Revista MÊS 19

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Editora MÊS Ano 2 - nº 19 Agosto de 2012 circulação GRATUITA I M P R E S S O PODE SER ABERTO PELA ECT INADIMPLÊNCIA PROFISSÃO CONHEÇA O ÚNICO PARANAENSE QUE ESTÁ NA NASA (EUA) E TRABALHA EM PROJETO PARA 2014 CIDADES FEIRA DO LARGO É ALVO DE POLÊMICA: PODE-SE OU NÃO VENDER PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS? GASTRONOMIA VEJA QUE A MÊS DESCOBRIU OS LUGARES MAIS COMENTADOS DA “BAIXA GASTRONOMIA” EM CWB Uma preocupação das famílias curitibanas

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julho 2012

Transcript of Revista MÊS 19

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Editora MêsAno 2 - nº 19Agosto de 2012

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Mais do que ver. Ser visto.

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Mais do que ver. Ser visto.

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“Vetar o poder de investigação do MP, é proibir o direito da sociedade de investigar”Imponente e de grandes dimensões é a sala do novo procurador-geral do Ministério Público do Paraná e da mesma extensão são os desafios que Gilberto Giacoia terá de enfrentar em sua gestão. Homem de estatura mediana, com ar solene, Giacoia é integrante do MP-PR há 31 anos. Doutor em Direito Penal e pós-doutor em Coimbra e Barcelona. Nesta conversa, discorreu sobre debates que cercam o MP-PR.

entrevista Gilberto Giacoia

Como avalia o trabalho que vinha sendo feito pelo Ministério Público?

Gilberto Giacoia (GG) - Nós vivemos em um momento de modernização do Ministério Público. As duas últimas ges-tões passadas promoveram um planeja-mento estratégico, portanto, a instituição passou a contar com um planejamento a longo prazo, até 2018. Qual é a expecta-tiva em relação a esta gestão? É de pros-seguir modernizando a instituição, no sentido de adequar seus órgãos de apoio, seus órgãos de execução às demandas sociais e, sobretudo, procurar dotar o Mi-nistério Público de uma estrutura, se não ideal, ao menos básica para que ele possa desempenhar o seu papel constitucional de defensor da sociedade. É preciso res-saltar que essas demandas são crescentes, o que impõem permanentemente esforço de melhoras das estruturas institucionais. Por exemplo, nós atuamos na área crimi-nal, é a nossa atividade primária, nesse aspecto, o Ministério Público experi-menta uma dificuldade de atendimento às demandas por deficiências estruturais. Porque a violência cresce graças à crimi-nalidade organizada e nós precisamos, se não superar, ao menos competir com o crime organizado em termos de possibi-lidade de atuação.

Quais metas estarão à frente?

GG - Nós temos uma meta a ser cum-prida até o final do ano que é de dotar pelo menos cada promotoria de um as-sessor jurídico. Ou seja, um assessor jurídico por promotor. Nem isso nós temos hoje. O objetivo é que cada pro-motoria possa ter a sua assessoria jurí-dica própria, que é uma estrutura míni-ma necessária para o funcionamento.

Trata-se do projeto encaminhado à Assembleia Legislativa da criação de 180 cargos comissionados? Para alguns especialistas da área do Direito foi considerada uma ação imoral. Como avalia isso?

GG - Veja, eu até tenho um posicio-namento pessoal que todos conhecem

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Arieta Arruda - [email protected] Roberto Dziura Jr. - [email protected]

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o próprio policial! Eu não estou aqui querendo competir com a instituição policial, que eu acho importantíssima do ponto de vista republicano. Agora, haverá situação em que o Ministé-rio Público terá que investigar numa atividade complementar. Não é uma atividade primária dele. Às vezes, até durante um inquérito civil público, por exemplo, para apurar a prática de improbidade administrativa, de viola-ção ao princípio da moralidade ou da impessoalidade que são constitucio-nais. Surgem notícias da prática de crime ou do reflexo na área criminal dessa conduta, então o Ministério Pú-blico vai ter que parar a investigação porque tem que entrar a polícia aqui, a partir disso a polícia que investiga... Não tem sentido lógico. Qual a principal consequência que teria para o MP a longo prazo?

GG - Vetar o poder de investigação do Ministério Público é proibir o di-reito da sociedade de investigar. Você diminui a possibilidade da própria sociedade investigar os seus agen-tes. O delegado de polícia que está investigando um poderoso qualquer, eventualmente pode ser removido, o Ministério Público tem a garan-tia da inamovibilidade. Então, eu só vejo que este debate conspira contra os interesses da própria sociedade. Acho, inclusive, que os segmentos das instituições policiais sérios, que são engajados na construção de uma sociedade melhor e mais justa, têm consciência da importância do papel do Ministério Público em algumas in-vestigações. A atuação do Gaeco, por exemplo, que atua em conjunto com forças policiais para fazer frente à cri-minalidade organizada.

Aqui no Paraná tem alguma rela-ção estremecida com a polícia por conta desse debate?

GG – Absolutamente. É muito boa a relação, sem problema nenhum. A tendência é de melhorar cada vez

internamente aqui e que não vem ao caso. Nesse momento, deve prevale-cer sempre o interesse institucional. Em relação a essa questão, nós temos a indicação de uma proporcionalida-de que é rigorosamente observada dentro do Ministério Público, mais que isso, da ocupação de um per-centual dos cargos comissionados por efetivos. Estamos rigorosamente dentro dos padrões recomendáveis da legalidade. A adequação constitucio-nal do cargo em comissão desse tipo de função aqui corresponde aos car-gos recentemente criados, que estão rigorosamente dentro da excepciona-lidade constitucional, ou seja, asses-soramento superior. Imagine você, um promotor, um procurador de Jus-tiça que esteja ao lado de um assessor com o qual não mantenha compatibi-lidades? O promotor não raras vezes, devido a uma demanda superior a suas forças, tem de trabalhar nos fi-nais de semana. O cargo comissiona-do atende a esses tipos de especifici-dades. Cargo efetivo, além disso, tem uma estrutura remuneratória dentro do plano de cargos e salários que nós temos no Ministério Público e que inviabilizaria a criação dessa quanti-dade de cargos. Orçamentariamente se nós tivéssemos optado por cargos efetivos, quer dizer, entraria num pa-drão remuneratório que inviabilizaria a criação dessa quantidade de cargos. Poderia criar talvez 40, 50 cargos efe-tivos, quando eu criei 180 cargos em comissão. Portanto, eu não atenderia a demanda, a necessidade dessa es-trutura mínima.

Essa quantidade de cargos vai aten-der minimamente essa demanda?

GG - É possível que com esse núme-ro eu possa dar um assessor jurídico por promotor, ou promotora se quiser, aí eu poderia dotar todas as promo-torias de Justiça de assessoria jurí-dica. É uma opção que você tem de fazer. É evidente que a crítica viria. Esta é uma questão que eu estou fa-lando como procurador-geral e devo

traduzir o interesse da instituição nesse momento. Nós temos debates internos, cada um tem o seu posicio-namento. Sou crítico com relação ao desvirtuamento do cargo de comis-são. O cargo de comissão é constitu-cional, existe, porém, ele tem que ser corretamente utilizado. O que desvir-tua normalmente é você destinar o cargo em comissão a apadrinhados, loteamento de cargos, aparelhamento das instituições de pessoas incompe-tentes, que não ocupam o cargo por critérios de capacitação, no sentido de ser adequados àquele tipo de as-sessoramento superior que se quer.

Aqui o senhor vai fazer diferente?

GG - Nós estabelecemos até prefe-rencialmente teste seletivo às promo-torias fazerem esse processo de esco-lha. Nosso trabalho é interpretarmos a Lei, portanto, nós precisamos ter um conhecimento científico / técnico / jurídico para isso. Quem vai nos as-sessorar tem que ter este tipo de perfil.

Em relação à chamada PEC da Mordaça, em que se coloca em xe-que o poder de investigação crimi-nal do Ministério Público. Qual a posição do MP do Paraná?

GG - É muito clara. Na verdade nun-ca se teve dúvida em respeito disso. É função jurisdicional do Estado [ser] incumbido da defesa da ordem jurí-dica, do regime democrático e dos interesses sociais individuais indispo-níveis. Ora, não sou eu quem defini o Ministério Público, é a Constituição que definiu. Como é que eu vou defen-der a sociedade contra um agente que pratica improbidades se eu não puder investigar o agente? A constituição me incube do controle externo da ativida-de policial. Às vezes, o investigado é

Nós estamos sujeitos à legalidade, portanto, nós

somos fiscais da legalidade

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sa tão rapidamente. É, digamos, endê-mico na História da nossa formação cultural. Mas isso tende a mudar, está mudando. A lei está aí, não fecha tan-to as situações, então o sujeito pode muito bem ser condenado, tem uma dívida inclusive, muitas vezes, por força de uma condenação, que não seja de improbidade administrativa com o poder público e mesmo assim ser candidato. A lei não fecha o direito dele ser elegível. Então, o controle de legalidade vai ser feito pelo Ministé-rio Público rigorosamente.

Em relação à Lei de Acesso. O MP está cumprindo e disponibilizando as informações à população?

GG - Nós temos problemas, não vou dizer que não temos. Primeiro, asso-ciar essa segurança pessoal daqueles expostos a esta informação e também gerar aquela sensação contraposta da sociedade, que não é a média remu-neratória da sociedade em relação ao agente que tem uma incumbência mais importante dentro da República. Poderia chegar num estágio interme-diário: divulgar a remuneração bruta

mais esta relação. É uma relação re-publicana, de parceria, em algumas situações, e de não sobreposição de estruturas públicas. Não é isso que eu defendo, eu até academicamente sou contra a sobreposição de estruturas pú-blicas, porque acho que isso é um des-perdício para a sociedade. Porque se já tem uma instituição que investigou bem aqui, eu não preciso por uma outra estrutura pública cara para fazer o pa-pel que ela fez. Combato, por exemplo, o inquérito policial. Acho uma institui-ção arcaica em termos.

O que mais precisaria ser revisto?

GG - Muita coisa. A Justiça Eleito-ral [por exemplo]. A construção dos fóruns eleitorais do interior fica às moscas a maior parte do tempo. Quer dizer, se você analisar bem, claro que eu não estou diminuindo a importân-cia da Justiça Eleitoral. Mas se com uma democracia consolidada como a nossa, com uma estrutura democrá-tica fechada, você pode cronologi-camente coincidir eleições de 5 em 5 anos, por exemplo, que é o que se dá em qualquer país. Justifica ter uma estrutura física cara só para este tipo de atividade? De maneira geral, eu combato a sobreposição de estruturas públicas neste País.

Este ano, com eleições municipais, como o MP irá atuar no caso da Fi-cha Limpa?

GG - Nós estamos sujeitos à legali-dade, portanto, nós somos fiscais da legalidade. A legislação é, na minha opinião, aberta ainda. Acho que ela deve evoluir para um fechamento cada vez maior para o saneamento dos quadros da política nacional em definitivo. Já evoluímos muito. Se nós formos lá na lei de improbidade admi-nistrativa há 20 anos, depois a lei dos crimes econômicos, a lei da lavagem de dinheiro, a lei da responsabilidade fiscal, a lei da ficha limpa agora, é um processo evolutivo, depende de uma mudança cultural, que não se proces-

e os salários, descontos obrigatórios. Porque se dependendo do mês você vai divulgar que o sujeito recebeu lá tanto naquele mês pode, sem uma explicação razoável do que é [cau-sar] distorções. O que dificulta, às vezes, ter uma relação nominal, na frente dela, a remuneração daquele mês. Qual é a remuneração, na minha opinião, é aquela remuneração que é invariável, que o sujeito vai receber e aquele é o custo social do servidor, que a sociedade tem o direito de saber quanto está pagando por seu promo-tor. Isso eu acho que é ínsito a nossa opção pela vida pública. Uma outra coisa que vai acontecer, eu acho, que é o judiciário ir interpretando o alcan-ce da Lei de Acesso.

Órgãos públicos normalmente são acusados de ser morosos, isso inclui também o Ministério Público, como é que se pode melhorar?

GG – A nossa estrutura é deficitária, nós temos uma estrutura muito aquém das nossas necessidades, não é, e está muito longe de ser, a estrutura ideal. Nós estamos à caça de uma estrutura básica. Tenho promotores que vêm aí [no MP] todos os dias de comarcas da Região Metropolitana, dizendo: “o serviço do Ministério Público não está chegando à população como de-veria, nós estamos limitados a estar nos fóruns, nas audiências, nos júris, etc.” Não tem estrutura para tanto. É evidente que isso vai afetar essa questão da eficiência, no aspecto de que não se chega à plenitude. Segun-do aspecto, que nem tudo depende do Ministério Público. Então, nossa atividade é complexa, às vezes, de-pendemos de uma perícia, que quem realiza é um perito do Instituto de Criminalística, às vezes, depende-mos do Judiciário para fins de reali-zar uma investigação que dependa de sigilo ou de quebra de sigilo. Tem vá-rios fatores conjugados ao Ministério Público, que determinarão a eficiên-cia do serviço do resultado final da atuação do Ministério Público.

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Sou contra a sobreposição de

estruturas públicas

entrevista Gilberto Giacoia

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mensagens do(a) leitor(a)

Crianças de Mouse na MãoParabéns pela qualidade das reportagens e abrangência que a revista está tendo!Cleiton Luiz Saviski

noVo hoMeMTive acesso à revista MÊS (distribuição gratuita) à matéria do “Homo sensiti-

Tem sugestões de pauta? Uma ideia

para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para

[email protected]

GratuitaUma revista muito boa, e ainda grátis?Só mesmo vocês para inventar essa.Estão de parabéns e espero que conti-nuem com essas reportagens incríveis, a informação para nós é essencial. Espero não perder mais os volumes a partir deste mês.Alexandre Wolff, no e-mail

Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo

[email protected] | Twitter @mes_pr |

Facebook MÊS Paraná. Participe!

vos”, gostaria muito de divulgar aqui na empresa. Gostei muito da matéria e a achei bem abrangente e, claro, atua-líssima! Seria possível repassar um link para publicação?Alana Maria Santos Jordao

Resposta: Alana, é possível acessar de qualquer lugar o site da MÊS: www.revistames.com.br, lá você confere todas as edições já publicadas.

FeedbaCkParabéns mais uma vez. Eu recebo lá na Assembleia. A revista inteira é legal. Victor Almeida

ConteúdoParabéns a toda equipe pelos conteúdos abordados e por conduzir de forma homogênea as matérias. Ulisses Camargo

e-mail

Doralice Araujo - Interessantes as reportagens na edição de julho, @mes_pr ; solicitarei a minha assi-natura gratuita, imediatamente!

Resposta: É fácil, basta enviar um pedido no e-mail: [email protected] que enviaremos um formulário de informações para efetivar sua assinatura.

EnqueteRevista MÊS está fazendo uma matéria sobre baixa gastronomia e conta com a sua participação. Para você, qual lugar em Curitiba (citar o prato) mais conhecido pela sua baixa gastronomia? Os lugares mais indicados sairão na próxima edição da Mês!

Samanta Lobato - Ah, sem dúvi-da o Bar Palácio tem que encabeçar essa lista!

Maurício Simões - Lanchonete Montesquieu - X-Montanha - é clássico e tem uma história muito curiosa.

Andressa Cordoni Savi - Armazém Sant’ana e sua carne de onça fantástica!

Danielle Ferreira - PF do Box do Eliseu.

Gustavo Guimarães - Sra Chung, sem dúvida!

@meS_Pr

/mÊS ParanáMarcelo Petschow - Stuart

André Fort - Pizza Itália

André Nishizaki - X-montanha deve estar alimentando a terceira ou quarta geração de “cefetianos” e afins...

Maurício Simões - Frequento o Álvaro (Lanchonete Montesquieu) há exatos 26 anos. Muito X-Montanha já passou por este corpitcho! :)

Juliana Beatriz - A empadinha do Torto Bar!! :)

Cristian Moraes - O risolis de queijo e o bolinho de carne do Bar do Pudim...

Christiano Möntiani - Lasanha Nonna Giovanna, no Nonna Giovanna.

Fernando Ribeiro - Lasanha Non-na Giovanna, no Nonna Giovanna.

Regis Oliveira - Montesquieu, o X-Montanha é o ícone máximo da BG. Eu achava que era o frequentador mais antigo, desde 1988, mas aqui mesmo tem gente que vai há mais tempo que eu!

André Furtado - Montesquieu ou o Stuart.

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FOTOGramaCilene Martins Prando

Paisagem da Colônia Witmarsum, em Palmeira (PR). É aberta à visitação. Para mais informações, acesse: www.acmpw.com.br

Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o [email protected]

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MatÉria de CaPa

Fuja do saldo neGatiVo

4 entreVista

10 MensaGens dos leitores

11 FotoGraMa

14 Mirante

23 Coluna

49 5 PerGuntas Para: Fernando jaeGer

64 diCas do MÊs

66 oPinião

PolítiCa

20 Planos de GoVerno que não PlanejaM

Cidades

24 artesanato esqueCido

26 eM direção à Morte

27 Mudanças na leGislação

eConoMia

30 neGóCio boM de GarFo

aGroPeCuária

34 Mais dinheiro Para o CaMPo

eduCação

36 brinCando CoM o Conteúdo

saúde

38 PreVenir está eM suas Mãos

teCnoloGia

40 de dentro dos hosPitais

Meio aMbiente

42 CresCe núMero de eMPreGos Verdes

CoMPortaMento

44 noVa FaCe reliGiosa do brasil

CoMPortaMento

46 teCnoloGia na liderança

internaCional

50 sai ParaGuai de Cena, entra Venezuela

sumário

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turisMo

52 Viaje leGal e seM estresse

esPorte

54 a saGa do Futebol da CaPital

autoMóVel

56 Grande Por dentro e Por Fora

Moda&beleza

58 a tendÊnCia do sustentáVel

Culinária&GastronoMia

60 CoMida que Caiu no Gosto PoPular

Cultura&lazer

62 PreserVando o Passado, Garantindo o Futuro

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palavra de ordem desta edição é: guardar. assim como na famosa fábula infantil de Jean de la Fontaine, “a Cigarra e a Formiga”, a formiga num primeiro momento aparentava ser a menos esperta. Mas a mensagem final é

mais ou menos a que a matéria de capa desta edição se propõe a mostrar. Guardar para ter. a formiga soube se planejar para o inverno.

em tempos de endividamento das famílias, em uma fase de menor crescimento da macroeconomia, as finanças domésticas ficam, por vezes, comprometidas. Por isso, dicas de especialistas e experiências de outras pessoas podem enriquecer seu modo de lidar com o dinheiro para tornar-se uma formiga (como na fábula).

Também é tempo de guardar as propostas dos candidatos à Prefeitura de Curitiba. a mÊS analisou, junto com um cientista político, os planos de governo dos candidatos. leia e tire suas conclusões para um voto mais consciente.

mudando do futuro (eleições) para o passado, este mês servirá para reavivar o sentimento de guardar as memórias e a cultura no Dia do Patrimônio Histórico (17). assim como é hora de comemorar o Dia dos Pais (12). Tem artigo especial sobre este tema.

Outro destaque desta edição é Fernando Jaeger, o único paranaense a estar na naSa (estados Unidos). Por lá, já acumulou experiências de vida e viagens.

aliás, sob essa perspectiva, a cigarra também nos ensina na fábula. É preciso saber aproveitar, se divertir, desfrutar dos resultados de seu esforço. Por isso, para viajar, curtir uma experiência diferente e tranquila, é necessário estar bem informado. Saiba seus direitos durante a viagem na editoria de Turismo deste mês. e se não quer sair daqui, é possível ainda “degustar” da baixa gastronomia, em Curitiba.

mais um ponto destacado em agosto é a preservação (guardar) da vida. levantamos a informação de que pouco está sendo feito para cumprir a lei Seca. após 04 anos desde a criação da lei, se multiplicam histórias fatais no trânsito.

e qual sua opinião sobre esses temas? mais do que viver em um “conto de fábulas” é preciso conhecer (informar-se, trabalhar) a realidade para guardar sua essência, mas da mesma forma saber resguardar-se ao direito de mudar de direção quando preciso for.

Boa leitura!

editorial

expedienteA Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: [email protected]ÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Bianca Nascimento e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Distribuição: Sandro Alves e Agência Focar (distribuição nos semáforos) agenciafocar.blog.com; Publicidade: Lucile Jonhson - [email protected] – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Cilene Martins Prando e Gilberto Gnoato.

Guardar para tera

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Processo de barros

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Pesquisa dataFolhaUm número pouco divulgado na pesquisa DataFolha, mas publicado pela Folha de S. Paulo e pela Gazeta do Povo, é sobre o grau de importância que os entrevistados declaram ter a respeito das eleições para prefeito de Curitiba. Para 79% dos entrevistados, a escolha do novo prefeito é muito importante para a cidade e, para 59%, muito importante para sua vida pessoal. Apenas 6% declarou que a escolha do novo prefeito não é importante para a cidade.

números que não batemNa declaração de bens apresentados pelos candidatos no registro de suas candidaturas, um número chamou atenção. O patrimônio declarado pelo atual prefeito Luciano Ducci(PSB). A declaração oficial indica que ele tem um patrimônio de R$312 mil. Contudo, recentemente, ao responder à Revista Veja, Ducci afirmou que seu patrimônio era de mais de R$30 milhões, incluindo fazendas e apartamentos de luxo. Na ocasião, falou ainda que não morava no imóvel indicado pela Revista. O que é verdade?

Mau exemploSeria cômico se não fosse trágico descobrir que o secretário de Trânsito de Curitiba, Marcelo Araújo, tinha mais de 200 pontos em sua carteira de habilitação. Ele deveria ter entregue sua CNH ao Detran por má conduta ao volante e ter se submetido ao curso de reciclagem, o que aconteceria com todos os mortais ao acumular 20 pontos na carteira. Mas não, aproveitando-se de sua função no órgão que analisa os recursos das multas optou por recorrer em todas. Já caiu de sua função depois do mau exemplo.

a mágoa está grande iQuem esteve recentemente com o deputado Fernando Francischini, que acabara de deixar o PSDB para ingressar no Partido Ecológico Nacional, o PEN, pode notar que ainda não estão curadas as feridas causadas pela puxada de tapete para ser o vice de Luciano Ducci (PSB). Ele, para quem Beto Richa (PSDB) havia prometido a vaga, anda não só flertando com o outro lado. Preocupado com seu futuro político, já faz conversas de alianças e dobradas para as próximas eleições nacionais.

a mágoa está grande iiO mesmo vale para o deputado Ney Leprevost (PSD). A decisão inusitada de seu partido de liberar os filiados a apoiarem quem bem entenderem, apesar de entregarem o tempo de TV para Ducci (PSB), não foi suficiente para acalmar Leprevost. Assim como Francischini, também está preocupado com seu futuro político e realiza conversas sobre 2014. Quer construir dobradas fortes para a disputa, aumentando suas possibilidades para manter sua vaga na Assembleia Legislativa.

AliAdos

derosso e luciano ducciO ex-presidente da Câmara Municipal e também ex-vereador tucano João Cláudio Derosso continua ativo na política e esbravejando na imprensa. Ele apoia a aliança do candidato a prefeito Luciano Ducci (PSB). Está também participando ativamente da campanha para vereadora de sua irmã, a tucana Mary Derosso.

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CSRicardo Barros (PP), secretário de Estado

de Indústria e Comércio, teve seu pedido de habeas corpus negado em processo que responde na Justiça. E virou notícia quente na imprensa local. Ele é acusado de tentar manipular, convenientemente, mais de uma licitação da Prefeitura de Maringá, que é administrada por seu irmão, Silvio Barros. Com essas denúncias, corre nos bastidores que sua cadeira na secretaria do Governo Richa pode ficar vaga logo, logo. Até o fechamento desta edição, isso não havia ocorrido.

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“O ponto fraco de Greca, porém, seria sua alta rejeição – acima dos 30% – provavelmente em virtude dos insucessos eleitorais e da troca de grupo político operada nos últimos anos”Fernando Francischini (PEN), deputado federal

“Ontem, na feira livre Bacacheri, de novo, Dona Rejeição não apareceu. Onde está que não responde? Em que bairro se esconde?”

Rafael Greca (PMDB), candidato a prefeito

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obras do PaC2Balanço do Governo Federal sobre obras do PAC2 mostra que já foi investido mais de R$320 bilhões (1 ano e meio). Isso significa cerca de 30% do previsto até 2014. O PAC2 está realizando obras de infraestrutura, como a Usina de Belo Monte, no Pará, e o Complexo Petroquímico, no Rio de Janeiro. Os números de execução são 84% superiores aos do trimestre anterior. Um crescimento importante que permite ao governo afirmar que o cronograma das obras será cumprido.

telecomunicações que se ajustemO ministério das Comunicações e a Anatel deram um “freio de arrumação”, nas palavras do ministro Paulo Bernardo e do presidente da Anatel, João Rezende, na operação das telefônicas. Resolução da agência proibiu a comercialização de novos chips até que as operadoras estruturem melhor as suas operações e ofereçam serviços de qualidade aos usuários. Os milhões de usuários agradecem a atitude corajosa do governo de enfrentar essa situação, pois a paciência já havia acabado. Agora vamos aguardar para ver.

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matéria de capa

Fuja do saldo negativoEm tempos do aumento do endividamento das famílias brasileiras é preciso frear e organizar as contas; especialistas dão dicas de como fazer isso

endividamento das fa-mílias nas capitais brasi-leiras saltou de 58,58% em 2010 para 62,5% em

2011, um aumento de 6,39% no pe-ríodo e Curitiba possui o maior per-centual de famílias endividadas em 2011. Os dados são da Radiografia do Endividamento das Famílias nas Ca-pitais Brasileiras, pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). Dentre ou-tros números, o levantamento aponta um aumento real de 11,57% no vo-lume de dívidas mensais chegando a R$13,5 bilhões.

Para o presidente do Instituto Meus Tostões de Educação Financeira

o(Imtef), Emerson Rici, o grau de en-dividamento elevado é, em parte, sin-toma da fase atual do Brasil, uma eco-nomia mais estável. Antes, quando a inflação era demasiadamente elevada, as famílias não conseguiam fazer um projeto de longo prazo. “Passada a primeira década de implantação do Plano [Real], as pessoas passaram a perceber – e outros fatores, como au-mento de poder aquisitivo do salário mínimo –, redução de preços de pro-dutos importados, acesso maior aos produtos de consumo, a dita ascensão de uma faixa da população, a classe C, passando a demandar consumo de bens duráveis”, afirma Rici.

Se por um lado o endividamento cresceu nas capitais brasileiras, a inadimplência caiu para 22,9% das famílias em 2011, enquanto a taxa

era de 24,92% em 2010. Apresar do endividamento do brasileiro, Rici sa-lienta que o número ainda é baixo se comparado a países da Europa ou dos Estados Unidos.

Maior endividamento

Em Curitiba, 90,27% das famílias curitibanas se declararam endivi-dadas, acumulando um aumento de 35,62%. Já em junho de 2012, o per-centual de endividados foi de 88%, segundo a Pesquisa de Endividamen-to e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Dessas, 25,7% tinham contas em atraso e 7,5% não terão condições de pagar as dívidas. Em Curitiba, a principal dívida está nos cartões de crédito (43,4%), depois em financia-mento de carro (27,2%) e no financia-mento de casa (12,1%).

Os noivos Barbosa e Bruna contrataram um

consultor para ajudar a planejar

o casamento

Iris [email protected]

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Segundo Rici, hoje os bancos “tute-lam” os empréstimos para o consumi-dor para que ele não se endivide mais. No entanto, há outra questão que os bancos não podem controlar: o endi-vidamento por outros meios, como cartões de crédito, cheque especial ou por agiotagem. “Esse endividamento é o mais nocivo e o mais danoso à po-pulação”, ressalta Rici.

dívidas

Se você está nessa situação que os números trazem ou quer se manter no azul, fique atento às orientações de es-pecialistas e veja o exemplo de quem conseguiu se organizar. Antes de tudo, é preciso saber onde está sendo gas-to esse dinheiro e aprender a cortar as despesas. “Senão, você vai estar finan-ciando banco, a financeira, os agiotas e daí tua vida está nas mãos deles e você não faz mais nada”, pondera o funda-dor do Instituto de Educação em Ges-tão Familiar, Emerson Fabris.

É importante também ter disciplina. “A virada [nas dívidas] não acontece de uma forma tão simples, porque ela exige algo que o brasileiro não gosta que é disciplina. Ele tem de ser extre-mamente disciplinado”, afirma Rici.

Para fazer cortes no orçamento, o es-pecialista indica começar pelos me-nores itens, porque representam cerca de 30% das despesas da população de classe média. “O que pesa [no orça-mento] é despesa que você não vê.”

trouxe muitas outras coisas que vão vir depois e ele está colocando no pa-pel desde já para a gente ir planejan-do, [com] a nova rotina depois do ca-samento”, afirma Bruna. Para o noivo, o planejamento deu a noção exata do que estão realizando, o que evita des-perdícios e formas de buscar recursos para viabilizar outros projetos.

Planejamento

A chegada da filha do publicitário Djalma Dissenha (25) também mu-dou seus costumes financeiros. An-tes ele não pensava muito na hora da compra. “Olhando por esse lado, eu acho que tinha uma vida até que boa. Como eu morava com os meus pais, tinha o meu carro, os gastos eram mí-nimos em comparação a hoje”, conta o publicitário que aprendeu a cuidar do dinheiro com o pai.

Agora, com a vinda da filha suas prio-ridades mudaram. O carro que preten-dia trocar vai vender para investir num apartamento para a família. “A gente

organização das contasFoi a realização do casamento dos sonhos que levou o casal de advoga-dos Eduardo Vieira de Souza Barbosa (29) e Bruna Muggiati Borges (24) a contratar uma consultoria para pla-nejar o casamento. A preocupação de fazer de forma organizada veio quan-do os dois começaram a procurar um apartamento para comprar e percebe-ram que ainda não seria a hora.

Nesse ano, quando o assunto da fes-ta de casamento voltou a ser discu-tido pelos dois, Bruna encontrou na internet um consultor que ajudava a planejar o casamento. O trabalho do profissional “envolve não só a festa em si do casamento [...], também en-volve os outros aspectos, que é você planejar não só a compra do imóvel, como também a organização das fi-nanças do casal”, diz Barbosa.

“A gente tinha a ideia da festa e do apartamento, mas junto com isso ele

A Capital paranaense tem o maior percentual de famílias endividadas

em 2011

Dissenha revela que todas as contas são controladas numa planilha

1 0 Pa s s o s Pa r a M e l h o r a r s u a s C o n ta s

1 Liste todas as despesas durante o mês2 Poupe 10% da receita líquida para a aposentadoria

3 Tenha um fundo de até seis meses dos gastos mensais para eventuais emergências ou perda de emprego

Para Fabris, o controle deve começar desde cedo com a mesada

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dado numa planilha. E é a partir daí que eu vou me planejando”, comenta Dissenha, que sentiu a diferença quan-do passou a controlar as contas.

Assim, como ele aprendeu com o pai, o planejamento do orçamento deve ser feito desde cedo. Se as pessoas ti-

está indo com calma. Estamos priori-zando as coisas, se planejando muito melhor”, diz. Atualmente, os gastos são controlados numa planilha, o que não acontecia antes. “Agora está pla-nejado tudo na planilha, eu tenho conta de tudo. Tudo o que eu gasto, tudo que está sendo cobrado, tenho tudo agen-

4 Valorize seu dinheiro5 Imagine o que no dia a dia é possível fazer com menos

6 Se o saldo mensal é negativo, com a ajuda de uma planilha de despesas verifique onde é possível fazer cortes

verem a consciência que este controle dos gastos mensais é importante, di-ficilmente, chegariam num ponto de inadimplência. “Se você está soltei-ro hoje e ganha tanto, ou ganha uma mesada, vá anotando tudo o que você gasta”, sugere Fabris. É possível en-contrar essas planilhas em diversos sites na Internet ou até programas para smartphones.

Isso porque, as finanças quase sempre serão menores que as suas vontades, considera o professor de Marketing da UniCurtiba, Isaak Soares, que traba-lha com finanças pessoais e qualidade de vida. “Se as finanças são menores que as tuas vontades, você vai ter de trabalhar prioridades”. Ou seja, esco-lher entre as coisas que quer fazer ou comprar primeiro.

educação Financeira

Por isso, assim como o publicitário, as pessoas devem aprender a lidar com o

O que os microempreendedores individuais precisam fazer para não misturar suas contas pessoais às empresariais?

Devem ter muito claro o projeto que querem realizar, para isso devem ter um “business plan” muito pormenori-zado, da forma que saibam o dinheiro que vão precisar, e assim ver se é pos-sível ou não fazer o empreendimento. Precisam fazer uma escrita separada, para saber os resultados do novo pro-jeto e não misturar os rendimentos que posam tirar de outras atividades.

Quais as consequências dessa mistura?

Deve-se ter muito cuidado ao separar as contas e as responsabilidades, de forma que se o projeto for mal suce-dido, não leve consigo o resto do pa-trimônio do empreendedor.

Se necessário, o empresário pode recorrer às reservas pessoais para sanar as dívidas da empresa?

Deve-se tentar manter as duas coisas o mais independentes possível, se você mistura tudo, ao fim, pode ser

uma bagunça que ninguém sabe se o projeto está dando certo ou não. Isso não quer dizer que dadas as circuns-tâncias adequadas, o empreendedor não possa por suprimentos na firma ou retirar alguns lucros, mas tem que ter sempre um controle muito forte pra saber o rendimento real do inves-timento e não se enganar .

Um empresário bem sucedido fi-nanceiramente também precisa ser bem sucedido nas finanças pessoais?

Uma coisa leva a outra, se um em-presário faz bem as coisas, possivel-mente, as faça bem quer seja o nível pessoal ou empresarial.

Pa l aV r a d e e s P e C i a l i s ta

O eSPanHOl SanTiaGO Simón Del BUrGO É PrOFeSSOr DO DeParTamenTO De COnTrOle e DireçãO FinanCeira Da eSaDe e DOUTOr em aDminiSTraçãO e DireçãO De emPreSaS (eSaDe)

matéria de capa

CoMo se liVrar doiMPulso

Use a regra dos três “SIMs”

Sim Sim Sim

nãO nãO nãO

PreCiSO? COmPreTenHO

DinHeirO?Tem qUe Ser HOJe?

nãO COmPre

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dinheiro em casa. Os pais podem en-sinar os filhos desde pequenos. É pre-ciso ensiná-los a dar o valor devido ao dinheiro. Uma forma simples para fazer isso é ir ao supermercado. É lá que as crianças costumam pedir para os pais itens supérfluos e é a oportu-nidade perfeita para ensiná-los que é preciso fazer escolhas, ter prioridades.

Assim, a criança aprende a poupar também. “Uma das coisas mais impor-tantes é o pai e a mãe falarem que dá ou não dá [para comprar]”, completa Fabris. Outra forma de educar finan-ceiramente as crianças é disponibilizar um recurso para que elas possam fazer as compras, com a famosa mesada. “Mesada é superimportante quando a criança, que já entrando na fase de adolescência, começa a gastar seu pró-prio dinheiro”, completa Fabris.

Mesada

A filha da advogada Celia Regina Santos (51), a estudante Luiza Helena Santos da Rocha (12), passou a receber a mesada há pouco mais de um ano a pedido da própria adolescente. Celia espera dar para Luiza a mesma educa-ção que deu para o filho mais velho que

tem a cultura de poupar. “Ela ganha a mesadinha dela todos os meses. Des-sa mesada, a única coisa que eu faço é fazê-la pagar o celular dela”, diz Celia.

Com o restante do dinheiro da mesa-da, Luiza gasta em diversas coisas. O que sobra, ela guarda para eventuais gastos. “Eu não estava guardando o dinheiro para comprar um celular. De repente, eu vi o celular e eu queria. Eu pedi dinheiro para todo mundo, fui guardando, faltava R$ 50, daí eu es-perei minha outra mesada para poder juntar para comprar o celular. Quando sobra alguma coisa, eu vou guardando, mas quando eu acho alguma coisa cara que eu queira comprar, eu pego aquele dinheiro e compro”, conta a estudante.

A educação que deu para o filho mais velho e que agora está dando para Luiza, Celia teve de aprender sozi-nha. “Porque meu pai era um pai à antiga [...] Eu não sabia quanto cus-tava nada, porque tudo ele me dava”, lembra Celia.

Poupar

Também faz parte da educação fi-nanceira aprender a poupar. “A pro-pensão a poupar é uma coisa que tem de ser explicada para as crianças”, ressalta Soares. A poupança é uma forma fácil de guardar dinheiro. Rici explica que o brasileiro gosta da pou-pança, já que é um povo conserva-dor, mas ele não consegue fazer isso como uma obrigação.

Para conseguir poupar de uma manei-ra mais disciplinada, deve-se encarar este investimento na poupança como uma conta, uma dívida. Assim, em todo começo de mês este valor é reti-rado de seu orçamento para ser inves-tido no futuro.

7 Pergunte-se se aquilo que você está comprando é necessário8 Se necessário, diminua o padrão de vida para colocar as contas em dia

9 Não faça as compras por impulso10 Procure ajuda de especialistas, caso não consiga se organizar sozinho

hora de Pensar no FuturoA palavra aposentadoria ronda a vida de todas as pessoas, das mais jovens até as mais velhas. Mas para chegar à terceira idade com condi-ções financeiras saudáveis é preciso se planejar. “A ideia de vida do teu dinheiro não pode ser pensado em curto prazo. O que você gasta hoje vai influir em toda a tua vida. Então, o dinheiro que está ganhan-do hoje vai ter uma repercussão em toda a tua vida. Essa é a ideia de pensar em longo e não em curto prazo”, afirma Soares.

Pensar em longo prazo também é a orientação de Rici. “A vida financei-ra profícua que vai te dar um futuro seguro [...] é feita de escolhas ge-ralmente abrindo mão de algo bom hoje para ter algo melhor amanhã”. O presidente do Imtef avalia que a previdência privada é uma opção para quem não tem disciplina e não consegue poupar, mas que as pes-soas podem gerir sozinhas as suas aposentadorias, depositando men-salmente valores numa poupança que servirão para garantir o futuro.

Celia quer ensinar para a filha Luiza o que teve de aprender sozinha: educação financeira

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política

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Planos de Governo que não planejamEspecialista diz que documentos entregues pelos quatro principais candidatos à prefeitura de Curitiba decepcionaram

Mariane Maio [email protected]

Colaborou Arieta Arruda [email protected]

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s planos de governo dos quatro principais can-didatos à Prefeitura de Curitiba são bastante

diferentes. A começar pelo número de páginas. Enquanto o do candida-to Ratinho Jr. (PSC) tem apenas 12 linhas em uma página, o de Gusta-vo Fruet (PDT) tem 53 páginas. Do candidato Rafael Greca (PMDB) tem quatro páginas e o atual prefeito Lu-ciano Ducci (PSB) conta com 14 pá-ginas. Apesar de não considerar um plano de governo algo tão relevante para o eleitor, o cientista político Luiz Domingos Costa, professor da Facin-ter, afirma que faltou bom senso.

“Um plano de governo de 12 linhas e de quatro páginas me parece feito de madrugada, na frente da televisão. Mas o do Fruet que tem 53 páginas tem muita ‘lenga-lenga’ também. O número de páginas é um sintoma de como esses prefeitos têm perspectivas diferentes de como ele pretende per-suadir o seu eleitor. Aqueles que têm um plano de campanha mais elabora-do pretendem estabelecer um diálogo um pouco mais franco. Os outros que têm muito enxuto ou parcialmente inexistente têm outra perspectiva de convencer o eleitor”, explica Costa.

Para ele, todos os quatro planos têm mais defeitos do que qualidades. “Fi-quei decepcionadíssimo com esses pla-nos, porque são vagos e não esclarecem qual é o foco de cada campanha”, diz.

Pontos de destaqueApesar disso, o cientista aponta al-guns pontos importantes dos planos. No caso do Fruet, é a proposta de erradicação do analfabetismo. “Uma das metas dele é chegar até 100% de pessoas alfabetizadas”, afirma. No plano de Ducci, ele destaca a visão mais técnica da gestão da cidade, de empreendedorismo, “que é caracte-

o

rística do grupo ao qual ele pertence, que tem uma visão mais gerencial da gestão da cidade”, completa. No pla-no do Greca, para o professor, a parte mais importante é a preocupação com as construções das creches. Já no pla-no do Ratinho Jr., Costa diz não ter encontrado algo de destaque.

Em relação à falta de metas numéri-cas observadas nos planos de

Para o professor, os planos de governo

são vagos e não esclarecem o foco de

cada campanha

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governo, ele não considera como principal problema, pois isso pode ser uma estratégia dos candidatos para não serem cobrados no futuro. “Tem um sentido eleitoral estratégico. De falar pouco, simplificadamente, mas bonito, com propostas genéricas.”

O que falta mesmo são as discussões dos reais problemas da cidade e a apre-sentação de ideias inovadoras. “O gran-de problema da cidade hoje, que nin-guém vai falar adequadamente, é como organizar o subúrbio, a margem da cida-de? Como vai desafogar o centro e fazer com que a qualidade de vida melhore para os bairros pobres? Acho que se houvesse uma ideia mais eloquente, au-daciosa, teria vasto potencial de pegar vento e render uma eleição vitoriosa.”

Corrida eleitoral

A disputa possivelmente ficará pau-tada em nomes e posturas dos candi-

os naniCosPRefeito: BRuNo MeiRiNhoViCe-PRefeitA: Sueli feRNANdeS FrenTe De eSqUerDa CUriTiBa PSOl e PCBO candidato é o advogado Bru-no Meirinho. Com mestrado em Geografia pela UFPR, aposta em seu plano de governo na defesa das minorias. Já disputou a eleição an-terior (2008) e mantém como sím-bolo de sua campanha a “catraca”, que se refere a “dinâmica urbana de Curitiba que, historicamente, criou obstáculos”, conforme traz o documento. Apesar do plano de governo trazer poucas proposições e mais críticas, o candidato Meiri-nho traz como eixo estruturante a socialização das riquezas, propõe a aplicação do IPTU progressivo e a valorização da participação popular na Prefeitura.

PRefeitA: AlziMARA BACellARViCe-PRefeito: Cláudio fAjARdo COraGem Para mUDar PPlSão apontadas propostas em dife-rentes áreas. Como melhorias, a candidata propõe, entre as diversas propostas, a criação de mais quatro secretarias, a construção de 50 uni-dades de saúde, mais 04 hospitais, construção de 125 equipamentos de educação infantil e defende a educação integral. No trânsito, quer priorizar os pedestres e bicicletas. Também coloca como proposta a melhoraria do transporte coletivo. Nos bairros, o objetivo é criar 31 CRAS e ampliar atendimento e ainda criar 20 centros especializa-dos contra as drogas. Além disso, a candidata promete recuperar rios e construir 40 mil casas.

PRefeito: AVANilSoN ARAújoViCe-PRefeitA: BeAtRiz de CAMPoSUma CUriTiBa Para OS TraBalHaDOreS PSTUO candidato é advogado de movi-mentos populares. Araújo critica a concentração de renda. Ataca ou-tras candidaturas, principalmente, a administração atual. Entre algumas das propostas estão: ampla reforma urbana, legalização e regulamen-tação do aborto e a erradicação do analfabetismo. Pretende acabar com as UPS, construir 150 creches e abrir 23 mil vagas. Propõe abrir as contas da URBS, reduzir a tarifa de ônibus e fazer o metrô estatal. O candidato afirma também que quer trabalhar pela redução de salários dos vereadores e prefeito e pelo fim do financiamento privado das campanhas.

datos do que propriamente nas ideias. “Para uma candidatura competitiva, como é o caso do Ratinho e do Fruet, a dificuldade é muito grande. Tem de pensar em algo novo. Isso que eu fi-quei decepcionado, por que eles não propuseram nada novo? Vão concor-rer apenas com os seus nomes, sem uma ideia nova, uma plataforma de uma grande proposta para mudar o foco da política local”, diz Costa.

Já no plano de Ducci, o professor ob-serva alguns pontos que podem ser “um tiro no pé”. “Mostra defasagem daquilo que a prefeitura acredita e afirma que está fazendo aquilo que está sendo feito de fato”. Como é o

caso da “responsabilidade e transpa-rência na utilização dos recursos”, destacada no documento. “Acho que o que o Ducci tem feito pela trans-parência é muito pouco. Eu sou um eleitor que a ciência política classi-fica como informado, eu não sei o quanto a prefeitura arrecada, destina para a educação, para o transporte público. Onde está essa transparên-cia?”, questiona.

Mais que analisar os planos de gover-no, para as eleições em 07 de outubro, os eleitores devem pesquisar sobre o histórico dos candidatos em enti-dades independentes e idôneas. No Estado, orienta o cientista político, algumas das entidades que procuram trabalhar pela conscientização e/ou fiscalização da política são o Movi-mento de Combate à Corrupção Elei-toral (MCCE), Associação Comercial do Paraná (ACP), OAB-PR, a Fiep e o Ministério Público.

os planos de governo dos quatro principais candidatos têm de

12 linhas a 53 páginas

política

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sobre a política

as campanhas e os pitaqueiros

Começou a temporada de reprodução dos pitaqueiros em campanhas eleitorais. São os especialistas que aparecem a cada eleição. Sim, nós temos 200 milhões de brasileiros técnicos de futebol e temos uns tantos milhões que tam-bém são marqueteiros políticos de ocasião. É o paraíso para os profissionais. Esses pitaqueiros são pessoas que, invariavelmente, não estuda-ram para isso, nunca estiveram em qualquer posição de destaque em uma campanha, não sabem ler pesquisas, mas que por conta da pro-ximidade com as campanhas e pela insistência em repetir suas avaliações fundadas em seu feeling, acabam criando grandes confusões no período eleitoral.

O grau de interferência buscado por esses pitaqueiros pode variar. Começa pela foto do candidato. Está sorrindo de mais ou sorrindo de menos. A cor da camisa não está boa. Esse aí não é fulano, afirmam alguns dizendo que a foto não reproduz o candidato. Mas o conheci-mento dos pitaqueiros vai além, é claro.

A marca não está boa. Não gostei dessa cor. São mantras repetidos por essas personagens presentes em todas as campanhas. De nada adianta dizer que tudo foi objeto de estudo. Que os elementos foram testados. Que a marca carrega em si uma personalidade que será dada à campanha. Eu não gostei e pronto, dizem os pitaqueiros. E como ele não gostou fica repetindo ad nauseam sua avaliação. Afinal de contas, ele existe para isso.

Mas, neste mês, começam os momentos mais emocionantes na atuação dessas personagens.

Os programas de rádio e TV. Neste momento da campanha, os pitaqueiros se autopro-movem a especialistas em design gráfico e fotografia para diretores e redatores de rádio e TV. Ah! Mas antes é importante destacar que essas personagens também são músicos e, é claro, sempre acham o jingle da campanha muito ruim.

Com o começo dos programas de televisão (e rádio em menor escala), toda a atenção desses “especialistas” se voltam para o programa. Aí as críticas ganham caráter cinematográfico. O povo não entende o que o candidato fala. A roupa está ruim. O cenário é feio. Fulano está parecendo falso. “Se fosse eu faria diferen-te”. E a base de consulta para esses “espe-cialistas”, claro, é sua esposa ou marido e a “empregada lá de casa”.

O importante é que quando o resultado é posi-tivo, esses pitaqueiros sempre se apresentam como autores de uma solução mágica e que foram responsáveis pela vitória. Mas quando a derrota acontece, a culpa foi do profissional que não soube ouvi-los. Como dizem que comunicador político em campanha eleitoral ganha bem, já deve estar previsto dentro de sua remuneração um adicional de insalubrida-de. Boa sorte a todos.

Neste mês, começam os momentos mais emocionantes na

atuação dessas personagens

Por Tiago Oliveira [email protected]

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Feira do Largo da Or-dem, em Curitiba, existe desde 1973 e já é tradi-cional entre os curitiba-

nos e turistas. Atualmente, a Feira conta com mais de mil barracas. Da-dos da Prefeitura de Curitiba mos-tram que cerca de 25 mil pessoas fre-quentam a Feira todo domingo. Nela, além de comidas, são expostos pro-dutos artesanais como objetos deco-rativos, vestuário, bolsas, acessórios e arte em geral. Porém, ao longo do tempo, os produtos comercializados na Feira vêm sendo questionados.

Isso porque a Secretaria de Turis-mo institui, por meio do decreto n°112/2010, que não seria permitida a venda de objetos industrializados em feiras que tenham como objetivo

Na tradicional Feira do Largo da Ordem em Curitiba, cada vez mais produtos industrializados invadem o espaço que antes era somente para o artesanato

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Para o artesão Luis Fernando Erthal, a imagem da feira está se perdendo com essa venda de produtos industrializados

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a promoção do artesanato local. No entanto, o que ocorre no Largo da Ordem nos domingos tem sido uma “invasão” de produtos industrializa-dos, tomando o lugar da produção lo-cal. Muitos artesãos estão indignados com essa situação, outros defendem a venda de produtos não artesanais.

Contra a venda

Luiz Fernando Erthal é um dos que não concorda com essa mudança no conceito da Feira. Produzindo ob-jetos de decoração há sete anos, ele conta que percebe essa venda de pro-dutos industrializados há algum tem-po na Feirinha. “Eu já fazia feiras de bairros e sempre percebi essa perda do artesanato. Quando vim para esta, tinha já tantos bloqueios para entrar e mesmo assim pessoas revendendo produtos”, revela Erthal, que acre-

Bianca [email protected]

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dita que são os antigos artesãos que mais revendem produtos na Feira. “Essa questão prejudica a imagem da Feira, que deveria ser a maior de artesanato no Brasil. As pessoas che-gam aqui e encontram produtos que encontram na [Rua] 25 de março, em São Paulo”.

Outros feirantes observam que essa venda do não artesanal atrapalha o comércio de quem é artesão. “Eu passo a semana toda produzindo e chego aqui e me deparo com gen-te comprando e colocando produtos para revender. É uma competição muito injusta com quem produz”, re-vela Wilson Bueno, que há quase dez anos revende fontes artesanais. Para produzir uma peça leva o dia todo. “Antigamente, a fiscalização era mais forte e eles iam até as casas dos arte-sãos ver se era a pessoa mesmo quem produzia”, lembra Bueno.

questão de sobrevivência

Mas há quem defenda a revenda de produtos industrializados na Feira do Largo. É o caso de Marcos José. Ar-tesão com barraquinha desde 1979 na Feira do Largo, ele só vendia artesa-nato no início. Mas há dez anos, diz que se viu obrigado a revender pro-dutos por questão de sobrevivência. “Quando o mercado da China invadiu nosso País, as coisas começaram a complicar e ficou difícil manter a fa-mília só com artesanato”, conta José, que produz chaveiros de madeiras, gravação em canecas e bijuterias. O restante dos acessórios vendidos em sua barraca é industrializado, como anéis e colares. “Creio que isso não prejudica quem faz só artesanato aqui, porque o consumidor que quer só arte-sanato vai encontrar. Agora, o pessoal evoluiu na produção. Se for fazer uma fiscalização grande aqui, 70% da Fei-ra cai porque mesmo quando alguém não revende um produto, pode utilizar algum tipo de máquina na produção de seu material”, observa.

orienta o expositor a retirar o produ-to. Quando “dá as costas”, o expositor volta a colocar seus produtos e conti-nua as vendas. No momento em que casos como estes acontecem, o Insti-tuto de Turismo aplica até duas notifi-cações para o expositor irregular. Se não mudar a situação, leva uma adver-tência. Com a reincidência, aplica-se uma penalidade que será a suspensão de dois a quatro domingos sem expor na Feira. Se persistir, é convidado a se retirar definitivamente.

Em relação às vistorias na casa dos artesãos, só este ano, já foram reali-zadas mais de 100. “Eles têm os ma-quinários em suas casas e fazem o ar-tesanato na nossa frente, mas depois vão à Feira e mesclam seus produtos com outros materiais industrializa-dos”. E o que poderia ser feito para mudar esta situação? “Agora o de-creto n°112/2010 virou lei e isso nos dá mais segurança e condição de agir de forma mais taxativa. Essa lei dá segurança para nós e para o artesão também. Mas isso só será mudado em longo prazo”, garante Marili.

Outra expositora da Feira que não quis se identificar vende há 15 anos travesseiros aromatizados que sua família produz. Para ela, o objetivo do lugar tem sido preservado até pelo perfil do público que o frequenta. “O curitibano é um público rigoro-so e que aderiu bem a Feira. Quem vem aqui para buscar artesanato vai encontrar. Tem pessoas que andam e até mesmo percebem que os produtos artesanais têm qualidade muito supe-rior aos que não são”, defende.

Fiscalização

Todo domingo, existem diversos fis-cais na Feira do Largo da Ordem para controlar a venda de produtos não ar-tesanais. Mas, então por que mesmo assim, é possível encontrar produtos industrializados a cada edição? “Não estamos alheios a isso, mas tem sido difícil de controlar, pois o pessoal en-contra sempre uma maneira de burlar a fiscalização”, revela Marili Pires Lessnau, coordenadora de Feiras de Arte e Artesanato de Curitiba.

Segundo Marili, muitas vezes, os fis-cais passam nas barracas que possui este tipo de produto não artesanal e

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há quem defenda a revenda de produtos industrializados na

feira do largo

Para Marcos José, mesclar produtos industrializados aos artesanais é uma forma de sobrevivência

sua oPinião Qual sua posição sobre a venda de produtos industrializados na Feira do Largo da Ordem?

( ) Sou a favor ( ) Sou contra

Mande sua participação para [email protected]

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em direção à morteLei Seca completa quatro anos, mas casos de acidentes no trânsito, principalmente quando combinados com ingestão de álcool, continuam gerando vítimas fatais

ra véspera de Natal de 2008, quando o filho de um poli-cial civil estava na direção e se envolveu em um aciden-

te. Na carona, estava o filho de Ro-simari Carriel de Lima, Robson Edu-ardo Carriel de Lima, na época com 21 anos. Robson morreu, o motorista teve ferimentos leves. A maior causa para o acidente fatal? A combinação de álcool, direção e imprudência.

Agora o que ficou foi a dor da mãe e dos familiares e um processo judicial que se arrasta por mais de três anos,

e

cidades

sem que Rosimari tenha esperanças de uma conclusão favorável. Segundo ela, o agente do acidente já foi visto por ela bebendo e dirigindo novamen-te pelas ruas de Curitiba e ao ser ques-tionado, o rapaz disse não se importar com as consequências, pois teria pa-rentes influentes dentro da Polícia que poderiam “livrar a cara” dele.

O ano do acidente fatal foi o da pro-mulgação da Lei Seca (n.º 11.705). Há quatro anos, acidentes fatais no trânsito como esse deveriam ter di-minuído drasticamente com a lei e garantido mais rigor na fiscalização, porém, as mortes continuam. O Mi-

nistério da Saúde divulgou recen-temente que o Brasil registra 18,9 fatalidades no trânsito por grupo de 100 mil habitantes, uma das maiores causas é a ingestão de álcool combi-nada à direção.

Quando se observa as ruas curitiba-nas nos finais de semana, por exem-plo – período de maior incidência de motoristas alcoolizados – a sensação ainda é de impunidade e imprudência ao volante.

Consequências

“A certeza da impunidade vai fazer com que a pessoa tenda a se arriscar mais, a fazer coisas que ela até sabe que não são corretas, mas que optam por fazer”, exemplifica a psicóloga

Arieta [email protected]

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Mudanças na legislaçãoProjeto do novo Código Penal prevê, entre outras mudanças, alteração no conceito e penas diferentes para crimes de homicídios, incluindo os do trânsito

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lém da possível falta de equipamentos e de fisca-lização não confirmadas pelo BPTran, a pouca

consciência de muitos motoristas e a sensação coletiva de impunidade pela má aplicação da Lei Seca, há outro fator que deve vir à tona em breve. É a possível alteração no Código Penal brasileiro para o ano que vem. Essa

a

especialista em trânsito, Adriane Pic-chetto Machado. Para as vítimas, so-bra a dor, os prejuízos financeiros e o medo de acontecer com outras pesso-as. “A gente tem uma sociedade que é muito permissiva. O trânsito é fruto dessa sociedade”, completa Adriane.

Comunga dessa afirmação, Christiane Yared, presidente do Instituto Paz no Trânsito, que fundou o Instituto após a perda do seu filho, Gilmar Rafael Souza Yared, morto no acidente en-volvendo o ex-deputado Carli Filho, em 2009. “A cultura do País é o beber e dirigir que não vai dar nada. O que precisa são três pilares: educação, fis-calização e a punição. É o exemplo.” No Instituto, eles atendem infratores, “na faixa de 98% homens. Mais ho-mens na faixa dos 32 aos 45 anos. São os que bebem e acham que po-dem dirigir”, diz a presidente. “Mas tem aumentado a incidência entre as mulheres”, aponta o Tenente Ismael Veiga, do BPTran.

Fiscalização

De acordo com o Batalhão de Polí-cia de Trânsito de Curitiba (BPTran), foram realizadas cerca de 210 opera-ções de fiscalização nos últimos três meses. Nestas blitz, foram abordados em torno de 10 mil condutores e 82 motoristas foram presos por embria-

guez. “Não adianta a gente ter uma legislação eficiente, como nós temos, a fiscalização funcionar, se não hou-ver o bom senso da sociedade, que bebida e direção não combinam”, afirma Veiga. “Ele [motorista] tem o papel fundamental de fiscalizar a si mesmo”, diz.

Outro fator é a falta de equipamen-tos para o BPTran trabalhar, segundo Christiane Yared, que estabeleceu uma parceria do Instituto Paz no

Arieta [email protected]

CaMPanha A partir deste mês, o Instituto Paz no Trânsito vai lançar uma campa-nha de conscientização no trânsito direcionada aos jovens e adoles-centes. Chamada “Curta a vida”, a ação que vai até o fim do ano terá palestras, mesas-redondas, fóruns, teatro, orientação nas escolas e empresas de Curitiba. “Queremos que a população entenda que o trânsito não é só na semana do trânsito”, afirma Christiane Yared, presidente do Instituto. Mais informações: www.iptran.org.br

Trânsito, o Ministério Público e o Batalhão da Polícia. “O Instituto da Paz comprou máquinas fotográficas e lanternas de led. Agora estamos pro-videnciando os coletes refletivos e os etilômetros, que são os bafômetros”, conta Christiane. “Nós não temos di-ficuldades com equipamentos. Nós temos 26 etilômetros por dia. Essa questão de equipamentos não nos preocupa”, responde o tenente. (“Mu-danças na legislação”, continue len-do abaixo.)

mudança poderá alterar a forma com que os crimes de homicídios no trân-sito são encarados pela Justiça.

A mudança está contida no antepro-jeto do novo Código Penal entregue pelas mãos do ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao Senado Federal no final de junho. No documento, que foi elaborado por um grupo de juristas do País, contém certo esvaziamento do conceito de

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dolo eventual, permanecendo o dolo direto (quando o agente tem vonta-de e consciência do crime) e inclui-rá a culpa gravíssima, uma categoria com pena maior à culpa consciente que também continuará valendo para crimes em que não houve a intenção de matar. “Hoje a Lei [Seca] não tem mais nenhum valor, porque ninguém mais se submete ao bafômetro e nin-guém precisa produzir prova contra si mesmo”, afirma o ministro Dipp.

“Caso aprovado sem veto os artigos 18, I; artigo 20; artigo 121, pará-grafos 5º e 6º (que ferem conceitos clássicos), processos criminais como este [...] serão revistos e considerados meramente culposos, sem julgamento pelo júri e sem pena com regime fe-chado, em caso de condenação. Mes-mo aqueles já julgados definitivamen-te. Enfim, a repercussão é de tal modo que me permito chamar essa mudança

pretendida de ‘Emenda Carli Filho’”, diz o documento que a Revista MÊS teve acesso referente às considerações do advogado Elias Mattar Assad, so-bre as consequências na causa que ad-voga contra o ex-deputado citado. “É uma vergonha, gente”, diz Christiane, mãe da vítima no processo.

“A simples equação ‘bebida + dire-ção’ não é suficiente para configurar nem o dolo eventual, nem a culpa consciente, porque a diferença é sub-jetiva. É preciso verificar a postura intelectual e emocional que o agen-

te tem diante do resultado a partir de dados objetivos e isso é muito difícil fazer”, diz Adriano Bretas, crimina-lista, vice-presidente do Grupo Brasi-leiro da Associação Internacional de Direito Penal (AIDP-Brasil). Essa di-ferenciação, aliás, é considerada um dos maiores debates do Direito Penal.Mas se a distinção do conceito entre dolo eventual e culpa consciente é tênue, no processo, as consequências são bem distintas, incluindo penas di-ferentes. Dolo eventual está no artigo 121, §2º, do Código Penal e a culpa consciente consta no artigo 302, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Para alguns juristas ouvidos pela re-portagem, a inclusão da culpa gra-víssima será um avanço para a legis-lação. “É uma figura intermediária entre o dolo e a culpa, onde aumenta--se a pena, mas ele [acusado] não vai a júri popular. [A mudança] é para ser mais drástica. A culpa gravíssima é uma culpa qualificada, aumentou a pena”, diz Dipp.

“Isso é sintoma de um problema que a gente já vem enfrentando há muito tempo. Tem duas categorias: crime doloso e o crime culposo. O grande problema é que o acidente de trânsi-to por essência é algo que você não quer, ele é um acidente. Portanto, é da natureza do acidente de trânsito ser culposo. Só que a pena do crime culposo era tida como muito baixa. O que se fez? Fez uma alquimia, que é transformar o que era culposo na essência em doloso, porque no fun-do você queria era a pena do crime doloso [que é maior]”, defende Aury Lopes Júnior, advogado criminalista, doutor em Processo Penal. Para ele, o novo Código vem de certa forma cor-rigir essa distorção.

O projeto passará por ampla discus-são no Senado e irá para votação na Câmara Federal antes de seguir para sanção da presidente Dilma Rousseff, o que se estima ocorrer com otimis-mo em 2013.

A possível alteração no Código Penal brasileiro pode mudar a forma

com que os homicídios no trânsito são

encarados pela Justiça

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De acordo com o criminalista Aury Lopes Júnior, o novo Código vem corrigir essa distorção

cidades

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• Banca da Praça Osório • Banca da Praça da Espanha • Banca da Praça da Ucrânia • Banca da Praça de santa Felicidade • Brioche Pães e Doces | 3342-7932. av. 7 Setembro, 4416 | Centro • Delícias de Portugal - 3029-7681. av. 7 de Setembro, 4861 | Batel• John Bull Café - 3222-7408. rua Comendador araújo, 489 | Batel • Pata Negra - 3015-2003. rua Fernando Simas, 23 | Batel • Panificadora Paniciello - 3019-7137. av. manoel ribas, 5965 | Cascatinha • Panettiere - 3014-5334. av. Cândido Hartmann, 3515 • Madalosso - 3372-2121. av. manoel ribas, 5875 | Santa Felicidade • Vinhos Durigam - 3372-2212. av. manoel ribas, 6169 | Sa Felicidade• Dom Antônio - 3273-3131. av. manoel ribas, 6121 | Santa Felicidade • Tizz Café - 3022-7572. al. Doutor Carlos de Carvalho, 1345 | Batel• Academia Gustavo Borges - 3339-9600. Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 85 | Campina do Siqueira • Adega Brasil - 3015-3265. av. Cândido Hartmann, 1485 | mercês • Kauf Café - 3015-6114. al. Dr. Carlos Carvalho, 608 | Centro • Cravo e Canela Panificadora - 3015-0032. Rua Jacarezinho, 1456 | Mercês • Babilônia - 3566-6474. al. Dom Pedro ii, 541 | Batel • Cravo e Canela Panificadora - 3027-4890. Hugo Simas, 1299 | Bom Retiro • Semáforos - rua Visconde de Guarapuava com a Brigadeiro Franco (Esquina shopping Curitiba) • Rua Padre Augustinho com Capitão Sousa Franco (Praça da Ucrania) • Rua Emiliano Perneta com Desembargador Motta • Rua Martim Afonso Capitão Sousa Franco (Colégio Positivo)

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Pontos de distribuição

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om um crescimento de 5 a 7% ao ano, segundo a Abrasel-PR, o mercado de gastronomia está em franca

expansão e, com isso, tem atraído os olhos apetitosos de novos empresários.

No Brasil, são aproximadamente um milhão de estabelecimentos, que geram seis milhões de empregos. Cerca de 50 mil empresas e a geração de 300 mil empregos é o cenário no Paraná. Já em Curitiba e Região Metropolitana, o nú-mero de empreendimentos que oferecem alimentação fora do lar chega a 18 mil. “Cada vez mais as pessoas estão comen-do fora de casa. Tempo, custo e comodi-dade, esses três fatores são fundamentais para a decisão da sociedade comer mais

O número de empreendimentos gastronômicos, que cresce de 5 a 7% ao ano, atrai cada vez mais investidores; veja exemplo de empresários e dicas de como montar

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Negócio bom de garfo fora de casa”, diz o diretor-executivo da Abrasel-PR, Luciano Bartolomeu.

Apesar de o ramo gastronômico ser o projeto de vida de muitas pessoas, o trabalho é pesado e os lucros não são dos melhores, de 5 a 15% é a margem de lucro entre as empresas viáveis, aponta Bartolomeu. “[As pessoas têm] o sonho de ter um bar, de ter um res-taurante, mas acabam esquecendo que têm de abrir todos os dias, véspera de feriado, de final de semana [...] Acaba sendo uma prisão de porta aberta.”

A Food Service Company é uma em-presa especializada em colocar ordem e prestar assessoria para os empreen-dimentos em gastronomia e arquitetu-ra. Para o diretor Adri Vicente Junior, o negócio na área de gastronomia tem muitas especificidades diferentes de outros setores. “É o único negócio que você usa os sentidos de um ser humano com perfeição.”

Justamente por essa complexidade, o planejamento é fundamental. “O planejamento para quem quer abrir e

quem está com o seu negócio é funda-mental, porque senão a pessoa perde dinheiro”, diz Bartolomeu.

Júnior considera que não cumprir as metas iniciais é um dos principais pecados dos empresários. “O pecado que comete é que não mantém o pa-drão dele”, argumenta.

Dentre os erros mais cometidos tam-bém estão a falta de cuidado na “ges-tão, em primeiro lugar; depois serviço, depois alimentação”, afirma o diretor da Abrasel-PR. “Você tendo uma boa gestão, você pode ter oportunidade de arrumar seu serviço e sua gastronomia. Se você vai a um restaurante e a comida é maravilhosa, mas você é mal atendi-do, não volta nunca mais. Se é muito bem servido e a comida não estava tão boa, você dá mais uma chance.”

Há exemplos de empresários intuiti-vos, empreendimentos bem planeja-dos e outros que precisaram se rees-truturar para continuar a sobreviver. São as experiências de alguns empre-sários, em Curitiba.

economia

Mariane [email protected]

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Vila roti

bar do PaChá

aUGUSTO COSTa, emPreSáriO

Em funcionamento há pouco mais de um ano, o restaurante Vila Roti é mais do que um desejo dos sócios, é o resultado de um intenso traba-lho de planejamento. O restaurante atual foi fruto de um projeto no curso de MBA do administrador de empresas Augusto Costa. Já com a ideia de montar um estabelecimento gastronômico com um amigo chefe, Costa aproveitou o curso e formatou o modelo de negócios.

“A gente fez um projeto de uma nhoqueria. Mas todo o projeto de implantação é o mesmo, só mudou a gastronomia, acabamos montando um bistrô [...] Era limitado demais. A gente acha que em um shopping daria muito certo, mas não em um restaurante”, conta. Depois de todo o planejamento e mais oito meses de obras do estabelecimento, os donos

não precisaram mais que dois meses para colocar a casa para funcionar. Alguns detalhes sofreram alterações, como a ideia de fazer uma carta apenas com vinhos brasileiros, o que eles perceberam ser inviável.

Para Costa, a sorte é importante, mas o planejamento foi fundamental. “Se você não está preparado para quan-do a sorte vier, você não consegue fazer.” Com um faturamento bruto de cerca de R$30 mil mensais, apenas com atendimento para jantar de terça a sexta-feira e almoço nos sábados e feriados, para Costa ainda tem muito a se fazer. “A implantação não está terminada. Temos só um ano [de funcionamento]. Para um restauran-te, você consegue avaliar realmente depois de 2, 3 anos. Principalmente, no nosso conceito. A estratégia, tudo foi muito bem pensado.”

ZiCO GarCeZ, emPreSáriO

O Bar do Pachá é um exemplo de em-preendimento que deu certo na práti-ca, sem um planejamento maior. Seu dono, o administrador de empresas Zico Garcez, afirma que a única coisa que tinha era um conceito: fazer um bar com comida de restaurante. Após dois anos de funcionamento, o bar já foi um dos indicados da Veja Curitiba Comer & Beber e indicado pelo Bom Gourmet como melhor petisco da Capital, com o bolinho de arroz.

A clientela, que no começo era forma-da por amigos, hoje é diversa e atende desde jovens até adultos. Com uma média diária de 40 pessoas, nas noites de segunda a sexta-feira e no almoço aos sábados, Garcez consegue ganhar cerca de R$35 mil por mês bruto.

Hoje, o proprietário está satisfei-to com o negócio e disse que não pretende ampliar o bar, muito menos abrir outro empreendimento. “Eu faço com prazer, com divertimento. É um relax”. Mas nem sempre foi assim. Garcez já trabalhou como secretário de Justiça do Governo Jaime Lerner, teve uma construtora, transportadora de cavalos de corrida, corretora e um bistrô. Com a atuação em tantos ramos já descobriu que o setor da gastronomia não é tão sim-ples. Em 15 dias decidiu abrir um bistrô francês com mais dois sócios. “A gente faturava R$90 mil por mês [em alguns meses]”, lembra. Mas em sete meses já estava fora do negócio, apesar dos grandes resultados, por conta de problemas com a sociedade.

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kharina

Custos: procure o melhor ponto para o estabelecimento, com características de aproveitamento arquitetônico. Ava-liar um ponto de maior sucesso comercial é importante.

Profissionalização: Todas as etapas da montagem do restaurante devem ser dirigidas por profissionais, mas o pro-prietário também precisa saber fazer as funções de cada um.

Dever: É preciso estar atento à legislação vigente, às normas de higiene e segurança alimentar e também às áreas específicas de portadores de necessidades especiais.

Investimento: Antes de gastar, o empreendedor precisa calcular o quanto terá de retorno financeiro e em quanto tempo. A partir do lucro pretendido calcula-se o quanto pode ser investido.

Economia: Todo planejamento deve ter como diferen-cial a economia, seja de espaço físico ou de investimento. Construir um negócio com áreas de dupla utilização, evita desperdícios e reduz o custo.

Veja 10 diCas Para Montar seu eMPreendiMento GastronôMiCo: Respeito ao meio ambiente: É fundamental avaliar onde

serão dispensados lixos e gases, por exemplo. A construção já pode respeitar pontos de sustentabilidade.

Consciência: É preciso criar um time. Deve-se pensar na qualidade do dia a dia e no respeito pelos trabalhadores.

Diferencial: Ganhar o cliente hoje em dia vai além do bom atendimento. Por isso, preocupar-se com a procedência dos insumos dos pratos, garantindo produtos frescos e de qualidade, cuidar do bom atendimento e suprir as expectati-vas pretendidas de cada cliente agrega valor.

Humanização: Além de atender cordialmente, é necessário humanizar o contato entre funcionários e clientes. A máxima “o cliente em primeiro lugar” deve ser o norte da empresa.

Inteligência: Se o negócio entra em uma área nova, em meses terá um concorrente. É importante pensar no produto ofertado tendo como parâmetro sua concorrência e sempre aprimorar o cardápio para que não fique defasado em relação ao mercado.

raCHiD CUry, emPreSáriO

Há quase 37 anos no mercado curitibano, a lanchonete Kharina mostra que é possível crescer e se estabilizar no meio da gastronomia. Criada e comandada pelo adminis-trador de empresas Rachid Cury, o negócio começou como um serv--car. “Eu acredito que o Kharina tenha se mantido, porque a gente está sempre em constante reno-vação. Começou como serv-car, depois atendimento nas mesas, sanduíche no prato, depois saladas, prato executivo para o almoço”, diz Cury. Agora a principal loja, loca-lizada no Batel, foi reestruturada e mudou de conceito. “Mais para o casual-food. [...] Queremos que seja uma extensão do prazer.”

Essa necessidade de adaptação surgiu devido à grande concorrên-cia no setor. “Abriu muita coisa na

cidade. Bares, baladas, que antiga-mente não tinha alimentação. Além disso, a loja já estava com quase 20 anos no mesmo formato. Estava bem desgastada”, explica o dono. No início do próximo ano, a empresa vai abrir uma nova loja no Cabral e remodelar as lojas do Capanema e Água Verde, consecutivamente.

Para essa nova mudança foi contra-tada uma empresa especializada de São Paulo que reformulou o conceito, principalmente, da cozinha. “Antes não tínhamos fogão, era só chapa para fritar hambúrguer. Fizemos uma pesquisa para saber que tipo de prato servir”, conta. A rede tem um fatu-ramento bruto de aproximadamente R$1,2 milhão ao mês. A loja do Batel corresponde a 40% da receita. A proje-ção é que aumente em 30% as vendas com as modificações.

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ário José Wustro é agricul-tor em Palotina (PR). Des-de a década de 70, planta soja e milho, no verão,

e trigo e aveia, na safra de inverno. Hoje, possui uma grande propriedade (mais de 100 alqueires de terra).

Já no início de sua vida no campo, viu no crédito rural uma oportunida-de de impulsionar os seus negócios. “Na época, não tínhamos dinheiro para começar e o custeio ajudou e ainda ajuda no investimento de má-quinas e insumos agrícolas”, relem-

Governo irá disponibilizar R$ 115,2 bilhões em crédito para a agricultura empresarial, deste valor, 20% será destinado ao Paraná

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Mais dinheiro para o campo

bra Wustro. Para ele, o aumento de crédito é bom para os produtores e toda a economia brasileira.

Wustro se refere ao maior volume de crédito rural de todos os tempos, anunciado pelo Governo Federal para a próxima safra. O Plano Safra 2012/2013 irá disponibilizar aos pro-dutores e suas cooperativas R$115,2 bilhões em crédito para custeio, co-mercialização e investimentos da agricultura empresarial e mais R$18 bilhões para a agricultura familiar. No total, os R$133 bilhões represen-tam o maior volume de crédito já dis-ponibilizado para o setor agropecuá-

agropecuária

rio. São R$10 bilhões a mais que no ano passado.

O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) re-ceberá linhas de crédito de R$11,15 bilhões, valor 34% superior ao pro-gramado para a safra passada. Se-gundo estimativa da Organização das Cooperativas do Estado do Pa-raná (Ocepar), deste montante de R$115 bi, cerca de 20% será destina-do ao Paraná.

Os bancos que oferecem os créditos para os produtores também já estão preparados para acompanhar este au-

Bianca [email protected]

Dário planta desde 1972 em Palotina e começou seu negócio

por meio do crédito rural

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mento. Exemplo é o sistema de coo-perativas de crédito Sicredi, que pro-jeta a liberação de R$6,2 bilhões com o Plano Safra 2012/2013 para a sua plataforma nacional de associados. Para o Paraná, está previsto a destina-ção de R$1,6 bilhão pelo banco.

Segundo o banco Sicredi, deste di-nheiro, cerca de R$340 milhões es-tão reservados para o Pronamp (Pro-grama Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural) e R$376 milhões ao Pronaf (Programa Nacional de Forta-lecimento da Agricultura Familiar).

Já a maior parte, ou seja, R$884 mi-lhões será direcionada aos demais produtores rurais. O Banco do Brasil aplicou R$12,4 bilhões em operações de investimento, 49% acima do volu-me aplicado na safra anterior.

Período promissor

Esse recorde de crédito rural na agrope-cuária acompanha a economia brasileira que está em crescimento. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abasteci-mento do Paraná (Seab), este aumento é também resultado de uma antiga rei-vindicação dos próprios agricultores. “É reflexo de uma reivindicação de todo o setor, que pede juros mais baixos e mais acesso ao crédito”, analisa o Francisco Carlos Simioni, chefe do Departamento de Economia Rural da Seab.

É este custeio que vai garantir ao agri-cultor a possibilidade dele ter uma boa safra e se capitalizar. “Além do cus-teio, o produtor vai ter a oportunidade de recursos mais baratos para investi-mentos na propriedade como máqui-nas, equipamentos e melhorias da con-servação de solo”, ressalta Simioni.

Já para Maroan Tohmé, Superinten-dente de Desenvolvimento do Sicredi, esta questão vai além. Segundo Toh-mé, é também uma forma de ir contra a alta da inflação. “É uma preocupa-ção dele [Governo] garantir que não tenha pressão inflacionária muito alta por conta de alimentos”, explica. “A expansão no crédito rural é para pro-porcionar que os produtores possam continuar plantando ou aumentar uma área plantada para que não haja uma escassez de alimentos. Com isso, ele não tem uma pressão inflacionária.”

juros

Estes diminuíram. No Plano Safra 2012/2013, as linhas de crédito ficaram mais baratas com redução de 6,75% para 5,5%. “Como a taxa de juros dos recursos destinados à agricultura estão relacionados à taxa Selic [taxa básica de juros], e esta tem mostrado uma tendência de queda ao longo dos últi-mos dez anos, é natural que estes ju-ros sigam essa mesma tendência para o plantio de safra”, explica Simioni. Para os produtores que adotam práticas sustentáveis em seus negócios, os juros podem cair ainda mais.

A agricultura é uma atividade que en-volve riscos para o produtor, princi-palmente, por conta das condições cli-máticas. Por isso, o Governo também se propôs a melhorar no Plano Safra o seguro aos produtores, por meio do Proagro (Programa de Garantia da Ati-vidade Agropecuária). Assim, o pro-dutor tem garantias nos pagamentos de seus empréstimos. Já para os mé-dios produtores, foi dobrado o valor de cobertura, o que vai permitir a eles um seguro de até R$300 mil por safra.

os R$133 bilhões representam o maior volume de crédito de

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Para Maron Tohmé, o aumento do crédito rural é uma forma de o governo ir contra a inflação D

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brincando com o conteúdoCom a ajuda das novas tecnologias, professores conseguem trabalhar o conteúdo por meio de brincadeiras lúdicas e de aulas mais descontraídas

educação

o psicopedagogo e vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares (SINEPE/PR), Jacir José Venturi.

Hoje, é comum os adolescentes esta-rem mais conectados às novas tecno-logias e à internet. São inúmeros os atrativos que esta ferramenta traz aos estudantes. Foi pensando neste aluno moderno, que a doutora em Educa-ção, Gladyz Mariotto, elaboradora de material didático do Ensino Médio, adequou as matérias à internet. Com a intenção de tornar a rotina de estu-dos mais atrativa, ela criou o site “Já Entendi”, que oferece vídeo aulas de até cinco minutos com conteúdos es-colares apresentados de formas diver-tidas, dinâmicas e descontraídas.

Segundo Gladys, por meio de uma pesquisa feita por ela, percebeu que já existia muitos vídeos na internet com aulas normais, como se fosse em uma

studar é uma atividade que exige disciplina e atenção. Alunos do Ensino Médio e, principalmente, os vestibu-

landos, precisam ainda mais de dedica-ção. Afinal, mesmo prestando atenção nas aulas e estudando em casa, guar-dar todo o conteúdo na memória não é uma tarefa fácil. Nesse momento, as tecnologias e também alguns métodos

ecriados em sala de aula podem ajudar o aluno a fixar e lembrar-se de matérias de maneira criativa e divertida.

Aprender com o lúdico é importante e necessário dentro de uma sala de aula. “Esses métodos facilitam a fixação do conteúdo e isso é válido enquanto didática. O cursinho é a fase em que o aluno mais aprende na vida porque existe um ambiente de motivação através de bons professores”, explica

Bianca [email protected]

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sala de aula. “Por isso, criei algo dife-rente, onde os vídeos são elaborados a partir de mapas mentais e as imagens são em forma de scrapbooks”. Segun-do a educadora, pesquisas já mostram que a memória visual do ser humano é muito mais importante que a auditi-va, pois capta 70% de tudo que vê. Os temas do site vão dos mais sérios até os descontraídos, com piadas e brin-cadeiras por meio do espaço “Nada a Ver”, onde aparecem conteúdos sobre moda, show e beleza.

Música para o cérebro

Uma aula no Ensino Médio dura, em média, 50 minutos. São cerca de seis aulas por dia. Além disso, os alunos enfrentam outras aulas de revisão e re-forço. Para gravar todo esse conteúdo, alguns colégios e professores criam seus próprios métodos para ajudar os alunos na hora de reforçar a matéria.

O professor João Amálio Ribas le-ciona a disciplina de Literatura no Acesso, cursinho pré-vestibular de Curitiba. Há dez anos, ele usa a mú-sica como sua aliada no ensino. Fre-quentemente cria paródias de canções conhecidas com os conteúdos lecio-nados em sala de aula. “Houve uma mudança na recepção e na interação dos alunos”, avalia. Geralmente, cada

aula em que um novo conteúdo é apresentado, nos cinco minutos finais da aula, é cantada uma paródia com a matéria do dia.

E para compor as letras, há toda uma preocupação do professor em dosar diversão com aprendizado. “Tenho uma paródia para cada conteúdo. Em cada verso, em cada palavra, o aluno canta conteúdo e informações impor-tantes. As letras são compostas para se assemelharem sonoramente às le-tras originais, o que ajuda o aluno na memorização e identificação imedia-ta com a música”, explica Ribas.

o cinema no aprendizado

Além da música, o cinema também tem sido um elemento muito utili-zado dentro da sala de aula. Neste mesmo cursinho pré-vestibular, a disciplina de História utiliza da mí-dia cinematográfica para ensinar os alunos. O professor de História, Júlio César, reúne alguns alunos convida-

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“Esses métodos facilitam a fixação do conteúdo e isso é válido enquanto

didática”, diz Venturi

dos a participar das aulas Cineaces-so, uma vez por semana.

César mostra, por meio de um telão, cenas de filmes relacionadas aos as-suntos que ministra em sala de aula. “Primeiro eu dou uma explanação geral sobre o tema e contextualizo o aluno. Depois, mostro trechos de filme e faço as comparações com o que é acerto no filme e o que não é”, explica César, que também ressalta a importância dos debates gerados neste encontro. “Não fica somente um monólogo do professor. Os alu-nos debatem também. E isso os ajuda tanto na disciplina de História como também na redação”.

Os alunos gostam muito dessas for-mas de aprendizado. Audry Espinosa Gonçalves, vestibulanda, acredita que essas técnicas ajudam na hora de fixar e lembrar o conteúdo. “Tanto a música, como os filmes nos ajudam a assimilar melhor a matéria. Já teve provas em que me lembrei das músicas e que me ajudaram a lembrar de todo o resto do conteúdo”, revela. Jacqueline Wahbeh, colega de classe de Audry, também avalia o método como muito produ-tivo para os alunos. “A gente discute os filmes, debate sobre o conteúdo e aprende a ter até mesmo um olhar dife-renciado e crítico”, diz.

diCas Para estudantes

na HOra De manTer Uma rOTina De eSTUDOS SaDia, lemBre-Se De:

Durma no mínimo 7 horas por dia. Estudos mostram que fixa-mos o que aprendemos em nosso cérebro durante o sono REM (sono profundo e de qualidade)

Após as aulas normais, revise o conteúdo aprendido em casa ainda no mesmo dia

Alimente-se bem e faça exercícios

Fonte: Jacir José Venturi

O professor João Amálio Ribas canta

para seus alunos nas aulas de cursinho

pré-vestibular

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saúde

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gripe e as síndromes respiratórias entraram no mês passado para o rol de doenças mais

importantes do Paraná, segundo a Comissão Estadual de Infectologia. Neste inverno, diferentemente do ano passado, as gripes vieram com mais força ao que tudo indica pelo aumen-to do número de casos. A gripe H1N1 ainda preocupa a população parana-ense e deixou as autoridades em aler-ta, principalmente, em Curitiba, nos primeiros meses de frio deste ano.

Um dos motivos apontados para a nova epidemia é o descuido da pre-venção. Em 2009, quando surgiram os primeiros casos reconhecidos do vírus da gripe A (H1N1), era fácil ver nos locais públicos o álcool em gel (70%) para higienizar as mãos, as pessoas adquiriam e estavam sempre utilizando. Era comum também ver as janelas abertas, mesmo no frio, em ambientes como ônibus, nas salas de aula e no trabalho para evitar a con-taminação de um vírus, que até então era desconhecido e temido.

Este ano, já se sabe como tratar e a imunização tem sido eficiente. Foi grande o número de vacinas aplica-das em grupos considerados de maior risco e até mesmo foi estendido para outras pessoas, atingindo mais de 2,2 milhões de paranaenses. No final do mês passado, o Ministério da Saúde divulgou o envio de mais 400 mil do-ses para imunizar o Paraná, o que au-mentaria ainda mais a porção de pre-venção. “Se tiver a oportunidade de vacinar, a recomendação é que faça a

Não deixe de se prevenir contra a gripe A; mais vacinas chegam ao PR, informe-se para se imunizar também

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Prevenir está em suas mãos

vacinação”, comenta Bernardo Mon-tesanti Machado de Almeida, médico residente de infectologia do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Ele explica que a vacina precisa de um prazo mínimo de 10 a 15 dias para criar a imunidade aos vírus Influen-za A (H1N1), Influenza A (H3N2) e Influenza B. O efeito é por um ano. Por isso, se ainda não tomou a vacina ou se tomou e está neste período em que ela não fez efeito no organismo e apresentar sintomas da gripe, vá ao médico. Para identificar, a gripe é marcada por: quadro clínico súbito, febre alta, dor de garganta, tosse, fal-ta de ar e vias aéreas trancadas.

A medicação receitada para todos os casos é o Oseltamivir, conhecido como Tamiflu. O medicamento não pode ser encontrado nas redes de far-mácias, somente nos postos de saúde e

em hospitais. “A gripe pode ser causa-da por vários tipos de vírus. O fato de ser H1N1, a manifestação não vai ser diferente de outros vírus e o tratamen-to é o mesmo. É para fins epidemioló-gicos [a identificação]. Para saber qual é o vírus que mais está circulando na comunidade”, explica a médica Célia Ines Burgart do HC. Caso necessite tomar o remédio, o médico irá orientar onde conseguir, mediante apresenta-ção de receita médica.

Mas é sempre melhor se prevenir do que tomar o remédio. Por isso, as dicas básicas mesmo quando passar o frio são: abrir as janelas nos ambientes, deixar bem arejado, evitar o contato de pessoas que estejam doentes, manter o ambiente sempre limpo, não colocar a boca nos bebedouros, ao tossir, tapar a boca no braço e não colocar a mão na frente. Com esses tipos de medidas também é possível evitar outras doen-ças, como meningite e diarreia.

Arieta [email protected]

PalMa

Punhos

unhas, extreMidades dos dedos

esPaço entre os dedos

artiCulações e dorso das Mãos

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tecnologia

O desenvolvimento de tecnologias locais tem ajudado médicos e pacientes, além de contribuir com a inovação na área da Saúde do PR

uso de um dispositivo criado especialmente para jogos de video-game parecia um tan-

to quanto inusitado em um hospital. Apesar de algumas áreas usarem jo-gos e ferramentas do mundo dos ga-mes para reabilitação, a presença de um dispositivo desse numa sala cirúr-gica parecia distante.

Até que no Hospital Evangélico de Londrina, a equipe do Departamento de Tecnologia da Informação, depois de uma solicitação de um médico, desenvolveu um software que possi-bilitou aos médicos trocarem o nega-toscópio – aquela caixa de luz para ver filmes – por uma televisão e um Kinect. O “Intera – Centro Cirúrgico” possibilita aos médicos consultarem

oos exames na sala cirúrgica sem a ne-cessidade de tocarem em nenhum ma-terial e também sem precisar se apro-ximar para ver os exames, utilizando apenas o movimento do corpo para ampliar ou trocar uma imagem na tela.

A ideia surgiu por uma necessidade do neurocirurgião e diretor do Hos-pital, Luiz Soares Koury. A primeira ideia foi o uso de um computador, de-pois surgiu a possibilidade de um ta-blet. “Aí a gente acabou num brains-torm, o pessoal sempre antenado com as coisas, e surgiu a possibilidade de usar o sensor de movimentos”, expli-ca o gerente do Departamento de Tec-nologia da Informação do Hospital, Cezar Martinelli.

“Hoje nós temos um sistema que o ci-rurgião ao chegar à sala cirúrgica ha-bilita o movimento no Kinect e a par-

de dentro dos hospitaistir daí, ele mesmo, com o movimento de mão, sem tocar em nada, troca as imagens, escolhe qual imagem, de qual exame ele quer ver, amplia essa imagem, descarta se não precisar mais dela e chama outra. Então, hoje é mais versátil”, enfatiza Koury.

Martinelli explica que os médicos che-gam com o material em pen-drive ou em discos como CDs e DVDs e o programa já recebe as informações e disponibiliza na TV. Os médicos têm aprendido facil-mente o uso da ferramenta.

Infecção hospitalar

Outro fator importante é a diminuição de uma possível infecção hospitalar. “A gente focou nessa parte de infec-ção hospitalar, mas eu estou vendo que vários outros benefícios estão surgindo”, completa Martinelli.

Iris [email protected]

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Entre os benefícios elencados por ele está a precisão da cirurgia, como sa-lienta Koury. “Melhora a segurança para o paciente, principalmente, por-que o fato de o médico operar um pa-ciente com os exames de imagem na sala é um fator de segurança.”

outros produtos

Já no Hospital Erasto Gaertner foi desenvolvido um cateter e um imobi-lizador chamado “Imobeg” para ser utilizado em cirurgias. O Hospital incentiva o desenvolvimento da ino-vação e da tecnologia dentro do pró-prio Hospital, no Instituto de Bioen-genharia Erasto Gaertner (Ibeg) (veja foto principal).

O cateter foi produzido localmente há mais de 25 anos, apesar de já exis-tirem outras versões fora do Brasil, conta Giovanni Targa, médico onco-logista do Hospital. Em 2004, o ca-

teter paranaense passou por uma re-modelação e começou a ser fabricado em titânio, o que garantia mais quali-dade, sem a necessidade de importar o material.

Este produto é usado, principalmen-te, no tratamento de pacientes com câncer, pois garante a eles que o me-dicamento seja introduzido pelo dis-positivo e não por uma veia. Isso faz com que as veias não sequem devido ao medicamento.

Além do cateter, o “Imobeg” tam-bém é um produto desenvolvido em Curitiba. Serve para imobilizar os pacientes durante uma cirurgia, radioterapia, ressonância entre ou-tros tratamentos que precisem desse mecanismo. É fabricado em vinil e possui uma espécie de fechamento a vácuo. Os dois produtos são vendi-dos no mercado brasileiro e o lucro é revertido para o Hospital.

Para a administradora do Ibeg, An-dréa Victor, a saúde é um campo vas-to a ser explorado pela tecnologia. “Empresas de tecnologia que foca-rem na área de saúde, com certeza, vão trazer inovações fantásticas.”

A maioria das tecnologias desenvolvidas nos

hospitais surge pela necessidade médica

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deSigN e teCnoloGia Para Mais aCessibilidade

Exemplo que vem de fora dos hos-pitais. Foi no curso de Design de Produtos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que os alunos Lucas Armstrong e César Zardo elaboraram o projeto de um carro adaptado e uma cadeira de rodas acoplada para melhorar a vida das pessoas portadoras de deficiência.

O design inovador apresentado por Armstrong e Zardo já recebeu o Prêmio Alcoa de Inovação em Alu-mínio. Para chegar ao modelo final, os dois contaram com ajuda da As-sociação de Deficientes Físicos do Paraná (ADFP) e também sentiram na pele o que os cadeirantes vivem todos os dias.

“A gente viu que é bem complicado. E uma coisa que a gente percebeu e que até falaram pra a gente é que você só vai conseguir progredir quando aceitar que está numa cadeira de rodas. E essa frase ajudou muito a gente em nosso projeto”, recorda Zardo.

“São dois produtos que a gente desen-volveu: uma cadeira que é totalmente diferente do modelo tradicional” e um carro onde essa cadeira se acopla podendo atingir até uma velocidade de 60km/h, explica Armstrong. Um dos maiores benefícios que este projeto traria seria a independência para os cadeirantes. O plano agora é desenvol-ver um protótipo junto com parceiros para tornar o projeto uma realidade.

interaO Intera funciona com o movi-mento das mãos e do corpo pos-sibilitando que o médico acesse exames na sala cirúrgica sem precisar tocar em nada. Utiliza uma televisão de 51 polegadas, um minicomputador e um sensor de movimento de videogame

CateterO cateter é colocado embaixo da pele, próximo ao coração. É por ele que é feita a medicação da quimioterapia. Como fica numa veia de grande fluxo sanguíneo é possível introduzir quaisquer medicamentos sem causar danos às veias

CadeiraA cadeira e o carro projetados pelos alunos da UFPR possibi-litam mais independência aos cadeirantes. Ainda sem protótipo, a cadeira elétrica tem um joystick por onde são dadas as coordena-das, sem a necessidade do uso das duas mãos. O mesmo joystick dirigiria o carro adaptado

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tualmente, o desenvol-vimento sustentável tem sido uma questão entre as mais discutidas na socie-

dade, seja no âmbito econômico, do mercado de trabalho ou da sociedade civil. O grande desafio apresentado às empresas é caminhar para uma eco-nomia mais verde. Uma alternativa é incentivar e movimentar os “green jobs”, que estão sendo cada vez mais importantes neste cenário.

A tradução em português para green job se resume a “emprego verde”, mas seu conceito é bastante extenso e am-plo. Segundo o estudo global, “Empre-gos verdes: rumo ao trabalho decente em um mundo sustentável, com baixas emissões de carbono”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), os empregos verdes são “postos de tra-balho nos setores da agricultura, in-dústria, construção civil, instalação e manutenção, bem como em atividades científicas, técnicas, administrativas e de serviços que contribuem substan-cialmente para a preservação ou res-tauração da qualidade ambiental”.

O potencial da economia verde em gerar empregos com essa proposta é grande. Estima-se que entre 15 e 60

No Brasil, existem 2,6 milhões destes postos de trabalho; mas, no mundo, estima-se que aumente entre 15 e 60 milhões nos próximos 20 anos

a

Cresce número de empregos verdes

meio ambiente

Bianca [email protected]

A paranaense Terezinha Vareschi vive numa área preservada de 36.000 m²

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milhões de novos empregos possam ser criados em todo o mundo nas pró-ximas duas décadas e possam tirar de-zenas de milhões de trabalhadores da pobreza, de acordo com outro recente relatório produzido pela “Iniciativa Empregos Verdes”, da OIT.

empregos verdes no brasilInseridos em empresas públicas e privadas ou de forma autônoma, os empregos verdes incluem aqueles, que direta ou indiretamente, ajudam a proteger e restaurar ecossistemas e a biodiversidade, ajudam a reduzir o consumo de energia, materiais e água, minimizam ou evitam por completo a geração de resíduos e a poluição. Ou seja, é o trabalho que não prejudica ou tem como resultado final a preserva-ção do meio ambiente.

Segundo relatório da OIT, no Brasil, já existem 2,6 milhões de empregos verdes. Com a preocupação em tornar a economia atual mais sustentável, a tendência é de aumento desses postos de trabalho no País. “Hoje estamos discutindo emprego verde em uma atividade muito mais ampla. Eles se aplicam a todas as carreiras. Preci-samos ter conscientização que hoje trabalhamos para uma economia ver-de, que exige de nós um repensar da nossa atuação profissional”, explica a presidente da Associação Brasilei-ra de Recursos Humanos (ABRH), Leyla Nascimento.

Seja um médico, um engenheiro, um nutricionista, qualquer que seja a car-reira: esse repensar diz respeito às ações voltadas para ajudar no desen-volvimento sustentável. Um engenhei-ro civil, por exemplo, pode estimular a utilização de produtos com a certifica-

fins lucrativos que atualmente con-grega 44 empresas da cadeia produ-tiva de base florestal. As empresas da Associação, por exemplo, têm como uma das diretrizes ter a cada 100 hec-tares de floresta plantada, 80 reserva-dos para floresta conservada.

Segundo o engenheiro florestal e di-retor-executivo da Apre, Carlos José Mendes, as empresas estão cada vez mais procurando pessoas que “pensem verde”. “Independentemente do cargo que ocupam, as empresas estão contra-tando mais pessoas especializadas na questão da sustentabilidade. Elas não nasceram assim, mas com o tempo, fo-ram tendo uma visão diferente e sen-do treinadas dentro das empresas para essa questão”, avalia Mendes.

Governos e a economia verdeAlém das empresas privadas, a ques-tão da economia verde tem sido sus-tentada também pelos governos. O Brasil é um país com grande potencial para a economia verde e a criação de políticas públicas tem grande interfe-rência neste processo. Um exemplo disso é o Programa Minha Casa, Mi-nha Vida, do Governo Federal, que é baseado em alguns critérios que exi-gem tecnologias limpas. Este progra-ma gera diversos cargos verdes.

Os empregos verdes foram bastante discutidos também na Rio+20, que ocorreu em junho deste ano. Nos de-bates apresentados, a preocupação da Organização das Nações Unidas (ONU) é que cada país implante as carreiras verdes dentro de políticas normatizadas, plano de carreira re-conhecido e que as ocupações sejam também nomeadas com esses novos atributos. “Outra discussão na Rio+20 foi ligada aos jovens: quais são as pro-fissões do futuro? O que estes jovens podem esperar com a economia ver-de?”, lembra Leyla, que participou do evento como porta-voz da ABRH, à convite da ONU.

O potencial da economia verde em gerar empregos com esse cunho é grande

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“O emprego verde se aplica a todas as carreiras”, diz Leyla Nascimento

exeMPloemPreGOS VerDeS eSTãO COm TUDO!

A paranaense Terezinha Vares-chi, formada em Letras, buscou um novo sentido de vida há pelo menos 30 anos. Após dar aula por muito tempo, resolveu mudar to-talmente seu estilo de vida e, hoje, trabalha com sustentabilidade. Ela vive em 36.000 m² de área nativa bem conservada em plena Capital paranaense. É neste lugar que realiza diversas atividades para a comunidade e, como autônoma, consegue aliar sua vida profissio-nal à sustentabilidade.

As atividades da Airumã, nome de sua Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM), atuam nas vertentes da Ecoeducação, Ecoterapia e Ecoarte. “Hoje, eu busco outros recursos para incentivar e fazer parcerias, de forma que essas ati-vidades e outras sejam implemen-tadas aqui”, revela Terezinha.

ção de preservação do meio ambiente, o uso de madeiras que não sejam der-rubadas, entre outros exemplos.

No Paraná, diversas empresas estão atentas a essa questão. A Associa-ção Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre) é uma entidade sem

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comportamento

s mudanças no perfil da população são apresen-tadas com números do último Censo, realizado

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mais recente di-vulgação do instituto mostrou uma mu-dança religiosa no País. Nos últimos 30 anos, o número de evangélicos passou de 6,6% da população para 22,2% em

Número de católicos cai no País, enquanto o de evangélicos e das demais religiões cresce; pessoas que dizem não ter religião somam 8% da população

a

Nova face religiosa do brasil

2010. Já o número de católicos caiu de 93,1% da população para 64,6%. “Esta é uma mudança que já era, de certo modo, esperada, pois estamos passando por uma mudança de épo-ca, estamos num outro tempo, em que a religião ganhou novas roupagens e apresenta novas configurações e pers-pectivas”, avalia Cesar Kuzma, doutor em Teologia, professor e coordenador do curso de Teologia da PUC-PR.

Para o pós-doutor em Sociologia das Religiões, Jorge Claudio Ribeiro, essas mudanças ainda estão sendo observa-das e são objetos de estudo de especia-listas. “Nesse campo, o que eu tenho visto é que o catolicismo deixou de atrair as mulheres que são as grandes aliadas de todas as outras religiões.”

Os números do IBGE mostram re-almente que os homens são maioria entre os católicos numa diferença de proporção de pouco menos de 2% (65,5% homens e 63,8% mulheres). Além de católicos, os homens são maioria quando declaram não ter reli-gião: 9,7% contra 6,4% das mulheres. Em todos os outros grupos, segundo o IBGE, as mulheres são maioria.

novas gerações

A juventude também tem um papel importante nessa mudança de perfil. Entre os evangélicos, as crianças e os adolescentes apresentaram os maiores percentuais: 25,8% entre crianças de 5 a 9 anos de idade e 25,4% dos 10 aos 14 anos. “O jovem é aquele ser lei-

Iris [email protected]

Em Curitiba, 33 mil pessoas são da Assembleia de Deus

Igreja Católica perdeu 28,5% de fiéis em todo o Brasil

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go por excelência. Ele ainda não tem idade para assumir nenhum papel, ele está em preparação”, opina Ribeiro.

Ribeiro salienta ainda que o catoli-cismo – religião que teve a mudan-ça mais significativa – envelheceu em relação à aderência de seus fiéis. “Quando a religião é muito majoritá-ria, ela se torna uma espécie de ‘am-biente natural’. Então, as pessoas nas-cem naquela circunstância”, afirma. No entanto, conforme a pessoa vai se desenvolvendo nesse “ambiente natu-ral” não é capaz de responder a algu-mas questões que acabam destoando do que é praticado pela sociedade.

regiões

As disparidades entre as religiões não estão apenas nas faixas etárias e no gênero das pessoas, mas também evi-denciam características regionais. No Paraná, por exemplo, o número de ca-tólicos é maior que a média nacional, chegando a 70,3% da população. No entanto, em Curitiba, a proporção fica

abaixo da média. O estado do Rio de Janeiro tem o menor número de cató-licos (46%) e o maior número de pes-soas que declararam não ter nenhuma religião (16%). Já Rondônia apresen-ta maior porcentagem de evangélicos

(34%).

“O motivo de um Estado ter um maior número de católicos e não ter em outro estado não está relacionado aos aspec-tos socioculturais, mas está relaciona-do ao histórico de cada região”, expli-ca o filosofo, teólogo e professor do programa de Mestrado em Desenvol-vimento e Organizações da FAE Cen-tro Universitário, Osmar Ponchirolli.

Ponchirolli avalia que o caso do Pa-raná é curioso devido à vinda de imi-grantes europeus. Para ele, este é um aspecto significativo principalmen-te se for levado em conta que estes imigrantes saíram de países predomi-nantemente católicos. “Sem dúvida, a manutenção da tradição é algo no-tório em várias cidades do Estado do Paraná”, completa.

Ribeiro considera que as grandes ca-pitais, por serem metrópoles, são mais abertas. Essa é a mesma visão de Pon-

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chirolli. “Curitiba é uma cidade que comporta não só católicos, como vá-rias denominações religiosas. Fenô-meno presente em várias capitais do Brasil e do mundo”, completa. Mes-mo assim, a média de pessoas sem religião ainda é menor que a média nacional: 6,8%, enquanto no Brasil o número subiu para 8%. “Tratam-se de pessoas que acreditam em Deus, que têm uma fé, mas que optaram por vi-ver esta fé a seu modo, na sua vida e história, sem vínculo com uma ins-tituição religiosa. Acredita-se que fa-zendo isso se tem mais liberdade no modo de crer e nos compromissos que impõe este crer”, observa Kuzma.

“A urbanização, a escolaridade, a renda maior são fatores que intervêm na condição da pessoa sem religião”, afirma o pós-doutor. Isso faz parte de uma cultura que valoriza a escolha.

Mudança de religião

Já os motivos que levam a mudança de religião são os mais variados pos-síveis. “Insatisfação com o líder re-ligioso. Às vezes, é uma questão de antipatia contra testemunho por par-te dos líderes religiosos, baixo nível intelectual por parte dos líderes, fal-ta de motivação, o discurso distante da realidade da vida dos fiéis, a falta de preparação intelectual das pessoas que se deixam levar por oportunis-mos”, são alguns dos motivos levan-tados por Ponchirolli.

brasil

BraSil

Para Ponchirolli, o Paraná mantém o grande número de católicos por sua origem de imigrantes europeus

O número de evangélicos passou de 6,6% em 1980

para 22,2% em 2010

ano de 1980

ano de 2010

Católicos 89,9%

Católicos 64,6%

Demais religiões 1,6%

Demais religiões 5,2%

Sem religião 1,9%

Sem religião 8,0%

Evangélicos 6,6%

Evangélicos 22,2%

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comportamento

ual seria a profissão dos seus sonhos? Aquela que exige menor esforço físico, a que viaja mais ou a que o esforço men-

tal é necessário? Depende do talento e vocação de cada um. Mas nos Estados Unidos, uma pesquisa revela que a área de tecnologia abriga as profissões mais promissoras da atualidade.

De acordo com uma pesquisa reali-zada pelo site americano de empre-gos CareerCast.com, entre as 200 melhores e piores profissões em 2012, os engenheiros de software lideram o ranking como a profissão

Pesquisa revela que os engenheiros de software têm a melhor profissão do mundo, conheça esse mercado e algumas dicas para ter sucesso na carreira

q

tecnologia na liderança

mais promissora do mercado (veja Box). O profissional engenheiro de software é o termo que passou a ser usado como sinônimo do graduado em Ciência da Computação.

Para elaborar o ranking com as 200 profissões, foram levados em consi-deração fatores como demanda física, ambiente de trabalho, salário, estresse e contratação. Depois dos engenhei-ros, estão as profissões de atuário (um profissional que trabalha para mensu-rar e administrar riscos), gerente de recursos humanos, dentista e planeja-dor financeiro, ocupando as cinco pri-meiras posições do ranking. Entre as piores elencadas estão: jornalista (de jornal impresso), trabalhador em pla-

taforma de petróleo, soldado alistado, produtor de leite e lenhador.

Mercado de trabalho

No Brasil, a área tecnológica tem cresci-do apesar de ser um fenômeno recente, se comparada a outros países. Segundo dados da Associação Brasileira das Em-presas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o mercado de TI cresceu 61% nos últimos três anos. Ano passado, o setor representou 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasilei-ro. Com este crescimento, aumenta-se a demanda de profissionais na área, que sejam altamente qualificados.

“Um exemplo é o nosso cotidiano com os bancos. Hoje, todas as movimenta-ções são feitas pela internet ou autoa-tendimento. E são estes profissionais que criam um sistema confiável e ro-busto para que 200 milhões de habitan-

Bianca [email protected]

Alcedino Meireles de Lima Júnior é engenheiro de software. Mantém currículo atualizado

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tes brasileiros usem”, avalia o diretor de Recursos Humanos, Cristian Kim.

Para Kim, outro fator que contribui para que profissões como as do enge-nheiro de software estejam mais re-quisitadas é a pouca oferta de cursos na área diante da crescente demanda do mercado por estes profissionais já qualificados. Aqueles que estão pre-parados conseguem boas colocações. “Temos poucos cursos que formam engenheiros de software. São ainda re-centes no Brasil. Por isso, as empresas não oferecem apenas um bom salário, mas sim um pacote de benefícios mui-to atrativo, pois hoje este profissional escolhe onde vai trabalhar”, ressalta.

Já para Cecília Lerco, gerente de RH da Opus Software, empresa de TI brasileira que está entre as me-lhores empresas para se trabalhar, de acordo com o Great Place to Work, a formação deste profissional é essen-cial. “A gente vê muitos profissionais também que possuem experiência, mas não formação. A formação é es-sencial para a contratação para que ele venha também com um preparo teórico”, explica. “Este mercado está aquecido para contratações, princi-palmente, de pessoas que se forma-ram em boas faculdades.”

Em Curitiba, por exemplo, são poucas as faculdades que formam este tipo de profissional. Geralmente, as em-presas que disponibilizam estas vagas fecham convênios com essas universi-dades e os estudantes, em geral, quan-do se formam são logo efetivados.

Profissional de tecnologia

Quem trabalha nesta área não tem ou tem muito pouco do que reclamar, se comparado a outras profissões. Hoje, as empresas de TI têm diversos tipos de profissionais atuando e em dife-rentes faixas etárias. A única coisa em comum é a formação continuada. Além da faculdade, esses profissio-

nais possuem especialização e preci-sam estar sempre se atualizando.

Alcedino Meireles de Lima Júnior é um desses. Começou nesta área como técnico, mas depois se formou em Ciências da Computação, especiali-zando-se na área de desenvolvimento de software com MBA em Gestão de Software. “É raríssimo encontrar pes-soas que não tenham capacitação nes-ta área. E para conseguir bons salá-rios e posições, este profissional deve ter em mente que vai passar o resto da vida estudando e se atualizando, se-não vai ficar para trás”, revela Júnior.

Em relação aos critérios adotados pela pesquisa da CareerCast.com, Jú-nior acredita que os salários na área de TI são atrativos, mas para ele ain-da há uma defasagem em relação ao de outras engenharias. “Um profis-sional nesta área com 20 anos pode começar ganhando de R$2 mil a R$4 mil. A média do mercado é de R$2 mil a R$7 mil, deixando de fora car-gos como gerência em que se ganha mais”, explica. “O esforço físico é praticamente nulo”, diz.

Die

go P

isan

tetreinando líderes

ConFira as Melhores e Piores ProFissões:

Marcia Belmiro está entre as 10 maiores trainers de líderes do Bra-sil. Em suas palestras e treinamen-tos, ela defende que treinar líderes nas organizações ajuda a aumentar os lucros, a manter uma equipe mais comprometida e melhorar o desempenho da empresa no mer-cado de trabalho. O mesmo deve ocorrer nas empresas da área de tecnologia, nas quais os profissio-nais que atuam nesta área ainda precisam melhorar suas relações interpessoais dentro da empresa. “Eu dou curso para muito destes profissionais e são pessoas com grande desenvolvimento técnico, mas dificuldades de relações ainda muito grandes, até mesmo de fazer com que as pessoas compreendam suas ideias e deles entenderem as necessidades de seus clientes”, explica. “Eu trabalho na sensibili-zação deles para compreenderem o comportamento humano e que tudo que existe de tecnologia, existe para uma pessoa”, ressalta.

Para Cristian Kim, o profissional de engenharia de software escolhe onde quer trabalhar

Fonte: Pesquisa CarrerCast.com

aS CinCO melHOreS

Engenheiro de Software Atuário

Gerente de Recursos Humanos Dentista

Planejador financeiro

aS CinCO PiOreS

Jornalista (de jornal impresso) Trabalhador em plataforma de petróleo

Soldado alistado Produtor de leite

Lenhador

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Para quem curte navegar com informação de qualidade.

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MÊS Paraná

Versão on line: www.revistames.com.br

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Sonho realizado e futuro promissorFernando Jaeger, natural de Guarapuava(PR), quando criança já sonhava em ser astronauta e engenheiro. Este ano, conseguiu chegar bem perto disso: faz estágio em um dos centros tecnológicos mais aclamados do mundo, a NASA (EUA). E está prestes a concluir outro sonho: a graduação em Engenharia Mecânica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 2013. O único paranaense na NASA conta os caminhos para um início de carreira bem sucedido

Arieta [email protected]

Quando criança sonhava em traba-lhar com o quê?

Quando eu era criança, eu já sonhei, por exemplo, em trabalhar na NASA. Mas nunca imaginei que fosse possí-vel. E as pessoas diziam: “ah, que bo-nitinho!” Era uma coisa muito distan-te. Mas eu sempre imaginei que pelo menos na Engenharia, eu chegaria. Só não imaginei que eu conseguiria chegar até aqui [na NASA].

Como foi realizar esse sonho?

Chegar até aqui foi uma mistura de sorte e de trabalho. Foi meio que o resultado de todo o esforço que fiz até chegar à faculdade e durante a facul-dade. Entrei lá e sempre me esforcei muito. No ano passado, surgiu uma oportunidade de vir para cá [Estados Unidos], no “Ciências sem Frontei-ras”. E, aí com isso, veio um pouco de sorte. Uma cientista da NASA, que é brasileira, Duília de Mello, é professora de uma faculdade aqui em Washington. Ela queria colabo-

rar com o “Ciências sem fronteiras”, trazendo alunos brasileiros. [Hoje] estou no Centro que fica perto de Washington, chamado Greenbelt. Lá é muito grande, tem coisas importan-tes, como a área de desenvolvimento de tecnologias de foguetes e o desen-volvimento do telescópio Hubble. No dia que eu cheguei, a primeira coisa que teve foi uma palestra com todos os estagiários apresentando a NASA. Uma coisa que eu gostei muito, é que eles incentivam a curiosidade. Cada um trabalha no seu prédio, mas eles falaram assim: “Tire um dia livre, es-colha algum dos prédios da NASA, entra lá e pergunta: O que vocês fa-zem aqui? Qual a importância disso?” Todo mundo é sempre muito disposto a ensinar.

Qual o projeto que está envolvido na NASA?

Em um projeto chamado: Magnetos-pheric Multiscale Mission. É um pro-jeto de 04 satélites que serão lançados em 2014. O objetivo é estudar a inte-ração do campo magnético da Terra com o campo magnético do Sol. Essa interação tem vários efeitos, como em telecomunicações, no GPS. Estou mexendo com a parte hidráulica das espaçonaves. Temos passado dias fa-zendo testes, construindo alguns sis-temas hidráulicos e testando para ver se vão funcionar.

Já sabe o que pretende fazer quan-do se formar? E quais as dicas para se destacar ainda na faculdade?

Tenho vontade de continuar no Bra-sil. Estou gostando muito dos Estados Unidos, uma experiência muito boa. Mas a casa da gente é a casa da gen-te! Pretendo também deixar as portas abertas aqui. Não descarto essa possi-bilidade, mas a princípio eu gostaria de estar no Brasil. [Dicas], acho im-

portante se dedicar bastante, mas não só isso. É importante conseguir con-tatos, saber o que as pessoas estão fa-zendo, conhecer a história dos outros, com quem já conseguiu alguma coisa e tentar aprender com eles. Não só a matéria em si, mas aprender com os outros. Acho importante manter uma rede. Vejo muita gente conseguindo boas oportunidades assim.

Como avalia o mercado de trabalho para a Engenharia?

No Brasil, na área de Engenharia, existem várias lacunas de vagas es-pecializadas. Realmente está faltando engenheiro qualificado. Então, vejo que a pessoa que se dedicar em sua própria formação em Engenharia, tem boas chances de conseguir boas vagas. Na minha área de Engenha-ria Mecânica, por exemplo, está com muita vaga de petróleo, por causa do Pré-sal e existem bons empregos na área de aviação. Engenheiro, apesar de ganhar menos do que o pessoal gostaria, me parece ser uma das pro-fissões mais bem pagas no Brasil.

5 perguntas para: Fernando jaeger

Arq

uivo

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internacional

o final de junho, o pre-sidente Fernando Lugo foi deposto de seu cargo no Paraguai após pouco

mais de 30 horas de ter iniciado esse processo no Congresso; o que uns chamaram de golpe de Estado, outros denominaram como legítima possibi-lidade prevista na Constituição. “No plano doméstico, foi dentro da legis-lação constitucional. O que o Con-

Com o impeachment de Fernando Lugo, o Paraguai foi suspenso das decisões do Mercosul, sugerindo caminho livre para a entrada da Venezuela

n

sai Paraguai de cena, entra Venezuela

A carta também foi protocolada na sede do Consulado do Paraguai na Capital pa-ranaense. “O processo de impeachment foi aprovado de forma acelerada, sem qualquer legitimidade popular. Isso deixa claro que se trata de um golpe de Estado”, diz parte do documento.

O fato é que com o impeachment de Lugo, os outros países do Mercosul (Argentina, Brasil e Uruguai) decidi-ram por suspender a participação dos paraguaios nas decisões do bloco eco-nômico. O Comunicado Conjunto dos Presidentes dos Estados Partes do Mer-cosul, divulgado após a reunião entre as lideranças desses países, apresenta como motivo para essa suspensão o não cumprimento do artigo 7° do Pro-tocolo de Ushuaia, ao qual o Mercosul faz parte e que destaca como sendo

gresso alegou é que ele exerceu mal suas funções”, resume Janiffer Zarpe-lon, professora de Política Internacio-nal do Centro Universitário Uninter.

Sob o ponto de vista externo, a pro-fessora entende que o que “Lugo es-tava fazendo era ir contra a maioria da elite política, uma elite de direita e que sempre foi aliada aos grandes empresários, do próprio Estados Uni-dos e dos grandes latifundiários”.

Muitos protestos foram realizados em favor de Lugo, incluindo um em Curitiba. O Ato organizado pelo Co-mitê Paranaense contra o Golpe no Paraguai foi realizado na Boca Mal-dita e contou com a distribuição de uma carta-aberta que defende a resti-tuição de Lugo ao cargo.

Arieta Arruda - [email protected], com Agência Brasil

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Jr.imprescindível o estabelecimento da

democracia para que o Paraguai volte a ser parte integrante do Mercosul.

Em resposta a isso, Federico Franco, que era vice-presidente e está no lu-gar de Lugo, já anunciou novas elei-ções, previstas para abril de 2013. Caso ocorra de forma democrática esse novo processo eleitoral, o Para-guai poderá “resgatar” as condições necessárias para que o país volte a in-tegrar as decisões do Mercosul.

Mas aproveitando-se do momento de fragilidade política do Paraguai, já na mesma reunião do dia 29 de junho, em Mendonza, na Argentina, em que definiu pela suspensão do Paraguai, também ficou decidida a aprovação prévia da polêmica entrada da Vene-zuela no Mercosul que se arrasta por anos. Esse fato causou crise política no Uruguai e pedido de revisão da suspensão do Paraguai para vetar a entrada da Venezuela.

O que muitos estudiosos passaram a questionar é a validade da democracia no governo venezuelano. “Será que o presidente Hugo Chávez da Venezue-la respeita isso [a democracia]?”, põe em xeque o advogado especialista em Direito Internacional da Andersen Ballão Advocacia, Augusto Dergint.

Alguns trabalham sob a condição de que o Mercosul é um bloco econômi-co e não político, por isso, o quesito “democracia” não entraria na conta. Por outro lado, também se trabalha com a hipótese de que o estado ve-nezuelano seja sim uma democracia.

Do ponto de vista de Dergint, a Vene-zuela de Chávez não apresenta todos

os requisitos de um estado democráti-co de direito atualmente. Por isso, ele coloca em questionamento: “Se estou afastando o Paraguai porque está vio-lando princípios democráticos, como é que eu estou admitindo a Venezue-la? Será que a Venezuela é democrá-tica? É a questão que aqui se coloca. Eu tenho sérias dúvidas a respeito”, complementa. É preciso observar o Direito Internacional neste processo de adesão da Venezuela, diz.

O país caribenho pode apresentar uma solução para essa questão, no dia 07 de outubro, quando realizará no-vas eleições presidenciais. Esse fato pode dar espaço para outro cenário político para a Venezuela. Outra ini-ciativa para a resolução dessa questão é a pressão dos países que fazem par-te do Mercosul para que a Venezuela cumpra ou pelo menos programe a longo prazo o cumprimento dos re-quisitos democráticos e econômicos para ingressar de fato no bloco.

A aprovação do ingresso ocorreu no último dia 31 de julho, em Brasília, com a presença dos presidentes Dil-ma Rousseff (Brasil), Hugo Chávez (Venezuela), Cristina Kirchner (Ar-gentina) e José Pepe Mujica (Uru-guai). A incorporação na prática só

ocorrerá juridicamente a partir de me-ados deste mês, quando todos os pra-zos tiverem sido cumpridos, segundo as normas do Mercosul.

ao brasil

O governo brasileiro sinalizou como positiva a entrada da Venezuela, prin-cipalmente sob o prisma econômico. O petróleo deve ser a maior causa de interesse da relação comercial com a Venezuela, já que o país detém uma das maiores reservas de petróleo cru do mundo e também se caracteriza como importante parceiro comercial do Bra-sil, com a compra expressiva de manu-faturados. “Eu fico muito contente com o processo. Venezuela é um mercado muito importante, nosso terceiro maior mercado na América Latina. Tem di-nheiro advindo do petróleo e estrutura que demanda muito, porque eles não têm indústria. Eles importam muito, então temos possibilidade de crescer muito para lá”, declarou o secretário executivo do Ministério do Desenvol-vimento, Indústria e Comércio Exte-rior (MDIC), Alessandro Teixeira, à Agência Brasil.

O bloco, sem a participação do Paraguai que era contra, decidiu por incluir a Venezuela

no Mercosul“Será que o presidente Hugo Chávez da Venezuela respeita isso [a democracia]?”, diz Dergint

alGuns Fatos iMPortantes

22 de junhoinicia o processo de deposição do pre-sidente do Paraguai, Fernando Lugo

29 de junho reunião na Argentina em que foi decidida a suspensão do Paraguai e sinalizou-se a entrada da Venezuela

31 de julho reunião no Brasil que aprovou a entrada da Venezuela no Mercosul

13 de aGosto incorporação da Venezuela ao Mercosul

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Ministério do Turismo lança cartilha com dicas para informar deveres e direitos aos viajantes; conheça as dicas e faça da sua viagem só diversão

turismo

Viaje legal e sem estresse

Para viajar, basta existir”, já dizia o poeta e escritor portu-

guês Fernando Pessoa. Nem sempre essa realidade foi possível. Mas com o aumento da renda média do brasi-leiro e a emergência da nova classe C, o mercado de turismo se fortale-ceu e ampliou. “No momento em que novos produtos entram a cada dia na pauta de consumo dos brasileiros, as viagens podem e devem ser incluídas neste rol, potencializando o consumo doméstico e aquecendo a economia”, afirma o relatório Turismo no Brasil 2011/2014, elaborado pelo Ministério do Turismo.

Só em relação às viagens domésticas, o crescimento foi de 12,5% de 2005 a 2007, num total de 156 milhões de viagens. O gasto diário chegou a R$58,60; totalizando um montante de R$9,14 bilhões ao ano. “Cada vez mais, a gente tem no turismo pessoas viajando pela primeira vez e concomi-tantemente a isso a gente tem a situa-ção do mercado aéreo. Muitas vezes, é mais barato [viajar de avião] e as con-dições de pagamento são mais fáceis. A gente faz um acompanhamento es-tatístico e de 2010 para cá é a primeira vez que o modal avião superou o mo-dal ônibus para transporte de passa-

geiros”, conta Italo Oliveira Mendes, diretor do Departamento de Estrutura-ção, Articulação e Ordenamento Tu-rístico do Ministério do Turismo.

Com tantos novos turistas entrando no mercado, alguns nem sequer sabem seus deveres e direitos. Por isso, para tentar resolver essa situação, o Minis-tério do Turismo relançou recentemen-te a cartilha “Viaje Legal”. “O material foi elaborado com base nas principais dúvidas e reclamações recebidas pelo Ministério”, explica Mendes.

Saber dessas informações é essencial para que sua viagem seja mais tran-quila e agradável. “A informação é a principal arma do turista. Para ele sa-ber fazer a melhor escolha e saber que

o lugar que está indo atende a expec-tativa e para não ter aborrecimento, incômodo durante a viagem”.

É bom também ficar atento em relação à qualidade do serviço. “Existem, in-clusive, parâmetros de qualidade que devem ser observados. Esse exemplo do voo é o mais emblemático: se atra-sou mais de duas horas tem de dar ali-mentação adequada”, exemplifica.

Caso o turista não consiga o entendi-mento com a empresa prestadora do serviço, pode recorrer ao órgão de Defesa do Consumidor. “Toda rela-ção de consumo que o turista não se sentir satisfeito ou lesado com o ser-viço prestado, ele pode levar a recla-mação junto ao Procon”, diz.

Mariane [email protected]

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Mais inForMações do Viaje leGal: 0800-606-8484 | www.viajelegal.turismo.gov.br

aÉreodireitos/deVeres

No caso de cancelamento, overbooking ou atraso do voo você

tem direito a:1 hora: acesso a telefone ou internet;

2 horas: alimentação adequada ao tempo de espera;

4 horas: acomodação em local adequado (no aeroporto ou ambiente externo, com condições satisfatórias),

hospedagem (caso necessário), inclusive o transporte entre o aeroporto

e o local da acomodação.

diCasProcurar entendimento com a

companhia aérea. Se se sentir lesado, o turista deve procurar o Procon.

direitos/deVeresSua bagagem poderá permanecer em

condição de extraviada por um período máximo de 30 dias. Após esse período, a empresa aérea deverá lhe indenizar.

diCasÉ necessário apresentar o comprovante

de despacho da bagagem, que é a prova do contrato de transporte;

Caso ocorra avaria, dano ou furto pre-encha ainda na sala de embarque o Re-gistro de Irregularidade de Bagagem

(RIB). Em até sete dias após a entrega da bagagem, você também pode enca-minhar o protesto à empresa aérea, por

qualquer comunicação escrita.

rodoViáriodireitos/deVeres

Ao viajar de ônibus, você está automaticamente coberto pelo

Seguro Obrigatório Contra Danos Pessoais Causados

por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) e pelo Seguro

de Responsabilidade Civil.

diCasÉ aconselhável que você faça um

seguro pessoal e de bagagem. Confira com a agência de

turismo os vários tipos de seguro disponíveis para cada caso.

direitos/deVeresDentre as principais

reclamações estão o atraso, no caso de transporte regular

de passageiro, ou no caso de fretamento, em relação à

qualidade do veículo.

diCasSempre guardar o bilhete da passagem e também o tíquete da bagagem, porque isso é o comprovante de prestação de

serviço que ele tem, para pedir indenização em algum caso. Com relação aos veículos, o passageiro pode consultar o

cadastro de prestadores de serviço turístico, que pode ser consultado pelo próprio site do Ministério.

MarítiModireitos/deVeres

Estar com a saúde e a vacinação em dia deve ser prioridade de quem vai embarcar em uma viagem náutica

ou fazer um cruzeiro marítimo.

diCasO Guia de Saúde – Viagens de Navio, do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante – oferece

informações valiosas sobre como prevenir diversos problemas de

saúde até doenças graves que podem acometer os passageiros, além de

orientação sobre medicamentos que devem ser levados, documentação necessária, bagagem, entre outros.

direitos/deVeresA tripulação da embarcação deve orientar os passageiros antes da

partida sobre a correta utilização de boias, sinalizadores, coletes salva-

vidas e outros itens de segurança usados em casos

de emergência.

diCasConfira se a embarcação está

em boas condições de uso e, se possível, com a documentação

regularizada. Qualquer ocorrência ou dúvida contate as autoridades

náuticas, como Capitania, Delegacia ou Agência do estado em

que está inscrita.

diretos/deVeresNa reserva, informar todos os dados em relação à reserva, como por exemplo, se irá viajar com criança, se o quarto será duplo ou cama de casal e o horário de chegada, no caso de ser de madrugada.

diCasAntes de viajar, peça a confirmação,

por escrito, de sua reserva no meio de

o Que fAzeR?

hospedagem. O documento deve conter informações sobre o tipo de unidade habitacional ou acomoda-

ção, os serviços oferecidos durante a estadia, horário de check-in, formas de

pagamento e de cancelamento.

diretos/deVeresCaso você chegue ao local e, mesmo

confirmada a reserva, não exista a

hosPedaGeMvaga – o que configura over-

booking: venda de reserva acima da capacidade de hospedagem do

estabelecimento – a empresa é obrigada a acomodá-lo em uma unidade habitacional de catego-ria superior a que foi contratada, no mesmo estabelecimento, ou em outro de qualidade equiva-

lente ou superior.

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54 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012

Times de Curitiba têm vitórias pontuais em campeonatos nacionais e internacionais

A saga do futebol da Capital

as duas últimas finais da Copa do Brasil, parte dos paranaenses certamen-te estava com os olhos

grudados na TV, ouvidos no rádio ou mesmo enfrentando o frio para estar pessoalmente no estádio. Uns para torcer pela vitória do representan-te paranaense, o Coritiba Foot Ball Club, outros para torcer pela derrota. Independentemente de qual lado era a torcida, a verdade é que esse fato movimentou o futebol do Estado.

Há tempos, os times da Capital não eram representados com um nome de destaque no cenário nacional e inter-nacional. Com exceção dessas duas últimas Copas do Brasil, o título mais recente havia sido o vice-campeonato do Atlético pela Libertadores de 2005

ne o título da série B do Brasileirão, em 2007, pelo Coxa.

Coritiba Foot ball Club

“O Coritiba é o que guarda mais tradi-ção”, afirma o radialista e comentarista esportivo da TV Educativa, Silvio de Tarso. Para ele, o time, fundado pelos germânicos do Alto da Glória, veio se consolidando ao longo dos anos. Em 1968, após uma vitória significativa sobre o Atlético, tornou-se o represen-tante do Paraná no Campeonato Brasi-leiro. “É nesse período que estabelece uma ousadia, fazendo uma excursão [na Europa] e vem com um título que é concedido aos times com trajetória invicta, que é a Fita Azul”, diz.

Depois de anos bem sucedidos, o time teve suas “escorregadas” e caiu por duas vezes para a segunda divisão

do Brasileirão. “Para se reerguer e ser hoje o que ele é, melhor organizado, acumulando dois vice-campeonatos na Copa do Brasil, tricampeonato, um deles invicto, e tendo a marca de ser o time mais vencedor do mundo, a sequência de jogos invicta maior de toda a história do futebol mundial”, enaltece o comentarista.

Embora tenha resultados, Tarso diz acreditar que é preciso mudar. “Aque-le time está terminando um ciclo. An-tes que esse ciclo se acabe é preciso que a diretoria faça alguma coisa.”

Para o técnico do Coxa, Marcelo Oli-veira, o time está se reestruturando. “Nosso presidente está liderando um projeto bacana de médio e longo pra-zo.” Apesar dos bons resultados, ele não considera satisfatório. “Não é sa-tisfatório, mas é razoável e é neces-sário melhorar. Mas só se melhora, quando melhora o todo, o conjunto das coisas do clube.”

esporte

Mariane [email protected]

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Jr.atlético Paranaense

O Atlético, fruto de uma fusão do In-ternacional e do América, já teve tam-bém seus momentos de glória. O pri-meiro deles foi com o ex-presidente Jofre Cabral e Silva, que além de em-polgar a plateia, fez o time se trans-formar em um time do povo, conta Tarso. “Apesar disso tudo, o Atlético amargava um jejum de campeonatos paranaenses desde 1958, que só vai quebrar em 1970”, e perdido em 1992 para o Paraná, relembra.

Apesar da perda nos anos 90, o clube tem uma virada diretiva novamente quando Mário Celso Petrália assume o time. “Que se tornou campeão da segunda divisão em 95 e preparou a trajetória, que junto com a constru-ção do CT do Caju e da moderníssi-ma arena da baixada, abriu caminho para ser campeão em 2001 e quase foi em 2004, quando foi disputar a Libertadores da América, e tornou-se vice-campeão”, diz.

Hoje, a situação do time é bastante ruim. “Caiu pela segunda vez para segunda divisão. Está com um time muito pobre tecnicamente. Existem muitas críticas ao mesmo presidente que levou o Atlético a essa glória, de que hoje ele pensa muito mais na preparação da sua sede como sub-sede da Copa do Mundo e se esque-ceu do time. Está num momento de sair das cinzas e tentar novamente voar”, afirma o especialista em fu-tebol. O Atlético é o único time bra-sileiro com dinheiro em caixa, por isso, segundo Tarso, é possível re-verter essa situação.

Paraná Clube

Já “o Paraná é resultado da fusão do Pinheiros com o Colorado. Esse time do Pinheiros trouxe uma inovação, que foi conquistar muitos títulos nos anos 80. E além de se tornar uma força no futebol, tornou-se um clube muito forte”, conta o comentarista.

Ele lembra ainda que a ideia dos di-rigentes da época (1989) era fazer um time que começasse a ganhar tí-tulos a partir dos anos 2000. “Já em 1991, torna-se campeão paranaense. Deixa de ser campeão em 1992, e de 93 até 97, ele foi hegemônico no futebol paranaense. É pentacampeão paranaense”, diz.

O problema, segundo Tarso, foi que o time foi vítima de desmandos das diretorias iniciais, que fizeram gastos

exorbitantes. “Passou por um período miserável do ponto de vista da rela-ção do clube com o seu torcedor, que culminou ano passado na queda para a segunda divisão do Campeonato Para-naense, quando já tinha caído também para a segunda divisão do Campeona-to Brasileiro. Agora tenta se reorgani-zar, fazer um novo projeto”.

Caminho

Para o comentarista, dois fatores po-dem melhorar o rumo dos times pa-ranaenses. “Houve um tempo que os dirigentes dos clubes atuavam mais em harmonia. Hoje, brigam muito, são separatistas. O que nós temos de entender é que essa trinca do futebol de Curitiba tem de ser adversário dentro do campo. Na hora de defen-der o interesse local, os dirigentes têm de fazer uma frente”, diz. Além disso, é preciso dar sequência ao tra-balho, com foco também nas catego-rias de base. “Não há time no mundo que consiga viver da receita somente de patrocínio e bilheteria de estádio. Quem não tiver reserva técnica para vender no final da temporada, vai fe-char no vermelho”, conclui.

os times da Capital têm poucos resultados

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Nossos dirigentes se contentam com conquistas efêmeras, pontuais”, diz Tarso

PrinCiPais títulos

Paraná Clube

Nacional

• Campeão Brasileiro (série B) 1992

• Copa João Havelange (série B) 2000

Coritiba

Nacional

• Vice da Copa do Brasil 2011/12

• Brasileiro (série B) 2007

• Festival Brasileiro de Futebol 1997

• Brasileiro 1985

• Torneio do Povo 1973

Internacional

• Fita Azul Internacional 1972

• Taça Akwaba 1983

atlÉtiCo Paranaense

Nacional

• Campeão Brasileiro 2001

• Torneio Interest. Couto Pereira 1977

• Torneio Triangular (PR/SP) 1969

• Torneio Jofre Cabral e Silva 1968

Internacional

• Vice da Taça Libertadores 2005

• Torneio de Winterthur, Suíça (Schützi Cup) 1991

• Torneio Afro-Brasil 1974.

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56 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012

no Brasil. O preço também é bastante chamativo. A partir de R$42.590, nas concessionárias de Curitiba.

Pode-se dizer que o custo-benefício oferecido pelo carro da Nissan é seu maior diferencial. Comporta facilmen-te sete pessoas. A terceira fileira de ban-cos não admite adultos grandes, mas no caso de crianças é bastante confortável.

automóvel

Gran Livina, da Nissan, não é exatamente um carro bonito e chamati-vo. Mas para as famílias

brasileiras que tem mais de três filhos é uma excelente opção. O carro, que comporta até sete pessoas, é uma das poucas opções de minivans oferecidas

Grande por dentro e por foraO Gran Livina da Nissan se consolida como uma das poucas opções de minivans, que comportam até sete pessoas

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oNessa configuração, o carro ainda disponibiliza 123 litros de porta-ma-las. Caso não sejam necessárias es-sas duas poltronas extras, é só puxar uma alça que o banco da terceira fi-leira reclina aumentando a capacida-de para 589 litros. Há, ainda, a pos-sibilidade de reclinar as duas fileiras de bancos traseiros e contar com 946 litros de espaço.

Esse tamanho todo explica o design alongado do carro, que mede 4420

Mariane [email protected]

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REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 57

vamento das portas e porta-malas e o acionamento do alarme. Além disso, é preciso apenas estar com a chave pró-xima para ligar e desligar o carro, em uma espécie de botão giratório que fica no lugar das chaves comuns.

Outros detalhes, como ar condicio-nado automático e digital, acelerador eletrônico do motor (drive by wire), direção elétrica com assistência va-

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riável, freios ABS com EBD e BA (sistema antibloqueio de frenagem / sistema de distribuição eletrônica de frenagem / auxílio à frenagem de ur-gência) também trazem conforto e se-gurança ao dirigir. Os detalhes ficam completos com o descansa braço para o banco do motorista, porta-copo dianteiro e traseiro no console central e volante de três raios com regulagem de altura.

mm de comprimento, 1917 mm de largura, considerando os espelhos e 1620 mm de altura, já contando com o rack de teto, que suporta até 50 kg.

Conforto

O carro (1.8 SL AT Flex), dirigido pela equipe da Revista MÊS, custa R$ 51.190 e é o top de linha do modelo. O conforto fica por conta do volante e bancos revestidos em couro. Este mo-delo conta com câmbio automático de quatro marchas com função overdri-ve (que ajuda a diminuir os ruídos e economizar combustível na estrada). Apesar do número pequeno de mar-chas não é possível dizer que falta po-tência ao carro, que respondeu bem à estrada e às ultrapassagens.

A chave inteligente (I-Key) também traz todo um charme ao carro. Com ela é possível fazer o travamento e destra-

Gran liVina1.8l 16V Flex

Manualtransmissão Manual de 6

marchas

1.8l 16V Flex autoMátiCotransmissão automática de 4 marchas com função overdrive

Cilindrada e Cilindros1798 cm³, 4 cilindros

Válvulas16 CVVTCS*

BlocoAlumínio

Sistema de injeçãoEletrônica, multiponto, sequencial e

acelerador eletrônicoCombustível

bi-combustível (etanol/gasolina)Potência Máxima

126 cv @ 5.200 rpm (etanol)125 cv @ 5.200 rpm (gasolina)

Torque Máximo17,5 kgf.m @ 4.800 rpm (etanol)

17,5 kgf.m @ 4.800 rpm (gasolina)Tração

Tração dianteira

O porta-malas de 123 litros (acima) chega até 589 litros (abaixo), com os bancos da terceira fileira reclinados

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58 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012

Estilistas e marcas utilizam a tecnologia e apostam em tecidos sustentáveis

stilistas e empresas parana-enses despontam na Moda ao apresentar produtos sus-tentáveis e com muito esti-

lo, como uma empresa em Maringá (PR), que desenvolveu um jeans a partir da seda, é a nova coleção do renomado estilista Jefferson Kulig, que fez do sustentável uma tendência, ao apresentar no São Paulo Fashion Week 2012 (SPFW) e no 6° Paraná Bussiness Colletion (PBC), em junho deste ano, sua mais nova criação.

Chamada de “Catalisando Moda”, a coleção de Kulig é feita com tecido

eBianca Nascimento

[email protected] mistura tecnologia e sustentabili-dade. É produzido a partir de soluções com enzimas, por isso, o estilista deu o nome de “tecido tecnológico”. “O objetivo é que a mulher seja susten-tável e bonita. Usar tecidos deste tipo permite que as mulheres possam vi-ver normalmente sem precisar mudar seu estilo e, mesmo assim, absorvam um produto sustentável”, explica.

Com enzimas

“São tecidos que ajudam o planeta a viver”, afirma o Kulig, pois o proces-so de produção é natural. “A enzima é uma proteína e atua como um cata-lisador e, por isso, tem a capacidade

a tendência do sustentável

moda&beleza

Div

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ção

O jeans de seda além de

ser um produto socioambiental,

é mais macio e com maior durabilidade

A coleção “Catalisando Moda”, do estilista Jefferson Kulig

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REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 59

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Para Jefferson Kulig, o objetivo do estilista é tornar a mulher atual sustentável e bonita

O Urdume (que é o conjunto de fios da qual a trama é tecida) é composto de 50% algodão e 50% pet. Já a tra-ma (que são os fios que compõem o tecido em si), é feita de 100% seda, obtida a partir de casulos descartados das indústrias têxteis tradicionais.

O “jeans de seda” é produzido sem a necessidade dos processos tradicio-nais e efeitos de lavanderia. “Esse jeans não precisa de lavagem e mes-mo assim conta com um efeito visual muito atrativo”, explica Glicinia Se-tenareski, designer da empresa Ca-sulo Feliz, que criou o produto. “O ‘jeans de seda’ quebra o rótulo de que os produtos artesanais não po-dem ser modernos.”

O produto tem boa durabilidade e sua produção tem o uso de água e energia reduzido. Além disso, é um material atóxico, que não propaga chamas e aceita, por exemplo, estamparia di-gital e pedrarias. A cor tradicional do ‘jeans de seda’ é azul prateado, mas pode ser encontrado em cores mais naturais, como silvestre (cinza escu-ro), cebola, erva mate, café, manga, eucalipto e carvão.

de substituir toneladas de produtos químicos como soda e ácido”, escla-rece Viviane Pereira de Souza, ge-rente da área têxtil da Novozymes, empresa que fornece o tecido para o estilista paranaense.

A produção a partir de enzimas é considerada sustentável, pois reduz a quantidade de água consumida, as emissões de CO2 e também o uso de produtos químicos. O custo desse tecido não é necessariamente mais caro que o convencional. Esse valor irá depender do tipo de processo e material solicitado.

aCessóriosCarreGanDO SUSTenTaBiliDaDe nO PeSCOçO

Outros designers paranaenses tam-bém estão apostando no sustentável e lançando Moda. Diversos produ-tos ecológicos foram expostos no 6° PBC, como bolsas com reapro-veitamento de banners, mangueiras de incêndio e cordas de raquetes e acessórios utilizando lã merino.

Tatyanna Bruzadelli fez um dos tra-balhos utilizando garrafas pet. Com elas, criou colares de maneira arte-sanal e sustentável. “Esta coleção tem um conceito em que o artesa-nal tem um design mais inovador e descolado”, explica Tatyanna. “Eu desestigmatizei aquela opinião que as pessoas têm em relação ao pet como um material sem valor e feio. Não é porque é lixo que não pode ser bonito”.

“São tecidos que ajudam o planeta a viver”, diz

jefferson Kulig

As peças da coleção, que agradou o público nos eventos de Moda em que foram apresentadas, possuem acabamentos assimétricos, diversos recortes, pregas e fendas, além de aplicações, mostrando a versatilida-de do tecido. O “tecido tecnológico” também garante boa durabilidade e qualidade. Outro detalhe é que por ser feito com fibras naturais e não utilizar produtos químicos, é mais macio ao toque, maleável e pode receber qual-quer tipo de aplicação e tingimento.

o elegante e casual

Outro exemplo de matéria-prima para a moda sustentável é o tecido produ-zido por uma empresa do Noroeste do Paraná. É um jeans confeccionado a partir da seda. O “jeans de seda” é um produto totalmente sustentável a par-tir de casulos reaproveitáveis. É pro-duzido em teares manuais com em-prego de mão de obra de cooperativas.R

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60 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012

Comida que caiu no gosto popularDesde os sabores mais caseiros aos lugares mais irreverentes, a Baixa Gastronomia atrai pessoas de todas as classes sociais

culinária&gastronomia

mbiente simples, mas aconchegante. Comida saborosa e popular. Não vira capa de revista, mas

vários amigos e pessoas conhecem. Nestes lugares não existem chefs fa-mosos, mas cozinheiros com expe-riência. Você pode ir de terno ou de chinelo e será recebido da mesma for-ma. Se você já provou ou frequentou algum lugar com essas características, então já conhece a baixa gastronomia.

É impossível não se render, pelo me-nos uma vez, à baixa gastronomia. É um bolinho de carne daqui, um fei-

ajãozinho da vovó de lá, sucesso de alguma iguaria que passa de boca em boca. O termo “baixa gastronomia” pode soar como algo sem valor, mas é justamente a valorização do simples.

A expressão nada mais é do que o antônimo de “alta gastronomia”, já muito explorada pela mídia. Na baixa gastronomia, os personagens não são necessariamente chefs renomados, restaurantes estrelados, mas abriga aquelas comidinhas saborosas, bem servidas, com um custo/benefício vantajoso e em lugares sem luxo.

A alta gastronomia é mais elabora-da e agrega mais valor. Porém, para

o diretor-executivo da Abrasel-PR, Luciano Bartolomeu, em Curitiba há muito mais mercado para a baixa do que para a alta gastronomia “O pala-dar da população prefere uma comida mais simples, que fique pronta mais rápido, com preço justo e não dei-xe de ser saborosa”, explica. “Estas combinações são o que as pessoas procuram no mercado. A alta gastro-nomia fica apenas para momentos es-peciais”, completa Bartolomeu.

divulgação

Como os estabelecimentos da baixa gastronomia geralmente não investem em mídia, a divulgação fica por conta

Bianca [email protected]

Maurício Guimarães e o X-Montanha, lanche é ícone da

baixa gastronomia

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REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 61

A revista MÊS fez um levantamento com os integrantes desta comunida-de. Três lugares e comidas foram os mais indicados, confira a lasanha, do restaurante Nonna Giovanna, o san-duíche X- Montanha, da lanchonete Montesquieu e o bolinho de carne seca, do Bar Stuart. É de dar água na boca.

de seus frequentadores. São pessoas que acabam comentando para amigos e familiares seus pratos e restaurantes favoritos. Pensando nisso, um grupo de entusiastas da baixa gastronomia, em uma conversa no Bar do Palácio, resolveram criar um mapa no site de buscas Google, onde indicam em bairros de Curitiba lugares da baixa gastronomia. (Veja Box)

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Um desses amigos, Guilherme Cal-das, acabou também criando uma comunidade bastante ativa sobre o assunto na rede social Facebook. No espaço, membros discutem e indicam lugares. “Normalmente, os membros do grupo procuram indicar locais com preços acessíveis. Mas claro que este não é o único critério utilizado”, diz Caldas. Os participantes já che-garam a se reunir diversas vezes em diferentes pontos da cidade.

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lanChonete MontesquieuUm lanCHe maTa-FOme

A lanchonete Montesquieu abriu em 1978. Mas foi alguns anos mais tarde, que a lanchonete inovou ao apresentar o X-Montanha. O lanche surgiu pela necessidade. “A carne estava cara, mas eu ainda tinha pastéis. Então, colocamos eles no pão ao invés de carne. Um comeu, depois outro e devagarzinho, caiu no gosto”, diz seu Zé, dono do estabelecimento. Maurício Guima-rães era um dos clientes na época que se rendeu ao X-Montanha. Guimarães é freguês da lanchonete desde 1986. “Costumo dizer que o X-Montanha é um batismo da baixa gastronomia curitibana”. O sanduíche é feito com pão, alface, queijo, presunto, um pastel a mila-nesa e um bolinho de carne. Fica pronto em menos de 05 minutos.

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bar stuartUm BOTeCO DeSCOnTraíDO

Já imaginou um bar que existe há 108 anos? É o Stuart, no centro da cidade. E mesmo depois de todo este tempo, sendo um dos bares mais antigos do Brasil, continua com um cardápio exótico que vai de testículo de touro ao sanduíche “Pernil com verde”, em que os ingredientes principais são a carne de porco, queijo quente e ceboli-nha verde. Mas o bolinho de carne seca também faz sucesso entre os frequentadores. Aliás, com clientes ilustres. Por lá já passaram figuras de Curitiba como o apresentador Ratinho e o governador Beto Richa para apreciar as iguarias. Nelson Ferri, um dos sócios do bar, diz que de “cem pessoas, trinta estão comendo o bolinho de carne seca todos os dias”.

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nonna GioVannaUm almOçO Bem SerViDO

Almoçar na Nonna Giovanna é como ir à casa da vovó. Desde 1985, o lugar foi aberto pela própria italiana Giovanna. Mesmo depois de vendido, o ambiente continua aconchegante e as mas-sas são servidas com muita “far-tura”. O prato mais conhecido é a lasanha “Nonna Giovanna”, que leva molho quatro queijos e bolonhesa. “As pessoas vêm aqui, porque o preço e atendimento são bons, com um ambiente mais ca-seiro. Nunca fizemos uma publi-cidade em qualquer lugar”, conta Márcio Cunha Lengler, proprie-tário do lugar. Mesmo assim, o restaurante chega a servir mais de 100 refeições por dia. Cada prato é feito entre 10 a 15 minutos.

COnFira OUTrOS lUGareS Para Se DeliCiar COm a BOa Baixa GaSTrOnOmia

• Bar do Palácio• Bar Cana Benta• Box do Eliseu

Mais lugares: digite “Curitiba - Guia Baixa Gastronomia” no site de buscas Google e encontre mais opções na Capital.

• Pizza Itália• Obzrut• Bar do Martelo

• Torto Bar• Armazén Sant’ana

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cultura&lazer

A preservação cultural ainda é pouco lembrada pela população; instituições paranaenses dão o exemplo

Preservando o passado, garantindo o futuro

o dia 17 deste mês resga-ta-se o tema ao comemo-rar o Dia do Patrimônio Histórico. Casos de pes-

soas que se desfazem de documentos, objetos ou até mesmo de construções antigas não é coisa rara. “Têm pes-soas que doam, têm pessoas que não sabem se as coisas têm valor [...] As Câmaras Municipais jogam fora me-tade dos documentos, porque não tem mais lugar para guardar. Aí a gente sai correndo atrás [para recuperar]”, diz Rosina Parchen, coordenadora de Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC).

Essas atitudes demonstram em parte a falta de consciência das pessoas e até de instituições públicas em relação à importância histórica e cultural de ar-tefatos, edificações ou características culturais de uma população.

Para a historiadora da SEEC, Cristi-na Carla Klüppel, a importância da preservação do patrimônio cultural vai além da simples manutenção de alguns bens. “É trabalhar com a his-tória de um povo, que possa ser re-conhecido na sua cidadania e no seu governo democrático. As pessoas se

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sentem mais seguras, partícipes. E vão ter a busca de uma melhor quali-dade de vida.”

“Seja isso um edifício, um modo de fazer alguma coisa, de celebrar algum evento, seja uma cidade, um livro, do-cumentos. O que é patrimônio? Tudo aquilo que você herda. Que é deixado de alguém para alguém. Então, o que nos cabe? Guardar isso, cuidar disso

e deixar para as gerações futuras. E esse bem, não necessariamente, pre-cisa ser antigo. Pode ter relação com a cultura hoje”, diz Rosina.

Todos podem contribuir com essa “herança”. “Saí de uma casa que tinha coisas antiquíssimas, que eram da mi-nha família, que veio da Lapa no final do século XIX, começo dos XX. Eu disse: ‘gente isso tem mais valor para

Mariane [email protected]

COnTa-me O TeU PaSSaDO e SaBerei O TeU FUTUrO.” (COnFúCiO, FilóSOFO CHinÊS)

aqUeleS qUe nãO Se lemBram DO PaSSaDO eSTãO COnDenaDOS a rePeTi-lO.” (GeOrGe SanTayana, FilóSOFO ameriCanO)

O PaSSaDO Só Se Deixa Fixar COmO imaGem qUe relamPeJa irreVerSiVelmenTe, nO mOmenTO em qUe É reCOnHeCiDO.” (WalTer BenJamin, FilóSOFO alemãO)

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Jr.a comunidade do que guardado na

minha casa, dentro de um armário”, conta Rosina, que doou os objetos ao Museu Paranaense. Para ela, o objeti-vo da Secretaria é trabalhar pela pre-servação e mostrar que “o patrimônio vai muito além da responsabilidade do governo, a responsabilidade é de cada um”.

bom exemploA Associação Pró-Memória da Imi-gração Germânica (Amig) de Curiti-ba trabalha para manter viva sua his-tória e dá o exemplo. A entidade está digitalizando 1924 páginas do jornal alemão “Der Kompass”, editado e impresso em Curitiba, com foco na comunidade germânica que morava na cidade. Os exemplares são de 03 de julho de 1902 a 31 de dezembro de 1938, tendo ainda uma edição espe-cial feita em 1941.

“A viúva de um neto do editor chefe desse jornal que cedeu esse material na íntegra para Amig para assegurar o futuro e o produto não se perder. Os originais já estão em fase de de-teriorização, já está difícil de guardar e proteger”, conta Rainer Fabry, ge-rente de projetos da Associação. Ele explica que a digitalização já está em fase de encerramento e a próxima eta-pa será a indexação do material.

O objetivo deste projeto é fornecer o material para pesquisadores poderem analisar a conjuntura vivida e a forma de comunicação na época. “Fornecer para a pesquisa interessada assuntos como a linguística, o desenvolvi-mento do linguajar. É lógico que um jornal alemão, escreve em alemão no início. A gente percebe depois de poucos anos que já estão misturando as palavras, estão colocando palavras

em português de forma germanizada, que no alemão não existe. Só o imi-grante que entende”, exemplifica.

Facilitando o trabalho

Outra instituição que percebeu a im-portância da preservação de docu-mentos históricos foi a Itaipu Bina-cional. Há quase cinco meses, eles estão digitalizando todo o arquivo impresso da empresa, que é composto de 420 mil folhas de desenhos e cinco milhões de textos e documentos, des-de antes da construção, em 1973, até hoje. O material precioso está passan-do por um processo de digitalização, que deve demorar três anos.

“Além da fase de geologia, sonda-gem, estudos de viabilidade do Rio Paraná, tem a fase propriamente da obra, que é a instalação do canteiro, construção civil, fase de montagem e depois o comissionamento dos equi-pamentos e agora a fase atual que é a manutenção e operação da usina. Quer dizer, é a documentação técni-ca de toda a história da Itaipu, desde antes dela começar até hoje”, conta

Henrique Guerra Vianna, coordena-dor do projeto de preservação.

Além do trabalho de backup e arqui-vamento dos documentos originais, esse processo também ajuda no dia a dia dos funcionários. “O técnico tem toda a história, por exemplo, de um determinado painel que ele esteja me-xendo. Se ele quiser saber o que foi acontecendo com esse painel à me-dida que ele foi evoluindo nos anos, troca de equipamentos, ferramentas, ele pode examinar cada um dos docu-mentos a um clique do computador”, esclarece Vianna.

“o que é patrimônio? Tudo aquilo que você

herda”, diz Rosina

Digitalizar este material é uma forma de assegurar o futuro e o produto não se perder, afirma Fabry

PreserVarTem alGO Para DOar e nãO SaBe COmO FaZer?

Informe-se na Secretaria de Estado da Cultura, no setor de Patrimônio Cultural, que eles farão uma aná-lise do objeto ou patrimônio a ser doado e irão informar a destinação mais adequada.

Secretaria de Estado da Cultura: (41) 3321-4700 ou 3321-4708

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Bianca Nascimento - [email protected] do mês

ComportamentoAutor:

Talal HusseiniEditora: TH Editora

a arte da Convivência As relações humanas são um dos maiores desafios da so-ciedade. Seja no trabalho, em casa, na rua: a compreensão e harmonia entre as pessoas nem sempre é uma tarefa fácil. “Os atritos sempre fizeram parte do processo. A tristeza faz parte do processo. A superação de problemas também”. Este é um trecho do livro “A Arte da Convivência”, que serve como um manual para aprender a lidar com os diferentes tipos de pessoas e superar essas diferenças. A obra apresenta pensamentos e histórias tiradas de nossos cotidianos que mostram os sucessos e insucessos nas relações, apontando dicas de como melhorar.

Técnico Autor: Gary Chapman – Paul WhiteEditora: Mundo Cristão

as cinco linguagens da valorização pessoal no ambiente de trabalhoEm um ambiente de trabalho é raro encontrar a valorização de colaboradores que se mostrem com coragem, perseverança, humildade, honestidade, entre outras. No entanto, quando estas palavras viram atitudes e são aplicadas no cotidiano do traba-lho, e ainda recebem seu devido valor dentro das corporações, tudo pode ficar muito melhor. A obra se propõe a dar dicas e ações, que são apresentadas ao empresário, para que ele possa lidar com o potencial de seus colaboradores e para que estes também possam melhorar sua atuação dentro das empresas.

Policial Autor:

John VerdonEditora: Arqueiro

Feche bem os olhosA obra conta a história de David Gurney. Ele trocou a agitada carreira policial pela pacata vida no campo. Mas David ainda não consegue deixar de lado seu vício em resolver enigmas. Na morte brutal de uma jovem assassinada no dia do próprio casamento, foi convidado a desvendar o mistério. Mas ajudar neste caso poderia prejudicar o seu próprio casamento, já que sua esposa, Madeleine, é contra sua retomada na carreira policial. Mesmo assim, David vai em frente no caso. O principal suspeito é um jardineiro, mas a trama traz surpresas e uma narrativa instigante sobre este crime.

infantilAutor: Irmãos GrimmEditora: Geração Editorial

branca de neveA maioria das pessoas se lembra da personagem Branca de Neve como uma adolescente frágil, doce e à espera do príncipe encantado. Mas a nova versão deste clássico dos Irmãos Grimm traz uma linguagem e uma ilustração mais gótica, com uma princesa que também é uma heroína. Na nova trama, muitos pontos são remodelados: a rainha perversa é um monstro de quatro olhos. Os animais da floresta não são esquilinhos e coelhos amorosos, mas bichos assustadores. O príncipe encantado não chega a ser tão encantado. E, no final, a princesa prepara para a rainha um desfecho inédito.

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mPB Gilberto Gil Gravadora: Warner Music

Gilberto Gil canta luiz GonzagaEste consagrado músico já foi ministro, ganhou prêmios Grammy, foi exilado pela Ditadura e protagonista da Tropicália. No momento em que se acredita que Gilberto Gil não tem mais nada para inventar, ele apresenta um novo frescor. Ao completar 70 anos de idade e mais de cinco décadas de pura so-noridade, Gil mostra a coletânea: “Gilberto Gil canta Luiz Gonzaga”, na qual celebra as canções mais conhecidas do mestre Gonzaga, com muito baião e forró no compasso de músicas como “Juazeiro” e “Asa branca”.

POPEd SheeranGravadora: Warner Music

+Liderando as paradas de sucesso nos Estados Unidos, o jovem britânico Ed Sheeran já coleciona prêmios com o primeiro CD “+”, que chega também ao Brasil. A música de lançamento é “The A Team” e já alcançou mais de 38 mi-lhões de views no Youtube. Suas canções têm uma batida que prioriza o pop acústico numa levada surf music, mas que está bem longe das praias. Tem toques de folk e hip-hop. Ele tem apenas 21 anos de idade e este é o primeiro trabalho não independente. É assim que o ruivo Ed tem agradado e sido odia-do com sua música autoral. Ouça e tire suas conclusões.

Samba Mart’nália Gravadora: Biscoito Fino

não tente compreenderNo mês passado, a versátil e experimental Mart’nália lançou-se em novos ares e colocou na roda musical o seu mais novo CD. Sob o título “Não tente com-preender”, a cantora mostra uma nova marca. Conduzida pelo genial Djavan, as canções mostram notas de groove e até rock, com canções de consagrados compositores, como Marisa Monte e Caetano Veloso. Nessa ousadia, a filha de Martinho da Vila vem conquistando mais ouvintes, com um estilo musical que transita entre samba, pop e MPB, mostrando mais maturidade a cada CD.

acústicoJuanesGravadora: Universal Music

MtV unpluggedO cantor colombiano Juanes esteve no Brasil divulgando seu último traba-lho acústico. Ao lado da cantora brasileira Paula Fernandes, ele trabalhou a música “Hoy Me Voy“ em versão bilíngue. Em canções inéditas como “Todo en mi Vida Eres tu” e “La Señal”, ele imprime um ritmo latino acelerado e em outras uma levada bem romântica e lenta. Falar de amor é sua marca. Seu trabalho já está sendo tocado nos Estados Unidos, Porto Rico, Brasil e em mais de 11 países da América Latina.

Arieta Arruda - [email protected] dicas do mês

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opiniãoGilberto GnoatoPsicólogo, psicoterapeuta há 20 anos, escritor e palestrante

em tudo que é moderno é bom. No entanto, a escola e a família tendem a aceitar o que a mídia e o senso comum adotam como critérios para uma educação “moderna”. Atualmente, o dis-

curso de que tudo deve ser decidido “democraticamente”, de igual para igual, produziu algumas distorções no campo das relações pais e filhos, em especial, no que diz respeito à fi-gura paterna.

Na Europa e Estados Unidos, só para citar dois exemplos, a noção de igualdade ordena-se pela seguinte lógica: todas as crianças são iguais entre elas e todos os adultos são iguais entre eles. No entanto, a categoria filhos e a categoria pais são dife-rentes, pois não pertencem ao mesmo universo de igualdade.

No Brasil, há quem diga que os pais de hoje são a última geração de filhos que obedecem aos pais e a primeira geração de pais que obedecem aos fi-lhos. A abertura democrática, o avan-ço da mulher no mercado e a noção de igualdade “sociologizaram” a família esgotando-lhe um pouco da afetividade e preenchendo-a com uma cota de racionalidade e juridicidade. Famílias modernas adquiriram mais direitos do que afetos e mais ideologias que relacionamento e se impôs equivocadamente a noção de que crianças e adultos são iguais, como forma de abolir o autori-tarismo dos pais.

A noção de autoritarismo está confundida com a noção de autoridade. O autoritarismo advém historicamente do patriar-cado coronelista. Um modelo de família em que o pai man-dava, sem racionalidade ou afetividade, e a esposa e filhos obedeciam. Este modelo vem se dissolvendo desde o século passado, por isso a busca de um novo modelo que não fique apenas sob a tutela do pai, nem uma família que fique sob a tutela do Estado que, com a Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente, promovem formas burocráticas de interação pais e filhos.

No entanto, educação não se faz por leis, por racionalidade e muito menos por ideologias sociologizantes. Educação se faz com a firmeza da palavra e com o exemplo dos pais. As crian-ças estão perdendo o discernimento de onde termina o eu, onde começa o outro, já que a noção de autoridade está esfa-celada, num Brasil cujos políticos são autoritários, mas não possuem “autoridade simbólica” para governar. Num Brasil, onde crianças e adultos estão a cada dia ficando mais iguais. Elas, mais “adultecidas” e eles cada vez mais infantilizados. Pais “adultescentes”, que não conseguem crescer. Sem dife-rença, não haveria vida psíquica.

A autoridade, é o corte, a fronteira que marca o limite de onde termina o eu, onde começa o outro. A criança precisa perce-

ber que existe algo que fala acima dela e que é superior a ela. O sím-bolo paterno/materno deve fazer o seguinte corte: “você não pode fa-zer tudo quer”. No início da vida, a mãe tem a função primordial de acolher o bebê, dando-lhe proteção e afeto. Mais tarde, ele descobre

que a mãe não é tudo. Esta deixa de ser a fonte única das identificações da criança. Caberá ao pai descolar o filho da mãe, colocando-se entre os dois, para inaugurar a árdua tarefa desta criança em lidar, daqui para frente, com a presença do que é diferente da mãe.

O enfraquecimento da “autoridade simbólica” do pai tem pro-duzido, especificamente nos adolescentes do sexo masculino, a falta do reconhecimento da existência do outro, a favor da satisfação do eu. Se no passado, as relações entre pais e fi-lhos estiveram demasiadamente verticalizadas, hoje elas estão equivocadamente horizontalizadas. Os pais estão perdendo a capacidade de imprimir sentido e significado na vida dos fi-lhos, pois temem se apresentar como uma geração que veio antes e que está acima deles. As leis psíquicas de reconheci-mento da existência do outro se instauram pela diferença e não pela igualdade, pois o que é igual, não tem autoridade!

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o que é igual não tem autoridade

A criança precisa perceber que existe algo que

fala acima dela e que é superior a ela

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Exercite sua opinião.

Revista Mês.Quilômetros de

informação para quem gosta de ir

mais longe.

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Colocamos sua ideia em pé, ou melhor, na tela.

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