Revista Meucerebro Ano 00 Nº 01 Outubro 2014
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2 | m e u c e r e b r o . c o m
O CREBROO Lobo Frontal, p. 04
psicologia cognitivaO Surgimento da Neuroeducao, p. 06
EVOLUOA rea 10, p. 16
espiritualidade e religioConexo entre corpo e esprito, p. 22
pessoasO que limitao para voc?, p. 30
notcias do ms, p. 34
neurohistriaA histria de Phineas Gage, p. 36
A Revista meucerebro uma publicao mensal do grupo meucerebro.com e de distribuio on-line para assinantes. Editores-chefe: Leonardo Faria e Ramon Andrade. Redao: Daniela vila Malagoli e Leonardo Faria. Diagramao: Carlos Gabriel Ferreira. Colaboradores: Ana Lcia Hennemann, Flvio Maneira, Matheus Guisoni Pereira e Pricilla Faria.
EXPEDIENTE
programa de desenvolvimento meucerebroTurbine o seu Crebro, p. 08
MSICAQual o som de uma cor?, p. 18
neurocincia do sucesso4 pilares: voc no controle da sua vida, p. 26
especialInteligncia emocional: por que ela importante?, p. 10
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3Comearei agradecendo a minha equipe. Pessoas formidveis, sem as quais um sonho antigo no se realizaria. Ramon, meu scio, cuja confiana sem precedentes me fez enxergar possibilidades. Carlos, cujo profissionalismo e talento em perceber ideias e transform-las em arte proporcionou um grande salto ao grupo. Daniela, minha companheira, dedicada, paciente, e extremamente competente em seus propsitos. Sem vocs nada d isso seria possvel. Os sonhos so assim mesmo. Demoram s vezes uma vida. Mas so eles que a validam.
Tudo comeou h aproximadamente 2 anos, quando tive um insight. Para dizer a verdade, pouco acreditava em intuio ou percepo extrassensorial. Mas de alguma forma fui sugestionado a ver que os caminhos que por algum motivo me levaram at ali no mais o fariam. Inserido no meio de uma extenuante residncia mdica em neurocirurgia, percebi que faltava algo essencial. Algo mais primordial que uma suposta inteligncia.
A vida faz a gente acreditar que a inteligncia pode ser objetivamente mensurada por meio de testes, provas, vestibulares e notas. Que o sucesso o ponto final de uma vida galgada nesses termos. Mas no. estranho dizer que o oposto de determinada coisa justamente o holofote que mais a ilumina. Foi de certa forma a razo que me fez enxergar a emoo. Hoje compreendo que aquela no uma fora. Esta sim. Enquanto a razo direciona, a emoo impulsiona.
Por um momento, deixei a razo de lado e passei a valorizar as emoes, o prazer, o bem-estar, a dor, a contemplao, o relaxamento, o motivo. Passei a enxergar as pessoas e a diferenci-las pelo engajamento emocional com que viviam dia aps dia. Enquanto algumas pessoas se perdiam em comportamentos repetitivos para os quais suas razes construam as mais extravagantes explicaes, outras percebiam-se com um simples olhar.
Muito me surpreendia como a maioria atribua a importncia do crebro sua capacidade de desenvolver a inteligncia. Mas a emoo era o combustvel. No era prudente mais deix-la de fora. Hoje percebo que o crebro tudo isso. O seu equilbrio sempre esteve na relao de reciprocidade construda entre razo e emoo. A nossa vida se determina assim.
nesse contexto que qualquer explicao racional sobre o por que de estarmos aqui, termos nos dedicado constituio do grupo meucerebro, dessa primeira edio, a edio de lanamento da revista digital meucerebro, torna-se insignificante. O que vier a ser explicado no conseguir alcanar a fora que nos impulsionou. Hoje somos um grupo que alia neurocincias e comunicao, que busca disseminar ideias e aprender. Ser objeto, mas principalmente sujeito desse novo momento que o homem atravessa: o da verdadeira autopercepo.
Voc agora faz parte do meucerebro.Seja muito bem-vindo!
editorial
Leonardo Faria, Editor-chefe da revista meucerebro
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4 | m e u c e r e b r o . c o m
A matria desta edio far referncia anatomia de superfcie de um lobo cerebral. O conhecimento dela especialmente importante para neurologistas, neurocirurgies,
neuroradiologistas e qualquer outra pessoa que
lide com a anatomia cerebral, como o caso dos
estudantes de medicina, psicologia e neurobiologia
comparativa. O lobo frontal peculiar ao homem pelo
tamanho e pelas funes. Aqui nos caber um relato
especfico da anatomia dos seus sulcos e giros.
Na face superior mais lateral do lobo frontal de
cada hemisfrio identificam-se trs sulcos principais:
o sulco pr-central (mais ou menos paralelo ao sulco
central, muitas vezes dividido em dois segmentos),
o sulco frontal superior (inicia-se geralmente na
poro superior do sulco pr-central e tem direo
aproximadamente perpendicular a ele, para o plo
frontal) e o sulco frontal inferior (partindo da poro
inferior do sulco pr-central, dirige-se para frente e
para baixo).
Entre o sulco central e o sulco pr-central est
o giro pr-central. Acima do sulco frontal superior,
continuando na face medial do crebro, localiza-se o
giro frontal superior. Entre os sulcos frontal superior
e frontal inferior est o giro frontal mdio, e abaixo do
sulco frontal inferior, o giro frontal inferior. Este ltimo
subdividido pelos ramos anterior e ascendente
do sulco lateral em trs partes: orbital, triangular e
opercular. A primeira situa-se abaixo do ramo anterior,
a segunda entre este ramo e o ramo ascendente, e a
ltima entre o ramo ascendente e o sulco pr-central.
O giro frontal inferior do hemisfrio cerebral esquerdo
denominado giro de Broca.
O Lobo FrontalA anatomia dos sulcos e giros
Leonardo Faria
Sulco do Corpo Caloso
Sulco do Cngulo
Ramo Marginal
Sulco Subparietal
Sulco Paracentral
Giro do Cngulo
Lbulo Paracentral
Pr-cneos
Giro Frontal Superior
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5
Na face medial do crebro, existem dois sulcos
que passam do lobo frontal para o lobo parietal: o
sulco do corpo caloso (comea abaixo do rostro do
corpo caloso, contorna o tronco e o esplnio do corpo
caloso, onde se continua j no lobo temporal, com o
sulco do hipocampo) e o sulco do cngulo (tem seu
curso paralelo ao sulco do corpo caloso, do qual
separado pelo giro do cngulo. Termina posteriormente,
dividindo-se em dois ramos: o ramo marginal, que se
curva em direo margem superior do hemisfrio,
e o sulco subparietal, que continua posteriormente
a direo do sulco do cngulo). Nesta face tambm
est presente o sulco paracentral, que se destaca do
sulco do cngulo em direo margem superior do
hemisfrio; delimita, com o sulco do cngulo e seu ramo
marginal, o lbulo paracentral, assim denominado
em razo de suas relaes com o sulco central, cuja
extremidade superior termina aproximadamente no
seu meio.
Resumidamente, em relao aos giros delimitados
por estes sulcos, acima do corpo caloso temos o giro
do cngulo; mais acima temos, de trs para diante, o
pr-cneus, o lbulo paracentral e a face medial do
giro frontal superior.
A face inferior do lobo frontal apresenta um
nico sulco importante, o sulco olfatrio, profundo e
de direo ntero-posterior. Medialmente ao sulco
olfatrio, continuando dorsalmente como giro frontal
superior, situa-se o giro reto. O restante da face inferior
do lobo frontal ocupada por sulcos e giros muito
irregulares, os sulcos e giros pr-orbitrios.
Giro Pr-Central
Giro Frontal Superior
Giro Frontal Mdio
Giro Frontal Inferior
Sulco Frontal Superior
Sulco Frontal Inferior
Sulco Pr-Central
//////////// o c r e b r oSulco do Corpo Caloso
Sulco do Cngulo
Ramo Marginal
Sulco Subparietal
Sulco Paracentral
Giro Reto
Giros Orbitrios
Sulco Olfatrio
Sulcos Orbitrios FONTES:1. NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.2. SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 21ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.3. MACHADO, Angelo B.M.. Neuroanatomia Funcional. 2ed. So Paulo: Atheneu, 2002.Ilustraes: Netter.
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6 | m e u c e r e b r o . c o m
O Surgimento da Neuroeducao Aprender modificar comportamentos
Ana Lcia Hennemann,
Um dos primeiros relatos que temos sobre a educao com um olhar mais global se d atravs das Paideias, na Grcia. As mesmas eram constitudas a partir da concepo de que a
comunidade e o indivduo so responsveis uns
pelos outros e, dessa forma, vo se transformando,
integrando-se e evoluindo. O indivduo era percebido
sobre seus diversos aspectos e fazia parte de uma
cadeia social. Cada um era importante. Cada um tinha
contribuies para a evoluo daquele contexto social.
Entretanto, as concepes mudaram e a
educao abandonou a percepo individual
e integral do sujeito para outro aspecto muito
diferenciado: o indivduo valia o quanto ele produzia;
em outras palavras, o melhor aluno era aquele que
conseguia acumular mais conhecimento. Mas at
aqui a escola ainda no era para todos. Apenas alguns
privilegiados estudavam.
Conforme Tracey Espinosa, mesmo tendo os
direitos assegurados pela Declarao Universal dos
Direitos Humanos, somente na dcada de 1980 que
a educao em massa comea a fazer parte do cenrio
educacional e atravs dessa maior diversidade que
se percebe que o sistema educacional necessitava
de muitas melhorias.
Todo o conhecimento que se tinha em educao,
aprendizagem e comportamento humano ainda
era fruto de pesquisas anteriores ao escaneamento
cerebral, e as grandes mudanas comeam a ocorrer
com o surgimento da neurocincia, responsvel pelo
estudo metdico do sistema nervoso.
A psicologia, uma das reas que sempre
auxiliou a educao, ao agregar os conhecimentos
da neurocincia, comeou a trazer abordagens
diferenciadas para o contexto educacional e,
dessa forma, a pedagogia pautada na educao e
aprendizagem percebeu que se fazia necessrio um
novo olhar educacional, voltar s origens da Paideia
e perceber o ser humano como um ser global.
Todas as reas que at ento eram especializadas
em modificam-se e comeam a atuar de modo
interdisciplinar agregando a nomenclatura de
neuroeducao.
A neuroeducao no uma nova rea do
conhecimento. Ela trata da juno dos conhecimentos
da psicologia, educao e neurocincia (Figura 1).
A neuroeducao nos traz uma abordagem
diferenciada do que aprendizagem. Anteriormente,
em uma viso mais direta poderia se dizer que
aprender adquirir novos conhecimentos. A mesma
neuroeducao nos mostra agora que aprender
modificar comportamentos.
Quando pensamos uma educao inclusiva o
significado de aprender dentro destas concepes
tem outro valor. Porque se o sujeito somente
avaliado pelo vis do conhecimento adquirido
dentro do contexto escolar, certamente a educao
no estar sendo inclusiva; mas, se ela consegue
perceber o educando como algum que modificou
seu comportamento inicial, seja ele, psicomotor,
cognitivo ou emocional, desse modo sim, estamos
diante de uma educao inclusiva, que prima pelos
direitos humanos.
Percebemos indivduos Downs atuando na
sociedade como reprteres, cineastas, professores,
e outras tantas profisses e temos o entendimento
Especialista em Alfabetizao, Educao Inclusiva, Neuropsicopedagogia e Ps-graduanda em Neuroaprendizagem. Email: [email protected].
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com o surgimento da neurocincia, responsvel pelo
estudo metdico do sistema nervoso.
A psicologia, uma das reas que sempre
auxiliou a educao, ao agregar os conhecimentos
da neurocincia, comeou a trazer abordagens
diferenciadas para o contexto educacional e,
dessa forma, a pedagogia pautada na educao e
aprendizagem percebeu que se fazia necessrio um
novo olhar educacional, voltar s origens da Paideia
e perceber o ser humano como um ser global.
Todas as reas que at ento eram especializadas
em modificam-se e comeam a atuar de modo
interdisciplinar agregando a nomenclatura de
neuroeducao.
A neuroeducao no uma nova rea do
conhecimento. Ela trata da juno dos conhecimentos
da psicologia, educao e neurocincia (Figura 1).
A neuroeducao nos traz uma abordagem
diferenciada do que aprendizagem. Anteriormente,
em uma viso mais direta poderia se dizer que
aprender adquirir novos conhecimentos. A mesma
neuroeducao nos mostra agora que aprender
modificar comportamentos.
Quando pensamos uma educao inclusiva o
significado de aprender dentro destas concepes
tem outro valor. Porque se o sujeito somente
avaliado pelo vis do conhecimento adquirido
dentro do contexto escolar, certamente a educao
no estar sendo inclusiva; mas, se ela consegue
perceber o educando como algum que modificou
seu comportamento inicial, seja ele, psicomotor,
cognitivo ou emocional, desse modo sim, estamos
diante de uma educao inclusiva, que prima pelos
direitos humanos.
Percebemos indivduos Downs atuando na
sociedade como reprteres, cineastas, professores,
e outras tantas profisses e temos o entendimento
do quo importante a interao com o meio. Mais ainda,
do quo importante o trabalho de um profissional que tem
o entendimento do funcionamento do sistema nervoso.
O neuroeducador, profissional da neuroeducao,
resgata a prxis das Paideias. Ele observa o indivduo em
seus aspectos que precisam ser melhorados e em suas
potencialidades e, atravs disso, constri um planejamento
individualizado para cada educando. Porm, em ltima
instncia, todos aprendem, pois h modificao de
comportamento tanto para o neuroeducador quanto para
os educandos. Ambos necessitam sair de suas zonas de
conforto e, dessa forma, alcanar patamares mais elevados.
Atravs disso, resgata-se um valor primordial que os gregos
j conheciam: a cooperao. A sociedade se constitui pelo
entendimento da responsabilidade que temos uns com os outros
e s podemos mud-la se mudarmos nossos comportamentos.
FONTES:1. TOKUHAMA ESPINOSA, Tracey. Why Mind, Brain, and Education Scienceis the New Brain--Based Education. Disponvel online em http://migre.me/lXgK3
/ p s i c o l o g i a c o g n i t i v a
FIGURA 1:Adaptado a partir de Tracey Tokuhama-Espinosa
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8 | m e u c e r e b r o . c o m
H uma regra oculta nestas equaes. Encontre o valor de B e
mostre que matemtica no problema para voc.
reas cerebrais envolvidas neste teste:
Inicialmente, os crtices visuais primrio e secundrio sero ativados.
A cognio aplicada resoluo de problemas e a utilizao da memria
de trabalho so atribudas ao crtex pr-frontal. Alm disso, reas parieto-
temporais e parieto-occipitais, mais precisamente a rea de Wernicke,
que pode ou no incluir o giro angular esquerdo, sero acionadas no
reconhecimento dos algarismos e letras, e tambm durante os clculos.
Crtex Pr-Frontal
rea de Wernicke
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9Crtex Visual
Giro Angular
rea de Wernicke
Resposta:
A resoluo deste exerccio depende de uma boa anlise
das equaes anteriores.
A resposta : A = 2+6-7
B = 276 + A
Logo, A = 1 e B = 277.
Comentrios:
Um teste que trabalha a flexibilidade cognitiva na
resoluo de problemas. Aparentemente, parece um simples
exerccio de adio; entretanto, a varivel A requer um pouco
mais de raciocnio para ser decifrada. Isso nos remete s
primeiras adies do exerccio.
A varivel B facilmente explicvel, uma vez que
tenhamos definida a varivel A. B sempre a soma de A com
o nmero inicial. Mas e A?
A representado pela soma do primeiro e terceiro
algarismos do nmero inicial, subtrado do algarismo do meio.
Logo, 537 (5+7-3=9), 106 (1+6-0=7), 989 (9+9-8=10) e assim por
diante. A=1 (6+2-7=1) e B=277.
// t u r b i n e s e u c r e b r o
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10 | m e u c e r e b r o . c o m
Aprender a ser emocionalmente inteligente possvelDaniela vila Malagoli
O conceito de inteligncia emocional (IE) tem sido bastante discutido na atualidade. No entanto, j vem sendo estudado desde o ano de 1990, quando foi formalmente introduzido na Psicologia por meio dos pesquisadores Peter Salovey, da Universidade de Yale, e John D. Mayer, da Universidade de New Hampshire, os quais apresentaram a definio de inteligncia emocional como sendo a capacidade de processar as informaes emocionais e us-las favoravelmente no processo adaptativo. Contudo, o conceito se tornou popular cinco anos depois, por meio do livro Inteligncia Emocional: A teoria revolucionria que redefine o que ser inteligente, do psiclogo da Universidade de Havard Daniel Goleman.
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12 | m e u c e r e b r o . c o m
Goleman disse ao Huffington Post A vida corre muito mais suavemente se voc tiver boa inteligncia emocional. O psiclogo traz uma nova discusso por meio de seu livro, no qual
atribui parte do sucesso pessoal e profissional a esse
tipo de inteligncia; isto , ela to importante quanto
outras habilidades cognitivas - ou at mais -. Assim,
quais as habilidades podem ser encontradas dentro
da inteligncia emocional? Diversas, como a de
superar as frustraes, motivar a si mesmo, controlar
impulsos, canalizar emoes, dentre outras. Goleman
tambm mapeia a inteligncia emocional em
cinco habilidades importantes de serem realadas:
autoconhecimento emocional; controle emocional,
automotivao, reconhecimento das emoes em
outras pessoas e habilidades em relacionamentos
interpessoais. Assim, a inteligncia emocional
dividida em intra e interpessoal.
As emoes fazem parte da evoluo do indivduo;
so inatas a ele e constituem uma importante
forma de comunicao. Predominam em diversos
momentos da nossa vida e, se gerenciadas com
cuidado e inteligncia, auxiliam de forma significativa
nas decises, na imposio de limites, enfim, no
relacionamento com o outro e consigo mesmo. De
acordo com o psiclogo e professor de Sociologia
Leonardo Abraho, observa-se, hoje em dia, um mau
gerenciamento das emoes: raivas e exploses de
dio no trnsito e nas organizaes; comportamentos
obsessivos em meio a casais, surgidos a partir da
inobservncia de sentimentos como cimes doentio
e/ou carncia no cuidada; violncias mltiplas a
partir da dificuldade em se lidar com os sentimentos
alheios, como discriminao e bullying entre jovens
ou adultos nas escolas ou nas empresas, explica,
so alguns exemplos dessa problemtica social.
Nesse contexto, os cinco componentes da IE,
definidos por Goleman - autoconscincia, autorregulao,
motivao, habilidades sociais e empatia so
fundamentais tambm no mbito profissional.
Para ele, quem tem inteligncia
emocional geralmente
confiante, sabe trabalhar
na direo de suas
metas, adaptvel
e flexvel. Voc
se recupera
rapidamente
do estresse e
resistente,
disse ao
Huffington
Post. E como
saber se sou
emocionalmente
inteligente,
e/ou se devo
progredir nesse
sentido? Reportagem
recente publicada pela
revista Exame mostrou 14
sinais que demonstram um alto
grau de inteligncia emocional, como:
voc um bom lder, reconhece suas foras e
suas fraquezas, confia no seu instinto, quando
est chateado, sabe exatamente o por qu, dentre
outros.
A boa notcia que, caso voc no tenha
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13
///////////////// e s p e c i a l
desenvolvido essas habilidades ou mesmo
no priorize elas em sua vida pessoal e
profissional, pode adquirir e aprimorar a
inteligncia emocional por meio da prtica.
De acordo com o site da empresa provedora
mundial de inteligncia emocional TalentSmart,
embora algumas pessoas
sejam naturalmente mais
emocionalmente
inteligentes do que
outras, voc pode
desenvolver
grande
capacidade
mesmo no
tendo nascido
com ela. A
inteligncia
emocional,
segundo
Abraho,
pressupe
autoconhecimento,
que pode ser
racional ou
intuitivo (treinado/
pesquisado ou natural/
espontneo). Para o psiclogo,
entender a origem dos nossos
sentimentos, suas caractersticas, suas
fragilidades e seus potenciais favorece o nosso
caminhar em meio s pessoas, circunstncias e
possibil idades que nos rodeiam.
Essa possibilidade se deve plasticidade
do crebro, isto , ele hbil de mudanas. O
crebro desenvolve novas conexes, medida
em que estimulado; assim, ao aprender novas
habilidades de utilizar as emoes a seu favor,
voc est produzindo uma mudana, que
gradual, de acordo com TalentSmart. A utilizao
de estratgias para desenvolver a inteligncia
emocional permite que os bilhes de neurnios
presentes no crebro criem novas conexes
entre os centros neurais relacionados razo e
emoo. Cada neurnio, atravs de sua rvore
dendrtica, capaz de formar aproximadamente
15.000 conexes com outros neurnios vizinhos.
Tal conectividade habilita o indivduo a gerenciar
melhor suas emoes futuras, a compreend-las
e, at mesmo, express-las racionalmente. Em
outras palavras, a inteligncia emocional pode
ser fruto de uma aprendizagem sistematizada.
Ela pode se tornar um hbito na vida de quem
vier a desenvolv-la.
A empresa tambm fez testes de inteligncia
emocional ao lado de outras habilidades importantes
no mbito profissional. A concluso de que
esse tipo de inteligncia o maior prognstico de
desempenho, representando 58% do sucesso em
todos os tipos de trabalho. Portanto, a inteligncia
emocional importante para o aprimoramento
pessoal e profissional e merece dedicao. Segundo
estudo feito por Travis Bradberry e Jean Greaves,
autores do livro Emotional Intelligence 2.0
(Inteligncia emocional 2.0), da TalentSmart, apenas
36% das pessoas conseguem identificar suas prprias
emoes. Essa pesquisa, feita com mais de 500 mil
pessoas ao longo de uma dcada, demonstra que
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14 | m e u c e r e b r o . c o m
essa competncia rara e valiosa.
Portanto, gerenciar as emoes seria dar um
pouco de razo a elas? E se optarmos por agir e reagir
conforme alertam nossas emoes, sem controlar
os impulsos, enfim, extravasar (alguns dizem que
uma boa opo em certos momentos da vida), como
seriam as nossas relaes? Ficariam comprometidas?
Ou seriam mais espontneas? Abraho explica: a
espontaneidade dos sentimentos e das emoes no
significa, necessariamente, uma inteligncia emocional.
Por exemplo, uma exploso de cimes pode ser a mais
espontnea e sincera possvel, mas nada inteligente no
contexto de uma relao interpessoal. Assim como uma
exploso de raiva ou de solidariedade. A inteligncia
est em processar, racional ou intuitivamente.
A inteligncia emocional, segundo o professor,
pode ser infinita, assim como as demais formas de
inteligncia, bastando, para tanto, que a pessoa a treine
e/ou a amadurea por meio do autoconhecimento, da
autotransformao e da autorrealizao existencial.
Reflexes parte, o importante que a razo d
direo e ordem emoo; as duas caminham juntas
- pelo menos, devem -. Conhecer, entender e, por
consequncia, utilizar as emoes a seu favor, um
dos caminhos de crescimento do indivduo para com
ele mesmo, para com os outros e para com o mundo
em que est imbudo. Para Abraho, no h sucesso
na vida sem sucesso nos relacionamentos e no
h relacionamentos de sucesso sem habilidades
emocionais e sentimentais.FONTES:1. http://goo.gl/WfaH8C2. http://goo.gl/WD0reG3. http://goo.gl/wYdv9M4. http://goo.gl/Gu8ug85. http://goo.gl/kjOCX36. http://goo.gl/LvN2At7. http://goo.gl/LE0ToC8. http://goo.gl/CD2VCI9. http://goo.gl/WDt6wnFotografia: Flickr Commons
O crebro desenvolve novas conexes, medida em que
estimulado; assim, ao aprender novas
habilidades de utilizar as emoes a seu favor, voc est produzindo
uma mudana, que gradual, de acordo com TalentSmart o importante que a razo d direo e
ordem emoo; os dois caminham juntos - pelo menos, devem.
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A rea 10Ela nos torna mais humanos
Leonardo Faria
Oque nos difere de todas as outras espcies em termos evolutivos? O que o crebro humano esconde, se que realmente tem algo de especial? O senso comum que estudar
o crebro humano contemplaria a chave para tais
questionamentos, as respostas para desvendar
o curioso processo da inteligncia. De fato, a sua
organizao interna, maior e mais complexa em
comparao aos de outros mamferos e primatas,
parece ter sido, para alguns autores, o aspecto
evolutivo fundamental para o desenvolvimento da
cultura, incluindo a linguagem, a simbolizao e a
cognio elaborada, fatores e dimenses que diferem
o Homo sapiens de todas as outras espcies.
Entretanto, se pudermos apontar um dado
qualitativo do estudo evolutivo neurobiolgico, a
concluso de que os plos frontais e temporais
dos crebros dos homindeos se expandiram
precocemente na evoluo, seguidos da expanso
das reas posteriores do crebro em uma fase
posterior. O trabalho de Falk e colaboradores atesta que
a grande expanso do crebro humano no se iniciou
com o gnero Homo, como se pensava anteriormente,
mas h pelo menos 2 a 3 milhes de anos, com os
membros do gnero Australopithecus. O crebro se
expandiu muito durante a fase evolutiva do gnero
Homo, mas tal expanso j havia comeado bem antes.
O grupo de Falk concluiu ainda que as reas
dos lobos frontais que mais se desenvolveram foram
aquelas relacionadas s regies correspondentes
rea 10 de Brodmann. Semendeferi e
colaboradores indicaram que a rea 10 6 a 7
vezes maior em humanos quando comparadas aos
grandes smios africanos. A neuropsicologia, por sua
vez, tem mostrado que tal rea est associada ao
pensamento abstrato, organizao e ao planejamento
de aes futuras, iniciativa e tomada de decises,
assim como ao controle e ao processamento das
emoes e ao julgamento. Da integridade da rea 10
dependem, particularmente, funes como memria
de trabalho, memria espacial, memria prospectiva,
processamento sinttico e compreenso de metforas,
gerao de verbos, clculo numrico e ateno conjunta
(fundamental para habilidades sociais). Assim, a evoluo
da rea 10 no Homo sapiens parece ser central naquilo
que se postula ser a humanidade dos homens.
Neuroanatomia comparativa contempornea
Recentemente, pesquisadores foram alm e
compararam imagens de ressonncia magntica do crtex
ventrolateral frontal um dos componentes da rea 10
de 25 voluntrios adultos com imagens equivalentes de 25
macacos. A partir desses dados, os pesquisadores foram
capazes de dividir o crtex ventrolateral humano em 12
reas que foram consistentes entre todos os indivduos.
Aps a comparao dos grupos eles descobriram que
uma pequena regio, ainda mais especfica dentro da
rea 10 de Brodmann, no possua equivalente nos
macacos o chamado crtex do plo pr-frontal lateral.
Fica a reflexo: caso no percebamos iniciativa
por parte das pessoas, planejamento, julgamento
dos fatos associado a um bom controle emocional e,
principalmente, criatividade, de que forma poderamos
consider-las evolutivamente diferentes dos outros
animais pelo menos no que se refere ao comportamento?
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vezes maior em humanos quando comparadas aos
grandes smios africanos. A neuropsicologia, por sua
vez, tem mostrado que tal rea est associada ao
pensamento abstrato, organizao e ao planejamento
de aes futuras, iniciativa e tomada de decises,
assim como ao controle e ao processamento das
emoes e ao julgamento. Da integridade da rea 10
dependem, particularmente, funes como memria
de trabalho, memria espacial, memria prospectiva,
processamento sinttico e compreenso de metforas,
gerao de verbos, clculo numrico e ateno conjunta
(fundamental para habilidades sociais). Assim, a evoluo
da rea 10 no Homo sapiens parece ser central naquilo
que se postula ser a humanidade dos homens.
Neuroanatomia comparativa contempornea
Recentemente, pesquisadores foram alm e
compararam imagens de ressonncia magntica do crtex
ventrolateral frontal um dos componentes da rea 10
de 25 voluntrios adultos com imagens equivalentes de 25
macacos. A partir desses dados, os pesquisadores foram
capazes de dividir o crtex ventrolateral humano em 12
reas que foram consistentes entre todos os indivduos.
Aps a comparao dos grupos eles descobriram que
uma pequena regio, ainda mais especfica dentro da
rea 10 de Brodmann, no possua equivalente nos
macacos o chamado crtex do plo pr-frontal lateral.
Fica a reflexo: caso no percebamos iniciativa
por parte das pessoas, planejamento, julgamento
dos fatos associado a um bom controle emocional e,
principalmente, criatividade, de que forma poderamos
consider-las evolutivamente diferentes dos outros
animais pelo menos no que se refere ao comportamento?
FONTES:1. http://goo.gl/rdWGlL2. http://goo.gl/0C85FH3. Livro Evoluo do crebro, por Paulo Dalgalarrondo.
//////////////// e v o l u o
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18 | m e u c e r e b r o . c o m
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19
Msica, cores e emoo
/////////////// m s i c a
/////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
Leonardo Faria
Voc estava saboreando algo e lhe veio
algum som bem peculiar aos ouvidos?
Algum lugar que voc visitou logo lhe
trouxe um sabor boca. Determinado
cheiro lhe faz ver imagens como se fossem reais
naquele momento? Alguma vez voc escutou
uma msica e logo veio a percepo de uma cor
em especial? No, no loucura. A sinestesia
um fenmeno neurolgico caracterizado pela
produo de duas sensaes paralelas, de
natureza distinta, por um nico estmulo.
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20 | m e u c e r e b r o . c o m
No h o que temer. A sinestesia no uma
doena. Na verdade, ela ilustra como o crebro
um rgo complexo e repleto de fortes
interconexes. A experincia sensorial de certas
pessoas na qual sensaes correspondentes a
um certo sentido so associadas a outro sentido ,
na verdade, o cimento da memria. Quanto mais
relaes as sensaes puderem estabelecer
entre si, mais facilmente so reestabelecidas as
suas memrias correspondentes.
Portanto, por conta da sinestesia,
eventualmente ocorre essa espcie de
cruzamento de sensaes em um s estmulo.
Assim, uma cor pode ter um sabor ou um som
pode ter uma forma. Essa forma diferente de
processar as informaes obtidas atravs dos
sentidos pode ter uma base hereditria.
O que dizem os estudos
Diversos estudos tm investigado possveis
relaes sensoriais desse tipo, especialmente
entre sons e cores. Uma pesquisa realizada
pela Universidade da Califrnia, em Berkeley,
e publicada recentemente no peridico PNAS
mostrou que o crebro humano capaz de
ir mais alm. Segundo o estudo, atravs das
sensaes que uma melodia provoca, o crebro
foi capaz de fazer relaes entre cor e msica
a ponto de superar barreiras culturais, como se
todas as pessoas apresentassem uma estrutura
neural senso-perceptiva comum.
Ainda sobre o estudo, cujo ttulo original
Musiccolor associations are mediated by
emotion, identificou-se que msicas mais rpidas
se relacionavam a cores claras e vvidas, como
o amarelo; e melodias mais lentas, a tons mais
escuros, acinzentados ou azulados. Todas essas
informaes poderiam, segundo a pesquisa,
auxiliar o desenvolvimento de estratgias
para afiar a criatividade e a percepo, novos
mtodos de reabilitao emocional que se
utilizem de terapias cognitivas, alm de embasar
novas aes tomadas pelos profissionais do
neuromarketing e publicidade. Os programas
tocadores de msica, por exemplo, podem se
utilizar das informaes de um equalizador
para produzir padres de cores em suas telas,
procurando seguir as caractersticas o tom
emocional de cada msica.
Muitas figuras conhecidas j se lanaram
no estudo das cores, como Aristteles, Newton
e Goethe. Em contrapartida, Goethe foi um dos
nicos a se opor de certa forma ideia intuitiva
de que existe uma relao fsica direta entre
sons e cores. Em uma de suas obras, A Teoria
das Cores (Zur Farbenlehre), originalmente
publicada em 1810, ele disse:
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Sempre se percebeu que existe certa relao entre cor e som,
como demonstram as frequentes comparaes, por vezes passageiras,
por vezes suficientemente pormenorizadas. O erro nelas cometido se deve ao seguinte: Cor e som de maneira alguma
podem ser comparados, embora ambos remetam a uma frmula
superior, a partir da qual possvel deduzir cada um deles. Ambos
so como dois rios que nascem na mesma montanha, mas devido a circunstncias diversas correm sobre regies opostas, de modo que em todo o percurso no h
nenhum ponto em que possam ser comparados. Ambos so efeitos gerais e elementares segundo a
lei universal que tende a separar e unir, oscilar, pesando ora de um
lado, ora de outro lado da balana, mas conforme aspectos, maneiras,
elementos intermedirios e sentidos completamente distintos.
Mas, apesar do alerta de Goethe, os
neurocientistas insistem na correlao neural
entre sons e cores. Seguindo vias neurais
prprias e paralelas ou que, secundariamente,
se cruzem em algum ponto do caminho
perceptivo cerebral, o fato que parece
prevalecer um denominador comum entre
as sensaes, particularmente entre aquelas
veiculadas pelos olhos e ouvidos. Assim como
outro estudo de 2007 The Color of Music:
Correspondence Through Emotion tambm
concluiu, a msica parece compartilhar com o
som um substrato neural comum: o emocional.
Seria essa a origem da sinestesia.
FONTES:1. http://goo.gl/D3SXpC2. http://goo.gl/r74uRh3. http://goo.gl/WesMx94. http://goo.gl/T7kvZi5. http://goo.gl/kNvklS6. http://goo.gl/L6m8OIFotografia: Flickr Commons
/ a m s i c a e o c r e b r o
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22 | m e u c e r e b r o . c o m
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A conexo entrecorpo e esprito
A glndula pineal e sua relao com a espiritualidade
Matheus Guisoni Pereira
A pinha, um dos smbolos mais presentes nas sociedades do passado, ocidentais e orientais, reserva-se cheia de mistrios e lendas. Mas uma coisa constante: a relao com a expanso da conscincia, da elevao e da iluminao do ser. No Egito a pinha se mostra na ponta do cajado de Osris, o Deus da vida aps a morte, essa que era o passaporte para o convvio com os deuses. Na Grcia antiga ela aparece na extremidade superior do Tirso, o cajado usado por Dionsio. E no arbitrrio o fato de ser Dionsio o smbolo da plenitude de conscincia e unificao com o todo. Pinha em grego traduz-se por Pineu, um dos nomes utilizados para batizar nossa glndula pineal.
/espiritualidade e religio
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O terceiro olho, referido como olho de Hrus
ou olho de R, uma referncia explcita tambm a
essa glndula, chamada tambm por outras culturas
como o olho da razo, da alma ou da mente. O olho
dentro da pirmide, uma adaptao desse simbolismo,
ficou amplamente conhecido no mundo aps ser
empregado como um dos smbolos da maonaria
e ser incorporado tardiamente no dlar americano.
Mas, afinal de contas, o que essa glndula
faz de to especial para a maioria de ns que
no estamos ainda no caminho da meditao em
busca do nirvana? Bem, esse olho vestigial guarda
semelhanas em sua embriologia com os olhos,
emerge do diencfalo ficando entre os dois colculos
superiores sobre o mesencfalo e funciona como um
temporizador, um marcapasso circadiano e sazonal.
Sobre influncia simptica, a qual predominante
durante a noite, ela secreta em maiores quantidades
um hormnio, a melatonina. Sabe-se que maiores
concentraes desse hormnio reduzem a funo
das glndulas e que este importante para o
amadurecimento dessas. A melatonina tambm
pode realocar o dispndio energtico de acordo
com os ciclos sono-viglia, resultado obtido do
trabalho da Dr. Fernanda Gaspar do Amaral.
Recentemente, notou-se em estudo do Dr.
Jimo Borjigin na Universidade de Michigan e na
Universidade Estadual de Louisiana pelo Dr. Steven
Barker, analisando glndulas de ratos, a presena
de N,N-Dimethyltryptamine (DMT). No se sabe
ao certo qual a funo desse composto nos
organismos, contudo, o uso dessa substncia j
apreciado por pessoas que buscam experincias
de psicodelismo. Essa substncia tambm
encontrada no ch Ayahuasca, o santo daime.
Mais excitante, no entanto, est o trabalho do
mdico Dr. Sergio Felipe de Oliveira. Durante uma
microscopia de varredura em glndulas dissecadas,
ele notou a presena de cristais de apatita. Esses
cristais funcionam como uma caixa de ressonncia
que capta campos magnticos, sequestrando-os.
Essa pode ser a chave para se desvendar como
pessoas que possuem domnio de sua mediunidade
mantm um transe ou uma comunicao com
entidades extrafsicas inteligentes. Pelo trabalho
do Dr. Sergio Felipe, tambm ficou verificado a
relao inversamente proporcional entre esses
cristais e surtos de ansiedade e depresso do
sistema nervoso central. O indivduo, recebendo
muitas informaes sensoriais por campos
O crebro, como smbolo de nossa inteligncia, daquilo que
nos torna humanos, recebe agora, mais do que nunca,
contribuies slidas da cincia de que ele pode conter tambm a ponte daquilo que
nos torna ns mesmos, da nossa conscincia: o esprito.
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magnticos, gastaria uma quantidade grande de
neurotransmissores para decodific-las e, em um
segundo momento, ocorreria uma queda abrupta
em sua concentrao, levando sinais de depresso.
A glndula tambm est relacionada com a
liberao de energia na forma de ectoplasma, este
evidenciado por Charles Richet, Nobel de medicina
e fisiologia em 1913, e pelo Dr. Albert Von Schrenck-
Notzing. Se esta energia demasiadamente
liberada (como ocorre com alguns mdiuns),
o organismo tende a responder distribuindo-a
para stios orgnicos, podendo originar estruturas
ectpicas como osteofitoses, cistos ou mesmo
causar um aumento de peso e sangramento. No
entanto, isso no se faz uma consequncia imediata
e fatal, sempre restando ao mdium o dever de
controlar essa capacidade da maneira a melhor
atender-lhe a sade. O estudo se faz inevitvel.
Muito ainda resta para ser desvendado
nesse campo, que se caracteriza como uma
rea promissora e excitante de pesquisas. O
conhecimento milenar de culturas do passado se
mostra mais uma vez atual sua maneira, e cabe
cincia mostrar-se humilde s possibilidades j
abertas por nossos ancestrais. O crebro, como
smbolo de nossa inteligncia, daquilo que nos
torna humanos, recebe agora, mais do que nunca,
contribuies slidas da cincia de que ele pode
conter tambm a ponte daquilo que nos torna
ns mesmos, da nossa conscincia: o esprito.
FONTES:1. VILLELA, DARINE; ATHERINO,VICTORIA FAIRBANKS; LIMA, LARISSA DE S ; MOUTINHO,
ANDERSON AUGUSTO; AMARAL, FERNANDA GASPAR DO ; PERES, RAFAEL ; MARTINS DE LIMA, THAIS ; TORRO, ANDRA DA SILVA ; Cipolla-Neto, Jos ; SCAVONE, CRISTFORO ; Afeche, Solange Castro . Modulation of Pineal Melatonin Synthesis by Glutamate Involves Paracrine
Interactions between Pinealocytes and Astrocytes through NF-B Activation. BioMed Research International, v. 2013, p. 1-14, 2013.
2. Barker, S.A.; Borjigin, J.; Lomnicka, L.; Strassman, R. LC/MS/MS analysis of the endogenous Dimethyltryptamine hallucinogens, their precursors, and major metabolites in rat pineal gland
microdialysate.. Biomed Chromatogr, v. 2013, p. 1690-700, 2013.3. OLIVEIRA, S. F. . Glandula Pineal - Avanos nas Pesquisas. 2007. (Apresentao de Trabalho/
Conferncia ou palestra).4. Biomed Chromatogr. 2013 Dec;27(12):1690-700. doi: 10.1002/bmc.2981. Epub 2013 Jul 23.5. LC/MS/MS analysis of the endogenous dimethyltryptamine hallucinogens, their precur-sors, and major metabolites in rat pineal gland microdialysate. Barker SABorjigin JLomnicka
IStrassman R.Imagens: http://goo.gl/kGCnT1 e http://goo.gl/2TVl0f
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possvel termos o controle da nossa vida ou somos frutos do acaso? O que determina o sucesso? Alis, o que sucesso, para voc? Ser que existe um caminho para revolucionar a prpria vida, at coisas mais prticas como comear (ou terminar) algo que no est do jeito que voc gostaria? Voc est feliz na sua vida pessoal? e profissional? Como andam suas atividades de lazer? E sua espiritualidade?
Em anos de trabalho com foco no desenvolvimento de pessoas, percebo que ter clareza psquica, emocional ou, como gosto de dizer, ampliar a conscincia o primeiro passo de um processo profundo de mudana, cujo intuito ser mais feliz nos principais pilares que sustentam e torneiam sua vida.
Quais so esses pilares?
Flvio Maneira,Autor e Coordenador do mtodo e curso 4 pilares, gesto de carreira e de vida. Executivo da indstria farmacutica h 16 anos, atuou na rea de vendas, liderana e treinamento e desenvolvimento, passando por empresas como Novartis, Schering-Plough, MSD e atualmente est na Biolab Sanus Farmacutica responsvel pela capacitao estratgica da unidade cardiovascular. Professor de MBA em disciplinas ligadas a Pessoas e Negcios e colunista do portal Zeneconomics.
4 pilares: Voc no controle da sua vidaCrie um mapa estratgico para ela
/a neurocincia do sucesso
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Entendemos como pilar pessoal o que se refere a tudo e a todos que giram em torno de voc: sua famlia, amigos, filhos, cnjuge. Como anda sua relao com seus familiares e amigos? Est saudvel? Outro ponto importante do pilar pessoal tem a ver com propsito e valores, talvez o mais importante. Voc sabe claramente qual o seu propsito de vida? E quanto aos seus valores? Segundo John Maxwell: no d para ter um sistema de valores para uso no mundo dos negcios e outro para a vida pessoal. O carter de uma pessoa rege toda a sua vida. Interessante, no? Em minha trajetria de vida, nas empresas nas quais trabalhei e onde trabalho, nas palestras e aulas que ministro, percebo que a maioria das pessoas no tem claro isso, simplesmente vo vivendo e no param para refletir a respeito. Alm das questes de valores, nesse pilar deve-se considerar questes como sade, nutrio, emoes, ou seja, o alimento do corpo e da mente. Dizem que somos o que comemos. Vou alm, somos o que pensamos, somos o que sabemos. Nossa formao como pessoa dada parte pela gentica (DNA) e pelo meio desde o nosso nascimento macro (pas, regio, cidade, bairro, cultura, famlia, amigos, escola, faculdade, trabalho) para o micro (indivduo, personalidade, reas de inteligncia).
Flvio Maneira,Autor e Coordenador do mtodo e curso 4 pilares, gesto de carreira e de vida. Executivo da indstria farmacutica h 16 anos, atuou na rea de vendas, liderana e treinamento e desenvolvimento, passando por empresas como Novartis, Schering-Plough, MSD e atualmente est na Biolab Sanus Farmacutica responsvel pela capacitao estratgica da unidade cardiovascular. Professor de MBA em disciplinas ligadas a Pessoas e Negcios e colunista do portal Zeneconomics.
4 pilares: Voc no controle da sua vidaCrie um mapa estratgico para ela
pessoal
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Esse pilar um dos grandes responsveis por questes que vo muito alm do dinheiro, por exemplo: felicidade. Voc faz o que realmente ama? Voc aprendeu a amar o que faz? Voc se encontrou profissionalmente? Se no, por que no arriscar em recomear? Voc est satisfeito com seu superior? Como voc considera o clima (ambiente) do seu trabalho? E com seus pares? Se voc um gestor ou empreendedor e tem uma equipe, como considera sua gesto? Existem inmeras pesquisas bem fundamentadas sobre aspectos profissionais envolvendo liderana, colaboradores, clientes, empreendedores e em todas vemos alguns aspectos em comum: so mais pontos de melhorias do que os que do certo. Vou dar um exemplo: Se perguntarmos para 100 pessoas sobre seus chefes (ou lderes), 80 esto insatisfeitas, porm, dessas 80 insatisfeitas, quantas fazem algo para mudar isso? No chega a 10%, acredite! No caso dos empreendedores, grande parte das empresas fecham antes de completarem trs anos de vida e, quando feita uma anlise sobre o principal motivo, adivinhe? Falta de conhecimento. As pessoas simplesmente abrem um negcio sem ao menos saberem o que um plano de negcios. Quando o assunto carreira, os resultados so ainda piores: a maioria das pessoas no sabe gerir um plano de carreira alinhado com suas fortalezas (seus talentos dominantes, seus pontos fortes). Vivemos uma escassez de lderes e bons gestores de pessoas e, com isso, vem a falta de orientao e desenvolvimento adequado, estratgico e assertivo, de acordo com cada indivduo. As pessoas esto, literalmente, perdidas profissionalmente. O que preciso? Parar, estruturar um plano, procurar ajuda, ler, estudar e principalmente saber que vai exigir muita disciplina, mudana de hbitos. um percentual muito pequeno da populao que est disposto a isso. Tony Robbins (autor e palestrante especialista em reprogramao mental) diz: por isso os pobres esto cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos.
O que voc faz que extremamente prazeroso? Que lhe traz uma sensao quase indescritvel? Voc s consegue isso nos finais de semana, feriados ou quando sai de frias? Ou voc tem plulas de lazer que lhe do prazer diariamente? E semanalmente? Na medida em que vamos adquirindo certas responsabilidades nos dois pilares anteriores (pessoal e profissional), fica mais difcil fazer o que gostvamos de fazer? Vem o casamento, vm os filhos, vem o crescimento profissional e por ai vai. Acontece que, para voc se tornar melhor tanto na sua vida pessoal como profissional, necessrio alimentar suas emoes, seus sentimentos, ou seja, necessrio rir com quem ou com o que lhe estimula a isso. Tem gente que encontra no esporte (atividades fsicas) uma forma de grande lazer (prazer). Sim, porque suar e performar mais e mais a cada dia mexe de forma nica com a neuroqumica, alimentando sua estima, fazendo com que voc se sinta bem. Outros encontram na msica, na meditao, na leitura, na arte, no encontro com os amigos, semanalmente, mensalmente. Amigos fazem bem para sua sade, isso comprovado. Animais tambm. Qual lazer voc foi deixando para trs? O que preciso para retomar? Possivelmente isso est ligado a uma melhor administrao de sua agenda e de alguns alinhamentos com seus familiares. Dedicamos muito tempo aos outros com medo do que pensam sobre a gente e esquecemo-nos de pensar em ns mesmos. Acredite: eles vo entender. Voc ser percebido como uma pessoa melhor, sua energia vai mudar. As pessoas que conseguem desfrutar de pequenas doses de lazer todos os dias apresentam uma melhora perceptvel em sua energia, ficam mais positivas.
profissional lazer
Concluo sugerindo que no perca, mas ganhe tempo investindo em seu maior bem: voc. Dedique tempo para criar um mapa estratgico da sua vida envolvendo os 4 pilares: Pessoal, Profissional, Lazer e Espiritual. Considere o curto, mdio e longo prazo, tendo como premissa o conhecimento e a potencializao das suas competncias naturais. Dizem que aprendemos mais pela dor do que pelo amor. Eu sou a prova disso e quero compartilhar isso com voc. Um grande amigo disse certa vez: temos duas datas de nascimento: uma biolgica, quando nascemos e outra quando lanamos um olhar inteligente e genuno sobre ns mesmos. Esse o verdadeiro nascimento. Pense nisso.{
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O que voc faz que extremamente prazeroso? Que lhe traz uma sensao quase indescritvel? Voc s consegue isso nos finais de semana, feriados ou quando sai de frias? Ou voc tem plulas de lazer que lhe do prazer diariamente? E semanalmente? Na medida em que vamos adquirindo certas responsabilidades nos dois pilares anteriores (pessoal e profissional), fica mais difcil fazer o que gostvamos de fazer? Vem o casamento, vm os filhos, vem o crescimento profissional e por ai vai. Acontece que, para voc se tornar melhor tanto na sua vida pessoal como profissional, necessrio alimentar suas emoes, seus sentimentos, ou seja, necessrio rir com quem ou com o que lhe estimula a isso. Tem gente que encontra no esporte (atividades fsicas) uma forma de grande lazer (prazer). Sim, porque suar e performar mais e mais a cada dia mexe de forma nica com a neuroqumica, alimentando sua estima, fazendo com que voc se sinta bem. Outros encontram na msica, na meditao, na leitura, na arte, no encontro com os amigos, semanalmente, mensalmente. Amigos fazem bem para sua sade, isso comprovado. Animais tambm. Qual lazer voc foi deixando para trs? O que preciso para retomar? Possivelmente isso est ligado a uma melhor administrao de sua agenda e de alguns alinhamentos com seus familiares. Dedicamos muito tempo aos outros com medo do que pensam sobre a gente e esquecemo-nos de pensar em ns mesmos. Acredite: eles vo entender. Voc ser percebido como uma pessoa melhor, sua energia vai mudar. As pessoas que conseguem desfrutar de pequenas doses de lazer todos os dias apresentam uma melhora perceptvel em sua energia, ficam mais positivas.
Longe de dogmas religiosos, qual o seu entendimento por espiritualidade? Se voc pensou em algo como ajudar o prximo, em generosidade, voc est no caminho. Se voc j faz algo nesse sentido, j uma pessoa espiritualizada. Mais que dinheiro, se voc dedica parte do seu tempo para ajudar (seja compartilhando conhecimento, dando amor, ouvindo algum) o outro, livre de pr-conceitos, discriminaes, crenas, voc est um degrau acima. As pessoas que menos tm so as que mais compartilham, seja comida, dinheiro, casa, ou um lugar para dormir. Pare por alguns minutos e pense em algum por quem voc muito grato, por te ajudar em algum momento difcil da sua vida. Pensou? Pronto, agora pegue uma folha em branco e um lpis ou caneta e escreva-lhe uma carta dizendo o por que de voc ser to grato a ela. Por fim, faa uma ligao (ou encontre essa pessoa) e leia a carta para ela. provado que isso aumenta significativamente o seu estado de felicidade. Ou seja, a gratido explicitada a algum vai lhe tornar uma pessoa mais feliz, uma pessoa melhor. Atuo junto classe mdica h alguns anos e conheci mdicos com uma espiritualidade incrvel. Mas, o que eles tm em comum? Tratam as pessoas como pessoas, so generosos e pacientes com seus pacientes. Percebo que a humanidade no caminha para problemas de doenas fsicas, mas sim para doenas de fundo emocional. Vivemos um caos emocional. A rea que mais cresce no est ligada a problemas cardiovasculares, mas a problemas psquicos. Livros de autoajuda nunca venderam tanto. Medicamentos desenvolvidos para os transtornos psquicos, especialmente os ansiolticos, nunca venderam tanto. Sempre digo: temos que tratar a causa e no o sintoma. Por isso, agir com mais espiritualidade uma boa maneira de amenizar essas questes psicolgicas que afligem a humanidade.
lazer Espiritualidade
Concluo sugerindo que no perca, mas ganhe tempo investindo em seu maior bem: voc. Dedique tempo para criar um mapa estratgico da sua vida envolvendo os 4 pilares: Pessoal, Profissional, Lazer e Espiritual. Considere o curto, mdio e longo prazo, tendo como premissa o conhecimento e a potencializao das suas competncias naturais. Dizem que aprendemos mais pela dor do que pelo amor. Eu sou a prova disso e quero compartilhar isso com voc. Um grande amigo disse certa vez: temos duas datas de nascimento: uma biolgica, quando nascemos e outra quando lanamos um olhar inteligente e genuno sobre ns mesmos. Esse o verdadeiro nascimento. Pense nisso.
PARA MAIS INFORMAES:http://flaviomaneira.com.br
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O que
para voc?limitao
Esther Varoto, 28 anos, graduada em msica. Esclerose Mltipla. Doena inflamatria crnica degenerativa. Elas se
conheceram em novembro de 2008
Daniela vila Malagoli
Com dois anos, comeou a cantar. Aos trs, comps a primeira msica. Como no sabia escrever, pediu me que anotasse. Com cinco anos, j lia partitura ao tocar flauta doce. Gravou o primeiro CD nessa idade. Com 15, virou professora. Cursou oito anos de violo, contrabaixo e guitarra no Conservatrio Estadual Cora Pavan Capparelli, mas estudou sozinha para a prova de habilidade especfica do curso de Msica (licenciatura em violo erudito), ingressando no curso, na Universidade Federal de Uberlndia (UFU), em 7 lugar, aos 19 anos.
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Esther sentiu uma sensao estranha nos braos. No outro dia, acordou com metade do corpo dormente.
No conseguia piscar o olho direito e sentia tonturas e nuseas. Passou mal dia aps dia, por trs meses,
quando j estava casada. Os mdicos, inicialmente, desacreditavam no diagnstico de Esclerose Mltipla.
Mas ela desconfiava. E se preparou.
Esther, que chora e em menos de 10 segundos enxuga as lgrimas, no cancelou um dia de aula para
seus alunos. Quando os movimentos da mo esquerda, precisos para sua profisso, ficaram travados por
dois meses, um dos alunos a consolou: enquanto voc estiver falando, est bom, eu j aprendo. Antes de
a Esclerose Mltipla manifestar-se, Esther pensava: eu sou jovem, aguenta corpo! Sete meses depois
dos primeiros sintomas, e aps passar por oito mdicos, o diagnstico foi confirmado.
Uma das primeiras coisas que fez, em seguida, foi compor uma msica em homenagem aos
portadores da doena. O que eu fiz os trs primeiros anos depois que eu descobri a doena o que eu
teria feito na minha vida toda se eu no a tivesse descoberto. Ela preparou a qualidade do seu futuro,
mas viveu, e vive intensamente o presente. Andei muito de patins. Se eu fosse pra cadeira de rodas
amanh, pelo menos iria lembrar a sensao. Nadar, sentir seu corpo na gua, como importante! As
pessoas deviam pensar nisso. Ela define a doena: Esclerose Mltipla no sinnimo de loucura. uma
doena rara e diferente que as pessoas deveriam conhecer mais.
Esther nunca perdeu o bom humor e a vontade de viver. Nos inmeros exames de ressonncia
magntica que fez, brincava com os sons do aparelho como se fossem notas musicais. Esther, que parece
uma pessoa sem o diagnstico de uma doena degenerativa como a Esclerose Mltipla Surto Remisso (ver
infogrfico), reconhece: uma doena que pode expor o portador a muitas a muitas deficincias fsicas, e
muitas delas felizmente podem ser revertidas com o uso de anti-inflamatrios potentes (corticosterides).
Um dia, aps uma aula de canto na Ufu, na semana do prpriocasamento,
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//////////////// p e s s o a sEsther adora passear no shopping, fazer compras. Sempre acompanhada do seu grande amor, do
seu apoio, Elker Tonini. Ele o seu porto seguro. E se o assunto ela, ele no hesita. Ningum derruba
a Esther, guerreira. Ele pretende curtir todos os momentos da vida junto dela. A musicista fundou
a Academia de Msica Varotonini, na qual Elker tambm professor, em 2011, no mesmo ano de sua
formatura: fruto de tudo que eu fao em minha vida, o que me move, me d prazer, a msica. Para o
professor do curso de Msica da UFU Andr Campos, Esther empreendedora e batalhadora.
Esther professora de canto, violo popular e erudito, guitarra base e solo, contrabaixo, viola caipira,
bateria e percusso, musicalizao infantil, composio, teoria e percepo musical, edio de partituras
e preparao para habilidade especfica em Violo Erudito. Tem contrato como compositora com a
Editora Clube da Msica, que parceira da Sony Music. Comps, interpretou e produziu a trilha sonora
da Novela Portal do Cerrado. Hoje est cursando Direito. Objetivos futuros: maior dedicao carreira
solo. Expanso da Academia de Msica Varotonini. Esther pensa na frente, afirma a professora do curso
de Msica da UFU Sandra Alfonso.
Uma mulher bem sucedida? Intimidade com Deus, prazer em viver e acreditar em mim foi o que fez
Esther uma empresria de sucesso. O que a Esclerose Mltipla te ensinou, Esther? Maturidade e paixo
pela vida. Qual a primeira coisa que gostaria que algum soubesse sobre voc? Que eu curto a vida.
Esther, o que limitao para voc? Limitao algo que a gente coloca na prpria cabea.
INFORMAES SOBRE ESTHER: http://goo.gl/5OI3sqINFOGRFICO: Leonardo Faria
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O cerebelo a parte do crebro respon-
svel por movimentos motores finos, incluindo
a postura, o equilbrio, a aprendizagem motora
e a fala. Localizado na base do crnio, contm
cerca de metade dos neurnios do crebro,
embora represente apenas 10% do seu volu-
me. A sua disfuno parcial devido a uma leso
ou doena no incomum, contudo a ausncia
do cerebelo j ao nascimento extremamente
rara. Mdicos na China descobriram uma mu-
lher de 24 anos, apenas o nono caso conhecido
de uma pessoa viva com agenesia cerebelar.
Sua condio foi descrita na revista Brain.
O caso veio tona depois que a mulher
procurou atendimento mdico devido a nu-
seas e vertigens. Uma tomografia computa-
dorizada e imagens de ressonncia magntica
revelaram a ausncia do cerebelo, que pronta-
mente explica os sintomas encontrados. Alm
disso, sua condio explica tambm por que
ela no foi capaz de falar at completar seis
anos de idade e de andar at os sete. Devido
ausncia desta importante parte do sistema
nervoso, tambm no foi capaz de brincar e
saltar como as outras crianas. Sem nenhuma
surpresa, a mulher tinha sido incapaz de andar
sem constante apoio ao longo de sua vida.
Embora os testes revelassem que ela
no apresentava dificuldades para entender
o vocabulrio, havia prejuzos relacionados
pronncia, a voz era trmula e as palavras, ar-
rastadas. Apesar disso, os mdicos considera-
ram os sintomas relativamente leves. Eles es-
peravam por um comprometimento maior.
O espao onde o cerebelo deveria existir
foi preenchido pelo lquido cefalorraquidiano. A
qumica do fluido parecia normal, mas a pres-
so estava um pouco elevada (210 mmH2O, ao
invs de 70-180 mmH20). Ela foi adequada-
mente tratada com medidas pouco invasivas
e, quatro anos depois, ela ainda estava muito
bem.
Casou-se e teve uma filha neurologica-
mente normal. As estruturas e os tecidos ao
redor de onde estaria o cerebelo aparentavam
boa estrutura, sem danos significativos. A ponte
parecia pouco desenvolvida mas, consideran-
do que parte de seu trabalho transmitir men-
sagens a partir do crtex frontal ao cerebelo,
isso no totalmente surpreendente.
Como a doena rara, no muito bem
compreendida. Embora existam cerca de 30
mutaes associadas com alteraes cerebe-
lares, a ausncia completa da estrutura um
pouco mais difcil de descobrir. Essa mulher re-
presenta uma oportunidade nica para estudar
os efeitos da doena em um adulto vivo. No
se sabe como a sua condio ir mudar me-
dida em que envelhecer, mas todas as coisas
que ela foi capaz de fazer at aqui represen-
tam mais uma vez uma boa prova da plastici-
dade cerebral.
Mulher de 24 anos vive sem o cerebeloA relao entre sade mental e leses na cabea um tema
controverso. Pesquisas anteriores produziram resultados ambguos que
colocaram em dvida a associao entre ambas. Muito frequentes em
esportes de contato como artes marciais e futebol americano, pequenos
traumatismos podem culminar em problemas de sade mais srios do
que se pensa primeira vista. Um estudo publicado no American Journal
of Psychiatry, o maior da rea, revela que mesmo uma nica dessas
pancadas na cabea pode, at mesmo, aumentar o risco de doenas
mentais, em especial se a pancada ocorrer durante a adolescncia.
A pesquisa realizada por Sonja Orlovska e sua equipe, da
Universidade de Copenhague, durou 23 anos e analisou 113.906 registros
mdicos dinamarqueses de pessoas que haviam sido hospitalizadas
por ferimentos na cabea. Eles descobriram que, alm dos problemas
cognitivos causados pelos danos estruturais no crebro (como delrio),
esses pacientes demonstraram, posteriormente, maior probabilidade de
desenvolver transtornos psiquitricos: risco de 65% para esquizofrenia
e 59% para depresso. O perigo era maior nos primeiros 12 meses aps
o trauma, mas permaneceu significativamente elevado pelos 15 anos
seguintes.
Ainda segundo o estudo, o fator preditivo mais forte associado ao
desenvolvimento futuro de esquizofrenia, depresso e transtorno bipolar
foi sofrer traumatismo craniano no incio da adolescncia (11 aos 15 anos
de idade). Leses na cabea poderiam provocar inflamao cerebral,
alterando a permeabilidade da barreira hematoenceflica e favorecendo
a entrada de contedos potencialmente prejudiciais ao crebro a partir
da corrente sangunea.
Enquanto o mecanismo ainda no for totalmente esclarecido, o
melhor seguir as orientaes j estabelecidas depois de sofrer leses
traumticas. Descansar e evitar atividades que demandem esforo fsico
e mental, alm de obviamente consultar um mdico to logo apaream
sintomas. Tudo isso fundamental.
Pancadas na cabea podem causar doena mental
FONTE: http://goo.gl/QhrvC0
FONTE: http://goo.gl/QXEdcY
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35
Estudo feito por pesquisadores
da Universidade Rush, de Chicago,
com 294 idosos, confirma a ideia de
que ler e escrever regularmente pode
contribuir para preservar a memria por
mais tempo, reduzindo a velocidade do
processo de deteriorao mental.
Essas prticas saudveis podem
diminuir at 15% o ritmo de progresso
da perda da memria.O declnio cerebral
entre os idosos que liam ou escreviam
com frequncia ainda na velhice ocorreu
em um ritmo 32% mais lento do que
entre os que faziam isso com uma
constncia menor. Os idosos que quase
nunca se dedicavam a essas atividades
apresentaram uma velocidade de
deteriorao mental 48% maior do que os
que liam e escreviam esporadicamente.
Os pesquisadores acompanharam
os participantes do estudo durante
cerca de seis anos, at o momento
de sua morte, em mdia aos 89 anos.
Anualmente, submeteram os idosos
a testes de memria e cognio e os
entrevistaram sobre seus hbitos de leitura
ao longo da vida.
Memria preservada com leituras espordicas
A relao entre sade mental e leses na cabea um tema
controverso. Pesquisas anteriores produziram resultados ambguos que
colocaram em dvida a associao entre ambas. Muito frequentes em
esportes de contato como artes marciais e futebol americano, pequenos
traumatismos podem culminar em problemas de sade mais srios do
que se pensa primeira vista. Um estudo publicado no American Journal
of Psychiatry, o maior da rea, revela que mesmo uma nica dessas
pancadas na cabea pode, at mesmo, aumentar o risco de doenas
mentais, em especial se a pancada ocorrer durante a adolescncia.
A pesquisa realizada por Sonja Orlovska e sua equipe, da
Universidade de Copenhague, durou 23 anos e analisou 113.906 registros
mdicos dinamarqueses de pessoas que haviam sido hospitalizadas
por ferimentos na cabea. Eles descobriram que, alm dos problemas
cognitivos causados pelos danos estruturais no crebro (como delrio),
esses pacientes demonstraram, posteriormente, maior probabilidade de
desenvolver transtornos psiquitricos: risco de 65% para esquizofrenia
e 59% para depresso. O perigo era maior nos primeiros 12 meses aps
o trauma, mas permaneceu significativamente elevado pelos 15 anos
seguintes.
Ainda segundo o estudo, o fator preditivo mais forte associado ao
desenvolvimento futuro de esquizofrenia, depresso e transtorno bipolar
foi sofrer traumatismo craniano no incio da adolescncia (11 aos 15 anos
de idade). Leses na cabea poderiam provocar inflamao cerebral,
alterando a permeabilidade da barreira hematoenceflica e favorecendo
a entrada de contedos potencialmente prejudiciais ao crebro a partir
da corrente sangunea.
Enquanto o mecanismo ainda no for totalmente esclarecido, o
melhor seguir as orientaes j estabelecidas depois de sofrer leses
traumticas. Descansar e evitar atividades que demandem esforo fsico
e mental, alm de obviamente consultar um mdico to logo apaream
sintomas. Tudo isso fundamental.
/////////////// n o t c i a s
Pancadas na cabea podem causar doena mental
FONTE: http://goo.gl/QXEdcY
FONTE: http://bit.ly/1pSKChX
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36 | m e u c e r e b r o . c o m
Em 13 de setembro de 1848 um acidente terrvel fez surgir uma teoria: a de que o nosso sentido moral tem fundamento biolgico. Phineas Gage, renomado trabalhador de uma companhia ferroviria de Vermont, nos Estados Unidos, sofreu um
grave acidente quando estava trabalhando na construo de uma
estrada de ferro. Ao tentar explodir para longe rochas que estavam
no local, um atrito entre a plvora e o buraco no qual Gage colocava
a barra de ferro provocou uma exploso. A barra foi arremessada em
direo ao trabalhador, entrou pela bochecha esquerda, destruiu
o olho, atravessou a parte frontal do crebro e saiu pelo topo do
crnio, do outro lado.
O interessante que, mesmo com metade da cabea
perfurada e sem um dos olhos, Gage sobreviveu sem danos
considerveis em suas faculdades (na poca, quando recuperou
a conscincia, foi levado para o hospital caminhando e falando).
Contudo, quanto ao seu comportamento, a mudana foi drstica:
Gage passou de educado a extremamente rude, desrespeitoso,
perigoso e socialmente irresponsvel. Os comentrios eram de que
Gage j no era mais Gage. Hoje, o nome dado ao comportamento
A histria de Phineas GageO homem desinibido
Daniela vila Malagoli
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37
Em 13 de setembro de 1848 um acidente terrvel fez surgir uma teoria: a de que o nosso sentido moral tem fundamento biolgico. Phineas Gage, renomado trabalhador de uma companhia ferroviria de Vermont, nos Estados Unidos, sofreu um
grave acidente quando estava trabalhando na construo de uma
estrada de ferro. Ao tentar explodir para longe rochas que estavam
no local, um atrito entre a plvora e o buraco no qual Gage colocava
a barra de ferro provocou uma exploso. A barra foi arremessada em
direo ao trabalhador, entrou pela bochecha esquerda, destruiu
o olho, atravessou a parte frontal do crebro e saiu pelo topo do
crnio, do outro lado.
O interessante que, mesmo com metade da cabea
perfurada e sem um dos olhos, Gage sobreviveu sem danos
considerveis em suas faculdades (na poca, quando recuperou
a conscincia, foi levado para o hospital caminhando e falando).
Contudo, quanto ao seu comportamento, a mudana foi drstica:
Gage passou de educado a extremamente rude, desrespeitoso,
perigoso e socialmente irresponsvel. Os comentrios eram de que
Gage j no era mais Gage. Hoje, o nome dado ao comportamento
do operrio desinibido; uma referncia ao modo de se portar
de pessoas que tiveram leses nos lobos frontais.
O crnio, a mscara morturia e a barra de ferro esto em
exibio no Museu da Faculdade de Medicina da Universidade
de Havard. O acidente de Gage constituiu o incio histrico
dos estudos das bases biolgicas do comportamento, como
explica o neurologista Antnio Damsio. A modificao bruta
de comportamento resultante do acidente instigou os mdicos
a estudarem os possveis danos cerebrais, tendo em mente a
possvel relao entre a personalidade e o crebro.
A concluso: as reas afetadas, que causaram prejuzos
considerveis de ordem moral, so as centrais para este tipo de
humanidade, mais especificamente, os lobos frontais. Gage sofreu
poucos efeitos fsicos (embora tenha perdido um dos olhos). O que
mudou foi o comportamento. O operrio viveu por mais de 12 anos,
agindo de forma extravagante e anti-social, contando muitas mentiras,
enfim, sendo uma companhia difcil, segundo neurologistas.
FONTE: 1. O livro do crebro um guia ilustrado de sua
estrutura, funcionamento e transtornos, Rita Carter
2. http://goo.gl/8jBBts3. http://goo.gl/LZS2RF4. http://goo.gl/3BJ2o1
Fotografia: Flickr Commons
/////// n e u r o h i s t r i a
A histria de Phineas GageO homem desinibido
Daniela vila Malagoli