Revista Link

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o que será feito da leitura? Conheça os prós e os contras da leitura digital que ganha, cada vez mais, espaço no mercado. pág. 16 entrevista com Débora Soares pág. 5 sentimentalismo nas redes sociais pág. 24 síndrome do excesso de informação pág. 10 Ano 1 | #1 | Edição “Leitores” E AGORA? LEIO ONDE?

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Revista digital feita pelos alunos do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, para a disciplina Jornal e as Novas Tecnologias do Professor Dario Brito.

Transcript of Revista Link

Page 1: Revista Link

o que será feito da leitura? Conheça os prós e os contras da leitura digital que ganha,

cada vez mais, espaço no mercado.

pág. 16

entrevista com Débora Soares

pág. 5

sentimentalismo nas redes sociais

pág. 24

síndrome do excesso de

informação

pág. 10

Ano 1 | #1 | Edição “Leitores”

E AGORA? LEIO ONDE?

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Editorial

Para compor as atividades avaliativas da cadeira Jornalismo e as Novas tec-nologias, nos foi proposto pelo professor Dario Brito a criação de uma revista.

Mas não uma revista comum como as que estamos acostumados a receber em nossas casas. O desafio foi criar a Revista Link. Uma revista digital que pudesse abranger as novas e variadas formas de mídias. Isto é, elaborar um projeto que pudesse conter textos, áudios, imagens, vídeos e muito conteúdo para deixar

você, leitor, ainda mais atualizado sobre diferentes assuntos. Para que você conseguisse estar, de certa forma, “linkado” em nós. Desafio aceito.

Para isso, foram estipulados sete reporteres, um diagramador, um editor de imagens, um editor de textos e um fotógrafo. Equipe pronta, pautas nas mãos

e muito trabalho a fazer. Se nos restava ainda alguma dúvida referente a opção de curso que queríamos seguir, essa foi, sim, a prova de fogo. Desafio em pro-cessamento. Os reporteres tiveram que pesquisar, averiguar, pensar, articular e

criar matérias diferenciadas que pudessem conquistar o seu olhar, caro leitor.

Na revista Link, você encontrará informações que estão acerca das novidades da internet e que estão “linkadas” em nossas vidas. Como a facilidade permitida

pela interatividade entre nós e a web, gerando essa cultura participativa atra-vés da multimidialidade, da cidadania digital ou das novas formas de publici-dade. Visando uma melhor qualidade para o presente e futuro da leitura, sem que corramos o risco de cair na falência digital. Porque para nós, caro leitor, a sua satisfação é o nosso maior compromisso. E o diagramador, os editores e o fotógrafo sempre pacientes e empenhados para oferecer a você as melhores imagens, os melhores vídeos e os mais interessantes textos que você mesmo

comprovará, leitor. Desafio cumprido.

Por isso, desde já, recomendo que você comece dando uma olhadinha na matéria da capa, “O que será feito da leitura?” que nos mostra as vantagens e desvantagens do novo hábito de ler na internet, algo que hoje é muito co-

mum e que você está fazendo agora. Só não deixa, caro leitor, de “linkar”a sua leitura nas matérias seguintes. Boa leitura!

Daniele Monteiro

o velho jornalismo e suas novas tecnologias

a notícia nas mãos de muitos

celebridades digitais

sentimentalismo estimulado nas redes sociais

o que será feito da leitura?

você sabe o que são mídias espôntaneas?sabe como elas funcionam?

blog e jornalismo

Sumário

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FRASES 23frases

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k Revista Link é uma publicação digital com periodicidade semestral elaborada como parte integrante da disciplina de Jornalismo e as Novas Tecnologias do

curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

Maio/Junho 2012.

EXPEDIENTE

entrevista DÉBORA NASCIMENTOpor Deborah Viégas

O site Oclumência (http://www.oclumencia.com.br/) foi criado em 2005 e desde então se tornou uma das maiores homepages de Harry Potter. Infelizmente o site acaba de chegar ao fim e segue apenas com atualizações de notí-cias no Facebook e Twitter. Além de ser o maior Twitter sobre o tema do Brasil (@oclumencia), o espaço continha diversas notí-cias e fotos inéditas sobre a série, livros e filmes. Débora Nasci-mento, estudante de jornalismo da Unicap, era uma das adminis-tradoras do site e iniciou sua co-laboração quando o mesmo ha-via completado um ano. Enock, o criador, era apenas um fã da série que decidiu fazer o projeto. O ob-jetivo do site era manter fãs brasi-leiros que não sabiam inglês atu-alizados com as notícias da saga. “Oclumência” termo utilizado na saga significa bloquear magica-mente a mente contra ataques inimigos. Em entrevista, Débora Nascimento fala sobre como foi trabalhar para o site em meio à colaboração e não colaboração dos fãs da Warner Bros e com a participação da mídia.

EditoraDaniele Monteiro

Editor eletrônico (vídeo e áudio) / Gerenciador de Redes SociaisNahyara Batista

Diagramadora / ArticulistaArline Lins Fotógrafa

Deborah Viégas

Blogwww.revistalink-online.blogspot.com

Canal no Youtubeuser/RevistaLink Canal no Sound Cloudwww.soundcloud.com/revistalink-online/sets

Repórteres

Beatriz Albuquerque

Juliana Gonzalez

Natércia Dantas

Poleanny Araújo

Palloma Viana

Caroline Rangel

Milena Coimbra

“se tiver a demanda, claro que vão fazer mais coisas para os fãs”

Débora NascimentoFo

to: A

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k Como vocês conseguiram conquistar este número de fãs?

A gente só postava notícias e os fãs foram consequências disso. Naquela época, eu acho que o Facebook e o Twitter nem existiam. Talvez o Face-book, mas no período em que ainda era privado para estu-dantes de universidades.

Debora, o Oclumência hoje é um dos maiores sites de Har-ry Potter do mundo. Possui o maior Twitter sobre o tema do Brasil (@oclumencia). Você imaginava que daria tamanha repercussão?

Não. Na verdade, foi uma sur-presa quando a Warner Bros entrou em contato conosco.

O site proporciona informa-ções, galeria de fotos inédi-tas sobre a série, livros e fil-mes. De que fonte vem esse material?

Algumas fotos vinham da pró-pria Warner Bros. Outras a gen-te pegava em sites internacio-nais sobre cinema.

A Warner Bros confiava no site ao enviar para vocês notícias inéditas. Já houve algum caso em que vocês so-freram censura?

Sim. Algumas vezes conseguí-amos fotos trocando informa-ção com outras pessoas. Olha, esse mundo de fãs de séries grandes (Harry Potter, Crepús-culo e agora Jogos Vorazes)

tem tipo uma máfia. Eles con-seguem fotos vazadas e etc. Al-gumas vezes postávamos, mas aí chegava a Warner e pedia para que elas fossem retiradas do ar. Preço da fama.

Não é só a Oclumencia, mas diversos outros sites colabo-ram voluntariamente como fãs de Harry Potter, se res-ponsabilizando com o traba-lho de compartilhar notícias inéditas, fotos. As empresas responsáveis pela renda des-te mercado apenas lucram com isso, sem ter trabalho al-gum, em termos de audiên-cia. Diante disto, você acha que ao trabalhar desta forma as empresas estão tirando proveito de vocês?

Sim, mas não é como se eles nos forçassem a fazer isso. Fa-zemos porque gostamos, é um hobbie. Nunca me senti usada pela Warner. E também ganhá-vamos dinheiro com isso. E se fossemos pensar assim, tam-bém tirávamos proveito de ou-tros fãs que chamávamos para ajudar a manter o site atuali-zado. E eles não ganhavam di-nheiro.

O que lhe motivava a traba-lhar para o site?

Era divertido. Eu gostava bas-tante de procurar notícias so-bre HP por aí. Sem contar nas brigas entre fãs e etc. Todo aquele universo era muito di-vertido.

As mídias corporativas reco-nhecem cada vez mais o va-

lor da participação dos fãs. O que faz do Oclumencia um site sério para que deslizes e bobagens não aconteçam?

Bem, nós cometíamos deslizes e bobagens. Todo mundo co-mete. O Pernambuco.com, o NE10, o Estadão. Todos come-tem bobagens. Mas nós éra-mos muito específicos sobre o que postávamos. Não que-ríamos fofoca sobre os atores. Quase sempre só entravam notícias diretamente ligadas à série.

Com esta cultura dos fãs onde um quer saber mais que o outro, estar mais in-formado, ter fotos raras que nunca compartilham, você, por estar dentro deste meio e ser fã, já teve algum atrito com outros fãs?

Eu nunca tive atrito sério com ninguém porque acho boba-gem brigar na internet. A in-ternet é um lugar para que eu me divirta. Se alguém viesse brigar comigo, paciência. Eu só fazia ignorar.

Vocês, colaboradores do site, tinham privilégios ou o trabalho e tempo que dedi-cavam a Harry Potter era por satisfação?

A Warner nos chamava para a pré-estréia do filme. Esse era o único privilégio.

Os fãs acabam sendo trans-formados como consumi-dores de carteirinha. Tudo o que for “inédito” deve-se

comprar, passando da bar-reira de apenas os livros e DVD’s originais dos filmes de Harry Potter. Você acha que, como fã, a mídia se aproveita disso?

Sim, claro. Olha, pra falar a ver-dade, eu só tenho os livros. Dos DVDs tenho até o quarto filme. E só. Mas tem gente que tem o quarto todo decorado com coisas de Harry Potter. O mercado não é bobo. Se tiver a demanda, claro que vão fazer mais e mais coisas para os fãs.

Qual foi importância da pági-na do Facebook para o site?

Infelizmente, o Facebook só foi ficar popular bem mais tarde. Não chegamos a utilizá-lo mui-to.

Débora, já foi lançado o últi-mo livro de Harry Potter e o último filme. Como você ex-plica a “eternidade” de Harry Potter na vida dos fãs?

Eu acho que é como Star Wars, Senhor dos Anéis, De Volta para o Futuro. Essas coisas aca-bam se tornando Cult. E os pais vão apresentando aos filhos e assim sempre vão surgindo novos fãs. Conheci Star Wars por conta do meu pai e virei fã.

Como o site irá progredir agora que acabou?

Bem, não vai. Alguns integran-tes do site se juntaram e for-maram o CineMarcado.com.br, sobre cinema em geral.

O que tornou o Oclumência diferenciado de todos os ou-tros sites que têm como foco conquistar fãs de Harry Pot-ter?

O diferencial era vontade. Exis-tiam milhares de sites, mas o nosso estava sempre atuali-zado, com um layout bonito e limpo e pessoas dedicadas.

Foto: Rep

rodução/Internet

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Atualmente, os exércitos colaborativos vêm sendo utilizados cada vez mais em portais sobre diversos assuntos.

Esses exércitos se constituem em grupos de pessoas com algum interesse em comum, colaborando com informações em um mes-mo site. O giro de colaboradores é grande, uma vez que todos são voluntários e por isso, na maioria das vezes, não recebem nenhum tipo de lucro em troca de suas in-formações.

É o que acontece no site Boxdeseries.com, que tem feito sucesso entre os fãs de seria-dos. E para entendermos melhor esse uni-verso, Caio Fochetto, um dos fundadores do site, conta como tudo funciona e o que os fãs mais procuram quando acessam o por-tal:

Como o site funciona no dia a dia? Há um e-mail de pauta. As pessoas se re-sponsabilizam por textos semanais de críti-cas e de colunas. A editora escolhe as notí-cias que entrarão diariamente e os redatores trabalham nelas. Existem pautas livres que são discutidas no mailing.

Como vocês mantém o site? Há algum tipo de lucro?Não há lucro. O que provém de anúncios acaba sendo utilizado na manutenção do site, tanto com servidor para podcast e o site em si, quanto há reformas de layout e afins.

A que se deve o sucesso do site? Por que você acha que ele tem dado tão certo?Acredito que o sucesso se deve ao amor e dedicação de cada participante pelo tema. As pessoas que participam dos bastidores são realmente envolvidas, tanto com as sé-ries quanto com os textos que escrevem e isso só pode resultar em qualidade, tanto em informação quanto em opinião.

Quais os seriados mais buscados? Grey’s Anatomy, Glee, True Blood, Game Of Thrones e Fringe. Mas isso varia de acordo com as séries que estão sendo exibidas no momento, apesar dessas de cima sempre estarem no topo.

Por que você acha que as séries têm con-quistado cada vez mais fãs?Acredito que a popularização das séries se deve, e muito, a popularização da internet e barateamento nos serviços de distribuição de conteúdo televisivo pago. Ainda esta-mos distantes de preço e qualidade justos, mas acredito que já há melhorias.

Caio Fochetto

os exércitos colaborativos em sitesCada vez mais, fãs ajudam na manutenção de sites escrevendo matérias de forma voluntária

No Boxdeseries.com tem-se um ótimo exemplo de como esses exércitos colabo-rativos podem contribuir com qualidade no funcionamento do site, disponibilizando diversos serviços aos fãs, como notícias so-bre várias séries, seus personagens e atores, resumos da semana, spoilers, informações sobre audiência, trilhas sonoras e muitos outros serviços que trazem ao site tantos se-guidores, como é o caso de Beatriz Bulhões. Grande fã de diversas séries, ela não passa um dia sem acessar o portal.

SigNiFiCADOS:

SPOILER - Spoiler é uma palavra inglesa que vem do verbo “to spoil”, estragar. Pode ser traduzida como “estraga-prazeres”, e é usada para definir revelações de fatos importantes da trama de filmes, televisão, livros e jogos.

PODCAST - Podcast é o nome dado ao arquivo de áudio digital, fre-quentemente em formato MP3 ou AAC, publicado através de podcast-ing na internet e atualizado via RSS. Também pode se referir a série de episódios de algum programa quanto à forma em que este é dis-tribuído.

MAILING - Mailing (abreviação de Mailing List, em inglês), banco de dados .l. (nome, endereços, cara-cterísticas do consumidor, entre outros) para serem utilizados em marketing direto, tais como mala direta, telemarketing e correio eletrônico.

Mas nem todos concordam com essa nova forma de levar notícia aos seguidores. Al-guns fãs, como Arnaldo Lage, por exemplo, acreditam que com esse grande número de colaboradores, as notícias acabam perden-do credibilidade.

Concordando ou não, o fato é que os exé-rcitos colaborativos conquistaram seu es-paço na internet. Tanto sucesso se deve ao fato de que os próprios fãs acabam se tor-nando parte desses “exércitos”, e ao mesmo tempo em que colaboram trazendo noticias aos sites, também se abastecem de novas in-formações sobre os seus maiores interesses.

Beatriz Bulhões

porMILENA COIMBRA

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k síndrome do excesso de informação

Você já imaginou que o seu cérebro é como um HD com capacidade limita-da de armazenamento? Pois é, assim

como as máquinas, o ser humano não supor-ta processar informações em grande quanti-dade. A Síndrome do Excesso de Informação é definida pelos psicólogos como uma doen-ça moderna, característica do século XXI, que diariamente é potencializada pelo aumento do consumo de informação, principalmente online.

“Saber de ‘tudo’ e ao mesmo tempo não conhecer quase nada, falta de tempo para tudo, tristeza”. O publicitário paulista, Renan Alessio, sente com frequência esses sintomas de transtornos de ansiedade. Ele é apenas um dos vários exemplos que revelam que, atual-mente, abarcar todo conhecimento disponív-el na sociedade da informação é uma tarefa que não pode ser realizada.

Apesar de não existirem pesquisas no Brasil que quantifiquem o número de casos da doença, o principal centro de tratamento do assunto no país, o Ambulatório de Ansie-dade da USP, percebe que tem atendido um número crescente de pacientes que men-cionam como causa de seu transtorno a inca-pacidade de absorver informações no ritmo que consideram ideal. Segundo o psicólogo pernambucano Iuri Tubino, que atende pa-cientes com a síndrome, o distúrbio “vem de

um transtorno de ansiedade que ocasiona uma série de repercussões pessoais, famil-iares e profissionais”.

O último estudo da Universidade do Sul da Califórnia revelou que a quantidade de infor-mações recebidas diariamente por uma pes-soa equivale a leitura de 174 jornais comple-tos e que a produção mundial de informação, nos últimos 25 anos, superou 296 exabytes (1 exabayte = 1 bilhão de gigabytes). A popu-larização da web proporcionou benefícios inquestionáveis, como acessar notícias em tempo real, sobre quase tudo que é produ- zido no mundo. Entretanto, há informação demais para ser consumida em 24h. As pes-

Dr. Iuri Turbino

A doença moderna atinge os internautas gerando distúrbios psicológicos e orgânicos

soas com quadro agudo dessa síndrome são assoladas por uma sensação constante de que estão ultrapassadas, pois a demanda de dados na rede perturba as pessoas que que-rem estar sempre atualizadas. No consultório do Dr. Iuri Tubino, por exemplo, a principal queixa dos seus pacientes tem sido a dificul-dade de se desconectar.

As informações que no passado eram en-contradas apenas em livros, hoje estão dis-poníveis na internet. Porém, enquanto as referências da informação impressa passam mais segurança para quem está consumindo, as da internet não parecem confiáveis. Isso acontece porque o impresso é um documen-to palpável, concreto e a web permite que as informações sejam de domínio público, sem autoria. Quando criadas no ciberespaço, as informações podem ser alteradas e até apa-gadas por desconhecidos.

Nesse contexto surgiu o termo “dataholic”, referente a uma classificação dos novos con-sumidores de notícia. Os dataholic’s, jovens da chamada geração y, dominam as ferra-mentas de informação, mas estão o tempo todo angustiados, porque não selecionam o que consomem. Essa forma de consumo traz um desconforto a partir do momento que a pessoa se dá conta de que não é pos-sível dominar tudo que está na internet. Além disso, pode gerar perda de noção da reali-dade, no momento em que se começa a ter essa informação virtual como algo real. Seg-

undo o Dr. Tubino, a geração y, que nasceu com a tecnologia e consegue lidar com ela de forma muito natural, mas admite: “está pré-disposta a ter algum tipo de transtorno ligado ao excesso de informação, independ-ente do veículo, porém muito mais pela via eletrônica”.

A comunicação virtual faz com que as pessoas se isolem, pois geralmente se con-cretiza em dispositivos individuais, como notebooks, smartphones e tablets. Com a Síndrome do Excesso de Informação, o quad-ro de isolamento se agrava, podendo causar depressão, problemas de relacionamento e alguns transtornos de pânico.

Em alguns casos, é possível notar que há algo de errado em si mesmo, pois começam a surgir prejuízos que repercutem dentro da própria capacidade de se ver como ser que estabelece contato com os demais; outras vezes, a demanda se torna responsabilidade da família e dos amigos. Nesses casos, o comportamento revela que alguém deve in-tervir para ajudar essas pessoas, pois a com-pulsão se tornou muito natural e não é mais percebida por quem passa pelo problema.

A necessidade intensa de saber, de ir atrás das informações e de estar constantemente conectado, evidencia a dificuldade de con-trolar o consumo de informações. O estu-dante de tecnologia e moderador da sessão “off-topic” do fórum fmanager, que possui

porBEATRIZ ALBUQUERQUE

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Cada vez mais, novas tecnologias vêm surgindo e, junto a isso, o mundo vem se adaptando à elas. Com o jornalismo

não é diferente. O mundo jornalístico tam-bém está seguindo essas mudanças que são vistas em todos os âmbitos. Tais mudanças podem ser percebidas no dia a dia, com a facilidade que as redes sociais possibilitam. Um exemplo disso são as notícias que vêm sendo divulgadas de muitas formas e por muitos, não apenas por jornalistas. Hoje é cada vez mais evidente a presença de pes-soas comuns e sem formação em jornalismo divulgarem notícias em redes sociais. À elas é atribuída a denominação de “Repórter Cidadão”.A acessibilidade das redes sociais nos aparelhos ce-lulares possibilita pessoas postarem informações e notícias em tempo real. Este tipo de atitude ajuda não somente pessoas comuns, como também profissionais da área. O jor-nalista e âncora da CBN Recife, Mário Neto, recebe diariamente no Twitter (@jctransito) centenas de informações sobre o trânsito na cidade. E comenta a ajuda nessa nova forma de divulgar notícias: “as redes sociais têm ajudado muito nesta questão. A gente vê muito disso no Twitter, no Facebook e no Messenger. Pessoas que estão no trânsito informam a respeito do fluxo de carros nas ruas, mandam fotos e vídeos sobre todo tipo de assunto e isso acaba pautando, inclusive, a mídia.”

Além da ajuda ao jornalista e a outras pes-soas interessadas no mesmo assunto, a par-ticipação deste repórter auxilia também a comunidade e a cidade onde vive, “se algum cidadão divulga a informação de denúncia de foco de dengue em um bairro e o jornal, a TV e o rádio transmitem essa informação, isso servirá de alerta para que as autoridades de vigilância sanitária mandem equipes que combatam tal problema, ou seja, de alguma forma aquele repórter cidadão está con-tribuindo com aquela comunidade. Então é claro que ajuda, e muito, em algumas situ-ações”, confirma Mário Neto.

Mario NetoO contabilista, Cleto Paixão, usa o Twitter como forma de divul-gar informações e aconteci-mentos. Para ele, o conceito de conhecimento está em difundir o que se sabe. Cleto também acredita que esse hábito de com-partilhar informações acaba cri-ando uma rede de conhecimen-to que é positivo para todos. “É a

questão da reciprocidade. Eu lhe ajudo com informações e você faz o mesmo, criando

Cleto Paixão, contablista.

a notícia nas mãos de muitosComo a participação do repórter cidadão ajuda na

profissão de jornalista porPOLLEANNY ARAÚJO

redes de compar-tilhamento de in-formações que só contribuem para a melhoria co-muntária”, afirma.

mais de 60.000 usuários cadastrados, Ricar-dson César Lira é viciado em buscar infor-mações e novidades na internet. Para evitar estar o tempo todo conectado, o estudante utiliza apenas dois dispositivos de acesso, o smartphone e computador desktop. “Seria ruim usar outras plataformas porque acho que já consumo muito”, afirma. Porém, a es-

César Liratratégia utilizada por ele não é suficiente, pois constantemen-te perde a noção de tempo enquanto está trocando in-formações. Apesar de tentar regrar seu consumo, César Lira não imagina como seria possível passar uma semana sem informação. “Nunca parei para pensar nisso, mas seria mui-to complicado pas-sar uma semana sem me conectar”, revela o estudante.

A síndrome gera uma gama de altera-ções orgânicas além das psíquicas, como disfunções metabó-licas, estresse, fadiga e insônia. De acordo com o Dr. Tubino, ela é semelhante a uma compulsão por co-mida, jogo ou qual-quer outro tipo de objeto, nesse caso, informação, por isso precisa de tratamen-

to. “Primeiro temos sempre que escutar o que está sendo apresentado enquanto vi-vência desse problema, para assim poder achar um determinante que possa nos con-duzir ao melhor diagnóstico”, afirma Tubino, explicando que a psicologia trata da relação do indivíduo com a síndrome.

Foto: Deb

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Foto: Poleanny Araújo

Foto: Acervo Pessoal

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Michelle acorda todos os dias para ir à fa-culdade, mas antes

mesmo de tomar o café da manhã, conecta-se nas re-des sociais para conferir o que está sendo divulgado e publica a nova programação de um restaurante. Uma das ferramentas da internet que tem sido bastante explorada para a publicidade segmen-tada são as redes sociais. Com o fácil acesso à Internet e o forte crescimento dessas redes, tornou-se habitual o uso dos consumidores não só para reclamações sobre produtos, lugares, eventos e etc, mas também para a divulgação dos mesmos, o que hoje chamamos de mí-

dias espontâneas. De acordo com a estudante de publicidade e propagan-da da Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Rafaela Gonzalez , essas mí-dias além de funcionarem, muitas vezes, de forma es-pontânea, através da troca de informação entre os usu-ários, permitem o conheci-mento mais detalhado sobre o estilo de vida do consumi-dor. Desta maneira, facilita--se a elaboração de uma es-tratégia que vá de encontro aos desejos e necessidades deste consumidor, tornan-do-se uma publicidade mais eficaz. “Eu acredito até que essas mídias não geram pro-blemas para a mídia tradi-

Michelle Telino

você sabe o que são mídias

espontâneas? sabe como elas

funcionam? Profissionais e universitários da área explicam e opinam a respeito do assunto

cional. Basta apenas que as agências fiquem ligadas no que anda rolando nas pages do povão”, acrescenta.

Segundo a promoter e es-tudante de jornalismo, Mi-chelle Telino, essas mídias não gastam muito e dão re-torno mais rápido. Qualquer um pode criar e inovar. Mas por que será que essa mídia é gerada? A publicitária Po-liana Moura de 23 anos diz: “Eu uso muito Facebook, Twitter, essas mídias todas porque eu acredito que seja o meio mais rápido de se co-municar já que o consumi-dor está cada vez mais perto do computador, mais perto do celular. Já que a internet está popularizada”. Poliana também acredita que esse meio é mais convincente, pois é justamente quando o futuro consumidor está en-tretido nas conversas com amigos, com as noticias que está consumindo, com os ví-deos que está vendo que ele é pego desprevenido. Dessa forma, acaba consumindo tal mídia, gerada principal-mente pela chance de inte-ração entre emissor e recep-tor. De acordo com o publici-tário Hugo Rafael, 26 anos, a mídia tradicional não está perdendo espaço para a mí-

LEiA MAiS: Em entrevista para a Revista Link o publicitário Hugo Rafael Elihimas e a estudante de publicidade Rafaela Gonzalez

responderam algumas perguntas sobre mídias espontâneas.

Para quem não sabe o significa-do, o que são mídias espontâ-neas?Rafaela: É o famoso boca-boca na internet, no caso das redes sociais.

Qual a importância dessas mí-dias?Hugo: Essas mídias diversificam o que se tem feito de publicidade. Isso inova, dá novas possibilida-des e novos recursos.

Qual o perfil das pessoas que praticam com maior frequên-cia?

Rafaela Gonzalez

Hugo: Formadores de opinião. Muitas vezes eles nem sabem que usaram uma mídia espontânea, mas quando percebem, usam isso para seus fins.

Qual o critério de divulgação?Rafaela: Acredito que o critério seja por preferência. Muita credibilida-de ou muita desconfiança. Algo do tipo: “porque gosto muito” ou “porque odeio”.

porJULIANA GONZALEZ

dia espontânea. “TV, rádio e afins ainda têm muita força e são mídias muito procura-das”, afirma o estudan-te.

Fotos: Deb

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“Não tem sensação melhor do que você ir numa livraria tocar nos livros. É como se você real-mente estivesse vivendo ali” .

Lorena D’Andrade, estudante de direito

o que será feito da leitura?

Conheça os prós e os contras da leitura digital que ganha, cada vez mais, espaço no mercado

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atribuído a Caio Fernando Abreu, o que para mim é uma honra, mas, ao mes-mo tempo, é muito triste perceber que essa geração tem preguiça de procurar outros autores”, comenta a escritora e blogueira.

Criada para registrar informações que não deveriam se perder pelo tempo, a escrita foi um marco na história da

humanidade. Mas com o passar dos séculos, ela sofreu mudanças. Desde que foi inven-tada, ela vem sendo aperfeiçoada. Primeiro veio o uso dos rolos de pergaminho, depois a invenção das imprensas móveis e hoje em dia se está atravessando mais uma transfor-mação: a comunicação eletrônica. A leitura, extremamente necessária no cotidiano das pessoas, seja por obrigação ou hobby, é re-flexo iminente destas mudanças. E como as pessoas têm se adaptado às novas formas de ler na era digital?

Com a internet surgiram novas formas de compartilhamento de textos. Para a escritora e blogueira Vitória Bispo, um dos principais pontos positivos da web é a velocidade na propagação do conteúdo. Vitória começou a publicar textos no blog por incentivo de ami-gos e garante que seu trabalho se espalhou de forma natural: “Muito pouco divulgo meu blog. Acho autopropaganda um negócio meio falido. A melhor propaganda é quan-do alguém que você confia te sugere algo. Acredito que tenha sido dessa maneira. Al-guém que gostou do que escrevo e passou pra um amigo, que passou pra outro amigo e por aí vai”. Além disso, ela explica que seria uma forma de não escolher o público que vai ler o trabalho veiculado. “Já recebi, por exem-plo, e-mail de uma mãe que conheceu meu blog através da filha de 14 anos. Publicar na internet é deixar a fonte aberta pra quem quiser beber. Isso é instigante”, conta ela. O feedback facilitado entre leitores e escritores também é ponto forte da internet. “Se não houvesse esse retorno, já teria parado de pu-blicar. O feedback é o meu combustível. Já aconteceu de ser reconhecida algumas ve-zes na rua, mas não é comum. Alguns leitores acabam virando amigos, ainda que virtuais”.

Mas mesmo para Vitória, que foi beneficiada pela internet, o convencional livro impresso não deixa de ter seu valor: “Eu prefiro o livro físico mesmo. Acho muito mais interessante”. Apesar de se assumir como alguém que não tem paciência para uma leitura contínua, a blogueira admite: “Quase nunca releio meus próprios textos, porque os acho muito lon-gos. Li poucos livros na vida. Mas, os poucos que li, fizeram toda diferença.”

A estudante de direito Lorena D’Andrade comunga da mesma opinião que a escrito-ra: “Não tem sensação melhor do que você ir numa livraria tocar nos livros. É como se você realmente estivesse vivendo ali”. Para a jo-vem, a leitura online faz com que o indivíduo tenha sua atenção desviada, com inúmeras páginas abertas ao mesmo tempo. “Na inter-net você nunca está focado 100% na leitura. Estar com a história nas mãos é muito dife-rente. A gente tem que viver a história como ela deve ser vivida. Não pela internet, como se estivesse lendo um recado no Facebook”, argumenta ela.

Vitória Bispo

porNATÉRCIA DANTAS

Para o jornalista e professor de língua por-tuguesa Felipe Casado, a web aproxima os conteúdos mais diversos das pessoas. O pro-blema é quando ela é tratada como fonte única, coisa que, segundo o profissional, não deveria acontecer: “Para mim, ela funciona como leitura complementar. Porque existem sites que disponibilizam alguns livros e tex-tos. Existem os sites de jornal, para quem não tem o hábito de ir comprar na banca”. Outro aspecto negativo da web, que Felipe conse-gue identificar em seus alunos, é a confusão gerada quanto aos gêneros literários: “A gen-te observa em redações, dissertações de co-légio, e até mesmo de faculdade, um pouco dessa confusão. As pessoas querem trazer características que são dos gêneros da in-ternet para a escrita”. Felipe aponta também um problema da internet que Vitória Bispo já viveu na pele: a falta de confiança nos conteúdos. Muitas vezes textos são errone-amente creditados. Há quem plagie e quem troque nomes de autores, fazendo com que citações terminem se popularizando de uma forma incorreta. Neste cenário, frases soltas de escritores como Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu viraram “modinha”, aumen-tando ainda mais a desordem. “Muita gente realmente não entende o que posta, essa é a parte ruim do modismo. Daí vem a confu-são, as atribuições erradas. Já vi texto meu

Felipe Casado

Thaís Moura, estudante de engenharia da computação, acredita na democratização dos conteúdos quando eles são publicados na internet: “Livro hoje é uma coisa mui-to cara. E na hora que você pode ler aque-le mesmo livro na internet, fica muito mais fácil para todo mundo”. Para a estudante, os dispositivos de leitura digital são grandes fa-cilitadores, porque não têm o mesmo brilho da tela do computador. Mesmo apoiando o hábito de ler pela internet, a jovem admite que não é uma forma confortável de leitura: “A grande desvantagem pra mim é que can-sa demais a vista, não dá para você continuar a leitura por muitas horas”.

Este desconforto é comprovado pela medi-cina. Segundo o oftalmologista João Vilaça, a principal queixa é de ardor nos olhos. “Olhos ardentes afetam cerca de 30% dos usuários de óculos de leitura, em algum momento”, comenta o especialista. No caso específico do uso prolongado do computador, Dr. João Vilaça afirma que o incômodo é ocasionado porque quando se está atento à tela por mui-to tempo, o indivíduo diminui o número de “piscadas”, prejudicando a lubrificação dos olhos. “Isso associado ao ar condicionado, geralmente presente no ambiente, favorece o ressecamento ocular”, completa. O conse-lho do oftalmologista é se utilizar de colírios, para produzir lágrimas artificiais. “Caso não tenha acesso a colírios, lavar os olhos com água gelada melhora os sintomas de ardor”, finaliza.

Thaís Moura

Fotos: Deb

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Foto: Acervo Pessoal

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Blog de Vitória Bispo

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k a curta vida dascelebridades digitais

sociedade livre para criar produtos e promover visibilidade

Vídeos de cachorros, crianças, dançari-nos, pessoas cantando, imitando fa-mosos, revelando descobertas, dando

dicas, criando e contando histórias, todos esses podem ser encontrados em único lu-gar: na internet. Nesse local é onde também encontramos os personagens e produtores desses vídeos que ganham seus quinze mi-nutos ou seus meses e até anos de fama. São pessoas comuns que expoem uma idéia ou pretendem aparecer e sem querer ou que-rendo, acabam virando verdadeiras celebri-dades digitais.

É na internet, mais especificamente no You-Tube e nos blogs, onde frases, músicas, co-reografias e ações do cotidiano, caem nos olhos das pessoas gerando grandes núme-ros de visualizações, comentários e compar-tilhamentos. Não precisa ser famoso para ga-nhar milhares de internautas acessando seu vídeo, basta expor algo curioso e diferente, que o mundo inteiro ficará sabendo da exis-tência daquele personagem ou produtor do material postado.

Quem não conhece a história daquele ho-mem sentado no sofá apresentando o mais novo projeto imobiliário de uma construtora da Paraíba com sua família, menos com Luíza que estava no Canadá? Ou aquele “trio musi-cal”, Jééh, Suuh e Mara, que estava sentado no sofá de casa cantando a música “Para nos-sa alegria”? Esses vídeos tiveram uma reper-cussão tão significativa que todas essas famí-lias passaram a ser conhecidas não só pelo Brasil, mas pelo mundo. Várias sátiras já fo-ram feitas e a fama foi tanta que produtores

e personagens desses materiais audiovisuais já deram entrevistas para boa parte dos ca-nais da televisão brasileira.

A música e os clipes estão sempre fazendo sucesso no canal de vídeos da internet. Ban-das se formam após vídeos postados e sáti-ras são feitas de clipes de bandas famosas. Em relação a Região Metropolitana do Re-cife, podemos citar um nome que ficou por muito tempo na “boca do povo”, Reginho, autor da música “Minha mulher não deixa não” que virou febre em Paulista, lugar onde gravou seu vídeo, bem como no país inteiro. Porém, com o passar tempo, essa fama foi se apagando. Hoje, quase não ouvimos mais fa-lar dessa música ou do cantor, eles ficaram apenas na lembrança dos ouvintes.

Outro grupo que marcou a cidade foram os meninos do “Boys CDU”, um grupo formado inicialmente por três garotos que fez muito sucesso com o vídeo satirizava o grupo Ba-ckstreet Boys. Eles alcançaram, com o que seria uma brincadeira, um público nacional. Com mais de 180 mil visualizações no primei-ro vídeo do grupo, os meninos decidiram fa-zer outros clipes que também agradaram as pessoas. Mas, depois de sete séries fazendo imitações e criando situações engraçadas, os meninos que já haviam se tornado homens, partiram para um novo projeto que também anda caindo na graça do público. “PutzVéi” é um programa humorístico feito pela mes-ma equipe do “Boys CDU”. Eles fazem entre-vistas, se vestem de mulher, imitam bandas de sucesso e vão para as ruas brincar com as pessoas. Os tempos mudaram, os meninos

também, agora o projeto é outro. Após o sucesso do “Boys CDU”, eles investem nessa nova carreira.

Mas o que será que acontece depois que essas pessoas comuns perdem seus quinze minutos de fama? Para Pedro Henrique Mou-ra, formado em Psicologia, pela Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), es-sas estrelas repentinas poderão ou não ficar depressivas, frustradas e tentando encon-trar outras formas de aparecer novamente na mídia. Tudo vai depender do que levou essas pessoas a fazerem parte desse meio. “Existem pessoas, como no caso de Luiza, que aparecem sem querer, sem precisar fa-zer nenhum esforço, ela não publicou nada e ficou famosa. Para ela, ser esquecida pode não surtir nenhum efeito. Mas para aquelas pessoas que publicam vídeos ou postam coisas com intenção de ficarem famosas e fi-cam, essas sim, podem ter algum problema”, afirma Pedro.

Pedro Henrique Moura

Vou não, quero não...

Luiza no Canadá

Para Nossa Alegria

Vídeos

O PODER DA EXPOSiÇÃO

Com a chegada da Web 2.0 muitos inter-nautas parecem querer ficar famosos, se

promover e exibir sua imagem. As redes so-ciais proporcionam a essas pessoas o espaço para que elas “se apresentem a sociedade” e é o que muitas fazem. No Facebook, homens e mulheres postam fotos de si, provocando, mostrando detalhes do corpo e fazendo “car-as e bocas”, tudo para serem mais “curtidos”, “receberem mais comentários” e serem “mais vistos” pelos usuários. No Orkut, por um bom tempo as pessoas tinham o costume de par-ticipar de comunidades virtuais que pro-moviam os membros da rede como os mais “gatos e gatas”, “gostosos e gostosas”, entre outras “qualidades”.

porCAROLINE RANGEL

Fotos: Caroline R

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k Essas comunidades costu-mavam ser as mais acessadas pelos internautas que posta-vam constantemente fotos pessoais para serem eleitos como os mais bonitos ou boni-tas do Orkut. Elas também po-diam eleger os membros por outros motivos. A estudante Andressa Marques (20), por exemplo, participou de uma comunidade chamada, “Bra-sileirão Feminino do Orkut”, que tinha um formato de jogo virtual, onde as candidatas apaixonadas pelo seu time de futebol formavam uma equi-pe. Após votações, o time de mulheres mais bonitas era o vencedor. O da estudante foi o vencedor durante quatro anos consecutivos,

Andressa Marques

escolhido por ser o time de mulheres mais bo-nitas do brasileirão, no Orkut.

Andressa, conta que foi chamada pelas ami-gas para participar do campeonato. Segundo ela, aparecer não era o motivo principal para fazer parte desse grupo, mas o que havia de fato chamado sua atenção, era a questão da competitividade e diversão. “Sempre que gan-hava ficava contente, já que passávamos o ano inteiro jogando e escalando o time, a vitória era sempre bem vinda”, relata a estudante. A escolha para participar dessas competições nem sempre surge da ideia de apenas compe-tir. Segundo a psicologia, o pensamento pode ser fruto de uma baixa autoestima ou da sim-ples necessidade de se serem “enxergados” pela sociedade.

Foto: Acervo Pessoal

frases “O mais legal é que esses meios são feitos também a partir das informações dos usuários e não apenas da redação.” Kleber Nunes, jornalista, referindo-se a questão

da multialidade presente nos perfis das redes sociais.

“Elas vivem na internet porque é mais fácil de serem aceitas.” Fany Ferraz, psicóloga, relatando o comportamento das pessoas que sofrem problemas

relativos à falência digital.

“Não vejo uma maior profundidade nesses vídeos.” Ana Lívia Beltrão, estudante de engenharia, comentando sobre vídeos que conferem a

cultura participativa.

“A maioria dessas pessoas são famosas por pouco tempo; por produzir um conteúdo raso que é facilmente substituído.” Caio Monteiro, estudante, opinando sobre as celebridades digitais.

“Não é o meio em que a literatura está sendo divulgada que merece atenção, mas sim o valor estético desse conteúdo que tem sido

transmitido.” Leandro Cabral, estudante de letras, referindo-se ao presente e futu-ro da leitura nas redes sociais.

“É uma maneira de se aproximar ainda mais do universo do seriado, dos personagens.” Stive Anderson, estudante de psicologia, sobre interativida-

de entre fãs e seriados.

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Foto: Rep

roduçaõ/Internet

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k sentimentalismo estimulado nas redes sociais

Campanhas nas redes sociais conse-guem humanizar notícias que provo-

cam os sentimentos das pessoas porPALLOMA VIANA

“No futuro, todos serão famosos por 15 minutos”.

Andy Warhol, desenhista e cineasta, sobre celebridades digitais.

“É uma forma de mobilização na medida em que o fato de divulgar na in-ternet parece propiciar certo desencargo de consciência. O que poderia ser substituído por uma massificação longe da tela de um computador.” Rauana Hipólito, estudante de serviço social, opinando sobre as campa-

nhas do facebook referentes à cidadania digital.

“Depois que inventaram as correntes de Facebook ficou muito fácil mani-festar nossos bons gostos e engajamentos pela internet.” Matheus Pichonelli,

colunista da Carta Capital, referindo-se à cidadania digital.

“Pode-se ficar tranquilamente instalado em sua própria casa e, quando tudo termina, o prazer não é estragado pelo mais leve

vestígio de culpa.” Elias Canetti, escritor búlgaro, sobre multimidialidade.

“Quando os discos são lançados,

muitos dos consumidores já apoiaram os candidatos e

fãs-clubes já estão envolvidos em marketing

alternativo.” Henry Jenkins, jornalista e escritor americano,

opinando sobre cultura participativa.

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k Com o fenômeno das redes sociais, no-vos modelos de críticas começaram a surgir de forma assustadora. Hoje em

dia, as pessoas não usam sites como Face-book e Twitter apenas para conversar ou fazer novas amizades, mas como um canal infor-mativo para protestar ou criticar contra algo que julguem errado. Um exemplo disso é a mobilização dos usuários quando o assunto é a violência contra os animais.

De acordo com a estudante de ciências da computação, Carolina Carneiro, a internet é um meio de comunicação que causa impacto reflexivo nas pessoas principalmente nos jo-vens. “Para exemplificar, não é difícil lembrar--se de casos com maus tratos aos animais que cada vez mais são expostos, a priori, graças a esse moderno meio de comunicação. Como a maioria dos internautas é jovem, a indigna-ção é ainda maior, por isso tanta repercussão. O que é bom para os esses animais cansados de tanta crueldade e brutalidade”, ressalta.

Imagens e vídeos circulam diariamente com lamentáveis atos de crueldade. O usuário que não está satisfeito com algo, expõe sua foto ou vídeo na rede e seu protesto é comparti-lhado por aqueles que têm o mesmo pensa-mento. Além de ser uma forma de atenção direta, campanhas em redes sociais são con-sideradas baratas e bastante eficazes.

Para o analista de Software, Bruno Eugê-nio, as pessoas têm reagido aos casos de uma forma que dificilmente fariam na “vida real”. “Acham legal compartilhar uma foto de um animal que esteja recebendo maus tra-tos no Facebook, por exemplo, mas na hora de ir ao protesto, de fazer valer a pena e fa-zer sua voz ser ouvida de verdade, não dão o devido valor. Então, é interessante que haja a interação com a sociedade real”, explica. Grupos fechados são criados para discutir

e partilhar formas de banir esse mal. O movi-mento Crueldade Nunca Mais, por exemplo, surgiu com o propósito de lutar pelo direto dos animais, em dezembro de 2011. Cerca de 200 cidades brasileiras participam do movi-mento, além de quatro cidades internacion-ais. Os participantes utilizam as redes sociais para divulgar datas dos manifestos, buscar abrigos para os animais resgatados e por doações de simpatizantes pela causa. Aqui no Recife, o grupo é organizado pelo advogado Rodrigo Vidal. Segundo ele, as redes sociais são instrumentos inovadores para campan-has. “As redes sociais são instrumentos funda-mentais para a sensibilização, para cativar as pessoas, despertar a consciência e divulgação da nossa causa que é a defesa dos animais. É algo que eu acho sensacional”, explica.

No dia 22 de Janeiro de 2012, reuniram-se protetores de todo o país para um protesto mobilizado na internet a favor dos animais, o qual ficou conhecido como Manifestação Crueldade Nunca Mais, contabilizado com mais de 100.000 pessoas que saíram às ruas. Em face destes números, esta ação foi con-siderada um fenômeno social, e apresentada como a maior manifestação em favor dos ani-mais de toda a história. Entretanto, o psicólo-go Djailton Cunha explica que as pessoas que criam ou compartilham campanhas nas re-des sociais querem ser vistas pela sociedade. “Quando alguém adere a um movimento ou campanha dessa natureza, nas redes sociais, está buscando visibilidade, reconhecimento e dar voz a um grito abafado que clama por

Carolina Carneiro

justiça, paz e alteri-dade”, ressalta.

Foto: Deb

orah Viég

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Artigo

Na década de 90, Jorn Barger, autor de um dos primeiros FAQ (Frequently Asked Questions – Perguntas Mais Frequentes)*, desenvolveu o weblog, (do inglês, web = internet e log =

registro de atividades)*. Um sistema onde se podia colocar links de assuntos interessantes que apareciam na internet . Um belo dia, um cidadão chamado Peter Merholz, resolveu brincar com o nome da nova febre e falou “wee-blog”. Mais tarde, a palavra foi encurtada e chegou ao formato que conhecemos hoje: blog. Ele evoluiu. Deixou de ser um mero link para outros web-sites e passou a funcionar como diário online. O blogueiro começou a escrever o que acontecia no seu dia em forma de críticas, desabafos, contos, etc. Ora, a internet era a mais promissora novidade da época e os blogs foram se encaixando no jornalismo aos poucos. Alguns profissio-nais dessa área foram fazendo seus diários para escrever artigos de opiniões. Com o advento do jornal online então... Foi o início da paquera entre os dois. A mídia tradicional está se adaptando ao advento da internet e, com certeza, o blog foi uma das primeiras adaptações necessárias. Já que os jornalistas tinham sua própria página para dialogar e expor pensamentos, por que não unir o útil ao rentável? As empresas midiáticas correram para “anexar’’ as tais páginas pessoais ao seu corpo de notícias. No blog é tudo mais informal, é possível ser parcial. Essa novidade (hoje não mais) traz muitas vantagens para o profissional da notícia. O feedback imediato do leitor, o poder de potencializar a notícia com a convergência midiática, a possibilidade de extensão daquela notícia que não coube no jornal e por aí vai. Aí, você me diz: mas os jornais online não têm seus sites? Por que usar um blog? Va-mos pensar juntos: nós, como leitores, ao vermos notícia ‘CPI do governo Lula’ no site do jornal vamos passar uma vista e dizer ‘ok! Sei o que está se passando’. Mas se abrimos o blog do No-blat** e tivermos linhas e linhas de um texto com a opinião de um grande nome do jornalismo brasileiro, a leitura vai ser tornar muito mais interessante. Percebe a diferença? Um é o nome do jornal, o outro o nome do jornalista. Será o blog, então, uma espécie de coluna de jornal? As interpretações são fundamentalmente individuais. O fato é: o jornalismo está em uma nova etapa nessa relação amorosa com o blog. Depois de anos ficando, eles resolveram deixar a relação um pouco mais séria. Por que falo as-sim? Porque envolve diretamente dinheiro, meu caro. Se você conversar com um jornalista, ele provavelmente irá dizer que, dentro de alguns anos, as mídias tradicionais não terão jornalistas contratados. Isso porque esses profissionais já trabalham de forma independente. Produzem notícias, postam no blog, e vendem para o jornal. Uma nova maneira, mais confortável e mais barata. Será que isso vai vingar? É esperar para ver se esse casamento sai ou não. Não podemos esquecer dos amantes dessa relação. Já ouviu falar em Tavi Gevinson? Ela é uma adolescente de 15 anos e seu blog de moda é um dos mais conhecidos do mundo. Como ela existem várias pessoas, ‘não-jornalistas’, que têm blogs populares. Concorrentes diretos dos profissionais? Eu diria que eles se complementam. É só saber filtrar o que vai ler. E, como já foi dito, esta é uma decisão fundamentalmente individual.

blog jornalismoporARLINE LINS

*Tradução por sentido (não-livre) ** Jornalista Ricardo Noblat

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k equipe Revista Link

Sobre questionamentos, lições e tecnologias

Quando e onde aprendemos a ser bons repórteres? É na universidade, no dia a dia, no mercado de trabalho, nas ruas? Podemos não fazer esses questionamentos diariamente, mas quando nos deparamos com reflexões dessa natureza,

paramos para pensar um pouco.

Com a disciplina de Jornalismo e Novas Tecnologias, neste semestre letivo de 2012.1, a pergunta se expandiu e ganhou ares de termo da moda: “quando e onde aprendemos a ser bons repórteres multimídia?”.

Ao longo de 40 dias nos fizemos esse questionamento, tentando colocar em prática tudo que vimos em sala de aula. Fi-camos durante meses discutindo e estudando conceitos como “hipertextualidade”, “interação”, “multimidialidade”, “me-

mória”, etc., mas quando tivemos que transformar isso em realidade, a dúvida surgiu: e agora?

E agora colocar o pé no mundo, seja ele virtual ou real.

E também produzir matérias que começavam com texto e seguiam se desdobrando em vídeos, aúdios, links e tudo aquilo que um meio convergente, assim como é a web, pode nos proporcionar.

A correria contra o relógio, os prazos apertados, a falta de paciência, a sensação de que tudo vai dar errado e os demais elementos de uma boa e angustiante produção de material jornalístico (que existem desde os tempos analógicos...)

surgiram aqui também.

Não sei se isso nos ensinou a sermos bons repórteres, mas acredito que bons alunos ao menos. E é a essa equipe, que tão bem ilustra essa página, que rendo aqui meus agradecimentos e desejo sucesso ao projeto que aqui se inicia.

O mérito é de vocês.

Dario BritoProf. de Jornalismo e Novas TecnologiasUniversidade Católica de Pernambuco