Revista Mangueira - Carnaval 2012

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Carnaval 2012 Salve o novo Palácio do Samba! Revista da estação primeira de

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Revista publicada pela Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira para o carnalval de 2012. Coordenação Geral, Edição e textos de Roberta Alencastro

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Carnaval 2012

Salve o novo Palácio do Samba!

Revista da estação primeira de

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econômicos e de outras fontes controladas.

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GRES EStação PRimEiRa dE manGuEiRa Rua Visconde de Niterói, 1.072 – Mangueira 20943-001 Rio de Janeiro – RJ 55 21 2567 4637 www.mangueira.com.br

Presidente Ivo Meirelles

Vice Presidente José Sotério

Vice Presidente administrativo Aluízio Derizans

Vice Presidente Financeiro Onésio Meirelles

Vice Presidente Cultural Geisa Ketti

Vice Presidente de Projetos Especiais Roberta Alencastro

Vice Presidente Social João Angelo

Vice Presidente de Esporte e desenvolvimento Social Francisco de Carvalho

Vice Presidente Jurídico Armando Severino de Barros Filho

Vice Presidente médico Adalto Lima

Vice Presidentes do Grêmio Cultural Escola de Samba mirim mangueira do amanhã Matilde de Oliveira Sargedo Deise Dias

Vice Presidente do departamento Feminino Alda Dória

Secretária da Presidência Daise Motta

assessores do Presidente Alberto Carlos dos Santos Claudia Fernanda

Secretaria Jorge Luiz Monteiro

Presidente do Conselho deliberativo Roberto Benevides

Vice Presidente do Conselho deliberativo Ellis Pinheiro

diretor de Carnaval Jeferson Carlos

Responsável pelo Barracão Roberto Benevides

Coordenador de ateliês de Fantasia Wilker Junior

Coordenação de Projetos de alegorias Sérgio Marimba

Comissão de Carnaval Willian Alves João Marcelo Kiko Ferreira Carin Marcio Perrota Paulo Frederico Clêir Brogogério Marcão da Harmonia Asprilha da Harmonia Valquir Costa Nilton Oliveira (Aranha) Lacir Loise Ricardo (Ala “Só para quem pode”) Bolito (Ala “Boêmios”) Luca (Ala “Periquitos”) Marcelo Radar Roberto Benevides Ellis Pinheiro Jorge Luiz Monteiro Dimichel Velasco Diretores de Harmonia Dimichel Velasco Jose Carlos Netto

diretor de Patrimônio Nilton Cavalcante (Aranha)

diretoras de Promoções e Eventos Tânia Bisteka Catia Daflon

Carnavalesco Cid Carvalho

mestre de Bateria Ailton Nunes

Supervisor da Bateria Gerson Lima Marcia

diretores de Bateria Nielson Barbosa (Rei do Tamborim) Marrom Marronzinho Hudson Vitor da Candelária Rodrigo Explosão Zé Campos Fábio Nunes

Rainha de Bateria Renata Santos

intérpretes Luizito Zé Paulo Sierra Ciganerey

Porta-Bandeira Marcella Alves

mestre-Sala Raphael Rodrigues

Coreógrafo da Comissão de frente Jayme Arôxa

REViSta manGuEiRa

Coordenação Editorial Roberta de Alencastro Guimarães

textos Roberta de Alencastro Guimarães Igor Leal

Revisão e versão para o inglês

Juliana Tomaz de Lima

Fotos AC Júnior Rafael Coelho Departamento Fotográfico da Mangueira Valéria Del Cueto www.panorama.com Jürgen Mai

design Gráfico Cuca Design

agradecimentos Gráfica Minister

Expediente

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Expediente | 5

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EditorialRevista da Mangueira 2012

Mangueirenses,

Estejam prontos para mais uma batalha!

Nosso carnaval está lindo, e está na hora de acabar com esse

jejum que já dura 10 anos.

Vocês têm a força! Vamos honrar nossa tradição e mostrar que a

Mangueira é sim, a maior escola de samba do planeta. E vamos festejar

o Cacique de Ramos na avenida!

Vamos encher de orgulho, os nossos simpatizantes, o

Brasil e o mundo afora.

E depois deste título de campeã 2012, se Deus quiser,

comemoraremos a reforma e construção do maior legado

que poderei deixar para essa comunidade sofrida: O NOVO

PALÁCIO DO SAMBA!

Lugar de Mangueirense é na Mangueira!

Saudações,

ivo meirelles

Mangueirenses,

Be ready for another battle!

Our Carnival is beautiful, and it’s time to get past these 10 years without a victory.

You have the power! We will honor our tradition and show that Mangueira is the best samba school on the planet. And we will celebrate the Cacique de Ramos on the avenue!

Let’s burst with pride our supporters, the Brazil and the world.

And after this championship title in 2012, God willing, we will celebrate the renovation and construction of the greatest legacy I can leave to this suffered community: THE NEW PALÁCIO DO SAMBA!

Mangueirenses belong in Magueira!

Greetings,

ivo meirelles

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SAMBA NO PÉE LATINHA NA MÃO.

Juntas pelo 2º ano consecutivo.Devassa e Mangueira.

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Os meninos da Mangueira estão em paz

“E onde é que se junta o passado, o futuro e o presente? Onde o samba é permanente: na Mangueira, minha gente”. Os lindos versos de “Os meninos da Mangueira” – samba dos anos 70 feito pelo meu pai em parceria com o grande músico Rildo Hora – sempre me remeteram ao morro que, quando menino, eu frequentava. Levado pelo velho Cabral, eu ficava encantado com lugares como o Buraco Quente, onde crianças brincavam em paz e sambistas ilustres eram tantos e tão brilhantes.

De lá para cá, aquela Mangueira mudou muito. Embora a escola de samba tenha permanecido no coração do povo, por seus carnavais e sambistas extraordinários, a comunidade foi abandonada pelo poder público durante anos. Por trás da alegria dos desfiles carnavalescos, os seus moradores tinham que conviver diariamente com a insegurança e a falta de liberdade.

Felizmente, esse tempo acabou. Hoje, assim como para dezenas de outras comunidades do Rio, a paz é uma conquista para a população da minha querida Mangueira.

Com a pacificação, chega a ordem e o convívio respeitoso entre moradores e policiais. Aliás, por uma feliz coincidência dos novos tempos do nosso Rio de Janeiro; em 2012, a Estação Primeira tem como enredo o histórico bloco Cacique de Ramos: outro patrimônio carioca e que também é cria de uma região onde, depois de décadas, a paz voltou a ser uma realidade.

É muito bom ver a Mangueira – de “Carlos Cachaça, o menestrel; Mestre Cartola, o bacharel; Seu Delegado, um dançarino” – se integrar, de fato, à cidade; e passar a receber serviços públicos essenciais, além de programas esportivos e culturais.

Também receberá obras estruturantes, como a segunda fase do PAC das Comunidades, que vem por aí.

Por tudo isso, é com emoção que desejo boa sorte à verde e rosa em mais um desfile. Afinal, “Carnaval já vem chegando. E tem gente batucando; são os meninos da Mangueira”.

Sérgio Cabral Governador do Estado do Rio de Janeiro

The children of Mangueira are in peace

“And where is that the past, present and future are together? Where the samba is permanent: in Mangueira, folks.” The beautiful lines from the song “Os meninos da Mangueira” - samba written in the 70’s by my father in partnership with the great musician Rildo Hora - It always remind me of the community which I so often visited. Taken by the old Cabral, I was delighted with places like the Buraco Quente, where children played in peace and illustrious and brilliant sambistas (samba song writer or dancer) were so many.

Since then, much has changed in Mangueira. Although the samba school has remained in the hearts of the people, for its extraordinary carnivals and sambistas, the community was abandoned by the government for years. Behind the joy of carnival parades, the inhabitants had to live with daily insecurity and lack of freedom.

Fortunately, that time is over. Today, as well as dozens of other communities of Rio, peace is a victory for the people of my beloved Mangueira.

With the pacification, comes order and respectful coexistence between the residents and the police. Moreover, by a happy coincidence of the new era in Rio de Janeiro, in 2012 as the Estação Primeira de Mangueira has a plot about the historic bloco (samba block) Cacique de Ramos: another Carioca (the people of Rio) patrimony that is also product of a place where, after decades, the peace is a reality.

It’s great to see Mangueira - of “Carlos Cachaça, the minstrel; Mestre Cartola, the bachelor, Delegado, a dancer” - to integrate, in fact, to the city; and to receive the essential public services, plus cultural and sports programs. Mangueira will also get structural works, as the second phase of the PAC (Accelerated Growth Program) for communities, which is coming soon.

For all these reasons, I wish an emotional good luck to the green and pink Nation in the parade. After all, “Carnival is already coming. And the people are drumming; they are the boys of Mangueira. “

Sérgio Cabral Governor of the State of Rio de Janeiro

Sergio CabralGovernador do estado do Rio de Janeiro

CastanheiraPresidente da LIESA

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Enredo 2012

© www.panorama380.com

Houve um tempo em que o Rio de Janeiro, nos dias de folia, se dividia em dois: o “Pequeno Carnaval”, nomeado pela elite, era formado por negros e pobres que se divertiam no entrudo, no Zé-Pereira, nos cordões, blocos e ranchos; e o “Grande Carnaval”, nomeado pelos intelectuais, era aquele em que os mais abastados se esbaldavam nos bailes de máscaras, nos desfiles dos corsos e das grandes sociedades.

Com o surgimento das escolas de samba, tudo foi misturado e dos dois se fez um só carnaval.

As agremiações absorveram as máscaras europeias, os cortejos carnavalescos das Grandes Sociedades e o bumbo do Zé-Pereira que marcava o ritmo da folia. Ele foi o precursor da cuíca, do tamborim e do reco-reco, os quais anos depois acompanhariam os blocos de sujos.

Mas a grande influência das escolas foram os ranchos, os cordões e os blocos. Dos ranchos, ficaram as figuras do mestre-sala e da porta-bandeira; dos cordões, a presença do estandarte – símbolo de uma agremiação – e o apito que comandava o desfile; e dos blocos, o grande caráter popular e o espírito familiar e comunitário que sempre permeou o carnaval.

De todas essas manifestações, apenas os blocos sobreviveram ao tempo; e o carnaval carioca novamente se dividiu em dois: o das ruas, espontâneo e popular, dominado pelos blocos; e o da Avenida Marquês de Sapucaí, onde se apresentam as escolas de samba e é considerado o maior espetáculo da Terra.

Em 2012, a Mangueira tem a oportunidade de unificar novamente o nosso carnaval, e para isso, a verde e rosa – sem abrir mão de suas cores tradicionais – vai abraçar o preto, branco e vermelho de um dos maiores símbolos da folia de rua carioca: seu afilhado, o bloco Cacique de Ramos.

Valendo-se de sua imensa popularidade, a velha Manga estende o mágico tapete verde e rosa para a nobreza popular desfilar. Será a coroação de um povo que nunca perdeu a majestade e sempre fez das ruas um palco vivo; lugar onde eles trocam a roupa do dia a dia pela fantasia de ser feliz por um breve espaço de tempo. Fantasia essa que iremos realizar.

Homenagear o Cacique é celebrar o povo, é reconhecer o poder que o samba tem de se reinventar, é voltar no tempo para reviver o carnaval de rua e suas tradições. Afinal, festejar é a nossa essência desde sempre.

Vamos recordar quando o entrudo chegava e um barulho encantador invadia as ruas, e divertidas batalhas – com limão de cera, água e farinha branca atiradas entre os participantes – aconteciam a todo instante.

Zé-Pereiras azucrinavam as praças e o passeio público com seus bumbos , zombando e se divertindo enquanto a viola chorava e espinoteava, espantando a tristeza. Naquele tempo, tudo era instrumento: flauta, violões, pandeiros, latas, gaitas, frigideiras de ferro, caixotes e trombetas. Instrumentos sem nome, inventados subitamente no delírio da improvisação e do ímpeto musical.

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Já que batucar na cozinha, Sinhá não deixava; o canto e a alegria popular ecoavam nas senzalas e invadiam as ruas, becos e vielas, enquanto a elite implicava e chamava de selvagem aquele carnaval.

Discriminada e com as autoridades policiais no encalço, a turma dos descalços e descamisados se organizou em cordões carnavalescos de cantadores e dançarinos. Os palhaços, a morte, os diabos, os piratas, as odaliscas, os morcegos e os índios também entraram na dança e colocaram a polícia para dançar.

No noturno da Praça Onze, ali mesmo na “Pequena África”, os desfiles do Pastoril e dos Maracatus – em louvor à Ciata D’Oxum, a tia-mãe-baiana dos festejos – se tornaram a sensação; e os luxuosos ranchos cantadores, dominados pelos negros e castanhos, rompiam a massa colorida em grande animação.

Era a casa de Tia Ciata, um laboratório de ritmos manipulados por macumbeiros, boêmios e gente curiosa que ali se chegava para assistir às cerimônias religiosas e às festas de sons que elas representavam.

De festa em festa, de batucada em batucada; finalmente de semba se fez samba.

Enquanto o “Pequeno Carnaval”, espontâneo e popular, era comemorado na Praça XI – longe do “Grande Carnaval” da Avenida Central, dominado pela elite e comemorado com bailes e corsos – a Festa da Penha se estabelecia como o primeiro local de encontro da massa negra e das demais classes urbanas; mesmo essa africanização da festa sendo atacada pelos preconceitos dos religiosos, dos intelectuais e da polícia.

Naquele recanto do subúrbio, as negras, abençoadas por Nossa Senhora do Rosário, suspendiam as saias rodadas e dançavam nos requebros das ancas e no arranco das umbigadas. Enquanto os senhores rezavam na parte alta das escadarias; na parte de baixo, a sensualidade ancestral e feiticeira embalava os cantos e as melodias de todo o povo brasileiro. Também era ali que a primeiríssima geração de sambistas testava a popularidade do seu cancioneiro.

O tempo passou e a cidade se transformou sem perder sua vocação festeira, eternizando-se como um “doce refúgio” para quem quisesse ser feliz.

Os blocos atravessaram gerações, arrastando multidões de foliões pelas ruas e avenidas. Durante algum tempo, uma tal “Onça” matreira lá do Catumbi reinou absoluta e era a principal atração. “Vejam todos presentes, olha a empolgação, este é o Bafo da Onça que eu trago guardado no meu coração”.

Até que certo dia, um “Cacique” bamba entrou na folia e dividiu a tribo do samba sem vacilação. “Foi lá no fundo do seu quintal que o samba pegou moral e agitou a massa, e o povo voltou a cantar e sorrir, caciqueando aqui e ali, abrindo o coração pro amor”.

Era um fascinante duelo de alegria, uma verdadeira batalha de confetes onde o povo era sempre o vencedor!

De repente as ruas esvaziaram-se! Para onde teria ido a alegria? Onde estaria a espontaneidade que transformava cem pessoas – saídas de um bairro – em quinhentas, em mil, sem ninguém se conhecer?

Mas o samba é eterno, não tenho medo de responder! Ele até pode agonizar, mas jamais irá morrer!

A “Onça” marcou bobeira e não mais saiu da toca, mas o “Cacique”, malandro, mudou de oca e foi fazer morada à sombra de uma Tamarineira no subúrbio da Leopoldina; e ali, abençoado por Oxóssi e embalado por banjos, repiques, tantãs e pandeiros, o samba se renovou e ecoou vindo do “Fundo do Quintal”. Era o “pagode” que se espalhava e conquistava o Brasil inteiro. “Batam palmas, gritem, soltem a voz. Pra manter o pique só depende de nós”!

O carnaval, a partir daí, não terminava mais na Quarta-Feira de Cinzas.

Quase sem querer, ele se fragmentou em diversas festas: nos lares das famílias simples, em animadas rodas de samba e em batuques sobre mesas de bares; confirmando que a tribo do samba ainda queria apito, sem necessariamente o pau ter que comer!

Era um fascinante duelo de alegria, uma verdadeira batalha de confetes onde o povo era sempre o vencedor!

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and the carnival of Sapucaí Avenue, where samba schools perform. The last is considered the greatest show on Earth.

In 2012, Mangueira has the opportunity to unify our carnival again, and for that, the pink and green school – without giving up its traditional colors – will embrace the black, white and red from the one of the greatest symbols of the Carioca street carnival: its protégé, the bloco Cacique de Ramos.

Using its great popularity, Mangueira extends the old pink and green magic carpet to the popular nobility march on. This is the crowning of these people, who never lost their majesty and always made the street their stage; place where they change the everyday clothes for the briefly fantasy of happiness, which we will realize.

To honor the Cacique is to celebrate the people, is to recognize the power that samba has to reinvent itself; it is to turn back in time to live again the street carnival and its traditions. After all, to celebrate is our essence since always.

We will remember when the Shrovetide came and an enchanted noise invaded the streets, where charming fun battles – with wax lemon, water and white flour thrown between the participants – happened all the time.

Zé-Pereiras annoyed the squares and the promenade with their tambours, laughing and having fun while the viola played, causing a fuss and driving out the sadness. At that time, everything was instrument: flute, guitar, tambourines, cans, harmonicas, iron pans, boxes and trumpets; unnamed instruments were suddenly invented in the delirium of improvisation and musical drive.

Since drumming in the kitchen was forbidden by the Missy, the popular singing and joy echoed in the slave house and invaded the streets, alleys and lanes while the elite taunted and named that carnival “wild.”

Discriminated and with the police in pursuing, the barefoot and shirtless gang organized themselves in cordões of singers and dancers. The death, clowns, devils, pirates, odalisques, bats and Indians also joined the dance and made the police dance.

At the Praça Onze nocturnal, right there in “Little Africa”, the parades of Pastoril and Maracatus – in honor to Ciata D’oxum, the mother-aunt-baiana of the parties – became the hit; and the luxurious singer ranchos, dominated by the black and the hazel, broke the colorful mass in a great enthusiasm.

It was the home of aunt Ciata, a laboratory manipulated by bohemians, macumbeiros (follower of the macumba religion) and curious people that came to observe the religion rituals

O povo é a raiz, e o Cacique é o tronco dessa árvore que deu frutos como Jorge Aragão, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Dicró, Mauro Diniz, Zeca Pagodinho, Luis Carlos da Vila e Neguinho da Beija-Flor, entre outros nomes; além da dindinha Beth Carvalho, um bendito fruto feminino entre tantos homens.

Salve a tribo dos bambas, esse “Doce Refúgio” de pagodeiros e malandros; no bom sentido da palavra. A tribo que bate tambor e faz ecoar o surdo de primeira para saudar a sagrada Tamarineira e confirmar que o bom samba também mora em Mangueira.

Afinal, “onde eu cheguei, nem um mortal chegou, modesta parte nessa arte, Deus me consagrou e o meu canto ecoou por todo universo, até em Marte o meu samba fez sucesso!”

Por tudo isso, vou festejar, pois sou Cacique, sou Mangueira! Sérgio Cabral, Beth Carvalho e Bira Presidente

Plot 2012 I will celebrate, I am Cacique, I am Mangueira.

There was a time when Rio de Janeiro, in the days of carnival, was divided into two: The “Little Carnival,” named by the elite, was composed by poor and African descendant people enjoying the Shrovetide in the Zé-Pereira, the cordões (group of revelers), blocos (carnival blocks) and ranchos (cortege with a queen and a king); and the “Great Carnival,” named by intellectuals, was in which the wealthy people indulged themselves in the mask balls, corsos (a carnival game where the revelers cast each other confetti and serpentine) and high society parades.

With the emergence of the samba schools, everything was mixed; and the two carnivals became only one.

The samba schools adhered to European masks, carnival procession from the great society and the tambour of Zé-Pereira, which had set the rhythm of the party. He was the precursor of cuíca (a Brazilian friction drum), tambourine and guiro, which years later would join with the blocos de sujos (disorganized and improvised carnival blocks).

But the great influences of the schools were the ranchos, cordões and blocos. From the ranchos, the figures of the flag bearer couple; from the cordões, the standard – symbol of a school – and the whistle, which led the parade; from the blocos, the great popular character and the spirit of community and family that have always permeated the carnival.

Of all these events, only the blocos survived; and the Carioca (the people of Rio) carnival once again split into two: the one of the streets, popular and spontaneous, dominated by blocos;

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and the festival of sound from the ceremonies.

From party to party, from drumming to drumming; finally the semba became samba.

While the “Little Carnival”, popular and spontaneous, was celebrated at Praça XI – far from the “Great Carnival” at Central Avenue, dominated by the elite and celebrated with balls and corsos – The Penha Party became the first venue of the other urban classes, even though the African descendants, majority in the party, were attacked by prejudice of the religious, intellectuals and police.

At the corner of that poorer district, the African descendant women – blessed by the Saint Nossa Senhora do Rosário – hung their round skirts, swaying their hips and belly. While the gentlemen prayed at the top of the stairs; at the bottom, the charmed and ancestral sensuality lulled the songs and the melody of the Brazilian people. Also, it was the place where the first generation of sambistas ( samba songwriter or dancer) tested the popularity of their repertoire.

Time passed, the city changed without losing its calling of

celebration, immortalizing itself as a “sweet refuge” for those who wanted to be happy.

The blocos survived generations, dragging crowds of revelers through the streets and avenues. For some time, a sly “Jaguar” from Catumbi reigned absolute and was the main attraction. “Look everybody, look the excitement, this is the Jaguar Breath that I bring in my heart.”

Until one day, a bamba “Cacique” (referring to Cacique de Ramos, whose name means “Chief”) joined the party and divided the samba tribe without hesitation. “It was in your backyard that samba was acknowledged and aroused the mass; and the people returned to sing and smile, ‘chiefing’ here and there, opening their hearts to love.”

It was a fascinating duel of joy, a real battle of confetti when the people were always the winner!

Suddenly, the streets were empty. Where have gone the joy? Where would be the spontaneity which turned a hundred people from the neighborhood into five hundred, a thousand, with no acquaintances?

But samba is eternal, I am not afraid to say! It can even agonize, but will never pass away!

The “Jaguar” faltered and did not come out of its lair, but the rascal “Cacique” moved out. He went live under the shadow of a tamarind tree in the poorer district of Leopoldina and there, blessed by Oxóssi and rocked by banjos, clangors, gongs and tambourines, the samba was renewed and echoed from the “Fundo de Quintal” (name of a pagode band which the meaning of its name is “backyard”). The pagode (Brazilian style of music) spread out and conquered the whole of Brazil. “Clap, shout, loosen the voice. To keep the rhythm is up to us!”

From then on, the carnival did not end in the Ash Wednesday. Almost unintentionally, the carnival was fragmented into several parties: in the home of simple people, in exciting samba jamming and drumming on bar tables; affirming that the samba tribe still wanted its whistle, with no needs of violence!

The people are the root and the Cacique is the trunk of this tree bearing fruits as Jorge Aragão, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Dicró, Mauro Diniz, Zeca Pagodinho, Luis Carlos da Vila

and Neguinho da Beija-Flor among other names; as well as the godmother Beth Carvalho, a blessed female fruit among so many men.

Save the bambas’ tribe, this “Sweet Refuge” for pagodeiros and rascals, in the best sense of the word. The tribe that plays the tambour and echoes the surdo (a large bass drum) to greet the sacred Tamarind tree and to affirm that the good samba also lives in Mangueira.

After all, “Where I arrived, no mortal arrived; humbly in this art, God consecrated me and my singing echoed throughout the Universe, where even in Mars my samba is a success!”

For all that, I will celebrate, as I am Cacique, I am Mangueira! Sérgio Cabral, Beth Carvalho and President Bira

To honor the Cacique is to celebrate the people, is to recognize the power that samba has to reinvent itself; it is to turn back in time to live again the street carnival and its traditions.

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CARR

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1º SETOR – SAGRADAS RAÍZES DA FOLIA

Comissão de frente

Musa Rosemary

2º SETOR – O PEQUENO CARNAVAL

1ª Ala – Voz do MorroFigurino: Brincando no Entrudo

2ª Ala – RealidadeFigurino: Limões de cera

3ª Ala – Fala MangueiraFigurino: Vendedores de Flores

4ª Ala – Verde que te quero rosaFigurino: Água de cheio

Grupo de Bonecos Zé-Pereira

5ª Ala – Depois eu digoFigurino: Índios do Cucumbí

6ª Ala – UrsinhosFigurino: Reis e Rainhas do Maracatu

7ª Ala – VendavalFigurino: Cordão Rosa de Ouro

8ª Ala – Força de ExpressãoFigurino: Rancho Rosa Branca

9ª Ala – BaianasFigurino: Iaôs – louvor à Tia Ciata

Trio de MusosClayton | Luciana G5 | Fábio

Carro abre-alas:Sou Cacique,

sou Mangueira

CARRO 5Bafo da Onça X Cacique de RamosO Duelo da Alegria

3º SETOR – O GRANDE CARNAVAL

10ª Ala – Aliados Figurino: O baile de Elite

11ª Ala – CaprichosasFigurino: Glamour do Pierrot

12ª Ala – Embaixadores Figurino: Arlequim com Máscara

Casal de Musos

13ª Ala – Passista FemininaFigurino: Colombina Sapeca

Guardiões e 1º casal de MS & PB(Raphael Rodrigues e Marcella Alves)Figurino: MS Cacique de Ramos& PB Bafo da Onça

BATERIA SURDO UMFigurino: Cacique de Ramos x Bafo da Onça

14ª Ala – Passista Masculino

15ª Ala – Voz do Morro Figurino: Grande Carnaval dos Democráticos

16ª Ala – Pendura Saia Figurino: Grande Carnaval dos Fenianos

17ª Ala – Somos MangueiraFigurino: Grande Carnavaldos Tenentes do Diabo

Trio de Musos

Carro 2: Praça XIA Pequena África

de Tia Ciata

CARRO 3Folia da Elite Carioca

CARRO 7Samba em marte

“Respeite quem pôdechegar aonde a

gente chegou”

CARRO 4Festa da Penha,A Festa do Samba

4º SETOR – O LADO PROFANO,DA FESTA SAGRADA

18ª Ala – Botequim do Cachaça Figurino: Bloco Macaco sabe,sabe Rompeu Samba

19ª Ala – MoanaFigurino: Rancho A Flor das Marrecas

20ª Ala – Amigos do EmbaloFigurino: Damas e Malandros

21ª Ala – Estrela IluminadaFigurino: Congada

22ª Ala – CriançasFigurino: Anjinhos da Romaria

23ª Ala – BaianinhasFigurino: Quituteiras da festa da Penha

24ª Ala – Compositorese Velha Guarda da BateriaFigurino: Sinhô, O Rei do Samba

Trio de Musas

5º SETOR – OS BLOCOS EMBALARAMAS GERAÇÕES DE FOLIÕES

25ª Ala – Grupo GayFigurino: Bloco Caçadores de Veados

26ª Ala – Gatinhas & GatõesFigurino: Bloco Piratas do Amor

27ª Ala – Vem Comigo

28ª Ala – Deixa FalarFigurino: Bloco Deixa Falar

29ª Ala – Au...,Au...,Au...Figurino: Bloco vai como pode

30ª Ala – MimosaFigurino: Blocos dos Arengueiros

31ª Ala – Panteras

32ª Ala – Bloco do Bafo

33ª Ala – Baianas Grã-finas Figurino: Bloco Cacique de Ramos

Trio de Musos Dão | Anderson | Rafaela

6º SETOR - O POVO NÃO PERDEO PRAZER DE CANTAR

34ª Ala – Brasinhas & Brasões Figurino: Cacique Futebol Clube

35ª Ala – OpçãoFigurino: Água na Boca

36ª Ala – ImpossíveisFigurino: Chinelo Novo

37ª Ala – Meu BebêFigurino: Coisinha do Pai

38ª Ala – Pérolas do EgitoFigurino: Cacique e Mangueira

39ª Ala – Eles & ElasFigurino: Doce Refúgio

2º casal de MS & PB(Matheus e Débora)

Figurino: O Luxo do Grande Carnaval

40ª Ala – Carcará Figurino: Camarão que Dorme

41ª Ala – Nós Somos AssimFigurino: Vou Festejar

Trio de MusosLuiz Felipe | Glaucia | Mario

7° SETOR – A FOLIA NÃOTEM FRONTEIRA

42ª Ala – Príncipe das Matas Figurino: Malandro Espacial

3º casal de MS & PB(Vitória & Matheus)

Figurino: Samba em Marte

43ª Ala – SeresteiroFigurino: Passistas Interplanetários

44ª Ala – Cacique RamosFigurino: Índio das Galáxias

45ª Ala – AcauãFigurino: Piratas do Espaço

46ª Ala – Balanço da MangueiraFigurino: Samba em Marte

47ª Ala – Manto Sagrado Figurino: Doce Refúgio

48ª Ala – Somos MangueiraFigurino: Marcianos Sambistas

49ª Ala – Raça, Amor e PaixãoFigurino: Nega Maluca em Marte

Trio de MusosEvenly |Renam | Cristiane

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CACIQUE DE RAMOS IGUAL DIFERENTE

VERGARA no CACIQUE: da experiência de sair com o bloco às fotos em que a câmera é olho-câmera e não olho-homem: VERGARA não fotografa o que o olho vê, mas usa a câmera como quem usasse mão boba: o foco é feito pela distância da câmera ao objeto e não pelo olho do fotógrafo: ela samba e mexe com as passistas: ela olha por baixo debaixo.

VERGARA-CACIQUE Iguais no todo diferentes todos

Helio Oiticia foi artista visual e passista da Mangueira. Este é um fragmento do texto publicado no volume Carlos Vergara da Coleção Arte Contemporânea Brasileira da FUNARTE, 1978.

Carlos Vergara é artista visual e folião, acompanha o Cacique de Ramos há 40 anos, e suas fotografias do bloco formam um importante núcleo em sua obra, tendo sido base de trabalhos apresentados em diversas exposições importantes, entre elas, destacando-se a 29ª Bienal de São Paulo.

CACIQUE DE RAMOS EQUAL DIFFERENT

VERGARA in the CACIQUE: from the experience of going out with the bloco to the photos in which the camera is the eye-camera and not the eye-man: VERGARA does not photograph what the eye can see but uses the camera as if he has a dumb hand: the focus is adjusted trough the distance between camera and object and not trough the eye of the photographer: it dances the samba and teases the dancers: itlooks below from underneath.

VERGARA-CACIQUE equal in the whole all different

Helio Oiticia was a visual artist and samba dancer of Mangueira. This is fragment of the text published in the volume Carlos Vergara from the Brazilian Contemporary Art Collection of FUNARTE, 1978.

Carlos Vergara is a visual artist and a reveler, he has been following Cacique de Ramos for 40 years. His photographs of the bloco form an important core of his work, which has been used as base in several important exhibitions, including and highlighting the 29th Bienal de São Paulo.

Lê lê ô, o cacique chegou!

Carlos Vergara

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Era um nó na garganta ver o Bafo da Onça desfilar…

Chora, chegou a hora eu não vou ligar. Minha cultura é arte popular.

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O criador do carnaval verde e rosa

Cid Carvalho, o artista que traz muitos brilhos nas roupas, tem um brilho no olhar ao falar da verde e rosa. Alagoano de 42 anos, nascido em Arapiraca, formou-se em administração de empresas.

Começou sua carreira no carnaval como aderecista, com passagens pelas escolas Mocidade, Estácio e Vila Isabel. Conquistou o raro título de tetracampeão do carnaval, pela Beija-Flor de Nilópolis

Por que a mangueira? Acho que à Mangueira não cabe explicação. A Mangueira é um texto pronto, só estou chegando com a “vírgula” que estava faltando, porque a Mangueira é!

Qual a principal característica da mangueira em 2012? A Mangueira tem uma missão: unificar mais uma vez o carnaval do Rio de Janeiro. A primeira vez que isso aconteceu foi durante os anos 30, quando surgiram as escolas de samba e quando a cidade se dividia em carnaval de rico, corsos e grandes sociedades; e carnaval de pobre, ranchos, cordões e blocos.

As escolas de samba surgiram e unificaram essas manifestações, absorvendo todos esses elementos e os unindo em uma nova expressão. Mas os blocos não serviram apenas como base, eles sobreviveram como manifestação; e ai tudo continuou dividido. Hoje existe o carnaval de rua e o grandioso carnaval dos desfiles, na Marques Sapucaí.

A proposta da Mangueira é inserir o carnaval de rua no maior espetáculo da terra, apimentando essa grande festa com a leveza e a espontaneidade das ruas. E isso é o que desejamos que aconteça no carnaval da Mangueira.

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Enrevista - Cid Carvalho | 39

Quais os maiores trunfos da Estação Primeira? É ter apostado nessa trinca de enredos dos últimos 3 anos, de essência cultural e temática musical. Esse ano, a Mangueira é a única a ter um enredo carioca com um cenário totalmente do Rio de Janeiro.

É uma aposta de muita coragem do nosso presidente Ivo Meirelles. Admiro muito essa coragem e esse jeito louco, porém são, de vanguarda; calcado em uma tradição que corre nas veias. Atrevo-me a dizer que o Ivo Meirelles é o personagem de maior tradição que já conheci nas escolas de samba.

Você acha essa escolha pelos enredos culturais, não comerciais, uma opção melhor para o artista do carnaval? Sempre. Quando você faz uma coisa que te cativa, que te emociona, tudo flui melhor. Você fala a verdade, e sua emoção contagia qualquer um.

Lembro que quando fui contratado, o presidente Ivo Meirelles me falou que tinha medo da escolha do enredo porque o que ele queria não tinha patrocínio. A minha resposta pare ele foi a seguinte: “O meu problema acabou exatamente nesse momento, pois tenho a certeza de que teremos um grande enredo falando de Cacique de Ramos”.

o que é a mangueira esse ano, em termos de estilo? Grandiosa, de vanguarda e sem perder o foco nas suas tradições; sem deixar de traduzir leveza durante a apresentação.

Acho que é uma Mangueira que está em busca de resgatar o grande carnaval, no que se refere à plástica. A Mangueira teve os dois últimos desfiles grandiosos; e o que vamos tentar, é dar mais grandiosidade à parte plástica e artística do carnaval da verde e rosa.

Quando foi o insight do enredo? o que mais te encanta em falar de Cacique de Ramos? As ruas do Rio de Janeiro. Rio rima com rua e é onde o carioca se sente bem, não importa em qual rua; seja becos, vielas ou grandes avenidas, na zona sul ou na zona norte.

O Cacique tem que ser visto por esse prisma, pois ele é o representante mais essencial do carnaval de rua. Ele representa o retrato da folia “momesca” pelas ruas do Rio de Janeiro, e a folia nas ruas é a quintessência do gosto do carioca pelas ruas da cidade.

dos setores de desfile, quais você destaca? Primeiro o setor que fala dos blocos. Esse me encanta mais, por causa da rivalidade dos antigos carnavais entre Cacique de Ramos e Bafo da Onça. Acho que todos vão relembrar suas batalhas, onde quase dez mil pessoas se enfrentavam numa rivalidade de folia.

Destaco também o último setor da escola, chamado de Samba em Marte. Essa parte do enredo conta que em 1997, a NASA enviou um robô a Marte, em uma missão não tripulada; e seu despertar foi programado pela engenheira brasileira Jackeline Liraque, que escolheu a música Coisinha do Pai para fazê-lo; samba interpretado pela cantora Beth Carvalho, que naquele momento ficou conhecida em todo o universo.

Como foi a preparação para o desfile? Esse ano, como nos outros, foi um ano de muito trabalho e muita concentração. Estou muito quieto durante todo período de formatação e construção do carnaval da Mangueira; acho que estou me guardando para soltar a voz e as lágrimas na avenida.

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Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Enrevista - Cid Carvalho | 41

Magnificent, forefront without losing focus on its traditions and reflecting lightness during the presentation.

The creator of the Pink and Green Carnival

Cid Carvalho, the artist who brings many glitters on his clothing, has a twinkle in the eye when speaking about the pink and green school. The artist, from the State of Alagoas, is 42 years old, was born in Arapiraca and graduated in business administration.

He began his career, in the carnival, as a prop artist, with passages by the schools Mocidade, Estácio and Vila Isabel. He won the rare title of four-time champion of Carnival, when working in Beija-Flor de Nilopolis.

Why Mangueira? I think that to Mangueira there is no explanation. Mangueira is a text already written, I’m just coming up with a “comma” that was missing, because Mangueira is!

What is the main feature of Mangueira in 2012? Mangueira has a mission: to unite again the Carnival of Rio de Janeiro. The first time it happened was during the ‘30s when the samba schools appeared and when the city was divided into the carnival of the rich, the corsos (carnival games where the revelers cast each other confetti and serpentine) and the great societies; and the Carnival of the poor, ranchos (Carnival cortege with a flag carrying couple), cordões (group of masked revelers) and blocos (Carnival blocks).

The samba schools appeared and they united these demonstrations, absorbing all elements and joining them in a new expression. But the blocos didn’t only serve as a base, they survived as a manifestation, and everything remained divided.

Today there is the street carnival and the Carnival parade, at Marques do Sapucaí. Mangueira’s proposal is to insert the street Carnival in the greatest show on earth, peppering the big party with the lightness and spontaneity of the streets. And that’s what we want to happen in the Carnival of Mangueira.

What are the greatest strengths of Estação Primeira? It is to have bet in these triplet plot-themes of the last three years, the cultural essence and musical theme. This year, Mangueira is the only one to have a Carioca (from Rio de Janeiro) plot-theme, with a scenery entirely of Rio de Janeiro.

It is a courageous bet from our President Ivo Meirelles. I admire his courage and his crazy, yet sane, forefront ways; rooted in a tradition that runs through his veins. I dare say that Ivo Meirelles is the most traditional character that I’ve ever met in the samba schools.

Do you think this choice for cultural plots, non-commercial, a better option for the Carnival artist? Always. When you do something that captivates you, it excites you, everything flows better. You speak the truth and your excitement contagious everybody.

I remember when I was hired; the President Ivo Meirelles told me he was afraid of the plot choice, because the one he wanted didn’t have sponsorship. My answer was: “My problem ended up just then, because I am sure we will have a great plot, talking about Cacique de Ramos.”

What is Mangueira’s style this year? Magnificent, forefront without losing focus on its traditions and reflecting lightness during the presentation. I think it’s a Mangueira that is seeking to rescue the great Carnival, with regard to the visual.

Mangueira had its last two parades magnificent; and we will try to give more greatness to the visual and artistic parts of the green and pink Carnival.

When was the insight of the plot? What do you most delight to speak of Cacique de Ramos? The streets of Rio de Janeiro. Rio rhymes with street and is where the Carioca feels good, no matter which street; alleys, lanes or big Avenues, on the south or north areas.

The Cacique has to be seen in this light, for he is the most essential representative of the street Carnival. He represents the portrait of the “momesca”(referring to the God Momus) revelry throughout the streets of Rio de Janeiro, and the revelry in the streets is the quintessential of the Carioca taste in the city streets.

Which are the sectors of the parade you highlight? First, the sector that speaks of the blocos. This delights me more, because of the rivalry of the old carnivals between the blocos Cacique de Ramos and Bafo da Onça. I think everyone will remember these battles, where nearly ten thousand people participated in a rivalry of revelry.

I also emphasize the last sector of the school, called Samba on Mars. This part of the story tells that in 1997, NASA sent a robot to Mars in an unmanned mission, and its awakening was programmed by the Brazilian engineer Jackeline Liraque , who chose the song “Coisinha do Pai” to do so; interpreted by the samba singer Beth Carvalho, who at that time was known throughout the universe.

How was the preparation for the parade? This year, as in others, was a year of hard work and a lot of concentration. I’m very quiet during all the formatting and construction of Mangueira’s Carnival, I think I’m saving myself for to release voice and tears in the avenue.

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Como começou sua história na mangueira? Foi em 1986, na Mangueira do Amanhã, aos 6 anos de idade; por influência do meu pai Cícero Carlos, mais conhecido como Muquiça, já falecido. Ele era um apaixonado por bateria e me levava aos ensaios, onde muitas vezes eu acabava dormindo. Desde então nunca mais me afastei.

E você dormia com o estrondo da bateria? Claro (risos), dormia bem embalado.

Entâo você foi para mangueira do amanhã aos 6 anos? Sim, fui ritmista da primeira formação da mirim, com os mestres Tuca, Jaguara e Russo. Toquei nessa bateria por 6 anos, indo depois para a Surdo Um.

Naquela época era assim, para entrar na bateria da Mangueira tinha que ter vindo da bateria da mirim. Em 1993, ia estrear na Surdo Um; participei de todos os ensaios e de todos os shows do ano, com uma expectativa que só crescia. Na véspera do carnaval, o Alcir ExplosãoExplosão – mestre

da bateria verde e rosa – me cortou. Disse que eu ainda precisava gramar um bocado para entrar na Surdo Um. Foi uma tristeza total, mas não admitia não desfilar.

Aos 48 minutos do segundo tempo fui correr atrás de conseguir uma fantasia para desfilar na ala das crianças; e lá estava eu no carnaval.

mas no ano seguinte você conseguiu? Como foi essa emoção? Minha mãe, Fátima Leite, dizia que eu não ia aguentar, mas acabou sendo tranquilo. Ensaiávamos com a disciplina de um quartel. O Mestre me cobrava muito, me desafiava e isso acabou me deixando mais forte, fui criando uma casca.

Qual o teu instrumento? Minha paixão era o repique, mas meu nervoso foi tão grande que no meu primeiro desfile, passei mal. Eu era muito franzino, e o médico me disse que tinha que tocar um instrumento mais leve; então passei ao tamborim e fiquei no tamborim por muitos anos, até 2006, quando passei para o surdo.

Jeferson Carlos Leite Diretor de carnaval

Sempre fui muito curioso e queria saber tudo sobre a bateria da Mangueira, mas queria saber sobre as outras baterias também. Em 2000, comecei a desfilar em outras escolas; desfilei em 14 baterias diferentes, ganhando experiência e conhecimento. Cada mestre me deixou um ensinamento. Com um aprendi a tocar, a elaborar minha técnica, com outro aprendi disciplina, e com outro, liderança; todos foram importantes. Em 2005 fui um dos diretores da bateria, no comando do Mestre Russo.

E da bateria para a direção, como foi esse caminho? Ao mesmo tempo em que tocava na bateria, trabalhava no barracão. Comecei com o Lousada, no enredo “Dom Obá , o príncipe do povo”, na função de aderecista. Foi aí que lapidei uma qualidade muito importante: a paciência.

O trabalho delicado e repetitivo me ajudou a ser mais tranquilo. Tudo que fiz na vida me ensinou algo, pois perdi o meu pai muito cedo, aos 8 anos, e minha mãe foi obrigada a trabalhar para segurar a casa. Então a rua foi minha escola; na música encontrei minha família, e o trabalho no samba o meu esteio.

Trabalhei em barracão até 2006, o que me ajudou muito a conhecer o trabalho do fazer do carnaval. Já nessa época me imaginava Diretor da escola e planejava mudanças, melhorias na forma de trabalhar, modernizações que queria fazer. Pensava, comigo: “ vai ser assim...” (risos).

Em 2005 viajei com um musical, um show de samba, e passei 2 anos excursionando com esse grupo pelo Brasil, só voltando ao Rio para o carnaval. Carnaval eu não perco!

Em 2007 deixei o grupo e voltei a ser diretor da Surdo Um, cujo Presidente era o Ivo (Meirelles) e o Mestre era o Russo. Fiz duas turnês europeias com essa bateria.

Viajando com um grupo de homens aprendi a me virar só, sem depender de ninguém. Isso também me ajudou no carnaval, pois não fico contando com os outros, esperando que façam as coisas por mim. Quando quero que uma coisa seja feita eu ponho a mão na massa e mostro como é que quero que seja feito.

E como foi o convite para ser Vice-Presidente da escola? Nessa época que estava na bateria com o Ivo, nós tínhamos um grupo musical chamado Explosão de Elite, em homenagem ao Mestre Alcir Explosão, e nesse grupo nos aproximamos por que tínhamos as mesmas ideias a respeito da bateria. Em 2008 deixamos a direção da bateria e eu aprendi mais uma lição. Diretor é uma coisa que hoje você está e amanhã não está mais, mas ritmista eu serei para sempre.

Quando o Ivo assumiu a escola, me chamou para ser diretor na gestão dele. Como tinha experiência em eventos, ele me nomeou Vice-Presidente de Eventos. Mas eu não me encontrei nesse trabalho. Graças a DEUS, sou mesmo muito grato, no segundo carnaval ele me chamou para ser seu diretor de carnaval. No primeiro ano dessa função foi tudo novo, muito trabalho vindo de todos os lados. Só no desfile, com a sensação de realização, foi que percebi que era isso mesmo que eu queria.

O que mais aprendi nesse primeiro ano é que não se pode olhar com o olho dos outros. Sempre soube que o meio era difícil, que rolava muita sacanagem, covardia. Escutava falar sobre isso, mas ainda não tinha vivido na pele; foi duro, a ponto de achar que não ia dar conta de chegar até o desfile na avenida.

Quem foram as pessoas importantes nesse teu aprendizado? Wagner e o Mauro (Wagner Gonçalves e Mauro Quintaes) foram grandes parceiros nessa jornada, sendo que o Mauro

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era um pouco o nosso paizão, por ter mais experiência. Os dois foram muito bacanas e construímos uma boa parceria. Eu sou muito grato pela confiança do Ivo e pelo seu acompanhamento constante; vou ser para sempre grato. Outro a quem devo agradecer é o Benevides, com quem desenvolvi uma afinação tão forte que nos entendemos em um simples olhar. Era assim também com a equipe de carnaval; acho que a dificuldade que passamos naquele ano nos uniu. Ninguém acreditava em nós, e chegamos em terceiro lugar!

Foi uma vitória? Terceiro lugar é como se fosse o último para mim. Para mangueirense só serve ganhar. Mas o mais importante é ter a cabeça no lugar e trabalhar muito.

Eu tenho até pena da minha mulher, casei mergulhado na cachaça do trabalho na mangueira. Não tivemos lua de mel e meu filho já está para nascer e eu nem curti com ela os momentos da gravidez. Mas é assim que eu sou, amo o carnaval. Se você for à minha casa, vai ver que o meu universo é esse, minha casa é repleta de coisas do carnaval.

Hoje eu estou realizado. Não sei do futuro, porém ganhei muita experiência.

Ganhei amigos, perdi amigos, mas fiz frente aos desafios que vieram e nunca vou esquecer. Dos 3 anos de trabalho acho que este vai ser o primeiro carnaval a altura do Ivo, tivemos que lutar muito para chegar aqui.

uma conclusão? Respeite quem pode chegar aonde a gente chegou!

Interview with Jefferson Carlos Leite Carnival Director of Mangueira

How did your history with Mangueira start? It was in 1986, in the Mangueira do Amanhã, when I was 6 years old and was influenced by my father Cícero Carlos, known as Muquiça, who already passed away. He was passionate about the drums and took me to the rehearsals, where many times I ended up asleep. Since then, I never walked away.

And you slept with the sound of the drums? Of course (laugh), I slept well lulled.

So you went to Mangueira do Amanhã when you were 6? Yes, I was a percussionist of the first apprentice formation, with the masters Tuca, Jaguara and Russo. I played in this category for 6 years, then I went to Surdo Um. At that time, in order to be part of the Mangueira’s percussion section, you had to come from the apprentice group. In 1993, I was going to debut in

Surdo Um; I attended all rehearsals and concerts of the year, with an expectation that only grew. On the eve of Carnival, Alcir Explosão – who was the Master of percussion – cut me off. He said I still needed more practice to enter the Surdo Um. It was very sad, but I didn’t accept being cut off of the parade. At the last minute, I was chasing a costume, in order to march in the children’s wing; and there I was at the carnival.

But the next year you got? How was this emotion? My mother, Fatima Leite, said that I couldn’t handle, but it was smooth. We rehearsed with the discipline of a military. The Master required a lot of me, challenged me. It ended up making me stronger, I’ve created a shield.

What is your instrument? My passion was the clangor, but I was so nervous in my first parade that I got sick. I was very skinny, and the doctor told me I had to play a lighter instrument; then I played tambourine for many years, until 2006, when I started to play the surdo (a Brazilian bass drum). I’ve always been very curious and I wanted to know everything about the Mangueira’s percussion section; but I also wanted to know about other samba percussion sections as well. In 2000, I started to march with other schools; I played drums in 14 different percussion sections, gaining experience and knowledge. Each master taught me a lesson. With one I learned how to play and develop my technique; with others I learned discipline and leadership; they were all important to me. In 2005, I was a director of percussion, in the command of master Russo.

And from the percussion to the direction, how was this path? I played drums and worked at the shed at the same time. I started with Lousada in the plot “Dom Obá, o príncipe do povo,” in the props. It was there where I learned a very important quality: patience. The delicate and repetitive work helped me become more relaxed. All I did in my life taught me something, because I lost my father very early, at the age of 8, and my mother was forced to work to make ends meet. Then the street was my school; in the music I found my family, and the work with samba was my pillar. I worked in the shed until 2006, which helped me to know the work of setting the carnival. Even then I thought myself as the schools’ Director and planned changes, improvements in the way of working, and modernizations. I thought to myself: “it will be like this...” (laughs).

In 2005, I traveled with a musical, a samba show, and spent two years touring with this group in Brazil, only returning to Rio for Carnival. I don’t miss a Carnival!

In 2007, I left the group and went back being the Director of Surdo Um, where the President was Ivo (Meirelles) and the Master was Russo. I went to two European tours with the percussion section.

Traveling with a group of men, I learned my way around, without depending on anyone. It also helped me in the carnival, because I don’t count on others, expecting them to do things for me. When I want something done, I get my hands dirty and show how I want it done.

And how was the invitation to be Vice-President of the school? In the time I was on the percussion section with Ivo, we had a musical group called Explosão de Elite, in honor of Master Alcir Explosão, and in this group we got close because we had the same ideas about the schools’ percussion section. In 2008, we left the direction of the percussion section and I learned one more lesson. Being a Director is something temporary, but I will forever be a percussionist.

When Ivo became President of the school, he called me to be a Director in his administration. Since I had experience in events, he named me Vice-President of Events. But I haven’t found myself at this job. Thank God, I am really grateful; in his second carnival, he called me to be his Carnival Director. In the first years of this function it was all new, hard work coming from all sides. Only in the parade, with a sense of accomplishment, that I realized that this was what I really wanted. What I learned in this first year was that you can’t look with the eye of others. I always knew that this environment was difficult; it was full of wrongness and cowardice. I heard about it, but I had not experienced it yet. It was hard to the point that I thought I wouldn’t get to execute the parade on the avenue.

Who were the important people in your learning? Mauro and Wagner (Wagner Goncalves and Mauro Quintaes) have been great partners in this journey, and Mauro was a little like our daddy, because he was more experienced. They both were very nice and we built a good partnership. I am very grateful for the trust and constant monitoring of Ivo; I will be forever grateful. Another person to whom I must thank is Benevides, we developed a relationship so strong that we understood each other with a look. It was the same thing with the carnival team; I think the difficulty we went through that year united us. Nobody believed in us, and we got in third place!

It was a victory? The third place is like the last for me. To Mangueirenses (people who cheer for Mangueira) only the victory matters. But the most important is to have your head on your shoulders and to work hard. I’m sorry for my wife, we got married when I was deep dawn at work. We had no honeymoon and my son is to be born and I have’nt enjoyed the pregnancy moments with her. But that’s how I am, I love the carnival. If you go to my house, you will see that this is my Universe; my house is full of things from the carnival.

Today I’m fulfilled. I do not know the future, but I gained much experience.

I made friends, lost friends, but I did meet the challenges that have come and I will never forget. In these three years of work, I think this will be the first carnival that Ivo is going to live up to; we had to fight hard to get here.

A conclusion? “Respect who can achieve what we achieved!”

I was a percussionist of the first apprentice formation, with the masters Tuca, Jaguara and Russo. I played in this category for 6 years, then I went to Surdo Um.

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Prêmios conquistados em 2011Estandarte de ouro: Comissão de Frente Bateria Personalidade – Beth Carvalho

tamborim de ouro Casal nota 10 - Raphael e Marcela BATUQUE DO POVO

troféu Rádio manchete Porta Bandeira e Mestre Sala

troféu Carnaval total tupi Capemisa: Melhor Escola do Grupo Especial Melhor Bateria Melhor Rainha de Bateria - Renata Santos

destaques no julgamento da LiESa: Porta Bandeira e Mestre Sala (O único casal a somar 30 pontos) Enredo (um dos 2 únicos enredos a receber nota 10 dos cinco julgadores) Samba-enredo (único a receber nota 10 de todos os cinco julgadores)

opera in motion, is complete; when each component does its part and its art, and when the excell ence appears and compensates for months of exhausting rehearsals, technical improvement and passion.

In 2001, we chose a plot about the Mangueirense (the people of Mangueira community) poet, Nelson Cavaquinho; faithful to the belief that our primary mission as a samba school is to preserve, promote and enhance the popular culture.

This plot, which had nothing commercial about it, forced us to assemble a carnival with little financial resources; but on the other hand, granted us a moved and proud school; happy to be talking about its own history. All this, ensured the passionate dedication of each person, resulting in an excellent parade.

It is this excellence that we want to emphasize here, the sectors of the school that deserved more consideration from the official judges and from the Carioca (the people of Rio) carnival awards, as a way to thank all the effort and passion from the Mangueirenses, and share with them these remarkable victories.

I present you the crème de la crème of Mangueira!

A nata verde e rosa O enorme esforço de colocar um carnaval na avenida é partilhado por milhares de pessoas. Entre Barracão e quadra, são inúmeras as atividades, meses de dedicação e centenas de pequenos detalhes que vão sendo somados para compor o sonho do desfile.

Da pesquisa à prancheta, desta à construção e confecção de carros e fantasias, de tudo o que resulta no cenário do desfile, os elementos que compõem um enredo vão tomando forma ao longo do ano de trabalho.

Desde a escolha do samba e sua lapidação à preparação das bossas bateria e de coreografias; a elaboração do espetáculo musical tem também mil facetas.

Mas é na avenida que tudo se une e se decide. É na avenida que a ópera em movimento do carnaval se completa, é quando cada componente faz a sua parte e a sua arte, e que a excelência aparece e compensa os meses de ensaios cansativos, de apuração técnica e tempero de paixão.

The crème de la crème of Mangueira

The huge effort to assemble the carnival is shared by thousands of people. Between the school’s shed and court, there are countless activities, months of dedication and hundreds of small details that are being added to make the dream of a parade.

From research to the clipboard and from that to the manufacture and construction of floats and costumes, all resulting in the setting of the parade; the elements to make up a plot will take shape after a year of work.

From choosing the samba to the preparation of bossa percussion and choreographies, the music development of the show has a thousand facets.

But in the Avenue is that everything comes together and it is decided. It is in the Avenue that the carnival, an

Em 2011, escolhemos um enredo que falava de um poeta Mangueirense, Nelson Cavaquinho, fiéis à crença de que nossa principal missão enquanto escola de samba é preservar, divulgar e enaltecer a cultura popular.

Esse enredo, nada comercial, nos forçou a montar um carnaval de poucos recursos financeiros, mas por outro lado nos garantiu uma escola emocionada, ufana, feliz de estar falando de sua própria história, e garantiu a dedicação apaixonada de cada um de seus componentes, resultando num excelente desfile.

É essa excelência que queremos destacar aqui, os setores da escola que mais mereceram consideração dos julgadores oficiais e dos grandes prêmios do carnaval carioca, como uma forma de agradecer a todos os mangueirenses o esforço e a paixão e dividir com eles estas vitórias marcantes.

Com vocês a nata da Mangueira!

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 A nata verde e rosa | 47

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Ser o Mestre da bateria da Mangueira foi para mim um sonho realizado. A pressão e a responsabilidade são enormes, mais ainda porque é uma bateria com uma marca muito forte, onde me criei e atuei por toda a vida, e para a qual dei tanto sangue. A emoção é tão grande que não dá para explicar.

Estandarte de Ouro

Bateria

Tamborim de Ouro

BATUQUE DO POVO - Bateria da Mangueira

Troféu Carnaval Total Tupi Capemisa

Quando o Ivo me chamou para conduzir a Surdo Um, a 45 dias do carnaval, eu entendi isso como uma missão. Encarar o turbilhão de ensaios e os desafios que a cada momento me eram apresentados, exigiu muito da minha disciplina e da minha fé. Fazer o desfile emocionante que fizemos e sair da avenida, consagrados pelo público, levando todos os prêmios do carnaval – Estandarte de Ouro, Tamborim de Ouro e Troféu Carnaval Total – eu atribuo a Deus, a um plano divino e superior. Isso dá sentido a tudo o que vivi e passei; certifica-me do caminho que escolhi.

Agora, enquanto nos preparamos para o desfile desse ano, o desafio é ainda maior.

Percussion

Being Mangueira’s Master of Percussion was a dream come true for me. The pressure and responsibility are immense, even more so because it is a percussion section with a very strong brand, where I grew up and acted all my life, and which I gave so much blood. The emotion is so great that it can’t be described.

Estandarte de Ouro Award

Percussion

Tamborim de Ouro

BATUQUE DO POVO – Mangueira’s Percussion Section

Trophy Carnaval Total Tupi Capemisa

When Ivo called me to lead the Surdo Um, 45 days before the Carnival, I understood that was a mission. Facing the turmoil of rehearsals and the challenges that were presented to me at every moment demanded a lot of my discipline and my faith. Doing the show exciting as we did and leave the avenue, consecrated by the public, winning all the Carnival awards - Estandarte de Ouro, Tamborim de Ouro e Troféu Carnaval Total - I attribute to God, a divine and higher plan. This gives meaning to what I went through and certifies me of the path I chose.

Now, as we are preparing for this year’s parade, the challenge is even greater.

Temos que ser melhor ainda do que já fomos, não só pela honra da bateria da escola, mas por nosso pavilhão, por nossa nação. Somos apenas uma parte de um corpo que é gigante.

Nós ensaiamos exaustivamente, fazemos muitas experiências, elaboramos cada elemento ao mínimo detalhe, sempre buscando a perfeição. Não admito o risco do erro; eu não abro espaço para isso, pois procuro sempre focar na certeza de que tudo vai dar certo, que seremos abençoados de novo com a possibilidade de mostrar o melhor do nosso grupo e de cada um de nós. Nesse processo, tenho aprendido muito.

Trabalhar com o Ivo tem significado um crescimento muito importante para a minha carreira e para a minha vida. Ele conhece muito de música e muito da Surdo Um, então não é qualquer coisa que se pode apresentar para ele, tem que ser o máximo; e os desafios que ele nos traz são sempre calcados na confiança que ele tem de que podemos tudo.

Eu tenho muito que agradecer a Deus, ao Ivo, e especialmente à bateria da Mangueira – a família Surdo Um, como gosto de chamar – pelo empenho, disposição e dedicação, e mais ainda, pelo amor que estão colocando nesse trabalho.

Respeite quem pode chegar onde a gente chegou!

mestre ailton nunes

We have to be even better than we were, not only for the honor of the school’s percussion, but for our flag, for our Nation. We are just a part of this giant body.

We rehearse, we make many experiments, and we develop each element to the smallest detail, always pursuing perfection.

I do not accept the risk of error; I do not give space for it, because I always try to focus on the certainty that everything will work out, that we will be blessed again with the possibility to show the best of our group and of each one of us. In this process, I have been learning a lot.

Working with Ivo has meant a very significant growth in my career and my life. He knows a lot of music and lots of Surdo Um, so is not everything that can be presented to him, it has to be the utmost; and the challenges he brings to us are always rooted in the confidence that we can do anything.

I have much to thank God, to Ivo, and especially Mangureira’s Percussion – The Surdo Um family, as I like to call – for the commitment, willingness and dedication, and even more for the love they are putting in this work.

“Respect who can achieve what we achieved!”

mestre ailton nunes

Bateria

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Bateria | 49

Page 26: Revista Mangueira - Carnaval 2012

Uma rainha nota 10

Renata Santos é Rainha da Bateria da Mangueira pelo terceiro ano consecutivo, mostrando graça e alegria, além de muito samba no pé. Seu desfile em 2011 mereceu o prêmio de Melhor Rainha de Bateria da Rádio Tupi e, pela segunda vez, a nota 10 do jornal O Globo.

Sempre sorridente e em ótima forma, a rainha da bateria verde e rosa – que nunca fez plásticas, defende um corpo mais feminino e menos musculoso; e mantém a forma malhando de duas a três horas por dia, além de fazer massagens e controlar a dieta. Antes dos desfiles costuma comer banana e chocolate, para dar energia e segurar o samba no pé por toda a avenida.

Mesmo desfilando no carnaval há muitos anos e reinando na Mangueira já há 3 anos, Renata diz que tem sempre um friozinho na barriga na hora de desfilar, mas diz que não é medo, e sim a expectativa de dar o melhor de si.

Estimulada por seu irmão, o tecladista Marcelo China, e pelos professores de canto da CAL, Renata gravou o CD de Black music Namorada Oficial, produzido pelo DJ Robson Vidal; e se lança em uma nova carreira.

“Vamos dar tudo de nós para sermos campeões. Fiz esse pedido na virada do ano e, com nossa dedicação e trabalho, vamos conseguir. Estamos juntos, nação verde e rosa”.

A scored top Queen

Renata Santos is the Percussion Queen of Mangueira for the third consecutive year, showing grace, joy and samba skills.

She received the award for Best Percussion Queen, offered by Radio Tupi, and for the second time, she was the scored top 10 of the newspaper O Globo.

Always smiling and in good shape, the queen of the pink-and-green percussion – who has never had a plastic surgery, defends a more feminine and less muscular body, and stays in shape working out two to three hours per day, plus massage and diet control .

Before the parades, she usually eats bananas and chocolate to give her energy and to hold the samba no pé across the avenue.

Even parading in the carnival for many years and reigning in Mangueira for 3 years, Renata says she always has butterflies in her stomach at the parade; she says that is not fear, but the expectation of giving her best.

Encouraged by his brother, the keyboard player Marcelo China, and for her vocal teachers from CAL, Renata recorded a black music album called “Namorada Oficial”, produced by DJ Robson Vidal, launching herself at a new career.

“We will give everything to be champions. I made this wish in the new year’s eve and with our dedication and hard work, we will succeed. We are together, green-and-pink Nation.”

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Tradição e inovação na bandeira verde e rosa

O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mangueira é promessa de inovação e notas máximas.

Ela, Marcella Alves, 28 anos, porta-bandeira. Ele, Raphael Rodrigues, 27 anos, mestre-sala.

Desde 2010, os dois são os responsáveis por conduzir o pavilhão da Estação Primeira de Mangueira na Sapucaí e juntos formam o único casal nota 10 do carnaval, por somarem três notas 10 na avaliação dos julgadores da LIESA, no carnaval de 2011; além de conquistarem juntos os prêmios Tamborim de Ouro e Troféu Rádio Manchete.

A conquista dos prêmios veio coroar 2 anos de trabalho árduo e um enorme desafio, pois o pavilhão verde e rosa vem carregado de muita tradição, desde os tempos de Maçu

– o primeiro a transplantar e adaptar para a cadência do samba, a figura do baliza dos ranchos carnavalescos –, e mais tarde José Dalmo, Delegado, Lilico, Neide e Mocinha, figuras destacadas do panteão do carnaval.

Marcella Alves começou a carreira aos 8 anos, na escola de samba Lins Imperial. A estreia na função de primeira porta-bandeira no Grupo Especial aconteceu na Caprichosos de Pilares, no ano de 1998. Três anos depois, no Acadêmicos do Salgueiro, faturou um Estandarte de Ouro (um dos prêmio mais respeitados, oferecido pelo jornal O GLOBO) na categoria de melhor porta-bandeira. Em entrevista, a defensora do pavilhão verde-e-rosa diz: “Confio muito no presidente Ivo Meirelles, e tenho certeza que a garra da comunidade mangueirense vai nos levar ao título”.

Raphael Rodrigues começou a se envolver com carnaval em 1993, na escola mirim Aprendizes do Salgueiro. Mas sua oportunidade como primeiro mestre-sala do grupo de elite só foi acontecer 12 anos depois, em 2005, na Unidos de Vila Isabel – onde também faturou, em 2007, o prêmio (Estandarte de Ouro/ Jornal O GLOBO), como melhor mestre-sala. Feliz por fazer parte do carnaval da Mangueira, Raphael agradece: “Sou muito grato ao presidente Ivo, pela oportunidade de defender o pavilhão e pela confiança que ele deposita em mim”.

Juntos desde 2009, ambos apontam o próximo desfile como uma grande possibilidade de demonstrar o amadurecimento e profissionalismo de uma dupla que começou muito jovem. Confiantes em um excelente desfile apontam o carnaval de 2012 como a probabilidade de ser o melhor de suas carreiras e ensaiam diariamente por mais de quatro horas. Dispostos a ser a grande inovação deste carnaval, eles esperam, com notas máximas, contribuir para uma nova vitória da agremiação que é considerada a maior escola de samba do planeta.

igor Leal

Mestre sala e porta bandeira

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Mestre-sala e porta-bandeira | 53

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Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Mestre-sala e porta-bandeira | 55

Tradition and innovation in the Pink-and-Green flag

The Standard-Bearer Couple of Mangueira is a promise of innovation and high scores.

She is Marcella Alves, 28, flag-bearer. He is Raphael Rodriguez, 27, master of ceremonies.

Since 2010, the two are responsible for carrying Mangueira’s flag at Sapucaí and together form the only couple with a score of 10; for adding up three 10 scores given by the LIESA judges in the carnival of 2011. In addition, they also won theTamborim de Ouro and Troféu Rádio Manchete Awards.

The awards came to crown two years of hard work and great challenge, because the pink-and- green flag comes with tradition, since the time of Maçu - the first to transplant and adapt the figure of the baliza (former name of master of ceremony) to the samba cadence - and later, José Dalmo, Delegate, Lilico, Neide and Mocinha, prominent figures of the Carnival’s pantheon.

Marcella Alves started her career at the age of 8, in the samba-school Lins Imperial. Her debut as the First Standard-Bearer in the special group happened in the samba-school Caprichosos de Pilares, in 1998.

Three years later, at Acadêmicos do Salgueiro, she was awarded with the Estandarte de Ouro Award (one of the most respected prizes, offered by the newspaper O Globo) in the category of Best of Standad-Bearer.

In Interview, the defender of the green-and-pink flag says: “I trust very much the President Ivo Meirelles, and I’m sure the community’s determination will bring us the champion title.”

Raphael Rodrigues became involved with Carnival in 1993, at the apprentice school Aprendizes do Salgueiro. His first opportunity as master of ceremonies of the elite group happened 12 years later, in 2005, at the samba-school Unidos da Vila Isabel – where he also won, in 2007, the prize Estandarte de Ouro (offered by the newspaper O GLOBO) as the best master of ceremonies. Happy to be part of Mangueira’s Carnival, Raphael acknowledges: “I am very grateful to President Ivo for the opportunity to defend the flag and for his faith in me.”

Together since 2009, they both point out the next parade as a great opportunity to demonstrate the maturity and professionalism of a couple who started very young. Trusting on a great Carnival parade, they point out the 2012 Carnival as the probability of being the best of their careers, and rehearse daily for more than four hours. Willing to be the great innovation of this Carnival, they hope to contribute to a new victory of the school which is considered the greatest samba-school on the Planet.

igor Leal

“I trust very much the President Ivo Meirelles, and I’m sure the community’s determination will bring us the champion title.”

Marcella Alves

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Em meu terceiro ano como coreógrafo da Comissão de Frente da Mangueira, comemoro o Estandarte de Ouro recebido em 2011 pelo enredo: “O filho fiel, sempre Mangueira”, sobre Nelson Cavaquinho; e foco minhas energias na apresentação que estamos preparando para 2012, a qual irá coroar 3 anos de trabalho na Estação Primeira.

O Estandarte era um grande objetivo, quase uma obsessão, pois representa a decisão de 12 notáveis do carnaval, que discutem e concedem um prêmio em comum acordo, demonstrando um reconhecimento indiscutível ao trabalho. Recebê-lo significa também um grande desafio, pois provoca a necessidade de superação para o próximo ano.

Sua função, nesse sentido, não é apenas premiar o trabalho realizado, mas garantir um esforço de manutenção da qualidade no futuro. Essa é a nossa luta para este ano.

A coreografia da Comissão de Frente – que apresentaremos no enredo “Vou festejar, sou Cacique, sou Mangueira” – é uma busca pela essência, pela raiz do movimento da dança do samba; será minimalista na apresentação e arrebatadora na percepção. É uma Comissão feita para ver e sentir.

Estamos de certa forma inovando com, talvez, o mais antigo elemento do carnaval, fazendo uma leitura contemporânea de um tema ancestral. Ela é desmistificadora, pois tem conteúdo didático e abre portas para um conhecimento restrito.

Agradeço muito ao Ivo por ter me dado a oportunidade de colocar minhas ideias em prática.

Fomos construindo uma parceria em que ele aumentava minha liberdade e eu correspondia com respeito aos limites e às possibilidades da escola. Hoje tenho 100% da confiança do Ivo e isso é uma grande conquista.

Eu não entrei como um salvador da pátria; entrei como um azarão e pude provar que estava no lugar certo. Respeite quem pode chegar onde a gente chegou!

Jayme arôxa Coreógrafo da Comissão de Frente

Fazer parte em qualquer segmento no carnaval da Mangueira é um grande privilégio. Participar desse gigante do samba e se entrelaçar nas raízes dessa frondosa Mangueira é tecer fios na história do carnaval.

Ao ser convidado pelo presidente Ivo Meirelles para criar a alegoria “suporte da comissão de frente”, agregando um retalho a essa imensa colcha do samba, senti ao mesmo tempo vaidade e medo pela grande responsabilidade de dar vida a um enredo de tão grande importância, na maior agremiação de samba do mundo.

Aceitei o desafio e pude trabalhar,com orgulho e honra ao lado do grande coreógrafo Jaime Arôxa.

Minha tarefa era preparar o suporte que iria apoiar sua criação, ao apresentar o enredo e a Escola na avenida. Preparamos o suporte de modo que agilizasse a coreografia e tivesse uma cenografia que agisse entre duas épocas diferentes, de modo que as mudanças de época fossem vistas sem ilusionismo, aos olhos do publico; apenas com a história, os movimentos da cenografia e a dança.

Conseguimos um resultado primoroso. Não só conseguimos cumprir a tão honrosa missão, como também valorizar mais ainda o nome da Mangueira, com prêmios que vieram comprovar o nosso resultado diante do público.

Sergio marimba

Comissão de frente

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Comissão de frente | 57

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Front Commission

In my third year as a choreographer of Mangueira’s Front Commission, I celebrate the Estandarte de Ouro Award of 2011, received for the samba-plot: “O filho fiel, sempre Mangueira” about Nelson Cavaquinho; and focus my energies in the presentation that we are preparing for 2012, which will crown three years of work in Estação Primeira.

The Estandarte de Ouro Award was a big goal, almost an obsession, because it represents the decision of 12 notable persons of Carnival, who discuss and award a prize in common agreement, demonstrating an indisputable recognition of the work. To receive it, also means a great challenge, because it causes the need to overcome next year’s parade.

Its function, in this sense, is not only rewarding the work, but to ensure an effort of maintenance of quality, in the future. This is our struggle for this year.

The choreography of the Front Commission – to be presented in the plot theme “Vou festejar, sou Cacique, sou Mangueira” – is a search for the essence, for the root of the samba dance movements; it will be minimalist in its presentation and breathtaking for the perception. It is a commission made to see and feel.

We are, in a way, being innovative with the oldest element of Carnival, making a contemporary reading of an ancient theme. It is demystifying because it has educational content and opens doors to a selected knowledge.

I am very grateful to Ivo for giving me the opportunity to put my ideas into practice.

We build a partnership in which he increased my freedom and I corresponded with respect to the limits and possibilities of the school. Today I have 100% of Ivo’s confidence, which is a great achievement.

I did not come as a savior; I got here as an underdog and I could prove myself because I was in the right place. Respect who can achieve what we achieved!

Jayme arôxa Front Commission Choreographer

Being part of any segment of Mangueira’s carnival is a great privilege. Participating in this giant of samba and interlacing roots with this leafy Mangueira is to weave the fabric of carnival history.

After being asked, by the President Ivo Meirelles, to create the allegory “support of front commission” adding a patch to this immense quilt of samba, I felt both pride and fear for the great responsibility to give life to a plot so important, in the most great school in the world.

I accepted the challenge and could work, with pride and honor, beside the great choreographer Jaime Arôxa.

My task was to prepare the support that would back up his creation, when presenting the plot theme and the school at the Avenue.

We have prepared the support so that it would speed up the choreography and make the scenery act between two different times, so that the changes would be made without illusionism to the public eye; having only the history, the scenery movements and the dance.

We were able to have an exquisite result; not only able to fulfill such an honorable mission, but also enhance the name of Mangueira with prizes that have proved our result to the public.

Sergio marimba

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Comissão de frente | 59

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Page 31: Revista Mangueira - Carnaval 2012

A ala das passistas é uma das mais concorridas na Mangueira e é cheia de bambas “A maioria desfila na ala há muitos anos e quando alguém sai, procuramos escolher aquela pessoa que está sempre na quadra mostrando que tem o samba no pé”, ensina a dançarina vencedora do Estandarte de Ouro (2003) e do Tamborim de Ouro (2005). Juliana conta com o auxílio de dois bambas: Fabiana Oliveira, que levou para casa o Estandarte de 2001, e Fábio Fully, agraciado em 2010.

Juntos, estão resgatando a coreografia dos antigos Carnavais. “Queremos levar para a Avenida, malandros com ginga reverenciando as mulheres com graça, firmeza e beleza”, diz a moça, filha do famoso Índio da Mangueira, que sai ao seu lado na linha de frente da ala. “Passista não tem cor, raça e nem tamanho”, define. Juliana perdeu a conta de quantas vezes foi surpreendida na escolha de novas passistas.

“Já vi mulher grande e mais cheinha sambar melhor do que as mulatas esculturais que a gente já identifica de longe como passistas”. Pura magia de Carnaval, como ensinou o mestre Candeia no trecho de um samba que Juliana Clara sabe de cor e cantarola para nós: “A idade não importa, a cor da tua pele não me interessa. Se tem perna torta, se tem perna certa. Basta saber se tem samba na veia. O samba veio de longe. Hoje está na cidade, hoje está nas aldeias. Nasceu no passado, vive no presente. Quem samba uma vez samba eternamente”.

Poeticamente, o recado das mulheres é dado em forma de sedução, negaceios e fugas. Os homens falam de cercos, gracejos e despistes. Traçam movimentos frenéticos cheios de significados: elas nos quadris e eles nos pés. A ala de passistas da Mangueira está cheia de estrelas dessa oratória do corpo, um espetáculo dos mais bonitos da Sapucaí.

PASSISTA

O bom trabalho da direção da ala, o ótimo elenco e um calendário extenso de ensaios deu resultado. Em 2011, Leandro Carvalho da Silva, passista da Mangueira, recebeu o prêmio Estrela do Carnaval, outorgado pelo site SRZD. É dele o depoimento que segue.

““O Carnaval foi-me apresentado desde muito novo, e cedo me liguei a essa manifestação de nossa cultura mais popular. Lembro de muitos desfiles, desde o começo da década de 90, e fui reparando que a Mangueira tinha a verdadeira raiz do samba. O valor que as cores da escola tinha nos desfiles e a tradição da perpetuidade do sangue sambista, e especialmente musical, das famílias Mangueirenses foi me levando à conclusão de que a Mangueira é a escola de samba de minha preferência, e para mim a Mangueira é Nação e comunidade.

Para muitos, só o negro sabe sambar. Tenho a mesma cultura de um negro, fui criado em comunidade e estimulado por um tio que vivia no meio, aceitei o desafio de contestar essa ideia. Um passista, para mim, é um grande destaque do carnaval, um clássico personagem do samba. Mesmo que hoje esse elemento não seja tão valorizado, o orgulho de poder levar esse título reina em meu coração. O desejo de sambar é insopitável sempre que ouço uma bateria, e minha bateria é a da Mangueira.

O prêmio que recebi: Estrela do Carnaval, melhor passista, do site especializado SRZD, me deu grande satisfação por valorizar um elemento tão tradicional do samba, e mais ainda pelo fato de não ser reconhecido pela minha cor. Pude mostrar que brancos também tem o samba no sangue. De fato não me considero o melhor, mas sei que esse momento era meu e fiquei orgulhoso de poder mostrar que também sambo, que amo o que faço e sou bom!”

PassistasA ala dos bambas

Sambanopé

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Passistas | 61

Page 32: Revista Mangueira - Carnaval 2012

PASSISTA

Dancers – the bambas wing

The wing of the dancers is one of the most popular wings in Mangueira and is full of bambas (exceptionally good samba dancers). “Most dancers march in the wing for many years and when someone leaves, we choose the one person who is always in the samba school court, showing that they can really dance,” teaches the dancer winner of the Estandarte de Ouro Award (2003) and Tamborim de Ouro Award (2005). Juliana has the help of two bambas: Fabiana Oliveira, who won the Estandarte Award of 2001; and Fábio Fully, awarded in 2010.

Together, they are rescuing the choreography of old Carnivals. “We want to bring to the Avenue, tricksters with swing honoring women with grace, strength and beauty,” says the girl, daughter of the famous Índio da Mangueira, who marches beside her on the front line of the wing. “Dancers have no color, race or size,” she defines. Juliana has lost count of how many times she was surprised by the choice of new dancers.

“I have seen chubby and big women dance better than the sculptural girl who you easily identify as a samba dancer.”Pure Carnival Magic, as taught by the master Candeia in the lyrics of a samba that Juliana Clara knows by heart and sings for us: “Age does not matter; the color of your skin does not interest me. If you have a crooked or a good leg; is enough to know that samba is in your veins. The samba has come from far. Today is in the city, is in the villages. It was born in the past, lives in the present. Who dance samba once, will dance it forever.”

Poetically, the message of women is given in the form of seduction, enticement and escapes. The men talk of siege, jokes and skidding. They trace frantic movements full of meanings: she, with her hips; and he, with his feet. The wing of the dancers of Mangueira is full of stars speaking with their bodies, one of the most beautiful spectacles in the Sapucaí Avenue.

The good work of the wing directors, the great cast and an extensive rehearsal were paid off. In 2011, Leandro Carvalho da Silva, a dancer from Mangueira, was awarded with the Estrela do Carnaval, granted by the website SRZD. It is his testimony that follows:

““The Carnival was introduced to me in an early age, and soon I was hooked by our most popular cultural-manifestation. I remember many parades, since de early 90’s, and I noticed that Mangueira had the real samba root. The value of the school colors in the parades and the tradition of perpetuity of the musical blood in the Mangueira families took me to the conclusion that Mangueira is the samba school of my preference; and for me, Mangueira is community and Nation.

For many, only people with African heritage can dance the samba. I was raised in a community by an uncle who lived in the same environment and I accepted the challenge to change this idea. The dancer, for me, is a great feature of the carnival, a classic samba character. Even today, when this character is not as valued, the pride of this title is in my heart. The samba dancing is an unquenchable desire when I heard the percussion, and my percussion is Magueira.

The award Estrela do Carnaval for best dancer, granted by the website SRZD, gave me great satisfaction, for appraising a traditional element of samba, and even more by not being recognized by my color. I could show that white people has also samba in their blood. In fact, I do not consider myself the better dancer, but I knew that that moment was mine and I was proud to show that I can also dance the samba, that I love what I do and that I am good at it!”

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Passistas | 63

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Refrão explosivo, frases diretas, melodia toda em tom maior: essas são as características do samba que vai embalar a Mangueira no carnaval 2012. Isso já demonstra que os componentes estão decididos a fazer uma verdadeira festa na nova Marques de Sapucaí.

Para compor a trilha sonora em homenagem ao bloco carnavalesco Cacique de Ramos, Júnior Fionda, Lequinho, Paulinho Carvalho e Igor Leal exercitaram, durante 2 meses, o dom da criação; chegando a alterar 12 vezes o refrão principal do samba até chegar na escolha que daria o título do samba oficial da Estação Primeira de Mangueira.

Porém, foi por pouco que os amantes da nação verde e rosa conseguiram o passaporte musical rumo à grande festa da Apoteose.

Júnior Fionda, 31 anos, um dos compositores do samba, não iria entrar na disputa para 2012; mas o poeta vencedor de outros 5 sambas na Estação Primeira de Mangueira deixou o coração falar mais alto e conseguiu, com muita luta, tatuar mais uma estrela de campeão em sua história.

Lequinho, 33 anos, o maior vitorioso do time – com 7 vitórias na agremiação – realça a importância de fazer uma obra marcante.

“A nossa intenção era fazer um samba com o mesmo apelo dos refrãos ‘Explode Coração’ (Salgueiro/1993) e ‘Nordeste’ (Mangueira/2002), que ao mesmo tempo tivesse uma melodia forte e contagiasse o público”. Segundo ele, era uma peça que se encaixava em qualquer samba e em qualquer enredo, o que seria capaz de contaminar de alegria todos aqueles que rezam pela cartilha carnavalesca.

Mangueira’s explosion samba

Explosive chorus, direct sentences, melody in major key: these are the characteristics of the samba that will shake Mangueira in the 2012 Carnival. This already shows that the components are determined to make a real party in the new Marques de Sapucaí.

To compose the soundtrack, in honor of bloco (carnival block) Cacique de Ramos; Junior Fionda, Lequinho, Igor Leal Carvalho and Paulinho exercised, for 2 months, the gift of creation; getting to the point of changing the main chorus 12 times until they reached the composition that would give their samba the title of official samba of Estação Primeira de Mangueira.

However, it was by close that the Pink and Green Nation lovers got the musical passport towards the great Apoteose (Apotheosis Square, a venue in the Sambadrome Marques de Sapucaí).

Junior Fionda, 31, one of the composers, would not enter the race for 2012; but the poet, winner of five other sambas in Estação Primeira de Mangueira, was led by his heart and managed, with much struggle, to tattoo another star in his winner history.

Lequinho, 33, the most successful of the team - with seven victories in the school - highlights the importance of doing a remarkable work.

“Our intention was to make a samba with the same appeal of the chorus ‘Explode Coração’ (Salgueiro/1993) and ‘Nordeste’ (Mangueira/2002), that had a strong melody and could excite the public, at the same time.”

According to him, it was a piece that would fit into any samba and any plot, which could contaminate with joy, all those who pray by the book of Carnival.

E o contágio aconteceu. O samba foi tomando conta do povo; e Paulinho Carvalho, 60 anos, o mais veterano da parceria – campeão de sambas memoráveis como “Tem xinxim e acarajé” (Mangueira/1986) e o famoso “Atrás da Verde e rosa só não vai quem já morreu” (Mangueira/1994) – ficou surpreso pelo fato de a composição de sua parceria ter sido escolhida de forma aclamada. A aceitação do samba, pela escola, indicou o caminho para o principal objetivo do músico, ao concorrer na disputa: ver que “O povo não perde o prazer de cantar”, diz o compositor citando o próprio samba.

Igor Leal, 30 anos, o mais novo a integrar a parceria – vencedor de diversos sambas enredos em outras agremiações

– diz que fizeram uma composição forte, alegre e bem pautada.

“Quando entrei na parceria, queria fazer um samba na contramão dos demais de minha carreira, que fosse contagiante e tivesse um refrão para cima”, conta. E quando indagado sobre a expectativa do desfile da Mangueira na avenida, o compositor diz que “o samba é a voz do morro”, aguardem a Mangueira, citou, parafraseando sua própria obra.

Entre conversas e batuques de mesa, os compositores fazem uma paradinha para reverenciar Ivo Meirelles, atual presidente e compositor campeão da escola.

Aplaudem o processo de seleção de sambas que ele estabeleceu na escola e que atraiu a confiança de centenas de compositores. Para o quarteto, o samba-enredo de 2012 é uma contribuição à grande festa que ele está preparando junto a Estação Primeira de Mangueira.

O samba explosão de Mangueira

And the contamination happened. The samba took over the public and Paulinho Carvalho, 60, the most veteran of the partnership – winner of memorable sambas as “Tem xinxim e acarajé” (Mangueira/1986) and the famous “Atrás da Verde e rosa só não vai quem já morreu” (Mangueira/1994) - was surprised by the fact that the composition of his partnership had been chosen with such acclaim. The acceptance of the samba, by the school, led the way to the musician’s main purpose, when competing in the dispute: to see that “The people do not lose the pleasure of singing,” says the composer, quoting his own lyrics.

Igor Leal, 30, the youngest to join the partnership - winner of several other sambas, in different schools - says that they made a strong composition, lively and well-guided.

“When I joined the partnership, I wanted to make a samba in a different direction of the others in my career, a samba that would be contagious and have a lively chorus,” he says. And when asked about the expectation of Mangueira’s parade at the Avenue, the composer says that “The samba is the voice of the slum,” await Mangueira, he quoted, paraphrasing his own work.

Between conversations and table drumming, the composers made a paradinha to honor Ivo Meirelles, current President and a winner composer of the school.

They applaud the selection process he set in the samba school, attracting the trust of hundreds of composers. For the quartet, the samba-plot of 2012 is a great contribution to the party that he is preparing with Mangueira.

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Compositores | 65

Page 34: Revista Mangueira - Carnaval 2012

Vou Festejar! Sou Cacique, sou MangueiraSamba enredo 2012Presidente: Ivo meirelles

Diretor de carnaval: Jeferson Carlos

Carnavaleco: Cid Carvalho

Autores: Junior Fionda , Lequinho, Igor Leal e Paulinho Carvalho

Cantores: Zé Paulo, Cuizito, Ciganerey e Vadinho

Salve a tribo dos bambas!

Onde um simples verso se torna canção...

Salve o novo palácio do samba!

O “Doce refúgio” pra inspiração

Debaixo da tamarineira

Oxossi guerreiro me fez recordar

Um lugar... O meu berço num novo lar

Seguindo com os “pés no chão”

“Raiz” que se tornou religião

Da boêmia, dos antigos carnavais

Não esquecerei jamais!

Firma o batuque, quero sambar... Me leva!

A Surdo Um faz festa!

Esqueça a dor da vida...

Caciqueando na avenida

Sim...

Vi o bloco passando, o nobre rezando e o povo a cantar

Sim...

Era um nó na garganta ver o Bafo da Onça desfilar...

Chora, chegou a hora eu não vou ligar

Minha cultura é arte popular,

Nasceu em Fundo de Quintal...

Sou Imortal e vou dizer

Agonizar não é morrer

Mangueira, fez o meu sonho acontecer...

O povo não perde o prazer de cantar

Por todo universo minha voz ecoou

Respeite quem pôde chegar

Onde a gente chegou!

Vem festejar, na palma da mão

Eu sou o samba, “A voz do morro”!

Não dá pra conter tamanha emoção

Cacique e Mangueira num só coração

Bis

Refrão

Page 35: Revista Mangueira - Carnaval 2012

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Page 36: Revista Mangueira - Carnaval 2012

O Palácio do Samba da Estação Primeira de Mangueira foi inaugurado em 1972, construído com o apoio de Chagas Freitas, então governador do estado da Guanabara. Um ano de grandes obras na cidade, com a ponte Rio-Niterói mudando a face de nossa baía; também em Mangueira tudo mudou, com a inauguração do viaduto e da quadra trazendo ares de modernidade e conforto para o povo do morro.

Quarenta anos se passaram. Hoje, a quadra da Mangueira é uma sombra do sonho que a nomeou palácio. O palácio ficou pequeno para um reino tão grande, e não recebe os visitantes com o conforto e a segurança que merecem e que qualquer espaço de reunião pública deve oferecer atualmente. Nos dias de festas e ensaios, a quadra não dá conta nem da metade do público que vem à Mangueira, ficando o entorno transtornado por centenas de carros mal estacionados e milhares de pessoas esperando um espacinho para sambar com a Surdo Um.

A quadra que a Mangueira aspira deve ser do tamanho da nação verde e rosa. Deve receber com dignidade o povo pobre do morro, dar conforto ao visitante de fora e segurança para todos. Não sonhamos apenas com um novo espaço para os ensaios e atividades da escola; sonhamos com um palácio, o novo Palácio do Samba. Queremos um espaço à altura da importância da Estação Primeira na cultura da cidade.

The new Palace of Samba

The Palace of Samba of Estação Primeira de Mangueira was opened in 1972, built with the support of Chagas Freitas, governor of the State of Guanabara, in that time. A year of great works in the city, with the Rio-Niterói bridge changing the face of our bay; also in Mangueira, everything had changed with the opening of the viaduct and the court, bringing an air of modernity and comfort to the people of the slum.

Forty years have passed. Today, the court of Mangueira is a shadow of the dream that gave it the name of palace. The palace became small for so great a kingdom, and does not receive visitors with the comfort and security they deserve, and that any area of public meeting must provide today. In days of parties and rehearsals, the court is not even big enough for half the audience that comes to Mangueira, getting the surrounding disturbed by hundreds of badly parked cars and thousands of people waiting for a little space to dance samba with Surdo Um.

The court that Mangueira aspires must be the size of the green and pink Nation. It should receive with dignity the poor people of the slum, give comfort to the visitors from outside and security for all. We do not just dream of a new space for rehearsals and school activities; we dream of a

Um grande espaço da cultura popular carioca, que seja referência e foco de nosso subúrbio, onde possamos abrigar os grandes espetáculos da cultura popular brasileira, onde possamos receber os suburbanos e os cariocas da zona sul com todo o conforto e segurança.

Que seja um polo de atração da zona norte, onde recebamos artistas para grandes espetáculos e onde possamos celebrar a cultura. Onde os turistas, que tanto nos assediam, vejam como é pujante e como é valorizada a cultura do nosso povo.

Então nos inspiramos na Vila Isabel, que em 88, com o enredo Quizomba, cantou na avenida “nossa sede, nossa sede” e teve seu sonho realizado. Também nós vamos bradar na avenida, o sonho do novo Palácio do Samba e esperamos sensibilizar aqueles que conduzem os rumos da nossa cidade.

Acreditamos que o nosso sonho está próximo de se realizar; temos recebido sinais do Prefeito Eduardo Paes e do Governador Sergio Cabral, indicando que os maiores esforços estão sendo feitos no sentido de atender a essa reivindicação e marcar para sempre a história da Mangueira, que nasceu da mente de gente humilde, em um terreiro de terra batida, e tanto já fez pela a cultura brasileira.

Roberta alencastro

palace, the new Palace of Samba. We want a space equal to the importance of Estação Primeira in the city’s culture. A large area of popular culture in Rio, being reference and center of our poorer districts, where we can house the great spectacles of Brazilian popular culture, where we can receive the poorer and the richer districts with all the comfort and safety. It should be a pole of attraction in the northern area of Rio, where we can welcome the artists for major shows and where we can celebrate the culture. Where tourists that come to us so often, can see how much thriving and valued is the culture of our people.

So we can inspire on Vila Isabel, which at 88, with the plot Quizomba, sang in the avenue “our headquarters, our headquarters” and had its dream come true. Also we’ll cry in the avenue, the dream of the Palace of Samba, and hopefully sensitize those who lead the direction of our city.

We believe that our dream is about to take place; we have received signals from the Mayor Eduardo Paes and from the Governor Sergio Cabral, indicating that greater efforts are being made to meet this demand and mark forever the history of Mangueira, which was born from the mind of humble people, in a dirt yard, and has done so much for the Brazilian culture.

Roberta alencastro

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 O novo palácio do samba | 71

Page 37: Revista Mangueira - Carnaval 2012

Agora que estamos em véspera de eleição na Mangueira, quero fazer público um balanço desses 3 anos à frente da escola, com uma autocrítica sincera e, espero, uma crítica também sincera dos que me leem. Essa é minha forma de prestar contas aos milhões de mangueirenses espalhados pelo mundo.

Almejei durante muitos anos a oportunidade de conduzir a nação verde e rosa, e ao longo desse tempo fui observando, criticando e me preparando para a tarefa.

Fui presidente da bateria, por duas ocasiões, e vice-presidente da escola. Me afastei por não concordar com a forma como a Mangueira era conduzida e para focar um pouco mais

na carreira de músico e comentarista de TV. Mas confesso que em muitos momentos, desse meu mandato, me vi surpreendido pela enorme e árdua tarefa que é a presidência. Olhando para trás agora, tenho a certeza de ter sempre seguido o norte do que acho melhor para escola, respeitando sua tradição no carnaval e o que merece seu povo.

Então vamos lá!

Minha praia é a música, e minha formação foi na bateria da verde e rosa. Não é estranho, portanto, que samba- enredo e bateria fossem minhas prioridades no carnaval.

O samba é a linha guia da escola; dá o tom do desfile e é também a única ferramenta de campanha pública que dispomos antes do carnaval. É importantíssimo que agrade a todos e que toque nas rádios e nas casas das pessoas, para que quem assiste e quem desfila tenha-o na cabeça na hora H. Eu assumi sozinho a tarefa de selecioná-lo, e críticas como centralismo, excesso de confiança ou arrogância foram as mais amenas que recebi.

Na verdade, eu trouxe para mim a missão de demonstrar que na Mangueira haveria imparcialidade, que a qualidade do samba e sua capacidade de levar a escola seriam os únicos critérios levados em conta; e que panelas, esquemas, pressões ou agrados não teriam espaço.

Quando tomei essa decisão, vínhamos de uma disputa de samba com apenas 12 composições inscritas. O anúncio do novo formato inspirou confiança, e no primeiro ano houveram 42 sambas inscritos. O samba vencedor era de autoria de uns rapazes de Niterói, sem qualquer vínculo comigo ou com o cotidiano da escola; e olha que os caras

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Balanço de Gestão | 73

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competiram com bambas da Mangueira. A partir daí, passou-se a creditar que na Mangueira venceria o melhor, e isso fez com que no ano seguinte houvessem 168 sambas inscritos.

Minhas escolhas foram sempre duramente criticadas; até o lançamento do CD das escolas de samba, quando o povo começava a silenciar e o desfile na avenida consagrou nossos hinos, em 2010 e 2011. O samba-enredo da Mangueira de 2011 – em homenagem ao compositor Nelson Cavaquinho – foi o único a receber nota 10 de todos os cinco jurados na avenida; mas antes disso, bateram pesado na obra e em mim, por tê-lo escolhido.

Acabamos de passar pelo primeiro teste do samba que escolhi para 2012. Na gravação do clipe feita pela LIESA – quando os sambas são apresentados na Cidade do Samba para uma platéia de convidados das escolas – pelo que escutei em volta, através das cabeças em minha direção e minha arrogância, acho que temos de novo um samba lindo, que embala a escola e une os desfilantes da comunidade e os que se juntam a eles no desfile.

Mas o mais importante disso tudo, foi o fato de recebermos 304 inscrições esse ano, vindas de todo o país e do exterior. Recebemos gravações feitas em estúdio, com músicos profissionais; e gravações caseiras, de voz e violão.

Compositores tarimbados e amadores, todos unidos na fé de que se o samba for correto, vai para seleção na quadra; e se for bom, vai passar pelas etapas na medida em que una beleza, capacidade de empolgar, facilidade de canto e, é claro, respeito ao enredo. Agradeço aqui, a confiança dos mais de 400 autores que participaram, com fé, dessa jornada.

A bateria é minha vida! A Surdo Um, minha família! Sei de suas possibilidades e é desse grupo que mais exijo; a bateria da Mangueira tem que ser, no mínimo, perfeita. O “Surdo Um” virou marca forte. Venho, lentamente, fazendo os ritmistas da Mangueira acreditarem que não existe bateria com tamanha personalidade. Foi perfeita em 2010, e mágica em 2011!

Com os 21 segundos de paradona sacudiu a Sapucaí e levou TODOS os prêmios que os especialistas oferecem ao carnaval: Estandarte de Ouro, Tamborim de Ouro, Tupi, etc. Ousadia calcada em confiança, a tal que tenho em excesso. Essa eu preciso agradecer a cada um dos ritmistas, em especial ao Mestre Ailton, que aceitou “carregar o piano” após eu demitir toda a direção de bateria, a menos de um mês do carnaval. Parar a bateria por 20 segundos e voltar com ela no tempo exato, escutando o canto feliz da minha escola na avenida? Nem “Mastecard”.

O casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira é outro ponto de honra em minha administração; e foi a Mangueira que inventou essa tradição. O Mestre Maçu criou as coreografias e a posição de mestre-sala e porta-bandeira. Ele foi o mestre de todos os mestres!

Depois dele, o Delegado – que jamais desfilou pela Mangueira com uma nota abaixo de 10 - elevou o bailado de mestre-sala ao status de arte. Então esse é um lugar sagrado em nossa escola.

Muitos desconhecem que assumi a Mangueira, já sem o casal antigo. Já estavam assinados com outra escola, sem ao menos conversar comigo. Então, corri e contratei um casal de fora do morro. Também fui muito criticado por isso.

O resultado veio rápido! No carnaval de 2011, o único casal de mestre-sala e porta-bandeira que somou 30 pontos foi Rafael Rodrigues e Marcella Alves, da Mangueira! Também trouxeram para nós, um Tamborim de Ouro. Então, acho que está claro o motivo de estarem conosco. Obrigado, aos dois, por terem se mantido firmes e por serem o exemplo de profissionalismo e dedicação que são!

Sobre Comissão de frente, serei breve. Assim que assumi fui ao encontro do Carlinhos de Jesus, que não aceitou a minha proposta de trabalhar na Mangueira. Eu perdi o chão! Não tinha nenhum profissional em vista. Foi quando apareceu o Jaime Arôxa, de repente, se dizendo disponível para o desafio que era a Mangueira.

Deus tem sido muito generoso comigo. “Jaiminho” foi, nesses 2 anos, um gigante! Suas duas comissões foram de extrema

competência, criatividade e bom gosto. A última levou a maioria dos prêmios de carnaval dos especialistas, fora as notas 10 de todos os julgadores. Jaime Arôxa é mais um a ter a nova cara da Mangueira!

A escolha de nossos enredos foi outro ponto em que finquei pé em defesa da tradição da Mangueira. A missão primordial das escolas de samba, a razão de elas existirem, é a manifestação da cultura popular; preservar e difundir essa cultura são as tarefas maiores.

Portanto, decidi que em minha gestão, a Mangueira iria falar da arte do povo. Diferente do que pode parecer, esse é um caminho difícil Recebi inúmeras propostas de enredos comerciais, já patrocinados. Um dinheiro que tornaria a vida do barracão e da gestão da escola um mar de rosas.

Eu optei pela contra mãe disso, por enredos em que o Mangueirense se sentiria bem. Em 2011, saudamos o centenário de Nelson Cavaquinho, através do qual homenageamos a poesia do morro.

Não preciso contar com que garra e com que orgulho a Mangueira cantou este samba. A história está aí para contar o desfile lindo que fizemos; embalado por um coro que em longos momentos segurou o desfile, cantando, à capela, a estrofe que dizia: “prazer, me chamo Nelson Cavaquinho. Tatuei em meu caminho, seletas notas musicais”. Na transmissão, da rede globo, de um desses momentos (disponível no Youtube), tem alguém que grita ao fundo:

“que coisa linda”.

Um entre tantos, registrado em nome da exclamação mais escutada no percurso mangueirense da avenida. Foi lindo mesmo! Será que o dinheiro de um enredo encomendado teria nos dado essa emoção? Será que forjaria na memória da minha comunidade, uma lembrança tão forte? O enredo da Mangueira mereceu nota 10, dos 5 julgadores do quesito; feito só igualado pela campeã do carnaval.

É por isso que no próximo ano vamos falar novamente sobre nós, do carnaval e do samba; vamos festejar o Cacique de Ramos. É de novo um enredo sem patrocinador, um enredo puramente cultural.

Tem sido dura a realidade cotidiana de nosso barracão, mas em compensação têm sido lindas as festas em nossa quadra, e sei que a empolgação não vai nos faltar na avenida.

Nessa minha história à frente da Mangueira, venho enfrentando com naturalidade as críticas pertinentes

ao trabalho de administração da escola e às questões diretamente inerentes ao desfile.

Procuro sempre escutar e entender o que posso aprender, e reconsiderar o que devo defender com unhas e dentes. Mas há críticas que não visam somar, que visam derrubar. Histórias inventadas para me desacreditar pessoalmente, que normalmente não são feitas às claras; são notas enviadas à imprensa, são fofocas ditas em esquinas. Golpe sujo e baixo, tentando denegrir meu nome e minha imagem custe o que custar; e vindo de quem conhece a realidade dos morros do Rio.

Eu queria conhecer um só projeto, de qualquer ordem, que se realizou em alguma favela carioca e que não conviveu ou conversou com a ordem vigente. Hipócritas! Assumi a direção de uma escola de samba do morro. Não sou o Estado! Não sou o Poder Público!

O que sempre procurei fazer foi levar a minha escola da melhor forma possível, preservá-la em sua essência cultural e reforçar sua característica de patrimônio cultural, comum a uma enorme comunidade de moradores e torcedores; propriedade de todos que a amam.

Reconheço as brigas que encarei e as que ainda estão por vir, e as estou encarando de peito aberto, pelo bem da minha escola.

A minha guerra é outra! A luta que assumi é a luta da arte e da cultura. Essa é a minha praia e é a praia da Mangueira. As outras não cabem a mim. Todos nós, na Mangueira, tentamos e sonhamos com uma nova realidade social; buscamos cidadania.

O meu papel sempre foi o de assegurar a integridade da única bandeira que reconheciam e que a todos abrigava, a nação que os reconhecia. Uma bandeira que foi bordada com a riqueza da nossa cultura, colorida pela poesia das nossas veias e encantada com os batuques do nosso peito: a bandeira da nação mangueirense, que levanto bem alto, com coragem, paixão e deferência.

Cada mangueirense é um diretor de carnaval, como cada brasileiro é um técnico da seleção; e não passo ileso em lugar nenhum do Brasil sem uma pergunta, uma dica ou uma cobrança. Respondo a todas com a única Verdade que é maior que todas para mim: meu incondicional amor por minha escola.

E vamos Festejar!

ivo meirelles Presidente da Estação Primeira de Mangueira

A missão primordial das escolas de samba, a razão de elas existirem, é a manifestação da cultura popular; preservar e difundir essa cultura são as tarefas maiores.

Balanço de Gestão | 75Revista da Mangueira | Carnaval 2012

Page 39: Revista Mangueira - Carnaval 2012

Balance Management

Now that we are next to election in Mangueira, I want to make public a balance of these three years I am in charge of the school, with a sincere self-criticism, and hopefully, also an honest critique from the readers. This is my way of reporting to the millions of Mangueirenses (the people who cheer for Mangueira) around the world.

For many years I longed for the opportunity to lead the Green and Pink Nation and during this time I was observing, criticizing and preparing myself for the task.

I was president of the Percussion Section in two occasions, and Vice-President of the school. I left when I disagreed with how Mangueira was being conducted and to focus in my musician and television comentarist carreers. I confess that many times, in my administration, I found myself surprised by the enormous and arduous task that is the presidency.

Looking back now, I am sure I have always followed the path of what I thought was best for the school, respecting its tradition of carnival and what its people deserved.

So let’s go!

Music is my world, and I was brought up in the Green and Pink Percussion Section. It is not strange; therefore, that samba-plot and drums were my priority in the carnival.

Samba is the guideline of the school; is the tone of the show and also the only tool we have for public campaign before the Carnival.

It is important that pleases everyone; plays on the radio and in people’s homes so who watches and who marches have it on their minds at the H-hour.

I took the task of selecting it myself, and criticism as centralism, overconfidence and arrogance were the most pleasant I have received.

I actually took on the mission to demonstrate that Mangueira would be impartial, that the quality of the samba and its ability to keep up with the school would be the only criterias taken into account; and closed groups, schemes, pressure or perks would not have space here.

When I made this decision, we were coming from a dispute – over the best samba – with only 12 songs inscribed.

The announcement of the new format inspired confidence, and in the first year there were 42 sambas inscribed . The winner samba was written by some guys from Niterói, who had no connection with me or with the daily life of school; and these guys competed with Mangueira’s best.

From there on, people started to believe that in Mangueira the best would win; and this has made the inscriptions go up to 168, in the next year.

My choices have always been harshly criticized, until the release of the samba schools’ CD, when the people began to be silence and the parade consecrated our songs in 2010 and 2011.

The Mangueira’s samba-plot of 2011, in honor of the composer Nelson Cavaquinho was the only one to receive a score of 10 from all five judges at the Avenue; but before that, people were harsh about the song and about the choice I have made.

We have just passed the first tests of the sambas I have chosen for 2012; at the video clip recording, made by LIESA - when the sambas are presented in the City of Samba to an invited audience – for what I heard through the people next to me and my “arrogance”, I think we have a new beautiful samba, which shakes the school and connects the community marchers and those who join them in the parade.

But most important of all was the fact that we have received 304 inscriptions this year, from across the country and abroad.

We received recordings made in studio, with professional musicians; and home recordings, with only voice and guitar.

Professional and amateur composers, all united in the belief that if the samba is right, it will get into the court selections, and if it’s good enough, will get through the rounds in the condition of having beauty, ability to excite, ease of singing and of course, respect for the plot.

I thank here, the trust of more than 400 authors who participated of this journey, with faith.

The Percussion Section is my life! Surdo Um is my family!

I know their abilities and from this group I demand more; the Percussion Section of Mangueira must be at least perfect.

Surdo Um was turned into a strong brand. Slowly, I have been making the percussionists believe that there is no percussion with so great personality. It was perfect in 2010, and magic in 2011! The 21 seconds of our great stop shaked the Sapucaí and led us to ALL awards ofered to the Carnival: Estandarte de Ouro, Tamborim de Ouro, Tupi, etc.

Daring grounded in trust, the same trust I have in excess.

For this I need to thank each of the drummers, and specially to Master Ailton, who accepted to “carry the piano” after I dismissed the whole Director Board of Percussion, less than a month for the Carnival. Stopping the percussion for 20 seconds and getting back in the exact time, listening the happy choir from my school? Not even “Mastecard.”

The Flag Carrying Couple is an important point of my administration; and it was Mangueira that invented this tradition. Master Maçu created the choreography and the position of dance master and flag carrier. He was the master of all masters. After him, Delegado – who never paraded for Mangueira with a score below 10 – raised the dance of the dance master to the status of art.

Therefore, this is a sacred position in our school.

Many are unaware that I assumed Mangueira, already without the former couple. They were signed with another school, without even talking to me. So I ran to hire a couple of off the slum.

I was also heavily criticized for that.

The result came fast! In the carnival of 2011, the only flag carrying couple who added 30 points was Rafael Rodrigues and Marcella Alves, from Mangueira! They also brought us a Tamborim de Ouro Award. So I think it’s clear why they are with us. Thank them both for having remained firm and for being an example of professionalism and dedication.

The primary mission of samba schools, the reason they exist, is the manifestation of popular culture; to preserve and disseminate this culture are the major tasks.

Balanço de Gestão | 77Revista da Mangueira | Carnaval 2012

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Balanço de Gestão | 79Revista da Mangueira | Carnaval 2012

I will be brief about the Front Commission. As soon as I took office as a President, I met with Carlinhos de Jesus, who did not accept my proposal to work for Mangueira. I was knocked off my feet! I did not have other professional in sight. That was when Jaime Arôxa suddenly appeared, saying that he was available for the challenge.

God has been very generous to me. “Jaiminho” was a giant in these two years! His two commissions were of extreme competence, creativity and good taste. The last, won the majority of carnival awards from experts, apart from the scores of 10, won from all the judges. Jaime Arôxa is another person to have the new face of Mangueira!

The choice of our plot themes was something that I put my feet down, in defense of the tradition of Mangueira. The primary mission of samba schools, the reason they exist, is the manifestation of popular culture; to preserve and disseminate this culture are the major tasks.

So I decided that in my administration, Mangueira would talk about the art of people. Unlike what may seem, this is a difficult path.

I have received numerous proposals for commercial plot themes, already sponsored. Money that would make the shed and the school management, a bed of roses.

I chose the opposite of that, I opted for plots that would make the people of Mangueira feel good.

In 2011, we saluted the centennial of Nelson Cavaquinho, through which we paid tribute to the poetry of the slums.

I do not need to tell the power and pride which with Mangueira sang that samba. The history is there to tell the beautiful parade we have done, involved by a chorus that led the parade for long moments, singing a cappella, the verse saying: “Pleasure, my name is Nelson Cavaquinho. I Tattooed on my path, selected musical notes.”

In the broadcasting from the Globo channel of one of those moments, (available on YouTube) someone screamed in the background: “it was beautiful.”

One among many, registered in the name of the exclamation most heard in the Mangueira Parade. It was beautiful indeed!

Would the money from a commissioned plot have given us this emotion? Would it forge, in the memory of my community, a remembrance so strong?

Mangueira’s plot theme earned a score of 10 from the five judges of the item; accomplishment only achieved by the champion of that Carnival.

That’s why next year we will, again, speak about us, about carnival and samba; let’s celebrate Cacique de Ramos. It is again a plot theme without sponsorship, a plot purely cultural.

It has been hard the everyday reality of our shed; but in return, the parties at our court have been beautiful. And I know that the excitement will not be lacking in the Avenue.

In my history ahead of Mangueira, I have been naturally facing the criticism pertinent to my administration and to issues directly related to the parade.

I always try to listen and understand what I can learn, and to reconsider what I should defend tooth and nail. But there are bad criticisms aimed to overthrow.

Made up stories to discredit me, personally, that are not made in the open; they are notes sent to the press, gossips made up in the streets.

A low blow, trying to tarnish my name and my image at all costs; and coming from the people who know the reality of the slums of Rio

I wanted to meet a single project, of any kind, which was held in a slum of Rio and did not live or talk with the existing order. Hypocrites!

I assumed the administration of a samba school in the slum. I am not the State! I am not the Government!

What I have always tried to do was to take care of my school the best way possible, preserving its cultural essence and strengthening its cultural heritage, shared by a huge community of residents and fans; property of all who love the school.

I acknowledge the fights I faced and those still to come, and I am facing head on, for the sake of my school. My war is another one! My fight is about art and culture.

This is my ground and is Mangueira’s ground either.

The others are not up to me. All of us, of Mangueira, dream of a new social reality; we are pursuing citizenship.

My role has always been to ensure the integrity of the only flag they recognized, and that was home for everybody, the nation that recognized them. A flag that was embroidered with the richness of our culture, colored by the poetry of our veins and delighted with the drums of our heart: the flag of the Mangueirense Nation, which I raise up high, with courage, passion and deference.

Each Mangueirense is a Carnival Director, as each Brazilian is a soccer coach; and I am not safe, anywhere in Brazil, from a question, a tip or a charge.

I reply to all, with the only truth that is bigger than everything to me: my unconditional love for my school.

And let’s party!

ivo meirelles President of Estação Primeira de Mangueira

I reply to all, with the only truth that is bigger than everything to me: my unconditional love for my school.

Page 41: Revista Mangueira - Carnaval 2012

É por isso que aqui, nesta revista que vira um documento do ano da Escola, quero colocar a limpo todas essas questões e fazer com que cada mangueirense pense no que quer para sua escola. Àqueles que votam em suas eleições e àqueles que pensam os rumos desse patrimônio, que é de todos e não deve ser de ninguém.

Nestes tempos, o carnaval das escolas de samba não se faz apenas com as verbas vindas dos subsídios públicos e das participações em ingressos e direitos de transmissão. Esses recursos são garantidores mínimos da realização de um desfile, recebidos por todas as escolas do grupo especial; mas pra entrar na competição em condições de disputar o carnaval é preciso agregar, no mínimo, uma parcela igual a essa. Aliás, para manter-se no grupo especial essa verba já é pequena.

As escolas recorrem então à captação de patrocínios, na maior parte das vezes comprometendo até a identidade que vão assumir na avenida, alinhando seus enredos à identidade de seus patrocinadores. Nesses casos, as leis de incentivo são fundamentais para a atração dos patrocinadores, mas são ainda mais indispensáveis se a escola faz a opção que a Mangueira fez nesses anos, de eleger um enredo alinhado com a sua própria identidade e que não encontra afinidade com os interesses comerciais e de marketing de empresas ou destinos turísticos.

A própria Mangueira lançou mão dessas leis de incentivo em muitos de seus carnavais. Principalmente da lei Rouanet, do Governo Federal, e da lei do ICMS, do Governo do Estado. E assim, viabilizou recursos e alguns belos carnavais (outros nem tanto, apesar do dinheiro levantado). A maioria das pessoas esperava que eu fizesse uso destes benefícios, e eu também..

O grande problema que encontrei, o maior a enfrentar na minha gestão, é que esses benefícios fiscais estavam bloqueados para a Mangueira, como ainda estão, por conta da irresponsabilidade de gestores anteriores à mim, que não prestaram contas de forma adequada. Alguns nem mesmo apresentaram qualquer prestação de contas, sujando o nome da escola e deixando-a inadimplente frente às leis de incentivo.

Todo mundo que já teve seu nome sujo, que por um motivo ou por outro, teve seu CPF no cadastro de maus pagadores e sofreu pela falta de crédito, vai entender bem do que eu estou falando.

A Estação Primeira de Mangueira, nosso tesouro mais valioso, tem seu nome sujo por causa da irresponsabilidade de gente que lutou muito para ser “Presidente”, e que o fez sem qualquer preocupação com o futuro... futuro esse, herdado por mim.

Há pouco tempo, o recém nomeado Baluarte da Mangueira, José Carlos Netto publicou um texto em um site de carnaval com a pergunta “Por que ser presidente?”.

Minha resposta é simples. Ser Presidente da Mangueira é, para mim, retribuir à Mangueira tudo o que ela me deu. Sou quem sou porque nasci e me criei sob esta bandeira e neste território. Um território que não é demarcado apenas pelas vielas da favela da Mangueira, mas por limites muito mais largos, traçado a pincéis de tradição e cultura.

Sou filho de um dos mais ferrenhos lutadores dessa escola (Ivan Meirelles) e de uma das mais brilhantes passistas de sua época (Nanãna). Verde e rosa foram as cores que tingiram meu sangue desde moleque. E dessa fonte veio minha identidade e veio minha carreira. Do morro, veio a minha “marra” e meu

desejo de vencer. Então, todos os anos que dediquei à escola foram gastos querendo vê-la sempre grandiosa, melhor onde se pode mudar e igual onde se deve manter.

Hoje, depois de 3 anos à frente de sua gestão, e tendo que enfrentar problemas enormes deixados por antecessores, a pergunta do baluarte ressoa forte no meu peito. O que foi que fez todos nós almejarmos esse cargo? Que sentimento nos guiou para isso? E quando cheguei aqui como Presidente, ouvi muito sobre os feitos de gestões passadas. Mas a verdade é outra! Os interesses eram outros.

Matutando esse tema, me vi na obrigação de dividir com a nação mangueirense os problemas que encontrei que dificultaram enormemente minha tarefa de levar para mais alto o nosso pavilhão, com respeito ao seu povo e ao seu nome sagrado.

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Ficha limpa | 81

A Estação Primeira de Mangueira, nosso tesouro mais valioso, tem seu nome sujo por causa da irresponsabilidade de gente que lutou muito para ser

“Presidente”, e que o fez sem qualquer preocupação com o futuro... futuro esse, herdado por mim.

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(1) Projetos que levaram à inadimplência junto ao ministério da cultura – lei rouanet

Nome do Projeto ano Presidente Valor Captado Andamento Ministério da Cultura

Centro Cultural Petrobras Mangueira

2008 Ely Gonçalves da Silva 700.000,00 Inadimplente - não apresentou Prestação de Contas e não demonstrou ter devolvido os recursos captados; e não respondeu às diligências do Ministério, solicitando providências.

Centro Cultural Petrobrás Mangueira

2007 Ely Gonçalves da Silva 656.610,96 Inadimplente - não apresentou Relatório Final conforme modelo do Ministério da Cultura e não apresentou o material de divulgação observando o previsto no projeto; e não respondeu às diligências do Ministério, solicitando providências.

Carnaval 2007 2007 Ely Gonçalves da Silva 450.000,00 Inadimplente - não apresentou o material de divulgação conforme o previsto no projeto e não respondeu às diligências do Ministério, solicitando providências. A diligência solicita dois exemplares do catálogo e um exemplar da camiseta.

Plano Anual de Atividades do Centro Cultural BR Mangueira

2004 Alvaro Luiz Caetano 300.000,00 Inadimplente - não respondeu à diligência da Prestação de Contas.

Mangueira Carnaval 2004 2004 Alvaro Luiz Caetano 1.569.500,00 Inadimplente – não apresentou: (i) relação de pagamentos devidamente assinada; (ii) relatório de bens de capital; (iii) relatório de bens imóveis; e (iv) material de divulgação, conforme o Plano Básico de divulgação, ou seja, 01 exemplar do catálogo, do boné, da camiseta e do abanador. Não respondeu à diligência da Prestação de Contas.

Oficina de Carnaval e Espaço Praça 11

1996 Elmo José dos Santos 2.978.750,21 Inadimplente – não respondeu à diligência na prestação de contas.

Mangueira - carnaval 2005 2005 Alvaro Luiz Caetano 1.000.000,00 Inadimplente – não apresentou relatório de bens de capital e relatório de bens imóveis, ambos devidamente assinados; cópias do material de divulgação, conforme o Plano Básico de Divulgação; e cópias dos comprovantes fiscais (Notas Fiscais, Recibos, DARF, Faturas). Não respondeu à diligência da Prestação de Contas.

Mangueira - Carnaval 2006 2006 Alvaro Luiz Caetano 540.000,00 Inadimplente – não apresentou (i) relatório de bens de capital; (ii) relatório de bens imóveis; (iii) cópias dos comprovantes fiscais (Notas Fiscais, Recibos, DARF, Faturas) e (iv) material de divulgação. Não respondeu à diligência da Prestação de Contas.

Reforma do Galpão do Centro Cultural da Mangueira

2002 Alvaro Luiz Caetano 0,00 Inadimplente – não respondeu à diligência na prestação de contas.

Como podem ver, a situação que enfrentei é crítica; mas os problemas não param por aí. Os documentos que deveriam formar as prestações de contas, como notas fiscais, recibos e comprovação de realização dos eventos – com fotos e materiais de divulgação – não estavam na sede da escola.

A memória documental da escola, que deve ser mantida por força de lei, foi retirada de sua guarda sem deixar traços. Isso torna a tarefa de quitar as pendências junto aos órgãos públicos ainda mais complicado.

E para coroar toda essa lambança, desculpem o termo, esses malfeitos respingam em nossos patrocinadores. Aqueles que ajudaram a escola a sobreviver enfrentam problemas junto às esferas públicas. Fiz todos os esforços possíveis no sentido de sanar esses problemas, contratei advogados, me reuni com os técnicos do ministério e consegui sanar muitas dessas ocorrências. Mas não posso inventar

documentos, não posso fazer surgir notas fiscais de anos passados, não posso fazer mágicas.

Tomei então a única atitude possível e através dos advogados notifiquei judicialmente os presidentes responsáveis por esses projetos, para que apresentem cópias da documentação pertinente e se prontifiquem a arcar com a responsabilidade de limpar o nome da nossa escola. De um deles recebi de volta uma notificação – pasmem – informando que não é de sua responsabilidade se aqueles que depois dele vieram, não resolveram os problemas que deixou. Acho que isto diz tudo, não é?

Então, a pergunta feita pelo Baluarte, “por que ser Presidente?”, não pode ficar sem resposta. Pelo menos de minha parte.

ivo meirelles Presidente da Estação Primeira de Mangueira

(2) Projetos que levaram à inadimplência junto a secretaria estadual de cultura – lei do icms

Nome do Projeto ano Presidente Valor Andamento Ministério da Cultura

Mangueira do Amanhã 2003 Alvaro Luiz Caetano 244.484,18 Ausência de relatório final, ausência extrato bancário, nota fiscal indevida.

Realeza do Samba da Vila e da Mangueira – Martinho e Jamelão

2004 Alvaro Luiz Caetano Ausência de carta do patrocinador no relatório final, ausência de comprovante de encerramento de conta e ausência da comprovação de recolhimento de encargos sociais ao valor de R$ 24.811,00.

Oficina Cultural do GRES Estação Primeira de Mangueira

2005 Alvaro Luiz Caetano 244.893,45 Ausência de carta do patrocinador no relatório final, ausência de comprovante de encerramento de conta, 4 notas fiscais com data de emissão vencida.

Revista Cultural Anual do GRES Estação Primeira de Mangueira

2005 Alvaro Luiz Caetano 255.236,22 Ausência da relação de pagamentos, ausência do comprovante de encerramento de conta e ausência da comprovação de recolhimento de encargos sociais

Setenta e sete anos de glória e cultura popular

2005 Alvaro Luiz Caetano 93.130,41 Planilha de prestação de contas sem assinatura, uso de documentos fiscais impróprios.

Grêmio Cultural Mangueira do Amanhã

2001 Elmo José dos Santos 268.049,99 Ausência de relatório final do projeto, ausência de extrato bancário e comprovante de encerramento de conta, uso de nota fiscal de serviços fora do escopo do projeto.

E essa bomba, que por conta da burocracia e de mil recursos jurídicos para adiamento das responsabilidades, explodiu em minhas mãos. E os problemas de cada gestão foram sendo jogados para frente, de presidente em presidente, cada um não querendo resolver o que vinha do passado e repetindo os erros numa corrente sem fim.

A minha opção, ao invés de tentar jogar essa batata quente na direção do futuro, foi a de entrar fundo nessa questão.

Contratei o melhor escritório de advogados especializado nas leis de incentivo à cultura e investi uma grande soma de recursos, esses mesmos que nos faltam no dia a dia da escola e no seu carnaval, para tentar desatar esse nó.

Mas não admito que isso passe em branco. Não vou limpar a sujeira, sem alertar a todos sobre a responsabilidade de cada ex-presidente que não cuidou do bom nome da nossa escola.

É minha responsabilidade limpar o nome da escola assim como é minha responsabilidade alertar a todos para que isso nunca mais se repita.

Os quadros a seguir apresentam todos os processos em que o Ministério da Cultura informa haver problemas (1) e aqueles em que há problemas junto à Secretaria de Cultura do Governo do Estado (2). Esses problemas vão desde a mais simples providência, que poderiam ter sido resolvidos na época com um mínimo de esforço, até os mais graves, como prestação de contas sequer apresentada.

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Ficha limpa | 83

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MangueiraAmanhã

do

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Aqui, as crianças participam de todo o processo de criação e construção do carnaval; além de aprender a sambar, tocar instrumentos, cantar e fazer fantasias e adereços.

A escola de samba mirim GRCESM Mangueira do Amanhã é um dos projetos que compõem o programa social da Mangueira de que mais nos orgulhamos, pois cumpre a importante missão de iniciar as novas gerações na prática do samba e da cultura popular, e de ser o celeiro de talentos da escola.

Aqui, as crianças participam de todo o processo de criação e construção do carnaval; além de aprender a sambar, tocar instrumentos, cantar e fazer fantasias e adereços. Foi fundada pela cantora Alcione, que é sua presidente de honra há 25 anos.

A escola que este ano desfila Chico Buarque da Mangueira, enredo da escola mãe no campeonato de 1988, reúne cerca de 1.500 crianças com idade entre 7 a 17 anos.

Ao assumir a presidência do G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira, Ivo Meirelles nos honrou, a mim e a Deise, com o convite para formar a direção da escola mirim; uma honra e um desafio de grandes proporções, pois a escola tem grande tradição e é onde crianças e adolescentes do morro da mangueira fazem seu primeiro contato com o fazer do carnaval.

Mesmo cientes da enorme responsabilidade, aceitamos o convite e demos início a uma série de cursos de artesanato, como uma forma de aproximar as crianças e oferecer atividade complementar à escola.

Essa aproximação foi fundamental para que cada criança recebesse a atenção e o apoio tão necessário em comunidades como a nossa.

Ivo tem sido sempre um apoio importante e próximo, assim como sua diretoria, nessa difícil tarefa de construir uma escola dos sonhos dos jovens, com os poucos recursos que levantamos. A luta tem sido muito grande e os desafios se apresentam todos os dias; mas a perseverança tem sido nosso escudo para ultrapassar as dificuldades e tornar essa experiência verdadeiramente gratificante para nós e, principalmente, para os pequenos.

tidinha Presidente do GRCESM Mangueira do Amanhã

Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Mangueira do Amanhã | 87

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Revista da Mangueira | Carnaval 2012 Mangueira do Amanhã | 89

The apprentice samba school GRCESM Mangueira do Amanhã is one of the projects of Mangueira social program, which we are most proud of, since it has the important task of starting the new generations in the practice of samba and popular culture and of being the school’s source of talents.

Here, the kids participate in the process of creation and construction of carnival; they also learn to dance samba, play instruments, sing, and make costumes and props. It was founded by the singer Alcione, who has been the honorary President for 25 years. The school, which this year parades with the theme “Chico Buarque da Mangueira”, plot theme of the mother school in the 1988’s championship, includes about 1,500 children of ages 7 to 17.

Upon assuming the presidency of G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira, Ivo Meirelles has honored us, Denise and I, with the invitation to form the board of the apprentice samba school; an honor and a challenge of major proportions, because the school has a great tradition, and is where the children and adolescents have their first contact with the setting of carnival.

Even aware of the enormous responsibility, we have accepted the invitation and started a series of handcraft classes, as a way of approximating the children and offering a complementary activity to the school.

This approach was essential for every child to receive the attention and support so necessary in communities like ours.

Ivo has always been an important and close support, as his directors’ board, in this hard task of building a dream school for young people, with the few resources we raise.

The struggle has been very hard and the challenges are presented everyday; but perseverance has been our shield to overcome difficulties and make this experience truly rewarding for us and, especially, for the children.

tidinha Presidente do GRCESM Mangueira do Amanhã

The struggle has been very hard and the challenges are presented everyday; but perseverance has been our shield to overcome difficulties and make this experience truly rewarding for us and, especially, for the children.

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Programas sociais

Centro Petrobras de Referência Esportiva Vila olímpica da mangueira O Projeto Olímpico da Mangueira tem sua sustentação na manifestação do Esporte Educacional e conta com a participação de crianças e adolescentes. Seu trabalho é destinado ao aprendizado de atividades esportivas organizadas, planejadas, desafiadoras e reflexivas, educando e formando cidadãos com autonomia.

Para fortalecer as ações no Centro de Referência, contamos com a parceria do Instituto Esporte e Educação no trabalho de formação e qualificação dos professores e na disseminação do Esporte Educacional, através da construção de uma rede de multiplicadores.

A Vila Olímpica da Mangueira tem como fruto de sua história a preparação e revelação de atletas nos cenários nacional e internacional. Seus 25 anos estão repletos de títulos; porém, mais importante do que as conquistas é o trabalho social desenvolvido ser reconhecido e referenciado como pioneiro e como o melhor Projeto Social da America do Sul.

Sua estrutura de 35 mil m2 é composta por campo de futebol society, pista de atletismo, quadra poliesportiva e duas piscinas, sendo uma semiolímpica. As atividades esportivas são desenvolvidas através das escolinhas de atletismo, basquete, futebol, futsal, ginástica rítmica, natação, hidroginástica, ginástica, alongamento, tai chi chuan e dança sênior; contemplando 3.290 crianças, adolescentes, jovens, adultos, pessoas com deficiência e da terceira idade.

CamP – Circulo dos amigos do menino Patrulheiro da mangueira O Círculo dos Amigos do Menino Patrulheiro (CAMP Mangueira) é uma estrutura sem fins lucrativos que tem como objetivo contribuir para a formação socioeducativa de adolescentes e jovens, visando capacitá-los para o mercado de trabalho.

dançando para não dançar Santa mônica Centro Educacional Escola tia neuma Gonçalves A educação de suas crianças, condição essencial para construção da cidadania, sempre mobilizou os dirigentes da Mangueira. A criação da Escola Tia Neuma Gonçalves era um sonho antigo por representar a oportunidade de estender à meninada com idade entre 6 e 14 anos, os mesmos benefícios já oferecidos para alunos do ensino fundamental e médio no CIEP Nação Mangueirense.

CiEP nação mangueirense Governador Leonel de moura Brizola. Inaugurado em 1994, o CIEP Nação Mangueirense, fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Educação e a Estação Primeira de Mangueira, é apontado como modelo entre as escolas do gênero, tanto pela excelência conquistada no ensino fundamental e médio quanto pelas atividades culturais e esportivas lá desenvolvidas.

Ensino Superior Gratuito e de Qualidade univerCidade. A bem sucedida experiência de oferecer formação gratuita e de qualidade, da Educação do Ensino fundamental I ao Ensino Médio, fez com que a Estação Primeira de Mangueira desse mais um passo ainda mais ousado: criar oportunidade para que jovens da comunidade pudessem completar os estudos com o ingresso gratuito na universidade.

Clube Escolar mangueira. Com o objetivo de oferecer atividades extraclasse aos alunos da rede municipal, o Clube Escolar da Mangueira foi fundado em 1997 no anexo 3 da Vila Olímpica; faz parte do Programa de Extensão Educacional da Secretaria Municipal de Educação e funciona atendendo aos alunos de diversas escolas municipais da região e da comunidade.

O Clube Escolar oferece atividades esportivas diferenciadas das desenvolvidas na Vila Olímpica da Mangueira, e atividades artísticas orientadas por professores da rede municipal com formação especifica para ministrar cada uma das oficinas oferecidas. Cada aluno do clube escolar pode freqüentar até três atividades.

Centro Profissionalizante Bm&F Bovespa - mangueira. Com o patrocínio da Bolsa de Mercadorias e Futuro, o BM&F Bovespa inaugurou em 2000 o Centro Profissionalizante BM&F Bovespa – Mangueira, cujo objetivo é promover o desenvolvimento de jovens, contribuindo para a construção da autoestima, da dignidade, da cidadania e posterior empregabilidade dos alunos.

Casa Lar mangueira. A Mangueira assumiu mais um desafio em 2003 quando criou uma estrutura apropriada para atender aos adultos com deficiências. Atualmente, a casa abriga 19 homens que apresentam deficiência mental, física ou sensorial, associada ou não a distúrbios psiquiátricos, os quais recebem atendimento diferenciado. A Casa Lar disponibiliza orientação psicológica, médica, fonoaudiológica e assistência social.

Centro municipal de Saúde tia alice e Clínica da Família dona Zica. Saúde Presente marca o inicio de uma nova fase para seu atendimento de saúde no Rio de Janeiro. Agora, você passa a contar com um sistema integrado e personalizado de assistência, recebendo orientações sobre promoção de saúde e realizando diagnóstico precoce de doenças.

Vidro é Cidadania. Em 2002, o projeto Vidro é Cidadania tem transformado restos de vidro em cestas básicas para famílias carentes de diversas comunidades próximas à Vila Olímpica da Mangueira. Em parceria com a Owen Illinois, o projeto une a preservação do meio ambiente à manutenção e supervisão do trabalho dos catadores de vidro.

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Social program of mangueira 25 years generating citizenship

Centro Petrobras de Referência Esportiva Vila Olímpica da Mangueira The Olympic Project of Mangueira has its support in the manifestation of the Esporte Educacional (based on the International Charter of Physical Education and Sport) with the participation of children and adolescents. Its work is intended for the learning of organized, planned, challenging and reflexive sport activities, educating and creating autonomous citizens.

To strengthen the actions of the Reference Center, we have partnered with the Sport and Education Institute in the formation and qualification of teachers, in order to spread the Esporte Educacional, by building a network of multipliers.

The Olympic Village of Mangueira, as a result of its history, prepares and discloses athletes in the national and international scenes. Its 25 years are full of titles; but more important than the accomplishments is its social work being recognized and referenced as a pioneer and as the best social project of South America.

Its structure of 35 thousand m2 is composed of indoor soccer arena, running track, sports court and two swimming pools, which one is a semi-Olympic sized. Sports activities are developed through the teaching of basketball, athletics, soccer, indoor soccer, rhythmic gymnastics, swimming, water aerobics, stretching, tai chi chuam and senior dance; serving 3,290 children, teens, adults, elders and people with disabilities.

CAMP Circulo dos Amigos do Menino Patrulheiro da Mangueira The Círculo dos Amigos do Menino Patrulheiro (CAMP Mangueira) is a nonprofit structure and its objective is to contribute for the socio-educational training of young people, aiming their preparation for the labor market.

Dançando para não Dançar Santa Mônica Centro Educacional Escola Tia Neuma Gonçalves The education of their children, an essential condition for the construction of citizenship, always mobilized the leaders of Mangueira. The creation of the School Tia Neuma Gonçalves was an old dream, which represented the opportunity to extend to children of age between 6 and 14 years, the same benefits already offered to students in elementary and secondary education in the CIEP Nação Mangueirense.

CIEP Nação Mangueirense Governador Leonel de Moura Brizola. Established in 1994, the CIEP Nação Mangueirense is the result of a partnership between the State Secretariat for Education and Estação Primeira de Mangueira. It is seen as a model among other schools, both for its excellence won in the primary and secondary education, and the cultural and sports activities developed there.

Ensino Superior Gratuito e de Qualidade – UniverCidade. The successful experience of providing free and quality education, from elementary to high school, made Estação Primeira de Mangueira take an even bolder step: to create opportunities for the youth community to complete their study with free University admission.

Clube Escolar Mangueira. In order to provide extracurricular activities for students in the Municipal System, the Clube Escolar da Mangueira was founded in 1997 at the Annex 3 of the Olympic Village; it is part of the Educational Outreach Program of the Municipal Department of Education and serves students from various Municipal schools in the region and local community.

The Clube Escolar da Mangueira offers sports activities different from the developed in the Olympic Village of Mangueira, and art activities guided by teachers of the Municipal System with specific training to teach each of the workshops offered. Each student of the Clube Escolar da Mangueira can attend up to three activities.

Centro Profissionalizante BM&F Bovespa - Mangueira. Sponsored by the Bolsa de Mercadorias e Futuro, the BM&F Bovespa launched, in 2000, the Centro Profissionalizante BM&F Bovespa – Mangueira, which aims the promotion and development of young people, helping to build their self-esteem, dignity, citizenship and, later, employability.

Casa Lar Mangueira. Mangueira accepted one more challenge in 2003, when created an appropriate structure to meet adults with disabilities. Currently, the house shelters 19 men who have mental disabilities and physical or sensory impairment associated or not to psychiatric disorders; these men receive differentiated service. The Casa Lar provides counseling, medical, speech and social assistance.

Centro Municipal de Saúde Tia Alice e Clínica da Família Dona Zica. Saúde Presente marks the beginning of a new phase for the health care in Rio de Janeiro. Now you can count with an integrated and personalized assistance, receiving guidance on health promotion and making early diagnosis of diseases.

Vidro é Cidadania. In 2002, the project Vidro é Cidadania has transformed glass leftovers in food staple baskets to needy families of several communities near the Olympic Village of Mangueira. In partnership with Owen Illinois, the project combines the preservation of the environment to the maintenance and supervision of the work of glass collectors.

The Olympic Village of Mangueira, as a result of its history, prepares and discloses athletes in the national and international scenes.

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Uma nação de caciques

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A Nação Verde e Rosa, primeira torcida organizada da Mangueira, foi fundada em 2009 e nasceu justamente em um momento em que exigia-se um carnaval digno, e em que a escola passava por enormes dificuldades. Foi um exército de Mangueirenses, ávidos por resgatar o que parecia não ter mais jeito, que se juntou aos muitos operários no barracão da escola para colocar na avenida não só um carnaval, como também levar a escola ao sábado das campeãs!

Foi sem dúvida alguma, a vitória do mangueirense, que não é só exigente, mas também aguerrido e valente, e jamais desiste de lutar.

Aquele carnaval ficou no passado, mas suas lições são para sempre. Página virada, a partir de então a Mangueira entendeu que precisava reconquistar suas origens e, acima de tudo, privilegiar essa legião de mangueirenses.

Desde a escolha de enredo, passando pelas disputas de samba e chegando finalmente ao barracão, a escola começa a escrever um novo capítulo de sua história, onde a tradição nunca é deixada para trás. Seu compromisso com a cultura continua vivo, e de lá pra cá, o que vimos foram desfiles com temas genuinamente brasileiros, populares, e acima de tudo, comprometidos com a essência do carnaval, que é levar conhecimento em forma de diversão e arte ao povo.

A escola abriu-se para o novo e, através das redes sociais, estreitou sua relação com as pessoas comuns. A presença de diretores e do próprio Presidente, participando ativamente dos debates, é a prova de que a Mangueira está preocupada com o clamor e desejo dos seus torcedores, procurando assim trazer para mais perto, o mangueirense.

The pink-and-green nation: “to be mangueirense is a victory”

The Green-and-Pink Nation, the first organized fan club of Mangueira, was founded in 2009 and was born precisely at a time when a dignified carnival was needed, and when the school was going through huge difficulties. It was an army of Mangueirenses, eager to salvage what appeared to be lost. They joined the many workers of the school shed with the purpose of presenting, on the Avenue, a great Carnival, leading the school to the champions’ parade!

It was undoubtedly a victory for the Mangueirenses, who is not only demanding, but also embattled and brave, never giving up fighting.

That carnival is in the past, but its lessons are permanent. That is a closed book, and from then on, Mangueira understood the need to regain its origins and, above all, to privilege this legion of Mangueirenses.

Since the choice of plot, through the samba disputes, and finally the shed, the school begins to write a new chapter in its history, where tradition is never left behind.

Its commitment to the culture is still alive, since then, what we have seen were genuinely Brazilian-themed parades, popular, and above all, committed to the essence of carnival, which is to bring knowledge in the form of entertainment and art to the people .

The school opened up for the new, and through social networks, narrowed its relationship with ordinary people. The presence of the directors and the President himself actively participating in the debates, is proof that Mangueira is concerned with the clamor and desire of its fans, seeking to bring the Mangueirenses closer. Based on the motto “Mangueirenses belong in Mangueira,” the administration of Mr. Ivo Meirelles sought the feeling and commitment of the people towards the school, and the results of it were memorable parades, where the people were happy and proud to say “I am Mangueira.”

Baseada no lema “lugar de mangueirense é na Mangueira”, a administração do Sr. Ivo Meirelles buscou o sentimento e o comprometimento das pessoas com a escola, e o resultado disso foram desfiles memoráveis, onde o povo voltou a se alegrar e a ter orgulho de dizer “sou Mangueira”. Desfiles marcados pela emoção e pela garra, que consagraram a participação da comunidade como o chão que impulsiona a escola, mesmo nas dificuldades. Se faltou dinheiro, sobrou espontaneidade e participação popular, e a consagração disso tudo foi o espetáculo dado pela nossa bateria SURDO UM, que em 2011 fez história na Sapucaí, com a “paradona” que fez o povo vibrar e cantar junto com a Mangueira!

O mangueirense continua exigente, e sempre cobrando cada vez mais da administração da escola; mas agora, percebe que sua voz não está perdida. Sempre há alguém do outro lado para ouvir, para esclarecer, para até mesmo debater questões que teoricamente são exclusivas da direção. Mas a Mangueira, hoje, tem a certeza de que essas vozes – muitas vezes até alteradas –, se abrandem e se congreguem num só canto, quando o assunto é o melhor para essa imensa Nação Verde e Rosa.

torcida nação VERdE E RoSa 1ª torcida organizada da Estação Primeira de mangueira

www.nacaoverdeerosa.com.br http://www.facebook.com/pages/Torcida-Na%C3%A7%C3%A3o-Verde-e-Rosa/245270762206308

Leonardo Rangel – Presidente Sandro Batista – Diretor de Planejamento Carlos “mumu” oliveira – Diretor Administrativo tatiana Costa – Diretora Social Luis Santana – Diretor Cultural Renato moço – Diretor de Mídias Sociais

*Dedicamos o carnaval de 2012 à nossa “estrela Dalva”. Dalva Corrêa, nossa eterna DALVINHA, que hoje brilha entre as estrelas lá do céu, sem a qual não teria a Nação Verde e Rosa chegado onde chegou!

Nação verde e rosa: “ser mangueirense é uma vitória”

Parades marked by emotion and determination, which consecrated the community participation as the propeller for the school, even in difficult times.

If it lacked money, there was plenty of spontaneity and popular participation, and the praise of all this was the spectacle provided by our percussion Surdo Um, which in 2011 made history at Sapucaí, with a “paradona” (musical effect in which during the development of the parade, the percussion suddenly stop playing) that made the people vibrate and sing along with Mangueira!

The Mangueirense is still demanding, and is always demanding more from the school administration; but now they realize that their voice is heard. There is always someone on the other side to listen, to clarify, and to even discuss issues that are theoretically unique to the direction. Today, Mangueira is sure that these voices, sometimes loud, calm down and gather for one objective: what is the best for the great Pink-and-Green Nation.

Fan Club NAÇÃO VERDE E ROSA The first Fan Club of Estação Primeira de Mangueira

www.nacaoverdeerosa.com.br http://www.facebook.com/pages/Torcida-Na% C3% A7% C3% A3o-Verde-e-Rosa/245270762206308

Leonardo Rangel - President Sandro Batista - Planning Director Carlos “Mumu” Oliveira - Managing Director Tatiana Costa - Social Director Luis Santana - Director of Culture Renato Boy - Director of Social Media

*We dedicate the Carnival of 2012 to our star Dalva Corrêa; our eternal “Dalvinha”, who now shines among the stars in heaven; without which the Pink-and-Green Nation would not have gotten to where it is today!

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MUSOS E MUSAS MUSOS E MUSAS

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MUSOS E MUSAS

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Salve a tribo dos bam

bas!O

nde um sim

ples verso se torna canção...S

alve o novo palácio do samba!

O “D

oce refúgio” pra inspiraçãoD

ebaixo da tamarineira

Oxossi guerreiro m

e fez recordarU

m lugar... O

meu berço num

novo lar S

eguindo com os “pés no chão”

“Raiz” que se tornou religião

Da boêm

ia, dos antigos carnavaisN

ão esquecerei jamais!

Firma o batuque, quero sam

bar... Me leva!

A Surdo U

m faz festa!

Esqueça a dor da vida...Caciqueando na avenida

Sim

... V

i o bloco passando, o nobre rezando e o povo a cantarS

im...

Era um

nó na garganta ver o Bafo da O

nça desfilar...C

hora, chegou a hora eu não vou ligarM

inha cultura é arte popular,N

asceu em Fundo de Q

uintal...S

ou Imortal e vou dizer

Agonizar não é m

orrerM

angueira, fez o meu sonho acontecer...

O povo não perde o prazer de cantar

Por todo universo minha voz ecoou

Respeite quem

pôde chegarO

nde a gente chegou!

Vem

festejar, na palma da m

ãoEu sou o sam

ba, “A voz do m

orro”!N

ão dá pra conter tamanha em

oçãoCacique e M

angueira num só coração

Vou

Festejar!

Sou Ca

cique,

sou M

an

gueira

Sam

ba en

redo 2012

Autores: Junior Fionda , Lequinho,

Igor Leal e Paulinho Carvalho

Cantores: Z

é Paulo, Cuizito,

Ciganerey e V

adinho

Bis

Bis

MUSOS E MUSAS

Page 53: Revista Mangueira - Carnaval 2012

A Mangueira usa a CUCA.

CUCADESIG

N.C

OM

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