Revista Vou pro Anchieta

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vou pro ANCHIETA BELO HORIZONTE | ANO 1 | Nº 2 | NOVEMBRO / DEZEMBRO 2011 TUTTI MARAVILHA MORADOR DO ANCHIETA, ELE ABRE O BAÚ PARA LEITORES DE FINO TRATO ESTILO LENA FRAGA EXIBE SUA COLEÇÃO DE SAPATOS MEMÓRIA O ANCHIETA DOS BONS TEMPOS E A BARBEARIA DO TERÊNCIO SERRA DO CIPÓ NO PARAÍSO ECOLÓGICO, SÉRGIO LACERDA MOSTRA O CHARME DE SUA POUSADA

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revista focada do bairro belo horizontino Anchieta, suas pessoas, suas histórias e acontecimentos.

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Page 1: Revista Vou pro Anchieta

vou proANCHIETABELO HORIZONTE | ANO 1 | Nº 2 | NOVEMBRO / DEZEMBRO 2011

TuTTi MaravilhaMORADOR DO ANcHIETA, ELE ABRE O BAú pARA leitores de fino trato

ESTILOLENA FRAgA EXIBE suA cOLEçãO DE sApATOs

MEMórIaO ANcHIETA DOs BONs TEMpOs E A BARBEARIA DO TERêNcIO

SErra dO cIpóNO paraÍSO EcOLóGIcO, SÉrGIO LacErda MOSTra O cHarME dE SUa pOUSada

Page 2: Revista Vou pro Anchieta

ANUNCIO

quinta-feira, 10 de novembro de 2011 16:56:51

Page 3: Revista Vou pro Anchieta

novembro / DeZembro 2011 • vou pro ANCHIETA 1

NESTE NÚMERO

2 PArÓQUIA

4 ArTIGo I O Anchieta em fatos e prosas

5 eDITorIAL Um olhar atento sobre o Anchieta

6 CAPA Tutti Maravilha “Vai começar a hora do recreio”

12 esTILo Lena Fraga “Os sapatos me chamam”

16 memÓrIA O Anchieta dos bons tempos A Barbearia do Terêncio

22 GenTILeZA UrbAnA O embaixador das boninas

24 ComPorTAmenTo Em qualquer idade, como aproveitar o tempo livre?

27 eCoLoGIA Julien rien Vamos ao parque?

28 CIDADAnIA No Anchieta, cidadania tem nome: Abet

31 roTeIro O Anchieta também tem seu mar

32 ArTe & CULTUrA Mercadoras da Arte rico e belo trabalho artesanal

34 CIrCULAnDo Pelo bares e restaurantes do Anchieta GOOOOOL!

36 TUrIsmo Serra do Cipó roteiro Primavera / verão

40 ArTIGo II As árvores da tolerância

vou proANCHIETA

Fotos (capa): ronALDo ALmeIDA | vIrGínIA CAsTro

Ano I | N.2 | Novembro/Dezembro 2011

Anuncie e apareça.Contato: 31 3337 [email protected]

vou proANCHIETA

A RevistA do AnchietA chegou pARA vAloRizAR o BAiRRo, seus moRAdoRes, coméRcios e seRviços.

>>– Eu “vou pro Anchieta”, vamos? |

MEMÓRIANos anos 1960, rua Odilon Braga e a Serra do Curral ao fundo

Page 4: Revista Vou pro Anchieta

vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 20112

EDITORA GERALGláucia Albernaz

EDITORA EXECUTIVAVirgínia Castro

PROJETO GRÁFICOMilton Júnior | Lúcia Helena de Assis

EDITORA DE ARTE / DIAGRAMAÇÃOLúcia Helena de Assis

REPORTAGEMVirgínia Castro | Gláucia Albernaz

FOTOGRAFIAMônica Silveira | Ronaldo AlmeidaVirgínia Castro | Banco de Imagens

REVISÃOLairton Liberato

COLABORADORESLucas Morais | Márcia MendonçaRonaldo Almeida

IMPRESSÃO:Editora Orion

PUBLICIDADE

PARA ANUNCIAR Tel.: 31 3337 9751 [email protected]

DÚVIDAS, SUGESTÕES, CRÍTICAS, COMENTÁRIOS, CARTAS, FOTOGRAFIAS E SUGESTÕES DE MATÉ[email protected]

IMPORTANTE – Todas as correspondências devem trazer o nome e endereço completos. Elas podem ser publicadas na íntegra ou em parte pela editoria da revista.

vou proANCHIETA

pa

róq

uia

Ambulatório médico da Igreja do Carmo atenderá em 2012

A Igreja do Carmo já se pre-para para recomeçar o atendi-mento médico gratuito em seu ambulatório em 2012. As vagas para este ano já estão esgota-das. o atendimento, que antes tinha uma cobrança simbólica de r$ 2,00, agora é gratuito. o ambulatório atende pessoas carentes, por meio de médicos voluntários da UFmG e da Uni-bH, principalmente, nas espe-cialidades da ginecologia, clínica médica, pré-natal, dermatologia e nutrição.

AMBULATÓRIO CARMO SION

mArCAções De ConsULTAssegundas e quintas-feiras7 horas

enDereçoAv. n. sra. do Carmo, 463 sion Tel.: 31 3221 3055

EEste é um espaço da comunidade do bairro Anchieta. Registramos, aqui, os recados e as informações básicas que possam orientar seus moradores. Sua participação será bem-vinda!

Ações voluntárias pela região . . . . . . . . . .

Mutirão da limpeza no Sion

Um grupo de moradores do bairro sion, região Centro-sul de belo Horizonte, se juntou para re-tirar lixo e entulho da área pública da rua nicarágua. e não só limpar o lugar, que estava se transfor-mando em bota-fora, mas deixar o espaço pronto para uso. A ação foi divulgada por meio de blog e também por panfletos distribuídos na vizinhança. na internet, o es-paço foi criado para que os mora-dores pudessem conversar sobre a conservação da cidade e propor sugestões para a revitalização.

o grupo é formado por nove jovens e tem o objetivo de mos-trar que cada um pode cuidar da cidade. A ação propõe usos para o espaço público que, até então, estava abandonado. “É uma ação independente do poder público”, afirma a ar-quiteta e urbanista Lígia mi-lagres, de 27 anos, uma das idealizadoras.

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novembro / DeZembro 2011 • vou pro ANCHIETA 3

SupermercadosOs moradores do bairro há muito aguardam uma atenção maior de alguns supermercados, desde a ampliação das instalações até a qualidade dos produtos. Os mo-radores do Anchieta merecem.

SegurançaOs caixas eletrônicos dos esta-belecimentos comerciais pre-cisam de mais segurança. Às quartas-feiras, o dia é de grande fluxo de idosos nos caixas. Medi-da preventiva não faz mal a nin-guém.

Menos uma farmárciaA Drogaviva, na esquina da rua Montes Claros com rua Ipatinga, não trabalha mais com produtos farmacêuticos. Com isso, abre-se um espaço para que novas farmácias venham a se instalar no bairro Anchieta.

Agência dos CorreiosMesmo com os altos preços de expedição de cartas e cartões, o Anchieta carece de uma agência dos Correios.

Bolsas visadasAo transitar pela rua Francisco Deslandes, as mulheres preci-sam ter cuidado com suas bol-sas. Motoqueiros roubam-nas e saem tranquilamente. Os muitos casos estão assustando os tran-seuntes do bairro.

PedalandoÀ exceção do Parque Julian Rien, falta ao bairro Anchieta um espa-ço para caminhada ou uma pista para pedalar. A prática de andar de bicicleta seria bem vinda ao bairro!

A Paróquia São Mateus, assim como tantas outras, busca caminhos para os desafios acerca da atuação da Igreja Católica, em estudos e re-flexões fundamentados na Bíblia. Um deles foi a fundação da Escola Bíblica São Mateus pelo pároco pa-dre Expedito Rodrigues de Ávila.

Neste ano, a escola completa 10 anos, iniciando suas atividades com aula inaugural, aberta ao público e proferida pelo biblista e teólogo padre Luís Henrique Eloy e Silva, sobre o tema “A importância da Pa-lavra de Deus na vida do cristão”.

Os cursos estão sendo planeja-

dos e administrados pelas co-fun-dadoras da escola, as paroquianas Magdala Lisboa Bacha e Magda Ma-ria Nascimento Prates, ambas pre-paradas pelo serviço de Animação Bíblica, das Congregações Paulinas, e duas outras professoras: Eleonora Fernandes Rennó e Maria Natália Duque Caldeira.

Atualmente, a escola oferece dois cursos com aulas quinzenais: “Visão Global da Bíblia”, com no-ções básicas a respeito dos dois Tes-tamentos e da História da Salvação, e outro mais avançado, incluído nos cursos de Teologia Bíblica.

21 anos da Paróquia de São MateusA greja de São Mateus comemo-

rou, em 2011, 21 anos, com muitos eventos e missa concelebrada pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. À frente da paróquia

Os 10 anos da Escola Bíblica São Mateus

Olho Vivo . . . . . . . . .há 12 anos, padre Expedito Rodri-gues de Ávila comemorou com a re-alização de inúmeras atividades so-ciais e religiosas, sempre na busca do desenvolvimento espiritual e so-lidário, um exercício da cidadania.

A Paróquia São Mateus cele-brou a festa de seu padroeiro com o tema “Travessia: passo a passo, o caminho se faz”. Houve procissão motorizada pelas ruas dos bairros Anchieta e Cruzeiro e o tradicional bolo feito pela comunidade. Em 21 de setembro, dia de São Mateus, a celebração foi presidida pelo arce-bispo dom Walmor.

Comunidade comemora Dia do Padroeiro, São Mateus

SupermercadosOs moradores do bairro há muito aguardam uma atenção maior de alguns supermercados, desde a ampliação das instalações até a qualidade dos produtos. Os mo-radores do Anchieta merecem.

SegurançaOs caixas eletrônicos dos estabe-lecimentos comerciais precisam de mais segurança. Às quartas-feiras, o dia é de grande fluxo de idosos nos caixas. Medida pre-ventiva não faz mal a ninguém.

Menos uma farmárciaA Drogaviva, na esquina da rua Montes Claros com rua Ipatinga, não trabalha mais com produtos farmacêuticos. Com isso, abre-se um espaço para que novas farmácias venham a se instalar no bairro Anchieta.

Agência dos CorreiosMesmo com os altos preços de expedição de cartas e cartões, o Anchieta carece de uma agência dos Correios.

Bolsas visadasAo transitar pela rua Francisco Deslandes, as mulheres preci-sam ter cuidado com suas bol-sas. Motoqueiros roubam-nas e saem tranquilamente. Os muitos casos estão assustando os tran-seuntes do bairro.

PedalandoÀ exceção do Parque Julien Rien, falta ao bairro Anchieta um espa-ço para caminhada ou uma pista para pedalar. A prática de andar de bicicleta seria bem vinda ao bairro!

A Paróquia São Mateus, assim como tantas outras, busca caminhos para os desafios acerca da atuação da Igreja Católica, em estudos e re-flexões fundamentados na Bíblia. Um deles foi a fundação da Escola Bíblica São Mateus pelo pároco pa-dre Expedito Rodrigues de Ávila.

Neste ano, a escola completa 10 anos, iniciando suas atividades com aula inaugural, aberta ao público e proferida pelo biblista e teólogo padre Luís Henrique Eloy e Silva, sobre o tema “A importância da Pa-lavra de Deus na vida do cristão”.

Os cursos estão sendo planeja-

dos e administrados pelas co-fun-dadoras da escola, as paroquianas Magdala Lisboa Bacha e Magda Ma-ria Nascimento Prates, ambas pre-paradas pelo serviço de Animação Bíblica, das Congregações Paulinas, e duas outras professoras: Eleonora Fernandes Rennó e Maria Natália Duque Caldeira.

Atualmente, a escola oferece dois cursos com aulas quinzenais: “Visão Global da Bíblia”, com no-ções básicas a respeito dos dois Tes-tamentos e da História da Salvação, e outro mais avançado, incluído nos cursos de Teologia Bíblica.

21 anos da Paróquia de São MateusA greja de São Mateus comemo-

rou, em 2011, 21 anos, com muitos eventos e missa concelebrada pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. À frente da paróquia

Os 10 anos da Escola Bíblica São Mateus

Olho Vivo . . . . . . . . .há 12 anos, padre Expedito Rodri-gues de Ávila comemorou com a re-alização de inúmeras atividades so-ciais e religiosas, sempre na busca do desenvolvimento espiritual e so-lidário, um exercício da cidadania.

A Paróquia São Mateus cele-brou a festa de seu padroeiro com o tema “Travessia: passo a passo, o caminho se faz”. Houve procissão motorizada pelas ruas dos bairros Anchieta e Cruzeiro e o tradicional bolo feito pela comunidade. Em 21 de setembro, dia de São Mateus, a celebração foi presidida pelo arce-bispo dom Walmor.

Comunidade comemora Dia do Padroeiro, São Mateus

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 20114

Por DENISE TICLEJornalista

O ANCHIETAem fatos e prosas

PPara nós, mineiros do interior, a capital reserva gran-des surpresas. no começo tudo assusta. A pobreza ex-posta e latente das favelas, o tumulto do centro, o vai e vem frenético das pessoas desconfiadas, as buzinas dos carros. Perto dos edifícios a gente se sente tão minúsculo! Até pegar uma condução parece uma aventura perigosa. Afinal de contas, não sabemos se vamos chegar ao lugar certo. e se pegarmos o ônibus errado? Como achar o ca-minho de volta? Quais perigos nos esperam? são dúvidas que nos atormentam, no princípio.

mas com o tempo, acabamos por nos render às exi-gências e ao cotidiano da grande metrópole. muitos che-gamos a nos moldar tanto ao estilo de vida da capital, que é como se sempre tivéssemos estado aqui. e terminamos por fazer parte do contexto. viramos mais um dos frenéti-cos habitantes.

só que o interior não sai da alma nem do coração da gente. e é aí que entra o bairro Anchieta na minha vida. Uma das boas surpresas da grande metrópole.

mesmo já bastante populoso, com movimento intenso de carros, boas moradias, características das populações de zona sul mais privilegiada, com o comércio ativo e vida noturna agitada pelo grande número de bares da moda, o bairro Anchieta ainda preserva o jeitinho do interior.

no Anchieta, encontrei a acolhida e o calor humanos tão parecidos com o que eu estava acostumada a receber no interior. Aquela sensação gostosa de não estar sozinho, de não ser apenas mais um número na multidão. no An-chieta, descobri laços fraternos de amizade e experimentei de novo o sentimento de estar no meio de amigos. se vou

à casa de carnes, por exemplo, recebo o carinho do Chico e da Jussara. no sacolão, vejo a alegria e a boa vontade dos meninos como o elton, o saulo e o renato. no banco, a Carla, gerente, demonstra interesse não só pelas mi-nhas contas ou investimentos. Quer sempre saber como está meu filho, pergunta como vai a escola dele – por coincidência, também foi onde ela aprendeu suas lições. o Walmir, segurança, tem sempre um comentário sobre a rotina da minha vida de jornalista, dos fatos do dia a dia, dos meus colegas de profissão. Com ele lá presente, a ida ao banco nunca passa em branco, sem uma conversa so-bre qualquer assunto. na locadora, então, é preciso reser-var um tempo extra para o bate papo. o roberto, o dono, e o rogério, meu marido, nunca deixam passar batidos os fatos do futebol. o assunto também é obrigatório com a turma do posto de combustível e do salão. e se sobra um espaço, nada melhor do que parar na empada mineira para saborear um salgadinho na companhia de antigos vi-zinhos do prédio da northon Kaiserman. Aos domingos, o café da manhã na Pão & Companhia é quase obrigatório.

Alegria maior me reservou o bairro Anchieta quan-do nos mudamos para o condomínio da Cooperativa dos odontólogos de minas Gerais (Coopsomg), na rua Ipatin-ga. Pra mim, foi quase como se eu tivesse voltado para o interior. o clima de amizade e harmonia me encheram de alegria. Até conterrâneos do interior eu reencontrei! no nosso condomínio todas as oportunidades se transformam em motivo de confraternização. e os momentos tristes também. nesses casos, nunca nos faltam palavras ami-gas e gestos concretos de apoio. nossas festas já ficaram famosas no bairro. A junina, a do dia das crianças e a do natal, organizada pela Cila, com direito até a missa cele-brada com carinho pelo Padre expedito. nessa ocasião, os moradores se reúnem, coletam roupas e alimentos para distribuir para os que mais precisam e, em comunidade, praticam o evangelho.

Ah, como seria bom se o clima que reina em nosso condomínio predominasse em outros setores da socieda-de! Todos viveriam bem melhor! não é preciso luxo. não é isso que conta em nosso condomínio. A área de lazer, que foi batizada de Praça da Amizade, retrata bem o que é mais importante pra nós.

e toda essa riqueza, eu encontrei no bairro Anchieta, uma ilha na grande metrópole.

Page 7: Revista Vou pro Anchieta

A

GLÁUCIA ALBERNAz

ed

ito

ria

lApós a primeira edição da revista VOU PRO ANCHIETA, reforça-

mos a tese de que conhecer melhor as histórias dos moradores do bair-

ro, além dos fatos e características urbanas desse recanto da capital

mineira, é, de fato, um desejo da comunidade.

Muitos se encantaram com as histórias contadas e registradas em

nossa publicação. Por isso, nesta segunda edição, nos deparamos com

um compromisso ainda maior de dar continuidade a essas histórias,

inclusive às solicitadas pelos moradores. Vamos transformando os ci-

dadãos em personalidades encantadoras, que nos remetem ao passado

e ao presente de suas vidas no dia-a-dia do bairro.

Na matéria da jornalista Márcia Mendonça, vamos nos deliciar com

a extravagante coleção de sapatos de Lena Fraga e seu modo de calçar,

que vai do brega ao chique, com muitas cores e estilo próprio. Nas

entrevistas da jornalista Virgínia Castro, encontramos a barbearia do

Terêncio, porta aberta para o bate-papo dos amigos. E também com os

cuidados do Sr. Osvaldo com os canteiros das ruas do bairro. E quando

o assunto é comportamento, o jornalista aposentado, Flavio Frich, não

se faz de rogado: recria uma nova e prazerosa atividade de agradar as

pessoas, preenchendo o seu tempo com arte.

Em outras estórias, um roteiro de visitação pelo museu aquático

“Mundo das Águas”, que funciona em uma das mais importantes ruas

do bairro, a Montes Claros, há mais de 15 anos, servindo de referência

para crianças e adultos que admiram os animais aquáticos.

A esperança que vem do trabalho voluntário e do amor ao próximo

pode ser constatada na Associação Brasileira de Esclerose Tuberosa.

Os produtos manuais criativos e belos criados pelas Mercadoras da

Arte estão expostos, sempre na segunda quinzena de cada mês, no Es-

paço Cultural do Mercado Distrital do Cruzeiro.

Por fim, um roteiro turístico-ecológico e de contemplação à nature-

za na Serra Cipó.

Do dia-a-dia do Anchieta e de sua gente, tudo e mais um pouco, você

vai conferir nessa edição.

Boa leitura!

Um olhar atento sobre o Anchieta

Muitos seencantaramcom as histórias contadas e registradas em nossa publicação. Por isso, nesta segunda edição, nos deparamos com um compromisso ainda maior de dar continuida-de a essas histórias.

Page 8: Revista Vou pro Anchieta

vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 20116

‘Vai começar a hora do recreio’

Por VIRGÍNIA CASTROJornalista

TuTTi MArAvilhA

cap

a

Com esta frase, é aberto, de segunda a sexta, às 14 horas, pela Rádio In-confidência (100,9 AM e FM) de Belo Horizonte, um dos programas de maior audiência da capital mineira – o Bazar Maravilha.

Page 9: Revista Vou pro Anchieta

novembro / DeZembro 2011 • vou pro ANCHIETA 7

No estúdio, um Tutti irreverente: “A perguntinha

idiota de hoje é...”

OO criador e “piloto” do pro-grama é um cara meio franzi-no, de olhar esperto, chama-do Ailton José. Com seu jeito descontraído, afetivo e brin-calhão, ele leva o Bazar aos ouvintes de Minas e de outras partes do mundo, já que o pro-grama é transmitido, ao vivo, via internet.

São duas horas de música, entrevistas e divulgação de uma agenda cultural que con-firma uma Belo Horizonte fer-vilhante em termos de roteiros musicais, ao contrário do que uns e outros frequentadores do circuito Rio-São Paulo apre-goam por aí.

No Bazar, Tutti também conta piadinhas ingênuas e faz comentários politicamente bem colocados, acerca das inú-meras situações que perpassam o dia-a-dia das pessoas – desde o comportamento no trânsito até questões como o racismo, a homofobia, a segurança pú-blica e, claro, eventualmente, o futebol. Mas, no fundo, o pro-grama tem um objetivo pra lá de sério: divulgar o melhor da Música Popular Brasileira e, de quebra, a música mineira e seus novos talentos. É bom lembrar que a Inconfidência – brasileiríssima – só toca músi-ca nacional.

A essa altura do campeona-to, uns e outros devem estar se perguntando: – “Uai, mas quem ‘pilota’ o Bazar Maravi-lha não é o Tutti Maravilha?” Quem disse sim, acertou. E

quem disse que é o Ailton José, também. Afinal, Tutti Maravi-lha é o apelido de Ailton José, morador do bairro Anchieta (sabiam?).

Nesta entrevista exclusiva à revista Vou pro Anchieta, Tutti deu um time no seu dia super-agitado para falar um pouco sobre sua vida e confessar (quem diria?) que tem saudades do “silêncio” e que “o melhor lu-gar do mundo é sua cama”.

VA – Por que você escolheu morar

no bairro Anchieta? Em que bair-

ros já morou em BH?

TUTTI – Escolhi morar no An-

chieta porque minha última morada

foi no Sion, onde morei por 18 anos.

E quando resolvi mudar do Sion,

procurei os bairros por perto. Fiquei

mais de três meses rodando por todo

o Anchieta e o Cruzeiro, até achar.

Já perdi a conta de tantos lugares

onde morei... acho que é mais fácil

descobrir onde não morei. (rs)

Conte-nos um pouco sobre sua in-

fância: onde nasceu, do que gos-

tava de brincar quando era crian-

ça, onde estudou?

Page 10: Revista Vou pro Anchieta

Com o amigo Ney Matogrosso

Tutti e Flávio Venturini

TUTTI MARAVILHA>>

vou pro ANCHIETA • DeZembro 20108

Nasci em BH, no Barro Preto.

Tive uma infância muito gostosa.

Gostava de brincar na rua e mora-

va em casa com quintal grande. Era

tudo de bom! Estudei no Colégio

Anchieta, depois no “Lúcio dos San-

tos”, que era ali, na Avenida Getú-

lio Vargas, perto da sorveteria “Seu

Domingos”. Tomei tanto sorvete

que, hoje, penso duas vezes antes

de tomar sorvete. (rs)

Por que o apelido Tutti Maravilha?

O apelido Tutti veio na adoles-

cência, no bairro Serra. Uma amiga

querida, Irene, foi quem colocou. A

tchurma da rua pegou e pronto...

virei Tutti. O Maravilha veio mui-

to depois. Fui produtor de shows

na década de 70 e, aí, um jornalista

(Edmar Pereira) estampou no jor-

nal uma matéria de um show que

eu estava trazendo e colocou o tí-

tulo “TUTTI MARAVILHA TRAz

MAIS UM PRA GENTE VER”

(brincando com a música “Fio Ma-

ravilha”, da época). E pegou.

Por que escolheu ser jornalista?

Onde se formou? Ainda tem conta-

to com sua turma de faculdade?

O primeiro vestibular que fiz

foi para Medicina. Não passei. No

segundo, na hora da inscrição, re-

solvi mudar e optei por Jornalis-

mo, que na época era considerado

um curso moderno, antenado com

o que acontecia, ou com o que iria

acontecer etc. Aí acho que meu lado

aquariano falou mais alto. Fiz a ins-

crição para Jornalismo e passei na

Federal (UFMG). Ao mesmo tempo,

comecei a produzir shows. Conheci

Elis Regina, que me chamou pra

cou o apelido me apresentou a uma

amiga que estava inaugurando um

cursinho, ali, na avenida Cristóvão

Colombo. E, aí, eu pedi pra traba-

lhar lá. Ela disse que só teria vaga

na portaria. Topei, mas durei pouco

como porteiro. Ela me tirou logo,

porque fiquei amigo da maioria dos

alunos e deixava eles entrarem sem

pagar a mensalidade. (rs). Aí virei

diretor de operações do cursinho

que, traduzindo, queria dizer rodar

apostilas no mimeográfo e colocar

giz nas salas... e ficar cantando com

os alunos na cantina do cursinho.

(rs). Tempo bom!

E a ligação com o rádio? Gosta de

rádio desde pequeno?

O rádio caiu na minha vida de

paraquedas... Ops! De chuteira.

Vou explicar. Eu resolvi parar de

produzir shows, depois de um cano

que levei. E, aí, apareceu meu ami-

go (hoje meu padrinho) José Rei-

naldo de Lima. O jogador Rei-Rei-

Reinaldo é nosso Rei do Galôôô.

Sabendo que eu estava procurando

trabalho, ele descolou um emprego

na Rádio Capital (na época a Capi-

tal estava nascendo). E aí foi dado

o chute inicial da minha história

com o rádio. Da Capital, fiz alguns

trabalhos na 107 FM, e aí, veio a

Brasileiríssima FM 100,9, que es-

tava acabando de nascer. O dire-

tor, Claudinê Albertini, me ligou e

disse que gostaria muito de me ver

trabalhando na rádio, porque eu

era comunicativo e conhecia a mú-

sica brasileira de camarim, etc. e

tal. E lá fui eu, onde estou até hoje,

fazendo o “Bazar Maravilha” de 2

às 4 da tarde, de segunda a sexta,

há 24 anos. Pronto, fiz minha pro-

paganda. (kkkk).

ir morar com ela em São Paulo.

Larguei a faculdade no terceiro

período e fui. Claro que, depois

de um tempo, a ficha caiu e resolvi

voltar e terminar o curso. Mas já

estava jubilado na UFMG. Aí fui

pra PUC. Um ano que faltava pra

me formar se transformou em três

(o currículo era outro) e acabei me

formando na PUC. Tenho sempre

contato com meus ex-colegas de

“minhas” turmas. Todos são pro-

fissionais maravilhosos, acho que

sou o único vira-lata da tchurma...

(rs)

Qual foi seu primeiro emprego?

Meu primeiro emprego foi

como porteiro de cursinho pré-

vestibular (“Projecta”). A minha

querida amiguinha que me colo-

Page 11: Revista Vou pro Anchieta

novembro / DeZembro 2011 • vou pro ANCHIETA 9

Com Milton Nascimento, amigo de muito tempo

Sua grande performance em rádio-

concentra-se na área cultural – a

música, especificamente. Hoje,

seu programa na Rádio Inconfidên-

cia é ouvido por milhares de pes-

soas, no mundo inteiro. Algum dia,

você esperava ter tantos seguido-

res assim? O que acha que atrai o

público de seu programa?

Não. Primeiro eu nunca imagi-

nei que trabalharia um dia em rá-

dio e que nem teria essa audiência

que tenho hoje. Tudo veio aconte-

cendo naturalmente. O que atrai

o público para o meu programa?

Essa pergunta, acho melhor fazer

aos meus ouvintes, né?!... (rs)

Quando começou a ser produtor

cultural e quais foram os principais

shows e eventos que produziu?

Ichi! Foram muitos shows le-

gais... Bethânia, com o maravilhoso

“Rosa dos Ventos”, vários shows com

Chico Buarque, com o poetinha Vi-

nícius de Moraes, Gal, Caetano, Gil,

Clara Nunes... Até com Raul Seixas

e com Clementina de Jesus eu tive o

prazer de trabalhar... Pode?! Fernan-

da Montenegro, minha “ídola” Rita

Lee, Mutantes, Bebel Gilberto e, cla-

ro, Elis Regina e mais um monte de

artistas de categoria.

Com o fenômeno da internet, como

você avalia o futuro dos meios tra-

dicionais de comunicação, como

rádio, TV e jornais impressos?

A internet pra mim caiu do céu,

em todos os sentidos. Antes eu tinha

que comprar livros ou passar horas

na Biblioteca Pública pesquisando

sobre um assunto/artistas. Hoje te-

nho tudo na hora e no meu estúdio.

Isso é muito bom! Além de ela ter

aumentado minha audiência... Hoje

você pode ouvir meu programa

pela internet em qualquer parte do

Tutti já divulgou inúmeros nomes da mú-sica mineira, dentre eles Vander Lee

>>>

Bate e voltaUM HáBITOo positivo é o de caminhar, se pos-sível, todas as manhãs... o negativo é sempre fazer ou entregar as coisas na prorrogação do segundo tempo, saca?!... (rs).

HObby

Deixo pro fim de semana. e a cada fim de semana é um: brincar com fotos, fazer presentinhos para amigos...

UM PRAzERbeijar na boca e ser feliz! Uhuuu!

UMA VIAGEMTodas que já fiz. eu brinco com os amigos dizendo que sou minas/ bahia/ Paris/ buenos Aires e minha cama... o que vale é aceitar o movimento da viagem!

UM LUGARminha cama... (kkkkk)

ALGUéM QUE ADMIRAAh! Admiro muita gente. Queria era po-der clonar muita gente...

UMA SAUDADEÀs vezes, do silêncio. Tem horas que acho tudo muito barulhento.

UM(A) AMIGO(A)essa pergunta não vale... o que mais te-nho na minha historinha são os grandes e fiéis amigos. são muuuuuuitosss!!!!

UMA MÚSICAComo a música é meu material de tra-balho, ouço muita coisa o dia inteiro. e acabo me deixando levar pelo bater do coração no momento. Hoje, por exem-plo, acordei cantando “velho Arvore-

do”, do Paulo César Pinheiro e Hélio Delmiro. É linda! Amanhã já pode ser outra...

UM LIVROTambém é o “da hora”. na minha ca-beceira tem sempre no mínimo uns três. Gosto muito de ler. mas pra não ficar em páginas brancas vou citar o que estou lendo agora... e tô gostan-do muito... “Conversa sobre a Fé e a Ciência”, de Frei betto e marcelo Gleiser num papo delicioso. eu recomendo!

UM SONHOUm sonho? De um dia acreditar que as pessoas finalmente descobriram que para viver feliz e plenamente basta ter saúde, bons amigos e bom humor... e respeitar as diferenças... Acho que o mundo seria mais happy... será que isso é sonho ou utopia !?

Page 12: Revista Vou pro Anchieta

vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201110

mundo, pelo site. Tenho ouvintes

no mundo inteiro. Normalmente,

brasileiros que moram fora sentem

saudades do Brasil e querem ouvir

uma rádio que toca música brasilei-

ra. E acabam caindo no mel, porque

passam a ouvir não a “música bra-

sileira”, mas a “boa música brasi-

leira” porque a Rádio Inconfidência

Brasileiríssima FM 100,9 só toca o

melhor da nossa música... pergun-

te aos ouvintes... Tomô, papudo!!!...

(rs) ... Quanto ao futuro dos meios

de comunicação, a minha bola de

cristal tá pifada... (rs) ... Penso que

tudo muda o tempo todo e acho que

isso é muito bom.

Você curte internet e redes so-

ciais?

Curto a internet como um banco

de dados e para brincar com minhas

fotos. Quanto às redes sociais, ainda

fico correndo por fora...

Sabemos que, embora não seja

um militante partidário, você tem

importância política em função da

postura adotada em seu progra-

ma, a favor de causas ambientais,

da gentileza urbana, do combate

à discriminação por raça, gênero

e sexo, dentre outras. Já pensou

em se candidatar a algum cargo

público? Como vê a política for-

mal institucional? Que recado da-

ria para eles?

Acho que meu trabalho, como

você mesma diz, já é um trabalho

político. Sinto que já faço a minha

parte para tentar melhorar um

pouco esse planeta, divulgando essa

nossa cultura rica. Pelo menos tô

tentando! E nunca pensei em me

candidatar a nada, nem a Rei da

Primavera... kkkk...

Você é um grande incentivador

da música mineira, tendo, inclusi-

ve, lançado revelações ao grande

público. Com seu olhar clínico, dá

para fazer uma previsão de quais

seriam (ou de qual seria) os mú-

sicos mineiros que podem vir a

alcançar sucesso nacional dentro

dos próximos cinco anos?

Outra vez digo que minha Bola

de Cristal pifou... (rs) ... mas seria

bom os ouvidos ficarem atentos ao

pessoal novo que tá chegando na

praia da nossa música... Tem mui-

ta gente boa com força! Falando só

do nosso quintal, tem alguns que já

estão na estrada há um tempo; mas,

prestem atenção em Pedro Morais,

Kadu Vianna, Regina Souza, Elisa

Paraíso, Erika Machado, Mariana

Nunes, Thiago Delegado, Dudu

Nicácio, Renegado, Aline Calixto,

Banda Falcatrua... aí acho que vou

esquecer muita gente... Mauro zo-

crato, Mestre Jonas, Warley Henri-

que, Marcos Frederico do Siricoti-

co, Ricardo Nazar, Gustavo Maguá,

zé da Guiomar... é muita gente...

bandas... instrumentistas.... Acho

que vai dar ciúme gay... (rs). Se es-

queci algum novo, peço desculpas,

ou ouça meu programa e aí vai sa-

ber quem eu acho que vale a pena...

ops! Vale a galinha inteira! (rs)

Quais são as maiores dificuldades

encontradas hoje, em Minas, para

a música feita em casa?

Acho que o velho ditado “Santo

de casa não faz milagre” tá indo pro

brejo. Hoje muitos bons da nossa

música fazem um big sucesso aqui

e em todo o Brasil (vide Pato Fú,

TUTTI MARAVILHA>>

“Tutti Maravilha, traz mais um pra gente ver”. Com Maria Alcina, intérprete nº 1 de Fio Maravilha

Tutti e Lenine. Não dá pra dizer que são irmãos?

VOCê SABIA . . . . . . . . . . . .Que o jargão mais conhecido de Tutti

maravilha é “Boa tarde pra todo mundo e pro mundo todo”?

Que o primeiro disco acústico brasilei-ro – Rita Lee Bossa n’Roll – nasceu no projeto “semana elis”, produzido, criado e dirigido por Tutti maravilha?

Que Tutti foi o agitador cultural do Pro-jeto “expresso melodia” durante quatro anos, fazendo shows em vários bairros de belo Horizonte e também pelo inte-rior de minas?

Que o bazar maravilha é o único progra-ma no brasil que toca diariamente duas canções com a cantora elis regina?

Que Tutti é compadre da grande elis?

Que Tutti maravilha é atleticano e aquariano, com um mapa astral con-tendo sete casas no signo de Aquário – signo das comunicações – o que ex-plica um pouco o seu carisma e a sua comunicação?

Que o programa de rádio Bazar Mara-vilha foi convidado para ser transmitido diretamente do mAP – museu de Arte da Pampulha – comemorando os 53 anos do museu e 113 de belo Horizonte?

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novembro / DeZembro 2011 • vou pro ANCHIETA 11

Skank, Jota, Vander Lee e outros)

e continuam morando aqui. E, cá

pra nós, quebrar as vitrines de Rio

e São Paulo só na próxima encader-

nação, né?! (rs)

Dá pra fazer um retrospecto da

música brasileira e comentar

sobre tendências do circuito co-

mercial atual, como a música

sertaneja?

Retrospecto da história da mú-

sica brasileira atual é demais. Essa

aula eu matei, tá?! (rs) ... E gosto

não se discute, lamenta-se! Né?!

E tem mais. Sempre gosto de

lembrar que o mundo é grande e

cabe TODO mundo!

No início

dos anos

1980, Tutti

já havia

produzido

shows de

grandes

nomes da

MPB

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201112

esti

lo

LenA FrAgA “OS SAPATOS ME CHAMAM”Por MÁRCIA MENDONÇA Jornalista e consultora de moda

“Não quero flor nem vela. Quero meus sapatos pregados no caixão, mui-ta cerveja gelada e zeca Pagodinho cantando Deixa a vida me levar.”

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“Encontro objetos

descartados,abandonados,

que ganham modelos

novos”

paixão que vem desde a infância. Destes, boa parte pertence às vá-rias coleções criadas pelo irmão, o estilista Ronaldo Fraga. “Quando passo perto de uma loja de sapa-tos, parece que eles me chamam”, brinca. “Quando era menina, e saía com minha mãe para com-prar sapato, não suportava a cor preta, que aparentemente com-binava com tudo e durava muito

tempo”, afirma ela. “Minha pai-xão, primeiramente, é pelos pés, parte do corpo que mais gosto, e depois pelos sapatos, que têm que ser sempre coloridos e com mode-los diferentes. Cada um tem sua estória, uso todos, mas a escolha deve ter a ver com meu estado de espírito. Gosto, acima de tudo, da diferença e da diversidade que eles possibilitam”.

“Cada um tem sua estória, uso todos, mas a escolha deve ter a ver com meu

estado de espírito”

OO amplo apartamento situado numa esquina entre os bairros Anchieta e Cruzeiro, decorado por objetos aparentemente inconciliá-veis, traduz o jeito irreverente, debochado, irônico e até mesmo romântico de Lena Fraga.

Na sala, a profusão de cores está presente em licoreiras, por-celanas, almofadas e porta-retra-tos, que convivem lado a lado com peças recicladas por ela, fruto de uma coleta feita diariamente pe-las ruas e caçambas do bairro, onde, segundo conta, encontra “objetos desprezíveis, descarta-dos, abandonados, que ganham formas e modelos novos”.

O gosto pelo inusitado está pre-sente, sobretudo, nos mais de 400 pares de sapatos que possui, uma

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“No meu vocabulário não existe o brega, o cafona. Tédio e tempo ruim não existem na minha vida”

Não por acaso, Lena gerencia uma loja de calçados na Savassi. Durante um bom tempo, traba-lhou com Ronaldo Fraga, mas confessa estar um pouco cansada do mundo da moda, dos bastido-res, desfiles, etc.

‘Sou perua assumida’O jeito irreverente e kitsch de

Lena Fraga não está restrito aos calçados. A maneira de se vestir também faz parte, não só de sua personalidade, como do jeito de encarar a vida. “No meu vocabu-

LENA FRAGA>> ou o para o que diz respeito ao mundo fashion. “Quando saio, é comum alguém dizer: já vem o carro alegórico. Morro de rir, e se amanhã eu aparecer sem algu-ma cor na roupa é porque estou esquisita ou doente. Amo a liber-dade acima de tudo”, diz ela, que não dispensa brilho e oncinha em todas as épocas e estações.

Em meio a tamanha extrava-gância, é possível reconhecer seu lado lúdico e sensível, seja em seus gestos, seja em tudo o que cria, como acessórios, flores, pratos e bandejas que revelam o romantis-mo da pessoa que se emociona com o arco-íris. Suas criações e recria-ções revelam ainda o felling para a arte e o design, e já nutre pro-jetos futuros nesse sentido. “Es-tou criando uma marca chamada “Troços e Trecos” para colocar no mercado minhas criações.

Casada e mãe da pré-adoles-cente Clara, Lena Fraga vive seu cotidiano de maneira divertida, driblando as intempéries. Fica-ram para trás os tempos difíceis da adolescência, quando, após a morte da mãe, assumiu, ao lado

lário não existe o brega, o cafona. Tédio e tempo ruim não existem na minha vida. Amo as cores, no fundo queria ser como a Elke Ma-ravilha ou como a viúva Porcina (personagem interpretada pela atriz Regina Duarte na novela Roque Santeiro)”, assinala.

Lena Fraga adora percorrer o centro da cidade, onde encontra sempre “mil novidades a preços ridículos”. Admira a moda criada em Minas, “extremamente sofisti-cada e requintada’, mas seu estilo não tem nada a ver com tendên-cias, que não segue em absoluto. Da mesma forma, não dá a menor bola para a moda como um todo

Os irreverentes modelos de Ronaldo Fraga são os preferidos de Lena Fraga

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Lena mostra o anel, criado por

ela mesma.“Estou criando

uma marca chamada

‘Troços e Trecos’ para colocar no

mercado minhas criações”, avisa

do pai, a criação dos irmãos. Pou-co tempo depois, perdeu o pai. Com dificuldades financeiras, os quatro irmãos – três homens e Lena – tiveram que se virar. A criatividade é marca registrada desta irmandade, e é através dela que eles hoje se projetam além das Minas Gerais e até do Brasil. Ronaldo Fraga e o irmão Rodrigo, também estilista, já são nomes de fama mundial. “Já vivemos tem-pos difíceis” – conta Lena – mas foram tempos de “muita união, solidariedade e de se reinventar o cotidiano diariamente, com a energia sempre pra cima”.

E é com o jeito alegre e terno, com o ar de garota que um dia sonhou em ser chacrete, que ela anuncia como deverá ser seu en-terro: “Não quero flor nem vela. Quero meus sapatos pregados no caixão, muita cerveja gelada e zeca Pagodinho cantando Deixa a vida me levar.”

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me

ria

AnchiETA dosbons TEMpos

Giovani Lara dos Santos (55 anos), filho do saudoso barbeiro Terêncio, da Barbea-ria Arcoense, cresceu no bairro Anchieta e conta como era a vida ali, na sua infância e adolescência – anos 60 e 70.

Nos anos 1960, rua Odilon Braga, esquina com Itapema.Ao fundo, a Serra do Curral

Por VIRGÍNIA CASTROJornalista

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‘O

>>>

“O bairro era uma cidade do interior. Cada rua tinha sua tur-ma definida. Não existia violên-cia. Jogávamos futebol na rua Montes Claros (usávamos tijolos para marcar as traves). Na ave-nida Francisco Deslandes havia um córrego onde as lavadeiras la-vavam roupas. Essas lavadeiras moravam em casinhas simples, localizadas na rua Caratinga, es-quina com Odilon Braga (lembro-me bem delas com as trouxas na cabeça!). Naquela época, a meni-nada do bairro brincava de pegar passarinho e peixe na peneira. Pegávamos piabinhas nas várias minas que existiam na rua Ipa-tinga, altura do número 86, onde também havia um campo de fute-bol”, conta Giovani Lara.

Atualmente, nesse local, está o edifício construído, há 44 anos, pela Cooperativa dos Odontólo-gos de Minas Gerais. Na época da construção, a água era tão farta no lençol freático, que os constru-tores resolveram fazer um poço artesiano para abastecer o prédio, que funciona até hoje.

Giovani recorda-se que, no fi-nal da avenida Vitório Marçola, onde localiza-se, hoje, um posto de gasolina, havia um brejo. Pou-co acima, na esquina com rua Jor-nalista Jair Silva, havia alguns lo-tes vagos que, vez ou outra, eram utilizados para instalação de par-quinhos de diversão que ficavam, temporariamente, na cidade. “Nestes mesmos lotes, um senhor chamado Curti tinha alguns cava-los que alugava para a meninada do bairro. Nós cavalgávamos no alto da avenida Afonso Pena, per-to da praça da Bandeira – ao pé da Serra do Curral.

Bares saudososGiovani conta que o tradi-

cional Bar do Peru (rua Montes Claros, esquina com Caratin-ga), era, antigamente, o Bar do Djalma.

Nos Anos 1970, o Bar do Tadeu (Tadeu Rodrigues, que, posteriormente, foi dono da Cer-vejaria Brasil e do Cabaré Minei-ro) funcionava ao lado onde fica, hoje, a padaria “O Pãozinho”, na avenida Vitório Marçola. Ali, segundo Giovani, músicos como

Milton Nascimento, a turma do 14 Bis, Sirlan, dentre outros, se reuniam com frequência. E Gil-berto Gil e Gonzaguinha também já teriam passado por lá.

Anos de Chumbo

Veio o Golpe Militar de 1964, repressão aos comunistas, pri-sões, torturas, desaparecidos. No bairro Anchieta, um dos algozes da ditadura acabou se abrigando, com a família e tudo, sob os olhos de moradores desconfiados – nada menos que Dan Mitrione, agente da CIA que, de 1960 a 1967, traba-lhou com a polícia brasileira, pri-meiro em Belo Horizonte e depois no Rio de Janeiro. “Documentos mostram que Mitrione ensinava

como usar choques elétricos sem deixar marcas. Em suas aulas de treinamento em tortura na polí-cia de Belo Horizonte, Mitrione dava ‘demonstrações práticas’ de tortura, utilizando-se de presos, mendigos e indigentes” (Wiki-pédia). Apelidado de “Mestre da Tortura”, ele morou na rua Mu-zambinho, com mulher e filhos. “Lembro-me que ele tinha uma

“O bar não tinha nada de di-ferente; as mesas ficavam numa garagem. A turma ‘riponga’ dos anos 70 gostava de ir para lá. Eu também tinha minha turma. Lembro-me bem do Maurélio Cavalcanti, que hoje é cover do Raul Seixas e vocalista da banda Olho de Touro”, relata Giovani.

Igreja São Mateus, no anos 1960, antes da reforma, num dia de folguedo

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Vistas aéreas do bairro Anchieta, em dois tempos:

• Nos anos 1970, muitas áreas verdes e lotes vagos

• Nos anos 2000, grande densidade populacional,

poucas áreas verdes e novas ruas

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ANCHIETA DOS BONS TEMPOS>>

‘Seu Xavier’ e o futebolcaminhonete com trailler acopla-do, uma novidade para a época. Quando deixou Belo Horizonte e foi para o Uruguai (onde acabou morrendo assassinado com dois ti-ros), fez uma espécie de bota-fora do que tinha em casa, colocando tudo à venda, inclusive um pia-no. “Fui lá ver e fiquei encantado com os brinquedos americanos”, relembra Giovani.

“Na rua Cassiporé, morou a filha do general Olímpio Mourão Filho, chefe do Golpe de 1964, Lea Mourão. Eu convivi muito com o filho dela, neto do general. Foi na casa deles, numa ‘festa hippie’ que tomei meu primeiro porre (de sangria – vinho com frutas), aos 12 anos. Eles moravam em frente à casa do Kafunga (radialista es-portivo famoso de Belo Horizonte e ex-goleiro do Atlético), que tinha uma Vemaguet (caminhonete) e era muito simpático. Na rua Joa- quim Linhares, morou também o Bentinho do Sertão, que tinha um programa caipira de rádio. No alto da rua Montes Claros, havia uma montanha de verdade mesmo. A rua não chegava até lá em cima. E, no pico, tinha uma espécie de ‘casa da luz vermelha’, de prostitutas, apelidada de ‘Escondidinho’. Mas o terror do bairro era mesmo a via-tura do Dops, que costumava ron-dar por lá”, afirmou.

o Anchieta tem tradição de futebol jogado nos campinhos naturais do bairro. Um dos “pa-tronos” dos times do bairro era o sr. Francisco Araújo Xavier, ou melhor, “seu Xavier”, que foi téc-nico, diretor e presidente do time de futebol em que Giovani jogava. nesse time, também jogava o fi-lho do “seu Xavier”, cujo apelido é “Celmo KK”. “eles moravam na rua odilon braga, esquina com Itapema. Celmo KK relatou à revista Vou pro Anchieta, que o time dirigido por “seu Xavier” “era democrático, onde jogavam tanto os meninos ricos do bairro, como também craques que mo-ravam na Favela do Pindura saia (essa favela ficava em todo o entorno da Fumec; inclusive, em frente à faculdade ainda existem umas casinhas remanescentes daquele tempo.”

Giovane relembra com sau-dades: “seu Xavier foi realmente

um referencial para todos nós. ele, com seu trabalho voluntá-rio, proporcionou, naquela épo-ca, a ‘inclusão social’ do pessoal da favela com a turma do bairro Anchieta. nesse relacionamento, ele chamava a atenção do pes-soal e resolvia, inclusive, ques-tões pessoais da meninada. na verdade, ele foi referência moral para aquela criançada que fica-va abandonada, sem nenhuma orientação. Quando tínhamos o futebol, ele era bastante enérgi-co com a turma, no sentido de sempre indicar o caminho correto a seguir. Confesso que uma vez quase fui expulso do time por causa de bagunça. mas contei com uma nova chance, dada pelo seu Xavier. íamos jogar em Jaboticatubas, Ibirité etc. nesse time, os próprios pais se junta-vam para nos acompanhar nos jogos. Foi um período realmente muito feliz da nossa infância”.

Time de futebol dirigido por ‘Seu Xavier’

Em pé: Ailton, Alemão, “Celmo KK”, Fabio Fenatti, Giovani, Pedro e Djalminha

(atualmente, coordenador do bloco de carnaval Aflitos do Anchieta)

Agachados: Tamba, marcelo, serginho Tatu, Tizinho (falecido) e vander

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201120

E

barbearia do TErêncioQuem morou no bairro Anchieta de 1967 a 2004 deve se lembrar da Barbearia Arcoense, do Sr. Terêncio Lara dos Santos. Ela foi a primeira barbearia do bairro e, praticamente, a única durante quase 20 anos.

ANCHIETA DOS BONS TEMPOS>>

Em 1959, Terêncio Lara dos Santos, então barbeiro do Departa-mento de Bondes e Ônibus de Belo Horizonte (onde funciona, hoje, a Câmara Municipal), mudou-se com a família (a esposa D. Mirian e o filho Giovani) para o bairro An-chieta, mais precisamente para a rua Montes Claros, número 1.025, onde fundou, oito anos mais tarde, a Barbearia Arcoense. No bairro Anchieta, criou sua família – de-pois, vieram as filhas Consuelo, Valéria e Raquel – e um vasto cír-culo de amizades, fruto não só de seu trabalho como barbeiro, mas

Terêncio, na porta da Barbearia Arcoense, com seu jaleco branco

também da atuação, juntamente com sua esposa, nas ações sociais da Paróquia São Mateus. Natural de Iguatama, mas criado em Arcos, no Centro-Oeste de Minas, (eis a razão do nome Barbearia Arcoen-se), Terêncio faleceu no dia 1º de maio de 2004, vítima de leucemia, apenas 20 dias depois de sua espo-sa, que já sofria de complicações decorrentes de uma xistose. A bar- bearia – na ocasião funcionando na rua Montes Claros, número 930 – foi fechada. Mas, para sempre será lembrada como uma jóia na memória do bairro Anchieta.

O filho mais velho de Terên-cio, Giovani Lara dos Santos (55 anos), advogado, contou à Revista vou pro Anchieta um pouco da história de sua família e da Bar-bearia Arcoense, além de passa-gens interessantes da vida de seu pai. A Barbearia Arcoense atraía muitos moradores do bairro, pois além de dominar muito bem o ofício de barbeiro, que abraçou por quase 50 anos, Terêncio ain-da brindava seus clientes com música da melhor qualidade. Na Arcoense, ele mantinha uma cole-ção de discos de vinil de grandes nomes dos anos de ouro da MPB, tais como Nelson Gonçalves, Dal-va de Oliveira e Gregório Barrios. Amigos e clientes de sua geração sempre faziam um pedido musi-cal e, enquanto cortavam o cabe-lo ou faziam a barba ao som de uma boa música, iam “jogando

Page 23: Revista Vou pro Anchieta

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Barbearia

Arcoense e

rua Montes

Claros, nos

anos 1960

Terêncio, com a esposa D. Miriam e o filho Giovani

conversa fora”: política, música, futebol... Sobre este último as-sunto, Giovani recorda-se de que a barbearia era uma espécie de “Centro dos Atleticanos”, dentre eles o Padre Expedito (da Paró-quia São Mateus) e o juiz do Tra-balho aposentado, Darcy Antenor

de Castro (falecido em fevereiro de 2011), irmão do ex-prefeito de Belo Horizonte, Célio de Cas-tro. “Quando o Atlético ganhava, os clientes cruzeirenses sumiam da Arcoense. Em compensação, quando a vitória era do Cruzeiro, eles faziam questão de passar por

lá para ‘mexer’ com meu pai, um ferrenho atleticano.”

Na barbearia, Terêncio traba-lhou, durante muitos anos, pra-ticamente sozinho. Mas, por um bom tempo, teve a colaboração do Sr. Moacyr, cabo do Corpo de Bombeiros que, nos dias de folga, virava barbeiro. “Tem uns casos engraçados da barbearia. Muitas mães deixavam os filhos lá, lendo revistinha em quadrinho, e iam à padaria, ao açougue. Depois pas-savam na volta e os pegavam”, conta Giovani.

Homem simples e dedicado às causas sociais, Terêncio se gaba-va de não ter tido conta bancária. “Ele vivia o dia de hoje. Aos domin-gos, visitava o asilo Afonso Pena para cortar cabelo dos idosos. E se chegava alguém na barbearia que não podia pagar, cortava o cabelo gratuitamente”, relembrou.

Segundo Giovani, Terêncio era uma pessoa divertida e tinha sem-pre uma piada infame na ponta da língua: “Gostava de dizer que não dirigia, porque era barbeiro!”.

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201122

ge

nti

leza

urb

an

a

o embaixador das

boninAsPor VIRGÍNIA CASTROJornalista

Quem mora ou trabalha no bairro Anchieta dificilmente não se deparou com

a cena de um senhor alto, de boné, cuidando amorosamente dos canteiros

que circundam as árvores das ruas.

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OO nome dele é Osvaldo Bissoli, um ex-padre salesiano, capixaba de nascimento, nascido em agos-to de 1930 e que, ao deixar a ba-tina, encontrou sua alma gêmea, D. Ivete (falecida, recentemente, em decorrência do mal de Alzhei-mer), com quem viveu por quase 40 anos. Pai de Micheline e avô de Thaís, o “Sr. Osvaldo”, como é chamado pelos “anchietanos”, mora há 40 anos na rua Caratin-ga, no bairro Anchieta. Casou-se na Igreja São Mateus e, lá, bati-zou a filha e a neta.

Apaixonado por plantas – que aprendeu a cuidar em seu apar-tamento, onde D. Ivete mantinha plantas ornamentais e contava com a ajuda do marido para cui-dar delas – um dia, Osvaldo Bis-soli decidiu plantar boninas num canteiro que rodeava uma árvore, próxima à sua residência. Ao des-cobrir que esta espécie de flor se adaptava aos pequenos espaços, começou a espalhá-las em outros canteiros do bairro. “Já plantei umas 50 mudas. Me considero o ‘embaixador das boninas’”, brin-ca Osvaldo Bissoli, que cuida de-las e de outras flores que plan-ta, aguando-as, diariamente, e adubando com fertilizantes para que cresçam ainda mais viçosas. “Para mim, este é um hobby, uma distração, mas também um estí-mulo para que outras pessoas se entusiasmem e façam o mesmo. Se cada um cuidar da frente de sua casa... varrer, plantar, já esta-rá contribuindo para a qualidade de vida do bairro. Você não planta uma filosofia de solidariedade e de prazer, se não fizer”, ensina.

Cuidar dos canteiros do bairro já é um bom exemplo de gentile-za urbana. entretanto, osvaldo bissoli vai mais longe. Depois de aposentar-se como disciplinário do Colégio Champagnat, em belo Horizonte, encontrou, no trabalho voluntário, um sentido maior para sua vida. Com seu Ford Corcel 77, ruma para os sacolões do bairro em busca de doações de frutas, legu-mes e verduras, que são levadas a instituições cristãs do Aglomerado santa Lúcia e do Aglomerado JK, a creches do bairro Anchieta e à Associação brasileira de esclerose Tuberosa (Abet).

‘Ajude-me a ajudar’

o Corcel 77 fica estaciona-do na rua Caratinga. ele chama atenção por ter um cartaz afixado no vidro traseiro, com os seguin-tes dizeres: “Ajude-me a ajudar a quem a vida só deixou restos”. De quando em vez, osvaldo bis-soli deixa o carro aberto para que as pessoas coloquem, lá dentro, suas doações, que também po-dem ser roupas, calçados...

realizado com os trabalhos vo-luntários que desenvolve, osvaldo bissoli, ainda que sofrido pela viu-vez recente, confessa estar viven-do, aos 81 anos, um dos melhores períodos de sua vida. “estou me aprofundando mais em busca do transcendente e de Deus”, afirma.

“Se cada um cuidar da frente de sua casa... varrer, plantar, já estará contribuindo para a qualidade de vida do bairro”

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201124

É

com

po

rta

me

nto

Ficou para trás a época em que aposen-tadoria era sinônimo de cadeira de ba-lanço. Atualmente, o que tem de aposen-tado reclamando de falta de tempo, não está no gibi. Um dos aliados dos aposen-tados do século XXI é a internet. Quem não gosta de “fuçar, fuçar” e descobrir centenas de coisas interessantíssimas no inesgotável mundo da web? Se o traba-lho fora de casa não ocupa mais o tempo dos aposentados, a internet faz com que muitos deles varem madrugadas diante da tela mágica do computador.

É o caso do jornalista apo-sentado Flávio Frich, 64 anos, ex-assessor do ministro da Indústria e Comércio Camilo Pena e ex-repórter do Estado de Minas, da Veja e da Folha de S. Paulo, morador do bair-ro Anchieta, atleticano doente, que encontrou no computador uma maneira criativa de pas-

O jornalista aposentado Flávio Frich aproveita seu tempo com criatividade

Em

qualquer

idade,

como

aproveitar

o tempo

l ivre?

Por VIRGÍNIA CASTROJornalista

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novembro / DeZembro 2011 • vou pro ANCHIETA 25

sar o tempo: com a ajuda do photoshop ele faz montagens divertidas (diplomas, cartazes, calendários, cartões, capas de CD, dentre outras invenções), utilizando fotos de amigos, pa-rentes e até de trabalhadores do bairro Anchieta.

A turma que trabalha na oficina mecânica do Valdir, na av. Francisco Deslandes, tam-bém foi presenteada com um calendário montado por Flávio. Cliente antigo da oficina, ele fo-tografou um por um dos mecâ-nicos, dizendo que gostaria de guardar uma recordação deles. De posse das fotos, encomen-dou as caricaturas da rapaziada ao caricaturista Celso Matias (a quem só conhece pela internet, através do site www.cariocatu-ras.com.br). Com elas criou o calendário, que agora enfeita a parede da oficina.

Efeito surpresa “O que mais importa não é

o valor material do presente e sim a alegria compartilhada. Por isso mesmo, quase nunca conto aos que vou presentear quem está por trás daquilo. Al-guns só ficam sabendo tempos depois, outros, até hoje não sa-bem”, brinca Flávio.

Uma das “vítimas” do efei-to surpresa foi o ex-jogador do Cruzeiro Esporte Clube, Dir-ceu Lopes. Um dia, um amigo de Flávio Frich contou ter visto

Turma da Mecânica do Valdir, em calendário montado por Frich

O balconista da Drogaria Far Brasil (av. Francisco Des-

landes), Reinaldo Vieira Braga (1º da esquerda p/ direita) ganhou

cartaz ao lado do time de todos os

tempos do Atlético Mineiro, escalado

por Flávio Frich

Dirceu “meio tristinho” num programa de TV. Mesmo sem conhecê-lo, Flávio teve a ideia de gravar, num CD, uma cole-tânea de músicas com o tema futebol, com músicas de Chico Buarque, Skank e outros, e en-viar ao ex-jogador. Para comple-

tar, montou um pôster com uma foto histórica de Dirceu Lopes, publicada na capa de uma anti-ga Revista Placar, conseguiu o endereço de uma irmã de Dir-ceu e enviou o presente (o CD e o pôster) pelo correio. “Soube, depois, pela própria irmã dele,

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201126

que, ao receber a surpresa, Dir-ceu Lopes chorou e confessou que foi um dos maiores presen-tes que já recebera”, gaba-se Flávio Frich.

Outro caso interessante: quando estavam construindo um edifício vizinho ao Mont Blanc, onde Flávio mora, na rua Engenheiro Amaro La-nari, toda a vizinhança ficava incomodada com a barulhada feita pelos operários. “Era o maior stress, muita queixa e bate-boca dos vizinhos com a turma. Aí resolvi fazer uma brincadeira. Comecei a bater fotos da construção e, com elas, fiz as capas de vários CDs onde eu gravava músicas ser-tanejas e enviava, de 15 em 15 dias, pelo correio, com os di-zeres: ‘Aos artistas operários, dos vizinhos do Mont Blanc”. No envelope, eu colocava o informe de que o CD deveria ser sorteado entre eles. Com o tempo, os operários deixa-ram de provocar a vizinhança com tanta barulheira. A gente chegava a ouvi-los pedir silên-cio uns aos outros”, assinalou Flávio Frich.

FotografiasOutro “hobby” que Flávio

desenvolveu foi o da fotogra-fia, fazendo um curso noturno sobre técnicas fotográficas.

Ele nos conta: “Eu fotogra-

fava como todo mundo foto-grafa, ainda mais agora com a foto digital. Mas o curso pro-porcionou-me “dicas” muito importantes para fazer arte com a fotografia. Assim, apro-veito as festinhas de aniversá-rio ou as rodas dos barzinhos, tomando chope com amigos,

para registrar esses flagran-tes. Depois, imagino qual se-ria a melhor maneira de fazer uma surpresa para amigos e amigas da roda. Por exemplo, colocando um deles fazendo pose em frente ao Arco do Triunfo, em Paris...”.

O jornalista também tem se dedicado a recuperar fotos an-tigas de família ou de conheci-dos, que estavam estragadas ou manchadas. “Minha mãe tinha uma foto do meu pai, já faleci-do, que era a sua preferida. Pe-di-lhe a foto emprestado e tra-balhei nela com todo o carinho, recuperando o seu desgaste e falhas. Depois, fiz-lhe uma sur-presa, entregando-lhe a mesma foto, novinha em folha... Ela fi-cou tão feliz que deixou correr as lágrimas. Pode haver melhor retorno que esse?...”

Até a jorna-lista Virgínia Castro (editora-executiva da revista VOU PRO ANCHIETA) ganhou de Frich um cartaz do seu time

A amiga Mariana, homenageada com um belo cartaz

EM QUALQUER IDADE...>>

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novembro / DeZembro 2011 • vou pro ANCHIETA 27

Local de lazer e convívio fami-liar, o Parque Municipal Julien Rien é um ecossistema de proteção ambiental urbana que foi implan-tado em 1978 e possui cerca 14.400 metros quadrados. Toda esta ex-tensão verde está à disposição dos moradores no bairro Anchieta.

O parque possui uma extensa escadaria, ligando as duas entra-das: uma na av. Bandeirantes e outra na praça Marino Mendes

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Parque Julian Rien

HorárIo De FUnCIonAmenTo

De segunda a domingo, 8 às 18 horas

LoCALIZAçÃo

Av. bandeirantes, s/ nº rua engenheiro Caetano Lopes e Praça marino mendes Campos – bairro Anchieta

Tel.: 31 3277 5205 | 3277 9444

entrada gratuita

Vamos ao parque?eco

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Campos. Além de ser um espaço de preservação de nascente, o Parque Julien Rien integra um cordão de parques (Parque das Mangabeiras, Fort Lauderdale, Mata das Bor-boletas, Parque JK e Parque das Nações) todos situados no entorno da Serra do Curral. Sua cobertura vegetal, que ocupa cerca de 80% da área do parque, é constituída por espécies ornamentais e árvores nativas e exóticas, como tipuanas,

calicarpos, cedro, sibipirunas, eu-caliptos, entre outros. A fauna é composta por mico-estrela e aves, como sabiá, bico-de-lacre e alma-de-gato.

Como opções de lazer, o Julien Rien oferece uma pista de skate, equipamentos de ginástica e áreas de convivência.

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201128

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no Anchieta, cidadania tem nome:

Por VIRGÍNIA CASTROJornalista

Flávia é uma jovem de 25 anos. Aos dois anos e meio, começou a ter crises de ausência, sustos e manchas de cor amarronzadas pelo corpo. Seus pais, Márcia da Silva e Wesley, iniciaram a peregrinação em busca das causas dos sintomas da filha.

Abet

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OO Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte, fez o diagnóstico: Flávia era portadora de Esclerose Tuberosa (ET) – doença prove-niente de uma mutação genética, que pode causar tumores benignos em vários órgãos, especialmente no cérebro, nos olhos, no coração, nos rins, na pele e nos pulmões. É, geralmente, diagnosticada a par-tir de dois sintomas neurológicos: os ataques epilépticos e vários graus de deficiência mental.

Feito o diagnóstico, Márcia e Wesley passaram a vivenciar um longo e complexo processo que passava pela aceitação da doença, em primeiro lugar, e, em segundo, pelo acesso às informações, tipos de tratamento, etc. Anos depois, a luta – antes solitária – transfor-mou-se em luta solidária, quando Márcia e Wesley fundaram a As-sociação Brasileira de Esclerose Tuberosa (Abet), cuja sede situa-se numa casa branca, murada, localizada na rua Joaquim Linha-res, número 30, no bairro Anchie-ta, bem em frente à Igreja de São Mateus.

Tudo começou com um sonho. Márcia conta que, aos 11 anos, Flávia entrou em coma por causa da doença. “Na época, os médicos disseram que, se ela se salvasse, ficaria com graves sequelas. En-tão fiz a promessa: se minha filha fosse salva, eu criaria uma insti-tuição de apoio aos portadores de Esclerose Tuberosa. Felizmente, ela sobreviveu e, a partir de en-tão, comecei a procurar uma sede para a Associação. Um dia, tive um sonho: vi um jardim, uma porta e uma janela. Pouco depois, soube de uma casa, no bairro An-chieta, que estava para alugar.

Quando cheguei lá, descobri que era muito semelhante à casa do meu sonho, com um espaçoso jar-dim na frente. A casa tinha mui-tos problemas, necessidade de manutenção. Mas topamos a em-preitada e demos início à refor-ma. Enquanto isso, Flávia se re-abilitava. Quando ela completou 15 anos, no dia 1º de agosto de 2000, fizemos uma festa e anun-ciamos a fundação da Abet.”

Márcia assinala que, naquela época, o Brasil ainda não dispu-nha de dados sobre o número de pessoas portadoras da doença e

havia pouco material sobre a ET. Hoje, estima-se que, no mundo in-teiro, existam mais de 1 milhão de portadores da doença.

Por ser uma enfermidade mais rara, com suas especificidades, são poucos os especialistas que sabem lidar com ela, e esse é um dos pro-blemas enfrentados pelas famílias dos portadores. “Atualmente, uma das poucas médicas brasileiras a se dedicar à Esclerose Tuberosa é a mineira Luciana Haddad, pes-quisadora do Hospital das Clíni-cas da Universidade de São Paulo (USP)”, informa Márcia.

Márcia Silva cuida da adminis-tração da Abet

Amor à causaUm dos medos de Márcia é o

de que, na sua falta, a Abet não tenha continuidade, e todo o seu trabalho seja destruído. Por isso, não mede esforços para fazer a Associação crescer. “Tenho amor pelo que faço e me dedico muito. Chego na Abet às 8:30 horas e saio por volta de 18 horas. Parti-cipo de palestras, vou a eventos, etc.”, conta.

O trabalho na Abet fez com que ela se sentisse uma pessoa mais humana e lutadora. Católica, Már-cia se diz uma pessoa de fé: “Me ponho no colo de Deus”. E manda um recado aos que se deparam com casos de portadores de Es-clerose Tuberosa na família: “O amor supera tudo, mas é neces-sário investir na criança. Porque ela quer viver!”

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 20113030

COMO COLABORAR

Doação financeiraPara doar, acesse o site http:/www.abet.org.br ou ligue para (31) 3221-1244

outras doações podem ser feitas diretamente na sede da Abet: produtos de limpeza (cera, papel higiênico, detergente, sabão, etc.) fralda descartável (modelo extra- grande, geriátrica), leite e frutas.

Agende uma visita para conhecer o trabalho da entidade

Telefones: (31) 3221 1244 | 3223 7875

e-mail: [email protected]

Abet rua Joaquim Linhares, nº 30 bairro Anchieta

A Abet proporciona momentos de união e de alegria aos porta-dores de Esclerose Tuberosa e seus familiares

A Associação Brasileira de Escle-rose Tuberosa (Abet) é uma agência voluntária, sem fins lucrativos, en-quadrada como uma Oscip (Orga-nização da Sociedade Civil de Inte-resse Público). É a única no Brasil a se dedicar à Esclerosa Tuberosa e a terceira no mundo, sendo uma na Europa e outra nos EUA.

Hoje, a Abet possui um amplo cadastro de pessoas portadoras de ET em todo o território nacional. Os dados são abertos aos pesqui-sadores e imprescindíveis para es-timular a comunidade científica a realizar mais pesquisas sobre a do-ença, suas causas, sintomas e possí-veis tratamentos.

A partir de 2004, o objetivo inicial se expandiu para oferecer, também, atendimentos totalmente gratuitos, com profissionais das mais diversas terapias, tais como neuropediatria, fi-sioterapia, terapia ocupacional, musi- coterapia, psicologia, pedagogia e fo-

noaudiologia. Com os novos serviços prestados à população, a associação passou a ter uma demanda crescen-te, não somente por familiares de portadores de ET, como de outras patologias que comprometem o fun-cionamento cerebral.

A Abet beneficia, hoje, gratuita-mente, 38 portadores de Esclerose Tuberosa. No cadastro, há pessoas de 38 meses a 25 anos. A priorida-de é atender às crianças carentes. A Abet também aceita portadores não carentes, inclusive de outros esta-dos brasileiros. Dentre os trabalhos desenvolvidos pela Associação está o apoio à família dos portadores de ET. “Os familiares chegam aqui to-talmente sem esperança, com uma dor imensa. Mas, quando tratamos da família, com orientações de como lidar com a doença, como tratar, etc., temos como dialogar, cobrar atitu-des e discutir caso a caso”, explica a presidente da Abet, Márcia da Silva.

Saiba mais sobre a Abet

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Na rua Montes Claros, próxi-mo à esquina com a rua Grão Mo-gol, há um lugar que nos aproxima muito da vida marinha. No Mundo das Águas é um verdadeiro mu-seu da vida aquática, com mais de quarenta aquários e oito anos de existência.

A ideia de expor os aquários sur-giu a partir da loja Aqua Marine, que tem 31 anos de idade e sempre funcionou no bairro Anchieta. A loja, frequentemente, recebia visi-tas de pessoas que nunca haviam visto um cavalo marinho ou um pol-vo, entre outros peixes muito raros. Foi então que o proprietário da loja, Sérgio Lotte, vislumbrou a criação de um museu para exibir a riqueza da vida marinha para seus visitan-tes, clientes e também para biólo-gos, estudantes e crianças. Apai-xonado por mergulho e pela vida marinha desde muito jovem, Sérgio acabou por trazer a Belo Horizonte um pouco de sua paixão.

O museu conta, atualmente, com mais de 40 aquários, sendo a maioria deles de vida marinha, com mais de 150 espécies de peixes. A variedade dos aquários chama a atenção: são cavalos marinhos, crustáceos, con-chas, polvos, carpas, peixes raros e até tubarões-lixa. Além da exposição da vida marinha, há também a exi-bição de peças de naufrágio, ossos de baleias e tubarões e arraias de diver-sas regiões do mundo.

A manutenção dos aquários é se-manal, e inclui a troca de água, cujo o pH deve estar sempre neutro. Já a limpeza é feita diariamente, tan-to dos vidros dos aquários quanto com o permanente bombeamento de água. O custo mensal com a ma-nutenção é de aproximadamente R$ 1.600,00. No Mundo das Águas conta com oito monitores responsá-veis pela visitação e seis profissio-nais de manutenção.

Para a criançada, além de toda a variedade de peixes, há uma es-pécie que encanta: o Amphiprion akallopisos, popularmente conheci-do como Peixe Palhaço. É a espécie de Nemo, o corajoso personagem do filme Procurando Nemo, que tem, no Mundo das Águas, um aquário decorado especialmente para ele e sua companheira Dory.

Por LUCAS MORAISJornalista

o Anchieta também tem seu mar

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No alto, o aquário de carpas. Acima, espécies. Nas peças de naufrá-

gio, muitas curiosidades (ao lado)

o Anchieta também tem seu mar

NO MUNDO DAS áGUAS

Funcionamento• De segunda a sexta-feira,

das 13h às 18h

• Sábado a partir de 9h

Ingressos• Adultos: r$12,00

• Crianças, idosos e estudantes (com carteira de estudante): r$ 6,00

• Menores de 3 anos não pagam

rua montes Claros, nº 322 (próximo à rua Grão mogol)

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201132

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Por GLÁUCIA ALBERNAzJornalista

Rico e belo trabalho artesanal

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As “Mercadoras da Arte” são um grupo de artesãs idealiza-do por duas amigas de adolescência – Mariângela Grandi-netti e Nádia Perini.

Ao se reencontrarem, após longo tempo, Mariângela e Ná-dia resolveram colocar em práti-ca o sonho antigo de trabalharem juntas, fazendo o que sempre gostaram: artesanato. Convida- ram algumas amigas artesãs e

As amigas Mariângela Grandinetti e Nádia Perini idealizaram um projeto – sonho antigo – que deu certo

Arteescolheram o Mercado Distrital do Cruzeiro como local de expo-sição e venda de seus produtos. A administração do mercado aprovou a ideia e, desde então, há quase sete anos, elas comerciali-zam ali sua bela produção, duas vezes ao mês, sempre às sextas e sábados.

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FAzEM PARTE DO MercADOrAs DA Arte

Lili Machado Costa – produtos para mesa e cozinha, como conjuntos e avental, bate-mão, pano de prato, chapéu mestre-cuca, toalhas de mesa e para lavabo, bordados com ponto-cruz.

Rosalina Sena – panôs, oratórios, bonecas em cabaça e papel machê,bijuterias, almofadas, estandartes mineiros.

Mônica Silveira – caixas, porta-bijuterias, cabideiros, banquinhos, álbuns para fotografias e receitas, tudo em madeira decorada.

Mariângela Grandinetti e Deca Casarini – sapatinhos, bolsas, mochilas e acessórios infantis.

Sílvia Moreira – porta-copos, porta-guardanapo, imãs e outros acessórios decorativos para mesa.

Valéria Pedreira – bijuterias finas, como brincos, cordões e pulseiras; chaveiros; marcadores de livros; tudo em pedras semipreciosas.

Nádia Perini – bolsas de mão e a tiracolo em materiais e modelos variados.

Ione Oliveira – doces e bombons deliciosos.

Tieko e Maria José – produtos em tecido aplicado e bordado para casa, como panos de pratos variados, cobre-bolos, porta-bijuteria, agulheiros e pega-panelas.

Maria Alice – blusas, batas, toalhas, cortinas de algodão e linho, bordados em richelieu.

Bernadete – caixas, bandejas, espelhos e cabideiros com mosaico.

Alexia Durso – “olho-de-Deus”, pulseiras e colares em escamas de peixe e miçangas.

Maria Stella Serretti e Eloísa Leonel – sabonetes, aromatizadores de ambiente e sachês.

Lau Oliveira – blusas, calças e saias em malha silcadas e bordadas.

Flora Iscold – porta-óculos, capas de agenda e muitas outras peças em patchwork.

Valéria Amaral – blusas, calças e vestidos em malha silcada.

Haydée – jogos de toalhas de banho, de lençóis casal, solteiro e infantil; toalhas e tapetes de lavabo, coloridos e bordados.

Atualmente, dezoito mulheres integram o grupo, com produtos diferenciados que primam pelo capricho e o bom gosto. Fazem trabalhos bordados para cama, mesa e vestuário; utilidades e de-coração; bolsas, sapatinhos para bebês, chocolates, bijuterias finas, caixas variadas, álbuns para foto-grafias e receitas, sabonetes e aro-matizadores de ambientes.

Com a constância e a qualidade de seus produtos, as Mercadoras da Arte se destacam no trabalho artesanal de Belo Horizonte. São referência no Mercado Distrital, bairro Cruzeiro e seu entorno.

Feiras temáticas – Às sextas e sábados da primeira quinzena de cada mês, as mercadoras expõem de forma temática. A primeira das feiras temáticas homenageou Fri-da Kahlo, uma das mais expressi-vas artistas do século XX.

Mercadoras da Arte

mAIs InFormAçõeswww.mercadorasdaarte.blospot.com

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201134

O clima do domingo, 15 de maio de 2011, em Belo Horizonte, era de pura tensão e de muita ex-pectativa no ar para quem curte um bom futebol. Afinal, Cruzeiro e Atlético iriam disputar mais uma final do campeonato mineiro.

Enquanto os atleticanos con-fiavam em mais uma vitória so-bre o rival, depois dos 2x1 para o Galo no primeiro jogo da final, dia 8, os cruzeirenses estavam

Pelos bares e restaurantes do Anchieta . . . . . . . . . . . . . . .

Por RONALDO ALMEIDA Jornalista

G o o o o o o l !Quem não pode ir ao estádio, vai ao bar. E, no bairro Anchieta, os bares fervem em dia de jogo. Quando a partida é Atlético x Cruzeiro, então... Sinta o clima, no artigo do jornalista Ronaldo Almeida, que acompanhou um clássico entre o Galo e a Raposa, no Bar Entre Nós, na Rua Passa-tempo, no Anchieta.ci

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Page 37: Revista Vou pro Anchieta

novembro / DeZembro 2011 • vou pro ANCHIETA 35

O casal acima é o exemplo de que atleti-canos e cruzeirenses podem viver em paz

mais do que receosos por cau-sa desta derrota e também pela recente eliminação da Copa Li-bertadores diante do colombiano Once Caldas por 2 x 0, em plena Sete Lagoas, dia 4.

Com todos esses ingredientes, para assistir a final do ‘mineiro’, uma turma de comedidos, mas es-perançosos, cruzeirenses e alguns poucos confiantes atleticanos se reuniram no bar Entre Nós, na tarde daquele domingo.

Nesse ambiente, a final entre Cruzeiro e Atlético, transmitida por uma TV instalada na porta do bar e com todos os fregueses em pé ou acomodados em mesas na calçada, transcorreu num clima de tranquilidade.

O primeiro tempo sem gols aumentou a temperatura do jogo e a expectativa entre os torcedores explodiu com os gols de Walyson aos 30, e Gilberto, aos 42 do segundo tempo. Cru-zeiro campeão.

A festa foi bonita neste bar democrático, de dono corintiano, e frequentado, por exemplo, pelo casal Carla Casassanta, atletica-na, e Sérgio Favilla, cruzeirense (foto), e também pela flamen-guista Sara Miranda (foto).

Novos jogos e outros encon-tros virão, agora pelo Campeo-nato Brasileiro. É pagar pra ver mais festas como a do dia 15 de maio num dos mais animados bares do Anchieta.

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Flores de muitas cores e espécies, árvores retorcidas do cerrado, muitos pássaros e uma geografia exuberante, que inclui cachoeiras, riachos e corredeiras, fazem da Serra do Cipó um dos roteiros mais completos para quem deseja curtir as estações quentes do ano.

roteiro Primavera/Verão

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A formação rochosa remonta a um bilhão de anos e estudos científicos mostram que o local já abrigou o fundo de um oceano

Fotos: SÉRGIO LACERDA | VIRGÍNIA CASTRO

Page 39: Revista Vou pro Anchieta

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A estátua do Juquinha, saudoso morador e andarilho da Serra do Cipó, encanta os turistas

LLocalizada a 100 km de Belo Horizonte (com acesso por estra-da asfaltada e bem conservada), a Serra do Cipó possui hospedagens confortáveis, com preços para to-dos os bolsos. A Revista Vou pro Anchieta testou a pousada Chalés Barriga da Lua, que fica numa região de visual tão imponente quanto o nome: o Alto Palácio.

O lugar é ideal para os aman-tes do sossego e de caminhadas repletas de aventuras e história. Habitado há mais de cinco mil anos pelos índios Botocudos, des-cendentes dos Aimorés, o Alto Pa-lácio era uma espécie de lugar sa-grado, onde os índios realizavam os rituais de iniciação dos guerrei-ros, segundo conta Aylton Krenac em seu livro “O lugar onde a Ter-ra descansa”.

A pousada Chalés Barriga da Lua localiza-se neste paraíso, pró-xima a riachos, corredeiras e cas-catas. Das preguiçosas redes loca-lizadas nas varandas dos chalés, da piscina ou do restaurante todo envidraçado, o visual é de cair o queixo: uma grande cadeia monta-nhosa pontilhada de quartzo rosa que muda de cor de acordo com a posição do sol, emitindo desde luzes lilás a outros tons indescri-tíveis. E, no meio das montanhas, a inconfundível Pedra do Elefante, que lembra o formato do animal, ícone dos indianos. À beleza do ver-de, misturam-se inúmeros pássa-ros – canários-canastra, canários-chapinha, melros, sabiás, pássaros pretos, tico-ticos, joões-de-barro e muitas outras espécies.

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vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201138

DICAS DE PASSEIOS

TRILHASHá muito o que conhecer na Serra do Cipó, a começar pelas cacho-eiras, que são mais de setenta, a maioria localizada dentro da área do Parque Nacional da Serra do Cipó. Da pousada Chalés Barriga da Lua há trilhas para algumas das mais belas da região, tais como:

Cachoeira da Capivara – são duas quedas, com 45 e 50 metros de altura, localizadas em área particular de rara beleza. o poço de baixo tem uma pro-fundidade de 18 metros e atrai mergu-lhadores. boa para a prática de rapel. Caminhada média (45 minutos de trilha após entrada da Fazenda Capivara).

Cachoeira das Congonhas – Dentro da área do Parque nacional, faz par-te de uma sequência de corredeiras naturais que nascem de um pequeno riacho, transformando-se num dos lo-cais mais bonitos da serra. Caminha-da de nível difícil (2 horas em média, com locais de acesso perigoso).

Cachoeira do Palácio – Fica numa propriedade particular rPPn (reserva Particular do Patrimônio natural) e tem águas claras e cristalinas, além de uma ducha para lavar a alma. nível fácil, (média de 20 minutos da pousada).

Cachoeira da Pedra do Elefante – Fica no canyon entre a Pedra do ele-fante e o espigão do Palácio. Tem uma água supergelada, por nascer dentro de um paredão de pedras cercado de vegetação nativa, um verdadeiro jar-dim que brotou entre as pedras. nível médio (40 minutos até a cachoeira).

Outras belezas naturais

Canion do Travessão – É um fenô-meno raro da natureza, pois no local pode-se observar um divisor das bacias dos rios Doce (a leste) e são Francisco (a oeste). Atrai gente do mundo inteiro

elefante, era utilizado por índios pré-históricos para rituais de caça. Lugar de rara beleza, com um bosque que lembra cenários de filmes e pedras de quartzo rosa que brilham com o sol. Caminhada de nível médio (45 minu-tos da pousada com leve escalada).

Poção – Fica pertinho da pousada e tem uma cascata com um gran-de poço de águas cristalinas onde é possível nadar tranquilamente, jun-tamente com os pequenos lambaris que habitam o lugar. nível fácil (10 minutos da pousada).

Escalada ao Espigão do Palácio – Através de trilhas seguras é possível se chegar também ao alto do espigão do Palácio, de onde se tem uma bela vista da serra. nível médio (2 horas de caminhada da pousada).

Outros pontos turísticos • Cachoeira Grande • Cachoeira Véu da Noiva • Cachoeira Serra Morena (antiga Cachoeira do Cornélio) • Cachoeira da Farofa • Canyon das Bandeirinhas • Cachoeira da Caverna

• Cachoeira do Tabuleiro

para admirar o canyon de mais de sete-centos metros de altitude, um verdadeiro berço de vida.

canyon do Elefante – Após a pequena cachoeira, é possível seguir por dentro do riacho até o topo da Pedra do elefan-te, passando por dentro d’água, segu-rando em árvores e cipós. Um passeio emocionante até o desfecho maravilho-so: observar a serra do alto da pedra. nível difícil (2 horas da pousada).

Inscrições rupestres – Catalogadas por estudiosos de arqueologia como “inscrições da Lapa rosa”, são escritos indígenas com mais de cinco mil anos e mostram animais. segundo estes es-tudiosos, o lugar, que fica na Pedra do

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A pousadaA pousada Chalés Barriga da

Lua possui cinco chalés com suítes amplas para até quatro pessoas com TV, frigobar e cozinha, e cinco apartamentos.

As diárias incluem café da ma-nhã, almoço e jantar. Possui pis-cina com cascata e campo society, espaço gourmet para churrascos, campinho de fubebol, casinha na árvore, bosque para caminhar e meditar. Lindo poço para tomar ducha e nadar em água pura e cristalina.

O Restaurante Barriga da Lua é aberto ao público e serve igua-rias mineiras e outras delícias da

TarifárioAPArTAmenToDiária r$ 150,00 |casal (com café da manhã)

CHALÉDiária r$ 230,00 (com café da manhã)

Pacote final de semana Chegada na sexta-feira após 17 horas e saída no domingo até 16 horas

APArTAmenTo – r$ 300,00

CHALÉ – r$ 560,00

Preços especiais para grupos

A Serra do CipóA serra do Cipó faz parte da

cadeia montanhosa do espinhaço, tombada pela Unesco como Patri-mônio natural da Humanidade. A formação rochosa remonta a um bilhão de anos, e estudos científi-cos mostram que o local já abrigou o fundo de um oceano e possui cachoeiras, canyons e cavernas ar-queológicas.

são 34 mil quilômetros qua-drados de área de preservação. Faz parte da Cadeia do espinhaço, di-visor de águas das bacias dos rios Doce e são Francisco.

Possui fauna variada – raposas, micos, capivaras, lobos guarás, ta-manduás-bandeiras, veados-cam-peiros, onças-pardas e jaguatiricas, além de raras espécies de vegetais e flores silvestres. muitas espécies raras também de vegetais só são encontradas lá. É um verdadeiro paraíso de flores silvestres.

O jornalista Sérgio Lacerda “pilota” a cozinha do restaurante de sua pousada barriga da Lua, que também serve pratos especiais para crianças

Pousada Barriga da Lua

LoCALIZAçÃo

Alto do Palácio – serra do Cipó – km 113,5 – sentido Conceição do mato Dentro (15 minutos do pé da serra – camping véu da noiva – por asfalto).

reservAs

Tel.: 31 3082 2925 | 9154 8050 (Fatinha).

email: [email protected]

site: www.barrigadalua.com.br

culinária, considerada pelos hós-pedes como uma das melhores da Serra do Cipó. Todo envidraçado, dele pode-se admirar a vista pa-norâmica da Pedra do Elefante e do Espigão do Palácio, enquanto degusta-se um vinho ou uma cer-veja gelada. Serve pratos especiais para crianças.

Da rede preguiçosa dos chalés da pousada barriga da Lua, vê-se, ao longe, a Pedra do Elefante

Page 42: Revista Vou pro Anchieta

vou pro ANCHIETA • novembro / DeZembro 201140

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http://www.tresoumais.blogspot.com

Por JOANITA GONTIJOJornalista

AAinda me lembro como se fosse ontem e, na verdade, já faz muito tempo. Éramos crianças. eu e meus quatro primos com idades próximas. o quintal da minha avó era o nosso playground. sem escorrega-dores, piscinas de bolinha, mesas de ping-pong ou totó, mas com muita imaginação. o balanço ficava amarrado na árvore; o pé de figo cresceu de um jeito que se parecia muito com um carrinho, com direito a ace-lerador e câmbio de marchas; o milharal nos fornecia bonecos de cabelos longos e sedosos.

Uma das minhas diversões preferidas era brincar de “vendinha” no balcão de marcenaria do meu avô. Tirávamos a sorte no palitinho para ver quem seria o primeiro a fazer o papel do comerciante. nas prate-leiras, improvisadas com restos de madeira, ficavam expostos os “bolos” feitos de bar-ro e enfeitados com grãos de milho verde, as embalagens de shampoo e de pasta de dente recuperadas do lixo e magicamente

transformadas em produtos de “luxo” na mercearia, além dos arranjos de flores frescas, que serviam para enfeitar nossas “casas” espalhadas pelos cantos do quintal e deli-mitadas com toras de lenha.

o que vendíamos era o que menos importava. o me-lhor mesmo era chegar à loja com os bolsos cheios de dinheiro e negociar os preços. o dinheiro? Ah, eram as folhas do pé de laranja! As maiores valiam mais e as me-nores costumavam ser troco. Confesso que temos mui-ta responsabilidade na falência produtiva daquela árvore. não economizávamos na ida ao nosso “banco Central” e arrancávamos muitas folhas.

Tempo bom de lembrar. mesmo sem computadores, videogames, bonecas que falam uma dezena de frases, eu tive uma infância deliciosa. e não é que a minha via-gem pelo passado foi interrompida por uma briga feia en-tre meus dois filhos menores? motivo? os dois queriam o controle remoto da Tv e não se entendiam sobre qual canal iriam assistir. nem os meus insistentes argumentos de que havia outros aparelhos em casa e que eles pode-riam ver programas diferentes na sala ou no meu quarto acalmaram os ânimos. resultado: os dois ficaram sem Tv. se ninguém cede, perdem todos!

A lição que eu tentei ensinar hoje para os meus filhos vale para a vida toda. e, com certeza, eles terão oportu-nidades de “recordar” o que aprenderam ao vivenciarem outros relacionamentos. eu mesma aproveitei a discus-são entre as crianças para calibrar minha tolerância. nem sempre tenho disposição de abrir mão dos meus desejos para fazer a vontade alheia. mas, é preciso! em filas de supermercado, temos que ter paciência para compreender a demora daquele senhor com dificuldades para lembrar a senha do cartão de crédito; no trabalho, precisamos doar algumas horas a mais do que as exigidas no contrato para que a reportagem seja finalizada no mesmo dia; no na-moro, é melhor sorrir ao atender aquele telefonema que demorou três dias, do que cobrar pontualidade de quem nem imaginava a hora marcada pela nossa ansiedade.

Depois que o pé de laranja da minha avó morreu, des-cobri que dinheiro não nasce em árvores e hoje espero ter ensinado aos meus filhos que tolerância é adubo essencial pra cultivar relações leves e felizes.

A árvore da tolerância

Page 43: Revista Vou pro Anchieta

Fotografia de eventos sociais Casamentos, festas infantis e de 15 anos, bodas.

Ronaldo Almeida e Gualter Naves

www.ronaldoameidafoto.blogspot.com31 9119 9348

Page 44: Revista Vou pro Anchieta

Nova SavaSSi. MaiS ModerNa, MaiS Segura e Muito MaiS charMoSa.

em toda obra é assim, primeiro vem o incômodo, mas depois ficam os benefícios. Na Savassi, um dos mais importantes pontos turísticos da cidade, a Prefeitura de Belo horizonte está melhorando tudo: a iluminação, o mobiliário urbano, as calçadas e o paisagismo. tudo vai ficar novinho para você. a Prefeitura pede desculpas pelo transtorno, mas garante que com a nova Savassi, a cidade inteira vai ganhar.

Prefeitura de Bh. Não para de trabalhar por você.

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