Revista Pontes de Aco Set2015

download Revista Pontes de Aco Set2015

of 36

description

CBCA

Transcript of Revista Pontes de Aco Set2015

  • Obras nO brasil alternativas estruturais

    aspectOs de prOjetOtcnicas de mOntagem

    evOluO histrica

    AOPONTES DEUma publicao especial do Centro Brasileiro da Construo em Ao - Setembro/2015

  • Faa download gratuitamente atravs do site

    www.cbca-acobrasil.org.br

    Defensas de ao

    Painis e divisrias

    Portas e janelas em ao

    Telhas de ao

    Engradamento de ao

    Parafusos e elementos de

    fixao

    Proteo trmica

    Tintas

    Estruturas em ao

    Perfis de ao

    Steel deck

    Tubos de ao

    Distribuio e Centros de Servio em

    Ao

    Projetos e detalhamentos de

    construes em ao

    Galvanizao

    Software para projetos em ao

    Montagem de estruturas de ao

    FABRICANTES SERVIOS

    Guia Brasil da Construo em Ao

    Se sua empresa atua na cadeia produtiva da construo em ao e ainda no faz parte do Guia, participe e divulgue sua marca, produtos e servios.

  • editorial

    Capazes de diminuir distncias e ultrapassar obstculos, pontes e viadutos so imprescind-veis para a organizao do trfego de veculos e pessoas. A necessidade de garantir segurana e durabilidade a essas obras de arte, aliada ao custo competitivo de construo e manuteno, vem impulsionando o uso do ao como soluo estrutural para esse tipo de projeto. Uma srie de obras concludas, de diferentes portes, podem ser encontradas pelo pas, como apresenta-mos nessa publicao.

    No decorrer das pginas seguintes, o leitor poder conhecer casos em que o ao foi deci-sivo para o sucesso do projeto principalmente com relao leveza estrutural, velocidade de execuo, esttica arrojada e durabilidade. Tambm poder conferir requisitos para a elaborao de projetos de pontes, bem como conhecer os principais mtodos de montagem disponveis. Vale lembrar que a construo de pontes e viadutos, sobretudo em reas urbanas, demandam agilidade e organizao para gerar o mnimo de transtornos no local da obra.

    Alis, no quesito interferncia urbana, o ao um material imbatvel por ser uma soluo industrializada e que permite o uso de elementos mais esbeltos, aponta o engenheiro Filemon Botto de Barros, referncia nacional no projeto de pontes e viadutos, em entrevista exclusiva.

    Outros destaques so o panorama histrico das pontes de ao, desde a construo das estruturas de ferro fundido na Europa no final do sculo 18, e as mltiplas alternativas de con-cepo estrutural j consagradas, como vigas retas, trelias, arcos e pontes suspensas (pnseis e estaiadas).

    Concebida com o propsito de auxiliar a difuso do conhecimento sobre pontes e viadutos de ao no Brasil, Pontes de Ao tem todo o seu contedo tcnico produzido pelo engenheiro Fernando Ottoboni Pinho, especialista em projetos de obras de arte e coordenador da Comisso de Estudo que, no momento, elabora uma norma brasileira para projeto de pontes e viadutos rodovirios de ao e mistas ao e concreto.

    Tenha uma tima leitura!

    EsbEltEz e economia

    Informaes complementares, artigos tcnicos e manuais sobre o projeto e a construo de pontes de ao podem ser obtidos no site do CBCA www.cbca-acobrasil.org.br

    1Pontes de Ao

  • 2 Pontes de Ao

    03. conhecendo as Pontes de ao Evoluo ao longo do tempo e alternativas estruturais

    13. entrevista Eng. Filemon Botto de Barros

    20. Utilizando pontes e viadutos de ao Exemplos de aplicao em diferentes situaes

    15. compreendendo as pontes de ao Aspectos de projeto e mtodos de montagem

  • Viaduto metrovirio no Rio de Janeiro foi

    construdo com estrutura de ao em arco

    Pontes e viadutos de ao so soluo para transpor obstculos com durabilidade, esbeltez e economia

    CONHECENDO aS PonteS de ao

    No de hoje que a civilizao precisa de poNtes e viadutos para transpor rios, vales e outros obstculos. Elementos-chave para garantir fluidez e eficincia ao transporte terrestre, as pontes representam trechos de grande complexidade tcnica e de alto custo na construo de rodovias e fer-rovias. Por isso mesmo, merecem todo o cuidado no momento da definio do partido estrutural, na elaborao de um projeto econmico, e na execuo em conformidade com as melhores prticas e com as normas tcnicas.

    3Pontes de Ao

    Divulgao

  • Pontes de ao evoluo ao longo do temPo

    a primeira ponte toda executada em ferro fundido foi a Ponte sobre o rio Severn construda em 1779, na inglaterra, para vencer um vo de 31 m.

    1

    em 1857 foi construda a ponte sobre o rio Paraba do Sul, no rio de Janeiro (foto). considerada a ponte mais antiga no Brasil em ferro fundido, tem cinco vos de 30 m em trelia arqueada com largura de 6 m. a introduo das trelias de ferro forjado permitiu ampliar os vos. no Brasil as primeiras pontes desse tipo foram construdas na segunda metade do sculo 19 . Um exemplo a Ponte de Santana sobre o rio Piabanha em areal (rJ) com um vo de 46 m, construda em 1862.

    2

    as grandes pontes surgiram com o uso dos aos ligados, o que permitiu maior controle de qualidade, e das trelias em balano. a mais importante desse perodo a Firth of Forth em edimburgo (reino Unido), construda em 1890. em uso at os dias de hoje, essa ponte vence um vo livre de 521 m.3

    as pontes e viadutos em ao, embora muitas vezes sejam tratadas como uma alternativa construtiva nova, possuem um histrico de mais de cem anos de uso, e so bastante difundidas, principalmente nos estados Unidos, na europa e na sia. Uma ampla lista de vantagens econmicas e tcnicas explica a preferncia pelo ao nesses locais. alguns exemplos so a elevada resistncia para vencer grandes vos, o peso prprio reduzido e o menor custo com fundaes, a rapidez de construo e montagem, que implica tambm em menores transtornos em obras urbanas, alm da esttica esbelta e contempornea.

    4 Pontes de Ao

    Divulgao

    Divulgao

    Divulgao

  • o passar dos anos trouxe o aperfeioamento da tecnologia, que culminou na produo de aos de alta resistncia, estais e ancoragens mais avanados, bem como no desenvolvimento de softwares que facilitaram a anlise das estruturas. isso levou arquitetos e projetistas a explorarem com mais segurana a esttica leve e contempornea de pontes, viadutos e passarelas de ao, sobretudo suspensas. em algumas cidades, como em So Paulo, obras-de-arte com formas mais elegantes tornaram-se verdadeiros cartes-postais urbanos.

    6as pontes suspensas ou pnseis, sustentadas por cabos na catenria, representam um captulo parte. entre as mais emblemticas esto a ponte sobre o estreito de menai, feita por t. telford entre 1820-1826 com 174 m de vo central, no reino Unido, e a ponte do Brooklyn, em nova York, eUa, cujo vo principal mede 480 m, dos anos 1870. no Brasil, alguns exemplares so a ponte pnsil de So Vicente (SP) erguida em 1914 com 180 m de vo livre, e a Ponte Herclio luz, carto postal de Florianpolis (Sc), construda em 1926 com 340 m de vo (foto).

    4

    a partir de 1930, tiveram incio as pontes mistas, nas quais o tabuleiro de concreto e a viga de ao. Sobretudo a partir da Segunda Guerra, as pontes em vigas caixo, estaiadas e mistas adquiriram protagonismo. Um exemplo desse perodo a Ponte Severin, em colnia, alemanha, cuja construo ocorreu em 1960.

    5

    5Pontes de Ao

    Milton

    Michida

    Divulgao

    Divulgao

  • 6 Pontes de Ao

    Sees transversais tpicas de vigas de alma cheia.

    Mltiplas PoSSiBilidadeS

    Para vos pequenos e mdios, as pontes com vigas mltiplas de alma cheia mistas so sempre a primeira opo.

    Nos dias atuais, h uma srie de solu-es estruturais para serem utilizadas como superestruturas no projeto de uma ponte ou viaduto, capazes de gerar estruturas das mais simples s mais arrojadas. Dentre elas, destacam-se as vigas de alma cheia, as vigas em caixo, e as pontes suspensas por cabos. A definio da superestrutura de uma ponte ou viaduto depende da anlise de vrios fato-res, entre os quais destacam-se topografia e natureza do solo, extenso e vo livre a serem vencidos, gabaritos a serem obedecidos, logs-tica, tempo de execuo previsto e recursos disponveis. Confira a seguir, algumas alter-nativas viveis para a construo de pontes e viadutos de ao, suas principais caractersti-cas e indicaes:

    Vigas DE alMa CHEia

    Disponibilizados no Brasil em alturas de at 610 mm, os perfis laminados permitem a construo de pontes com vos de at 16 m. As vigas de uma s alma podem ser simples-mente apoiadas ou contnuas, associadas laje ou no.

    Os perfis soldados no tm limitao de altura de fabricao e podem ser compostos de vrias maneiras para tornarem mais com-petitiva a construo de pontes e viadutos. Em

    Pontes executadas com vigas de alma cheia so simples e eficientes

    geral so econmicos para vos na faixa de 20 a 60 m, usando-se o sistema misto.

    Para vos de at 20 m em estruturas no mis-tas usa-se muitas vezes uma mesma espessura e largura para as chapas de mesa. Nos casos do sistema misto deve-se empregar uma chapa de mesma largura e de espessuras diferentes para as mesas, sendo a mais fina reservada para a mesa comprimida. Para vos superiores a 20 m, a sugesto o uso de vigas mistas com variao de espessura das mesas e/ou variao de largura.

    A principal vantagem de uma viga de alma cheia a simplicidade de sua geometria, o que propicia custos baixos de fabricao. Mas esse tipo de soluo requer um detalhamento cuidadoso. Em construes soldadas, o projeto deve prever a adoo de processos automti-cos ou semiautomticos de solda. A simplici-dade da seo transversal tambm contribui para a reduo de custos de manuteno.

    Ao se projetar a alma de uma viga, h a possibilidade de optar por uma alma espessa com poucos enrijecedores transversais inter-medirios ou por uma alma esbelta com um nmero maior de enrijecedores. A escolha vai depender principalmente dos custos de mate-rial e de mo de obra. Uma viga com alma esbelta pode ser mais eficiente quando enrije-cida por uma srie de enrijecedores transver-sais associados a enrijecedores longitudinais.

    acervo pessoal/FOp

  • prtiCOsIndicado para os casos em que a topografia favorvel, como em vales, o sistema de prti-cos aquele em que as vigas do tabuleiro so continuas estrutura dos pilares. Com grande apelo esttico, esta soluo utilizada para diminuir os vos da viga reta.

    Normalmente os pilares so inclinados e dentro deste quadro formado por pilares e vigas, so inseridos os gabaritos exigidos. Pelo pilar inclinado desce uma grande carga de compresso, que dever ser absorvida por fun-daes inclinadas. Isso faz com que a soluo seja especialmente recomendada para terre-nos com bom suporte de cargas. Na interse-o entre viga e pilar, as chapas tendem a ser esbeltas mesmo sob altas tenses, o que demanda um estudo mais acurado dos enrije-cedores desta regio.

    Outra particularidade dos prticos que, como h inverso no sentido dos valores dos momentos fletores, surgem momentos negativos junto aos pilares, fazendo com que as vigas no possam ser mistas em todo o seu comprimento.

    As pontes em prticos com perfis de alma cheia redistribuem os esforos e deformaes, conseguindo vencer vos com vigas de baixa altura, formando um conjunto esbelto e elegante.

    Pontes construdas em prticos tiram proveito da topografia existente

    7Pontes de Ao

    acervo pessoal/FOp

  • Pontes de Ao

    trEliasUma trelia um conjunto de tringulos for-mados por peas retas. Quando adequada-mente projetada, com propores normais, uma trelia tem os eixos de todos os seus elementos retos e concorrentes nos ns ou juntas. O sistema de trelias tem duas prin-cipais vantagens: permitir alturas maiores com menor peso e reduo de flecha, e pos-sibilitar que os elementos s sejam solicita-dos por cargas axiais (trao ou compresso). Tambm conta a favor desse sistema a leveza relativa de uma ponte ou viaduto em treli-a, que se reverte em facilidade na constru-o, j que permite o uso de equipamento de iamento de pequena capacidade. O ponto de ateno da estrutura treliada o maior custo de fabricao, pintura e manuteno, e s vezes, a esttica comprometida pelo cruza-mento visual dos elementos. Utilizadas para vencer vos de 50 m at 120 m (isostticas) e de at 250 m (contnuas), as trelias so mais econmicas com altura variando de 1/8 a 1/15 do vo. Isso no inviabiliza, contudo, a cons-truo de vos maiores.

    H vrios tipos de trelias planas usuais em projetos de pontes e viadutos. Enquan-to a Howe mais indicada para estruturas de madeira, a trelia Pratt isosttica costuma ser mais vantajosa em estruturas metlicas. Isso porque os montantes (elementos mais curtos) esto em compresso, enquanto que

    Principais tipos de trelias

    Estruturas de pontes em longarinas treliadas tendem a ser utilizadas em vos de maiores propores que os tipos j citados. Estas estruturas reticuladas geralmente pesam menos que as equivalentes em alma cheia para cobrir vos livres maiores.

    Trelias de ao oferecem soluo competitiva e durvel para a construo de passarelas sobre rodovias e vias urbanas. Na foto, ponte rodoferroviria sobre o Rio Paran

    as diagonais (elementos mais longos) esto sujeitas trao, embora esta vantagem seja parcialmente anulada pelo fato do banzo central comprimido ser mais fortemente carregado que o central tracionado. A trelia Warren pode ser modificada pela adio de montantes colocados em todos os painis, ou somente a partir do tabuleiro para as diago-nais opostas. A Warren Composta emprega-da quando se tem diagonais muito grandes e preciso diminuir o comprimento de flamba-gem da diagonal. A trelia Whoppe utilizada por motivos estticos.

    Por economia, a altura da trelia usu-almente fixada como uma frao do vo. medida que o vo aumenta, a altura da trelia cresce e com ela o comprimento do painel. Para se obter apoio adequado ao tabuleiro, pode ser necessrio subdividir o painel.

    Usiminas Mecnica

    8

  • 9Pontes de Ao

    arCOsEste tipo de superestrutura est entre as mais antigas utilizadas em pontes. Mas seu gran-de uso se deu a partir de 1900. Econmicos na faixa de 60 a 500 m, os arcos podem ser aproveitados na superestrutura de pontes ou viadutos em trs tipologias: arco inferior com tabuleiro superior, arco superior com tabuleiro inferior, ou arco com tabuleiro intermedirio.

    A escolha do tipo de arco varia em funo das condies locais e da esttica desejvel. O arco inferior costuma harmonizar bem em vales, compondo com a natureza. O arco supe-rior muito adotado quando h restries do gabarito na parte inferior. J o arco com tabuleiro intermedirio pode se adequar s duas situaes.

    Em relao ao clculo, os arcos podem ser definidos como engastados, bi rotulados e tri--rotulados. Cabe ao projetista definir a soluo mais adequada a cada situao levando em considerao as condies do solo para as fun-daes, o sistema de montagem, o tamanho do vo, entre outros aspectos. O arco para ser eficiente e resultar em uma boa esttica deve ter uma relao flecha/vo da ordem de 1/5.

    Tipos de arco

    Viaduto Reinaldo de Oliveira, em Osasco,

    tem estrutura de ao em arco

    Os arcos vencem vos mdios e grandes, mas necessitam de um sistema para conter os grandes esforos horizontais. So constitudos de sees abertas ou fechadas e o tabuleiro pode ser inferior, mdio ou superior ao arco.

    Divulgao

  • 10 Pontes de Ao

    Vigas EM CaixOAs vigas caixo so formadas por duas ou mais almas, por uma mesa inferior nica e por uma ou mais mesas superiores, formando um caixo. As sees transversais so altamente eficientes nas estruturas em curva, devido a sua grande resistncia a toro, bem como nas pontes com grandes vos, para evitar pro-blemas de instabilidade. Alm dos elementos longitudinais, uma viga caixo tem tambm um sistema de diafragmas transversais ou transversinas. Em geral, a relao altura/vo fica em torno de 1/20 a 1/30.

    No projeto de pontes e viadutos, uma das vantagens mais importantes da viga caixo a possibilidade de se usar a mesa superior como laje do tabuleiro. Essa tipologia se carac-teriza por apresentar grande resistncia e rigi-dez toro, mesas de grande largura e maior inrcia com alturas menores, espao livre til para passagem de tubulaes e equipamen-tos, bem como manuteno facilitada. Alm disso, a viga caixo permite agregar esbeltez e regularidade superfcie inferior da ponte ou viaduto.

    Nesses casos, a mais importante deciso de projeto a escolha da seo transversal, relacionada a custos de material, custos de ligaes, capacidade dos equipamentos dis-ponveis, acessos, largura de pista e gabaritos.

    Ao se decidir pela geometria da seo

    Sees transversais em viga caixo

    As pontes em viga caixo so variantes das pontes de vigas de alma cheia. A diferena reside na chapa horizontal de unio entre as mesas inferiores das longarinas, formando uma seo transversal fechada. So adequadas para situaes em curva ou com pouca altura para as vigas.

    transversal, o projetista deve considerar qua-tro princpios essenciais:

    1) As almas das vigas devem apoiar ade-quadamente o tabuleiro.

    2) A seo transversal deve ser relacionada com o sistema de montagem.

    3) O uso de paredes finas, sejam horizon-tais ou verticais, obriga o uso de enrije-cedores.

    4) Qualquer variao de altura das chapas exige um diafragma.

    Terceira Ponte liga as cidades de Vitria e Vila Velha, no

    Esprito Santo. Obra-de-arte foi construda em caixo com balanos sucessivos e conta com vo central de 70 m de altura. O vo livre (distncia entre pilares) de de 260 m

    acervo pessoal/FOp

  • Pontes de Ao

    pONtEs sUspENsas pOr CabOsReconhecidas em todo o mundo por sua bele-za, as pontes suspensas oferecem uma solu-o competitiva quando se deseja transpor grandes vos com o apoio de poucos pilares.

    Mais antigas, as pontes pnseis so sus-tentadas por cabos e mastros. Nessa tipolo-gia, os cabos principais partem de um mastro a outro formando uma parbola. Dos cabos principais partem os cabos de sustentao da plataforma, que so verticais e espaados igualmente. Nessas pontes, necessria a uti-lizao de vigas de grande rigidez para evitar oscilaes verticais do tabuleiro.

    J nas pontes estaiadas os esforos so absorvidos pela parte superior do tabuleiro por meio de vrios cabos que se concentram em uma torre apoiada em um bloco de fun-dao. A fixao dos cabos pode ser feita em forma de leque (com um ponto fixo no pilar), em forma de harpa (com cabos paralelos par-tindo de vrios pontos do pilar) ou em forma mista. Competitivas com piso em caixo orto-trpico para vos acima de 300 m, as pontes

    Pontes Pnseis

    Pontes Estaiadas

    Ponte estaiada construda no Rio de Janeiro faz parte do projeto do BRT Transcarioca

    estaiadas no so indicadas quando o traado da rodovia exige curvas acentuadas e rampas ngremes. Essa tipologia costuma ser utilizada nos casos em que apoios intermedirios sobre o leito de rios e braos de mar so muito dif-ceis de serem executados.

    prefeitura Mun

    icipal do rio de Janeiro

    11

  • 12

    pONtEs MistasH diferentes tipos de tabuleiros que podem ser combinados s superestruturas men-cionadas at aqui. Os inteiramente em ao formam uma placa ortotrpica (placa enri-jecida de ao) e exigem consumo elevado do metal, tornando-se pouco econmicos para vos pequenos e mdios. Em compensao, os tabuleiros metlicos, por serem mais leves, trazem vantagens significativas aos projetos que envolvem grandes vos.

    Muito aproveitada atualmente, a soluo mista consiste na juno de vigas metlicas com o tabuleiro de concreto por meio da soli-darizao dos dois materiais. Isto garantido por elementos de ligao, denominados conec-tores de cisalhamento. Esses elementos podem ser de vrios tipos, sendo que os mais usuais os

    Que cerca de 70% a 80% das pontes e passarelas construdas no Brasil poderiam ser executadas com sistemas mistos de ao e concreto? alm de permitir maior racionalizao dos processos construtivos, os sistemas mistos promovem rapidez e versatilidade de execuo. esse um diferencial importante em obras rodovirias e ferrovirias, especialmente em reas urbanas e com trfego intenso de veculos.

    voc sabia?

    As pontes mistas so econmicas para vos entre 6 e 60 m.

    Complexo virio em So Paulo utiliza viadutos mistos, com vigas de ao combinadas a pilares e tabuleiro de concreto

    Tabuleiro misto

    Tabuleiro ortotrpico

    pinos tipo stud e os perfis laminados tipo U. Econmicas para vos entre 6 e 60 m, as

    pontes mistas tm como ponto crtico a deter-minao da distribuio de esforos no con-creto e no ao, levando-se em conta a ligao solidria do tabuleiro com as vigas metlicas. O dimensionamento das vigas mistas deve ser feito levando-se em conta se a viga vai ser escorada ou no durante a concretagem.

    De modo geral, as vigas so calculadas como no escoradas, implicando em um custo de construo menor. Nesses casos, necess-rio distribuir os vrios tipos de carga nas eta-pas do processo. Assim o peso prprio da viga e do concreto ser suportado somente pela viga de ao, e as outras cargas pelo conjunto viga - concreto.

    sidn

    ei palatnik

  • entr

    eViSta

    Referncia no projeto de pontes e viadutos, o engenheiro Filemon Botto de Barros dire-tor da Projconsult, empresa de consultoria em engenharia, especializada em empreendimen-tos de grande porte. No seu portflio esto obras que foram consideradas referncias, seja pelo desafio tcnico superado, seja pela est-tica obtida. o caso do viaduto metrovirio sobre a avenida Francisco Bicalho, com um arco metlico que cobre um vo de 110 m, no Rio de Janeiro. Outro projeto importante em que Filemon esteve envolvido foi o da Ponte Jus-celino Kubitschek, em Braslia, premiado pelo IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) e pela Abcem (Associao Brasileira da Construo Metlica). Em entrevista exclusiva concedida Pontes de Ao, o engenheiro fala mais sobre sua experincia e sobre os avanos tecnol-gicos que favoreceram o uso, cada vez mais recorrente, de pontes com estruturas de ao e mistas. Confira a seguir:

    Pontes de Ao O senhor uma das refern-cias quando o assunto projeto de pontes no Brasil. Poderia comentar como foi o incio de sua carreira?Filemon Botto de Barros Comecei como pro-jetista e desenhista na construo da Ponte Rio--Niteri, participando de projetos de estruturas diversas. Depois disso, trabalhei na empresa

    do engenheiro Mrio Vila Verde, onde tive a oportunidade de realizar uma srie de detalha-mentos de estruturas de ao. Durante trs anos, morei no canteiro da barragem de Itaipu, e por seis anos, estive em Tucuru (PA), projetando toda a parte de estrutura metlica dessa obra. De volta ao Rio, trabalhei em diversas pontes e viadutos estruturados com ao, concreto e com pr-moldados. Mais recentemente participei do projeto das baias metlicas que esto na ponte rio Niteri, construdas com estrutura mista. Essas duas baias foram dimensionadas e cons-trudas para receber trem tipo do metr.

    PA O senhor projetou recentemente duas obras emblemticas que utilizam arcos metli-cos: a ponte Juscelino Kubitschek, em Braslia, e o viaduto sobre a avenida Francisco Bicalho, no Rio. Poderia comentar esses dois projetos?FBB O viaduto metrovirio no Rio liga So Cris-tvo estao Cidade Nova, na cidade do Rio de Janeiro. So 1.200 metros de viaduto e mais um arco metlico de 110 metros sobre a aveni-da Francisco Bicalho. O viaduto foi executado em concreto e o arco metlico. Esse elemento tem um papel importante para dar estabilida-de e rigidez. Em funo da passagem de metr e trem, a obra de arte exigia uma deformao mnima para minimizar o risco de descarrila-mento. Em Braslia, projetamos uma ponte com-posta por arcos metlicos que vencem 240 m de vo e por um tabuleiro em placa ortotrpica de 25 m de largura estaiado nesses arcos. Os trechos de acesso foram executados com caixo metli-co e estrutura mista (laje de concreto e viga de ao) para vencer vos de 45 m.

    PA Sobre as estruturas mistas, como o senhor v a evoluo dessa soluo nos ltimos anos?FBB A estrutura mista para a construo de pontes vem ganhando muita utilizao na medida em que propicia encurtar o prazo de execuo da obra. Uma vantagem desse siste-ma que enquanto a fundao executada, a superestrutura fabricada, simultaneamente. Alm disso, esse tipo de soluo tem uma mon-tagem muito facilitada por ser mais leve.

    Os melhores resultados (no projeto de pontes e viadutos) surgem quando se aproveita a grande capacidade de resistncia do ao para criar estruturas mais esbeltas e menos impactantes paisagem das cidades

    13Pontes de Ao

    acervo pessoal

  • PA Em que casos a estrutura mista indica-da no projeto de pontes e viadutos?FBB Toda vez que a obra apresenta alguma dificuldade de acesso e de montagem, a estru-tura mista acaba sendo a escolha natural. O interessante da estrutura mista que permite aproveitar as melhores propriedades de cada material. O ao, que tem excelente desempe-nho quando submetido trao, tem um uso nobre na parte de vigas. J o concreto, que resiste bem compresso, utilizado nas lajes, que demandam esse comportamento.

    PA Ainda h resistncia entre os contratan-tes quanto ao uso da estrutura de ao no pro-jeto de pontes e viadutos?FBB No mais. Houve uma restrio muito grande no passado em funo da qualida-de dos aos produzidos e que exigiam uma manuteno muito atuante. Mas na medida em que os aos de alto desempenho e de resis-tncia corroso se difundiram, esse receio deixou de existir. O desenvolvimento de novas ligas de alta resistncia corroso trouxe um benefcio muito grande. Hoje os contratantes j no tm motivo tcnico para evitar as pon-tes de ao ou mistas. O avano da qualidade dos aos foi determinante para que pudsse-mos ter um uso mais frequente desse mate-rial, com mais segurana, durabilidade e com menos manuteno.

    PA Quando comparada ao concreto, em quais situaes as estruturas de ao e mistas so competitivas?FBB No caso de pontes simples, de pequenas dimenses, e sem qualquer restrio ou dificul-dade de construo, o concreto pode ser mais competitivo. Mas quando voc tem um pro-grama de pontes em estradas vicinais no qual a questo do transporte e da montagem da estrutura pode ser dificultada, o ao tende a ser mais vantajoso. Toda vez que h qualquer difi-culdade de logstica, de montagem ou necessi-dade de vencer grandes vos, o ao passa a ser uma alternativa vivel e interessante.

    PA De que forma um projetista pode maxi-mizar as virtudes do ao?FBB Penso que os melhores resultados sur-gem quando se aproveita a grande capaci-dade de resistncia do ao para criar estru-turas mais esbeltas e menos impactantes paisagem das cidades. Essa uma virtude importante e cada vez mais valorizada. Os conselhos municipais arquitetnicos, inclu-sive, tm exigido uma melhor adequao das pontes e viadutos ao contexto urbano no qual elas se inserem. Utilizando o ao, temos mais facilidade para agregar leveza a essas grandes estruturas. M

    No alto, a Ponte Juscelino Kubitschek, em Braslia (DF), projetada pelo arquiteto Alexandre Chan. Com 1.200m de extenso, a obra-de-arte composta por trs vos de 240 m em arco metlico e por tabuleiro metlico estaiado. Embaixo, obras para a construo de um dos viadutos da TransCarioca e que faz parte pacote de obras proposto pela prefeitura para melhorar o transporte pblico da cidade para os Jogos Olmpicos de 2016. Estrutura combina estrutura mista com caixo metlico e laje de concreto e arco metlico

    Divulgao projcon

    sult

    Divulgao projcon

    sult

    14 Pontes de Ao

  • Execuo de ponte estaiada com o tabuleiro todo metlico

    em balanos sucessivos

    Local de execuo e particularidades como tamanho dos vos so aspectos que impactam

    o projeto de pontes e viadutos

    COMprEENDENDO aS PonteS de ao

    No projeto de poNtes e viadutos, uma boa coNcepo certa-mente levar a uma soluo simples, elegante, segura para a montagem, e de baixo custo. A escolha da abordagem mais adequada para uma ponte ou viaduto de ao passa por uma anlise minuciosa que deve envolver quatro fatores principais: particularidades da obra, domnio do sistema construtivo, possibilidades oferecidas pelas diversas alternativas de concepo possveis e, finalmente, os mtodos de montagem. Vale lembrar a importncia de no se adotar qualquer ideia sem analisar previamente todas as alternativas.

    Depositpho

    tos

    15Pontes de Ao

  • 16 Pontes de Ao

    Montagem pelo solo Se aplica aos viadutos e aos trechos secos das cabeceiras das pontes. um processo que normalmente exige poucas estruturas auxiliares e o pessoal e os equipamentos trabalham em terra firme. Esta montagem feita por meio de guindastes localizados no solo. Os guindastes so empregados em um grande nmero de situaes de pr-montagem e montagem de pontes e viadutos.

    Mtodos de MontageM

    As pontes so quase sempre estruturas de grande porte instaladas em locais de difcil acesso. Por isso mesmo requerem uma engenharia de montagem mais sofisticada que garanta a execuo mais rpida, segura e econmica possvel. Um complicador tpico da montagem de pontes a necessidade de estruturas auxiliares de custo relativamente elevado.

    Os mtodos de montagem mais comuns empregados nas pontes e viadutos em ao so:

    Exemplo de montagem de ponte pelo solo com

    guindaste hidrulico

    Em relao s caractersticas da obra, os principais pon-tos a serem observados so:> Geometria do traado no local da ponte ou viaduto -

    Em planta - eixo reto, curvo ou esconso, em elevao em nvel, em rampa ou em curva;

    > Se a estrutura est sobre curso dgua e se possui calado suficiente para uma balsa;

    > Condies dos apoios - simplesmente apoiados ou contnuos;

    > Extenso e nmero de vos da travessia;> Condies dos acessos at o local da obra;> Espao para pr-montagens nas margens.

    O projetista tambm deve levar em considerao e pro-curar tirar partido de vantagens importantes que o ao pode agregar s obras de arte. Entre elas, vale destacar:> Menor peso prprio> Menor altura de construo especialmente nos casos

    em que o espao estrutural (distncia entre o topo da pista e o limite inferior da estrutura) for limitado;

    > Uso de componentes industrializados as peas so levadas para o local da obra apenas para a montagem;

    > Rapidez de construo e montagem;> Leveza, permitindo a montagem de grandes compo-

    nentes de uma nica vez;> Eliminao da necessidade de escoramentos que mui-

    tas vezes estreitam a passagem inferior aumentando o risco de acidentes durante a obra;

    > Possibilidade de adaptaes e alteraes, como alar-gamentos, incorporando acostamentos ou novas vias;

    > Exposio da estrutura, o que permite inspees e eventuais reparos com facilidade;

    > Esttica atraente pela esbeltez e formas;> Fundaes mais econmicas devido ao menor peso

    das estruturas;> Menor necessidade de rea para os canteiros de obra;> Menores incmodos durante a obra para os usurios

    da prpria via ou de vias prximas e reas vizinhas;> Sustentabilidade. Fcil demolio e total reaproveita-

    mento do ao.

    Acervo pessoal/FOP

  • Montagem por balsa Sempre que a ponte estiver sobre um curso dgua com baixa correnteza e profundidade adequada, essa tcnica pode ser considerada. A montagem se faz transportando-se as peas por um equipamento de iamento, normalmente um guindaste sobre uma balsa. Em determinados casos, o equipamento ocupa uma balsa e as peas outra. Uma ateno especial deve ser dada ao equilbrio da embarcao quando o guindaste estiver com a carga iada.

    Montagem por lanamento Consiste em pr-montar as estruturas em terreno firme em uma das margens, e fazer o conjunto da estrutura se deslocar sobre apoios deslizantes at sua posio final sobre o rio ou vale profundo. Normalmente demanda um bico de lanamento mais leve, que usado como prolongamento provisrio da estrutura que ser lanada, e em casos de um nico vo, requer um contrapeso para evitar o tombamento da estrutura.

    Montagem por balanos sucessivos Consiste na tcnica de progredir a montagem por sees parciais ou aduelas que se ligam s anteriormente montadas. Parte-se de uma das margens, de um apoio intermedirio ou de um vo secundrio. Existem vrias aplicaes da montagem por balanos sucessivos. Elas dependem do tipo de estrutura, do sistema de alimentao dos elementos e do tipo de equipamento que far o iamento, bem como do posicionamento das peas na extremidade do balano.

    Caso de montagem por lanamento

    Montagem por balanos sucessivos com aduelas

    Iamento com o apoio de balsas

    17Pontes de Ao

    Acervo pessoal/FOP

    Acervo pessoal/FOP

    Acervo pessoal/FOP

  • 18 Pontes de Ao

    MAtEriAiS E tiPOlOgiAS

    tipo da Ponte Faixa til de vos livres (m)

    Vigas mltiplas de alma cheia mistas

    6 ~100

    Vigas caixo 40 ~200

    trelias 40 ~300

    Prticos 30 ~100

    Arcos 100 ~400

    Estaiadas 150 ~800

    Pnseis Maior que 800

    Chapas grossas de ao carbono com fins estruturais

    ChaPas grossas:> Chapa grossa de aos carbono

    para uso estrutural. Devem ser

    empregadas pintadas.Seguem as

    normas: ABNt NBr 6648:2014

    e AStM A36/A36M-14> Chapa grossa de aos de alta

    resistncia e baixa liga para uso

    estrutural. tambm devem ser

    empregadas pintadas. Seguem as

    normas: ABNt NBr 5000:2015,

    AStM A572/572M-15 e

    AStM A709: 2013> Chapa grossa de aos de alta

    resistncia e baixa liga para

    uso estrutural com resistncia

    corroso atmosfrica

    (patinveis). Podem ser

    empregadas com

    e sem pintura. Seguem as

    normas ABNt NBr 5008:2015

    e AStM A588/588M-15

    PerFis estruturais:> Perfis laminados. Produzidos

    nas sees i, H, l, t e U.

    Seguem as normas da ABNt NBr

    15.980:2011 e da NBr 7007:2011> Perfis soldados. So compostos

    de chapas grossas com grandes

    possibilidades de sees,

    podendo ser padronizadas

    (CS, CVS e VS) ou PS quando

    h dimenses fora do padro.

    Podem apresentar alturas de

    mais de 4 m. Seguem a

    ABNt NBr 5884:2013> tubos estruturais com e sem

    costura Seguem a ABNt NBr

    8261:2010 - tubos de ao-carbono,

    formado a frio, com e sem solda,

    de seo circular, quadrada ou

    retangular para usos estruturais> Steel deck (utilizado em tabuleiros,

    como forma)

    ParaFusos estruturais

    e ConeCtores:> Parafusos de ao de alta

    resistncia tratado a quente

    (AStM A325-14)> Parafusos de liga de ao de

    alta resistncia tratado

    a quente (AStM A490-14a)> Conectores de cisalhamento

    tipo pino com cabea Studs> Conectores de cisalhamento

    tipo U laminado

    outros:> Eletrodos e arames de solda

    (AWS D1.5/D1.1M: 2010, Bridge

    Welding Code) > Defensas metlicas (ABNt NBr

    6970:2012, NBr 6971:2012)

    As pontes em ao empregam materiais met-licos importantes para a superestrutura e seus travamentos, para as ligaes entre os ele-mentos, para a proteo dos veculos e pedes-tres, e para a sinalizao vertical. Disponveis no Brasil, quase todos so produzidos de acordo com as normas da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas). Conhea a seguir mais sobre cada um desses materiais.

    Divulgao Usiminas

  • 19Pontes de Ao

    As pontes de ao no Brasil ainda so concebi-das e executadas com o respaldo de normas internacionais e de uso consagrado no exte-rior. Isso porque ainda no h uma norma tc-nica brasileira publicada para tratar de modo especfico dessas obras de arte. As principais referncias so as norte-americanas - AASHTO Bridge Design Specifications 7th ed., AWS D1.5 Bridge Welding Code - e as europeias - Eurocodes EN 1990, EN 1991, EN 1993, EN 1994. No h impedimentos para projetar pontes e viadutos com base em normas internacionais e muitos projetistas brasileiros esto habitua-dos a trabalhar com tal bibliografia.

    NOrMAS tCNiCAS

    grande parte das pontes construdas com estrutura de ao no Brasil utilizam tabuleiros de concreto. Mas especialmente em projetos que precisam vencer grandes vos, os tabuleiros com chapa ortotrpica de ao revestido com asfalto podem gerar vantagens tcnicas e econmicas em funo do menor peso do conjunto.

    Em maio de 2014 foi instalada na ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas) uma Comisso de Estudo para a elaborao da norma brasileira para Projeto de pontes e viadutos rodovirios de ao e mistas ao e concreto. A iniciativa tem a participao dos rgos pblicos responsveis pelo setor, das concessionrias que detm a concesso para a manuteno das principais rodovias do pas, dos escritrios de engenharia espe-cializados em pontes, dos fabricantes de estruturas de ao, dos montadores de estru-turas, dos profissionais ligados ao setor e das universidades.

    voc sabia?

    Ponte mista com viga de ao e tabuleiro de concreto em Volta Redonda (RJ)

    Acervo pessoal / FO

    P

  • Ao foi determinante para viabilizar as formas

    arrojadas e leves da Ponte da Passagem, no Esprito Santo

    Vantagens tcnicas, financeiras e estticas impulsionam a utilizao

    do ao na construo de obras de arte

    UtilizANDO POntes e viADUtOs De AO

    DurabiliDaDe, esttica refinaDa, velocidade de execu-o, facilidade de manuteno e custo competitivo. Essas so algumas caractersticas associadas s pontes de ao e que jus-tificam essa opo construtiva em projetos de grande, mdio e pequeno porte. No Brasil, j h uma srie de exemplos bem--sucedidos que comprovam essas e outras qualidades. A seguir apresentamos alguns desses projetos emblemticos.

    vitor nogue

    ira

    20 Pontes de Ao

  • 21Pontes de Ao

    estticA

    Carto portal de Vitria, a Ponte da Passagem foi a primeira estrutura estaiada erguida no Brasil integralmente em ao, ou seja, com torres, vigas e cabos met-licos. O uso do ao nesse caso auxiliou a superao de desafios tcnicos, como o prazo de execuo reduzido e a necessidade de garantir segurana e produtivi-dade, mesmo dispondo de uma rea de canteiro reduzida.

    A obra de arte composta por seis pistas, com 311 metros de comprimen-to, 24 metros de largura e um gabarito nutico de 50 metros de largura x 8 metros de altura. Fabricadas na indstria, as estruturas metlicas foram transportadas para o canteiro, onde foram pr-montadas e lanadas com des-lizamento horizontal sobre roletes, apoiados sobre os pilares com auxlio de guincho de grande capacidade. Com trechos curvos e segmentos assimtricos, o projeto mostra como o ao capaz de agregar esbeltez, elegncia e contem-poraneidade s pontes estaiadas.

    Ponte da Passagem Vitria, ES

    > Ano da obra: 2009

    > Projeto e fabricao: Usiminas Mecnica

    > contratante: Departamento de Estradas de Rodagem do Esprito Santo DER-ES

    > Dimenses: 228,7 m de comprimento, dos quais 80,6 m estaiado

    > tipologia: Estaiada com vigas e torres de ao

    > Ao utilizado: Patinvel de alta resistncia

    Montagem dos pilares de ao durante a

    construo da Ponte da Passagem

    Romero Men

    dona

    BelezA cOMBinADA FUnciOnAliDADe

  • 22 Pontes de Ao

    estticA

    A 3 Ponte sobre Rio Orinoco uma ligao rodoferroviria situada na regio central da Venezuela, prxima cidade de Cabruta. Em sua parte principal, consiste em uma estrutura double deck: a rodovia passa no piso superior, enquanto a ferrovia percorre o piso inferior. A superestrutura da ponte foi projetada com caixo treliado metlico de aproximadamente 12 m de altura, para a instalao da linha frrea, e com tabuleiro de concreto, por onde passa a rodovia. Para sustentar os estais de ao, h duas torres principais em forma de diamante, construdas em concreto armado, com 135,5 m de altura e 11,13 km de extenso.

    Sob a ponte, o canal de navegao possui um vo de 360 m, com 40 m de altura e 21 m de largura sobre o nvel mximo do rio. Alm do porte e da com-plexidade tcnica, o que mais se destaca nesse caso a beleza da obra de arte, sob qualquer ngulo, que contou com engenharia brasileira.

    3 Ponte sobre o Rio Orinoco Caicara del Orinoco, Venezuela Em construo

    > Projeto: Fiqueiredo Ferraz e Lustgarten Y Asociados

    > construtora: Odebrecht

    > contratante: Ministerio de Obras Pblicas y Viviendas - Venezuela

    > Dimenses: 11.125 m de extenso total, sendo o trecho de ao com 4.160 m (1.880 + 2.280 m)

    > tipologia: Caixo, Trelia, e Trelia estaiada

    > Ao utilizado: ASTM A 709

    Detalhe da construo dos pilares na Venezuela. Abaixo, ponte atualmente

    em construo contar com caixo treliado de ao por

    onde passa a linha frreaDivulgao Odebrecht

    visUAl leve eM gRAnDes PROPORes

    Divulgao Odebrecht

  • 23Pontes de Ao

    Viaduto Prefeito Lus Tortorello, em So Caetano do Sul, adicionou toque de cor rida paisagem urbana

    ARcO sOBRe FeRROviA

    O arco uma das concepes estruturais mais efi-cientes para a construo de pontes e viadutos em ao. A tipologia foi explorada no projeto desse via-duto rodovirio, em So Caetano do Sul, na Grande So Paulo, construdo sobre uma linha frrea.

    A obra de arte vence um vo livre de 56 m com elegncia, liberando o gabarito necessrio para os trens trafegarem com segurana. O viaduto um prolongamento da Avenida Guido Aliberti e foi concebido para desafogar o trnsito da regio central do municpio.

    estticA

    viaduto rodovirio sobre linha da cPtM So Caetano do Sul, SP

    > Ano da obra: 2004

    > Projeto: Contracta Engenharia e Metasa

    > Fabricao: Metasa

    > contratante: Prefeitura de So Caetano do Sul

    > Dimenses: Vo livre de 56 m

    > tipologia: Arco

    Obra de arte sobre via frrea tem estrutura em forma de arco

    PM so caetano

    do su

    l

    PM so caetano

    do su

    l

  • 24 Pontes de Ao

    Com 90 m de comprimento, o Viaduto Cidade do Ao passa sobre a rodovia Presidente Dutra e um dos acessos ao municpio de Volta Redonda (RJ). Montado em apenas cinco dias sem interferir no trfego da via, tem formas esbeltas e elegantes com as suas pernas inclinadas.

    Quem passa pela obra de arte no imagina que ela tenha sido erguida h mais de trs dcadas. O viaduto em ao patinvel sem pintura mantm-se em perfeito estado e praticamente sem nenhuma interveno para manuteno ou reparos na estrutura de ao. , portanto, uma demonstrao bem-sucedida de como o ao pode combinar beleza, rapidez de construo e durabilidade.

    Viaduto foi concebido sob duas premissas principais: ter grande

    representatividade esttica e no causar grandes prejuzos

    ao trfego durante a montagem. Na pgina ao lado, detalhe da

    estrutura em ao patinvel

    elegnciA e viDA lOngA

  • 25Pontes de Ao

    DURABiliDADe

    viaduto cidade do Ao Volta Redonda, RJ

    > Ano da obra: 1980

    > Projeto: FEM

    > construtora: FEM / CONSID

    > contratante: Prefeitura Municipal de Volta Redonda

    > Manuteno: CCR

    > Dimenses: 89,50 m (18,55 + 52,40 + 18,55 m)

    > tipologia: Prtico rgido de pernas inclinadas

    > Ao utilizado: Patinvel

    Acervo Pessoal/FOP

    Acervo Pessoal/FOP

  • 26 Pontes de Ao

    tRFegO intensO eM AMBiente AgRessivO

    A ponte Presidente Costa e Silva, inaugurada em 1974, liga as cidades do Rio de Janeiro e de Niteri sobre a Baa da Guanabara. A superestrutura de ao do vo central de 848 m de comprimento, composta por uma viga caixo contnua de trs vos (200 + 300 + 200 m). Tambm h balanos de 30 m em cada extremidade e mais dois segmentos de 44 m que completam a parte de ao da obra de arte.

    Maior ponte do hemisfrio sul, a Rio-Niteri referncia mundial em manuten-o de grandes estruturas. Com mais de quarenta anos de operao, em uma rea de intensa agressividade (ambiente marinho), mantm-se ntegra e segura graas ao projeto, que previu acessos para facilitar a inspeo peridica, e a boas prticas de manuteno que incluem monitoramento e processos de inspeo no destrutivos. Trafegam pelas pistas da Rio-Niteri cerca de 150 mil veculos diariamente.

    Trecho central em ao da Ponte Rio-Niteri com caixo-metlico

    Ponte Rio-niteri Rio de Janeiro, RJ

    > inaugurao: 1974

    > Projeto: Howard, Needles Tammen and Bergendoff Int.Inc. e Noronha Servios de Engenharia

    > construtora: ECEX

    > contratante: Ministrio dos Transportes

    > extenso total: 13,29 km, dos quais 8,83 km so sobre a gua, e 72 m de altura em seu ponto mais alto

    > tipologia: Viga caixo contnua

    > Ao utilizado: BS 43-A, 50-C, 55-C e 55-E (13 mil toneladas)

    > empresa responsvel pela manuteno: CCR-Ponte - Grupo CCR (de 1995 a maio de 2015). Atualmente a ponte est sob concesso da Ecoponte

    Divulgao ccR

    Pon

    te

    Ponte Rio-Niteri em operao

  • 27Pontes de Ao

    FAciliDADe De MAnUtenO

    tomaz silva_

    Agn

    cia Brasil

  • 28 Pontes de Ao

    Construdos em cinco meses, viadutos treliados na capital

    baiana vencem vos de 88 e de 86 m. Na pgina ao lado, detalhe da trelia utilizada em Salvador

    Em obras realizadas no permetro urbano, a velocidade de exe-cuo algo bastante desejvel por minimizar transtornos populao e reduzir custos. Durante a construo do Complexo da Rtula do Abacaxi, em Salvador, na Bahia, o ao contribuiu para que esse objetivo fosse alcanado. A obra transcorreu em apenas cinco meses, graas adoo de peas industrializadas e montagem facilitada.

    O ao teve presena garantida na execuo de dois via-dutos treliados de estrado inferior que compem o trecho. O material se mostrou a soluo tcnica mais recomendada em funo do reduzido espao estrutural existente entre o greide das vias e o gabarito das linhas do metr. No caso utilizou-se a trelia tipo Warren com elementos diagonais, que alm da grande rigidez e fabricao rpida, tem linhas bastante elegantes.

    Rtula do Abacaxi Salvador, BA

    > Ano da obra: 2010

    > Projeto: Consep Consultoria Engenharia e Projetos

    > Fabricao: Rtula Metalrgica

    > contratante: CONDER - Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

    > Dimenses: 88 m e 86 m de vo

    > tipologia: Trelia Warren de estrado inferior

    > Ao utilizado: ASTM A572 G 50 (912 t)

    Man

    uela cavadas

    viADUtOs tReliADOs eM sAlvADOR

  • 29Pontes de Ao

    velOciDADe De eXecUO Man

    uela cavadas

  • 30 Pontes de Ao

    Ponte rodoferroviria tem superestrutura metlica formada por trelias de ao. So 2,6 quilmetros de estrutura metlica, com cerca de 10 m de altura e 7 m de largura

    Com uma extenso total de 2.6 km, a ponte rodoferroviria sobre o Rio Paran interliga os sistemas da Ferronorte e da Fepasa possibilitando aos estados produtores do centro-oeste o escoamento da produo agrcola no maior porto da Amrica Latina, em Santos (SP). Para a construo da obra de arte, aps examinar aspectos tcnicos, econmicos e principalmente pra-zos, optou-se por superestrutura metlica, formada por duas trelias de banzos paralelos, com estrado inferior para suporte da via frrea e estrado superior para suporte da via rodoviria. As trelias de ao, nesse caso, viabilizaram vos livres de 100 m, com grande eficincia.

    A escolha de uma soluo estrutural mais leve permitiu que houvesse menor trabalho na execuo da infraestrutura, especialmente por reduzir os esforos sobre as fundaes.

    eFicinciA e cUstO

    Ponte rodoferroviria sobre Rio Paran De Rubineia, SP, a Aparecida do Taboado, MS

    > Ano da obra: 1995

    > Projeto: RMG Engenharia

    > Fabricao: Usiminas Mecnica

    > contratante: Fepasa Ferrovia Paulista S.A.

    > Dimenses: Parte metlica com 2100 m em vos de 100 m

    > tipologia: Trelia em dois nveis (estrado inferior ferrovia e estrado superior rodovia)

    > Ao utilizado: Patinvel 350 MPa (20.650 t)

    Divulgao con

    stran

    POnte RODOFeRROviRiA sOBRe O RiO PARAn

  • 31Pontes de Ao

    As estradas vicinais tm como principal funo assegurar o deslocamento das populaes rurais, a entrada dos insumos necessrios e o escoamento da produo das propriedades agrcolas. Nessas ligaes, as pontes costumam ser pontos crticos, sendo muitas vezes construdas de madeira, que alm de baixa durabilidade, podem se tornar inseguras pela falta de manuteno e/ou pela degradao natural. Pontes vicinais demandam, portanto, solues construtivas durveis, de baixo custo e de execuo fcil. O ao desponta como resposta a esse desafio ao compor uma soluo estrutural simples com vigas metlicas e tabuleiros de concreto.

    O programa O Estado para os Cidados, realizado pela Secretaria de Estado de Transportes e Obras Pblicas de Minas Gerais, ilustra como isso pode ser feito na prtica. A iniciativa j entregou cerca de 1.500 conjuntos de vigas met-licas para a construo de pontes de 8, 10, 12, 15 e 18 m. Com largura padronizada (4,2 m), as ligaes so construdas em prazos de 20 a 40 dias, representando uma resposta rpida s necessidades dos municpios.

    BAiXO cUstO

    Programa de construo de Pontes vicinais Vrios municpios de Minas Gerais

    > Ano das obras: 2006 a 2012

    > contratante: Secretaria de Transportes e Obras Pblicas do Estado de Minas Gerais (SETOP-MG)

    > Dimenses: 8 m, 10 m, 12 m, 15 m e 18 m de vo

    > tipologia: Sistema misto com vigas de ao e laje de concreto

    > Ao utilizado: ASTM A588

    Divulgao setop

    sOlUO cOMPetitivA PARA POntes vicinAis

    Vigas de ao garantem soluo simples e de rpida execuo para a construo de pontes vicinais em Minas Gerais. Abaixo, detalhe da viga com largura padronizada utilizada nos municpios mineiros

    Divulgao setop

  • 32 Pontes de Ao

    - Heins, Conrad P. Design of modern steel highway bridges.

    - Pinho, Fernando O. Bellei Ildony H., Pontes e Viadutos em vigas mistas

    Rio de Janeiro: IBS/CBCA, 2007.

    - Corus Construction Center, Bringing steel to life, 2000.

    - Viaduto Cidade do Ao; Premio Machado da Costa, ABCEM, 1981.

    - Pfeil, Walter. Ponte Presidente Costa e Silva, Rio-Niteri: Mtodos cons-

    trutivos, Rio de Janeiro, Livros tcnicos e cientficos,1975.

    - Palestra do engenheiro Carlos Henrique Siqueira no III Congresso Brasi-

    leiro de Pontes e Estruturas. Rio de Janeiro, 2010.

    Mais informaes:

    Revistas Arquitetura & Ao

    Conhea nossos materiais tcnicos:

    Vdeoaulas

    www.cbca-acobrasil.org.br

    Cursos Online

    Revista Tecnocientfica virtual

    da construo em ao

    Bancode

    bras

    Revista Pontes de Ao uma publicao do CBCA (Centro Brasileiro da Construo em Ao) Av. Rio Branco, 108 29 andar20040-001 Rio de Janeiro/RJTel.: (21) [email protected]

    GESTOR: INSTITUTO AO BRASIL

    Conselho EditorialCarolina Fonseca CBCAEneida Jardim - CSNHumberto Bellei UsiminasRonaldo do Carmo Soares GerdauSilvia Scalzo ArcelorMittal Tubaro

    Superviso TcnicaArq. Silvia Scalzo Eng. Ronaldo do Carmo SoaresEng. Rosane Bevilaqua

    PublicidadeRicardo Werneck: (21) 3445-6332

    Autoria e reviso tcnica:Fernando Ottoboni Pinho

    Edio de texto e coordenao: Juliana Nakamura - MTB: 46.219/SP

    Edio de arte: Cibele Cipola

    Impresso: Silvamarts

    Produzido por Roma EditoraRua Baro de Capanema, 343, 6 andarCEP 01411-011 So Paulo/SPTel.: (11) [email protected]

    ExPEDiENtE

    BiBliOgrAfiA

    permitida a reproduo total dos textos, desde que mencionada a fonte. proibida a reproduo de fotos e desenhos, exceto mediante autorizao expressa do autor.

    www.cbca-acobrasil.org.br

    Manuais de Construo

    em Ao

    Pontes e Viadutos em Vigas Mistas

  • Mais informaes:

    Revistas Arquitetura & Ao

    Conhea nossos materiais tcnicos:

    Vdeoaulas

    www.cbca-acobrasil.org.br

    Cursos Online

    Revista Tecnocientfica virtual

    da construo em ao

    Bancode

    bras