Revista Mac+ Portfólio 02
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Diretor editorial: Alessio Fon MelozoCoordenador editorial: Hudson de Almeida
RedaçãoEditor-chefe: Heinar MaracyEditor: Sérgio MirandaEditor de Arte: Luciano HaggeAssistente de Arte: Stella Dauer (estagiária)Reportagem: Fábio Zemann (estagiário)Revisão e checagem: Sirlene Farias e Raphaela Maia (estagiária)Capa e embalagem: Sérgio Bergocce
MULTIMIdIaCoordenador: Rafael Fernandes ScopelEquipe: Cleber Faria, Marcelle Comenale, Maikon Bomfim, Walacy Machado
PUbLIcIdadeSimone Siman – [email protected]
aTendIMenTo ao LeIToRSuporte: [email protected]: www.macmais.com.br
aSSInaTURaSTelefone: (11) 3217-2602E-mail: [email protected]: www.macmais.com.br
conTaToRedação: Rua Haddock Lobo, 347 12º andar – Cerqueira CésarCEP 01414-001 – São Paulo – SPE-mail: [email protected]: [email protected]: (11) 3217-2639E-mail: [email protected] Marketing: (11) 3217-2600E-mail: [email protected] Circulação: (11) 3217-2654E-mail: [email protected]
Mac+ PoRTIFoLIoé uma publicação da Editora Digerati.Distribuidor exclusivo para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Tel.: (21) 2195-3200Distribuidor para Europa e América Latina: Malta Internacional +55 11 3284 6444Impressão: Araguaia LTDA
DIGERATI É UMA EDITORA DO GRUPO DOMO
Presidente: Alessandro GerardiConselho editorial: Alessandro Gerardi, Luís Afonso G. Neira, Alessio Fon Melozo, William Nakamura
Multi-música do multi-homem André Abujamra é um artista com mais faces que um triacontaedro. Tem o músico pop (Karnak, Mulheres Negras), o compositor de trilhas para filmes (quase 40 longas no currículo), o músico eletrônico (A.K.A. Fat Marley), o punk rocker (Gork), o compositor de jingles para propaganda, além do ator de teatro, cinema, televisão.
Nesta edição de Mac+ Portfolio, a revista em que os grandes artistas que usam Mac contam seus segredos, mostram suas técnicas e como é seu processo criativo, André Abujamra revela, em uma exclusiva entrevista em vídeo, o que sabe sobre música, seu método de composição, suas influências e como produziu seu último álbum praticamente sem sair de seu MacBook.
No CD que vem com a revista, você encontrará três discos de Abujamra em formato MP3 de alta qualidade (Retransformafrikando, Ceratoconnect e Gork) num total de 30 faixas para você curtir em seu computador ou MP3 player.
Mas não é só. Esta edição traz também a faixa título do CD Retransformafrikando dividida em tracks por instrumento para você fazer seu próprio remix no Logic ou GarageBand.
Aprender com os prós é bem mais divertido.Sérgio MirandaEditor São Paulo, 1968. Andrezinho era um
garoto de três anos com uma ca-
beça muito grande. Preocupada, a
mãe o levou ao médico, que sugeriu
colocar o menino em alguma atividade artísti-
ca para coordenar atividade física e cerebral.
“Sou músico desde os três anos. Fiz a
escolinha de iniciação musical da Tia Olga,
aprendi a ler e a escrever música, essas coi-
sas que hoje ninguém mais faz”.
Depois de morar nos Estados Unidos
durante a adolescência, onde tocou bumbo
em banda de escola, tímpano em orquestra
e guitarra em conjunto de jazz, André voltou
ao Brasil e montou a terceira menor big
band do mundo: Os Mulheres Negras, com
Maurício Pereira.
“Nos Mulheres Negras, eu descobri a
tecnologia. Primeiro a tecnologia para-
guaia: uns pedais vagabundos que a gente
comprava e fazia o diabo com eles. Mais
para o final veio o Atari, que tinha duas
portinhas MIDI e um programa chamado
Notator Logic. Éramos somente dois, mas
a idéia era soar mais do que duas pessoas.
Nossa primeira demo tinha um ‘sampler
analógico’. Eu pegava fita cassete, cortava
e colava com durex para ter um loop de um
trecho da música”.
Abujamra foi apresentado ao Mac por
Jarbas Agnelli (AD Studio). “Meu primei-
ro Mac foi um Quadra 650 de 33 MHz.
Por um bom tempo, morri de inveja dos
pecezistas – apesar de odiar PC – por causa
de um programa: o Acid. Foi o primeiro
software a surgir com um conceito seme-
lhante ao meu jeito de fazer música: mon-
tar camadas, esticar samples e deixar tudo
na mesma batida e afinação. Felizmente
apareceram, logo depois, o Ableton Live e
o Apple Soundtrack, que fazem isso bem
melhor e rodam no Mac.”
“Quando terminou o Mulheres Negras,
fui pro Egito com alguns amigos. Nessa
viagem, comprei um Walkman que gravava
em som estéreo. Comecei a captar sons e
voltei para o Brasil com centenas de fitas
cassete. Aí comecei a misturar sons e a
desenvolver uma técnica de composição
baseada no empilhamento de camadas de
áudio. Era uma coisa que eu queria fazer
desde os Mulheres Negras, mas não existia
a tecnologia. Hoje, isso virou lugar comum,
todo mundo faz. Mas há 20 anos era como
fazer música com machado. A gente usava
uns equipamentos enormes que disparavam
samplers de 1 minuto, o que para a gente
era uma eternidade.”
O verdadeiro André, por favor, levante-seAndré Abujamra tem várias personas musi-
cais. Tem o músico pop, o compositor de
trilhas para filmes (com quase 40 longas no
currículo, é praticamente o John Williams
brasileiro), o músico eletrônico (A.K.A. Fat
Marley), o punk rocker (Gork), o composi-
tor de jingles para propaganda (o ratinho
da Folha, “Duvidar por quê, detergente é
Ipê”). Fora ele também ser ator de teatro,
cinema, televisão...
“Acho que sou André Abujamra em todos
os meus trabalhos, mas eu divido minha
cabeça em três seções: o músico pop, o
compositor de orquestra e o músico fun-
cional. Tem outro André que pouca gente
conhece, que é o arranjador. Gosto de fazer
arranjos para orquestra. Não são partes
separadas, elas se misturam. No começo
da música “Retransformafrikando”, há uma
parte orquestral. É tudo sampler, apesar de
não parecer.”
André, o erudito“Basicamente, eu gosto de escrever para
cordas e quinteto de sopro. Gosto muito de
Stravinsky, Ravel, Debussy, Barber e Berlioz,
mas minha maior influência na música para
cinema é Prokofiev (Pedro e o Lobo). Eu penso
música como minimúsicas que se entre-
meiam e se completam. O contraponto de
quinta espécie era meu exercício favorito.
Uma das músicas que mais influenciou meu
trabalho de compositor de cinema foi a
suíte Tenente Kijé. Prokofiev fez um primeiro
movimento lindo, um segundo mais lindo,
um terceiro mais lindo ainda e no quarto
colocou as três melodias tocando simul-
taneamente. É um caos total, mas como
você já ouviu as melodias antes, consegue
entender o caos. É isso o que eu tento fazer
em minhas músicas. Destruir as regras har-
monicamente. Procuro fazer coisas bonitas,
romanticonas, mas sem seguir regras.”
Músico por encomenda“Cuspi muito no prato em que comi.
Durante anos, eu me considerei um artis-
ta maravilhoso, que conseguiria ganhar
dinheiro com a minha música sem precisar
me vender. Eu acreditava que o Karnak era
uma banda superpop, no nível de um Skank,
que eu ganharia milhões em dinheiro com
ela. Mas aí veio a realidade e eu precisei
ganhar dinheiro com música e o que dava
dinheiro era publicidade. Sofri horrores. Os
caras chegavam pedindo ‘quero uma música
igual a essa’. Mas, com o tempo, aprendi
alguns truques, como usar loops sem ficar
aparente, já que todo mundo tem os mes-
mos loops. Essas coisas que você aprende
na MAC+ Workshop 2, do Márcio Nigro, à
venda em www.macmais.com.br.”
Músico Pop“A música pop vem à minha cabeça. A
música ‘O Mundo do Karnak’ eu fiz inteira
na cabeça, indo de barco da Itália para o
Egito. Baixo, guitarra, bateria, tudo. Eu
me acostumei a essa coisa da repetição.
Eu nunca escrevo minhas letras. Eu guardo
tudo na cabeça e monto tudo no estúdio,
na hora de gravar.”
André e o Mac“Sou um cara que se separou muito. Estou
indo para o meu quarto casamento. No
último casamento, eu estava com um estú-
dio maravilhoso em casa, mas me separei
e ele ficou pra trás. Porém, percebi que os
processadores evoluíram muito, os micro-
fones caíram de preço. Comprei um laptop,
um gravador da M-Audio que grava 24
bits/96 hertz. Comecei a viajar muito, atuar
em palestras e a sacar que não preciso mais
de um estúdio para fazer minhas trilhas. Fiz
uma para uma peça de teatro em um hotel
em Brasília. Gravei coral e editei tudo no
MacBook. Basta um banheiro legal ou um
edredom por cima da cabeça para conseguir
uma vedação de som razoável. Criei uma tri-
lha para um filme mexicano todo em um ho-
tel. Fiz em MIDI, o diretor aprovou, vim para
o Brasil, gravei a orquestra e mandei. Já fiz
uma trilha totalmente por iChat. O diretor
em Los Angeles me mandava um QuickTime
do filme, eu compunha, devolvia para ele o
filme com a trilha, ele pedia mudanças, eu ia
para o estúdio e gravava orquestra e manda-
va a versão final. Tudo pelo iChat.”
“Tinha um iBook G4, mas acabei de
comprar um MacBook branquinho. Virei,
finalmente, um estúdio nômade. Até um
tempo atrás eu ainda me sentia mais seguro
chegando ao meu estudiozão, cheio de
plug-ins de orquestras. Atualmente desen-
volvi técnicas para trabalhar apenas com
o laptop. Uso direto o Space Designer, do
Logic. Ele altera bastante a qualidade do
som gravado. É um plug-in fantástico.
o multi-homem
GorkGork não dá entrevista. Gork não
é André Abujamra. Não é Marcelo
Effori. Gork não é Sérgio Vilaça.
Gork não vai dar um show em
breve, nem vai fazer um clipe. Gork
não é uma banda de country-surf-
punk-rock. Não é candomblé-metal.
Gork não é uma banda do Mundo
Bizarro. Não ouça as músicas de
Gork incluídas neste CD. Não visite
seu site em myspace.com/gorkband.
Urk! Durk! Turk!
Ceratoconnect – Fat MarleyDJ, multiinstrumentista, físico
amador e precursor da onda de
Balkan Beats, Fat Marley morreu,
depois de viver longos e prazerosos
cinco anos. Foi atropelado por um
caminhão de CDs piratas na Regis
Bittencourt. Sua última obra, Cera-
toconnect, em um mundo ideal, faria
mais sucesso que Play, do Moby.
Não fez, mas como ele morreu,
pode ser que agora faça e ele final-
mente ganhe uma graninha.
RetransformafrikandoFiz uma operação de redução de
estômago e perdi 70 quilos. Muita
coisa mudou. O João Gordo quase
morreu por ser gordo demais. Eu
sempre fui mais magro do que
ele. Um dia, encontrei o João e
ele falou pra mim “você tá muito
gordo”. Quando o João Gordo fala
isso pra você, está na hora de co
meçar a se preocupar. Eu já estava
a fim de fazer a operação, estava
com quase 180 quilos, conheci o
médico que operou o João e realizei
a cirurgia. Podia ter morrido, não é
uma operação simples. Como sou
artista, resolvi que essa mudança
tinha de virar arte.
Por que “Retransformafrikando”?
Na minha religião, o candomblé,
eles ensinam que a gente não muda,
só muda quando morre. Mas como
sou de Obaluaê, um cara trans-
gressor, resolvi transgredir minha
própria religião. Mudei sem morrer.
Me transformei, me retransformei.
Mas me retransformei ficando, sem
ir para o outro lado. E me retrans-
formei frikando, de África e de
Freak, porque me considero negão
e maluco. A primeira música do
disco conta essa história: “por isso
eu volto, me transformo sem me
transformar. A essência ficou no lu-
gar”. É uma EgoTrip total, mas tem
a ver com o que a gente vive hoje,
com esse apego que as pessoas têm
a iPhones, TVs a cabo, dinheiro. Eu
queria mostrar que a transformação
da humanidade é possível, sem pre-
cisar morrer ou matar ninguém.
NO CD
Discografia
Querô » (2007)
Yellow » (2006)
Os 12 Trabalhos » (2006)
Cafundó » (2005)
Carandiru, Outras Histórias » (2005) TV
Achados e Perdidos » (2005)
Bem-Vindo a São Paulo » (2004)
Vocês inocentes » (2004)
De Passagem » (2003)
O Caminho das Nuvens » (2003)
Carandiru » (2003)
Durval Discos » (2002)
As Três Marias » (2002)
Bicho de Sete Cabeças » (2001)
Domésticas » (2001)
Nem Gravata, Nem Honra » (2001)
O Tempo dos Objetos » (2001)
Um Copo de Cólera » (1999)
Castelo Rá-Tim-Bum, O Filme » (1999)
Ação Entre Amigos » (1998)
Nós Que Aqui Estamos por Vós »Esperamos (1998)
Os Matadores » (1997)
Carlota Joaquina – Princesa do Brazil » (1995)
A Origem dos Bebês Segundo »Kiki Cavalcanti » (1995)
Capitalismo Selvagem » (1993)
Atrás das Grades » (1993)
Hip-Hop SP » (1990)
Sampa » (1988) minissérie TV Comments
MULHERES NEGRAS1988Música e ciência (WEA)
1990Música serve para isso (WEA)
KARNAK1995Karnak (PolyGram)
1997Universo Umbigo (Velas)
2001Estamos adorando Tóquio (Net Records)
SOLO
2002Fat Marley – New old world/Future sun (Outros Discos)
2005O infinito de pé (Spin Music)
2007Retransformafrikando
#2
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PORTFOLIO
MAC+PORTFOLIOANO 1 - #2
R$ 16,90 ¤ 3,90
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capa2.ai 12/12/2007 15:01:02
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“PC é para quem gosta de computador. Mac é para quem gosta de criar.”
“Eu não levo a música, nem a vida muito a sério. Você tem de errar para aprender a fazer música, assim como tem de errar para saber viver”
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