Revista ocds set out
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Provncia So Jos
MONTE CARMELOMONTE CARMELO
Revista da OCDS Jul/Ago de 2015 - N 141Set/Out de 2015 - N 142Revista da OCDS
R U MF
5 0 JTS0SANTO DO MS
Canonizao dos Pais
de Santa Teresinha
Pag. 10
MS DA BBLIA
Santa Teresa de Jesus e
as Sagradas Escrituras
Pag. 04
MS DAS TERESAS
As Duas Teresas:
Me e Filha
Pag. 07
Pag.
20
Pag.
20
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MONTE CARMELO
SUMRIO
EXPEDIENTE
Revista Virtual Monte Carmelo, n 142
(Setembro/Outubro de 2015)
Edio: Comisso de Comunicao da OCDS
Provncia So Jos
COORDENADOR:
Francisco Sena
EQUIPE DE REDAO:
Danielle Meirelles
Francisco Renaldo Costa
Giovani Carvalho Mendes
Ronaldo Ferracini
Sidney Paiva
Wilderlnia Lima do Vale
COLABORADORES:
Luciano Ddimo C. Vieira
Rosemeire Lemos Pioo
REVISO EDITORIAL:
Natassha Cos
ARTE E DIAGRAMAO:
Wilderlnia Lima do Vale
ASSOCIAO DAS COMUNIDADES DA
ORDEM DOS CARMELITAS DESCALOS
SECULARES NO BRASIL DA PROVNCIA
SO JOS
CNPJ: 08.242.445/0001-90
Colabore com a edio da nossa
Revista enviando suas sugestes,
reclamaes, nocias, testemunhos,
argos e poesias para:
03 EditorialPALAVRAS DO COORDENADOR
31 NotciasCOMUNIDADES OCDS BRASIL
10 Santo(a) do MsOS PAIS DE SANTA TERESINHA
EventosCALENDRIO 201635
30 Caderno JovemMODELO JOVEM DE FORA CRIATIVA
07 Ms das TeresasAS DUAS TERESAS: ME E FILHA
18 EspiritualidadeTERESA: CANTADORA DA MISERICRDIA
04 Ms da BbliaSTA TERESA DE JESUS E A BBLIA
16 Formao HumanaTERESINHA E AS CORDAS DO CORAO
20 Frum 500 STJV CENTENRIO DE STA TERESA DE JESUS
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Editorial
MONTE CARMELO 03
Obrigado a todos e boa leitura!!!
Francisco Sena, OCDS
Coordenador da Comisso de Comunicao OCDS
Meus irmos e minhas irms, nesta edio estamos repletos de comemoraes: Frum STJ500
no ms de setembro, o ms da bblia e a canonizao dos pais de Santa Teresinha.
Se quiserem mais informao podem escrever para o e-mail:
que teremos o maior prazer em passar todas as informaes
Para nalizar peo que aguardem em breve nocias sobre os DVDs e sobre o livro do Frum, sei
que muitos esto ansiosos para poder relembrar ou ento ver pela primeira vez o que foi este
frum maravilhoso em Aparecida.
No caderno formao humana, Padre Franois-Marie Lethel ocd, fala sobre Santa Teresinha e
as cordas do corao. Ele nos diz como Teresinha usa um instrumento musical, no caso a Lira para
falar do corao em relao ao seu amor a Deus.
O presente que ns vemos este ano no parou com o V centenrio de Teresa, a famlia no foi
esquecida, devemos muito valorizar a famlia, vejam que coisa mais linda, a canonizao dos pais de
Teresinha, e nossa revista traz uma matria especial com a carta escrita pelo Provincial Geral,
Padre Savrio Canistr. Vale a pena ler.
O que acham de ter em apenas um texto a comparao de nossas duas Teresas? A nossa Ordem
assim, se para termos fartura vamos ento conhecer nossas duas Teresas em um texto tambm
de Toms Alvares, ocd.
O ms da Bblia que comemorado no ms de setembro, a nossa revista traz um texto de Toms
Alvares - ocd, onde fazemos esta ligao de Teresa com a Bblia baseado em uma citao de Teresa:
Sabia que, em matria de f, eu antes morreria mil vezes do que me oporia a qualquer coisa da
Igreja ou qualquer verdade da Sagrada Escritura.
Nosso Frum foi um sucesso com uma presena excelente, e nossa equipe de comunicao est
trabalhando para disponibilizarmos um livro com todas as palestras e tambm para um conjunto de
DVDs com as homilias das missas, palestras e os shows. No poderamos deixar passar este evento
que foi de suma importncia para a nossa Ordem.
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Referindo-nos ao amor e ao estudo que os
c r i s t o s z e r a m d a B b l i a , d i c i l m e n t e
encontraramos um testemunho to vivo e
apaixonado como este que citamos de Teresa. E
nenhuma apresentao melhor poderamos fazer do
tema j que sua prpria palavra nos poupa de golpe
todo o esforo por ponderar a importncia que a
Bblia teve em sua vida, e vai ter em suas atudes e
em seu pensamento.
Sabia que, em matria de f, eu antes morreria mil vezes do que me oporia a
qualquer coisa da Igreja ou qualquer verdade da Sagrada Escritura (V 33,5).
SANTA MADRE TERESA DE JESUS E AS SAGRADAS ESCRITURAS
Se para estudar a um autor temos que situar seu
tempo e seu contexto, isto se faz necessrio ao nos
referirmos ao tema da Bblia na espiritualidade
teresiana. S assim pode se entender uma
necessria armao que hoje poderia resultar
estranha: Teresa no teve sequer uma Bblia. Se,
Teresa, leitora precoce, a exemplo e induo de seu
pai, que nha bons livros para que lessem seus
lhos (V 1,1) e to amiga ela mesma dos livros
desde a infncia, at o ponto de no car contente
se no vesse um livro novo cada dia, no teve, nem
pode ler a Bblia, como livro completo. Nem sequer
na casa de seu o D. Pedro, pode faz-lo naquele
tempo to singular de reexo (V 3,5).
A Bblia, um livro escasso e dicil...
Mas o fato de que Teresa no pode manejar a
Bblia por completo, nem t-la a seu servio, no
quer dizer que ela no a conheceu e venerou. As
mais de 600 citaes que existem em suas obras
demonstram que apesar da Bblia no ser um livro a
seu a lcance, e la o chega a conhecer em
profundidade, atravs de outros livros, ou de leituras
fragmentrias da mesma que por esforo fez.
Ela mesma nos conta, referindo-se aos tempos em
que esteve com as Agosnianas da Graa, quando
nha apenas 16 anos, que se alegrava por falar com
D Maria de Briceo, pelo talento que falava de
Deus (V 3,1) e como esta se senu chamada por s
ler na Escritura, que o Senhor disse que muitos so
os chamados e pouco os escolhidos.
Pelo teor do que Teresa nos conta parece evidente
que ao menos o Evangelho o conhece em
profundidade antes de entrar na vida religiosa, pois
medita todas as noites antes de dormir a orao do
Horto (V 9,4), l a Paixo (V 3,1), e se serve do
mesmo para suas resolues de vencer os temores e
dvidas vocacionais prvias ao ingresso (V 4,3).
Logo seguir aumentando seu conhecimento da
Escritura antes da entrada na vida religiosa, em
plena juventude. Basta recordar suas leituras
obrigatrias do Brevirio ou da reza da Liturgia das
Horas. Ela mesma recorda a este respeito a suas
lhas referindo-se ao Cnco dos Cncos: Podeis
ver no ocio que rezamos de Nossa Senhora, cada
semana, o muito que est escrito disso em anfonas
e lies (Conc 6,8). E o mesmo se pode dizer da
Missa de cada dia, como fonte de seu conhecimento
da Escritura.
A Regra do Carmelo, que est repleta
de citaes Bblicas, tambm serve de
enriquecimento para seu progressivo
conhecimento da mesma.
por TOMS ALVAREZ, ocd
De fato, se aproximou da Escritura com este
nimo, que bem pode dizer que Teresa teve dela
uma experincia msca. Falando-nos da orao de
quietude, ela mesma nos recorda, que tem me
acontecido que, embora eu no entenda quase nada
do que rezo em lam, do Saltrio em especial, por
vezes, estando nessa quietude, compreendo os
versos como se esvessem em romance (V 15,8).
Conta mais adiante, no Livro da Vida, um caso bem
concreto do salmo 41: Onde ests oh Deus? de
Palavra de Deus experimentada
Ms da Bblia
MONTE CARMELO04
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Dando por suciente o que foi dito para apontar a
importncia da Bblia em seu inerrio espiritual,
grandes projetos doutrinais de Teresa partem da
Escritura que se converte assim no ncleo da
espiritualidade teresiana. Comeando pelo livro de
sua autobiograa recordou o salmo 88, o livro das
Misericrdias do Senhor. E com quanta razo as
posso cantar para sempre! (V 14,10), diz. A
autobiograa uma espcie de salmo maior em que
recorda a sua vida, desde a infncia at a
maturidade, o nico que pretende contar a
Histria da Salvao de Deus para seus eleitos. O
triunfo da graa sobre a debilidade humana. Que
muitas vezes o senmento de minhas grandes culpas
temperado pelo contentamento que me d a
compreenso da mulplicidade das Vossas
misericrdias (V 4,3). Com um propsito bem
concreto de envolver as lamas e convenc-las de que
qualquer receber essas mesmas graas se deixar
Deus obrar em sua vida, como ela mesma fez.
A Bblia, fonte de sua espiritualidade
E parndo dessa assimilao vital da Escritura, seu
grande gozo era, precisamente, o de idencar-se
com os personagens bblicos, que so os que
encarnam as atudes mais nobres diante de Deus.
Bem faz o Rei Davi que chora seu pecado, ou o
profeta Elias com sua fome insacivel de Deus. Pedro
com seu amor apaixonado. Paulo ou Madalena em
sua paixo por Jesus. Ou a samaritana to ansiosa e
necessitada da gua. A todos admira sua f viva.
E uma vez vericado este posto central que a
Escritura tem na vida de Teresa como luz que lhe
orienta e crisol de sua verdade, resta-nos ver o papel
que a Escritura tem em sua espiritualidade, na
transmisso de sua experincia e doutrina para os
demais.
Uma idencao que no ca na simples
admirao, mas que busca recrear suas atudes.
Especialmente as dos personagens evanglicos,
acolhendo em seu corao a Jesus como as irms de
Lzaro em Betnia (R 26), chorando a seus ps como
a Madalena (C 34,7), buscando ansiosa como a
Samaritana (V 30,19) ou acompanhando-lhe na
solido do Horto mais alm do que zeram os
apstolos (V 9,3).
E como sua f, a f de qualquer crente se
autnca e viva, vital que leva a traduzir em obras o
que se cr, devemos reconhecer e recordar que
merc a esta f absoluta que Teresa presta a Palavra
de Deus, sua vida se foi enchendo da mesma, para
logo ir modelando a prpria vida conforme a
exigncia da Escritura, que se converte para ela em
norma segura de vida. Diz ela: quei de uma
maneira que nem posso descrever: surgiram em
mim uma grande fora e uma verdadeira
determinao de cumprir com todo o empenho a
mnima palavra da divina Escritura. Creio que no
deixaria de enfrentar nenhum obstculo para
faz-lo (V 40,2) at morrer as mil mortes j aludidas.
admirar que o romance destes versos eu no sabia
bem o que era, e depois que o entendia me
consolava de ver que o Senhor me havia trazido a
memria sem eu procur-lo. Outras me recordavam
do que dizia So Paulo, que est crucicado para o
mundo (V 20,11). Insisndo sobre o mesmo no
prlogo do Cnco dos Cncos.
Na mesma linha temca do Livro da Vida situa o
livro das Fundaes, que prossegue o relato
autobiogrco, como um novo salmo que canta as
misericrdias do Senhor, em um novo horizonte, que
j no o de sua alma, repleta da graa do Senhor,
mas o da obra realizada por meio de Teresa para a
glria de Deus, para que se veja, como diz: a
maioria dessas casas no foi fundada por homens,
mas pelas Suas obras, desde que no sejamos
empecilhos (V 27,11). Nele se entrev como em
nenhum, pelo que tem de humano e por sua vez de
MONTE CARMELO 05
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O fundo bblico de outras obras maiores, como o
Caminho de Perfeio, no necessita de exaltaes.
Basta dizer que a obra uma glosa do Pai-nosso,
explicando o texto de So Mateus (6,7-13) que
ocupa a segunda parte do livro (c. 19-42) enquanto a
primeira se dedica a ponderar a necessidade das
v i r t u d e s e v a n g l i c a s d o a m o r ( c . 4 - 7 ) ,
desprendimento e abnegao (c. 8-13) e a humildade
(c. 15-18). Todo o livro um convite a cumprir o
convite do evangelho de velar e orar (C 7,6).
O certo que no existe Morada sem aluso
bblica, e que nelas se alude expressamente a certas
guras bblicas que encarnam as atudes que o
prprio cristo h de ter se quer chegar a meta.
Assim, os servos da parbola aceitam agradecidos a
bondade de Deus, nunca merecida, trabalhando
felizes e sem reclamar, como servos inteis (M 3,1,8).
Finalmente a outra grande obra teresiana que o
Castelo Interior ou as Moradas, no s abundante
de referncias bblicas, mas tem como eixo alguma
de suas revelaes mais iluminadas, parndo das
palavras de Jesus elas lhe do a entender as
palavras do Senhor que esto no Evangelho: que
viria Ele, com o Pai e o Esprito Santo, para morar na
alma que o ama e segue seus mandamentos
(M 7,1,7). Desde essa realidade da presena
permanente que por graa Deus mantm na alma,
el a seu amor de Pai e Criador, at essa vida nova
que se alcana na unio transformante com Cristo. A
mariposa que nasce do bicho-da-seda (M 5,2,2)
volta a recordar o Apstolo: No sou eu quem vive,
Cristo que vive em mim. E argumenta Teresa: Eu
no o posso tolerar! Certamente no o disse a Sua
Me Sacrassima, porque Ela estava rme na f e
sabia que Ele era Deus e homem (M 6,7,14).
relato de uma ao surpreendente de Deus, essa
Histria de Salvao que Deus escreve, valendo-se de
nossa mediao e nossas debilidades.
Uma palavra especial merece o livro Conceitos do
Amor de Deus sobre o Cnco dos Cncos.
Precisamente por isso. Porque oferece uma srie de
consideraes sobre a vida espiritual, tomando
como ponto de parda o livro do Cnco dos
Cncos (c. 1,2-3; 2,3-5). Ela escreve desde uma
experincia viva e msca do livro, segundo
confessa. tem me dado o Senhor, de alguns anos
para c, um gosto muito grande cada vez que ouo
ou leio algumas palavras dos Cncos de Salomo, e
isto de modo to extremado que eu, sem entender
com clareza o lam em lngua vulgar, me recolhia
mais e nha minha alma mais movida do que pelos
livros muito devotos que compreendo (prol. 1).
Entre todos os seus escritos pela abundncia
proporcional de citaes da Escritura, o das
Exclamaes o seu saltrio parcular. Breves
pginas nas quais a Santa revela e confessa seus
senmentos mais nmos, desde a pena pela
ausncia de Deus ao lamento pelo tempo perdido,
passando pela ponderao da entranhvel
misericrdia de Deus, que so sempre temas para
Teresa. Citaes dos salmos e dos Evangelhos, que
so sem dvida, os dois livros mais saboreados.
lcito tambm dizer que pela pena de Teresa,
assim como por sua experincia, passam os
principais temas da espiritualidade, iluminados por
uma palavra viva e clida, que ela a sente, da
Escritura. Desde o mistrio Trinitrio, do qual tem
experincias mscas repedas (V 27,9, R 36) e sua
inabitao na alma do justo (V 38,9-10), at a
necessidade da mediao de Cristo e de sua
humanidade amorosamente defendida (V 22),
passando pela obra que nasce em Maria (Conc 5,2).
Cremos que o que foi exposto, por mais que
seja sumariamente, suciente para demonstrar a
fonte de inspirao que a Bblia sups para Teresa, e
sinal evidente do amor e venerao que ela sena
pela mesma. Assim como da f, simples e profunda
que presta a todas as palavras da Escritura.
MONTE CARMELO06
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por TOMS ALVAREZ, ocd
Perguntou-se mais de uma vez se as duas Teresas
se parecem em algo mais que no nome e na vocao
ao Carmelo.
Pergunta banal, primeira vista. Como se
esvesse formulada no sobre as duas pessoas e a
sua histria, mas sobre duas estampas justapostas:
o retrato da Madre Teresa feito em Sevilha pelo
leigo Frei Joo da Misria, e as fotograas de
Teres inha radas pela cmara de Cel ina.
Efevamente, a Teresa de 61 longos anos mal
desenhada pelo pintor leigo, e a Teresinha de 23, em
pose algo estca perante a grande mquina
fotogrca, no coincidem no rosto, no olhar, nos
modos, mas no hbito e no nome gravado ao p da
estampa.
E, no entanto, a pergunta no supercial como
parece. Nas vidas paralelas, segundo o esquema
clssico do escritor grego, semelhanas e
dessemelhanas contrapem-se. Todos nos
parecemos no essencial. E no essencial onde mais
nos diferenciamos, quer dizer, nesse ncleo secreto
e profundo que decide a nossa personalidade e nos
torna nicos e irrepeveis. Deste misterioso centro
partem as linhas radiais com que Deus congura a
misso existencial e a histria da salvao de cada
um.
Encaradas a parr deste enfoque teologal, a pessoa e
a histria das duas Teresas convergem no mais profundo
do seu ser e da sua misso. As duas, sob o impulso de
uma misteriosa fora interior, escreveram a prpria
histria, descobriram e testemunharam a passagem de
Deus pelas suas vidas e apresentaram-nas como um
pentagrama de fundo para cantar as misericrdias de
Deus. A autobiograa o primeiro livro que uma e outra
escrevem. E as duas coincidem em dar sua vida fora de
profecia: no simples narrao da prpria aventura
humana, mas palavra profca com forte mensagem
frente a qualquer outra leitura ou releitura da prpria
vida, isto , da nossa vida.
AS DUAS TERESAS,
ME E FILHA
Ms das Teresas
MONTE CARMELO 07
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Embora por caminhos diversos, a opo
vocacional pelo Carmelo foi em ambas as Teresas o
desenlace de um pequeno drama nmo: desapego
do lar paterno e transferncia para o lar do esprito,
mas com toda a dramacidade de uma transferncia
humana. Na Santa de vila, ser a vida comunitria
da Encarnao a denir e a decidir o sendo da sua
vocao religiosa. Pelo contrrio, a Santa de Lisieux
ingressa no Carmelo com idias claras e opo bem
denida. Para esclarecer e tomar posies,
serviu-lhe a aproximao que vai ser a sua santa
Madre Teresa: antes de ingressar; Teresinha l
profunda mente a sua biograa.
Um feixe de traos que caracterizam a personalidade
da santa avilense impressionam a Teresinha, que
rapidamente os incorpora ao seu talante humano e
espiritual. Basta enumer-los:
Antes de tudo, altos ideais. "Altos pensamentos",
dizia a Madre Teresa. E desejos: ve sempre
grandes desejos", escreve ela. Teresinha anotou
numa das suas notas nmas: "No presuno
o desejo de pracar as virtudes em grau herico,
imitao dos santos; nem to pouco o desejo
do marrio". Verso de urna passagem do Livro
da Vida (13, 4).
Disposta a dar a vida pelos outros, como Cristo.
Entre as suas notas nmas, Teresinha conservava
tambm este pensamento da sua santa Madre:
"daria mil vidas para salvar uma s alma". Tomado
do Caminho de perfeio (1, 2), mas repedo com
toda a classe de mazes e variantes por Teresa, e
igualmente por Teresinha, a quem tambm
impressionou este outro dito da Santa de vila:
"Santa Teresa dizia s suas lhas, quando estas
queriam rezar para si mesmas: 'que me importa a
mim estar at ao m do mundo no purgatrio, se
com as minhas oraes salvo uma s alma?'"
(Tambm na Ct 221. Tomado do Caminho de
perfeio 3, 6).
Intenso sendo apost l ico da vocao
contemplava: "Uma carmelita que no fosse
apstola se afastaria da sua vocao e deixaria de
ser lha da serca Santa Teresa" (C 198). E com
que alegria o conrmava no m da sua vida:
"Nunca me arrependerei de ter trabalhado
unicamente para salvar almas. Como sou feliz por
saber que a Nossa Madre Santa Teresa pensava o
mesmo!" (UCR 4. 6.1).
No so duas famlias em paralelo o lar de Teresinha
na bela Normandia e o de Teresa na austera meseta de
Castela. Mas as coincidncias e os contrastes abundam e
entrecruzam-se.
As duas na famlia
"Muito queridas" as duas no lar. Sem lacunas
afevas na infncia, apesar de que as duas passam
pela amarga experincia da orfandade: Teresinha
perde a sua me ainda muito criana; Teresa perde-a
em plena adolescncia, aos catorze anos. A uma e a
outra cresce-lhes a gura do prprio pai, at chegar
transgurao: para Teresa, dom Alonso a
imagem do homem perfeito; para Teresinha. Um
reexo do rosto de Deus. Muito a contrapeso da
ascese circundante e de certa pseudo-msca da
fuga mundi". Tanto a Madre Teresa como a sua
lha, a carmelita de Lisieux, mantm profundo
enraizamento familiar at ao m da sua vida
religiosa. Famlias numerosas as duas: a de Teresa de
vila tem nove irmos vares; a de Lisieux, quatro.
Esta perde-os sem os ter conhecido, falecidos antes
dela nascer. A de vila assiste de perto ao xodo de
todos eles, que vo abandonando o lar rumo s
ndias ocidentais, deixando ao lado de dom Afonso
vivo s as lhas, como no lar de Alenon-Lisieux.
Ainda um par de traos coincidentes nesse duplo
quadro do lar. Na linha materna, emova e feminina,
as duas crianas rfs acolhem-se maternidade da
Virgem Maria. Pelo contrrio, em linha paterna, s
duas aproximam-se a sombra da guerra: Teresa nasce
quando o seu pai regressa da guerra de Navarra:
Teresinha, quando o senhor Marn sofreu no seu
prprio lar a sombra prolongada da guerra
franco-prussiana. As duas Teresas herdaro, no um
esprito guerreiro, mas sim uma tmpera vigorosa, de
fortaleza para a vida. Ser Teresinha quem escreve,
recordando uma pica da Santa de vila: "Santa
Teresa, que dizia s suas lhas: 'Quero que no sejais
mulheres em nada, mas que em tudo vos igualeis a
homens fortes, Santa Teresa no teria querido
reconhecer-me como sua lha se o Senhor no me
vesse revesdo da sua fora divina, se Ele mesmo
no me vesse armado para a guerra" (Ct 201).
Para as duas Teresas o Carmelo a famlia da alma.
Aqui j no se trata de coincidncias. Anidades ou
contrastes aproximavos, como no lar de sangue. Na
famlia da alma tudo se passa a nveis profundos, de
outra ordem e grandeza.
As duas no Carmelo
MONTE CARMELO08
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As distncias encurtam-se segundo a citada
passagem de Teresinhanessa nica "moo do
Esprito Santo", que faz eco ao texto de Paulo: "os
carismas so diversos, mas um mesmo esprito"
(1Cor 11,4). Assim, os dois carismas magistrais o
de Teresa e o de Teresinha tm o seu ponto de
p a r d a n o E s p r i t o q u e a n i m a o r e l a t o
autobiogrco de ambas. As duas comearam a
escrever a sua prpria autobiograa. A captao do
sendo profundo da vida vivida algo assim como a
fonte da sua mensagem doutrinal e do seu servio
eclesial. No s enquanto as duas conseguem dar e
expor a sua existncia numa micro-histria da
salvao, mas porque a parr dela anunciam ao
leitor o Evangelho de Jesus.
No pressagiava Teresinha ou talvez sim! que
a sua misso na Igreja ia ter roteiros similares, quase
paralelos, aos da sua Santa Madre. Que tambm ela
nha sido chamada misteriosamente a "manifestar
os segredos do Rei". Que, como a Me dos Espirituais,
tambm ela nha sido chamada a exercer um
magistrio de incomparvel alcance universal.
certo, nunca sublinharemos bastante as
diferenas. Teresa e Teresinha encarnam duas
palavras irreduveis a um comum denominador
doutrinal. E isso, precisamente porque os seus
iderios nascem de duas experincias humanas
profundamente diversas, e em dois contextos culturais
e eclesiais irreduveis.
Isso explica, talvez, o grande impacto produzido
por esse escrito das duas Teresas, a sua rpida
difuso mais alm das fronteiras eclesiais e dos
conns da cultura ocidental. Obras das duas Santas
traduzidas e lidas em lnguas quase inangveis,
sobretudo, a sobrevivncia e atualidade do
magistrio espiritual das duas Teresas a contrapeso
das mudanas religiosas e culturais e das outras
rupturas de connuidade produzidas nos lmos
decnios. Enquanto tantos autores espirituais
sucumbiram sob a sndrome da caducidade das
ideologias e mensagens, a connuam os escritos e
as doutrinas das duas Teresas, dialogando com
leitores e culturas, dentro Obra da Igreja, em
sintonia com as exigncias da nova evangelizao.
esse, sem dvida, o movo de fundo, que rene
as duas Teresas no desempenho de um mesmo
servio da Igreja, o do seu doutoramento eclesial. A
Santa de vila, proclamada "a primeira mulher
doutora da Igreja" e Teresinha, a nova doutora da
Igreja.
O ideal contemplavo: s Deus! Entre as suas
notas, Teresinha transcreve ntegro o poema da
Santa: "Nada te perturbe... s Deus basta!". A
nveis mais profundos, Teresinha e Teresa, ao
historiar a prpria vida, resumem-na em chave
doxolgica, como um canto s misericrdias do
Senhor. As duas centram todo o seu af de
s a n d a d e n o a m o r e s p o n s a l a C r i s t o ,
apropriando-se do smbolo nupcial do Cnco dos
Cnco. As duas tm um no sendo da Igreja. A
prpria Teresinha testemunha assim: "Quero,
numa palavra, ser lha da Igreja como o era a
nossa Madre Santa Teresa" (Ms C 33v). Por isso,
pensa que "foi a Nossa Santa Madre Teresa que
me enviou como ramalhete de festa... o meu
primeiro irmozinho missionrio" (Ms C 31v).
Sendo do amor A Santa de vila nha insisdo
tanto em no confundir o amor com o
senmento. Teresinha aprofunda nesta linha:
"Como compreendo bem as palavras de Nosso
Senhor nossa Madre Santa Teresa: 'Sabes,
minha lha, quem so os que Me amam de
verdade? So aqueles que reconhecem que tudo
o que a Mim se no refere no passa de menra"
(UCR 22.6).
Ser amigos do Crucicado: Teresinha recorda
vrias vezes um dos "ore" teresianos: "Santa
Teresa nha muita razo em dizer a Nosso Senhor
que a sobrecarregava de cruzes quando ela
empreendia por Ele grandes trabalhos: 'Ah!
Senhor, no me admira que tenhais to poucos
amigos, os tratais to mal!'" (Ct 178).
Nas lmas pginas da Histria de uma alma,
Teresinha escreve, confrontando tacitamente a sua
misso eclesial com a da sua santa Padroeira: "Como so
diferentes os caminhos pelos quais o Senhor conduz as
almas! Na vida dos Santos encontramos muitos que
nada quiseram deixar deles para depois da morte, nem
a mais pequena recordao, o mais pequeno escrito. H
outros, pelo contrrio, como a Nossa Madre Santa
Teresa, que enriqueceram a Igreja com as suas sublimes
revelaes, no temendo manifestar os segredos do Rei,
para que seja mais conhecido, mais amado pelas almas.
Qual destes dois gneros de santos agrada mais a Deus?
Parece-me... que ambos Lhe so igualmente agradveis,
uma vez que todos seguiram a moo do Esprito Santo,
e que o Senhor disse: Dizei ao justo que tudo est bem.
Sim, tudo est bem, quando no se procura seno a
vontade de Jesus" (Ms C 2v).
As duas na Igreja
MONTE CARMELO 09
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CANONIZAO DOS PAIS DE SANTA TERESINHA
CARTA ORDEM
PELA CANONIZAO DE LUIS E ZLIA MARTIN
ROMA, 18 OUTUBRO 2015
DIA MUNDIAL DAS MISSES
Dia 18 de outubro, na praa de S. Pedro, o papa
Francisco inscreveu solenemente o casal Luis Marn
e Zlia Guerin, pais de Santa Teresa do Menino Jesus
e da Santa Face, no cnone dos Santos, que a Igreja
prope como exemplos de vida crist aos is de
todo o mundo, para que se tornem fonte de
inspirao e companheiros de caminho dos quais
recebe impulso, luz e conforto.
Carssimos irmos e irms no Carmelo,
movo de grande alegria e grado ao Senhor
por todos ns, que acabamos de concluir a
celebrao do V Centenrio do nascimento de Santa
Teresa de vila, me da nossa famlia religiosa, na
qual a mesma Igreja reconhece um lugar
parcularmente rico de testemunhos credveis da
beleza e do amor de Deus.
Esta canonizao um ulterior sinal que o Senhor
nos d para corroborar a nossa f e restuir impulso
ao nosso caminho de carmelitas, chamados a
experimentar a ternura combava do Esposo
(cf Evangelii gaudium 85), que com o seu amor quer
acender a esperana nos coraes de todos os
homens. Vivemos um perodo histrico assinalado
por uma profunda transformao, que toca todos os
mbitos da vida humana costumes, cultura,
religio, sociedade, economia a um nvel global,
provocando tenses e medos. Nascem senmentos
de insegurana e desconana recproca, criam-se
situaes de injusa e instabilidade, que metem a
dura prova a convivncia pacca e a conana entre
as pessoas, essencial para um caminho comum
e fecundo.
A viso bblica do homem, na duplicidade do seu
ser masculino e feminino, e a compreenso do seu
signicado em ordem vida no so mais
patrimnio comum mas, ao contrrio, esto medos
em discusso. Ao centro desta batalha pela vida est
a famlia natural, fundada sobre o simples
reconhecimento da diferena providencial entre
homem e mulher que permite, no interior de uma
relao de aliana baseada sobre o amor recproco,
gerar, guardar e fazer crescer a vida humana, no
somente por si, mas por todo o ser humano.
A canonizao do casal Marn um sinal dos
tempos que se deve interrogar profundamente
porque tem um valor epocal. De fato a Igreja guiada
pelo Esprito, decidiu pela primeira vez na
histria de canonizar juntamente um casal de
esposos, durante a celebrao da XIV Assembleia
Geral Ordinria do Snodo dos Bispos, que tem por
tema a vocao e misso da famlia na Igreja e no
mundo contemporneo, no domingo dedicado
Jornada missionria mundial.
Santo do Ms
MONTE CARMELO10
-
J passou um sculo e meio desde que Luis e Zlia,
meia-noite do 12 julho de 1858, se casaram em
Alenon, e muitas coisas esto radicalmente
mudadas, quer na Igreja quer na cultura europeia.
Em que sendo o seu matrimnio e a histria da sua
famlia podem ser exemplares para os nossos dias,
quando o mesmo modelo de famlia e a praxis
prevalente esto to longe daquilo que era por eles
acreditado e vivido?
Antes de tudo, preciso libertar-se dos
preconceitos e dos clichs culturais que catalogam
imediatamente como anquado e obsoleto tudo
quanto pertence ao universo oitocensta. Se
olhamos de perto a vida da famlia Marn, vemos
um homem e uma mulher que viveram uma histria
comum, marcada de acontecimentos nos quais
ainda hoje se podem reconhecer, porque
simplesmente humanos: j no to jovens segundo
os parmetros da poca (quando se conheceram e
poucos meses depois casaram-se ela nha 27 anos
e ele 35), uniram-se em matrimnio e pem em
comum a sua vida, aprendendo dia aps dia a
parlhar as capacidades, responsabilidades,
trabalhos, alegrias e dores. Luis nha um negcio de
relojoaria, Zlia nha iniciado sozinha uma empresa
de produo da famosa renda de Alenon. Os seus
respecvos trabalhos garanam um certo desafogo,
que no era vivido nem com ostentao nem com
apreenso, embora a um certo momento as
condies socioeconmicas se tornassem diceis
pelas consequncias da guerra entre a Frana e a
Luis encontrou-se assim a viver a situao de
vivo at morte, vinda 16 anos depois, a seguir a
uma humilhante doena que angiu as suas
faculdades mentais. Sustentou as cinco lhas e a sua
educao, dando-se por inteiro e decidindo
transferir-se de Alenon para Lisieux, deslocando-se
para poder dar s lhas a possibilidade de ser
seguidas pela a Celina, com quem exisa uma
relao de esma e afecto. As cinco entraram no
mosteiro. Acompanh-las neste passo sobretudo a
pequena Teresa, a predilecta no foi para ele um
pequeno sacricio, mas viu-o como generoso acto
de oferta da sua vida e dos seus lhos a Deus, assim
como nha sempre feito juntamente com Zlia. Por
outro lado, para a sua famlia nha escolhido o lema
de Joana d'Arc, Deus o primeiro servido.
O matrimnio: vocao e amizade
O breve elenco de alguns traos concretos da
experincia familiar de Luis e Zlia permite-nos
colher facilmente as analogias com a experincia de
tantas famlias que hoje devem afrontar diculdades
econmicas, conciliar o ritmo frenco da avidade
Uma famlia exemplar? Prssia (1870-1871). Trabalharam os dois, veram
nove lhos, cuidaram deles e enfrentaram o luto
pela morte de quatro deles em tenra idade; tal no
foi certamente fcil, sobretudo para Zlia, mulher
empreendedora, que nha a responsabilidade de
dar trabalho e o respecvo sustento s suas
trabalhadoras e respecvas famlias. Luis esteve
sempre ao seu lado, lutando juntamente com a
mulher, com serenidade e doura, dando-lhe o
conforto da sua constante presena e escolhendo,
at certo ponto, colocar de lado o trabalho para vir
ao encontro das exigncias da esposa, que via
sempre mais cansada, e ajud-la a levar para a
frente a sua empresa, sobretudo quando apareceu a
doena que a angiu ainda muito jovem, levando-a
morte no ano 1877, com apenas 46 anos.
MONTE CARMELO 11
-
O primeiro viver o encontro com o outro e o
matrimnio como vocao. A isto Luis e Zlia foram
preparados pela sua histria, dado que os dois
n h a m p e n s a d o v i ve r a s u a v i d a c r i s t
consagrando-se a Deus. No este trao,
obviamente, a ser exemplar, mas a sensibilidade e a
atude a perceber e conceber a prpria existncia
como um dilogo com o prprio Criador, que tem
um desgnio bom e enche o caminho de sinais que
indicam, com um olhar atento, qual o caminho
para saciar a sede do prprio corao. somente
recebendo-se como um dom que vem da parte de
Deus e aprendendo a olhar o outro como rosto do
amor do Pai, que possvel construir a prpria casa
sobre um fundamento estvel. Isto foi claro a Zlia
quando, vendo aproximar-se o seu futuro marido
enquanto percorriam em sendo oposto a ponte de
So Leonardo de Alenon, senu ressoar em si uma
voz que lhe dizia: Este o homem que preparei
para .
O segundo trao uma direta consequncia deste
olhar e abertura do corao: viver a relao com a
prpria mulher /com o prprio marido como uma
relao de amor. A esma e o respeito que vem da
espontaneidade do reconhecer-se gratuitamente
como aliados e do prazer de ser para o outro uma
ajuda, contm a pacincia, a humildade, a
tenacidade, a ternura, a conana e a curiosidade
necessrias para que uma relao no degenere na
procura de si no outro, na tentava de exercitar um
poder, no desgaste da rona. Em expresses como
estas: Sigo-te em esprito durante toda a jornada;
digo-me: Neste momento faz tal coisa. No vejo o
momento de estar prxima de , meu querido Luis;
As diferentes sensibilidades, os tantos pequenos
pormenores da vida conjugal, que s vezes
produzem pouco a pouco uma distncia e arrefecem
a inmidade, tambm foram vividos por Luis e Zlia
como as ocasies para exercitar um olhar carregado
de simpaa e terno acolhimento das diferenas,
como transparece neste texto: Quando receberes
esta carta, estarei ocupada a meter em ordem o teu
banco de trabalho; no te devers irritar, nem
perderei nada, nem mesmo um velho quadrante,
nem um bocado de mola, enm nada, e depois
estar tudo limpo por cima e por baixo! No
poders dizer que s mudei o lugar ao p, porque
no h mais (). Abrao-te de todo o corao; hoje,
ao pensar que te vou reencontrar, estou to feliz que
nem consigo trabalhar. A tua mulher que te ama
mais que a sua prpria vida (Cartas familiares 46).
A transmisso da vida: gerar e educar
Ao incio, para Zlia e Luis, viver o matrimnio e
abrir-se vida no foi fcil. Para eles tratava-se de
compreender que, amar a Deus com todo o corao,
passava pela doao e entrega de si mesmos ao
cnjuge, para que assim Deus Pai pudesse tomar
conta da sua criao, connuando a edicar a sua
Igreja como famlia dos lhos de Deus. Foi a
sinceridade da sua procura da vontade de Deus, e a
Se vamos raiz da sua experincia, encontramos
em seguida dois traos que os tornam atuais para
ilustrar como pode funcionar uma relao de
amor e dizer assim uma palavra de esperana aos
casais, sobretudo jovens, que esto desencorajados
pelo exemplo de tantos naufrgios e, mesmo
conservando no corao o desejo, no acreditam ser
mais possvel a delidade, resignando-se de tal
modo a uma baixa fasquia de vida.
operria com a educao dos lhos, dar um sendo
aos sofrimentos que inevitavelmente batem porta,
metendo em risco a harmonia familiar. Mas o movo
pelo qual a Igreja retm como exemplar o seu
testemunho de vida conjugal bem mais profundo e
diz respeito verdade do amor humano no desgnio
divino da criao.
amo-te com todo o meu corao e sinto ainda
redobrar o meu carinho por ao ver-me privada da
tua presena; ser-me-ia impossvel viver longe de
(Cartas familiares 108); Eu estou sempre felicssima
com ele, torna-me a vida muito serena. O meu
marido um santo homem, auguro um igual a todas
as mulheres: eis o augrio que lhes fao para o novo
ano (Cartas familiares 1); ou ento, o teu marido
verdadeiro amigo, que te ama mais que a vida, no
h nada de adocicado, mas a expresso d
consistncia de um afeto sincero.
MONTE CARMELO12
-
Nesta passagem transparecem alguns aspectos
centrais do modo de viver a relao com os lhos,
que hoje as famlias tm necessidade de redescobrir:
o nascimento de um lho como um dom, sempre
ainda que a sua vida seja breve ou atormentada
porque vem de Deus e conduz a Deus. Educar
signica ento introduzir no conhecimento da
prpria origem: o Pai, e ensinar a desejar o cu e a
viver a existncia as fadigas, o compromisso, os
sofrimentos como uma preparao, algo de
precioso se aceite com conana e amor como
passo de um caminho que conduz meta,
valorizando a pessoa.
Tudo isto convincente e torna-se verdade que
plasma a conscincia e d vigor ao caminho, quando
os lhos possam a v-lo e quase respir-lo na carne
dos prprios pais como aquilo que d sendo ao
tempo e s avidades. A aspirao de Zlia
sandade, para si e para os prprios queridos, era
constante, mesmo no conhecimento das prprias
limitaes e do tempo perdido: Quero fazer-me
santa: no ser fcil, h muito que desbastar e o
tronco duro como uma pedra. Teria sido melhor
iniciar antes, enquanto era menos dicil, mas,
enm, melhor tarde que nunca (Cartas
familiares 110). Escreve ao irmo: Vejo com prazer
que s muito esmado em Lisieux: ests a tornar-te
uma pessoa de mrito; co feliz por isso, mas antes
de tudo desejo que sejas santo (Cartas
familiares 116). Tambm diante da lha de carcter
dicil, Lenia, que na escola haviam denido como
uma menina terrvel, mesmo no penoso
conhecimento dos seus grandes limites a pobre
menina coberta de defeitos como de um manto.
Conhecemos bem, pelo testemunho de Santa
Teresinha, a grande inmidade de Luis com Deus e
como esta transparece no seu rosto: s vezes os
seus olhos faziam-se lcidos de comoo, e ele
esforava-se por conter as lgrimas; parecia no
estar mais ligado terra, j que a sua alma tanto se
imergia nas verdades eternas (Manuscrito A, 60);
bastava-me olh-lo para saber como rezam os
santos (Manuscrito A, 63). Durante a sua doena,
nos momentos de conhecimento, embora
senndo-se humilhado, Luis repea: Tudo para a
maior glria de Deus!
Num clima deste gnero, o espiritual substncia
da vida e as coisas iluminam-se na perspecva da
eternidade, de uma maneira natural. A famlia
pode readquirir assim a sua caractersca original,
frequentemente desprezada nos nossos dias, de ser
o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar,
entendendo a comunicao como descoberta e
construo de proximidade (Mensagem do Santo
Padre Francisco para 49a Jornada Mundial das
Comunicaes Sociais, 17 de maio 2015).
Um casal sensvel, acolhedor e generoso
docilidade aos conselhos de um sacerdote que os
acompanhava, que os fez compreender a beleza da
vocao matrimonial, que pensavam viver na
connncia. Foram nove os lhos que nasceram da
sua unio enchendo de alegria as suas vidas:
Quando vemos os nossos lhos, as nossas ideias
mudaram um pouco: no vivamos mais do que para
eles, esta era a nossa felicidade e no a encontramos
seno neles. Enm, tudo nos resultava em grande
felicidade, o mundo no nos pesava. Para mim era a
grande retribuio, por isso desejei ter muitos, para
cri-los para o Cu. Entre eles, quatro esto j
bem instalados e os outros, sim. E os outros
tambm caminharo para aquele Reino celeste,
cheios de maiores mritos, pois tero combado
mais tempo (Cartas familiares 192).
No se sabe como tom-la (Cartas familiares 185)
no falta a conana alimentada da f na bondade
de Deus e do abandono ao seu desgnio de salvao:
O bom Deus assim misericordioso como sempre
esperei e connuo a esperar.
A ateno ao outro e a grado por ser como cada
um exercitados na relao conjugal e connuados
no cuidado pelo crescimento moral e espiritual dos
lhos, nha na famlia Marn um importante
complemento: a caridade generosa, o acolhimento
dos pobres, a ateno aos necessitados. O amor a
Deus, quando existe, inseparavelmente amor ao
prximo e, de modo especial, para quem necessita de
MONTE CARMELO 13
-
A ateno aos pobres da parte do casal Marn faz
parte de um eslo de pobreza que inuencia o
esprito das lhas que o lem como sinal concreto
da presena de Jesus e da verdade do seu Evangelho.
A sua sobriedade no desleixo, mas atude que
contrasta com a tendncia do corao a fechar-se na
avareza do prprio tempo, das prprias energias,
dos prprios recursos espirituais e materiais. A
alegria da pobreza que os torna r icos de
humanidade, alimenta-se na experincia de ter a
prpria riqueza no acolher a graa de Cristo,
reconhecendo as prprias debilidades e culpas,
recebendo a misericrdia de Deus, para viver em
unio com Ele, solidrios com os irmos, diante dos
quais se tm senmentos de misericrdia: Meu
Deus, quanto triste uma casa sem religio! Como
vos aparece assustadora a morte! [] Espero que o
bom Deus tenha piedade desta pobre mulher; ela foi
assim mal criada mas muito desculpvel (Cartas
familiares 145); Reza muito a So Jos pelo pai da
criada que est gravemente doente; lamentar-me-ia
A fonte da sua sandade de vida
Na homilia na Viglia de orao pelo Snodo sobre
a famlia celebrada na Praa de So Pedro a 3 de
outubro passado, o Papa disse: Para compreender
hoje a famlia, entremos no mistrio da Famlia de
Nazar, na sua vida escondida, normal e comum,
como a da maior parte das nossas famlias, com as
suas penas e as suas simples alegrias; vida feita de
serena pacincia nas contrariedades, de respeito
pela condio de cada um, daquela humildade que
liberta e oresce no servio; vida de fraternidade
que brota do senr-se parte de um nico corpo.
lugar a famlia de sandade evanglica, realizada
nas condies mais normais. A se respira a memria
das geraes e se aprofundam as razes que
permitem ir longe. lugar de discernimento, onde se
educa a reconhecer o desgnio de Deus sobre a
prpria vida e a abraa-lo com conana. lugar de
gratuidade, de presena discreta, fraterna e
solidria, que ensina a sair de si mesmos para
acolher o outro, para perdoar e ser perdoados.
E s t a d e s c r i o d - n o s a m e d i d a d a
contemporaneidade da famlia Marn. A sua
canonizao mostra a todas as famlias, em primeiro
lugar s crists, a beleza extraordinria das coisas
ordinrias, quando a prpria histria vem recebida
das mos de Deus e Lha oferecemos com a serena
ajuda. So muitos os episdios nos quais sobressai
com clareza na vida de Zlia e Luis a beleza desta
dedicao para com o prximo a parr das
operrias que trabalham na prpria empresa de
re n d a s , t rata d a s co m o l h a s ( C f. C a r ta s
familiares 29) porque so a carne de Cristo,
pessoas que esto parcularmente no corao de
Deus (Cf Evangelii gaudium 24.178). uma ateno
pessoa inteira, ao seu corpo e sua alma, que se
torna jusa retribuva, parlha da prpria mesa,
procura de cuidados e de um leito para os sem tecto,
preocupao de dar o conforto da proximidade
sensvel de Deus no momento da passagem
encontrando um sacerdote, generosidade na ajuda
econmica a um irmo em diculdade, prazer em
estar ao servio da alegria dos outros, solidariedade
no sofrimento de quem angido por um luto, visita
aos enfermos.
muito que aquele coitado morresse sem se
confessar (Cartas familiares 195); Tive tantas
fadigas que adoeci pela minha vez [] contudo
precisava que casse em p uma parte das noites a
curar a criada (Cartas familiares 123); Insisto tanto
que o meu marido se decidiu a vender uma parte
dos seus tulos do Crdito de Fundos, com uma
perda de mil e trezentos francos sobre onze mil
ganhos. Se o meu irmo tem necessidade de
dinheiro que me pea depressa e me diga se
necessrio vender o resto (Cartas familiares 68);
Pedi-lhe para vir aqui todas as vezes que vesse
necessidade de qualquer coisa, mas nunca veio.
Finalmente, ao princpio do inverno, e estava muito
frio, uma criada encontrou o teu pai: nha os ps
descalos e baa os dentes. Vencido pela piedade
por aquele desgraado, empreendeu toda a espcie
de estratgias para o fazer entrar no Hospcio. []
Teu pai no se deu por vencido: nha a peito esta
situao e apontou de novo todas as baterias para
faz-lo entrar na casa dos Invlidos (Cartas
familiares 175).
MONTE CARMELO14
-
A procura assdua da inmidade com o Senhor e
com Maria, vivida exemplarmente por Luis e Zlia,
a mensagem mais preciosa deixada em herana s
prprias lhas e a ns lhos de Santa Teresa. Na sua
canonizao podemos acolher o convite dirigido ao
Carmelo Teresiano a ser mais famlia, a descobrir a
beleza e a importncia das nossas responsabilidades
quodianas, aprendendo humildemente das
famlias, que vivem com empenho a prpria vocao
e misso.
para ns de grande encorajamento constatar
que verdadeiramente de um sim pronunciado
com f nascem consequncias que vo para alm de
ns mesmos e se expandem no mundo. Olhando
para o casal Marn e para os frutos visveis de
sandade do seu ser um s corao e uma s alma,
damo-nos mais conta que, aprendendo a comunicar,
tornmo-nos comunidade que sabe acompanhar,
festejar e frucar, e compreendemos que a
famlia mais bela, protagonista e no problema,
aquela que sabe comunicar, parndo do
testemunho, da beleza e riqueza da relao entre
homem e mulher, e daquele entre pais e lhos
(Mensagem do Santo Padre Francisco para a 49a
Jornada Mundial das Comunicaes Sociais, 17 de
maio 2015).
P. Saverio Cannistr, OCD
Prepsito Geral
O meu desejo que a parr da graa que
recebemos atravs desta canonizao, nos
empenhemos a conhecer de perto, tambm atravs
da leitura da sua correspondncia, o testemunho
deste casal e nos insiramos criavamente no
caminho que a Igreja est traando, convidando-nos
a redescobrir a famlia como sujeito imprescindvel
para a evangelizao e escola de humanidade.
Fonte:
hp://www.carmelitas.pt/site/nocias/nocias_ver.php?
cod_nocia=389#sthash.JRLs0LGq.dpuf
A paz interior, a conante tenacidade em assumir
posivamente os desaos que a vida nos pe
frente, a capacidade de viver as relaes com
generosidade colocando no centro a outra pessoa na
sua unicidade, que caracterizaram a experincia
matrimonial de Luis e Zlia e a sua relao com os
lhos, no so frutos de dons especiais ou de
experincias mscas. Brotam, sobretudo, de levar
na com seriedade a vontade de Deus pondo-se
s e r e n a m e n t e e m d i s c u s s o e d e v i v e r
profundamente a vida da Igreja, recebendo
quodianamente a graa do sacramento eucarsco
e reforando a ligao com Jesus na adorao do seu
amor el e constantemente oferecido na Hsa
consagrada, rezando pessoalmente e como famlia
reunidos volta da Virgem Maria, parcipando na
avidade caritava da parquia com alegre
disponibil idade mesmo no meio de tantos
compromissos. E em tudo isto ter sempre tempo
para escutar as lhas, dispostos a corrigi-las com
rmeza e suavidade, narrar-lhes a vida de Jesus,
tomar cuidado da sua interioridade criando espao
para Deus com uma atude de conante abandono
na sua presena misteriosa e concreta. Senr-se
olhados com admirvel espanto e respeitados na
prpria individualidade irrepevel, reconhecidos
como um bem incondicional, mesmo quando a
prpria condio seja fonte de sofrimento, um
patrimnio de bem-estar e posividade impagvel e
indestruvel para a pessoa que o recebe. a
experincia humana que mais se avizinha ao olhar
de Deus e que por isso abre a porta do corao e o
habilita a percorrer os caminhos da sandade, como
a histria desta famlia demonstra claramente.
certeza de que a coisa mais sbia e mais simples
em tudo isto abandonar-se vontade de Deus e
preparar-se de antemo para levar a prpria cruz o
mais corajosamente possvel (Cartas familiares 51),
m e t e n d o - s e n a d i s p o s i o d e a c e i t a r
generosamente a vontade de Deus, qualquer que ela
seja, pois ser sempre aquilo que ser melhor para
ns (Cartas familiares 204).
MONTE CARMELO 15
-
Formao Humana
MONTE CARMELO16
Talvez pensemos em outro instrumento de quatro
cordas, como o violino, porque hoje no se usa mais
a lira. Pensem no nosso corao, homens e
mulheres, com quatro cordas como um violino. No
corao da mulher, essas quatro cordas so o amor
de esposa, me, lha e irm. E no homem de
esposo, de pai, de lho e de irmo. Somos
chamados a amar em todas essas dimenses, com
essas quatro cordas. Essas dimenses so
fundamentais porque so a imagem do Deus amor,
no corpo e na alma do homem e da mulher. Essas
cordas so indestruveis. Podem ser feridas pelo
pecado, mas quando o homem se abre ao amor de
Jesus, elas so salvas, so curadas e, podemos dizer,
reanadas. Todos os santos insistem muito,
especialmente os santos carmelitas, na puricao
do corao. Devemos dar todo o nosso corao a
Jesus, que o Esposo e o Salvador, e Ele, por meio
do Esprito Santo, nos ensina a amar com todo o
corao, em todas as suas dimenses.
importanssimo no ignorar e no negar nunca
nenhuma dessas cordas, mas examinar o nosso
prprio corao. Muitas vezes acontece que vivemos
uma corda com mais facilidade e outra com mais
diculdade, por causa de uma experincia posiva
ou negava que vivemos. Tambm devemos conar
e entregar o nosso corao a Nossa Senhora, a me
e educadora maravilhosa do corao de todos os
Em todos os santos possvel ver essas quatro
cordas que vibram, mas com muita diversidade.
Diversidade se homem ou mulher, se uma
pessoa casada ou consagrada no celibato. A msica
sempre bela, mas com um tom diverso. Santa
Teresinha uma mulher consagrada no celibato e na
virgindade, mas tambm uma doutora da Igreja
que fala de uma verdade para toda a Igreja. E, nela,
a corda dominante a corda esponsal, a corda de
esposa. Em Santa Catarina de Sena, a corda
dominante a corda materna, todas a chamam de
me.
Vamos resumir o ensinamento de Santa Teresinha
para essas quatro cordas a parr da sua experincia
como esposa, me, lha e irm. Primeiro, preciso
notar que entre a corda esponsal e todas as outras
tem uma diferena essencial. A corda esponsal
exclusiva, enquanto as outras cordas so inclusivas.
Ou seja, o amor esponsal s para uma pessoa. Para
a pessoa casada, o esposo ou a esposa; para a
pessoa consagrada, Jesus.
As outras cordas, me, lha e irm so inclusivas,
incluem todas as outras pessoas. Somos lhos dos
nossos pais, mas, primeiro de Deus, da Igreja e de
Maria. Chamamos os nossos superiores de pai e
me, chamamos o papa de Santo Padre, e tambm
uma me pode ter muitos lhos. A me de Santa
Catarina de Sena nha 25 lhos, mas Catarina nha
centenas de lhos espirituais, mas um nico esposo:
Jesus. claro que o amor fraterno se estende a
Teresa de Lisieux a grande teloga do corao
do homem. Para falar sobre ele, Santa Teresinha usa
um smbolo riqussimo, que a lira e suas quatro
cordas. A lira um instrumento musical da
anguidade. Em uma de suas poesias, Teresa diz:
Tu, Jesus, faz vibrar as quatro cordas e essas cordas
so meu corao.
Santa Teresinha e as Cordas do CoraoSanta Teresinha e as Cordas do Corao
seus lhos. Os santos nos ensinam a conar
totalmente o nosso corao, corpo e alma ao amor
materno de Maria. Trata-se da nossa formao
permanente, da formao do nosso corao, que dura
por toda a vida.
-
MONTE CARMELO 17
So Joo da Cruz d o grande fundamento
teolgico quando diz que na rvore da cruz o Filho
de Deus desposou e redimiu a natureza humana e,
por conseqncias, todas as almas. So Paulo dizia
que cada homem um irmo pelo qual Jesus
morreu. So Joo da Cruz diz que cada homem
uma alma esposa de Jesus. Cada pessoa chamada a
corresponder ao amor de Jesus e isso , exatamente,
a sandade.
Santa Teresa de Lisieux tem um tom um pouco
diferente sobre o matrimnio espiritual. Para ela, o
matrimnio espiritual a consagrao do corao ao
celibato; assim, ela vive sua consagrao religiosa
como um verdadeiro matrimnio com Jesus. Ela
conta, na obra Histria de uma alma, com uma
expresso muito bela, que fez a prosso de f no
dia 8 de setembro, na Navidade de Maria: Que
bela festa na Navidade de Maria se tornar a esposa
de Jesus.
Vejamos a orao de Teresa no dia da sua
prosso: Jesus, meu divino esposo, que eu
jamais perca a segunda veste do meu Basmo.
Toma-me antes que eu cometa a mais leve falta
voluntria. Que eu nunca procure e nunca encontre
seno a somente; que as criaturas no sejam nada
para mim e que eu nada seja para elas, mas que tu,
Jesus, sejas tudo! Que as coisas da terra jamais
consigam perturbar a minha alma, que ningum
Esta orao uma das expresses mais belas,
mais puras do amor esponsal a Jesus. Percebemos
que o primeiro aspecto que Teresa chama Jesus de
meu esposo pela primeira vez. Como vimos, o
primeiro aspecto essa exclusividade ao amor
esponsal de Jesus. A pessoa casada tem apenas um
esposo ou uma esposa. Isso muito importante: a
delidade o que caracteriza o amor esponsal.
Podemos perceber ainda como Teresa expressa o
amor por Jesus, o amor innito, que s possvel
viv-lo na pequenez, como o gro de areia. Este
um amor muito nmo, muito pessoal apenas com
Jesus, mas no um fechamento egosta,
individualista. Podemos ver que, no nal da orao,
ela pede a salvao para todos os homens, sem
nenhuma exceo. Nunca nenhum outro santo nha
falado dessa maneira to forte. Ela, como esposa de
Cristo, espera a salvao de todos os irmos. Faam
tambm dessa prosso de Santa Teresinha as suas
palavras para Jesus.
Alma esposa de Cristo
Padre Franois-Marie Lethel, OCD
Fonte: hp://www.comshalom.org/santa-teresinha-e-as-cordas-do-coracao/
Sem o amor esponsal de Jesus adelidade impossvel, tanto no
matrimnio como no celibato consagrado.
Padre Lethel secretrio da Poncia Academia de Teologia
e pregador dos Exerccios Espirituais da Semana Santa
para o Papa emrito Bento XVI e Cria Romana em 2011.
todos os homens. Qualquer homem um irmo pelo
qual Cristo morreu. Essa disno importanssima.
Matrimnio espiritual
Para entender a esponsalidade de Santa Teresinha
tambm necessrio entender os outros santos. O
matrimnio espiritual um grande tema dos santos
carmelitas. So Joo da cruz e Santa Teresa de vila
falam do matrimnio espiritual como a plena unio
com Deus, a qual todos so chamados a essa
vocao universal sandade e a esse matrimnio
espiritual, igualmente para as pessoas casadas como
para as consagradas no celibato. So Joo da Cruz
fala da igualdade da aliana de amor entre o esposo
e a esposa. Vocs podem observar que o nosso amor
por Jesus e o amor de Jesus por ns o mesmo, a
comunho do Esprito Santo. Se nos abrirmos a
Jesus, abrirmos o nosso corao, podemos am-lo
como Ele nos ama. Esse smbolo do matrimnio
iluminador, porque a esposa deve amar o esposo
como ela amada por ele. O matrimnio espiritual
como a sandade.
perturbe a minha paz; Jesus, s te peo a paz, e
tambm o amor, o amor innito sem outro limite
alm de , o amor que j no seja eu, mas tu, meu
Jesus. Jesus, que por eu morra mrr, o marrio
do corao ou do corpo, ou antes os dois D-me
cumprir meus votos em toda a perfeio e faze-me
entender o que deve ser uma esposa tua. Faze que
eu nunca seja um encargo para a comunidade, mas
que ningum se ocupe de mim; que eu seja olhada,
pisada com desprezo, esquecida como um grozinho
de areia para , Jesus. Que tua vontade seja feita em
mim, perfeitamente; que eu chegue ao lugar que me
deves ter preparado. Jesus, faz-me que eu salve
muitas almas. Que hoje no haja uma s condenada
e que todas as almas do purgatrio sejam salvas.
Jesus, perdoa-me se digo coisas que no se deve
dizer. S quero dar-te prazer e consolar-te.
-
Espiritualidade
MONTE CARMELO18
O fio condutor da obra de Santa Teresa
a misericrdia de Deus.
-
Ela conheceu um amor gratuito de modo to especial que senu a necessidade de comunica-lo.
Teresa: Cantadora da Misericrdia
por Dom Leomar Brustolin
Bispo Auxiliar de Porto Alegre-RS
H uma pintura medieval que retrata Santa Teresa.
o quadro do arsta Frei Juan de la Misria, para
quem a Santa pousou para que pudesse deixar para
a histria a imagem de seu rosto. Interessante a
frase que aparece no listel prximo boca da santa e
onde se l: Misericordias Domini in eternum cantabo
[Cantarei eternamente as misericrdias do Senhor].
Aproximando-se o jubileu extraordinrio do Ano da
Misericrdia, proclamado pelo Papa Francisco,
apropr iado reer sobre o quanto Teresa
experimentou o rosto misericordioso de Deus.
Ela conheceu um amor gratuito de modo to
especial que senu a necessidade de comunicar a
misericrdia de Deus a todos os seus lhos, como se
l no Livro da vida: Quando maior o mal, tanto
mais resplende o bem das vossas misericrdias. E
com quanta razo eu as possa cantar para sempre!
(14,10-11)
Pode-se dizer que o o condutor de toda a obra
de Santa Teresa a experincia da misericrdia de
Deus que socorre o ser humano e permite que a
criatura tenha uma esponsalidade com o Criador. Ela
descreve a inmidade nupcial da alma com Deus.
Aqui, a alma no deve ser compreendida apenas na
dimenso espiritual da pessoa, porque alma indica a
profundidade de cada ser, a interioridade mais
densa que envolve o corpo, a mente e o esprito do
ser humano. A experincia msca de Teresa abraa
a totalidade de sua vida de mulher enamorada de
Deus, marcada pela misericrdia que ange todo
seu ser.
Em tempos de crise de f, de emergncia de
religiosidades difusas, de espiritualidades parciais,
Santa Teresa convida a encontrarmos o Deus vivo e
verdadeiro, que provoca uma espiritualidade
concreta, no abstrata e nem simplista. Trata-se de
um caminho maduro e capaz de transformar vidas.
uma espiritualidade profundamente centrada em
Cristo, encarnado e crucicado, que revela a
Trindade. Nessa espiritualidade trinitria, a
comunho o caminho perfeito para viver em Deus.
Todo isolamento, toda fuga do mundo, toda
tentava de viver sem os outros, toda falsa
A experincia que ela fez da misericrdia tornou-a
misericordiosa. Nela resplende, de forma muito
concreta, o lema do jubileu: Misericordiosos como
o Pai. Ela sente que o Senhor tem o corao voltado
s misrias humanas, por isso pode curar, libertar,
cuidar e acolher quem caiu. Teresa canta e louva
essa misericrdia que se manifesta como ternura e
bondade para com ela. Agradecida, a santa se
abandona nas mos de quem lhe deu tanta
dignidade nesse amor. Sua experincia to
profunda, que sente necessidade de comunic-la,
para que outros conheam o amor visceral,
misericordioso do Deus revelado em Jesus Cristo.
Essa grande mulher, santa, mestra, doutora e
enamorada de Jesus, passou toda essa herana s
suas lhas, as carmelitas, que vivem na memria das
origens. Uma memria orientada a desvendar o
futuro, para responder aos desaos atuais da
transmisso da f. Nada h mais de urgente em
nossa Igreja do que propor a todos um autnco
encontro com Jesus Cristo, que possibilita entrar na
comunho trinitria e assumir o compromisso de
fraternidade. A memria que a vida carmelitana
realiza em cada mosteiro disperso pelo mundo
uma recordao do caminho de Teresa.
CNBB 07-10-2015
Recordar, emologicamente, se reportar ao
corao: um voltar ao ncleo essencial semeado por
Teresa e difundido onde suas lhas e seus lhos se
encontram. Um grande msco e amigo de
Santa Teresa, So Joo da Cruz, escreveu: O amor
no cansa e nem se cansa. Que a espiritualidade
teresiana vivida pelos lhos e lhas de Santa Teresa,
no se canse de cantar as misericrdias do Senhor,
especialmente nas periferias geogrcas e
existenciais da atualidade.
pretenso de um grupo que se considera puro e
perfeito, so aspectos de uma espiritualidade que
Teresa no aprovaria.
MONTE CARMELO 19
-
Passamos cinco anos ouvindo a voz de
nossa me Teresa quando lemos e estudamos
o Livro da Vida, o Caminho de Perfeio, o
livro das Fundaes, o Castelo Interior e suas
maravilhosas Cartas!
Frades e Seculares do Carmelo Descalo da
Provncia So Jos promoveram em parceria o
FRUM 500 ANOS STJ, um grande encontro
celebravo em comemorao ao V Centenrio
do Nascimento de Santa Teresa de Jesus, o
qual se realizou no Centro de Eventos
Pe. Victor Coelho de Almeida, em Aparecida-SP,
de 04 a 07/09/2015. O evento contou com a
parcipao de cerca de 600 pessoas dos trs
ramos da famlia carmelitana (frades, monjas
e seculares), diversos instutos liados, alm
de vrias congregaes e novas Comunidades
que vivem e bebem do car isma e da
espiritualidade teresiana.
Frum 500 STJ
MONTE CARMELO20
A coordenao geral do evento cou a
cargo do Daniel Garcia Roza, da OCDS de
Franca-SP, apoiado por Frei Clber da
Trindade, Provincial da OCD, e por Luciano
Ddimo, Presidente Provincial da OCDS.
O evento foi apresentado pelo casal
Danielle Meirelles e Giovani Mendes, membros
da OCDS de Fortaleza-Ce.
CARMELO DESCALO DO BRASIL PROMOVEU UM FRUM PARA CELEBRAR O
V CENTENRIO DE NASCIMENTO DE SANTA TERESA DE JESUS
-
MONTE CARMELO 21
De forma concreta, a abertura ocial do dia
04 se deu por meio da celebrao da
Santa Missa presidida por Frei Patrcio
Sciadini, OCD.
Vrios palestrantes abrilhantaram o evento.
O ciclo de palestras iniciou com nosso amado
Frei Patrcio Sciadini, ocd, cujo tema foi:
Santa Teresa, fundadora e missionria.
Frei Patrcio Sciadini italiano, mas gosta
de dizer que tambm brasileiro e, como
missionrio no Egito h alguns anos, tambm
j se considera egpcio. Gosta de vesr a
camisa do pas onde vive e onde testemunha
Jesus Cristo, a Igreja e o Carmelo Teresiano.
Foi formador, Prior, Provincial, conferencista
No 5 (sbado), dia especialmente dedicado
Bem-Aventurada Sempre Virgem Maria, nossa
Me e Rainha. Comeamos o dia com a orao
das Laudes e em seguida com a Santa Missa
presidida por Frei Ari, OCD (Provincial do Sul).
e escritor, com dezenas de tulos publicados
no Brasil e exterior. Foi diretor das Edies
Carmelitanas, divulgando a espiritualidade
carmelitana por todo o Brasil com seus
argos em diversos jornais, revistas e livros
publicados por diversas editoras. Em 2010,
foi convidado pelo Padre Geral da Ordem
para ir em misso ao Cairo, frente da
Delegao Geral do Egito. De l connua a
colaborar com diversos jornais e revistas do
Brasil e a publicar novos livros.
-
MONTE CARMELO22
Frei Ulrich Dobhan nasceu na Alemanha.
Conseguiu o doutorado na Universidade de
Wrzburg (vrsburg), com uma tese sobre
Santa Teresa, com o tulo: Deus, homem e
mundo na viso de Santa Teresa. A parr de
1992 comeou a ser professor no CITeS de
vila. Foi prior e formador no convento de
Wrzburg (1993-1997). Foi Denidor Geral
em Roma (1997-2003), Secretrio Geral das
monjas (2003-2007), e a parr de 2008,
outra vez provincial de sua Provncia. A parr
de 2002, junto com a Irm Elisabeth
Peeterrs, ocd, das Obras Completas de Santa
Teresa de Jesus. tambm colaborador das
Obras Completas de Edith Stein em alemo.
No dia 5 nos reunimos para aprender mais
sobre nossa me Santa Teresa com a primeira
palestra do dia, cujo tema foi: Santa Teresa,
aspectos histricos e biogrcos, ministrado
por Frei Ulrich Dobhan, OCD.
Houve um momento de mesa redonda com
o testemunho vocacional dos trs ramos da
Ordem, comeando com Frei Cleber da
Trindade, OCD (Provincial da Provncia So
Jos - Brasil), depois pela Irm Laura Teresa
do Menino Jesus, OCD (Monja Carmelo de
Franca SP) e nalizando com Iris Gomes da
Costa, OCDS (Comunidade Santa Teresinha,
Doutora da Igreja - Niteri, RJ).
No perodo da tarde, iniciamos com a
l e i t u r a d e u m a c a r t a e n v i a d a e m
comemorao ao evento pelo Superior Geral
da Ordem, Padre Severio Cannistr, no qual
foi lida por Frei Cleber da Trindade, OCD.
O ciclo de palestra foi retomado com a
palestra de Frei Romano Gambalunga, ocd,
Postulador Geral da Ordem Carmelita
Descala, cujo tema abordado foi:
O Carmelo de Teresa, formador de Santos
Evangelizadores.
Frei Romano Gambalunga nasceu em
Trento, Itlia. Foi formador no Colgio
Internacional dos Carmelitas Descalos, em
Roma (1998-2001). Doutor em Histria da
Teologia pelo Instuto Mabillon do Poncio
Ateneu San Anselmo de Roma. Desde 2004
professor convidado na Faculdade de
Teologia Teresianum de Roma onde ministra
cursos de Teologia Espiritual, Introduo
Teologia, Msca e Teologia: a experincia
teologal de So Joo da Cruz. Nomeado
Postulador Geral da Ordem em 2012, nessa
funo segue pessoalmente os passos de
cada uma das Causas em Roma.
-
MONTE CARMELO 23
A palestra seguinte foi ministrada pelo
ilustre Frei Francisco Javier Sancho Fermin
que abordou o tema: Santa Teresa e o
conceito de pessoa humana.
Frei Francisco Javier Sancho Fermn
nasceu na cidade de Burgos. Em Roma se
doutorou em teologia, com especializao
em espiritualidade. Desde 1999 diretor
do CITeS Universidade da Msca de vila,
onde dirige o Master em Msca e Cincias
Humanas (tulo prprio da Universidade
Catlica de vila), assim como a Escola de
Crescimento Espiritual e a Escola de
Acompanhamento. Tambm co-dirige a
Ctedra Teresa de Jesus da Universidade
Poncia de Salamanca. Publicou mais de
30 livros e mais de uma centena de argos
s o b r e t e m a s r e l a c i o n a d o s c o m a
espiritualidade, a msca e os mscos do
Carmelo, principalmente.
Aps as palestras, demos seguimento
com o Bate Papo Musical com Frei Marcos
Matsubara, OCD. Houve a parcipao de
membros da OCDS, com a presena dos
frades no palco e encerrando com um
grande coro entoando o Salve Regina. Foi
divulgado o livro de cncos Cantando no
Carmelo, organizado por Frei Marcos e a
Comisso de Msica da OCDS. Foi um grande
momento, belssimo e inesquecvel!!!
Encerramos a noite do dia 5 com o Recreio
Carmelitano: Fiesta de La Vida. Com
parcipao especial da cantora Kennia
interpretando Santa Teresa de Jesus,
entoando o canto Vossa Sou. Nos brindando
com uma profunda reexo sobre as vrias
faces de Teresa de Jesus, sua vida e a
expanso de sua reforma.
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MONTE CARMELO24
O 3 dia do Frum comeou com a Santa
Missa na Baslica do Santurio Nacional de
Nossa Senhora Aparecida com transmisso
ao vivo pela TV Aparecida. Celebrao
presidida por Dom Frei Rubens Sevilha, OCD
Bispo Auxiliar de Vitria-ES, que presentou
o Brasil com uma belssima homilia sobre
Santa Teresa.
As avidades foram retomadas no perodo
da tarde, dando incio ao ciclo de palestras
com a presena do Padre Jean Marie Laurier,
Frana (Instuto Notre Dame de Vie)
ministrando a palestra sobre Santa Teresa e
a Msca.
possvel ver e rever esta celebrao, no
link: hps://www.youtube.com/watch?v=N7
hojoHo4Ow&feature=share.
Padre Jean-Marie Laurier nasceu na
Frana. Fez sua prosso perptua em 1990
no Instuto Secular Nossa Senhora da Vida,
fundado pelo Venervel Servo de Deus Frei
Maria Eugnio do Menino Jesus, carmelita
descalo. Alcanou o Doutorado em Teologia
na Universidade de Friburgo, Sua, com a
tese: Teresa de Jesus e a Teologia da
Juscao. Desde 1995 professor de
Teologia Espiritual (mestres do Carmelo) e
Teologia Moral no Studium de Notre-Dame
de Vie, Instuto Teolgico agregado ao
Teresianum de Roma. autor de vrias
publicaes em francs e em espanhol. Na
lngua portuguesa, colaborou na publicao
das obras de autor ia do Venervel
Frei Maria-Eugnio: Quero Ver Deus,
Ao Sopro do Esprito e Virgem Maria, Me
em Plenitude.
A palestra seguinte foi proferida pelo
Professor Moiss Rocha Farias, da Ordem
Secular do Carmelo Descalo da Provncia
So Jos, ministrado sobre: Santa Teresa e
a misso do leigo a parr do Documento
de Aparecida.
Moiss Rocha Farias, 35 anos, casado,
professor, bacharel e mestre em Filosoa,
especialista em Metodologia e Didca do
Ensino Superior. carmelita descalo secular,
tendo sido admido Ordem em 2007 e
proferido suas Promessas Denivas em
2013. Carinhosamente podemos dizer que o
Professor Moiss Rocha foi espiritualmente
liado ao Carmelo desde o dia que nasceu,
pois teve a dita de aniversariar no dia 01 de
outubro, Festa de Santa Teresinha do
-
MONTE CARMELO 25
Ainda dentro do ciclo de palestras, no
perodo da tarde, nosso to querido Frei
Patrcio Sciadini, OCD (Delegado Geral do
Egito) retorna para nos falar sobre: Santa
Teresa e a Vida Consagrada, tema to
importante, especialmente porque 2015 o
Ano da Vida Consagrada.
Durante a noite vemos o Show Musical:
Freis Carmelitas e Convidados. Momento
muito esperado do Frum, com o
lanamento do CD Para Vs Nasci. Foi um
trabalho rduo, mas que hoje podemos
colher os frutos, lindas e profundas
interpretaes dos escritos de Santa Madre
Teresa de Jesus.
Menino Jesus. Apaixonado por essa
espiritualidade e, de forma toda especial,
por Santa Teresa Benedita da Cruz a
grande Edith Stein , atua no momento
como coordenador da Escola de Formao
Edith Stein, cujo objevo formar atuais e
p o s s v e i s f u t u r o s fo r m a d o r e s d e
comunidades e grupos OCDS da Provncia
So Jos. membro fundador do Grupo de
Trabalho Edith Stein ligado ao CNPq e
A n P O F ; C o o r d e n a o s S i m p s i o s
Internacionais Edith Stein.
O CD produzido por Frei Marcus Vincius
da Crus - OCD, tendo a presena de Frei
Renato Maria do Esprito Santo - OCD, Frei
M a r c o s M a t s u b a r a - O C D , E l i s a
Almeida - OCDS, Mrcia Andrade OCDS,
parcipao especial de Suely Faanha - Csh,
Olvia Ferreira, Mara Jaber, Erika Galhardi,
Kennia, Nayara Santos, Ana Paula e outros
cantores que tambm nos brindaram com
suas belssimas vozes e dedicao.
-
MONTE CARMELO26
Dia 7, ulmo dia do Frum, comeamos
com as Laudes, bendizendo a Deus por to
grande evento que reavivou nossa vocao
enquanto Carmelitas Descalos. Um evento
que car marcado na nossa histria e na nossa
caminhada com Deus.
Sabemos que nossa me Santa Teresa
mestra de orao. Em seguida vemos a
palestra: A Orao como relao esponsal
em Santa Teresa, ministrado pela Professora
Lcia Pedrosa (Doutora em Teologia).
Lcia Pedrosa professora de Teologia na
Poncia Universidade Catlica do Rio de
Janeiro PUC-Rio. Graduou-se em Teologia
pela FAJE Faculdade Jesuta de Filosoa e
Teologia, em Belo Horizonte, e doutorou-se
p e l a P U C - R i o . E s t u d o u n o C e n t r o
Internacional de Estudos Teresianos e
Sanjunistas de vila (Espanha) e fez estudos
de ps-doutorado na Poncia Universidade
Gregoriana PUG, em Roma. organizadora,
com Mnica Bapsta Campos, do livro Santa
Teresa: msca para o nosso tempo .
professora responsvel pelo Grupo Moradas
de Estudos Mscos (PUC-Rio). assessora
permanente do Conselho Nacional do Laicato
do Brasil CNLB.
Aps esta magnca palestra, o Carmelo
Jovem subiu ao palco para rezar a milsima
Ave-Maria junto com todos que estavam
presentes. Esta corrente de orao comeou
dias antes no grupo do WhatsApp para
interceder pelo Frum. Foi um momento
belssimo, onde todos parciparam juntos.
As consideraes nais foram feitas por
Frei Ari Jos de Souza (Provincial da Provncia
Nossa Senhora do Carmo Sul) e Luciano
Ddimo (Presidente Provincial dos Carmelitas
Seculares da Provncia So Jos).
-
MONTE CARMELO 27
Encerramos o Frum 500 anos STJ com a
Santa Missa na Arena presidida por Frei
Cleber da Trindade, OCD (Provincial Sudeste).
No nal rezamos a Salve Regina com a
Presena da Imagens de Nossa Senhora
Aparecida, Padroeira do Brasil.
O F r u m 5 0 0 A n o s S T J fo i u m a
experincia nica no s para a famlia
Carmelitana que estava presente, como
tambm para todos os que assisram ao vivo
pela internet. Com certeza nesse Frum
Carmelitano, que foi o primeiro no Brasil de
m u i t o s q u e v i r o , t o d o s p u d e ra m
experimentar essa grande alegria de dar e
receber um grande abrao em Teresa!
por Daniele Meireles, Giovani Mendes,
Luciano Ddimo e Wilderlnia Lima
OCDS de Fortaleza-Ce
-
MONTE CARMELO28
Em comemorao ao V Centenrio de Nascimento de Santa Teresa, a OCDS Provncia So Jos
promoveu uma peregrinao Espanha, visitando algumas das fundaes da Santa e locais
importantes de sua vida. Na cidade de Alba de Tormes vemos a grande graa de nos encontramos
com a prpria Santa Teresa, pois l onde esto seus restos mortais. E logo acima da urna
pudemos contemplar suas principais relquias: do lado esquerdo o seu corao e do lado direito o
seu brao.
Ao lado direito contemplamos a relquia
do seu brao. Aquele brao que tanto
trabalhou, que tanto construiu, que
reformou o Carmelo! Aquele brao onde est
toda a sua fora, toda a sua missionariedade,
todo o servio ao Reino, toda a obedincia
ao que Deus lhe pediu, pois bem sabia ela
que obras quer o Senhor!
O ABRAO DE TERESA
O corao de Teresa est incorrupto,
mesmo depois de tantos sculos, e nele
podemos ver claramente a fenda causada
pela echa amejante lanada por um anjo
em uma viso msca conhecida como
transverberao. Pudemos ver a olho nu
aquele corao que h 500 anos esteve no
corpo de Santa Teresa e que est vivo at
hoje! Aquele corao que tanto amou, que
tanto sofreu, que tanto acreditou, que tanto
rezou e que tanto dialogou inmamente
com o seu to grande Amigo!
O CORAO DE TERESA
No corao de Teresa
H uma grande certeza
Aquela certeza vasta
Que lhe diz que s Deus basta
Corao transverberado
Foi echado pelo anjo
Corao cicatrizado
Segue hoje abenoando
No corao de Teresa
Est sua humildade
e trato de amizade
No corao de Teresa
Est sua dor e temor
Est sua f e amor
O BRAO DE TERESA
J no brao de Teresa
Contemplamos o seu ardor
Pois j sabia Teresa:
So obras que quer o Senhor
Sim, no brao de Teresa
Est a fora em servir
Sim, no brao de Teresa
Est a garra em construir
Arregaou suas mangas
Pegou prego e martelo
E reformou o Carmelo
Ps nos braos suas monjas
Mesmo com todo agelo
E descalou o Carmelo
-
MONTE CARMELO 29
Tambm no Frum 500 anos STJ, onde
todo a famlia do Carmelo do Brasil esteve
reunida para abraar Teresa, todos saram
com o senmento de terem sido tambm
verdadeiramente abraados por Teresa!
Abraados com Teresa, seguiremos o
nosso caminho de cruz e de luz! Abraados
com Teresa ns nos abraaremos e nos
fortaleceremos! Abraados com Teresa,
mesmo em noites escuras, subiremos o
Monte! Abraados com Teresa, seguiremos
conantes no Carmelo e na Igreja at
recebermos o eterno abrao da Trindade!
por Luciano Ddimo
Contemplando o corao de Teresa e o
brao de Teresa, senmos o amor e a fora
de seu abrao, pois um abrao verdadeiro
dado com os braos e com o corao! No
abrao amoroso h uma reciprocidade, pois
quem abraa tambm abraado! Naquele
momento abraamos e senmos o abrao de
Teresa! Um abrao que nos anima, nos
conforta e nos impulsiona a caminhar! Um
abrao que nos impulsiona a sermos luz para
os outros como ela mesma luz para ns!
O ABRAO DE TERESA
L em Alba encontramosSeu corao e seu braoSenmos ento a fora
E o amor do abrao!
No brao e no coraoNa ao e na oraoEst a determinada
E grande determinao
O abrao de TeresaNos convida a abraar
Todo aquele que fraqueja
O abrao de TeresaNos convida a caminharNo Carmelo e na Igreja
-
Teresinha queria viver a sua vida com entusiasmo, com amor, com novidade.
Santa Teresinha: Modelo Jovem de Fora Criativa
Na Jornada Mundial da Juventude na Frana, o Santo Joo Paulo II no s proclamou Doutora da Igreja Teresa
do Menino Jesus, mas tambm a proclamou Padroeira da Juventude. Ningum melhor do que ela, que viveu
24 anos, pode compreender os desejos dos jovens.
Jovens do mundo inteiro tm desejos que ns,
velhos, nem sempre compreendemos, mas se
zermos esforo para entrar de novo no tero da
juventude e renascer no Esprito Santo, como diz
Jesus, poderemos, sem dvida, retomar os nossos
sonhos de ontem e projet-los hoje. No numa forma
montona e anquada, mas sim com o dinamismo
que o sculo 21 exige.
O jovem quer viver. Teresinha queria viver a sua
vida com entusiasmo, com amor, com novidade. E
quando via um caminho fechado, ela no
desanimava, mas procurava outro. Tinha dentro dela
um ideal claro, e por isso lutou at consegui-lo.
Queria ser carmelita, era o seu ideal. Disseram-lhe
que era impossvel aos 15 anos, mas ela insisu, foi
de porta em porta, at bater porta do
Papa Leo 13, e quando tudo parecia ser contra ela,
as portas do Carmelo se abriram e realizou o seu
sonho. Assim so os jovens, no desanimam nunca.
Eles insistem de todas as formas e de todos os lados,
at que conseguem o que eles querem. Jovem no
pode ser acomodado. Deve saber que no se chega
meta sem sofrimentos. Que Santa Teresinha possa
infundir nos jovens do mundo inteiro, esta coragem
de no desanimar nunca. Recomear sempre.
Posso estar errado, e aqui os antroplogos,
telogos, psiclogos e todos os que querem, me
ajudem. A pessoa humana, fundamentalmente no
muda, ela nasce olhando o seu futuro, buscando
caminhos novos e abrindo caminhos para novas
geraes. H dentro de ns o desejo de innito, que
no pode ser apagado. Devemos seguir o curso da
gua do rio, quando nos leva ao oceano, mas tambm
subir fagosamente o curso da gua para voltar
nascente e beber da gua pura e no contaminada
pelos detritos que encontra no caminho.
precisava ter sade de gigante para fazer
morcaes que chamassem a ateno, penitncias.
Ela se senu impotente para tudo isso. Mas no
renunciou sandade e buscou outro caminho, o
caminho que todos podem percorrer, o caminho da
infncia, da pequena via, feito de amor, de renncia,
de abandono e de conana em Deus. E chegou a ser
santa, e uma grande santa.
Assim devem ser os jovens de hoje. Diante do
ideal, no podem renunciar, mas devem procurar
novos caminhos. Deus no quer gigantes sicos,
fora, mas quer gigantes no amor. possvel amar
tanto nas diculdades, na doena, quanto na sade.
Foi criava nas suas intuies. Quem mais criavo
do que os jovens? Eles devem criar novos caminhos
para a Igreja, para a famlia, para a missionariedade.
Os valores sero os mesmos, mas a maneira de
como vivenci-los ser diferente.
Frei Patrcio Sciadini, OCD
Fonte: Site da Arquidiocese Rio de Janeiro
Teresinha queria ser missionria, mas estava no
mosteiro, fechada por muros em todos os lados.
Mas quem pode fechar o corao? Quem pode
perder o amor? Ela foi capaz de superar tudo isso e,
com amor, com f, abraou a humanidade na
missionariedade e evangelizao. Quero ser
missionria pela orao e pelo sacricio. preciso
encontrar caminhos missionrios no s na ao,
mas tambm na orao contemplava, no amor que
arde em nosso corao. Que ela seja no meio dos
nossos jovens fora criava, e que marque o futuro
da f do nosso povo brasileiro.
Teresinha queria ser santa, mas viu que o caminho
da sandade daquele tempo era complicado;
Vivemos na era do Facebook, do Ipod, do no sei
o que, e todos estes meios devem ser colocados ao
servio de Deus. Jovens sabem como mexer com
tudo isso e ns, velhos, devemos ter a humildade de
agradecer a Deus pelos jovens que so mais criavos
do que ns.
Caderno Jovem
MONTE CARMELO30
-
MONTE CARMELO 31
VISITA DO CONSELHO PROVINCIAL A REGIO CENTRO OESTE
Nos dias 20 a 24 de agosto, representando o conselho provincial ocds, esveram reunidos em Trindade-GO
comunidades de Gois, Trindade e Braslia, para um rero com frei Pierino, delegado Provincial do Sudeste, e
um encontro sobre as Constuies OCDS com a Conselheira do Centro Oeste Rose Pioo. Frei Pierino
orientou o rero sobre o PAI NOSSO REZADO PELO PAI, mas com nfase na passagem da ressureio de
Lzaro, quando Marta diz a Maria: Vem! O mestre est aqui e te chama. (Jo, 11,28). No estudo que zemos
com as constuies destacamos o art. 32: O objevo central do processo de formao na Ordem Secular, a
preparao da pessoa para viver o carisma e a espiritualidade do Carmelo em seu seguimento de Cristo, a
servio da misso. E a parr dele trabalhamos toda o perl do Carmelita Descalo Secular. Encerramos com
recreio preparado com muito amor e animao, com a visita do Padre Henrique, amigo das Monjas de trindade.
O mesmo contou com a parcipao de lideranas jovens e adultos das respecvas Parquias, s quais se
entusiasmaram com a vida e a obra de Santa Teresa. O Carmelo Jovem dinamizou situaes da vida da Santa
Madre, atravs de um musical, um dos xtases de Teresa - Encontro de Santa Teresa com o Menino Jesus fato
que se deu no Carmelo da Encarnao. Fez o Caminho das Moradas no Castelo Interior ponto alto do Rero,
onde a Adorao ao Sanssimo foi o pice do Encontro com o Senhor.
por Estela Mrcia da Paz, Ocds
A orao um trato de amizade, estando muitas vezes a ss, com Aquele que sabemos que nos ama".
(Santa Teresa 8,5)
II RETIRO DO GRUPO SO JOS - PETRPOLIS/RJ (II RETIRO DO SILNCIO)
O Grupo So Jos, do Carmelo de Petrpolis RJ, celebrou os 500STJ no lmo Domingo 16 de agosto de
2015 - 3 Domingo do ms vocacional, dia de orao pelas vocaes Religiosas, Consagradas e Seculares. O Grupo
dedicou esse dia para servir Parquia de Nossa Imaculada Conceio de Raiz da Serra, e Parquias vizinhas,
com o seu II Rero do Silncio, favorecendo aos parcipantes experincias de orao silenciosa.
A parr das Palestras sobre a "Idendade de Santa Teresa/500 Anos" e "O Jardim da Orao", os
parcipantes puderam reconhecer a maestria de Teresa e a importncia da vida interior, atravs dos vrios
momentos de deserto e reexo, propostas. Em cada meditao e dinmica o carisma carmelitano lhes permiu
compreender a grandeza d