Revista Intertox - Revinter - Volume 5 Número 2 Junho de 2012 - São Paulo

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A RevInter Revista InterTox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade é um periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado, publicado pela InterTox, São Paulo, SP, Brasil.

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ISSN 1984-3577

São Paulo, v. 5, n. 2, Jun. 2012

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RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 06-214, jun. 2012

2012 Intertox

Periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado

meses: (2) fevereiro, (6) junho e (10) outubro.

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte.

As opiniões e informações veiculadas nos artigos são de inteira e exclusiva responsabilidade dos

respectivos autores, não representando posturas oficiais da empresa Intertox Ltda.

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Artigo Original; Artigo de Atualização; Comunicação Breve; Ensaio; Nota de Atualização e

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RevInter – Revista Intertox de Toxicologia,

Risco Ambiental e Sociedade. / InterTox uma empresa do

conhecimento. – v. 5, n. 2, (jun. 2012).- São Paulo: Intertox. 2012.

Quadrimestral

ISSN: 1984-3577

1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade

Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.

Biblioteca InterTox II. Título.

1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade

Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.

Biblioteca InterTox II. Título.

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RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 06-214, jun. 2012

Expediente

Editor(a) Conselho Editorial Científico (2011-2013)

Maurea Nicoletti Flynn Alice A. da Matta Chasin

Bibliotecária Doutora em Oceanografia (USP) Doutora em Toxicologia (USP)

Com Especialização Ecologia

Comitê Científico (2011-2013)

Irene Videira Lima

Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal

Toxicologista do IML-SP por 22 anos.

Marcus E. M. da Matta

Doutor em Ciência pela Faculdade de Medicina

USP. Especialista em Gestão Ambiental (USP).

Engenheiro Ambiental e Turismólogo.

Moysés Chasin

Farmacêutico-bioquímico pela UNESP-SP

especializado em Laboratório de Análises

Clínicas e Toxicológicas e de Saúde Pública.

Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe

especial e Diretor no Serviço Técnico de

Toxicologia Forense do Instituto Médico Legal

da SSP/São Paulo. Diretor executivo da

InterTox desde 1999.

Ricardo Baroud

Farmacêutico-Bioquímico Toxicólogo, Editor

Científico da PLURAIS Revista

Multidisciplinar da UNEB e da TECBAHIA

Revista Baiana de Tecnologia.

Eduardo Athayde

Coordenador no Brasil do WWI - World Watch

Institute

Eustáquio Linhares Borges

Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da

Sociedade Brasileira de Toxicologia, ex-

Professor Adjunto de Toxicologia da UFBA.

Fausto Antonio de Azevedo

Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral

do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA,

ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretário

do Planejamento, Ciência e Tecnologia do

Estado da Bahia.

Isarita Martins

Doutora e Mestre em Toxicologia e Análises

Toxicológicas (USP), Pós-doutorado em

Química Analítica (UNICAMP), Farmacêutica-

Bioquímica Universidade Federal de Alfenas

MG.

João S. Furtado

Doutor em Ciências (USP), Pós-doutorado

(Universidade da Carolina do Norte, Chapel

Hill, NC, EUA).

José Armando-Jr

Doutor em Ciências (Biologia Vegetal) (USP),

Mestre (UNICAMP), Biólogo (USF).

Sylvio de Queiroz Mattoso

Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do

CEPED-BA.

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Sumário

TOXICOLOGIA

Riscos Toxicológicos das Tatuagens 6

ECOLOGIA DO ESTRESSE / ECOTOXICOLOGIA

Inventario rápido de mamíferos de médio e grande porte da Área de Proteção

Ambiental da Ilha Comprida, SP. 19

Mapeamento da Suscetibilidade a Inundações da Bacia do Rio Cotia 38

Análise de Produção e Extração de Biogás no Aterro Sanitário Lara, Visando

Aspectos Ambientais e Possíveis Benefícios Energéticos. 65

Levantamento Secundário do Estado Atual da Avifauna na Região de Sorocaba,

SP. 87

Levantamento Secundário do Estado Atual da Mastofauna na Região de

Sorocaba, SP. 105

Levantamento secundário do estado atual da herpetofauna na região de

Sorocaba, SP. 122

SUSTENTABILIDADE

Impactos e Benefícios da Produtividade de Biogás em Aterro Sanitário 135

Logística Reversa de Produtos Eletroeletrônicos 159

Metodologia e Diretriz da Global Reporting Initiative (GRI): Contexto, relevância,

oportunidades e riscos. 211

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RISCOS TOXICOLÓGICOS DAS

TATUAGENS

Tatiane Moretti

Biomédica, analista de Risco Toxicológico da Intertox.

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Resumo

A tatuagem é uma técnica que consiste na perfuração da pele com agulhas

apropriadas, acopladas a uma máquina elétrica, por meio das quais pigmentações

exógenas são introduzidas fisicamente na pele, com resultado permanente,

objetivando embelezamento ou correção estética. Ainda sabe-se pouco a respeito do

risco toxicológico do uso de tatuagem e boa parte do que se sabe faz parte de

pesquisas em andamento.

Hoje temos de concreto que alguns pigmentos utilizados para a realização das

tatuagens podem ser tóxicos e possuem capacidade mutagênica. Também temos o

fato que alguns desses compostos reagem à exposição à luz, causando reações

fotoinduzidas pelo seu comportamento fototóxico, o que dificulta e coloca em risco a

remoção das tatuagens.

Para garantir cuidados, minimizar ou erradicar tais riscos, hoje, alguns órgãos

regulatórios como ANVISA, EMEA e FDA criaram algumas exigências para os

produtos e procedimentos utilizados na realização das tatuagens.

Palavras chave: Tatuagem, Risco Toxicológico, Pigmentos, Fototóxico

Abstract

The tattoo is a technique that consists in piercing the skin with needles

appropriate, coupled to an electric machine, by wich exogenous pigmentations are

physically introduced into the skin with permanent result, aiming at beautifying or

cosmetic reasons.

Still little is known about the toxicological risk of the use of tattoos and much of

what we know is part of ongoing research.

Today we have some concrete pigments used to make tattoos can be toxic and have

mutagenic capacity. We also have the fact that some of these compounds react to

exposure to light, causing the photo induced reactions phototoxic behavior, which

makes it difficult and endangers the removal of tattoos.

To ensure care, minimize or eliminate such risks, today, some regulatory bodies

including ANVISA, EMEA and FDA have established some requirements for

products and procedures used in the performance of the tattoos.

Keywords: Tattoos, Toxicological Risks, Tattoos, Pigments, Photo toxicity

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Introdução

As tatuagens estão entre nós desde muitos anos antes de Cristo; são encontradas

em diversas civilizações e trazem consigo os mais variados significados. (1)

O termo tatuagem origina-se do inglês “tattoo”, derivada do taitiano “tatau”, que

significa “ferida, desenho batido”, e foi criado pelo capitão James Cook ao fazer uma

onomatopéia ao som produzido pelo instrumento durante a execução da tatuagem,

quando a mesma ainda era realizada com martelinho de madeira. (1)

Em 1959, o imigrante dinamarquês “Tatto Lucky” chegou ao Brasil e ao

estabelecer-se no país marcou a história da tatuagem entre nós com a introdução

de técnicas modernas e, principalmente, com a inserção da máquina elétrica de

tatuar, quando a tatuagem ainda era realizada à mão com o uso de materiais

cortantes como vidro, faca, bambu. (2,3)

Na antiguidade não se sabia dos cuidados terá serem adotados para a realização

das tatuagens, porém hoje é fato que além dos cuidados de higienização,

esterilização e cicatrização requeridos nas tatuagens, não podemos esquecer os

cuidados com a escolha da coloração das mesmas, já que em sua grande maioria, os

pigmentos são compostos de minerais e,juntamente com outros materiais de sua

composição, podem trazer riscos toxicológicos aos usuários. (4)

Foi no final da década de 1970 e no começo da década de 1980 que as tatuagens

passaram a ser realizadas em estúdios e foi assim que se passou a ter maior

presença da vigilância sanitária. (3)

A tatuagem, como praticada hoje nos estúdios, é uma técnica que consiste na

perfuração da pele com agulhas apropriadas, acopladas a uma máquina elétrica,

por meio das quais pigmentações exógenas são introduzidas fisicamente na camada

dérmica ou subepidérmica da pele, com resultado permanente, objetivando

embelezamento ou correção estética. (4,5)

Este trabalho objetiva fazer uma relação dos possíveis riscos toxicológicos

decorrentes do uso de tatuagens..

Técnicas de Tatuagem

As técnicas para execução de procedimentos envolvendo pigmentação artificial

devem ser padronizadas e estar disponibilizadas e implementadas, contendo as

instruções necessárias, datadas e assinadas pelo responsável legal. (5)

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As máquinas devem, preferencialmente, ter a ponteira de aço inox cirúrgico e/ou

descartável e precisam ser limpas e esterilizadas em estufa. (1)

As cores utilizadas hoje são diversas e as tintas para tatuagem, adquiridas prontas

de fornecedores especializados, podem ser misturadas entre si para se criar novas

cores. As agulhas são soldadas pelo próprio tatuador, na forma de um pente,

contendo no mínimo três delas. (4)

O profissional que realizará deverá elaborar rotinas técnicas padronizadas com

instruções sequenciais do procedimento, datadas e assinadas pelo responsável

legal. (17)

Antes de se iniciar o procedimento, alguns cuidados devem ser tomados no sentido

de minimizar riscos de contaminação. A bancada onde ficarão os materiais é

higienizada com álcool hospitalar e coberta com filme plástico e papel toalha, bem

como o banco ou cadeira utilizado para a realização da tatuagem. (4)

Os recipientes de álcool, os tubos de tinta e os recipientes de água com sabão,

usados para limpar a pele do excesso de tinta, são cobertos com sacos plásticos,

descartados a cada cliente. (4) Sobre o filme plástico são colocados os recipientes

descartáveis de plástico, conhecidos como botoques, contendo a quantidade

necessária de tinta que será utilizada na tatuagem. As agulhas são esterilizadas e

embaladas separadamente, sendo descartadas em lixo para material infectante

após seu uso. Os tatuadores devem utilizar luvas descartáveis, máscaras e aventais

e somente após todas essas etapas a pele começa a ser preparada para a tatuagem.

Inicialmente a pele deve ser limpa, utilizando-se álcool hospitalar, e os pêlos, da

região a ser tatuada, retirados com a ajuda de aparelho descartável de barbear.

Uma fina camada de desodorante em barra é utilizada para que o decalque fixe o

desenho na pele. (4)

Sobre o decalque, o tatuador passa pigmento preto, já com a máquina de tatuar,

contornando as margens do desenho. Por último, a tatuagem recebe outras cores, se

for o caso. (4)

Após cinco ou dez minutos do termino da sessão de tatuagem, a pele é coberta por

um curativo com filme plástico de cozinha, que apesar de não ser considerado o

ideal, não cola na pele. (4)

Logo em seguida o cliente deve ser orientado sobre as precauções que deve tomar

no período de cicatrização, cujo período esperado é de 5 a 10 dias, como: não

manter a região seca, evitar sol, água do mar e piscina, lavar a região somente uma

vez ao dia e utilizar uma pomada cicatrizante durante a troca dos curativos. Nesse

momento, adicionalmente o usuário deve ser orientado a não retirar a “crosta”

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sobre a área tatuada, a fim de que não haja comprometimento do desenho

decorrente da retirada de pigmento junto com a crosta de cicatrização. (4)

O mercado de produtos voltados para o universo da tatuagem tem crescido. Além

da expansão dos próprios estúdios, que cada vez mais se parecem com clinicas

médicas, há fornecedores de máquinas de tatuar e tintas, desenhos, e todos os tipos

de material necessário para a realização da tatuagem. (4)

Além disso, é crescente o número de eventos relacionados, tais como feiras e

eventos.

Hoje os tatuadores não encontram dificuldade alguma em comprar tintas,

maquinas e agulhas, porém não contam com um mercado de produtos médicos

específicos para tatuagem, tendo que utilizar materiais de uso comum como a

vaselina sólida, o desodorante em barra e o filme plástico de cozinha. (4)

Marcos Regulatórios

É crescente a atenção e preocupação de parte de órgãos regulatórios quanto à

presença de elementos tóxicos em tintas, utilizadas para diversas finalidades, entre

elas a realização de tatuagens. (6)

O Food and Drug Administration (FDA-USA) considera tintas utilizadas para a

realização de tatuagens intradérmicas como cosméticos e os pigmentos das tintas

como aditivos de cor que necessitam, antes de ir ao mercado, de rigorosa aprovação

segundo a Federal Food, Drug, and Cosmetic Act (FD&C Act), porém o FDA não

exerce sua autoridade reguladora sobre os mesmos, sendo essa pratica somente

regulamentada por jurisdições locais. (7)

Somente após 2004, período em que foram notificados inúmeros relatos de reações

adversas a certas cores de tintas, o FDA passou a investigar seu uso seguro para

esta finalidade. A gravidade dos eventos notificados ainda está sob discussão, para

que sejam delineadas medidas adequadas de proteção à saúde pública. (7)

Os aditivos de cor devem ser aprovados pelo FDA para uso em medicamentos,

alimentos e cosméticos, porém, de fato, nenhum pigmento é aprovado para o uso

injetável na pele e nenhuma tinta é devidamente regulada pelo FDA. (8)

No Brasil, em 2008 foi publicada uma norma determinando que todos os produtos

utilizados no processo de pigmentação artificial permanente da pele terão de obter

registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A medida está

prevista na RDC 55/08 e entrou em vigor em fevereiro de 2010. As novas normas

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são válidas para as tintas nacionais e importadas, bem como para os aparelhos,

agulhas e acessórios usados nos procedimentos. Com tal vigência é possível

conhecer a forma de apresentação, quantidade e composição destas tintas e

disciplinar a forma de utilização, distribuição e armazenamento dos produtos,

proporcionando um controle maior sobre a matéria prima de agulhas e pigmentos.

(9)

Os produtos destinados a embelezamento ou correção estética são classificados

como produtos para a saúde, por causa do risco que podem trazer ao serem

manuseados por todos os envolvidos no processo. (5)

Os pigmentos e veículos/ solventes são considerados produtos implantáveis ou

invasivos cirurgicamente de longo prazo e classificados na Regra 8 e Classe III. (5)

Os produtos classificados na classe de risco III somente poderão ser registrados na

forma de apresentação estéril e não poderão fazer parte de um conjunto de

produtos. (5)

Para que tais produtos obtenham o registro na Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), eles devem apresentar os seguintes requisitos propostos na

norma:

-Os produtos usados nos procedimentos de pigmentação artificial permanente da

pele devem cumprir o estabelecido na Resolução ANVISA RDC nº. 185/01. (5)

-Os produtos implantáveis ou invasivos devem, através de estudos de

citotoxicidade, genotoxicidade,toxicidade crônica e carcinogenicidade, demonstrar

sua segurança e eficácia, bem como atender aos requisitos presentes na Resolução

ANVISA RDC n°. 56/01. (5)

De acordo com o parágrafo 5.3 da Resolução ANVISA RDC n° 55/2008(5):

“O registro desses produtos poderá ocorrer por agrupamento, obedecendo a

seguinte classificação:

a) Conjunto de produtos para pigmentação artificial permanente da pele: poderão

ser agrupados em conjunto todos os produtos enquadrados nas classes de risco I e

II, desde que não existam variações dos componentes do conjunto quanto à sua

composição, tecnologia de produção e indicação de uso.

b) Família de acessórios para aparelhos: serão agrupados em uma mesma família

todos os acessórios de uso geral para os aparelhos, como as biqueiras e pontas, ou

quaisquer outros que estejam correlacionados com a região de engate da agulha,

desde que não parte integrante dos aparelhos.

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c) Família de aparelhos: deverá ser observada a Resolução ANVISA RDC nº 97, de

9 de novembro de 2000, ou norma que venha substituí-la.

d) Família de agulhas: serão agrupadas em uma mesma família todas as agulhas

para inserção do pigmento na derme e subepiderme.

e) Família de pigmentos puros sem veículo ou solvente: serão agrupados em uma

mesma família todos os pigmentos de quaisquer colorações, sem adição de veículo

ou solvente de qualquer natureza.

f) Família de veículos ou solventes: as formulações deverão ser registradas

individualmente, seguindo a última edição da Farmacopéia Brasileira quanto às

especificações técnicas.

g) Família de tintas com veículo aquoso: serão agrupados em uma mesma família

todos os pigmentos de quaisquer colorações, com adição de veículo/solvente de

natureza aquosa ou hidrossolúvel.

h) Família de tintas com veículo oleoso ou volátil: serão agrupados em uma mesma

família todos os pigmentos de quaisquer colorações, com adição de veículo ou

solvente de natureza hidrofóbica, oleosa ou aqueles de natureza volátil.”

O material utilizado para soldar as agulhas à máquina de tatuar não poderá conter

metais pesados ou qualquer outro produto que possa ser prejudicial ao organismo

humano. Esse material pode ser comercializado junto com as agulhas, desde que

esteja constante no registro destas agulhas. (5)

Não existem leis nacionais sobre os serviços de aplicação de tatuagem, no entanto a

ANVISA com a colaboração de algumas vigilâncias estaduais e federais elaborou

um documento para auxiliar a todos que desejam instituir regras para esses

serviços. (17)

Tais regras dispõem que esses estabelecimentos devem possuir alvará/licença

sanitária, devem possuir cadastro dos clientes, estrutura física adequada, matérias

e equipamentos registrados. (17)

Toxicologia de Tintas e Corantes para Tatuagem

Pouco ainda se sabe como as tintas e corantes para tatuagem interagem com nosso

organismo, como são biotransformados e qual o risco toxicológico que suscitam. (10)

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A estrutura química e a toxicidade de muitos corantes usados nas tatuagens ainda

são pouco conhecidas e sabe-se que muitos desses corantes são de uso industrial,

como as tintas utilizadas para automóveis ou na escrita. (11)

No início, as tintas continham pigmentos que eram compostos de misturas de

carvão, caracterizando a tinta preta, ou de sais inorgânicos de metais pesados como

mercúrio, prata e chumbo, caracterizando as tintas coloridas. (10)

Somente após a descoberta da toxicidade desses produtos é que a indústria

começou a buscar compostos orgânicos que tivessem o mesmo resultado. (10)

Ainda não existem estudos completos sobre a toxicidade desses pigmentos, porém o

FDA não aprova o uso de nenhum deles. (10)

As tintas utilizadas são de variadas origens. No mercado foram identificados 52

colorantes e acredita-se que, desses, 17 % são carcinogênicos. (12)

A tinta atualmente utilizada é formada basicamente por resinas, aditivos,

solventes e pigmentos insolúveis veiculados com dióxido de titânio. Tais pigmentos

são partículas sólidas em forma de pó e podem apresentar em sua constituição

compostos orgânicos ou inorgânicos de diferentes cores, responsáveis por aumentar

a proteção e durabilidade da pintura. Após serem injetados na pele permanecem

em estado sólido na derme por serem insolúveis, não sendo removidos pelo sistema

de defesa. (6,10)

Os pigmentos mais utilizados nas tintas de tatuagens são os inorgânicos como o

carbono, o sulfeto de mercúrio (vermelho), cobalto (azul), sulfeto de cádmio

(amarelo), óxido de cromo (verde), hidrato de ferro (ocre) e óxido ferro, e orgânicos

como o sândalo (vermelho) e o pau-brasil (vermelho). (12,13)

Remoção das Tatuagens

Poucos estudos têm sido feitos em relação aos pigmentos e sua toxicidade, porém

muito se tem pesquisado em relação à remoção cirúrgica ou a laser desses

pigmentos. (10)

Os métodos tradicionais de remoção de tatuagem são exérese cirúrgica,

dermoabrasão, salabrasão, criocirurgia e a laserterapia. (11)

Com exceção dos lasers todos esses métodos causam a necrose da epiderme e

derme, eliminando assim o pigmento que se localiza nessa região. (11)

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A remoção de tatuagens com lasers de CO2, Nd: YAG e Q-switched têm

apresentado os melhores resultados, sendo mais seguros e oferecendo resultados

cosméticos mais aceitáveis, porém existem casos em que o pigmento se espalha

piorando o quadro. (13,14)

As tatuagens profissionais são mais difíceis de serem removidas em relação às

amadoras, por seu pigmento encontrar-se mais concentrado e mais profundo. O tipo

de laser a ser utilizado é escolhido de acordo com a cor do pigmento. (14)

O efeito colateral mais comum com o uso de lasers é a hipo ou hipercromia, bem

como alergia sistêmica aos corantes, granulomas de corpo estranho e cicatrizes

atróficas ou hipertróficas, porém os mais preocupantes são os eventos toxicológicos

que podem ocorrer com a remoção das tatuagens, devido à capacidade mutagênica

de muitos compostos de pigmentos, ao serem expostos á luz natural ou laser.

(14,15)

Avaliação do Risco Toxicológico

Existem relatos de reações adversas aos pigmentos empregados nas tatuagens,

caracterizando quadros clínicos de intoxicação, bem como registro de algumas

reações causadas pela remoção das tatuagens devido à quebra de partículas desses

pigmentos. A quebra destas partículas pode resultar na geração de produtos de

decomposição que são caracterizados como tóxicos ou carcinogênicos. (1)

Estudos e relatos de casos também mostram que indivíduos tatuados podem

apresentar reações de sensibilização ao pigmento vermelho utilizado na tatuagem,

intoxicação mercurial e infecções não piógenas como sífilis, hepatite B e C e AIDS.

(16)

As reações disparadas pelas tintas vermelhas podem ser causadas principalmente

pela presença de pigmentos inorgânicos como o sulfeto de mercúrio e podem ocorrer

logo após ou alguns meses da realização da tatuagem. Os mecanismos ainda não

são bem claros, mas presume-se que algumas das reações que ocorrem com as

tintas vermelhas e amarelas são fotoinduzidas pela presença do pigmento sulfeto

de cádmio, que tem comportamento fototóxico, por serem fotossensíveis em células

fotoelétricas. (18,19)

O prurido foi o sintoma mais comum encontrado e em muitos dos casos esse

sintoma se manifestou após exposição ao sol. (18)

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Não se pode desprezar o fato de que são empregados produtos que não apresentam

indicação específica para este fim, ou seja, para uso humano, bem como outros não

regulamentados pela ANVISA. (17)

Considerações Finais

Nessa pesquisa verificou-se a existência de uma necessidade imediata de novos

estudos ou estudos conclusivos a cerca da toxicidade e genotoxicidade das tintas e

pigmentos utilizados na tatuagem, bem como estudos que mostrem quais os riscos

da remoção dos pigmentos.

Pode-se considerar a existência de risco toxicológico ao se fazer uma tatuagem,

devido aos pigmentos e tintas utilizados, os quais podem conter metais pesados

altamente tóxicos, bem como há grande incidência de eventos toxicológicos na

retirada das tatuagens pelo fato de muitas tintas serem fototóxicas e gerarem

matérias tóxicas quando degradadas.

Referências

1. Lise ML, Neto AC, Gauer GJ, Dias HZ, Pickering VL. Tatuagem: perfil e

discurso de pessoas com inscrição de marcas no corpo. Rio de Janeiro. An. Bras.

Dermatol. [periódico on line] 2010 [capturado em 29 set. 2011]; 85(5) Disponível

em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0365-

05962010000500006&script=sci_arttext&tlng=es

2. Peréz AL. A identidade à flor da pele. Etnografia da prática da tatuagem na

contemporaneidade. Rio de Janeiro. Mana. [periódico on line] 2006 [capturado em

16 abr. de 2011]; 12(1) Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93132006000100007&script=sci_arttext

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3. Jeolás LS. O diálogo interdisciplinar na abordagem dos riscos: limites e

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2011]; 19(1) Disponível em:

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4. Osório AB. O gênero da tatuagem: Continuidades e novos usos relativos à prática

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ENSAIO

MORETTI, Tatiane. Riscos Toxicológicos da Tatuagens. RevInter Revista Intertox de

Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 6-18, jun. 2012.

17

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d=a3927f004038e397a9bba91145253526

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ENSAIO

MORETTI, Tatiane. Riscos Toxicológicos da Tatuagens. RevInter Revista Intertox de

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18

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Artigo Original

PORTELLA, Tatiana Pineda; FLYNN, Maurea Nicoletti. Inventario rápido de mamíferos de médio e

grande porte da Área de Proteção Ambiental da Ilha Comprida, SP..RevInter Revista Intertox de

Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 19-37, jun. 2012.

19

Inventario rápido de mamíferos de médio e

grande porte da Área de Proteção Ambiental

da Ilha Comprida, SP.

Tatiana Pineda Portella

Maurea Nicoletti Flynn

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade

Presbiteriana Mackenzie e mestrado em Ecologia e

Conservação pela Universidade Federal do Paraná. Possui

experiência na área de ecologia e zoologia, com ênfase em

mastozoologia. E-mail: [email protected]

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade do

Estado do Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em

Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo e pós-

doutorado em ecologia aplicada e experimental pelo

programa recém doutor do CNPq, Universidade de São Paulo.

Foi coordenador do Curso de Engenharia Ambiental das

Faculdades Oswaldo Cruz e Coordenadora de Pesquisas na

Escola Superior de Química das Faculdades Oswaldo Cruz.

Professor adjunto do curso de graduação em Ciências

Biológicas e de pós-graduação em Biodiversidade da

Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atualmente é

consultor da Intertox. Tem experiência nas áreas de Ecologia

Bêntica, Ecologia Experimental, Dinâmica Populacional e

Biodiversidade de Ambientes Aquáticos. E-mail:

[email protected]

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Artigo Original

PORTELLA, Tatiana Pineda; FLYNN, Maurea Nicoletti. Inventario rápido de mamíferos de médio e

grande porte da Área de Proteção Ambiental da Ilha Comprida, SP..RevInter Revista Intertox de

Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 19-37, jun. 2012.

20

Resumo

De todos os biomas tropicais, a Mata Atlântica é o segundo mais ameaçado

do planeta. Nela, estão registradas cerca de metade das espécies de

mamíferos do Brasil, sendo muitas endêmicas e ameaçadas de extinção. Os

mamíferos possuem um papel ecológico muito importante na manutenção e

regeneração das florestas tropicais. Eles são peças chave na arquitetura das

comunidades biológicas através de funções no consumo e dispersão de

sementes, polinização, herbivoria, frugivoria, e na atuação como predadores

de topo. O grau de ameaça e a importância ecológica dos mamíferos tornam

evidente a necessidade de incluir informações a seu respeito em inventários

e diagnósticos ambientais. Este estudo visa estimar a riqueza e composição

das espécies de mamíferos de médio e grande porte presentes na Área de

Proteção Ambiental (APA) da Ilha Comprida, localizada no litoral Sul do

Estado de São Paulo. Para o levantamento da mastofauna de médio e

grande porte foram utilizados quatro métodos: censos visuais, transectos de

pegadas, registro de pegadas por parcelas de areia e análises tricológicas das

fezes encontradas. Foram obtidos registros de sete espécies de mamíferos

silvestres abrangendo as seguintes famílias: Canidae (Cerdocyon thous),

Dasypodidae (Dasypus novemcinctus), Cervidae (Mazama sp.), Mustelidae

(Lontra longicaudis), Procyonidae (Procyon cancrivorus), Didelphidae

(Didelphis sp.), e Felidae (Puma concolor). Os resultados desse estudo

contribuem para o conhecimento da fauna local, podendo servir de subsídio

para futuras pesquisas e propostas de manejo e conservação.

Palavras-chaves: Inventário, Mastofauna, Conservação, Mata Atlântica.

Abstract

Among all tropical biomes the Atlantic forest is the second most endangered

on the planet. It presents about half of the Brazilian mammal species, most

of which are endemic and endangered. The mammals hold a very important

ecological role in the maintenance and regeneration of tropical forest. They

are key pieces in the architecture of biological communities’ trough

consumption and seed dispersal, pollination, frugivory, and as top predators.

Their degree of threat and ecological importance reveal us the need to

include information about them in inventories and environmental

diagnostics. Therefore, this study aims to estimate the richness and

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PORTELLA, Tatiana Pineda; FLYNN, Maurea Nicoletti. Inventario rápido de mamíferos de médio e

grande porte da Área de Proteção Ambiental da Ilha Comprida, SP..RevInter Revista Intertox de

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composition of medium and large mammals’ species in the Area of the

Environmental Protection (APA) of Ilha Comprida, southern coast of São

Paulo state. To register the occurrence of medium and large mammals, four

methods were used: visual census, track transects track records in sand-

plots and hair analysis from excrements collected in the field. Records of

seven species of wild mammals and one domestic species were obtained

covering the families: Canidae (Cerdocyon thous), Dasypodidae (Dasypus

novemcinctus), Cervidae (Mazama sp.), Mustelidae (Lontra longicaudis),

Procyonidae (Procyon cancrivorus), Didelphidae (Didelphis sp.), and Felidae

(Puma concolor). The results of this study contribute to the knowledge of

the local fauna and are base for future proposals in management and

conservation.

Key words: Inventory, Mammal, Conservation, Atlantic Forest

Introdução

A conservação da Mata Atlântica enfrenta grandes desafios. Seus

domínios abrigam 70% da população humana brasileira e concentram as

maiores cidades e polos industriais do país (MMA, 2002). Sua área

geográfica inicial cobria 12% do território brasileiro, porém hoje restam

apenas 11,4% de sua extensão original que, mesmo encontrando-se em

situação crítica, ainda abriga altos índices de diversidade e endemismo

(RIBEIRO et al. 2009). De acordo com Mittermeier et al. (2005) o Bioma

abriga de espécies endêmicas, 8000 árvores (que corresponde a 40% do

total), 200 aves (16%), 71 mamíferos (27%), 94 répteis (31%) e 286 anfíbios

(60%), isso mencionando apenas os grupos taxonômicos mais bem

conhecidos.

Os mamíferos de médio e grande porte são um dos grupos que mais

sofrem com a perda e a fragmentação de habitat resultantes da interferência

humana. Isso ocorre devido ao grande espaço que este grupo requer para

garantir a manutenção de suas populações. Espaço com cobertura vegetal

contínua é cada vez mais escasso na Mata Atlântica, onde existem poucos

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fragmentos florestais maiores que 250 ha (RIBEIRO et al., 2009). Estudos

no Bioma mostram que apenas um quarto das áreas protegidas é capaz de

garantir a sobrevivência de populações viáveis de grandes roedores,

primatas e felinos (CHIARELLO, 2000).

De acordo com Kasper et al. (2007) os pré-requisitos básicos para o

desenvolvimento de ações conservacionistas dependem do conhecimento

básico das espécies e de suas distribuições no espaço, onde se inclui os

inventários mastofaunísticos. Cerqueira (2001) ressalta que a grande

maioria das áreas de preservação não conta sequer com inventários que

determinem parâmetros de biodiversidade, e destaca a importância dos

trabalhos de levantamento de dados. O objetivo deste foi inventariar a

mastofauna de médio e grande porte presente em um dos poucos

remanescentes florestais de Mata Atlântica localizado na Ilha Comprida,

SP.

Material e métodos

A Ilha Comprida ocupa uma superfície de 18.923 ha estendendo-se por cerca

de 70 km entre as cidades de Cananéia, ao sul, e Iguape, ao norte. A região é

formada basicamente por acúmulo de sedimentos marinhos e apresenta três

sistemas de vegetação natural predominantes: manguezais, floresta de

planície e vegetação de dunas (Gandolfo et al., 2001).O clima predominante

é do tipo Subtropical úmido com verão

quente. A umidade relativa média do ar é sempre superior a 80 % e

praticamente inexiste estação seca bem definida (BECEGATO 2007).

Segundo Hulle (2006) o uso de diversos métodos é essencial para um

levantamento de espécies de mamíferos de médio e grande porte mais

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completo, uma vez que estas possuem hábitos bastante distintos e, portanto

os métodos diferem quanto ao grau de detectabilidade. Deste modo, para

estimar a riqueza do local foram utilizados diferentes métodos de

amostragem.

O Primeiro consistiu em percorrer trilhas pré-definidas em busca de

visualização dos animais. Essa metodologia tem sido utilizada com sucesso

por muitos pesquisadores para estimar a abundância de diversos grupos de

mamíferos (CHIARELLO 1999, 2000, CULLEN et al. 2000).

Os transectos de pegada partem do mesmo princípio, porém seu

objetivo é detectar pegadas deixadas pelos animais ao longo das trilhas.

Essa metodologia tem sido recomendada para detectar animais difíceis de

serem observados, como é o caso de muitos carnívoros (Wilson & Delahey,

2001) e em especial os felinos (Oliveira & Cassaro, 2005). As pegadas

encontradas foram identificadas através do livro guia de Becker & Dalponte

(1991) “Mamíferos Silvestres Brasileiros”.

A terceira metodologia consistiu na distribuição de parcelas (50 x 50

cm) de areia fina e úmida, iscadas com banana, bacon e sal, ao longo das

trilhas. Segundo Pardini, et al. (2006) esta técnica tem se mostrado bastante

eficiente para a realização de um levantamento rápido de mamíferos de

médio a grande porte, principalmente com animais de hábitos noturnos e de

difícil visualização.

O último método consistiu na análise da microestrutura de pêlos-

guarda contidos nas fezes encontradas em campo segundo o método de

Quadros e Monteiro-Filho (2006).

As amostragens foram realizadas durante os meses de abril e julho de

2008.

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A riqueza total observada foi calculada utilizando as espécies

encontradas em todos os métodos de amostragem. Já a riqueza estimada foi

obtida utilizando-se apenas os registros das parcelas de areia, considerando

cada uma como uma unidade amostral. A projeção da riqueza foi calculada

por meio do estimador Jackknife de primeira ordem através do programa

EstimateS, versão 7.5.2. (COLWELL 1997).

Resultados

A riqueza observada de mamíferos de médio e grande porte foi de oito

espécies, das quais sete são silvestres e uma é doméstica (Tabela 1). As

espécies encontradas estão distribuídas em quatro Ordens sendo elas

Didelphimorphia (1), Cingulata (1), Artyodacytila (1) e Carnivora (5). Além

desses animais, foram encontradas também pegadas de um felino de

pequeno porte não identificado. A riqueza estimada através dos dados

obtidos nas parcelas de areia foi de 6 espécies com desvio padrão de ± 1,00.

A curva do coletor demonstra uma tendência de estabilização indicando que

o esforço amostral foi suficiente para detectar as espécies de mamíferos de

médio e grande porte presente na região (Figura 1).

Tabela 1. Listagem, categorias tróficas e número absoluto de registros das espécies

amostradas na Ilha Comprida, SP. (Av.) avistamento, (Pg.) Transeco de pegadas, (Fz)

Fezes, (Pp) Parcelas de areia.

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Ordem/ Família Nome

Científico Nome popular Guilda trófica Registros

Av. Pg. Fz. Pp.

Didelphimorphi

a

Didelphidae Didelphis aurita

(Wied-Neuwied,

1826)

Gambá-de-

orelha-preta

Frugívoro/Onívoro 1 5 - 62

Cingulata

Dasypodidae Dasypus

novencinctus

(Linnaeus, 1758)

Tatu-galinha Insetívoro/Onívoro - 4 - -

Artyodactyla

Cervidae Mazama sp. Veado Frugívoro/Herbívo

ro

- 4 - -

Carnívora

Procyonidae

Procyon

cancrivorus

(Cuvier, 1798)

Mão-pelada

Frugívoro/Onívoro 1 - - -

Canidae

Cerdocyon thous

(Linnaeus, 1766)

Cachorro-do-

mato

Frugivoro/Onívoro - 17 - 3

Canis familiaris Cachorro-

doméstico

- 6 -

14

Felidae Puma concolor

(Linnaeus, 1771)

Onça-parda Carnívoro - 12 2 32

N I* - 2 -

11

Mustelidae Lontra

longicaudis

(Cuvier, 1798)

Lontra Carnívoro - 1 - 1

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Figura 1. Curva do coletor para a estimativa de riqueza de espécie através do estimador

Jacknife de primeira ordem.

As espécies registradas apresentaram diferentes graus de

detectabilidade para diferentes métodos, portanto apresentaram frequências

relativas distintas quando analisadas por cada metodologia (Figura 2). Pelos

transectos de pegadas o Cerdocyon thous (cachorro-do-mato) foi a espécie

que apresentou maior número de registros com 33,33%, enquanto que pelas

parcelas de areia foi a quinta espécie mais detectada com 2,44 % do total.

Nas parcelas, o animal com maior número de registros foi Didelphis aurita.

(gambá-de-orelha-preta) com 50,4%, ficando em quarto (9,80%) nos registros

dos transectos. A onça-parda foi a segunda mais registrada em ambos os

métodos, com 26,02 % e 23,52 % respectivamente.

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1 51 101 151 201 251 301

Riq

uez

a es

tim

ada

Esforço amostral (nº de parcelas de areia)

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Figura 2. Frequência relativa das espécies detectadas pelos métodos de parcelas de areia e

transectos visual e de pegadas.

As espécies encontradas estão distribuídas em quatro guildas

tróficas: frugivoros/onívoros, frugivoros/herbívoros, insetívoros/onívoros e

carnívoros. A categoria frugívoro/onívoro foi a que apresentou maior número

de espécies, com 43% do total (Figura 3).

1900ral 1900ral 1900ral 1900ral

Didelphis aurita

Cerdocyon thous

Puma concolor

Canis familiaris

ND

Mazama sp.

Dasypus novencinctus

Lontra longicaudis

Frequência relativa (%)

Parcelas de areia

Transectos visual

e de pegadas

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Figura 3. Representatividade das guildas tróficas das espécies encontradas na APA de Ilha

Comprida.

Discussão

Dos animais encontrados, apenas a onça-parda está sob algum grau

de ameaça de extinção (MACHADO et al. 2008; BRESSAN et al. 2009). A

presença dessa espécie na região torna clara a importância da Ilha

Comprida nas estratégias de conservação da mata atlântica no país.

Em relação às categorias tróficas, foi observado um grande

predomínio de espécies generalistas. Essas espécies são beneficiadas em

ambientes perturbados, pois são capazes de utilizar diversos tipos de

habitats e itens alimentares permitindo assim, que esses animais

sobrevivam em ambientes onde espécies com hábitos mais restritos não

sobreviveriam (SILVEIRA 2005). O grupo com maior número de espécies

encontradas foi o dos frugivoros/onívoros, englobando o gambá-de-orelha-

preta, o cachorro-do-mato e o mão-pelada. Dentre eles, o gambá foi o que

obteve maior número de registros. Segundo Pires et al. (2002) esta é uma

espécie bastante comum em toda área de distribuição, mostrando grande

43%

14%

29%

14%

Frugivoro - Onivoro

Frugivoro - Herbíoro

Carnivoro

Insentivoro-Onivoro

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eficiência adaptativa aos mais variados habitats, vivendo até mesmo em

grandes centros urbanos.

O cachorro-do-mato também obteve um grande número de detecções,

principalmente na área de restinga, onde a maioria dos registros por

transectos de pegadas foi obtido. É conhecido por ser um animal oportunista

e generalista, tendo invertebrados, frutos e pequenos vertebrados como os

principais componentes de sua dieta (EMMONS e FEER, 1997).

O mão-pelada apresentou apenas um registro sendo o único obtido por

censo visual. Fato curioso, já que segundo Cheida et al. (2006) este é um

animal difícil de ser avistado e fácil de ser constatado por meio de pegadas.

Eles apresentam uma pegada característica e utilizam frequentemente

áreas próximas a corpos d’água, que possuem substrato bastante favorável

para a impressão de rastros. Da ordem carnívora, essa é uma das espécies

menos estudadas (MORATO et al. 2004). Na Ilha Comprida sua dieta é

constituída basicamente por crustáceos, aves e frutos, contudo em outras

localidades sua dieta também pode abranger pequenos mamíferos, peixes e

insetos (NAKANO-OLIVEIRA 2006). Por serem frugívoras, essas três

espécies atuam como potenciais dispersores de sementes (CÁCERES, 2002).

Essas características os tornam, portanto, animais de suma importância

para os processos de regeneração e reestruturação florestal da APA da Ilha

Comprida.

Outras guildas tróficas encontradas, e também representadas

por espécies generalistas, foram os de frugívoros/ herbívoros e

insetívoros/onívoros. As duas foram representadas apenas por uma espécie,

o veado e o tatu-galinha respectivamente. Acredita-se que ambas sejam

pouco abundantes na ilha, pois além do baixo número de registros elas estão

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PORTELLA, Tatiana Pineda; FLYNN, Maurea Nicoletti. Inventario rápido de mamíferos de médio e

grande porte da Área de Proteção Ambiental da Ilha Comprida, SP..RevInter Revista Intertox de

Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 19-37, jun. 2012.

30

entre as espécies mais procuradas por caçadores na região (CHEIDA et al.

2008).

Os representantes da categoria Carnívoros foram a onça-parda e a

lontra, que ao contrário das espécies anteriormente citadas, possuem uma

exigência ambiental maior. A onça-parda embora tenha sido o animal com o

segundo maior número de registros, acredita-se que não existam muitos

indivíduos dessa espécie na Ilha Comprida (NAKANO-OLIVEIRA 2006), já

que são animais que necessitam de grandes áreas de habitat, geralmente

maiores que 100 km2 (SWEANOR et al. 2000). Por ser um grande predador

que necessita de uma extensa área de vida, e pela maior perseguição

humana, a presença dessa espécie em áreas muito fragmentadas e

urbanizadas é cada vez mais rara (MAZOLLI et al. 2002). A espécie é

classificada como vulnerável no Estado de São Paulo (BRESSAN et al. 2009)

e na Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

(MACHADO et al. 2008). Um fator preocupante, já que são consideradas

“espécie-chave”, ou seja, animais que afetam a organização da comunidade

com base apenas na quantidade de indivíduos ou biomassa (JANZEN 1986)

e são importantes no controle de populações de herbívoros (REDFORD

1992). Sua dieta é composta basicamente por mamíferos de pequeno e médio

porte (MARTINS et al. 2008).

Os registros de lontra foram sempre encontrados ao lado de cursos

d’água. A lontra é uma espécie semi-aquática que se locomove bem dentro de

rios, lagos, manguezais, baías e lagunas (MARGARIDO e BRAGA, 2004).

Ela se alimenta basicamente de peixes e crustáceos (KASPER et al. 2004),

costumando capturá-los dentro d’água e indo comê-los em terra (PARDINI,

1998). Em um estudo realizado por Kasper et al. (2004) na região sul do

país, foi constatado o consumo de restos de uma carcaça de boi por estes

animais, sugerindo um hábito oportunista para a espécie pouco descrito

antes. Este comportamento pode justificar a possível atração desse animal

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grande porte da Área de Proteção Ambiental da Ilha Comprida, SP..RevInter Revista Intertox de

Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 19-37, jun. 2012.

31

pela isca de bacon disposta na parcela de areia ao lado do rio, a qual foi

responsável pelo único registro do animal por este método.

O grande número de registros de cachorro doméstico dentro da região

é um fator preocupante. A presença de animais domésticos e espécies

invasoras tem sido a terceira maior ameaça a animais nativos em risco de

extinção, ficando atrás apenas para a destruição e sobre-exploração de

habitat (GROOM et al. 2006). Em um estudo realizado por Nakano-Oliveira

(2006) foi constatado que esses animais estão se alimentando

constantemente de presas silvestres, sendo, portanto, predadores diretos de

espécies nativas, além de competirem por alimento e espaço com outros

predadores. Além disso, podem ser potenciais transmissores de doenças à

fauna silvestre como a cinomose, parvovirose e raiva (RODDEN et al. 2004).

Desta forma, é de extrema urgência um plano de manejo que controle

animais domésticos que vivem soltos na região.

Agradecimentos

Á Doutoranda Fabiana Rocha-Mendes da Unesp Rio Claro pela

identificação das espécies através da miscroestrutura dos pêlos-guarda e ao

PIBIC-Mackenzie pela bolsa concedida a TPP.

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da Bacia do Rio Cotia.RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e

Sociedade, v. 5, n. 2, p. 38-64, jun. 2012.

38

Mapeamento da Suscetibilidade a

Inundações da Bacia do Rio Cotia

Danielle Durães Fontana

Gestora e Engenheira Ambiental, Faculdades Oswaldo Cruz.

Email:[email protected]

Maria Gabriela Silva

Gestora e Engenheira Ambiental, Faculdades Oswaldo Cruz.

Email: [email protected]

Ricardo Saleimen Coorientadores da TCC

Curso de Engenharia Ambiental das Faculdades Oswaldo Cruz

Kleber Cavazza Campos Coorientadores da TCC

Curso de Engenharia Ambiental das Faculdades Oswaldo Cruz

Júlio César Zanzini Orientador da TCC

Curso de Engenharia Ambiental das Faculdades Oswaldo Cruz

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Artigo Original

FONTANA, Danielle Durães; SILVA, Maria Gabriela. Mapeamento da Suscetibilidade a Inundações

da Bacia do Rio Cotia.RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e

Sociedade, v. 5, n. 2, p. 38-64, jun. 2012.

39

Resumo

A bacia do Rio Cotia está inserida na Bacia Hidrográfica do Alto do Tietê e

leva esse nome, em razão de seu principal curso d’água pertencer ao

município de Cotia na Região Metropolitana de São Paulo. Esta bacia está

localizada nos Planaltos de Ibiúna e Paulista, apresentando elevações que

variam de 750 à 1025m e é dividida em Alto Cotia e Baixo Cotia. Apresenta

um risco intrínseco de inundações nas áreas mais baixas e de vale. O

objetivo deste estudo é de buscar o entendimento da dinâmica físico-química

desta bacia hidrográfica, bem como a análise crítica dos riscos existentes e

eminentes de inundações nas áreas mais baixas, considerando

principalmente o grau de ocupação e a importância ecológica desta região.

Com base em cartas topográficas e utilizando como ferramenta o

geoprocessamento foi possível identificar que a região da Baixo Cotia

apresenta alto risco de inundações.

Palavras chave: Rio Cotia. Bacia Hidrográfica. Inundações.

Geoprocessamento.

Abstract

The basin of Rio Cotia is inserted in the Hidrográfica Basin of Alto Tietê and

its name is derived from the city of Cotia in the Region Metropolitan of São

Paulo. This basin is located in Plateaus of Ibiúna and Paulista, with rises

that vary from 750 to 1025 m. It is divided in Alto Cotia and Baixo Cotia. It

presents an intrinsic risk of flooding in valleys and lower areas. The

objective of this study is to understand the physic-chemistry dynamics of the

basin, as well as the critical analysis of the existing and eminent risks of

flooding in low areas, mainly considering the degree of occupation and the

ecological importance of this region. Using topographic maps and

geoprocessing techniques flooding risk areas were identified.

Key-words: Cotia River. Hydrographic Basin. Flooding. Geoprocessing

Techniques.

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da Bacia do Rio Cotia.RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e

Sociedade, v. 5, n. 2, p. 38-64, jun. 2012.

40

Introdução

No início do século XX, foram realizadas as obras das represas que

abasteceriam a cidade de Cotia e posteriormente destinadas também ao

abastecimento das cidades circunvizinhas, em destaque São Paulo. O

município de Cotia localiza-se na porção Oeste da Região Metropolitana de

São Paulo – RMSP. Esta é considerada a primeira intervenção mais intensa

registrada na Bacia Hidrográfica do Rio Cotia. Em 1927 foi instalada a

Cooperativa Agrícola de Cotia, dando o apelido à cidade de Cinturão

Caipira, este avanço populacional foi responsável pela grande intervenção

extrativista na Mata Atlântica, afetando diretamente a qualidade da bacia

hidrográfica de toda a região.

Na década de 1930 houve uma expansão do setor industrial e

especulação imobiliária incentivada pelo poder público local. Com a

inauguração da Rodovia Raposo Tavares, Cotia passou a ter uma via direta

com a Metrópole São Paulo, o que fez com que o município perdesse seus

limites bem definidos, comprometendo o espaço urbano devido aos diversos

loteamentos de classe média a alta que se instalaram no entorno da rodovia.

Decorrente desse crescimento desordenado houve ocupação de áreas

de risco, como encostas e vales acentuados. A ocupação pela população de

baixa renda se distribuiu pela cidade, ocupando o vale do Rio Cotia e sua

montante, em direção a Reserva Florestal do Morro Grande. Já as ocupações

da população de classe média a alta instalaram-se ao longo da rodovia

Raposo Tavares e a jusante do Rio Cotia. O setor industrial instalou-se nas

áreas da bacia do Rio Cotia devido a facilidade de acesso as rodovias.

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Sociedade, v. 5, n. 2, p. 38-64, jun. 2012.

41

Devido ao alto grau de industrialização e urbanização desta região,

bem como pontos de erosão, desmatamento e diminuição do nível d’água

superficial, a qualidade das águas superficiais é diretamente afetada pelo

lançamento in natura de esgotos industriais e domésticos, além dos

sedimentos carreados da montante para a jusante pelo próprio curso do rio.

Entre as formas de impacto nesta bacia, cita-se também o êxodo urbano que

resulta em usos e ocupações inadequados, alterando de forma quantitativa e

qualitativa os corpos d’água, trazendo como consequência danos econômicos,

sociais e ambientais.

O entendimento da dinâmica físico-química da Bacia do Rio Cotia se

faz necessário devido à sua importância no abastecimento tanto para o

município onde está a nascente, quanto para as cidades adjacentes, entre

elas o município de São Paulo. O objetivo deste trabalho é analisar a atual

situação da Bacia Hidrográfica do Rio Cotia quanto à suscetibilidade à

inundação e disponibilidade hídrica, bem como apontar a situação de

preservação dos seus mananciais com auxílio do método de

geoprocessamento, informações topográficas e bibliográficas. Serão

identificados os pontos de maior risco para a população local e para o meio

físico e biológico. O mapeamento dessas áreas auxiliará na elaboração de

estudos de planejamento ambiental e na execução de projetos de prevenção a

ocupações irregulares, inundações futuras e correção do cenário atual nesta

bacia.

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Sociedade, v. 5, n. 2, p. 38-64, jun. 2012.

42

Descrição Física da Área

Segundo Silva e Oliveira (2009) a bacia do Rio Cotia está inserida em

dois contextos geomorfológicos: Planaltos de Ibiúna e Paulistano. O alto

curso do Rio Cotia está localizado no planalto de Ibiúna, embasado no

intervalo altimétrico de 930 a 980 metros. Após a Cachoeira da Graça, o Rio

Cotia deixa seu compartimento de origem e penetra o Planalto Paulistano.

As figuras 1, 2 e 3 apresentam o Rio Cotia em toda a sua extensão,

da nascente até o deságue no rio Tietê, mostrando respectivamente, um

modelo tridimensional da bacia com o bloco soerguido, em vermelho e

laranja, correspondendo ao planalto de Ibiúna, enquanto a área mais

rebaixada, predominantemente em amarelo e verde, representando o

planalto Paulistano; o perfil longitudinal; e o perfil topográfico geológico da

Serra de Paranapiacaba até o rio Tietê.

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FONTANA, Danielle Durães; SILVA, Maria Gabriela. Mapeamento da Suscetibilidade a Inundações

da Bacia do Rio Cotia.RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e

Sociedade, v. 5, n. 2, p. 38-64, jun. 2012.

43

Figura 1: Modelo tridimensional da bacia do Rio Cotia. Fonte:

SILVA e OLIVEIRA, 2009.

Figura 2 Perfil longitudinal do Rio Cotia da nascente até a foz no rio Tietê. Fonte: SILVA e

OLIVEIRA, 2009

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FONTANA, Danielle Durães; SILVA, Maria Gabriela. Mapeamento da Suscetibilidade a Inundações

da Bacia do Rio Cotia.RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e

Sociedade, v. 5, n. 2, p. 38-64, jun. 2012.

44

Figura 3: Perfil topográfico geológico da Serra de

Paranapiacaba até o rio Tietê. Fonte: SILVA e OLIVEIRA, 2009.

A região do município de Cotia encontra-se em um clima

denominado Cwa (Conforme classificação Koeppen), sigla que caracteriza

um clima tropical de altitude, com a predominância de chuvas no verão e

secas durante o inverno. A temperatura média durante o verão é de 22º, e a

temperatura média durante o inverno é de 16º. A figura 4 apresenta o

climograma anual de temperatura e pluviometria (CEPAGRI, S/D).

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Sociedade, v. 5, n. 2, p. 38-64, jun. 2012.

45

Figura 4: Temperatura e pluviometria do município de Cotia/SP. Fonte:

CEPAGRI, S/D.

Segundo Beu (2008), a bacia hidrográfica do Rio Cotia, é formada

pelos Rios Capivari e dos Peixes, dando origem ao Rio Cotia no Alto Cotia,

córrego Manoel Góes Serrano, Córrego Potium, Ribeirão das Pedras e

Ribeirão do Aterrado, no Baixo Cotia.

O Alto Cotia é uma região com menor interferência antrópica por se

localizar na reserva florestal do Morro Grande, área protegida pela SABESP

(Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo), local onde

há dois represamentos, a represa Pedro Beicht e a represa da Graça,

pertencentes ao sistema produtor de água do Alto Cotia. Já o Baixo Cotia

encontra-se em uma situação oposta. A falta de manejo e proteção dos

mananciais, a ocupação irregular e a ausência de infraestrutura geram

contaminação hídrica, assoreamento dos corpos d’águas e o

comprometimento no tratamento das águas para abastecimento público.

Temperatura e Pluviometria - Cotia / SP

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

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30

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

°C

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mm

Temp. Mínima Temp. Máxima Temp. Média Chuva (mm)

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Possui apenas um represamento localizado próximo à confluência com o Rio

Tietê nomeado Reservatório Isolina, pertencente ao sistema produtor de

água do Baixo Cotia (ZUFFO, 2002).

A região do Rio Cotia, da nascente ao exutório, encontra-se sobre as

litopedologias: Granitóides foliados peraluminosos, tipo S, pré a

sincolisionais, do Terreno Embu (NP3eγ1S); Granitóides foliados

calcialcalinos, tipo I, pré a sincolisionais, do Orógeno Paranapiacaba

(NP3pγ1I); Complexo Embu, unidade de xistos, localmente migmatíticos

(NPexm); Grupo Votuverava, unidade terrígena – Supergrupo Açungui

(MP1vot), conforme apresentado na figura 5 descrito no mapa Geológico do

Estado de São Paulo, 1:750.000 (CPRM, S/D).

Figura 5: Mapa da geologia regional do Rio Cotia. Fonte: CPRM, S/D.

A qualidade da água pertencente à bacia do Rio Cotia é monitorada

pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) em cinco

MP1vot

NPexm

NP3eγ1S

NP3pγ1I

Cotia/SP

MP1vot

Represa Pedro

Beicht

Represa da Graça

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pontos. De acordo com os pontos monitorados pode-se dizer que o ponto mais

crítico de matéria orgânica devido lançamento de esgoto doméstico é o baixo

cotia onde também se concentra a maior ocupação populacional.

Com auxílio do software MAPINFO® versão 10.5, as cartas

topográficas dos bairros do município de Cotia em escala de 1:10000, cedidas

gentilmente pela CESAD – Seção de Produção de Bases Digitais para

Arquitetura e Urbanismo – USP em Junho de 2010, foram georreferenciadas

e geoprocessadas, através da vetorização manual das linhas topográficas,

uma vez que o material foi cedido em formato raster (imagem – jpeg) e a

partir desse vetor (curvas de nível) foi possível obter o modelamento do

terreno e a formatação de um mapa temático (hipsométrico) que mostra a

representatividade da geomorfologia da Bacia Hidrográfica do Rio Cotia,

indicando os pontos altos (divisores de águas) e, principalmente, os pontos

mais baixos do terreno, fornecendo então, informações sobre a possibilidade

de inundações em períodos de maior intensidade pluviométrica

A bacia do Rio Cotia é formada por doze cartas: Água Espalhada:

Articulação 1341 (1994); Bairro dos Brotas: Articulação 1346 (1992);

Caraguatá: Articulação 2333 (1987); Caucaia do Alto: Articulação 1344

(1994); Cotia: Articulação 2316 (1994); Grilos: Articulação 1222 (1986);

Raposo Tavares: Articulação 1326 (1996); Rio Sorocamirim: Articulação

1343 (1994); Vargem grande: Articulação 1342 (1994); Vila Santa Rita:

Articulação 2315 (1996); Vila Santo Antônio: Articulação 2325 (1995); Tijuco

Preto: Articulação 2331 (1994); onde todas foram analisadas de acordo com

seu grau de declividade através do software supracitado.

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Com base nos estudos realizados, foi possível identificar as áreas com

maior risco de inundação devido aos pontos mais baixos associados as

declividades mais altas conforme pode-se verificar nos mapeamentos a

seguir.

a) Articulação 2316 – Cotia:

Região central de Cotia, tendo a Rodovia Raposo Tavares a maior e principal

via de acesso a todo o município (Figuras 6, 7 e 8).

Figura 6: Mapa 3D – Cotia. Fonte: EMPLASA (1994).

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Figura 7: Mapa Hipsométrico – Cotia. Fonte: EMPLASA (1994).

Figura 8: Imagem de Satélite – Cotia. Fonte: GOOGLE EARTH, 2011.

Região localizada nas proximidades do centro do município de Cotia,

com um adensamento populacional alto e a presença da Rodovia Raposo

Tavares em toda sua extensão como pode ser observado na figura 38. O

corpo d’água presente nesta região é o Rio Cotia, com a importância quanto

ao seu volume e vazão. As cotas dessa região variam de 750 m a 950 m.

b) Articulação 2315 – Vila Santa Rita:

Região de divisa entre Cotia, Itapevi e Vargem Grande, contendo os

bairros Granja Carolina, Mirante da Mata e o bairro das Graças (Figuras 9,

10 e 11).

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Figura 9: Mapa 3D – Vila Santa Rita. Fonte: EMPLASA (1996).

Figura 10: Mapa Hipsométrico – Vila Santa Rita. Fonte: EMPLASA (1996).

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Figura 11: Imagem de Satélite – Vila Santa Rita. Fonte: GOOGLE

EARTH, 2011.

Esta folha apresenta uma área baixa onde pode ocorrer inundação

próxima à Estrada Velha da Olaria e Estrada do Sítio Grande, suas feições

topográficas variam de 775 m a 1000 m. A classificação de adensamento

populacional é considerada alta e isso é um agravante em épocas de

precipitações contínuas que saturam o solo.

c) Articulação 2325 – Vila Santo Antonio:

Região de divisa entre Cotia e Embu, contendo os bairros Jardim do

Engenho, Jardim Horizontal e Jardim Fontana (Figuras 12, 13 e 14).

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Figura 12: Mapa 3D – Vila Santo Antonio. Fonte: EMPLASA (1995).

Figura 13: Mapa Hipsométrico – Vila Santo Antonio. Fonte: EMPLASA (1995).

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Figura 14: Imagem de Satélite – Vila Santo Antônio. Fonte:

GOOGLE EARTH, 2011.

Contempla o Ribeirão Moinho Velho, Córrego Munck, Córrego Retiro

das Pedras e suas cotas topográficas vão de 775 m a 875 m. Apresenta um

grau de adensamento populacional alto. As áreas demarcadas na figura 44

são áreas de alto risco devido à presença de muitos corpos hídricos e a

ocupação das áreas de várzea e a impermeabilização do solo.

d) Articulação 2331 – Tijuco Preto:

Região integrante do Distrito de Caucaia do Alto, contendo o limite

da RFMG (Figuras 15, 16 e 17).

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Figura 15: Mapa 3D – Tijuco Preto. Fonte: EMPLASA (1994).

Figura 16: Mapa Hipsométrico – Tijuco Preto. Fonte: EMPLASA (1994).

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Figura 17: Imagem de Satélite – Tijuco Preto. Fonte: GOOGLE EARTH, 2011.

Esta região apresenta feições topográficas de 775 m a 950 m e o Rio

Cotia é responsável pela drenagem. Nesta área também contempla a

Estação de Tratamento de Água, a Barragem da Graça, que é alimentado

pelo Ribeirão da Graça. A área de risco delimitada na figura 45 é a mais

baixa da região, com alto grau de adensamento e a ocupação já margeia o

Rio Cotia o que torna a área de grande risco de inundação.

Discussão

Na região já existem conflitos de ocupação como, por exemplo, área

industrial muito próxima às áreas residenciais, além do conflito natural do

desenvolvimento econômico versus preservação ambiental da fauna e flora

que coloca em risco muitas reservas e corpos hídricos. Em algumas áreas de

estudo deste projeto, é possível identificar que a ocupação coloca em risco a

drenagem e o escoamento natural dos corpos hídricos. Segundo Canholi

(2005), o problema real se dá em épocas de chuvas consecutivas, quando há

saturamento dos solos e das galerias. O que juntamente com a ocupação

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irregular em áreas de várzea, pode produzir inundações crônicas, pois

quando o volume do rio atinge níveis mais altos, devido às chuvas, ele alaga

as várzeas naturalmente e se essa área estiver ocupada, as residências, por

consequência, serão atingidas.

Outro fator importante é o assoreamento dos rios e córregos tanto

por resíduos sólidos quanto por sedimentos. Segundo Frankenberg (2003),

devem ser realizadas limpezas periódicas e manutenção preventiva

constantes nas bocas de lobos e galerias, principalmente antes das épocas

chuvosas para evitar entupimento devido descarte de resíduos nas vias e

calçadas. Esses resíduos podem também atingir os rios e córregos.

Para reduzir os casos de enchentes e danos à população segundo

Canholi (2005), deve ser realizado um planejamento consistente de

drenagem urbana, prevendo a combinação adequada de recursos humanos e

materiais e o balanceamento entre as medidas estruturais e não estruturais.

Nos casos em que as medidas estruturais - obra de canalização, o desvio de

corpos hídricos, recomposição vegetal, controle de erosão - são inviáveis

tecnicamente ou economicamente, as medidas não estruturais, como por

exemplo, educação ambiental e sistemas de alerta, podem reduzir os danos

esperados em curto prazo, com investimentos reduzidos.

Com base no estudo exposto, é nítida a necessidade da

regulamentação, fiscalização e principalmente planejamento quanto à

especulação imobiliária desenfreada que ocorre em todo o município de Cotia

e nos demais municípios pertencentes à Bacia Hidrográfica em estudo.

Porém a principal preocupação perante a preservação da dinâmica desta

bacia hidrográfica é quanto à ocupação irregular existente na região, uma

vez que esta intervenção causa danos diretos à bacia como: desmatamento

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da mata ciliar, assoreamento dos corpos d’água, contaminação das águas

superficiais e subterrâneas, etc.

A ação emergente em toda essa região é, para áreas

impermeabilizadas, a efetivação das redes de drenagem pluvial com a

atuação de galerias que comportem o pico máximo de chuvas constantes, e

para áreas ainda não impermeabilizadas, a atuação na preservação das

matas ciliares e do ecossistema como um todo no entorno dos corpos d’água.

Reforça-se que as ações em andamento no município, alargamento

de pontos e canais de escoamento, terão o efeito de acelerar a velocidade do

rio e transferir o problema para a jusante. Ações de retardamento devem ser

tomadas para restaurar as condições naturais originais dos rios e córregos:

manter ou restaurar as várzeas dos córregos; preservar os meandros; dotar

as canalizações de revestimento rugoso para redução da velocidade do

escoamento; restaurar a vegetação ciliar tendo como finalidade deter o

escoamento; e reduzir o pico das enchentes por meio do amortecimento das

ondas de cheia (CANHOLI, 2005), Essas ações podem ser associadas a

atividades de lazer e recreação mediante monitoramento da qualidade

d’água.

Conclusão

A bacia do Rio Cotia é uma região de extrema importância devido ao

seu impacto na bacia do Alto Tietê, pois é um contribuinte de descarga no

Rio Tietê além de ser uma área de extrema ocupação populacional. Esta

bacia é dividida em dois setores de estudo: Alto e Baixo Cotia. Ao se analisar

os mapas hipsométricos elaborados, é possível identificar que as principais

áreas com risco de enchente estão localizadas no Baixo Cotia, pois é a área

que tem maior interferência antrópica. A maior parte do Alto Cotia está

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localizado na Reserva Florestal do Morro Grande, onde se concentra a maior

parte das nascentes dos afluentes do Rio Cotia.

As folhas cartográficas: Cotia, Vila Santa Rita, Vila Santo Antônio e

Tijuco Preto são as que apresentam as menores altitudes levantadas nesse

estudo e segundo Canholi (2005) essa seria uma área de inundação

ribeirinha, onde ocorrem inundações naturais resultado da flutuação dos

rios durante os períodos secos e chuvosos. Os problemas ocorrem devido à

ocupação dessas áreas de risco pela população e que nesta combinação com

impermeabilização do solo e canalização dos corpos hídricos, se torna uma

área de risco alto e iminente em épocas de chuvas torrenciais e consecutivas.

Com o crescimento econômico, Cotia teve um aumento populacional

de 53% desde 1991, tendo como último censo, população de 201.150

habitantes (IBGE, 2010), resultando na implantação de inúmeros

condomínios além de ocupações irregulares.

O índice de chuvas é mais intenso nos meses de janeiro e fevereiro

(respectivamente 172 e 211 mm de chuva acumulado). Esses são os meses de

maior risco para a população local, pois o aumento da área

impermeabilizada, assoreamento dos rios e ocupação irregular faz com que a

drenagem pluvial permeie mais lentamente pelo solo e, esse volume de água,

passa a atingir residências e outras áreas de interesse ecológico e social.

Além da quantidade, a qualidade desses corpos d’água deve ser

ressaltada, apesar de não causar interferência no processo de inundações

pode causar contaminação na população circunvizinha por doenças de

veiculação hídrica. De acordo com os dados obtidos, o rio se encontra

extremamente degradado em toda a sua extensão do Baixo Cotia, o que é um

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dado alarmante já que alguns municípios se utilizam desse corpo hídrico

para abastecimento público, como é o caso da Represa Isolina.

O Alto Cotia apresenta índices de qualidade melhores, pois a sua

localização é mais protegida – Reserva Florestal do Morro Grande. Os corpos

hídricos localizados no Alto Cotia são responsáveis pelo abastecimento do

próprio município de Cotia, além do município de São Paulo. Alguns projetos

já em andamento em parceria com o Estado de São Paulo preveem o

tratamento de 85% do esgoto sanitário para 2013. Melhorando a situação

atual de 43% de esgoto tratado na região para os 39% de esgoto coletado.

Um projeto desafiador, pois isso impactará diretamente na qualidade dos

corpos d’água, uma vez que o descarte inadequado de esgoto doméstico é o

maior responsável pela poluição hídrica local.

As regiões de Cotia, Vila Santa Rita, Vila Santo Antônio e Tijuco

Preto, além de apresentarem as menores altitudes também são as regiões de

maior adensamento populacional, aumentando consideravelmente a

possibilidade de enchentes e inundações. O melhor meio de se evitar

grandes transtornos por inundação é regulamentar o uso do solo, limitando

a ocupação de áreas inundáveis a usos que não impeçam o armazenamento

natural da água pelo solo e que sofram poucos danos em caso de inundação.

Esse zoneamento pode ser utilizado para promover usos produtivos e pouco

sujeitos a danos, permitindo a manutenção de áreas de uso social, como

áreas livres no centro das cidades, reflorestamento, e certos tipos de uso

recreacional. O estudo detalhado das áreas de risco se faz necessário, uma

vez que é intrínseca a aplicação de ações que evitem ou minimizem o

desequilíbrio da Bacia Hidrográfica do Rio Cotia e de todos que dependem e

interagem com esta.

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Artigo Original

FONTANA, Danielle Durães; SILVA, Maria Gabriela. Mapeamento da Suscetibilidade a Inundações

da Bacia do Rio Cotia.RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e

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Artigo Original

MALANCONI, Rodrigo; CABRAL, Rodrigo Chimenti. Análise de Produção e Extração de Biogás no

Aterro Sanitário Lara, Visando Aspectos Ambientais e Possíveis Benefícios Energéticos. RevInter

Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 65-86, jun. 2012.

65

Análise de Produção e Extração de Biogás no

Aterro Sanitário Lara, Visando Aspectos

Ambientais e Possíveis Benefícios

Energéticos.

Rodrigo Malanconi Engenheiro Ambiental pelas Faculdades Oswaldo Cruz, São Paulo.

Email: [email protected]

Rodrigo Chimenti Cabral Engenheiro Civil e Gerente da Lara Energia

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MALANCONI, Rodrigo; CABRAL, Rodrigo Chimenti. Análise de Produção e Extração de Biogás no

Aterro Sanitário Lara, Visando Aspectos Ambientais e Possíveis Benefícios Energéticos. RevInter

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66

Resumo

Com o crescimento do numero de projetos de captação de biogás em aterros

sanitários visando redução de gases de efeito estufa emitidos para a

atmosfera, esse trabalho foi elaborado para a melhoria qualitativa e

quantitativa do sistema de captação a partir de um estudo sobre a pluma de

gás e pressão de extração exercida nos poços de gás. Um aterro sanitário

com sistema de captação de biogás, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo,

pode gerar créditos de carbono. Os créditos de carbono constituem uma

espécie de moeda para a comercialização da mitigação de Gás de Efeito

estufa em países que ratificam o protocolo de Kyoto. Com o estudo de

plumas de gases e controle de pressões durante a captura de biogás é

possível estabelecer pressões ideais direcionadas nas áreas de maiores

concentrações de gás metano. Consegue-se assim uma maior eficiência de

extração do biogás sem ocasionar a injeção de ar atmosférico no maciço do

aterro, o que ocasionaria o aumento da presença de bactérias aeróbias no

maciço de resíduos sólidos acabando com as colônias de bactérias

metanogênicas responsáveis pela degradação que gera gás metano.

Palavras-chave: Metano. Pluma de gás. Aterro Sanitário.

Abstract

With the increase in number of gas capture projects on landfills aiming to

reduce greenhouse gases emissions, this work was elaborated to qualitative

and quantitative improvement of the collection system based on the study of

the gas plume and pressure exerted on gas wells extraction. A landfill with

a gas capture system, the Clean Development Mechanism, can generate

carbon credits, a currency for greenhouse gas emission mitigation marketing

in countries that ratify the Kyoto Protocol. By studying the gas plume and

the pressure control during the biogas capture it is possible to establish an

ideal pressure directed to the areas of highest methane gas concentration,

thus making a better biogas extraction without entailing the atmospheric

air injection into the landfill, which would cause the increased presence of

aerobic bacteria in the massive solid waste, wiping out bacteria colonies

responsible for degradation in methanogenic anaerobic conditions which

generates methane gas.

Key words: Methane. Landfills. Plume of gas.

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67

Introdução: Descrição do Aterro Sanitário Lara

O aterro Sanitário Lara localizado no bairro de Sertãozinho (Mauá –

SP) possui um total de 300 poços de extração de biogás distribuídos em uma

área aproximada de 30 hectares. O aterro recebe em média 2.800 toneladas

de lixo residencial por dia, somando um total aproximado de 10.500.000

toneladas de resíduos sólidos aterrados, o aterro está em operação pela

empresa Lara desde 1991, e o sistema de extração e queima de biogás esta

em operação desde 2006 (Figura 1).

Os efluentes líquidos, o chorume, e gasosos, o biogás gerados durante

a decomposição da matéria orgânica presente nos resíduos depositados são

drenados por gravidade através de sistemas de drenagens horizontais e

verticais interligados desde a base até a última camada de descarregamento

de resíduo sólido no aterro Lara (Figura 2).

Figura 1: Ilustração do Aterro Sanitário Lara. Figura 2. Drenagens de base.

Fonte: Lara Energia

Em todas as drenagens verticais do aterro sanitário foram instalados

cabeçotes conectados a tubulações que capturam o biogás no maciço de

resíduo e encaminham até a usina de aspiração (Figura 3). Para facilitar a

localização dos poços, no aterro estes são divididos em dez estações de

regulagem (manifolds) e a cada mês é realizado um levantamento

planialtimétrico com a localização, numeração e a tubulação de extração de

cada poço.

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68

Figura 3: Linhas de captação Figura 4: Planta do aterro com a localização dos poços e da

disposição de resíduos. Fonte: Lara Energia

Cada estação de regulagem ramifica-se em doze linhas de tubulação

secundárias de 110 mm que são distribuídas pelo aterro para a captação do

biogás, em cada linha são conectados em média três poços de acordo com sua

vazão de biogás, em regiões que há pouca vazão podem-se conectar mais

poços na mesma linha para que a pressão seja dividida de forma que não

oxigene os poços. Já as regiões que apresentam maiores vazões são

conectadas, menos poços por linha para que haja maior eficiência de

extração de biogás através de um balanceamento de perdas de carga

Mbar/metro de linha secundária (Figura 5). A usina de captação conta em

seu projeto com quatro conjuntos de motores e sopradores com capacidade

nominal de 4000 Nm3/h por conjunto, dois flares com capacidade de 8000

Nm3/h por unidade (Figura 6).

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Figura 5: Coletor I com as doze ramificações (linhas) Figura 6: Conjuntos motores e

sopradores

Fonte: Usina de captação de biogás Lara

Os motores acoplados aos sopradores exercem a pressão de sucção que é

distribuída em todo aterro para a extração de biogás e pressão positiva para envio

do gás extraído do aterro para queimador enclausurado (Flare). Essa pressão de

sucção é controlada por sistema CLP (Controle Lógico Programável) presente na

Usina. A usina de aspiração e queima de biogás conta com sistema supervisório que

monitora todos os dados da usina, e apresentam dados atuais de pressões, vazão de

biogás em Nm3/h, temperatura de queima entre outros dados da planta e um

sistema registrador que registra minuto a minuto os mesmos dados apresentados

pelo sistema supervisório (Figura 7).

Figura 7: Supervisório da Lara Energia. Fonte: Lara Energia.

A partir dos dados registrados são executados relatórios de monitoramento

das reduções de emissões de gases de efeito estufa para avaliações

realizadas por Entidades Operacionais Designadas (DOE) com a finalidade

de obtenções de certificados de emissões reduzidas (CER´s). As emissões

reduzidas (ERy) no aterro sanitário Lara são conquistadas através da

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conversão de gás metano em gás carbônico reduzindo 21 vezes o potencial de

aquecimento global através da queima de biogás em temperaturas acima de

500ºC em flare conforme a metodologia adotada pela UNFCCC - United

Nations Framework Convention on Climate Change (Iclei, Manual para

Aproveitamentode Biogás - Volume 1 - Aterros Sanitários) (Figura 8).

CH4 + 2Ol2 CO2 + 2H2O + ENERGIA TÉRMICA

Figura 7: Queimador de Biogás Enclausurado (Flare). Fonte: Lara Energia

Atualmente são destruídos aproximadamente cerca de 4000 Nm3/h (Normal

metro cúbico por hora) de metano, equivalente a 8,000 Nm3/h de Biogás à

50% de metano, resultando cerca de 1200 a 1500 de Toneladas de Carbono

Equivalente (CO2eq) (O Estado de São Paulo, Vida, 27 de outubro de 2010).

Metodologia de Análise de Extração de Biogás por Plumas

É efetuado um levantamento de qualidade e pressão do Biogás em

cada ponto de extração (poço) no aterro sanitário Lara, este levantamento

atualmente é efetuado duas vezes ao mês, cada levantamento dura em

média 13 dias, após a coleta dos dados é tirada a média dos valores de cada

ponto de extração. Além da média é analisada a pressão de sucção que esta

sendo aplicada no ponto de extração, no aterro Lara a pressão de extração

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71

em cada ponto não deve ser maior que 1 milibar de pressão, para que não

cause a oxigenação do maciço do aterro.

Após as médias calculadas, os valores são atribuídos respectivamente

em seus pontos georeferenciado na planta do aterro e assim é possível

realizar a pluma de biogás do aterro sanitário Lara.

Levantamento de dados em campo

O levantamento de dados de campo é realizado duas vezes por mês,

em cada poço de extração de biogás através de dois instrumentos de leituras;

um analisador de gás portátil e um mano vacuômetro digital. O analisador

portátil colhe uma amostra do biogás que esta sendo gerado no poço em que

se está fazendo a leitura e fornece os dados de CH4%v/v, CO2%v/v e O2%v/v,

cada leitura dura em média 60 segundos (1 minuto). O mano vacuômetro

analisa pressões negativas e positivas com que o biogás está sendo extraído

do poço durando aproximadamente 15 segundos. Os dados são anotados em

uma planilha de monitoramento e ao final de cada mês é tirada a média das

leituras de todos os poços.

Com a tabela de médias finalizada, os valores são atribuídos em seus

pontos referenciado geometricamente correspondentes aos poços de extração

na planta do aterro em forma de cores estipuladas para cada faixa de

qualidade do biogás avaliado (Tabela 1).

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Tabela 1: Faixa volumétrica de concentração de gás metano (CH4). Fonte: Lara Energia

Faixa volumétrica de concentração de gás metano (CH4) Legenda

> que 60%

Entre 55 e 59,9%

Entre 50 e 54,9%

Entre 45 e 49,9%

Entre 40 e 44,9%

< que 39,9%

A pintura de cada poço não deve ultrapassar 3 centímetros de diâmetro em

levantamento planialtimétrico, pois de acordo com o Gerente Técnico da

Lara Energia, Rodrigo Chimenti Cabral, o diâmetro de influencia calculado

estimado apresenta 30 metros e o levantamento é impresso em uma escala

de 1:1000.

Com todos os poços marcados com suas respectivas cores é efetuada a

pintura ligando ponto a ponto e fazendo a interpolação de acordo com as

cores (qualidades) de cada poço e de cada área do aterro.

O que pode ser observado durante a interpolação dos pontos é que as

concentrações de um ponto vizinho ao outro são na grande maioria

homogênea revelando que o percentual de gás metano produzido pelo aterro

sanitário se “interliga” através das drenagens horizontais. Esta observação

também é revelada em poços que são conectados por diferentes estações de

regulagens (manyfolds) quando a regulagem de extração de biogás é bem

controlada.

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73

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Plumas de concentrações mensais do gás metano contida no

biogás extraído

Dados do mês de junho 2009 até setembro de 2010 foram

considerados. Um total de 16 plumas mensais, com as imagens em

sequencia, revela a movimentação da pluma de gás junto ao sentido de

disposição dos resíduos no aterro (Figuras 8 a 24). As regiões brancas em

forma de mancha da planta representam as regiões onde não esta sendo

realizada a extração de biogás no respectivo mês de avaliação, seja ela por

conta de descarga de resíduos sólidos, por cobertura dos resíduos

compactados ou mesmo por construção de linhas secundárias para captura

de gases.

Figura 9. Junho 2009 Figura 10. Julho de 2009

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74

Figura 11. Agosto de 2009 Figura 12. Setembro de 2009.

Figura 13. Outubro 2009 Figura 14. Novembro de 2009

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75

Figura 15. Dezembro de 2009 Figura 16. Janeiro de 2010

Figura 17. Fevereiro de 2010 Figura 18. Março de 2010

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76

Figura 19. Abril de 2010 Figura 20. Maio de 2010

Figura 21. Junho 2010. Figura 22. Julho de 2010

Figura 23. Agosto 2010 Figura 24. Setembro 2010

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77

Pela sequencia de plumas, alem de se verificar problemas no sistema

de captação pode-se relacionar a pluviosidade com a qualidade do biogás

gerado e monitorar o período desde a descarga de resíduo até a produção de

gás metano ao longo dos meses.

Verificação de falhas no sistema de extração

Abaixo se pode ver uma planta com a pluma finalizada e uma

inconformidade circulada para que possamos compreender um dos possíveis

problemas que a pluma nos indica no sistema (Figura 25).

Figura 25. Pluma de Gás Metano do aterro Lara. Fonte: Lara Energia

Com a pluma de gás é mais fácil encontrar falhas. Como exemplo a imagem

acima há um ponto evidenciando qualidade aproximada de 30%v/v de gás

metano contido no biogás em uma região totalmente circunscrita de

qualidade de 60%v/v de gás metano contido no biogás. Uma provável

hipótese para ocorrência da falha seria uma grande atuação de pressão

negativa de extração de gases do poço maior que o poço poderia atuar para

manter qualidade próxima a região circunscrita de 60%v/v.

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Para resolver este possível problema foi diminuída a pressão negativa

de extração, caso a pressão de extração negativa fosse mantida, poderia

ocasionar a oxigenação da área em volta do poço comprometendo a

qualidade de gás metano presente no biogás da região circunscrita.

A mesma falha pode aparecer de forma inversa, quando uma região

de baixa qualidade de gás metano apresenta um ponto com qualidade alta.

Quando isso acontece ou o poço esta sendo submetido a uma baixa pressão

negativa de extração ou pode estar com algum problema na tubulação, sifão

de líquido ou mesmo entupimento por particulado sólido, fazendo com que a

pressão negativa não chegue corretamente ao poço.

A maioria desses problemas quando isolados e localizados em plantas

são fáceis e rápidos para resolver, geralmente uma manutenção na linha de

extração e ou uma regulagem na pressão é suficiente.

Relação entre a pluviosidade e a geração de gás metano

Uma das características fundamentais para geração de biogás a partir

de resíduo orgânico é a umidade. Para relacionar a umidade com a geração

de gás metano no aterro sanitário Lara foi necessário realizar

levantamentos de dados de pluviometria mensal para comparar com as

plumas de concentrações mensais do gás metano extraído. Os dados de

precipitação acumulada mensal foram coletados a partir de gráficos anuais

da estação metrológica do Mirante de Santana em São Paulo (Figuras 26 e

27).

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Figura 26. Chuva acumulada Mensal (2009). Figura 27. Chuva acumulada

mensal (2010).

Fonte: http://www.inmet.gov.br/sim/abre_graficos.

Para uma melhor comparação com as plumas mensais foram avaliados 2

meses: dezembro de 2009 o qual apresentou precipitação acumulada de

aproximadamente 370 mm e o mês de Agosto de 2010 que não apresentou

precipitação acumulada conforme ilustrado abaixo (Figura 28).

Figura 28. Comparação entre Pluma dezembro de 2009 com agosto de 2010. Fonte: Lara

Energia.

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80

O que pode ser observado é que provavelmente existe uma relação

direta com a produção de biogás a qual é mais expressiva diante a maior

pluviosidade no aterro sanitário Lara.

Avaliação do tempo de geração de gás metano após deposição de resíduos

sólidos

Em uma das regiões do aterro sanitário Lara depositou-se resíduos

sólidos urbanos no ano de 2003 e em 2008 apresentava baixo percentual de

gás metano e baixíssima produção de biogás inviabilizando a extração de

biogás. Conforme os avanços de deposição de resíduos depositaram-se

resíduos nos meses de Maio e Junho de 2009 acima dos resíduos depositados

em 2003. Depois de depositados os resíduos, realizadas as drenagens

verticais e horizontais dos efluentes líquidos e gasosos junto à cobertura da

região, foram inseridos os sistemas de extração de biogás com devidos

cabeçotes aos drenos (poços) conectados às tubulações para condução de

biogás a estação de regulagem (manyfold) nomeada como MF-F.

A região mencionada acima mereceu um estudo da evolução

percentual volumétrica de gás metano gerado ao longo dos meses por conta

de não haver grande mistura do gás metano gerado pelos resíduos sólidos

depositados em 2003 com o gás metano que seria gerado pelos resíduos

depositados após Maio e Junho de 2009.

Abaixo segue uma tabela com os percentuais médios mensais de gás

metano medidos nos poços implantados da região após a descarga de

resíduos para realização das plumas (Tabela 2)

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81

Tabela 2. Média dos percentuais de gás metano nos poços. Fonte: Lara Energia

Mês jul/09 ago/09 set/09 out/09

Poços %Ch4 v/v %Ch4 v/v %Ch4 v/v %Ch4 v/v

4.1 46,00 57,90 56,00 63,45

4.2 39,40 39,45 44,95 47,45

4.3 28,20 41,35 62,75 59,25

4.4 38,90 52,40 61,15 58,55

5.1 30,80 35,50 41,00 45,00

5.2 33,75 35,35 49,40 56,55

5.3 45,55 53,70 51,40 54,90

5.4 14,75 38,15 57,45 42,00

6.1 36,15 48,25 54,55 62,65

6.2 33,95 38,15 43,40 46,20

6.3 50,45 47,40 53,00 55,05

6.4 46,25 47,05 50,45 55,35

7.1 59,00 58,55 61,35 61,20

7.2 30,25 38,15 65,30 44,45

7.3 32,80 36,60 49,30 45,30

8.1 25,70 43,40 58,90 54,65

8.2 28,45 43,20 55,35 56,60

8.3 31,85 39,10 47,95 63,85

8.4 38,45 46,40 53,35 58,90

Média 36,35 44,21 53,53 54,28

Com os dados da planilha acima foram geradas as plumas mensais (figura

29 e 30).

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Artigo Original

MALANCONI, Rodrigo; CABRAL, Rodrigo Chimenti. Análise de Produção e Extração de Biogás no

Aterro Sanitário Lara, Visando Aspectos Ambientais e Possíveis Benefícios Energéticos. RevInter

Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 65-86, jun. 2012.

82

Figura 29. Pluma de região nos meses de junho a outubro de 2009. Fonte: Lara Energia

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Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 65-86, jun. 2012.

83

A figura acima revela que os resíduos foram aterrados e cobertos em junho

de 2009 e extração de biogás na região estudada se iniciou em setembro de

2009 e o percentual de gás metano se manteve até o mês de outubro de 2009.

Figura 30. Média do percentual volumétrico de gás metano contido no biogás produzido no

aterro sanitário Lara. Fonte: Lara Energia.

Observa-se que aproximadamente 3 meses após o aterramento e cobertura dos

resíduos sólidos da região estudada, o percentual de gás metano contido no biogás

produzido pela decomposição dos resíduos orgânicos foi suficiente para iniciar as atividades

de extração.

Conclusões

O biogás produzido em aterros sanitários apresenta em sua

composição dióxido de carbono e gás metano, um gás inflamável que

apresenta poder calorífico de aproximadamente 11 Kw/m3 e é o 2º gás de

Efeito Estufa em ordem de importância, sendo que o produzido por resíduos

sólidos representa 3º maior fonte mundial de emissões de metano.

Com tamanho poder energético o biogás, que apresenta

aproximadamente 6,0 Kw/m3 é utilizado para geração de energia elétrica

como verificado no aterro sanitário Bandeirantes, o primeiro aterro sanitário

brasileiro que utiliza biogás para acionar 24 conjuntos moto-geradores de

925 KW/conjunto, correspondendo a uma potência líquida de 20.000 KW

beneficiando aproximadamente 400 mil habitantes.

MÉDIA DO PERCENTUAL VOLUMÉTRICO DE GÁS METANO CONTIDO NO BIOGÁS

PRODUZIDO NO ATERRO SANITÁRIO LARA

0

10

20

30

40

50

60

jun/09 jul/09 jul/09 ago/09 set/09 set/09 out/09

Mêses

% C

H4

v/v

% CH4 Média

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Apenas a queima do metano, gás que apresenta potencial de

aquecimento global 21 vezes maior que o dióxido de carbono, acarreta

ganhos ambientais na transformação do gás metano em água e gás

carbônico, reduzindo o potencial de aquecimento global, gerando certificados

de emissões reduzidas ou créditos de carbono em países em desenvolvimento

como o Brasil.

O aterro sanitário Lara localizado em Mauá é um exemplo de sucesso

em redução de emissão de gás metano pela queima e vem conquistando em

torno de 1200 a 1500 certificados de emissões reduzidas por dia com o

auxílio de plumas de geração de gás metano contido no biogás que é

capturado.

Através da analise de plumas de gás metano é possível identificar

possíveis manutenções no sistema, checar a interferência da estiagem na

produção de biogás e prever qual melhor momento para extrair biogás após

a deposição de resíduos sólidos.

O presente trabalho descreve detalhadamente o monitoramento

através de plumas de metano produzido mensalmente no aterro sanitário

Lara a fim de compartilhar a técnica de monitoramento com outros projetos

visando melhorias no âmbito qualitativo e quantitativo durante as extrações

de biogás de aterros sanitários.

Referências

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8.419 -

Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos urbanos -

Procedimento. 1984.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004/2004 -

Resíduos Sólidos - Classificação. 2004.

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Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 65-86, jun. 2012.

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Artigo Original

FERREIRA, Guilherme Lessa; FLYNN, Maurea Nicoletti. LEVANTAMENTO SECUNDÁRIO DO ESTADO

ATUAL DA AVIFAUNANA REGIÃO DE SOROCABA, SP.. RevInter Revista Intertox de Toxicologia,

Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 87-104, jun. 2012.

87

Levantamento Secundário do Estado Atual da

Avifauna na Região de Sorocaba, SP.

Guilherme Lessa Ferreira

Possui Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas pela

Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atualmente é assessor

técnico do Instituto Inteligência para Sustentabilidade-I2S,

atuando principalmente nos temas: Biocritérios na Avaliação da

Integridade Ambiental, Fauna Silvestre.

E-mail: [email protected]

Maurea Nicoletti Flynn

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade do

Estado do Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em Oceanografia

Biológica pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em

ecologia aplicada e experimental pelo programa recém doutor do

CNPq, Universidade de São Paulo. Foi coordenador do Curso de

Engenharia Ambiental das Faculdades Oswaldo Cruz e

Coordenadora de Pesquisas na Escola Superior de Química das

Faculdades Oswaldo Cruz. Professor adjunto do curso de

graduação em Ciências Biológicas e de pós-graduação em

Biodiversidade da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem

experiência nas áreas de Ecologia Bêntica, Ecologia Experimental,

Dinâmica Populacional e Biodiversidade.

E-mail: [email protected]

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FERREIRA, Guilherme Lessa; FLYNN, Maurea Nicoletti. LEVANTAMENTO SECUNDÁRIO DO ESTADO

ATUAL DA AVIFAUNANA REGIÃO DE SOROCABA, SP.. RevInter Revista Intertox de Toxicologia,

Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 87-104, jun. 2012.

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Resumo

As aves constituem um dos grupos de vertebrados com maior riqueza

específica do mundo. No Brasil, habitam cerca de 1.690 espécies de aves e o

estado de São Paulo abriga grande parte desta diversidade. A realização de

levantamento das espécies sempre se faz necessário, para que se tenha um

conhecimento atualizado do estado de conservação da região em questão. O

objetivo do presente trabalho foi o levantamento secundário da avifauna de

Sorocaba e municípios vizinhos. Para a avaliação do estado de conservação da

avifauna atual, fez-se uma comparação com o levantamento feito por Natterer, no

século XIX, no Morro de Araçoiaba (Flona de Ipanema). A listagem atual resultou

em 236 espécies, 114 destas foram registradas também por Natterer. Da listagem

do naturalista, 221 espécies não foram registradas nos trabalhos selecionados

para a produção da listagem atual, dentre estas, 34 estão listadas como

ameaçada de extinção para o estado de São Paulo, sendo 14 classificadas como

Criticamente em Perigo (CR), 4 Em Perigo (EN), 6 Vulneráveis (VU), 8 Quase

Ameaçadas (NT) e 2 com Dados Insuficientes (DD) para serem enquadradas em

alguma categoria de ameaça. Conclui-se que as espécies não mais registradas

para a região provavelmente estão extintas localmente e que trabalhos desta

magnitude sempre contribuem para o conhecimento do estado de conservação da

avifauna de uma determinada área.

Palavras-chave: Avifauna, Sorocaba, São Paulo

Abstract

The birds are one of the groups with higher richness among vertebrates in

the world. In Brazil, there are about 1690 species of birds and the state of

Sao Paulo is home to most of this diversity. The check-list of species is always

necessary, in order to have an updated knowledge of the conservation status of

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Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 87-104, jun. 2012.

89

the region in question. The aim of this study was the check-list of the avifauna

of Sorocaba and neighboring counties. For the evaluation of conservation

status of current avifauna we compared the actual checklist with Natterer’s

check list made in the nineteenth century, in the Morro

de Araçoiaba (Flona Ipanema). The current listing resulted in 236 species, 114 of

these were also recorded by Natterer. In the listing of the naturalist, 221 species

were not recorded in the papers selected for the production of this check-list,

among these, 34 are listed as endangered for the state of São Paulo, with

14 classified as Critically Endangered (CR), 4 In Endangered (EN), 6

Vulnerable (VU), 8 Near Threatened (NT) and 2 with Data Deficient (DD) to

be framed in a category of threat. We conclude that the species not more recorded

for the region are probably locally extinct and studies of this magnitude always

contribute to the knowledge of the conservation status of birds in a certain area.

Key-words: Avifauna, Sorocaba, São Paulo.

Introdução

As aves, um dos grupos animais mais amplamente estudados no mundo,

correspondem a cerca de 20% de toda a diversidade de vertebrados atuais. Muitos

autores divergem, indicando, aproximadamente, entre 9.000 e 11.000 espécies

descritas em todo o mundo (SICK, 1997; BRESSAN, et al. 2009). Isto pode sugerir

que no Brasil, a diversidade da avifauna tem sido subestimada, já que, a cada

ano mais espécies são descritas, sobretudo pelo uso de novas metodologias de

amostragem e de classificação taxonômica (SILVEIRA & OLMOS, 2007).

A estimativa atual é que o Brasil abrigue mais de 1.690 espécies de aves,

sendo assim classificado como um dos países com a maior diversidade de aves do

planeta. Além disso, mais de 10% destas espécies são endêmicas ao Brasil

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90

(MARINI & GARCIA, 2005), destas a maioria é encontrada na Mata Atlântica,

um dos hotspots da biodiversidade, com excepcional concentração de espécies

endêmicas e grande perda de habitat.

O estado de São Paulo, originalmente coberto por vegetação característica

da Mata Atlântica, abriga atualmente cerca de 750 espécies de aves,

representando aproximadamente 45% da diversidade da avifauna brasileira

(SILVA, 1998). Entretanto, este número já foi maior no passado. Alguns

naturalista que realizaram expedições ao Brasil no século XIX, como Johann von

Natterer e Johann Baptiste von Spix identificaram uma quantidade de espécies

muito superior a da atualidade.

Silva (2010) realizou um trabalho comparativo de levantamento

ornitofaunístico no Morro de Araçoiaba, na Flona de Ipanema, com o

levantamento feito por Natterer, na mesma região, entre os anos de 1819 e 1822.

Silva listou 189 espécies de aves, enquanto que Natterer listou 335, sendo que

apenas 142 foram observadas pelos dois pesquisadores (SILVA, 2010). Esta

importante comparação mostra uma quantidade expressiva de espécies (mais da

metade da lista de Natterer) que provavelmente não habita mais a região.

Levantamentos desta amplitude são de extrema importância quando se pretende

a conservação das espécies.

Este trabalho teve por objetivo realizar um levantamento secundário da

avifauna de Sorocaba e municípios circunvizinhos, elaborando uma lista das

espécies desta região, servindo assim como base bibliográfica para outros estudos

e alicerce na caracterização de seu estado de conservação.

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Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 87-104, jun. 2012.

91

Metodologia

As pesquisas bibliográficas aqui realizadas para a produção da lista de aves

levou em consideração estudos que cobriam a cidade de Sorocaba e os municípios

da região: Araçoiaba da Serra, Capela do Alto, Iperó, Porto Feliz e Salto de

Pirapora, região com alto grau de fragmentação de habitat, devido à intensa

industrialização e constante crescimento das cidades.

Esta lista teve como base os levantamentos realizados por Regalado e Silva

(1998), Machado et al.(2008), Silva e Nakano (2008), Camargo e Barrela (2010),

Moreno (2010), Oliveira (2010) e Silva (2010), além de dados da base

SINBIOTA/FAPESP e o relatório técnico realizado pelo Centro Tecnológico da

Marinha em São Paulo (CTMSP) em 1991. A nomenclatura das espécies listadas

está de acordo com o padrão da Lista das aves do Brasil, 10ª edição, de 2011, do

Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO).

Com o levantamento bibliográfico feito e a listagem das espécies organizada,

verificou-se a lista de espécies ameaçadas de extinção para o estado de São Paulo

(BRESSAN, et al. 2009), afim de identificar o estado de conservação das espécies

da avifauna da região.

Com base no artigo de Silva (2010) fez-se também a comparação entre as

espécies listadas neste levantamento secundário e as espécies listadas no

levantamento primário de Natterer.

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Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 87-104, jun. 2012.

92

Resultados

O levantamento secundário da avifauna, contemplando os municípios já

citados, listou 236 espécies distribuídas em 58 famílias (Tabela 1).

Doze espécies encontram-se na lista de espécies ameaçadas de extinção

para o estado de São Paulo (BRESSAN, et al. 2009). Dentre estas, 2 são

enquadradas como Criticamente em Perigo (Urubitinga coronata e Coryphaspiza

melanotis), 1 com status Em Perigo (Sarcoramphus papa), 3 enquadradas como

vulnerável (Rhynchotus rufescens, Procnias nudicollis, Cyanoloxia brissonii) e 6

estando como Quase Ameaçadas (Sicalis citrina, Synallaxis albescens, Penelope

obscura, Penelope superciliaris, Accipiter poliogaster, Mycteria americana).

A seguir, a Tabela 1 apresenta a lista das espécies de aves, organizada por

ordem, família e espécie, mostrando também seus nomes vulgares e os

respectivos trabalhos numerados e cidades em que foram registradas.

Tabela 1. Ordens, famílias e espécies representativas da Avifauna. Legenda:

Fontes:

(1)RIMA/CTMPSP (1991)

(2)Regalado e Silva (1998)

(3)Machado et al.(2008)

(4)Silva e Nakano (2008)

(5)Camargo e Barrela(2010)

(6)Moreno (2010)

(7)Oliveira (2010)

(8)Silva (2010)

(9) SIMBIOTA/FAPESP (Acesso 03/2012)

Locais:

Araçoiaba da Serra- AS

Capela do Alto - CA

Iperó - Ip

Porto Feliz – PF

Salto de Pirapora - SaP

Sorocaba - So

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Artigo Original

FERREIRA, Guilherme Lessa; FLYNN, Maurea Nicoletti. LEVANTAMENTO SECUNDÁRIO DO ESTADO

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Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 87-104, jun. 2012.

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Nome do Táxon Nome vulgar Fonte Local

Tinamiformes Huxley, 1872

Tinamidae Gray, 1840

Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815) Perdiz 1; 7 SaP; So

Nothura maculosa (Temminck, 1815) Codorna-amarela 1 AS; CA; Ip

Crypturellus tataupa (Temminck, 1815) Inhambu-chintã 1 AS; CA; Ip

Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) Inhambu-chororó 1 AS; CA; Ip

Podicipediformes Fürbringer, 1888

Podicipedidae Bonaparte, 1831

Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766) Mergulhão-pequeno 1; 8 AS; CA; Ip

Podilymbus podiceps Mergulhão-caçador 6 PF

Suliformes Sharpe, 1891

Phalacrocoracidae Reichenbach, 1849

Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) Biguá 1; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Anhinguidae Reichenbach, 1849

Anhinga anhinga (Linnaeus, 1766) Biguatinga 1; 6; 8 AS; CA; Ip

Pelecaniformes Sharpe, 1891

Ardeidae Leach, 1820

Ardea cocoi (Linnaeus, 1766) Garça-moura 1; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Ardea alba (Linnaeus, 1758) Garça-branca-grande 1; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; So

Egretta thula (Molina, 1782) Garça-branca-pequena 1; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) Garça-vaqueira 1; 4; 6; 7 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Butorides striata (Linnaeus, 1758) Socozinho 1; 5; 8 AS; CA; Ip

Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) Maria-faceira 1; 4; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) Savacu 1; 4; 5; 6; 7 AS; CA; Ip; PF; So

Botaurus pinnatus (Wagler, 1829) Socó-boi-baio 1; 8 AS; CA; Ip

Threskiornithidae Poche, 1904

Platalea ajaja (Linnaeus, 1758) Colhereiro 1; 5 So

Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823) Tapicuru-de-cara-pelada 1; 8 AS; CA; Ip

Ciconiiformes Bonaparte, 1854

Ciconiidae Sundevall, 1836

Mycteria americana (Linnaeus, 1758) Cabeça-seca 1; 9 AS; CA; Ip

Cathartiformes Seebohm, 1890

Cathartidae Lafresnaye, 1839

Sarcoramphus papa (Linnaeus, 1758) Urubu-rei 2; 8 AS; CA; Ip

Coragyps atratus (Bechstein, 1793) Urubu-de-cabeça-preta 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Cathartes aura (Linnaeus, 1758) Urubu-de-cabeça-vermelha 1; 8 AS; CA; Ip

Anseriformes Linnaeus, 1758

Anatidae Leach, 1820

Cairina moschata (Linnaeus, 1758) Pato-do-mato 6 PF

Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) Marreca-pé-vermelho 1; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) Irerê 1; 5; 7 SaP; So

Accipitriformes Bonaparte, 1831

Accipitridae Vigors, 1824

Accipiter poliogaster (Temminck, 1824) Tauató-pintado 9 Ip

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Artigo Original

FERREIRA, Guilherme Lessa; FLYNN, Maurea Nicoletti. LEVANTAMENTO SECUNDÁRIO DO ESTADO

ATUAL DA AVIFAUNANA REGIÃO DE SOROCABA, SP.. RevInter Revista Intertox de Toxicologia,

Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 87-104, jun. 2012.

94

Elanus leucurus (Vieillot, 1818) Gavião-peneira 1; 4; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Ictinia plumbea (Gmelin, 1788) Sovi 1; 8 AS; CA; Ip

Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817) Gavião-caramujeiro 1; 8 AS; CA; Ip

Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) Gavião-de-cauda-branca 4; 8 AS; CA; Ip; So

Buteo brachyurus (Vieillot, 1816) Gavião-de-cauda-curta 1; 8 AS; CA; Ip

Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Gavião-carijó 1; 4; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) Gavião-caboclo 5; 8 AS; CA; Ip

Urubitinga coronata (Vieillot, 1817) Águia-cinzenta 8 AS; CA; Ip

Falconiformes Bonaparte, 1831

Falconidae Leach, 1820

Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) Acauã 8 AS; CA; Ip

Milvago chimachima (Vieillot, 1816) Carrapateiro 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Caracara plancus (Miller, 1777) Caracara 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Falco femoralis (Temminck, 1822) Falcão-de-coleira 7; 8 AS; CA; Ip; So

Falco sparverius (Linnaeus, 1758) Quiriquiri 1; 4; 8 AS; CA; Ip; So

Falco deiroleucus (Temminck, 1825) Falcão-de-peito-laranja 4 So

Galliformes Linnaeus, 1758

Cracidae Rafinesque, 1815

Penelope superciliaris (Temminck, 1815) Jacupemba 1; 8 AS; CA; Ip

Penelope obscura (Temminck, 1815) Jacuaçu 4; 6 PF; So

Gruiformes Bonaparte, 1854

Aramidae Bonaparte, 1852

Aramus guarauna (Linnaeus, 1766) Carão 8 AS; CA; Ip

Rallidae Rafinesque, 1815

Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) Saracura-sanã 1; 5; 8 AS; CA; Ip

Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) Saracura-três-potes 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Aramides saracura (Spix, 1825) Saracura-do-mato 5 So

Porzana albicollis (Vieillot, 1819) Sanã-carijó 1; 8 AS; CA; Ip

Gallinula galeata (Lichtenstein,1818) Frango-d'água-comum 1; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Porphyrio martinica (Linnaeus, 1766) Frango-d'água-azul 1 AS; CA; Ip

Cariamiformes Furbringer, 1888

Cariamidae Bonaparte, 1850

Cariama cristata (Linnaeus, 1766) Seriema 1; 4; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Charadriiformes Huxley, 1867

Jacanidae Chenu & Des Murs, 1854

Jacana Jacana (Linnaeus, 1766) Jaçanã 1; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Charadriidae Leach, 1820

Vanellus chilensis (Molina, 1782) Quero-quero 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Recurvirostridae Bonaparte, 1831

Himantopus melanurus (Vieillot, 1817) Pernilongo-de-costas-brancas 1; 6 AS; CA; Ip; PF

Scolopacidae Rafinesque, 1815

Tringa solitaria (Wilson, 1813) Maçarico-solitário 1 AS; CA; Ip

Tringa flavipes (Gmelin, 1789) Maçarico-de-perna-amarela 1 AS; CA; Ip

Gallinago undulata (Boddaert, 1783) Narcejão 1 AS; CA; Ip

Columbiformes Latham, 1790

Columbidae Leach, 1820

Columba livia (Gmelin, 1789) Pombo-doméstico 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) Pomba-asa-branca 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) Pomba-galega 1; 7; 8 AS; CA; Ip; So

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FERREIRA, Guilherme Lessa; FLYNN, Maurea Nicoletti. LEVANTAMENTO SECUNDÁRIO DO ESTADO

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Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) Avoante 1; 4; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF; So

Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Rolinha-caldo-de-feijão 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Columbina squammata (Lesson, 1831) Fogo-apagou 4; 8 AS; CA; Ip; So

Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855) Juriti-pupu 1; 4; 7 AS; CA; Ip; SaP; So

Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) Juriti-gemedeira 1; 6; 7 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Psittaciformes Wagler, 1830

Psittacidae Rafinesque, 1815

Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) Tuim-de-asa-azul 1; 4; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF; So

Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) Maitaca-verde 1; 8 AS; CA; Ip

Aratinga leucophthalma (Statius Muller,

1776)

Periquitão-maracanã 4; 5; 6; 7 PF; SaP; So

Cuculiformes Wagler, 1830

Cuculidae Leach, 1820

Piaya cayana (Linnaeus, 1766) Alma-de-gato 1; 4; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Crotophaga ani (Linnaeus, 1758) Anu-preto 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Guira guira (Gmelin, 1788) Anu-branco 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Tapera naevia (Linnaeus, 1766) Saci 1; 4; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Strigiformes Wagler, 1830

Strigidae Leach, 1820

Megascops choliba (Vieillot, 1817) Corujinha-do-mato 1; 4; 6; 8 AS; CA; Ip; PF; So

Athene cunicularia (Molina, 1782) Coruja-buraqueira 1; 4; 5; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Megascops watsonii (Cassin, 1849) Coruja-orelhuda 4 So

Asio flammeus (Pontoppidan, 1763) Mocho-dos-banhados 7 SaP; So

Tytonidae Mathews, 1912

Tyto alba (Scopoli, 1769) Coruja-da-igreja 7 SaP; So

Caprimulgiformes Ridgway, 1881

Nyctibidae Chenu & Des Murs, 1851

Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) Mãe-da-lua 8 AS; CA; Ip

Caprimulgidae Vigors, 1825

Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) Curiango 1; 4; 8 AS; CA; Ip; So

Antrostomus rufus (Boddaert, 1783) João-corta-pau 1; 8 AS; CA; Ip

Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) Curiango-tesoura 1; 8 AS; CA; Ip

Apodiformes Peters, 1940

Apodidae Olphe-Galliard, 1887

Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796) Andorinhão-de-coleira-branca 1; 8 AS; CA; Ip

Chaetura meridionalis (Hellmayr, 1907) Andorinhão-do-temporal 1; 8 AS; CA; Ip

Trochilidae Vigors, 1825

Phaethornis eurynome (Lesson, 1832) Rabo-branco-de-garganta-rajada 1; 8 AS; CA; Ip

Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) Rabo-branco-de-sobre-amarelo 1; 4; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) Beija-flor-rabo-tesoura 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Florisuga fusca (Vieillot, 1817) Beija-flor-preto 5; 8 AS; CA; Ip

Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817) Beija-flor-de-veste-preta 8 AS; CA; Ip

Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) Besourinho-de-bico-vermelho 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) Beija-flor-de-fronte-violeta 8 AS; CA; Ip

Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) Beija-flor-de-papo-branco 1; 8 AS; CA; Ip

Amazilia lactea (Lesson, 1832) Beija-flor-de-peito-azul 1; 4; 6; 7 ; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Coraciiformes Forbes, 1844

Alcedinidae Rafinesque, 1815

Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) Martim-pescador-grande 1; 5; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

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96

Chloroceryle amazona (Latham, 1790) Martim-pescador-verde 1; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) Martim-pescador-pequeno 1; 5; 8 AS; CA; Ip

Galbuliformes Fürbringer, 1888

Bucconidae Horsfield, 1821

Nystalus chacuru (Vieillot, 1816) João-bobo 8 AS; CA; Ip

Malacoptila striata (Spix, 1824) Barbudo-rajado 1; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Piciformes Meyer & Wolf, 1810

Ramphastidae Vigors, 1825

Ramphastos toco (Statius Muller, 1776) Tucanuçu 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Picidae Leach, 1820

Picumnus temminckii (Lafresnaye, 1845) Pica-pau-anão-de-coleira-amarela 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Picumnus cirratus (Temminck, 1825) Pica-pau-anão-barrado 1; 4; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Pica-pau-do-campo 1; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) Pica-pau-verde-barrado 1; 4; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF; So

Celeus flavescens (Gmelin, 1788) Pica-pau-de-cabeça-amarela 8; 7 AS; CA; Ip; SaP; So

Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) Pica-pau-de-banda-branca 4; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Melanerpes candidus (Otto, 1796) Pica-pau-branco 1; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) Pica-pauzinho-verde-carijó 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Passeriformes Linnaeus, 1758

Corvidae Leach, 1820

Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) Gralha-do-campo 4; 6; 7 PF; SaP; So

Rhinocriptidae Wetmore, 1930 (1837)

Eleoscytalopus indigoticus (Wied, 1831) Macuquinho 8 AS; CA; Ip

Thamnophilidae Swainson, 1824

Taraba major (Vieillot, 1816) Choró-boi 6 PF

Mackenziaena severa (Lichtenstein, 1823) Borralhara-preta 1; 8 AS; CA; Ip

Thamnophilus caerulescens (Vieillot, 1816) Choca-da-mata 1; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823) Choquinha-lisa 8 AS; CA; Ip

Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) Papa-taoca-do-sul 1; 8 AS; CA; Ip

Drymophila malura (Temminck, 1825) Choquinha-carijó 8 AS; CA; Ip

Thamnophilus ruficapillus (Vieillot, 1816) Choca-de-chapéu-vermelho 1; 7 SaP; So

Thamnophilus punctatus (Shaw, 1809) Choca-bate-cabo 7 SaP; So

Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) Choca-barrada 6 PF

Conopophagidae Sclater & Salvin, 1873

Conopophaga lineata (Wied, 1831) Chupa-dente 1; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Furnariidae Gray, 1840

Furnarius rufus (Gmelin, 1788) João-de-barro 1; 4; 5; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Synallaxis spixi (Sclater, 1856) João-tenenem 1; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Synallaxis ruficapilla (Vieillot, 1819) Pichororé 1; 8 AS; CA; Ip

Synallaxis frontalis (Pelzeln, 1859) Petrim 1; 4; 6; 8 AS; CA; Ip; PF; So

Synallaxis albescens (Temminck, 1823) Uipí 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) Curutié 1; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Cranioleuca pallida (Wied, 1831) Arredio-pálido 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Syndactyla rufosuperciliata (Lafresnaye,

1832)

Trepador-quiete 8 AS; CA; Ip

Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) Barranqueiro-de-olho-branco 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Heliobletus contaminatus (Berlepsch, 1885) Bico-virado-do-sul 8 AS; CA; Ip

Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) João-porca 1; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Dendrocolaptidae Gray, 1840

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Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) Arapaçu-verde 1; 8 AS; CA; Ip

Dendrocolaptes platyrostris (Spix, 1825) Arapaçu-grande 1; 8 AS; CA; Ip

Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818) Arapaçu-rajado 8 AS; CA; Ip

Campylorhamphus falcularius (Vieillot, 1822) Arapaçu-de-bico-torto 8 AS; CA; Ip

Tyrannidae Vigors, 1825

Pseudocolopteryx sclateri (Oustalet, 1892) Tricolino 9 Ip

Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Risadinha 4; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) Guaracava-de-olheiras 8 AS; CA; Ip

Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Guaracava-de-barriga-amarela 1; 4; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) Felipe-de-peito-riscado 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) Enferrujado 1; 7; 8 AS; CA; Ip; So

Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) Princípe 1; 4; 8 AS; CA; Ip; So

Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) Maria-branca 8 AS; CA; Ip

Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823) Noivinha-branca 4 So

Knipolegus lophotes (Boie, 1828) Maria-preta-de-topete 8 AS; CA; Ip

Fluvicola pica (Boddaert, 1783) Lavadeira-de-cara-branca 8 AS; CA; Ip

Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) Lavadeira-mascarada 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Arundinicola leucocephala (Linnaeus, 1764) Freirinha 1; 8 AS; CA; Ip

Colonia colonus (Vieillot, 1818) Maria-viuvinha 1; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Gubernetes yetapa (Vieillot, 1818) Tesoura-do-brejo 1; 8 AS; CA; Ip

Hirundinea ferruginea (Gmelin, 1788) Gibão-de-couro 8 AS; CA; Ip

Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) Suiriri-cavaleiro 1; 5; 8 AS; CA; Ip

Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) Maria-cavaleira 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Myiarchus swainsoni (Cabanis & Heine,

1859)

Irrê 8 AS; CA; Ip

Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) Maria-cavaleira-de-rabo-

enferrujado

7 SaP; So

Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Bem-te-vi 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) Bem-te-vi-de-bico-chato 1; 4; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Myiozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766) Bem-te-vizinho-de-asa-ferruginea 1; 8 AS; CA; Ip

Myiodynastes maculatus (Statius Muller,

1776)

Bem-te-vi-rajado 1; 4; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Myiozetetes similis (Spix, 1825) Bentevizinho-de-penacho-

vermelho

6 PF

Empidonomus varius (Vieillot, 1818) Peitica 8 AS; CA; Ip

Tyrannus savana (Vieillot, 1808) Tesourinha 1; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819) Suiriri 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) Alegrinho 6 PF

Rhynchocyclidae Berlepsch, 1907 (Incertae sedis)

Mionectes rufiventris (Cabanis, 1846) Abre-asa-de-cabeça-cinza 8 AS; CA; Ip

Leptopogon amaurocephalus (Tschudi, 1846) Cabeçudo 8 AS; CA; Ip

Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831) Teque-teque 1; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) Ferreirinho-relógio 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846) Tororó 8 AS; CA; Ip

Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Bico-chato-de-orelha-preta 1; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Tyrannoidea Vigors, 1825 (Incertae sedis)

Platyrinchus mystaceus (Vieillot, 1818) Patinho 1; 8 AS; CA; Ip

Tityridae Gray, 1840

Pachyramphus rufus (Boddaert, 1783) Caneleiro-cinzento 1; 8 AS; CA; Ip

Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823) Caneleiro-de-chapéu-preto 8 AS; CA; Ip

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Tityra cayana (Linnaeus, 1766) Anambé-branco-de-rabo-preto 8 AS; CA; Ip

Tityra inquisitor (Lichtenstein, 1823) Anambé-de-bochecha-parda 1; 8 AS; CA; Ip

Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) Caneleiro-preto 1 AS; CA; Ip

Pipridae Rafinesque, 1815

Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) Tangará-dançarino 1; 8 AS; CA; Ip

Contigidae Bonaparte, 1849

Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) Araponga 1; 8 AS; CA; Ip

Hirundinidae Rafinesque, 1815

Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817) Andorinha-de-sobre-branco 1; 8 AS; CA; Ip

Progne tapera (Vieillot, 1817) Andorinha-do-campo 1; 5; 8 AS; CA; Ip

Progne chalybea (Gmelin, 1789) Andorinha-doméstica-grande 1; 8 AS; CA; Ip

Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) Andorinha-pequena-de-casa 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) Andorinha-serradora 1; 4; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Hirundo rustica (Linnaeus, 1758) Andorinha-de-bando 4 So

Troglodytidae Swainson, 1831

Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766) Japacanim 1; 8 AS; CA; Ip

Troglodytes musculus (Naumann, 1823) Corruíra 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Turdidae Rafinesque, 1815

Turdus rufiventris (Vieillot, 1818) Sabiá-laranjeira 1; 8 AS; CA; Ip

Turdus leucomelas (Vieillot, 1818) Sabiá-barranqueiro 1; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850) Sabiá-poca 1; 4; 5; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Turdus albicollis (Vieillot, 1818) Sabiá-coleira 1; 8 AS; CA; Ip

Turdus flavipes (Vieillot, 1818) Sabiá-una 4 So

Mimidae Bonaparte, 1853

Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) Arrebita-rabo 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Motacillidae Horsfield, 1821

Anthus lutescens (Pucheran, 1855) Caminheiro-zumbidor 1; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Coerebidae d'Orbigny & Lafresnaye, 1838

Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Cambacica 1; 4; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF; So

Vireonidae Swainson, 1837

Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Pitiguari 1; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) Juruvuara-oliva 1; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Emberizidae Vigors, 1825

Coryphaspiza melanotis (Temminck, 1822) Tico-tico-de-mascará-negra 3 AS; CA; Ip

Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) Tico-tico-do-campo 1; 4; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Tiziu 1; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) Bigodinho 1; 8 AS; CA; Ip

Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) Coleirinho 1; 5; 8 AS; CA; Ip

Sicalis citrina (Pelzeln, 1870) Canário-rasteiro 7 SaP; So

Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817) Canário-do-campo 7 SaP; So

Zonotrichia capensis Tico-tico 1; 4; 5; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) Canário-da-terra-verdadeiro 5 So

Parulidae

Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) Mariquita 1; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) Pia-cobra 1; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Basileuterus flaveolus (Baird, 1865) Canário-do-mato 1; 8 AS; CA; Ip

Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) Pula-pula-coroado 1; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) Pula-pula-assobiador 1; 4; 8 AS; CA; Ip; So

Basileuterus hypoleucus (Bonaparte, 1830) Pula-pula-de-barriga-branca 7 SaP; So

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Cardinalidae Ridgway, 1901

Habia rubica (Vieillot, 1817) Tiê-do-mato-grosso 4; 8 AS; CA; Ip; So

Piranga flava (Vieillot, 1822) Sanhaço-de-fogo 8 AS; CA; Ip

Cyanoloxia brissonii (Lichtenstein, 1823) Azulão 1; 4; 8 AS; CA; Ip; So

Thraupidae Cabanis, 1847

Nemosia pileata (Boddaert, 1783) Saíra-de-chapéu-preto 6 PF

Ramphocelus carbo (Pallas, 1764) Pipira-vermelha 6 PF

Tersina viridis (Illiger, 1811) Saí-andorinha 7 SaP; So

Pyrrhocoma ruficeps (Strickland, 1844) Cabecinha-castanha 1; 8 AS; CA; Ip

Thlypopsis sordida (d'Orbigny & Lafresnaye,

1837)

Saí-canário 8; 6 AS; CA; Ip; PF

Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) Tiê-preto 1; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Lanio melanops (Vieillot, 1818) Tiê-de-topete 8 AS; CA; Ip

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) Sanhaçu-cinzento 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Tangara palmarum (Wied, 1823) Sanhaço-do-coqueiro 1; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Sanhaço-cara-suja 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Saí-azul 1; 4; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Conirostrum speciosum (Temminck, 1824) Figuinha-de-rabo-castanha 1; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

Neothraupis fasciata (Lichtenstein, 1823) Cigarra-do-campo 4 So

Lanio cucullatus (Statius Muller, 1776) Tico-tico-rei 1; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Saltator similis (d'Orbigny & Lafresnaye,

1837)

Trinca-ferro 1; 8 AS; CA; Ip

Icteridae Vigors, 1825

Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) Garibaldi 1; 5; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Sturnella militaris (Linnaeus, 1758) Polícia-inglesa-do-norte 1; 8 AS; CA; Ip

Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819) Chopim-do-brejo 1; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) Chopim, Vira-bosta 1; 4; 5; 8 AS; CA; Ip; So

Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) Inhapim 6 PF

Fringillidae Leach, 1820

Sporagra magellanica (Vieillot, 1805) Pintassilgo 1; 4; 7; 8 AS; CA; Ip; SaP; So

Euphonia cyanocephala (Vieillot, 1818) Gaturamo-rei 4; 8 So

Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Gaturamo-fifi 1; 4; 5; 6; 7; 8 AS; CA; Ip; PF; SaP; So

Passeridae Rafinesque, 1815

Passer domesticus (Linnaeus, 1758) Pardal 1; 4; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF; So

Estrildidae Bonaparte, 1850

Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) Bico-de-lacre 1; 5; 6; 8 AS; CA; Ip; PF

O número de espécies coincidentes listadas tanto no levantamento de

Natterer como na lista atual, é de 114 aves. Portanto, 123 espécies encontradas

atualmente não foram registradas pelo naturalista e 221 espécies registradas por

ele, não estão mais presentes na área atualmente, segundo as pesquisas incluídas

como base para este estudo. Dentre estas, 34 estão listadas como ameaçada de

extinção para o estado de São Paulo, sendo 14 classificadas como Criticamente

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Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 87-104, jun. 2012.

100

em Perigo (CR), 4 Em Perigo (EN), 6 Vulneráveis (VU), 8 Quase Ameaçadas (NT)

e 2 com Dados Insuficientes (DD) para serem enquadradas em alguma categoria

de ameaça (Tabela 2).

Tabela 2 – Lista das espécies registradas por Johann von Natterer não mais registradas atualmente e com

algum grau de ameaça no estado de São Paulo.

Nome do Táxon Nome Vulgar Estado de Conservação

Tinamiformes Huxley, 1872

Tinamidae Gray, 1840

Tinamus solitarius (Vieillot, 1819) Macuco Vulnerável

Ciconiiformes Bonaparte, 1854

Ardeidae Leach, 1820

Pilherodius pileatus (Boddaert, 1783) Garça-real Vulnerável

Anseriformes Linnaeus, 1758

Anhimidae Stejneger, 1885

Anhima cornuta (Linnaeus, 1766) Anhuma Criticamente em Perigo Anatidae Leach, 1820

Nomonyx dominica (Linnaeus, 1766) Marreca-de-bico-roxo Quase Ameaçada

Falconiformes Bonaparte, 1831

Accipitridae Vigors, 1824

Leptodon cayanensis (Latham, 1790) Gavião-de-cabeça-cinza Quase Ameaçada Spizaetus melanoleucus (Vieillot, 1816) Gavião-pato Vulnerável Spizaetus tyrannus (Wied, 1820) Gavião-pega-macaco Criticamente em Perigo Spizaetus ornatus (Daudin, 1800) Gavião-de-penacho Criticamente em Perigo

Falconidae Leach, 1820

Ibycter americanus (Boddaert, 1783) Gralhão Criticamente em Perigo

Charadriiformes Huxley, 1867

Charadriidae Leach, 1820

Pluvialis dominica (Statius Muller, 1776) Batuiruçu Quase Ameaçada

Scolopacidae Rafinesque, 1815

Tryngites subruficollis (Vieillot, 1819) Maçarico-acanelado Dados Insuficientes Numenius borealis (Forster, 1772) Maçarico-esquimó Criticamente em Perigo

Sternidae Vigors, 1825

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Sternula superciliaris (Vieillot, 1819) Trinta-réis-anão Vulnerável

Columbiformes Latham, 1790

Columbidae Leach, 1820

Claravis geoffroyi (Temminck, 1811) Pararu-espelho Criticamente em Perigo Geotrygon violacea (Temminck, 1809) Juriti-vermelha Em Perigo

Psittaciformes Wagler, 1830

Psittacidae Rafinesque, 1815

Amazona vinacea (Kuhl, 1820) Papagaio-de-peito-roxo Em Perigo

Cuculiformes Wagler, 1830

Cuculidae Leach, 1820

Dromococcyx phasianellus (Spix, 1824) Peixe-frito-verdadeiro Criticamente em Perigo

Caprimulgiformes Ridgway, 1881

Caprimulgidae Vigors, 1825

Antrostomus sericocaudatus (Cassin, 1849) Bacurau-rabo-de-seda Criticamente em Perigo Hydropsalis forcipata (Nitzsch, 1840) Bacurau-tesoura-gigante Quase Ameaçada Hydropsalis anomala (Gould, 1838) Curiango-do-banhado Criticamente em Perigo

Apodiformes Peters, 1940

Apodidae Olphe-Galliard, 1887

Cypseloides senex (Temminck, 1826) Taperuçu-velho Quase Ameçada Cypseloides fumigatus (Streubel, 1848) Taperuçu-preto Dados Insuficientes

Trochilidae Vigors, 1825

Lophornis magnificus (Vieillot, 1817) Topetinho-vermelho Vulnerável Heliothryx auritus (Gmelin, 1788) Beija-flor-de-bochecha-azul Quase Ameçada

Galbuliformes Fürbringer, 1888

Galbulidae Vigors, 1825

Jacamaralcyon tridactyla (Vieillot, 1817) Cuitelão Criticamente em Perigo Bucconidae Horsfield, 1821

Nonnula rubecula (Spix, 1824) Macuru Vulnerável

Piciformes Meyer & Wolf, 1810

Ramphastidae Vigors, 1825

Pteroglossus aracari (Linnaeus, 1758) Araçari-de-bico-branco Criticamente em Perigo Picidae Leach, 1820

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102

Dryocopus galeatus (Temminck, 1822) Pica-pau-de-cara-canela Em Perigo Campephilus robustus (Lichtenstein, 1818) Pica-pau-rei Quase Ameaçada

Passeriformes Linné, 1758

Thamnophilidae Swainson, 1824

Biatas nigropectus (Lafresnaye, 1850) Papo-branco Em Perigo Drymophila genei (Filippi, 1847) Choquinha-da-serra Quase Ameaçada

Scleruridae Swainson, 1827

Geositta poeciloptera (Wied, 1830) Andarilho Criticamente em Perigo Tyrannidae Vigors, 1825

Culicivora caudacuta (Vieillot, 1818) Papa-moscas-do-campo Criticamente em Perigo Alectrurus tricolor (Vieillot, 1816) Galito Criticamente em Perigo

Discussão

Através da listagem das espécies que habitam uma determinada região, é

possível estabelecer uma relação entre a presença ou ausência destas espécies,

em diferentes épocas, com o seu estado de conservação. Das 335 espécies

registradas por Natterer, apenas 114 foram registradas para a região

atualmente. Isto resulta em 221 espécies que só foram registradas pelo

naturalista (desconsiderando algumas poucas espécies que tenham sido

registradas apenas nos trabalhos atuais e algumas divergências na nomenclatura

utilizada por Natterer).

É possível estabelecer uma relação entre a ausência do registro destas

espécies na atualidade com o seu status de ameaça. Pode-se inferir que 34

espécies registradas no passado estão localmente extintas já foram extintas na

região estudada. Estas são classificadas como com algum grau de ameaça, na

lista de espécies ameaçadas de extinção para o estado de São Paulo (BRESSAN,

et al. 2009).

Assim, é possível caracterizar o estado atual da avifauna da região de

Sorocaba e vizinhanças, como bastante empobrecida.

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103

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OLIVEIRA, E. M. Ecologia trófica das aves do campus da UFSCAR

Sorocaba. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) -

Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2010.

Page 104: Revista Intertox - Revinter - Volume 5 Número 2 Junho de 2012 - São Paulo

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104

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105

Levantamento Secundário do Estado

Atual da Mastofauna na Região de

Sorocaba, SP.

Bruno Assanuma Burstin

Possui graduação em Bacharelado em Ciências Biológicas pela

Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atualmente é assessor técnico

do Instituto Inteligência para Sustentabilidade – I2S, atuando

principalmente nos seguintes temas: Monitoramento biológico de

ambientes terrestres e aquáticos com ênfase em mastofauna e

qualidade da água.

E-mail: [email protected]

Maurea Nicoletti Flynn

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado

do Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em Oceanografia Biológica

pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em ecologia aplicada

e experimental pelo programa recém doutor do CNPq, Universidade

de São Paulo. Foi coordenador do Curso de Engenharia Ambiental das

Faculdades Oswaldo Cruz e Coordenadora de Pesquisas na Escola

Superior de Química das Faculdades Oswaldo Cruz. Professor adjunto

do curso de graduação em Ciências Biológicas e de pós-graduação em

Biodiversidade da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem

experiência nas áreas de Ecologia Bêntica, Ecologia Experimental,

Dinâmica Populacional e Biodiversidade.

E-mail: [email protected]

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106

Resumo

Os mamíferos, em geral, apresentam grande diversidade morfológica e

comportamental, sendo um representante ecológico de grande importância, tendo

estreitas relações e interações com outras espécies e com o ambiente que habitam.

Estudos da área da ecologia tem sido a principal ferramenta para a conservação dos

ecossistemas naturais remanescentes. Para preservar uma área é importante

conhecer as espécies que nela habitam. Neste sentido, o levantamento de dados

sobre a ocorrência e abundância de espécies além do grau da vulnerabilidade tem

sido essenciais ao se traçar estratégias em relação à escolha de áreas e à indicação

de ações prioritárias para a conservação dos mamíferos. Embora o número de

estudos e consequentemente o conhecimento sobre a mastofauna tenha aumentado,

as informações relativas às suas distribuições ainda é considerado deficitária. Neste

sentido, alguns autores vêm incentivando a realização de inventários faunísticos

que consigam estabelecer os registros de ocorrência para uma determinada região

especifica, para que se construa um patrimônio de informações pertinente à

preservação conjunta da mastofauna do estado. Portanto, este trabalho objetivou-se

em atualizar a listagem de espécies de mamíferos que ocorrem principalmente na

região da Grande Sorocaba, com referência as que ocorrem na Unidade de

Gerenciamento de Recursos Hídricos do Médio-Tietê/Sorocaba (UGRHI 10), através

de dados secundários levantados em referenciais bibliográficos. Os esforços deste

trabalho levantaram uma lista com 71 táxons de mamíferos para a região. Dessas, a

Panthera onça está classificada como criticamente em perigo (CR), o mico-leão-

preto, Leontopithecus chrysopygus, em perigo (EN) e outras seis espécies como

vulneráveis (VU).

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107

Palavras-chave: mastofauna, levantamento secundário, região de Sorocaba, Bacia

Médio-Tiête/ Sorocaba

Abstract

Mammals present great morphological and behavior diversity as well as an

ecological representation of great importance, having strict relations and

interactions with other species and its habitat. Ecological studies have been the

primary tool for the conservation of remaining natural ecosystems. It is important

to build knowledge on the habitant species in order to preserve a specific location.

To this effect, surveying of data on the occurrence and abundance frequency, in

addition to the vulnerability status, are essential when it comes to outlining

strategies when choosing and indicating proprietary actions for the conservation of

mammals. Despite the recent increase on the number of studies and knowledge on

the mastofauna, information relative to its distribution is still considered deficient.

Therefore, some authors are encouraging the realization of wildlife inventories that

are able to establish the occurrence records for a particular specific region, as well

as a patrimony on information relevant to the preservation of the state mastofauna.

Hence, the objective of this was to update the list of mammals species that occur

mainly in the Greater Sorocaba region, with reference to occurrences in the Water

Resources Management Unit of the Médio-Tiête/Sorocaba (UGRHI 10), using

secondary data raised in bibliographical references research. The efforts applied in

this study have raised a list of 71 taxa of mammals for this region. Included in this

list, Panthera onça is classified as critically endangered (CR), the black-lion-

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108

tamarin, Leontopithecus chrysonpygus, endangered (EN) and six other species as

vulnerable (VU).

Key-words: mastofauna, secondary survey, Médio-Tiête/ Sorocaba, Sorocaba region.

Introdução

Atualmente, existem poucas listas regionais sobre riqueza de mamíferos

associadas a limites políticos (VIVO et al., 2010). Uma amostragem sistemática de

todas as regiões do estado, abrangendo os diferentes grupos de mamíferos,

contribuiria para um maior e mais equilibrado sobre o atual estado da fauna do

Estado de São Paulo (COSTA et al., 2005).

Para preservar uma área é importante conhecer as espécies que nela ocorrem,

de modo que é importante que mais inventários sejam incentivados e realizados

(COSTA et al. 2005). Portanto, tornam-se validos os esforços em identificar os

registros de ocorrências, com o objetivo de evidenciar a distribuição desses

mamíferos, para uma determinada área específica, embora comumente ainda exista

alguma dificuldade com o estabelecimento do registro em relação à localidade de

ocorrência.

Porém, é importante frisar a dificuldade de se organizar essa lista, localidade-

específica, devido a essa escassez de acompanhamentos periódicos comprometendo a

validade de alguns dados encontrados na atual literatura.

De um modo geral, as maiores ameaças para a conservação dos mamíferos

são o desmatamento e a caça. As consequências diretas do desmatamento são a

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perda de habitat que causa o desaparecimento local e consequente diminuição das

populações de espécies, e a fragmentação com isolamento das áreas remanescentes.

Esta por sua vez, cria uma barreira ecológica, impedindo os animais de se

locomoverem entre áreas e consequentemente separando-os de seus recursos

necessários para sobrevivência (KIERULFF et al., 2008).

O Estado de São Paulo, apesar do histórico de intensa degradação, mesmo

que dividido em fragmentos vegetacionais significativos remanescentes de sua flora

original, conta ainda com 13,94% do total de seu território de seus ecossistemas

naturais. Dá-se maior importância aos ecótonos que incluam vegetação

remanescente de Mata Atlântica (floresta ombrófila densa, florestra ombrófila mista

e florestas estacionais) e de Cerrado (cerrado stricto sensu, cerradão, campos e

veredas), pois estão incluídos na lista dos hotspots (áreas excepcionalmente ricas em

diversidade de espécies e endemismos, porém seriamente ameaçadas) mundiais de

diversidade (KIERULFF et al., 2008).

Para a conservação de grandes mamíferos terrestres são necessárias grandes

extensões de habitats preservados que abriguem populações viáveis, ou seja,

capazes de sobreviverem por um longo prazo (KIERULFF et al., 2008). Para áreas

onde existe grande fragmentação de hábitat, como ocorre hoje no estado de São

Paulo, é extremamente dificultoso relacionar, por exemplo, táxons de morcegos que

apresentam grande abundância e diversidade no estado, porém tem poucos registros

especificamente para esta região. Em relação aos pequenos mamíferos, a escassez de

conhecimento cientifico básico, principalmente de taxonomia, sistemática,

distribuição e historia natural é a maior barreira enfrentada por pesquisadores, que

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durante coletas de campo deparam-se com a dificuldade em localizar populações de

táxons específicos e na identificação de espécimes (COSTA et al., 2005).

A fauna de mamíferos do Estado de São Paulo é formada por diversas frações

de outras mastofaunas distintas do Brasil. Por isso, não apresenta uma distribuição

uniforme e ainda evidencia a existência do fenômeno de encontro e superposição

parcial dessas faunas distintas (VIVO et al., 1996).

O presente trabalho teve como objetivo atualizar a listagem de espécies da

mastofauna que ocorrem principalmente na região da Grande Sorocaba, com

referência as que ocorrem na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do

Médio-Tietê/Sorocaba (UGRHI 10), através de dados secundários levantados em

referenciais bibliográficos.

Metodologia

Os esforços em busca do levantamento de dados foram feitos estritamente

sobre a região da Grande Sorocaba, que está inserida na sub-bacia do Médio-

Tietê/Sorocaba. Foram englobados os municípios de Boituva, Capela do Alto, Iperó,

Porto Feliz, Araçoiaba da Serra, Sorocaba, Salto de Pirapora, Votorantim, Alumínio,

Mairinque e Itu. Além disso, levou-se em consideração ocorrências na UGRHI 10.

Este levantamento de dados secundários está baseado em RIMA/CTMSP,

1991; Oliveira 2002; Gregorin, et al., 2004; Garavello et al., 2006; Gregorin et al.,

2008; Messias et al., 2009; Tocchet, 2009; e na base de dados do Programa

Sinbiota/FAPESP, acessado em 2012. Todas as espécies relatadas neste trabalho

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111

foram comparadas com o trabalho elaborado por Vivo et al. 2010, Checklist de

Mamíferos do Estado de São Paulo, Brasil do programa Biota Neotropica da Biota

Fapesp. Este Checklist aponta que todos os registros apresentados por ele são

decorrentes de espécimes-testemunho presentes em acervos, em especial na coleção

de mamíferos do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP).

Aspectos sobre a biologia das espécies foram retirados de bibliografias específicas e

quando não especificadas no texto, foram resgatadas de Achaval et al. (2007) e de

Oliveira e Cassaro (2006), no que se refere aos felinos.

As espécies relatadas foram analisadas quanto ao grau de vulnerabilidade e

risco de extinção com o auxílio do Livro de Fauna Ameaçada de Extinção no Estado

de São Paulo, volume Vertebrados, 2009. Também foi utilizado o Atlas da Fauna

Brasileira Ameaçada de Extinção em Unidade de Conservação Federais elaborado

pelo ICMBio, 2011.

A lista referente ao levantamento de dados secundários considerou, além das

espécies nativas, as espécies consideradas introduzidas provenientes de outras

partes do Brasil, termo denominado como alótone.

Resultados

A lista elaborada com dados secundários apresenta 71 táxons de mamíferos

(Quadro 1). Este número ainda é uma estimativa da real diversidade presente na

região, devido à falta de amostragens e estudos específicos para a área, além das

divergências sobe algumas revisões sistemáticas para determinados grupos.

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Artigo Original

BURSTIN, Bruno Assanu; FLYNN, Maurea Nicoletti. LEVANTAMENTO SECUNDÁRIO DO ESTADO ATUAL

DA MASTOFAUNA NA REGIÃO DE SOROCABA, SP. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco

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112

Quadro 1. Ordens, famílias e espécies representativas de mastofauna. Fontes: 1.RIMA/ CTMSP

(1991) ; 2.Oliveira et al. (2002) ; 3.Gregorin (2004) ; 4.Garavello (2006) ; 5.Gregorin (2008) ; 6.

Bressan (2009) ; 7.Messias (2009) ; 8.Tocchet (2009) ; 9.Vivo et al. (2010) ; 10.AFBAE UCF (ICMBio)

(2011) ; 11.Sinbiota Fapesp (acesso 2012).

Local: AS= Araçoiaba da Serra ; CA= Capela do Alto ; Ip= Iperó ; It= Itu ; Ta= Tatuí ; SaP= Salto de

Pirapora ; So=Sorocaba ; Vo= Votorantim.Risco: CR= Criticamente em Perigo; EN= Em perigo ;

VU=Vulnerável ; NT= Quase ameaçado ; LC=De menor risco ; DD=Dados Deficientes

ORDEM, Familia, Espécie Nome Vulgar Fonte Local Risco

ARTIODACTYLA

Cervidae

Mazama gouazoubira Veado catingueiro 2, 4, 11 AS, CA, Ip, Ta LC

Tayassuidae

Tayassu tajacu Catitu 1 AS, CA, Ip

CARNIVORA

Canidae

Cerdocyon thous Cachorro-do-mato 2 AS, CA, Ip LC

Cerdocyon thous azarae Cachorro-do-mato 4 AS, CA, Ip

Chrysocyon brachyurus Lobo-guará 11 Ip VU

Dusicyon vetulus Raposinha-do-campo 11 Ta

Felidae

Felis catus Gato 11 So

Felis sp. Gato-do-mato 1, 2, 4 AS, CA, Ip

Leopardus pardalis Jaguatirica 6, 11 AS, CA, Ip VU

Leopardus tigrinus Gato-macambira, Pintadinho 6, 10 AS, CA, Ip VU (A4e)

Panthera onça Onça 1 AS, CA, Ip CR (A4bc)

Puma concolor Puma , Onça-parda, Suçuarana 2 AS, CA, Ip VU (A3b)

Puma yagouaroundi Jaguarundi; Gato-mourisco 2 AS, CA, Ip LC

Mustelidae

Eira barbara Irara; Papa-mel 2 AS, CA, Ip LC

Galictis cuja Furão 2 AS, CA, Ip DD

Lontra longicaudis Lontra

1, 2, 4,

11 AS, CA, Ip NT

Procyonidae

Nasua Nasua Quati 1, 2, 4 AS, CA, Ip LC

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Procyon cancrivorous Quaxinim 1, 4, 11 AS, CA, Ip

CHIROPTERA

Phyllostomidae

Anoura caudifer Morcego (beija-flor) 1, 11 AS, CA, Ip , So LC

Anoura sp.

11 So

Carollia perspicillata Morcego (fruteiro-comum) 1, 11 AS, CA, Ip , So LC

Desmodus rotundus Morcego-vampiro 1 AS, CA, Ip LC

Glossophaga soricina Morcego (beija-flor) 11 So LC

Micronycteris megalotis Morcego 11 So

LC/endemica

SP

Mimon bennetti Morcego 5 AS, CA, Ip, SaP

LC/endemica

SP

Sturnira lilium Morcego 1 AS, CA, Ip LC

Molossodae

Molossops neglectus Morcego 3 It DD

Molossops temminckii Morcego 11 It DD

Vespertilionidae

Myotis nigricans Morcego 1 AS, CA, Ip LC

DIDELPHIMORPHIA

Didelphis

Didelphis albiventris Gambá-de-orelha-branca , Saruê 2, 8, 11

AS, CA, Ip, SaP,

Vo LC

Didelphis aurita Gambá-de-orelha-preta 2, 8 AS, CA, Ip LC

Didelphis azarae Gambá, Mucura 4 AS, CA, Ip

Gracilinanus microtarsus Cuíca 8 AS, CA, Ip LC

Monodelphis americana

Cuíca-de-três-listras, Guaxica ,

Catita 8 AS, CA, Ip NT

Monodelphis kunsi Catita 8 AS, CA, Ip LC

Monodelphis scalops Catita, Guaxica 8 AS, CA, Ip NT

Thylamys velutinus Catita 6 AS, CA, Ip

VU (B1;

B2abiii)

EDENTATA

Dasypodidae

Cabassous unicinctus Tatu-de-rabo-mole 2, 7 AS, CA, Ip

Dasypus novemcinctus Tatu-galinha 1, 2, 4 AS, CA, Ip LC

Dasypus septemcinctus Tatu-mulita; Tatuí 2,4 AS, CA, Ip LC

Euphractus sexcintus Tatu-verdadeiro, tatu-peba 1 AS, CA, Ip

Mymercophagidae

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Tamandua tetradactyla Tamanduá-mírim 1,2 AS, CA, Ip LC

LAGOMORPHA

Leporidae

Sylvilagus brasiliensis Tapeti 2, 4 AS, CA, Ip LC

PRIMATA

Callithricidae

Callithrix jacchus Sagui-de-tufo-branco 1 AS, CA, Ip alótone

Callithrix penicillata Sagui-de-tufo-preto 7 AS, CA, Ip LC

Leontopithecus

chrysopygus Mico-leão-preto 9 AS, CA, Ip

EN/endemica

SP

Cebidae

Alouatta sp. Guariba, Bugio 1 AS, CA, Ip

Cebus apella Macaco-prego 1, 2 AS, CA, Ip

RODENTIA

Agoutidae

Agouti paca Paca 1, 2, 4 AS, CA, Ip

Caviidae

Cavia aperea Préa 1, 4 AS, CA, Ip LC

Cricetidae

Akodon montensis Rato-do-mato 8 AS, CA, Ip LC

Bibimys labiosus Rato-do-mato 8 AS, CA, Ip LC

Calomys callosus Rato 11 SaP

Calomys laucha Rato 11 SaP

Calomys tener Rato-do-campo, rato-da-água 8 AS, CA, Ip LC

Necromys lasiurus Rato-do-mato, pixuna 8, 11 AS, CA, Ip, Sap LC

Nectomys squamipes Rato-dágua 11 SaP LC

Oligoryzomys flavescens Rato-silvestre 8 AS, CA, Ip LC

Oligoryzomys nigripes Ratinho-do-arroz 8 AS, CA, Ip LC

Oryzomys nitidus Rato-do-mato 11 SaP

Oxymycterus rufus Rato-silvestre 11 SaP

Thaptomys nigrita rato-do-mato 11 SaP VU

Echimyidae

Euryzygomatomys spinosus Rato 11 SaP

Erethizontidae

Coendou phehensilis Ouriço-cacheiro 4 AS, CA, Ip

Sphiggurus villosus Ouriço-cacheiro 2 AS, CA, Ip LC

Hydrochaeridae

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115

Hydrochaeris hydrochaeris Capivara

1, 2, 4,

11 AS, CA, Ip, It

Muridae

Mus musculus Camundongo 11 SaP alótone

Rattus norvegicus Ratazana 11 SaP alótone

Rattus rattus Rato-preto 11 SaP alótone

Myocastoridae

Myocastor coypus Ratão-do-banhado 2 AS, CA, Ip alótone

Sciuridae

Sciurus ingrami Serelepe / esquilo / caxinguelê 1, 7 AS, CA, Ip

Foram encontrados registros de 8 espécies de marsupiais. Dá-se um enfoque

maior sobre Thylamys velutinus (Wagner, 1842), espécie de catita recentemente

classificada com o status de vulnerável (VU) devido à fragmentação de seu habitat,

diminuindo a extensão de ocorrência e a sua área de ocupação, apresentando

distribuição restrita. Outras duas espécies deste grupo aparecem classificadas como

táxons quase ameaçados (NT), Monodelphis scalops (Thomas, 1888) e Monodelphis

americana (Müller, 1776). Enquanto isso, Didelphis albiventris, D. aurita e

Gracilinanus microtarsus apresentam ampla distribuição (BRESSAN, et al. 2009;

VIVO et al., 2010).

Para mamíferos terrestres de médio e grande porte foram encontrados

registros de 28 espécies, distribuídos em: 2 da família Artiodactyla, 16 Carnivora, 5

Edentata, 1 Largomorpha e 5 Primatas. Entre eles, é importante frisar o

endemismo do mico-leão-preto, Leontopithecus chrysopygus (Mikan, 1823), e que

está classificado como espécie em perigo de extinção (EN). A Panthera onça

(Linnaeus, 1758) está classificada como criticamente em perigo (CR) tendo sido

constatado uma redução na população e distribuição geográfica consequências da

fragmentação de habitat que leva a um declínio populacional. Outras espécies

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apresentam um grau elevado de vulnerabilidade; lobo-guará Chrysocyon brachyurus

(Illiger, 1815), Jaguatirica Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758), gato-macambira

Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) e suçuarana ou onça-pintada Panthera concolor

(Linnaeus, 1771). A lontra Lontra longicaudis (Olfers, 1818) está avaliada como

quase ameaçada (NT), ou seja, está em vias de entrar para em uma das categorias

acima num futuro breve. Já o sagui Callithrix jacchus (Linnaeus, 17580) é descrito

como espécie alótona, originalmente nativo do nordeste do Brasil, introduzida nesta

região, soltos em florestas ocupadas por Callithrix penicillata (Geoffroy, 1812),

ameaçando a conservação da espécie nativa desta região (OLIVEIRA, 2002;

BRESSAN, et al. 2009; MESSIAS et al., 2009; VIVO et al., 2010).

O levantamento registrou um total de 11 táxons de quirópteros. Destacam-se

duas espécies endêmicas do Estado de São Paulo, Mycronycteris megalotis (Gray,

1842) e Mimon bennetti (Gray, 1838) (GREGORIN et al. 2004; GREGORIN et al.,

2008).

Quanto aos roedores, mamíferos de pequeno porte, 23 táxons foram

levantados. Apenas um táxon, é classificado como vulnerável (VU), Thaptomys

nigrita (Lichtenstein, 1830). Porém, quatro das espécies registradas são

classificadas como exóticas, da família Muridae; Mus musculus (Linnaeus, 1766),

Rattus norvegicus (Berkenhout, 1769) e Rattus rattus (Linnaeus, 1758), e da família

Myocastoridae o Myocastor coypus (Molina, 1872) ( BRESSAN, et al. 2009; VIVO et

al., 2010).

Segundo Vivo et. al 2010, a mastofauna pode ser dividida em três conjuntos

relativos ao hábitat. O primeiro e mais importante conjunto, classificado como

generalistas, apresenta espécies com ocorrência nas principais paisagens do estado,

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117

sendo formado basicamente por quase todos os carnívoros terrestres, quase todos os

morcegos e muitos roedores. Estão inclusos nessa lista, entre as espécies levantadas

neste trabalho, os felídeos Panthera onça (onça-pintada), Puma concolor

(suçuarana), Leopardus pardalis (jaguatirica), Procyon cancrivorous (mão-pelada), e

os tatus dos gêneros Dasypus e Cabassous. O segundo conjunto agrupa espécies

presentes em formações de vegetação abertas, tais como o tatu-peba Euphractus

sexcinctus, o canídeo Chrysocyon brachyurus (lobo-guará) e roedores do gênero

Calomys. O terceiro conjunto inclui espécies essencialmente florestais, tais como

todos os primatas, os marsupiais e roedores equimídeos. Ainda é possível subdividir

este ultimo conjunto entre habitantes de florestas perenifólias e semi-caducifólias,

os que habitam somente florestas ombrófilas densas e um terceiro componente

florestal associado às florestas caducifólias do interior. Entretanto, das espécies que

habitam exclusivamente os componentes florestais, não há consentimento sobre os

táxons, provavelmente devido a pequena quantidade de remanescentes florestais da

região.

Neste levantamento obtivemos uma diversidade relativamente alta para um

ambiente altamente degradado, com exceção à área da FLONA Ipanema. O

levantamento apresentou 71 diferentes táxons para esta área sendo que, para todo

estado de São Paulo atualmente há 231 espécies registradas (VIVO et al. 2010), ou

seja, quase 1/3 (30.73%) dos mamíferos do estado podem ser encontrados naquela

região. Foram listadas 11 espécies ameaçadas de extinção, aproximadamente 15%

do total levantado.

Discussão

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118

O presente trabalho que contou com um levantamento bibliográfico dos

registros da fauna na região da Grande Sorocaba apontou que a mastofauna

presente nesta região possui relação com elementos subtropicais e centrais do

Brasil, dada sua ampla capacidade de locomoção. Porém, o planalto Paulista possui

uma situação vigente bastante peculiar graças aos mosaicos vegetacionais que

incluem manchas de cerrado próximas às florestas semi-decícuas, o que torna a

delimitação dos componentes faunísticos mais difíceis, dado o fato de que a fauna de

mamíferos possui estreita relação com os diferentes tipos de vegetação (VIVO, 1996

; VIVO 1998).

Descrevendo sucintamente os hábitos de alguns mamíferos, entre os animais

que habitam nas florestas semidecíduas estacionárias, o lobo-guará é um animal

muito ágil, de hábito solitário e ativo nos períodos noturno e crepuscular. É uma

espécie onívora alimentando-se de insetos, anuros, lagartos, ofídeos e seus ovos,

roedores e se aproveitando ainda de raízes de frutos. A lontra é um animal semi-

aquático, que habita as margens de rios, banhados e lagoas, fazendo tocas em

barrancos, apresentando tanto atividade diurna quanto noturna, alimentando-se de

peixes, anfíbios, moluscos, aves aquáticas e roedores. O procionídeo mão-pelada,

arborícola de hábito onívoro, forma seus abrigos em ramos de arvores, com atividade

noturna e crepuscular, alimentando-se de pequenos roedores, aves, ofídeos, anfíbios,

peixes, insetos, moluscos, frutas e grãos. O tamanduá, Tamandua tetradactyla, é

descrito como um animal solitário, de atividade diurna, crepusculares e noturnas,

que se refugia contra os predadores em árvores e se alimenta de insetos coloniais e

suas larvas (ACHAVAL et al., 2007).

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119

Entre os predadores, a jaguatirica se alimenta de pequenos roedores a cutias,

tatus e macacos. A suçuarana é caracterizada por ser solitária e com hábitos tanto

noturnos quanto diurnos e se alimenta de uma gama grande de vertebrados da

floresta, desde roedores a animais de pecuária como bezerros e gados domésticos. O

gato-macambira, um felino de menor porte, possui hábitos noturnos e caçam

roedores de pequeno porte, lagartos e aves (OLIVEIRA e CASSARO, 2006).

Por fim, os mamíferos de grande porte habitam grandes áreas, sendo assim,

qualquer fragmentação do hábitat está reduzindo, exercendo grande pressão sobre a

população remanescente, tornando-as inviáveis a médio e longo prazo. Outro grande

problema é a caça que vem sendo combatido desde que a convenção Internacional

sobre Comércio de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Silvestre (CITES) foi

adotada, em 1975 (RODRIGUES et al., 2002). Porém, até hoje está batalha não foi

vencida.

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Biota Neotrop., vol. 11 (1a), 2010.

Page 122: Revista Intertox - Revinter - Volume 5 Número 2 Junho de 2012 - São Paulo

Artigo Original

ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea Nicoletti. Levantamento secundário do estado atual da

herpetofauna na região de Sorocaba, SP. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco

Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 122-134, jun. 2012.

122

Levantamento secundário do estado

atual da herpetofauna na região de

Sorocaba, SP.

Lucas Alegretti

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade

Presbiteriana Mackenzie. Atualmente é assessor técnico do

Instituto Inteligência para Sustentabilidade-I2S, atuando

principalmente nos temas: Pequenas Centrais Hidrelétricas,

Ictiofauna, Herpetofauna, Monitoramento Biológico em

ambientes aquáticos e terrestres.

E-mail: [email protected]

Maurea Nicoletti Flynn

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade

do Estado do Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em

Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo e

pós-doutorado em ecologia aplicada e experimental pelo

programa recém doutor do CNPq, Universidade de São

Paulo. Foi coordenador do Curso de Engenharia Ambiental

das Faculdades Oswaldo Cruz e Coordenadora de Pesquisas

na Escola Superior de Química das Faculdades Oswaldo

Cruz. Professor adjunto do curso de graduação em Ciências

Biológicas e de pós-graduação em Biodiversidade da

Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem experiência nas

áreas de Ecologia Bêntica, Ecologia Experimental, Dinâmica

Populacional e Biodiversidade.

E-mail: [email protected]

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Artigo Original

ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea Nicoletti. Levantamento secundário do estado atual da

herpetofauna na região de Sorocaba, SP. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco

Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 122-134, jun. 2012.

123

Resumo

O objetivo do trabalho foi atualizar, através de levantamento secundário, a

listagem de espécies da herpetofauna que ocorrem na região da Grande

Sorocaba, com referência as ocorrências na Unidade de Gerenciamento de

Recursos Hídricos do Médio-Tiete/Sorocaba (UGRHI 10). Pelo levantamento

dos dados realizado foram encontradas 22 espécies de anfíbios e 53 espécies

de répteis, sendo 7 destas identificadas somente a nível de gênero. Nenhuma

das espécies se encontra em qualquer tipo de vulnerabilidade ou em perigo

de extinção segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de

Extinção e Portaria IBAMA Nº 1.522, de 19 de Dezembro 1989.

Palavras-Chave: herpetofauna, levantamento secundário, região de

Sorocaba, Bacia do Medio-Tiete/Sorocaba.

Abstract

The objective of this paper is to update, through secondary survey, the

listing of herpetofauna species of herpetofauna for Sorocaba and vicinity,

and referring to occurrences in the UGRHI 10 (Médio Tiete/Sorocaba Basin).

By the data survey, it was listed for the region 22 species of amphibians and

53 species of reptiles, 7 only identified till genus. None of the species is in

any type of vulnerability or extinction danger according to the Red Book of

the Threatened Brazilian Fauna and decrete IBAMA Nº 1,522, of 19 of

December 1989.

Key-Words: Herpetofauna, Secondary Survey, Sorocaba Region, Medio-

Tiete/Sorocaba Region.

Introdução

A fauna brasileira de anfíbios conta com 849 espécies descritas, sendo

que destas 821 são Anura, 27 Gymnophiona e 1 Caudata (BÉRNILS, 2009).

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No Estado de São Paulo, são conhecidas 250 espécies de Anuros (ROSSA-

FERES et al., 2008), o que corresponde a aproximadamente 30% das

espécies de anfíbios brasileiras. Os anfíbios são predadores vorazes quando

adultos (principalmente de artrópodes), mas têm diversas formas de

alimentação quando em estágio larval (herbívoros, carnívoros e raspadores)

(BOYER e GRUE, 1994). No caso dos artrópodes, os anfíbios são

importantes mantenedores das populações, inclusive daqueles que são

considerados pragas ao homem.

No grupo de vertebrados terrestres, os anfíbios podem ser utilizados

para o biomonitoramento. São abundantes, de fácil coleta, apresentam

grande número de espécies e tem respostas diversas a substâncias e

alterações ambientais (BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI et al. 2006).

Alguns grupos como as famílias Hilydae e Bufonidae podem ser

considerados como bioindicadores, pois incluem espécies resistentes que

sobrevivem em ambientes modificados e espécies extremamente sensíveis,

em que o oposto ocorre (BOYER e GRUE, 1994; HANOWSKI et al., 2006;

IUCN, 2005). Adicionalmente, podem ser indicadores de acúmulo de

substâncias por ingerir presas contaminadas (BOYER e GRUE, 1994).

No caso dos répteis, segundo o levantamento feito por Rossa-Feres

(2008), o Estado de São Paulo conta com 200 espécies: dois crocodilianos,

sete quelônios, 11 anfisbenídeos, 46 lagartos e 141 serpentes. Isso equivale,

aproximadamente, a 30% da riqueza de espécies de répteis do país, que

soma 708 espécies (BÉRNILS, 2009). As populações de répteis, de uma

maneira geral, são afetadas pela perda e degradação do habitat (GIBBONS

et al., 2000; IUCN, 2005), redução do número de presas, poluição ambiental,

doenças, espécies invasoras, mudanças climáticas e comércio ilegal de

animais silvestres (GIBBONS et al., 2000; O’ SHEA e HALLIDAY, 2002).

Um exemplo disso são as serpentes, pois a grande maioria delas não é

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generalista quanto ao hábito alimentar (O’ SHEA e HALLIDAY, 2002), uma

vez que se alimentam de apenas um ou dois grupos de animais. Portanto, a

redução da quantidade de presas (por razões diversas), por exemplo, pode

determinar um impacto sobre a população de serpentes.

Poucas espécies de répteis são herbívoras, algumas são onívoras e a

maioria é carnívora (O’ SHEA e HALLIDAY, 2002). Serpentes e

crocodilianos são exclusivamente carnívoros, enquanto que em lagartos e

quelônios a dieta pode ser mais variada. Os carnívoros, portanto,

contribuem mais para a manutenção das populações de presas,

principalmente de roedores (MARQUES et al., 2001). Os répteis podem ser

utilizados como bioindicadores de contaminação ambiental, principalmente

as serpentes, pois algumas espécies têm vida longa, exibem diferentes níveis

tróficos e, em muitos casos, estão no topo de cadeias alimentares (BURGER

et al., 2007).

O objetivo do trabalho foi o de atualizar a listagem de espécies da

herpetofauna que ocorrem principalmente na região da Grande Sorocaba,

com referência as que ocorrem na Unidade de Gerenciamento de Recursos

Hídricos do Médio-Tiete/Sorocaba (UGRHI 10).

Material e Métodos

A área de estudo que teve a herpetofauna pesquisada foi a região da

Grande Sorocaba, inserida na sub-bacia do Médio-Sorocaba, e abrangendo os

municípios de: Boituva, Capela do Alto, Iperó, Porto Feliz, Araçoiaba da

Serra, Sorocaba, Salto de Pirapora, Votorantim, Alumínio, Marinque e Itu.

Além disso, levou-se em consideração ocorrências na UGHRI 10.

O levantamento bibliográfico cobriu publicações realizadas desde

1991 (RIMA, CTMSP, 1991), baseando-se a listagem nos autores: RIMA,

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CTMSP, 1991; Franco et. al. 1997; Sawaya e Sazima 2003; Canedo et. al.

2004; Ferrarezzi et. al. 2005; Garavello, 2005; Santos Jr, 2005, Toledo et. al.

2005; Marques e Muriel 2007; Pinto et. al. 2008; Santos Jr et. al. 2008;

Centeno et. al. 2010 e Forlani et. al. 2011, além disso foi consultado os dados

do SINBIOTA/FAPESP e visitada a Coleção do Instituto Butantan (consulta

realizada no ano 2009).

Para a determinação do grau de vulnerabilidade das espécies

levantadas, utilizaram-se listas em âmbito federal: a Portaria IBAMA nº

1.522, 1989 e Anexos I e II da Instrução Normativa nº 5, de 21 de maio de

2004 do Ministério do Meio Ambiente, o Livro Vermelho de Fauna Brasileira

Ameaçada de Extinção do Ministério do Meio Ambiente (2008) e Lista

vermelha de anfíbios (IUCN, 2005).

Resultados

Pelo levantamento dos dados para a região de Sorocaba e arredores

foram encontradas 22 espécies de anfíbios e 53 espécies de répteis, sendo 7

destas identificadas somente a nível de gênero. Nenhuma das espécies se

encontra em qualquer tipo de vulnerabilidade ou em perigo de extinção

segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e

Portaria IBAMA Nº 1.522, de 19 de Dezembro 1989 (MACHADO et. al.,

2008)

Na região de Sorocaba, para o grupo dos anfíbios, registraram-se as

famílias: Bufonidae (4 espécies), Hylidae (14 espécies) e Leptodactylidae (16

espécies). Para os répteis Squamata: Amphisbaenidae (4 espécies),

Anomalepididae (1 espécie), Boidae (2 espécies), Colubridae (54 espécies),

Elapidae (3 espécies), Gekkonidae (1 espécie), Polychrotidae (7 espécie),

Scincidae (1 espécie), Teiidae (3 espécies), Viperidae (4 espécies) e para os

répteis Testudines: Chelidae (3 espécies).

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Para as espécies da herpetofauna registradas na UGHRI 10 e

principalmente na região da Grande Sorocaba, não há informações quanto

às espécies em risco de extinção. São registradas como populações estáveis

(IUCN, 2005).

Tabela 1 – Checklist da espécies de répteis e anfíbios pesquisadas para a região estuda,

com indicação da fonte onde foi encontrada e dos locais. Fontes: (1)RIMA/CTMPSP (1991),

(2)Franco et al (1997), (3)Sawaya e Sazima, (2003), (4)Canedo et al (2004), (5)Caramaschi e

Napoli (2004), (6)Ferrarezzi et al (2005), (7)Garavello (2005), (8)Santos Jr. (2005), (9)Toledo

et. al. (2005), (10)Marques e Muriel (2007), (11)Pinto et. al. (2008), (12)Santos Jr et. al.

(2008), (13)Centeno et al (2010), (14)Forlani et al (2011), (15) SIMBIOTA/FAPESP, (16)

Coleção do Instituto Butantan. Locais: Alumínio – Al, Iperó – Ip, Itu – It, Mairinque – Ma,

Porto Feliz – PF, Sorocaba – So, Votorantim – Vo, Todos os Municípios da Grande Sorocaba

– TM, UGHRI 10 – U10

ORDEM, Família e Espécie Nome vulgar Fonte Local

ANURA

Bufonidae

Bufo crucifer Sapo Bufo 7 e 15 TM

Bufo ictericus Sapinho, Sapo – cururu 1, 7, 15 Ip

Bufo paracnemis Sapo 1 TM

Bufo marinus Sapo Bufo 7 Ip

Hylidae

Hyla albopunctata Perereca-cabrinha 1 TM

Hyla faber Sapo-ferreiro 7 Ip

Hyla lundii Perereca 5 So

Hyla minuta Perereca 1 TM

Hyla prasina Perereca 1 TM

Hyla cf. punchella Perereca 1 TM

Osteocephalus langsdorffi Perereca 1 TM

Scinax duartei Perereca 1 TM

Scinax fuscovaria Perereca-de-banheiro 1 TM

Scinax hiemalis Perereca 15 U10

Scinax perereca Perereca-de-banheiro 15 U10

Scinax similis Perereca-da-mata 15 U10

Scinax trachythorax Perereca 15 U10

Scinax x-signatus Perereca 1 TM

Leptodactylidae

Adenomera marmorata Rãnzinha 15 U10

Chiasmocleis albopunctata Rãzinha-pintada 4 e 14 Ip

Eleutherodactylus binotatus Rã-do-mato 1 e 16 TM

Eleutherodactylus guentheri Rãzinha 1 e 16 TM

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Eleutherodactylus juipoca Rãzinha-do-capim 15 U10

Eleutherodactylus parvus Rãzinha 15 U10

Leptodactylus chaquensis Rã-de-linha-branca 15 U10

Leptodactylus fuscus Rã-assobiadora 1 TM

Leptodactylus mystaceus Rã-marrom 9 So

Leptodactylus notoaktites Rã-gota 15 U10

Leptodactylus ocellatus Rã-pimenta, Rã-

manteiga 1 e 7 TM

Paratelmatobius cardosoi Rãzinha-de-briga-

colorida 15 U10

Proceratophrys boiei Sapo-de-chifres 1 e 15 TM

Physalaemus cuvieri Rã-cachorro 1 e 15 TM

Physalaemus maculiventris

15 U10

Physalaemus olfersii Rãzinha-rangedoura 15 U10

SQUAMATA

Amphisbaenidae

Amphisbaenia Alba Cobra-de-duas-cabeças 1 TM

Amphisbaenia darwinii Cobra-de-duas-cabeças 1 TM

Amphisbaenia mertensi Cobra-de-duas-cabeças 1 TM

Leposternon micracephalum Cobra-de-duas-cabeças 1 TM

Anomalepididae

Liotyphlops beui Cobra-cega 1, 13, 16 Ma, PF,

So

Boidae

Boa constrictor Jibóia 1,7, 16 Ip

Epicrates cenchria Salamanta 16 U10

Colubridae

Apostolepis assimilis Coral-falsa 1, 6, 16 It

Apostolepis dimidiata Cabeça-preta 16 U10

Atractus reticulatus Fura-fura 16 U10

Boiruna maculata Muçurana-preta 16 U10

Chironius bicarinatus Cobra-cipó, Espada 16 U10

Chironius exoletus Cobra-cipó 16 U10

Chironius flavolineatus Cobra-cipó 11 e 16 So

Chironius foveatus Cobra-cipó 16 U10

Chironius sp Cobra-cipó 1 TM

Chironius quadricarinatus Cobra-cipó 16 U10

Clelia occipitolutea Cobra-preta 1 TM

Clelia Clélia Mussurana 16 U10

Clelia quimi Cobra 2 Al, It, So

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Dipsas indica Jararaquinha,

Dormideira 1 e 16 TM

Echinantera melanostigma Corredeira-do-mato 16 U10

Echinanthera miolepis Cobra 8 Ta, It, Vo

Echinantera undulata Corredeira-do-mato 16 U10

Elapomorphus sp

16 U10

Erythrolamprus aesculapii Coral-falsa 1 TM

Gomesophis brasiliensis Cobra-bola 16 U10

Helicops carinicaudus Cobra-d’agua 16 U10

Helicops modestus Cobra-d’água-preta 1 e 16 TM

Imantodes cenchoa Dormideira 16 U10

Lemadophis sp Cobra-d’água 7 Ta

Leptodeira annulata Olho-de-gato 16 U10

Liophis aesculapi

16 U10

Liophis almadensis Cobra-d’água 1 e 16 TM

Liophis jaegeri Jararaquinha-verde 16 U10

Liophis miliaris Jararaquinha 1 e 16 TM

Liophis poecilogyrus Cobra-de-capim 1 e 16 TM

Liophis typhlus Cobra-d’água 1 e 16 TM

Mastigodryas bifossatus Jararacuçú-do-brejo 10 e 16 So

Oxyrhopus clathratus Coral-falsa 1 e 16 TM

Oxyrhopus guibei Coral-falsa 1 e 16 TM

Philodryas olfersii Cobra-cipó-verde 1 e 16 TM

Philodryas patagoniensis Parelheira 1 e 16 TM

Pseudoboa nigra Cobra-preta 16 U10

Rhachidelus brazili Cobra-preta 16 U10

Rhadinaea sp

1 TM

Sibynomorphus mikanii Dormideira 1 e 16 TM

Sibynomorphus turgidus Dormideira 16 U10

Simophis rhinostoma Falsa-coral 16 U10

Siphlophis longicaudatus

16 U10

Spilotes pullatus Caninana 1 e 16 TM

Taeniophallus occipitalis Corre-campo 12 Ta, It, Vo

Tantilla melanocephala Coral-falsa 3 e 16 It, Ma

Thamnodynastes pallidus Cobra-do-mato 16 U10

Thamnodynastes strigatus Jararaquinha 16 U10

Thamnodynastes strigilis Jararaquinha 1 TM

Tomodon dorsatus Cobra-espada 11 e 16 TM

Tropidodryas serra Cobra-cipó-marrom 16 U10

Xenodon neuwiedi Quiriripitá,

Jararaquinha 1 e 16 TM

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Xenodon merremi Jararaca,

Jararaquinha 16 U10

Waglerophis marremi Boipeva 1 TM

Elapidae

Micrurus corallinus Cobra-coral 1 TM

Micrurus frontalis Cobra-coral 1 e 16 TM

Micrurus lemniscatus Cobra-coral 1 TM

Gekkonidae

Gekko cf gecko Lagartixa (Exotica) 7 Ip

Hemidactylus mabouia Lagartixa-de-parede 15 U10

Polychridae

Ecpleopus gaudichaudi Lagartinho-da-serra-

do-mar 15 U10

Enyalius perditus Papa-vento 15 U10

Polychrus acutirostris Lagarto-preguiça 1 TM

Tropidurus torquatos Lagartixa-preta 1 TM

Anolis SP Papa-vento 1 TM

Urusthrophus sp Lagartixa 1 TM

Urostrophus vautieri Lagarto-da-pedra 15 U10

Scincidae

Mabuya sp Calango-liso 7 Ip

Teiidae

Ameiva ameiva Calango 1 e 7 Ip

Kentropyx sp Lagarto 1 TM

Tupinambis teguixim Teiu 1 e 7 Ip

Viperidae

Bothrops jararaca Jararaca 1 e 16 TM

Bothrops alternatus Urutu 1 TM

Bothrops neuwiedi Jararaca-pintada 1 e 16 TM

Crotalus durissus Cascavel 1, 7, 16 TM

TESTUDINES

Chelidae

Hydromedusa maximiliani Cágado 1 TM

Hydromedusa tectifera Cágado 1 TM

Phrynops geoffroanus Cágado 1 TM

Discussão

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A maioria dos anfíbios e répteis encontrados na região de Sorocaba é

de ampla distribuição geográfica na Mata Atlântica e nesse levantamento foi

encontrada apenas uma espécie exótica, Gekko cf gecko, uma lagartixa

nativa do sul da Ásia, provavelmente um bicho de estimação que acabou

sendo solto ou fugindo. Dentre os anfíbios encontrados algumas espécies que

ocorrem na área (e.g., Hyla albopuncta, Leptodactylus cf. ocellatus e

Physalaemus cuvieri) são ecologicamente generalistas e podem invadir

ambientes alterados e em determinados casos, as populações destas podem

atingir altos valores de dominância.

Não se pode, hoje em dia, falar em anfíbios, sem mencionar a crise em

que se encontram. Sabe-se que eles estão em declínio populacional em

diversas partes do mundo (BOYER e GRUE, 1994; SILVANO e SEGALLA,

2005; IUCN, 2005). Algumas espécies correm risco de extinção caso os

impactos sobre elas não cessem (IUCN, 2005). A iminência da extinção dos

anfíbios está intimamente atrelada ao grau de exigência da grande maioria

das espécies quanto à estabilidade do ambiente em que vivem (HANOWSKI

et al., 2006). Na maioria das espécies, a vida é extremamente dependente da

água e, para todas elas, a umidade é fundamental. A ausência de umidade

não só causa dessecação no delicado tegumento, causando a morte dos

indivíduos por desidratação, como também prejudica os processos

respiratórios. Além disso, a reprodução e os estágios larvais dos anfíbios são

dependentes de água (BOYER e GRUE, 1994). Portanto, alterações na

quantidade e/ou qualidade da água podem influenciar diretamente tanto na

fisiologia, quanto na reprodução dos anfíbios.

A IUCN listou as maiores causas de extinção de anfíbios no mundo,

concluindo que a perda do habitat e a poluição ambiental ocupam as

primeiras posições (IUCN, 2005). Silvano e Segalla (2005) apontam ainda a

infecção causada por fungos, poluição das águas, a contaminação por

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pesticidas, as mudanças climáticas, as espécies invasoras, a radiação

ultravioleta e o comércio ilegal de animais silvestres.

Para o biomonitoramento dos anfíbios, sugerem-se normalmente os

grupos Hylidae e Bufonidae, já que são abundantes e predadores. Para os

répteis, indica-se principalmente aqueles que possuem hábitos semi-

aquáticos (serpentes da família Dipsadidae), comedores de peixes e os

terrestres comedores de anfíbios (serpentes Dipsadidae). As indicações para

o monitoramento são as serpentes semi-aquáticas: Liophis milliaris,

Sordellina punctata, e as serpentes do gênero Helicops (predam peixes e

anfíbios, tanto adultos, quanto larvas). Além das comedoras de anfíbios:

Imantodes c. cenchoa, Leptodeira annulata, Mastigodryas bifossatus,

Simophis rhinostoma e os grupos: Xenodon, Thamnodynastes, Echinanthera,

Liophis, Bothrops, Chironius e Philodryas.

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Ensaio

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Impactos e Benefícios da Produtividade de

Biogás em Aterro Sanitário

Rodrigo Malanconi Engenheiro Ambiental pelas Faculdades Oswaldo Cruz, São Paulo.

Email: [email protected]

Rodrigo Chimenti Cabral Engenheiro Civil e Gerente da Lara Energia

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Ensaio

MALANCONI, Rodrigo; CABRAL, Rodrigo Chimenti. Impactos e Benefícios da Produtividade de Biogás em

Aterro Sanitário.RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2,

p. 135-158, jun. 2012.

136

Resumo

No presente ensaio serão apresentados conceitos básicos de geração de biogás a

partir da decomposição da matéria orgânica proveniente de resíduos sólidos

urbanos em aterros sanitários. O biogás produzido em aterros sanitários

apresenta em sua composição dióxido de carbono e gás metano, um gás

inflamável de alto poder calorífico e 2º gás de Efeito Estufa em ordem de

importância. Com tamanho poder energético o biogás é utilizado para geração de

energia elétrica como verificado no aterro sanitário Bandeirantes, o primeiro

aterro sanitário brasileiro que utiliza biogás para acionar moto-geradores. A

queima do metano acarreta ganhos ambientais na transformação do gás metano

em água e gás carbônico, reduzindo o potencial de aquecimento global, gerando

certificados de emissões reduzidas ou créditos de carbono em países em

desenvolvimento como o Brasil.

Palavras-chave: Aterro Sanitário. Produção de Biogás.

Abstratc

In the present assay basic concepts of biogas production generation from the

decomposition of the organic matter from urban solid residues in sanitary

landfills will be presented. Biogás produced in sanitary landfills presents in its

composition carbon dioxide and methane, an inflammable gas with high calorific

power and 2º in importance promoting Greenhouse Effect. Biogás is used for

generation of electric energy as verified in the Bandeirantes Landfill, the first

Brazilian landfill that uses biogas to set in motion motor-generators. The

methane burning brings environmental profits, since the transformation of the

gas methane in water and carbonic gas reduces the potential of global heating

and generates carbon reduction emissions certifications (carbon credits) in

developing countries such as Brazil.

Key words: Landfills. Biogas Production.

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Ensaio

MALANCONI, Rodrigo; CABRAL, Rodrigo Chimenti. Impactos e Benefícios da Produtividade de Biogás em

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p. 135-158, jun. 2012.

137

Introdução

No presente ensaio serão discutidos conceitos básicos de geração de biogás

à partir da decomposição da matéria orgânica de resíduos sólidos urbanos. Após

dispostos nos aterros sanitários, o resíduo sólido urbanos, que contém

significativa parcela de matéria orgânica biodegradável, passa por um processo

de digestão anaeróbia por meio de micro-organismos que transformam a matéria

orgânica em um gás conhecido no Brasil como Biogás. (IBAM, Instituto Brasileiro

de Administração municipal, 2009). O Biogás gerado nos aterros sanitários é

composto por dióxido de carbono (35%) e hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, amônia,

oxido sulfídrico, aminas voláteis e monóxido de carbono, perfazendo (5%) e gás

metano (60%); gás este apresenta grande responsabilidade pelo fenômeno

conhecido como efeito estufa (NUNES MAIA, 1997).

O resíduo sólido urbano é composto por material, substância objeto ou

bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja

destinação final se procede nos estados sólidos ou semissólidos. Bem como gases

contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu

lançamento na rede publica de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isto

soluções técnicas e economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia

disponível (Biogás Congress 2011, ABRELPE).

São várias as maneiras de se classificar os resíduos sólidos. As mais

comuns são quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e

quanto à natureza ou origem (Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos

Sólidos, 2001).

Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente, de acordo com a

NBR 10.004/2004 da ABNT, os resíduos sólidos podem ser classificados em:

1. Classe 1 ou perigoso: São aqueles que, em função de suas características

intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou

patogenicidade, apresentam riscos à saúde pública através do aumento da

mortalidade ou da morbidade, ou ainda provocam efeitos adversos ao meio

ambiente quando manuseados ou dispostos de forma inadequada. (NBR

10.004/2004 da ABNT).

2. Classe 2A, não inerte: São os resíduos que podem apresentar

características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade,

com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se

enquadrando nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos – ou

Classe 2B – Inertes. (NBR 10.004/2004 da ABNT).

3. Classe 2B, inerte: São aqueles que, por suas características intrínsecas,

não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente, e que, quando amostrados

de forma representativa, segundo a norma NBR 10.007, e submetidos a um

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contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, a

temperatura ambiente, conforme teste de solubilização segundo a norma

NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a

concentrações superiores aos padrões de portabilidade da água, conforme

listagem nº 8 (Anexo H da NBR 10.004/2004), excetuando-se os padrões de

aspecto, cor, turbidez e sabor. (NBR 10.004/2004 da ABNT).

Quanto à origem, os diferentes tipos de lixo podem ser agrupados em

cinco classes, a saber: Lixo doméstico ou residencial, comercial, público,

domiciliar especial e de fontes especiais. Os resíduos sólidos de origem urbana

(RSU) compreendem aqueles produzidos pelas inúmeras atividades desenvolvidas

em áreas com aglomerações humanas do município, abrangendo resíduos de

várias origens, como residencial, comercial, de estabelecimentos de saúde,

industriais, da limpeza pública (varrição, capina, poda e outros), da construção

civil e, finalmente, os agrícolas (PROSAB - Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Urbanos, 2003). Na figura 1a segue gráfico de geração de RSU total no Brasil e

na figura 1b segue o incremento de 7% no volume de resíduos de 2009 para 2010,

sendo que no mesmo período a população cresceu 1%.

Figura 1a: Geração de RSU tonelada/ano. Figura 1b: Geração de RSU kg/hab/ano.

Fonte: Biogás Congress 2011, ABRELPE )

As características do lixo podem variar em função de aspectos sociais,

econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que

também diferenciam as comunidades entre si e as próprias cidades. A tabela

abaixo expressa a variação das composições do lixo em alguns países, deduzindo-

se que a participação da matéria orgânica tende a se reduzir nos países mais

desenvolvidos ou industrializados, provavelmente em razão da grande incidência

de alimentos semipreparados disponíveis no mercado consumidor (Manual

Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, 2001).

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Tabela1: Composição graviométrica do lixo de alguns paises (%).Fonte: Manual Gerenciamento

Integrado de Resíduos Sólidos, 2001.

Composição gravimétrica do lixo de alguns países (%)

Mat. orgânica 65,00 61,20 50,30 35,60

Vidro 3,00 10,40 14,50 8,20

Metal 4,00 3,80 6,70 8,70

Plástico 3,00 5,80 6,00 6,50

Papel 25,00 18,80 22,50 41,00

Aproximadamente 20% dos resíduos sólidos urbanos de São Paulo,

constituído por plástico, vidro, jornal e papelão, poderiam ser reciclados, mas

somente 1% é reciclado e o restante apresenta uma correta destinação final, como

aterros sanitários. (Revista da Folha, 28 de fevereiro, 2010). A figura 2 ilustra as

características dos Resíduos Sólidos Urbanos da cidade de São Paulo.

Características dos R.S.U. da cidade de São Paulo

(lixo orgânico) = 60%

(plástico, vidro, jornal, papelão) = 20%

(tecido, material higiênico usado) = 20%

Figura 2: Características dos RSU da cidade de São Paulo. Fonte: Revista da Folha, 28 de

fevereiro de 2010.

Com o crescimento das cidades, o desafio da limpeza urbana não consiste

apenas em remover o lixo de logradouros e edificações, mas, principalmente, em

dar um destino final adequado aos resíduos coletados. Essa questão merece

atenção porque, ao realizar a coleta de lixo de forma ineficiente, a prefeitura é

pressionada pela população para melhorar a qualidade do serviço, pois se trata de

uma operação totalmente visível aos olhos da população. Contudo, ao se dar uma

destinação final inadequada aos resíduos, poucas pessoas serão diretamente

incomodadas, fato este que não gerará pressão por parte da população (Manual

Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, 2001).

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Ainda cerca de 7% do RSU gerado não é coletado, pois em 2010 foi

estimado que fossem geradas 60.868.080 toneladas de RSU e que fossem

coletadas 54.157.896 toneladas (Biogás Congress 2011, ABRELPE). É comum

observar nos municípios de menor porte a presença de "lixões", ou seja, locais

onde o lixo coletado é lançado diretamente sobre o solo sem qualquer controle e

sem quaisquer cuidados ambientais, poluindo tanto o solo, quanto o ar e as águas

subterrâneas e superficiais das vizinhanças. Os lixões, além dos problemas

sanitários com a proliferação de vetores de doenças, também se constituem em

sério problema social, porque acaba atraindo os "catadores", indivíduos que fazem

da catação do lixo um meio de sobrevivência, muitas vezes permanecendo na área

do aterro, em abrigos e casebres, criando famílias e até mesmo formando

comunidades (Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, 2001).

Diante desse quadro, a única forma de se dar destino final adequado aos

resíduos sólidos é através de aterros, sejam eles sanitários, controlados, com lixo

triturado ou com lixo compactado. Todos os demais processos ditos como de

destinação final (usinas de reciclagem, de compostagem e de incineração) são, na

realidade, processos de tratamento ou beneficiamento do lixo, e não prescindem

de um aterro para a disposição de seus rejeitos. O processo recomendado para a

disposição adequada para o lixo domiciliar é o aterro, existindo dois tipos: os

aterros sanitários e os aterros controlados (Manual Gerenciamento Integrado de

Resíduos Sólidos, 2001). Abaixo segue um panorama da destinação final de RSU

coletados no Brasil (figura 3).

Figura 3: Destinação final dos RSU. Fonte: (Biogás Congress 2011, ABRELPE)

A diferença básica entre um aterro sanitário e um aterro controlado é que

este último prescinde da coleta e tratamento do chorume, assim como da

drenagem e queima do biogás. Um enfoque mais detido será dado ao aterro

sanitário, já que esta solução é a tecnicamente mais indicada para a disposição

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final dos resíduos sólidos (Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos,

2001).

DISPOSIÇÃO FINAL DE RESIDUOS SÓLIDOS EM ATERRO SANITARIO

É o processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo,

particularmente, lixo domiciliar que fundamentado em critérios de engenharia e

normas operacionais específicas, permite a confinação segura em termos de

controle de poluição ambiental, proteção à saúde pública; ou, forma de disposição

final de resíduos sólidos urbanos no solo, através de confinamento em camadas

cobertas com material inerte, geralmente, solo, de acordo com normas

operacionais específicas, e de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à

segurança, minimizando os impactos ambientais (D’ ALMEIDA & VILHENA,

2000).

Antes de se projetar o aterro, são feitos estudos geológico e topográfico

para selecionar a área a ser destinada para sua instalação de modo que não

comprometa o meio ambiente. É feita, inicialmente, impermeabilização do solo

através de combinação de argila e lona plástica para evitar infiltração dos

líquidos percolados. Os líquidos percolados são captados (drenados) através de

tubulações e escoados para lagoa de tratamento. Para evitar o excesso de águas

de chuva, são colocados tubos ao redor do aterro, que permitem desvio dessas

águas, do aterro (AMBIENTEBRASIL, 2008).

A quantidade de lixo depositado é controlada na entrada do aterro através

de balança. Os gases liberados durante a decomposição são captados e podem ser

queimados com sistema de purificação de ar ou ainda utilizados como fonte de

energia (aterros energéticos) (AMBIENTEBRASIL, 2008). Segundo a Norma

Técnica NBR 8419 (ABNT, 1984), o aterro sanitário não deve ser construído em

áreas sujeitas à inundação. Entre a superfície inferior do aterro e o mais alto

nível do lençol freático deve haver uma camada de espessura mínima de 1,5 m de

solo insaturado. O nível do solo deve ser medido durante a época de maior

precipitação pluviométrica da região. O solo deve ser de baixa permeabilidade

(argiloso) (ABNT, 1984). O aterro deve ser localizado a uma distância mínima de

200 metros de qualquer curso d água. Deve ser de fácil acesso. A arborização deve

ser adequada nas redondezas para evitar erosões, espalhamento da poeira e

retenção dos odores (AMBIENTEBRASIL, 2008). Abaixo segue uma ilustração

com os setores típicos de um Aterro Sanitário (figura 4).

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Figura 4: Esquema de aterro sanitário fase a fase. Fonte: CABRAL, R. C. 2009.

PRODUÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DE RESIDUOS ORGÂNICOS

A digestão anaeróbia é um processo fermentativo em que matéria

orgânica complexa é degradada a compostos mais simples. A degradação ocorre

através da ação de diversos grupos de micro-organismos que interagem

simultaneamente, até a formação dos produtos finais, gás metano e gás

carbônico. Na ausência de oxigênio ou de agentes oxidantes fortes como o sulfato,

nitrato e enxofre, a degradação anaeróbia da matéria orgânica até a formação de

metano, envolve três etapas: hidrólise, acetogênese e metanogênese.

Na primeira etapa, a matéria orgânica complexa como policarbohidratos,

proteínas e lipídeos é hidrolisada e fermentada por bactérias hidrolíticas

fermentativas a compostos orgânicos simples como aminoácidos, açúcares, ácidos

graxos e alcoóis. Na segunda etapa, os produtos metabólicos do primeiro grupo

são então convertidos a acetado e hidrogênio pelas bactérias acetogênicas

sintróficas associadas às bactérias utilizadoras de hidrogênio. Na terceira etapa,

bactérias metanogênicas convertem acetato, formiato, hidrogênio, etc., a metano e

dióxido de carbono.

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O passo limitante, do processo é a metanogênese, pois as bactérias

responsáveis, por essa etapa são as mais lentas e mais sensíveis às variações do

meio. O bom desempenho do processo depende da manutenção do equilíbrio entre

as populações microbianas envolvidas.

BIOGÁS PRODUZIDO EM ATERROS SANITÁRIOS

Após dispostos nos aterros sanitários, os resíduos sólidos urbanos, que

contém significativa parcela de matéria orgânica biodegradável, passam por um

processo de digestão anaeróbia, segundo o Instituto Brasileiro de Administração

Municipal - IBAM. O processo de digestão anaeróbia dos resíduos ocorre pela

ação de micro-organismos que transformam a matéria orgânica em um gás

conhecido no Brasil como Biogás (IBAM, Instituto Brasileiro de Administração

Municipal, 2009).

O Biogás gerado nos aterros sanitários é composto basicamente pelos

seguintes gases: metano (CH4); Dióxido de Carbono (CO2); Nitrogênio (N2),

Hidrogênio (H2); Oxigênio (O2) e gás sulfídrico (H2S). (IBAM, Instituto Brasileiro

de Administração Municipal, 2009). Pela característica dos resíduos sólidos no

Brasil, o biogás gerado na maioria dos aterros sanitários apresenta elevada

concentração de metano, acima de 55%, e de dióxido de carbono acima de

30%.(IBAM, Instituto Brasileiro de Administração Municipal, 2009).

Tchobanoglous et al (1997), descrevem a geração de gás em aterros de

resíduos em cinco fases, ou quatro se for desconsiderada a segunda, por ser uma

fase de transição. Estas fases são ilustradas abaixo (Figura 5) e serão descritas a

seguir (BORBA, 2006).

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Figura 5. Fases de geração de biogás em aterros de resíduos sólidos. Fonte: BORBA, 2006.

Fase I: Ajuste inicial. Fase em que os resíduos são depositados no aterro e

sua fração biodegradável sofre a decomposição biológica em condições aeróbias. A

fonte principal de micro-organismos aeróbios e anaeróbios, responsável pela

decomposição dos resíduos, é o solo empregado na cobertura diária e final. Outras

fontes de micro-organismos podem ser o lodo de estações de tratamento,

depositado em alguns aterros, e a recirculação do chorume. Esta fase, em que a

decomposição é aeróbia, se estende por um período de poucos dias após a

execução da camada de cobertura, diminuindo a presença de oxigênio.

Fase II: Transição. Fase em que decrescem os níveis de oxigênio e começa

a fase anaeróbia. Enquanto o aterro é convertido em anaeróbio, o nitrato e o

sulfato, que podem servir como receptores de elétrons em reações de conversão

biológica, frequentemente são reduzidos a gás nitrogênio e sulfuro de hidrogênio.

O início das condições anaeróbias pode ser verificado através do potencial de

oxidação e redução que possui o resíduo. Com a queda do potencial de óxido-

redução os micro-organismos responsáveis pela conversão da matéria orgânica

em metano e dióxido de carbono iniciam a conversão do material orgânico

complexo em ácidos orgânicos e outros produtos intermediários. Nesta fase o pH

do chorume começa a cair devido à presença de ácidos orgânicos e pelo efeito das

elevadas concentrações de CO2 dentro do aterro.

Fase III: Ácida. Fase que antecede a formação de metano, em que as

reações iniciadas na fase de transição são aceleradas com a produção de

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quantidades significativas de ácidos orgânicos e pequenas quantidades de gás

hidrogênio. A acidogênese envolve a conversão microbiológica dos compostos

resultantes da primeira etapa em compostos intermediários com baixa massa

molecular, como o ácido acético (CH3COOH) e pequenas concentrações de outros

ácidos mais complexos. O dióxido de carbono é o principal gás gerado durante a

fase III. Também serão produzidas quantidades menores de hidrogênio. Os micro-

organismos envolvidos nesta conversão, descritos como não metanogênicos, são

constituídos por bactérias anaeróbias e facultativas. As demandas bioquímica

(DBO) e química de oxigênio (DQO) e a condutividade do chorume aumentam

significativamente durante esta fase devido à dissolução de ácidos orgânicos no

chorume. O pH do chorume, se este é formado, é muito baixo (4 – 5), devido à

presença de ácidos orgânicos e pelas elevadas concentrações de CO2 dentro do

aterro. Também devido ao baixo pH, constituintes inorgânicos como os metais

pesados serão solubilizados.

Fase IV: Metanogênica: Nesta fase de fermentação do metano

predominam microrganismos estritamente anaeróbios, denominados

metanogênicos, que convertem ácido acético e gás hidrogênio em CH4 e CO2. A

formação do metano e dos ácidos prossegue simultaneamente, embora a taxa de

formação dos ácidos seja reduzida consideravelmente. O pH do chorume nesta

fase ascenderá a valores na faixa de 6,8 a 8,0. A seguir o pH continuará subindo e

serão reduzidas as concentrações de DBO5, DQO e o valor da condutividade do

chorume. Com valores mais elevados de pH, menos constituintes inorgânicos

permanecerão dissolvidos, tendo como consequência a redução da concentração de

metais pesados no chorume.

Fase V: Maturação. Esta fase ocorre após grande quantidade do material

ter sido biodegradado e convertido em CH4 e CO2 durante a fase metanogênica.

Como a umidade continua migrando pela massa de lixo, porções de material

biodegradável até então não disponíveis acabam reagindo. A taxa de geração do

gás diminui consideravelmente, pois a maioria dos nutrientes disponíveis foi

consumida nas fases anteriores e os substratos que restam no aterro são de

degradação lenta. Dependendo das medidas no fechamento do aterro, pequenas

quantidades de nitrogênio e oxigênio podem ser encontradas no gás do aterro.

A duração de cada fase de geração de gás variará conforme a distribuição

dos componentes orgânicos no aterro, a disponibilidade de nutrientes, a umidade

dos resíduos, a passagem de umidade pelo aterro e o grau de compactação inicial.

Em condições normais, a velocidade de decomposição, medida através da

produção de gás, chega a um máximo nos dois primeiros anos e logo decresce

lentamente por 25 anos ou mais. Porém, as fases de um aterro não podem ser

claramente definidas, já que novos resíduos são dispostos diariamente. Desta

forma, enquanto alguns locais com resíduos novos estão passando pela fase

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aeróbia, outros locais com resíduos mais antigos estão passando por fases de

geração de metano (BORBA 2006).

IMPACTOS GERADOS PELO BIOGÁS DE ATERROS SANITÁRIOS

O biogás é um gás inflamável produzido por micro-organismos, quando

matérias orgânicas são fermentadas dentro de determinados limites de

temperatura, teor de umidade e acidez, em um ambiente impermeável ao ar

(BRITO FILHO, 2005). Os gases produzidos nos aterros sanitários, quando não

capturados e conduzidos para combustão em queimadores (Flares) para geração

de energia elétrica ou mesmo para aquecimento de caldeiras causam impactos

sociais relativos ao odor, e ambientais, relativos ao efeito estufa (CABRAL, 2009).

O odor é um subproduto resultante da decomposição incompleta da

matéria orgânica. Quando as células morrem, elas atraem as bactérias, as quais

"quebram" as células do tecido morto, de modo que este possa, então, ser reciclado

por um processo natural conhecido como decomposição, produzindo gases, como

H2S, com odor desagradável ou irritante aos seres humanos (GLOTEC, 2008). O

metano, principal componente do biogás, não tem cheiro, cor ou sabor, mas os

outros gases presentes conferem-lhe um ligeiro odor de alho ou de ovo podre. Esta

característica olfativa é uma problemática pelo incomodo à sociedade vizinha de

um aterro sanitário (CABRAL 2009).

O Efeito Estufa consiste, basicamente, na ação do dióxido de carbono e

outros gases sobre os raios infravermelhos refletidos pela superfície da terra,

reenviando-os para ela, mantendo assim uma temperatura estável no planeta. Ao

irradiarem a Terra, partes dos raios luminosos oriundos do Sol são absorvidos e

transformados em calor, outros são refletidos para o espaço, mas só parte destes

chega a deixar a Terra, em consequência da ação refletora que os chamados

"Gases de Efeito Estufa", GEE, (dióxido de carbono, metano, clorofluorcarbonetos

– CFCs - e óxidos de azoto) têm sobre tal radiação reenviando-a para a superfície

terrestre na forma de raios infravermelhos (SCHIEL, 2008) (Figura 6).

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Figura 6: Mecanismo do Efeito Estufa. Fonte: Schiel, 2008.

O aquecimento global é o aumento da temperatura terrestre (não só numa

zona específica, mas em todo o planeta) e tem preocupado a comunidade científica

cada vez mais. Acredita-se que seja devido ao uso de combustíveis fósseis e outros

processos em nível industrial, que levam à acumulação na atmosfera de gases

propícios ao Efeito Estufa, tais como o Dióxido de Carbono, o Metano, o Óxido de

Azoto e os CFCs. (Revista Época). O Gráfico da figura 7 nos mostra o aumento

dos gases de efeito estufa emitido pelo homem nos últimos 2000 anos.

Figura 7: Aumento dos gases de efeito estufa. Fonte: Revista Época.

Desde 1850 temos assistido a um aumento gradual da temperatura

global, algo que pode também ser causado pela flutuação natural desta grandeza.

Tais flutuações têm ocorrido naturalmente durante várias dezenas de milhões de

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anos ou, por vezes, mais bruscamente, em décadas. Estes fenômenos naturais

bastante complexos e imprevisíveis podem ser a explicação para as alterações

climáticas que a Terra tem sofrido, mas também é possível e mais provável que

estas mudanças estejam sendo provocadas pelo aumento de emissões de gases de

Efeito Estufa, devido basicamente à atividade humana. De acordo com a

NASA a temperatura média da terra sofreu um aumento e 2º graus Celsius em

alguns lugares nos últimos 120 anos (Figura 8).

Figura 8: Variação de temperatura global. Fonte: Revista Época.

Abaixo segue uma tabela com os gases de efeito estufa com o seu potencial

de aquecimento global em 20, 100 e 500 anos (Tabela 2).

Tabela 2: gases de efeito estufa com o seu potencial de aquecimento global em 20, 100 e 500 anos.

Fonte: CABRAL, R. C. 2009.

Espécie Fórmula Química Tempo de Vida

(anos)

Potencial de aquecimento global

(horizontal de tempo)

20 anos 100 anos 500 anos

Dióxido de Carbono CO2 Variável 1 1

Metano CH4 12+/-3 56 21 6.5

Óxido Nitroso N2O 120 280 310 170

Ozônio O3 0.1-0.3 n.d. n.d. n.d.

HFC-23 CHF3 264 9 11700 9800

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HFC-32 CH2F2 5.6 2 650 200

HFC-41 CH3F 3.7 490 150 45

HFC-23-10mee C5H2F10 17.1 3000 1300 400

HFC-125 C2HF5 32.6 4600 2800 920

HFC-134 C2H2F4 10.6 2900 1000 310

HFC-134a CH2FCF3 14.6 3400 1300 420

HFC-152a C2H4F2 1.5 460 140 42

HFC-143 C2H3F3 3.8 1000 300 94

HFC-143a C2H3F3 48.3 5000 3800 1400

HFC-227ea C3HF7 36.5 4300 2900 950

HFC-236fa C3H2F6 209 5100 6300 4700

HFC-145ca C3H3F5 6.6 1800 560 170

Hexafluorido de Enxofre SF6 3200 16300 23900 34900

Perfluorometano CF4 50000 4400 6500 10000

Perfluoroetano C2F6 10000 6200 9200 14000

Perfluoropropano C3F8 2600 4800 7000 10100

Perfluorociclobutano c-C4F8 3200 6000 0.87 12700

Perfluoropentano C5F12 4100 5100 7500 11000

Perfluorohexano C6F14 3200 5000 7400 10700

Durante a decomposição anaeróbia da matéria orgânica nos aterros

sanitários é liberado o gás metano que é um potente gás de efeito estufa, com

potencial de aquecimento global 21 vezes superior ao CO2 num período de 100

anos. Seu ciclo de vida na atmosfera é de aproximadamente 12 anos, sendo o 2º

gás de Efeito Estufa em ordem de importância, pois responde por

aproximadamente 18% de toda a pressão sobre o clima como é indicado em

gráfico abaixo (CABRAL 2009) (Figura 9).

Figura 9. Disseminação de gás – Efeito Estufa. Fonte: CABRAL, R. C.2009.

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Emissões de CH4 resultam de diversas atividades, incluindo aterros

sanitários, tratamento de esgoto, sistemas de produção e processamento de

petróleo e gás natural, atividades agrícolas, mineração de carvão, queima de

combustíveis fósseis, conversão de florestas para outros usos e alguns processos

industriais.

Os Aterros Sanitários são a 3º maior fonte mundial de emissões

antrópicas de Gases do Efeito Estufa respondendo por cerca de 13% desta como é

indicado no gráfico abaixo (USEPA, 2008) (Figura 10).

Figura 10. Emissões de Metano. Fonte: CABRAL, R. C. 2009.

Abaixo, segue um panorama mundial de emissões de gás metano de

aterros sanitários e um panorama brasileiro de emissões de gases de efeito estufa

(Figura 11).

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Figura 11: Panorama mundial de emissões de gás metano de Aterros Sanitários. Fonte:

CABRAL, R. C. 2009.

O maior gerador de Metano de aterros sanitários é os Estados Unidos

representando 26% de toda emissão, estando a China em 2º lugar representando

11% de toda Emissão e o Brasil representando 2 % de toda Emissão (USEPA,

2008). No Brasil, o setor Agropecuário é o maior responsável pelas emissões de

CH4 (77% em 1994), sendo a principal emissão decorrente da fermentação

entérica (eructação) do rebanho de ruminantes, quase toda referente ao gado

bovino, o segundo maior rebanho do mundo. As emissões anuais de metano

associadas à fermentação entérica foram estimadas em 9,4 Tg, 92% do total das

emissões de metano do setor agropecuário. Os 8% restantes resultam do manejo

de dejetos animais, da cultura de arroz irrigado e da queima de resíduos agrícolas

(Figura 12). As emissões do setor aumentaram 7% no período de 1990 a 1994,

devido, predominantemente, ao aumento do rebanho de gado de corte

(Comunicação Inicial do Brasil, 2004).

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Figura 12: Emissões de metano por setor brasileiro em 1994. Fonte: Comunicação Inicial do

Brasil, 2004.

O setor de mudanças no Uso da Terra e Floresta, as emissões ocorrem

pela queima da biomassa nas áreas de desflorestamento representando 14% do

total das emissões de metano apresentando a segunda maior fonte de emissão de

metano em 1994. As emissões do setor de Tratamento de Resíduos representaram

6% do total das emissões de metano em 1994, sendo a disposição de resíduos

sólidos responsável por 84% desse valor. No período de 1990 a 1994, as emissões

de metano do setor de Tratamento de Resíduos aumentaram 9% apresentando a

terceira maior fonte de emissão de metano (Comunicação Inicial do Brasil, 2004).

PROTOCOLO DE KYOTO

Esse Protocolo tem como objetivo firmar acordos e discussões

internacionais para conjuntamente estabelecer metas de redução na emissão de

gases-estufa na atmosfera, principalmente por parte dos países industrializados,

além de criar formas de desenvolvimento de maneira menos impactante àqueles

países em pleno desenvolvimento. Diante da efetivação do Protocolo de Kyoto,

metas de redução de gases foram implantadas, algo em torno de 5,2% entre os

anos de 2008 e 2012. O Protocolo de Kyoto foi implantado de forma efetiva em

1997, na cidade japonesa de Kyoto, nome que deu origem ao protocolo.

Na reunião, oitenta e quatro países se dispuseram a aderir ao protocolo e

o assinaram, dessa forma, comprometeram-se a implantar medidas com intuito

de diminuir a emissão de gases. As metas de redução de gases não são

homogêneas a todos os países, colocando níveis diferenciados de redução para os

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38 países que mais emitem gases, o protocolo prevê ainda a diminuição da

emissão de gases dos países que compõe a União Europeia em 8%, já os Estados

Unidos em 7% e Japão em 6%. Países em franco desenvolvimento como Brasil,

México, Argentina, Índia e, principalmente, China, não receberam metas de

redução, pelo menos momentaneamente.

O Protocolo de Kyoto não apenas discute e implanta medidas de redução

de gases, mas também incentiva e estabelece medidas com intuito de substituir

produtos oriundos do petróleo por outros que provocam menos impacto. Diante

das metas estabelecidas, o maior emissor de gases do mundo, Estados Unidos,

desligou-se em 2001 do protocolo, alegando que a redução iria comprometer o

desenvolvimento econômico do país.

O ano que marcou o início efetivo do Protocolo de Kyoto foi 2005,

vigorando a partir do mês de fevereiro. Com a entrada em vigor do Protocolo de

Kyoto, cresceu a possibilidade do carbono se tornar moeda de troca. O mercado de

créditos de carbono pode aumentar muito, pois países que assinaram o Protocolo

podem comprar e vender créditos de carbono, baixo panorama mundial de

transações de credito de carbono.

Abaixo segue um gráfico onde ilustra os países que compram créditos de

carbono com suas devidas participações nas compras (Figura 13).

Figura 13: Panorama mundial de transações de credito de carbono. Fonte: Planck-e.

Abaixo segue uma planilha com os países que vendem créditos de carbono

e suas devidas participações em volume de créditos de carbono (Tabela 3).

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Tabela 3: Venda de crédito de carbono.

Fonte: International Emissions Trading Association. VOLUME DE CRÉDITOS GERADOS (1)

India 41,0%

China 13,9%

México 13,9%

Brasil 5,1%

Outros 26,0%

Brasil foi o primeiro país a aprovar um projeto no Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo (MDL). Apesar disso, vem perdendo posições no ranking

internacional do mercado de créditos de carbono. Uma das razões pelas quais o

Brasil perdeu a liderança na comercialização é a burocracia do governo para

chancelar os projetos cadastrados que, após essa etapa precisam ser aprovados

pelo MDL. Segundo levantamento da Associação Internacional de Comércio de

Emissões (IETA), o país tem o prazo mais lento entre os emergentes analisados.

Enquanto um empreendimento no México leva em média 45 dias para obter a

aprovação, no Brasil o prazo vai de dois a seis meses. Países como China e Índia

já superam o país em número de projetos aprovados.

É importante mencionar, que os preços dos certificados, diferem-se de

acordo com o mercado que participam, constatando-se que mercados Kyoto-

compliance apresentam preços dos certificados mais elevados. Para verificar as

diferenças em relação aos preços segue duas tabelas abaixo com os valores

observados e estimados. Observa-se que há uma tendência de crescimento desses

preços que têm variado entre de U$ 2 à U$ 7 desde 2003 até meados de 2005, e

em 2006 já atingiu patamares de US$ 24 (Tabelas 4 e 5).

Tabela 4: Preço médio dos créditos de carbono Kyoto-compliance (US$/tCO2e)

Fonte: Banco Mundial (2005); Kossoy (2004); World Bank (2005a).

Tabela 5: Preço médio dos créditos de carbono Chicago Climate Exchange – CCX (US$/tCO2e).

Fonte: CCX (2008).

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O primeiro leilão de créditos de carbono no Brasil ocorreu em 26/09/2007,

na BM&F; O lote de 808.000 toneladas de CO2 equivalente, ofertado pela

prefeitura de São Paulo, foi arrematado pelo grupo belga-holandês Fortis. O

Valor pago por RCE gerados pela queima de biogás no aterro sanitário

bandeirantes foi de € 16,20/TCO2 totalizando €13 milhões.

BENEFÍCIOS ENERGÉTICOS COM O USO DO BIOGÁS

Face ao elevado poder calorífico do Biogás em muitos aterros sanitários

no mundo, além da sua simples queima estão sendo implantadas unidades de

geração de energia elétrica. O biogás pode ser utilizado também em sistemas de

calefação ou como combustível veicular, sendo que nesta última alternativa

haverá a necessidade de instalação de uma unidade de beneficiamento para

aumentar o teor de metano no biogás (IBAM Instituto Brasileiro de

Administração Municipal 2009).

De acordo com Cabral (2009), o poder calorífico do gás metano é de 11

Kw/m3CH4 e o biogás por conter aproximadamente 55%v/v em sua composição

resulta em um poder calorífico de aproximadamente 6 Kw/m3 de biogás.

Para cada tonelada de resíduo disposto em um aterro sanitário, são

gerados em média 200 Nm3 de biogás. A geração de biogás em um aterro

sanitário é iniciada alguns meses após o início do aterramento dos resíduos e

continua até cerca de 15 anos após o encerramento da operação da unidade

(IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal 2009).

Um exemplo de beneficio energético pelo biogás de aterro sanitário no

Brasil é o do Bandeirantes, recebeu cerca de 7.000 toneladas diárias do lixo de

São Paulo, 50% do total produzido. Sua utilização foi iniciada há 33 anos e

quando concluída, em 2006, armazena um total de 30 milhões de toneladas de

lixo. O gás do aterro Bandeirantes encontra-se e é produzido nas camadas do

aterro e sua coleta se dá através dos mesmos drenos verticais utilizados para sua

queima e pode ser utilizado para produção de energia elétrica, dentre outras

utilizações. As atividades consistem no encaminhamento aos moto-geradores de

até 12.000 m3/h de biogás, com um conteúdo mínimo de 50% de metano, durante

24h/dia em 365 dias/ano. Essa quantidade é suficiente para a instalação de uma

potência elétrica de 20 MW, que resultará na produção de até 170.000 MWh de

energia elétrica, suficiente para abastecer uma cidade de 400.000 habitantes,

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durante 10 anos. É a maior utilização de biogás para a produção de energia

elétrica no mundo (LOGOS ARCADIS).

CONCLUSÕES

O biogás produzido em aterros sanitários apresenta em sua composição

dióxido de carbono e gás metano, um gás inflamável que apresenta poder

calorífico de aproximadamente 11 Kw/m3 e é o 2º gás de Efeito Estufa em ordem

de importância, sendo que o produzido por resíduos sólidos representa 3º maior

fonte mundial de emissões de metano.

Com tamanho poder energético o biogás, que apresenta aproximadamente

6,0 Kw/m3 é utilizado para geração de energia elétrica como verificado no aterro

sanitário Bandeirantes, o primeiro aterro sanitário brasileiro que utiliza biogás

para acionar 24 conjuntos moto-geradores de 925 KW/conjunto, correspondendo a

uma potência líquida de 20.000 KW beneficiando aproximadamente 400 mil

habitantes.

Apenas a queima do metano, gás que apresenta potencial de aquecimento

global 21 vezes maior que o dióxido de carbono, acarreta ganhos ambientais na

transformação do gás metano em água e gás carbônico, reduzindo o potencial de

aquecimento global, gerando certificados de emissões reduzidas ou créditos de

carbono em países em desenvolvimento como o Brasil.

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Eletroeletrônicos. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2,

p. 159-210, jun. 2012.

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Logística Reversa de Produtos Eletroeletrônicos

Carolina Adélia Liberato Torres Engenheira Ambiental pelas Faculdades Oswaldo Cruz

Email:[email protected]

Gabriela Nenna Ferraresi Possui mestrado em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo

(2001). Atualmente é gerente do Setor de Resíduos Sólidos Industriais da Companhia de

Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB e professora das Faculdades Oswaldo Cruz e

Faculdade de Tecnologia Oswaldo Cruz.

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Ensaio

TORRES, Carolina Adélia Liberato; FERRARESI, Gabriela Nenna. Logística Reversa de Produtos

Eletroeletrônicos. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2,

p. 159-210, jun. 2012.

160

RESUMO

A destinação de resíduos eletroeletrônicos, conhecidos como lixo tecnológico, é um

atual desafio mundial. O desenvolvimento de novos produtos e tecnologias,

associado à fase de consumo desenfreado que a sociedade enfrenta atualmente,

tem gerado grandes problemas ambientais. Cada vez mais, os produtos

eletroeletrônicos estão com o seu tempo de vida útil reduzido e, quando quebram,

o consumidor prefere comprar um produto novo e mais moderno, ao invés de

consertar o antigo, uma vez que o custo-benefício acaba sendo melhor. O Governo

brasileiro, por sua vez, aprovou em 2010 a Politica Nacional de Resíduos Sólidos.

Ela determina, entre outras coisas, que os resíduos de produtos que ofereçam alto

risco de problemas ambientais e à saúde humana, por exemplo, os resíduos

eletroeletrônicos, que possuem em sua composição metais pesados, são de

responsabilidade de todos (responsabilidade compartilhada), e estimula a

logística reversa destes resíduos, garantindo assim a diminuição do risco de

contaminação ambiental por eles. O sistema de logística reversa é complexo e

possui diversos caminhos, dependendo do tipo de resíduo gerado. Eles podem ser

resíduos de pós venda, onde se enquadram aqueles produtos com problema de

garantia e/ou validade ou pelo retorno de produtos por alto estoque do cliente. Os

resíduos considerados de pós-consumo são aqueles produtos já usados, mas que

podem entrar no processo de reuso, até atingirem o fim da vida útil, ou então

aqueles produtos usados que podem ser reciclados e/ou descaracterizados com a

reutilização de peças ou componentes. Por fim, aqueles componentes, peças, ou

aparelhos que não se enquadram neste sistema, são encaminhados para

disposição final. Com isso, a logística reversa, é a melhor alternativa para um

melhor gerenciamento dos resíduos eletroeletrônicos, uma vez que com a

reciclagem é possível utilizar peças, componentes e/ou metais valiosos que seriam

descartados, em novos produtos.

Palavras-chave: Logística Reversa. Resíduos Eletroeletrônicos. Reciclagem.

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TORRES, Carolina Adélia Liberato; FERRARESI, Gabriela Nenna. Logística Reversa de Produtos

Eletroeletrônicos. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2,

p. 159-210, jun. 2012.

161

ABSTRACT

The disposal of electronics waste, known as e-waste, is now a global challenge.

The development of new products and technologies associated to consumerism

phase that our society faces today, creates major environmental problems. Those

products have their lifetime more and more limited, and when they break,

consumers prefer to buy a new and more modern product, rather than fix the old

one, since the cost benefit, ends up being better. The Brazilian government,

approved in 2010, the National Solid Waste Policy. It determines, among other

things, that the waste products that offer high risk of environmental and human

health problems, for example, electronic waste, which have heavy metals in their

composition, are everyone's responsibility (shared responsibility), and stimulates

the reverse logistics of this waste, ensuring a reduced risk of environmental

contamination. The reverse logistics system is complex and has many paths,

depending on the type of waste generated. They may be post-sales waste, which

are those products that had manufacturing problems within the guaranteed

period and/or that expired at customer inventory. The post consumer waste are

those products that are used, but they can be reused until they reach the end of

life, or those used products that can be recycled and / or disassembled with the

reuse of parts or components . Finally, all the components, parts, or devices that

are out of those criteria, are sent for final disposal. Thus, reverse logistics, is the

best alternative for a better management of electronics waste, once recycling is a

way to use parts, components and / or valuable metals from discarded into new

products

Key words: Reverse Logistic. E-waste. Recycling

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Ensaio

TORRES, Carolina Adélia Liberato; FERRARESI, Gabriela Nenna. Logística Reversa de Produtos

Eletroeletrônicos. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2,

p. 159-210, jun. 2012.

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1. INTRODUÇÃO

Ao longo da historia da humanidade, a idéia de crescimento se confunde

com um crescente domínio e transformação da natureza. Nesse paradigma, os

recursos naturais são vistos como ilimitados (RIBEIRO&MORELLI, 2009).

Os problemas oriundos pelo modelo de desenvolvimento, somado ao

consumismo desenfreado, resulta na consequente geração insustentável de

resíduos sólidos que atinge toda a humanidade, não somente na última década

mas desde o advento da Revolução Industrial em meados de século XVIII.

No entanto, notadamente a partir da última década e início do século XXI é

que o debate em torno desta problemática vem se acirrando tanto no mundo

acadêmico quanto entre os profissionais na área ambiental em busca de novas

tecnologias e modelos de gestão eficazes de modo a solucionar a questão.

A produção de lixo vem aumentando assustadoramente em todo o planeta,

e ele passou a ser descartado e acumulado no meio ambiente causando não

somente problemas de poluição como também caracterizando um desperdício de

matéria originalmente utilizada.

Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, cerca de 1% do lixo

urbano é constituído por resíduos sólidos contendo elementos tóxicos. Diversos

Esses resíduos são oriundos de pilhas, baterias, computadores, celulares,

televisores, geladeiras e diversos outros produtos contendo componentes

eletrônicos, o chamado lixo tecnológico.

Seguindo esse raciocínio e, se o Brasil gera cerca de 250.000 toneladas de

lixo diariamente, 1% desde total são resíduos com elementos tóxicos, ou seja cerca

de 2.500 toneladas de resíduos por dia interage perigosamente com o meio

ambiente. E devido as sérias deficiências na gestão do lixo da grande maioria dos

municípios brasileiros, 59% desde total é disposto inadequadamente, ou seja, sem

qualquer tipo de tratamento (MMA,2011). Um brasileiro gera, em média, 2,6kg

de lixo tecnológico por ano (ONU,2011).

No mundo, são descartados cerca de 50 milhões de toneladas de lixo

tecnológico e menos de 10% desse volume é reciclado. Esse material aumenta três

vezes mais rápido que o lixo comum e a previsão é triplicar nos próximos cinco

anos (REVISTA HORIZONTE GEOGRAFICO,2011).

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Isso representa um grande desafio, não somente para os governantes, mas

como também para toda a humanidade, devendo fazer parte das discussões a

respeito do planejamento ambiental das nações de todo o planeta.

Considerando que, atualmente há uma grande quantidade de produtos

disponíveis no mercado em um espaço de tempo cada vez menor, pode-se dizer

que é também alta a quantidade de produtos descartados, se tornando resíduos

no meio ambiente.

Sob esta ótica, e dentre outras situações, foi criada a Politica Nacional de

Resíduos Sólidos – PNRS, através da Lei 12.305 de 2 de Agosto de 2010. E

regulamentada pelo Decreto Federal 7.404 de 23 de Dezembro de 2010.

A aprovação desta lei constituiu um novo marco regulatório completo para

o setor de resíduos sólidos, que vem ao encontro de grandes desafios a serem

enfrentados pelo Governo e pela sociedade como um todo. O lixo tecnológico

também é abrangido pela nova legislação, exatamente devido ao seu potencial de

poluição e dano a saúde publica, visto que os produtos eletroeletrônicos contêm

substancias toxicas como, por exemplo, o mercúrio, cádmio, arsênio, chumbo, etc.

Dois dos objetivos abordados pela PNRS é a responsabilidade

compartilhada e a logística reversa – LR de alguns produtos, dentre eles os

considerados como “lixo eletrônico”.

Por esta razão, foi escolhido o tema “Logística Reversa em produtos

Eletroeletrônicos”, uma vez que enquanto produtos, eles não ofereçam nenhum

risco à saúde humana e/ou ao meio ambiente, quando descartados e/ou obsoletos,

eles deixam sua condição de produto e se tornam resíduos altamente perigosos,

conforme será abordado neste trabalho. Assim será discutido aspectos relativos a

viabilidade da logística reversa dos resíduos eletroeletrônicos e artigos

internacionais para a pesquisa.

A idéia central do sistema de logística reversa é fazer com que o resíduo

eletrônico seja descartado e reinserido no processo de manufatura de novos

produtos, ou então, que partes de seus componentes sejam utilizados como

matérias-primas na fabricação de subprodutos.

Outro aspecto importante é que o fluxo do sistema da LR previsto na PNRS

apresenta diversos canais de distribuição e como são classificados os resíduos.

Uma vez que o produto eletrônico é descartado, é avaliado suas características e

condições, classificados como equipamento de reuso, equipamento para

reciclagem ou em ultimo caso, para destinação final.

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A LR, em sua essência, busca promover um conjunto de ações,

procedimentos e meios, destinados a facilitar a coleta e a destruição dos resíduos

eletroeletrônicos aos seus geradores, estes responsáveis pelas etapas de

acondicionamento, coleta, tratamento e disposição final adequada.

Isso significa dizer que o Poder Público e a coletividade são responsáveis

pela efetividade destas ações, visando a busca por um meio ambiente sadio e a

qualidade de vida da geração atual e das futuras.

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2. RESÍDUOS SÓLIDOS

2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS.

Em consequência do acelerado desenvolvimento que hoje a sociedade

mundial se encontra, um dos maiores problemas identificados é a geração

desenfreada de resíduos. E ligado a eles, existe o problema de encontrar uma

tratativa ambientalmente adequada devido ao alto volume gerado nas cidades,

principalmente nos grandes centros a falta de espaço para novos aterros com a

constante extração de matéria prima para a produção de novos produtos, entre

outros. Com o passar dos anos, a sociedade vem se preocupando cada vez mais em

relação às questões ambientais e ao “lixo” gerado, tanto resíduo urbano como

industrial.

Os resíduos sólidos, conforme a norma da Associação Brasileira de Normas

Técnicas ABNT 10.004:2004 podem ser definidos como:

“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da

comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de

sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações

de controle de poluição, bem como, determinados líquidos cujas particularidades

tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou

exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face à melhor

tecnologia disponível”.

De acordo com esta norma, estes resíduos são classificados em:

“Classe I - Perigosos: são os resíduos que apresentam riscos à saúde

pública e ao meio ambiente. Exigem tratamento e disposição especiais em função

de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade

e patogenicidade;”

“Classe II A – Não Perigosos e não inertes: são os resíduos que não são

inertes, mas não apresentam periculosidade, podem ter propriedades tais como

biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Basicamente, são

as características do lixo doméstico, nomeados como Resíduos Sólidos

Domiciliares (RSD);”

“Classe II B - Não Perigosos e Inertes: São os resíduos que não se

decompõem ou não se degradam quando dispostos no solo. Estão nesta

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classificação, por exemplo, os entulhos de demolição, pedras e areias retirados de

escavações;”

Outra classificação dos resíduos é pela origem: domiciliar, comercial, de

varrição e feiras livres, serviços de saúde e hospitalares; portos, aeroportos e

terminais ferro e rodoviários, industriais, agrícolas e entulhos.

Os resíduos domiciliares são originados da vida diária das residências

sendo dispostos para a coleta pelos munícipios das cidades. Constituído por

materiais como papel, papelão, vidro, latas, plásticos, trapos, terra, restos de

alimentos, madeira, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande

diversidade de outros itens, inclusive alguns resíduos tóxicos, que são

descartados indevidamente pela população, como seringas, pilhas e baterias e

materiais contaminados com óleos e graxas.

O crescimento da produção de resíduos está vinculado ao aumento da

população e do consumo desenfreado, assim, torna-se primordial a criação de

estratégias de gerenciamento desses materiais, buscando alternativas de

minimização, tratamento e destinação final ambientalmente adequada. A Política

Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS é uma ferramenta que visa traçar

diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento dos resíduos sólidos,

justamente para auxiliar a tomada de decisões e melhoria nas cadeias

produtivas.

2.2 SEGREGAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A segregação dos resíduos sólidos tem como finalidade evitar misturas de

resíduos que são incompatíveis, garantindo assim a possibilidade de reutilização,

reciclagem e a segurança no manuseio dos mesmos. Caso a segregação seja feita

de forma inadequada, a mistura de resíduos incompatíveis pode gerar: calor, fogo,

explosões, gases tóxicos ou inflamáveis, entre outras coisas (ABNT 10.004:2004).

Por isso, a fase de segregação dos resíduos é de extrema importância e

deverá ocorrer na fonte geradora, identificando desde sua origem, quais são os

componentes dos resíduos, a descrição das matérias-primas, dos insumos e dos

processos nos quais os resíduos são gerados.

2.3 ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAGEM DOS RESÍDUOS

SÓLIDOS

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Esta fase do processo da gestão de resíduos sólidos deve obedecer a norma

ABNT NBR 12.235:1992, onde os resíduos devem ser armazenados de forma a

minimizar os riscos de contaminação ambiental e não deverão ser armazenados

juntos - classe I com classe IIA e/ou IIB.

De acordo com a norma citada anteriormente, os resíduos deverão estar

acondicionados em recipientes apropriados, sejam eles tanques, tambores

metálicos, containers ou bombonas plásticas, caçambas abertas ou fechadas

(cobertas), granel, sacos plásticos identificados por cores, por exemplo, entre

outros.

Toda área de armazenagem de resíduos perigosos, deverá apresentar um

Plano de Emergência, em caso de acidentes e/ou vazamentos. Neste plano deverá

estar indicado a pessoa que será o coordenador de emergência e um substituto

com telefones e endereços junto com uma lista dos equipamentos de proteção

individual (EPIs) ou equipamentos de proteção coletiva (EPCs) a serem usados no

combate ao problema. (ABNT NBR 12.235/92).

2.3.1 Acondicionamento e Armazenagem de Resíduos Classe I

No caso dos resíduos classificados como Classe I – Resíduos Perigosos, as

formas de acondicionamento e armazenagem deverão seguir a ABNT NBR

12.235:1992, de modo a proteger a saúde pública e o meio ambiente.

O acondicionamento dos resíduos perigosos, como forma temporária de espera

para reciclagem, recuperação, tratamento e/ou disposição final, poderá ser em

forma de containers, tambores, tanques e/ou granel.

2.3.2 Acondicionamento e Armazenagem de Resíduos Classe IIA e IIB

No caso dos resíduos classificados como Classe IIA – Não Inertes e IIB -

Inertes, a área de armazenagem deverá seguir a ABNT NBR 11.174:1990.

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3. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PNRS

3.1 DEFINIÇÃO

A Política Nacional de Resíduos Sólidos instituída pela Lei 12.305, de 2 de

agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto Federal 7.404 de 23 de Dezembro

de 2010, institui algumas diretrizes a serem tomadas sobre o assunto.

Constantes da PNRS presentes no art. 3º:

a) Acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder

público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em

vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do

produto;

b) Ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o

desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o

processo produtivo, o consumo e a disposição final;

c) Destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos

que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o

aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos

competentes;

d) Disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada

de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a

evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e minimizar os impactos

ambientais adversos;

e) Geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito

público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas

incluindo o consumo;

f) Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas,

direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento

e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição

final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de

gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos

sólidos, exigidos na forma desta Lei;

g) Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas

para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as

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dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e

sob a premissa do desenvolvimento sustentável;

h) Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e

social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados

a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para

reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra

destinação final ambientalmente adequada;

i) Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos:

conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes,

importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos

serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para

minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir

os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do

ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei;

A partir destas definições a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS

apresenta entre seus princípios o da prevenção e precaução, o do poluidor-

pagador e do protetor-recebedor, o da ecoeficiência dos processos e produtos e da

responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

Tem como objetivos a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental,

a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos resíduos

sólidos, conforme Figura 1. Além disto, tem-se a disposição final ambientalmente

adequada dos rejeitos, o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e

consumo, a adoção e desenvolvimento de tecnologias limpas, a capacitação técnica

continuada na área de resíduos sólidos.

Figura 1 - Prioridade para tomada de decisão na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos.

Fonte adaptada: Ponce, 2011

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O incentivo às indústrias de reciclagem e a integração dos catadores de

materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade

compartilha pelo ciclo do produto e o uso destes como matérias-primas e insumos

em processos e/ou re-processos (BRASIL, 2010).

A coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas

relacionadas à da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos

são instrumentos desta Política.

Adicionalmente podemos citar os planos de gerenciamento de resíduos

sólidos, o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária, os

cadastros técnicos que relacionam atividades potencialmente poluidoras, bem

como instrumentos de defesa e avaliação de impactos.

Quanto às responsabilidades definidas na PNRS, o Distrito Federal e os

Municípios tem a incumbência da gestão integrada dos resíduos sólidos gerados

nos respectivos territórios, sem prejuízo das competências de controle e

fiscalização dos órgãos federais e estaduais do Sistema Nacional de Meio

Ambiente - SISNAMA, da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária - SNVS e do

Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária - Suasa, bem como da

responsabilidade do gerador pelo gerenciamento de resíduos, consoante com o

estabelecido na PNRS.

Aos Estados cabe a promoção da integração da organização, do

planejamento e da execução das funções públicas de interesse comum relacionado

à gestão dos resíduos sólidos nas regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e

microrregiões.

À União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a organização e

manutenção, de forma conjunta, do Sistema Nacional de Informações sobre a

Gestão dos Resíduos Sólidos - SINIR, articulado com o Sistema Nacional de

Informação sobre o Meio Ambiente - SINIMA, cabendo aos Estados, ao Distrito

Federal e aos Municípios fornecer ao órgão federal responsável pela coordenação

do SINIR, todas as informações necessárias sobre os resíduos sob sua esfera de

competência.

Na Política Nacional de Resíduos Sólidos são apresentadas as diretrizes

para elaboração dos planos de resíduos sólidos, a saber: do Plano Nacional de

Resíduos Sólidos, do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, do Plano Municipal de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e do Plano de Gerenciamento de Resíduos

Sólidos (PONCE, 2011).

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3.2 PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

3.2.1 Plano Nacional de Resíduos Sólidos

Este plano deverá ser elaborado pela União, sob a coordenação do

Ministério do Meio Ambiente, tendo como conteúdo mínimo:

a) Diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos;

b) Proposição de cenários, incluindo novas tendências internacionais e

macroeconômicas;

c) Metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras, buscando reduzir

a quantidade de resíduos e rejeitos;

d) Metas para aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de

disposição final de resíduos sólidos;

e) Metas de eliminar e recuperar áreas de lixões, associadas à inclusão social

e emancipação econômica dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.

3.2.2 Plano Estadual de Resíduos Sólidos

Este plano deverá ser elaborado pelos Estados, tendo como conteúdo

mínimo, além dos contidos no plano nacional, a previsão de zonas favoráveis para

a localização de unidades de tratamento de resíduos sólidos e/ou de disposição

final de rejeitos e de áreas degradadas em razão da disposição inadequada de

resíduos sólidos ou rejeitos que poderiam ter recuperação ambiental.

Além do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, os Estados podem elaborar

planos microrregionais de resíduos sólidos, assim como planos específicos,

direcionados à áreas metropolitanas ou aglomerações urbanas.

3.2.3 Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

Este plano deverá ser elaborado pelos Municípios, considerando também o

Distrito Federal. E tem o seguinte conteúdo, entre outros:

a) Diagnóstico da atual situação dos resíduos sólidos no território, contendo

dados como origem, volume, caracterização, formas de destinação e disposição

final adotada;

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b) Identificação das áreas favoráveis para disposição final adequada,

considerando o plano diretor e o zoneamento ambiental;

c) Identificação dos geradores sujeitos à um plano de gerenciamento de

resíduos sólidos específico e/ou a sistemática da logística reversa;

d) Indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços públicos

de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos;

e) Regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento de resíduos

sólidos;

f) Identificação de passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos,

incluindo áreas contaminadas e respectivas medidas saneadoras.

3.2.4 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGRS

Este é um plano direcionado ao setor empresarial, que faz parte do

processo de licenciamento ambiental, e que atende as determinações do Plano

Municipal de Resíduos Sólidos, do respectivo Município. E deve ser elaborado

pelos seguintes geradores de resíduos sólidos:

a) Dos serviços púbicos de saneamento básico;

b) Industriais;

c) De serviços de saúde;

d) De mineração;

e) De estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que gerem

resíduos perigosos e/ou resíduos que não sejam classificados como perigosos,

porem não são considerados resíduos domiciliares;

f) De empresas de construção civil;

g) De responsáveis por terminais e outras instalações e serviços de

transportes de portos, aeroportos, rodoviários, ferroviários, e passagens de

fronteiras;

h) De responsáveis por atividades agrossilvopastoris.

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Para àquelas empresas que são de pequeno porte ou micro empresas, existe

a possibilidade de soluções coletivas, as empresas que geram apenas resíduos

sólidos domiciliares são dispensadas da elaboração do PGRS.

As empresas localizadas em um mesmo condomínio, Município, região

metropolitana ou aglomeração urbana, que exerçam atividades características de

um mesmo setor produtivo, e possuam mecanismos de governança coletiva ou de

cooperação em atividades de interesse comum, poderão apresentar um PGRS de

forma coletiva e integrada. Porém o plano deverá conter indicações

individualizadas das atividades e seus resíduos gerados, assim como as ações e

responsabilidades de cada um dos geradores.

O PGRS deve ter o seguinte conteúdo mínimo:

a) Descrição do empreendimento ou atividade;

b) Diagnóstico dos resíduos sólidos gerados, contendo o volume e a

caracterização dos resíduos, incluindo os possíveis passivos a eles relacionados;

c) Explicitação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento dos

resíduos;

d) Definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas de

gerenciamento dos resíduos sob a responsabilidade do gerador;

e) Ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de

gerenciamento incorreto ou acidentes;

f) Metas e procedimentos relacionados à minimização da geração dos resíduos

sólidos, à reutilização e reciclagem;

g) Se couber, ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de

vida dos produtos;

h) Periodicidade de revisão, de acordo com o prazo da licença de operação.

3.3 RESPONSABILIDADES ESTABELECIDAS NA PNRS

Das responsabilidades dos Geradores e do Poder Público, a PNRS

apresenta em seus Art. 25, Art. 26, Art.27 e Art.29 que o poder público,

juntamente com o setor empresarial e a coletividade, são responsáveis pela

efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Politica Nacional

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de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas em seu

regulamento.

O titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos

sólidos é responsável pela organização e prestação direta ou indireta desses

serviços, observados no respectivo plano municipal de gestão integrada de

resíduos sólidos, na Lei nº 11.445, de 2007 que estabelece diretrizes nacionais

para saneamento básico.

De acordo com o Art. 20 da Lei 12.305/10, geradores de resíduos sólidos de

serviço público, industriais, de serviços de saúde, de mineração, os

estabelecimentos comerciais que gerem resíduos perigosos e/ou resíduos que não

possam ser equiparados com resíduos domiciliares, empresas de construção civil,

responsáveis por terminais ou resíduos de serviços de transporte bem como os

responsáveis por atividades agrossilvopastoris são responsáveis pela

implementação e operacionalização integral do plano de gerenciamento de

resíduos sólidos aprovado pelo órgão competente. E cabe ao poder público atuar,

subsidiariamente, com vistas a minimizar ou cessar o dano, logo que tome

conhecimento de evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública, relacionado

ao gerenciamento de resíduos sólidos.

3.3.1 Responsabilidade Compartilhada

A responsabilidade compartilhada é descrita, na seção II nos artigos

numerados do 30 até 33.

Pelo artigo 30, fica instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo

de vida dos produtos, de forma individual e encadeada, os fabricantes,

importadores, distribuidores, comerciantes, os consumidores, os titulares dos

serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos às

atribuições e procedimentos previstos nesta seção.

No artigo 31, para fortalecer a responsabilidade compartilhada e seus

objetivos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes são

responsáveis por desenvolver produtos aptos à reciclagem e/ou reutilização, ou

outra forma de destinação adequada e são também responsáveis pelo

recolhimento dos produtos e resíduos remanescentes após o uso, assim como a

destinação final ambientalmente correta.

O artigo 32 especifica que as embalagens devem ser fabricadas com

materiais que propiciem a reutilização ou a reciclagem.

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E o artigo 33, define quem são aqueles que são obrigados a estruturar e

implementar sistemas de logística reversa de forma independente do serviço

público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos. E são:

I - Agrotóxicos, com seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja

embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso,

II - Pilhas e baterias;

III - Pneus;

IV - Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

V - Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

VI - Eletroeletrônicos e seus componentes.

3.4 COMITÊ INTERMINISTERIAL DA PNRS

O Comitê Interministerial da PNRS foi criado a partir do Decreto nº 7.404

de 23 de Dezembro de 2010. Ele tem a finalidade de apoiar a estruturação e

implementação da PNRS, por meio de articulações dos órgãos e entidades

governamentais, de modo a possibilitar o cumprimento das determinações e

alcançar as metas previstas na Lei nº 12.305/10.

De acordo com o art. 3º, do Decreto 7.404 de 2010, este ministério é

coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, e é formado por um representante,

titular e suplente, de outros 9 (nove) ministérios (Cidades; Desenvolvimento

Social e Combate à Fome; Saúde; Minas e Energia; Fazenda; Planejamento,

Orçamento e Gestão; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ciência e Tecnologia), além da Casa Civil

e da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

Compete a este Comitê:

- Instituir procedimentos, elaborar e avaliar a implementação do Plano

Nacional de Resíduos Sólidos,

- Definir informações complementares ao Plano de Gerenciamento dos

Resíduos Perigosos

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TORRES, Carolina Adélia Liberato; FERRARESI, Gabriela Nenna. Logística Reversa de Produtos

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- Formular estratégias de promover as tecnologias limpas para a gestão e

gerenciamento de resíduos sólidos.

- Incentivar pesquisa e desenvolvimento nas atividades de reciclagem,

reaproveitamento e tratamento dos resíduos sólidos.

3.5 COMITÊ ORIENTADOR DA LOGÍSTICA REVERSA

Este Comitê Orientador foi criado também a partir do Decreto nº 7.404 de

23 de Dezembro de 2010. E é composto por representantes do Ministério do Meio

Ambiente; da Saúde; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; da

Fazenda; de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

E de acordo com o Decreto 7.404/10, tem a finalidade de:

- Estabelecer a orientação estratégica da implementação de sistemas de

logística reversa;

- Definir prioridades e fixar o cronograma para lançamento de editais com

propostas dos acordos setoriais, para a implantação de sistemas de logística

reversa;

- Aprovar estudos de viabilidade técnica e econômica;

- Definir diretrizes metodológicas para avaliação dos impactos social e

econômicos dos sistemas de logística reversa;

- Revisão dos acordos setoriais, e dos termos de compromisso;

- Propor medidas visando incluir nos sistemas de logística reversa os

produtos e embalagens adquiridas diretamente de empresas não estabelecidas no

País;

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TORRES, Carolina Adélia Liberato; FERRARESI, Gabriela Nenna. Logística Reversa de Produtos

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4. LOGÍSTICA REVERSA – LR

4.1 DEFINIÇÃO

Existem diversas definições e citações sobre logística reversa – LR

atualmente, o que demostra que este é um assunto em evolução, diante de tantas

possibilidades de negócios que vem surgindo ano após ano.

Conforme Art. 33 da PNRS entende-se por logística reversa, como um

instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um

conjunto de ações, procedimentos e metas destinadas a viabilizar a coleta e a

restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento, em

seu ciclo ou outro ciclos produtivos ou outra destinação final ambientalmente

adequada.

Assim a LR tem como objetivo tornar possível o retorno dos bens de pós-

consumo e de pós venda ao ciclo produtivo ou ao ciclo de negócios, por meio de

canais de distribuição reversos, agregando assim valores de diversas naturezas:

econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros (VIA

SAPIA, 2011).

Ainda de acordo com a PNRS, por meio de acordos setoriais e termos de

compromissos, são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística

reversa mediante o retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma

independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos

sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

a) agrotóxicos, seus resíduos e embalagens;

b) pilhas e baterias;

c) pneus;

d) óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

e) lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

f) produtos eletrônicos e seus componentes;

Tem sido utilizada como uma importante ferramenta de aumento de

competitividade e consolidação da imagem corporativa, para aquelas empresas

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TORRES, Carolina Adélia Liberato; FERRARESI, Gabriela Nenna. Logística Reversa de Produtos

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que têm uma visão de Responsabilidade Empresarial em relação ao Meio

Ambiente e à Sociedade (VIA SAPIA, 2011).

Esta responsabilidade ambiental, além que criar uma boa imagem para a

empresa, permitirá o surgimento de uma nova economia de negócios, que vai

gerar novos empregos, serviços e desenvolver novas tecnologias.

4.2 LOGÍSTICA REVERSA DE BENS DE PÓS VENDA

Os bens de pós venda, são aqueles que com pouco ou nenhum uso, que após

o descarte, retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta.

Tem como objetivo agregar valor aos fabricantes, daqueles produtos

descartados por garantia/qualidade, por quantidade de estoque, razões

comerciais, entre outros (VIA SAPIA, 2011).

Aqueles produtos que se classificam com problemas de

“garantia/qualidade”, apresentam defeitos de fabricação ou funcionamento, ou

avarias no produto ou embalagens, que poderão ser submetidos à consertos ou

reformas que os permitam retornar ao mercado primário, ou então à mercados

denominados secundários, agregando assim, novamente um valor comercial.

Têm aqueles produtos classificados como “estoques”, representam os

produtos retornados devido à erros de pedidos, excesso de estoque no canal de

distribuição, consignação ou liquidação de mercadorias ponta de estoques e

outros, que retornarão ao ciclo de negócios por meio de redistribuição em outros

canais de venda.

Há também aqueles produtos, que segundo o, através da remanufatura, ou

manutenção e/ou consertos ao longo da vida útil, podem retornar ao mercado

primário ou secundário ou até serem enviados à reciclagem ou disposição final se

não houver possibilidade de reaproveitamento.

4.2.1 Canal de Distribuição Reverso de Bens de Pós-Venda (CDR-PV)

Estes canais são constituídos pelas diferentes formas e possibilidades de

retorno dos produtos com pouco ou nenhum uso que é devolvido pelo consumidor,

com problemas de fim da validade, qualidade do produto, estoques excessivos, por

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consignação, ou avarias nas embalagens, que fluem no sentido inverso da compra,

partindo do consumidor para o varejista, e do varejista ao fabricante.

Um exemplo deste tipo de canal de distribuição, é a venda industrial de

materiais, na forma de sucata, equipamentos usados diretamente ou através de

leilões. São vendidos bens como: ativos das empresas, matérias-primas, insumos,

móveis utensílios, entre outros.

É considerado um importante canal, pois ele alimenta subcanais de

produtos de segunda mão, alimentando alguns “desmanches” e mercado de

reposição de peças, entre outros.

4.3 LOGÍSTICA REVERSA DE BENS DE PÓS-CONSUMO

Os bens de pós-consumo, são aqueles produtos em fim de vida útil ou usados,

com possibilidade de reutilização, e resíduos industriais em geral, com o retorno

ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meios de canais de distribuição

reversos específicos, como reúso, reciclagem e destinação final, como se pode ver

na figura 2 a seguir.

Figura 2 - Fluxo de Distribuição Reversa.

Fonte: Via Sápia – Logística Reversa.

Tem como objetivo agregar valor ao produto inservível, classificados de acordo

com as condições de uso, a vida útil do produto e resíduos industriais.

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Aqueles produtos classificados de acordo com a condição do uso poderão ser

reutilizados, tendo assim sua vida útil estendida, agregando valor e adentrando o

canal reverso de “Reúso” no mercado secundário, até atingir o fim da vida útil

(Figura 2).

Aqueles classificados de acordo com o fim da vida útil, os bens entrarão nos

canais reversos de desmanche e/ou reciclagem, onde seus componentes poderão

ser aproveitados ou remanufaturados, retornando ao mercado secundário ou até a

própria indústria que reutilizará como material reciclado, agregando valor

econômico, ecológico e logístico (Figura 2).

No caso dos resíduos industriais, alguns materiais constituintes podem ser

reaproveitados, ou retornarem ao ciclo produtivo como matéria-prima secundária.

E outros resíduos, que não houver condições para essas outras ações, encontrarão

a disposição final, sendo aterros sanitários e incineração, agregando valor

econômico, pela transformação do resíduo em energia elétrica, por exemplo

(Figura 2).

Dentro do canal de distribuição reverso de pós-consumo, os produtos são

divididos em três categorias: os bens descartáveis, os bens semiduráveis e os bens

duráveis:

I – Bens Descartáveis

São considerados bens descartáveis aqueles produtos que apresentem duração

de vida útil média de algumas semanas, não superior a seis meses. Os produtos

considerados bens descartáveis são, por exemplo, embalagens, brinquedos,

material de escritório, suprimento de computadores, pilhas, fraldas, jornais, entre

outros.

II – Bens Semiduráveis

São considerados bens semiduráveis aqueles produtos que apresentam

duração de vida útil média de alguns meses, não superior a dois anos. É uma

categoria intermediária, e por isso, ora apresenta características dos

descartáveis, ora dos duráveis. Os produtos considerados bens semiduráveis são,

por exemplo, baterias de veículos, óleos lubrificantes, baterias de celulares,

computadores e periféricos, revistas especializadas, entre outros.

III- Bens Duráveis

São considerados bens duráveis aqueles produtos que apresentam duração de

vida útil média variando de alguns anos a algumas décadas. São produtos que

atendem as necessidades da sociedade. Por exemplo, os automóveis, os

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eletrodomésticos, os eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos industriais,

aviões, navios, construção civil, entre outros.

4.3.1 Descartabilidade dos Produtos

Devido ao acelerado desenvolvimento tecnológico vivido hoje pela

humanidade, pode-se perceber um grande aumento na introdução de novos

materiais, novas tecnologias, que acabam melhorando a eficiência dos produtos,

e/ou reduzem o tempo de vida útil, principalmente nos bens de consumo duráveis

e semiduráveis. Com isso, aumenta a tendência à descartabilidade destes

produtos.

Como exemplo dessas inovações, podem-se citar os materiais plásticos que

são mais baratos do que os metais para a confecção de vários componentes, e às

vezes até melhoram o desempenho do produto, também com facilidades na

produção e conformação. No ramo eletrônico, o desenvolvimento de tecnologias de

miniatura, de chips, e inovações em aparelhos e programas nesta área também

aumenta a tendência à descartabilidade de produtos “quase novos” por outros

mais “atuais”. E como o preço destes novos produtos, está cada vez mais acessível

a todos na sociedade, o consumidor acaba preferindo comprar um produto novo a

um produto no mercado secundário.

De acordo com a Figura 3, podem-se visualizar os motivos principais que

geram o aumento da descartabilidade dos produtos.

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Figura 3 - Principais motivos da descartabilidade.

Fonte: Via Sápia – Logística Reversa

Como consequência deste aumento no número de produtos descartados e da

redução do tempo de vida deles, gera-se um aumento na quantidade de itens a

serem manipulados pelos canais de distribuição diretos, exigindo assim uma

rapidez no giro dos produtos, para não estocar produtos obsoletos para o mercado,

e os produtos duráveis que antes eram descartados em alguns anos, ou ate

décadas, estão se transformando em produtos semiduráveis, assim como os

produtos classificados como semiduráveis, com o tempo de descarte em torno de

alguns meses, estão se transformando em produtos duráveis, sendo descartados

em alguns dias.

Com isso, o volume de produtos de pós-consumo estão aumentando

fortemente, e resultando no esgotamento dos pontos de destinação final

tradicionais, bem como comprometendo os estoques não renováveis de recursos

naturais necessários para a sua produção.

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A disposição final dos bens de pós-consumo, é em um modelo controlado, que

não danifique o meio ambiente e que não atinja, direta ou indiretamente a

sociedade. Como disposição final inadequada, temos os terrenos baldios, rios,

riachos, lixões, entre outros. Observa-se então que a disponibilização dos bens e

materiais residuais, caso não seja controlada, gerará impactos ambientais.

Como resíduos perigosos ao meio ambiente e à sociedade, pode-se citar as

pilhas, que possuem metais pesados, como chumbo, cádmio e mercúrio, e que se

descartadas de forma incorreta, podem contaminar o solo, e até as águas

subterrâneas, oferecendo riscos à saúde humana.

Porém, existem aqueles produtos de pós-consumo, constituídos por materiais

que são considerados inofensivos à saúde humana, que se descartados em

grandes quantidades, e sem a devida tratativa (saturação dos meios de disposição

final), poderão gerar poluição de maneira indireta, tão nociva quantos as pilhas

descartadas incorretamente.

4.3.2 Canal de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Consumo (CDR-

PC)

Estes canais são fluxos reversos constituídos por uma parcela de produtos e

de materiais originados no descarte de produtos após a sua utilidade original e

retornam ao ciclo produtivo de alguma maneira.

Esse canal se subdivide em dois subsistemas, chamados de canais reversos

de reúso e canais reversos de reciclagem/desmanche. Podendo também haver

produtos que não se enquadrem em nenhum destes canais, sendo direcionados

então à disposição final segura e controlada, que não provoque poluição, ou

impacto ao meio ambiente.

4.3.2.1. Canal Reverso de Reúso

Os bens industriais considerados duráveis ou semiduráveis, após o

primeiro uso, tornam-se produtos de pós-consumo. Caso apresentem condições,

podem ser reutilizados pelo mercado secundário, sendo comercializados diversas

vezes até atingirem o fim da vida útil. Exemplo deste canal reverso são os

veículos em geral, que possuem mercados paralelos, de segunda mão em todas as

regiões do planeta. Com isso, pode-se dizer que este canal reverso em especifico,

tem como finalidade extender a vida útil do produto, ou componente, com a

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mesma finalidade que originalmente foi produzido. Ou seja, podemos considerar,

neste caso, o produto de pós-consumo como produto bem usado.

4.3.2.2. Canal Reverso de Reciclagem/Desmanche

Este é um sistema de revalorização do produto. No canal da reciclagem, os

materiais descartados, podem transformar-se em matérias-primas secundárias

ou recicladas que poderão ser reincorporadas ao ciclo produtivo. Exemplo deste

caso, são os metais.

Já no canal de desmanche, o produto durável de pós-consumo, sofre um

processo de desmontagem, onde os componentes em condições de uso e/ou

remanufatura são separados das partes que não possuem condições de

revalorização. São enviados, diretamente ou após remanufatura para o mercado

secundário de peças usadas, e aqueles materiais considerados inservíveis são

destinados a aterros sanitários ou são incinerados.

4.3.2.3. Disposição Final

Disposição final é considerada a última etapa do processo, o último local do

destino para onde são enviados os resíduos que não possuem valor agregado, ou

que possam vir a ter alguma revalorização.

4.4 RECUPERAÇÃO DE VALOR

A recuperação e agregação de valores aos produtos retornados podem vir de

diferentes formas, dependendo das características e dos processos aos quais estes

produtos foram submetidos.

O valor do produto recuperado varia de acordo com o processo pelo qual é

submetido, sendo que à medida que o produto avança sobre os níveis de

Recuperação Direta da figura 4, maior será sua revalorização.

Quando a etapa final do processo é a Revenda, o Reúso ou a Redistribuição

garante-se assim, a função original do produto e uma maior revalorização.

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Quando a alternativa para aquele produto estiver nos níveis de

Reprocessamento, a revalorização é parcial e estará associada à recuperação de

materiais, energia e/ou ao descarte apropriado dos resíduos.

Figura 4 - Recuperação Direta.

Fonte: Via Sápia – Logística Reversa

4.5 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS LOGÍSTICOS REVERSOS

Esta classificação é baseada na Figura 4, considerando o valor final

recuperado, diminuição de impactos ambientais e os níveis de processos de cada

produto.

Na Figura 5, podemos identificar os três diferentes níveis de logística dos

bens.

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Figura 5 - Sistemas de Logística Reversa.

Fonte: Via Sápia – Logística Reversa

4.5.1 Sistema Logístico de Descarte (S.L.D.)

Tem como objetivo principal a adequação às normas e legislações vigentes,

o correto descarte dos resíduos, principalmente os considerados perigosos.

Este sistema tem como etapas do seu processo, a coleta, o transporte, a

inspeção dos bens retornados, e a correta destinação final, como por exemplo, a

incineração. Como exemplo destes resíduos, podem-se citar as pilhas e baterias,

as lâmpadas fluorescentes e agrotóxicos, entre outros.

4.5.2 Sistema Logístico de Reciclagem (S.L.R.)

O segundo nível tem como objetivo principal, a recuperação da matéria-

prima, reaproveitamento dos insumos, minimização dos impactos ambientais, e

uma futura diminuição nos custos da implantação da logística reversa, por meio

de revenda ou reuso de materiais reciclados.

Este sistema vem desde a segregação e identificação dos resíduos

recicláveis, até o processo de reaproveitamento ou revenda desses materiais.

Como exemplo, podem-se citar as empresas de papel e celulose, de alumínio, e

construção civil, entre outras.

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4.5.3 Sistema Logístico de Recuperação (S.L.Rec.)

O nível mais elevado da pirâmide tem como objetivos principais a

revalorização e reaproveitamentos dos bens, minimização dos impactos

ambientais, uma vez que a fábrica poderá substituir um insumo virgem por um

recuperado.

Este sistema possui as mais variadas etapas, desde a restauração,

remanufatura, reforma e/ou reparo até a revenda, reuso ou redistribuição. Estes

produtos são considerados “seminovos”, uma vez que retornam por motivos de

pequenas falhas, ou necessitando de pequenos reparos. Como exemplo de

produtos deste sistema, podem-se citar os computadores, celulares, peças

automobilísticas entre outros.

4.6 LOGÍSTICA REVERSA E SEUS PROBLEMAS

Está claro que, com o crescente volume de novos produtos no mercado

motivados pela incessante busca de novas tecnologias e melhoras de

funcionalidade, a quantidade de produtos pré e pós-consumo está cada vez mais

se tornando crescente em todo o mundo. E com este aumento, cresce também a

dificuldade de coletar todos esses produtos e/ou equipamentos. Como exemplo, os

aparelhos eletroeletrônicos, que cada vez mais estão tendo sua vida útil

diminuída, pelo aumento de novas versões no mercado. Por isso, o governo

brasileiro está cada vez mais engajado na criação de legislações e normas que

possibilitem este controle de novos produtos e descarte correto dos antigos.

(BRASIL, 2010)

Considerando que o Brasil, possui um território de aproximadamente

8.514.877 km² (IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004), e a

facilidade da sociedade em adquirir produtos via internet, fica mais difícil para as

empresas conseguirem equacionar o retorno de seus produtos consumidos ou não,

para a tratativa adequada, seja ela remanufatura ou disposição final, gerando

assim riscos à sociedade e ao meio ambiente.

Com esta variedade enorme de produtos indo para o mercado diariamente,

por exemplo, computadores, celulares, embalagens descartáveis entre muitos

outros, têm aumentado a preocupação e a conscientização das empresas e da

população para alguma ação sustentável que ajude a não degradar o meio

ambiente. Estas ações sustentáveis podem ser estratégias de fidelização dos

clientes à marca, anúncios de sustentabilidade entre outras.

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Um dos maiores problemas enfrentados hoje por empresas que fazem a

logística reversa em seus produtos, ou que para implantar este sistema de LR, é a

grande extensão territorial, forçando os fabricantes a criar postos ou parcerias

com empresas, tornando-as pontos de coletas, uma vez que segundo o artigo 5º do

Decreto 7.404/2010, “Os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes,

consumidores são responsáveis pelo ciclo de vida do produto”. Outro problema

encontrado é o custo do transporte destes produtos, que muitas vezes para

compensar o valor do frete, devem esperar uma quantidade específica de

produtos, ou um peso pré-determinado para transportá-los. E nem sempre o

ponto de coleta, ou o parceiro, pode ou tem espaço para armazená-los (VIA

SAPIA, 2011).

Outro ponto a se melhorar no sistema de logística reversa, e este é o

principal, é o consumidor. Ás vezes eles podem não ter o conhecimento de que o

fabricante daquele produto possui o sistema de logística reversa. Que aquele

produto que aparentemente não tem mais uso, pode sim ser reutilizado para

outras finalidades, ou até passar por uma remanufatura e retornar ao mercado

secundário. Ou o consumidor tem o conhecimento deste sistema, porem não

possui ponto de coleta próximo a ele, ou se existir, a sociedade como um todo não

possui ainda esta conscientização ambiental, que leva o consumidor a pensar “O

que vou ganhar em troca com isso?” e assim, não devolver aquele produto

“acabado” nos pontos de coleta, e simplesmente descartá-los na lixeira comum de

casa, onde será coletado pela limpeza pública urbana e acabará indo para aterros

sanitários.

Por isso, é tão necessária a conscientização e participação de todos para

que os resíduos que para muitos não há mais uso, seja descartado corretamente, e

assim, diminuindo os impactos ambientais.

4.7 LOGÍSTICA REVERSA E SUAS VANTAGENS

Apesar das dificuldades enfrentadas para a implementação da logística

reversa no setor empresarial, este processo traz vantagens para todos: fabricante,

distribuidor, lojista e consumidor.

Começando pela ponta do processo, os fabricantes ganham com o sistema

de logística reversa no fator econômico, uma vez que a LR está diretamente

ligada à recuperação de ativos, principalmente no sistema logístico de

recuperação, explicado anteriormente, que tem como objetivo a recuperação de

produtos novos ou seminovos.

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Além do fator econômico, outros fatores motivadores para a implementação

do sistema de LR é atender a legislação, melhoria da imagem corporativa, e

competitividade no mercado.

O distribuidor, com o sistema de LR no mercado, ele deverá se adequar as

novas exigências de mercado, mas com o tempo poderá atender a nova demanda

de um serviço de transporte de resíduos que está em crescimento.

O lojista poderá colaborar e bastante com o sistema de LR, se tornando, por

exemplo, um ponto de coleta para produtos obsoletos, sejam eles eletroeletrônicos,

pilhas, baterias, entre outros estipulados pela Legislação Brasileira aumentando

assim sua clientela.

Já o consumidor, a vantagem que ele pode obter deste processo todo, é que

contribuindo com o sistema, ou seja, descartando os produtos em pontos de coleta,

ele estará ajudando com a reciclagem e/ou destinação ambientalmente correta

dos produtos, e com isso, a fábrica poderá repassar a redução seus custos de

produção para os produtos, e no final, o consumidor pode vir a pagar menos pelos

produtos, além de usufruir de um meio ambiente mais equilibrado e sadio a

qualidade de vida e de suas futuras gerações.

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5. RESÍDUO ELETRÔNICO

5.1 DEFINIÇÃO

Segundo a ABINEE – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e

Eletrônica e o MDIC – Ministério de Desenvolvimento, Industria e Comércio são

considerados equipamentos eletroeletrônicos ou EEE, os equipamentos de uso

doméstico, industrial, comercial e de serviços, cujo adequado funcionamento

depende de correntes elétricas ou campos eletromagnéticos bem como os

equipamentos para geração, transferência e medição dessas correntes e campos,

concebidos para utilização com uma tensão nominal não superior a 1000 V para

corrente alterna e 1500 V para corrente contínua e pertencentes à nove

categorias.

Pela legislação brasileira, há a Lei Estadual nº 8.876, de 16 de maio de

2008, do Estado do Mato Grosso, que em seu art. 2º:

“Entende-se como lixo tecnológico os equipamentos de informática

obsoletos, danificados e outros que contenham resíduos ou sobras de

dispositivos eletroeletrônicos que são descartadas, fora de uso ou

obsoletos, que possam ser reaproveitados ou ainda que contenha

integrada em sua estrutura, elementos químicos nocivos ao meio

ambiente e ao ser humano, mas passíveis de serem

reciclados”.

Ainda de acordo com o art. 2º, em seu paragrafo único:

“São considerados lixo tecnológicos, os computadores, equipamentos

de informática, pilhas, baterias (celulares, filmadores, industriais,

etc), televisores e monitores, micro-ondas, máquinas fotográficas,

lâmpadas fluorescentes e eletroeletrônicos”.

Outras definições também estão presentes em legislações de municípios

brasileiros, como de Guarulhos/SP através da lei nº 6.663 de 12 de Abril de 2010,

em seu art. 2º:

“Considera-se lixo tecnológico:

I - os componentes periféricos de computadores, portáteis ou não,

inclusive monitores e televisores que contenham tubos de raio

catódicos;

II – os componentes de equipamentos ou aparelhos eletroeletrônicos

e de uso geral, que contenham metal pesado ou qualquer outra

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191

substância tóxica em sua composição;

III –os equipamentos ou aparelhos eletroeletrônicos que contenham

pilhas, baterias ou acumuladores de energia inseridos em sua

estrutura de forma insubstituível;

IV – as pilhas, baterias e acumuladores de energia que contenham

em sua composição um ou mais dos elementos chumbo, mercúrio,

cádmio, lítio, níquel e seus compostos, necessária os funcionamento

de qualquer tipo de aparelho, de veiculo ou sistemas, fixos ou

moveis, recarregáveis ou não;

V – as lâmpadas fluorescentes, ou seja, lâmpadas onde a maior parte

da luz é emitida por uma camada de material fluorescente aplicada

na superfície interna de um bulbo de vidro, exercitada por radiação

ultravioleta produzida pela passagem de corrente elétrica de vapor

de mercúrio ou argônio;

VI – as lâmpadas de vapor de mercúrio, lâmpadas na qual a luz é

emitida pela passagem de corrente elétrica através do vapor de

mercúrio a alta pressão, contido num bulbo de vidro;

VII – as lâmpadas de vapor de sódio, na qual a luz é emitida pela

passagem de corrente elétrica através de vapor de mercúrio à alta

pressão, contido num bulbo de vidro;

VIII – as lâmpadas de luz mista, na qual a luz é emitida pela

passagem de corrente elétrica simultaneamente através de filamento

metálico e de vapor de mercúrio, puro ou associado ao sódio, contido

num bulbo de vidro;

IX – as lâmpadas de vapor metálico, que contenham em seu interior

vapor de mercúrio e/ou outro componente que seja tóxico;

X – as lâmpadas halógenas dicróicas, incandescentes com adição de

elemento química halógeno – iodo ou bromo;

XI – toda e qualquer lâmpada que use em sua fabricação e contenha

em sua composição ou sistema, vapor de mercúrio.”

Este tipo de resíduo, também conhecido como e-lixo, é um dos maiores

problemas que a sociedade moderna se depara atualmente. O consumo de

produtos eletroeletrônicos, de todo os tipos, está cada vez maior e com isso

aumenta-se exponencialmente o número de resíduos descartados em lixões,

aterros, até mesmo no meio da rua, ou seja, descartados incorretamente, gerando

riscos à saúde e impactando o Meio Ambiente. (VIA SÁPIA, 2011).

Outro motivo do aumento da quantidade de produtos eletroeletrônicos

descartados, é que muitos dos equipamentos do mercado atual, não duram o

tempo que deveriam durar, e muitas vezes é mais fácil e acessível comprar outro

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192

produto novo, do que mandar o antigo para conserto (ELECTRONICS TAKE

BACK, 2010). É a chamada obsolência programada.

O setor eletroeletrônico é responsável por 2 a 4% do impacto ambiental do

planeta. Entretanto, é o provedor de serviços, produtos e as soluções dos demais

96 a 98% dos segmentos mundiais (CEMPRE,2011).

5.2 CATEGORIA DOS ELETROELETRÔNICOS NO BRASIL

De acordo com a ABINEE, os produtos eletroeletrônicos são subdivididos

em categorias. As maiores são:

5.2.1. Linha Branca

São considerados equipamentos eletroeletrônicos da linha branca os

grandes eletrodomésticos como, por exemplo, refrigeradores, máquinas de lavar

roupas e/ou louças, fogões, micro-ondas, aparelhos de aquecimento elétrico,

condicionadores de ar, entre outros.

5.2.2. Linha Azul

São considerados equipamentos eletroeletrônicos da linha azul, os

pequenos eletrodomésticos como, por exemplo, aspiradores de pó, ferro de passar

roupa, torradeiras, secadores de cabelo, máquinas de barbear, batedeiras,

liquidificadores, entre outros.

5.2.3. Linha Verde

São considerados equipamentos eletroeletrônicos da linha verde, os

equipamentos de informática e telecomunicações como, por exemplo,

computadores desktop, notebooks, impressoras (junto com seus acessórios e

periféricos – cartuchos, cabos, teclados, mouse, entre outros), calculadoras,

telefones sem fio, telefones celulares (junto com seus acessórios – cabos, fones,

etc), entre outros.

5.2.4. Linha Marrom

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São considerados equipamentos eletroeletrônicos da linha marrom, os

equipamentos de consumo como, por exemplo, televisores (de tubo, LCD, Plasma),

DVD/VHS, aparelhos de rádio, aparelho de áudio, ou qualquer equipamento para

gravar e/ou reproduzir som e/ou imagem

5.3 COMPOSIÇAO DO RESÍDUO ELETRÔNICO

Como já foi dito anteriormente, estes resíduos não são somente aqueles

computadores ou celulares descartados. Por isso, em 2006, o Global Resource

Information Database, o GRID, um centro de pesquisa ligado ao UNEP - United

Nations Environment Programme realizou um levantamento conforme a Figura 6

adaptada, que mostra como estavam distribuídos os resíduos eletroeletrônicos na

Europa. O estudo foi divido em três fases:

- Resíduo Eletrônico, como televisores, impressoras, entre outros;

- Resíduo Elétrico, como geladeiras, máquinas de lavar e secar roupa, entre

outros;

- Adicionais, como brinquedos, ferramentas elétricas e eletrônicas,

furadeiras, entre outros.

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Figura 6 - Composição dos Resíduos Eletroeletrônicos.

Fonte: GRID, 2006

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195

Considerando a quantidade de produtos que entram no mercado com

aqueles que são descartados pelos consumidores corretamente, todos os outros

aparelhos substituídos que não são entregues em pontos de coleta e reciclados,

são jogados em aterros, ou na melhor das hipóteses, a população brasileira possui

uma tendência a doar os eletroeletrônicos, ou então esquecê-los na assistência

técnica no aguardo de um orçamento fictício.

5.4 RESÍDUOS ELETROELETRÔNICOS NO BRASIL E NO MUNDO

Segundo o relatório realizado em 2009 da UNEP - United Nations

Environment Programme com apoio da ONG StEP - Solving the E-Waste

Problem, informa o tempo de vida útil em média de alguns aparelhos como por

exemplo, um computador tem em média de 5-8 anos, um celular em torno de 4

anos e uma televisão uma média de 8 anos (Figura 7).

Figura 7 - Tempo estimado da vida útil de alguns eletroeletrônicos.

Fonte: Relatório UNEP, 2009

Ainda segundo o relatório do UNEP/StEP de 2009 (Figura 8), a quantidade

de resíduos eletroeletrônicos estimados que foram gerados em toneladas no ano

de 2005, atualmente esta quantidade deve estar além do dobro. O valor foi

estimado, porque o Governo Brasileiro não centralizava as informações sobre a

gestão destes resíduos na época, e por isso foi aplicada a média do tempo de vida

útil da cada produto, sobre a quantidade de produtos vendidos e/ou estocados no

mercado.

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Figura 8 - Quantidade estimada em ton/ano de resíduos no Brasil em 2005.

Fonte: UNEP, 2009, adaptado

O relatório da UNEP/StEP traz ainda a quantidade estimada de

computadores descartados no mercado brasileiro, comparando com outros países,

de acordo com a Figura 9. Com valores estimados novamente, pois não foi

encontrado nenhum dado oficial das datas de venda destes produtos, então

considerando o tempo de vida útil de um computador, 5 anos, o Brasil, obteve o

valor mais alto dentre os países avaliados, sendo maior que 0,5 kg/cap.ano de

geração de resíduos eletroeletrônicos.

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Figura 9 - Quantidade de PC descartados.

Fonte: Relatório UNEP, 2009

O Brasil, de acordo com a conclusão deste relatório de 2009, estava

classificado juntamente com o México e a África do Sul no Grupo C, considerado

países em crescente desenvolvimento. Este grupo, também tem um significativo

potencial, segundo o relatório divulgado, para se adaptar a mudanças de pré-

fabricação de produtos eletroeletrônicos, e para extender seus potenciais na etapa

de processo final, criando tecnologias que se apliquem as necessidades locais, com

investimentos e trocas de conhecimento e tecnologias de outros países que já

possuem este processo implementado, de acordo com o estudo realizado.

Cada ano, o mundo descarta cerca de 20 à 50 milhões de toneladas de

produtos eletroeletrônicos, o que significa cerca de 5% do volume total de resíduos

sólidos gerados em cada município. De acordo com o relatório divulgado pela EPA

- Environmental Protect Agency, a parcela do lixo eletroeletrônico dentro do total

de lixo gerado nos municípios pelo mundo, está só crescendo. Enquanto os outros

tipos de resíduos, como plástico, papel e outros recicláveis começam a ser

segregados para tal fim, e os resíduos orgânicos são reduzidos a partir da

diminuição do desperdiço de alimento, a quantidade dos resíduos

eletroeletrônicos está crescendo quase que 5% anualmente.

Deve ser ressaltado ainda que todos os resíduos eletroeletrônicos possuam

metais preciosos, podendo ser reutilizados em novos produtos eletroeletrônicos.

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Um estudo realizado de 2000 a 2007, pela EPA sobre os resíduos sólidos

municipais nos Estados Unidos, Figura 10, constatou que apenas 13% dos

resíduos eletroeletrônicos, são reciclados no total.

Figura 100 -% de resíduos reciclado nos EUA.

Fonte Electronics Take Back, 2010.

5.5 RESÍDUOS ELETROELETRÔNICOS E SEUS MALES

Os aparelhos eletroeletrônicos podem inicialmente não apresentar riscos

aos seus usuários, mas quando deixam de ser produtos e se tornam resíduos,

podem gerar alto riscos ao meio ambiente e a saúde humana.

5.5.1 Problemas no Meio Ambiente

Os aparelhos eletroeletrônicos geram problemas ambientais de todas as

formas e aspectos. Por exemplo:

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199

- Durante o processo de fabricação destes produtos, há emissões de

substâncias poluentes, que quando não tratadas corretamente, podem poluir o ar;

- Ainda na etapa de produção, são necessárias grandes quantidades de

água no processo, por exemplo, para fabricação de um computador e um monitor,

são necessários 1,5 toneladas de água, de acordo com o estudo feito pela UNEP

em 2005. E novamente, senão tratada corretamente, esta água acaba indo parar

nos rios, contaminando lençóis freáticos e solo;

- Durante o processo de mineração dos metais e minerais necessários para

a sua fabricação, algumas toxinas são liberadas;

- E no descarte desses equipamentos, se o destino não for adequado, ou

seja, que tenha o tratamento correto, vão terminar em aterros e/ou jogado em

qualquer lugar, podendo contaminar solos e com o tempo, lixiviado aos lençóis

freáticos;

- Outro problema do descarte incorreto dos produtos eletroeletrônicos, é

que muitas vezes, estes equipamentos são incinerados sem a devida atenção e

tratamento dos gases, ou até mesmo queimados propositalmente a céu aberto,

gerando assim emissões atmosféricas com substâncias perigosas, como as

dioxinas e os furanos, devido à alguns aparelhos ainda terem em sua composição

os BFR’s, da sigla em inglês para Brominated Flame Retardants, os retardantes

de chamas bromado e o plástico PVC.

“A contaminação por estes elementos pode ser pelo contato direto, no

caso de pessoas que manipulam diretamente as placas eletrônicas e

outros componentes perigosos dos eletrônicos em lixões a céu aberto,

comuns ainda em países na África e Ásia. Mas também pode

acontecer de forma acidental. Quando um eletrônico é jogado em lixo

comum e vai para um aterro sanitário, há grandes possibilidades de

que os componentes tóxicos contaminarem o solo e cheguem até o

lençol freático, afetando a água” (NAKAMURA, 2009).

5.5.2 Problemas à Saúde Humana

Os riscos que os resíduos eletroeletrônicos geram à saúde humana, são

inúmeros. Na figura 11, estão relacionadas algumas substâncias perigosas

presentes em produtos eletroeletrônicos e seus efeitos colaterais no ser humano.

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Figura 1111 - Metais pesados e Efeitos.

Fonte: Ambiental Standard, 2010.

E ainda os BRF’s, substâncias retardantes de chama bromados, podem

afetar seriamente as funções hormonais, bloqueando a função da tiróide,

atrapalhando o desenvolvimento normal do indivíduo, de acordo com um estudo

realizado em 2004, pela organização ambiental Clean Production Action.

Já os plásticos PVC, quando queimados sem controle, soltam substâncias

nocivas, que em contato com água nos pulmões, se transformam em ácido

clorídrico. Podendo corroer o tecido dos pulmões, e causar severas complicações

respiratórias (E-WASTE GUIDE, 2009)

5.6 A RECICLAGEM DOS RESÍDUOS ELETROELETRÔNICOS

À medida que os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos,

aumentam as preocupações com o meio ambiente. E o desafio maior é de

conseguir fornecer produtos, serviços e soluções tecnológicas que ajudem os

usuários finais e corporativos a reduzirem seus impactos ambientais causados ao

longo daquele ciclo de vida daquele produto ou serviço.

Uma das soluções indicadas para este problema é a reciclagem ou até o

“upgrade” de aparelhos obsoletos, que é uma expressão usada em inglês para

atualizar tecnologicamente um equipamento, substituindo parcialmente, apenas

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algumas peças e/ou componentes eletroeletrônicos, melhorando o seu

desempenho, sem, contudo descartá-lo totalmente.

5.6.1 O Ranking das Empresas Ecológicas

A ONG Greenpeace elabora desde 2006 um Guia de Eletrônicos Verdes, que

avalia as 18 maiores empresas fabricantes de eletroeletrônicos “mais verdes” no

mercado atual.

Como é demostrado na Figura 12 a primeira versão do Guia apresentava

apenas duas empresas com nota 7 (GREENPEACE, 2010).

Figura 12 - Guia de Eletrônicos Verdes de 2006.

Fonte: Greenpeace, 2010.

Este “Guia Verde” é montado através de uma avaliação junto com as

empresas, onde é verificado:

- a produção de produtos sem a presença de substâncias consideradas

perigosas;

- o recolhimento e a reciclagem de seus produtos com responsabilidade,

uma vez que se tornem obsoletos;

- redução de impactos ambientais em seus processos de produção e seus

produtos;

- opções de aparelhos mais ecológicos no mercado.

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202

Esse ranking tem como intuito, fazer com que as empresas produzam

eletrônicos cada vez mais limpos e duráveis, e para que estes produtos consigam

ser cada vez mais fáceis de serem substituídos, reciclados e/ou descartados, sem

riscos ambientais e à saúde humana (GREENPEACE, 2010).

Hoje, o ranking está diferente, conforme a Figura 13. Há empresas,

próximas a nota 8, como é o caso da Nokia com pontuação 7,5 que entre outras

razões, desde 2005, todos seus novos modelos lançados ao mercado, não possuem

o plástico PVC em sua composição. Neste ranking há ainda a Sony Ericsson com

6,9, por ser umas das únicas empresas a atingir a máxima pontualidade no

quesito “ausência de substâncias perigosas”, de acordo com o relatório elaborado

para explicar os resultados da 16ª edição do Guia.

A maioria das empresas avaliadas possuem notas entre 5 e 6, o que

demonstra uma melhora na produção e nos requisitos avaliados em cada uma.

Mas também é possível ver que algumas regrediram como, por exemplo, a

Toshiba que teve sua nota reduzida comparada com o ranking anterior, que

segundo o relatório do Greenpeace da 16ª edição do Guia, um dos motivos foi o

não cumprimento do prazo estipulado por eles mesmos, de trazer ao mercado

novos produtos livres de plásticos de PVC e substâncias retardantes de chamas.

Também dá para se avaliar na comparação, que algumas empresas, com o

passar dos anos, deixaram de ser avaliadas por este ranking, e outras entraram

no lugar, como é o exemplo da Microsoft e Nintendo (GREENPEACE, 2010).

Figura 13 - Guia de Eletrônicos Verdes de 2010.

Fonte: Greenpeace, 2010.

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6. LOGÍSTICA REVERSA EM ELETROELETRÔNICOS

6.1 INTRODUÇÃO

O processo de reciclagem para eletroeletrônicos é diferente dos processos

convencionais que encontramos para os outros resíduos. Devido às suas

características únicas, a “manufatura reversa" ou LR, exige a reengenharia na

separação, trituração e limpeza para prover a reinserção da matéria-prima com

qualidade na fabricação de novos produtos e/ou subprodutos (CEMPRE, 2011).

De acordo com o relatório da UNEP de 2009, a logística reversa da

reciclagem de produtos eletroeletrônicos consiste em três etapas subseqüentes:

(Figura 14).

- a coleta;

- a separação/descaracterização e pré-processo;

- e o processo final.

De acordo com o relatório, são necessários nestas três etapas, maquinário e

profissionais qualificados para fazê-lo. A eficiência de todo o processo depende

independentemente de cada etapa, que seja cumprida sem erros e que no todo,

este processo seja bem gerenciado.

Figura 1412 - Etapas da Reciclagem Eletrônica.

Fonte: Relatório UNEP, 2009.

6.1.1 Coleta dos equipamentos eletroeletrônicos

A coleta destes equipamentos obsoletos e/ou quebrados é a etapa crucial

para todo o processo de logística reversa. Ele vai determinar a quantidade de

material disponível para ser recuperado.

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Há vários programas de coleta de equipamentos eletrônicos pelo mundo,

mas a eficiência deles depende de lugar para lugar. Por exemplo, no Brasil, a

empresa HP - Hewllett-Packard possui o programa de “Take Back and Recycling”

através de solicitações via web, no site da HP no Brasil, que coleta computadores,

notebook, impressoras, periféricos, etc. diretamente de clientes e/ou em pontos de

coletas disponíveis estrategicamente para um melhor campo de abrangência. Há

outros fabricantes de eletrônicos que também possuem programas semelhantes.

Para que este processo de coleta melhore e aumente cada vez mais os

números que equipamentos coletados, é necessária a participação de todos. Que

cada um faça sua parte no final da vida útil do produto. Uma vez que o produto

esteja obsoleto, quebrado ou então sem uso, o consumidor tenha a consciência de

descartá-los em pontos de coleta, para que seja ambientalmente tratado e

destinado corretamente posterior.

6.1.2 Separação/ Descaracterização e pré-processo

Esta segunda etapa do processo, se subdivide em três partes: a

descaracterização e/ou desmonte do equipamento; o retalhamento dos resíduos; e

por ultimo o pré-processo, onde serão segregados e acondicionados de acordo com

suas composições e encaminhados para o processo adequado.

A primeira etapa é a fase de desmonte dos equipamentos, onde são

separados os componentes considerados críticos dos resíduos eletroeletrônicos,

como por exemplo, os painéis de vidro de televisores e monitores, os gases CFC –

Clorofluorcarbono, contidos em geladeiras, lâmpadas e baterias, etc (E-WASTE

GUIDE, 2009).

A grande maioria dos eletroeletrônicos descartados aqui no Brasil passa

por este processo de descaracterização/desmonte manualmente, onde é mais fácil

e garantido que os metais valiosos, ou pedaços inteiros do aparelho são

removidos, como é visto na Figura 15 (UNEP, 2009)

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205

Figura 15 - Balcão de separação.

Fonte: Relatório UNEP, 2009.

Essas substâncias perigosas que foram retiradas devem ser estocadas ou

tratadas corretamente, evitando assim a contaminação do meio ambiente e

diminuindo os riscos gerados à saúde. Os metais valiosos, por exemplo, o cobre, é

estocado, e eventualmente reaproveitado no mesmo processo, ou então é

transformado em alguma outra coisa.

Os monitores e televisores que são de CRT - Cathode Ray Tube ou em

português tubo de raio catódico, contém de 2 a 4 quilos de chumbo, é nesta etapa

que são retirados os metais pesados, além nos painéis de vidro (ELECTRONICS

TAKE BACK, 2009). Já nos monitores de LCD - Liquid Cristal Display contém

menores quantidades de chumbo, porém maior quantidade de mercúrio, que

também é necessário retirar com cuidado, antes de enviá-los para a próxima

etapa.

E então os resíduos eletroeletrônicos já desmontados e descaracterizados,

são encaminhados para a segunda etapa desta fase, que é a fase de Shredding, o

retalhamento dos equipamentos.

Normalmente, resta só a carcaça dos resíduos, onde estes são segregados

de acordo com sua composição (PVC, ABS, PEBD, Alumínio, Ferro, Aço, entre

outros) e suas cores.

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206

Esta etapa acontece em grande escala para se obter uma grande

quantidade de materiais recicláveis. E este processo ocorre mecanicamente, com

máquinas de esmagamento, trituradores entre outras (E-WASTE GUIDE, 2009).

Para estes resíduos serem reaproveitados ao máximo, eles não poderão ser

misturados, por exemplo, alumínio com ferro, aço com plástico, ou plástico ABS

com plástico PVC.

Por isso, o grande desafio desta etapa é encontrar as corretas ações que

consigam separar corretamente os pedaços misturados, antes de serem moídos.

Algumas empresas como, por exemplo, a HP - Hewllett-Packard possui um

programa chamado “Design for Environment” que entre outras coisas, que

durante a produção do produto original, eles gravam a sigla do tipo de material

que é utilizado na peça, para facilitar o processo na separação manual.

A terceira etapa desta fase é o acondicionamento dos resíduos moídos para

o processo de reciclagem, chamado de pré-processo. Com isso, fica mais fácil e

viável a venda deste resíduo para reinserção deles como matéria prima em novos

produtos e/ou processos (E-WASTE GUIDE, 2009).

6.1.3 Processo Final

A recuperação dos metais, a partir das frações dos resíduos da etapa

anterior, é a ultima etapa do processo de reciclagem.

Os pedaços ferrosos são encaminhados para fábricas de aço para recuperar

o ferro, os pedaços de alumínio são encaminhados para fábricas que derretem

alumínio.

Resíduos ferrosos e não ferrosos quando derretidos, precisam de um

tratamento das emissões atmosféricas, uma vez que os compostos orgânicos,

contidos na tinta de alguns resíduos, e em partes de plásticos e resinas, se não

tratados, podem gerar substâncias nocivas ao Homem e ao Meio Ambiente.

O mesmo acontece para as placas de circuito dos eletroeletrônicos. Este

último processo, o Brasil ainda não possui condições para fazê-lo. Sendo assim, as

placas segregadas são exportadas para o Japão, Bélgica, Alemanha, Canadá para

o devido tratamento (UNEP, 2009).

6.1.4 Reuso ou disposição final

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207

Aqueles resíduos que não podem ser reciclados nem reutilizados, deverão

ter como destino final os aterros sanitários controlados para resíduos classe I, ou

até mesmo co-processamento, como visto anteriormente, uma vez que possa haver

algum resíduo classificado como perigosos, gerando riscos ao meio ambiente e/ou

á saúde.

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Ensaio

TORRES, Carolina Adélia Liberato; FERRARESI, Gabriela Nenna. Logística Reversa de Produtos

Eletroeletrônicos. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2,

p. 159-210, jun. 2012.

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7. CONCLUSÕES

Uma vez que o aparelho ou produto eletrônico é descartado e/ou tenha sua

vida útil encerrada, ele se torna um resíduo, podendo ser classificado como classe

I, e por isso, deverá seguir as normas recomendadas de armazenamento e

transporte e destinação final de resíduos classe I de acordo com a ABNR NBR

12.235:1992 para evitar problemas de vazamento e/ou acidentes ambientais, que

possam vir a causar grandes impactos ambientais.

Um resíduo eletrônico, em sua composição possui substâncias que podem

ser nocivas ao Homem e ao meio ambiente. Por exemplo, nas placas de circuito,

há a presença de metais pesados, e ás vezes a carcaça de um computador e/ou

impressora seja feita de PVC, ou com substâncias chamadas de BFR –

retardantes de chamas bromados, que quando queimada emite as chamadas

dioxinas e furanos, que são necessários tratamentos prévios antes de emiti-los à

atmosfera.

Por isso, foi criada em 2010 a PNRS, que busca a implementação do

sistema de logística reversa no Brasil, de modo que os fabricantes, importadores,

distribuidores, comerciantes e os consumidores, tenham a responsabilidade

compartilha daquele produto que se tornará resíduo um dia.

Graças ao complexo e diverso fluxo do sistema da LR, não serão todos os

resíduos descartados e/ou obsoletos “jogados fora”. Dependendo das condições que

aquele produto for descartado, ele poderá voltar ao mercado como produto de

segunda linha, onde alguma peça foi trocada ou uma manutenção realizada. Já

para aqueles produtos com problema de qualidade e/ou garantia, estes poderão

ter alguns de seus componentes reaproveitados na cadeia produtiva, e outros

poderão ser reciclados.

Para aqueles produtos, que foram utilizados até o final de sua vida útil, a

reciclagem deverá ser a primeira opção antes do descarte para aterros sanitários.

Para o sistema da LR estar completo no Brasil, é necessário a aquisição de

maquinários competentes para a tratativa por exemplo das placas de circuito dos

eletrônicos. Hoje estas placas são enviadas para países como Japão, Alemanha,

Bélgica, Canadá, entre outros. Países estes, que possuem este sistema já

implementado, e desenvolveram maquinários para o processamento destas

placas, uma vez que nela, contém metais pesados e metais precioso, como por

exemplo, cádmio e cobre.

Problemas com produtos eletroeletrônicos e a correta destinação de

resíduos, é um problema recente que o Brasil vem enfrentando, versus outros

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Ensaio

TORRES, Carolina Adélia Liberato; FERRARESI, Gabriela Nenna. Logística Reversa de Produtos

Eletroeletrônicos. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2,

p. 159-210, jun. 2012.

209

países internacionais que já atuam nesta área há algum tempo. Por isso, o

Governo, juntamente com fabricantes, comerciantes, consumidores, e todos que

fazem parte da cadeia logística de consumo de produtos, são corresponsáveis pela

melhoria da gestão destes e de outros resíduos que possam gerar riscos à saúde,

ou que possam degradar e/ou impactar temporariamente ou permanentemente o

Meio Ambiente em um todo.

REFERÊNCIAS

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ABINEE/ MDIC - http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1320088836.pdf , 2011;

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Armazenamento de resíduos classes II – não inertes e III - inertes. Rio de

Janeiro, 1990;

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(http://www.greenpeace.org/usa/en/campaigns/toxics/hi-tech-highly-

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Ensaio

TORRES, Carolina Adélia Liberato; FERRARESI, Gabriela Nenna. Logística Reversa de Produtos

Eletroeletrônicos. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2,

p. 159-210, jun. 2012.

210

GUARULHOS/SP. Lei Municipal nº 6.663 de 12 de Abril de 2010;

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IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas – www.ipt.br/;

MATO GROSSO. Lei Estadual nº 8.876 de 16 de Maio de 2008;

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http://www.unep.org/PDF/PressReleases/E-

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VIA SÁPIA TREINAMENTOS. Logística Reversa. São Paulo, 2011;

Page 211: Revista Intertox - Revinter - Volume 5 Número 2 Junho de 2012 - São Paulo

Ensaio

MELO, Bruno Santa Rosa de. Metodologia e Diretriz da Global Reporting Initiative (GRI): Contexto,

relevância, oportunidades e riscos.. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental

e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 211-214, jun. 2012.

211

Metodologia e Diretriz da Global Reporting

Initiative (GRI): Contexto, relevância,

oportunidades e riscos.

Bruno Santa Rosa de Melo

Formado em Administração pela ESPM São Paulo (2004), Pós graduado

em Comunicação Corporativa pela ESA - Paris (2008) e cursando Pós

graduação em Gestão Socioambiental para a Sustentabilidade na FIA-USP

(2012). Atua como especialista em Sustentabilidade na Intertox em

Planejamento Estratégico para a Sustentabilidade; Relatórios de

Sustentabilidade GRI; Capacitação para a Sustentabilidade; Engajamento

de Stakeholders; Cadeia de Valor; Leis de Incentivo à Cultura e Esporte.

Page 212: Revista Intertox - Revinter - Volume 5 Número 2 Junho de 2012 - São Paulo

Ensaio

MELO, Bruno Santa Rosa de. Metodologia e Diretriz da Global Reporting Initiative (GRI): Contexto,

relevância, oportunidades e riscos.. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental

e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 211-214, jun. 2012.

212

Hoje, as diretrizes de relatórios de sustentabilidade mais

reconhecidas e utilizadas internacionalmente são as da Global Reporting

Initiative (GRI)1. Sua missão é de “fazer com que a prática de relatórios de

sustentabilidade se torne padrão, fornecendo orientação e suporte para as

organizações”, através de uma estrutura robusta de princípios e indicadores

(perfil e governança, econômicos, sociais, ambientais, direitos humanos,

produtos e práticas trabalhistas), que permitam mensurar e comunicar

anualmente os avanços nos desempenhos ambientais, sociais e econômicos

de uma organização.

De acordo com o estudo “GRI Sustainability Reporting Statistics,

2010”2 a Europa ainda é o continente com maior número de relatórios (45%),

seguido pela Ásia (20%) e América do Norte e América Latina (ambos com

14% cada). O crescimento de publicações no mundo, em 2010, em

comparação com 2009, foi de 22%. O Brasil, que tem 7% dos relatórios

publicados no mundo, foi o país que mais cresceu, atingindo um incremento

de 68% em comparação com aquele mesmo ano.

1 A Global Reporting Initiative é uma Organização Não Governamental fundada em 1997 em Boston, pela CERES

(Coalition for Environmentally Responsible Economies) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(UNEP). Hoje, a GRI está sediada em Amsterdã e com representantes (pontos focais) no Brasil, Estados Unidas,

Austrália, China e Índia, com o objetivo de contribuir com a disseminação

2 https://www.globalreporting.org/resourcelibrary/GRI-Reporting-Stats-2010.pdf

Page 213: Revista Intertox - Revinter - Volume 5 Número 2 Junho de 2012 - São Paulo

Ensaio

MELO, Bruno Santa Rosa de. Metodologia e Diretriz da Global Reporting Initiative (GRI): Contexto,

relevância, oportunidades e riscos.. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental

e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 211-214, jun. 2012.

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A publicação Rumo à Credibilidade 20103 aponta, no Brasil, a Natura

como o relatório com melhor desempenho (65%), seguida pela Sabesp (51%)

e Celulose Irani (50%). E, se olharmos o desempenho das dez primeiras

colocadas, todas tiveram um incremento de pelo menos 7% em relação ao

ano anterior (2009), evidenciando, conforme destacado no estudo “GRI

Sustainability Reporting Statistics, 2010”, um ritmo crescente e mais

acelerado nos resultados do que no resto do mundo.

Na contramão a este crescimento, encontramos, ainda, em grande

parte dos relatórios nacionais, pouca transparência na prestação de contas

dos temas de real relevância e materialidade para as organizações. Com um

olhar mais crítico, percebemos que o processo de definição destes temas não

passa por um processo estruturado junto aos seus stakeholders

estratégicos, conforme prevê a metodologia da GRI. Pensando no curto

prazo, muitas empresas relatam assuntos, ações, programas e iniciativas

que julgam relevantes e estratégicos, pois encaram esta importante

ferramenta como uma mera peça de comunicação.

O processo de elaboração de um relatório de sustentabilidade, além de

comunicar o desempenho ambiental, social e econômico aos stakeholders da

organização, favorece um trabalho contínuo de autoconhecimento e gestão,

3 Segundo relatório da série brasileira (primeiro foi em 2008) da Global Reporters, da SustainAbility, focado nas

tendências das prestações de contas de determinados países. Este estudo, examina as quatro principais dimensões

de um Relatório de Sustentabilidade: Governança e Estratégia; Gestão; Apresentação do Desempenho;

Acessibilidade e Verificação.

Page 214: Revista Intertox - Revinter - Volume 5 Número 2 Junho de 2012 - São Paulo

Ensaio

MELO, Bruno Santa Rosa de. Metodologia e Diretriz da Global Reporting Initiative (GRI): Contexto,

relevância, oportunidades e riscos.. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental

e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 211-214, jun. 2012.

214

através dos indicadores propostos pela GRI e do estabelecimento de planos

de ação (curto, médio e longo prazos), mensuração dos resultados e

comprometimento com metas de desempenho, sempre alinhadas com as

melhores práticas, nacionais e internacionais, de Sustentabilidade e

Responsabilidade Social Empresarial.

Se trabalhados com esta perspectiva, os resultados alcançados serão

muito mais amplos do que reputação e imagem. Os relatórios de

sustentabilidade podem contribuir para a minimização dos riscos e para a

melhoria de desempenho ao longo do tempo, além de ser uma ferramenta

essencial para a inserção transversal da cultura da sustentabilidade na

estratégia dos negócios e para o real conhecimento e engajamento junto aos

seus principais stakeholders.

Dentre outros propósitos, muitos já citados neste texto, as Diretrizes

da GRI foram criadas para servir como base de comparação entre as

organizações. Desta forma, fica evidente que relatar com foco em reputação

e imagem é uma estratégia que não é sustentável ao longo do tempo. Os

stakeholders, de um modo geral, estão cada vez mais atentos e exigentes, e a

pressão sobre estas organizações tende a aumentar.