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Transcript of Revista Petrópolis
PetrópolisRio de JaneiroNov/Dez 2010Distribuição Gratuita
Nº 22Edição especial
Confira aProgramação Cultural
Natal em Petrópolis:
a melhor opção também
para cariocas, fluminenses,
mineiros, paulistas...
magia natalina. Tudo isso garantirá que, estando em
Petrópolis, onde quer que você vá, o Natal irá envolvê-
lo numa atmosfera diferenciada de paz, união, alegria e
beleza que é um dos nossos principais cartões de
visita.
E a resposta antecipada a este gentil convite não se fez
esperar. Revertendo uma realidade em que, até algum
tempo atrás, o fluxo turístico minguava tanto que
algumas pousadas davam férias coletivas aos seus
empregados, no final do ano, em 2010 podemos
comemorar o grande aumento do interesse dos turistas
e as antecipações de reservas na nossa rede hoteleira,
principalmente no Centro Histórico. O comércio e o
setor de serviços se preparam para um aquecimento
significativo nas vendas. O 13º salário dinamiza a
economia: e tudo isso significa que, no Natal de Luz de
Petrópolis, todo mundo tem mais dinheiro no bolso,
inclusive os trabalhadores da cultura. Afinal, o evento
gera renda e ocupação temporária, e remunerada,
para mais de 1.200 pessoas. Aos músicos, maestros,
cantores, arranjadores, técnicos de luz e som,
produtores e outros profissionais tradicionalmente
beneficiados neste período, uniram-se este ano os
designers, figurinistas, maquiadores, coreógrafos,
costureiras, figurantes e muitos outros profissionais,
envolvidos em construir cada detalhe das Paradas de
Luz.
Com tudo isso, só nos resta reforçar: se você já está
pronto para aproveitar tudo o que Petrópolis tem a
oferecer neste Natal, seja bem-vindo. Se ainda não se
programou, corra, convide a família e os amigos: e
prepare-se para uma experiência inesquecível. Porque
não há nada mais acolhedor, inspirador e gratificante
do que estar aqui, neste momento mágico do ano.
i n g u é m d u v i d a q u e a
Petrópolis Imperial possui
história, natureza, beleza e
uma série de outros fatores que a
tornam irresistível, em qualquer estação. A principal
prova deste fato está no 1 milhão e 500 mil turistas e
visitantes que nos brindaram com sua presença, em
2010. No entanto, desde 2009, a união do poder
público, de empresas patrocinadoras e de diversas
entidades parceiras está provando algo mais: que a
cidade também pode fazer do Natal um novo produto
temático, com potencial cultural, turístico e econômico
para incrementar, ao máximo, a atração que a cidade já
exerce o ano inteiro.
Não se trata de inventar a roda: mas, sim, de investir no
charme e tradição já existentes para transformar o
nosso patrimônio preservado em um grande palco a
céu aberto, onde as luzes e a arte são os principais
protagonistas. E de fazer tudo isso com a
grandiosidade que a cidade merece. Para tanto, a partir
do dia 26 de novembro, 80 mil jogos de luzes
demarcarão os contornos da natureza exuberante e
revestirão todo o Centro Histórico de uma aura de
sonhos, a cada entardecer. Mais de 170 eventos
gratuitos, entre concertos, apresentações de corais,
orquestras, bandas, grupos musicais e vocais, autos
de natal, peças teatrais, festival de cinema e muitas
outras atrações, acontecerão não apenas no Centro,
mas também em 36 outras localidades da cidade, entre
comunidades, bairros e quarteirões.
Até dia 23 de dezembro, quando a programação se
encerra, o Natal nos Bairros terá realizado uma média
de quatro eventos por dia – afinal, um Natal com um
apelo cultural tão forte também é, fundamentalmente,
um momento de inclusão, de formação de plateias, de
permitir o amplo acesso ao espírito de solidariedade e
elevação.
Duas Paradas de Natal – as Paradas de Luz –
atravessarão a Rua do Imperador, nos dias 04 e 19 de
dezembro, envolvendo as crianças na alegria e na pura
Os petropolitanos garantem.
E esperam por você, de braços abertos.
N
Equipe Revista Petrópolis
A REVISTA DA CULTURA E DO TURISMO
Siga a Revista Petrópolisno Twitter e fique por dentro das novidades
da cidade em tempo real.
@revpetropolis@revpetropolis
mês de dezembro anuncia uma época
repleta de momentos marcantes, que são
aguardados ansiosamente por muita gente:
o início do verão, o começo das férias, o dia de
Natal, a chegada do Ano Novo.
Quem escolhe visitar Petrópolis neste período,
encontra por aqui um agradável recanto para
descansar, uma linda decoração enfeitando todo o
Centro Histórico e ainda uma programação cultural
recheada de eventos especiais.
Desde o final de novembro, centenas de artistas trazem
para a cidade belíssimos espetáculos. Além de
proporcionar ao público shows e desfiles produzidos
para a ocasião, o Natal de Luz é também um atrativo
que convida o visitante a conhecer alguns eventos que
já fazem parte do roteiro turístico tradicional. Para quem
vai aproveitar uma das épocas mais charmosas do ano
na Petrópolis Imperial, existem opções imperdíveis de
passeios e apresentações culturais.
O turismo histórico, por exemplo, é um dos aspectos
mais marcantes de Petrópolis. Ícones que tornam a
cidade conhecida internacionalmente, como Museu
Imperial, o Palácio de Cristal, a Catedral São Pedro de
Alcântara e o Museu Casa de Santos Dumont, são
paradas obrigatórias para quem se interessa pela
História do Brasil. Conhecer de perto a rica arquitetura e
as curiosidades desses e de outros monumentos é uma
oportunidade fascinante, que deve ser aproveitada por
todos que visitam a cidade.
A natureza exuberante também chama a atenção de
quem passa por aqui. Afinal, não é muito comum
encontrar hoje em dia um município bem estruturado e
desenvolvido que ainda preserve o verde em sua área
urbana. Em Petrópolis, porém, isso é diferente. Seja
para observar a beleza da Mata Atlântica que cerca a
cidade, ou para se aventurar nas diversas trilhas, aqui
existem opções variadas de turismo ecológico para
quem gosta de programas radicais e aventuras em
meio à natureza.
A gastronomia também é um aspecto cultural que
reflete características típicas de qualquer lugar, e em
Petrópolis não poderia ser diferente. Cozinhas do
mundo inteiro se misturam e se combinam aqui, criando
sabores especiais que agradam a todos os paladares.
Os fãs da culinária encontram na cidade um roteiro
enogastronômico diversificado: são mais de 160 bares
e restaurantes, que servem de comida caseira a pratos
exóticos.
Em um lugar aconchegante e hospitaleiro como
Petrópolis, existe sempre o cuidado e a preocupação
em atender cada vez melhor quem visita e mora aqui.
Enquanto você e sua família tudo o que a cidade tem
para oferecer, vale a pena descobrir tudo o que a cidade
oferece nesta e em todas as épocas do ano.
Texto: Letícia Affonso | Fotos: Ricardo Castro
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 05Foto: Jaci CorrêaFoto: Divulgação Foto: Divulgação
O Natal de Luz Petrópolis 2010 está
imperdível. São mais de 120 atrações, em 30
localidades da cidade, do dia 26 de
novembro a 23 de dezembro. Confira abaixo
alguns destaques e veja a programação
completa em www.petropolis.rj.gov.br/fctp
ou Disque-Turismo 0800 024 15 16.
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo06
No dia 26 de novembro, a partir das 19h, na Praça da
Liberdade, o Prefeito Paulo Mustrangi dá a partida no mês
de comemorações, acendendo as 80 mil luzes de natal
que ornam todo o Centro Histórico. Em seguida, o público
será brindado com o Natal das Águas, espetáculo de
dança, e um grande concerto de Natal das Meninas
Cantoras de Petrópolis que, este ano, contarão com a
participação especial do contratenor Evandro Oliva.
Após 20 anos, o Órgão da Catedral São Pedro de Alcântara
volta a tocar. Construído por Guilherme Berner e Inaugurado
em 1937, o imponente instrumento foi totalmente restaurado,
com recursos obtidos pela Prefeitura de Petrópolis junto ao
Ministério da Cultura, a partir de emenda do Senador
Francisco Dornelles. No Concerto de Gala, dia 20/12, um
repertório impecável será apresentado pelo maestro Marco
Aurélio Lischt. Às 19h, na Catedral São Pedro de Alcântara.
Dia 18 de dezembro, às 20h30,
acontece a segunda edição do
Jantar Beneficente em prol do
FUNCRIA (Fundo da Criança e do
Adolescente), no Parque Municipal
de Petrópolis, em Itaipava. A cantora
Monique Grazinoli e o pianista Tibor
Fittel trarão, para a festa, a
inspiração de suas canções. O valor
dos ingressos será revertido para
instituições que cuidam de crianças
e adolescentes carentes da cidade.
A renomada Cia. Brasileira de Ballet apresenta toda a delicadeza
do famoso clássico de Natal “O Quebra-Nozes”. O grupo já exibiu a
montagem por todo o país, e traz para Petrópolis a apresentação de
dança que encantou mais de 30 mil pessoas, na temporada de
2009. O evento tem direção e adaptação de Jorge Teixeira. Dia 11,
às 20h e dia 12, às 19h, no Theatro D. Pedro.
Repetindo o sucesso de 2009, o Coral Integração irá reunir vários
coros da cidade para uma apresentação especial. Sob a regência
do maestro Paulo Afonso, aproximadamente 500 vozes de 17
corais irão interpretar tradicionais canções de Natal. Dia 22, às 20h,
na Igreja Nossa Senhora do Rosário.
A programação do Natal de Luz
nos Bairros cresceu ainda mais!
Em 2010, diversas atrações
estarão presentes em 30
localidades, entre quarteirões,
bairros e distritos. Além dos
corais, música e teatro, a
grande novidade é o Cinema
Itinerante – Natal de Luz,
festival que irá exibir filmes
temáticos, sempre às 19h30.
A partir de 27 de novembro e até 24 de
dezembro, mais de 50 artesãs expõem seus
trabalhos no Palácio de Cristal, de segunda a
domingo, das 9h às 18h. Uma das atrações é a
participação da Mamãe Noel, distribuindo balas
e recebendo doações de brinquedos, para
crianças carentes. No mesmo período,
acontece a Feira de Artesanato da Praça da
Liberdade, que reunirá os trabalhos de outras
associações de artesãos locais.
A Parada de Luz é uma das grandes
novidades deste Natal. Nos dias 4 e 19
de dezembro, às 19h30, na Rua do
Imperador, a cidade poderá conferir
momentos de pura magia e beleza em
um desfile natalino inteiramente
elaborado para a ocasião, por artistas
petropolitanos. Fantasias e alegorias
são assinadas por Simone Gouvêa e o
enredo e carros alegóricos, pelo
carnavalesco e artista plástico Arthur
Varella. Imperdível!
Petrópolis A Revista da Cultura e do TurismoPetrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 07
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo08
Texto: Eliane Maciel l Fotos: Alexandre Peixoto
Neste mês de dezembro, uma obra-prima volta, literalmente, a
"respirar" - e a inspirar. E aqueles que comparecerem à
Catedral São Pedro de Alcântara, às 20h do próximo dia 20 de
dezembro, desfrutarão deste instante único para imergir em
uma atmosfera plena de musicalidade e transcendência.
A "grande estrela" da noite memorável tem 2.227 tubos, pesa
cerca de nove toneladas e passou mais de vinte anos sem
emitir uma única nota: trata-se do Órgão da Catedral que,
totalmente restaurado, será reinaugurado em um Concerto de
Gala, protagonizado pelo maestro Marco Aurélio Lischt. O
resgate do magnífico instrumento só foi possível a partir da
captação, pela Prefeitura de Petrópolis, de recursos da ordem
de R$ 600 mil junto ao Ministério do Turismo, a partir de
emenda do Senador Francisco Dornelles. Quem, no passado,
teve o privilégio de escutar a sonoridade ímpar, aposta que o
momento será um dos mais emocionantes da programação
do Natal de Luz – Petrópolis 2010.
Consta que o Órgão, primeiro instrumento a utilizar um
teclado, foi criado pelo grego Ctesibius de Alexandria, no séc.
III a.C. Chamava-se hydraulis e animava festas profanas. Era
pequeno, portanto, muito diferente dos imensos órgãos que
nos acostumamos a associar às grandes igrejas: embora o
maior do mundo - com três andares e cerca de 12 mil tubos -
esteja localizado em um shopping Center, em Los Angeles!
Porém, o instrumento da antiguidade já aplicava o princípio
que levaria às modernas versões: uma caixa hidráulica,
acionada, propulsionava alguns foles, fazendo soar duas ou
três flautas cujos sons, combinados, formavam a música.
Com o tempo, o órgão foi adquirindo outras
características: e ocupando novos
espaços. Fez parte dos desfiles
mi l i tares e dos sangrentos
espetáculos das arenas. Mais
tarde, na Idade Média, os
Beneditinos o transformaram em
acompanhante das celebrações. A
p a r t i r d e e n t ã o , s e m p r e
aperfeiçoado, se transformou,
inequivocamente, no mais sacro dos
instrumentos.
O estado possui alguns dos órgãos
mais famosos do país, entre eles o do
REVIVENDO UMA
OBRA-PRIMA DE ARTE E SOM
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 09
Convento de Santo Antônio e do Mosteiro de São Bento. O da
Igreja de Santo Antônio, em Niterói, é famoso porque toda a
nave do templo é revestida pelos tubos. O da Catedral São
Pedro de Alcântara merece destaque, porém, por ser um dos
primeiros a contar com transmissão elétrica no console. E por
ser assinado pelo maior organeiro que o país já conheceu, o
alemão Guilherme Berner.
Guilherme Berner: artista completo e artífice de um
instrumento único
O órgão da Catedral de Petrópolis, doado pela senhora Olga
Rheingantz Porciuncula, foi inaugurado em 1937 e é, em
muitos aspectos, uma obra-prima.
Ninguém discute que Wilhelm Gustav Berner (nome de
batismo de Guilh., como era
conhecido) foi um exímio artista
em sua rara especialidade. De
1930 a 1950, ele projetou,
construiu e "assinou" mais de 20
órgãos pelo Brasil afora: e, em
cada um deles, deixou a marca de
sua genialidade. Após formar-se
organeiro, na Alemanha, aos 18
anos, Berner trabalhou em várias
indústrias da área, passou pela
África e pela Espanha e chegou ao
Brasil, em 1929. Era, então, um
aventureiro de 25 anos, forte e
brincalhão, o mais novo de sete
irmãos e o único a tentar a sorte
em outras terras: o que o
transformou em um ícone, perante
a família.
No Rio de Janeiro, Guilh. se
estabeleceu na Rua Feliciano
Aguiar e começou a restaurar
órgãos e harmônios de diversas
igrejas. Três anos mais tarde, seu
conhec imen to e i ncomum
habilidade chamaram a atenção
de uma empresa inglesa, a
Davidson & Poolen, que resolveu
invest i r no jovem ta lento,
f inanciando a construção
d e s u a
fábrica, em Maria da Graça.
Aperfeiçoando sua técnica como
artífice de um instrumento musical tão
caro, e de tal complexidade, que a
autorização para a produção de
qualquer um, em território nacional,
era dada pelo Governo Federal,
Gui lh . Berner logo a lcança
notoriedade. Seu empreendorismo
é notório: o Presidente Getúlio
Vargas o homenageia com uma
Comenda. Ele desafia padrões e
t r ans fo rma-se no que se
convencionou chamar de um
"organeiro pleno"; assina todas as etapas da elaborada
construção e faz desde a mobiliária até a estrutura
pneumática e, também, metálica, de cada um de seus órgãos.
Mais que isso: fabrica até mesmo as chapas que, mais tarde,
funde, para construir os tubos. Numa época em que as
importações eram quase impossíveis, pelo tempo e custos
envolvidos, chega ao requinte de projetar suas próprias
máquinas de apoio, inclusive um torno gigantesco. É a partir
da construção deste maquinário específico, sempre feito sob
sua estrita orientação, que ele inicia sua relação com a Cidade
Imperial, utilizando os serviços da Fundição Petrópolis.
O órgão que está na Catedral São Pedro de Alcântara é o
Opus 10 (ou seja, é o décimo construído por Berner, no Brasil).
Foi montado em duas etapas: na primeira, foram instalados
1.800 tubos e, na segunda, chegou-se à configuração final, de
2.227 tubos. Na restauração, seu circuito elétrico foi
cuidadosamente substituído por
c o m p o n e n t e s e l e t r ô n i c o s
exaustivamente testados para
garantir que os registros sonoros
originais não sofram qualquer
alteração. Além disso, todo o
mobiliário interno original da
Catedral também foi construído
por Berner, que tomou o cuidado
de fazer com que os entalhes da
madeira de portais e dos balcões
do coro coincidissem com as
elegantes linhas do instrumento
que ocuparia, na nave, um lugar
de destaque.
Porém, no auge da carreira,
Berner sofre uma queda e quebra
duas vértebras. O acidente o deixa
impedido de levantar da cama,
sem o auxílio de um colete de aço.
Carente de sua orientação
exclusiva e minimalista, a fábrica é
fechada e um fiel funcionário, o sr.
Mário de Favere, encarrega-se de
cumprir até o final os contratos,
seguindo os projetos originais. Em
meio à crise, o casamento também
se desfaz e a ex-esposa, após a
separação, deixa os três filhos
menores sob a guarda do pai. Em
busca de uma recuperação, ainda que parcial, o organeiro
muda-se para Petrópolis em 1950 e traz da Alemanha a irmã
mais velha, Frida, suporte essencial para todos, nas horas
difíceis. Porém, todas as perdas acabam por atingir
profundamente a saúde já debilitada. Em 1954, Guilh. Berner
falece com apenas 49 anos, vitimado pela tuberculose óssea
e problemas cardíacos.
Por tudo isso, com certeza, quando o Opus 10 transformar
novamente a abóbada da Catedral em uma imensa caixa de
ressonância, fazendo-a vibrar pelo grandioso poder da
música sacra, os anjos sorrirão. E Guilh. Berner, ao lado deles,
também: talvez compreendendo, afinal, que nenhuma
vicissitude é capaz de destruir as mais grandiosas obras que,
saindo das mãos ungidas dos artistas, são um signo e um
testemunho da presença do Divino, na face da terra.
Folder da inauguração do Órgão em 1937
Divulgação
Divulgação
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo10
Há 73 anos, quando foi inaugurado, o órgão da
Catedral São Pedro de Alcântara foi tocado do
professor Angelo Camin, na época, um dos maiores
organistas do Brasil.
O Concerto de Gala que marcará a reinauguração do
Órgão da Catedral São Pedro de Alcântara, em 20 de
dezembro de 2010, terá como solista o maestro Marco
Aurélio Lischt, que iniciou sua carreira no Coral dos
Canarinhos de Petrópolis e, atualmente, é diretor
artístico do coro, com o qual já gravou três CDs.
Mestre em Música em Órgão, com prêmios e
apresentações em países como Polônia e República
Tcheca, o maestro Lischt passou cinco anos na
Alemanha onde, em 1998, formou-se no curso de
Música Sacra na Hochschule für Musik und
Darstellende Kunst em Frankfurt/Main. Seus mais
recentes concertos, antes da apresentação de
reinauguração do órgão da Catedral São Pedro de
Alcântara, aconteceram em julho deste ano, em quatro
cidades da Polônia.
Prelúdio e Fuga em Mi bemol Maior BWV 552 - Bach (1685-1750)
Os 6 Corais Schübler
Wachet auf, ruft uns die Stimme BWV 645(Acordai, a voz nos chama)
Wo soll ich fliehen hin BWV 646(Para onde devo fugir)
Wer nur den lieben Gott lässt walten BWV 647(Quem deixa o bom Deus reinar)
Meine Seele erhebt den Herrn BWV 648(Minha alma engrandece o Senhor)
Ach bleib bei uns Herr Jesu Christ BWV 649(Fica conosco, Senhor Jesus Cristo)
Kommst du nun, Jesu, vom Himmel herunter BWV 650 (Vem logo, Jesus, descido do céu)
Calimerio Soares (1944) - Toccata Breve
Louis Vierne (1870-1937) - Finale da Sinfonia nº 1 para órgão op. 14
Olivier Messiaen (1908-1992) - La Nativité du Seigneur (O Natal do Senhor)
(1908-1992) IX - Dieu parmi nous (Deus conosco)
O restauro do órgão da Catedral São Pedro de
Alcântara demorou dois anos. O responsável pela
delicada tarefa foi Daniel Rigatti, um dos
pouquíssimos profissionais do país especializados
neste tipo de atividade. Daniel, que provém de uma
família tradicional no ramo, aprendeu a profissão com
o pai, que por sua vez aprendeu-a com alemães, aqui
mesmo, no Brasil. Mais tarde, especializou-se em
uma fábrica na Itália, a Fratelli Ruffatti.
O maior desafio foi a desmontagem cuidadosa de
partes danificadas por cupins. Composto por três
teclados, o órgão começou a ser construído em 1936,
e o terceiro teclado foi ampliado pelo próprio Guilh.
Berner, em 1941.
Contudo, segundo o restaurador, "o trabalho foi
completo, tem garantia de 10 anos e que, com boa
manutenção, pode durar cerca de 100 anos".
PRECISÃO E DELICADEZA: OS DESAFIOS DO RESTAURO
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 111111
m meio a uma tradição musical que se
confunde com a própria história,
Petrópolis mostra que o título de
capital brasileira dos corais é merecido:
existem aproximadamente 30 coros em
atividade atualmente, um número que não
para de crescer.
O talento para as artes sempre foi uma qualidade intrínseca
à cidade; a noção de canto coral, porém, foi uma das muitas
contribuições trazidas pelos colonos alemães. No Brasil,
esse tipo de conjunto vocal não existia até a chegada dos
primeiros germânicos, em meados do século XIX.
Com o intuito de preservar a cultura do país de origem, as
famílias alemãs não abandonaram o hábito de reunirem-se em
grupos recreativos, tendo na música uma das principais
atividades. Como a colônia crescia cada vez mais, tornou-se
necessário também ter um responsável pela educação das
crianças, exatamente como se fazia na Alemanha. Desta forma,
o Imperador D. Pedro II contratou dois irmãos, ambos
muitíssimo estudados, para atender tais necessidades: o
pastor protestante Gotlieb Stroele ficaria encarregado da
educação religiosa dos jovens, e o professor Friederich Stroele
daria lições de língua alemã.
Texto: Letícia Affonso
Petrópolis é berço de alguns dos principais corais do Brasil
Em 1863, o professor Friederich, motivado pelo grande grupo
de alunos para o qual lecionava, percebeu que a escola seria
um bom lugar para se ensaiar um coro. Convidou, então, as
famílias dos estudantes e expôs suas ideias, que logo foram
aceitas. Nasceu assim a Deutscher Saengerbund Eintracht, ou
Sociedade Coral Concórdia, como foi nomeada mais tarde. O
grupo ganhou prestígio na cidade, apresentando-se em
diversos eventos onde o próprio D. Pedro II figurava. A iniciativa
foi a mais antiga organização musical desse tipo no Brasil,
prova de que Petrópolis é também a precursora nacional dos
grupos vocais. Infelizmente, o coral já não existe, mas a sede
funciona como agremiação recreativa para os sócios, e o
espaço pode ser alugado para eventos.
Um envolvimento tão precoce com a música criou na cidade o
lugar perfeito para o surgimento de outros corais, cada vez mais
aprimorados, como o dos Canarinhos, por exemplo. O coro foi
fundado em 1942, pelo missionário alemão Frei Leto Bienias,
que dava aulas na Escola Gratuita São José. Foi solicitado ao
Frei que organizasse um grupo de meninos para cantar em uma
missa de primeira comunhão, algo simples a princípio. A
primeira apresentação, porém, foi tão emocionante, que logo
outros convites apareceram para os meninos.
Fo
to:
Ric
ard
o C
ast
ro
Coral Integração: 500 vozes
Coral Canarinhos de Petrópolis
Fo
to:
Div
ulg
açã
o
Em 1952, Frei Leto pediu autorização para estudar música
na Alemanha, e voltou trazendo técnicas de canto e teoria
musical para aperfeiçoar a formação dos alunos. O coral
dos Canarinhos é o primeiro do Brasil na modalidade
meninos cantores, e abriu
portas para que outros desse
estilo fossem formados no país
inteiro. O grupo abrange uma
faixa etária que vai dos 9 aos 18
anos, e os meninos participam
de ensaios rigorosos no Instituto
dos Meninos Cantores de
Petrópolis. O coro atingiu fama
internacional, apresentando-se
para o Papa João Paulo II em
algumas ocasiões.
O pioneirismo parece estar
intimamente ligado às raízes
musicais daqui. Afinal, também
é petropolitano o primeiro coral
de meninas do mundo: criado em 1976 pelo maestro Marco
Aurélio Xavier, o coro das Meninas Cantoras de Petrópolis
inovou ao trazer para o público canções interpretadas
somente por meninas com idades entre 9 e 17 anos. As
crianças passam por uma rigorosa formação, através de
uma escola preparatória na qual as futuras cantoras
permanecem por 3 anos, antes de se integrarem ao grupo
principal. Participando várias vezes do Projeto Aquarius,
concerto de renome internacional, as meninas já foram
regidas pelo músico e maestro George Martin, conhecido
como “o quinto Beatle”, por ser arranjador de várias
canções do célebre quarteto britânico. Ao falar sobre as
Meninas Cantoras, Mart in
afirmou: “Só os anjos
cantam assim”. O coro
foi pioneiro absoluto,
pois até os anos 1970
não existiam grupos
formados por meninas. A
iniciativa do maestro
Marco Aurélio Xavier, no
entanto, inspirou a
criação de outros coros
congêneres, dentro e
fora do país. Atualmente,
o c o r a l M e n i n a s
Cantoras de Petrópolis
conta com 30 integrantes
e é considerado um dos melhores
do mundo.
Numa harmonia de timbres e notas, cada conjunto que tem
origem em Petrópolis já nasce com vocação para encantar.
Seja dentro da cidade, pelo país afora ou até mesmo em
terras internacionais, o talento que surge aqui é
reconhecido em qualquer lugar.
12
Conheça outros grupos que impressionam pela qualidade
Coral Municipal de Petrópolis
Fundado em 1976, pelo Maestro Ernani Aguiar e regido por 11 anos pelo Maestro Gilberto Bittencourt, o Coral Municipal de
Petrópolis figura hoje como um dos ícones culturais da cidade. Atualmente o conjunto possui 30 componentes, dirigidos pela
regência do Maestro Paulo Afonso Filho, atual diretor artístico do coro. Sempre voltado para a divulgação da boa música, o coral
cria versões e arranjos para grandes composições nacionais e internacionais de diversos estilos. O Coral Municipal dedica-se
em especial à música sacra, apresentando-se regularmente nas missas da Catedral S. Pedro de Alcântara.
Princesas de Petrópolis
Inspirado no interesse das estudantes do Colégio São José por música e canto, o maestro Leonardo Bruno fundou o coral das
Princesas de Petrópolis, em 1999. Desde então, as Princesas alcançaram projeção nacional devido às diversas participações
em programas de rádio, televisão e gravações de CDs. Um dos diferenciais do grupo é o fato de trabalhar com uma seleção de
músicas marcantes, com uma grande tendência ao popular. Em 2006, as jovens gravaram uma participação especial no filme
“Se Eu Fosse Você”, sucesso de bilheteria nacional. Hoje o coral está sob a regência e arranjos do maestro Rodrigo D'Avila.
Fo
to:
Ric
ard
o C
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ro
Foto: Ricardo Castro
Foto: Isabela Lisboa
Meninas Cantoras de Petrópolis
Princesas de Petrópolis
Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo
Coral Municipal de Petrópolis
O Juiz da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso de Petrópolis, Dr. Alexandre Teixeira
de Souza é consciente da importância e da função social do segmento do judiciário que
representa, para a defesa dos direitos destes, que formam os elos mais sensíveis da
sociedade. Profissionais que atuam neste setor precisam demonstrar, portanto,
comprometimento e dedicação.
O Juiz foi um dos responsáveis por promover, no ano
passado, um almoço beneficente cujo valor arrecadado
foi convertido em investimentos para o FUNCRIA, fundo
destinado à promoção de projetos sociais que atendem
crianças e adolescentes na cidade.
Natural de Petrópolis, o Dr. Alexandre cursou Direito na
Universidade Católica de Petrópolis e ingressou na
Magistratura em 1998. Há quase 10 anos, escolheu sua
área de atuação pela vontade de colaborar com a
construção de dias melhores para os jovens da cidade.
Nesta entrevista, o juiz fala um pouco sobre seu trabalho,
e também sobre como as pessoas podem (e devem)
contribuir com essa causa, não apenas no Natal, mas
durante o ano inteiro.
13Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo
Dedicação e sol idariedade em prol da infância e da juventude
EntrevistaEntrevista
Juiz Alexandre Teixeira de SouzaConcedida a: Letícia Affonso | Fotos: Isabela Lisboa
14 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo
Imposto de Renda até o limite de
1% deste, deverá retirar um recibo
no CMDCA. Podem contribuir,
também, as pessoas físicas, sendo
que o desconto no IR neste caso é
de até 6% do total a pagar. Há as
d o a ç õ e s d i r e c i o n a d a s a
determinado projeto e aquelas que
serão destinadas conforme critérios
estabelecidos pelo CMDCA.
Também as pessoas e empresas
que não desejam qualquer
abatimento no IR podem doar.
RP: Quantos e que tipos de
projetos são beneficiados pelo
FUNCRIA em Petrópolis?
AT: Atualmente, temos dezenas de
instituições inscritas no CMDCA,
que possuem trabalhos em várias
v e r t e n t e s : e d u c a c i o n a i s ,
profissionalizantes, de abrigo,
destinadas a portadores de
n e c e s s i d a d e s e s p e c i a i s ,
portadores de doenças, etc.
RP: Quais os maiores desafios
encontrados ao lidar com a
questão dos direitos da criança e
do adolescente?
AT: Um dos maiores desafios é a
conscientização da sociedade de
que os filhos requerem carinho e
atenção dos pais, elementos
indispensáveis, independentemente
de outros, para que os jovens
reconheçam a autoridade daqueles
que devem conduzir sua educação.
O processo educacional, porém, é
trabalhoso, e muitos pais deixam de
lado esta tarefa ou a delegam a
terceiros, ocasionando resultados
invariavelmente desastrosos.
Existem também os pais que
abandonam os filhos, negligenciam
os cuidados com estes ou que
simplesmente possuem um número
maior de filhos do que podem cuidar.
Outro grande desafio é conseguir
movimentar toda a rede de proteção
às crianças e adolescentes, onde
estão incluídos órgãos públicos de
vários âmbitos de atuação, bem
como a sociedade civil, que deve
entender também, como sua
obrigação, zelar por estes direitos.
RP: O que é e como funciona o
FUNCRIA?
AT: O FUNCRIA é o Fundo da
Criança e do Adolescente, uma conta
admin is t rada pe lo Conse lho
Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente – CMDCA, onde são
depositados alguns dos recursos
destinados a projetos sociais que
beneficiam pessoas destas faixas
etárias.
RP: O que a empresa deve fazer
para contribuir? O FUNCRIA é
aberto também para a participação
de pessoas físicas?
AT: Efetuar um depósito na referida
conta. Caso deseje descontar no seu
RP: Quantas crianças e jovens são
atendidos por esses projetos?
AT: Reunindo todos os projetos, os
números alcançam a casa dos
milhares.
RP: Como surgiu a ideia de
promover o jantar beneficente do
ano passado?
AT: Na verdade, a ideia inicial não era
de um jantar beneficente, mas de um
momento onde empresários e
p e s s o a s f í s i c a s s e r i a m
conscientizados sobre a importância
de contribuir durante todo o ano,
sendo esclarecidos ainda sobre os
mecanismos que envolvem o
desconto no Imposto de Renda.
RP: O que é esperado para esta
edição do evento?
AT: A expectativa atual é de que
realmente a sociedade local possa
ser conscientizada de seu papel,
passando a contribuir com projetos
sociais regularmente, conforme
prevê o artigo 4º do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Um dos maiores
desafios é a
conscientização da
sociedade de que os
filhos requerem
carinho e atenção
dos pais, elementos
indispensáveis,
independentemente de
outros, para que os
jovens reconheçam
a autoridade
daqueles que devem
conduzir sua
educação.
Foto: Ricardo Castro