Revista Jardim Zoológico | Novembro 2010

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MAGAZINE SEMESTRAL Nº 12 · NOVEMBRO 2010 de barriga cheia movem-se aos milhões, sobrevive a espécie SOS terra chama homem

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Revista semestral Jardim Zoológico Lisboa . Portugal

Transcript of Revista Jardim Zoológico | Novembro 2010

MAGAZINE SEMESTRAL Nº 12 · NOVEMBRO 2010

de barriga cheiamovem-se aos milhões,

sobrevive a espécie

SOS terra chama homem

FIchA TécNIcA › cOORdENAçãO Serviço de Marketing › cOLABORAdORES Marta Pais Lopes › dESIGN Serviço de Marketing › FOTOGRAFIA Nuno Branco › TIRAGEM 2.500 exemplaresImpresso em papel reciclado cyclus print

{5} Editorial

um escape vivo

{6} Curtas

aeroporto de lisboa mais selvagem

educação no zoo

rik e rok animam os mais pequenos no jardim zoológico

jardim zoológico na expo júnior

conservação com resultados – mas é preciso mais

jardim zoológico participa na fehispor

novo casal de papagaios-de-fronte-azul

optivisão associa-se ao jardim zoológico

abertura do centro de apoio ao visitante

dia da olá no jardim

{10} BastidorEs

jardim zoológico para todas as ocasiões

{14} NatioNal GEoGraPHiC

movem-se aos milhões, sobrevive a espécie

{16} BastidorEs

de barriga cheia

{22} aNo iNtErNaCioNal da BiodivErsidadE

SOS terra chama homem

{27} aGENda

de novembro de 2010 a maio 2011

{sumário}

{um escape vivo}Viver hoje é um desafio maior. O país, acompa-nhando a tendência de todo o mundo ocidental, atravessa uma fase difícil a nível económico e social. Tem vindo a crescer o medo de arriscar, de ser empreendedor, de viver uma vida mais sa-tisfatória.

Também o mundo animal e o meio ambiente estão a atravessar uma crise que não podemos ignorar. Este é um alarme feito pela WWF (World

Wildlife Foundation) no relatório Planeta Vivo 2010, que lhe damos a conhecer nesta revista. Com a urgência da crise económica corre-se o risco de deixar para segundo plano o alerta dado pelo planeta Terra, cuja vida natural temos de cuidar se queremos manter a própria vida humana.

Nesta edição, conheça uma das bases fundamentais para a nossa colec-ção animal viver tão bem: o departamento de Nutrição. No Jardim Zoológico empenhamo-nos em dar aos nossos animais uma dieta equilibrada, que cor-responda às suas necessidades e promova o enriquecimento ambiental. De onde vem a comida, como se prepara e quando é distribuída são pormenores de bastidores que lhe mostramos.

Esse cuidado que depositamos na forma como tratamos os nossos ani-mais tem dado os frutos que tanto esperamos: as nossas taxas de reprodução mantém-nos no topo dos zoos internacionais. Aqui contamos-lhe mais dois nascimentos a que tivemos a felicidade de assistir.

Porque não queremos que o Jardim Zoológico seja um parque zoológico, estanque e passivo, investimos em diversas actividades que lhe dão vida cons-tante. Neste número, o departamento de Eventos, explica-nos como festas de aniversário, de Natal, casamentos e baptizados podem proporcionar uma forma muito diferente de viver o Zoo.

É nosso objectivo garantir que o Jardim Zoológico porporcione uma lufa-da de ar fresco a quem o visita. Olhar para os nossos animais, saudáveis e em renovação, faz-nos acreditar que amanhã será sempre um dia melhor.

Mais uma vez quero agradecer a todos aqueles que têm contribuído para que a missão do Jardim Zoológico seja cumprida: funcionários do Jardim, visi-tantes, parceiros, voluntários e amigos. A todos um Muito Obrigado!

Francisco Naharro PiresPresidente

{5}Jardim Zoológico

Editorial

{6} Jardim Zoológico

Curtas

{curtas...aeroporto de lisboa mais selvagem

O Jardim Zoológico promoveu re-centemente, uma campanha no Aeroporto de Lisboa. Com o mote “Pegue nas suas malas e venha connosco ao Jardim Zoológico”, 4 animais selvagens convidaram pas-sageiros nacionais e internacionais a

visitar o parque, à chegada a Lisboa.Nesta campanha, num espaço gerido pela JC Decaux Airport, um urso, um leão, um tigre e um gorila, em tama-nho quase real, estiveram nos tapetes rolantes de recolha de bagagem, ape-lando à visita ao Zoo.∞

educação no zoo O Jardim Zoológico assinalou o Dia do Professor, 5 de Outubro, com a apre-sentação do seu Programa Educativo para o ano lectivo 2010-2011 e com o lançamento do 2º Concurso Nacional Escolas “S.O.S. Grandes Primatas”, em colaboração com a Direcção Ge-ral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular – DGIDC.

A iniciativa do Centro Pedagógico reuniu educadores e professores dos Ensinos Básico e Secundário, que tive-ram oportunidade de conhecer o papel dos Zoos na conservação dos animais, principalmente no que toca ao trabalho junto do público escolar. Mostrou-se também o trabalho realizado pelo Zoo em projectos europeus e internacionais.

O Programa Educativo do Jar-dim Zoológico para Escolas tem como

objectivo contextualizar as aprendiza-gens desenvolvidas em sala de aula. Após uma sessão teórica, os profes-sores e educadores tiveram oportu-nidade de participar em actividades exclusivas, explorando temas curricu-lares em contexto zoológico.

As actividades terminaram no Templo dos Primatas, onde foi lança-do o concurso “S.O.S. Grandes Prima-tas” dirigido a crianças da Educação Pré Escolar e alunos dos Ensinos Bá-sico e Secundário. Este concurso, no âmbito da Campanha da EAZA para 2010-2011, tem por objectivo con-tribuir para a continuidade na Terra destes nossos extraordinários paren-tes evolutivos, tendo sido pedida uma proposta de campanha de sensibiliza-ção dirigida à comunidade.∞

rik e rok animam os mais pequenos no jardim zoológico

O Jardim Zoológico contou com a participação das mascotes Rik e Rok, pertencentes ao grupo Auchan, para animar os mais pequenos em dias es-peciais. No dia da Mãe, dia da Criança, dia da Conservação e no dia do Ani-mal, as crianças que visitaram o Zoo, tiveram o privilégio de interagir com a Rik e com o Rok , que em muito con-tribuíram para animar o dia.

Para além de divertirem as crianças, as mascotes também es-tiveram presentes durante o ATL do Zoo, onde ajudaram a passar men-sagens educativas e pedagógicas relacionadas com a protecção do am-biente e da biodiversidade.∞

{7}Jardim Zoológico

Curtas

jardim zoológico na expo júnior

O Jardim Zoológico participou este ano na Expo Júnior, a maior feira para as crianças realizada em Portugal. Foi nos dias 15, 16 e 17 de Outubro de 2010, no Centro de Congressos de Lisboa, que o Zoo marcou presença com um stand. Aí fez um passatem-po, que tinha como prémios, entra-das gratuitas para as crianças.

A Expo Júnior tem como objec-tivo afirmar-se como ponto de en-contro e de referência de crianças, professores, encarregados de edu-cação, pais e entidades públicas ou privadas, cuja actividade esteja rela-cionada com o mundo dos pequenos dos 0 aos 16 anos.

Nesta primeira edição, a Expo Júnior reuniu diferentes tipos de ex-positores que, distribuídos por todo o pavilhão do Centro de Congressos de Lisboa, ofereceram aos visitantes um leque de soluções para as crianças e suas famílias.∞

Um estudo lançado em Nagoya, no Japão, na 10ª Conferência de Parti-dos para a Convenção de Diversida-de Biológica confirma que um quinto das espécies vertebradas do mundo está sob ameaça de extinção. O estu-do usou dados de 25 mil espécies da Lista Vermelha das Espécies Amea-çadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), para investigar o estado dos verte-brados do mundo e como este es-tado mudou ao longo do tempo. Os resultados mostram que, em média, cinquenta espécies de mamíferos,

pássaros e anfíbios aproximam-se da extinção todos os anos devido aos impactos da expansão agrícola, da indústria da madeira, da sobre-exploração e de espécies invasoras.

O Sudeste asiático tem sofrido as perdas mais dramáticas, resulta-do, em grande parte, de colheitas de exportação, como o óleo de palma, do comércio de madeira, da conversão de terrenos agrícolas para arrozais e da caça insustentável. Mas nem tudo são más notícias: há provas de que os esforços de conservação estão a surtir efeito. Sem estes, o estado de

biodiversidade teria tido um declínio de 20%.

“A História tem-nos mostrado que a conservação pode alcançar o impossível”, diz o Dr Simon Stuart, presidente da Comissão de Sobre-vivência das Espécies da IUCN e um dos autores do estudo. “Mas esta é a primeira vez que podemos demons-trar o impacto positivo agregado des-tes sucessos no estado do ambiente.”

O estudo destaca 64 espécies que desenvolveram o seu estado de conservação, devido às acções reali-zadas neste sentido. ∞

conservação com resultados – mas é preciso mais

{8} Jardim Zoológico

Curtas

Era um acontecimento há muito es-perado: a nova cria de grou-do-japão nasceu no dia 16 de Maio. Fruto de um “casamento” combina-do, para garantir o reforço da popu-lação ex-situ e maior variabilidade genética, Sana é a nova fêmea da família. O grou-do-japão tem o estatuto de conservação do IUCN “em perigo”, o que significa que o risco de extinção na natureza é muito elevado. Por esta razão, este nascimento é um motivo de enorme orgulho para o Jardim Zoológico.

Outro momento feliz foi o nasci-mento de um flamingo macho, no dia 10 de Julho.

A pequena ave tem sido objec-to de grande curiosidade por parte dos visitantes, que têm acompa-nhado o seu crescimento, já que o pequeno flamingo não saiu da ins-talação. ∞

família zoológica cresce

faisões com casa novaUma das instalações históricas do Jardim Zoológico foi alvo de melho-rias, que permitiram aumentar o es-paço destinado a cada espécie. Assim, pode observar-se melhor os com-portamentos naturais dos faisões, principalmente as “danças” de corte-jamento que os machos realizam.

A colecção de faisões do Jar-dim Zoológico tem uma importância reconhecida na população europeia ex-situ destas aves. Neste pavilhão, entre a vegetação natural, estão também várias espécies de turacos, grupo que apresenta boas taxas de reprodução. ∞

Novo casal de papagaios-de-fronte-azul

Desde Setembro passado que a Apresentação de Aves em Vôo Livre dá a conhecer aos visitantes do Jar-dim uma nova espécie – um casal de papagaios-de-fronte-azul.

Chanel e Jama fazem parte de uma espécie de papagaios da Ama-zónia que se destaca pela caracte-rística cor vermelha nos ombros e fronte azul, o que confere o nome vulgar à ave.

Tal como acontece noutras espécies de papagaios, Chanel e Jama são monogâmicos, formando um casal reprodutor que se mantém junto para toda a vida. Mas nos papagaios-de-fronte-azul existe uma curiosidade particular – macho e fêmea voam tão juntos um do outro que durante o vôo se asse-melham a uma grande ave de quatro asas!

Os papagaios-de-fronte-azul fo-ram descobertos durante a época dos Descobrimentos e desde então, adop-tados como animal de estimação por serem aves dóceis e companheiras, que facilmente imitam a voz humana.

Nas apresentações do Bosque Encantado, Chanel e Jama lembram os visitantes de que, ainda hoje, cen-tenas destas aves são capturadas e comercializadas ilegalmente, sendo este um importante factor de ameaça desta espécie. ∞

{9}Jardim Zoológico

Curtas

optivisão associa-se ao jardim zoológico

A Optivisão associa-se ao Jardim Zo-ológico no seu trabalho de conser-vação das espécies, apadrinhando o tigre-da-sibéria, o maior felino do mundo.

Para assinalar o apadrinhamento e o Dia dos Avós, a Optivisão propor-cionou um rastreio visual a todos os avós e netos que se dirigiram ao Zoo. Com esta iniciativa, a empresa pre-tendeu alertar para os cuidados a ter com a visão assim como para a ne-cessidade de um check-up anual. ∞

...}

dia da olá no jardim

No dia 16 de Outubro, o Jardim Zo-ológico abriu as portas aos colabo-radores e respectivas famílias, de uma das suas empresas parceiras: a Olá.

A visita não podia deixar de come-çar na Baía dos Golfinhos, à qual a Olá se associou há já vários anos. Recebi-dos pelas mascotes Epá, Super Maxi e

Perna de Pau, cerca de 1500 pessoas assistiram à animação da Baía, tendo havido, depois, tempo para uma visita livre pelo Zoo.

A parceria entre a marca de ge-lados mais famosa do país e o Jardim Zoológico saiu ainda mais reforçada deste dia de consolidação de uma longa amizade.∞

Foi a pensar na melhoria do aten-dimento aos visitantes, que o CAV (Centro de Apoio ao Visitante) abriu ao público no dia 19 de Julho de 2010. Este é o local aonde todos os que vi-sitam o Jardim Zoológico se poderão dirigir para obter informações sobre as diversas actividades desenvolvi-das no Zoo. Actualmente, podem ser efectuadas novas inscrições de sócios e renova-ções de quotas do Grupo dos Amigos do Jardim Zoológico, apadrinhamen-tos e inscrições no ATL, Sábados Sel-vagens, entre outros.

abertura de centro de apoio ao visitante

É também no CAV que se podem ad-quirir os bilhetes pré-comprados e ter todas as informações necessárias para programar a visita ao Jardim Zoológico, assim como fazer recla-mações ou dar sugestões.

A equipa do CAV está apta a dar toda a informação relativa às promo-ções e descontos que se encontrem na altura em vigor, funcionando assim como um apoio às bilheteiras em perí-odos de maior afluência de visitantes.

O período de funcionamento é das 9h30 às 18h na época baixa e das 9h30 às 19h na época alta.∞

{10} Jardim Zoológico

Para todas as oCasiÕEs

{11}Jardim Zoológico

jardim zoológico para todas as ocasiões

O Departamento de Eventos é um dos responsáveis por esta animação. Aqui disponibilizam-se festas de ani-

versário, festas para empresas, lançamentos de produtos e aluguer de espaços para casamentos e baptizados. Maria do Carmo Gomes, responsável do departamento, explica que se, por um lado, aquela é uma unidade de negócio, que gera receitas, por outro, contribui para a divulgação do Jar-dim Zoológico. Continuamos a promover o Zoo, porque ele faz parte da história de cada um de nós. E pode mesmo ser uma parte importante da história de vida de alguém.

O dia do casamento, por exemplo, pode ser passado aqui. Usa-se muito a zona dos Jardins do Roseiral, diz Ma-ria do Carmo. É uma zona muito bonita, principalmente na altura da Primavera. É uma área reservada e muito elegan-te para o copo de água e a cerimónia civil. No Verão, pode também optar-se por fazer a festa ao ar livre, debaixo de um toldo. Mas até antes do casamento, o Jardim Zoológico

BastidorEs

pode ter um papel a cumprir. Maria do Carmo conta que já aconteceram pedidos durante o espectáculo da Baía dos Golfinhos: o leão-marinho vai à bancada, como é costume, mas, com a supervisão dos tratadores, entrega um saqui-nho com o anel de noivado.

Depois, vêm os filhos e, com eles, os baptizados. Es-tes podem realizar-se também nos espaços disponíveis para aluguer no Jardim Zoológico, sendo que a preferência cai normalmente também nos Jardins do Roseiral.

Bastam dois ou três anos para que comecem os te-lefonemas a pedir festas de aniversário. A responsável do Departamento de Eventos confirma que é recorrente os clientes que ali fizeram baptizados escolherem novamente o Jardim Zoológico para festejar os aniversários dos filhos. Esta será a actividade mais procurada: por ano, passam ali cerca de 12 mil crianças. A razão é óbvia: o Zoo proporciona-lhes um dia inesquecível. São vários os programas à escolha

Que o Jardim Zoológico é um sítio cheio de vida já não é novidade. Mas ela não vem só da colecção animal e do intenso verde que a rodeia. Vem também das inúmeras actividades que ali se passam todos os dias e que proporcionam aos visitantes uma maneira diferente de experienciar o Zoo.

{12} Jardim Zoológico

e incluem caça ao tesouro, jogos, utilização do Animax, tudo acompanhado por um grupo dos mais de trinta monitores formados que ali trabalham e tendo sempre como base os animais do Jardim Zoológico. A nossa pretensão não é, ob-viamente, transformar este dia num dia cansativo, cheio de informação massiva, mas queremos informar sobre a nos-sa colecção zoológica. Além das actividades, têm também vários mimos como lanches, reportagens fotográficas, pre-sentes temáticos. Tudo com a assinatura de um amigo es-pecial: temos uma mascote, que é o pinguim Zoozito e todas as peças, desde a lancheira para o piquenique até ao bolo de aniversário, têm a sua imagem, conta Maria do Carmo. Tam-bém os adultos têm direito a festejar o aniversário no Zoo, com as devidas adaptações. Inclui sempre um peddy-paper e um momento de aproximação com os golfinhos. Mas o melhor é que todas estas festas podem ser personalizadas. Nas festas para crianças, os pais podem, além de escolher

BastidorEs

1 e 5. Evento Boneca Nancy.2. Exteriores da Estufa de Pedra.

3. Evento na Tenda Conde Farrobo.4. Evento Monstros do Ano.

6. Auditório do Jardim.7. Praça do Coreto.

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{13}Jardim Zoológico

entre os vários programas, dar um toque pessoal e o mesmo acontece nas festas para os mais crescidos, como explica a responsável: nos aniversários de adultos trabalha-se com a família para pregar algumas partidas.

A personalização vai crescendo também com as crian-ças, já que muitas fazem questão de ter ali a sua festa todos os anos. É pensando principalmente nos clientes mais fiéis que o Departamento de Eventos tem vindo a adaptar os pro-gramas para permitir que a criança, de ano para ano, descu-bra uma coisa nova. A fidelização dos clientes é, para Maria do Carmo Gomes, uma questão fundamental, daí a actuali-zação constante dos programas e gestos como, por exemplo, o envio de um postal de parabéns todos os anos. É o grande investimento em qualquer unidade de negócio: proporcionar o melhor, de modo a que as pessoas voltem e recomendem.

Mas nem só de festas de aniversário vive este depar-tamento fundado em 2001. O Jardim Zoológico é um espaço privilegiado para as empresas promoverem todo o tipo de eventos, desde festas comemorativas até reuniões de tra-balho. As empresas podem oferecer aos seus trabalhado-res um dia diferente e com bons frutos a nível de trabalho de equipa: normalmente, faz-se uma caça ao tesouro, ex-plica Maria do Carmo, trabalhamos com a empresa para podermos desenvolver pistas temáticas. Há sempre um prémio, que pode ser atribuído pela empresa ou por nós. Muitas vezes, as actividades são dirigidas apenas aos

cônjuges e filhos, enquanto se desenvolvem reuniões de trabalho no Jardim Zoológico durante o fim-de-semana. Uma das épocas mais procuradas pelas empresas é, ob-viamente, o Natal e esta é uma ocasião especial também no Jardim Zoológico. Todos os anos, o Departamento de Eventos prepara um programa de animação, que ocorre no delfinário e cada ano tem um tema diferente, baseado na enorme temática que é o Zoo e a sua colecção animal. Não posso ainda revelar o tema deste ano, mas posso adiantar o seguinte: vamos ter muita animação e movimento, revela Maria do Carmo. A festa inclui ainda uma visita ao Jardim e, muitas vezes, os trabalhadores das empresas e as famílias ficam depois da animação para passar o resto do dia. As hi-póteses são variadas: temos a tenda do Conde de Farrobo, com 400m2, para fazer uns lanchinhos, música, pinturas de rosto, ateliers...

Além de todas as actividades, é este departamento o responsável pelo aluguer dos vários espaços do Jardim Zo-ológico, como o auditório, que é um sítio fantástico, tem um foyer muito elegante e capacidade para 100 pessoas, como descreve Maria do Carmo, e serve para lançamentos de li-vros, conferências e todo o tipo de eventos mais formais. Mas há mais: os produtos alimentares até nos procuram para fazer auscultação de mercado: vêm cá e distribuem os alimentos ao público visitante para terem uma opinião a nível estatístico. O Jardim Zoológico é muito procurado, porque passa por aqui uma multidão de pessoas e há um feedback muito diversificado. E temos instalações estrate-gicamente colocadas na área zoológica e na zona franca.

Dinamizar o Jardim Zoológico, divulgá-lo e gerar re-ceitas são objectivos deste departamento que, em conjunto com todos os outros, procura chegar a um fim comum: a sensibilização para a protecção dos animais e a defesa do seu bem-estar. Remata Maria do Carmo Gomes: é propor-cionar o encontro com os animais e as plantas. Para a famí-lia, é muito enriquecedor. ∞

BastidorEs

Todas estas festas podem ser personalizadas. Nas festas para crianças, os pais podem, além de escolher entre os vários programas, dar um toque pessoal e o mesmo acontece nas festas para os mais crescidos.

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{14} Jardim Zoológico

O National Geographic Channel (NGC) estreou a nível mundial no dia 7 de Novembro a série documental

‘Grandes Migrações’, uma iniciativa global sem preceden-tes nos 122 anos da história da National Geographic So-ciety. É uma produção com sete horas de emissão em alta definição, que levou a equipa National Geographic a percor-rer, ao longo de dois anos e meio, 670 mil quilómetros em 20 países e nos 7 continentes, captando imagens a partir da terra, do ar, de árvores e penhascos, de blocos de gelo flutuantes e debaixo de água.

“Movem-se aos milhões. Sobrevive a espécie.” É o slo-gan da campanha de ‘Grandes Migrações’, que, desenvolvida com o apoio do Jardim Zoológico, vai ser veiculada em diver-sos meios.

Do plâncton microscópico ao elefante do Mali, a vida faz com que as criaturas tenham a capacidade de seguir em frente. Esta é a natureza das migrações: partir ou morrer.

movem-se aos milhões, sobrevive a espécie

© ngt

{15}Jardim Zoológico

‘Grandes Migrações’ conta as histórias de algumas das criaturas mais resistentes do reino animal e documenta como a sua sobrevivência e a continuação da espécie de-pendem dos seus dotes inatos para a migração. Para estes animais, viajar significa literalmente sobreviver.

Segundo o produtor da série, David Hamlin, “há três anos, a equipa de ‘Grandes Migrações’ tinha grandes am-bições: queríamos mudar a forma como os telespectado-res viam as migrações animais. A nossa equipa tinha um mantra: desde os primeiros dias, imaginámos que, quando o nosso trabalho estivesse pronto e as pessoas vissem a nossa série, elas iriam acordar no dia seguinte e imaginar-se no meio dos campos, no mar ou no ar. E, se vissem um grupo de animais migratórios, não se limitariam a dizer:

“Uau, que bonito…”, mas em vez disso diriam: “Força, estou a torcer por ti!”.

O NGC acredita que esta tenha sido a maior cobertura te-levisiva de numerosas migrações, que incluiu as viagens das zebras no Botswana, dos elefantes do Mali, dos caranguejos vermelhos na Ilha de Natal, das raposas voadoras na Austrá-lia, das formigas guerreiras na Costa Rica e do grande tuba-rão branco do Pacífico, entre outros. Desde o Sudão à Sibéria, da Austrália à Amazónia, do Peru a Palau, muitos foram os desafios e obstáculos vividos pelos realizadores de ‘Grandes Migrações’. Esta produção foi uma prova de fogo do ponto de vista técnico que requereu um dos mais avançados sistemas de captação de imagens da história natural alguma vez pensados.

Quando o comportamento dos animais confunde os cien-tistas, a tecnologia permite-lhes ir a sítios onde nunca estive-ram e ver coisas com um novo nível de detalhe. A tecnologia teve um papel importante, mas por muito que tenha ajudado, a perícia, a experiência e o instinto da equipa foram vitais.

Foi no Jardim Zoológico que se realizou a conferência de imprensa para o lançamento do programa, tendo tam-bém sido dada a oportunidade às escolas de assistirem ao primeiro documentário, no auditório do Zoo.∞

NatioNal GEoGraPHiC

As morsas do Pacífico viajam de acordo com o movimento do gelo. Quando o gelo

aumenta no inverno, elas movem para sul.

Uma vez por ano, mais de 100 milhões de caranguejos vermelhos deixam as florestas húmidas da ilha e percorrem 8Km em 5 dias de marcha em direcção ao mar para se reproduzirem.

A migração das zebras de Makgadikgadi é a segunda maior migração de zebras no mundo.

© ngt

© ngt

{16} Jardim Zoológico

Na cozinha, Cristina corta fruta para as refeições dos lémures.

{17}Jardim Zoológico

Eles são uma das chaves da saúde dos animais: os “cozinheiros” do Zoo.

de barriga cheia

BastidorEs

{18} Jardim Zoológico

BastidorEs

São 7 da manhã. O Jardim Zoológico só abre ao público daí a três horas, mas aqui dentro já ninguém dorme. Os animais que aqui vivem, depois de acordar, só

pensam numa coisa: comer. Felizmente, na ponta norte do Zoo, há uma equipa empenhada a encher a barriga a todos. É o departamento de Nutrição.

Junto a um enorme armazém, dois funcionários en-chem uma carrinha de caixa aberta com as refeições. Lá dentro, vêem-se tabuleiros etiquetados, cada um com o nome da sua espécie. Até há caixas de gafanhotos vivos para alguns animais que não dispensam um alimento em movimento. Os alimentos irão ser distribuídos pelas vá-rias zonas do Jardim Zoológico, de forma a que, quando os tratadores cheguem, tenham tudo pronto para darem aos animais. Por vezes, estes é que não conseguem esperar. Na primeira paragem da distribuição, um pequeno primata atrevido, consegue roubar uma banana que leva novamente para dentro da instalação.

Após os primatas, a distribuição continua pelo sector das aves. Estes têm direito a taças com os seus nomes pró-prios: uma taça para cada dois animais. Ana Saraiva, chefe do Departamento de Nutrição, explica que esta precisão é essencial para evitar competição entre os animais. Os alimentos chegarão a todas as instalações: das pequenas aves aos Tigres-da-sibéria, todos receberão as suas refei-ções.

Mas adiantámo-nos nesta viagem. Tudo começa lá atrás, de onde partiu a carrinha, nos enormes armazéns junto à porta das Laranjeiras. Além do espaço de cargas e descargas, a zona da nutrição estende-se pela cozinha, ar-mazéns, grandes câmaras frigoríficas e até um palheiro. É aqui que se recebem, preparam e conservam os alimentos dos habitantes do Jardim Zoológico.

Armazém de feno

Cada animal tem as suas refeições personalizadas.

Nuno e Jorge são responsáveis pela distribuição da alimentação.

{19}Jardim Zoológico

Menu pensado ao pormenor

Ingredientes: 250g de maçã, 170g de arroz cozido, 420g de bananas, 300g de uvas, 150g de cenouras, 40g de pas-sas, 120g de rúcula e espinafres, 160g de ovo cozido, 210g de gelatina tutti-frutti e um punhado de cereais. Isto é o necessário para compor uma refeição de sexta-feira para dois lémures-vermelhos. Ana Saraiva explica como se chega à dieta ideal de cada espécime: Quando recebemos um animal novo, tentamos obter informações do zoo de onde ele vem. Além disso, existem já dietas pré-estabelecidas para aquela espécie, não só nos studbooks europeus e internacionais, mas também através da colaboração dos coordenadores dos EEP´s (programas europeus de reprodução de espécies ameaçadas). Até há programas informáticos disponíveis para ajudar a calcular as dietas de cada espécie, mas a definição dessas dietas é muito mais complexa, já que os animais também têm as suas preferências. Aqui é fundamental o feedback que os tratadores, em con-tacto com os animais diariamente, dão ao departamento de Nutrição. Ana Saraiva dá um exemplo: Temos tido muita abóbora. Os tratadores dos chimpanzés vieram falar co-migo e pediram que não mandasse tanta, porque os ani-mais só comem um bocadinho, por ser novidade. Se é um alimento que os animais não apreciam, eles deixam e vão buscar aquilo de que mais gostam.

BastidorEs

O Enriquecimento Ambiental pretende garantir o bem-estar dos animais. Proporciona não só a ocupação de tempo de uma forma estimulante, como assegura que cada animal poderá vir a ser reintroduzido na natureza com sucesso, no que depender da sua própria prestação.

Dificultar o acesso dos animais aos alimentos é uma das formas de estimular os comportamentos naturais e característicos das espécies.

O camarão faz parte da dieta dos flamingos.

1 vez por semana, o urso-pardo tem a sua refeição dificultada.

{20} Jardim Zoológico

As refeições podem variar ao longo do tempo, tendo em conta outros factores. Periodicamente, por exemplo, acrescentam-se certos alimentos à dieta-base para esti-mular comportamentos naturais e evitar a rotina. O estado de saúde do animal é também fundamental para decidir a sua alimentação. Há dietas que têm de ser constantemente alteradas, explica Ana Saraiva, Por exemplo, quando uma fêmea está em lactação ou gestação. Se um animal está realmente doente, principalmente com problemas gas-trointestinais, aí o cuidado tem de ser redobrado. Nessas situações mais sensíveis, é o grupo de veterinários do Jar-dim Zoológico que indica que dieta deve ser estabelecida. Em determinados casos, é mesmo na clínica que são pre-paradas as refeições, por terem de incluir medicamentos ou tratamentos.

Outro factor, de ordem mais prática, que tem de se ter em conta na hora de definir dietas é a disponibilidade de alimentos no mercado local. Além das compras, o Jardim Zoológico pode contar com as empresas amigas. Todas as semanas, recebem alimentos do Continente de Telheiras, do Jumbo de Cascais e de diversas outras entidades. Cer-tos alimentos, no entanto, vêm de mais longe. Ana Saraiva explica que não existem empresas portuguesas especiali-zadas no fabrico de rações para animais selvagens. É um mercado que está pouco desenvolvido em Portugal, porque também não existem assim tantos zoos. Nos frigoríficos, encontram-se diversas iguarias estrangeiras. É o caso dos ratos congelados, que são importados da Alemanha duas vezes por ano.

Trabalhar para reproduzir

A manhã é a altura de maior trabalho na área da Nutrição. Tanto a recepção de alimentos como a sua distribuição pe-las instalações são feitas nesta altura do dia. Mas há sem-pre tarefas a cumprir, como lavar e desinfectar o material. Enquanto Cristina usa tabuleiros e uma balança para fazer

As toneladas de alimentos que se vêem nas câmaras frigoríficas e nos

armazéns têm diversas proveniências.

Duas vezes por semana, os funcioná-rios vão às compras. Mas não voltam com meia dúzia de sacos, como qual-quer família: são 1000kg de cenoura

por semana ou 4000kg de maçãs por mês, para dar alguns exemplos.

Afinal, os animais do Zoo são bons garfos.

O Departamento de Nutrição conta com 4 arcas industriais, essenciais para o armanezamento dos alimentos.

BastidorEs

{21}Jardim Zoológico

a refeição do lémure-vermelho (cuja receita já foi disponi-bilizada em cima, para os interessados), Cidália corta fruta para as refeições dos íbis e dos flamingos para o fim-de- -semana e para a semana seguinte. Nos frigoríficos vêem-se várias doses já preparadas, prontas a ser colocadas em tabuleiros.

Porque o estômago dos animais não descansa, ao fim-de-semana também se trabalha, de forma rotativa entre a equipa de seis pessoas liderada por Ana Saraiva.

Satisfazer as necessidades alimentares dos animais é o objectivo mínimo deste departamento. A forma cuidada como se trata as dietas dos inquilinos do Jardim Zoológico nesta cozinha, digna de um restaurante luxuoso, pretende, aumentar a qualidade de vida do animal. “Porque o que nós pretendemos aqui no Zoo é que eles se reproduzam”, con-clui Ana Saraiva.

As altas taxas de reprodução que se verificam no Zoo mostram um objectivo cumprido. Afinal, nada como uma barriga cheia para se ser feliz. ∞

Na cozinha, encontramos Cidália e Cristina, atarefadas com enormes

panelas e alguidares. Estão já a pre-parar refeições para o dia seguinte,

de forma a rentabilizar o tempo.

Cidália conta que o ananás é uma fruta muito apreciada pela maioria dos animais.

BastidorEs

A Engª Ana Saraiva é a responsável pelo Departamento de Nutrição.

{22} Jardim Zoológico

{23}Jardim Zoológico

sosterra chama

homem

O Relatório Planeta Vivo da WWF é um grito de

ajuda do nosso planeta.

{24} Jardim Zoológico

O Relatório Planeta Vivo tem como objectivo descrever as alterações do estado de conservação da biodiversidade da Terra, acompanhando os indicadores ao longo de várias dé-cadas. Mas mais do que uma descrição, pretende ser um objecto de reflexão e análise sobre o impacto que a mão humana tem no nosso planeta e, em última instância, auxi-liar os chefes de estado a encontrar soluções.

Uma das principais bases deste estudo é perceber a dimensão da nossa pegada ecológica, que mede, segundo a definição do próprio relatório, a água e terra biologica-mente produtivas necessárias para fornecer os recursos renováveis que as pessoas utilizam. Actualmente, a quan-tidade de recursos que utilizamos excede a capacidade de regeneração da Terra em cerca de 30%, aumentando a nos-sa dívida ecológica. Esta dívida significa que, por exemplo, a quantidade de madeira que extraímos das florestas num

ano é maior do que aquela que cresce no mesmo período de tempo e o mesmo acontece com o peixe que pescamos e com outras explorações. A consequência é que, eventual-mente, esses recursos vão esgotar-se e, se continuarmos com o mesmo ritmo de consumo, os ecossistemas poderão entrar em colapso.

Aqui entra em jogo um factor fundamental: a biodi-versidade. A incrível variedade dos seres vivos que habitam a Terra não só dão ao planeta uma beleza única como são fundamentais para manter o equilíbrio. Infelizmente, a pro-cura do Homem, de alimentos, água, energia e materiais, bem como a necessidade de espaço para cidades e infra-estruturas, tem sido feita de forma tão pouco controlada, que ameaça a biodiversidade das mais diversas formas.

aNo iNtErNaCioNal da BiodivErsidadE

O alerta já não é novo, mas surge agora ainda mais fundamentado com o relatório Planeta Vivo 2010,

desenvolvido pela WWF (World Wildlife Foundation) em colaboração com a Zoological Society of London e a Global Footprint Network. Este relatório comprova que o crescimento económico e o aumento do consumo têm tido consequências alarmantes para o planeta Terra. A conclusão mais drástica do estudo é que, em 2030, precisaremos de recursos equivalentes a dois planetas para satisfazer os nossos perfis de consumo, se estes não se alterarem. Aquilo que retiramos do ambiente tem sido muito superior ao que ele nos pode dar: só os recursos utilizados em 2007 precisam de um ano e meio para serem renovados, ou seja, a nossa dívida para com o planeta vai já em 50%. A tendência é para aumentar.

A comida que cultivamos. O peixe que pescamos. A gasolina que utilizamos. As cidades que construímos. Para tudo isso, este planeta já não chega.

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As lixeiras a céu aberto são ainda uma realidade.

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Um planeta menos vivo

Do belíssimo tigre à grande baleia-azul, até araras e pa-pagaios, ursos-polares e chimpanzés: todos eles são fundamentais ao ecossistema; todos eles estão em vias de extinção. Uma das grandes causas é a destruição de habitats, resultado da conversão de terras para cultivo, a construção de barragens e as actividades pesqueiras prejudiciais. Além disso, as espécies selvagens são tam-bém vítimas de sobre-exploração, devido à matança para alimentação, materiais ou remédios, superior à capacida-de reprodutora das populações de animais. No caso das espécies marinhas, por exemplo, a sobre-pesca tem sido uma grave ameaça. Na verdade, 70% dos stocks de pes-cado comercial estão em perigo e esta tendência só pode-rá inverter-se com uma gestão sustentável da actividade, melhorando as técnicas e reduzindo as quotas de pesca. Também a transposição de um sítio para outro de espécies, que se tornam concorrentes, predadoras ou parasitas de espécies nativas, é uma ameaça à biodiversidade animal.

Energia e alimento

Uma das ameaças mais antigas e faladas é a poluição, que advém principalmente da excessiva utilização de pesticidas e dos efluentes urbanos e industriais. A ameaça que pro-vavelmente tem estado mais na ordem do dia é o problema das alterações climáticas, resultado do aumento dos níveis de gases estufa na atmosfera. É assustador pensar que mais de metade da pegada ecológica advém da pegada de carbono. Desde 1998, esta aumentou 35%, o que significa que o planeta não está a conseguir absorver as emissões de CO2 provocadas pelo Homem. A perda da biodiversidade tem consequências muito visí-veis, principalmente nos países mais pobres. Estas popu-

De forma a perceber as alterações do estado dos ecossis-temas do planeta, a WWF criou o Índice Planeta Vivo. Este acompanha as tendências de quase 8000 populações de es-pécies de vertebrados. O mais recente resultado traz tudo menos boas notícias: entre 1970 e 2007 houve um declínio de 30% no equilíbrio de espécies de mamíferos, répteis, anfíbios e peixes. O Índice Planeta Vivo resulta da soma de dois índices distintos: o Temperado e o Tropical. Este último é o que causa maiores preocupações, com uma diminuição do índice de 60%.

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70% dos stocks de pescado comercial estão em perigo.

A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e os processos industriais são as fontes poluidoras principais.

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lações são normalmente mais dependentes dos recursos naturais locais e, se não tiverem acesso a água limpa, ali-mento e materiais adequados, não poderão prosperar, ge-rando mais pobreza.

Como solução, o relatório Planeta Vivo defende que é fundamental criar uma rede de áreas protegidas em todo o mundo. Assim, é possível proteger os habitats e apoiar as espécies, criar corredores de circulação entre as diversas áreas, proteger contra as actividades potencialmente pre-judiciais e os efeitos das alterações climáticas e promover formas sustentáveis de uso da terra.

Os resultados das pegadas variam conforme os pa-drões de consumo e estilo de vida. Se toda a população do

mundo vivesse como os portugueses precisaríamos de 2,5 planetas. Mas há cenários piores: se fôssemos todos como os cidadãos dos EUA ou dos Emiratos Árabes Unidos, se-ria necessária a biocapacidade de 4,5 planetas! Já a Índia mostra um panorama oposto: se todos vivêssemos como o cidadão médio indiano, usaríamos menos de metade da capacidade do nosso planeta. O relatório prevê que, se a forma como lidamos com o nosso planeta se mantiver igual e a população continuar a crescer ao mesmo ritmo que até agora, em 2050 precisaremos de recursos equivalentes a 2,8 planetas por ano.A situação é insustentável. Para a inverter, a WWF propõe medidas baseadas essencialmente em duas áreas: energia

e alimentação. Sendo a pegada de carbono a maior influen-te no declínio do planeta, a melhor aposta está nas energias renováveis. Com medidas agressivas para melhorar a efi-ciência energética em edifícios, electrodomésticos, trans-portes e indústria, o relatório prevê que no futuro, 95% da energia seja de origem renovável e os agro-combustíveis sejam usados apenas como último recurso.

No entanto, isto não basta. Mesmo com uma pegada de carbono muito baixa, se a população mundial tivesse uma die-ta igual à italiana, precisaríamos de dois planetas. Até se fosse como a da Malásia, muito menos rica em proteína animal, ain-da seriam necessários 1,3 planetas. O problema aqui agrava-se: enquanto que o CO2 pode ser emitido para a atmosfera (com todas as consequências nefastas), a área de produção de alimento é de facto limitada. Se toda a área florestal fosse convertida em campo de cultivo, não seria ainda assim sufi-ciente para suportar toda a população com uma dieta italiana.

Torna-se imperativo, por um lado, tornar o planeta mais pro-dutivo, e por outro, repensar a nossa alimentação.

Porque é preciso agir com urgência, a WWF pretende que os problemas e propostas descritos no relatório Plane-ta Vivo (e que serão actualizados nos próximos dois anos) sejam a base de discussão para a conferência Rio+20, em 2012. Vinte anos depois da Cimeira da Terra no Rio de Ja-neiro, representantes de todo o mundo irão juntar-se para fazer o ponto de situação e debater medidas de desenvol-vimento sustentável. Nem só o tigre e o urso-polar depen-derão das nossas acções: a própria vida humana está nas nossas mãos. ∞

Impactos posItIvos

› No supermercado, prefira produtos locais, da época e frescos. Estes têm menor pegada ecológica no que diz res-peito ao seu transporte, produção e armazenamento;

› Ao comprar peixe, procure o selo msc – Marine Stewar-dship Council – o que indica esse peixe provem de pesca sustentável;

› Para a sua casa, prefira produtos de origem florestal e com o símbolo Fsc – Forest Stewardship Council. Estes produtos têm menor pegada ecológica do que os de ori-gem sintética e são oriundos de florestas geridas de forma sustentável.

Central de Energia moderna na Dinamarca. Produz calor e electricidade com energia renovável.

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aGENda

de Novembro de 2010 a Maio de 2011

próximoseventos

12 dE dEzEmBro

chegada do pai natal dia do padrinho

14 dE FEvErEiro

dia dos namorados

8 dE março

carnaval

19 dE março

dia do pai

24 dE aBril

páscoa

1 dE maio

dia da mãe

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