Revista-Soluções-Sebrae-Abr2012.pdf
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Trimestral nº13 Ano 4 Mar/12
‘Velhos’ serviços,novos formatosPequenas empresas apostam em modelos modernos,adequados ao novo consumidor
Games corporativosSituações do dia a dia dos empresários viram ‘febre’ em ambientes virtuais
O boom das microfranquiasSaiba tudo sobre o segmento que, só em 2011, faturou maisde R$ 3,7 bilhões no Brasil
A revista da pequena empresa no Paraná
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Editorial
A primeira edição da Soluções Sebrae – A Revista da Pequena Empresa no Paraná, em 2012, traz o Empreendedorismo Criativo como tema de capa, sob o viés do comportamento.
Dia após dia, empreendedores e empresários de micro e pequenas, com recur-sos cada vez mais escassos, passam a investir em soluções empresariais basea-das na criatividade.
Os resultados, alguns podem ser conferidos na reportagem, têm sido bastante positivos, além de servirem de inspiração para os candidatos a empresário. Uma prova para aqueles que ainda resistem à ideia de apostar no diferente.
Temas como novos formatos de negócios, responsabilidade socioambiental e em-presarial, microfranquias e games corporativos também entraram em pauta, nossa equipe de repórteres apurou, e ocupam as páginas desta edição.
Você sabia, por exemplo, que empreendedores têm apostado em formatos ino-vadores de serviços, para atender uma nova gama de consumidores, mais cons-cientes? E que as microfranquias e games corporativos caíram no gosto dos em-presários e viraram ‘febre’?
Nesta Soluções, você saberá mais sobre esses temas e suas implicações. Assim como conhecerá casos de superação como o de um grupo de empreendedores ru-rais que aposta em hortas agroecológicas para sobreviver. E de um empreendedor aposentado, que formalizou-se e passou a fornecer para o poder público.
Uma novidade que o leitor pode conferir nesta edição é a coluna Radar da peque-na empresa, um espaço editorial para notícias rápidas sobre empreendedorismo, micro e pequenas empresas e assuntos correlatos.
A ideia é divulgar conteúdos, dicas e serviços de interesse dos pequenos negócios, com informações mais enxutas. Você pode contribuir. Envie sugestões para [email protected].
Boa leitura! Leandro Donatti, o editor
Aposte no diferente!
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Renata Todescato,gerente de Atendimento Individuale Marketing do Sebrae/PR
CoordenaçãoRenata TodescatoGerente de Atendimento Individuale Marketing
Edição/Jornalista ResponsávelLeandro DonattiRegistro Profissional– 2874/11/57-PR
Ammanda MacedoEspecialista em Marketing
Reportagens: Adriana Bonn,Adriana de Cunto, AdrianoOltramari, Beth Matias, Cleidede Paula, Giselle Ritzmann Loures,Juliana Dotto, Leandro Donatti, Maigue Gueths e Mirian Gasparin.
Fotos: Lino Trombeta, Sidinei Luiz Brandão, Luiz Costa e Rodolfo Buhrer.
[email protected]://asn.sebraepr.com.br
Críticas e comentários, mande um e-mail para [email protected]
Anuncie na Revista Soluções: [email protected]
ImpressãoArtes Gráficas Renascer Ltda.(Mult-graphic)
Design Gráfico e DiagramaçãoIngrupo//chp Propaganda
PeriodicidadeTrimestral
ISSN 1984-7343
SEBRAE/PR – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná
Jefferson NogaroliPresidente do Conselho Deliberativo
Allan Marcelo de Campos CostaDiretor Superintendente
Julio Cezar AgostiniDiretor de Operações
Vitor Roberto TioquetaDiretor de Gestão e Produção
É com muita satisfação que inauguramos nesta edição um espaço dedi-cado exclusivamente à sua opinião. E agora, você leitor, pode participar ainda mais da Revista Soluções, publicação do Sebrae/PR.
A seção Linha direta com o leitor é um canal aberto e democrático, para os mais variados pontos de vista sobre empreendedorismo e micro e peque-nas empresas, além de ser um espaço reservado para o debate de ideias.
Durante várias edições, provocamos, no bom sentido, nossos leitores. Pe-dimos a sua participação na construção da publicação que queremos e de sua linha editorial. Os primeiros frutos já estão sendo colhidos.
Temos recebido e-mails com sugestões de pauta e também manifestações dos leitores. Muitas de apoio às reportagens realizadas e outras com a proposição de temas de interesse dos empreendedores e empresários.
Aos poucos, conquistamos nosso objetivo maior, que é fazer uma revista a ‘quatro mãos’. Todas as sugestões de pauta foram anotadas e, aos poucos, serão exploradas em nossas edições. Quanto mais ideias, melhor.
Nesta edição, por exemplo, a reportagem sobre o Business Model Generation, considerado o que há de mais moderno na formulação de modelos de ne-gócios, é fruto de uma demanda recorrente de leitores interessados em saber como é possível abrir uma empresa de forma estruturada.
Este momento também é de comemoração, a Revista Soluções está no seu quarto ano de circulação. Mais madura e cada vez mais focada. As capas reproduzidas abaixo mostram essa evolução.
A preocupação constante, em não ser uma publicação institucional do Se-brae/PR, faz da Revista Soluções um veículo de comunicação do empreen-dedorismo e das micro e pequenas empresas no Paraná. Esta é a sua razão de existir. E é para isso que trabalhamos.
Linha direta
Expediente
Índice
Capa - Pág. 12
Artigos
Entrevista
Eloi Zanetti - Pág. 59 ...fragilidade nosrelacionamentos...
Allan Costa - Pág. 77...o desenvolvimento deverá acontecer.
Empreendedorismo criativo
Para ter sucesso nos negócios,é preciso reinventar, usar a criatividade e transformar setores sisudos da sua empresa em soluções de simples compreensão e acesso
Ignacy Sachs diz que Brasiltem obrigação de aproveitarbem recursos naturais e quedesenvolvimento pede políticas públicas para pequenas empresas
O desafio dodesenvolvimentosustentável
Tendência
‘Velhos’ serviços,novos formatos
Ideia ‘testada’ vira negócio rentável
Modelo leva empresasà ‘reinvenção’
Politicamente corretos
PÁG. 24
PÁG. 34
PÁG. 28
PÁG. 42
Comportamento
Jovens empreendedoresPÁG. 18
Personalidade
Giro pelo Paraná
Trajetóriaempreendedora
PÁG. 74
PÁG. 72
O boom dasmicrofranquias
União transforma comunidade carente
PÁG. 44
PÁG. 60
Mercado
Feiras e eventos
Associativismo
Mulheres determinadas
‘Sementes’do otimismo
PÁG. 54
PÁG. 64
Serviço
Games corporativosPÁG. 68
Capacitação
Formalizado, chaveiro vence licitação
PÁG. 50
Pág. 8
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Linha direta com o leitor
Cartas
Gostaria de parabenizar à toda equipe da Soluções Sebrae, por es-
tar sempre em busca de conteúdos interessantes e que, realmente,
fornecem soluções aos empreendedores. A edição da revista está
cada vez melhor, e espero que em 2012 surpreenda a todos os lei-
tores como fez em 2011. Acredito que sempre podemos melhorar.
Tanto a revista, como os empreendedores, quanto nós. Seria inte-
ressante, acredito, ter um espaço destinado aos universitários que
querem ser empreendedores. Estamos na Era do Empreendedoris-
mo. A maioria dos estudantes, segundo pesquisas, pensa em tor-
nar-se empresários. Porém, poucos buscam informações sobre o
negócio. Poderia haver um espaço na revista com histórias, e dúvi-
das de estudantes, as quais podem conter na mesma edição a res-
posta por profissionais ou empresários que já atuam no segmento
desejado. Uma espécie de “bate-bola” revista-empresário-estudan-
te. Sou um grande apaixonado pelo tema Empreendedorismo e pe-
las ações do Sebrae. Sempre me atualizo e estou de olho nas inicia-
tivas do Sebrae/PR. Estudo Administração de Empresas, e, assim
que me formar, pretendo ser um multiempreendedor, ter dois ou
mais negócios. A revista sempre tem me ajudado e contribuído para
minhas ideias e planos de negócio. Gostaria de agradecer a aten-
ção, e desejar um excelente 2012 para toda a equipe da revista.
Rodrigo Stica – Lapa – PR
Gostaria de parabenizar a revista, pois traz assuntos da atualidade.
Uma fonte de muita informação para quem quer adquirir mais co-
nhecimento para aplicar no negócio próprio ou também para quem
quer ser empreendedor.
Lucas Ferreira de Quadros - Ponta Grossa – PR
Foi com muita satisfação que li a Soluções. Aprecio boas leituras, as
quais me mantêm informada sobre as atuais tendências do merca-
do de trabalho. A revista traz muitas matérias interessantes e abor-
da os mais variados temas. Como sugestão, poderia haver alguma
matéria relacionada à legislação, tributária ou trabalhista, pois tive
a oportunidade de trabalhar em um escritório prestador de servi-
ços na área contábil, e percebi a grande dificuldade da maioria dos
empresários em conhecer a parte legal da administração de uma
empresa. Hoje temos a possibilidade da abertura de empresa, pes-
soa jurídica, somente com um proprietário, a EIRELI (Empresa Indi-
vidual de Responsabilidade Limitada). Mesmo sendo divulgado pela
mídia, nada se compara a uma boa matéria que podemos tê-la em
nossas mãos no momento que precisamos!
Sandra Rogero - Santa Bárbara d’Oeste – SP
Redes sociais
Soluções perguntou: Empresário, você acha que
criatividade é um item importante para o sucesso
do seu negócio? Por quê?
#revistasolucoes
Com certeza. Uma pitada de criatividade e de bom
gosto pode fazer todo o diferencial para o negócio.
@LaidyBarbosa - Twitter
Criatividade é relativa à inovação, e, no meu ponto
de vista, inovar é preciso!
Maria Noeli de Melo - Facebook
Queremos sua opinião
Campeãsdo empregoLevantamento do Sebrae Nacional, com
base no Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados (Caged), mostra que
as micro e empresas do Paraná geraram
95.176 empregos formais, em 2011. No
mesmo período, médias e grandes em-
presas foram responsáveis por 17.193.
No Brasil, o total de empregos gerados
pelas empresas de todos os portes che-
gou a quase 2 milhões. Sozinhas, as mi-
cro e pequenas empresas responderam
por 1,33 milhão de postos de trabalho,
85% do total de empregos gerados.
Formalizaçãoem altaO número de formalizações de peque-
nos negócios saltou no Paraná. Hoje, o
Estado tem mais de 110 mil empreen-
dedores individuais, de acordo com o
Portal do Empreendedor (www.portal-
doempreendedor.gov.br). E está em
quinto lugar no ranking nacional, atrás
de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e Bahia. Curitiba lidera o
ranking estadual, com mais de 22 mil
empreendedores recém-formalizados.
Aberturae fechamentoO Paraná fechou 2011 com 56.325 no-
vas empresas abertas, das quais 96%
em média de pequeno porte. O núme-
ro faz parte das estatísticas da Junta
Comercial do Paraná (Jucepar). O nú-
mero é maior que o registrado em
2010, quando 54.954 novas empresas
foram abertas naquele ano. A extinção
de empresas também foi maior em
2011: 20.883, contra 20.229, em 2010.
Dicas deempreendedorismoA coluna do UOL sobre empreendedo-
rismo é uma boa dica para quem está
começando. Traz notícias fresquinhas,
úteis para os negócios e para o am-
biente corporativo. Acesse o www.
economia.uol.com.br/empreendedo-
rismo. Na seção de dúvidas frequen-
tes, informações detalhadas sobre a
abertura de empresas, gestão, recur-
sos humanos, marketing, tributos e
produtividade.
DesembolsorecordeO Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) apresen-
tou desembolso recorde para micro,
pequenas e médias empresas, no ano
que passou. A instituição destinou R$
49,8 bilhões ao segmento, o que repre-
senta crescimento de 9,02% em rela-
ção a 2010. Foram mais de 846.500
operações contratadas com micro, pe-
quenas e médias empresas em 2011,
um incremento de 49,02%.
Pagadorase pontuaisA pontualidade de pagamento das pe-
quenas empresas atingiu 95,2% em fe-
vereiro. De cada 1.000 pagamentos re-
alizados, 952 foram pagos à vista ou
com atraso máximo de sete dias. Os
dados são Serasa Experian. O estudo
sinaliza que “a situação financeira das
micro e pequenas empresas brasileiras
está em processo de melhora, após ter
registrado quedas ininterruptas na
comparação anual entre março e no-
vembro do ano passado”.
Radar da pequena empresa
Um ‘jogo rápido‘ sobre os pequenos negócios, geradores de empregos e renda
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Ignacy Sachs
Ignacy Sachs, ecossocioeconomista
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O desafio dodesenvolvimento
sustentávelPara especialista, Brasil tem obrigação de aproveitar bem recursos naturais;
desenvolvimento pede políticas públicas para pequenas empresas
Por Beth Matias
Professor da Escola de Altos Estudos em
Ciências Sociais da França, o polonês, natu-
ralizado francês, e estudioso do Brasil, Ig-
nacy Sachs, aos 84 anos, corre o mundo
mostrando que é possível conectar cresci-
mento econômico com inclusão social e res-
peito ao meio ambiente. Um tripé que ele
denomina ecossocioeconomia.
Em entrevista à Revista Soluções, o profes-
sor Ignacy Sachs discorre sobre a importân-
cia de políticas públicas de apoio às micro e
pequenas empresas para o desenvolvimen-
to sustentável do País.
Para o economista, a condicionalidade
ambiental deve ser protegida por políti-
cas públicas que obriguem as empresas a
procurarem mecanismos que não agridam
o meio ambiente.
O fato de haver um potencial de recursos na-
turais coloca sobre as pessoas, segundo o
estudioso, uma obrigação adicional de apro-
veitar bem este potencial e isso não se fará
unicamente por progresso econômico.
“É preciso incluir a revolução social indis-
pensável.” A reforma agrária e a questão
da educação são temas que preocupam
Ignacy Sachs.
As inovações tecnológicas, diz ele, devem
ser um mecanismo para que as empresas
possam contribuir na geração e distribui-
ção de renda e na preservação ambiental.
“Mais uma vez é preciso haver política pú-
blica com tributos e créditos preferenciais
para as pequenas empresas que inovam e
respeitam esses conceitos.”
Leia a seguir a entrevista de Ignacy Sachs.
Revista Soluções – Professor, o senhor
defende a implementação de “estratégias de
desenvolvimento socialmente includente,
ambientalmente sustentável e economica-
mente sustentado”, a chamada ecossocioe-
conomia. Como podemos encaixar o mundo
das pequenas empresas nesse contexto?
Ignacy Sachs – A ecossocioeconomia
tem condições sim de ser aplicada nos pe-
quenos negócios. É preciso diferenciar as
estratégias de desenvolvimento dentro de
um tripé: primeiro são os objetivos sociais.
Depois temos de ter uma condicionalidade
ambiental, caso contrário, o meio ambiente
pode se virar contra nós. O terceiro tripé é
construir viabilidade econômica. Desenvol-
vimento é um conceito relacionado a crité-
rios sociais e ambientais. Eles andam juntos
em busca da viabilidade econômica. Existe
a condicionalidade ecológica, que requer o
Duas coisas parecem essenciais: não pensar o desenvolvimento em termos exclusivamente tecnográficos, menosprezandoa dimensão social, e não desmobilizar achando que as coisas andaram o suficiente para frente
uso do intelecto para organizar as decisões
de maneira a fazer bom uso dos recursos
naturais. Isso se aplica às grandes e peque-
nas empresas. É óbvio que as pequenas
empresas são mais vulneráveis do que as
grandes e é óbvio também que elas preci-
sam ter políticas públicas elaboradas para
que consigam competir e se adequarem a
essas estratégias.
Revista Soluções – Diante das dificul-
dades que as pequenas empresas enfren-
tam, elas têm condições, por si só, de parti-
cipar deste modelo de desenvolvimento?
Ignacy Sachs – Nenhuma empresa dei-
xada a si mesma vai se preocupar com as
questões ambientais a longo prazo, mesmo
sabendo que o meio ambiente em algum
momento pode se voltar contra ela. A con-
dicionalidade ambiental deve ser protegi-
da por políticas públicas e obrigando as
empresas a procurarem mecanismos que
não agridam o meio ambiente.
Revista Soluções – Muito se fala atu-
almente da necessidade das empresas ino-
varem para continuarem sobrevivendo. É
possível colocar um quarto pé na sua teo-
ria: o da inovação?
Ignacy Sachs – O problema da inova-
ção se aplica às pequenas empresas e só
uma parte da solução está na tecnologia.
Não podemos buscar unicamente soluções
tecnológicas. É preciso pensar como se or-
ganizar. As inovações não podem se res-
tringir apenas às inovações tecnológicas. O
conceito de inovação precisa ser mais am-
plo. As inovações que a gente deveria levar
para frente devem respeitar três critérios:
do ponto de vista social, contribuir com a
geração e distribuição de renda. Do ponto
de vista ambiental, não ser destrutiva e,
por último, ter viabilidade econômica. E ou-
tra vez precisa estar aí a política pública
que tenha tributos e créditos preferenciais
para as pequenas empresas que inovam e
respeitam estes conceitos. Eu falo sobre
políticas públicas em nível fiscal e financei-
ro. As pequenas empresas precisam ter
acesso ao progresso, ao crédito, ao merca-
do e esses acessos dependem, em uma boa
parte, de políticas públicas “pesadas” para
que isso aconteça. As inovações tecnológi-
cas não vão cair do céu.
Revista Soluções – No seu ponto de
vista, o Brasil está no caminho certo nas
políticas públicas que estão sendo feitas
para as pequenas empresas?
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revi
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Ignacy Sachs – O Sebrae e o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-
mico e Social), e várias outras ferramentas,
dão ao Estado brasileiro condições de atuar
de maneira proativa nessa área de apoio se-
letivo às micro e pequenas empresas.
Revista Soluções – Quais seriam os
países que estão aplicando melhor a ecos-
socioeconomia?
Ignacy Sachs – Temos de avançar em
todos os países e pensar as soluções a par-
tir de seu contexto. Instituições fortes
como o Sebrae e bancos públicos colocam
o Brasil numa situação razoável. Não signi-
fica que não tenhamos como melhorar
essa situação. É possível, por exemplo,
aperfeiçoar a relação entre os organismos
públicos, as universidades e as micro e pe-
quenas empresas. Há países que estão
numa situação muito pior do que o Brasil,
mas ainda há espaço para avançar em to-
das as direções. Para que isso aconteça, é
preciso um debate permanente no desen-
volvimento entre o Estado e a sociedade
civil organizada. Eu acredito muito em um
diálogo permanente entre os protagonis-
tas do desenvolvimento.
É óbvio que as pequenas empresas são mais vulneráveis do que as grandes e é óbvio também que elas precisam ter políticas públicas elaboradas para que consigam competir e se adequarem a essas estratégias
Revista Soluções – Na sua opinião, o
Brasil é a ‘bola da vez’ no cenário de desen-
volvimento?
Ignacy Sachs – Comparado com outros
países, o Brasil tem um potencial muito
grande tanto de riquezas naturais como
um conjunto de universidades de pesquisa.
Mas a batalha pelo desenvolvimento conti-
nua e há muito chão pela frente e muitos
desafios num mercado cada vez mais com-
plicado. O fato de vocês terem um poten-
cial de recursos coloca sobre vocês uma
obrigação adicional de aproveitar bem
este potencial e isso não se fará unicamen-
te por progresso econômico. É preciso in-
cluir a revolução social indispensável. Por
exemplo, a reforma agrária, que ainda não
chegou ao seu final. Ainda há muito chão.
O Brasil tem um enorme desafio na área de
educação. Duas coisas parecem essenciais:
não pensar o desenvolvimento em termos
exclusivamente tecnográficos, ou seja, me-
nosprezando a dimensão social. A segunda
coisa é não desmobilizar achando que as
coisas andaram o suficiente para frente.
Agora, pelo seu tamanho, pela sua posição
internacional, o Brasil é um dos ‘abre-alas’
dos países emergentes.
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Pensar diferente
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Empreendedorismo
criativoPara ter sucesso, é preciso reinventar os negócios,
inovar e usar a criatividade em vendas e gestão
Por Maigue Gueths
Cap
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Em 1999, quando a internet ainda era uma
grande novidade no mundo dos negócios, o
empresário João Livoti decidiu não apenas
fazer o site da sua loja de móveis, como
também vender seus produtos pelo mundo
virtual. Os amigos o chamaram de louco.
Naquele tempo, no Brasil, compravam-se e
vendiam-se apenas livros, cds e camisetas
pela internet. “Vender cadeira não vai dar
certo. As pessoas querem sentar no móvel,
antes de comprar” diziam.
Mas João não desistiu, bateu o pé, e hoje
não se arrepende em nada de sua decisão.
O site responde, atualmente, por 70% das
vendas feitas pela Desmobilia, loja que co-
mercializa móveis com design vintage.
Além da internet, as peças são comerciali-
zadas em três lojas, uma em Curitiba, aber-
ta também em 1999, e em outros dois en-
dereços em São Paulo.
O site www.desmobilia.com.br recebe,
atualmente, mais de 100 mil visitas por
mês. “Se não tivesse a venda pela inter-
net eu jamais conseguiria levar meus mó-
veis para o Brasil todo”, diz João Livoti,
que acredita que o grande diferencial da
sua empresa foi, sem dúvida alguma,
apostar nas vendas online.
“Jamais entrariam 100 mil pessoas em um
mês nas minhas lojas, eu também não teria
vendido para gente de tantos lugares do
Brasil”, comemora.
Para o publicitário Eloi Zanetti, especialis-
ta em Comunicação e Marketing, está cla-
ro que a decisão de João Livoti, de apos-
tar na internet, quando todos os
prognósticos e previsões eram contrá-
rios, foi o ‘pulo do gato’.
Um dos fundadores da Escola de Criativi-
dade, em Curitiba, e referência nacional
quando se fala em Empreendedorismo
Criativo, Eloi Zanetti afirma que a atitude
do empresário foi responsável pelo su-
cesso da Desmobilia.
“Esse é um exemplo de que as vendas
também podem ser muito criativas. A
Desmobilia é uma empresa de design, o
João Livoti repagina móveis e deixa-os
fantásticos, mas o grande ‘pulo’ não são
os móveis e sim a venda pela internet”,
reforça Jean Sigel, sócio de Eloi Zanetti
e relações públicas, especialista em
Marketing, Turismo, gestão de eventos
e desenvolvimento de pesquisas e es-
tratégias sobre o pensar criativo.
João Livoti lembra que sua criação teve
Com seis, sete anos, a escola e a família começam a sufocar o potencial criativo que as crianças têm
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João Livoti, empresário
que enfrentar muitas dificuldades que o
mundo online apresentava naquele tempo.
“A internet era discada, os recursos eram
primários. Para passar uma foto, levava
uma eternidade”, diz, ressaltando que op-
tou por abrir uma loja em São Paulo por ser
a cidade com maior demanda pelo seu pro-
duto e porque muitas pessoas, principal-
mente as de mais idade, ainda preferiam
ver e sentar “ao vivo” antes de comprar.
“Os mais novos compram pelo site sem pro-
blema algum, mas pessoas que, como eu,
pegaram a transição da internet, são mais
céticas”, avalia.
João Livoti conta ainda que a inspiração
para abrir a Desmobilia veio da Itália, onde
estudou Design. Na Europa, ele percebeu a
forte demanda pelo retorno dos móveis
dos anos 1960 e 1970.
“Decidi comprar peças antigas, reformar
e vender.” Veio do Velho Continente tam-
bém a tendência de uso da internet pelas
empresas.
Primeiro passoPara Eloi Zanetti, o problema é que, geral-
mente, as pessoas não sabem que são cria-
tivas. “Quando faço palestras nas empresas
e pergunto quem se considera criativo, só
um ou dois levantam a mão em cada 100.
Quer dizer, as pessoas não se consideram
criativas e esse é o primeiro passo para que
o sejam”, afirma.
A criatividade, segundo ele, pode aconte-
cer em todas as áreas da empresa, incluin-
do setores considerados árduos e buro-
cráticos, como a área de vendas ou a
gestão do negócio.
Ao contrário do que muitos acreditam, ex-
plica Jean Sigel, empreendedores não são
necessariamente criativos. “Eles têm a van-
tagem de ser mais versáteis do que uma
pessoa que trabalha como empregado, por
causa do desafio, porque vão tentar algo
novo. Mas há uma diferença entre o empre-
endedor e o empreendedor criativo, por-
que este vai sempre buscar o diferencial
que o comum não vai”, diz.
A 11ª edição da Pesquisa Global Entrepre-
neurship Monitor (GEM 2010), que mede o
nível de empreendedorismo dos países, e
divulgada em abril do ano passado pelo Se-
brae, mostrou que no Brasil 70% dos em-
preendedores abrem um negócio em seto-
res que já são altamente competitivos.
Ou seja, preferem abrir uma pizzaria ou um
comércio de cachorro quente, em vez de
apostarem em um produto diferente. “Esse
é um diferencial. O cara que é criativo pode
até abrir um negócio em uma ideia óbvia,
em um setor comum, mas vai criar um pro-
duto diferente, ou vai fazer uma gestão di-
ferente. É aí que está o grande ‘pulo do
gato’”, explica Jean Sigel.
Um exemplo simples de Empreendedoris-
mo Criativo, citado pela dupla de especia-
listas, é o empreendedor Edson da Maia. Ao
perceber a carência de serviços em sua ci-
dade, Almirante Tamandaré, na Grande
Curitiba, buscou recursos em um site de fi-
nanciamento colaborativo e abriu a “Ed
Tudo”, um pequeno comércio que funciona
como lan house, espaço onde as pessoas
podem pagar suas contas pela internet, fa-
zer fotocópias, comprar doces e sorvetes.
Soluções e tendênciasOutro exemplo de criatividade nos negó-
cios, desta vez na área das ideias e não no
setor de gestão e administrativo, é a EGG-
Mania, uma empresa de soluções e tendên-
cias, criada no fim de 2010, em uma deriva-
ção da Refinaria Ilimitada, agência de
Marketing e Comunicação.
Mário Nicolau, especialista em Comunica-
ção Promocional e sócio de ambas as em-
presas, explica que a EGG surgiu da multi-
disciplinaridade dos sócios: um trader
internacional, um profissional de Marke-
ting e Eventos, outro diretor de cena, rotei-
rista, gerador de conteúdo, que precisavam
ter um espaço para centralizar suas ideias
transformadoras.
Um dos diferenciais da EGG, segundo ele, é
o fato de ter um escritório na China, com
um gerente internacional contratado e ba-
seado em Shenzhen, que se mantém ante-
nado nas novidades de todo o mundo em
busca de oportunidades.
A empresa tem, hoje, quatro clientes fixos,
mas o momento atual, segundo Nicolau, é
de gerar negócios. “Esses negócios são, na
verdade, projetos. E esses projetos têm
inovação, ousadia e muita pesquisa”, diz.
Entre os produtos criados pela EGG, neste
um ano e meio de atividade, estão o EGG-
Tab, que foi o primeiro tablet colorido de 7”
lançado no mercado, um fone de ouvido
feminino em forma de colar e colorido,
além de uma mountain bike e uma FixedGear
(bicicletas de pinhão fixo usadas para veló-
dromo), feitas para fábricas locais que têm
a necessidade de oferecer produtos custo-
mizados, diferentes das bicicletas premium
e das populares.
“São projetos específicos. Se tivéssemos
acionistas na empresa, com certeza eles
gostariam de investir mais nas perspectivas
que estamos gerando”, explica, lembrando
que outro diferencial da empresa é traba-
lhar com tendências de serviços ou produ-
tos, sempre no ‘guarda-chuva’ da inovação,
com velocidade e ousadia.
Nicolau adverte, no entanto, que criativida-
de não é tudo. “É preciso ter capacidade de
realizar. A criatividade tem que ser extre-
mamente eficiente para poder ter realiza-
ção, e realizar significa ganhar dinheiro.”
Inovação e criatividadeEloi Zanetti acredita que as empresas fa-
lam muito em inovação e pouco em criati-
vidade, esquecendo-se de que para serem
inovadoras, elas devem, antes, incentivar
a criatividade.
O problema, segundo ele, é que as empre-
sas costumam sufocar seus funcionários
criativos, querendo enquadrá-los em seus
processos de fabricação.
“Para ter inovação é preciso ter um ambien-
te criativo. É preciso saber também que
não existe uma empresa criativa e sim pes-
soas criativas, que têm que ter liberdade
para criar. Só depois é que a empresa deve
entrar em processos, vendo que produto
ele pretende criar, para que mercado. Aí
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ola
de
Cri
ativ
idad
e
Jean Sigel,relações públicas
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Não tenha medo defazer perguntas idiotas
A arte de desconstruirsuas ideias
Procure referênciasem outros mundos
Saber ligar umacoisa a outra
Não tenha medode fazer o simples
Saber buscarestímulos
Insight Ir a outros lugarese outras tribos
O criativo ésempre curioso
Para serem inovadoras, as empresas, independente do porte, devem, antes de tudo, incentivar a criatividade de seus funcionários
Foto
: Ro
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lfo
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Mário Nicolau, empresário
de se preocupar com seu negócio, com suas
vendas. Chega no fim do dia, ele não pensou
no negócio dele e não tem energia para ser
criativo e dar aquela volta que a empresa
precisaria. Porque pensar dói e dá trabalho”,
observa Eloi Zanetti.
Saiba mais
Site da Escola de Criatividadewww.escoladecriatividade.com.br
Site dos Empreendedores Criativoswww.empreendedorescriativos.com.br
Blog Empreendedor Criativowww.empreendedorcriativo.com
Recomendação de leitura:
Os Criadores, de Paul Johnson
A Cabeça, de Steve Jobs
O Poder da Mente Criadora,de Alex Osborn
De onde vêm as boas ideias,de Steven Johnson
Out of our mind, de Ken Robinson
As ideias nunca dirão quando vão aparecer
IncrívelO primeiro passo para uma pessoa ser criativa é considerar-se criativa
A hora da incubaçãoe das ideias
Não julgue as ideias Dê tempo ao processode pensar
Não tenha medo da crítica nem do ridículo
Ouça sua intuiçãoApareceu uma ideia, anote
Não tenha medo de errarNão tenha medo de errar
entra a parte da inovação, que é a parte bu-
rocrática”, destaca.
A inabilidade das empresas em trabalhar
com funcionários criativos , explica, faz com
que uma pessoa que é criativa fora da em-
presa, pare de criar no ambiente de trabalho.
“O cara é criativo em casa, no boteco, tem
hobbies criativos, mas quando ele bate o pon-
to ele tem que entrar no processo da empre-
sa, aí não vai sair uma Apple nunca”, avalia.
Cutucando a criatividadeSe as pessoas não se consideram criativas,
a Escola de Criatividade, criada por Eloi Za-
netti e Jean Sigel, nasceu com objetivo de
estimular a criatividade. Por conta disso, a
Escola atua em duas vertentes, na área de
negócios e na educação.
A metodologia, segundo Eloi Zanetti, se-
gue os preceitos do filósofo grego Sócra-
tes, que já naquele tempo descrevia dez
meios para se desenvolver a arte de pensar.
“Sócrates dizia que para ser um pensador é
preciso se considerar um pensador. É a
mesma coisa. A pessoa criativa tem que se
considerar criativa”, explica.
Os outros preceitos de Sócrates, como va-
lorizar a intuição, adotar uma estratégia
para atacar o problema, anotar ideias, en-
volver outras pessoas no processo mental
são a base das dicas ensinadas pela Escola
em seus workshops e palestras, destinados
a despertar a criatividade.
“Nossa outra vertente é a Educação. A ten-
dência da escola tradicional é ‘matar’ a cria-
tividade das crianças. Com seis, sete anos, a
escola e a família começam a sufocar o po-
tencial criativo que a criança tem. À medi-
da em que ela vai crescendo, a criatividade
vai sendo cerceada, seja no fundamental,
na universidade e depois no emprego,
onde tudo é altamente competitivo e em
áreas que não têm tanta inovação presen-
te”, acredita Jean Sigel.
Assim, a intenção é mostrar às escolas, edu-
cadores, empresas e famílias a necessidade
de manter aceso o lado criativo das crian-
ças, de modo a garantir mais jovens e mais
empreendedores criativos e, em consequên-
cia, também negócios mais criativos.
“O que se vê é que os empresários estão tão
preocupados com o dia a dia, com o imposto
que têm que pagar, com funcionário que foi
no Ministério do Trabalho para reclamar,
com a máquina que quebrou, a transporta-
dora que não trouxe o pedido, que ele deixa
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Precoces
Jovensempreendedores
Estudo revela que dois terços dos estudantes do Paraná, Santa Catarinae Rio Grande do Sul possuem negócio próprio ou gostariam de ter
Por Adriana de Cunto
Com
port
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20 21
Jovens universitários do sul do Brasil estão
mais propensos a se tornarem empreende-
dores do que no restante do País. Foi o que
apontou uma pesquisa da Endeavor, organi-
zação internacional que fomenta e dissemi-
na o empreendedorismo de alto impacto.
Segundo o estudo, dois terços dos estudan-
tes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul possuem negócio próprio ou gosta-
riam de ter a sua própria empresa no futuro.
Gustavo Horn, 18 anos, é um dos jovens
que se encaixa nesse perfil. Com oito anos,
começou a trabalhar como ator de comer-
ciais de televisão para uma agência de Curi-
tiba. Aos 12 anos, percebeu que não tinha
tanta oportunidade para adolescentes
quanto havia para crianças e resolveu bus-
car outro caminho.
Pegou a câmera de vídeo da mãe e come-
çou a produzir pequenos filmes mudos e
postá-los no Youtube. A criatividade e quali-
dade das produções chamaram a atenção
dos amigos, internautas e empresas, que
contrataram os serviços de Horn para cria-
ção de vídeos publicitários e institucionais.
Sem falar na gigante Youtube, que o convi-
dou para uma parceria e paga três centavos
de dólar por clique. Cada vez que as visuali-
zações somam 100 dólares, o Youtube de-
posita o dinheiro na conta do curitibano.
Ao todo, Gustavo Horn tem 32 vídeos on-
line e a média de visualização por traba-
lho fica entre 200 mil e 300 mil. O “cam-
peão de audiência” foi um vídeo sobre
culinária, em que o rapaz ensina a fazer al-
gumas receitas. O trabalho contabilizou
700 mil visitas. “Os vídeos opinativos são
aqueles que dão mais acessos”, conta. O fil-
me chamado “Desabafo” conseguiu 500 mil
visualizações, enquanto “Eu Confesso” re-
cebeu 150 mil cliques, em apenas dois dias.
Horn é autodidata. Aprendeu quase tudo o
que sabe de produção de vídeo na internet
(edição, fotografia, técnicas de filmagem) e
é dessa maneira que ele pretende continu-
ar se aperfeiçoando. Sem frequentar ban-
cos de universidades, mas aproveitando as
infinitas possibilidades que a rede de com-
putadores oferece.
Como todo empreendedor, o videomaker
curitibano sabe que nesse negócio também
é preciso ter um diferencial e é importante
saber a hora de arriscar. No caso dele, este
parece ser o momento. Horn vai parar, por
seis meses, de produzir vídeos para empre-
sas e se dedicará inteiramente às criações
para o Youtube. “Quero trabalhar sem cen-
sor, sem chefe, ganhar dinheiro contando
as minhas histórias”, diz.
Nessa empreitada, o moço encontrou total
apoio da família. A mãe, a artista plástica
Andréa Horn, vai ajudar nas produções. É
na casa deles que está montado um estú-
dio onde Gustavo trabalha.
Apoio da família é muito importante para
o jovem empreendedor, acredita o geren-
te da Endeavor para o Paraná, Leonardo
Frade. É justamente essa característica
que pode diferenciar a região sul do res-
tante do País quando o assunto é disposi-
ção para empreender.
Pela pesquisa da instituição, 52% dos jo-
vens dos três estados pensam em se tornar
empreendedores, enquanto a média nas
outras regiões é 48%. Quase 57% dos pais
do sul brasileiro, ouvidos pelos pesquisa-
dores, consideraram positiva a ideia dos fi-
lhos empreenderem.
No sangueOutro exemplo de jovem empreendedor
de sucesso vem do estado de Minas Gerais.
Insatisfeito com o desempenho do seu
computador, Bernardo Porto desenvolveu
um aplicativo para otimizar a máquina, que
ganhou o nome de “Portinho” (apelido do
rapaz). A novidade foi sendo distribuída
para amigos e familiares até que uma calo-
rosa recepção na casa de um colega o des-
pertou para o empreendedorismo.
“Certo dia, fui jantar na casa de um amigo
e, de repente, sua mãe me abraçou e come-
çou a dizer coisas como: ‘Você salvou minha
vida. Meu computador está joia! Venha co-
mer um bolo gostoso’. Ela havia utilizado o
aplicativo e estava feliz com o resultado.
Foi neste momento que percebi a oportu-
nidade de tornar isso um negócio”, conta o
jovem empreendedor mineiro, que, na épo-
ca, tinha apenas 16 anos.
Hoje, aos 24 anos, Bernardo tem uma baga-
gem profissional que muitos empresários
só vão experimentar com idade bem mais
avançada. Em cinco anos, o moço juntou ao
currículo a criação de duas empresas, his-
tórias de muito trabalho, decepções, per-
sistência e, finalmente, o sucesso, que che-
gou com a DeskMetrics, uma plataforma
que fornece, em tempo real, informações
estratégicas sobre como um software está
sendo utilizado.
A plataforma direciona o desenvolvimento
de melhorias no aplicativo, a resolução de
problemas de maneira mais rápida e eficaz
Empreendedores precoces, do Paraná e Minas Gerais, são prova de que a idade não é impedimento para atuar no mundo corporativo
O mineiro Bernardo Porto não acredita
100% em vocação, na formação de um
bom empresário. “Qualquer pessoa pode
atingir um objetivo, basta querer e estar
preparada para a batalha. O mesmo vale
para o empreendedorismo. A pessoa pre-
cisa estar determinada para enfrentar a
árdua e longa aventura.”
Ele conta que não teve exemplo direto de
empreendedorismo dentro de casa, pois os
pais eram funcionários do que ele chama
de “ótimas empresas”. Mesmo assim, o jo-
vem encontrou na família o apoio necessá-
rio quando decidiu, em 2006, com 18 anos,
criar sua primeira empresa, a QuickSys.
Bernardo era aluno do primeiro ano de Sis-
temas de Informação na Pontifícia Universi-
dade Católica (PUC) de Minas Gerais. “Em
vez de criar um único aplicativo, criei um
conjunto deles para aumentar o desempe-
nho do computador. Tudo começou bem
simples e contei com a ajuda dos meus pais.
Gosto de dizer que foram os meus primei-
ros investidores e as primeiras pessoas a
quem tive que ‘vender a ideia’. Não foi fácil.
Após várias conversas, decidimos que eles
iriam ajudar nos primeiros meses da em-
presa e, após isso, eu tinha que tocar o bar-
co sozinho”, lembra.
e o reconhecimento de tendências, que au-
xiliam na tomada de decisões futuras. Como
consequência, o custo é reduzido e o desen-
volvimento otimizado. A maioria dos clien-
tes está nos Estados Unidos e na Europa.
Desde janeiro último, vive no Chile, para
atender a um trabalho com o governo da-
quele país. “Participo de um programa local
chamado Start-Up Chile e uma das exigên-
cias é permanecer no país por no mínimo
seis meses. É uma experiência incrível e
uma oportunidade para conhecer pessoas
do mundo inteiro”, comenta.
Bernardo é um dos 21,1 milhões de brasilei-
ros que atuam em empreendimentos no-
vos (com até três anos e seis meses). O
dado é de uma pesquisa divulgada no ano
passado pela Global Entrepreneurship
Monitor (GEM).
O jovem empresário ajudou o País a con-
quistar o primeiro lugar do ranking em taxa
de empreendedorismo entre os países
membros do G20 e do Bric (Brasil, Rússia,
Índia e China). Inovar e criar novos negócios
estão no sangue do brasileiro? Lideranças
como Nick Seguin, da Kauffman Foundation
(instituição mundial dedicada ao tema)
acredita que o Brasil é a ‘bola da vez’ quan-
do se trata de empreendedorismo.
Em 2007, um aplicativo da QuickSys venceu
o concurso de melhor software nacional,
realizado pela Revista Info Exame, fato que
acabou alavancando as vendas da empresa.
Mas o ano seguinte não foi fácil. “Em 2008,
ainda bem amador - não tinha experiência
profissional nenhuma - e administrando o
negócio praticamente sozinho, decidi que
deveria vender os nossos produtos para o
mundo inteiro. Foi uma decisão equivocada
naquela época. Ao mesmo tempo que po-
deríamos expandir a empresa e aumentar
as vendas fora do Brasil, a QuickSys come-
çou a incomodar grandes corporações que
estavam presentes no mercado internacio-
nal e que tinham um budget (orçamento)
muito maior para marketing e contratação
de mão de obra qualificada”. O resultado
foi um ano de poucas vendas, muito traba-
lho e resultado abaixo do esperado.
Em 2009, aos 21 anos, a decisão mais difícil:
desistir e arrumar um emprego ou insistir
na empresa? “A conta corrente no banco já
não estava atraente e, para piorar, era o
meu último ano de faculdade. Todos os
meus colegas estavam bem empregados,
trabalhando em grandes empresas. Eu, de-
finitivamente, era o ‘ovelha negra’ da famí-
lia e dos colegas.” A persistência falou mais
alto. “Duro, sem nenhum dinheiro, eu esco-
O preconceito parece estar sendo superado pelos mais velhos e jovens estão cada vez mais bem preparados eproativos nos negócios
Gustavo Horn, empreendedor
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Saiba mais
Recomendação de leitura:
“Diferencial Competitivo”,de John L. Nesheim,Editora Best Seller
“Como fazer uma empresa darcerto em um país incerto”, Instituto Empreender Endeavor,Editora Campus
lhi arriscar, pois, no fundo, amava tudo
aquilo que eu estava fazendo.”
Em 2010, pegou o resto - muito pouco
dinheiro - que havia guardado na pou-
pança e abriu um pequeno escritório no
bairro São Pedro, em Belo Horizonte,
hoje também conhecido como San Pedro
Valley. Os primeiros meses foram com-
plicados e Bernardo prestou consulto-
rias para algumas start-ups para fechar
a conta no final do mês.
Contar com ajuda de uma organização que
dá suporte ao sistema de gestão e ao de-
senvolvimento de produtos foi essencial.
Enquanto discutia um novo modelo para a
QuickSys, ele percebeu uma oportunidade,
fornecer uma solução para as empresas de
software que permitissem que eles verifi-
cassem como os seus aplicativos eram utili-
zados pelos usuários. Assim, a QuickSys
foi fechada e nascia, em 2010, o conceito
da DeskMetrics.
Bernardo Porto trabalhou no desenvolvi-
mento da primeira versão do produto du-
rante quatro meses até o lançamento ofi-
cial em no TechCrunch - um dos sites mais
conceituados sobre start-ups no mundo.
Em 2011, as operações efetivamente co-
meçaram. “Conquistamos vários clientes no
mundo inteiro, inclusive concorrentes da
antiga QuickSys. Atualmente, trabalhamos
arduamente para formar uma equipe cada
vez melhor e prestar um serviço de altíssi-
ma qualidade. Processamos mais de 120
milhões de dados todo mês. Monitorar isso
tudo não é uma tarefa fácil. É um grande
desafio e estamos focados em superá-lo.”
Preconceito x talento
Com a DeskMetricks consolidada em ape-
nas um ano, chegou a vez do jovem empre-
sário ajudar quem deu suporte no início. Os
pais dele largaram as atividades, como fun-
cionários de grandes empresas, e estão ini-
ciando uma jornada empreendedora tam-
bém na área de Tecnologia da Informação
(TI). “Eu, por sinal, estou dando o maior
apoio”, afirma Bernardo.
Ele sabe das dificuldades e alegrias de
montar seu próprio negócio. “Existem vá-
rias dificuldades em empreender jovem.
Entre as dificuldades, podemos citar a falta
de experiência profissional, que pode ser
amenizada com ótimos mentores e muita
determinação, e um networking profissio-
nal limitado. As pessoas são fundamentais
para os negócios e o jovem deve se preocu-
par com isso desde o início”, ensina.
Na opinião dele, não há preconceito contra
jovens comandando seus negócios. “Em
certos momentos acredito que ocorre até o
contrário, admiração por ser tão jovem e
enfrentar inúmeros desafios diários. O úni-
co momento que realmente sinto um leve
preconceito é durante uma venda presen-
cial. Às vezes, você está negociando com
um diretor mais experiente, mais velho, e
você sente do outro lado que essa pessoa
não está confiando muito nas suas pala-
vras, pois você ainda é um ‘menino’. Feliz-
mente isso está mudando. Os jovens estão
cada vez mais bem preparados e proativos
nos negócios.”
Para quem está começando, Bernardo Por-
to tem um conselho. “Acredite. Siga em
frente. Adelante. O início de qualquer ne-
gócio não é fácil. Aprendemos bastante e
erramos muito. Se estivermos fazendo o
que amamos, trabalhando no que acredita-
mos, uma hora chegamos lá. Tenha sempre
persistência e mantenha a alegria. Esta é a
minha ‘filosofia’ - também conhecida pelos
amigos como lovestartup.”
Comentando sua trajetória, Bernardo Por-
to lembra que não são todos os empreen-
dedores que acertam de primeira, por isso,
outro conselho é saber a hora de mudar e
partir para novas ideias. Para o futuro, ele
planeja a expansão da sua empresa. “Meu
plano profissional é contribuir ainda mais
para o crescimento internacional da Desk-
Metrics, trazendo um ótimo retorno para os
nossos investidores, acionistas e colabora-
dores.” Pessoalmente, ele quer ter tempo
suficiente para “curtir cada momento espe-
cial com a minha família”.
Qualquer pessoa pode atingir um objetivo, basta querer e estar preparada para a batalha, e esta regra vale também para o empreendedorismo
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ação
Bernardo Porto,empreendedor
24 25
Modelo leva empresas à
‘reinvenção’Empresários buscam no Business Model Generation reestruturação para
negócios; especialistas dizem que ferramenta é diálogo para inovação
Diálogo
Por Beth Matias e Leandro Donatti
O avanço da tecnologia nos últimos 30 anos
provocou mudanças significativas nos hábi-
tos de consumo e no perfil das empresas,
tanto no Brasil como no resto do mundo. O
reposicionamento recente de grandes em-
presas, com o fechamento ou a mudança no
modelo de negócios, fez com que muitos em-
presários repensassem também como esta-
rão suas empresas daqui a cinco ou dez anos
e se seus clientes ainda serão os mesmos.
Casos mal-sucedidos como o da Kodak,
que viu o seu modelo de negócios ruir
com o avanço da tecnologia, e de empre-
sas que precisaram se adaptar como é o
caso da Fujifilms e da Motorola, colocam
um sinal de interrogação na cabeça do
empresário brasileiro.
Segmentos de negócios inteiros se trans-
formam com o avanço da tecnologia, como
é o caso do pequeno comércio que traba-
lhava com revelação de fotos no Brasil. Com
o advento da máquina digital, as empresas
não mais revelam filmes, mas oferecem as
mais diferentes ampliações e produção de
álbuns com design, desenvolvendo um rela-
cionamento mais próximo com o cliente. Há
também o caso dos restaurantes self-
-service, criados a partir das facilidades
do autoatendimento.
E para se juntar à tecnologia, o mundo vive
agora o ciclo dos valores éticos, colaborati-
vos e inovadores. É a era da sustentabilida-
de social, ambiental e econômica. Fatores
antes estáveis, como a própria tecnologia,
hábitos de consumo, matérias-primas, mu-
dam rapidamente e exigem que tanto os
modelos de negócios tradicionais como os
inovadores sejam simplificados.
Por isso, pequenas, médias e grandes em-
presas têm buscado no Business Model Ge-
neration (BMG), modelo de negócios criado
por Alex Osterwalder, Ph.D. em Sistemas de
Informações Gerenciais da Universidade de
Lausanne, na Suíça, uma forma de reinven-
tarem suas empresas rapidamente.
O brasileiro Luis Eduardo de Carvalho, coau-
tor de Osterwalder no livro de Business Mo-
del Generation com mais 470 pessoas, acre-
dita que a grande contribuição que BMG
traz às empresas é a estrutura simplificada
que permite ao empresário ou ao gestor
‘conversar’ sobre o negócio.
“No fundo, ele é uma ferramenta de diálo-
go. O modelo permite visualizar produção,
entrega de valor e como a empresa é remu-
nerada por isso. O BMG faz de uma maneira
muito simples, intuitiva, os gestores lida-
rem com os building blocks, as partes com-
ponentes do negócio. Eles começam a pen-
sar a empresa como se fosse um ‘Lego’. As
peças podem ser encaixadas de acordo com
muitas variações.”
CanvasPara isso, dentro do BMG existe uma ferra-
menta muito simples, que pode ser criada
numa folha de cartolina e funciona como
um mapa: é o Business Model Canvas, que
permite a descrição modelos de negócio,
por meio de nove grandes blocos:
1. Segmentos de clientes: para quem es-
tamos criando valor? Quem são nossos
clientes mais importantes?
2. Propostas de valor: que valor entrega-
mos a nossos clientes? Design? Customiza-
ção? Acessibilidade? Preço? Redução de
Custo? Novidade? Que problema da em-
presa estamos ajudando a solucionar? Que
necessidades estamos satisfazendo?
3. Canais: como alcançamos e queremos
alcançar nossos clientes? Comunicação,
distribuição e vendas. Estamos usando lo-
jas próprias, e-commerce, atacado, lojas de
parceiros?
4. Relacionamento com clientes: que tipo
de relacionamento esperamos ter com nos-
sos clientes? Autosserviço? Assistência pes-
soal? Automatização? Comunidades?
5. Fluxo de receitas: por que valor os clien-
tes estão dispostos a pagar?
6. Recursos-chave e pessoais: quais os
principais recursos que nossa proposta de
valor requer? Os principais são físico, inte-
lectual, humano, financeiro.
Tend
ênci
a
Processos/AtividadesCompetências-chave Propostas de valor
Relacionamentocom clientes
Segmentosde clientes
Parceria-chave
Estrutura de custos Recursos-chave e pessoais Canais Fluxo de receitas
Para entender o modelo Canvas, é preciso ter um mapa
26 27
7. Processos/Atividades/Competências-
-chave: quais as principais atividades re-
queridas por nossa proposta de valor? Ha-
verá produção? Plataforma em rede?
8. Parceria-chave: quem são nossos princi-
pais parceiros? Vamos trabalhar no forma-
to cooperativa? Comprador-fornecedor?
Joint-venture?
9. Estrutura de custos: quais são nossos
principais drivers de custo? Custos fixos, va-
riáveis, economia escala.
O Canvas (veja a figura nesta reportagem)
nada mais é do que um exercício para ex-
trair propostas de valor que atendam e po-
tencializem os principais objetivos deseja-
dos, antes de partir de fato para a
formatação do produto, do serviço ou mes-
mo do processo de uma empresa. Ele pode
ser subdividido em duas grandes dimen-
sões, sendo a dimensão mais à direita os
elementos mais subjetivos e “emocionais”
e os elementos da parte esquerda os mais
estruturais e lógicos.
Luis Eduardo de Carvalho sugere que as to-
das as empresas deveriam submeter seus
atuais modelos de negócios ao Canvas. “Or-
ganize a planilha e traduza o atual modelo de
negócios nela. Depois faça uma nova, com as
inovações que podem ser implementadas.
Veja onde você pode inovar e agregar valor.
Para ter inovação, é preciso desenvolver o
olhar, assim como músico desenvolve suas
habilidades ouvindo música. O gestor precisa
desenvolver o seu repertório.”
Indicadores de desempenhoO professor da Fundação Dom Cabral e
pós-doutor pela Sauder School of Business,
no Canadá, Hugo Ferreira Braga Tadeu, diz
que o modelo é tão simples que está sen-
do aplicado inclusive em negócios tradi-
cionais como empresas de transporte, si-
derurgia e o sistema financeiro. “É possível
colocar no modelo Canvas apenas um pro-
cesso e identificar os gargalos e as possí-
veis soluções para aquele processo, sem
necessariamente analisar todo o modelo
de negócios da empresa.”
Muitos autores, reforça Tadeu, acreditam
que o Canvas precisaria de um ajuste quan-
do o assunto é indicadores de desempe-
nho. “Principalmente para os pequenos ne-
gócios, é preciso que o empresário possa
avaliar a empresa por meio de indicadores
de desempenho.”
Por enquanto a ferramenta ainda não tem
esses medidores de avaliação. O professor
da Dom Cabral diz também que há bancos
de investimento que estão aceitando o mo-
delo Canvas para validar recursos. “Ele é
tão bacana que muitos bancos se predis-
põem a entender o modelo Canvas para
criar linhas de financiamento para as em-
presas. Há bancos avaliando, inclusive, os
produtos em seu portfolio”, destaca Tadeu.
InovaçãoO Canvas é muito simples de ser utilizado,
mas, segundo o professor Luis Eduardo de
Carvalho, é preciso construir um ambiente
de inovação dentro da empresa para que
novos modelos sejam pensados. O especia-
lista acredita em quatro pré-condições para
inovação: tempo livre, confiança, diversida-
de e abertura ao erro. Condições necessá-
rias, mas não suficientes, segundo ele para
provocar inovação. A ausência delas, diz, vai
dificultar muito a chance de a inovação
acontecer, mas a falta delas, com certeza,
vai impedir a inovação de acontecer.
O tempo livre está relacionado ao fato de
que a inovação tem de estar na agenda de
alguma forma. “É preciso parar para pen-
sar no que pode ser feito de novo. As em-
presas mais inovadoras, Google por exem-
plo, já perceberam isso e já colocaram o
tempo na agenda. As empresas, na sua
busca por eficiência operacional, otimiza-
ram tudo e, muitas vezes, as pessoas tra-
balham no limite. E inovação precisa do
tempo livre, do tempo descompromissa-
do, do tempo que olha o outro, que pes-
quisa. Muitas empresas não perceberam
isso. Essa ficha está demorando a cair.”
São vários os aspectos da confiança que po-
dem estar bloqueando o processo da inova-
ção: como o medo do ridículo, falta de com-
promisso das empresas com novas ideias e
o risco de cópia.
Luis Eduardo de Carvalho acredita também
que, no ambiente propício à inovação, é
preciso ter públicos diferentes dos habitu-
ais, como recém-contratados, pessoas da
periferia geográfica da empresa e jovens
aprendizes. A última pré-condição está re-
lacionada ao erro. Segundo Luis Eduardo
de Carvalho, o erro precisa ser visto no Bra-
sil como um processo intermediário.
Sebrae/PR 2022De olho no futuro, o Sebrae/PR passou a utili-
zar, em 2011, o Business Model Generation
como ferramenta para analisar seu modelo
de negócio e planejar as ações da organiza-
ção. O Projeto Sebrae/PR 2022 desencadeou
um período de intensa reflexão, provocado
pelo presidente do Conselho Deliberativo do
Sebrae/PR, Jefferson Nogaroli, para repen-
sar a organização e prepará-la para os desa-
fios da sociedade empreendedora do futuro.
Segmentosde clientes:
Relacionamentocom clientes:
Propostasde valor:
Processos/AtividadesCompetências-chave:
Parceria-chave:
Canais:
Recursos-chavee pessoais:
Estrutura de custos: Fluxo de receitas:
Um dos Canvas construídos durante o Projeto Sebrae/PR 2022
“Ainda há muito a ser feito”, afirma Allan
Costa. As etapas, dentre as quais a do
Business Canvas, foram fruto de intenso
diálogo e “seguramente representam
anseios da comunidade empresarial pa-
ranaense e sinalizam um caminho pelo
qual o efeito da atuação do Sebrae/PR
será ainda mais efetivo e valorizado, com
contribuição ainda mais decisiva para o
desenvolvimento do Paraná por meio
das micro e pequenas empresas”.
Mapeie seu negócio
utilizando post-its
Não tente fazer sozinho.
Chame amigos
para ajudá-lo
Visualize seu
modelo de negócios
Traga três tendências
inovadoras para o seu
modelo de negócios
Aprenda com o
negócio dos outros
Não confie em apenas
um modelo, construa
vários protótipos
Construa um modelo
de negócio
autossustentável
Mostre onde
está o dinheiro
que será usado
Considere além
do lucro
21 3
54 6
87 9
Dicas para o uso do BMG
Saiba mais
Entenda mais sobre oBusiness Model Generation, acesse:www.alexosterwalder.com
http://migre.me/8qB20
E leia ainda o livroBusiness Model Generation – Inovação em Modelos de Negócios, 2011,Alta Book Editora.
“O Sebrae/PR, em sintonia com o Sebrae
Nacional, e a partir dos anseios da comuni-
dade empresarial paranaense, iniciou uma
importante jornada rumo a 2022, quando
a organização completará, no Paraná e no
Brasil, 50 anos de serviço e apoio às micro
e pequenas empresas”, conta Allan Marce-
lo de Campos Costa, diretor-superinten-
dente do Sebrae/PR.
A premissa de todo o trabalho (leia mais nas
páginas 77 e 78) foi envolver nos debates,
de forma ampla e irrestrita, a comunidade
empresarial do Paraná. “Na crença do Con-
selho Deliberativo do Sebrae/PR, o futuro
da instituição deve ser construído coletiva-
mente, por representantes da sociedade
paranaense, dentre eles empreendedores,
empresários de micro e pequenas empre-
sas, conselheiros, lideranças empresariais,
parceiros, clientes e não-clientes.”
O Sebrae/PR, com o apoio técnico da
Fundação Dom Cabral, promoveu 15 en-
contros em todo o Estado, chamados de
Workshops de Ideação. Ao todo, quase
500 lideranças e empresários, marcando
o start do processo de repensar a orga-
nização. Os workshops deram origem a
338 ideias, elaboradas e construídas pe-
los participantes. Essas ideias foram
consolidadas e organizadas em 5 linhas
de atuação principais.
A etapa seguinte do trabalho contemplou a
estruturação das linhas de atuação, defini-
das nos workshops, em modelos de negócio
concretos, prevendo, entre outras coisas,
quais as propostas de valor e segmentos de
clientes para cada linha de atuação. Para
esse processo, foi utilizada a metodologia
Business Canvas, descrita na obra Business
Model Generation.
“Esta metodologia de construção de mode-
lo de negócios é muito eficiente, pela sua
capacidade de, a partir de uso intensivo de
design thinking, permitir a modelagem de
negócios de forma simples e visual. Assim
como o Sebrae/PR, as pequenas empresas
podem se valer do modelo para reinventar
seus negócios. A cocriação é, sem dúvida,
uma forma inteligente de construir, e pre-
parar, os empreendimentos para o futuro”,
acredita Allan Costa.
Durante o trabalho de aprofundamento
das linhas de ação e construção dos mo-
delos de negócio, diz o diretor-superin-
tendente, aspectos comuns que sinteti-
zam a essência do Sebrae/PR foram
identificados e validados, a fim de que
possam servir de referência.
28 29
‘Velhos’ serviços, novos formatos
Saiba como reinventar negócios, e sobreviver no mercado,levando em conta o desejo e as exigências dos consumidores
Sob medida
Por Mirian Gasparin
Rodrigo Assis e José Angelo Simão, empresários
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Novos competidores e novas maneiras de
competir chegam diariamente aos mais di-
versos cantos do planeta. Para sobreviver a
essa ‘selva’ de negócios, não basta a melho-
ria contínua dos processos, é preciso rein-
ventá-los. Existem hoje inúmeros casos de
serviços tradicionais, que têm sido oferta-
dos em formatos novos, mais modernos,
mais adequados aos novos consumidores.
Para o professor da Escola de Negócios da
Universidade Positivo, Valmor Rossetto,
nenhum negócio sobrevive sem inovação.
“O mundo continua rodando 24 horas. A ve-
locidade dos processos e da tecnologia au-
mentou. Se o empresário não estiver ante-
nado com as exigências de mercado e os
anseios dos seus clientes, seu negócio se
inviabilizará”, alerta.
Esta também é a visão do professor de pós-
graduação da FAE, Rafael Araújo Leal. Se-
gundo ele, a empresa que não inovar está
fadada a perder competitividade. “Peque-
nas empresas quando têm um serviço ino-
vador conseguem colocar em risco muitas
empresas gigantes.”
Na avaliação de Rossetto, inovação não é
tornar o produto ou serviço mais bonito,
mas sim fazer com que seja uma solução
para o cliente. Ele lembra que, na história
do Paraná, todas as empresas que foram
criadas de 50 anos para cá e que não inova-
ram, ou foram vendidas ou simplesmente
não se sustentaram.
Ao reinventar formatos de serviços e negó-
cios, os empresários devem seguir alguns
passos. De acordo com a diretora da Con-
sultoria ValuConcept, Emanuele Caroline
de Oliveira, em primeiro lugar, o empresá-
rio deve encarar a inovação como um inves-
timento, que tem custos, riscos, mas que
deve gerar retorno financeiro. “O principal
risco é a não aceitação e resistência do con-
sumidor”, destaca.
Outro passo é conhecer o que o cliente
deseja e necessita. Segundo Emanuele,
para tal, o empresário deve investir tem-
po no planejamento dessa reinvenção. A
grande vantagem de ser uma empresa
inovadora num determinado ramo ou pro-
duto, segundo a diretora da ValuConcept,
é que ela acaba saindo do lugar comum
entre os concorrentes porque segue no-
vos caminhos e, com isso, pode cobrar di-
ferente, pois está entregando algo novo
para o consumidor.
A análise do ambiente externo para identi-
ficar oportunidades de negócios e o desen-
volvimento de estratégias para criar um
ambiente inovador também são passos
fundamentais que devem ser tomados pe-
las empresas que desejam inovar, explica o
professor Rafael Leal.
PreçoNa opinião do professor da Universidade
Positivo, Valmor Rossetto, o preço do pro-
duto ou serviço pode ser um condicionante
para a venda, mas a qualidade do atendi-
mento é o que realmente fará a diferença.
“O empresário deve estar consciente de
que em seu negócio deve haver um equilí-
brio entre preço, qualidade, atendimento e
responsabilidade.”
Já para o professor da FAE, Rafael Leal, é
essencial que a empresa apresente preços
competitivos. “De nada adianta desenvol-
ver um produto ou serviço inovador se ela
não tiver competência para ter um preço
competitivo”, afirma.
“Hoje em dia, o valor dos produtos e servi-
ços percebido pelo consumidor depende
cada vez mais da quantidade de inovação,
tecnologia e inteligência que foi incorpora-
da. Então uma cultura inovadora nas em-
presas, onde os funcionários são estimula-
dos a inovar, é fundamental. É importante
deixar um canal aberto para que todos pos-
sam dar sua opinião sobre problemas e ne-
cessidades e busca de soluções para os
clientes”, justifica Emanuele.
Quanto à importância de se reinventar for-
matos nos negócios, a diretora da ValuCon-
cept afirma que, ao criar novos formatos, as
empresas estão respondendo às exigências
dos consumidores e continuando vivas no
mercado, seja adaptando e melhorando os
seus produtos e serviços ou desenvolvendo
novos processos de produção, de gestão
ou de marketing. “Ao investir em inovação,
a empresa está aplicando na sua competiti-
vidade, na sua lucratividade e na sua conti-
nuidade no mercado, ou seja, quem rein-
ventar um novo conceito economicamente
viável sairá vencedor.”
Canecas com sentimentoQuem é que não aprecia tomar um chá ou
um café numa caneca? E se ela for perso-
nalizada, feita exclusivamente para você?
A empresária Carolina Farion de Carvalho
enxergou numa simples caneca mais do
que um recipiente para beber, e resolveu
inovar. Ela utilizou a caneca como supor-
te para a expressão de sentimentos. “É
um produto que pode ser útil numa de-
claração de amor.”
Existem hoje inúmeros casos de serviços tradicionais, que têm sido ofertados em formatos novos, mais modernos, mais adequados aos novos consumidores
Tend
ênci
a
30 31
O valor dos produtos e serviços percebido pelo consumidor depende cada vez mais da quantidade de inovação, tecnologia e inteligência que foi incorporada
Carolina é formada em Design. Começou
suas atividades empresariais com a abertu-
ra de uma agência de comunicação especia-
lizada em design gráfico. Mas, logo em se-
guida, viu nas canecas um negócio inovador.
“Percebi que a indústria que produz cane-
cas o faz em larga escala. Comecei explo-
rando o produto no varejo, mas usando o
produto como suporte de sentimento. Ini-
ciei o negócio com 12 modelos”, conta.
Em 2006, nasceu a Canecaria, uma marca
curitibana que desenvolve e produz cane-
cas exclusivas, além de outros produtos,
bem como faz catálogos utilitários de
mesa, em cerâmica e vidro. A marca tem
uma linha de produtos que agrada a todas
as idades e perfis.
Carolina começou com um sócio. Hoje tem
20 funcionários e ainda terceiriza alguns
produtos. Ao todo, produz 200 modelos de
canecas divididos por temas como amor,
humor, amizade, família, profissões, espor-
tes, entre muitas outros. Além disso, a Ca-
necaria também trabalha com personaliza-
ção. O empreendimento possibilita fazer
uma única caneca para presentear alguém
especial ou centenas de canecas para em-
presas, por exemplo.
As vendas iniciais da Canecaria foram por
meio de uma loja virtual. Em 2009, foi aber-
to o primeiro quiosque no Shopping Esta-
ção, em Curitiba. Um ano depois, foi inau-
gurado o segundo quiosque, desta vez no
Shopping Palladium. “Nossa meta agora é
abrirmos pontos próprios e, para 2013, já
estamos nos preparando para oferecer a
franquia da nossa marca”, informa.
Segundo a empresária, para 2012, o obje-
tivo é lançar um produto novo por sema-
na. A Canecaria tem como fundamentos
incentivar e dar suporte à criatividade de
artistas locais e nacionais, bem como
ocupar um espaço deixado pela indústria
de cerâmica e vidro, no que diz respeito à
variedade de modelos. “Quando começa-
mos há seis anos, o nome Canecaria não
existia nas pesquisas do Google. Hoje, as
pessoas perguntam em qual Canecaria
tal caneca foi comprada”, afirma Caroli-
na, com grande orgulho.
Lava-carros até o clienteFoi pensando no pouco tempo que as pes-
soas dispõem atualmente que nasceu em
maio de 2011, em Curitiba, a empresa O Es-
quadrão do Carro. De propriedade dos só-
cios Rodrigo Assis e José Angelo Simão, a
empresa traz um conceito inovador em ter-
mos de limpeza de veículos e sem a neces-
sidade de deslocamento do cliente. O pro-
jeto de criação do negócio saiu na
faculdade, quando Rodrigo e José cursa-
vam Administração de Empresas no Centro
Universitário Curitiba (Unicuritiba).
“Nossa preocupação inicial era ter todo o
respaldo, pois somos nós que vamos até o
cliente para executar o serviço. O primeiro
Valmor Rossetto, professor
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passo foi a compra de uma van, na qual fo-
ram feitas as adaptações necessárias”, in-
forma Rodrigo. “Nossos primeiros serviços
foram gratuitos para que pudéssemos
apresentar o nosso trabalho e conquistás-
semos os clientes”, lembra.
O Esquadrão do Carro oferece serviços de
limpeza externa e interna, enceramento,
cristalização de vidros, higienização interna
(parcial e completa), hidratação de bancos
de couro. O diferencial é que a equipe vai
até o local onde o veículo está estacionado.
Os horários são agendados por telefone ou
pelo site da empresa, que aplica a tecnolo-
gia de limpeza a seco em seus serviços, com
o objetivo de diminuir o desperdício de
água. A limpeza é feita com produtos regu-
lamentados pela Agência Nacional de Vigi-
lância Sanitária (Anvisa), que tem como ob-
jetivo proteger a saúde da população.
Ainda como estratégias de mercado, O Es-
quadrão do Quadro realiza demonstrações
dos seus serviços em condomínios residen-
ciais, blitze em postos de combustíveis, fa-
zem visitas a clubes de amigos e coleciona-
dores de veículos antigos. “Através desse
modelo de negócio, não vendemos apenas
o nosso serviço, mas o tempo que o cliente
ganha”, afirma o empresário.
Segundo Rodrigo de Assis, no começo das
atividades, a empresa focou o negócio em
grandes volumes. Com o passar dos meses,
os sócios perceberam a necessidade de um
serviço especial. Hoje por exemplo, 80% do
faturamento são provenientes dos serviços
especiais (espelhamento, hidratação de
bancos de couro e higienização de interio-
res), que, por sua vez, correspondem a 50%
do trabalho geral. Atualmente, uma média
de 200 carros são lavados mensalmente.
“Pretendemos ampliar a parte de serviços
especiais e termos um ponto fixo para
atendimento, já que a van amarela serve
como um outdoor ambulante”, conclui.
Panfletagem diferenteUm novo tempo exige uma nova forma de
se comunicar com os consumidores. A em-
presa Fórmula Midia do Brasil, que nasceu
em Curitiba, em 2008, trouxe uma nova
ideia para esta comunicação: a distribuição
de material publicitário e sampling (amos-
tragem) no interior de veículos. Este novo
canal traz vantagens significativas para
campanhas onde a personalização é a pala-
vra-chave. “Cada vez mais, em vez da dis-
persão, as mensagens devem ser direciona-
das para o público-alvo e esta comunicação
é o alvo da Fórmula Midia”, afirma o empre-
sário Alexandre Moura.
A empresa curitibana trouxe o conceito
inovador de mídia OOH e hoje é a única es-
pecializada em veiculação de campanhas
em estacionamentos e valets. Há quatro
anos, começou com 20 estacionamentos e
duas campanhas-piloto. Atualmente, conta
com 1.200 estacionamentos e valets conve-
niados em nove estados do Brasil e está
ampliando a atuação para outras cidades.
Para que as pessoas não se sintam incomo-
dadas por encontrar algo dentro dos seus
automóveis, a Fórmula Midia tem muito
cuidado com o tipo de informação veicula-
da. Por isso não faz publicidade de bebidas
alcoolicas, religião ou futebol. Já o índice
de rejeição é muito baixo, pois o cliente
sempre terá algum tipo de benefício. “A
inovação tem que fazer parte do processo
produtivo. O consumidor está cada vez
mais exigente e quem não inovar fica para
trás”, alerta Moura.
Ainda com o propósito de inovar, a empre-
sa criou uma revista de bolso com cupons
de descontos, que é colocada em locais
apropriados, tais como retrovisores de au-
tomóveis, puxadores de portas, grades de
portão, entre outros, ampliando a divulga-
ção de diversos serviços e produtos.
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ação
Alexandre Moura, empresário
O preço do produto ou serviço pode ser um condicionante para a venda, mas a qualidade do atendimento é o que realmente fará a diferença
32 33
Este quadro pode servir como um facilitador sobreo mercado o qual o empreendedor pretende reinventar, desenvolvendo uma perspectiva de como agregar valor para o consumidor e criar uma nova demanda.
Quais os fatores competitivos maisutilizados no mercadodevem ser eliminados?
- Eliminar os fatores onde tem muitacompetição.
- Determinar se os produtos ou serviços que são oferecidos atualmente estãosupervalorizados.
- Descobrir se houve alguma mudança que os consumidoresvalorizam.
Quais fatores devem ser reduzidos bem abaixo do padrão já oferecido no mercado?
Quais fatores devem ser valorizados bem acima do padrão já oferecidono mercado?
- Eliminaro comprometimentoque os consumidorestêm com a concorrência.
- Descobrir novas formas de criar valor para os consumidores e criar uma nova demanda, e mudara estratégia de preço.
Quais os fatores quedeverão ser criados eque a concorrêncianunca ofereceu?
O QUE ELIMINAR? O QUE AUMENTAR?
O QUE REDUZIR? O QUE CRIAR?
Saiba mais
Sugestão de leitura:
A Estratégia do Oceano Azul- Como Criar Novos Mercados e Tornara Concorrência Irrelevante,W. Chan Kim e Renée Mauborgne
Segundo Moura, as publicidades promocio-
nais, realizadas por meio de mídia impres-
sa, apresentam algumas vantagens frente
às demais formas, pois não necessitam de
equipamento específico para sua exposi-
ção, diferentemente do rádio, tevê e equi-
pamentos eletrônicos. Ou seja, a impressão
em papel ou equivalente tem fácil acesso
ao consumidor, adapta-se ao ritmo de leitu-
ra do consumidor, permite releitura ou lei-
tura seletiva, não possui um horário especí-
fico de distribuição, apresenta custo
unitário reduzido quando comparada a ou-
tras mídias, entre outras vantagens.
Já o maior inconveniente das mídias im-
pressas - folhetos, folders, catálogos, jornal
ou cupons – é que a distribuição do mate-
rial é realizada de forma aleatória, de mão
em mão, ou distribuída através de encartes
em revistas e jornais. Isso leva à dispersão
da mídia por meio do descarte, e, conse-
quentemente, gerando lixo, ainda que reci-
clável. No caso da Revista Coupons, explica
Moura, a distribuição é realizada em esta-
cionamentos, sendo colocada no interior
dos veículos estacionados podendo ser
segmentada, de acordo com o público-alvo
e região da cidade. “Essa segmentação per-
mite a veiculação de várias revistas em uma
única cidade”, informa.
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Consciência
Politicamente
corretosNessas pequenas empresas, a sustentabilidade do meio ambiente e da
sociedade deixou de ser alvo de ações isoladas para ser foco dos negócios
Por Maigue Gueths
Tend
ênci
a
36 37
Que tal abrir um negócio para ganhar di-
nheiro e, de quebra, ajudar a fazer um mun-
do melhor? Pois é exatamente o que alguns
novos empreendedores estão fazendo.
Nessas empresas, a sustentabilidade do
meio ambiente e da sociedade deixou de
ser alvo de ações e iniciativas específicas,
como programas sociais e adoção de pro-
cessos ecologicamente corretos, para se
tornar foco principal de suas atividades.
Nessa onda, os exemplos são vários. Um
profissional da área de informática montou
a EcoBike Courier, serviço de entregas ex-
press, feitas com bicicletas, meio de trans-
porte com poluição zero. A bicicleta, aliás, é
‘personagem’ de vários outros negócios em
Curitiba, como a Roda Livre Bikers, que
aposta no cicloturismo e organiza passeios
em estradas rurais no Paraná, Santa Catari-
na, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Há, ainda, uma nutricionista que decidiu
plantar alimentos orgânicos em sua cháca-
ra e hoje trabalha entregando os produtos
na casa ou no trabalho de clientes. A entre-
ga de alimentos saudáveis foi também a
opção de uma engenheira de alimentos,
que, depois de perder o emprego, abriu um
serviço de entrega de frutas prontas para o
consumo no trabalho das pessoas. Há até
um escritório colaborativo, que tem como
filosofia reunir pessoas com projetos que
visem o bem.
A diferença do empreendedorismo normal
para o sustentável, segundo Renato Men-
des Curto Junior, professor de Empreende-
dorismo, Negociação, Análise Organizacio-
nal e Marketing da Faculdade Estácio
Curitiba, é que o sustentável tem uma visão
de médio e longo prazo, com capacidade de
assegurar melhor qualidade para o mundo
que vamos deixar. “Ele busca uma vida
equilibrada. São ações que vão desde o uso
de canecas em substituição a copos plásti-
cos; empresas poluidoras que adotam me-
didas compensatórias; ou, ainda, aquelas
que liberam seus funcionários em horário
de expediente, para que desenvolvam
ações sociais pela empresa.”
Para Renata Pinheiro de Aquino, psicóloga,
pós-graduada em Estratégia e Sustentabili-
dade Empresarial pela FAE Business Scho-
ol, mais do que uma tendência, essa postu-
ra empresarial já é uma “necessidade”. “As
pessoas, hoje, têm necessidade de saber de
onde vem e como é produzido o que estão
consumindo. É uma preocupação mundial
do consumidor e as empresas não podem
deixar isso de fora de suas prioridades”,
A empresa, independente do seu porte, vai ter seu marketing mostrando que está preocupada com as gerações futuras, e essa sustentabilidade é que será capaz de assegurar a vida do empreendimento, a médio e longo prazo
Gisele de Carvalho, empresária
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diz. Como exemplos, cita os casos recentes
de marcas denunciadas por trabalho escra-
vo e por vender artigos feitos de pele de
animais. E, por isso, ambas enfrentam cam-
panhas de boicote pelos consumidores.
“A tendência está virando uma necessidade
e, no futuro, vai estar implícito que a em-
presa tem que ser sustentável para estar
inserida no mercado”, diz, explicando que
as empresas buscam tornar públicas suas
ações, que visam o equilíbrio social, econô-
mico ou social, mas no futuro essa postura
deverá ser normal para qualquer negócio,
sob risco de não dar certo.
Algumas empresas, explica, já têm em si o
foco principal da sustentabilidade, outras
o fazem em forma de projetos para a ques-
tão social ou a ecologia. Para mostrar a di-
ferença, ela aponta o caso de um banco
comercial que mantém projetos de res-
ponsabilidade social, e de um banco de
microcrédito, que é totalmente sustentá-
vel por ter como objetivos centrais a inclu-
são social e a redução da pobreza.
Para Curto Junior, as pessoas tornaram-se
mais conscientes a partir do Código do Con-
sumidor. Apesar de outros países estarem
adiantados nesse processo em relação ao
Brasil, Renata acredita que a situação já
está consolidada e não há como regredir.
“Dos anos 1990 para cá, isso é bem mais ex-
plícito, e é difícil ver hoje empresas que não
tenham relatórios sociais para mostrar ao
público o que vêm fazendo nesta área”, diz.
“Todo esse processo gera uma consciência
não egoísta de não se pensar só no lucro
da empresa. É o que se chama de Empre-
endedorismo Consciente”, afirma o pro-
fessor, ressaltando que a grande vanta-
gem para a empresa está na maior
aceitação de seus produtos pelos clientes.
“A empresa vai ter seu marketing mostran-
do que está preocupada com as gerações
futuras, e essa sustentabilidade que será
capaz de assegurar a vida da empresa a
médio e longo prazo”, avalia.
Renata vai ainda mais além. “Espero que no
futuro tudo seja inovador, que as empresas
já promovam as mudanças por suas pró-
prias atividades, que esta questão já esteja
incluída nos empreendimentos.”
Escritório do bemRenata fala por experiência própria. Há um
ano e meio, ela e mais três amigos associa-
ram-se para fundar o Hub Curitiba, um es-
paço de coworking, ou melhor, um escritó-
rio colaborativo, que dispõe de toda
estrutura e equipamentos necessários a
Dos anos 1990 para cá, essa tendência tem sido bem mais explícita no mundo corporativo, e é difícil ver hoje empresas que não tenham relatórios sociais para mostrarem ao público o que elas vêm fazendo
Foto
: Mar
co L
ima/
La Im
agen
Sílvia Bettega Nascimento e Amélia Gomes, cliente e empresária
38 39
um escritório e que pode ser alugado por
hora, dependendo da necessidade do clien-
te. A diferença entre o Hub e outros escri-
tórios colaborativos é que o seu objetivo é
atrair empreendedores engajados em de-
safios sociais, culturais, ambientais e eco-
nômicos do mundo atual.
“Sabemos que outro mundo não é apenas
possível, ele já está acontecendo, e é lide-
rado por pessoas que veem e fazem as coi-
sas de um jeito diferente”, adverte o site do
Hub Curitiba, deixando clara qual é a filoso-
fia do grupo.
Renata explica que o Hub é um movimento
global de 30 espaços físicos existentes em
cidades de vários continentes, com objeti-
vo de reunir pessoas que buscam um mun-
do melhor. São empreendedores que usam
esses espaços para trabalhar, fazer even-
tos, para se conectar. O movimento come-
çou em 2005, quando foi criado o primeiro
Hub em Londres. Hoje, mais de 4.500 em-
preendedores estão nestes Hubs por todo
o mundo. No Brasil, são apenas duas unida-
des, uma em São Paulo, pioneira no País, e
uma em Curitiba.
O Hub Curitiba, segundo ela, abriu com es-
paço físico próprio, há apenas dois meses.
Primeiro, os amigos buscaram formar uma
rede de pessoas que tinham interesse em
desenvolver projetos para melhorar a ci-
dade. Hoje são 24 membros que utilizam
algum plano de horas para trabalhar no
local. Além disso, eles participam de pales-
tras e cursos. Uma vez por mês, um consul-
tor do Sebrae/PR também vai ao local para
capacitá-los.
“São pessoas que têm negócios inovadores
com impactos positivos. Tem desde quem
trabalha com turismo, informática, arquite-
tura. São diferentes atividades com preo-
cupação social, política, cultural, ambien-
tal”, explica. Segundo ela, mais do que uma
imposição, o alinhamento dos membros à
filosofia de boas práticas permite uma cola-
boração maior entre os membros, que, no
local, têm contatos com novos parceiros e
clientes, o que amplia as possibilidades das
boas práticas terem sucesso.
Rápidas e sem poluiçãoEm vez de motoboys, bikeboys que fazem a
entrega de encomendas rápidas utilizan-
do a bicicleta como transporte. Além de
muito mais sustentável, o serviço pode
custar até 30% menos do que a entrega
feita por motocicletas, uma vez que não
há gastos com gasolina. Outra vantagem é
a rapidez. As bicicletas são campeãs dos
desafios intermodais, que são feitos to-
dos os anos para medir qual o meio de
transporte que consegue percorrer mais
rapidamente um trajeto de dez quilôme-
tros em horário de pico. No ano passado,
em São Paulo, a ‘magrela’ fez o percurso
em 22 minutos e 50 segundos, chegando
cinco minutos à frente da motocicleta, a
segunda colocada, e deixando para trás
modais como ônibus, metrô e carro.
Em Curitiba, o empresário Cristian Trentin,
que já possuía um empreendimento de
tecnologia de desenvolvimento para web,
abriu, há cerca de oito meses, a EcoBike
Courier. Ele conta que, à época, queria
abrir um segundo negócio, com caráter
inovador. Após descobrir o serviço de en-
trega com bicicletas em Nova York, teve a
ideia de aplicá-lo em sua cidade. Primeiro,
ele procurou a Carbono Zero, empresa se-
melhante já existente em São Paulo, com
objetivo de abrir uma franquia. Como eles
não ofereciam franquia, decidiu adaptar o
serviço a Curitiba.
No começo, Trentin contratou três ciclistas.
Hoje, tem seis entregadores contratados,
que pedalam em média 70 quilômetros por
dia fazendo corridas esporádicas e mais ou-
tros três, que atuam fixos, atendendo ape-
nas três empresas, em função da grande
demanda de entregas exigidas por elas.
“Nós estamos crescendo entre 60 e 70%
por mês”, revela. Hoje, a empresa já tem
150 clientes. A EcoBike tem duas sedes,
uma na região central e outra no bairro
Água Verde, o que permite atender 42
bairros, localizados num raio de 15 quilô-
metros a partir do centro. Com isso, o em-
preendimento já consegue atender 80%
da demanda da Capital.
Os planos, segundo ele, são de crescimen-
to. A intenção é implantar mais cinco bases
na cidade, o que permitiria ampliar o raio
de atendimento também para a região me-
tropolitana. Trentin está desenvolvendo,
também, um sistema de microfranquias
(leia mais na seção Mercado).
Ele não sabe precisar ainda qual será o va-
lor aproximado das franquias. Para abrir
uma empresa deste tipo, o investimento
mínimo é de R$ 40 mil a R$ 50 mil para com-
pra das bicicletas, ponto comercial e paga-
mento da mão de obra. Pagamento de pes-
soal, segundo ele, é o item mais caro do
negócio, uma vez que todos os ciclistas são
empregados com carteira assinada, além
A diferença do empreendedorismo normal para o sustentável, segundo os especialistas, é que o sustentável tem uma visão de médio e longo prazo, com capacidade de assegurar melhor qualidade para o mundo que vamos deixar
de receber também benefícios, como vale-
alimentação. “Eles ganham bem mais que
um motoboy”, garante.
Trentin conta que não entrou no negócio
por ideais ecológicos. “Eu sou um empresá-
rio, procurava por algo inovador e abri a
empresa como um investimento. Mas aca-
bei abraçando a causa da bike”, afirma ele,
que vendeu o carro e, atualmente, só anda
de bicicleta. “É a tendência do mercado. No
primeiro mundo, a bicicleta é um dos meios
de transporte mais usados e isso já está
ocorrendo aqui também.”
De olho em novas oportunidades, Trentin
já pensa em abrir uma terceira empresa, fo-
cada também na sustentabilidade. “Ainda
tem muita oportunidade para este tipo de
negócio no Brasil, o mercado é muito ca-
rente de soluções.”
De olho na saúdeHá vários anos, a nutricionista Amélia Go-
mes e o marido, o músico Rodrigo Cam-
pos, montaram um teatro de fantoches
para levar a escolas uma apresentação de
educação nutricional, ensinando às crian-
ças o valor de cada alimento. Um dia, en-
quanto fazia o teatrinho, pensou na possi-
bilidade de vender cestas com os produtos
orgânicos cultivados em sua chácara, em
São José dos Pinhais, na Grande Curitiba.
Começou com dez pessoas conhecidas.
Quase cinco anos depois, o casal atende
uma lista de aproximadamente 50 clientes,
que recebem semanalmente uma cesta
com oito itens, entre verduras e legumes.
Alguns recebem em casa. Outros, que tra-
balham em empresas onde mais funcioná-
rios contrataram o serviço, recebem os pro-
dutos no trabalho. Cada cesta custa R$ 22
ou R$ 17, no caso de muitas entregas em
um mesmo endereço.
Alguns produtos, segundo ela, são fixos,
como cenoura, beterraba, alface. Outros
variam conforme a sazonalidade. “Quan-
do temos algo diferente na nossa horta,
como amora, castanha portuguesa, man-
damos como cortesia. Também manda-
mos receitas, dicas nutricionais e de apro-
veitamento de alimentos porque, muitas
vezes, a pessoa nem sabe como usar al-
guns alimentos”, explica Amélia. As genti-
lezas não param por aí. Como ela conhece
a maioria de seus clientes, as cestas, mui-
tas vezes, são adaptadas às necessidades
de cada família, colocando alimentos que
terão melhor aceitação para quem tem
bebês ou idosos na família, por exemplo.Cristian Trentin, empresário, e Jucemara Chiarotti Soares, bikegirl
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40 41
Saiba mais
Acesse os sites
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Hub Curitibawww.hub-curitiba.com
Para a infraestrutura, ela precisou apenas de
um carro para transporte das cestas. O tra-
balho é feito pelo casal, mas ela também aju-
da a economia local, contratando pessoas da
região, que moram próximas à chácara, para
ajudar no plantio e limpeza dos alimentos.
“A verdura é colhida em um dia e entregue
no outro ou fica murcha. Com isso, quando
o cliente recebe, tem uma carga de nutrien-
tes, como vitaminas, minerais, enzimas,
muito mais forte do que quando é compra-
da no mercado, que é colhida há mais tem-
po”, diz Amélia. A possibilidade de comer
alimentos mais saudáveis, segundo Amélia,
é o grande chamariz para os clientes.
É o caso da professora aposentada Sílvia
Bettega Nascimento, uma de suas primei-
ras clientes. “Eu sempre me preocupei
com a questão ecológica, em comer coisas
saudáveis. Por isso, adoro receber as ces-
tas com produtos orgânicos, sem veneno”,
diz. Ela conta que, normalmente, ela, a
irmã e uma filha adquirem duas cestas,
que são divididas entre as famílias, cada
uma composta por um casal. Ela acredita,
ainda, que, além da facilidade de receber
os alimentos em casa, a cesta é também
mais econômica do que se adquirisse os
alimentos no mercado.
Frutas no trabalhoOutra que está satisfeita com o serviço que
contratou é a bancária Eliane Cardoso.
Toda manhã, ela recebe no trabalho duas
frutas diferentes, limpas, descascadas e
cortadas, quando o produto requer corte,
prontas para serem consumidas. “Antes eu
não fazia lanche durante o trabalho, e aca-
bava ficando muitas horas sem comer, o
que não é bom. Agora sempre como uma
fruta, de manhã e à tarde. Se tivesse que
trazer, não iria comer”, diz.
Eliane é um dos 400 clientes, de 19 empre-
sas, atendidos atualmente pela Peça Fru-
tas, empreendimento criado pela enge-
nheira de alimentos Gisele de Carvalho há
apenas cinco meses. A proposta do Peça
Fruta é de criar o hábito de uma alimenta-
ção saudável nas pessoas, com a substitui-
ção de lanches e doces no ambiente de
trabalho por frutas selecionadas e prontas
para consumo.
Gisele conta que sempre trabalhou em
grandes indústrias de alimentos, e que a
ideia surgiu em maio do ano passado. Na
época, o departamento em que trabalhava
foi extinto e ela, que antes tinha um cargo
gerencial, se viu sem emprego e com pou-
cas possibilidades de encontrar uma colo-
cação com o mesmo salário. “Com 39 anos,
filhos crescendo, um com seis, outro com
nove, eu fiquei meio perdida, desorienta-
da”, conta.
Foi nessa época que ela conheceu um casal
de idade, que tinha trabalhado com a en-
trega de frutas no trabalho, mas que não
mais exercia essa atividade. “Eu sempre
pensava que seria muito bom se alguém le-
vasse água e frutas na minha mesa de tra-
balho, porque eu não me alimentava direi-
to, não tomava água”, diz. Foi então que ela
colocou em prática seu próprio desejo.
Diariamente, ela vai a Centrais de Abasteci-
mento do Paraná (Ceasa) para selecionar
frutas da época que serão entregues no
dia. Cada cliente recebe duas frutas por dia.
Na semana, ele receberá duas bananas,
uma maçã, uma laranja – chamadas de fru-
tas universais - duas frutas cortadas (ma-
mão, abacaxi, melancia, melão) e quatro in-
teiras (ameixa, pêssego, kiwi, tangerina,
dentre outras). O preço é de R$ 38 por mês.
Gisele tem, hoje, muitos clientes de empre-
sas. “Um conta pro outro e a clientela au-
menta. As pessoas garantem diversidade e
vão receber frutas que, muitas vezes, nem
iam comer. Uma pessoa que mora sozinha,
por exemplo, nunca compraria um abaca-
xi”, diz Gisele, que revela que nunca foi “na-
tureba”, mas que sempre se preocupou
com o bem-estar das pessoas.
Gisele já precisa e necessita de ajuda. Duas
pessoas trabalham com ela, uma na mani-
pulação dos alimentos, na higienização,
preparo e embalagem e outra na entrega
das frutas. Seu próximo passo, conta, será
a formalização da empresa, necessária
para viabilizar alguns contratos maiores,
que exigem o fornecimento de nota fiscal,
por exemplo.
A tendência está virando uma necessidade e, no futuro, vai estar implícito que a empresa tem queser sustentávelpara estar inserida no mercado
42 43
Ideia ‘testada’vira negócio rentável
Pequena empresa familiar, no interior do Estado, despontapara o mercado nacional com a produção de equipamentos inovadores
Inovação
Por Adriano Oltramari
Foto
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Pro
du
ções
Elzir Natal Rossetti, empresário
Para que as ideias se tornem realidade e os negócios, sólidos, é preciso trabalhar muito e contar com o apoio de entidades que fomentam a inovação
A experiência de 17 anos no ‘chão de fá-
brica’, em indústrias da confecção em
Dois Vizinhos, no sudoeste do Paraná, le-
vou Elzir Natal Rossetti a montar a pró-
pria empresa com base na inovação. As-
sim nasceu a Maqcon, fundada com uma
visão empreendedora e inovadora na fa-
bricação de máquinas, feitas para otimi-
zar processos de produção e expedição
em indústrias do setor de confecções.
Equipamentos que fazem a diferença na
redução de custos, segurança e logística. A
empresa criou uma linha com enroladora
de cós, passadeira de cós anatômico, su-
porte para desvirar calça, e uma embala-
dora seladora, considerada o carro-chefe
da empresa.
O empresário relata que, com base na sua
atuação em uma grande indústria do se-
tor, identificou, na área de expedição, uma
demanda por agilidade. A expedição, em
uma indústria de confecções, exige muita
mão de obra para estocar, montar e fechar
caixas de papelão.
Elzir lembra que outra necessidade esta-
va relacionada à segurança no transpor-
te da mercadoria. “A gente pensou na
questão de agilidade e custo, na parte
ambiental, pois no caso da embaladora e
seladora, ela utiliza o plástico, que é re-
ciclável, abolindo o uso do papel, que
precisa de árvores”, considera.
A embaladora funciona com a matéria-
prima de plástico em forma tubular,
onde o operador corta na medida deseja-
da, sela uma extremidade, encaixa a ou-
tra extremidade na máquina que tem
acionamento pneumático para manter
um lado da embalagem aberta. Assim, o
operador introduz as peças dentro do
saco, sela a outra extremidade e está
pronta para transporte.
“Como ficam as duas extremidades sela-
das com plástico de alta resistência, o
pacote é 100% seguro, inviolável e im-
permeável”, descreve. Com a máquina,
uma empresa automatiza o processo de
embalagem e, com uma pessoa na sua
operação, é possível embalar até 5 mil
peças ao dia. Além disso, a embalagem
plástica traz outra vantagem na hora de
transportar, com um ganho na quantida-
de embarcada de até 15% no volume de
mercadorias.
Do projeto inicial até o início da atividade
da empresa, em 2009, a Maqcon trilhou
Saiba mais
Quer saber como o Sebrae/PR pode ajudá-lo, no desenvolvimento de projetos focados em inovação? Acesse:
www.sebraepr.com.br/sebraetec
um caminho de pesquisa e ajustes para ga-
nhar mercado. “O primeiro equipamento
ficou em testes numa empresa de grande
porte e teve uma boa aceitação. A partir
deste piloto, percebemos que existia um
caminho positivo e um mercado muito am-
plo para ser explorado, onde a maioria dos
equipamentos do setor era importada”,
recorda Elzir.
A partir da máquina embaladora e sela-
dora, a Maqcon começou a desenvolver
outros produtos e hoje comercializa suas
inovações no mercado do Paraná, Santa
Catarina, São Paulo, Espírito Santo e Mi-
nas Gerais.
A empresa estruturou uma rede de repre-
sentantes, lançou o site www.maqcon.ind.br
e atende pedidos por encomenda. A empre-
sa ainda gera oportunidades para outras
cinco, uma vez que utiliza peças especiais
na produção das máquinas, adquiridas de
fornecedores específicos.
Inovação com apoioPara a sócia e filha do idealizador da em-
presa, Tarsilla Rossetti, a ideia do seu pai,
hoje materializada nos produtos da indús-
tria, é uma demonstração de que a inova-
ção é um diferencial de mercado para as
micro e pequenas empresas.
“As possibilidades de inovar são imensas,
temos um amplo mercado para ser explora-
do; mão de obra que se especializa, com
indicadores positivos; e boas ideias. Para
que as ideias se tornem realidade e os ne-
gócios, sólidos, temos que trabalhar muito
e contar com o apoio de entidades que fo-
mentam a inovação, como o Sebrae, agente
de apoio às pequenas empresas.”
O empresário Elzir sugere até um cami-
nho para às micro e pequenas empresas
que pretendem inovar. “A partir de uma
ideia viável, faça uma pesquisa de mer-
cado. O produto, por exemplo, é vendá-
vel? O que eu vou produzir? Qual é o
meu custo de produção? Tenho bons for-
necedores de insumos? Para quem eu
vou vender? Onde eu vou vender? Como
vou mostrar o meu produto ao consumi-
dor? O valor do produto aliado ao seu
desempenho técnico terá seu retorno
satisfatório para o consumidor? “Anali-
sando todos esses fatores, siga em fren-
te que o seu negócio lhe dará retorno!”,
aconselha.
Tend
ênci
a
44 45
Nicho
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Wagner Rover, empresário
Por Adriana Bonn
O boomdas microfranquias
Elas representam 17% do total de marcas e 4% do faturamentodo segmento, que, no ano passado, foi de R$ 3,7 bilhões
Mer
cado
46 47
O brasileiro é o povo mais empreendedor
do mundo, mas, muitas vezes, sem ter mui-
to dinheiro no bolso, não consegue colocar
em prática o sonho de ter o próprio negó-
cio. Para essas pessoas, as microfranquias
se tornaram a melhor opção, já que exigem
investimento inicial baixo, de R$ 10 mil a R$
50 mil, e garantem retorno rápido e um
bom faturamento mensal aos franqueados.
O Brasil vive o boom das microfranquias há
cinco anos, aproximadamente, e 2012 pro-
mete ser ainda mais promissor para o seg-
mento. Dados da Associação Brasileira de
Franchising (ABF) mostram que em 2011 o
número de microfranquias passou de 213
para 336. Elas representam 17% do total de
marcas e 4% do faturamento do segmento,
que, no ano passado, foi de R$ 3,7 bilhões.
A vice-presidente da ABF, Maria Cristina
Franco, diz que o crescimento é sustentável
e acompanha a economia do País. “O surgi-
mento das microfranquias aconteceu como
resposta ao novo momento econômico do
Brasil, que viu surgir uma nova classe média
e uma sociedade com maior poder de con-
sumo nas classes C e D.”
Existem hoje no Brasil 260 redes de micro-
franquias, que possuem pouco mais de 12
mil unidades espalhadas pelo País. Mais
de a metade das marcas, 54%, estão loca-
lizadas no estado de São Paulo. O Paraná
ocupa o segundo lugar no ranking, com 28
marcas, o que lhe garante 11% de partici-
pação no mercado.
Educação e treinamento são as áreas de
atuação mais comuns (25%); beleza, saúde
e produtos naturais (16%); seguido de ne-
gócios, serviços e conveniência (11%).
Cosméticos e perfumaria correspondem a
9% do total de unidades de microfran-
quias, alimentação e serviços automotivos
7%, escolas de idiomas 6% e limpeza e
conservação 5%.
O que são microfranquiasO mercado divide o setor de franchising em
franquias e microfranquias. A diferença en-
tre elas está apenas no valor do investimen-
to. Enquanto as microfranquias exigem, no
máximo, R$ 50 mil de aplicação financeira
inicial, as franquias podem chegar a cente-
nas de reais, dependendo da marca.
Maria Cristina explica que, independente
de serem pequenas, as microfranquias es-
tão sujeitas, assim como as franquias, às
determinações da Lei nº 8.955/94, chamada
de Lei das Franquias Empresariais.
A microfranquia funciona como uma parce-
ria onde o proprietário de um negócio dis-
ponibiliza para pessoas interessadas o uso
de sua marca comercial, além de todo o seu
know-how e tecnologia para o negócio. Em
alguns casos, os franqueadores chegam a
fornecer os produtos que serão comerciali-
zados pelos franqueados.
A vice-presidente da ABF diz que, embora
as microfranquias sejam a ‘bola da vez’ na
economia, os interessados devem tomar al-
guns cuidados antes de adquirir uma. A pri-
meira orientação é não comprar por impul-
so; se identificar com o negócio e gostar
muito do que vai fazer; ter consciência que
o capital investido é reservado e que não
deverá ser usado para despesas pessoais;
ter suporte de um advogado para verificar a
documentação da empresa e avaliar a visibi-
lidade da marca.
Sacos de papel viram publicidadePublicitário e dono de uma empresa espe-
cializada em mídia direta, a AzDirect, de
Curitiba, Wagner Rover um dia olhou para
um pacote de pão e enxergou nele uma
nova opção de mídia. Em 2010, passou a
produzir sacos de pão de papel que traziam
propaganda publicitária e eram distribuí-
dos gratuitamente em panificadoras da ca-
pital paranaense.
O produto foi tão bem aceito que Rover re-
cebeu vários telefonemas de pessoas inte-
ressadas em levar a ideia para suas cidades.
Foi assim que surgiu a DivulgaPão, uma mi-
crofranquia que, apesar de estar há somen-
te seis meses no mercado, já conta com 22
franqueados em 14 estados, como Alagoas,
Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Ge-
rais, Pará, Paraná, Piauí, Rio Grande do Nor-
te, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa
Catarina, São Paulo e Tocantins.
Diferente do primeiro projeto, que oferecia
apenas um anúncio publicitário, a Divulga-
Pão divide os pacotes de pão em 32 espa-
ços. “Assim garantimos a redução do preço
do anúncio e fazemos com que essa mídia
possa ser usada por empresas de todos os
tamanhos”, explica Rover. Os anúncios cus-
tam a partir de R$ 300 por um espaço e po-
dem chegar a R$ 10 mil para quem quiser
ser o único anunciante.
Quem compra a microfranquia da Divulga-
Pão recebe o direito de uso da marca e todo
o apoio para manter o negócio, como uma
equipe que faz a criação dos anúncios para
cada franqueado da marca, produção e envio
dos pacotes. Em cada leva, são produzidos 30
A microfranquia funciona como uma parceria onde o proprietário de um negócio disponibiliza para pessoas interessadas o uso de sua marca comercial, além de todo o seu know-how e tecnologia para o negócio
mil exemplares que, depois, são doados a 15
ou 20 panificadoras, que, sem qualquer cus-
to, distribuem aos seus clientes.
“Hoje as empresas buscam segmentação,
querem conversar diretamente com seus
clientes. Os empresários de um bairro
querem impactar diretamente as pessoas
que vivem naquela região e não em ou-
tros pontos da cidade. Por isso, os sacos
são trabalhados para regiões específicas”,
diz o publicitário.
Para comprar uma microfranquia da Divul-
gaPão, o interessado precisa desembolsar
em torno de R$ 25 mil. Neste total, estão
incluídos R$ 12 mil, no mínimo, como taxa
de franquia - isso porque o valor vai variar
de acordo com o número de habitantes da
cidade onde a marca será disponibilizada -;
capital de giro e taxa de royalties. Para todo
interessado, Rover faz um alerta: o trabalho
é simples e pode ser muito rentável, mas
depende do empenho do franqueador.
FranqueadoDesde novembro do ano passado, Vinícius
Cardoso, de Volta Redonda, no Rio de Ja-
neiro, é um dos franqueados da Divulga-
Pão. Mesmo trabalhando em uma empre-
Saiba mais
Quer saber mais sobre microfranquias?
Acesse o site da ABFwww.portaldofranchising.com.br
e a revista Pequenas Empresas& Grandes Negócios www.revistapegn.globo.com
Os dois veículos de comunicaçãosempre têm informações atualizadas sobre o tema.
sa de engenharia da família, que tem 23
anos de mercado, ele e a mulher resolve-
ram buscar uma nova alternativa para au-
mentar a renda.
“A construção é um ramo de altos e baixos e
nós queríamos ter outro meio de ganhar di-
nheiro”, conta.
Depois de ler uma matéria em uma revista
de empreendedorismo, Cardoso se inte-
ressou pelo setor de microfranquias. En-
trou em contato com duas marcas que
usavam sacos de pão para anúncios publi-
citários, uma delas a DivulgaPão. Ele diz
que o atendimento que recebeu e a quali-
dade do material disponibilizado aos fran-
queados foram decisivos para a escolha da
empresa curitibana.
Cardoso investiu R$ 20 mil na aquisição da
microfranquia e já espera o início do retor-
no financeiro em abril, dois meses antes do
previsto. “Meti o peito nesse projeto e já
penso em levar a microfranquia para duas
cidades vizinhas a Volta Redonda”, conta.
Para conquistar cada vez mais clientes, o
empresário divulga seu trabalho nas ruas
da cidade e nas redes sociais e, em breve,
deverá distribuir adesivos para carros com
o nome da marca.
O novo momento econômico do Brasil, que viu surgir uma nova classe média e uma sociedade com maior poder de consumo nas classes C e D, criou um ambiente propício para as microfranquias
Microfranquias –tempo de franquia
Até 1 ano
Até 2 anos
Até 3 anos
Até 4 anos
Até 5 anos
Acima de 5 anos
Acima de 10 anos
Acima de 20 anos
Total
15
33
14
11
9
21
19
3
125
12%
26,4%
11,2%
8,8%
7,2%
16,8%
15,2%
2,4%
100%
Início Nº de marcas % Participaçãopor Ano
Base: Recad – associados
48 49
Microfranquias - Ranking por segmento
Educação e Treinamento
Negócios, Serviços e Conveniência
Comunicação, Informática e Eletrônicos
Beleza, Saúde e Produtos Naturais
Escolas de Idiomas
Alimentação
Construção e Imobiliárias
Serviços Automotivos
Cosméticos e Perfumaria
Limpeza e Conservação
Entretenimento, Brinquedos e Lazer
Vestuário
Acessórios Pessoais e Calçados
Móveis, Decoração e Presentes
Hotelaria e Turismo
Fotografia, Gráficas e Sinalização
Livrarias e Papelarias
41
40
35
27
19
18
12
12
11
11
10
7
6
4
3
2
2
260
16%
15%
13%
10%
7%
7%
5%
5%
4%
4%
4%
3%
2%
2%
1%
1%
1%
100%
3.004
1.348
640
1.876
780
902
589
906
1.074
650
65
31
80
57
33
2
48
12.037
25%
11%
5%
16%
6%
7%
5%
7%
9%
5%
1%
0%
1%
0%
0%
0%
0%
100%
Nº de marcas % part. sobremarcas Nº de unid. % part. sobre
unidade
Microfranquias - Ranking por faturamento
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Serviços Automotivos
Educação e Treinamento
Negócios, Serviços e Conveniência
Cosméticos e Perfumaria
Negócios, Serviços e Conveniência
Educação e Treinamento
Bebidas, Cafés, Doces e Salgados
Construção e Imobiliárias
Beleza, Saúde e Produtos Naturais
Escolas de Idiomas
Bebidas, Cafés, Doces e Salgados
Hotelaria e Turismo
Negócios, Serviços e Conveniência
Beleza, Saúde e Produtos Naturais
Beleza, Saúde e Produtos Naturais
Construção e Imobiliárias
Serviços Automotivos
Negócios, Serviços e Conveniência
Beleza, Saúde e Produtos Naturais
Escolas de Idiomas
UNEPX MIL 48HORAS
KUMON
CARTÓRIO POSTAL
LE SÉNÉCHAL PERFUMES
JADLOG
PREPARA CURSOS PROFISSIONALIZANTES
CARRINHO CHOPP BRAHMA
DOUTOR RESOLVE
HOKEN
UPTIME CONSULTANTS - COMUNICAÇÃO EM INGLÊS
AMBEV - QUIOSQUE CHOPP BRAHMA
CLUBE TURISMO
CF CREDFACIL
EMAGRECENTRO
PURIFIC
CENTURY 21
MULTIPARK
SEGURALTA - BOLSA DE SEGUROS
OLIGOFLORA
ALPS
SP
SP
SP
PR
SP
SP
SP
SP
SP
MG
SP
PB
PR
SP
PR
SP
SP
SP
SP
SP
Qtde. Segmento
Segmento
Base: Recad – associados / não associados
Base: Recad – associados / não associados
Marca UF Qtde. Segmento
Base: Recad – associados / não associados
Base: Recad – associados / não associados
Marca UF
Microfranquias - Ranking por unidades
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Educação e Treinamento
Beleza, Saúde e Produtos Naturais
Cosméticos e Perfumaria
Serviços Automotivos
Bebidas, Cafés, Doces e Salgados
Negócios, Serviços e Conveniência
Educação e Treinamento
Construção e Imobiliárias
Bebidas, Cafés, Doces e Salgados
Limpeza e Conservação
Beleza, Saúde e Produtos Naturais
Educação e Treinamento
Serviços Automotivos
Beleza, Saúde e Produtos Naturais
Comunicação, Informática e Eletrônicos
Escolas de Idiomas
Negócios, Serviços e Conveniência
Escolas de Idiomas
Negócios, Serviços e Conveniência
Negócios, Serviços e Conveniência
kumon
hoken
le sénéchal perfumes
unepx mil 48horas
carrinho chopp brahma
jadlog
prepara cursos profissionalizantes
doutor resolve
ambev - quiosque chopp brahma
washtec tingimento
purific
pet cursos franchising
multipark
emagrecentro
mctel
alps
seguralta - bolsa de seguros
uptime consultants - comunicação em inglês
costura do futuro
cartório postal
SP
SP
PR
SP
SP
SP
SP
SP
SP
MG
PR
PR
SP
SP
SP
SP
SP
MG
SP
SP
1.655
892
791
514
504
412
380
303
240
238
237
228
218
202
177
156
153
148
143
137
Nº de unids.da rede
Microfranquias - % Participação por Estado/sede
1º
2º
3º
4º
5º
6º
7º
8º
9º
10º
11º
12º
13º
14º
15º
16º
17º
SP
PR
RJ
MG
RS
SC
PE
CE
AL
BA
ES
DF
GO
PB
MA
MS
RN
141
28
19
17
14
10
7
6
3
3
3
2
2
2
1
1
1
260
54%
11%
7%
7%
5%
4%
3%
2%
1%
1%
1%
1%
1%
1%
0,4%
0,4%
0,4%
100%
Posição UF Nº de marcas % Part. por UF
50 51
Compras públicas
Foto
: Ro
dri
go
Cze
kals
ki/L
a Im
agen
Manoel dos Reis, empreendedor individual
Formalizado,chaveiro vence licitação
Aposentado, Manoel dos Reis decidiu continuar no mercadode trabalho e, para isso, se formalizou como empreendedor individual
Por Giselle Ritzmann Loures
Cap
acit
ação
52 53
Depois de trabalhar décadas no setor da
construção civil, Manoel dos Reis se apo-
sentou. Aos 61 anos, insatisfeito com o va-
lor pago pela aposentadoria e com ânimo
para continuar, decidiu investir em uma
nova atividade para complementar a ren-
da. A escolha foi atuar como chaveiro, em
Telêmaco Borba, centro-sul do Paraná.
Sem experiência na área, Seu Manoel bus-
cou informação. Na internet, o empreen-
dedor encomendou um DVD com o passo
a passo para aprender a produzir cópias
de chaves e, também, comprou uma má-
quina para dar início ao negócio, que co-
meçou na informalidade.
Em uma conversa com um funcionário
da Prefeitura Municipal, Seu Manoel fi-
cou sabendo que era possível prestar
serviço ao poder público. Porém, para
isso, ele precisava legalizar seu peque-
no empreendimento.
Interessado na possibilidade, ele foi até
a Sala do Empreendedor, instalada em
Telêmaco Borba, para prestar atendi-
mento na formalização de empreende-
dores e orientações sobre a gestão de
pequenas empresas. O espaço foi criado
para atender a uma das determinações
previstas no Estatuto Nacional da Micro-
empresa e Empresa de Pequeno Porte,
também conhecido como Lei Geral da Mi-
cro e Pequena Empresa, e conta com o
apoio do Sebrae/PR.
Na Sala do Empreendedor, o aposentado foi
atendido pela agente de desenvolvimento
local Gilda Maria de Paula Rocha, profissio-
nal treinada para monitorar as atividades no
local e prestar atendimento à comunidade
empresarial. “As orientações que recebi na
Sala do Empreendedor foram muito impor-
tantes e a Gilda me explicou todo o processo
de formalização”, lembra Seu Manoel.
A consultora do Sebrae/PR, Sandra Tru-
jillo Costa, afirma que idade não é impe-
dimento para quem quer empreender.
“Todos os dias, no Sebrae/PR, auxilia-
mos empreendedores que, mesmo apo-
sentados, viram empresários e possuem
energia, vitalidade e capacidade para
iniciar novos negócios. O Seu Manoel é
um exemplo típico. A cautela é sua ca-
racterística mais forte. Assim como ele,
vários empreendedores procuram infor-
mações e é nesse momento que o Se-
brae/PR, junto com o futuro empresá-
rio, planeja o empreendimento.”
A consultora orienta que o processo de
planejamento de uma micro ou pequena
empresa deve ser constante. Segundo
ela, analisar a viabilidade da empresa,
como obter acesso a financiamentos,
controlar contas e pagamentos, partici-
par de licitações e planejar vendas são
itens fundamentais para o sucesso dos
pequenos negócios.
“O Sebrae/PR quer que outros empreende-
dores individuais e empresários de micro-
empresas participem de licitações públicas,
para que cada vez mais tenhamos nos muni-
cípios o ambiente favorável para o fortale-
cimento e criação de novos empreendimen-
tos”, ressalta Sandra Trujillo Costa.
Formalização gera negóciosA atividade de chaveiro é uma das mais
de 400 que se encaixam na categoria do
Empreendedor Individual, figura jurídica
instituída pela Lei Complementar 128/08
que alterou o dispositivo da Lei Geral.
Com o Empreendedor Individual, mais de
2 milhões de empreendedores já saíram
da informalidade, em todo o Brasil, des-
de a entrada em vigor da legislação, em
julho de 2009.
No Paraná, são mais de 110 mil empreende-
dores individuais, que passaram a ter aces-
so a uma série de benefícios, entre previ-
denciários e fiscais. Com a formalização e a
possibilidade de emitir nota fiscal, esses
novos empresários ganharam uma carteira
de identidade empresarial com o Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).
“Formalizado, participei de uma licitação
da Prefeitura para a prestação de serviços
de chaveiro e ganhei. Meu contrato é de
um ano e pode ser prorrogado por mais
cinco anos. Com a minha empresa, tive a
oportunidade de ganhar uma licitação e es-
tou muito feliz”, comemora Seu Manoel.
Com a aprovação da Lei Geral, o acesso ao
mercado de compras públicas ganhou um
tratamento diferenciado. Pela legislação,
que traz um capítulo específico sobre
compras governamentais, empreendedo-
res individuais, micro e pequenas empre-
sas passaram a ter incentivos para partici-
par em processos de licitação, de uma
maneira mais competitiva, com médias e
grandes empresas.
“A Prefeitura tem bastante serviço. Com a
volta das aulas, eu acredito que essa pro-
cura pelo serviço de troca de fechadura e
cópias de chaves vai aumentar nas esco-
las”, observa otimista.
Formalizados, empreendedores podem participar de licitações públicas, um nicho de mercado que passou a ser melhor explorado com a Lei Geral
Saiba mais
Mais informações sobre formalização:
Portal do Empreendedorwww.portaldoempreendedor.gov.br
Mas não é só possibilidade de vender
para o poder público que anima Seu Ma-
noel. “A minha meta é me aperfeiçoar
cada vez mais. Tenho uma máquina para
fazer um tipo de chave e quero comprar
outro equipamento, para chaves com
chip. Com a minha empresa formalizada,
posso, inclusive, fazer um empréstimo no
banco, com juros mais baixos”, avalia o
empresário.
A partir de 2012, passou a valer a nova
faixa de enquadramento para empreen-
dedores individuais. Com a iniciativa do
governo federal, a expectativa é que au-
mente a base de empreendedores que
podem optar pela modalidade. Com a
nova regra, o limite para o Empreendedor
Individual passou de R$ 36 mil, ao ano,
para R$ 60 mil.
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Prêmio
Mulheresdeterminadas
Elas, que participam cada vez mais da política e dos negócios,são protagonistas de histórias inspiradoras de empreendedorismo
Por Cleide de Paula e Giselle Ritzmann Loures
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A dúvida sobre qual carreira seguir desa-
pareceu quando Juliana Sanches, aos 17
anos e prestes a prestar o vestibular, assis-
tia a uma das edições do Programa Peque-
nas Empresas, Grandes Negócios, veicula-
do nacionalmente aos domingos, pela
Rede Globo. Apaixonada por patinação
desde a infância, até aquele momento, a
atleta, que foi campeã brasileira e pan-
americana, não sabia se deveria investir
em seu sonho.
Porém, ao conhecer a história de um enge-
nheiro que largou uma sólida carreira para
trabalhar confeccionando pipas, veiculada
no programa, não pensou duas vezes e dis-
se para si mesma: “se ele pode viver de pi-
pas, poderei viver de patinação”.
O relato de como surgiu a Dancing Patina-
ção, escola com sede em Londrina, venceu
a etapa estadual do Prêmio Sebrae Mulher
de Negócios na categoria Pequenos Negó-
cios. O concurso, desde 2004, reconhece
histórias de mulheres que encontraram no
empreendedorismo uma fonte de renda e
de transformação social.
A entrega do Prêmio ocorreu em Curitiba,
em março, durante cerimônia realizada na
sede do Sebrae/PR na Capital. A história da
empreendedora de Londrina também foi re-
conhecida na etapa nacional do Prêmio. Ju-
liana levou o troféu prata em sua categoria.
Juliana conta que está envolvida com pati-
nação há 40 anos. Mudou-se para Londrina
em 1989, atuou como professora em um
Clube da cidade, por seis anos e abriu a es-
cola em 1995, com o apoio do marido e do
sogro. “Aquela história das pipas, para
mim foi um presente e um estímulo para
eu buscasse o que realmente eu gostava
de fazer. Hoje, sou extremamente feliz
com que eu faço. Da mesma forma de uma
história me motivou lá trás, também quis
repassar minhas experiências para outros.
O Prêmio é um banho de autoestima e
algo inspirador.”
A empresária lembra que seu principal desa-
fio como empreendedora foi tomar a deci-
são de deixar de ser empregada para tornar-
-se empresária “porque a carga de trabalho
é bem intensa. No mundo dos negócios, é
preciso equilíbrio para juntar o sonho com o
real. A lição que deixo é ter a cabeça nas es-
trelas, mas os pés no chão”, aconselha.
Em 2011, a Dancing Patinação chegou a
ter 360 alunos. A empresa recentemente
transformou-se em uma franquia e já con-
ta com uma franqueada em Londrina. Nes-
se modelo, uma professora de patinação
vai onde os alunos estão.
A consultora do Sebrae/PR, Simone Millan,
diz que a capacidade de superar desafios e
a persistência são características comuns
às mulheres empreendedoras. Segundo
ela, outro ponto que chama atenção é o
fato dos negócios criados por mulheres
surgirem mais por necessidade do que por
oportunidade.
“As histórias mostram que as empresárias
nem sempre acertam na primeira vez. Em
geral, cometeram erros de gestão e têm
alguns contratempos, mas logo levantam.
A trajetória dos negócios está intimamen-
te ligada às histórias de vida pessoal. Den-
tre os desafios enfrentados, elas citam, o
enfrentamento de resistência e de pre-
conceitos, inclusive, dentro de suas pró-
prias famílias.”
SuperaçãoA história empreendedora de Giane Bor-
ges, também vencedora da etapa parana-
ense do Prêmio Sebrae Mulher de Negó-
cios, só que na categoria Negócios
Coletivos, começou a ser escrita há mais de
dez anos. Diante das dificuldades, ela se
viu obrigada a buscar uma alternativa para
sustentar a família. Natural de Curitiba, de-
cidiu morar com o irmão, em Araucária.
De família pobre, encontrou na reciclagem
de materiais uma esperança. Hoje, é presi-
dente da Reciclar – Associação dos Catado-
res de Materiais Recicláveis, responsável
pela separação, enfardamento e comercia-
lização de materiais recicláveis provenien-
tes da coleta seletiva do município.
A atividade é realizada por meio de um
termo de parceria técnica, firmado entre a
Associação e a Prefeitura de Araucária.
Toda a renda obtida com o trabalho é re-
partida entre os associados.
“Com o Prêmio, tivemos a oportunidade
de, alguma maneira, contar nossa história.
Tenho muito orgulho de ser presidente da
Associação, porque dali vem não só o meu
sustento, mas o sustento de 38 famílias.
Hoje, eu sou vista como uma liderança e
gostaria muito que a associação crescesse.
A nossa conquista é de todos”, diz Giane
Borges, que, nacionalmente, também foi
reconhecida com o troféu bronze do Prê-
mio Sebrae Mulher de Negócios.
Para a consultora do Sebrae/PR, Virginia
Allgayer, a conquista da presidente da Re-
ciclar foi a coroação de um trabalho. “Ela
é um exemplo de superação, que, ao ficar
sozinha e tendo que cuidar dos filhos, en-
controu uma saída. É o reconhecimento
de um esforço diário”, avalia a consultora
do Sebrae/PR. Giane Borges, empreendedora
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A capacidade de superar desafios e a persistência são características comuns às mulheres empreendedoras
Giane lembra que, ao se mudar para Arau-
cária, ela observou que uma senhora pas-
sava sempre em frente à sua casa. Curiosa,
ela perguntou qual era a sua atividade.
“Ela me explicou que seu sustento vinha
do que ela catava nas ruas e que participa-
va de uma associação de catadores”, diz.
Foi dona Ivani que, além de ensinar Giane
a atividade de catadora, a levou em uma
reunião da associação.
“Eu fui e posso dizer que ela foi muito im-
portante para que eu pudesse aprender a
tirar o sustento dos meus filhos do lixo. Foi
uma decisão difícil, pois eu tinha vergonha
de ser uma catadora. O que minha família
acharia de tudo isso?”
Segundo Giane, ela teve apoio dos cata-
dores, que a acolheram na Associação.
Quando ela foi à primeira reunião, a enti-
dade ainda era informal. A formalização
só veio em 2001.
“Antes da formalização, já sabíamos que
seria necessária uma estrutura. A Prefeitu-
ra de Araucária, que sempre nos apoiou,
cedeu um barracão no Bairro Tupi. Fica-
mos lá de 2000 até 2010. Nessa época, fa-
zíamos reuniões quinzenais e éramos em
uns 25 associados. O espaço ficou peque-
no e novamente os associados pediram
ajuda para a Prefeitura, com o intuito de
conseguir uma estrutura maior.”
Após alguns meses, a nova sede foi con-
quistada. “Quase não acreditamos. Essa
nova estrutura, que foi conseguida pelo es-
forço da Prefeitura em buscar os recursos
financeiros, permitiu aumentar a produtivi-
dade, pois temos cinco prensas, dois eleva-
dores e duas esteiras, o que permite traba-
lhar com as seis toneladas que recebemos
por dia”, avalia a presidente da Reciclar.
De acordo com Giane, a Associação é res-
ponsável por tirar cerca de por mês de 60
a 70 toneladas de material, por mês, que
sai da natureza. Hoje, 38 famílias garan-
tem o seu sustento graças ao trabalho rea-
lizado na Reciclar.
PrêmioCom o mote “Sua trajetória pode abrir ca-
minho para milhares de outras mulheres”,
a edição 2011 do Prêmio Sebrae Mulher
de Negócios, cuja divulgação das premia-
das só acontece no ano subsequente, re-
cebeu mais de 3,6 mil inscrições em todo o
Brasil. No Paraná, a premiação contou com
283 inscrições e 20 finalistas concorreram
à premiação estadual.
A consultora do Sebrae/PR e coordenado-
ra estadual do Prêmio Sebrae Mulher de
Negócios, Ammanda Macedo, diz que as
inscrições registradas no Prêmio foram
significativas, porque são histórias que
servirão de inspiração para outras mulhe-
res empreendedoras. “A representativida-
de feminina, na direção de entidades em-
presariais e na política, é cada vez maior.
Prova de que somos determinadas e que
estamos conquistando espaço”, afirma a
consultora. (Colaborou nesta reportagem o
jornalista Leandro Donatti)
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Juliana Sanches, empresária
Ammanda Macedo,consultora
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Saiba mais
Acesse:www.mulherdenegocios.sebrae.com.br As inscrições para mais edição já estão abertas e seguem até o dia31 de agosto de 2012.
Quase 300 mulheres empreendedorasdo Paraná inscreveram-se para o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, edição 2011
As finalistasdo Prêmio Sebrae Mulher de Negócios
Elisabethe Dalazoanna Bittencourt
Marie Sakamoto Nishio
Elizangela de Paula Kuhn
Giane Marisa Borges
Angela Maria Sfendrych
Categoria Pequenos Negócios
Maria Lucia Silveira
Elisângela Miximiano Lizotti de Moura
Juliana Bicalho Sanches
Angela Faria da Silva Munhoz
Luciane Bertão Kayukawa
Gracia Aparecida da Silva Crescêncio
Hilkka Tellervo Ewert
Roseli Dreissig Morgenstern
Viviane Cristina Dalmas
Marcia Cristhina Teixeira
Vera Lucia Scanagatta de Oliveira
Sandra Soto Ruiz
Marise Damke
Joseffah Barros Genez
Marli Aparecida Alberti
Atelier Lucinha Silveira (Cascavel)
Passiphlora Farmácia de Manipulação (Londrina)
Dancing Patinação (Londrina)
Atacadão da Indústria (Maringá)
Casa das Cortinas (Apucarana)
Estilinho (Alvorada do Sul)
Restaurante Bauernhaus (Palmeira)
Demorgan (Maringá)
Farmácia Viviane (Cambé)
Pequeno Anjo (Cascavel)
Catarinense Garden Center (Cascavel)
Pede Gás e Água (Maringá)
Damke Móveis (Itaipulândia)
Judith Cabelereiro e Estética (Londrina)
Essência do Sabor Pães e Doces (Guarapuava)
Categoria Negócios Coletivos
ATIART – Associação Tibagiana de Artesanato (Tibagi)
Artesanato Santo Antônio – Associação de Artesanato Santo Antônio (Maringá)
ACIFI – Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Foz do Iguaçu)
Reciclar – Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis (Araucária)
Ryo & Mar – Associação dos Curtidores Artesa-nais de Pele de Peixe Ryo & Mar (Guaratuba)
Ela está em toda parte, nas empresas de
todos os portes, sofisticadas, técnicas,
canteiros de obras, ‘chão de fábrica’ – daí o
nome, nas universidades, nas famílias, na
vizinhança, entre amigos e inimigos e,
principalmente, no ambiente governa-
mental. Ela corre solta entre os políticos,
que a alimentam e usam como arma torpe
contra os seus desafetos.
É a rádio-peão, o falatório, o disse-me-dis-
se, o dizem a boca-pequena, ouvi dizer não
sei de quem, mas é a mais pura verdade
que… Boatos e maledicências andam céle-
res e tal qual a velha brincadeira infantil
do “telefone sem fio”: começam de um
modo, logo são desvirtuados e chegam to-
talmente diferentes das suas versões ori-
ginais ao final da linha. Aí é que está o pe-
rigo, já saem deformados de nascença e
viram monstros ao passar de um ouvido
para o outro.
Difícil saber quem começa a espalhar um
boato, pois fofoqueiros existem em todos
os ambientes. A característica do seu com-
portamento é previsível. Eles sempre sa-
bem das coisas, juram que a fonte é fide-
digna, não se dão ao trabalho de checar a
origem e a veracidade do fato, simples-
mente repassam o que ouviram de forma
deturpada sem perceber o estrago que
causam à imagem da empresa.
As pessoas adoram a rádio-peão, princi-
palmente as do escalão mais baixo das
hierarquias. Os motivos da sua existência
são vários, quase todos calcados nas nos-
sas inseguranças e fraquezas: é o medo
da perda do emprego, o ressentimento
por uma promoção não merecida, uma
vingancinha do chefe autoritário e a per-
da de privilégios. Ela retrata a fragilidade
dos relacionamentos humanos mal admi-
nistrados, alimenta-se da inveja, da mal-
dade, expõe vilania, covardia e, muitas
vezes, é apenas ingenuidade.
Uma das formas mais práticas para ate-
nuar fofocas é promover o contato pes-
soal do “chefão” com o resto da turma,
para os devidos esclarecimentos. Prepa-
re um café da manhã ou um happy-hour
para expor os assuntos da maneira mais
transparente possível. Criado o ambien-
te, procure fazer com que apareçam per-
guntas sobre os comentários que estão
circulando na empresa.
Algumas questões precisam ser direciona-
das para fazer vir à tona os assuntos mais
maldosos. Manter, de tempos em tempos,
encontros constantes, entre alguns fun-
cionários, escalonados, e a alta direção,
para esclarecer o que está acontecendo na
empresa e explicar seus rumos, ajuda a di-
minuir a força dos boatos. Jamais subesti-
me o poder da fofoca e da maledicência
Rádio-peão – não dê ouvidosà maldade alheia Eloi Zanetti
é consultor e palestrante em Marketing, Comunicação Corporativa e Vendas.Acesse www.eloizanetti.com.br
Artigo
Por Eloi Zanetti
em promover estragos, esteja atento e
não as deixe crescer.
A forma mais brilhante que já vi sobre
como acabar com a rádio-peão foi a música
“Disseram que voltei americanizada”, in-
terpretada por Carmem Miranda, respon-
dendo, na própria rádio, ao povo que co-
meçou a falar mal dela, depois que voltou
dos Estados Unidos. Sua resposta é um pri-
mor de comunicação bem-feita. Mostrarei
algumas partes do texto, que virou música
de sucesso: “Disseram que eu voltei ameri-
canizada… Com o burro do dinheiro, que
estou muito rica. Que não suporto mais o
breque de um pandeiro… E corre por aí
que ouvi um certo zum-zum… que já não
tenho molho, ritmo, nem nada… Mas pra
cima de mim, pra que tanto veneno?” E vai
terminando a música com uma fina ironia,
a arma dos inteligentes.
Ao perceber notícias ruins e mal-intencio-
nadas correndo dentro da empresa, cabe,
na maioria das vezes, ao comunicador, ate-
nuá-las. Empresas que trabalham de forma
profissional e competente os seus assun-
tos de comunicação interna sofrem menos
deste mal. A transparência da comunica-
ção, a agilidade em expor fatos e esclare-
cer situações inibe o surgimento de boa-
tos, não deixando campo propício para
falação descabida.
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‘Sementes’ do otimismo
Grupo de produtores rurais descobre que trabalho coletivo na agricultura orgânica pode trazer mais saúde e renda para famílias
Por Juliana Dotto
Hortas comunitárias
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Valdirene e Edinaldo José Proença, empreendedores rurais
Edson Braga, consultor do Sebrae/PR
O projeto de estufas agroecológicas em Reserva do Iguaçu trouxe união, qualidade de vida e geração de renda para todas famílias envolvidas
Nascidos e criados em Reserva do Iguaçu,
município no interior do Paraná, e casa-
dos há seis anos, Valdirene Claudia Motta
Proença e Edinaldo José Proença conhe-
ceram-se ainda no colégio. Ela, estudando
Pedagogia e trabalhando como estagiária
em uma escola do município, e ele, atuan-
do como técnico-agrícola, não imagina-
vam que o conhecimento no campo pode-
ria ajudar famílias a sair da miséria e tirar
o sustento da própria terra onde moram.
“Nunca pensamos em sair daqui. Junta-
mos dinheiro e compramos uma pequena
propriedade para trabalhar com pecuária
de leite. Queríamos mais, mas não tínha-
mos recursos para investir, pois, com a
venda do leite, só dava para se manter”,
conta o casal. Em meados de setembro de
2011, uma parceria entre o Sebrae/PR e a
Prefeitura de Reserva do Iguaçu deu a
oportunidade que faltava para que me-
lhorassem o rendimento e a qualidade de
vida no campo.
“Muito mais do que melhorar a vida de
Valdirene e Edinaldo, o projeto de cons-
trução de estufas agroecológicas começa-
ria a mudar a vida de muita gente”, conta
o consultor do Sebrae/PR e gestor do Pro-
jeto Territórios da Cidadania - Cantuquiri-
guaçu, Edson Braga da Silva. Hoje, são 25
estufas distribuídas em duas comunida-
des rurais do município, de Santa Luzia e
Faxinal Soares, melhorando a qualidade
de vida de famílias carentes. E, pelo co-
nhecimento de plantio e cultivo, as mudas
que abastecem todas as estufas saem da
propriedade do casal.
“Temos um cronograma de plantio para
que não falte nenhum produto”, diz Valdi-
rene Proença. “Meu plano já era trabalhar
com estufas, mas não tinha como fazer. O
projeto veio em boa hora e o legal é que
todo mundo ajuda, desde a armação, irriga-
ção até a cobertura da estufa. São mais ou
menos seis pessoas para erguer uma estu-
fa. No último feriado de Finados, por exem-
plo, conseguimos reunir mais de 30 pesso-
as das comunidades para ajudar a fazer as
estufas. Hoje, plantamos tomates, rabane-
tes, beterrabas e outros. Tudo de maneira
coletiva”, reforça Edinaldo Proença.
A inspiração para o projeto, comenta Ed-
son Braga, veio a partir da implementação
do Sistema de Produção Agroecológica
Integrada e Sustentável (PAIS), em uma
escola rural, há cerca de três anos. “No
processo produtivo do PAIS não se usam
fertilizantes sintéticos ou agroquímicos e
os produtores são treinados para darem
início à produção de alimentos orgânicos.
A horta é circular, abriga um galinheiro no
centro, e os canteiros são irrigados por
gotejamento. A área de compostagem su-
pre a necessidade de adubação do que é
plantado e ainda há um tipo de quintal,
também circular, destinado ao plantio de
frutas ou grãos”, explica.
Nas propriedades de Santa Luzia e Faxinal
Soares, a estrutura do PAIS foi adaptada e,
no lugar da horta circular, foram construí-
das estufas de 7x25 metros. “O principal
objetivo de levar as estufas às famílias era
auxiliar no desenvolvimento, para que sa-
íssem da extrema pobreza e passassem a
empreender”, declara o prefeito de Reser-
va do Iguaçu, Sebastião Campos. “Antes, a
maioria dessas famílias vivia de ‘bicos’, do
extrativismo ou nas carvoarias. As estufas
trouxeram uma perspectiva de vida mais
saudável e melhoraram a renda familiar”,
considera o prefeito.
Além de saúde e renda, acrescenta Sebas-
tião Campos, poder trabalhar com a pro-
dução nas estufas trouxe otimismo e en-
tusiasmo para as famílias. Foi o que
aconteceu com Alvino dos Santos de Oli-
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veira e Ivanil Fátima da Cruz Oliveira. “An-
tes a gente vivia de ‘bicos’, agora ficamos
aqui, empenhados, na horta. Antes não
tínhamos salada para comer, agora a gen-
te come o que está plantando e, com a
venda dos produtos, também podemos
dar um futuro melhor para nossos filhos.
Nosso pensamento é fazer dessa, mais
duas estufas”, comemoram.
Alvino e Ivanil têm quatro filhos, entre 16
e dez anos de idade, que também ajudam
a produzir na estufa. “Plantamos pepino,
tomate, alface, brócolis, beterraba. E os
filhos também ajudam e aprendem a
plantar junto com a gente. Antes a renda
era difícil de contar, porque às vezes ti-
nha trabalho, às vezes não. Com a estufa,
temos a venda certa. Já conseguimos
contar com uns R$ 500 a R$ 600 por mês.
E sem ter que sair de casa pra arrumar
serviço”, enumera Ivanil Oliveira.
Esforço coletivoAlém da ajuda do casal, Valdirene e Edi-
naldo Proença (que preparam as mudas
para o plantio nas 25 estufas agroecoló-
gicas), as famílias contam com a ajuda
contínua de um técnico da Prefeitura,
João Fernando Nunes, e mais dois consul-
tores credenciados do Sebrae/PR, Ana
Maria Ferreira Ribas e Dimorvan Antônio
Santos. “Os três estão sempre em conta-
to com as famílias, ajudando e dando su-
porte no que for preciso”, afirma Edson
Braga, do Sebrae/PR.
Segundo João Fernando Nunes, a grande
maioria das estufas está em famílias as-
sentadas em terrenos da Prefeitura Mu-
nicipal. “Essas famílias não tinham onde
morar e a Prefeitura fez uma seleção para
que houvesse o repasse dos lotes. A
maioria desses assentados não tinha op-
ção de renda e estava com a terra há mui-
tos anos. O projeto das estufas trouxe
união, qualidade de vida e geração de
renda para todas”, aponta.
“No assentamento, cedido pela Prefeitura
à comunidade de Santa Luzia, por exem-
plo, são 22 lotes pequenos que têm em
média 0,5 hectares. Bem abaixo dos módu-
los familiares da região, que são de 15 hec-
tares. Encontrávamos, nas propriedades,
problemas com a fertilidade do solo e fal-
ta de água, além de famílias em situação
de vulnerabilidade. Para trabalhar com as
estufas, também foi preciso melhorar o
solo e capacitar as famílias para a produ-
ção”, relata Dimorvan Antônio Santos.
Alvino dos Santos de Oliveirae Ivanil Fátima da Cruz Oliveira, empreendedores
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DestinoDe acordo com Ana Ribas, 25% da produ-
ção nas estufas estão destinados à me-
renda escolar. “Inicialmente, o destino da
produção é para o consumo próprio, vi-
sando à segurança alimentar e nutricional
dessas famílias. O excedente é comercia-
lizado na comunidade e destinado para os
Programas de Aquisição de Alimentos
(PAA), Compra Direta e Programa Nacio-
nal de Alimentação Escolar (PNAE) no
município”, assinala.
Se a produção exceder a esses consumos,
os produtos são comercializados numa
parceria com a Cooperativa Mista de Pro-
dução Agropecuária e Extrativista das Fa-
mílias Trabalhadoras Rurais de Pinhão
(COOPERAFATRUP), do município vizinho
a Reserva do Iguaçu, para que sejam en-
tregues em Guarapuava, no PNAE, que
atende 25 colégios estaduais da cidade.
“Além disso, também existe a estratégia
de venda porta a porta nas cidades da re-
gião”, sustenta.
Quanto à rentabilidade, ressalta Dimor-
van, a ideia é agregar, em média, R$ 350 ao
mês por família, com a produção nas estu-
fas. “Até agora, a produção já beneficia
cerca de 100 pessoas diretamente, uma
vez que as famílias têm em média quatro
pessoas. Indiretamente, o número sobe
para 200, contando professores e alunos,
consumidores dos produtos orgânicos na
merenda. Em um ano, a produção nas es-
tufas deve movimentar cerca de R$ 120
mil para a comunidade”, assegura.
Márcia Aparecida dos Anjos e Valdir dos
Santos Oliveira, que também têm a estu-
fa agroecológica na propriedade, ainda
utilizam a horta somente para alimenta-
ção. “Estamos começando o cultivo na
estufa, com alface e almeirão. Mas de
agora em diante, queremos aumentar a
produção para poder vender também”,
planejam. Assim como Márcia e Valdir,
pouco a pouco, as famílias começam a en-
xergar, nas estufas, oportunidade.
“Meu marido trabalha em Pinhão e só
vem pra casa no fim de semana. Sempre
trabalhamos na roça, mas de outras pes-
soas. Agora que temos nosso cantinho e,
com a ajuda da comunidade, já estamos
plantando tomate, pepino e almeirão na
estufa. Assim que der, vamos melhorar a
casa e ganhar um pouco de dinheiro pra
viver melhor”, projeta Ivandir Aparecida
da Cruz que divide o tempo do trabalho
na estufa com as filhas, de 15 e 13 anos,
com as tarefas do lar e a criação de um
bebê, de apenas dois meses.
A inspiração para o projeto veio a partir da implementação do Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), em uma escola rural
Ivandir Aparecida da Cruz, empreendedora
Marcia A. dos Anjos,empreendedora
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Angela Sfendrych, empreendedora
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Reaproveitamento
Considerada lixo, pele de peixe vira couro; beneficiamento gera trabalho e renda para empreendedores no litoral do Paraná
Por Cleide de Paula
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Depois de enfrentar, e superar, desafios
comuns aos pequenos negócios, como a
sobrevivência num mercado altamente
competitivo, a Associação dos Curtidores
de Pele de Peixe Artesanal Ryo e Mar
(ACPRM), fundada em 2008, no município
de Guaratuba, litoral do Paraná, prepara-se
para entrar em uma nova fase.
A meta dos dirigentes é lançar um site na
internet para divulgar o trabalho e comer-
cializar o couro de peixe e as peças
artesanais derivadas da matéria-prima,
como bolsas, bijuterias e outros acessórios.
A presidente da ACPRM, Angela Sfendrych,
acredita que quando o site da Ryo e Mar
entrar no ar, a venda e a procura pela
pele vão aumentar.
“Para isso, teremos que ter uma ou duas
pessoas dedicadas exclusivamente para o
comércio eletrônico. Por sermos uma
comunidade carente, ainda não temos
pessoal capacitado para lidar com essas
questões de informática, mas em breve deve-
remos superar essa deficiência”, acredita.
Outra meta dos dez associados, empreen-
dedores de primeira linha, é conquistar
uma nova sede para o funcionamento da
ACPRM que hoje se encontra instalada em
um imóvel alugado. “Estamos pleiteando na
Prefeitura de Guaratuba a assinatura de um
convênio para que possamos nos mudar de
endereço e também receber apoio para
adquirir equipamentos como uma máquina
de costura semi-industrial e equipamentos
para curtimento artesanal, melhorando
assim nossos resultados”, detalha.
Iniciativa transforma atividade em negócio sustentável, capaz de melhorar a vida de pessoas da comunidade e promover maior consciência ambiental
Retirar, coletar, tratar, transformar e
conscientizar. Desde 2008, esses verbos
são conjugados diariamente pela ACPRM.
A associação surgiu a partir de um curso
de curtimento de couro, realizado em
2006, que teve, entre os participantes,
Angela Sfendrych, proprietária, na época,
de uma papelaria e comércio de embala-
gens na localidade.
A empresária teve a ideia de aproveitar a
pele de peixe que era descartada pelos
pescadores de Guaratuba em lixos comuns
ou no próprio mar. Após o treinamento, a
aluna empenhou-se em aprimorar o méto-
do de curtimento para transformar pele de
peixe em peças de qualidade. O couro de
quase todos os peixes de mar pode ser
aproveitado, como de tilápia, linguado, ro-
balo, corvina e tainha.
O esforço para a regularização ambiental
da atividade e a padronização da qualidade
de produção renderam à entusiasta um
convite para ministrar cursos de curtimen-
to de couro. Ao final da capacitação, ela
e mais quatro participantes, decidiram
transformar a atividade em um negócio
sustentável, capaz de melhorar a vida de
pessoas da comunidade e promover maior
consciência ambiental para os impactos do
descarte irregular.
“O começo não foi nada fácil. As pessoas
da região estavam desacreditadas e não
apostavam nos resultados do trabalho co-
letivo. Para mudar essa mentalidade, foi
preciso muita persistência. Desde o início,
Peças artesanais feitas com couro de peixe
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en
a Associação foi pensada e organizada
como uma empresa na qual o resultado fi-
nal depende da dedicação de cada um. Para
começar as atividades do curtume, os fun-
dadores investiram recursos próprios para
a aquisição de equipamentos e compra dos
insumos necessários”, conta.
A ACPRM é dirigida por um Conselho
Diretor composto por quatro membros:
presidente, vice-presidente, tesoureiro e
secretário. Todas as decisões são tomadas
a partir de reuniões nas quais todos os as-
sociados podem participar e votar. Mesmo
contrariando todos os prognósticos, desde
o início das atividades, a Associação buscou
o licenciamento para o processamento de
efluentes, que foi concedido pelo Instituto
Ambiental do Paraná (IAP).
Dentre as atividades realizadas pela Asso-
ciação estão a limpeza e conservação das
peles, o curtimento e tingimento artesanal,
o acabamento do couro e o tratamento dos
efluentes gerados pelo processo. O méto-
do de curtimento do couro demora cinco
dias para se completar. Nos três primeiros,
é feita a preparação das peles e, nos dois
últimos, o tratamento dos efluentes. O im-
pacto ambiental gerado é mínimo, pois os
reagentes utilizados passam por um trata-
mento dentro do próprio curtume. A práti-
ca garantiu à sociedade o selo de Projeto
Ecologicamente Correto.
A aquisição das peles é feita diretamente
com os pescadores que recebem R$ 2 para
cada quilo do produto vendido. Entre os
sócios, há curtidores e artesãos. Cada asso-
ciado paga uma mensalidade, que, no mo-
mento, é de R$ 30. A soma é utilizada para
pagar as despesas de funcionamento do
curtume. O controle da produção é feito
por documentos que incluem, por exemplo,
a ficha do associado e a ficha de curtimento.
“O custo da energia elétrica é bem alto,
bem como o da locação do imóvel. Os no-
vos associados passam por uma capacita-
ção e devem acompanhar pelo menos dois
processos completos de curtição e de
tratamento de efluentes para estarem ha-
bilitados a conduzir, sozinhos, o processo.
Um associado dedicado chega a ganhar
R$ 500 mensais com a atividade”, assinala
Angela Sfendrych.
Com cinco quilos de pele de peixe, é possí-
vel produzir um quilo de couro. A capaci-
dade produtiva mensal do curtume arte-
sanal de Guaratuba é o processamento de
60 quilos de peles de peixe. O couro de
Com cinco quilos de pele de peixe, é possível produzir um quilo de couro; atividade representa rendimento médio mensal de R$ 500
peixe marinho é vendido por aproximada-
mente R$ 750 - o quilo.
Após quase quatro anos de existência,
Angela Sfendrych avalia que, dentre os
benefícios da Ryo e Mar para a comunidade
de Guaratuba, estão a geração de renda, a
conscientização dos pescadores para os
impactos que o descarte da pele gera no
meio ambiente e a preservação da nature-
za. “Nosso cuidado com o meio ambiente
se dá pela coleta e reaproveitamento dos
resíduos e também pelo tratamento corre-
to dos efluentes gerados pelo processo de
curtimento”, informa.
A presidente destaca que a ACPRM mudou
a vida das associadas, em sua grande maio-
ria mulheres de pescadores. Além de reali-
zação, o trabalho associativo significou
para elas a geração de recursos para com-
plementar a renda familiar e oportunida-
des para conhecer novos lugares no Brasil.
“A primeira viagem que fizemos foi para
Ponta Grossa. Algumas delas não queriam
nem entrar em elevador. Hoje, viajam de
avião para participar de feiras. É uma gran-
de conquista para a autoestima e inclusão
social das mulheres”, conta.
Conquistas
Nos dois últimos anos, a Ryo e Mar vem
ministrando cursos sobre o curtimento da
pele de peixe em diversos estados do
Brasil, como São Paulo, Rio Grande do Sul,
Bahia e Santa Catarina. “Recentemente, ca-
pacitamos três comunidades no litoral de
Itapoá, em Santa Catarina. Para este ano, já
recebemos várias propostas e estamos es-
tudando pedidos”, diz.
A característica sustentável da produção,
que alia a preservação do meio ambiente
com geração de renda às associadas, ga-
nhou reconhecimento nacional. A Associa-
ção Curtume do Couro do Peixe Ryo Mar
recebeu, em São Paulo, o Prêmio Planeta
Casa 2011, na categoria Ação Social.
Apoio
A Ryo & Mar, pioneira no artesanato com
couro de peixe, é uma das organizações
apoiadas pelo Ministério da Integração
Nacional. Também é assistida pelo Conse-
lho Regional de Desenvolvimento Rural,
Pesqueiro e do Artesanato do Litoral Para-
naense (Cordrap), Prefeitura de Guaratuba,
Secretaria Estadual da Família e Desenvol-
vimento Social e Sebrae/PR.
A ACPRM é atendida pelo Sebrae/PR pelos
projetos “Turismo no Litoral do Paraná –
Emoções o Ano Inteiro” e “Competitivida-
de do Vestuário”. A entidade auxiliou a as-
sociação a redigir seu planejamento
estratégico, ministrou capacitações sobre
empreendedorismo e associativismo e
atuou para fomentar o artesanato como
uma atividade ligada ao Turismo.
Além disso, articulou, com parceiros, a rea-
lização de oficinas de design; e, também, o
auxílio à busca por informações de merca-
do para subsidiar a criação de novos produ-
tos no segmento de vestuário, acessórios e
souvenirs. As ações foram passos impor-
tantes no processo de preparação da Asso-
ciação para o crescimento.
Saiba mais
A Associação dos Curtidores de Pelede Peixe Artesanal Ryo e Mar (ACPRM) funciona na Rua Paranavaí, 17,em Guaratuba, no Paraná.
Informações podem ser obtidas peloe-mail: [email protected]
68 69
corporativosFerramentas, cada vez mais utilizadas por empresários, recriam
situações do dia a dia das empresas em ambientes virtuais
Simulação
Por Adriana Bonn
GamesGame Perfil do Empreendedor, desenvolvido pela Ingrupo//CHP para o Sebrae/PR
O uso de games pode ser benéfico para todas as empresas, pois é capaz de auxiliar na aprendizagem, criação de novos processos, troca de informações
Há décadas, as empresas usam jogos para
trabalhar competências e desenvolver
ações motivacionais e de grupo entre os
seus funcionários, mas, nos últimos anos,
essa ferramenta, que antes ficava limitada
a salas fechadas, ganhou um novo forma-
to: o digital.
Os chamados games corporativos, que re-
criam situações do dia a dia das empresas
em um ambiente virtual, já fazem parte de
muitas corporações e estão se tornando
uma tendência mundial.
Cacau Guarnieri, estrategista web, atua há
mais de 13 anos no mercado digital, na
criação de soluções. Ele diz que os games
empresariais são resultado da populariza-
ção do videogame, da explosão dos games
sociais e da chegada a postos de gestão de
profissionais que cresceram envolvidos
nesse universo.
“Tais fatores têm criado dentro das organi-
zações uma demanda crescente pela utili-
zação de games ou dinâmicas baseadas em
jogos que auxiliam no treinamento de pes-
soal de uma forma mais atrativa”, explica.
Segundo Guarnieri, os games corporativos
usam linguagens e processos novos para
atingir, de forma diferente, antigos objeti-
vos ou até mesmo criar outros deles.
Os games simulam situações de negócios
em um ambiente de jogo que permite ao
usuário entrar na pele de um personagem
na tela do computador. Assim, o funcioná-
rio pode praticar suas tarefas quantas ve-
zes precisar sem colocar em risco o negó-
cio e a empresa.
Guarnieri explica que, além de jogos
para o público interno, os games corpo-
rativos também podem ser uma ferra-
menta para a promoção de produtos,
serviços e da marca ou na utilização de
mecânicas para buscar engajamento e
fidelização de usuários na web.
“O uso de games pode ser benéfico para
todas as empresas, independente de seu
tamanho, pois é capaz de auxiliar na apren-
dizagem, criação de novos processos, troca
de informações, marketing, e-commerce,
mapeamento de perfis de empreendedo-
res, entre outros.”
Produção nacionalNo Brasil, os games corporativos ainda são
novidade e despertam a curiosidade dos
empresários, mas em países como Estados
Unidos, Japão, Coréia do Sul e Europa são
bastante difundidos.
A CINQ Technologies, empresa curitibana
especializada em projetos de desenvolvi-
mento de software, design de soluções e
serviços profissionais de Tecnologia da In-
formação (TI), faz parte do grupo de desen-
volvedores de games corporativos no País.
Aldir Oliveira Brandão Júnior, sócio-pro-
prietário da CINQ, explica que os jogos em-
presariais passaram a fazer parte dos servi-
ços oferecidos pela empresa em 2010. O
desenvolvimento acontece sob encomen-
da e a maioria dos clientes está no Brasil.
“Os games corporativos são uma interes-
sante ferramenta de trabalho porque aju-
dam os empresários em várias etapas, como
de diagnóstico e de autoconhecimento, por
exemplo, necessárias para o bom desempe-
nho da empresa”, diz Brandão.
O empresário também destaca outro fator
importante: a possibilidade de atingir um
público amplo, com baixo investimento. O
preço de um game corporativo vai depen-
der do conceito que utiliza.
Os de baixa complexidade custam a partir
de R$ 7 mil, em média, enquanto os de
maior dificuldade de produção, até dez ve-
zes este valor. Mas, segundo os especialis-
tas, o investimento vale a pena.
Foto
: Div
ulg
ação
Cacau Guarnieri, estrategista web
Serv
iço
70 71
Saiba mais
Acesse:
www.ingrupochp.com.br
www.games4b.com.br
www.newzoo.com
Em função da curiosidade que se formou
em torno desse momento de “gamifica-
ção”, o estrategista web Cacau Guarnieri
tem viajado pelo Brasil para fazer palestras
sobre o tema.
Entre seus clientes estão o Sebrae, a
BASF, o Corinthians e a Universidade
Anhembi Morumbi. Para ele, os games
corporativos não são apenas um modis-
mo, mas também não devem ser conside-
rados uma solução milagrosa para desa-
fios corporativos ou de marketing de uma
empresa. “É preciso ter pé no chão.”
Veio para ficarA Ingrupo//chp Propaganda, empresa es-
pecializada em comunicação integrada e
marketing, também desenvolve games cor-
porativos. O diretor André Santocchi expli-
ca que a empresa, instalada em São Paulo,
mas com atuação em todo o Brasil, oferece
games para treinamento e capacitação de
profissionais e para divulgação de produ-
tos. Entre seus clientes, está o Sebrae/PR,
que utiliza games corporativos para apre-
sentar soluções aos empresários.
A Ingrupo//chp trabalha com projetos de
interatividade há dez anos, mas a comer-
cialização dos games corporativos ga-
nhou intensidade nos últimos cinco. San-
tocchi destaca que o aumento da procura
se deve à maior divulgação de informa-
ções sobre os games. “As pessoas estão
conhecendo e sabendo cada vez mais
sobre esses produtos e os benefícios
que podem trazer para as empresas.”
Santocchi diz que os games corporativos
estão ganhando cada vez mais espaço
porque são interessantes, capazes de
treinar pessoas de forma lúdica e intera-
tiva. Além disso, ele acredita que a re-
ceptividade tem relação com identifica-
ção que a nova geração que está
entrando no mercado de trabalho tem
com a tecnologia. Por isso, Santocchi ga-
rante que os games corporativos não
são apenas uma onda e sim uma tendên-
cia que veio para ficar.
Games corporativos, ainda uma novidade em países como o Brasil, tornam-seferramenta de trabalho e melhoram desempenho das empresas
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André Santocchi, empresário
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Trajetóriaempreendedora
Presidente da FIEP diz que, apesar da crise global, economia brasileiracontinua se sustentando e há ainda muito campo para crescer
Edson Campagnolo
Por Mirian Gasparin
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EP
Edson Campagnolo, presidente da FIEP
Espiritualidade, família e trabalho são os
mais importantes valores do ser huma-
no, apontados pelo presidente da Fede-
ração das Indústrias do Estado do Para-
ná (FIEP) e conselheiro do Sebrae/PR,
Edson Campagnolo. Evangélico, a vida
do empresário de 52 anos, que hoje re-
presenta as indústrias paranaenses, não
foi nada fácil. “Todas as pessoas têm
suas dificuldades. Se não contarem com
uma força espiritual, dificilmente conse-
guirão superar as barreiras em qualquer
campo da vida”, destaca.
Campagnolo, natural de Francisco Beltrão,
sudoeste do Paraná, passou a morar em
Curitiba, em 1969, quando tinha apenas
dez anos. Seu pai, motorista de caminhão,
queria que os filhos cursassem boas esco-
las para usufruírem de um futuro melhor.
Aos 14 anos, para ajudar a família, Cam-
pagnolo começou a trabalhar como gar-
çom no extinto Bamerindus. Três meses
depois já estava trabalhando na agência
do banco da família Vieira, localizada no
bairro Portão.
Aos 17 anos, ficou sem pai e irmã, que mor-
reram num acidente trágico. Permaneceu
no Bamerindus até completar 18 anos e
daí deu início à carreira de empreendedor.
“Carrego, no meu DNA, o empreendedo-
rismo. Meus avós, maternos e paternos
também foram empreendedores.”
Em 1978, junto com a mãe, dona Dirce, que
ficara viúva, iniciou a vida empresarial, jus-
tamente pelo conhecimento que ela tinha
como costureira e modelista, prática que
aprendeu sozinha, lendo as revistas de
moda, que seu pai trazia na volta de via-
gens. Assim nasceu a Malharia Campagno-
lo em Curitiba. Como os clientes estavam
no interior, Edson Campagnolo dividia os
dias da semana entre o interior e a Capital.
“Com uma agenda lotada e sem tempo, não
pude cursar uma universidade. Cheguei a
tentar vestibular, mas nem à última prova
pude comparecer”, lembra. O conselheiro
do Sebrae/PR diz que preencheu a falta do
ensino acadêmico fazendo cursos ministra-
dos primeiramente pelo Ceag (então Centro
de Apoio Gerencial) e depois pelo Sebrae.
“Minhas empresas sempre contaram com a
ajuda da consultoria do Sebrae. Aliás, as mi-
cro e pequenas empresas do Paraná têm
no Sebrae/PR um grande aliado para apri-
morar seus negócios, seja através de servi-
ços de consultoria, capacitação de pessoal,
cursos e treinamentos”, enfatiza.
A vida trilhada pelo empreendedor não foi
fácil. Aos 24 anos, Campagnolo casou e foi
morar em Lucas do Rio Verde, em Mato
Grosso. Com o dinheiro da venda da ma-
lharia em Curitiba, para um primo, montou
uma loja de móveis e eletrodomésticos e
abriu uma lanchonete. “De dia trabalhava
na loja e de noite cuidava da lanchonete.
Sueli, minha esposa, e a mãe eram minhas
sócias do negócio, só que elas não tinham
nada a ver com o ramo do negócio.”
Depois de cinco anos no comércio mato-
grossense, Campagnolo vendeu o seu
negócio e acompanhou a mulher a Flo-
rianópolis, Santa Catarina, para um tra-
tamento médico. “O resultado foi positi-
vo e ela conseguiu engravidar do filho
Matheus e depois teve o Thiago.” Na se-
quência, foi para Cascavel, no oeste pa-
ranaense, onde pretendia fixar seus ne-
gócios. Entretanto, depois de sofrer um
sequestro, voltou a Curitiba, onde per-
maneceu por mais dois anos.
No final dos anos 1980, voltou para Capa-
nema, no sudoeste do Paraná, onde parte
da sua família residia, e montou a Indústria
de Confecções Rocamp. Começou com
três colaboradores. Hoje são 330 funcio-
nários. Possui fábricas, além de Capane-
ma, em Santo Antônio do Sudoeste, Pla-
nalto e Itaipulândia.
Em sua trajetória empresarial, Edson Cam-
pagnolo sempre defendeu o associativis-
mo. Foi presidente da Associação Comer-
cial de Capanema, coordenador da
Coordenadoria das Associações Comer-
ciais e Empresariais do Oeste do Paraná
(Caciopar), presidente do Sindicato da In-
dústria do Vestuário do Sudoeste, mem-
bro do Conselho da Federação das Asso-
ciações Comerciais e Empresariais do
Estado do Paraná (Faciap). Em 2003, foi
convidado pelo então presidente da FIEP
Rodrigo da Rocha Loures para o cargo de
vice-presidente da entidade e, no ano pas-
sado, foi eleito presidente da entidade.
Na avaliação de Campagnolo, as políti-
cas públicas implementadas nos últimos
anos contribuíram para ampliar o núme-
ro de micro e pequenas empresas, que
respondem por 99%, em média, do total
das companhias existentes no País.
“Não podemos nos esquecer que o Pa-
raná é o berço do Simples (Nacional).
Políticas de incentivo fiscal e tributário,
do governo, significam dar um fôlego
maior ao empresariado.”
Embora reconheça que existam hoje mais
incentivos e estímulos para as empresas
do que há dez anos, a carga tributária
ainda é muito elevada. “Menos impostos
incentivam o empresário a trabalhar na
formalidade.”
O presidente da FIEP afirma que, apesar
da crise global, a economia brasileira
continua se sustentando e há ainda mui-
to campo para crescer, principalmente
em regiões de baixo Índice de Desenvol-
vimento Humano (IDH).
O líder empresarial faz questão de desta-
car a importância que a FIEP dá às micro e
pequenas empresas do Estado. Como
exemplo, cita o Conselho Temático das Mi-
cro e Pequenas Empresas, que tem como
objetivo contribuir para a elaboração e a
aplicação de políticas relativas ao trata-
mento diferenciado aos pequenos negó-
cios industriais, visando a sua competitivi-
dade e desenvolvimento. Uma das
bandeiras do Conselho é a ampliação do
teto para enquadramento de micro e pe-
quenas empresas. Campagnolo defende
que os tetos sejam revistos periodicamen-
te, levando em conta a inflação.
As micro e pequenas empresas do Paraná têm no Sebrae um grande aliado para aprimorar seus negócios
Per
sona
lida
de
74 75
Sebrae/PR
MPE Brasil
Duas pequenas empresas do Paraná estão
entre as vencedoras nacionais da edição
2011 do MPE Brasil - Prêmio de Competiti-
vidade para Micro e Pequenas Empresas.
São a Megasult, de Francisco Beltrão, na
categoria Serviços, e a Accion – Sistemas
para Excelência em Gestão, de Maringá, na
categoria Serviços de Tecnologia da Infor-
mação. Criada em 1996, a Megasult investiu
na gestão participativa. Conquistou o apoio
de colaboradores, clientes, fornecedores e
parceiros para promover a constante me-
lhoria dos seus processos. Depois de aderir
ao Modelo de Excelência em Gestão (MEG),
da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ),
melhorou a imagem diante do público in-
terno, clientes e da comunidade. A Accion
foi fundada no ano 2000 com foco no aten-
dimento a clientes da indústria. Atualmen-
te, está entre as empresas com maior índi-
ce de crescimento no setor. Depois de
implantar o MEG, o empreendimento pas-
sou a investir maciçamente na capacitação
dos colaboradores, com cursos acima de
200 horas ao ano. A empresa também faz
pesquisas de opinião com os clientes para
adequar os produtos às reais necessidades
do mercado. O objetivo do MPE Brasil é re-
conhecer o empenho de micro e pequenas
empresas na gestão de qualidade, com re-
sultados consistentes, como o aumento da
produtividade e da competitividade.
Duas edições
A partir de 2012, o Paraná Business Collection terá duas edições. As deste ano
acontecem de 26 a 30 de junho e de 6 a 10 de novembro. Realizado pelo Se-
brae/PR e Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), por meio do
Conselho Setorial da Indústria do Vestuário e Têxtil do Paraná, o PBC já teve
cinco edições e está entre os principais eventos do calendário brasileiro da
moda. A mudança deve-se a uma nova estratégia dos realizadores de ampliar
o PBC e consolidá-lo, ainda mais, no cenário nacional e internacional. Para al-
cançar este objetivo faz parte da proposta a abertura do evento também para
marcas de outros estados. Com duas edições, uma com as coleções de verão e
outra de inverno, a agenda de 2012 inclui a realização do Showroom de Negó-
cios apenas na edição de novembro, destacando, assim, o Estado como produ-
tor de moda inverno. Diferencial importante para o varejo de todo o Brasil.
Agentes locais
O Sebrae/PR inicia em 2012 mais um ciclo
do Programa Agentes Locais de Inovação,
que tem como meta elevar a competitivi-
dade por meio da inovação de 3 mil micro
e pequenas empresas de nove segmentos
econômicos - construção civil, comércio
varejista, móveis, agroindústria, metal-
mecânico, vestuário, software , saúde e
turismo - em 39 cidades do Estado. Im-
plantado como projeto-piloto em 2008,
desde então a proposta já atendeu 2.500
empresas e formou mais de 80 agentes
de inovação no Paraná.
Paraná-Barcelona
Representantes do Sistema Fecomércio/PR,
Prefeitura de Curitiba, Sebrae/PR e Institut
Cerdà firmaram em março convênio de co-
operação, com foco na revitalização do co-
mércio, no entorno do antigo paço munici-
pal de Curitiba, e no fortalecimento do
turismo na Capital. O convênio foi assina-
do com a presença do prefeito Luciano
Ducci, durante almoço na sede da Feco-
mércio. Josep Maria Oliveras, Juan Ortiz
Taboada e Ángel Díaz González, do Cerdà,
também cumpriram agenda em Londrina,
em audiência com o prefeito Homero Bar-
bosa Neto, sobre o projeto do Arco Nor-
te; em Maringá, sobre o Centro de Inova-
ção; e em Foz do Iguaçu, no Parque
Tecnológico de Itaipu (PTI) e no Sebrae
CDT-AL. O Cerdà é uma fundação privada
catalã, criada em 1984. Com sede em Bar-
celona, tem expertise em turismo, inova-
ção, infraestrutura e planejamento e rea-
bilitação de núcleos urbanos.
Turismo criativo
Vender um destino turístico em 15 minutos foi o desafio que empresários do setor
encararam durante o 18º Salão Paranaense de Turismo, realizado em março, em
Curitiba. Eles tiveram exatamente este tempo para apresentar as potencialidades e
os atrativos de algumas regiões turísticas do Estado, bem como os produtos e servi-
ços a agentes e operadores de viagem, no Portfolio 15x15. O formato, uma parceria
da Escola de Criatividade, Sebrae/PR e Secretaria de Estado do Turismo (SETU), foi
desenhado para aproximar, de uma maneira inovadora e criativa, fornecedores e
potenciais parceiros compradores. Nas apresentações, além de informações básicas
sobre os destinos e empreendimentos turísticos, os empresários explicaram as van-
tagens e os diferenciais competitivos. A ideia é que, a partir de uma abordagem
simples, porém original, os proprietários de pequenas empresas do setor vendam o
seu ‘peixe’ para o mercado. A realização do Portfolio 15x15 marca o início do Projeto
Turismo Criativo, que pretende trabalhar a questão da criatividade como alternativa
para o desenvolvimento da atividade turística, de uma forma inovadora, fora dos
padrões convencionais e velhos conceitos.
Gir
o pe
lo P
aran
á
Sala do Empreendedor
Empreendedores e empresários de micro e pequenas empresas de Francisco
Beltrão, no sudoeste do Paraná, ganharam um espaço próprio para buscar
orientações sobre formalização, gestão e capacitações. A Sala do Empreen-
dedor, recém-inaugurada, atende a uma das premissas do Estatuto Nacional
da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, também conhecido como Lei
Geral da Micro e Pequena Empresa. Na oportunidade, também foi lançado o
Programa Cidade Empreendedora, para auxiliar na regulamentação e aplica-
ção da Lei Geral. A Sala do Empreendedor, instalada junto à Agência do Tra-
balhador, é resultado da parceria entre o Sebrae/PR, Prefeitura de Francisco
Beltrão, Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Economia Solidária e o
Comitê Gestor da Lei Geral Municipal.
Certificação na saúde
A certificação é um caminho sem volta e os empreendedores que não se adequarem à nova realidade irão perder espaço no merca-
do. Os selos que comprovam a qualidade não se restringem às empresas que comercializam produtos e já alcançou o setor de pres-
tação de serviços, inclusive na área médica. Para atender as necessidades dos pacientes, cada vez mais exigentes e conscientes de
seus direitos, os profissionais do ramo buscam a acreditação, um sistema de certificação da qualidade de serviços de saúde. A
acreditação é concedida pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e tem um caráter educativo e voluntário, voltado para a
melhoria contínua dos serviços prestados na área da saúde, sem finalidade de fiscalização ou controle. Com o objetivo de sensibili-
zar os profissionais da saúde sobre a importância da qualidade nos serviços relacionados à saúde e da certificação do setor, a Asso-
ciação Médica de Londrina (AML), em parceria com o Sebrae/PR, realizou o 1° Encontro Norte Paranaense de Acreditação em Servi-
ços de Saúde. O evento foi destinado para médicos, profissionais de saúde, administradores e gestores, proprietários de
estabelecimentos de saúde e educadores.
76 77
Missão China
O Sebrae/PR, por meio do Global Leadership Program, promove
uma missão empresarial para a China. A viagem tem início no final
de abril deste ano e os participantes retornam ao Brasil em 17 de
maio. O roteiro inclui visitas técnicas a empresas de referência
mundial e a universidades nas localidades chinesas de Guangzhou
(Cantão), Pequim, Shanghai e uma escala em Dubai, nos Emirados
Árabes. Entre os empreendimentos visitados, estão empresas-re-
ferência em seus segmentos. Dentre as quais Embraco, Lenovo,
Baidu (terceiro maior site de busca do mundo, líder na China), Al-
coa, Beijing Auto Works, Vale S.A (antiga Companhia Vale do Rio
Doce), GE, Mac Donalds, Sany (fabricante de máquinas de constru-
ção) e Tencent (maior portal de serviços de internet na China). O
Global Leadership Program faz parte do Sebrae Mais – Programa
Sebrae para Empresas Avançadas, solução voltada a pequenas em-
presas já consolidadas no mercado e em busca do crescimento.
Central de negócios
Empresários de micro e pequenas empre-
sas do ramo agropecuário organizam a
criação de uma central de negócios na re-
gião oeste do Paraná. Com apoio do Se-
brae/PR, Federação das Associações Co-
merciais e Empresariais do Estado do
Paraná (Faciap) e Coordenadoria das Asso-
ciações Comerciais e Empresariais do Oes-
te do Paraná (Caciopar), o grupo reúne em-
presas de 16 municípios da região. A ideia é
utilizar a central como diferencial competi-
tivo em negociações coletivas para com-
pras, ações para comercialização, acesso à
mídia, capacitação de equipes, estratégias
de marketing, entre outras. No oeste do
Paraná, o Sebrae/PR tem um projeto espe-
cífico para trabalhar a formação de cen-
trais de negócio. A constituição da central
de negócios iniciou em meados de feverei-
ro, quando ocorreu um encontro com em-
presários na Associação Comercial e Em-
presarial de Vera Cruz do Oeste (ACIV). Na
oportunidade, foi realizada palestra sobre
associativismo, apresentada a metodolo-
dia do Sebrae para a formação de centrais
de negócios e também assinado o termo
de adesão à nova central.
SGC em pauta
Representantes das Sociedades de Garantia de Crédito (SGC) brasileiras e do Sebrae reuniram-se em Foz do Iguaçu, em março, com
lideranças do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com membros da Confederação Andina de Fomen-
to (CAF). O objetivo do encontro, realizado no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), foi o desenvolvimento de uma proposta de ação
conjunta. Participaram do encontro cerca de 40 pessoas. Além do Paraná, existem SGC em operação e em processo de constituição
nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba e Rio de Janeiro. O BNDES e CAF estudam formas de apoiar as SGC do Pa-
raná e de todo o Brasil. A CAF pode fornecer apoio em questões técnicas, como marco legal e a formação de fundos. Os Fundos de
Contragarantia, por exemplo, são formados por entidades públicas e privadas para fortalecer o Sistema de Garantias no caso de
eventual insuficiência de recursos de algum Fundo de Risco Local. O Fundo de Risco Local é o volume de recursos utilizados para
honrar as garantias prestadas pelas SGC nos casos de inadimplência.
Este projeto foi batizado de SEBRAE/PR
2022, e caracterizou-se como um período
de intensa reflexão para repensar a orga-
nização e prepará-la para os desafios da
sociedade empreendedora do futuro. A
premissa básica de todo o trabalho foi en-
volver nos debates, de forma ampla e ir-
restrita, a comunidade empresarial do es-
tado do Paraná. Na crença do nosso
Conselho Deliberativo, o futuro da insti-
tuição deve ser construído coletivamente,
por representantes da nossa comunidade
empresarial. Assim, com o suporte técnico
da Fundação Dom Cabral, promovemos 15
encontros em todo o Estado, envolvendo
quase 500 lideranças, empresários e cola-
boradores do SEBRAE/PR, que dedicaram
tempo e energia na construção do futuro
da nossa Instituição.
A partir da formulação de cenários e da
análise de macrotendências do ambiente
de negócios, discutimos as formas de atu-
ação do SEBRAE/PR, hoje e no futuro, as
tendências percebidas que exercerão for-
te impacto sobre o ambiente das peque-
nas empresas e elaboramos sugestões e
ideias sobre como enfrentar o futuro que
se desenha, de forma competitiva e sus-
tentável. Como resultado deste amplo es-
Em edições anteriores, neste mesmo espa-
ço, comentei sobre o risco da acomodação
para empresas envolvidas em um ambien-
te de negócios dinâmico como este em que
vivemos nos tempos atuais. A velha postu-
ra do “em time que está ganhando não se
mexe” já não se sustenta mais. Empresas
que busquem elevado nível de competitivi-
dade devem estar atentas, o tempo todo,
ao que acontece à sua volta, a fim de que
possam antecipar tendências e caminhar,
de forma veloz, a um futuro promissor.
Evidentemente, este risco também se faz
presente para uma Instituição como o SE-
BRAE/PR. Nos últimos anos, conseguimos
dar saltos importantes no que tange à
quantidade de pequenos negócios atendi-
dos pelo SEBRAE no Paraná ao mesmo
tempo em que conseguimos elevar o nível
de satisfação de nossos clientes, confor-
me evidenciado em nossas constantes
pesquisas de monitoramento. Entretanto,
temos consciência de que é preciso fazer
ainda mais e com mais efetividade. Assim,
iniciamos no segundo semestre de 2011
uma importante jornada rumo a 2022,
quando o SEBRAE completará, no Paraná
e no Brasil, 50 anos de serviço e apoio às
micro e pequenas empresas.
Artigo
Rumoao futuro
Por Allan Marcelo de Campos Costa
Na crença do ConselhoDeliberativo do Sebrae/PR, o futuro da instituição deve ser construído coletivamente, por representantes da comunidade empresarial
78 79
Allan Marcelo de Campos Costaé diretor-superintendente do Sebrae/PR.Mestre em Gestão Empresarial pela Fun-dação Getúlio Vargas e mestre pela Uni-versidade de Lancaster, Inglaterra, tem MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC Business School, é pós-graduado em De-senvolvimento Gerencial pela FAE/CDE e cursou o Programa de Desenvolvimento de Dirigentes Empresariais do INSEAD, França. Coautor do livro “Electronic Bu-siness in Developing Countries”, possui artigos publicados no Brasil e no exterior, em países como Chile, África do Sul, Rei-no Unido, Holanda, Hungria e Eslovênia. Em 2010, participou, durante dois meses, do Advanced Management Program, da Harvard Business School, em Boston, nos Estados Unidos.
senvolvimento sustentável; ética, valores e
princípios, dentre outras, passam a ser de-
terminantes para o futuro da Instituição e
da comunidade empresarial paranaense.
Na essência, trata-se de uma evolução no
foco: da instrumentalização das micro e
pequenas empresas para o desenvolvi-
mento de empresários de pequenas em-
presas e empreendedores. Assim, os pe-
quenos negócios deixam de ser um fim
em si mesmos e passam a ser o instrumen-
to através do qual empreendedores e lí-
deres empresariais transformarão a so-
ciedade. No entendimento gerado a partir
do projeto SEBRAE/PR 2022, dessa for-
ma, será possível construir, de forma efe-
tiva, um legado para as gerações futuras e
tornar, cada vez mais, o SEBRAE/PR indis-
pensável para a sociedade e para o País.
Ainda temos muito trabalho pela frente.
Nos próximos meses, avançaremos no en-
tendimento desta nova orientação estra-
tégica e desenvolveremos o planejamen-
to das ações necessárias para sua
implementação. E desde já, quero convi-
dá-lo (a) a ser parte deste processo de
transformação. Encaminhe contribuições
e sugestões sobre o tema para o e-mail
Quero assegurar que você seja ouvido (a)
porque tenho certeza que quanto mais
amplo for envolvimento dos empreende-
dores paranaenses neste projeto, maior a
probabilidade de sucesso em nossa jorna-
da, cujo principal intuito é construir um
SEBRAE/PR ainda mais forte e sintoniza-
do com os anseios e necessidades da co-
munidade empresarial paranaense.
forço, foram geradas nada menos que 338
ideias, as quais foram agrupadas em li-
nhas de atuação que deverão orientar a
nossa estratégia futura.
Um dos pontos de maior relevância de
todo este processo foi a definição do foco
estratégico que norteará as nossas ações
no caminho até 2022. O Sistema SEBRAE
como um todo e em particular o SEBRAE/PR
têm trilhado um caminho de consistente
sucesso na sua missão de promover o em-
preendedorismo e o desenvolvimento dos
pequenos negócios. E este histórico de
bons resultados sempre se baseou na ofer-
ta de soluções que permitam aos empreen-
dedores construir negócios sólidos e for-
tes, e aos empresários melhorar a gestão e
a competitividade de seus negócios.
Entretanto, também é inegável que a ve-
locidade das transformações em curso
torna imprescindível uma reflexão sobre o
rumo a ser seguido nos próximos anos. E
esta reflexão, no projeto SEBRAE/PR
2022, teve como ponto de partida a pre-
missa de que a missão do Sistema SEBRAE
é promover transformações na sociedade
a partir do empreendedorismo e dos pe-
quenos negócios. Portanto, se o papel da
instituição é promover transformações, a
questão fundamental é: qual é o agente
elementar de transformação?
Este raciocínio conduziu a uma conclusão
simples, mas de extrema profundidade. O
agente de transformação da sociedade
através do empreendedorismo e dos pe-
quenos negócios não é a pequena empre-
sa, mas sim, o empreendedor. Evidente-
mente, que pela própria natureza da
existência do SEBRAE, os pequenos negó-
cios sempre serão o instrumento a partir
do qual o desenvolvimento deverá aconte-
cer. Mas se queremos transformar a socie-
dade, o agente de transformação a partir
da qual as mudanças ocorrem é o empreen-
dedor. Em outras palavras, é o ser humano
por trás das micro e pequenas empresas.
Assim, o direcionamento estratégico das
ações do SEBRAE/PR deve incorporar, ao
longo dos próximos anos, uma gradativa
ampliação do foco no desenvolvimento e
entrega de soluções que tenham como in-
tuito o desenvolvimento integral do em-
preendedor. Questões como formação de
líderes empresariais; desenvolvimento de
competências duráveis; construção de pro-
pósito e significado; conscientização do
papel do empreendedor na sociedade; de-
Os pequenos negócios passama ser instrumento pelo qual empreendedores e líderes transformarãoa sociedade
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