Revista Tai Chi Brasil - Nº 5 - Maio-Junho 2010

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Tai Chi Brasil Revista Edição nº 5 - Maio/Junho 2010 - Distribuição gratuita e dirigida www.RevistaTaiChiBrasil.com.br Como o Chi Kung (QiGong) pode melhorar seu Tai Chi Chuan (Taijiquan) Entrevista com Dan Docherty Anderson Rosa: QiGong e TJQ Escola de Treinamento Tradicional de Tai Chi Chuan, Chenjiagou, China Dia Mundial do Tai Chi Chuan O Brasil em sintonia com o mundo

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Revista Tai Chi Brasil - Edição nº 5 - Maio/Junho 2010 www.RevistaTaiChiBrasil.com.brSumário6 Qigong e Tai Ji Quan8 Hunyuan Qigong Pode Melhorar o Seu Taijiquan11 Qi Gong - ciência da Informação da Vida12 Tai Chi Chuan - Família Yang - Forma longa tradicional estilo Yang (Parte V)14 Dia Mundial do Tai Chi Chuan20 Tai Chi Chuan - 3º Tratado Cheng Man-Ching: Concentrando o chi e desenvolvendo a flexibilidade21 Tai Chi Pai Lin - MTC22 Treinamento Tradicional em Chenjiagou24 Tai Chi - Estilo Lam Kam - Forma do pequeno círculo (Parte V)26 Tai Chi Chuan - 5º Princípio - Os 10 princípios de Yang Cheng Fu29 Tai Chi Chuan - Níveis - Os cinco níveis de habilidade (Parte V)30 Para a Ciência... Psicomotricidade e Tai Chi Chuan: uma relação íntima

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Tai Chi BrasilRevista

Edição nº 5 - Maio/Junho 2010 - Distribuição gratuita e dirigida www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

Como o Chi Kung (QiGong) pode melhorar seu Tai Chi Chuan (Taijiquan)Entrevista com

Dan DochertyAnderson Rosa:QiGong e TJQ

Escola de Treinamento Tradicional de Tai Chi Chuan, Chenjiagou, China

Dia Mundial do Tai Chi Chuan

O Brasil em sintonia com o mundo

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Pratique Tai Chi Chuan!

Aparecido de Lira começou a aprender artes marciais com oito anos de idade, graduando-se professor faixa preta em Kung-fu e Tai Chi Chuan Fei Hok Phai. É Vice-Presidente da Federação Paranaense de Kung-fu Wushu, Presidente-Fundador da Associação Húng Sing de Kung-fu Wushu e Tai Chi Chuan Fei Hok Phai e do Instituto Fu Hok de Cultura Chinesa (www.institutofuhok.com.br). É filiado à Associação Central Fei Hok Phai, à Federação Paranaense de Kung-fu Wushu e é Diretor-Técnico (gestão 2009-2010) da AIPT: Associação Internacional de Praticantes de Tai Chi Chuan (www.fotoserumos.com/aipt).

SESC Água VerdeCuritiba - Paraná

3 TURMASÀs 2ªs, 4ªs e 6ªs: das 08h às 09h

Às 3ªs e 5ªs: das 18h20 às 19h20

Às 5ªs: das 16h30 às 18h

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Revista Tai Chi Brasil

revistataichibrasil.com.brCaixa Postal 2233

Curitiba - PR - 80011-970 - Brasil

Edição nº 5 | maio/junho | 2010

® Todos os direitos reservados

Registro nº 401.197 4° ofício de registro de documentos

editor: levis litz

na capaamandinha, anderson rosa, beatriz,

camilinha, dan docherty, josé onofre nunes e seus alunos e marcio zaqueu com

praticantes no dia mundial do tai chi.

colaboraram nesta edição alex silva costa, anderson rosa,

aparecido de lira, arthur dalmaso, bruno davanzo, david gaffney,

eduardo molon, eliane cardoso, john vanko, jorge jefremovas, josé roberto batalha,

maria aparecida pimentel arruda, regina maria azevedo e valesca giordano litz.

agradecimentos amandinha, beatriz, camilinha carlos gonzaga,

dan docherty, dorival da silva, eda machado, fernando de lazzari,

hildo honório do couto, ivana barbosa marcelo giffoni, marcio luis zaqueu,

maria angela soci, mario celso, péricles zacarias abrahão,

regina helena coltro, rosana rodrigues do n. vitória,

tarcísio tatit sapienza e walter sasso.

revisão: viviane giordano

contato | publicidade [email protected]

[email protected]

jornalista responsável diplomado levis litz - mtb 3865/15/52v pr

Sumário

Distribuição gratuita e dirigida. A reprodução parcial ou total dos textos é permitida desde que citada a fonte e autoria. Todos os textos e fotos aqui publicadas são colaborações volun-tárias gratuitas. Não são de responsabilidade desta revista os artigos de opinião e também as opiniões emitidas em entrevistas e depoi-mentos, por não representarem, necessaria-mente, o pensamento do editor. Por questões de espaço, objetividade e clareza, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir os textos recebidos. Foto com pouca definição é de responsabilidade do autor. Os exemplares impressos em papel desta publicação serão doados para bibliotecas públicas.

6 Qigong e Tai Ji Quan 8 Hunyuan Qigong Pode Melhorar o Seu Taijiquan 11 Qi Gong - ciência da Informação da Vida 12 Tai Chi Chuan - Família Yang Forma longa tradicional estilo Yang (Parte V) 14 Dia Mundial do Tai Chi Chuan

20 Tai Chi Chuan - 3º Tratado Cheng Man-Ching: Concentrando o chi e desenvolvendo a flexibilidade

21 Tai Chi Pai Lin - MTC 22 Treinamento Tradicional em Chenjiagou

24 Tai Chi - Estilo Lam Kam Forma do pequeno círculo (Parte V) 26 Tai Chi Chuan - 5º Princípio Os 10 princípios de Yang Cheng Fu

29 Tai Chi Chuan - Níveis Os cinco níveis de habilidade (Parte V) 30 Para a Ciência... Psicomotricidade e Tai Chi Chuan: uma relação íntima

SEÇÕES4 CARTAS5 EDITORIAL17 TRAJETÓRIAS E DEPOIMENTOS 18 RÁDIO CORREDOR 25 LIVROS27 ENTREVISTA

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CartasRevista Tai Chi Brasil. Caixa Postal 2233, Curitiba - Paraná - Brasil. CEP: 80011-970. [email protected] | editor: [email protected] questões de espaço, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir mensagens, depoimentos e textos recebidos.

4 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

“A edição nº 4 da revista Tai Chi Brasil foi muito feliz de textos, pois conseguiu apresentar diferentes facetas da prática por meio de diferentes pessoas. Técnica, filosofia, políticas públicas, testemunhos, imagens... sentimento e a mensagem de que é possível dissolver as barreiras de estilos, escolas e vaidades para propor um movimento pela arte e seu lugar na nossa sociedade. Parabéns! Há um cami-nho de união de profissionais/praticantes do Tai Chi Chuan que estamos trilhando de modo suave... quem sabe pensemos num seminário nacional para troca de experiências e reflexão coletiva?”

Marcello GiffoniBelo Horizonte, MG

“Todos estão de parabéns. Fazendo um trabalho maravilhoso na divulgação das artes corporais chinesas da Antiga Chi-na.”

Edésio OliveiraCanela, RS

“Fico muito feliz sempre que recebo a revista Tai Chi Brasil. Sou professora de Tai Chi Chuan no bairro Boqueirão há 6

Foto

: LL

Regina e Carlos Gonzaga. Praticantes de Tai Chi Chuan Estilo Yang Tradicional. Ribeirão Preto, SP.---------------------------------------------------

anos. As aulas são na Igreja N. S. das Vi-tórias, o espaço gentilmente cedido pelo pároco. Formamos um pequeno grupo de estudiosos do Tai Chi Chuan. Comecei estudando com o mestre Pan Y BO em 1997. Continuo estudando até hoje com o mestre Lin.Parabéns a todos.”

Maria Aparecida P. ArrudaTerapeuta Holística CRT 35847

Curitiba, PR

“Sou membro de um grupo de TCC no RJ em Campo Grande, participo do CBTCC em Botafogo (Prof. Marcio Lacerda) e da Associação Internacional da Yang Family. A revista Tai Chi Chuan Brasil é notável. Meu reconhecimento.”

José NunesCampo Grande, RJ

“Beautiful! You have a wonderful maga-zine.”

Bill Douglas. WTCQDEstados Unidos

“Parabéns pela revista, vocês continuam mantendo o fôlego e recheando suas pá-ginas com matérias excelentes!”

Regina Maria AzevedoSão Paulo, SP

“Parabéns pelo belíssimo trabalho! Su-cesso!”

Wagner CanalongaSociedade Taoísta de São Paulo

“A revista é muito boa! Já baixei as edi-ções anteriores. Pratico Tai Chi Chuan há 8 anos, com o Professor Ronaldo Meire-les. Estou me formando em instrutora e já ministro em uma Praça aqui no Bairro onde moro. Chin Li!”

Rosana Rodrigues do N. VitóriaNova Iguaçu, RJ

“Recebi com imensa alegria o quarto nú-mero da Revista Tai Chi Brasil e estou repassando para alguns amigos aprecia-dores dessa arte de vida. Que a Revista

Dorival. Praticante de Tai Chi Chuan Estilo Chen (Mestre Chen Zheng Lei). Curitiba, PR.

tenha longevidade e auspiciosidade. Um grande e forte abraço. Desde o sertão mi-neiro.”

Elton DurãesMinas Gerais

“Parabenizo e incentivo esta maravilhosa revista, com artigos sempre interessantes que estou lendo, divulgando e distribuin-do aos meus alunos e amigos.”

Eda Dionysio MachadoRio de Janeiro, RJ

“Estou gostando muito das revistas.”Ivana Barbosa

São Lourenço, MG

“A revista tai chi é maravilhosa e muito obrigada por enviá-la para mim.”

GisleneGama - DF

“Parabéns, a cada edição acrescentamos mais a nossa pratica de tai chi.”

José Mário Guaratinguetá, SP

“Esta revista promete muita divulgação e esclarecimentos ao público em geral. De minha parte estarei divulgando-a aos meus alunos.”

José Roberto BatalhaSão Paulo, SP

Foto

: LL

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Editorial Para você, fazemos o melhor E chegou o mês de maio e mais uma edição da Revista Tai Chi Brasil ficou pronta. Neste número há muitas dicas para a saú-de. Afinal, viver bem, ser saudável e se defender das atribulações do dia-a-dia, é a meta de qualquer pessoa. A boa notícia é: a prática do Tai Chi (Tai Ji) e Chi Kung (Qi Gong) proporciona tudo isso, o que não é nenhuma novidade. E, para complementar esse conheci-mento, como de praxe, apresentamos 32 páginas de informações, com contribuições voluntárias de textos, dicas, conselhos, ima-gens, entrevistas, entre outros. E sabe por quê? Para trazer o que há de mais interessante sobre o Tai Chi, seja no Brasil, seja no mundo. Olha só quanta novidade... ...o relato de um inglês de seu treinamento de Tai Chi na cidade onde o próprio Tai Chi nasceu, em ChenJiaGou, na China; ...a experiência de um educador físico de Santos, SP, especia-lista em psicomotricidade, que aborda a relação do Tai Chi Chuan e a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo; ...uma entrevista com um professor escocês de Tai Chi e suas impressões a respeito de sua prática. Aqui, na sua revista, é assim: nós, firmes e fortes, continu-amos sempre em atividade, de forma Yin e Yang, para levar até você, um apaixonado pela vida e pelo Tai Chi, o que podemos fazer de melhor. Bem, agora chega de conversa, vamos ler um pouquinho e depois praticar?

Levis Litz O editor

Revista Tai Chi Brasil Bibliotecas & Acervos

Campinas, São Paulo

Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental

Av. Oscar Pedroso Orta, 222. Barão Geraldo.-------------------------------------------

Curitiba, Paraná

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Academia ParamittaAv. Visc do Rio Branco, 84. Mercês.

Colégio Estadual do ParanáRua João Gualberto, 250. Alto da Glória.

Colégio MedianeiraAv. José Richa, nº 10546. Prado Velho.

NutribioformaR. Jaime Balão,1150. Casa 1. Hugo Lange.

SESC Paraná – Unidade Água VerdeAv. República Argentina, 944. Água Verde.-------------------------------------------

Ribeirão Preto, São Paulo

Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental

Rua Cerqueira César, 1825. Jd. Sumaré.-------------------------------------------

São Paulo, São Paulo

Espaço Bem Estar (Yoga e Tai Chi Chuan)Av. Pe. Antonio José dos Santos, 1371.

Brooklin Novo.

Peng Lai Brasil - Artes Marciais Tradicionais Chinesas.

Av. Deputado Emílio Carlos, 121. B. do Limão.

Sociedade Brasileira de Tai Chi ChuanRua José Maria Lisboa, 612, Sala 7.

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Academia Budô KanRua Benjamin Monteiro, nº 64. Centro.

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Qigong e Tai Ji Quan É bem conhecida de todos a afirmação de que Tai Ji Quan (Tai Chi Chuan) sem qigong (chikung) não é Tai Ji Quan¹. No entanto, convém falarmos um pouco mais sobre este tema que, para alguns, ainda pode parecer misterioso demais. Vamos, antes de mais nada, saber um pouco mais sobre o termo “qigong”. Qigong é, literalmente, trabalho de energia, onde Qi=energia e gong=trabalho. Portanto, qigong é a técnica utilizada para desenvolver-se a energia no corpo ou técnica para manipular/trabalhar esta energia. Quando um artista marcial aplica um golpe, quebra uma tábua ou entorta uma barra de ferro, ele está aplicando o resultado deste trabalho de energia (qigong). Dessa forma, podemos compreender de modo simples que o qigong é uma técnica (qigong) dentro de outra técnica (tai ji quan). Muitas pessoas, quando começam a praticar o Tai Ji Quan,tem como objetivo a boa saúde e a longevidade. Estas são apenas duas das benesses pretendidas pela prática. Outros objetivos podem ser citados: eficiência no combate, expansão da mente, melhora da memória de longo prazo, e, por que não, aprimoramento espiritual (este último é um objetivo mais raro na procura pelos ocidentais). Porém, é importante dizer e alertar que tais objetivos só podem ser alcançados se o qigong for parte integrante da prática do Tai Ji Quan. Se alguém afirma ser praticante do Tai Ji Quan por muitos anos e ainda é fraco, instável e doentio, podemos afirmar com grande grau de certeza que a prática realizada por esta pessoa não possui qigong como parte integrante da prática do Tai Ji Chuan. Um dos motivos disso acontecer é o distanciamento dos atuais professores das origens do Tai Ji Quan. Antes de ser popular no Ocidente, o Tai Ji Quan era uma prática inserida num contexto religioso, normalmente taoísta, budista ou confucionista, ou ainda num misto destas três vertentes. E quando veio para o Ocidente, na bagagem de professores que deixavam para trás não apenas um país que limitava e perseguia cada vez mais práticas ancestrais, em especial aquelas que possuíam um veio religioso ou espiritual, o Tai Ji Quan acabou por ser “lavado”, mesmo que sem esta intenção, de muitas partes que constituíam o seu todo.

Embora fale aqui de forma especulativa, sem um embasamento teórico/acadêmico formal, devo salientar algumas observações que fiz ao longo do meu contato com imigrantes chineses. Algumas pessoas, quando fogem de um regime totalitarista como era o regime chinês há algumas décadas (e ainda é em alguns aspectos), fazem questão de enterrar o seu passado. Deixam atrás de si não apenas o regime que lhes oprimia, mas em muitos casos deixam também qualquer traço que lhes conecte aquela cultura que lhes trouxe amargura e profundas perdas. Com isso, é comum encontrar entre os imigrantes chineses, aqueles que abandonam suas raízes religiosas, e onde no quarto antes repousavam cânones budistas ou taoístas, agora repousa um exemplar da

Bíblia. Lábios que antes proferiam a sabedoria de Confúcio agora citam as Cartas de Paulo. Bem, é hora de retomar o caminho original do texto. Para sobreviverem numa terra estranha, estes imigrantes viram como uma possível fonte de renda a prática e o ensino das artes marciais. Em alguns momentos e alguns lugares, sujeitos mais uma vez à uma legislação que reinava sobre eles, foram proibidos de praticar as artes marciais mais externas com medo de serem presos ou extraditados para o seu país de origem. Nesses casos, como aconteceu nos E.U.A., os imigrantes chineses ofereceram o Tai Ji Quan como uma “dança” que

proporcionava saúde e bem-estar. Bem, nesta nova roupagem fica evidente a dificuldade que estes primeiros professores tiveram para passar não apenas os conceitos pertinentes ao Tai Ji Quan, mas também técnicas não tão evidentes como o Qigong. Somados à isso, também vieram para o Ocidente muitos oportunistas que, longe de possuírem domínio sobre a Arte, desejavam apenas possuir domínio sobre os bolsos dos seus alunos, oferecendo uma prática “exótica do oriente distante”, se opondo ao caos da vida ocidental. Feitas estas observações, fica mais do que evidente que muitos praticantes de Tai Ji Quan no Brasil e no mundo em grande parte não passam de coreógrafos com alguma competência, porém sem nenhum benefício evidente advindo da prática do Tai Ji Quan. Note-se no

“Tai Chi Chuan e Chikung

são escritos em pin yin, Tai ji Quan e Qigong,

respectivamente, por corresponder ao

padrão atual de transliteração

da escrita chinesa.”

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entanto que nosso objetivo não é criticar este ou aquele professor ou estilo, mas sim perceber que é muito mais comum do que se pensa a prática inconsistente do Tai Ji Quan, sem alcançar qualquer dos resultados tão alardeados em sites e revistas mundo afora. Talvez a característica mais impressionante do Tai Ji Quan seja o desenvolvimento de habilidades muito acima de outras artes de combate. Devemos lembrar aqui que o Tai Ji Quan é conhecido como Boxe das Sombras. A superioridade do praticante faz dele um alvo cobiçado, mas quase inatingível em combate e quando todos os inimigos jazem derrotados ao seu redor, apenas um último inimigo se mantém em pé com sorriso zombeteiro, quase invencível. Este é o “inimigo interno”. Esta é a sombra contra a qual se deve lutar e vencer. Depois de derrotar o mundo, o praticante deve derrotar a si mesmo. E sabedor disso, o praticante percebe que não há inimigo externo contra o qual valha à pena lutar, pois o alvo último está dentro e não fora. Por isso, no seu treino luta apenas contra sua própria sombra, numa estranha coreografia. Na prática do Tai Ji Quan como ferramenta de prática espiritual é que se evidenciam ainda mais as qualidades trazidas pela prática intrínseca do Qigong. Este desenvolver pessoal pode ser dividido em 3 estágios: o cultivo do Jing (essência) para tornar-se Qi (energia), e cultivar o Qi, para tornar-se Shen (espírito). E finalmente, cultivar o Shen para que ele retorne à sua Origem, o Tao (o Vazio). Segundo Wong Kiew Kit, o “Qigong é, pois, a ponte que liga o físico (jing) ao espiritual (shen)” ². Esse desenvolvimento é ilustrado na prática do Tai Ji Chuan no momento inicial da prática, em que o estudante parte da posição que designa o estado de “vazio” e no final, onde ele retorna exatamente para a mesma posição, dando a ideia de ciclicidade.

Um bom professor de Tai Ji Quan deve sempre estar atento para que a prática não seja apenas um conjunto de repetições bem elaboradas e bem executadas, numa “coreografia” de Tai Ji Quan, sob a pena de nunca passar além disso, uma mera “coreografia”. Como conselho aos praticantes do Tai Ji Chuan, podemos sugerir o estudo e a incorporação à

sua prática de registros feitos a esse respeito por grandes mestres como: A Canção dos Segredos para o Treinamento, de Wu Yu Xiang (1813-1880); A Fórmula dos Cinco Caracteres de Li Yi Yu (1832-1892); Os Dez pontos Importantes do Tai Ji Quan, de Yang Deng Fu (1883-1936) e Os Cinco Níveis de Habilidade no Taijiquan, de Chen Xiaowang (1945-...) ³.

Sugestão de Leitura: . Kit, Wong Kiew,O Livro Completo do Tai Chi Chuan, Ed. Pensamento, 1996, São Paulo.. Chuen, Mestre Lam Kam, O Caminho da Energia, Ed. Manole.. Cherng, Wu Jyh, Tai Chi Chuan – A Alquimia do Movimento, Ed. Mauad, 2000.. Chia, Mantak e Li, Juan,

A Estrutura Interior do Tai Chi, Ed. Pensamento, 1996.. Liao, Way Sun, Clássicos do T´ai Chi, Ed. Pensamento, 1990.

Por Anderson RosaInstrutor de Qigong - http://oraculo.cih.org.br

--------------------------------1. A partir deste trecho, iremos nos referir a Tai Chi Chuan e Chikung como são escritos em pin yin, Tai ji Quan e Qigong, respectivamente, por corresponder ao padrão atual de transliteração da escrita chinesa. - Nota do autor.

2. Kit, Wong Kiew,O Livro Completo do Tai Chi Chuan, Ed. Pensamento, 1996, São Paulo.

3. Este último com tradução de Eduardo Molon ([email protected]), publicado originalmente em http://taijiquan.pro.br, e também na Revista Tai Chi Brasil nº1 e seguintes.

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Hunyuan Qigong Pode Melhorar o Seu Taijiquan

O Que é Hunyuan Qigong?

Qigong Hunyuan é um sistema de qigong (chi kung) que faz parte do sistema de hunyuan taijiquan, criado pelo Mestre Feng Zhiqiang, um discípulo do famoso mestre de taijiquan estilo Chen, Mestre Chen Fake. Porém, antes de tornar um discípulo do Mestre Chen, ele já era um discípulo do Mestre Hu Yaozhen, formado em medicina chinesa e um mestre de xinyiquan e das práticas de meditação Taoístas e Budistas. Ele era considerado o pai de qigong moderno na China. Mestre Feng utilizou o melhor dos sistemas dos dois mestres dele para criar o sistema de hunyuan taiji, que inclui hunyuan qigong. O produto era um sistema de taijiquan que segue as regras de qigong. O nome hunyuan é composto de “hun”, ou círculo e “yuan,” ou misto. O nome também pode significar origem ou original. Em outras palavras, o sistema é baseado nos círculos ou fluxos inerentes do universo. Estes círculos fazem parte do universo, em natureza e nos seres humanos.

Os sistemas de qigong geralmente cabem entre 3 classificações: religioso (por exemplo taoísta), marcial e medicinal. Hunyuan qigong é classificado como o tipo marcial porque além de ter benefícios à saúde, ele também dá benefícios que ajudam nas artes marciais, como taijiquan. É importante saber que enquanto hunyuan qigong utiliza conceitos de Taoísmo como yin e yang (taiji tu), isto não quer dizer que o sistema tem vínculos com religião. É simplesmente um sistema de exercícios que qualquer pessoa pode fazer para desfrutar os benefícios associados com esta prática. No sistema de hunyuan taiji, as formas (sequências de movimentos) são consideradas importantes e práticas com armas clássicas são consideradas complementares. Porém, o hunyuan qigong é um elemento fundamental do sistema de hunyuan taiji. Enquanto vários sistemas utilizam qigong como um exercício complementar, o sistema hunyuan taiji inclui práticas de qigong tão completas que ele pode ser visto como um sistema de qigong completo em si.

Fotos do exercício de retornar qi ao dantian, por John Vanko.

Na prática de taijiquan a energia vital ou qi é muito importante. Muitos sistemas de taijiquan e também outras artes marciais praticam qigong para fortalecer esta energia vital. No sistema de hunyuan taijiquan o reconhecimento da importância desta energia inspirou a criação do sistema de tunyuan qigong, que é tão completo que ele pode ser considerado um

sistema de qigong em si e não somente um complemento para a prática de taijiquan.

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Os Componentes de Hunyuan Qigong

1. Zhan Zhong: Exercícios feitos numa forma estática, ou seja, sem movimento físico. O propósito é de acumulação e purificação da energia vital. A prática é parecida de meditação. O praticante pode ficar até uma hora na mesma posição, com benefícios de alguém que faz exercício tradicional. Isto é um paradoxo da prática. 2. Jiben Gong: Também chamado de “chansi gong” (um exercício comum no Taijiquan Estilo Chen), também é um tipo de qigong, além de focar em outros fundamentos de taijiquan. Este tipo de qigong foca no desenvolvimento de uma energia específica para a prática de taijiquan. 3. Formas: São exercícios dinâmicos, ou seja, com movimento. Estes exercícios são feitos em conjuntos de movimentos. O foco é circulação da energia vital através do movimento físico do corpo (parecido do taijiquan, mas com repetição dos mesmos movimentos). No sistema Hunyuan Qigong, as formas básicas são a forma Hunyuan 12 e a forma Hunyuan 24. 4. Régua: Hunyuan qigong também inclui exercícios com o uso de “réguas,” ou um tipo de bastão curto para criar movimentos circulares com o apoio da régua.

Observação: é importante reconhecer que as formas ou sequências de taijiquan também tem certos elementos e benefícios de qigong. Então, os praticantes de taijiquan muitas vezes ganham os benefícios de qigong sem saber que estão fazendo qigong! Porém, os praticantes de taijiquan tem que focar também em muitas outras coisas, incluindo intenção e o lado marcial da prática. Qigong é focado especificamente no desenvolvimento da energia vital e é mais útil para quem quer focar neste ponto. A prática de qigong é muito profunda e cada praticante pode decidir sobre quanto que ele quer aprender sobre o mesmo.

Os Conceitos Básicos de Hunyuan Qigong

Existem centenas de sistemas de qigong. Independente do sistema, qualquer sistema de qigong deve seguir alguns princípios básicos. Hunyuan qigong também segue estes princípios. A teoria básica de qigong acredita que a circulação e equilíbrio da energia vital no ser humano pode melhorar e manter a saúde dele. Impedimento ou desequilíbrio desta energia pode causar doenças.

3 Tesouros: o ser humano deve cuidar dos 3 tesouros do seu corpo para manter sua saúde. • Jing: a produção de “jing” ou essência física, é como matéria-prima. •Qi: o jing é “queimado” para produzir qi, a energia vital do ser humano. •Shen: a energia qi é acumulada e refinada para produzir energia espiritual, ou “shen.”

3 Regulações: o praticante de qigong deve regular ou administrar o seguinte. • Estrutura do Corpo: para criar uma estrutura física que não impede o fluxo de energia. Segue regras tais como a posição da cabeça, ombros, peito, língua, coluna, cintura e joelhos. • Atividade Mental: para focar e concentrar na atividade de qigong, sem distrações. Hunyuan qigong tem métodos para direcionar o foco da pessoa para dentro, para aumentar a concentração e eliminar distrações. • Respiração: o controle voluntário ou invo-luntário da respiração. No nível do iniciante, hunyuan qigong usa respiração natural, ou seja, respiração sem controle forçado.

A Prática de Hunyuan Qigong É dito que “sem a energia vital (qi), a prática de taijiquan é vazio.” Isto quer dizer que os movimentos de taijiquan são apoiados pela energia vital, e sem o desenvolvimento desta energia a prática de taijiquan será somente um exercício físico sem muitos benefícios e sem muita força. Isto quer dizer que um componente de bom taiji é o desenvolvimento da energia vital do praticante. A prática de hunyuan qigong foca neste desenvolvimento. A forma de qigong hunyuan 12 é a forma mais fundamental do sistema, porém ela já envolve todos os elementos essencias de qigong. Este exercício deve ser feito sem distrações, num lugar sem barulho. O movimento do corpo nestes exercícios ajuda guiar a energia nos canais de energia do corpo e para outras áreas importantes. Características das Formas Hunyuan Qigong 12 e 24

• Exercícios para circular a energia vital em to-dos os canais e pontos essênciais do corpo.

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Depoimento

“Pratico Taijiquan (formas) a mais de 15 anos e Qigong a 7 anos. Hoje, no Hunyuan Qigong, é que pude compreender e experimentar esta prática de forma profunda e refinada, percebendo os níveis a serem desenvolvidos, bem como sua estrutura, as técnicas de respiração corretas e as formas e funções das energias essênciais. Hoje tenho meu caminho no Qigong claro e definido. Hoje experimento a resposta desta técnica na minha saúde, minha vida e no meu Taiji.”

Flávio Prado de AquinoCoordenador do Núcleo Shandong Wushu

de Guaratinguetá e Lorena. Aluno da Hunyuan Taiji Academy Brazil e

do Professor John Vanko.

• Foco na direção da energia vital de volta ao dantian (centro da energia) principal no final de cada exercício. • Técnicas de auto-massagem para dissipar energia acumulado no corpo depois do exercício.

Benefícios de Hunyuan Qigong para a Prática de Taijiquan

No sistema de hunyuan qigong, acreditamos que a prática de qigong deve ter resultados mensuráveis e reais para cada nível. Uma das características de hunyuan qigong é este foco em resultados. Isto não quer dizer que os praticantes terão resultados instantâneos, ou tem pressão de atingir resultados, mas a prática correta de hunyuan qigong deve produzir resultados consistentes nos praticantes. Alguns resultados são: sensação no corpo, melhor circulação, redução de stress, saúde, resistência a doenças, resistência a golpes e projeção de energia. Os benefícios de hunyuan qigong começam com benefícios de saúde, mas quanto mais séria a

prática, melhor os benefícios à saúde e para a prática de taijiquan também. Por exemplo, a base do praticante será fortalecida pela descida da energia até a terra. Com treinamento específico, o praticante também pode resistir golpes sem ser machucado e ter mais força para a prática de “tui shou” (empurrar mãos). Nos níveis avançados, o praticante até pode “transmitir” a energia dos golpes dele como se fosse uma “bala” de energia.

Conclusão

A prática de hunyuan qigong pode ser feita por qualquer um, independente da idade do praticante. Além disso, o sistema promete e entrega resultados comprovados de saúde e até de força interna para os praticantes mais avançados. Melhor ainda, os praticantes não precisam saber ou entender profundamente a ciência atrás da prática para ganhar resultados positivos. Eles simplesmente precisam praticar.

O Autor Shifu John Vanko é um praticante de Taijiquan, Qigong e Kung Fu desde 1986. Ele é um aluno do Mestre Chen Zhonghua, díscipulo dos Mestres Feng Zhiqiang e Hong Junsheng. Atualmente John dirige o Hunyuan Taiji Academy do Brasil em São Paulo, que oferece aulas de Taijiquan estilo Chen, Hunyuan Qigong e Kung Fu Louva-a-Deus. Website http://br.chenzhonghua.org

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O significado específico de Qi Gong é um método que, com o uso da consciência, visa mobilizar e aplicar o “fluxo energético” no campo magnético do corpo, aumentando o controle corporal, despertando e fortificando as funções intrínsecas do corpo que são: os sistemas nervoso, circulatório, respiratório, endócrino e imunológico. Durante o treino de Qi Gong a função fisiológica entra em um estado especial, diferente do estado de lucidez ou de dormência, chamado “estado de Qi Gong”. Neste estado de Qi Gong, todos os pontos no corpo estão abertos, absorvendo sem cessar a energia da natureza, fortalecendo a circulação sanguínea; desta maneira, o organismo produz uma série de reações favoráveis à boa saúde, inteligência e longevidade. Algumas práticas de Qi Gong incluem determinados “sons” coordenados com a respiração consciente, cujas vibrações produzem ondas bioelétricas e que atuam terapeuticamente sobre determinado órgão, função orgânica influenciando sobremaneira o metabolismo de vários hormônios, reforçando assim o sistema imunológico. A prática do Qi Gong abrange exercícios físicos

tanto estáticos como dinâmicos, técnicas para controle da respiração e da concentração mental, automassagem e acupressão em pontos de acupuntura. Esta prática baseia-se nos princípios da Medicina Tradicional Chinesa, que leva em consideração a extensa

rede de canais (meridianos), que distribuem a energia “Qi” entre os vários órgãos, propiciando a comunicação entre eles. Esta rede é o circuito de “informações” que mantém tudo unido, permitindo que os diferentes órgãos do corpo se comuniquem entre si. Significa dizer que pessoas treinadas na prática do Qi Gong são efetivamente capazes de emitir uma “informação” em direção a um outro corpo. Segundo pesquisas a respeito da emissão e a recepção do Qi externo em direção a outro corpo humano, o Qi seria uma radiação infravermelha de baixa frequência.

Nos últimos anos os cientistas chineses observaram os mecanismos operacionais da terapia de Qi Gong com a ajuda de aparelhos modernos e detectaram as alterações bioquímicas e fisiológicas nos mestres, comprovando objetivamente o efeito específico da terapia do Qi Gong.

Qi Gong - ciência da Informação da VidaPor Jorge Jefremovas Professor de Educação Física e Psicólogo.Praticante de Kung-Fu Tradicional, Tai-Chi-Chuan e Chi Kung. Discípulo do grão-mestre Chan Kowk Waiwww.shaolincuritiba.com.br

Unidade Mercês - Academia ParamittaRua Visconde do Rio Branco, 84

(41) 3018-5056 – 8809-0730 - Prof. Aparecido de Lira------------------------------------------------------------------------

Unidade Água Verde - Academia BackStageRua Prof. Guido Straube, 52-B

(41) 3013-6114 – 8809/0730 - Prof. Aparecido de Lira------------------------------------------------------------------------

Unidade Colombo - Academia Fit CompanyR. Manoel da Silva Rosa, n°11, L.13

(41) 3621-6629 – 8809-0730 - Prof. Romildo [email protected]

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CURITIBA - PARANÁ

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ombro, palma para fora, axila aberta, a mão direita fecha o punho. Ao tocar o pé direito no solo, no passo arco, a mão direita é projetada à frente, num giro de baixo para cima, na altura do nariz do oponente, peso ainda atrás, ao deslocar o peso para a frente, recolha o punho fechado da mão direita ao lado da cintura, palma para cima e avance a palma esquerda, altura de ombro, palma para fora. Lembre-se no passo arco de nunca deixar o seu joelho passar da ponta de seu pé.

33 – Jin Bu Ban Lan Chuei Avançar o passo, bloquear e socar. Inicie o movimento recuando o peso para a perna esquerda e girando o quadril para a esquerda, ao mesmo tempo a mão direita avança punho fechado, altura de ombros, a mão esquerda palma para cima apontada para o antebraço direito. A partir daí, repita o movimento n.17.

34 – Shang Bu Lan Chiao Wei Avançar o passo e acariciar a cauda do pássaro. Abra o ângulo do pé esquerdo, 45º, braço esquerdo, palma para dentro, protege a diagonal, punho esquerdo inclina num ângulo de 45º. Na passagem do peso para a perna esquerda, o braço esquerdo protege o corpo na altura dos ombros, palma para fora e o braço direito arredonda em frente ao corpo como um escudo, palma para dentro, ao passar o peso para a perna direita a mão esquerda acaricia a cauda do pássaro pequeno (um pássaro imaginário pousado sobre o centro do antebraço direito), os dedos da mão esquerda estão afastados do braço direito mais ou menos a distância de um punho, joelho direito não ultrapassa a ponta do pé.

35 - Lu – Rolar para trás. Veja o movimento n.04.

– Chi – Pressionar para a frente. Veja o movimento n.05.

– An – Empurrar. Veja o movimento n.06.

Tai Chi Chuan - Família Yang Forma Longa Tradicional Estilo Yang

(Parte V)Arthur DalmasoProfessor de Tai Chi Chuan - Estilo Tradicional da Família YangEspaço Bem Estar (Yoga e Tai Chi Chuan) - São Paulo, SP. www.taichichuanyang.org

30 – Hai Di Chin Procurar a agulha no fundo do mar. Do movimento anterior, empurre o peso à frente sobre a perna esquerda, estreite a largura do pé direito mantendo o ângulo de 45º, a mão direita avança, polegar em cima, dedos para a frente, a altura da mão aproximadamente a mesma da boca do estômago. Empurre agora o peso para trás até o limite do apoio com o calcanhar esquerdo, abrindo o quadril, puxando ao mesmo tempo a mão direita para a lateral do rosto, altura da têmpora, a mão esquerda sobe até a altura do ombro, braço alongado. Gire o quadril para a esquerda mudando o apoio do pé do calcanhar para a ponta, passo cheio e vazio, ao mesmo tempo a mão esquerda se desloca para a lateral da coxa e a direita mergulha, seguindo a direção do pé direito, dobrando a perna direita, mantendo a coluna reta, como se fosse se sentar sobre o calcanhar direito.

31 – Shang Tong Bei Abanar através das costas (abrir o leque). Da postura anterior, se erga na perna direita, ao mesmo tempo descanse a palma de sua mão esquerda sobre o pulso da mão direita e vá levando as mãos até a altura da têmpora, pouco a frente do rosto, abra então o passo arco com a perna esquerda, ao mesmo tempo que empurra o peso à frente separe as mãos, mantendo a direita ao lado de seu rosto, palma para fora, cotovelo baixo e a esquerda avançando à frente na direção do pé esquerdo, cotovelo para baixo, dedos para cima, altura do ombro. Olhar firme à frente!

32 – Chuan Shen Pie Shen Chuei Girar o corpo e bater com o punho. Da postura anterior, apoiando-se na perna direita, gire o corpo para a direita 135º, acompanhe com a ponta do pé esquerdo este giro, apoie-se na perna esquerda e dê um passo arco em direção oposta (180º) aquela inicial. Durante o giro e mão direita saindo da lateral do rosto abaixa e protege a cintura, a esquerda sobe e protege a cabeça, na diagonal, palma para fora. Na passagem do peso para a perna esquerda, a mão esquerda desce até a altura do

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36 – Tan Pien – Chicote simples. Veja o movimento n.07.

37 – Yun Shou I - Mãos de nuvem 1. Do movimento anterior, mude o peso para a perna direita, feche o ângulo do pé esquerdo 90º, o braço esquerdo acompanha o fechamento do quadril até a diagonal direita, o braço direito se mantém na diagonal, inicie a volta do quadril para a esquerda, desfazendo o gancho da mão direita, peso na perna esquerda, mão esquerda altura de ombros e direita protegendo a cintura, até a diagonal esquerda. Coloque o pé direito paralelo ao esquerdo, largura de ombros.

38 – Yun Shou Ar - Mãos de nuvem 2. O braço direito que estava embaixo, sobe, a mão na altura de ombro, cotovelo baixo. O braço esquerdo que estava em cima, desce e protege a cintura. Retorne o quadril para a direita, peso na perna direita, até a diagonal direita, a perna esquerda dá um passo paralelo para a sua esquerda, maior que largura de ombros. O braço esquerdo que estava embaixo, sobe, a mão na altura de ombro, cotovelo baixo. O braço direito que estava em cima, desce e protege a cintura. Retorne o quadril para a esquerda, peso na perna esquerda, até a diagonal esquerda, a perna direita dá um passo, fechando, paralelo, largura de ombros.

39 – Yun Shou San - Mãos de nuvem 3. O braço direito que estava embaixo, sobe, a mão na altura de ombro, cotovelo baixo. O braço esquerdo que estava em cima, desce e protege a cintura. Retorne o quadril para a direita, peso na perna direita, até a diagonal direita, a perna esquerda dá um passo paralelo para a sua esquerda, maior que largura de ombros.O braço esquerdo que estava embaixo, sobe, a mão na altura de ombro, cotovelo baixo. O braço direito que estava em cima, desce e protege a cintura. Retorne o quadril para a esquerda, peso na perna esquerda, até a diagonal

esquerda, a perna direita dá um passo diagonal 45º, os braços continuam o movimento circular se preparando para o próximo passo.

40 – Tan Pien - Chicote simples. Do movimento anterior, a perna esquerda dá um passo arco, o braço direito na diagonal atrás, costas arredondadas, a mão direita, dedos unidos apontados para baixo, o braço esquerdo estendido à frente na direção do pé esquerdo, dedos para cima, a coluna bem perpendicular ao chão, energia leve e sensível no topo da cabeça, olhar à frente altura do horizonte.

Anderson RosaQigong

AcupunturaCromopuntura

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Alunos da UMAPAZ, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SPInstrutora: Mestra Jerusha Chang, Tai Chi Pai Lin. Fotos de Regina Azevedo

Dia Mundial do Tai Chi ChuanO Dia Mundial do Tai Chi e Chi Kung, por iniciativa do estadunidense

Bill Douglas, foi criado para divulgar e promover as práticas de Tai Chi Chuan e de Chi Kung pelo mundo. É um evento realizado todos os anos no último sábado do mês de abril. Celebrado em mais de 60 países, agrega

participantes de todo o planeta. Seu início se dá na Nova Zelândia e termina no Havaí. Por onde passa o fuso horário, às 10 horas da manhã local,

há pessoas praticando o Tai Chi. Este ano foi no dia 24 de abril.

Niterói - RJFotos: Professor Sergio Villasboaswww.taochia.pro.br

Praticantes de tai chi em equilíbrio e harmonia!

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Momento ímpar de encontros com colegas, amigos, alunos e professores!

Curitiba, PR. SESC Paraná (Àgua Verde)Organizador: LL. Participação Especial: Joinville, SC. Fotos: Péricles Zacarias Abrahão

Em outro ponto de Curitiba (foto ao lado), apesar da garôa, o grupo da Professora Maria Aparecida Pimentel Arruda conseguiu comemorar com alguns alunos do Espaço Conviver, o dia Internacional do Tai Chi Chuan. Praça Menonitas, Boqueirão. Forma de Pequim, 24 (posições simplificadas).

Praça da Fonte. São Sebastião do Paraíso, MG.Fotos: Marcio Zaqueu.

Parque Municipal.Belo Horizonte, MG.

Fotos: Marcello giffoni

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Museu do Ipiranga, em frente ao jardim da independência, Ipiranga, São Paulo, SP. Fotos: José Roberto Batalha

Contribuindo para incentivar a paz no mundo!

Parque Vila Lobos. Espaço Esplanada/Monumento. São Paulo, SP. Fotos: SBTCC e Academia Hunyuan Taiji do Brasil

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“Minha história no Tai Chi começou no ano de 2002, em um Colégio próximo da minha casa, no Bairro Botafogo em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Quando as aulas co-meçaram, só minha mãe ia. Todas as terças e quintas-feiras ela acordava bem cedinho para praticar o Tai Chi e sempre me chamava para ir com ela. Eu relutava muito, pois nunca gostei de acordar cedo. Até que um belo dia tomei coragem e fui. Foi amor à primeira vista! Me apaixonei pelos movimentos graciosos, pela leveza, pela harmonia e pela música. Era um conjunto perfeito. A cada dia eu me envolvia mais e mais. Melhorei muito minha auto estima, passei a me relacionar melhor com as pessoas, aprendi a lidar com minha ansiedade e meu condicionamento físico ficou mil vezes melhor do que era. As au-las eram ministradas pelo Professor Ronaldo Meireles, que além de um grande mestre, passou a ser também um grande amigo e irmão. Agradeço muito a ele por todo o apoio que re-cebi e ainda recebo até hoje. Ele é, e sempre será, o meu Mestre. Ain-da tenho muito o que aprender, mas prossigo na minha busca pelo conhe-cimento dessa arte tão linda, que tan-to bem tem feito não só a mim, mas a milhares de pessoas em todo o mun-do. Ao meu querido Mestre o meu mais profundo agradecimento, por tudo o que ele me ensinou, e por tudo o que hoje eu sou. Obrigada Profes-sor Ronaldo! Serei sua eterna aluna. Espero, sempre poder contribuir para a divulgação e o engrandecimento do

Trajetórias e DepoimentosTai Chi Chuan, que na minha defini-ção, significa “A Arte de Viver Bem em todos os sentidos”.

Rosana Rodrigues do N. VitóriaNova Iguaçu, RJ.

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Tai Chi na Praça da Harmonia Universal

“Desde 1974, o Dr. Moo Shong Woo vem praticando e ensi-nando tai chi chuan na EQN 104/105, em Brasília. Esse local passou a ser conhecido como Praça da Harmonia Universal (PHU). Em 16 de janeiro de 2007, a PHU foi declarada patri-mônio cultural imaterial de Brasília, pela Lei Distrital número 3.951. Atu-almente, existem três horários de prá-

“Foi com imenso prazer que recebi mais um número maravilhoso desta revista. Mais feliz ainda fica-mos, eu e meus alunos, ao vermos nossa foto por ocasião da comemora-ção do Dia Mundial do Tai Chi Chuan e Tai Ji Qi Gong em 2009. Agradece-mos de todo coração este projeto tão importante para informação de todos. Fico feliz também em ver artigos de amigos de jornada, Roque Seve-rino, Angela Socci, Arthur e outros. Acima tem a foto do 9º Encontro de Lian Gong realizado anualmente no Parque do Carmo em São Paulo, ano passado, em 29/08/2009. Este evento reune anualmente mais de duas mil pessoas, onde apresentei com meus alunos Tai Chi Oficial de Pequim, 24 movimentos”.

José Roberto BatalhaSão Paulo, SP

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“Trabalho no Balneário do Parque das Águas como massotera-peuta de Shiatsu e Tuiná, além disso eu ministro aulas de Tai Chi Pai Lin no Parque há muitos anos, onde par-ticipei do Projeto 100% qualidade de vida pela Nestlé Waters e estou ini-ciando com as aulas gratuitas deTai Chi Chuan no Projeto Guardião que a Unimed está implantando no Parque, além de outras modalidades. Também ministro aulas de tai Chi Chuan pela Prefeitura de Cruzilia no Ambulatório de Saúde Mental daquela cidade tam-bém há muitos anos. Foto: Seminário de Tai Chi Pai Lin em Atibaia, SP.”

Ivana BarbosaSão Lourenço, MG

tica diária: das 6 às 7, das 7h30min às 8h30min (exceto domingos) e das 19 às 20 horas às segundas, quartas e sextas. Além disso, temos tai chi infantil aos sábados, 9h. Há também práticas com espada, bastão, leque, pa kua (bagua) e outras. Tanto o mes-tre quanto os cerca de 30 monitores auxiliares dirigem as atividades vo-luntariamente e por se sentirem bem. Temos frequentadores desde crianças até pessoas de mais de 90 anos. Des-de pessoas humildes, como balconis-tas e cabeleireiros, até diplomatas, políticos, empresários e ministros de tribunais de justiça. Temos também pessoas de diversas nacionalidades. Há frequentadores com mal de Pa-rkinson e de Alzheimer. Para maiores informações, pode-se consultar nosso site: www.phu.org.br.”

Hildo Honório do CoutoBrasília, DF

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3º IdadeRio de Janeiro

Grupo de alunos da Terceira Idade do SESC-Madureira/RJ da Prof. Eda Machado, de Tai Chi Chuan Esti-lo Yang da Escola Wu Chao Hsiang.

Rádio Corredor I Reconhecimento do Dia Internacional do Tai Chi

São Paulo e Curitiba

Fica instituído o “Dia do Tai Chi Chuan”, a ser comemorado anualmente, no último sábado de abril. Em São Paulo, com o apoio do Deputado Marcos Martins, houve a promulgação da Lei Estadual 13448/2009 que reconhece o Dia Mundial do Tai Chi Chuan e do Chi Kung de forma oficial. Em Curitiba, a pedido do vereador Mario Celso, foi votado e aprovado no dia 26 de abril, na Câmara Municipal de Curitiba, a Proposição nº 005.00061.2009, que institui o Dia do Tai Chi Chuan no município de Curitiba no último sábado do mês de abril de cada ano.

Essa atitude foi mais uma conquista dos que apreciam

o Tai Chi Chuan e demonstra a seriedade e a força que essa arte marcial vem consquistando em nosso

Vereador Mario Celso e pro-fessores e alunos de Tai Chi Chuan. Curitiba, PR

país e demonstra que um grande futuro nos aguarda neste processo de desenvolvimento desta arte no Brasil.

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Rádio Corredor II

Workshop Internacional de Chi KungRibeirão Preto, SP

O Workshop com a Mestra Helen Wu (fotos acima) obteve mui-to sucesso. O professor Fernando De Lazzari comentou: “Ela gostou muito de Ribeirão Preto e apreciou o interesse dos praticantes, por isso aguardem a programação para o ano que vem com a Mestra. Aprovei-to a oportunidade para agradecer o apoio, carinho e participação de to-dos”. Informações: EQUILIBRIUS - Centro de Tai Chi Chuan, Acu-puntura e Cultura Oriental. Tel: (16) 3911-1236. www.equilibrius.com.br

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Seminário Internacional de Tai Chi Chuan

Curitiba, PR

Segundo Bruno Davanzo, or-ganizador do Seminário Internacional

de Tai Chi Chuan de Curitiba (foto abaixo): “os cursos ministrados pelo Professor Niall O’Floinn em Curitiba superaram as expectativas. Três sema-nas de treino intenso ajudaram a to-dos que participaram a transformar e aprofundar a prática do Tai Chi estilo Chen. Os movimentos no Desenrolar o Fio da Seda tem criado uma nova percepção de como se movimentar de forma mais contínua e a cultivar o fluir do chi. Fomos agraciados com conhecimento técnico de alto nível, uma didática aprimorada e um cuida-do e atenção a cada aluno que cativou

a todos. No início, confesso que fiquei preocupado se seria algo intenso de-mais para um público heterogêneo, mas fui surpreendido pela sua forma de ensinar que conseguiu tornar pro-veitoso cada momento do seminário. Tanto é que conseguimos estudar em detalhes os 18 Movimentos do Estilo Chen do Mestre Chen Zheng Lei. O que impressionou a todos também foi sua capacidade e rapidez de assimi-lar o português. Até piada ele já es-tava fazendo. Aliás, isso também foi ótimo, nas aulas tínhamos um clima compenetrado, mas também de leveza e alegria. Na festa de despedida ficou claro para todos que a família Tai Chi estava aumentando. Bem, foi tão bom que todos acharam ótima a ideia do Professor Niall voltar. A boa notícia é que já está certo, em breve estare-mos divulgando os detalhes, mas ele estará de volta entre os dias 13 e 29 de agosto deste ano”. Informações: [email protected]

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O principal benefício do TAI CHI CHUAN está em afundar o CHI no TAN TIEN, considerada a primeira fase do treinamento de LAO TZU: “concen-trando o CHI e desenvolvendo a flexibi-lidade”. Conforme seus ensinamentos, “o suave e o fraco são os companheiros da vida, e o duro e forte são os com-panheiros da morte” mostra-nos como devemos direcionar nossa vida. Se desejarmos desenvolver a flexibilida-de, devemos primeiramente concentrar o CHI e afundá-lo no TAN TIEN. O I CHING diz “água sobre fogo representa a conclusão”. No hexagrama 63 (Após a Conclusão), os trigramas representan-do fogo e água, interagem mutuamente. Este hexagrama consiste nos trigramas K’AN (água dos rins que fluem para baixo) e LI (o fogo do coração –men-te – que erguem-se como chamas). No ser humano, o abdome contém a maior quantidade de água – cerca de 70% e lá existem dois fogos – LI, o fogo sobe-rano, verdadeiro e MING-MEN, o fogo vazio. Não existe sequer um lugar no corpo humano que o fogo não possa al-cançar e seu excesso resulta em doença – na medicina chinesa, chama-se fogo e na ocidental, inflamação. Embora o fogo sendo espalhado através do cor-po, não diminui o acumulo da energia da água. Se o corpo humano carece de água, então ele rapidamente se torna de-sidratado; se carece de fogo, a energia da digestão será afetada. Não somente as deficiências de água e fogo são inde-sejáveis, mas também, seu excesso. Baseado nos princípios do I CHING, LAO TZU salientava o méto-do de afundar o CHI no TAN TIEN e mantê-lo lá, junto com a mente. Quando a mente está dentro do fogão e a água está em cima, o fogo esquenta a água e em vez de sofrer com os efeitos da água abaixando o nível, nós tiramos vanta-gem da prodigiosa transmutação em CHI (vapor). Quando a água está acima

Tai Chi Chuan - Tratado Concentrando o chi e desenvolvendo a flexibilidade

O 3º Tratado de Cheng Man-Chinge abaixo, ela completa o fogo. Dessa maneira, não somente nós dispensamos o perigo da elevação do fogo, mas des-frutamos o processo natural de aqueci-mento e sustentação (alimentação). É chamado de “Após a conclusão”, que indica o desempenho da concentração de CHI e o desenvolvimento da flexibi-lidade, ou, não permitindo água e fogo violar o TAO. Alguns compreendem a ideia da água acima e o fogo abaixo, mas ques-tionam a necessidade de primeiramente concentrar o CHI para tornar-se flexível. Nada é mais benéfico que concentrar o CHI. Primeiro, o TAN TIEN é sim-plesmente como uma bolsa para o CHI. Se nós não afundarmos o CHI no TAN TIEN, então a bolsa pode entrar em co-lapso e se fechar, o que o tornaria sem utilidade. Mesmo que desejássemos di-recionar o fogo do coração para o TAN TIEN, seria impossível. Segundo, se a mente e o CHI não estiverem conecta-dos, então tudo estará desfocado e não haverá lugar para direcionar a mente-força. Enfim, afundar e concentrar o CHI no TAN TIEN é tão importante quanto manter a mente lá – somente então, nós poderemos conseguir a flexibilidade. É o que o “Tratado de Tai Chi Chuan” chama “movendo o CHI com a mente”, “ mo-vendo o corpo com o CHI” e “CHI pre-enchendo o corpo todo”. Sem exceção, o CHI deve primeiro afundar no TAN TIEN e somente depois nós podemos falar sobre a habilidade de mobilizar e mover o CHI. Este é apenas um aspecto da função de concentração do CHI. Sobre os benefícios para o cor-po humano, LAO TZU diz “concen-trando seu CHI e se tornando flexível, você pode ser como uma criança?” A criança é como uma semente germinada do ser humano; quando se torna adulta e a velhice se aproxima, não se expres-sa mais vida-força, tornando-se duro e forte – como uma árvore que apesar de

ser forte, facilmente se quebra – o que não está distante da morte. Podem es-tas pessoas retornar ao estágio de crian-ça? O corpo da criança é puro YANG, ou seja, possui CHI em abundância, o que significa que o sangue é suficiente e os tendões são flexíveis. Se pessoas que não estão distantes da morte, que-rem ter alguma esperança de retornar à juventude, preservando as faculdades mentais, somente conseguirão pela con-centração de CHI e se tornando flexível, pela energia do fogo sob água como no hexagrama “Após a Conclusão”. Sobre o estágio final, os clás-sicos de TAI CHI começam dizendo “o CHI deve ser elevado e o espírito deve estar concentrado dentro” e acabam com “nossa consciência deve estar no espírito e não no CHI. Se nossa consciência está no CHI, ele fica obstruído. Se lá existe CHI, não haverá força. Sem o CHI a du-reza absoluta é alcançada.” Isto se torna compreensível. “Elevar” significa que o CHI próprio de alguém e a atmosfera interagem. É um degrau entre “mobili-zar, mover o CHI e preencher o corpo todo com ele”. “Concentrando o espíri-to” é um nível mais avançado do poder de concentração do CHI. Seu auge está na habilidade de transmutar CHING em CHI, entretanto ainda não é o estágio do YANG puro. Mantendo a consciência da pessoa no espírito e não no CHI, e sem o CHI então a dureza absoluta é alcan-çada – este é o final. TAI CHI CHUAN pode alcançar o estágio do YANG puro, o qual corresponde do início ao fim com a teoria de concentração do CHI e o de-senvolvimento da flexibilidade de LAO TZU. Se nós formos capazes de alcan-çar isso, então a teoria de eliminação de doença e prolongamento da vida é sim-plesmente uma extensão lógica.

Aparecido de Lira e Eliane Cardoso Instituto Fu Hok de Cultura Chinesa

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Tai Chi Pai LinMestre Liu Pai Lin

Divulgação da Medicina Tradicional ChinesaO texto a seguir foi redigido por Tarcísio Tatit Sapienza, discípulo do Mestre Liu, para o artigo Liu Pai Lin publicado na Wikipédia, está disponível na íntegra em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Liu_Pai_Lin. É reproduzido aqui com seu conhecimento e aprovação.

O crescente reconhecimento de seu trabalho traz convites para participar de entrevistas em jornais, revistas e televisão, além de diversos congressos e seminários relacionados à área da saúde, onde divulga amplamente estas práticas associadas à Medicina Tradicional Chinesa. A partir de 1985, seu renome internacional o leva a realizar diversos seminários na Argentina e no México. Viaja também ao Japão para dar palestras, onde seu discípulo Kenichi Shioda publica, em 1995, um livro sobre as práticas do Tai Chi Pai Lin, “Transmissão dos Mistérios do Chi Kung da Linhagem Taoísta.”. Convidado pelo reitor Pierre Weil, assumiu a função de Diretor de Instrução de Longevidade da Universidade da Paz (UNIPAZ), em Brasília, ministrando cursos de formação nas suas unidades em Brasília e Salvador. Em 1994 cria dentro da UNIPAZ o Instituto Tao de Saúde e Longevidade da Universidade Holística Internacional de Brasília Apesar de ter aprendido a falar um pouco de português, o Mestre Liu preferia realizar suas palestras em chinês por assim ter mais fluência ao falar de conceitos mais profundos associados ao taoísmo. Seus tradutores mais frequentes foram discípulos ou membros da família como Maria Lucia Lee, Jerusha Chang, Tsai Shien Jong, seu filho Liu Chih Ming, e suas netas Nana Liu e Cinthia Liu.

Diagnóstico e tratamento

segundo a medicina taoísta O programa Globo Repórter, em uma edição da década de 1990 dedicada aos problemas da coluna, reservou um segmento para acompanhar o diagnóstico e o tratamento pelo Mestre Liu Pai Lin de uma pessoa com este problema. O paciente era um praticante dedicado de capoeira que estava exercitando sua arte com restrições devido às dores.

O programa o acompanha em sua consulta ao Mestre Liu, e tanto o paciente quanto o repórter se surpreendem com o diagnóstico de que o problema não seria apenas algo local, mas parte de um processo devido ao desequilíbrio de diversos meridianos, ocasionado pelo excesso de exercícios. O diagnóstico pela medicina tradicional chinesa considera: a entrevista ao paciente; sua aparência, avaliando alterações em diversos locais como os olhos e a língua; a reação ao toque em pontos reflexos específicos nos meridianos, nos pés, na barriga; a percepção das alterações nos órgãos e vísceras através da análise do pulso; e a percepção do fluxo de energia

vital pelo terapeuta. Segundo a transmissão taoísta, para ser capaz de realizar este diagnóstico de energia é necessário que o próprio terapeuta cultive a sua energia vital através das práticas do Tao Yin. O tratamento indicado pelo Mestre Liu incluiu sessões da massagem Tui Na, receitas de chás

da fitoterapia chinesa e a indicação do aprendizado das práticas de Chi Kung e de meditação que integram o Tai Chi Pai Lin. O programa o acompanha em alguns destes momentos. O próprio paciente comenta, no final da reportagem, que percebe melhoras, mas que entende que o tratamento proposto é de médio a longo prazo. Esta compreensão condiz com os princípios da medicina taoísta, que enfatiza a necessidade de reconhecer, de acordo com o I Ching, como a situação da saúde do paciente se insere em seu momento de vida e quais as perspectivas de mudança. A proposta de tratamento através das práticas taoístas considera que é necessário ao paciente ter instrumentos para manter por si mesmo sua saúde em equilíbrio após tratar o problema emergencial/local que o levou a procurar o tratamento.

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Escondido dentro da Província Chinesa de Henan, Chenjiagou é o lugar onde Chen Wangting, um guarda real do século XVII, criou o estilo Chen Taijiquan há mais de 350 anos. Combinando as artes marciais tradicionais com a teoria médica chinesa e métodos de respiração antiga, ele foi o precursor de todas as grandes escolas de Taijiquan praticado hoje. Incrivelmente, seus descendentes continuam a ensinar na aldeia até hoje. Praticar Tai Chi Chuan na sua terra natal permite evitar muitos equívocos e chegar mais perto da essência do modo tradicional de aquisição de habilidades. A percepção de que você está seguindo os passos de pessoas como Wangting Chen: criador do Chen Taijiquan, Chen Changxing: formulador do sistema como o conhecemos hoje, e Chen Fake, que levou o Taiji ao resto do mundo, com efeito, pisando a mesma terra, dá uma grande sensação de continuidade. Desde a minha primeira visita a Chenjiagou em 1997, houve muitas mudanças, incluindo a construção de um novo Templo da Família e o Museu Taiji. Em geral, no entanto, as pessoas na aldeia continuam a viver uma vida simples e rural, seguindo de perto os ritmos da natureza. Não há iluminação pública e a escuridão da noite chega mais cedo. Treinar na aldeia logo determina uma rotina descomplicada, exigente fisicamente, mas mentalmente muito simples, sem nenhuma das distrações de casa. Dormir cedo e acordar cedo, praticar,

comer, dormir e tomar um banho para aquecer e aliviar todos os músculos doloridos. Localizado no centro da aldeia, a Escola de Taijiquan Chenjiagou foi construída em 1982. É a escola mais célebre na área e funciona sob a orientação do Mestre Chen Xiaoxing e seu irmão Chen Xiaowang. Um grande e austero edifício, a ausência de confortos modernos, cria o ambiente perfeito para uma escola de artes marciais tradicional. Em toda parte há evidências do trabalho duro e treinamento, que tem produzido muitos campeões em competições nacionais chinesas. Ao redor de toda a escola existem grupos de estudantes praticando; alguns praticando as formas de armas, alguns executando movimentos de chutes acrobáticos numa caixa de areia, outros praticando exercícios básicos - tudo sob o olhar atento dos vários

Treinamento Tradicionalem Chenjiagou

Por David [email protected]

Treinando com Chen Xiaoxing

Versão para o idioma português brasileiro: Levis Litz

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instrutores. Desde 2003 Chenjiagou Taijiquan GB tem organizado todos os anos na escola um treinamento com Chen Xiaoxing. O estilo Chen de Taijiquan tem um sistema abrangente, passo a passo, de treinamento próprio e trabalhando com Chen Xiaoxing, logo torna-se claro, o treinamento fornece a base (fundação). As histórias são legados do prodigioso número de repetições que Chen Fa Ke executou todos os dias. Diz-se que Xiaowang Chen suspendeu as obras na sua casa porque ela estava interferindo em sua repetição diária do Laojia Yi Lu (Forma Antiga Primeira Parte). Esta tradição tem sobrevivido com o surgimento dos atuais mestres da aldeia. Treinar a Forma exige bastante. Ela exige a atenção total e a participação da mente e do corpo. Elementos como a paciência, persistência, Yi (intenção da mente), força, relaxamento e Qi são cruciais para aprimorar as habilidades de Taijiquan. Em Chenjiagou, os praticantes têm, por gerações, considerado a forma de mãos a base sobre a qual todas as outras

habilidades de Tai Chi Chuan são construídas. Praticar a forma de Taiji não é simplesmente uma questão de “descuidadamente” repetir as sequências. Cada rotina foi minuciosamente pesquisada e meticulosamente organizada. As formas são o culminar de séculos de experiência prática, de cada postura e manobra ter sido experimentada e testada até resultarem nas formas ou rotinas que vemos hoje.

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Tai Chi - Estilo Lam KamForma do Pequeno Círculo (Parte V)

Anderson RosaInstrutor de Qigong http://oraculo.cih.org.br

Chicote simples (Direita)

53. Mude o peso do corpo que está no pé direito, para o pé esquerdo, à frente. À medida em que o peso do corpo desloca-se para frente, gire sobre a ponta do pé direito. Os quadris vão giram ao mesmo tempo, junto com o pé, girando para a diagonal posterior. O joelho não deve ultrapassar a linha dos dedos do pé. Simultaneamente, estenda a mão esquerda para a frente, para longe da mão direita em formato de “gancho”, que também se afastará indo na direção oposta. Atenção! O pé esquerdo estará voltado para a diagonal esquerda posterior. O direito estará voltado para esta direção, mas não totalmente. Perceba que o braço direito, que está ainda em “gancho”, permanece imóvel, enquanto o lado esquerdo estará virado para a diagonal esquerda posterior. 54. Estique os dedos da mão direita. Depois, mantendo o cotovelo direito no mesmo lugar, abaixe o braço até a altura do peito. 55. Movendo apenas os pulsos, vire as duas mãos para a esquerda, com as palmas voltadas para fora. 56. A parte superior do corpo permanece imóvel, voltada para a diagonal esquerda. O pé direito gira sobre o calcanhar, até que esteja voltado para a diagonal direita. Simultaneamente, comece a dobrar os joelhos, como se estivesse sentando. 57. Gire o pé esquerdo apoiando-o sobre o calcanhar de forma que os dedos fiquem voltados para a diagonal direita, mas não totalmente. Ao mesmo tempo, leve os braços diante do corpo, como se estivesse levando um objeto da esquerda para a direita usando as duas mãos. Os quadris e o tórax seguem o movimento dos braços. O peso desloca-se para o pé direito, terminando assim que o pulso direito estiver alinhado com o joelho direito. 58. Erga a mão esquerda em direção ao rosto, fazendo um pequeno arco horizontal. 59. Forme o “gancho” com a mão esquerda, da mesma forma que você fez com a mão direita. OBS.: o ganho é formado quando as pontas dos dedos tocam o polegar, ficando no formato de um gancho, ou como se um pequeno ovo estivesse naquele espaço com os dedos ao seu redor. – Depois vire o pulso, de forma que os dedos estejam apontando para baixo. Levante a mão com o pulso voltado para cima, até que ele esteja na altura dos olhos, sendo o ponto mais alto.

60. Leve o peso do corpo do pé direito para o pé esquerdo, flexionando o joelho esquerdo ligeiramente. O joelho direito estica-se um pouco, mas permanece ainda flexionado, suavemente. Simultaneamente, erga a mão esquerda que está em forma de “gancho”, fazendo um arco para a esquerda, terminando acima da cabeça, enquanto ao mesmo tempo, estende a mão direita diagonalmente, apontando para baixo. 61. Erga ligeiramente o pé direito do chão e mova-o para junto do esquerdo. A ponta do pé direito tocará levemente o chão, ao lado do peito do pé esquerdo. Os joelhos quase se tocarão. Observação: o peso do corpo deverá estar equilibrado de maneira firme no pé esquerdo. 62. Desça a mão direita, fazendo um arco em direção ao corpo e, depois, subindo à sua frente, terminando o movimento com a palma da mão direita voltada para o centro do peito. Os dedos apontam para cima, naturalmente. 63. Erga o pé direito ligeiramente. Mova-o para a direita, fazendo um arco, até que ele fique voltado para o lado direito. A cabeça deve acompanhar o movimento. Pouse o calcanhar direito delicadamente no chão. O peso do corpo permanece firmemente no pé esquerdo. Mantenha o “gancho” da mão esquerda na mesma posição. 64. O braço direito flexionado se move para a direita, alinhando-se com o pé direito. 65. A palma da mão direita se volta delicadamente para o lado direito. 66. O peso agora é transferido do pé esquerdo para o pé direito, à frente. À medida em quem o peso do corpo é transferido para frente, gire sobre a ponta do pé esquerdo. Os quadris se movem simultaneamente, voltando o corpo para o lado direito. O joelho direito não deve ultrapassar os dedos do pé. Ainda nesse mesmo movimento, estenda a mão direita para frente, distante do “gancho” da mão esquerda, que também se move na direção oposta. Note que o pé direito aponta para o lado direito e não para a diagonal posterior. O pé esquerdo fica voltado para a esquerda, mas não totalmente. 67. O pé esquerdo gira para a esquerda sobre o calcanhar, até que os dedos fiquem voltados para a frente. Então, o pé repousa inteiramente no chão. 68. Gire o pé direito sobre o calcanhar para o lado esquerdo, de modo que os dedos fiquem voltados para a frente. Agora, coloque o pé inteiro no chão. O movimento termina distribuindo-se o peso do corpo igualmente entre os dois pés, e o corpo inteiramente voltado para a frente.

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Livros

Ler sobre tai chi, além de importante, é bom!

Você pode adquirir essas obras nas melhores livrarias ou pela internet:Livraria Cultura: www.livrariacultura.com.br | Submarino: www.submarino.com.brAmazon: www.amazon.com | Redwing Book Company: www.redwingbooks.com

Tsuru Li Tai Chi ChuanAlém de apresentar o Tai chi de forma original e agradável, este livro traz a descrição detalhada e ricamente ilustrada da execução de cada postura abrangendo seus aspectos internos, externos e marciais, bem como, informações, dicas e conselhos sobre a arte. A lenda do mestre “Tsuru Li” narrada por seu discípulo “Moriaki” revela uma experiência de aprendizado de Tai chi chuan mesclada de momentos de luz, autoconhecimento e sabedoria. Autor: Walter Sasso (www.tsurulivro.blogspot.com). Editora: Ícone.

Pa Tuan Chin - Oito Peças do BrocadoO leitor encontrará neste livro informações e ensinamentos relevantes, que o ajudarão no entendimento e aprendizado da arte do Pa Tuan Chin. Este livro contém a história, os princípios e os ensinamentos necessários para que a pessoa possa aprender e praticar o Pa Tuan Chin corretamente. Ilustrada, esta obra contém explicações detalhadas de como executar os oito exercícios, além de fazer uma abordagem ampla sobre os benefícios de cada exercício. Autor: Fernando De Lazzari (www.taichichuan.com.br).

Tai Ji Qi Gong em 28 exercíciosO termo Qi Gong (Chi Kung) é aplicado genericamente para designar inúmeras formas diferentes de exercícios meditativos e terapêuticos, populares na China desde os tempos mais remotos. Estes 28 Exercícios de Tai Ji Qi Gong (Tai Chi Chi Kung) levam em conta as atividades de ambos os hemisférios do cérebro, além de considerar a teoria dos meridianos da Medicina Tradicional Chinesa. O Tai Ji Qi Gong é um método de fácil aplicação para a prevenção de doenças. Elaborado pelo Dr. Li Ding. Editora: Pensamento.

O Caminho da EnergiaEsta obra é um manual abrangente de autoria de um mestre de Chi Kung em sua forma mais potente. Milhões de pessoas já experimentaram este programa diferente de saúde e sentiram a força de sua própria energia. Os exercícios têm como finalidade estimular o sistema imunológico, aliviar doenças crônicas e curar as indisposições mais comuns, além da vantagem de poder ser praticado por pessoas de todas as idades. Autor: Lam Kam Chuen. Editora: Manole.

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Ponto 5 - Abaixe os ombros e cotovelos e então os ombros estarão completamente relaxados e abertos. Se você não consegue relaxar e abaixar, os dois ombros estarão rígidos, o “Chi” os seguirá e todo o corpo não poderá adquirir poder. “Abaixar os cotovelos” significa que os cotovelos estão para baixo e relaxados. Se os cotovelos se elevam, os ombros não estarão aptos a abaixar e você não poderá lançar as pessoas longe.

Meu querido professor Pan Yi Bo usava a imagem de uma mangueira de hidrante, dessas usada pelo corpo de bombeiros. Quando a água não está passando podemos dobrá-la facilmente. Quando a água está passando pela mangueira é difícil dobrá-la. Da mesma forma, nossa energia deve fluir através dos braços como a água através da mangueira. Apesar de grande poder, não há tensão da musculatura. O ponto crucial é colocar intenção em suas mãos, como se estivesse empurrando algo para frente, continuamente. A sensação é de estar esticando totalmente o braço e antebraço e ao mesmo tempo não “travar” o cotovelo. Ao colocar intenção, como se o movimento continuasse, deixamos que o chi que está subindo pela coluna atravesse nosso ombro, cotovelo e pulso. Agora, se colocar força demais, ficará tenso nos ombro,

daí o comentário de Yang Cheng Fu, se você não consegue relaxar e abaixar, os dois ombros estarão rígidos, o “Chi” os seguirá e todo o corpo não poderá adquirir poder. Logo em seguida Yang Cheng Fu reforça a importância de abaixar os cotovelos, mas isso não significa dobrá-los demais, senão você perde a intenção no movimento. Precisamos cuidar no relaxar para não produzir “quebras”, bloqueios para a energia. Treinamos para colocar

intenção suficiente no movimento, estimulando o fluxo do chi. Se colocarmos intenção demais, isso se tranforma em tensão muscular e o chi estará bloqueado. Isso nos lembra do símbolo do Yin/Yang, onde precisamos do equilíbrio entre os dois. Temos aqui uma íntima conexão com o ponto 2, Afundar o tórax e retesar as costas. É muito

Tai Chi Chuan - Princípios Os 10 Princípios de Yang Cheng Fu (Parte V)

Bruno DavanzoProfessor de Tai Chi Chuanwww.academiaparamitta.com.br

“Se os cotovelos se elevam, os ombros

não estarão aptos a abaixar

e você não poderá lançar

as pessoas longe.”

bom voltar ao treino da postura abraçando uma árvore para realizar este ponto plenamente. Lembre, se você consegue manter o chi no tantien, então o ponto 5, abaixe os ombros, será natural. Não se preocupe demais, tenha um sentimento natural e alegre (ponto 1). Quando treinar o kati buscando este ponto 5, preste atenção na intenção das mãos e ao mesmo tempo manter os cotovelos para baixo. A percepção do chi chegando às mãos será mais nítida. Quando estamos com a mente muito ativa, nosso chi sobe criando tensões no peito ou nos ombros. Quando praticamos Tai Chi lembrando deste ponto vamos perceber que podemos relaxar. Em especial nas transições das posturas observe de não produzir quebras, ou seja, dobrar demais ou subir os cotovelos. Se temos sucesso em manter os ombros relaxados, começamos a perceber que o chi pode fluir pelo ponto entre as escápulas. Quando Yang Cheng Fu diz, “se os cotovelos se elevam, os ombros não estarão aptos a abaixar e você não poderá lançar as pessoas longe” temos a noção de que precisamos dessa conexão de todo o corpo com os braços. Buscamos sentir que o chi no tantien sobe para a coluna e flue para os ombros, braços e mãos.

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Entrevista

Revista Tai Chi Brasil - Qual é a sua trajetória no Tai Chi Chuan?Dan Docherty - Comecei o meu treinamento num telhado em Hong Kong em 1975. Ensino o que meu professor denominou de Tai Chi Chuan de Wudang. Eu também uso o nome de Tai Chi Chuan prático.

Como a filosofia do Tai Chi Chuan influencia em sua vida pessoal?Quando for o caso, eu tento usar a estratégia ao invés do confronto.

Você praticou outra arte marcial além do Tai Chi Chuan?Fiz quatro anos de karatê antes do Tai Chi e um pouco de aikidô para auto-defesa quando era inspetor na Royal Hong Kong Police, de 1975 a 19984.

E você já precisou utilizar o Tai Chi Chuan como auto-defesa?Algumas vezes na polícia e desde então.

Alguém da sua família também pratica Tai Chi Chuan? Minha filha treinou alguns anos. Eu demonstro alguma coisa prática para meu filho de 10 anos de idade quando estou em Paris, França.

Você já participou de algum campeonato?Eu ganhei o Open Weight no Campeonato de Full Contact no South East Asian Chinese na Malásia, em 1980.

Houve algum momento engraçado que você tenha presenciado na prática do Tai Chi Chuan?Certa vez despejei dois litros de água Evian sobre a cabeça de um mestre chinês de “força vazia” que disse que poderia derrubar as pessoas sem tocá-las. Ele ficou encharcado.

Qual é a principal qualidade que um praticante de Tai Chi Chuan deve desenvolver?Perspicácia.

Quem você mais admira como exemplo da prática do Tai Chi Chuan?

55 anosNatural de Glasgow, EscóciaVive em Londres, [email protected]

Dan Docherty

O Sr. Wong, em Hong Kong, que é baixo, gordo, idoso e não muito talentoso. Há muito anos, antes de fazer uma demonstração de Tai Chi sabre em um festival de Tai Chi em Hong Kong, ele praticou por três semanas a forma de sabre vinte vezes sem parar durante o horário do almoço. Ele não queria constranger-se diante dos mais jovens.

Qual foi o momento mais marcante para você no Tai Chi Chuan?A publicação de meu último livro. Estive trabalhando em pesquisa por 25 anos.

Há pessoas que pensam que o Tai Chi Chuan é uma atividade somente para a terceira idade. O que você pensa a respeito?Eles estão certos, o Tai Chi que eles devem ter visto era para pessoas idosas mesmo.

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Na sua opinião, por que as pessoas procuram o Tai Chi Chuan atualmente?Divertimento.

O Tai Chi Chuan está tendo um grande momento no mundo e no Brasil. Em virtude disso, têm aparecido vários oportunistas. Como você vê esta situação?Lao Tzu Clássico: “Se não houver ladrões não haverão sábios; também algumas pessoas são os filhos dos condenados e é seu karma ter tais professores”.

Qual é a importância da presença do professor no aprendizado do Tai Chi Chuan?Não é suficiente por si mesmo; você deve praticar, pensar e fazer perguntas inteligentes se você puder.

Revista Tai Chi Brasil - Qual é a média de idade dos seus alunos?De adolescentes a pessoas com mais de setenta anos.

Quais a sua metodologia de ensino que você utiliza em suas aulas? A primeira coisa que ensino é o exercício “Empurrar com as mãos”, tal como “Os Sete Passos da Estrela”. A maior parte do tempo de aula é gasto no “Empurrar com as mãos”

ou auto-defesa, o resto do tempo em formas com armas e condicionamento. Espero que as pessoas que praticam seriamente façam treinamento adicional de Nei Kung.

Então você aborda um aprendizado do Tai Chi Chuan como auto-defesa?Sim, senão as pessoas não têm nenhuma ideia do que elas fazem. As técnicas de auto-defesa não vêm das formas; as formas é que vêm da auto-defesa.

Como você lida com o aluno do Tai Chi Chuan?Cada pessoa é diferente, então não ensino as mesmas coisas, nem para o mesmo nível.

Qual é a importância do acompanhamento do aluno?Não é suficiente que o aluno siga seus movimentos; não é suficiente dizer a eles que cometeram um erro. Eles devem entender o por quê.

Qual o seu conselho para aqueles que pretendem algum dia se tornar um professor de Tai Chi Chuan?Não tente ensinar ou corrigir tudo de uma vez só.

Qual o seu recado para os que não praticam Tai Chi?Dê a si mesmo uma chance de experimentar. Sempre há algo de interessante para cada um.

Qual a dica que você gostaria de compartilhar para quem quer iniciar na prática do Tai Chi Chuan?Procure um professor de qualidade.

Para um bom desenvolvimento do praticante do Tai Chi Chuan, qual é a dica?A prática é a palavra chave. Sem prática, não há desenvolvimento.

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Tai Chi Chuan - Níveis Os Cinco Níveis de Habilidade no Taijiquan

(Parte V - O quinto nível de gongfu)

Este texto foi dividido em cinco partes para publicação. Cada uma delas trata de um dos cinco níveis mencionados. O texto é de autoria do Grão-Mestre Chen Xiaowang e foi traduzido para o português

sob sua autorização expressa. Publicado originalmente em: http://taijiquan.pro.br

Eduardo MolonSecretário-Geral da World Chen Xiaowang Taijiquan Association Brasil - [email protected] | http://taijiquan.pro.br

O quinto nível de gongfu é o estágio em que se muda de comandar círculos pequenos para comandar círculos invisíveis, de dominar magistralmente a forma para executar a forma de modo invisível. De acordo com os clássicos do taijiquan, “com o fluxo contínuo e suave do qi, com o qi cósmico movendo o qi interno e natural da pessoa, mudando de uma forma fixa para a invisibilidade, a pessoa compreende como a natureza é maravilhosa”. No quinto nível, as ações devem ser flexíveis e suaves e deve haver jin (força) interna suficiente. Contudo, ainda é necessário esforçar-se pelo melhor. É necessário trabalhar duro diariamente até que o corpo seja muito flexível e possa adaptar-se a mudanças multi-facetadas. Deve haver trocas internamente alternando entre o substancial e o insubstancial, mas estas devem ser invisíveis externamente. Somente então o quinto nível de gongfu terá sido atingido. No que tange a habilidade marcial, neste nível o duro deve complementar o macio, a forma deve ser relaxada, dinâmica, ágil e viva. Todo movimento e todo instante estático está em acordo com o princípio do taiji, assim como os movimentos do corpo todo. Isto quer dizer que todas as partes do corpo devem ser muito sensíveis e reagir rapidamente quando a necessidade surge. Isto deve ser tão verdadeiro que toda parte do corpo pode agir como um punho para atacar a qualquer momento que esteja em

contato com o corpo do adversário. Também deve haver troca constante entre expressar e conservar a força e a postura deve ser firme como se estivesse apoiada por todos os lados. Desta forma a descrição deste nível de gongfu é de que “somente quem pratica com 50% yin e 50% yang, sem nenhuma tendência ao yin ou ao yang, é chamdo um bom mestre. Um bom mestre faz todo movimento de acordo com os princípios do taiji, que exigem que todo movimento seja invisível”. Depois de completar o quinto nível de gongfu, uma relação forte foi estabelecida entre a coordenação da mente, a contração e o relaxamento dos músculos, os movimentos dos músculos e o funcionamento dos órgãos internos. Mesmo quando enfrentado um ataque repentino esta coordenação não será atrapalhada, pois deve-se ser flexível para mudar. Mesmo então, deve-se continuar a buscar o aperfeiçoamento de modo a atingir maiores realizações. O desenvolvimento do conhecimento é sem limites, assim também é a prática do Taijiquan: não se poderia jamais exaurir toda sua beleza e benefícios no tempo de uma vida.

[N. do T.: evidentemente o Grão-Mestre Chen Xiaowang não está falando de invisibilidade física, mas de tornar os círculos que o corpo e o qi descrevem, “invisíveis”, ou melhor dizendo, indetectáveis.]

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A psicomotricidade é uma ciência que busca estudar o homem através do corpo em movimento e em relação ao mundo interno e externo. Também está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.

Através da Psicomotricidade é possível que nós ocidentais possamos compreender o tai chi chuan na busca do equilíbrio psicossomático, em uma visão mais científica ao se observar os conceitos da psicomotricidade. Portanto, existe uma grande relação com as teorias dos mestres de tai chi chuan que, através das forças Yin e Yang, se pode conquistar a união do corpo (movimento), da mente (Intelecto) e do espírito (afeto) e retornar ao Vazio.

A partir desta compreensão, desenvolvi o estudo com o foco em apenas dois elementos psicomotores, o tônus e o equilíbrio.

O tônus é um estado de tensão relativa quando o músculo está no seu estado de repouso, está presente em todas as funções motrizes do organismo como o equilíbrio, a coordenação e o movimento. Todo o comportamento comunicativo se relaciona com o tônus e esse se encontra controlado pelo sistema nervoso, desenvolvendo assim um diálogo tônico.

É também, uma função primordial que relaciona o meio com o aspecto intrínseco do indivíduo, a partir dele podemos estruturar a origem do corportamento humano, seu significado nos remonta sobre a importância, não só específica do desenvolvimento motor, mas também toda a sua formação cognitiva.

Segundo Cherng (1998), cada movimento do tai chi chuan é efetuado com uma respiração adequada, a conscientização do movimento e da respiração estimulará de modo automático e, ao mesmo tempo, o corpo físico e o energético (Meridianos de energia utilizados na acupuntura) para um equilíbrio integral do corpo-energia-e mente.

Nosso comportamento e a respiração estão relacionados de forma direta, o indivíduo quando não possui o pleno controle de sua respiração, se torna mais vulnerável a problemas de ordem funcional orgânico ou psicológico, afetando sua qualidade de vida.

Isso influencia diretamente em seu tônus, bloqueando assim os caminhos energéticos do corpo, desenvolvendo os espasmos musculares denominado por Reich como couraça muscular. Essa couraça irá de forma atuante, diminuir, bloquear a circulação do sangue nos vasos e energia nos meridianos, ocasionando disfunções físicas, emocionais e psicológicas.

O equilíbrio para ser compreendido deverá lembrar-se que de forma direta está relacionado ao tônus, pois segundo Fonseca (1998), a contração tônica não gera movimento ou deslocamento, como a contração fásica (contração muscular realizada em fases), ela é essencial para a atividade postural dos músculos que irá fixar as articulações em posições determinadas, cooperando umas com as outras, assim se desenvolve uma atitude de conjunto. Então, o equilíbrio em termos evolutivos e funcionais

Para a Ciência... Psicomotricidade e Tai Chi Chuan

Uma relação íntima

Pratique tai chi chuan - faz bem para a saúde!

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A prática do tai chi chuan melhora a postura!

consolida-se como sendo o triunfo sobre a gravidade e se expressa como a primeira das aprendizagens do corpo e do cérebro.

Um dos benefícios da prática do tai chi chuan é a melhoria da postura. Sendo que o equilíbrio físico é uma função natural do corpo humano, mas por motivos de maus hábitos, tendemos a perdê-lo. Nessa consequência, muitas pessoas desenvolvem vícios e distorções físicas, com isso, não desenvolvem uma consciência de como é ter um perfeito alinhamento estrutural do corpo.

Essa disfunção do equilíbrio provavelmente resultará numa combinação de estados emocionais e físicos negativos, dificultando também a autoconsciência. Portanto, a prática do tai chi chuan reajustará de forma consciente e constantemente a postura, até que o correto equilíbrio estrutural passe a fazer parte novamente da nossa consciência corporal natural, evitando que o indivíduo fique em uma posição errada por muito tempo. O corpo volta ao estado de equilíbrio e funcionará sem bloqueios de acordo com sua forma natural de construção, desgastando-se menos, despendendo menos energia e sua forma permanecerá intacta.

Através da motricidade realizada de forma lenta, suave e descontraída, característica na movimentação do tai chi chuan, busca a reeducação do tônus e da postura (equilíbrio). Liberando as couraças musculares estudadas por Reich e também estimula a consciência corporal.

Portanto, torna-se claro que a prática do tai chi chuan é uma das ferramentas ideais, com seus gestos milenares e que são embasados através de três pilares da cultura chinesa: a filosofia taoísta de equilíbrio, a medicina tradicional chinesa e a arte corporal busca a reeducação de todo o esquema corporal, promovendo assim o equilíbrio psicossomático no indivíduo.

Alex Silva CostaEducador Físico CREF: 063492-G/SPEspecialista em Psicomotricidade pela UNIMONTE – Santos/SP.Professor da Linhagem da escola Tai Chi Pai Lin.Discípulo do Mestre Augusto Leitão, introdutor do Tai Chi Pai Lin na Baixada Santista.Contato: [email protected] | http://professoralexcosta.blogspot.com

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Tao Yin

_________Referência: Tao Yin. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tao_Yin>. Acesso em 24 mar. 2010. Esta imagem encontra-se em domínio público em todo o mundo devido à data da morte de seu autor, ou devido à data de sua publicação. Deste modo, esta reprodução do trabalho também se encontra no domínio público.

Tao Yin (pinyin: dǎoyǐn) é um têrmo chinês associado às práticas de meditação de origem Taoísta desenvolvida na China. Este tipo de meditação também é conhecido como Sentar na Calma. O conceito de Wu Wei, não-ação, é um dos princípios básicos para a realização no Tao Yin.

Segundo a cosmologia tradicional chinesa, o vazio original dá origem ao Tai Chi, que se diferencia em Yin Yang, que dão origem à relação dos cinco elemen-tos, que geram as dez mil coisas (dez mil têm para os chineses o sentido de infini-dade). O processo da medi-tação Tao Yin se dá no sen-tido contrário, das dez mil coisas retornar à relação dos cinco elementos, recu-perando o equilíbrio de Yin Yang retornar ao Tai Chi, daí voltando a se integrar ao vazio original, à origem da existência. A base para a realização deste processo é o conta-to constante e natural (se-guindo os princípios do Wu Wei) do praticante com seu Dantian, campo de cultivo de sua energia vital. Práti-cas como o Chi Kung, Zhan Zhuang e o Tai Chi Chuan podem auxiliar o pratican-te a exercitar este contato e compreender como mantê-lo em seu cotidiano. Segundo a transmissão do Mestre Liu Pai Lin, o trei-namento da serenidade dá acesso à possibilidade de renovação da energia vital

Taoísta “reunindo a Luz”

através das práticas taoístas. No artigo “O Portal da Quietude” o Mestre Wu Jyh Cherng explica que “É exatamente através do processo de repouso que se retorna à raiz.” (publicado no Jornal Tao do Taoísmo n. 17, link nas “páginas externas”). Conforme o artigo “Meditação e quietude”, publicado no mesmo jornal editado pela Sociedade Taoísta do Brasil: “O primeiro efeito da meditação é a extinção da percepção do corpo físico, em seguida penetra-se num estágio em que tudo é energia, e nossa consciência torna-se o próprio campo energético, e por último atingimos o estado de extrema quietude que está por trás da energia…”.