Revista QQD - Quatro Quatro Dois - Ed. 02

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PALAVRA DO EDITOR Beleza pessoal?

Bem vindos à segunda edição da revista Quatro Quatro Dois. Meu nome é Alex Dudschig e faço parte da equipe do site. Estou aqui para contar um pouco da minha experi-ência e das minhas expectativas quanto ao QQD. Faz pouco mais de um ano que me juntei ao site, convite feito pelo Henrique Chaparro, que era meu colega de colégio e gran-de amigo que a vida me deu. Aceitei o convite, pois vi uma grande oportunidade de ganhar experiência para a área que quero me formar. Entre diversas noticias, posts e di-vulgação que já fiz pelo site, tive um momento muito im-portante na minha vida, e de grande importância para o QQD. Cobrir diretamente do estádio Beira Rio um jogo, era somente um amistoso. Porém o aprendizado foi enorme, ver como profissionais da área trabalham e ter contato direto com grandes jogadores, foi algo inesquecível e que espero repetir ainda diversas vezes.

Minha expectativa e sonho é que o site cresça muito, por-que tem muita gente boa trabalhando nisso. Pessoas com vontade de tornar esse sonho em realidade. Essa revista mensal veio para ficar, com grandes noticias e conteúdo muito bom. É só questão de tempo para que o QQD se tor-ne um meio de comunicação conhecido por todos os aman-tes desse esporte espetacular que é o futebol.

Alex Dudschig

EXPEDIENTE

Diretor-geral do QQDHenrique Chaparro

Editor-chefeYuri Casari

Redatores Arthur Calazans

Eduardo CasparyEduardo Schiefelbein

Leonardo BandeiraLucas Carvalho

Matheus EduardoVicenzo MarconWillian Pereira

DiagramadorYuri Casari

Acesse: www.quatroquatrodois.com

QQD | Quatro Quatro DoisAbril | 2015

Todos os direitos reservados

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SUMÁRIO

Certezas do futebol................................6Dunga: você vai ter que engolir................7Craque do mês....................................10O fim do jogador de um clube só............12Peculariedades do amador....................14Fala amador!.......................................17Entrevista: Eduardo Sasha.....................20Olheiros pelo mundo............................25Entrevista: Kurt Austin..........................27Na memória........................................32A palavra é sua....................................34

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CERTEZAS doFUTEBOL !

Todo ano surgem pelo menos 32 novos Ricar-dinhos no futebol brasileiro, 100% joga na parte ofensiva (meia ou atacante), 50% tem menos de 1,75m e é rápido, 50% tem mais de 1,75m, é técnico e bate todos os escanteios, 84% se aposentará antes de completar 27 anos, 11% irá se transferir para Ásia ou para divisões inferiores da Europa, 4% irá jogar a vida inteira nas séries A e B do brasileiro e 1% sumirá durante a carreira inteira, voltará para o Brasil como veterano renomado, você não saberá quem é, perguntará para seu amigo e ele mentirá dizendo que lembra do jogador, inclusive lembra de um gol dele contra o Goi-ás.

Aquilo que você sempre pensou da maneira que nunca viu

A sentença “Imagina quando o Pelé morrer, cara. O Brasil vai parar”, é dita uma vez a cada 20min no território brasileiro. Em 62% das vezes a resposta é: “Quando for o Ro-berto Carlos vai ser pior”.

Quando você beber com amigos que tor-cem pro mesmo time que você, quando já estiverem bêbados, vocês irão começar a lembrar de jogadores bizarros que já pas-saram pelo clube e rir. Vocês beberão duas outras vezes sem falar nesse assunto e na terceira vez o tema voltará à mesa e vocês vão falar os mesmos jogadores e rir da mes-ma maneira. O ciclo se repetirá para sem-pre ou até seu amigo casar, ter filhos e não ter mais tempo de ir ao bar com você.

Todo Gre-Nal com menos de 9 cartões ou é amistoso, ou é categoria fraldinha (sub-9) feminino com supervisão dos pais, ou é Grêmio x Náutico.

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Não é o Zagallo Mas você vai ter que engolir

Dunga está de volta à seleção após quatro anos fora. Será capaz, como em 94, de superar a derrota da Copa anterior?

Desde o fatídico 7 a 1, algumas coi-sas (finalmente) entraram em discussão no que se refere ao futebol brasileiro, dentro e fora das quatro linhas. Outras, já questionadas antes do “Ôeá”, ganharam uma dimensão me-teórica ao fim da Copa do Mundo. No entanto, a grande surpresa, ao menos até aqui, veio de onde mais se cobra mudanças e melhorias até hoje: a CBF. Muito comentada e, principalmente, criticada pelos brasileiros após o vexame na Copa, a Confederação Brasileira de Futebol precisou se mexer, e não hesitou. O povo pedia Tite, Marín deu Dunga. Criou-se um ambien-te contraditório à CBF por parte dos acom-panhantes do futebol brasileiro. Espalhou-se um discurso de total retrocesso futebolístico e falta de respeito ao torcedor local, entre ou-tras desavenças que colocaram em dúvida a credibilidade que o serviço do novo treinador

poderia trazer. De fato, a CBF não é flor que se cheire, e isso não é novidade. No entanto, há de se elo-giar que, em meio a um momento tão turbu-lento, a entidade tenha tomado uma decisão sensata em um comunicado de aparente in-sensatez. Naquele 22 de julho de 2014, poucos poderiam imaginar que, em tão pouco tempo, o mesmo treinador que confundiria esquemas táticos das equipes onde seus selecionados jogam seria capaz de montar um time compe-titivo e seguro, ao ponto de manter 100% de aproveitamento após oito meses no comando. Oito também foram as partidas disputadas pela seleção desde o retorno de Dunga, com apenas dois gols sofridos. nhou o mundo, e um dos grandes trunfos era justamente o posicio-namento do camisa 2. Ainda relacionando-se a números, é interessante relacionar a efetividade de Dun-

por Matheus Eduardo

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Neymar e Dunga vão muito bem desde a entrada do técnico gaúcho na seleção. O trei-nador nascido em Ijuí perdeu apenas seis dos 68 jogos que comandou pelo Brasil. Neymar tem excelentes 8 gols em 8 partidas pela seleção sob o comando de Dunga.

ga com as atuais críticas à seleção. Durante a Copa, o Brasil sofreu gol em 6 das 7 partidas que disputou. Desde o 3 a 0 sofrido contra a Holanda, no último jogo de Felipão, o Brasil só levou gol em duas partidas, e nunca levando mais de um. Dentre os fatores que mudaram, vale ressaltar a resguarda do time atual, jo-gando “à europeia”, no 4-4-2 sem bola. Que isso deu resultado, não há dúvida, mas ainda existem questionamentos. Embora passe por um perceptível pro-cesso de adaptação, Dunga ainda tem alguns desafios e cobranças. Dentre as questões que ainda precisam ser resolvidas pelo ex-técni-co do Internacional, está a de superar a ideia do “joga bonito”, agora com um planejamento muito mais voltado ao resultado do que à esté-tica do futebol em si. Nas últimas partidas sob o comando do treinador gaúcho, é notória a mudança no estilo de jogo, com jogadas sen-do concluídas em poucos toques. Além disso, há também a expectativa para a disputa de sua primeira competição pela seleção desde

que saíra do cargo, ainda em 2010, após a eli-minação para a Holanda na Copa do Mundo daquele ano. Ainda que tenha um bom retros-pecto contra seleções que disputarão a Copa América deste ano desde que retornara ao cargo (4 jogos e 4 vitórias, contra Argentina, Equador, Colômbia e Chile), existe a cobrança para que a seleção e, especialmente, Neymar, melhorem e apresentem atuações mais con-vincentes, sem apresentar tantas dificuldades. O tempo passa rápido, e a próxima e definitiva convocação, agora com a lista para a Copa América, se avizinha. Em maio, mais precisamente no dia 5, serão conhecidos os 23 atletas que irão ao Chile buscar mais um tro-féu para a seleção brasileira. Para Dunga, mui-to mais do que isso. É a hora para se afirmar e conseguir a tão almejada tolerância do tor-cedor brasileiro para com ele e seu trabalho, muito competente até aqui. O futebol sempre reserva surpresas, e a estabilidade da seleção em sua “nova era” é uma delas. Que chegue para ficar!

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www.escrevendofutebol.com.br

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CRAQUE DO MÊS

Ele tá de volta! Com grandes atua-ções, Lionel Messi cresce em feve-reiro e é o grande responsável pelas recentes boas atuações do Barça. Mereceu o título de Craque do Mês do QQD. Te cuida Cristiano Ronal-do!

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Estamos assistindo momentos e atitu-des mudarem, e alguns diriam que é um mo-mento triste no futebol: a extinção do one-club man. Longe vão os dias de Gerrard e Totti que permaneceria no seu clube independente se enchesse sua prateleira de troféus ou não, se destacaram por seus clubes nos bons e maus momentos, apesar de inúmeras ofertas que lhe rendessem maiores projeções e dinheiro. É um momento triste para os fãs de futebol. Costumam dar a vida pelos seus clu-bes, naturalmente se tornam lendas; alguém que os fãs poderiam cantar músicas sobre até depois de sua morte. No futebol moderno te-mos alguns exemplos como Maldini, que ves-tiu a camisa do Milan por 25 anos e tendo ain-da como um feito considerável ter o respeito dos torcedores da Inter de Milão, que revelou uma bandeira mostrando o seu respeito por ele em seu último jogo derby, uma ocorrência rara. Outros nomes como Giggs, Tony Adams, Puyol, Carragher, Scholes, os brasileiros Mar-cos e Rogério Ceni (recordista de partidas por um único clube e ainda em atividade), entre tantos outros. Algumas décadas atrás esse tipo de jo-

A extinção do jogador de um clube só

por Arthur Calazans

gador era muito comum, mas tornou-se uma escassez no futebol moderno. Existe um nú-mero pequeno de jogadores world class que só tenham servido a um único clube. Tornou--se aceitável assistir jogadores como Robin Van Persie deixar o clube que os torcedores apoiaram por anos, mesmo com lesões atrás de lesões, apenas para que possa sair e ga-nhar uma medalha da Premier League em ou-tro lugar. Em contra partida são descobertas lealdades incríveis, dando como exemplo o Gerrard ao recusar ofertas do Chelsea e Real Madrid, a fim de permanecer no seu clube de infância. No futebol moderno, tanto clube como jogadores têm removido a lealdade da equa-ção e acrescentou a linha dinheiro. Este ano vimos o Chelsea liberar um dos maiores joga-dores de sua história, Frank Lampard. O inglês muitas vezes declarou o seu desejo de per-manecer no clube e se aposentar vestindo a camisa dos Blues. Agora temos uma visão, um tanto, inimaginável de Frank Lampard no azul do Manchester City marcando contra seu anti-go clube. É difícil crescer em uma época em que até jogadores como Frank Lampard são ago-

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ra considerados excesso a exigência. É difícil ouvir as pessoas em torno de você se acostu-mar com a ideia de vender jogadores forma-dos quando eles sentem que podem fazer um lucro fora deles. Torcedores de todas as equipes com-preende a dor de vender um jogador, que até aquele momento havia dedicado toda a carreira ao clube, apenas caminhar ou, em al-guns casos, ser empurrado para fora. Temos o exemplo do Manchester United com Welbeck. Embora não seja um exímio jogador, Welbeck é um jovem rapaz, nascido e criado em Manchester, que chegou a equipe profis-sional através da academia, para jogar por seu clube de infância. No ínicio ele mostrou um grande potencial e ganhou apoio de gran-de parte dos torcedores do Machester United,

mas quando a situação ficou crítica, o clube de-cidiu que não havia mais espaço para o jovem atacante. Lendas do clube como Paul Scholes e Gary Neville se mostraram insatisfeitos com a venda do atleta, por exemplo. Sentimos que este é um exemplo do que está errado com o futebol. Quando você tem um jogador em um clube de alto nível , é deixado de lado por-que o clube só os enxergam como excedente quando eles têm poder financeiro suficientes para contratar Falcao. A extinção do one-club man é uma evolução triste do negócio do futebol e que ninguém esperava que viria. Os clubes e jo-gadores devem lembrar que é o amor dos tor-cedores é o maior prêmio de todos. O prêmio que será realmente lembrado e valorizado para as gerações vindouras.

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Peculariedades do amadorO charmoso Campeonato Amador de São João

O termo ‘futebol amador’ pode ter inú-meras definições. Uma delas, inclusive, está na própria frase: praticado por amadores. Mas, em São João da Boa Vista, interior de São Pau-lo, os tais amadores não levam ao pé da letra essa expressão. O torneio, que existe há mais de 70 anos, é levado, e muito, a sério. Não só por jogadores, treinadores, comissões técni-cas e dirigentes, como também para torcedo-res. Muitos deles. Dividido em dois formatos, o Amador da cidade possui primeira e se-gunda divisão, além de acontecer duas vezes por ano. No primeiro e no segundo semestre. Atualmente, as equipes são mais que partici-pantes. Possuem patrocínios, diversos investi-dores e com todos os holofotes direcionados para si, o campeonato atrai muitos jogadores, entre. Um deles, o artilheiro Finazzi, que antes de sua passagem pelo Corinthians, defendeu o Pratinha Futebol Clube, tradicional equipe

do Amador sanjoanense. Recentemente, mas não com o mesmo brilho do ex-atacante, o la-teral Alex Cazumba, ex-São Paulo e LA Galaxy (EUA), disputou o mata a mata do torneio pelo Olaria São Pedro, no ano passado.

O homem de 5 mil

Em janeiro deste ano, durante a pré--temporada – sim, eles têm pré-temporada – o atacante Leandrinho, da Associação Atlética Vargeana, de Vargem Grande do Sul, trocou a equipe pela Sociedade Esportiva Grupo JCN, equivalente ao ‘Chelsea’ de São João. Já apre-sentado, com camisa e tudo, foi procurado pelo ex-clube para que desfizesse o negócio e retornasse à equipe vergangrandense. O va-lor da proposta? 5 mil reais por mês. Qualquer jogador do futebol amador, em condições lúcidas aceitaria, sem pensar, a oferta. Todo esse dinheiro para atuar em quatro jogos por mês visto que o torneio acontece somente aos domngos. Mas, Leandrinho recusou. Deu

por Willian Pereira

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a palavra ao seu novo time e permaneceu. Se-gundo ele, a oportunidade de futuramente se profissionalizar pesou na escolha.

A origem

Tudo teve inicio no final da década de 1930, quando a Companhia Cosmos de Capi-talização, numa maneira inteligente de envol-ver os cidadãos da época, passou a organizar os Campeonatos Classistas, onde envolviam diversas entidades e segmentos de prestação de serviços à comunidade, como bancários, marceneiros, guarda-livros, pedreiros, pa-deiros, comerciários, gráficos e entre outros. O torneio alcançou tamanha proporção que, em 1947 – já com a presença de clubes com certa tradição na cidade – foi estabelecida a Comissão Extra de Futebol (CEF), para or-ganizar os campeonatos locais, por iniciativa de Francisco Pedro Regini. A CEF permane-ceu ativa até 2 de junho de 1953, quando se transformou em Liga Sanjoanense. O primei-ro Campeonato Amador sob a tutela da nova entidade foi organizado no mesmo ano da sua fundação, com as presenças do Jabaquara (1º campeão da Liga), Ponte Preta, Pratinha, In-dustrial, Comerciários, Harmônicas Sartorello, Bangu, Canto do Rio, Grêmio Caselatto, DER, São Lázaro, Palmeiras e Sociedade Esportiva Sanjoanense. Nesta altura, a maioria dos times classistas já tinha saído de cena. Os Campeo-

natos Amador e Extra – este idealizado para contemplar equipes de menor expressão – seguiram a todo vapor. Ainda na década de 1950, inovações foram surgindo com a inclu-são do Torneio Início, uma espécie de “avant- première” da competição que estava por vir. Nele, os atletas que defenderiam as equipes na temporada se apresentavam para a torcida desfilando no gramado. Com a natural evolu-ção técnica dos participantes, alguns saíram do âmbito caseiro para se destacar em nível regional e estadual. Foram os casos de Rosá-rio e Pratinha, campeões estaduais em 1961 e 1973, respectivamente. “Craques em profusão desfilavam pelos gramados, cobiçados por agremiações de renome do interior e capital”, destaca o historiador do futebol sanjoanen-se, Antonio Carlos Nogueira, conhecido como Leivinha, em referência a João Leiva Campos Filho, o Leivinha, que atuou na Sociedade Es-portiva Palmeiras.

Liga Sanjoanense

Por fim, em 2001, numa maneira de abranger outras modalidades além do fute-bol, foi idealizada a Liga Sanjoanense de Des-portos, responsável por administrar o Campe-onato Amador nas duas edições anuais, para manter em atividade por todo o ano os times filiados. “Nos dias de hoje, a credibilidade na organização do evento é notória e faz crescer o número de equipes, não somente sanjoanen-ses, como tem atraído as de cidades vizinhas, com respaldo e envolvimento de empresários, afinal, vivemos a época do merchandising”, comenta O conjunto da obra, felizmente, nos leva a crer que o futebol profissional está a ca-minho de se restabelecer em São João da Boa Vista. Hoje, o torneio conta com 34 equipes: 14 na elite e 20 na segunda divisão. São mais de 500 atletas em atividade. “É referência no estado de São Paulo e pode, muito bem, forne-cer subsídios para uma forte seleção ser pro-jetada para representar, com dignidade, nos-sa vasta região em competições da Federação Paulista”, finaliza Leivinha.

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Fala amador!Mateus Moraes, jogador amador de Porto Alegre, relata as dificuldades e as vantagens do futebol amador

Em tempos de evolução tática, está-dios modernos, conceitos de Arena e arquiban-cada elitizada, vamos desbravar rapidamente (até porque entrevistado e entrevistador não ganham (ainda!) a vida com o futebol) os ca-minhos do futebol amador. Arquibancadas de concreto. Isso quando há arquibancada. Cer-cas de arame liso e, em alguns casos, até ara-me farpado. Partidas disputadas nos horários de PPV: Para Poucos Verem. O time do Estrela Solitária FC (03/03/1990), atual campeão da Taça Metro-politana de Porto Alegre, com uma campanha invicta (9 jogos, 7 vitórias e 2 empates, 20 gols marcos e 10 sofridos) será o clube a nos aju-dar a entender e mostrar a todos que o futebol amador sustenta pelo menos o sonho de mui-tos atletas por todo o mundo. A equipe conta também com o goleador da competição, Vini Vargas (12 gols), e o ex-jogador do Cruzeiro--POA, Adilson, que atuou no clube em 2011. Quem irá responder ao QQD sobre curiosidades, rivalidades e desilusões do fu-tebol amador será o jogador Mateus Moraes. Nascido em Cachoeira do Sul-RS, o ambides-tro veloz de 27 anos nos conta como é o dia a

dia (ou às vezes somente o dia) do jogo.

QuatroQuatroDois: Como foi a experiência de ser campeão?Mateus Moraes: Foi muito especial para toda a equipe, pois chegamos ao campeona-to apenas como mais um time desconhecido. O favorito era o Chineiro. Aos poucos, fomos mostrando nossa força. Graças a Deus, conse-guimos o que sempre almejamos, que era o título. Foi fantástico.

QQD: Na final contra o Bola Preta, você foi escolhido pra ser um dos cinco batedores de pênalti. Na hora da cobrança, o que passou pela tua cabeça? Teoricamente, não tem a co-brança de uma grande torcida, mas tem muito da cobrança pessoal...Mateus: Foi tranquilo. Senti as pernas pesa-das, mas isso é normal numa decisão. Fui con-fiante pra batida e deu tudo certo. Bucha!

QQD: E como é a preparação para os jogos? Todo mundo trabalha ou estuda, às vezes até os dois. Como vocês treinam a equipe, física e taticamente?Mateus: Sim, todos trabalham. Como os jo-

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gos são nos fins de semana, não dá tempo de treinar. Vamos ajeitando a equipe a cada jogo, vendo quem está melhor e vamos fazendo as mudanças necessárias. Às vezesl nos reuni-mos na semana para tratar alguns detalhes da próxima partida. Mas nem sempre todos po-dem comparecer, e isso acaba ficando para momentos antes de cada partida.

QQD: Dependendo do local do jogo, o bicho pega. Já ouvimos relatos de jogos que a torci-da adversária ameaçava o visitante. Qual foi a pior situação que tu já passaste?Mateus: A pior situação foi na semifinal do campeonato, contra o Biro-Biro, onde fizemos uma das melhores partidas do ano, mas infe-lizmente, no final da partida, os torcedores do Biro Biro puxaram duas armas e ameaçaram o pai de um dos nossos jogadores. Segundo eles, o pai do Caio (jogador do Estrela) teria xingado a mãe de um torcedor. Acabamos nos vendo numa situação de muito pavor, já que poderia ter terminado de uma maneira muito pior. Graças a Deus,a própria equipe do Biro--Biro ajudou a acalmar os torcedores. Como era o primeiro jogo da semifinal, não houve o jogo de volta devido ao ocorrido, eliminando

eles e nos colocando na final.

QQD: Os clubes do futebol amador depen-dem muito do apelo e do apoio dos bairros. Muitos dos times amadores foram formados por amigos de bairro, inclusive o Estrela. Ano passado conseguiu levar bastante gente pra final, no campo da Universidade da PUC, em Porto Alegre. Mas nos outros jogos, como fo-ram?Mateus: Infelizmente, não é sempre que te-mos torcida nos jogos, devido ao local dos jo-gos e a distância. Isso acaba prejudicando a torcida, que por vezes não pode comparecer.

QQD: Lembrando todos os campos que tu já jogaste, como foi disputar essa final na PUC, onde Inter e Grêmio também já jogaram?Mateus: Pro nosso time foi muito bom, pois temos jogadores rápidos. Como o campo é grande, nos ajudava nos contra-ataques. Mes-mo assim desperdiçamos algumas chances claras de gol, o que acabou levando o jogo pros pênaltis. Foi bom também para nossa tor-cida, pois era perto e de fácil acesso. Dessa forma, compareceram em grande número.

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QQD: Qual é a principal motivação: paixão por jogar bola ou tentar algo maior? Tem jo-gador com 40 anos jogando...Mateus: Acredito que de quase todos seja paixão por jogar bola. Ainda não temos joga-dor de 40 anos, mas o Vulk, nosso capitão, está chegando lá! (risos)

QQD: Lá em Cachoeira do Sul, você jogou em algum time? O futsal é bem forte lá também.Mateus: Sim, o futsal é forte na região. Hoje, o Cachoeira já está no terceiro ano seguido dis-putando a Liga Série Ouro. Na época em que morava em Cachoeira do Sul, acabei jogando dois anos no São José de Cachoeira. Joguei o Gaúchão de juniores. Na Ulbra, joguei 4 anos. Hoje, não tem mais nenhum clube de futebol de campo, todos fecharam. Há somente várzea em Cachoeira.

QQD: Tu alguma vez tentaste fazer o famoso “peneirão” no Inter, Grêmio, ou até no São Jo-sé-RS e no Cruzeiro-RS?Mateus: Infelizmente, nunca tive oportunida-de.

QQD: Aquela perguntinha clichê: qual joga-dor que é o teu espelho? E a qual tu comparas o teu futebol?Mateus: Não me espelho em nenhum joga-dor, mas admiro muito o Ronaldo Fenômeno.

QQD: O que tu poderias dizer que no futebol amador tem, que no profissional não encon-tramos hoje?Mateus: Posso dizer que a vontade, a pega-da que falta em muitos jogadores hoje em dia. Ninguém mais tem amor à camisa, todos jo-gam por dinheiro. Na várzea, no amador, você vê todos dando o sangue, arrastando a bunda no chão e muitos não recebem nada por isso, apenas o fato de defender seu time, seu bair-ro, correr pelos seus companheiros, a vontade de vencer sempre.

QQD: O futebol amador muitas vezes é visto como jogo truncado, truculento e meio violen-

to às vezes. Como tu és um jogador que tem habilidade, tenta drible e vai pra cima, sofre mais com entradas duras?Mateus: Sim, isso acaba ocorrendo com qual-quer jogador que começar a ir pra cima. Você vai acabar recebendo uma entrada mais forte.

QQD: Quais são as maiores dificuldades de divulgação dos campeonatos?Mateus: Cara, é difícil dizer. Poderia te dar várias. Mas a principal acho que seria o retor-no financeiro.

QQD: Tu achas que as prefeituras, o Estado ou a própria FGF (Federação Gaúcha de Fute-bol) poderiam apoiar mais o futebol amador?Mateus: Ah, com certeza. Pelo menos em campos de futebol. Hoje não temos nenhum campo de Porto Alegre com condições de jo-gar uma partida do campeonato. Antigamen-te, tínhamos o Humaitá, com ótimos campos. Hoje, só tem de clubes, como o SESC. Só que o aluguel do campo é muito caro. Como não temos patrocínio para pagar o campo e mais o trio de arbitragem, acabamos buscando ci-dades como Canoas, Viamão, Cachoeirinha, onde tem vários campos e com preço bem mais acessível.

QQD: Se fosse profissional, claro, seria remu-nerado. Mas como ficam as premiações, vitó-rias?Mateus: Fica tudo com o responsável que cui-da da parte financeira. Hoje, quem faz esse pa-pel é o nosso artilheiro Vini Vargas. O dinheiro que conseguimos é sempre pra pagar os cam-pos, a arbitragem, comprar fardamentos e fa-zer nossa festa no final de ano. Que esse ano a festa seja com mais títulos.

QuatroQuatroDois: Num clima mais descon-traído: tem alguma história engraçada pra re-latar?Mateus: Bah, tem várias. Mas, de momento, o mais engraçado é a nova contratação do Estre-la: o Istael. O bicho é muito feio (risos).

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Entrevistapor Henrique Chaparro e Vicenzo Marcon

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A HORA DESASHA

Um atacante voluntarioso, que ataca e defende com a mes-ma intensidade. O “moderno” Eduardo Sasha nem parece

ser daqui. O jogador de 1,73cm conquistou a torcida colora-da e vem sendo o grande destaque do Inter na temporada. Mas isso não para por aí. Ele diz que ainda há muito para conquistar durante o ano, principalmente o seu maior so-

nho: a Libertadores. Confira a entrevista na íntegra a seguir.QuatroQuatroDois: Como foi o teu início no futebol?Eduardo Sasha: Um início difícil, como o de todo mundo que sonha em ser jogador. Estou desde os nove anos aqui, treinava todo dia, pe-gando ônibus, passando por várias situações. O começo sempre é difícil, mas o mais difícil é se manter no profissional. Agora é manter e seguir fazendo um bom trabalho.

QQD: De onde vem o apelido “Sasha”?Sasha: Isso é uma história antiga. Quando eu tinha 8 anos, comecei a jogar bola junto com o meu irmão. Chamavam ele de Xuxa. Naquele ano, a Sasha nasceu, então o apelido acabou pegando.

QQD: Qual é a tua avaliação sobre o trabalho do Diego Aguirre?Sasha: É um cara que está procurando o tra-balho dele, assim como a gente. Acho que ele está fazendo um bom trabalho. É preciso tem-po e paciência. Ele tem muito a nos ajudar, é

um técnico que recém chegou no Brasil e quer alcançar seus objetivos. Agora é dar continui-dade e fazer uma boa Libertadores.

QQD: Vários torcedores te classificam como o melhor jogador do Inter na temporada. Qual é o grande motivo dessa boa fase?Sasha: Fico feliz com isso. Acho que todo mun-do sempre se prepara pra fazer uma boa tem-porada, me preparei bem. Agora é desfrutar desse trabalho e seguir trabalhando pra evo-luir durante o ano. Temos muito a conquistar ainda nessa temporada.

QQD: Muitos te definem como um jogador versátil, moderno. Isso vem desde pequeno ou foi algum técnico em especial que traba-lhou isso contigo?Sasha: Isso vem desde a base. Já joguei até de ala direito lá, atacante, meia... É algo que já vem desde pequeno, que eu já trabalho há anos.

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QQD: Você já jogou em várias posições. Cen-tralizado, aberto, mais avançado... Onde tu preferes jogar?Sasha: Eu prefiro jogar (risos). Onde ele me botar, seja no meio, pelos lados. O importante é estar sempre prepara-do pra jogar.

QQD: O Aguirre já fez vários testes no time, al-terando esquemas e até jogadores. Tu tens algum esquema preferido?Sasha: Eu consegui me adaptar em todos que eu joguei até hoje, então independente do esque-ma, acho que o impor-tante é jogar. O esque-ma que ele definir eu estou pronto pra fazer o meu melhor.

QQD: Tu achas que a tua passagem no Goiás

foi fundamental pra essa boa fase?Sasha: Com certeza. Foi uma boa passagem. Lá (no Goiás) eu ganhei maturidade, experi-ência. Foi a primeira vez que saí de Porto Ale-gre. Isso com certeza me tornou um jogador

mais maduro e expe-riente.

QQD: Muitos te com-param ao Sobis, não só fisicamente, mas tam-bém no estilo de jogo. Ele é um ídolo pra ti? Se sim, tu tens algum outro ídolo?Sasha: A inspiração tem que vir de si mes-mo. Claro que a gente acaba se espelhando

em algum jogador. Pela história que ele (So-bis) tem, por tudo que ele conquistou, com certeza é um espelho pra nós. Se eu conquis-tar o que ele conquistou e fazer a história que

“Meu foco é total no Inter e nessa

Libertadores, que é um grande sonho

pra mim.”

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ele fez, com certeza já é um grande passo.

QQD: Você comentou em fazer histó-ria pelo Inter. Houve alguma propos-ta por ti na última janela? Se houve, tu pretendes sair mais cedo ou mais tar-de daqui?Sasha: Sempre quis ficar aqui, não pre-tendo sair em momento algum. Meu foco é total no Inter e nessa Libertado-res, que é um grande sonho pra mim.

QQD: Falando na Libertadores, quais são os adversários mais perigosos na tua opinião?Sasha: Acho que o Corinthians é um grande adversário, pela equipe, pelo conjunto. Acho que os times brasilei-ros com certeza irão dar mais trabalho pra gente nessa Libertadores. Tem o Boca também, que sempre é forte. Li-bertadores não tem um grande favo-rito, todo jogo é difícil e acredito que todos tem condições de fazer um bom campeonato.

QQD: Como é ter uma grande concor-rência no ataque, já que o Inter é bem servido nesse setor?Sasha: São grandes jogadores, de alto nível, mas sempre penso em dar o meu melhor a cada dia, tanto nos trei-nos quanto nos jogos. O Inter sempre foi assim, com grandes jogadores. Es-tou no caminho certo. Quero continuar fazendo boas partidas pra garantir o meu lugar na equipe.

QQD: Você já atuou com praticamente todos os jogadores no ataque. Qual é o teu parceiro ideal?Sasha: Gosto de jogar com todos. São bons jogadores. Nilmar, Lisandro Ló-pez, Rafael Moura, Vitinho... Indepen-dente de quem for o companheiro, es-tarei bem servido. •

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OLHEIROS PELO MUNDO

Chambers HøjbjergEl Ghazi O ponta direita ho-landês com descendência marroquina estreou esse ano pelo Ajax, de Amster-dam e já é um importan-te jogador no elenco. Em 34 jogos pelo time, tem 10 gols e 8 assistências. Bom pelo alto, decisivo nas assistências e dotado de um excelente drible, Anwar El Ghazi pode ser uma carta na manga para a Laranja Mecânica nos próximos anos.

Com capacidade de passe acima da média, além de saber defender, o jovem dinamarquês Pierre-Emile Højbjerg, que pertence ao Bayern de Munique, tenta seu es-paço hoje no Augsburg. Em oito jogos no time, já tem uma assistência e 75% de acertos nos pas-ses. Parece ter consegui-do um lugar no time titu-lar do Augsburg. É uma grande esperança para a Dinamáquina, que busca voltar aos tempos glorio-sos.

Formado na famosa categoria de base do Sou-thampton, Calum Cham-bers jogou a temporada 2013/14 como titular nos Saints. A grande Premier League do zagueiro-la-teral o levou ao Arsenal. Pelo time londrino, já tem 27 jogos, um gol e duas assistências. Tem bom passe (para alguém de sua posição) e é bom pelo alto. Entretanto, é sofre com problemas discipli-nares. Já levou 7 cartões amarelos e um vermelho, só nessa temporada. É uma boa alternativa mul-tifuncional para o English Team.

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Kurt Austin fala sobre o Sporting Kansas City com exclusividade para o QQD

A Major League Soccer chegou a sua vigésima temporada, e com o surgimento de novos times, e investimento maciço da liga em jogadores, estruturas e divulgação do esporte, a MLS e o futebol dos Estados Unidos come-çam a atrair os olhares de todo o mundo. Na última Copa do Mundo, as partidas da seleção norte-americana lideraram a audiência das TV’s locais, consagrando alguns atletas, como o goleiro Howard como heróis nacionais. Todo esse desenvolvimento foi muito rápido, e jus-tamente para falar sobre a história do futebol

(o nosso futebol) nos Estados Unidos, para tra-zer conteúdo sobre a MLS e as demais compe-tições, que começa hoje a seção Soccer Is On The Table aqui no Quatro Quatro Dois. Eu poderia ficar aqui por parágrafos e mais parágrafos falando coisas que você pro-vavelmente já sabe sobre a Major League Soc-cer, e algumas que você talvez não saiba. Mas, venhamos e convenhamos, ouvir essas coisas de mim é uma coisa, mas ouvir essas coisas de alguém que realmente vive dentro des-

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se ambiente é algo totalmente diferente. Por isso, nós tratamos de arranjar uma entrevista para abir a nossa humilde seção com chave de ouro, e chamamos Kurt Austin, diretor de comunicações do Sporting Kansas City, para responder algumas perguntas sobre a estrutu-ra do clube, sobre a MLS, outros assuntos (por Lucas Carvalho):

QQD: Qual é a diferença do Sporting Kansas City para as outras equipes do campeonato?Kurt Austin: O Sporting Kansas City é uma das 10 equipes originais da Major League Soccer, e celebra agora a vigésima temporada liga em 2015. A equipe ganhou duas vezes a MLS Cup (2000, 2013) e o Lamar Hunt US Open Cup (2004, 2012) para se juntar ao título de adeptos (2000). O Manager Peter Vermes é o único indivíduo na história MLS a ganhar MLS Cup como jogador (2000) e treinador (2013) para a mesma equipe.

QQD: Como é a infra-estrutura do Sporting Kansas City?Kurt Austin: A equipe joga no Sporting Park, que foi inaugurado em 2011 e tem atraído a atenção internacional como um dos melhores

estádios do seu tamanho em todo o mundo. Além disso, o centro de treinamento da equi-pe – o Swope Futebol Village – recentemente passou por uma expansão no valor de 15,5 mi-lhões dólares e agora apresenta nove campos de tamanho integral (seis de grama sintética, e três de grama natural).

QQD: Como o clube recebe jogadores estran-geiros?Kurt Austin: O elenco do Sporting Kansas City possui jogadores de todo o mundo, incluindo dois nascidos no Brasil (Benny Feilhaber e Paulo Nagamura). Três jogadores participa-ram da Copa do Mundo FIFA 2014 (Graham Zusi e Matt Besler para os Estados Unidos; Ro-ger Espinoza para Honduras), enquanto outros são atualmente ativos com suas respectivas se-leções nacionais: Krisztian Nemeth (Hungria), Soni Mustivar (Haiti), Jon Kempin (Estados Uni-dos) e Marcel de Jong (Canadá).

QQD: Como é o comportamento dos torcedo-res locais? Costumam ir aos jogos?Kurt Austin: O Sporting Kansas City vendeu 55 partidas consecutivas da MLS no Sporting Park desde 2012 e tem milhares de pessoas

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em lista de espera para receber ingressos para a temporada, que são limitados a 14.000. Em 2014, a equipe bateu o recorde em uma única temporada pela média de mais de 20.000 tor-cedores por jogo – bem acima da capacidade do estádio de 18.467 graças a parte do estádio destinada a torcedores em pé.

QQD: Vocês já tiveram um treinador ou um jo-gador brasileiro?Kurt Austin: Entre os jogadores do Brasil na história da equipe estão Diego Walsh, Jefer-son, Julio Cesar, Paulo Nagamura, Benny Fei-lhaber e Igor Julião. Além disso, o preparador físico Manoel Mateus é Brasileiro.

QQD: O que o Sporting KC espera para essa temporada? Kurt Austin: Em 2014, o Sporting KC voltou para a Conferência Oeste – considerada muito mais competitiva do que a Conferência Leste neste momento. Além disso, o Sporting Kansas City vai jogar em 2015 a Lamar Hunt US Open Cup – um torneio de eliminatória simples de 91 equipes, com o vencedor qualificado para a 2016-17 CONCACAF Champions League.

QQD: Vocês procuram recrutar atletas de todo o mundo?Kurt Austin: Sim, o Sporting Kansas City ofe-rece atualmente as oportunidades de desen-volvimento por meio de quatro equipes da Academia do clube, no Sub-12, Sub-14, Sub-16 e Sub-18. Três jogadores da Academia assi-naram contratos caseiros (Erik Palmer-Brown, Jon Kempin, Kevin Ellis) com a equipe profis-sional e um dos melhores desempenhos neste ano na Academia de Desenvolvimento US Soc-cer é o atacante Daniel Salloi, do Sub-18 do Sporting KC, que é um membro da o sistema de seleção de jovens da Hungria. Além disso, o clube tem 14 Academias Afiliadas em todo o Centro-Oeste para identificar jogadores de elite na região e um total de 65,000+ membros ativos que são filiados do Sporting Kansas City.

QQD: Qual é a visão de vocês sobre o futebol brasileiro?Kurt Austin: O Sporting Kansas City tem uma parceria formal com o Fluminense, que se es-tende até 2016 em que ambas as equipes co-operam para sucessos tanto dentro como fora de campo. Juntos, compartilhamos uma visão para apoiar o sucesso contínuo do futebol, tan-to nos Estados Unidos e no Brasil.

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A gaveta do Maraca

por Eduardo Caspary

Perto das 18h do dia 27 de maio de 2001, o servo-brasileiro Dejan Petkovic, man-to rubro-negro estampado no peito, encontrou o ponto G do Maracanã. Foi a um lugar que ninguém esteve antes. Fez de uma simples cobrança de falta uma pintura de um qua-dro. Bateu no ângulo dos ângulos da goleira de Helton, estufando violentamente as redes e decidindo a favor do Flamengo o título do campeonato carioca de 2001 e o Clássico dos Milhões daquela tarde, que, sem a mesma car-ga de dramaticidade, se repete neste final de semana. Com a vantagem obtida pela vitória de 2×1 no jogo de ida, o Vasco, de Papai Joel, viu escapar na última bola uma conquista pre-senciada por mais de 60 mil devotos do fute-bol. Não que importe alguma coisa, mas an-tes da falta de Petkovic houve um jogo. No pri-meiro tempo, a agitação e o nervosismo inibi-ram qualquer possibilidade de bom futebol. O

velho mantra de quem tem alguma vantagem se repetia: o Vasco, com o afago que o empa-te proporcionaria, esperava atrás, nos contra--ataques, enquanto o Flamengo, necessitado, saía em disparada ao ataque na busca inces-sante pelos dois gols que poderiam lhe dar o tricampeonato. Ainda no início, Viola obrigou Júlio César a salvar o Fla. Mas, aos 23, o late-ral esquerdo Cássio foi derrubado dentro da área pelo lateral Clebson, que morreria ainda naquele ano num acidente de carro, em lance que o juiz Leo Feldmann não hesitou em tri-lar o apito e pôr na cal. Edilson, o capetinha e artilheiro do certame, fuzilou Helton e pôs o rubro-negro a um gol do título. No entanto, quem viria a balançar o barbante no restinho de primeiro tempo seria o Vasco. Primeiro com Euller, num gol anulado pelo bandeirinha por impedimento. Depois, com Juninho Paulista, capitão do cruzmaltino naquela tarde, que aparou com perfeição um passe de Viola, 1×1. De novo, Juninho. Nos pés

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dele esteve a chance de liquidar o rival e o campeonato. Minutos após o empate, o meia fez fila entre os zagueiros do Fla e, cara a cara com Júlio, bateu fraco, facilitando o trabalho do arqueiro selecionável anos depois. Final de primeiro tempo. Agora, o Flamengo corria contra o tem-po. Pouco mais de 45 minutos a considerar os acréscimos para fazer dois gols, não tomar nenhum e conquistar pela quarta vez um tri-campeonato carioca. Logo aos 8 min, começa-va a brilhar a estrela de um certo camisa 10. Petkovic recebeu na esquerda, aproximou-se da linha de fundo e viu Edilson surgir como um vulto por trás da zaga: cruzamento certei-ro para o artilheiro do carioca testar para as redes. o 2×1 colocava fogo no jogo. Embora tivesse se aproximado de reverter a vanta-gem, os comandados de Zagallo viram o Vasco crescer na partida e empilhar chances perdi-das. Primeiro com Juninho, em falta batida no

poste de Julio Cesar, e depois com Euller, que chegou a driblar o goleiro em outro lance que exalou perigo. Quando tudo já se encaminhava para um desfecho favorável aos cruzmaltinos, quando os refletores do Maracanã já eram úteis para iluminar um domingo que ia embora no Rio de Janeiro, Edilson cavou uma falta na entrada da grande área e deu um resquício de esperan-ça aos mais desacreditados torcedores. Seria a última chance. A glória ou a decepção de milhares de apaixonados repousavam sobre o pé direito de Petkovic segundos antes do disparo. Tiro certeiro. Curva magnífica. Para um Maracanã silencioso em sua trajetória, a bola entrou no único lugar que poderia. Hel-ton chegou a triscar, mas não evitou que ela beijasse fervorosamente as redes da goleira. O título era do Flamengo. O tri veio assinado por uma cobrança legítima de um camisa 10 rubro-negro.

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A palavra é sua por Leonardo Bandeira

É possível um movimento que durou apenas dois anos (1982-1984) poder marcar para sempre a história do futebol brasileiro (e até mundial)? O Corinthians fez isso. Na déca-da de 80, o Brasil vivia o período da ditadura, onde o povo sequer tinha o direito de escolhar o seu representante político, ou seja, o voto era quimérico. Na Democracia Corinthiana, todo membro tinha direito a um voto, tendo assim o voto do roupeiro o mesmo valor da escolha de um diretor de futebol. Todos os assuntos inter-nos do clube eram decididos por votação.Das várias eras que teve o nosso futebol, como o Palmeiras Parmalat, o Flamengo de Zico, o Santos de Pelé, entre outras, a do Corinthians foi uma das mais marcantes, tendo o time uma temporada decepcionante em 1981, tanto no Campeonato Brasileiro quanto no Paulista. O

time alvinegro começava uma mudança. Aca-baria a gestão do presidente na época, Vicen-te Matheus, e seria eleito Waldemar Pires, que contrata Adilson Monteiro Alves como novo dirigente de futebol do Corinthians.No livro “Casagrande e seus demônios”, Gil-van Ribeiro define Adilson como “um jovem sociólogo com ideias revolucionárias para a administração esportiva”. A forma como Adil-son agia era a seguinte: considerava ouvir os jogadores e membros da equipe paulistana uma de suas mais importantes funções, tendo jogadores considerados “cabeças pensan-tes”, como Sócrates, Wladimir e Casagrande. Iniciava-se assim uma revolução: a Democra-cia Corinthiana. Figura 1 Adilson e Casagrande na comemora-ção do titulo paulista de 83

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Desde então, foi implantando no Corinthians uma autogestão, que tem como definição a ad-ministração de um organismo por seus parti-cipantes, tendo no Corinthians todos mais va-riados assuntos como contratação, regras de concentrações, consumo de bebidas alcoóli-cas e até escalações definidas por votações. Cada voto tinha peso igual.Foi do publicitário Washington Olivetto e do jornalista Juca Kfouri (que criaram o termo “Democracia Corinthiana”) a ideia de colocar dizeres publicitários em suas camisas de jogo, como ”Diretas Já”, ”Eu quero votar” e “vote dia 15”. Essas eram algumas das constantes ma-nifestações que se podiam ver nos uniformes corintianos da época, causando uma irritação por parte dos militares, que acabaram exigin-do a atenuação do clube Paulista, através do brigadeiro Jerônimo Bastos.

Mas a mudança no clube não foi apenas sócio--política. O início da Democracia Corinthiana também surgiu efeito nos gramados. Isso se comprova com o time paulista campeão nos Paulistas de 82 e 83. Mas isso logo mudaria. Em 84, deu-se início ao Clube dos 13, grupo criado para defender os interesses dos ditos 13 clubes grandes do futebol brasileiro. A au-sência de um presidente era um impedimento de participações em competições oficiais.Amargurando resultados ruins nas tempo-radas 84 e 85, o Timão viu sendo trazido um novo modelo de futebol vindo da Europa com meios privados de gestão dos clubes. Com a saída de Sócrates da equipe, ficou decretado assim o fim de uma das mais marcantes eras do futebol brasileiro: a Democracia Corinthia-na.

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