaconhece os trabalhos de Manoel Victor Filho, mesmo que

nunca tenha ouvido falar nele.

Afinal, toda uma geração estudou e fez trabalhos deescola se baseando em suas ilustrações, além daspessoas em geral que passaram a conhecer muitos

assuntos através de seus trabalhos.

Quem não se lembra da série “Os Bichos”,“Grandes Personagens da Nossa História”

(com um retrato de Zumbí inesquecível),“Sítio do Pica Pau Amarelo”, “A Históriada Bíblia” e tantos outros?

Nascido em 9 de agosto de 1927,Manoel Victor estudou nos EstadosUnidos, em 1942, na Art Student’sLeague of New York com Frank Riley,um dos grandes mestres da ilustraçãoamericana.

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Dono de grande talento e profunda educação visual e cultural,quando voltou ao Brasil logo tornou-se um dos maioresprofissionais a atuar, trabalhando em ilustração, artes plásticas,publicidade, quadrinhos, cinema, escultura e tv, mas foi coma ilustração editorial que deixou a sua marca.

Foi o primeiro ilustrador a usar a técnica do óleo no trabalhoprofissional, e em 1953 foi também o primeiro ilustrador

a se apresentar trabalhando ao vivo na tv brasileira.

Sua contribuição aos quadrinhos começou em1955, trabalhando para a EBAL - Editora BrasilAmérica, adaptando para a revista EdiçãoMaravilhosa dois romances de aventurasroteirizados por seu pai, Manoel Victor: “Os

Dramas da Floresta Virgem” e “Repúblicados Palmares”.

Nos anos 70 dá sua importanteinterpretação visual da obra “O Sítio doPica-pau Amarelo”, de Monteiro Lobato,

revigorando graficamente seuspersonagens.

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Entre inúmeros trabalhos realizadosna área editorial, se destaca a“Vida de Cristo”, obra com maisde 200 telas, todas feitas a óleopara a Editora Abril.

Foi ilustrador dos livros e fascículos“A Bíblia Ilustrada”, “Tarzan”,“Grandes Personagens da NossaHistória”, “Dicionário Ilustrado”,entre outros.

Recebeu em 1971 o prêmio deilustrador do ano pela CâmaraBrasileira do Livro.

Em 1963 foi co-fundador e um dosdiretores da Escola Panamericanade Arte, onde trabalhou até o fimda vida, quando faleceu em 26 demarço de 1995 em decorrênciade um derrame.

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m dos mais conhecidos e emblemáticos ilustradoresdo Brasil, Benício dispensa apresentações.

Mestre na técnica do guache, Benício começou a carreirana década de 40 e continua atuante até hoje, trazendoconsigo toda a técnica e estilo dessa época, masadaptando com sabedoria aos dias de hoje.

Durante toda a carreira a sua técnica de ilustraçãofoi e continua sendo exatamente a mesma,

e aparentemente simples: guachesobre papel Schoeller (sempre utilizouo Schoeller montado, mas comodeixou de ser fabricado então passouao 6R).

Com um pincel pequeno vaitrabalhando cada área da

ilustração de forma completa,com todos os tons (ao invés degrandes manchas de cor emvárias áreas semelhantes).

O resultado é sempresurpreendente.

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3 eberson Santiago nasceu em1983 na cidade de São Bernardo doCampo, no estado de São Paulo, mascresceu em Mauá, também nomesmo estado.

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do biografia de Ziraldo é impressionante: mais de 130 livros publicados

(fora os livros que ele apenas ilustrou), criou histórias em quadrinhos com algunsdos personagens mais conhecidos do Brasil, escreveu peças de teatro, é ilustrador,cartunista, designer, cartazista, jornalista, roteirista, pintor, tudo com um traçomarcante e estilo pessoal e inconfundível.

Presente em alguns dos momentos mais marcantes da cultura brasileira, foi um dosfundadores do antigo jornal O Pasquim, e em 1980 lançou O Menino Maluquinho,um dos maiores sucessos editoriais do Brasil de todos os tempos.

Sempre preocupado com a valorização da cultura nacional, tem se dedicado comopoucos à educação das

crianças, orientando seustrabalhos mais recentesa elas, além dedispensar tempopessoal a palestras,viajando pelo Brasil.

Nascido no dia 24 deoutubro de 1932 em Caratinga

(Minas) mas vivendo grandeparte da vida no Rio de Janeiro,

Ziraldo completou 75 anos de idade,e deu uma entrevista exclusiva,

fazendo uma retrospectiva dos principaismomentos da sua carreira.

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Pelo sucesso que fezjunto às jovens vocaçõese pela qualidade do queapresentava em suaspáginas.

Até hoje eu não sei porque eles me levaram para o Forte Copacabana, onde fiquei presopor quase um mês. Nunca me explicaram a razão dessa prisão.

Fui solto um dia antes do ano novo. Depois me pegaram mais duas vezes. Eles medevem dois natais, muitos sustos e algum desespero.

Eu era perigoso, acredito, porque tinha oportunidade de emitir minha opinião sobre eles.Um mau exemplo.

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Hoje se trabalha com aliberdade possível no mundocapitalista. Durante a ditadura,a ignorância dos ditadores deplantão achava que pensardiferente era um perigo paraa segurança do país.

Hoje, pelo que parece, osdirigentes da nação – incluindoos militares – não se mobilizamno mesmo nível para impedira violência do crime organizado,que é muito mais perigoso àsegurança nacional do que opensamento dos jornalistasdaqueles tempos.O prejuízo cultural não é bemo caso. A nação refaz seupensamento naturalmente.

Quem tinha necessidade vital de se expressar, arrumou um jeito de fazê-lo durantea ditadura. Não ficamos mais burros por causa dela. Ficamos mais violentos, maisgrosseiros, mais cafajestes... Pensando bem, não deixa de ser um prejuízo cultural,né, não?!...

Claro que não, imagine. Meu trabalho em termos de arte gráficas não ultrapassouo conhecimento dos colegas de profissão, a quem encontro, como velhos amigos,em feiras e congressos internacionais. O que permite que eu seja convidado, de vez emquando, para sair por aí. Mas o trabalho gráfico brasileiro não passou a ser mais conhecidono exterior por essa razão.

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Fiz o “Flicts” em 1969. O livro teve muito êxito, inclusive fez o maior sucessona Feira de Frankfurt.

Mas não dei, nesta época,continuidade à carreira deautor para crianças. Fui, commeus amigos, fazer oPasquim.

Só retornei – ou inaugureimesmo – minha vida deescritor a partir do MeninoMaluquinho.Foi assim: o personagemnasceu na época daspalestras. A turma doPasquim vivia dandopalestras sobre tudo, poistodo mundo queria saber oque estava acontecendo nopaís da ditadura.

O que havia de cursos deAtualização da Mulher napraça era uma grandeza! Ea gente dava palestras degraça sem saber que osorganizadores das palestras

estavam ganhando um bom dinheiro com nosso trabalho!

Um dia, fui falar para mães e mestres da Ilha do Governador. Eu era especialista emassuntos gerais. Acabei falando sobre crianças, sobre filhos, sobre educação infantil.E disse que era contra preparar a criança para o futuro.

Criança tem que ser feliz hoje para ser um adulto feliz no futuro. Às vezes, pode nãodar certo, mas é mais provável que dê. Aí sugeriram que eu escrevesse um livrocom essa tese. Tese? Mas, minha senhora, eu não sou educador, não sou psicólogo,não sou um teórico. Sou apenas um especulador.

No caminho de volta pra casa, porém, me ocorreu que a tese podia dar um livroinfantil. Daí então...

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Não acompanho a produção de HQno Brasil, quase toda restritaa publicação de fanzines. De vezem quando, vejo uns, ótimos.

Não há produção de quadrinhosbrasileiros no sentido de valorizarpersonagens tipicamente brasileiros.

Acho que só tem o Chico Bento doMaurício e as revistinhas minhas quea Globo anda publicando, que são umprojeto completamente diferente do que foi a turma do Pererê,

inclusive como intenção.

Esta pergunta, pelo que já expus, ficasem resposta.Ah, sim: temos as tiras diárias dos jornais,feitas por craques, como Laerte, Angeli,Adão. Todos estão ligados no que euchamaria de “os mistérios da almahumana”. Tirando a Graúna do Henfil,no Globo, que é repetecos, estão todos selixando pra esse negócio de brasilidade.

Não tenho idéia. Quadrinhos não estãomais incluídos no que se chamou cultura

de massa. Virou cult. Eu, da minha parte, voucontinuar fazendo o que sei fazer.

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A educação fundamental, que é a que conheço melhor e me interessa mais, vaimal. Ainda dependemos do heroísmo de grande parte dos professores para queela dê certo. Acho que o ensino fundamental tem que mudar radicalmente. Parartudo, tudo. E apenas ensinar a criança brasileira a ler e escrever.

Não há como alfabetizar os adultos que hoje são analfabetos no Brasil. Mesmoporque não interessa à nação. Eles não vão ser absorvidos pelo mercado detrabalho pelo fato de terem aprendido a ler depois de adultos. Inclusive, nunca vãoaprender a ler plenamente.

O que o país tem que fazer é não deixar mais, de jeito nenhum, que o cidadãozinhobrasileiro cresça analfabeto. Com isto, em poucos anos, acabaremos com o analfabetismono Brasil.

Por causa do seu sucesso, minha vidamudou radicalmente. Virei autorinfantil. Autor infantil!!! Parece

que estamos falando de um retardado.Melhor dizer que me transformei numescritor que, primordialmente,escreve para o públicoinfantil.

Tá respondido na pergunta anterior.

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A quantidade de criança que não aprendeu nada emanos de escolaridade. Temos que concentrar tudono aprendizado da escrita e da leitura. O resto virápor acréscimo.

Se a escola parar de encher o saco das crianças com aprendizado inútil e tratarde equipar essas crianças com a ferramenta fundamental de sua formação: lere escrever como quem respira, como se fosse o mais importante dos seus sentidos.

Na luta pela vida, pela sobrevivência, por exemplo, ler e escrever é mais importantedo que escutar.

Se formos julgar pela Praça é Nossae pela Zorra Total e este último

programa do Falabella, vai muito mal. Se formosjulgar pela Grande Família e pelo que fizeramno teatro e na TV, as meninas, Ingrid e Perissê,vai muito bem.

Na imprensa, a rapaziada que faz tiras éfantástica, é só acompanhá-los na Folha de SãoPaulo. Nosso texto de humor parou no Millôr,Ivan Lessa e Veríssimo.

Não estou fazendo balanço, ainda não. Ainda não acabei o serviço.Mas, pelo carinho que tenho recebido, de todas as formas, nesta minhacelebração anual, parece que o balanço foi bom...

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Ok, esse não é exatamente o sapato que uma mulherelegante usaria numa noite no Scala de Milão, mascertamente como exercício de design é bem bacana.

Faz parte da coleção de outono/inverno da Balenciaga,uma casa de alta costura sediada em Paris (mas deorigem espanhola).

Muito provavelmente o designer do sapato deve ser fãdos Transformers, e se você gostou então pode ver

mais modelitos entre outros... digamos... maisconservadores:

www.balenciaga.com

(para chegar lá entre em collection /woman / accessories / accessories f07/ shoes)

O drama de muito ilustrador, em especial para quem está começando, é saber exatamentequanto vale uma ilustração, ou pelo menos quanto vale no mínimo a ilustração. Paraisso já estão disponíveis no mercado algumas tabelas de preços para consulta livre:

Montalvo: ilustrador experiente, tem disponível uma tabela particular de preços médios:

www.montalvomachado.com.br

ACB: a Associação dos Cartunistas do Brasil tem uma tabela de preços mínimos:

www.hqmix.com.br

SIB: a Sociedade dos Ilustradores do Brasil tem uma tabela de preços editoriais chamadaIRV - Índice de Referência de Valores:

www.sib.org.br

Márcio Morais: o ilustrador Márcio Morais criou uma tabela em que chegou a valorescom a ajuda de diversos outros ilustradores profissionais. Preços médios e mínimos:

www.marciomorais.com.br/referencia/referencia_valores_ilustracoes.pdf

Flávio Mota: outro ilustrador com uma excelente tabela:

www.flaviomota.com.br/tabela_precos.html

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Quem diria, o Guia do Ilustrador agora vai ter umaversão em inglês.

E a versão se justifica: além do sucesso no Brasil,foi feito o download do Guia em 82 países... e issopor ter sido escrito somente em português e comdivulgação só no Brasil.

Lançamento em março, no site oficial do Guia.

www.guiadoilustrador.com.br

A Argentina também tem uma versãoprópria da Revista Ilustrar, chamadaRevista Sacapuntas, com muita gentede talento.

O número 11 da revista foi lançado emoutubro e já está à disposição:

www.a-d-a.com.ar/sacapuntas.php

Alguém se deu ao trabalho de construir em papeltodos os carros do antigo desenho “A CorridaMaluca”, e o resultado é uma surpresa.

E o melhor, tem o projeto de cada carro para sefazer o download e construir você mesmo:

www.paperian.com/webdude/cctoon.htm

Para quem achava que Os Simpsons erasó um desenho sem pé nem cabeça, entãoé bom visitar este site.

Nele é mostrado a quantidadeimpressionante de referências reais emque se basearam, quase sempre cinema:

www.actualidadsimpson.com/archives/category/de-cine

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Um concurso no mínimo engraçado onde vale detudo, mas com alguns trabalhos interessantes pelocaminho.

O terceiro concurso terminou dia 25 de outubro,mas no site é possível ver todos os participantes.

http://mickeyfeio.wordpress.com

Tudo o que você sempre quis saber sobre lápis mas sempre teve medo deperguntar (filme em inglês):

www.staedtler.com/upload/graphite_video_eng_16461.mpg

E uma coleção interessante de lápis: www.brandnamepencils.com

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Este é um site interessante,disponibilizando espaço e ferramentaspara montar o seu portfolio on line.

De graça, e o melhor de tudo, sempublicidade no meio.

www.viewbook.com

Este site já é bem conhecido e bastante divulgado,mas sempre vale a pena voltar para dar uma olhadanas novidades.

É do artista plástico Nathan Sawaya, que faz todasas obras apenas com Lego:

www.brickartist.com

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Você acabou de devorar o segundo númeroda Revista Ilustrar.

Uma edição histórica, já que é a única revista100% brasileira, voltada para o mercado de

ilustração, nacional e internacional, feita por ilustradores.

Com matérias de grande interesse e uma grande divulgação garantida, elaserá vista e revista por centenas de ilustradores, diretores e editores de arte,diretoresde criação, designers, estudantes e tantos outros profissionais da área.

Se pretende que seu produto ou serviço chegue a este mercado,este é mais um meio de grande alcance e baixíssima dispersão.

Anuncie na Revista Ilustrar.