REVISTA VIU - MAIO

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DENEVAL SIQUEIRA | Página 28 O poema de Drummond e Campos dos Goytacazes ROBERTO BARBOSA | Página 30 Barros venceu o câncer e chegou ao STF Online R$ 3,00 www.viuonline.com.br HPV N° 7 | Ano I | Maio de 2013 Pedra no caminho PÁGINAS 6 e 7 Petrobras não consegue conter declínio da produção de petróleo em campos maduros e desperta cobranças da ANP por investimentos O medicamento à base de sais mi- nerais que mata o vírus apontado como maior responsável pela incidência de câncer de colo de útero PÁGINA 11 A cura do Exclusivo!

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REVISTA VIU ONLINE

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DeneVal siqueira | Página 28

o poema de Drummond e campos dos goytacazes

roberto barbosa | Página 30

barros venceu o câncer e chegou ao stf

OnlineR$ 3,00

www.viuonline.com.br

HPVn

° 7 | ano i | m

aio de 2013

Pedra no caminho PÁGINAS 6 e 7

Petrobras não consegue conter declínio da produção de petróleo em campos maduros e desperta cobranças da ANP por investimentos

O medicamento à base de sais mi-nerais que mata o vírus apontado como maior responsável pela incidência de câncer de colo de útero PÁGINA 11

Petrobras não consegue conter declínio da produção de petróleo em campos maduros e desperta cobranças da ANP por investimentos

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reDação Diretor-executivo Roberto Barbosa

editor-adjuntoDouglas Fernandes

Periodicidade – mensal

circulaçãoEstado do Rio de JaneiroeX

PeD

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A revista VIU! nasceu com a proposta editorial de ser uma publicação do interior do Estado do Rio de Janeiro. Isso implica um esforço cotidiano para uma equipe que precisa desbravar cada pedaço deste grande território para alimentar o maior portal de notícias do interior e a publicação impressa, com circulação mensal.

Foi o trabalho de campo desta equipe que apurou a virada econômica do Noroeste Fluminense, com investi-mentos de R$ 600 milhões do governo Estadual, além de outros empreendimentos da iniciativa privada, conforme narra reportagem nesta edição.

Com um ambiente saudável para negócios em função das iniciativas do governo do Estado e algumas Prefeitu-ras, os investidores estão descobrindo o potencial de uma região que já amargou os piores Índices de Desenvolvi-mento Humano (IDHs) do território fl uminense.

Na página de entrevista, vale a leitura dos relatos de Dayse Maria Malafaia Quintan, presidente do Instituto do Bem Estar Social e Promoção à Saúde (Imbesps), uma Oscip que enfrentou uma batalha judicial em função de ambientes políticos conturbados. Inocentada de todos os processos, ela lembra que chegou a enviar caminhões de documentos para respaldar sua defesa.

Dayse é uma defensora das parcerias entre Prefeituras e Oscips como meio de levar o serviço público ao contri-buinte, mas cobra seriedade dessas entidades. Ela diz que o interior do Estado enfrenta um apagão de pediatras em hospitais públicos e considera que a MP que visa autorizar a atuação de médicos estrangeiros pode ser uma alternati-va para enfrentar a carência.

Uma notícia alvissareira na VIU! é a descoberta do uso de um medicamento à base de sais minerais que se mos-trou capaz de matar o vírus HPV, uma doença sexualmen-te transmissível que vem se transformando num fl agelo. A descoberta é de um pesquisador da cidade de Campos dos Goytacazes, que por meio da TEC-Campos, incubado-ra da Uenf, tenta obter apoio da Faperj para produção em larga escala.

A partir desta edição, se integram ao time de colabora-dores da VIU! o colunista Marcelo Sampaio e a cronista Issacarla Laurentino. Eles chegam para integrar um time que já conta com a mordacidade de Deneval Siqueira de Azevedo Filho, Marcos Pedlowski, e Roberto Barbosa, co-lunistas fi xos desde a primeira edição.

A VIU! prima pelos detalhes e eles residem nos traços do design gráfi co Sérgio Provisano, autor de um fi no acabamen-to no projeto gráfi co. Boa leitura.

CARTA AO LEITORÍNDICE

Pedra no caminho

Coluna de Roberto Barbosa

Coruja balzaquiana

Página 19

Páginas 6 e 7

Entrevista

Página 20 e 21

Francisco é pop

Página 8 e 9

Show de notícia

Página 25

Guerra ao HPV

Página 11, 12 e 13

Apagão de médicos

Página 22 e 23

Páginas 30 e 31

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CARTA AO LEITOR

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Na Câmara Federal e no Senado, as bancadas evan-gélicas formam um importante núcleo de pressão parlamentar. Um núcleo que consegue proezas,

como eleger o pastor Marco Feliciano (PSC) como presi-dente de uma Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.

O núcleo de pressão evangélica não é um caso isolado em Brasília. Em quase todas as Assembleias Legislati-vas do Brasil, o número de deputados evangélicos cuja atuação política é marcada por sua religião é bem maior que o de católicos, como revelou um levantamento inédito do jornal “O Jornal Estado de São Paulo”. Uma situação curiosa, já que em todos os Estados, aqueles que se de-claram católicos ainda é maioria da população.

Assim como no Congresso, que tem uma frente evangé-lica ofi cial, nas Assembléias também são os pentecostais que trazem suas convicções religiosas e morais para o topo de sua agenda. É um fenômeno relativamente novo no Brasil, que resulta de uma mobilização de diversas igrejas pentecostais - principalmente a Assembléia de Deus, a Igreja Universal do Reino de Deus e a do Evan-gelho Quadrangular - para ocupar espaço no Legislativo, na mídia e na paisagem das cidades, com seus templos espalhados pelo Brasil (e por muitos países do mundo).

Dos Estados mais ricos e populosos, o Rio de Janeiro é o que tem a maior fatia de evangélicos militantes em sua Assembleia Legislativa: 21%, próximos dos 29% de evan-gélicos na população. A de São Paulo também é expres-siva: 11% de deputados evangélicos militantes para 24% de pessoas que se declararam evangélicas no Censo de 2010.

A região Norte é a que tem as maiores porcentagens. A Assembleia Legislativa do Acre apresenta a maior proporção

de evangélicos militantes do País: 33% - exatamente a fatia de evangélicos na população. A do Amapá vem em segundo lugar: 25% dos deputados buscam o voto dos evangélicos, que são 28% da população. Rondônia, com 17% de depu-tados evangélicos militantes, e Pará, com 12%, vêm atrás. Mato Grosso do Sul, Paraná, Distrito Federal, Goiás e Espí-rito Santo também se destacam.

Todos os Estados têm evangélicos militantes em suas Assembleias. Em contraste, em 13 parlamentos estadu-ais a reportagem não detectou nenhum deputado cuja fé católica seja relevante na sua atuação política. Apenas no Rio Grande do Norte e na Paraíba há a mesma proporção de evangélicos e católicos militantes: 4% e 1%, respecti-vamente.

Mesmo nesses casos, a desproporção é muito grande quando se compara com o contingente de fi éis nas res-pectivas populações: dentre os potiguares, 76% se decla-ram católicos e 15%, evangélicos; dos paraibanos, 77% são católicos e 15%, evangélicos.

No Estado mais católico do Brasil, o Piauí, não foi identi-fi cado nenhum militante dessa fé na Assembleia, que tem 6% de evangélicos engajados politicamente - para 10% de evangélicos na população.

Desse levantamento foram excluídos os deputados pro-testantes e católicos cuja religião é conhecida, mas não fi ca explícita na sua busca por votos nem na sua atuação parlamentar. Esses números, no entanto, obtidos por meio de entrevistas com jornalistas que acompanham de perto o dia a dia das Assembleias, pesquisas nos currículos e no noticiário, não obedecem a critérios científi cos, mas dá uma boa noção de que a bancada evangélica avança na conquista de poder nos parlamentos brasileiros em todos os níveis.

Entre o céu e o parlamentoBancada evangélica avança sobre as Assembléias Legislativas. Na Alerj já ocupa 21% das cadeiras, uma representação próxima dos 29% de evangélicos no Estado do Rio

OnlinePOLÍTICA

entre o céu e o Parlamento No plenário da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, a bancada evangélica ocupa 21% das cadeiras, o maior percentual entre os legislativos estaduais no País 5

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Pedra no caminhoPreparando um novo plano estratégico para os pró-ximos 18 anos com foco na camada do pré-sal e ex-ploração de gás em terra, Petrobras não consegue conter declínio da produção de petróleo em campos maduros e desperta cobranças da ANP por investi-mentos

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E m palestra realizada na Coope-UFRJ, no dia 3 de maio, a presiden-te da Petrobras, Graça Foster, anunciou que a estatal deve fi nalizar em julho o Plano Estratégico com ações até 2030. O plano norteia

as políticas de médio prazo da empresa. Entre os desafi os que a empresa deverá empreender nos próximos

anos está a busca por campos de gás em terra no Brasil. “É preciso que esse gás exista. Mas se ele existir, vamos produzir”, destacou a executiva, mencionando o projeto de geração de energia térmica a gás no Centro-O-este, onde almeja investir na produção de fertilizantes de ureia e amônia para atender ao agronegócio.

No mesmo discurso Graça Foster também destacou as novas descober-tas e a ampliação da produção do petróleo na camada pré-sal. Segundo ela, nos últimos 14 meses, foram feitas 15 descobertas na nova fronteira. Além disso, no dia 17 de abril, a empresa produziu um volume recorde de 311 mil barris de petróleo extraído do pré-sal.

Diante desses novos horizontes, existem pedras no caminho: o declínio da produção em campos antigos.

anP cobra inVestimentos Com as 25 plataformas que planeja colocar em operação até 2017, a

Petrobras terá capacidade para produzir mais de 2,5 milhões de barris por dia de óleo novo. Porém, a estatal prevê apenas adicionar 750 mil barris/dia à produção, hoje de 2 milhões.

Apesar do sucesso do pré-sal, fontes na Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do governo estão preocupadas com o declínio de produção em campos antigos. O principal problema apontado pela ANP seria a má ges-tão de reservatórios, gerando excesso de produção de água.

“Uma coisa é o declínio natural da produção. O que a ANP está consta-tando é um declínio acima do natural, do esperado”, diz uma fonte diz uma fonte do governo.

A agência tem cobrado da Petrobras mais investimentos em reservató-rios antigos, com a revisão do plano de desenvolvimento dos dez maiores campos, responsáveis por cerca de 80% da produção nacional.

Encarregada pelo processamento dos dados da Petrobras, a ANP acre-dita que a queda de produção em campos gigantes antigos da Bacia de Campos anula boa parte do acréscimo recente do pré-sal. Passados sete anos da descoberta, a Petrobras produz 300 mil barris/dia no pré-sal. Um número signifi cativo, já que, no Golfo do México (EUA), foram 17 anos desde a descoberta para atingir o mesmo patamar.

Em qualquer lugar, a produção em campos de petróleo sofre declínio. No caso da Petrobras, é de cerca de 10% ao ano (200 mil barris/dia a menos). A Petrobras também convive com paradas para manutenção de plataformas, com forte impacto negativo na produção. A companhia res-salva que a capacidade total das unidades se refere ao processamento de líquidos, incluindo óleo e água.

“No início, a produção de água tende a zero. Com o tempo, o volume aumenta e, em consequência, diminui a produção de óleo”, diz a compa-nhia, em nota ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

Mas a ANP considera que houve pouco investimento para recuperar a produção nesses campos. Freire, que fez carreira na petroleira e partici-pou do início da exploração em águas profundas, diz que são necessários investimentos para aumentar a recuperação dos campos.

Se todas as novas plataformas operassem no pico, já descontando a participação de parceiros e o declínio de 10% ao ano, poderia haver uma produção líquida até 2017 de 1 milhão de barris/dia de água, para 750 mil barris/dia de óleo adicionais, diz uma fonte da ANP.

“As plataformas não operam no limite e alguma produção de água é nor-mal. Mas é uma conta que não fecha, por isso a ANP está preocupada,” disse a fonte.

Pedra no caminho

ECONOMIA/NEGÓCIOS/PETRÓLEO

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A recente nomeação de Jorge Mario Bergoglio – o papa Francisco – para o trono de São Pedro pare -

ce confi rmar o ditado popular de que todos os caminhos levam a Roma. No caso deste cardeal argentino que já atuou no Brasil, em Aparecida do Norte, de quem é de-voto, o caminho o conduziu não apenas a Roma, mas ao trono que o torna líder de uma das maiores religiões do mundo em número de fi éis.

É a primeira biografi a escrita e publicada desde a escolha do novo sumo pontífi ce e foi elaborada pela jornalista argen-tina Evangelina Himitian, do jornal La Nación. “A vida de Francisco – o papa do povo” percorre a trajetória do primeiro pontífi ce latino-americano.

Nascido em dezembro de 1936 num bairro de classe média de Buenos Aires, como o mais velho de cinco fi lhos, ingressa, em 1958, no noviciado da Companhia de Jesus, ordem religiosa intimamente ligada à colonização de Brasil, Argentina e Paraguai.

Às vésperas dos 33 anos, foi ordenado sacerdote, após mais de uma década dedicada à formação religiosa. E aos

76, é escolhido líder supremo da Igreja Católica, o primeiro fora do continente europeu a ocupar o trono de Pedro, com o difícil desafi o de reformar a cúria romana e direcionar o futuro da religião que conta com mais de 1 bilhão de fi éis no mundo.

Nomeado Francisco numa reverência explícita aos san-tos São Francisco Xavier e São Francisco de Assis, o Sumo Pontífi ce reitera, com sua escolha, a vocação pastoral e vol-tada para os pobres de todo o mundo.

Bergoglio nunca tinha sonhado ser papa. A ordem jesuíta impede que seus integrantes exerçam cargos de liderança dentro da hierarquia eclesiástica, impossibilitando que de-sempenhem as funções de bispo, arcebispo ou cardeal.

A exceção só se dá quando determinada expressamente pelo papa, o que ocorreu com Bergoglio em 1992, quando João Paulo II o designou bispo auxiliar de Buenos Aires. Seis anos mais tarde, Bergoglio tornou-se arcebispo da Sé da ca-pital portenha e, logo, um dos líderes religiosos mais infl uen-tes na América Latina.

Depois da renúncia de Bento XVI, Bergoglio viajou certo

Online

Francisco é popLivro da jornalista e escritora Evangelina Himitian, do jornal La Nación, é a primeira biografi a com a história completa do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, um jesuíta popular que se tor-nou o primeiro papa latino-americano e que chega ao Rio de Ja-neiro em julho para a Jornada Mundial da Juventude

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco: Todos os caminhos conduziram o cardeal argentino ao trono de São Pedro, em Roma, para comandar uma das religiões com maior número de fi éis no mundo

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de que regressaria à rotina na sua familiar Buenos Aires. Seu nome não despontava entre as apostas para a suces-são papal. Para ele, suas possibilidades tinham terminado no conclave de 2005, que havia escolhido o alemão Joseph Ratzinger. A história, no entanto, lhe atravessou o caminho.

A vida de Francisco — o papa do povo narra a vida do homem comum, de hábitos simples e austeros, que nunca se distanciou dos afazeres corriqueiros, como preparar as próprias refeições e utilizar o transporte público, e que hoje tem em suas mãos os desígnios de uma instituição com 2 mil anos de história.

Do menino, que teve nos ensinamentos de sua avó Rosa Margarita Vasallo o despertar para a vida religiosa, ao jovem que enfrentou o desgosto da mãe diante da escolha de seu fi lho pela vida dedicada à fé, até o religioso maduro e com-prometido com o Evangelho, Bergoglio aprendeu a superar os obstáculos que se apresentavam no caminho.

Com sua nomeação como papa, surgiram diversos relatos sobre momentos sublimes de solidariedade, como as doações para as famílias humildes na Igreja da Misericórdia, a proximi-dade com os jovens e o gosto pela vida pastoral. Numa missa celebrada para familiares de vítimas da violência, uma mulher que havia perdido a fi lha assassinada num assalto em 2011 rompeu em lágrimas. O então cardeal interrompeu as orações, sentou-se a seu lado e a abraçou. O gesto sintetiza a visão do papa sobre seu papel e o sonho com uma Igreja humilde, com-prometida em levar o Evangelho para além de seus templos. E assim, Francisco chegou a Roma.

A autora Evangelina Himitian é jornalista formada pela Uni-versidad de Ciencias Empresariales y Sociales. Ela esteve por seis anos à frente da cátedra de jornalismo ambiental desta universidade. Desde 1999 trabalha no jornal La Na-ción, nas seções de informação geral e sociedade, e se es-pecializou em pesquisar temas relacionados à pobreza, à família e a diferentes fenômenos sociais no âmbito da justiça civil. Há cinco anos é responsável por um programa de rádio.

Em 2005, ganhou uma bolsa da Fundación Nuevo Perio-dismo Internacional, dirigida por Gabriel García Márquez, em Cartagena das Índias, na Colômbia. Em 2007, recebeu uma distinção da Asociación de Entidades Periodísticas de Argentina na categoria de interesse geral e, em 2009, ga-nhou o primeiro prêmio desse concurso na categoria direitos humanos. Desde 2006 trabalha na equipe de imprensa dos encontros ecumênicos que já foram promovidos, entre ou-tros, pelo padre Jorge Bergoglio.

Em julho Francisco realiza sua primeira visita ao Brasil desde que foi escolhido como sucessor de Bento XVI. Vai participar da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Ja-neiro. Em seu roteiro, está prevista uma visita a favela de Varginha, na comunidade de Manguinhos, onde vai visitar a casa de uma família. A Jornada Mundial da Juventude acon-tece entre os dias 23 e 28 de julho.

Pensamentos de Papa* “Realmente a Igreja, apesar de ser indubitavelmente uma instituição também humana e histórica, com tudo o que isso implica, não é de natureza política, mas essen-cialmente espiritual: é o Povo de Deus, o Povo santo de Deus, que caminha rumo ao encontro com Jesus Cristo. Somente colocando-se nesta perspectiva é que se pode justifi car plenamente aquilo que a Igreja Católica realiza.”

Discurso com os representantes dos Meios de Comu-nicação Social – 16 de março de 2013.

* “A exemplo de Francisco de Assis, a Igreja tem pro-curado, sempre e em todos os cantos da terra, cuidar e defender quem passa indigência e penso que podereis constatar, em muitos dos vossos países, a obra generosa dos cristãos que se empenham na ajuda aos doentes, aos órfãos, aos sem-abrigos e a quantos são marginalizados, e deste modo trabalham para construir sociedades mais humanas e mais justas.”

Discurso no Encontro com o corpo diplomático junto a Santa Sé - 22 de março de 2013.

* “Não te esqueças dos pobres! E aquela palavra gra-vou-se na cabeça: os pobres, os pobres. Logo depois, associando com os pobres, pensei em Francisco de As-sis (....) E Francisco é o homem da paz. E assim surgiu o nome no meu coração: Francisco de Assis. Para mim, é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e preserva a criação; neste tempo, também a nossa relação com a criação não é muito boa, pois não? Francisco é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre... Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres!”.

Discurso com os representantes dos Meios de Comu-nicação Social – 16 de março de 2013.

*Neste trecho o sumo Pontífi ce explica a razão da escolha do nome Francisco e diz que foi inspirado numa observação do cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo e Prefeito Emérito da Congregação para o Clero, que ao lhe cumprimentar após a escolha como novo papa, provocou: “Não te esqueças dos pobres!”. Hummes e Francisco são amigos.

OnlineLITERATURA/PAPA FRANCISCO

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Oex-dirigente do PMDB, Ecil Batista, era um crítico fer-renho da divisão Norte e Noroeste do Estado do Rio. Defendia a unidade regional, por considerar que o es-

facelamento representava para o Noroeste o mesmo baque en-frentado pelo antigo Estado do Rio após a fusão com o antigo Estado da Guanabara. O Noroeste fi cava fragilizado e o Norte era remediado durante seis meses do ano, em função da safra sucroalcooleira num período pré-royalties do petróleo.

Se para o antigo Estado o problema era a fusão, para o interior a solução seria a unidade de dois territórios numa só região. Nascido na divisa entre Cambuci, cidade do Noro-este, e Campos, Norte do Estado, Ecil atribuía estagnação econômica e o esvaziamento político das duas Regiões até o fi nal da década de 80 ao desarranjo territorial imposto de forma draconiana, sem consulta popular.

Mas o peemedebista que faleceu em decorrência de um câncer de pulmão no dia 8 de fevereiro de 2003, viu Campos dos Goytacazes encher os cofres com royalties do Petróleo a partir do fi nal da década de 80. No entanto, não viveu para assistir a volta por cima do Noroeste. Depois de ostentar um dos menores IDHs do Estado, esta Região, nos últimos anos se reinventou.

Aperibé, uma cidade de pouco mais de oito mil habitantes, é uma importadora de mão de obra para as indústrias de fun-dição que formaram um pólo no município. Todas com sites bem elaborados na internet.

Itaperuna é outra vitrine. Com quase 96 mil habitantes, a cidade se transformou em pólo universitário e tem um servi-ço de saúde que está entre os melhores do país.

A partir do dia 11 de julho vai receber um público estimado em 50 mil pessoas para participar da 15ª edição da Feira Merco Noroeste, promovida anualmente pela Federação das Indús-trias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A Feira deve movi-mentar R$ 12 milhões em negócios e volta à Itaperuna depois de fi car durante várias edições em Santo Antônio de Pádua.

inVestimentos PriVaDos Os problemas econômicos decorrentes da divisão regional

entre Norte e Noroeste fi caram distantes e devem ser sepul-tados com a integração econômica impulsionada por outros projetos regionais, como o Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte do Estado. Diante da expansão demográfi ca, o Noroeste também será retroárea deste empreendimento.

Já se fala na implantação de um Porto Seco em Itaperuna, que também está muito perto de receber investimentos estima-dos em R$ 10 milhões de empresas estrangeiras integradas numa Holding voltada para diferentes linhas de produção.

Na trilha da prosperidadePequenas cidades do Noroeste Fluminense superam estagnação eco-nômica e se tornam rota de investimentos privados. A pequena Aperibé importa mão de obra e Itaperuna deve sediar uma holding formada por empresas estrangeiras

Online CIDADE/ ITAPERUNA

Portal de entrada de Itaperuna, a cidade do Noroeste Fluminense que esta conseguindo transformar a realidade econômica numa região que já teve um dos piores IDHs no Estado do Rio

Uma empresa africana quer fabricar equipamentos de se-gurança, como spray de pigmento natural de urina (utilizado por Guardas Civis Municipais) e equipamentos para blinda-gem de carros. Outra indústria quer fabricar chocolates e uma empresa de capital tcheco está de olho em equipamen-tos para produção de energia limpa (painel solar e equipa-mentos eólicos). Todas se uniram para se estabelecer inte-gradas.

Depois de percorrer os 92 municípios do Estado, os investidores concluíram que a principal cidade do Noro-este é estratégica em função de sua localização numa rodovia que liga o Estado do Rio de Janeiro ao Estado de Minas Gerais, as boas condições do seu aeroporto, o serviço de excelência no setor de saúde, mão de obra qualifi cada pela existência de um pólo universitário e a disponibilidade de uma área 250 mil metros quadrados para instalação.

“São investimentos focados em produtos na área de tec-nologia, sustentabilidade e efi ciência energética”, destaca o consultor Robert Lara Mendes. O investimento deve contar com apoio do BNDES por meio da AgeRio.

“O interesse privado é resultado do ambiente saudável para investidores no Estado do Rio. As condições são in-comparáveis com uma década atrás”, enfatiza o advoga-do tributarista João Carlos Massa, que atua como consul-tor do Holding.

São os sinais eloquentes de que mesmo sem as receitas fabulosas de vizinhos ricos do Norte Fluminense, as cidades do Noroeste descobriram o caminho da prosperidade.

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V errugol é um medicamento que foi utilizado no trata-mento de verrugas na década de 70. Foi largamen-te consumido no Norte Fluminense e Região dos

Lagos. Atraiu consumidores por sua efi cácia, superando as crendices. Na época ainda se acreditava que apontar o dedo para as estrelas fazia nascer os microorganismos que se formavam na pele e cresciam com o decorrer do tempo. A mesma crendice levava os pacientes a buscar auxilio de rezadores, pois acreditavam que uma boa reza eliminava a borda que se formava sobre a pele.

O medicamento saiu do mercado no início da década de 90, quando o fabricante, o laboratório Farquipe, enfrentou restrições impostas pelo Plano Collor para ter acesso a matéria prima importada. Somente os grandes laborató-rios sobreviveram.

Na época, o papiloma vírus humano ainda não era di-fundido e não se imaginava que o medicamento pudesse ter uma função mais abrangente no futuro. Que seria a possibilidade de cura para o vírus que despontaria como o maior responsável pela incidência de câncer de colo de útero, e apontado como responsável por câncer na boca e garganta.

A verruga externa, para quem não sabe, é uma variação do HPV. Quando surgem nos órgãos genitais podem cau-sar câncer em homens e mulheres, embora, nas mulhe-res, a evolução para displasias - quadro prévio ao tumor - seja mais comum. Os números são alarmantes. Surgem 468 mil novos casos de câncer de colo de útero todos os anos. Quase todos podem ser atribuídos ao HPV.

Os testes já comprovados com o Verrugol no tratamento das verrugas demonstram que este medicamento a base de sais minerais elimina todos os tipos de HPV sem pro-vocar sangramentos e feridas. A verruga vai murchando ao longo do tratamento. O vírus é eliminado no prazo de três a quatro dias em caso de uso externo. O HPV, que nos homens também é denominado (na região genital) como crista de galo, posteriormente vai desaparecendo e a pele do órgão afetado se recompondo. No caso das mulheres, na vagina, o medicamento é aplicado com em-plasto, tipo absorvente.

Outros tratamentos utilizados pela medicina são com produtos à base de ácido, congelamentos e cirurgias. Todos considerados dolorosos e de efeito contestável, já que o sangramento decorrente pode afetar outras áreas do mesmo órgão.

Por se tratar de um vírus altamente contagioso, a área

atingida pelo sangue também se torna fértil para o desen-volvimento do HPV. Outra fórmula é o congelamento à base de nitrogênio, que pode atingir a primeira camada da pele deixando manchas. Portanto, o Verrugol, em tese, seria uma alternativa mais efi ciente.

Atualmente existem vacinas preventivas, tanto para ho-mens quanto para mulheres, mas só imunizam contra dois ou três tipos de vírus HPV, quando existem centenas de variações.

No caso do novo medicamento, o tratamento é indolor e tem efi cácia quando o vírus já se manifesta. Basta ape-nas colocar o liquido sobre a área afetada e cobrir com gaze. No caso do vírus atingir a vagina, o medicamento também pode ser inoculado por meio de injeção dentro da cápsula em que o papiloma vírus se aloja, levando a sua eliminação completa e afastando o risco do câncer de colo de útero.

“O efeito, nesses casos, pode ser até mais rápido, por-que o medicamento é inoculado na espécie de bolsa em que o vírus fi ca encapsulado formando o grupo de células agrupadas”, explica o pesquisador do laboratório Farqui-pe, Ionildo Manoel de Marins.

Guerra ao HPVMedicamento à base de sais minerais que já foi utilizado no tratamento de verrugas, mostra-se capaz de matar o papiloma vírus humano, o grande responsável pelo câncer de colo de útero e 30% dos casos de câncer na boca. Laboratório tenta apoio da Faperj para produção em larga escala

Online

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SAÚDE/HPVOnline

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O câncer de colo do útero é o segundo tipo da doença mais frequente entre as mulheres, com aproximadamen-te 500 mil casos novos por ano no mundo, sendo responsável pela morte de cerca de 230 mil pessoas do sexo feminino anualmente.

Os homens também são infectados pelo HPV. Em pacientes com câncer de pênis, estudo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), feito em parceria com o Instituto de Virologia da Fiocruz, constatou que 75% dos diagnósticos desse tipo de tumor estão associados à presença do vírus.

Entre os principais sintomas de con-taminação pelo vírus estão o apareci-

mento de verrugas na pele e na muco-sa das áreas infectadas, com grande incidência nas regiões genitais.

O HPV tem mais de 100 variações, porém, quatro delas, os tipos 16, 18, 31 e 45, são responsáveis por 80% dos casos de câncer de colo do útero e 90% das verrugas genitais.

Médicos explicam que quanto antes o vírus HPV for detectado, mais chances existem de evitar o câncer. O período entre o momento de contaminação pelo vírus e o aparecimento de tumo-res é em média dez anos.

Já existe uma vacina para essas varia-ções, mas ainda não faz parte do calen-

dário de vacinação determinado pelo Ministério da Saúde. Apenas algumas cidades oferecem a vacina para meninas portadoras do vírus HIV, na faixa etária en-tre 9 e 13 anos. Nessas pessoas, segundo pesquisa, os sintomas do HPV são mais resistentes e agressivos.

O medicamento desenvolvido pelo laboratório Farquipe, na cidade de Campos dos Goytacazes, utiliza uma composição com sais minerais. Ele é aplicado sobre a verruga, que fi ca coberta por uma gaze. Em três dias o vírus morre.

No caso de mulheres, na região ge-nital, a verruga pode ser coberta com emplasto utilizando absorvente.

Um levantamento realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), mostra que cerca de 30% dos casos de câncer de boca registrados está ligado ao papiloma vírus humano. A pesquisa foi realizada entre os pacientes operados em decorrência de tumores que afetavam a região da cabeça, pescoço.

O estudo aponta, também, que a grande maioria dos pa-cientes afetados (70%) é do sexo feminino, com idade entre 40 e 50 anos.

Alguns dos sintomas manifestados por esses tipos de câncer podem ser manchas brancas na boca, dor, lesão com sangramento e cicatrização demorada, nódulo no pescoço presente por mais de duas semanas, mudan-

ças na voz ou rouquidão persistente e difi culdade para engolir.

Embora os tumores relacionados ao HPV sejam menos agressivos, respondendo bem ao tratamento, os riscos po-dem ser atenuados com o uso de preservativos nas relações sexuais. Existem segmentos da medicina que já apontam a incidência do papiloma como epidemia.

A fórmula do Verrugol já está patenteada no Instituto Na-cional de Propriedade Industrial (INPI). Agora o laboratório busca apoio da Faperj para produção em larga escala. O projeto foi apresentado por meio da TEC-Campos, uma in-cubadora que funciona na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).

SAÚDE/HPV

DADOS E NÚMEROS SOBRE O HPV

Câncer de boca

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circulando A primeira edição impressa da

VIU! provocou o maior alvoroço. A capa com a imagem de Eike Batista e um tsunami, que ser-viu para ilustrar a retração nos negócios do megaempresário, deu a exata noção da frase que sobrevive nas redações: “uma boa imagem vale mais do que mil palavras.”

Advogado Elcio Pontes, jornalista Décio Braga e a carnavalesca Ana Claudia, da Escola Castelo Imperial

cinquentão O ex-prefeito de Macaé, Riverton

Mussi (PMDB), festejou em maio a chegada dos cinqüenta anos. A festa foi no sítio Caminho da Serra, no Tra-piche. Cerca de duas mil pessoas par-ticiparam de um churrasco animado por uma banda local. Foi um encon-tro sem discursos. O máximo que ele fez ao microfone foi agradecer. Por lá desfi laram prefeitos e vereadores de várias cidades. Riverton prepara as baterias para disputar um mandato na Alerj.

Riverton Mussi: festa de 50 anos e aquecendo as baterias para disputar uma vaga na AlerjGuto Garcia: no gramado o coração bate forte

Luna não quer ouvir falar de Carapebus, onde o diabo tira e Deus dá

o Pynikin é menor do que um pombo, mas na sacada do apartamento canta como gente grande

tricolor Quando se trata de futebol, o vereador

de Macaé, Guto Garcia esquece a estrela do PT, partido pelo qual foi o segundo ve-reador mais votado na cidade. Ele veste é a camisa do tricolor das Laranjeiras. Guto é Fluminense e está eufórico com o início do Brasileirão. O primeiro jogo do Fluminense foi justamente no Estádio Cláudio Moacyr, em Macaé, contra o Paraná (PR).

luna virou uma arara O transformista Luna Galtiery desceu do

salto. Invadiu o Facebook soltando cobras e lagartos contra o prefeito da cidade de Cara-pebus, Amaro Fernandes (PRB). Motivo da re-volta: Luna foi demitida da Prefeitura sem avi-so prévio, depois que seu contrato temporário foi cortado. “Tenho mais Deus para dar do que o diabo para tirar”, disparou.

Nos palcos ela continua divina, dublando Byoncé e outras Pop Stars. O Yotube está inundado de vídeos com seus cliques, inclu-sive com participação no programa Esquenta, com Regina Casé, na Rede Globo, e no Show da Xuxa.

olha o Pynikin! Quem canta na gaiola não é um pássaro. É o Pynikin. Trata-se

de um galo desenvolvido em laboratório, por meio de cruzamento genético. É menor do que um pombo. “É para ser criado em gaio-la”, explica o inventor Ionildo Marins, que desenvolveu o bichinho em seu laboratório, na cidade de Campos dos Goytacazes.

O Pynikin pode viver até em apartamento. Numa sacada ele canta como galo grande. Se tiver uma companheira da mesma espécie, procria na gaiola. Com os ovinhos, o inventor faz colares e brincos folheados em ouro.

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Q uando o comerciante espanhol Júlio Gonzáles Veiga chegou à cidade de Macaé, Norte do Esta-do do Rio, há mais de 30 anos, e ensinou ao co-

merciante Wallace Agostinho como cozinhar uma sardinha na panela de pressão, não imaginava que estava trazendo da Galícia a iguaria que seria o charme do Bico da Coruja, o bar que se tornou o point do samba e do chorinho na cidade que hoje é a base de operação da indústria offshore na Bacia de Campos.

Seu Júlio, que atualmente tem um fábrica de gelo nas proximidades, é um frequentador. Consome o prato servido com torrada. Degusta sempre acompanhado de uma cerveja bem gelada. O galego saboreia o mesmo prato que alimenta o grupo de chorinho que leva o nome do bar. O nome do grupo não poderia ser outro, porque nasceu ali, bem debaixo do bico da ave imaginária.

O bar Bico da Coruja não tem sofi sticação. É tudo muito simples. O charme está justamente nesta simplicidade. Situ-ado atrás do mercado de peixes, na rua que era frequentada por Benedito Lacerda, o amigo de Pixinguinha que também fi gura entre os grandes nomes do chorinho brasileiro, o bar é o ponto de encontro de executivos, profi ssionais liberais, funcionários públicos e de quem curte o ritmo. Isso explica alguns quadros com frases de suas composições na parede do bar.

O grupo que toca samba e chorinho nasceu nessas três décadas como atividade de lazer de profi ssionais que exer-cem ofícios distintos no dia-a-dia e unem vozes e instrumen-tos em momentos de descontração. Wallace, o dono do bar e servidor público, é o percursionista. O advogado Julio Cesar manda bem no pandeiro. É um cover de João Nogueira. O médico pediatra Celso Marques toca bandolim. O engenhei-ro da Petrobrás, Ivan Barbosa, é outro craque no violão de seis cordas. O servidor da Caixa Econômica Federal, Edson Batata toca cavaquinho. Mora em São Fidélis, mas se deslo-ca para se abrigar no Bico da Coruja. O arquiteto Maurício é o homem do violão de sete cordas, enquanto que Raimundo é outro integrante que manda ver na viola de seis cordas.

Em 31 anos o grupo deixa marcas. São 150 composições e três CDs gravados. Tudo por hobby, porque ali ninguém vive da música. “Aqui o nosso compromisso é não ter com-promisso”, brinca Wallace. O grupo faz shows benefi centes e já abriu apresentações de artistas consagrados, como o próprio João Nogueira.

coruJa Democrática O Bar Bico da Coruja é o lugar mais democrático da cida-

de. Ali é um espaço em que os amantes do choro podem

realmente soltar voz sem medo de ser feliz. Ninguém cobra cachê, mas todo mundo faz questão de pagar a conta. Quem vive por ali ou nas proximidades conhece o seu quadrado. O mercado de peixes é um reduto tradicional de prostituição, mas as meninas de vida difícil (como são politicamente conhecidas na cidade) fi cam distantes daquele território do samba.

Em Macaé elas não têm tempo a perder. Levam ao pé da letra a frase em inglês que o baixo meretrício aprende a fa-lar nessas bandas: “Time is money”. Por isso, enquanto o samba e o choro invadem a madrugada no Bico da Coruja, elas batalham do outro lado do quarteirão. As tribos não se misturam e nem se confundem.

Mas porque o nome do bar é Bico da Coruja? Wallace Agostinho explica: “Um comerciante de Macaé, Heroltides Monteiro (que foi dono de um supermercado na cidade), viu um bar com este nome em Trajano de Moraes. Disse que o espaço era muito parecido com o nosso. O nome pegou”, explica Wallace.

Quem chega à Rua Benedito Lacerda nas noites de quar-ta-feira, dia do fervo, fi ca encantado com o chorinho e sedu-zido pelo estômago. Ninguém resiste à sardinha cozida na panela de pressão. O segredo está no molho. Este Wallace não ensina a ninguém e tem a cumplicidade do professor Júlio Gonzáles. Tão perfeito quanto o sabor da iguaria, é a mistura da culinária espanhola com o ritmo brasileiro e a gin-ga macaense.

Coruja balzaquiana Point do chorinho e do samba em Macaé, Bico da Coruja chega aos 31 anos servindo uma caprichada sardinha cozida na panela de pressão e acompanhada com torrada. Já o grupo musical que nasceu da mesma linhagem está no terceiro CD e com 150 composições

Online

O Bico da Coruja é um bar rústico na cidade de Macaé, que se tornou ponto de encontro para os amantes do samba, do chorinho e para quem gosta de degustar uma boa sardinha preparada na panela de pressão

CULTURA & LAZER

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Viu! – a legislação Determina que o ingresso no serViço Público tenha que ser Por meio De concurso. a senhora não acha que essas Parcerias entre mu-nicíPios e osciPs acabam Dri-blanDo a lei? Dayse maria malafaia quintan – As parcerias são celebradas mediante um concurso de projetos. Os profi ssio-nais que são contratados pelas Oscips atuam por um tempo determinado. Uma coisa é atuar em projetos, outra completamente diferen-te é ingressar como servidor efetivo no quadro de funcionários do setor público. Neste último caso, a lei é clara: somente por

meio de concurso. A Lei de Responsabilidade Fiscal também é clara. Os gestores têm um teto da arrecadação própria

para gastar com folha de pagamento. Se gastarem acima deste percentual, caem na lei de inelegibilidade. As parcerias com as Oscips por meio de concurso de projetos, não burla a lei, apenas abre um caminho legal para equacionar difi -culdades de levar o serviço público ao cidadão.

Viu! – a osciP que a senhora PresiDe foi alVo De Processos na Justiça feDeral. isso não PoDe inibir futuras Parcerias?

Online

“Não há noite que não termine”Dayse maria malafaia quintan

*Por Roberto Barbosa

A ex-bancária Dayse Maria Malafaia Quintan passou os últimos sete anos de sua vida se defendendo de processos nos corredores da Justiça Federal. Aos

57 anos, ela recorda que a experiência foi amarga, porque desta fase turbulenta restaram problemas de pressão arterial e consumo contínuo de medicamentos. “Por muito pouco não sofri um infarto. Cheguei a ter desmaios em via pública”, lem-bra a ex-funcionária do Banerj que passou a atuar na Oscip depois que o fundador e marido Joelp Ribeiro Quintan Filho faleceu. Foi na presidência do Instituto do Bem Estar Social e Promoção a Saúde (Imbesps), uma Oscip que prestou servi-ços à prefeitura de Santa Maria Madalena, Quissamã e São João da Barra, que Dayse entrou no olho do furacão. Em dois

municípios os convênios foram denunciados por suspeitas de burlar a lei de concursos públicos. Inocentada em

recente julgamento e de posse de todas as certidões negativas, ela está no estágio “alma lavada”. Dayse

se diz defensora das parcerias entre “entidades sérias” e o setor público para

dinamizar o atendimento à população. Uma medida que

vê com bons olhos é a MP permitindo que médicos estrangeiros passem a atuar no País.

ENTREVISTA

“Lidar com médico no Brasil é difícil. No Im-besps se recusavam

a participar até de cursos de reciclagem”.

Dayse Malafaia: De-pois de uma batalha judicial, as certidões negativas para cele-brar convênios com o poder público

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“Não há noite que não termine”Depois de sete anos de batalha judicial, presidente de Oscip é inocentada e narra o pesadelo que quase lhe deixou próxima de sofrer um infarto

Dayse – De forma alguma. Reforça o interesse por parce-rias. Passaram um pente fino na minha vida e do Imbesps. Foram sete anos de levantamento. Cheguei a despachar ca-minhões de documentos para a Justiça Federal e Receita Federal. E o que se comprovou? A Im-besps nunca fez nada fora da lei. Por isso, tem todas as certidões negativas e está apta a cele-brar convênios com qualquer ente público. Eu diria que a Imbesps se tornou uma referência. Posso lhe afirmar que em São João da Barra, por exemplo, aonde implantamos o Programa Saúde da Família, a cidade teve a melhor saúde do Norte Fluminense.

Viu! – e as Prefeituras, Pensam Da mesma forma? Dayse – Não tenho dúvidas. Na verdade, a Oscip foi atin-gida por disputas políticas locais em três cidades. Em Cam-pos, aonde nem chegamos a trabalhar em 2007, São João da Barra e Quissamã. Nos três casos o Ministério Público Federal foi provocado a atuar contra o Imbesps por pessoas que tinham motivações políticas. Era uma forma de atingir a boa avaliação que as administrações municipais colhiam com o trabalho do Instituto. Em todas essas cidades, ne-nhum gestor foi condenado por celebrar convênio conosco.

Viu! a maior Parte Dos conVênios que o institu-to estabeleceu foi na área De saúDe e também no camPo social. é PossíVel Diagnosticar em que região está concentraDa o maior grau De DificulDaDes Do setor Público no atenDimento a PoPulação? Dayse – O Norte, Noroeste Fluminense e a Região dos Lagos no Estado do Rio ain-da concentram sérios problemas de aten-dimento, principalmente na área de saúde. Muitos municípios estão engessados dian-te da legislação. A demanda cresce em descompasso com a arrecadação própria, criando sérios entraves em algumas cida-des. Até mesmo nos municípios mais prós-peros em decorrência da arrecadação de royalties, existem distorções. A lei permite investimentos na parte estrutural, mas dificulta a contra-tação de material humano. É possível investir dinheiro de royalties, por exemplo, na construção de hospitais, mas é ilegal gastar dinheiro de royalties com folha de pagamento. Muitas vezes se tem bons hospitais, bons equipamentos, mas não se tem profissionais para atuar.

Viu! – seria esse tiPo De Distorção que estaria afetanDo o atenDimento nos hosPitais e Pos-tos De saúDe?

Dayse – Na área de saúde existem outras complexidades. Existe carência de pro-fissionais. Há um apagão de pediatras no mercado. Acadêmicos de medicina estão optando por áreas mais rentáveis, como estética. Muitos municípios estão apelando para clínicos gerais e esses, em alguns ca-sos, não sabem atender crianças. Existe o fator gestão. O cargo de secretário de Saú-de é político. A escolha, muitas vezes, não é por meritocracia. E quando o profissional tem capacidade, muitas vezes esbarra na

burocracia. Conheço bons profissionais que ocupam esses cargos, reconhecem que não conseguem trabalhar como gostariam, mas que permanecem por uma questão de sta-tus.

Viu! – Para suPrir a carência, seria o caso De imPortar Profissionais De outros Países? Dayse – Vejo com bons olhos a Medida Provisória que o governo quer editar para atrair médicos de outros países para atuar em regiões que tenha carência desses profissio-nais. É possível equacionar a carência e ao mesmo tempo criar uma nova mentalidade. Lidar com médicos no Brasil é difícil. No Imbesps se recusavam de participar até de cursos de reciclagem. Eles costumam ser auto-suficientes. Por ou-tro lado, é preciso fazer algumas ressalvas: médico está ga-

nhando pouco. Não justifica, mas não deixa de ser um complicador. Viu! – DePois Dos sete anos De atribulações, com Pressão Des-controlaDa e Desmaios, a senho-ra ainDa continua com a mesma rotina? Dayse – Muita coisa mudou. Ninguém sai inteiro disso. Estou procurando curtir um pouco mais a vida. Tenho viajado, re-fletido e observado coisas que escapavam aos meus olhares nos momentos de maior

pesadelo. Só eu e alguns amigos mais próximos, que me acompanharam em todos aqueles momentos, sabemos o que representou tudo aquilo. Foram noites de insônia, lá-grimas e desespero. Contudo, sem perder a esperança em nenhum momento. Hoje descobri que não há noite que não termine.

“O cargo de secretário de Saúde são políticos. A escolha, muitas vezes, não é por meritocracia”.

“Muitas vezes se tem bons hospi-

tais, bons equipa-mentos, mas não se tem profissio-nais para atuar”.

“Cheguei a des-pachar caminhões

de documentos para a Justiça

Federal e Receita Federal”.

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Online PAÍS/SAÚDE

Segundo relato do jornalista Pablo Pereira, do jornal O Estado de São Paulo, nem a milagrosa cruz da matriz do morro mais alto de Santa Cruz dos Milagres, no

interior do Piauí, ajuda quando a energia some e o posto de Distante 168 quilômetros de Teresina, a cidade tem

aproximadamente 4 mil habitantes e integra uma lista de

Apagão de médicosPara enfrentar falta de médicos, nos rincões do País prefeitos esperam por profi ssionais ‘importados’ de Cuba. Nas cidades do Norte Flumi-nense e Região dos Lagos, no interior do Rio, maior carência é de pe-diatras. Faltam profi ssionais até na rede particular

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397 municípios do País que sofrem de outro apagão: o de médicos. Sem hospital e só com um posto de atendimento básico, a cidade não tem profi ssionais residentes, recebe demanda de 40 casos diários e “importa” profi ssionais da capital.

“Rapaz, mande um médico da (sic) Cuba pra mim”, disse, na sexta-feira, dia 17 de maio, o prefeito João Paulo de Assis Neto (PDT), ao lembrar que o governo federal pretende tra-zer médicos estrangeiros ao País. A proposta do Ministério da Saúde virou polêmica na semana passada. Assis, porém, apoia: “Fui o primeiro prefeito a pedir médico cubano”.

Para garantir atendimento em Santa Cruz, ele tem de recorrer a dois plantonistas de Teresina, que, no curto tra-jeto, gastam até 3 horas na estrada para trabalhar na ci-dade, um centro religioso nordestino.

A prefeitura gasta R$ 9 mil mensais para um médico visitar a cidade por dois dias da semana. “Imagine a economia se o médico viesse morar aqui”, questionou o prefeito. O cus-to é coberto pelo programa Estratégia de Saúde da Família (ESF), que repassa aos municípios pouco mais de R$ 10 mil por mês para pagar uma equipe médica itinerante.

Como um polo regional de medicina do Nordeste, que atende a demandas de saúde também de municípios do Maranhão, Teresina exporta plantonistas. Eles viajam para atender em municípios como Santa Cruz e Juazeiro do Piauí, presentes na lista de cidades sem médicos orga-nizada pela Confederação Nacional dos Municípios com dados do DataSUS.

Na quinta-feira passada, em Santa Cruz, quando a luz pis-cou e foi sumindo até apagar, às 18h45, o cirurgião Márcio Ramísio, de 35 anos, sete deles com o estetoscópio no pes-coço, apontou para o teto da sala e disse: “Como é que um médico vai querer vir para o interior desse jeito?”.

Ramísio não é de Santa Cruz. Ele até gosta da cidade e tem veneração pela religiosidade local, que atrai milhares de fi éis. “Eu mesmo, quando fi z vestibular, fi z promessa aqui para passar”, contou. Mas agora, para clinicar, ele tem de encarar a estrada e passar pelo menos uma noite da se-mana longe da capital onde mora com a mulher, grávida do primeiro fi lho.

Nessa realidade, Ramísio admite que fi ca difícil cooptar profi ssionais de saúde para a cidade. “Como eu sou da região, gosto de trabalhar no interior”, afi rmou o cirurgião. Na manhã de sexta-feira, 17, levou uma hora para che-gar ao ponto de atendimento numa fazenda. Na véspe-ra, quando estava perto de encerrar seu primeiro dia do plantão, Ramísio e a assistente Poliana Costa fi caram, li-teralmente, sem energia. A luz apagou. Era o fi m do expe-diente. Iluminado por uma lâmpada de bateria, o médico não teve outra alternativa senão deixar o trabalho para o dia seguinte.

estaDo críticoAssis não é o único prefeito a ter de buscar médicos na

capital. Em Juazeiro do Piauí, a 260 km da capital, plan-tonistas cobrem a ausência. “Não temos nenhum médico morador”, disse a secretária de Saúde, Sulema Brito. For-mada em Enfermagem, ela assumiu o cargo em janeiro e a médica que atendia no posto saiu em março. Somente

há um mês outro profi ssional foi contratado, também de Teresina, para dois dias de dedicação aos cerca de 50 casos que vão ao posto atrás de ajuda.

José Antônio Cantuária, de 54 anos, clínico geral, aten-de em Juazeiro do Piauí duas vezes por semana. “O problema é estrutural. Tem de investir em saúde e nos médicos brasileiros”, disse. “Agora está aí essa discussão sobre os estrangeiros, cubanos.”

Cantuária diz que no Piauí há o agravante da deman-da oriunda do Maranhão - o Estado tem a menor taxa de médicos para cada mil habitantes. Com 4,7 mil habitan-tes, Juazeiro tem outro plantonista, Martinho Delmiro, de Campo Maior, a 80 quilômetros. A falta de estrutura é uma das principais reclamações da categoria. Um jovem médi-co, que pediu para não ser identifi cado, disse que, quando há qualquer problema de procedimento por causa da pre-cariedade dos postos, um processo pode recair sobre o médico. “Quando um paciente morre, ninguém quer saber se não tinha equipamento.”

No Norte Fluminense e Região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro, a grande carência é por pediatras. Existe uma escassez desses profi ssionais na rede pública e par-ticular.

Atender criança demanda consultas prolongadas e sob o ponto de vista fi nanceiro tem pouca rentabilidade fi nancei-ra para o profi ssional. Por isso, as opções nos cursos de medicina têm sido mais na área de estética, como cirurgia plástica, por exemplo.

Enquanto o governo planeja importar médicos para reduzir o défi cit de atendimento no SUS, um grupo de pelo menos 2.399 estrangeiros já atua no País. Dados da edição atual da Demografi a Médica no Brasil mostram que os profi ssio-nais são oriundos de 53 países - a América Latina representa 94% do total. No topo da lista estão os bolivianos, que so-mam 880, seguidos por 401 peruanos e 264 colombianos. Cuba está em quarto lugar, com 216 médicos trabalhando em território nacional.

A pesquisa elaborada pelo Conselho Federal de Medici-na (CFM) também revela que os estrangeiros não escolhem localidades remotas do Brasil para trabalhar. A maioria vem para cá para atender pacientes nos grandes centros urba-nos, especialmente os da Região Sudeste, como a capital paulista. E, assim como os profi ssionais brasileiros, a maior parte dos médicos importados também não tem títulos de especialistas - são apenas clínicos. Para atrair médicos às áreas mais remotas do País, não é preciso implementar uma política de importação de profi ssionais, na análise do CFM.

A entidade, que na semana passada ingressou com uma representação na Procuradoria -Geral da República (PGR) para impedir a ação do governo, reivindica melho-res condições de trabalho aos brasileiros. O presidente do conselho, Roberto d’Avila, argumenta que os problemas da assistência em saúde não se limitam à falta de médi-cos.

“A má gestão do SUS e o baixo investimento público na saú-de são fatores fundamentais para o quadro atual. Por exemplo, na Inglaterra, o governo responde por 84% dos investimentos em saúde. Na Argentina, esse porcentual fi ca em 68%. En-quanto isso, no Brasil, ele bate na casa dos 44%.”

PAÍS/ SAÚDE

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Online

Sei que não sou tão velha, ando pelas ruas e esqui-nas dos vinte anos, porém, quando era pirralha na casa de mil novecentos noventa e nove (na qual

minha única hesitação era correr pelo quintal) ao mesmo tempo em que a família real estabelecia sua coroa no Rio de Janeiro (digo minha humilde família) tínhamos o cos-tume de mostrar nossos álbuns de fotos, toda vez que recebíamos visitas de amigos ou de parentes.

Durante uma dessas visitas inesperadas ao mostrarmos nossos álbuns entrelaçadas de risadas e recordações, uma fotografi a foi o centro das atenções; o motivo era apenas um: Dia do Índio, que de acompanhamento carre-gava aquelas caracterizações das tias da escola “coisas de pedagogia infantil”.

Dizia Machado de Assis: “Há peças que caem. Há ou-tras que fi cam no repertório”. Assim são nossas lembran-ças, se eu sinto falta da “Da aurora da minha vida, Da minha infância querida...” que dirá os índios quando “todo dia era dia do índio”.

Em dias não tão distantes ao ler o Jornal do Brasil não deixei de notar uma fala do Sérgio Cabral a respeito das

obras no Rio referente à Copa: O museu do índio, perto do Maracanã, será demolido. Vai virar área de mobilidade e de circulação de pessoas: É uma exigência da FIFA e do organizador local. Minutos depois da leitura a única frase que brotava em meus pensamentos era; Como pode que-rer expulsar a nossa própria raiz?

Logo um silêncio inquieto e frio de um inverno rigoroso tomou conta do meu corpo. O espanto ora? Foi e é, de ver que os índios são tratados como obras apenas; talvez apenas as cores da Primeira Missa (Victor Meirelles) ou o lindo romance Iracema (Alencar).

Ao decorrer dos fatos sobre a Aldeia do Maracanã per-cebi algo, uma raiz sendo tão viva com suas cores e for-mas, porquanto são tratadas como obras literárias postas dentro de uma caixa empoeirada e esquecida no canto da casa.

Adianta ter um dia de som, se todos outros dias são vozes sufocadas?

Se os índios não possuem a autonomia da liberdade para serem o que são; Serão apenas álbuns de fotogra-fi as, Lembranças...

Ao dia do índioHoje, desfrutamos da velocidade da tecnologia, é só bater a foto e pronto, já pode ser visualizada.

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V ivemos numa época em que se tem a impressão de que nunca fomos tão bem informados sobre o que se passa em cada canto do mundo. Essa ilusão é

diariamente alimentada pela difusão de versões da reali-dade que invariavelmente são originadas por um número relativamente pequeno de formadores de opinião. Esses estão, por sua vez, associados a um número ainda menor de corporações econômicas que possuem veículos de mí-dia em seu portfólio de interesses empresariais.

Essa situação vem ao longo do tempo operando uma lenta, mas profunda transformação naquilo que se convenciona cha-mar de informação. O fato objetivo é que na imensa maioria das vezes o que chega ao cidadão comum não é o fato em si, mas uma versão de algo que eventualmente possa ter ocorrido ou não. Nesse caso é sempre importante lembrar uma frase cuja autoria é disputada, mas, não obstante, possui um conteúdo importante para a presente refl exão: ”notícia é tudo aquilo que alguém não quer que seja publicado. Todo o resto é propagan-da”.

Mas a quem interessa esse tipo de propaganda e quais são as formas que vem sendo adotadas para torná-la mais atraente para os eventuais leitores e telespectadores? No campo dos interesses é sempre importante lembrar que os donos de veí-culos de comunicação não são frades franciscanos que fi zeram votos de pobreza; aliás, muito pelo contrário. Se formos veri-fi car quantas das maiores fortunas existentes no mundo são de pessoas vinculadas à mídia, veremos que o número não é insignifi cante.

No caso brasileiro, as famílias Marinho, Saad e Abravanel (Globo, Band e SBT) ocupam lugares de destaque no ranking mundial das fortunas. No entanto, o Brasil não é exceção, mas regra. Tanto isso é verdade que o homem mais rico do mundo, o mexicano Carlos Slim, é também um magnata da mídia. Se formos mais longe, encontraremos os bilionários Ted Turner, dono da Rede CNN, e Rudolph Murdoch, o australiano que é dono de vários veículos de informação (incluindo a Time War-ner).

Entretanto, qual seria então a grande questão da mídia estar cada vez mais oligopolizada e controlada por um pequeno nú-mero de bilionários? A primeira é uma opção pela seletividade do que é transmitido aos leitores, onde temas que afrontem os interesses das classes detentoras de capital não recebem o tra-tamento devido.

No entanto, há algo mais grave do que a seletividade dos temas que são abordados: a recente evolução das tecnolo-gias vem permitindo o aparecimento de um fenômeno ainda mais pernicioso. Aqui estou falando da transformação da no-tícia em mais uma forma de entretenimento; assim, em vez de recebermos informação, o que temos na maioria das ve-zes é a exploração mais crua do drama humano sob a forma

de um sensacionalismo tão barato quanto abjeto. Um exemplo recente do que estou falando foram as explo-

sões que ocorreram em abril passado na cidade de Boston, que vitimaram mortalmente três expectadores e mutilaram centenas de pessoas. Tão logo as bombas explodiram foi dado início a um processo de entretenimento que não poupou os mortos nem os dois jovens chechenos que foram apontados como os responsáveis pela sua colocação. Além disso, redes como a CNN e a Fox News passaram dias inteiros mostrando as mesmas cenas mostrando as faces dos irmãos Tsarnaev, criando uma atmosfera onde será praticamente impossível que o irmão sobrevivente, Dzhokar Tsarnaev, tenha uma chance de julgamento justo.

Como os EUA são um terreno fértil para essa ação da mí-dia do entretenimento, poucas semanas depois surgiu o caso do sequestro de três jovens que durou mais de uma década por um cidadão de origem porto-riquenha, Ariel Castro, que em seus momentos inglórios teve a difusão da imagem de dois de seus irmãos como potenciais cúmplices, apenas para se des-cobrir logo depois que os mesmos eram inocentes. Em uma longa entrevista concedida a uma rede de TV, um deles che-gou a dizer que sabia que seria eternamente identifi cado como cúmplice pelo simples motivo de nunca ter notado que o irmão era um “monstro”.

Entretanto, o Brasil também tem seus exemplos de crucifi -cação de inocentes pela mídia. Um exemplo disso foi o caso da Escola Base em São Paulo, onde a partir de acusações de uma mãe, os proprietários se viram em meio a uma chuva de acusações de abuso sexual de crianças. Esse caso ganhou as manchetes nacionais, e o os proprietários tiveram suas vidas devassadas. O problema é que depois se descobriu que as acusações eram falsas. Apesar das reparações judiciais obti-das contra os veículos que veicularam as acusações sem fazer a devida apuração, o casal de proprietários acabou se divor-ciando e jamais conseguiu voltar a atuar na área educacional.

Em meio a esse processo de transformação da informa-ção em entretenimento, o que nos resta fazer? Como não há uma solução única para um problema tão complexo, a melhor opção parece ser o estabelecimento de uma salu-tar atitude de questionamento acerca da fonte e do con-teúdo do que nos é apresentado todos os dias. Duvidar em vez de acreditar cegamente é a atitude a que somos obrigados a ter, caso não queiramos ser cotidianamente desinformados.

*MARCOS PEDLOWSKI É PHD EM PLANEJAMENTO REGIONAL PELA VIRGINIA TECH, PROFESSOR DO LABORATÓRIO DE ESTUDOS DO ESPAÇO ANTRÓPICO, CENTRO DE CIÊNCIAS DO HOMEM, DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINEN-SE (UENF).

Show de notíciaIncredulidade e crítica como an-tídotos contra o entretenimento travestido de informação

Online

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OnlineE-mail para esta coluna: [email protected]

A entrega dos Troféus Passarela do Samba 2013, uma promoção do site www.carnavaldecampos.com.br, superlotou o Teatro de Bolso na cidade de Campos dos Goytacazes e contou com várias atrações. Uma das mais aplaudidas foi a da melhor ala das escolas de samba, a sensualíssima “Ala Show” da Onça no Samba coreografada por Zadinho Manhães

50 anosZeca do Trombone está

completando 50 anos de carrei-ra musical. Nas últimas déca-das do século passado ele se apresentava com constância

nos municípios da Região Norte Fluminense, principalmente no

Atafona Praia Club, em São João da Barra, onde com sua afi -nada banda animava os outrora badalados bailes de Carnaval...

Primeiro soloO professor e poeta Carlos

Augusto Souto de Alencar acaba de lançar o seu primeiro livro

solo. Como membro da Acade-mia Pedralva de Letras e Artes ele já teve trabalhos publicados

em diversas coletâneas, mas em “Prisma” brinda seus admirado-res com versos não só inspira-dos como inteligentes também.

Parceiros novosDepois que concorreram este

ano na escolha de samba-en-redo em homenagem ao com-positor Wilson Batista no bloco Os Psicodélicos, na cidade de Campos, o professor Alberto

Luiz Júnior e o jornalista Wesley Machado foram “contaminados”

pelo “vírus” do Carnaval. Tanto que já estão pensando

numa nova composição, desta feita homenageando o intérprete Roberto Ribeiro (também cam-

pista) que deverá ser enredo em 2014 de uma escola de samba

de Campos!

grande prestígioFoi bem prestigiada a quarta edição do Prêmio José do Patrocínio realizada

no Lar Fabiano de Cristo (instituição espírita de Campos). Afi nal de contas, levar numa quarta-feira à tarde pessoas de jornais, rádios e emissoras de televisão para serem premiadas não é tarefa das mais fáceis. Este colunista, inclusive,

aproveita a oportunidade para agradecer à Rita Souto (uma das organizadoras da referida premiação) pelo troféu recebido através do programa “No Ritmo da

Folia” que é apresentado na TV Litoral e na TV Goitacá.

Pólo universitário?A cidade de Campos é considerada um grande pólo universitário. Só se em

quantidade e jamais em qualidade; porque não vejo em peças teatrais, espe-táculos de dança e shows musicais, que valham a pena, um número sequer razoável dos alunos do ensino superior. Pode até ter muita gente, mas com

pouco bom gosto artístico-cultural!

bola foraParece que na reforma administra-

tiva que acontecerá na Prefeitura de Campos vai ser extinta a Fundação

Municipal Zumbi dos Palmares. Mesmo que seja criada uma secretaria para tratar das questões relacionadas à

igualdade racial. Não deixa de ser uma bola fora a supressão do nome de um líder negro da dimensão do Zumbi dos Palmares, ao qual é dedicado um feria-do no estado do Rio de Janeiro, de um órgão público de uma cidade que teve tanta importância na luta abolicionista

no Brasil!

belo trabalhoMerece todos os elogios o trabalho

realizado pela APA (Associação de Proteção Animal de Campos), cuja sede se localiza no amplo espaço

da antiga CEASA, em Guarus. Sem qualquer contribuição fi nanceira de

órgãos públicos municipais, estaduais ou federais a presidente Adelina Lippi só conta com a colaboração de pou-cos voluntários para cuidar de quase duzentos cachorros e gatos. Enquan-to isso, para algumas ONGs pra lá de

suspeitas, não faltam apoios...

BÁRBARA ALEJANDRA

editorial

Sou amigo do Roberto Barbosa há bastante tempo e apesar de não ter fi cado surpreso com o convite

para assinar uma coluna na revista Viu!, fi quei muito feliz por mais este canal de

comunicação com as pessoas.Em “Arte e Cultura” pretendo escrever

sobre assuntos relevantes tanto do ponto de vista artístico como do cultural. E

quem me conhece, mesmo que apenas um pouco, sabe que vou fazer isso sem-

pre de forma independente!

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Campos-RJ - No momento que Rosinha Garotinho, a prefeita cantora, anuncia obras e mais obras (MAS SÃO MUITAS OBRAS MESMO, A PONTO

DE PREJUDICAR a saúde e alguns EVENTOS CULTU-RAIS), e seu plano de governo aspira ao que não poderá realizar, muitos que apoiam seu governo sentem-se desiludidos ou enganados. Os Garotinhos estão no foco, no centro de mais um escândalo. Este, denunciado pela Revista Época, não quer calar a boca. E me faz pensar em quanta corrupção, meu Deus!

As ambulâncias tomam novamente a cena e, com elas, o rubor do deputado prefeito. Se parece não sobrar dinheiro algum para as PRINCIPAIS expressões culturais da nossa Campos dos Goytacazes – os cafés literários, os festivais de teatro, de dança, os cursos de cinema, já que as récitas de música sobreviveram ao holocausto cultural do governo rosa – é notório, depois de provas e mais provas, fatos e mais fatos que há algo de muito podre no Reino da Dinamarca. É de doer, mas com essa prefeitura atolada em dívidas e com o deputado prefeito aliado a bandidos e contraventores de todo tipo, como não pastichar? Apesar de os escândalos parecerem não abalar o feudo da Lapa, sempre resvala na ação de algum aliado ou padrinho. A manchete “Épo-ca denuncia amigo fantasma de Garotinho”, no blog do Gustavo Matheus (sobrinho do deputado, que denunciou desde o primeiro momento as falcatruas do tio) tem como subtítulo: “O empresário George Augusto Pereira tem ne-gócios milionários com o deputado e seu partido. Só tem um detalhe: ele não existe.” É, isso mesmo, GAP é o fan-tasma. O fantasminha? Não, um fantasmão no dinheiro do povo.

Logo agora quando há planos pessoais da prefeita para lançar carreira solo como a cantora gritante do momento, acompanha-da de nomes famosos de cantores e canto-ras da MPB, que ela levou a Campos dos Goytacazes para apresentação em shows, entre eles, Franklin Aguiar, Elimar Santos, Alcione, Joana, etc e tal. Mas isso é pesso-al. Será que uma “cantora gritante” vai ser tão popular assim? Populismo anda à solta, né mesmo? Investindo na carreira artística pessoal, a prefeita deveria valorizar mais a cultura, a edu-cação e a saúde. Essa então anda em farrapos.

Não dá para colocar nem a cultura, nem a educação, nem a saúde naquele pacote do R$ 1. Enfi m, penso na quadrilha, digo “Quadrilha”, poema de Carlos Drummond

de Andrade, apesar de saber que o Álvaro Lins estava há algum tempinho almoçando em Churrascaria local com o Mauro Silva, ex-assessor de comunicação da prefeita gri-tona e atual vereador e que, segundo a Época o GAP se-ria um fantasma, que depois virou o empresário Fernando

Trabach Gomes. Vê se não lembra: “João amava Teresa que amava Raimun-

do/ que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili/ que não amava ninguém./ João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,/ Raimundo morreu de desastre,/ Maria fi cou para tia,/ Joaquim suicidou-se e/ Lili casou com J. Pinto Fer-nandes/ que não tinha entrado na história.”

Vejam só: a história do (des)governo em Campos não cabe em “Quadrilha”? E o escândalo em que está envol-vido o famoso garotinho trapalhão da Lapa? O que es-taria Álvaro Lins fazendo em Campos? Soube também que pode ser algum intermediário junto à prefeitura dos canteiros com plantinhas singelas que estão fazendo em toda a cidade. Será? Isto explicaria muita coisa, pois não? Afi nal, o Álvaro Lins sempre esteve na quadrilha, aliás , na “Quadrilha”, quero dizer, na história. Muita gente entrou depois. Agora tem também a história desse tal de GAP, ou Fernando, ou, ih, me confundi, tanto fantasma na quadri-lha, ou... tanta gente fantasma!

Quem morreu de desastre? Ah, o Raimundo, é mes-mo. Mas quem é Raimundo. Ahn. Ele é imundo! Nossa! Mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo, isto não seria uma rima, seria uma solução. É mesmo, são do Drummond estes versos. Mas cadê o secretário de cultura? E o CEPOP, minha gente? Quanto custou

realmente? O quê? A prefeitura tá deven-do 500 milhões? Só isso? Pensei que era muito mais! Então as obras do Centro Popular Osório Peixoto não custaram as bolas do garotinho levado? Ah, é? Que vergonha! E Lili, para onde foi? Ah, foi ela que trouxe o fenômeno para dentro da história? Mais o que é isso? Um teatro do absurdo? Ionesco ou Beckett? Ah, não é teatro do absurdo, é teatro da cruelda-de! Então, deixa isso pra lá, vem pra cá, o que é que tem? Eu não estou fazendo nada, você também. Para que fi car falan-

do dessa sujeirada. Falo, então, de Drummond. Sim, porque ele também escreveu “E agora, José?”. Poderí-amos perguntar isso ao TRE, não?

Ih, estou confuso. Estou fazendo uma confusão danada com as rosinhas. A verdadeira Rosinha tchauzim apare-

QuadrilhaAs semelhanças entre o poema de Carlos Drummond de Andrade e a cidade de Campos dos Goytacazes sob o império do casal Garotinho

Online

“As ambulâncias tomam novamen-te a cena e, com elas, o rubor do

deputado prefeito.”

“Apesar de os escândalos pare-cerem não abalar o feudo da Lapa, sempre resvala

na ação de algum aliado ou padrinho.”

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ceu no face e disse que já está melhor, todos estamos felizes por ela. Nossa, que problemão! É ELA que não é ELA! A Rosinha Colorau! É melhor eu voltar ao poema de Drummond.

Falando sério: Drummond não teve em mira, propriamen-te, selecionar poemas pela qualidade, nem pelas fases que acaso se observem em sua carreira poética. Encontramos assim, como pontos de partida ou matéria de poesia: 1 - O Indivíduo: O eterno confl ito entre o eu e o social. 2 - A terra natal: Itabira saudades e vivências. 3 - A família: Itabira e vivências íntimas do menino. 4 - Amigos: Ho-menagem aos amigos reais ou intelectuais. 5 - O choque social: A violência humana. 6 - O conhecimento amoroso: O amor altruísta (como só ele poderia existir). 7 - A própria po-esia: metalinguagem. 8 - Exercícios lúdicos: A consequência do amar e desamar. 9 - Uma visão, ou tentativa de, a existência: O estar no mundo. “Consolo na praia”, pode ser uma boa opção de leitura. Leiam: “Vamos, não chores/ A infância está perdida/ Mas a vida não se perdeu/ O primeiro amor passou./ O segundo amor passou./ O terceiro amor passou./ Mas o coração continua./ Perdeste o melhor amigo./ Não tentaste qualquer viagem./ Não possuis casa, navio, terra./ Mas tens um cão./ Algumas palavras duras/ Em voz mansa, te golpearam./ Nunca, nunca cicatrizam./ Mas e o humor?/ A injustiça não se resolve./ À sombra do mundo errado/ Murmuraste um protesto tímido./ Mas virão outros./ Tudo somado, devias/ Precipitar-te de vez nas águas./ Estás nu na areia, no vento.../ Dorme, meu fi lho.”

O desconsolo do poeta encontra alento na esperança de melhores dias. Observe a preocupação do poeta com o mun-do ao redor, as injustiças e os amores que não são eternos. E aos que aceitam, pacifi camente, o assalto a mão esperta, esta cidade não é “uma cidadezinha qualquer”.

Portanto, não à quadrilha e a quadrilhas! E não sou eu que digo isso. É o povo!

O jornal O Estado de São Paulo publicou em matéria do dia 24 de agosto de 2010: “O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR), o ex-chefe de Polícia Civil e deputado estadual cassado, Álvaro Lins (PMDB), e mais oito pessoas foram condenadas pela 4ª Vara Federal Criminal no processo que comprovou a atuação de uma quadrilha que usava a estrutura da Polícia Civil para co-meter uma série de crimes e facilitar negó-cios para o jogo do bicho. Garotinho, que à época tentava se eleger deputado federal, foi considerado culpado de formação de quadrilha e sentenciado a uma pena de dois anos e seis meses de reclusão. Álvaro Lins foi condenado por formação de quadrilha armada, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua pena totaliza 28 anos, um mês e doze dias de prisão e multa”. Está solto fazendo jardi-nagem.

“O delegado Ricardo Hallack, que sucedeu Álvaro Lins no comando da Polícia Civil do Rio, também foi condena-do por formação de quadrilha e corrupção passiva, com

pena de sete anos e nove meses de prisão e multa. O juízo da 4ª Vara Federal Criminal ainda condenou o grupo de policiais que fi cou conhecido como os “inhos”: Fábio Menezes de Leão, o Fabinho, que pegou quatro anos e meio de reclusão por corrupção passiva); e Mario Franklin Leite de Carvalho, o Marinho, condenado a 11 anos e três meses de prisão e multa, por formação de quadrilha, cor-

rupção passiva e lavagem de bem. Comple-tam a lista: Alcides Campos Sodré Ferreira: cinco anos e nove meses de prisão (cor-rupção passiva); Daniel Goulart: dois anos de reclusão (formação de quadrilha); Fran-cis Bullos: quatro anos e meio de prisão e multa (lavagem de bem); Luciana Gouveia: três anos de reclusão e multa (lavagem de bem); Sissy Toledo de Macedo Bullos Lins: três anos e dez meses de prisão (lavagem de bem). O processo resultou das investiga-ções da Operação Gladiador, desencadea-da pelo Ministério Público Federal do Rio e pela Polícia Federal, a partir da quebra

de sigilo fi scal de Álvaro Lins e de investigações posterio-res de documentos colhidos pela PF. A Justiça atestou a prática de crimes como facilitação de contrabando (a ex-ploração de caça-níqueis pelo grupo do bicheiro Rogério Andrade não era reprimida) e corrupção ativa e passiva.”

Todos estão prestando serviços à comunidade. É a pena que temos que pagar.

A Revista Época, em 27 de abril de 2013, publica que “há um esquema de desvio de dinheiro público que envol-ve a família Garotinho e o PR no Rio.” Na tribuna, Garo-tinho saiu em defesa de uma empresa que tem negócios com seu gabinete na Câmara, com a prefeitura de Cam-pos dos Goytacazes, comandada por sua mulher, Rosinha Garotinho, e com seu partido. Trata-se da GAP Comércio e Serviços Especiais, uma locadora de veículos próxima à família Garotinho. A sigla GAP reproduz as iniciais de seu dono, o empresário George Augusto Pereira. Segundo

artigo o blog op. cit., “Documentos obtidos por ÉPOCA – reproduzidos abaixo – mos-tram que George Augusto não existe no mundo das pessoas de carne e osso. Num universo em que tantos escândalos trazem à tona laranjas, Garotinho inovou ao colo-car em cena um fantasma. Como tantos garotinhos, o deputado do Rio de Janeiro tem um amigo invisível.”

Ih, me confundi de novo. Isso não é Drum-mond! Estão pagando pena? Serviços à comunidade? Essa comunidade se chama Campos dos Goytacazes?

Uma “Quadrilha” e tanto, hein? Mas e a cantora gritan-te? Ela vem aí!!!!

*DENEVAL SIQUEIRA DE AZEVEDO FILHO É PROFESSOR ASSOCIADO DO DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS E LETRAS, DO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO; RESEAR-CH ASSOCIATE PROFESSOR DA FAIRFIELD UNIVERSITY, CONNECTICUT, USA.

DENEVAL SIQUEIRA DE AZEVEDO FILHO Online

“Agora tem tam-bém a história des-se tal de GAP, ou Fernando, ou, ih,

me confundi, tanto fantasma na qua-drilha, ou... tanta gente fantasma!”

“Vejam só: a his-tória do (des)

governo em Cam-pos não cabe em

“Quadrilha”?”

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Online

caminho para o stfAté ser indicado pela presidente da República

para compor o quadro de Ministros do Supremo Tribunal Federal, um advogado precisa percorrer um longo caminho. Na trajetória o candidato deve se assentar sobre três pilares: notório saber, ca-pacidade de articulação e sorte. O constituciona-lista Luís Roberto Barroso seguiu a risca e vai ser Ministro na vaga de Carlos Ayres de Britto.

Venceu a morteO histórico profi ssional demonstra que o ho-

mem indicado pela presidente Dilma Rousseff tem conhecimento e mais um pouco. Ele trans-pira articulação e carrega uma sorte que já o fez nascer de novo. Barroso derrotou um câncer no esôfago depois de ser desenganado por um mé-dico. Consultou-se até com o médium João de Deus. Venceu a morte e atingiu o topo da carreira.

Superou desafi os Procurador do Estado do Rio de Janeiro, Luís

Roberto Barroso já atuou inúmeras vezes na tri-buna da Corte em que agora vai atuar como Mi-nistro. Uma delas para defender o ex-terrorista italiano, Cesare Battisti. Venceu mais esta para-da. A última delas na defesa do Estado do Rio de Janeiro pela manutenção dos royalties do petró-leo. Foi ele que fundamentou a liminar protocola-da pelo governo do Rio e acolhida pela ministra Carmem Lúcia.

emenda ou racha 1No dia 28 de julho, data de aniversário de 200

anos de Macaé, os 17 vereadores inauguram a nova sede do legislativo, o Palácio Natálio Salva-dor Antunes, no bairro da Virgem Santa. A obra concluída ano passado custou R$ 25 milhões. Logo depois de inaugurada, no entanto, começa-ram a surgir pepinos na horta.

emenda ou racha 2Nada menos do que 19 itens apresentaram

problemas. Entre os mais visíveis, estavam as rachaduras no prédio. Como a garantia era de cinco anos, a construtora Construsan foi instada a voltar ao canteiro e refazer o dever de casa.

emenda histórica Interessante observar que o site da Câmara

de Vereadores, no dia 27 de dezembro de 2012, noticiava a inauguração do prédio como “um dos mais importantes capítulos da história política de Macaé”. Diante da barbeiragem, então, é possí-vel concluir que a história política local, nesses 200 anos, é repleta de emendas. Com todo res-peito!

Luís Roberto Barroso: indicado pela presidente Dilma para a vaga de Carlos Ayres Britto no Supremo

ato festivoO prefeito Dr. Aluízio (PV), pro-

grama um ato político para a gran-de festa dos 200 anos de Macaé, no fi nal de julho. Vai anunciar as principais metas do seu governo. A partir daí pretende tirar o pé do freio e acelerar.

inverno quenteVem aí mais uma invernada da

PF. Investigações preliminares apontam fortes indícios de des-vio de R$ 100 milhões na Secre-taria de Saúde de uma Prefeitura do Norte Fluminense. É coisa que vem de longe.

batendo de frenteUm dos dois prefeitos do PSOL eleito no país (o outro é Clécio

Luís, em Macapá), o sindicalista Gelsimar Gonzaga, que governa Itaocara, no Noroeste Fluminense, já protagoniza crises com a Câ-mara de Vereadores. Na administração só faz aquilo que o partido manda. Recentemente andou as turras com parlamentares ao ser informado que não poderia reduzir o próprio salário por decreto.

menos, excelência! Na empolgação do palanque pós-eleitoral, Gelsimar chegou a

dizer que como presidente do sindicato dos Trabalhadores Rurais sobrevivia com R$ 545 e R$ 15 mil mensais, piso do prefeito esta-belecido por lei na última legislatura, seria um luxo desnecessário. Nesse caso, o marinheiro de primeira viagem poderia simplifi car o gesto sem subir no palanque. Bastaria receber o bruto na boca do caixa e devolver a diferença ao erário.

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3131

Novos investimentos do PAC irão permitir a conclusão de obras no bairro Nova Esperança

Palácio Natálio Salvador Nunes, nova sede da Câ-mara de Vereadores de Macaé

mais dois A fauna de partidos no Brasil não para de crescer. O TSE

aprecia mais dois pedidos de registro, um do Partido Repu-blicano da Ordem Social (PROS) e outro do Partido Liberal Brasileiro (PLB). O PROS solicitou o número 90. O Brasil já tem 30 legendas registradas na Corte.

briga doméstica O casamento entre PP e PR que garantiu a vitória do Pre-

feito Octávio Carneiro, na pequena cidade de Quissamã, Norte do Estado, está perigando. Octávio que é do PP co-meça a ter problemas com o presidente do PR, Júlio Selem, que tem cinco secretarias na administração.

muito dinheiroQuissamã é a cidade com maior renda per capta na Bacia

de Campos. Tem um orçamento de R$ 260 milhões para pouco mais de 20 mil habitantes. O dinheiro é farto, mas sobram problemas. Um deles é o apetite de uma turminha que faz parte do governo.

“sou flamengo, ‘véio’!”O primo pobre na cidade é o time de Quissamã, que este

ano disputou a primeira divisão do estadual. O coitadinho foi rebaixado e os jogadores estão com salários atrasados. O secretário de Esportes, Edir Silva, chegou a promover uma rifa para tentar espantar a pindaíba. Nem o prefeito comprou. Ele disse que é torcedor do Flamengo.

reinado do funkNova Esperança e Nova Holanda, as duas comunidades

de Macaé que já foram dominadas pelo tráfi co de drogas, agora estão pacifi cadas. Já foi a principal trincheira da fac-ção Amigo dos Amigos (ADA). O cenário mudou desde a chegada das Unidades de Polícia Pacifi cadora (UPPs). Agora quem reina é o funk, o ritmo que dá eco entre a ga-rotada.

reinado do PacA boa notícia mais recente é a chegada de mais investi-

mentos do PAC, que vai injetar um total de R$ 88 milhões em obras de infraestrutura nas duas comunidades. Quem anunciou as boas novas, em alto e bom som, foi o vereador Luciano Diniz (PT).

ROBERTO BARBOSA Online

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está fedendo A Política de tratamento do lixo em Arraial do Cabo,

Araruama e São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, está na mira da Comissão Especial da Assembléia Le-gislativa que foi criada para acompanhar o manejo de resíduos nos municípios. Nessas três cidades a comis-são integrada pelos deputados Janira Rocha (PSOL) e Jânio Mendes constatou a existência de lixões, com ca-tadores em situação de vulnerabilidade.

cabide arrumadoOs deputados pretendem cobrar explicações aos pre-

feitos. Lixo é um negócio rentável para empresas que exploram. Os consórcios formados por municípios para implantar a nova política de resíduos sólidos estão se transformado em cabides de empregos e com altos sa-lários.

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3434

Online REDES SOCIAIS

época aponta indícios de fraude envolvendo gaP, garotinho e Pr

Essa prática de fraudes é fruto de uma “política” tipicamente corrupta no Brasil. É um absurdo o que acontece neste país. É tão natural para os brasileiros as corrup-ções, que fraudes em licitações públicas, parecem presentes de gregos. Elas estão enraizadas na Educação, na Saúde, e nas “políticas eleitoreiras”, que elegem corrup-tos.

Perivaldo Pereira serrano – no portal Viuonline rio de Janeiro

mP denuncia seis policiais por chacina em 1994

Eu quero saber como abro uma ação contra o Estado, porque eu era esposa de uma das vítimas e tenho uma fi lha dele.

adriana trindade – no portal Viuonlinerio de Janeiro

Viu digital As páginas da VIUonline no Facebook e

no Twitter funcionam com uma extensão do maior portal de notícias do interior do Esta-do. As atualizações são realizadas em tem-po real, com notícias de todo território fl umi-nense, do País e do Mundo.

Tanto o portal quanto as páginas na rede, estão disponibilizando a versão digitalizada da VIU! impressa. Esta versão também está no formato para leitura em smartphones e tablets.

empregos na ViuonlineO portal Viuonline vai lançar uma plataforma de empregos. O sis-

tema vai permitir que empresas utilizem a página para recrutamento de mão-de-obra em todos os setores e que trabalhadores divulguem currículos online. Tudo gratuitamente. O sistema é uma parceria com a Trabalhando.com, um dos maiores portais de empregos da Améri-ca Latina, que tem apoio do Banco Santander.

Serão milhares de ofertas para todo o Brasil e uma excelente jane-la para competir num mercado cheio de oportunidades.

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3535

bebida em excesso

“Li o post da amiga Dalva Pereira sobre uma festa bizarra que aconteceu on-tem perto de nossas casas. Um horror! Quando abri a janela tinha um jovem caído inerte na calçada.... 2 horas da manhã. Muito excesso...

muita bebida...... Ofereci ajuda: negada! Não vi o socorro chegar... Triste assistir jovens que poderiam ser nossos fi lhos nesse estado”.

nelma rubim, na página da Viu-facebook. macaé-rJ

aderindo a rede O prefeito Dr. Aluízio assinou a

fi cha de apoio à criação da Rede Sustentabilidade. Nosso amigo mobilizador Cícero Figueiró apro-veitou uma oportunidade durante a IV Conferência da Cidade e re-alizou este feito que estava sen-do planejado há algum tempo. É com satisfação que anunciamos

o apoio de Dr. Aluízio à Rede de Sustentabilidade, que em breve se tornará um Partido sem precedentes na história de nosso Brasil.

gernandes mota carneiro filho, no blog roberto bar-bosa-facebook. macaé-rJ

novos municípios O Brasil pode ganhar pelo

menos 619 novas cidades, se o Congresso aprovar a Proposta de Emenda à Constituição, (PEC) nº 13, que devolve aos estados a competência para legislar sobre a criação e emancipa-ção de municípios.

Ô turminha sem-vergonha... Mais dinheiro do contri-buinte que irá para o ralo, distritos pobres que serão municípios miseráveis. Deveriam pensar em agrupar municípios, isso sim, e diminuir o número de políti-cos ladrões que se espalha pelo país como PRAGA. Aumentam o número de municípios que mal tem condições para se manter com as próprias pernas e ainda vão ter que arranjar dinheiro para pagar uma cambada de incompetentes.

francisco Damasceno, na página Viu-facebook. macaé-rJ

mordomia “Vergonhoso! Verea-

dores de Conceição de Macabu-RJ aprovam férias de 90 dias por ano”.

Jorge luiz silva an-drade, no blog roberto barbosa-facebook.conceição de macabu – rJ

Online

VIU NO

frase “Seria muito bom se as pesso-

as assumissem os seus com-portamentos, como assumem os seus compromissos”.

Dinorah franco miranda, na página da Viu-facebook. macaé-rJ

conferência das cidades

O público poderia ser melhor. Continuamos identifi cando maior quantidade de servidores muni-cipais participando. Nada contra isso; parabéns aos que foram, mas os “cidadãos comuns” deve-riam ser maioria. Também pou-

quíssimos presidentes de Associações de Moradores.Observa-se a ausência do Legislativo (até ontem, dia 26,

raríssima exceção) e escalões mais elevados do Executivo (raríssima exceção). O Sr. Prefeito, inclusive, em pronun-ciamento chamou a atenção dos secretários em função de não estarem presentes.

Eu, fazendo a minha parte por aqueles ainda não cons-cientes. Qual a Macaé que queremos, a que está aí ou uma Macaé melhor? Com a palavra....

alex medeiros, na página da Viu-facebook. macaé-rJ

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Inventividade, criatividade e ousadia

são marcas do Rio de Janeiro há

muito tempo. Aqui surgiu o frescobol

e foi criado o futevôlei. Aqui o homem

pode voar, o tempo parar, uma ideia

nova surgir na mesa de um bar e de

lá ganhar o mundo. Promovemos

talentos e empreendedores, e hoje

o estado investe mais de 1 bilhão

de reais em ciência. A vocação

do Rio de Janeiro é pensar grande.

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