Revista PensaCom

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OM Pensa VOU ME FORMAR, E AGORA? Com as mudanças no mercado de trabalho, jovens buscam alternativas nas mídias digitais Mulheres no set Alunas do curso de cinema dirigem a maioria dos filmes esse semestre. Estupro e violência doméstica estão entre os roteiros selecionados.

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A revista digital PensaCOM é uma produção coletiva da turma de Mídias Locais, na PUC-Rio. Seus realizadores são estudantes de cinema, jornalismo e publicidade. Portanto, o que irão encontrar nas próximas páginas virtuais remonta os desejos, as aspirações, os receios e as dúvidas de jovens comunicólogos prestes a ingressar no mercado de trabalho.

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OMPensaVOU ME FORMAR,E AGORA?Com as mudanças no mercado de trabalho, jovens buscam alternativas nas mídias digitais

Mulheres no setAlunas do curso de cinema dirigem a maioria dos �lmes esse semestre. Estupro e violência doméstica estão entre os roteiros selecionados.

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É com imenso prazer que apresento a revista digital PensaCOM, uma produção coletiva da minha turma deste semestre de 11h de Mídias Locais, na PUC-Rio. Seus realizadores são estudantes de cinema, jornalismo e publicidade e, muitos estão encerrando a graduação em dezembro deste ano. Portanto, o que irão encontrar nas próximas páginas virtuais remonta os desejos, as aspirações, os receios e as dúvidas de jovens comunicólogos prestes a ingressar no mercado de trabalho. A ideia de fazer uma revista surgiu quando lancei o desafio de pensar uma mídia de comunidade, que falasse sobre um determinado grupo. Enquanto as demais turmas, de 7h e 9h, abraçaram a proposta de produzir novas narrativas locais na global rede social Facebook, os alunos do horário optaram em usar uma mídia tradicional para construir um veículo que falasse deles para eles, ou seja, de aluno para aluno. As equipes de edição, reportagem e divulgação foram montadas, por eles, de acordo com a aptidão de cada um, o que me possibilitou acompanhar de perto suas alegrias e frustrações. Todas as decisões foram tomadas coletivamente e as críticas construtivas foram feitas sempre que necessário. As três habilitações do curso foram divididas por cores: cinema (azul), jornalismo (verde) e publicidade (vermelho). Uma editoria foi escolhida como mais importante: a comunicação (amarelo). Na reportagem principal da revista, “Vou me formar, e agora?”, Mainara Assis e Marianna Mariano apresentam o trabalho de duas alunas do curso que encontraram formas alternativas de entrar para o mercado de trabalho. Na editoria de Comunicação há também dicas dadas por Wallace Colares em “Adicione ao currículo” sobre como abrir seus horizontes obtendo dupla diplomação. Uma oportunidade que mescla saberes e é oferecida no campus, mas pouca gente sabe. E, ainda, “Talento dentro das quadras”, reportagem de Clara Freitas sobre o vitorioso futsal feminino da PUC-Rio e, por fim, Augusto Portella nos presenteia com três bem humoradas tirinhas sobre a graduação. No cinema, Beatriz Calado fala da “A vez e voz das mulheres” e Helio Chrockatt faz uma referência aos sucessos cinematográficos da Ásia, em “O cinema coreano pede passagem”. No jornalismo, o assunto em pauta é a carreira fora do país, tema da reportagem “Voos mais altos: a aventura do jornalismo no exterior”, assinada por Luciano Giambiagi. Fernando Loureiro traz o trabalho do grupo Politique na reportagem “A jovem política”. Por fim, em publicidade, Elida Magalhães fala sobre o trabalho das agências de propaganda com as mídias sociais em “A publicidade se renova em novas plataformas”. Já Laura Turton Pagano pesquisou cursos que complementam a formação nesta área com a seção “Qualifique-se”. Todas as reportagens foram carinhosamente acompanhadas pela produtora Laiza Manoela, corrigidas pelo editor Matheus Palmieri e diagramadas pela, também responsável por todo o belo projeto gráfico da PensaCOM, Rayza Santana. O trabalho recebeu uma campanha publicitária elaborada pela equipe de divulgação formada pelos guerreiros Julia Pitaluga, Erika Moulin, Luma Antunes, Bruna Defelippe e Humberto Pinheiro. Grupo que garantiu o anunciante, o restaurante Na medida, proporcionasse uma comemoração no lançamento da revista nos pilotis do Leme. Estou orgulhosa com o resultado e feliz em ter a oportunidade de participar de um projeto que transparece o talento de cada aluno envolvido. Só me resta dizer que o mercado está prestes a receber mais um grupo de comunicadores formados pela PUC-Rio. No mais, boa leitura para todos!

- Lilian Saback

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03. Qualifique-se!

05. a publicidade em novas plataformas.

07. Voos mais altos.

09. A jovem política .

11. vou me formar, e agora?

13. Adcione ao currículo.

15. talento dentro das quadras.

17. a vez e voz das mulheres.

19. o cinema coreano pede passagem.

21. comunicação em quadrinhos

ENCONTRE Aqui

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Por Laura Turton

Page 5: Revista PensaCom

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Inscrição: até 14/12/2015

Início do curso: 04/01/2015Duração:

9 meses / 30 horas

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implantação das políticas dos canais de

venda, abordando a integração dos canais

de distribuição às variáveis do composto

de marketing.

Inscrição: até 14/12/2015Início do curso:

04/01/2015Duração:

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Fundamentos de Marketing Digital

Traz conceitos do marketing para

embasar o conhecimento do aluno, sobre as

diferentes aplicações de seus fundamentos.

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Gestão de Produtos e Marcas

Traz conceitos do marketing para

embasar o conhecimento do aluno, sobre as

diferentes aplicações de seus

fundamentos.

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Page 6: Revista PensaCom

“O que realmente faz o consumidor decidir comprar ou não comprar é o conteúdo de seu anúncio, não sua forma”. A frase de David Ogilvy virou um lema para publicitários que vem cada vez mais explorando novos territórios. O papel, a televisão e o rádio já são de uma fase anterior a que vivemos agora: a era das mídias digitais. Publicitários estão explorando plataformas da web como Snapchat, Facebook, Blogs e o Instagram para expor suas marcas e produtos. Esse avanço pode ser visível, pois diversos nomes já atuam no meio digital. Um exemplo é a campanha da marca britânica de roupas, Burberry, que foi transmitida inteiramente pelo Snapchat no último dia 22 de outubro. Esse foi o primeiro passo de uma marca de renome em direção ao app onde o conteúdo dura

somente 24h e tem como público alvo, em sua maioria, jovens. A aluna de Comunicação Social, Giulia Rotstein, assistiu aos vídeos e disse que se identificar mais com esse tipo de publicidade. - Achei ótimo porque pela primeira vi as modelos errando nas poses, sem Photoshop e interagindo com o fotógrafo. Pareceu mais real e falou diretamente comigo, isso me fez não querer parar de ver. Espero que esse tipo de publicidade se espalhe vire algo comum. As redes sociais também estão se atualizando para suprir essa nova demanda. O Instagram, por exemplo, anunciou que nos próximos meses além das imagens de patrocínio inseridas na linha do tempo, vai usar os dados do Facebook dos usuários para conseguir

vender espaços de anúncio. O objetivo é atingir um público mais segmentado. Percebendo uma carência nesse mercado brasileiro a agência H1, localizada na Barra da Tijuca, se especializou em comunicação digital para produzir conteúdo somente para esse segmento. Para o sócio fundador da empresa, Leonardo Silveira, não há uma forma padronizada de trabalhar, cada cliente é um cliente. – Tecnologia e criatividade são os motores do nosso trabalho. Atualmente estas competências estão à frente de núcleos que contam com equipes multidisciplinares que garantem qualidade em trabalhos digitais de alta performance a cartela de clientes da agência. A atualização é constante e cada dia novas redes são lançadas exigindo um acompanhamento. Isso pode causar

estranhamento dos que estão acostumados com uma publicidade off-line. Leonardo comenta que muitas vezes precisa explicar o potencial do serviço que esta provendo para os clientes para que saibam como funciona o meio digital. – A maioria dos clientes de nossa carteira não possui conhecimento das possibilidades que o digital permite, passam a entender caminhos e oportunidades a partir de nossas entregas e das relações que construímos. A capacitação faz parte desta relação que construímos agência-cliente, o que contribui cada vez mais para um melhor entendimento do segmento digital, permitindo maior visão de valor e cada vez maiores investimentos no segmento.

NOVAS PLATAFORMASA publ ic idade se renova em

Com investimentos cada vez menores nas mídias tradicionais, plataformas digitais têm sido utilizadas para

atrair principalmente o público jovem

Por: Elida Magalhães

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“O que realmente faz o consumidor decidir comprar ou não comprar é o conteúdo de seu anúncio, não sua forma”. A frase de David Ogilvy virou um lema para publicitários que vem cada vez mais explorando novos territórios. O papel, a televisão e o rádio já são de uma fase anterior a que vivemos agora: a era das mídias digitais. Publicitários estão explorando plataformas da web como Snapchat, Facebook, Blogs e o Instagram para expor suas marcas e produtos. Esse avanço pode ser visível, pois diversos nomes já atuam no meio digital. Um exemplo é a campanha da marca britânica de roupas, Burberry, que foi transmitida inteiramente pelo Snapchat no último dia 22 de outubro. Esse foi o primeiro passo de uma marca de renome em direção ao app onde o conteúdo dura

somente 24h e tem como público alvo, em sua maioria, jovens. A aluna de Comunicação Social, Giulia Rotstein, assistiu aos vídeos e disse que se identificar mais com esse tipo de publicidade. - Achei ótimo porque pela primeira vi as modelos errando nas poses, sem Photoshop e interagindo com o fotógrafo. Pareceu mais real e falou diretamente comigo, isso me fez não querer parar de ver. Espero que esse tipo de publicidade se espalhe vire algo comum. As redes sociais também estão se atualizando para suprir essa nova demanda. O Instagram, por exemplo, anunciou que nos próximos meses além das imagens de patrocínio inseridas na linha do tempo, vai usar os dados do Facebook dos usuários para conseguir

vender espaços de anúncio. O objetivo é atingir um público mais segmentado. Percebendo uma carência nesse mercado brasileiro a agência H1, localizada na Barra da Tijuca, se especializou em comunicação digital para produzir conteúdo somente para esse segmento. Para o sócio fundador da empresa, Leonardo Silveira, não há uma forma padronizada de trabalhar, cada cliente é um cliente. – Tecnologia e criatividade são os motores do nosso trabalho. Atualmente estas competências estão à frente de núcleos que contam com equipes multidisciplinares que garantem qualidade em trabalhos digitais de alta performance a cartela de clientes da agência. A atualização é constante e cada dia novas redes são lançadas exigindo um acompanhamento. Isso pode causar

estranhamento dos que estão acostumados com uma publicidade off-line. Leonardo comenta que muitas vezes precisa explicar o potencial do serviço que esta provendo para os clientes para que saibam como funciona o meio digital. – A maioria dos clientes de nossa carteira não possui conhecimento das possibilidades que o digital permite, passam a entender caminhos e oportunidades a partir de nossas entregas e das relações que construímos. A capacitação faz parte desta relação que construímos agência-cliente, o que contribui cada vez mais para um melhor entendimento do segmento digital, permitindo maior visão de valor e cada vez maiores investimentos no segmento.

NOVAS PLATAFORMAS

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JORNALISMO

Voos mais altos: a aventura do jornalismo no exterior

Com o fim da Copa, Felipe saiu da agência para abrir uma produtora com outros dois amigos que também trabalhavam na Omni Sports. A oportunidade no Esporte Interativo surgiu por iniciativa própria, procurando o canal para saber mais sobre as vagas na Europa, mostrando a importância da busca por chances no mercado. Além disso, o jornalista dá dicas para quem quer se aventurar no exterior: “Indo para um país de língua diferente, claro que é importante ter pelo menos uma noção básica do idioma. Mas é bom deixar claro que não precisa ser fluente. Falando sobre a Inglaterra, o povo é muito acostumado com estrangeiros por aqui, então ninguém espera que o seu inglês seja igual ao deles. Às vezes a gente pode ficar com vergonha por não dominar o idioma, e acabamos colocando obstáculos que na verdade não existem.” Felipe Rocha deu o exemplo de uma reportagem que escreveria para a FourFourTwo, uma das revistas mais importantes da Inglaterra. Ele conta que antigamente ficava com vergonha de oferecer pauta por não ter um nível avançado de escrita, mas hoje escreve do seu jeito e os editores mudam um pouco, respeitando o estilo. O jornalista também falou sobre as diferenças entre o trabalho em Londres e Montevidéu. Na capital inglesa, há muitas oportunidades. Mesmo empregado, sempre é possível trabalhar como freelancer para sites brasileiros ou revistas inglesas. Em Montevidéu, embora ele procurasse coisas novas, não tinha opções do que fazer. Segundo ele, o importante é respeitar o lugar onde você esteja, adquirindo novos conceitos, que uma hora a adaptação vai aparecer, embora não seja tão fácil no começo. Para quem realmente está pensando em trabalhar fora, Arthur Quezada destaca uma questão importante: além da questão da adaptação, é necessária atenção para a parte financeira. Ele diz que o planejamento é fundamental, e ressalta a importância de ter uma estratégia financeira coerente, para que em médio prazo, os riscos e oportunidades sejam calculados. O repórter também defende que a carreira esteja sempre em movimento, ou seja, mesmo trabalhando por anos no mesmo lugar, é preciso se reciclar. Ele recomenda um curso fora do país para mostrar o jornalismo por outra perspectiva.

Em meio à crise econômica no Brasil, trabalhar no exterior é um pensamento recorrente em boa parte dos brasileiros. Uma pesquisa da Catho, site de empregos líder no Brasil, mostrou que o percentual de profissionais que aceitariam uma vaga em outro país aumentou de 75,9% em 2014 para 79,2% neste ano. No jornalismo, é fundamental ficar atento a tudo que acontece ao redor. Para buscar uma oportunidade fora do país, escapando do cotidiano e cobrindo algo novo, é importante ficar olhar as oportunidades que surgem no mercado. Foi o que fez Arthur Quezada, correspondente dos canais Esporte Interativo em Portugal. Ele conta que viu na internet que o canal montaria uma equipe na Europa, dedicada à cobertura da Liga dos Campeões, maior competição de clubes de futebol do mundo: “Isso foi uma grande oportunidade pra mim. Minha carreira nem sempre veio em primeiro lugar, mas neste momento sinto que estou no lugar certo, na hora certa. É muito bom cobrir a Champions”, disse o repórter. No caso de Quezada, o momento do país ajudou na escolha de trabalhar no exterior. Ele, que já tinha morado fora por um ano, não se adaptou mais ao Brasil quando voltou. A qualidade de vida já não era mais a mesma. Além disso, a noiva do jornalista é portuguesa, o que acabou influenciando na difícil decisão. O amor também foi o motivo da mudança

de ares para Felipe Rocha, que mora em Londres. Ele também faz parte da nova equipe do Esporte Interativo no Velho Continente, e revela o motivo

pelo qual deixou o Brasil, em 2009, quando trabalhava na Rádio Globo

CBN de São Paulo: “A menina que eu namorava na faculdade é a minha esposa hoje. Ela tinha ido estudar na Inglaterra, eu a visitei para passar um mês de férias. Depois, acabou ficando, e eu quis arriscar. Pedi demissão da rádio e fui para a Inglaterra.” Felipe tinha o projeto de ficar em Londres até as Olimpíadas de 2012, que foram realizadas na cidade, mas acabou ficando até hoje. Um ano antes da Copa do Mundo de 2014, a Omni Sports, agência de notícias onde trabalhava, anunciou que a redação que faz os serviços em português e espanhol iria para Montevidéu, e o jornalista foi junto, com a certeza de cobrir a competição, e a proximidade de casa.

Por Luciano Giambiagi

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JORNALISMO

Com o fim da Copa, Felipe saiu da agência para abrir uma produtora com outros dois amigos que também trabalhavam na Omni Sports. A oportunidade no Esporte Interativo surgiu por iniciativa própria, procurando o canal para saber mais sobre as vagas na Europa, mostrando a importância da busca por chances no mercado. Além disso, o jornalista dá dicas para quem quer se aventurar no exterior: “Indo para um país de língua diferente, claro que é importante ter pelo menos uma noção básica do idioma. Mas é bom deixar claro que não precisa ser fluente. Falando sobre a Inglaterra, o povo é muito acostumado com estrangeiros por aqui, então ninguém espera que o seu inglês seja igual ao deles. Às vezes a gente pode ficar com vergonha por não dominar o idioma, e acabamos colocando obstáculos que na verdade não existem.” Felipe Rocha deu o exemplo de uma reportagem que escreveria para a FourFourTwo, uma das revistas mais importantes da Inglaterra. Ele conta que antigamente ficava com vergonha de oferecer pauta por não ter um nível avançado de escrita, mas hoje escreve do seu jeito e os editores mudam um pouco, respeitando o estilo. O jornalista também falou sobre as diferenças entre o trabalho em Londres e Montevidéu. Na capital inglesa, há muitas oportunidades. Mesmo empregado, sempre é possível trabalhar como freelancer para sites brasileiros ou revistas inglesas. Em Montevidéu, embora ele procurasse coisas novas, não tinha opções do que fazer. Segundo ele, o importante é respeitar o lugar onde você esteja, adquirindo novos conceitos, que uma hora a adaptação vai aparecer, embora não seja tão fácil no começo. Para quem realmente está pensando em trabalhar fora, Arthur Quezada destaca uma questão importante: além da questão da adaptação, é necessária atenção para a parte financeira. Ele diz que o planejamento é fundamental, e ressalta a importância de ter uma estratégia financeira coerente, para que em médio prazo, os riscos e oportunidades sejam calculados. O repórter também defende que a carreira esteja sempre em movimento, ou seja, mesmo trabalhando por anos no mesmo lugar, é preciso se reciclar. Ele recomenda um curso fora do país para mostrar o jornalismo por outra perspectiva.

Em meio à crise econômica no Brasil, trabalhar no exterior é um pensamento recorrente em boa parte dos brasileiros. Uma pesquisa da Catho, site de empregos líder no Brasil, mostrou que o percentual de profissionais que aceitariam uma vaga em outro país aumentou de 75,9% em 2014 para 79,2% neste ano. No jornalismo, é fundamental ficar atento a tudo que acontece ao redor. Para buscar uma oportunidade fora do país, escapando do cotidiano e cobrindo algo novo, é importante ficar olhar as oportunidades que surgem no mercado. Foi o que fez Arthur Quezada, correspondente dos canais Esporte Interativo em Portugal. Ele conta que viu na internet que o canal montaria uma equipe na Europa, dedicada à cobertura da Liga dos Campeões, maior competição de clubes de futebol do mundo: “Isso foi uma grande oportunidade pra mim. Minha carreira nem sempre veio em primeiro lugar, mas neste momento sinto que estou no lugar certo, na hora certa. É muito bom cobrir a Champions”, disse o repórter. No caso de Quezada, o momento do país ajudou na escolha de trabalhar no exterior. Ele, que já tinha morado fora por um ano, não se adaptou mais ao Brasil quando voltou. A qualidade de vida já não era mais a mesma. Além disso, a noiva do jornalista é portuguesa, o que acabou influenciando na difícil decisão. O amor também foi o motivo da mudança

de ares para Felipe Rocha, que mora em Londres. Ele também faz parte da nova equipe do Esporte Interativo no Velho Continente, e revela o motivo

pelo qual deixou o Brasil, em 2009, quando trabalhava na Rádio Globo

CBN de São Paulo: “A menina que eu namorava na faculdade é a minha esposa hoje. Ela tinha ido estudar na Inglaterra, eu a visitei para passar um mês de férias. Depois, acabou ficando, e eu quis arriscar. Pedi demissão da rádio e fui para a Inglaterra.” Felipe tinha o projeto de ficar em Londres até as Olimpíadas de 2012, que foram realizadas na cidade, mas acabou ficando até hoje. Um ano antes da Copa do Mundo de 2014, a Omni Sports, agência de notícias onde trabalhava, anunciou que a redação que faz os serviços em português e espanhol iria para Montevidéu, e o jornalista foi junto, com a certeza de cobrir a competição, e a proximidade de casa.

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Felipe Rocha

Arthur Quezada

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Os escândalos nacionais brasileiros como o Mensalão, Propinoduto, e, mais recentemente, a operação Lava Jato já são conhecidos não só aqui no Brasil, mas no mundo todo. A posição passiva do povo brasileiro em relação a esses escândalos também é bastante conhecida. Depois de movimentos políticos como a campanha Diretas Já (1983), os Caras Pintadas(1992), em 2013 parece que os brasileiros acordaram novamente e foram literalmente para a rua(lema utilizado durante as manifestações). E, ano passado, o impasse nas eleições presidenciais entre a atual presidente Dilma Roussef e candidato Aécio Neves trouxe à luz o debate da política nacional mais uma vez. Entender a política nunca foi um assunto muito fácil, talvez por isso exista um desinteresse por parte da população. Por outro lado, saber os caminhos que ela toma é uma maneira de entender o cenário brasileiro, não só político, mas econômico e cultural. Foi pensando nisso que um grupo de estudantes de Comunicação Social da PUC-Rio desenvolveu no ano passado o projeto Politique. Com o objetivo de explicar, em linguagem simples, as decisões e os bastidores da política nacional. O

g r u p o composto por Bárbara Baião, Julia

Cople, Marina Ferreira, Nilson Klava, Caroline Brizon e Davi

Raposo foi formado no em 2014 após os movimentos relacionados às eleições presidenciais. Tudo começou com a ideia de realizar um projeto independente falando de um interesse em comum a todos: a política. “A política já era um interesse comum e isso se intensificou com todo o contexto das eleições 2014. O Davi Raposo deu o primeiro passo e criou um grupo no Whatsapp. Daí foi questão de ajustar o formato - queríamos artigos, no início, mas depois pensamos que vídeos funcionariam melhor no Facebook.”, disse Marina Ferreira, uma das integrantes do grupo. O projeto está ganhando cada vez mais visibilidade. Hoje, a página no facebook soma quase 4 mil curtidas. Os assuntos de cada vídeo publicado vão sendo organizados de acordo com a “ordem da semana no Congresso Nacional”, como explica Marina. “Os projetos de maior repercussão que devem entrar em pauta, os bastidores da articulação política. Pensamos

juntos os temas mais importantes e escolhemos, em média, dois por semana”, explica. A liberdade de poder pautar as notícias e, ao mesmo tempo opinar nos assuntos políticos da semana é um diferencial do Politique. Por outro lado, o mercado de trabalho é um pouco diferente, principalmente quando tratamos de empresas de grande porte que necessitam dar a notícia sem interferência de opiniões. Nilson Klava, outro integrante do Politique, faz estágio atualmente no canal fechado de notícias da TV Globo, Globo News. Para o estudante de jornalismo, a grande diferença entre fazer parte de um projeto intependente de política e trabalhar em uma empresa de notícias de grande porte é a liberdade.

“No Politique nós pegamos os assuntos mais relevantes da semana, explicamos e podemos até opinar se concordamos ou não com o que foi dito. Na Globo News, por mais que nós, estagiários, tenhamos certa liberdade, não podemos opinar no caráter da notícia, que é dada de maneira

totalmente imparcial”, disse ele. Os integrantes do Politique acreditam que o projeto esteja funcionando porque os vídeos são curtos e a preocupação é em

explicar o básico da política de forma simples e com opiniões dos integrantes. O conteúdo é voltado não só para estudantes de comunicação, mas para todos que tiverem acesso aos vídeos, de uma forma simples e didática.

JORNALISMO

A jovem políticaEstudantes criam projeto para explicar os caminhos da política do país.Por Fernando Loureiro

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Os escândalos nacionais brasileiros como o Mensalão, Propinoduto, e, mais recentemente, a operação Lava Jato já são conhecidos não só aqui no Brasil, mas no mundo todo. A posição passiva do povo brasileiro em relação a esses escândalos também é bastante conhecida. Depois de movimentos políticos como a campanha Diretas Já (1983), os Caras Pintadas(1992), em 2013 parece que os brasileiros acordaram novamente e foram literalmente para a rua(lema utilizado durante as manifestações). E, ano passado, o impasse nas eleições presidenciais entre a atual presidente Dilma Roussef e candidato Aécio Neves trouxe à luz o debate da política nacional mais uma vez. Entender a política nunca foi um assunto muito fácil, talvez por isso exista um desinteresse por parte da população. Por outro lado, saber os caminhos que ela toma é uma maneira de entender o cenário brasileiro, não só político, mas econômico e cultural. Foi pensando nisso que um grupo de estudantes de Comunicação Social da PUC-Rio desenvolveu no ano passado o projeto Politique. Com o objetivo de explicar, em linguagem simples, as decisões e os bastidores da política nacional. O

g r u p o composto por Bárbara Baião, Julia

Cople, Marina Ferreira, Nilson Klava, Caroline Brizon e Davi

Raposo foi formado no em 2014 após os movimentos relacionados às eleições presidenciais. Tudo começou com a ideia de realizar um projeto independente falando de um interesse em comum a todos: a política. “A política já era um interesse comum e isso se intensificou com todo o contexto das eleições 2014. O Davi Raposo deu o primeiro passo e criou um grupo no Whatsapp. Daí foi questão de ajustar o formato - queríamos artigos, no início, mas depois pensamos que vídeos funcionariam melhor no Facebook.”, disse Marina Ferreira, uma das integrantes do grupo. O projeto está ganhando cada vez mais visibilidade. Hoje, a página no facebook soma quase 4 mil curtidas. Os assuntos de cada vídeo publicado vão sendo organizados de acordo com a “ordem da semana no Congresso Nacional”, como explica Marina. “Os projetos de maior repercussão que devem entrar em pauta, os bastidores da articulação política. Pensamos

juntos os temas mais importantes e escolhemos, em média, dois por semana”, explica. A liberdade de poder pautar as notícias e, ao mesmo tempo opinar nos assuntos políticos da semana é um diferencial do Politique. Por outro lado, o mercado de trabalho é um pouco diferente, principalmente quando tratamos de empresas de grande porte que necessitam dar a notícia sem interferência de opiniões. Nilson Klava, outro integrante do Politique, faz estágio atualmente no canal fechado de notícias da TV Globo, Globo News. Para o estudante de jornalismo, a grande diferença entre fazer parte de um projeto intependente de política e trabalhar em uma empresa de notícias de grande porte é a liberdade.

“No Politique nós pegamos os assuntos mais relevantes da semana, explicamos e podemos até opinar se concordamos ou não com o que foi dito. Na Globo News, por mais que nós, estagiários, tenhamos certa liberdade, não podemos opinar no caráter da notícia, que é dada de maneira

totalmente imparcial”, disse ele. Os integrantes do Politique acreditam que o projeto esteja funcionando porque os vídeos são curtos e a preocupação é em

explicar o básico da política de forma simples e com opiniões dos integrantes. O conteúdo é voltado não só para estudantes de comunicação, mas para todos que tiverem acesso aos vídeos, de uma forma simples e didática.

JORNALISMO

O JOGO POLÍTICO DESCOMPLICADO

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Equipe Politique: Bárbara Baiao, Davi Raposo, Julia Cople, Marina Ferreira, Caroline Brizon e Francenilson Klava

Page 12: Revista PensaCom

COMUNICAÇÃO

Tudo começa com o desespero do vestibular. Cursinhos, aulas extras, saídas com os amigos canceladas, por um único objetivo: entrar para faculdade. Nos últimos anos o curso de Comunicação Social tem sido classificado como um dos mais concorridos entre diversas instituições de ensino, como a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e a Universidade Federal do Paraná. Em alguns casos, o curso perde apenas para o de bacharelado em direito. Aqui já começa a concorrência. Depois de aprovado, mais aulas, provas, trabalhos, atividades complementares e estágios a serem realizados, objetivando o tão sonhado diploma de graduação. Mas e depois? É verdade que o mercado de trabalho atual não restringe dificuldades a determinadas profissões, mas falando do mercado de comunicação

devemos dizer que tais dificuldades são muitas e enfrentadas, em sua maioria, por esses recém-formados que em sua maioria fazem parte da tão falada “geração Y”. A geração de jovens nascidos entre o fim da década de 1970 e a metade da década de 1990, tem sofrido diretamente os reflexos impulsionados pelo atual mercado de trabalho da área.No

geral, esses jovens nasceram num contexto em que há a predominância do domínio da internet em todos os meios. Assim, permanecem conectados por muito tempo. E é nesse contexto que muitos têm buscado soluções para as dificuldades presentes no cenário atual.

Com o mercado de trabalho cada vez mais difícil e exigente, além da crise econômica atual, esses jovens têm buscado alternativas às tradicionais para exercerem sua profissão. Muitos apostam em cursos de especialização no Brasil ou no exterior. Mas também há uma parcela que tem investido no uso da internet, através das mídias digitais e redes sociais, como

Youtube e Blogs, para obter alguma renda. Esse é o caso de Amanda Brigido e Crystal Spinelli, estudantes de Comunicação Social da PUC-Rio, que encontraram uma solução alternativa nos Blogs, onde viram resultados significativos em pouco tempo. Crystal criou o blog

"Diários de um Piquenique" em 2012, antes de entrar na faculdade. Nele a estudante aborda assuntos como livros, fotografias e moda. Embora acredite que o blog não será sua única fonte de renda em um futuro próximo, ela destaca como foi surpreendida pelo retorno nas mídias.

"A renda de hoje é total o que eu não esperava no inicio do blog. Eu nem tinha noção de que Youtube e blog geravam dinheiro e muito menos que as pessoas estavam começando a viver disso. A quantia que eu ganho hoje é bem pequena e não dá para viver apenas disso. Quando me formar, continuarei com o blog, mas não como minha principal fonte de renda. Quero trabalhar com conteúdo para internet, mas para outras empresas também. E em relação ao trunfo, eu uso as táticas de publicidade que aprendi na faculdade, então mostro para uma marca as vantagens em termos uma parceria e porque ela precisa de mim como eu preciso dela.” Já para Amanda, criadora do canal "Fala Jogada", o contato com as mídias não se deu apenas como uma alternativa para a profissão. A estudante do sétimo período de publicidade diz que o criou pensando em fazer o que gosta sem ter o lucro como principal objetivo, além de poder colocá-lo em seu portfólio. "Só queria pegar o meu hobby, a minha diversão e expor para as pessoas. O "Fala Jogada" surgiu da vontade de juntar o inútil - que seria jogos na madrugada, dublando alguma cena que ficaria só pra mim depois - com o útil, montar um portfólio do que eu sei fazer. Não pretendo só trabalhar com isso nem criei pensando nisso.” Mesmo não tendo visto de início a oportunidade de ganhar dinheiro com o que fazem, as estudantes acreditam que o investimento nos blogs e canais de Youtube

garantem um futuro promissor quando recebem atenção e investimento necessário. Para a professora da PUC-Rio Patrícia Maurício o mercado de comunicação tem se inovado e não deixou de existir, tanto para publicidade, como para o jornalismo, mesmo com o desenvolvimento de novas mídias. “Não tem mais jeito. A porteira já foi arrombada e nós temos que arrumar uma forma de trabalhar com isso. Mercado de trabalho para jornalistas fora daquele modelo do século XX, sim, tem. Está todo mundo achando suas brechas. Também tem o mercado de c o m u n i c a ç ã o corporativa que é muito grand, maior que o de c o m u n i c a ç ã o (tradicional).” A professora ainda destaca que mesmo com a extinção dos meios tradicionais de trabalho, e o crescimento das mídias digitais, os novos meios não são vistos pelos jovens profissionais como apenas um meio de entretenimento, mas também como um modelo de negócio. “As redações e o s

jornais estão em um processo de extinção e o online de busca, de modelo de negócios. Muitas possibilidades podem se abrir, inclusive de modelos públicos. Modelos públicos de verdade em que o público banca, porque o público quer aquela informação e quer que aquela informação seja isenta . Então agora é a hora de construir um mundo novo. É trabalhoso, é complicado, mas o resultado pode ser muito bom.”

Vou me formar,E AGORA?Mercado de trabalho alternativo é saída para jovens comunicadores

“e u u s o as tát icas de p u b l i c i d ade que aprend i na

fac u l d ad e, então m os tro para u ma marca as vantagens em

te rmos um a parcer ia”

Por Mainara Assis e Marianna Mariano

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Page 13: Revista PensaCom

COMUNICAÇÃO

Tudo começa com o desespero do vestibular. Cursinhos, aulas extras, saídas com os amigos canceladas, por um único objetivo: entrar para faculdade. Nos últimos anos o curso de Comunicação Social tem sido classificado como um dos mais concorridos entre diversas instituições de ensino, como a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e a Universidade Federal do Paraná. Em alguns casos, o curso perde apenas para o de bacharelado em direito. Aqui já começa a concorrência. Depois de aprovado, mais aulas, provas, trabalhos, atividades complementares e estágios a serem realizados, objetivando o tão sonhado diploma de graduação. Mas e depois? É verdade que o mercado de trabalho atual não restringe dificuldades a determinadas profissões, mas falando do mercado de comunicação

devemos dizer que tais dificuldades são muitas e enfrentadas, em sua maioria, por esses recém-formados que em sua maioria fazem parte da tão falada “geração Y”. A geração de jovens nascidos entre o fim da década de 1970 e a metade da década de 1990, tem sofrido diretamente os reflexos impulsionados pelo atual mercado de trabalho da área.No

geral, esses jovens nasceram num contexto em que há a predominância do domínio da internet em todos os meios. Assim, permanecem conectados por muito tempo. E é nesse contexto que muitos têm buscado soluções para as dificuldades presentes no cenário atual.

Com o mercado de trabalho cada vez mais difícil e exigente, além da crise econômica atual, esses jovens têm buscado alternativas às tradicionais para exercerem sua profissão. Muitos apostam em cursos de especialização no Brasil ou no exterior. Mas também há uma parcela que tem investido no uso da internet, através das mídias digitais e redes sociais, como

Youtube e Blogs, para obter alguma renda. Esse é o caso de Amanda Brigido e Crystal Spinelli, estudantes de Comunicação Social da PUC-Rio, que encontraram uma solução alternativa nos Blogs, onde viram resultados significativos em pouco tempo. Crystal criou o blog

"Diários de um Piquenique" em 2012, antes de entrar na faculdade. Nele a estudante aborda assuntos como livros, fotografias e moda. Embora acredite que o blog não será sua única fonte de renda em um futuro próximo, ela destaca como foi surpreendida pelo retorno nas mídias.

"A renda de hoje é total o que eu não esperava no inicio do blog. Eu nem tinha noção de que Youtube e blog geravam dinheiro e muito menos que as pessoas estavam começando a viver disso. A quantia que eu ganho hoje é bem pequena e não dá para viver apenas disso. Quando me formar, continuarei com o blog, mas não como minha principal fonte de renda. Quero trabalhar com conteúdo para internet, mas para outras empresas também. E em relação ao trunfo, eu uso as táticas de publicidade que aprendi na faculdade, então mostro para uma marca as vantagens em termos uma parceria e porque ela precisa de mim como eu preciso dela.” Já para Amanda, criadora do canal "Fala Jogada", o contato com as mídias não se deu apenas como uma alternativa para a profissão. A estudante do sétimo período de publicidade diz que o criou pensando em fazer o que gosta sem ter o lucro como principal objetivo, além de poder colocá-lo em seu portfólio. "Só queria pegar o meu hobby, a minha diversão e expor para as pessoas. O "Fala Jogada" surgiu da vontade de juntar o inútil - que seria jogos na madrugada, dublando alguma cena que ficaria só pra mim depois - com o útil, montar um portfólio do que eu sei fazer. Não pretendo só trabalhar com isso nem criei pensando nisso.” Mesmo não tendo visto de início a oportunidade de ganhar dinheiro com o que fazem, as estudantes acreditam que o investimento nos blogs e canais de Youtube

garantem um futuro promissor quando recebem atenção e investimento necessário. Para a professora da PUC-Rio Patrícia Maurício o mercado de comunicação tem se inovado e não deixou de existir, tanto para publicidade, como para o jornalismo, mesmo com o desenvolvimento de novas mídias. “Não tem mais jeito. A porteira já foi arrombada e nós temos que arrumar uma forma de trabalhar com isso. Mercado de trabalho para jornalistas fora daquele modelo do século XX, sim, tem. Está todo mundo achando suas brechas. Também tem o mercado de c o m u n i c a ç ã o corporativa que é muito grand, maior que o de c o m u n i c a ç ã o (tradicional).” A professora ainda destaca que mesmo com a extinção dos meios tradicionais de trabalho, e o crescimento das mídias digitais, os novos meios não são vistos pelos jovens profissionais como apenas um meio de entretenimento, mas também como um modelo de negócio. “As redações e o s

jornais estão em um processo de extinção e o online de busca, de modelo de negócios. Muitas possibilidades podem se abrir, inclusive de modelos públicos. Modelos públicos de verdade em que o público banca, porque o público quer aquela informação e quer que aquela informação seja isenta . Então agora é a hora de construir um mundo novo. É trabalhoso, é complicado, mas o resultado pode ser muito bom.”

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Crystal Spinelli, do blog "Diários de um Piquenique"

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Diante da instabilidade que o mercado de trabalho tem passado, vale a pena estudar mais um pouco e qualificar o currículo. E na PUC-Rio isso é possível através dos domínios adicionais, que são cursos de complementação de estudos, onde é possível aumentar o conhecimento por meio da educação especializada. Destinados aos alunos e ex-alunos de graduação, a PUC oferece oportunidades de ampliar a formação acadêmica. A inscrição é realizada apenas no último período, mas para se matricular o procedimento é o mesmo da usual renovação de matrícula. Ao longo da graduação os alunos podem adicionar as disciplinas requisitadas da área de seu interesse. Inclusive, esses créditos podem ser aproveitados como disciplinas eletivas do curso. Os currículos possuem de 20 a 30 créditos, constituídos por disciplinas obrigatórias e optativas. A lista completa e

disciplinas a cursar se encontram no link: http://www.puc-rio.br/ensinopesq/ccg/dominios.html Aos estudantes de comunicação uma boa opção é o domínio em Tecnologias e Mídias Digitais, no qual o aluno tem que cumprir 10 créditos em três disciplinas obrigatórias: Comunicação Audiovisual, no próprio Departamento de Comunicação, além de Fundamentos da Mídia Digital e Cotidiano Digital, dos Departamentos de Design e Psicologia, respectivamente. Além das obrigatórias é necessário cumprir mais 10 créditos, distribuídos nas optativas de Tecnologias e Mídias I, II e III, totalizando 20 créditos adicionais. Carlos Serra, aluno do 8º período de publicidade, cursa o domínio de empreendedorismo e também deu dicas aos estudantes de comunicação:“Primeiramente porque dois amigos meus faziam e falavam super bem. Além disso

currículoaDICIONE AO

eu estava me sentindo incomodado com o atual mercado de trabalho e também não queria passar apenas pela graduação. Abri muito a mente ursando empreendedorismo. Hoje vejo que tenho mais recursos pra aplicar na minha carreira” afirma Carlos, que indica o curso para os alunos de comunicação Fique ligado! Pra não perder essa boa é preciso ficar ligado nas datas de inscrição no Calendário Escolar. É só acessar o item “Requerimentos Acadêmicos” do PUC Online, seção restrita, e solicitar a inscrição em um dos

Domínios existentes. Em seguida será criado um novo número de matrícula e os créditos já cursados pertinentes ao domínio desejado serão incorporados como “Aproveitamento de Estudos”. Caso o aluno já tenha cursado alguma disciplina ligada à área de interesse é só informar a DAR. Os graduandos só poderão requerer seu certificado após concluir o curso. Já os formandos é só cumprir os currículos e pegar o certificado que certamente vai ajudar na carreira.

Domínios Adicionais - Uma maneira inovadora de complementar seus estudos na PUC-Rio

Por Wallace Colares

COMUNICAÇÃO13

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Diante da instabilidade que o mercado de trabalho tem passado, vale a pena estudar mais um pouco e qualificar o currículo. E na PUC-Rio isso é possível através dos domínios adicionais, que são cursos de complementação de estudos, onde é possível aumentar o conhecimento por meio da educação especializada. Destinados aos alunos e ex-alunos de graduação, a PUC oferece oportunidades de ampliar a formação acadêmica. A inscrição é realizada apenas no último período, mas para se matricular o procedimento é o mesmo da usual renovação de matrícula. Ao longo da graduação os alunos podem adicionar as disciplinas requisitadas da área de seu interesse. Inclusive, esses créditos podem ser aproveitados como disciplinas eletivas do curso. Os currículos possuem de 20 a 30 créditos, constituídos por disciplinas obrigatórias e optativas. A lista completa e

disciplinas a cursar se encontram no link: http://www.puc-rio.br/ensinopesq/ccg/dominios.html Aos estudantes de comunicação uma boa opção é o domínio em Tecnologias e Mídias Digitais, no qual o aluno tem que cumprir 10 créditos em três disciplinas obrigatórias: Comunicação Audiovisual, no próprio Departamento de Comunicação, além de Fundamentos da Mídia Digital e Cotidiano Digital, dos Departamentos de Design e Psicologia, respectivamente. Além das obrigatórias é necessário cumprir mais 10 créditos, distribuídos nas optativas de Tecnologias e Mídias I, II e III, totalizando 20 créditos adicionais. Carlos Serra, aluno do 8º período de publicidade, cursa o domínio de empreendedorismo e também deu dicas aos estudantes de comunicação:“Primeiramente porque dois amigos meus faziam e falavam super bem. Além disso

currículoeu estava me sentindo incomodado com o atual mercado de trabalho e também não queria passar apenas pela graduação. Abri muito a mente ursando empreendedorismo. Hoje vejo que tenho mais recursos pra aplicar na minha carreira” afirma Carlos, que indica o curso para os alunos de comunicação Fique ligado! Pra não perder essa boa é preciso ficar ligado nas datas de inscrição no Calendário Escolar. É só acessar o item “Requerimentos Acadêmicos” do PUC Online, seção restrita, e solicitar a inscrição em um dos

Domínios existentes. Em seguida será criado um novo número de matrícula e os créditos já cursados pertinentes ao domínio desejado serão incorporados como “Aproveitamento de Estudos”. Caso o aluno já tenha cursado alguma disciplina ligada à área de interesse é só informar a DAR. Os graduandos só poderão requerer seu certificado após concluir o curso. Já os formandos é só cumprir os currículos e pegar o certificado que certamente vai ajudar na carreira.

COMUNICAÇÃO 14

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COMUNICAÇÃO

Bicampeã dos Jogos Universitários de Comunicação Social (JUCS), a PUC-Rio é atualmente a maior potência esportiva entre as atléticas de comunicação da cidade do Rio de Janeiro. O bom desempenho, contudo, vai além das competições que envolvem apenas as instituições desta área de formação. O sucesso pode ser confirmado, por exemplo, pela equipe

feminina de futsal da Universidade, que venceu, pela segunda vez seguida, o Torneio Universitário

Carioca (TUC), que reúne equipes de diferentes cursos. Além da medalha de ouro, a vitória por 6 a 3 sobre o CEFET na decisão simbolizou também a marca de 100% do time no ano. Em quatro torneios disputados, foram quatro títulos para as meninas comandadas pelo treinador Fabrício Santos. Apesar dos bons resultados, o título no TUC foi ameaçado na semifinal da competição, no duelo com a Veiga de Almeida. “A partida terminou em 2 a 2 e decidimos nos pênaltis, ganhando por 3-2. Jogamos contra a equipe da Veiga, que não

conhecíamos tão bem, e o primeiro impacto de jogar na quadra pequena dificultou bastante o jogo”, explicou a pivô Barbara Figueiredo, de 23 anos. Passada a dificuldade para chegar na decisão, a PUC-Rio não deixou o bicampeonato escapar. O segredo do sucesso, aliás, é revelado pela capitã da equipe, a fixa Mariá Bottini. "No começo deste ano, fizemos 29 treinos em 3 meses. Média de um treino a cada 3 dias. Recorde no esporte universitário. O Fabrício mesmo brinca que nunca deu tanto treino na vida. Acho que nosso sucesso vem daí, do comprometimento", comenta.

As atletas, porém, ainda não estão satisfeitas. Elas seguem na

disputa da Liga Universitária Carioca (LUCA), e, no fim do

mês, vão participar dos primeiros Jogos Universitários de Cabo Frio. “Não deixa de ser uma responsabilidade porque nós criamos uma reputação.

Nossas campanhas e nosso empenho

nos trouxeram isso. Mas o que

passa pela n o s s a

cabeça é h o n r a r

e s s e rótulo a

c a d a d ia . A

a t l é t i c a apoia muito a g e n t e ” , r e s s a l t a Barbara.

No entanto, para seguir no caminho das vitórias, é preciso manter uma renovação constante na

e q u i p e , por conta da alta rotatividade do elenco. Por ser um time universitário, a

troca de atletas é uma rotina. "Renovação é a nossa principal preocupação. Eu vivo esse time muito intensamente desde o começo. Estou à frente como representante desde 2013 e me alegra tanto ganhar um título, um jogo importante, que se torna uma preocupação pessoal fazer isso perdurar o máximo possível. Com as atuais meninas ou sem elas, penso no futuro do time, da camisa, da Atlética", afirma Mariá, que participou do primeiro título conquistado pelo time, no JUCS de 2013.

Jogadoras pedem maior investimento É impossível falar de futebol feminino no Brasil, seja qual for a categoria, sem falar da falta de investimento na modalidade. Se no universo masculino são os altos salários que chamam a atenção, entre as mulheres o que ganha destaque é o apoio restrito à prática dessa atividade. Para Barbara, atualmente as atletas que querem seguir no esporte precisam sair do Brasil, indo para países como os Estados Unidos, onde há investimento e, em alguns casos, as jogadoras podem ganhar até bolsas de estudo, salário e moradia. “Nós não esperamos ganhar milhões jogando futebol, até porque eu, particularmente, acho os salários dos grandes clubes internacionais um verdadeiro absurdo. O que nós buscamos é poder nos dedicarmos ao esporte, coisa que se torna impossível ganhando R$ 800 sem benefícios. Chega um momento em que as atletas precisam escolher outra profissão, porque a remuneração no futebol não é suficiente”, lamenta a pivô da PUC-Rio.Para Mariá, a diferença entre os gêneros é menor no futebol universitário, onde existem muitos times femininos de alto nível. Porém, segundo a capitã, a carreira fica restrita ao período de estudos. "Talvez a maior diferença seja o fato da nossa

carreira acabar junto com o canudo, porque não há a menor condição de ser profissional

no Brasil. Aqui, uma jogadora de Série A que disputa o Campeonato Brasileiro

ganha um salário mínimo, enquanto tem meninos de 13 anos

conquistando seu primeiro milhão nas categorias de base", critica.

TALENTO DENTRO

DAS QUADRASPor Clara Freitas

Equipe Futsal na conquista do campeonato

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COMUNICAÇÃO

Bicampeã dos Jogos Universitários de Comunicação Social (JUCS), a PUC-Rio é atualmente a maior potência esportiva entre as atléticas de comunicação da cidade do Rio de Janeiro. O bom desempenho, contudo, vai além das competições que envolvem apenas as instituições desta área de formação. O sucesso pode ser confirmado, por exemplo, pela equipe

feminina de futsal da Universidade, que venceu, pela segunda vez seguida, o Torneio Universitário

Carioca (TUC), que reúne equipes de diferentes cursos. Além da medalha de ouro, a vitória por 6 a 3 sobre o CEFET na decisão simbolizou também a marca de 100% do time no ano. Em quatro torneios disputados, foram quatro títulos para as meninas comandadas pelo treinador Fabrício Santos. Apesar dos bons resultados, o título no TUC foi ameaçado na semifinal da competição, no duelo com a Veiga de Almeida. “A partida terminou em 2 a 2 e decidimos nos pênaltis, ganhando por 3-2. Jogamos contra a equipe da Veiga, que não

conhecíamos tão bem, e o primeiro impacto de jogar na quadra pequena dificultou bastante o jogo”, explicou a pivô Barbara Figueiredo, de 23 anos. Passada a dificuldade para chegar na decisão, a PUC-Rio não deixou o bicampeonato escapar. O segredo do sucesso, aliás, é revelado pela capitã da equipe, a fixa Mariá Bottini. "No começo deste ano, fizemos 29 treinos em 3 meses. Média de um treino a cada 3 dias. Recorde no esporte universitário. O Fabrício mesmo brinca que nunca deu tanto treino na vida. Acho que nosso sucesso vem daí, do comprometimento", comenta.

As atletas, porém, ainda não estão satisfeitas. Elas seguem na

disputa da Liga Universitária Carioca (LUCA), e, no fim do

mês, vão participar dos primeiros Jogos Universitários de Cabo Frio. “Não deixa de ser uma responsabilidade porque nós criamos uma reputação.

Nossas campanhas e nosso empenho

nos trouxeram isso. Mas o que

passa pela n o s s a

cabeça é h o n r a r

e s s e rótulo a

c a d a d ia . A

a t l é t i c a apoia muito a g e n t e ” , r e s s a l t a Barbara.

No entanto, para seguir no caminho das vitórias, é preciso manter uma renovação constante na

e q u i p e , por conta da alta rotatividade do elenco. Por ser um time universitário, a

troca de atletas é uma rotina. "Renovação é a nossa principal preocupação. Eu vivo esse time muito intensamente desde o começo. Estou à frente como representante desde 2013 e me alegra tanto ganhar um título, um jogo importante, que se torna uma preocupação pessoal fazer isso perdurar o máximo possível. Com as atuais meninas ou sem elas, penso no futuro do time, da camisa, da Atlética", afirma Mariá, que participou do primeiro título conquistado pelo time, no JUCS de 2013.

Jogadoras pedem maior investimento É impossível falar de futebol feminino no Brasil, seja qual for a categoria, sem falar da falta de investimento na modalidade. Se no universo masculino são os altos salários que chamam a atenção, entre as mulheres o que ganha destaque é o apoio restrito à prática dessa atividade. Para Barbara, atualmente as atletas que querem seguir no esporte precisam sair do Brasil, indo para países como os Estados Unidos, onde há investimento e, em alguns casos, as jogadoras podem ganhar até bolsas de estudo, salário e moradia. “Nós não esperamos ganhar milhões jogando futebol, até porque eu, particularmente, acho os salários dos grandes clubes internacionais um verdadeiro absurdo. O que nós buscamos é poder nos dedicarmos ao esporte, coisa que se torna impossível ganhando R$ 800 sem benefícios. Chega um momento em que as atletas precisam escolher outra profissão, porque a remuneração no futebol não é suficiente”, lamenta a pivô da PUC-Rio.Para Mariá, a diferença entre os gêneros é menor no futebol universitário, onde existem muitos times femininos de alto nível. Porém, segundo a capitã, a carreira fica restrita ao período de estudos. "Talvez a maior diferença seja o fato da nossa

carreira acabar junto com o canudo, porque não há a menor condição de ser profissional

no Brasil. Aqui, uma jogadora de Série A que disputa o Campeonato Brasileiro

ganha um salário mínimo, enquanto tem meninos de 13 anos

conquistando seu primeiro milhão nas categorias de base", critica.

DAS QUADRAS

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Page 18: Revista PensaCom

CINEMA

de gênero, mas sim pela qualidade dos projetos apresentados. A presença de coletivos femininos dentro da Universidade, como o Coletivo de Mulheres da PUC, o de Direito e o próprio grupo de Comunicação também é um fator importante para pensar nessa representatividade que as mulheres vêm ganhando dentro do campus. “A existência desses coletivos é importante porque

traz problemáticas para o debate. Nós estamos em um bom espaço de discussão”, afirma Anna Carolina. Os cinco filmes dirigidos por mulheres abordam o estupro cometido por parceiros íntimos, a violência doméstica, a representação do negro na mídia, o resgate da origem do Maracatu, pelo viés do grupo Rio Maracatu, além de falar sobre memória e registro.

MulheresA VEZ E A VOZ DAS

Por Beatriz Calado

Não é preciso ficar horas online ou permanecer por muito tempo em uma rodinha de amigos para ouvir que ‘representatividade importa, sim’. A sentença, presente em muitos discursos de movimentos sociais, tem se espalhado por aí e faz parte de um contexto social em cada vez mais mulheres, negros e diversos outros grupos exigem mais espaço na sociedade, seja no mercado de trabalho ou na mídia. Na PUC, essa realidade não é diferente. Como um reflexo do momento em quem estamos vivendo, como a insurgência de grupos feministas por todo o país, nesse semestre o número de mulheres dirigindo os próprios filmes na disciplina Projeto 1, do curso de Cinema, aumentou e superou o número de diretores homens. Ao todo, dos seis roteiros escolhidos, cinco são de meninas. No semestre passado, as mulheres dirigiram três filmes, a metade dos enredos selecionados. De acordo com Victória Roque, uma das premiadas que fará um filme sobre a representação do negro na mídia, esse protagonismo feminino tem relação direta com o que acontece fora dos muros da Universidade. “As mulheres estão agora com um poder de voz maior, se conscientizando e se empoderando mais”, diz. Para a aluna Anna Carolina Iunes, apesar de ainda terem poucas mulheres no campo cinematográfico, elas vêm ganhando espaço de forma lenta e gradual nesse mercado. “No cinema está tendo esse aumento, mas de qualquer forma ainda está muito longe de ser o ideal. É um problema estrutural, você tem mais de 100 anos de história do cinema que é totalmente dominado por homens, mas eu acho que,

principalmente pelos movimentos feministas que estão acontecendo de forma muito expoente, isso está acarretando mudanças em toda a sociedade”, opina Anna, que produz um documentário sobre o resgate da origem do Maracatu. Apesar do número expressivo de mulheres comandando os sets nesse período, Paula Alves, uma das diretoras aprovadas pela banca, ressalta que a realidade desse período ainda é exceção. Para ela, as alunas de cinema geralmente ainda são convidadas para trabalhar na produção dos filmes em áreas consideradas ‘mais femininas’. “Aqui na PUC, quando os garotos vão dirigir filmes eles chamam as garotas para trabalhar nas áreas de artes, figurino, maquiagem, produção, que são áreas que eles acreditam que são mais sensíveis ou que são mais diretas, mais femininas. Tem pouca mulher dirigindo e fotografando”, exemplifica Paula, cujo tema do documentário é sobre violência doméstica. Para o único professor de Projeto 1, José Mariani de Sá Carvalho, que também fez parte da banca avaliadora dos projetos, existem alguns fatores que podem ter contribuído para nesse semestre a disciplina ter mais projetos femininos aprovados. “Pode ser que a porcentagem maior de alunas inscritas na disciplina esse semestre tenha contribuído, também pode ter sido pelo momento cultural que estamos vivendo, onde as mulheres estão mais presentes no sentido participativo, buscando espaço, ou pode ter sido um mero acaso. Acho que são várias coisas que estão por trás”, supõe o professor. Ele afirma, ainda, que os enredos não foram selecionados por uma questão

Alunas do curso de cinema realizam nesse período cinco dos seis projetos da disciplina Projeto 1; Estupro cometido por parceiros, violência doméstica e representação do negro na

mídia são alguns dos temas dos filmes em produção.

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CINEMACINEMACINEMA

de gênero, mas sim pela qualidade dos projetos apresentados. A presença de coletivos femininos dentro da Universidade, como o Coletivo de Mulheres da PUC, o de Direito e o próprio grupo de Comunicação também é um fator importante para pensar nessa representatividade que as mulheres vêm ganhando dentro do campus. “A existência desses coletivos é importante porque

traz problemáticas para o debate. Nós estamos em um bom espaço de discussão”, afirma Anna Carolina. Os cinco filmes dirigidos por mulheres abordam o estupro cometido por parceiros íntimos, a violência doméstica, a representação do negro na mídia, o resgate da origem do Maracatu, pelo viés do grupo Rio Maracatu, além de falar sobre memória e registro.

Diretora: Marccela VegahProdutora: Jessica Menezes A aluna Marccela Vegah decidiu abordar o estupro cometido por parceiros íntimos em seu documentário após ela mesma passar por essa má experiência. Ao conversar com amigas para desabafar, ela percebeu que esse tipo de violência é muito mais comum do que se imagina. O �lme, feito por uma equipe feminina e feminista, é construído a partir de cinco relatos verdadeiros e são dados por atrizes. “A gente vive em uma cultura de estupro em que as mulheres são estupradas todos os dias. O que nós queremos com o �lme é dar voz para quem não tem. É para as pessoas reconhecerem a violência que elas vivem e as violências que elas praticam umas contra as outras”.

Diretora: Anna Carolina Iunes Produtora: Elba Cynthia Marques O �lme acompanha duas mulheres negras e um homem caboclo para tentar resgatar a origem do Maracatu, dança folclórica com raízes afro-brasilieras, dentro do grupo Rio Maracatu. A ideia surgiu depois que Anna assistiu uma apresentação do grupo na rua e percebeu que a dança está sendo elitizada. “Aqui no Rio, o Maracatu tem muito cortejo na Lapa, que é uma área turística, ou em Ipanema, com pouquíssimos negros, o que é ao contrário do Maracatu, que é totalmente ligado ao candomblé, de matriz africana”, diz.

Diretora: Juliana Ludolf Produtora: Clara BalbiCom as imagens de seu próprio arquivo pessoal feito em VHS junto com fotos, cartas e diários de terceiros, Juliana viu que seria possível voltar ao passado, reviver memórias e reconstruir relatos a partir de registros feitos há décadas. “Numa conversa jamais interrompida, o �lme pretende compor com o sentido das palavras e das imagens uma poesia cinematográ�ca a partir das sensações que essas imagens nos transmitem, imagens objetivas e exteriores, uma imagem em movimento no imaginário das pessoas”, explica.

Diretora: Victória Roque Produtora: Melina Ferreira Com foco nas crianças, o �lme vai abordar o papel da mídia (livros, �lmes, bonecos) na formação da identidade negra e de que forma ela pode reforçar o racismo que existe em nossa sociedade. “Esse tema é uma inquietação minha de sempre, de olhar na mídia e de não ver essa referência negra. Eu comecei a ler algumas coisas na internet relacionados ao tema e percebi que isso precisava ser discutido”, ressalta.

Diretora: Paula Alves Produtora: Thaysa Paulo O enredo do documentário observacional gira em torno de Norma, uma mulher de 35 anos, moradora de Campo Grande, e que foi abusada quando ainda era criança pelo padrasto. O �lme faz um contraponto com o abuso sofrido por Norma e como ela conseguiu dar a volta por cima em sua vida. “A nossa intenção é tratar sobre as marcas que a violência doméstica deixa nessas pessoas. É mais o trauma e não só o abuso. No �lme, eu acompanho a Norma no dia a dia e acabo fazendo uma análise sobre o papel da mulher na sociedade”, diz Paula.

O MAIS BARULHENTO SILÊNCIO Não é preciso ficar horas online ou permanecer por muito tempo em uma rodinha de amigos para ouvir que ‘representatividade importa, sim’. A sentença, presente em muitos discursos de movimentos sociais, tem se espalhado por aí e faz parte de um contexto social em cada vez mais mulheres, negros e diversos outros grupos exigem mais espaço na sociedade, seja no mercado de trabalho ou na mídia. Na PUC, essa realidade não é diferente. Como um reflexo do momento em quem estamos vivendo, como a insurgência de grupos feministas por todo o país, nesse semestre o número de mulheres dirigindo os próprios filmes na disciplina Projeto 1, do curso de Cinema, aumentou e superou o número de diretores homens. Ao todo, dos seis roteiros escolhidos, cinco são de meninas. No semestre passado, as mulheres dirigiram três filmes, a metade dos enredos selecionados. De acordo com Victória Roque, uma das premiadas que fará um filme sobre a representação do negro na mídia, esse protagonismo feminino tem relação direta com o que acontece fora dos muros da Universidade. “As mulheres estão agora com um poder de voz maior, se conscientizando e se empoderando mais”, diz. Para a aluna Anna Carolina Iunes, apesar de ainda terem poucas mulheres no campo cinematográfico, elas vêm ganhando espaço de forma lenta e gradual nesse mercado. “No cinema está tendo esse aumento, mas de qualquer forma ainda está muito longe de ser o ideal. É um problema estrutural, você tem mais de 100 anos de história do cinema que é totalmente dominado por homens, mas eu acho que,

principalmente pelos movimentos feministas que estão acontecendo de forma muito expoente, isso está acarretando mudanças em toda a sociedade”, opina Anna, que produz um documentário sobre o resgate da origem do Maracatu. Apesar do número expressivo de mulheres comandando os sets nesse período, Paula Alves, uma das diretoras aprovadas pela banca, ressalta que a realidade desse período ainda é exceção. Para ela, as alunas de cinema geralmente ainda são convidadas para trabalhar na produção dos filmes em áreas consideradas ‘mais femininas’. “Aqui na PUC, quando os garotos vão dirigir filmes eles chamam as garotas para trabalhar nas áreas de artes, figurino, maquiagem, produção, que são áreas que eles acreditam que são mais sensíveis ou que são mais diretas, mais femininas. Tem pouca mulher dirigindo e fotografando”, exemplifica Paula, cujo tema do documentário é sobre violência doméstica. Para o único professor de Projeto 1, José Mariani de Sá Carvalho, que também fez parte da banca avaliadora dos projetos, existem alguns fatores que podem ter contribuído para nesse semestre a disciplina ter mais projetos femininos aprovados. “Pode ser que a porcentagem maior de alunas inscritas na disciplina esse semestre tenha contribuído, também pode ter sido pelo momento cultural que estamos vivendo, onde as mulheres estão mais presentes no sentido participativo, buscando espaço, ou pode ter sido um mero acaso. Acho que são várias coisas que estão por trás”, supõe o professor. Ele afirma, ainda, que os enredos não foram selecionados por uma questão

REBOBINE

Adélcio Albuquerque- Avó de Juliana Ludolf

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LÁPIS COR DE PELE

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Equipe do Filme Lápis Cor de Pele

UM RIO DE MARACATU

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Anna Carolina Iunes, Francisco Barbosa e Marli Santos

VIDAS ROUBADAS

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Norma e a filha

Cena do Filme 'O Mais Barulhento Silêncio'

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Page 20: Revista PensaCom

CINEMA

O cinemacoreano pedepassagem

É com a ruina do governo soviético e o advento da globalização na década de 90 que se inicia o surgimento de diversas escolas cinematográficas. Nessa época temos a Coréia do Sul e o surgimento da Segunda Era de Ouro do cinema coreano, ou o Cinema Novo Coreano. Fortemente subsidiado pelo Estado, esse cinema vem crescendo em velocidade assustadora. Em 1995, a Coreia do Sul exportou apenas 15 filmes, mas uma década mais tarde, 202 filmes foram exibidos oficialmente no exterior. Atualmente a Coréia do Sul é um dos únicos países no qual o cinema nacional tem mais bilheteria que o cinema norte-americano: em 2010, todo o cinema estrangeiro teve um público de 78,5 milhões de espectadores enquanto o nacional contou com a presença de 68,3 milhões de pessoas. Se compararmos esses números com o cenário brasileiro, veremos que no mesmo ano o público para filmes nacionais no Brasil foi de apenas 25,6 milhões de pessoas contra 109,3 para filmes internacionais. Entre os 10 filmes com maior

bilheteria nacional o Brasil tem apenas 1 filme produzido em seu próprio pais, a Coréia tem 9. No entanto o cinema coreano não tem se limitado a apenas o cenário nacional. No ano de 2013, mais de 120 milhões de ingressos de filmes coreanos foram vendidos fora da Coréia, o que o torna o 5º país com a maior bilheteria acumulada no exterior. Mas devido ao desinteresse de grandes distribuidoras em investir em um mercado novo, não tão consolidado e comercialmente lucrativo como o norte-americano ou o francês, a divulgação desses filmes no Brasil é extremamente pequena, se limitando apenas a raríssimos eventos, e assim tornando a visualização desse cinema extremamente difícil, inclusive para os que tem interesse. O PensaCom, então, reuniu uma lista de grandes lançamentos e sucessos da última década. Passando por diversos gêneros como romance, ação e terror, o objetivo dessa lista é conquistar todo tipo de público. Desde os amantes do cinema arte até os que veem em busca de puro entretenimento.

Sucesso dos filmes nacionais faz a Coréia ser um dos principais novos polos da produção

cinematográfica alternativaPor Helio Chrockatt

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CINEMA

O cinemacoreano pedepassagem

1. OldboyOh Dae-su é um homem comum, bem casado e pai de uma garota de 3 anos, que é levado a uma delegacia por estar alcoolizado. Ao sair ele liga para casa de uma cabine telefônica e logo em seguida desaparece, dexando como pista apenas o presente de aniversário que havia comprado para a filha.

2. Sympathy for Mr. VengeanceRyu é um homem surdo-mudo que vive com sua irmã, uma jovem que precisa fazer um transplante de rim. Desesperado e disposto a tudo para salvar a vida da irmã, ele aceita doar um de seus rins, em troca da promessa de receber um outro que seja compatível com o dela.

3. Memories of a MurderO corpo de uma jovem brutalmente assassinada é achada pela polícia. Dois meses depois, em outro lugar, a brutalidade se repete. Em um local onde isso nunca havia acontecido, os tiras se preparam com crimes cometidos por um assassino em série. Começa então uma interessante investigação.

4. A Tale of two sistersDuas irmãs voltaram para casa após passar um tempo em um internato. Elas são recebidas de braços abertos pela madrasta que logo depois se mostra uma mulher cruel. Aos poucos, acontecimentos perturbadores mostram que todos escondem um mistério horripilante.

5. The ChaserJoong-ho Eom (Kim Yun-seok) é um detetive que se tornou cafetão por problemas financeiros, mas está de volta a ação, quando percebe que suas meninas desaparecem uma após a outra. Uma pista o faz perceber que todas elas estavam com o mesmo cliente, identificado pelos últimos dígitos do celular

6. My Sassy GirlGyeon-woo é um rapaz que vê a sua vida de cabeça pra baixo ao salvar uma garota bêbada na estação de metrô. Ela faz da vida dele uma verdadeira bagunça mais apesar de tudo ele começa a gostar dela.

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Cena do filme Oldboy

Cena do filme Memories of a Murder

Cena do filme A tele od two Sisters

Cena do filme My Sassy Girl

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qUADRINHOSComunicação

Por Augusto Portella e Daniel Frickmann

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Editor ChefeMatheus Palmieri

Produção Laiza Manoela

Arte e DiagramaçãoRayza Santana

ReportagemMairnara Assis

Mariana MarianoWallace Colares

Clara FreitasLuciano GiambiagiFernando Loureiro

Laura TurtonElida MagalhãesHelio ChrockattBeatriz Calado

QuadrinhosAugusto PortellaDaniel Frickmann

DivulgaçãoLuma Antunes

Bruna DefelippeHumberto Pinheiro

Erika MoulinJulia Pitaluga