Revista Tai Chi Brasil - Edição 3 - Jan-Fev - Versão Padrão

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Tai Chi Brasil Revista Edição nº 3 - Janeiro/Fevereiro 2010 - Distribuição gratuita e dirigida www.RevistaTaiChiBrasil.com.br Tarcísio Tatit Sapienza “Liu Pai Lin, O Mestre do Tao” Fernando De Lazzari “A importância de conhecer profundamente a arte do Tai Chi para ensinar” Tai Chi Chuan Estilo Chen

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Revista Tai Chi Brasil Edição nº 3 - Janeiro/Fevereiro 2010 www.RevistaTaiChiBrasil.com.brSumário7 Estilo Chen de Tai Chi - As histórias e experiências de seus praticantes19 Tai Chi Chuan - Família Yang - Forma longa tradicional estilo Yang (Parte III)21 Tai Chi Chuan - 2º Tratado Cheng Man-Ching: compreendendo o oculto e o físico22 Tai Chi Chuan - Princípios - Os 10 princípios de Yang Cheng Fu (Parte III)23 Tai Chi Pai Lin - Liu ai Lin - o Mestre do Tao24 Tai Chi - Estilo Lam Kam - Forma do pequeno círculo (Parte III)26 Tai Chi Chuan - Níveis - Os cinco níveis de habilidade (Parte III) 28 Opinião - A importância de conhecer profundamente a arte do Tai Chi Chuan para ensinar29 Para a Ciência... Efeitos do Tai Chi nos sintomas de fibromialgia31 Aprendendo Chinês Traço a traço: wu shu (arte marcial)32 Neijing Tu - O diagrama das passagens internas do homem

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Tai Chi BrasilRevista

Edição nº 3 - Janeiro/Fevereiro 2010 - Distribuição gratuita e dirigida www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

Tarcísio Tatit Sapienza“Liu Pai Lin,

O Mestre do Tao”

Fernando De Lazzari“A importância de conhecer profundamente

a arte do Tai Chi para ensinar”

Tai Chi ChuanEstilo Chen

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Pratique Tai Chi Chuan!

LOCAIS DE PRÁTICA

Brasil e mundo www.fotoserumos.com/

aipt_locais.htm

João Pedro Sol Sandi7 anos

natural de Caxias do Sul, RSlocal da foto: Praça do Japão

Curitiba, Paraná

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Revista Tai Chi Brasil

revistataichibrasil.com.brCaixa Postal 2233

Curitiba - PR - 80011-970 - Brasil

Edição nº 3 jan/fev 2010

® Todos os direitos reservados

Registro nº 401.197 4° ofício de registro de documentos

editor jornalista responsável diplomado

levis litz - mtb 3865/15/52v pr

colaboraram nesta edição anderson rosa, aparecido de lira,

arthur dalmaso, bill douglas, bruno davanzo, chang yuan chiang, eduardo molon,

eliane cardoso, élen natis, elli nowatzki, estevam ribeiro, fernando de lazzari,

liana netto, marcelo sato, natalia krause, niall o´floinn, tarcisio tatit sapienza

e valesca giordano litz.

agradecimentos adriane smythe, asanga josé cechin, augusto svolenski, begoña javares,

eliabe serafim ferreira, fabio augusto furrier, felim, flávio pontes, francis, gráinne,

karen egan, j. corral, joão pedro sol sandi, john vanko, josé luiz de castro junior,

josé onofre nunes, jussara m. dos santos, luci hayashi, luiza ines wisniewski, marinei gabardo, maureen rabbitt,

moizes torquato, naiana bregolato bossle, padraig higgins, pat doyle, roberto levy,

ronise santiago, soraya lacerda, sérgio (peng lai brasil), vilmar henemann

e wang hai jun.

revisão viviane giordano

contato | publicidade [email protected]

[email protected]

Sumário

Distribuição gratuita e dirigida. A reprodu-ção parcial ou total dos textos é permitida desde que citada a fonte e autoria. Não são de responsabilidade desta revista os artigos de opinião e também as opiniões emitidas em entrevistas e depoimentos, por não representarem, necessariamente, o pensa-mento do editor. Por questões de espaço, objetividade e clareza, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir os textos recebidos. Foto com pouca definição é de responsabilidade do autor. Os exemplares impressos em papel desta publicação serão doados para bibliotecas públicas.

7 Estilo Chen de Tai Chi As histórias e experiências de seus praticantes

19 Tai Chi Chuan - Família Yang Forma longa tradicional estilo Yang (Parte III)

21 Tai Chi Chuan - 2º Tratado Cheng Man-Ching: compreendendo o oculto e o físico

22 Tai Chi Chuan - Princípios Os 10 princípios de Yang Cheng Fu (Parte III)

23 Tai Chi Pai Lin Liu ai Lin - o Mestre do Tao

24 Tai Chi - Estilo Lam Kam Forma do pequeno círculo (Parte III)

26 Tai Chi Chuan - Níveis Os cinco níveis de habilidade (Parte III)

28 Opinião A importância de conhecer profundamente a arte do Tai Chi Chuan para ensinar

29 Para a Ciência... Efeitos do Tai Chi nos sintomas de fibromialgia

31 Aprendendo Chinês Traço a traço: wu shu (arte marcial)

32 Neijing Tu O diagrama das passagens internas do homem

SEÇÕES4 CARTAS6 EDITORIAL17 RÁDIO CORREDOR 25 LIVROS30 PONTO DE VISTA

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CartasRevista Tai Chi Brasil: Caixa Postal 2233, Curitiba - Paraná - Brasil. CEP: 80011-970. [email protected] ou [email protected] questões de espaço, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir mensagens, depoimentos e textos recebidos.

4 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

“Tive a grata surpresa de obter um espaço com informações de quali-dade sobre temas de interesse essencial para todos (creio) aqueles que amam e praticam essa preciosa arte chinesa - O Tai Chi. Fiquei feliz por saber da pu-blicação de uma revista voltada para o tema, inclusive disponível em formato digital. Quero parabenizá-lo pela ini-ciativa da publicação.”

EltonMontes Claros, MG

“Parabéns!!! Maravilha! Gos-tei muito das matérias, Liu Pai Lin... tudo de bom !!! O formato, conteúdo, muito bom.”

Eda MachadoRio de Janeiro, RJ

“Tivemos a satisfação de receber a segunda edição da publicação e estamos procurando divulgar entre aqueles interessados pelo Tai Chi. Continuem firmes!”

Ernani FranklinP/ Grupo Tai Chi Pai Lin

Bahia

Naiana Bregolato Bossle. Praticante de Tai Chi da Alquimia Interna Taoísta. Sistema Mantak Chia.--------------------------------------------------------

Foto

: LL “Acho muito legal a

concretização da Revista Tai Chi Brasil. Eu conheço o Tai Chi a mais ou menos dois anos e sinto falta de informação. Até os livros, a literatura parece ser bem escassa. Que bom que a revista está aí ajudando a divulgar essa grande arte, transmitindo ensinamentos para pessoas como eu que já fizeram o Tai Chi parte de sua vida. Paz e Luz!”

Walter Martinez Weinheb

“Grata pela rapidez em mandar a cópia das revistas. Parabéns, as revistas estão ótimas, gostei muito. Vocês realmente estão contribuindo com essa iniciativa para que a grande família do Tai Chi se conheça melhor.”

Begoña JavaresPetrópolis, RJ

“É maravilhoso saber que agora temos um revista de tamanha qualidade a nossa disposição. Parabéns por esse incentivo, realmente é o que estava faltando. Muito sucesso. Já aguardo ansioso o próximo. Paz!”

Severino da Silva BarbosaRecife, PE

“Revista Tai Chi Brasil. Aproveito a oportunidade para agradecer. Um material realmente precioso. É uma revista feita com muita seriedade e competência. Tenham muito sucesso nesse empreendimento.”

Marinei Gabardo dos SantosCuritiba, PR

“Muito obrigado pela referência ao livro “Tai Chi – Saúde do Ser” nesta segunda edição da Revista Tai Chi Brasil. Ele está

disponível para venda no portal www.tao.org.br. Mas quero principalmente parabenizá-lo e a todos da sua equipe pelo trabalho que iniciaram e certamente terá sempre as bênçãos do Tao e muito êxito. Profundidade, bom gosto, riqueza de conteúdo, difusão de conhecimento, simplicidade, beleza de cores, ... tudo com gosto e cheiro de música e poesia, só a energia do Tai Chi Chuan para tão bem juntar. Parabéns! O Tao agradece e o público leitor também.”

José Milton de OliveiraBrasília, DF

“Só tenho a agradecer por mais este presente seu oferecido a todos que praticam o Tai Chi Chuan, esta revista é o que há de melhor que faltava para todos.”

Marcio ZaqueuProfessor de Tai Chi Chuan

São Sebastião do Paraíso, SP

“Muito obrigado pela pronta atenção. Parabéns pela iniciativa da edi-ção da Revista, que vai ser um sucesso.”

Antonio VilhenaMembro da Federação de

Tai Chi Chuan - Rio de Janeiro

“Anos atrás tive a oportunidade de praticar diretamente com o Mestre Pai Lin e isso me acompanha até agora. Eu estou vivendo na Alemanha e mantenho contato com praticantes da arte do Tai Chi da linha do Mestre no Uruguai e Argentina. Felicito a vocês pelo maravilhoso empreendimento de sua revista, na verdade eu estava esperando que o fato fora um dia realidade em seu país, sabia que tal dia chegaria.”

Miguel CabelloAlemanha

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Cartas

Sérgio. Aluno da Peng Lai Brasil - Artes Marciais Tradicionais Chinesas. São Paulo,SP.--------------------------------------------------------

Foto: Acervo/Élen Natis

Foto: LL

Anderson Rosa. Praticante de Tai Chi Estilo Lam Kam Chuen.--------------------------------------------------------

“A segunda edição da Revista Tai Chi Brasil ficou ótima. A matéria sobre o Grão Mestre Yang Zhenduo foi merecida, pois este grande Mestre é um tesouro vivo e um grande exemplo a ser seguido. Meus parabéns pela excelente qualidade da revista.”

Prof. Fernando De LazzariEQUILIBRIUS

Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental

www.taichichuan.com.brRibeirão Preto, SP

“Venho através deste e-mail elogiar essa revista que me ajudou a entender um bocado de coisas.Tenho 22 anos e comecei a praticar Kung Fu a 5 meses. Meu mestre já começou a me ensinar Tai Chi Chuan, além de outros estilos, e vejo que isso é muito mais sério do que eu imaginava, e como tenho asma as expectativas são grandes para a melhora.... mandei essa revista para ele também e os elogios não foram poucos... então gostaria de agradecer pelo envio da revista e com certeza ficarei atento para as próximas edições. PARABÉNS!”

Anderson de Meneses Floriano

“Fiz a impressão da Revista que está fazendo bastante sucesso em minha academia. Sendo assim, farei sempre uma cópia para deixá-la a disposição dos meus alunos praticantes de Tai Chi e para visitantes.”

Shifu Élen NatisPeng Lai Brasil - Artes Marciais

Tradicionais Chinesaswww.penglai.com.br

São Paulo - SP

“Fiquei encantada com a iniciativa! Sou aluna da Georgia Welp e busquei a revista para ler o artigo dela, mas minha surpresa foi grande ao ver a qualidade das matérias, o cuidado com os temas e o aprofundamento de todo o material e das imagens. Espero que venham muitas e muitas edições!”

Debora LuzPorto Alegre, RS

“Obrigada por esta enxurrada de informações que tão gentilmente compartilha com os outros. Vi no seu livro que foi aluno do prof. Cézar. Foi exatamente assim que comecei o Tai Chi, acho que por volta de 1990, na Padre Machado. Cursei por um ano as aulas de sábado com o prof. Cézar, o assistente Adalberto e a coordenadora Luiza. Naquela época o mestre Pai Lin dava palestras, mas eu ainda não tinha compreendido a real dimensão do Tai Chi e perdi esta grande oportunidade. Anos mais tarde voltei às aulas com o prof. Shioda, discípulo do Pai Lin, a quem muito devo. Há seis anos no interior, alterno períodos em que pratico e estudo sozinha, por isso agradeço todo material enviado que me puxa de volta para meu caminho.”

InêsBom Jesus dos Perdões, SP

“Sou professor de Taijiquan e um dos diretores do IFTB - Ins-tituto de Formação de Taijiquan de Brasília. Aproveito para parabenizá-lo pela excelente contribuição da re-vista Tai Chi Brasil na divulgação e promoção desta arte tão importante para a saúde dos brasileiros.”

Magno BuenoBrasília, DF

“Sou aluno e instrutor de Tai Chi Chuan do Prof. Márcio Luiz Zaqueu, aluno do Mestre Chan Wan San na qual a revista Tai Chi Brasil trouxe uma matéria sobre sua trajetória dentro das artes marciais. Vocês estão de parabéns pelas matérias apresentadas. É uma fonte rica de informações, que impulsionará cada vez mais a prática desta arte marcial que está crescendo cada vez mais no Brasil e no mundo. Que Deus ilumine a todos.

Alexandre

--------------------------------------------------------Mande seu comentário, sugestão,

fotos, opinião e depoimento. Participe, escreva pra gente!

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6 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

Editorial Praticar Tai Chi é bom, mas de que forma? O Tai Chi Chuan (Tai Ji Quan), apesar da sua popularidade, até mesmo hoje em dia ainda costuma ser visto como uma “ginástica light” para idosos. É irrefutável que sua prática regular proporciona benefícios para a saúde a todos aqueles que o praticam, não importando a idade. Se o Tai Chi fosse apenas terapêutico, já teria sido um nobre legado para a qualidade de vida de todos, entretanto, o Tai Chi vai muito além disso, sua prática firme e forte pode levar o praticante a “tocar o inatingível”, a “sentir o impensável” e a “conquistar novos limites”, seja no âmbito emocional, corporal, mental, filosófico e marcial. O Tai Chi não fragmenta suas benesses; é pleno, completo e indivisível. Praticar o Tai Chi é bom, mas... de que forma? Com esse questionamento sincero e sem pré-conceito é que procuramos nos aproximar do horizonte. Nesta edição a matéria principal, por exemplo, aborda, não um mestre específico, mas o Estilo Chen de Tai Chi; historicamente o mais antigo. A propósito, o praticante que se encontra na capa é um professor desse estilo, Niall O´Floinn. Foi na residência dele, na Irlanda, entre a pausa de uma prática e outra do Tai Chi Chuan, que nasceu a Revista Tai Chi Brasil. Nada mais correto do que homenagear sua boa vontade em prol da promoção dessa arte. Afinal, investir no Tai Chi Chuan é estar consciente de poder melhorar a nossa sociedade como um todo. Por isso, independente de qual Forma de Tai Chi você faça, vá praticar! Mas, antes, aventure-se um pouquinho ao longo dessas páginas. Boa leitura!

Levis Litz O editor

Revista Tai Chi Brasil Bibliotecas & Acervos

Campinas, São Paulo

Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental

Av. Oscar Pedroso Orta, 222. Barão Geraldo.-------------------------------------------

Curitiba, Paraná

Biblioteca Pública do ParanáRua Cândido Lopes, 133. Centro.

Academia ParamittaAv. Visc do Rio Branco, 84. Mercês.

Colégio Estadual do ParanáRua João Gualberto, 250. Alto da Glória.

Colégio MedianeiraAv. José Richa, nº 10546. Prado Velho.

NutribioformaR. Jaime Balão,1150. Casa 1. Hugo Lange.

SESC Paraná – Unidade Água VerdeAv. República Argentina, 944. Água Verde.-------------------------------------------

Uberlândia, Minas Gerais

Academia Budô KanRua Benjamin Monteiro, nº 64. Centro.

-------------------------------------------Ribeirão Preto, São Paulo

Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental

Rua Cerqueira César, 1825. Jd. Sumaré.-------------------------------------------

São Paulo, São Paulo

Peng Lai Brasil - Artes Marciais Tradicionais Chinesas.

Av. Deputado Emílio Carlos, 121Bairro do Limão.

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Mestres Chan Shek On e Chan Sok Kei

A história do Taijiquan (Tai Chi Chuan) no Brasil vai, a partir dos anos 90, ter o seu maior salto qualitativo desde a introdução desta arte nos anos 60. Graças à vinda de mestres tradicionais importantes, como Chen Xiao Wang do estilo Chen e Yang Zheng Duo e Fu Shen Yuan do estilo Yang (os mais famosos representantes de seus estilos), assim como outros menos famosos, mas de alta qualidade, como Shen Hai Min, Chan Chek On e Chan Sok Kei. Chen Xiao Wang é considerado o líder dos representantes do estilo Chen de Taijiquan da 19ª geração da família Chen, o estilo do qual todos os outros derivam. Mas antes de escrever sobre a importância da vinda do mestre ao Brasil em 1998, gostaria de voltar um pouco mais no tempo para ilustrar como e em quais condições trouxeram o estilo Chen ao Rio de Janeiro. Praticante de estilo Yang desde 1975, em 85 me tornei comissário de bordo da Varig e em 1992 fui morar em Los Angeles, onde comecei a aprender os básicos do estilo Chen. Em 1993 fiquei baseado em Hong Kong, onde então, efetivamente, comecei a praticar este estilo com um casal de professores, Mr Chan Shek On e Mrs Chan Sok Kei.

Tendo feito outros baseamentos nos anos subsequen-tes em Hong Kong, consegui, com o grupo de Tai Chi Ges-to Cotidiano, produzir a vinda dos mestres Chan Chek On e Chan Sok Kei, de Hong Kong, para realizar o que viria a ser provavelmente o 1º Seminário deTaijiquan estilo Chen no Bra-sil. Neste seminário, realizado em abril de 1997 no Museu Im-perial em Petrópolis, RJ, foi ensinada a forma de 56 posturas.

Esta forma foi criada pelo governo chinês nos anos 80 por uma equipe de mestres, como standard de competição do estilo Chen. Ela é uma compilação da XIN JIA YI LU e ER LU, formas criadas por CHEN FA KE, avô de CHEN XIAO WANG. A forma de 56 posturas foi a escolhida pelo mestre Chan Chek On como a mais conveniente de ser introduzida no Brasil. Havia professores e praticantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Juiz de Fora/MG e Brasília. A princípio os participantes ficaram empolgados com os movimentos vigorosos e de certa forma exageraram nas pisadas, fazendo mais força que necessário. Mestre Chan advertiu-nos, mostrando que não era preciso exagerar. Mas ainda assim a sua performance era tão espetacular que, mesmo numa semana que durou o seminário, ele gastou um par e meio de tênis...

O início do Taijiquan Estilo Chen no Rio de Janeiro Texto e fotos: Estevam RibeiroRepresentante da CXWTABRChen Xiaowang World Taijiquan Association - Brasil [email protected]

Tai Chi Chuan Estilo Chen

Abril 1997. Petropolis, RJ.

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Alguns colegas que participaram do seminário acharam o estilo muito difícil e alguns abandonaram, pois tinham afinidade mais com o estilo Yang. Entretanto, todos gostaram de descobrir e puderam apreciar um seminário de bom nível, assim como compartilhar a convivência com esses professores, pessoas tão maravilhosas. O meu primeiro contato com estes mestres foi num desses acasos que unem pessoas totalmente diferentes em torno de uma motivação comum. Em novembro de 1993 fui enviado para o meu primeiro baseamento em Hong Kong. No ano anterior eu tinha vivido em Los Angeles, onde tinha atingido o meu 1º salto qualitativo no Tai Chi ao me tornar aluno da mestra Shen Hai Min, que me aprimorou no estilo Yang. Além disso, ela me ensinou as formas Standards, 42 e 48 Posturas, 42 Espada. Essas formas foram o meu primeiro contato com o estilo Chen, pois são formadas pelos estilos principais, Chen, Yang, Wu Hao, Wu e Sun. Na mesma época fiz o meu 1º Seminário de CHAN SI GONG, o Qi Gong principal do estilo Chen, com o mestre George Xu de São Francisco, CA. Quando cheguei a Hong Kong, eu queria aprender o estilo Chen de Tai Chi, mas não tinha indicações. No meu primeiro dia após minha chegada resolvi procurar um parque, pois como nas Chinatowns de L.A., eu sabia, haveria praticantes de Taiji que poderiam me informar aonde achar alguém que ensinasse o estilo Chen.

Durante este primeiro baseamento eu tive a sorte de ter como colega de tripulação Acácio Cabral, Acupunturista, e um dos maiores conhecedores de terapias sino-nipônicas no Rio de Janeiro. Tornamo-nos grandes amigos e na época ele resolveu começar a praticar Tai Chi, então me seguiu e me acompanhou desde o primeiro dia. Anos mais tarde, Acácio seria o primeiro a ensinar estilo Chen na Sociedade Taoísta do Brasil, RJ. Estávamos ambos fora do fuso e por isso acordamos sem sono às 4h30 da manhã, então as 5h15 já estávamos saindo do hotel um pouco receosos de ser um pouco cedo demais... Nosso hotel ficava em Wan Chai, bem na área central, e o parque mais perto era o Victoria Park, o que equivaleria ao Central Park de NY. Logo ao sair, ainda escuro, no meio de arranha–céus, sem nenhum parque, nem mesmo uma planta, só concreto, deparamos com um grupo de senhoras de meia idade praticando espada Tai Chi numa das muitas passarelas de pedestres que interligam os edifícios, onde horas mais tarde passariam rios de pessoas. Passamos por mais uns cinco grupos desses, fora os praticantes solitários, até chegarmos ao parque. O Victoria Park, ainda madrugada, já estava cheio. Muitas pessoas treinando Tai Chi, QiGong (chi kung), correndo, jogando basquete, tênis e se balançando nos balanços das crianças, que os chineses gostam tanto... Depois de passearmos um pouco para avaliar os vários estilos, não consegui ver o estilo Chen, a maioria era Yang ou Wu, ou então as formas modernas standard. Resolvi então praticar com um grupo que estava treinando as formas standard (24; 48; 42 etc.). Era um grupo que logo nos despertou empatia, não só pelo nível que era muito bom, como pelo bom astral que eles passavam entre eles, e também como nos receberam: extremamente carinhosos e ótimos anfitriões. Depois de sermos aceitos para praticar com eles, perguntei se conheciam algum professor de estilo Chen. Eles responderam que sim e que iriam nos apresentar quando ele viesse ao parque, o que só acontecia aos domingos. No nosso primeiro domingo conhecemos o mestre Chan Shek On. Embora muito simpático, tentou nos desencorajar dizendo que o estilo Chen era muito difícil e que necessitaríamos mais de ano para aprender (o que é verdade), e seria melhor começarmos por outro estilo. Estávamos frustrados, mas insistimos em dizer que faríamos tudo que fosse possível e que ele não se arrependeria de ter-nos como alunos... Neste momento surge uma de nossas colegas de prática, que logo percebemos ser a esposa do mestre Chan, Mestra Chan Sok Kei, que o leva para longe de nós e, após um breve diálogo, volta sorrindo e me diz para eu apresentar a forma 48 que eu tinha aprendido com a mestra Shen Hai Min em L.A., para que ele avaliasse o meu nível. E lá estava eu, um ocidental num domingo de manhã, num parque em Hong Kong, com um monte de chinês me olhando, fazendo um teste surpresa...

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Concentrei-me e fiz a 48 da melhor maneira possível, enquanto o Acácio me dava força, única torcida brasileira... Acabando, todos aplaudiram, mas o mais importante foi que ele decidiu me ensinar a partir desta performance. A primeira forma (sequência de posturas) que aprendi então foi a Xin Jia, ironicamente a forma mais avançada do estilo. Como ele só poderia dar aula aos domingos, durante a semana éramos treinados pela mestra Chan S. Kei. Logo percebi que a mestra era uma ótima professora e de boa didática, além de detalhista, altamente bem humorada, Mrs. Chan, na casa dos 50 nesta época, tinha a agilidade e vitalidade de uma adolescente. Em nossas práticas diárias, sete dias por semana, treinávamos por quatro horas seguidas e no final dos treinos, quando já estávamos exaustos, porém felizes, ela continuava a nos propor mais repetições, com uma base super baixa!!! Assim começou uma relação de alunos professores, mas também de amizade que cultivamos até hoje.

O casal de mestres Chan de Hong Kong, diferentemente da maioria dos chineses, estudou vários estilos de Tai Chi, tradicionais Wu, Yang, Chen e também Taichi standard - 24, 42, 56 etc., assim como outros estilos internos como Pa Kua, Wudang e Mulanquan. Hoje se dedicam a divulgar o estilo Wu de Wujianquan do qual são representantes em Hong Kong, mas continuam treinando e ensinando os outros estilos de Taichichuan e Pakuachang. Graças a essa iniciação, no ano de 1995 me tornei aluno do mestre Chen Xiao Wang, me dedicando principalmente, a partir de então, ao estilo Chen. Em 1998 produzi, em conjunto

com a professora Begoña Javares, o primeiro Workshop do Mestre Chen Xiao Wang na América do Sul. Neste mesmo ano, o mestre Chen nos designou, através de um certificado, como seus primeiros representantes no Brasil. Esta é a história do início do estilo Chen de Tai Chi Chuan no Rio de Janeiro.

“Acredito que a grande família do Tai chi deva se conhecer melhor, viver em cooperação que gera a comunidade e a participação de todos na construção de um mundo no qual todos possam caber e viver. E como falou o Dalai Lama sobre religião, quando perguntado por Leonardo Boff: “Qual é a melhor religião?”. Pergunto então: Qual é o melhor Tai Chi? O melhor Tai Chi é aquele que te faz melhor, aquele que te faz mais compassivo, aquele que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável, mais ético. O que realmente importa é a tua conduta perante a teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo. Sou de origem espanhola / suíça, mas brasileira por escolha, de coração. Estou há 25

Estilo Chen de Tai Chi Chuan: histórias e comentáriosanos na linda cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro. Pratico a arte do Tai Chi faz 28 anos e há 24 que me dedico de corpo e alma ao ensino. Comecei com o estilo Yang e nos últimos 12 anos tenho me dedicado mais ao estilo Chen, representando o Grão Mestre Chen Xiao Wang em Petrópolis, onde nos visitou para dar seminários durante 5 anos, de 1998-2002.”

Begoña JavaresPetrópolis, RJ

“1) A prática do Estilo Chen é bem puxada e trás uma força enorme principalmente nos membros inferio-res e costas aumentando significati-vamente a disposição e o equilíbrio nos movimentos. 2) Os movimentos do Estilo Chen trazem grande consciência corporal, deixando o corpo forte e flexível. As aulas com Jan Silberstoff e Chen Yingjun promovidas pela WCTA dá a oportunidade de aprender o estilo diretamente da fonte do conhecimento dessa arte de Consciência, Saúde e Paz.”

Flávio Pontes

Begoña Javares

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Tai Chi Chuan Estilo ChenO Caminho do Aprendizado

Por Niall O´FloinnDiretor da Galway Taiji Academy - Irlandawww.chentaichiireland.com

Enquanto hoje é estimado que 35 milhões de pessoas praticam o Tai Chi Chuan (Taijiquan), é importante observar porque isto acontece. A grande maioria das pessoas que praticam os estilos tradicionais dos estilos Chen, Yang, Wu, Hao, Sun e Zhaobao e os outros estilos tal como o Tai Chi Chuan (taijiquan) de Chen de Yuan de Hun (de Feng Zhiqiang), Cheng Homem Ching (aluno de Yang Cheng Fu), o Tai Chi (Taiji) Taoísta, as Formas do Governo Chinês concebidas como as de 24 e 48 movimentos e as formas de competição, todos têm um interesse principalmente nos benefícios da saúde pela sua prática. Está claro que o não-impacto que os movimentos lentos e a concentração exigida pela prática auxilia a acalmar a mente, a melhorar o equilíbrio, a beneficiar o sistema nervoso, digestivo, circulatório e respiratório do corpo. Algumas pessoas praticam meditação sentada e em pé e exercícios de Chi Kung (Qigong), assim como as for-mas curtas concebidas por estilos tradicionais para auxiliar os principiantes em sua aprendizagem e estão satisfeitos com isto como um programa completo de exercício de cui-dado de saúde para eles. Frequentemente, após alguns anos, algumas destas pessoas tornam-se interessadas em aprender as formas longas e começam a procurar professores mais qualificados do estilo escolhido. Os objetivos dessas pessoas podem variar de querer progredir através dos níveis de Gong Fu (Gong Fu), a desenvolver seu Chi (Qi) e as habilidades de luta ao assumir o desafio de aprender uma nova forma e melhorar a sua aptidão, resistência e coordenação do corpo inteiro. No Estilo Chen de Tai Chi Chuan (Taijiquan) a forma longa é chamada Lao Jia Yi Lu (Forma Antiga Primeira Rotina) e consiste em 74 posturas. Esta forma pode ser aprendida num nível básico de coreografia (pauta corporal) de 3 meses (se o praticante já aprendeu a forma curta e práticas de base com uma certa proficiência) a 1 ano e meio dependendo do ritmo e frequência de aula em que treina. Os antigos mestres do Estilo Chen costumavam praticar somente esta forma durante 6 a 10 anos (talvez também o tai chi espada) para desenvolver seu neiqi (energia interna) e obter a coordenação inteira corporal e método de movimento do exercício Desenrolando o Fio de

Seda na obtenção de uma base muito forte antes de treinar em algo mais específico como o Empurrar com as Mãos, outras formas de Tai Chi com armas etc. Esta é a maneira tradicional ensinada de Mestre a discípulo. Naturalmente quando o Estilo Chen de Tai Chi Chuan (Taijiquan) começou a ser ensinado muito mais amplamente na China e também no exterior com a adesão de muitos estudantes em cada seminário, esta maneira tradicional de ensino acabou mudando. Muitos estudantes ficavam impacientes para aprender muitas formas, Empurrar com as Mãos etc. sem uma boa base (fundação). Não importa quantas formas alguém aprende, se os movimentos não são corretos e se esse alguém não desenvolveu seu neiqi então realmente esse praticante não conseguirá usar as formas de Tai Chi (Taiji) corretamente. As formas se tornarão vazias. Os praticantes normalmente usam a força bruta nos exercícios de Empurrar com as Mãos e pratica as formas pensando em aplicações quando eles nem mesmo treinaram os seus corpos de forma correta.

Grão-Mestre Chen Zheng Lei

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“O Esporte e exercícios sempre foram uma parte importante de minha vida, mas gradualmente tive que abandonar certos esportes de equipe assim que fiquei mais velho, até que eu fiquei só correndo e fazendo natação. Soube que eventualmente teria que abandonar estes, então comecei investigar outras formas de exercício que eu poderia continuar pelo resto da vida. Vi um vídeo de um grupo grande de pessoas fazendo Tai Chi na China e fui tocado pelo perfil das idades das pessoas, variavam de jovens a idosos e como eram flexíveis os movimentos das pessoas mais velhas. Assim decidi conhecer o estilo Chen de Tai Chi e comecei com Niall O´Floinn em

Outros praticantes imaginam seu Chi (Qi) se movendo e com frequência pulam de um professor, estilo e exercício para outro, mas não chegam a lugar algum e pode até gastar 20 ou 30 anos praticando sem conseguir alguma habilidade real. Há 3 coisas que um praticante deve saber se deseja ter uma boa habilidade no Tai Chi Chuan (Taijiquan), independente do estilo que faz. 1. Procurar saber quem é um bom professor e estudar com ele. Se você não tem como treinar regularmente com um professor de alto nível, certifique-se que o professor que você tem, também treina com um professor de nível mais alto. Se possível procure ter aulas com um professor de alto nível pelo menos algumas vezes por ano. O professor não precisa ser famoso (às vezes estas pessoas não têm muita habilidade, somente um bom marketing ou nem realmente se esforça em seus ensinamentos, mas apenas estão interessados em dinheiro). O professor, ao invés disso, deve ter um profundo entendimento e atenção para com seus alunos, ensinar claramente e não economizar esforços para melhorar as suas habilidades.

2. O praticante de-ve ter alguma capaci-dade natural para poder copiar os movimentos corretamente, escutar cuidadosamente e estu-dar o que foi ensinado. Com frequência, pesso-as inteligentes podem ser arrogantes ou pensar que entendem e o aluno mais humilde que pensa que ele não entende as

práticas cuidadosamente e escuta com uma mente aberta é o que obtém sucesso. Assim, ter a atitude mental correta e naturalidade é muito importante. 3. Praticar duro. Tai Chi (Taiji) não é uma herança que o Mestre passa somente aos seus filhos. Muitos filhos de Mestres não praticam de forma dura e portanto seu nível pode estar muito abaixo. O praticante deve praticar um mínimo de 5 Lao Jia Yi Lu por dia para o Kung Fu (Gong Fu). Kung Fu (Gong Fu) resulta do tempo e esforço que você se dedica à prática. O Mestre Chen Fa Ke que é um dos poucos mestres que chegaram ao nível 4 praticava a Forma 30 vezes por dia. A maioria das pessoas não tem o tempo ou disciplina para praticar assim muito duro (5 a 10 Formas por dia). Podem acabar adquirindo uma lesão, ficar doentes, ter pouco tempo para a família etc. Desta maneira, poucos praticantes passam para o Nível 2 onde começam a sentir o real Chi (Qi). Qualquer praticante pode obter um bom Kung Fu (Gong Fu), mas deve ter a atenção de permanecer no caminho correto.

Galway, Irlanda, em setembro de 2003. Provou ser tudo que eu esperava…. uma forma verdadeiramente abrangente e completa de exercício… absolutamente brilhante… minha postura e força de corpo melhoraram muito. Mas, um conselho: deve-se ter paciência… só recentemente, em 2009, sinto que começo a “compreendê-lo” corretamente.”

Padraig HigginsIrlanda

“Digamos que a primeira impressão é a que fica e a que tive com a passagem do Professor Niall pelo Instituto Fu Hok foi a seguinte: um mestre é reconhecido pelas suas

atitudes e não pelo seus diplomas, pela sua simplicidade, possui qualidades nobres, estava sempre disposto a ensinar e, pelo que notei, ele vive com intensidade, sua consciência permite-lhe escutar, compreender e enxergar além das possibilidades, nas simples atitudes revela sua grandeza, como ao pedir um facão emprestado do nosso Instituto. Ele passou também que a amplitude de conhecimentos é ilimitada, o treinamento deve ser constante e o Tai Chi deve fazer parte da gente. Pelo pouco tempo de contato, foi muita coisa que eu senti.

Professor Aparecido de LiraInstituto Fu Hok de Cultura Chinesa

Curitiba, PR

Depoimentos e perspectivas

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Mestre Wang Hai Jun

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“Comecei a treinar o Tai Chi Estilo Chen há 7 anos na Academia de Tai Chi de Galway, Irlanda, sob a orientação do Niall O’Floinn.

Desde então, também fui afortunado em poder assistir aos

seminários do Shifu Wang Hai Jun nas cidades de Galway e Limerick.

Estes professores mostraram grande paciência, compartilharam seus conhecimentos e dedicaram

o seu tempo para cada aluno, enquanto mantinham um otimismo

bem-humorado. É contagiante!”Felim Burke

Professor de Taijiquan Estilo de Chen - Galway

Quando o tempo certo chega, a correção certa aparece

O acampamento foi muito bem organizado. Todos os dias nós começávamos com uma meditação em pé e fazíamos alguns laojia yi lu. Então nós tomávamos café, treinávamos mais, almoçávamos e treinávamos outra vez ainda mais duro. Além da paciência e das incomparáveis instruções de ensino que nós recebemos de nosso Shifu, houve uma grande surpresa de um treinamento extra individual na parte da tarde. Foi muito benéfico para todos nós, pois o Mestre Wang Hai Jun conseguia verificar cuidadosamente nossas habilidades e corrigi-las, dependendo do nível de cada pessoa. Menos importante, mas também que deve ser mencionado, é que havia trajes de Tai Chi especialmente trazidos da China para nós e certificados de participação do acampamento. Para meu assombro, observei que minha mente tornou-se muito tranquila e eu fiquei totalmente focada no momento da prática. Algo que eu não tive no ano anterior e que gostaria de compartilhar foi minha experiência e conversar mais sobre a mente e o estado mental para correções mais detalhadas. Na minha opinião isso é um assunto vital, pois as palavras podem, com muita frequência, serem mal interpretadas nas instruções dadas para melhorar nossa postura, relaxamento do corpo e nosso processo em desenvolvimento pleno na prática do Tai Chi. Comecei a praticar o Tai Chi há pouco mais de 2 anos e 6 meses, então não sei muito, mas ao menos humildemente posso expressar minha alegria com uma mudança clara de meu nível de estado mental que era muito caótico e completamente em meus pensamentos para um momento de começar a compreender esse processo e prestar, pouco a pouco, mais atenção ao meu corpo e como uma certa postura é sentida. Em um período tão curto de prática, eu descobri que a maneira como a mente trabalha é absolutamente fenomenal e que o entendimento de algo no plano mental não necessariamente significa que você a tem (me refiro a correção) e que o seu corpo já o faz. Naturalmente, você pode entender plenamente a correção, mas o seu corpo pode não ter ainda praticado o suficiente para absorver a correção de uma postura. O que talvez aconteça também é que você crie uma definição para você mesmo que pode se transformar num obstáculo para sua prática, por exemplo, quando minha postura em meditação em pé foi corrigida, senti como se os meus quadris se deslocassem para a frente e mais peso do corpo foi para a minha perna direita. Isso era o que o meu nível mental registrou e naquele ponto meu diálogo interno se encerrou, porque eu pensava que meu peso estava dividido

meio a meio em ambos os lados do corpo. De repente, fiquei confusa e, colocando a correção na mente, decidi sentir mais e melhor, observando esse sentimento e voltando ao mesmo sentimento em que fui corrigida. Achei isso valioso e verdadeiro, muito melhor do que fazia antes que era analisar com a mente e palavras. Nem tudo pode ser conceituado e as palavras são somente como pequenos sinais de uma estrada para mostrar onde devemos ir, mas nós precisamos sentir mais para que possamos entender mais profundamente.

Natalia Krause

No ano passado, o “Acam-pamento de Tai Chi 2009”, com o Mestre Wang Hai Jun, aconteceu na King`s Hospital School, em Du-blin. Aquele foi o segundo acampamento - com 5 dias de duração -, que eu parti-cipei. Senti-me privilegia-da em ser uma das alunas e pronta para treinar ardu-amente, e também curiosa para comparar meu co-nhecimento e experiências com as do encontro do ano anterior.

Felim Burke

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Estilo Chen de Tai Chi“Tive a oportunidade de estar no Sim-pósio Internacional de Tai Chi Chuan em julho de 2009, em Nashville, EUA, onde os mestres dos cinco estilos mais tradicionais de Tai Chi Chuan estiveram presentes. Não tive um contato mais pessoal com nenhum deles, pois fui ape-nas uma das 400 pessoas que estavam presentes nas oficinas, palestras e apre-sentações. Porém Mestre Chen Zhenglei foi o que mais me impressionou: nota 10 pela simpatia, facilidade de comunica-ção, disposição para participar de pes-quisas científicas sobre taijiquan... isso sem falar na profundidade da arte mar-cial em si.”

FrancisSão Paulo, SP

“Sempre que faço aula de Tai Chi Estilo Chen consigo me desligar de toda e qualquer preocupação e viver unicamente e magicamente o momento presente.”

Jussara Marques dos SantosPsicóloga

Aluna do Prof. Bruno Davanzo

“Por diversas vezes participei de even-tos realizados em Curitiba em come-moração ao Tai Chi Chuan, em espe-cial os relativos ao Dia Mundial do Tai Chi Chuan, quando apresentei com o meu grupo o estilo Pai Lin de Tai Chi Chuan. Nessas ocasiões tive a oportu-nidade de ver a apresentação magistral pelo Professor Levis Litz, do Estilo Chen de Tai Chi Chuan. Achei muito bonita e interessante tal forma.”

José Onofre NunesProf. do Estilo Pai Lin

“Como praticante do estilo Yang, participar das práticas do Tai Chi Chuan estilo Chen tem sido uma feliz oportunidade de renovação, abertura de novos conhecimentos e de uma possível futura opção por um dos dois estilos. Enriquece também outras práticas como a do pa kuá.”

Aluno do prof. Bruno Davanzo há sete anos.Curitiba, PR

“Comecei 6 anos atrás a praticar o estilo Chen de Tai Chi com o professor Niall O ‘Floinn. Eu agora tenho um círculo de amigos aumentando e as pernas de uma pessoa de 25 anos de idade”.

Maureen Rabbitt (idade: 51)Galway, Irlanda

John Vanko começou a estudar Taijiquan, Kung Fu Louva-a-Deus e Qigong em 1986. Desde então, seu interesse em artes marciais chinesas levou-o numa jornada envolvendo diversos aspectos desta arte, incluindo métodos de treinamento, filosofia, teoria e aplicação marcial. Além disso, ele foi bem sucedido como atleta, assim como árbitro em competições regionais e nacionais de artes marciais. John é professor certificado de Taijiquan Estilo Chen Tradicional pelo Mestre Chen Zhonghua, sendo responsável pela propagação desta arte marcial maravilhosa no Brasil. Além de Taijiquan, John é professor certificado de Kung Fu Louva-a-Deus tradicional. Natural dos Estados Unidos, John mudou-se para o Brasil em 2000 e atualmente dirige a Academia Hunyuan Taiji na cidade de São Paulo. http://brazil.hunyuantaijiacademy.com

“Em Curitiba, como em muitas cidades do Brasil e do mundo, acontece o Dia Mundial do Tai Chi, uma comemoração bacana que reúne praticantes de vários estilos de Tai Chi Chuan. Este ano apresentei, com o meu grupo, a Forma do Pequeno Círculo, do Mestre Lam Kam Chuen, que me foi ensinada pelo professor Levis Litz. Com ele também me iniciei na Forma Yang e na Forma de Pequim de 24 movimentos. Entretando, sempre o assisti, tanto em Curitiba, como em São Paulo, em 2007, demonstrando o Estilo Chen de Tai Chi Chuan. É bem interessante. Em janeiro deste ano é que iniciei meu contato prático com as posturas do estilo Chen com o professor irlandês Niall que auxiliou - e muito, em minhas práticas do Tai Chi.”

Augusto Svolenski

“Meu professor é o Bruno Davanzo, na Academia Paramitta. O Tai Chi trouxe mais harmonia e energia à minha vida à medida em que me aprofundei na práti-ca. O estilo Chen vem somando benefí-cios físicos - o desenrolar do fio de seda, os movimentos circulares, todos os exercícios proporcionam um bem estar de relaxamento, tranquilidade e oportu-nidade de aprofundamento. Este estilo (Forma dos 18 Movimentos de Chen Zheng Lei) é relativamente curto, fácil de aprender. É uma delícia praticar!

Marinei GabardoLevis Litz

John Vanko

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“Praticante a mais de 20 anos, posso dividir a minha prática em antes e depois de conhecer o estilo Chen, primeiramente com Jan Silbertorff e em seguida Chen Yingjun, sinto que a ênfase na compreensão dos princípios fez com que melhorasse não só tecnicamente, mas também como pessoa. É um mergulho na profundidade de uma prática milenar.”

Eliabe Serafim Ferreira Campina Grande, PB

“Iniciei a prática do estilo Chen com a participação nos Seminários de Taijiquan ministrados pelo Mestre Chen Yingjun no Rio de Janeiro em 2008 e 2009. Participei também do 6º Seminário de Taijiquan ministrado pelo Mestre Jan Silberstorff em Salvador em 2009. É vigoroso e deixa a sensação de que o seu corpo existe. Excelente!”

Flávio PessoaFortaleza, CE

Comentários sobre o estilo Chen

“Não sou praticante do estilo Chen (por enquanto). Mais por falta de tempo que de vontade. Quando vejo o Levis praticando, penso: “isso é para poucos!”. Ao refletir vejo que é um equívoco pensar assim. Meus alunos também devem pensar o mesmo ao me ver praticando (estilo Wu). Mesmo assim não deixam de praticar e vencer seus próprios limites. A harmonia de movimentos fortes com suaves, rápidos com lentos e as belíssimas posturas marciais refletem um estilo único. É muito bom assistir o estilo Chen! Praticar deve ser melhor ainda!”

Cid Vicentini SilveiraProfessor de Estilo Wu

Curitiba, PR

“Experimentei o Estilo Chen numa vivência em uma das disciplinas no curso de formação em Tai Chi Chuan pela EBRAMEC, onde decidi iniciar o aprendizado.Estou gostando muito, pois seus movimentos fortes e ao mesmo tempo suaves, instigam em mim a determinação de seguir avançando no caminho do Tai Chi Chuan.

Elli NowatzkiPraticante da Forma de Pequim

e do Estilo Lam Kam

“Por dois anos seguidos (2008 e 2009) tive a possibilidade de participar por dois proveitosos dias de um seminário do estilo Chen, organizado por Eduardo Molon, com o Mestre Chen Yingjun. Realmente uma oportunidade para quem como eu é iniciante na prática do Tai Chi Chuan. Vale ressaltar a dedicação do Mestre nos ensinamentos como também a efetiva participação do grupo de mais de 70 discípulos em diferentes níveis, mas que naquele momento tinham um único objetivo de aprendizado.”

Roberto Levy

“Tive a feliz oportunidade de participar de uma vivência do estilo Chen de Tai Chi - forma de 18 movimentos - como parte do Curso de Formação em Tai Chi Chuan pela EBRAMEC. Espero ter novas oportunidades para relembrar o que aprendemos naquela vivência. É ótimo poder aprender e praticar o estilo de Tai Chi Chuan raiz dos demais estilos atuais”.

Vilmar HenemannPraticante do Tai Chi Estilo Pai Lin

“Recentemente tive a oportunidade de conhecer o Estilo Chen de Tai Chi Chuan. Embora ainda no início de meu aprendizado nesse Estilo, estou maravilhado com os efeitos da prática.”

Moizes TorquatoAdvogado

“Conheci o estilo Chen de Tai Chi Chuan há alguns anos, assistindo apresentações do professor Levis Litz no dia Mundial do Tai Chi Chuan, em Curitiba. Em janeiro de 2009 tive a oportunidade de conhecer o professor Niall O´Floinn em sua visita ao Brasil e o vi treinando várias vezes por dia o estilo Chen. Aprendi com ele os exercícios “Desenrolando o fio da Seda” e parte do estilo Chen de Tai Chi: a Forma dos 18 movimentos do mestre Chen Zheng Lei.”

Adriane SmytheCuritiba, PR

“Comecei o Estilo Chen de Tai Chi com o Niall O´ Floinn de Academia de Chi de Tai de Galway há 3 anos, mais por curiosidade do que qualquer outra coisa. Achei os exercícios e os movimentos de uma disciplina excelente para minha saúde mental e física. O que é mais importante, eu realmente aprecio participar das aulas e eu sempre quero melhorar minha postura e técnica. A instrução é do mais alto padrão e eu acredito que o meu corpo é mais flexível e meu equilíbrio é melhor desde que comecei a me dedicar ao Tai Chi. Sinto que é uma disciplina que eu posso fazer para o resto de minha vida.”

Pat DoyleGalway, Irlanda

Grão-Mestre Chen XiaoWang

Mestre Chen YingJun

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A seção Bahia da World Chen Xiaowang Taijiquan Association Brasil (WCTA-Br) foi fundada em 15/03/2006 em Salvador, pelo Mestre Jan Silberstorff, formalmente autorizada e funcionando sob o patriarcado do Grão-Mestre Chen Xiaowang. Mas esta frase formal não conta a história por trás do evento, nem transmite o espírito que forma a visão que o Grão-Mestre, o Mestre Jan Silberstorff e nós associados da WCTA-Br seção Bahia temos para o futuro da Associação. Comecei a praticar arte marcial em 1993, fui vice-campeã brasileira de Taijiquan em 1995, mas acredito que somente comecei a saber algo de Taijiquan (e principalmente, saber o quanto que eu ainda não sei) depois que conheci o Grão-Mestre Chen Xiaowang durante seus seminários no Rio de Janeiro. A suavidade e ao mesmo tempo vigor dos seus movimentos, sua clareza didática e o domínio profundo da sua arte me impressionaram tanto quanto a todos os outros participantes dos seminários. No último deles, em 2002, minha filha Lara tinha poucos meses e, ao mesmo tempo, em que praticava e fazia pequenas pausas para amamentá-la, deparei-me com a realidade de que no futuro seria cada vez mais difícil cuidar da família e viajar para aprender com o Grão-Mestre, uma vez que ele deixaria de vir ao Brasil. O Mestre Jan Silberstorff estivera no Brasil em 2001 assistindo ao seminário do Grão-Mestre e na ocasião tive a oportunidade, não só de treinar com Jan no jardim do hotel em que estávamos hospedados, mas de ser sua parceira nos treinamentos em dupla durante todo o seminário de Chen Xiaowang e, portanto, de receber suas correções. Impressionada com sua habilidade e ciente de sua trajetória na família Chen, vislumbrei em 2002 o convite ao Mestre Jan para ministrar seminários em Salvador, como a alternativa para seguir aperfeiçoando a minha prática. Jan Silberstorff nasceu em 1967, na Alemanha. Em 1989, com apenas 22 anos de idade, recebeu o diploma que a República Popular da China outorga em nível estatal por seus estudos em Taijiquan e foi o primeiro ocidental a conquistar uma medalha de ouro no torneio de Taijiquan em Chenjiagou, o vilarejo da família Chen. Em 1993 foi admitido pelo Grão-Mestre Chen Xiaowang como seu discípulo “a portas fechadas”, tornando-se o primeiro ocidental a receber esta honraria. Jan residiu com o Grão-Mestre na China e na Austrália para receber treinamento. Em 1994 Jan co-fundou com o Grão-Mestre Chen Xiaowang a World Chen

Xiaowang Taijiquan Association (WCTA) e tornou-se o presidente da WCTAG, o ramo alemão da Associação. Sob a liderança de Jan Silberstorff a WCTAG tornou-se membro-fundador da DDQT, a organização geral na Alemanha para Taijiquan e Qigong. Além disso, a WCTAG é o ramo alemão da IAMTJQA, a associação de Taijiquan de Chenjiagou e é membro da TCFE, a Federação Europeia de Taijiquan. A WCTAG é a maior associação independente de Taijiquan da Europa, contando com quase 150 professores e 2000 alunos filiados e está presente em 35 cidades do seu país. Obviamente, com este passado, Jan Silbertorff enxergou muito mais que um seminário no meu convite. Embora o primeiro seminário, em 2004, não tenha gerado retorno suficiente para cobrir sequer as despesas, o Mestre Jan não hesitou em estimular-me a continuar promovendo os seminários e, generosamente, repetiu a viagem da Alemanha ao Brasil em 2005. Graças à dedicação de Jan, à ajuda dos meus alunos em Salvador e muito especialmente ao apoio participativo de Paulo Roberto Silva Santos, que levou seus alunos de Aracaju até Salvador para os seminários, estes tornaram-se uma realidade duradoura. Agora em 2009 realizamos o 6º seminário e a cada ano não só cresce o número de participantes, como também a diversidade da sua procedência. O seminário anual tornou-se um evento sul-americano: recebemos participantes do Chile, Argentina, Paraíba, Recife, Aracaju, Rio Grande do Sul, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, a generosidade e a profundidade dos ensinamentos de Jan Silberstorff também continuam a surpreender. No decorrer de 2005, após o sucesso do 2º seminário, e percebendo a vontade do nosso grupo de não realizar apenas treinos pontuais, mas de seguir com um processo de educação continuada, Jan expôs sua vontade de fundar um ramo da WCTA com sede na Bahia, mas de atuação e alcance nacionais. É claro que a ideia foi acolhida com entusiasmo. Em 2006, ao chegar ao Brasil para seu 3º seminário, Jan Silberstorff comunicou-me que a fundação da Seção Bahia havia sido formalmente autorizada pelo Grão-Mestre Chen Xiaowang, que eu ocuparia a posição de Diretora Executiva e ele próprio a posição de Diretor Técnico. A cerimônia de fundação ocorreu durante o seminário e as filiações começaram a ser aceitas em 2007. Já em 2008 - uma vez que os seminários ocorriam havia vários anos - a WCTA-Br seção Bahia começou a certificar instrutores. A WCTA-

Uma Visão para o Futuro do Estilo Chen no Brasil

Por Liana NettoDiretora Executiva da World Chen Xiaowang Taijiquan Association Brasil (seção Bahia)[email protected]://wcta.com.br

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Br seção Bahia é uma representação oficial do Grão-Mestre Chen Xiaowang no Brasil. Observando esta história em retrospecto, chego a ficar surpresa com o desenvolvimento que alcançou a simples ideia de promover um seminário. Refletindo a respeito, vejo que a fundação da WCTA-Br seção Bahia foi na verdade um marco na realização da visão do Grão-Mestre Chen Xiaowang para o futuro do estilo Chen de Taijiquan no Brasil e no mundo. Viajando incessantemente para difundir os princípios da arte da sua família, Chen Xiaowang deseja não apenas ensinar, mas plantar sementes que cresçam de modo sustentável e contínuo. Para tanto, é necessário estabelecer uma estrutura que permita este crescimento: a World Chen Xiaowang Taijiquan Association. A WCTA-Br seção Bahia promove um sistema de Educação Continuada, com um calendário de seminários

regulares com o Mestre Chen Yingjun (filho do Grão-Mestre Chen Xiaowang), no Rio de Janeiro e com Jan Silberstorff. Jan decidiu dedicar o ano de 2010 à expansão e fortalecimento da WCTA-Br seção Bahia no país e, por isto, residirá em Salvador neste ano, possibilitando a realização de cinco seminários em quatro cidades distintas. É de conhecimento comum que um ou dois anos não são suficientes para formar um professor de Taijiquan, por isto a WCTA-Br seção Bahia adota uma solução multifacetada. As aulas em que são formados os instrutores e professores são as próprias aulas regulares a que têm acesso todos os alunos: isto faz com que a informação seja difundida honesta e completamente, sem segredos ou aulas fechadas. Um curriculum em degraus, com 5 níveis de certificações, é oferecido aos instrutores: isto faz com que haja uma rota clara de aprendizado e progresso, com prerrogativas correspondentes. Os exames de certificação são prestados perante o Mestre Jan Siberstorff, até o 3º nível e perante o Grão-Mestre Chen Xiaowang para o 4º e 5º níveis. Os mestres da família Chen são os depositários da herança do gongfu dos seus ancestrais: o acesso direto a eles, através dos seminários e de aulas particulares, oferece horizontes de aprendizado que vão muito além do nível técnico dos instrutores e professores e mantém a qualidade do Taijiquan transmitido pela WCTA-Br. Uma vez que o Grão-Mestre especificou que os ramos da Associação não são geograficamente limitados, a WCTA-Br seção Bahia almeja estar presente em todo o Brasil. Já temos instrutores certificados em Salvador, Rio de Janeiro, Aracaju, Brasília e Campina Grande. O movimento dos alunos entre os instrutores da WCTA-Br seção Bahia é livre. O objetivo disto é que se um aluno mudar de bairro, de estado, ou simplesmente se desejar, encontre um professor da WCTA-Br disponível e tenha certeza de continuar aprendendo segundo a transmissão do Grão-Mestre. Se um aluno esgotar o conhecimento do seu instrutor, este deverá colocá-lo em contato com um instrutor de nível superior e assim, sucessivamente, até Jan Silberstorff ou o próprio Chen Xiaowang. Desta forma, a Associação serve ao aluno e apoia o professor e estes fortalecem a Associação.

Foto: Acervo/Liana Netto

Mestre Jan Siberstorff

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Rádio Corredor - I

Curso de formação em Tai

Chi do IFTB

Brasília - DF

No Distrito Federal hou-ve a entrega dos certificados de conclusão do primeiro ano do curso de formação em Tai Chi do IFTB (Instituto de Formação em Tai Chi Chuan de Brasília). Com demonstração de Tai Chi Espada Estilo Yang de 16 Movimentos, esse evento marcou a finalização do primeiro ano. O curso tem ain-da um segundo ano e um estágio supervisionado. Interessados pode entrar em contato com o IFTB (Instituto de Formação em Tai Chi Chuan de Brasília) pelo e-mail: [email protected]

Exposição Itinerante de

Fotografia sobre Tai Chi Chuan

Curitiba - PR

Professores e praticantes de vários estilos de Tai Chi Chuan se reuniram e confeccionaram dezenas de fotografias, tamanho 30X45cm, de posturas de Tai Chi Chuan (Tai Ji Quan), tanto individuais como em grupos. As imagens, a princípio, serão expostas na Biblioteca Públi-ca do Paraná e depois seguem, de forma itinerante, para espaços alter-nativos de Curitiba. O objetivo da exposição fotográfica é divulgar e promover a arte do Tai Chi Chuan na capital paranaense.

Pós-Graduação em Tai Chi

Rio de Janeiro - RJ

A UCB - Universidade Cas-telo Branco e a Didática Serviços Educacionais disponibiliza para os interessados o curso de “Artes Marciais Chinesas - Tai Chi Chuan: Aplicações na Educação, na Saúde e no Lazer”. Duração de 19 meses, carga horária: 420 horas. Local: Universidade Castelo Branco - Uni-dade Recreio. Se houver o número de alunos mínimo previsto, o início do curso será em março deste ano. As aulas serão aos sábados quinze-nalmente, das 08h às 18h. Público alvo: graduados nas áreas de Saúde e Educação, bem como graduados em outras áreas. Maiores informações: Didática Serviços Educacionais, Tel.: 21 2437-0711 / 3936-0711, e-mail: [email protected]

Foto: Divulgação/IFTB

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Rádio Corredor - II Jornal Praçada Harmonia

UniversalBrasília, DF

Uma publicação bimestral está circulando em Brasília, DF. É uma ideia concretizada pelos pra-ticantes de Tai Chi, discípulos do mestre Woo que levou essa arte para a cidade em 1974. O Jornal Praça da Harmonia Uni-versal, com dois mil exemplares, tem como jorna-lista responsável Antônio R. Pra-tes. Contato: Pra-ça da Harmonia Universal - EQN 104/105. Todos os dias, das 6 às 7 da manhã, inclusi-ve domingos e feriados. Em caso de chuva: escola-classe da 104 Norte, ao lado da Praça; [email protected]

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Chi Kung Terapêutico e

Filosofia Oriental

Ribeirão Preto, SP

Em Abril de 2010 haverá um Workshop de Chi Kung Tera-pêutico e Filosofia Oriental com

a Mestra Helen Wu no Brasil, em Ribeirão Preto-SP. Mestra Helen Wu foi reconhecida na publicação “Extraordinários Artistas Marciais Chineses pelo Mundo” como uma entre os 100 extraordinários e emi-nentes educadores de Wushu (Top One Hundred Extraordinary & Pro-minent Wushu Educators). Todas as informações sobre o Workshop no site: www.taichichuan.com.br

Pic-nic, amizade e Tai Chi

Curitiba, PR

Alguns alunos praticantes do Tai Chi Chuan estilo Lam Kam e da Forma de Pequim (24 movi-mentos) da Professora Elli Nowat-zki, se reuniram num simples e delicioso pic-nic no belo espaço do Jardim Botânico em Curitiba. Para agraciar o evento que aconteceu num fim de tarde, estiveram pre-sentes o sol e a lua.

Pesquisa mostra que há 3.613 praticantes de

Tai Chi no BrasilCuritiba, PR

A AIPT: Associação Inter-nacional de Praticantes de Tai Chi Chuan, concluiu seu levantamento

em 2009 do número de praticantes de Tai Chi Chuan. A pes-quisa demonstrou, com a participação de 53 grupos, que no ano passado no Bra-sil houveram 3.613 praticantes dessa arte. Acredita-se que esse número é muito maior do que revela a pesquisa, mas já foi um primeiro passo

para dados mais concretos sobre o assunto. Mais detalhes você pode conferir no site www.fotoserumos.com/aipt

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Sua Participação Você também pode colaborar com esta seção. Envie notas curtas sobre temas relacionados com o Tai Chi: [email protected]. Por questões de espaço, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir os textos recebidos.

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Defender o joelho à esquerda e empurrar Veja o movimento nº 10.

17 – Jin Bu Ban Lan Chuie Avançar o passo, bloquear e socar Da postura anterior, leve o peso um pouco para trás para poder abrir o quadril para a esquerda e o pé esquerdo 45º acompanhando o quadril, ao mesmo tempo em que o

Tai Chi Chuan - Família Yang Forma Longa Tradicional Estilo Yang

(Parte III)Arthur DalmasoProfessor de Tai Chi Chuan - Estilo Tradicional da Família YangEspaço Bem Estar (Yoga e Tai Chi Chuan) - São Paulo, SP. www.taichichuanyang.org

11 – Jou Wei Pi PA Tocar a harpa Da postura anterior, empurre o peso à frente sobre a perna esquerda, estreite a largura do pé direito mantendo o ângulo do pé, se prepare para dar um passo cheio e vazio, passe o peso para a perna direita, empurrando o peso para trás com a perna esquerda, tire a ponta do pé esquerdo do chão e coloque o calcanhar, ao mesmo tempo o braço direito recolhe um pouco e o esquerdo avança, subindo a mão esquerda até a altura do centro do peito, dedos da mão direita apontam para o centro do antebraço esquerdo.

12 – Tsou Lou Xi Au Bu Defender o joelho à esquerda e empurrar Veja o movimento nº 10 na edição anterior. (Apenas a mão direita já começa da altura do peito).

13 – You Lou Xi Au Bu Defender o joelho à direita e empurrar Da postura anterior, leve o peso um pouco para trás para poder abrir o quadril para a esquerda e o pé esquerdo 45º acompanhando o quadril, ao mesmo tempo em que o pé e quadril giram traga a mão que estava ao lado da perna esquerda para a altura do peito, palma para dentro e dedos apontando para o antebraço direito, caminhe com a perna direita, passo arco, ao mesmo tempo o braço esquerdo descreve um arco grande até a diagonal atrás e o direito arredonda, palma para baixo protegendo a frente do corpo, vá girando o quadril e empurrando o peso para a frente de maneira que a mão esquerda venha próxima ao ombro esquerdo e a direita fique na direção do pé direito, acabe o movimento empurrando a mão esquerda, cotovelo apontado para baixo, dedos para cima e a direita ao lado da coxa direita, axilas abertas, palma paralela ao chão e dedos apontados para a frente, olhar na altura do horizonte, quadril encaixado.

14 – Tsou Lou Xi Au Bu Defender o joelho à esquerda e empurrar Veja o movimento nº 10.

15 – Jou Wei Pi PA Tocar a harpa Veja o movimento nº11.

16 – Tsou Lou Xi Au Bu

lou xi ao bu - defender o joelho e empurrar

Foto: Acervo/Arthur Dalmaso

Arthur Dalmaso

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pé e quadril giram traga a mão que estava ao lado da perna esquerda para a altura do peito, palma para dentro e dedos apontando para o antebraço direito, o braço esquerdo vai executar um grande círculo para a diagonal atrás, dedos para cima, ao mesmo tempo a mão direita abaixa até a altura da cintura, fechando o punho, proteja a região do baixo ventre, ao mesmo tempo dê um passo intermediário com a perna direita abrindo o ângulo do pé direito 45º, o punho direito desvia um oponente a frente com o giro do quadril para a direita, dê agora um passo arco com o pé esquerdo, recolhendo o punho direito até a altura da cintura, axilas abertas, palma para cima e a mão esquerda acompanha o pé esquerdo, ao mover o restante do peso à frente avance o punho direito, socando à frente, proteja o antebraço direito com a mão esquerda, dedos para cima.

18 – Ru Fung Si Bi Fechamento aparente Do movimento anterior, abra o punho direito, palma para cima e passe a mão esquerda, palma para cima sob o a axila direita, ao mesmo tempo gire o seu quadril para a direita,

puxando a mão direita mais próxima e a mão esquerda, mais longe, dedos da mão direita apontados para o antebraço esquerdo, peso atrás, gire o quadril de frente, aproxime as mãos de seu tronco, altura das costelas e empurre à frente, como em An (movimento nº 6).

19 – Tzie Tse Shou Mãos Cruzadas Da postura anterior, torça para fora um pouco o cotovelo direito, comece a girar o quadril para a sua direita 90º, mão esquerda fica onde está, mão direita acompanha o giro do quadril executando um arco à sua frente, ao mesmo tempo o pé esquerdo fecha 90º, os braços giram para baixo, palmas para dentro cruzando os antebraços à sua frente altura da cintura, tire o pé direito do chão e traga-o paralelo ao esquerdo, largura de ombros, braços cruzados executam um movimento para cima até a altura do peito, arredondando as costas, alongando os tendões dos braços, quadril encaixado. Chegamos ao final da primeira parte da sequência da prática de toda a Forma Longa Tradicional Estilo Yang.

Prof. Arthur Dalmaso

Revista Tai Chi Brasil

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Cultura Chinesa

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Ponto de Vista

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Por Aparecido de Lira e Eliane Cardoso -------------------------------------------------------- O termo “Tai Chi” aparece no livro da Mutação (I Ching) e também é encontrado nos clássicos da Medicina Chinesa e nas Leis Taoístas (Tao Tsang). Sua teoria é vasta e suas aplicações ilimitadas, ou como esclarecia Confúcio, “compreendendo todas as transformações no céu e terra, sem engano”. Seus princípios estão todos contidos dentro do Yin e Yang e as transformações do Chi são explicadas pelos Cinco Elementos. Este é o embrião da cultura e filosofia da nação chinesa. Abandonar Yin e Yang e os Cinco Elementos no estudo do Tai Chi envolveria uma falta de fundamento, indigno de uma deferência séria. Se alguém insistir em desconsiderá-los no exame da filosofia e medicina chinesa ou Taoísmo, deveria ignorar também a adição, subtração, multiplicação, divisão e álgebra no exame da matemática. Seria isso possível? Hoje, o progresso científico é tanto que nós avançamos da elétrica para a era atômica. Entretanto, permita-me perguntar se é possível desviar da função de Yin e Yang? Tai Chi Chuan se concilia com a filosofia e a ciência, pela sua teoria é puramente filosófica e sua atitude completamente científica. Isso pode ser demonstrado através de seus atuais princípios e prática e não requer retórica especializada. As escritas originais do Tai Chi Chuan são excessivamente sutis e sua prática extraordinariamente verdadeira. No momento, vamos nos restringir aos conceitos gerais e analisar alguns exemplos. Em relação ao movimento, quando se fala em “usando a mente para direcionar o Chi e o Chi para mobilizar o corpo”, é como um trem elétrico ou um navio a vapor que empresta a energia do Chi e o mobiliza produzindo a ação. É diferente chamar de movimento a mera movimentação dos membros ou partes isoladas do corpo. Da mesma forma, o que denominamos “relaxamento do abdome”, “leveza e sensibilidade do corpo todo” e “usando cem gramas para repelir quinhentos quilos” todos remetem ao não uso da força. Aqueles que não usam a força não podem ser o objeto da força de ataque do oponente e assim manter

a postura de controle. Este é um princípio importante e relativamente simples: a aplicação é repelir quinhentos quilos com cem gramas, determinando o centro de gravidade de seu oponente provocando-lhe apoiar-se em um lado, sem, todavia, aplicar cem gramas para repeli-lo, ele tombará por si só. Apresentando estes tipos de princípios para os atletas mundiais, nós preferimos enfatizar sua correspondência com filosofia ou ciência. Além disso, é o que chamamos de concentração do Chi nos ossos. Quando alcança o ponto onde os ossos atingem a “dureza absoluta”, “não há nada que possa enfrentá-los”. Explicar isso é um desperdício de palavras. Ao ensinar a um aluno sobre afundar o Chi no Tan Tien, ele me questionou sobre as vantagens deste procedimento. Eu lhe falei que certamente era benéfico, mas não tanto quanto manter ambos (mente e Chi) no

Tan Tien. No abdome encontramos a maior concentração de água do corpo. No meio externo, os efeitos nocivos da água resulta numa larga escala em grandes inundações ou numa escala menor em rupturas de diques e barragens ou chuva excessiva. No corpo humano, o excesso produz distensão abdominal, icterícia, catarro, feridas,

edemas, paralisias, salivação excessiva, micose, erupções da pele, problemas com pulmões, baço, estômago e intestinos. São muitos exemplos a serem enumerados. Para dispersar este excesso, nada é mais efetivo do que exercitar-se. O imperador Yü controlava as inundações com a dragagem e canalizando a água, com grande sucesso. Muito parecido com o processo natural de evaporação da água com a luz do sol, dispersão na escuridão, transformando nuvens e chuva. Se isto pode ser duplicado no corpo humano, então, pode-se dizer que nós roubamos o secreto poder do céu.

(Continua na próxima edição.)------------------------------------------- Aparecido de Lira e Eliane Cardoso Instituto Fu Hok de Cultura Chinesa

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Tai Chi Chuan - Tratado O 2º Tratado de Cheng Man-Ching - Parte I

Compreendendo o oculto e o físico

“As escritas originais do Tai Chi Chuan

são excessivamente sutis e sua prática

extraordinariamente verdadeira.”

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Ponto 3 - “Sung” (relaxe) a cintura. A cintura é o comando de todo o corpo; se você pode relaxar a cintura, as duas pernas terão poder e a parte baixa do corpo estará firme e estável. O cheio e o vazio mudam e isto é baseado na rotação da cintura. Dizem: a origem das posturas está na cintura. Se você não pode adquirir poder, procure o defeito nas pernas e na cintura.

Aqui ressalto a importância de diferenciar quadril e cintura. A cintura, que está logo acima do quadril, quando se move, naturalmente também movimentará o quadril, assim como todo o corpo, “a origem das posturas está na cintura”. Quando movemos a cintura estamos massageando suavemente nossa coluna lombar como um benefício mais direto. Porém estamos fazendo muito mais do que isso. Este é um dos pontos que tornam evidente a origem do Tai Chi Chuan, a Medicina Tradicional Chinesa.

Tai Chi Chuan - Princípios Os 10 Princípios de Yang Cheng Fu

(Parte III)Por Bruno DavanzoProfessor de Tai Chi Chuanwww.academiaparamitta.com.br

Elli Nowatzki

Professora de Tai Chi Chuan

Curitiba - Paraná

[email protected] Tel: (41) 9164-3184

Entre a segunda e terceira vértebras lombares, está o ponto VG4, Portão da Vida, Ming Men, que é estimulado pelo movimento da cintura. Entre outras funções, este ponto serve para tonificar nossa energia dos rins, onde fica armazenada nossa energia raiz. Talvez por isso o Tai Chi seja conhecido como o exercício da longevidade, pois quando nos movimentamos deixando a cintura no comando, durante todo o tempo, estamos estimulando nossa energia raiz. Além disso, temos vários meridianos longitudinais descendo da cabeça aos pés, assim como subindo dos pés à cabeça. Mas temos um único meridiano na linha horizontal, na cintura, um dos oito meridianos curiosos, que ajuda a regular o fluxo da energia entre a parte superior e inferior. Daí a ênfase que se dá no Tai Chi, “A cintura é o comando de todo o corpo”. Para muitos alunos esse é um ponto que demora a ser compreendido e os exercícios

isolados ajudam muito a trazer esta consciência corporal. Se tivermos êxito em realizar o “afundar o chi para o Tan Tien” (ponto dois), a consciência de se mover pela cintura vai melhorar, e muito. Quando deixamos a cintura no comando nosso movimento ganha unidade, paramos de fragmentar entre movimento do braço, da perna, da cabeça. Todo o corpo se move harmonizado com a cintura. Sentimos que o movimento ganha fluidez. Então começamos a tomar gosto pela prática, pois a cada vez estamos cultivando nosso chi. Procuro sempre seguir os conselhos de Yang Cheng Fu. Os dois primeiros pontos são como uma preparação. Estabelecer uma coluna ereta, uma ligação céu e terra, depois deixar o chi submergir para o Tan Tien. Então estamos prontos para o movimento, que irá fluir através do comando da cintura. Assim estamos como que contemplando, tentado realizar na prática do kati os conselhos deste grande mestre.

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Tai Chi Pai LinLiu Pai Lin - O Mestre do Tao

O texto a seguir foi redigido por Tarcísio Tatit Sapienza, discípulo do Mestre Liu, para o artigo Liu Pai Lin publicado na Wikipédia, está disponível na íntegra em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Liu_Pai_Lin. É reproduzido aqui com seu conhecimento e aprovação.

Na introdução de seu artigo Mestres do Tao: tradição, experiência e etnografia, José Bizerril Neto destaca que: “A idéia de conhecimento no taoísmo baseia-se em uma noção pragmática: conhece-se por experiência pessoal corporificada o legado da tradição.” Assim, afirma que nas linhagens taoístas “as conquistas da longevidade, da saúde, da graciosidade, da vivacidade do espírito e da espontaneidade são índices de compreensão do Tao, de realização espiritual. O mestre literalmente encarna a sabedoria.” Falando especificamente sobre o Mestre Liu, Bizerril faz o seguinte depoimento: “Aos noventa e poucos anos, Liu Pai Lin era idoso, mas sem sinais visíveis de decrepitude: a pele e os músculos ainda firmes, as articulações e tendões flexíveis, os dentes em bom estado. Os olhos brilhantes transpareciam uma inteligência viva e rápida. Capaz de trabalhar por horas a fio como médico ou palestrante, aparentemente sem se esgotar. Parte de seu prestígio derivava daquilo que ele expressa constantemente pelo corpo.” O título de Mestre que Liu Pai Lin recebeu não se refere apenas ao seu trabalho de ensino ou ao grau de realização que atingiu nas práticas taoístas, é também um reconhecimento dado pelos mestres das linhagens a que pertence a quem assume de coração a missão de divulgar o conhecimento do Tao.

Iniciação no Taoísmo

Ainda criança começa a estudar as artes taoístas com seu tio-avô Liu Yunpu (Liu Yuen Pu), reconhecido na China como um Grande Mestre Taoísta. Catherine Despeux, em sua tradução do Tratado de Alquimia e Medicina Taoísta de Zhao Bichen, comenta que o Mestre autor deste tratado foi o segundo discípulo do Mestre Liu Yunpu, que era “originário da cidade de Titou, próxima a Tianjin, na província de Hebei. Em sua

juventude praticou artes marciais e viajou muito por todo o país pondo em prática o espírito cavalheiresco chinês. Se estabeleceu durante um tempo como comerciante no distrito de Changpin. Faleceu com 93 anos.” O Mestre Liu comentava que ter lido notícias da divulgação sobre o conhecimento de Tui Na no Ocidente a partir de ocidentais que aprenderam a técnica com alunos de seu tio-avô ser um dos motivos que o levou a se dedicar à transmissão deste tipo de terapia no Brasil. Prosseguindo seus estudos, o Mestre Liu foi iniciado nas seguintes linhagens taoístas: . pertence à 11ª geração da linhagem da Porta do Dragão (Longmen pai), famosa escola de alquimia interior da tradição do norte da China. Foi discípulo direto do Mestre Liao Kun (Liaokong Shizun); . representa a 5ª geração da linhagem da Montanha Dourada (Jinshan pai). A foto do Mestre Tanbai (Laisheng zhenren) era uma das presentes em seu espaço de treino; . Kun Lun Chien Shan. Em Taiwan foi discípulo direto do Mestre Liu Peizhong. Este Mestre é citado pela sinóloga Despeux ao explicar os métodos de circulação de energia em seu livro Tai-Chi Chuan: arte marcial, técnica de longa vida; . e Fuchow. Aprendeu com o longevo Mestre Li Ching Yuen a suprema importância do cultivo do Vazio (Wu Wei). O Mestre Liu enfatizava que o Taoísmo praticado e divulgado por ele não é o Taoísmo religioso, nem se trata da prática de uma seita. Sua transmisão é um conhecimento de natureza espiritual, onde a tradição de uma linhagem e a iniciação são tratadas de forma laica. Esta distinção entre o Taoísmo enquanto religião (Taochiao) e enquanto filosofia de vida (Taochia) é uma questão antiga na cultura chinesa.

Por Tarcísio Tatit Sapienza

Mestre Liu Pai Lin

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Tai Chi - Estilo Lam KamForma do Pequeno Círculo (Parte III)

Anderson RosaInstrutor de Qigong http://oraculo.cih.org.br

Pressionar (Esquerda) 21. Transfira o peso da perna direita para o pé esquerdo que está à frente. Visualize que balão de energia entre seus braços e o peito começa a se expandir. Na medida em que o corpo se move diagonalmente para a esquerda, os braços se elevam ligeiramente até a altura do peito. Empurrar (Esquerda) 22. Continue mantendo seus cotovelos dobrados. Vire as palmas para baixo enquanto separa as mãos. Estenda os braços para frente, mantendo a mesma largura dos ombros. Os dedos devem apontar para frente. 23. As mãos deverão permanecer imóveis, enquanto, cuidadosamente, você desloca metade do peso para o pé direito, mantendo seu tronco ereto. 24. Continue transferindo o peso do corpo para o pé direito e flexione o joelho. O tronco permanece ereto, mas o peso do corpo está se apoiando na perna e no pé direito (perna cheia). Enquanto isso, leve os braços para trás e para baixo, realizando um movimento diagonal em direção à cintura. Na medida em que as mãos abaixam, a distância entre elas aumenta. Mantenha apenas o calcanhar do pé esquerdo no chão, erguendo ligeiramente a ponta do pé. 25. Empurre para cima e para a frente com o pé direito. Os braços devem acompanhar o movimento. As mãos devem manter a largura dos ombros aproximadamente. O peso deve estar no pé esquerdo (perna cheia) e a panturrilha da perna esquerda está em ângulo reto (90º) em relação ao chão. O tronco permanece reto, voltado para a diagonal esquerda. As mãos permanecem voltadas pra frente, formando um ângulo de 45º, na altura dos ombros. Os cotovelos devem estar ligeiramente dobrados. Segurar a bola (Esquerda) 26. Permaneça imóvel. Todo o peso agora se concentra no pé esquerdo. Levante ligeiramente o pé direito do chão e aproxime-o do pé esquerdo. A ponta do pé direito deverá estar tocando levemente o chão ao lado do peito do pé esquerdo. Os joelhos estão quase se tocando. 27. Levante o antebraço esquerdo na horizontal, para frente do peito, mantendo a palma da mão voltada para baixo. Abaixe a mão direita até a altura do umbigo, com a palma voltada para cima. As mãos devem estar com as palmas voltadas uma para a outra, visualizando uma grande bola entre elas.

Aparar (Direita) 28. Erga o pé direito ligeiramente do chão. Deslize-o para a diagonal direita, apoiando apenas o calcanhar no chão. A cabeça deve acompanhar o movimento, voltando-se para a diagonal direita também. O peso permanece no pé esquerdo. No final deste movimento, os calcanhares deverão estar formando um ângulo de 90º. 29. Permaneça imóvel. A mão direita se ergue em frente ao peito, sob o cotovelo esquerdo, cruzando os braços na região do antebraço (braço direito para dentro). As palmas das mãos permanecem voltadas para cima. Gire a cabeça para a esquerda, para que você possa enxergar a mão direita. Embora estejam cruzados, os braços não se tocam. 30. Continue com o movimento da mão direita, levando-a para a diagonal direita. O quadril e a parte superior do corpo giram acompanhando o movimento do braço. Gire a palma da mão direita para o centro do peito (VC17). Visualize que você segura um grande balão e que ele está se expandindo no espaço entre o antebraço e o peito. Durante o movimento da mão direita, coloque os dedos do pé direito no chão e leve o peso do corpo para frente. 31. Gire sobre a ponta do pé esquerdo, voltando-o para frente. Leve a mão esquerda para trás e para baixo, ao lado do quadril, mantendo a palma voltada para baixo. Desviar (Direita) 32. Gire a mão esquerda, num movimento de pulso, até que a palma fique voltada para a mão direita. Os dedos da mão esquerda estão apontando para baixo e a palma aponta pra a diagonal direita. 33. Erga a mão esquerda lentamente. A palma permanece voltada para cima, como se carregasse um grande balão entre as mãos. 34. Forme um pequeno círculo com a mão direita e leve-a para a diagonal direita. Gire o pulso direito erguendo os dedos acima da mão esquerda. Continue o movimento do pulso até que os dedos se voltem para baixo. Então, leve a mão para fora e para cima, para a diagonal direita. Pare ao conseguir ver as costas da mão direita diante de você. 35. Traga o peso para o pé esquerdo, flexionando levemente o joelho. Abaixe as duas mãos simultaneamente, trazendo-as em direção a sua barriga, como se trouxesse com elas um grande objeto, de forma lenta. As mãos devem manter a mesma distância entre si enquanto realizam o movimento. A mão esquerda fica parada diante da parte inferior do abdome e a direita continua o movimento descendo até que o braço esteja quase reto e a palma da mão esteja voltada para baixo, em direção ao pé direito.

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Livros

Ler sobre tai chi, além de importante, é bom!

Você pode adquirir bons livros de tai chi nas melhores livrarias do Brasil ou pela internet:Livraria Cultura: www.livrariacultura.com.br | Submarino: www.submarino.com.brAmazon: www.amazon.com | Redwing Book Company: www.redwingbooks.com

Tai Chi Chuan: Saúde e EquilíbrioEste livro fornece informações e ensinamentos acumulados por mestres de Tai Chi Chuan, que ajudarão o leitor a compreender melhor a essência desta arte chinesa antiga e ao mesmo tempo uma ciência moderna, que tem efeitos benéficos sobre a saúde, a paz interior, a longevidade, o desenvolvimento espiritual e a qualidade de vida. É uma inspiração para o desenvolvimento dos praticantes de Tai Chi Chuan principalmente do Estilo Yang Tradicional. A 2ª Edição está com 45 páginas a mais de informações e ensinamentos em relação à 1ª Edição. Autor: Fernando De Lazzari - www.taichichuan.com.br

Pequeno Livro do TaoEssa obra apresenta a visão da Mestra Jerusha acerca do legado de Liu Pai Lin, cuja trajetória acompanhou por 23 anos. Ensinamentos sobre saúde, vitalidade, meditação e o simbolismo das práticas milenares chinesas são revelados por meio de aforismos singelos, que carregam grande sabedoria e poesia. O formato do livro, 10X13 cm, permite a leitura aleatória; quando aberto ao acaso pode prestar-se ao aconselhamento. Autora: Jerusha Chang. Editora OP Livros - http://oplivros.com.br.

Meditação TaoístaEste livro, de 326 páginas, é de leitura indispensável para quem espera compreender a filosofia que permeia o pensamento oriental, oportunidade ímpar de se conhecer uma obra escrita por um mestre taoísta contemporâneo. Os ensinamentos deste livro são baseados também no texto Zhuowanglun (Tratado de Esquecer a Si Mesmo) que é um dos mais importantes textos taoístas que já foram escritos. Autor: Wu Juh Cherng. Editora: Mauad X - www.mauad.com.br

Tai Chi Saúde do SerTai Chi Chuan e o Chi Kung são práticas de origem milenar em benefício da saúde e da longevidade. Desenvolvidas e pesquisadas na China ao longo dos séculos, atualmente, apresentam crescimento de popularidade em todo o mundo. Este livro, tamanho 18x25 cm, relata algumas considerações sobre o Tai Chi a partir das percepções, intuições e sentimentos do autor, em sua vivência recém iniciada nas trilhas do Tai Chi. Autor: José Milton de Oliveira ([email protected]). www.tao.org.br

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Tai Chi Chuan - Níveis Os Cinco Níveis de Habilidade no Taijiquan

(Parte III)

Este texto foi dividido em cinco partes para publicação. Cada uma delas trata de um dos cinco níveis mencionados. O texto é de autoria do Grão-Mestre Chen Xiaowang e foi traduzido para o português

sob sua autorização expressa. Publicado originalmente em: http://taijiquan.pro.br

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Eduardo MolonSecretário-Geral da World Chen Xiaowang Taijiquan Association Brasil - [email protected] | http://taijiquan.pro.br

O terceiro nível de gongfu (kung fu)

“Se você deseja melhorar na sua forma, você tem que praticar para tornar seus círculos menores”. Os degraus na prática do Taijiquan Chen envolvem progredir do domínio do círculo grande para o domínio do círculo médio e do círculo médio para o círculo pequeno. A palavra “círculo” aqui não significa o caminho resultando dos movimentos dos membros, mas sim o fluxo harmonioso do qi. Neste sentido, o terceiro nível de gongfu é um estágio em que se começará com círculos grandes e se terminará com círculos médios (na circulação do qi). O Clássico do Taijiquan mencionava que “yi e qi são superiores às formas”, o que significa que ao praticar Taijiquan deve-se colocar ênfase em usar yi (consciência). No primeiro nível de gongfu, a mente e a concentração do praticante estão principalmente em aprender e dominar as formas externas do Taijiquan. No segundo nível de gongfu, o praticante deve se concentrar em detectar conflitos ou descoordenação entre membros e o corpo e entre os movimentos externos e internos.

Deve-se ajustar o corpo e as formas para assegurar um fluxo suave da energia interna qi. Quando progredindo para o terceiro nível de gongfu, o praticante já deve ter a energia interna fluindo suavemente: o que é requerido é yi e não força bruta. Os movimentos devem ser leves mas não “flutuando” e pesados mas não desajeitados. Isto implica que os movimentos aparentem maciez, mas a força interna seja na verdade forte, ou que haja força implícita nos movimentos macios e que o corpo todo seja bem coordenado e que não existam movimentos irregulares. No entanto, não se deve prestar atenção apenas ao movimento do qi no corpo e negligenciar as ações externas, sob pena de parecer-se estar num transe, e como resultado o fluxo interno do qi não apenas ficaria obstruído mas poderia também ser dispersado. Assim, como está escrito nos Clássicos sobre Taijiquan, “a atenção deve estar no espírito e não somente no qi, com excesso de ênfase no qi haverá estagnação (do qi)”. Um praticante pode ter dominado as formas externas entre o primeiro e o segundo níveis de gongfu, mas ele pode não ter atigindo a coordenação entre os movimentos externos e os internos. Algumas

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contínua desta maneira, geralmente pode-se atingir o quarto nível de gongfu. Com o terceiro nível de gongfu, embora haja um fluxo harmonioso da energia interna qi e as ações sejam melhor coordenadas, o qi ainda é fraco e a coordenação entre os movimentos dos músculos e o funcionamento dos órgãos internos não está suficientemente estabelecida. Enquanto praticando sozinho sem perturbações externas, o praticante pode conseguir coordenação entre o externo e o interno. Durante o tuishou competitivo e durante o combate, se a força do oponente é mais fraca e mais lenta, o praticante

pode ser capaz de acompanhar o oponente e mudar as próprias ações de acordo e de aproveitar quaisquer oportunidades para levar o oponente a uma situação desvantajosa; ou de evitar os movimentos firmes do oponente e de atacar quando houver qualquer fraqueza deste, manobrando com facilidade. No entanto, ao encontrar um oponente mais forte, o praticante pode sentir que seu pengjin é insuficiente e que há uma sensação de que a própria postura está sendo pressionada e

está prestes a colapsar (isto pode destruir a postura infalível, que se supõe ser impossível de inclinar ou declinar e que é apoiada por todos os lados) e não pode manobrar conforme sua vontade. O estudante pode não atingir o que os Clássicos descrevem como “bater com os punhos sem que estes sejam vistos; uma vez visíveis, é impossível manipular”. Mesmo nas ações de direcionar para dentro e de expelir para fora o oponente, o estudante pode sentir-se rígido e muito esforço é necessário. Desta forma este estágio é descrito como “30% yin, 70% yang, ainda no lado duro”.

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vezes, devido à rigidez ou estagnação das ações, não é possível inspirar completamente. Por outro lado, sem a coordenação apropriada entre os movimentos externos e internos, não é possível expirar completamente. Por isto, quando praticando a forma deve-se respirar naturalmente. Após entrar no terceiro nível de gongfu há uma melhor coordenação entre os movimentos externos e os internos. Assim, geralmente as ações podem ser sincronizadas com a respiração bastante precisamente. No entanto, é necessário sincronizar conscientemente a respiração com os movimentos para algumas ações mais rápidas, complicadas e refinadas. Isto é para melhor assegurar a coordenação entre a respiração e as ações de modo que ela gradualmente instale-se de modo natural. O terceiro nível de gongfu envolve basicamente dominar os requisitos externos e internos do estilo Chen de Taijiquan e o ritmo do exercício tanto quanto a habilidade de auto-correção. O praticante pode também ser capaz de comandar as ações com mais facilidade e deverá possuir mais energia interna qi. Neste nível, é necessário compreender melhor a habilidade de combate implícita em cada forma e sua aplicação. Por isto, é necessário praticar tuishou, e verificar nas formas a qualidade e quantidade de força interna e a expressão da força tanto quanto a dissolução da força. O praticante adquire mais confiança conforme continua a praticar duramente. Ele pode então aumentar sua rotina de exercícios e adicionar práticas complementares como bastão longo, espada ou sabre, lança e o exercício com a estaca, e praticar fajin (expressão da força). Com dois anos de prática

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Muitas pessoas que me procuram pela primeira vez em busca do Tai Chi Chuan não sabem exatamente o que é esta Arte e, pior ainda, alguns professores de Tai Chi Chuan ainda não conhecem todos os aspectos da arte e ensinam de uma forma limitada. Muitas pessoas têm uma visão errada do que é o Tai Chi Chuan, pensam que são exercícios muito suaves e moles, indicados apenas para pessoas idosas. Pensar assim é um grande erro, pois o Tai Chi Chuan é composto por um complexo de exercícios e práticas internas que abrangem vários aspectos que incluem, desde alongamentos e movimentos para o fortalecimento do corpo, até treinamentos intensos de Chi Kung e avançadas e eficientes técnicas de defesa pessoal. A filosofia do Tai Chi Chuan é muito rica, abrangente e inclui vários aspectos da cultura chinesa, com uma história de milhares de anos. O praticante de Tai Chi Chuan precisa praticar a arte intensamente, estudando a teoria, pesquisando profundamente a filosofia e buscando a perfeição em todos os movimentos e técnicas. É necessário entender que o Tai Chi Chuan enfatiza o movimento e a quietude e, através da concentração mental, a mente atingirá um estado de paz, alegria e equilíbrio. Quando a mente está verdadeiramente calma, o lado espiritual das coisas se abre e é possível ver mais profundamente tudo o que está ao redor, sem confusão ou dúvida. Isso proporciona uma nova visão da vida e do mundo, melhorando o estilo de vida do praticante. Como dizia o grande Mestre Lao Tzu: “Inteligente é quem conhece os outros e Sábio é quem conhece a si mesmo”.

Opinião A importância de conhecer profundamente

a arte do Tai Chi Chuan para ensinar

As pessoas que desejam aprender o Tai Chi Chuan para ensinar para outras pessoas, ajudando-as a melhorar sua qualidade de vida, devem realizar uma Formação adequada em uma escola que ensina e representa uma tradição verdadeira da arte. Um professor deve ter bons conhecimentos da Cultura Chinesa, Filosofia Oriental, Chi Kung, Meditação, Artes Corporais Chinesas, além de conhecer as técnicas e práticas do Estilo de Tai Chi Chuan que ensina. Paciência, persistência, honestidade, vontade de aprender e ensinar, e uma motivação correta são algumas características de um professor que realmente poderá ajudar outras pessoas. Respeito pelos outros estilos, escolas e professores de Tai Chi Chuan também é fundamental para um bom relacionamento com outros professores e para ajudar no desenvolvimento da arte em geral. Toda pessoa que ensina o Tai Chi Chuan deve estudar e praticar constantemente, buscando melhorar suas habilidades e seu entendimento sobre a arte, para verdadeiramente ensinar e beneficiar muitas pessoas. É uma grande responsabilidade. Aprender corretamente, praticar corretamente e ensinar corretamente, este é o caminho ideal. Sabemos que a prática do Tai Chi Chuan auxilia na melhoria da saúde física, emocional e mental, então, vamos divulgar e promover esta arte maravilhosa para que muitas pessoas possam se beneficiar e viver em harmonia consigo mesmas, com os outros e com a natureza.

Prof. Fernando De LazzariDiretor do EQUILIBRIUS – Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura OrientalRepresentante do Estilo Yang Tradicional de Tai Chi Chuan - www.taichichuan.com.br

Prof. Fernando De Lazzari

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Para a Ciência...

Efeitos do Tai Chi nos Sintomas de Fibromialgia e na Qualidade de Vida

Taggart HM, Arslanian CL, Bae S, Singh K.

Armstrong Atlantic State University, Savannah, GA, USA.

Introdução: Fibromialgia (FM), uma das desordens musculoesqueléticas mais comuns, está associada a altos índices de comprometimento da saúde associados a sintomas limitantes. A causa dessa complexa síndrome é desconhecida e ainda não há cura. Numerosos resultados de pesquisas indicam que a combinação de exercícios físicos e terapias complementares (mente-corpo) são efetivas no controle dos sintomas. T´ai Chi, um exercício chinês antigo, combina as duas coisas.

Objetivo: investigar os efeitos do exercício do T´ai Chi nos sintomas de fibromialgia e na qualidade de vida.

Método: participantes com fibromialgia (n=39) formaram um único grupo para fazer aulas de T´ai Chi durante 6 semanas (2x por semana com aulas de 1 hora de duração). Os sintomas de fibromialgia e escala de qualidade de vida foram mensurados antes e após os exercícios.

Resultados: 21 participantes completaram no mínimo 10 do total de 12 sessões de T´ai Chi. Apesar da desistência ser mais alta que o esperado, os resultados do FIQ (Fibromyalgia Impact Questionnaire – Buckhardt & Bennett, 1991) e o SE-36 (Short Form-36, Were & Sherbourne, 1992) que medem os sintomas fibromiálgicos e a qualidade de vida, respectivamente, revelaram uma melhora estatisticamente significante do controle dos sintomas fibromiálgicos e da qualidade de vida dos participantes. Referência PMID: 14595996 [PubMed - indexed for MEDLINE] 1: Orthop Nurs. 2003 Sep-Oct;22(5):353-60. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14595996 NCBI – PubMed – www.pubmed.gov U.S. National Library of Medicine and the National Institutes of Health

Pratique tai chi chuan - faz bem para a saúde!www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 29

Versão para o idioma português brasileiroLevis Litz

Revisor TécnicoMarcelo Sato

Médico - CRM: 17.790 – PRProfessor de Farmacologia

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Ponto de Vista O Tao de Nossa Crise Econômica

Versão para o idioma português brasileiro: Levis Litz. Autorizada pelo autor.

Bill DouglasFundador do Dia Mundial do Tai Chi & Chi Kung World Tai Chi & Qigong Day

Por décadas, metade do planeta tem sobrevivido com salários de fome. Por quê? Quando a riqueza de algumas nações puxa recursos de nações pobres como um ímã de sucção, não deixa nada para a população local. Quando eu era jovem, meu pai trabalhou com um homem mexicano que vinha de uma parte de México que plantava melancias para exportar para os Estados Unidos. Em toda sua vida no México ele nunca tinha provado melancia, até sua chegada nos Estados Unidos como um adulto jovem. Assim como o combustível torna-se caro, exportações de longo alcance tornam-se menos atraentes. Terras locais nos países pobres podem, eventualmente, ser mais voltadas para a nutrição das populações locais, assim como nós, países desenvolvidos mais ricos, nos acostumamos com a sazonalidade na produção de alimentos produzidas localmente. No entanto, a crise dos combustíveis também pode estimular um grande investimento privado e público em direção ao verde, energias renováveis e baratas do tipo solar-eólica. Esta tecnologia então pode ser exportada ao mundo, como por exemplo, a uma China necessitada de energia. Nosso ambiente está chegando ao seu limite. Poucas pessoas ainda não se deram conta disso. Um ponto crítico se aproxima e se nós não mudarmos radicalmente de combustíveis fósseis (óleo/carvão) à renováveis (vento, maré, solar), podemos danificar nosso ecossistema além do ponto de reparação. Qualquer um que esteja consciente disso sabe que o tempo mudou de quando éramos crianças. Podemos chegar a um ponto onde essa mudança poderá ser intensamente dolorosa para todo o planeta. Este momento de “crise” econômica é perigoso, mas juntar-se à ela pode ser a oportunidade

para catapultar a economia global em energia renovável barata. Porque no final seria muito mais barato, não apenas na produção de energia, mas na manutenção do sistema, sem desastres ambientais, além dos ganhos que essa energia renovável envolveria. O cuidado com a saúde é outra área que será posta a prova para experimentar uma mudança de paradigma. Tendências atuais projetam que nos próximos anos os custos anuais de saúde dos Estados Unidos excederão 4 trilhões de dólares. Isto é insustentável e, se essa situação permanecer inalterada, vai causar a falência dos Estados Unidos. No entanto, ela está mudando nosso comportamento.

(Continua na próxima edição.)

Bill [email protected]

http://worldtaichiday.org/

(Parte II)

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Aprendendo Chinês

Chang Yuan Chiang Professor do Curso do Idioma Chinês (Mandarim)

CELIN (Centro de Línguas e Interculturalidade) Universidade Federal do Paraná

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Traço a Traço: Wu Shu (Arte Marcial)

Wu

Shu

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Acredita-se que esta antiga ilustra-ção foi desenhada por um taoísta da Dinastia Tang da China. Encontrada numa biblioteca nas “Altas Mon-tanhas de Pinhei-ros”, ficou lá, oculta do público, por centenas de anos. A ilustração foi reproduzida e impressa para ser compartilhada com o mundo.

Detalhes podem ser obtidos baixando-se gratuitamente o livro “A Alquimia Interior Taoísta”, de Sun Tun no seguinte endereço da internet: http://www.4shared.com/file/83242997/e1c15978/A_Alquimia_Interior_Taoista.html

Referência: http://en.wikipedia.org/wiki/Neijing_Tu

Observação: informa-ções disponíveis em 1º de janeiro de 2010.

Colaboração:Anderson Rosa

O diagrama das passagens internas do homem

Neijing Tu