Revista Mezcla 06

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perguntas para Mílton Leite 20 magazine 06 O que é a música hoje? 1988 e o último show da Legião Urbana em Brasília Um papo com Jardel Sebba, repórter da Playboy Os Joões de Garrincha e o João Sorrisão da Globo Que beleeeza!

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perguntas paraMílton Leite

perguntas paraMílton Leite

perguntas paraMílton Leite

perguntas para20

magazinemagazine

06

O que éa músicahoje?

1988 e o último show da Legião Urbana em Brasília

Um papo com Jardel Sebba, repórter da Playboy

Os Joões de Garrincha e o João Sorrisão da Globo

Mílton LeiteQue beleeeza!

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magazinemagazineOut.2011 • Ano 1 • Nº 06 | [email protected]

Que beleeeza! Fizemos 20 perguntas para MÍLTON LEITE, o narrador da Globo e SporTV que trouxe uma pitada de humor às transmissões esportivas e que virou o queridinho dos brasileiros graças aos seus bordões irônicos.

Dario Neves tenta tirar tudo (no bom sentido, claro) de JARDEL SEBBA, renomado repórter da Playboy.Num bate-papo descontraído, ele fala sobre entrevistas, famosos, glamour, photoshop e bastidores da revista mais desejada pelo público masculino.

A crônica dessa edição fica por conta de THIAGO ARANTES, coordenador de jornalismo da ESPN-Brasil, que fala sobre a onda que tomou conta dos jogadores brasileiros: comemorar um gol imitando um joão-bobo. Editor

Anderson Milhomem

1988, Capital Federal, Estádio Mané Garrincha. DANIEL CARIELLO estava presente no show mais conturbado da Legião Urbana. E ele descreve tudo o que aconteceu na “noite que mudou a trajetória do mais famoso grupo de rock brasileiro em todos os tempos.”

O que é música hoje? É a pergunta feita e respondida pelo jornalista e produtor cultural PABLO KOSSA, num texto delicioso onde ele declara seu ódio aos Cds e MP3s e amor eterno aos discos de vinil.

E seeegue la pelota!

Foto da capaCaroline Bittencourt

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Lugares

Ilha Santorini, Grécia.Com uma área total de aproximadamente 73 km², é um arquipélago vulcânico circular localizado no extremo sul do grupo de ilhas gregas das Cíclades, no mar Egeu, a cerca de 200 km a sudeste da cidade de Atenas.

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1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

Lugares

Rio subterrâneo Puerto Princesa, Filipinas.Localizado em Palawan, Filipinas, este parque mistura uma fantástica paisagem de carste calcário com um rio subterrâneo de 8,2km queatravessa uma montanha e deságua no Mar da China. Foi declarado Património Mundial da Unesco em 1999.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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Lugares

1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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Grand Canyon, Arizona, EUA.Moldado pelo rio Colorado durante milhares de anos à medida que suas águas percorriam o leito, aprofundando-o ao longo de 446 km, seu vale chega a medir entre 6 e 29 km de largura e atinge profundidades de 1600 metros.É considerado uma das sete maravilhas naturais do mundo. 1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva.

Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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para Mílton Leite

beleeeza!

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beleeeza!beleeeza!Que

1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

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Fizemos

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

Page 14: Revista Mezcla 06

“Se conseguir, eu se consagro”, foi o que pensei quando tive a idéia de entrevistar o narrador Milton Leite. E quando Alessandra Menga, sua assessora de imprensa, disse que ele toparia, eu soltei um “que beleeeeeza”. Para quem acompanha as transmissões de futebol na Globo e no canal fechado SporTV, essas expressões já se tornaram corriqueiras. Caíram na boca do povo graças a esse paulistano de 52 anos que iniciou a carreira em jornais e rádios pequenos antes de começar a narrar pela TV Jovem Pan. Chegou a ESPN-Brasil em janeiro de 95, a convite de Juca Kfouri e Flávio Prado, onde ficou por 10 anos. Desde 2005 na SporTV, ficou mais conhecido do grande público quando começou a participar das transmissões da Globo substituindo Galvão Bueno. Foi o que bastou para que seus irônicos bordões caíssem no gosto popular.

1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo todo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

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“Se conseguir, eu se consagro”, foi o que pensei quando tive a idéia de entrevistar o narrador Milton Leite. E quando Alessandra Menga, sua assessora de imprensa, disse que ele toparia, eu soltei um “que beleeeeeza”. Para quem acompanha as transmissões de futebol na Globo e no canal fechado SporTV, essas expressões já se tornaram corriqueiras. Caíram na boca do povo graças a esse paulistano de 52 anos que iniciou a carreira em jornais e rádios pequenos antes de começar a narrar pela TV Jovem Pan. Chegou a ESPN-Brasil em janeiro de 95, a convite de Juca Kfouri e Flávio Prado, onde ficou por 10 anos. Desde 2005 na SporTV, ficou mais conhecido do grande público quando começou a participar das transmissões da Globo substituindo Galvão Bueno. Foi o que bastou para que seus irônicos bordões caíssem no gosto popular.

1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

Ric

ardo

Lei

zer

Em 1968, aos 9 anos.Que faaaase, hein!

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas.

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Rádio Difusora, 1979.

Jornal da Cidade, 1984Com Fernando Galvão e Ana Cláudia Cruz

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1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

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4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja.

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1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

Apresentando oprograma Arena SporTV

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Page 20: Revista Mezcla 06

Capa

1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

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4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

Page 21: Revista Mezcla 06

1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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Por sua conta

1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

...e segueo jogo.

w w w . r e v i s t a m e z c l a . c o m . b r

Capa

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

o jogo.

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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OS 11 MAIORES CENTROAVANTES DO

FUTEBOL BRASILEIROEditora: Contexto

Ano: 2010Páginas: 272

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OS TEMPOSEditora: Contexto

Ano: 2010Páginas: 224

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Page 24: Revista Mezcla 06

1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

Bate-papo

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

Sim, usamosPhotoshop.

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1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

Jardel SebbaTiramostudo dorepórterda Playboy(no bom sentido, claro)

Carioca, 36 anos, formado em jornalismo pela Universidade Federal de Goiás, ex-editor das revistas VIP e Sexy. Jardel Sebba é, desde 2006, editor da Playboy onde cobre as áreas de cidade, bebida, comida, vida noturna e música, em geral. “Mas a gente faz de tudo um pouco no dia-a-dia - já entrevistei de economista a jogador de futebol”. A entrevista com Gilberto Gil, em 2007, lhe rendeu o Prêmio Abril de Melhor Entrevista. Conheça agora o que se passa pela cabeça desse experiente e admirado jornalista.

POR DARIO NEVES

4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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Por sua conta | 24Bate-papo

1.Você virou o “queridinho” dos brasileiros na narração esportiva. Se sente realizado ou quer mais?Seria muita pretensão minha me considerar o “queridinho” dos brasileiros. Até porque a maioria que me conhece é o público de TV fechada, que ainda é muito pequeno no Brasil. A repercussão que tenho conseguido na mídia especializada talvez leve a essa conclusão. Claro que é ótimo ver o trabalho reconhecido, mas sou um profissional muito competitivo e preciso de metas e objetivos para continuar motivado o tempo. O dia que achar que já estou plenamente realizado, será melhor parar. No momento, tenho me dedicado a entender a TV aberta, a conhecer as reações do seu público, que é muito diferente da TV por assinatura. Minha meta é, entendendo esse universo, fazer sucesso ali. Sei das dificuldades, ainda mais numa emissora como a Globo, mas sou movido a desafios.

2. O “que beleza” virou sua marca registrada. O sonho de todo narrador é criar um “bordão” que caia na boca do povo?Não sei, no meu caso nunca foi um sonho e nem mesmo pensei nisso. As expressões que uso nas transmissões já estavam no meu vocabulário ou no de amigos meus. Entraram naturalmente nas transmissões, fizeram sucesso, foram ficando. Mas prefiro que as pessoas analisem o meu trabalho como um todo, muito além dos bordões. Eles são apenas uma parte, pequena, do que eu faço na TV.

3. O humor é essencial numa transmissão esportiva? Até onde ir para não cansar quem está do outro lado da tela?Também não faço humor nas transmissões porque acho essencial. O que eu faço é ser eu mesmo. Acredito que quanto mais naturalmente eu agir, mais me aproximo das pessoas. Se brinco com algumas coisas é porque sou assim no meu dia-a-dia. Não vou para uma transmissão com piadas prontas ou pensando em fazer graça com alguma coisa. Se a oportunidade aparece, faço. Se não, não. Acho que a maneira de não cansar é exatamente não forçar a barra. Se eu quiser ser engraçado quando nenhuma situação se apresenta, vai ficar forçado e as pessoas vão perceber. Não faço graça pela graça.

Alguém imagina que eu, por ser editor da Playboy, vivo numa mansão e tenho 3 namoradas?

Você é um jornalista muito admirado, tem uma legião de fãs e seguidores. O que pensa sobre isto?Penso que isso é tudo uma grande bobagem para ser levado a sério. E bastante questionável também. Admirado por quem? Onde está nesse momento a minha legião de fãs e seguidores? Ainda que isso existisse, e não existe, continuaria sendo uma grande bobagem.

Quem está de longe, pensa que vocês vivem em um mundo de glamour, bem ao estilo do Fundador da Playboy, H. Hefner. Qual é a verdadeira rotina na revista? A rotina de qualquer redação que produz um conteúdo mensal no país: trabalho, compromisso, correria e cumprimento de prazos. Quem pensa que vivemos num mundo de glamour? Alguém imagina que eu, por ser editor da Playboy, vivo numa mansão e tenho 3 namoradas?

Hoje é fácil encontrar na internet a Playboy recém chegada às bancas. Isto afeta em quanto a vendagem da revista?Isso e mais uma série de mudanças no mundo ao longo das últimas décadas afetam o mercado editorial em geral, não só a Playboy. Mas não há um número mágico que se possa indicar, até porque nesta ou em outras épocas a revista sempre teve vendagens muito variadas, dependendo da capa, do momento, das chamadas de capa, das entrevistas, ou seja, de uma série de fatores. Como todas as revistas, é bom que se registre.

O que fazer antes, durante e depois para uma entrevista ficar ideal?Trabalhar, trabalhar e trabalhar. Pesquisar sobre o entrevistado, saber se portar diante dele e conduzir a conversa, e saber editar o material, respectivamente.

Quais histórias interessantes você tem sobre os entrevistados? Qual mais te surpreendeu? Qual foi o mais mala? As histórias dos meus entrevistados eu levarei para o meu túmulo. Mas ninguém te surpreende nem é "mala" se você pesquisa a fundo a vida do seu entrevistado. Se você pesquisou tudo o que havia disponível sobre ele, o que é o que deve ser feito, você já o conhece.

Só o Photoshop salva?Depende, quem? A nossa revista, que não precisa ser salva, o que a ajuda a continuar sendo o principal título masculino do mercado não é um programa de computador - se fosse, tudo seria mais fácil. É o trabalho árduo para entender as demandas do nosso leitor, busca incessante por melhores ensaios, melhores estrelas de capa, melhores produções, melhores fotógrafos.

Os jornalistas agora usam muito o twitter para o trabalho. E eu percebo que você não leva esta ferramenta tão a sério.Eu levo essa ferramenta muito a sério. Uma questão interessante (que você não fez) é o quanto se pode ser uma pessoa física no twitter sem que isso afete a pessoa jurídica, ou seja, o seu emprego. O quanto eu posso falar por mim sem que isso seja interpretado como a fala de alguém da Playboy. Fica para a próxima entrevista. Voltando, eu levo essa ferramenta muito a sério, bem como levo toda a minha vida virtual. O que acontece é que não a uso como um instrumento de trabalho porque quero que ela continue sendo uma conta pessoal, onde posso colocar um verso do Lord Byron sem que ninguém me questione por isso.

Você é carioca mas morou por um bom tempo em Goiás. Do que sente mais falta da época que morava longe demais das capitais?De ter 21 anos de idade.

Revista, Rádio, Tv, Jornal ou Internet?Meia-dúzia de cada, pra viagem. Mas embrulha direitinho que a internet é frágil.

Está lendo algum livro atualmente?O conto "Dezoito Anos", a jovem escritora paulistana Fernanda Meneguetti

Quais canções tem escutado ultimamente? Muitas, mais do que caberia aqui.

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4. O que acha da idéia de alguém como o Paulo Bonfá, por exemplo, narrar jogos do Brasileirão?Não acho nada. Não conheço o trabalho dele a fundo, nem sei se a pretensão do canal é colocá-lo para narrar.

5. Você saiu da ESPN após divergências com o José Trajano. Paulo Soares também teve problemas com ele durante um programa ao vivo. É difícil trabalhar com o Trajano?A minha divergência com o Trajano foi apenas um dos fatores que me fizeram não renovar meu contrato depois de 10 anos lá. Considero José Trajano um dos jornalistas mais brilhantes que já conheci, uma usina de ideias, um sujeito inquieto o tempo todo. E a quem devo muitas das melhores oportunidades que tive ao longo da minha carreira. Meus problemas na ESPN foram na área de administração de pessoas. Considerei melhor sair antes que a divergência virasse briga. Hoje em dia tenho ótimo relacionamento com ele, sempre que nos encontramos.

6. Quais as diferenças entre narrar pela Globo e narrar pela SporTV? Há alguma orientação sobre o que deve ou não ser dito?O alcance na Globo é muito maior, logo a repercussão muito maior e a patrulha também. Um erro na Globo tem um peso muito maior que no Sportv. Os públicos são diferentes, mais heterogêneo na TV aberta. Não recebi nenhuma orientação sobre o que falar e não falar. Na verdade conversamos muito no sentido de entender as diferenças de público, exatamente para tentar conquistar o maior grupo possível.

7. Nas redes sociais já é grande o número de pedidos para a Globo trocar o Cléber Machado por você nas transmissões de domingo. Como você lida com isso dentro da empresa?Cléber Machado é um bom amigo e ótimo narrador. Não tenho nenhuma intenção de pegar o lugar dele ou de quem quer que seja. Minha atenção é fazer o meu trabalho da maneira mais honesta e profissional possível. E criar um espaço próprio.

8. Na partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras você assumiu no twitter que foi muito mal durante a transmissão. Que aconteceu?Acontece, não dá para fazer o melhor todo dia. Estava desconcentrado, errei muitos nomes de jogadores. Tenho certeza de que aquela transmissão foi exceção.

9. O que acha dos jogadores deixarem de comemorar um gol com a torcida para comemorar mandando mensagem para uma câmera de TV ou mesmo imitando um João-bobo?Em minha opinião há muito mau humor entre os que acompanham o futebol, principalmente da chamada mídia especializada – além de, em geral, certa má vontade com a TV Globo. Se formos patrulhar até o jeito que os caras comemoram o gol é melhor parar de assistir. Se houvesse a mesma patrulha com a violência entre os jogadores ou as más arbitragens, talvez o futebol estivesse num nível melhor. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos.

10. Maurício Noriega é o seu fiel escudeiro? É o comentarista que se encaixa melhor ao seu estilo de narrar?Maurício Noriega é um grande profissional, um cara extremamente sério e competente. O que eu acho que conseguimos é uma intimidade maior, porque nos transformamos em grandes amigos, nossas famílias se conhecem e se relacionam. E como é um cara muito inteligente e bem humorado, acabamos nos compeltando. 11. Um jogo inesquecível.São tantos que seria injusto citar um só.

12. Rádio, TV, jornal ou internet?Tudo.

13. O Galvão Bueno já anunciou que se aposenta em 2014. Quem você acha que pode ocupar o espaço de principal narrador da Globo? Tem expectativa de ocupar essa vaga?Ângelo Mello, Palmas, TOA aposentadoria do Galvão está sendo mal interpretada. O que ele disse é que provavelmente vai se afastar dos grandes eventos internacionais, mas muito provavelmente vai continuar narrando por mais alguns anos. Não sei se a estratégia da Globo será escolher algum novo número um ou se as coisas serão divididas de uma forma diferente. Minha expectativa é conseguir meu próprio espaço. 14. A volta de grandes jogadores como Luis Fabiano, Ronaldo, Ronaldinho, Adriano, entre outros, dá mais resultado no departamento de marketing dos clubes ou lá dentro do campo?José Alves Neto, Petrópolis, RJBem trabalhadas, as duas coisas. 15. Na Espanha, com a negociação por clube dos direitos da transmissão de TV, o que assistimos há muito tempo é que apenas Barcelona e Real Madrid disputam o título, pois possuem negociações muito superiores. No Brasil, com esta mudança a partir deste ano, não corremos o risco de termos no máximo 4 clubes se revezando na conquista de títulos?Dario Neves, Goiânia, GOTudo no Brasil é muito maior que na Espanha: o país, a população e o número de clubes de maior estrutura. Não acredito apenas em quatro, mas certamente teremos uma diminuição dos postulantes. Não só porque a diferença entre o que os clubes recebem da TV, mas porque essa é uma tendência dos campeonatos de pontos corridos, que exigem mais estrutura, planejamento e dinheiro. Aliás, dá para perceber que esse processo já está acontecendo.

16. Qual a maior diferença entre ESPN e SporTV em relação a linha editorial seguida por esses veículos?Marck Blaser, Goiânia, GOPara mim, nenhuma.

17. Os comentaristas exageradamente e, eventualmente, os narradores também, jogam muitas “abobrinhas” no ar durante uma partida com o intuito de se vangloriar caso aconteça o previsto, mas esquecem de corrigir quando o que falam dá errado. Isso é técnica de narração esportiva ou é pura tentativa erro?Paulo André Guimarães, Salvador, BAA sua generalização é muito perigosa. Existem os que fazem isso e existem aqueles que preferem fazer jornalismo e não futurologia. Estou no grupo dos que fazem jornalismo.

18. Você mantém sua opinião sobre o Rogério Ceni?Leonardo Fedato, Goiânia, GOMinha opinião continua a mesma que sempre tive: é um excelente goleiro e o maior ídolo da história do São Paulo.

19. Seu texto sobre Ricardo Teixeira teve uma enorme repercussão. Causou mal-estar dentro da Globo?Billy Joe Barbosa, Goiânia, GONão, nenhum.

20. Hoje, os jogos do campeonato brasileiro são muito imprevisíveis. O lanterna América-MG, por exemplo, goleou o campeão brasileiro por 3 a 0 e o campeão da Copa do Brasil por 4 a 1. Você vê isso acontecer em algum outro país?Flavio Chubes, Belo Horizonte, MGIsso acontece em todos os lugares. Talvez não com a frequência que acontece aqui, porque nossos clubes são menos estruturados, nosso calendário é pior, não temos pré-temporada decente...

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Você é um jornalista muito admirado, tem uma legião de fãs e seguidores. O que pensa sobre isto?Penso que isso é tudo uma grande bobagem para ser levado a sério. E bastante questionável também. Admirado por quem? Onde está nesse momento a minha legião de fãs e seguidores? Ainda que isso existisse, e não existe, continuaria sendo uma grande bobagem.

Quem está de longe, pensa que vocês vivem em um mundo de glamour, bem ao estilo do Fundador da Playboy, H. Hefner. Qual é a verdadeira rotina na revista? A rotina de qualquer redação que produz um conteúdo mensal no país: trabalho, compromisso, correria e cumprimento de prazos. Quem pensa que vivemos num mundo de glamour? Alguém imagina que eu, por ser editor da Playboy, vivo numa mansão e tenho 3 namoradas?

Hoje é fácil encontrar na internet a Playboy recém chegada às bancas. Isto afeta em quanto a vendagem da revista?Isso e mais uma série de mudanças no mundo ao longo das últimas décadas afetam o mercado editorial em geral, não só a Playboy. Mas não há um número mágico que se possa indicar, até porque nesta ou em outras épocas a revista sempre teve vendagens muito variadas, dependendo da capa, do momento, das chamadas de capa, das entrevistas, ou seja, de uma série de fatores. Como todas as revistas, é bom que se registre.

O que fazer antes, durante e depois para uma entrevista ficar ideal?Trabalhar, trabalhar e trabalhar. Pesquisar sobre o entrevistado, saber se portar diante dele e conduzir a conversa, e saber editar o material, respectivamente.

Quais histórias interessantes você tem sobre os entrevistados? Qual mais te surpreendeu? Qual foi o mais mala? As histórias dos meus entrevistados eu levarei para o meu túmulo. Mas ninguém te surpreende nem é "mala" se você pesquisa a fundo a vida do seu entrevistado. Se você pesquisou tudo o que havia disponível sobre ele, o que é o que deve ser feito, você já o conhece.

Só o Photoshop salva?Depende, quem? A nossa revista, que não precisa ser salva, o que a ajuda a continuar sendo o principal título masculino do mercado não é um programa de computador - se fosse, tudo seria mais fácil. É o trabalho árduo para entender as demandas do nosso leitor, busca incessante por melhores ensaios, melhores estrelas de capa, melhores produções, melhores fotógrafos.

Os jornalistas agora usam muito o twitter para o trabalho. E eu percebo que você não leva esta ferramenta tão a sério.Eu levo essa ferramenta muito a sério. Uma questão interessante (que você não fez) é o quanto se pode ser uma pessoa física no twitter sem que isso afete a pessoa jurídica, ou seja, o seu emprego. O quanto eu posso falar por mim sem que isso seja interpretado como a fala de alguém da Playboy. Fica para a próxima entrevista. Voltando, eu levo essa ferramenta muito a sério, bem como levo toda a minha vida virtual. O que acontece é que não a uso como um instrumento de trabalho porque quero que ela continue sendo uma conta pessoal, onde posso colocar um verso do Lord Byron sem que ninguém me questione por isso.

Você é carioca mas morou por um bom tempo em Goiás. Do que sente mais falta da época que morava longe demais das capitais?De ter 21 anos de idade.

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Na década de 1950, quando o futebol ainda era jogado por seres humanos levemente barrigudos, com defeitos, sem assessores de imprensa e com pernas tortas, Garrincha inventou o “João”. João era qualquer um que marcasse o camisa 7 do Botafogo e da seleção brasileira. João era todo mundo e era ninguém. Um dia era Zezinho, do São Cristóvão, pela terceira rodada do campeonato da Guanabara; noutro era Ladislav Novak, da Tchecoslováquia, na final da Copa do Mundo. João era o complemento perfeito de Garrincha, o coadjuvante que fazia brilhar o jogador brasileiro mais brasileiro que o futebol conheceu.O João, catapultado da cabeça de Garrincha para a mitologia do futebol, virou marco de uma época. De um tempo distante em que o jogador fazia o que gostava de fazer, como gostava de fazer, quando gostava de fazer. De tempos em que era comum terminar a partida, subir no ônibus e ir embora para casa depois deixar o estádio de chinelo de dedo,

andando entre os torcedores. O João de Garrincha, grande personagem do futebol brasileiro, é símbolo de uma época que não voltará mais. O João, driblado, humilhado, avacalhado por Garrincha, ia de um lado para o outro atrás do camisa 7. Era feito de bobo, era graça pura. Era sorriso certo.Pois não é que, meio século depois, o futebol brasileiro ganhou um novo João?(Pausa para me acalmar, pensar BEM no que escrever e tomar o remedinho).

Garrincha e seu João: sorrisão, só na torcidaPois é, negada. Seguinte: algum gênio da leifertização esportiva, ou da tadeuschmidtização do telespectador, inventou que jogador tem que comemorar gol imitando uma porcaria de um boneco. Cujo nome sugestivo é João Sorrisão.Nenhuma referência ao João de Garrincha, gracias. Porque o cidadão que inventa isso com certeza não tem cultura futebolística suficiente para ligar dois pontos tão distintos da história.

Fato é que, um belo dia, o gênio inventou que quem imitasse um joão bobo em comemoração de gol ganharia um boneco.

E daí?E daí que a ideia tinha tudo para ser um fracasso. Afinal, o Brasil é o país que viu Pelé imortalizar o soco no ar, Ronaldo balançar o dedo indicador, Viola imitar o porco, Paulo Nunes revolucionar a profissão de drag queen, entre outras comemorações históricas.Não ia dar certo, claro que não ia porque aqui no Brasil os jogadores são criativos e nunc… Bom, mas deu certo, sim.Virou mania a tal comemoração. Claramente superestimei a inteligência dos jogadores brasis, um erro primário para quem já está há pelo menos dez anos na janelinha do jornalismo esportivo.Deve ter um mês e meio que a babaquice começou. E não há sinais de que ela vá parar. Para os jogadores, é a chance de aparecer em rede nacional – e dane-se se é imitando um joão bobo. Para a emissora nave-mãe, é a forma de mostrar o poder que exerce sobre os clubes, atletas e torcedores.E pra quem gosta desse negócio de futebol, pra quem gosta de ver uma comemoração como a de Falcão no gol contra a Itália de 1982, para quem acha o máximo ver Tevez salvar o West Ham do rebaixamento e pular no meio da torcida – da torcida! – sem camisa,

vibrando como se fosse um deles?Falo por mim: acho imitar boneco por sugestão de uma emissora de TV um desrespeito sem tamanho.Em vez de abraçar o técnico, de correr para a galera, de chorar caído no chão, o sujeito imita um joão bobo para ganhar um boneco? Putz.Meus parabéns, caro jogador. Você acaba de trocar um momento de emoção com o seu torcedor, um alambrado, meia dúzia de lágrimas e abraços por um boneco de plástico.O futebol dos tempos de Garrincha já se foi e não vou ficar falando que era melhor ou pior. Outros tempos, outro esporte. Não sou do time que gostaria de ver Garrincha jogando hoje em dia.O futebol mudou. Ficou mais profissional, mais chato, mais não-pode-bandeira, mais não-pode-tirar-camisa. Mais me-manda-as-perguntas-por-email.Aliás, melhor deixar Garrincha quietinho no canto dele. Hoje, o camisa 7 seria engolido por torcidas organizadas que o chamariam de cachaceiro. Seria pivô de crise com técnicos por faltar a treinos. Seria vetado por fisiologistas pelas pernas tortas.Mas de uma coisa, pelo menos de uma, Garrincha iria gostar: os Joões de hoje são muito bobos. Bem mais bobos do que os laterais que ele enfrentou pelo mundo afora.

Joões.POR THIAGO ARANTES

Joões.Os novos

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Fato é que, um belo dia, o gênio inventou que quem imitasse um joão bobo em comemoração de gol ganharia um boneco.

E daí?E daí que a ideia tinha tudo para ser um fracasso. Afinal, o Brasil é o país que viu Pelé imortalizar o soco no ar, Ronaldo balançar o dedo indicador, Viola imitar o porco, Paulo Nunes revolucionar a profissão de drag queen, entre outras comemorações históricas.Não ia dar certo, claro que não ia porque aqui no Brasil os jogadores são criativos e nunc… Bom, mas deu certo, sim.Virou mania a tal comemoração. Claramente superestimei a inteligência dos jogadores brasis, um erro primário para quem já está há pelo menos dez anos na janelinha do jornalismo esportivo.Deve ter um mês e meio que a babaquice começou. E não há sinais de que ela vá parar. Para os jogadores, é a chance de aparecer em rede nacional – e dane-se se é imitando um joão bobo. Para a emissora nave-mãe, é a forma de mostrar o poder que exerce sobre os clubes, atletas e torcedores.E pra quem gosta desse negócio de futebol, pra quem gosta de ver uma comemoração como a de Falcão no gol contra a Itália de 1982, para quem acha o máximo ver Tevez salvar o West Ham do rebaixamento e pular no meio da torcida – da torcida! – sem camisa,

vibrando como se fosse um deles?Falo por mim: acho imitar boneco por sugestão de uma emissora de TV um desrespeito sem tamanho.Em vez de abraçar o técnico, de correr para a galera, de chorar caído no chão, o sujeito imita um joão bobo para ganhar um boneco? Putz.Meus parabéns, caro jogador. Você acaba de trocar um momento de emoção com o seu torcedor, um alambrado, meia dúzia de lágrimas e abraços por um boneco de plástico.O futebol dos tempos de Garrincha já se foi e não vou ficar falando que era melhor ou pior. Outros tempos, outro esporte. Não sou do time que gostaria de ver Garrincha jogando hoje em dia.O futebol mudou. Ficou mais profissional, mais chato, mais não-pode-bandeira, mais não-pode-tirar-camisa. Mais me-manda-as-perguntas-por-email.Aliás, melhor deixar Garrincha quietinho no canto dele. Hoje, o camisa 7 seria engolido por torcidas organizadas que o chamariam de cachaceiro. Seria pivô de crise com técnicos por faltar a treinos. Seria vetado por fisiologistas pelas pernas tortas.Mas de uma coisa, pelo menos de uma, Garrincha iria gostar: os Joões de hoje são muito bobos. Bem mais bobos do que os laterais que ele enfrentou pelo mundo afora.

Thiago Arantes é jornalista. Nasceu em Goiânia, estudou em Brasília e, desde 2006, mora e trabalha em São Paulo. Passou pelos grupos Folha e Estado. Atualmente é coordenador de reportagem de internet da ESPN Brasil.

O João de Garrincha, grande personagem do futebol brasileiro, é símbolo de uma época que não voltará mais.

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Crônica

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Nem parece, mas já faz 23 anos que Brasília viveu seu dia de Altamont. Para quem não conhece a história, o festival californiano de Altamont reuniu, em 1969, bandas seminais como Jefferson Airplane, The Flying Burrito Brothers e os Rolling Stones. E foi no show do grupo de Mick Jagger que a confusão rolou: durante uma briga, os motoqueiros Hell’s Angels, que cuidavam da segurança, espancaram um fã até a morte.Em Brasília, em 1988, o tumulto não chegou a esse extremo. Mas também não ficou muito longe. E as conseqüências foram semelhantes.O cenário era a Capital Federal, estádio Mané Garrincha. E a banda era a Legião Urbana, comandada pelo redentor Renato Russo e seus três apóstolos. Juntos, lideravam uma turba de 50 mil pessoas. 50 mil fanáticos. 50 mil dispostos a dar o sangue pelo salvador. E foi o que acabou acontecendo.

LegiãoUrbana,

1988Analisada em perspectiva histórica, dá pra dizer que essa noite mudou a trajetória do mais famoso grupo de rock brasileiro em todos os tempos. E eu estava lá.

Faroeste CabocloTinha 14 anos. Era o primeiro show de rock que assistia na vida. A Legião Urbana era amada na cidade mais ou menos como os Beatles em Liverpool. Todo mundo foi ao Mané Garrincha. Todo mundo mesmo. Os 50 mil presentes compraram ingressos, ou não, e lotavam o gramado, as cadeiras e as arquibancadas do estádio. Ninguém queria perder a volta do ídolo, um ano e meio depois da última passagem.A noite começava entretanto de maneira tensa. Do lado de fora, a polícia montada avançava com os cavalos sobre as transamazônicas filas que se formavam e davam a volta no estádio. O caos era tão grande que tiveram a brilhante

POR DANIEL CARIELLO

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idéia de liberar as roletas. Quem tinha ingresso entrava. Quem não tinha entrava também.A aparição da banda no palco pareceu a volta do messias. E, de certa forma, era mesmo. O público gritou enlouquecidamente quando o show começou, triunfal, com Que País é Esse?, música de mesmo nome do recém-lançado disco, que até então já tinha vendido mais de 400 mil cópias.Mas, como se sabe, tudo degringolou. O que aconteceu naquela noite muita gente ainda se lembra: bombinhas explodiram no palco, um louco agarrou Renato Russo no meio de Conexão Amazônica, brigas explodiram por toda parte, o cantor xingou a platéia, a platéia xingou o cantor. Um clima de quase guerra civil.O grupo saiu do palco depois de 50 minutos de apresentação. O público, indignado, iniciou um quebra-quebra. Eu estava nas arquibancadas, de onde dava para ver a multidão correndo de um lado para o outro no gramado do estádio. A polícia, claro, não conseguiu controlar a catarse coletiva. No dia seguinte, prometi pra mim mesmo que ficaria 10 anos sem ouvir as músicas deles. Fiquei uma semana. E a Legião nunca mais tocou em Brasília.

Geração Coca-ColaAntes da Legião Urbana, nenhuma banda da cidade tinha conseguido projeção nacional. Outras vieram depois. A diferença é que o quarteto tinha Renato Russo, um professor de inglês que gostava de Bob Dylan, Beatles, Stones e Sex Pistols. Naqueles anos, ninguém mais estava a fim de ouvir Absyntho, Metrô, Sempre Livre e outros grupos que, felizmente, apareceram e desapareceram na década de oitenta. Era hora de escutar músicas que contavam o que acontecia no dia-a-dia da gente.Renato sabia o que dizia. E sabia o que o seu público queria que ele dissesse. Suas letras iam da desilusão amorosa entoada em Ainda é Cedo à revolta em ver a pátria sem rumo, gritada em Que País É Este?.

Ele tinha a poesia dos trovadores. Foi o maior letrista do rock brasileiro em todos os tempos, mas com alma punk. Quando parava pra falar, todos ouviam. Por isso mesmo falava o que queria. Uma mistura explosiva do poeta francês Baudelaire com Sid Vicious, o polêmico baixista dos Pistols.

Será?Naquela noite de 18 de junho de 1988, isso tudo veio à tona. A idolatria pela Legião e especialmente pelo vocalista estavam no auge. A expectativa era muito grande, tanto do público quanto do grupo. A banda prometia revolta e energia em suas músicas e foi isso que levou 50 mil pessoas ao estádio. Quando as coisas começaram a dar errado, ficou impossível controlar os ânimos.Assim como a tragédia de Altamont marcou a transição dos sonhadores anos 60 para a barra pesada dos anos 70, o show do Mané Garrincha foi também um divisor de águas na carreira do grupo e na história da cidade.A partir daquele momento, o quarteto passou a evitar longas turnês e deixou de lado o discurso político. As letras tornaram-se mais introspectivas. Brasília nunca mais juntou tanta gente em uma apresentação de uma só banda e a segurança da platéia passou a ser levada mais a sério nos shows (ou você acha que 700 policiais e seguranças dariam conta da multidão?). Renato Russo também deixou de lado o discurso messiânico. Não queria mais mudar o mundo. Passou a querer apenas cantar suas próprias aflições e angústias.Naquela noite Brasília perdeu um punk. E muito da inocência também.

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Crônica

Daniel Cariello é jornalista e publicitário e mora em Paris. Se você não puder visitá-lo sob a torre Eiffel, pode encontrá-lo em www.danielcariello.com.br ou em @danielcariello.

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Música

O que éO que éO que éa músicaa músicaa músicahoje?

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Que estamos vivendo um novo mundo, ninguém tem dúvidas. Cada vez mais as distâncias são menores e uma enxurrada de informação nos atinge via internet, celular, televisão, rádio, jornal e revistas. Todos nossos poros vão recebendo essa carga intensa, chegando a um estágio de quase overdose informacional que todos atualmente vivemos. Nesse cenário caótico, confuso e, para nós que somos uma geração de transição entre modelos distintos, aterrorizante, o que é a música hoje?

Essa pergunta vem incomodando toda a indústria musical que viveu seu apogeu no Brasil na década de 1990. Naquele período, com a estabilização da moeda por meio do Plano Real e o aumento do poder de consumo de uma faixa social historicamente excluída, foi possível que fenômenos da música popular vinculados ao axé, sertanejo e pagode vendessem CDs a dar com pau. Até o pop rock brasileiro e a então combalida MPB conseguiram alguns triunfos numéricos nesse período. Hoje, o cenário é completamente diferente. Os números que hoje são exaltados pela indústria, há 15 anos eram considerados somente modestos. Welcome to the new world, baby!

Com a popularização da internet e a febre do download ilegal, as classes mais abastadas não compram mais discos. Por outro lado, o consumo popular migrou das obras originais para as cópias piratas, vendidas a preços muito mais convidativos em qualquer esquina da cidade. Ninguém duvida de que o interesse por música continua o mesmo, talvez até maior – se ouve música hoje como sempre se ouviu. O que mudou foi a maneira como as pessoas têm acesso a esse som. Essa mudança na forma de, digamos, “aquisição”, naturalmente altera também a forma de consumo pelo fã.

Como antes o acesso a um disco era caro e difícil, aquela obra era degustada faixa a faixa. Todo o encarte era lido, a pessoa ouvia o disco várias vezes, prestava atenção

em cada detalhe. Primeiro por que tinha investido uma grana ali e queria ter a sensação de que aquele valor tinha sido recompensado. Em segundo lugar, por que não tinha tanta opção assim e era meio que obrigado a ouvir novamente aquele som. Hoje, com dois cliques qualquer moleque tem qualquer som já produzido no mundo. Com dois cliques ele tem a discografia completa das maiores bandas da história da música. E o que vem fácil, naturalmente, não recebe o mesmo valor do que vem difícil. Se antes o cara investia uma grana e um trampo descomunal para fechar a discografia do Led Zeppelin, por exemplo, hoje ele gasta alguns minutos. Logo, antes ele iria ouvir os discos do Led até furar, Hoje, ele pode simplesmente deixar os arquivos no HD para ouvir depois – talvez até nunca, inclusive. Então a música deixou de ser o centro das atenções e passou a ser o pano de fundo, pois hoje as pessoas mexem no computador ouvindo música, escrevem ouvindo música, trabalham ouvindo música mas não efetivamente param tudo para ouvir música.

Esse é o nome mundo e brigar com isso é tão eficaz quanto enxugar gelo na Praça Cívica às três horas da tarde. Mas se eles vão nesse caminho, eu, é claro, nado contra a corrente só para exercitar. Todo final de semana, escolho cuidadosamente um vinil, abro um vinho e vou ouvir o disco. Olhando o encarte grandão, ouvindo a música, me atentando aos detalhes. Esse prazer a tecnologia não tira de mim.

E que eles fiquem com os MP3s deles para lá!

POR PABLO KOSSA

Pablo Kossa é jornalista e produtor cultural, mestre em Comunicação pela UFG,colunista do jornal A Redação. No twitter: @pablokossa

a música carga intensa, chegando a um estágio de quase overdose informacional que todos atualmente vivemos. Nesse cenário caótico, confuso e, para nós que somos uma geração de transição entre modelos distintos, aterrorizante, o que é a música hoje?

Essa pergunta vem incomodando toda a indústria musical que viveu seu apogeu no Brasil na década de 1990. Naquele período, com a estabilização da moeda por meio do Plano Real e o aumento do poder de consumo de uma faixa social historicamente excluída, foi possível que fenômenos da música popular vinculados ao axé, sertanejo

a músicahoje?

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A NOIZE é uma publicação mensal e gratuita sobre música na qual o leitor encontra muito mais do que o jornalismo musical padrão, mecânico e desgastado. As seções extrapolam os limites da música para falar de moda, cinema e toda expressão artística que se liga ao mundo musical. E tudo isso aliado a um projeto gráfico atraente e dinâmico.

Lola Magazine é a mais nova revista feminina da Editora Abril. Todos os meses ela traz objetos de desejo, viagens fora do óbvio, trends de moda e beleza, gadgtes, dicas de gente bacana e muito mais.

Com a edição especial Bizz Rock in Rio 2011, você vai relembrar fatos importantes e conhecer os astros que marcaram gerações num dos maiores e mais famosos festivais de música do mundo.

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Page 41: Revista Mezcla 06

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