Revista Petrópolis

16
Vitral [] + Tesouros da Arquitetura Entrevista Flavio Aniceto 11ª edição homenageia a Itália Igreja de Sant'Ana e São Joaquim Petrópolis Gourmet Petrópolis Rio de Janeiro Novembro 2011 Distribuição Gratuita Nº 31 Confira a Programação Cultural A HISTORIA DO NEGRO NA PETROPOLIS IMPERIAL

description

Edição 31 - Novembro de 2011

Transcript of Revista Petrópolis

Vitral

[ ]+Tesouros da Arquitetura

Entrevista

Flavio Aniceto 11ª edição homenageia a ItáliaIgreja de Sant'Ana

e São Joaquim

Petrópolis Gourmet

PetrópolisRio de JaneiroNovembro 2011Distribuição Gratuita

Nº 31Confira aProgramação Cultural

A HISTORIA DONEGRO NA

PETROPOLIS IMPERIAL

reconhecimento

inco

ntes

tável

orgulho

Var

gem

Gra

nde

resgate

título definitivo de regularização fundiária

cont

ribu

ição

à b

rasi

lida

decomunidades quilombolas

Man

oel

Congo

remanescente

ante

pass

ados

África

Fundação Palmares justiça social

face mestiça

No dia 16 de maio de 2011, uma singela e

emocionante cerimônia na sede da Prefeitura

Municipal de Petrópolis marcava o resgate de

uma omissão histórica. Diante de autoridades

da municipalidade, do Ministério Público

Federal e da Fundação Palmares – órgão

responsável, no Brasil, pelo reconhecimento de

comunidades quilombolas – cerca de 100

moradores da Comunidade da Tapera recebiam

o título definitivo de regularização fundiária de

suas terras, e o reconhecimento de sua

condição de comunidade quilombola: ou seja,

remanescente do quilombo do mesmo nome

que, a partir da década de 1850, passou a

abrigar terras antes pertencentes ao fazendeiro

Agostinho Goulão, dono da Fazenda Santo

Antonio. A comunidade centenária é, portanto, a

última representante dos três grandes

qu i lombos que ex is t i ram em te r ras

petropolitanas: os outros dois foram o da

Vargem Grande, no atual bairro da Fazenda

Inglesa; o de Manoel Congo, no Vale das

Videiras.

Mas o reconhecimento das comunidades

remanescentes de quilombos, assim como de

indígenas, faz mais do que estabelecer a justiça

social e reconhecer o direito à posse da terra por

aqueles cujos antepassados, atados pelo jugo

espúrio da escravidão, trabalharam duramente

durante décadas, sem direito à justa

remuneração. Estes atos nos permitem resgatar

e refletir sobre a influência primordial destas

culturas, que mesmo negadas durante tanto

tempo, deixaram uma indelével contribuição à

brasilidade. Somos o que somos – e gostamos

de o ser – não apenas pelo que herdamos dos

nossos antepassados europeus. Entre os

dignos trabalhadores que erigiram esta terra e

que são nossos avós e bisavós, estão também

os que vieram da África, mãe oprimida de todos

os homens.

É tempo de dar a eles e a seus descendentes -

ou seja, a todos nós – o devido valor,

reconhecimento e visibilidade. Que se conheça,

enfim, todas as cores de nossa face mestiça,

plural, genuinamente nacional. Isso é apenas

motivo de orgulho. Mesmo porque um fato é

incontestável: por toda parte, esta influência se

impõe. Ou, como dizia Chico Buarque: “Negra é

a mão da beleza/Negra é a mão da nobreza.”

As muitas cores de nossa face

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

A REVISTA DA CULTURA E DO TURISMO

PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi

FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Gilson Domingos

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP)

GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack

DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma

CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201

Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares

SUA AGENDA DE CULTURA E TURISMO

ENCARTE COM APROGRAMAÇÃOCULTURAL DOMÊS DE NOVEMBRO

Siga a Revista Petrópolisno Twitter e fique por dentro das novidades

da cidade em tempo real.

@revpetropolis@revpetropolis

0 5

Tesouros da Arquitetura

0 6

Vitral

1 1

1 4

Os anúncios da escravidão

Bisbilhoteca

o que foi e é destaque em Petrópolis

Capa

0 8

MirmecologiaA história do Negro em Petrópolis

A Matriz de Cascatinha

Saiba o que é

Beleza neogótica no coração de Cascatinha

Igreja de Sant'Ana e São Joaquim

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 05

Texto e fotos: Isabela Lisboa

Igreja de Sant'Ana e São Joaquim nasceu da

vontade e da fé dos operários da Companhia

Petropolitana de Tecidos, em sua maioria

imigrantes italianos, que desejavam ter ali, um

local de oração e prática da religião católica.

O terreno para construção da Igreja foi doado pela

Companhia ao Bispado de Niterói, tendo sua Pedra

Fundamental lançada em 1891.

Para arrecadar fundos para as obras do que viria ser, mais

tarde, a Matriz de Cascatinha, os operários e diretores da

empresa, juntamente com os membros da Irmandade,

realizaram uma festa com duração de três dias, às margens

do Rio Piabanha.

Sua inauguração ocorreu em 1898, entretanto, as obras só

foram concluídas dois anos depois, tendo sido a Capela

batizada, então, de Nossa Senhora de Sant'Ana e São

Joaquim.

Durante todos estes anos, a Igreja passou por diversas

reformas. A primeira, em 1921 recebeu pinturas e as 32 telas

retangulares, com motivos bíblicos, no forro do teto. Os

artistas destas pinturas foram Augusto Weber e Acrysio

Parreira, auxiliados por Osório Moreira da Silva.

Já em 1945, o padre José Jovita Monteiro Luiz, coordenou

novas obras no interior e exterior da construção, realizadas

pelo professor da Associação Petropolitana de Belas Artes,

Pedro Holzer e José Quintella Neto. A última, ainda recente

(detalhes do coro e das portas frontais ainda estão em fase

final de restauração), teve como foco as pinturas, altares e

púlpito, além da construção de uma rampa lateral de acesso

para portadores de deficiência.

Em estilo neogótico, a fachada central possui em sua torre

um relógio e, sobre ela, a flecha que termina em uma cruz.

Suas laterais são marcadas por pequenos contrafortes que

separam janelas tríplices, com arcos quebrados. Mas é em

seu interior que a beleza arquitetônica encanta nossos olhos.

Cada janela lateral tem o vão central preenchido por vitrais

com figuras bíblicas e no teto de madeira, abobadado, as 32

pinturas são emolduradas e apoiadas em mão francesa

(também em madeira). Três belos lustres harmonizam com o

restante da decoração.

O púlpito e os altares também são em estilo neogótico, sendo

que no altar central, as imagens de Sant'Ana, São Joaquim,

Jesus Cristo e Nossa Senhora recebem a luz natural de duas

janelas laterais com o símbolo do Sagrado Coração.

Para os apaixonados por arquitetura e/ou religião, a Igreja de

Sant'Ana e São Joaquim ou como é mais conhecida, Igreja

Matriz de Cascatinha, é um local imperdível para se

conhecer.

A

Serviço:

Igreja de Sant'Ana e São Joaquim – Matriz de Cascatinha

Praça Monsenhor Achiles Melo, nº 01 – Cascatinha

Horário de Funcionamento:

Missas: sábados, 18h e domingos 7h, 11h e 18h

Visitação mediante agendamento através do Tel.: (24) 2242-5846

Funcionamento da Secretaria: segunda a sexta-feira, das 15h às 18h.

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo06

Fotos: Isabela Lisboa

A partir do dia 25 de novembro, Petrópolis se veste de luz e alegria

em mais uma edição do Natal de Luz. Até 23 de dezembro a

Cidade Imperial será palco de intensa programação cultural com:

concertos de orquestras e coros, peças de teatro, grupos

musicais, festivais de cinema, desfiles de Natal e muito mais.

Entre as novidades deste ano está a Casa do Papai Noel, na

Praça da Liberdade, onde o bom velhinho receberá toda a

criançada.

Confira a programação completa no encarte especial do Natal de

Luz ou acesse: www.petropolis.rj.gov.br

2º Festival Nacional de Cinema Petrópolis 2011

Petrópolis recebe de 17 a 20 de novembro o projeto “Consciência Ampla

Cultural: O Brasil que você não conhece”, festival de cultura e educação feito

para você se divertir e compartilhar conhecimento, através de debates com

artistas renomados, espetáculos de música, teatro, dança, contadores de

histórias, oficinas e exposições de arte.

Serão quatro dias de uma grande viagem pelas mais diversas

manifestações culturais brasileiras, além da reflexão sobre o consumo

consciente de energia.

Confira a programação completa em: www.conscienciaampla.com.br

Serviço:

Local: Palácio de Cristal - Horário de funcionamento: das 10h às 21h (exceto domingo, que encerrará às 18h)

Ingresso: gratuito

Acontece de 05 a 12 de novembro, no Theatro D. Pedro e Centro de Cultura Raul de

Leoni, o 2º Festival Nacional de Cinema Petrópolis 2011. O Festival tem como foco a

exibição de obras cinematográficas brasileiras, de formatos longas e curtas metragem,

linguagens ficção, documentário e animação, previamente inscritas na Mostra

competitiva do evento.

As exibições acontecerão durante os oito dias do Festival que também contará com

oficinas, palestras e encontros.

A abertura será no dia 05, às 18 horas no Theatro D. Pedro.

A programação completa pode ser conferida em: www.perfilconsultoriacultural.com.br.

Natal de Luz – Petrópolis 2011

Consciência Ampla Cultural: O Brasil que você não conhece

deLuzNatal

2011

Petrópolis promove com sucesso o turismo na ABAV...O stand de Petrópolis, montado no 39º Congresso Brasileiro de

Agências de Viagens e Feira das Américas – ABAV 2011, realizado de

19 a 21 de outubro no Riocentro (Rio de Janeiro), foi sucesso absoluto.

Segundo a Gerência de Turismo da Fundação de Cultura e Turismo de

Petrópolis, foram feitos mais de 600 contatos com agências, operadores

e guias de turismo, que lotaram o espaço Petrópolis Imperial durante os

três dias do evento.

Entre as ações promovidas pela FCTP e o Petrópolis Convention &

Visitors Bureau, se destacaram: a degustação de lançamento do XI Petrópolis Gourmet, a divulgação do Natal de Luz

através do personagem “Anjo de Luz” e a doação de sementes de Ipês Amarelos, árvore símbolo da cidade.

Festa do Dia das Crianças atrai 30 mil pessoas

Espetáculos de dança, contação de história, pintura facial, música,

pipoca, algodão doce e guaraná fizeram a alegria da criançada na

festa realizada pela Prefeitura de Petrópolis em comemoração ao Dia

das Crianças, no dia 12 de outubro, no Parque Municipal de Itaipava.

As mais de 20 atrações, que começaram às 9h da manhã e só

terminaram às 18h, levaram cerca de 30 mil pessoas ao local. Além de

atividades culturais, a Secretaria de Saúde montou uma tenda com

informações sobre sífilis congênita (doença passada de mãe para

filho) e a Secretaria de Esportes e Lazer levou mais de 700 crianças de diversas comunidades para participarem de

minitorneios esportivos, apresentações de taekwondo, além das demais atividades oferecidas no Parque.

... e encanta o público do Salão Estadual de Turismo

Já no Salão Estadual do Turismo, realizado nos dias 22 e 23 de outubro,

em uma tenda de 3.200 m² montada sobre a praia de Copacabana,

milhares de pessoas puderam conhecer não só os roteiros turísticos de

Petrópolis, como também a tradição do canto coral da cidade, através de

uma belíssima apresentação do Coral Municipal.

Santos Dumont (interpretado pelo ator petropolitano, Sylvio Costa

Filho), também esteve presente, atraindo os olhares de curiosos, que

faziam questão de tirar uma foto com o Pai da Aviação.

Alguns dos principais eventos da cidade foram divulgados através das

presenças das Rainha e Princesas da Bauernfest, do Anjo do Natal de

Luz e da “Chef” do Petrópolis Gourmet.

Foto: Isabela Lisboa

Foto: Alexandre Peixoto

Fo

tos:

Isa

be

la L

isb

oa

07

ormalmente, quando pensamos na construção

de Petrópolis, vêm à mente os imigrantes

alemães, italianos, portugueses, franceses e

ingleses que deram à cidade a sua fisionomia

europeia. Porém, não se pode esquecer a

marcante presença dos negros africanos e brasileiros que

também contribuíram para o desenvolvimento da região,

mesmo sem opção: já que, muitas vezes, viviam a triste

condição escrava.

Mesmo antes de nossa cidade existir, a presença negra na

região já era reconhecida. Em 1736, o recenseamento feito

pela Paróquia de Nossa Senhora do Inhomirim registrava que,

de Engenhoca à Paraíba do Sul, existiam 22 fazendas e sítios

habitados por 343 almas “entre brancos e negros”. De tal

forma que o primeiro batizado registrado nas terras da futura

Petrópolis foi de uma menina, “a mulatinha Jacinta”, em 26 de

outubro de 1734, na Capela de Nossa Senhora da Conceição

das Pedras, em Araras. Estes negros trabalhavam na lavoura

e nos cuidados domésticos, mas eram principalmente

ferreiros, muleiros, canoeiros, ou seja: exerciam ofícios

necessários àqueles que cruzavam as serras, em busca do

sertão. Com o tempo, sua presença cresceu, como em todo o

Brasil Colônia: anais de época registram que na Fazenda do

Padre Corrêa, em Corrêas, “mais de 400 escravos de ambos

os sexos” trabalhavam na produção de todo o tipo de

artesanato e, em especial, ferraduras para animais de carga e

montaria. Além disso, a mão negra, escrava ou liberta – assim

como a dos índios Coroados – somou seus esforços à alemã e

francesa, na abertura da Estrada Normal da Serra da Estrela.

Embora a presença do imigrante europeu tenha sido

predominante, não é correto afirmar que nossa cidade não

possuía escravos. A prova está nos jornais da época que não

se cansavam de anunciar compras e vendas, assim como

recompensas para quem devolvesse aos donos os fugitivos,

que não escapavam apenas no núcleo urbano, mas também,

e principalmente, das fazendas de café do Vale do Paraíba

(leia a Bisbilhoteca - pág 14).

De fato, os escravos dos nobres e ricos burgueses que vinham

para o veraneio acompanhavam seus senhores, para assisti-

los nos serviços domésticos. E a sofisticação dos hábitos

acabou criando marcantes personagens, também, na crônica

da cidade. Precursora das modernas “chefes de cozinha”, a

negra Sofia ganhou fama internacional como “a cozinheira

dos embaixadores”.

Porém, é correto afirmar que a tradição abolicionista da

Família Imperial realmente fez da cidade um polo onde

eminentes pensadores da época, como Joaquim Nabuco,

buscavam encerrar este vergonhoso capítulo da história

nacional. Na atual Praça da Liberdade, era comum que negros

libertos vendessem seu artesanato para obter recursos para

libertar outros negros. A Princesa Isabel, a Redentora, que

NEGRA

08 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

E A MAO DA NOBREZA

N

Texto: Eliane Maciel l Ilustrações: Jean Baptiste Debret e reprodução

libertou todos os escravos em 13 de maio de 1888 – e os de

Petrópolis mais cedo, em 01 de abril do mesmo ano – fez da

camélia o seu símbolo pessoal: a linda flor branca, que ainda

floresce nos jardins do Museu Imperial, era produzida no

quilombo instalado no local onde, hoje, se encontra o bairro do

Leblon. Adotando o símbolo, os intelectuais da época, num

gesto que os identificava, também traziam a camélia à lapela,

como símbolo da pureza de seus anseios de liberdade e

justiça social.

Petrópolis e os Quilombos

A história registra a presença de pelos menos três quilombos

importantes na região onde, hoje, se encontra Petrópolis. O

mais antigo foi o da Vargem Grande, no atual bairro da

Fazenda Inglesa, formado por cerca de 200 escravos fugitivos

por volta de 1820: deste, a única lembrança é o nome do rio

que corta o local, o Rio do Quilombo. O mais famoso foi o de

Manoel Congo, o maior do estado do Rio de Janeiro, que

abrigou escravos fugidos, principalmente, das fazendas de

Paty do Alferes, no atual Vale das Videiras. E o outro, ocupado

em 1852 em terras doadas por um dos pioneiros da cidade,

Agostinho Corrêa da Silva Goulão, é a comunidade da Tapera,

cujos descendentes acabam de ser reconhecidos como

legítimos “quilombolas”, ou seja: herdeiros das terras e da

cultura de seus antepassados.

O quilombo de Palmares foi uma vila

localizada entre Alagoas e Pernambuco.

Surgiu no final do século XVI, só foi

destruída em 1695 – e chegou a abrigar 20

mil pessoas, a maioria delas, escravos

fugitivos dos canaviais pernambucanos.

Palmares, provavelmente, foi um dos nossos

maiores e mais bem organizados quilombos.

Seus moradores lutavam para resgatar

outros escravos. As autoridades coloniais

tentaram invadir o quilombo mais de 40

vezes, sem sucesso. Em 1678, tentaram um

acordo com Zumbi, sua maior liderança:

não atacariam mais o quilombo, nem fariam

retaliações aos fugitivos, se os negros

foragidos retornassem à escravidão. Zumbi

não aceitou a condição e a guerra foi

retomada, com força total. Em 1694,

Palmares foi invadido e destruído. Zumbi,

foragido, ainda lutou um ano pela causa da

libertação até morrer em batalha, em 1695.

ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE ZUMBI E O QUILOMBO DE PALMARES

09

Escravas de diferentes nações

10

Tutte le sapore portano a Petrópolis

Petrópolis Gourmet homenageia a Itália

Texto: Júlia Ourique l Fotos: Bruno Wanderley

Quer saber mais? Acesse www.petropolisgourmet.com.br

e confira a programação completa.

Acompanhe também as novidades pelo Twitter

@PetroGourmet e pelo Facebook Petrópolis Gourmet.

*

*Todos

os

sabore

s le

vam

a P

etr

ópolis

Q ue tal saborear os melhores pratos italianos na cidade

mais charmosa da Região Serrana?

Quinto melhor polo gastronômico do país, quem visita a

Petrópolis Imperial se depara com centenas de restaurantes,

prontos para oferecer as mais variadas iguarias da

gastronomia. E para celebrar esta tradição é realizado, há 11

anos, o Petrópolis Gourmet que este ano traz como tema

“Sapore D'Italia – A tradição da cucina italiana na serra”.

O tema é uma homenagem ao Ano da Itália no Brasil, que

acontece até meados de 2012 e será marcado por vários

eventos em todo país, valorizando a cultura e a contribuição

deste povo na terra tupiniquim.

De 03 a 26 de novembro, o público está convidado a contemplar

o talento de chefs gastronômicos nacionais e internacionais,

através de oficinas e uma série de eventos culturais,

especialmente preparados para os apreciadores da boa mesa.

Os restaurantes participantes do Petrópolis Gourmet (são 24

no total) deverão preparar o seu menu inspirado nesta culinária,

buscando seus ingredientes mais peculiares e seus sabores

mais característicos. “Sem dúvida a homenagem à Itália é um

grande atrativo, ela está presente na vida da maioria das

pessoas e os restaurantes de Petrópolis vão ter a oportunidade

de explorar clássicos e novidades desta culinária”, disse Bruno

Wanderley, presidente do Petrópolis Convention & Visitors

Bureau, realizador do evento.

Segundo os organizadores do evento, o Festival gera um

grande fluxo turístico na cidade, movimentando R$ 10 milhões,

só na parte hoteleira. Os shoppings Arcádia, Estação, Vilarejo e

o bairro Vale do Cuiabá receberão o público do evento que deve

atrair este ano 15 mil pessoas.

O ex-chef do programa Mais Você da Rede Globo, Márcio

Moreira, participará da Cozinha Itinerante “Nossa Panela

Brasil”, através de oficinas. E no Vale do Cuiabá o diferencial

será a interação dos chefs com o público durante a preparação

dos pratos. Na cozinha montada para o evento, todos poderão

assistir a preparação das receitas, e no final o público poderá

experimentar as delícias produzidas. Um dos pontos principais

do projeto é ensinar a população a reaproveitar alimentos em

suas receitas para inovar e, claro, economizar também.

Uma das grandes novidades desta edição é a parceria com a

Casa D'Itália Anita Garibaldi, que desde 1987 atua preservando

a história dos imigrantes italianos na cidade. A instituição é

responsável, juntamente com a Fundação de Cultura e Turismo

de Petrópolis, pela realização da “Serra Serata – A Festa

Italiana de Petrópolis”, que ocorre todos os anos em

homenagem àqueles que acrescentaram, na construção da

identidade petropolitana, muitos de seus traços característicos

como a alegria e a valorização da tradição.

11Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 11

Texto: Vitor Sznejder

Fotos: divulgação

Petrópolis é a maior exportadora de serviço, com faturamento

superior a US$ 1 bilhão/ano, despontando nas áreas de

tecnologia e mecânica leve, tendo recebido, somente em 2009,

R$ 71 milhões de investimentos das empresas do setor , gerando

mais de mil empregos por conta dos incentivos fiscais

concedidos pela Prefeitura. Nos últimos dois anos e meio, a

cidade tem oferecido incentivos fiscais a empresas de alta

tecnologia, gerando centenas de novos empregos.

Frei Thomas Borgmeier nasceu em

1892 na Alemanha. Depois de

terminar o ginasial, decidiu tornar-

se franciscano e imigrou para o

Brasil em 1910. Veio estudar

Teologia em Petrópolis, entre 1915

e 1918. Influenciado por um

cientista alemão que dirigia o

Museu Paulista, interessou-se pelo

estudo das formigas e, em 1955, a

editora Vozes publicou sua obra sobre as “Formigas-correição

neo-tropical”, alvo de seu especial interesse. Reconhecido

mundialmente pelos seus trabalhos entomológicos, Frei

Borgmeier publicou, ao longo de sua carreira, mais de 5 mil

páginas sobre formigas e insetos.

As Formigas-Correição

Também conhecidas pelos nomes tauoca, tanoca ou taoca,

essas são formigas carnívoras, que se organizam em expedições

e vivem em constante movimento. O grupo inclui mais de 200

espécies de subfamílias, muito comuns na América do Sul e na

África. Segundo os estudiosos, existem cerca de 10 mil espécies

em todo o mundo, sendo 2.500 originárias e exclusivas do Brasil.

Supõe-se que surgiram entre 80 e 140 milhões de anos atrás e se

dividem, resumidamente, em três castas: as “rainhas”, que tem

função reprodutora e vivem entre dez a 20 anos; as “machos”,

que têm a única missão de copular com a rainha e depois disso

morrem; e as “operárias”, que constituem a maioria,

responsáveis pela procura de comida e água, cuidar da rainha,

dos filhotes e da segurança do formigueiro.

Você já ouviu falar em Mirmecologia? E nas formigas-correição?

Pois Petrópolis foi a sede - de 16 a 20 de outubro passados - do XX

Simpósio de Mirmecologia e do I Encontro de Mirmecologia das

Américas, congresso internacional voltado para o estudo das

formigas. Mais de 400 especialistas passaram pelo Instituto

Teológico Franciscano de Petrópolis, sede do simpósio

organizado pela Universidade Rural do Rio de Janeiro. O

homenageado especial foi o Frei Thomas Borgmeier (1892-1975),

reconhecido mundialmente pelos seus estudos sobre o mundo

dos insetos - iniciados aqui mesmo, no início do século passado -

tendo se dedicado, principalmente, ao estudo dessa espécie de

formiga, a já mencionada “correição”.

A Mirmecologia - palavra de origem grega - estuda todos os

aspectos das formigas - da biologia à taxonomia, da fisiologia à

ecologia, e da biogeografia à sua importância econômica. É uma

subdisciplina da entomologia e está inserida na categoria da

zoologia.

Quer saber mais? Acesse: www.myrmeco2011.com.br

Petrópolis: Turismo de Negócios e Acadêmico

A escolha da cidade como sede desse encontro tem sua

explicação na história de um dos maiores estudiosos desse

assunto, cientista alemão que escolheu Petrópolis para estudar e

viver. Mas também indica o crescimento, em Petrópolis, do

chamado turismo de negócios e reafirma a vocação acadêmica da

cidade - centro de referência em Medicina, por exemplo - e

também tecnológica (vide Petrópolis-Tecnópolis, Centros de

Inclusão Digital e outras iniciativas).

SSSDE MIRMECOLOGIA

reúne cientistas em PetrópolisDE MIRMECOLOGIA IMPÓSIO IMPÓSIO

reúne cientistas em Petrópolis

Um Franciscano voltado à Entomologia

12 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Concedida a: Isabela Lisboa Fotos: Isabela Lisboa

o mês em que se comemora o Dia Nacional da

Cultura (05 de novembro), a Revista Petrópolis

foi até o bairro Glória, no Rio de Janeiro, para

conversar com Flavio Aniceto. Responsável pela

consultoria do Plano Municipal de Cultura de Petrópolis,

aprovado em 2010, pela Câmara de Vereadores, este

cientista social, produtor e consultor cultural, ganhou o

carinho e o respeito dos segmentos culturais locais,

através de seu profissionalismo, simpatia e respeito à

diversidade.

Agora ele recebe a nossa equipe para falar sobre sua

trajetória e as políticas públicas que vem transformando

Petrópolis e o país.

N

12 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Entrevista

FLAVIO FLAVIO ANICETOANICETO

Em nome da CulturaEm nome da Cultura

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo 13

O processo

envolve reunir as

pessoas e discutir as

políticas públicas......

13Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Revista Petrópolis – Peça fundamental na

elaboração do Plano Municipal de Cultura

de Petrópolis, você também tem sido uma

importante ferramenta na elaboração de

políticas públicas culturais em diversas

cidades do Rio de Janeiro. Como surgiu

esse interesse pelas causas culturais?

Flavio Aniceto - Foi na escola, há quase 20

anos. Eu comecei a fazer teatro ainda no

primário. Era um teatro bem politizado: o

Teatro do Oprimido de Augusto Boal.

Passávamos o dia todo na escola com uma

série de atividades culturais e políticas

filosóficas. E eu acabei me envolvendo nesta

última com apenas 12 anos.

RP – Você é natural de Nova Iguaçu, mas

foi na capital que se envolveu

definitivamente com o segmento. Como

se deu essa ponte?

FA - Ainda na baixada eu comecei a

participar de outras questões da política de

Nova Iguaçu. Era um período que tinham

muitas greves, muitos acontecimentos,

então passei a vir para o Centro ( do Rio de

Janeiro), para passeatas. A partir daí

comecei a me dedicar à política mais estrita,

com os movimentos sociais e estudantis.

Em 1996, fui trabalhar na Câmara dos

Vereadores do Rio de Janeiro. No ano

seguinte, houve a retomada dos movimentos

ligados ao samba e à Lapa e, como eu era a

pessoa mais próxima deste tipo de

linguagem, comecei a atuar colaborando

com os projetos e fazendo um pouco a ponte

entre algumas ações da Câmara. A minha

questão com políticas públicas para a

Cultura vem deste período.

RP - Então quer dizer que você fez parte

deste movimento que tem transformado a

Lapa?

FA - Com certeza. Na ocasião não percebi o

que estava fazendo, mas olhando 10 anos

depois, sim.

Eu cheguei a falar sobre isso em Petrópolis,

na fase final do meu trabalho, sobre esta a

questão e a de se fazer um corredor cultural,

uma das propostas do Plano de Cultura.

RP – Mas o movimento da Lapa surge, a

princípio, com pequenos grupos

culturais organizados pela sociedade

civil, não?

FA – Sim. Algumas pessoas colocam como

marco, por exemplo, Lefe Almeida que é um

produtor cultural que, com outros sócios,

transformam um pequeno antiquário na Rua

do Lavradio nº 100, em uma casa de samba e

de choro. Outro grupo de Osvaldo Cruz, que

é mais do subúrbio, também começa a fazer

ações debaixo dos Arcos (da Lapa). Desta

forma, a Câmara entra com algumas ações

para essa área. Com o início de outros projetos

em Santa Teresa e em Botafogo, a Câmara

entra também no processo e começamos a

fazer algumas seções todo ano, em torno do

Dia do Samba.

RP – Até este momento, as políticas

culturais ainda não eram bem definidas.

Quando se dá essa mudança?

FA - Mais ou menos em 2003, no início do

governo Lula, do Ministro Gilberto Gil e com a

gestão do Antonio Grassi na FUNARTE, há

uma ebulição de acontecimentos. A primeira

Conferência de Cultura, muitos seminários...

Então as pessoas começam a descobrir um

mundo novo e todo mundo fica eufórico.

RP- Neste momento você acredita que a

sociedade civil começa a ter mais voz?

FA – O processo envolve reunir as pessoas e

discutir as políticas públicas. O que foi feito em

Petrópolis. É claro que você tem lá, a lei do

Sistema e o Plano (Nacional de Cultura), mas

existe este processo que eu acho muito

importante de se juntar as pessoas, elas terem

voz e serem ouvidas. Então o que começou

entre 2003 e 2005 se tornou um caminho

natural de participação.

RP - Como surgiu o convite para fazer

parte da elaboração do Plano Municipal de

Cultura de Petrópolis?

FA - Eu conheci o Pedro Troyack (Gerente de

Programação Cultural da Fundação de

Cultura e Turismo de Petrópolis), por conta

dessa trajetória política e cultural. Com a

aprovação, em 2009, do Plano (Municipal de

Cultura) na Conferência de vocês, ele

precisava de alguém para trabalhar como

consultor. Ele buscou alguns nomes aqui no

Rio e acabou chegando ao meu.

RP - E como foi para você a realização

deste trabalho em Petrópolis?

FA - O trabalho foi maravilhoso. Eu senti certo

impacto porque tive uma mudança cultural

muito grande. Mesmo com a proximidade do

Rio de Janeiro, é outro universo, outro

mundo.

Em Petrópolis existem algumas pessoas

ainda com questões muito arraigadas e eu

estava entrando em um terreno novo,

politicamente, socialmente e culturalmente.

E como em qualquer lugar, você vê os

pequenos ódios e amores de uma

comunidade cultural que não gosta da

outra.

No meu caso, pessoalmente, foi uma

experiência incrível porque pude perceber,

na prática, essa diversidade cultural.

E do ponto de vista técnico, o trabalho foi

bem feito. Não exatamente por minha

aptidão ou minha competência, mas pelo

resultado e, principalmente, pelo processo

realizado.

RP – Qual fator você acredita que torna

Petrópolis tão diferente da Capital?

FA – Petrópolis é uma cidade que tem um

sentimento, devido sua formação, muito

europeu. As pessoas são mais fechadas.

Mas a cada dia fui aprendendo a lidar com

isso e foi muito importante para mim.

Porque saí dessa experiência lidando muito

bem com todas as pessoas e, até hoje, nos

falamos por e-mail ou redes sociais.

RP- Podemos dizer que Petrópolis é um

case de sucesso no que se refere ao

Sistema e Plano Municipal de Cultura no

Estado?

FA – É sim. Após um ano daquele processo

novo, acho que falta apenas fazer uma

“ c o s t u r a ” f i n a l , d i v i d i n d o a s

responsabilidades entre o poder público e a

sociedade civil. Mas com certeza, este foi o

case do estado do Rio de Janeiro.

RP - Petrópolis é a única cidade do

estado do Rio de Janeiro a ter um

Sistema Municipal de Cultura?

FA – Com Plano e Sistema aprovados,

acredito que apenas Petrópolis. Eu posso

estar enganado. Porque São Gonçalo

aprovou, mas ainda nada foi feito.

A r a r u a m a , p e l o a r r o j a m e n t o e

compromisso, deve aprovar o seu Plano

ainda este ano. Fomos conversar em

outras cidades, mas esbarramos em uma

série de questões burocráticas e legais.

Angra (dos Reis), por exemplo, tem a

intenção de fazer este ano, mas acredito

que somente em março (de 2012) vá se

concretizar.

14 Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Tratados como mercadoria, negros eram

comercializados através dos jornais do séc. XIX

Texto: Isabela Lisboa

B i s b i l h o t e c aB i s b i l h o t e c aG a b r i e l a M i s t r a l

G a b r i e l a M i s t r a lB i s b i l h o t e c a

B i s b i l h o t e c a

ANÚNCIOS DA ESCRAVIDÃO

ontes inesgotáveis de conhecimento, jornais e

periódicos antigos retratam os usos, os costumes e os

hábitos de uma época. Através deles “mergulhamos”

nas histórias, nos grandes acontecimentos e nos fatos curiosos do

dia a dia das sociedades de outrora.

Entre matérias de texto rebuscado, às vezes, quase poéticas,

encontramos anúncios pitorescos que retratavam bem a forma de

pensar e de viver das pessoas.

Os primeiros anúncios brasileiros, sobre venda de casas, foram

publicados por volta de 1807, no primeiro jornal carioca “Gazeta

do Rio de Janeiro”. Já em 1808, iniciavam-se os anúncios de

emprego:

Entretanto, o que mais nos chama a atenção são os anúncios

dedicados à venda e aluguel de escravos. Tratados como

mercadorias, eram anunciados como animais, através de suas

descrições físicas e habilidades. Quando fugiam, seus “donos”

usavam os jornais para publicarem seus desaparecimentos,

oferecendo gratificações a quem encontrasse os “fujões”.

O primeiro anúncio publicado referente a escravos foi em 07 de

janeiro de 1809:

É o triste registro de uma época, onde pessoas eram maltratadas,

presas e submetidas a inúmeras injustiças. Os textos que

apresentaremos a seguir são algumas reproduções de anúncios

publicados em 1858 e 1883, nos jornais O Parahyba e O Mercantil,

ambos de Petrópolis. Anúncios estes que esperamos continuarem

assim: antigos registros de uma história que não volta mais.

F

“Precisa-se de mulher para senhora inglesa, que

saiba lavar, engommar e coser”.

“Em 20 de agosto fugiu um escravo preto por nome

Matheus, mãos grandes, dedos grossos...”

Vende-se um vistoso moleque de 18 a 20 annos de idade,

muito bom pedreiro de cimalha e tornijo, na Rua do

Imperador nº 3. (O Parahyba - 24/01/1858)

Moleque

Na Rua do Imperador n. 3, empresta-se dinheiro sobre

penhores de prata, ouro e brilhantes. Na mesma casa

comprão-se escravos preferindo-se pretos fortes, ainda

que sem officio; havendo tambem para vender uma preta

que lava e cosinha, muito própria para casa de pouca

família, por 900$000. (O Parahyba - 17/06/1858)

Attenção

Desappareceo no dia 11 do corrente, de casa do Sr Jorge

Karmm, na Villa Thereza n. 14, tendo sahido com licença

para passear, a preta Rita, de nação Benguella, de altura

regular, falla ligeiro e tem dedo pequeno do pé um pouco

levantado, levou chalé de merino amarello, vestido de chita

em cassa, de babados com barra azul, e tem muitos signaes

de castigo no corpo. O abaixo assignado dá boa gratificação

a quem a apprehender, e protesta com todo o vigor da lei

contra quem tiver acoutado. Villa Thereza 15 de julho de

1858. J. Karmm. (O Parahyba - 18/07/1858)

PRETA FUGIDA.

Aluga-se uma parda escrava, sadia, com muito bom leite

(primeiro parto), boa conducta; para informações, nesta

typographia. (O Mercantil – 12/05/1883)

Amma de leite