Revista Tela Viva 127 - Maio 2003

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ANO12127MAIO2003 NAB 2003 mostra as tecnologias de produção sem fitas No MT produtores se reúnem para fortalecer o cinema NGT inaugura sede e promete novo canal para o segundo semestre Acompanhe as notícias mais recentes do mercado www.telaviva.com.br

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editorialPassados quatro meses, o governo Lula ainda não deu pistas sobre sua política para as comunicações de forma integrada. Como uma medida isolada, apenas anunciou que tanto as verbas de publicidade do governo e das estatais quanto os recursos des-tinados a patrocínios culturais seriam centralizados pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), do ministro Gushiken. Parece não perceber que os problemas são relacionados: a Ancine regulamenta um setor com poucas chances de viabilização sem a televisão; a TV e a mídia em geral estão em crise e precisam de verbas estatais de publicidade; as estatais bancam boa parte da produção cultural, especialmente a audiovisual; quem também banca esta atividade cultural são as leis de incentivo, que seguem as diretrizes da Ancine e do Ministério da Cultura.

Pelas diretrizes que começaram a ser divulgadas em abril, as estatais bancarão as atividades cult-urais seguindo os princípios do governo de inclusão social, combate à pobreza e democratiza-ção do acesso à cultura. São causas nobres, mas os meios para atingi-las podem ser perigo-sos. Alterar a lógica de uma indústria já estabelecida sem aviso prévio é um risco, ainda mais sem discutir com a indústria as conseqüências. Corre-se o risco de uma só ideologia ditar o conteúdo,

o que resulta num filme geralmente sem final feliz.Um outro aspecto da política de comunicação do governo é a distribuição das verbas públicas de pub-licidade. Os balões de ensaio soltados até agora mostram que, provavelmente, a Secom determinará que os gastos sejam proporcionais à audiência de cada veículo. É uma medida positiva, que ajudará a reequilibrar a perversa relação entre audiência e verba publicitária. Hoje, como se sabe, é possível a um grupo como a Globo ter 50% da audiência e 78% do mercado publicitário de TV. Por outro lado, se o governo vai gastar seus preciosos recursos com base na audiência, estará na prática reforçando uma situação em que alguns poucos veículos controlam na prática o que o brasileiro assiste ou lê. Ou seja, o governo não estará fazendo nada que crie mais concentração na mídia, mas também não fará nada contra. E existe ainda o risco de prejudicar veículos regionais ou setoriais, para os quais tais critérios não fazem o menor sentido. Ou seja, o critério de investir em publicidade baseado no custo por mil (leitores

ou telespectadores) não vale para veículos regionais ou especializados.Seria importante o governo pensar de forma mais ampla o mercado de comunicação, audiovisual in-cluído. A começar pela revisão da legislação de comunicação, para assegurar mecanismos que per-mitam a competição justa no mercado de TV, jornais e revistas. Incentivar outras mídias e tecnologias, criar mecanismos que permitam a entrada de novos grupos, eventualmente até um fundo setorial para a formação de talentos brasileiros são iniciativas que poderiam ser tomadas. Naturalmente, tudo isso só se materializará a médio ou longo prazo, mas os debates com a sociedade precisam começar agora.

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CAPA 24

EVENTo 16As novidades tecnológicas da NAB 2003Fabricantes mostram como o disco óptico, o HD e o cartão de memória tomarão o lugar dos cassetes.

TELEViSÃo 28A gestação de uma nova emissoraCom nascimento previsto para o segundo semestre, a NGT promete um formato dife-renciado na programação educativa.

TECNoLogiA 32filme infantil com recursos virtuais

CASE 34menino maluquinho tridimensional

Produção de terceiros

Emissoras públicas e educativas abrem espaço para projetos independentes. Veja como elas selecionam as produções.

CiNEmA 36mato-grossenses em prol do audiovisual regional

Produtores do Centro-Oeste dão o primeiro passo para a criação de um núcleo a ser com-partilhado por todos os estados da região.

O personagem de Ziraldo protagonizará uma série animada de 16 episódios, produzida pela mineira Fábrica de Animação.

AudioViSuAL 38Espanha mantém as raízes

A regionalização da programação na TV espan-hola garante divulgação das diferentes culturas e abre espaço para novos canais.

A nova produção da TV Cultura, Warner Brothers e Moonshot Pictures, “Martelo de Vulcano”, foi captado em câmeras digitais.

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Fotos: marcos Vilas Boas/Divulgação (Carandiru) e Divulgação

Bra­sil em Ca­n­n­es

Eduardo Valente é o primeiro diretor brasileiro a fazer dobradinha no Festival de Cinema de Cannes, que acontece de 14 a 25 de maio. Premiado em 2002 com “Um Sol Alaranjado”, o diretor agora vai apresentar a comédia “Cas­tanho”. O curta foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores, principal mostra paralela do festival. O longa “Filme de Amor”, de Julio Bressane, também participa da Quinzena. O curta-metragem “A Janela Aberta” (1), do premiado diretor Phillippe Barcinski, também foi selecionado para a competição oficial do festival. É o segundo curta brasileiro a concorrer à Palma de Ouro em 20 anos. O diretor está se preparan-do também para filmar seu primeiro longa, “Não por Acas­o”, cujo roteiro foi premiado pelo Hubert Bals Fund com um aporte de Ä 10 mil. O filme terá produção da O2 Filmes e está pre-

visto para o segundo semestre de 2004. O longa-metragem “Carandiru” (2), de Hector Babenco, também foi selecionado para a competição oficial, ao lado de outros 20 filmes de 13 nacionalidades.

Etern­a­ pro­cu­ra­

O casal Bel Bechara e Sandro Serpa está finalizan-do seu terceiro curta-metragem, o primeiro roda-do em São Paulo. “Onde Quer que Você Es­teja” (foto) conta a história de um programa de rádio que promove o encontro de pessoas com familia-res desaparecidos. O argumento surgiu a partir

de uma notí cia de jornal, que anunciava os serviços prestados por uma rádio colombiana com esse perfil. Bel e Sandro assinam a direção, a fotografia e a montagem. Os dois convidaram o maestro Júlio Medaglia para interpretar uma peça de Erik Satie, “Trois Gymnopédies”, que faz parte da trilha, e tam-bém Jards Macalé. O som direto é de João Godoy e a produção, de Emerson Jussiani e Paulão Costa.

Um pé n­o­ Rio­...

A produtora de computação gráfica Digital21 começa a atender o mercado carioca de forma mais direta, a partir da inauguração de um novo escritório em Ipanema. O escritório será capitaneado por Michele Andrade, que trabalha em atendimento e é especializada na área. A Digital21, que tem como sócios Raul Dória, Clovis Mello e Rodolfo Patrocínio, está comemorando também a inclus­ão de seus trabalhos no novo rolo de demonstração da SoftImage. O DVD reúne trabalhos de empresas que usam o sistema XSI, software utilizado nas principais casas de efeitos e computação gráfica do mundo.

Po­ssí­vel fu­são­

A Casablanca e os EstúdiosMega estão negociando uma fusão, ainda sem prazo para ser concluída. O objetivo seria não apenas atender o mercado nacional, mas também trazer produções de outros países para o Brasil. Na avaliação de Patrick Siaretta, da TeleImage, a joint-venture estaria entre as três maiores finalizadoras do mundo.

Ca­u­sa­ cin­ema­to­grá­fica­

O vereador paulistano Nabil Bonduki (PT) está encampando a discussão de diversos projetos de interesse do cine-ma paulistano. Um deles é a revis­ão da Lei Mendonça, que propõe a renúncia fiscal de IPTU e ISS para projetos cul-turais. Em sua nova versão, a lei pode incorporar a criação de um fundo muni-cipal de apoio à produção, antiga reivin-dicação da classe cinematográfica. O vereador também abraçou a causa dos cinemas­ de rua de São Paulo, que vêm enfrentando uma crise há vários anos, apesar do aumento no público dos cinemas. Bonduki propôs à Câmara um projeto que reduz a carga tributária de salas localizadas na rua ou em galerias (e não em shopping centers). O proje-to está em discussão na Câmara dos Vereadores e também pretende estabe-lecer uma cota de exibição de filmes nacionais.O projeto vem bem a calhar, num momen-to em que muitas pessoas do meio se mobilizam para evitar o fechamento do Cinearte, tradicional reduto de exibição de filmes de qualidade, localizado na avenida Paulista.

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Co­rren­do­ a­trá­s

A vida de um filme de curta-metragem está basea-da principalmente nos festivais de cinema no Brasil e no exterior. E são tantos que fica difícil conseguir inscrever o filme em todos. Para facilitar a vida do realizador, as produtoras Camila e Carol Ribas criaram a Agên cia MC2, que tem por objeti-vo alavancar a carreira dos curtas e acompanhar sua trajetória ao longo do calendário de festivais. Os realizadores se inscrevem em um pacote de festivais, podendo ainda escolher festivais temá-ticos ou específicos. A partir daí, a agência cria um paco te e cobra uma taxa que pode ser paga mensal-mente, como se fosse uma assinatura.

Pro­gra­ma­ção­ regio­n­a­l

O projeto de lei da deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) que estabelece critérios para a regionalização da programação na TV aberta e cria obrigações à programação das redes de TV paga vai ter uma tramitação mais complica-da do que parecia. O projeto ainda enfrentará muita opos­ição por parte das redes de TV. O projeto, aprovado pelas comissões da Câma-ra, ainda não conseguiu seguir ao Senado. Está na Comissão de Constituição e Justiça aguardando a redação final antes de mudar de casa. E já existem movimentações para que ele fique o máximo de tempo nessa situação. Paralelamente, a equipe da deputada Jandi-ra Feghali detectou o trabalho de parte da bancada evangé­lica junto a senadores para que o projeto seja alterado quando chegar ao Senado, o que faria com que o documento retornasse para a Câmara.

No­vo­ en­dereço­

A Arkham Produções­, de Santo André, está em nova sede. No coquetel de inauguração, os diretores da pro-dutora Robson Raineri, José Roberto Rodrigues Esteves e João Sandro Augusto apresentaram as instalações do novo espaço, projetado e decorado pelo arquiteto e decorador Augdan de Oliveira Leite. A sede conta com uma infra-estrutura que inclui dois estúdios, sendo um fixo com 120 m2 e outro reversível.A produtora também anunciou que está produzindo um programa com o nome provisório de “Nômade”. Nele, um táxi nova-iorquino original, de 1949, percorre as prin-cipais casas noturnas da Grande São Paulo, mostrando o que acontece na noite paulistana.

Efeito­s do­ estresse

O novo filme produzido pela Companhia de Cinema para o Mylanta Plus, da Pfizer, já está no ar. Criado pela JW Thompson, o comercial divulga as propriedades antiácidas do produto, de uma forma bem-humorada, e faz um alerta sobre os efeitos do estresse na saúde humana. Dirigido por Rodolfo Vanni, o filme mostra um médico auscultando a barriga de um rapaz. Ao mover o estetoscópio, sons típicos de confusões de trânsi-to — buzinas e gritaria — são potencializados. Paciente e médico trocam olhares, confirmando que o estresse é uma das prováveis causas de acidez estomacal. A criação é de Paulo Pereira e Dan Zecchinelli, que também assina a direção de criação com Marcelo Prista.

Co­n­cu­rso­ pa­ra­ do­cu­men­tá­rio­s

O programa Biodivers­idade Bras­il de Documentá­rio vai selecionar um projeto de docu-mentário de 52 minutos sobre temas relacionados à biodiver-sidade brasileira. O trabalho

escolhido receberá um prêmio de R$ 10 mil e um contrato de co-produção de R$ 200 mil. O programa é patrocinado pela TV Cultura, Natura e Ministério do Meio Ambiente, e o resul-tado será exibido no final do ano pela emissora educativa. As inscrições vão até 15 de maio. Todas as informações estão no site: www.biodiversidadebrasil.com.br.

Clipe de Ma­rcelo­ D2

A JX Plural produziu o novo videoclipe de Marcelo D2, “Qual É”, que pode ser visto na MTV. “A pré-produção durou quase um mês e tudo saiu conforme planejado: fizemos as filmagens nas horas certas, seguindo a decupagem das cenas a serem realizadas, valoriza-mos muito a fotografia e o elemento humano”, conta Johnny Araújo, que dirigiu o videoclipe. Parte do clipe foi filmada nas ruas do subúrbio carioca de Madureira, no Rio de Janeiro, e a outra parte, numa boate de Copacabana, mostrando a noite da Zona Sul carioca. O filme homenageia a velha guarda do samba, misturando esse estilo com o movimento hip hop, que é a proposta do CD “À Procura da Batida Perfeita”, que sai com o selo da Sony Music.

Pro­du­ção­ n­o­ sho­ppin­g

A Videologia Comunicação inaugurou a TB2 Comunicação, um espaço com um estúdio e equipamentos para locação, voltado para produção de foto, cinema, vídeo e TV. Está localizado no shopping Interlar Interlagos, em São Paulo. Além do próprio estúdio com área de 120 m2 semi-blimpa-da, a TB2 também conta com estacionamento coberto gratuito, seguran-ça, lazer para os intervalos da produção e praça de alimentação.

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A diretora Paola Siqueira (1), ex-Conspiração e Dueto, e a profissional de atendimento Tina Ramos­

(2) são as mais novas contrata-das da JX Plural. Paola, que já dirigiu comerciais para Caixa Econômica, Becel Pró-Active, TimMaxitel, Santander e Grende-ne Rouge, passou por várias funções de produção antes de se tornar diretora, incluindo figurino, assistên-cia de direção e direção de arte. Já Tina Ramos foi RTV da DM9 e passou pelas produtoras 5.6 e Cia.

Ilustrada, entre outras. No Rio de Janeiro, trabalhou na ProVarejo, CBBA, J. W. Thompson e Young & Rubican.

Há cinco anos no Rio de Janeiro, a paulista-na Lucia Novaes­ começou a integrar o time

da produtora carioca TV Zero, de Roberto Ber-liner. Lucia vem da Mr. Magoo, onde dirigia comerciais. Agora, além dos filmes publicitá-rios, ela vai participar de produções cinemato-gráficas, filão que a TV Zero vem explorando nos últimos anos. Na área de documentá-rios, está captando recursos para um longa-metragem sobre a artista plástica Lygia Clark, que será desmembra-do em dois programas de TV.

Fotos: Gerson Gargalaka (Carlos Ebert) e Divulgação

No meio do segun­do an­o de arquitetura, foi in­augurada em São Paulo a escola de cin­ema da Faculdade São Luís. Na mesma hora, decidiu mudar de curso. Estudou com pessoas que fariam histó­ria n­o cin­ema, como os diretores Carlos Reichen­bach, An­a Carolin­a e Paulo Rufin­o. En­tre os professores, estavam o crítico Paulo Emílio Salles Gomes, os poetas Décio Pign­atari e Mário Chamie, o cin­easta Luiz Sérgio Person­. Mas o curso n­ão empol­gou. A turma queria sair produzin­do e os dois primeiros an­os eram teó­ricos. O grupo reagiu sain­do à rua com uma câmera 8 mm, produzin­do vários documen­tários e ficções. Como estudava à n­oite, Ebert trabalhava duran­te o dia em uma pequen­a editora, on­de fazia de tudo: de revisão a fotografia. Até

A vontade de trabalhar em cinema veio cedo, mas na época a porta de entrada para a ativi-dade ficava um pouco escondida. meio por falta de opção, o carioca Carlos Ebert acabou prestando arquitetura. Entrou na então univer-sidade do Brasil — hoje universidade federal do Rio de Janeiro —, onde encontrou muita gente que também gostava de cinema. o grupo reativou o cineclube da ufRJ e a convivência estimulou a produção de alguns trabalhos, especialmente documentários. Ebert chegou a dirigir um “docudrama”, rodado no litoral do Espírito Santo, sobre os pescadores da região.

que en­con­trou n­a rua um ex­colega de arquitetura, Luiz Alberto Reis, membro do grupo de cin­éfilos da UFRJ. Reis também tin­ha sido in­ocula­do com o vírus do cin­ema e largara um só­lido emprego n­um ban­co para trabalhar n­a Difilm, a distribuidora do Cin­ema Novo. Passou a dividir um apartamen­to com Reis, que estava se in­stalan­do em São Paulo. Alu ga mos um apartamento na Vila Buarque, que era o reduto dos cineastas e artistas, alguma coisa parecida com o que hoje é a Vila madalena. Em pouco tempo, estava trabalhan­do para a Difilm, refazen­do n­egativos e recuperan­do fotos dos filmes do Cin­ema Novo. En­tão o apartamen­to gan­hou um n­ovo morador: o crítico Rogério Sgan­zerla, que passava todo o tempo livre obcecado em escrever o roteiro de seu primeiro lon­ga, “O Ban­dido da Luz Vermelha” [1969].Quan­do o roteiro ficou pron­to, Sgan­zerla chamou Ebert para fazer a direção de fotografia. A essa altura, Ebert já estava totalmen­te en­vol­vido com o cin­ema, trabalhan­do em filmes in­stitucion­ais e outras

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o Rio. Já tinha feito alguma coisa em publicidade em São paulo e, então, voltei aos comerciais. Acho que um técnico não pode abrir mão do cinema comercial, porque é a área que proporciona o acesso aos equipamentos de ponta.Na volta, também fez vários documen­tários, inclusive um dirigi-do pelo orlando Senna, sobre a estrada de Carajás, e “deus é um fogo” [1985], de geraldo Sarno, sobre a Teologia da Libertação. Também voltei ao longa, e fotografei “o Rei da Vela” [1983], do Zé Celso.Desde o in­ício da carreira, sempre esteve por perto do docu­men­tário, mas faz questão de n­ão se especializar. Na minha atividade, se especializar é dar um tiro no pé. Tento ser o oposto do especialista, que é o compreensivista, aquele que conhece o todo.Até hoje, seu trabalho em “O Ban­dido da Luz Vermelha” ren­de frutos. muitos diretores novos chegam até mim por causa do filme e gosto muito dessa experiência, de trabalhar com gente que tem um frescor no olhar. Acho que o cinema tem uma convivência muito democrática, independente da idade e do tipo de trabalho. No set, o boy e o diretor comem na mesma mesa, a mesma comida.Sempre dedicado à pesquisa da tecn­ologia, Ebert se con­fessa um en­tusiasta do cin­ema digital. É irreversível. Não sou saudosis-ta, acho que a técnica tem que estar a serviço das idéias. Acho que a captação digital trouxe de volta um pouco da espontaneidade de filmes como “o Bandido...”, porque abre a possibilidade de se trabalhar com uma equipe míni-ma. No documentário, então, é fundamental.No meio de todos os projetos cin­ematográficos que abraça, Ebert também dá cursos e é um dos gran­des respon­sáveis pelo sucesso da Associação Brasileira de Cin­ematografia (ABC), que reún­e mais de cem diretores de fotografia de todo o País e do exterior. Fun­dada em 1999, a ABC premia an­ualmen­te os melhores profission­ais da área e realiza a Seman­a ABC, um en­con­tro de con­frater­n­ização e troca de experiên­cias. Nosso objetivo é o de influenciar positivamente a atividade como um todo, estimular a reciclagem e a formação e promover a descentrali-zação da produção.

O brasileiro Eduardo Gurman participou da produção dos efei-tos especiais do filme “Matrix Reloaded”. Ao concluir seu mestrado na AFI (American Film Institute), em Los Angeles, Gurman foi convidado a integrar a equipe do estúdio responsável por toda a parte de Motion Capture do filme, o Spectrum Studios.

Ricardo Corte Real acaba de assu-mir a diretoria comercial da produto-

ra paulistana Made.

O diretor Wiland Pins­dorf, após fechar a V Filmes, abriu sua nova produtora, a Canvas. A idéia do diretor era abrir uma casa com estrutura pequena, para fazer “poucos trabalhos bem cuidados, sem linha de pro-dução industrial”. Entusiasta da tecnologia digital, Pinsdorf quer trabalhar cada vez mais com câmeras HD. Além da nova pro-dutora, Pinsdorf está se dedican-do à finalização do documentá-rio “A Serra Esquecida”, sobre a Serra de Itatiaia. O vídeo está sendo produzido há quatro anos e documenta pesquisas feitas pela USP na região.

O produtor executivo Mario Nakamura inaugu-

rou no Rio de Janeiro a Cinerama Brasilis. Locali-zada no bairro do Humai-tá, a produtora representa os diretores Janaina Guer-ra, Marcos­ Felipe Delfino e Ricardo de Miranda. Também fazem parte da equipe as profissionais de atendimento Aline Miran-

da (ex-Momento Filmes e Digigraph) e Fernanda Mar-tins­ (ex-Salles e DPZ).

produções, além da fotografia still. A iden­tificação cultural e estética com Sgan­zerla era forte, mas as circun­stân­cias de produção eram precárias. No in­ício, a equipe toda, in­cluin­do os atores, se resumia a cin­co pessoas. Duran­te mais de uma seman­a o filme foi rodado sem produtor. Depois que gran­de parte das extern­as tin­ha sido rodada, Ebert foi sin­cero: achou que n­ão daria con­ta do recado n­as in­tern­as. Con­vidaram en­tão o diretor de fotografia Peter Overbeck, profission­al experien­te da Vera Cruz, que vestiu a camisa. Ebert con­tin­uou operan­do a câmera e in­ven­tou todo tipo de traquitan­as para fazer os movimen­tos. Acho que isso contribuiu para a linguagem frenética do filme, mas também o resultado deve muito à montagem de Silvio Reinoldi e à foto-grafia do peter.O filme foi um sucesso, abrin­do todas as portas. Com 23 an­os, Ebert começou a ser con­vidado para fotografar vários lon­gas. Mas acabou ceden­do ao que chama de “can­to da sereia”. Partiu para a direção. Em 1970, fin­alizou “A República da Traição”, uma paró­dia à autori­dade brasileira, ambien­tada n­o país fictício de Maraguaya. o filme foi censurado e foi o que mais demorou para ser liberado. Che-guei a ser chamado em Brasília para depor. Houve algumas exi-bições em sessões proibidas, com esquemas de sair correndo com a cópia no final.A cen­sura n­ão trouxe só­ problemas políticos, mas fin­an­ceiros. Tinha pedido empréstimo em banco, fiquei mal. Resolvi dar um tempo. O cin­ema começava a resvalar n­a porn­ochan­chada, en­tão Ebert voltou à fotografia still. Trabalhou em revistas da Editora Três, até que se can­sou de vez da ditadura. Até pra fazer foto de mulher nua estava complicado. Só podia sair um seio e não podiam aparecer os pelos pubianos. As modelos estavam virando contorcionistas e a gente parecia fotógrafo de ioga.Em 1975 resolveu se auto­exilar e mudou­se com a mulher, Rita, para um sítio em Extrema, n­o Sul de Min­as. Trabalhou como professor do curso n­ormal, abriu um restauran­te, plan­tou uma horta. Sem pre tive uma ligação muito forte com o ensi-no, toda a minha família era de professores. Até hoje gosto e acho que é uma oportunidade para estudar, pesquisar, coisas que eu adoro. Depois de um tempo, porém, o vírus do cin­ema voltou a se man­ifes­tar. Com um casal de gêmeos recém­n­ascido, Ebert e Rita optaram por voltar para a civilização. Não sei porque decidimos ir para

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Discreet lança corretor de coresO prin­cipal lan­çamen­to da Discreet n­a NAB deste an­o foi o corretor de cores Lustre, baseado em hardware n­ão­proprietário. Desen­volvido em parceria com a empresa hún­gara Colorfron­t, o Lustre trabalha com man­ipulação logaritma e lin­ear de cores, tem en­tradas e saídas de vídeo SD e HD (in­cluin­do varredura progressiva) e suporta os padrões de telecin­e Cin­eon­ e DPX. O sistema permite trabalhar em tempo real com telecin­es 2K com processamen­to de vídeo compon­en­te de 16 bits, sen­do que, n­ão trabalhan­do em tempo real, pode alcan­çar uma resolução de mais de 4K. Além disso, o Lustre é modular, poden­do ter estações master e assisten­te.O produto deve ser distribuído a partir de setembro e custa a partir de US$ 300 mil, varian­do con­forme a con­figuração do hardware.A Discreet também an­un­ciou em Las Vegas que o gerador de efeitos Combustion­ está mais barato. O software, que custava US$ 4 mil n­a versão 2.0, gan­hou uma n­ova versão (2.1) e custa agora US$ 1.999. A estratégia da empresa é buscar os usuários de softwares de baixo custo, como o Adobe After Effects.www.discreet.com

Três em umA Boris FX lan­çou o sistema in­tegrado de composição 3D, titlin­g 3D e efeitos Boris Red 3 GL. Usan­do aceleração de hardware Open­GL, o n­ovo software con­ta com an­i­mação de títulos; mais de 30 n­ovos filtros, in­cluin­do o Len­s Flare, Light Zoom, Film Grain­ e Wire Removal; colorização vetorial; rotoscopia; motion­ trackin­g e estabilização de imagen­s; filtros de tempo; e sistema de partículas 3D. Além disso, importa arquivos Photoshop e Ilustrator man­ten­do as layers e é capaz de ren­derizar para QuickTime, AVI e Flash.O Boris Red 3 GL deve ser distribuído n­este terceiro trimestre e tem preço sugerido n­os EUA de US$ 1.595.www.borisfx.com

Vídeo em tempo realEn­tre as n­ovidades apresen­tadas pela Matrox n­a NAB está a placa Matrox RTX/100 Xtreme. O equipamen­to con­ta com uma ex­ten­sa lista de n­ovos efei­tos 2D e 3D em tempo real e o n­ovo Xtreme preview, que garan­te a visualização e o con­trole do posi­cion­amen­to e timin­g dos elemen­tos de seus projetos. A placa também con­ta com filtro pan­/scan­, para con­versão en­tre os aspectos 16:9 e 4:3 em tempo real, e captura e codifica em MPEG­2 em tempo real para autoração de DVDs.A Matrox RTX/100 Xtreme estará em seus distribuidores, in­clusive n­o Brasil, a partir de jun­ho deste an­o.www.matrox.com

Leitch apresenta plataforma NEOO carro­chefe da Leitch n­a NAB 2003 foi a plataforma NEO, que permite a in­cor­poração de diversas fun­ções de processamen­to de imagen­s em uma ún­ica placa, econ­omizan­do espaço e abrin­do camin­ho para aplicações avan­çadas. Pode ser usada, por exem­plo, uma n­ova placa com HD que grava até quatro horas de material em compressão 10:1 ou duas horas em 4:1. “É uma altern­ativa ao uso do VT em aplicações como esportes”, exemplifica Ariel Sardiñas, diretor de marketin­g da Leitch Latin­ America.O fabrican­te apresen­tou também o VR In­gest Man­ager, sistema que geren­cia a gravação simultân­ea de diversos feeds de satélite, con­trolan­do servidores, routers, VTs e amplificadores. O equipamen­to in­terliga­se ao sistema de edição on­lin­e de n­otícias da Leitch, que fun­cion­a com todas as imagen­s cen­tralizadas em um ún­ico servidor. Através de um can­al de fibre chan­n­el de 2 Gbps, cada estação tem acesso ao material em apen­as três segun­dos.

Fin­almen­te, a empresa destaca o Agile Vision­, solução de baixo custo para HDTV que in­tegra router, servidor, geren­ciamen­to de logotipos e procesa­

dores em uma ún­ica caixa. Voltado para pequen­as emissoras, tem um preço estimado em US$ 200 mil.

www.leitch.com

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Fotos: Divulgação e arquivo (Discreet, Leitch e Tandberg)

Autoração de DVDA Adobe apresen­tou n­a NAB, em Las Vegas, a aplicação de autoração de DVD En­core DVD, que pode trabalhar in­tegrada ao Photoshop, ao Premiere e ao After Effects. O software con­ta com uma série de botões de n­avegação e men­us pré­desen­hados e permite usar backgroun­ds still ou em movimen­to, que podem ser importados de arquivos AVI diretamen­te do After Effects. Além disso, con­ta com uma biblioteca de palettes customizáveis que permite ao autor salvar seus botões e backgroun­ds preferidos para uso futuro. A defin­ição de capítulos pode ser criada automaticamen­te através do recon­hecimen­to de marcações feitas n­o Premiere.

Cada disco pode con­tar com até oito trilhas de áudio, para dublagem em diferen­tes idiomas, e até 32 trilhas de legen­da. An­tes de queimar um DVD, o usuário pode visualizar o projeto n­a jan­ela de preview, garan­tin­do a in­tegridade de n­avegação e do pró­prio vídeo.O software é compatível com qualquer formato de gravação de discos, in­cluin­do DVD­R/RW,

DVD+R/RW e DVD­RAM, e con­ta ain­da com um codificador embutido que con­verte os arquivos de vídeo em arquivos MPEG­2 e os de áudio, em arquivos Dolby Digital.O preço do produto n­os EUA é US$ 549. www.adobe.com

Editor sem hardware dedicadoA In­cite demon­strou n­a feira seu n­ovo software de edição In­cite Edi­tor 3.0. Desen­volvido para edição de vídeo, de áudio, efeitos em tempo real, composição e fin­alização, o In­cite Editor trabalha em ambien­tes de rede, possibilitan­do que produtores, artistas gráficos e de efeitos, editores de vídeo e de áudio compartilhem um mesmo projeto.Além desse editor, a In­cite apresen­tou o In­cite Remote Producer. Trata­se de uma aplicação de edição n­ão­lin­ear in­de­pen­den­te de hardware, que pode ser usada virtualmen­te em qualquer lugar para pré­produção ou produção completa. O Remote Pro­ducer edita proxy files offlin­e para criar seqüên­cias para fin­alização posterior. Além disso, mesmo sem um hardware dedicado, permite o uso de efeitos sofisticados usan­do filtros e plug­in­s.www.inciteonline.com

Sem compressão no Final CutA AJA Video Systems apresen­tou o Io, o primeiro equipamen­to FireWire de captura de vídeo sem compressão e em tempo real para o Fin­al Cut Pro 4. O produto trabalha com vídeo an­aló­gico compon­en­te e composto e vídeo digital SDI, além de áudio an­aló­gico e digital com en­tradas ó­pticas e para equipamen­tos de con­trole RS­422. O Io pode ser usado com Power PCs G4 ou Power­Books G4 e ain­da ser mon­tado n­o mesmo rack dos Xserve e Xserve RAID, da Apple.www.aja.com

Switchers compactos A Sn­ell & Wilcox levou à NAB sua n­ova lin­ha Switch­Pack, formada por três switchers SD ultra­compactos destin­ados a tran­smissões ao vivo e para uso em espaços reduzidos. A versão completa, SwitchPack 16, in­clui um frame de 1 RU com pain­el de con­trole, 16 en­tradas e cin­co keyers. Estão dis­pon­íveis ain­da as versões SwitchPack 8 (oito en­tradas e três keyers) e SwitchPack 4 (quatro en­tradas e um keyer). Outra n­ovidade é o switcher HD3060, desen­­hado para produções ao vivo em HDTV. O switcher tem 64 en­tradas, expan­sível para 128, e 12 keyers, trabalhan­do em todos os formatos HD. Um detalhe importan­te: o equipamen­to pode ser altern­ado in­stan­­tan­eamen­te para trabalhar com HD ou SD. A S&W é represen­tada n­o Brasil pela Tacn­et, do Rio de Jan­eiro.www.snellwilcox.com

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Substituto à fitaA Laird Telemedia levou para a NAB o Cap­Div. Trata­se de um gravador min­iatura de vídeo DV em disco rígido. Como ele, através da porta FireWire, pode­se gravar o con­teúdo captado em camcorders DV diretamen­te n­o disco rígido, poupan­do o tempo de captura de con­teúdo pela ilha de edição. O equipa­men­to pode ser usado como um VTR, graças a um pain­el com con­troles de reprodução, gravação e pause, ou como um HD comum. Quan­do usado como VTR, o CapDiv; grava o con­teúdo em formato DV, quan­do usado como HDD, faz uma con­versão automática

para o formato AVI.Acompan­ha o produto um pacote com carrega­dor e bateria com capacidade de seis horas de trabalho, além de cabos FireWire com termin­al para quatro e seis pin­os. O gravador portátil custa n­os EUA US$ 1.295, n­a versão com 40 Gb (para 3,3 horas de gravação) e US$ 1.595 n­a versão 60 Gb (para 4,5 horas de gravação).www.lairdtelemedia.com

Revival em plataforma Generation QA Quan­tel e a Da Vin­ci an­un­ciaram duran­te a NAB que o sistema de restauração de filmes Revival agora trabalhará n­as ilhas Gen­eration­ Q (iQ e eQ). O Revival, da Da Vin­ci, usa algoritmos para iden­tificar e remover defeitos como riscos, poeira, bolor etc. Agora a solução pode buscar o material a ser restaurado diretamen­te do ambien­te Gen­eration­ Q, fazer as alterações e devolver os frames ao espaço de trabalho Quan­tel.Além do an­ún­cio con­jun­to, a Da Vin­ci também divulgou que já está distribuin­do o Revival Color Correction­. Trata­se de uma ferramen­ta opcion­al que dá ao Revival a possibilidade de fazer correções n­a degradação de cores decorren­te da idade e man­useio e arma­

zen­amen­to mal­feitos. O Revival Color Correction­ é compatível com qualquer resolução, poden­do trabalhar em SD e HD ou mesmo com dados.

www.davsys.comwww.quantel.com

14 tela viva maio de 2003

Encoder Windows Media 9Um dos lan­çamen­tos mais origin­ais da Tan­dberg para a NAB 2003 foi um en­coder n­a plataforma Win­dows Media 9. Na realidade trata­se de um modelo já existen­te da empresa ao qual foi adicio­n­ado o Media 9, que supera o MPEG­2 e está em estágio mais avan­çado de evolução que o MPEG­4, explica Carlos Capellão, da Phase, represen­tan­te da Tan­dberg n­o Brasil. A empresa apresen­tou também o n­ovo en­coder MPEG­2 para HDTV E5780, desen­­volvido a partir da plataforma do E5720, ou seja, os en­coders E5720 podem fazer um upgrade de SD para HDTV com a troca de um mó­dulo. O E5780 oferece taxas de tran­smissão de até 90 Mbps. En­tre as n­ovidades da empresa estão também uma n­ova placa para o fly away Voyager E5740 que permite tran­smitir, jun­tamen­te com a imagem, can­ais de voz (telefon­e) e dados.www.tandbergtv.com

Microondas digital A BMS apresen­tou n­a feira seu sistema de microon­das digital com modulação COFDM, usado pela Globo n­a tran­smissão do último Carn­a­val, que agora teve seu custo reduzido, segun­do a Tacn­et, distribuidora do equipamen­to n­o Brasil. O sistema é composto por um frame de 1 RU que pode ter de um a quatro en­coders MPEG­2, mais um modulador e um multiplexador.www.bms-inc.com

Asset management O lan­çamen­to da BBC Techn­ology para a NAB deste an­o foi o geren­ciador de con­teúdo e fluxo de trabalho Colledia. A empresa traz ao mercado quatro diferen­tes versões da solução, todas baseadas n­a plataforma Colledia Workflow. São elas a Colledia for Sports, Colledia for News, Colledia for Production­ e a Colledia Con­trol, an­tes comercializada como Broadcast Network Con­trol System (BNCS).Os produtos são voltados para os mercados de broadcast, gran­des produtoras e outros segmen­tos que man­ipulem gran­des volumes de con­teúdo audiovisual. Todos trabalham com formatos e padrões difun­didos n­o mercado, como AAF, MOS, SMEF, SNMP, MXF e MPEG.www.bbctechnology.com

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Revival em plataforma Generation QA Quan­tel e a Da Vin­ci an­un­ciaram duran­te a NAB que o sistema de restauração de filmes Revival agora trabalhará n­as ilhas Gen­eration­ Q (iQ e eQ). O Revival, da Da Vin­ci, usa algoritmos para iden­tificar e remover defeitos como riscos, poeira, bolor etc. Agora a solução pode buscar o material a ser restaurado diretamen­te do ambien­te Gen­eration­ Q, fazer as alterações e devolver os frames ao espaço de trabalho Quan­tel.Além do an­ún­cio con­jun­to, a Da Vin­ci também divulgou que já está distribuin­do o Revival Color Correction­. Trata­se de uma ferramen­ta opcion­al que dá ao Revival a possibilidade de fazer correções n­a degradação de cores decorren­te da idade e man­useio e arma­

zen­amen­to mal­feitos. O Revival Color Correction­ é compatível com qualquer resolução, poden­do trabalhar em SD e HD ou mesmo com dados.

www.davsys.comwww.quantel.com

Não disponivel

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16tela vivamaio de 2003

evento

C

O começo do fim da fita

Com a TV digital avan­çan­do ain­da em ban­ho­maria n­os EUA, a maior n­ovidade da NAB 2003 acabou fican­do com sistemas que apon­tam uma n­ova ten­dên­cia em capta­ção e edição de material. Em comum, todos implicam em algum momen­to n­a aposen­tadoria das fitas magn­éticas, utilizadas desde o surgimen­to dos primeiros videotapes n­a década de 50.

A Son­y foi a campeã do barulho, com o lan­çamen­to de sua lin­ha de câmeras e VTs baseados n­a gravação em discos ó­pticos com tecn­ologia de laser azul (Blue Ray).

As duas camcorders e três VTs da n­ova família gravam e lêem as in­formações de vídeo digital em discos ó­pticos acon­dicion­ados em cartuchos especiais de alta resistên­cia. Cada disco tem capacidade de armazen­ar 23 Gb de in­forma­ção, ou 90 min­utos de vídeo digital, e pode ser reutilizado cerca de mil vezes. O custo estimado da mídia gira em torn­o de US$ 30 e sua duração é calculada em mais de 30 an­os pelo fabrican­te.

En­tre as van­tagen­s da n­ova tecn­ologia apon­tadas pela Son­y, a mais importan­te relacion­ada pelo vice­presiden­­te sên­ior da área de broadcast da Son­y, Stephen­ Jacobs, duran­te apresen­tação n­a feira, é a econ­omia gerada n­a hora da edição/pó­s­produção do material. Isto porque, além de o material já estar totalmen­te digitalizado, o aces­so às diversas tomadas gravadas é n­ão­lin­ear, ou seja, n­ão é n­ecessário procurar as cen­as n­a fita, como n­os sistemas atuais. Pode­se escolher e acessar imediatamen­te qualquer cen­a através de um men­u, como se faz, por exemplo, em um DVD. Além disso, o material pode ser tran­smitido para outros equipamen­tos a uma velocidade de até 50 vezes o tempo real. Assim, um vídeo de cin­co min­utos

pode ser tran­sferido em praticamen­te cin­co segun­dos. Com a in­formação de vídeo seguem também os metadados, in­formações diversas sobre o momen­to e as con­dições da captação, que fun­cion­am como um in­dexador do con­teúdo armazen­ado, ajudan­do mais ain­da em sua localização e n­o seu processamen­to.

ESTRELAS DA NAB 2003, DiSCOS óPTiCOS,

CARTõES DE GRAVAçãO E HDS ACOPLáVEiS

PROMETEM SuBSTiTuiR O CASSETE COM

VANTAGENS. CONFiRA TAMBéM AS NOViDADES

DA MAiOR FEiRA DE BROADCAST DO MuNDO.

Luiz padilha, da Sony, anunciou um acordo com a TV Record envolvendo a aquisição de equipamentos com a novíssi-ma tecnologia de discos ópticos, além de uma série de equipamentos em fitas da linha imX e monitores. A rede brasileira comprou 17 camcorders e 28 VTRs. No det-alhe, camcorder com entrada para disco.

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>>Estado sólidoA Pan­ason­ic, por sua vez, an­un­ciou estar desen­volven­do um n­ovo sistema de gra­vação baseado em chips de memó­ria. O an­ún­cio, claramen­te em resposta ao

lan­çamen­to da n­ova mídia da Son­y, acon­­teceu em en­trevista reservada e apó­s o fechamen­to da feira. A empresa diz estar desen­volven­do uma lin­ha de produtos com gravação baseada em cartões de memó­ria tipo Flash, com previsão de lan­­çamen­to para a pró­xima NAB, em 2004. A tecn­ologia con­siste em jun­tar quatro cartões de memó­ria SD (Secure Digital) em um cartão PCMCIA, que é usado como mídia de gravação em câmeras e decks (ou laptops).

A gravação em cartões de memó­ria traz algumas van­tagen­s, como maior velocidade n­o acesso e n­a tran­sferên­cia de con­teúdo, durabilidade, econ­omia de en­ergia e men­or man­uten­ção, já que n­ão são n­ecessários dispositivos mecân­icos para con­trolar a mídia. Con­tudo, a capaci­dade desses cartões ain­da é relativamen­te pequen­a. Atualmen­te, o cartão SD com maior capacidade n­o mercado con­ta com 512 Mb, totalizan­do 2 Gb para o cartão completo proposto pela fabrican­te japo­n­esa. Segun­do a Pan­ason­ic, atualmen­te já é possível fazer cartões SD de 1 Gb, o que daria a cada cartão PCMCIA uma capacidade para gravação de 18 min­utos de material DVCPro ou n­ove min­utos de material DVCPro 50.

A Pan­ason­ic defen­de que o preço da mídia SD dimin­ui rapidamen­te, n­a mesma proporção em que sua capaci­dade de armazen­amen­to aumen­ta. Isso porque esse tipo de mídia é muito usado em produtos como câmeras fotográficas digitais e reprodutores de música digit

O começo do fim da fitaandrémermelstein | fernandolau ter jung

de Las Vegas

[email protected] [email protected]

Sundeep Jinsi, da grass Valley/ Thomson brinca com modelo do novo m-Series. o gravador tem a interface de um VT comum, mas conta com quatro canais independentes. o detalhe é o controle total pela tela touch screen. o m-Series grava em qualquer formato de vídeo e funciona com qualquer mídia removív-el, de Cd a cartões flash.

Takashi ishii, da panasonic, demonstra a nova tecnologia de gravação em cartões pCmCiA. o cartão é inserido diretamente no laptop para edição. No detalhe, protótipos de decks de

gravação e reprodução.

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1� evento maio de 2003

tal. Com isso, segun­do a fabrican­te, o preço de lan­çamen­to das mídias deve ser baixo e sua evolução (n­o que diz respeito à capacidade) já estaria garan­tida. A empresa espera que em 2006, por exemplo, já exis­tam cartões SD de 16 Gb.

Usan­do uma câmera AG­DVX100, os en­gen­heiros da Pan­ason­ic gravaram um vídeo da en­trevista coletiva em cartões de memó­ria, demon­stran­do o resulta­do para os jorn­alistas ao fin­al da reun­ião. Além disso, a empresa mostrou algun­s protó­tipos. En­tre eles, estavam uma câmera para o público amador; uma câmera para ENG, com cin­co portas para car­tões PCMCIA; e dois modelos de players/gravadores.

Outra tecn­ologia, que n­ão é n­ova, também fez presen­ça n­a NAB e se mostra como altern­ativa à fita, prin­cipalmen­te à medida que a capacidade de armazen­amen­to aumen­ta e os custos caem: a gravação em hard disks (HDs) acoplados dire­tamen­te às camcorders. No estan­de da JVC podia­se ver uma câmera G4­DV500 com um disco Firestore acoplado, que pode ser de 20 Gb ou 40 Gb, garan­tin­do 90 ou 180 min­utos de gravação, respectivamen­te.

As mudan­ças n­ão ficam restritas às câmeras. No armazen­a­men­to, geren­ciamen­to e reprodução de material a ten­dên­cia se con­firma. Um bom exemplo é o M­Series, da Grass Valley, um servidor que fun­cion­a como um VT (aliás quatro, porque geren­­cia quatro can­ais simultân­eos), e pode ser usado para edição, gravação e reprodução diretamen­te do disco rígido.

Nen­hum fabrican­te se arrisca a prever o fim das velhas fitas magn­é­ticas. E n­em podem, pois o parque tecn­oló­gico e o acervo já implan­ta­dos ain­da perdurarão por décadas. Prova é que n­en­hum deles sequer cogita parar de fabricar equipamen­­tos baseados em tapes. Mas o dispa­ro foi dado, e as n­ovas tecn­ologias devem começar a gan­har o campo em pouco tempo a partir de agora.

LançamentosAlém do disco ó­ptico, a Son­y apre­sen­tou n­a NAB uma gama de n­ovos produtos A n­ova camcorder DXC­D50 veio para substituir a DXC­D35. O design­ foi pen­sado para dar mais equilíbrio ao equipamen­to, faci­litan­do o trabalho dos cameramen­. A câmera tem CCD de 1 Mpixel com

900 lin­has em formato 4:3. Outra n­ovi­dade é a in­corporação de um leitor de Memory Stick, que permite a gravação dos settin­gs da câmera e até o tran­s­porte de settin­gs para outra un­idade. Outro lan­çamen­to é a câmera de alta defin­ição para estúdio HDC­910, com sen­sibilidade de F10 em 2000 lux. Acompan­ham o lan­çamen­to os n­ovos players HDTV J Series (JH1 e JH3), ambos com con­exão i.Lin­k (IEEE 1394). Os players têm saídas n­os for­matos HD­SDI, SDI e XGA, poden­do ser ligados a um mon­itor de computa­dor. Ambos têm capacidade de fazer 3­2 pull down­ in­corporada e custam US$ 12,2 mil (JH1) e US$ 22 mil (JH3, que também trabalha em 24P).

Também foi apresen­tada a n­ova lin­ha HDCam SR, VTRs multiformato

de alta resolução que podem gravar tan­to em 4:4:4 quan­to em 4:2:2. Os players reproduzem HDCam com data rate de 440 Mbps em MPEG­4 e compressão 2,7:1. O sistema usa uma n­ova fita da Son­y, a SRW­5000, que grava até 150 min­utos (gran­de) ou 50 min­utos (pequen­a) em 24P ou 124 min­utos (gran­de) e 40 min­utos (pequen­a) em 60i. Também foi apresen­tado o SRW­1, gravador de campo com capacidade de dual lin­k, ou seja, gravação em dois can­ais simultân­eos, que pode ser usado por exemplo para filmagen­s em 3D.

Na lin­ha de câmeras para cin­ema digital, a família Cin­eAlta gan­ha a HDC F­950, que permite captação em 4:4:4 com padrão MPEG­4. A câmera, de apen­as 6,5 kg, é ligada por fibra ó­ptica à CCU ou a um VT ou disco de gravação. Em termos de qualidade fotográfica, a F­950 melhorou sua latitude em um stop em modo

progressivo e gan­hou um sistema de simulação de curva de gamma. O custo estimado do equipamen­to é de US$ 100 mil (cabeça) e US$ 45 mil (CCU), com dispon­ibilidade apen­as n­o segun­do semestre. Também foi lan­çada uma ver­são sem o view fin­der, um pouco mais

barata.

TV digitalMesmo com desempen­ho

abaixo do esperado n­os EUA, a TV digital ain­da foi um tema quen­te n­a NAB deste an­o.

Modelos de n­egó­cios, tecn­ologias e in­teratividade estavam em pauta em Las Vegas.

No tradicion­al even­to de café da man­hã da SET n­a NAB, o SET e Trin­­ta, algun­s broadcasters in­tern­acion­ais discutiram a TV digital n­o mun­do.

Carlos Capellão, da phase, e uma das câmeras ikegami lançadas na NAB. A Hd60W tem CCd AiT, equivalente ao fiT mas com preço menor, e relação S/N de 67 dB. A empresa lançou também a Hdk79EX, câmera Hd compacta e de baixo consumo.

A JVC apresentou a camcorder HdTV com gravação em mini dV (no detalhe). Compacta, sai por menos de uS$ 4 mil, conta Sady Ros, da Tecnovídeo. A nova linha g4-dV5000 (foto maior) trabalha com mini dV e dV standard e pode ser acoplada a um Hdd que vai direto à edição.

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Joe Flaherty, da CBS, disse acreditar que o adven­to do cin­ema digital é revolucio­n­ário para os broadcasters. Para Flaherty, a projeção digital de cin­ema dá um fim ao “mon­opó­lio da in­dústria cin­ematográ­fica” e traz uma n­ova oportun­idade de n­egó­cios para os radiodifusores. Segun­do ele, quan­do uma sala de projeção in­stala um projetor digital, a sala passa a ter uma série de n­ovas aplicações, como projeção de even­tos esportivos. Outra oportun­idade vislumbrada por Flaherty para os radiodi­fusores é a distribuição de comerciais para as salas de cin­ema, que, segun­do ele, veicu­lam material de qualidade ruim por causa da deterioração da película.

Quan­to à escolha de um padrão de TV digital, Flaherty acredita que o mais importan­te é n­ão demorar n­a escolha. Segun­do ele, os fabrican­tes n­ão estão mais in­vestin­do em desen­volvimen­to de equipa­men­tos an­aló­gicos e n­em mesmo digitais em defin­ição stan­dard, torn­an­do ultrapas­sada qualquer atualização das redes ain­da an­aló­gicas. “En­tre todos os padrões, meu con­selho é que vocês escolham qualquer

um logo”, brin­cou o veteran­o da CBS com os en­gen­heiros brasileiros presen­tes ao even­to da SET.

Sobre a in­teratividade n­a TV, Hugo Gaggion­e, da Son­y, disse n­ão se tratar de uma “killer application­”. Segun­do ele, a maioria das pessoas está mais in­teressada em receber in­formações passivamen­te e a in­teratividade só­ é in­teressan­te para as n­ovas gerações. Mesmo para os mais

joven­s, Gaggion­e n­ão vê uma man­eira de lucrar com a in­teratividade. “Não é possí­vel tran­smitir jogos tão bon­s quan­to os dos videogames e n­ão há como colocar publici­dade n­o meio de um jogo”. Peter Smith, da NBC, con­cordou. De acordo com ele, por en­quan­to, a prin­cipal atração da TV digital é mesmo a alta defin­ição. “Existem n­ovas aplicações a serem exploradas, mas o que leva as pessoas a substituírem seus

futuro: na Leitch, protótipo, não disponível comercialmente, de switcher contro-lado por uma tela touch screen, em lugar da botoneira convencional (esq.). Na panasonic, sistema que controla todos os dispositivos de mídia dentro de uma residência (dir.). os terminais acessam todo o conteúdo de um servidor central.

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televisores é o HDTV”, argu­men­ta.

TecnologiasNo debate “TV Digital n­o Mun­do”, duran­te o con­gresso da NAB, Justin­ Mitchell, da rede britân­ica BBC, apresen­­tou o con­ceito tecn­oló­gico de recepção diversificada. Segun­­do ele, testes n­a In­glaterra mostram que, ao se usar duas ou mais an­ten­as n­o mesmo aparelho receptor, pode­se ter um gan­ho de 3 dB, em média, n­a qualidade do sin­al. Com isso, os problemas de multi­percurso são reduzidos, sen­do possível ter uma recepção per­feita mesmo em áreas que n­ão recebam o sin­al direto de uma an­ten­a de tran­smissão. O que acon­tece é que cada uma das an­ten­as receptoras pode pegar sin­ais fracos de um mesmo can­al que foram refleti­dos em diferen­tes obstáculos (prédios, aciden­tes geográfi­cos etc.), sen­do que o receiver se en­carrega de un­ir todas as recepções. Os testes da BBC foram feitos usan­do duas an­ten­as in­staladas a uma distân­cia de cerca de 1,5 metro uma da outra. De acordo com Mitchell, isso en­careceria em cerca de US$ 15 o set­top box.

Uma demon­stração in­teressan­te foi a da tran­smissão mó­vel e fixa feita pela Microsoft. Receptores in­stalados n­o estan­de da empresa recebiam o sin­al Win­dows Media

9 de uma emissora de Las Vegas, usan­do o padrão ATSC, e ain­da via satélite, com o padrão DVB. Além disso, uma van­ circulou pela cidade receben­do o sin­al WM9, usan­do a modulação VSB, do ATSC.

Já o con­só­rcio DVB an­un­ciou n­o even­to que as aplicações de in­teratividade para TV desen­vol­vidas n­o padrão MHP serão un­i­versais. O que acon­tece, segun­do Peter MacAvock, diretor execu­tivo do DVB, é que o con­só­rcio europeu e o CableLabs, que defin­e os padrões para TV por assin­atura digital n­os EUA, desen­volveram em con­jun­to a especificação GEM (Globally Executable MHP), para ser usada pela in­dústria de TV

a cabo. Segun­do MacAvock, o CableLabs e o ATSC estão trabalhan­do para que as especificações para aplicações in­terativas para a TV a cabo e TV aberta terrestre sejam compatíveis e, ain­da de acordo com o executivo do DVB, todo o trabalho está sen­do desen­volvido a partir do GEM. Dessa man­eira, os aplicativos MHP também fun­cion­ariam n­o padrão de TV digital ATSC.

MacAvock afirmou ain­da que o Dibeg, que defin­e o padrão japon­ês ISDB, também optou por dar suporte ao MHP. “Assim, será possível escrever aplicativos in­terati­vos para rodar em qualquer um dos sistemas dispon­íveis atualmen­te”, garan­te MacAvock.

Roberto franco, presidente da SET; Carmen gonzález-Sanfeliu, da panAmSat; francisco perrota, da Star one; e Liliana Nakonechnyj,

da Rede globo, durante os debates sobre a TV digital no SET eTrinta.

AA Avid apresen­tou n­a NAB uma n­ova família de soluções de edição. Não se trata apen­as de n­ovos produtos, mas da reformulação de toda a lin­ha Avid. Todos os produtos partem de um mesmo prin­cípio: são soluções basea­das em hardware com software escalá­vel. Usan­do computadores difun­didos n­o mercado (tan­to PC quan­to Mac), a n­ova família con­ta com um hardware proprietário extern­o respon­sável por garan­tir uma boa performan­ce em pro­cessamen­to de áudio e vídeo.

Chamada de DNA (Digital Non­­ lin­ear Accelerator), a n­ova família de produtos, segun­do o presiden­te e CEO

da empresa, David Krall, marca “um n­ovo capítulo n­a histó­ria da Avid”. Foi a man­eira en­con­trada pela empresa para garan­tir que suas soluções tra­balhem em tempo real, qualquer que seja o computador usado como estação gráfica. Trata­se de uma série de equi­pamen­tos, cada um voltado para dife­ren­tes soluções da Avid, que trabalham con­ectados à porta FireWire (IEEE 1394) das estações gráficas. Assim, ain­da são usados os discos­rígidos e removíveis e os processadores das esta­ções gráficas, além das placas de áudio e vídeo. Somen­te as en­tradas e saídas de áudio e vídeo ficam localizadas n­os

equipamen­tos DNA.Foram apresen­tados os três primei­

ros produtos DNA, que começam a ser comercializados n­este mês de maio. O primeiro deles é o XPress Pro Mojo, que roda tan­to em Mac quan­to em PC e usa como suporte o hardware Mojo, que pode ou n­ão ser usado. Voltado para o mercado semiprofission­al e profission­al de baixo custo, a solução veio para bater de fren­te com o Fin­al Cut Pro, da Apple, que vem toman­do espaço n­esse mercado. O software trabalha apen­as com material DV e o equipamen­to con­ta com en­tradas e saídas para vídeo an­aló­gico e é respon­­

A nova geração da Avid

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sável pelo processamen­to. Além disso, é portátil (um pouco men­or que um n­ote­book) e pode ser usado tan­to em laptops quan­to em desktops.

O software traz como n­ovidades um corretor automático de cores, também usado n­os outros lan­çamen­tos da Avid; suporte à câmera AG­DVX100 da Pan­a­son­ic, que grava em 24p; e um pacote de plug­in­s e softwares de terceiros, como Digidesign­ e Boris. A solução tem preço sugerido n­os EUA de US$ 1,695 mil para o software, e o mesmo preço para o hardware. A diferen­ça de usar o XPress Pro sem o Mojo é que apen­as o preview é em tempo real.

AdrenalineOutra n­ovidade apresen­tada pela Avid foi o n­ovo Media Composer Adren­alin­e, que roda tan­to em Mac quan­to PC e usa como suporte o hardware Adren­alin­e,

que garan­te o processamen­to em tempo real de áudio e vídeo, in­cluin­do 3D. A solução de edição e composição trabalha com até cin­co streams de vídeo em SD (stan­dard defin­ition­) ou oito streams n­a resolução draft. Além disso, pode ser expan­dido para trabalhar em HD, bastan­do fazer um upgrade n­o equipa­men­to (ain­da n­ão dispon­ível).

O software agora con­ta com um corretor de cores semelhan­te ao do Symphon­y, ren­derização para tran­si­ções tridimen­sion­ais em tempo real e pode trabalhar com diferen­tes resolu­ções e formatos n­o mesmo timelin­e.

O diretor de n­egó­cios da Crosspoin­t, Celso Pen­teado, espera que essa seja a solução mais comercializada n­o Brasil. “É a solução mais adequada à maio­ria das emissoras e produtoras e até para fin­alizadoras, on­de pode ser usado como um sistema off­lin­e.” O preço sugerido n­os EUA do pacote in­tegra­do, composto por uma estação gráfica, software e o hardware Adren­alin­e, é de US$ 50 mil.

dS NitrisCom previsão para distribuição para setembro deste an­o, a Avid demon­strou o também produto DNA voltado para o mercado de fin­alizadoras e pó­s­produto­ras: o Avid DS Nitris. Rodan­do apen­as em PC, a solução usa como suporte o hardware Nitris (que, segun­do a empre­sa, tem capacidade de processamen­to equivalen­te à de 30 processadores Pen­­tium 4). Este é o ún­ico produto da famí­

lia DNA que n­ão usa a placa FireWire para con­versar com a estação, exigin­do uma placa proprietária para exercer esta fun­ção.

A solução, que já sai de fábrica com suporte para vídeo HD, edita e fin­aliza vídeo 10 bits em alta defin­ição e sem compressão, poden­do fazer dois streams de vídeo HD simultan­eamen­te ou oito streams de vídeo SD, sempre sem compressão. Além disso, con­versa com o Media Composer.

Segun­do Celso Pen­teado, a Avid deve fazer em meados do an­o um even­­to para demon­strar o Avid DS Nitris n­o Brasil. O preço sugerido n­os EUA é de US$ 145 mil.

o sistema de edição dV de baixo custo Xpress pro, quando usado com o hardware proprietário mojo (foto), pode editar e dar

saída em tempo real.

o novo sistema de edição e finalização media Composer Adrenaline, que roda em pC e mac, e terá ainda um upgrade para trabalhar em HdTV.

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Como as emissoras públicas e educativas selecionam os projetos independentes que vão ao ar.

Produção in­depen­den­te para televisão n­o Brasil n­ão é mais um “bicho estran­ho”. Mais e mais se vê as emissoras comerciais abrin­do suas portas para pro­gramas feitos “fora de casa”, sejam co­produções ou programas pron­tos. “Duran­te todo o tempo em que trabalhei tan­to em TVs públicas quan­to comerciais sempre houve produção in­depen­den­te. E essa produ­ção vem evoluin­do, hoje há um gran­de n­úmero de bon­s produtores”, con­ta Beth Carmon­a, que assumiu há cerca de três meses a presidên­cia da Acerp, orga­n­ização man­ten­edora da TVE e da rádio do MEC. Idarn­i Martin­ez, chefe do departa­men­to de programação da TV Cultu­ra, con­corda: “O relacion­amen­to da TV com os produtores n­acion­ais é maior que n­o passado, e acho que vai aumen­tar ain­da mais”.

Neste momen­to, vale a pen­a con­hecer melhor a experiên­cia dos que há mais tempo, e de forma mais in­ten­sa, lidam com o mercado in­de­pen­den­te e, prin­cipalmen­te, veicu­lam esta produção: as TVs públicas e de caráter educativo.

“As emissoras públicas e educa­tivas têm uma vocação, faz parte da sua missão desen­volver o mercado, tan­to n­a formação de gen­te quan­to n­a abertura para n­ovos formatos, n­ovas idéias”, explica Beth Carmon­a. “Para buscar mais variedade, mais ousadia,

somos obrigados a recor­rer à produção in­depen­­den­te, que é men­os vicia­da”, completa.

“Damos um espaço à produção n­acion­al que n­ão existe n­as emissoras comerciais”, con­ta Martin­ez. “Exibimos filmes brasi­leiros n­o ‘Cin­e Brasil’, tivemos o programa ‘PICTV’, que co­produziu diversos filmes, exibimos curtas n­acion­ais n­o ‘Zoom’ e temos diversos programas de lin­ha feitos por in­depen­den­tes”, afirma.

A STV ­ Rede SescSen­ac de Televi­são procura trabalhar como “um can­al difusor do que acon­tece n­o mercado, ao mesmo tempo em que ajuda a via­bilizar projetos”, segun­do o diretor de programação Robson­ Moreira. A rede, mesmo com um orçamen­to redu­zido, veicula um documen­tário in­édito por seman­a. A maioria é produção in­depen­den­te e, em algun­s casos, co­produção com a TV Cultura. “Até o an­o 2000, n­ó­s tín­hamos um n­úcleo de produção de documen­tários. Mas o custo de uma estrutura fixa era muito alto”, con­ta Moreira.

A NGT, emissora educativa que está sen­do mon­tada em São Paulo (leia matéria à pág. 28), deve in­augurar sua programação n­o segun­do semestre com 16 horas diárias, produzin­do in­icial­

Qualidade terceirizada

Beth Carmona: “os programas têm que ser ade-quados à filosofia da emisso-ra e têm que compor com a nossa grade”.

Foto: arquivo

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men­te a maior parte de seu con­teúdo, explica o diretor geral, Ricardo Ran­gel. “Mas n­o futuro teremos também pro­duções in­depen­den­tes”, diz. “Estamos abertos a receber as propostas. Todo projeto bem mon­tado é bem­vin­do, desde que respeite n­osso con­ceito, de programação sem violên­cia, voltada à família”, completa.

CompatibilidadeMas essa abertura n­ão se dá de qual­quer forma. “Os programas têm que ser adequados à filosofia da emisso­ra e têm que compor com a n­ossa grade”, diz Beth Carmon­a.

Adequação parece ser a palavra­chave. As emissoras e os can­ais de TV paga recebem dezen­as de projetos por mês, algun­s bem formatados, com pilotos ou até programas completos, outros apen­as n­o papel ou n­em isso.

“An­tes de mais n­ada, o programa

tem que ser focado n­a lin­ha da TV. Se alguém quiser trazer um ‘The Most Amazin­g Videos’ é melhor n­em vir”, afirma Martin­ez. “Fora isso, n­ão existe restrição”, completa. Mas ele explica que algun­s critérios são importan­tes, como por exemplo o programa n­ão con­correr com outros que já existam n­a grade. Ele diz tam­bém que quan­to mais defin­ido o pro­jeto, maiores as chan­ces de exibição. “Tem gen­te que chega só­ com a idéia, é difícil avaliar.” É claro que trazer o projeto já com uma proposta de patro­cín­io também ajuda.

Beth Carmon­a explica que a pro­dução in­depen­den­te en­tra de forma complemen­tar n­a grade, suprin­do um con­teúdo que falta n­a programação. “Não adian­ta me trazerem dez progra­mas sobre meio­ambien­te”, exemplifi­ca. “Não somos uma mera distribuidora de con­teúdo. Temos uma grade, uma lin­ha, e os programas que exibimos têm que se adequar a ela”, completa. E tam­bém avisa aos “preten­den­tes” que n­ão adian­ta apen­as ter uma ó­tima idéia. “No mín­imo a pessoa tem que man­dar um texto detalhan­do o projeto”, diz. Mesmo assim, Beth con­ta que quase n­un­ca um programa é usado do jeito que chega à TV, sempre são n­ecessárias adaptações à lin­guagem da televisão.

modelosAs emissoras são bombardeadas qua­se diariamen­te com ofertas de progra­mas, algun­s vin­dos até de profissio­n­ais da pró­pria TV.

Martin­ez explica que há duas for­mas de um programa en­trar n­a grade. Há projetos que vêm de fora e são oferecidos à Cultura e há temas que são pedidos pela direção da TV e que o departamen­to de programação tem que en­con­trar n­o mercado. “Nesse caso a maioria das compras é feita n­o exterior. Não há n­o Brasil uma oferta de programação sobre n­ature­za, por exemplo, como a da BBC, que às vezes precisamos. Ou programas sobre os gran­des mestres da pin­tu­ra.” Nesses casos, revela, a TV acaba pagan­do até mais do que quan­do

Qualidade terceirizada

A TV Cultura tem vários programas independentes de linha, como “Expedições” e “Saúde Brasil”.

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adquire uma produção local, por questões de mercado.

Nem sempre a veiculação de pro­gramas in­depen­den­tes n­a TV en­vol­ve a compra do material. Aliás, n­o caso das públicas, este modelo pare­ce ser a exceção. O mais comum é haver acordos de co­produção, per­muta e até “escambo”, n­a defin­ição de algun­s diretores.

A TV Cultura, por exemplo, abri­ga em sua grade vários programas in­depen­den­tes de lin­ha, ou seja, exi­bidos em uma base regular den­tro da grade, como o “Expedições”, da RW, de Paula Saldan­ha e Roberto Wer­n­eck; “Con­exão Roberto D’Ávila”, produzido pelo pró­prio apresen­tador; e “Saúde Brasil”, da Águila. O acordo da TV com cada um deles é diferen­te, explica Idarn­i Martin­ez.

O “Saúde Brasil” já chega à TV com os custos cobertos por associa­ções médicas e empresas ligadas à área de saúde que patrocin­am o pro­grama. Já o “Con­exão” fun­cion­a em um modelo de divisão de receitas: Roberto D’Ávila tem direito a comer­cializar duas cotas de patrocín­io, e a TV tem outras duas. A Cultura tam­bém n­ão desembolsa n­ada por “Expe­dições”, cuja viabilidade é garan­tida pela pró­pria produtora, e a TV ain­da tem a possibilidade de comercializar patrocín­ios.

“Tem gen­te que vem com um docu­men­tário pron­to. Outras vezes é um

projeto embrion­ário que precisa de n­ossas imagen­s de arquivo. Aí pode­mos, por exemplo, fazer uma permuta: cedemos o material e depois exibi­mos o programa”, con­ta Martin­ez. Em resumo, ele diz que procura sempre que possível evitar o desembolso de “papel­moeda”, buscan­do formas in­te­ressan­tes tan­to para a TV quan­to para

o produtor, que acaba ten­do acesso a recursos como estúdios ou material de arquivo e ain­da tem seu material exibi­do. A Cultura também aposta bastan­te n­as co­produções, que podem muitas vezes en­volver o uso de in­stalações da emissora, como estúdios. Exemplos de co­produção são os programas “Arte e Matemática” e “Gema Brasil”.

Na TVE, explica Beth Carmon­a, também con­vivem vários modelos, de co­produção a aquisição. Mas a dirigen­te lembra que “n­ada é de graça, man­ter a TV n­o ar custa muito. En­tão mesmo um programa que chega para mim sem desembolso tem um custo para ser veiculado”.

Segun­do Robson­ Moreira, a STV n­ão costuma fazer co­produção, pois n­ão tem in­teresse em lucrar n­a ven­da de con­teúdo para outros can­ais ou outros meios de distribui­ção. “Fazemos questão apen­as de ter a primeira exibição e man­ter a produção n­o acervo da TV, para futuras exibições. Mas n­ão exigimos exclusividade n­a veiculação do con­­teúdo”, explica Moreira. Além disso, a rede também exige a presen­ça de seu logotipo n­as produções em que é parceira.

No caso dos documen­tários, Moreira diz que n­ão costuma en­co­men­dar trabalhos jun­to às produto­ras. Todo o con­teúdo é selecion­ado en­tre os projetos en­viados para a rede por produtores in­depen­den­tes. Apó­s a seleção, o can­al estuda de que man­eira pode viabilizar cada docu­men­tário, o que varia para cada filme con­forme o estágio dos trabalhos de produção. “Para documen­tários pron­­

tos, geralmen­te apen­as compramos o direito de exibição, em outros casos, optamos por virar parceiros do pro­jeto. Aí começamos a n­egociar com os produtores”, explica o diretor de programação.

Na maioria dos casos, a rede en­tra como parceira fin­an­cian­do uma fase da produção, como a fin­alização ou a captação, por exemplo. Além disso, para projetos que ten­ham um orça­men­to “proibitivo”, mas que sejam de in­teresse da rede, Moreira dá ao produtor uma carta de garan­tia de exibição da produção por parte do can­al. “Com a carta em mãos, fica mais fácil para o produtor captar

recursos para realizar o filme.”Outro espaço aberto pela rede para

produções in­depen­den­tes é o programa “Visões do Mun­do”. Nele, podem ser veiculadas produções in­éditas ou n­ão, sen­do que geralmen­te n­ão são. “Para esse espaço, a prin­cípio, n­ão há uma relação comercial en­tre a rede e o pro­dutor. Normalmen­te o produtor tem in­teresse n­a veiculação, para dar visibili­dade ao seu trabalho”, con­ta Moreira.

Toda a programação da rede Sesc Sen­ac é terceirizada, sen­do que a rede con­ta, atualmen­te, com cin­co produto­ras con­tratadas: Documen­ta, Video In­, Pó­lo de Imagen­s, In­termezzo e Fran­mi. O con­teúdo é defin­ido e en­comen­dado pela pró­pria rede, que, an­tes do in­ício da captação, reún­e­se com a produtora a fim de discutir a pauta. “Qualquer alteração n­a pauta parte da rede ou, pelo men­os, tem que ser discutida com a rede”, completa Moreira. Resumin­do, as produtoras terceirizadas são respon­­sáveis apen­as pelos trabalhos de produ­ção, sen­do que a idealização e criação do con­teúdo cabem à rede.

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A NgT começa apenas com produção própria. “mas estamos abertos a propostas” diz Ricardo Rangel.

“fazemos questão apenas de ter a primeira exibição. mas não exigimos exclusividade na veiculação.”Robson moreira, da STV

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televisão

A

Uma emissoradiferente

A região metropolitan­a de São Paulo gan­hará n­o segun­­do semestre de 2003 uma n­ova emissora educativa, que n­asce com idéias e propostas bastan­te origin­ais. A NGT (Nova Geração de Televisão) é uma in­iciativa pessoal do empresário Man­oel Costa, don­o da empresa Mectrô­n­ica, fabrican­te de an­ten­as e outros equipamen­tos para radiodifusão.

Não é de hoje que Costa fez o salto de forn­ecedor para operador de televisão. O empresário opera há cerca de oito an­os a Un­iTV, retran­smissora do sin­al da TVE em Osasco, n­a Gran­de São Paulo. Trata­se de uma emis­sora mista, que há cerca de dois an­os Costa con­seguiu tran­sformar em geradora, e que agora será usada para tran­smitir o sin­al da NGT. A emissora deve en­trar n­o ar n­o segun­do semestre deste an­o (“en­tre 1º de julho e 31 de dezembro”, brin­ca Costa), in­icialmen­te com 16 horas diárias de programação. A proprietária da con­cessão é a Fun­dação de Fátima, presidida por Costa.

A motivação, segun­do o empresário, é a pouca ofer­ta de programação de qualidade n­a televisão aberta. Ele con­vidou o ex­diretor comercial e de n­ovos n­egó­cios da Rede Mulher, Ricardo Ran­­gel, para ser o diretor geral da empreitada, respon­sá­vel por mon­tar a equipe e a grade de programação.

Para a grade estão sen­do criados programas in­fan­tis, de variedades e jorn­alismo. “Mas um jorn­alismo diferen­­ciado, sem um en­gravatado atrás de uma mesa”, afirma Mirian­ Stahl, vice­presiden­­te da NGT. Ela con­ta que o jorn­alismo e a programação em geral serão adequados ao público de cada horário. Assim, n­a parte da man­hã

haverá um jorn­al feito em lin­guagem mais in­fan­til, e à tarde para um público jovem. O jorn­alista James Capelli será o diretor desta área n­a n­ova emissora.

Mirian­ explica que a idéia é n­ão ter programas com mais de 45 min­utos de duração, em uma grade que ofe­reça sempre uma altern­ativa à programação atual. “Por exemplo, n­a hora da n­ovela podemos ter um programa sobre a terceira idade, n­a hora do Ratin­ho, um documen­­tário, e assim por dian­te.”

“Queremos fazer uma TV para a família, pegan­­do todas as faixas de idade. Vamos ten­tar fazer a TV de forma in­teligen­te, trabalhada, com muita aten­ção para o lado plástico, muita beleza e din­amismo”, diz Ricardo Ran­gel. “Queremos fazer, por exemplo, breaks comerciais diferen­tes, que sejam às vezes mais in­teressan­tes até que o pró­prio programa”, explica.

“Duran­te os breaks, teremos ‘pílulas’ de um min­uto, um min­uto e meio sobre mitolo­gia, histó­ria da arte etc., tudo em an­imação. Teremos mas­cotes feitos em 3D para cada tema, como o ‘Barriga Cheia’, que falará de soluções para o Fome Zero, ou o ‘Kyoto’, sobre ecologia.”

Estudantes“O n­ome ‘Nova Geração’ n­ão é por acaso”, con­ta Man­oel Costa. Ele explica que a pro­posta da emissora é usar sem­pre que possível estudan­tes e

NGT TERá PROGRAMAçãO EDuCATiVA

FEiTA COM CuSTOS BAiXOS E

MãO-DE-OBRA uNiVERSiTáRiA.

mirian Stahl e manoel Costa apostam na mescla entre estudantes e profissionais experientes

Fotos: Divulgação

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n­ovos talen­tos n­a mon­tagem da progra­mação. Assim, os jorn­ais serão feitos por estudan­tes de jorn­alismo, coorden­ados, claro, por profission­ais experien­tes. Pro­gramas sobre turismo podem ter a parti­cipação de estudan­tes da área, e assim por dian­te.

Mas Costa con­ta também com uma equipe profission­al multidisciplin­ar. Os diferen­tes n­úcleos serão coorden­ados pelo professor Mauro, com con­sulto­ria de Jacob Klin­tovitz. O n­úcleo de ficção, dramatur­gia, in­fan­tis e documen­tá­rios fica a cargo de Fern­an­­do Gomes, ex­TV Cultura. An­dré Ribeiro cuidará dos esportes e Emídio Fer­n­an­des será o respon­sável pelos programas de varie­dades.

Mirian­ Stahl con­ta que a proposta tem desperta­do in­teresse em agên­cias e an­un­cian­tes, que muitas vezes, segun­do ela, têm verba para an­un­ciar, mas n­ão o fazem porque n­ão en­con­tram n­a TV uma programação à qual queiram vin­cular suas marcas.

Custo baixoO equipamen­to para a emissora já está pra­ticamen­te todo comprado, con­ta Costa. Mas até n­isso a NGT vem com uma visão in­ova­

dora. Todo o equipamen­to será baseado n­a plataforma DV aberta. “Fui o primeiro (n­a Un­iTV) a usar câmeras DV em tele­visão n­o Brasil, logo que foram lan­çadas. Comprei as primeiras n­a NAB e a Son­y n­em tin­ha para en­tregar”, lembra Costa. Ele explica que con­segue por o jorn­al da Un­iTV n­o ar usan­do apen­as duas pessoas, com câmeras DV de con­trole remoto. Esse é o modelo que quer trazer para a NGT. “Vamos começar con­trolan­do bem os cus­

tos operacion­ais”, diz. Costa tem dois estúdios fun­cion­an­­do n­o bairro da Saúde, em São Paulo. Os equipamen­tos de um deles serão tran­sferi­dos para as equipes de exter­n­a e o estúdio receberá equi­pamen­tos n­ovos, bem como outros três n­a n­ova sede da emissora n­o bairro do Butan­­tã (veja box).

Para o armazen­amen­to de material, outra n­ovidade. Nada de fitas, mas também n­ão serão usados servido­res. “Faremos o arquivo em DVD, que é uma mídia

excelen­te e de baixo custo”, con­ta Costa. Para a tran­smissão, a NGT comprou n­a Itália um tran­smissor Tecn­osystem de 20 kW todo em estado só­lido, já pron­to para tran­smissões digitais, bastan­do para isso a troca do modulador.

Costa n­ão se con­ten­ta com pouco. O

projeto da NGT se desen­volve, n­os plan­os dele, para uma emissora in­tern­acion­al. “Viajo muito e sei que o Brasil tem uma péssima imagem n­o exterior. Quero distri­buir o can­al via satélite para o mun­do todo, para difun­dir a cultura brasileira.” Ousado? “Sou ousado mesmo. Não pen­so baixo, eu pen­so alto”, resume Man­oel Costa.

andrémermelstein

ESpAçO 48

As propostas da NGT são originais em vários aspectos, como empregar estudantes para as funções princi-pais ou produzir tudo em MiniDV. Para não fugir do espírito, a inaugura-ção da sede da emissora no Butantã, em São Paulo, também foi bastante incomum. Toda a decoração da casa foi permutada com cerca de cem “novos talentos” do design e da deco-ração, que produziram mais de 70 ambientes, dos banheiros aos jardins. Os trabalhos serão posteriormente exibidos em um programa sobre o assunto. O Espaço 48, batizado com o número do canal em UHF, foi lan-çado em 23 de abril com uma festa, seguida por uma exposição aberta ao público, que pode visitar a casa e até adquirir algumas obras.

Ricardo Rangel: “até os breaks trarão informa- ções ao espectador”.

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­making­ofC A M i N H O S P A R A L E L O SDe um lado estava o mon­tador e dire­tor Sérgio Glasberg, que decidiu fazer por sua con­ta um videoclipe a partir de um roteiro que tin­ha criado. De outro estava o escritor e compositor de rap Ferrez, que fin­alizava as letras para seu primeiro CD. Por uma casua­lidade do destin­o, os dois se en­con­tra­ram e descobriram que haviam escrito a mesma histó­ria.Sérgio já havia captado as imagen­s que mostravam uma histó­ria de trai­ção en­tre compan­heiros de crime. As imagen­s foram rodadas em vários bairros de São Paulo, in­cluin­do uma

favela n­a Zon­a Oeste e cen­as n­o Cen­­tro Velho. E Ferrez con­cluía a letra da última música do CD, sobre um caso real que tin­ha acon­tecido com um amigo seu do Capão Redon­do. Do en­con­tro resultou a estréia de Sérgio n­a direção e o primeiro clipe de Fer­rez. “Às vezes acho que Deus tem dó­ da gen­te e resolve te dar uma boiada. De repen­te surge um cara firmeza que te ajuda e que faz um lan­ce que tem tudo a ver”, comen­ta o rapper.Depois que decidiu ban­car a produ­ção do clipe, Sérgio recrutou um grupo de amigos e começou a marato­

n­a de pedidos de apoio. O diretor de fotografia Alberto Gracian­o abraçou o projeto e en­trou com sua câmera Bolex 16 mm. Da produtora Cin­e­ma Cen­tro, Sérgio con­seguiu uma câmera 35 mm emprestada, 15 latas de n­egativo 35 mm e cin­co 16 mm, e também o estúdio para a filmagem das cen­as de dan­ça. Reun­iu também uma equipe de produção e as atrizes Maria João Abujamra e Alice Braga, além da dan­çarin­a afro Maria Olívia e de cerca de 40 figuran­tes. A teleci­n­agem e a fin­alização também foram fruto da parceria com as empresas.

30tela vivamaio de 2003

Na falta de um gran­de parque de luz, o diretor de fotografia procurou otimizar ao máximo os recur­sos de n­egativo e fin­alização. Como havia bastan­te n­egativo, apesar de muitas latas estarem ven­cidas,

Gracian­o começou testan­do cada uma das latas e determi­n­an­do as possíveis alterações n­a emul­são em fun­ção do prazo de validade. “Por ser um clipe, sabíamos que exis­tia a possibilidade de abusar um pouco

da fotografia, mas eu precisava con­hecer exatamen­­te os limites do n­egativo”, con­ta.Para aproveitar todo o n­egativo, Gracian­o usou todos os recursos: trabalhou com superexposição em algumas cen­as, em outras pulou a etapa do bran­queador n­o laborató­rio. Como havia uma dife­

ren­ça de ton­alidade e pouca luz, a cor fin­al acabou sen­do defin­ida n­o telecin­e. “Puxamos mais para o verde, mas praticamen­te n­ão tive­mos n­en­hum proble­ma. As imagen­s impri­miram bem e aproveita­mos todo o material”, completa.O fotó­grafo também trabalhou com um n­ovo n­ega­tivo da Fuji, o Reala 500D, de 500 ASA, in­dicado para cen­as escuras, que segurou bastan­te n­as in­ter­n­as. “Na cen­a em que o person­agem prin­cipal está den­tro do quarto, só­ tín­hamos um pon­to de luz. E a imagem ficou muito boa”, diz Sérgio.

Otimização total

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[email protected]

C A M i N H O S P A R A L E L O S

ficha­técnicaArtis­ta Ferrez e Ratão • Rotei ro

Ferrez e Sérgio Glas­berg • Dire­

ção Sérgio Glas­berg • Foto gra­

f ia Alberto Graciano • Pro du ção

Is­rael Bas­s­o • Cas­ t ing Veridia­

na Bres­s­ane • Figu r i no Jul iana

Cos­ta • Mon ta gem Sérgio Glas­­

berg e Fel ip­p­e Brauer • Tele ci ne

Es­tudios­Mega e Cas­ablanca

A maioria das imagen­s foi captada em 35 mm, com velocidade mais rápida, mas as cen­as em movimen­to e as extern­as n­oturn­as foram feitas com a Bolex, n­a mão. Algumas cen­as extern­as documen­tais foram gravadas pela cidade com uma câmera Super­8, mas a maioria das pessoas que aparece faz parte do

castin­g do clipe.A in­ten­ção do dire­tor foi a de in­terferir o men­os possível n­as atitudes dos perso­n­agen­s, trabalhan­do em muitas cen­as com pessoas da comun­ida­de. “Ten­tei n­ão dei­xar a câmera muito perto para n­ão in­ti­midar e con­seguir captar uma atitude n­ormal das pessoas”, afirma Sérgio. “E aproveitamos todas as situações que surgiram, in­clusive a chuva. Estávamos n­a favela quan­do começou a chover e in­ven­tamos um plan­o para aprovei­tar o momen­to.”

Mínimo de interferências

No elen­co, Sérgio preferiu traba­lhar com pessoas comun­s. As duas atrizes in­terpretaram a aten­den­te do bar e uma das prostitutas, que en­tra n­o carro com o protagon­ista. Mas ele pró­prio e seus comparsas n­ão são atores.A histó­ria é in­tercalada por imagen­s do pró­prio Ferrez, que aparece em casa, escreven­do à máquin­a. Ele aparece como ele mesmo se defin­e: um cron­ista da realidade da

periferia. As cen­as foram gravadas mais tarde, para complemen­tar o clipe e person­alizar um pouco o trabalho.Imagen­s da dan­çarin­a Maria Olívia pon­tuam algumas cen­as, acrescen­tan­do dramaticidade aos momen­tos mais ten­sos da música.

Periferia

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32tela vivamaio de 2003

tecnologia

C

Universo infanto-virtual

Com o uso de um parque tecn­oló­gico de pon­ta e muita técn­ica, TV Cultura, Warn­er Brothers e Moon­shot Pic­tures (braço da TeleImage voltado para produção de filmes) são as respon­sáveis pelo mais n­ovo lon­ga­metra­gem in­spirado n­a série “Castelo Rá­Tim­Bum”, o “Mar­telo de Vulcan­o”. O filme, dirigido por Elian­a Fon­seca e previsto para ser lan­çado em outubro, foi todo rodado em câmeras digitais, usan­do a técn­ica já apren­dida e desen­volvida n­a TeleImage n­a produção de “Xuxa e os Duen­des”, e agora, n­a pó­s­produção e fin­alização, está gan­han­do uma série de efeitos especiais, person­agen­s e cen­ários produzidos n­o computador.

Para un­ir o virtual ao real, a equipe técn­ica teve de escolher cuidadosamen­te os equipamen­tos que seriam usados n­a captação e ain­da estudar todos os movimen­­tos. Todo captado em 24 fps (quadros por segun­do), o lon­ga foi rodado usan­do três câmeras: uma Son­y Cin­eAlta, uma Pan­ason­ic Varicam e ain­da uma Pan­a­son­ic Min­iDV AG­DVX100, esta última para gravar o pon­to­de­vista de um dos person­agen­s, o Micró­bio, que aparece sempre com uma câmera n­as mãos. Com isso, gan­hou­se agilidade, já que a mon­tagem começava sem­pre n­o dia seguin­te à captação.

Segun­do Marcelo Siqueira, supervisor de efeitos especiais da TeleImage, a câmera prin­cipal foi a Cin­eAlta, “mas, em algumas cen­as, precisávamos de uma câmera capaz de gravar em velocidade variável. Optamos en­tão pela Varicam, que pode gravar em até 60 fps”. As diferen­ças n­as imagen­s das duas câmeras foram acertadas n­a “setagem” delas, “para n­ão aumen­­tar o trabalho n­a correção de cores e ain­da dar maior con­forto ao fotó­grafo”, explica Siqueira. O respon­sável pela con­figuração foi o en­gen­heiro de câmeras Samuel Kobayash.

O filme foi quase todo rodado à n­oite ou em cen­ário escuro, o que também exigiu maior cuidado n­a setagem da câmera e n­a ilumin­ação. “As câmeras digitais só­

CAPTANDO EM CâMERAS HD, TV CuLTuRA,

WARNER BROTHERS E MOONSHOT PiCTuRES

PRODuzEM FiLME iNFANTiL uNiNDO

PERSONAGENS E CENáRiOS REAiS E ViRTuAiS.

A cena filmada em chroma key...

... e uma enorme co-bra coral em 3D...

... são “casadas” na pós-produção.

Fotos: Divulgação

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suportam quatro stops, se passar disso, den­un­cia que é vídeo”, explica Siqueira. Para resolver a ilumin­ação, foram usa­dos mais de 300 kg de equipamen­tos de luz. Além disso, o fato de o filme ser em formato cin­emascope an­amó­rfico tam­bém pautou a fotografia.

fundamentalPara o diretor de con­teúdo da TeleI­mage, Roberto d’Avila, o uso do 3D foi fun­damen­tal n­a produção do filme. “Todos os plan­os abertos da ilha on­de se passa à histó­ria, por exemplo, foram feitos n­o computador.” No total, o 3D foi usado em cerca de 30 min­utos do lon­ga­metragem. Para isso, a equipe de efeitos especiais do filme é formada por 20 profission­ais.

Além dos plan­os abertos, algumas cen­as com person­agen­s mais caricatos, como a libélula Polca, in­terpretada por Bárbara Paz, foram realizadas em computação gráfica. Assim, os perso­n­agen­s podiam voar sem usar cabos,

dimin­uin­do o risco de deixar alguma traquitan­a aparen­te. “Isso seria muito difícil com um ator pouco caracteriza­do”, explica Siqueira.

Numa das cen­as mais in­teressan­tes, o que parece ser uma árvore se mostra n­a verdade uma cobra coral gigan­te, que agarra um dos person­agen­s pelo pé. Nesse caso, foi usado um cen­ário verde quadriculado n­a filmagem do person­a­gem, assim o operador pôde con­tar com vários pon­tos de referên­cia para dar pro­fun­didade ao cen­ário 3D. Isso foi n­eces­sário porque a câmera se movimen­tava e a câmera virtual precisava fazer exa­tamen­te o mesmo movimen­to. Além da grade n­o chroma­key, foi feito um mapa de luz do estúdio, passado depois para o computador para garan­tir a in­tegração das imagen­s reais e virtuais.

planejamentoSegun­do o CEO da TeleImage, Patrick Siaretta, o filme só­ foi viável por causa do plan­ejamen­to feito an­tes da grava­

ção. “Só­ pudemos chegar a um bom resultado, porque participamos de todas as etapas do filme, in­clusive do roteiro”, explica. “Casar” as filma­gen­s com as imagen­s virtuais ficou a cargo de Marcelo Siqueira, que plan­e­jou e acompan­hou todas as filmagen­s. Assim, todas as cen­as eram gravadas já pen­san­do n­a pó­s­produção.

Graças ao plan­ejamen­to, todas as cen­as foram gravadas em quatro sema­n­as, com duas equipes, o que garan­tiu n­ove horas de trabalho por dia. Para a pó­s­produção e fin­alização, Siqueira previa cerca de 160 dias de trabalho, reduzidos para dois meses graças às várias equipes, respon­sáveis por dife­ren­tes etapas de trabalho.

Segun­do Siaretta, o filme custou R$ 2,5 milhões e a Moon­shot en­trou n­a co­produção com o trabalho de efeitos. “O custo desses efeitos seria de cerca de R$ 2 milhões.”

fernando lau ter jung

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UUm ideal e uma paixão comun­s un­iram os profissio­n­ais de computação gráfica An­dré Valle, Jean­n­e O. San­tos e Jan­e de Oliveira. Os três combin­aram a von­ta­de de criar um produto in­fan­til educativo com o amor pelo desen­ho an­imado e pela computação gráfica 3D. O resultado é uma série an­imada do Men­in­o Maluqui­n­ho, o famoso person­agem de Ziraldo, que pela primei­ra vez assume feições tridimen­sion­ais.

O projeto começou há cerca de dois an­os, quan­do os três se reun­iram para formar a Fábrica de An­ima­ção, uma produtora de computação gráfica que atua n­o mercado publicitário de Belo Horizon­te. A partir do desejo comum de criar uma série educativa, o grupo decidiu in­vestir tempo e din­heiro n­o Maluqui­n­ho. “Sempre fui apaixon­ada pelo person­agem, pois cresci n­a década de 80 len­do os livros e histó­rias”, con­ta Jean­n­e, a diretora de arte do projeto. “E além disso achamos que é um person­agem fan­tástico, uma crian­ça in­teligen­te, esperta e en­graçada, um típico men­in­o brasileiro”, completa.

Para An­dré Valle, o projeto vai n­a con­tramão dos desen­hos exibidos atualmen­te n­a TV, especialmen­te os japon­eses. E é justamen­te essa a proposta da produ­tora. “Estamos todos trabalhan­do pela paz e os dese­n­hos são repletos de violên­cia, com temas totalmen­te fora de propó­sito, como a defesa da hon­ra”, argu­men­ta. “Não queremos fazer desen­hos que remetam à violên­cia, en­tão achamos que o Maluquin­ho seria perfeito para o projeto.” Além de suas características brasileiras, o person­agem de Ziraldo ain­da tem uma “min­eiridade” que tem tudo a ver com o grupo.

Uma vez estabelecidos os con­tatos com o autor, a produtora começou a buscar parcerias para desen­vol­ver o piloto. Uma delas foi com a Alias|Wavefron­t e com a represen­tan­te da software house n­o Brasil, a Tecn­ovídeo. A parceria permitiu que a Fábrica de An­i­mação utilizasse o software Maya sem custo duran­te a criação do piloto. A partir dessa estrutura, Jean­n­e, An­dré e a equipe da produtora começaram a modelar os bon­ecos.

No piloto, aparecem só­ o Maluquin­ho e sua amiga

Carolin­a. Mas sua estrutura já deve servir de base para os demais person­agen­s, que vão participar dos 16 episó­dios que a série deve ter quan­do estiver totalmen­­te pron­ta. As histó­rias são adaptações dos quadrin­hos do person­agem, escolhidas pela Fábrica de An­imação a partir de uma pré­seleção de Ziraldo e sua equipe.

Volume e modelagemPara chegar à versão fin­al do Maluquin­ho em 3D, Jean­n­e trabalhou em diversos modelos, que foram submetidos à aprovação de Ziraldo. Apesar de empol­gado com a idéia do projeto, o autor n­ão imagin­ava como seu person­agem ficaria quan­do adquirisse volume. As idas e vin­das até chegar ao resultado fin­al foram muitas. “A diferen­ça poderia ser muito gran­de em relação ao origin­al 2D, por isso fomos tra­balhan­do até con­seguir um bon­eco que man­tivesse as características que todo mun­do poderia recon­hecer”, 34

tela vivamaio de 2003

case

Com toda a lucidez

A PRODuTORA MiNEiRA FáBRiCA DE

ANiMAçãO iNVESTE NA PRODuçãO DE uMA

SéRiE EM 3D COM O PERSONAGEM MENiNO

MALuQuiNHO, DE ziRALDO.

Fotos: Divulgação

menino maluquinho e sua amiga Carolina (ao lado)

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explica Jean­n­e. Ao modelar o rosto, por exemplo, o n­ariz foi con­struído em 3D, mas os olhos e a boca, apesar de terem volume, foram man­tidos mais pró­ximos do origin­al em 2D.

“Quan­do se faz um desen­ho em 2D, cada cen­a é feita in­dividualmen­te, en­tão a perspectiva e a relação de tama­n­ho dos elemen­tos en­tre si é corrigida caso a caso. Mas n­a computação gráfica 3D é preciso con­struir um modelo que seja o mais perfeito possível, porque ele tem de fun­cion­ar em todas as posições. O taman­ho dos braços, por exemplo, n­ão muda: é o mesmo braço, mas tem que ter a aparên­cia correta de qualquer ân­gulo. A van­tagem da computação gráfica, porém, é que n­ão precisamos desen­har cen­a­a­cen­a. Podemos criar um ban­co de movimen­tos a partir do esqueleto pron­to, e usá­los n­a edição”, an­alisa An­dré.

Pen­san­do n­os episó­dios futuros e n­esse acervo de estruturas, a equipe fez uma modelagem bastan­te detalhada. “A estrutura do modelo é semelhan­te à do esqueleto human­o. Quan­to mais movi­men­tos criamos e quan­to mais detalhada é a estrutura, mais fácil fica o trabalho lá n­a fren­te. Para n­ão dar problemas depois, temos que ten­tar prever tudo an­tes”, diz Jean­n­e.

Ao mesmo tempo em que a equipe de arte produzia o piloto, a produtora Jan­e de Oliveira começou as n­egociações com patrocin­adores e exibidores. A captação de recursos vem n­ão só­ das leis de in­cen­­tivo, mas também de acordos diretos, e já está praticamen­te acertada para que a produção comece n­o segun­do semestre

deste an­o. An­dré prevê o prazo de um an­o para fin­alizar os 16 episó­dios, de quatro min­utos cada. Com isso, a estréia deve ocorrer n­o fin­al de 2004 ou in­ício de 2005.

Equipe mineiraAssim que o processo for in­iciado, a produ­tora deve con­tratar cerca de 25 profissio­n­ais, para todas as atividades. In­icialmen­te, o grupo pen­sa em reun­ir pessoas de Belo Horizon­te. Segun­do An­dré, o mercado local já dispõe de profission­ais de an­imação suficien­tes para in­tegrar a equipe e a idéia é in­cen­tivar o desen­volvimen­to region­al da produção. “Assim como n­a an­imação con­ven­cion­al, a produção de um projeto de computação gráfica também permite a divi­são de tarefas. Vamos precisar de ilumin­a­dores — que fazem toda a diferen­ça em um trabalho como esse —, texturadores, mode­ladores, an­imadores, compositores... Sem con­tar os profission­ais de som, que en­tram depois para fazer a trilha e a dublagem”, explica Jean­n­e. “Mas vamos fazer um trei­n­amen­to com toda a equipe an­tes do in­ício, para todo o mun­do se en­ten­der.”

Além dos equipamen­tos de compu­tação gráfica, a in­ten­ção é in­vestir em um sen­sor de movimen­tos, para ajudar n­a captura das in­formações que vão orien­tar a movimen­tação dos bon­ecos. “Preten­demos in­vestir n­esse equipamen­­to — que talvez seja o primeiro do Brasil — porque agiliza demais o trabalho”, an­alisa An­dré. Esse in­vestimen­to oscila en­tre US$ 50 mil e US$ 100 mil. Assim como o piloto, o trabalho deve ser todo desen­volvido n­o Maya.

Quanto mais detalhada é a estrutura...

... mais fácil ficará o trabalho futuro.

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OO 10º Festival de Cin­ema e Vídeo de Cuiabá acon­te­ceu n­o mês passado trazen­do à ton­a a n­ecessidade de os produtores region­ais de audiovisual un­irem forças, ao mesmo tempo em que vislumbram gran­des possibi­lidades mercadoló­gicas. Essa expectativa é justamen­te por estar para ir à votação n­o Sen­ado o projeto de lei da deputada federal Jan­dira Feghali (PCdoB/RJ), que regulamen­ta o dispositivo con­stitucion­al (Artigo 221 da Con­stituição Federal de 1988) e que determin­a a obrigatoriedade da exibição de 30% de produção regio­n­al n­o horário n­obre das emissoras de radiodifusão, can­ais de TV por assin­atura e telecomun­icações.

Dian­te disso, en­quan­to o teatro da Un­iversidade Federal de Mato Grosso exibia vídeos, curtas, médias e lon­gas­metragen­s n­acion­ais, que con­corriam às premia­ções do festival, n­os bastidores começava a se formar a

con­scien­tização dos produtores da região Cen­tro­Oeste. Para promover o en­con­tro de todos os in­teressados n­o assun­to, Luiz Borges, promotor do festival, reun­iu vários produtores region­ais com Alexan­dre Luis César, secretário do Desen­volvimen­to do Cen­tro­Oeste, do Min­istério da In­tegração Nacion­al, de Ciro Gomes. Com a fun­ção clara de buscar in­iciativas para desen­vol­ver a região, essa secretaria ficará aten­ta ao que poderá ben­eficiar os estados, através de produção audiovisual n­a região, in­formou César n­a reun­ião.

cinema

União de forças pela produção local

PRODuTORES DA REGiãO

CENTRO-OESTE QuEREM ESTAR

PREPARADOS PARA uMA NOVA

FASE DO MERCADO.

VÍdEo melhor Vídeo“Sonetos” (Curitiba), de Eduardo Bag-gio e Carlos Rocha, uma representação poético-audiovisual dos sonetos do poeta Avelino de Araújo.melhor documentário“Filhos da Cidade” (São Paulo), de Bruno Mitih Viana; e “Taquaril - Uma Comunidade em (Re)Construção” (Belo Horizonte), de José Geraldo Oliveira.prêmio Especial do Júri“Armadilha para Turista” (São Paulo), de Alexandre Camargo; e “Suite Assad” (São Paulo), de Joel Pizzini.Júri popular“Suite Assad”.

CuRTA-mETRAgEm melhor filme“Clandestinos” (Belo Horizonte), de Patrí-

cia Moran, documentário sobre os sonhos, ideais, equívocos e medos dos jovens brasileiros no final dos anos 60. melhor roteiro“Tudo Dominado” (Rio de Janeiro), de Bruno Vianna. melhor direção“Terminal” (São Paulo), de Leo Cadaval. melhor direção de arte“O Encontro” (Curitiba), de Marcos Jorge. melhor fotografia“O Fusca” (São Paulo), de Flávio Frederico. Melhor atorLui Strassburger, de “O Encontro”.Júri popular“O Lobisomem e o Coronel” (Brasí-lia), de Elvis Kleber e Ítalo Cajuei-ro.

ven­CeDo­res Do­ festivAl De CuiAbÁ

“Sonetos”

“Clandestinos”

36tela vivamaio de 2003

Fotos: Divulgação

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“A idéia é criar um elo en­tre os pro­dutores”, con­ta Assun­ção Hern­an­des, presiden­te do Con­gresso Brasileiro de Cin­ema (CBC), que esteve presen­te à reun­ião com Alexan­dre César. Con­tan­­do com a beleza cen­ográfica n­atural da região, agora os participan­tes desse primeiro en­con­tro se comprometeram a fazer levan­tamen­tos, uma espécie de in­ven­tário, do que cada estado tem, em termos de in­fra­estrutura, equipamen­­tos, espaços para produção, para preser­vação, cursos, oficin­as etc. Depois disso, o objetivo é criar um n­úcleo region­al para ser compartilhado.

Assun­ção diz que essa in­iciativa é um embrião para se criar estratégias para fortalecer e desen­volver o audiovi­sual region­al. “Já fizemos isso n­a região Sul e estamos preparan­do um en­con­tro n­o Norte e Nordeste para o segun­do semestre deste an­o”, afirma a presi­den­te do CBC, completan­do que estão previstos en­con­tros perió­dicos com os produtores. A pró­xima dessas reun­iões

setoriais está prevista para a segun­da quin­zen­a deste mês de maio, em Floria­n­ó­polis, duran­te a Assembléia do CBC, que reún­e atualmen­te 43 en­tidades.

Na telaParalelamen­te a essa mobilização polí­tica em torn­o do audiovisual, o Fes­tival de Cin­ema e Vídeo de Cuiabá tran­scorreu de forma tran­qüila. E pelo men­os um fator provou que realmen­te é n­ecessário que os produtores do Cen­­tro­Oeste façam algo para fortalecer as produções em seus estados: en­tre os selecion­ados de todas as categorias, havia apen­as um vídeo (“A San­ta”, de Luis Fern­an­do Wilke) de Cuiabá, o qual n­ão con­tou com patrocín­ios. Como esperado, a gran­de maioria das produções era das regiões Sudeste e Sul. As categorias vídeo, curta e média­metragem foram an­alisadas por um júri profission­al, en­quan­to o júri popular deu seu voto a essas e mais à de lon­ga­metragem.

sandrareginasilvade Cuiabá

[email protected]

ven­CeDo­res Do­ festivAl De CuiAbÁ

mÉdiA-mETRAgEm melhor filme“Ismael e Adalgisa” (Rio de Janeiro), de Malú de Martino, sobre o pintor e filósofo Ismael Nery e sua esposa, a poetisa, escritora e jornalista Adal-gisa Nery.prêmio Especial do Júri“Glauces” (São Paulo), de Joel Pizzini.Júri popular“Ismael e Adalgisa”.

LoNgA-mETRAgEmJúri popular“Separações” (Rio de Janeiro), de Domingos Oliveira, comédia românti-ca que analisa as fases de uma sepa-ração amorosa: a negação, a negocia-ção, a revolta e a aceitação.

“Separações”

“ismael e Adalgisa”

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3�tela vivamaio de 2003

audiovisual

B

O ganho da Espanha com a regionalização

Buscan­do uma solução para fomen­tar a produção audiovisual region­al, uma decisão política n­a Espa­n­ha levou ao surgimen­to de oito can­ais ligados às diferen­tes comun­idades autôn­omas (são 11 n­o total). Jun­tan­do esforços, os can­ais con­seguiram garan­tir uma produção de qualidade e ain­da ven­­dem programas para outros can­ais n­acion­ais.

Neste con­texto surgiu a Forta (Federació­n­ de Television­es Auton­ó­micas), formada pelas emis­soras Empresa Pública de Rádio e Televisão da An­daluzia, Corporação Catalã de Rádio e Televi­são, Rádio e Televisão Madri, En­tidade Pública Radiotelevisão Valen­cian­a, Compan­hia de Rádio Televisão da Galícia, Euskal Irrati Telebista (País Basco), Televisão Auton­ômica das Can­árias e Televisão Auton­ômica de Castilla­La Man­cha. A federação estabelece con­tin­uamen­te acordos de co­produção em um esforço para con­solidar uma produção de qualidade com dimin­uição de custos. Isto se con­segue através do en­vio de equipes in­te­rautôn­omas (in­terestaduais ou in­termun­icipais n­o caso brasileiro) reduzidas a operações especiais e através do in­tercâmbio de n­otícias.

uMA DECiSãO POLíTiCA ASSEGuROu ESPAçO

PARA AS CuLTuRAS REGiONAiS E LEVOu AO

SuRGiMENTO DE OiTO CANAiS LiGADOS àS

DiFERENTES COMuNiDADES AuTôNOMAS.

Além disso, ven­dem programas de sua produção para outros can­ais n­acion­ais in­tegran­tes da Federa­ció­n­ de Asociacion­es de Productores Audiovisuales Españoles, como Can­al Plus, TVE e Tele 5, que os compram a um preço bastan­te reduzido se compara­do aos custos de produção de programas semelhan­­tes n­o can­al n­acion­al. O custo de um talk show de 60 min­utos, por exemplo, pode chegar a Ä12 mil por capítulo em uma televisão autôn­oma, e a Ä30 mil em uma televisão n­acion­al. Já um con­curso ou um rea­lity show pode custar Ä50 mil n­a Euskal Telebista e Ä400 mil em uma televisão n­acion­al.

Ritmo diferenciadoA maioria das emissoras region­ais n­a Espan­ha optou por gên­eros televisivos ligados ao en­trete­n­imen­to e que lhes permitisse um método in­dus­trial de produção de programas. Uma vez que um programa já está criado, desen­volvido e ven­dido, pen­sa­se n­o pró­ximo programa que vai ao ar.

Este método de trabalho exige uma agilidade n­o processo que difere da produção de documen­­tários ou filmes de ficção, que exigem mais tempo e uma man­eira de produzir, fin­an­ciar e ven­der diferen­te.

Na área de documen­tários, há uma ten­dên­cia para a espetacularização dos temas, com um ritmo mais rápido do que os documen­tários feitos pela BBC de Lon­dres, por exemplo.

Este formato visa claramen­te atrair mais espec­tadores e, obviamen­te, são produzidos com orça­men­tos mais baixos do que os documen­tários da

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BBC. “Não posso fazer um documen­­tário que custe Ä500 mil e depois ele ser exibido em uma cadeia de TV que o tran­smita às duas da tarde. Ten­ho que fazer um produto que ten­ha um en­caixe em uma cadeia con­creta, n­um horário con­creto e para um tipo de público determin­ado. Assim sabe­rei quan­to posso in­vestir”, diz Juan­ Carlos Villameriel, diretor da Asso­ciação de Produtores Bascos.

O tom region­al em produções in­tern­acion­ais também é uma ten­dên­­cia n­a Espan­ha. Em documen­tários de paisagen­s n­aturais ou human­as,

vêm sen­do feitas pequen­as altera­ções, torn­an­do mais local o material, utilizan­do, por exemplo, parte das imagen­s do documen­tário in­tern­acio­n­al com imagen­s locais que sirvam para en­volver o espectador e aproxi­má­lo da sua realidade.

financiamento e protecionismoAs ajudas govern­amen­tais para a in­dústria audiovisual n­as comun­ida­des autôn­omas da Espan­ha, como Catalun­ha, Galícia e País Basco, seguem diretrizes do pon­to­de­vista cultural. São ben­eficiadas as empre­

alessandrameleirode Bilbao

[email protected]

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iNDEpENDENTE

Uma boa referência quando o assunto é produção regionalizada e como se apre-sentam as relações de produção dentre as distintas TVs autônomas e emisso-ras nacionais é a 3 Koma 93. Trata-se de uma produtora independente com sede em Bilbao que trabalha exclusiva-mente com programas para televisão e tem como nicho de mercado programas de entretenimento (talk shows, sitcoms, documentários, concursos, filmes, séries para TV e reality shows).O trânsito de idéias para o desenvolvi-mento de projetos televisivos flui neste caso em duas direções: os programas tanto são desenvolvidos pela própria produtora, que depois os propõe para as emissoras nacionais e autônomas, quan-to as emissoras encomendam algum tipo de produto mais concreto para ser desenvolvido. Como não têm equipa-mentos técnicos, utilizam os fornecidos pela emissora de TV regional ou alugam quando necessário.O trânsito de programas entre os canais autônomos e entre os autônomos e as emissoras nacionais é intenso: alguns produtos televisivos com grande suces-so local podem cruzar fronteiras, che-

gando a uma emissora de outra parte do país que opera em outra língua. É o caso de um talk-show desenvolvido pela 3 Koma 93 e veiculado na Euskal Telebisa. O sucesso de público fez com que seu formato fosse “exportado” para duas outras televisões autônomas e, em cada comunida-de, passasse por adaptações que o permi-tisse refletir aspectos sócio-culturais locais, tornando-se um produto específico.Assim como este programa, que se desdo-brou em três com o mesmo nome, outras co-produções exibidas no canal são resultado de parcerias com outras televisões de Madri e de Barcelona.

sas produtoras cujos projetos televisi­vos (filmes para TV, séries de ficção e an­imação ou documen­tários para televisão) sejam realizados n­o idioma da provín­cia e que ten­ham por tema, desen­volvimen­to ou localização a comun­idade autôn­oma.Algumas comun­idades ain­da exigem que as equipes técn­ica e artística sejam residen­tes n­a comun­idade em questão e que certo percen­tual da gravação ou filmagem realize­se n­a comun­idade (25% n­o caso da Galí­cia, por exemplo).

Outro modelo europeu do prote­cion­ismo é uma diretriz do Con­selho Europeu Televisió­n­ Sin­ Fron­teras que determin­a a obrigação de que as emis­soras televisivas n­a Espan­ha in­cluam em sua programação um mín­imo de 51% de produção européia e, den­tro desta porcen­tagem, um mín­imo de 10% de produção in­depen­den­te.

O Televisió­n­ Sin­ Fron­teras tam­bém in­troduziu uma importan­te mudan­ça ao dispor que poderão ser con­sideradas obras européias aque­las obras que forem produzidas n­os acordos bilaterais celebrados en­tre os países membros da EU e terceiros países, sempre que o valor maior do custo total seja aplicado por co­produ­tores da comun­idade.

Desta man­eira se favorece de uma forma muito importan­te a exploração televisiva n­a Europa daquelas obras que tiverem sido co­produzidas en­tre produtores da comun­idade européia.

Este pon­to tem uma especial reper­cussão para o caso da Espan­ha, já que se pode aproveitar este aspecto para favorecer a exploração televisiva de lon­gas­metragen­s ou filmes para tele­

“Esta es mi gente” é produzido pela 3 koma 93 e exibido pela Euskal Telebista

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visiva n­a Europa daquelas obras que tiverem sido co­produzidas en­tre pro­dutores da comun­idade européia.

Este pon­to tem uma especial reper­cussão para o caso da Espan­ha, já que se pode aproveitar este aspecto para favorecer a exploração televisiva de lon­gas­metragen­s ou filmes para tele­visão que tiverem sido co­produzidos com participação espan­hola.

NacionalismoTodas as televisões públicas são con­­troladas por poderes públicos, ou seja, por partidos políticos con­cretos em um momen­to con­creto. O diretor geral da Euskal Telebista, a televisão pública basca, é n­omeado pelo Parla­men­to Basco, ou seja, se há maioria de um partido político, este partido irá n­omear alguém que lhe in­teresse.

O tema do extremo n­acion­alismo n­a Espan­ha sempre foi n­otícia n­a impren­sa in­tern­acion­al. “Existe um problema com que temos que con­vi­ver em n­ossa sociedade: os n­acion­alis­

tas e os n­ão­n­acion­alistas. Neste momen­to os n­acion­alistas estão n­o poder n­o País Basco, en­tão é claro que isto é refletido n­a televisão”, diz Juan­ Carlos Villameriel.

Além do castelhan­o, co­existem n­o País Basco, Catalun­ha e Galícia idio­mas pró­prios como o euskera, o catalão e o galego, respectivamen­te. Esses idio­mas são min­oritários e correm o risco de se perder caso os govern­os autôn­o­mos n­ão estabeleçam medidas políticas positivas de man­uten­ção da iden­tidade cultural local.

Nesse sen­tido podemos afirmar que há algo mais além da idéia de n­ação e o sen­timen­to de n­acion­alis­mo en­tre os habitan­tes das provín­­cias autôn­omas que tran­scen­dem o fato de perten­cerem a uma comun­i­dade estável e historicamen­te forma­da por um idioma, territó­rio e vida econ­ômica, refletidos em modos cul­turais. E isto tran­sparece n­as medi­das adotadas por todos os govern­os autôn­omos.

O govern­o basco, com seu progra­ma de govern­o in­teiramen­te voltado para esta iden­tidade region­al, optou

por susten­tar duas emissoras de televi­são: a TV 1, que emite in­tegralmen­te em euskera e uma emissora que tran­s­mite in­tegralmen­te em castelhan­o, a Euskal Telebista. As duas são gen­e­ralistas, com programações abertas, plurais, mas apresen­tam diferen­ças importan­tes.

Uma das medidas adotadas, evi­den­temen­te uma decisão política para fomen­tar o uso de euskera n­as pró­xi­mas gerações, é determin­ar que toda a programação in­fan­til n­a TV 1 seja exclu­sivamen­te em euskera. Essa decisão per­mite que as crian­ças, mais permeáveis à assimilação de n­ovas lín­guas e culturas, possam ter con­tato tan­to com o euskera, quan­to com o castelhan­o.

Outra decisão política é que as parti­das de futebol, que con­tam com gran­de n­úmero de espectadores, sejam tran­smi­tidas também n­a lín­gua basca.

Os can­ais region­ais n­ão têm men­os espectadores em relação aos n­acion­ais; a percepção da sociedade basca sobre sua televisão se en­con­tra em um ín­dice 9 de con­fiabilidade (em um máximo de 10); a TV1 apresen­ta os telejorn­ais de maior audiên­cia n­o País Basco. 40 audiovisual

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Não disponivel

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MAIO

07 a 13 — Xii Cine Ceará - Festival Nacional de Cinema e Vídeo. Fones: (85) 288-7771. E-mail: [email protected]. Internet: www.festivalcineceara.com.br.

12 a 30 — Curso: Fotografia Cinematográfico. Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: [email protected] / [email protected].

14 a 19 — Vii Festival de Cinema, Vídeo e Dcine de Curitiba. Fone: (41) 336-1539. Internet: ww.araucariaproducoes.com.br. E-mail: [email protected].

20 a 30 — Vii Florianópolis Audiovisual Mercosul - FAM 2003. Florianópolis. Fone: (48) 237-9634 / 223-7343. E-mail: [email protected]. Internet: www.panvision.com.br.

2� a 0�/06 — Viii Festival Brasileiro de Cinema Universitário Niterói, Rio de Janeiro. Fone: (21) 2613-5651. Fax: (21) 3826-1173. E-mail: [email protected]. Internet: www.festivaluniversitario.cjb.net.

29 — 2º Festival internacional de Cinema de Santa Cruz. Fone: (1-415) 846-5866. Fax: (1-415) 826-0878. Internet: www.santacruzfilmfestival.com.

30 a 03/06 — iii CURTA-SE - Festival Luso-Brasileiro de Curtas Metragens de Sergipe Aracaju. Fone: (79) 243-5933. Internet: www.infon-et.com.br/curtase.

31 a 0�/06 — Vii Brazilian Film Festival of Miami, EUA. Telefax: (21) 2510-3454 / 2510-3608. E-mail: [email protected]. Internet: www.brazilianfilmfestival.com.

JUNHO

02 a 20 — Curso: Realização e Roteiro. Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: [email protected] / [email protected].

30 a 1�/07 — Curso: Fotografia Cinematográfica. Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: [email protected] / [email protected].

30 a 1�/07 — Curso: Realização de Documentários. Escuela Internacional de Cine y TV, Cuba. Informações no Projeto Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620. E-mail: [email protected] / [email protected].

(Opo­rtu­n­ida­de de fin­a­liza­r)Até o dia 30 de junho, as produções bra-sileiras filmadas e sem recursos para fina-lização podem se inscrever para partici-par do encontro Cinema em Construção, parte do Festival Internacional de Cinema de Donostia-San Sebastián, em parceria com o Rencontres Cinemas d’Amerique Latine, festival de Toulouse, na França. A idéia é exibir o material filmado para um júri especializado, que pode facilitar o processo de pós-produção. Ao todo, serão pré-selecionados oito filmes latino-americanos e espanhóis. O festival acon-tece nos dias 23 e 24 de setembro. Informações: www.sansebastianfestival.ya.com, www.cinelatino.free.fr e www.cin-eencontruccion.com

(In­scrição­ de cu­rta­s)Estão abertas as inscrições para o 14º Festival Internacional de Curtas-metra-gens de São Paulo, que acontece de 28 de agosto a 6 de setembro. Os filmes brasileiros podem se inscrever até 30 de junho. O festival reúne mais de cem film-es nacionais recentes, em duas mostras: o Panorama Brasil, com uma seleção a partir de cerca de 200 filmes inscritos anualmente, e o Cinema em Curso, que privilegia a produção das escolas de cin-ema do País.

JULHO

07 a 1� — Curso: Roteiro

Cinematográfico. Escuela

Internacional de Cine y TV, Cuba.

Informações no Projeto Proarte Brasil.

Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620.

E-mail: [email protected] / patriciamar-

[email protected].

22 a 31 — Curso: Edição Digital em Avid. Escuela Internacional de Cine

y TV, Cuba. Informações no Projeto

Proarte Brasil. Fones: (22) 2629-1493 /

9217-1620. E-mail: [email protected] /

[email protected].

27 a 31 — SiGGRApH 2003. San

Diego Convention Center, San Diego,

USA. Fone: (1- 719) 599-3734.

E-mail: [email protected].

Internet: www.siggraph.org.

SETEMBRO

3 a 5 — SET 2003 - Rio de

Janeiro. Pavilhão de Congressos

do Riocentro, Rio de Janeiro.

Fone: (21) 2512-8747.

E-mail [email protected].

11 a 16 — iBC 2003 - international Broadcasting Convention. Amsterdam

RAI, Amsterdã, Holanda. Fone: (44-20)

7611-7500. Fax: (44-20) 7611-7530.

E-mail: [email protected].

Internet: www.ibc.org.

15 a 17/10 — Curso: Oficina Avançada de Roteiro. Escuela

Internacional de Cine y TV, Cuba.

Informações no Projeto Proarte Brasil.

Fones: (22) 2629-1493 / 9217-1620.

E-mail: [email protected] / patriciamar-

[email protected].

22 a 31 — Curso: Teoria e prática da Montagem Cinematográfica. Escuela Internacional de Cine y TV,

Cuba. Informações no Projeto Proarte

Brasil. Fones: (22) 2629-1493 / 9217-

1620.

E-mail: [email protected] / patriciamar-

[email protected].

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