Revista Por Exemplo #7

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Trabalho de conclusão de curso causa profunda preocupação aos estudantes universitários Um modo de viver e de se alimentar que exclui o consumo de carne em busca de mais saúde Em plena atividade, a famosa dramaturga conta detalhes de sua carreira e expressa a preocupação em manter viva a cultura de seu povo MONOGRAFIA VEGETARIANISMO [Revista Laboratório] Ano V - Número 7 - Março de 2010 e a representação da Lourdes Ramalho mulher nordestina VAIDADE MASCULINA A chamada geração metrossexual traz satisfações e ao mesmo tempo desagrado ao universo feminino

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Revista Laboratório do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual da Paraíba.

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Page 1: Revista Por Exemplo #7

por exemploTrabalho de conclusão

de curso causa profunda preocupação aos

estudantes universitários

Um modo de viver e de se alimentar que exclui

o consumo de carne em busca de mais saúde

Em plena atividade, a famosa dramaturga conta detalhes de sua carreira e expressa a preocupação

em manter viva a cultura de seu povo

MONOGRAFIA

VEGETARIANISMO

[Revista Laboratório] Ano V - Número 7 - Março de 2010

e a representação da

LourdesRamalho

mulher nordestinaVAIDADE MASCULINA

A chamada geração metrossexual traz satisfações e ao mesmo tempo

desagrado ao universo feminino

Page 2: Revista Por Exemplo #7

expediente

02 março.2010

sumário

Mais de sete exemplos

ARTIGO As rosas não falam 03ENTREVISTA Lourdes Ramalho 04UNIVERSIDADE Monografia: bicho de sete cabeças? 07ENTRETENIMENTO Luz, câmera e... 10MEIO AMBIENTE Educação ambiental 12TECNOLOGIA Lan houses: inclusão digital 14ECONOMIA Havaianas: todo mundo usa? 15SAÚDE Vegetarianismo 18RELIGIÃO Três letras, três dias 20GLOBALIZAÇÃO A cultura japonesa 22BELEZA O novo homem do século 24COMUNICAÇÃO Assessorar, para quê? 26PROFISSÃO Estágio: procura-se! 28JUVENTUDE Gravidez na adolescência 30

editorial

Elaborada por alunos do cur-so de Comunicação Social, com habilitação em Jorna-lismo, a Por Exemplo tem o compromisso de levar a

você, leitor, assuntos relevantes, atra-vés de textos agradáveis e instigantes. Temas atuais e diversos compõem a sé-tima edição da nossa revista.

Entrevistamos a dama da drama-turgia campinense, a escritora Lourdes Ramalho, que falou de sua infância, tra-jetória nos palcos, a influência do juda-ísmo nos seus textos e a incansável von-tade de criar e escrever.

Cinema, vegetarianismo, a popula-rização do uso das Havaianas, vaidade masculina, compõem essa publicação. O meio ambiente é mais uma vez foca-do aqui. Nesta edição, falamos sobre a importância da educação ambiental. A

função da assessoria de imprensa, gra-videz na adolescência e temas como educação, religião e cultura comple-mentam a revista.

O problema das filas em banco que muitos já devem ter enfrentado, espe-rando horas por atendimento, também foi abordado. Você saberá um pouco mais sobre a lei do tempo máximo de es-pera. Um artigo sobre a violência contra a mulher trás a discussão e busca apon-tar soluções para essa mancha social.

Saber um pouco de tudo e de tudo um pouco. É essa a nossa intenção. Mistura saborosa de assuntos que você vai encontrar ao folhear as páginas da Por Exemplo. Esperamos, acima de tudo, que além de bem informado, você absorva as idéias contidas e se re-conheça com um bom exemplo para a sociedade. Boa leitura.

JUSTIN MOGSTER

Revista Laboratório do Departamento de Comunicação Social da

Universidade Estadual da Paraíba

[Reitora]Profa. Marlene Alves[Vice-reitor]Prof. Aldo Maciel[Diretor do CCSA]Prof. Rômulo Azevedo[Chefe de Departamento]Prof. Orlando Ângelo[Chefe Adjunto]Prof. Luiz Barbosa de Aguiar[Coordenador do Curso]Profa. Cássia Lobão[Coordenador Adjunto]Profa. Fátima Luna

[Editor Chefe] Prof. Orlando Ângelo

[Professores Orientadores] Prof. Orlando ÂngeloProf. Arão Azevedo

[Editoras] Cristiane Larissa FernandesMayara Karla DantasRackel Cardoso Santos [Repórteres]Alison CorreiaClara MariaCristiane Larissa FernandesJefferson Ferreira Júlio César AraújoLucenir MacielMayara Karla DantasPerilo BorbaRackel CardosoRenata CharleneThiago D’ÂngeloWeldeciele LimaWenio Tavares [Projeto gráfico]Edckson Félix

[Diagramação]Edckson Félix

[Fotos da capa] Evelinne Dourado

Tiragem: 1.000 exemplaresImpressão: Gráfica UEPB Rua D. Pedro II, S/N - São JoséCampina Grande - PBe-mail: [email protected] Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos e fotos sem a prévia autorização.

Page 3: Revista Por Exemplo #7

03março.2010

artigoAs rosas não falam

Ecoa um grito silencioso pela sociedade. É a dor das rosas ma-chucadas. “A cada 15 segundos uma mulher é violentada”, “quase 50% dos assassinatos acontecem devido à violência de namorados”, “só neste ano de 2009, foram assassinadas 26 na Paraíba” (Fonte: portal violência contra a mulher). São dados

chocantes, ainda mais quando estamos falando a respeito da maioria da população brasileira que é composta pelo sexo feminino. Uma vergonhosa realidade que precisa ser combatida por todos.

No Brasil, a Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher conhecida como Lei Maria da Penha, foi promulgada em 2006 e aumen-tou o rigor nas punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. Mesmo assim, as mudanças são muito pequenas, tanto que o Brasil é considerado pela sociedade mundial de vi-timologia como o país que mais sofre com a violência doméstica. Muitas mudanças ainda estão apenas no plano do discurso, na prática ainda não podemos aferir o que mudou de fato, basta atentarmos aos noticiários “mulheres violentadas pelos pais, maridos, filhos, patrões”...

Não silenciar é a única maneira que encontramos para dar um basta neste grave problema, pois apesar da nova lei que as protegem, muitas ainda preferem calar-se diante dos fatos, por inúmeros motivos. Medo, vergonha e o mais curioso, piedade. Sabendo que agora os agressores pa-garão pena em regime fechado e não mais prestando serviços comunitá-rios, “as rosas não falam por amor”, não querem ver seus homens presos.

Protestos e reivindicações são feitos no mundo inteiro, mobilizações chamam a atenção para essa chaga social. Especialmente em 25 de no-vembro, quando se comemora o Dia Internacional de Combate a Violência Contra a Mulher, data escolhida em homenagem às irmãs revolucionárias Mirabal, Patrícia, Minerva e Tereza, presas, torturadas e assassinadas em 1960, a mando do ditador da República Dominicana Rafael Trujillo.

É preciso combater a violência no dia-a-dia, através do diálogo na própria família, no ambiente de trabalho, nas escolas, igrejas, enfim, em todos os locais e espaços em que convivemos e promovemos a nossa so-ciabilidade. Toda mulher violentada física e moralmente deve ter cora-gem de denunciar, pois com isto os agressores perceberão que a lei não está só no papel, mas que funciona na prática e, assim, pensarão duas vezes antes de agredi-las.

Agindo dessa forma estão se protegendo contra futuras agressões e servem como exemplo para outras mulheres, pois enquanto houver a ocultação do crime sofrido não vamos encontrar soluções para o proble-ma. Elas não devem calar-se achando que isto não tem solução, pois uma vez agredidas ficarão com cicatrizes para sempre, os danos são irrepará-veis, sua vida estará margeada pelo medo e vergonha, sem amor próprio, deixando de lado o meio social e vivendo em um mundo só seu, isolada de tudo e de todos.

A sociedade tem que exigir do governo políticas de prevenção a essa violência, para que se encontrem meios de educar e conscientizar a po-pulação no sentido de diminuir o alarmante número de agressões e punir os culpados. Não podemos ser tolerantes com a violência, pois esta é uma prática que faz com que a sociedade como um todo retroceda no caminho da democracia. A dignidade e a igualdade feminina são ideais que ninguém poderá negar e algo que nenhuma mulher haverá de abrir mão.

rápidas

IntercomCampina Grande sedia, no período de 10 a 12 de junho, o 12º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. Será a primeira vez que o Congresso Regional da Intercom vai ser realizado em uma cidade que não é capital. Pesou nesta decisão, a his-tória, tradição e estreita ligação da cidade com o movimento universitário. O professor Luiz Custódio, coordena-dor do evento, considerou importante, também, a trajetória e maturidade do Departamento de Comunicação da UEPB e o fato da proximidade dos ou-tros cursos de comunicação da região. Antecedendo o Intercom, será realiza-rá o 7º Seminário Os Festejos Juninos no Contexto da Folkcomunicação e da Cultura Popular e o 2º Encontro Nor-deste de Jornalismo Científico.

AtoresTrinta alunos da primeira turma do Curso de Atores do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual da Paraíba, coordenado pelo cineasta André da Costa Pinto estão se formando profissionalmente. Além de concluírem o curso, que durou um ano, eles foram reconhecidos como atores profissionais, através do Sindicato dos artistas da Paraíba, e vão possuir re-gistro profissional como atores. Para André da Costa Pinto, esses profissio-nais estão ganhando, acima de tudo, cidadania, uma vez que “ninguém é digno sem ter uma profissão e, a partir de agora, os novos atores terão maiores condições de buscar melhoria de vida por meio da profissão de ator/atriz”.

ComunicurtasO quinto Festival Audiovisual de Cam-pina Grande – Comunicurtas será re-alizado de 23 a 27 de agosto, no SESC Centro. As inscrições para as mostras competitivas podem ser feitas até o dia 5 de junho. Este ano o homenageado será o diretor de fotografia João Carlos Beltrão. O evento é uma realização da UEPB, através do Departamento de Co-municação Social e Centro de Ciências Sociais Aplicadas, tendo como parcei-ros o Moinho de Cinema da Paraíba e o SESC. O regulamento do evento está no portal www.comunicurtas.com.br.

por CRISTIANE LARISSA

Page 4: Revista Por Exemplo #7

entrevista

04 março.2010

Lourdes Ramalho:86 anos dedicados à cultura

A dramaturga escreve todos os dias à mão e diz que as idéias surgem melhor se escritas desta maneira

Uma obra de arte. Ela por si só faz representar, como se fosse uma peça teatral sem palco. Maria de Lourdes Nunes Ramalho, 86, dama da dramaturgia nordestina, defensora assídua da religião judaica e preocupada em manter a

arte sertaneja viva, ocupa uma das cadeiras da Academia Paraibana de Letras que foi do seu bisavô, Hugolino Nunes da Costa - primeiro contador e violeiro da Paraíba.

Nascida em Jardim do Seridó, divisa entre Rio Grande do Norte e Paraíba, e com uma paciência de avó, ela abriu espaço em sua casa e nos contou histórias. Falou um pouco da sua trajetória de vida e de sua carreira como dramaturga que, pelo visto, ainda está só no meio do caminho. Reconhe-cida internacionalmente, mas não tão valorizada na região como deveria, Lourdes fala sobre o teatro paraibano e con-vida os jovens a serem artistas.

por CLARA MARIA, MAYARA KARLA e WELDECILE LIMA

EVELINE DOURADO

[ ]

Page 5: Revista Por Exemplo #7

05

Por Exemplo - De onde vem Lourdes Ramalho?

Lourdes Ramalho - Mamãe era de Jardim do Seridó e meu pai de Caicó (RN). Entre essas duas cidades exis-tem várias propriedades e uma delas pertencia ao meu bisavô. Tanto que uma se chama Cordeiro, que é o nome do meu bisavô. Eu fico com vontade chorar quando falo sobre isso. Minha família veio para cá em 1750, junto com os holandeses. Eu também nasci em Jardim do Seridó, mas só cheguei aqui em Campina Grande em 1958.

PE - A senhora representa um es-pelho do seu antepassado, mas e a família de hoje, também sofre influ-ências suas?

LR - Eu tenho cinco filhos, tenho neto francês, americano e também bisne-tos. Todos os meus filhos possuem profissões distintas na vida real, mas na vida particular cultivam a arte. Toda a família vive de cultivar, cultu-ar isso. Eles possuem peças e fizeram teatro. E os netos tocam piano.

PE - Como judaica e estudiosa do judaísmo, o que essa cultura repre-senta para senhora?

LR - Muitos não sabem, mas todo nordestino é judeu. Foram os judeus que tiveram coragem de avançar para o Nordeste com medo da morte na in-quisição. Então, eles vieram e criaram tudo isso: o misticismo, o linguajar e nossa maneira de ser. Tudo que tem de bom no Nordeste foi trazido pelos judeus. O judaísmo começou de for-ma um pouco errada. Para praticá-lo não precisa de salão, de luxo. A reli-gião está no nosso coração e cada um tem uma maneira de ser judeu e não precisa freqüentar reuniões, basta ler os livros que estão por ai.

PE - A cultura judaica se faz presen-te em suas obras ou está a parte?

LR - Se faz presente. Por exemplo, As Velhas é uma briga eterna entre duas velhas que disputam um marido só. Na realidade, elas não são tão velhas, tem 40 anos, mas se julgam desta for-ma, porque os judeus se consideram velhos aos 40 anos. Todo o linguajar das personagens e a maioria das fra-

ses do texto são judaicas.

PE - Falando nela, a senhora foi premiada três vezes pela obra As Velhas. O que isso representa?

LR - Representa muito, porque “As Velhas” é o sertão místico que eu co-nheço e se foi premiada é porque gos-taram, acharam que era verdadeira. Além desta premiação, ano passado fui homenageada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-mico e Social). Já a peça “Mulambos” ganhou no Teatro Amazonas uma premiação e foi também premiada no Juazeiro do Norte/CE.

PE - Sua primeira peça foi escrita quando tinha doze anos, mas pare-ce que não gostaram muito. Conta um pouco pra gente sobre isto.

LR - Foi num colégio em Recife. Eu pedi para escrever a peça e eles dei-xaram, mas não foram olhar o ensaio. No dia, a apresentação para eles es-tava um desastre, por que eu expus todos os erros dos professores no ensino. E foi uma briga danada entre alunos, professores e direção. Eu tava no 5º ano ginasial e fui expulsa. Mas isso não impediu que eu continuasse escrevendo.

PE - Discutindo um pouco sobre a dramaturgia paraibana, como a senhora avalia o contexto teatral atualmente?

LR - João Pessoa está muito bem, mas Campina Grande está um “ben-dito” horror, porque só tem uma peça montada aqui. A peça que está montada é a minha porque não tem outras novas. A nova que teve foi de Barbalha, no Ceará, porque eu paguei as passagens para eles irem para João Pessoa. Ela era apresentada num cír-culo, pois foi apresentada na Praça da Bandeira e a única cadeira que tinha era a minha. Um casal perto de mim disse “coitada dessa senhora, vai sair já daqui, ela não vai aguentar o lin-guajar”.

PE - A senhora esperava que sua vida e suas obras se tornassem al-vos de estudos e trabalhos acadê-micos?

março.2010

Page 6: Revista Por Exemplo #7

06 março.2010

LR - Não. Valéria Andrade fez um tra-balho e foi a única a conseguir uma bolsa na UFPB pelo CNPQ. Ela fez a pesquisa e criou um site sobre mim. Ela sempre vem aqui, a gente se co-munica. Quando eu vou a João Pes-soa a gente também conversa.

PE - Recentemente aconteceu aqui em Campina o Festival Palco Gira-tório, realizado pelo SESC. Como foi assistir a sua peça Fogo Fátuo, ence-nada por atores da cidade?

LR - Eu vi e gostei muito. Principal-mente pelo esforço deles, pois mon-taram essa peça e não tinham nem diretor.

PE - A senhora tem mais de 100 tex-tos escritos. Há espaço pra mais um?

LR - Há sim. Eu estou escrevendo mais dois textos e um livro, chama-

do “O Judeu do Nordeste”, que é para que os nordestinos saibam que na re-alidade são judeus. Que o misticismo do matuto, por exemplo, quando a gente diz “se Deus quiser”, é da reli-gião judaica.

PE - E quanto a esses dois novos tex-tos? Conte-nos um pouco mais.

LR - São dois textos que vão para Portugal. Há um mês eu mandei um e agora dois autores me pediram dois monólogos e estou terminando para mandar. Um chama “Adão e Eva”, é um monologo meio pesado como ele queria. O outro ainda está sem nome, mas é a história de um judeu perdido, justamente aqui pelo sertão, mos-trando a imagem de Deus nas pedras, e em tudo.

PE - Como a senhora prefere escrever?

LR - A mão. Eu ainda tenho máqui-

na de escrever e o último modelo de computador, mas nem olho pra ele. O pensamento vai mais ligeiro pela mão do que pela máquina.

PE - O que a senhora diria para um jovem que pretende entrar na área da arte, do teatro?

LR - Eu vivo dizendo e convidando para trabalharem comigo, virem fazer teatro e conhecer o Nordeste que é a coisa mais bonita que pode existir.

PE - A senhora já passou por muita coisa, por exemplo: uma apresenta-ção de seu grupo teve de ser cance-lada por causa de alguns soldados. A mulher Lourdes Ramalho faria tudo de novo?

LR - Faria, faria. Faço e continuo fa-zendo.

Estou escrevendo um livro chamado ‘O judeu do

Nordeste’. É para que os nordestinos saibam que, na

realidade, são judeus

Page 7: Revista Por Exemplo #7

universidade

Bicho de sete cabeças?Monografia:[ ] A elaboração do

TCC é um processo milimetricamente

planejado por RACKEL CARDOSO SANTOS

Método científico para o estudo dos fenô-menos. Estudo sobre um tema particular de grande valor re-

presentativo. Dissertação sistemática e completa. Documento cientifico que tem uma estrutura formal definida. Trabalho acadêmico que apresenta o resultado de uma investigação sobre tema único e delimitado. Trabalho que aborda um assunto em um determina-do problema, com uma análise minu-ciosa. Por fim, para os universitários, a monografia geralmente é conhecida como o último e mais difícil trabalho da universidade. Falando assim parece mesmo um “bicho de sete cabeças”.

Ela é apontada como trabalho de conclusão, exigido por muitos cursos de graduação no Brasil, especialmen-te os de caráter científicos e humanís-ticos. Baseada em fatos ou conceitos, elaborada a partir de resultados prá-ticos de pesquisa científica, a mono-grafia deve abordar um assunto com originalidade e profundidade, consi-derando todos os ângulos.

Ufa!!!Por tudo isso, a monografia causa

profunda preocupação nos alunos, devendo conter todos esses aspectos citados acima e ainda ser bem elabo-rada e ter boa disposição e aparência, seguindo as normas da ABNT (Asso-ciação Brasileira de Normas Técni-

cas). A elaboração desse trabalho de conclusão de curso (TCC) é um pro-cesso longo, milimetricamente plane-jado e que deve ser desenvolvido por partes, para que haja clareza. Isso faz com que os estudantes enxerguem o TCC como um bicho de sete cabeças. Tanto é que as universidades têm em seus históricos várias pessoas que nunca se formaram porque não con-seguiram concluir seus TCCs.

Para aliviar as tensões e auxiliar o concluinte elaborador da monogra-fia, um professor/orientador acom-panha todo o processo da produção, desde o seu projeto até sua defesa. Segundo o professor universitário Se-bastião Costa Andrade, 39, Bacharel e

EVELINE DOURADO

07março.2010

Page 8: Revista Por Exemplo #7

08 março.2010

mestre em Ciências Sociais e Doutor em Sociologia, “para um bom enca-minhamento de um trabalho mono-gráfico, o papel do orientador consiste em dar dicas bibliográficas, ordenar o texto do ponto de vista teórico, evitar que o aluno cometa erros gramaticais, apresentar qual o melhor procedi-mento metodológico a seguir, sempre estar atento a questões técnicas, estar aberto para discutir eventuais discor-dâncias teóricas ou metodológicas. Mas um dos pontos principais é a sin-tonia, o respeito mútuo e a responsa-bilidade para com o aluno. Se o orien-tando for responsável e dedicado, e o trabalho final sair bom, o crédito é quase totalmente do aluno. Se ele não for, o resultado final pode ser também de responsabilidade do orientador”.

Se isso não for suficiente para acalmar o aluno que está “monogra-fando”, ele pode seguir estas dicas para realizar seu trabalho com o mí-nimo de tranquilidade:

1 - Pense antecipadamente no tema que a sua monografia vai abor-dar e delimite o seu objeto de pesqui-sa o máximo possível.

2 - Elabore um pré-projeto que contenha os objetivos gerais e espe-cíficos, a justificativa da escolha do tema e a metodologia de como esse estudo vai ser produzido. Isso vai au-xiliar você na hora de dividir os capí-tulos como também vai ajudar o seu orientador a entender a abordagem do tema que você deseja dar.

3 - Pesquise bastante em diferen-tes fontes e autores.

4 - Separe um tempo especial dos seus dias e dedique-se na criação do seu trabalho. Por não ser uma tarefa fácil, a monografia exige tempo do seu produtor.

5 - Construa cada capítulo por vez abordando uma vertente diferente do tema em ambos, mas lembre-se de enxugar o conteúdo para não sair do contexto e para que um capítulo este-ja ligado ao outro de forma coerente.

6 - Revise tudo, leia e releia quan-tas vezes for preciso.

7 - Não tenha medo de perguntar, tire suas duvidas com o seu orientador e peça a ajuda dele no que for preciso.

Depois de concluída, a mono-grafia deve ser defendida perante o

professor/orientador e uma banca-da composta por outros professores, que geralmente são escolhidos pelo próprio aluno. Alguns não veem pro-blemas em cumprir essa etapa, como afirma Cristianne Melo, 22, formada em Comunicação Social pela UEPB e concluinte do curso de Arte e Mídia da UFCG. “Acredito que o trabalho de conclusão de curso não deve ser motivo de ‘super stress’. Ele vem para mostrar que o estudante está pronto para sair da academia e pode cami-nhar sozinho”, diz.

No entanto, para outros, essa é a pior parte do trabalho, onde “os ner-vos ficam a flor da pele”. Mas, reflita um pouco! Se foi você mesmo quem gastou noites de sono, madrugadas mal dormidas, que renunciou várias atividades legais para poder “meter a cara nos livros” e passou horas e ho-ras em frente ao computador “mono-grafando”, é só mostrar a todos que o seu trabalho foi bem produzido e que você domina o assunto. Agora é só jo-gar o chapéu para cima, fazer o jura-mento, sair com o seu canudo na mão e festejar sua conquista! g

Page 9: Revista Por Exemplo #7

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saiba

mais

Capa: Deve constar o nome do autor, o título e o sub-título da obra. Além do nome da cidade, da instituição e o ano.

Folha de Rosto: É praticamente uma cópia da Capa, com informações mais detalhadas como nomes do orientador, objetivo da realização e a natureza.

Folha de Aprovação: Além do nome do autor, título e subtítulo, natureza, objetivo do trabalho, nome da universidade e área de concentração, é preciso cons-tar o nome dos avaliadores, titulação e as respectivas assinaturas.

Errata: É uma parte opcional no trabalho, pode ser uma ferramenta valiosa para compensar algo que pas-sou despercebido pelo processo de impressão.

Dedicatória, Agradecimento e Epígrafe: Não são elementos obrigatórios, mas podem ser usados pelo autor caso queira dedicar o trabalho a alguém, fa-zer algum agradecimento ou uma epígrafe (um título ou frase curta).

Resumo da Língua Vernácula: Parte obriga-tória, usada para que o autor faça uma breve síntese do trabalho. Com no máximo 500 palavras que descrevam o trabalho, desde sua elaboração, objetivo, metodologia e conclusão.

Resumo da língua estrangeira: É o Resumo da Língua Vernácula em inglês ou espanhol.

Listas: Não são obrigatórias, mas você pode usar: A lista de ilustrações, a lista de tabelas, a de abreviaturas e a de símbolos.

Sumário: Trata-se de peça obrigatória no trabalho acadêmico onde deve aparecer o nome de cada parte da monografia com o número exato da página.

Introdução: É a parte em que o autor vai mostrar o que o trabalho vai abordar, o propósito da pesquisa, os li-mites da abordagem, e todas as informações relevantes.

Desenvolvimento: É onde fica disposta a exibi-ção do assunto do trabalho e do método empregado. Esta parte poderá ser dividida em seções e subseções.

Conclusão: Conclusões finais do trabalho a partir de suas teses iniciais e objetivos.

Referências: Podem aparecer em diferentes partes do trabalho: no rodapé, no fim do texto ou de um deter-minado capítulo, por exemplo.

Citações: Elas abordam transcrições textuais de parte de uma obra, citação direta ou indireta de texto, notas de referência e de rodapé.

Glossário: Seu uso é indicado para a relação de pa-lavras de uso específico. As palavras devem ser listadas em ordem alfabética acompanhadas das respectivas definições.

Apêndices: documentos complementares ao traba-lho acadêmico, elaborados pelo autor. Uso opcional.

Anexos: Anexos são textos ou documentos comple-mentares ao trabalho acadêmico, não desenvolvidos pelo autor. Também opcional.

Índice: Listagem de palavras ou frases organizadas por critérios variados cujo objetivo é localizar elementos dentro do trabalho.

EVELINE DOURADO

09março.2010

Page 10: Revista Por Exemplo #7

por THIAGO D’ÂNGELO

O filme acabou de entrar em cartaz e a fila da bi-lheteria é imensa, fazen-do a multidão atravessar toda a praça de alimen-

tação do shopping, formando um cor-dão de pessoas em torno das mesas e cadeiras à frente das lanchonetes. To-dos estão muito bem vestidos, abaste-cidos com pipoca, refrigerante e uma vontade em comum: ver cinema. Mas, cinema no shopping?

Esta é a atual realidade de Campi-na Grande quando se fala neste assun-to. O grande cinema Capitólio, atual-mente, é apenas um prédio sujo e sem muitos cuidados; caso parecido com o antigo Babilônia, hoje, “Shopping Ba-bilônia”. Além destes, também é pos-sível observar os restos do não menos importante Cine São José, também abandonado.

Segundo João Matias, organizador do cineclube Machado Bittencourt - projeto que tem o compromisso de exibir e discutir o cinema de arte, sendo conduzido por bacharelandos do curso de Comunicação Social da Universidade Estadual da Paraíba -, “o reflexo do fim dos cinemas da cida-de e surgimento das salas de exibição multiplex está na falta de interesse das pessoas por esta arte”.

Se tratando de cinema, Campina Grande é uma cidade com bagagem. Neste contexto, destaca-se toda a tra-jetória cineclubista que atravessou várias décadas, desde meados de 1950 até os anos 80, divulgando a cultura cinematográfica àqueles que se inte-ressam pela sétima arte. O cineclube é uma tentativa de resgatar o que o cinema tem de melhor, no qual os fil-mes exibidos fogem à regra do circuito comercial, sendo exibidas produções alternativas, experimentais e clássicos que já se encontram fora do mercado.

A Rainha da Borborema já cedeu espaço ao chamado cinema de arte, como é o caso do Cinema 1, que se encontrava no atual teatro Rosil Ca-valcante, próximo ao Parque do Povo, no Centro Cultural. Construído no fi-nal dos anos 70, o ambiente prioriza-va produções com proposta diferente das comerciais. O professor de cinema da faculdade de Comunicação Social da UEPB, Rômulo Azevêdo, que tem nome registrado na história do cine-

entretenimento

Luz,câmera e...

cortaram a cena?

O cineclubismo busca manter o interesse da população pelo cinema em Campina Grande[ ]

10 março.2010

Page 11: Revista Por Exemplo #7

clubismo local, afirma que o Cinema 1 foi “um sonho que passamos a vida inteira sonhando e quando ele se rea-lizou, já era tarde. Acabou rápido”. Ele afirma que eram realizadas duas ses-sões diárias, tendo um público fiel, ge-ralmente composto por universitários e que as exibições sempre lotavam o cine-teatro.

Entretanto, este foi mais um dos locais fechados, do final da década de 80 para 90, quando o cinema sai da rua para adentrar ao espaço priva-do, como destaca ainda João Matias: “Mesmo que os cinemas Capitólio e Babilônia tivessem donos, eles eram encontrados nas ruas, no espaço pú-blico, o que proporcionava as pessoas de diversas classes sociais terem aces-so. O shopping restringe o cinema a uma determinada classe, já que nem todos podem frequentar este ambien-te”, lamenta.

As poucas iniciativas de valorizar o cinema de arte em Campina Gran-de não têm um público considerável, como é o caso do próprio cineclube Machado Bittencourt, conduzido por

universitários do curso de Comuni-cação Social da UEPB e contemplado geralmente por quatro ou cinco es-pectadores. As sessões são semanais, seguidas de um debate sobre a obra apresentada ao final de cada exibição. O diálogo auxilia na compreensão do filme, como afirma João Paulo, que também integra a organização do ci-neclube, acrescentando que este de-bate preenche, através da interpreta-ção de cada um, as possíveis lacunas deixadas pelo filme.

Rômulo Azevêdo atribui o desinte-resse atual por cinema à “overdose de imagens”, sempre presente nos celula-res, videogames, computadores. “Hoje encontramos imagens em movimento até no cinema”, ironiza. Já alguns ci-neclubistas acreditam que a falta de público nas sessões pode se dar por receio do projeto ser ligado a universi-dade. Este fator estaria assustando as pessoas, fazendo-as pensar que os fil-mes exibidos possam não ser de total compreensão, o que segundo os orga-nizadores do projeto, não é verdade.

Na visão de Eliane Lisboa, profes-

sora de teatro do curso de Arte e Mídia da UFCG, os cineclubistas deveriam deixar o ambiente universitário e irem direto à população, levando cinema aos que não têm acesso. Segundo ela, levar toda a aparelhagem e exibir fil-mes em comunidades carentes pode-ria fazer com que houvesse um públi-co maior nas sessões.

A precariedade no que diz respeito à aparelhagem técnica dificulta este tipo de ação nas condições em que es-tes projetos se encontram na cidade, mas o importante é que a iniciativa seja levada adiante. Como afirma Rô-mulo, que se diz otimista quanto a esta situação, “o cineclube é a tentativa de manter acesa a chama do bom cinema em Campina Grande” e segundo ele o cenário local está mudando. Portanto, é através destes pequenos e significati-vos passos que a cultura do cinema de arte tem a oportunidade de continu-ar presente na cena local. Para que o avanço seja realmente positivo, basta que continue a existir pessoas interes-sadas no que realmente faz a diferen-ça: “Ação!” g

O Cine São José, hoje, totalmente abandonado, deveria ser recuperado e utilizado para diversas atividades culturais

11março.2010

Page 12: Revista Por Exemplo #7

Educação ambiental[ ] A expansão econômica está colocando

em risco a vida do planeta

meio ambiente

Page 13: Revista Por Exemplo #7

por RACKEL CARDOSO SANTOS

Compreender as relações e interações existentes entre seres vivos e o meio ambiente, reco-nhecer os problemas

ambientais globais e locais, e enten-der as leis que regem a natureza, são alguns dos objetivos da educação ambiental.

Seu conceito é ainda um processo em construção dentro e fora da co-munidade científica. Mesmo assim, ele já evoluiu bastante em virtude da percepção ambiental. Porém, este é um processo de aprendizagem per-manente, baseado no respeito a todas as formas de vida e na preservação e conservação ecológica.

Desde sua che-gada ao planeta, o homem atua sobre a terra e a transforma. Com o passar dos tem-pos essa transfor-mação deixou de ser proporcional ao grau de ne-cessidade do ser humano. A ex-pansão econômi-ca ocorreu sem qualquer preo-cupação com as causas e efeitos da exploração do meio. Por isso, a evolu-ção do ser humano é apontada como um dos principais fatores para a crise ambiental.

O planeta vem sendo degradado a cada dia, através do aquecimento global, do buraco na camada de ozô-nio, da extinção de várias espécies, do crescimento populacional, das queimadas, da poluição das águas, entre tantos outros problemas. Estão pondo em risco a nossa permanência na Terra, a tal ponto que só uma nova mentalidade comprometida com a sustentabilidade ambiental poderá amenizar ou quem sabe reverter es-ses efeitos.

Esse complexo de fatores é conse-quência do descuido pelas questões

ambientais. A percepção da crise com o meio ambiente surgiu na vira-da do século XIX para o século XX. No Brasil, só a partir de 1950. Mas essa preocupação, a princípio, fazia refe-rência a questões existenciais, não pela degradação, mas sim pela beleza do verde. Nos anos 60 e 70 é que se começa a falar em desenvolvimento sustentável.

A educação ambiental é, hoje, uma forma de conscientizar as diferentes gerações, ensinando que os recursos naturais são abundantes, mas não são inesgotáveis e que o seu uso seja dis-ciplinado, para que eles não acabem. Como um instrumento de mudança, a

educação ambiental ajuda o ser huma-no a compreender e agir na natureza, modificando seus comportamentos e atitudes, sendo habilitado para cum-prir seus deveres e reivindicar seus direitos com relação ao ecossistema chamado Planeta Terra.

Nenhum ser vivo pode ser visto de forma isolada, todos estão interliga-dos, pois dependem uns dos outros, mas os homens se sentiram superio-res a todos e a tudo. Portanto quem quiser contribuir para amenizar o efeito dessa “superioridade” sobre a Terra deve começar agora.

Conscientes da importância de reeducar as pessoas para promover a educação ambiental, alguns alunos e professores da Universidade Estadu-

al da Paraíba se uniram para pôr em prática o projeto “Sistema de Trata-mento Descentralizado de Resíduos Sólidos Orgânicos Domiciliares para Campina Grande: Uma Contribuição para Sustentabilidade Territorial”, desenvolvido pela professora Drª. Mônica Maria Pereira. O objetivo é avaliar a viabilidade do sistema de tratamento descentralizado de resí-duos sólidos orgânicos domiciliares da cidade, visando suavizar os im-pactos socioambientais negativos, decorrentes da disposição inadequa-da desses resíduos.

Segundo a estudante que faz par-te do projeto, Christiane Alves, 22, ba-

charelanda em Biologia – UEPB, “o sistema será instalado na área pertencente à Sociedade de Amigos de Bair-ro (SAB), loca-lizada no Santa Rosa, em Cam-pina Grande. As famílias que mo-ram no local são cadastradas e os resíduos sólidos orgânicos domi-ciliares, são cole-tados diretamen-

te das residências. Eles passarão por processos de trans-formação (compostagem) e será ob-tido o produto final, que chamamos de biofertilizante. Depois de monito-rados e avaliados quanto a qualidade química e sanitária, o biofertilizante será utilizado nas hortaliças cultiva-das na horta comunitária já instala-da no local onde será implantação o sistema.”

Com esse projeto a quantidade de resíduos despejados de forma inade-quada diminui, consequentemente, re-duz a quantidade de chorume (líquido poluente originado da decomposição de resíduos orgânicos) e de gases que prejudicam o meio ambiente, além de facilitar a coleta de materiais reciclá-veis pelos catadores. g

13março.2010

Page 14: Revista Por Exemplo #7

Há pouco tempo atrás, a exclusão digital era bem maior do que se vê hoje. Programas sociais ajudam crianças e ado-

lescentes a adquirirem seu primeiro computador e o comércio disponibi-liza uma série de vantagens e formas para pagamento a prazo. Mesmo as-sim, algumas pessoas ainda não pos-suem poder aquisitivo suficiente para adquirir seu microcomputador.

Enquanto isso, a internet se ex-pande cada vez mais, sendo um meio de comunicação que atrai vá-rios públicos. A saída foi desenvol-ver algo que pudesse contornar essa situação, promovendo, em parte, a inclusão digital.

As “lan houses” surgiram na Co-réia, em 1996, como uma mutação das antigas casas de jogos fliperama. A palavra que dá nome a este empre-endimento vem de uma sigla em in-glês: LAN (Local Área Network). Eram lojas compostas por computadores com jogos instalados e conexão a in-ternet, com serviços pagos por tem-po de uso. A ideia chegou ao Brasil mais tarde, em 1998, e foi ganhando

espaço até se tornar o fenômeno que encontramos hoje nas ruas de peque-nas e grandes cidades.

Segundo dados do Comitê Ges-tor da Internet no Brasil (Cetic.BR), cerca de 52% da população que tem acesso a internet no nordeste con-seguem isso graças as Lan Houses. Campina Grande não fica para trás. Aqui, cobra-se em média R$ 1,50 a cada hora de uso. O preço varia de um bairro para outro.

E, quem pensa que o público visa-do são apenas os jovens, se engana. Wendell Cunha, 34, é proprietário de uma Lan house da cidade e afirmou que “é um bom negócio e a varieda-de de conteúdos disponibilizados na rede mundial de computadores não impõe limites a determinada idade, raça ou classe social”.

Várias pessoas procuram o ser-viço para pesquisa, informação de caráter jornalístico, entretenimento e sites de relacionamento como o Orkut ou FaceBook. Vera Gomes, fun-cionária pública de 55 anos, afirma que frequenta a lan house até duas vezes por semana e comenta achar justo o preço cobrado.

Mas, como em todo empreendi-mento, os riscos são existentes. Por isso, é sempre bom estar alerta. Wen-dell comenta que apesar de rentável, não se pode começar um negócio “as cegas”, além do investimento financei-ro, o conhecimento é necessário: “você tem que conhecer os aparelhos para caso haja algum defeito, o proprietário saiba como consertar”. Isso porque sai muito mais caro terceirizar o serviço de assistência técnica.

Para muitos, a internet é vista como uma saída para educação pública, que hoje se encontra com um sistema de-fasado, erguendo uma nova didática, onde alunos de vários lugares podem participar e se profissionalizar. a ex-plosão das Lan Houses é tema até para pesquisas em universidades, a contri-buição que elas dão nesse processo de propagação de novas tecnologias de in-formação é vista de forma otimista por estudiosos do “ciberespaço”. A internet é o lugar onde as pessoas trocam infor-mações, experiências, se relacionam e a Lan House é a brecha encontrada para que todos participem dessa explo-são de conteúdos que quebra barreiras geográficas e temporais. g

inclusão digitalLan houses: contribuição para

por RAFAELA GOMES[ ] As pessoas utilizam este serviço para

pesquisa, informação e entretenimento

tecnologia

14 março.2010

DIVULGAÇÃO

Page 15: Revista Por Exemplo #7

Havaianas:todo mundo usa?

por MAYARA DANTAS

A marca renovou, mas o preço das sandálias só aumenta

economia

DIVULGAÇÃO

[ ]

Page 16: Revista Por Exemplo #7

Nessa época, esse modelo era en-contrado a R$ 3. Hoje, mesmo não estando de cara nova, seu custo varia entre R$ 7,50 e R$ 9,90 e ainda conti-nua sendo uma das mais vendidos do país. A Havaiana tradicional é a mais barata entre as demais.

Considerada um item da cesta bá-sica na década de 80, o mundo todo pode até usar Havaianas, mas todo mundo não. É que o conceito mu-dou. A grande maioria que consome o produto o faz pela marca. As “imi-tações” estão custando em torno R$ 5, enquanto as Havaianas chegam a custar R$ 40. São cerca de 46 mode-los, vendidos em mais de 60 países e lá fora esse preço até duplica.

Vendidas em grandes lojas e não mais apenas nas “bodegas” e na Feira Central, como era de costume, a mar-ca é encontrada em estabelecimentos exclusivos e também nos shoppings, não só nas vitrines, mas nos pés das pessoas. Ali, nas ruas, nas universida-des, até no teatro e em muitas festas, a sandália é usada, principalmente, por jovens, como peça integrante do vestuário, compondo um estilo des-pojado, mas fashion e não miserável, afinal, ela não está tão acessível como antigamente.

Para a estudante Flaviane Mar-tins, 20, as sandálias são sempre fru-to de desejo. “Tenho uma coleção de Havaianas. Muitas vezes já deixei de comprar outras coisas para possuir um novo modelo. Acho caro, às vezes, mas compro porque é um tipo de cal-çado que uso muito e para variados lugares”.

As mudanças no preço, na qua-lidade e na estética surgiram entre 1991 e 1994, com a introdução do Pla-no Real. Junto a tantas modificações, a Alpargatas-SP lançou a Havaiana Sky, um modelo que dispunha de va-riadas cores, alta no preço e no sola-do, na perspectiva de mostrar ao con-sumidor a idéia de transformação, principalmente referente ao público alvo. Após cerca de 30 anos, o públi-co alvo não era mais a classe baixa e, sim, as classes mais favorecidas.

“Eu já usei. Mas não tenho cora-gem de pagar dez, vinte reais numa Havaiana. Eu não compro, é muito caro. Quando uso, é porque alguém me dá o resto de uma”, disse o fei-rante Vagner Gomes, 23, inserido no público que foi “deixado de lado” pela empresa.

Mesmo assim, a marca permane-ceu com o pensamento. Unidos ao

Fábrica da Alpargatas em Campina Grande

Versão 2009, assinada pelo artista e chargista campinense Fred Ozanan

Flash, High, Joy, Slim. Com certeza, essas palavras de-vem te fazer o leitor lem-brar alguma coisa. Diver-sos modelos, uma porção

de cores que se uniram aos variados temas de desenhos tridimensionais no solado. Altas, baixas, com correias finas, grossas, com cheiro e que bri-lham no escuro feito neon. Tem pra todas as idades e gostos. São as Ha-vaianas. A sandália de classe baixa que foi transformada em artigo de luxo.

Inspirada nos calçados que eram usados com os kimonos no Japão, a pa-lha de arroz e o tecido, matéria prima para produzir a Zori, foram adaptadas em borracha, em 1962, dando origem as sandálias Havaianas. O modelo tra-dicional, branca com tiras e laterais da base azul não representava um atrati-vo visual, porém, o conforto e o preço refletiram na produção de mais de 13 mil pares por dia.

16 março.2010

FOTOS: DIVULGAÇÃO/REPRODUÇÃO

Page 17: Revista Por Exemplo #7

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ico

saiba maisO último comercial das Havaianas foi banido da TV pela justiça. A propaganda “Vovó Moderninha” criado pela AlmapBBDO, agência de propagandas de São Paulo, tem a presença do ator Cauã Reymond que logo vira o foco de uma con-versa entre avó e neta na mesa de um restaurante. No diálogo a vovó faz um incentivo ao sexo e foi este o principal motivo de muita dis-cussão.

As opiniões se contrastam. Para a professora Yaçanan Lira, 52, “liber-dade demais vira libertinagem, a mídia incentiva e é apelativa! Para tudo tem de haver limites e regras para ser seguida na sociedade em geral, mas na realidade o que chocou foi a imagem da avó tra-dicional, a qual está rara nos dias de hoje”.

Já o comerciante Guilherme Lins, 27, acha a retirada do vídeo “ridí-cula”, “Toda censura é um absurdo. Eu não me preocupo se meu filho assistir o comercial porque eu sou pai, eu dou educação para ele, eu converso com ele, não delego essa responsabilidade a outros”, disse.

A empresa se pronunciou nacio-nalmente com outro comercial e com a mesma personagem prin-cipal. Neste segundo momento, a palavra “respeito” é a mais citada. Em respeito a quem não gostou da publicidade, o comercial saiu do ar. E em respeito a quem gostou, ela permaneceu, na internet. Os vídeos podem ser acessados pelo endereço www.havaianas.com.br.

sucesso da Sky, outros modelos foram surgindo. A empresa passou a investir mais em marketing, utilizando-se da imagem de celebridades e de slogans como “As legítimas”, “Ô psiti, não defor-ma, não tem cheiro, não solta as tiras”, “Isso é amor antigo”, “Todo mundo usa Havaianas”, es-trelados por diversos artistas da mídia nacional, como Chico Anysio, Renato Aragão, Malu Mader, Reynaldo Gianecchini, Alexandre Borges, entre outros. Desde então as propagandas revelavam ao público um objeto comum entre ele e os artis-tas: a Havaiana.

Distribuídas em mais de 20 cores, nas cate-gorias feminino, masculino, kids e baby, lançada no final da década de 90, as Havaianas que em 1980 vendiam mais de 80 milhões de pares por ano, hoje, segundo Willian Sampaio, supervisor da CELCLI (célula de clientes) da Alpargatas, a empresa atinge um número anual de 180 mi-lhões de sandálias, em uma produção de sete pa-res por segundo. Com tantos números, de fato, muitos usam sim Havaiana, mas é certo que uma parcela significativa da população brasileira não usa mais.

Alpargatas CampinaAs Havaianas, marca brasileira representa-

da pela São Paulo Alpargatas, uma empresa do grupo Camargo Corrêa, possui diversas filiais e lojas por todo o mundo, mas as sandálias são produzidas apenas em Campina Grande. A fir-ma campinense que emprega mais de 600 mil pessoas na Paraíba, sendo 10 mil só em Cam-pina vem se destacando no cenário nacional e internacional.

Patrocinadora desde 1995 do Maior São João do Mundo, em 2005 as Havaianas passaram a montar stands na área do Parque do Povo, fa-zendo as pessoas absorverem a festa ao pé da letra. Todo ano um slogan é pensado e repassa-do para as sandálias, transformando o calçado em uma lembrança da festa e da cidade, para os campinenses e turistas. No último ano, a peça estava custando R$ 19,99 e, antes mesmo do término do São João, algumas numerações já haviam acabado. g

Page 18: Revista Por Exemplo #7

por WENIO TAVARES

Vegetarianismo: um modo de viver

saúde

FOTOS: REPRODUÇÃO

18 março.2010

Você já pensou em abolir do seu cotidiano o consumo de qualquer tipo de carne ou alimentos que dela se-jam produzidos? Já pensou

o porquê de existirem pessoas que não consomem carnes, apenas vegetais? Bem, tudo tem um por que, ou pelo menos quase tudo. Nessa correria da vida não paramos muito para avaliar o que estamos consumindo e, com isso, muitas vezes acabamos por não observar o que estamos fazendo por nossa saúde e bem-estar. Na promes-sa de uma melhor qualidade de vida, muitas pessoas optam em serem vege-tarianas, abolindo totalmente a carne

de origem animal, de sua alimentação. Mas o que é vegetarianismo?

Vegetarianismo é um regime ali-mentar baseado, fundamentalmente, em alimentos de origem vegetal e que podem apresentar algumas variações nas escolhas alimentares. Os adep-tos excluem da sua dieta carne, bem como alimentos derivados, a exemplo da gelatina feita com base em ossos. Os ovolactovegetarianos consomem também ovos e leite, e os lacto-vegeta-rianos, leite e lacticínios. Os veganos, outro grupo de vegetarianos, excluem todos os produtos de origem animal não só da sua dieta como de tudo o que consomem, incluindo cosméti-

cos, vestuário e calçado, entre outros produtos. O nome dado aos optantes por essa alimentação não origina da base da alimentação, o vegetal, mas da expressão latina “vegetus”, que sig-nifica “forte”, “vigoroso”, “saudável”. A União Vegetariana Internacional define essa dieta como “a prática de não comer carne, aves, peixes ou seus subprodutos, com ou sem uso de lati-cínios e ovos”.

Além de uma explicação apenas conceitual, de forma técnica e di-dática, os praticantes afirmam que ser vegetariano ultrapassa a simples questão de não consumir carne. “Ter esse estilo de vida vai além. Não é

Os vegetarianos excluem de sua vida qualquer alimentação a base de carne e garantem mais saúde em

sua mesa com pratos recheados de folhas e legumes[ ]

Page 19: Revista Por Exemplo #7

19março.2010

apenas algo que se tenha como base o não consumo de carne, a saúde e a pena pelos animais. Ser vegetariano envolve amor pelos seres humanos, pelos não-humanos, pela existência e manutenção dela. É uma prova de interesse a uma harmonia universal”, afirma Diego Araújo, 22, estudante de Biologia (UEPB) e adepto ao vegeta-rianismo há cerca de seis anos.

Algumas questões são fundamen-tais para explicar por que as pessoas decidem ser vegetarianas. Os adep-tos tomam como base quatro pontos principais:

Os animais

Muitos vegetarianos não concebem o homem como superior ao animal, do ponto de vista do direito à vida. Ou seja, não é justo tirar a vida a um animal para alimentar uma pessoa, especial-mente quando a vida dessa pessoa não depende da vida do animal. Portanto, devem co-existir os dois. Outro aspec-to prende-se com a forma como os animais são tratados. Produzidos pela indústria agro-pecuária moderna, eles são confinados em pequenos espaços, alimentados de forma artificial e trata-dos, por veze, de forma brutal durante o transporte ou antes do abate.

O meio ambienteA motivação aqui é racionalizar a

utilização dos recursos naturais para a obtenção de alimentos. Um vegeta-riano reduz um elo da cadeia alimen-tar, tornando-a mais eficiente e, con-seqüentemente, reduzindo o impacto

ambiental da sua alimentação. Para produzir carne é necessário

cultivar plantas, que alimentam o gado, que por sua vez irá alimentar o homem. Durante o processo de alimentação do gado foram gastos recursos como a água, energia e tempo, que poderiam ter sido poupados se o homem consumisse diretamente os vegetais. Exemplo: Para produzir 1 kg de carne bovina são gas-tos, aproximadamente, 15 mil litros de água (incluindo a rega das plantas, a higiene do animal, etc.); para produzir 1kg de soja são gastos menos de 1300 litros de água, cerca de 10%.

A economia de água é, portanto, superior a 90%, sem que o bife traga necessariamente um valor acrescenta-do significativo relativamente ao cere-al. A produção de grãos de uma fazen-da com 100 hectares pode alimentar 1.100 pessoas comendo soja, ou 2.500 com milho. Se a produção dessa área for usada para ração bovina ou pasto, a carne produzida alimentaria o equi-valente a oito pessoas.

O socialA indústria de carne exige bem

mais do meio ambiente no momento da produção e tem pouco rendimento, se comparado aos resultados do cul-tivo dos gêneros agrícolas. Isso acaba por prejudicar na distribuição dos alimentos pelo mundo, aumentando cada vez mais a fome pelo planeta. Se as áreas hoje utilizadas para a cria-ção de gado e outras espécies que re-sultam na produção de carne fossem substituídas pelo plantio de cereais, vegetais e frutas, a demanda seria bem

maior que a de carne e alimentaria um maior número de pessoas, diminuindo a fome e a desigualdade social.

A saúdePor aconselhamento médico ou por

auto-iniciativa, esta é uma das motiva-ções para muitas pessoas seguirem uma alimentação “verde”. Uma dieta vegeta-riana é, geralmente, eficaz em equilibrar os níveis de colesterol, reduzir o risco de doenças cardiovasculares e também evitar alguns tipos de câncer.

Outro aspecto relevante prende-se com a qualidade dos produtos animais que chegam ao mercado. Alguns ani-mais criados para consumo humano são alimentados com uma quantidade significativa de hormônios de cresci-mento e antibióticos para resistirem às doenças, sendo a carne que chega à mesa, muitas vezes, de má qualidade. Por outro lado, a poluição dos mares e rios pode tornar a carne de peixe igual-mente insegura. Um terceiro ponto, nas razões de saúde, são as recorrentes cri-ses da indústria de carnes, como a da “vaca louca” ou a da gripe aviária, que levam muitas pessoas a adotar uma dieta diferente, eliminando de suas re-feições produtos de origem animal.

Quanto aos vegetais, frutas, verdu-ras e legumes também há a preocupa-ção com a infinidade de agrotóxicos, que podem ser tão prejudiciais à saúde quanto os hormônios empregados nos animais. Há que se ter muita higiene antes de preparar os alimentos, sejam eles quais forem, lembrando que os vegetais são uma fonte indispensável de vitaminas e de saúde. g

os seres humanos não têm que comer carne para permanecer saudáveis?

os vegetarianos ingerem proteína suficiente?

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e a Associação Dietética Americana, dois órgãos que são referência mundial em questões alimentares, endossaram dietas vegetarianas. Pesquisas demons-traram que vegetarianos possuem sistemas imuno-lógicos mais fortes, e que os consumidores de carne têm duas vezes mais chances de morrer de doenças cardíacas e probabilidades 60% maiores de morrer de câncer. O consumo de carne, leite e seus derivados têm sido ainda relacionados a diversas outras doen-ças, como diabetes, artrite e osteoporose.

Em boa parte dos casos, o problema é ingerir proteína em dema-sia, não em quantidade insuficiente. Muitos dos que consomem produtos de origem animal ingerem três ou quatro vezes mais do que necessitam. Há uma enorme variedade de alimentos ve-getarianos ricos nessa substância, como massas, pães, feijões, ervilhas, milho e até mesmo cogumelos. Quase todos os alimen-tos contêm proteína. É quase impossível não obter a quantidade suficiente em uma dieta que possua a quantidade de calorias adequada, mesmo que não se faça uma escolha mais cuidadosa dos alimentos. Por outro lado, proteína em demasia é uma das principais causas conhecidas de osteoporose e doenças renais.

Page 20: Revista Por Exemplo #7

religião

20 março.2010

Ele é sigiloso, mas eficiente. Quem nunca participou não sabe muito do que acontece da sexta-feira à noite até o domingo no

Encontro de Jovens com Cristo (EJC), mas, com certeza, percebe grandes diferenças na vida daqueles que par-ticipam.

O objetivo do EJC é aproximar os jovens dos ensinamentos de Cristo, deixando-os conscientes dos valores cristãos, familiares e sociais, através de uma programação diferente que é mantida em sigilo, detalhe importante, o qual acaba por atrair mais a atenção de quem ainda não participou. É o que afirma a estudante de direito Mayza de Araújo, 19, que fez EJC na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no bairro do Catolé, em Campina Grande. “Mui-tos amigos meus já haviam partici-pado e sempre comentavam, quando eu perguntava algo, que era segredo! Então, o meu desejo partiu muito da curiosidade para descobrir o que de tão especial tem no EJC”.

Após o encontro, um grupo é for-mado, se criam laços de amizade. Eles se juntam periodicamente para mon-tar discussões, realizar brincadeiras e orações. “É impossível você se desli-gar das pessoas que lá estavam, por-que é um momento muito especial e fundamental na vida de todos. Portan-to, aqueles que participam com você desse momento se tornam essenciais na sua vida,” acrescenta Mayza.

Eles participam uma única vez como “encontristas”. Nas próximas edições, geralmente promovidas anu-benefícios

letras,dias,

inúmeros

Trêstrês

[ ] EJC atrai adeptos e marca a vida de jovens católicos e evangélicos

por CRISTIANE LARISSA e PERILO BORBA

Page 21: Revista Por Exemplo #7

21março.2010

almente por cada denominação ou paróquia, eles serão “encontreiros”, ou seja, voluntários nas equipes de traba-lho, servindo aos novos participantes.

Ele é uma versão para solteiros do Encontro de Casais com Cristo (ECC), criado na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, Pompéia, São Paulo, pelo Pe. Alfonso Pastore, em 1970. Promovido até hoje por muitas igrejas católicas do Brasil, o EJC também foi adaptado e é utilizado por muitas denominações evangélicas. Seu alvo são pessoas com idade, geralmente, entre 17 e 25 anos.

Muitos se convertem ao cristianis-mo depois dele. Há vários testemu-nhos de jovens que entraram viciados em drogas, mas se libertaram do vício e alguns passaram a freqüentar os cultos ou missas da igreja. Porém, os maiores índices de mudança são em casa, pois eles perdoam seus pais, se arrependem de erros, pedem perdão e passam a se relacionar melhor com a família. “Foram dias de paz em que pude perceber o verdadeiro amor. Me converti. Foi a melhor escolha que já fiz. Tive uma experiência de fé com Jesus e pude consertar coisas no meu caráter”, diz Carolina Torquato, 24, es-tudante.

O EJC é, sem dúvidas, marcante para todos. São apenas três dias, mas geram resultados incontáveis que vão além das risadas e dos choros, comuns pela emo-ção vivenciada em cada programação. Para os participantes, ele é mais que um evento, é uma nova página de suas vidas que foi aberta, passa a existir uma antes e um depois do EJC, uma nova maneira de encarar a vida. g

FOTOS: CRISTIANE LARISSA

Jovens da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, Catolé/Campina

Grande, e da Igreja do Rosário na caminhada da juventude pela vida

Page 22: Revista Por Exemplo #7

globalização

Se você não é um leitor assíduo de mangás, não escuta J-music e não frequenta restaurantes de comida japonesa deve estar estranhando o início dessa matéria. Mas não se preocupe, a partir de agora você vai perceber traços da cultura japonesa na sua vida.

A agitação era intensa no porto de Kobe. As pessoas, impacientes e, acima de tudo, ansiosas em relação ao futuro incerto que lhes aguardava, se despediam de seus parentes. Era 27 de abril de 1908,

dia dos passageiros embarcarem no navio Kasatomaru em busca de seus sonhos. Começava a saga que representaria o marco inicial da imigração japonesa no Brasil. Desde então, muita coisa mudou e traços do povo nipônico foram absorvidos pela nossa cultura.

Dê uma olhada ao seu redor, pense no seu cotidiano. Com certeza você conhece ou já viu um descendente de japonês carinhosamente chamado de “japa” entre amigos; assistiu a um filme ou passou por uma academia de onde se pra-ticava Karatê. Quem sabe comeu Sushi. Falando em comida esse é um dos elementos culturais asiáticos mais absorvidos pelos brasileiros: a culinária. Os restaurantes japoneses são atraentes porque tem car-dápios recheados de peixes, vegetais e frutos do mar preparados de várias formas, crus ou não. Além de aproveitar as delícias que vêm do Japão, é preciso saber mais sobre valores nutri-cionais e cuidados na hora de consumir esse tipo de ali-mento. Para se ter uma ideia, em uma cidade de porte médio como Campina Grande, pode se encontrar pelo menos quatro restaurantes que são referência em co-mida japonesa.

Segundo Aline Grise, nutricionista que cuida do cardápio de restaurantes japoneses, localiza-dos em João Pessoa e Recife, a comida japonesa é saudável e pode contribuir muito para a saúde. “O peixe é rico em ômega 3, substância que faz bem ao coração. O arroz tem carboidratos e os frutos do mar são fontes de proteínas, potás-sio e fósforo, elementos essenciais ao funcio-namento saudável do nosso organismo.”

Mas para aproveitar os benefícios é ne-cessário apreciar com moderação. Ela re-velou que os brasileiros estão adaptados a outros tipos de alimentos e, por isso, devem

22 março.2010

culturajaponesa

A

está presente em nossas vidas?[ ] “Senri no michimo ippoyori okuro”

por JEFFERSON FERREIRA e ALISSON CORREIA

Page 23: Revista Por Exemplo #7

O que é?sa

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ais

23março.2010

consumir a culinária asiática com cuidado. “Os brasileiros cresceram comendo feijão, arroz e carne cozida ou assada. Como nós não estamos acostumados com a comida crua, é preciso atentar para alguns detalhes na hora de consumir pratos do cardápio japonês”.

Em Campina Grande, a cultura japonesa é mais absorvida entre os jovens. Existe até um evento que divulga animes, mangás, J-music e conta com um concurso de Cosplay – candidatos que se fantasiam como seus personagens

prediletos.Trata-se do Encontro Nippon, que é organizado por entusiastas das tendências japonesas na Paraíba e já parte para a sua quarta edição.

O último encontro aconteceu no Colégio Estadual Elpídio de Almeida, conhecido como Estadual da Prata, e contou com a presença de várias bandas de j-music, a

exemplo das bandas Onigiri e Tomodachi. Contou também com mais de 20 stan-ds onde os participantes podiam encontrar animes, mangás, pinturas, livros

e vestuário. Uma das áreas foi destinada a um karaokê e, no auditório, aconteceu o concurso cosplay, ponto alto do evento, onde os partici-

pantes deram um show de irreverência com apresentações em um palco itinerante.

Harley Silva, 27, dono de uma loja que vende literatura japo-nesa é um dos organizadores do Encontro Nippon. Ele des-

taca os pontos positivos dessa interculturalidade Brasil-Ja-pão. “Eu acredito muito em aprendizado. Para mim, toda

a forma de cultura é válida para o nosso desenvolvimen-to como seres pensantes. A cultura japonesa é a que eu

mais me identifico pelo fato de ter raízes milenares.Tudo que vem do Japão tem uma energia boa”.

Vale lembrar que a cultura japonesa não foi incutida nas nossas vidas de uma hora para ou-tra. São mais de 100 anos de uma conexão en-tre os nipônicos e os brasileiros que perpassa todas as camadas sociais, deixando de lado as barreiras lingüísticas e os aspectos comuns de cada país. E para quem ficou curioso so-bre a frase no início do texto, ela representa a iniciativa dos primeiro imigrantes japoneses quando decidiram vir para o Brasil, e signi-fica “Até uma jornada de mil milhas começa no primeiro passo”. g

Anime: Por vezes escrito (Animê/é) é o nome usado para se referir a qual-quer produto de animação (ou “dese-nhos animados”) produzido no Japão. A palavra anime tem significados diferentes para os japoneses e para os ocidentais. Para os japoneses, anime é tudo o que seja desenho animado, seja ele estrangeiro ou nacional. Para os ocidentais, anime é todo o desenho animado que venha do Japão.

J-Music: É a sigla utilizada para denominar a música japonesa em todos os seus gêneros. No Brasil, os estilos mais conhecidos são o J-Pop, o J-Rock e a música Enka (estilo tra-dicional japonês). A J-Music é assim, possui vários estilos e ritmos e uma de suas principais características é o poder de separar os estilos em categorias. Quando um gênero mu-sical atinge e estabelece um padrão de transmissão às gerações futuras, ele passa a ser produzido dentro de um sistema fechado, sem se misturar aos outros. Por isso os diversos estilos desde os tradicionais até os mais mo-dernos existem sem grandes influên-cias entre si.

Mangá: É a palavra usada para designar as histórias em quadrinhos feitas no estilo japonês. No Japão, o termo designa quaisquer histórias em quadrinhos. Vários mangás dão origem a animes para exibição na televisão, em vídeo ou em cinemas, mas também há o processo inverso em que os animes tornam-se uma edição impressa de história em sequ-ência ou de ilustrações.

Page 24: Revista Por Exemplo #7

beleza

De origem inglesa, o termo metrossexual é uma junção das palavras heterossexu-al com metropolitano. O termo designa os homens

que vivem nas grandes cidades, possuem entre 25 e 45 anos, se preocupam demais com a aparência e gastam muito dinhei-ro para cuidar do corpo, dos cabelos, da pele e do guarda-roupa.

“Eu depilo o peito duas vezes ao mês” – “Se puder, me encontre no salão de beleza” – “Vou cortar as unhas e fazer a barba”. Essas são frases de homens que vivem essa vida moderna de busca pela beleza e satisfação pessoal. Cada vez mais, eles estão assumindo valores antes estritamente femininos e dividindo o es-paço no reino da beleza.

A chamada geração metrossexu-al (termo que não agrada a muitos) de homens modernos e antenados com a moda e a beleza, traz satisfações e desagrado ao universo feminino. As mulheres dividem-se entre se sentirem atraídas e rejeitarem o sexo masculino com essa vaidade exacerbada. Segundo a jornalista Tássita Araújo, 24, o homem deve ser vaidoso ao ponto de não perder a masculinidade.

O estilo “jogado” ainda faz parte do feeling (sentimento) feminino. Segundo Tássita, “esse ‘largadão’ se limita a uma boa conversa e uma camisa por fora da calça, mas, uma barba bem feita, um bom perfume e um cabelo penteado fa-zem o homem ficar bem mais atraente e chamar atenção”.

E a rejeição? Entre os homens são comuns as constantes piadas preconcei-tuosas sobre esse tema. O estudante de Química da Universidade Estadual da Pa-

raíba, Marcelo Ferreira, 25, diz que atualmente todos os homens se cui-dam, as piadas existem sim, mas já não “en-chem” tanto quanto em tempos atrás, pois todo homem tem um pouco de vaidade. A diferença é que uns assumem isso e ou-tros não. Ele afirma que já ouviu piadas ofensivas e revidou de uma forma bastante sutil. “Se eu me cuido é porque alguém me acha bonito, isso não é sinôni-mo de frescura e sim, de higiene”.

O fato de uma pessoa do sexo masculino ser vai-doso implica, para muitos, mudança de sexualidade. Esse preconceito gera conflito. Uma solução para essa modernidade é justamente reverter o preconceito e fazer com que os homens mos-trem a sua vaidade. O empresário de 27 anos, Felipe Monteiro, explica os motivos para ter vaidade e diz que é a favor, porque como as mulheres se cuidam então o que tem de mais os homens se cuidarem também? “Mas é certo que nem para homem, nem para mulher é bom ser excessivamente vai-doso.”

Entre as mulheres, as dúvidas so-bre a sexualidade masculina são colo-cadas em prova, devido à divisão de espaços antes frequentados só pe-las mulheres e, agora, divididos por

24 março.2010

[ ] É cada vez mais comum encontrar um deles

o novo homem do século

por CLARA MARIA, JÚLIO CÉSAR ARAÚJO e RENATA CHARLENE

Page 25: Revista Por Exemplo #7

ambos. Por exemplo: salões e clínicas de estéticas, que hoje se especializam para atender essa deman-

da da “nova” clientela.Ilma Karla Fernandes, 23 anos, estudante de Letras

da UEPB, afirma que já se sentiu constrangida em dividir o salão de cabeleireiros e as técnicas de tintura capilar com homens. Para a estudante, “estão invadindo um espa-ço muito nosso e, dessa forma, passaremos a não ter mais segredos para agradar nossos namorados, já que eles fazem

parte, hoje, de tudo isso”.Os homens modernos e antenados com a

moda, geralmente, possuem boas condições financeiras e tempo para se dedica-

rem a si mesmos. Porém, agora, independente da classe so-

cial, a preocupação com a estética é a mesma.

A cabeleireira Ma-ria do Socorro, pro-

fissional no ramo

há 20 anos, afirma que o seu salão tem a presença masculina diariamente. “Eles não procuram apenas um corte novo para o cabelo, procuram todos os tipos de tratamentos que as mulheres utilizam e não se incomodam com o custo, o que importa é ficar na moda”. A opinião de outro profissional é seme-lhante à de Maria. O cabeleireiro Alex-sandro Barbosa, profissional há 8 anos, reforça que “os homens procuram o sa-lão com muita frequência”. Seus clien-tes masculinos cortam o cabelo com o intervalo de 15 dias. Ele tem um cliente especial, extremamente vaidoso, que já utilizou técnicas femininas de trata-mento capilar como, por exemplo, es-cova de chocolate.

Os homens se sentem à vontade com essa “nova” vida e hoje fazem parte de forma ativa dos lucros do comércio. No mercado de cosméticos, a oferta de produtos para eles cresceu bastante.

Os dados de 11 anos atrás já pre-viam para o nosso século o grande cres-cimento do novo homem, esse necessa-riamente preocupado com a aparência. No Brasil, 66% dos homens brasileiros declararam dar muita importância à aparência e isso movimenta, no mun-do, um mercado que gera cerca de US$ 16,2 bilhões por ano, segundo o portal Racine. De acordo com os dados da ABIHPEC (Associação Brasileira de Indústria de Beleza de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosméticos), em 1998, um em cada 100 homens usava cosméticos e só o mercado de hidratantes masculi-nos movimentou R$ 300 milhões.

Dados de outra pesquisa feita para se entender o homem do novo século mostravam que os homens passavam, em média, nove minutos por dia cui-dando da aparência. Hoje, passam 20 minutos no espelho. Segundo Edson Bacellar, consultor da pesquisa, “a apo-deração dos valores femininos faz o homem se tornar mais feminino, sem dúvida. Mas, continua sendo um ho-mem másculo, um homem que gosta de mulher e não seja necessariamente homossexual”.

Homem que é homem não escon-de a sua vaidade, não importa em qual

área se “cuida” mais, o que realmente vale é o bem estar de cada um, inde-pendente dos preconceitos gerados pela sociedade. g

25março.2010

Page 26: Revista Por Exemplo #7

comunicação

A assessoria de imprensa é uma atividade jorna-lística de grande impor-tância para divulgar as atividades das empresas.

Tem por objetivo veicular notícias de forma coordenada e lógica, buscando sempre despertar, na mídia e no públi-co, o interesse pelo nome ou marca de seu cliente.

O profissional da área enriquece o cenário noticioso ao conseguir di-fundir, sem ser necessário pagar pelo espaço, notas, artigos e matérias. Este exerce, sobretudo, a função de prezar e estabelecer uma boa relação entre o cliente e a mídia.

“Sua importância pode ser per-cebida, mais claramente, com o cres-

cimento das atividades a partir da década de 80, quando empresas pas-saram a investir no setor de comuni-cação, sem abrir mão dessa área”, diz Luís Adriano Costa, 30, jornalista e professor de Assessoria, Publicidade e Propaganda. O grande destaque que a área de assessoria de imprensa vem ganhando nos últimos tempos deve-se, principalmente, à disputa acirrada entre os veículos de comunicação, que cada vez mais exigem maior número de informações, uma vez que, comer-cialmente, é viável que o público rece-ba grande número de notícias.

Aliado a isto, as empresas se tor-nam fontes de informação, devido à credibilidade atingida e ao baixo cus-to “de se aparecer na mídia” – é menor

do que pagar pelo anúncio. Assim, é melhor contratar um assessor que publique várias notícias, conseguindo a chamada mídia espontânea, do que pagar várias vezes por espaços caros nos veículos de comunicação. Como retorno, estas empresas têm suas ações ou atividades divulgadas para a grande massa, alcançando a audiên-cia e a credibilidade por gerar notícias, sem a necessidade de pagamento por elas.

Utilizando uma estratégia de co-municação diferenciada para cada cliente, em que as particularidades de cada um são enfatizadas como pontos positivos, permite a manutenção do relacionamento entre os meios de co-municação e empresas, associações,

para quê?Assessorar,[ ] O assessor de imprensa representa o elo

entre a instituição e a sociedadepor LUCENIR MACIEL

O relacionamento entre assessor e

assessorado deve ser pautado pelo profissionalismo

Luís Adriano Mendes Costa, 30 anos, jornalista e professor fala sobre a relação assessor/ cliente/mídia

O trabalho do assessor representa

uma fonte inesgotável de pautas, ajuda

muito a gente

João Henrique de Medeiros, 20 anos, estagiário do setor de A.I, fala sobre a importância de estágios na área

FOTOS: LUCENIR MACIEL

Page 27: Revista Por Exemplo #7

nomes, marcas, produtos ou personalidades de qualquer campo de atividade, também de-terminando a imagem do assessorado frente à opinião pública.

As estratégias também definem se o re-torno aos trabalhos é a médio ou curto prazo, tudo depende das necessidades do cliente e das dificuldades de aplicação do projeto de di-vulgação. O trabalho de selecionar, catalogar e definir o público alvo a ser atingido e, ainda, o meio de comunicação mais adequado ao fre-guês, é de responsabilidade do assessor.

“Da mesma forma, o relacionamento en-tre assessor e assessorado, seja pessoa física ou jurídica, deve ser pautado pelo profissio-nalismo. Nesse sentido, deve ficar claro que é ele, o assessor, quem tem a noção exata e a capacidade de conduzir as atividades de uma instituição ou de um cliente em particular, administrando o fluxo de informação, dire-cionando e estabelecendo metas, o que vai refletir diretamente na política institucional e nas ações voltadas ao público”, completou Adriano.

Para atender ao perfil profissional exigido para a área, inicialmente é importante com-preender que a comunicação é um processo amplo e exige estratégias e ações realizadas para todos os interesses dos diversos públi-cos. É importante conhecer o cotidiano das redações, o processo de criação das notícias e o dinamismo dos trabalhos a serem realiza-dos. O profissional deve ser ético e conduzir o tratamento aos jornalistas com respeito e transparência, valorizando os profissionais de comunicação sem adulações, agindo sem-pre como um elo entre o assessorando e as instituições, jornalistas, fontes e público alvo. Além de apresentar habilidade em desenvol-ver planejamento e avaliação, sendo dinâmi-co e criativo, bem como desenvolvendo boas relações com os meios de comunicação e com suas fontes.

Em meio a tantos assuntos de interesse dos meios de comunicação, como desastres ambientais, corrupção, violência, saúde, polí-tica, chamar atenção dos jornais para o clien-te é uma tarefa muito difícil. Princípios como objetividade, clareza e eficiência definem a qualidade das informações enviadas à grande mídia. Desta forma, as atividades desenvolvi-das pelo assessorados só serão divulgadas, se as informações forem interessantes ao públi-co.

É importante reconhecer quando um tra-balho realizado pelo cliente é de interesse do público e poderá se tornar uma boa notícia. Não é interessante enviar informativos aos donos dos veículos de comunicação, pois es-

tes encaminham os “pedidos” a quem conhe-ce o que é uma notícia, que é a redação de um jornal. Tais pedidos prejudicam a relação do assessor com os jornalistas. Por fazer parte do tráfego de influências, a matéria é estigmati-zada como sendo dirigida através de favores comerciais e o nome do cliente ou marca é relacionado aos “ajeitadinhos” com os donos dos jornais. Essas regalias podem destruir re-lações de confiança e respeito ao passo que a comunicação existe para fazer o contrário.

Estágios são importantesDiante da necessidade cada vez maior

de profissionais que absorvam o mercado de trabalho, em especial esta área de assessoria de imprensa, requer dos novos profissionais, certa experiência, a qual pode ser adquirida em estágios.

As assessorias absorvem muitos profis-sionais de comunicação, inclusive recém for-mados. Contudo, muitas faculdades não têm dado a devida atenção ao componente de as-sessoria de imprensa. O assessor deve ter ca-pacidade de analisar cenários, de planejar de acordo com as diferentes mídias, lidar com os processos de comunicação. Deve saber pro-duzir documentos de vários tipos e ser prepa-rado para pensar e atuar na comunicação em massa.

O estagiário do setor de cultura e divulga-ção do serviço social do comércio (SESC) em Campina Grande, João Henrique de Medeiros, 20, acredita que estágios são necessários em qualquer área, principalmente devido à “expe-riência adquirida”. Esta possibilita ao assessor tornar-se conhecido devido ao bom relacio-namento estabelecido com as instituições de comunicação. Num futuro próximo, em ou-tras seleções para empregos, pode contribuir para preencher uma vaga disputada. Por con-seguinte, embora os universitários conheçam as teorias e os termos técnicos utilizados na área, estes só “saberão o que é assessorar, na prática”. Ratificou João Henrique.

Sobre a importância de assessores para empresas e mídia, o estagiário comenta o se-guinte: “Para o assessorado, o assessor repre-senta uma forma de divulgar suas atividades e construir um bom relacionamento com a mí-dia. Para os meios de comunicação o trabalho do assessor representa uma “fonte inesgotável de pautas”, pois muitas vezes em uma redação é preciso “garimpar” bastante para conseguir algo interessante. Então, na maioria das ve-zes, um release salva o dia deles. Sendo assim, um assessor de comunicação que desenvolve bem o seu trabalho ajuda a muita gente!”. g

Page 28: Revista Por Exemplo #7

28 março.2010

universidade

O estágio é a oportunidade onde o estudante pode colocar em prática o co-nhecimento adquirido e teorizado em sala de

aula. É a chance de conhecer de perto todos os dilemas da profissão escolhi-da. A vivência desta etapa se coloca como uma ponte entre o estudante e seu futuro fora das salas de aula, já como um profissional. É uma prepa-ração indispensável à qualificação de qualquer aluno que pretende ter uma carreira profissional de sucesso.

É nesse momento também que se conhece e administra aptidões, colo-cando em foco o potencial. No estágio,

existe a chance de sair da faculdade já contratado pela empresa na qual se inicia como estagiário. Por isso, o estu-dante deve manter uma postura ade-quada ao ambiente de trabalho, antes e depois de alcançar a vaga. Dentro da empresa ele estará sempre sendo ava-liado e poderá ser exatamente nesse momento que decidirão se fica ou sai.

São pequenos detalhes que farão a diferença na hora da contratação e ma-nutenção como estagiário, lembrando que o que vale mesmo é a qualificação enquanto estudante. “Ser assíduo, ter boa comunicação, boa escrita, estar sempre atento ao mercado de traba-lho e à necessidade da empresa, ser

pró-ativo e acima de tudo competente. Afinal, além de um profissional na área acadêmica, o estagiário está também se formando em gestão. Por tanto, a imagem que ele irá passar dentro da empresa é muito importante para o seu crescimento.” Ressaltou Wênia Torres, Coordenadora de estágio do Instituto Euvaldo Lodi – IEL.

A maioria dos futuros estagiários passa por um processo de seleção, que avalia a capacidade de cada candida-to e que se diferencia de acordo com o perfil de cada empresa. Por falar em perfil, essa palavra atualmente se des-taca muito quando se refere à relação estágio e candidato. As empresas bus-

Estágio:procura-se!

[ ] Esse é um dos primeiros passos para uma

oportunidade no mercado de trabalho

por WENIO TAVARES

FOTOS: EVELINE DOURADO

Page 29: Revista Por Exemplo #7

dicasN

a ho

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a en

trev

ista

Já contratado

Homem e mulher devem vestir-se com sobriedade para uma entrevista de emprego;

Asseio e cuidados pessoais do tipo barba, cabelos e maquia-gem bem cuidados somam pon-tos na sua primeira impressão. Perfumes, se usados, devem ser discretos;

Não é educado fumar nem mascar chiclete durante uma entrevista;

Procure estar informado sobre as notícias do dia num jornal diário da sua cidade, é bastante comum elas fazerem parte da sua entrevista;

Cuidado com o modo de falar. Evite gírias e palavras que pos-sam causar constrangimento.

Cumprimente todos os funcionários;

Seja pontual tanto nos horários de chegada como também nos prazos estabelecidos

para a entrega de trabalhos;

Leia muito e se informe sobre a empresa;

Seja ético;

Mostre iniciativa;

Saiba trabalhar em equipe;

E por fim, trabalhe duro!

cam pessoas que se enquadrem perfei-tamente nos seus projetos e funções. Portanto é interessante que o estudan-te saiba de tudo um pouco. Hoje, essa história de saber apenas inglês e infor-mática não cola mais. O bom preten-dente ao estágio tem que saber políti-ca, economia, cultura e está muito bem informado sobre o que acontece no mundo. Os tempos mudaram e os pre-sentes e futuros profissionais precisam se adaptar ao dinamismo e as exigên-cias do mundo contemporâneo.

A palavra de ordem é CONHECI-MENTO! Por isso mesmo vale sempre estar se capacitando, se reciclando, aprendendo e descobrindo novas formas de trabalhar e de mudar, para melhor, o ambiente de estudo e tra-balho.

Candidatos e oportunidades não faltam, como bem afirma Camila Vas-concelos, Assistente de Desenvolvi-mento Estudantil, do Centro de Inte-gração Empresa Escola – CIEE. O que na verdade está em falta são pretenden-tes qualificados o suficiente para aten-derem as exigências de cada empresa e dessa forma preencherem as vagas. “Algumas dificuldades estão, principal-mente em o estudante não se reciclar, ter poucos cursos, não ter uma postura adequada, isso inclui a forma de se ves-tir e de falar. Eles esquecem que é preci-so se pensar em um marketing pessoal, esquecer a timidez e lembrar que eles estão ali se promovendo. Muitas vagas ficam em aberto e algumas até por um bom tempo, por não aparecer candida-tos que preencham as necessidades da empresa”, afirmou.

Estagiário da Federação das Indús-trias do Estado da Paraíba – FIEP, há nove meses, Gabriel Alves, 22, estudan-te 8º período de Comunicação Social - UEPB, afirma que só conseguiu a vaga de estágio por causa da sua capacitação e por estar sempre buscando uma opor-tunidade. “Na faculdade, desde o início, sempre busquei estar envolvido com projetos e trabalhos que pudessem me atribuir sempre mais conhecimento. O estudante tem que está sempre atento às oportunidades e nunca esquecer a importância de se qualificar, fazendo cursos e aprimorando sempre suas ha-bilidades”, ressaltou. g

29março.2010

Page 30: Revista Por Exemplo #7

juventude

na adolescênciaGravidez

699,72mil

485,64mil

1998

2008

dado

s do

mini

stério

da

saúd

e Número de partos entre meninas de 10 a 19 anos.Redução de 30,6% em dez anos.

Page 31: Revista Por Exemplo #7

Cada vez mais adolescentes se tor-nam mães no nosso país e as so-luções para este problema estão longe de serem alcançadas. Basta dizer que denomina-se gravidez

na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos. Esta gravidez, em geral, não é planejada, tampouco desejada e acontece qua-se sempre em meio a relacionamentos sem es-tabilidade.

Para Danielle Apolinário, que engravidou aos 19 anos de idade, sem ter programado, o momento mais dificultoso foi no período em que se manteve grávida. “Para mim, o estresse foi nos cuidados com a gravidez. Além de eu ser mãe de primeira viagem, eu era muito jovem e tinha de conciliar os estudos com o trabalho doméstico. Fazer tudo isso grávida era muito complicado. Os homens podem achar que não, mais a barriga pesa”, diz ela com sorrisos, aos 23 anos e já com o seu segundo filho. Para ela, o apoio da sua família foi fundamental, ajudan-do-a a levar adiante a gravidez, uma vez que naquela situação até pensou em aborto. “Se eu não os tivesse por perto não sei o que teria acontecido”, comenta.

Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que, embora os rapazes não pos-suam as condições biológicas necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa. E se é à menina que cabe a difícil missão de “carregar” o filho no ventre durante toda a gestação, enfrentando as dificuldades e as dores no parto, sem falar da amamentação da criança após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabi-lidade. Por isso, quando uma adolescente en-gravida não é apenas a sua vida que sofre mu-danças. O parceiro, assim como as famílias de

ambos, também passa pelo difícil processo de adaptação a uma situação imprevista.

Para o psicólogo clínico do Hospital Uni-versitário Alcides Carneiro (HUAC), Eugênio Felipe (35), a fase da adolescência é um perío-do extremamente complicado para jovens, isto porque o corpo está passando por profundas transformações, assim como a mente, e está em transição para a fase adulta. “Às vezes, a jo-vem não quer engravidar. No entanto, incons-cientemente, é possível que esse desejo esteja tão palpitante que a leve a se tornar mãe antes do tempo”, comenta o psicólogo.

Eugênio atenta para a hipótese de uma adolescente que viva em um lar desestrutura-do, onde acontecem diversas brigas, os pais são muito severos ou tem algum histórico de alco-olismo. Então, inconscientemente, ela se entre-ga demais a um determinado relacionamento para se livrar de um problema grave, mas, de certa forma, estará criando um problema ain-da maior.

Atualmente, falar sobre sexo deixou de ser um tabu. A informação hoje é uma arma pode-rosa para mudar esse quadro de adolescentes grávidas no país. Mas, essa é uma via de duas mãos. O excesso de informações e liberdade recebida por esses jovens os levam à banali-zação de assuntos como o sexo, por exemplo. Essa liberação sexual, acompanhada de falta de limite e de responsabilidade é um dos motivos que favorecem a incidência de gravidez na ado-lescência.

A consciência deve partir de cada um e os jovens devem se prevenir para poder lidar com a sexualidade na adolescência, principalmente as meninas, uma vez que elas são as mais res-ponsabilizadas pelas conseqüências. É difícil tornar-se mãe quando ainda se está vivendo a condição de filha. g

31março.2010

[ ] “Os homens pensam que não, mas a barriga pesa”

por JEFFERSON FERREIRA

FOTOS: REPRODUÇÃO

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