Revista Placar #1349 - Fifa

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DEZEMBRO | 2010 | WWW.PLACAR.COM.BR | 95 Furo involuntário Meses depois do fim da Copa da África, voluntários ainda não receberam o pagamento da Fifa k Quatro meses após a Copa 2010, brasileiros que trabalharam como voluntários na África do Sul ain- da esperam a ajuda de custo prometida pela Fifa. Por contrato, todos deveriam recebê-la até o dia 10 de julho, mas há quem ainda não tenha visto a cor do dinheiro. A situação mais crítica foi re- gistrada no Soccer City, em Johannes- burgo, onde só uma parte dos voluntá- rios recebeu o pagamento em mãos. A jornalista Gabriela Jardim, que trabalhou no estádio e deveria receber 100 rands (25 reais) por cada um dos 33 dias trabalhados, deixou o país com a promessa do valor depositado em sua conta. Mais de 120 dias depois, só recebeu e-mails da organização com pedidos de desculpas e novos prazos. Outro motivo de discórdia é a taxa aplicada a alguns voluntários. A arqui- teta Lillian de Oliveira, que também atuou no Soccer City, precisou se des- locar duas vezes ao estádio após a final da Copa para receber o valor devido com o desconto de 25%. “Segundo eles [a organização], todo trabalho no país é taxado dessa forma, embora não esti- vesse no contrato. Mesmo assim, sou- be que voluntários de outras cidades não foram taxados”, conta. A Fifa informou que a responsabi- lidade é dos comitês organizadores locais e repassou o caso ao porta-voz Rich Mkhondo, que negou a dívida e só voltou atrás quando recebeu os no- mes de alguns brasileiros nessa situa- ção. Diante disso, prometeu liberar o pagamento em outubro, assim que os dados bancários fossem confirmados. No entanto, nenhum dos voluntários ouvidos havia recebido o valor prome- tido até o fechamento desta edição. Já Gabriela diz ter confirmado seus da- dos para três funcionários do comitê desde que deixou a África, mas nunca recebeu o que havia sido prometido em contrato. JÚLIO SIMÕES Gabriela no Soccer City: calote da Fifa FAMA E ANONIMATO Há pouco mais de um ano, o ganês Dominic Adiyiah sagrava-se campeão mundial sub-20, como artilheiro e melhor jogador da competição. Foi disputado por grandes clubes europeus e acabou contratado pelo Milan. No entanto, o atacante chega ao fim de 2010 ainda buscando se firmar no Reggina, da segunda divisão italiana, para onde foi emprestado em agosto. Passou os primeiros seis meses de 2010 longe do time principal do Milan, superado pela concorrência de Pato, Borriello, Inzaghi e Huntelaar. O atacante até conseguiu chances na seleção principal, na Copa Africana e na Copa do Mundo, como reserva de Asamoah Gyan. No Mundial, teve contra o Uruguai a oportunidade de levar Gana à semifinal, mas a cabeçada no último minuto parou na famosa “defesa” de Luis Suárez. Adiyiah agora corre para não seguir os passos de artilheiros de outros Mundiais de base, como o argentino Cavenaghi ou os brasileiros Adaílton e Adriano Gerlin, e cair de vez no anonimato. LINCOLN CHAVES Adiyiah: artilharia no sub-20 e nada mais

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Reportagem sobre o calote da Fifa aos voluntários da Copa-2010

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Furo involuntárioMeses depois do fim da Copa da África, voluntários ainda não receberam o pagamento da Fifa

kQuatro meses após a Copa 2010,

brasileiros que trabalharam

como voluntários na África do Sul ain-

da esperam a ajuda de custo prometida

pela Fifa. Por contrato, todos deveriam

recebê-la até o dia 10 de julho, mas há

quem ainda não tenha visto a cor do

dinheiro. A situação mais crítica foi re-

gistrada no Soccer City, em Johannes-

burgo, onde só uma parte dos voluntá-

rios recebeu o pagamento em mãos.

A jornalista Gabriela Jardim, que

trabalhou no estádio e deveria receber

100 rands (25 reais) por cada um dos

33 dias trabalhados, deixou o país com

a promessa do valor depositado em

sua conta. Mais de 120 dias depois, só

recebeu e-mails da organização com

pedidos de desculpas e novos prazos.

Outro motivo de discórdia é a taxa

aplicada a alguns voluntários. A arqui-

teta Lillian de Oliveira, que também

atuou no Soccer City, precisou se des-

locar duas vezes ao estádio após a final

da Copa para receber o valor devido

com o desconto de 25%. “Segundo eles

[a organização], todo trabalho no país é

taxado dessa forma, embora não esti-

vesse no contrato. Mesmo assim, sou-

be que voluntários de outras cidades

não foram taxados”, conta.

A Fifa informou que a responsabi-

lidade é dos comitês organizadores

locais e repassou o caso ao porta-voz

Rich Mkhondo, que negou a dívida e

só voltou atrás quando recebeu os no-

mes de alguns brasileiros nessa situa-

ção. Diante disso, prometeu liberar o

pagamento em outubro, assim que os

dados bancários fossem confirmados.

No entanto, nenhum dos voluntários

ouvidos havia recebido o valor prome-

tido até o fechamento desta edição. Já

Gabriela diz ter confirmado seus da-

dos para três funcionários do comitê

desde que deixou a África, mas nunca

recebeu o que havia sido prometido

em contrato. J Ú L I O S I M Õ E S

Gabriela no

Soccer City:

calote da Fifa

FAMA E ANONIMATOHá pouco mais de um ano, o ganês

Dominic Adiyiah sagrava-se campeão

mundial sub-20, como artilheiro

e melhor jogador da competição.

Foi disputado por grandes clubes

europeus e acabou contratado pelo

Milan. No entanto, o atacante chega

ao fim de 2010 ainda buscando

se firmar no Reggina, da segunda

divisão italiana, para onde foi

emprestado em agosto. Passou

os primeiros seis meses de 2010

longe do time principal do Milan,

superado pela concorrência de Pato,

Borriello, Inzaghi e Huntelaar. O

atacante até conseguiu chances na

seleção principal, na Copa Africana

e na Copa do Mundo, como reserva

de Asamoah Gyan. No Mundial, teve

contra o Uruguai a oportunidade

de levar Gana à semifinal, mas a

cabeçada no último minuto parou

na famosa “defesa” de Luis Suárez.

Adiyiah agora corre para não seguir

os passos de artilheiros de outros

Mundiais de base, como o argentino

Cavenaghi ou os brasileiros Adaílton

e Adriano Gerlin, e cair de vez no

anonimato. L I N C O L N C H A V E S

Adiyiah: artilharia no sub-20 e nada mais