Revista issu

30
Casa de Construção Arquitetura na Bauhaus 04 Magazine Fevereiro 2014 TOP 04 Vida e obras dos maiores artistas da Bauhaus Uma nova abordagem sobre a arte O Projeto Weissenhof Werkbund 1927 Bauhaus atravessa continentes Bauhaus hoje

description

Bauhaus e Arquitetura | Revista Casa de Construção Alunos: Daniel Quintino e Vanessa Martins Disciplina: História do Design Prof.: Oriana Duarte Monitor: Amílcar de Abreu

Transcript of Revista issu

Page 1: Revista issu

Casa de Construção

Arquitetura na Bauhaus

04 Magazine

Fevereiro 2014

TOP04

Vida e obras dos maiores artistas da Bauhaus

Uma nova abordagem

sobre a arte

O Projeto Weissenhof

Werkbund1927Bauhaus

atravessacontinentes

Bauhaus hoje

Page 2: Revista issu

02

Page 3: Revista issu

03

Page 4: Revista issu

04

06

10

16

18

25

29

30

Maiores artistas

História e Arquitetura

Projeto Weissenhof Werkbund

Bauhaus chega aosE.U.A

Influências

Oscar Niemeyer

Bauhaus hoje

Page 5: Revista issu

05

Atividade instituído pela professora Oriana Duarte da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para a disciplina História do Design, auxiliado pelo monitor Amilcar de Abreu.

Diretores de pesquisa e redação: Daniel Quintino e Vanessa MartinsEditora de arte: Vanessa Martins

Bibliografia:

WOLFE, Tom. DA BAUHAUS AO NOSSO CAOS. Rio de Janeiro, Ed. Rocco,1990

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna do I l u m i n i s m o a o s m o v i m e n t o s contemporâneos. São Paulo, Ed. Companhia das Letras, 1992

WALTER, Gropius. BAUHAUS: NOVARQUITETURA. 5.ed. São Paulo, Ed. Perspectiva S.A., 1997

Web, sites visitados:

tipografos.net/bauhaus/index.html

idemdesign.net/pt/

bauhaus.com.br/site/html/bauhaus.php

cimentoeareia.com.br/arquiteturas1.htm

coisasdaarquitetura.wordpress.com

A r e v i s t a C a s a d e Construção aborda, mais especificamente,

a arquitetura na Bauhaus, escola alemã de grande prestígio que surgiu após a Primeira Guerra Mundial e até hoje é símbolo da arte e inspiração de ensino.

Em nossa matéria, conduzi-mos o leitor em uma viagem pelos artistas mais influentes, antece-dentes históricos e de como a Bauhaus contagiou milhares de artistas por todo o mundo, acom-panhado por um acervo de ima-gens.

Casa de Construção

Arquitetura na Bauhaus

04 Magazine

Fevereiro 2014

TOP04

Vida e obras dos maiores artistas da Bauhaus

Uma nova abordagem

sobre a arte

O Projeto Weissenhof

Werkbund1927Bauhaus

atravessacontinentes

Bauhaus hoje

Page 6: Revista issu

MAIORESARTISTAS

06

Artistas que fizeram a diferença na Bauhaus e algumas de suas obras.

Cabelos negros e penteados para Klee, uma vez que prata era sinônimo trás, magro, vestia-se com sim- de perfeição. Já ouro seria considerado plicidade, extremamente atra- vistoso demais sua figura requitada.

ente para as mulheres, bastante educa- Gropius era presidente da Arbe-do e refinado à maneira clássica alemã. itsrat für Kunst (Conselho de Desen-Pode-se dizer que Gropius era um volvimento das Artes) de November-firme defensor de um ideário, um méto- gruppe. “Todo o povo era sinônimo de do, um sistema e sua estratégia foi fun- operariado, O intelectual burguês se dar uma escola exemplar, única e demo- provou indigno de conduzir a cultura crática. Dessa forma, aos 36 anos, fun- alemã” dizia Gropius. Ou seja, o estilo dou a Bauhaus em Weimar, capital Bauhausiano iria contra os ideais bur-alemã em 1919. Recebeu o apelido de gueses da época.“Príncipe de Prata” pelo pintor Paul

Page 7: Revista issu

Walter Gropius(1883-1969)

Prédio da Bauhaus, em Dessau,

projetado por Walter Gropius

Impington Village College, projeto de Walter Gropius e Maxwell Fry

07

A fábrica Fagus, projeto de Gropius e Adolf Meyer

Fábrica de porcelana Rosenthal, projeto de

Walter Gropius

Page 8: Revista issu

08

Associado ao concretis-mo, o Dadaísmo e o Neo-plasticismo holandês.

Conhecido por ser um dos fun-dadores e líderes do De Stijl (O Estilo) – tal denominação veio a partir do nome da revista funda-da por Van Doesburg e Mondri-an. Em seu início, tinha base modernista e neo-românico, mas logo tornou-se mais abertas às experiências europeias e não-europeias.

Theo van Doesburg(1883-1931)

Mies van der Rohe(1886-1969)

Estuda ao lado de Gropius em Behrens e, pelo próprio convite do Príncipe de Pra-

ta, assume a direção da Bauhaus em 1930. Logo depois, foge para os Estados Unidos onde faz o res-tante de sua obra. Ao contrário de Gropius, não possui interesses sociais tampouco a preocupação com a urbanização, basicamente, julga que as antigas cidades estão destinadas a desaparecer. Os arra-nha-céus serão os primeiros a representar sua marca, compostos por enormes primas transparentes entre si e grandes espaços vazios. Anos antes, em 1920, já havia pro-jetado arranha-céus, embora nesse período ainda fosse consi-derado um elemento característi-co do folclore urbano americano.

O arranha-céu é o elemento chave de sua pesquisa; quando não o projeta para grandes alturas, projeta-o para edifícios no chão, amplas coberturas planas sobre baixas paredes de vidro.

Mies transmite seu lado enigmático e contraditório, é extraordinariamente lúcido, expressivo e dramático em suas obras. Tendo o racionalismo em último pensamento, sua arquitetu-ra pode parecer futurista e extre-mista.

Esplanade Apartments (1956) em Chicago

O Edifício Seagram (1958),em Nova York é considerado o primeiro arranha-céu de vidro da história – será citado posteriormente.

Page 9: Revista issu

Com todo esse progresso na arte da arquitetura, nasce o arquiteto que construía tudo

ou nada. O primeiro nesta linha de pensamento foi o futurista Sant'Elia, projetou em grande detalhe constru-ções visionárias destinadas à Milão do futuro, entretanto, morre na guerra. Já o suíço La Corbusier, extremamente racionalista, acreditava ter de adquirir a uma escola, a um movimento, neste caso, aderiu ao purismo – o reduto de um homem só.

Magro, pálido, míope, costuma-va andar em uma bicicleta branca, vestia-se de terno preto e justo, camisa branca, gravata preta, óculos redondos de aros pretos e um chapéu-coco preto. Em sua defesa, alegava vestir-se assim para parecer o mais arrumado, preciso e anônimo possível. Costumava caracte-rizar as casas que projetava de “máqui-nas de morar”. Na Alemanha e Holanda era bastante conhecido em todos os redutos, congresso, conferências e debates que participava. Um punhado de casinhas construídas para seu irmão, para Ozenfant, para parentes e boêmi-os. Posteriormente, o asilo de idosos da sua mãe tornou-se o próprio símbolo da arquitetura.

Dentre seus trabalhos, pode-se considerar verdadeiras cidades-casas – combinação de intimidade individual e capela de Ronchamp, literalmente uma partilhar, viver junto à comunidade – escultura ao ar livre.seus projetos para várias cidades da Infelizmente, para Corbusier Europa (Genebra , Antué rp ia , morar e trabalhar na França deixava-o Barcelona, Marselha, Paris), da África sem muitas opções de trabalhos, uma (Argel), da América do sul (Buenos vez que, em sua maioria, não eram Aires, Rio de Janeiro, Bogotá) da Índia adeptos do reduto para aceitar as for-(Chandigarh, a única inteiramente mas que o artista criasse, sem altera-realizada) e as enormes “unidades ções nem encomendas especiais e habitacionais” de Marselha e Nantes. imposições aos clientes, tornando-se Já no âmbito da construção civil, preferível encomendar o estilo Belas-destacam-se edifícios públicos ou Artes. Era difícil para os arquitetos dos destinados à assistência social, escolas, redutos arranjarem trabalho a não ser museus, casas e prédios e apartamen- que houvesse um governo almejando tos. Um perfeito objeto plástico é a formular um novo estilo.

09

Le Corbusier(1887-1965)

Edifício de Le Corbusier, 1932, Genebra-Suíça

A Villa Savoye. 1928. Poissy, França

Plano Obus de Le Corbusier para Argel

Page 10: Revista issu
Page 11: Revista issu

História eArquitetura

A

o construtivismo russo, o dadaísmo e o surrealismo. Além disso, funcionava sobre um sistema social-democrático e precisa-mente por isso, ao chegar ao poder, o nazis-mo suprimiu-a (1933). Foram convidados a lecionar na Bauhaus grandes artistas da época, é exemplo Kandinsky, Paul Klee, Josef Albers, Moholy-Nagy, Feininger, Itten, Vassily Kandinsky, Magdalena Droste. Em princípio, destacava-se a cola-boração entre mestres, professores e alunos, muitos dos quais logo tornar-se-iam docen-tes, além da pesquisa em grupo.

pós a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha fora esmagada na guerra e humilhada com o

Tratado de Versalhes. A economia em deca-dente inflação, jovens e desempregados pelas ruas à espera de uma revolução sovié-tica, em novembro de 1918 o kaiser de fora, os social-democratas subiram ao poder em

nome do socialismo – ficou conhecido como Bauhaus é a inversão do termo República de Weimar.

HAUSBAU (construção da casa), para Bauhaus “casa de construção”, uma vez que a sociedade é a cidade, e, ao construir a cidade, a sociedade constrói a si mesma. Tinha em suas raízes referências e tendênci-Esse conjun-as do estilo holandês, Stijl. A Bauhaus to de fatores muda a posição profissional do aglutinou artistas de todas as aéreas, prati-arquiteto que agora, além de construtor, cando em suas salas desde a arquitetura, deveria ser urbanista. pintura e escultura, ao teatro, a dança e a Nasce a Bauhaus. Um de seus princí-fotografia, atraindo artistas e adeptos de pios era “começar do zero” e Walter todo o mundo.Gropius, seu fundador, apoiava os jovens

em qualquer experiência que quisessem fazer, desde que fossem em nome de um futuro limpo e puro. Apoiavam a livre criação por fim de formar indivíduos antena-dos aos fenômenos culturais e sociais.

Era uma escola de arquitetura, artes plásticas e a primeira a abordar o design, mas também não era apenas uma escola, era um movimento espiritual, um centro de filosofia, uma nova abordagem sobre a arte, um centro de cultura extremamente vivo em contato com as demais tendências da arte europeia, como o neoplasticismo holandês,

A arquitetura desenvolveu-se em todo o mundo em determinados princípios básicos: prioridade do planejamento urbano em relação ao projeto arquitetônico; econo-mia e organização na utilização do solo com o propósito de moradia, rigorosa racionali-dade das formas arquitetônicas; padroniza-ção, pré-fabricação em série e progressiva industrialização; arquitetura e produção industrial qualificada, resultantes do pro-gresso social e da educação democrática.

O senso de identidade nasce nos corações de jovens arquitetos americanos, peregrinos na Europa, assim como artistas, escritores e intelectuais. Com o “complexo colonialista”, a intenção era libertar-se das artes europeias.

O novo conceito de arquitetura estava sendo criado pelos operários a fim de aperfe-içoar a habitação do trabalhador - rejeição de tudo que era burguês, livrando-se dos exces-sos da época imperial. Assim era feito direcionando esta nova arquitetura aos trabalhadores, rejeitando os objetos e adere-ços burgueses e retornando aos princípios clássicos da arquitetura ocidental e criando objetos de baixo custo. O interessante deste novo conceito, era que, tanto arquitetos quanto burocratas eram burgueses no mais comum e simples sentido da palavra.

11

Page 12: Revista issu

Wassily Kandinsky

László Moholy-Nagy

Magdalena Droste

Johannes Itten

Paul Klee

Anni Albers

12

Page 13: Revista issu

D

A B a u h a u s f o i dividida basicamente em dois setores, a Academia de Arte Pictórica e a Academia de Artes e Ofícios. Havia

e n t r e também o Vorkurs: curso s u a s preparatório de desenho inf luên- básico, essencial para

cias, podemos citar a entrar na escola.Escola de Arts and Crafts (Artes e Ofícios) – logo, inspirava a arte criativa – que surgiu na Alemanha durante o período Vitoriano (1837-1901), o (Arte Nova Alemã - 1907) com-porto por grupos de artistas, arquitetos e artesão cujo objetivo era aperfeiçoar o design dos produtos indus-trializados.

era treinado por dois pro-fessores, um artista e um artesão. O estilo expressio-nista arquitetônico também se fez presente, principal-mente com a chegada do a r q u i t e t o E r i c h Mendelsohn e seus dese-nhos curvilíneos – suas

A fim de quebrar os formas curvas rompiam as padrões burgueses, em concepções burguesas de 1919, Gropius apoiou a ordem, equilíbrio, simetria vinda de simples artesãos e as rígidas construções de para a Bauhaus, além de alvenaria. Assim como a peões , t r aba lhadores arquitetura, os objetos da honestos. Essas pessoas vida cotidiana deveriam fariam à mão peças para possuir uma qualidade interiores arquitetônicos, material e atingir a harmo-móveis simples de madeira, nia da forma e da função objetos simples de cerâmi- sem detalhes decorativos ca e vidro. Cada estudante supérfluos (funcionalista).

13

Torre EinsteinErich Mendelsohn

, em estilo expressionista,por

Page 14: Revista issu

A pesar de todo o seu esforço, com perfis simples e humildes desapare-em 1922 aconteceu o I ceram para sempre da Bauhaus.Congresso Internacional de Dessa maneira, o ideal de arquite-

Arte Progressiva em Dusseldorf e a ideia tura não-burguesa transformaram os do “não-burguês” foi logo criticada. Foi edilícios em teorias construídas em determinado que apenas pessoas ricas concreto, aço, madeira, vidro e estuque. pudessem adquirir objetos bonitos, a Em seu exterior ou interior, eram predo-exemplo do movimento Artes e Ofícios minantemente beges ou brancos, ocasio-na Inglaterra. Para sair do estilo burguês, nalmente com algum detalhe em preto os objetos teriam de ser produzidos à ou cinza.máquina e isto era um desafio ao expres- Adeus cores. Cinza, preto, branco sionismo com suas formas curvas. e bege tornaram-se as cores patrióticas,

Da noite para o dia, Gropius chegando até a caçoarem Bruno Taut por idealizou uma nova forma de criação, sua fachada vermelha. Existia agora a uma nova máxima para o Bauhaus: pré-definição do telhado plano e da “Arte e Tecnologia – uma Nova fachada lisa formando entre eles ângulos Unidade!”. Os trabalhadores honestos retos perfeitos.

14

A Villa Savoye, projetada por Le Corbusier. Casa Mestre em Dessau, projetada por Gropius.Características: telhado plano e fachada lisa em cores branco e bege.

Page 15: Revista issu

Os telhados de águas e cornijas eram Havia ainda o princípio da “estru-referentes à antiga nobreza, a qual a tura explícita”. Alvenaria, granito, burguesia imitava. Assim, virou símbolo mármore, arenito, tijolos cerâmicos da arquitetura não-burguesa. Tais princí- maciços e luxuosos foram dispensados, pios tornaram-se presentes em cidades a não ser é claro, quando usamos mode-como Berlim, Weimar, Roterdã, radamente. As paredes passaram a ser Amsterdã, passando pelo Canadá, ilhas finas películas de vidro ou estuque uma Aleutas, Moscou e Sibéria. vez que não eram mais usadas para

Um fato interessante é que, ocasi- sustentação, isso agora eram relação ao onalmente, era permitida a construção aço, madeira ou concreto. Para elemen-de um telhado “água única” – teto com tos de seu interior, objetos feitos à um plano inclinado ao invés de dois. máquina tomaram a frente, retângulos Fora encontrado tal exceção nos conjun- mecânicos e completamente livre de tos habitacionais operários da década de adornos sobrepostos. 20. Para tal, Citicorp (Nova York) e Pennzoil Place (Houston) têm sua característica.

15

Page 16: Revista issu

O Projeto Weissenhof Werkbund1927

E xposição de conjuntos e molduras. Grandes vãos livres habitacionais operári- indo contra os ideais burgueses os. Apesar do curto de intimidade. Ausência de

orçamento, Mies van der Rohe papeis de paredes, tapetes gros-conseguiu transformar em uma sos e floridos, abajures com copas feira mundial de conjuntos habi- e bases franjadas e cabeceiras de tacionais. Foram convidados Le camas. A mobília feita de materi-Corbusier da França, Oud e Mart ais honestos em tons naturais Stam da Holanda e Victor como couro, tubos e aço, lona, Bourgeois da Bélgica e outros cana-da-índia. onze alemães, incluindo Walter Gropius, Bruno Taut e seu irmão Max, Peter Behrens.

Aparência dos conjuntos habitacionais operários: Não-burgueses. Telhados planos, sem cornijas, paredes lisas, janelas sem arquitraves, dintéis, capitéis ou frontões, cores predominante-mente branco, cinza, preto e bege. Os interiores sem coroas ou diademas. Cômodos brancos, despojados, purgados, livres de quaisquer revestimentos, cornijas

Os operários se queixa-vam, mas, segundo Corbusier, eles precisavam ser “reeducados” para compreender a beleza da “Cidade Radiosa”. Os arquitetos não consultavam os operários em relação à aparência, estilo, ten-dência, pois, conforme Gropius afirmava, eles se encontravam ainda “intelectualmente subde-senvolvidos” no que diz respeito à arte.

16

Page 17: Revista issu

17

Contribuição de Le Corbusier para a Weissenhofsiedlung

Page 18: Revista issu
Page 19: Revista issu

Arquitetura Estados Unidos

A República de Weimar havia York o trabalho de Gropius. É interessante contribuído bastante com a salientar que o termo “International Style” Bauhaus, mas, em 1925, foi tirado do título de um livro escrito pelo

mudou-se para Dessau devido à mudança p r ó p r i o G r o p i u s , I n t e r n a t i o n a l do governo. Com a chegada do regime Architecture. Neste catálogo, há a grande nazista ao poder, a escola muda-se para distinção entre arquitetura e construção e Berlim em 1932. Após uma série de perse- mostrava explicitamente que Gropius, guições a mando de Hittler, a Bauhaus é Mies van der Rohe, Le Corbusier e Oud fechada – foi alegada como frente comu- estavam criando arquitetura na Europa, nista, principalmente porque muitos enquanto nos Estados Unidos, mesmos os artistas e alunos eram russos. arquitetos considerados mais modernos

Surge então a necessidade de levar a estavam apenas construindo.Bauhaus para os Estados Unidos da Em 1937, com a ascensão do nazis-América (E.U.A.). Entretanto, por ter mo ao poder, Gropius foge da Alemanha, saído vitorioso com o fim da Primeira indo primeiramente para Inglaterra e Guerra Mundial, não apresentavam defi- enfim, chegando aos Estados Unidos. ciência ou necessidade para produção Outros artistas da Bauhaus também fugi-imediata de um novo estilo, de começar do ram na mesma época, é exemplo Breuer, zero. Albers, Moholy-Nagy, Bayer e Mier van

Em 1932, Hitchcock e Johnson der Rohe que se tornara diretor da Bauhaus escreveram The International Style para em 1930, dois anos depois de Gropiusum catálogo a fim de apresentar a Nova

19

Page 20: Revista issu

20

Gropius tornou-se diretor da econômico, o avanço tecnológico e liberdade Escola de Arquitetura de Harvard e de opinião, dedicando-se agora a formar Breuer se reuniu a ele. Moholy-Nagy técnicos profissionalmente e politicamente fundou a Nova Bauhaus que posterior- neutros. O Museu de Arte Moderna homena-mente foi chamada de Chicago geou Gropius com uma mostra denominada Institute of Design. Albers abriu uma “Bauhaus: 1919-1928”, período em que Bauhaus nas montanhas de Carolina dirigiu.do Norte, no Black Moutain College. E O ensino da arquitetura em Harvard Mies, o Armours Institute de Chicago mudou da noite para o dia. Tudo começou do que logo se transformaria em Illinois zero. Todos começaram a aprender o estilo Institute of Tecnology. internacional, o estilo do reduto não-burguês,

Gropius deixa de lado suas embora tal denominação ficasse inexplícita. O ideologias primárias de uma arquitetu- antigo estilo de Belas-Artes tornou-se ultra-ra e urbanismo democráticos já que passado. O estudo arquitetônico deixou de ser nos Estados Unidos considera-se metodicamente um conjunto de técnicas e como perfeita democracia o bem-estar alternativas estéticas. Harvard era Bauhaus

Page 21: Revista issu

21

pura, embora os professores ainda resistis- O estilo arquitetônico vigente eram habi-sem ao reduto. Os estudantes tornaram-se tações operárias, não que estas jamais indisciplinados, faziam manifestos e existissem. Nas décadas de cinquenta e requerimentos. Os estilos de representa- sessenta, o governo federal financiou ção de Belas-Artes, de pinturas renascen- parte da que seria a versão americana do tistas acabaram. Por volta de 1940, as Siedlungen, recebendo o nome de conjun-técnicas de desenho de Corbusier torna- tos habitacionais públicos – referência às ram-se o padrão moderno. versões alemães e holandesas da década

Pode-se dizer que o século XX foi o de vinte. Os trabalhadores por sua vez os século americano. Tornando-se a nação desprezaram e partiram para lugares como mais rica da história do mundo, os Estados Islip, Long Island e San Fernando Valley Unidos viviam de abusos, seja na compra em Los Angeles, compraram casas com de sua roupa de festa, seja em seu carro tetos de ardósia e revestimento de tábuas novo e a arquitetura não poderia ficar para sobrepostas.trás.

Harvard

Page 22: Revista issu

Moholy-Nagy fundou a Nova Bauhaus que posteriormente foi chamada de Chicago Institute of Design

Page 23: Revista issu

Armours Institute de Chicago por

Mies van der Rohe

Page 24: Revista issu

Já o status de Mies subira bastante desde sua chegada aos Estados Unidos com a ajuda Philip Johnson. Johnson o convocara para o emprego importantíssimo na Armour Institute; enquanto seus projetos para o campus universitário estavam em andamento, Johnson publicara o primeiro livro sobre sua obra. Assumiu a d i r eção do Novembergruppe, fundou a revista do grupo, G (Gestal-tung, “força cr iat iva”) . Projetou o Seagram Building, no Park Avenue, em frente ao Lever House – obra absoluta-m e n t e n ã o - b u r g u e s a . Deatalhe: não havia o aço âmbar e seu substituto foi o bronze, o que entra na polêmi-ca de “acrescentar cores”. Concluíu-se que “bronze era bronze”, para tal, saíra assim da fundição.

Os Estados Unidos trouxe para Mies uma nova perspectiva: o grande arquiteto deparou-se com os “códigos de obras e prevenção de incêndi-os”. Embora o aço correspon-desse como grande solução às construções de altos edifícios, com o calor de um incêndio, o aço empenaria. Os códigos americanos exigiam que o aço fosse revestido por concreto ou outro material não inflamável.

Seagram Building, no Park Avenue

24

Page 25: Revista issu

Influências na Bauhaus De Stjil e o Neoplasticismo

25

O Neoplasticismo foi iniciado Bauhaus, o Stijl era uma nova e única por Piet Mondrian, pintor organização.holandês, em 1917. Era de

sua característica linhas horizontais e verticais, uso de cores primárias e preto, branco e tons de cinza, predomi-nantemente uma arte abstrata. Embora tivessem ideias um tanto contrárias, ao lado de Theo van Doesburg, arquiteto e artista plástico, fundou a revista De Stjil (O Estilo), a qual era dobrada e enviada pelo correio e seria uma grande fonte de inspiração à escola alemã de Weimar.

De seguimento formalista, o De Stjil era uma crítica ao estilo da Bauhaus – segundo Doesburg, a Bauhaus tinha carência de um princípio geral. Tal movimentos nos deixou poucas obras, mas suficientemente polêmicas para causar uma greve na Bauhaus.

O auge do movimento foi entre 1921 e 1925. Doesburg convidara artistas de toda parte para participar do Se Stjil, além de fazer diversas confe-rências pela Europa, chegando até a lecionar na Bauhaus, internacionali-zando o movimento.

Em 1925, a força do movimento já diminuíra o que fez muitos artistas procurarem outro rumo. A saída de Mondrian acelerou mais sua queda – entrou em conflito com as ideias de Doesburg, uma vez que condenava o uso de linhas diagonais feitas por seu companheiro, consideradas estas fundamentais à teoria neoplástica.

Este movimento deixou de existir em 1928 quando a revista parou suas notificações. Assim como a

Embora fosse o segmento menos arquitetônico, edifício canônico de Gerrit Rietveld – a Casa Schöeder e o Pavilhão da Alemanha na Exposição de Barcelona podem ser consideradas algumas das obras mais importantes.

Edifício canônico de Gerrit Rietveld – a Casa Schöeder

Pavilhão da Alemanha

Page 26: Revista issu

Construtivismo russo

C oncepção do construtivismo – a construção deveria ser apenas definida com a seleção de elementos materiais

efetivos e ausência de elementos supérfluos. Sendo assim, a combinação de linhas, planos e formas, em outras palavras, um sistema de formas. Tinha como principal objetivo a transformação do ambiente urbano a fim de tornar a vida humana mais adequada, especialmente com o exalo do racionalismo ideológico e do abstracionismo geométrico.

Entretanto, o construtivismo fracassou por se colocar nos meios de produção, em ressalva na indústria têxtil e, mesmo assim, sofreram com a escassez de recursos materiais e tecnológicos.

Além disso, poucos artistas se interessa-ram em aprofundar-se nas questões técnicas e estruturais, resultando que poucas obras foram integradas de fato ao ambiente urbano, como a construção de Roterdam, por Naum Gabo, 1957.

Apesar da falta de recursos, o construti-vismo extraiu inspirações do mundo das máquinas e produção mecanizada. Os próprios artistas consideravam analogias entre a arte e o processo de criação de pontes, por exemplo, retirando do projeto o que fosse acidental ou desnecessário. Tal visão é ensinada pela Bauhaus. O construtivismo e o De Stjil holandês uniram-se e incorporaram à escola alemã, propagando-se mundialmente.

A arte construtiva foi o primeiro movimento artístico a declarar a aceitação da era científica e tecnológica.

É possível encontrar semelhanças ao manifesto alemão, como o objetivo da arte ser a construção, repulsa aos ornamentos burgueses, a arte deve ser construtiva e funcional ao homem, a obra deve ser premeditada e ajustada com precisão.Instituto Têxtil, Moscovo (1930–8)

Obra Dadaísta, de Marcel Duchamp

Instituto Têxtil, Moscovo (1930–8)

26

Page 27: Revista issu

F.L. Wright

Alvar Aaltar

T em em mente trazer uma nova arquite-tura aos Estados Unidos e não apenas uma cópia ou inspirações da Europa.

Dessa forma, une-se a Morris e Ruskin defendendo os princípios de uma harmonia entre arquitetura e nature-za, modelo esquecido pelo Renascimento – Wright também não era naturalista. Não considera a história como fonte de inspiração e contesta-a. Participou da exposição em Berlim em 1910, sendo considerado grande referência ao estilo moderno.

Interessa-se pela arquitetura oriental e constrói em Tóquio o Hotel Imperial, recentemente destruído. É possível contestar seu interesse pela história – japonesa –, tal explicação procede de Wright é contrário ao historicismo europeu e sua ideia de progresso em oposição à criação. Já a cultura oriental tem em sua história uma linha com o passado de aliança com a natureza. Segue numa linha de continuidade orgânica – a construção da arte deve ser natural e em sentido crescente –, une o pensamento ocidental e o oriental.

Em seu estudo da linha oriental, define alguns preceitos: em oposição a Bauhaus, comunhão com a natureza, seus materiais e processos; interesses em processos tecnológicos mais modernos; aproximação direta pela arte.

Sua escola – e casa – é a Taliesin, uma comunida-de de alunos, cujo método de ensino é baseado em interpretar a natureza e seus materiais fornecidos e, finalmente, projetar e construir.

Fundação Taliesin West (1938-59), perto de Phoenix, Arizona

Casa das cascatas, (1934), localizada 50 milhas a sudeste de Pittsburgh, Pensilvânia

27

Submete-se ao racionalismo empírico. Tem entre suas caracterís-ticas a ausência de fórmulas compositivas e princípios teóricos. Parte do racionalismo e aproxima-se do princípio orgânico de

Wright, possibilitando-o melhor pesquisa sobre os ambientes interio-res. É bastante crítico não só aos racionalistas – que haviam destruído a imagem de casa como objeto social e cultural – e Wright – este, segundo Aalto, invertera a linha lógica de concepção arquitetônica.

Arquitetura de Aalto: o único limite é o horizonte; projeta a partir de um objeto, por exemplo: uma lareira, uma escada ou sala de estar; utiliza, em sua maioria, materiais locais; preocupa-se em criar uma casa para a vida.

Vista externa do bloco de escadarias da Biblioteca de Vijpuri (1927-35)

Page 28: Revista issu

Yale Art Gallery

28

“O erro pedagógico fundamental das aca-

demias nasce da sua preocupação com a

ideia da genialidade individual” – Gropius

Gropius e Mies acreditavam como melhor método de ensino o trabalho em grupo, de forma que todos os estudantes aprendessem coletivamente. Tal abordagem foi encarnada na Yale.

Com o tempo, os estudantes repara-ram que tudo o que projetavam era exata-mente igual: a conhecida “caixa de vidro” ou de aço, ou de concreto, ou, mesmo que even-tualmente, tijolos beges. O estilo “caixa de vidro” foi alvo de muitos desenhos irônicos.

A princípio, o edifício da Yale – o Weir Hall – foi construído por pedras cinza no estilo Florescimento Gótico. Em 1953, há uma grande ampliação da Yale Art Gallery, tornando-se a imagem de um colégio luxuo-so para filhos da elite.

É importante acentuar o edifício principal, à direita, e sua extensão à esquerda (1° imagem).

Page 29: Revista issu

a linha pensamento de uma arquitetura singular, adaptável ao N ambiente, “modelando-se” à

natureza, em 1951, o arquiteto Oscar Niemeyer projetou sua nova residência, mais conhecida como “Casa das Canoas”, em São Conrado, Rio de Janeiro.

“Minha preocupação foi projetar essa residência com

inteira liberdade, adaptando-a aos desníveis do

terreno, sem o modificar, fazendo-a em curvas, de

forma a permitir que a vegetação nelas penetrasse,

sem a separação ostensiva da linha reta.” – diz

Niemeyer

Dois anos depois de abandonar o cargo como diretor da escola de arquitetura de Harvard, Walter Gropius veio ao Brasil ser jurado do Prêmio de Arquitetura da 2° Bienal de São Paulo. Ao se conhecerem, Niemeyer convida o Príncipe de Prata para conhecer a “Casa de Canoas”.

O encontro causou intrigas entre os dois gênios pelos seus estilos e pensamentos tão diferentes a respeito da arquitetura, após Gropius – racionalista e contra o pensamento singular e individualista na arquitetura – comentar:

“Sua casa é bonita, mas não é multiplicável.”

Oscar Niemeyer

29

Page 30: Revista issu

30

Bauhaus hoje

A Bauhaus de Weimar mantém seu status como uma das melhores universidades da Alemanha no ramo da arquitetura,

design, música, entre outras artes. O ensino baseia-se na forma de experimentação prática de ideias e na realização de seminários e workshops.

O edifício inicial sofreu grandes modifica-ções em consequência da Segunda Guerra Mundial. Em 1994, iniciou um processo de reforma para readquirir sua aparência original. As obras cessaram em 2007 e ainda hoje é o edifício principal da uni-versidade, destacando-se o escritório intacto de Walter Gropius.

A capela de Ronchamp, obra de Le Corbusier, foi cons-truída sobre a colina de Bourlémont em 1955 e até hoje se ergue. Uma grande contradição em sua obra é o fato do autor ser ateu, além de, em sua arquitetura, ser quadrada e redonda, alongada e contida, baixa e alta.

Outros arquitetos mais modernos tiveram inspiração na Bauhaus em suas obras, um belo exemplo na arquitetura é a casa de Sabana de Bogotá, perto da cidade de Cjicá. Elaborada pelo arquiteto Alejandro Castaño, buscou características marcantes da Bauhaus (fachada branca, janelas-fita) e depositou um toque de atualidade ao usar uma parede de tijolos, fazendo a função de pilotis. Em seu interior, espaços amplos livres.

A Yale Art Gallery ainda hoje engrandece o cenário de New Haven, New York. Possui coleções especiais de pintores italianos, esculturas africanas e da arte moderna, embora as artes decorativas americanas estejam entre seus melhores trabalhos.

ResidênciaArquiteto: Walter Gropius

Localização: Lincoln, Massachusetts