Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

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2 3 Trimestral nº13 Ano 4 Mar/12 ‘Velhos’ serviços, novos formatos Pequenas empresas apostam em modelos modernos, adequados ao novo consumidor Games corporativos Situações do dia a dia dos empresários viram ‘febre’ em ambientes virtuais O boom das microfranquias Saiba tudo sobre o segmento que, só em 2011, faturou mais de R$ 3,7 bilhões no Brasil A revista da pequena empresa no Paraná Ilustrações: Escola de Criatividade/Cesar Marchesini

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Trimestral nº13 Ano 4 Mar/12

‘Velhos’ serviços,novos formatosPequenas empresas apostam em modelos modernos,adequados ao novo consumidor

Games corporativosSituações do dia a dia dos empresários viram ‘febre’ em ambientes virtuais

O boom das microfranquiasSaiba tudo sobre o segmento que, só em 2011, faturou maisde R$ 3,7 bilhões no Brasil

A revista da pequena empresa no Paraná

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Editorial

A primeira edição da Soluções Sebrae – A Revista da Pequena Empresa no Paraná, em 2012, traz o Empreendedorismo Criativo como tema de capa, sob o viés do comportamento.

Dia após dia, empreendedores e empresários de micro e pequenas, com recur-sos cada vez mais escassos, passam a investir em soluções empresariais basea-das na criatividade.

Os resultados, alguns podem ser conferidos na reportagem, têm sido bastante positivos, além de servirem de inspiração para os candidatos a empresário. Uma prova para aqueles que ainda resistem à ideia de apostar no diferente.

Temas como novos formatos de negócios, responsabilidade socioambiental e em-presarial, microfranquias e games corporativos também entraram em pauta, nossa equipe de repórteres apurou, e ocupam as páginas desta edição.

Você sabia, por exemplo, que empreendedores têm apostado em formatos ino-vadores de serviços, para atender uma nova gama de consumidores, mais cons-cientes? E que as microfranquias e games corporativos caíram no gosto dos em-presários e viraram ‘febre’?

Nesta Soluções, você saberá mais sobre esses temas e suas implicações. Assim como conhecerá casos de superação como o de um grupo de empreendedores ru-rais que aposta em hortas agroecológicas para sobreviver. E de um empreendedor aposentado, que formalizou-se e passou a fornecer para o poder público.

Uma novidade que o leitor pode conferir nesta edição é a coluna Radar da peque-na empresa, um espaço editorial para notícias rápidas sobre empreendedorismo, micro e pequenas empresas e assuntos correlatos.

A ideia é divulgar conteúdos, dicas e serviços de interesse dos pequenos negócios, com informações mais enxutas. Você pode contribuir. Envie sugestões para [email protected].

Boa leitura! Leandro Donatti, o editor

Aposte no diferente!

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Renata Todescato,gerente de Atendimento Individuale Marketing do Sebrae/PR

CoordenaçãoRenata TodescatoGerente de Atendimento Individuale Marketing

Edição/Jornalista ResponsávelLeandro DonattiRegistro Profissional– 2874/11/57-PR

Ammanda MacedoEspecialista em Marketing

Reportagens: Adriana Bonn,Adriana de Cunto, AdrianoOltramari, Beth Matias, Cleidede Paula, Giselle Ritzmann Loures,Juliana Dotto, Leandro Donatti, Maigue Gueths e Mirian Gasparin.

Fotos: Lino Trombeta, Sidinei Luiz Brandão, Luiz Costa e Rodolfo Buhrer.

[email protected]://asn.sebraepr.com.br

Críticas e comentários, mande um e-mail para [email protected]

Anuncie na Revista Soluções: [email protected]

ImpressãoArtes Gráficas Renascer Ltda.(Mult-graphic)

Design Gráfico e DiagramaçãoIngrupo//chp Propaganda

PeriodicidadeTrimestral

ISSN 1984-7343

SEBRAE/PR – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná

Jefferson NogaroliPresidente do Conselho Deliberativo

Allan Marcelo de Campos CostaDiretor Superintendente

Julio Cezar AgostiniDiretor de Operações

Vitor Roberto TioquetaDiretor de Gestão e Produção

É com muita satisfação que inauguramos nesta edição um espaço dedi-cado exclusivamente à sua opinião. E agora, você leitor, pode participar ainda mais da Revista Soluções, publicação do Sebrae/PR.

A seção Linha direta com o leitor é um canal aberto e democrático, para os mais variados pontos de vista sobre empreendedorismo e micro e peque-nas empresas, além de ser um espaço reservado para o debate de ideias.

Durante várias edições, provocamos, no bom sentido, nossos leitores. Pe-dimos a sua participação na construção da publicação que queremos e de sua linha editorial. Os primeiros frutos já estão sendo colhidos.

Temos recebido e-mails com sugestões de pauta e também manifestações dos leitores. Muitas de apoio às reportagens realizadas e outras com a proposição de temas de interesse dos empreendedores e empresários.

Aos poucos, conquistamos nosso objetivo maior, que é fazer uma revista a ‘quatro mãos’. Todas as sugestões de pauta foram anotadas e, aos poucos, serão exploradas em nossas edições. Quanto mais ideias, melhor.

Nesta edição, por exemplo, a reportagem sobre o Business Model Generation, considerado o que há de mais moderno na formulação de modelos de ne-gócios, é fruto de uma demanda recorrente de leitores interessados em saber como é possível abrir uma empresa de forma estruturada.

Este momento também é de comemoração, a Revista Soluções está no seu quarto ano de circulação. Mais madura e cada vez mais focada. As capas reproduzidas abaixo mostram essa evolução.

A preocupação constante, em não ser uma publicação institucional do Se-brae/PR, faz da Revista Soluções um veículo de comunicação do empreen-dedorismo e das micro e pequenas empresas no Paraná. Esta é a sua razão de existir. E é para isso que trabalhamos.

Linha direta

Expediente

Índice

Capa - Pág. 12

Artigos

Entrevista

Eloi Zanetti - Pág. 59 ...fragilidade nosrelacionamentos...

Allan Costa - Pág. 77...o desenvolvimento deverá acontecer.

Empreendedorismo criativo

Para ter sucesso nos negócios,é preciso reinventar, usar a criatividade e transformar setores sisudos da sua empresa em soluções de simples compreensão e acesso

Ignacy Sachs diz que Brasiltem obrigação de aproveitarbem recursos naturais e quedesenvolvimento pede políticas públicas para pequenas empresas

O desafio dodesenvolvimentosustentável

Tendência

‘Velhos’ serviços,novos formatos

Ideia ‘testada’ vira negócio rentável

Modelo leva empresasà ‘reinvenção’

Politicamente corretos

PÁG. 24

PÁG. 34

PÁG. 28

PÁG. 42

Comportamento

Jovens empreendedoresPÁG. 18

Personalidade

Giro pelo Paraná

Trajetóriaempreendedora

PÁG. 74

PÁG. 72

O boom dasmicrofranquias

União transforma comunidade carente

PÁG. 44

PÁG. 60

Mercado

Feiras e eventos

Associativismo

Mulheres determinadas

‘Sementes’do otimismo

PÁG. 54

PÁG. 64

Serviço

Games corporativosPÁG. 68

Capacitação

Formalizado, chaveiro vence licitação

PÁG. 50

Pág. 8

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Linha direta com o leitor

Cartas

Gostaria de parabenizar à toda equipe da Soluções Sebrae, por es-

tar sempre em busca de conteúdos interessantes e que, realmente,

fornecem soluções aos empreendedores. A edição da revista está

cada vez melhor, e espero que em 2012 surpreenda a todos os lei-

tores como fez em 2011. Acredito que sempre podemos melhorar.

Tanto a revista, como os empreendedores, quanto nós. Seria inte-

ressante, acredito, ter um espaço destinado aos universitários que

querem ser empreendedores. Estamos na Era do Empreendedoris-

mo. A maioria dos estudantes, segundo pesquisas, pensa em tor-

nar-se empresários. Porém, poucos buscam informações sobre o

negócio. Poderia haver um espaço na revista com histórias, e dúvi-

das de estudantes, as quais podem conter na mesma edição a res-

posta por profissionais ou empresários que já atuam no segmento

desejado. Uma espécie de “bate-bola” revista-empresário-estudan-

te. Sou um grande apaixonado pelo tema Empreendedorismo e pe-

las ações do Sebrae. Sempre me atualizo e estou de olho nas inicia-

tivas do Sebrae/PR. Estudo Administração de Empresas, e, assim

que me formar, pretendo ser um multiempreendedor, ter dois ou

mais negócios. A revista sempre tem me ajudado e contribuído para

minhas ideias e planos de negócio. Gostaria de agradecer a aten-

ção, e desejar um excelente 2012 para toda a equipe da revista.

Rodrigo Stica – Lapa – PR

Gostaria de parabenizar a revista, pois traz assuntos da atualidade.

Uma fonte de muita informação para quem quer adquirir mais co-

nhecimento para aplicar no negócio próprio ou também para quem

quer ser empreendedor.

Lucas Ferreira de Quadros - Ponta Grossa – PR

Foi com muita satisfação que li a Soluções. Aprecio boas leituras, as

quais me mantêm informada sobre as atuais tendências do merca-

do de trabalho. A revista traz muitas matérias interessantes e abor-

da os mais variados temas. Como sugestão, poderia haver alguma

matéria relacionada à legislação, tributária ou trabalhista, pois tive

a oportunidade de trabalhar em um escritório prestador de servi-

ços na área contábil, e percebi a grande dificuldade da maioria dos

empresários em conhecer a parte legal da administração de uma

empresa. Hoje temos a possibilidade da abertura de empresa, pes-

soa jurídica, somente com um proprietário, a EIRELI (Empresa Indi-

vidual de Responsabilidade Limitada). Mesmo sendo divulgado pela

mídia, nada se compara a uma boa matéria que podemos tê-la em

nossas mãos no momento que precisamos!

Sandra Rogero - Santa Bárbara d’Oeste – SP

Redes sociais

Soluções perguntou: Empresário, você acha que

criatividade é um item importante para o sucesso

do seu negócio? Por quê?

#revistasolucoes

Com certeza. Uma pitada de criatividade e de bom

gosto pode fazer todo o diferencial para o negócio.

@LaidyBarbosa - Twitter

Criatividade é relativa à inovação, e, no meu ponto

de vista, inovar é  preciso!

Maria Noeli de Melo - Facebook

Queremos sua opinião

[email protected]

Campeãsdo empregoLevantamento do Sebrae Nacional, com

base no Cadastro Geral de Empregados

e Desempregados (Caged), mostra que

as micro e empresas do Paraná geraram

95.176 empregos formais, em 2011. No

mesmo período, médias e grandes em-

presas foram responsáveis por 17.193.

No Brasil, o total de empregos gerados

pelas empresas de todos os portes che-

gou a quase 2 milhões. Sozinhas, as mi-

cro e pequenas empresas responderam

por 1,33 milhão de postos de trabalho,

85% do total de empregos gerados.

Formalizaçãoem altaO número de formalizações de peque-

nos negócios saltou no Paraná. Hoje, o

Estado tem mais de 110 mil empreen-

dedores individuais, de acordo com o

Portal do Empreendedor (www.portal-

doempreendedor.gov.br). E está em

quinto lugar no ranking nacional, atrás

de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Rio

Grande do Sul e Bahia. Curitiba lidera o

ranking estadual, com mais de 22 mil

empreendedores recém-formalizados.

Aberturae fechamentoO Paraná fechou 2011 com 56.325 no-

vas empresas abertas, das quais 96%

em média de pequeno porte. O núme-

ro faz parte das estatísticas da Junta

Comercial do Paraná (Jucepar). O nú-

mero é maior que o registrado em

2010, quando 54.954 novas empresas

foram abertas naquele ano. A extinção

de empresas também foi maior em

2011: 20.883, contra 20.229, em 2010.

Dicas deempreendedorismoA coluna do UOL sobre empreendedo-

rismo é uma boa dica para quem está

começando. Traz notícias fresquinhas,

úteis para os negócios e para o am-

biente corporativo. Acesse o www.

economia.uol.com.br/empreendedo-

rismo. Na seção de dúvidas frequen-

tes, informações detalhadas sobre a

abertura de empresas, gestão, recur-

sos humanos, marketing, tributos e

produtividade.

DesembolsorecordeO Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) apresen-

tou desembolso recorde para micro,

pequenas e médias empresas, no ano

que passou. A instituição destinou R$

49,8 bilhões ao segmento, o que repre-

senta crescimento de 9,02% em rela-

ção a 2010. Foram mais de 846.500

operações contratadas com micro, pe-

quenas e médias empresas em 2011,

um incremento de 49,02%.

Pagadorase pontuaisA pontualidade de pagamento das pe-

quenas empresas atingiu 95,2% em fe-

vereiro. De cada 1.000 pagamentos re-

alizados, 952 foram pagos à vista ou

com atraso máximo de sete dias. Os

dados são Serasa Experian. O estudo

sinaliza que “a situação financeira das

micro e pequenas empresas brasileiras

está em processo de melhora, após ter

registrado quedas ininterruptas na

comparação anual entre março e no-

vembro do ano passado”.

Radar da pequena empresa

Um ‘jogo rápido‘ sobre os pequenos negócios, geradores de empregos e renda

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Ignacy Sachs

Ignacy Sachs, ecossocioeconomista

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O desafio dodesenvolvimento

sustentávelPara especialista, Brasil tem obrigação de aproveitar bem recursos naturais;

desenvolvimento pede políticas públicas para pequenas empresas

Por Beth Matias

Professor da Escola de Altos Estudos em

Ciências Sociais da França, o polonês, natu-

ralizado francês, e estudioso do Brasil, Ig-

nacy Sachs, aos 84 anos, corre o mundo

mostrando que é possível conectar cresci-

mento econômico com inclusão social e res-

peito ao meio ambiente. Um tripé que ele

denomina ecossocioeconomia.

Em entrevista à Revista Soluções, o profes-

sor Ignacy Sachs discorre sobre a importân-

cia de políticas públicas de apoio às micro e

pequenas empresas para o desenvolvimen-

to sustentável do País.

Para o economista, a condicionalidade

ambiental deve ser protegida por políti-

cas públicas que obriguem as empresas a

procurarem mecanismos que não agridam

o meio ambiente.

O fato de haver um potencial de recursos na-

turais coloca sobre as pessoas, segundo o

estudioso, uma obrigação adicional de apro-

veitar bem este potencial e isso não se fará

unicamente por progresso econômico.

“É preciso incluir a revolução social indis-

pensável.” A reforma agrária e a questão

da educação são temas que preocupam

Ignacy Sachs.

As inovações tecnológicas, diz ele, devem

ser um mecanismo para que as empresas

possam contribuir na geração e distribui-

ção de renda e na preservação ambiental.

“Mais uma vez é preciso haver política pú-

blica com tributos e créditos preferenciais

para as pequenas empresas que inovam e

respeitam esses conceitos.”

Leia a seguir a entrevista de Ignacy Sachs.

Revista Soluções – Professor, o senhor

defende a implementação de “estratégias de

desenvolvimento socialmente includente,

ambientalmente sustentável e economica-

mente sustentado”, a chamada ecossocioe-

conomia. Como podemos encaixar o mundo

das pequenas empresas nesse contexto?

Ignacy Sachs – A ecossocioeconomia

tem condições sim de ser aplicada nos pe-

quenos negócios. É preciso diferenciar as

estratégias de desenvolvimento dentro de

um tripé: primeiro são os objetivos sociais.

Depois temos de ter uma condicionalidade

ambiental, caso contrário, o meio ambiente

pode se virar contra nós. O terceiro tripé é

construir viabilidade econômica. Desenvol-

vimento é um conceito relacionado a crité-

rios sociais e ambientais. Eles andam juntos

em busca da viabilidade econômica. Existe

a condicionalidade ecológica, que requer o

Duas coisas parecem essenciais: não pensar o desenvolvimento em termos exclusivamente tecnográficos, menosprezandoa dimensão social, e não desmobilizar achando que as coisas andaram o suficiente para frente

uso do intelecto para organizar as decisões

de maneira a fazer bom uso dos recursos

naturais. Isso se aplica às grandes e peque-

nas empresas. É óbvio que as pequenas

empresas são mais vulneráveis do que as

grandes e é óbvio também que elas preci-

sam ter políticas públicas elaboradas para

que consigam competir e se adequarem a

essas estratégias.

Revista Soluções – Diante das dificul-

dades que as pequenas empresas enfren-

tam, elas têm condições, por si só, de parti-

cipar deste modelo de desenvolvimento?

Ignacy Sachs – Nenhuma empresa dei-

xada a si mesma vai se preocupar com as

questões ambientais a longo prazo, mesmo

sabendo que o meio ambiente em algum

momento pode se voltar contra ela. A con-

dicionalidade ambiental deve ser protegi-

da por políticas públicas e obrigando as

empresas a procurarem mecanismos que

não agridam o meio ambiente.

Revista Soluções – Muito se fala atu-

almente da necessidade das empresas ino-

varem para continuarem sobrevivendo. É

possível colocar um quarto pé na sua teo-

ria: o da inovação?

Ignacy Sachs – O problema da inova-

ção se aplica às pequenas empresas e só

uma parte da solução está na tecnologia.

Não podemos buscar unicamente soluções

tecnológicas. É preciso pensar como se or-

ganizar. As inovações não podem se res-

tringir apenas às inovações tecnológicas. O

conceito de inovação precisa ser mais am-

plo. As inovações que a gente deveria levar

para frente devem respeitar três critérios:

do ponto de vista social, contribuir com a

geração e distribuição de renda. Do ponto

de vista ambiental, não ser destrutiva e,

por último, ter viabilidade econômica. E ou-

tra vez precisa estar aí a política pública

que tenha tributos e créditos preferenciais

para as pequenas empresas que inovam e

respeitam estes conceitos. Eu falo sobre

políticas públicas em nível fiscal e financei-

ro. As pequenas empresas precisam ter

acesso ao progresso, ao crédito, ao merca-

do e esses acessos dependem, em uma boa

parte, de políticas públicas “pesadas” para

que isso aconteça. As inovações tecnológi-

cas não vão cair do céu.

Revista Soluções – No seu ponto de

vista, o Brasil está no caminho certo nas

políticas públicas que estão sendo feitas

para as pequenas empresas?

Ent

revi

sta

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Ignacy Sachs – O Sebrae e o BNDES

(Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-

mico e Social), e várias outras ferramentas,

dão ao Estado brasileiro condições de atuar

de maneira proativa nessa área de apoio se-

letivo às micro e pequenas empresas.

Revista Soluções – Quais seriam os

países que estão aplicando melhor a ecos-

socioeconomia?

Ignacy Sachs – Temos de avançar em

todos os países e pensar as soluções a par-

tir de seu contexto. Instituições fortes

como o Sebrae e bancos públicos colocam

o Brasil numa situação razoável. Não signi-

fica que não tenhamos como melhorar

essa situação. É possível, por exemplo,

aperfeiçoar a relação entre os organismos

públicos, as universidades e as micro e pe-

quenas empresas. Há países que estão

numa situação muito pior do que o Brasil,

mas ainda há espaço para avançar em to-

das as direções. Para que isso aconteça, é

preciso um debate permanente no desen-

volvimento entre o Estado e a sociedade

civil organizada. Eu acredito muito em um

diálogo permanente entre os protagonis-

tas do desenvolvimento.

É óbvio que as pequenas empresas são mais vulneráveis do que as grandes e é óbvio também que elas precisam ter políticas públicas elaboradas para que consigam competir e se adequarem a essas estratégias

Revista Soluções – Na sua opinião, o

Brasil é a ‘bola da vez’ no cenário de desen-

volvimento?

Ignacy Sachs – Comparado com outros

países, o Brasil tem um potencial muito

grande tanto de riquezas naturais como

um conjunto de universidades de pesquisa.

Mas a batalha pelo desenvolvimento conti-

nua e há muito chão pela frente e muitos

desafios num mercado cada vez mais com-

plicado. O fato de vocês terem um poten-

cial de recursos coloca sobre vocês uma

obrigação adicional de aproveitar bem

este potencial e isso não se fará unicamen-

te por progresso econômico. É preciso in-

cluir a revolução social indispensável. Por

exemplo, a reforma agrária, que ainda não

chegou ao seu final. Ainda há muito chão.

O Brasil tem um enorme desafio na área de

educação. Duas coisas parecem essenciais:

não pensar o desenvolvimento em termos

exclusivamente tecnográficos, ou seja, me-

nosprezando a dimensão social. A segunda

coisa é não desmobilizar achando que as

coisas andaram o suficiente para frente.

Agora, pelo seu tamanho, pela sua posição

internacional, o Brasil é um dos ‘abre-alas’

dos países emergentes.

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Pensar diferente

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Empreendedorismo

criativoPara ter sucesso, é preciso reinventar os negócios,

inovar e usar a criatividade em vendas e gestão

Por Maigue Gueths

Cap

a

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Page 8: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Em 1999, quando a internet ainda era uma

grande novidade no mundo dos negócios, o

empresário João Livoti decidiu não apenas

fazer o site da sua loja de móveis, como

também vender seus produtos pelo mundo

virtual. Os amigos o chamaram de louco.

Naquele tempo, no Brasil, compravam-se e

vendiam-se apenas livros, cds e camisetas

pela internet. “Vender cadeira não vai dar

certo. As pessoas querem sentar no móvel,

antes de comprar” diziam.

Mas João não desistiu, bateu o pé, e hoje

não se arrepende em nada de sua decisão.

O site responde, atualmente, por 70% das

vendas feitas pela Desmobilia, loja que co-

mercializa móveis com design vintage.

Além da internet, as peças são comerciali-

zadas em três lojas, uma em Curitiba, aber-

ta também em 1999, e em outros dois en-

dereços em São Paulo.

O site www.desmobilia.com.br recebe,

atualmente, mais de 100 mil visitas por

mês. “Se não tivesse a venda pela inter-

net eu jamais conseguiria levar meus mó-

veis para o Brasil todo”, diz João Livoti,

que acredita que o grande diferencial da

sua empresa foi, sem dúvida alguma,

apostar nas vendas online.

“Jamais entrariam 100 mil pessoas em um

mês nas minhas lojas, eu também não teria

vendido para gente de tantos lugares do

Brasil”, comemora.

Para o publicitário Eloi Zanetti, especialis-

ta em Comunicação e Marketing, está cla-

ro que a decisão de João Livoti, de apos-

tar na internet, quando todos os

prognósticos e previsões eram contrá-

rios, foi o ‘pulo do gato’.

Um dos fundadores da Escola de Criativi-

dade, em Curitiba, e referência nacional

quando se fala em Empreendedorismo

Criativo, Eloi Zanetti afirma que a atitude

do empresário foi responsável pelo su-

cesso da Desmobilia.

“Esse é um exemplo de que as vendas

também podem ser muito criativas. A

Desmobilia é uma empresa de design, o

João Livoti repagina móveis e deixa-os

fantásticos, mas o grande ‘pulo’ não são

os móveis e sim a venda pela internet”,

reforça Jean Sigel, sócio de Eloi Zanetti

e relações públicas, especialista em

Marketing, Turismo, gestão de eventos

e desenvolvimento de pesquisas e es-

tratégias sobre o pensar criativo.

João Livoti lembra que sua criação teve

Com seis, sete anos, a escola e a família começam a sufocar o potencial criativo que as crianças têm

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Imag

en

João Livoti, empresário

que enfrentar muitas dificuldades que o

mundo online apresentava naquele tempo.

“A internet era discada, os recursos eram

primários. Para passar uma foto, levava

uma eternidade”, diz, ressaltando que op-

tou por abrir uma loja em São Paulo por ser

a cidade com maior demanda pelo seu pro-

duto e porque muitas pessoas, principal-

mente as de mais idade, ainda preferiam

ver e sentar “ao vivo” antes de comprar.

“Os mais novos compram pelo site sem pro-

blema algum, mas pessoas que, como eu,

pegaram a transição da internet, são mais

céticas”, avalia.

João Livoti conta ainda que a inspiração

para abrir a Desmobilia veio da Itália, onde

estudou Design. Na Europa, ele percebeu a

forte demanda pelo retorno dos móveis

dos anos 1960 e 1970.

“Decidi comprar peças antigas, reformar

e vender.” Veio do Velho Continente tam-

bém a tendência de uso da internet pelas

empresas.

Primeiro passoPara Eloi Zanetti, o problema é que, geral-

mente, as pessoas não sabem que são cria-

tivas. “Quando faço palestras nas empresas

e pergunto quem se considera criativo, só

um ou dois levantam a mão em cada 100.

Quer dizer, as pessoas não se consideram

criativas e esse é o primeiro passo para que

o sejam”, afirma.

A criatividade, segundo ele, pode aconte-

cer em todas as áreas da empresa, incluin-

do setores considerados árduos e buro-

cráticos, como a área de vendas ou a

gestão do negócio.

Ao contrário do que muitos acreditam, ex-

plica Jean Sigel, empreendedores não são

necessariamente criativos. “Eles têm a van-

tagem de ser mais versáteis do que uma

pessoa que trabalha como empregado, por

causa do desafio, porque vão tentar algo

novo. Mas há uma diferença entre o empre-

endedor e o empreendedor criativo, por-

que este vai sempre buscar o diferencial

que o comum não vai”, diz.

A 11ª edição da Pesquisa Global Entrepre-

neurship Monitor (GEM 2010), que mede o

nível de empreendedorismo dos países, e

divulgada em abril do ano passado pelo Se-

brae, mostrou que no Brasil 70% dos em-

preendedores abrem um negócio em seto-

res que já são altamente competitivos.

Ou seja, preferem abrir uma pizzaria ou um

comércio de cachorro quente, em vez de

apostarem em um produto diferente. “Esse

é um diferencial. O cara que é criativo pode

até abrir um negócio em uma ideia óbvia,

em um setor comum, mas vai criar um pro-

duto diferente, ou vai fazer uma gestão di-

ferente. É aí que está o grande ‘pulo do

gato’”, explica Jean Sigel.

Um exemplo simples de Empreendedoris-

mo Criativo, citado pela dupla de especia-

listas, é o empreendedor Edson da Maia. Ao

perceber a carência de serviços em sua ci-

dade, Almirante Tamandaré, na Grande

Curitiba, buscou recursos em um site de fi-

nanciamento colaborativo e abriu a “Ed

Tudo”, um pequeno comércio que funciona

como lan house, espaço onde as pessoas

podem pagar suas contas pela internet, fa-

zer fotocópias, comprar doces e sorvetes.

Soluções e tendênciasOutro exemplo de criatividade nos negó-

cios, desta vez na área das ideias e não no

setor de gestão e administrativo, é a EGG-

Mania, uma empresa de soluções e tendên-

cias, criada no fim de 2010, em uma deriva-

ção da Refinaria Ilimitada, agência de

Marketing e Comunicação.

Mário Nicolau, especialista em Comunica-

ção Promocional e sócio de ambas as em-

presas, explica que a EGG surgiu da multi-

disciplinaridade dos sócios: um trader

internacional, um profissional de Marke-

ting e Eventos, outro diretor de cena, rotei-

rista, gerador de conteúdo, que precisavam

ter um espaço para centralizar suas ideias

transformadoras.

Um dos diferenciais da EGG, segundo ele, é

o fato de ter um escritório na China, com

um gerente internacional contratado e ba-

seado em Shenzhen, que se mantém ante-

nado nas novidades de todo o mundo em

busca de oportunidades.

A empresa tem, hoje, quatro clientes fixos,

mas o momento atual, segundo Nicolau, é

de gerar negócios. “Esses negócios são, na

verdade, projetos. E esses projetos têm

inovação, ousadia e muita pesquisa”, diz.

Entre os produtos criados pela EGG, neste

um ano e meio de atividade, estão o EGG-

Tab, que foi o primeiro tablet colorido de 7”

lançado no mercado, um fone de ouvido

feminino em forma de colar e colorido,

além de uma mountain bike e uma FixedGear

(bicicletas de pinhão fixo usadas para veló-

dromo), feitas para fábricas locais que têm

a necessidade de oferecer produtos custo-

mizados, diferentes das bicicletas premium

e das populares.

“São projetos específicos. Se tivéssemos

acionistas na empresa, com certeza eles

gostariam de investir mais nas perspectivas

que estamos gerando”, explica, lembrando

que outro diferencial da empresa é traba-

lhar com tendências de serviços ou produ-

tos, sempre no ‘guarda-chuva’ da inovação,

com velocidade e ousadia.

Nicolau adverte, no entanto, que criativida-

de não é tudo. “É preciso ter capacidade de

realizar. A criatividade tem que ser extre-

mamente eficiente para poder ter realiza-

ção, e realizar significa ganhar dinheiro.”

Inovação e criatividadeEloi Zanetti acredita que as empresas fa-

lam muito em inovação e pouco em criati-

vidade, esquecendo-se de que para serem

inovadoras, elas devem, antes, incentivar

a criatividade.

O problema, segundo ele, é que as empre-

sas costumam sufocar seus funcionários

criativos, querendo enquadrá-los em seus

processos de fabricação.

“Para ter inovação é preciso ter um ambien-

te criativo. É preciso saber também que

não existe uma empresa criativa e sim pes-

soas criativas, que têm que ter liberdade

para criar. Só depois é que a empresa deve

entrar em processos, vendo que produto

ele pretende criar, para que mercado. Aí

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ola

de

Cri

ativ

idad

e

Jean Sigel,relações públicas

16 17

Page 9: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Não tenha medo defazer perguntas idiotas

A arte de desconstruirsuas ideias

Procure referênciasem outros mundos

Saber ligar umacoisa a outra

Não tenha medode fazer o simples

Saber buscarestímulos

Insight Ir a outros lugarese outras tribos

O criativo ésempre curioso

Para serem inovadoras, as empresas, independente do porte, devem, antes de tudo, incentivar a criatividade de seus funcionários

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Mário Nicolau, empresário

de se preocupar com seu negócio, com suas

vendas. Chega no fim do dia, ele não pensou

no negócio dele e não tem energia para ser

criativo e dar aquela volta que a empresa

precisaria. Porque pensar dói e dá trabalho”,

observa Eloi Zanetti.

Saiba mais

Site da Escola de Criatividadewww.escoladecriatividade.com.br

Site dos Empreendedores Criativoswww.empreendedorescriativos.com.br

Blog Empreendedor Criativowww.empreendedorcriativo.com

Recomendação de leitura:

Os Criadores, de Paul Johnson

A Cabeça, de Steve Jobs

O Poder da Mente Criadora,de Alex Osborn

De onde vêm as boas ideias,de Steven Johnson

Out of our mind, de Ken Robinson

As ideias nunca dirão quando vão aparecer

IncrívelO primeiro passo para uma pessoa ser criativa é considerar-se criativa

A hora da incubaçãoe das ideias

Não julgue as ideias Dê tempo ao processode pensar

Não tenha medo da crítica nem do ridículo

Ouça sua intuiçãoApareceu uma ideia, anote

Não tenha medo de errarNão tenha medo de errar

entra a parte da inovação, que é a parte bu-

rocrática”, destaca.

A inabilidade das empresas em trabalhar

com funcionários criativos , explica, faz com

que uma pessoa que é criativa fora da em-

presa, pare de criar no ambiente de trabalho.

“O cara é criativo em casa, no boteco, tem

hobbies criativos, mas quando ele bate o pon-

to ele tem que entrar no processo da empre-

sa, aí não vai sair uma Apple nunca”, avalia.

Cutucando a criatividadeSe as pessoas não se consideram criativas,

a Escola de Criatividade, criada por Eloi Za-

netti e Jean Sigel, nasceu com objetivo de

estimular a criatividade. Por conta disso, a

Escola atua em duas vertentes, na área de

negócios e na educação.

A metodologia, segundo Eloi Zanetti, se-

gue os preceitos do filósofo grego Sócra-

tes, que já naquele tempo descrevia dez

meios para se desenvolver a arte de pensar.

“Sócrates dizia que para ser um pensador é

preciso se considerar um pensador. É a

mesma coisa. A pessoa criativa tem que se

considerar criativa”, explica.

Os outros preceitos de Sócrates, como va-

lorizar a intuição, adotar uma estratégia

para atacar o problema, anotar ideias, en-

volver outras pessoas no processo mental

são a base das dicas ensinadas pela Escola

em seus workshops e palestras, destinados

a despertar a criatividade.

“Nossa outra vertente é a Educação. A ten-

dência da escola tradicional é ‘matar’ a cria-

tividade das crianças. Com seis, sete anos, a

escola e a família começam a sufocar o po-

tencial criativo que a criança tem. À medi-

da em que ela vai crescendo, a criatividade

vai sendo cerceada, seja no fundamental,

na universidade e depois no emprego,

onde tudo é altamente competitivo e em

áreas que não têm tanta inovação presen-

te”, acredita Jean Sigel.

Assim, a intenção é mostrar às escolas, edu-

cadores, empresas e famílias a necessidade

de manter aceso o lado criativo das crian-

ças, de modo a garantir mais jovens e mais

empreendedores criativos e, em consequên-

cia, também negócios mais criativos.

“O que se vê é que os empresários estão tão

preocupados com o dia a dia, com o imposto

que têm que pagar, com funcionário que foi

no Ministério do Trabalho para reclamar,

com a máquina que quebrou, a transporta-

dora que não trouxe o pedido, que ele deixa

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Page 10: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Precoces

Jovensempreendedores

Estudo revela que dois terços dos estudantes do Paraná, Santa Catarinae Rio Grande do Sul possuem negócio próprio ou gostariam de ter

Por Adriana de Cunto

Com

port

amen

to

20 21

Page 11: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Jovens universitários do sul do Brasil estão

mais propensos a se tornarem empreende-

dores do que no restante do País. Foi o que

apontou uma pesquisa da Endeavor, organi-

zação internacional que fomenta e dissemi-

na o empreendedorismo de alto impacto.

Segundo o estudo, dois terços dos estudan-

tes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande

do Sul possuem negócio próprio ou gosta-

riam de ter a sua própria empresa no futuro.

Gustavo Horn, 18 anos, é um dos jovens

que se encaixa nesse perfil. Com oito anos,

começou a trabalhar como ator de comer-

ciais de televisão para uma agência de Curi-

tiba. Aos 12 anos, percebeu que não tinha

tanta oportunidade para adolescentes

quanto havia para crianças e resolveu bus-

car outro caminho.

Pegou a câmera de vídeo da mãe e come-

çou a produzir pequenos filmes mudos e

postá-los no Youtube. A criatividade e quali-

dade das produções chamaram a atenção

dos amigos, internautas e empresas, que

contrataram os serviços de Horn para cria-

ção de vídeos publicitários e institucionais.

Sem falar na gigante Youtube, que o convi-

dou para uma parceria e paga três centavos

de dólar por clique. Cada vez que as visuali-

zações somam 100 dólares, o Youtube de-

posita o dinheiro na conta do curitibano.

Ao todo, Gustavo Horn tem 32 vídeos on-

line e a média de visualização por traba-

lho fica entre 200 mil e 300 mil. O “cam-

peão de audiência” foi um vídeo sobre

culinária, em que o rapaz ensina a fazer al-

gumas receitas. O trabalho contabilizou

700 mil visitas. “Os vídeos opinativos são

aqueles que dão mais acessos”, conta. O fil-

me chamado “Desabafo” conseguiu 500 mil

visualizações, enquanto “Eu Confesso” re-

cebeu 150 mil cliques, em apenas dois dias.

Horn é autodidata. Aprendeu quase tudo o

que sabe de produção de vídeo na internet

(edição, fotografia, técnicas de filmagem) e

é dessa maneira que ele pretende continu-

ar se aperfeiçoando. Sem frequentar ban-

cos de universidades, mas aproveitando as

infinitas possibilidades que a rede de com-

putadores oferece.

Como todo empreendedor, o videomaker

curitibano sabe que nesse negócio também

é preciso ter um diferencial e é importante

saber a hora de arriscar. No caso dele, este

parece ser o momento. Horn vai parar, por

seis meses, de produzir vídeos para empre-

sas e se dedicará inteiramente às criações

para o Youtube. “Quero trabalhar sem cen-

sor, sem chefe, ganhar dinheiro contando

as minhas histórias”, diz.

Nessa empreitada, o moço encontrou total

apoio da família. A mãe, a artista plástica

Andréa Horn, vai ajudar nas produções. É

na casa deles que está montado um estú-

dio onde Gustavo trabalha.

Apoio da família é muito importante para

o jovem empreendedor, acredita o geren-

te da Endeavor para o Paraná, Leonardo

Frade. É justamente essa característica

que pode diferenciar a região sul do res-

tante do País quando o assunto é disposi-

ção para empreender.

Pela pesquisa da instituição, 52% dos jo-

vens dos três estados pensam em se tornar

empreendedores, enquanto a média nas

outras regiões é 48%. Quase 57% dos pais

do sul brasileiro, ouvidos pelos pesquisa-

dores, consideraram positiva a ideia dos fi-

lhos empreenderem.

No sangueOutro exemplo de jovem empreendedor

de sucesso vem do estado de Minas Gerais.

Insatisfeito com o desempenho do seu

computador, Bernardo Porto desenvolveu

um aplicativo para otimizar a máquina, que

ganhou o nome de “Portinho” (apelido do

rapaz). A novidade foi sendo distribuída

para amigos e familiares até que uma calo-

rosa recepção na casa de um colega o des-

pertou para o empreendedorismo.

“Certo dia, fui jantar na casa de um amigo

e, de repente, sua mãe me abraçou e come-

çou a dizer coisas como: ‘Você salvou minha

vida. Meu computador está joia! Venha co-

mer um bolo gostoso’. Ela havia utilizado o

aplicativo e estava feliz com o resultado.

Foi neste momento que percebi a oportu-

nidade de tornar isso um negócio”, conta o

jovem empreendedor mineiro, que, na épo-

ca, tinha apenas 16 anos.

Hoje, aos 24 anos, Bernardo tem uma baga-

gem profissional que muitos empresários

só vão experimentar com idade bem mais

avançada. Em cinco anos, o moço juntou ao

currículo a criação de duas empresas, his-

tórias de muito trabalho, decepções, per-

sistência e, finalmente, o sucesso, que che-

gou com a DeskMetrics, uma plataforma

que fornece, em tempo real, informações

estratégicas sobre como um software está

sendo utilizado.

A plataforma direciona o desenvolvimento

de melhorias no aplicativo, a resolução de

problemas de maneira mais rápida e eficaz

Empreendedores precoces, do Paraná e Minas Gerais, são prova de que a idade não é impedimento para atuar no mundo corporativo

O mineiro Bernardo Porto não acredita

100% em vocação, na formação de um

bom empresário. “Qualquer pessoa pode

atingir um objetivo, basta querer e estar

preparada para a batalha. O mesmo vale

para o empreendedorismo. A pessoa pre-

cisa estar determinada para enfrentar a

árdua e longa aventura.”

Ele conta que não teve exemplo direto de

empreendedorismo dentro de casa, pois os

pais eram funcionários do que ele chama

de “ótimas empresas”. Mesmo assim, o jo-

vem encontrou na família o apoio necessá-

rio quando decidiu, em 2006, com 18 anos,

criar sua primeira empresa, a QuickSys.

Bernardo era aluno do primeiro ano de Sis-

temas de Informação na Pontifícia Universi-

dade Católica (PUC) de Minas Gerais. “Em

vez de criar um único aplicativo, criei um

conjunto deles para aumentar o desempe-

nho do computador. Tudo começou bem

simples e contei com a ajuda dos meus pais.

Gosto de dizer que foram os meus primei-

ros investidores e as primeiras pessoas a

quem tive que ‘vender a ideia’. Não foi fácil.

Após várias conversas, decidimos que eles

iriam ajudar nos primeiros meses da em-

presa e, após isso, eu tinha que tocar o bar-

co sozinho”, lembra.

e o reconhecimento de tendências, que au-

xiliam na tomada de decisões futuras. Como

consequência, o custo é reduzido e o desen-

volvimento otimizado. A maioria dos clien-

tes está nos Estados Unidos e na Europa.

Desde janeiro último, vive no Chile, para

atender a um trabalho com o governo da-

quele país. “Participo de um programa local

chamado Start-Up Chile e uma das exigên-

cias é permanecer no país por no mínimo

seis meses. É uma experiência incrível e

uma oportunidade para conhecer pessoas

do mundo inteiro”, comenta.

Bernardo é um dos 21,1 milhões de brasilei-

ros que atuam em empreendimentos no-

vos (com até três anos e seis meses). O

dado é de uma pesquisa divulgada no ano

passado pela Global Entrepreneurship

Monitor (GEM).

O jovem empresário ajudou o País a con-

quistar o primeiro lugar do ranking em taxa

de empreendedorismo entre os países

membros do G20 e do Bric (Brasil, Rússia,

Índia e China). Inovar e criar novos negócios

estão no sangue do brasileiro? Lideranças

como Nick Seguin, da Kauffman Foundation

(instituição mundial dedicada ao tema)

acredita que o Brasil é a ‘bola da vez’ quan-

do se trata de empreendedorismo.

Em 2007, um aplicativo da QuickSys venceu

o concurso de melhor software nacional,

realizado pela Revista Info Exame, fato que

acabou alavancando as vendas da empresa.

Mas o ano seguinte não foi fácil. “Em 2008,

ainda bem amador - não tinha experiência

profissional nenhuma - e administrando o

negócio praticamente sozinho, decidi que

deveria vender os nossos produtos para o

mundo inteiro. Foi uma decisão equivocada

naquela época. Ao mesmo tempo que po-

deríamos expandir a empresa e aumentar

as vendas fora do Brasil, a QuickSys come-

çou a incomodar grandes corporações que

estavam presentes no mercado internacio-

nal e que tinham um budget (orçamento)

muito maior para marketing e contratação

de mão de obra qualificada”. O resultado

foi um ano de poucas vendas, muito traba-

lho e resultado abaixo do esperado.

Em 2009, aos 21 anos, a decisão mais difícil:

desistir e arrumar um emprego ou insistir

na empresa? “A conta corrente no banco já

não estava atraente e, para piorar, era o

meu último ano de faculdade. Todos os

meus colegas estavam bem empregados,

trabalhando em grandes empresas. Eu, de-

finitivamente, era o ‘ovelha negra’ da famí-

lia e dos colegas.” A persistência falou mais

alto. “Duro, sem nenhum dinheiro, eu esco-

O preconceito parece estar sendo superado pelos mais velhos e jovens estão cada vez mais bem preparados eproativos nos negócios

Gustavo Horn, empreendedor

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Page 12: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Saiba mais

Recomendação de leitura:

“Diferencial Competitivo”,de John L. Nesheim,Editora Best Seller

“Como fazer uma empresa darcerto em um país incerto”, Instituto Empreender Endeavor,Editora Campus

lhi arriscar, pois, no fundo, amava tudo

aquilo que eu estava fazendo.”

Em 2010, pegou o resto - muito pouco

dinheiro - que havia guardado na pou-

pança e abriu um pequeno escritório no

bairro São Pedro, em Belo Horizonte,

hoje também conhecido como San Pedro

Valley. Os primeiros meses foram com-

plicados e Bernardo prestou consulto-

rias para algumas start-ups para fechar

a conta no final do mês.

Contar com ajuda de uma organização que

dá suporte ao sistema de gestão e ao de-

senvolvimento de produtos foi essencial.

Enquanto discutia um novo modelo para a

QuickSys, ele percebeu uma oportunidade,

fornecer uma solução para as empresas de

software que permitissem que eles verifi-

cassem como os seus aplicativos eram utili-

zados pelos usuários. Assim, a QuickSys

foi fechada e nascia, em 2010, o conceito

da DeskMetrics.

Bernardo Porto trabalhou no desenvolvi-

mento da primeira versão do produto du-

rante quatro meses até o lançamento ofi-

cial em no TechCrunch - um dos sites mais

conceituados sobre start-ups no mundo.

Em 2011, as operações efetivamente co-

meçaram. “Conquistamos vários clientes no

mundo inteiro, inclusive concorrentes da

antiga QuickSys. Atualmente, trabalhamos

arduamente para formar uma equipe cada

vez melhor e prestar um serviço de altíssi-

ma qualidade. Processamos mais de 120

milhões de dados todo mês. Monitorar isso

tudo não é uma tarefa fácil. É um grande

desafio e estamos focados em superá-lo.”

Preconceito x talento

Com a DeskMetricks consolidada em ape-

nas um ano, chegou a vez do jovem empre-

sário ajudar quem deu suporte no início. Os

pais dele largaram as atividades, como fun-

cionários de grandes empresas, e estão ini-

ciando uma jornada empreendedora tam-

bém na área de Tecnologia da Informação

(TI). “Eu, por sinal, estou dando o maior

apoio”, afirma Bernardo.

Ele sabe das dificuldades e alegrias de

montar seu próprio negócio. “Existem vá-

rias dificuldades em empreender jovem.

Entre as dificuldades, podemos citar a falta

de experiência profissional, que pode ser

amenizada com ótimos mentores e muita

determinação, e um networking profissio-

nal limitado. As pessoas são fundamentais

para os negócios e o jovem deve se preocu-

par com isso desde o início”, ensina.

Na opinião dele, não há preconceito contra

jovens comandando seus negócios. “Em

certos momentos acredito que ocorre até o

contrário, admiração por ser tão jovem e

enfrentar inúmeros desafios diários. O úni-

co momento que realmente sinto um leve

preconceito é durante uma venda presen-

cial. Às vezes, você está negociando com

um diretor mais experiente, mais velho, e

você sente do outro lado que essa pessoa

não está confiando muito nas suas pala-

vras, pois você ainda é um ‘menino’. Feliz-

mente isso está mudando. Os jovens estão

cada vez mais bem preparados e proativos

nos negócios.”

Para quem está começando, Bernardo Por-

to tem um conselho. “Acredite. Siga em

frente. Adelante. O início de qualquer ne-

gócio não é fácil. Aprendemos bastante e

erramos muito. Se estivermos fazendo o

que amamos, trabalhando no que acredita-

mos, uma hora chegamos lá. Tenha sempre

persistência e mantenha a alegria. Esta é a

minha ‘filosofia’ - também conhecida pelos

amigos como lovestartup.”

Comentando sua trajetória, Bernardo Por-

to lembra que não são todos os empreen-

dedores que acertam de primeira, por isso,

outro conselho é saber a hora de mudar e

partir para novas ideias. Para o futuro, ele

planeja a expansão da sua empresa. “Meu

plano profissional é contribuir ainda mais

para o crescimento internacional da Desk-

Metrics, trazendo um ótimo retorno para os

nossos investidores, acionistas e colabora-

dores.” Pessoalmente, ele quer ter tempo

suficiente para “curtir cada momento espe-

cial com a minha família”.

Qualquer pessoa pode atingir um objetivo, basta querer e estar preparada para a batalha, e esta regra vale também para o empreendedorismo

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ação

Bernardo Porto,empreendedor

24 25

Page 13: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Modelo leva empresas à

‘reinvenção’Empresários buscam no Business Model Generation reestruturação para

negócios; especialistas dizem que ferramenta é diálogo para inovação

Diálogo

Por Beth Matias e Leandro Donatti

O avanço da tecnologia nos últimos 30 anos

provocou mudanças significativas nos hábi-

tos de consumo e no perfil das empresas,

tanto no Brasil como no resto do mundo. O

reposicionamento recente de grandes em-

presas, com o fechamento ou a mudança no

modelo de negócios, fez com que muitos em-

presários repensassem também como esta-

rão suas empresas daqui a cinco ou dez anos

e se seus clientes ainda serão os mesmos.

Casos mal-sucedidos como o da Kodak,

que viu o seu modelo de negócios ruir

com o avanço da tecnologia, e de empre-

sas que precisaram se adaptar como é o

caso da Fujifilms e da Motorola, colocam

um sinal de interrogação na cabeça do

empresário brasileiro.

Segmentos de negócios inteiros se trans-

formam com o avanço da tecnologia, como

é o caso do pequeno comércio que traba-

lhava com revelação de fotos no Brasil. Com

o advento da máquina digital, as empresas

não mais revelam filmes, mas oferecem as

mais diferentes ampliações e produção de

álbuns com design, desenvolvendo um rela-

cionamento mais próximo com o cliente. Há

também o caso dos restaurantes self-

-service, criados a partir das facilidades

do autoatendimento.

E para se juntar à tecnologia, o mundo vive

agora o ciclo dos valores éticos, colaborati-

vos e inovadores. É a era da sustentabilida-

de social, ambiental e econômica. Fatores

antes estáveis, como a própria tecnologia,

hábitos de consumo, matérias-primas, mu-

dam rapidamente e exigem que tanto os

modelos de negócios tradicionais como os

inovadores sejam simplificados.

Por isso, pequenas, médias e grandes em-

presas têm buscado no Business Model Ge-

neration (BMG), modelo de negócios criado

por Alex Osterwalder, Ph.D. em Sistemas de

Informações Gerenciais da Universidade de

Lausanne, na Suíça, uma forma de reinven-

tarem suas empresas rapidamente.

O brasileiro Luis Eduardo de Carvalho, coau-

tor de Osterwalder no livro de Business Mo-

del Generation com mais 470 pessoas, acre-

dita que a grande contribuição que BMG

traz às empresas é a estrutura simplificada

que permite ao empresário ou ao gestor

‘conversar’ sobre o negócio.

“No fundo, ele é uma ferramenta de diálo-

go. O modelo permite visualizar produção,

entrega de valor e como a empresa é remu-

nerada por isso. O BMG faz de uma maneira

muito simples, intuitiva, os gestores lida-

rem com os building blocks, as partes com-

ponentes do negócio. Eles começam a pen-

sar a empresa como se fosse um ‘Lego’. As

peças podem ser encaixadas de acordo com

muitas variações.”

CanvasPara isso, dentro do BMG existe uma ferra-

menta muito simples, que pode ser criada

numa folha de cartolina e funciona como

um mapa: é o Business Model Canvas, que

permite a descrição modelos de negócio,

por meio de nove grandes blocos:

1. Segmentos de clientes: para quem es-

tamos criando valor? Quem são nossos

clientes mais importantes?

2. Propostas de valor: que valor entrega-

mos a nossos clientes? Design? Customiza-

ção? Acessibilidade? Preço? Redução de

Custo? Novidade? Que problema da em-

presa estamos ajudando a solucionar? Que

necessidades estamos satisfazendo?

3.  Canais:  como alcançamos e queremos

alcançar nossos clientes? Comunicação,

distribuição e vendas. Estamos usando lo-

jas próprias, e-commerce, atacado, lojas de

parceiros?

4. Relacionamento com clientes: que tipo

de relacionamento esperamos ter com nos-

sos clientes? Autosserviço? Assistência pes-

soal? Automatização? Comunidades?

5. Fluxo de receitas: por que valor os clien-

tes estão dispostos a pagar?

6. Recursos-chave e pessoais:  quais os

principais recursos que nossa proposta de

valor requer? Os principais são físico, inte-

lectual, humano, financeiro.

Tend

ênci

a

Processos/AtividadesCompetências-chave Propostas de valor

Relacionamentocom clientes

Segmentosde clientes

Parceria-chave

Estrutura de custos Recursos-chave e pessoais Canais Fluxo de receitas

Para entender o modelo Canvas, é preciso ter um mapa

26 27

Page 14: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

7. Processos/Atividades/Competências-

-chave:  quais as principais atividades re-

queridas por nossa proposta de valor? Ha-

verá produção? Plataforma em rede?

8. Parceria-chave: quem são nossos princi-

pais parceiros? Vamos trabalhar no forma-

to cooperativa? Comprador-fornecedor?

Joint-venture?

9.  Estrutura de custos:  quais são nossos

principais drivers de custo? Custos fixos, va-

riáveis, economia escala.

O Canvas (veja a figura nesta reportagem)

nada mais é do que um exercício para ex-

trair propostas de valor que atendam e po-

tencializem os principais objetivos deseja-

dos, antes de partir de fato para a

formatação do produto, do serviço ou mes-

mo do processo de uma empresa. Ele pode

ser subdividido em duas grandes dimen-

sões, sendo a dimensão mais à direita os

elementos mais subjetivos e “emocionais”

e os elementos da parte esquerda os mais

estruturais e lógicos.

Luis Eduardo de Carvalho sugere que as to-

das as empresas deveriam submeter seus

atuais modelos de negócios ao Canvas. “Or-

ganize a planilha e traduza o atual modelo de

negócios nela. Depois faça uma nova, com as

inovações que podem ser implementadas.

Veja onde você pode inovar e agregar valor.

Para ter inovação, é preciso desenvolver o

olhar, assim como músico desenvolve suas

habilidades ouvindo música. O gestor precisa

desenvolver o seu repertório.”

Indicadores de desempenhoO professor da Fundação Dom Cabral e

pós-doutor pela Sauder School of Business,

no Canadá, Hugo Ferreira Braga Tadeu, diz

que o modelo é tão simples que está sen-

do aplicado inclusive em negócios tradi-

cionais como empresas de transporte, si-

derurgia e o sistema financeiro. “É possível

colocar no modelo Canvas apenas um pro-

cesso e identificar os gargalos e as possí-

veis soluções para aquele processo, sem

necessariamente analisar todo o modelo

de negócios da empresa.”

Muitos autores, reforça Tadeu, acreditam

que o Canvas precisaria de um ajuste quan-

do o assunto é indicadores de desempe-

nho. “Principalmente para os pequenos ne-

gócios, é preciso que o empresário possa

avaliar a empresa por meio de indicadores

de desempenho.”

Por enquanto a ferramenta ainda não tem

esses medidores de avaliação. O professor

da Dom Cabral diz também que há bancos

de investimento que estão aceitando o mo-

delo Canvas para validar recursos. “Ele é

tão bacana que muitos bancos se predis-

põem a entender o modelo Canvas para

criar linhas de financiamento para as em-

presas. Há bancos avaliando, inclusive, os

produtos em seu portfolio”, destaca Tadeu.

InovaçãoO Canvas é muito simples de ser utilizado,

mas, segundo o professor Luis Eduardo de

Carvalho, é preciso construir um ambiente

de inovação dentro da empresa para que

novos modelos sejam pensados. O especia-

lista acredita em quatro pré-condições para

inovação: tempo livre, confiança, diversida-

de e abertura ao erro. Condições necessá-

rias, mas não suficientes, segundo ele para

provocar inovação. A ausência delas, diz, vai

dificultar muito a chance de a inovação

acontecer, mas a falta delas, com certeza,

vai impedir a inovação de acontecer.

O tempo livre está relacionado ao fato de

que a inovação tem de estar na agenda de

alguma forma. “É preciso parar para pen-

sar no que pode ser feito de novo. As em-

presas mais inovadoras, Google por exem-

plo, já perceberam isso e já colocaram o

tempo na agenda. As empresas, na sua

busca por eficiência operacional, otimiza-

ram tudo e, muitas vezes, as pessoas tra-

balham no limite. E inovação precisa do

tempo livre, do tempo descompromissa-

do, do tempo que olha o outro, que pes-

quisa. Muitas empresas não perceberam

isso. Essa ficha está demorando a cair.”

São vários os aspectos da confiança que po-

dem estar bloqueando o processo da inova-

ção: como o medo do ridículo, falta de com-

promisso das empresas com novas ideias e

o risco de cópia.

Luis Eduardo de Carvalho acredita também

que, no ambiente propício à inovação, é

preciso ter públicos diferentes dos habitu-

ais, como recém-contratados, pessoas da

periferia geográfica da empresa e jovens

aprendizes. A última pré-condição está re-

lacionada ao erro. Segundo Luis Eduardo

de Carvalho, o erro precisa ser visto no Bra-

sil como um processo intermediário.

Sebrae/PR 2022De olho no futuro, o Sebrae/PR passou a utili-

zar, em 2011, o Business Model Generation

como ferramenta para analisar seu modelo

de negócio e planejar as ações da organiza-

ção. O Projeto Sebrae/PR 2022 desencadeou

um período de intensa reflexão, provocado

pelo presidente do Conselho Deliberativo do

Sebrae/PR, Jefferson Nogaroli, para repen-

sar a organização e prepará-la para os desa-

fios da sociedade empreendedora do futuro.

Segmentosde clientes:

Relacionamentocom clientes:

Propostasde valor:

Processos/AtividadesCompetências-chave:

Parceria-chave:

Canais:

Recursos-chavee pessoais:

Estrutura de custos: Fluxo de receitas:

Um dos Canvas construídos durante o Projeto Sebrae/PR 2022

“Ainda há muito a ser feito”, afirma Allan

Costa. As etapas, dentre as quais a do

Business Canvas, foram fruto de intenso

diálogo e “seguramente representam

anseios da comunidade empresarial pa-

ranaense e sinalizam um caminho pelo

qual o efeito da atuação do Sebrae/PR

será ainda mais efetivo e valorizado, com

contribuição ainda mais decisiva para o

desenvolvimento do Paraná por meio

das micro e pequenas empresas”.

Mapeie seu negócio

utilizando post-its

Não tente fazer sozinho.

Chame amigos

para ajudá-lo

Visualize seu

modelo de negócios

Traga três tendências

inovadoras para o seu

modelo de negócios

Aprenda com o

negócio dos outros

Não confie em apenas

um modelo, construa

vários protótipos

Construa um modelo

de negócio

autossustentável

Mostre onde

está o dinheiro

que será usado

Considere além

do lucro

21 3

54 6

87 9

Dicas para o uso do BMG

Saiba mais

Entenda mais sobre oBusiness Model Generation, acesse:www.alexosterwalder.com

http://migre.me/8qB20

E leia ainda o livroBusiness Model Generation – Inovação em Modelos de Negócios, 2011,Alta Book Editora.

“O Sebrae/PR, em sintonia com o Sebrae

Nacional, e a partir dos anseios da comuni-

dade empresarial paranaense, iniciou uma

importante jornada rumo a 2022, quando

a organização completará, no Paraná e no

Brasil, 50 anos de serviço e apoio às micro

e pequenas empresas”, conta Allan Marce-

lo de Campos Costa, diretor-superinten-

dente do Sebrae/PR.

A premissa de todo o trabalho (leia mais nas

páginas 77 e 78) foi envolver nos debates,

de forma ampla e irrestrita, a comunidade

empresarial do Paraná. “Na crença do Con-

selho Deliberativo do Sebrae/PR, o futuro

da instituição deve ser construído coletiva-

mente, por representantes da sociedade

paranaense, dentre eles empreendedores,

empresários de micro e pequenas empre-

sas, conselheiros, lideranças empresariais,

parceiros, clientes e não-clientes.”

O Sebrae/PR, com o apoio técnico da

Fundação Dom Cabral, promoveu 15 en-

contros em todo o Estado, chamados de

Workshops de Ideação. Ao todo, quase

500 lideranças e empresários, marcando

o start do processo de repensar a orga-

nização. Os workshops deram origem a

338 ideias, elaboradas e construídas pe-

los participantes. Essas ideias foram

consolidadas e organizadas em 5 linhas

de atuação principais.

A etapa seguinte do trabalho contemplou a

estruturação das linhas de atuação, defini-

das nos workshops, em modelos de negócio

concretos, prevendo, entre outras coisas,

quais as propostas de valor e segmentos de

clientes para cada linha de atuação. Para

esse processo, foi utilizada a metodologia

Business Canvas, descrita na obra Business

Model Generation.

“Esta metodologia de construção de mode-

lo de negócios é muito eficiente, pela sua

capacidade de, a partir de uso intensivo de

design thinking, permitir a modelagem de

negócios de forma simples e visual. Assim

como o Sebrae/PR, as pequenas empresas

podem se valer do modelo para reinventar

seus negócios. A cocriação é, sem dúvida,

uma forma inteligente de construir, e pre-

parar, os empreendimentos para o futuro”,

acredita Allan Costa.

Durante o trabalho de aprofundamento

das linhas de ação e construção dos mo-

delos de negócio, diz o diretor-superin-

tendente, aspectos comuns que sinteti-

zam a essência do Sebrae/PR foram

identificados e validados, a fim de que

possam servir de referência.

28 29

Page 15: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

‘Velhos’ serviços, novos formatos

Saiba como reinventar negócios, e sobreviver no mercado,levando em conta o desejo e as exigências dos consumidores

Sob medida

Por Mirian Gasparin

Rodrigo Assis e José Angelo Simão, empresários

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Novos competidores e novas maneiras de

competir chegam diariamente aos mais di-

versos cantos do planeta. Para sobreviver a

essa ‘selva’ de negócios, não basta a melho-

ria contínua dos processos, é preciso rein-

ventá-los. Existem hoje inúmeros casos de

serviços tradicionais, que têm sido oferta-

dos em formatos novos, mais modernos,

mais adequados aos novos consumidores.

Para o professor da Escola de Negócios da

Universidade Positivo, Valmor Rossetto,

nenhum negócio sobrevive sem inovação.

“O mundo continua rodando 24 horas. A ve-

locidade dos processos e da tecnologia au-

mentou. Se o empresário não estiver ante-

nado com as exigências de mercado e os

anseios dos seus clientes, seu negócio se

inviabilizará”, alerta.

Esta também é a visão do professor de pós-

graduação da FAE, Rafael Araújo Leal. Se-

gundo ele, a empresa que não inovar está

fadada a perder competitividade. “Peque-

nas empresas quando têm um serviço ino-

vador conseguem colocar em risco muitas

empresas gigantes.”

Na avaliação de Rossetto, inovação não é

tornar o produto ou serviço mais bonito,

mas sim fazer com que seja uma solução

para o cliente. Ele lembra que, na história

do Paraná, todas as empresas que foram

criadas de 50 anos para cá e que não inova-

ram, ou foram vendidas ou simplesmente

não se sustentaram.

Ao reinventar formatos de serviços e negó-

cios, os empresários devem seguir alguns

passos. De acordo com a diretora da Con-

sultoria ValuConcept, Emanuele Caroline

de Oliveira, em primeiro lugar, o empresá-

rio deve encarar a inovação como um inves-

timento, que tem custos, riscos, mas que

deve gerar retorno financeiro. “O principal

risco é a não aceitação e resistência do con-

sumidor”, destaca.

Outro passo é conhecer o que o cliente

deseja e necessita. Segundo Emanuele,

para tal, o empresário deve investir tem-

po no planejamento dessa reinvenção. A

grande vantagem de ser uma empresa

inovadora num determinado ramo ou pro-

duto, segundo a diretora da ValuConcept,

é que ela acaba saindo do lugar comum

entre os concorrentes porque segue no-

vos caminhos e, com isso, pode cobrar di-

ferente, pois está entregando algo novo

para o consumidor.

A análise do ambiente externo para identi-

ficar oportunidades de negócios e o desen-

volvimento de estratégias para criar um

ambiente inovador também são passos

fundamentais que devem ser tomados pe-

las empresas que desejam inovar, explica o

professor Rafael Leal.

PreçoNa opinião do professor da Universidade

Positivo, Valmor Rossetto, o preço do pro-

duto ou serviço pode ser um condicionante

para a venda, mas a qualidade do atendi-

mento é o que realmente fará a diferença.

“O empresário deve estar consciente de

que em seu negócio deve haver um equilí-

brio entre preço, qualidade, atendimento e

responsabilidade.”

Já para o professor da FAE, Rafael Leal, é

essencial que a empresa apresente preços

competitivos. “De nada adianta desenvol-

ver um produto ou serviço inovador se ela

não tiver competência para ter um preço

competitivo”, afirma.

“Hoje em dia, o valor dos produtos e servi-

ços percebido pelo consumidor depende

cada vez mais da quantidade de inovação,

tecnologia e inteligência que foi incorpora-

da. Então uma cultura inovadora nas em-

presas, onde os funcionários são estimula-

dos a inovar, é fundamental. É importante

deixar um canal aberto para que todos pos-

sam dar sua opinião sobre problemas e ne-

cessidades e busca de soluções para os

clientes”, justifica Emanuele.

Quanto à importância de se reinventar for-

matos nos negócios, a diretora da ValuCon-

cept afirma que, ao criar novos formatos, as

empresas estão respondendo às exigências

dos consumidores e continuando vivas no

mercado, seja adaptando e melhorando os

seus produtos e serviços ou desenvolvendo

novos processos de produção, de gestão

ou de marketing. “Ao investir em inovação,

a empresa está aplicando na sua competiti-

vidade, na sua lucratividade e na sua conti-

nuidade no mercado, ou seja, quem rein-

ventar um novo conceito economicamente

viável sairá vencedor.”

Canecas com sentimentoQuem é que não aprecia tomar um chá ou

um café numa caneca? E se ela for perso-

nalizada, feita exclusivamente para você?

A empresária Carolina Farion de Carvalho

enxergou numa simples caneca mais do

que um recipiente para beber, e resolveu

inovar. Ela utilizou a caneca como supor-

te para a expressão de sentimentos. “É

um produto que pode ser útil numa de-

claração de amor.”

Existem hoje inúmeros casos de serviços tradicionais, que têm sido ofertados em formatos novos, mais modernos, mais adequados aos novos consumidores

Tend

ênci

a

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Page 16: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

O valor dos produtos e serviços percebido pelo consumidor depende cada vez mais da quantidade de inovação, tecnologia e inteligência que foi incorporada

Carolina é formada em Design. Começou

suas atividades empresariais com a abertu-

ra de uma agência de comunicação especia-

lizada em design gráfico. Mas, logo em se-

guida, viu nas canecas um negócio inovador.

“Percebi que a indústria que produz cane-

cas o faz em larga escala. Comecei explo-

rando o produto no varejo, mas usando o

produto como suporte de sentimento. Ini-

ciei o negócio com 12 modelos”, conta.

Em 2006, nasceu a Canecaria, uma marca

curitibana que desenvolve e produz cane-

cas exclusivas, além de outros produtos,

bem como faz catálogos utilitários de

mesa, em cerâmica e vidro. A marca tem

uma linha de produtos que agrada a todas

as idades e perfis.

Carolina começou com um sócio. Hoje tem

20 funcionários e ainda terceiriza alguns

produtos. Ao todo, produz 200 modelos de

canecas divididos por temas como amor,

humor, amizade, família, profissões, espor-

tes, entre muitas outros. Além disso, a Ca-

necaria também trabalha com personaliza-

ção. O empreendimento possibilita fazer

uma única caneca para presentear alguém

especial ou centenas de canecas para em-

presas, por exemplo.

As vendas iniciais da Canecaria foram por

meio de uma loja virtual. Em 2009, foi aber-

to o primeiro quiosque no Shopping Esta-

ção, em Curitiba. Um ano depois, foi inau-

gurado o segundo quiosque, desta vez no

Shopping Palladium. “Nossa meta agora é

abrirmos pontos próprios e, para 2013, já

estamos nos preparando para oferecer a

franquia da nossa marca”, informa.

Segundo a empresária, para 2012, o obje-

tivo é lançar um produto novo por sema-

na. A Canecaria tem como fundamentos

incentivar e dar suporte à criatividade de

artistas locais e nacionais, bem como

ocupar um espaço deixado pela indústria

de cerâmica e vidro, no que diz respeito à

variedade de modelos. “Quando começa-

mos há seis anos, o nome Canecaria não

existia nas pesquisas do Google. Hoje, as

pessoas perguntam em qual Canecaria

tal caneca foi comprada”, afirma Caroli-

na, com grande orgulho.

Lava-carros até o clienteFoi pensando no pouco tempo que as pes-

soas dispõem atualmente que nasceu em

maio de 2011, em Curitiba, a empresa O Es-

quadrão do Carro. De propriedade dos só-

cios Rodrigo Assis e José Angelo Simão, a

empresa traz um conceito inovador em ter-

mos de limpeza de veículos e sem a neces-

sidade de deslocamento do cliente. O pro-

jeto de criação do negócio saiu na

faculdade, quando Rodrigo e José cursa-

vam Administração de Empresas no Centro

Universitário Curitiba (Unicuritiba).

“Nossa preocupação inicial era ter todo o

respaldo, pois somos nós que vamos até o

cliente para executar o serviço. O primeiro

Valmor Rossetto, professor

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passo foi a compra de uma van, na qual fo-

ram feitas as adaptações necessárias”, in-

forma Rodrigo. “Nossos primeiros serviços

foram gratuitos para que pudéssemos

apresentar o nosso trabalho e conquistás-

semos os clientes”, lembra.

O Esquadrão do Carro oferece serviços de

limpeza externa e interna, enceramento,

cristalização de vidros, higienização interna

(parcial e completa), hidratação de bancos

de couro. O diferencial é que a equipe vai

até o local onde o veículo está estacionado.

Os horários são agendados por telefone ou

pelo site da empresa, que aplica a tecnolo-

gia de limpeza a seco em seus serviços, com

o objetivo de diminuir o desperdício de

água. A limpeza é feita com produtos regu-

lamentados pela Agência Nacional de Vigi-

lância Sanitária (Anvisa), que tem como ob-

jetivo proteger a saúde da população.

Ainda como estratégias de mercado, O Es-

quadrão do Quadro realiza demonstrações

dos seus serviços em condomínios residen-

ciais, blitze em postos de combustíveis, fa-

zem visitas a clubes de amigos e coleciona-

dores de veículos antigos. “Através desse

modelo de negócio, não vendemos apenas

o nosso serviço, mas o tempo que o cliente

ganha”, afirma o empresário.

Segundo Rodrigo de Assis, no começo das

atividades, a empresa focou o negócio em

grandes volumes. Com o passar dos meses,

os sócios perceberam a necessidade de um

serviço especial. Hoje por exemplo, 80% do

faturamento são provenientes dos serviços

especiais (espelhamento, hidratação de

bancos de couro e higienização de interio-

res), que, por sua vez, correspondem a 50%

do trabalho geral. Atualmente, uma média

de 200 carros são lavados mensalmente.

“Pretendemos ampliar a parte de serviços

especiais e termos um ponto fixo para

atendimento, já que a van amarela serve

como um outdoor ambulante”, conclui.

Panfletagem diferenteUm novo tempo exige uma nova forma de

se comunicar com os consumidores. A em-

presa Fórmula Midia do Brasil, que nasceu

em Curitiba, em 2008, trouxe uma nova

ideia para esta comunicação: a distribuição

de material publicitário e sampling (amos-

tragem) no interior de veículos. Este novo

canal traz vantagens significativas para

campanhas onde a personalização é a pala-

vra-chave. “Cada vez mais, em vez da dis-

persão, as mensagens devem ser direciona-

das para o público-alvo e esta comunicação

é o alvo da Fórmula Midia”, afirma o empre-

sário Alexandre Moura.

A empresa curitibana trouxe o conceito

inovador de mídia OOH e hoje é a única es-

pecializada em veiculação de campanhas

em estacionamentos e valets. Há quatro

anos, começou com 20 estacionamentos e

duas campanhas-piloto. Atualmente, conta

com 1.200 estacionamentos e valets conve-

niados em nove estados do Brasil e está

ampliando a atuação para outras cidades.

Para que as pessoas não se sintam incomo-

dadas por encontrar algo dentro dos seus

automóveis, a Fórmula Midia tem muito

cuidado com o tipo de informação veicula-

da. Por isso não faz publicidade de bebidas

alcoolicas, religião ou futebol. Já o índice

de rejeição é muito baixo, pois o cliente

sempre terá algum tipo de benefício. “A

inovação tem que fazer parte do processo

produtivo. O consumidor está cada vez

mais exigente e quem não inovar fica para

trás”, alerta Moura.

Ainda com o propósito de inovar, a empre-

sa criou uma revista de bolso com cupons

de descontos, que é colocada em locais

apropriados, tais como retrovisores de au-

tomóveis, puxadores de portas, grades de

portão, entre outros, ampliando a divulga-

ção de diversos serviços e produtos.

Foto

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ação

Alexandre Moura, empresário

O preço do produto ou serviço pode ser um condicionante para a venda, mas a qualidade do atendimento é o que realmente fará a diferença

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Page 17: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Este quadro pode servir como um facilitador sobreo mercado o qual o empreendedor pretende reinventar, desenvolvendo uma perspectiva de como agregar valor para o consumidor e criar uma nova demanda.

Quais os fatores competitivos maisutilizados no mercadodevem ser eliminados?

- Eliminar os fatores onde tem muitacompetição.

- Determinar se os produtos ou serviços que são oferecidos atualmente estãosupervalorizados.

- Descobrir se houve alguma mudança que os consumidoresvalorizam.

Quais fatores devem ser reduzidos bem abaixo do padrão já oferecido no mercado?

Quais fatores devem ser valorizados bem acima do padrão já oferecidono mercado?

- Eliminaro comprometimentoque os consumidorestêm com a concorrência.

- Descobrir novas formas de criar valor para os consumidores e criar uma nova demanda, e mudara estratégia de preço.

Quais os fatores quedeverão ser criados eque a concorrêncianunca ofereceu?

O QUE ELIMINAR? O QUE AUMENTAR?

O QUE REDUZIR? O QUE CRIAR?

Saiba mais

Sugestão de leitura:

A Estratégia do Oceano Azul- Como Criar Novos Mercados e Tornara Concorrência Irrelevante,W. Chan Kim e Renée Mauborgne

Segundo Moura, as publicidades promocio-

nais, realizadas por meio de mídia impres-

sa, apresentam algumas vantagens frente

às demais formas, pois não necessitam de

equipamento específico para sua exposi-

ção, diferentemente do rádio, tevê e equi-

pamentos eletrônicos. Ou seja, a impressão

em papel ou equivalente tem fácil acesso

ao consumidor, adapta-se ao ritmo de leitu-

ra do consumidor, permite releitura ou lei-

tura seletiva, não possui um horário especí-

fico de distribuição, apresenta custo

unitário reduzido quando comparada a ou-

tras mídias, entre outras vantagens.

Já o maior inconveniente das mídias im-

pressas - folhetos, folders, catálogos, jornal

ou cupons – é que a distribuição do mate-

rial é realizada de forma aleatória, de mão

em mão, ou distribuída através de encartes

em revistas e jornais. Isso leva à dispersão

da mídia por meio do descarte, e, conse-

quentemente, gerando lixo, ainda que reci-

clável. No caso da Revista Coupons, explica

Moura, a distribuição é realizada em esta-

cionamentos, sendo colocada no interior

dos veículos estacionados podendo ser

segmentada, de acordo com o público-alvo

e região da cidade. “Essa segmentação per-

mite a veiculação de várias revistas em uma

única cidade”, informa.

34 35

Page 18: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Consciência

Politicamente

corretosNessas pequenas empresas, a sustentabilidade do meio ambiente e da

sociedade deixou de ser alvo de ações isoladas para ser foco dos negócios

Por Maigue Gueths

Tend

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a

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Page 19: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Que tal abrir um negócio para ganhar di-

nheiro e, de quebra, ajudar a fazer um mun-

do melhor? Pois é exatamente o que alguns

novos empreendedores estão fazendo.

Nessas empresas, a sustentabilidade do

meio ambiente e da sociedade deixou de

ser alvo de ações e iniciativas específicas,

como programas sociais e adoção de pro-

cessos ecologicamente corretos, para se

tornar foco principal de suas atividades.

Nessa onda, os exemplos são vários. Um

profissional da área de informática montou

a EcoBike Courier, serviço de entregas ex-

press, feitas com bicicletas, meio de trans-

porte com poluição zero. A bicicleta, aliás, é

‘personagem’ de vários outros negócios em

Curitiba, como a Roda Livre Bikers, que

aposta no cicloturismo e organiza passeios

em estradas rurais no Paraná, Santa Catari-

na, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Há, ainda, uma nutricionista que decidiu

plantar alimentos orgânicos em sua cháca-

ra e hoje trabalha entregando os produtos

na casa ou no trabalho de clientes. A entre-

ga de alimentos saudáveis foi também a

opção de uma engenheira de alimentos,

que, depois de perder o emprego, abriu um

serviço de entrega de frutas prontas para o

consumo no trabalho das pessoas. Há até

um escritório colaborativo, que tem como

filosofia reunir pessoas com projetos que

visem o bem.

A diferença do empreendedorismo normal

para o sustentável, segundo Renato Men-

des Curto Junior, professor de Empreende-

dorismo, Negociação, Análise Organizacio-

nal e Marketing da Faculdade Estácio

Curitiba, é que o sustentável tem uma visão

de médio e longo prazo, com capacidade de

assegurar melhor qualidade para o mundo

que vamos deixar. “Ele busca uma vida

equilibrada. São ações que vão desde o uso

de canecas em substituição a copos plásti-

cos; empresas poluidoras que adotam me-

didas compensatórias; ou, ainda, aquelas

que liberam seus funcionários em horário

de expediente, para que desenvolvam

ações sociais pela empresa.”

Para Renata Pinheiro de Aquino, psicóloga,

pós-graduada em Estratégia e Sustentabili-

dade Empresarial pela FAE Business Scho-

ol, mais do que uma tendência, essa postu-

ra empresarial já é uma “necessidade”. “As

pessoas, hoje, têm necessidade de saber de

onde vem e como é produzido o que estão

consumindo. É uma preocupação mundial

do consumidor e as empresas não podem

deixar isso de fora de suas prioridades”,

A empresa, independente do seu porte, vai ter seu marketing mostrando que está preocupada com as gerações futuras, e essa sustentabilidade é que será capaz de assegurar a vida do empreendimento, a médio e longo prazo

Gisele de Carvalho, empresária

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diz. Como exemplos, cita os casos recentes

de marcas denunciadas por trabalho escra-

vo e por vender artigos feitos de pele de

animais. E, por isso, ambas enfrentam cam-

panhas de boicote pelos consumidores.

“A tendência está virando uma necessidade

e, no futuro, vai estar implícito que a em-

presa tem que ser sustentável para estar

inserida no mercado”, diz, explicando que

as empresas buscam tornar públicas suas

ações, que visam o equilíbrio social, econô-

mico ou social, mas no futuro essa postura

deverá ser normal para qualquer negócio,

sob risco de não dar certo.

Algumas empresas, explica, já têm em si o

foco principal da sustentabilidade, outras

o fazem em forma de projetos para a ques-

tão social ou a ecologia. Para mostrar a di-

ferença, ela aponta o caso de um banco

comercial que mantém projetos de res-

ponsabilidade social, e de um banco de

microcrédito, que é totalmente sustentá-

vel por ter como objetivos centrais a inclu-

são social e a redução da pobreza.

Para Curto Junior, as pessoas tornaram-se

mais conscientes a partir do Código do Con-

sumidor. Apesar de outros países estarem

adiantados nesse processo em relação ao

Brasil, Renata acredita que a situação já

está consolidada e não há como regredir.

“Dos anos 1990 para cá, isso é bem mais ex-

plícito, e é difícil ver hoje empresas que não

tenham relatórios sociais para mostrar ao

público o que vêm fazendo nesta área”, diz.

“Todo esse processo gera uma consciência

não egoísta de não se pensar só no lucro

da empresa. É o que se chama de Empre-

endedorismo Consciente”, afirma o pro-

fessor, ressaltando que a grande vanta-

gem para a empresa está na maior

aceitação de seus produtos pelos clientes.

“A empresa vai ter seu marketing mostran-

do que está preocupada com as gerações

futuras, e essa sustentabilidade que será

capaz de assegurar a vida da empresa a

médio e longo prazo”, avalia.

Renata vai ainda mais além. “Espero que no

futuro tudo seja inovador, que as empresas

já promovam as mudanças por suas pró-

prias atividades, que esta questão já esteja

incluída nos empreendimentos.”

Escritório do bemRenata fala por experiência própria. Há um

ano e meio, ela e mais três amigos associa-

ram-se para fundar o Hub Curitiba, um es-

paço de coworking, ou melhor, um escritó-

rio colaborativo, que dispõe de toda

estrutura e equipamentos necessários a

Dos anos 1990 para cá, essa tendência tem sido bem mais explícita no mundo corporativo, e é difícil ver hoje empresas que não tenham relatórios sociais para mostrarem ao público o que elas vêm fazendo

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agen

Sílvia Bettega Nascimento e Amélia Gomes, cliente e empresária

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Page 20: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

um escritório e que pode ser alugado por

hora, dependendo da necessidade do clien-

te. A diferença entre o Hub e outros escri-

tórios colaborativos é que o seu objetivo é

atrair empreendedores engajados em de-

safios sociais, culturais, ambientais e eco-

nômicos do mundo atual.

“Sabemos que outro mundo não é apenas

possível, ele já está acontecendo, e é lide-

rado por pessoas que veem e fazem as coi-

sas de um jeito diferente”, adverte o site do

Hub Curitiba, deixando clara qual é a filoso-

fia do grupo.

Renata explica que o Hub é um movimento

global de 30 espaços físicos existentes em

cidades de vários continentes, com objeti-

vo de reunir pessoas que buscam um mun-

do melhor. São empreendedores que usam

esses espaços para trabalhar, fazer even-

tos, para se conectar. O movimento come-

çou em 2005, quando foi criado o primeiro

Hub em Londres. Hoje, mais de 4.500 em-

preendedores estão nestes Hubs por todo

o mundo. No Brasil, são apenas duas unida-

des, uma em São Paulo, pioneira no País, e

uma em Curitiba.

O Hub Curitiba, segundo ela, abriu com es-

paço físico próprio, há apenas dois meses.

Primeiro, os amigos buscaram formar uma

rede de pessoas que tinham interesse em

desenvolver projetos para melhorar a ci-

dade. Hoje são 24 membros que utilizam

algum plano de horas para trabalhar no

local. Além disso, eles participam de pales-

tras e cursos. Uma vez por mês, um consul-

tor do Sebrae/PR também vai ao local para

capacitá-los.

“São pessoas que têm negócios inovadores

com impactos positivos. Tem desde quem

trabalha com turismo, informática, arquite-

tura. São diferentes atividades com preo-

cupação social, política, cultural, ambien-

tal”, explica. Segundo ela, mais do que uma

imposição, o alinhamento dos membros à

filosofia de boas práticas permite uma cola-

boração maior entre os membros, que, no

local, têm contatos com novos parceiros e

clientes, o que amplia as possibilidades das

boas práticas terem sucesso.

Rápidas e sem poluiçãoEm vez de motoboys, bikeboys que fazem a

entrega de encomendas rápidas utilizan-

do a bicicleta como transporte. Além de

muito mais sustentável, o serviço pode

custar até 30% menos do que a entrega

feita por motocicletas, uma vez que não

há gastos com gasolina. Outra vantagem é

a rapidez. As bicicletas são campeãs dos

desafios intermodais, que são feitos to-

dos os anos para medir qual o meio de

transporte que consegue percorrer mais

rapidamente um trajeto de dez quilôme-

tros em horário de pico. No ano passado,

em São Paulo, a ‘magrela’ fez o percurso

em 22 minutos e 50 segundos, chegando

cinco minutos à frente da motocicleta, a

segunda colocada, e deixando para trás

modais como ônibus, metrô e carro.

Em Curitiba, o empresário Cristian Trentin,

que já possuía um empreendimento de

tecnologia de desenvolvimento para web,

abriu, há cerca de oito meses, a EcoBike

Courier. Ele conta que, à época, queria

abrir um segundo negócio, com caráter

inovador. Após descobrir o serviço de en-

trega com bicicletas em Nova York, teve a

ideia de aplicá-lo em sua cidade. Primeiro,

ele procurou a Carbono Zero, empresa se-

melhante já existente em São Paulo, com

objetivo de abrir uma franquia. Como eles

não ofereciam franquia, decidiu adaptar o

serviço a Curitiba.

No começo, Trentin contratou três ciclistas.

Hoje, tem seis entregadores contratados,

que pedalam em média 70 quilômetros por

dia fazendo corridas esporádicas e mais ou-

tros três, que atuam fixos, atendendo ape-

nas três empresas, em função da grande

demanda de entregas exigidas por elas.

“Nós estamos crescendo entre 60 e 70%

por mês”, revela. Hoje, a empresa já tem

150 clientes. A EcoBike tem duas sedes,

uma na região central e outra no bairro

Água Verde, o que permite atender 42

bairros, localizados num raio de 15 quilô-

metros a partir do centro. Com isso, o em-

preendimento já consegue atender 80%

da demanda da Capital.

Os planos, segundo ele, são de crescimen-

to. A intenção é implantar mais cinco bases

na cidade, o que permitiria ampliar o raio

de atendimento também para a região me-

tropolitana. Trentin está desenvolvendo,

também, um sistema de microfranquias

(leia mais na seção Mercado).

Ele não sabe precisar ainda qual será o va-

lor aproximado das franquias. Para abrir

uma empresa deste tipo, o investimento

mínimo é de R$ 40 mil a R$ 50 mil para com-

pra das bicicletas, ponto comercial e paga-

mento da mão de obra. Pagamento de pes-

soal, segundo ele, é o item mais caro do

negócio, uma vez que todos os ciclistas são

empregados com carteira assinada, além

A diferença do empreendedorismo normal para o sustentável, segundo os especialistas, é que o sustentável tem uma visão de médio e longo prazo, com capacidade de assegurar melhor qualidade para o mundo que vamos deixar

de receber também benefícios, como vale-

alimentação. “Eles ganham bem mais que

um motoboy”, garante.

Trentin conta que não entrou no negócio

por ideais ecológicos. “Eu sou um empresá-

rio, procurava por algo inovador e abri a

empresa como um investimento. Mas aca-

bei abraçando a causa da bike”, afirma ele,

que vendeu o carro e, atualmente, só anda

de bicicleta. “É a tendência do mercado. No

primeiro mundo, a bicicleta é um dos meios

de transporte mais usados e isso já está

ocorrendo aqui também.”

De olho em novas oportunidades, Trentin

já pensa em abrir uma terceira empresa, fo-

cada também na sustentabilidade. “Ainda

tem muita oportunidade para este tipo de

negócio no Brasil, o mercado é muito ca-

rente de soluções.”

De olho na saúdeHá vários anos, a nutricionista Amélia Go-

mes e o marido, o músico Rodrigo Cam-

pos, montaram um teatro de fantoches

para levar a escolas uma apresentação de

educação nutricional, ensinando às crian-

ças o valor de cada alimento. Um dia, en-

quanto fazia o teatrinho, pensou na possi-

bilidade de vender cestas com os produtos

orgânicos cultivados em sua chácara, em

São José dos Pinhais, na Grande Curitiba.

Começou com dez pessoas conhecidas.

Quase cinco anos depois, o casal atende

uma lista de aproximadamente 50 clientes,

que recebem semanalmente uma cesta

com oito itens, entre verduras e legumes.

Alguns recebem em casa. Outros, que tra-

balham em empresas onde mais funcioná-

rios contrataram o serviço, recebem os pro-

dutos no trabalho. Cada cesta custa R$ 22

ou R$ 17, no caso de muitas entregas em

um mesmo endereço.

Alguns produtos, segundo ela, são fixos,

como cenoura, beterraba, alface. Outros

variam conforme a sazonalidade. “Quan-

do temos algo diferente na nossa horta,

como amora, castanha portuguesa, man-

damos como cortesia. Também manda-

mos receitas, dicas nutricionais e de apro-

veitamento de alimentos porque, muitas

vezes, a pessoa nem sabe como usar al-

guns alimentos”, explica Amélia. As genti-

lezas não param por aí. Como ela conhece

a maioria de seus clientes, as cestas, mui-

tas vezes, são adaptadas às necessidades

de cada família, colocando alimentos que

terão melhor aceitação para quem tem

bebês ou idosos na família, por exemplo.Cristian Trentin, empresário, e Jucemara Chiarotti Soares, bikegirl

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Imag

en

40 41

Page 21: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Saiba mais

Acesse os sites

Eco Biker Courier www.ecobikecourier.com.br

Hub Curitibawww.hub-curitiba.com

Para a infraestrutura, ela precisou apenas de

um carro para transporte das cestas. O tra-

balho é feito pelo casal, mas ela também aju-

da a economia local, contratando pessoas da

região, que moram próximas à chácara, para

ajudar no plantio e limpeza dos alimentos.

“A verdura é colhida em um dia e entregue

no outro ou fica murcha. Com isso, quando

o cliente recebe, tem uma carga de nutrien-

tes, como vitaminas, minerais, enzimas,

muito mais forte do que quando é compra-

da no mercado, que é colhida há mais tem-

po”, diz Amélia. A possibilidade de comer

alimentos mais saudáveis, segundo Amélia,

é o grande chamariz para os clientes.

É o caso da professora aposentada Sílvia

Bettega Nascimento, uma de suas primei-

ras clientes. “Eu sempre me preocupei

com a questão ecológica, em comer coisas

saudáveis. Por isso, adoro receber as ces-

tas com produtos orgânicos, sem veneno”,

diz. Ela conta que, normalmente, ela, a

irmã e uma filha adquirem duas cestas,

que são divididas entre as famílias, cada

uma composta por um casal. Ela acredita,

ainda, que, além da facilidade de receber

os alimentos em casa, a cesta é também

mais econômica do que se adquirisse os

alimentos no mercado.

Frutas no trabalhoOutra que está satisfeita com o serviço que

contratou é a bancária Eliane Cardoso.

Toda manhã, ela recebe no trabalho duas

frutas diferentes, limpas, descascadas e

cortadas, quando o produto requer corte,

prontas para serem consumidas. “Antes eu

não fazia lanche durante o trabalho, e aca-

bava ficando muitas horas sem comer, o

que não é bom. Agora sempre como uma

fruta, de manhã e à tarde. Se tivesse que

trazer, não iria comer”, diz.

Eliane é um dos 400 clientes, de 19 empre-

sas, atendidos atualmente pela Peça Fru-

tas, empreendimento criado pela enge-

nheira de alimentos Gisele de Carvalho há

apenas cinco meses. A proposta do Peça

Fruta é de criar o hábito de uma alimenta-

ção saudável nas pessoas, com a substitui-

ção de lanches e doces no ambiente de

trabalho por frutas selecionadas e prontas

para consumo.

Gisele conta que sempre trabalhou em

grandes indústrias de alimentos, e que a

ideia surgiu em maio do ano passado. Na

época, o departamento em que trabalhava

foi extinto e ela, que antes tinha um cargo

gerencial, se viu sem emprego e com pou-

cas possibilidades de encontrar uma colo-

cação com o mesmo salário. “Com 39 anos,

filhos crescendo, um com seis, outro com

nove, eu fiquei meio perdida, desorienta-

da”, conta.

Foi nessa época que ela conheceu um casal

de idade, que tinha trabalhado com a en-

trega de frutas no trabalho, mas que não

mais exercia essa atividade. “Eu sempre

pensava que seria muito bom se alguém le-

vasse água e frutas na minha mesa de tra-

balho, porque eu não me alimentava direi-

to, não tomava água”, diz. Foi então que ela

colocou em prática seu próprio desejo.

Diariamente, ela vai a Centrais de Abasteci-

mento do Paraná (Ceasa) para selecionar

frutas da época que serão entregues no

dia. Cada cliente recebe duas frutas por dia.

Na semana, ele receberá duas bananas,

uma maçã, uma laranja – chamadas de fru-

tas universais - duas frutas cortadas (ma-

mão, abacaxi, melancia, melão) e quatro in-

teiras (ameixa, pêssego, kiwi, tangerina,

dentre outras). O preço é de R$ 38 por mês.

Gisele tem, hoje, muitos clientes de empre-

sas. “Um conta pro outro e a clientela au-

menta. As pessoas garantem diversidade e

vão receber frutas que, muitas vezes, nem

iam comer. Uma pessoa que mora sozinha,

por exemplo, nunca compraria um abaca-

xi”, diz Gisele, que revela que nunca foi “na-

tureba”, mas que sempre se preocupou

com o bem-estar das pessoas.

Gisele já precisa e necessita de ajuda. Duas

pessoas trabalham com ela, uma na mani-

pulação dos alimentos, na higienização,

preparo e embalagem e outra na entrega

das frutas. Seu próximo passo, conta, será

a formalização da empresa, necessária

para viabilizar alguns contratos maiores,

que exigem o fornecimento de nota fiscal,

por exemplo.

A tendência está virando uma necessidade e, no futuro, vai estar implícito que a empresa tem queser sustentávelpara estar inserida no mercado

42 43

Page 22: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Ideia ‘testada’vira negócio rentável

Pequena empresa familiar, no interior do Estado, despontapara o mercado nacional com a produção de equipamentos inovadores

Inovação

Por Adriano Oltramari

Foto

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Pro

du

ções

Elzir Natal Rossetti, empresário

Para que as ideias se tornem realidade e os negócios, sólidos, é preciso trabalhar muito e contar com o apoio de entidades que fomentam a inovação

A experiência de 17 anos no ‘chão de fá-

brica’, em indústrias da confecção em

Dois Vizinhos, no sudoeste do Paraná, le-

vou Elzir Natal Rossetti a montar a pró-

pria empresa com base na inovação. As-

sim nasceu a Maqcon, fundada com uma

visão empreendedora e inovadora na fa-

bricação de máquinas, feitas para otimi-

zar processos de produção e expedição

em indústrias do setor de confecções.

Equipamentos que fazem a diferença na

redução de custos, segurança e logística. A

empresa criou uma linha com enroladora

de cós, passadeira de cós anatômico, su-

porte para desvirar calça, e uma embala-

dora seladora, considerada o carro-chefe

da empresa.

O empresário relata que, com base na sua

atuação em uma grande indústria do se-

tor, identificou, na área de expedição, uma

demanda por agilidade. A expedição, em

uma indústria de confecções, exige muita

mão de obra para estocar, montar e fechar

caixas de papelão.

Elzir lembra que outra necessidade esta-

va relacionada à segurança no transpor-

te da mercadoria. “A gente pensou na

questão de agilidade e custo, na parte

ambiental, pois no caso da embaladora e

seladora, ela utiliza o plástico, que é re-

ciclável, abolindo o uso do papel, que

precisa de árvores”, considera.

A embaladora funciona com a matéria-

prima de plástico em forma tubular,

onde o operador corta na medida deseja-

da, sela uma extremidade, encaixa a ou-

tra extremidade na máquina que tem

acionamento pneumático para manter

um lado da embalagem aberta. Assim, o

operador introduz as peças dentro do

saco, sela a outra extremidade e está

pronta para transporte.

“Como ficam as duas extremidades sela-

das com plástico de alta resistência, o

pacote é 100% seguro, inviolável e im-

permeável”, descreve. Com a máquina,

uma empresa automatiza o processo de

embalagem e, com uma pessoa na sua

operação, é possível embalar até 5 mil

peças ao dia. Além disso, a embalagem

plástica traz outra vantagem na hora de

transportar, com um ganho na quantida-

de embarcada de até 15% no volume de

mercadorias.

Do projeto inicial até o início da atividade

da empresa, em 2009, a Maqcon trilhou

Saiba mais

Quer saber como o Sebrae/PR pode ajudá-lo, no desenvolvimento de projetos focados em inovação? Acesse:

www.sebraepr.com.br/sebraetec

um caminho de pesquisa e ajustes para ga-

nhar mercado. “O primeiro equipamento

ficou em testes numa empresa de grande

porte e teve uma boa aceitação. A partir

deste piloto, percebemos que existia um

caminho positivo e um mercado muito am-

plo para ser explorado, onde a maioria dos

equipamentos do setor era importada”,

recorda Elzir.

A partir da máquina embaladora e sela-

dora, a Maqcon começou a desenvolver

outros produtos e hoje comercializa suas

inovações no mercado do Paraná, Santa

Catarina, São Paulo, Espírito Santo e Mi-

nas Gerais.

A empresa estruturou uma rede de repre-

sentantes, lançou o site www.maqcon.ind.br

e atende pedidos por encomenda. A empre-

sa ainda gera oportunidades para outras

cinco, uma vez que utiliza peças especiais

na produção das máquinas, adquiridas de

fornecedores específicos.

Inovação com apoioPara a sócia e filha do idealizador da em-

presa, Tarsilla Rossetti, a ideia do seu pai,

hoje materializada nos produtos da indús-

tria, é uma demonstração de que a inova-

ção é um diferencial de mercado para as

micro e pequenas empresas.

“As possibilidades de inovar são imensas,

temos um amplo mercado para ser explora-

do; mão de obra que se especializa, com

indicadores positivos; e boas ideias. Para

que as ideias se tornem realidade e os ne-

gócios, sólidos, temos que trabalhar muito

e contar com o apoio de entidades que fo-

mentam a inovação, como o Sebrae, agente

de apoio às pequenas empresas.”

O empresário Elzir sugere até um cami-

nho para às micro e pequenas empresas

que pretendem inovar. “A partir de uma

ideia viável, faça uma pesquisa de mer-

cado. O produto, por exemplo, é vendá-

vel? O que eu vou produzir? Qual é o

meu custo de produção? Tenho bons for-

necedores de insumos? Para quem eu

vou vender? Onde eu vou vender? Como

vou mostrar o meu produto ao consumi-

dor? O valor do produto aliado ao seu

desempenho técnico terá seu retorno

satisfatório para o consumidor? “Anali-

sando todos esses fatores, siga em fren-

te que o seu negócio lhe dará retorno!”,

aconselha.

Tend

ênci

a

44 45

Page 23: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Nicho

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Wagner Rover, empresário

Por Adriana Bonn

O boomdas microfranquias

Elas representam 17% do total de marcas e 4% do faturamentodo segmento, que, no ano passado, foi de R$ 3,7 bilhões

Mer

cado

46 47

Page 24: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

O brasileiro é o povo mais empreendedor

do mundo, mas, muitas vezes, sem ter mui-

to dinheiro no bolso, não consegue colocar

em prática o sonho de ter o próprio negó-

cio. Para essas pessoas, as microfranquias

se tornaram a melhor opção, já que exigem

investimento inicial baixo, de R$ 10 mil a R$

50 mil, e garantem retorno rápido e um

bom faturamento mensal aos franqueados.

O Brasil vive o boom das microfranquias há

cinco anos, aproximadamente, e 2012 pro-

mete ser ainda mais promissor para o seg-

mento. Dados da Associação Brasileira de

Franchising (ABF) mostram que em 2011 o

número de microfranquias passou de 213

para 336. Elas representam 17% do total de

marcas e 4% do faturamento do segmento,

que, no ano passado, foi de R$ 3,7 bilhões.

A vice-presidente da ABF, Maria Cristina

Franco, diz que o crescimento é sustentável

e acompanha a economia do País. “O surgi-

mento das microfranquias aconteceu como

resposta ao novo momento econômico do

Brasil, que viu surgir uma nova classe média

e uma sociedade com maior poder de con-

sumo nas classes C e D.”

Existem hoje no Brasil 260 redes de micro-

franquias, que possuem pouco mais de 12

mil unidades espalhadas pelo País. Mais

de a metade das marcas, 54%, estão loca-

lizadas no estado de São Paulo. O Paraná

ocupa o segundo lugar no ranking, com 28

marcas, o que lhe garante 11% de partici-

pação no mercado.

Educação e treinamento são as áreas de

atuação mais comuns (25%); beleza, saúde

e produtos naturais (16%); seguido de ne-

gócios, serviços e conveniência (11%).

Cosméticos e perfumaria correspondem a

9% do total de unidades de microfran-

quias, alimentação e serviços automotivos

7%, escolas de idiomas 6% e limpeza e

conservação 5%.

O que são microfranquiasO mercado divide o setor de franchising em

franquias e microfranquias. A diferença en-

tre elas está apenas no valor do investimen-

to. Enquanto as microfranquias exigem, no

máximo, R$ 50 mil de aplicação financeira

inicial, as franquias podem chegar a cente-

nas de reais, dependendo da marca.

Maria Cristina explica que, independente

de serem pequenas, as microfranquias es-

tão sujeitas, assim como as franquias, às

determinações da Lei nº 8.955/94, chamada

de Lei das Franquias Empresariais.

A microfranquia funciona como uma parce-

ria onde o proprietário de um negócio dis-

ponibiliza para pessoas interessadas o uso

de sua marca comercial, além de todo o seu

know-how e tecnologia para o negócio. Em

alguns casos, os franqueadores chegam a

fornecer os produtos que serão comerciali-

zados pelos franqueados.

A vice-presidente da ABF diz que, embora

as microfranquias sejam a ‘bola da vez’ na

economia, os interessados devem tomar al-

guns cuidados antes de adquirir uma. A pri-

meira orientação é não comprar por impul-

so; se identificar com o negócio e gostar

muito do que vai fazer; ter consciência que

o capital investido é reservado e que não

deverá ser usado para despesas pessoais;

ter suporte de um advogado para verificar a

documentação da empresa e avaliar a visibi-

lidade da marca.

Sacos de papel viram publicidadePublicitário e dono de uma empresa espe-

cializada em mídia direta, a AzDirect, de

Curitiba, Wagner Rover um dia olhou para

um pacote de pão e enxergou nele uma

nova opção de mídia. Em 2010, passou a

produzir sacos de pão de papel que traziam

propaganda publicitária e eram distribuí-

dos gratuitamente em panificadoras da ca-

pital paranaense.

O produto foi tão bem aceito que Rover re-

cebeu vários telefonemas de pessoas inte-

ressadas em levar a ideia para suas cidades.

Foi assim que surgiu a DivulgaPão, uma mi-

crofranquia que, apesar de estar há somen-

te seis meses no mercado, já conta com 22

franqueados em 14 estados, como Alagoas,

Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Ge-

rais, Pará, Paraná, Piauí, Rio Grande do Nor-

te, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa

Catarina, São Paulo e Tocantins.

Diferente do primeiro projeto, que oferecia

apenas um anúncio publicitário, a Divulga-

Pão divide os pacotes de pão em 32 espa-

ços. “Assim garantimos a redução do preço

do anúncio e fazemos com que essa mídia

possa ser usada por empresas de todos os

tamanhos”, explica Rover. Os anúncios cus-

tam a partir de R$ 300 por um espaço e po-

dem chegar a R$ 10 mil para quem quiser

ser o único anunciante.

Quem compra a microfranquia da Divulga-

Pão recebe o direito de uso da marca e todo

o apoio para manter o negócio, como uma

equipe que faz a criação dos anúncios para

cada franqueado da marca, produção e envio

dos pacotes. Em cada leva, são produzidos 30

A microfranquia funciona como uma parceria onde o proprietário de um negócio disponibiliza para pessoas interessadas o uso de sua marca comercial, além de todo o seu know-how e tecnologia para o negócio

mil exemplares que, depois, são doados a 15

ou 20 panificadoras, que, sem qualquer cus-

to, distribuem aos seus clientes.

“Hoje as empresas buscam segmentação,

querem conversar diretamente com seus

clientes. Os empresários de um bairro

querem impactar diretamente as pessoas

que vivem naquela região e não em ou-

tros pontos da cidade. Por isso, os sacos

são trabalhados para regiões específicas”,

diz o publicitário.

Para comprar uma microfranquia da Divul-

gaPão, o interessado precisa desembolsar

em torno de R$ 25 mil. Neste total, estão

incluídos R$ 12 mil, no mínimo, como taxa

de franquia - isso porque o valor vai variar

de acordo com o número de habitantes da

cidade onde a marca será disponibilizada -;

capital de giro e taxa de royalties. Para todo

interessado, Rover faz um alerta: o trabalho

é simples e pode ser muito rentável, mas

depende do empenho do franqueador.

FranqueadoDesde novembro do ano passado, Vinícius

Cardoso, de Volta Redonda, no Rio de Ja-

neiro, é um dos franqueados da Divulga-

Pão. Mesmo trabalhando em uma empre-

Saiba mais

Quer saber mais sobre microfranquias?

Acesse o site da ABFwww.portaldofranchising.com.br

e a revista Pequenas Empresas& Grandes Negócios www.revistapegn.globo.com

Os dois veículos de comunicaçãosempre têm informações atualizadas sobre o tema.

sa de engenharia da família, que tem 23

anos de mercado, ele e a mulher resolve-

ram buscar uma nova alternativa para au-

mentar a renda.

“A construção é um ramo de altos e baixos e

nós queríamos ter outro meio de ganhar di-

nheiro”, conta.

Depois de ler uma matéria em uma revista

de empreendedorismo, Cardoso se inte-

ressou pelo setor de microfranquias. En-

trou em contato com duas marcas que

usavam sacos de pão para anúncios publi-

citários, uma delas a DivulgaPão. Ele diz

que o atendimento que recebeu e a quali-

dade do material disponibilizado aos fran-

queados foram decisivos para a escolha da

empresa curitibana.

Cardoso investiu R$ 20 mil na aquisição da

microfranquia e já espera o início do retor-

no financeiro em abril, dois meses antes do

previsto. “Meti o peito nesse projeto e já

penso em levar a microfranquia para duas

cidades vizinhas a Volta Redonda”, conta.

Para conquistar cada vez mais clientes, o

empresário divulga seu trabalho nas ruas

da cidade e nas redes sociais e, em breve,

deverá distribuir adesivos para carros com

o nome da marca.

O novo momento econômico do Brasil, que viu surgir uma nova classe média e uma sociedade com maior poder de consumo nas classes C e D, criou um ambiente propício para as microfranquias

Microfranquias –tempo de franquia

Até 1 ano

Até 2 anos

Até 3 anos

Até 4 anos

Até 5 anos

Acima de 5 anos

Acima de 10 anos

Acima de 20 anos

Total

15

33

14

11

9

21

19

3

125

12%

26,4%

11,2%

8,8%

7,2%

16,8%

15,2%

2,4%

100%

Início Nº de marcas % Participaçãopor Ano

Base: Recad – associados

48 49

Page 25: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Microfranquias - Ranking por segmento

Educação e Treinamento

Negócios, Serviços e Conveniência

Comunicação, Informática e Eletrônicos

Beleza, Saúde e Produtos Naturais

Escolas de Idiomas

Alimentação

Construção e Imobiliárias

Serviços Automotivos

Cosméticos e Perfumaria

Limpeza e Conservação

Entretenimento, Brinquedos e Lazer

Vestuário

Acessórios Pessoais e Calçados

Móveis, Decoração e Presentes

Hotelaria e Turismo

Fotografia, Gráficas e Sinalização

Livrarias e Papelarias

41

40

35

27

19

18

12

12

11

11

10

7

6

4

3

2

2

260

16%

15%

13%

10%

7%

7%

5%

5%

4%

4%

4%

3%

2%

2%

1%

1%

1%

100%

3.004

1.348

640

1.876

780

902

589

906

1.074

650

65

31

80

57

33

2

48

12.037

25%

11%

5%

16%

6%

7%

5%

7%

9%

5%

1%

0%

1%

0%

0%

0%

0%

100%

Nº de marcas % part. sobremarcas Nº de unid. % part. sobre

unidade

Microfranquias - Ranking por faturamento

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

Serviços Automotivos 

Educação e Treinamento 

Negócios, Serviços e Conveniência 

Cosméticos e Perfumaria 

Negócios, Serviços e Conveniência 

Educação e Treinamento 

Bebidas, Cafés, Doces e Salgados 

Construção e Imobiliárias 

Beleza, Saúde e Produtos Naturais 

Escolas de Idiomas 

Bebidas, Cafés, Doces e Salgados 

Hotelaria e Turismo 

Negócios, Serviços e Conveniência 

Beleza, Saúde e Produtos Naturais 

Beleza, Saúde e Produtos Naturais 

Construção e Imobiliárias 

Serviços Automotivos 

Negócios, Serviços e Conveniência 

Beleza, Saúde e Produtos Naturais 

Escolas de Idiomas 

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LE SÉNÉCHAL PERFUMES 

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ALPS 

SP

SP

SP

PR

SP

SP

SP

SP

SP

MG

SP

PB

PR

SP

PR

SP

SP

SP

SP

SP

Qtde. Segmento

Segmento

Base: Recad – associados / não associados

Base: Recad – associados / não associados

Marca UF Qtde. Segmento

Base: Recad – associados / não associados

Base: Recad – associados / não associados

Marca UF

Microfranquias - Ranking por unidades

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

Educação e Treinamento 

Beleza, Saúde e Produtos Naturais 

Cosméticos e Perfumaria 

Serviços Automotivos 

Bebidas, Cafés, Doces e Salgados 

Negócios, Serviços e Conveniência 

Educação e Treinamento 

Construção e Imobiliárias 

Bebidas, Cafés, Doces e Salgados 

Limpeza e Conservação 

Beleza, Saúde e Produtos Naturais 

Educação e Treinamento 

Serviços Automotivos 

Beleza, Saúde e Produtos Naturais 

Comunicação, Informática e Eletrônicos 

Escolas de Idiomas 

Negócios, Serviços e Conveniência 

Escolas de Idiomas 

Negócios, Serviços e Conveniência 

Negócios, Serviços e Conveniência 

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SP

SP

PR

SP

SP

SP

SP

SP

SP

MG

PR

PR

SP

SP

SP

SP

SP

MG

SP

SP

1.655

892

791

514

504

412

380

303

240

238

237

228

218

202

177

156

153

148

143

137

Nº de unids.da rede

Microfranquias - % Participação por Estado/sede

10º

11º

12º

13º

14º

15º

16º

17º

SP

PR

RJ

MG

RS

SC

PE

CE

AL

BA

ES

DF

GO

PB

MA

MS

RN

141

28

19

17

14

10

7

6

3

3

3

2

2

2

1

1

1

260

54%

11%

7%

7%

5%

4%

3%

2%

1%

1%

1%

1%

1%

1%

0,4%

0,4%

0,4%

100%

Posição UF Nº de marcas % Part. por UF

50 51

Page 26: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Compras públicas

Foto

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Manoel dos Reis, empreendedor individual

Formalizado,chaveiro vence licitação

Aposentado, Manoel dos Reis decidiu continuar no mercadode trabalho e, para isso, se formalizou como empreendedor individual

Por Giselle Ritzmann Loures

Cap

acit

ação

52 53

Page 27: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Depois de trabalhar décadas no setor da

construção civil, Manoel dos Reis se apo-

sentou. Aos 61 anos, insatisfeito com o va-

lor pago pela aposentadoria e com ânimo

para continuar, decidiu investir em uma

nova atividade para complementar a ren-

da. A escolha foi atuar como chaveiro, em

Telêmaco Borba, centro-sul do Paraná.

Sem experiência na área, Seu Manoel bus-

cou informação. Na internet, o empreen-

dedor encomendou um DVD com o passo

a passo para aprender a produzir cópias

de chaves e, também, comprou uma má-

quina para dar início ao negócio, que co-

meçou na informalidade.

Em uma conversa com um funcionário

da Prefeitura Municipal, Seu Manoel fi-

cou sabendo que era possível prestar

serviço ao poder público. Porém, para

isso, ele precisava legalizar seu peque-

no empreendimento.

Interessado na possibilidade, ele foi até

a Sala do Empreendedor, instalada em

Telêmaco Borba, para prestar atendi-

mento na formalização de empreende-

dores e orientações sobre a gestão de

pequenas empresas. O espaço foi criado

para atender a uma das determinações

previstas no Estatuto Nacional da Micro-

empresa e Empresa de Pequeno Porte,

também conhecido como Lei Geral da Mi-

cro e Pequena Empresa, e conta com o

apoio do Sebrae/PR.

Na Sala do Empreendedor, o aposentado foi

atendido pela agente de desenvolvimento

local Gilda Maria de Paula Rocha, profissio-

nal treinada para monitorar as atividades no

local e prestar atendimento à comunidade

empresarial. “As orientações que recebi na

Sala do Empreendedor foram muito impor-

tantes e a Gilda me explicou todo o processo

de formalização”, lembra Seu Manoel.

A consultora do Sebrae/PR, Sandra Tru-

jillo Costa, afirma que idade não é impe-

dimento para quem quer empreender.

“Todos os dias, no Sebrae/PR, auxilia-

mos empreendedores que, mesmo apo-

sentados, viram empresários e possuem

energia, vitalidade e capacidade para

iniciar novos negócios. O Seu Manoel é

um exemplo típico. A cautela é sua ca-

racterística mais forte. Assim como ele,

vários empreendedores procuram infor-

mações e é nesse momento que o Se-

brae/PR, junto com o futuro empresá-

rio, planeja o empreendimento.”

A consultora orienta que o processo de

planejamento de uma micro ou pequena

empresa deve ser constante. Segundo

ela, analisar a viabilidade da empresa,

como obter acesso a financiamentos,

controlar contas e pagamentos, partici-

par de licitações e planejar vendas são

itens fundamentais para o sucesso dos

pequenos negócios.

“O Sebrae/PR quer que outros empreende-

dores individuais e empresários de micro-

empresas participem de licitações públicas,

para que cada vez mais tenhamos nos muni-

cípios o ambiente favorável para o fortale-

cimento e criação de novos empreendimen-

tos”, ressalta Sandra Trujillo Costa.

Formalização gera negóciosA atividade de chaveiro é uma das mais

de 400 que se encaixam na categoria do

Empreendedor Individual, figura jurídica

instituída pela Lei Complementar 128/08

que alterou o dispositivo da Lei Geral.

Com o Empreendedor Individual, mais de

2 milhões de empreendedores já saíram

da informalidade, em todo o Brasil, des-

de a entrada em vigor da legislação, em

julho de 2009.

No Paraná, são mais de 110 mil empreende-

dores individuais, que passaram a ter aces-

so a uma série de benefícios, entre previ-

denciários e fiscais. Com a formalização e a

possibilidade de emitir nota fiscal, esses

novos empresários ganharam uma carteira

de identidade empresarial com o Cadastro

Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).

“Formalizado, participei de uma licitação

da Prefeitura para a prestação de serviços

de chaveiro e ganhei. Meu contrato é de

um ano e pode ser prorrogado por mais

cinco anos. Com a minha empresa, tive a

oportunidade de ganhar uma licitação e es-

tou muito feliz”, comemora Seu Manoel.

Com a aprovação da Lei Geral, o acesso ao

mercado de compras públicas ganhou um

tratamento diferenciado. Pela legislação,

que traz um capítulo específico sobre

compras governamentais, empreendedo-

res individuais, micro e pequenas empre-

sas passaram a ter incentivos para partici-

par em processos de licitação, de uma

maneira mais competitiva, com médias e

grandes empresas.

“A Prefeitura tem bastante serviço. Com a

volta das aulas, eu acredito que essa pro-

cura pelo serviço de troca de fechadura e

cópias de chaves vai aumentar nas esco-

las”, observa otimista.

Formalizados, empreendedores podem participar de licitações públicas, um nicho de mercado que passou a ser melhor explorado com a Lei Geral

Saiba mais

Mais informações sobre formalização:

Portal do Empreendedorwww.portaldoempreendedor.gov.br

Mas não é só possibilidade de vender

para o poder público que anima Seu Ma-

noel. “A minha meta é me aperfeiçoar

cada vez mais. Tenho uma máquina para

fazer um tipo de chave e quero comprar

outro equipamento, para chaves com

chip. Com a minha empresa formalizada,

posso, inclusive, fazer um empréstimo no

banco, com juros mais baixos”, avalia o

empresário.

A partir de 2012, passou a valer a nova

faixa de enquadramento para empreen-

dedores individuais. Com a iniciativa do

governo federal, a expectativa é que au-

mente a base de empreendedores que

podem optar pela modalidade. Com a

nova regra, o limite para o Empreendedor

Individual passou de R$ 36 mil, ao ano,

para R$ 60 mil.

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Page 28: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Prêmio

Mulheresdeterminadas

Elas, que participam cada vez mais da política e dos negócios,são protagonistas de histórias inspiradoras de empreendedorismo

Por Cleide de Paula e Giselle Ritzmann Loures

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Page 29: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

A dúvida sobre qual carreira seguir desa-

pareceu quando Juliana Sanches, aos 17

anos e prestes a prestar o vestibular, assis-

tia a uma das edições do Programa Peque-

nas Empresas, Grandes Negócios, veicula-

do nacionalmente aos domingos, pela

Rede Globo. Apaixonada por patinação

desde a infância, até aquele momento, a

atleta, que foi campeã brasileira e pan-

americana, não sabia se deveria investir

em seu sonho.

Porém, ao conhecer a história de um enge-

nheiro que largou uma sólida carreira para

trabalhar confeccionando pipas, veiculada

no programa, não pensou duas vezes e dis-

se para si mesma: “se ele pode viver de pi-

pas, poderei viver de patinação”.

O relato de como surgiu a Dancing Patina-

ção, escola com sede em Londrina, venceu

a etapa estadual do Prêmio Sebrae Mulher

de Negócios na categoria Pequenos Negó-

cios. O concurso, desde 2004, reconhece

histórias de mulheres que encontraram no

empreendedorismo uma fonte de renda e

de transformação social.

A entrega do Prêmio ocorreu em Curitiba,

em março, durante cerimônia realizada na

sede do Sebrae/PR na Capital. A história da

empreendedora de Londrina também foi re-

conhecida na etapa nacional do Prêmio. Ju-

liana levou o troféu prata em sua categoria.

Juliana conta que está envolvida com pati-

nação há 40 anos. Mudou-se para Londrina

em 1989, atuou como professora em um

Clube da cidade, por seis anos e abriu a es-

cola em 1995, com o apoio do marido e do

sogro. “Aquela história das pipas, para

mim foi um presente e um estímulo para

eu buscasse o que realmente eu gostava

de fazer. Hoje, sou extremamente feliz

com que eu faço. Da mesma forma de uma

história me motivou lá trás, também quis

repassar minhas experiências para outros.

O Prêmio é um banho de autoestima e

algo inspirador.”

A empresária lembra que seu principal desa-

fio como empreendedora foi tomar a deci-

são de deixar de ser empregada para tornar-

-se empresária “porque a carga de trabalho

é bem intensa. No mundo dos negócios, é

preciso equilíbrio para juntar o sonho com o

real. A lição que deixo é ter a cabeça nas es-

trelas, mas os pés no chão”, aconselha.

Em 2011, a Dancing Patinação chegou a

ter 360 alunos. A empresa recentemente

transformou-se em uma franquia e já con-

ta com uma franqueada em Londrina. Nes-

se modelo, uma professora de patinação

vai onde os alunos estão.

A consultora do Sebrae/PR, Simone Millan,

diz que a capacidade de superar desafios e

a persistência são características comuns

às mulheres empreendedoras. Segundo

ela, outro ponto que chama atenção é o

fato dos negócios criados por mulheres

surgirem mais por necessidade do que por

oportunidade.

“As histórias mostram que as empresárias

nem sempre acertam na primeira vez. Em

geral, cometeram erros de gestão e têm

alguns contratempos, mas logo levantam.

A trajetória dos negócios está intimamen-

te ligada às histórias de vida pessoal. Den-

tre os desafios enfrentados, elas citam, o

enfrentamento de resistência e de pre-

conceitos, inclusive, dentro de suas pró-

prias famílias.”

SuperaçãoA história empreendedora de Giane Bor-

ges, também vencedora da etapa parana-

ense do Prêmio Sebrae Mulher de Negó-

cios, só que na categoria Negócios

Coletivos, começou a ser escrita há mais de

dez anos. Diante das dificuldades, ela se

viu obrigada a buscar uma alternativa para

sustentar a família. Natural de Curitiba, de-

cidiu morar com o irmão, em Araucária.

De família pobre, encontrou na reciclagem

de materiais uma esperança. Hoje, é presi-

dente da Reciclar – Associação dos Catado-

res de Materiais Recicláveis, responsável

pela separação, enfardamento e comercia-

lização de materiais recicláveis provenien-

tes da coleta seletiva do município.

A atividade é realizada por meio de um

termo de parceria técnica, firmado entre a

Associação e a Prefeitura de Araucária.

Toda a renda obtida com o trabalho é re-

partida entre os associados.

“Com o Prêmio, tivemos a oportunidade

de, alguma maneira, contar nossa história.

Tenho muito orgulho de ser presidente da

Associação, porque dali vem não só o meu

sustento, mas o sustento de 38 famílias.

Hoje, eu sou vista como uma liderança e

gostaria muito que a associação crescesse.

A nossa conquista é de todos”, diz Giane

Borges, que, nacionalmente, também foi

reconhecida com o troféu bronze do Prê-

mio Sebrae Mulher de Negócios.

Para a consultora do Sebrae/PR, Virginia

Allgayer, a conquista da presidente da Re-

ciclar foi a coroação de um trabalho. “Ela

é um exemplo de superação, que, ao ficar

sozinha e tendo que cuidar dos filhos, en-

controu uma saída. É o reconhecimento

de um esforço diário”, avalia a consultora

do Sebrae/PR. Giane Borges, empreendedora

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A capacidade de superar desafios e a persistência são características comuns às mulheres empreendedoras

Giane lembra que, ao se mudar para Arau-

cária, ela observou que uma senhora pas-

sava sempre em frente à sua casa. Curiosa,

ela perguntou qual era a sua atividade.

“Ela me explicou que seu sustento vinha

do que ela catava nas ruas e que participa-

va de uma associação de catadores”, diz.

Foi dona Ivani que, além de ensinar Giane

a atividade de catadora, a levou em uma

reunião da associação.

“Eu fui e posso dizer que ela foi muito im-

portante para que eu pudesse aprender a

tirar o sustento dos meus filhos do lixo. Foi

uma decisão difícil, pois eu tinha vergonha

de ser uma catadora. O que minha família

acharia de tudo isso?”

Segundo Giane, ela teve apoio dos cata-

dores, que a acolheram na Associação.

Quando ela foi à primeira reunião, a enti-

dade ainda era informal. A formalização

só veio em 2001.

“Antes da formalização, já sabíamos que

seria necessária uma estrutura. A Prefeitu-

ra de Araucária, que sempre nos apoiou,

cedeu um barracão no Bairro Tupi. Fica-

mos lá de 2000 até 2010. Nessa época, fa-

zíamos reuniões quinzenais e éramos em

uns 25 associados. O espaço ficou peque-

no e novamente os associados pediram

ajuda para a Prefeitura, com o intuito de

conseguir uma estrutura maior.”

Após alguns meses, a nova sede foi con-

quistada. “Quase não acreditamos. Essa

nova estrutura, que foi conseguida pelo es-

forço da Prefeitura em buscar os recursos

financeiros, permitiu aumentar a produtivi-

dade, pois temos cinco prensas, dois eleva-

dores e duas esteiras, o que permite traba-

lhar com as seis toneladas que recebemos

por dia”, avalia a presidente da Reciclar.

De acordo com Giane, a Associação é res-

ponsável por tirar cerca de por mês de 60

a 70 toneladas de material, por mês, que

sai da natureza. Hoje, 38 famílias garan-

tem o seu sustento graças ao trabalho rea-

lizado na Reciclar.

PrêmioCom o mote “Sua trajetória pode abrir ca-

minho para milhares de outras mulheres”,

a edição 2011 do Prêmio Sebrae Mulher

de Negócios, cuja divulgação das premia-

das só acontece no ano subsequente, re-

cebeu mais de 3,6 mil inscrições em todo o

Brasil. No Paraná, a premiação contou com

283 inscrições e 20 finalistas concorreram

à premiação estadual.

A consultora do Sebrae/PR e coordenado-

ra estadual do Prêmio Sebrae Mulher de

Negócios, Ammanda Macedo, diz que as

inscrições registradas no Prêmio foram

significativas, porque são histórias que

servirão de inspiração para outras mulhe-

res empreendedoras. “A representativida-

de feminina, na direção de entidades em-

presariais  e na política, é cada vez maior.

Prova de que somos determinadas e que

estamos conquistando espaço”, afirma a

consultora. (Colaborou nesta reportagem o

jornalista Leandro Donatti)

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Juliana Sanches, empresária

Ammanda Macedo,consultora

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Page 30: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Saiba mais

Acesse:www.mulherdenegocios.sebrae.com.br As inscrições para mais edição já estão abertas e seguem até o dia31 de agosto de 2012.

Quase 300 mulheres empreendedorasdo Paraná inscreveram-se para o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, edição 2011

As finalistasdo Prêmio Sebrae Mulher de Negócios

Elisabethe Dalazoanna Bittencourt

Marie Sakamoto Nishio

Elizangela de Paula Kuhn

Giane Marisa Borges

Angela Maria Sfendrych

Categoria Pequenos Negócios

Maria Lucia Silveira

Elisângela Miximiano Lizotti de Moura

Juliana Bicalho Sanches

Angela Faria da Silva Munhoz

Luciane Bertão Kayukawa

Gracia Aparecida da Silva Crescêncio

Hilkka Tellervo Ewert

Roseli Dreissig Morgenstern

Viviane Cristina Dalmas

Marcia Cristhina Teixeira

Vera Lucia Scanagatta de Oliveira

Sandra Soto Ruiz

Marise Damke

Joseffah Barros Genez

Marli Aparecida Alberti

Atelier Lucinha Silveira (Cascavel)

Passiphlora Farmácia de Manipulação (Londrina)

Dancing Patinação (Londrina)

Atacadão da Indústria (Maringá)

Casa das Cortinas (Apucarana)

Estilinho (Alvorada do Sul)

Restaurante Bauernhaus (Palmeira)

Demorgan (Maringá)

Farmácia Viviane (Cambé)

Pequeno Anjo (Cascavel)

Catarinense Garden Center (Cascavel)

Pede Gás e Água (Maringá)

Damke Móveis (Itaipulândia)

Judith Cabelereiro e Estética (Londrina)

Essência do Sabor Pães e Doces (Guarapuava)

Categoria Negócios Coletivos

ATIART – Associação Tibagiana de Artesanato (Tibagi)

Artesanato Santo Antônio – Associação de Artesanato Santo Antônio (Maringá)

ACIFI – Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Foz do Iguaçu)

Reciclar – Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis (Araucária)

Ryo & Mar – Associação dos Curtidores Artesa-nais de Pele de Peixe Ryo & Mar (Guaratuba)

Ela está em toda parte, nas empresas de

todos os portes, sofisticadas, técnicas,

canteiros de obras, ‘chão de fábrica’ – daí o

nome, nas universidades, nas famílias, na

vizinhança, entre amigos e inimigos e,

principalmente, no ambiente governa-

mental. Ela corre solta entre os políticos,

que a alimentam e usam como arma torpe

contra os seus desafetos.

É a rádio-peão, o falatório, o disse-me-dis-

se, o dizem a boca-pequena, ouvi dizer não

sei de quem, mas é a mais pura verdade

que… Boatos e maledicências andam céle-

res e tal qual a velha brincadeira infantil

do “telefone sem fio”: começam de um

modo, logo são desvirtuados e chegam to-

talmente diferentes das suas versões ori-

ginais ao final da linha. Aí é que está o pe-

rigo, já saem deformados de nascença e

viram monstros ao passar de um ouvido

para o outro.

Difícil saber quem começa a espalhar um

boato, pois fofoqueiros existem em todos

os ambientes. A característica do seu com-

portamento é previsível. Eles sempre sa-

bem das coisas, juram que a fonte é fide-

digna, não se dão ao trabalho de checar a

origem e a veracidade do fato, simples-

mente repassam o que ouviram de forma

deturpada sem perceber o estrago que

causam à imagem da empresa.

As pessoas adoram a rádio-peão, princi-

palmente as do escalão mais baixo das

hierarquias. Os motivos da sua existência

são vários, quase todos calcados nas nos-

sas inseguranças e fraquezas: é o medo

da perda do emprego, o ressentimento

por uma promoção não merecida, uma

vingancinha do chefe autoritário e a per-

da de privilégios. Ela retrata a fragilidade

dos relacionamentos humanos mal admi-

nistrados, alimenta-se da inveja, da mal-

dade, expõe vilania, covardia e, muitas

vezes, é apenas ingenuidade.

Uma das formas mais práticas para ate-

nuar fofocas é promover o contato pes-

soal do “chefão” com o resto da turma,

para os devidos esclarecimentos. Prepa-

re um café da manhã ou um happy-hour

para expor os assuntos da maneira mais

transparente possível. Criado o ambien-

te, procure fazer com que apareçam per-

guntas sobre os comentários que estão

circulando na empresa.

Algumas questões precisam ser direciona-

das para fazer vir à tona os assuntos mais

maldosos. Manter, de tempos em tempos,

encontros constantes, entre alguns fun-

cionários, escalonados, e a alta direção,

para esclarecer o que está acontecendo na

empresa e explicar seus rumos, ajuda a di-

minuir a força dos boatos. Jamais subesti-

me o poder da fofoca e da maledicência

Rádio-peão – não dê ouvidosà maldade alheia Eloi Zanetti

é consultor e palestrante em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas.Acesse www.eloizanetti.com.br

Artigo

Por Eloi Zanetti

em promover estragos, esteja atento e

não as deixe crescer.

A forma mais brilhante que já vi sobre

como acabar com a rádio-peão foi a música

“Disseram que voltei americanizada”, in-

terpretada por Carmem Miranda, respon-

dendo, na própria rádio, ao povo que co-

meçou a falar mal dela, depois que voltou

dos Estados Unidos. Sua resposta é um pri-

mor de comunicação bem-feita. Mostrarei

algumas partes do texto, que virou música

de sucesso: “Disseram que eu voltei ameri-

canizada… Com o burro do dinheiro, que

estou muito rica. Que não suporto mais o

breque de um pandeiro… E corre por aí

que ouvi um certo zum-zum… que já não

tenho molho, ritmo, nem nada… Mas pra

cima de mim, pra que tanto veneno?” E vai

terminando a música com uma fina ironia,

a arma dos inteligentes.

Ao perceber notícias ruins e mal-intencio-

nadas correndo dentro da empresa, cabe,

na maioria das vezes, ao comunicador, ate-

nuá-las. Empresas que trabalham de forma

profissional e competente os seus assun-

tos de comunicação interna sofrem menos

deste mal. A transparência da comunica-

ção, a agilidade em expor fatos e esclare-

cer situações inibe o surgimento de boa-

tos, não deixando campo propício para

falação descabida.

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Page 31: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

‘Sementes’ do otimismo

Grupo de produtores rurais descobre que trabalho coletivo na agricultura orgânica pode trazer mais saúde e renda para famílias

Por Juliana Dotto

Hortas comunitárias

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Valdirene e Edinaldo José Proença, empreendedores rurais

Edson Braga, consultor do Sebrae/PR

O projeto de estufas agroecológicas em Reserva do Iguaçu trouxe união, qualidade de vida e geração de renda para todas famílias envolvidas

Nascidos e criados em Reserva do Iguaçu,

município no interior do Paraná, e casa-

dos há seis anos, Valdirene Claudia Motta

Proença e Edinaldo José Proença conhe-

ceram-se ainda no colégio. Ela, estudando

Pedagogia e trabalhando como estagiária

em uma escola do município, e ele, atuan-

do como técnico-agrícola, não imagina-

vam que o conhecimento no campo pode-

ria ajudar famílias a sair da miséria e tirar

o sustento da própria terra onde moram.

“Nunca pensamos em sair daqui. Junta-

mos dinheiro e compramos uma pequena

propriedade para trabalhar com pecuária

de leite. Queríamos mais, mas não tínha-

mos recursos para investir, pois, com a

venda do leite, só dava para se manter”,

conta o casal. Em meados de setembro de

2011, uma parceria entre o Sebrae/PR e a

Prefeitura de Reserva do Iguaçu deu a

oportunidade que faltava para que me-

lhorassem o rendimento e a qualidade de

vida no campo.

“Muito mais do que melhorar a vida de

Valdirene e Edinaldo, o projeto de cons-

trução de estufas agroecológicas começa-

ria a mudar a vida de muita gente”, conta

o consultor do Sebrae/PR e gestor do Pro-

jeto Territórios da Cidadania - Cantuquiri-

guaçu, Edson Braga da Silva. Hoje, são 25

estufas distribuídas em duas comunida-

des rurais do município, de Santa Luzia e

Faxinal Soares, melhorando a qualidade

de vida de famílias carentes. E, pelo co-

nhecimento de plantio e cultivo, as mudas

que abastecem todas as estufas saem da

propriedade do casal.

“Temos um cronograma de plantio para

que não falte nenhum produto”, diz Valdi-

rene Proença. “Meu plano já era trabalhar

com estufas, mas não tinha como fazer. O

projeto veio em boa hora e o legal é que

todo mundo ajuda, desde a armação, irriga-

ção até a cobertura da estufa. São mais ou

menos seis pessoas para erguer uma estu-

fa. No último feriado de Finados, por exem-

plo, conseguimos reunir mais de 30 pesso-

as das comunidades para ajudar a fazer as

estufas. Hoje, plantamos tomates, rabane-

tes, beterrabas e outros. Tudo de maneira

coletiva”, reforça Edinaldo Proença.

A inspiração para o projeto, comenta Ed-

son Braga, veio a partir da implementação

do Sistema de Produção Agroecológica

Integrada e Sustentável (PAIS), em uma

escola rural, há cerca de três anos. “No

processo produtivo do PAIS não se usam

fertilizantes sintéticos ou agroquímicos e

os produtores são treinados para darem

início à produção de alimentos orgânicos.

A horta é circular, abriga um galinheiro no

centro, e os canteiros são irrigados por

gotejamento. A área de compostagem su-

pre a necessidade de adubação do que é

plantado e ainda há um tipo de quintal,

também circular, destinado ao plantio de

frutas ou grãos”, explica.

Nas propriedades de Santa Luzia e Faxinal

Soares, a estrutura do PAIS foi adaptada e,

no lugar da horta circular, foram construí-

das estufas de 7x25 metros. “O principal

objetivo de levar as estufas às famílias era

auxiliar no desenvolvimento, para que sa-

íssem da extrema pobreza e passassem a

empreender”, declara o prefeito de Reser-

va do Iguaçu, Sebastião Campos. “Antes, a

maioria dessas famílias vivia de ‘bicos’, do

extrativismo ou nas carvoarias. As estufas

trouxeram uma perspectiva de vida mais

saudável e melhoraram a renda familiar”,

considera o prefeito.

Além de saúde e renda, acrescenta Sebas-

tião Campos, poder trabalhar com a pro-

dução nas estufas trouxe otimismo e en-

tusiasmo para as famílias. Foi o que

aconteceu com Alvino dos Santos de Oli-

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Page 32: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

veira e Ivanil Fátima da Cruz Oliveira. “An-

tes a gente vivia de ‘bicos’, agora ficamos

aqui, empenhados, na horta. Antes não

tínhamos salada para comer, agora a gen-

te come o que está plantando e, com a

venda dos produtos, também podemos

dar um futuro melhor para nossos filhos.

Nosso pensamento é fazer dessa, mais

duas estufas”, comemoram.

Alvino e Ivanil têm quatro filhos, entre 16

e dez anos de idade, que também ajudam

a produzir na estufa. “Plantamos pepino,

tomate, alface, brócolis, beterraba. E os

filhos também ajudam e aprendem a

plantar junto com a gente. Antes a renda

era difícil de contar, porque às vezes ti-

nha trabalho, às vezes não. Com a estufa,

temos a venda certa. Já conseguimos

contar com uns R$ 500 a R$ 600 por mês.

E sem ter que sair de casa pra arrumar

serviço”, enumera Ivanil Oliveira.

Esforço coletivoAlém da ajuda do casal, Valdirene e Edi-

naldo Proença (que preparam as mudas

para o plantio nas 25 estufas agroecoló-

gicas), as famílias contam com a ajuda

contínua de um técnico da Prefeitura,

João Fernando Nunes, e mais dois consul-

tores credenciados do Sebrae/PR, Ana

Maria Ferreira Ribas e Dimorvan Antônio

Santos. “Os três estão sempre em conta-

to com as famílias, ajudando e dando su-

porte no que for preciso”, afirma Edson

Braga, do Sebrae/PR.

Segundo João Fernando Nunes, a grande

maioria das estufas está em famílias as-

sentadas em terrenos da Prefeitura Mu-

nicipal. “Essas famílias não tinham onde

morar e a Prefeitura fez uma seleção para

que houvesse o repasse dos lotes. A

maioria desses assentados não tinha op-

ção de renda e estava com a terra há mui-

tos anos. O projeto das estufas trouxe

união, qualidade de vida e geração de

renda para todas”, aponta.

“No assentamento, cedido pela Prefeitura

à comunidade de Santa Luzia, por exem-

plo, são 22 lotes pequenos que têm em

média 0,5 hectares. Bem abaixo dos módu-

los familiares da região, que são de 15 hec-

tares. Encontrávamos, nas propriedades,

problemas com a fertilidade do solo e fal-

ta de água, além de famílias em situação

de vulnerabilidade. Para trabalhar com as

estufas, também foi preciso melhorar o

solo e capacitar as famílias para a produ-

ção”, relata Dimorvan Antônio Santos.

Alvino dos Santos de Oliveirae Ivanil Fátima da Cruz Oliveira, empreendedores

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DestinoDe acordo com Ana Ribas, 25% da produ-

ção nas estufas estão destinados à me-

renda escolar. “Inicialmente, o destino da

produção é para o consumo próprio, vi-

sando à segurança alimentar e nutricional

dessas famílias. O excedente é comercia-

lizado na comunidade e destinado para os

Programas de Aquisição de Alimentos

(PAA), Compra Direta e Programa Nacio-

nal de Alimentação Escolar (PNAE) no

município”, assinala.

Se a produção exceder a esses consumos,

os produtos são comercializados numa

parceria com a Cooperativa Mista de Pro-

dução Agropecuária e Extrativista das Fa-

mílias Trabalhadoras Rurais de Pinhão

(COOPERAFATRUP), do município vizinho

a Reserva do Iguaçu, para que sejam en-

tregues em Guarapuava, no PNAE, que

atende 25 colégios estaduais da cidade.

“Além disso, também existe a estratégia

de venda porta a porta nas cidades da re-

gião”, sustenta.

Quanto à rentabilidade, ressalta Dimor-

van, a ideia é agregar, em média, R$ 350 ao

mês por família, com a produção nas estu-

fas. “Até agora, a produção já beneficia

cerca de 100 pessoas diretamente, uma

vez que as famílias têm em média quatro

pessoas. Indiretamente, o número sobe

para 200, contando professores e alunos,

consumidores dos produtos orgânicos na

merenda. Em um ano, a produção nas es-

tufas deve movimentar cerca de R$ 120

mil para a comunidade”, assegura.

Márcia Aparecida dos Anjos e Valdir dos

Santos Oliveira, que também têm a estu-

fa agroecológica na propriedade, ainda

utilizam a horta somente para alimenta-

ção. “Estamos começando o cultivo na

estufa, com alface e almeirão. Mas de

agora em diante, queremos aumentar a

produção para poder vender também”,

planejam. Assim como Márcia e Valdir,

pouco a pouco, as famílias começam a en-

xergar, nas estufas, oportunidade.

“Meu marido trabalha em Pinhão e só

vem pra casa no fim de semana. Sempre

trabalhamos na roça, mas de outras pes-

soas. Agora que temos nosso cantinho e,

com a ajuda da comunidade, já estamos

plantando tomate, pepino e almeirão na

estufa. Assim que der, vamos melhorar a

casa e ganhar um pouco de dinheiro pra

viver melhor”, projeta Ivandir Aparecida

da Cruz que divide o tempo do trabalho

na estufa com as filhas, de 15 e 13 anos,

com as tarefas do lar e a criação de um

bebê, de apenas dois meses.

A inspiração para o projeto veio a partir da implementação do Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), em uma escola rural

Ivandir Aparecida da Cruz, empreendedora

Marcia A. dos Anjos,empreendedora

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Page 33: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Angela Sfendrych, empreendedora

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Reaproveitamento

Considerada lixo, pele de peixe vira couro; beneficiamento gera trabalho e renda para empreendedores no litoral do Paraná

Por Cleide de Paula

União transformacomunidade carente

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Page 34: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Depois de enfrentar, e superar, desafios

comuns aos pequenos negócios, como a

sobrevivência num mercado altamente

competitivo, a Associação dos Curtidores

de Pele de Peixe Artesanal Ryo e Mar

(ACPRM), fundada em 2008, no município

de Guaratuba, litoral do Paraná, prepara-se

para entrar em uma nova fase.

A meta dos dirigentes é lançar um site na

internet para divulgar o trabalho e comer-

cializar o couro de peixe e as peças

artesanais derivadas da matéria-prima,

como bolsas, bijuterias e outros acessórios.

A presidente da ACPRM, Angela Sfendrych,

acredita que quando o site da Ryo e Mar

entrar no ar, a venda e a procura pela

pele vão aumentar.

“Para isso, teremos que ter uma ou duas

pessoas dedicadas exclusivamente para o

comércio eletrônico. Por sermos uma

comunidade carente, ainda não temos

pessoal capacitado para lidar com essas

questões de informática, mas em breve deve-

remos superar essa deficiência”, acredita.

Outra meta dos dez associados, empreen-

dedores de primeira linha, é conquistar

uma nova sede para o funcionamento da

ACPRM que hoje se encontra instalada em

um imóvel alugado. “Estamos pleiteando na

Prefeitura de Guaratuba a assinatura de um

convênio para que possamos nos mudar de

endereço e também receber apoio para

adquirir equipamentos como uma máquina

de costura semi-industrial e equipamentos

para curtimento artesanal, melhorando

assim nossos resultados”, detalha.

Iniciativa transforma atividade em negócio sustentável, capaz de melhorar a vida de pessoas da comunidade e promover maior consciência ambiental

Retirar, coletar, tratar, transformar e

conscientizar. Desde 2008, esses verbos

são conjugados diariamente pela ACPRM.

A associação surgiu a partir de um curso

de curtimento de couro, realizado em

2006, que teve, entre os participantes,

Angela Sfendrych, proprietária, na época,

de uma papelaria e comércio de embala-

gens na localidade.

A empresária teve a ideia de aproveitar a

pele de peixe que era descartada pelos

pescadores de Guaratuba em lixos comuns

ou no próprio mar. Após o treinamento, a

aluna empenhou-se em aprimorar o méto-

do de curtimento para transformar pele de

peixe em peças de qualidade. O couro de

quase todos os peixes de mar pode ser

aproveitado, como de tilápia, linguado, ro-

balo, corvina e tainha.

O esforço para a regularização ambiental

da atividade e a padronização da qualidade

de produção renderam à entusiasta um

convite para ministrar cursos de curtimen-

to de couro. Ao final da capacitação, ela

e mais quatro participantes, decidiram

transformar a atividade em um negócio

sustentável, capaz de melhorar a vida de

pessoas da comunidade e promover maior

consciência ambiental para os impactos do

descarte irregular.

“O começo não foi nada fácil. As pessoas

da região estavam desacreditadas e não

apostavam nos resultados do trabalho co-

letivo. Para mudar essa mentalidade, foi

preciso muita persistência. Desde o início,

Peças artesanais feitas com couro de peixe

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a Associação foi pensada e organizada

como uma empresa na qual o resultado fi-

nal depende da dedicação de cada um. Para

começar as atividades do curtume, os fun-

dadores investiram recursos próprios para

a aquisição de equipamentos e compra dos

insumos necessários”, conta.

A ACPRM é dirigida por um Conselho

Diretor composto por quatro membros:

presidente, vice-presidente, tesoureiro e

secretário. Todas as decisões são tomadas

a partir de reuniões nas quais todos os as-

sociados podem participar e votar. Mesmo

contrariando todos os prognósticos, desde

o início das atividades, a Associação buscou

o licenciamento para o processamento de

efluentes, que foi concedido pelo Instituto

Ambiental do Paraná (IAP).

Dentre as atividades realizadas pela Asso-

ciação estão a limpeza e conservação das

peles, o curtimento e tingimento artesanal,

o acabamento do couro e o tratamento dos

efluentes gerados pelo processo. O méto-

do de curtimento do couro demora cinco

dias para se completar. Nos três primeiros,

é feita a preparação das peles e, nos dois

últimos, o tratamento dos efluentes. O im-

pacto ambiental gerado é mínimo, pois os

reagentes utilizados passam por um trata-

mento dentro do próprio curtume. A práti-

ca garantiu à sociedade o selo de Projeto

Ecologicamente Correto.

A aquisição das peles é feita diretamente

com os pescadores que recebem R$ 2 para

cada quilo do produto vendido. Entre os

sócios, há curtidores e artesãos. Cada asso-

ciado paga uma mensalidade, que, no mo-

mento, é de R$ 30. A soma é utilizada para

pagar as despesas de funcionamento do

curtume. O controle da produção é feito

por documentos que incluem, por exemplo,

a ficha do associado e a ficha de curtimento.

“O custo da energia elétrica é bem alto,

bem como o da locação do imóvel. Os no-

vos associados passam por uma capacita-

ção e devem acompanhar pelo menos dois

processos completos de curtição e de

tratamento de efluentes para estarem ha-

bilitados a conduzir, sozinhos, o processo.

Um associado dedicado chega a ganhar

R$ 500 mensais com a atividade”, assinala

Angela Sfendrych.

Com cinco quilos de pele de peixe, é possí-

vel produzir um quilo de couro. A capaci-

dade produtiva mensal do curtume arte-

sanal de Guaratuba é o processamento de

60 quilos de peles de peixe. O couro de

Com cinco quilos de pele de peixe, é possível produzir um quilo de couro; atividade representa rendimento médio mensal de R$ 500

peixe marinho é vendido por aproximada-

mente R$ 750 - o quilo.

Após quase quatro anos de existência,

Angela Sfendrych avalia que, dentre os

benefícios da Ryo e Mar para a comunidade

de Guaratuba, estão a geração de renda, a

conscientização dos pescadores para os

impactos que o descarte da pele gera no

meio ambiente e a preservação da nature-

za. “Nosso cuidado com o meio ambiente

se dá pela coleta e reaproveitamento dos

resíduos e também pelo tratamento corre-

to dos efluentes gerados pelo processo de

curtimento”, informa.

A presidente destaca que a ACPRM mudou

a vida das associadas, em sua grande maio-

ria mulheres de pescadores. Além de reali-

zação, o trabalho associativo significou

para elas a geração de recursos para com-

plementar a renda familiar e oportunida-

des para conhecer novos lugares no Brasil.

“A primeira viagem que fizemos foi para

Ponta Grossa. Algumas delas não queriam

nem entrar em elevador. Hoje, viajam de

avião para participar de feiras. É uma gran-

de conquista para a autoestima e inclusão

social das mulheres”, conta.

Conquistas

Nos dois últimos anos, a Ryo e Mar vem

ministrando cursos sobre o curtimento da

pele de peixe em diversos estados do

Brasil, como São Paulo, Rio Grande do Sul,

Bahia e Santa Catarina. “Recentemente, ca-

pacitamos três comunidades no litoral de

Itapoá, em Santa Catarina. Para este ano, já

recebemos várias propostas e estamos es-

tudando pedidos”, diz.

A característica sustentável da produção,

que alia a preservação do meio ambiente

com geração de renda às associadas, ga-

nhou reconhecimento nacional. A Associa-

ção Curtume do Couro do Peixe Ryo Mar

recebeu, em São Paulo, o Prêmio Planeta

Casa 2011, na categoria Ação Social.

Apoio

A Ryo & Mar, pioneira no artesanato com

couro de peixe, é uma das organizações

apoiadas pelo Ministério da Integração

Nacional. Também é assistida pelo Conse-

lho Regional de Desenvolvimento Rural,

Pesqueiro e do Artesanato do Litoral Para-

naense (Cordrap), Prefeitura de Guaratuba,

Secretaria Estadual da Família e Desenvol-

vimento Social e Sebrae/PR.

A ACPRM é atendida pelo Sebrae/PR pelos

projetos “Turismo no Litoral do Paraná –

Emoções o Ano Inteiro” e “Competitivida-

de do Vestuário”. A entidade auxiliou a as-

sociação a redigir seu planejamento

estratégico, ministrou capacitações sobre

empreendedorismo e associativismo e

atuou para fomentar o artesanato como

uma atividade ligada ao Turismo.

Além disso, articulou, com parceiros, a rea-

lização de oficinas de design; e, também, o

auxílio à busca por informações de merca-

do para subsidiar a criação de novos produ-

tos no segmento de vestuário, acessórios e

souvenirs. As ações foram passos impor-

tantes no processo de preparação da Asso-

ciação para o crescimento.

Saiba mais

A Associação dos Curtidores de Pelede Peixe Artesanal Ryo e Mar (ACPRM) funciona na Rua Paranavaí, 17,em Guaratuba, no Paraná.

Informações podem ser obtidas peloe-mail: [email protected]

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Page 35: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

corporativosFerramentas, cada vez mais utilizadas por empresários, recriam

situações do dia a dia das empresas em ambientes virtuais

Simulação

Por Adriana Bonn

GamesGame Perfil do Empreendedor, desenvolvido pela Ingrupo//CHP para o Sebrae/PR

O uso de games pode ser benéfico para todas as empresas, pois é capaz de auxiliar na aprendizagem, criação de novos processos, troca de informações

Há décadas, as empresas usam jogos para

trabalhar competências e desenvolver

ações motivacionais e de grupo entre os

seus funcionários, mas, nos últimos anos,

essa ferramenta, que antes ficava limitada

a salas fechadas, ganhou um novo forma-

to: o digital.

Os chamados games corporativos, que re-

criam situações do dia a dia das empresas

em um ambiente virtual, já fazem parte de

muitas corporações e estão se tornando

uma tendência mundial.

Cacau Guarnieri, estrategista web, atua há

mais de 13 anos no mercado digital, na

criação de soluções. Ele diz que os games

empresariais são resultado da populariza-

ção do videogame, da explosão dos games

sociais e da chegada a postos de gestão de

profissionais que cresceram envolvidos

nesse universo.

“Tais fatores têm criado dentro das organi-

zações uma demanda crescente pela utili-

zação de games ou dinâmicas baseadas em

jogos que auxiliam no treinamento de pes-

soal de uma forma mais atrativa”, explica.

Segundo Guarnieri, os games corporativos

usam linguagens e processos novos para

atingir, de forma diferente, antigos objeti-

vos ou até mesmo criar outros deles.

Os games simulam situações de negócios

em um ambiente de jogo que permite ao

usuário entrar na pele de um personagem

na tela do computador. Assim, o funcioná-

rio pode praticar suas tarefas quantas ve-

zes precisar sem colocar em risco o negó-

cio e a empresa.

Guarnieri explica que, além de jogos

para o público interno, os games corpo-

rativos também podem ser uma ferra-

menta para a promoção de produtos,

serviços e da marca ou na utilização de

mecânicas para buscar engajamento e

fidelização de usuários na web.

“O uso de games pode ser benéfico para

todas as empresas, independente de seu

tamanho, pois é capaz de auxiliar na apren-

dizagem, criação de novos processos, troca

de informações, marketing, e-commerce,

mapeamento de perfis de empreendedo-

res, entre outros.”

Produção nacionalNo Brasil, os games corporativos ainda são

novidade e despertam a curiosidade dos

empresários, mas em países como Estados

Unidos, Japão, Coréia do Sul e Europa são

bastante difundidos.

A CINQ Technologies, empresa curitibana

especializada em projetos de desenvolvi-

mento de software, design de soluções e

serviços profissionais de Tecnologia da In-

formação (TI), faz parte do grupo de desen-

volvedores de games corporativos no País.

Aldir Oliveira Brandão Júnior, sócio-pro-

prietário da CINQ, explica que os jogos em-

presariais passaram a fazer parte dos servi-

ços oferecidos pela empresa em 2010. O

desenvolvimento acontece sob encomen-

da e a maioria dos clientes está no Brasil.

“Os games corporativos são uma interes-

sante ferramenta de trabalho porque aju-

dam os empresários em várias etapas, como

de diagnóstico e de autoconhecimento, por

exemplo, necessárias para o bom desempe-

nho da empresa”, diz Brandão.

O empresário também destaca outro fator

importante: a possibilidade de atingir um

público amplo, com baixo investimento. O

preço de um game corporativo vai depen-

der do conceito que utiliza.

Os de baixa complexidade custam a partir

de R$ 7 mil, em média, enquanto os de

maior dificuldade de produção, até dez ve-

zes este valor. Mas, segundo os especialis-

tas, o investimento vale a pena.

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ação

Cacau Guarnieri, estrategista web

Serv

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Page 36: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Saiba mais

Acesse:

www.ingrupochp.com.br

www.games4b.com.br

www.newzoo.com

Em função da curiosidade que se formou

em torno desse momento de “gamifica-

ção”, o estrategista web Cacau Guarnieri

tem viajado pelo Brasil para fazer palestras

sobre o tema.

Entre seus clientes estão o Sebrae, a

BASF, o Corinthians e a Universidade

Anhembi Morumbi. Para ele, os games

corporativos não são apenas um modis-

mo, mas também não devem ser conside-

rados uma solução milagrosa para desa-

fios corporativos ou de marketing de uma

empresa. “É preciso ter pé no chão.”

Veio para ficarA Ingrupo//chp Propaganda, empresa es-

pecializada em comunicação integrada e

marketing, também desenvolve games cor-

porativos. O diretor André Santocchi expli-

ca que a empresa, instalada em São Paulo,

mas com atuação em todo o Brasil, oferece

games para treinamento e capacitação de

profissionais e para divulgação de produ-

tos. Entre seus clientes, está o Sebrae/PR,

que utiliza games corporativos para apre-

sentar soluções aos empresários.

A Ingrupo//chp trabalha com projetos de

interatividade há dez anos, mas a comer-

cialização dos games corporativos ga-

nhou intensidade nos últimos cinco. San-

tocchi destaca que o aumento da procura

se deve à maior divulgação de informa-

ções sobre os games. “As pessoas estão

conhecendo e sabendo cada vez mais

sobre esses produtos e os benefícios

que podem trazer para as empresas.”

Santocchi diz que os games corporativos

estão ganhando cada vez mais espaço

porque são interessantes, capazes de

treinar pessoas de forma lúdica e intera-

tiva. Além disso, ele acredita que a re-

ceptividade tem relação com identifica-

ção que a nova geração que está

entrando no mercado de trabalho tem

com a tecnologia. Por isso, Santocchi ga-

rante que os games corporativos não

são apenas uma onda e sim uma tendên-

cia que veio para ficar.

Games corporativos, ainda uma novidade em países como o Brasil, tornam-seferramenta de trabalho e melhoram desempenho das empresas

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André Santocchi, empresário

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Page 37: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Trajetóriaempreendedora

Presidente da FIEP diz que, apesar da crise global, economia brasileiracontinua se sustentando e há ainda muito campo para crescer

Edson Campagnolo

Por Mirian Gasparin

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EP

Edson Campagnolo, presidente da FIEP

Espiritualidade, família e trabalho são os

mais importantes valores do ser huma-

no, apontados pelo presidente da Fede-

ração das Indústrias do Estado do Para-

ná (FIEP) e conselheiro do Sebrae/PR,

Edson Campagnolo. Evangélico, a vida

do empresário de 52 anos, que hoje re-

presenta as indústrias paranaenses, não

foi nada fácil. “Todas as pessoas têm

suas dificuldades. Se não contarem com

uma força espiritual, dificilmente conse-

guirão superar as barreiras em qualquer

campo da vida”, destaca.

Campagnolo, natural de Francisco Beltrão,

sudoeste do Paraná, passou a morar em

Curitiba, em 1969, quando tinha apenas

dez anos. Seu pai, motorista de caminhão,

queria que os filhos cursassem boas esco-

las para usufruírem de um futuro melhor.

Aos 14 anos, para ajudar a família, Cam-

pagnolo começou a trabalhar como gar-

çom no extinto Bamerindus. Três meses

depois já estava trabalhando na agência

do banco da família Vieira, localizada no

bairro Portão.

Aos 17 anos, ficou sem pai e irmã, que mor-

reram num acidente trágico. Permaneceu

no Bamerindus até completar 18 anos e

daí deu início à carreira de empreendedor.

“Carrego, no meu DNA, o empreendedo-

rismo. Meus avós, maternos e paternos

também foram empreendedores.”

Em 1978, junto com a mãe, dona Dirce, que

ficara viúva, iniciou a vida empresarial, jus-

tamente pelo conhecimento que ela tinha

como costureira e modelista, prática que

aprendeu sozinha, lendo as revistas de

moda, que seu pai trazia na volta de via-

gens. Assim nasceu a Malharia Campagno-

lo em Curitiba. Como os clientes estavam

no interior, Edson Campagnolo dividia os

dias da semana entre o interior e a Capital.

“Com uma agenda lotada e sem tempo, não

pude cursar uma universidade. Cheguei a

tentar vestibular, mas nem à última prova

pude comparecer”, lembra. O conselheiro

do Sebrae/PR diz que preencheu a falta do

ensino acadêmico fazendo cursos ministra-

dos primeiramente pelo Ceag (então Centro

de Apoio Gerencial) e depois pelo Sebrae.

“Minhas empresas sempre contaram com a

ajuda da consultoria do Sebrae. Aliás, as mi-

cro e pequenas empresas do Paraná têm

no Sebrae/PR um grande aliado para apri-

morar seus negócios, seja através de servi-

ços de consultoria, capacitação de pessoal,

cursos e treinamentos”, enfatiza.

A vida trilhada pelo empreendedor não foi

fácil. Aos 24 anos, Campagnolo casou e foi

morar em Lucas do Rio Verde, em Mato

Grosso. Com o dinheiro da venda da ma-

lharia em Curitiba, para um primo, montou

uma loja de móveis e eletrodomésticos e

abriu uma lanchonete. “De dia trabalhava

na loja e de noite cuidava da lanchonete.

Sueli, minha esposa, e a mãe eram minhas

sócias do negócio, só que elas não tinham

nada a ver com o ramo do negócio.”

Depois de cinco anos no comércio mato-

grossense, Campagnolo vendeu o seu

negócio e acompanhou a mulher a Flo-

rianópolis, Santa Catarina, para um tra-

tamento médico. “O resultado foi positi-

vo e ela conseguiu engravidar do filho

Matheus e depois teve o Thiago.” Na se-

quência, foi para Cascavel, no oeste pa-

ranaense, onde pretendia fixar seus ne-

gócios. Entretanto, depois de sofrer um

sequestro, voltou a Curitiba, onde per-

maneceu por mais dois anos.

No final dos anos 1980, voltou para Capa-

nema, no sudoeste do Paraná, onde parte

da sua família residia, e montou a Indústria

de Confecções Rocamp. Começou com

três colaboradores. Hoje são 330 funcio-

nários. Possui fábricas, além de Capane-

ma, em Santo Antônio do Sudoeste, Pla-

nalto e Itaipulândia.

Em sua trajetória empresarial, Edson Cam-

pagnolo sempre defendeu o associativis-

mo. Foi presidente da Associação Comer-

cial de Capanema, coordenador da

Coordenadoria das Associações Comer-

ciais e Empresariais do Oeste do Paraná

(Caciopar), presidente do Sindicato da In-

dústria do Vestuário do Sudoeste, mem-

bro do Conselho da Federação das Asso-

ciações Comerciais e Empresariais do

Estado do Paraná (Faciap). Em 2003, foi

convidado pelo então presidente da FIEP

Rodrigo da Rocha Loures para o cargo de

vice-presidente da entidade e, no ano pas-

sado, foi eleito presidente da entidade.

Na avaliação de Campagnolo, as políti-

cas públicas implementadas nos últimos

anos contribuíram para ampliar o núme-

ro de micro e pequenas empresas, que

respondem por 99%, em média, do total

das companhias existentes no País.

“Não podemos nos esquecer que o Pa-

raná é o berço do Simples (Nacional).

Políticas de incentivo fiscal e tributário,

do governo, significam dar um fôlego

maior ao empresariado.”

Embora reconheça que existam hoje mais

incentivos e estímulos para as empresas

do que há dez anos, a carga tributária

ainda é muito elevada. “Menos impostos

incentivam o empresário a trabalhar na

formalidade.”

O presidente da FIEP afirma que, apesar

da crise global, a economia brasileira

continua se sustentando e há ainda mui-

to campo para crescer, principalmente

em regiões de baixo Índice de Desenvol-

vimento Humano (IDH).

O líder empresarial faz questão de desta-

car a importância que a FIEP dá às micro e

pequenas empresas do Estado. Como

exemplo, cita o Conselho Temático das Mi-

cro e Pequenas Empresas, que tem como

objetivo contribuir para a elaboração e a

aplicação de políticas relativas ao trata-

mento diferenciado aos pequenos negó-

cios industriais, visando a sua competitivi-

dade e desenvolvimento. Uma das

bandeiras do Conselho é a ampliação do

teto para enquadramento de micro e pe-

quenas empresas. Campagnolo defende

que os tetos sejam revistos periodicamen-

te, levando em conta a inflação.

As micro e pequenas empresas do Paraná têm no Sebrae um grande aliado para aprimorar seus negócios

Per

sona

lida

de

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Page 38: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Sebrae/PR

MPE Brasil

Duas pequenas empresas do Paraná estão

entre as vencedoras nacionais da edição

2011 do MPE Brasil - Prêmio de Competiti-

vidade para Micro e Pequenas Empresas.

São a Megasult, de Francisco Beltrão, na

categoria Serviços, e a Accion – Sistemas

para Excelência em Gestão, de Maringá, na

categoria Serviços de Tecnologia da Infor-

mação. Criada em 1996, a Megasult investiu

na gestão participativa. Conquistou o apoio

de colaboradores, clientes, fornecedores e

parceiros para promover a constante me-

lhoria dos seus processos. Depois de aderir

ao Modelo de Excelência em Gestão (MEG),

da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ),

melhorou a imagem diante do público in-

terno, clientes e da comunidade. A Accion

foi fundada no ano 2000 com foco no aten-

dimento a clientes da indústria. Atualmen-

te, está entre as empresas com maior índi-

ce de crescimento no setor. Depois de

implantar o MEG, o empreendimento pas-

sou a investir maciçamente na capacitação

dos colaboradores, com cursos acima de

200 horas ao ano. A empresa também faz

pesquisas de opinião com os clientes para

adequar os produtos às reais necessidades

do mercado. O objetivo do MPE Brasil é re-

conhecer o empenho de micro e pequenas

empresas na gestão de qualidade, com re-

sultados consistentes, como o aumento da

produtividade e da competitividade.

Duas edições

A partir de 2012, o Paraná Business Collection terá duas edições. As deste ano

acontecem de 26 a 30 de junho e de 6 a 10 de novembro. Realizado pelo Se-

brae/PR e Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), por meio do

Conselho Setorial da Indústria do Vestuário e Têxtil do Paraná, o PBC já teve

cinco edições e está entre os principais eventos do calendário brasileiro da

moda. A mudança deve-se a uma nova estratégia dos realizadores de ampliar

o PBC e consolidá-lo, ainda mais, no cenário nacional e internacional. Para al-

cançar este objetivo faz parte da proposta a abertura do evento também para

marcas de outros estados. Com duas edições, uma com as coleções de verão e

outra de inverno, a agenda de 2012 inclui a realização do Showroom de Negó-

cios apenas na edição de novembro, destacando, assim, o Estado como produ-

tor de moda inverno. Diferencial importante para o varejo de todo o Brasil.

Agentes locais

O Sebrae/PR inicia em 2012 mais um ciclo

do Programa Agentes Locais de Inovação,

que tem como meta elevar a competitivi-

dade por meio da inovação de 3 mil micro

e pequenas empresas de nove segmentos

econômicos - construção civil, comércio

varejista, móveis, agroindústria, metal-

mecânico, vestuário, software , saúde e

turismo - em 39 cidades do Estado. Im-

plantado como projeto-piloto em 2008,

desde então a proposta já atendeu 2.500

empresas e formou mais de 80 agentes

de inovação no Paraná.

Paraná-Barcelona

Representantes do Sistema Fecomércio/PR,

Prefeitura de Curitiba, Sebrae/PR e Institut

Cerdà firmaram em março convênio de co-

operação, com foco na revitalização do co-

mércio, no entorno do antigo paço munici-

pal de Curitiba, e no fortalecimento do

turismo na Capital. O convênio foi assina-

do com a presença do prefeito Luciano

Ducci, durante almoço na sede da Feco-

mércio. Josep Maria Oliveras, Juan Ortiz

Taboada e Ángel Díaz González, do Cerdà,

também cumpriram agenda em Londrina,

em audiência com o prefeito Homero Bar-

bosa Neto, sobre o projeto do Arco Nor-

te; em Maringá, sobre o Centro de Inova-

ção; e em Foz do Iguaçu, no Parque

Tecnológico de Itaipu (PTI) e no Sebrae

CDT-AL. O Cerdà é uma fundação privada

catalã, criada em 1984. Com sede em Bar-

celona, tem expertise em turismo, inova-

ção, infraestrutura e planejamento e rea-

bilitação de núcleos urbanos.

Turismo criativo

Vender um destino turístico em 15 minutos foi o desafio que empresários do setor

encararam durante o 18º Salão Paranaense de Turismo, realizado em março, em

Curitiba. Eles tiveram exatamente este tempo para apresentar as potencialidades e

os atrativos de algumas regiões turísticas do Estado, bem como os produtos e servi-

ços a agentes e operadores de viagem, no Portfolio 15x15. O formato, uma parceria

da Escola de Criatividade, Sebrae/PR e Secretaria de Estado do Turismo (SETU), foi

desenhado para aproximar, de uma maneira inovadora e criativa, fornecedores e

potenciais parceiros compradores. Nas apresentações, além de informações básicas

sobre os destinos e empreendimentos turísticos, os empresários explicaram as van-

tagens e os diferenciais competitivos. A ideia é que, a partir de uma abordagem

simples, porém original, os proprietários de pequenas empresas do setor vendam o

seu ‘peixe’ para o mercado. A realização do Portfolio 15x15 marca o início do Projeto

Turismo Criativo, que pretende trabalhar a questão da criatividade como alternativa

para o desenvolvimento da atividade turística, de uma forma inovadora, fora dos

padrões convencionais e velhos conceitos.

Gir

o pe

lo P

aran

á

Sala do Empreendedor

Empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas de Francisco

Beltrão, no sudoeste do Paraná, ganharam um espaço próprio para buscar

orientações sobre formalização, gestão e capacitações. A Sala do Empreen-

dedor, recém-inaugurada, atende a uma das premissas do Estatuto Nacional

da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, também conhecido como Lei

Geral da Micro e Pequena Empresa. Na oportunidade, também foi lançado o

Programa Cidade Empreendedora, para auxiliar na regulamentação e aplica-

ção da Lei Geral. A Sala do Empreendedor, instalada junto à Agência do Tra-

balhador, é resultado da parceria entre o Sebrae/PR, Prefeitura de Francisco

Beltrão, Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Economia Solidária e o

Comitê Gestor da Lei Geral Municipal.

Certificação na saúde

A certificação é um caminho sem volta e os empreendedores que não se adequarem à nova realidade irão perder espaço no merca-

do. Os selos que comprovam a qualidade não se restringem às empresas que comercializam produtos e já alcançou o setor de pres-

tação de serviços, inclusive na área médica. Para atender as necessidades dos pacientes, cada vez mais exigentes e conscientes de

seus direitos, os profissionais do ramo buscam a acreditação, um sistema de certificação da qualidade de serviços de saúde. A

acreditação é concedida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e tem um caráter educativo e voluntário, voltado para a

melhoria contínua dos serviços prestados na área da saúde, sem finalidade de fiscalização ou controle. Com o objetivo de sensibili-

zar os profissionais da saúde sobre a importância da qualidade nos serviços relacionados à saúde e da certificação do setor, a Asso-

ciação Médica de Londrina (AML), em parceria com o Sebrae/PR, realizou o 1° Encontro Norte Paranaense de Acreditação em Servi-

ços de Saúde. O evento foi destinado para médicos, profissionais de saúde, administradores e gestores, proprietários de

estabelecimentos de saúde e educadores.

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Page 39: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Missão China

O Sebrae/PR, por meio do Global Leadership Program, promove

uma missão empresarial para a China. A viagem tem início no final

de abril deste ano e os participantes retornam ao Brasil em 17 de

maio. O roteiro inclui visitas técnicas a empresas de referência

mundial e a universidades nas localidades chinesas de Guangzhou

(Cantão), Pequim, Shanghai e uma escala em Dubai, nos Emirados

Árabes. Entre os empreendimentos visitados, estão empresas-re-

ferência em seus segmentos. Dentre as quais Embraco, Lenovo,

Baidu (terceiro maior site de busca do mundo, líder na China), Al-

coa, Beijing Auto Works, Vale S.A (antiga Companhia Vale do Rio

Doce), GE, Mac Donalds, Sany (fabricante de máquinas de constru-

ção) e Tencent (maior portal de serviços de internet na China). O

Global Leadership Program faz parte do Sebrae Mais – Programa

Sebrae para Empresas Avançadas, solução voltada a pequenas em-

presas já consolidadas no mercado e em busca do crescimento.

Central de negócios

Empresários de micro e pequenas empre-

sas do ramo agropecuário organizam a

criação de uma central de negócios na re-

gião oeste do Paraná. Com apoio do Se-

brae/PR, Federação das Associações Co-

merciais e Empresariais do Estado do

Paraná (Faciap) e Coordenadoria das Asso-

ciações Comerciais e Empresariais do Oes-

te do Paraná (Caciopar), o grupo reúne em-

presas de 16 municípios da região. A ideia é

utilizar a central como diferencial competi-

tivo em negociações coletivas para com-

pras, ações para comercialização, acesso à

mídia, capacitação de equipes, estratégias

de marketing, entre outras. No oeste do

Paraná, o Sebrae/PR tem um projeto espe-

cífico para trabalhar a formação de cen-

trais de negócio. A constituição da central

de negócios iniciou em meados de feverei-

ro, quando ocorreu um encontro com em-

presários na Associação Comercial e Em-

presarial de Vera Cruz do Oeste (ACIV). Na

oportunidade, foi realizada palestra sobre

associativismo, apresentada a metodolo-

dia do Sebrae para a formação de centrais

de negócios e também assinado o termo

de adesão à nova central.

SGC em pauta

Representantes das Sociedades de Garantia de Crédito (SGC) brasileiras e do Sebrae reuniram-se em Foz do Iguaçu, em março, com

lideranças do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com membros da Confederação Andina de Fomen-

to (CAF). O objetivo do encontro, realizado no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), foi o desenvolvimento de uma proposta de ação

conjunta. Participaram do encontro cerca de 40 pessoas. Além do Paraná, existem SGC em operação e em processo de constituição

nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba e Rio de Janeiro. O BNDES e CAF estudam formas de apoiar as SGC do Pa-

raná e de todo o Brasil. A CAF pode fornecer apoio em questões técnicas, como marco legal e a formação de fundos. Os Fundos de

Contragarantia, por exemplo, são formados por entidades públicas e privadas para fortalecer o Sistema de Garantias no caso de

eventual insuficiência de recursos de algum Fundo de Risco Local. O Fundo de Risco Local é o volume de recursos utilizados para

honrar as garantias prestadas pelas SGC nos casos de inadimplência.

Este projeto foi batizado de SEBRAE/PR

2022, e caracterizou-se como um período

de intensa reflexão para repensar a orga-

nização e prepará-la para os desafios da

sociedade empreendedora do futuro. A

premissa básica de todo o trabalho foi en-

volver nos debates, de forma ampla e ir-

restrita, a comunidade empresarial do es-

tado do Paraná. Na crença do nosso

Conselho Deliberativo, o futuro da insti-

tuição deve ser construído coletivamente,

por representantes da nossa comunidade

empresarial. Assim, com o suporte técnico

da Fundação Dom Cabral, promovemos 15

encontros em todo o Estado, envolvendo

quase 500 lideranças, empresários e cola-

boradores do SEBRAE/PR, que dedicaram

tempo e energia na construção do futuro

da nossa Instituição.

A partir da formulação de cenários e da

análise de macrotendências do ambiente

de negócios, discutimos as formas de atu-

ação do SEBRAE/PR, hoje e no futuro, as

tendências percebidas que exercerão for-

te impacto sobre o ambiente das peque-

nas empresas e elaboramos sugestões e

ideias sobre como enfrentar o futuro que

se desenha, de forma competitiva e sus-

tentável. Como resultado deste amplo es-

Em edições anteriores, neste mesmo espa-

ço, comentei sobre o risco da acomodação

para empresas envolvidas em um ambien-

te de negócios dinâmico como este em que

vivemos nos tempos atuais. A velha postu-

ra do “em time que está ganhando não se

mexe” já não se sustenta mais. Empresas

que busquem elevado nível de competitivi-

dade devem estar atentas, o tempo todo,

ao que acontece à sua volta, a fim de que

possam antecipar tendências e caminhar,

de forma veloz, a um futuro promissor.

Evidentemente, este risco também se faz

presente para uma Instituição como o SE-

BRAE/PR. Nos últimos anos, conseguimos

dar saltos importantes no que tange à

quantidade de pequenos negócios atendi-

dos pelo SEBRAE no Paraná ao mesmo

tempo em que conseguimos elevar o nível

de satisfação de nossos clientes, confor-

me evidenciado em nossas constantes

pesquisas de monitoramento. Entretanto,

temos consciência de que é preciso fazer

ainda mais e com mais efetividade. Assim,

iniciamos no segundo semestre de 2011

uma importante jornada rumo a 2022,

quando o SEBRAE completará, no Paraná

e no Brasil, 50 anos de serviço e apoio às

micro e pequenas empresas.

Artigo

Rumoao futuro

Por Allan Marcelo de Campos Costa

Na crença do ConselhoDeliberativo do Sebrae/PR, o futuro da instituição deve ser construído coletivamente, por representantes da comunidade empresarial

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Page 40: Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf

Allan Marcelo de Campos Costaé diretor-superintendente do Sebrae/PR.Mestre em Gestão Empresarial pela Fun-dação Getúlio Vargas e mestre pela Uni-versidade de Lancaster, Inglaterra, tem MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC Business School, é pós-graduado em De-senvolvimento Gerencial pela FAE/CDE e cursou o Programa de Desenvolvimento de Dirigentes Empresariais do INSEAD, França. Coautor do livro “Electronic Bu-siness in Developing Countries”, possui artigos publicados no Brasil e no exterior, em países como Chile, África do Sul, Rei-no Unido, Holanda, Hungria e Eslovênia. Em 2010, participou, durante dois meses, do Advanced Management Program, da Harvard Business School, em Boston, nos Estados Unidos.

senvolvimento sustentável; ética, valores e

princípios, dentre outras, passam a ser de-

terminantes para o futuro da Instituição e

da comunidade empresarial paranaense.

Na essência, trata-se de uma evolução no

foco: da instrumentalização das micro e

pequenas empresas para o desenvolvi-

mento de empresários de pequenas em-

presas e empreendedores. Assim, os pe-

quenos negócios deixam de ser um fim

em si mesmos e passam a ser o instrumen-

to através do qual empreendedores e lí-

deres empresariais transformarão a so-

ciedade. No entendimento gerado a partir

do projeto SEBRAE/PR 2022, dessa for-

ma, será possível construir, de forma efe-

tiva, um legado para as gerações futuras e

tornar, cada vez mais, o SEBRAE/PR indis-

pensável para a sociedade e para o País.

Ainda temos muito trabalho pela frente.

Nos próximos meses, avançaremos no en-

tendimento desta nova orientação estra-

tégica e desenvolveremos o planejamen-

to das ações necessárias para sua

implementação. E desde já, quero convi-

dá-lo (a) a ser parte deste processo de

transformação. Encaminhe contribuições

e sugestões sobre o tema para o e-mail

[email protected].

Quero assegurar que você seja ouvido (a)

porque tenho certeza que quanto mais

amplo for envolvimento dos empreende-

dores paranaenses neste projeto, maior a

probabilidade de sucesso em nossa jorna-

da, cujo principal intuito é construir um

SEBRAE/PR ainda mais forte e sintoniza-

do com os anseios e necessidades da co-

munidade empresarial paranaense.

forço, foram geradas nada menos que 338

ideias, as quais foram agrupadas em li-

nhas de atuação que deverão orientar a

nossa estratégia futura.

Um dos pontos de maior relevância de

todo este processo foi a definição do foco

estratégico que norteará as nossas ações

no caminho até 2022. O Sistema SEBRAE

como um todo e em particular o SEBRAE/PR

têm trilhado um caminho de consistente

sucesso na sua missão de promover o em-

preendedorismo e o desenvolvimento dos

pequenos negócios. E este histórico de

bons resultados sempre se baseou na ofer-

ta de soluções que permitam aos empreen-

dedores construir negócios sólidos e for-

tes, e aos empresários melhorar a gestão e

a competitividade de seus negócios.

Entretanto, também é inegável que a ve-

locidade das transformações em curso

torna imprescindível uma reflexão sobre o

rumo a ser seguido nos próximos anos. E

esta reflexão, no projeto SEBRAE/PR

2022, teve como ponto de partida a pre-

missa de que a missão do Sistema SEBRAE

é promover transformações na sociedade

a partir do empreendedorismo e dos pe-

quenos negócios. Portanto, se o papel da

instituição é promover transformações, a

questão fundamental é: qual é o agente

elementar de transformação?

Este raciocínio conduziu a uma conclusão

simples, mas de extrema profundidade. O

agente de transformação da sociedade

através do empreendedorismo e dos pe-

quenos negócios não é a pequena empre-

sa, mas sim, o empreendedor. Evidente-

mente, que pela própria natureza da

existência do SEBRAE, os pequenos negó-

cios sempre serão o instrumento a partir

do qual o desenvolvimento deverá aconte-

cer. Mas se queremos transformar a socie-

dade, o agente de transformação a partir

da qual as mudanças ocorrem é o empreen-

dedor. Em outras palavras, é o ser humano

por trás das micro e pequenas empresas.

Assim, o direcionamento estratégico das

ações do SEBRAE/PR deve incorporar, ao

longo dos próximos anos, uma gradativa

ampliação do foco no desenvolvimento e

entrega de soluções que tenham como in-

tuito o desenvolvimento integral do em-

preendedor. Questões como formação de

líderes empresariais; desenvolvimento de

competências duráveis; construção de pro-

pósito e significado; conscientização do

papel do empreendedor na sociedade; de-

Os pequenos negócios passama ser instrumento pelo qual empreendedores e líderes transformarãoa sociedade

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