Revista Vox Otorrino - Nº 145

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da especialidade Edição 145 | Ano XXI |www.aborlccf.org.br 45° Congresso Brasileiro de ORL e CCF Artigo: Atualidades sobre rinite alérgica Gestão e Carreira: Consultório Google Agenda médica e controle de estresse CENáRIOS

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Janeiro/Fevereiro 2015

Transcript of Revista Vox Otorrino - Nº 145

Page 1: Revista Vox Otorrino - Nº 145

da especialidade

Edição 145 | Ano XXI |www.aborlccf.org.br

45° Congresso Brasileiro de ORL e CCF

Artigo: Atualidades sobre rinite alérgica

Gestão e Carreira: Consultório Google

Agenda médica e controle de estresse

CEnárIos

Page 2: Revista Vox Otorrino - Nº 145

www.aborlccf.org.br/6congressolatino

SÃO PAULOBRASIL

CIDADE DO MÉXICOMÉXICO

BUENOS AIRESARGENTINA

BUENOS AIRESARGENTINA

BOGOTÁCOLÔMBIA

LIMAPERU

Realização: Apoio:

Voz Profissional

Estenose Laringotraqueal

Disfonia Pediátrica

Refluxo e Doença de Laringe

Cirurgia do Esqueleto Laríngeo

Trauma de Laringe

Neurolaringologia

Reconstrução da Lâmina Própria

www.aborlccf.org.br/6congressolatino

SÃO PAULOBRASIL

CIDADE DO MÉXICOMÉXICO

BUENOS AIRESARGENTINA

BUENOS AIRESARGENTINA

BOGOTÁCOLÔMBIA

LIMAPERU

Realização: Apoio:

Voz Profissional

Estenose Laringotraqueal

Disfonia Pediátrica

Refluxo e Doença de Laringe

Cirurgia do Esqueleto Laríngeo

Trauma de Laringe

Neurolaringologia

Reconstrução da Lâmina Própria

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Caro associado,

Mais um ano de trabalho se inicia para todos nós. A ABORL-CCF tem mostrado excelente desempenho a cada ano devido aos incessantes esforços daqueles que estiveram envolvidos nas gestões anteriores, nas comissões permanentes, nos departamentos e comitês, além de seus funcionários com-prometidos e dedicados. Ainda temos muitas tarefas e mais desafios para superar em 2015.

Daremos ênfase, em nossa gestão, à continuidade do projeto de internacionalização da ABORL-CCF, o que contribui para referenciar a associação no exterior como uma das maiores entidades de Otorrinolaringologia do mundo. Também é nossa meta buscar maior aproximação com as sociedades regionais e com as academias, a fim de entender suas demandas e fortalecer suas ações.

A valorização do associado é prioridade máxima. Algumas medidas já estão sendo implantadas, como a formação de um serviço de acolhimento e relacionamento com o associado, por telefone ou pelo site da ABORL-CCF, a instalação de um programa de apoio ao aperfeiçoamento profissional (está-gios de aprimoramento em serviços cuja residência/especialização seja reconhecida pela ABORL-CCF), desenvolvimento de aulas e cursos que poderão ser assistidos pelo computador, evitando gastos com deslocamento e hospedagem, e aprofundamento em temas sobre gestão de consultório e de carreira médica na programação científica de eventos realizados no decorrer do ano.

Estamos à disposição para comentários, críticas e sugestões. Toda contribuição é bem-vinda. Obrigado por sua confiança.

Forte abraço!

Mensagem do

Presidentesady selaimensady selaimen

PresidenteDr. Sady Selaimen da Costa - Porto Alegre (RS)

Primeiro Vice-Presidente Dr. Domingos Hiroshi Tsuji - São Paulo (SP)

Segunda Vice-Presidente Dra. Wilma Anselmo Lima - Ribeirão Preto (SP)

Diretora Secretária GeralDra. Renata Cantisani Di Francesco - São Paulo (SP)

Diretor Secretário Adjunto Dr. Ronaldo Frizzarini - São Paulo (SP)

Diretor TesoureiroDr. Felippe Felix - Rio de Janeiro (RJ)

Diretor Tesoureiro AdjuntoDr. Fabrizio Riccci Romano - São Paulo (SP)

Presidente da Comissão de Comunicações Dr. João Vianney B. de Oliveira - Petrópolis (RJ)

Presidente da Comissão da BJORL Dr. Mariana de Carvalho Leal Gouveia - Recife (PE)

Presidente da Comissão de Eventos e CursosDr. José Antônio Patrocínio - Uberlândia (MG)

diretoria 2015

Presidente da Comissão de Residência e TreinamentosDr. Geraldo Pereira Jotz - Porto Alegre (RS)

Presidente da Comissão de Título de Especialista Fernando Veiga Angelico Jr - São Paulo (SP)

Presidente da Comissão de Defesa Profissional Eduardo Baptistella - Curitiba (PR)

Presidente da Comissão de Ética e Disciplina Ivan Dieb Miziara - São Paulo (SP)

Presidente da Comissão de Educação Médica ContinuadaRenata Dutra de Moricz - São Paulo (SP)

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Carta ao leitor

Páginas azuis: Dr. Sady Selaimen

Agenda de eventos

Matéria: 45° Congresso Brasileiro de ORL e CCF

Matéria Principal: Tendências e cenários da ORL

educação Continuada: Câncer de laringe

Campanha nacional da Voz

Gestão e Carreira: Consultório Google

Vox news

internacional: Comissão de Eventos e BJORL

Conduta médica: Nova lei promete reajuste anual para médicos

Artigo: Rinites, o que há de novo?

Qualidade de vida: Agenda médica e controle de estresse

HumOrL

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VOX Otorrino

Presidente:Sady Selaimen

Comissão de Comunicações: Allex Itar Ogawa

Edilson Zancanella Gustavo Polacow Korn

Ingrid Helena Lopes de OliveiraJoão Vianney Brito de Oliveira

Marcelo Ribeiro de T. Piza Marco Antonio dos A. Corvo Maria Dantas C. L. Godoy Ricardo Landini Lutaif Dolci

Coordenadora de Comunicação da ABORL-CCF:

Adriana Santos

Editor-chefe: Renan Castro (MTB: 34.796 | RJ)

Reportagem: Gabriela Lopes, Luan Sicchierolli e

Raphael Pereira

RevisoresAdriano Bastos, Leonardo de Paula e

Lorena Moura

Fotos: Drika Barbosa, Divulgação e Acervo

Diagramação:Danielle V. Cardoso e Tatiana Couto

Produção:DOC Content

Fone: (21) 2425-8878

Periodicidade:Bimestral

Tiragem:6.000 exemplares

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da ABORL-CCF.

Espaço do leitor

Sugestões de pauta, críticas ou elogios? Fale conosco:[email protected]

ExpE

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CF CArtA AO

LeitOrdr. João Vianney

Um novo ano, um novo recomeço

Em seu segundo ano de publicação, a Revista VOX Otorrino chega a seus leitores com um novo layout e redação desenvolvidos pela DOC Content, editora referência em conteúdo sobre Carreira Médica. Essa mudança con-

fere mais dinamismo à publicação, além de garantir o padrão de qualidade das reportagens que contemplam o universo dos otorrinolaringologistas brasileiros.

Muitos acontecimentos estão reservados para a especialidade neste ano. Nas Páginas Azuis, apresentamos uma conversa intimista com o presidente da ges-tão de 2015 da ABORL-CCF, Dr. Sady Selaimen da Costa, a quem desejamos um próspero mandato.

Além disso, o Brasil também se consolida, em 2015, como sede de grandes eventos para a especialidade, começando pelo 16° Congresso Mundial de Rino-logia, no final de abril, sobre o qual conversamos com o presidente do evento, o Dr. Aldo Stamm. Por último, mas com grande importância, trazemos uma reportagem especial sobre a 45ª edição do Congresso Brasileiro de Otorrino-laringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, incluindo um roteiro para aproveitar o melhor que a bela Fortaleza tem a oferecer.

A partir desta edição da Revista VOX Otorrino, trazemos quatro novas seções fixas: Gestão & Carreira, com matérias sobre orientação e desenvolvi-mento para os especialistas – desde o início até a maturidade da carreira mé-dica; Anuidade, com dados institucionais para os associados; Internacional, abordando a presença da associação no exterior, seja em parcerias com outras entidades, ou a atuação da própria ABORL-CCF em eventos internacionais; e, por fim, Conduta Médica, com reportagens relacionadas à Comissão de Defesa Profissional, Ética Médica, entre outros temas.

Aproveito a oportunidade para externar a honra de presidir a Comissão de Comunicações da ABORL-CCF, após já ter feito parte de seu quadro nos últimos anos. Sem dúvida, teremos um longo ano pela frente, com muitas ati-vidades, aprendizados, crescimentos e vitórias. Mais do que uma honra, é um prazer participar desse trabalho que nos integra e nos faz compreender melhor os anseios e necessidades de nossos associados.

Boa leitura a todos!

Presidente da Comissão de Comunicações

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PáGINAS AZuIS

Ainda no colégio, o menino gaúcho, aspirante a desenhista arquitetônico percebeu que não segui-ria aquela carreira. Quis o destino que ele se de-

dicasse à Medicina. Influenciado pelo irmão cardiologista, o então otorrinolaringologista realizou um sonho de longa data: fellowship em Otologia na Universidade de Minnesota, onde comprovou sua aptidão. De volta ao Brasil, o médico seguiu com a formação em Ribeirão Preto (SP), onde obte-ve mestrado em Otorrinolaringologia. Mais tarde, voltou à terra natal, dessa vez como professor da disciplina da espe-cialidade da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da qual faz ainda parte do corpo docente. Em entrevista à primeira edição da Revista VOX de 2015, Sady Selaimen da Costa, presidente da gestão do mesmo ano da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), fala sobre sua tra-jetória, desde a formação, da carreira, dos principais projetos e desafios de estar à frente da associação e declara: “Vocação é a felicidade de exercer o ofício com paixão”.

VOX | O que o motivou escolher a Medicina e especiali-zar-se em Otorrinolaringologia (ORL)? Sady Selaimen - Minha escolha pela Medicina foi muito in-fluenciada pelo meu irmão Amir, que é cardiologista. A Otorri-nolaringologia foi uma decisão bem pensada, levando em con-sideração as características objetivas da especialidade, como a tal mente cartesiana, a possibilidade de realizar microcirurgias (a paixão pela Otologia vem de longa data) e o excelente mercado de trabalho. Ainda assim, nem em sonhos imaginava que tanto a Otorrinolaringologia quanto eu chegaríamos tão longe.

VOX | Como compara a formação do médico, e, especifica-mente, do otorrino, hoje e na época em que se formou?SS - Muita coisa mudou, mas, talvez, o maior diferencial resi-da na facilidade em obter informações de qualidade quase no mesmo momento em que são produzidas. Com os avanços tecnológicos verificados nestes últimos anos, a palavra “inter-câmbio” foi completamente rotinizada. A internet nos per-mite acessar informações em tempo real no mundo inteiro.

Dom que vem

de berçoPor Gabriela Lopes | Foto: Drika Barbosa e Divulgação

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“Criar condições para o amplo debate

nacional sem fronteiras ou vícios

regionais é democratizar”

Hoje, o serviço e a rotina do professor e dos grandes serviços do mundo estão a um clique do mouse. Ou-tra mudança radical foi a verificada nas tecnologias

empregadas nos procedimentos, como fibras ópticas, microscópios cada vez mais po-

derosos, laser, monitores de nervos cra-nianos, a navegação intra-operatória e

a robótica. É tamanha essa evolu-ção que, nos grandes centros, os otorrinos, incapazes de absorver na totalidade essa avalanche de novos conhecimentos e recursos, partiram para a setorização dos atendimentos, criando as subespecialidades.

VOX | Como concilia suas atividades como professor, médico e presidente da

ABORL? Já existia o desejo de chegar a esse cargo?

SS - Sem dúvida alguma é uma correria. Ainda assim, por incrível que pareça, meus familiares, colegas,

pacientes, residentes e alunos não somente entendem como admiram e estimulam as minhas atividades. Tenho a sorte de trabalhar tanto em nível acadêmico como assistencial com um grupo de parceiros de altíssimo nível. De minha parte, não me sinto cansado, pois sigo aquela máxima que professa que “vocação é a felicidade de exercer o ofício com paixão”.

VOX | Como foi sua trajetória dentro da ABORL até se tor-nar presidente? O senhor planejava se tornar presidente quando entrou na associação? SS - Ingressei na ABORL após um convite do meu gran-de amigo e ex-presidente Richard Voegels para atuar na comissão de Educação Continuada. Aqui caberia um pa-rêntese: à época recém havíamos encerrado um processo eleitoral renhido, em que o Richard se tornara vito-rioso. Apesar de sempre ter reconhecido sua capacidade de trabalho e liderança, por uma conjuntura po-lítica votei na chapa con-trária à dele. Ainda assim, logo após ter assumido seu cargo, Richard me ligou fazendo o convite para que atuasse na Educação Continuada durante sua gestão. De lá para cá, tentei honrar esse convite, ofere-cendo o máximo dos meus

esforços em prol da associação. Nessa linha, tenho afixado em meu escritório um texto budista que busco seguir: “O Mestre na arte da vida faz pouca distinção entre seu trabalho e seu lazer, entre sua mente e seu corpo, entre sua educação e sua recreação, entre seu amor e sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo que faz, deixando para os outros a decisão de saber se está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente”.

VOX | Quais são os seus principais projetos e desafios à frente da associação? SS - Elegemos três eixos principais de atuação que nes-ta gestão: 1) Investir em tecnologia como ferramenta de democratização. Habitamos um país com dimensões continentais e temos consciência da dificuldade logística que representa reunir em nossa sede colegas de diferentes estados. Nossa internet hoje é dedicada ao que possibilitará a transmissão de reuniões e eventos realizados em tempo real. Criar condições para o amplo debate nacional sem fronteiras ou vícios regionais, isto, sim, é democratizar. Já iniciamos a reforma de nosso auditório com o objetivo de transformá-lo em um estúdio completo de gravação e difusão de conteúdo. 2) Desenhar e certificar nossos

Dr. Sady Selaimen durante discurso de posse da gestão de 2015

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PáGINAS AZuIS

processos internos: pretendemos buscar no mer-cado profissionais que atuem em conjunto com nosso diretor executivo, demais colaboradores e colegas treinados nessa seara, nos ajudando a or-ganizar nossos processos internos com o objetivo precípuo de criar um mapa operacional consisten-te. Se, ao final de todo esse trabalho, ainda formos agraciados com a honra de uma chancela do tipo ISO 9000, será ainda melhor. 3) Contundência na defesa profissional e na manutenção da ética médica: a defesa profissional é a guardiã de nossa honra e a mantenedora de nossa dignidade. Como classe, temos sido reiteradamente insultados tanto em âmbito privado, ao sermos achacados por pla-nos de saúde concebidos ardilosamente para lucrar através da exploração do trabalho médico e do de-sespero de uma ludibriada massa de pacientes, como público, que resolveu transferir o seu fracasso e ônus de sua incompetência para os médicos. Desvios éticos deverão ser constantemente monitorados, investigados e, quando comprovados, exemplar-mente punidos em um processo pedagógico de autodepuração de nossos quadros.

VOX | O que representa, para o senhor, ser o atual presidente da ABORL? SS – Uma honra maiúscula. Aliás, no “gauchês” clássico: uma baita honra! Alguma coisa de bom em minha vida devo ter feito para merecer tamanha distinção. Das duas, uma: ou percorri com relativa desenvoltura os caminhos profissionais que me trouxeram até aqui, ou tenho a qua-lidade de saber granjear os melhores e mais fiéis amigos desse mundo. Acalento o desejo de que esse belo presente seja o resultado direto da soma desses dois fatores. Chegar a essa posição, nesse cenário e na companhia dessas

“Compaixão, cidadania,

aprimoramento científico

e domínio da tecnologia

formam uma sólida base da

construção de uma

carreira médica bem sucedida”

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“O que sempre tentei transmitir para os colegas mais jovens é a

capacidade de identificar novas metas, traçar estratégias de ação e

galgar novas e efêmeras glórias, injetando, sempre que possível, um

pouco de loucura em nossa conhecida e velha prudência”

pessoas é, certamente, um sonho superlativo, grandioso de-mais e que nunca ousei sonhar! Shakespeare nos ensinou: “Há quem diga que todas as noites são de sonhos/Mas há também quem diga nem todas, só as de verão/Mas no fundo isso não tem muita importância/O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos/Sonhos que o homem so-nha sempre/Em todos os lugares, em todas as épocas do ano/Dormindo ou acordado”.

VOX | De que maneira a sociedade de especialidade pode auxiliar o médico no gerenciamento do consultório? A ABORL-CCF promove cursos e eventos com esse objetivo? SS - Temos reservado largos espaços nos congressos para a dis-cussão desses temas. É incrível o interesse de nossos sócios no assunto. A Medicina, sim, é um sacerdócio, mas também é o nosso negócio. Dela retiramos nosso sustento e o de nossas famílias. Pelo tanto que trabalhamos e estudamos, merecemos uma vida de plenitude e conforto. Temos de dedicar atenção ao nosso negócio como um todo, ou seja, o aspecto eminen-temente técnico da atualização constante é apenas uma das facetas. Organizar um consultório com competência adminis-trativa e gerencial é fundamental para que nossa planilha de custos seja equilibrada, gerando um resultado financeiro que possibilite suprir todas as nossas necessidades e reinvestimen-tos maciços em qualidade e educação.

VOX | Além da entidade, o senhor faz parte do corpo clínico do Hospital Mãe de Deus. Quais características são impor-tantes para construir uma boa relação médico-paciente?SS - Compaixão, cidadania, aprimoramento científico e domínio da tecnologia formam uma sólida base da construção de uma carreira médica bem sucedida. O norte de uma carreira se dá à medida que o jovem pro-fissional captar, integrar e gerenciar o constante fluxo

de conhecimentos à tecnologia, aliada à Medicina tra-dicional e aos valores éticos básicos das relações hu-manas. Em outras palavras, o ideal gravitará em torno de uma situação onde se exige o domínio desses novos conhecimentos e tecnologias, acrescentando, mas em hipótese alguma substituindo, a tradicional, imutável e absolutamente insuplantável relação médico-paciente.

VOX | Com a presidência da ABORL, o senhor se con-sidera realizado profissionalmente ou ainda almeja outras conquistas na carreira?SS - É uma honra que jamais ousei sonhar. Ainda assim, considero essa função como mais um desafio que não deixa de ser um tônico energizante para a minha carrei-ra. Talvez seja esse, afinal, o tão perseguido, almejado e celebrado sentido das nossas vidas. O que sempre tentei transmitir para os colegas mais jovens é a capacidade de identificar novas metas, traçar estratégias de ação e galgar novas e efêmeras glórias, injetando, sempre que possível, um pouco de loucura em nossa conhecida e velha prudência.

VOX | Que conselhos o senhor daria aos jovens médicos que desejam ser bem-sucedidos na profissão?SS - A tarefa ‘sisifesca’ do constante aprimoramento cien-tífico e o não menos complexo domínio da tecnologia são extremamente fundamentais para se alcançar o sucesso na carreira. Quem chega ao mercado precisa entender, agrupar e administrar todas as informações que recebe e tiver domínio do aparato tecnológico que esta a sua dis-posição, colocando esses elementos a serviço da Medicina tradicional e, obviamente, dos valores éticos essenciais às relações humanas.

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AGENDA DE EVENTOS

AgendAMarço

D e 1 9 a 2 0 d e m a r ç o XX Workshop em Estroboscopia

Local: Anfiteatro do Hospital Paulista - Rua Dr. Diogo de

Faria, 780 - 1º andar - São Paulo (SP)

informações: (11) 3083-7009 (Juliana Kato)

site: www.voicecentercursos.com.br

e-mail: [email protected]

D e 2 0 a 2 4 d e m a r ç o

8th International Biennale Milano Masterclass Local: Milão/Itália

informações: [email protected]

site: www.milanomasterclass.it

e-mail: [email protected]

D e 2 5 a 2 7 d e m a r ç oCurso de Teórico-Prático de Endoscopia Dirigida ao

orL – Módulo I e II

Local: Anfiteatro da Disciplina de Otorrinolaringologia do

Hospital das Clínicas da FMuSP – ICHC

informações: (11) 3068-9855 (Roberta)

site: www.forl.org.br

e-mail: [email protected]

D e 2 6 a 2 8 d e m a r ç o

1st Ear Brazil / XLII International Equilibriometric

society – nEs Meeting

Local: Anfiteatro IEP - Hospital Sírio Libanês - São Paulo (SP)

informações: (11) 5080-4933 (Silvana/Izabel)

site: www.stelamariseventos.com.br

e-mail: [email protected]

D e 2 8 d e m a r ç o d e 2 0 1 5 a 8 d e m a i o d e 2 0 1 6

XXI Curso de Capacitação Profissional em Medicina do sonoLocal: Instituto do Sono - Rua Marselhesa, 500 - 14º Andar -

Vila Clementino - São Paulo (SP)

informações: (11)5908-7115 (Julio Cesar do Nascimento)

site: www.sono.org.br/sono

e-mail: [email protected]

Abri l

D e 8 a 1 0 d e a b r i l

Curso Teórico-Prático de Microcirurgia de Laringe

com Dissecção de Peças

Local: Anfiteatro da Disciplina de Otorrinolaringologia do Hospi-

tal das Clínicas da FMuSP - ICHC - São Paulo (SP)

informações: (11) 3068-9855 (Roberta)

site: www.forl.org.br

e-mail: [email protected]

9 d e a b r i l II Encontro de otorrinogeriatria da UFPr

Local: Anfiteatro Setor de Ciências da Saúde uFPR - Rua

Padre Camargo, 280 - 1º Andar - Curitiba (PR)

informações: (11) 3068-9855 (Roberta)

site: www.forl.org.br

e-mail: [email protected]

D e 9 a 1 1 d e a b r i l

VII Curso Teórico-Prático de Implante Coclear

Local: Auditório CEPPAJ - Hospital Santo Antônio - Av. Bon-

fim, 161 - Largo de Roma - Salvador (BA)

informações: (71) 3310-1232 / (71) 8777-3601 / (71) 8896-6201

(Suelen e Aline) e-mail: [email protected]/ assessoria@

nooba.com.br

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Page 11: Revista Vox Otorrino - Nº 145

XVI Curso de rinoplastia AvançadaLocal: Clínica Dr. Wilson Dewes - Rua Oscar Garcia, 72 -

Centro - Lajeado (RS)

informações: (51) 3714-1765 / 3714-1765 / 9128-7912

(Renata Huwe)

site: www.clinicadewes.com.br

e-mail: [email protected]

D e 1 0 d e a b r i l a 1 1 d e m a i o

síndrome da Apneia obstrutiva do sono: Do Diagnóstico ao TratamentoLocal: Hotel Travel Inn Ibirapuera - Live & Lodge - Rua Borges

Lagoa, 1209

informações: Stela Maris Organização de Eventos - (11)

5080-4933 (Silvana)

site: www.iocp.org.br

e-mail: [email protected]

D e 1 5 a 1 8 d e a b r i l

41ª Edição | Curso Microanatomia Cirúrgica do osso TemporalLocal: Hospital Sírio Libanês - Rua Cel. Nicolau dos Santos,

69 - Bela Vista - São Paulo (SP)

informações: Stela Maris Eventos - (11) 5080-4933 (Silvana/

Izabel)

site: ensino1.hospitalsiriolibanes.com.br

e-mail: [email protected]

D e 1 6 a 1 7 d e a b r i l

IV Curso Teórico-Prático de Anatomia e Dissecção do

osso Temporal Direcionado aos Métodos da recons-

trução da Audição

Local: Complexo Hospitalar Professor Edmundo Vasconcelos

Anfiteatro - Rua Borges Lagoa, 1450 - São Paulo (SP)

informações: Centro de Otorrinolaringologia de São Paulo -

(11) 5080-4357 (Yone Heiss)

site: www.centrodeorl.com.br

e-mail: [email protected]

2 5 d e a b r i l

Perguntas e respostas em otoneurologiaLocal: Hotel Travel Inn Ibirapuera - Live & Lodge - Rua Borges

Lagoa, 1209 – São Paulo (SP)

informações: Stela Maris Organização de Eventos - (11)

5080-4933 (Silvana/Izabel)

site: www.iocp.org.br

e-mail: [email protected]

D e 3 0 d e a b r i l a 2 d e m a i o

16th World Congress of rhinology Local: WTC Convention Center - Av. Nações unidas, 12.553,

Brooklin Novo - São Paulo (SP)

Informações: Malu Losso Relações Públicas e Eventos -

(11) 3865-5354 (áurea Franca)

site: www.rhinology2015.com

e-mail: [email protected]

Maio

D e 2 7 a 3 0 d e m a i o 42ª Edição | Curso Microanatomia Cirúrgica do osso TemporalLocal: Hospital de Clínicas uFRGS

informações: Stela Maris Eventos - (11) 5080-4933 (Silvana/

Izabel)

site: ensino1.hospitalsiriolibanes.com.br

e-mail: [email protected]

Por que part ic ipar? “Será o maior evento da Rinologia mundial, que reunirá os princi-

pais especialistas clínicos e cirúrgicos, proporcionando divulgação

não só para a ABORL-CCF como para a Medicina.

Vamos mostrar para o mundo que o Brasil

tem capacidade para realizar um evento

de tamanha importância. O maior des-

taque deste ano é a combinação de

duas grandes sociedades mundiais

da Rinologia unidas pela primeira vez

no Brasil, a International Rhinology

Society (IRS), que irá completar 50

anos durante o congresso, e a Interna-

tional Society of Inflammation and Allergy

of the Nose (ISIAN). Esse acontecimento

inédito irá trazer os melhores especialistas do

mundo a São Paulo para o evento, cuja principal

característica é a multidisciplinaridade. Existe a in-

terface entre o evento e outras especialidades par-

ticipantes, como a Neurocirurgia, a Cirurgia de Cabeça e Pescoço,

a Cirurgia Plástica-Facial, Alergologia, Oftalmologia e a Radiologia”,

conta o presidente do Rhinology 2015, Dr. Aldo Stamm.

Presidente

Rhinology 2015

VOX Otorrino | 11

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AGENDA DE EVENTOS

D e 2 9 a 3 0 d e M a i o d e 2 0 1 5XVIII simpósio | Doenças de InvernoLocal: Centro de Eventos Plaza São Rafael - Porto Alegre (RS)

informações: (51) 3012-0882 - (Helen)

Junho

D e 4 a 6 d e j u n h o I Workshop de Cirurgia Plástica FacialLocal: Clínica Dr. Wilson Dewes - Rua Oscar Garcia, 72 -

Centro - Lajeado - RS

informações: (51) 3714-1765 (Renata Huwe)

site: www.clinicadewes.com.br

e-mail: [email protected]

D e 2 5 a 2 7 d e j u n h o 1º Congresso do Instituto de otorrinolaringologia Cirurgia de Cabeça e PescoçoLocal: FECOMÉRCIO - Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela

Vista - São Paulo (SP)

informações: Stela Maris Eventos - (11) 5080-4933 (Silva-

na/Izabel)

site: www.iocp.org.br

e-mail: [email protected]

Julho

D e 3 a 4 d e j u l h o

6º Congresso Latino-Americano de Laringologia e FonocirurgiaLocal: Hotel Pestana São Paulo - Rua Tutóia, 77 - Jardim

Paulista – São Paulo (SP)

informações: Departamento de Eventos ABORL-CCF – (11)

5053-7502

site: www.aborlccf.org.br/6congressolatino

e-mail: [email protected]

De 25 a 28 de novembro

45° Congresso Brasileiro de otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial Local: Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares, 999 - Bairro Edson

Queiroz – Fortaleza (CE)

informações: Departamento de Eventos da ABORL-CCF – (11) 5053-7502

site: http://www.aborlccf.org.br/45cbo/informacoes_gerais.asp

e-mail: [email protected]

Novembro

12 | VOX Otorrino

Page 13: Revista Vox Otorrino - Nº 145

3rd Congress of European ORL-HNSPraga, capital da República Tcheca, sediará a terceira edição do Congresso Europeu de ORL-HNS, entre os dias 7 e 11 de junho de

2015. Após o segundo encontro, na cidade de Nice, em 2013, especialistas do mundo inteiro vão se reunir no coração da Europa. O evento será realizado no Centro de Congressos de Praga (PCC), com vista panorâmica do Castelo de Praga, e espera-se o dobro

de participantes da última edição. Neste ano, estão confirmadas mais de 100 mesas redondas e cursos de instrução nas áreas de Oto-

logia, Neurologia, Rinologia, Alergia, Laringologia, Cabeça e Pescoço, Cirurgia de Reconstrução Facial, entre outras.

Da Idade Média à efervescência cul tura l

Praga é uma das mais belas cidades do mundo e, ao mesmo tempo, patrimônio cultural da humanidade. Na Cidade Velha, a Praça Central e seus arredores reúnem fachadas góticas, renascentistas, barrocas e neoclássicas.

A praça vive lotada durante o dia, atrai músicos e atores divulgando seus espetáculos, tudo sob a bênção de Jan Hus, o herói local da Idade Média que morreu nas fogueiras da Inquisição. A poucos passos dali, a Ponte Carlos leva ao Castelo de Praga e seus mil anos de história, o que inclui as disputas políticas e religiosas do Império Austro-Húngaro, da Primeira Guerra, da ocupação nazista, das dé-cadas de comunismo soviético e da Revolução de Veludo – esta no final do século XX, quando Praga se reinventou para o mundo.

O serviço público de metrô e ônibus leva a todos os lugares importantes, com bilhetes interligados, mas em dias de temperaturas agradáveis vale a pena percorrer a cidade a pé. A visão do rio e dos belos parques e bosques do entorno refrescam a mente do peso da história (e seus períodos de trevas, lembrados na obra de Franz Kafka) que todos os museus, galerias e fachadas lindamente preserva-das representam. As águas em movimento convidam a uma cerveja, a bebida nacional dos tchecos, e também à boa música, clássica ou contemporânea.

Existem apelos ao consumo por toda a parte, como as grifes luxuosas na rua Pariszka, no bairro Josefov, reduto de sinagogas e da comunidade judaica. Ícones da arquitetura, como a Torre de TV e a loja de departamentos Kotva, lembram a opressão comunista na então Tchecoslováquia, que durou quatro décadas, até novembro de 1989. A famosa irreverência dos tchecos não deixa de ser uma forma encantadora de sobrevivência, de mostrar aos estrangeiros que eles já viram de tudo.

Por dentro de Praga

Línguas: Tcheco e Eslovaco.

O Inglês é também amplamente difundido.

Moeda: Koruna (Coroa Tcheca).

Como ligar para o Brasil: não é possível

fazer ligações a cobrar para o Brasil. use um

cartão telefônico.

Visto: não é necessário.

Embaixada oficial no Brasil: SES 805, Lote 21A Via L3 Sul, Asa Sul – (61) 3242 7785; http://www.mzv.cz/brasilia

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MATÉRIA

Capital do Ceará, com o maior PIB do Nordeste, Fortaleza é uma das cidades mais encantadoras e um dos principais destinos turísticos do país.

Foi o lugar mais procurado por turistas nos anos de 2004, 2006 e 2010. Famosa por ostentar quinze belas praias, a metrópole brasileira possui 34km de litoral.

A culinária típica local tem seus atrativos: o baião de dois, geralmente acompanhado por churrasco de carneiro ou carne de sol, é imperdível. Não deixe de experimentar uma moque-ca de arraia e as peixadas de cavala e pargo, ou a tradicional caranguejada. A famosa tapioca é presença constante no café da manhã dos hotéis da cidade.

Com todos esses atributos, Fortaleza foi escolhida para sediar o 45º Congresso Brasileiro de Otorrinolarin-gologia e Cirurgia Cérvico-Facial, que ocorrerá de 25 a 28 de novembro. A expectativa da organização é superar os 4 mil participantes inscritos na edição do ano passado. Dr. José Antônio Patrocínio, diretor-presidente da Comissão de Eventos da ABORL-CCF, é otimista: “Nosso congresso promete. Temos vários professores estrangeiros convida-dos, de todas as áreas. Nossas mesas redondas serão as mais interativas possíveis, com apresentação e discussão de casos para ajudar o dia a dia do associado em seu consultório. A meta é fazer um congresso para que o otorrino consiga se reciclar. Lá, ele vai ver de tudo: a rotina, as atualizações e as inovações. Além disso, haverá cursos pela tarde, minis-trados por professores altamente capacitados, somado ao prazer de estar em Fortaleza”.

FortalezaPor Gabriela Lopes e Luan Sicchierolli

Fotos: Divulgação

Terra da Luz recebe o

45°CborL O local escolhido para a realização do congresso foi o

Centro de Eventos do Ceará. É um dos centros de conven-ções mais modernos e bem equipados da América Latina, capaz de abrigar diferentes tipos de eventos, como pales-tras, feiras, shows, congressos, workshops, exposições, semi-nários, entre outros. Ocupa uma área total de 206 mil m², sendo 185 mil m² de área construída dedicada a dois gran-des pavilhões, foyers, dezenas de salões multiuso, áreas de convivência e praça de alimentação, diversos outros espaços adaptáveis e mais 21,4 mil m² de áreas verdes. É o segundo maior espaço de eventos do Brasil, com capacidade para 30 mil pessoas e área com 3.200 vagas de estacionamento. O projeto arquitetônico foi inspirado em aspectos típicos da paisagem cearense, como as falésias e o bordado das rendeiras.

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Os encantos de Fortaleza Beach Park

Um dos locais mais procurados na cidade durante o verão certamente é o parque aquático Beach Park, uma ótima alternativa para quem deseja fugir do calor e se divertir. O parque é um dos maiores da América Latina, atrai milhares de visitantes por ano e possui o toboágua mais rápido do mundo, o Insano. Com 41 metros de altura e uma inclinação de 70º, ele alcança a velocidade de 105km/h, marca registrada no Guinness Book.

Onde fica: Rua Porto das Dunas, 2.734, Porto das Dunas.

Ponte dos Ingleses

As praias de Fortaleza são os principais atrativos da cidade, em especial, a Praia de Iracema, uma das mais bonitas da região. Nela, os visitantes encontram a Ponte dos Ingleses. O monumento foi construído para ser um porto, mas nunca foi usado como tal por causa da falta de orçamento para as obras. Em 1994, a Secretaria de Cultura do Ceará realizou um projeto de recuperação da ponte, urbanizando-a para uso público. Logo depois, começou a ser frequentada pelas pessoas por sua visão privilegiada. Onde fica: Praia de Iracema, s/n.

Instituto Dragão do Mar

Erguido em uma antiga área portuária, o Instituto Dragão do Mar é um espaço dedicado à arte e à cultura, com atrações como o Museu da Cultura Cearense, o Museu de Arte Contemporânea, o Teatro Dragão do Mar - com parte de sua programação gratuita ou com preços simbólicos, além das salas de cinema do Cinema do Dragão -, a Fundação Joaquim Nabuco, o Anfiteatro Sérgio Mota, um auditório e o Planetário Rubens de Azevedo. Onde fica: Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema.

Pirata Bar

Casa de shows temática, bastante famosa por suas noites de segunda-feira, que viraram notícia até mesmo no The New York Times, que a classificou como “A segunda feira mais louca do mundo”. Os 2 mil m² de área do Pirata Bar são ocupados por um palco, uma pista de dança ao ar livre, mesas, espaço para circulação, loja da Boutique do Pirata e balcões de atendimento. Sua arquitetura faz alusão a uma vila nordestina de casinhas coloridas, com um navio pirata atracado ao fundo. A decoração, os adornos e a indumentária dos garçons também remetem à temática da pirataria.Onde fica: Rua dos Tabajaras, 325, Praia de Iracema.

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Cenários e

tendênCiAs da orL em 2015

MATÉRIA PRINCIPAL

Com mais de com mais de 65 anos de existência, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) é a

voz dos otorrinolaringologistas na busca por qualidade, crescimento e reconhecimento no país e no exterior. O momento da Otorrinolaringologia não poderia ser me-lhor. Nos últimos 20 anos, a especialidade observou progressão nos aspectos científico e tecnológico junto às ações terapêuticas, conforme garante o presidente da gestão 2015 da ABORL-CCF, Dr. Sady Selaimen da Cos-ta. “Temos buscado a excelência gerencial, assistencial e acadêmica. No plano assistencial, não restam dúvidas de que a Otorrinolaringologia do país cresceu e, com ela, amadureceram aqueles que se dedicam a sua prática como especialistas. No campo acadêmico também temos uma conquista, o “Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, um ambicioso e abrangente compêndio, mantemos uma série de atividades pioneiras em Educação Continuada e fomos vanguarda em programas de aperfeiçoamento via internet com três congressos transmitidos integralmente pela rede mundial”, declara.

A ABORL-CCF desempenha importante papel dentro desse quadro, pois reúne 6.063 associados distribuídos por todo o país (veja infográfico) e contribui tanto na luta por melhores condições e estrutura profissional, quanto para a implementação de campanhas de grande alcance junto à população, como as campanhas nacionais da Voz, Respire

Por Gabriela Lopes | Fotos de Drika Barbosa e Divulgação

A diretoria da associação reunida durante o Fórum das Comissões Permanentes da ABORL-CCF, em janeiro

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pelo Nariz e Viva Melhor e de Otorrinolaringologia Pediá-trica. “Essas campanhas têm sido importantes por vários motivos. Entre eles, conscientizar a população e, também, as recorrentes inserções na mídia leiga que elas propiciam. A Campanha Nacional da Voz, criada aqui no Brasil, ex-trapolou fronteiras e hoje se insere no calendário mundial como o Dia Mundial da Voz”, revela.

uniãO dAs ACAdeMiAs

Outro aspecto importante é o caráter multidisciplinar da Otorrinolaringologia e das Academias (leia os projetos das Aca-demias nas páginas 19, 20 e 21), que dialogam constantemen-te com outras especialidades médicas, como a Neurologia, a Neurocirurgia, a Genética e a Clínica Médica. Essa condição é percebida com otimismo pela diretoria da ABORL-CFF, que, anualmente, recebe jovens médicos interessados em se dedicar exclusivamente à especialidade (veja quadro com número de apro-vados na prova de título de especialista).

Para o presidente, formar profissionais capacitados para resolver os problemas que afetam a população e referenciar aqueles que necessitam de centros de excelência é uma pre-ocupação de toda a diretoria da ABORL-CCF. “A Otorri-nolaringologia contemporânea emerge no século XXI como uma ciência consolidada, reconhecida e pluripotencial. Essa expansão não passa despercebida e faz com que, a cada ano, uma legião crescente de estudantes de Medicina concorra às disputadíssimas vagas de residência médica para a nossa espe-cialidade. O resultado desse processo é a perpetuação de um círculo vicioso repleto de qualidades”, declara.

“A Otorrinolaringologia

contemporânea emerge no século

XXI como uma ciência consolidada,

reconhecida e pluripotencial. Essa

expansão não passa despercebida e

faz com que, a cada ano, uma legião

crescente de estudantes

de Medicina concorra às vagas de

residência médica para a nossa

especialidade”

dr. sady selaimen da Costa, presidente da ABOrL-CCF

Região Norte | 253 otorrinos

Região Nordeste | 900 otorrinos

Região Sudeste | 3.546 otorrinos

Região Sul | 925 otorrinos

Região Centro-Oeste | 439 otorrinos

Obs.: Cadastro de associados da ABORL-CCF que apresentam UF.

distriBuiçãO GeOGráFiCA

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Page 18: Revista Vox Otorrino - Nº 145

MATÉRIA PRINCIPAL

A distribuição de especialistas na área segue a tendên-cia das outras especialidades e da Medicina no Brasil, com grande concentração na Região Sudeste, que abriga, tam-bém, o maior número de serviços de residência, de deman-da por serviços e oportunidades. Por outro lado, as demais regiões ainda não possuem um número de especialistas além do necessário, especialmente nas cidades do interior, que também enfrentam dificuldades de infraestrutura.

Ao compararmos as Regiões Nordeste e Sul, por exemplo, a disparidade é clara. Enquanto a primeira, mesmo com maior contingente populacional e extensão territorial, conta com apenas 698 especialistas, a segunda tem 764 otorrinos, para atender a uma demanda menor, o que também evidencia a boa infraestrutura dessa região. Em 2014, o Ministério da Saúde registrou 147.798 in-ternações por doenças otorrinolaringológicas no país. Ao mesmo tempo, a especialidade cresceu 7,2% nos últimos anos, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM).

O presidente da ABORL-CCF considera normal que os novos profissionais busquem os lugares com melhores con-dições para exercer sua atividade: “A Otorrinolaringologia moderna incorporou a tecnologia no diagnóstico e nos pro-cedimentos. Por consequência, o jovem egresso da residência irá buscar um posto de trabalho em serviços que possibili-tem colocar em prática todo o seu conhecimento acumula-do. Cabe também aos governantes a criação de condições logísticas para que esses profissionais possam se distribuir mais amplamente em todo o território nacional”.

núMerO de APrOVAdOs nA PrOVA de títuLOs:

ANO

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

INSCRITOS

245

234

219

258

269

258

258

292

CANDIDATOS APROVADOS

166

161

114

194

218

203

204

228

"A Campanha Nacional da Voz,

criada aqui no Brasil, extrapolou fronteiras e hoje se insere

no calendário mundialcomo o Dia Mundial da Voz"

dr. sady selaimen da Costa,

presidente da ABOrL-CCF

Os padrinhos da Campanha Nacional da Voz da edição 2014, os cantores Fernando e Sorocaba

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Números da ORL

A ABORL-CCF conta

com 6.063 otorrinos associados

ABLV: foco na atuação multidisciplinar

Fundada em 1991, a Associação Brasileira de Laringologia e Voz

(ABLV) já apresentava uma formação multidisciplinar. Contava com a participa-ção de médicos, fonoaudi-ólogos, professores de can-

to e, até mesmo, cantores. Devido a questões organiza-

cionais, mais tarde, a associação

PersPeCtiVAs dAs ACAdeMiAs

tornou-se uma entidade composta exclusivamente por médicos. Atualmente presidida pelo Dr. Antônio Lobo de Rezende Neto, a ABLV tem se consolidado cada vez mais no cenário da Otorrinolaringologia.

Prova disso é a interação nos eventos da especiali-dade no Brasil e no exterior. “Nossos convidados inter-nacionais comparecem, com entusiasmo, aos eventos brasileiros, ao mesmo tempo que nossos laringologistas recebem inúmeros convites para participarem no ex-terior. Sem falar do número de publicações nacionais reproduzidas na literatura especializada internacional”, afirma o presidente.

No país, há 3.364

otorrinos homens e

1.610 otorrinos

mulheres, segundo o

CFM

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MATÉRIA PRINCIPAL

A aproximação com a subespecialidade de Cirurgia de Cabeça e Pescoço é um dos principais projetos da ABLV. A justificativa é que a Laringologia também está inserida na mesma área. “Essa aproximação envolve as-pectos mais amplos, inclusive relacionados ao currículo de residência das especialidades. Temos procurado dis-cutir possíveis formas de melhorar a interlocução com a Fonoaudiologia, visto a impossibilidade de distinguir a atuação multidisciplinar na abordagem da saúde otorri-nolaringológica em diversas áreas”, adianta.

No decorrer do ano, a associação pretende, também, realizar um censo para identificar otorrinolaringologistas que atuem na área da Laringologia. O objetivo é captar os profissio-nais para que atuem de forma mais efetiva na ABLV. “Estamos contribuindo, de alguma forma, para o gerenciamento de carreiras dentro da Otorrinolaringologia. A sociedade pre-cisa abranger aspectos profissionais, sociais e técnicos da especialidade”, garante.

Academia, segundo o presidente da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica da Face (ABCPF), Dr. Carlos Alberto Ca-ropreso. “Estamos estimulando o aprimoramento dos profissio-nais interessados por meio de estágios de observação, em que eles poderão acompanhar, por um mês, um serviço com professores experientes e renomados em Cirurgia Plástica da Face, além de receber uma bolsa fornecida pela associação”, conta (Veja os crité-rios no portal da Academia <www.abcpf.org.br>).

Nesse contexto, outros projetos da associação para este ano são a implementação de novos cursos on-line e outros itinerantes pelo país, além do lançamento de um Tratado de Cirurgia Plástica da Face, escrito por professores brasileiros e estrangeiros.

ABr: investimento em educação Continuada

Há 40 anos, a Academia Brasileira de Rinologia (ABR) é um dos importantes segmentos da Otorrinolaringologia. Ao longo das décadas, a especialidade cresceu de tal forma que, atualmente, é representada por duas academias independentes: a Brasileira de Rinologia, que lida com pro-blemas relacionados ao nariz, aos seios da face, à base do crânio e às cirurgias intracranianas de acesso endonasal, e a Academia Plástica da Face, com atenção específica aos problemas estéticos da face.

Da mesma forma que as demais Academias se destacam internacional-mente, a Rinologia brasileira – funcional e estética – também conquistou sua representati-vidade no exterior. Especialistas estrangeiros buscam aper-feiçoamento por meio dos cursos teórico-práticos realiza-dos no país desde a primeira gestão da entidade, presidida pelo Dr. Ermiro Estevam de Lima.

E o atual presidente da ABR, Dr. João Teles Júnior, confirma essa tendência. “Na Rinologia contamos com profissionais de alto nível reconhecidos mundialmente. É um motivo de orgulho para todos nós. Ressaltamos a qualidade de muitos serviços formativos e sonhamos que esse nível se estenda por toda a nação”, analisa.

Otimizar as ações de Educação Continuada é a prin-cipal meta da ABR para 2015, segundo o dirigente. “Pla-nejamos, em conjunto com ABORL-CCF, a realização de cursos de videoconferências gentilmente oferecidos pelo nosso presidente, Dr. Sady Selaimen. Pleiteamos também a conclusão dos estudos multidisciplinares instituídos na gestão da Dra. Wilma Anselmo”, reforça.

“No decorrer do ano, a associação

pretende, também, realizar um censo

para identificar otorrinolaringologistas

que atuem na área da Laringologia.

O objetivo é captar os

profissionais para que atuem de

forma mais efetiva na ABLV”

ABCPF: reconhecimento internacional

O Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, de acordo com um levantamento da

Sociedade Internacional de Cirurgia Plás-tica e Estética. O dado recente reper-

cute também no crescimento expo-nencial da Cirurgia Plástica Facial, cuja área de atuação já pode ser encontrada em algumas residências de Otorrinolaringologia nas prin-cipais faculdades nacionais.

Investimento em boa formação dos profissionais é o principal objetivo da

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sBO: aposta na educação do paciente

Com o pioneirismo e dedicação de lideranças e seus membros, a Sociedade Brasileira de Oto-

logia (SBO) tornou-se uma asso-ciação vibrante em seus 45 anos

de fundação. É o que garante o atual presidente da sociedade, Dr. Paulo Roberto Lazarini. “Hoje, a Otologia brasileira tem destaque internacional e parte dessa glória se deve à atu-

ação da Sociedade. Deixamos de ser os médicos que apenas faziam

amigdalectomias e passamos a ser, verda-deiramente, especialistas”, celebra.

No momento, a SBO concentra esforços nos prepa-rativos de sua próxima reunião científica, Four Otology, em sua sequência bienal. Outras conquistas recentes foram a parceria com a PROTESTE – Associação de Consumidores para a realização de medições de inten-sidade sonora de instrumentos musicais utilizados na Copa do Mundo de 2014, além da avaliação sobre o uso de fones de ouvidos por crianças e adolescentes em idade escolar.

E a SOB segue planejando: “Obtivemos excelente retorno espontâneo de mídia, o que foi muito positivo para a Otorrinolaringologia e para os cidadãos em geral. Estamos em processo final de ajuste de nosso site e te-mos alguns projetos em andamento na área pública, que enfocam questões fundamentais para a saúde auditiva no país”, conta o presidente.

Para o Dr. Paulo Roberto, em comparação com a Otologia de outros países, a Sociedade visa às campanhas educativas para otimizar as boas práticas na especialida-de. “O que ainda falta, em nossa avaliação, é consolidar práticas como o check-up otorrinolaringológico periódico.

Ainda hoje, os brasileiros só costumam consultar um otorrinolaringologista quando têm algum desconforto, infecção ou dor nos ouvidos. É uma questão cultural que só pode ser modificada com a participação de todos os segmentos da saúde pública e privada em campanhas de esclarecimento sobre a importância da Medicina Pre-ventiva. Nesse contexto, também teremos de avançar no combate a ameaças à saúde auditiva da população, como a poluição sonora nas grandes cidades, o desrespeito aos limites de som ambiente, o uso contínuo de fones de ouvido em alto volume, dentre outras”, analisa.

Abope: integração dos associados

A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia Pedi-átrica (ABOPe) é a mais nova das Academias da ABORL-CCF. Apesar de ter dez anos de existência, suas raízes são antigas. Em 1996, foi criado o Departa-mento de Otorrinolaringolo-gia Pediátrica, por iniciativa do Prof. Dr. Luc Weckx. Desde então, a ABOPe vem se expandindo com o passar dos anos. Dentre suas recentes conquistas estão as primeiras edições da Campanha Nacional de Otorri-nolaringologia Pediátrica e o I Workshop em Otorrino-laringologia Pediátrica, realizado no ano passado. Dar continuidade a ações como essas são as prioridades da associação, segundo a presidente, Dra. Renata Di Francesco. “Estar à frente da ABOPe é uma oportuni-dade de criar possibilidades como cursos, workshops e escolher temas e palestrantes para o Congresso Brasilei-ro, além de levar atualização e conhecimento científico dos problemas da nossa especialidade aos colegas. Nossas campanhas alertam o público leigo sobre os sintomas dos problemas mais comuns da faixa etária, que podem afetar seu desenvolvimento”, declara.

Por ser uma Academia em desenvolvimento, a ABO-Pe está focada em estimular a participação de novos as-sociados nos próximos meses. “A Otorrinolaringologia, no Brasil, é uma grande especialidade, que cresce a cada dia com inovações e novos procedimentos que ampliam nossa área de trabalho. Já a Otorrinolaringologia Pedi-átrica ainda é pequena, quando comparada à de outros países, como nos Estados Unidos, mas tem havido uma progressão no número de colegas que abraçam as causas das crianças”, afirma.

“A SBO concentra esforços

nos preparativos de sua próxima

reunião científica, Four Otology, em

sua sequência bienal”

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CânCer de LAringe

EDuCAçãO CONTINuADA

Ao longo das últimas décadas, podemos visualizar uma diminuição na incidência de câncer de laringe, graças às políticas de conscientização e restrição ao uso de ta-

baco1-5. Simultaneamente, podemos observar um aumento do diagnóstico em fases iniciais (T1/T2), devido à conscientiza-ção da população e de médicos otorrinolaringologistas quanto ao benefício do diagnóstico das lesões em fases iniciais e enca-minhamento sem demora para tratamento especializado6.

Em vista disso, nos pacientes com câncer inicial de laringe, qual é a melhor alternativa de tratamento? Ci-rurgia aberta parcial, cirurgia endoscópica com laser de CO2, ou radioterapia?

Revisão sistemática de 20147 mostra que ainda há falta de dados para concluirmos qual é a melhor estratégia para essa situação com alto nível de evidência, em termos de qualida-de vocal e resultados oncológicos de cura. Aparentemente, os três métodos oferecem os mesmos resultados oncológicos e vocais, devido à falta de ensaios clínicos randomizados com-parando as três modalidades terapêuticas utilizadas. O que se observa na literatura médica é um aumento crescente de uti-lização das técnicas endoscópicas para tratamento de câncer de laringe, em detrimento das técnicas abertas8,9, mas ainda não há prova contundente de que uma técnica seja superior à outra, tanto em relação aos resultados de sobrevida livre de doença, quanto aos de sobrevida livre de laringectomia total, ou qualidade de vida e voz7.

Porém, quando comparamos cirurgia e radioterapia nos pacientes com câncer T2, há diminuição significativa de

sobrevida quando submetidos à radioterapia (60%) versus cirurgia (79%)7. Meta-análise recente10 comparando tra-tamento cirúrgico de câncer de laringe versus radioterapia observou que a taxa de qualidade vocal e sobrevida livre de doença foram semelhantes em ambos os grupos. Contudo, o dado mais importante é que, na meta-análise, houve maior taxa de laringectomia total de resgate nos pacientes submeti-dos a radioterapia, provavelmente devido às dificuldades para o diagnóstico de recidiva precoce de câncer após a radioterapia do que após cirurgia parcial. As razões para essa maior difi-culdade podem estar ligadas a dois motivos: primeiro, é co-mum que, após a radioterapia, haja alteração na superfície da mucosa da laringe, devido à própria agressão do tratamento a essa área do corpo. Essa modificação inerente ao processo da radioterapia, durante a laringoscopia, torna mais difícil o diag-nóstico precoce da recidiva, visualmente. Segundo, se houver tumor residual, as células remanescentes após o tratamento da radioterapia serão uma linhagem celular única de células radiorresistentes. No microambiente do hospedeiro, sem a competição por nutrientes com as células radiossensíveis, vão se multiplicar sem oposição, com um comportamento biológico mais agressivo e com rápido crescimento. No ato do diagnóstico, muitas vezes, poderá ser necessária a larin-gectomia total.

Assim, esse aspecto precisa ser considerado na balança e discutido com o paciente, quando houver opção pelo trata-mento. Há cerca de 1,5% de chance de laringectomia total após cirurgia endoscópica com laser, e no grupo de pacientes

Prof. dr. Carlos takahiro Chone | Prof. dr. Agricio nubiato Crespo | departamento de

otorrinolaringologia, Cabeça e Pescoço da Universidade estadual de Campinas

O que há de novo?

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Page 23: Revista Vox Otorrino - Nº 145

submetidos a radioterapia, esse risco é de 15%, diferen-ça significativa (p = 0,02), com intervalo de confiança de 95%10. O problema desse estudo é que dos 19 trabalhos ana-lisados, 18 são retrospectivos e apenas um prospectivo, não randomizado, o que torna a meta-análise e a revisão sistemática de baixa qualidade, por serem baseadas em estudos de nível inferior. Assim, esses resultados podem estar enviesados.

Recentemente, no mês de outubro, foi publicado um estudo prospectivo randomizado, comparando cirurgia endoscópica e radioterapia em esquema convencional para T1a de glote, em que foi realizada análise vocal com seis e 24 meses de término do tratamento. Nessa pesquisa, foi observada melhor qualidade vocal no grupo de pacientes submetido a radioterapia11. Temos, como grande vantagem da cirurgia endoscópica com laser de CO2, uma recupera-ção pós-operatória mais rápida do que com a técnica aber-ta, devido à ausência de traqueostomia e sonda nasoenteral para alimentação. Em geral, os pacientes se alimentam por via oral no pós-operatório imediato. A desvantagem é a ne-cessidade de equipamento específico: o laser de CO2, ma-teriais cirúrgicos especiais e análise intraoperatória de mar-gens de forma mais minuciosa, uma vez que as margens cirúrgicas conseguidas no paciente são menores do que as obtidas com cirurgia por via aberta. Frequentemente, o número de margens com cirurgia endoscópica é maior, e a ressecção, mais minuciosa. Assim, mesmo que a recuperação pós-operatória seja mais rápida, o tempo cirúrgico torna-se maior, e o paciente necessita de melhores condições clínicas. Mesmo assim, quando comparados aos custos de radioterapia, os da cirurgia são menores.

A maior vantagem do tratamento cirúrgico é o fato de se dar em tempo único, seja por via endoscópica ou aberta. A grande questão da cirurgia endoscópica é a exposição da laringe do paciente. Caso o indivíduo não apresente boa exposição, a técnica não é factível. A radioterapia é um tratamento longo, de aproximadamente sete semanas, sem interrupções, nas quais o paciente tem que se deslocar ao centro de radioterapia durante toda a sua duração. Caso aconteça pausa maior do que uma semana, pode haver pre-juízos aos resultados oncológicos, mesmo que, ao final, o paciente complete a dose total de tratamento proposto12. O volume tumoral tem relação direta com o controle do câncer no tratamento radioterápico. Quanto maior o tu-mor, menor a resposta à medicação13. Novas técnicas de radioterapia permitem que a dose total seja oferecida em tempo menor e com menos toxicidade ao paciente, como IMRT (radioterapia de intensidade modulada), IMAT (ar-coterapia com intensidade modulada), VMAT (arcoterapia volumétrica modulada) e radioterapia com prótons. Essas modalidades de radioterapia conseguem oferecer uma dose mais precisa e homogênea de exposição à área tumoral,

com excelente preservação de estruturas não tumorais da radiação, menor toxicidade ao paciente e uma recuperação melhor do indivíduo exposto à radioterapia. Há, também, a chance de reirradiação com o emprego dessas técnicas14-8.

Assim, o que se observa com dados retrospectivos e al-guns prospectivos, é que tumores mais volumosos, a partir de T2, seriam mais bem tratados com técnicas cirúrgicas, pois esse método ainda é o padrão ouro no tratamento do câncer de cabeça e pescoço19. Há várias técnicas abertas com preservação funcional de voz e laringe além da técnica endoscópica, como laringectomias verticais, horizontais e laringectomias supracricoides. Todas preservam a laringe funcionalmente, e, no caso de tumores localmente avan-çados, embora haja a necessidade de laringectomia local, com o uso de prótese fonatória ou voz esofágica consegue-se uma ótima reabilitação vocal, com excelente qualidade de vida, comparável à de pacientes com câncer avançado de laringe submetidos a radioquimioterapia com laringe pre-servada20-1. No câncer localmente avançado (T4), a respos-ta local à quimiorradioterapia é menor, e, nesses pacientes, não há sentido em falar sobre preservação do órgão, pois já não há o que ser preservado - a laringe foi substituída por câncer, e o paciente já se encontra com traqueotomia e sonda nasoenteral para alimentação. Muitos desses indiví-duos, mesmo que respondam ao tratamento com radioqui-mioterapia, vão necessitar de traqueotomia e alimentação por gastrostomia, devido aos efeitos da radioterapia sobre a laringe e faringe, e a não alimentação por via oral irá pio-rar sua qualidade de vida20,21. Não há estudos prospectivos randomizados de pacientes consecutivos com estadiamen-tos equivalentes para comparação de quimiorradioterapia com cirurgia. Só há um trabalho enviesado, que compara radioterapia isolada com quimiorradioterapia e cirurgia para câncer avançado de laringe, porém, a maioria dos pacientes desse estudo não possui câncer localmente avançado. Foram considerados avançados os indivíduos que apresentavam metástases linfáticas, mas que, localmente, poderiam ser tra-tados com cirurgias parciais de laringe22. Os demais estudos comparam técnicas de radioterapia com diferentes esquemas de quimiorradioterapia, sem considerar cirurgia.

Concluindo, os pacientes T2, T3 e T4 devem ser trata-dos cirurgicamente, seja por via endoscópica ou aberta, no intuito de obter margens livres de neoplasia maligna. Nos pacientes T1b, devido ao comprometimento da comissura anterior, a chance de boa resposta à radioterapia exclusiva pa-rece ser um pouco menor, especialmente nos casos em que a lesão é mais infiltrativa na comissura anterior, mesmo sem in-filtração de cartilagem. Nessas situações, o tratamento cirúr-gico é a melhor opção, a não ser que a lesão seja superficial. Pode-se cogitar a utilização de radioterapia nos pacientes estadiados T1a de laringe, mas com ressalva quanto à técnica

VOX Otorrino | 23

Page 24: Revista Vox Otorrino - Nº 145

EDuCAçãO CONTINuADA

Referências

Bonifazi M, Malvezzi M, Bertuccio P et al. Age-period-cohort analysis of oral cancer mortality in Europe: the end of an epidemic? Oral. Oncol. 2011;47:400-407.

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Radiation in Patients with Advanced Laryngeal Cancer. N. Eng. J. Med. 1991;324:1685-90.

de radioterapia empregada, expertise da equipe de radiotera-pia, possibilidade de aderência fiel ao tratamento, seguimento minucioso do paciente e sua interrupção do tabagismo. Esse último quesito é importante, pois a continuidade do tabagis-mo relaciona-se a uma alta taxa de novos tumores malignos de cabeça e pescoço, e o paciente poderá necessitar novamente

de radioterapia, na qual, se a disponibilidade do serviço for de radioterapia convencional, não haverá possibilidade de reirra-diação, mesmo que o paciente, após o tratamento cirúrgico, possua critérios importantes para realização de tratamento adjuvante. Assim, nesses pacientes, a modalidade cirúrgica também é a mais recomendada.

24 | VOX Otorrino

Page 25: Revista Vox Otorrino - Nº 145

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Page 26: Revista Vox Otorrino - Nº 145

CAMPANHA

Por Luan Sicchierolli | Fotos: Divulgação

Prestes a completar 17 anos, a Campanha da Voz, na edição 2015, será realizada entre os dias 16 e 18 de abril. A iniciativa é da Academia Brasileira de Larin-

gologia e Voz (ABLV), em parceria com a Associação Bra-sileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Neste ano, as entidades pretendem refor-çar a importância dos cuidados com a voz e da prevenção do câncer de laringe. A ideia é aproveitar o acontecimento do Dia Mundial da Voz, em 16 de abril, para alertar sobre os problemas que podem afetar essa parte do corpo.

A exposição contará, mais uma vez, com a boca inflável gigante, construída em 2010, e que rapidamente tornou-se sua grande atração. A campanha seguirá a mesma fórmula dos anos anteriores, com programação direcionada a crian-ças, jovens e adultos. As atividades incluem apresentações de palhaços e de beatbox, além de médicos residentes, que farão um tour pela boca gigante, tirando dúvidas e orien-tando os visitantes.

Gustavo Korn, diretor da ABLV e coordenador na-cional da Campanha da Voz pelo sexto ano consecutivo, ressalta a importância dos cuidados. “A voz é a mais impor-tante ferramenta de comunicação do corpo humano e, por

Campanha ajuda a conscientizar sobre os cuidados com a voz e a alertar sobre os riscos do câncer de laringe

CAMPANHA DA VOZ completa 17 anos em 2015

Sucesso consolidado:

A “boca inflável” é um dos principais atrativos da Campanha Nacional da Voz

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Page 27: Revista Vox Otorrino - Nº 145

“A voz é a mais importante ferramenta

de comunicação do corpo humano e,

por isso, deve ser utilizada da melhor

forma. Portanto,é

fundamental a procura

por um médico otorrinolaringologista,

especialista habilitado para tratar

o caso adequadamente,

já que, com o diagnóstico

precoce, as chances de cura

são muito grandes”

Dr. Gustavo Korn

isso, deve ser utilizada da melhor forma. No caso de alte-rações ou rouquidão por mais de 14 dias, destacamos, na campanha, a necessidade da avaliação do paciente, pois um dos possíveis diagnósticos é o câncer de laringe. Portanto, é fundamental a procura por um médico otorrinolaringo-logista, especialista habilitado para tratar o caso adequada-mente, já que, com o diagnóstico precoce, as chances de cura são muito grandes”, reforça.

O coordenador expõe o que considera ser a razão do êxito e consolidação da campanha no calendário de eventos da Otorrinolaringologia no país. “A fórmula do sucesso de nossa campanha é o trabalho em equipe. Agradeço o importante apoio do nosso presidente da ABORL-CCF, Sady Selaimen da Costa, do presiden-te da ABLV, Antonio Lobo, da Sintonia Comunicação e de todo o staff da ABORL-CCF, além de todos os colegas otorrinolaringologistas que, de alguma forma, contribuem para o sucesso do evento. Aproveito para convidar a todos os colegas otorrinolaringologistas para trazerem seus familiares e passarem um dia dife-rente e extremamente agradável com a gente durante nossa exposição”, declara.

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GESTãO & CARREIRA

As vantagens e desvantagens do uso da tecnologia ao definir diagnósticos e tratamentos

Por Luan Sicchierolli | Fotos: Divulgação e Drika Barbosa

Com a popularização da Internet, é cada vez mais co-mum pacientes pesquisarem sobre seus sintomas an-tes da consulta e levarem ao médico ideias e opiniões

sobre o próprio diagnóstico. De acordo com a Associação Mé-dica Brasileira (AMB), oito de cada dez pesquisas no Google são relacionadas à saúde, o que mostra como essa é uma das maiores preocupações e motivo de dúvidas para as pessoas.

No entanto, o que a princípio seria um aspecto positi-vo da revolução digital, com mais informação e opções de esclarecimento dos pacientes quanto à saúde, em alguns casos tornou-se um problema. A partir dessas consultas,

8 em cada 10 consultas

em sitEs de busca

referem-se a assuntos

ligados à saúdE Fonte: AMB

como lidar com a hipocondria na era digital?Consultório Google:

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Page 29: Revista Vox Otorrino - Nº 145

muitas pessoas especulam doenças mais graves e/ou se au-tomedicam, o que pode acarretar consequências graves e dificultar o tratamento.

Chamada de “A Hipocondria da Era Digital” ou “Dr. Google”, a “cibercondria” é uma expressão usada para definir a consulta na internet sobre patologias rela-cionadas aos sintomas que as pessoas estão sentindo. Se-gundo o Harris Interactive, instituto de pesquisa norte-americano, somente nos Estados Unidos há mais de 160 milhões de cibercondríacos, mais de 80% dos adultos que têm acesso à internet.

Com informações corretas e bem referenciadas na rede, é possível evitar complicações futuras. Por exemplo, ler sobre infarto e seus sintomas pode ajudar a identificar e prevenir a possibilidade desse e de outros riscos, mas nem sempre é fácil encontrar tais informações com segurança.

Pensando nisso, a Google lançou, em 2008, o Google Health, aplicativo que prometia ser um parceiro do médico e do paciente antes, durante e após a consulta. Sua propos-ta era permitir que os pacientes gravassem seus dados de saúde e interagissem com médicos e farmácias, organizan-do as informações de forma que elas fossem acessadas com facilidade, de qualquer lugar. Devido à falta de procura,

suas atividades foram encerradas, mas, em 2014, o Google lançou outra aposta para a área da saúde, a Google Fit. A função do aplicativo é fazer, para os usuários, relatórios completos de suas atividades. Ele possui um recurso para controlar os dados enviados por outros softwares, capturar informações de caminhadas, corridas ou ciclismo, crian-do relatórios de atividades que podem ser visualizados em comparações diárias ou semanais.

Um estudo feito pela Microsoft relacionou a saúde com os sites de buscas populares, bem como um levantamento dos funcionários da empresa. O estudo sugere que o auto-diagnostico feito com a ajuda dos sites de buscas frequen-temente leva os pesquisadores a concluir o pior sobre o que

“Ações para orientar os

pacientes sobre os problemas da

cibercondria deveriam partir do

CFM, através de campanhas de

conscientização

contínua, utilizando veículos como a

TV (novelas), e a própria internet criar

um alerta nos sites de busca,

como a Agência Nacional de

Saúde Suplementar (ANS) faz

nas embalagens de cigarros”

Dr. Heron Rached

nos estados Unidos,há

mais de 160 milhõEs

de “cibercondríacos”

Consultório Google:

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Page 30: Revista Vox Otorrino - Nº 145

Como ajudar os pacientes

cibercondríacos?

Muitos pacientes chegam ao consultório pensando ter alguma doença grave após pesquisar seus possíveis sintomas na internet. O que fazer diante dessa situação? Confira, a seguir, como orientar o paciente que sofre de cibercondria - a “Hipocondria da Era Digital”:

1) entenda que a internet é um vasto campo de

informações sem o total controle dos usuários.

isso quer dizer que dúvidas em relação a

determinadas patologias podem surgir a

qualquer momento.

2) esclareça ao paciente que a

anamnese, aliada às prescrições de

exames, é fundamental para descartar

ou confirmar suspeitas de possíveis

doenças. Conversar com o paciente sobre o assunto

pode atenuar sua ansiedade, o que contribui para o

tratamento adequado do quadro clínico.

3) Qualifique-se. Frequente eventos de atualização

médica em sua área, como congressos, simpósios

e cursos de capacitação.

4) informações on-line já estão ao alcance

de boa parte da população. Por isso,

recomende ao paciente o acesso a sites

confiáveis, como os portais das sociedades

médicas e de profissionais referenciados.

GESTãO & CARREIRA

os incomoda. A pesquisa apontou que cerca de 2% das consultas na web eram relacionadas à saúde, e cerca de 250 mil usuários, aproximadamente um quarto da amostra, fi-zeram pelo menos uma busca médica durante o estudo. Dos mais de 500 empregados da Microsoft que responde-ram ao questionário sobre seus hábitos de pesquisa médi-ca, mais da metade disse que as consultas médicas on-line relacionadas com uma doença grave haviam interrompido suas atividades do dia a dia, pelo menos uma vez.

Heron Rached, cardiologista chefe do Serviço de Car-diopneumologia do Hospital Bandeirantes, em São Paulo, não desconsidera a chance de um sintoma aparentemente simples se tornar em um quadro mais grave, mas reforça a importância dos exames para um correto diagnóstico. “Um simples quadro febril pode apresentar uma variação enorme de diagnósticos, desde um resfriado até um quadro imunológico complexo, como o lúpus. Mas, para pensar na segunda hipótese, é necessário toda uma anamnese. De-vemos ter em mente que os exames complementares são apenas isso, complementos”, explica.

O cardiologista chama atenção ainda para os riscos da automedicação, em pacientes que tomam decisões so-bre seus diagnósticos e tratamentos somente a partir das informações encontradas em suas buscas na internet.

Rached acredita que os meios de comunicação de-veriam ser mais explorados para alertar a população so-bre os riscos da cibercondria. “Acredito que ações para orientar os pacientes sobre os problemas da cibercondria deveriam partir do CFM, através de campanhas de cons-cientização contínua, utilizando veículos como a TV (novelas), e a própria internet criar um alerta nos sites de busca, como a Agência Nacional de Saúde Suplemen-tar (ANS) faz nas embalagens de cigarros. Aos pacientes, o ideal é que disciplinem o tipo de acesso, buscando informações de fontes confiáveis”, aconselha.

Referências

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Page 31: Revista Vox Otorrino - Nº 145

VOx news

POrtAriA PArA A inCLusãO dOs iMPLAntes BAHA e COCLeAr BiLAterAL é APrOVAdA PeLO sus

Foi aprovada recentemente a portaria que prevê a inclusão dos implantes Baha e coclear bilateral pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ela permite a regula-mentação de novos centros de implantes e indicações, do implante coclear bilateral, de próteses ativas de ancoragem ao osso e a cobertura da manu-tenção dos processadores do IC (implante coclear) e Baha.

O projeto, desenvolvido pela Unicamp, teve de passar por várias etapas necessárias para a confirmação da eficácia do tratamento até ser aprovado. “A ideia é que alguns centros do SUS, credenciados para realização de im-plante coclear, possam incluir esse tratamento em seu portfólio”, afirma o otorrinolaringologista Arthur Castilho, um dos responsáveis pelo projeto.

Os implantes cocleares estão disponíveis, agora, tanto em clínicas e consultórios particulares como pelo SUS. Também é importante ressaltar que muitos pacientes já conseguiram seus implantes pelos convênios e seguros de saúde, mediante indicação e relatório médico específico.

ABOrL-CCF PArtiCiPA dO PrOJetO “BeM estAr GLOBAL”

No dia 30 de janeiro, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirur-gia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) esteve presente na primeira edição de 2015

do projeto Bem Estar Global, ação em parceria com o SESI. O evento, reali-zado na Avenida Beira-mar, em Florianópolis (SC), ofereceu uma progra-mação especial, com atividades e serviços gratuitos para a comunidade durante todo o dia.

Os associados da regional da ABORL-CCF também deram orienta-ções à população sobre a qualidade do olfato. Mais de 200 pessoas fizeram

testes de reconhecimento de aromas na tenda montada pela instituição. Além da atividade, os participantes também visitaram as 13 tendas com ser-

viços das demais especialidades médicas, incluindo Dermatologia, Oftalmologia e Cardiologia, entre outras.

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Page 32: Revista Vox Otorrino - Nº 145

INTERNACIONAL

A Otorrinolaringologia brasileira está se direcionan-do para a internacionalização. Com otorrinos de destaque em todas as subáreas da especialidade,

como Otologia, Rinologia, Laringologia, Foniatria, Farin-gologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Base de Crânio e Cérvico-Facial, entre outras, o país tem ganhado cada vez mais reconhecimento no exterior.

Hoje, o Congresso Brasileiro já é o segundo maior even-to de Otorrinolaringologia no mundo, tendo à frente apenas o dos Estados Unidos. A associação também participará dos eventos latino-americanos, além do congresso luso-brasileiro, em Portugal, e o da Academia Americana. A relação com as Sociedades internacionais é mais um ponto positivo. O Brasil tem intercâmbio com praticamente todas as entidades mun-diais de Otorrinolaringologia, tendo em vista a presença de,

pelo menos, um otorrino brasileiro nas diretorias das Socie-dades no exterior.

Para o diretor-presidente da Comissão de Eventos da ABORL-CFF, Dr. José Antônio Patrocínio, a especialida-de no país vive um bom momento. “Todo o mundo sabe, hoje, onde fica o Brasil e o quão bons são os nossos otor-rinos”, afirma. O objetivo é aperfeiçoar o evento em todas as esferas. “Cada vez estamos melhorando mais, científica e organizacionalmente. A ideia é trazer os especialistas latinos para participar. É muito mais fácil entender Por-tuguês do que Inglês. Aqui é mais barato e mais festivo, além de termos um congresso com alto nível científico. Neste ano, decidimos que um país latino será convidado e terá professores no programa e desconto na inscrição para seus membros”, conta.

no exterior

Eventos e publicações

em vogA

Por Gabriela Lopes e Luan SicchierolliFotos de Drika Barbosa e Divulgação

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Page 33: Revista Vox Otorrino - Nº 145

Além do Congresso e das participações nos eventos in-ternacionais, a associação também conta com um grande aliado, o BJORL. Órgão oficial da ABORL-CCF, o Brazi-lian Journal of Otorhinolaryngology é um importante meio para divulgar a especialidade no país e nos congressos do exterior, com a publicação dos trabalhos científicos apresentados nos eventos, seja na forma de pôsteres ou de apresentação oral.

Para Dra. Shirley Pignatari, editora-chefe do BJORL, o sucesso da publicação se deve ao trabalho em equipe. “A grande evolução na qualidade do jornal é fruto do árduo traba-lho de todos os editores que me antecederam e do voto de confiança dos dirigentes da ABORL-CCF ao longo dos anos. Concomitantemente, o incremento e valorização do ensino da pesquisa nas escolas médicas trouxeram melhora na qualidade e originalidade das submissões”, define.

O BJORL é apontado como uma das melhores publica-ções científicas do país na atualidade. Segundo a editora-chefe, para este ano, um dos principais desafios será manter o padrão de qualidade do jornal. “Fatores como indexações em bases de dados, periodicidade, sistema de revisão por pares, corpo edi-torial de revisores qualificados e, mais recentemente, a parce-ria com um sistema de publicação profissional e internacional foram progressivamente adicionando credibilidade, respeito e aumento no número de citações e do fator de impacto. Aos

poucos, o caráter internacional vem se estabelecendo e, de for-ma palpável, pode-se verificar o crescimento no total de sub-missões de autores internacionais. Devo, entretanto, admitir que ainda há muito a ser feito”, afirma.

Dentre as próximas ações relacionadas à divulgação do BJORL está a chance de publicação em outros idiomas, uma vez que a ABORL-CCF já mantém relacionamento com as entidades latino-americanas. “Embora a língua inglesa seja, seguramente, a mais importante na interna-cionalização da revista, acreditamos que a exposição do BJORL em bases dedicadas aos países ibero-americanos e latino-americanos deva ser estimulada. Atualmente, esta-mos trabalhando na indexação do BJORL à Redalyc, rede de revistas científicas da América Latina e Caribe, Espanha e Portugal. Além disso, a consolidação da recente parceria com uma editora de publicação internacional (Elsevier) pa-rece muito promissora na divulgação dos artigos, trazendo novidades como o ahead of print, aumentando a visibilida-de dos artigos em processo de publicação”, esclarece.

“Todo o mundo sabe quão bons são os nossos

otorrinos, e estamos melhorando mais, científica e

organizacionalmente”

Dr. José Antônio PatrocínioPresidente da Comissão de Eventos da ABORL-CCF

“Embora a língua inglesa seja a mais importante, acreditamos

que a exposição do BJORL em países ibero-americanos e

latino-americanos deva ser estimulada”

Dra. Shirley PignatariEditora-chefe da BJORL

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novA Leipromete reajuste ANuAL PARA MÉDICOS

CONDuTA MÉDICA

Aprovadas em junho do ano passado, novas regras no relacionamento entre médicos e planos de saúde passaram a vigorar em dezembro

Por Raphael Pereira | Fotos: Divulgação

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Uma conquista para a categoria. Assim foi defini-da, pelas principais instituições representativas da classe médica, a aprovação sem vetos da lei

13.003/2014, que passou a vigorar em dezembro. Entre outras determinações importantes, agora, os profissionais terão direito a um contrato por escrito com as operadoras de saúde, com previsão de índice e periodicidade anuais para reajuste dos valores dos serviços prestados, uma das reivindicações mais antigas da classe.

Outra novidade implementada pela lei é a obrigatoriedade de substituição imediata e equivalente de médicos, laborató-rios ou hospitais que se descredenciarem. Eduardo Baptistella, presidente da Comissão de Defesa Profissional da ABORL-CCF, destaca a importância da lei, mas faz ressalvas. “A nor-ma traz benefícios importantes ao médico. Por exemplo, o artigo 17, específico sobre reajustes. No entanto, muitos dos valores atuais têm uma defasagem de anos, até mes-mo de décadas. Esse ainda é um grande desafio, pois não há, na lei, um mecanismo que compense essa perda apli-cada”, afirma. Baptistella defende a urgência da dedicação dos profissionais e das sociedades médicas na fiscalização de contratos e exigências. “Os médicos precisam fiscalizar se o contrato estabelecido está sendo cumprido como de-veria. As sociedades devem exigir de nossos políticos ou-tras leis, que venham garantir atendimento e remuneração adequados à categoria. Exercendo o papel de representante do médico, evita-se a imensa disparidade de forças entre o profissional, isoladamente, e o plano de saúde, como em-presa”, aponta.

“A norma traz benefícios importantes ao

médico. No entanto, muitos dos

valores atuais têm uma defasagem

de anos, até mesmo de décadas.

Esse ainda é um grande desafio,

pois não há, na lei, um mecanismo que

compense essa perda aplicada”

Eduardo BaptistellaPresidente da Comissão de Defesa Profissional da ABORL-CCF

O presidente enfatiza, também, que a exigência de os contratos incluírem a cláusula de reajuste dos honorários e a de limite de exames trará mais segurança não só aos médicos, mas também aos pacientes, que antes ficavam sujeitos à arbitrariedade dos convênios. Em muitos casos, especialmente em contratos antigos, essas cláusulas sequer existiam.

COnseQuênCiAs nA PrátiCA A insatisfação dos médicos não é pequena. Uma pes-

quisa inédita divulgada em 2014 pela Associação Paulista de Medicina (APM) revelou que 80% dos médicos de São Paulo já se descredenciaram, ou pretendem se descre-denciar, das operadoras de saúde. O principal motivo, segundo os profissionais, é a pressão dos convênios para reduzir solicitações de exames essenciais e a restrição a procedimentos de alta complexidade. Além disso, os médicos também alegam que o valor dos honorários re-passado pelas operadoras é extremamente baixo, o que fez com que 83% dos médicos precisassem aumentar a carga horária de trabalho.

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“O médico precisa exercer sua profissão de forma ampla, ser adequadamente

remunerado e não sofrer restrições de ordem administrativa. Precisamos evoluir para

um relacionamento de parceria, e não mais de disputa de partes, em que o médico é

visto como empregado e a operadora como patroa"

Eduardo Baptistella

CONDuTA MÉDICA

As reclamações não são privilégio somente da classe médica. Ainda de acordo com a pesquisa da APM, 86% dos profissionais consultados responderam que os pacien-tes foram obrigados a recorrer à rede pública (SUS) ou aos atendimentos particulares, em função dos obstáculos colo-cados pelos planos para requisição de exames e cirurgias.

O problema também traz consequências diretas para a relação médico-paciente, já que, com o tempo de consul-ta menor e o maior volume de trabalho, ambos ficam in-satisfeitos. Eduardo Baptistella afirma que essa é uma rela-ção baseada em contratos, os quais deveriam sustentar as necessidades das duas as partes. “Muitos contratos, princi-palmente os mais antigos, favoreciam uma unilateralidade, deixando muitas lacunas, trazendo dificuldade e insegurança aos médicos e aos próprios pacientes ao final do processo. O profissional necessita, muitas vezes, se adaptar a condutas e exigências de operadoras de saúde, que acabam interferindo no ato médico propriamente dito”, critica.

O descredenciamento de profissionais dos convênios ocorre, principalmente, pela interferência dos planos de saú-de na relação entre médico e paciente, através do excessivo controle de exames complementares solicitados, escolha de

dos médicos de São Paulo

se descredenciaram, ou pretendem

se descredenciar, dos planos

de saúde Fonte: APM

80%

material cirúrgico e glosas sem explicação para cirurgias. “Com isso, a qualidade do atendimento ao paciente dimi-nui. O resultado final dessa relação é o aumento do descre-denciamento médico e a insatisfação do cliente, que paga caro, mas não recebe o atendimento que gostaria”, lamenta.

Para ele, é preciso que haja um entendimento maior do papel do médico e sua responsabilidade frente ao paciente pelas operadoras de saúde. “O médico precisa exercer sua profissão de forma ampla, ser adequadamente remunerado e não sofrer restrições de ordem administrativa. Precisamos evoluir para um relacionamento de parceria, e não mais de disputa de partes, em que o médico é visto como empregado e a operadora como patroa. Isso poderá ser alcançado através de regras como a lei 13.003/2014, que passa a determinar qual é o papel de cada um nesta relação comercial de pres-tação de serviços, priorizando o respeito ao profissional e o atendimento ao indivíduo”, reflete.

83% dos médicos tiveram que

aumentar a carga horária de trabalho

por causa dos baixos valores pagos

pelos planos de saúde

Fonte: APM

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ARTIGO

Neste texto, discutirei dois pontos que me parecem de interesse sobre o tema “atualidade em rinites”. Em primeiro lugar, um ponto que foi levantado

durante o último encontro anual da Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (AAO-HNSF) sobre a terminologia das rinites e, a seguir, a rinite alérgica local.

Existem diversas formas de classificarmos essas patolo-gias. Podemos subdividi-las em infeciosas e não infeciosas. As não infecciosas são classificadas em alérgicas e não alér-gicas. No grupo das não alérgicas, temos as causadas pela ingestão de alguns alimentos (mecanismo não alérgico), por problemas emocionais, hormonais, induzidas por drogas (anti-hipertensivos etc.), por irritantes, a eosinofílica não alérgica, a medicamentosa e a idiopática, dentre outras1,2.

O sufixo grego ite significa inflamação, portanto, rinite quer dizer uma inflamação da mucosa nasal. Por definição, esse processo inflamatório caracteriza-se pela presença dos sintomas obstrução nasal, prurido nasal, espirros e coriza, que devem estar presentes por mais de dois dias consecutivos e com duração de mais de uma

hora na maior parte dos dias. O fator desencadeante da inflamação será o agente etiológico do quadro.

Ocorre que em alguns tipos de rinites não temos a pre-sença de inflamação local, como é o caso da rinite idiopática, por drogas, emocional etc. Sendo assim, durante o encontro anual da AAO-HNSF sugeriu-se que o melhor termo seria “rinopatia”. Ou seja, as rinopatias poderiam ser subdivididas em inflamatórias e não inflamatórias (infecciosas ou não).

A real prevalência das rinites na população brasileira é desconhecida. Alguns estudos propõem que, em crianças e adolescentes, poderia variar entre 25% a 35%2. Os estudos re-alizados no Brasil para detectar a prevalência da rinite alérgica são aplicados através de questionários e, por isso, são falhos.

Para conhecermos sua real prevalência, deveríamos reali-zar estudos baseados na história clínica dos pacientes, exame físico e pesquisa de IgE específica. Tal formato de pesquisa inviabiliza sua aplicação em grandes populações.

Os estudos nacionais apontam uma prevalência que varia de 9% a 35% da população, com diferenças entre fai-xas etárias2,3. Nas crianças e adolescentes, o quadro alérgico é mais frequente que nas faixas etárias mais elevadas. Isso

Caros colegas, o assunto em pauta desta edição - rinite alérgica - é muito importante para todos os otorrinos, independente de suas áreas de atuação mais específicas. A rinite alérgica costuma afetar não somente o funcionamento do nariz e dos seios paranasais,

mas também o da laringe e da faringe, da orelha e das vias aéreas inferiores. A prevalência é muito grande em todas as idades e o diagnóstico preciso e específico é muito importante para o tratamento. A leitura

atenta deste artigo do professor João Mello Junior mostra que, na verdade, a prevalência é ainda bem maior que a estabelecida no momento, em função dos novos conceitos sobre a rinite alérgica local.

Boa leitura a todos!Comissão de Educação Médica Continuada

rinites,o que há de novo?João Ferreira de Mello JúniorProfessor livre-docente pela faculdade de Medicina da universidade de São Paulo; chefe do Grupo de Alergia em Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da universidade de São Paulo

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ocorre pelo aparecimento de novos fatores, como doenças sistêmicas e sua terapêutica.

Não bastassem esses pontos, atualmente discute-se muito um novo fenótipo para rinite alérgica. Quando o paciente vem aos nossos consultórios, baseamos nosso diagnóstico clínico na história clínica e o etiológico na pesquisa de IgE específica. Os testes mais utilizados são o cutâneo de hipersensibilidade imediata (prick test) ou a pes-quisa de IgE específica sérica, mais conhecida como RAST ou ImmunoCAP.

Recentemente têm sido publicados estudos demos-trando que alguns pacientes apresentam o quadro clínico sugestivo de rinite alérgica sem que se consiga detectar a IgE específica na pele ou sangue. Contudo, sua história clínica é muito consistente com a exposição aos alérgenos. Seus sintomas surgem quando em contato com ácaros da poeira domiciliar, fungos ou durante a estação polínica e cessam ao fim dele.4

Para comprovar-se a possível etiologia alérgica, os auto-res mesuraram os níveis de IgE específica na mucosa nasal desses pacientes após teste de provocação nasal e observa-ram que eles estavam altos5. Sendo assim, denominaram esse desconhecido fenótipo de rinite alérgica local.

Certos autores observaram que cerca de 50% a 60% de pacientes com rinite idiopática, inclusive crianças, apresen-tam, na verdade, rinite alérgica local4.

Do ponto de vista imunopatológico, tais pacientes comportam-se de forma semelhante aos com as “outras” rinites alérgicas. Durante testes de provocação nasal com antígenos, sua resposta nasal é composta por uma fase

imediata caracterizada pelo aparecimento de sintomas e mediadores com duração máxima de uma hora. Em al-gumas, após a provocação nasal, os sintomas ressurgem e há elevação de mediadores provenientes de eosinófilos (proteína catiônica eosinofílica). Observa-se também a elevação de IgE específica na mucosa nasal6.

A caracterização desse novo fenótipo abre espaço para a utilização de medicamentos que antes ficavam restritos aos pacientes com rinite alérgica confirmada pela presença de IgE específica sistêmica (prick test e ImmunoCap).

Alguns estudos têm demostrado que eles respondem inclusive à imunoterapia alérgeno específica7.

Contudo, para realizar-se o diagnóstico de rinite alér-gica local, a recomendação presente é a utilização de teste de provocação nasal com alérgenos4. Esse teste não é de uso corrente em consultórios e clínicas, sendo feito apenas em alguns centros de pesquisa.

Resumidamente, a literatura atualmente disponível caracteriza a rinite alérgica local por:

• Prevalência variando entre 47% e 66% das rinites idiopáticas;• Ocorre em adultos e crianças;• Ausência de atopia sistêmica;• Mediadores e infiltrado inflamatório local de células padrão Th2;• Produção local de IgE;• Diagnóstico realizado por teste de provocação nasal com alérgenos.

Referências1. Bousquet J, Khaltaev N, Cruz AA, Denburg J, Fokkens WJ, Togias A et al. Word Health Organization; GA(2)LEN, AlterGen. Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma (ARIA). Allergy. 2008;63(86):8-160.

2. Associação Brasileira de Otorrinolaringologia. III Consenso brasileiro sobre rinites. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, 75(6), 2012. [Internet]. Acessado em: 2 nov 2014. Disponível em: <http://www.aborlccf.org.br/imageBank/CONSENSO_SOBRE_RINITE_-SP-2013-04.PDF>.

3. Allergies in Latin America: A landmark survey of nasal allergy sufferers. [Internet]. Acessado em: 2 nov 2014. Disponível em: <http://www.allergie-sinlatinamerica.com/portuguese/brazil_symptoms.html>.

4. Rondón C, Campo P, Togias A, Fokkens WJ, Durham SR, Powe DG et al. Local allergic rhinitis: concept, pathophysiology, and management. J. Allergy. Clin. Immunol. Jun 2012;129(6):1460-7.

5. Kim YH, Park CS, Jang TY. Immunologic properties and clinical features of local allergic rhinitis. J. Otolaryngol. Head Neck Surg. Fev 2012;41(1):51-7.

6. López S1, Rondón C, Torres MJ, Campo P, Canto G, Fernandez R et al. Immediate and dual response to nasal challenge with Dermatophagoides pteronyssinus in local allergic rhinitis. Clin. Exp. Allergy. Jul 2010;40(7):1007-14.

7. Rondón C, Blanca-López N, Aranda A, Herrera R, Rodriguez-Bada JL, Canto G et al. Local allergic rhinitis: allergen tolerance and immunologic changes after preseasonal immunotherapy with grass pollen. J. Allergy Clin. Immunol. Abr 2011;127(4):1069-71.

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QuALIDADE DE VIDA

Agenda médica x estresse:

Saber conciliar a agenda lotada com a vida pessoal é sempre um desafio para os médicos. O estresse no trabalho, combinado com pouco tempo para aproveitar os momentos de lazer, pode trazer consequências graves para a saúde dos profissionais

Por Luan Sicchierolli | Fotos: Divulgação

ConCiLie o trAbALho e evite A estAFA

Conciliar a profissão com as outras atividades do dia a dia não é fácil, ainda mais nos casos em que o trabalho, muitas vezes, submete o profissional a

situações de tensão extrema. Pensar nas cobranças e metas a serem atingidas, em alguns casos, até o final do expediente,

ou, para os médicos, no contato direto com os pacientes, pode contribuir para agravar problemas de saúde peque-nos, quando o trabalho toma o tempo que deveria ser destinado ao relaxamento e a atividades de lazer com os amigos ou a família.

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“Se compararmos o médico que

trabalha em um grande centro

urbano, em um hospital

de referência com toda a

estrutura, com o colega que

trabalha no interior, em uma

unidade mais precária, quem terá o maior nível de

estresse? Não depende somente do local, mas de

todas as condições de trabalho envolvidas”

Alexandre Bié

Dicas para organizar seu tempo:

não exerça a Medicina aos finais de semanaMédico é médico 24 horas por dia, isso é um fato. Mas

não deixe que os problemas profissionais atrapalhem sua

convivência com a família e os amigos. Organize seu tempo

antes de qualquer coisa, para levar o mínimo de trabalho

para casa.

escolha bem seu lugar de trabalhoProcure um local que valorize sua atividade, seja em que

área for (clínica, pesquisa, atendimento ou ensino), e que

pague bem por ela.

escolha bem seus parceiros/sócios/colegasSe tiver uma clínica, secretárias podem ajudar a organizar

sua agenda sem sobrecarregá-lo. No hospital, na pesquisa

ou no atendimento, estar cercado por bons profissionais é

garantia de que seu trabalho também será bom, eficaz e

compensador.

não faça por fazerMédicos normalmente atuam em mais de uma área. Tenha

claro em sua mente que tipo de trabalho deseja realizar em

cada uma para não desperiçar seu tempo.

Em geral, os especialistas recomendam atividades físicas regulares, algum hobby ou, até mesmo, o happy hour com os colegas. No entanto, colocar esses conselhos em prática não é tão simples. É preciso ter organização e disciplina, ainda mais na Medicina, em que muitos profissionais trabalham em vários locais e áreas, como a pesquisa, atendimento, clínica e ensino.

Um bom exemplo de conciliação entre o lado profissio-nal e o pessoal com equilíbrio é Alexandre Bié, coordena-dor do serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro. Mesmo com as eventuais emer-gências e a vida atribulada, o especialista consegue reservar um tempo fixo para ficar com os filhos durante a semana. “Procuro começar minhas atividades médicas cedo, às 7h, e finalizar o dia de trabalho por volta das 17h. Isso é neces-sário para ter tempo de fazer atividades e brincar com meus filhos ao final do dia, o que é maravilhoso. Procuro, sem-pre que possível, viajar nos finais de semana para lugares próximos e agradáveis. Também gosto muito de relaxar à noite, fazendo uma hidromassagem. Mas é claro que temos emergências e nem sempre isso é possível”, conta.

Para o especialista, umas das causas de estresse na pro-fissão são as intercorrências cirúrgicas, como as hemorragias de difícil controle. “Os chamados quando estamos em um momento de descontração também geram um acentuado grau de estresse, mas isso faz parte de nossas vidas. Não é o meu caso atualmente, mas trabalhar em locais sem condi-ções adequadas também é muito desgastante”, opina.

Segundo o médico, fatores como o lugar e as condições de trabalho podem fazer a diferença. “Não sei se o nível de estresse do trabalho médico na cidade grande é, realmente, maior do que no interior; isso depende também da visão de cada um. Intercorrências e alta carga de trabalho podem ocorrer em qualquer lugar. Se compararmos o médico que trabalha em um grande centro urbano, em um hospital de referência com toda a estrutura, com o colega que trabalha no interior, em uma unidade mais precária, quem terá o maior nível de estresse? Não depende somente do local, mas de todas as condições de trabalho en-volvidas”, afirma.

O otorrinolaringologista aconse-lha os colegas de profissão. “Muitas vezes, priorizamos o bem estar de outras pessoas em detrimento do nosso. Devemos trabalhar com qua-lidade sem esquecer que, se não tiver-mos saúde, não poderemos auxiliar a quem precisa”, complementa.

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HumORL

O neurocirurgião, ao despedir-se dos pacientes, tinha o costume de usar uma frase muito comum no Triângulo Mineiro e, de resto, em grande parte do Brasil:

- Vá com Deus!Pois consta que, certa vez, um mineiro, que já estava no umbral da porta, virou-se e reiniciou a conversação:- Doutor, o senhor tem alguma religião?O colega*, possivelmente tão gozador quanto o que nos encaminhou este texto, respondeu:- Sim. Inclusive, fiz todo o curso para ser padre, mas, quando ia receber minha ordenação, me apaixonei por uma

garota e casei, abandonando a batina.Alguns dias depois, o paciente voltou ao consultório para uma revisão, trazendo a imagem de uma santa, para

ofertá-la ao médico. Como a consulta ao neurologista é, geralmente, demorada, e aquela não fugia à regra, enquanto estava na sala de espera

contou, carregando nas tintas, a história para os demais pacientes.Bem, para encerrar o caso, o colega não sabe mais onde colocar tanto santo. Todo paciente agora lhe traz um de presente.

José Seligman

A propósito de santos

*Gracias, Patrocínio.

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www.aborlccf.org.br

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S:\CAPTACAO\45º Congresso\Anúncio 45º Congresso.cdrterça-feira, 3 de fevereiro de 2015 13:55:12Perfil de cores: Desativado

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