Revista Viração - Edição 24 - Fevereiro/2006
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Você
Telona
Conheça a atuaçãopolítica de jovensde outros países
EncontroGLOBAL
RAÇÃOVi RAÇÃOViProjeto social impresso sem fins lucrativos · Ano 4 · No 24 · Fevereiro de 2006 · R$ 4,00 · www.revistaviracao.com.br
Cartão-PostalQUE FIGURA!Sepé Tiaraju
Mudança, atitude e ousadia jovemMudança, atitude e ousadia jovem
Rap e política:galera entrevista
Rappin´ Hood
VOZ daPERIFERIA
BRINDE
BRINDE
Conheça a atuaçãopolítica de jovensde outros países
EncontroGLOBAL
Rap e política:galera entrevista
Rappin´ Hood
VOZ daPERIFERIA
naVocê
Telonana Como o cinema
representa o jovemComo o cinemarepresenta o jovem
Venha e Vire EComemorando três anos de existência
a Viração realizou o I EncontroNacional de Virajovens. O evento,que contou com a participação de20 pessoas, entre coordenadorese colaboradores, aconteceu entreos dias 19 e 21 de janeiro, em Embudas Artes (SP).
O Virajovem (Conselho EditorialJovem) é um núcleo composto por
protagonistas juvenis ligados a projetosparceiros da Viração. Esses jovens sãoresponsáveis por avaliar, pautar e produzirconteúdo para a Vira.
Você também pode participar!
• NATAL (RN)[email protected]
• PORTO ALEGRE (RS)[email protected]
• RECIFE (PE)[email protected]
• RIO DE JANEIRO (RJ)[email protected]
• SALVADOR (BA)[email protected]
• SÃO LUÍS (MA)[email protected]
• SÃO PAULO (SP)[email protected]
• BELO HORIZONTE (MG)[email protected]
• BRASÍLIA (DF)[email protected]
• CAMPO GRANDE (MS)[email protected]
• CURITIBA (PR)[email protected]
• FORTALEZA (CE)[email protected]
• GOIÂNIA (GO)[email protected]
• MACEIÓ (AL)[email protected]
• MANAUS (AM)[email protected]
HOJE, EXISTEM VIRAJOVENS EM 15 CAPITAIS BRASILEIRAS:
Você Também!Você Também!Venha e Vire
Arq
uivo
Vira
ção
juvenisjuvenis
Apoio Institucional
Editorial
ATENDIMENTO AO LEITORRua Fernando de Albuquerque, 93 – Conj. 3
Consolação – 01309-030 – São Paulo (SP)Tel./Fax: (11) 3237-4091 e (11) 9440-7866
HORÁRIO DE ATENDIMENTOdas 9 às 13h e das 14 às 18h
E-MAIL REDAÇÃO E [email protected]
Arq
uivo
Mat
raca
VIRAÇÃOé publicada mensalmente em São Paulo (SP)pelo Projeto Viração da Associação de Apoio
a Meninas e Meninos da Região Sé de São Paulo,filiada ao Sindicato das Empresas Proprietárias
de Jornais e Revistas de São Paulo;CNPJ (MF) 74.121.880/0003-52;
Inscrição Estadual: 116.773.830.119;Inscrição Municipal: 3.308.838-1
AVira entrou no escurinho das salas de cinema para entender
como o jovem vem sendo visto pela Sétima Arte. Filmes
como o polêmico Cidade de Deus, o clássico JuventudeTransviada e o popular Harry Potter são exemplos de
adolescentes representados na telona. A reportagem é assinada
pela galera do NDA!, projeto experimental de conclusão do curso
de Jornalismo de alguns jovens que se formaram no ano passado.
Ao longo dos anos, o cinema criou diversos estereótipos dos
adolescentes, como o do rebelde sem causa, que nem sempre
condizem com a realidade juvenil.
Outra imagem que se tem dos jovens é a de que eles são
alienados; não se envolvem com os problemas do seu país.
A pesquisa Juventude Brasileira e Democracia: participação,esferas e políticas públicas, coordenada pelos Instituto Polis
e Ibase, mostra que esse papo é furado. O jovem se preocupa,
sim, em exercer a sua cidadania. E esse interesse é fundamental,
especialmente neste ano eleitoral. Os integrantes dos Virajovens,
presentes em 15 capitais, são um bom exemplo de protagonismo
juvenil. Eles são responsáveis pela produção e avaliação de
conteúdo da Vira, nas versões impressa e digital. Em janeiro,
virajovens de todo o Brasil se reuniram pela primeira vez
para trocar idéias e planejar o trabalho de 2006, quando a Viracompleta três anos de vida.
A
RetratosRetratosUnir profissionais da comunicação, adolescen-
tes, jovens e organizações que atuam pelos di-reitos da infância tem sido a síntese da ação daAGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INFÂNCIA MA-TRACA desde sua criação, em setembro de 2002,em São Luís do Maranhão.
A Matraca valoriza a participação em articula-ções políticas, como fóruns, redes e grupos te-máticos. Além disso, a organização desenvolveprojetos de comunicação baseados em dois ei-xos: o trabalho com profissionais da área e o tra-balho direto com adolescentes e jovens. A Ma-traca também promove, todos as anos, em par-ceria com a Rede Amiga da Criança e o Unicef, oSeminário Mídia, Infância e Adolescência noMaranhão.
A agência é parceira da Viração, na articula-ção do Conselho Editorial Jovem (Virajovem) dacapital maranhense, sob a coordenação de Mar-celo Amorim.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INFÂNCIAMATRACARua Isaac Martins, 63 – Centro – 65010-690São Luís (MA) – Tel./Fax: (98) 3254.0210E-mail: [email protected]: www.matraca.org.brVirajovem São Luís: [email protected]
CONHEÇA OS VIRAJOVENS EM 15CAPITAIS BRASILEIRAS:• São Luís (MA) – [email protected]• Belo Horizonte (MG) – [email protected]• Brasília (DF) – [email protected]• Campo Grande (MS) – [email protected]• Curitiba (PR) – [email protected]• Fortaleza (CE) – [email protected]• Goiânia (GO) – [email protected]• Maceió (AL) – [email protected]• Manaus (AM) – [email protected]• Natal (RN) – [email protected]• Porto Alegre (RS) – [email protected]• Recife (PE) – [email protected]• Rio de Janeiro (RJ) – [email protected]• Salvador (BA) – [email protected]• São Paulo (SP) – [email protected]
daRGRG
• O ADOLESCENTE NA
TELONA 14A partir do personagem decinema Harry Potter, que chegaà adolescência na série de filmesque protagoniza, saiba mais sobrea relação entre o jovem e aSétima Arte
• TRISTE CONFLITO 18Em Campo Grande, região admi-nistrativa do Rio de Janeiro,há uma grande contradição: a depossuir a maior população infantile o menor índice de iniciativassociais e atenção à criança
MAPAmina
Maíra Soares
Conselho EditorialCecília Garcez, Ismar de Oliveira eIzabel Leão (Núcleo de Comunicaçãoe Educação – ECA/USP), ImmaculadaLopez, João Pedro Baresi,Mara Luquet, Marcus Fuckse Valdênia PaulinoEquipe PedagógicaAparecida Jurado, Auro Lescher,Isabel Santos, Márcia Cunhae Vera LionDiretor Paulo Pereira LimaEditora Juliana Rocha BarrosoRedaçãoDaniela Landin, Felipe Jordanie Marcela MastrocolaColaboradoresAna Lucia Pires, Ana Paula Corti,Ana Rogéria Araújo, Boris TadashiMorokawa, Camila Crosso, CarmenFranco, Carlos DaHora, CarlosGutierrez, Carol Coimbra, CínthiaAlmeida, Cleidson Viana da Silva,Danilo Gomes, Eduardo Santarello,Elaine Leonora, Érika Santana,Fabiana Salviano, Filipe Vilicic,Gabriel Gonçalves, Gabriel Mitani,Giorgio D’Onofrio, Ionara Talita Silva,Jean Canuto, Jeniffer da Silva,José Manoel Rodrigues, José Ramos“Macunaíma”, Juliana Lanzarini,Juliana Mendes, Juliano Fleck,Larissa Roberta, Lentini, LeonardoValença, Lucas Carreira, MaíraSoares, Marana Borges, MarceloAmorim, Marciano Karaí, MarcioBaraldi, Mariana Cacau, Nádja Bium,Natália Forcat, Novaes, NinaNazario, Ohi, Paloma Klisys,Paulo Gonçalo, Rafael Silva, RobertoHunger, Robson de Oliveira,Rogério Santos Costa, RosemeireSantos, Rubens Jesus, Sérgio Rizzo,Suéllen Cristina, Susana PiñolSarmiento, Tathiane Cavalcantee Vinícius BondezanConsultor de MarketingThomas StewardRelacionamento InstitucionalEquipe J5Projeto Gráfico IDENTITÀAdriana Toledo BergamaschiMarta Mendonça de AlmeidaFotolito Digital SANT’ANA BirôImpressão Editora ReferênciaJornalista ResponsávelPaulo Pereira Lima – MTB 27.300Divulgação Equipe ViraçãoAdministração Miguel W. da SilvaE-mail Redação e [email protected]@revistaviracao.com.brPREÇO DA ASSINATURA ANUALAssinatura Nova R$ 40,00Renovação R$ 35,00De colaboração R$ 50,00Exterior US$ 35,00
DIGA LÁ 5ENTRE ASPAS 6QUE FIGURA! 9VIRATUDO 10TESÃO 12VIRA OU NÃO VIRA 13
ECA 25TODOS OS SONS 29REVELE-SE 30TURMA DA VIRA 32DESAFIO 33VIRAÇÃO SOCIAL 34
Sempre na ViraSempre na Vira
• COMUNICAÇÃO E
CULTURA 20Alunos das escolas do Cearáproduzem jornal em sala de aulae colocam a boca no trombone
• SUJEITO HOMEM 22O rapper Rappin’ Hood falou como pessoal do Consórcio Socialda Juventude “Geração Cidadã”sobre rap, sua carreira, periferiae política
• JUVENTUDE QUE
PARTICIPA 26Pesquisa desmente lenda deque jovem é alienado e comprovaque ele é engajado, sim
• MIL E UMA REFLEXÕES 28História de vida de quem resisteàs ameaças cotidianas do crimeorganizado na periferia de BeloHorizonte (MG)
Integrantes do Virajovemde São Paulo (SP) visitamo Museu da Imageme do Som (MIS)
Mariana de Paula BatistaUberlândia (MG)
lá, o site está ótimo, muito criativo!
Redação RespondeQue bom que você gostou, Mariana!A revista semanal digital está quaseno ponto, só faltam algunsacertos finais.
A seção Diga-lá já tem versãoonline, num espaço para debaterquestões da atualidade e promovera conversa entre os jovens.
Vale a pena visitar. O endereçoda nossa revista digital é:www.revitaviracao.com.br
DIGA LÁESPECIAL AIDS
!!Aureliano BiancarelliSão Paulo (SP)
arabéns pelo trabalho. A revista surpreendeu.Fiquei feliz de ter participado das suas
reportagens, abraços.
(Aureliano colaborou com o texto e as fotosda reportagem Namoro em tempo de aids,da Edição Especial Aids e Juventude)
Redação RespondeAureliano, sua participação foi muito importantepara a realização do projeto. Ficamos felizes queo resultado tenha agradado. É sempre importantelembrar que houve a união de muitas pessoaspara produzir essa edição, assim comotodas as outras da Vira.
!
SITE NOVO!
!
FALA
AÍ! Mande seus comentários sobre a Vira,
dizendo o que achou de nossas reportagense seções. Suas sugestões serão bem-vindas!
Escreva para nosso endereço:Rua Fernando de Albuquerque, 93 – Conj. 03
Consolação – 01309-030 – São Paulo (SP)Tel./Fax: (11) 3237-4091 ou para o e-mail:
[email protected] sua participação!
Márcio Baraldi
O
P Francisco SilvaSão Paulo (SP)
ostaria de informações sobre mudança,atitude e ousadia jovem. Mudançassobre comportamento, DST e aids.Gostaria que vocês me enviassem
uma revista sobre aids.
Redação RespondeFrancisco, será mera coincidência ou você jásabia? A nossa última edição foi um especialsobre aids! Pode deixar, assim que possível,
enviaremos um cópia como cortesia.
G!
ErramosOPS!
GALERA,
Essa não foi umapisada na bola, foi
22 saiu com o acento nolugar errado! O certo é
Heróis de Zumbi. A capapassou pela aprovação da revistada diagramação e dos mais de
uma bola fora na carado gol: a capa da Edição
cem virajovens queparticipam do grupo de
PESSOAL,
ao invés de Transe essa
Outra pisada de bola:na edição do Especial Aids
e Juventude, na reportagemSexualidade em alta, o nome
da proposta do G.T.P.O.S.
e-mails e ninguémpercebeu!
Rede é Tranceessa Rede.
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 246 Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 24
‘‘‘‘QUAL a participação do JOVEM
006 é ano de eleições. Escolheremos nossos re-presentantes para deputados estadual e fede-ral, governador, senador e Presidente da Repú-
blica. Nesse contexto, a participação juvenil na política éfundamental para o fortalecimento da democracia, queapesar das imperfeições, ainda se mostra como o projetopolítico mais eficaz no sentido de tentar dar voz às múlti-plas manifestações da sociedade. Entre elas, estão os mo-vimentos juvenis, uns dos mais vulneráveis às falhas dasdemocracias do mundo. Esse foi um dos aspectos levan-tados nos debates do 1º Encontro Global da Juventudepara a Democracia e Participação Política, realizado de 13
a 15 de dezembro de 2005, em Santo André, na GrandeSão Paulo. O evento reuniu jovens e interessados de di-versos países para pensar a atuação da juventude em al-guns segmentos da sociedade, proporcionando uma tro-ca de cultura e uma construção de conhecimentos. Du-rante os três dias, além da presença juvenil na política,discutiu-se também a ação dos jovens na mídia, nos mo-vimentos sociais e religiosos.
Para aprofundar o assunto, recomendamos a leitura deO poder jovem: história da participação política dos estu-dantes brasileiros, de Arthur José Poerner, que traz maisinformações sobre a atuação juvenil na esfera política.
2
COLABORARAM: CARLOS DAHORA, VINÍCIUS BONDEZAN, ROSEMEIRE SANTOS,ÉRIKA SANTANA, LARISSA ROBERTA, GABRIEL GONÇALVES, ELAINE LEONORA,
JENIFFER DA SILVA, JOSÉ RAMOS “MACUNAÍMA”, JULIANA MENDES, RUBENS JESUS,SUÉLLEN CRISTINA, do Consórcio Social da Juventude Geração Cidadã e fotos: Maíra Soares
Do localglobalao
Do localglobalao
na democracia no seu país?BERNICE ANG, 25 anos,
Cingapura
A juventude no meu paísé muito apática diante da
política, porque o governo usaa mídia para expor a participa-
ção política de uma maneiranegativa. Eles usam essa técnica
para suprimir os movimentosde oposição, não só nos jornais
e na mídia impressa, mas tambémnos discursos do Parlamento.
CINGAPURA
Superfície: 682.7 km²Capital: Cidade de CingapuraNacionalidade: cingapurensePopulação: 4.425.720Localização: Sudeste da Ásia
Governo: República ParlamentaristaLínguas: Mandarim 35%, Inglês 23%, Malaio 14.1%,
Hokkien 11.4%, Cantonês 5.7%, Teochew 4.9%, Tamil 3.2%,outros dialetos chineses 1.8%, outras 0.9% (censo 2000)
Religiões: Budismo 42.5%, Islamismo 14.9%, Taoísmo 8.5%, Hinduísmo 4%,Catolicismo 4.8%, outras cristãs 9.8%, outras 0.7%, nenhuma 14.8% (censo 2000)Moeda: Dólar cingapurense
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7nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
‘‘‘‘
7nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
ANDREY YUROV, 37 anos, Rússia
Eu acho que estamos numa situaçãomuito complicada, atualmente
na Rússia, porque depois das reformasdemocráticas, a gente está andando paratrás, estamos meio presos, enjaulados.
A maior parte dos jovens se preocupa maiscom suas carreiras e com o desenvolvimento
econômico que com participação, democraciae com os direitos humanos.
MARIA JACINTA JUNIOR, 25 anos,Guatemala
Uma das coisas mais importantes dosjovens na Guatemala, atualmente, é queeles formam uma geração do pós-guerra.A guerra civil durou 36 anos e acabou em
1996. É uma geração com muitos traumas.Dentro da participação na democracia,eu acho que há ainda muita repressão.
GUATEMALA
Superfície: 108.430 km²Capital: GuatemalaNacionalidade: guatemaltecoPopulação: 14.655.189 hab.Localização: América CentralGoverno: República DemocráticaConstitucionalLínguas: Espanhol (60%), línguasameríndias (40% – 23 oficialmente reco-nhecidas, como Quiche, Cakchiquel,Kekchi, Mam, Garifuna, e Xinca)
Religiões: Catolicismo, Protestantismo, IndígenasMoeda: quetzal (GTQ)
RÚSSIA
Superfície: 16.995.800 km²Capital: Moscou
Nacionalidade: russoPopulação:143.420.309 hab.Localização: Norte da Ásia
Governo: FederaçãoLínguas: Russo, línguas minoritárias
Religiões: Cristãos (ortodoxos, catolicismo,protestantismo), islamismo, judaísmo, outras
Moeda: Rublo
JONAH WITEKAMPER, 31 anos,Estados Unidos
O interesse dos jovens é cada vez maiorna área política. Há mais jovens se
candidatando para ser vereador, prefeito,e isso me impressiona. Mas, se analisar-
mos historicamente, houve uma grandequeda. Nesses últimos 40 anos, o número
de jovens que votam caiu progressivamente. E a partirdo ano 2000, começou a crescer de novo.
ESTADOS UNIDOS
Superfície: 9.161.923 km²Capital: Washington
Nacionalidade: estadunidensePopulação: 295.734.134 hab.
Localização: América do NorteGoverno: República Federal
Línguas: Inglês, EspanholReligiões: Protestantismo 52%, Catolicismo
24%, Mormon 2%, Judeus 1%, Islamismo 1%,outra 10%, nenhuma 10%
Moeda: Dólar estadunidense
RYOTA JONEN, 29 anos,Japão
Os jovens do meu país nãoparticipam o suficiente davida política e da democra-
cia. Eles estão mais interessa-dos em fazer parte de grandescompanhias, em ganhar dinheiroe em participar da indústria tecnológica.
JAPÃO
Superfície: 374.744 km²Capital: TóquioNacionalidade: japonêsPopulação: 127.417.244Localização: Leste da Ásia
Governo: Monarquia Constitucionalcom governo parlamentarLínguas: JaponêsReligiões: Xintoísmo e Budismo 84%, outras 16%Moeda: Yen
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 248
KARINA RODRIGUEZ,28 anos, Paraguai
Os jovens paraguaios estão emprocesso de organização, mas é
difícil nos organizarmos pela situa-ção política e econômica do nosso
país. Temos muitos desafios comoa geração que saiu há mais de 35 anosda ditadura. Está tudo por construir-se.
MARCO GOMES, 28 anos,México
Eu acho que não há umacultura de participação.
Existe movimento juvenil,mas não com uma eficiência
e eficácia que eu gostaria de ver.Existe mobilização, mas não existe
um progresso, um avanço.
ZAWZAW, 30 anos,Birmânia
O movimento jovem em Birmâ-nia foi muito ativo de 1988 a
1996. Desde 1988, muitos jovenstêm sido forçados a deixar o país,mortos, torturados ou sendo vítima
BIRMÂNIA
Superfície: 657.740 km²Capital: RangoonNacionalidade: birmanêsPopulação: 42.909.464 hab.Localização: Sudeste da Ásia
Governo: Ditadura MilitarLínguas: Birmanês, grupos étnicos menorestem a sua própria línguaReligiões: Budismo 89%, Cristianismo 4%(Batista 3%, Católico 1%), Islamismo 4%,religiões tradicionais 1%, outras 2%Moeda: Kiat
MÉXICO
Superfície: 1.923.040 km²Capital: Cidade do MéxicoNacionalidade: mexicano
População: 106.202.903 hab.Localização: América Central
Governo: República FederalistaLínguas: Espanhol, línguas maias,Nahuatl e outras línguas indígenas
Religiões: Catolicismo 89%,Protestantismo 6%, outras 5%
Moeda: Peso Mexicano PARAGUAI
Superfície: 397.300 km²Capital: AsunçãoNacionalidade: paraguaioPopulação: 42.909.464 hab.
Localização: Centro da América do SulGoverno: República Constitucionalista
Línguas: Espanhol (oficial), Guarani (oficial)Religiões: Catolicismo 90%, Mennonite
e outras protestantes 10%Moeda: Guarani
ZIMBÁBUE
Superfície: 386.670 km²Capital: Harare
Nacionalidade: zimbabuensePopulação: 12.746.990 hab.Localização: Sul da África
Governo: Democracia ParlamentarLínguas: Inglês (oficial), Shona, Sindebele
Religiões: Cristianismo 25%, religiõestradicionais 24%, Islamismo e outras 1%
Moeda: dólar zimbabuense
TAPERA KAPUYA, 25 anos,Zimbábue
No Zimbábue, o desafiode democratizar o país está
nas mãos da juventude. Maze-las como desemprego, falta
de oportunidade e pobreza têmtido um efeito maior sobre os jovens e
eles vêem a solução desses problemasna democratização do país.
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 248
de violência. Os jovens têm sofrido muita opressãodo governo militar. Hoje, a gente pode dizer que não
existe movimento juvenil pela democracia em Birmânia.Durante esses 10 anos em que ficaram na prisão,
os jovens não puderam se manifestar.
9nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
Sepé
Tiar
aju
Sepé
Tiar
aju MARCIANO KARAÍ, de Viamão (RS)QUE FIGURA ...
Apesar de ser jovem, a dor no meu coração é inacre-ditável. Esta dor fica ainda maior quando os anci-ãos relatam o sofrimento do passado visto por eles.
Este pequeno relato sobre o maior guerreiro indígena bra-sileiro, o Sepé Tiaraju, eu ouvi de um ancião que faleceuem 2003 aos 157 anos.
Nas Missões dos Sete Povos (povoados organizadospelos jesuítas no século 17 para evangelizar os indígenasda região onde hoje é o Rio Grande do Sul), os missioná-rios espanhóis tiraram a autonomia dos povos Guarani.Tiaraju, que na língua materna se chamava Araju, era mui-to ambicioso e sempre estava por dentro das fofocas.
Em uma tarde de uma lua (em uma tarde de um mês),Araju chegou quieto, e todos perceberam sua tristeza. To-dos se aproximaram e perguntaram o que se passava, eele com um olhar fixo respondeu: “Nhanderu nhandembopya guatchu paveipe” (A força que Deus mandou to-dos têm). Ao dizer esta frase, todos sabiam o desafio quedeveriam enfrentar juntos.
A tensão se espalhou e todos se prepararam rápido.Uma semana antes do combate todos se reuniram em umamata. Todos os guerreiros falaram da importância de de-fender o território que o Criador deixou para os Guaraniusufruírem. O ancião relatou isso aos seus netos, bisnetose outras pessoas, com muitas lágrimas.
Nesse dia, uma mulher encorajou todos os homens jo-vens, inclusive um dos guerreiros que faria a frente, masdisse também que um desses guerreiros daria a vida lu-tando, e completou: “Enquanto esse guerreiro não tom-bar, terão a força divina!”.
Antes do combate, as crianças procuraram um refúgionão muito distante. A tensão era muito grande. Na batalha,se um dos guerreiros tombava, Araju se encarregava decontinuar a luta. Mas uma lança traiçoeira o atingiu por trás,e ele caiu do cavalo. Nos dias seguintes, algumas famíliasindígenas foram dominadas pelos exércitos, muitas fugi-ram pelos campos, muitas sem pai e sem seus irmãos.
O pai do ancião fugiu com seu grupo e, no decorrer desuas andanças, viu morrer sua mãe e seus irmãos. Mas,ele se comprometeu em ver várias luas e várias planta-ções, curando pessoas. Um dia, o espinho cravado em seucoração o matou de tanta agonia.
Os relatos de muitos caciques, os chefes religiosos quesão os karaís, estão renovando a força na atualidade. Commuita tristeza, consegui resumir um pouco esse grandefato. Caros amigos leitores, eu peço muita atenção sobreo povo Guarani, que é tão diferente da maioria das etniasdo mundo.
Marciano Karaí, 16 anos,da aldeia do Cantagalo, em Viamão (RS)
.
Novaes
Guerreiro das luasGuerreiro das luas
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2410
Dica de LivroÉRICA E SEUS
CAMINHOS DE AMOR
Érica tem 12 anos e está passan-do por inúmeras transformações: de
pré-adolescente e menina, para adoles-cente e mulher. Ao longo da história, ajovem vai descobrindo o mundo e a siprópria, na medida em que enfrentassuas dificuldades. O casamento de seuspais está em crise e ela está tendo os seusprimeiros relacionamentos amorosos.Surgem sentimentos de revolta, paixõese dores profundas. Tentando escapar dis-so tudo, a jovem acaba se envolvendocom drogas.
Com uma narrativa ágil, o livro escrito pela professoraLúcia Pimentel Góes trata das aventuras e desventuras que
marcam essa fase da vida de Érica, mostrando o seu amadu-recimento através da superação dos desafios e a construção
de sua personalidade. (Érica e seus caminhos de amor, de LúciaPimentel Góes, Editora Paulus)
Div
ulga
ção
CALCANHAR DE AQUILES
O mito de Aquiles é um dos mais ricos e complexos –na “Ilíada” de Homero, ele aparece 292 vezes! Segundoa mitologia, Tétis, mãe de Aquiles, para imortalizá-lo, mer-gulhou-o nas águas do rio Estige, que tinha o poder detornar invulnerável o corpo de quem nele fosse banha-do. Ao fazer isso, Tétis segurou o filho pelo calcanhar. Eassim o corpo de Aquiles ficou todinho invulnerável,exceto no local por onde a mãe o segurou.
Anos depois, Páris leva para Tróia Helena, mulher deManelau, rei de Esparta. Pronto, vai começar a Guerrade Tróia, entre gregos e troianos. Aquiles é convidadopara integrar a expedição grega vingadora e aceita. Tétis,que conhece o futuro, previne o filho de que a guerravai levá-lo a morte. Aquiles não dá ouvidos a mãe, nemmesmo ao seu último conselho: “Aquiles, meu filho, pelomenos bota uma meia”. Aquiles vai a luta e, numa bata-lha, é morto por uma flechada no calcanhar. Daí a ex-pressão Calcanhar de Aquiles, utilizada para designarum ponto vulnerável de alguém.
Extraído do livro A Casa da Mãe Joana – Curiosi-dade nas origens das palavras, frases e marcas,de Reinaldo Pimenta (Editora Campus)
DNA! Origem depalavras e expressões
Do contratexto Marcela Mastrocola
(rede de relacionamento virtual) para expressar suaaversão à edição de imagens através de programascomo o Photoshop.
Por que você é contra fotos editadas?– Pelo simples motivo de achar que cada pessoa nas-
ce com uma própria beleza. Ninguém precisa se mu-dar com programas de edição. Hoje em dia não pode-mos mais conhecer ninguém que more em outra cida-de, pela internet, pois ela pode ser totalmente diferen-te das fotos que mostra. Esse é um dos grandes moti-vos da comunidade existir.
Você acha que a vaidade e a preocupação coma auto-imagem estimularam a “onda photoshop”?
– Com certeza. Existem pessoas que até modificamo próprio corpo, como algumas meninas que esticamos peitos para ficarem maior. É um mundo superficial,que não sai da tela do computador. Os jovens estãovivendo um mundo que não existe e, assim, acabamse iludindo com eles próprios.
Você lembra de algum caso famoso de altera-ção de imagem?
– Isso não existe somente no mundo dos jovens in-ternautas, no mundo dos famosos existe também emuito. Quem nunca viu um famoso que tem manchas,espinhas ou cravos no rosto e, em uma foto, aparecercom o rosto mais liso do que um pêssego? Alguma par-ticipante de reality shows com o corpo cheio de estriasou celulites e, ao posar nua em alguma revista, apare-cer sem defeito algum?
A estudante do ensino médioJoana Angélica de Andrade, 16anos, é contra a modificação de fotosatravés do computador. Tanto que elaaté criou uma comunidade no Orkut
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2410
Arq
uivo
Pes
soal
11nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
Campanha contra exploraçãosexual no Brasil
“Explore sexualmente uma crian-ça e vá para cadeia. Aqui ou em seupaís”. A mensagem, em inglês, estáem outdoors e panfletos que come-çaram a ser distribuídos no dia 11 dejaneiro em hotéis e aeroportos deoito capitais – São Paulo, Rio, Reci-fe, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Belém e Manaus. Acampanha contra o turismo sexual infantil é financiada pelogoverno dos Estados Unidos e pela organização não-governa-mental Visão Mundial. No Brasil, o tema ganha maior atenção prin-cipalmente no período de carnaval, quando milhares de turistasvisitam o país. Segundo a ONG, o objetivo principal da iniciativa é
combater a sensação de impunidade dos estrangeiros envolvidos com a exploração sexual. A enti-dade afirmou que um dos motivos que a fez trazer a campanha ao país foi a estimativa do Fundo dasNações Unidas para a Infância (Unicef) de que o Brasil, as Filipinas e a Tailândia são responsáveis por
“Nunca encontrei uma pessoatão ignorante que não pudesse ter
aprendido algo com sua ignorância.”
Galileu Galilei, físico, matemáticoe astrônomo italiano
Inspirar, informar e envolver. Estes são os lemas darede de relacionamento pessoal Taking It Global (Dei-xando tudo no global). Sua intenção é reunir jovens detodo o mundo que têm interesse em mudar a realidadeem que estão inseridos. Essa ferramenta tecnológica per-mite que se crie comunidades e também páginas pes-soais ou das organizações que cada um participa, alémde promover espaço para debates e divulgações de to-dos os tipos de idéia que visam tornar o mundo umlugar melhor. Pessoas domundo inteiro participamdeste projeto, mas os brasi-leiros ainda são poucos – cer-ca de mil. O endereço da redeé: www.takingitglobal.org
Dica de Site: Virando GlobalmenteEscola Aberta fortalecegrêmios estudantis
O Programa Escola da Família, que abre 5.306 esco-las públicas nos fins de semana no estado de São Pau-lo, começa o ano com um novo projeto: implantar e for-talecer os grêmios estudantis nas escolas da rede esta-dual. O objetivo é mobilizar estudantes da 5a série emdiante e aumentar a participação dos jovens na escola ena comunidade. Os grêmios são uma ferramenta de atu-ação política, que também ajuda na difusão dos valoresde uma educação democrática e de cultura de paz. OPrograma Escola da Família é executado pela Secreta-ria de Estado da Educação de São Paulo em parceriacom a Organização das Nações Unidas para a Educa-ção, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Antes de começar a implantar os grêmios, a Secretaria da Educação fez umapesquisa sobre o tema em 4.076 escolas da rede paulista. Desse total, 2.511responderam ao questionário. O resultado é que 82% têm grêmio emfuncionamento, 11% não têm e 7% já implantaram grêmio, mas elesainda não estão funcionando. A UNESCO está trabalhando paraconstruir parcerias entre o novo projeto e ONGs que já têm pro-jetos consolidados de montagem e fortalecimento de grê-mios estudantis. (UNESCO)
11nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
“Melhor é acender uma velado que amaldiçoar a escuridão.”
Provérbio chinês
Div
ulga
ção
10% do turismo sexual no mundo. Na Tailândia, a campanha já é realizada há dois anos.A Visão Mundial usou como base de seu trabalho no Brasil uma pesquisa feita entre 1996 e 2004
pela Universidade de Brasília (UnB), que identificou 930 municípios onde existe comprovação deexploração sexual infantil – os casos não se limitam a turismo sexual, incluindo outras formas deabuso. O governo dá apoio à iniciativa, por meio do Ministério do Turismo e da Secretaria Especial deDireitos Humanos, que terá o telefone para denúncias de exploração sexual divulgado no material decampanha (0800 99 0500). (ANDI)
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2412
Fera nosFeraTESÃO JEFFERSON MOREIRA tem paixão pelo que pensa e faz!!
livros
Felipe Jordani
Foi passando fita adesiva e cola em livros usadose lendo para saber o que se encaixava nas seçõesde “filosofia” ou de “auto-ajuda”, por exemplo,
que Jefferson Moreira tomou gosto pela leitura e peloseu trabalho em sebo. Vendedor de livros de sebosé aquele profissional que compra e vende livros,discos, CDs, DVDs novos e usados.
Quando tinha 18 anos, Jefferson deixou o ramo decalçados e foi trabalhar em um sebo de uma amiga desua mãe. “Depois de seis meses lá, eu comecei a gostarde livro, não foi uma coisa que eu esperava, mas aprendia gostar. Antes achava super chato”, conta ele, que, hoje,
Jefferson Moreira começou atrabalhar em sebo por acaso e,
aos poucos, se apaixonoupor sua profissão
DANIELA LANDIN,MARCELA MASTROCOLA
e FELIPE JORDANI
com 20 anos, é um dos responsáveis do sebo Cantodas Letras, localizado na Rua Augusta, em São Paulo.“Eu adoro vender livro usado. Às vezes, uma pessoaquer um livro que, novo, custa R$ 50, eu vendo porR$ 20 e a pessoa sai feliz da vida. Isso é um tesão!”,explica o vendedor, justificando a sua paixão pelotrabalho que realiza. Jefferson também afirma quegosta muito do que faz porque pode transmitir o quesabe. “É legal passar conhecimento para uma pessoaque está procurando e não sabe como encontrar.Então eu indico uma obra.”
Para oferecer sugestões de leitura aos seus clientes,Moreira precisa estar sempre por dentro dos lançamen-tos e também conhecer obras clássicas. Mas como nãoé possível ler todos os livros, ele conversa com aspessoas sobre determinadas obras. “Assim, eu pegoo que alguém me contou e passo para uma pessoaque esteja interessada em comprar o mesmo livro.
Eu vou lendo e perguntando. A melhor coisa quetem é perguntar”, explica o comerciante, que diz
adorar conversar com idosos por “terem muitacoisa para contar”.
Jefferson guarda todas as informaçõesque consegue nas suas conversas comos clientes, bem como os nomes de todosos livros de seu sebo sem a ajuda de umcomputador. “Minha memória é umabsurdo. Não anoto nada, guardo tudona cabeça.” Além disso, no seu cotidia-no, ele também precisa comprar oslivros, avaliá-los e cuidar do espaço.A funcionária do sebo Fátima MariaJorge, 45 anos, confirma a paixão deJefferson pelo seu trabalho, pelos livrose por essa troca de informações. “OJefferson ama sua profissão de um jeitoespecial. A gente que convive com eleacaba absorvendo isso”, diz. Ela tambémressalta o empenho de Jefferson em seu
ofício. “Ele é super interessado, lê todasas sinopses e os comentários que saem
em revistas, tem um poder de absorçãoe uma memória excelentes”, conta Fátima..
nos
“Às vezes, uma pessoaquer um livro que, novo,custa R$ 50,00, eu vendopor R$ 20,00 e a pessoa
sai feliz da vida.Isso é um tesão!”
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2412
Um dia com um profissional paraajudar você a escolher sua carreira
meu dia foi muito especial e diferente de qualquer outro dia, pois tive a oportuni-dade e o prazer de conhecer o dentista Fabio Bibancos, formado pela Universida-de Estadual de São Paulo, em Araçatuba, especializado na área de Odontopedia-
tria, Ortodontia, mestrado em Odontologia e em Saúde Coletiva. Recentemente, ele publicouum livro chamado Boca, que fala
Dentista BORIS TADASHI MOROKAWA, de São Paulo (SP)
sobre a higiene bucal, cuidadose métodos para ter dentes maisbonitos e saudá-veis no dia-a-dia,além de falar sobre o relacionamentoentre dentistas e pacientes e a quali-dade de vida.
Eu tinha um conhecimento sobreo que um dentista exercia, mas nãopensei que poderia existir essa relaçãotão íntima entre o dentista e o paciente.Eu pensava que os dentistas apenasmexiam nos dentes de seus pacientespara combater problemas existentescausados por cáries, placa bacterianae defeitos naturais que vão surgindocom o tempo.
Conversei com o doutor Fabio sobrevários temas da área da Odontologia,alguns positivos; outros negativos.Ele me falou que é muito difícilingressar em uma faculdade pública,pois as vagas são muito disputadasentre os bolsistas, mas depois que a pessoa ingressa na faculdade as coisas ficam mais fáceis.O doutor também me afirmou que, ao mexer nos dentes do paciente, ele também acabamexendo na auto-estima desta pessoa. É preciso também termuita dedicação e profissionalismo na área de Odontologiaou em qualquer outra área que a pessoa decidir seguir.
Boris Tadashi Morokawa, 16 anos,é aluno do 2o ano do Ensino Médio da Escola
Estadual David Zeiger, em São Paulo
13nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
O
Para saber mais, acesse os seguintes sites:•Site com notícias, enquetes, artigos:
www.odontologia.com.br/•Site da Revista de Odontologia da
Universidade de São Paulo:www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_0103-0663/lng_pt/nrm_iso
tá na mão tá na mão
O dentista Fabio e o estudante Boris:desvendando os segredos da boca
Daniela Landin
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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2414
A 24 quadros
Euforia geral. Crianças, adoles-centes e adultos – alguns até,caracterizados como persona-
gens da série – aguardam na fila docinema. Devaneiam sobre a existên-cia da escola de magia Hogwarts ecomo seria estudar lá, mesmo sendoum trouxa (como são conhecidosos que não são bruxos).
Na sala de projeção, Harry Pottere o Cálice de Fogo envolve osespectadores num universo defantasia e, ao mesmo tempo, abordaassuntos do cotidiano dos jovens,que vêem na história a personifica-ção de seus próprios dilemas.
A seqüência retrata o momentoem que o universo infantil cedelugar à adolescência e seus proble-
JEAN CANUTO eTATHIANE CAVALCANTE,
de São Paulo (SP)
mas. Afinal, Harry, Hermione e Ronycresceram, assim como você. Aliás,este é o primeiro filme da série comcensura: 12 anos. O que mostra queHarry Potter deixou há tempos deser uma saga infantil.
Além de participar de uma gran-de competição de bruxos na qualdefende Hogwarts contra outrasescolas de magia e enfrentar seuarquiinimigo Lord Voldemort, oassassino de seus pais, Potter aindaprecisa conquistar a atenção de ChoChang e convidá-la para o baile deinverno. “A cena com Voldemort édigna de um filme de terror. Apesarda morte de Cedrico e de estarcorrendo grande perigo, Harrymostra lealdade ao colega e não
o abandona. Uma lição para todosnós”, explica Lucas Barbieri, 18 anos.
O clima é de olhos arregalados erespirações ofegantes a cada etapado torneio de bruxos. E quantossuspiros no ar na cena em queHermione aparece de braço dadocom Viktor Krum, o campeão mundi-al de quadribol, no baile de inverno.“A parte do baile foi muito boa. Euadorei a briga de Rony e Hermione,porque foi a partir disso que elescomeçaram a descobrir que segostam, e isso sempre foi esperadopelos fãs da série”, conta GabrielaGago, 17 anos.
Muitos prendem a respiração,boquiabertos e com a pipoca sus-pensa no ar, nos momentos
Cidade de Deus, Elefante, Kids, Harry Potter...A VIRA traz reportagem especial sobre a relação
entre o cinema e o universo adolescente. segundoQuem assina são dois dos sete jovens da NDA!, projeto experimental
de conclusão do curso de Jornalismo do Centro Universitário
porSant’Anna, em São Paulo
Fotos: Divulgação
15nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
decisivos entre Potter e Voldemort.“O filme ficou bem mais real eemocionante. Respondeu bem àsminhas expectativas, apesar devárias partes do livro terem sidocortadas”, diz Gabriela.
JANELA PARA O MUNDO
Claro que faz parte do ritual enchera barriga de pipoca e refrigerantedurante mais ou menos duas horas,mas o cinema é bem mais que isso.
Para o colaborador da Virae crítico de cinema Sérgio Rizzo,“ele pode representar uma janelapara diversos mundos: tanto o quenos cerca, e que ele nos ajuda acompreender melhor, quanto todosaqueles que não temos a oportuni-dade de conhecer. Por exemplo,sociedades como as asiáticasou africanas”, explica Rizzo.
O crítico Jean-Claude Bernadetdá uma pista para entendermos ocomplexo mundo do cinema no livroO que é cinema (Coleção PrimeirosPassos, Editora Brasiliense, 1980):“O cinema dá a impressão de queé a própria vida que vemos na tela,brigas verdadeiras, amores verda-deiros. Mesmo quando se trata dealgo que sabemos não ser verdade,a imagem cinematográfica nospermite assistir a essas fantasiascomo se fossem verdadeiras.
No cinema, fantasia ou não, a reali-dade se impõe com toda a força”.
Sérgio completa o panorama:“Esse hábito foi socialmente cons-truído por conta de diversos fatores.O mais importante, talvez, seja o fatode que continuamos, como nossosremotos ancestrais, a gostar que noscontem histórias”. E como a matéria-prima dos filmes somos nós, sereshumanos, não é de se espantar queas angústias da adolescência ga-nhassem as telas, em especiala partir dos anos 50.
A poeira da Segunda GuerraMundial nem bem havia assentadoe uma outra já nascia: a Guerra Fria.Com ela, veio a tensão de se viversob a ameaça de um conflito nucle-ar. Isso mexeu com os brios dajuventude, que indignada com essasparanóias, começou a dar sinais devida e mudar o seu comportamento.
O ETERNO JAMES DEAN
Ganhava forma e força umfuracão chamado Rock’n’Roll, gênero
Cenas de filmes que retratamvariadas facetas da juventude
POR DENTRO DA LEISaiba como funciona a classificação indicativa dos filmes no Brasil
No Brasil, foram estabelecidos alguns critérios e procedimentos para
obras audiovisuais destinadas a cinema, vídeo, DVD e similares.
O controle é de responsabilidade do Departamento de Justiça, Classifica-
ção, Títulos e Qualificação (DJCTQ), do Ministério da Justiça.
De acordo com Selva Reis, coordenadora de Classificação Indicativa
do Ministério da Justiça, a classificação é aplicada com base no conteúdo
das obras. “As distribuidoras encaminham o filme ao Ministério da Justi-
ça e estipulam uma Classificação Pretendida, que na maioria das vezes é
Livre. Uma equipe de jornalistas assiste à obra e analisa o tratamento de
temas como sexo, violência e drogas”, explica.
Dessa investigação sairá a Classificação Recebida, a oficial, que se di-
vide basicamente em seis categorias: Livre, e Inadequado para menores
de 10, 12, 14, 16 e 18 anos.
Visando respeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Mi-
nistério da Justiça publicou a portaria 1.597, em 2 de junho de 2004 (revi-
sada em 7 de julho de 2005 sob o número 1.344), assinada pelo Ministro
da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que regula o acesso de adolescentes a
obras cuja classificação é inadequada à sua faixa de idade: adolescentes
de 12 e 13 anos podem ter acesso a obras classificadas como impróprias
para menores de 14 anos; adolescentes de 14 e 15 anos podem ter acesso
a obras impróprias a menores de 16 anos. O mesmo não se aplica a obras
classificadas inadequadas para menores de 18 anos, que seguem restri-
tas para jovens nessa faixa etária ou superior.
Nos dois primeiros casos o acesso só é permitido para quem esteja
acompanhado de um adulto responsável e
portando autorização por escrito de seus res-
ponsáveis legais, pai ou mãe. O documento
ficará retido no estabelecimento comercial.
Para saber mais sobre as leis de classi-
ficação indicativa, vale dar uma navegada
no portal do Ministério da Justiça: http://
www.mj.gov.br/classificacao (JC)
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2416
musical que surgia para chacoalharas normas estabelecidas da socieda-de. Adolescentes e jovens de umaforma geral passavam a nutrir umsentimento de desconfiança e deso-bediência aos costumes pregadospela “sagrada família” e pelo mundoadulto como um todo. E para todaessa rebeldia efervescente ir pararno cinema foi só um pulo.
As questões inerentes à adoles-cência atraíram a atenção da indús-tria do filme. Sexo, drogas e música,a falta de sintonia com a sociedadee com a família, a busca incessantepela diversão, entre outros dilemas,foram assuntos que migraram paraa sala escura com muita freqüência.
O filão era grande e continuasendo explorado até hoje, tantopelo cinema de arte, que é maisintrospectivo, quanto o de entrete-nimento, em que predominam ointeresse pelo lucro das bilheterias,menos história e mais efeitosespeciais.
O certo é que ambos seguemparindo obras-primas. Talvez, omelhor portador do cartão de visitasdisso tudo seja Jim Starks, o eternoadolescente rebelde sem causa dofilme Juventude Transviada (1955).O personagem foi imortalizado peloator James Dean (ou vice-versa),que morreu precocemente emum acidente de carro aos 24 anos,transformando-se em um mito,símbolo máximo da rebeldiajovem desde então.
Sérgio Rizzo analisa que “JamesDean se tornou, assim como MarilynMonroe, um ícone da cultura demassa do século 20. Isso não teriaocorrido se a sua figura e brevíssimatrajetória não atendessem a certas
demandas do imaginário ocidentala respeito de jovens”.
De clássicos como JuventudeTransviada, de Nicholas Ray, passan-do também por produções brasilei-ras como Pixote, de Hector Babenco,
SEM FICAR DE FORA
Veja o modelo de autorização que corresponde às exigências do Mi-
nistério da Justiça para o acesso a filmes com censura
AUTORIZAÇÃO
Eu ________________________________________ (nome do pai ou da mãe),
RG no ___________________, residente no endereço:_______________________
________________, autorizo meu filho____________________________________
___________________ (seu nome), de ________anos (idade), acompanhado
de ___________________________________________________________ (nome
do acompanhante), maior e capaz, RG no ______________________, a aces-
sar a obra Audiovisual destinada a (CINEMA, VÍDEO ou DVD) intitulada
(título) a ser exibida no _____________________________________________(lo-
cal), cuja classificação indicativa não corresponde à faixa etária na qual
se insere, tendo sido observados os limites de que trata o art. 3o da Porta-
ria no 1.597, de 2 de julho de 2004.
Por ser verdade, firmo a presente.
_____________________________, ____, ___/___/___
Cidade/UF e data:
_______________________________________________________
Assinatura
17nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky,e Cidade de Deus, de Fernando Meirelles,os dramas da adolescência continuam firmesa pipocar nas telas.
Confira o quadro com algumas sugestões defilmes marcantes que abraçam esta fase turbulen-ta da vida e que merecem reflexão. Todos elesestão disponíveis em VHS ou DVD no mercadobrasileiro de locação ou venda direta ao consumidor.Alguns deles, vez por outra, voltam à sala escura em mostrasespeciais de cinema, cineclubes ou centros culturais.
DICAS DE FILMES
• Os Esquecidos (Luís Buñuel, 1950)• Sementes da Violência (Richard Brooks, 1955)• Juventude Transviada (Nicholas Ray, 1955)• Os Incompreendidos (François Truffaut, 1959)• Ao Mestre Com Carinho (James Clavell, 1967)• Laranja Mecânica (Stanley Kubrick,1971)• Pixote (Hector Babenco, 1981)• Vidas Sem Rumo (Francis Ford Coppola, 1983)• A Hora do Pesadelo (Wes Craven, 1984)• Clube dos Cinco (John Hughes, 1985)• Curtindo a Vida Adoidado (John Hughes, 1986)• Conta Comigo (Rob Reiner, 1986)• Os Garotos Perdidos (Joel Schumacher, 1987)• Sem Licença Para Dirigir (Greg Beeman, 1988)• Akira (Katsuhiro Otomo, 1988)• Diário de um Adolescente (Scott Kalvert, 1995)• Kids (Larry Clark, 1995)• Trainspotting – Sem Limites (Danny Boyle, 1996)• Bicho de Sete Cabeças (Laís Bodanzky, 2001)• Harry Potter e a Pedra Filosofal (Chris Columbus, 2001)• Harry Potter e a Câmara Secreta (Chris Columbus, 2002)• Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2002)• Elefante (Gus Van Sant, 2003)• Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Alfonso Cuarón, 2004)• Harry Potter e o Cálice de Fogo (Mike Newell, 2005)
de seu grupo de jovens e repassar a informação. Depois,
conte pra galera da Vira como foi a experiência. Essa é uma
forma de promover aulas e encontros inovadores a partir
do conteúdo da revista e premiar as melhores histórias.
Vamos publicá-las nas edições mensal impressa e
semanal digital da Vira (www.revistaviracao.com.br).
Você pode mandar por mensagem eletrônica
COMO VIRARCaro leitor (aluno ou professor, jovem ou educador
ou leitores individualmente responsáveis), use a
sua criatividade sem moderação. Veja uma forma de
aplicar esta reportagem em sala de aula ou nas reuniões
ou pelo correio, para a redação:
VIRAÇÃORua Fernando de Albuquerque, 93 – Conjunto 3
Consolação – 01309-030 – São Paulo (SP)
NDA!, o projeto que sonha virar realidade
Aforma do jovem se expressar mudou. A galera está mais antenada,
sabe das coisas e quer descobrir seu lugar nesse mundo globaliza-
do. Foi pensando nisso que a revista NDA! foi idealizada e produzida du-
rante o ano de 2005 como projeto experimental de conclusão de curso de
sete formandos em jornalismo do Centro Universitário Sant’Anna (SP):
Andressa Alves, Davi Augusto, Jean Canuto, José Brussi, Roberta Maesso,
Tathiane Cavalcante e Tatiana Flaith.
A NDA! surgiu com a vontade não só de di-
vertir, mas também de ser fonte de informação
e esclarecimento da forma mais descontraída
possível, como amigos num simples bate-papo.
Esperamos que você curta uma pequena
amostra do nosso trabalho nesta edição da Vira.
Quem sabe a gente se vê por aí em breve...
Até mais! (TC)
Os dramas da adolescenciacontinuam firmes a pipocarnas telas
Tel.: (11) 3237-4091
E-mail: redaçã[email protected]
.
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2418
DesigualdadeDesigualdade
Mesmo com a maior população infantil,Campo Grande, no Rio, tem o menor
número de creches e projetossociais, segundo pesquisa
JULIANA LANZARINI,do Virajovem
do Rio de Janeiro (RJ)
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2418
Acena é comum: uma jovemde baixa renda está grávida.Ela mora em Campo Grande,
região administrativa que possui omaior índice de mortalidade infantildo Rio de Janeiro. O que ela nãosabe é que as chances de que seufilho cresça com saúde e educaçãosão bem menores do que a de umacriança pobre nascida em Botafogoou em qualquer outro bairroda Zona Sul do Rio.
Isso acontece porque enquantoa região administrativa de CampoGrande possui apenas uma organi-zação dedicada à população infantil– entre ONGs e creches – para cada22 mil crianças de 0 a 14 anos,a região de Botafogo (formada pelosbairros de Botafogo, Catete, CosmeVelho, Flamengo, Glória, Humaitáe Laranjeiras) possui uma instituiçãopara cada 4.424 crianças. Só no anopassado, 143 bebês morreram emCampo Grande antes do primeiroano de vida. Já na região adminis-trativa de Botafogo, o númerofoi bem menor: 32 óbitos.
A constatação foi feita a partir docruzamento de informações doConselho Municipal dos Direitos daCriança e do Adolescente (CMDCA),da Pesquisa de Unidades Escolares,divulgada pela prefeitura do Riode Janeiro, e dados divulgadospela Secretaria Municipal de Saúde.
Muitas organizações não-gover-namentais que trabalham com
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19nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO 19nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
crianças e adolescentes, no entanto,não estão incluídas no registrorealizado pelo CMDCA. A Coopera-tiva de Dinamizadores de Arte eCultura, localizada em Santa Cruz,é uma delas. A instituição realizaatividades de arte-educação comcrianças de 6 a 16 anos que moramem comunidades localizadas emSanta Cruz. Segundo informaçõesdo CMDCA e dados do IBGE, exis-tem no bairro apenas 6 ONGse 57 mil crianças.
De acordo com um dos coorde-nadores da cooperativa, Luiz Vaz,muitos projetos sociais estão sendodesenvolvidos em bairros da ZonaOeste, mas não conseguemobter visibilidade e, por isso,têm dificuldade de conseguirfinanciamento:
– Realmente o número deONGs por crianças na ZonaOeste do Rio de Janeiro épequeno. Mas muitos dostrabalhos não chegam a serdivulgados. Nós estamosaqui pra somar – diz.
Algumas organizações,no entanto, estão localizadasna Zona Sul, mas desenvol-vem trabalhos na periferiada cidade. A sede adminis-trativa da Federação deÓrgãos para AssistênciaSocial e Educacional (FASE),por exemplo, fica em Botafogo,mas os projetos sociais são realiza-dos na Baixada Fluminense. Segun-do informou a assessoria de comu-nicação da FASE, a ONG, além derealizar atividades na Baixada, nãoatende crianças no Rio, mas apenasem outras cidades. Ainda assim,a organização está registrada noCMDCA porque a sede administra-tiva fica na capital.
A ONG People’s Palace Projecté uma das organizações que estãosituadas em Botafogo. A coordena-dora pedagógica do Projeto Mudan-ça de Cena, desenvolvido pela ONG,Alexandra Britto, conta que a maio-ria dos jovens atendidos pelainstituição moram na Zona Oeste.
– Nós também trabalhamoscom meninos de Parada de Lucase Vigário Geral, desenvolvendooficinas de teatro nas própriascomunidades.
Residente em Campo Grande,Betinho é um dos adolescentes
atendidos pela People’s PalaceProjects. Aos 19 anos, ele tem umafilha de 2 anos e cumpre medidade semi-liberdade.
– É muito difícil arrumar empregolá onde eu moro. Não conheçonenhuma ONG ou creche em CampoGrande para a minha filha.
A condução que leva Betinhoaté Botafogo é paga pela ONG.Ele espera que outros jovens quedesejam trilhar um novo caminhotenham a mesma oportunidadeque ele está recebendo agora.
– Queria deixar um recado praquem quer mudar de vida. Temque seguir em frente, não desistir.Um dia você vai chegar lá. É sóacreditar na sua capacidade e lutar.
A presidente do Conselho Muni-cipal dos Direitos da Criança e doAdolescente (CMDCA), DaiseGravina, não pôde responder asperguntas da Vira sobre o registrorealizado pela entidade, nem sobrea constatação da existência de mais
ONGs na Zona Sul do quena Zona Oeste. A SecretariaMunicipal de AssistênciaSocial também não semanifestou sobre o assunto.
DE OLHO NA RUA
Segundo informaçõesdo Conselho Municipaldos Direitos das Criançase dos Adolescentes (CMDCA)existem cerca de 500organizações dedicadas àpopulação infanto-juvenil.Mas a Vira constatou queapenas 13 instituições –
entre ONGs e projetos da prefeitura– trabalham hoje para que essascrianças saiam das ruas. As infor-mações são da Rede Rio Criança,grupo que reúne projetos desenvol-vidos com a população infantilque vive nas ruas. Segundo oregistro oferecido pelo CMDCA,as demais ONGs trabalham comoutros tipos de crianças socialmen-te marginalizadas.
A secretária executiva da rede,Márcia Gatto, informou que nãoexiste uma pesquisa quantitativaatualizada com informações exatassobre o número de crianças queestão atualmente nas ruas do Rio.
– Este público é muito flutuante,mas trabalhamos com uma estimati-va de cerca de 1.500 crianças eadolescentes morando nas ruasdo Rio de Janeiro.
Juliana Lanzarini faz partedo Virajovem do Rio
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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2420
jOR
NA
L ANA ROGÉRIA ARAÚJO, de Fortaleza (CE)
Galera que participa do Comunicação e Cultura produzjornais escolares e tem os professores como grandes aliados
na E
SCO
LAOjornal Cria Nossa chega à
Escola Municipal de EnsinoFundamental Santa Maria,
localizada num bairro da periferiade Fortaleza, Estado do Ceará.Uma publicação com quatro pági-nas, feita a partir de textos e dese-nhos dos próprios alunos e diagra-mada pelos professores, aumenta aeuforia na hora do recreio. Todosquerem ver o jornal que fizeram,fruto do projeto Primeiras Letras.Voltado para o Ensino Fundamental,
o projeto tem como propostadinamizar o processo de ensino-aprendizagem por meio da produçãode jornais escolares.
A experiência se repete em 915escolas cearenses e em outras 50pernambucanas, onde o projeto jáestá implementado. O município deSantarém, no Pará, acaba de aderir.“A idéia é criar uma rede de jornaisescolares, socializar conhecimentose novas formas de apropriação dojornalismo escolar, constituindo
Com orgulho,jovens exibem frutodo próprio trabalho
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2420
�A gente fica mais atento e maisinformado. Eu gosto de ver meus
textos publicados, gosto de saber queposso estar fazendo alguma coisa útil eque alguém vai ler aquilo que escrevi.�
�A gente fica mais atento e maisinformado. Eu gosto de ver meus
textos publicados, gosto de saber queposso estar fazendo alguma coisa útil eque alguém vai ler aquilo que escrevi.�
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21nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
uma comunidade de aprendizagem”,afirma Daniel Raviolo, coordenadorgeral da organização não-governa-mental Comunicação e Cultura,responsável pelo Primeiras Letras.
Tendo como base o pensamentode educadores como Paulo Freiree Celestin Freinet, o projeto Primei-ras Letras faz do jornal escolar umaferramenta para desenvolver nosalunos senso crítico da realidadeem que vivem, além de tornar asaulas mais prazerosas e estimularo interesse dos alunos.
Entusiasmo não falta. “É muitobom porque muitas vezes você nãotem coragem de falar, aí escreve.Acho que o jornal mudou muitacoisa na escola. Tem gente quenão dá muita atenção, mas quandovê que outras pessoas participam,quer entrar também”, conta JulianeRodrigues, 15 anos, estudante daescola Santa Maria. A aluna DayaneHenrique, 14 anos, afirma queescrever para o jornal escolar fazcom que os alunos fiquem maiscriativos e espertos: “A gente fica
mais atento e mais informado.Eu gosto de ver meus textos
publicados, gosto desaber que posso estar
fazendo algumacoisa útil e que
alguém vai leraquilo que
escrevi”.
CIDADÃOS CRÍTICOS
Os professores são fundamentaisnessa dinâmica de ensino-aprendiza-gem. Atuando como “editores” dosjornais escolares, eles trabalham,em sala de aula, o material queserá transformado em texto paraas publicações.
Consciente dos problemas doensino público brasileiro, a vice-diretora Lucineide Araújo de Andra-de afirma que, embora existamprofessores resistentes, a maioriatem adotado o projeto com muitavontade. “Precisamos entenderque aquilo que é bom para o aluno,também é bom para o professor.Esse crescimento conjunto faz partedo nosso dia-a-dia”, salienta.
Pioneira no projeto, a professoraMarluce Maia, que desde 1995 vemtrabalhando com o jornal escolarna Escola Paroquial do Trilho, situadanuma região carente de Fortaleza,ressalta os benefícios para osalunos: “Os meninos não têm medode ser críticos. Eles chegam e dizemo que querem, reivindicam seusdireitos”, afirma a professora.
Ela destaca ainda o alcance dapublicação. Há algum tempo, conta,um esgoto a céu aberto em frenteà escola era freqüentemente citadonos textos dos jornais. “De tantoo jornal cobrar providências doprefeito, o buraco foi tapado.
Toda edição que sai a gente mandapara a prefeitura e para as secreta-rias de educação do estado e dosmunicípios”, diz Marluce.
Acreditando nas escolas comoespaços geradores de discussõese de formação de opinião, o projetoPrimeiras Letras lançou, em parceriacom o Instituto Sertão, com sedeem Fortaleza, o concurso “JornaisEscolares contra a Desertificação”.O objetivo é levar o assunto paradebate em sala de aula e, depois,abordar o tema nos jornais escola-res. Neste concurso serão premiadasas melhores reportagens.
Mais de 75% da região Nordesteestá sujeita à desertificação, o queinterfere diretamente na qualidadede vida dos habitantes. O assuntorequer muita discussão, sobretudoem termos de políticas públicasefetivas para reverter esse quadro.Muitos jornais escolares estão tra-zendo informações sobre a convi-vência com o semi-árido, sobre osmeios para evitar o desmatamentoe apontando os riscos da desertifica-ção. “Como os jornais circulam nãosó nas escolas, mas também nascomunidades, acreditamos que aspessoas estão realmente sendoinformadas sobre o problema”,comenta Raviolo.
Ana Rogéria Araújo faz partedo Virajovem de Fortaleza (CE)
.
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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2422
ProtestoProtesto
O rapper não pode fugir das raízes.
GALERAREPÓRTER
ntônio Luiz Junior, mais conhecido como Rappin’ Hood, teve umainfância humilde. Nasceu no Bairro do Limão, na cidade de SãoPaulo, onde freqüentava desde missas a terreiros de candomblé.
Participou de banda de fanfarra e coral. Foi por intermédio da dança de rua,o break, que rolava nas galerias, bailes e no metrô São Bento que conheceu
o rap. Na cidade de São Caetano (SP), subiu no palco para cantar pelaprimeira vez, mas foi a partir do grupo PosseMente Zulu que ficouconhecido no cenário musical.
Hoje em dia, Rappin’ Hood transforma e recria o rap em parceriascom outros ritmos musicais e mostra que este estilo tambémé música popular brasileira.
No novo CD, Sujeito Homem 2, ele traz também uma grande misturade gêneros com a participação de gente de peso, como Fundo de
Quintal, Exalta Samba, Jair Rodrigues, Dudu Nobre, Caetano Veloso,Gilberto Gil, Zélia Duncan e o grupo estadunidense Living Colour.
Você realiza shows gratuitos na periferia e também em lugares maisfechados. Por quê?
– Eu me sinto à vontade em todo lugar. É sempre mais gratificante tocarpara o povo mais pobre, em um evento de graça, pois é dali que a genteveio. É como se a gente estivesse vendo a gente mesmo ou as pessoas deonde a gente morou, entende? Eu me reconheço ali, naqueles rostos. Eu mesinto bem. Pode ser aqui ou no Olímpia (casa de shows num bairro nobrede São Paulo). É claro que quando tocamos para o povo e vemos o brilhono olhar de um garoto ou recebemos o carinho de uma irmã, de uma tiazinhamais coroa, de um pai que tem um filho que curte rap, é sempre da hora.Na verdade, todo mundo trabalha pra ter esse reconhecimento. Eu esperocontinuar sendo digno de estar tanto no “up” como no “underground”. Queroser digno de fazer essa parada por mais, no mínimo, uns quarenta anos.
O que mudou desde que começou a cantar?– O rap mudou. Quem cantava rap há uns anos
atrás era chamado de bandido. Teve gente que
Tem que ter um compromisso,ser fiel ao propósito, que é falar
da pobreza, da desigualdade social.
Rappin’ Hood explica por que o rapper que se preza tem de ser fielàs suas raízes e defender o povo oprimido
Falar pelo povo oprimido
A
CÍNTHIA ALMEIDA, 19 anos;ÉRIKA SANTANA, 16 anos;
JOSÉ RAMOS“MACUNAÍMA”, 23 anos;
LARISSA ROBERTA, 17 anose SUÉLLEN CRISTINA, 18 anos
fotos: SUÉLEN CRISTINA“Ninguém falou que seriafácil, mas temos que lutar.
Então, levanta e anda,porque a vitória é nossa.”
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nanaveiaveia
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morreu porque cantava rap. Hojeem dia, isso mudou porque o raptem mais exposição, toca nas rádiose todo mundo sabe o que é. Maso rapper não pode fugir das raízes.Tem que ter um compromisso, serfiel ao propósito, que é falar dapobreza, da desigualdade social.Falar pelo povo oprimido.
Rappers têm preconceito coma mídia ou estão conseguindoconciliar a questão da fama?
– Já disseram que a revoluçãonão será televisionada. O Hip Hopé revolucionário, por isso não existeuma junção do rap e da mídia. O quequeremos falar, dependendo do quefor, não vão querer mostrar. Interes-sa mais mostrar o rap comercialdo que o rap que mostra a realidadenua e crua. O rap é contra a mídia,mas não só contra a mídia, é contratodos aqueles que oprimem o povo.
Somos jovens em busca de forma-ção para conseguir um primeirotrabalho. Como você vê a situa-ção do primeiro emprego?
– Acredito que 99% das chancesé de dar errado e 1% de dar certo.Toda juventude tem que acreditarnesse 1%, pois é neste 1% que Deusopera. Nossa vitória é mais difícil,mais árdua, mais dura, porque agente vem de condições de baixo.Não é simples, não é fácil, mas agente tem que vencer. É batalhar,batalhar, batalhar e quando estivercansado, continuar batalhando.Vocês têm que acreditar nos seussonhos, vocês vão ser vitoriosos,é só acreditar.
Há alguns meses, os jovensda periferia da França fizeramaquele protesto irado. Você achaque o Brasil pode, um dia, chegara ter esse tipo de manifestação?
– O Brasil é o país do Carnaval,do futebol. Aqui a gente não fala
muito de revolução. A UNE (UniãoNacional dos Estudantes), que eraum órgão revolucionário há muitotempo atrás, hoje é um negócioque não está nas mãos dos carasrevolucionários. É um órgão meioque controlado. Eu não acredito emrevolução armada no nosso país.Mas eu acredito no Brasil, que aindapode ser um país de primeiromundo. Têm uns caras “apetitosos”,por exemplo. Respeito o MST (Mo-vimento dos Trabalhadores RuraisSem Terra) pra caramba, respeitomesmo, pois os caras não estãobrincando, os caras morrem pelobarato. A conversa é séria, não ébrincadeira não. Sei também quetêm uns malucos homem-bomba.
O Brasil gosta muito de festa, nãotemos essa tradição revolucionária.Até gostaria que tivesse, falta umpouco dessa rebeldia para o povobrasileiro. Mas acredito também quenão seria bom porque a gente aindanão tem força, não tem organização.Então eu acho que é preferível falarpara meus irmãos: vai estudar e seinformar para, quemsabe, na próximaeleição ter umanoção básica paravotar, saber questio-nar, saber quem é overeador da quebra-da dele, para poderfalar sobre leis. Issoé o mais importante.
O que você espera dos políticos,da política nestas eleições?
– Do político eu não espero nada.Da política eu espero muito porqueela governa a nossa vida, porquetodas as decisões que eles tomamlá em cima influem na nossa vida.Este ano vai ter eleição de novoe nós temos que escolher alguém.As eleições diretas começaramquando o Collor ganhou em 1990.Foi o primeiro presidente eleito pelo
povo. Para mim, era um pilantra queroubou todo mundo. Depois, veioo Fernando Henrique Cardoso, quegovernou durante 8 anos vendendoo nosso país, loteando tudo o queo povo conquistou. Agora estamoscom o Lula, o primeiro cara que veiodo povo e conseguiu chegar a essecargo. Não acredito em partido,vou acreditar em um homem evotarei nele novamente. Eu nãovou entregar o país na mão do Serra(José Serra, prefeito de São Paulo),nem do Alckmin (Geraldo Alckmin,governador de São Paulo). Se de-pender de mim, vão morrer tudoà míngua, porque eles estão rouban-do há vários anos. O que aconteceucom o meu avô foi culpa dessescaras, o que a minha mãe sofreufoi culpa desses caras. Mesmo comessa história de mensalão, mesmocom tudo isso, esse trouxa aqui vaidar mais um voto pro seu Luiz InácioLula da Silva. Eu ainda acho que éo único representante que nós temoslá. Cara pobre, que veio da periferiae chegou onde chegou e eu ainda
QUEM É ANTONIO LUIZ JÚNIOR, O HAPPIN’ HOOD
... é paulista e começou no rap junto com outros grandes nomes domovimento Hip Hop, como Thaíde, Dj Hum e os Racionais, mas por
conta da ousadia que deu certo – misturar rap com samba – demoroumais a aparecer. Em 2001, sem sair da banda Posse Mente Zulu
formada por ele no início dos anos 90, grava o primeiro CD solo,Sujeito Homem, com uma mistura de gêneros como samba, reggae erap tradicional. Seu nome artístico é uma homenagem ao legendário
personagem Robin Hood.
A UNE, que era um órgão revolucionáriohá muito tempo atrás, hoje é um negócio que não
está nas mãos dos caras revolucionários.É um órgão meio que controlado
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acho que é melhordo que aqueles outrossafados. É o cara quepode ainda fazer algumacoisa por nós, porqueos outros não vão fazernada. Eu não sou bobo.Não ponho minha mãono fogo pelo Lula, sópelo Martin que é meufilho, mas ainda achoque ele é o melhor.Essa é a minha verdade.
Qual a mensagem quevocê costuma passarpara os jovens queassistem aos seusshows?
– O que eu tenho para falar nãoé só pra juventude, mas para aspessoas de qualquer idade que vêmda periferia, que vêm do gueto,que estejam passando dificuldade.Para um irmão que, de repente,esteja em um barraco fumandopedra ou que esteja desempregado,não vendo saída, ou que estejavendendo droga numa boca poraí, é que existe saída, existe vitória.Tem que acreditar em você mesmoe em Deus. Nós podemos tudo o
que queremos, é só a gente lutar.Ninguém falou que seria fácil, mastemos que lutar. Então, levantae anda, porque a vitória é nossa.
Como foi gravar a música, quefaz parte do novo CD, com o seufilho Martin?
– Escrevi a música para meu filho,mas nunca esperava gravar com ele.Espero que quando meu filhocrescer ele entenda a mensagemque quis passar, entenda a letrada música.
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JOVENS PRODUZEM MÍDIA
Esta entrevista com o rapper Rappin’ Hood
foi realizada por jovens que participam da Ofi-
cina-Escola de Comunicação do Consórcio Social
da Juventude “Geração Cidadã”, que abrange os
municípios de Embu das Artes, Embu-Guaçu,
Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da
Serra e Taboão da Serra (sudoeste de São Paulo).
O “Geração Cidadã” é um dos 23 consórcios
espalhados pelo Brasil, iniciativa do Programa
Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego do Mi-
nistério do Trabalho e Emprego (MTE), que tem por
objetivo inserir o jovem no mundo do trabalho. Cerca de
30 dos 2 mil jovens atendidos pelo “Geração Cidadã” par-
ticipam da Oficina-Escola de Comunicação, fruto da par-
ceria com a Viração. Eles são responsáveis pela produ-
ção de um jornal impresso mensal, um jornal mural, uma
rádio comunitária que funciona no Centro da Juventude
(em Embu das Artes) e pela atualização da página na in-
ternet (www.geracaocidada.org.br), além de criarem for-
mas alternativas de participação de todos os jovens do consórcio.
O rap brasileiro pode fazersucesso no exterior?
– Pode. Qualquer pessoa podefazer qualquer coisa que quiser,depende da luta da pessoa, deacreditar em Deus. O rap e qualqueroutro estilo musical pode fazersucesso no exterior. Mas tem que
ser feito com qualidade,com bom nível.
Você cantava no coralda igreja, não é?
– Cantei quando moleque,era legal, eu gostava. Tinhao conteúdo da fé. Na verda-de, quando a gente é criança,a gente é anjo. E eu faziaparte desse coral de anjose era muito bom. Às vezes,tenho vontade de voltar a teraquela ingenuidade, aquelapureza. Mas não dá mais.Hoje em dia, a gente sabe demuita coisa, coisas de mais,mas a gente tenta.
E como foi a experiênciade gravar um clipe no quilombo
de Ivaporanduva?– Foi uma experiência
bem legal conhecer arealidade dos quilombose do povo deles. Visiteios quilombos deIvaporanduva, Cafundó,Anastásia e Cassandoca(no interior de SãoPaulo). Foi bom poderver a luta, que ainda hojeeles lutam e resistempelas terras que deve-riam ser deles há muitotempo. Os quilombosassimilam o rap e seidentificam com eletambém. Quis fazero clipe no quilombo para
mostrar essa realidade para aspessoas do urbano, das ruas.
E o grupo PosseMente Zulu?Você continua nele?
– A gente está preparando umsolo do Jhonny Mc e um disco remixdo PosseMente. E o Posse tambémvai virar uma fundação em 2006,uma entidade com o objetivo dedesenvolver a comunidade e daralternativa para a molecada daquebrada. Então a gente continuaatuando, a gente não pára não. .
Rappin´Hood e a galera do “Geração Cidadã”:Larissa, “Macunaíma”, Suêllen e Érika
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PALOMA KLISYS, de São Paulo (SP)
Ivo Sousa
DE OLHO NOECA
DE OLHO NOECADireito
revoluçãoà
Verão, férias, água fresca,céu azul. Você anda curtindoo vento na cara? O sol na
cabeça? Os rolês com a galera?Conhecendo lugares diferentese trocando idéias com gente quenão conhecia? Ouvindo música?Jogando bola? Beijando na boca?Nas baladas? Calma, isso não é umteste de figurante para propagandade cerveja. Pode parecer tiraçãode sarro, mas ouvir as respostasa essas perguntas é um jeito dedescobrir se você está ou nãoexercendo os seus direitos. Direitoa ser feliz, a ter acesso à saúde,ao lazer, à cultura, a tudo o que épreciso para viver de uma maneiratesuda. Tesão não é um lance apenassexual. Um dos tesões da adolescên-cia é saber que você tem direitose os mais divertidos são os quegarantem a liberdade, o respeitoe a dignidade. Está tudo no Estatutoda Criança e do Adolescente (ECA)
violentas de protesto exigem articu-lação, criatividade, movimento.O Estado ainda faz parte da configu-ração atual do mundo, e é possívelutilizá-lo a favor de nossos interes-ses, assumindo nossos papéis comocidadãos portadores de direitos,que incluem: ir e vir, ter e expressaropiniões, ter liberdade de crença,autonomia, valores, idéias, participa-ção na vida comunitária e política.O discurso do filósofo, apesar de serconsiderado radical, é cheio deproposições de rupturas na estruturasocial vigente a partir da mudançade postura individual. Entre suasobras, destacam-se: DesobediênciaCivil, Walden e A vida nos bosques.Vale a pena conferir. Uma pulgasaltou de trás da orelha de Thoreau,atravessou quatro séculos, e agoraestá brincando de telefone sem fio,dizendo: “se cada um de nós expres-sar o tipo de mundo capaz de ganharo nosso respeito, estaremos maispróximos de construí-lo”.
Paloma Klisys é escritora,autora de Drogas: Qual é o
barato e Do Avesso ao Direito
que, sim, é um conjunto de leisescritas de um modo não tãosimples, e que pode ser apenasmais uma coisa chata, semgraça e de difícil acesso, massó se você não entrar na ondade contribuir para que elas“saiam do papel”.
Para apimentar as reflexõessobre o protagonismo juvenilcomo um caminho para trans-formar o ECA em realidade, valelembrar Henry David Thoreau,filósofo, professor e escritor estadu-nidense do séc. XVII. Ele acreditavana necessidade de resolver algunsproblemas não só na teoria, mastambém na prática e, por isso,defendia o direito à revolução, ouseja, “o direito de não se conformare de oferecer resistência”. Thoreaudiscordava de que a sociedade deviaser organizada por um Estado, foium dos mentores do anarquismo eexerceu influência sobre os concei-tos de resistência pacífica, desenvol-vidos por Gandhi, famoso pelas suasatitudes afinadas com o princípio
da não-agressão e das formasnão-violentas de protesto. Mas,afinal, a quê devemos resistir?Acontece que resistir não émais suficiente. O desafio que
se apresenta é o de supera-mos um modelo de desen-volvimento baseado nagrana, no consumo, nosmecanismos de alienaçãoem massa, mudar oscenários que nosaprisionam ao invésde impulsionar nossopotencial de desen-volvimento.
Hoje em dia,as formas não-
Saiba sobre seusdireitos e deveres,garantidos pelo
Estatutoda Criança e do
Adolescente
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Direitorevolução
à
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Lent
ini
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JuventudesJuventudes
Apesquisa nacional Juventude Brasileira e Democracia: participação,esferas e políticas públicas, coordenada pelos Instituto Polis e Ibase,mapeou através de metodologia inédita os valores, sentidos e as
tendências da participação política entre os jovens brasileiros.Houve duas fases na pesquisa: uma quantitativa e uma qualitativa
chamada “grupos de diálogo”. A metodologia canadense, adaptadaà realidade brasileira, entende que a opinião é formada através das rela-ções e do diálogo entre as pessoas, e da posse de informação mínima arespeito do assunto em questão. Por isso, a pesquisa colocou os jovensfrente a frente para uma conversa e troca de experiências sobre os rumosdo Brasil e o papel de cada um deles nesse processo. Disponibilizou,ainda, um caderno de trabalho com dados e informações sobre trêscaminhos participativos existentes na realidade brasileira.
Na região metropolitana de São Paulo este trabalho foi coordenadopela Ação Educativa (www.acaoeducativa.org.br) e reuniu 105 jovens,de 19 municípios diferentes e várias classes sociais.
O resultado surpreendeu. Grande parte dos jovens já tinha experiênciaprévia de participação em atividades voluntárias, grêmios estudantis,
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na ficha Pesquisa Juventude Brasileira e Democracia: participação,esferas e políticas públicas revela que está furadoo papo de que os jovens brasileiros são alienados
ANA PAULA CORTI, de São Paulo (SP)
grupos de música ou na militânciaem partidos e sindicatos.
Esse resultado converge emcerta medida com os dados da etapaquantitativa, que, em São Paulo,indicaram um percentual de 32%de jovens engajados em grupos.Há predomínio dos religiosos (48%),esportivos (33%) e culturais (25,3%).
Quando discutiram a participaçãopolítica mais institucionalizada nospartidos, sindicatos, movimentossociais, conselhos de direitos, osjovens reconheceram que trata-sede um caminho importante e essen-cial para a conquista de melhoriaspara a vida dos jovens. Mas critica-ram a lentidão e a burocracia dessasinstituições como algo que os afasta.
GRUPOS DE JOVENS
O trabalho voluntário foi bastantevalorizado, mas não como açãoindividual isolada, e sim como umaação grupal voltada à melhoriacomunitária. É um caminho que temcomo ponto forte a concretude erapidez dos resultados, o controleque as pessoas possuem sobrea sua ação e a valorização de todasas experiências e habilidades dosenvolvidos. Mas este caminho podecair na armadilha de desresponsa-bilizar o governo e de fornecerserviços públicos de má qualidade,na medida em que o trabalhovoluntário não pode sofrer exigên-cias e cobranças, pois não é remu-nerado. Além disso, esse tipo detrabalho não atinge a raiz dosproblemas, mas atua somentenas suas conseqüências.
O caminho participativo dosgrupos juvenis foi valorizado por ser
Paulo Pereira Lima
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um instrumento de livre expressãodos jovens na sociedade, contribuin-do para que tenham espaço paraelaborar idéias autônomas e parti-lhar experiências. Mas os gruposde jovens ainda são pouco reconhe-cidos e valorizados pela sociedade,por isso ainda possuem poucoimpacto político.
A maioria dos jovens (85,9%)afirmou que tem o hábito de seinformar sobre o que acontece nomundo, e o veículo mais utilizadopara isso é a televisão (84,8%).A abertura à participação ficouevidenciada quando 88% dos jovensresponderam afirmativamente àafirmação: “É preciso que as pes-soas se juntem para defender seusinteresses”, e 82,3% concordaramcom a frase: “É preciso abrir canaisde diálogo entre os cidadãose o governo”.
O estereótipo do jovem alienado,desinteressado e consumista nãose sustenta diante deste quadro emque os jovens manifestam opiniões,críticas e demandas e demonstramum forte envolvimento com asituação de diálogo. Alguns deles,depois da pesquisa, passaram adesenvolver ações comunitárias.
Portanto, os jovens mostraram-seabertos a participar de forma ativana vida do país, mas para issoacham que precisam ter mais infor-mações a respeito, mais oportunida-des de conhecer os diferentesespaços, movimentos e grupos emque podem se engajar. Aproximar-sedas instituições democráticas,conhecer melhor seu funcionamentotambém é necessário. Afinal, parase envolver nos processos políticose de participação é preciso que asgerações mais novas tomem contatocom as bandeiras e conquistas dasgerações anteriores, com o acúmuloque vem desde muito antes deles,mas que só pode se sustentar notempo com a entrada dos novoscidadãos nesse processo. Oxaláessa entrada não só sustente comorenove e revitalize os espaçospúblicos e políticos. Os jovensparecem estar abertos a isso.
Ana Paula Corti é coordenadorade projetos de Ação Educativae co-autora de O encontro dasculturas juvenis com a escola
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Paulo Pereira Lima
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tempotempoEnquantoPapo-cabeça de quem
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Ocrime é um circo que se vocêcoloca os dois pés nele édifícil sair. Vou contar um
pouco da minha experiência pessoal.Tudo começa quando alguém
te oferece algum tipo de droga.Se você aceita, ali é o começo doestrago da sua vida. A pessoa usavários tipos de drogas, mas quandonão vira dependente químicoainda é fácil sair.
Esse é o pior caminho, porque,sem ver, a pessoa perde muita coisa.Primeiro a confiança, depois ocaráter, a dignidade e, o pior,a família. A maior parte da suafamília te abandona, mas a únicaque não desiste é a mãe. Por maisque ela sofra, o amor que elasente é infinito.
Mas o crime tem vários cami-nhos: o traficante, o ladrão, o seteum. Todos têm caminhos diferentes,mas o demônio oferece para todosa mesma coisa: dinheiro, poder,fama, carros e bens. Tudo issote é oferecido e é fácil você querer.E a maioria aceita e acaba se per-dendo, quando vai ver está todoenvolvido. Uns até se dão bem,outros quando não morrem sãopresos, mas, para todos, um diaa casa cai. Porque do mesmo jeitoque o demônio te dá ele te toma.
CLEIDSON VIANA DA SILVA,de Belo Horizonte (MG)
Só existem três finais: morte,prisão, cadeira de rodas.
O demônio me financiou váriascoisas ruins – bem poucas foramas boas: drogas, violência, crimee sofrimento. Não pensava em nada,zoava a noite inteira. Várias pessoastentaram abrir meus olhos, mas eunão quis. Hoje estou aqui, refletimuito, pensei e cheguei a umaconclusão: o crime não compensa.Com dezesseis anos de vida jápassei por muita coisa. Perdi pes-soas que me amavam, mas Deusabriu meus olhos. Minha famíliaestá me dando força para eu merecuperar e, agora, eu estou abra-çando a oportunidade que é a vida,que Deus está me oferecendomais uma vez.
Então, para todos que estãoe que não estão no crime pensemna sua mãe e nas pessoas que teamam, aprendam a dar valor en-quanto você os têm, porque quandovocê se dá conta e enxerga, já era.Saia enquanto pode, pare ummomento e pense em Deus.
Não falo isso da boca para fora,mas falo o que sinto, o que já passei.É que eu mudei, e vou conseguir,Deus vai me ajudar. Eu acreditona recuperação do ser humano.
Aqui quem fala é mais um sobre-vivente da vida do crime.
Cleidson Viana da Silva, 16 anos,é integrante do Virajovem
de Belo Horizonte (MG)([email protected])
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A maior parte da sua famíliate abandona, mas a únicaque não desiste é a mãeIlustração de
Roberto Hunger
ésobreviveu e resiste
às ameaças cotidianasdo mundo do crime
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Gente novaGente novana MPBna MPBVozes do sudeste: Céu, Paula Santoro e
Isabella Taviani reafirmam a feminilidadeda música popular brasileira
As três jovens cantorasrecriam clássicos das
décadas de 1960 e 1970
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PAULO GONÇALO, de São Paulo (SP)
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Éimpossível para a turma quejá passou dos 35 anos nadasentir ao ouvir as canções
Ronco da Cuíca, Sem Fantasiaou Atrevida, respectivamente,canções dos compositores: JoãoBosco/Aldir Blanc, Ivan Lins/VictorMartins e Chico Buarque. Elas,entre tantas outras, retratam umperíodo de nossa história entre ofim dos anos 1960 e meados dosanos 1970, aquele período quechamamos de “Anos de Chumbo”.
Pois bem, três jovens cantoras de nossa cançãoestão com CDs lançados agora neste final de ano,em que recriam esses clássicos. Cada uma comsuas características próprias, suas referências,suas preferências, suas gravadoras e seus produ-tores, mas todas mergulhadas no que há demelhor no universo da música popular brasileira.
São elas: Céu, Paula Santoro e Isabella Taviani,cantoras e compositoras que só vêm reafirmar queo Brasil é um país de voz feminina. Nossa musica-lidade é repleta de feminilidade. O que de inquie-tante essas cantoras trazem em seus CDs/DVDsé o mergulho em nossa história recente.
Quando nosso cancioneiro popular traz qualida-de, nossas crianças e jovens sentem-se estimula-dos à leitura e à composição, e é assim que agente faz um país. Pois com composições pobrese fáceis a gente desconstrói e até mesmo apagada memória o que de bom já foi criado.
Se quiser trocar idéias sobre estes CDs,será bem bacana: [email protected]
• CéuPaulistana de 25 anos,
nome de batismo Mariado Céu Whitaker Poças,traz, em seu álbum deestréia, inúmeras esurpreendentes cançõesde sua própria autoriae recria de maneiramagistral Ronco daCuíca, de João Bosco
e Aldir Blanc. É para lá de neces-sário, uma audição apurada.Pensam que parou aí? Que nada!Tem Bob Marley, ConCrete Jungle,estupendo e fabuloso.
• Paula SantoroMineira há muito tempo na
estrada, esteve recentemente noFestival da TV Cultura, defendendoa canção Um samba a dois, deEduardo Neves e Mauro Aguiar.O CD saiu pela gravadora Biscoito
Fino e traz a participação especial do cantor ecompositor Chico Buarque em duo comoventena canção Sem Fantasia. No mais, ela passeia pelosmares mais profundos, abrindo literalmente o CDcom a música Se você disser que sim, de MoacirSantos/Vinícius de Moraes e,assim segue, por canções deMilton Nascimento, Djavan,Vitor Ramil, Cacaso, MoacyrLuz com Aldir Blanc e dogrande Seu Jorge em parceriacom Robertinho Brandt.
• Isabella TavianiA carioca, que diz ter em
Dalva de Oliveira e Maria Callassua inspiração para o cantar,está lançando CD/DVD de umshow gravado ao vivo no Riode Janeiro, que traz toda suaforça e mostra que ela é dalinhagem das damas de vozfirme e forte de nossa canção
popular. Presta umahomenagem às divasda MPB Simone e MariaBethânia, recriandoda primeira a cançãoAtrevida, compostapor Ivan Lins eVictor Martins nosanos de 1970. Valeconferir tudo!
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2430
!!REVELE-SE
Juventude...Para onde foi aquele olhar que tremia os canhões
Aqueles jovens que moviam e comoviam multidõesAquela força de cantar, sonhar e ousarAquele brilho que iluminava o luar
No mesmo compasso cantavam sonhos de amorUm mundo novo de esperança, sem temorSonhos de criança, sonho-pandorga voadorConstrutores da Civilização do Amor
Corações que aqueciam o SolOlhares cheios de lágrimas-estrelasEmoções de um amor bem maiorVencendo medos e quebrando fronteiras
Onde estão? Onde foram?Estão alienados? Acomodados?Não?Então, onde estão?
Juliano Fleck � Ijuí (RS)
Rogério Santos Costa
Rogério Santos Costa, 22 anos,participou e documentou um dos
momentos da ocupação Chico Mendes(Taboão da Serra – SP), realizada por
integrantes do Movimento dosTrabalhadores Sem-Teto (MTST)
Onde estão?Onde estão?
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2430
Esta charge de Leonardo Valença,Rio de Janeiro (RJ), participou do
5o Salão Nacional de Humor de Brasília
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Mudança, atitudee ousadia jovem
CUPOM DEASSINATURA
anual e renovação10 edições
É MUITO FÁCIL FAZER OU
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4. BOLETO BANCÁRIO
(R$2,95 de taxa bancária)
Nesta semana, lá vou eu comprar um liqüidificador no hipermercado.Percorro as fileiras de exposição de produtos, nas quais aparelhos
de barbear, ferros de passar roupa, tostadeiras, DVDs e aspiradores depó disputam seu espaço. Enquanto aguardo a emissão da nota fiscal,com certa impaciência, reparo no garoto que está em pé atrás de mim.A sessão de eletrodomésticos, vazia, é preenchida pela cara de satisfa-ção deste menino. Seu olhar está vidrado nas televisões que exibem umdesenho animado japonês. Não consigo identificar precisamente porqual aparelho ele acompanha o programa, pois são mais de 30 televiso-res ligados, dispostos em três prateleiras, formando um grande paredãomagnético que irradia muita luz. A moça do caixa me estende o cupome agradece a compra, pedindo desculpas pela demora. Eu desvio minhaatenção da cena e retribuo sua gentileza, desejando bom trabalho.
Ao sair da loja, me deparo com um home theatre enorme, bem naentrada do hipermercado, e percebo que os personagens mudam, masos acontecimentos são idênticos: na telinha, o show da Britney Spearscativa os clientes, que reservam uma parcela do seu tempo para obser-var sua performance no palco.
Vou pra casa pensativa. Meu novo liquidificador ficará alegre aoganhar lugar de destaque em minha cozinha, sendo o único responsávelpor meus sucos e vitaminas naturais. Poderá reinar soberano, longe dahipnose coletiva que uma tevê ligada é capaz de provocar.
Nina Nazario, São Paulo (SP)
Lucas Carreira,São Paulo (SP)
coletivacoletivaHipnoseHipnose
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Márcio Baraldi é cartunista, ilustrador e colaborador da Revista Viraçãowww.marciobaraldi.com.br – [email protected]
33nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
Palavras Cruzadas Diretas
DESAFI ...f
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ColaboreColabore
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S:1) Os dois animais não falam mentira ao mesmo tempo. Um de-
les está mentindo, o outro não. Se o Leão mente de segunda aquarta e fala a verdade a partir de quinta, ele só poderia dizer quementiu no dia anterior, na segunda e na quinta. Como o Unicór-nio nunca poderia afirmar que mentiu no domingo, pois na se-gunda sempre diz a verdade, a resposta é quinta-feira; 2) O únicodia em que poderia acontecer esse encontro é na segunda-feira.Nesse dia ele poderia mentir e dizer que não tinha falado a ver-dade. E poderia mentir novamente dizendo que na quinta-feira(dois dias depois de amanhã e um dia em que sempre fala a ver-dade), mentiria novamente; 3) Carlos Bário (1a e 2a pistas), Fer-nando Silício (3a pista, por exclusão da primeira solução), MelEstevez (1a pista, por exclusão da 2a e da 3a) e Suellen Oliveira (1a
pista, por exclusão da 2a e da 3a).
1) Quando Alice entrou na Floresta do Esque-cimento, ela esqueceu seu nome e o diada semana. Nessa floresta existiam algunshabitantes estranhos: O Leão que mentiasegunda, terça e quarta e falava a verdadenos outros dias da semana; e o Unicórnioque, por sua vez, mentia nas quintas, sex-tas e sábados e falava a verdade nos ou-tros dias. Num certo dia, Alice encontrou oLeão e o Unicórnio descansando debaixode uma árvore. Os dois disseram-lhe o se-guinte:– Leão: Ontem foi um dos meus dias men-
tirosos.– Unicórnio: Ontem também foi um dos
meus dias mentirosos.Então, Alice deduziu, a partir das afir-mações, o dia da semana. Qual foi essedia?
2) Alice ainda está na Floresta do Esquecimen-to e continua sem saber seu nome e o diada semana. Lá está o Leão novamente –lembrem, ele mente nas segundas, nas ter-ças e nas quartas e fala a verdade nos ou-tros dias da semana. Com um grande ru-gido, o rei dos animais faz dois pronuncia-mentos:– Primeiro: Eu menti ontem.– Segundo: Eu mentirei novamente dois
dias após amanhã.Qual é o dia desse encontro?
3) Quatro cientistas sentam-se para jantar. Osnomes são Suellen, Fernando, Carlos e Mel.Os quatro colocam cartas na mesa com ape-nas o seus sobrenomes: Oliveira, Silício,Estevez, e Bário. Você é capaz de desco-brir os nomes completos dos cientis-tas com estas pistas?– 1a pista: Nenhum cientista tem no so-
brenome a letra inicial do primeiro nome;– 2a pista: O sobrenome de Carlos é, tam-
bém, um elemento químico;– 3a pista: O primeiro nome de Silício con-
tém um R.
Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2434
Controle a telinhaControle a telinha
VIRAÇÃO SOCIALVIRAÇÃO SOCIALR
Sabia que cada vez mais as crianças preferem
a companhia de um programa televisivo à
dos pais? Aliás, os jovens brasileiros são
campeões em frente à telinha (por volta de 4 horas
diárias, só passam mais tempo dormindo e supera
o dedicado à escola). Vale o tempo dedicado à Xuxa,
Ratinho, Malhação e afins? Ou seria mais saudável
o jovem conviver mais tempo com pais, amigos,
educadores e praticando esportes?
Frente a esse cenário surgiu o Desligue a TV,
projeto da ONG Instituto Alana
baseado na internacional TV Turnoff
Network. A idéia é conscientizar
a opinião pública sobre o impacto
negativo do excesso de influência
da televisão na vida moderna.
Não visa banir essa mídia, mas
discutir sua utilização e elaborar
atividades alternativas a ela.
Sem fins lucrativos, o movimen-
to promove dois projetos princi-
pais: a Semana Desligue a TV e
FIQUE LIGADO!
De 24 a 30 de abril, a Semana Desligue
a TV estará pela primeira vez no Brasil.
Ao mesmo tempo, ocorrerá em diversos paí-
ses, como Canadá, Estados Unidos, Itália e
México. Para conhecer e participar dessa
idéia, acesse www.desligueatv.org.br ou li-
gue (11) 3472-1831.
programas de estímulo à leitura. Todo ano, em
parceria com escolas, ONGs, mídia, empresas,
entre outros, ocorrerão sete dias de arte, instrução,
esporte e conscientização para distanciar o público
do televisor. “As pessoas descobrem que as opções
fora da TV são mais gostosas. Para a criança,
é muito mais gratificante brincar, ficar com os pais
e outras atividades fora da telinha”, afirma Ana Lucia
Villela, que coordena o projeto juntamente
com Marcos Nisti..Fi
lipe
Vili
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Revista ViRAÇÃO · Ano 4 · nº 2434
35nº 24 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
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