Revista Tela Viva 136 - Março 2004
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ano13nº136MaRÇo2004
ENTREVISTA����������������20a ofensiva de
athayde no SBT
TECNOLOGIA���������������22Emissora transmite
vídeo sobre rede IP
TRIBUTAÇÃO���������������28Fazenda descredencia
produtoras do Simples
PRODUÇÃO��
INDEPENDENTE�������30Iniciante conquista
espaço na Record
SEmPRE�NA�TELA
Editorial���������������������������������������������������� �3
News��������������������������������������������������������� �4
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Videoshop����������������������������������������������32
Agenda���������������������������������������������������33
acompanhe as notícias mais recentes do mercadowww.telaviva.com.br
pág�14
Não�disponivel
editorialUm�ano��Esse�é�o�novo�prazo�mágico,�a�partir�deste�mês�de�março,�para�que�o�Brasil�tenha�
uma�definição�de�seu�sistema�de�TV�digital�terrestre�(DTV),�determinado�pela�estrutura�mon-
tada�pelo�governo�federal�e�que�está�detalhada�na�matéria�de�capa�desta�edição�
Não�há�como�deixar�de�lado�certo�ceticismo,�tanto�em�relação�ao�prazo�quanto�aos�pos-
síveis�resultados�de�um�trabalho�deste�porte��A�história�da�DTV�brasileira�é�como�um�novelo�
(ou�uma�novela?)�que�se�desenrola�cada�hora�em�uma�nova�direção�
No�governo�anterior�a�diretriz�era�essencialmente�técnica��Foi�a�fase�dos�estudos�do�Grupo�
SET/Abert,�da�“emissora-piloto”��Os�broadcasters�lideravam�a�pesquisa�e�seus�engenheiros�
chegaram�até�a�um�veredicto�sobre�a�melhor�solução:�o�padrão�japonês,�que�seria�flexível�o�suficien-
te�para�oferecer�HDTV,�SDTV�e�mobilidade��No�governo�Lula�a�coisa�se�inverteu��Representantes�do�
governo�e�universidades�e�associações,�em�sintonia�com�o�CPqD,�passaram�a�determinar�a�agenda,�
com�um�tom�mais�interdisciplinar�e�focado�na�questão�da�tão�falada�“inclusão�digital”��Os�broadcast-
ers,�afinal�os�maiores�interessados�e�os�que�em�última�instância�terão�que�pagar�a�conta�da�tran-
sição,�ficaram�afastados,�pelo�menos�por�enquanto�
No�final,�nem�uma�nem�outra�linha�acabam�tocando�nas�questões�centrais�de�uma�decisão�sobre�o�
uso�desta�nova�tecnologia��O�governo�deu�apenas�diretrizes�“genéricas”�no�documento�que�definiu�o�
funcionamento�do�SBTVD�(Sistema�Brasileiro�de�TV�Digital),�dizendo�que�deveria�haver�espaço�para�
novos�entrantes�e�mecanismos�de�inclusão�social��Fica�a�dúvida�(e�a�torcida)�se�as�diferentes�instâncias�
de�debates�instaladas�a�partir�deste�mês�poderão�responder�a�algumas�questões�importantes:�Quem�
ocupará�os�eventuais�novos�canais�que�venham�a�ser�criados?�Que�modelo�econômico�sustentará�a�
nova�programação,�seja�em�HDTV,�seja�em�SDTV�multicanal?�Quem�arcará�com�os�custos�da�transição,�
o�mercado�publicitário,�os�radiodifusores,�o�governo?�Como�será�o�controle�social�destes�canais?�São�
coisas�que�nem�sempre�podem�ser�determinadas�por�uma�lei�ou�uma�resolução�
A�tecnologia�tem�um�papel�importante,�mas�a�TV�aberta,�digital�ou�analógica,�é�um�tema�muito�
mais�amplo,�para�ser�discutido�no�contexto�da�comunicação�social��A�televisão,�com�sua�im-
portância�na�vida�cultural,�política�e�econômica�brasileira,�não�pode�ser�tratada�como�um�assunto�
de�modulações�e�compressões,�ou�como�um�modelo�teórico�desvinculado�da�realidade��Só�se�
fala�no�medo�de�“um�novo�PAL-M”��Mas�o�que�será�do�conteúdo�da�TV�brasileira�nas�próximas�
décadas�preocupa�bem�mais�
Central de Assinaturas 0800 145022 das 8 às 19 horas de segunda a sexta-feira | Internet www.telaviva.com.br | E-mail [email protected]ção (11) 2123-2600 E-mail [email protected] | Publicidade (11) 3214-3747 E-mail [email protected] | Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605, CEP 01243-001. Telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP. | Sucursal Setor Comercial norte - Quadra 02 - Bloco B sala 424B - CEP 70712-000. Fone/Fax: (61) 327-3755 Brasília, DF | Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) | Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.a. | não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg a.C.R. S/a
Diretor e Editor Rubens GlasbergDiretor Editorial andré MermelsteinDiretor Editorial Samuel PossebonDiretor Comercial Manoel FernandezDiretor Financeiro otavio JardanovskiGerente de Marketing e Circulação Gislaine GasparAdministração Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (assistente Financeiro)
Editora de Projetos Especiais Sandra Regina da SilvaRedação Lizandra de almeida (Colaboradora)Sucursal Brasília Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal), Raquel Ramos (Repórter)
Editor Fernando LauterjungWebmaster Marcelo Pressi Webdesign Claudia G.I.P.
Arte Claudia G.I.P. (Edição de arte, Projeto Gráfico), Rubens Jardim (Produção Gráfica), Geraldo José nogueira (Edito-ração Eletrônica) e Ricardo Bardal (Ilustração de Capa). Depar ta men to Comercial almir Lopes (Gerente), alexandre Gerdelmann e Marcelo Kiyoshi ochi (Contatos), Ivaneti Longo (assistente)
andré[email protected]
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Aposta�na�TV�digital
Em�discurso�afinado�com�o�governo�Lula�e�com�o�ministro�das�Comunicações,�Eunício�de� Oliveira,� Pedro� Jaime� Ziller,� presidente�da� Anatel,� durante� a� abertura� da� Telexpo,�no�dia�2�de�março,�em�São�Paulo,�ressaltou�a� importância� que� está� sendo� dada� pelo�governo�ao�Serviço�de�Comunicações�Digitais�(SCD)� e� ao�Sistema�Brasileiro� de� TV�Digital�(SBTVD),�até�como�fontes�de�investimentos�no� País�� De� acordo� com� o� presidente� da�Anatel,�com�a�definição�do�SBTVD,�só�para�a�conversão�dos�65�milhões�de� televisores�analógicos�(com�a�compra�de�conversores),�há�um�mercado�estimado�em�R$�5,7�bilhões��Na� conta� de� Ziller,� pelo� menos� 60%� dos�usuários�de�televisores�analógicos�compra-rão�conversores�para�a�DTV��Ao�preço�médio�de�R$�150�o�conversor,�chega-se�ao�mercado�mencionado�por�Ziller��O�presidente�da�agên-cia�acrescenta�ainda�mais�US$�1,5�bilhão�de�investimentos�por�parte�das�redes�de�TV�para�adequar�seus�equipamentos�à�DTV�
CCS�debate�Lei�Jandira
A�Comissão�de�Regionalização�e�Qualidade�da�Programação�do�Conselho�de�Comunica-ção�Social�(CCS)�realizou�no�dia�2�de�março�uma�audiência�pública�para�debater�o�proje-to�de�lei�(PL)�que�regulamenta�o�artigo�221�da�Constituição,�estabelecendo�percentuais�para�a� regionalização�da�programação,�da�deputada�federal�Jandira�Feghali�(PC�do�B/RJ)��A�deputada�pediu�aos�conselheiros�do�CCS�que�não�sugiram�modificações�para�evi-tar�a�volta�do�projeto�à�Câmara��Como�este�é�um�ano�eleitoral,�dificilmente�o�projeto�con-seguiria�ser�apreciado�pela�Câmara,�o�que�atrasaria�ainda�mais�a�sua� tramitação�� “Eu�me�comprometo�a�realizar�modificações�na�lei�depois�de�sua�promulgação,�se�for�neces-sário,�mas,�por�favor,�não�impeçam�esta�lei�de�existir”,�pediu�a�deputada,�dizendo�que�já�está�conversando�com�os�senadores,�incluin-do�os�da�bancada�evangélica�
Para� o� conselheiro� Roberto� Wagner,� dois�pontos�do�PL�são�inconstitucionais��A�pri-meira�é�a�definição�de�programas�culturais,�artísticos�e� jornalísticos��Neste� inciso,� fica�estabelecido� um� percentual� de� até� 10%�para�veiculação�de�programas�religiosos,�o�que,�segundo�Wagner,�contraria�a�Constitui-ção�porque�seria�uma�forma�de�discrimina-ção�religiosa��Outro�ponto�colocado�como�inconstitucional� por� Roberto� Wagner� é� a�definição�de�produção�independente,�que,�para�ele,�contraria�a�Constituição�pois�limita�o�direito�de�trabalho�Evandro� Guimarães,� vice-presidente� de�Relações� Institucionais� das� Organizações�Globo,�também�apresentou�inconstituciona-lidades�no� texto��Uma�delas�seria�a�de�se�admitir�a�transmissão�de�vídeo�sob�deman-da� por� empresas� de� telecomunicações,�permitido�apenas�para�as�operadoras�de�TV�paga��Ele�recomendou�ainda�que�o�conselho�ouça�a�opinião�de�emissoras�regionais��
ABTA�também��aponta�problemas
Alexandre�Annenberg,�diretor�executivo�da�ABTA,�procurou�mostrar�aos�conselheiros�do� CCS� que� as� diversas� modalidades� de�TV�paga�(cabo,�MMDS�e�DTH)�terão�dificul-dade�de�cumprir�o�estabelecido�no�projeto�de�lei��Especificamente�a�TV�a�cabo,�na�sua�opinião,�já�cumpre�a�regionalização�ao�ofe-recer�um�canal�para�programas�educativo-culturais�e�um�canal�comunitário��Mas�até�hoje�muitos�desses�canais�não�são�utiliza-dos� justamente�por� falta�de�programação�disponível��No�caso�do�MMDS,�o�problema�para�se�cumprir�o�que�determina�o�projeto�de�regionalização�está�no�fato�de�a�tecnolo-gia�permitir�o�uso�de�no�máximo�31�canais�e,�em�outros�casos,�só�podem�ser�utiliza-dos�15�ou�16�canais��Para�o�DTH�o�proble-ma�estaria�no�fato�de�sua�autorização�ser�para�todo�o�território�nacional��Outro�item�colocado�em�discussão�pela�ABTA�é�a�obri-gatoriedade�da�veiculação�de�50%�de�pro-gramas� ou� obras� audiovisuais� nacionais�
Acompanhe aqui as notícias que foram destaque no último mês no noticiário online Tela Viva News.
4tela vivamarço de 2004
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nos� serviços� sob� demanda� das� empresas� de�telecomunicações�� Annenberg� ponderou� que,�por�se�tratar�de�serviços�de�demanda�do�clien-te,�é�impossível�cumprir�esta�meta�
Conselho�Superior��de�Cinema
Em� cerimônia� no� Palácio� do� Planalto,� o� pre-sidente� Lula� instalou� no� dia� 11� de� fevereiro� o�Conselho�Superior�do�Cinema� (CSC)�� Segundo�Orlando� Senna,� secretário� para� o� desenvolvi-mento� das� artes� audiovisuais� do� Ministério� da�Cultura,� a� instalação�do�conselho�é�o�primeiro�passo�rumo�à�transformação�da�Ancine�em�Anci-nav�(Agência�do�Cinema�e�Audiovisual)��Após�esta�mudança,�de�acordo�com�Senna,�o�CSC�deve�ser�transformado�em�Conselho�Superior�do�Cinema�e�Audiovisual��Para�que�tanto�o�conselho�quan-to� a� futura� Ancinav� possam� de� fato� trabalhar�com�todo�o�setor�audiovisual,�Senna�avalia�que�será�preciso�fazer�alterações�nas�leis�que�regem�o�setor�de�cinema�e�o�setor�de�TV��Especifica-mente�no�caso�da�televisão,�Senna�acha�que�a�legislação�é�pouco�abrangente�e�necessita� ser�atualizada��Além�disso,�o�secretário�acredita�que�a� legislação� do� setor� audiovisual� precisa� levar�em�conta�a�convergência�tecnológica�
Veja�a�composição�do�CSC:•��Ministros�de�Estado:�José�Dirceu�(Casa�Civil),�
Márcio�Thomaz�Bastos�(Justiça),�Celso�Amorim�(Relações�Exteriores),�Antonio�Palocci�(Fazen-da),�Gilberto�Gil�(Cultura),�Luiz�Fernando�Fur-lan� (Desenvolvimento,� Indústria� e� Comércio�Exterior),� Eunício� Oliveira� (Comunicações),�Tarso� Genro� (Educação)� e� Luiz� Gushiken� (da�Secretaria� de� Comunicação� de� Governo� e�Gestão�Estratégica�da�Presidência�da�Repúbli-ca/Secom)�
•��Representantes� da� área� audiovisual:� Roberto��Farias� (titular)� e�Mariza� Leão� (suplente);�An-dré�Sturm�(titular)�e�Alain�Fresnot� (suplente);�Giba�Assis�Brasil� (titular)�e�Vladimir�Carvalho�(suplente);�Carlos�Eduardo� (titular)�e�Roberto�
Não�disponivel
6tela vivamarço de 2004
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Franco�(suplente);�Gabriel�Priolli�(titular)�e�Nelson�Hoineff�(suplente);�e�Luiz�Severiano�Ribeiro�(titular)�e�Edina�Fujii�(suplente)�
•��Representantes�da�sociedade�civil:�Cosette�Alves�(titular)�e�Amir�Labaki�(suplente);�Sil-vio�Da-Rin�(titular)�e�Carlos�Ebert�(suplen-te);�e�Carlos�Augusto�Machado�Calil�(titu-lar)�e�Heitor�Capuzzo�(suplente)�
Novo�projeto�para��o�audiovisual
O�presidente�Lula�foi�o�convidado�de�honra�da� primeira� reunião� do� Conselho� Superior�de�Cinema��Ele�ouviu�uma�exposição�sobre�o�projeto�de� reorganização� institucional�do�setor�audiovisual�que�está�sendo�conduzido�pelo�Ministério�da�Cultura,�apresentada�pelo�secretário�do�audiovisual,�Orlando�Senna,�e�pelo�seu�assessor,�Manoel�Rangel�Uma�das�novidades�propostas�é�a�clara�sepa-ração,� legal� e� regulatória,� das� plataformas�de� telecomunicações� e� das� audiovisuais�� A�idéia�de�promover�essa�separação�é�garantir�que,�mesmo�com�as�inovações�tecnológicas��atuais�e�futuras,�os�princípios�constitucionais�da� comunicação� social� sejam� garantidos;� e�também�garantir�a�proteção�da�identidade�cul-tural�nacional�e�das�empresas�brasileiras�que�hoje�produzem�conteúdos�audiovisuais�Outro�ponto�do�programa�de�reestruturação�do�setor�diz�respeito�à�auto-sustentabilida-de� da� atividade� de� produção� audiovisual��Serão�criados�novos�mecanismos�e�ajusta-dos�mecanismos�atuais�Estas�alterações�passam�por�uma�legislação�nova�(a�proposta�da�Lei�Geral�do�Cinema�e�do� Audiovisual)� e� por� uma� reestruturação�institucional� da� Ancine� e� da� Secretaria� do�Audiovisual��A�Secretaria�do�Audiovisual�do�MinC,�pela�proposta�colocada,�deve�ganhar�melhores�instrumentos�de�formulação�de�polí-ticas��E�o�Conselho�Superior�de�Cinema�pas-saria� a� ser� Conselho� Superior� de� Cinema� e�Audiovisual�Lula,� segundo� alguns� dos� participantes� da�reunião,�gosta�do�discurso�e�do�projeto�do�Ministério� da� Cultura�� Os� percalços� para� a�consolidação�destas�idéias�são�muitos,�entre-tanto��Passam,�primeiro,�por�um�arredonda-
mento�da�relação�com�a�TV��Depois,�depen-dem�de�diálogo�dentro�do�setor�de�cinema��Por� fim,� precisam� enfrentar� o� Congresso�Nacional,�já�que�o�modelo�audiovisual�atual,�do�qual�a�Ancine�é�o�principal�pilar,�está�fun-damentado�em�uma�Medida�Provisória�e�em�uma�Lei�que�só�podem�ser�alteradas�com�o�aval�da�Câmara�e�do�Senado��mudanças�na��Lei�Rouanet�
Orlando�Senna,�secretário�para�o�desenvolvi-mento� das� artes� audiovisuais� do� Ministério�da�Cultura,�disse�que�até�o� final�de�março�o�MinC�deve�encaminhar�suas�sugestões�para�aperfeiçoamento�da�Lei�Rouanet��No�segundo�semestre� o� MinC� deve� propor� alterações� na�Lei�do�Audiovisual��Segundo�Orlando�Senna,�as�mudanças�nas�leis�de�incentivo�propostas�pelo�MinC�têm�como�objetivo�resgatar�sua�fun-ção� primordial,� que� é� incentivar� a� produção�independente�
Fundos�voltam�à��Justiça�contra�Globopar
O� grupo� Globo� ainda� não� está� totalmente�livre� do� ataque� dos� fundos� GMAM� Invest-ment�Funds�Trust�I,�Foundation�for�Research�e� WRH� Global� Securities� Pooled� Trust�� Os�três�fundos�avisaram�no�dia�8�de�março�que�vão� recorrer� à� Bankruptcy� Court� de� Nova�York� (uma� espécie� de� corte� de� falências)�contra� a� decisão� da� juíza� Prudence� Carter��Beatty,�que�negou�o�pedido�dos�mesmos�fun-dos�para�que�a�reestruturação�da�dívida�da�Globopar� fosse� feita� com� base� no� Chapter�11�� Trata-se� de� um� capítulo� da� legislação�de� falências� dos� EUA� que� estabelece� uma�série� de� condições� para� uma� empresa� em�dificuldades� financeiras�� Os� fundos,� que� a�Globopar�diz�serem�todos�orquestrados�pelo�“fundo� abutre”� W�R�� Huff,� reclamam� uma�dívida�com�a�empresa�de�US$�95�milhões�Em�19�de�janeiro,�a�juíza�decidiu,�em�audiên-cia� conjunta,� que� os� argumentos� do� grupo�Globo�eram�razoáveis�e�não�aceitou�o�pedi-do�dos�fundos�para�que�o�Chapter�11�fosse�aplicado�� No� dia� 3� de� março� a� ordem� foi�oficialmente� publicada�� Os� fundos� querem�que�a�Justiça�dos�EUA�seja�intermediária�na�renegociação�da�dívida�da�Globopar��A�defe- x
sa�do�grupo�Globo�baseia-se�no�princípio�de�que�a�legislação�brasileira�é�que�deve�ser�apli-cada�nesse�caso�e�que�o�grupo�não�tem�ativos�nos�EUA�que�justifiquem�o�enquadramento�no�Chapter�11��Ainda�não�há�prazo�para�uma�deci-são�sobre�a�apelação�A�Globopar�não�se�surpreende�com�a�decisão�dos� fundos� de� recorrer,� reconhece� que� esse�direito�é�legítimo�e�aguarda�os�próximos�passos�da�Justiça�norte-americana�sobre�o�caso�para�traçar�sua�estratégia�
Abert�espera�ter��Rede�TV!�e�Record
A�Abert�divulgou�nota�oficial�sobre�o�desliga-mento�da�Rede�TV!�e�Record�de�seu�quadro�de�associados��A�associação�diz�lamentar�“pro-fundamente”� a� saída� da� TV� Record� de� São�Paulo� e� TV� Omega� do� Rio� de� Janeiro� (Rede�TV!),�ressaltando�que�espera�contar,�em�algum�“momento�futuro”,�com�as�duas�empresas�em�seu�quadro�de�associados��Record�e�Rede�TV!�deixaram�a�Abert�em�fun-ção�de�desentendimentos�sobre�a�forma�com�que�a�negociação�com�o�BNDES�vem�sendo�conduzida� pela� associação�� Record� e� Rede�TV!,�ao� lado�do�SBT�e,�em�menor�escala,�da�Bandeirantes,� entendem� que� o� programa�de�apoio�do�governo�aos�grupos�de�comuni-cação�não�deve�servir�para�o�pagamento�de�dívidas,�o�que�beneficiaria�sobretudo�à�Globo,�segundo�as�empresas�O�discurso�em�sentido�contrário�prega�que�a�ajuda�do�governo�venha�a�grupos�que�valori-zem�a�produção�e�o�conteúdo�nacional,� tese�que� conta� com� a� simpatia� da� Secretaria� de�Comunicação� (Secom)� e� do� presidente� do�BNDES,�Carlos�Lessa,�e�que�está�em�sintonia�com�a�campanha�de�valorização�do�conteúdo�nacional�promovida�pela�Globo�Não�é�a�primeira�vez�que�a�Record�deixa�a�Ab-ert�� O� primeiro� rompimento� vem� de� 1994�� Em�1999,�a�emissora�saiu�da�associação�para�fun-dar� a� Abratel�� Há� dois� anos,� Record,� SBT� e�Bandeirantes� fundaram� a� UniTV�� Todas� são�associações� que� representam� os� interesses�das�emissoras�de�TV��
Não�disponivel
�tela vivamarço de 2004
Campanha beneficente
Pela primeira vez em seus 20 anos de existência a associação beneficente carioca São Martinho procurou uma agência de publicidade para divulgar seu trabalho e reforçar sua marca. A agência escolhida é a McCann-Erickson Rio de Janeiro, que criou a campanha “O trabalho pode ser um caminho sem volta”. A campanha enfoca um dos maiores diferenciais da associação, o programa “Mundo do Trabalho”, que prepara adolescentes carentes para o mercado de trabalho. A produção é da Academia de Filmes, com direção de Pietro Sargentelli.
Fotos: Divulgação
Vídeo-cenário
O Estúdio Preto e Branco vai participar do Senna in Concert, com direção de José Possi Neto. A festa em homenagem a Ayrton Senna será realizada no dia 20 de março, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, para cerca de 30 mil pessoas. A produtora será a responsável pelo vídeocenário do evento, que contará com 15 telões móveis (de 3,30 m x 2,50 m cada), para dar suporte tridimensional às imagens projetadas. A produtora escolheu, coletou, montou e sincronizou as imagens do cenário que acompanharão os shows e os discursos da festa. As telas deslizantes abrirão espaços que formam pequenos palcos para discursos de celebridades e autoridades convidadas.
Agito em Salvador
A produtora Alterosa Cinevídeo assina a campanha para os aparelhos celulares TIM, criada especialmente para o Festival de Verão de Salvador para a agência Publivendas. Com direção de criação de Edmundo Bravo, o filme foi dirigido por Thales Bahia e Lucas Gontijo, com um grande suporte de computação gráfica e animação.
Estrela do Sul
Os testes do satélite Estrela do Sul 1, lançado pela Loral SkyNet no início do ano, serão encerrados no final deste mês de março. A partir daí, a empresa lança o serviço comercialmente. Lançado em janeiro último, o satélite tem 41 transponders, embora falhas elétricas que apareceram após o lançamento tenham reduzido parte da capacidade. Seis transponders estão destinados à Boeing, que utiliza um sistema de comunicação de dados via satélite nos aviões. Quatro ou cinco serão oferecidos ao Brasil.
Reformatação
A Quanta Brasil, tradicional empresa de distribuição de equipamentos de áudio, acaba de entrar na área de equipamentos de produção audiovisual. A empresa lançou a estação Pravda, para criação e edição de vídeo, que vem com a solução Liquid, da Pinnacle. Além disso, a Quanta está trazendo para o País a linha de equipamentos de áudio para o consumidor final da M-Audio, entre eles a placa Revolution 7.1, que trabalha com até oito canais de áudio em 24 bits/192 kHz.
Sob nova direção
Paulo Mendonça assumiu a direção geral do Canal Brasil. Desde a criação do canal, em 1998, ele era o seu diretor financeiro e consultor do Grupo Consórcio Brasil. O canal é uma jointventure entre a Globosat e o Consórcio Canal Brasil — formado pelos cineastas Luiz Carlos Barreto, Zelito Viana, Marco Altberg, Aníbal Massaini e Roberto Faria, além da Casablanca Finish House e do próprio Paulo Mendonça. O executivo vem do mercado financeiro, tendo atuado nas Bolsas de Valores de São Paulo e Rio de Janeiro, BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), além de ter roteirizado e dirigido produções de cinema. Wilson Cunha, que acumulava a direção do Canal Brasil e do Multishow, dedicase agora integralmente aos projetos deste último.
Polanski no Brasil
O cineasta polonês Roman Polanski vem ao Brasil em março para apresentar a maior retrospectiva de sua obra já realizada no País. A mostra é uma realização do Sesc São Paulo e da Urszu-la Groska Produções e acontece de 18 a 25 de março no CineSesc, em São Paulo, e no Sesc Santo André. A programação inclui sete curtasmetragens dirigidos por Polanski ainda em sua terra natal, de 1957 a 1962, até a mais recente produção, “O Pianista”, premiado com o Oscar de melhor direção. Também haverá exibições no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. Mais informações sobre a mostra no CineSesc, fone (11) 30820213.
Shopping show
O ParkShopping Barigüi, de Curitiba, é o protagonista da nova campanha produzida pela Academia de Filmes para a Loducca. Reforçando os diferenciais do shopping nas áreas de lazer, gastronomia e consumo, o filme tem direção de Anésio Júnior e fotografia de ‘Rambo’ Hebling Júnior.
Palavras
A GW produziu o novo comercial da Salfer, uma rede de lojas de móveis e de eletrodomésticos do Sul do País. O comercial institucional “Palavras”, criado pela agência Pollo, Equipe e Borghoff, de Santa Catarina, mostra diversos ambientes de uma residência. Em cada espaço são destacados pequenos atos do cotidiano que trazem prazer e felicidade às pessoas.
Internacional
A produtora paulistana Trattoria está por trás do primeiro filme de uma campanha internacional criada pela Young & Rubi-cam para a Danone. O comercial, dirigido por Guilherme Ramalho, será veiculado em Portugal.
Triângulo Mineiro
O Grupo Integração comprou 50% do capital social da Rede Integração, formada pelas emissoras Integração, União e Ideal, afiliadas da Rede Globo na área do Triângulo Mineiro. O grupo, pertencente à família Siqueira Silva, era sócio da família Marinho na rede de afiliadas e, com a aquisição, passa a ter 100% das três emissoras.
Modulador nacional
O projeto de TV digital desenvolvido em parceria entre a Linear Equipamentos Eletrônicos e o Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações) foi apresentado na Telexpo, no início deste mês de março, em São Paulo. Tratase de um modulador desenvolvido para ser utilizado em qualquer padrão de TV digital. Segundo o Inatel, em testes realizados, o modulador alcançou desempenho acima dos índices determinados pela Anatel.
Canal pago educativo
A TV Cultura quer fazer um canal por assinatura dedicado à programação infantil, totalmente nacional. Segundo o presidente da Fundação Padre Anchieta, Jorge da Cunha Lima (foto), os dividendos gerados pelo novo canal pago, desenhado inicialmente sobre o acervo da emissora, serão revertidos em seu próprio benefício. O canal deve gerar mais produção para a rede aberta e fechada. “Vamos usar todos esses dividendos para transformar a TV Cultura num grande centro de produção para a América Latina”, diz Cunha Lima. O canal — ainda sem nome, até o fechamento desta edição — deverá estar totalmente formatado até abril, de acordo com Mauro Garcia, contratado pela Cultura para desenvolver o projeto. Na sua previsão, a partir do primeiro milhão de assinantes o canal já estará desenvolvendo conteúdo local inédito em volume significativo.
Fotos: Gerson Gargalaka (not Dead) e Divulgação
Ele se chama Celso Franco Soares de Camargo, mas não tente chamá-lo pelo nome. Para o mer-cado, ele é o Not Dead, ou simplesmente Not. O apelido vem do tempo que era punk e skatista profissional.
Fui me inscrever numa competição de skate e me disseram que eu precisava ter um apelido. Como eu era punk, disse Punk Not Dead. Aí virei o Not Dead.Filho do publicitário Fernando Soares de Camargo, sempre teve contato com as áreas de produção e criação. Mas vivia do skate. Em 86, era ska-tista e fui convidado para trabalhar na produção do programa “Grito da Rua”. Foi quando tive contato pela primeira vez realmente com a área. Aí veio o Collor e perdemos o patrocínio tanto do programa quanto do esporte. Então uns agentes venderam umas apresentações minhas para Portugal e acabei ficando por lá um tempo.Em Portugal, Not começou a trabalhar num curso técnico em espetáculos, que oferecia aulas de circo, teatro etc. Sua função era preparar os equipamentos necessários para as aulas. No curso, conheceu outro Celso, que tinha sido câmera da Globo e estava trabalhando na equipe da novela portuguesa “A Banqueira do Povo”, produzida em sua maioria por brasileiros. O diretor era o Walter Avancini e o produtor, o Luiz Carlos Laborda. O amigo deu a dica que estavam precisando de pessoas na equipe e Not foi lá conferir. A vaga era de contraregra.Ao chegar, topou com Laborda, completamente estressado. Not não tinha a menor idéia do que fosse contraregra e ficou esperando horas para ser entrevistado. Foi quando o produtor chegou e gritou: “Então, você é mais um contraregra?” Na hora, Not respondeu: “Não, senhor. Se existem regras, são para serem cumpridas”. Foi enxotado imediatamente.Ia saindo quando outro produtor, desesperado, perguntou se ele conhecia
10tela vivamarço de 2004
� A� produtora� paulistana� Trattoria� contratou�Rena to Amoroso,�que�troca�a�carreira�de�
diretor� de� arte� em� agências� pela� de� diretor� de�comerciais�� A� contratação,� segundo� Eitan� Rosen-thal,�da�Trattoria,�“é�mais�uma�oportunidade�do�que�uma�estratégia�da�empresa��Trata-se�de�um�diretor�que�traz�experiência�na�estética�publicitária”�
�Com�passagens�pela�DPZ,�Calia�Assunção�e�Publicis�Salles�Norton,�Fabia no Beraldo�(foto)�é�o�novo�
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A�Digital�21�reforça�seu�time�com�a�contrata-ção�de�André Waller�e� Vivien Harris Carelli.�Waller�trabalhava�nos�EstúdiosMe-ga�como�supervisor�de�efeitos�em�filmes�publi-citários�e�em�longas-metragens,�tendo�partici-pado�de�trabalhos�como�a�campanha�“Mediz”�(Gradiente)� e� os� filmes� “Carandiru”� e� “O�Homem�do�Ano”��Antes,�trabalhou�na�Conspi-ração�Filmes�e�na�Casablanca�Finish��Já�Vivien�trabalhou� por� quatro� anos� na� Central� Globo�de�Produção�como�editora�de� videografismo��Também�acumula�passagem�pela�Ogilvy,�onde�fez�estágio�em�computação�gráfica�
DEAD
certo hotel e se poderia ir lá buscar uma atriz da novela. Not não perdeu tempo. Falei que ia, peguei o carro e trouxe a atriz. Quan-do voltei, estavam todos desesperados, querendo saber quem eu era. Aí expliquei que tinha sido mandado embora, mas que não podia perder aquela chance. O Avancini gostou da minha iniciativa e me chamou para ser assistente de produção. Ainda em Portugal, teve a oportunidade de trabalhar em seu primeiro longametragem, “A Casa dos Espíritos”. Fui assistente de garçom, mas conheci a Wynona Rider, a Glenn Close, o Jeremy Irons.Em 94, voltou para o Brasil e foi trabalhar na produtora de eventos de um cunhado, onde fazia performances. O produtor Caio Gullane, hoje sócio da Gullane Filmes, também era ator performático por lá. A amizade o aproximou mais uma vez do cinema. Um dos primeiros filmes da produtora foi “Através da Janela”, de Tata Amaral, e Not estava na equipe. Nesse começo fiz de tudo, fui ator, produtor de arte, contra-regra, motorista, produtor de locação. Depois disso, ficou responsável pela Mansão Jaffet, onde foi filmado o “Castelo RáTimBum”.Essa profusão de funções rendeu uma piada dos amigos, que gerou gozações por mais de três anos — e uma mudança na ficha de inscrição do nosso Guia Tela Viva. Rece be mos a ficha de inscrição do Guia e me pediram para assinalar as funções que desenvolvia. Marquei uns três quadradinhos e alguém, para me zoar, foi lá e marcou mais um monte, todos de coisas que eu estava fazendo no filme. Quando o Guia saiu, eu estava em onze funções. Quase morri de vergonha. A partir daí, o Guia Tela Viva passou a conferir com mais rigor as funções que uma mesma pessoa assinala na ficha de inscrição.Em 96, decidiu dar um tempo em Goiânia, onde vive a família de sua esposa. Um ano trabalhando em publicidade e a cidade já começou a ficar pequena. O pessoal de São Paulo ficava me ligando, pedindo para eu voltar. De volta, fez quase todos os filmes da Gullane, e também trabalhou com Carlos Reichenbach
na Dezenove, e em “Bicho de Sete Cabeças”, na Buriti.Continuava fazendo de tudo um pouco, mas depois que aprendeu o que era, acabou gostando mesmo de ser contraregra. Fico res-ponsável por administrar tudo de objetos que tem a ver com os atores. O contra-regra é um link entre a direção, o elenco, a dire-ção de arte e a continuidade. A gente acaba desenvolvendo uma relação ótima com os atores, porque temos que passar seguran-ça, mostrar que tudo foi preparado e que o ator pode confiar. Essa experiência está fazendo com que Not também seja requisitado em produções de publicidade. Alguns filmes são com-plicados, e em geral a publicidade não tem continuísta. Então ajudo a direção de arte, concentrando em mim tudo o que tem a ver com os atores, tirando a sobrecarga do assistente de dire-ção. Esse mercado está sendo muito promissor, mas na verda-de o cinema é a grande paixão, porque é onde a gente coloca nosso nome. Em paralelo com seu trabalho nos longas, Not mantém o hobby do skate e começou a desenvolver outra habilidade, dirigindo clipes para bandas de Goiânia. Essa intensa relação com a cidade, onde passa todas as férias, resultou num convite que já foi aceito: em abril, ele se muda para lá, onde pretende passar seis meses do ano como diretor. Nos outros seis, vai continuar trabalhando em longas em São Paulo. Lá vou trabalhar com a agência AMP Pro-paganda e com a produtora Arte Suprema.Enquanto isso, coleciona histórias divertidas dos longas em que trabalha. Em “Narradores de Javé”, por exemplo, participou da equipe de frente, que foi para a vila de Gameleira da Lapa, na Bahia, onde o longa foi rodado. Quan do chegamos lá descobrimos que o pes-soal era vizinho do lixo. Não tinha coleta, então recolhemos o lixo da cidade inteira e começamos a fazer um trabalho de conscientização com a população, ensinando as pessoas a ensacar o lixo. Fiquei conhecido como o gari da Game-leira. Hoje a prefeitura da cidade vizinha manda o caminhão de lixo e a cidade tem coleta.
�A�Gemini�Video�está� reestruturando�sua�matriz�no�Rio�de�Janeiro�para�melhorar�sua�oferta�de�serviços�de�tradução�em�legendagem�e�dublagem��
O�núcleo�de�serviços�lingüísticos�será�coordenado�por�Sabrina Martinez,�que� cuidará� da� área� de� tradução� de� documentários� e� musicais�� Nelson Rodrigues� passa� a� coordenar� a� área� de� seriados� e� filmes� e� Nick Magrath�cuidará�da�área�de�esportes�e�versões�internacionais�
� � Marco Altberg� gravou� as� primeiras�imagens�da�quarta�temporada�da�série�“Joana�e�Marcelo”,�produzida�pela�M�Altberg�Cinema�e�Vídeo�e�exibido�no�canal�Multishow��As�cenas�
foram� gravadas� no�sambódromo,� duran-te� o� ensaio� técnico�da� Mangueira�� No�desfile�oficial,�Alexan-dre�Borges,�no�papel�de� Marcelo� na� série,�saiu� como� o� marido�de�Xica�da�Silva�
�Com�a�reestruturação�do�“Jornal�da�Band”,�a�emissora�conta�com�novos�profissionais� em� seu� departamen-to�de� jornalismo��Carlos Nasci-mento�(2)�é�o�novo�âncora�do�tele-jornal�noturno��Joelmir Beting�(1)��entrou�como�comentarista�eco-nômico� e� Mariana Ferrão� (3)�,�como�editora�do�tempo� 1 2 3
A Programasom pôs na rua seu novo caminhão de produção. A unidade móvel foi montada no Brasil pela Carbus, sobre um caminhão Volkswagen. Inaugurado na cobertura da última edição do São Paulo Fashion Week, a unidade móvel foi “criada para ter segurança”, diz Mario Luiz Santi, sócio da produtora. A preocupação foi tanto na segurança física do caminhão, que é monitorado via satélite e conta com trava eletrônica que pode ser acionada à distância; quanto na confiabilidade dos equipamentos, que contam com fonte redundante e são alimentados por sistema elétrico inteligente e monitorado. Com isso, mesmo no caso de uma pane elétrica ou falta de energia, tudo dentro do caminhão continua funcionando, sem pausas.Equipado com um transformador de 40 KVAs, o veículo destina 20 KVAs para os equipamentos próprios. O restante pode ser para alimentar equipamentos externos, como um videowall, por exemplo. As entradas de energia suportam 380 V, 220 V e ainda gerador. O nobreak garante o funcionamento dos equipamentos por alguns minutos, enquanto a fonte de energia é trocada para gerador, em caso de um blecaute.O caminhão tem suspensão a ar, para evitar choques na parte interna, e pés hidráulicos, permitindo nivelar o veículo quando estacionado em vias inclinadas. Assim, podese corrigir um desnível de até 65 cm. Conta ainda com isolamento térmico/acústico e dois condicionadores de ar.Quanto aos equipamentos de produção, a unidade móvel da
CAmiNhão de TeCNologiAPRoGRAMASoM MoNTA UNIdAdE
MóvEL ToTALMENTE dIGITAL
Programasom está toda preparada para produzir no formato 16:9, contando com seis câmeras Sony D50 e 12 controles remotos de câmeras. “O cinegrafista só aponta a câmera, o resto é controlado de dentro do caminhão”, explica Santi.Todos os equipamentos são mantidos em fase pelo gerador de pulso Leitch 1601. A monitoração técnica é feita por equipamentos Ross. A fabricante foi quem forneceu o roteador Kondor 32 x 32 e o switcher digital com painel de controle Synergy 100. Os monitores do switcher são todos Sony, de cristal líquido. O caminhão é equipado ainda com conversores analógico/digital, dois VTRs Beta analógicos, dois VTRs Beta digital, VTR DVCAM e DVD. “Como o switcher Ross permite dar duas saídas, uma pode ir com logotipo da emissora, vinhetas e relógio e a outra é gravada ‘limpa’”. O caminhão conta também com uma ilha de edição Avid XPress. Para o futuro, Santi planeja comprar oito replays EVS, para gerar sinal ao vivo e ainda gravar todas as câmeras em separado.O veículo é equipado com uma sala para áudio, isolada acusticamente. Nela, estão a mesa de 40 canais Soundcraft e as caixas de referência, tudo da Yamaha, e um CD player Newark.A comunicação é feita por um equipamento Zeus, que pode ter um Nextel conectado para garantir que toda a comunicação seja feita pelo mesmo equipamento.Segundo Mario Luiz Santi, a produtora investiu no caminhão cerca de R$ 2 milhões.
www.programasom.com.br
12tela vivamarço de 2004
Mario Luiz Santi e os controles de câmera: capacidade para até 12 unidades.
O switcher digital da Ross
permite a saída de dois sinais
independentes.
Fotos: Divulgação
Não�disponivel
14capa
março de 2004
C
O Brasil tem, a partir de agora, um ano para escolher seu sistema de TV digital. Nesse período, um padrão nacional será desenvolvido, comparações com os estrangeiros serão feitas e o modelo de negócios serádefinido. Essa é a teoria. A prática ninguém conhece.
Começou a correr no dia 10 deste mês de março o apertadíssimo prazo de 12 meses para que seja definido qual padrão de TV digital terrestre o Brasil adotará. A não ser que haja um novo decreto mudando esse prazo, é a última data de um processo que já se arrasta desde 1999, quando foram iniciados os primeiros testes com os padrões internacionais em solo brasileiro. Ao final desses 12 meses, o governo precisará dizer qual o modelo de negócios da TV digital brasileira, qual a tecnologia, qual a política industrial inerente, quais as parcerias internacionais e quais as mudanças regulatórias necessárias. Muita coisa, portanto, precisará acontecer até março de 2005. Mas a primeira delas já compreende um problema sem precedentes na história do País: coordenar o trabalho de cerca de 32 instituições de pesquisa com mais de 130 pesquisadores. E a primeira questão que se coloca é: será que esse problema tem solução?
O presidente Lula fez uma opção por desenvolver um sistema brasileiro de TV digital. Quer ter uma opção nacional para comparar com os três padrões de TV digital existentes no mundo na hora de escolher. Para usar analogia de um dos integrantes do governo mais envolvido com o processo, não se decidiu reinventar a roda, mas fazer um novo carro, “talvez com um motorzinho melhor”. Uma espécie de Gurgel da TV digital (essa comparação não é do governo), desde que, é claro, esse carro encontre um futuro melhor para o seu sistema do que encontrou Amaral Gurgel com sua fábrica nacional de veículos.
A primeira etapa do trabalho será, então, coordenar as pesquisas dessas 32 instituições. Em novembro de 2003, o Ministério das Comunicações reuniu todas elas em Campinas, classificou cada pesquisador em relação às suas capacidades de desenvolver projetos em cada uma das áreas das pesquisas e passou a desenhar um modelo de como gerir esse trabalho.
A primeira constatação é que o volume de pesquisas em cada uma das áreas é desigual. Por exemplo, as pesquisas relacionadas a terminais de recepção de TV digital têm apenas nove pesquisadores capacitados. As pesquisas de difusão e acesso têm bem mais: 75. Já as pesquisas em serviços e conteúdo têm cerca de 45 pessoas no Brasil que o governo identificou como capazes de desenvolver trabalhos na área.
A idéia do governo é também encomendar pesquisas com base na capacidade de cada instituição. Esse trabalho começa agora. A partir de março, será dado um prazo muito curto para que as universidades digam o que querem e o que podem fazer. O Grupo Gestor, que é a instância do governo responsável por administrar o diaadia dos trabalhos de desenvolvimento do padrão brasileiro, vai receber essa montanha de propostas, olhar uma a uma, decidir o que se encaixa ou não se encaixa no projeto, qual o prazo necessário para cada uma das etapas, qual o montante de recursos a ser alocado naquela tarefa específica e encomendar o relatório. É claro que o Grupo Gestor, formado por técnicos de oito ministérios e Anatel, não trabalhará sozinho, pois
Contra o relógio
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seus integrantes não estão dedicados apenas à TV digital. Caberá ao CPqD, como instituição contratada, operacionalizar esse trabalho de recebimento de propostas, análise, repasse de verbas, consolidação dos relatórios. Parece loucura? O Ministério das Comunicações, que coordena o trabalho, garante que não. Pretende usar modelos informatizados de gerenciamento de pesquisas e cobrar as instituições pelo bolso. Ao todo, estão alocados do Funttel (fundo de pesquisa tecnológica em telecomunicações) cerca de R$ 65 milhões para essa primeira etapa do trabalho.
Além disso, lembra um dos integrantes do Grupo Gestor, já existe hoje muita pesquisa em andamento, praticamente concluída. Do total de pesquisadores, cerca de 80 são doutores que vêm há alguns anos desenvolvendo seus trabalhos na área. Esse não é o
momento, diz uma fonte do Minicom, de incentivar novas pesquisas no Brasil sobre TV digital. Não há tempo. “É preciso aproveitar quem já está trabalhando”, diz. O que o governo faz é, no máximo, encomendar complementos à pesquisa para que ela se encaixe no quebracabeça.Outra coisa que não será bancada pelo governo, pelo menos não nesse momento, é a geração de conteúdo para TV digital.
“É importante ter em mente que, sem nenhum investimento do governo, muita coisa já foi produzida”, lembra a fonte do Grupo Gestor.
Prazo apertadoSe todo o quebracabeça tem 12
meses para ser montado, quanto tempo terão os 130 acadêmicos para entregar seus trabalhos? Segundo o governo, não mais do que quatro,
cinco meses. É provável que as instituições de pesquisa se aglutinem para otimizar o trabalho e ampliar as verbas. O governo quer que isso aconteça. Dessa forma, serão menos projetos e menos relatórios a serem analisados. Cada proposta de pesquisa entregue ao governo tem que ter cronograma, orçamento, execução orçamentária. Mas quem fiscaliza o trabalho? Essa função deve ficar com o CPqD, apesar das críticas que surgem nos meios acadêmicos em relação ao espaço que o governo dá a esse instituto, que é hoje uma fundação privada.
Na visão do Grupo Gestor, existem alguns problemas potenciais que devem surgir daqui para frente. O primeiro é gente que aparecerá em cima da hora pedindo dinheiro para pesquisar algo que não estava contemplado no projeto inicial. Depois, o governo prevê que algumas universidades devem entrar em conflito durante o processo, até por uma competitividade natural existente nesse meio. A relação com o CPqD também deve ser foco de atritos. Também há o problema de captura dos pesquisadores brasileiros pelos padrões internacionais, que dispõem de muito mais recursos e encaram a questão da TV digital brasileira não como um projeto de governo, mas sim como um negócio em que vão investir o que for necessário. No ano passado, revela uma fonte, alguns pesquisadores foram convidados para ir ao exterior conhecer laboratórios dos outros padrões. Também foram abertas linhas de financiamento de pesquisas específicas para os padrões
internacionais, bancadas por seus países de origem e/ou detentores de royalties. Esse fato em si não é um problema, na visão do governo. “Só é importante que se mantenha o compromisso da neutralidade na pesquisa”, diz um observador do Minicom. Quem decide qualquer coisa, no final das contas, é o Comitê de Desenvolvimento, onde estão dez ministros e o presidente da República.
Modelo de negóciosVencida a etapa de coordenação das pesquisas, precisará ser equacionada a parte mais complexa do trabalho, que é a definição do modelo de negócios. As escolhas tecnológicas sem dúvida influenciam nas possibilidades de serviços e, portanto, de modelos econômicos da TV digital. É por isso que algumas discussões devem ocorrer paralelamente.
Mas falar em modelo de negócios talvez não seja a expressão mais adequada. Isso porque o governo não parte da premissa que a TV digital tenha que priorizar o lucro das empresas de radiodifusão. “Tratase de uma iniciativa de governo. Portanto, não estamos pensando no joguinho em primeiro lugar, mas
sim nas possibilidades de educação, saúde e inclusão digital”, diz a fonte do Grupo Gestor, lembrando que existem outras opções de entretenimento digitais. A TV, pensa o governo, é uma ferramenta de inclusão.
Esse é o ponto onde está o maior problema potencial, que é o relacionamento com os radiodifusores. Até 2002, as redes de TV e suas instituições, como a SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão) ou a Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) desempenhavam papel central no processo de estudos do padrão de TV digital. Elas conduziam os testes, ainda sob o acompanhamento da Anatel. Elas criavam as necessidades. Mobilidade e alta definição tornaram
se as premissas básicas dos radiodifusores, que entendem que esses são os dois únicos caminhos que poderão garantir a existência da TV diante da evolução tecnológica de outros meios, como telefonia celular e redes banda larga. Para o governo, interatividade e alternativas de baixo custos são mais importantes.
Os debates sobre o modelo serão travados no Comitê Consultivo. Tratase de um órgão auxiliar onde o governo vai colocar todo mundo que quer dar palpite nas pesquisas e nos trabalhos referentes à TV digital. A montagem desse comitê começou ape
nas em março deste ano, apesar das pressões de algumas instituições que gostariam de estar envolvidas diretamente no trabalho do Grupo Gestor. Para não criar conflitos de chamar um e não chamar outro, foi criado o tal comitê, um balaio onde participam desde associações setoriais até entidades representativas da sociedade. Como e o que sairá do trabalho desse comitê, ninguém ainda sabe. Também não se sabe se as opiniões dos “consultores” terão algum peso efetivo, até porque nem sempre deve haver consenso.
As opções de modelo a serem analisadas vão desde uma com definição padrão de imagem (e, portanto, a possibilidade de criação de múlti 16 tela viva
março de 2004
Projeto SBTVD
Comitê de Desenvolvimento
Grupo Gestor
Órgão executor (CPqD)
Comitê Consultivo
organograma
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plos canais com interatividade) até uma com alta definição (e, portanto, apenas um canal) com mobilidade e interatividade. Entre as opções a serem olhadas pelo governo, não há alternativa sem interatividade. É a “obsessão” do Sistema Brasileiro de TV Digital, para usar a palavra preferida do presidente Lula.
Depois, vem a etapa de comparações, em que o Sistema Brasileiro de TV Digital será comparado com os demais padrões existentes no mundo; e então o Comitê de Desenvolvimento tomará a sua decisão, orientando o presidente da República.
Nessa comparação, o governo não vai testar os diferentes modelos no mer
cado, isso é óbvio. Mas como saber se um determinado modelo é viável economicamente? Não tem como. Quem vai dizer isso é o bomsenso, a experiência internacional e o Comitê Consultivo, diz uma fonte.
Estudo de cenáriosO que deve ser analisado são as variáveis, os cenários possíveis. Esse estudo de cenários havia sido encomendado pela Anatel ao CPqD em 2001. Provavelmente as mesmas premissas devem ser reaproveitadas. A análise teórica das cadeias de valor envolvidas no negócio de televisão digital é algo que faz parte do projeto de trabalho do grupo.
Aliás, o trabalho, pelo menos na prancheta, está dividido em três níveis. Será feita uma análise socioeconômica, onde serão considerados os usos da TV digital, será feito um mapeamento de longo prazo da economia, a análise das cadeias de valor para que então se imagine que modelos poderão ser explorados. Paralelamente, será feita uma análise tecnológica, com o levantamento das tecnologias, das potencialidades, das necessidades. Também será feita uma análise políticoregulatória para que se identifiquem necessidades de mudanças no arcabouço de leis e regulamentos demandados pela realidade digital da TV. Daí sairão as diretrizes políticas e regulatórias que orientarão o modelo de negócios.
Parece complexo, e é. Ninguém sabe como tudo vai acabar, mas a aposta do governo nesse modelo de pesquisa, análise e comparação é séria. Em outros tempos, o governo estaria pressionado pelo tempo e pelo risco de perder o bonde. Como a TV digital enfrenta problemas em todos os lugares em que foi implantada, o governo está tranqüilo. Mas também há quem ache que está mais do que na hora de o Brasil começar a viver esses problemas na prática, como quem aprende a andar de bicicleta, sob o risco de não aprender nunca como se faz. O cronômetro está correndo.
Padrão
ATSC
DVB-TDVB-T
DVB-T Total DVB-T ISDBIndefinido
Países
EUA,�Canadá�e��Coréia�do�SulUnião�EuropéiaPolônia,�Rússia,��Turquia�e�ÍndiaAustrália�e��Nova�Zelândia
JapãoChinaBrasil
Número atual de TVs*
269�
207147�
8�
3628828254
Lares com TV*
127�(2,1/lar)�
148�(1,4)147
�8�
30344�(2,0)
28239�(1,4)
Lares só com recepção terrestre*
27�(21%�dos�lares)�
72�(48%)99�(67%)�
6�(74%)�
177�(58%)20�(46%)206�(73%)31�(80%)
Todos os dados se referem ao ano de 2000 * em milhões
Fontes: Informa Media Group, “Global Digital TV”, 2003; e IDATE, “The World Television Market”, 2002
os Padrões e seus mercados
Não�disponivel
Não�disponivel
AAntonio Athayde é um homem de TV. Depois de idas e vindas entre diferentes grupos e até de experiências fora do setor, o executivo assumiu, em setembro do ano passado, a superintendência comercial do SBT. E no final de fevereiro colocou suas cartas na mesa: um plano para resgatar a imagem da rede junto ao mercado anunciante, investindo em relacionamento e sistemas de atendimento modernizados.
Athayde dirigiu no passado a área comercial da Globo. Depois ocupou os cargos de CEO da Net Brasil e de diretor da Globopar. Teve ainda uma breve passagem pela TV Bandeirantes. Para a empreitada no SBT, juntou uma turma de profissionais experientes, com passagens importantes no setor de TV por assinatura, como Cláudio Santos (exdiretor comercial da Globosat) e Adalberto Vianna (exdiretor geral da Sky e da operadora de celular Americel, e até recentemente na DirectNet, provedor de acesso à Internet em banda larga).
A meta para este ano é crescer em 20% o share da emissora de Silvio Santos sobre um disputado bolo publicitário, do qual a Globo detém cerca de 80% (entre as verbas para TV). Isso sem perder de vista o ataque das outras redes, que também anunciam planos para conquistar o segundo lugar.
Tela Viva - O SBT começa a por em prática agora algumas medidas que vinha anunciando dede o ano passado, para melhorar o relacionamento com o mer-cado. Quais são elas?Antonio Athayde Vamos criar o cargo de ombudsman, que será exercido por uma empresa externa, de um profissional com trânsito no mercado, nas agências. O nome está sendo definido. Esta pessoa também fará parte do Conselho de Mercado, que estamos montando. Será composto por 15 profissionais, entre representantes de agências, fornecedores e associações, com reuniões trimestrais. O objetivo é melhorar a relação da emissora com o mercado, ouvir mais as queixas e sugestões. Outra novidade é o MMA (Módulo Mercado Anunciante, sistema que permite que as agências façam reserva de mídia diretamente através de seus sistemas internos).
Outras emissoras, como Record e Band, estão investindo em programa-ção para melhorar seu share. Como você vê a luta pelo segundo lugar?Essa luta ainda não existe na prática, porque não se refletiu na audiência. A princípio a concorrência é boa, faz a gente agir, mas ainda não deu para sentir.
E quanto à Globo? Como atacar o desequilíbrio entre a audiência, que em alguns horários até empata (com a programação infantil matinal, por exemplo), e a receita publicitária?O share de publicidade da Globo vem em boa parte da qualidade da cobertura. Não em relação aos domicílios alcançados, mas na boa relação da rede com a
comunidade. Parte do sucesso está por trás do vídeo, não na frente. Também se deve ao atendimento comercial. É isso que estamos atacando, montando uma equipe melhor, melhorando o atendimento com estas medidas citadas anteriormente, inclusive com um sistema de bonificações mais inteligente.
Isso inclui mudanças na programação?Diante da disparidade, quais os nossos ativos? Temos o pacote de filmes da Warner e Disney (N.E.: a emissora renovou no ano passado e até 2009 o contrato de US$ 100 milhões com os estúdios Warner, que inclui blockbusters como os filmes de Harry Potter e seriados como “Friends”, “ER” e “Smallville”. Este ano a rede deve exibir sucessos como “O Senhor dos Anéis A Sociedade do Anel”, “Onze Homens e Um Segredo” e “De Olhos Bem Fechados” entre outros). E temos o próprio Silvio Santos, que é o maior vendedor da TV brasileira, além dos outros apresentadores da casa, como Hebe, Ratinho e Gugu.
20tela vivamarço de 2004
entrevista
Imagem limpa
Foto: Gerson Gargalaka
A ESTRATéGIA dE ANToNIo AThAYdE
PARA MELhoRAR o RELACIoNAMENTo
do SBT CoM o MERCAdo ANUNCIANTE
E AUMENTAR SEU ShARE PUBLICITáRIo.
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Mesmo com audiência, as empresas não resistem a vincular suas marcas a nomes “populares”?Há um preconceito do mercado publicitário, mas aí entra o nosso trabalho, de transformar audiência em faturamento. Meu objetivo é aumentar nosso share (participação no bolo publicitário das TVs) em 20% no primeiro ano. No próximo ano não sei, uma hora esse crescimento bate num teto. Aí, se não tiver outra programação, como esporte e jornalismo, você não atrai um anunciante que só aparece nestes programas, não atrai uma parte do bolo.
E nesse caso não vale a pena investir em produção independente?Sou a favor, e já temos alguns casos aqui, como o SBT Rural (da GGP, produtora do Gugu), o programa da Sônia Abrão (da Câmera 5) e a Marília Gabriela. Mas a estrutura da casa hoje está subaproveitada. Se o Silvio quiser, dá para produzir mais internamente.
Qual sua visão da regionalização da produção?Esta é uma coisa na qual vamos investir esse ano, em breve teremos novidades a anunciar.
Será um trabalho por regiões, não por emissora. Estamos agora na identificação das regiões. Mas sou contra a obrigatoriedade. A regionalização vai acontecer onde o mercado comportar.
Nos EUA, a TV aberta vem perdendo audiência, e conseqüentemente recei-ta, para o cabo e outros veículos. Há futuro para o modelo tradicional do broadcast, de conteúdo sustentado por publicidade?Nossa realidade é muito diferente da americana. Lá não há mais diferença entre TV aberta e cabo ou satélite, já que quase toda a população recebe todos os canais pela TV paga. O jovem nem sabe mais a diferença entre a ABC, CBS e NBC e os canais por assinatura. Mas de qualquer forma o modelo de TV aberta já não é mais o mesmo. Há várias formas de faturamento “não mídia”, como os serviços por telefone (tipo 0300). É só ver a força das ações de merchandising. Antigamente, um determinado produto aparecia casualmente numa novela ou programa. Hoje o ator ou apresentador interrompe o texto para falar da marca.
andrémer mels [email protected]
Como ficaria então o modelo para a TV digital terrestre? Há espaço para mais canais? O mercado bancaria uma programação em HDTV?Primeiro, eu acho que o governo, com essa sua proposta de internacionalização, tem uma oportunidade de ouro. Deveria procurar a Índia, a China, o Paquistão e os outros países da América Latina e criar um padrão único. Faria assim pressão sobre os fabricantes para construir fábricas nesses países, transferir tecnologia, reduzir royalties. Agora, nessa comissão que foi montada para discutir a TV digital não tem ninguém do negócio. Mas quem é que vai pagar a conta disso? As emissoras, que vão ter que modernizar seu parque, não estão sendo chamadas.Quanto ao modelo, imagino que a saída seria um híbrido, com parte em SDTV multicanal e parte em HD, principalmente filmes, porque já existe um acervo, e transmissões ao vivo.
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PPara fazer a cobertura jornalística durante o verão no litoral do Paraná, a RPC Rede Paranaense de Comunicação, afiliada à Rede Globo, usou um recurso tecnológico simples e barato. As matérias produzidas nas praias de Matinhos e Guaratuba, do período de alta temporada até o Carnaval, foram enviadas à emissora, em Curitiba, usando a rede da Brasil Telecom. Tanto as reportagens prégravadas quanto as entradas ao vivo foram transmitidas através de rede IP, usando compactação MPEG2.
“Como não há enlaces de microondas entre Matinhos e Curitiba, a solução encontrada foi utilizar transmissão por canal de dados de uma carrier (a Brasil Telecom) utilizando vídeo codificado MPEG2 sobre IP conectado a uma rede ethernet”, explica o superintendente de engenharia da RPC, Enio Sergio Jacomino.
Assim, o departamento de engenharia da RPC optou por usar a Brasil Telecom como carrier do sinal. “Mas eles só poderiam oferecer o serviço se a transmissão fosse através de uma rede ethernet”, explica Jacomino, que chamou a Sterling do Brasil para trabalhar conjuntamente na solução.
Foram usados dois equipamentos para fazer a transmissão: o Codec VRX8100, um encoder de vídeo/áudio MPEG2 com protocolo IP fabricado pela AiPixel, e o decoder tipo settop box AmiNET103, da Amino.
O equipamento AiPixel, segundo o diretor da Sterling do Brasil, Nestor Almeida, conta com quatro canais para streaming, cada um com storage separado, totalizando entre 320 Gb e 1 Tb, conforme a versão do equipamento. Usando esses quatro canais, o equipamento transmite o vídeo em uma banda de até 8 Mbps. Para atingir esta velocidade, a RPC contratou da Brasil Telecom quatro linhas E1. “Como a última milha da Brasil Telecom usa rede de par trançado, pois demoraria muito para instalar fibra óptica, foram necessários vários ajustes. Os roteadores tiveram de ser trocados e ‘afinados’”, explica Jacomino.
Na operação “Projeto Verão” o sinal do streaming passa por um roteador e é transformado em quatro fluxos E1 que, através de modems, são encaminhados ao POP da carrier em Matinhos para entrarem na rede. Da mesma forma, em Curitiba, do POP da BrT quatro fluxos E1 vão até a sede da emissora e, através de modems e de um roteador, transformamse num fluxo
tecnologia
Verão via rede IP
REdE PARANAENSE USA A INFRA-ESTRUTURA
dE TELEFÔNICA PARA TRANSMITIR vídEo
SoBRE IP E FAz A CoBERTURA
JoRNALíSTICA No LIToRAL SEM INvESTIR
EM LINkS dE MICRooNdAS.
22tela vivamarço de 2004
Microondas
Par trançado
Fibra óptica
Tráfego de Vídeo sobre ipprojeTo Verão 2004
Não�disponivel
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só de entrada no decoder Amino. Jacomino explica que nesta configuração, para este tipo de operação, é importante que a carrier disponibilize uma conexão E1 de boa qualidade, assim como roteadores com boa capacidade de processamento, para que o sistema fique otimizado e se extraia toda a qualidade possível de vídeo com o VRX8100.
Juntamente com o encoder MPEG2 veio o software AiPixel Control, que fica instalado num computador local ou remoto da rede e é utilizado como um console de controle para o VRX8100, permitindo que se ajuste as configurações de vídeo e áudio (tipo da fonte de vídeo, formato do vídeo, qualidade da taxa de transporte, escolha da fonte de entrada, taxa de dados para o áudio, taxa de amostragem do áudio etc.). Nele se configura também o endereço de IP do equipamento. Além disso, vem com outros dois controles para gravação e reprodução de vídeo que não foram utilizados dentro do projeto proposto. São eles: o AiPixel Player, instalado
nos computadores remotos da rede que estão recebendo ou monitorando os fluxos multicast, que tem a função de capturar esses fluxos permitindo que se monitore o vídeo num VGA e também a taxa do fluxo que está sendo transmitida; e o Info Value Software Decoder, que, instalado num computador com uma placa de vídeo de boa qualidade, permite a decodificação e conversão do sinal em analógico.
O engenheiro da RPC explica ainda que, com os quatro canais de entrada, o VRX8100 permite que se faça o streaming por um canal enquanto o usuário trabalha com os outros três, inclusive gravando e/ou editando através do recurso do storage de 80 Gb por canal, o que dá versatilidade ao equipamento e múltiplas possibilidades ao usuário, que pode efetuar todas estas operações remotamente.
A cobertura compreendia dois balneários, o de Matinhos e o de Guaratuba, mas as duas cidades são separadas por uma baía. Para completar a operação foi necessário ainda um link de microondas entre as duas cidades,
usando equipamentos portáteis.
Entre emissorasO plano de Enio Jacomino agora é usar este sistema para fazer a transmissão entre as emissoras da rede no Estado do Paraná. “A qualidade e a facilidade que o equipamento proporciona estão plenamente compatíveis com o padrão que é exigido para transmissões de jornalismo, aí incluídos eventos esportivos”, garante o engenheiro. “Com isto conseguimos viabilizar a transmissão de matérias ao vivo e prégravadas, a qualquer momento do dia ou da noite”, completa.
Além disso, Jacomino diz que, no caso das transmissões feitas a partir do litoral, seria necessário um investimento de cerca de R$ 90 mil só na aquisição dos enlaces de microondas. “Com esse sistema, não precisamos comprar os enlaces e nem arcar com os custos de manutenção das torres”, diz. Com o sistema usado, a RPC investiu na compra do decoder Amino (US$ 250 FOB) e do encoder AiPixel com 320 Gb (US$ 6,8 mil FOB). 24 tecnologia
março de 2004
Não�disponivel
makingofPRAIA PELo RALo
A cena do ralo exigiu um trabalho de efeitos mecânicos e eletrônicos. Em primeiro lugar, foram construídos o mockup do ralo e da tampa, com quase um metro de diâmetro. O ralo era superficial e foi instalado na praia, para a filmagem ao vivo. Na própria praia, foi instalada uma caixa d’água de dez mil litros, com uma bomba acoplada. De dentro da caixa d’água, o produtor que vem tirar a tampa do ralo é filmado, como numa filmagem submarina, e com isso se criou o efeito do nível da água baixando.
Seguindo o mesmo espírito da premiada campanha dos aparelhos celulares Nokia, voltada para o público jovem, a agência Lew, Lara criou um filme especial para a divulgação do evento Nokia Trends, que levou o DJ Fatboy Slim para uma apresentação no Rio de Janeiro.O público, afinal, é o mesmo. “Assim
como nos demais filmes, optamos pela linguagem do humor, mas neste caso criamos um clima para a festa, enfatizando o evento e não exatamente o convidado”, explica o diretor de atendimento à Nokia, Ricardo Al Makul.O filme mostra a equipe de produção do show, que está montando o palco numa
praia deserta. Quando tudo está quase pronto, dois produtores percebem que a faixa de areia é muito estreita. Os dois confabulam, até que um sai resoluto: caminha até a água e tira a tampa do ralo do mar. A água escoa, a praia fica mais ampla e logo depois começa o show, com muita animação.
O filme foi rodado numa praia deserta, na reserva da Marambaia, no Rio de Janeiro. No local, a produtora construiu um esqueleto do palco, apenas como referência para a pósprodução. Em dois dias de filmagem, foram rodadas as cenas relativas ao show (durante o dia, com cerca de cem figurantes), e também a cena do ralo. Para a pósprodução, foram outros 25 dias.Foi aí que todo o palco foi retocado, recebendo a iluminação profissional do show e também o telão, que reproduz vídeos. A galera da platéia foi multiplicada e toda a luz foi trabalhada em computação gráfica, para dar o clima do show. “Preferimos filmar o palco e as pessoas durante o dia para aproveitar a diária e também para conseguir captar mais informações na película”, explica o diretor de efeitos especiais, Rodolfo Patrocínio. “Fica mais fácil controlar tudo no computador”, conta.Como o show foi no Aterro do Flamengo e a locação era totalmente deserta, também foi criado um skyline do Rio de Janeiro em computação gráfica.
Série de efeitos
Clima do show
24 making of março de 2004
Para dar a dimensão das distâncias e do skyline da praia, foram captadas imagens a partir de uma ponte a 30 metros de altura. Depois, em estúdio, foi mantida a mesma relação de câmera, com os elementos na mesma proporção. “A maré, na verdade, estava bem mais baixa do que aparece no filme. Instalamos o ralo em um lugar seco, onde a água não chegava, e toda a água foi criada em computação gráfica”, explica Rodolfo.Para isso, foi utilizado o software Softimage XSI, que ajudou a criar as partículas e o redemoinho, já que o ralo superficial não tinha sucção. “Captamos a água também em várias situações, para criar texturas. Fizemos várias imagens da água em sala preta, para captar os highlights. Na hora da composição, usamos as imagens da praia, imagens criadas em 3D e os highlights de estúdio”, continua.
fichatécnicaCliente Nokia • Agência Lew, Lara • Produto Nokia
Trends • Direção de Criação Jaques Lewkowicz e
Marco Versolato • Criação André Laurentino, Bráu
lio Kuwabara, Margit Junginger, Nando Zenari • Pro
dução (vivo) Cine • Produção (efeitos visuais) Digi
tal 21 • Direção Jean Benoit • Direção de Efeitos
Visuais Rodol fo Patrocínio • Fotografia Jean Benoit
• Finalização Digi tal 21 • Trilha Sax Anp
Toda a campanha de Nokia Trends tem um forte suporte na Internet. Além das informações de praxe, o site também oferece brindes eletrônicos como músicas, imagens e salvatelas para quem o acessa. Um dia depois do show, o site já trazia fotos e vídeos. “É no site que tudo acontece, é uma nova forma de conteúdo, reunindo arte digital e música eletrônica”, afirma Ricardo.
Captação das imagens
Suporte na web
O
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O problema não é exclusivo do setor audiovisual, mas está acertando em cheio as produtoras de vídeo: a Receita Federal está correndo atrás de todas as empresas cadastradas no sistema Simples e revendo o regime de contribuição. Com isso, as produtoras estão caindo em uma categoria em que os impostos são mais elevados e, como se isso não bastasse, ainda precisam pagar supostas dívidas atrasadas com o Fisco. Após receber esta notificação, as produtoras tentam se recuperar do susto e organizar uma ação de defesa.
As notificações começaram a ser recebidas entre agosto e setembro de 2003. Segundo a assessoria de imprensa da Receita Federal, esta fiscalização é uma atividade de rotina. As empresas que se cadastram no Simples estão sujeitas a uma fiscalização. Quem não estiver dentro de qualquer um dos critérios de enquadramento é automaticamente notificado do seu descadastramento. A assessoria informa ainda que qualquer empresa descadastrada pode recorrer da decisão por meio das delegacias estaduais da Receita. Por exemplo, não podem optar pelo Simples empresas com faturamento acima de R$ 120 mil para microempresas e R$ 1,2 milhão para pequenas empresas; empresas constituídas sob forma de sociedade por ações; quando o titular ou sócio participar de mais de 10% do capital de outra empresa e a receita global ultrapasse o limite de R$ 1,2 milhão; empresa que preste serviços profissionais de ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos e de qualquer profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida etc. O site da Receita Federal usa, inclusive, a atividade de produção de vídeo para exemplificar aquelas que não poderiam nunca ter se cadastrado no Simples.
Segundo a produtora de cinema Assunção Hernandes, nas notificações recebidas não está claro qual foi o critério usado para o descadastramento. Além disso, a notificação pede o pagamento de impostos retroativos. Até agora, a empresária conseguiu contatar pelo menos 105 produtoras que estão com o problema, mas é possível que este número seja até maior. “O que queremos é conseguir chegar até a Receita Federal para explicar que somos empresas produti
vas. Além disso, queremos entender qual foi o critério usado para esse descadastramento. Se nosso faturamento não supera R$ 1,2 milhão eu entendo que nós estamos enquadrados no Simples”, argumenta Assunção.
Para reverter a situação foi formada uma comissão, chefiada pelo cineasta Rojer Madruga. Além disso, os produtores conseguiram apoio do MinC e da Ancine para que possam voltar a ser enquadrados. Segundo Assunção, todas as produtoras notificadas recorreram da decisão, mas ainda não obtiveram resposta.
A Receita está ainda cobrando retroativamente os impostos que em tese deixaram de ser pagos, já que o Simples permite a isenção de uma série de contribuições sociais. Alguns tributaristas consultados pelas produtoras argumentam que esta cobrança retroativa é inconstitucional. Mas na avaliação de um advogado ouvido por TELA VIVA, esta cobrança seria pertinente, uma vez que na verdade o que se constatou é que as empresas estavam indevidamente cadastradas no Simples, e portanto teriam que ter pago os impostos. As regras do Simples não estão sendo alteradas, diz a fonte. A cobrança seria inconstitucional se o imposto não fosse devido pelas empresas. “É mais um problema de contador do que de advogado”, diz a fonte. Quando o Simples foi regulamentado, as próprias empresas preencheram seus cadastros no programa, explica o advogado. Agora a Receita passou a fazer a verificação e constatou irregularidades. Muitas empresas, segundo ele, se inscrevem em uma atividade que poderia ser enquadrada no Simples, mas na verdade exercem outra. As empresas, diz, resolverão a situação arrumando uma forma de se enquadrar sem ferir a regulamentação do Simples.
Outras empresas estão recorrendo à Justiça e algumas têm conseguido liminares para pelo menos evitar o pagamento dos atrasados, ainda que isso não elimine o aumento da carga tributária.2�
tela vivamarço de 2004
tributação
Complicação no Simples
RECEITA FEdERAL dESCREdENCIA PRodUToRAS
do SISTEMA ESPECIAL dE IMPoSToS.
Não�disponivel
EEm maio de 2003, os amigos Henry Ajl e Markus Bruno conseguiram emplacar na revista semanal de domingo da Globo, o “Fantástico”, uma série de três reportagens. Tendo essa série como vitrine de sua capacidade, os dois juntaramse a um terceiro amigo, Eduardo Talans, criaram a Baboon Produções e negociaram com a Record a produção de uma série de 14 documentários.
Tudo começou quando Henry Ajl, após voltar de uma viagem de quase dois anos “mochilando” pela Ásia convidou Markus Bruno para fazer um documentário sobre os 50 anos da conquista do Everest. “O projeto havia sido aprovado pelo National Geographic Channel, mas dependia de captação de recursos para que pudesse ser viabilizado”, lembra Ajl. Markus mostrou o projeto ao
apresentador Zeca Camargo, que levou a pauta à equipe do “Fantástico”. Com um patrocínio da companhia aérea KLM, os dois acharam ainda outra fonte de financiamento: o turismo. Um grupo de turistas brasileiros foi levado junto. “Além de pagar pelo pacote turístico, eles entraram como personagens nas reportagens”, conta Ajl.
O primeiro programa foi ao ar no dia 24 de maio e mostrou as trilhas que levam ao Everest. O segundo programa, que foi ao ar no dia 31 de maio de 2003, fez a cobertura das festas de comemoração aos 50 anos da conquista, o que acontece no dia 29 de maio. “Combinamos de enviar o material via banda larga, de Katmandu (no Nepal), ainda sábado”, diz Ajl. Mas, apesar de a região normalmente contar com acesso banda larga, um levante maoísta havia destruído parte da infraestrutura de telecomunicações. “Alugamos o único ponto disponível com banda larga, o business center do hotel Hyatt, por 24 horas e passamos este tempo monitorando a transmissão de cerca de 16 minutos de vídeo”, conta empolgado Ajl.
Como se não bastasse o problema para enviar o material ao Brasil, o terceiro e último programa da série, com o tema proposto, tornouse inviável. “O tema Everest já estava esgotado, então a idéia era fazer uma viagem pelo Tibet”, diz Ajl. “Mas, por conta da febre asiática, o país estava fechado”, lamenta. Decidiram então fazer uma matéria sobre a região de Mustang, no Nepal.
Troca de redeApós a aventura no Himalaia, juntouse ainda à dupla Eduardo Talans, criando assim a Baboon Produções. Agora com um projeto intitulado “Cenários do Mundo”, a produtora conseguiu novamente o patrocínio da KLM, que estava interessada em divulgar rotas não muito
30tela vivamarço de 2004
produção independente
Cenários do mundo
APóS TER o “FANTáSTICo” CoMo vITRINE dE
SEU TRABALho, PRodUToRA INICIANTE FEChA
CoNTRATo PARA PRodUção dE SéRIE dE
14 EPISódIoS CoM A Tv RECoRd.
Patrocínio da KLM ajudou a Baboon a captar nos locais mais exóticos do planeta.
Fotos: Divulgação
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conhecidas por seus clientes. A idéia era captar diferentes cenários e ainda os personagens pitorescos que habitavam os locais, “como se adaptaram ao meio ambiente e como isso influenciou a criação de uma cultura específica”, diz Ajl.
A Record se interessou pelo projeto e acabou fechando um contrato para que a Baboon produzisse 14 episódios ao redor do mundo. Veiculado mensalmente dentro do programa “Repórter Record”, o projeto ganhou o nome “Volta ao Mundo”. A emissora tem o direito a três exibições de cada episódio e ainda exclusividade em TV aberta, sendo que o material pode ser vendido para a TV por assinatura um mês após a exibição pela Record.
Tendo em vista o público da TV aberta, as produções feitas em países como Laos, Camboja, Turquia, Mongólia, Israel, Irã, Quênia, Tanzânia, Uganda, Saara, Paquistão e Quirquistão buscam sempre temas variados dentro da cultura de cada país. Desde a seda da Índia até o mergulho na Indonésia, os programas trazem informações interessantes para todo tipo de telespectador. “Queremos passar as informações usando uma linguagem e apelo popular, mas sem deixar de lado a cultura e a história das regiões”, afirma Ajl.
Apenas Henry Ajl e Markus Bruno viajam, ficando Eduardo Talans no Brasil, responsável pela administração da produtora. Nas viagens, levam duas câmeras
Sony PD150, um Apple Powerbook, um discorígido externo, um carregador solar de baterias, caixaestanque para imagens submarinas e cases e mochilas à prova d’água.
Ambos operam as câmeras, mas na maioria das vezes a função fica a cargo de Markus Bruno, enquanto Henry Ajl faz a reportagem.
Cada programa leva, no mínimo, 20 dias para ser produzido. “Geralmente ficamos três semanas fora e não mais do que duas semanas no Brasil”, diz Markus Bruno. Tudo isso para produzir um programa de cerca de 50 minutos. “Perde
mos mais tempo nos deslocando do que gravando”, explica Bruno.
A Baboon envia para a Record uma préedição do material, com cerca de três horas de duração, e ainda os textos da narração em off. A emissora edita e finaliza cada programa.
Novos negóciosCom essa série, o trio tem trabalho para um ano. Mas mesmo assim, já procura por outros negócios. Com o patrocínio da KLM e a compra de direitos por parte da Record, a produção se paga, mas a Baboon não descarta novas formas de comercialização. “Podemos usar as imagens em programa para canais pagos, DVDs e queremos explorar o merchandising”, diz Eduardo Talans.
Tendo em vista essas oportunidades, em todas as viagens são gravados temas mais específicos, que possam ser usados em TV por assinatura. “Já estamos negociando com outra produtora brasileira, que ficará responsável pela edição e finalização do material”, conta Talans. A parceria tem em vista o mercado de TV por assinatura.
fernando lauterjung
Não�disponivel
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