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revista de audiovisual capixaba | nº 0 | junho 2008

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revista de audiovisual capixaba | nº 0 | junho 2008

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CATALOGO IV MOSTRA

DESCONSTRUCAOINDEPENDENTE

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ABD cApixABA

um coletivo pensando ações voltadas para o

desenvolvimento da atividade audiovisual no

Espirito Santo.

Realizando mostras, aproximando realizadores,

construindo memória, estabelecendo parcerias

com orgãos públicos na formulação de políticas

culturais para o setor. Que este movimento

contagie a todos os integrantes desta rede. Não

queremos ninguém de fora da festa.

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Então! Quem disse que não existe pensamento cinematográfico na ilha do mel quebrou a cara. MILÍMETROS apresenta artigos e entrevistas com gente que faz cinema e vídeo em Vitória, interpretando o mundo através de sua câmera. Além disso tem também um panorama dos mecanismos de formação, produção e exibição audiovisual no ES, que deverá servir de guia e fonte de pesquisa para os interessados.

Já deu pra sentir que o número zero não será o último, tendo em vista a quantidade de textos que não puderam ser publicados por falta de espaço. Mas que o segundo número seja fruto de mais movimento, de mais discussão, de mais lenha na fogueira. Acredito que apenas desta forma poderemos impulsionar a atividade audiovisual no Estado.

E que surjam novos colaboradores, a abd sobrevive disso. Novos projetos, novas idéias! Em breve teremos as eleições da abd, precisamos de novas cabeças e gente com muita disposição para tocar este barco.

Então, tá.

É hora de comemorar o nascimento desta criança, que vem junto com um momento de amadurecimento da ABD capixaba, que reúne num mesmo evento MOSTRAS, SEMINÁRIO, REVISTA/ CATÁLOGO, COLETÂNEA DE DVDS. Um brinde a todos nós, que fazemos do cinema uma filosofia de vida.

Agradecemos a todos(as) aqueles(as) que escreveram artigos ou deram entrevistas, bem como aos que forneceram informações para o panorama audiovisual. Sabemos que fomos chatos, por necessidade, claro. Nosso obrigado também àqueles(as) – do lado de lá – que não nunca deixaram de acreditar no nosso trabalho: Rosana Paste da Secult Ufes, Ernandes Zanon e Maria Helena Signorelli da Secult PMV, Adriani e sua equipe - Cine Metrópolis, Tinoco e Tida - TVE e agora Dayse, Ana e Maurício da Secult Estadual.

O audiovisual agradece a credibilidade no trabalho da ABD capixaba.

Ricardo Sá | O editor

Ed

it

or

ia

l

Foto: Renato Carniato

ExpEdiEntEpautas, Edição, EntrEvistas E coordEnação gEral | Ricardo Sá

apoio | Felipe Redins e Lizandro Nunes

rEvisão | Tânia canabarro e Regina Gama

dEsign gráfico rEvista | Anaise perrone igor Duarte (p. 29.34 E 35)

foto capa | Manoela chiabai

Jornalista rEsponsávEl | Ricardo Sá rp 466/89

contato: [email protected]. (27) 3324 6663

obs | as informações e opiniões contidas nos artigos e entrevistas publicados nesta revista são de exclusiva responsabilidade de seus autores.

impresso na gráfica GSA em junho de 2008Tiragem 1.000 exemplares

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Entrevistas

28 | Luiza Lubiana e o desafio de viabilizar um longa capixaba pela lei do audiovisual

32 | Adriana Jacobsen revela os bastidores do documentário OUTRO SERTÃO, sobre Guimarães Rosa

22 | Sérgio Medeiros e o processo de criação de A VIRADA, média-metragem digital recém-lançado

34 | Rosana Paste e a direção de arte no cinema capixaba

10 | A experiência do cinema-guerrilha de Marcel Cordeiro

08 | Martin Boldt, um cineasta pomerano

20 | Margareth Galvão, face a face

06 | Claudino de Jesus e a retomada do movimento cineclubista no mundo

16 | A carreira meteórica de Gui Castor

Artigos

04 | O triunfo de Janete Clair - por João Barreto

30 | Quatro olhares sobre o vídeo capixaba - por Erly Vieira Jr

09 | Barratos, uma reflexão kafkaniana - por Marcos Veronese

16 | Erly Vieira Jr e o Cinema na Fronteira - por Rodrigo Fonseca

24 | De onde vêm os filmes- por Luiz Tadeu Teixeira

26 | Quem criou o céu? - por Felipe Redins

27 | Projeto de pesquisa de linguagem imagética completa 20 anos - por Sérgio Medeiros

36 | O cinema popular de Seu Manoelzinho - por Ricardo Sá

19 | Zabumba treme terra - por Gui Castor

43 | Cinema de encontros - por Saskia Sá

40 | Manifesto Camcorder - por Ernandes Zanon Guimarães

38 | Produção independente, o início de tudo - por Carla Osório

42 | Cuta vídeo, 13 anos no ar - por Luiz Tadeu Teixeira

Ensaio

12 | Fotos de Manoela Chiabai e texto de Virgínia Jorge

Panorama

47 | Levantamento de mecanismos de formação, produção e exibição do audiovisual capixaba

por Adolfo Oleari e Ricardo Sá

S U M Á R I O

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Produção audiovisual se inspira em telenovelas e nos filmes de Almodóvar

Janet Clair morreu com ódio da academia, que não via em suas produções nenhuma transcendência dramática ou qualidade estética. Nelson Rodrigues, em todas suas facetas, do teatrólogo ao folhetinista, só chegou à universidade como um fantasma, como um cadáver profissional. Nos cursos de Comunicação, uma interpretação rasteira, da já rasteira Escola de Frankfurt, um aproveitamento limitado da filosofia marxista, com aquela lengalenga de deterioração do gosto, fabricação do desejo e por aí vai. Hoje, estudantes já libertos dessa tradição, embora Adorno e Hockheimer tenham defensores arfantes, conseguem visualizar referências mais amplas e se expressar numa linguagem que sempre esteve disponível, embora proscrita.

Não é novidade que muita gente faz vídeo pensando em cinema. Exemplificar é fácil, basta lembrar no nome de um badalado festival estudantil que reúne trabalhos em vídeo: REC (Rumo à Estação Cinema). Mas, em época de hibridismos, trabalhos de toda sorte misturam linguagens. No fundo, a maioria conhece mesmo é novela.

O dispositivo cinema não é mais a meta. Basta lembrar algumas realizações dos últimos tempos: Em busca da glamourânssia, besteirol sofisticado, dirigido por Bob Redins, com o brilho da atuação de Leonardo Cansian, Eu não existo sem você, um elogio à teledramaturgia, idealizado por Vinícius Reis, que entende tudo de novela, e Marimangue, clássico da produção universitária, paródia às novelas mexicanas, com roteiro de Lorenzzo de Angeli, direção de Milena Ribeiro e grande elenco.

Em Marimangue, folhetim quase clássico, os golpes de sorte, as fortunas e desventuras inesperadas, a nítida distinção entre bem e mal são reinvenções de antigos e eternos clichês: um par romântico encontra a felicidade depois de um trajeto de provações, as boas ações recompensadas, o mal, cuja força entra em declínio no final e a providência divina. E para envolver tudo isso, o mangue, opaco, denso e sinistro.

A diversão em Marimangue começa na abertura, na qual os personagens aparecem dançando, numa coreografia surreal. A edição desta parte é de Vinícius Reis, versado no universo kitsch, medula de suas produções. Em Eu não existo sem você, Vinícius Reis, no roteiro e direção, extrai da combinação entre humor e desespero a substância de seu estilo.

O universo de Vinícius é assim, de amor superlativo, de emoção derramada, embalados em um cuidado excessivo como, por exemplo, uma composição especial inédita, ostensivamente cafona, criada para a cantora Adalgisa Rosa mostrar seu talento na Concha Acústica do Parque Moscoso.

Em outro trabalho, Sem sentido, Vinícius convida a atriz Inácia Freitas para dar consistência à personagem de uma professora que se apaixona por uma aluna. Em ambas as produções, o estilo, “essa força bruta” , como dizia Roland Barthes, é uma diretriz irrevogável, uma visão ampla e também uma cegueira.

Produzindo para o rádio, Vinícius foi premiado duas vezes pela Sociedade Brasileira de Comunicação, mais conhecida como Intercom, num concurso que envolveu estudantes de todo o Brasil, nos seus congressos anuais. Na primeira vez, o prêmio veio com um documentário afetivo sobre Dalva de Oliveira; na segunda, Vinícius investiu na adaptação de Trabalhadores do Mar, transformando o clássico de Victor Hugo em dez

O triunfo de Janet Clairpor João Barreto

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capítulos de puro drama, alguns “barracos”, com trilha sonora original e muita reviravolta.

Pelas referências que tem, poderia se dizer que Vinícius é um ancião de 30 anos. Gosta de Dalva, Billy Wilder, filmes em preto e branco... Parece que já nasceu com guarda-chuva, e velho como Confúcio, como diria Nelson Rodrigues, mas mantendo uma admiração pela tecnologia digital, pelo novo.

A produção dessa geração espelha referências múltiplas e afrouxamento de antigos preconceitos estéticos (principalmente os relativos à televisão) com tendência ao autodeboche e auto-expressão, com acentuada competência estilística.

O triunfo de Janet Clair

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Claudino de Jesus Presidente do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, vice-presidente da Federação Internacional de Cineclubes, membro do Conselho Consultivo da Secretaria do Audiovisual do MINC, membro do Conselho Estadual de Cultura e do Conselho Municipal de Vila Velha e professor de Medicina da UFES.

Me faça um breve histórico da retomada do cineclubismo no BrasilDesde 2003, quando houve a rearticulação do movimento na 24ª Jornada Nacional de Cineclubes, em Brasília, com a participação de cerca de 3 dúzias de cineclubes, o movimento já realizou mais 2 jornadas, 3 encontros ibero-americanos de cineclubes e se encontra organizado em todos os estados do país, com cerca de 150 fi liados ao Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros – CNC, e mais de 300 mapeados ainda não fi liados, tendo também organizado as entidades estaduais no RJ (Ascine), no ES, em SP (Federação Paulista) e no Ceará (Concine). Se rearticulou com o movimento internacional, onde ocupamos a vice-presidência da Federação Internacional de Cineclubes – FICC e coordenamos o Grupo Ibero-Americano. Participamos ainda da 1ª Conferência Mundial de Cineclubes, no México, em fevereiro passado, e temos participado anualmente de festivais e reuniões em vários países do mundo.

A quantas anda a atividade cineclubista no ES?Desde a retomada, organizada, do movimento nacional em 2003, o estado já saiu na frente com a organização da Associação de Cineclubes de Vila Velha. Com ela veio o projeto Cineclubismo na Educação, em parceria com a Secretaria de Educação do município, que vem desenvolvendo um trabalho de repercussão internacional. Este ano foi retomada a Federação de Cineclubes do ES.

Quantos cineclubes funcionando, e onde?Estão funcionando os cineclubes Central (Teatro Municipal), Guadala (Jardim Guadalajara), Participação (Jardim Marilândia), Terra Vermelha, Primeiro de Maio, São Torquato e Boa Vista, além de estarem em processo de formação mais 10 cineclubes nas escolas participantes do projeto acima citado, no município de Vila Velha. Em Vitória temos o KBÇA, o Falcatrua e o Metrópolis. Em Águia Branca, o Eco-Social. Em Barra de São Francisco, o Imagem em Movimento. O Jece Valadão, em Cachoeiro do Itapemirim. O Raízes, em Pedra Menina (Dores do Rio Preto). Em Linhares está em fase de criação o primeiro cineclube. Espero não ter cometido erros...

O que estes cineclubes estão exibindo?Principalmente cinema nacional. Tanto longa quanto curta, fi cção e documentários.

“Cineclubismo é exercício da cidadania audiovisual”

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Como fazer para iniciar um cineclube hoje no ES? Que caminhos precisam ser trilhados ? É preciso ter um grupo mínimo de pessoas interessadas e buscar orientação junto à Federação. Também pode ser buscada a informação em nosso sítio www.cineclubes.org.br que tem textos históricos, informações atualizadas, modelos de estatutos, fi cha de fi liação e informações de acesso a fi lmes.

Que mecanismos de incentivo à atividade cineclubista existem hoje no país? Ainda são poucos, no âmbito governamental. Mas temos o CNC que promove ofi cinas, cursos, e que dispõe de acervo fílmico na Filmoteca Carlos Vieira. O Governo Federal tem apoiado, através da Secretaria do Audiovisual do MINC, com recursos para nossos eventos, edital de equipamentos etc. Tem também os apoios locais, como é o caso de governos estaduais e prefeituras. No ES, estamos trabalhando para que a SECULT implante uma política estadual para o cineclubismo que contemple formação, equipamentos e circulação de fi lmes, especialmente os capixabas.

Fale-me um pouco também da Programadora Brasil. O que é e como se dá o acesso às obras do catálogo?A Programadora Brasil é uma reivindicação do cineclubismo para que seja colocada em circulação a fi lmografi a nacional que foi produzida com apoio de recursos públicos e que não circula nos cinemas comerciais. O acesso se dá através do sítio www.programadorabrasil.org.br, por meio do qual a entidade se inscreve e pode adquirir os fi lmes do catálogo a preços bastante acessíveis.

Como anda a circulação de obras capixabas pelos cineclubes do Estado, do Brasil e do Mundo?Tenho acompanhado a circulação de nosso cinema em vários festivais do país. A produção local tem sido muito bem aceita, elogiada e premiada. O CNC tem levado, nos últimos 4 anos, fi lmes capixabas para exibições no Festival Internacional de Cineclubes, que ocorre na Itália, e tem disponibilizado as obras autorizadas para exibição em mostras e em sessões especiais de cineclubes dos países ibero-americanos. Além disto, nosso grupo ibero americano criou o Catálogo CineSud (www.mundokino.net), que conta com algumas obras capixabas, mas convidamos nossos realizadores a cederem seus fi lmes para exibições não comerciais, nos moldes creative commons, através do CNC no Brasil e no exterior. Filmes são feitos para serem vistos, né mesmo? E não creio que será em cinema de “chopin” que irão exibir nossa fi lmografi a.

O que o cineclubismo propõe de diferente em relação ao circuito exibidor comercial?O cineclubismno é um movimento associativo, sem fi ns lucrativos, que tem como função primordial a organização do público em torno do exercício da cidadania audiovisual. Defendemos os direitos do público, o livre acesso aos bens culturais como direito elementar da humanidade. Defendemos a diversidade cultural, em contraposição ao monopólio de Hollywood nos cinemas comerciais.

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Em Santa Maria do Jetibá, interior do ES, um cidadão realiza vídeos com a comunidade.

Ele é Martin Boldt, o cineasta pomerano.

COMO VOCÊS APRENDERAM A FAZER FILMES E QUANTOS JÁ FORAM FEITOS? Aprendemos ao longo do tempo, desde 1972 com teatro, e no final dos anos 90 começamos fazer gravações e exibições de vídeo. Temos 14 trabalhos (filmes), entre curta, média e longa metragem. São documentários, ficções, comédias, religiosos, reportagens, educativos, ambientais, programas idênticos à praça é nossa. Vários desses são falados em língua pomerana. COMO É A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NOS FILMES?A participação das comunidades é unânime, é por isso que temos condições de realizar as gravações.São as comunidades que fazem voluntariamente o trabalho comigo e com o meu filho. Não recebemos recursos para fazer as gravações, nem edição. Às vezes uma empresa apóia e dá uma ajuda ao nosso trabalho. O diretor sempre sou eu. Escrever o roteiro, as histórias, escolher atores/atrizes, cenários. Na gravação e editoração eu e o meu filho trabalhamos juntos.

QUAL A FUNÇÃO DESTES VÍDEOS PARA A COMUNIDADE? DE QUE FORMA ELES SÃO UTILIZADOS?Os filmes são produzidos das histórias dos imigrantes para preservação e conservação da rica cultura como: língua, hábitos, costumes e também para ajudar na conscientização ambiental e outros fins. Para as comunidades pomeranas é um orgulho de valorizar o seu passado. São utilizados em benefício deste povo, mostrar a sua identidade e a vida que eles tiveram isolados na mata e em meio às montanhas. O povo pomerano, que é o nosso espectador no município, aplaude e incentiva o nosso trabalho. FALE-ME ALGUMA COISA QUE EU NÃO TENHA LHE PERGUNTADO E SEJA IMPORTANTE VOCE REVELAR.Como cineasta pomerano profissional, cadastrado na ANCINE, sindicalizado, documentado legalmente no município, no estado e no país (temos uma Associação Produtora registrada), confesso com toda a sinceridade e não tenho vergonha de dizer que falta capacidade para conseguir elaborar um projeto para arrecadar verbas e fazer um trabalho melhor. O motivo é falta de conhecimento, principalmente no português. Se fosse na nossa língua tudo seria mais fácil e, com certeza, teríamos avançado muito mais e talvez já exibido os nossos trabalhos em outros países e recebido a dignidade de vida que nós e as comunidades pomeranas merecem.

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Vídeo/fi cção: 5 minutos • Captação: Sony Vision Hi8FICHA TÉCNICA Texto Original: Marcos Veronese Cenário e Fantoches: Regina Mainardi Manipulação/Vozes: Hudson Braga e Regina Mainardi Iluminação: Sergio de Medeiros Edição e Sonoplastia: Geraldo Baldi Câmera e Direção: Marcos Veronese

BARRATOSuma refl exão kafk aniana

Na evolução das espécies, como na cultura, tudo é sinônimo de desvios em relação às nor-mas. Porém, existe uma bioética neste campo, ou deveria, porque (mais ou menos) sabemos distinguir entre o bem – respeito pela vida e liberdade de escolhas – e o mal. Artistas, ecolo-gistas e jornalistas engajados, defensores da vida, imaginativos, emocionais e perturbadores sempre causam alarme aos poderosos e até aos mais ingênuos quando articulam o fatalismo atroz da realidade. A natureza de alguns sobreviventes homoscinematografycus não se sente à vontade apenas em descrever o presente e reconstituir o passado com imagens extraidas de roteiros limpos e sem conteúdo revolucionário. O Vídeo BARRATOS não é feito de ilusões que pairam solenemente diante de nossos dias, mas de um olhar crítico sobre o poder, políticas sociais e meio ambiente. Manipulados por fantoches, os protagonistas no Vídeo são uma barata e um rato que disputam o poder de um planeta arrasado. Lúdico e sarcástico, o vídeo traz um alerta à política e ao meio ambiente. A ecologia, que como ciência surge no século XIX e inspirou no XX uma prática, atualmente leva uma vida dupla: é teoria e política, disciplina e causa. Assim como no meio ambiente, a cultura caminha ao lado de políticas abstencionistas que não transformam o curso das coisas no sentido de “recuperar a cultura” dos espaços de criação de memórias, o pensamento e ambientes naturais em perigo. Os constantes confl itos e doutrinas individuais criam os mais diversos problemas e levam à incompreensão sócio-universal, arrastando a humanidade para a “depredação do sentimento” de razão e do bom senso que deveriam ter todos os povos de cultura. Na escala normal de valores humanos, que oscila entre o nublado e o sombrio, o conhecimento avança apesar das feridas causadas pela mediocridade e pelo despotismo. Salvaguardando as raríssimas e honradas exceções, a maioria dos políticos e artistas são gestionários e mancomunados, impelidos pelo dever da ingerência que os benefi ciam. Mas entendemos que alertar ou predizer o futuro é impedir o pior. Uma batalha silenciosa e mortal está ainda em curso em Pindorama contra os defensores do verde (Chico Mendes, Paulo Vinha), os soldados do impresso sem mordaça (Jeveaux, Maria Nilce, Tim Lopes), os guerreiros das telas, nenhum ainda abatido, felizmente, mas banidos da produção audiovisual ofi ciosa. Identifi car e reconhecer a síntese do embate pela disputa do poder gera um mal-estar existencialista, deixando aos artistas duas opções: a resistência com suas agruras e delícias ou as facilidades oferecidas pelos governantes de plantão e cujo preço é a adesão aos protocolos criados pelos pistoleiros de aluguel da produção cultural. É neste jogo de sombras projetadas ao longo de uma câmera escura que alguns profi ssionais se fazem ver, exercendo a sua liberdade absoluta, ainda que nas piores condições, apenas com uma lanterna mágica nas mãos. Marcos Veronese é membro do IPLE – Instituto de Pesquisa da Linguagem Imagética e diretor de Cinema

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O CINEMA-GUERRILHA DE MARCEL CORDEIRO

Marcel Cordeiro é capixaba, cineasta, ator, artista-plástico, habitante de Milão-Itália, para onde se mudou nos anos 80.Todo ano ele vem ao ES, sempre com um projeto autoral em mente. Foi assim que realizou em 2000 o longa-metragem de ficção A MORTE DA MULATA(rodado em beta-digital e transferido para 35 mm), X9(documentário digital sobre a violência no Estado, que em setembro de 2007 foi tema de estudo para um evento da Anistia Internacional “When Brazil encounters the human rights” junto com mais dois filmes brasileiros: “Prisioneiro da Grade de Ferro” e “Justiça”), PROCURA-SE DEUS(documentário digital sobre a fé no ES) e por último BABy BOnBOn, rodado em HDV, no último verão, em sistema de guerrilha: nenhum patrocínio, toda equipe trabalhando de graça, equipamento emprestado. Para Marcel Cordeiro, mais uma experiência-limite, como todas as outras que realizou.

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Marcel, Fazer cinema assim é escolha ou destino?È foda! Vamos ficar com os dois, destino e escolha! A partir do momento que me considero cidadão do mundo e absolutamente sem paciência pra esperar produtor, bater em portas ou puxar-lamber o saco dos outros, ou ser foca e bater palmas para qualquer sistema que eu não esteja de acordo. Esse roteiro “Baby Bonbon” foi escrito 11 anos atrás e até hoje ficou dentro de uma gaveta!!!!!!Foi o máximo que fiz até hoje! O mundo tá ficando super difícil, louco, caindo aos pedaços. Comecei a fazer curtas e longa com equipe, técnicos etc... passei a fazer documentário sem equipe com bom resultado, indo a festivais importantes como Idfa (Amsterdan) Festival de Roma, África do Sul etc...mas fazer um longa sem grana, sendo ator- produtor- carregador-continuísta- maquinista, foi um delírio, um suicídio!Descreva o trabalho dos atores, o estilo de direção, a estrutura de produção.Foi pauleira, né?Esse filme só foi possível por contar com pessoas fantásticas como:-Gui Castor, fotógrafo e assistente de direção, que me convenceu que era possível fazer assim, foi literalmente uma parceria!-Ana Murta, atriz, maquiadora, produtora, tudo.-Ed campos Rocha (ator principal do filme) Essa era a nossa equipe.Todos nós suamos muito pelo filme, querendo e desejando fazer o melhor, assim como todas as pessoas que participaram: José Augusto Loureiro, Sandro Costa, Altran Castor, entre outros.Os atores que aceitaram fazer o filme tinham também que contribuir, carregar mala, empurrar o carro etc...O mundo mudou, e você não pode ficar se travestindo de diretor, por isso me questiono, me coloco em jogo.Minha escolha de direção foi uma interpretação absolutamente linear.Não tínhamos ataques de nervos! A estória era o mais importante, o resto era o resto. E se devo dizer a verdade, estou super feliz com todas as participações do filme!Como pretende finalizá-lo agora? Vai fazer transfer? Vai entrar em edital? Transfer? Só se for num terreiro de macumba!!!!!!!por enquanto isso não existe!Bom, iniciarei a edição em poucos dias, obviamente sem grana, e espero daqui a dois meses terminá-la.Para todos nós a coisa mais importante é a estória, o tema: prostituição infantil. Falar sobre isso é de grande importância já que este é um tema discutido em todo o mundo, por isso a nossa pressa em mostrar o filme nos festivais.Entrar em editais, quem dera! tudo se prolonga, demora, envelhece!Assim sendo, continuo marchando no meu “cinema” pobre e miserável,sem receber o bolsa-família.E não teria paciência, nem tempo para mostrar o filme daqui a 03 anos. Sendo assim acumulo dívidas, sempre menos do que qualquer curta produzido nos últimos tempos no Espírito Santo.Como enxerga a política audiovisual no Estado? Acha que deveria haver editais para longa-metragem no Estado? Bom, acho que a política audiovisual do estado está crescendo, já que não existia!Existem dezenas de new diretores, new curtas, new narcisos!!!!!!!!Mas falta união, não existe uma linha de pensamento, todos fazem centenas de filmes sem nenhum questionamento da atualidade. Assim sendo, o cinema capixaba-nacional questiona pouco e mostra que sabe fazer o dever de casa. Bom .....penso que seria de extrema importância fazer editais para longa em digital ou não. Se vários curtas demoraram anos para ficarem prontos, talvez um longa, por toda dificuldade, sairia até mais rápido!!!!!Os estados brasileiros, sempre por uma questão de cultura-nacional, continuam insistindo nos curtas. Os curtas hoje, são simplesmente os filminhos do you tube!!!!! Acho absolutamente errado, não serve para nada, seria melhor e pelo mesmo preço começar a fazer longas em digital, se edita em qualquer computador.Cabe aos “diretores-roteiristas” inventarem estórias low budget, com temas que levem a debates perante a sociedade.

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trajetória de vidaNasci em Brasília. Mas de verdade... nem fico falando muito isso por aí, porque apesar de gostar muito de Brasília, me sinto completamente capixaba. Vim para o Espírito Santo com três anos de idade. Moramos primeiro em Jardim Camburi e logo já rumamos para Manguinhos, onde vivi até os sete anos. Manguinhos, no final da década de setenta, era uma vilazinha de pescadores. Muuuito pacata. Não tinha nem farmácia, nada... me lembro que minha mãe costumava fazer o pão da semana porque nem tinha padaria. Mas era um lugar de muitos artistas. Me lembro de muitos pintores, ceramistas, músicos. Um lugar bom de criar criança. Aos sete, vim pra Vitória. Passei a maior parte da minha infância, adolescência e juventude por aqui mesmo. Até os meus vinte e três anos só saí de Vitória duas vezes, sempre pelas mãos de minha mãe: uma aos 14 pra morar em Brasília, e outra, aos 16, pra morar em Chicago. Nas duas vezes fiquei apenas um ano. Vitória continuava sendo o porto seguro. Um lugar para se chamar de casa. Com vinte e três anos fui para o Rio casar e tentar a sorte no cinema. Trabalhei em algumas coisas por lá, filmes, vídeos, curtas, longas... e ao cabo de dois anos e meio resolvi voltar. Tinha muita coisa aconte-cendo por aqui. Muito amigo filmando e eu queria fazer parte disso. Voltei no final de 2002, e em março de 2003 filmei o “verbo”. Foi meu filho mais pródigo. Me levou a festivais que eu nem imaginava, me trouxe prêmios que eu nem

por Virgínia Jorge

Virgínia Jorge para quem não conhece é a diretora capixaba de maior projeção no momento (algúem contesta?). Seu curta-metragem NO PRINCÍPIO ERA O VERBO conquistou prêmios nacionais e internacionais e trouxe para o cinema capixaba uma deliciosa sensação de sucesso junto ao público e à crítica. Milímetros apresenta um ensaio fotográfico de Manoela Chia-bai, que foi originalmente concebido para a revista virtual OM-ELETE MARGINAL - www.iu.art.br, acompanhado do texto de Virgínia Jorge.

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sonhava (foram 14 prêmios em 14 festivais), me deu um pouco de dinheiro, uma câmera bacana, e, de todas a coisa mais preciosa – me trouxe muitos novos amigos e parceiros de trabalho. Agora, me preparo para o próximo. Não espero tanto dele. Seria muita responsabilidade pro meu caçula. Não quero colocar tanto peso nele. Já me basta que ele junte os amigos no set e que faça o publico sorrir.• Ele se chamará DIA DE SOL. O filme é sobre um menino da periferia da Grande Vitória que se encanta por um passarinho numa gaiola. Como os adultos não querem dar o pas-sarinho ao menino, ele cria uma estratégia para ganhá-lo. É um curta realmente curto. Terá somente 6 minutos e contará com apenas duas cenas. É o registro de alguns minutos na vida de uma criança qualquer. Um pequeno momento. O verbo foi um processo bacana, mas também muito longo e por vezes bastante doloroso. Tudo nele era muito grande. Tinha muitos atores, muitos diálogos, muita gente na equipe. Enfim, era um elefantinho.Com o Dia de Sol pretendo ter uma experiência mais leve. Uma equipe mais enxuta, menos dias de gravação, menos planos para rodar. Minha intenção é que, desta maneira, eu possa dar uma atenção maior a cada cena, a cada detalhe de cada plano. Que eu possa fazer uma direção meio barroca mes-mo, me dedicando com cuidado a tudo o que eu mais gosto de trabalhar: a maneira precisa de dizer os diálogos, o tempo de duração de cada plano – na filmagem e na montagem, a criação dos personagens em longos ensaios com os atores (sim, eu ensaio e muito), a criação do gestual desse ator, dos olhares, de sua autonomia cênica, e em última instância de minha relação com eles, a busca pela melhor luz, pelo melhor horário de gravação... en-fim... Pretendo ter uma experiência onde eu possa cuidar melhor dos meus detalhes. Do jeito que eu gosto e que me dá prazer.

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Processo de CriaçãoGeralmente meu processo de criação é uma imensa colcha de retalhos. Não costumo começar pela trama. A não ser que seja algo a pedidos, que es-teja escrevendo para alguém. Aí sim, privilegio a estória. Mas se for coisa minha é sempre um apanha-do de várias coisinhas, de muitas impressões. Geralmente aproveito coisas que vi, que ouvi, que li, cenas que assisti há muitos anos ou ainda há pouco, alguma frase dita por um amigo ou ouvida na rua, algo que me impres-sionou enquanto andava por aí ou lia o jornal. Só depois, de catalogar todas as coisas que eu gostaria de falar nesse projeto, é que vou procura a linha que costura todas estas impressões numa estória que pareça um todo único e coerente. Aí começa o infinito trabalho de escrever e reescrever até eu achar que cheguei num final. Geralmente reescrevo o roteiro até mesmo enquanto estou filmando, se for projeto meu. Acredito que a criação só ter-mina quando o filme “tá na lata”. Aí não tem mais jeito, está pronto e acabado. Também funciono muito bem em conver-sas. Adoro contar projeto em andamento pra amigo. Não sou muito adepta daquela estória de guardar segredo. Geralmente todo mundo sabe o que eu tô fazendo...rsrs. Por isso tenho vários registros em meu nome na Biblioteca Nacional...rsrsrs.Este é um dos métodos que mais funciona para mim. Cada vez que eu tenho que me organizar mentalmente para contar uma estória para um amigo eu automaticamente acabo acres-centando algo mais. O próprio ato de contar me faz querer encantar o outro com aquela estória, e nesse processo ela sempre cresce mais um pouquinho. Às vezes passo dias enterrada dentro de casa batalhando uma estória e a danada não flui, não acontece. Vejo que a técnica tá lá, mas o sentimento não. Aí marco uma cerveja, uma praia, um almoço, qualquer coisa que me faça sair de casa e encontrar alguém. Fico naquela... só aguardando algum desavisado perguntar: e aquele tra-balho que você estava fazendo? Hiiii pronto, coitado do ouvido do sujeito... hehehehe. E geralmente funciona que é uma beleza. Chego em casa pronta pra escrever.

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o cinema na fronteira

Diante da filmografia de Erly Vieira Jr., não parece difícil perceber sobre o que cada trabalho quer extrair daquilo que encena e propõe. Há em toda a obra um desejo aberto pelo processo de fabricação do cinema, filmes que são making of de si mesmos; uma disposição em construir os dramas a partir do contato íntimo com a natureza dos personagens centrais (todos eles femininos) e, assim, se deixar contaminar por tudo aquilo que encante ou desafie estas pessoas, tornar os sentimentos de um protagonista também os sentimentos do filme que se faz sobre ele; trabalhar sempre num registro entre a ironia e a ilusão, nunca propriamente naturalista. Mas se podemos saber como os curtas de Vieira Jr. se apresentam aos nossos olhos, nunca temos certeza total do lugar em que se apóiam. Talvez porque Macabéia, Pour Elise, Saudosa e Grinalda não sejam narrativas de instalação, mas filmes que respiram a oportunidade de não ter um território próprio e definitivo. Estamos tratando de um cinema que vive limites, que nasce na intersecção de vários campos artísticos. Seu lugar não é na ficção ou na realidade, no drama ou na comédia, no presente ou no passado, mas exatamente nas fronteiras traçadas entre um e outro.Nos dois primeiros filmes essa idéia de fronteira é tomada como tema, e veremos em Macabéia (1999) e Pour Elise (2004) a materialização desses limites nas protagonistas. Marluce, a do primeiro, nasce do contato entre duas instâncias de autoria. De um lado temos Clarice Lispector, e do outro três jovens diretores de cinema (além de Vieira Jr., também Lizandro Nunes e Virgínia Jorge) que se apropriam do livro não só enquanto o testemunho textual de uma trajetória de vida, mas como a possibilidade de enxergar ali dentro outros caminhos, às vezes até opostos aos da obra original, mas de alguma forma já contidos nela. A via paralela à literatura é o mergulho naquilo que há de mais substancialmente cinematográfico, e o destino de Macabéia, travestida de Marluce, parece por um momento ser o mesmo no livro e no filme: é o que nos faz supor a conversa amistosa entre a protagonista e seu namorado, final reconciliatório interrompido por um atropelamento. Mas não é Marluce ali deitada no chão, sangrando pela boca, como um dia acontecera com Macabéia, e o uso do suspense, da tragédia que apenas ouvimos, mas já supomos ser real, serve mesmo para ratificar a decisão da moça em

abandonar aquela vida de infortúnios. Marluce também esteve o tempo inteiro numa zona limítrofe, entre a descrença e a certeza de um futuro. Sua hora da estrela, no entanto, já tinha sido alterada por sua própria vontade. Numa simpatia de

nós na fita do Senhor do Bonfim esteve, desde o começo, a discussão sobre as fronteiras da fé.

Erly

Vie

ira

Jrpor Rodrigo de Oliveira crítico de cinema, co-editor da Revista Contracampo e mem-bro do GRAV (Grupo de Estudos do Audiovisual)

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Pour Elise vai além. Tendo a fé sido absorvida enquanto uma possibilidade real de transformação dos destinos (Macabéia morta x viva), agora não só o futuro será elemento ativo de construção das trajetórias destes personagens. Temos uma tia num asilo e sua sobrinha, restabelecimento de um contato geracional perdido. Entre as quinquilharias acumuladas pela velha e as investidas da sobrinha por este universo íntimo-histórico do qual nunca tomou parte, seremos colocados no limite entre a memória e sua atualização, e há, nos passeios de barco que as duas fazem pelo tempo, menos um delírio de fundo saudosista que uma verdadeira apresentação a um novo mundo, tão real e palpável quanto as caixinhas de música ao longo do filme. A tia leva a sobrinha ao passado; morre, e assim permite que a menina assuma seu lugar, mas não apenas enquanto figura borrada numa fotografia antiga. Elisa encerra em si a memória, a atualidade e a projeção de um futuro (o relacionamento perdido com o rapaz de cachecol vermelho é finalmente recuperado), e posa como guardiã ativa destas fronteiras do tempo.E sendo exatamente a fé e o tempo os mais fundamentais elementos da experiência cinematográfica (diante

de um filme é preciso, acima de tudo, crer em sua capacidade de encapsular a temporalidade da vida e reproduzi-la num negativo), no terceiro trabalho do diretor já não teremos mais um desdobramento meramente temático: Saudosa é a própria fronteira, uma espécie de reportagem do momento em que dois autores (o filme é

co-dirigido por Fabrício Coradello) se chocam com a vida, e desse contato direto, da explosão surgida a partir dele, nem ficção, nem documentário, mas o próprio cinema, sem disfarces, paira soberano, ele mesmo de natureza puramente fronteiriça – mistura de todas as artes, mas ao mesmo tempo arte única entre elas. Há um deslumbre incontido com a oportunidade de trafegar pela realidade e pela invenção, estabelecer uma falsa diferenciação entre as duas (um depoimento “real” do suposto documentário sobre a poetisa Saudosa sempre é precedido pelas instruções que os diretores dão aos personagens da vida real sobre o que devem “testemunhar”) para, no fundo, defender sua hibridização, atestar que por dentro delas corre um mesmo sangue, algo que poderíamos chamar de “verdade”, não como valor absoluto, mas como antídoto à idéia de uma “mentira”. Saudosa, a personagem, é tão verdadeira quanto a disposição dos diretores em inventá-la. Saudosa , o filme, tem nas veias o Cinema com C maiúsculo, essa verdade a 24 quadros por segundo.Grinalda é a saída mais corajosa de uma cinematografia que chegara, ao final do terceiro filme, à própria natureza e materialidade do discurso artístico em que se inscrevia. Aqui várias das noções espalhadas nos trabalhos anteriores são radicalizadas. Isto só é possível porque a instância autoral deixa de ser auto-reflexiva (lembremos da cena de Macabéia em que Marluce se arruma para o reencontro com o namorado, uma colagem de momentos em que a atriz ri, olha para a câmera, brinca com a equipe do filme, ou ainda dos três velhinhos que são os verdadeiros fabuladores da trama de Pour Elise, e que na cena final recebem a visita de um quarto, o próprio Erly Vieira Jr, e também de toda a construção de Saudosa, onde a figura dos diretores merece o mesmo registro que as ficções que ali se estão apresentando). Grinalda não é mais o estudo sobre os limites da representação, como haviam sido os outros filmes. As fronteiras parecem ter sido suficientemente desbravadas, e aqui Erly Vieira Jr, pela primeira vez, admite um território, se instala num lugar que é o do próprio cinema e de suas possibilidades. O que Grinalda parece nos dizer é que qualquer filme é sempre um documentário sobre a ocorrência da ficção no mundo: estamos diante de uma grande atriz, Letícia Braga, num exercício livre de improviso, e cabe à câmera não mais que testemunhar esta pessoa da vida real criando, minuto a minuto, novos personagens da vida imaginária, e cabe ao diretor não mais que eventualmente estimular esta invenção através de artifícios claramente definidos (uma visita a um cemitério, saquinhos de chá com fotografias). Chegamos a uma espécie de pedra fundamental do cinema contemporâneo, que precisou de todo o trabalho dos cinemas anteriores na investigação dos limites entre vida e arte para, finalmente, poder se estabelecer, anos 2000 batendo à porta, como o espaço privilegiado para a implosão desta distância. “É tudo uma coisa só”, parece nos dizer o trabalho de Erly Vieira Jr. E assim, sem diferenças, tudo fica muito mais divertido.

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lita | �el�cula | 2005Vitória cine vídeo 2005 [Prêmio júri online] Mostra Universitária de Cuiabá , 2005CINE-CURUPIRA, Amazonas 2006Fest-Olhares,Viçosa 2006Festival Brasileiro Universitário RJ 2006Mostra Audiovisual de Cambuquira, MG 2006Primeiro – plano 2005 [Prêmio do júri por pesquisa de linguagem e expressão poética]Festival de cinema de Juiz de Fora MG 2005

lágrima | 2005Festival Latino Americano de Canoa-Quebrada 2005 Vitória Cine Vídeo 2005Mostra Universitária de Cuiabá 2005Mostra de Cinema de Tiradentes 2006CINE-CURUPIRA, Amazonas 2006Festival Brasileiro Universitário 2006 Mostra Audiovisual de Cambuquira, MG 2006 Mostra Índie de Cinema Mundial, MG 2006 Mostra do Filme Livre, RJ 2007

a conquista | 2005Mostra Universitária de Cuiabá 2005 Mostra do Filme livre, RJ 2006CINE-CURUPIRA,Amazonas 2006Festival Brasileiro Universitário 2006 Mostra Audiovisual de Cambuquira, MG 2006

Ele começou há pouco tempo: em 2005. Mas já escreveu seu nome na história do audiovisual capixaba, já realizando curtas em digital e 35 mm e documentários curtos e longos. Este universitário prestes a se formar parece não ter outra ambição na vida senão FILMAR, FILMAR E FILMAR. Sua última ousadia foi realizar um longa metragem em hdv, com lançamento previsto ainda para este ano. Voce disse que está lançando um longa, quando será? E do que se trata?Como conseguiu viabilizar a produção? Que expectativas tem de exibição/distribuição? Será lançado em meados de outubro, creio eu. O fi lme aponta sobre a coexistência de duas realidades, através de um observador que convive com o absurdo do sentimento da indiferença. O projeto foi aprovado pela Lei Rubem Braga como vídeo e pensado posteriormente para película com o intuito de aumentar a possibilidade de caminho pro fi lme. Será distribuído em salas de cinema, festivais, mostras e outras mídias que se interessarem pela exibição. Tudo com a estética de fi lme embaixo do braço, uma boca afi ada e um bom aperto de mão.

P A R T I C I P A Ç Ã O E M F E S T I V A I S

engendrado | 2005 Mostra Universitária de Cuiabá 2005CINE- CURUPIRA, Amazonas 200611 Festival Brasileiro Universitário, RJ 2006; Mostra Audiovisual de Cambuquira, MG 2006

o homem que não pode responder por sua própria existência | 2005Mostra Universitária de Cuiabá 2005 Fest-Olhares Viçosa, MG 2006 Festival Brasileiro Universitário, RJ 2006Mostra Audiovisual de Cambuquira, MG 2006Mostra de Vídeo Universitário do Espírito Santo 2006 Melhor Vídeo Capixaba na III MOVA Caparaó, ES 2006Festival de inverno de Bonito, MS 2006Festival de Cinema e Vídeo Ambiental de Pacoti , CE 2006Goiânia Mostra Curtas 2006Vitória Cine Vídeo 2006

o interrogatório | 2006•2007Cineme-se , SP 2007 Mostra de Produção Independente ABD/ES 2007

maia | 2006 Vitória Cine Vídeo 2006 Mostra do fi lme livre, RJ 2007Cineme-se, SP 2007 Mostra de Produção Independente ABD-ES 2007Mostra Índie de Cinema Mundial 2007Festival Ambiental de Pacoti 2007Mostra Audiovisual de Campinas 2007Faz parte do catálogo de distribuição do portal OIlg-cidadão de cinema 2007 Festival Guarrnicê, MA 2007 Fest Cine Belém, PA 2007Festival Latino americano de Canoa Quebrada, CE 2007V Curta Santos 2007

anjo preto | 2007Exibido no Seminário Internacional de Comunicação e Cultura, 2007, ESMostra Afro Olhar 2007 A Iniciação 2008 Harmonia do Inferno 2008

Horas editadas /Total 222 minutos

guicastor

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É preciso que tiremos as expectativas diante daquilo que iremos iniciar. A difi culdade de um pintor ao dar início a sua obra vem do fato de que aquela tela, antes mesmo dele começar, já está cheia. Internamente, existe uma imensidão de pensamentos e de conceitos que geram uma expectativa. Esse pensamento de Francis Bacon nos faz entender o quanto é fundamental “esvaziar a tela” para o processo de criação. A vida possibilita uma infi nidade de encontros da qual podemos ser vítimas em algum instante. A procura por encontros enriquece a alma do artista e faz com que as idéias sofram transformação. A cada encontro com a “tela vazia” produzimos uma imagem (memória),que de acordo com Fellini é alguma coisa que vivemos, desde sempre, que nos liga a algo, e que às vezes nós nem lembramos de tê-las vivido. Acredito nesse processo de criação por meio da sensação e da relação de memória que estabelecemos a cada encontro com a “tela vazia”. Um autor português disse, certa vez, que literatura se faz com espermatozóide e não com palavras. Em qualquer arte, inclusive cinema, penso da mesma forma. Devemos fazer cinema com toda intensidade e buscar todo sentimento pertencente às nossas vísceras. O processo criativo vem da paixão. Para produzirmos algo é preciso que nos encontremos em estado de paixão, ou seja, passivos de qualquer encontro ou possibilidade. Ser apaixonado para conquistar os ideais, ter o desejo e a necessidade de tornar real seus projetos mostra a genialidade do artista. Hoje, mutilados pela indústria cultural, vejo em muitos realizadores um afeto pela esterilidade e a futilidade em temas e formas de fazer cinema. Estáticos e com medo de arriscar. É preciso errar, experimentar idéias, conceitos e linguagens. Não estamos dando início a nada, o cinema já existe, o mundo está ai! Nada é criado, tudo é manifestação eterna.O meu processo de criação permeia na relação de encontros , paixões e livre de qualquer verdade ou conceito pré-estabelecido quanto à forma de realizar. Meus trabalhos, na maioria das vezes, faço sozinho. Sem equipe e de maneira independente. É árduo e ao mesmo tempo prazeroso realizar dessa forma, entretanto, não é o meu propósito trabalhar dessa maneira, mesmo que acabe acontecendo. É uma questão de acreditar nas idéias e conquistá-las ultrapassando a possibilidade. É uma maneira de ser fi el a si próprio. Há muito tempo, minha tia Maria de Lurdes disse-me de uma forma doce, porém absolutamente forte, para eu amanhecer com muita coragem. Aquele momento, com aquela força , me caiu como uma zabumba treme-terra. Todos os meus conceitos foram abalados e derrubados. Ao mesmo tempo, minha cabeça já se reerguia de forma diferente. Senti que deveria ir para rua realizar meus projetos. Foi crucial para meu processo de criação. Essa força, essa coragem é que eu busco e acho que se deva ter num processo de criação e de vida.Em uma entrevista, perguntaram para o Mike Tyson o que ele iria fazer se perdesse a luta. Com enorme propriedade ele responde: –Não há essa possibilidade. Não irei perder a luta!

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zabumba treme terra por Gui Castor

Treme a Terra, assim como treme o coração dos meus inimigos quando olharem pra eu! (Trecho da oração da Pedra Cristalina)

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Até quando? curta-metragem dirigido por Gustavo Moraes – não lançado ainda – 2006A Fuga curta-metragem dirigido por Saskia Sá - 2007Descontrole vídeo dirigido por Lucas Bona Fiorete - 2006Graçanaã curta-metragem dirigido por Luis Tadeu Teixeira - atriz e Direção de Elenco - 2004Salon de la Paix vídeo dirigido por Felipe Redins - 2004A Banda vídeo dirigido por José Augusto Muleta - ainda não lançado - 2004Pour Elise curta-metragem dirigido por Erly Vieira - 2003Relicário de um povo vídeo documentário dirigido por Margarete Taqueti - locução - 2002Ângela video dirigido por Vanessa Frisso - 2002Baseado em estórias reais curta-metragem dirigido por Gustavo Moraes - 2002Escolhas curta-metragem dirigido por Ana Murta - 2002Mundo Cão curta-metragem dirigido por Sáskia Sá - 2001A Morte da Mulata longa-metragem dirigido por Marcel Cordeiro - 2000Olhos Mortos curta-metragem dirigido por Carlos Augusto de Oliveira - 1997Flora curta-metragem dirigido por Marcel Cordeiro - 1995O Amor Está no Ar longa-metragem dirigido por Amylton de AlmeidaLamarca longa-metragem dirigido por Sergio Resende - 1993

Margareth Galvão é uma das atrizes em atividade que mais participam de produções capixabas. Neste ensaio de fotos de cena reunimos um pouco desta história audiovi-sual, e aproveitamos para conversar com ela sobre cinema capixaba.

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FACE A FACE

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Que personagem ou personagens lhe foram mais desafi adores em seu trabalho de atriz no cinema capixaba?

A personagem mais desafi adora que fi z foi Ana Ceci no fi lme de Amylton de Almeida – “O Amor está no ar”, minha segunda experiência no cinema. Ana Ceci, uma mulher pobre que – conforme a instrução do diretor, deveria oscilar entre a ingenuidade e a malandragem e mostrar-se ambígua no decorrer da narrativa.

O que pensa da direção de atores nos fi lmes capixabas?

Gostaria de ler nos créditos dos fi lmes feitos aqui o nome de diretores de elenco, acho uma função necessária.

Diferença entre interpretar pra teatro ou pra cinema?

O ator no teatro é o protagonista do universo fi ccional; o espetáculo teatral é um jogo espontaneamente aceito, que se desenvolve entre cúmplices – elenco e platéia. O ator de cinema é um dos elementos que compõem esse universo; a impressão que o fi lme nos causa não é dada pela presença viva do ator, mas pelo conjunto de imagens e sons que a câmera e o olho do diretor em parceria criam, fi lmam e selecionam e que pela proximidade exige uma interpretação mais naturalista.

Personagem que gostaria de interpretar no cinema.

Gostaria de interpretar uma mulher da minha faixa etária, que representasse a força e a garra de milhões de brasileiras, que como eu lutam no seu cotidiano de jornadas duplas de trabalho para transformar este país num país mais digno de se viver.

Uma frase sobre cinema.

Cinema para mim é uma viagem e ao mesmo tempo uma indústria de trabalhadores nômades que se reúnem aqui e acolá para produzir arte e encantar as platéias do mundo inteiro.

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SERGIO MEDEIROS é seguramente um dos realizadores capixabas que mais se mantém em atividade. Iniciou sua carreira no final dos anos 70 com filmes de longa-metragem em super 8. Foi um dos principais diretores a experimentar as possibilidades do vídeo nos anos 80. Produziu 35 mm nos anos 90 e agora busca expressão através do digital com o lançamento de seu novo filme A VIRADA.

Bom dia, realizador. Ou você prefere ser chamado de cineasta? Não. Diretor.

Fale-me um pouco do seu processo de criação neste novo trabalho? Cada obra possui um processo particular, que inclusive lhe dá certa individualidade, até mesmo uma personalidade, que a faz única. Não gosto de me repetir, busco sempre fazer algo diferente em cada filme, independente do resultado agradar ou não, pois vejo o cinema como uma expressão de quem faz, principalmente o cinema de arte, aquele que repercute mais quando incomoda, ao contrário do cinemão de entretenimento que deve sempre agradar o grande público consumidor. Em busca do lucro fácil, o cinema comercial vive repetindo fórmulas consagradas. O cinema marginal se diferencia pelo processo de elaboração, não conta com tantos recursos técnicos e materiais. A diferença está entre um produto industrializado com produção em larga escala e o artesanato. Somos aqui mais artesãos que cineastas. Partimos de uma idéia básica e vamos elaborando de acordo com o contexto, muitas vezes desfavorável. É sempre um ato de desafio e coragem o processo de criação de uma nova obra.

Como concebeu a estética de A Virada? A Virada é um média-metragem com 35 minutos de duração. Como trabalho sempre com ficção, a própria temática, a história escolhida, a época em que se passa já indicam certos caminhos estéticos. Este trabalho é a adaptação de um conto homônimo da escritora norte-americana Charlotte Perkins Gilman (1860-1935), uma das pioneiras do movimento feminista. Além da temática, um dos grandes desafios da equipe foi a adequação de um texto datado – final do sec. XIX – para os dias atuais, quando optamos por situar a narrativa na passagem da década de 80 para 90, e também situamos em Vitória a história que se passa originalmente numa cidade dos Estados Unidos. Essa completa transposição de língua – inglês/português –, país – EUA/Brasil – e temporalidade – sec. XIX/s. XXI – contribui muito para delinear o processo. Muitas vezes a falta de recursos também pode exercer um papel preponderante no resultado estético.

E a escolha do suporte, como se deu? Para mim, o que define o suporte é o custo da produção. Quando há recursos suficientes é claro que a opção é pelo 35mm, com sua qualidade incomparável, tanto técnica quanto estética. Mesmo quando os recursos são poucos, eu não deixo de filmar, e encaro o vídeo como um suporte alternativo, mas sempre trabalho com a linguagem do cinema. A Virada me possibilitou um primeiro contato com o cinema digital. O que mais me agradou foi a edição não linear, com um programa de computador que simula o trabalho da velha e boa moviola. No vídeo, com sua ilha de edição linear, era muito limitado e ruim o processo de montagem. Mas se você quer finalizar o seu filme em película, ainda é melhor usar o negativo para filmar. A transposição do digital para celulóide ainda é muito cara e a qualidade é duvidosa, pelo menos no Brasil. Por isso gravamos esse média-metragem em digital e optamos por não passar o produto final para o 35mm. Vai circular na mídia DVD.

SER

GIO

MED

EIR

OS

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a virada

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O roteiro, como foi concebido? O processo de roteirização de A Virada contou com uma equipe composta pelo dramaturgo Paulo DePaula, a produtora da TV UFES Maria Pacheco, o professor e doutor em Literatura Jorge Nascimento e com a minha participação. Para mim foi uma experiência completamente nova, pois sempre trabalhei sozinho nos roteiros dos filmes anteriores que dirigi. Como seguimos quase sempre o modelo do cinema de autor, para você dirigir o filme, antes tem que virar roteirista. Ainda não temos uma dinâmica que permita você contratar roteiristas profissionais e encomendar um trabalho. Nós, diretores e produtores de cinema local, ainda temos que nos virar e improvisar como roteiristas. Realmente não é o ideal. Mas já há uma evolução neste trabalho. O roteiro de A virada narra os fatos ocorridos com a chegada de uma adolescente, Gerta (Francienne Pavesi), moça do interior, à casa de um casal de classe média alta que não possui filhos. O Sr. e Sra. Marroni (Edwaldo Almeida e Maura Moschen) acreditam ter a família completada, mas a história toma outros rumos. A partir da relação desse triângulo de personagens e tendo como pano de fundo a cidade de Vitória, o filme nos deixa uma indagação sobre as distintas expectativas sociais do homem e da mulher.

O estilo de interpretação dos atores? Como o cronograma de gravação era bastante apertado – durou apenas oito dias, e a proposta do trabalho exigia uma elaboração mais profunda e uma interpretação mais dramática, foram convidados atores profissionais para compor o elenco. Contamos com pessoas experientes da cena local, como: Geisa Ramos, José Augusto Loureiro, Ednardo Pinheiro, Alvarito Mendes Filho, Rosi Andrade, Branca Santos Neves, Francienne Pavesi, Edwaldo Almeida, Maura Moschen, Aline Goltara, entre outros. Em outros filmes já trabalhei com pessoas inexperientes que passaram por um longo processo de oficinas e laboratórios. Aqui no estado, circulamos sempre pelos dois modelos dominantes: o dos não atores e o dos atores de teatro, pois a produção ainda é pouco significativa, principalmente em volume de tabalhos cinematográficos, o que impede a criação de uma geração de atores específica para o cinema e o vídeo.

Como na questão do roteiro, ainda temos muito tempo pela frente, até se criar uma tradição. Buscou referências em outros realizadores ou escolas cinematográficas? Como autodidata, o experimento próprio é sempre mais interessante.

Pode-se afirmar que existe cinema de gênero no ES? Ou fazemos todos cinema autoral? Neste caso como você classificaria seu cinema? Cine-poesia, cine-utopia, cine oquê? Estas perguntas não cabem para quem cria e produz. Devem ser respondidas pelos críticos, pesquisadores, teóricos, cinéfilos e rotuladores em geral. Além do mais, aqui tem esse negócio de capixabismo que é o fim da picada. Não existe literatura capixaba, música capixaba, cinema capixaba etc. O que temos é literatura, música e cinema brasileiros produzidos no Espírito Santo. Se são bons ou ruins, não importa. Mas o rótulo “capixaba” é péssimo. Não ajuda em nada, muito pelo contrário, é provincianismo medíocre.

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DE ONDE VÊM OS FILMES

esculpir o sonho

A vida é sonho. Cinema é vida. Cinema é sonho.

Os filmes vêm de uma idéia que se materializa em imagem e som.

Assim como a arte. Para isso, há quem use a palavra, a melodia, o pigmento, o ferro, a ma-

deira, o nitrato de prata, o pixel.

De volta ao sonho, matéria primeira de quem faz cinema (que para Tarkovski é “a arte de

esculpir o tempo”). No meu caso, vai tudo primeiro para o papel, a partir de um núcleo. Dele,

a idéia se desenvolve, evolui, seja como espiral, círculo ou tangentes que se encontram num

mesmo ponto.

Texto: Luiz Tadeu TeixeiraIlustração: Juliano Teixeira

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Exemplo mais recente:

LUZ E SOMBRA • PEQUENA CIDADE NO INTERIOR DO BRASIL • INÍCIO DOS ANOS 50• CASA MODESTA JUNTO AO COMÉRCIO LOCAL

PERSOnAGEnS: • PAI, 39 ANOS (PEQUENO FUNCIONÁRIO PÚBLICO LOCAL)• FILHO, 4-5 ANOS

SEQUÊNCIA 1CENA I - 40’’INTERIOR - DIA (COMEÇO DA TARDE) QUARTO DO MENINO

PAI COLOCA FILHO DE APROXIMADAMENTE CINCO ANOS NA CAMA PARA SONO DA TARDE. FECHA JANELA, DEPOIS CORTINA.

CENA II - 30’’INTERIOR - DIAQUARTO DO MENINO

MENINO DEITADO NA CAMA NO QUARTO QUASE ESCURO. FORMAS DIFUSAS DE LUZ/SOMBRA SE MOVEM NA PAREDE JUNTO À CAMA DO MENINO.

MENINO - (CHAMANDO DA PENUMBRA) - PAI!HOMEM - (CAMINHA PARA A PORTA - PÁRA) - O QUE É?MENINO - (APONTA) - O que é isso?

CENA III - 1’15’’INTERIOR - DIAQUARTO DO MENINO

CÂMERA SE APROXIMA E VÊ IMAGEM/SOMBRA PROJETADA NA PAREDE E SE MOVIMENTA EM DIREÇÃO À JANELA DE ONDE VEM A LUZ.

Podia jurar que esta cena aconteceu comigo e meu pai, Edson, lá pelo ano 1953 0u 54, quando ainda morávamos em Castelo, interior do Espírito Santo. Pode ser a mais terna lembrança que tenho do meu pai. E também pode ser a mais remota presença do cinema em minha vida. Ou na minha memória. Ou pode ter sido apenas imaginação ou delírio meu. Um e outro são matérias do sonho, que, esculpidas, podem se transformar em cinema. Pelo menos na minha cabeça ou neste papel. Daqui pra tela é que são elas: uma autêntica odisséia.

CENA IV - 40’’INTERIOR - DIAQUARTO DO MENINO

HOMEM - (CONTRARIADO) Isso o quê?MENINO - (INTRIGADO) Isso aí... na parede... se mexendo?HOMEM - Não é nada, não.MENINO - (MAIS INTRIGADO AINDA) Está semexendo, pai!HOMEM - Liga não, filho... (DESCONVERSANDO) Ah, isso é cinema ...(DIRIGE-SE À PORTA)

CENA V - 20’’INTERIOR - DIASALA DA CASA DO MENINO

HOMEM SAI DO QUARTO, FECHA PORTA, CAMINHA PELA SALA E SE AFASTA.

SEQUÊNCIA 2CENA ÚNICA - 15’’ EXTERIOR - DIAJARDIM DA CASA DO MENINOEFEITO ESPECIAL/DIGITAL

CÂMERA FAZ O TRAJETO DA LUZ, PASSA PELO GALHO DE ARVORE, PELA FRESTA NA JANELA, ROMPE A ESCURIDÃO ATÉ ENCONTRAR A PAREDE NO QUARTO DO MENINO.

SEQUÊNCIA 1CENA V - 20’’INTERIOR - DIAQUARTO DO MENINO

NO MEIO DA ESCURIDÃO, REFLEXO NO ROSTO DO MENINO FAZ SEUS OLHOS BRILHAREM. ELE SORRI. FIM .

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O dia em que resolvi fazer cinema ou QUEM CRIOU O CÉU?Descobri no decorrer do curso de Comunicação Social que poucos entendem de cinema, mesmo em uma faculdade que propicia, teoricamente, o “brotar” de libertinos pensadores das artes. Poucos querem entender cinema. O senso comum clama por produções hollywoodianas, recheadas de efeitos especiais estapafúrdios e enredos de nonsense puro!! Ao estudar a história do cinema brasileiro, deparei-me com um baiano arretado que estraçalhou as correntes norte-americanos de nosso cinema tupiniquim. Glauber (Rocha) foi mais do que um diretor de cinema, foi um idealista, um revolucionário que

mudou a estética dos fi lmes nacionais. E quem já leu os textos e assistiu aos fi lmes de Glauber sabe muito bem a injeção de revolta que o diretor de produções consagradas como Deus e o Diabo na Terra do Sol(1964) nos proporciona. Senti-me aprisionado em uma espécie de visgo, pois queria lutar com Glauber, fazer uma passeata em Veneza, fi lmar incansavelmente planos e mais planos. Posso dizer que queria ser Glauber. Sim, sofri uma lavagem cerebral e estomacal ao assistir aos fi lmes de alguém que, para mim deve ser considerado o maior diretor do cinema brasileiro. Em uma disciplina ministrada na faculdade, o professor João Barreto – tutor ofi cial dos que queriam fazer vídeo na FAESA – propôs dividir a sala ao meio, e cada grupo fi caria encarregado de produzir um vídeo sobre qualquer temática. A escolha fi caria a cargo dos componentes dos grupos. Eu ainda estava sobre o efeito da onda de Glauber. Tinha assistido na mesma semana ao fi lme A Idade da Terra (1980). As loucuras glauberianas ecoavam na minha cabeça. Resolvi ser louco de vez: escrevi e dirigi o curta-metragem Salon de la Paix (2004). Abusei do simbolismo e executei uma obra, para muitos obscura demais para não citar outros comentários. O nome do vídeo, por exemplo, faz referência ao Salão dos Espelhos do Palácio de Versailles, na França. Aquele palácio, que antes de ser invadido pelos camponeses durante a Revolução Francesa, abrigava a entediada corte de Luís XVI. A intenção não foi ser cult, aliás, minha intenção nunca foi essa, mas, sim, a de experimentar minha loucura. Em meio aos percalços das personagens interpretadas por Margareth Galvão, José Luis Gobbi e André Neves, eu quis discutir as banalidades sem propósito que nos perseguem em cada dia de domingo, em cada mesa de bar mais descontraída, como “quem criou o céu?” Glauber morreria de rir das minhas trapalhadas. Descobri que ser sério custa caro. Quase ninguém entende os seus propósitos e o resto esboça aquele sorriso amarelado. O resultado agrada-me muito, reconheço os erros, mas não tolero a simples indiferença. No ano seguinte resolvi que faria um curta menos complexo. Para que complicar? Cinema não é um veículo de comunicação de massa? Escrevi e dirigi Doce Biscuit (2005), uma produção recheada de pessoas talentosas e de urucubacas. Com os atores Maria Alice Costa, em seu primeiro papel em vídeo, e com Ednardo Pinheiro, o vídeo conta a história de dois idosos em tarefas comuns dentro de casa até que um fato muda a rotina destes. Foi o começo de um amor incondicional pelo Neo-Realismo Italiano. Um amor que na época era muito imaturo e sofrido. Gravamos tudo, mas o vídeo nunca conseguiu ser editado. Era Fellini gargalhando de mim enquanto se deleitava na Fontana de Trevi. Va fun culo! Resolvi não me levar a sério e dirigi Em busca da Glamourânssia II – o Glamour (2006). O curta conta a estória de Cristian Dior, um famoso ator de Hollywwood e sua relação com a fama. Pisei em Vittorio de Sica, Godard, Tarkovisk, Murnau e resolvi dançar ao lado de Almodóvar. Quem faz vídeo durante a faculdade conhece muito bem o perrengue de dinheiro e equipamento. Mas eu não estava nem aí, queria o burlesco, rir da minha obra, rir de mim mesmo. E não é que deu certo!? Assustadoramente o vídeo foi muito bem recebido nos festivais em que passou, ganhou prêmios de Júri Popular e, o mais importante, divertiu a todos! Mas é impressionante, não consigo não ser sério. Não ao escrever roteiros. E o meu próximo curta, se o dinheiro surgir do além-mar, será um drama. Quero lágrimas caindo e não são as de um fi nal feliz. Arrebentem essa panela de moqueca porque mais tempero quero colocar! |Felipe Redins|

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Em 1986, nascia na Ufes o Projeto de Pesquisa de Linguagem Ima-

gética, formado por alunos dos cursos de Comunicação Social, Le-

tras e Artes Plásticas. O primeiro trabalho do grupo foi Refluxo

Em 1988 o Projeto iniciou sua primeira experiência em adaptação literária para

o audiovisual com a produção do vídeo de ficção Diga Adeus a Lorna Love, ba-

seado no conto homônimo do escritor Francisco Grijó, resultando numa reali-

zação totalmente experimental, produzido sob a ótica do aprendizado, onde

estudantes se revezavam nas diversas funções da equipe técnica e do elenco.

Partindo para uma segunda experiência, em 1989 iniciou-se o processo de adaptação

para o vídeo do romance Fuga de Canaã, do historiador, professor, magistrado e escritor

Renato Pacheco, resultando numa obra mais elaborada, que estreou em 1991, contan-

do com a participação de técnicos e atores profissionais em conjunto com os estudan-

tes, tendo sido inclusive exibido, à convite, na University of Missouri – EUA, em 1992.

Após a produção do filme Rito de Passagem em 1996, realizado em 35mm e

com roteiro original, o Projeto retoma a adaptação literária com o filme O

Amor e o Humor na Música Brasileira dos Séculos XVIII e XIX, também em 35mm,

um musical baseado na obra do maestro Sérgio Dias, com roteiro seleciona-

do em 1998 no I º Concurso de Projetos de Audiovisual de Curta-metragem

de Produção Brasileira Independente, promovido pelo Ministério da Cultura.

A obra de Renato Pacheco é revisitada em 2000 com a adaptação do con-

to Lali, que resultou no filme Lally e Lalí rodado em película de 35 mm.

Transposto para o Instituto de Pesquisa da Linguagem Imagética, o Projeto

completa agora 20 anos de sua experimentação em adaptação literária no Es-

pírito Santo com a sua primeira produção em digital: A Virada – 2008 – basea-

da no conto homônimo da escritora norte-americana Charlotte Perkins Gilman.

Projeto Universitário de Pesquisa da Linguagem

Imagéticacompleta 20 anos com foco na adaptação literáriapor Sérgio Medeiros

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Em 3 linhas, de que trata o fi lme? Vou contar a Lenda do “Frade e a Freira” totalmente reinventada por mim. Numa aldeia medieval, uma jovem se apaixona por um guerreiro, mas o bispo – que ama a jovem em segredo – providencia para que ela seja trancada em um labirinto. O guerreiro consegue libertar a jovem e eles fogem juntos. O bispo cobiçoso e vingativo, os transforma em pedras.Em que pé está a produção executiva? Já captamos recursos fi nanceiros com a SEDISA e CVC. Vamos tentar agora o edital da PETROBRAS e também o BNDES, de novo. O fi lme foi aprovado pela Lei do Audiovisual, onde a dedução fi scal é de 100% . A empresa que tem lucro real pode abater até 3% do que ela paga de Imposto de Renda, e essa dedução é integral, e ainda a produção do fi lme se encarrega de devolver 25% do que a empresa investiu caso haja retorno de bilheteria. A Secretaria de Cultura da UFES tem dado todo apoio logístico. O SEBRAE se incumbiu de dar o material para a construção do cenário permanente que após a fi lmagem será transformado num parque temático, aberto para a visitação pública. As prefeituras de Rio Novo do Sul, Vargem Alta e Itapemirim fi caram de ajudar com hospedagem e alimentação para a equipe técnica durante as fi lmagens, que será 90% realizada na região das pedras do Frade e a Freira. A SELITA fi cou de participar com produtos de laticínios para ajudar na alimentação. E, fi nalmente, a SECULT-ES apoiou com 100 latas de negativo 35mm. Como voce avalia a condição de se produzir um longa no ES? Há terreno fertil para isto? Produzir cinema aqui no estado, principalmente longa-metragem, é osso. É atravessar desertos inteiros sem água. É comer areia. Fico impressionada como em um estado que tem tantas grandes empresas, ainda não exista uma Lei que se possa utilizar pelo menos 1% do ICMS para a cultura. As empresas que investem em cultura têm o deleite de conviver com um povo mais civilizado. Eu gostaria que a SECULT me ajudasse na troca de bônus junto às empresas.. Sozinha é muito difícil

Reinventando a lendaLuiza Lubiana é cineasta capixaba que iniciou sua carreira no início dos anos 90 com o fi lme em super 8 SACRAMENTO. De lá pra cá já dirigiu A LENDA DE PROITNIER, em 16 mm, MANADA em 35 mm, EM BUSCA DO Z, em computação gráfi ca (co-dirigido por Jean R.). Atualmente se divide em 2 projetos: MILAGRES, curta 35 mm aprovado pela Lei Rubem Braga e O GUARDIÃO DA ALDEIA, longa-metragem aprovado pela Lei do Audiovisual. Nesta entrevista enfocamos o processo de produção do longa-metragem, que se tornou um desafi o para a diretora.

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produzir um longa cujos recursos aprovados são de R$ 1.800.000,00. Mas eu não desisto. Como disse alguém por ai “Só o homem consegue o impossível”.Quem está contigo nesta equipe até o momento e que atores e técnicos voce pretende chamar para o projeto? A Verve Produções enviou o projeto para a ANCINE. A Clarissa Montenegro me ajuda na elaboração dos projetos para os editais. Suely Mattos será a administradora financeira do filme. Rosana Paste, a diretora de arte. Marília Pêra, Daniel de Oliveira, Elza Soares e Antônio Abujamra toparam fazer parte do elenco principal e a capixaba Inácia Freitas também faz parte desse elenco principal, convidei o artista plástico Hilal para fazer os portais do céu e do inferno. Celso Adolpho para os mosáicos dentro do labirinto, Humberto Capai para as fotos aéreas, Hélio Coelho para a direção de animação, Regina Chulam me emprestou a série de cabras que ela pintou para eu fazer a pintura da aldeia dos criadores de cabra do filme. Rosana Paste além da direção de arte, vai fazer também os signos em metal e o cemitério bizantino com os túmulos de bronze. Convidei um monte de atores capixabas como Claudino, Renato Saudino, Ze Augusto Loureiro, Gobby, Márcia Gáudio , Margareth Galvão, Eliezer, Konká e mais um monte. O filme precisa de muitos atores e figurantes. Convidei a Alana Ribeiro para produção de set, Virgínia Jorge para assistente de direção. Vindo de fora só o diretor de fotografia e figurino que pensei em Marcelo Darst para câmera e Luciana Buarque para o figurino. A questão da distribuição, como pretende encaminhar? A AMERICINE uma distribuidora bem legal que tem distribuído filmes no Brasil e no exterior me deu uma carta para eu anexar nos editais e ela pretende distribuir o GUARDIÃO DA ALDEIAQuando voce acha que o público deverá assistir ao filme pronto? Essa pergunta é etérea ou será a resposta etérea. Se tudo der certo, filmo em janeiro de 2009 e lanço em 2010.O que voce o público pode esperar deste filme? O filme é sonho e entretenimento. Ele vem acompanhado de belas paisagens, suspense , ação, gente famosa e competente, todo o nosso folclore inserido . Um cartão postal do Espírito Santo. Mas como conto uma lenda, as lendas estão introjetas no inconsciente coletivo da humanidade, através delas contamos a história de nosso povo e, ainda assim é possível de ser entendida entre todos os povos. É isso que espero, e, ainda assim, que seja aceito, entendido e bebibo por todos.

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Quatro olhares sobre o vídeo capixaba

Em 2003, surgia o projeto 10Maes Vídeo, realizado pela Secult-ES no Museu de Arte do Espírito Santo. A iniciativa, pioneira, da Coordenação de Cinema e Vídeo, tendo Margarete Taqueti à frente, colocava em retrospectiva o conjunto da produção dos videomakers capixabas, confrontando-o com trabalhos inéditos e com um debate com cada realizador, o que nos permitia uma compreensão mais ampla das poéticas visuais adotadas por cada artista. O debate ocorria sempre após a sessão de estréia, e os vídeos ficavam em cartaz por dez dias, sempre às 19 horas (uma pena que, a partir do segundo ano, o projeto tenha sido alocado no desconfortável horário das cinco da tarde, mas aí já são outros quinhentos...).Os quatro primeiros programas da mostra, exibidos em abril de 2003 e centrados em realizadores cujas atividades se iniciam em diversos momentos da década de 90, compõem um rico panorama de exploração das possibilidades do fazer videográfico.Jean R. busca uma escrita visual marcada pela saturação, pela sobreposição de camadas e ruídos visuais que abrem a possibilidade de um desejo de rasura a partir da realidade recortada em cada vídeo. Esse processo parte de uma leitura bastante pessoal do artista acerca de diversos ícones presentes num universo que conjuga paixão e homoafetividade (como o romance proibido de Oscar Wilde em C.3.3, ou ainda o simbolismo da aliança em O anel e da distância em The love) e uma religiosidade cuja dimensão corporal é bastante presente (Jorge, O Guerreiro, que retrabalha alguns aspectos anteriormente presentes na produção plástica do artista, como o simbolismo das lanças e flechas em São Sebastião e no Sagrado Coração, e também a própria proteção corporal e espiritual).Se os ícones religiosos remetem a uma sensorialidade cuja componente táctil é intensa, esse desejo do toque realiza-se através de uma intervenção que, embora digital, parte de uma lógica manual, um quase artesanato, em que as camadas de texturas superpostas, as animações gráficas, as letras em diversos modelos tipográficos, as redundâncias propositais entre texto e imagem transfiguram esse universo simbólico em novas mitologias pessoais. Ao recontar essas narrativas, rasurando-as com

sua subjetividade, Jean enreda um palimpsesto em que a dúvida (sentimento recorrente na paixão) e a preocupação com o fluxo inexorável do tempo fazem transparecer a própria preocupação com o transitório na contemporaneidade. A manipulação do referencial imagético também dá a tônica do conjunto de trabalhos apresentado por Rodrigo Linhales e Tati Rabello. A fala de Tati no debate que se seguiu à exibição, configurava claramente uma poética própria: “mais do que a edição, o que mais me interessa é a manipulação de imagem, os efeitos da mesa”. Aqui, o tratamento de imagens e a exploração dos recursos presentes na mesa de edição (filtros, máscaras e efeitos cromáticos),

muito além de uma mera maquiagem do real, propõem uma desreferencialização e reconfiguração do próprio signo visual, abrindo novas possibilidades para o que antes era algo familiar ao olhar. Esse trajeto pode ser esboçado a partir de seus primeiros trabalhos no campo da videoarte, em parceria com Larissa Machado (Entretantos, Múltiplos de um, Ecótono), em que a bricolage de planos permite ao espectador um encadeamento sensorial costurado pelos fragmentos em off, numa linguagem que se aproxima do video-poema (algo que seria retomado no final daquele ano, com O livro das águas, vídeo inspirado no poema de Mara Coradello). Nos videoclipes produzidos pela dupla, em especial Vermelha (calcado no recurso do alto contraste e também do chroma key) e Pêxe (explorando os efeitos de contraluz), essa estética encontra possibilidades amplas de desenvolvimento, estabelecendo um fértil diálogo com os ícones da cultura pop de massa (podemos também perceber esse diálogo na animação Exterminador, de 2005). Outro exemplo desse processo está em Pacíficos e ruidosos, documentário sobre o movimento denominado Balão Mágico, que parte de vestígios presentes no imaginário de gerações posteriores relativos a esse movimento cultural para traçar um panorama em que a anarquia do grupo oitentista interage com a proposta altamente estetizada de um “documentário unilateral e incompleto”. Joel Vieira Jr pautava seu trabalho em direção a um despojamento no trato com a linguagem cinematográfica. Se em seus trabalhos iniciais uma crítica à matriz publicitária se fazia presente na aproximação do corpo aos produtos de consumo (os rótulos, lacres e etiquetas em Joel, a a p r o x i m a ç ã o

por Erly Vieira Jr | Curta-metragista e Doutorando em Comunicação e Cultura - UFRJ

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e n t r e a paixão e

os comprimidos em Roteiro do banal), a trajetória apresentada em sua

produção aponta para uma depuração dos meios e recursos, a ponto de, em sua safra mais recente (Barbie e Maria Vassoura, ambos

produzidos especialmente para a mostra), o material decantado aparentemente se confunda com o próprio resíduo, simulando a estética do vídeo caseiro.

A exploração de recursos dos mais diversos, inclusive de “defeitos” e “amadorismos”, como os drop outs, o chroma key, o rewind, a imagem em negativo, marcam o início de sua obra, sendo que O morcego beija-flor representa o auge desse processo de saturação sígnica, com os altos contrastes presentes no seu início, a utilização da cor roxa como entorpecente dos sentidos, os planos-seqüência com a câmera na mão e o ritmo hipnótico das legendas (no centro da tela) e da música (num crescendo que atravessa dois momentos de clímax), intensificadores dessa narrativa ritualística. A partir de Meu pé de feijão, a busca pela concisão e depuração da linguagem é intensificada: se nesse vídeo a câmera trabalha um único enquadramento, com os planos montados em ordem inversa à cronologia e à composição subvertida (de modo que, apesar do pé de feijão encontrar-se no centro da tela, é o movimento dos personagens humanos em segundo plano que conduzem o olhar do espectador). Nesse trabalho, a utilização do som direto da câmera HI-8, ao qual se sobrepõe a trilha sonora, confere às pessoas em cena uma qualidade etérea, intensificada pela sobreposição de imagens de baixa resolução. As repetições de movimentos cotidianos nesse trabalho (acordar, levantar-se da cama, observar e regar o pé de feijão) encontram eco no duplo ciclo de Looping: parte-se de uma metáfora visual extremamente concisa, associando a rã (que ocupa um degrau bastante anterior na escala evolutiva) à figura humana, para se desdobrar na reprise constante de um gesto que se estende até rasgar o limite da tela. Barbie (realizado em VHS) já apresenta um total despojamento técnico, operando o que o artista denomina “artesania do vídeo”: abolem-se os recursos e a própria mesa de edição, em favor de uma edição na própria câmera, alternando o corte no eixo com momentos em que a imagem se liberta do quadro fixo e passa a percorrer livremente o ambiente em que se confecciona o painel de festa infantil cuja estrela é a boneca. Vassoura (também em VHS) é ainda mais livre em sua forma, acompanhando uma gata que tem seu estatuto transferido da categoria de “observadora” para “observada”: as pequenas epifanias cotidianas que se manifestam durante a captação de cada situação estendem- se em planos cuja duração é cada vez menos regrada, sujeitos às trepidações e tropeços decorrentes de uma imagem que se descobre instantaneamente à medida que ela é captada. Uma pena que, nos últimos quatro anos, Joel tenha se afastado da produção audiovisual. Os caminhos apontados pelos experimentos desses últimos vídeos sugeriam uma exploração bastante instigante das questões inerentes à videoarte.Lobo Pasolini aborda o fazer videográfico a partir da carga de ironia que a imagem pode conter. Desconstruindo uma série de conceitos instituídos pelo consumo da comunicação de massa, sua arma discursiva não passa nem pela saturação nem pela recusa do despojamento: o que permeia o conjunto de seus trabalhos é uma ironia que põe em questão a própria instância da metalinguagem. O suspense construído no jogo de molduras superpostas (janela, visor de câmera) em Double Window, a sátira de One man show (com a célebre cena da simulação de masturbação sonorizada por um liquidificador em potência máxima) e Comida, sexo e morte, a “homenagem” a Marlene Dietrich, em Dietriste e a auto-entrevista em A autobiografia de todo mundo apresentam marcas pertinentes de uma discussão que busca atingir e desarmar a incomunicabilidade presente em cada indivíduo. Love in the age of graphic design, vídeo de 2002 dividido em pequenos esquetes (tableaux-vivants, como diz Lobo), ironiza o percurso de um encontro amoroso, com direito a uma trilha sonora que intensifica o tom de pastiche. Muitas vezes, o próprio diretor atua nos vídeos (como no caso de Love in the age...), ampliando o jogo de ironias e intertextualidades. Entrevista de emprego, outro vídeo estrelado por Lobo (produzido em 2005), brinca com os clichês dos manuais de administração de empresas, recursos humanos e livros de auto-ajuda, ao ilustrar uma corriqueira entrevista para a vaga de faxineiro (à qual Lobo comparece vestindo short de couro e coturnos), com impagáveis passagens bastante comuns às páginas desses livros.Em tempo: quem quiser conhecer uma parcela da obra de Lobo pode conferir no YouTube o raro registro de uma performance do grupo Éden Dionisíaco, realizada em 1991, no vídeo Comida, sexo e morte: http://www.youtube.com/watch?v=7C6k5E_V16AEste texto é uma versão ampliada e atualizada do artigo publicado em 2003, por ocasião da estréia do projeto 10Maes Vídeo

Quatro olhares sobre o vídeo capixaba

capixaba31

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FALE UM POUCO SOBRE O DOCUMENTÁRIO: O TEMA, O ENFOQUE, A ESTÉTICA, A ALMA DELE, ENTRE OU-TRAS COISAS QUE QUISER CONTAR.“Outro Sertão” é um documentário histórico sobre a passagem de Guimarães Rosa pela Alemanha, onde ele morou, como cônsul-adjunto, entre 1938 e 1942. Nesse período, ele presenciou a ascensão do nazismo e o iní-cio da II Guerra. O projeto teve início com a leitura dos diários que Guimarães Rosa escreveu enquanto viveu em Hamburgo. Além de revelar esse aspecto pouco co-nhecido da vida do escritor, o fi lme também irá refl etir sobre o impacto dessa vivência sobre a sua obra pos-terior. Além de material inédito encontrado nos arqui-vos alemães e brasileiros, a pesquisa reuniu também informações, documentos e depoimentos referentes ao auxílio que ele prestou a judeus perseguidos pelo regime. Muitos só puderam deixar a Alemanha por cau-sa dos vistos concedidos pelo consulado do Brasil em Hamburgo. Na pesquisa, conseguimos depoimentos de vários sobreviventes do Holocausto que passaram por este consulado. A proposta, então, é recriar essa atmosfera política e social, fazendo também um con-traponto com os pequenos acontecimentos do dia-a-dia que o escritor relata em diários e cartas.

A CAPIXABA ADRIANA JACOBSEN MORA EM BERLIM HÁ 15 ANOS, ONDE TRABALHA COM AUDIOVISUAL. EM 2006 TEVE UM PROJETO DE DOCUMENTÁRIO APROVADO NO CONCORRIDO PROGRAMA PETROBRAS CULTURAL.

QUAL O CAMINHO PERCORRIDO PARA SE VIABILIZAR ESTA PRODUÇÃO?Tudo começou como um esforço puramen-te pessoal. Entre 2004 e 2005, eu e Soraia fi zemos toda a pré-pesquisa, sem recursos ou patrocínio. Durante esses dois anos, nós nos dedicamos a pesquisar, reunir materiais e organizar tudo isso. Ainda em 2005, fi ze-mos algumas gravações iniciais, a fi m de as-segurar o registro de algumas informações, bancando os custos com nosso próprio di-nheiro. Nessa época, começamos a envol-ver outras pessoas da área audiovisual, lá na Alemanha, e são esses profi ssionais que acabaram entrando para a equipe de produ-ção alemã. Em 2006, o projeto foi aprovado no Programa Petrobrás Cultural.

QUEM ESTÁ CONTIGO NESTA HISTÓRIA?A produção do longa é da Galpão Produ-ções, de Vitória, com produção executiva da Beatriz Lindenberg e da Lucia Caus. A equipe é bi-nacional, temos gente do Brasil e da Alemanha. São, na verdade, duas equi-pes: uma, com produção de Beth Formag-gini (colaboradora de Eduardo Coutinho em várias produções e diretora de fi lmes como “Memória para Uso Diário), atuou na captação de imagens e depoimentos no Brasil. A outra equipe na Alemanha é mul-tinacional: temos pessoas da Alemanha, da África do Sul e de vários países da Europa.

DE ONDE NASCEU A IDÉIA DESTE TRABALHO? O QUE TE MOTIVOU NESTE PROJETO?A idéia nasceu da pesquisa que eu e a Soraia (Soraia Vilela, co-roteirista e co-diretora do longa) iniciamos, ainda em 2004, a fi m de mapear os passos de Guimarães Rosa na Alemanha, onde nós duas trabalhamos e moramos. O que nos estimulou foi a descoberta dos materiais inéditos sobre o autor, mas a principal motivação veio da percepção de que ele viveu intensamente a experiência de ser estrangeiro, fato que tanto eu quanto Soraia também vivencia-mos no nosso dia-a-dia. Isso, certamente, nos aproximou de Guimarães Rosa. E o fi lme tem justamente a proposta de refl etir sobre a importância desse período para a obra dele, e também para a sua vida pessoal. O olhar estrangeiro é muito marcante no documentário, assim como o aspecto multicultural (estivemos gravando em diferentes cidades na Europa, no Brasil e também em Israel).

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TEM PREVISÃO DE QUANDO ESTARÁ PRONTO? O filme deve ser finalizado até dezembro de 2008

QUAIS DESAFIOS ESTÃO SE APRESENTANDO PRA VOCE AGORA. O desafio maior, neste momento, é a pós-produ-ção, entre junho e novembro de 2008. A edição será feita na Alemanha, portanto, precisamos en-contrar uma equipe que fale alemão e português, o que não será muito fácil. Outro desafio é a busca de novos parceiros para essa etapa, e também para as ações futuras envolvendo o longa.

ME FALE UM POUCO DO PROCESSO DAS FILMA-GENS. COMO ELAS SE DERAM, EM QUE LOCAIS, A QUESTÃO DO EQUIPAMENTO, A RELAÇÃO COM OS ENTREVISTADOS...QUEM FOI SUA EQUIPE... A pré-produção foi feita na Alemanha e no Brasil, entre julho de 2006 e março de 2007. Nesse perío-do, foram identificados sons e imagens de arquivo, e os personagens que dariam depoimentos na fase seguinte. Também aprofundamos a pesquisa inicia-da em 2004, identificando os espaços freqüenta-dos e citados por Guimarães Rosa em suas cartas e diários, e colhendo depoimentos de amigos do escritor e especialistas em sua obra. A captação de imagens foi dividida em duas partes: a primei-ra, entre julho de 2007 e maio de 2008, aconteceu na Alemanha (gravamos em Hamburgo, Munique e Berlim) e no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro,Belo Horizonte, Cordisburgo, Itamonte). Conseguimos registrar os depoimentos do protagonista de uma crônica publicada no volume “Ave, Palavra”, entre outros. No Brasil, gravamos no Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte (MG), onde Guimarães Rosa estudou e teve o seu primeiro contato com a lín-gua alemã através dos padres que lecionavam na instituição. Fomos a Cordisburgo, onde gravamos imagens da casa onde o autor nasceu. Lá, também registramos o trabalho das bordadeiras que trans-crevem citações dos livros de Guimarães Rosa para toalhas e panos de prato, em trabalho muito deli-cado e meticuloso. A partir de julho, daremos início à pós-produção, que inclui a edição e a finalização.

QUE CARA IMAGINA PARA O FILME?Outro Sertão tem uma característica docu-mental-ensaística. A parte documental traz entrevistas, depoimentos e testemunhos de pessoas que vivenciaram aquele período junto com o autor. Já o lado ensaístico vem do fato de o filme também ser baseado nos escritos do Guimarães Rosa, nas suas ob-servações registradas nos diários, naquilo que percebemos lendo seus livros. O do-cumentário também terá um aspecto poé-tico. Tecnicamente, começamos captando em DV, depois passamos para HDV, e agora estamos utilizando câmera HDV com adap-tador mini-35mm, o que dará ao longa um visual mais “fílmico”. O suporte final para exibição será 35mm.

ACHA QUE VAI TER ALGUM TRAÇO QUE POSSA IDENTIFICÁ-LO COMO UM FILME CAPIXABA?Claro, a produtora do filme é uma empre-sa capixaba, a Galpão Produções. Parte da equipe brasileira formada para a realização do longa é do Espírito Santo: além das pro-dutoras executivas, há outros profissionais da Galpão envolvidos no desenvolvimento e na produção do filme. E, com certeza, o lançamento do longa em Vitória será par-te importante do processo de divulgação.

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Diretora de arte de inúmeros curtas capixabas, a artista plástica Rosana Paste abre seu coração e revela nesta entrevista seu envolvente processo criativo

ME FALE UM POUCO DO SEU MÉTODO DE TRABALHO. A PARTIR DE QUAIS ELEMENTOS VOCÊ DESENVOLVE UM PROJETO PARA O FILME? A primeira coisa a ser feita é uma conversa longa com o diretor, ou muitas conversas, para então perceber o que está na cabeça dele e o que pode ser materializado e o que é fantasioso demais, perceber o conceito que o diretor quer no seu filme. Uma das primeiras perguntas que faço é: “Qual a cor que você vê seu filme”? A partir desta resposta já tenho muitas informações a serem pesquisadas. Sempre tive sorte de trabalhar com diretores que também me ouviam, o que torna o trabalho muito mais profissional.

O segundo passo é uma leitura minuciosa do roteiro, como ler nas entrelinhas, perceber detalhes que não estão escritos, mas que vão enriquecer a cena. Neste momento, já estou com um caderno para começar as anotações gerais para o filme. Num terceiro momento, passo a separar personagens e locações/cenários. Personagens: tento traçar um perfil psicológico deles, imaginar que são pessoas que realmente vivem neste mundo visível e não que serão gente a partir do filme. Acho que este processo dá um ar de verdade na composição do personagem. Pensando assim, por exemplo quando o figurino é novo, preciso lavar, dar uma usada, lavar de novo para tirar aquela goma, aquele ar de personagem. Imprimo também naquele personagem uma profissão, quais amigos ele teria, que bar frequentaria, qual comida ele gosta, e assim por diante. Sempre começo pelos personagens, para depois trabalhar a locação/cenário.Acho mais fácil. Daí começo da mesma maneira, pensando em seu ambiente, o seu gosto pessoal, como seria o sofá, a cama, a geladeira, quais livros ele leria e assim vou elaborando este lugar. É obvio que seguimos alguns padrões já determinados pela limitação do audiovisual, do tipo, “evite branco”, “evite cores que borrem”... Mas nunca foi impedimento para criação de uma direção de arte que tenha feito.

Depois ou ao mesmo tempo, visitamos as locações/cenários e definição dos atores para iniciarmos realmente a montagem do que vai ser o filme.

Na sequência, vou montar uma pasta de referência de cada personagem, com mais de uma opção, com fotos e ou recortes de revistas. Neste momento, sou chata com o todo e com detalhes. Monto desde pasta de figurino até maquiagem, passando pelo sapato, pulseira e cor do esmalte de cada personagem. O mesmo se dá com a locação/cenário, e assim sucessivamente. Acho que desta maneira erramos menos.

Daí marco reunião com diretor para iniciarmos a conversa das escolhas. Essa hora é muito boa, pois vemos o filme literalmente passar pela nossa cabeça, e além das pastas recorremos a outros filmes e quando o diretor de fotografia está junto é mais enriquecedor ainda.

Nesta hora já temos o filme mais ou menos resolvido, pois a construção é permanente e no set ainda mudamos coisas ou resolvemos fazer de outro jeito, então partimos para a produção do figurino, cenário e locação, transporte de coisas, grana para comprar o que é necessário para o filme. esta é a hora de preparar a mudança, anotar tudo que pego emprestado para poder ter crédito na praça, ter muito cuidado com todo o material e pensar que toda produção tem a des-produção, e nesta hora tudo tem que estar em perfeito estado de conservação.

Acho que na teoria é mais ou menos isso, acho que meu método é participativo, do vamos fazer junto,

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respeito e gosto das hierarquias do e, no cinema, sei que trabalho para realizar o roteiro do diretor, e acho que acima de tudo sou cuidadosa, pesquisadora e juntadora de materiais que a qualquer momento vamos utilizar num filme.

AONDE SE ESCONDEM OS CONFLITOS ENTRE ÁREAS, DURANTE A PRODUÇÃO DE UM FILME? Claro que é a produção executiva com todas as funções do cinema. Ela é que dimensiona a grana e presta conta. Mas o embate é saudável, todos têm que abrir mão num determinado momento. O que penso é que o filme, e aí entra a visão do diretor, pois ele é o autor, não pode sofrer em função de nenhum conflito, até mesmo de grana. Aí tem que entra a criatividade e o pensamento coletivo em prol do filme. Outra coisa que penso, é que o diretor tem que ter claro o que é o mais importante para ele naquele filme: se é a arte, então ela deve ser muito cuidada, se é a luz, então tem que ser muito cuidada e assim sucessivamente, sem desqualificar as demais funções. Já enfrentei situações que o diretor queria muito que a arte fosse o viés do filme, mas ao mesmo tempo, não tinha grana para disponibilizar. Então o trabalho de produção de arte é maior no sentido de empréstimo, de voluntariado, de parcerias e outros.

A outra coisa específica da direção de arte é que normalmente entro no set antes da luz, da fotografia e demais parafernálias.

E aí a própria equipe esquece que alí é o SET, e começa a tirar tudo do lugar sem avisar, às vezes some determinado objeto de cena, cinzeiro então... é o mais usado. Daí me visto de general/vigia/educadora e vou cuidando. Sempre deu tudo certo.

Escrevendo aqui me deu uma saudade: diretores vamos filmar!

O QUE VOCÊ DIRIA PARA ALGUÉM QUE QUER SER DIRETOR(A) DE ARTE? QUE CAMINHOS SEGUIR, COMO SE APERFEIÇOAR? Ser muito observador, não ter preconceito, guardar tudo que vê pela frente (do tipo grampo de cabelo a um liquidificador), ser cada dia mais sensível, pesquisar muito todas as épocas da humanidade, ser cuidadoso, aprender a fazer faxina e penteados de cabelo, ser pau para toda obra, ter – sempre plano b –, gostar de ouvir, ter cultura geral, e se tiver num SET de filmagem ocupe o mínimo de espaço possível e cuide de todo mundo, e principalmente veja beleza em tudo, veja beleza em um sapato velho que sua mãe ia jogar fora, veja beleza na sujeira de sua casa e no pelo de gato, mesmo que você odeie gato, veja beleza no mundo. Procure fazer cursos na área de audiovisual, de um modo em geral, para entender o funcionamento do set, não é muito fácil bibliografia sobre direção de arte e nem mesmo cursos.

COMO VOCÊ VÊ O MOVIMENTO DE AUDIOVISUAL NO ESTADO. O QUE CHAMA ATENÇÃO NESTE CENÁRIO? Acho a qualidade muito boa, a moçada manda muito bem. Mas acho muito acíclico, não tem continuidade, e por falta dela demoramos a melhorar. Sou fã nº 1 das leis de incentivo, mas passou da hora de nossos empresários, nossas grandes industriais, nossos dirigentes abraçarem e priorizarem o cinema como indústria, e como tal ter permanência de produção. Não acho o movimento amador, mas não é encarado como Indústria Cultural. Basta ver as pesquisas que rolam por aí para perceber o quanto gera de grana, emprego, educação, auto-estima, preservação de bens materiais e imateriais, dentre outros. Estamos no século 21, globalizados, somos iguais a todo mundo, não devemos nada a ninguém, nem somos melhores que ninguém. Só queremos ser.

“Veja beleza em tudo, veja beleza em um sapato velho que sua mãe ia jogar fora, veja beleza na sujeira de sua casa e no pelo de gato, mesmo que você odeie gato, veja beleza no mundo”

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Em 2004 Seu Manoelzinho conheceu a fama. Após uma reportagem da TV GAZETA exibida em rede nacional, surgiram diversos convites para aparecer na mídia.Programas de Tv MAIS VOCE, GUGU LIBERATO, PROFISSÃO REPÓRTER, TV MINAS, Jornais A FOLHA DE SÃO PAULO, O ESTADO DE SÃO PAULO, O GLOBO, JORNAL DO BRASIL, entre outros, deram destaque para o ex-pedreiro que também era “cineasta”.A vida daquele realizador de filmes em vhs nunca mais foi a mesma. Os filmes também não. Se antes da fama ele realizou, segundo ele, 23 longas metragens em vhs, com custo praticamente zero (apenas alguma ajuda da prefeitura local e amigos comerciantes) depois da fama, o orçamento de seus trabalhos estourou. Os atores de seus filmes, antes trabalhando de graça, começaram a querer cobrar 20 reais por aparição. Assim, seu primeiro filme depois da fama O HOMEM SEM LEI custou R$5.000,00 e foi custeado pelo Governo do Estado do ES, com o apoio da Prefeitura de Mantenópolis.

O cinema popular de Seu Monoelzinhopor Ricardo Sá

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por Ricardo Sá

Rodado em Digital, o filme continuou fiel ao estilo que o consagrou, o faroeste.Mas Manoel Loreno, como se apresenta nos filmes que dirige e dos quais ele é sempre o ator principal, tem trabalhos em diferentes gêneros: o terror (que poderia facilmente ser classificado como terrir- O ESPANTALHO ASSASSINO é o melhor deles), o romântico – AMOR PROIBIDO, em que contracena com a esposa, na época apenas atriz, O RICO POBRE, comédia bastante original, e A VINGANÇA DE LORENO. Em todos estes trabalhos, Manoel Loreno demonstra que é um diretor de verdade, mergulhado em seu processo criativo.Sua convicção é de diretor. Suas preocupações são de autor. E sua inventividade é surpreendente. A música e os efeitos sonoros de seus filmes sempre são colocados durante a própria filmagem. Barulhos de cavalos, trilhas de faroestes conhecidos. Ele trabalha nas bordas mesmo. Antes não se preocupava com direito autoral, hoje já pensa diferente. Quer que seus filmes tenham trilha sonora original.Ele foi ator no meu filme ENQUANTO HOUVER FANTASIA e depois disso desenvolvemos uma parceria que culminou na produção do telefilme A GRIPE DO FRANGO, realizado durante o Festival de Verão de Carapebus- Serra de 2005.Totalmente rodado em digital, fruto de uma oficina de realização, o filme foi produzido em 3 dias e rodado em 1 dia e meio, todo em planos seqüências, sem ensaios prévios, mas com direção de arte, figurino, cenografia, atores, tudo comprovando que Seu Manoelzinho não é apenas o personagem folclórico lançado pela mídia.Sobre ele foi produzido o documentário O SONHO DE LORENO, resultado do concurso REVELANDO OS BRASIS, com direção de Alana Almondes. O documentário foi exibido em diversos festivais internacionais, e programas culturais de promoção da cultura brasileira. Mas Seu Manoelzinho continua sua vida de sonhos, levando uma vida que muitos de nós consideraríamos indigna. Muitos realizadores capixabas se ofendem quando chamam Seu Manoelzinho de cineasta, ou o maior cineasta capixaba, como foi publicado em um jornal de circulação estadual.Independente de qualquer posição ou visão dominante, o que ninguém pode negar é que ele é sem dúvida o mais popular dentre os realizadores capixabas. Basta dar uma volta com ele pelas ruas de Vitória ou Rio de Janeiro. E presenciar uma projeção de seus filmes, para comprovar esta tese.

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Em meados de 2003 a TV Assembléia leva ao ar o programa Produção Independente, um espaço para entrevistas e exibição de curtas. Antes de mais nada, é preciso que se diga que a idéia foi de Antonio Mendes Americano, um cinéfi lo de mão cheia,

que dirigia o canal legislativo, depois de uma longa experiência na TV Cultura de São Paulo. Pois o Americano, como era conhecido entre os amigos e inimigos, me pediu para preparar a produção do programa, já que eu era a jornalista mais próxima dos produtores locais de audiovisual.

Quando já havia defi nido o formato do programa e o primeiro entrevistado, eis a surpresa: ele me pediu para apresentar. Fotógrafa, com uma experiência de pouco mais de uma década na mídia impressa, duvidei do mago da televisão, que poderia levar o programa à frente, mas não tive escolha...

Bom, mal sabia que a Produção Independente geraria tantos frutos. Em 1994, através de uma parceria entre a Assembléia Legislativa e a ABD capixaba, acontece a I Mostra Produção Independente. A sede do poder legislativo, que tinha sido alguns anos atrás palco de episódios lamentáveis da política capixaba, abria suas portas para um novo tempo, um movimento de reconstrução de sua imagem.

Já na primeira mostra, formamos 4 dias de atividades intensas. Logo cedo, ofi cina de cinematografi a digital com Carlos Ebert, à tarde mesas redondas, e à noite os curtas capixabas brilhando nas telinhas dos auditórios da Ales.

Mesmo com greve de ônibus, o público compareceu e participou ativamente desta mostra, que veio para fi car e marcar o calendário cultural capixaba.

Programa Produção Independente o início de tudo

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por Carla Osório

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Precisamos destacar a participação da capixaba Bernadette Lyra, que desde a I Mostra Produção Independente vem apoiando esta iniciativa de forma direta. Como integrante do júri, ela – que é pós-doutora em cinema pela Sorbonne, fi cou impressionada com uma parte expressiva da produção audiovisual capixaba, que ela chamou de bordas, e que veio a ser tema de uma das mostras posteriores.

A Mostra Produção Independente, como eu já disse, rendeu muitos frutos, estamos chegando hoje à 5ª edição e ganhando ares de festival. Nestes 4 anos que se seguiram, a ABD capixaba, que teve, neste período, a incansável Sáskia Sá no comando, também cresceu.

E o nosso programa da TV Assembléia continua cumprindo o seu papel sempre aos domingos às 8h da noite, pra quem quer uma opção diferente do Fantástico.

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Programa Produção Independente o início de tudo

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Poucas vezes a palavra revolução pode ser usada para definir uma época ou um momento que vivemos. Poucas vezes também, pode-se dizer que uma determinada postura ou atitude é revolucionária. Às vezes, de uma simples atitude movida por uma inegável vontade de fazer, vem uma força que se transforma numa revolução.

Assim defino o significado emblemático que o vídeo teve na década de 1980 para o audiovisual no estado, uma vontade de fazer que transformou todo um modo de pensar e fazer cinema, abrindo possibilidades até então travadas por uma inexistência estrutural que condenou a produção audiovisual a um verdadeiro extermínio de idéias e projetos. Foi um renascimento, por isto revolucionário, que possibilitou a toda uma geração voltar a fazer e produzir imagem em movimento.

Mas, por meio de um pensamento corajoso que impulsionou este movimento, que fez aparecer uma produção audiovisual inédita, até então, após mais de uma década quase que completamente ausente. Foi uma atitude de peito, pois o vídeo era até então visto como um objeto doméstico e não um equipamento de produção e reprodução de imagem em movimento. Foram anos

e anos de fazer para se estabelecer um referencial estético que determinasse um mínimo de conteúdo imagético para se poder dizer que ali germinava uma nova linguagem audiovisual.

Num primeiro momento, os detentores teóricos desta linguagem audiovisual rea-giram com empáfia e grosseria intelectual, dizendo que o vídeo era apenas um eletro-doméstico. Caberia então a esta geração que gostava e queria fazer cinema provar que tudo se transforma e que aquele eletro-doméstico também poderia se transformar numa máquina de fazer imagens. Aí a coisa deslanchou e a produção foi aparecendo mesmo capenga, artesanal e pobre. A ri-queza estava contida na atitude revolucio-nária de querer explodir a impossibilidade de fazer, um mito até então intransponível. Surgiram os primeiros registros videográ-ficos, brincadeiras que já evidenciavam o desejo de ter aquilo como uma expressão, uma forma de se comunicar e posicionar idéias que precisavam ser transmitidas. Apareceram os primeiros vídeos de ficção e documentários.

O mote era fazer cinema com vídeo, um verdadeiro sacrilégio para os iniciados de então. Era a época do videofilme, uma dessacralização do fazer cinematográfico,

Geração camcorderpor Ernandes Zanon Guimarães

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impossível de se alcançar pelos simples mortais de então. Lançou-se “Refluxo”, “Janelas”, “Formólia” e “Diga adeus a lorna love”.

Aí a coisa ficou séria e o desafio era o de mostrar aquilo para todo mundo. Assim, o vídeo chegou à televisão, numa época que se falava muito em regionalização da produção televisiva. Era o ano de 1988, e acabava de ser promulgada a nova Constituição Federal. Era o auge da Nova República e a liberdade de expressão era um grito de guerra. Todo mundo se assanhou e se começou a fazer vídeo em tudo que era canto. Havia um encantamento geral, e o vídeo passou a ser uma possibilidade vanguardista de fazer cinema.

Talvez a grande contribuição daquele desprezado eletrodoméstico esteja neste despertar que motivou tantos, a ponto de provocar uma retomada massiva na produção audiovisual no estado. É só observar a década de 90, que começou com esta efervescência e selou este movimento. A década de 90 viu nascer um projeto que teve como referência o que ocorreu na década anterior. Era o pólo cinematográfico do estado do Espírito Santo. Aquilo foi uma bomba, provocando reações adversas. Poucos entenderam a idéia, se mantiveram

arredios, outros nervosos, pois aquilo era muito ousado para nossa “vidinha” provinciana e recatada.

Imagine atores globais por aqui, era inadmissível que se gastasse dinheiro com esta gente. Quatro filmes foram produzidos e lançados. “Lamarca” foi um grande sucesso de crítica e público e responsável por levar o público de volta ao cinema para ver filme brasileiro. Uma audácia. Mas, a mentalidade tacanha inviabilizou o projeto do pólo e deu no que deu. É certo que a produção audiovisual nunca mais parou, e o fazer cinematográfico se sedimentou e tem proporcionado aos realizadores um reconhecimento merecido. Infelizmente, ficou uma limitação estrutural que não permite iniciativas ousadas, para a produção audiovisual do estado.

Todos os passos dados trouxeram um enriquecimento de experiências e o pioneirismo dos realizadores do passado serve de exemplo para a época atual que precisa se revolucionar, depreendendo atitudes que provoquem mudanças substanciais no modo de fazer audiovisual. Está tudo meio morno, em banho-maria e há um contentamento com o pouco que se tem. Conquistar é fundamental para que ocorra uma revolução.

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na TVE ES

Por Luiz Tadeu Teixeira

Uma janela para garantir visibilidade à emergente produção de cinema e vídeo do Espírito Santo. A idéia surgiu de uma conversa entre dois funcionários da TVE do Espírito Santo: o produtor Robson de Paula e a jornalista Glória Cristina.

Da idéia à prática, em pouco tempo o “CurtaVídeo” entrou no ar com uma boa dose de ousadia, pois se tornou atração semanal na grade de programação da emissora. E, assim, se mantém há 13 anos.

Na primeira fase, a própria Glória assumiu a apresentação. E se manteve por quase dez anos. Há três, as entrevistas passaram a ser conduzidas por Luiz Tadeu Teixeira, jornalista e cineasta.

Centrado na proposta inicial de apresentar uma produção local e entrevistar seus real-izadores, o “CurtaVídeo” hoje abre espaço para coberturas externas em festivais, pré-estréias e outros eventos ligados ao cinema e ao vídeo, além de debates em seu estúdio, exibição de making off e de produções não necessariamente realizadas no Espírito Santo.

Captados e fi nalizados em película ou em vídeo, as produções acabam sempre sendo transferidas para o vídeo, suporte em que são exibidas pela emissora. Se curtas ou mé-dias, o programa hoje tem fl exibilidade para estender seu horário quando a duração dos trabalhos a serem exibidos justifi ca.

De curta mesmo fi cou a expectativa de curtir tanto para os realizadores, que têm a opor-tunidade de ver seu trabalho exibido simultaneamente numa tv aberta e num canal a cabo, quanto para o telespectador, que tem a rara oportunidade de ver fi cção produzida no Espírito Santo na tela da sua tv.

Ao manter o “Curta Vídeo” – sextas-feiras, 22h30; domingos, 19 horas – na TV aberta (ca-nal 2) e em dois canais de TV a Cabo (5 da RCA e 15 da Net), a TVE-ES aproxima o grande público da produção audiovisual capixaba, a exemplo do que fez pioneiramente com o programa “Telecontos Capixabas”, primeira experiência com a fi cção especialmente pro-duzida para a TV no Espírito Santo, realizada por Antônio Carlos Neves no início dos anos 80.

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13 anos no ar

CURTAVÍDEO

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O CINEMA, O ENCONTRO E A VIAGEM, OU O ENCONTRO NO CINEMA OU OS ENCONTROS DO CINEMA, OU OS CINEMAS DOS ENCONTROS DAS VIAGENS DE ENCONTROS DE CINEMA...

O cinema é encontro, encontro entre pessoas, encontro de idéias, encontro

de egos, encontro de vazios e cheios, de fronteiras e lugares, entre-lugares e não-lu-gares, paisagens de sonhos e passagens de histórias e pessoas pelas vidas ilusórias e reais. É como se a realidade existisse inde-pendente das vontades criativas de quem inventa histórias e se inventa e se descons-trói nas fragmentações inexploradas de todo um universo de átomos e moléculas e sangue e carne a se chocar por aí em encon-tros insólitos e absurdos, aprisionados no instante do esbarro-encontro entre corpos nus no universo paralelo da singularidade da tela ou das telas que não se resumem mais a fractais, a frames, a fotogramas ou cinemas ou televisões ou celulares, ou outras formas de comunicação-expressão como qualquer outra que venha em chips implantados no cérebro emitindo informa-ções e sensações aos incautos usuários de mais uma droga que provoca encontros alucinógenos entre participantes de jor-nadas, cineclubes, palestras, que passam uma tarde de sol discutindo Bergmam ou Tarkovski ou Glauber ou seu Manoelzinho ou a lei do curta ou a TV Brasil, ou seja lá que diabo é mais importante do que uma

tarde de sol à toa... E, assim, vamos nos esbarrando pela eternidade embalados pela vontade de ver e fazer cinema e de encontrar nossos parceiros nessa aventu-ra compartilhada entre companheiros de brinquedo de nossos dias insanos e perver-sos onde percorremos tantas vezes trilhas abissais ao tentarmos fazer nossos fi lmes darem frutos muitas vezes amargos muitas vezes doces demais. E as vitrines dos festi-vais e das mostras e os quartos de hotéis e a falta de vida pessoal ao nos lançarmos em guerras cinematográfi cas por um fazer ci-nematográfi co que não tem pena de quem perde a vida e se lança das escarpas altas e perpendiculares só pela arte de se fazer enquanto faz aquilo que gosta, ou melhor, que ama com paixão absoluta e incontestá-vel. E vemos algumas estrelas do caminho se apagarem de vida intensa e nós também nos perdemos tantas vezes e tentamos chegar ao lugar nenhum, e nem sabemos se conseguimos fazer alguma diferença e desconstruir nada daquilo que tentamos, mas seguimos resistindo. E isso talvez seja o único que sabemos fazer, afi rmar alguma resistência em meio ao mundo globalizado que fecha os olhos às diferenças e diversi-dades e tentamos misturar o cinema com

por Sáskia Sá

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nossas vidas, com a educação com a paixão com a urgência de quem só tem hoje, pois o amanhã e o ontem são só uma idéia, uma construção, uma fi cção e ainda assim ten-tamos fazer documentários e achamos que estamos vivendo a vida real é onde e que eu estava mesmo?

Talvez viajando por alguma cidade ilusó-ria por onde já andei ou vou andar, pois, como já disse, o passado e o presente são blá blá blá... nos meus encontros cegos de luzes brilhantes das telas de cinema por aí, cegos da visão de infi ndáveis luzes ver-melhas na noite de todas as cidades pelas quais me movo e misturo nos inúmeros encontros e desencontros cinematográ-fi cos pelos quais já passei. Então, vejo e ouço através dos muitos olhos e ouvidos enquanto morro de cansaço no marasmo eterno pelas ruas do centro portuário da minha ilha. E escuto as vozes que me levam de volta para a sedutora cidade monstro com nome de santo: São Paulo e consigo me ver imersa no caos. E eu não sei se é o monóxido, ou o constante fl uxo de carros e gentes que entrou na minha visão como num travelling... interminável vício irrever-sível, poderoso ópio... Não sei se são os muitos olhos a me apresentarem essa São Paulo e outras tantas cidades como frag-mento de beleza e caos fascinante, onde tantos amigos e inimigos se misturam e então o mosaico se funde em tantas cores que não consigo mais enxergar... apenas o cinza sujo com o fl uxo de luzes brancas e vermelhas, vagas impressões pelo telefo-ne, msn, skype e telepatia. E vejo coisas de olhos arregalados com a delícia das cores brilhantes do mundo que só faz me cegar de prazer... E vejo muito mais com os olhos da memória de tantas cidades visitadas/bebidas/comidas/beijadas... E a esquina de São Paulo, que confundi com a outra, a es-quina de Belo Horizonte, onde comi sandu-

íche de rua, onde os crentes desaguaram como cardumes/rebanho de vacas indóceis do templo do dinheiro... E na Augusta eu fi z um tour pelo inferno, embriagada pela eu-foria e pela sensação de desolação gigante na madrugada no meio de tantos amigos e bares de streep tease e putas e travecas e você andando na frente e eu fi cando pra trás... A desilusão no rio de asfalto, onde bêbados navegam trôpegos suas solidões desritmadas... e dessa vez eu gostei de São Paulo, como tenho gostado de todas as cidades/esquinas/prédios/parques que nunca visito com leões de pedra e lagos e árvores velhas e banquinhos onde sentam os velhinhos, os namorados, as babás e os cachorrinhos... cachaça e cerveja e ressa-ca... café da manhã com hora pra acabar... E volto a São Paulo, cidade com caudalosas ruas repletas de fartos cardumes verme-lhos que não cessam de brilhar e fl uir e se-guir em noturno negror fantasmagórico. E descubro que é impossível passar incólume pela metrópole, onde se arrastam os vaga-bundos e os desesperados, onde esbarro na desesperança dos deserdados, miserá-veis ajoelhados à beira de suas avenidas a implorar, a buscar algo que ninguém sabe, para sempre perdido nos seus labirintos, emboscada para incautos como eu mesma que também busco sei lá o quê. E tal qual Narciso às avessas, sem conseguir ver meu refl exo no ventre negro dos rios turvos da cidade dos milhões de diabos velozes das noites alcoólicas de sábado.

Sinto saudades da minha fi lha, das pessoas e dos lugares queridos e conhecidos onde circulo, saudades de algo que sei, vai mu-dar para sempre, como sempre se muda algo quando se viaja e se muda a perspecti-va com o estranhamento da paisagem.

E na estrada em mais uma viagem em que levo histórias para ler e misturo com a pai-sagem de céu vasto e múltiplo de azuis,

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cinzas e brancos... e as pedras do Espírito Santo, as mangueiras, as bananeiras, os co-queiros pálidos e as casas de tijolo, de ma-deira e aquela laranja fluorescente contra o cinza tenebroso prenúncio de tempestade anunciada no caminho veloz e me lembro de novo de todos os poetas esquecidos ou não lidos. Quanto tempo tenho ainda para ler e criar e pintar e escrever e filmar e vi-ver uma nova vida uma nova cidade e uma nova eu? E então minha viagem até o por-to antigo, quero ver o por do sol no antigo Cricaré, rio de negros, praça de casarios e história. E o calor e o vestido preto, sandá-lia baixa de couro, cor de couro e a África e o norte e o rumo e a Grécia e os deuses de um lado e do outro do ancestral continente separado e novamente reunido e as incon-táveis diásporas ao redor do mundo e os novos muros e a sensação de tragédia imi-nente e o calor e a sensação de oráculo e premonição que me vem em ondas de ven-to quente como se infindáveis léguas esti-vessem a nos separar de todo o resto e eu, a portuguesa de preto no porto, estivesse a cantar um fado nostálgico das terras de além mar... E então eu vou pro Rio, termi-nar mais um filminho de merda que não muda nada nunca na paisagem do planeta, mas agora um Rio diferente, bem diferen-te do da minha infância, um Rio de ladeiras onde me equilibrei na ginga emprestada do carioca... só não vou puxar o “s” que acho feio demais, mas redescubro um Rio – embora um professor sempre me tenha dito que não se redescobre nada, pois cada redescoberta é apenas a descoberta atu-al de algo que estava coberto, portanto o movimento é sempre uma atualização da descoberta e não o de redescoberta – mas como o texto é meu, e quero dar a sensa-ção da memória sendo ativada, eu redes-cubro um Rio de infância nas ruas da Lapa, hoje diferente com seus botecos, chopes e espartanos, não os 300 como no filme, mas

os performáticos na noite zonza carioca. E ainda teve Paquetá e a barca, o neutrino e modelos que ora explicam e ora formatam e criam a realidade e nós mesmos. Teve ex-posição de fotografias e amigos capixabas no bar do Serafim em Laranjeiras. Bar com nome de outro amigo capixaba... E comi tanta porcaria que acho que engordei, mas as ladeiras salvaram minhas pernas. E teve também beatniks tropicais e Nietzsche an-ticristo chutando os padres pra fora e o Ga-briel Garcia pra filha e o livro de cinema pra mãe e os docinhos à tarde e o cineasta cha-to das antigas, ressentido como uma folha seca do passado... como é difícil estar vivo tanto tempo na Terra e o que será que o fu-turo, o devir e as minhas escolhas sobre o acaso me reservam? Eu mesma tanto tem-po viva sobre a terra. E eu quero agora ir pra casa. Depois que tive que sair, pois não agüentava mais essa casa que não é minha. E fui comer no bar do Gomes em Santa Te-resa. Comi um sanduíche de pernil em dois pedaços com três chopes e quatro cigar-ros e fiquei observando as pessoas do bar e não tive vontade de falar com ninguém que estava lá e nem de ligar pra ninguém. Achei que faltava a tal da virilidade e ri sozi-nha e paguei e voltei pro meu quarto-cela e agora estou louca pra ver televisão... E esta cidade prostituta entre a culpa e a reden-ção. Entre a entrega desmedida à vida que rasga suas veias, do mar até suas monta-nhas cegas aos seus conflitos, seus barra-cos de alvenaria pendurados como brincos de um cristo indiferente como indiferente aos seus apelos são os homens... Mas mes-mo assim, tu és tão bela, mesmo com tuas águas podres e a névoa seca que tinge o céu da tarde de cinza amarronzado e suja suas fachadas neo-clássicas, art nouveaux, belle époque, ou new-favela, tanto faz... Linda dama decadente que ainda tenta se equilibrar nos saltos de passista de escola de samba pelas suas avenidas bêbadas e

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ladeiras de Santa, onde os meninos e as meninas nada santos descem a rebolar e sacudir suas rasta-cabeleiras, na esperança vã de que o nome do cristo não seja só um nome e que um dia, corações iluminados, essa humanidade corroída, próxima ao fim, alcance, enfim, a redenção... Mas dessa vez eu não tive nenhum medo da cidade... e an-dei solta demais por suas ruas, pois já sou livre e não reclamo mais a redenção. Um brinde à incerteza então, com um chope gelado na Lapa! E ainda teve muito mais, teve Sergipe, Bahia, Recife, Salvador, Ati-baia, Caparaó e até Cachoeiro, Águia Bran-ca e barra de são francisco e ultimamente tem tido Brasília e os corredores do hotel nacional e os encontros de cinema con-tinuam a marcar presença na minha vida caótica que a cada dia está mais enredada por uma teia colhida por essa espiral onde rostos e corpos e mentes se misturam em caleidoscópio multicor, multisotaque, mul-ticromático e multisonoro. Aliás e afinal, é o audiovisual e se em Atibaia teve ata rotei-ro em finais de tarde na varanda do chalé e piscina e sinuca à noite onde me trans-formei em escritora boêmia do século xix, libertária e afogada em ópio e absinto na ficção onde brincamos eu e meus compa-nheiros de viajem e encontro cinematográ-fico. Personagens de uma ficção, uma saga sem começo e sem fim como a própria espiral... Já em Brasília a história foi docu-mentário com encontros de tantos e tão novos rostos que na sua fragmentação em

um mosaico que me suga pro vórtice insa-no do encontro onde já ainda parecemos e nos tornamos velhos conhecidos, nas mes-mas polêmicas, nos mesmos encontros nos mesmos halls dos mesmos hotéis e salas de reunião improvisadas onde mudamos a cena ou pensamos que mudamos ou ten-tamos mudar a cena do cinema do Brasil e, além disso, e principalmente também nos encontramos nos corredores, melhores lu-gares desde a época do balão mágico, mas esses são corredores acarpetados, paredes escuras forradas de madeira e quase vimos o fantasminha do menininho do iluminado de stanley kubrick e fizemos pose como personagens alcoólicos de um filme b da década de 70 onde rolava de quase tudo: cigarro, álcool e conversas nas madrugadas insones e danças sem coreografia ao som do Morphine, ou outro som qualquer que toque no laptop, tanto faz... e então inven-tar sonhos e novas modalidades esportivas como a dos corredores de corredor nas madrugadas barulhentas e denunciadas e sempre tem aquele que quer se dá bem e aquele que consegue se dar bem e o que quase consegue e tem brigas veladas e tem os que perdem o vôo e os que quase per-dem e ainda tem aqueles que aparecem do nada de pijama ou cueca de seda e depois são abduzidos por loiras com o estranho nome de Suellen Dandara que reviveu por instantes a saga do reverendo Moon... E vai saber por que alguém vai querer uma vida louca como essa...

Saskia SáPresidente da ABD&C/ES

Mestre em Educação e Realizadora Audio Visual

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Neste anexo o leitor encontra um levantamento sobre cursos livres ou su-periores, mecanismos de produção e espaços de exibição no Espírito Santo. Favor considerar este texto apenas um primeiro levantamento, que não se esgota nesta edição, tendo em vista o método utilizado: pesquisa em jornais, internet, instituições e conhecidos. Para se chegar a um resultado completo, seria preciso um projeto específico. O que fizemos aqui foi um esforço, no sentido de suprir um vazio para os pesquisadores. Principalmente as regiões fora da Grande Vitória precisam ser mais profundamente pesquisadas. Pedimos a todos aqueles que tenham informação de outras fontes, que en-trem em contato conosco, para que possamos aprimorar nosso trabalho.

Humildemente, os organizadores

AGRADECIMENTOS

As informações constantes deste panorama foram disponibilizadas pelas entidades, instituições e grupos aqui relacionados, aos quais

agradecemos pela atenção e presteza.

Agradecemos especialmente a Sandra Daniel (Instituto Marlin Azul), Marcelo Siqueira e Margarete Taqueti (Secult-ES), Hugo Reis

(Grupo Grav e Centro Vasco Coutinho) e Fabio Carvalho (Cecaes)

Coordenação: Ricardo Sá Organização: Ricardo Sá e Adolfo Oleari

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Panorama

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FORMAÇÃO Cursos superiores

Não há no Espírito Santo cursos superiores de cinema. No entanto, como a maior parcela dos realizadores locais da nova geração tem passado por graduações em comunicação social e ar-tes, que desenvolvem, em seus currículos, conteúdos teóricos e práticas ligadas ao audiovisual e à fotografia, listamos a seguir, a maioria dos cursos disponíveis nessas áreas no estado.

• UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPíRITO SANTO

Graduação em Comunicação Social Habilitações: Jornalismo, Publicidade e Propaganda Contatos: (27) 3335-2603 http://www.car.ufes.br/gradua-comunicacao.html

• UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPíRITO SANTO

Graduação em Artes plásticas Contatos: (27) 3335-2578 http://www.car.ufes.br/gradua-artesplasticas.html

• UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPíRITO SANTO

Graduação em Desenho Industrial Contatos: (27) 3335-2568 http://www.car.ufes.br/gradua-desenhoindustrial.html

• FAESA - Campus II - Faculdades Integradas São Pedro

Graduação em Comunicação Social Habilitações: Rádio e TV, Jornalismo, Publicidade e Propaganda Contatos: (27) 2122-4500 http://www.faesa.br/site/?target=graduacao&gid=29 (Rádio e TV) http://www.faesa.br/site/?target=graduacao&gid=14 (Jornalismo) http://www.faesa.br/site/?target=graduacao&gid=15 (Publicidade)

• FAESA - CAMPUS II (Faculdades Integradas São Pedro)

Graduação Tecnológica em Produção Multimídia Contatos: (27) 2122-4100 / 2122-4500 http://www.faesa.br/site/

• UVV - Centro Universitário Vila Velha

Graduação em Comunicação Social Habilitações: Jornalismo, Publicidade e Propaganda Contatos: (27) 3421-2076

Panorama do Audiovisual no Espírito Santo

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[email protected] http://www.uvv.br/cursos/info_curso.asp?id=22&tpcurso=1 http://www.uvv.br/cursos/info_curso.asp?id=21&tpcurso=1

• UNIVILA - Faculdade Metodista do Espírito Santo

Graduação em Comunicação Social Habilitação em Publicidade e Propaganda Contatos: (27) 3200-4358 http://www.univila.br/index.php?option=com_content&task=view&id=66&Itemid=68

• FACULDADE NOVO MILÊNIO

Graduação em Comunicação Social Habilitação em Publicidade e Propaganda Contatos: (27) 3399-5555 http://www.novomilenio.br/nm/graduacao/6/comunicacao_social_-%20_publicidade_e_propaganda

• FACULDADE ESTáCIO DE Sá

Graduação em Comunicação Social Habilitação em Publicidade e Propaganda Contatos: (27) 3395-1100 http://www.estacio.br/_cursos/graduacao/default.asp#

• CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO (Cachoeiro de Itapemirim)

Graduação em Comunicação Social Habilitações: Jornalismo, Publicidade e Propaganda Contatos: (28) 3526-5911 / (28) 3521-9975 / (27) 3345-7609 / 3315-2407 [email protected] http://www.saocamilo-es.br/graduacao/comunicacao_social/comunicacao_social.htm

• FACULDADE UNILINHARES (Linhares)

Graduação em Comunicação Social Habilitação em Jornalismo e em Publicidade e Propaganda Contatos: (27) 2103-7240 [email protected] http://www.unilinhares.net/Cursos/Graduacao_Presencial/CSJ/Principal.asp Curso de Pós-Graduação em Linguagens Audiovisuais e Multimídia

Tiveram início em 12 de maio de 2008 as aulas do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em “Lin-guagens Audiovisuais e Multimídia”, realizado pelo Departamento de Comunicação Social da UFES. O alunos são graduados nos cursos de Comunicação Social e Artes, além de profissionais da área audiovisual e visual (cinema, vídeo, televisão, multimídia e fotografia). Com duração de 20 meses, 50 vagas e carga horária de 396 horas, o curso se organiza, sobretu-do em três módulos teóricos, mas promove também atividades técnicas.MÓDULO I – EIXO COMUM: Cultura do audiovisual; Estética e audiovisual; Cibercultura e socia-bilidade contemporânea; Linguagem e produção de sentidos. MÓDULO II – NÚCLEO AUDIOVISUAL: Gêneros e estilos narrativos no cinema; Gêneros no vídeo independente; Gêneros e estilos narrativos na televisão; Roteiro para meios audiovisuais; Pro-dução para meios audiovisuais; Direção para meios audiovisuais; Criação musical para produ-ções audiovisuais; Dimensões da linguagem sonora e produção de áudio no audiovisual; Mon-

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tagem e edições de produções audiovisuais. MÓDULO III – CIBERCULTURA E LINGUAGUENS MULTIMÍDIA: Cultura das interfaces e lingua-gens multimídia; Comunidades Virtuais, Redes Sociais e Linguagem Multimídia; Artemídia; Poé-ticas do Audiovisual em Sistemas Digitais; A Estética da Fotografia em Sistemas Informáticos. DISCIPLINA OPTATIVA: Metodologia do Ensino Superior. ATIVIDADES COMPLEMENTARES - No decorrer do Curso cada aluno deverá cumprir, a sua es-colha, 12 horas de atividades complementares entre as seguintes: Visitas técnicas organizadas pela Coordenação – 4 horas; Participação em eventos na área de comunicação audiovisual e multimídia – 4 horas; Participação em palestras promovidas pelo Colegiado Acadêmico – 4 ho-ras; Participação em mini-cursos promovidos pelo Colegiado Acadêmico – até 8 horas; Partici-pação em produções audiovisuais e multimídia – até 10 horas; Participação em exibição de filme seguido de debate – 4 horas. CAPACITAÇÃO TÉCNICA - Cada aluno deverá participar de 1 mini-curso de capacitação técnica, com duração de 12 horas, promovido pelo Colegiado Acadêmico do Curso, entre os seguintes: Câmera de vídeo; Edição de vídeo; Fotografia digital para a Web; Produção de projeto multimí-dia; Design para a Web; Iluminação.Cabe lembrar que os cursos de lato sensu da UFES são todos episódicos. Contatos: 3335-7719 [email protected] poscomufes.blogspot.com

Curso técnico

• CENTRO ESTADUAL DE EDUCAçãO TÉCNICA VASCO COUTINHO

Técnico em Produção de Vídeo (Pós-médio) Contatos: (27) 3229-9309 / 3229-4655 / 3329-6923

Financiado pelo Governo do Estado, integralmente gratuito. Exclusivo para alunos que cursa-ram o ensino médio em escola pública. 25 vagas por semestre.A primeira turma do curso, formada em janeiro de 2008, produziu, como trabalho final, 6 víde-os: três ficções, um documentário, um piloto de programa de TV e um videoclipe. A turma da noite, que se forma em julho de 2008, realizará quatro produções. O currículo se organiza ao longo de três módulos: Do primeiro constam as seguintes disciplinas: Introdução ao audiovisual, Roteiro, Produção e Fotografia I. O módulo II é formado por: Foto-grafia II, Edição I, Direção I, Áudio.As disciplinas do módulo III são: Edição II, Direção II e Projeto experimental.

Cursos livres

• RTV ARAçá | Núcleo de Produção Audiovisual

Contatos: (27) 3763-5309 [email protected] www.rtvaraca.com.br [email protected] - Armando Mecenas) [email protected] - Júlio Vasconcelos

A RTV ARAÇÁ é um núcleo de criação e produção au-diovisual integrado ao Centro Cultural Araçá. Desen-

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volve atividades de formação e informação sobre Novas Tecnologias de Produção de Áudio e Vídeo para adolescentes e jovens em risco social na cidade de São Mateus, Conceição da Barra e Jaguaré, estado do Espírito Santo. A RTV ARAÇÁ produz vídeo-clips musicais, vídeos experi-mentais, vídeo-arte, documentários, reportagens comunitárias, gravações de eventos sociais e culturais na Região Norte Capixaba e outros estados do Brasil. Oficinas: Iniciação ao roteiro, Produção executiva, Direção, Operação de câmera, Edição não linear, Iluminação, Operação de som, Produção de áudio e trilhas sonoras, Fotografia e Anima-ção.Desde 2005, foram atendidos mais de 260 jovens e produzidos mais de 60 vídeos experimen-tais. Destaque para as produções: “Catreco - Vida de Papelão” (2005); “Raízes da Africanidade” (2006); “Colori & Colori & Natureza” (2007).

• PROJETO ANIMAçãO

Público anual: 150 alunos do ensino público fundamental de VitóriaQuantidade de alunos que já passaram pelas oficinas: 900Seleção dos participantes: Através de seleção realizada em escolas da rede pública munici-pal de VitóriaOficinas realizadas anualmente: 5 oficinas (ro-teiro e animação)Filmes realizados nas oficinas: 6 curtasQuem realiza o projeto: Instituto Marlin Azul e Fundação Vale Contatos: (27) 3327-2751 [email protected] http://www.institutomarlinazul.org/

O projeto existe desde 2002, e oferece oficinas de roteiro e de animação para alunos do ensi-no fundamental matriculados na rede pública de Vitória. As aulas são ministradas por nomes como os diretores Paulo Halm, Eduardo Valente e Luelane Corrêa; o escritor, diretor e roteirista José Roberto Torero; o diretor e roteirista Fernando Coster; e as animadoras Ana Rita Nemer e Rosaria. Anualmente, 150 alunos participam das oficinas, que resultam em filmes de animação em 35mm, todos com roteiro, desenhos, animação e direção dos estudantes. Os filmes são exi-bidos no Festivalzinho de Cinema, nas escolas, em mostras itinerantes nos bairros, na TV e em eventos e festivais de cinema do Brasil e do exterior. Seis curtas já foram realizados pelas ofici-nas do projeto: “Mangue e Tal” (2002), “Portinholas” (2003), “Zen ou Não Zen? Eis a Questão” (2004), “Vitória Pra Mim” (2005), “Albertinho” (2006), “Ele” (2007).

• NúCLEO ANIMAzUL

Público anual: 20 alunos do ensino fundamental e médio da rede pública de VitóriaQuantidade de alunos que já passaram pelas oficinas: 20Seleção dos participantes: Através de seleção realizada entre os alunos participantes das ofici-nas básicas do Projeto AnimaçãoOficinas (o programa completo de oficinas tem duração de dois anos): Roteiro, Storyboard, Construção de personagens e cenários, Direção de arte, História da arte, Planejamento de ce-nas (composição, enquadramento, movimentos de câmera, uso de registro), Trilha sonora e efeitos, Técnicas e Linguagem de Animação, Edição e FinalizaçãoVídeos realizados nas oficinas: 17Quem realiza o projeto: Instituto Marlin Azul (em parceria com a Fundação Vale e o Programa

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Cultura Viva, do Ministério da Cultura)O Núcleo Animazul foi criado em 2005 com a proposta de oferecer aos alunos do Projeto Ani-mação a possibilidade de continuar o aprendizado iniciado nas oficinas básicas realizadas nas escolas públicas. Aqueles que demonstram talento e interesse em continuar o aprendizado pas-saram a se reunir em torno do Núcleo, onde podem desenvolver suas habilidades. O ingresso no Núcleo Animazul é feito através de inscrição e seleção dos estudantes que participaram das oficinas do Projeto Animação. Anualmente, são oferecidas 20 vagas para o programa de ofici-nas, que tem duração de dois anos. O objetivo é formar animadores capazes de atuar em todas as etapas de uma obra de animação. Os alunos participam de oficinas de técnicas e linguagem audiovisuais, realizam animações para cinema, TV e instituições parceiras. A metodologia do Núcleo procura estimular a formação artística e humana, a iniciação profissional e a geração de renda para os jovens. Para participar, o jovem precisa estar matriculado em uma instituição pública de ensino fundamental ou médio.

• REVELANDO OS BRASIS*

Participantes: 40 a cada edição do projetoQuantidade de pessoas que já passaram pelas oficinas do projeto: 80 Seleção dos participantes: Através de Concurso Nacional de Histórias destinado a moradores de municípios brasileiros com até 20 mil habitantesOficinas: Roteiro, direção, produção, fotografia, som, edição, direção de arte, mobilização cul-tural e direitos autorais

Vídeos realizados a partir das oficinas: 80Quem realiza o projeto: Instituto Marlin Azul e Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultu-ra, com patrocínio da Petrobras* Projeto de abrangência nacional Contatos: (27) 3327-2751 [email protected] http://www.institutomarlinazul.org/

Revelando os Brasis tem como objetivo viabili-zar a produção de vídeos digitais nas pequenas cidades brasileiras, promovendo a inclusão e a formação audiovisuais em municípios com até

20 mil habitantes. De acordo com levantamento divulgado em 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 5.568 municípios; desses, 4.006 têm até 20 mil habitantes.O projeto seleciona os participantes a partir de um Concurso Nacional de Histórias. Os auto-res selecionados participam de oficinas preparatórias de roteiro, direção, produção, fotografia, som, edição, direção de arte, mobilização cultural e direitos autorais, no Rio de Janeiro, com todas as despesas pagas pelo projeto. Na etapa seguinte, eles contam com o apoio da estrutura de produção oferecida pelo Revelando os Brasis para realizar os vídeos. Depois de finalizados, os vídeos são apresentados em suas comunidades através do Circuito Nacional de Exibição, que leva uma tela de cinema para os municípios. As produções também são exibidas no Programa Revelando os Brasis, que vai ao ar pelo Canal Futura. A partir de 2008, os vídeos do projeto serão lançados em DVD com distribuição gratuita entre organizações sociais e culturais, biblio-tecas, universidades e cineclubes de todo o Brasil.

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• OFICINAS DO VITóRIA CINE VíDEO

Quem realiza: Instituto Marlin Azul e Galpão ProduçõesO Vitória Cine Vídeo promove, anualmente, oficinas audiovisuais nas mais diferentes áreas, e sempre com a presença de profissionais reconhecidos no mercado nacional. As inscrições são abertas nas semanas que antecedem o festival.

Oficinas realizadas nas últimas quatro edições do festival:Making Of 2004 – Professor: Luiz Carlos Lacerda; Making Of 2005 – Professor: Luiz Carlos La-cerda; Conceitos Básicos de Fotografia e Operação de Câmera de Vídeo – Professor: Rodrigo Menk; Roteiro 2004 – Professor: Paulo Halm; Roteiro 2005 – Professor: José Roberto Torero; Roteiro 2006 – Professor: Eduardo Valente; Roteiro 2007: Professora: Luelane Corrêa; Produ-ção para Cinema e TV – Professora: Ruth Albuquerque; Animação 2D 2004 – Professor: Otto Guerra; Animação 200D 2006 – Professora: Rosaria; Montagem – Professor: Júlio Souto; Som – Professor: Lula Queiroga; Realização Audiovisual – Professores: Ruy Guerra e Dib Lutfi (O curta-metragem “A Passageira”, vencedor do Concurso de Roteiro Capixaba em 2002, foi fil-mado na semana do 12º Vitória Cine Vídeo, de 28 de novembro a 3 de dezembro de 2006. As filmagens aconteceram durante a Oficina de Realização ministrada pelo câmera e diretor de fo-tografia Dib Lutfi e pelo diretor Ruy Guerra. A oficina, destinada a profissionais que já trabalham com audiovisual, é fechada para a equipe que participará da produção do filme, e faz parte da programação oficial do festival); Crítica Cinematográfica 2006 – Professor: Alexandre Curtiss; Crítica Cinematográfica 2007 – Professor: Alexandre Curtiss; Cinema é Documento - Professor: Joel Pizzini; Música para Cinema – Professor: André Abujamra; O Curta-Metragem Brasileiro: História e Crítica – Professor: Rodrigo Oliveira; Documentário: Pesquisa, Produção e Direção - Professora: Beth Formaggini; Reflexões Sobre a Montagem – Professora: Márcia Medeiros; O Ator no Cinema – Professor: Luiz Carlos Lacerda.

Vídeo nas Comunidades/Ima.docVídeos realizados nas oficinas: 5 documentáriosQuem realiza o projeto: Instituto Marlin AzulVídeo nas Comunidades é um projeto de formação audiovisual que possibilita a estudantes da rede pública e a moradores de bairros da periferia da Grande Vitória produzir um documentário em vídeo digital com até 15 minutos de duração a partir de um tema escolhido coletivamente, experimentando a produção cultural na comunidade através da linguagem audiovisual. O obje-tivo é dar início a um processo de alfabetização audiovisual através da vivência e experimenta-ção da linguagem e das técnicas audiovisuais. O processo permite aos estudantes participar de todas as etapas de produção de um vídeo digital: da pesquisa ao roteiro, passando pela capta-ção de imagens, operação de equipamentos de luz, captação de som e edição.

• OFICINAS DO NúCLEO DE MEMóRIA AUDIOVISUAL DO CECAES*

Projeto Manguerê O Projeto Manguerê busca aprofundar o tra-balho de sensibilização às artes e formação técnica voltada para jovens. As atividades acontecem em 03 (três) núcleos: Artes cêni-cas, música e memória audiovisual.Através de oficinas de produção de textos, fotografia e vídeo, o Núcleo tem como obje-tivo tematizar os conteúdos imateriais da cul-

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tura local, realizando um trabalho de levantamento e registro de fatos da vida da comunidade pelo ponto de vista da juventude e, simultaneamente, situá-los no debate cultural da sociedade como um todo. Já realizou os vídeos “Dona Maroca” que registra a história da mais antiga des-fiadeira de siri da região, e “Vento Sul”, focado nas impressões dos moradores locais sobre a desfiadura, fenômeno tão presente na vida do capixaba. Tendo já realizado o projeto ”Vídeo Minuto”, com os filmes “Calçada da Fama”, “O que você vai ser quando crescer?”, “Ilustração” e “Vida de cão”, o Núcleo efetiva, no momento, uma oficina que resultará na montagem do vídeo “Grito do Povo”, sobre a história da fundação do FLA (Es-cola Municipal Francisco Lacerda de Aguiar), que marcou época e, ainda hoje, completando 25 anos, influencia a população local. Participam da oficina 15 alunos da escola, com idade de 12 a 16 anos. O lançamento do vídeo será em julho com uma grande festa no Píer da Ilha das Caieiras. Esse projeto foi viabilizado graças à parceria do CECAES com a Prefeitura Municipal de Vitória e a Furnas Centrais Elétricas.* O Centro Cultural Caieiras (CECAES) é uma Organização da Sociedade Civil de Direito Privado e Interesse Público que tem como missão promover ações que melhorem a auto-estima e promovam a geração de renda para os jovens das comunidades da Ilha das Caieiras e Grande São Pedro. Contatos: 3235-7190 (Fábio Carvalho e Alcione Dias) [email protected] / [email protected]

• OFICINAS MOVA CAPARAó 2008

Desde 2005, quando foram iniciadas as Oficinas de Realização Audiovisual nos 11 municípios da região, já foram produzidos 32 filmes ambientais caparoenses, resultantes de 49 oficinas. Foram estes filmes e seus realizadores que motivaram a criação da Mostra Competitiva Capa-roense de Vídeos Ambientais, hoje em sua 3ª edição. Notamos, a partir da produção e exibição dos filmes caparoenses, que a participação do público presente nas exibições da Mostra au-mentou. As oficinas têm por finalidades ampliar a discussão ambiental, restaurar a auto-estima, o sentido de pertencimento e o fomento da produção e difusão audiovisual na região do Caparaó. São des-tinadas a estudantes de escola pública (do ensino fundamental e médio, na faixa de 14 a 24 anos) que aprendem noções básicas de roteiro, produção, gravação e edição de filmes digitais. As es-colas indicam os alunos que se destacam em atividades ligadas às áreas artísticas, 50% das vagas são destinadas a alunos que participaram das oficinas anteriores e 50% para novos alunos.Neste ano planejamos realizar 11 filmes digitais na região para compor a série “RETRATOS CA-PAROENSES”, documentando as pessoas que, por diversas razões, circunstâncias e habilidades, acumulam conhecimentos que pertencem às suas comunidades e que podemos entender como “patrimônio cultural imaterial”. A série será copiada, masterizada e distribuída gratuitamente em DVD, com uma tiragem de 500 unidades. Todos os filmes que comporão esta série serão exibidos durante o evento na 3ª Mostra Competitiva Caparoense. Haverá também uma oficina de animação, atendendo a 90 estudantes de 10 a 16 anos, com carga horária de 100 horas. A iniciativa vem incentivando a criação de cineclubes na região através de oficinas e palestras. Em 2007, o Cineclube Raízes, no município de Dores do Rio Preto, foi contemplado com equipa-mentos de projeção provenientes do Ministério da Cultura, através do “Projeto de Pontos de Difusão Digital”.

• OFICINAS DA PATULÉIA FILMES

Projeto Olhares do mundoEssa oficina prática de documentários leva os alunos a aprenderem técnicas da filmagem e da edição de imagens, em seus vários estágios, até produzirem pequenos vídeos e documentários sobre suas comunidades e temas que forem surgindo durante as aulas. Vídeos realizados: Dona Maroca (Cecaes), Entre pedras e pássaros (Pancas, ES).Contato: http://www.patuleia.com/

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• OFICINAS DO INSTITUTO GERAçãO

Objetivo das oficinas: em parceria com órgãos públicos, trabalhar a linguagem audiovisual e o processo de auto-conhecimento, por meio da construção de documentários, sempre relativos às influências locais e temas da identidade cultural das comunidades.Vídeos produzidos: “São Pedro” (Circuito Cultural – PMV), “Batei, lavadeiras” (Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim), “Cine Alba” (Prefeitura de Baixo Guandu) e “Valparaíso” (Prefeitura da Serra). Contato: [email protected]

• OFICINAS OLHO DA RUA

O Centro de Comunicação e Cultura Popular – Olho da Rua surgiu a partir do desenvolvimento do pro-jeto “Olho da Rua – Grupo Experimental de Comu-nicação”. O projeto Olho da Rua teve início em 2005 através de cursos de produção de revistas e programas de rádio oferecidos, pelo Núcleo de Práticas Comunitá-rias Casa da Mulher, para a comunidade, envolven-do sobretudo os bairros Primeiro de Maio e Santa Rita. Desde então o projeto vem formando jovens comunicadores na produção de mídias comunitárias. Nos três anos de projeto cerca de duzen-tos jovens passaram pelos cursos, que tiveram como resultado a produção de nove edições da Revista Olho da Rua, vinte edições dos programas de rádio, 13 edições do Boletim Eletrônico, 7 edições do Boletim impresso Primeirão, 8 vídeos curta metragem e diversas oficinas minis-tradas em escolas públicas, movimentos populares, organizações sociais, associações comuni-tárias etc.

Produções audiovisuaisSe correr o bicho pega, se ficar o bicho vendeCurta metragem de 4min, que faz uma crítica ao excesso de publicidade ao qual somos sub-metidos diariamente nas grandes cidadesA gente faz TV pensando POR vocêContra propaganda que sugere quem de fato tem o controle dos controles remotos! Auto documentário Vídeo documentário que faz questionamentos sobre vidas completamente diferentes de me-ninas que vivem dentro de uma periferia em Vila Velha. Produzido a partir do curso “Cinema do Real”, ministrado por Sáskia Sá em parceria com o Grupo Olho da RuaCadê a praça?Curta metragem que coloca em xeque, de forma engraçada, a falta de uma praça no bairro Primeiro de Maio. O verbo é... pocar!Vídeo inspirado no descontraído quadro da TV Comunitária de Curitiba chamado “A palavra é...” que discute os significados de várias palavras (des)conhecidas. O que é normal?Curta metragem, de 3 min, que questiona o que é considerado normal na nossa sociedade, levantando polêmicas como a homossexualidade, a busca pela imagem perfeita, o preconcei-to racial etcBem vindo a Patrimônio da PenhaVídeo que mostra como é grave o desperdício de água, apresentando as conseqüências da escassez no meio ambiente e o impacto para as comunidades. Curta, de 3 min.

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Documentário de RegistroVídeo que conta a história do bairro Primeiro de Maio e Santa Rita através de depoimentos dos moradores desta região. Contato: 3033-7247 [email protected] [email protected]

• OFICINAS DO CINE METRóPOLIS

Linguagem cinematográfica para professoresParcerias: Serviço Social do Comércio (SESC), CINEDUC, Secretaria Municipal de Educação de CariacicaPeríodo: 27 a 31 de agosto de 2007Carga horária: 20 horasNúmero de professores participantes : 40 Contatos: (27) 3335 2376

Produção de vídeos para jovensParcerias: Serviço Social do Comércio (SESC), CINEDUC, Secretaria de Educação de CariacicaPeríodo: 27 a 31 de agosto de 2007Carga horária: 20 horasNúmero de alunos participantes : 25Produto: filme em dvd, 5min Contatos: (27) 3335 2376

• OFICINAS DA SECRETARIA DE CULTURA DA UFES

Curso de interpretação para cinema, vídeo e teatroCom duração de um ano, o curso está sendo ministrado pela cineasta Luiza Lubiana.Carga horária: 2 h por semanaInscrições – R$20,00 Mensalidade – R$100,00 Inscrições na Secretaria de Cultura da Ufes Contato: (27) 3335-2370 • GRUPO DE ESTUDOS AUDIOVISUAIS – GRAV

GRUPO GRAV reúne em um mesmo projeto pensamento, produção e exibição Atividades: Cine e vídeo clubismo; estudo de teorias audiovisuais; produção audiovisual; produ-ção de crítica; realização de eventos audiovisuais e oficinas de cineclubismoProjeto de extensão da UFES, vinculado ao Departamento de Comunicação Social.Coordenação: Prof. Alexandre Curtiss Contato: (27) 3335-2603 http://grupograv.wordpress.com/

O GRAV pré-existe, em 3 anos, à sua organização como Projeto de Extensão, em 2006. A idéia do grupo é dar continuidade às atividades que vem desenvolvendo em seus três eixos básicos: a) Exibições e discussões dos filmes, como parte de processo formativo cineclubista, ao qual se soma, obrigatoriamente, o grupo de estudos das teorias audiovisuais. Neste sentido, se realiza como núcleo de produção de crítica e de ensaios, voltado, em parte, para alimentação da revista impressa, do site e do blog. Deve haver um aprofundamento bibliográfico, em decor-rência das necessidades e possibilidades dos membros ativos do GRAV. As práticas derivadas deste campo de atuação devem subsidiar a política de parcerias cineclubísticas com instituições e entidades afins.

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b) Mostras, cursos, palestras e seminários. São atividades de apresentação e divulgação cine-clubista, modo de incorporar espaços e processos da cidade numa atividade cultural específica – e vice-versa. É o campo onde se estabelecem concretamente as parcerias e os contatos com setores públicos e educacionais. Neste sentido, o GRAV deve se aproximar de instituições e en-tidades que já sinalizaram com interesse de trabalho em comum, como é o caso da Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Cariacica, o projeto CineKbeça, da Prefeitura Municipal de Vitória, o Ponto de Cultura Salvamar (Perocão), Cine Jece Valadão (Cachoeiro de Itapemirim) e diversos núcleos de estudos audiovisuais da UFES – como são o Núcleo de Antropologia Visual (NAV), o Núcleo de Estudos Indiciários (NEI), o Projeto de Extensão Conexões de Saberes etc. Curso de Crítica de Cinema – de 06 a 09 de novembro de 2006, como oficina do 13º Vitória Cine Vídeo. Local: Sala I do CEMUNI III – UFES. Público inscrito: 35 pessoas.Oficina de Crítica de Cinema – 15 e 16 de junho de 2007. Local: Burarama (ES). Público inscrito: 15 pessoas.Oficina de Roteiro – 15 e 16 de junho de 2007. Local: Burarama (ES). Público inscrito: 15 pesso-as.Oficina de Crítica Cinematográfica – “O curta-metragem brasileiro: história e crítica” – 06 a 16 de novembro de 2007, como oficina do 14º Vitória Cine Vídeo. Local: Sala 13 do CEMUNI I – UFES. Público inscrito: 15 pessoas.c) Produções, tanto na forma de produtos audiovisuais – ficções, documentários, reportagens, vinhetas etc – como na editorial – on-line e impressa. A idéia é firmar o GRAV como núcleo que realiza indissociavelmente, no seu todo, estudos, pesquisas e produtos.

Produções audiovisuais - Antes de se tornar um Projeto de Extensão, o GRAV realizou um vídeo-clipe de 7 minutos, sobre a Escalada em rochas no Espírito Santo. Projeto coletivo e espécie de “aprendizado em prática”, o videoclipe foi exibido publicamente no Parque da Pedra da Ce-bola, no evento que marcou a abertura da Temporada de Escaladas – 2005 – atividade anual, organizada pela Associação Capixaba de Escalada (ACE).Em 2007, membros do GRAV produziram o vídeo Cave Canem. Entre maio e novembro, o vídeo concorreu e foi selecionado para exibição no Festival de Três Minutos de Hamburgo (Alemanha), foi premiado na III Mostra de Produção Independente (da Associação Brasileira de Documentaris-tas/ES), foi premiado no III Festival Nacional de Vídeos Universitários REC (FAESA), foi seleciona-do para mostras no Japão e foi selecionado e exibido no 14º Vitória Cine Vídeo. Contato: (27) 3335-2603 http://grupograv.wordpress.com/

• FOLCLORE EM IMAGENS

Comissão espírito-santense de folclore produz série de documentários educativos sobre as tradições populares capixabas

A partir de um convênio com o Governo do Estado a Comissão de Folclore viabilizou a produção de 17 vídeos educativos sobre as tradições populares capixabas, destinados aos alunos de 1º e 2º graus da rede estadual de ensino.* Até o momento já foram produzidos 10 destes documentários. Outros 7 títulos estão em fase de pré-produção.Cada documentário tem duração média de 15 minutos, o que viabiliza o aproveitamento em sala de aula. O projeto dos vídeos e os cursos resgata um compromisso histórico com a uma geração de intelectuais que sempre defendeu o folclore na sala de aula: Guilherme Santos Neves, Her-mógenes Lima Fonseca e Renato Pacheco, entre outros.Os vídeos estão disponíveis para empréstimo na sede da comissão de folclore.São eles: : Bandas de Congo do ES, Panelas de Barro de Goiabeiras, Ticumbi: o baile de congos

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de São Benedito, Folias de Reis no ES, O Roubo da Bandeira, Festa da Penha e suas tradições, Artesanato de Conchas no ES, Moqueca e Torta Capixaba, Reis de Bois do ES, Mandioca: rainha do Brasil. O convênio com o Governo do Estado previu também a realização de 11 Cursos de Capacitação em Folclore, para professores, perfazendo 30 horas cada e contando com cerca de 500 participantes. Contato: 27.3222 2133 – [email protected] www.folclorecapixaba.org.br

• OFICINAS CIRCUITO CULTURAL DA PREFEITURA DE VITÓRIA

O circuito cultural é um projeto da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Vitória. Trimestralmen-te ele se instala numa região do município oferecendo diversas atividades culturais, principal-mente oficinas. Até o momento foram produzidos os vídeos: QUEM SABE e S.O.S MANGUEZAL – realizados na região Grande Maruípe, MEMÓRIAS DO MANGUEZAL e SÃO PEDRO: VIVÊNCIA DE UMA VIDA – realizados na região Grande São Pedro. Foram instrutores do projeto: Ricardo Sá, Flávio Sarlo, Orlando Bomfim Neto, William Sossai e Jefinho Pinheiro. A carga horária das ofi-cinas tem média de 80 horas e envolve conhecimentos técnicos e teóricos, objetivando sempre a produção de obras documentais. Contato: [email protected]

• OFICINAS DO PROJETO ANIMANIA (UVV)

O Animania se concentra em animação, alfabetização visual e ética. É realizado desde 2004, sob a coordenação do Professor Leandro Queiroz. No projeto, universitários dos cursos de Publi-cidade, Jornalismo, Desenho Industrial e Fotografia da UVV são preparados para estabelecer os procedimentos de produção de vídeos com 60 alunos da Escola Geraldo Costa Alves por ano. Para que tenham segurança no desempenho dessa tarefa, participam de uma oficina de capacitação, com os professores do Animania. A partir daí, passam a trabalhar com os alunos da Escola Geraldo Costa Alves, orientando-os na escolha dos temas a serem desenvolvidos, na escrita do roteiro, na confecção dos bonecos ou dos figurinos, na captura das imagens digitais e, finalmente, na edição dos vídeos, que são apresentados na Escola, na programação da Rede UVV e, ainda, participam de concursos de animação. Além das oficinas técnicas, consta da etapa de criação das animações a realização de debates sobre o exercício ético na vida prática, sobre produção de informação na televisão e sobre ética na comunicação social. Contatos: (27) 3421-2076 (UVV) / (27) 3339-3335 (Escola Estadual Geraldo Costa Alves) [email protected] e [email protected] http://www.uvv.br/cursos/info_curso.asp?id=22&tpcurso=1 http://www.uvv.br/cursos/info_curso.asp?id=21&tpcurso=1

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MECANISMOS DE PRODUÇÃO

Leis de Incentivo Fiscal no Espírito Santo

• LEI RUBEM BRAGA | Vitória

Criada em 1991, a Lei Rubem Braga concede incentivos fiscais a projetos culturais de artistas e entidades com residência ou sede no município de Vitória. Abre inscrições uma vez por ano. Em 2007 foram destinados R$2.800.000,00 para os projetos aprovados, sendo 559 mil para a área de cinema, fotografia e vídeo. Inscrições abertas até 04 de agosto de 2008. Contatos: 3132 2074 e 3132 5287 Secretaria-executiva da Lei Rubem Braga leirubembraga@ www.vitoria.es.gov.br.

• LEI CHICO PREGO | Serra

A Lei Chico Prego consiste na concessão de incentivo financeiro para realização de projetos culturais através de renúncia fiscal e participação financeira das pessoas jurídicas e físicas, con-tribuintes do município da Serra, abrangendo duas categorias: Projetos especiais de interesse direto do município e Projetos de incentivo às artes. Em 2008 , num total de R$571.410,15 apro-vados pela Lei, R$181.009,50 foram destinados a projetos audiovisuais. A lei é aberta a artistas e entidades de todo o estado. para projetos de incentivo às artes existe um limite de 8.000 UFIRs para cada projeto aprovado (R$13.990,00 em 2008). Para projetos de interesse do muni-cípio não há limite de apoio financeiro.INCRIÇÕES ABERTAS ATÉ O FINAL DE JULHO – A CONFIRMAR Contatos: (27) 3251-7004 / 3251-5873 (Departamento de Cultura) [email protected] http://www.serra.es.gov.br/?arq=chicoprego/index

• LEI JOÃO BANANEIRA | Cariacica

Através da Lei João Bananeira, o município de Cariacica destina parte da arrecadação, em for-ma de benefícios fiscais, a artistas e produtores culturais. De acordo com a legislação (Lei N° 4368/05), as empresas de qualquer segmento econômico, instaladas no município, poderão destinar até 20% do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) para apoiar ações culturais. Somente artistas e entidades com sede em Cariacica podem solicitar apoio a pro-jetos. Para 2008 foram destinados R$44.000,00 para projetos audiovisuais de um total de R$259.852,00.Previsão de abertura de inscrições no segundo semestre de 2008. Contatos: (27) 3346 6340 (Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer) [email protected] http://www.cariacica.es.gov.br

• LEI VILA VELHA CULTURA E ARTE | Vila Velha

A Lei Vila Velha de Cultura e Arte consiste na concessão de incentivo fiscal para a realização de projetos artísticos e culturais que contribuam com a afirmação do processo e das estruturas de criação, desenvolvimento e universalização das manifestações artísticas e culturais no municí-pio de Vila Velha. Os percentuais de isenção fiscal variam de 20% a 100%, dependendo do valor do imposto devido. Em 2008 foram destinados R$305.174,00 para a área audiovisual, de um total de R$1.199.994,07. Contatos: 3185-5784 / 3185-5786 http://www.vilavelha.es.gov.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=983&Itemid=140

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• LEI RUBEM BRAGA | Cachoeiro de Itapemirim

Contatos: (28) 35211687 (Secretaria Municipal de Arte e Cultura) [email protected]

• LEI LASTÊNIO CALMON | Linhares

Inscrições a partir de julho de 2008somente para pessoas residentes no município há 3 anos contatos: (27) 3264 3982 e 3373 6276 (Departamento de Cultura) http://www.linhares.es.gov.br/

• LEI FAUSTO TEXEIRA | COLATINA EM FASE DE ESTRUTURAÇÃO

Contato: 27. 3373 62 76 www.culturacolatina.com.br

Editais da Secretaria Estadual de Cultura - 2008

• EDITAL DE CONCURSO PúBLICO Nº 003/2008

Concurso para seleção e concessão de apoio financeiro à finalização da produção de obras ci-nematográficas de curta metragem com duração máxima de 20 minutos com cópia final em película de 35 mm, nos gêneros: ficção, documental e animação.

• EDITAL DE CONCURSO PúBLICO Nº 002/2008Concurso para seleção de projetos de Animações de curtas-metragens em vídeo digital, para fins de concessão de apoio financeiro sob a forma de prêmio estímulo para sua realização. Seleção de no máximo quatro projetos . Cada um recebe o prêmio de R$ 15.000 mil

• EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº 001/2008Concurso para seleção e concessão de prêmio estímulo à produção de documentários em vídeo realizados no estado do Espírito Santo - doc capixaba 2008, incentivando a criação de obras que proponham o fortalecimento da identidade capixaba, com cópia final em fita magnética BETACAM SP e DVD com a duração de 26 minutos. Seleção de cinco projetos. Cada um recebe o prêmio de R$ 60.000 mil, totalizando R$ 300.000 mil. Contatos: 3345-9206 [email protected] www.secult.es.gov.br/editais

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Concurso de Roteiro Capixaba

O Concurso de Roteiro Capixaba, promovido anualmente pelo Vitória Cine Vídeo, aceita roteiros inéditos para curtas com até 15 minutos de duração. Os roteiros devem ser escritos por autores capixabas residentes no Espírito Santo ou por autores que comprovem estar morando no Esta-do há cinco anos ou mais. A produção deverá ser realizada no Espírito Santo, envolvendo uma equipe prioritariamente local. O roteiro premiado receberá prêmios em materiais e serviços oferecidos pelas empresas e instituições do setor audiovisual que são parceiras do festival na promoção do concurso. A premiação é uma parceria entre as seguintes empresas e instituições do setor audiovisual: Quanta; Kodak; Centro Técnico Audiovisual (CTAv); Kinetoon; Link Digital; Dolby Digital; Instituto Marlin Azul e Galpão Produções.Quem realiza: Instituto Marlin Azul e Galpão ProduçõesData de inscrição: setembro Contatos: (27) 3327-2751 [email protected] http://www.institutomarlinazul.org/

Leis e editais nacionais de incentivo fiscal

• LEI ROUANET

É a lei que institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura – PRONAC, cuja finalidade é a capta-ção e canalização de recursos para os projetos culturais.O PRONAC funciona por meio dos seguintes mecanismos de apoio: Fundo Nacional de Cultura (FNC), Incentivos fiscais, Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart). A gestão dos mecanismos de Incentivos Fiscais e do FNC para a execução de propostas culturais atualmen-te está assim distribuída pelas secretarias do Ministério da Cultura: Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura (Sefic); Secretaria de Programas e Projetos Culturais (SPPC); Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID).

• LEI DO AUDIO VISUAL

Viabiliza projetos de longa-metragem através de isenção fiscal para empresas. Contato: www.cultura.gov.br

• DOCTV

Concurso Nacional de roteiros para documentários de criação – prêmios de R$110.000,00,sendo R$80.000,00 provenientes do Ministério da Cultura e R$30.000,00 de TVs Públicas esta-duais.Após finalizados, os documentários serão exibidos em cadeia nacional pelo canal 2.Inscrições até 11 de julho de 2008. Um projeto capixaba será escolhido para realizar o documen-tário. Contato: 27. 33813711 (Tinoco dos Anjos - TVE) 11.3874.3122 e 2182 3400 (Doc TV) http://www.cultura.gov.br/projetos_especiais/doctv/

Parcerias: Secretaria do Audiovisual, em parceria com a Fundação Padre Anchieta, a Associação Brasileira de TVs Públicas, Educativas e Culturais (Abepec) e a Associação Brasileira de Documentaristas (ABD).

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EXIBIÇÃO

Mostras e festivais locais

• MOSTRA PRODUçãO INDEPENDENTE

Realização: ABD CapixabaIV Mostra Produção Independente acontece todos os anos desde 2005, com mostra competiti-va estadual, mostra paralela, homenagens e lançamento de publicações e coletânea de DVDs. O cineclube Metrópolis- Ufes é o local onde acontecem as atividades. A cada ano a mostra as-sume um nome diferente: em 2006 chamou-se TRANSBORDA; em 2007 foi A VIDA É CURTA, em 2008 chama-se DESCONSTRUÇÃO. Contatos: (27) 3324-6663 [email protected] www.abdcapixaba.com.br

• VITóRIA CINE VíDEO

Edições realizadas: 14 (desde 1994)Quem realiza: Instituto Marlin Azul e Galpão ProduçõesLocal: Cine Teatro Glória, Cineclube Metrópolis, Curva da JuremaQuando: novembroO festival teve início em 1994, apresentando longas-metragens brasileiros e estrangeiros. Em 1997, o festival passou a ser organizado pela Galpão Produções Artísticas e Culturais; naquele mesmo ano, foi inaugurada a Mostra Competitiva Nacional destinada a vídeos e filmes brasilei-ros de curta e média-metragem. Em 1999, o Instituto Marlin Azul uniu-se à Galpão Produções na realização do evento. A programação inclui a Mostra Competitiva Nacional de vídeos e de filmes de curta e média-me-tragem em 16mm e 35mm, lançamentos de longas-metragens inéditos no Estado, lançamentos de livros e DVDs, Cinema na Praia, exibições em praças e ruas de bairros da capital, homenagem a um grande nome do cinema brasileiro, oficinas audiovisuais para formação e reciclagem, de-bates, palestras, encontros de realizadores, Concurso de Roteiro Capixaba, Concurso de Crítica Cinematográfica. O objetivo geral do Vitória Cine Vídeo – Mostra Competitiva Nacional é apresentar um pano-rama da recente produção de cinema e vídeo do Brasil, contribuir para o desenvolvimento da produção audiovisual por meio de ações educativas e atuar na formação de platéia para o cine-ma brasileiro. Números do Vitória Cine Vídeo*

Obras em competição – 100 títulos entre vídeos, curtas e médias-metragensObras fora de competição – 7 longas inéditos no Estado e 12 curtasProgramação pré e pós-festival – 2 mostras audiovisuais (curtas e médias) e lançamento de 4 longas inéditos no EstadoOficinas audiovisuais – 6 oficinasPúblico – 30 mil pessoas

Dados relativos a 2007Quem realiza: Instituto Marlin Azul e Galpão ProduçõesData de inscrição: setembro Contatos: (27) 3327-2751 [email protected] http://www.institutomarlinazul.org/

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• FESTIVALzINHO DE CINEMA DE VITóRIA

Público anual: 3.000 alunos do ensino público fundamental de VitóriaQuantidade de alunos que já passaram pelas sessões do Festivalzinho: 24 milSeleção dos alunos: Através de contato com as escolas públicas municipais de VitóriaQuem realiza o projeto: Instituto Marlin Azul e Fundação ValeO Festivalzinho de Cinema existe desde 2000, apresentando uma programação infanto-juvenil de filmes e vídeos brasileiros destinada a estudantes da rede pública municipal de Vitória. A mostra tem duração de uma semana, com sessões no Cine Metrópolis. O objetivo do Festivalzi-nho é sensibilizar crianças e adolescentes para as artes, promovendo, muitas vezes, o primeiro contato dos estudantes com a sala de cinema.

• FESTIVAL DE JOVENS REALIzADORES DE AUDOVISUAL DO MERCOSUL

Edições realizadas: 3 (desde 2004)Quem realiza: Instituto Marlin Azul e Aldeia – Agência Audiovisual (CE)Única mostra brasileira dedicada somente à apresentação de obras audiovisuais resultantes de projetos sociais e culturais destinados à juventude, o festival nasceu da necessidade de identifi-car e reunir projetos que unem o cinema à educação e à cidadania. O festival é realizado, alternadamente, em Vitória (ES) e Fortaleza (CE).

• MOVA CAPARAó

Quem promove: Secretaria de Estado da Cultura e Consórcio Intermunicipal do Caparaó Quando: julhoEdições realizadas: 4A Mostra surgiu da necessidade de ampliar as discussões ambientais na região capixaba do entorno do Parque Nacional do Caparaó e de promover as potencialidades eco-turístico da re-gião em todo o país. E tem por finalidade divulgar, exibir e premiar o audiovisual com temática ambiental realizado no país, e em especial, nos 11 municípios caparoenses: Alegre, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Guaçuí, Ibatiba, Ibitirama, Irupí, Iúna, Jerônimo Monteiro, Muniz Freire e São José do Calçado.Este ano acontecerá de 16 a 19 de julho de, na cidade de Muniz Freire (ES). A 5ª MoVA Caparaó é realizada pelo Governo do Estado do Espírito Santo, por intermédio da Secretaria de Estado da Cultura, em parceria com o Consórcio Intermunicipal do Caparaó e com a Prefeitura Municipal de Muniz Freire.Premiação: Troféu Pico da Bandeira – Melhor Vídeo Ambiental Nacional; Troféu Pico da Bandei-ra - Melhor Vídeo Ambiental Caparoense; Troféu Pico da Bandeira – Júri Popular.O conjunto de intervenções sociais para a realização do evento classificou a iniciativa no Prêmio Cultura Viva (realizado pelo Ministério da Cultura, com o Patrocínio da Petrobras), em 2° lugar, na categoria “Gestão Pública”, para a Secretaria de Estado da Cultura, em 2006. Contato: (27) 3345-9206 www.secult.es.gov.br [email protected] [email protected]

• PROGRAMAçãO DA 5ª MOVA CAPARAó

O projeto de realização da 5ª Mostra de Vídeo Ambiental do Caparaó – 5ª MoVA Caparaó com-preende as seguintes ações: Exibições: Mostra Competitiva Caparoense – Resultado das Oficinas de Iniciação Audiovisual (Pro-jeto MoVA Itinerante) realizadas na região do entorno capixaba do Caparaó, com estudantes de 12 a 20 anos; Mostra Competitiva Nacional; Mostra de Filmes de Animação; Mostras Especiais. Oficinas: 11 oficinas de realização de filmes ambientais digitais (roteiro, gravação e edição); uma

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oficina de filme ambiental digital de animação (roteiro, gravação e edição).Palestras e debates: “Cineclubes” – com um representante da Federação Nacional de Cineclubes.Palestra com Nina Rosa (Instituto Nina Rosa); dois debates com realizadores de filmes.Apresentações culturais: Cia Circo Teatro Capixaba; Fábio Carvalho; Farinhada; Mirano Schuller.Manifestações populares: Bois-pintadinhos; Folias de Reis, Bate-flechas e Caxambu; Grupo de dança italiana; Cantatas italianas.Outros: Homenagens a personalidades locais indicadas pela comunidade; Premiação das Mos-tras Competitivas de filmes; Festa de Encerramento.

• IV FESTIVAL NACIONAL DE VíDEOS UNIVERSITáRIOS – REC

O Rec é uma realização do Curso de Comunicação Social da FAESA. As inscrições estarão aber-tas até 11 de julho de 2008. Maiores informações: www.festivalrec.com.br (ficha de inscrição online) e www.faesa.br. As seguintes categorias serão premiadas com o Troféu REC: Melhor vídeo; Melhor vídeo ficção; Melhor vídeo documentário; Melhor vídeo de animação; Melhor vídeo clipe; Melhor vídeo arte; Melhor vídeo publicitário; Melhor vídeo do júri popular. Contatos: (27) 2122 – 4532 [email protected] [email protected] www.festivalrec.com.br www.faesa.br

• SINERGIA – Mostra de vídeos universitários e independentes

Realizada pela UVV em 2006 (parceria com a UFES) e 2007, a Mostra Sinergia tem o objetivo de propiciar um intercâmbio entre os alunos das Instituições de Ensino Superior (IES) e os produ-tores de filmes independentes. Para isso, prevê, além da exposição dos produtos audiovisuais, a realização de palestras sobre roteiro, direção, produção e animação, com profissionais dos cenários nacional e internacional. O projeto se associa ao resgate do movimento cineclubista e do boom dos documentários. Contatos: (27) 3421-2076 [email protected] http://www.uvv.br/sinergia/projeto.asp

• CINE BR EM MOVIMENTO

O Cinema BR em Movimento já começou os preparativos para a sua 9ª edição, prevista para ocorrer de junho a dezembro de 2008. A produtora MPC & Associados e o Instituto Cultura em Movimento, realizadores do projeto, estão afinando os últimos detalhes com a patrocinadora BR Petrobras Distribuidora para retomar as atividades do maior circuito não formal de exibição da América Latina. Este ano o projeto ficará restrito ao Circuito Comunitário, que terá como foco as escolas da rede pública de ensino, visando dar continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido com a utilização de filmes brasileiros como ferramenta para educação. Nas sessões em escolas, os estudantes aprendem, a partir dos temas abordados nos filmes exibidos, que na última edição levantaram assuntos como preservação do meio-ambiente e gravidez na adolescência, gerando conteúdo em sala de aula. Em 2008 serão realizadas mais de 40 sessões no Espírito Santo, com foco nas escolas de ensino fundamental e médio. Os municípios contemplados são Linhares (3 sessões); Anchieta (6 ses-sões); Aracruz (5 sessões); São Mateus (2 sessões); Itapemirim (3 sessões); Jaguaré (3 sessões); Presidente Kennedy (3 sessões) e a Grande Vitória (12 sessões). Até o fechamento da revista, a programação não havia sido divulgada. Contatos: Claudia Rangel (8831-4494) [email protected] http://www.cinemabremmovimento.com.br/

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• AÇÃO AUDIOVISUAL

Em sua terceira edição (o nome oficial fixou-se na segunda), a Mostra Ação Audiovisual tem por objetivo criar um espaço de difusão, fomento e discussão de filmes e vídeos que tematizam questões sociais, minorias e direitos humanos. Trata-se de um projeto de extensão da Univer-sidade Federal do Espírito Santo, realizado no Cine Metrópolis, com duração de um dia, aberto a estudantes universitários e secundaristas e a produtores de vídeo que, de alguma forma, to-quem nesses temas e apontem possíveis discussões para a construção de soluções ou novas realidades.Previsão para realização do festival: início de novembroPrevisão para abertura das inscrições: final de julho de 2008. Contatos: 8831-4494 (Claudia Rangel) / (27) 4009-2778 (Pró-Reitoria de Extensão da UFES) [email protected] http://www.acaoaudiovisual.blogspot.com/

• MOSTRAS DO GRUPO DE ESTUDOS AUDIOVISUAIS (GRAV)

Mostras – Em 2006 e 2007 o GRUPO DE ESTUDOS AUDIOVISUAIS (GRAV), projeto de extensão da UFES vinculado ao Departamento de Comunicação Social, realizou as seguintes mostras:Mostra de Cinema Latino Americano (8 obras) – 23 a 27 de outubro de 2006, no Cine Metrópolis/ auditório do IC IV. 1ª Mostra CurtaGRAV – Curtas Nacionais e Retrospectiva Erly Vieira Jr (11 curtas) – 20 e 21 de Março de 2007, no pátio do CEMUNI V. Mostra Itinerante CurtaGRAV – Cachoeiro do Itapemirim. Curtas nacionais (9 curtas) – 05 de maio de 2007, no Cine Shopping Cachoeiro (em parceria com o Cine Jece Valadão).Mostra “Andrei Tarkovski” – inscrita no SIEX, nº 34176 – (8 obras) – 09 a 13 de abril e de 16 a 20 de abril, no Cine Metrópolis e Auditório do IC II.2ª Mostra CurtaGRAV – Curtas Nacionais e Retrospectiva Gustavo Acioli (8 curtas) – 23 e de 25 a 31 de maio de 2007, na Estação Porto (Vitória) e no Cineclube Metrópolis.Cine na Lousa - FaesaOs alunos de Comunicação Social da Faesa levam, todo sábado, cinema para estudantes da 7ª e 8ª séries na escola Francisco Lacerda de Aguiar, localizada no bairro São Pedro. O projeto “Cine na Lousa” insere os adolescentes na cultura audiovisual, por meio de curtas-metragens (ficção, documentário, animação). Após assistirem os vídeos, eles debatem e apresentam suas idéias e interpretação sobre os curtas. Contato: (27) 3335-2603 http://grupograv.wordpress.com/

• MOSTRAS E FESTIVAIS NACIONAIS

Para a obtenção de informações acerca de eventos em todo o Brasil, consultar o site www.kinoforum.org

• CINECLUBES

Consultar associação de cineclubes do ES [email protected] 32992612 e 9954 3730

Cine Metrópolis – lançamentos de obras locais e nacionaisO cine metrópolis tem se constituído como o principal espaço de lançamento de obras locais, sempre às sextas-feiras, às 21 horas, com entrada franca. E abre suas portas também para outros projetos sociais, como demonstra o gráfico abaixo.

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Atividades do Cine Metrópolis em 2007Público AtendidoExibição de filmes no Projeto Cine Escola 13.442Debate “O aquecimento global” 85Cine Educador 912Oficina para professores 40Oficina para alunos 25Mostra Direitos Humanos em foco 2.325Projeto Na tela com Jean Robert 442Semana Nacional Ciência e Tecnologia 415(*)Lançamento de “Tucum: de um extremo ao outro” 84Total 17.770

• PROJETO CINE ESCOLA METRóPOLIS

O projeto funciona da seguinte maneira: os educadores interessados em levar seus alunos ao Cine Metrópolis solicitam o agendamento através de telefone. Os filmes são exibidos em sessões especiais para alunos somente nos horários de 9h e 14 h, com ingressos a R$2,00. Educadores e pedagogos não pagam. O objetivo do projeto é disponibilizar para estudantes, a um preço abaixo do mercado, filmes que possam ampliar ou potencializar o trabalho dos educadores em sala de aula.Em 2007 foi atendido no Projeto Cine Escola Metrópolis um público de 13.442 participantes, da educação infantil ao ensino superior, originários principalmente dos municípios de Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória. Contatos: (27) 3335 2376- para agendamento de escolas Local: Cine Metrópolis – Ufes

• CINE FALCATRUA

O Cine Falcatrua é um grupo que faz cinema sem fazer filmes, buscando os limites da criação possível dentro de estruturas aparentemente triviais da instituição cinematográfica.Tudo começou com um cineclube desautorizado, que exibia por aí filmes baixados da internet. Essa prática levou à realização de mostras e oficinas pouco convencionais, que fazem o cine-ma dialogar com outros campos de conhecimento e ação.Talvez ele seja mais conhecido pelas suas Mostras de Conteúdos Livres, que reúnem obras copyleft – ou seja, liberadas para exibição sem fins lucrativos. O Falcatrua já apresentou esse tipo de programação em duas edições do Fórum Internacional de Software Livre e em vários outros tipos de evento – e até no Piksel, um dos maiores festivais de arte opensource do mun-do. Além disso, o Falcatrua também já fez programações exclusivas com vídeos de Internet (como o pioneiro Festival de Baixa Resolução, em 2005); festivais de remix cinematográfico (o CortaCurtas, de 2006, realizado em parceria com o Itaú Cultural); campeonatos de video-games no telão (Kinoarcade, SESC-SP, 2006-2007) e até uma mostra de vídeos espacializada, num espaço de galeria de arte (Festival-Dispositivo, Paço das Artes, 2007).A atuação do Falcatrua é pioneira em todo mundo. O grupo já realizou ações na Alemanha, Argentina, Reino Unido e Noruega. Também foi selecionado pelo programa Rumos Artes Vi-suais 2005-2006, do Instituto Itaú Cultural, e recebeu uma Menção Honrosa no último Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia.Tendo acabado de participar de uma exposição no Centro Cultural Mariantônia (USP), onde organizou um laboratório de roteiro pornô, o grupo deve integrar uma coletiva do Museu Ferroviário - e, proximamente, organizar uma nova edição do Festival CortaCurtas. Contato: [email protected]

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• CINE RITz JARDINS E CINE NORTE SUL

Estes cinemas comerciais, de uns tempos pra cá abriram suas portas para lançamentos de curtas metragens capixabas, além de outros lançamentos de longas metragens nacionais. Contatos: Cine Ritz Norte Sul Norte Sul Shopping, Av. José Maria Vivacqua Santos, 400, Jardim Camburi Cine Ritz Jardins Rua Carlos Eduardo Monteiro de Lemos, 262, Jardim da Penha

• PORTO DA IMAGEM

Projeto de exibição cinematográfica na Estação Porto, espaço cultural da Prefeitura de Vitória. O início das atividades está previsto para este segundo semestre de 2008. Contato: [email protected]

Programas de TV

• ET - CANAL 13 - Diariamente das 9h às 14h e das 19h30 às 0h30

http://www.cnuvitoria.com.br/index.html

O Canal Universitário de Vitória é uma emissora de televisão, constituída atualmente por três entidades superiores de ensino: Ufes, Faesa e UVV.Em fevereiro de 2001, o Canal iniciou sua transmissão pelo sistema a cabo através da operadora NET, no Canal 13, com abrangência nos municípios de Vitória e Vila Velha. Com uma programação diversificada e baseada em entrevistas, debates, reportagens, docu-mentários, experimentos jornalísticas e publicitários, o Canal tem por base difundir a educa-ção, a cultura, a informação e a cidadania, buscando sempre estreitar o relacionamento entre o ambiente acadêmico e a comunidade em geral.

• BITOLA | TV Faesa

Programa quinzenal sobre o cinema capixaba, nacional e mundial. O programa trabalha a his-tória de vida e profissional dos principais diretores e atores do cinema contemporâneo. Com uma apresentação ágil, e muita informação, o programa leva a telinha trechos e curiosidades das principais obras de grandes cineastas e atores. NET - CANAL 13

• VIDEOMAKER | TV Faesa

Programa quinzenal sobre os produtores de vídeo capixabas. O programa também dá vazão ao que é produzido dentro de sala de aula e nos trabalhos de conclusão de curso. É o espaço que produtores, iniciantes, ou não, encontram. NET - CANAL 13A TV FAESA foi a primeira TV Universitária a ir ao ar no Espírito Santo. Por quase um ano, operou sozinha no Canal 5 da NET. Hoje, sua programação é exibida no Canal Universitário de Vitória. A produção de seus seis programas é realizada por cerca de trinta alunos orientados por quatro professores do Curso de Comunicação Social. Ao todo são doze horas semanais de programa-ção que atinge um público em potencial de 120 mil espectadores em Vitória e Vila Velha das classes A e B.

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• OLHARES | TV Ufes

O programa é uma coletânea de vídeos de diversas categorias produzidos por professores, alu-nos e funcionários da Universidade, com a duração de 30 minutos. Originou-se como parte das comemorações dos 50 anos da Ufes em maio de 2004, visando divulgar a produção audiovisual da comunidade universitária. Apresentação da aluna Melina Mantovani. NET - CANAL 13A TV UFES nasceu junto com o Canal Universitário de Vitória em 2001. Ela representa a iniciativa da Universidade Federal do Espírito Santo em ampliar o diálogo com a sociedade e dar mais visibilidade às produções culturais e científicas. Com a participação de alunos, técnicos e profes-sores, a TV UFES atualmente produz quatro programas com conteúdos diferenciados como a informação, entretenimento, meio acadêmico, etc. É também um espaço para o conhecimento e a aplicação de novas linguagens em televisão.

• CURTA VíDEO | TV Educativa, canal 2

Sextas-feiras, 22h30; domingos, 19 horas - na TV aberta (canal 2) e em dois canais de TV a Cabo (5 da RCA e 15 da Net),

•PRODUçãO INDEPENDENTE | TV Assembléia – domingo 20 horas

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PRESERVAÇÃO

• ARQUIVO PúBLICO DO ESTADO DO ESPíRITO SANTO

O Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), autarquia vinculada à Secretaria Estadual de Cultura, é responsável por recolher, preservar e dar acesso à documentação produzida e acumulada pelo Executivo Estadual. O ór-gão foi criado em 18 de julho de 1908 pelo decreto nº 135 do então presidente do Estado, Dr. Jerônimo de Souza Monteiro.O APEES comporta em seu acervo fundos documentais originários do Poder Executivo ou de instituições a ele vinculadas, como Agricultura, Educação, Fa-zenda, Governadoria, Polícia e Tribunal Regional Eleitoral.

• CENTRO DE REFERÊNCIA DO AUDIOVISUAL DO ES

400 títulos de cine e vídeo à disposição do público.Em 2008 o Arquivo Público completa 100 anos. As comemorações incluem a expectativa de mudança para nova sede, na qual será criado o Centro de Re-ferência do Audiovisual do ES – CRAvES. A Secult incluiu no Plano Plurianual 2007/2011 a elaboração de projeto e captação de recursos para prospecção, diagnóstico, digitalização, catalogação, conservação, restauração e difusão do acervo audiovisual sob a guarda do Arquivo Público, o que deverá ser feito em parceria com a sociedade civil organizada.A partir de 2008, os mais de 400 títulos do acervo de cinema e vídeo sob a guarda do Arquivo Público Estadual serão preservados em ambiente com ar refrigerado central e controle de umidade relativa do ar, de acordo com as normas do Conselho Internacional de Arquivo. O acervo do Arquivo Público foi constituído a partir de material recolhido nas Secretarias de Governo. São filmes em 16 mm, datados de 1969 a 1978, da pro-dutora Espírito Santo Filmes, de Júlio Cezar Monjardim. O recolhimento de fil-mes e vídeos que pertenciam à Divisão de Memória do extinto Departamento Estadual de Cultura ampliou o acervo do Arquivo, que também recebeu, em 1998, da TV Gazeta, 338 filmes do arquivo de imagens, produzidos entre 1977 e 1980. Entre as produções mais antigas está o filme “Nativa solitária”, dirigido por Almeida Fleming, de 1953, hoje restaurado. Contato: (27) 3223-2952 / (27) 32237524 [email protected]/[email protected] [email protected] http://www.ape.es.gov.br

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