Revista U 13

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www.auniao.com A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO BRAVA FESTA BRAVA ESTALAGEM DA SERRETA: TESOURO ARQUITECTÓNICO EM RUÍNAS PÁG. 08 edição 34.767 · U 13 · 11 de junho de 2012 · preço capa 1,00 (iva incluído)

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revista semanal do jornal A União, edição n.º 13 de 11 de Junho de 2012

Transcript of Revista U 13

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www.auniao.com

A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

BRAVA FESTABRAVA

EstAlAgEm dA sERREtA:

tEsouRo ARquitEctónico

Em RuínAs PÁG. 08

edição 34.767 · U 13 · 11 de junho de 2012 · preço capa 1,00 € (iva incluído)

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Área Clínica Médicos

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Laboratório Dr. Adelino Noronha

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Cardiologia Dr. Vergílio Schneider

Cirurgia Geral Dr. Rui Bettencourt

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Dr. Fernando Oliveira

Drª Patrícia Gomes

Cirurgia Plástica Dr. António Nunes

Clínica Geral Dr. Domingos Cunha

Medicina DentáriaDr.ª Ana FanhaDr.ª Joana RibeiroDr.ª Rita Carvalho

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Endocrinologia Dr.ª Lurdes MatosDr.ª Isabel Sousa

Gastroenterologia Dr. José Renato PereiraDr.ª Paula Neves

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Medicina Interna Dr. Miguel Santos

Medicina do Trabalho Dr.ª Cristiane Couto

Nefrologia Dr. Eduardo Pacheco

Neurocirurgia Dr. Cidálio Cruz

Neurologia Dr. Rui Mota

Neuropediatria Dr. Fernando Fagundes

Nutricionismo Dr.ª Andreia Aguiar

Otorrinolaringologia Dr. João MartinsDr. Rocha Lourenço

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Pneumologia Dr. Carlos Pavão

PsicologiaDr.ª Susana AlvesDr.ª Teresa VazDr.ª Dora Dias

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Neuroradiologia (TAC/Ressonância Magnética) Dr.ª Rosa Cruz

Reumatologia Dr. Luis Mauricio

Terapia da Fala Dr.ª Ana NunesDr.ª Ivania Pires

Urologia Dr. Fragoso Rebimbas

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Tudo é relativoTEXTO / Marco de Bettencourt Gomes | [email protected]

Tenho medo disto que vou escrever. Mas não tenho medo de ter esse medo. Sei que pode ser apenas fruto da época em que vivemos, de uma mentalidade ocidental que cultiva o individualismo e o sincretismo à la carte.Nada é absoluto, tudo é relativo. Tudo é mas pode deixar de ser. Aquilo que agora é certo aqui e agora é errado mais logo além. Tudo é revisível, tudo é provisório, tudo é ambí-guo. Tudo.É que neste mundo não há nada que seja sempre uma coisa só. A duração é limitada, a aparência é ilusória, o conheci-mento é provisório.Pode o homem viver ao relento? Pode o homem viver de tal forma ao desabrigo, sem nenhum ponto de ancoragem?Necessita o homem de inventar super-estruturas que lhe tornem menos penosa a sua perduração terrena?E se tudo é relativo também esta afirmação é portanto ela mesma relativa.Em que é que ficamos? Como se a vida estivesse aí para brincar connosco à cabra-cega, a ver se damos com o sen-tido das coisas em tempo útil. E mesmo que o consigamos, o que beneficiamos com isso? Também isso é vaidade.Lamento, mas aonde é que fui desencantar a ideia que vida tem um objectivo, um propósito, um sentido? Não será tam-bém isso uma construção psicológica que funciona como zona de conforto para apaziguamento pessoal?E porque é que existe o ponto de interrogação? E quem é que me disse que todas as perguntas têm que ser respon-didas? Quem é que me disse que eu tenho que saber tudo acerca de mim?

SUMÁrio

ENTREVISTA / pág. 16

NA CaPa...

A tauromaquia é ‘festa brava’ para os aficionados e ‘fes-ta bárbara’ para os activistas. Nos Açores, em particular na ilha Terceira, é um modo de vida. Os toiros fazem parte da identidade de um povo, quer na tradicional tou-rada à corda quer na corrida de praça, e esta realidade transparece ou não fosse aclamada de Capital Atlântica da Tauromaquia.Hélder Milheiro, da Prótoiro, lança, em entrevista à revis-ta “U”, o olhar de fora para dentro sobre esta matéria.

EDITORIAL / SUMÁRIO

frutas de rua 14

poema 23

formação de seniores 10japão, lapas e “petcheno” a servir vinho 11liberdade 13

rock in rio, 3 de junho 26i am a fan of legos 28azure com programa 30

a televisão que ninguém quer pagar 06relógio à 007 07

da utilidade do inútil 21

dislexia 08 a vinha do meu amigo 25

o património divino 04

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O PATRIMÓNIO DIVINO

A candidatura das Festas do Divino Espírito Santo a Património Imaterial está a ser preparada por um grupo de investigadores, que pretende obter a distinção da UNESCO para estas fes-tividades celebradas no arquipélago e nas comunidades de emigrantes açorianos.“Entendo que é uma força tão grande dos açorianos nos seus próprios es-paços e em todos os sítios para onde foram, que é natural pensar-se nesta candidatura”, afirmou Maria Norber-ta Amorim, uma das promotoras da iniciativa.Maria Norberta Amorim, ex-docente universitária, falava à margem do V Congresso Internacional sobre as Festas do Divino Espírito Santo, que decorreu na ilha Terceira, e onde foi lançado o repto para que os investi-gadores presentes contribuam para a candidatura.A iniciativa, que surge depois de há 10 anos a UNESCO ter rejeitado uma candidatura idêntica, é agora lança-da pela antropóloga terceirense An-tonieta Costa e pelos investigadores Maria Norberta Amorim e Manuel Serpa, da ilha do Pico, a quem se vai também associar a Direcção Regional das Comunidades.“O próprio congresso, certamente, vai dar força a essa candidatura”, afirmou a directora regional, Graça Castanho, salientando que o fenó-meno “está a ser estudado por uma

ESPÍRITo dA cARnE, vInho E Pão

“O próprio congresso, certamente, vai dar força a essa candidatura”.

quantidade cada vez maior de inves-tigadores e por centros de investi-gação de universidades de renome internacional”.As festas em honra do Espírito San-to realizam-se em todas as ilhas dos Açores, geralmente nas sete semanas depois da Páscoa, sendo também as-sinaladas em algumas localidades do continente, no Brasil, EUA e Canadá.As celebrações variam de freguesia para freguesia, mas, de um modo ge-ral, as pessoas acolhem em casa ban-deiras e coroas, que simbolizam o Es-pírito Santo, rezando o terço durante uma semana, no fim da qual as levam à igreja, onde se realiza a coroação, normalmente seguida de um almo-ço, sendo que em muitas localidades também se distribui carne, vinho, pão ou massa.Graça Castanho considerou que as festas em honra do Espírito Santo têm “todos os ingredientes para que a candidatura vingue e seja uma re-ferência no panorama do Património Imaterial da Humanidade”.

ASSOCIAÇÃO DE MORDOMOSA Associação de Mordomos das Fes-tas Tradicionais da Ilha Terceira será uma realidade a breve prazo, depois de recentemente, num encontro rea-lizado na Vila Nova, ter sido nomeada uma comissão administrativa para a criação deste organismo de defesa da cultura popular.

REVISÃO

cAndIdATuRA TEM Tudo PARA vInGAR

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A GRAndE QuESTão PoR dETRÁS dA FoRMAÇão dESTE oRGAnISMo PREndE-SE coM o AuMEnTo doS cuSToS dE oRGAnIZAÇão dAS FESTAS PoPuLARES.

Arnaldo Ourique, Rui Nogueira, José Henrique Pimpão e Manuel Drum-mond são alguns dos nomes que fa-zem parte da comissão cuja principal função passa pela inscrição no Regis-to Nacional de Pessoas Colectivas.O presidente da Junta da Vila Nova pretende que este organismo já es-teja a funcionar em pleno no final de Junho.“Queremos dar passos seguros, há muito trabalho para fazer, do o ponto de vista legal até criarmos uma ban-deira para a Associação e definirmos a sede”.A Associação de Mordomos das Fes-tas Tradicionais da Ilha Terceira vai funcionar nesta Na reunião da Vila Nova marcaram presença cerca de meia centena de pessoas de várias freguesias da Ter-ceira que aprovaram por unanimida-de a constituição deste organismo e os seus primeiros estatutos.Segundo Rui Nogueira, a ideia de criar uma associação para defender as festas tradicionais foi muito bem acolhida, “as pessoas apresentaram os seus problemas e ideias e nós ex-plicamos o que pretendemos fazer”.A grande questão por detrás da for-mação deste organismo prende-se com o aumento dos custos de organi-zação das festas populares, especial-mente das licenças camarárias e de policiamento.Referindo com agrado o facto de nalgumas touradas já se notar a pre-sença de menos agentes da PSP, Rui Nogueira refere que pretendem con-

ÂNCORA DE FÉ e SeNtiDoDE PARTILHA

TEXTO / João Rocha / [email protected]

O culto ao Espírito Santo é prática comum às nove ilhas do arquipélago açoriano. A fé na Terceira Pessoa da Santíssima Trindade é sagrada para o nosso Povo e serve de “âncora” nos momentos mais angustiantes das vivências individuais e comunitárias.Trazidas para os Açores na época do seu povoamento e decorrendo entre a Páscoa até ao final de Verão, as Festas do Espíri-to Santo resumem a história de um Povo nas relações com o Sagrado, com a terra e com ele próprio.É a invocação à Terceira Pessoa da San-tíssima Trindade que espontaneamente acode à boca de cada açoriano nos mo-mentos mais dolorosos da sua existência.Estas aflições são depois traduzidas no pagamento de Promessas ou Votos. Os motivos são variadíssimos (de saúde, pro-fissionais, académicos e pessoais), sendo inquestionáveis como a própria fé.As Festas ao Divino Espírito Santo rele-vam, na sua essência, fraternidade e igual-dade entre todos. E os “bodos” reprodu-zem exactamente isto, ou seja, o sentido de partilha.

os “Bodos” REPRoduZEm

o sEntido dE PARtilHA

REVISÃO

FESTAS do Povo

tinuar os contactos com as câmaras municipais e a polícia de forma a con-seguir baixar os custos para os mor-domos e assim trazerem mais gente para a organização das festas.Para além disso, afirma que os fun-dadores da Associação têm em men-te várias ideias para a organização das festas tradicionais como a cele-bração de protocolos com diferentes entidades.A comissão administrativa está já a trabalhar na elaboração do cartão de sócio da Associação, tendo já ficado estabelecido que a cota será de cinco euros por ano.Os responsáveis pretendem ter o maior número de Impérios e Juntas de Freguesia da Terceira como as-sociados, destacando que este orga-nismo está aberto a toda a população que se pretenda juntar ao projecto.

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CUrSoS DeVERãoTEXTO / Tomaz Dentinho

Estou em são miguel com quatro cartões na lapela: o 2o curso de Verão da Regional “science Association internatio-nal” com alunos doutorados de França, suécia, Portugal, Ho-landa, croácia e turquia; o 13o Workshop da Associação Portu-guesa para o desenvolvimento Regional com participantes de todo o mundo; o curso sobre Análise de Políticas sobre siste-mas complexos de transportes organizado no âmbito de um projecto que reúne cientistas europeus e americanos; e o colóquio luso Francês sobre métodos quantitativos em ci-ências sociais e Humanas.os cientistas são sem dúvida

os melhores do mundo nestes campos. Vêm aqui com muito poucos subsídios da região. Vêm apenas porque as ilhas são bonitas e têm por cá gente que sabe organizar encontros deste género e uma universi-dade com espaço livre para as sessões. isto é o lado bom.o lado estranho é que são pou-cos os açorianos e mesmo os continentais que participam. será porque teriam de se can-didatar a participar e isso é um passo grande? será porque iriam confrontar o seu saber com outros saberes que custa aprender. será porque esses outros saberes são pouco usa-dos nos processos de consulta e decisão que ainda se fazem por cá? ou será porque quem organiza vem da ilha ao lado e não pode ser boa coisa o que o trás por cá?Resta-nos assim explorar a beleza da ilha de são miguel porque não aparecem por aqui seres humanos interessados nos assuntos que outros vêm aqui debater: os transportes, o desenvolvimento regional, os métodos de análise ou o orde-namento regional e urbano.Exploremos então as belezas das ilhas. são de facto bonitas.

A TELEvISão QUe NiNGUéM QUer PaGar

TEXTO / Carmo Rodeia

Há uma semana que a RTP/A iniciou um novo caminho, concentrando a sua produção diária entre as 17h00 e as 23h00, mantendo, no entanto, a autonomia na definição da grelha de emissão entre as 8h00 e as 17h00, só que sem programas regionais em directo.Faz hoje, também, oito dias que o Governo Regional interpôs uma provi-dência cautelar pedindo a suspensão da decisão da administração da RTP, alegando incumprimento do Contrato de Concessão do Serviço Público de Televisão.Admito que a medida deixa a Região mais pobre. A RTP/A vai ter de fazer um esforço para aumentar a sua produção própria diária, estando por perceber qual é a maleabilidade deste horário, imposto artificialmente, sem qualquer estudo audiométrico, a não ser o sentimento de que possa ser essa a hora nobre da televisão dos Açores. O que me deixa mais perplexa são as sucessivas omissões do poder po-lítico açoriano. Especialmente do Governo Regional que, teimosamente, se escudou no actual contrato de concessão e nada fez de concreto, ao longo de 16 anos, para evitar esta situação, quando já é falada com alguma seriedade desde que o Canal 1 passou a ser emitido em sinal aberto nos Açores.O problema da RTPA, ontem como hoje é financeiro. Quem é que a paga?Não tenho dúvidas de que deverá ser o Estado, seja através da alocação directa da taxa do audiovisual (perto de 3 milhões /ano) seja através de indemnizações compensatórias a definir. Mas, não tenho reservas em aceitar que a Região comparticipe nesse financiamento como aliás está previsto na lei.Do que é que o Governo está à espera? O Serviço Público de Televisão é uma função do Estado no arquipélago. Mas o primado da autonomia cons-titucional obriga o executivo regional a não se demitir do seu papel.A providência cautelar é apenas mais uma decisão de quem decide não decidir. Pelo menos até Outubro!

OPINIÃO

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GADGETS DA SEMANA

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RELóGIo à 007TEXTO / Paulo Brasil Pereira *

Os filmes do espião de sua majestade sempre nos levaram para o imaginário das novas tecnologias, aliás, muitas vezes serviu de inspiração para coisas que hoje em dia fazem parte do nosso quotodiano. Não sei se será o caso deste “Smart Watch da Sony”, mas poderia muito bem ser.Este gadget da Sony funciona como um “apêndice” do teu Android. É como se fosse um controlo remoto, pois através de Bluetooth ele liga-se ao telemóvel e con-segue aceder às suas mensagens texto, verificar o email, ver se o tempo estará bom para um dia de praia e a grande re-volução deste aparelho é que.... Também consegue ver as horas nele! Porreiro né? HeheComo ele comunica diretamente com o

seu smartphone, ele também indicará que está recebendo uma chamada, mas para aceitar a chamada vai ter que tirar o seu telemóvel do bolso e atender da forma tradicional.O Verão está chegando e as corridas pelo Monte Brasil também começam a surgir, nada melhor que ter este relógio como seu companheiro para o ajudar a cronometrar o tempo e até funcionar como mp3 para ir ouvindo os principais hits deste Verão, mas sempre tendo o seu smartphone como armazém das suas faixas.É claro que em tempo de crise tem que se cortar no fútil...mas nada como um gad-getzito para fazer esquecer esses tempos dificeis. Até tem pulseiras às cores e tudo!

*[email protected]

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FERRAMENTAS

SMART WATch cuSTA cERcA dE 150€

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DISLEXIA.O QUE É?Do grego, a palavra Dislexia significa ‘dificuldade’ (“dys”) na ‘palavra escrita’ (“lexis”) e diz respeito a uma perturba-ção ao nível da consciência fonológica, que surge como ’sequela’ de um proble-ma neurológico. A consciência fonológica corresponde à capacidade de compre-ensão de que as palavras são constituí-das por sons individuais (fonemas), o que nos permite isolar ou segmentar em um ou mais fonemas a palavra falada, bem como retirar, combinar ou manipular se-quências de fonemas. Esta é uma capa-cidade que, estando afectada, dificultará os processos de aquisição da leitura e da escrita (que constituem a base de toda a aprendizagem). Ao apresentar dificulda-des nestas duas valências, a criança ma-nifestará lacunas nas restantes matérias, o que poderá ter grandes repercussões ao nível da sua evolução académica.Existe um conjunto de características preponderantes para o diagnóstico da Dislexia:- Letra rasurada, com traçado irregular e disforme;- Falhas ao nível do processamento fo-nológico; - Dificuldades na relação grafema/fone-ma;- Omissão/adição de letras e de sílabas à palavra;- Confusão de grafemas com som e/ou grafias semelhantes (ex. /p/-/b/; /t/-/d/;

/f/-/v/; /n/-/u/…);- Leitura silabada (tarefa lenta e decifra-tória);- Dificuldades na interpretação de tex-tos;- Desorganização textual;- Erros ortográficos inconstantes;- Défice na memorização de informação verbal e na automatização de palavras.É de referir que as características ante-riormente mencionadas não terão que estar todas reunidas para que se esteja perante um quadro de Dislexia. Para além disso, salienta-se que, para um cor-reto diagnóstico, deverá recorrer-se a uma avaliação minuciosa com profissio-nais experientes neste domínio. Convém ainda ter presente que este diagnóstico que só deverá ser feito por volta dos 7 anos de idade (só nesta altura terá havi-do tempo suficiente para a aquisição da literacia). O terapeuta da fala para além de diag-nosticar a Dislexia, poderá intervir pre-cocemente junto destas crianças, for-necendo-lhes estratégias que facilitam o processo de aprendizagem (indispen-sável à evolução escolar).Por todos estes motivos, a Dislexia cor-responde a uma das perturbações mais comuns na infância e representa um grave problema escolar, para o qual pais e professores devem estar sensibiliza-dos.

Muito (mas não o suficiente) tem sido escrito acerca da Estalagem da Serreta. É bom sinal. É sinal de que as pessoas percebem que se trata de um tesouro arquitectónico único que valoriza a costa Norte da ilha Tercei-ra. Esta zona tantas vezes despreza-da pela sua insignificância nas contas eleitorais.A beleza do edifício fala por si e a crónica do encontro de Marcelo Ca-etano, Richard Nixon e George Pom-

A NOSSA eStalaGeMTEXTO / Baltazar Pinheiro

CIÊNCIA / OPINIÃO

TExTO ESCRITO

POR CRIANçA DISLéxICA

TEXTO / Colaboração da Clínica

Médica da Praia da Vitória

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pidou figura entre os acontecimentos mais ilustres da história local.Sem direito a páginas escritas nos li-vros de história, estão os momentos passados na Estalagem pelos que ali pernoitaram e pelos casais de noivos que, depois de darem o nó, escolhe-ram o espaço para celebrar o seu enlace. Parecem ser estes ilustres desconhecidos os que têm acompa-nhado de perto a triste degradação de tão nobre edifício. O nível de ruína é tal que os adjectivos dão lugar a um silêncio resignado.César Costa, natural do Raminho, de

uma geração recente mas com igual paixão pela Estalagem e também revoltado com o seu actual destino, decidiu realizar um vídeo e uma fo-tomontagem estabelecendo a ponte entre a carcaça e o passado vivo da infra-estrutura. Mas o mais impor-tante é a sua homenagem à nossa herança colectiva.Espero que possam divulgar o seu trabalho no sentido de chamar a atenção para um dos nossos maiores tesouros arquitectónicos e que muito tem sido negligenciado – www.siste-masystem.com

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MONTRA / OPINIÃO

im dit, veniendae simaximod molorpo ressund igendis non conessit reperae cuptatur? Siminte voluptur? Poreium am, quas mi, voluptus, as porrorenis pra dolut quam, quia derum, natibus-to illa nonecea cusdam alignimporro que ex etum ut lam lam aut laborias pedignimenis excea volorro ma der-natquam aut molesequata dis repuda sam resera voleceriae id magnimpos sum sincit quas alitemod et ipsundi-tium explabo. Ebit fugit, sitiae eicim dem simus eicit qui aut aut expelit as et porio. Offictur? Illaut quatur sa a lendam Aniatur aut modi cuptat

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FORMAçÃO

DE

SENIORES

TEXTO / Ana Pereira*

FOTOS / Sónia Bettencourt

O envelhecimento de-mográfico e o aumento da longevidade com mais autonomia têm-se tradu-zido numa nova velhice, em que os novos velhos são cada vez mais saudá-veis, com mais formação e espírito de iniciativa, constituindo-se, cada vez mais, como um novo pú-blico para a educação.Promotora do envelheci-mento ativo, a formação dos seniores potencializa a sabedoria; melhora o funcionamento cognitivo, desenvolve competên-cias; aumenta a satisfa-ção de vida; reforça os sentimentos de auto-nomia e de capacidade de comunicação; evita o isolamento e promove o estabelecimento de laços de amizade e de interaju-da entre os seniores.Reconhecendo as poten-cialidades da formação dos seniores e seguin-do alguns exemplos de outras Universidades Seniores, em 2004, a Misericórdia de Angra do Heroísmo, abraçou esta causa. Este projeto tem tido um percurso cres-cente e tem dado provas da sua viabilidade e utili-dade junto dos seus par-ticipantes, que todos os anos encontram motiva-ção para continuar e para “angariar” outras pessoas para a Academia.Esta tem conseguido re-

tirar algumas pessoas da solidão e da falta de ob-jetivos e de sentido para a vida, porque aqui os alunos encontram formas de aprender e partilhar conhecimentos; ter práti-ca frequente de exercitar a memória e o físico; estar em convívio com outras pessoas e até despertar o sentido de voluntariado e de partilha intergeracio-nal.A Academia da Tercei-ra Idade dá atualmente resposta a cerca de 150 seniores, desde os 50 aos 80 e muitos anos, numa lógica de intervenção te-órico-prática e de utilida-de para a (re)invenção da vida quotidiana e para a preparação e/ou vivência da velhice de forma sau-dável e ativa. Para este efeito, conta com a exce-lente colaboração de 26 formadores voluntários, que asseguram 20 disci-plinas de diversas áreas.

*Educadora Social e Coordena-

dora da Academia da Terceira

Idade da Santa Casa da Miseri-

córdia de Angra do Heroísmo

ACADEMIA DA TERCEI-RA IDADE DÁ RESPOSTA A CERCA DE 150 SENIORES NUMA LóGICA DE INTERVEN-çÃO TEóRI-CO-PRÁTICA E DE UTILIDADE PARA A (RE)INVENçÃO DA VIDA qUOTI-DIANA

CIÊNCIA

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Japão,

lapas e

“petcheno”

a servir

vinho

TEXTO / Joaquim Neves

Pedi uma pi-menta da terra e só me deu para “buer” e ficar menos “destare-lado” que o cos-tume.

Bons ventos levaram-me ao “Japão” em S. Miguel. Desencantaram-me para S. Brás no Cantinho do Cais. Os amigos que me indicaram o local calmo sem que esti-vessem pessoas a fazer um leilão, o “pe-tcheno” corisco bem amanhado que com mestria servia à mesa dava conversa para umas gaitadas. Decoração, com madei-ras, acolhedora, sem exageros. Discreta. Eu, esganado, às cegas, sem pedido ou escolha. O repasto começou com possi-bilidades de fazer crescer água na boca. Antes do “petcheno” bem ensinado botar sentido em servir o vinho do Pico, a sopa de peixe e o seu cheiro não deixava “avos a biqueiros”, que não deixou mais dúvidas com as favas e o arroz de lapas que se se-guiram, já dava para festim. Faltava ainda amanhar um alqueire de comida, mas também não tínhamos pressa, também ninguém pensou em ficar meio boião, mais certo seria encostar num cabeçal, mas ainda assim de repente faltavam cinco pratos. Seguiu-se polvo. Pedi uma pimenta da terra e só me deu para “buer”

MESA

coM SoRRISo

SERvIR do TAcho

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e ficar menos “destarelado” que o cos-tume. Seguiu-se chicharro frito, primeira vez que comi com satisfação. Não aprecio peixe frito, porque geralmente esturrica-do, por tempo excessivo, deixa-os muito secos. O chicharro veio com inhame, sa-lada, cebola curtida e recheio. Coisa que nunca havia comido e gostei bastante. Não gosto de inhames pensava eu. Um dia minha querida prima, lá do Pico, disse-me perante o meu olhar céptico que inhame era como batata. Lembrando-me de tal, e enquanto desbastava uns inhames, que no continente servem de decoração no jardim, resolvi provar um pouquinho cru. A minha língua inchou de tal forma, que quase não coube na boca o litro de Tan-tum verde. A refeição seguiu com cherne assado com o mesmo acompanhamen-to e outro vinho: Quinta do Jardinete de 2010, perdi o norte ao que havia comido.Ó, depois desta refeição dá para ficar menente, mas mais meiozinho ajudou à digestão, não sem antes só provar uma queijadinha com canela. Foi tudo muito ri-quinho. Sabe bem de quando em quando poder saborear um pouco de tudo do que é oferecido. O que sinceramente gostei foi a forma simples, caseira, saborosa, sem grandes elaborações, sem grandes apresentações, de servir comida regional realmente bem feita e saborosa. Só não provei uma gueixa, já que estava no Japão. Teria sido de bom tom, mas nem isso me tirou o tino nem me deixou desconsolado. Mas a comer assim sem consumição não admira que haja cada calafona maior que a outra. Pois é, S. Miguel sabe cozinhar bem para fora. Dos poucos restaurantes que conheci nem enricei, nem esborra-lhei, escarolei nem fiquei estarraçado. Quero voltar se visitar mais lugares como este e declaro S. Miguel o fim do mundo em cuecas.

Receita

tEmPos cERtos

PoucAs cRíticAs

Cozer ou fritar de mais é um desper-dício. Já se sabe que o peixe é muito nutritivo. Ele é rico em omega 3, além de possuir pouca gordura, é ideal para uma dieta equilibrada. Existem várias maneiras de o preparar: 1º - Prepara-se um caldo aromático com água (pro-porcional ao peixe a cozer), sal, cebola, cenoura, alho, um raminho de cheiros, pimenta em grão e um pouco de vina-gre; 2º - Faz-se ferver durante 15 minu-tos e depois deixa-se arrefecer até que fique apenas tépido; 3º - Mergulha-se o peixe no caldo e, numa caçarola ou peixeira, põe-se a aquecer em lume brando. Logo que comece a ferver, reduz-se o lume, ficando a água ape-nas a estremecer levemente. Deixa-se cozer durante 7 a 15 minutos (ou mais, conforme o tamanho do peixe). TEM-PO DE COZEDURA Peixe normal: 7 a 10 minutos. Peixe grosso: 10 a 15 minu-tos. Quando o peixe está cozido, deve ser manuseado com muito cuidado, pois desagrega-se facilmente. Peixes indicados: Robalo, pescada, ruivo, ro-dovalho, pargo, badejo, peixe galo, etc. Peixes indicados para fritar à tempera-tura ideal 158º, se não tiver termóme-tro um fósforo acende colocado quase a tocar no óleo a 180º, serve de dica, os peixes: Sardinha (sem escama), mar-mota, faneca, robalo, robalete, enguias, petingas (passadas por ovo e farinha), lavadinha, salmonete (com molho de tomate), ruivacas, tainha (em postas), etc. Para filetes: Cherne, tamboril, an-chova (esfolada e deixada em vinho de alhos), pescada, badejo, etc. Não deixe esturricar, nem deixe cozer de mais. Pela sua saúde.

MESA

o PETchEno MESTRE dE SERvIR

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LIBERDaDeTEXTO / António Félix Rodrigues

Esperei por ti quando vagueava, por entre dunas, na busca da terra Prometida.

senti a tua ausência nos circos de feras famintas.

chamei-te quando me queimavam a carne em dias de bestas, cruzadas e anti-cristos.

chorei por ti quando me agrilhoaram numa roça per-dida do novo mundo.

Pensei nunca mais te ver depois de Auschwitz.

Evoquei-te na longa noite do fascismo.

Reanimei-me com a queda do muro de Berlim.

E só agora percebi,

que serei um eterno prisioneiro,

das opções daqueles, que permito que me oprimem.

PALAVRAS

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MALASE BAGA-GENSPELOAR

11 junho 2012 / 14

TEXTO / ACRA / Angra do

Heroísmo

Chegou ao seu destino, mas a sua bagagem ou não chegou ou está danificada. Saiba que pode pedir uma indemnização até 1000 DSE (Direito de Saque Especial). Trata-se de um valor que ronda os 1150 euros, mas que varia de dia para dia. Para conhecer o câmbio actual pode con-sultar o site do Banco de Portugal.

S e trans-portar v a -l o r e s m a i s eleva-d o s , p a r a q u e esse montante seja assumido pela transportadora, terá de efectuar no momento de entrega da bagagem, ou seja, no check-in, uma declaração especial de interesse da entrega no destino. Atenção, que lhe poderá ser pedi-do um pagamento suplementar.No caso de atraso na entrega de bagagem a transporta-dora poderá oferecer logo uma quantia para compras de emergência, mas os seus montantes poderão variar de transportadora para transportadora.Se efectuar alguma despesa guarde os recibos para os juntar à sua reclamação.Para reclamar, apresente uma reclamação escrita antes de sair do aeroporto, fazendo uma descrição detalhada da bagagem através de uma lista do seu conteúdo com o valor específico de cada artigo. A não reclamação imedia-ta poderá fazer presumir que recebeu a sua bagagem.Atenção: Existem prazos máximos para a reclamação. Para os danos na bagagem tem sete dias a contar da data da sua entrega. Para o atraso na chegada tem 21 dias a contar da data da sua entrega. Para a perda de ba-gagem não existe prazo limite fixado. A bagagem é dada como perdida passados 21 dias sobre a data em que de-veria ter chegado.

*Associação de Consumidores da Região Açores

CONSUMO/OPINIÃO

vIAGEnS Ao cERnE dAS coISAS vI

FRuTAS dE RuA

O Brasil surpreende em todos os sentidos, no positivo tanto quanto no negativo. Mas mais ainda pela doçura das gentes (creio até que dos bandidos…). No Rio de Janeiro, que é onde estive por mais tempo (a famí-lia materna era de lá), essa qualidade da “doçura” é açambarcadora, entrando-nos pelos olhos e pelo nariz principalmente, pois as ruas são autênticos pomares… com árvores de fruto por todo o lado e carregadas ao ponto de terem que ser constantemente vigiadas pelos funcionários da municipalidade, para protecção dos transeuntes. Não é fora do comum levar com um fruto na cabeça… mas de todos o mais sensacional é a Jaca. Imagine-se um fruto com a forma (e por vezes a dimensão) de um tronco humano (sem cabeça nem membros), uma casca rugosa verde forte, presa nos troncos mais grossos da jaqueira, pois os outros não lhe aguentam o peso, que pode chegar aos 15kg. O per-fume que exalam espalha-se por todo o lado e mistu-rados com os outros formam um cocktail indescritível. A jaca vende-se às fatias dada a sua dimensão e sabe a uma mistura de ananás com banana: um verdadeiro manjar dos deuses! O Leblon, que é o último bairro, jun-to do monte “os dois irmãos”, na linha de praia que vai até ao centro da cidade, é dos que maior diversidade de frutos de rua apresenta. Pasma-se com esta abun-dância. E pasmada também fiquei ao descobrir o nome de uma das suas Praças: “Antero de Quental”!

*Historiadora

CHEGAR AOS 15 KG

UMA JACA PODE

TEXTO / Antonieta Costa *

Page 15: Revista U 13

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Abrir a porta do jipe do lado do condu-tor e ver a cadelinha pastor alemão que um senhor ofereceu a meu pai. E que ele trouxe, de surpresa, para os 5 filhos (desculpa Paula... durante muito tem-po fomos só cinco). -Tem uma coisa lá no jipe, vai ver! Ou foi o Ricardo ou foi a Patrícia quem executou a ordem; só me lembro que ia logo atrás.A diana foi a nossa «lassie» de serviço: aprendeu a «dar a patinha» para nos cumprimentar e, logo nesse primeiro dia, teve de andar um pouquinho ao colo de cada um. A nossa cadela era especial e não havia, será preciso insistir, nenhuma que lhe chegasse aos calcanhares. Quando ela cresceu passou a dominar a extensão do casario mais próximo com os seus latidos graves. Tudo nela era imponen-te; a maneira como parava a escutar, de cauda levantada e a seguir arrancava a toda a força, disposta a salvar o mundo, justifica por si só este artigo.Dos domínios quotidianos da nossa mascote constavam vários afazeres. As mulheres que iam de manhã buscar o leite? Um cão menos dotado teria feito finca pé em dar sinal todos os dias mas a nossa diana não; só ladrava se elas trouxessem as netas ou se se fizes-sem representar por alguém diferente. Era um reinado que incluía momentos de silêncio, portanto (desculpa Paula, o bob veio muito depois e não tinha a classe da mãe).Nunca fui próximo de gatos. E com o que por aí se diz deles, ainda bem... os amigos querem-se fiéis e carinhosos... o serem macios e poderem enroscar-se em nós em regime de sofá vem em segundo lugar. Junte-se a isso as consi-derações sobre a simples majestade e imponência física e acho que estamos conversados.De modo que a única outra espécie de animal de estimação que tive foram ca-

racóis (os coelhos eram do meu irmão). Os ilustres gastrópodes marcaram a sua presença no meu quarto da rua do Rego durante uns bons meses; comiam folhas de certas árvores e, na sua falta, papel molhado. Eu contemplava-os na sua caixinha de tampa de plástico com uns furinhos.Entre horas diferentes, era vê-los em outras posições ou então não, sempre na mesma. Às vezes era eu quem os fa-zia sair de casa, os preguiçosos! Quan-do chegava ao quarto ia ver o que era feito deles. Até aconteceu fugirem de dentro da caixa... o adesivo estava mal posto e eles saíram, os marotos! Pas-saram a ser gremlins! Perdeu-se uma folha de papel que estava em cima da secretária... o óbito registava: embaba-mento abrasivo de origem criminosa!Depois veio o serafim, canino de raça incerta chamado ao justo dever de pro-teger o lar de incursões criminosas. Eu gostava do serafim; ele é que não devia gostar de toda a gente. Não, não é caso de ciúme: só que a espionagem a favor do inimigo é felonia, é alta traição! De resto, foi memorável a iniciativa de ata-car com coragem um cão maior do que ele, um tal de excalibur.Entra em cena dostoyevski. Chegou cachorrinho precoce, mal desmamado, tinha sido abandonado. Ganiu como um demónio nos primeiros dias e eu não sa-bia o que fazer (então Teodoro, era só metê-lo dentro de casa num caixote e fazer-lhe companhia... next time!). Com a trasladação para uma nova casa, uns meses depois, o bicho inocente tornou-se dono da área circundante. Mas tive de devolvê-lo... digamos que se revelou como um «exterminador implacável».Nem me lembrei, é caso de agora, que meu pai também foi pedir desculpa a uma vizinha uma vez que a diana des-baratou, num festim bastante sangren-to, não sei quantas galinhas.

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OPINIÃO

TEXTO / Pe. Teodoro Medeiros

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COMUNICARA FESTA BRAVA

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COMUNICARA FESTA BRAVA

Há vozes a favor e contra a “festa brava” es-palhadas pelos quatro cantos do globo, sen-do a tradição a tese dos primeiros e a violên-cia o argumento dos segundos. Desde o 1º de Maio, e prolongando-se até 15 de Outubro, a época oficial das tradicionais touradas à corda nas ‘canadas’ e nos terrei-ros da ilha Terceira renova-se no arraial e, noutra vertente, nas corridas na arena.Esse património tem sido alvo de debate nos últimos tempos e, por isso, o início deste ano ficou marcado pela segunda edição do Fó-rum Mundial de Cultura Taurina, que decor-reu em Angra do Heroísmo, subordinada ao tema “A Comunicação”. A iniciativa permitiu o encontro de especialistas oriundos de di-versos países. A revista “U” falou com Hélder Milheiro, um dos rostos mais jovens à frente da acção pro-taurina em Portugal – Prótoiro – Federação Portuguesa das Associações Taurinas. Revista U (U) - A Comunicação foi o tema de fundo que dominou o II Fórum Mundial de Cultura Taurina. Actualmente, os Media dão visibilidade à tauromaquia?Hélder Milheiro (HM) – Existem duas reali-dades distintas. Em relação aos média gene-ralistas (televisão, rádio, jornais), estes vivem alheados da realidade tauromáquica, que em muitos casos é intencional, sendo vetada a publicação de notícias sobre tauromaquia, por puro preconceito. Isso é claro se olhar-mos para os cerca de 900 mil espectadores que acorrerem anualmente às praças de tou-ros, aumentando para cerca de três milhões de pessoas, se juntarmos os festejos de rua, como a tourada à corda, as largadas, entre outras. Apesar de ser um dos espectáculos culturais mais frequentado pelos portugue-ses os media insistem em não o noticiar. É uma situação que a Prótoiro trabalha para alterar.

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Page 18: Revista U 13

A outra realidade são os média regio-nais. Estes estão muito mais atentos, sem preconceitos e cuidadosos com as manifestações culturais que ocor-rem na sua região, como é o caso da “A União”, aqui nos Açores. Estes seguem e noticiam todas as manifestações culturais, prestando um serviço funda-mental à cultura portuguesa.

U - Considerando os blogues e as redes sociais, de resto o seu tema de inter-venção no âmbito do mesmo Fórum, as páginas de conteúdo pro-taurinas surgem por necessidade de defender a ‘festa brava’ ou por alternativa aos meios de comunicação social?HM - Pelas duas razões. É sempre necessário a existência de alguns standards de qualidade, quer seja nos média tradicionais quer seja nos meios on-line, como os blogues e redes so-ciais. Em termos de uma periodicida-de diária, os blogues vieram substi-tuir essa ausência de um standard de informação taurina, quer nos média generalistas quer nos média taurinos. Acima de tudo creio que estes novos órgãos de comunicação têm sido de uma riqueza extraordinária. Por um lado revelam a enorme proactividade e paixão que move os aficionados, por outro lado, revelam o quanto a festa é dos aficionados.

ANTITAURINOS VIRTUAISU - Os movimentos sociais anti-tau-rinos parecem mais expressivos hoje em dia e as suas manifestações as-sumem ambientes por vezes teatrais como o caso de Pamplona, organizado pela PETA. É uma forma de exercer a democracia?HM - A liberdade é a expressão máxi-ma da democracia e todas as formas bem-intencionadas de viver a liberda-de são legítimas e louváveis. Antes de mais é preciso clarificar que os movi-mentos antitaurinos não são mais ex-pressivos, pois o número de elementos que vemos nessas manifestações é sempre muito reduzido. O movimento antitaurino é um movimento virtual, alimentado na web, mas que não tem correspondência com a realidade. Não

só porque muitos dos perfis de activis-tas online são perfis falsos geridos por uma só pessoa, como no caso das ac-ções de protesto por email, são usados mecanismos informáticos de criação artificial de contas de email para multi-plicar os envios. A grande parte desses emails enviados não correspondem a uma pessoa, são fraudes completas.

U - Em declarações à imprensa re-gional, a presidente da Associação ANIMAL, defendeu a possibilidade de “abolição dos toiros”. Existe tal proba-bilidade?HM - Esse é o sonho desses extremis-tas e proibicionistas que pretendem impor “à força” as suas ideias aos por-tugueses. Isso é algo que nunca po-deremos aceitar, porque somos pela democracia e pela liberdade. A cultura não é de ninguém, é de todos e todos devem ter a liberdade de a viver como é próprio de um Estado de direito de-mocrático. Aliás, convém não esquecer que a ANIMAL defende tanto a aboli-ção da tauromaquia, quanto defende a abolição do consumo de carne, o fim da caça, da pesca desportiva, da utili-zação de animais em espectáculos ou manifestações similares. Apesar dos desejos de uma pequena minoria, a abolição é uma realidade bem distante da nossa realidade, se me permite a redundância. U - Como classifica os Açores no con-texto mundial da cultura tauromáqui-ca tendo em conta a sua situação ge-ográfica?HM - Os Açores têm vindo a afirmar-se gradualmente como uma referência no mundo taurino, sendo hoje a capital atlântica da tauromaquia, fazendo a ponte entre os dois continentes tau-rinos, a Europa e a América. Para isso muito têm contribuído, além da enor-me afición dos açorianos, os dois Fó-runs Mundiais de Cultura Taurina, que têm levado o nome e as magníficas imagens e tradições dos Açores a um vasto público-alvo turístico. Por outro lado, as Sanjoaninas são hoje seguidas em todo o mundo taurino. A eleição da ganadaria terceirense, Rego Botelho, como a melhor da tempora-

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“A cuLTuRA não é dE nInGuéM, é dE TodoS”

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da do Campo Pequeno de 2011, criou um marco na história da tauromaquia açoriana e nacional. Não só porque consagrou a qualidade do touro criado nos Açores, mas também porque teve eco em todo o mundo taurino. Há uma vivência tão profunda e tão autêntica das tradições taurinas, sobretudo na Terceira, que fazem com que os fes-tejos taurinos sejam indissociáveis da identidade açoriana. FESTEJOS TAURINOS IDENTITÁRIOSU - Com base na acção da plataforma PROTOIRO, e depois dos resultados favoráveis aos pro-taurinos, em Janei-ro, na Assembleia da República, contra a tentativa de abolição das touradas em Portugal, o que se seguirá? Luta pela classificação da tauromaquia de Património da Humanidade segundo as normas da UNESCO?HM - A PROTOIRO aderiu recente-mente ao Projeto TauroUnesco, que pretende levar a tauromaquia à clas-sificação de Património da Humanida-de, em conjunto com todos os países taurinos. Além disso, a Convenção da UNESCO para a salvaguarda do Pa-trimónio Cultural Imaterial dos Países, criou um novo instrumento de defesa, preservação e promoção das culturas imateriais dos países, estando os paí-ses signatários, como Portugal, obriga-dos a criar uma lista desse património cultural imaterial (PCI). A Capeia Ar-raiana, tradição taurina do concelho do Sabugal, foi a primeira manifestação a ser classificada como património cul-tural imaterial pelo estado português, ao abrigo desta convenção. Vila Fran-ca de Xira, declarou recentemente os seus festejos taurinos como patrimó-nio cultural imaterial, sendo que vai solicitar a inscrição desses festejos na lista portuguesa de PCI. Há ainda mui-to trabalho e caminho a realizar. U - Olhando o futuro da tauromaquia, as camadas mais jovens da sociedade estarão sensibilizadas para dar conti-nuidade a esta manifestação cultural?HM - A juventude quebrou os tabus e está cada vez mais ligada à tauroma-quia. Já se ultrapassou a ideia de que tauromaquia é algo antiquado e velho, compreendendo-se que a este é um sector cultural bem dinâmico e ativo, sendo criativo como qualquer arte o deve ser. Para isso, muito têm con-tribuído os empresários, que criaram bilhetes a preços mais acessíveis, des-tinados aos jovens, as redes sociais, os mais diversos movimentos de aficiona-dos e a proactividade destes. Também aqui a Prótoiro, tem vindo a realizar um trabalho definido no seu plano de acção, junto das camadas jovens, com acções em escolas e apoio de diversas outras iniciativas. Pelo feedback que temos recolhido fica demonstrado que as camadas mais jovens revelam um interesse real pela cultura do seu País.

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DirectorMarco Bettencourt Gomes

EditoraHumberta Augusto

RedacçãoJoão Rocha, Humberta Augusto,

Renato Gonçalves, Sónia Bettencourt

Design gráficoFrederica Lourenço

PaginaçãoIldeberto Brito

Colaboradores desta ediçãoAdriana Ávila, Ana Pereira, Antonieta Costa,António Félix Rodrigues, António Marujo,Baltazar Pinheiro, Carmo Rodeia, Dulce Vieira,Frederica Lourenço, Joaquim Neves, Inês Ramos,José Júlio Rocha, Paulo Brasil Pereira, Rildo Calado,Samuel Fagundes, Teodoro Medeiros eTomaz Dentinho

Contribuintenº 512 066 981nº registo 100438

Assinatura mensal: 9,00€Preço avulso: 1€ (IVA incluído)

Tiragem desta edição 1600 exemplaresMédia referente ao mês anterior: 1600 exemplares

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DAUtiliDaDeDO inútil

«O que é mais importante (criar, man-ter, repensar) na relação da Igreja com a Cultura?» Primavera é sinónimo de novos ares, horizontes abertos, cores renovadas. Esta Primavera, mesmo se pouco respeitadora da tradição climática, trouxe-me pequenos sinais do que pode ser uma resposta à pergunta: “O que é mais importante criar, manter, repensar na relação da Igreja com a cultura?”Dei comigo a pensar porque é que, em plena crise, centenas de pessoas aproveitaram a hora de almoço de 21 de Março para ir ouvir a Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, ao fun-do do Parque Eduardo VII, em Lisboa. Temos que trabalhar para sermos úteis ao país, ouvimos todos os dias. Temos que trabalhar muito, repetem-nos à exaustão. O que estávamos, en-tão, ali a fazer naquela saudação pri-maveril convertida em música, usando um tempo útil (tempo é dinheiro...) para ouvir uma orquestra ao ar livre, coisa inútil? Afinal, sem crise, com crise ou apesar da crise, as pessoas procuram divertir-se, fazer pausas no quotidiano. Muitas vezes, para tentar fugir dos proble-mas, assumindo uma alienação pouco saudável. Outras, entrando no diver-timento industrializado e massificado que, por vezes, deixa de ser diverti-mento e passa a ser apenas mais uma ocupação forçada do tempo. Mas ele existe, o tempo do diverti-mento, do lazer, da festa. E levanta tremendos desafios aos cristãos. Quer na forma como se divertem ou usam o tempo livre, quer na forma como pro-põem a utilização. Que fique claro: não defendo que tenha que haver filmes cristãos, festivais de música cristã ou bares cristãos numa espécie de so-ciedade “purificada” e alternativa ao que existe. Mas na forma como cada um se situa ou naquilo que se propõe pode ser também traduzida uma iden-tidade. No precioso texto Do Tempo Livre à Libertação do Tempo, do Secreta-

riado Nacional da Pastoral da Cultura (disponível em http://www.snpcultu-ra.org/do_tempo_livre_a_libertacao_do_ tempo.html), pode-mos ler que “a democratização, o incremento das propostas culturais de vivência dos tempos livres são aspectos positivos de uma mutação profunda nos modos de vida, conso-lidando uma consciência do direito ao bem-estar e à qualidade de vida”. Por isso, a sua utilização é um “factor de desenvolvimento e acréscimo que dá vida à vida”.Entre outras ideias importantes para os tempos que correm, o documento diz ainda que “a gratuidade do lúdico mostra uma dimensão existencial que não podemos negligenciar, abre uma

TEXTO / António Marujo | SPNC

DIÁLOGO

A SAGRAÇão dA PRIMAvERA

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clareira no utilitarismo habitual com que se pensa o tempo (time is money) e, em consequência, o homem. (...) Pensar o que se faz do tempo é reflec-tir como se define o homem.”Esta afirmação leva-me a pensar que tive pena ter visto a Igreja abdicar tão prontamente da afirmação de uma outra antropologia que não a que nos pretende vender o homo economicus como única via: perante a ditadura financeira que nos cerca, a atitude deveria ter sido a de dizer a políticos, economistas, comentadores e finan-ceiros que não deveríamos perder sa-lários nem nenhum feriado – nenhum mesmo, civil ou religioso. Para além das razões económicas que outros já sublinharam (trabalhar mais quatro ou cinco dias não resolve o problema do país; a questão não é que os portugueses trabalham pouco...), há outra razão mais funda: a celebra-ção, a festa, introduz um tempo de diferenciação fundamental para a vi-vência dos afectos, do lúdico, da con-templação. E é isso que nos torna mais pessoas. O discurso da Igreja repete-o incessantemente, teria sido bom tê-lo traduzido numa posição concreta. O tempo livre coloca-nos perante outra questão: ele é hoje um território ocu-pado em grande parte pelos jovens. E não é preciso fazer grandes esfor-ços para reconhecer a dificuldade de a Igreja chegar aos mais novos – seja pelo discurso, seja por algumas práti-cas. Na sua Breve História da Alma, o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cita Jack Kerouac, em Pela Estrada Fora: “A vida é sagrada e cada momento é pre-cioso.” Esta é uma imagem da cultura juvenil actual, perante a qual a men-sagem “eterna” da Igreja deve acei-tar pôr-se em causa (por isso, penso que se teria acertado muito mais se, no ano de Guimarães Capital Europeia da Cultura e de Braga Capital Europeia da Juventude, se tivesse escolhido o tema da cultura juvenil para a sessão do Átrio dos Gentios que terá lugar em

Guimarães, em Novembro).Jogar a vida. Os afectos, os anseios, as expectativas, o trabalho, o amor, a contemplação, o gratuito. Poder sim-plesmente olhar o mar, escutar uma música, ler um livro, ver um filme, passear, estar com amigos, beber um café... Na mesma entrevista, o cardeal Ravasi acrescentava: “Os modelos de desenvolvimento deveriam ser de tipo humanístico (...). A religião deve fazer qualquer coisa nesta linha. E também a cultura: impedir que tudo esteja nas mãos da finança, que o primado seja o do poder financeiro e do ter. (...) Henry Miller, descrente e anticristão, autor do Trópico de Câncer, escrevia: ‘A arte, como a religião, não serve para nada a não ser para mostrar o sentido da vida.’ Isto não é pouco.”É mesmo muito.

DIÁLOGO

PoLLock: ALIEnAÇão?

cARIcATuRA dE JAckSon

do TEMPo LIvRE à LIBERTAÇão do TEMPo

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POEMaVi um mocho sobre o piano. E um gato preto dormindo a teus pés.Vi flores nascerem no chão ao som das notas. Seriam papoilas?

Não te vejo os dedos, mas pressinto-os. O frémito tilintar das notas afasta a morte e as angústias para lá da sala. E a pauta, inútil, já caiu ao chão.

Não sei onde estás, mas pressinto-o. Uma sala ampla, aberta de clarões de luz, longe do ruído da cidade. Longe do mar poluído.

Tua envolvente é límpida, como água. Como o brilho do piano lacado. Como o branco das teclas de marfim.

Não ouço o que tocas, mas pressinto-o. Vem ao meu encontro e entra-me cor-po adentro. Percorre-me as veias até ao coração. Depois de uma ligeira paragem cardíaca, volto à vida, mais serena.

Não te vejo o rosto, mas pressinto-o. Sei-te mulher. Tens os olhosfechados e a testa ligeiramente franzida. Interio-rizas a música que te sai da alma e volta a entrar pela pele.

Não te sei o nome, mas pressinto-o. Tens o nome das madrugadasde Maio. Das papoilas vermelhas nos campos de trigo. Um nomecom poucas letras e de vogais abertas.

Não te leio os pensamentos, mas pressinto-os. Uma saudade dorida, um desencontro. A carne rasgada por um amor perdido. O consolo possível nas teclas do piano.

Deixaram-me entrar na foto em que tocas. Apenas me disseram: entra e sente.E eu entrei. Fiquei parada, de braços caídos. Espreitando-te por uma fresta a preto e branco, captada num clic, no momento preciso.

Vi um mocho sobre o piano. E um gato preto dormindo a teus pés.Vi flores nascerem no chão ao som das notas. Seriam papoilas?

E o piano ganhou vida de repente, tornou-se humano. Criou braços que te envolveram. E juntos partiram para uma qualquer nuvem, deixando-me aqui. De braços caídos. Em silêncio.

TEXTO / Inês Ramos

FOTO / Dulce Vieira

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Page 24: Revista U 13

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Page 25: Revista U 13

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A VINHADO MEU Amigo

Sentado no banco de uma estação de comboios da cidade decadente. A estação parece ser mesmo a única coisa que permanece nesta cidade dos homens. Passam por ela as pessoas. Passam demasiado apressadas pela frente do banco onde me sentei. Há outras pessoas, muito mais apres-sadas, que se sentam ao meu lado, ou noutros bancos. Inúmeros, imen-sos relógios empurram o tempo para a frente e, por causa dos relógios, o tempo anda mais depressa nas estações do que dentro dos próprios comboios lá estacionados. Partem eles também, os comboios, ao som me-tálico e ausente da menina suave. Só fica a estação.Há pouco, no quiosque, vi uma revista de cariz filosófico com um estranho nome: NADA. Esse era o título. Quem escreve “nada” podia muito bem não escrever nada. E tratando-se de uma revista de cariz filosófico, adivi-nho que ela transpire um existencialismo mordaz, um niilismo nervoso, a atender para o mais absoluto dogmatismo. De nada, nada se faz, de modo que, se em vez da revista NADA nada houvesse, nada mudaria. É então que passa por mim um palhaço. Não que tenha uma batata ver-melha no nariz, uma cara pintada ou faça pantominas. Palhaço porque é uma pessoa absolutamente normal. Vem a rolar os olhos tristes pelo chão sujo da gare. Uma tristeza imensa pesa-lhe nos ombros lentos e a cara feia, de músico, de pianista com um quê de genial e desesperado. Dá a impressão que acabou de tocar na boda do casamento da mulher que ama desesperadamente. E que tocou com todas as cordas da alma aquela angústia e ela não deu por isso.Ao entardecer, as estações enchem-se dessas histórias. Cada transeun-te anónimo carrega histórias que existem precisamente para não serem contadas. E é essa tragédia que nos torna palhaços. À minha frente, por exemplo, um homem, que aparente ter mais vinte anos do que realmente deve ter, envermelhece da cara, e os olhos azuis, sofredores e inocentes, parece que vão chorar sozinhos, sem sequer o dono deles chorar com os olhos. Faz-me lembrar um amigo meu que tinha uma vinha.Cercou-a com uma protecção, construiu-lhe um lagar e amou-a como se ama uma mulher ou um filho. Na estação dos frutos, ela só produziu abro-lhos.Que fez o meu amigo? Ele não sabe senão amar a sua vinha. Declarou-se a si mesmo ofendido, mas percebeu, há milhares de anos, que amar é deixar partir.O homem com os velhos olhos azuis acabou de olhar para mim vai contar-me pelo menos uma das suas histórias. Mas os relógios da estação em-purram o tempo para a frente.

OPINIÃO

TEXTO / Pe. José Júlio Rocha

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ROCk IN RIO,3 dE JUNhOVamos começar pelas observações negativas; o «evento» apresenta muitas barracas e diver-sões e tendas e «expe-riências». Tudo isso é bom; o que se critica aqui é a “overdose” de pu-blicidade e a mistura de diversão com activida-des que são lucrativas. É uma perspectiva pessoal, claro. Mas não gosto que usem os momentos em que me estou a divertir para me venderem seja o que for: por acaso não sei onde ficam as lojas?Outro caso discutível é a localização das casas de banho: se a maior parte de oitenta mil pessoas se concentra num certo ponto, porque razão são localizadas num ponto mais deserto? Talvez seja maneira de fazer cir-cular as pessoas e fê-lo, mas a muitos de má von-

tade, ora essa. Prémio do «quilómetro antes da mi-jinha» 2012.As positivas. E são bas-tantes: concertos, al-guns, de nomes raros em Portugal, a que se pode assistir e participar num ambiente festivo e descontraído. Um acon-tecimento marcado por gerações dos mais novos que se preparam para o que vão ouvir memo-rizando letras de can-ções. E, depois, é vê-los a acompanhar, a plenos pulmões, as versões ao vivo no concerto. E isso é que é concerto; ouvir em silêncio faz-se em casa na sala.Kaiser Chiefs. Música rock de batida ligeira e refrões arrastados ou por um oh ou por um ah. Música juvenil, a despejar versos solenes tipo «só preciso saber que tipo de rapariga és» ou «não acredito que estou este longe de casa». Vai de-morar um mês a destrin-çar tudo isto!Ironias à parte, o vocalista esforçou-se e até prota-gonizou o momento mais insólito da noite musical; sobrevoou a multidão na corda do slide em pleno concerto e sem parar de cantar!Os James debitaram, em chave de profissio-nalismo absoluto, a sua colecção de êxitos FM adaptados a todos os ou-vidos. Os James não têm nenhuma canção muito má mas também não têm nenhuma muito boa: Tim Booth parecia interessa-do em envolver todos e a sua entrega pareceu dar

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TEXTO / Pe. Teodoro

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Rua da Rosa, 199700-171 Angra do HeroísmoTelefone: 295 214 275Fax: 295 214 030

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U. G. A. • Contribuinte nº 512 066 981 • Rua da Palha, 11-17 • Angra do Heroísmo • Aut. Minist. 2-3-88 • 1 bl. c/ 50x3 ex. • 6-2008 Os bens/serviços foram colocados à disposição do cliente nesta data

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M A R Ç OS — 7 14 21 28 —T 1 E 15 22 29 —Q 2 9 16 23 30 —Q 3 10 17 24 31 —S 4 11 18 25 — —S 5 12 19 26 — —D 6 13 20 27 — —

A B R I LS — 4 11 18 F —T — 5 12 19 26 —Q — 6 13 20 27 —Q — 7 14 21 28 —S 1 8 15 F 29 —S 2 9 16 23 30 —D 3 10 17 P — —

M A I OS — 2 9 16 23 30T — 3 10 17 24 31Q — 4 11 18 25 —Q — 5 12 19 26 —S — 6 13 20 27 —S — 7 14 21 28 —D F 8 15 22 29 —

J U N H OS — 6 R 20 27 —T — 7 14 21 28 —Q 1 8 15 22 29 —Q 2 9 16 F 30 —S 3 F 17 24 — —S 4 11 18 25 — —D 5 12 19 26 — —

J U L H OS — 4 11 18 25 —T — 5 12 19 26 —Q — 6 13 20 27 —Q — 7 14 21 28 —S 1 8 15 22 29 —S 2 9 16 23 30 —D 3 10 17 24 31 —

A G O S T OS 1 8 F 22 29 —T 2 9 16 23 30 —Q 3 10 17 24 31 —Q 4 11 18 25 — —S 5 12 19 26 — —S 6 13 20 27 — —D 7 14 21 28 — —

S E T E M B R OS — 5 12 19 26 —T — 6 13 20 27 —Q — 7 14 21 28 —Q 1 8 15 22 29 —S 2 9 16 23 30 —S 3 10 17 24 — —D 4 11 18 25 — —

O U T U B R OS — 3 10 17 24 31T — 4 11 18 25 —Q — F 12 19 26 —Q — 6 13 20 27 —S — 7 14 21 28 —S 1 8 15 22 29 —D 2 9 16 23 30 —

N O V E M B R OS — 7 14 21 28 —T F 8 15 22 29 —Q 2 9 16 23 30 —Q 3 10 17 24 — —S 4 11 18 25 — —S 5 12 19 26 — —D 6 13 20 27 — —

D E Z E M B R OS — 5 12 19 26 —T — 6 13 20 27 —Q — 7 14 21 28 —Q F F 15 22 29 —S 2 9 16 23 30 —S 3 10 17 24 31 —D 4 11 18 N — —

Guerrilhas, N.º 34 – Terra-Chã • 9700-685 Angra do Heroísmo

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resultados.Nada de novo a dizer so-bre Xutos (estão a ficar muito pesados?). Bruce Springsteen apresentou a sua versão da crise (ladrões que comeram tudo o que encontraram e cujos crimes ficam por julgar caminham pelas ruas como homens li-vres). Também passou com distinção o exame na categoria de animal de palco: vê-lo «provocar» o público com os desmaios fingidos e as poses cómi-cas ao final é suficiente para nota máxima.No contexto próximo, foi slide sem precisar de corda.

O qUE SE CRITICA AqUI é A “OVER-DOSE” DE PUBLICIDADE E A MISTURA DE DIVERSÃO COM ACTIVI-DADES qUE SÃO LUCRA-TIVAS

PARTIDAS

MuLTIdão no Rock In RIo

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11 junho 2012 / 28

“o cavalo, como toda a gente sabe, é a parte mais importante do cavaleiro.”

Jean Giraudoux

O ESPÍRI-TO SANTO DEVE SER PATRIMóNIO DA HUMANI-DADE?

quEstionÁRio

SIM 79,72%

não 20,28%

CARTOON

óCIOS / OPINIÃO

AS MAIS viStaSONLINE

Adverte Pe Francisco Dolores - OS IMPéRIOS DOESPÍRITO SANTO NÃO TÊM LUGAR PARA VAIDADES

De 2012SANJOANINAS LANçAM PROGRAMA FINAL

F. S.

ENTRETENIMENTO / OPINIÃO

07 maio 2012 / 28

“Citação e/ou frase aqui.”

AS MAIS VISTASONLINE

A MA-ÇONARIA INFLU-ENCIA A POLÍTICA PORTU-GUESA?

QUESTIONÁRIO

SIM

NÃO

CARTOON

Título Aqui

Título Aqui

LEGOSTEXTO / Frederica Lourenço

I am a fan of

Sou absolutamente fã de legos desde que me lembro. Das infinitas possibilidades que aquelas peças minúsculas nos dão, de as podermos encaixar conforme “nos dá na telha” e de construir a mais inusita-da das figuras, casas, tudo o que a nossa

imaginação nos disser para fazer. E, no final, desfazer tudo e começar de novo.Nunca gostei particularmente de seguir as regras impostas dos modelos pré-con-cebidos; fazia-me sempre lembrar aque-les bairros americanos demasiado perfei-tos e demasiado impessoais que víamos nos filmes. Não. Uma construção como deve ser tem de ser original, sem seguir padrões estéticos socialmente impostos.Acho que a lego fez muito por mim, à me-dida que fui crescendo, já que me ajudou a desenvolver o conceito estético que tenho, entre outras coisas. Permitia-nos criar cidades inteiras, absolutamente utópicas, nas quais éramos reis e senho-res e onde nós e apenas nós decidíamos quem morava com quem, quem casava com quem, quem fazia o quê. Quando um personagem nos chateava muito, des-fazíamos a casa e pronto, construíamos uma vida nova.A LEGO nasceu em 1932, quando Ole Kirk Christiansen, uma carpinteiro dinamar-quês, quase entrou em falência. Durante a depressão, ele perdeu tanto trabalho de carpintaria que viu como única solu-ção para não perder o negócio o fabrico de brinquedos em madeira. Dois anos depois, baptizou a empresa com o nome LEGO (do dinamarquês “leg dogt” que significa “jogar bem”. Curiosamente, lego também signifiga “eu pus junto”, em La-tim.”). Hoje em dia é uma das marcas de brinquedos mais consagradas do mundo, e não há jogo virtual que a substitua. Per-cebe-se porquê.

Figura da colecção Jogos Olímpicos 2012

Page 29: Revista U 13

11 junho 2012 / 29

LER ao SolO serviço de empréstimo domiciliário da Biblioteca Públi-ca de Angra do Heroísmo apresenta as seguintes novi-dades:

noVidAdEs“Saudades do céu” de Gaspar Frutuoso; “O ro-chedo que chorou” de João Pedro Porto; “Quatro loiras” de Candace Bush-nell; “Platero e eu” de Juan Rámon Jiménez; “Guia prá-

BiBlioteCa De aNGra

tico das urgências familiares” de Anne Geoffroy; “O cír-culo de Megido” de Nathalie Rheims; “Geração blogue” de Giuseppe Granieri; “O último livro” de Zoran Zivkovic “Peregrinação de Enmanuel Jhesus” de Pedro Rosa Men-des e “Manual de competências pessoais, interpessoais e instrumentais: teoria e prática” de José Gonçalves das Neves, Margarida Garrido e Eduardo Simões.

MANUEL d’olivaresÉ inaugurada a 15 de Junho a exposição de pintura “Vôo Às Memórias” de Manuel D’Olivares patente no Foyer do Centro Cultural de Angra do Heroísmo.Esta mostra remete-nos a recordações que Manuel d’Olivares tem da sua infância e parte da juventude vividas na Terceira e o voo que o artista faz entre Bar-celona e Paris, onde vive e trabalha.As obras desta exposição, na linguagem plástica des-te artista fortemente inspirado pela realidade urbana, pinturas sobre tela simulando cartazes publicitários sobrepostos, rasgados e deteriorados pelo tempo, trazem-nos recordações de tradições e cultura da nossa terra, algumas que já figuram apenas na nossa memória.Manuel D’Olivares expõe as suas obras com regulari-dade onde se destacam, em 2009 a individual “Retalls de Ciutat”, Barcelona, e em 2010 na Galeria JN ART em Paris. É co-autor do projecto de música e pintura “Me-teorologia para Piano – duplicidade e cumplicidade”.

“José e Pilar” é o filme de Junho do ciclo “Amostra-me cinema Portu-guês”, a exibir no pequeno auditório do centro cultural de Angra do hero-ísmo, dia 13 de Ju-nho, pelas 21h00.da autoria de Mi-guel Gonçalves Mendes, o docu-mentário reflecte sobre a relação de José Saramago e Pilar del Rio ten-do como ponto de partida “A viagem do Elefante”, livro onde Saramago relata a viagem de um paquider-me desde a corte de d.João III até à Áustria.Ao longo de 125 mi-nutos o filme mos-tra o dia a dia do casal em Lanzaro-te e Lisboa, na sua casa e em viagem, de b r u ç and o - s e sobre o processo criativo do escritor e a “luta” dos dois na defesa da sua visão de um mun-do melhor.“José e Pilar” mos-tra uma Saramago desconhecido do grande público, desfaz alguns mi-tos e prova que o génio e simplici-dade são compa-tíveis, num olhar sobre um dos maiores escrito-res do século XX e onde, como diz o próprio, “se prova que tudo pode ser contado de outra maneira”.uma organização da Associação Bur-ra de Milho.

CULTURA

Page 30: Revista U 13

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RUMPiStolTEXTO / Adriana Ávila

Jens Berents Christianse, nascido em 1978, dá vida ao projeto Rumpistol. O seu legado enquanto músico compreende-se entre con-jugações de música pop e experimental, dei-xando sempre um traço característico. As suas influencias são sobretudo o dub, click-hop e o downbeat. Com uma discografia homónima iniciada em 2003 pela Rump Records, lança este ano o seu quarto albúm intitulado “Floating”, que conta com a colaboração do vocalista de Los Angeles

reD BaroN - FloatiNG

Red Baron. Este disco transmite um paralelis-mo entre dois mundos com temperaturas muito antagónicas, transformando-se numa união en-tre o destino quente do “sonho americano” e a capital fria da Dinamarca.

EscREVARtEA terceira edição do workshop Escrevarte tem lu-gar a 23 de Junho, das 10H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30, na Academia das Artes, em S. Miguel.A cargo de patrícia Carreiro, os textos literários pro-duzidos nesta edição serão baseados na exposição “Gente da minha Terra”, de Margarida Faria.

TEATRO NA riBeiriNHaO Roteiro Cultural pelas Freguesias de Angra do Heroísmo tem paragem na Casa da Lata, Ribeirinha, a 16 de Junho, com a apresentação da peça “ A Va-randa” da autoria de Jean Genet, levada a cabo pelo Grupo de Teatro A Sala.Com encenação de Luís Carvalho, a peça conta a história de um bordel dirigido por Irma, onde as Al-tas Dignidades, bispo, juiz, general e Chanceler, en-tre outras, decidem os destinos de uma nação.Entrada livre, com o espectáculo marcado para as 21H00.

AZuRE com programaA sexta edição do festival Azure, que decorre de 30 de Agosto a 1 de Setembro na Zona de Lazer de S. Brás, vai apresentar pela primeira vez músicos oriundos de quatro países.Os portugueses Amor Electro, o cabo-verdiano Dany Silva, o DJ alemão Lopazz e os californianos Skywalker 1nine são os cabeças de cartaz do festival, que também inclui actua-ções de Beatbombers, Miguel Rendeiro, Fitacola, Ganeisha e Noleaf, além dos DJ Ride e Raquel e de bandas regionais.

CULTURA

Page 31: Revista U 13

11 junho 2012 / 31

TORNEIO De s. JoãoO Pavilhão Municipal de Angra do Heroísmo será palco no dia 23 de Junho do Torneio de S. João, uma organização da Associação de Judo

Judo

da Terceira.Esta prova encerra a primeira parte des-portiva da época de 2012, nos escalões de Benjamins (até 10

anos), Infantis (11 anos), Iniciados (12 anos) e Ju-venis (13/14 anos).O torneio decorre entre as 10H00 e as 13H00.

o Auditório do Ramo Grande na Praia da vitória recebe a 16 de Ju-nho, a partir das 20h30, o vI Festi-val da canção In-fantil Sol Menor.com entrada gra-tuita, o público po-derá assistir às ac-tuações de quinze 15 crianças, entre os 8 e os 12 anos, oriundas de diver-sas freguesia da Terceira.o Iv Festival da canção Infantil “Sol Menor” é or-ganizado pela câ-mara Municipal da Praia da vitória e pela Praia cultu-ral.

23 De JUNHo

OPINIÃO / AGENDAOPINIÃO / AGENDA

07 maio 2012 / 31

PASSING

CLOUDTEXTO / Rildo Calado

HEADLINE HERELores aut quidebis dis nitatem et que pel ime nosse-quam, officae cesecto etum rae quibus acesto quaspiet faccum iligenimi, sam et, quidebitis antia

TITLE HERE

dolorestibus conse-quate int entus quo doluptiatus dolo earum rem arum volora vita arum reictissi utatae. Et aborero cone etur, cuptatem que com-moluptas quiae et, ve-liqui accusam facculp

TITLE HERE

ariorum vel il es volor simus, core quistib eribus voluptis earum vendae cum exerum arum quiant. Ehendit, sinto verovitio. Ut est, ut incid quas inullor estiusa picaboremque nonsed quibearum que est, quiasped eos auditem poreptas doloriti omnimpo-riate invellaut expediciis quias mos sam alite quid quas ella Lit et qui debis magnates dolupta erfe

Xeratem quost autemos dipsam ut imagnam, offic totatur? Quiditam alia iducidentia si-tias millupis et om-nim ex enis as eost eosaper ibeaquo ma del ipis dolor ad eument, con cor-ectatiam dolorese pratiant quam que volo molorro ex et vit qui ditessun-di unte ella nate nobitatem quis quossimodia quis delisci psapedi beritem ilit quis in-venis consequ un-dignam aut most, cum fugition eium eratur res ipsamus eatum etur sapitat iaecaep udaera-tiatur aditatis no-bitib usante qui as rersperae latis ex exerae. Ipicipitium que et, quatur res

Imagine poder embar-car numa nuvem gi-gante, e viajar sem rumo pelos céus.Trata-se de um balão com estrutura em aço coberta com mantas de nylon branco que simu-lam uma nuvem real. Sem qualquer mecanis-mo de direccionamento, a Passing Cloud levar-nos-ia literalmente ao sabor do vento. Assim

sendo, os passageiros jamais saberiam o seu des-tino. Utópico? Talvez, mas a verdade é que o autor deste projecto acaba de ganhar o prémio Condé Nast Traveller Innovation & Design Awards 2012, na categoria Aviação com ele. Chama-se Tiago Barros, é arquitecto e é português. A “Passing Cloud” seria o meio de transporte mais ecológico de sempre, tendo sido o termo sustentabilidade a palavra de ordem para a concepção deste pro-jecto. Tiago acha “necessário propormos novos conceitos de transporte, sustentáveis, que mel-horem a qualidade de cada viagem e minimizem custos e impacto na Natureza, que está cada vez mais frágil”

www.tiagobarros.eu/

Page 32: Revista U 13