Revista Rio Pesquisa 11 2010

65
9 771983 190002 IS SN - 1983-1900

description

revista

Transcript of Revista Rio Pesquisa 11 2010

  • 9771983190002

    ISSN

    -1

    983-1900

  • 1 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III SUMRIO

    EXPEDIENTEEXPEDIENTEEXPEDIENTEEXPEDIENTEEXPEDIENTE

    Governo do Estado do Rio de JaneiroGoverno do Estado do Rio de JaneiroGoverno do Estado do Rio de JaneiroGoverno do Estado do Rio de JaneiroGoverno do Estado do Rio de JaneiroGovernador | Srgio Cabral

    Secretaria de Estado de Cincia e TSecretaria de Estado de Cincia e TSecretaria de Estado de Cincia e TSecretaria de Estado de Cincia e TSecretaria de Estado de Cincia e TecnologiaecnologiaecnologiaecnologiaecnologiaSecretrio | Luiz Edmundo Horta BarbosaCosta Leite

    FFFFFundao Carlos Chagas Fundao Carlos Chagas Fundao Carlos Chagas Fundao Carlos Chagas Fundao Carlos Chagas Filho de Amparo ilho de Amparo ilho de Amparo ilho de Amparo ilho de Amparo PPPPPesquisa do Estado do Rio de Janeiro Fesquisa do Estado do Rio de Janeiro Fesquisa do Estado do Rio de Janeiro Fesquisa do Estado do Rio de Janeiro Fesquisa do Estado do Rio de Janeiro FAPERJAPERJAPERJAPERJAPERJDiretor Presidente | Ruy Garcia MarquesDiretor Cientfico | Jerson Lima SilvaDiretor de Tecnologia | Rex Nazar AlvesDiretor de Administrao e Finanas | CludioFernando Mahler

    3 | BIOLOGIAPesquisa da UFRJ mapeia presena deguas-vivas no Norte Fluminense. Ocrescimento populacional de medusaspode trazer prejuzos econmicos atividade pesqueira na regio

    7 | GENTICAEstudo da Uenf estima volume deemisses de gs metano por bovinoscriados em pasto. Meta reduzirimpactos do efeito estufa e possveisimplicaes econmicas para aagropecuria nacional

    10 | DIFUSO CIENTFICAProjeto desenvolvido na Fiocruz ofereceoportunidade a estudantes de escolapblica de criarem programa de rdiopara promover a divulgao cientfica

    13 | ALIMENTAOEstudo de pesquisadores da UFF avalia ascondies fsico-qumicas ideais para opreparo do quefir, bebida adotada comoalternativa de alimentao funcional

    16 | SEGURANA PBLICAUso de armas no letais pelas UPPs noRio inaugura um novo modo de se fazersegurana pblica e serve de modelopara o Pas

    20 | ENTREVISTAAlmy Junior: ao completar trs anos nocargo de reitor da Uenf, ele defende aefetivao da autonomia financeira daUniversidade para ampliar a capacidadede atendimento das demandas

    24 | ASTRONOMIADedicado astronomia e cincias afins,o Mast, em So Cristvo, Zona Norte,completa 25 anos, investe emdivulgao cientfica e ensino, e atraipblico de todas as idades

    28 | MEIO AMBIENTEAdoo gradual do biodiesel pela frotade veculos do Pas minimiza a poluiogerada pela circulao de automveisnas grandes cidades; produo de gasestxicos, contudo, ainda permanece altanos principais centros urbanos

    32 | REPORTAGEM DE CAPAPesquisadores do Instituto Nacional deCincia e Tecnologia de ReatoresNucleares Inovadores (INCT) buscampossveis solues para gargalostecnolgicos no setor. Objetivo dominar os princpios bsicos dosreatores do futuro

    37 | ARTIGOProfessor do Programa de Ps-graduaoem Comunicao da Uerj, Ronaldo Helaldiscute a dimenso que o futebol ocupana cultura nacional e questiona se o Brasilainda o pas do futebol

    40 | INCLUSO DIGITALCrianas da Rocinha desenvolvematividades ldico-educativas emmicrocomputadores instalados emescola pblica na Gvea. Projetooferece aos estudantes a oportunidadede ter o primeiro contato com ainformtica

    43 | PERFILEliete Bouskela: professora deFisiologia e pesquisadora da Uerj, ela uma das poucas mulheres a ser eleitacomo membro correspondente daAcademia de Medicina da Frana

    47 | MATEMTICA APLICADATbua atuarial desenvolvida pela UFRJcria parmetro nacional para medirexpectativa de vida e mortalidade dosbrasileiros e pode reduzir em at 15% ovalor das contribuies para os planosde seguro de vida

    50 | HISTRIASrie de vdeos que retrata a vida e aobra de Vital Brazil, um dos maisimportantes nomes da cincia mdicabrasileira, ser distribuda s escolaspblicas fluminenses

    54 | EVENTOAo promover a Feira FAPERJ 30 Anos,Fundao oferece ao pblico a chancede conferir o resultado dosinvestimentos destinados pelo rgo rea de C,T&I

    62 | FAPERJIANASFundao prepara uma srie deatividades para comemorar trsdcadas de atividades

    64 | EDITORAOO programa de Auxlio Editorao(APQ 3) ter novo perodo deinscries on-line de 2 de agosto a 28de outubro

    Rio Pesquisa. Ano III. Nmero 11

    Redao | Danielle Kiffer, Dbora Motta, PaulJrgens, Vilma Homero, Vinicius Zepeda e ElenaMandarim (estagiria)

    Colaboraram para esta edio | FlviaMachado, Gustavo Smiderle e Marina Lemle

    Diagramao | Adrianne Mirabeau e MirianDias

    Capas | Adrianne Mirabeau e Mirian Dias

    Mala direta e distribuio | lcio Novis e VivianeLacerda

    Reviso | Ana Bittencourt

    Foto de capa: Central Nuclear Almirante lvaroAlberto, em Angra dos Reis (RJ) | Divulgao/Eletronuclear

    Tiragem |15 mil exemplares

    Periodicidade |Trimestral

    Distribuio gratuita |Proibida a venda

    Avenida Erasmo Braga 118/6 andar - CentroRio de Janeiro - RJ - CEP 20020-000Tel.: 2333-2000 | Fax: 2332-6611

    [email protected]

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 2

    Como comprovao de que osestudos conduzidos por institui-es de ensino e pesquisa podemcontribuir para a superao dedesafios que se impem socie-dade brasileira e, em particular, fluminense, a Reportagem de Capada edio passada de Rio Pesquisaantecipou a tragdia que seabateu sobre a cidade do Rio deJaneiro na primeira semana deabril. O texto, intitulado Preverpara prevenir Plataforma

    GeoRisc calcula riscos de escorregamentos a partir do cru-zamento de dados de clima, solos e vegetao, da jorna-lista Marina Lemle, apresentava um estudo, realizado naPUC-Rio, voltado para o desenvolvimento de um softwarecapaz de calcular riscos em diferentes escalas de reas noestado do Rio de Janeiro e prover alertas para que as me-didas de segurana possam ser tomadas.

    Se no incio do ms de abril o desenvolvimento dessa novaferramenta de preveno de deslizamentos em pesquisaapoiada pela FAPERJ ainda no havia alcanado um est-gio capaz de lhe dar um papel efetivo, sua finalizao pro-mete vir a oferecer alternativas para evitar, seno minimizar,os estragos provocados por chuvas torrenciais que, de tem-pos em tempos, deixam a cidade debaixo dgua.

    Em sua dcima primeira edio, a revista Rio Pesquisa des-taca, em sua Reportagem de Capa, os investimentos realiza-dos em parceria com o governo federal na rea da pes-quisa em energia nuclear. Para alm da polmica que en-volve a produo das chamadas armas nucleares, essafonte limpa de energia est cada vez mais presente emnosso cotidiano da cozinha, com os alimentos irradia-dos, aos hospitais, em tratamentos com substnciasradiotivas, para citar apenas dois ambientes. Com umarede de 48 especialistas de vrias estados, cuja coordena-o realizada por pesquisadores fluminenses, o Institu-to Nacional de Cincia e Tecnologia (INCT) de ReatoresNucleares Inovadores tem por objetivo dominar os prin-cpios bsicos dos reatores do futuro, tais como o uso denovos materiais que possam ser empregados em reato-res de alta temperatura at a realidade virtual, que permi-tir treinar profissionais encarregados do monitoramentode usinas nucleares.

    O entrevistado da edio o reitor da Universidade Esta-dual do Norte Fluminense (Uenf), Almy Junior Cordeirode Carvalho, que assumiu o cargo em junho de 2007. Refe-

    rncia no Pas na rea de fruticultura, o dirigente e pesqui-sador defende o papel da universidade na interiorizaodo conhecimento no Estado do Rio de Janeiro e a produ-o de cincia e tecnologia para alavancar a melhoria dascondies de vida da regio Norte-Noroeste do Estado.

    No ms da Copa da Mundo, convidamos um craque dapesquisa sobre futebol, Ronaldo Helal, a assinar o artigoda edio. Professor do Programa de Ps-graduao emComunicao da Uerj, ele prope uma discusso sobre asnovas fronteiras do esporte breto no mundo contempo-rneo. Longe dos gramados, em outro campo, o da segu-rana pblica, uma reportagem traz os detalhes de um pro-jeto que acompanha tendncia internacional: equipar aspolcias com armas no letais. Com o aporte de recursosgarantido por meio de dois editais lanados pela Funda-o em perodo recente, uma empresa instalada em NovaIguau desenvolve uma srie de equipamentos que deve-ro, gradativamente, substituir as armas de fogo utilizadaspelas Unidades de Polcia Pacificadora (UPPs).

    A seo Perfil resgata a trajetria de uma candidata aglobetrotter, que, para sorte da cincia nacional, acabouretornando ao Pas para se tornar um dos mais importan-tes nomes da pesquisa mdica brasileira. Laureada cominmeros prmios, Eliete Bouskela, que integra a Acade-mia Nacional de Medicina e a Acadmie Nationale de Mdecine,da Frana, est hoje empenhada em projeto que prometeabrir novos horizontes pesquisa fluminense: a criaodo Centro Multidisciplinar de Pesquisa em Obesidade(Cempo), que ser construdo no campus do CentroBiomdico da Uerj, com o apoio da FAPERJ.

    A presente edio aborda, ainda, assuntos ligados ali-mentao, meio ambiente, incluso digital, matemticaaplicada e divulgao cientfica, entre outros em card-pio variado que, mais uma vez, contempla um expressivonmero de pesquisas e estudos realizados pela comunida-de cientfica fluminense.

    Por fim, cumpre lembrar que o ms de junho tem um sig-nificado especial para a FAPERJ, com a passagem nodia 26 da data comemorativa pelos 30 anos de atividadesda Fundao, em ano que coincide com o centenrio denascimento de seu patrono, Carlos Chagas Filho. As festi-vidades tiveram incio com a Feira FAPERJ 30 anos, emmaro, assunto de reportagem pg. 54. Em artigo, o di-retor-presidente Ruy Marques discorre sobre os 30 anosda Fundao e defende a continuao do investimento emC,T&I, como poltica de Estado. Os detalhes da progra-mao que do continuidade aos festejos esto na seoFaperjianas. Boa leitura!

    Iniciativas destinadas a fazer a diferena

    EDITORIAL

  • 3 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    Vinicius Zepeda

    Nas praias cariocas, no di-fcil encontrar um banhistaque j tenha passado pelaexperincia, pouco agradvel, de sersurpreendido pela presena de guas-vivas como so chamadas diversasespcies de medusas, animais mari-nhos transparentes de corpo gelati-noso, em formato de sino e com

    tentculos urticantes, que, em con-tato com a pele humana, no raro li-beram toxinas que provocam ardn-cia e queimaduras. Pertencentes aofilo Cnidaria (o mesmo dos corais,gorgnias e anmonas-do-mar), elasso compostas por 98% de gua eapresentam tamanhos diversos, quepodem chegar a 2 metros. Se no pas-sado elas j estiveram mais presentesnas praias da cidade o aumento da

    Belas, misteriosas e ameaadoras

    Pesquisa mapeiacrescimento

    populacional deguas-vivas no

    Norte Fluminense;aumento do nmero

    de medusas podetrazer prejuzoseconmicos

    atividade pesqueirana regio

    poluio diminuiu de forma signifi-cativa sua incidncia , no restantedo litoral fluminense, o crescimentopopulacional dessas medusas amea-a a atividade pesqueira.

    Ao longo das ltimas dcadas, pes-quisadores em diferentes regies doplaneta tm relatado um significati-vo aumento do nmero de guas-vi-vas, fenmeno quase sempre associa-do a prejuzos econmicos pesca.

    BIOLOGIA

    A cubomedusa Chiropsalmusquadrumanus: 14 cm dedimetro, peso de at 200ge tentculos urticantesFo

    to:

    Alv

    aro

    Mig

    otto

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 4

    Essas exploses populacionais forados padres conhecidos vm chaman-do a ateno de especialistas no as-sunto para a relao do ser humanocom o ambiente marinho. Na esteiradas recorrentes notificaes sobre suamultiplicao, a comunidade cientfi-ca j promoveu dois congressos in-ternacionais para discutir as provveiscausas e efeitos destes fenmenos.

    A elevao da temperatura da gua domar est entre as possveis causas parao aumento da populao de guas-vi-vas. Evidncias tambm apontam oser humano como o principal produ-tor de alteraes ambientais que in-duzem o aumento exponencial dasmedusas, como o aumento de polu-entes, alteraes nas cadeias alimenta-res (aumento de presas e diminuiode predadores) e aumento da dispo-nibilidade de substrato, entre outras.

    No Norte Fluminense, relatos infor-mais de pescadores de Casimiro deAbreu alertam para o prejuzo que aatividade pesqueira na regio vem so-frendo com o aumento da quantida-de de guas-vivas. As medusas notm nenhum valor econmico ounutritivo em nossa cultura, como

    ocorre em alguns pases do Oriente,como China, Tailndia, Japo, entreoutros. Aqui, uma vez capturadas,elas so devolvidas ao mar, explicao bilogo Andr Carrara Morandini,ex-professor adjunto e pesquisadordo Ncleo em Ecologia e Desenvol-vimento Socioambiental de Maca(Nupem), da Universidade Federaldo Rio de Janeiro (UFRJ), que atual-mente integra o Departamento deZoologia do Instituto de Biocincias(IB) da Universidade de So Paulo(USP). O problema que, devido ssuas clulas com organelas urticantes,as medusas acabam provocando ma-chucados ou mesmos matando cama-res e peixes capturados junto comelas. Isso diminui o valor comercial es vezes chega at a inviabilizar a ven-da desse pescado. Alm disso, oacmulo de muitas guas-vivas nas

    redes pode diminuir a quantidade depescado ou causar algum dano s re-des ou guinchos utilizados para pu-xar as redes, acrescenta.

    Com o apoio da FAPERJ, Morandiniestudou, pelo perodo de pouco maisde um ano, a ocorrncia e a diversi-dade das espcies de guas-vivas naregio Norte do Estado. Com o pro-jeto, contemplado no Programa Pri-meiros Projetos, uma parceria FAPERJ/CNPq, o bilogo procurou traar umdetalhado mapeamento local sobreos padres de sazonalidade e repro-duo das espcies encontradas. Ini-cialmente, a proposta era coletarguas-vivas na desembocadura do rioMaca. Por razes diversas, acabamosoptando pela foz do rio So Joo, emCasimiro de Abreu, que apresentacondies ambientais muito seme-lhantes e sobre a qual havia informa-es de pescadores que indicavam apresena das guas-vivas, conta opesquisador.

    Um ponto que chamou a ateno dobilogo durante a realizao do tra-balho foi a falta de estudos no Passobre medusas. No temos muitosestudos sobre o assunto e poucos

    A partir da esq.: medusas so medidas no Nupem/UFRJ; Lychnorhiza lucerna, a espcie com maior nmero de amostras coletadas...

    Foto: Andre Morandini Foto: Alvaro Migotto

    Danos ambientaisinduzem o aumentoexponencial dapopulao deguas-vivas

  • 5 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    pesquisadores trabalham com otema. Em pases que se preocupamem estudar e entender esses animais,como o Japo e a China, os estudio-sos tm demonstrado que o cresci-mento da atividade pesqueira mun-dial vem causando aumento do n-mero de medusas, explica. Issoocorre porque muitas delas compe-tem diretamente com os peixes pe-los mesmos alimentos; com a redu-o do nmero de peixes, elas encon-tram mais alimento disponvel e seunmero aumenta, explica. Tam-bm no uma coincidncia que es-ses pases tenham uma relao nti-ma com os recursos marinhos, e queso os dois maiores consumidores deguas-vivas do mundo.

    O projeto, encerrado em maio de2009, tinha como foco realizar umlevantamento das espcies existentese verificar se elas ocorriam segundoalgum padro sazonal. Para tanto,foram coletadas guas-vivas por re-des de arrasto na foz do rio So Joo.Diferente da captura realizada porpescadores, que levam em torno deuma hora, as realizadas pelo bilogolevavam apenas cinco minutos. Aocontrrio do que ocorre quando so

    recolhidas na atividade pesqueira,procuramos levar o menor tempopossvel nesse procedimento, demodo que as medusas sofressem omnimo de dano morfolgico. Ou-tra razo importante para encurtar otempo era a necessidade de lev-lasainda vivas ao laboratrio para seremidentificadas e estudadas, explica.

    Durante as coletas foram encontra-das cinco espcies diferentes de me-dusas. A espcie Rhacostoma atlanticateve ocorrncia bastante espordica somente trs indivduos , sendoassim pouco investigada. J a esp-cie Lychnorhiza lucerna, a mais comume abundante na regio, com 149exemplares coletados, foi observadaprincipalmente nos meses de feve-reiro e maro, perodo em que tam-bm se constatou o crescimento des-sas populaes. Podendo atingir at

    50 centmetros de dimetro, trata-sede uma das espcies mais comuns noBrasil. Exemplares de 30 centme-tros, por exemplo, chegam a pesar 1,2quilos, possuem minsculas bocasnos braos orais, alimentam-se dezooplncton [pequenos crustceos,moluscos e larvas de peixes] e noapresentam grau de urticncia eleva-do, revela Morandini.

    Outra espcie encontrada foi a cubo-medusa Chiropsalmus quadrumanus, com85 exemplares coletados. Medindoat 14 centmetros de dimetro e 12centmetros de altura, chega a pesar200 gramas. Ela apresenta quatroprojees do corpo, onde se pren-dem os tentculos, bastante ur-ticantes. Tambm foram coletados 69exemplares da espcie Olindias sam-baquiensis, que podem medir at 20centmetros de dimetro e, no Bra-sil, mais comum no perodo de in-verno. Exemplares de 10 centmetroschegam a pesar 50 gramas, apresen-tam tentculos amarelados e aver-melhados, e so muito urticantes. Alista de espcies encontradas termi-na com Chrysaora lactea, que teve 42exemplares coletados e pode chegara 25 centmetros de dimetro. As que

    ...Olindias sambaquiensis, mais comum no perodo de inverno; Chrysaora lactea, frequente no vero; e coleta na foz do rio S. Joo

    Foto: Otto Oliveira

    Estudo avaliou aocorrncia e adiversidade demedusas na regioNorte do Estado

    Foto: Alvaro Migotto Foto: Enzo Morandi

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 6

    medem 15 centmetros pesam, emmdia, 140 gramas. A anlise estatsti-ca dos dados obtidos referentes biomassa e ocorrncia de guas-vivasdemonstra a existncia de dois grupos:um de espcies que aparecem no ve-ro (Lychnorhiza lucerna, Chiropsalmusquadrumanus e Chrysaora lactea); e outro,representado pela espcie que apareceno inverno (Olindias sambaquiensis).

    Andr Morandini destaca que o tra-balho de coleta, estudo e identifica-o das espcies necessita de pero-dos maiores que aquele reservado sua pesquisa, de pelo menos doisanos, para identificar com mais pre-ciso a ocorrncia e sazonalidadedesses animais na regio. A conti-nuidade deste trabalho poderia ge-rar conhecimento suficiente para ori-entar a pesca e diminuir os possveisprejuzos que as guas-vivas causam atividade, conclui.

    O projeto do bilogo envolveu alu-nos de iniciao cientfica da UFRJe contou com a colaborao de alu-

    Pesquisador: Andr Carrara MorandiniInstituio: Universidade Federal doRio de Janeiro (UFRJ)

    nos de ps-graduao da USP. Os re-sultados parciais j foram apresenta-dos, no primeiro semestre de 2009,no II Congresso Brasileiro de Biolo-gia Marinha, e sero apresentados, emjulho de 2010, no III Jellyfish BloomsSymposium, na Argentina.

    Paralelamente ao estudo, o bilogocoordenou um projeto para a cons-truo de um biotrio de espciesmarinhas nas dependncias doNupem, iniciado em 2008, com fi-nanciamento obtido a partir do editalApoio Infraestrutura de Biotrios, daFAPERJ. As instalaes foram fina-lizadas no incio de 2010, com recur-sos adicionais da Financiadora deEstudos e Projetos (FINEP/MCT).Com 74 metros quadrados, o biotrioest sendo usado para a manutenode organismos aquticos, comoguas-vivas, crustceos anfpodes,macroalgas, moluscos bivalves, pei-xes, aneldeos poliquetas e ascdias,e tambm para pesquisas de profes-sores, alunos e projetos de extensovoltados para atrair moradores dosarredores de Maca. A ideia queisso seja o embrio para o museu queos integrantes do Nupem pretendem,aos poucos, ir montando e amplian-do, explica Fabio Di Dario, profes-sor de Zoologia de Vertebrados doNupem/UFRJ e um dos respons-veis pela implementao do biotrio.Os museus esto sempre situadosnas capitais e nas grandes cidades. Osmunicpios do interior dificilmentecontam com instalaes do gnero.Queremos modificar um pouco estasituao e chamar a ateno para asespcies locais. Di Dario tem razo.Nos pases mais desenvolvidos, ci-dades de mdio e at pequeno portej contam com centros de cincia epesquisa. O interior fluminense stem a ganhar com essa iniciativa.

    Andr Morandini: aps o trabalho de coleta demedusas no rio S. Joo (no alto), o bilogo sededica a identificar as espcies no laboratrio

    Foto

    : C

    leom

    ar A

    tilio

    Cig

    olin

    i

    Foto: Andre Morandini

  • 7 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    e com menos metanoBoi verde

    Pesquisa da Uenfestima volume deemisses do gs

    por bovinoscriados em pasto.

    Meta reduzirimpacto do efeito

    estufa

    OBrasil possui um dos mai-ores rebanhos comerciaisde bovinos do mundo, commais de 200 milhes de cabeas, oque j lhe garante a posio de lderexportador de carne bovina e o quar-to lugar dentre os maiores produto-res mundiais de leite, atrs apenas denossos colegas emergentes, ndia,China e Rssia. Os dados so do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Es-tatstica (IBGE). O rebanho bovinotem participao relevante na forma-o do PIB (Produto Interno Bruto)agropecurio nacional e grande im-portncia social, em razo do con-tingente populacional que depende,direta ou indiretamente, das cadeiasprodutivas de gado de corte e gadoleiteiro e da grande participao dorebanho bovino no suprimento de

    protena, de excelente qualidade, populao humana. Por outro lado,as emisses do gs metano geradono processo digestrio do animal tmsido apontadas por ecologistas comoum problema ambiental, com pos-sveis implicaes econmicas parao Pas. Embora o gs tambm sejaliberado para a atmosfera por fontesnaturais como vulces e pntanos e por outras atividades humanas,como culturas de arroz, aterros sani-trios e lixes a cu aberto, cada vezmais, o passivo ambiental gerado pelometano ganha relevncia na discus-so sobre a pecuria brasileira e, es-pecialmente, sobre a insero de seusprodutos no mercado internacional.

    Os adversrios da atividade argumen-tam que o gs metano apresenta efei-to estufa 21 vezes superior ao gscarbnico (CO

    2), para um mesmo

    volume de emisso. Para precisar

    Gustavo Smiderle*

    Foto: Divulgao/Uenf

    Passivo ambiental gerado pela emisso demetano pelo gado ganha relevncia para a

    insero internacional da pecuria brasileira

    GENTICA

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 8

    com rigor o volume de emisses dado nem sempre confivel nas dis-cusses sobre o tema, marcadas queso por interesses econmicos epropor estratgias para a sua redu-o, um grupo de pesquisadores daUniversidade Estadual do NorteFluminense Darcy Ribeiro (Uenf)vem estudando o assunto em proje-to financiado pela FAPERJ. A coor-denao do professor CarlosAugusto de Alencar Fontes, do La-boratrio de Zootecnia e NutrioAnimal (LZNA) do Centro de Cin-cias e Tecnologias Agropecurias(CCTA) da Uenf.

    A chave para diminuir as emissesest no processo fsico-qumico ocor-rido no interior do rmen, que oprimeiro compartimento do estma-go dos ruminantes. O rmen funci-ona como uma cmara de fermenta-o anaerbica sem presena deoxignio onde o material ingerido fermentado. Durante o processo,microorganismos anaerbicos de-compem o alimento (rico em car-bono, no caso de bovinos criados apasto, como no Brasil) e geram ci-dos graxos volteis de trs tipos: ocido actico, cuja molcula tem doistomos de carbono; o cidopropinico, que tem trs; e o cidobutrico, com quatro.

    Dos trs produtos desta fermenta-o, o desejvel uma alimentaocapaz de gerar mais cido propinico,que incorpora tomos de hidrognioe no produz metano, como explicaCarlos Augusto. A emisso demetano significa perda de energiacontida no alimento, e, por isso, jhavia essa preocupao nas pesqui-sas sobre nutrio animal mesmoantes de se considerar o problema doaquecimento global.

    Pioneira no Estado do Rio, a tcni-ca que est sendo implantada naUenf foi adotada pela primeira vezno mundo em 1995. Por meio dela,esperam os pesquisadores, ser pos-svel quantificar em bases mais se-guras os nveis de emisso dometano. Em sua maioria, o boi bra-sileiro vive em pastagens. O lado ne-gativo disto que este rebanho geramais metano do que animais alimen-tados em cochos, com alimentaoconcentrada. Mas h um aspectopositivo, pouco considerado, que a fixao de CO

    2 pela vegetao do

    pasto, realizada atravs da fotos-sntese, como ocorre, em grau maiselevado, com as florestas.

    A evidncia de que a quantidadede CO

    2 fixada em pastagens bas-

    tante grande, comparvel inclusive de florestas. Mas preciso analisar emprofundidade esses dados, o que estsendo feito aqui mesmo na Uenf ,informa Carlos Augusto, referindo-sea um trabalho em andamento, sob acoordenao do professor EliasFernandes de Sousa, do Laboratriode Engenharia Agrcola (Leag).

    O boi de pasto tambm tem a seufavor o fato de atender melhor aospadres de exigncia quanto ao bem-estar animal. Pases da UnioEuropeia, por exemplo, tm comba-tido as condies de confinamentoextremadas. Por isso, o chamado boiverde tambm tem apelos am-bientais. O problema que grandeparte das pastagens brasileiras debaixa qualidade. Segundo o pesqui-sador, pouco mais da metade da reatotal de pastos no Brasil encontra-seem algum estgio de degradao. Umpasto de m qualidade suporta pou-cos animais por rea, e possibilita pe-queno ganho dirio de peso, por ani-mal, prolongando o tempo de vidado animal at a condio de abate o que significa mais tempo de emis-so de metano por cabea.

    Por isso, uma das linhas de investi-gao do grupo coordenado porCarlos Augusto a anlise da produ-o de metano por quilo de carneproduzida. No Brasil, a idade mdiade abate dos bovinos de 3,5 a 4anos. A adio de suplementos podereduzir a idade de abate e modificar

    Equipamento, chamado de canga, usadopara estimar a mistura de gases expelida

    pelo gado, 24h por dia, cinco dias seguidos

    Foto: Felipe Moussallem/Uenf

  • 9 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    a proporo de cidos produzidos normen, elevando a produo de ci-do propinico e reduzindo a perdaenergtica e os danos ambientais.

    Na vertente gentica, a pesquisa bus-ca identificar animais capazes de ga-nhar peso com maior eficinciaenergtica. Segundo dados da litera-tura, quanto mais eficiente for o ani-mal na converso do alimento inge-rido em peso corporal, menosmetano ele emitir. Este mecanismo regulado por centenas de genes,mas existe metodologia adequadapara identificar os mais eficientes,quando os animais so submetidoss mesmas condies de meio. A se-leo destes para cruzamento geraanimais mais eficientes. Programas demelhoramento deste tipo j consti-tuem realidade na Austrlia, Inglater-ra e Alemanha, e comeam a serimplementados no Brasil. Eles tra-balham com o parmetro conhecidocomo CAR, que significa Consu-mo Alimentar Residual.

    Para realizar este tipo de experimen-to com bois de pasto, preciso esti-mar o consumo alimentar dirio decada animal o que bem maiscomplexo do que em condies decocho. Partindo do ganho de pesomdio esperado para cada animal que se estima matematicamente, emfuno da quantidade de alimentoingerido , os pesquisadores seleci-onam os mais eficientes.

    Para se estimar a emisso de metanocom os bois de pasto, usa-se comoreferncia o gs traador hexaflu-oreto de enxofre (SF)

    6. Para tal, uma

    cpsula que libera quantidades diri-as conhecidas do gs traador introduzida no rmen do animal. Amistura de gases expelida pelo ani-mal, contendo metano e o gstraador, amostrada durante as 24horas do dia, durante cinco dias se-guidos. Na amostragem, usa-se umequipamento chamado canga

    (cano de PVC fechado, com pressointerna negativa de 1 atmosfera ATM) e um capilar (cano finoacoplado ao cabresto), que fica nopescoo do boi. Os gases coletadosdurante 24 horas so analisados porcromatografia gasosa, capaz de de-tectar substncias em nvel de partepor trilho.

    Como a taxa de emisso do gstraador (gs de referncia) pela cp-sula previamente conhecida, umavez determinada a relao existenteentre as concentraes do metano edo gs traador na mistura de gasescaptada pela canga, pode-sequantificar o volume de metano emi-tido pelo animal. O projeto tem aparticipao de pesquisadores doLaboratrio de Cincias Fsicas(LCFIS), tambm da Uenf, sob acoordenao do professor HelionVargas. Mas enquanto os fsicos ca-libram seus equipamentos de preci-so, eliminando a interferncia deoutros gases ruminais, as amostrastm sido analisadas pela pesquisadora

    Rosa T. S. Frighetto, da EmbrapaMeio Ambiente, com a interveninciade Alexandre Berndt, do Instituto deZootecnia (IZ-SP), que passaram aintegrar a equipe do projeto.

    Um dos mritos desta pesquisa que estamos trazendo para o Rio deJaneiro, de forma pioneira, umametodologia inovadora para abordaro problema. Alm disto, estamostreinando ps-graduandos e tcnicosnesta nova tcnica, avalia CarlosAugusto. Com um rebanho que jh alguns anos supera o nmero dehabitantes do Pas, e sendo o maiorrebanho comercial de bovinos domundo, a pesquisa s tem a contri-buir para a consolidao do merca-do exportador brasileiro no setor.

    *Assessoria de Comunicao (Ascom) da Uenf.Colaborou Ruana Maciel

    Pesquisador: Carlos Augusto deAlencar FontesInstituio: Universidade Estadual doNorte Fluminense (Uenf)

    Carlos Augusto de Alencar Fontes (segundo a partir da esq.) e equipe: pesquisa traz para oEstado do RJ uma metodologia inovadora para estudar a emisso de metano pelo gado

    Foto: Felipe Moussallem/Uenf

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 10

    Nas ondas da cincia

    Projeto ofereceoportunidade a

    estudantes deescola pblica decriarem programa

    de rdio voltadopara a divulgao

    cientfica

    exceo de algumas poucasreas no meio rural, em nosso cotidiano vivemos cerca-dos por equipamentos e ferramen-tas criados, graas aos avanos dacincia e da tecnologia. Assim, es-sencial que possamos compreenderseu funcionamento para poder usu-fruir das suas aplicaes prticas, emlugar de permanecermos passivosfrente a seus desenvolvimentos. Emtempos de bits, GPS, MP3, P2P,Megapixels, wireless etc., uma divulga-o cientfica de qualidade podecontribuir para municiar-nos cominformaes que iro influir em umnmero importante de decises emnosso dia a dia. Luisa Massarani, di-retora do Museu da Vida da Funda-o Oswaldo Cruz (Fiocruz), ondecoordena o Ncleo de Estudos daDivulgao Cientfica, apostou na

    criao de um programa de rdio,como estratgia para engajar estu-dantes do Ensino Fundamental narea de cincia e matemtica. Ordio, se bem usado, pode ser umaferramenta ldica e que estimula oimaginrio, duas caractersticas per-feitas para chamar a ateno do p-blico infantil.

    O projeto foi desenvolvido na Es-cola Municipal Padre Leonel Franca,localizada na comunidade doViradouro, no municpio de Niteri.O objetivo foi selecionar uma es-cola de baixa renda, justamente parapoder fornecer mais conhecimentoem forma de entretenimento aos seusalunos, que tm acesso limitado oferta de bens culturais, tecnolgicose cientficos, diz Luisa. Comosubproduto dessa iniciativa, foi de-senvolvido o guia Cincia emSintonia, que traz um passo a passopara montar um programa de rdiode baixo custo sobre cincias.

    A criao do CinciaFranca

    Contemplado pelo edital Apoio Melhoria do Ensino de Cincias eMatemtica em Escolas Pblicas doRJ, lanado em 2008 pela FAPERJ,o projeto teve os recursos investidos

    Elena Mandarim

    DIFUSO CIENTFICA

    Novas tecnologias: ferramentasde comunicao podem ser fortesaliadas na divulgao da cincia

  • 11 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    na consolidao da estrutura de umaestao de rdio de baixo custo. Averba foi empregada, entre outros, nacompra de um sistema de alto-falan-tes, instalado no ptio da escola, eem material de papelaria, compradopara a produo do programa.

    Como no havia uma sala exclusivapara instalar a rdio, o equipamento dois computadores, uma impres-sora e um microfone, com entradaUSB foi montado na sala deinformtica da escola, diz a pesqui-sadora. J que a proposta era umardio de baixo custo, optamos porusar o software Audacity, gratuito e defcil manuseio, para editar o materialsonoro. A instalao do sistema dealto-falantes permitiu que todos osestudantes, cerca de 100 alunos, par-ticipassem como ouvintes ou comoprodutores, conclui.

    O projeto contou com a participa-o de outros profissionais do Mu-seu da Vida, entre eles, Ana CristinaFigueira, jornalista do Canal Sadeda Fiocruz, e de duas professoras daprpria escola municipal, que rece-beram bolsas de Treinamento eCapacitao Tcnica (TCT), forne-cidas pela FAPERJ.

    Dez alunos do quarto e quinto anosforam protagonistas de todo o pro-cesso, desde a escolha do nome doprograma Cincia Franca at asua produo e locuo. Eles foramselecionados pelas professoras bol-sistas, de acordo com critrios defi-nidos pela equipe, que incluram acapacidade de ler e escrever, grau deengajamento para esse tipo de ativi-dade e disponibilidade de tempo.

    Aps a autorizao dos pais, os pro-dutores mirins passaram por uma ofi-cina de capacitao, com durao dedez horas, pela qual foram apresenta-dos, alm da ideia geral do projeto,alguns conceitos sobre produo emrdio como tcnicas para prender aaudincia, formatos de programas, lin-

    guagem e redao usadas em rdio eorientao sobre o manuseio dos equi-pamentos, entre outros.

    A fase de produo incluiu encon-tros semanais de uma hora de dura-o, fora do horrio de aula, para reu-nio de pauta, gravao e veiculaodo Cincia Franca. Cada programaabordava um tema de cincia espec-fico, com seis minutos de durao,divididos em quatro blocos de umminuto e trinta segundos cada: apre-sentao, entrevista, dica/curiosida-de e msica.

    Ao final, de acordo com Luisa, osresultados positivos superaram asexpectativas e as dificuldades encon-tradas ao longo do projeto. Houvedificuldades de ordens diversas, porexemplo, o confronto entre policiaise traficantes, que desmobilizaram aequipe de trabalho por dois meses,conta. O projeto foi uma oportuni-dade instigante de estimular os alu-nos a escrever melhor e, com a prti-ca da locuo, a ler com mais flun-

    cia. Alm disso, promoveu a inclu-so digital dos que trabalharam naproduo, diz. O sucesso do Cin-cia Franca levou a direo da escolaa assumir o compromisso de dar con-tinuidade ao programa. Os alunosque participaram da primeira ediodevero ser os monitores do novogrupo, adianta a coordenadora doprojeto.

    Guia Cincia emSintonia: produtoprtico do projeto

    Como previsto inicialmente, todoaprendizado obtido com o projetopiloto foi condensado e usado comobase para a elaborao do guia Cin-cia em Sintonia. A publicao ofe-rece informaes sobre o uso do r-dio como meio de comunicao e ddicas de como us-lo em salas deaulas, centros comunitrios ou entregrupos de amigos. Com uma lingua-gem direta e dinmica, o contedo acessvel a todos os pblicos. Mais

    Oficina de divulgao cientfica: estdio de rdio foi montado na sala de informtica da escola

    Foto: Ana Figueira

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 12

    toristas e passageiros etc. O rdio o companheiro para toda hora.

    Aps traar uma breve histria dordio, o livreto traz dez lies queinstruem como fazer um programade rdio sobre cincia. Na lio dois,por exemplo, mostra a importnciade se ouvir outras estaes de rdiosque abordam temas cientficos. J nalio cinco, aprende-se a fazer umbom roteiro, e, na nove, a editar ummaterial sonoro. No temos a inten-o de fazer deste material um guiacompleto e detalhado que permita aqualquer um comear uma rdio pro-fissional da noite para o dia, alerta.Queremos, sim, mostrar que fazerrdio no nenhum bicho-de-sete-cabeas. O guia pode ser baixadono site do Museu da Vida (www.museudavida.fiocruz.br).

    Segundo Luisa, o ponto alto do pro-jeto foi o envolvimento de todos osalunos e a vontade de saber mais so-bre os novos temas. A coordenado-ra acredita que a curiosidade umaqualidade intrnseca s crianas edeve ser explorada, de forma ldicae criativa, para desenvolver o interes-

    se pela cincia e tecnologia, e tam-bm pela sade. Isso contribui paraa formao de uma sociedade maisinformada e consciente sobre o quese faz nos laboratrios e institutosde pesquisa e como isso tem impac-to em nossas vidas, avalia.

    A popularizao da cincia, se bemfeita, pode contribuir para a consoli-dao de uma cultura cientfica nasociedade, sendo mais um instru-mento para que o cidado desenvol-va uma atitude crtica diante dos pro-blemas de seu tempo. No Brasil, ape-sar do notvel crescimento da pro-duo cientfica brasileira que al-canou a 13 posio no ranking mun-dial , a difuso de temas de origemcientfica e tecnolgica nos meios decomunicao de massa permanecedistante do observado nos pasesmais avanados.

    do que relatar resultados, esperamos,com esta publicao, ajudar outrasescolas e outros grupos comunitri-os a construrem seus programas derdio e se envolverem na gostosa ta-refa de falar sobre temas de cincia,defende Luisa.

    Ela explica que a escolha do rdiono foi aleatria. um veculo decomunicao de massa que tem acapacidade de falar ao mesmo tem-po a milhes de pessoas, alm dechegar at os lugares mais distantese de difcil acesso, diz. Fora isso,por ter uma linguagem coloquial esimples, atinge todos os pblicos, dediferentes classes sociais, nveis deescolaridade e condies econmi-cas, acrescenta.

    Para a coordenadora, apesar de mui-ta gente achar que, com a chegadada televiso, o rdio perderia sua au-dincia, ele permanece um dos ve-culos mais populares no Brasil. Ordio tem a particularidade de fazercompanhia s pessoas quando estosozinhas, diz. ele quem acom-panha jovens correndo na praia, do-nas de casa em dia de trabalho, mo-

    Luisa Massarani, diretora do Museu daVida: estratgia para atrair estudantes

    Participao ativa de alunos: escolha dordio como instrumento de difuso cientficase baseou na popularidade do veculo

    Foto: Roberto Jesus

    Foto: Ana Figueira

    Pesquisadora: Luisa MassaraniInstituio: Fundao Oswaldo Cruz(Fiocruz)

  • 13 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    Estudo depesquisadores da

    UFF avalia ascondies fsico-

    qumicas ideais parao preparo do quefir,

    bebida adotadacomo alternativa de

    alimentaofuncional

    O elixir da sade

    Asentena Faa do teu ali-mento o teu remdio, atri-buda a Hipcrates (460 a377 a.C.), o mdico grego conheci-do como o pai da medicina, ilustrabem a preocupao com a sade e aalimentao, cada vez mais comumna sociedade contempornea. Entreas medidas adotadas por quem se-gue um cardpio saudvel em nomedo bem-estar est o consumo de ali-mentos funcionais, ou seja, aquelesque, alm de suas funes nutricio-nais bsicas, apresentam outras pro-priedades benficas, como a me-

    lhora do metabolismo e a reduo dorisco de doenas.

    O quefir (do turco, keif em tradu-o livre, sentir-se bem) um des-ses alimentos que oferecem mlti-plos benefcios. Ele um leite fer-mentado, levemente cido e alco-lico, originrio das montanhas doCucaso, onde os camponeses vmutilizando seus gros por sculos.Os gros de quefir so um aglo-merado complexo de bactrias e le-veduras, como Lactococcus lactissubsp. Lactis; Lactococcus lactis subsp.Cremoris; Lactococcus lactis subsp.diacetylactis,; Leuconostoc mesenteroidessubsp. Cremoris; Lactobacillus kefyr

    Dbora Motta

    Gros de quefir: alimento funcional de origem caucasiana um aglomerado complexo de bactrias e de leveduras

    ALIMENTAOFo

    tos:

    Div

    ulga

    o/

    UFF

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 14

    (thermophilic); Klyveromyces marxianusvar. marxianus; e Saccaromyces unis-porus, unidas a uma matriz de po-lissacardeo.

    A bebida preparada a partir da fer-mentao desses gros, que lem-bram fragmentos de couve-flor, noleite. Os povos do Cucaso atribu-em a sua longevidade ao consumodeste leite fermentado, conta a far-macutica Mrcia Barreto Feij, daFaculdade de Farmcia da Universi-dade Federal Fluminense (UFF). Elacoordena um estudo, realizado emparceria com a Empresa de PesquisaAgropecuria do Estado do Rio de

    Janeiro (Pesagro-Rio), que tem oobjetivo de investigar os gros dequefir e os quefirados, por meio deanlises fsico-qumicas e micro-biolgicas. A proposta otimizar aproduo do quefir a partir da ob-servao da fermentao dos grosem substratos diferentes, como leiteintegral, desnatado e enriquecido,modificando variveis como tempoe temperatura.

    Condies ideais depreparo

    Os experimentos em busca da com-posio qumica ideal das bebidasquefiradas so realizados no Labo-ratrio de Controle da Qualidade daPesagro-Rio. A ideia conservar ummaior nmero de micro-organismosbenficos vivos, alm de encontraro sabor mais agradvel para a bebi-da. A equipe j chegou a algumasconcluses para o melhor preparo doquefir. Provamos que o melhor preparar o quefir com leite desnata-do, porque o nmero de bactriaslcticas aumenta com menores nveisde gordura. Outra concluso que atemperatura tima, para a maioriados micro-organismos que constitu-em os gros do quefir, em tornode 22 C, diz Mrcia.

    De acordo com a professora, o usode leite desnatado, como base para afermentao dos gros de quefir,resulta em uma bebida de valorcalrico reduzido, em funo da au-sncia de lipdios. Foram constata-dos cerca de 25 Kcal para cada 100milmetros de bebida, informa Mr-cia, que comparou a composiocentesimal (teores de protenas, lip-dios, lactose e minerais) de quefi-rados de leite e de quefirados fermen-tados em preparaes base de soja.Os quefirados de soja possuem qua-

    Detalhe do gro de quefir (no alto) eproduo de bebida quefirada na UFF

    Fotos: Divulgao/UFF

  • 15 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    se o dobro de protenas e lipdiosque os de leite, o que aumenta o seuvalor calrico na mesma proporo.

    Por no ser um produto fermenta-do industrializado, o quefir ainda pouco conhecido no Brasil. Em-bora haja um mercado aberto paraos alimentos funcionais, precisoincentivar o hbito do consumodessa bebida lctea por meio da di-vulgao dos benefcios sade queo quefir proporciona, para justificara sua produo em larga escala,destaca. No entanto, esse rico ali-mento pode ser preparado em casa.Existe uma tradio entre seus con-sumidores de no se vender os grose sim de repassar os gros exceden-tes, revela Mrcia.

    O leite deve ser colocado em um re-cipiente limpo de vidro e, preferen-cialmente, de boca larga. Os grosso adicionados em uma proporoem torno de uma parte para cada10 partes de leite. O contedo deveser deixado temperatura ambientepor aproximadamente 24 horas.Aps a fermentao, o quefirado(leite fermentado) coado para se-parar e recuperar os gros doquefir, que sero adicionados a maisleite fresco, repetindo o processo.Isto possibilita o reaproveitamentocontnuo dos gros, que se multipli-cam. O quefirado pode ser consu-mido imediatamente ou refrigeradopara consumo posterior. Se as con-dies bsicas de higiene forem ob-servadas, o risco de contaminao nulo, garante.

    Benefcios do quefir

    Alm da ingesto como bebidaproteica, o quefir pode ser aprecia-do na culinria em diversas formas seja no preparo das saladas, substi-tuindo a maionese, no queijo cremo-so, base para bebidas e vitaminas, ouem bolos, biscoitos e pudins, tornan-do-os mais saudveis. Ele tambm

    apresenta vantagens com relao aoiogurte. Comparado ao iogurte, oquefir tem uma escala maior e maisvariada de micro-organismos quepodem ser aproveitados em sua cul-tura inicial para o preparo da bebi-da, alm de contribuir para o aumen-to significativo da digesto da lac-tose, pelo nvel de atividade da en-zima -galactosidase ser 60 % maiselevado, diz ela, lembrando que oseu consumo tambm facilita a di-gesto das protenas e a absoro declcio e ferro.

    Segundo a pesquisadora, outra ca-racterstica que pode ser considera-da um diferencial do quefir a deser, ao mesmo tempo, prebitico eprobitico. Ele prebitico por-que fornece condies para bact-rias benficas se instalarem no in-testino, assim como os iogurtes comfibras, enriquecidos com inulina efruto-oligosacardeos (FOS); eprobitico porque os micro-organis-

    mos ingeridos com o produto che-gam vivos ao intestino, como algunsleites fermentados industrializados,explica Mrcia.

    De acordo com a farmacutica, a lis-ta dos benefcios gerados pelo quefir extensa. O consumo da bebidamelhora o trnsito intestinal, evitan-do doenas como constipao, he-morroidas, diverticulares e cncer decolo. Estudos realizados no exteri-or e no Brasil constatam que ele me-lhora a imunidade do organismo eainda tem atividade anticancergenae anti-inflamatria, podendo tam-bm reduzir lipdios, como ocolesterol, conclui. Como se v,trata-se de um alimento e tanto queo famoso mdico grego de que fa-lamos no incio desta reportagem,certamente aprovaria.

    Pesquisadora: Mrcia Barreto FeijInstituio: Universidade FederalFluminense (UFF)

    Mrcia Barreto Feij: pesquisadora da Faculdade de Farmcia da UFF coordena estudo

    Foto: Divulgao/UFF

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 16

    Uma nova maneira decombater a violncia

    Uso de armas no letais em favelas com UPPUso de armas no letais em favelas com UPPUso de armas no letais em favelas com UPPUso de armas no letais em favelas com UPPUso de armas no letais em favelas com UPPs nos nos nos nos noRio inaugura um novo modo de se fazer seguranaRio inaugura um novo modo de se fazer seguranaRio inaugura um novo modo de se fazer seguranaRio inaugura um novo modo de se fazer seguranaRio inaugura um novo modo de se fazer seguranapblica e serve de modelo para o resto do Ppblica e serve de modelo para o resto do Ppblica e serve de modelo para o resto do Ppblica e serve de modelo para o resto do Ppblica e serve de modelo para o resto do Pasasasasas

    SEGURANA PBLICA

  • 17 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    No final de 2008, policiais sobem o Santa Mar-ta e, sem encontrar resistncia, do incio a umprojeto de policiamento comunitrio, at entoindito no Pas. Passados pouco mais de 18 meses, o pro-jeto das Unidades de Polcia Pacificadora (UPPs) ganhadestaque nos principais veculos da mdia estrangeira e j realidade para moradores de outras 16 comunidades beneficiando no mais apenas os moradores do clebremorro do bairro de Botafogo (veja mais informaes no box pg. 19), mas uma populao de cerca de 200 mil pessoasem comunidades espalhadas pelas zonas Sul, Oeste, Cen-tro e Norte do Rio. Mas se a iniciativa das UPPs foi facili-tada pela aprovao da maioria dos moradores, nem sem-pre a presena policial foi aceita com naturalidade pelapopulao beneficiada pelo programa. Alguns incidentescomuns a qualquer aglomerao de pessoas que no casoparticular dessas regies historicamente marginalizadasobrigou-as a criar regras prprias de sobrevivncia , comobrigas de bar, de casais e de vizinhos, puseram prova arelao entre a fora policial e os moradores dessas comu-nidades. Nada, contudo, pde frear a disposio do go-verno estadual de seguir adiante com a instalao das UPPs.

    Em busca de estratgias que afastassem os riscos ineren-tes a um programa to ousado, com os policiais enfren-tando um ambiente que por tanto tempo permaneneceuhostil presena das foras de segurana, a Polcia Militariniciou, em meados de abril deste ano, no Batalho dePolcia de Choque, treinamento para que policiais lotadosnas UPPs passassem a utilizar armas no letais arma-mentos que, se usados corretamente, podem ferir mas nomatam. Em um primeiro momento, os PMs devero usarspray de pimenta, e, em uma segunda etapa, passaro autilizar tambm munies de borracha de impacto con-trolado e armas de choque, que demandam tempo maiorde treinamento para que sejam usados de forma adequa-da. Com exceo da arma de choque, os demais equipa-mentos sero fornecidos pela empresa fluminense CondorEngenharia Qumica Ltda, a nica do Pas voltada exclu-sivamente para o desenvolvimento de tecnologias para fa-bricao de armas e munio no letais com padro dequalidade internacional.

    De acordo com informaes da Secretaria de Estado deSegurana do Rio de Janeiro (Seseg), os policiais das UPPsdevero atuar em duplas, portando um spray de pimentae uma pistola de choque. O principal objetivo da UPP acabar com o domnio do trfico, que se utiliza de ar-mas de guerra. Retirados este controle de territrio e asarmas, a polcia pode aos poucos ir se adaptando nova

    Vinicius Zepeda

    Lanador com munio no-letal: objetivo substituir o uso dos fuzis pelo uso de armasque podem at ferir, mas no matam

    Foto: Divulgao/Condor

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 18

    realidade. Vamos adotar as armas noletais, mas tambm vamos retirar osfuzis da polcia nestas reas, explicao secretrio de Estado de Segurana,Jos Mariano Beltrame. Hoje o San-ta Marta tem apenas duas patrulhascom fuzil. Policiais das UPPs conso-lidadas vo precisar somente de pis-tolas, ou de armas de cintura. Esta aevoluo natural do projeto, avalia.

    Segundo Beltrame, o objetivo darao policial a opo do uso progres-sivo da fora. No faz sentido uti-lizarmos arma pesada em reas pa-cificadas, algo que parece um con-trassenso. Estamos quebrando oparadigma de territrio imposto porarmas de guerra e, por isso, ns,como Estado, podemos retirar osfuzis dessas unidades, trocando-ospelas tecnologias no letais e por ca-rabinas ponto 30, diz o titular daSeseg, aps assistir a uma demons-trao de soldados do Batalho deChoque, com spray de pimenta earma de choque. Beltrame afirmaque a substituio de armas de fogopor no letais ser implantada emtodas as favelas beneficiadas pelasUPPs, seguindo a ordem cronol-gica de sua criao.

    Empresa de capital 100% nacional,a Condor fabrica diversos tipos deprojteis de borracha, que poderoser utilizados nas UPPs. Um deles, a

    munio calibre 12, chamada dePrecision, j conquistou espaointernacional, contando com paten-te no Brasil e nos Estados Unidos.J a arma eltrica incapacitante a serusada nas UPPs, por ora, ainda serimportada. A Condor j tem um pro-ttipo de aparelho similar, mas o pro-duto s dever estar disponvel nomercado no comeo de 2011.

    A arma eltrica pode atingir alvos aat dez metros de distncia. Dotadade quatro baterias recarregveis detrs volts cada, ela tem autonomiapara realizar at 150 disparos. Sodois dardos presos por fios eltricosque, ao serem disparados, energizam-se e prendem-se na roupa ou na peledo trangressor. O choque emitidodura cinco segundos e causa a perdado controle motor e a consequentequeda desse transgressor, explica odiretor de Tecnologia da Condor,Pedro Luiz Schneider. Se for neces-srio, o policial pode apertar nova-mente o gatilho e aplicar mais cincosegundos de choque.

    A participao do Centro Federal deEducao Tecnolgica Celso Suckowda Fonseca (Cefet/RJ) no projeto, deacordo com Schneider, foi essencialpara garantir o seu desenvolvimen-to. Com o apoio da FAPERJ, foipossvel criar, no Cefet/RJ, um la-boratrio bem equipado para desen-

    volver a tecnologia necessria para fa-bricao do armamento.

    Designado para assumir o Coman-do de Policiamento Comunitrio(CPCom), responsvel pela gesto dasUPPs, o coronel Jos Vieira de Car-valho confirmou que o Batalho deChoque manter um contingente de30 policiais em treinamento com ar-mas no letais at que todo o contin-gente esteja devidamente preparado.Estamos implantando a filosofia dano letalidade, da preservao da vida.Com os armamentos no letais, nos-so policial far uso da arma de fogoapenas como ltimo recurso de defe-sa, salienta. Carvalho explica que ospoliciais continuaro a portar armasde fogo, mas logo tambm estaroequipados com essas pistolas, chama-das de taser (que dispara eletrodos ca-pazes de produzir choque e imobili-zar a pessoa) e armas equipadas combalas de borracha. O coronel destacaa necessidade desse tipo de armamen-to na mediao de conflitos comunsnas comunidades.

    Schneider alerta paraperigo do uso de sprayde gs pimenta por civis

    Com os recursos advindos doseditais de Apoio InovaoTecnolgica (FAPERJ) e Pappe Sub-

    Demonstrao do uso do spray de pimenta: arma no letal dever ser adotada nas UPPs em substituio ao uso das tradicionais armas de fogo

    Foto

    : D

    ivul

    ga

    o/C

    ondo

    r

  • 19 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    veno/Rio Inovao (FAPERJ-Finep), alm da pistola taser e dasarmas que utilizam balas de bor-racha, a Condor desenvolve maisdois projetos: uma planta piloto paraproduo de CS (ortoclorobenzal-malonitrilo), matria-prima para afabricao de granadas lacrimogne-as, e um equipamento que permiti-r a substituio do processo ma-nual de prensagem de pastilhas la-crimogneas pela automao de to-das as suas etapas. O apoio da Fun-dao tem sido fundamental para odesenvolvimento de produtos e parao crescimento de nossa empresa e,consequentemente, para a moderni-zao da poltica de segurana emnosso estado e em todo o Pas, dizSchneider.

    Apesar disso, o diretor de Tecnolo-gia da empresa faz um alerta comrelao a algumas das notcias vei-culadas recentemente sobre o usode gs pimenta por civis, em espe-cial por mulheres de alto poder aqui-sitivo, muitas delas moradoras daBarra da Tijuca, na Zona Oeste, parase defender de assaltantes. Essasarmas so quase sempre compradasl fora ou adquiridas por meio devendas clandestinas, sem nenhumagarantia de qualidade, explicaSchneider. Muitos no sabem queseu uso, no Brasil, proibido paracivis, e que sua aquisio restrita argos de segurana e governos pormeio de licitaes, sendo regula-mentado por uma portaria apenaspara segurana privada.

    Schneider destaca que os agentes desegurana so treinados e orienta-dos para usar adequadamente arma-mentos no letais, que so extrema-mente eficazes em controle de tu-multos, como brigas de torcidas or-ganizadas em estdios de futebol,rebelies em presdios, entre outros.Mesmo em situaes graves, quan-do bandidos fortemente armadosenfrentam a polcia, o uso de armas

    Em meados dos anos 1990, imagensdo morro Santa Marta rodaram omundo, por conta de gravao, emuma laje de uma casa da favela, dovideoclipe They dont care aboutus (Eles no se importam com agente), de Michael Jackson (1958-2009). As autoridades da poca noqueriam que o vdeo fosse gravado,pois temiam que ele denunciasse apobreza e mostrasse o descaso dopoder pblico pelas famlias que ocu-pavam a encosta de Botafogo. Naocasio, o diretor e cineasta Spike Leenegociou com os traficantes do lo-cal para garantir a segurana do en-to rei do pop. O governo criti-cou a deciso e Lee, em resposta, dis-se que a polcia no tinha condiesde garantir a segurana de Jackson.

    Estou cansado de ser vtima da ver-gonha. No acredito que essa a terrade onde vim. Tudo o que eu querodizer que eles realmente no seimportam com a gente, diziam osversos da cano de Jackson. Em2010, os olhos do mundo se voltamnovamente para ao morro Santa Mar-ta, no mais para denunciar a violn-cia, o descaso de autoridades e o po-derio de traficantes, mas para falarde um novo modo de se fazer segu-rana pblica.

    Outro cone da msica pop mundi-al, a cantora Madonna, durante sua

    no letais, como bombas de gs la-crimogneo, pode contribuir paradesalojar os criminosos e facilitar aao policial, explica. As armas noletais podem, ainda de acordo como diretor da empresa, dar suporteao uso da arma de fogo, evitando-se disparos que podem atingir a po-pulao inocente. Uma prova desua eficincia que as foras de paz

    passagem pelo Brasil em novembrode 2009, visitou o morro a convitedo governador Srgio Cabral paraconhecer dois projetos sociais: o bemsucedido trabalho feito pela UPP aliinstalada e tambm a Ao Social pelaMsica do Brasil. Se antes os mora-dores da favela tinham razes paraacreditar que o poder pblico no seimportava com eles, como afirmavamos versos contidos na cano do as-tro do pop, hoje, tudo isso parececoisa do passado (V.Z.).

    da ONU, lideradas pelo Brasil naMisso das Naes Unidas para a es-tabilizao no Haiti (Minustah), jvm utilizando esses equipamen-tos, conclui.

    O Santa Marta no cenrio pop internacional

    Morro dos famosos: o governador Srgio Cabralacompanha Madonna durante visita da cantoraa projetos sociais instalados no Santa Marta

    Foto: Carlos Magno

    Pesquisador: Pedro Luiz SchneiderEmpresa: Condor EngenhariaQumica Ltda

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 20

    Referncia no Pas na rea defruticultura, o professor AlmyJunior Cordeiro de Carvalhoassumiu o cargo de reitor da Uni-versidade Estadual do NorteFluminense Darcy Ribeiro (Uenf) emjunho de 2007, aos 40 anos incom-pletos. Terceiro reitor eleito direta-mente pela comunidade universitria o segundo na era da autonomia ad-ministrativa , o dirigente e pesquisa-dor conhece como poucos a institui-o que dirige. Engenheiro agrno-mo, foi na prpria universidade queobteve o ttulo de doutor em Produ-o Vegetal, antes de ocupar vrioscargos na administrao da Uenf atser alado ao posto mximo. Nestaentrevista, ele volta a defender o Sis-tema Unificado de Seleo (Sisu/MEC) como forma de ingresso nasuniversidades, e, de maneiraemergencial, o sistema de cotas.Destaca ainda o papel da Uenf nainteriorizao do conhecimento noEstado do Rio de Janeiro e defende aproduo de cincia e tecnologia paraalavancar a melhoria das condies devida da regio Norte do Estado. Paraampliar a capacidade de atendimento

    s demandas da populao na regio,Almy Junior sustenta a necessidadede efetivao constitucional da auto-nomia financeira da universidade.Confira a entrevista.

    Em meados de 2010, o senhor com-pleta trs anos no cargo. Que ba-lano o senhor faz de sua gesto ato momento?

    Esta uma pergunta que fazemos ans mesmos, periodicamente. Comrelao aos compromissos assumidoscom a comunidade universitria, pormeio do Plano de Gesto, j conse-guimos atingir praticamente todas asmetas que foram estabelecidas nacampanha. No entanto, tambm pre-cisamos nos balizar pelo que neces-srio fazer em vista das circunstnci-as e dos cenrios que se apresentam.Neste momento, por exemplo, temosabsoluta necessidade de corrigir o des-nvel nos salrios iniciais de nossa ins-tituio com relao aos praticadospelas universidades federais e pelasnossas coirms, Uerj e Uezo. Isto temprovocado uma evaso de pessoal edificultado o preenchimento das va-gas nos concursos que tm sido aber-tos. Com base neste diagnstico, efe-

    tuado at memo pelo Conselho Uni-versitrio, a Reitoria estabeleceu umdilogo bastante promissor com o go-verno do Estado, cujo desfecho infe-lizmente foi adiado pelas incertezasem torno da arrecadao estadual, im-postas pela discusso sobre o rateiodas receitas do petrleo. Mas tenhoconvico de que esta questo ser re-solvida logo que possvel. No mais, aUenf tem experimentado avanos im-portantssimos, em funo, principal-mente, da forma de atuar do gover-no estadual, sob a liderana do go-vernador Srgio Cabral, que aumen-tou a nossa autonomia de gesto fi-nanceira, com liberao e execuo dooramento sem contingenciamentos,e com a aplicao efetiva dos recur-sos financeiros destinados FAPERJpela Constituio do Estado. Nocabe aqui fazer uma longa lista, masgostaria de citar a construo do res-taurante universitrio, o pagamentode dvidas trabalhistas, o pagamentode insalubridade e periculosidade, porexemplo. Tambm ressaltaria outrosaspectos, como a atualizao de nos-so Plano de DesenvolvimentoInstitucional (PDI), que est criando

    A educao pblica fundamental paraque grandes investimentos tragam desenvolvimento, e nopassivo social, ambiental e selvageria

    Almy Junior:

    ENTREVISTA

  • 21 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    as bases para o futuro da Uenf, nomdio e longo prazo, e toda uma s-rie de avanos substantivos na partede infraestrutura, abertura de novoscursos de graduao e ps-graduao,incremento na captao de recursosem agncias de fomento, multiplica-o de parcerias e assim por diante.Novas conquistas tm sido obtidaspela Uenf, tais como o Prmio Naci-onal de Educao em Direitos Hu-manos, em 2008, e o Destaque doAno na Iniciao Cientfica, em 2009,conferido pela segunda vez peloCNPq. Recentemente, a Petrobrasindicou a Uenf para ser uma das uni-versidades coordenadoras do Progra-ma Brasileiro em Sistemas Sedimen-tares, com nfase em ReservatriosCarbonticos (camada pr-sal).No por acaso, o MEC, em suas ava-liaes, vem reiteradamente apontan-do a Uenf como uma das 15 melho-res universidades brasileiras.

    O que pode ser feito para encurtara distncia que separa a Uenf dasdemais instituies de ensino supe-rior e pesquisa do Estado, a maio-ria delas concentrada na Regio Me-tropolitana do Rio de Janeiro, eincrementar o intercmbio entreelas?

    A distncia fsica, realmente, umproblema, sobretudo para o cumpri-mento de agendas que exigem encon-tros presenciais. Mas, parte isto, aUenf tem se articulado muito bem,

    at mesmo com instituies do exte-rior. Temos vrios convnios e aesde pesquisa intercambiados com pa-ses como EUA, Canad, Chile, Co-lmbia, Frana, Portugal, Japo,Holanda, Espanha, dentre outros. Doponto de vista do desenvolvimentocientfico e tecnolgico do nosso Es-tado, vejo como muito positiva ainduo de cooperao interins-titucional feita por certos editais daFAPERJ, como o Pensa Rio, Pronexe INCT, por exemplo, e tambm poroutras agncias de fomento. Temosque destacar o papel de interiorizao,principalmente no desenvolvimentocientfico e tecnolgico, que cabe Uenf. No Estado do Rio de Janeiro,existe uma concentrao gigantescade produo do conhecimento naregio metropolitana da capital, e aUenf veio contribuir para melhoraro equilbrio dessa distribuio. O con-srcio Cederj um exemplo de apro-ximao, mas precisamos aprimoraro intercmbio no prprio Estado. ONorte Fluminense est recebendo in-vestimentos exponenciais na atualida-de, com mais de R$ 150 bilhes jcontratados em empreendimentos,como o Porto do Au e o Complexode Barra do Furado. Entretanto, te-mos aqui um nvel de escolaridadeque gira em torno de cinco anos deformao escolar. Ou seja, a Uenfprecisa crescer e estabelecer novasparcerias para ampliar a formao derecursos humanos demandados portais investimentos. o que estamosbuscando, notadamente em entendi-mentos com nossas coirms, Uerj eUezo. Penso que a educao pblica fundamental para que grandes in-vestimentos tragam desenvolvimen-to, e no passivo social, ambiental eselvageria.

    Ao longo dos ltimos anos, diver-sos cursos oferecidos pela Uenf ti-veram avaliao positiva da Capes/MEC, que elevou o conceito de vri-os deles. A Uenf conta, hoje, com13 programas de ps-graduao dez deles com cursos de mestrado e

    doutorado. No incio de 2010, a ins-tituio ganhou mais um curso dedoutorado, de Engenharia Civil, oprimeiro do interior do Estado narea, e agora reivindica na Capes acriao de um programa na rea deZootecnia. Como o senhor avaliaessa progresso?

    A Uenf tem uma trajetria vitoriosaque deve ser creditada fundamental-mente ao modelo idealizado porDarcy Ribeiro. Mas h um aspectoque precisa entrar para o centro dapauta: a efetivao legal da autono-mia de gesto financeira. O atual go-verno tem adotado uma linha de res-peito pelo rito decisrio da prpriauniversidade, mas preciso que istoseja consagrado em lei e seja obser-vado independentemente do gover-no da ocasio. O exemplo das esta-duais paulistas e, mais recentemente,o da Universidade Estadual da Paraba(UEPB), esto a para demonstrarcomo a universidade pode crescer deforma sustentada se puder contarcom uma fonte de receita minima-mente estvel. Se conseguirmos a au-tonomia, poderemos programar nos-sa expanso, exercitar nosso poten-cial de captao de recursos para no-vos projetos e responder com muitomais agilidade aos desafios que nosforem propostos. A prpria questosalarial hoje um gargalo para a atra-o de profissionais de outras regi-es poder ser administrada de for-ma mais eficiente se pudermos exer-citar o princpio da autonomia, con-sagrado na Constituio Federal. importante ressaltar que a autonomiato essencial, deve vir com um mo-delo mais eficiente de avaliao, ino-vador, que leve em considerao noapenas a autoavaliao, mas a avalia-o da universidade pela sociedade.

    Como anda o projeto de instalaoda universidade no NoroesteFluminense, a sua expanso emMaca e a criao do Centro de For-mao de Professores em Campos?

    Essas so questes importantes queesto sendo tratadas pelo ConselhoUniversitrio e esto inseridas nas

    Fotos: Felipe Moussallem

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 22

    discusses relativas atualizao denosso Plano de DesenvolvimentoInstitucional (PDI). Temos j umaproposta concreta, apresentada aogovernador, para instalar um Centrode Cincias de Energia em Maca. Hum grupo de trabalho elaborando oprojeto de expanso para o Noroes-te Fluminense, enquanto outro exa-mina a questo da criao de umaunidade acadmica para formao deprofessores. De modo geral, a expan-so implica a abertura de concursopblico para contratao de profes-sores e servidores tcnico-administra-tivos, a adequao e construo deinstalaes e as despesas de custeio emanuteno. Alm da participao dogoverno estadual, especialmente nacontratao de pessoal, temos gran-de potencial para celebrar parceriascom prefeituras, rgos de fomentoe vrias outras instituies, no so-mente pblicas, mas tambm da ini-ciativa privada. A expanso em Maca,por exemplo, foi muito bem acolhidapela Petrobras e pela Prefeitura Mu-nicipal. Em funo dos investimen-tos que esto chegando regio, essaquesto da expanso da Uenf preci-sa ser tratada com mais urgncia.

    O debate em torno das cotas paraafrodescendentes, ndios, egressosda escola pblica e estudantes defamlias menos favorecidas nas uni-versidades continua dividindo opi-nies. No Brasil, a Uerj e a Uenf fo-ram as pioneiras na adoo do sis-tema de cotas. Que balano o se-nhor faz desse sistema e como fun-ciona o sistema de bolsas de apoiosocial utilizado pela Uenf?

    A experincia da Uenf demonstraque, na mdia, o estudante cotista seagarra com todas as suas energias oportunidade de ingresso numa boauniversidade pblica e faz isso commuita competncia, conseguindo re-verter as dificuldades acumuladas nosensinos Fundamental e Mdio. Temosestudantes que ingressaram na Uni-versidade como cotistas e que, atual-mente, j cursam a ps-graduao.Entretanto, precisamos aperfeioar os

    mecanismos de auxlio manutenodo estudante durante todo o curso,j que o benefcio das cotas restritoa alunos comprovadamente carentes.Neste momento, estamos construin-do um restaurante universitrio e re-gulamentando a utilizao de recur-sos do Fundo de Combate Pobrezapara o financiamento das bolsas ofe-recidas aos cotistas. Temos ainda ou-tra modalidade de bolsa, no exclusi-va para cotistas, mas aberta a todoestudante que tenha carncia socio-econmica. Nossa viso que as co-tas devem ser implementadas, comoao compensatria, mas que o Bra-sil deixe de gerar e gestar novas gera-es de cidados excludos. E isso agente faz investindo decentemente naqualidade da educao pblica emtodos os nveis, mas especialmente nonvel bsico.

    Neste ano de 2010, o Enem foi acei-to pela Uenf como nico meio deseleo de seus cursos presenciaisde graduao. O ministro FernandoHaddad chegou a propor a substi-tuio dos vestibulares das univer-sidades federais por um novo Enem.Na sua opinio, qual seria o critrioideal para a seleo de candidatosa uma vaga nas universidades?

    Este um tema complexo, pois defi-nir um vestibular ideal algo realmen-te difcil. Mas tenho defendido enfa-ticamente, e em todos os fruns, o

    Sistema de Seleo Unificada (Sisu),baseado no Enem. Tenho convicono apenas quanto ao aspectodemocratizante do vestibular nacio-nal, mas tambm quanto a suapotencialidade para induzir melhoriasno Ensino Mdio em todo o Pas. OSisu reduz, consideravelmente, oscustos dos vestibulandos, o que faci-lita aos mais carentes a busca peloingresso num curso superior fora dasua regio de origem. Portanto, o sis-tema possibilita maior mobilidadeestudantil, que ainda no forte noBrasil. Entretanto, maior mobilidadeestudantil, principalmente para estu-dantes carentes, demanda aes maisambiciosas para viabilizar a perma-nncia destes estudantes bolsas deapoio social, alimentao mais bara-ta, apoio a moradia etc.

    No final de novembro de 2009, aUenf promoveu o I Simpsio Nacio-nal de Jornalismo Cientfico, em ini-ciativa voltada para debater a ne-cessidade de se tornar mais aces-svel ao grande pblico o conheci-mento cientfico. Passadas quaseduas dcadas de sua fundao,como a populao de Campos per-cebe a presena da universidade eo que tem sido feito para estreitaros laos com os moradores da cida-de e da regio?

    Em linhas gerais, a percepo da soci-edade de Campos sobre a relevncia

    A populao est sedenta por oportunidades que tragam indicadores sociais mais qualificadose a Uenf deve cumprir o seu papel regional, diz Almy, eleito reitor em junho de 2007

  • 23 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    da presena da Uenf cresceu bastan-te ao longo destes anos. Em parte,este processo ocorreu de forma quepoderamos chamar natural, masem grande parte foi induzido pelosnossos esforos de comunicao. OI Simpsio Nacional de JornalismoCientfico, apoiado pela FAPERJ, foium marco importante, cristalizandouma srie de esforos anteriores eabrindo a perspectiva de novas fren-tes de trabalho. Em breve, faremoso lanamento de uma coletnea dematrias de divulgao cientficapublicadas por nossa assessoria decomunicao. Estamos buscandomecanismos para criar na prpriacomunidade universitria uma cultu-ra de divulgao cientfica, e ofere-cendo instrumentos para isso. Umdeles a revista Nossa Uenf, lanadaem 2008 e que, em breve, chegar sua 10 edio.

    Como o senhor avalia a contribui-o da Uenf para o desenvolvimen-to do interior do Estado? Esta con-tribuio j acontece na prtica?

    No h nada mais valioso para o de-senvolvimento de uma regio do quea implantao de uma universidadepblica, com um modelo como o daUenf. Alis, por isso que nos empe-nhamos tanto em levar a Universida-de, na plenitude do seu modelo, parao Noroeste Fluminense. Nestes pri-meiros 16 anos de atividade, j for-mamos em torno de 2 mil mestres edoutores nas mais diversas reas. Qual a cidade ou regio que no vai so-nhar com uma oferta de recursoshumanos qualificada desta magnitu-de? Em parte induzidos por editaisda prpria FAPERJ, dezenas de em-preendedores esto inovando seusnegcios em cooperao com cien-tistas da nossa universidade. Estamoscriando a Agncia de Inovao daUenf, com papel importante nastransformaes regionais, no estabe-lecimento de procedimentos e noapoio para o crescimento da Incuba-dora de Empresas de Base Tec-

    nolgica de Campos (TecCampos),uma parceria com vrias instituiesdo Estado. Este processo pode sermais acelerado, e ser, se fortalecer-mos os mecanismos de transfernciado conhecimento acadmico para osetor produtivo e criarmos outros.Mas a transformao est em curso e irreversvel. A presena da Uenf emCampos dos Goytacazes certamenteajudou a alavancar a criao de umpolo universitrio que hoje tem, apro-ximadamente, 30 mil estudantes.

    De que forma os projetos de exten-so da Uenf tm contribudo para amelhoria da qualidade de vida dapopulao de Campos e seu entor-no?

    A extenso na Uenf concebidacomo produo de conhecimento,obviamente compartilhada com ou-tros atores sociais e entrelaada como ensino e a pesquisa. Apesar de suainstitucionalizao relativamente tar-dia, a extenso tem tido desenvolvi-mento exponencial na Uenf. Saltamosde apenas seis aes cadastradas, em2002, para 70, em 2009. Nossos tra-balhos na rea envolvem as questesmais prementes para a regio, comoa agricultura familiar, temas ambi-entais, sade pblica, cultura, educa-o, entre outras, incluindo um tra-balho nacionalmente premiado narea de educao em direitos huma-nos e a j tradicional Semana do Pro-dutor Rural, com centenas de vagasem cursos de curta durao. No ba-lano quantitativo de 2009, emitimoscerca de 7,8 mil certificados de cur-sos ou aes de extenso.

    Quais as prximas perspectivas paraa Uenf?

    Vejo a Uenf como uma universidadejovem, inovadora e vocacionada aparticipar ativamente da superaodos grandes desafios da educaosuperior no Brasil. Temos a marca dopioneirismo, no apenas nos pontosprevistos por Darcy Ribeiro, mastambm no desenvolvimento poste-rior da Universidade. A participao

    no consrcio Cederj e no Sisu, ascotas no vestibular e a nossa inicia-o cientfica so exemplos disto. Eume louvo nas palavras de Darcy:Uma Universidade cuja ambiomaior dar ao Rio de Janeiro aquiloque, por exemplo, a Universidade deCampinas deu a So Paulo. Uma Uni-versidade moderna, que atualize oBrasil nos principais campos do sa-ber e que aqui implante laboratriose centros de pesquisa, nos quais astecnologias mais avanadas possamser praticadas fecundamente, ensina-das eficazmente e aplicadas utilmen-te. Uma Universidade do Terceiro Mi-lnio. Sinto que caminhamos nessadireo a passos largos. No entanto,repito, urgente que a expanso domodelo Uenf pela regio esteja napauta dos governos estaduais e mu-nicipais, precisamos ampliar as pos-sibilidades para que concluintes doensino mdio da nossa regio tenhammais possibilidades de ingressar noensino pblico superior. Temos ne-gociado estas aes com o governa-dor Srgio Cabral e sentimos que,com as melhorias que conseguimosna recuperao da infraestrutura,estamos praticamente prontos paraevoluir muito na questo da expan-so. As comunidades esto pressionan-do pela presena da Uenf, pois a po-pulao est sedenta por oportunida-des que tragam indicadores sociaismais qualificados. E ns achamos queessa presena mesmo fundamentalpara a Universidade cumprir o seu pa-pel regional. A FAPERJ tem sido fun-damental para induzir o desenvolvi-mento do interior, pela via da cinciae tecnologia. Precisamos de uma vi-so de conjunto sobre os problemasregionais e de uma estratgia que tam-bm envolva o conjunto das universi-dades estaduais, a despeito de suas di-ferenas de modelo e formato legal.Neste momento, estamos em enten-dimento com a Uerj e a Uezo, comvistas criao do Conselho de Reito-res das Universidades Estaduais.

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 24

    Uma instituio cada vez maisfamiliar aos cariocas de todas as idades completa, nes-te ano de 2010, um quarto de sculode atividades educativas e de servi-os prestados cincia brasileira.Trata-se do Museu de Astronomia eCincias Afins (Mast), que, ao longodos anos, firmou-se como um dosmais destacados propagadores do co-nhecimento cientfico e tecnolgicono Pas. Unidade de pesquisa do Mi-nistrio da Cincia e Tecnologia(MCT), suas instalaes ocupam umsimptico e verdejante terreno nasvizinhanas do Pavilho de So Cris-tvo e da Quinta da Boa Vista, Zona

    Em busca de voos

    Dedicado astronomia e

    cincias afins, oMast completa 25

    anos, investe emdivulgao

    cientfica e ensino,e atrai pblico de

    todas as idades

    cada vez mais altosNorte da cidade. Ali, mais do quepromover exposies e atividadesque levam populao conhecimen-to sobre uma das disciplinas maisantigas e que sempre despertou gran-de curiosidade no pblico, o museuconserva parte importante da hist-ria da cincia do Pas.

    Em seu amplo campus, com cerca de40.000 metros quadrados, est guar-dado um abrangente acervo docu-mental de grandes cientistas brasilei-ros, alm de equipamentos e instru-mentos criados e utilizados ao longodo tempo e que remontam ao sculoXIX. As dependncias do museucontam tambm com laboratriosonde so realizadas a conservao e

    Danielle Kiffer

    Foto

    : D

    ivul

    ga

    o/M

    ast

    ASTRONOMIA

    Cpula de observao do cu: luneta encomendada ao fabricante alemo Carl Zeiss permite ao pblico um passeio pelos astros

  • 25 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    restaurao desses documentos e re-lquias. No campo do ensino, o Mastrealiza um importante trabalho, aocapacitar pesquisadores de todas aspartes do Pas, atrados por seus cur-sos de ps-graduao, em reas comoHistria da Cincia, Educao emCincias e Bens Culturais, entre ou-tros. O museu tem prestgio e im-portncia por aquilo que a gente nov, que o segmento de pesquisa edocumentao. H no Mast um gran-de trabalho em prol da cincia quesubsidia e orienta as exposies parao pblico, afirma o diretor da insti-tuio, Alfredo Tiomno Tolmasquim.

    A edificao que hoje abriga o Mastfoi erguida em 1920, para sediar oObservatrio Nacional (ON). Pas-sado mais de meio sculo, em 1982,o Conselho Nacional de Desenvol-vimento Cientfico e Tecnolgico(CNPq) abriu o caminho para a cria-o do museu, ao lanar o Projetode Memria de Astronomia e de Ci-ncias Afins, com o intuito de pre-servar a histria da astronomia,geofsica, meteorologia, metrologia,fsica e qumica, que, no Brasil, tive-ram o ON como instituto pioneiro.Assim, em 1985, o projeto deu lugar criao do Mast, sem vinculaocom o ON, mas ocupando suas ins-talaes originais. O ON, por sua vez,se mudou para outras instalaes nomesmo campus, onde funciona hoje.Ao completar 25 anos de existncia,no dia 8 de maro, alm dos festejosde praxe, a direo do museu apro-veitou a ocasio para anunciar novosprojetos destinados a aprimorar o tra-balho realizado pelo museu.

    Novos projetos

    Entre eles, est a construo de umabiblioteca. As obras esto previstaspara comear em julho deste ano,com trmino em maio de 2011. Asnovas instalaes colocaro ao alcan-ce do pblico, por exemplo, o acer-vo de obras e ttulos doado pela Aca-

    demia Brasileira de Cincias (ABC).A inaugurao, em maio, do Centrode Preservao do Patrimnio His-trico Brasileiro de Cincia eTecnologia, em um prdio que j foiconstrudo anexo s instalaes doMast, outra novidade. Nele, serreunida toda a rea tcnica do Mast,com novos laboratrios e reas deguarda de acervo climatizadas, inclu-indo o Laboratrio de Conservaode Objetos Metlicos (Lamet), quepode ser considerado o primeiro la-boratrio da Amrica Latina especi-alizado em preservao de instru-mentos cientficos histricos. Antes,nossos laboratrios funcionavam emlocais improvisados. O pesquisadorque vinha consultar nosso materialprecisava dividir o mesmo espaocom a equipe que organiza o acer-vo, explica o diretor. Com a novaconstruo, haver locais especficospara cada tipo de atividade e o pr-dio principal do museu ser dedica-do exclusivamente a exposies.

    Atualmente, o Mast possui dois labo-ratrios: um de conservao e recu-perao de instrumentos cientficosantigos, no qual so trabalhadas aspartes metlicas dos objetos e a partetica; e outro, de conservao e res-taurao de documentos em papel.

    Atraes do acervo

    O acervo do Mast constitudo, prin-cipalmente, por documentos, escul-turas, equipamentos fotogrficos,instrumentos cientficos e de comu-nicao, mquinas, motores e mobi-lirios. Entre esses documentos est destaca Tolmasquim uma cole-o que uma verdadeira joia docu-mental: o acervo do Conselho deFiscalizao das Expedies Cient-ficas e Artsticas do Brasil (CFE).Criado em 1933 e tendo funcionadoat 1968, o CFE controlava todas asexpedies cientficas que entravamno Brasil. Mas as preciosidades doacervo no param a. Esto sob a

    nossa guarda documentos de cien-tistas que tiveram papel fundamen-tal em nossa trajetria cientfica, dizo diretor, que pesquisador em his-tria da cincia. Aqui esto, porexemplo, diversos documentos rela-tivos ao astrnomo francs naturali-zado brasileiro Henrique Morize, oprimeiro presidente da AcademiaBrasileira de Cincias (ABC); aManoel Amoroso Costa, matemti-co que foi um dos introdutores dateoria da relatividade no Brasil; e tam-bm a Luis de Castro Farias, que considerado o pai da antropologiabrasileira, cita Tolmasquim. Todosos documentos esto disposio depesquisadores para consulta.

    Dentre os equipamentos do acervo domuseu, um que raramente passa des-percebido dos visitantes a parte es-trutural do sistema tico de uma lu-neta, devido ao seu tamanho: oitometros de comprimento. Projetadapelo astrnomo Emmanuel Liais, foidoada pelo Imperador D. Pedro II aoImperial Observatrio do Rio de Ja-neiro, mas nunca foi realmente utili-zada. A montagem desse instrumen-to seria altazimutal, para determinar a

    Alfredo Tolmasquim, o diretor: alm das exposies,museu se destaca pela pesquisa e documentao

    Foto:Divulgao/Mast

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 26

    altura e o azimute dos astros que pas-sam pelo plano meridiano esclare-ce o diretor.

    Mas no so apenas os instrumentosde grande porte que despertam a cu-riosidade do pblico. H muitosequipamentos menores, de grandevalor histrico, ressalta Tolmasquim.Um exemplo o Altazimute Pris-mtico, instrumento utilizado paraverificar a altura de um astro no cu eque foi produzido no Brasil no finaldo sculo XIX. Este altazimute com-prova que possuamos, j naquela po-ca, no Brasil, uma oficina de tica dealta preciso fato que revela umavano significativo na rea cientfi-ca, pois a concepo de um aparelhocomo este no simples, e trata-se donico deste tipo existente no mundo,complementa.

    Cincia para todos

    Ao longo dos ltimos anos, o Mast,a exemplo do que vem acontecendonos principais museus e centros decincia fora do Pas, passou a ocuparespao importante na rea de divul-gao e incentivo educao em ci-ncia. Uma parceria do museu coma Fundao Centro de Cincias eEducao Superior a Distncia doEstado do Rio de Janeiro (Cecierj)permitiu a criao do projeto PraaItinerante, voltado para a educaocientfica em escolas do interiorfluminense. A iniciativa inclui umplanetrio inflvel e uma srie de ati-vidades com alunos de escolas p-blicas e tambm com professores, afim de orient-los a trabalhar de for-ma mais dinmica em sala de aula.

    Outro projeto, denominando Visi-ta Estimulada realizado em par-ceria com um grupo de ONGs. Esteprograma um dos meus prediletos.Com ele, trazemos pessoas de comu-nidades carentes para visitarem e pas-sarem o dia no museu, o que repre-senta para elas uma vivncia comple-tamente diferente, diz Tolmasquim.Em pouco tempo, percebi que es-sas pessoas sentiam-se excludas eque, por isso, no visitavam o mu-seu. Hoje, a presena delas aqui metraz uma imensa satisfao, pois mos-tra que o Mast para todos, e queconhecimento no se restringe.

    Parcerias

    O esforo do museu para atrair p-blico e investir em educao no pas-sou despercebido das agncias de fo-mento cincia e tecnologia. AFAPERJ, em anos recentes, incre-mentou o repasse de recursos , pormeio de diversos programas de fo-mento. Parte desses recursos contri-buiu para financiar a realizao damostra permanente, As Cincias en-tre o Cu e a Terra que trata a rela-o da cincia com a delimitao doespao fsico. Nesta exposio mos-tramos esta relao que muitos des-conhecem: a determinao da posi-o, dos astros no cu feita a partirde pontos definidos na Terra e vice-versa. A cincia sempre foi muito im-portante na delimitao do espao f-sico e muitas fronteiras foramdemarcadas por comisses cientficas,incluindo a do astrnomo Luiz Cruls,que determinou, em 1892, o territ-rio que seria a futura capital do Brasil,Braslia. Com uma agenda semprecheia de atraes, o Mast um exem-plo a ser seguido pelas instituies

    congneres no s do Rio, mas tam-bm de todo o Pas.

    O Mast, alm de suas mostrasitinerantes, que percorrem o Pas,tambm conta com exposies,permanentes e temporrias. Con-fira, a seguir, a programao deatividades do museu.

    Leonardo da Vinci:maravilhas mecnicas

    A exposio temporria revela que,alm de um grande artista, Da Vincitambm foi um gnio da mecnica,tendo desenvolvido projetos e esbo-os de helicpteros, submarinos,pra-quedas, mquinas voadoras,turbinas e outras engenhosidades.At 31 de julho.

    As Estaes do Ano:Terra em movimento

    Com esta mostra, o pblico poderdesvendar algumas curiosidades so-bre os ciclos dos dias e das noites,as fases da Lua e as estaes do anoem diferentes regies do Brasil, daTerra e em outros planetas do Siste-ma Solar, interagindo com aparatos3D, multimdias, vdeos, painis euma cenografia do cu.

    Visitas orientadas

    As visitas orientadas ocorrem aossbados, em dois horrios: s 15h es 17h. Com elas, o pblico tem aoportunidade de explorar, em deta-lhes, o sistema solar.

    Programa deObservao do Cu

    Realizado s quartas e sbados, de17h30 s 20h, permite que o pbli-co conhea planetas, galxias, nebu-losas, aglomerados e outros fenme-nos estudados pela astronomia.

    Altazimute: fabricado no Brasil no sculo XIX,instrumento serve para ver a altura dos astros no cu

  • 27 | Rio Pesquisa - n 11 - Ano III

    Programas de sbado

    No primeiro sbado de cada ms, realizado o Ciclo de Palestras de Astro-nomia, no qual o pblico acompanhauma apresentao e participa de umdebate. Diversos temas relacionados astronomia e s cincias em geralso abordados por diferentes profis-sionais convidados. No segundo s-bado, acontece o Cine Cincia, sessode cinema em que o Mast exibe lon-gas e promove debates nos moldesde cineclubes de cincia e de ficocientfica. A oficina Contando Mitos o destaque do terceiro sbado. Nela,os visitantes travam conhecimento,com riqueza de detalhes, com algunsmitos de deusas e deuses gregos, que,ao longo dos sculos, foram muitoutilizados para batizar astros do Sis-tema Solar. Contadores de histriasrelacionam a mitologia aos aspectosastronmicos dos objetos celestes,como massa, composio qumica,brilho aparente e perodo detranslao. Ao final, o contedo pas-sado s crianas fixado com umabrincadeira. O quarto e, eventual-mente, quinto sbado do ms fechamo perodo com sesses do Planet-rio Inflvel. Dentro de uma cpulainflvel com 3,2 metros de altura e 6,4metros de dimetro, com capacidadepara 30 pessoas por apresentao, osparticipantes tm a chance de fazeruma viagem pelo cu, acompanhandoos movimentos celestes, os planetasdo Sistema Solar, a mitologia grega as-sociada s constelaes, entre outrostemas, enquanto assistem simulaode uma noite estrelada.

    Programas dedomingo

    O primeiro domingo de cada ms animado com a oficina Cozinhando coma Qumica. Nesta atividade, o pblico

    convidado a aprender sobre cin-cia no mais popular dos laboratri-os: a cozinha. Com ela, as crianasajudam os animadores do Mast a pre-parar diferentes receitas, ao mesmotempo que conhecem conceitos debiologia, qumica e fsica. Gelatinaque no precisa ir geladeira, boloavermelhado e um po planetrio soalguns exemplos de deliciosas gulo-seimas que compem o cardpio daatividade. Para quem tem receio dedeixar o filho brincar com fogo, noh com o que se preocupar: as recei-tas so preparadas no micro-ondas.No segundo domingo, por meio daoficina Brincando de Matemtico, soexploradas algumas curiosidades so-bre a aritmtica elementar. De ma-neira descontrada, crianas e adul-tos resolvem quebra-cabeas num-ricos, jogos e desafios lgicos. AASTROmania, no terceiro domingo,aborda temas variados, com uma lin-guagem clara e direta. No quartodomingo do ms, o pblico constridiferentes aparatos cientficos e podelevar seu experimento para a casa. Aconstruo de uma Bssola, de umRelgio de Sol, de um Olho quetudo inverte, de uma Mquinamultiplicadora de guas e de umTelgrafo eltrico, so alguns dosdesafios que so propostos aos par-ticipantes.

    Todas as atividades do Museu deAstronomia e Cincias Afins so gra-tuitas. A participao livre, haven-do restrio apenas no Cine Cincia eno Ciclo de Palestra, indicados paramaiores de 16 anos. Para evitar trans-tornos por superlotao, necessrioque os interessados cheguem aoMast, no mnimo, 30 minutos antesde cada atividade, para retirar umasenha. O Programa de Observao do Cu a nica atrao que dispensa a reti-rada de senhas.

    Museu de Astronomia e

    Cincias Afins Mast

    Rua General Bruce, 586Bairro Imperial de So Cristvo

    Horrio de funcionamento:

    3, 5 e 6 9h s 17h4 9h s 21hSbados 14h s 21hDomingos e feriados 14h s 18h

    Tel.: (21) 2580-7010

    Obs: permitida a entrada de visi-tantes at 30 minutos antes do ho-rrio de fechamento do museu.

    Foto: Divulgao/Mast

    Luneta equatorial: instrumento produzido naAlemanha, no incio do sculo XX, uma dasatraes do Mast

    Programao do Mast

  • Ano III - n 11 - Rio Pesquisa | 28

    A atmosfera

    Adoo do biodiesel pela frota deveculos do Pas minimiza poluio

    gerada pela circulao deautomveis nas grandes cidades

    Nos grandes centros urbanos,como o Rio de Janeiro, apssima qualidade do arresulta, principalmente, da concentra-o de gases txicos liberados pelafrota de veculos, sobretudo de ni-bus e caminhes a diesel, que produ-zem compostos de enxofre, extrema-mente prejudiciais sade e ao meioambiente. Nessas condies, no che-ga a causar surpresa o fato de a polui-o do ar liderar, com 49%, o rankingdos problemas ambientais que afligemos cariocas, seguida da poluio dagua (20%) e da poluio sonora(15%). Os nmeros so do InstitutoEstadual do Ambiente (Inea), rgoinstalado no incio de 2009 que unifi-cou e ampliou a ao dos trs rgosambientais vinculados SecretariaEstadual do Ambiente Fundao

    o n. 03 de 1990 do Conselho Na-cional do Meio Ambiente (Conama/MMA), torna-se difcil estipular limi-tes para alguns poluentes na atmos-fera como dixido de enxofre,monxido de carbono, oznio, xi-dos de nitrognio e material parti-culado (poeira); e outros, to ou maisperigosos, ainda so negligenciados,a exemplo dos compostos reduzidosde enxofre, hidrocarbonetos arom-ticos, aldedos e cetonas. O pesqui-sador lembra que j existem pesqui-sas comprovando que o uso dobiodiesel benfico, j que, alm de

    na era dosbiocombustveis

    Estadual de Engenharia do MeioAmbiente (Feema), SuperintendnciaEstadual de Rios e Lagoas (Serla) eInstituto Estadual de Florestas (IEF).

    Na era dos biocombustveis, contu-do, a poluio do ar vem sendo mi-nimizada pelo uso cada vez mais fre-quente, tanto aqui como no exterior,de combustveis no fsseis. No casobrasileiro, a mistura diesel/biodieselchegou aos postos de abastecimentodo Pas em 2005. Desde ento, pes-quisadores de diversos estados se pu-seram a estudar o assunto. Um deles Srgio Machado Corra, da Facul-dade de Tecnologia e do Inst