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1 REVISTA OUTUBRO 2010 CULTURA Entrevista com Heitor Martins, presidente da fundação Bienal, e Fernanda Feitosa, organizadora da SP-Arte BAIRRO Vila Olímpia, novo polo de negócios de São Paulo cresce e aparece A REVISTA DA YUNY INCORPORADORA YUNY ANO 1 | REVISTA NÚMERO 02

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1 REVISTA OUTUBRO 2010

CULTURAEntrevista com Heitor Martins, presidente da fundação Bienal, e Fernanda Feitosa, organizadora da SP-Arte

BAIRROVila Olímpia, novo polo de negócios de São Paulo cresce e aparece

A R E V I S T A D A Y U N Y I N C O R P O R A D O R A

YUNY

ANO 1 | REVISTA NÚMERO 02

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PARA UMA PESSOA, É CEDO. PARA A YUNY, 14 ANOS SigNifiCAM TEMPO SUfiCiENTE PARA MOSTRAR A SUA VOCAÇÃO DE fAZER MUiTO E fAZER CADA VEZ MELHOR.

Vocação. É isto que faz com que algumas pessoas e empresas consigam destaque

em seu foco de trabalho antes das outras. Quando nasceu, em 1996, a Yuny sabia

exatamente o que queria fazer, como fazer e qual a sua verdadeira vocação.

Passados 14 anos, a vocação da Yuny de fazer pensando em cada

detalhe pode ser medida pelos metros quadrados construídos,

pelas parcerias firmadas, pelos empreendimentos lançados

e, fundamentalmente, pela satisfação de cada cliente.

E como fazer mais e melhor é a vocação da Yuny.

Que venham os próximos 14 anos. Estamos prontos.

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Ao longo de 14 anos de muito trabalho e suor, a Yuny vem

conquistando seu espaço de uma maneira bem própria. Para

nós, esse é um espaço especial, pois se alicerça sobre os pilares

dos nossos valores mais básicos e profundos. A engenharia que

ergue estes pilares é feita de ética e competência. O material é

um composto de pessoas da nossa equipe, dos nossos parceiros,

muitos fornecedores e vocês, clientes. Para uma empresa que

tem como conceito de prosperidade algo bem mais amplo, não

nos importa qual o tipo de resultados estamos buscando, mas

também a forma como queremos atingi-los. Para isto, tornam-

se indispensáveis ingredientes como arte, saúde, culinária,

sustentabilidade, entre tantos outros que permeiam o nosso dia

a dia. Prosperar, para nós, significa também compartilhar com

vocês estes valores, as matérias que vêm a seguir e permitir que

compartilhem suas experiências nas mais diversas interfaces que

possamos ter hoje e sempre. Portanto, um caráter interativo neste

veículo é muito bem-vindo. Escreva quando quiser para nós no

e-mail [email protected] e incremente, sugira, critique.

Um abraço,

Marcos YunesPresidente

Editorial

4 REVISTA OUTUBRO 2010

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Í N D I C E 2 0 1 0

09 REVISTA OUTUBRO 2010 08 REVISTA OUTUBRO 2010

A N O 1 N Ú M E R O 0 2

16 28 34 40 82 EXPEDIENTE

Marcelo YunesDiretor-Executivo

Fábio RomanoDiretor de Incorporação

Carolina KhappazGerente de Marketing

PROJETO EDITORIAL

Rua Artur de Azevedo, 560 Pinheiros – SP – 05404-001

Tel.: 2182-9500www.j3p.com.br

Fabio PereiraDiretor de Criação

Sergio Zobaran Editor chefe

Cesar RodriguesProjeto GráficoDireção de Arte

Chico VolponiCoordenador de

Custom Publishing

Giuliano Pereira Diretor de Atendimento

Raphael SiqueiraDiretor Executivo

Ana Paula BuenoGerente de Núcleo

Sandro BiasoliDiretor de Produção Gráfica

Helder Lange TisoRevisão

Ana Luiza VaccarinArte Final

Paulo BrentaFotógrafo

ColaboradoresLea Maria Aarão

Ana Maria Santeiro

Contato

[email protected]

pág. 10INSTITUCIONALTom Shapiro: entrevista com o presidente do GTIS Partners

pág. 16CULTURAO casal de colecionadores Heitor Martins e Fernanda Feitosa agitam a Bienal e a SP-Arte

pág. 22GIFTFesta no céu: o passeio de helicóptero vale cada centavo

pág. 28BEM-ESTARAtletas nada amadores treinam por amor aos esportes

pág. 34ARTEGrafite: o movimento pop ganha status

pág. 40GASTRONOMIAComendo e bebendo em São Paulo com Ed Motta

pág. 44 BAIRRONa Vila Olímpia, o futurojá começou

pág. 50 PERFILDr. Marcelo Terra: Morar, comprar ou vender um imóvel

pág. 54ESTILO YUNYLimited Funchal traduz o jeito de morar contemporâneo

pág. 58SOCIALMeio Ambiente e educação:as ações da Yuny

pág. 62LIFESTYLEBeto Pandiani, o executivo-velejador

pág. 68 TURISMODe volta aos países de origem

pág. 80 VERNISSAGEUm passeio fotográfico no Ibirapuerapara lançar o Marquise

pág. 90 ESTILO YUNY IIBoutique Offices no “novo” bairro de Pinheiros, escritórios cult ganham espaço

pág. 92NOTAS YUNYAtua, o braço econômico da Yuny Incorporadora, faz lançamentos estratégicos

PUBLISHING

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Tom Shapiro: Ja investimos 770 milhões de reais no eixo Rio-SP.

I N S T I T U C I O N A L

Por que decidiu investir no Brasil? E como encontrou a

Yuny Incorporadora?

Ainda me recordo da minha primeira viagem ao Brasil

em 1996, quando o País estava apenas começando a

colher os primeiros frutos do Plano Real e das reformas

que foram implantadas no primeiro mandato de Fernando

Henrique Cardoso. As pessoas diziam, brincando, que

o Brasil era o “País do Futuro” – e assim seria para

sempre. No entanto, havia algo real e concreto sobre as

reformas que estavam sendo introduzidas após a dolorosa

experiência de hiperinflação, e os investidores começavam

a se dar conta disso. Sem confiança no funcionamento do

sistema financeiro – como nós ironicamente presenciamos

atualmente nos Estados Unidos – nenhum país pode

permanecer no caminho de crescimento por muito

tempo. O Plano Real e as decorrentes reformas no

processo regulatório e legal, tais como a independência

do Banco Central, as novas leis de falência e a Lei de

Responsabilidade Fiscal tiveram grande importância para

abrir caminho à recente vitalidade da economia brasileira.

A crise na Argentina e a desvalorização cambial no Brasil

entre 2001 e 2002 foram entraves temporários, mas em

2005 já dava para ver o futuro finalmente chegando.

Ao interagir com as inúmeras empresas que atuavam

no mercado brasileiro, passei a respeitar o espírito

empreendedor que lhes permitiu investir, construir e

crescer, apesar de uma grande escassez de capital no

mercado. Com minha experiência, me convenci de que o

Brasil era o membro esquecido do BRIC, cuja hora tinha

Tom ShapiroEm entrevista exclusiva, o presidente GTIS Partners fala da economia brasileira, do crescimento imobiliário no eixo Rio-São Paulo e da parceria de sucesso com a Yuny.

O caminho brasileiro que o fez atingir o status de quinta

economia mundial, atualmente, reforçou esta decisão?

Com certeza. O caminho de desenvolvimento do Brasil

e os principais fatores de crescimento que surgiram na

última década contribuíram muito para nossa decisão de

investir no Brasil. Há três fatores principais.

O primeiro é a estabilização da economia brasileira.

Depois de anos caracterizada pela volatilidade e crescimento

lento, acreditamos que o Brasil está progredindo em

direção à estabilidade macroeconômica por meio de uma

política fiscal e monetária mais disciplinada. A hiperinflação

foi derrotada e as taxas de juros foram reduzidas de

mais de 25% em 2003 para menos de 10% em 2010.

O crédito soberano brasileiro recebe agora a classificação

de investment grade e as reservas internacionais do País

cresceram de forma constante, atingindo mais de $250

bilhões. O Brasil tornou-se um credor externo líquido, o

que é bastante notável levando-se em consideração sua

experiência no passado com crises relacionadas com dívidas

e repetidas moratórias. Mas, como dizem, da crise surgem

as oportunidades. A crise de crédito mundial certamente

impôs um ambiente de desafio para todos os países e, ao

mesmo tempo em que o Brasil não ficou imune, passou

muito bem no teste e está agora entre as economias mais

robustas no cenário mundial. As estimativas recentes para

um crescimento do PIB de quase 9% no primeiro semestre

mostram que o Brasil é uma das maiores economias do

mundo a sair da recessão mundial com sucesso.

A segunda razão são os números demográficos

positivos do Brasil. Numa época em que muitos

países desenvolvidos estão passando por uma fase

difícil; caracterizada por crescimento lento e pelo

envelhecimento da população, espera-se que a idade da

população economicamente ativa do Brasil crescerá por

volta de 14% entre 2010 e 2030. A taxa de crescimento

da população brasileira de aproximadamente 1,5% é

significativamente mais alta do que a taxa média de

0,3% na Europa e de 1% nos Estados Unidos.

Estima-se que a população de São Paulo vai aumentar em 2 milhões

de habitantes nos próximos 15 anos. Embora sem apresentar o mesmo

crescimento rápido da Índia, a projeção da taxa de crescimento para o Brasil é

significativamente maior do que a da China, por exemplo. Cerca de metade da

população brasileira tem idade inferior a 26 anos e todos esses jovens ainda

entrarão em sua idade mais produtiva daqui alguns anos. Tal crescimento da

população produtiva se traduzirá diretamente em uma maior força de trabalho

e maior base de consumidores. Demograficamente, o Brasil assemelha-se aos

Estados Unidos do final da década de 70, quando o ápice da geração do baby

boom estava entrando em idade produtiva e começando a contribuir para

a formação de famílias e criação de riquezas. O ingresso daquele grupo na

economia levou a um período de 25 anos de forte crescimento nos Estados

Unidos sem precedentes, e acreditamos que é provável que o efeito seja

parecido no Brasil.

Por fim, nossa decisão em investir no Brasil foi motivada pelo fato de o País ser

um mercado deficitário – tanto de capital como de imóveis de qualidade. A falta

de capital foi a herança de muitos anos de hiperinflação e dos riscos decorrentes.

finalmente chegado. O mercado imobiliário estava prestes

a decolar. Em 2005 abri um novo fundo de investimento

chamado GoldenTree InSite Partners (hoje GTIS Partners) e

comecei a arrecadar recursos de private equity, que seriam

parcialmente destinados para investimentos no Brasil.

Os primeiros investimentos tiveram um desempenho

extraordinário até agora e, por isso, ampliamos nosso foco

no Brasil ao mesmo tempo em que o mercado americano

começou a ficar incerto.

Um ponto-chave de nossa estratégia foi a nossa parceria

com incorporadoras locais de grande talento, tais como a

Yuny e a Atua (braço econômico da Yuny). Nós podemos

contribuir com know-how, bem como com nossa fonte de

capital estável e segura em troca da experiência de nossos

parceiros em incorporação no mercado local. Realmente

acreditamos que fazer parcerias com empresas que são

reconhecidas por seu conhecimento, mas que estão

querendo crescer, é a melhor forma de ampliar nossa

própria plataforma. Embora outros fundos de investimento

tenham entrado recentemente no mercado brasileiro,

acreditamos que somos um dos poucos que possui um

histórico de sucesso comprovado em fornecer capital para

incorporadores locais. Estamos muito impressionados

pelo profissionalismo, perspicácia nos investimentos e o

conhecimento do mercado imobiliário da Yuny e da Atua

e, na verdade, criamos parcerias exclusivas para injetar

centenas de milhões de reais de capital em seus programas

de investimento. Estamos no Brasil visando planos de

longo prazo porque vemos grandes oportunidades aqui.

10 REVISTA OUTUBRO 2010 11 REVISTA OUTUBRO 2010

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“Há dois investimentos dignos de destaque em nosso portfólio: o 106 Seridó e o Infinity.”

I N S T I T U C I O N A L

Notavelmente, mesmo enquanto o resto do mundo

estava passando por um processo de alavancagem

financeira e tanto os consumidores como as empresas

estavam se endividando de forma ostensiva, o Brasil

permaneceu relativamente sem dívida. Com a crise do

crédito, o Brasil estava mais protegido de seus efeitos do

que a maioria dos outros países. Ao invés de um espiral de

deleveraging negativo que atinge no momento o mundo

desenvolvido, o Brasil está, na verdade, apresentando

uma expansão do crédito, parcialmente graças às

iniciativas do governo. A maioria dos projetos imobiliários

ainda depende de capital privado proveniente de fundos

de investimento, e é neste sentido que podemos contribuir

com nossa experiência. Até o momento, já investimos no

Brasil por meio de três veículos diferentes de investimento,

e estamos no processo de abrir um novo fundo que é

dedicado exclusivamente aos investimentos por aqui.

Ao mesmo tempo em que o Brasil apresenta falta

de capital, também há uma baixa oferta de imóveis de

qualidade. Há um déficit habitacional bem conhecido,

principalmente de imóveis populares. O governo está

tentando resolver este problema com o programa Minha

Casa Minha Vida, bem como disponibilizando financiamento

para os compradores. No setor de edifícios comerciais, a

maioria dos prédios existentes foi construída nos anos

1960 e 70, e apenas por volta de 5% é considerado classe

A pelos padrões internacionais. Para uma economia do

tamanho da brasileira, isto é simplesmente insuficiente.

Enquanto Nova York é comparável com o tamanho de São

Paulo, o estoque de espaços comerciais (sem incluir toda

a área metropolitana) é mais de três vezes maior. Mesmo

o estoque de espaços comerciais considerados classe A de

Boston é maior do que o de São Paulo, e Boston é uma

cidade relativamente pequena em escala mundial. Não é

de se estranhar que São Paulo e Rio constituam-se um dos

mercados de prédios comerciais com melhor desempenho

no mundo atual. A maior parte dos prédios comerciais

sofreu uma grande perda de ocupação devido à crise

mundial nos últimos dois anos, mas a taxa de vacância

permaneceu estável em São Paulo e, no Rio, houve, na

verdade, uma melhora para menos de 4%, enquanto que

a Atua, foi completamente vendido um mês após seu lançamento,

e as unidades da Fase 1 do Club Life se esgotaram em apenas um

dia. No Rio, somos parceiros no recém-construído Ventura Towers,

que é uma das contribuições mais notáveis à paisagem do centro

do Rio nos últimos anos.

Todas as nossas decisões sobre investimentos são baseadas

em uma análise rigorosa do mercado e da rentabilidade do

investimento proposto. Buscamos identificar oportunidades

únicas de investimento e as validamos por meio de processos

de due diligence e intensa pesquisa de mercado. Devido à nossa

experiência prévia como incorporadores, focamos na valorização

do imóvel por meio de melhor eficiência e projeto diferenciado,

em conjunto com nossa experiência em estruturação financeira.

E por que seus investimentos se concentram em São Paulo,

enquanto o Brasil vê crescerem outros de grande porte ao

longo de sua costa tropical de 8 mil km?

Na verdade, atuamos tanto em São Paulo como no Rio. A razão

para focar nestas duas regiões é novamente devido a três fatores.

Primeiramente, porque acreditamos veementemente em investir

em mercados primários que possuam liquidez e uma base sólida

de compradores ou locatários, dependendo da natureza do projeto,

seja para locação ou venda. Grandes mercados como São Paulo e Rio

nos permitem comparar nossos projetos em relação à concorrência

para ver, por exemplo, qual o nível de preços de empreendimentos

vizinhos e de que forma nosso projeto pode ser melhor. Dessa

forma, podemos garantir o sucesso financeiro de nosso próprio

investimento com um risco menor. Também precisamos no final

liquidar nossos investimentos, e para tal é necessário que haja uma

base suficientemente grande de compradores para colocar em

prática nossa estratégia de saída. Neste momento, São Paulo e Rio

são os mercados com maior liquidez no Brasil.

A segunda razão é que esses dois mercados, até agora, nos

ofereceram inúmeras oportunidades, e conseguimos diversificar

nossos investimentos em tipos diferentes de imóvel, ao invés

de migrar para outras regiões. Por exemplo, com a Yuny nós

atuamos no setor residencial e comercial. Quando o mercado

de empreendimentos populares tornou-se uma oportunidade

interessante, conseguimos trabalhar com a Yuny para estruturar

uma nova parceria em conjunto com a Atua, que é especializada

no mercado de imóveis populares.

os aluguéis aumentaram significativamente. Nós estamos sempre em busca

desse tipo de atrativos ao procurar oportunidades de investimento, e o Brasil

vem sendo um investimento muito bom para nós.

Quais são seus principais investimentos por aqui e em que valores? Como

baseou estas decisões?

Desde o início de nossos investimentos no Brasil, já investimos capital em

24 projetos residenciais e comerciais, sendo 16 com a Yuny, em São Paulo

e no Rio, totalizando mais de R$ 770 milhões de capital privado. Possuímos

16 empreendimentos residenciais, 7 dos quais são de alto padrão, 4 para

classe média e 5 populares. No total, estamos financiando a incorporação de

mais de 5.300 apartamentos. De todos esses projetos que lançamos, 85% das

unidades já foram vendidas. Além disso, nosso portfólio ainda conta com 6

empreendimentos comerciais classe A para locação, um edifício comercial e

um edifício-garagem. Os projetos comerciais compreendem mais de 178.000

metros quadrados de área disponível para locação.

Como se pode ver, atuamos em vários setores e com diferentes tipos de

imóveis. Há dois investimentos dignos de destaque em nosso portfólio, são eles:

o 106 Seridó, o qual é provavelmente o condomínio residencial mais luxuoso

de São Paulo no momento; e o Infinity, o qual acreditamos que será o melhor

prédio comercial classe A na região da Faria Lima. Possuímos outros dois projetos

residenciais menores, mas com o mesmo prestígio, na região do Parque do

Ibirapuera: o Le Paysage e o Marquise. O Club Life no Morumbi e o Hipódromo

na Mooca são exemplos de nossos projetos populares de grande sucesso. O

Hipódromo, um empreendimento com 422 unidades realizado em parceria com

A terceira razão concerne às nossas próprias operações

e nossa equipe. O Brasil é um mercado bastante grande,

conforme foi colocado, e é simplesmente mais efetivo para

nossa equipe focar oportunidades que estejam mais próximas.

Preferimos ter conhecimento local, conhecer o mercado

realmente bem antes de investir. Nós expandimos nossos

investimentos para o Rio porque tínhamos uma experiência

anterior nesse mercado, e porque há diversos atrativos de

curto prazo, tais como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.

Às vezes, leva-se o mesmo tempo para cruzar de um lado a

outro em São Paulo, e ir de avião para o Rio. Estamos abertos a

expandir nossos investimentos para novas regiões. Mas até o

momento não foi necessário. Se nós encontrarmos mercados

suficientemente atraentes e parceiros altamente qualificados

que entendam nossas demandas e que queiram trabalhar

conosco, estaremos atentos a novas oportunidades.

Estamos em ano eleitoral e isso, com certeza, pode alterar

a conduta da política econômica da nação. O que pensa

do Governo Lula e das próximas eleições em que pese

possíveis mudanças?

Quando Lula assumiu o poder em 2002, os investidores

ficaram preocupados, achando que um governo de esquerda

implantaria mudanças que prejudicassem o livre mercado e

o investimento estrangeiro. Com o passar do tempo, tornou-

se claro que a forte retórica de Lula não se traduziria em uma

ameaça real para os mercados. De fato, seu governo continua no

caminho das reformas. O Brasil deu grandes passos em direção

à estabilidade macroeconômica sob a presidência de Lula, graças

em grande parte à posição independente do Banco Central. Quando

chegou a crise, o Brasil estava relativamente bem posicionado para

lidar com o choque mundial.

12 REVISTA OUTUBRO 2010 13 REVISTA OUTUBRO 2010

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“A parceria com a Yuny contribuirá para mudar a paisagem de São Paulo.”

I N S T I T U C I O N A L

Uma das grandes iniciativas, pela qual o governo Lula pode

levar o crédito, é o programa de habitação popular Minha

Casa Minha Vida. O governo reconheceu que a habitação tinha

potencial de continuar a ser um mecanismo de crescimento para

toda a economia, mas que precisava do apoio do governo, uma

vez que os investidores privados rapidamente se retiravam após

a quebra do Lehman Brothers no final de 2008. Nós acreditamos

que o programa, apesar de suas deficiências administrativas e

objetivos otimistas demais, vem trazendo muitos benefícios para

o setor. Ele melhorou o acesso a financiamentos e possibilitou

a compra da casa própria, pela primeira vez para um grande

número de pessoas das classes média e baixa.

A expansão dos limites de empréstimos SFH, os aumentos

dos prazos de financiamento para até 25 anos e uma queda nas

taxas de juros reduziram drasticamente as prestações mensais

necessárias para se comprar uma casa.

O valor da prestação caiu de 15 a 50% dependendo da classe

social e para algumas famílias passou a ser menor do que o valor

do aluguel. Este tipo de mudança da acessibilidade econômica,

estimulada pelo programa de subsídio do governo, aumentou

consideravelmente a demanda por imóveis. Acreditamos

que o programa acrescentou 12 milhões de famílias na base

de compradores em potencial. É claro que esta acessibilidade

financeira hipotética não significa que todas essas pessoas irão

agora correr para comprar uma casa. Mas significa que um dos

maiores entraves ao crescimento foi minimizado, uma vez que o

financiamento imobiliário está agora à disposição e em expansão

– diferentemente da situação da maioria dos outros países.

Como vê esta parceria com a Yuny Incorporadora?

Nossa parceria com a Yuny foi e continua sendo baseada

no reconhecimento de que ambos os parceiros contribuam

de forma significativa para o negócio.

Nossa contribuição é em grande parte em forma de

capital, e em oferecer conhecimento na avaliação de

oportunidades atrativas de investimento. A contribuição

primária da Yuny é em identificar negócios atrativos

e depois trabalhar intensamente para executá-los.

Com o passar dos anos, a Yuny construiu operações

sólidas de incorporação e conhecimento profundo

sobre vários aspectos do mercado imobiliário, e nós

estamos muito impressionados com o profissionalismo

com que eles conduzem seus negócios. A Yuny cresceu

ao ponto de se tornar um grande participante deste

mercado, e estamos felizes em poder contribuir para

isso. Temos uma parceria exclusiva para os projetos

que a Yuny identifica e realizamos inúmeros projetos

em conjunto nos últimos três anos. Por exemplo, a

Yuny está atualmente desenvolvendo um dos projetos

comerciais mais sofisticados na Faria Lima chamado

Infinity, e grande número de empreendimentos

residenciais em São Paulo, muitos dos quais foram

totalmente vendidos em tempo recorde.

E o que espera, no futuro, como resultado deste

trabalho conjunto?

Nossa parceria tem sido vantajosa para ambas as partes,

e esperamos que assim seja por muito tempo, uma vez que

nossos planos no Brasil são de longo prazo. Os executivos

seniores da Yuny sempre nos deram todo apoio e têm sido

um recurso de grande valor para nossos investidores, que

gostam de viajar para o Brasil para ver o mercado de perto

e falar com nossos parceiros operacionais. Agora que um

grande número de nossos projetos com a Yuny já saiu do

papel, posso dizer que a parceria contribuirá certamente

para mudar a paisagem de São Paulo. Antes de qualquer

coisa, estamos focados em investimentos lucrativos, mas

é bom saber que nossos negócios estão contribuindo para

mudar de forma positiva o espaço urbano e o crescimento

sustentável de São Paulo, e mudando a cara da cidade

para melhor.

14 REVISTA OUTUBRO 2010

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C U LT U R A

a sala da casa de Heitor Martins e Fernanda

Feitosa, no Morumbi, se destacam trabalhos

de Tunga e de Farnese, dois artistas muito

queridos do casal. Suas obras fazem parte de

uma bela coleção que vem sendo montada

pelos dois, com todo cuidado e carinho, ao longo dos

últimos treze anos. A amostra é diversificada e seus donos

brilham no cenário das artes plásticas brasileiras. Heitor

é sociodiretor da McKinsey Consultoria, e há um ano foi

eleito, praticamente por unanimidade, para a presidência

da Fundação Bienal de São Paulo – “uma máquina que

tem de ser administrada profissionalmente”, ele observa.

Já Fernanda, sua mulher, idealizou e é a coordenadora da

festejada mostra SP-Arte, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo,

da Bienal, com 80 estandes e faturamento, em 2009,

de US$ 15 milhões, assim como o seu filhote, como ela

mesma diz, o desdobramento da SP-Arte, a simpática São

Os colecionadores Heitor Martins e Fernanda Feitosa agitam a Bienal e a SP-Arte.

POR LÉA MARIA AARÃO REIS

N

UMCASALBRILHANA CENA

DASARTES

Paulo-Arte/Foto, realizada todos anos no salão do roof

do Shopping Iguatemi. Enquanto Heitor garante uma 29ª

edição da Bienal vigorosa e de “fôlego”, porque “a arte é

para todos e a sua demanda, hoje, é enorme”, Fernanda

completa a ideia do marido: “Eu não diria que arte é coisa

para as elites”. Aqui, mostramos em um pingue-pongue

artístico, de quem conhece profundamente seu ofício, a

complementaridade e a harmonia existente entre os dois

de gostos, tendências e afeto.

HEITOR MARTINS: “O MINC É UM PARCEIRO ESTRATÉGICO”Yuny: Há um ano o senhor previu que a 29ª Bienal, em

outubro, estava orçada em R$ 20/25 milhões. Mantém

esse orçamento?

Heitor: O orçamento está um pouco maior, em R$ 30 milhões,

porque acrescentamos a parte educativa, um programa que

prevê a visita monitorada de 300 a 400 mil alunos por 40 mil

professores contratados — daí a diferença do original.

Y: E disse também que essa seria uma “Bienal de fôlego”.

Confirma a sua previsão? Será uma Bienal vigorosa, marcante?

H: Sem dúvida! Será 160 artistas, dos quais 110

estrangeiros, formando uma Bienal bem contemporânea:

um retrato fidedigno da produção atual. Trata-se de uma

das maiores proporções entre brasileiros (que chegam a

30%) e estrangeiros. É um limite alto, considerando que

anteriormente eles não chegavam a 20%.

Y: Não haverá mais um artista único homenageado na

29ª Bienal. Por quê?

H: Não existem mais artistas homenageados ou núcleos

históricos ou salas de referência. São sete curadores sendo

dois brasileiros – Moacyr dos Anjos e Agnaldo Farias – e cinco

internacionais, quase todos ligados a grandes instituições: da

Espanha, do Japão, da Inglaterra e de Angola, além de uma

independente, de Miami, nos Estados Unidos. A ideia é cobrir

a produção contemporânea, com uma visão abrangente.

Y: Artistas brasileiros que vivem e trabalham na Europa,

em especial em Berlim, dizem que a discussão que vem

se travando no Brasil, há algum tempo, de que “a arte

estaria morrendo” ou “esvaziou conteúdos”, não existe por

lá. Qual a sua opinião?

17 REVISTA OUTUBRO 2010 16 REVISTA OUTUBRO 2010

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H: Esta discussão está superada no Brasil. O papel da Bienal é ser rica

do ponto de vista plástico. É fazer uma mostra provocativa, bonita e

política também. Em nível plástico e não teórico.

Y: Como faz para conciliar suas atividades de empresário e consultor

na McKinsey com as de presidente da Fundação Bienal?

H: Trabalhamos em equipe, em uma diretoria com nove pessoas,

diferente do passado centralizador. E temos trinta colaboradores. Ou

seja, somos cerca de quarenta pessoas, todos nós voluntários.

Y: Qual o seu balanço depois de praticamente um ano nesse cargo?

H: Um balanço positivo. Porque especialmente descobrimos que

a sociedade tem vontade que a Bienal dê certo. Temos muitos

parceiros, dos meios de comunicação ao apoio das empresas: Itaú,

Fiat, Rede Globo, Oi, e das pessoas, artistas, galerias, sociedade civil

como um todo, passando pelos governos em todas as instâncias.

Y: E como está a colaboração do MinC em relação à Bienal? Apoia de

que modo?

H: O Ministério da Cultura é um parceiro estratégico, tem efetivamente

um projeto e entende a importância da Bienal. Vem apoiando nos

diversos planos inclusive com aporte de recursos – é muito bacana.

Y: Sua eleição para a Fundação da Bienal foi quase unânime.

Apenas um voto contra. Isto deve ser motivo de grande orgulho.

H: Era um momento muito específico e não votaram em mim, mas

na Bienal.

Y: Deve ser gratificante e agradável ser marido de uma mulher

que também aprecia arte e possui excelente cultura nessa área.

Costumam frequentar junto galerias e mostras especiais em

museus quando viajam?

H: A melhor parte do casal é ela. Há uma complementação muito

grande nas artes, na coleção e na relação como um todo.

Y: Vocês têm gostos e tendências semelhantes? Quais as diferenças?

H: Ela é mais contemporânea. Eu sou mais moderno, mais tradicional.

FERNANDA FEITOSA: “Temos muito carinho pelo trabalho de Farnese”

Yuny: Sua coleção começou a ser montada no Brasil ou quando

morou fora? É um costume que vem de família? Qual o primeiro

trabalho que adquiriu?

Fernanda: Compramos a primeira obra durante a nossa lua de mel, no

Nordeste, em 1993, e temos até hoje! Depois, quando do nascimento

do nosso primeiro filho, compramos outra e assim foi indo. Aos

poucos, o gosto de ver e conhecer novos artistas ia aumentando

e as possibilidades de adquirir alguns trabalhos foram aparecendo.

Meus dois tios por parte de pai, Roberto Feitosa e Mario Pacheco,

são artistas plásticos. Desta forma, convivi bastante, na infância, com

telas e tintas. Mas nunca no meio colecionador em si.

Y: Quando decide adquirir algum trabalho, quem bate o martelo – você

ou seu marido? Ou os dois juntos? Você tem o gosto semelhante ao dele?

F: Combinamos desde que começamos que seriam decisões

conjuntas – compraríamos o que ambos admirássemos. Temos gostos

semelhantes, gostamos das mesmas coisas, mas às vezes temos

pontos de vista diferentes e discutimos se um determinado trabalho se

encaixa ou não na coleção, se precisamos ou não dele ou se teremos

outra oportunidade de adquiri-lo, se podemos esperar mais, etc. O

interessante é que nunca o processo de compra é igual ao outro. Cada

obra tem sua particularidade, sua história, sua procedência.

Y: Qual ou quais os trabalhos da coleção do casal são os

prediletos, os mais queridos?

F: Temos muito carinho pelas obras do artista já falecido

Farnese de Andrade que conseguimos juntar ao longo

desses anos todos. Foi uma das primeiras obras de que

nós gostamos, mas não foi possível comprar quando

éramos jovens. Por causa de uma dessas voltas que a vida

dá, terminamos comprando inúmeras obras dele depois.

Temos também uma pequena coleção de trabalhos de

Volpi, que fomos juntando, e muitas outras obras. É difícil

dizer: gostamos de tudo que está em casa!

Y: Repetidas vezes você ressalta que comprar e colecionar

arte não deve significar status ou ascensão social, mas

sim prazer estético. Essa percepção já existe por parte

da maioria dos colecionadores brasileiros? Eles não

consideram ainda que comprar arte é um investimento

meramente financeiro?

F: Acho que tudo feito por prazer ou hobby deve estar

ligado ao que se gosta ou ao que se acredita. Assim

começou nossa coleção. No entanto, tenho que admitir

que, às vezes, em um determinado momento, esse hobby

pode tomar uma dimensão maior e acabar representando

uma parcela importante do patrimônio. Nesses casos,

obviamente, o aspecto do investimento não pode ser

ignorado, e tem que ser levado em consideração também

no momento da decisão de compra. Acho que muitos

colecionadores pensam desta forma na maior parte das

compras. Obviamente, quando a paixão por uma obra bate

forte, o aspecto financeiro perde para o emocional.

Y: Foi depois de viagens à feira de Basel, à Fiac, à Frieze,

entre outras, que idealizou a sua SP-Arte? Como é que a

ideia surgiu?

F: Não. Foi quando morei na Argentina e visitei a feira de

lá; me chamou atenção que um país como aquele, com

mercado de arte e produção artística bem menor que a

brasileira, tivesse uma feira de arte contemporânea há

quinze anos. Nessa época decidi fazer o mesmo aqui no Brasil. Viagens a outras

feiras internacionais fizeram parte, no início, de estudo e aprendizado de como

são montadas as maiores e melhores feiras de arte do mundo. Atualmente,

essas viagens fazem parte do processo contínuo de relacionamento e divulgação

da nossa feira no exterior.

Y: Nesta próxima SP-Arte/Foto, serão quantos visitantes entre galeristas,

artistas e colecionadores? E quantos expositores?

F: A SP-Arte/Foto, 4ª edição, é uma feira dedicada exclusivamente à fotografia

e vídeo. É realizada anualmente no nono andar do Shopping Iguatemi, em São

Paulo. São 18 galerias participantes e o público aguardado é de 7 mil pessoas.

O patrocínio é da Oi e do Shopping Iguatemi.

Y: A economia no Brasil, hoje, favorece em que medida o movimento de

compra e venda de arte?

F: A economia aquecida do País favorece, e muito, o mercado de arte. Na

medida em que as pessoas sentem a economia forte, ficam mais esperançosas

e as decisões de investimento em arte são mais fáceis.

Heitor Martins: no seu escritório há trabalhos de Ernesto de Fiori e José Resende

Fernanda Feitosa: na coleção do casal, obras de Thiago Pitta e do argentino Matias Duville

18 REVISTA OUTUBRO 2010 19 REVISTA OUTUBRO 2010

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Fernanda Feitosa (2ª à esq. ) e a equipe das duas SP-Arte

C U LT U R A

Y: Essa movimentação continua sendo de elite?

F: Nem tanto. Eu não diria que arte é um movimento de elite. O ato

de colecionar arte, no sentido de comprar um conjunto expressivo

de obras que representam um movimento ou um período não é

para todos, como nunca foi. A feira vem crescendo bastante. Este

ano quase metade dos visitantes nunca tinha ido à feira antes. São

pessoas curiosas e interessadas em ver arte, e isso é um sinal de que

esse interesse está aumentando. O número de compradores na feira

representa menos de 10% dos visitantes. Ou seja, o resto do público

está “consumindo cultura” e participando da economia cultural do

País. Isso é importantíssimo em uma nação se pretende ser desenvolvida!

Y: Fora do eixo Rio-SP, há outros centros de excelência artística no

Brasil, hoje?

F: Sim, mas não o suficiente. Fora de São Paulo-Rio, já temos Minas

Gerais, Recife, Bahia.

Y: Pode fazer um balanço da mais recente SP-Arte na Bienal?

F: Gostaria que o público tivesse muito cuidado. A SP-Arte nada

tem a ver com a Bienal. Ela é um evento que ocorre no Pavilhão

Ciccillo Matarazzo. O evento não se confunde com a Bienal, mostra

de arte realizada pela Fundação Bienal de dois em dois anos. Tenho

um cuidado especial em distinguir as duas mostras. Muita gente lê

sobre a SP-Arte e faz confusão. A última SP-Arte/2010 foi um grande

sucesso de público, de vendas e de qualidade de obras. Estamos

orgulhosos do padrão alto de qualidade que conseguimos alcançar.

A feira já é comentada espontaneamente no exterior, por outras

galerias internacionais e por curadores que passaram por aqui.

Y: E a SP-Arte/Foto do Iguatemi?

F: A SP-Arte/Foto é um evento filhote da SP-Arte, e vem sendo

realizada desde 2007 no Iguatemi. É um evento muito importante

para a fotografia nacional porque procura colocar a fotografia e seus

protagonistas em destaque especial.

Y: Seus filhos também gostam de artes plásticas? Como vocês

inculcaram neles esse interesse?

F: Nossos filhos gostam muito de arte e curtem visitar a feira. Isso

é um processo de educação que começa na infância, com visitas a

museus, tanto no Brasil como no exterior, sempre que possível. No

início reclamam, é claro, pois acham tudo muito parado essa coisa

contemplativa. Mas depois passou a fazer parte dos seus repertórios,

tanto quanto ir ao parque. Uma coisa interessante é tentar fazer com

que esse processo seja atraente. Isto é: por trás de cada obra, por

exemplo, há uma história a ser contada sobre o artista e isto desperta

a atenção deles e ajuda a criar o interesse.

20 REVISTA OUTUBRO 2010

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G I F T

FESTA NO CÉU: O PASSEIO VALE

CADA CENTAVOPOR ANA MARIA SANTEIRO • FOTOS HELIBRAS/DIVULGAÇÃO

Algum tempo atrás uma escritora americana entrou em meu escritório esfuziante. Havia acabado de

fazer um voo turístico em helicóptero pelo Rio de Janeiro e, de maneira bem enfática, exclamava: it

worths every cent I paid! Desde então, quando algo muito bom me acontece, sempre lembro desta

expressão. Outros tantos anos já se passaram depois da experiência da escritora, quando um amigo,

médico do Corpo de Bombeiros, me perguntou se eu já havia voado de helicóptero. Naquele momento,

a experiência não era de maravilha, mas de espanto, por constatar que, visto do alto, o Rio de Janeiro era uma

grande favela com uma Zona Sul, tal a ocupação dos morros pelas camadas mais pobres da cidade. Entre um

tempo e outro, voar de helicóptero deixou de ser exclusivo dos passeios turísticos, das ações de salvamento

ou de operações militares. Com a crescente urbanização das cidades e o tráfego a partir da década de 1970,

sobretudo nas metrópoles, transitar pelos ares tornou-se uma real possibilidade para muitos executivos e homens

de negócio que tentavam exercer o dom da onipresença.

23 REVISTA OUTUBRO 2010 22 REVISTA OUTUBRO 2010

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G I F T

No Brasil, o início da exploração do petróleo em alto

mar pela Petrobras também contribuiu para um aumento

na demanda por helicópteros para operações off-shore.

Em 1973, por exemplo, a Líder, a mais antiga empresa

brasileira de serviço de táxi aéreo, ganhou a primeira

concorrência para prestação de serviços à Petrobras,

interligando as plataformas de prospecção de petróleo

na costa brasileira. Para essa atividade foram adquiridos

na ocasião oito helicópteros Sikorsky S-58T. Entretanto,

levaria ainda onze anos para definitivamente incluir

o helicóptero como uma unidade importante de suas

operações, passando a representar — até 2003 — a Bell

Helicopter Textron, no país. E só na década seguinte

incluiria um helicóptero — o Sikorsky S-76 — na sua

embrionário, este voo elevou-se cerca de 30 cm acima do solo, e por apenas

20 segundos! Um ano antes, em Paris, Santos-Dumont realizara os voos com os

Oiseau de Proie (1, 2, 3), elevando-se, com o terceiro, a 6 metros do chão, e

percorrendo 220 metros. Um pouco antes teria também iniciado a construção de

um helicóptero, projeto que, entretanto, logo abandonou. Entre os anos 1920 e

1926, novos avanços são introduzidos pelo argentino Raul Panteras Pescaras —

ajuste angular das pás — e, finalmente, em 1937, a piloto de teste alemã Hanna

Reitsch realiza o primeiro voo de um helicóptero completamente controlável.

A presença do helicóptero é, portanto, bastante recente na aviação, pois

apenas na década de 1940 é que se inicia a sua produção em série. Destinados

originalmente apenas ao uso militar, os helicópteros, da metade do anos

1960 em diante, foram encontrando outras funcionalidades de natureza civil:

transporte de passageiros, salvamento, resgates, transporte de cargas, vigilância

civil e contra incêndios, filmagens, coberturas jornalísticas, transporte de doentes,

voos turísticos. Os céus brasileiros têm uma frota de cerca

de 1.000 aparelhos, dos quais 452 estão concentrados em

São Paulo – a maior frota do mundo, deixando Nova Iorque

em segundo lugar, com uma frota de 445 – que possui 272

helipontos, apesar de apenas 86 terem licença para operar.

A indústria brasileira tem se destacado na aviação

executiva tanto na produção quanto na comercialização

de voos, com a presença de importantes empresas,

como a Helibras, fundada em 1979, pertencente ao

grupo francês Eurocopter, que também possui fábricas

na França, Alemanha e Espanha. A fábrica brasileira está

situada em Itajubá, Minas Gerais, onde recentemente

inaugurou uma nova planta. “Não se trata apenas de uma

simples expansão da fábrica, mas também do aumento da

própria frota. Atualmente são 51 aeronaves dedicadas,

sobretudo, às opererações off-shore.

Apesar de ter sido pensado por Leonardo da Vinci em

1510, a invenção do helicóptero só aconteceu no início

do século XX, período em que as ideias e as invenções

fervilhavam, no rastilho da chamada Revolução Industrial,

iniciada na segunda metade do século XIX, com a substituição

da energia humana pela energia motriz, e do modo de

produção doméstico pelo sistema fabril, gerando uma

notável evolução tecnológica. Grandes desenvolvedores

da época, como Louis Breguet, Igor Sikorsky e Paul Cornu

abriram caminho para esse tipo de aeronave (com rotor),

cujo primeiro voo bem sucedido e registrado ocorreu em

1907, realizado por Cornu, em Lisieux, na França. Ainda

Os céus brasileiros têm uma frota de cerca de 1.000 aparelhos, dos quais 452 estão concentrados em São Paulo, a maior frota do mundo, deixando Nova Iorque em segundo lugar, com uma frota de 445 – que possui 272 helipontos, apesar de apenas 86 terem licença para operar.

24 REVISTA OUTUBRO 2010 25 REVISTA OUTUBRO 2010

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G I F T

capacidade de engenharia da Helibras, para que, a partir da próxima

década, a empresa passe a fabricar completamente os helicópteros

no Brasil”, impulsionando o mercado de fornecedor de peças,

como lembra Eduardo Marson, presidente da Helibras. Desde 1979

a Helibras já entregou mais de 500 helicópteros no Brasil, sendo

70% do modelo Esquilo, dentre os 11 modelos que fabrica. Cotada

como a indústria líder no Brasil, tem 49% do mercado civil, 81%

do mercado governamental, 66% do mercado militar e 46% do

mercado corporate. Mas se o tráfego aumenta, outras oportunidades

surgem para novos negócios e outras empresas vêm compartilhar

este céu promissor. A paulista Helimarte Taxi Aéreo, por exemplo,

em apenas onze anos no mercado, dispõe de uma frota de 10

helicópteros com capacidade de 3 a 6 passageiros, transportando

de executivos em viagens de negócios a monitores de trânsito,

entre outros. Um outro indicador que revela o potencial deste

mercado são os centros de serviços voltados exclusivamente para

o segmento. É o caso do Helipark, helicentro privado, inaugurado

em 2002, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, seguindo a

tendência mundial de se afastar o tráfego intenso de helicópteros

dos aeroportos e grandes concentrações urbanas por razões de

segurança. Projetado pelo arquiteto João Armentano, é o maior da

América Latina, com estrutura necessária para que se realizem —

com segurança — operações de atendimento de pista, manutenção,

abastecimento e hangaragem de helicópteros. Ali, empresários,

executivos, personalidades circulam em modernos aparelhos Bell

Textron, Robson Helimagic e Esquilo (da Helibras).

Se na canção da Angélica ela ia de táxi, numa versão atual da

fábula Festa no Céu o sapo não precisaria ir de clandestino na viola

do urubu. Certamente pediria carona a um besouro muito estranho,

de nome mais esquisito ainda: helicóptero.

26 REVISTA OUTUBRO 2010

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B E M - E S T A R

28 REVISTA OUTUBRO 2010

á algumas décadas, a OMS – Organização Mundial

da Saúde – vem propondo o incentivo à prática

de atividades físicas como política preventiva

para uma série de doenças relacionadas ao

sedentarismo presente em nossas sociedades tão

urbanizadas. No decorrer das últimas, pelo menos quatro

décadas, o conceito de vida saudável foi se associando ao

desenvolvimento do esporte de lazer de tal maneira que

um cardápio variado de opções de esportes e de exercícios

físicos se abriu para milhões de pessoas no mundo.

Quem não se lembra do cooper (ou jogging), aquela

corrida (ou trote) num ritmo sem exagero, criada pelo

médico americano Kenneth Cooper, muito difundida nas

décadas de 1970 e 1980, cuja meta é aumentar a condição

física com menos desgaste ao corpo? Muitas pistas para

sua prática foram criadas nas áreas litorâneas das cidades,

em parques, nos condomínios, em volta de lagos e

lagoas, ao longo de rios canalizados. Até um vestuário foi

Atletas nada amadores treinam por amor ao esporte

POR ANA MARIA SANTEIRO

PROFISSIONAISQUASE

desenhado para esta prática. A difusão do cooper pode ser

considerada como o início de uma rotinização da atividade

física entre os habitantes das zonas mais urbanizadas das

cidades em todo o mundo, fazendo, inclusive, surgir um

novo mercado – o dos atletas quase profissionais. Sim,

porque entre os atletas existem algumas categorias:

os profissionais, que têm no esporte a sua profissão e

fonte de renda; os amadores, que têm outras profissões,

mas também se dedicam a atividades esportivas com

regularidade; e os amadores de fim de semana, que só se

exercitam nos dias livres de trabalho.

Tradicionalmente a prática dos esportes estava restrita

aos clubes e associações particulares, que ofereciam aos

seus associados a possibilidade de nadar, remar, jogar

tênis, golfe, vôlei, basquete, judô, jiujitsu, ginástica rítmica,

bocha. Apenas o futebol e o vôlei eram, e continuam

sendo, os esportes que também se praticava fora dos

clubes: nas várzeas, nos campinhos, na areia das praias.

H

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Na pág. à esquerda dedicação é a palavra para quem busca completar provas de triathlon ou maratona.

De cima para baixo: o helicóptero que registra o evento; a largada ao nascer do sol em Floripa; a chegada de uma atleta profissional - nove horas ou mais de muito esforço.

B E M - E S T A R

Bikes leves e confortaveis para suportar os 180 km

30 REVISTA OUTUBRO 2010 31 REVISTA OUTUBRO 2010

A universalização do conceito de prática esportiva com

vida saudável e prevenção de doenças estendeu-se a

todos os segmentos da sociedade e novas modalidades

de esporte de lazer foram sendo criadas e desenvolvidas,

como, por exemplo, os esportes de aventura e os radicais.

Outros ambientes também foram surgindo para a prática

de esportes ou de atividades físicas orientadas para o

condicionamento e bem-estar físico: as academias ou

centros de fitness, os ginásios pluriesportivos e quadras

de futebol, de vôlei, de tênis, públicas. Muitos clubes

ampliaram a categoria socioatleta, abrindo suas instalações

para aqueles que buscam um local para exercitar o

esqueleto e fugir do sedentarismo. Novos condomínios de

casas e edifícios também têm sido pensados com quadras

de esporte ou salas de ginástica.

Caminhar e correr são boas opções de atividade física

por serem fáceis de praticar e sem maiores custos. A

adesão maciça a ela foi uma das primeiras manifestações

da mudança de hábitos neste sentido. À tradicional

corrida de São Silvestre, na capital paulista, no último

dia do ano, veio somar uma infinidade de corridas,

maratonas, meia-maratonas, de orientação, de aventura,

de montanha, Ironman, triathlon (associada ao nado e

à bicicleta). Se os participantes não são profissionais,

a organização, entretanto, passou a ser, contando com

equipe, inscrição, largada no horário, percurso aferido,

hidratação, classificação, cobertura de imprensa e ranking.

Uma excelente ferramenta de marketing promocional para

muitas empresas, sempre associando alguma campanha

de responsabilidade social.

Os novos atletas, igualmente aos atletas profissionais,

são disciplinados e dedicam um bom par de horas aos

exercícios. Alguns deles vão mais longe, incorporando

a atividade como um hobbie. Participam, inclusive, de

eventos esportivos e de competições não-profissionais que,

entretanto, requerem praticamente o mesmo aparato de

uma competição profissional. Como diz o médico paulista

Dr. Ruggero Bernardo Guidugli, especialista em medicina

esportiva, e ele mesmo um ultramaratonista, “quem corria

para fugir da obesidade ou por recomendação médica se

tornou um atleta com equipe multidisciplinar: personal

trainer, nutricionista, fisioterapeuta, ortopedista. Para os

triatletas, por exemplo, a rotina de exercícios é diária:

corrida, nado, pedalada, musculação. O paulista Carlos

Galvão, consultor de marketing, diretor geral do Ironmman

Brasil, e triatleta desde 1998, corre, nada, pedala e faz

musculação todos os dias, alternando as modalidades, em

alta carga, de domingo a domingo. A modalidade criada

há 20 anos no Havaí inclui 3.880 metros de natação no

mar, 180 quilômetros de bicicleta e, para finalizar, uma

maratona de 42 quilômetros de corrida. Ou seja, para a

maioria dos participantes, mais de 10 horas de exercício

físico ininterruptos. Desafio que tem atraído cada vez mais

participantes no mundo todo. Na última prova da edição

brasileira da competição, que acontece em Florianópolis

desde 2001, participaram 1.650 atletas, de 33 países. A

organização do evento distribuiu 50 vagas para o Havaí,

entre profissionais e amadores, além de prêmios em

dinheiro para os melhores profissionais.

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Acima, Marcos Paulo Reis, idealizador do Projeto Arrastão. Abaixo, Amilcar Lopes, conquista tempo invejável para um atleta amador na maratona de Chicago - rendeu assunto até para o livro de Sérgio Xavier (capa à direita)

B E M - E S T A R

32 REVISTA OUTUBRO 2010

Para Marcos Paulo Reis, carioca radicado em São

Paulo, um dos maiores treinadores de corrida, triathlon e

pedestrianismo, a prática esportiva é uma filosofia de vida.

Assim, além de seu trabalho, seja à frente de sua assessoria

esportiva, ou das equipes olímpicas que treina, ou ainda de

suas colaborações como comentarista esportivo em várias

mídias, encontra tempo para desenvolver um programa

de iniciação esportiva junto a comunidades carentes,

como o que desenvolve em parceira com o Projeto

Arrastão, proporcionando a centenas de crianças, jovens

e adultos moradores da região de Campo Limpo, Zona

Sul da capital paulista, a oportunidade de usar o esporte

como ferramenta para a melhora da qualidade de vida e

da inclusão social.

A ideia de superação é inerente à prática esportiva ou

física, tanto para atletas amadores e profissionais como para

os atletas com deficiências físicas. Incontáveis são, portanto,

as histórias e testemunhos de pessoas que se revelaram,

se descobriram, superaram traumas ou encontraram novos

sentidos para suas vidas através do esporte. No curioso livro

Operação Portuga - 5 homens e um recorde a ser batido

(Arquipélago Editorial), o jornalista Sergio Xavier Filho, diretor

de redação das revistas Placar e Runner’s, relata como

um grupo de amigos corredores não-profissionais busca

alucinadamente bater um recorde pessoal do empresário

Amílcar Lopes Jr. (o “Portuga”): 2 horas 43 minutos e 50

segundos, na Maratona de Chicago, em 2006. Uma marca

extraordinária para um amador, que fez dele uma espécie

de lenda no circuito dos corredores de rua de São Paulo. Para

alcançar o objetivo, os amigos, que são executivos ocupados,

driblam suas agendas apertadas, desviam de compromissos

sociais e deixam de lado muitas horas de descanso ou de

convívio familiar. E o circuito das maiores maratonas do

mundo – Berlim, Boston, Chicago, Nova York e Paris – é o

cenário ideal para as tentativas de derrubar o recorde do

Portuga. O treinamento dos atletas não profissionais é quase

um rito de passagem que requer muitos itens a cuidar e a

cumprir. De amador fica apenas o sentido etmológico da

palavra: esporte de quem ama fazer esporte.

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O MOVIMENTO POP GANHA STATUS: VAI AO MUSEU, É RESTAURADO NA RUA E SE APRENDE NA ESCOLA.

POR SERGIO ZOBARAN

GRAFITEDISCIPLINADO

Sobre pastilhas ou madeira, os grafites de César Profeta

A R T E

s vezes confundido por gente mais desavisada

com a pixação (ou pixo) — aqueles rabiscos que

têm até alfabetos próprios que representam

a rebeldia de alguns grupos de jovens

considerados criminosos, e por isso passíveis de prisão

–, o grafite (ex-”graffiti”, em inglês e no plural) cresce e

aparece em São Paulo há mais de trinta anos. Só que hoje

é reconhecido, aceito e até incentivado por muita gente

– de galeristas a colecionadores, de jovens até museus,

literalmente. O MASP, por exemplo, a instituição cultural

mais visitada na capital, dedicou meses de seu maior salão

a uma exposição específica de alguns dos maiores nomes

da área (como Zezão, Carlos Dias e Stephan Doitschinoff,

este grande artista, que aliás não se diz grafiteiro) entre

2009 e 2010. A Prefeitura também se mexe e o defende:

o grande mural grafitado no túnel da Av. Paulista, uma

vez pixado, foi imediatamente restaurado por seus

funcionários. E mesmo uma instituição de ensino, instalada

na Rua Augusta, e que se dedica a cursos independentes,

a Escola São Paulo, faz do grafite uma disciplina com o

professor-grafiteiro Loro Verz. Disciplina no grafite? É a

nova realidade de uma arte hoje abrigada pelas galerias.

As expressões são muitas: vão de Ozéas com seu Jesus

Cristo de orelhas de Mickey Mouse a tatus de Gejo feitos

em estêncil nos bueiros abertos da cidade, como um alerta.

Da inspiração hip-hop e marginal, o grafite conquista a cidade

definitivamente, e outros nomes também se fizeram importantes

na cena paulistana: Ciro Schunenam, Boleta, Mazu, Rafa Cachos,

Akeni. E mais: Titi Freak, Prozac, Espeto... São dezenas de famosos

ou quase, talvez centenas de ainda anônimos querendo a fama de

“Osgêmeos”, por exemplo. “Todo grafiteiro tem a sua identidade,

a sua assinatura que é reconhecida pelos outros – e atualmente

também pelo público”, diz a jovem marchande Jaqueline Martins.

O grafite começou a aparecer nas ruas de São Paulo no final

da década de 1970. O pioneiro oficial foi Alex Vallauri (1949-

1987), italiano nascido na Etiópia, criado em Santos e depois

em São Paulo. “Erudito” para um meio que se espera marginal,

foi artista gráfico formado em Comunicação Visual pela FAAP,

onde deu aulas de desenho. Foi também pintor, cenógrafo e

gravador – por ela começou sua arte. E, por fim, foi grafiteiro,

depois de especializações em Artes Gráficas na Suécia e

desenho na Inglaterra, além de ter estudado nos Estados

Unidos, onde já grafitava. Aqui deu continuidade ao trabalho

nos muros da cidade: anonimamente imprimiu o grafite de uma

bota preta, de salto agulha e cano longo por aí, em um de seus

trabalhos mais reconhecidos à época. Em breve, Vallauri volta à

cena, pelas mãos de Jaqueline Martins, que reabre sua galeria.

35 REVISTA OUTUBRO 2010 34 REVISTA OUTUBRO 2010

À

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Jaqueline Martins: “Ainda tem espaço para muitos artistas.”Ao lado, outra obra de César Profeta

01

02

A R T E

E como e quando o grafite saiu das ruas e foi parar

nas galerias? “A partir da década de 1980, a galerista

Suzanna Sassoun expõe Alex Vallauri. Aliás, ela foi a

primeira galeria a trabalhar com grafite em São Paulo”,

diz Jaque. Hoje a mais emblemática entre as galerias de

grafiteiros é a Choque Cultural, inicialmente instalada em

uma casinha da Rua João Moura, em Pinheiros, e que

ganhou recentemente outra unidade, na Vila Madalena,

também especializada neles. Mas o movimento migratório

não para por aí. “Galerias dos mais variados estilos têm

em seu time artistas que saíram da rua para elas”. Senão,

vejamos: a Leme representa Nina Pandolfo — que, além

do talento, ainda é casada com um dos irmãos-estrelas-

do-grafite, vulgo “Osgêmeos”, de notoriedade irrefutável

– representam para o grafite o que os Irmãos Campana

também o são para o design nacional.

A galeria Triângulo representa o Nunca (é, os grafiteiros

normalmente têm apelidos irreverentes). A Thomas Cohn

trabalha com Alex Hornest. E a futura galeria Zipper, de

Fábio Cimino (que se instala em breve na Rua Estados

Unidos, nesta febre de arte que ganha de novo a cidade),

representa o Higraff. Mônica Filgueiras, tradicional

galerista que sempre se renova, ou melhor, nunca deixou

de ser atualizada e inovadora, trabalha com Oséas e

Gejo, por exemplo. E existe também um grupo, o Família

Baglione, que atua no mercado nacional e internacional

com quatro grafiteiros, com destaque para Herbert

Baglione (vale entrar no blog deles, ou no Facebook, e

dar uma olhada). Obviamente, por vocação, a Choque

Cultural de Baixo Ribeiro e Mariana Martins tem a maior

concentração de grafiteiros inseridos no mercado. “Mas

ainda tem espaço e muitos artistas desconhecidos a serem

abrigados”, Jaqueline complementa, lembrando daqueles

em que também aposta: Pato, César Profeta, Vitché (com

importantes exposições no exterior, como na Fundação

Cartier em Paris, e em museus e galerias na Bélgica,

Alemanha, Los Angeles, Londres, etc.): “ótimos artistas

nas ruas, nas galerias, ou dentro de qualquer coleção.”

E para falar de comercialização do grafite, consultamos

Jaque mais uma vez: “Acho que o critério deve ser a

qualidade. Se a obra é boa, o artista é sensível e criativo,

OK!”. Ela encerra: “A arte de rua seria assimilada no nosso

mercado mais cedo ou mais tarde. Na verdade, por aqui

demorou muito a chegar. Imagine que, em 1977, Alex

Vallauri já estava participando da Bienal de São Paulo. E

pouco tempo depois já tinha uma galeria, e mesmo assim

a gente continua tratando o grafite como uma novidade,

um movimento de agora...”.

36 REVISTA OUTUBRO 2010 37 REVISTA OUTUBRO 2010

A arte de rua seria assimilada no nosso mercado mais cedo ou mais tarde.

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Flávio no ateliê do Beco do Batman e em frente ao seu grafite na rua.

A R T E

Era uma vez um menino de Campinas que, como muitos, gostava

de desenhar. Aos seis anos, o filho de projetista (e músico nas

horas vagas) sentava-se ao lado da prancheta do pai e rabiscava,

rabiscava... As consequências juvenis foram a banda de garagem e

o curso de Artes Plásticas na PUC. Depois vieram as ilustrações para

os manuais da Tigre e a descoberta do humor, da caricatura. Prêmios

na área? Em (quase) todos os salões de humor brasileiros, do Piauí

a Piracicaba, o mais importante de todos. A passagem pelo Correio

Popular de sua cidade serviu de trampolim para as colaborações

na Editora Abril, produzindo para revistas como Superinteressante,

Playboy, Veja, Saúde, Vip e Placar. Conheceu Ziraldo e trabalhou para

o (re)lançamento do Pasquim, onde “fez” de José Serra a Lula. Com

sucesso, mas sem reconhecimento artístico, o que mais queria, Flávio

Rossi abandonou tudo e partiu para as telas em 2003, incensado por

Pedro Martins, filho de Aldemir, seu primeiro marchande. Livre da

pauta jornalística, mas não do aluguel, foi criticado e despejado. Mas,

estimulado por Reinaldo Marques, fez uma exposição no Shopping

Iguatemi, vendeu e foi em frente.

NA CONTRAMÃOFlávio Rossi foi cartunista, artista plástico e hoje é grafiteiro até sob encomenda.

Hoje, aos 31 anos, este Flávio ex-ilustrador e ex-caricaturista,

é artista e tem seu atelier no Beco do Batman, na Vila Madalena,

epicentro da cena grafiteira de São Paulo. Com técnica e precisão,

virou do avesso e, por convivência e vontade de ir para a rua

democratizar sua arte, é grafiteiro também. Entre seus orgulhos

estão: o de ter seu grafite intacto no muro do bairro, e flashes de

visão antes de começar cada novo trabalho, além de uma história

meio à la Jean-Michel Basquiat, que já grafitava enquanto ele apenas

nascia. No mesmo tempo em que Alex Vallauri espalhava pelos

muros da cidade de São Paulo a sua bota, entre outros ícones. Então,

enquanto discutimos, cerca de trinta anos depois de seu surgimento

no Brasil, a “validade” do grafite como obra de arte – e há mais de

vinte anos comemoramos seu Dia Nacional, 27/3 –, o movimento se

institucionaliza de forma avassaladora em São Paulo, como no mundo

(vide o fenômeno inglês Banksy). Como na história de Flávio Rossi,

com sua obra que hoje é feita até sob encomenda para restaurantes

como o Farofa Paulista (nos Jardins) e o Ringue (em Pinheiros). Flávio

expõe na nova galeria de Luis Tripoli.

38 REVISTA OUTUBRO 2010

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Depois de lançar Piquenique, o músico e gourmet revela suas preferências enogastronômicas.

G A S T R O N O M I A

em São Paulo

com Ed Motta

eto de cozinheiro, o cantor e compositor carioca Ed Motta trouxe ao

público, no primeiro semestre de 2010, o décimo disco de sua carreira,

Piquenique – que marca a estreia da parceria com sua mulher Edna Lopes,

também companheira de degustações “clássicas e conservadoras”. Em

seguida, este expert em boa comida e bebida, especialmente vinhos,

conversou com a revista Yuny sobre seus gostos à mesa. Respondeu às nossas

perguntas de uma forma objetiva e franca, atendendo à nossa curiosidade – e

ainda deu dicas preciosas sobre restaurantes. Especialmente em São Paulo, que,

para ele, faz uma das melhores gastronomias do planeta: “tem excelência”.

Yuny: Qual é o seu maior prazer: comer ou beber?

Ed Motta: Adoro comer, mas os vinhos me dão vontade de chorar, me

emocionam mais.

Y: Quais são as suas preferências gastronômicas? O que seria um menu ideal?

EM: Adoro desde um menu de trufas brancas até uma simples e boa massa

pommodori basilico. Minha carne favorita é o pato – e as aves em geral.

De sobremesa, prefiro queijos como um Époisses de Bourgogne com um

bom Sauternes.

Y: O que mais preza em um restaurante – boa comida, é claro, e o que mais?

EM: Taças corretas para vinho, isso é fundamental. Música baixa ou de

preferência sem música. Ela não merece ser pano de fundo para a gastronomia

– me irrito muito com isso. Quanto mais alta a música, mais sem noção é o

lugar... geralmente esses restaurantes que têm um mesmo menu (que mistura)

pratos de influência tailandesa com outros clássicos europeus.

POR SERGIO ZOBARAN • FOTOS DIVULGAÇÃO

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N

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Ed Motta: “Bebo de joelhos vinhos brancos e

tintos da Borgonha”.

G A S T R O N O M I A

Y: E o vinho é indispensável como acompanhamento a uma boa

refeição? Quais os vinhos de sua preferência?

EM: Adoro vinhos do Velho Mundo, principalmente franceses, que

pairam em um patamar acima de tudo. Gosto sempre de um branco

antes do tinto, isso é religião.

Y: O couvert é indispensável?

EM: Se for do Alex Atala, sim! Mas torradinha com focaccia velha

muitas vezes é dispensável.

Y: E a sobremesa? Qual, quais?

EM: As melhores para mim são as do Antiquarius: a torta de nozes e

a siricaia, e doces conventuais, meus favoritos.

Y: A valorização do chef no Brasil está sendo correspondida na

qualidade da comida?

EM: De certo ponto sim, mas tem muito curioso fazendo experimentos

e querendo desconstruir sem saber o que é uma construção.

Y: Onde é melhor para se comer, Rio ou São Paulo?

EM: No Rio é bem fraco: eu conto nos dedos de uma mão os lugares

legais, e mesmo assim acho bem inferior a São Paulo. Comida na

América Latina é em SP, sem sombra de dúvida. Sushi, por exemplo,

só como aqui. No Rio e incomível.

Y: Quais os restaurantes que mais frequenta em SP? E por quê?

EM: D.O.M., Kinoshita, Vecchio Torino, Rufinos, La Brasserie / Erick

Jacquin e a cantina Speranza. Mas a lista é grande: vai de Due Cuochi

até a Casa Garabed (de esfihas especiais). O motivo é simples: São

Paulo faz uma das melhores gastronomias do planeta, com grande

excelência em tudo.

Y: O que come rezando? E o que não come em qualquer hipótese?

EM: Trufas brancas e pretas. Não como fast-food jamais. Nunca

gostei, prefiro arroz com ovo.

Y: O que bebe de joelhos? E o que não bebe “nem que a vaca

tussa”?

EM: Brancos e tintos da Borgonha. Malbecs em geral descem

quadrado para mim.

Y: Quem o acompanha nestas refeições? E de onde vem o amor

pela comida e pela bebida?

EM: Minha mulher Edna. Isso começou de casa, com minha mãe, por

influência do meu avô que era cozinheiro.

Y: E quais são as descobertas recentes e as combinações

gastronômicas (inusitadas) que costuma fazer?

EM: Uma descoberta simples e deliciosa foi um risoto de quinua na

Casa de Francisca, uma casa de shows minúscula e muito charmosa

no Jardim Paulista. Não sou adepto das misturas inusitadas: sou

conservador e clássico à mesa.

“Adoro vinhos do Velho Mundo, principalmente franceses, que pairam

em um patamar acima de tudo.”

43 REVISTA OUTUBRO 2010

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B A I R R O

JÁ COMEÇOU

NAVILA

OLÍMPIAO FUTURO

Novo polo de negócios de São Paulo cresce e aparece.

ais recente, e quinto downtown corporativo a nascer na capital paulista – depois da tradição secular

do Centro velho, da grandiosa Paulista e das consagradas regiões das avenidas Brigadeiro Faria Lima

e Engº. Luis Carlos Berrini –, a Vila Olímpia é um dos bairros mais famosos com esta denominação tão

bucolicamente provinciana de vila, como outras centrais de vocações tão diversas na cidade: a residencial

Vila Mariana e a hypada Vila Madalena. É na Vila Olímpia, hoje lugar nobre da megalópole, que o futuro

paulistano se desenha, e no seu cenário já o presente se afirma. Nas ruas e avenidas dessa Vila, algumas alargadas há

muito pouco, existe uma atmosfera otimista e evolutiva de Blade Runner light, com seus edifícios altos. De futurismo, da

fulminante eficiência no modo de produzir e de trabalhar no século XXI.

45 REVISTA OUTUBRO 2010 44 REVISTA OUTUBRO 2010

M

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Fachadas espelhadas para edifícios inteligentes: a nova fase de um bairro que já foi

um charco.

B A I R R O

Poucos podem imaginar, portanto, que a região, na sua parte alta (até a

década dos anos 30 do século passado), se espreguiçava ainda sonolenta. Era

uma vasta área verde pontilhada de bonitas propriedades rurais, de imigrantes

italianos e portugueses, que então começaram a ser loteadas. Na parte baixa

desta Vila, a várzea do Rio Pinheiros – depois aterrada por causa das enchentes

–, indústrias de médio porte, galpões, casas de vila e sobradinhos mostravam

a outra face do bairro. Ali estavam todos instalados num charco, tornando a

sub-região menos valorizada.

O boom imobiliário da Vila Olímpia – com seu passado de chácaras, e hoje

com quase 200 prédios e 25 helipontos – é recente. Ocorreu a partir da abertura

da imponente Avenida Faria Lima, que se chamaria Radial Oeste, na gestão do

prefeito Vicente Faria Lima, nos anos 1960, e que ligava os bairros de Pinheiros

ao Itaim Bibi. E, depois, da construção do seu prolongamento, nos anos 1990. A

partir daí começaram a brotar as torres impressionantes e os edifícios inteligentes

típicos do fim do século passado no mundo todo, e uma das características básicas

do século atual. Era o novo polo de negócios de São Paulo que se formava. Hoje,

muitas dessas torres são verdadeiros cartões de visitas

de grandes empresas, como diz o arquiteto e urbanista

Roberto Aflalo Filho, do Aflalo & Gasperini, escritório

autor de inúmeras obras no bairro “O endereço é uma

forma de uma empresa se apresentar, de se expor”, diz

Aflalo. No décor que nos remete a fibras ópticas, às super

tecnologias de ponta e às soluções arquitetônicas radicais,

as fachadas das torres, de modo geral – e isto vale para as

da Vila Olímpia, ainda segundo Aflalo – são uma espécie de

“membranas que separam o ambiente externo do interno,

sem excluir a importância de pensar na estética”. Por detrás

de fachadas fascinantes, algumas quase hiper-realistas, há a

preocupação de manter a qualidade ambiental, a qualidade

térmica (para bloquear a penetração do calor) e a qualidade

do ar. “E controlar a entrada excessiva da luz, interferindo na

iluminação dos escritórios.”, observa o arquiteto.

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Restaurantes, chocolateria, ateliê de cerâmica e o Shopping:

bucolismo e progresso.

B A I R R O

APOSTA NO BAIRROMas há um outro rosto da Vila Olímpia que contrasta

com o cenário francamente progressista. Ele foi criado por

algumas pessoas visionárias e criativas que ali instalaram

nas décadas passadas, nas casas sobreviventes do bairro,

ateliês, cafés, restaurantes e pequenos escritórios de

microempresas em que o tema é sempre este: charme.

Stella Ferraz, a emblemática ceramista, é uma delas. Está

há anos na Rua Chilon. A sapateira Paula Ferber é outra.

Abriu seu primeiro espaço na mesma Vila. O restaurante

Trio ali nasceu, há quatorze anos, e se criou com o

poderoso banqueteiro Charlô entre seus sócios. Até hoje,

sob o comando de Dudu Linhares, que abriu também um

espaço de eventos com o mesmo nome, o Trio faz grande

sucesso no horário do almoço comercial, no jantar e aos

domingos, com o seu afamado brunch. Paula de Lima

Azevedo ali instalou a sua conhecida chocolateria Sweet

Brazil há mais de vinte anos, em uma casa de vila na

Rua Cassiano da Silva Passos. “Quando cheguei aqui, em

1987, o bairro era uma grande favela, com ruas estreitas

e engarrafadas, esburacadas ou sem saída, inundadas

quando chovia, e praticamente sem calçadas – além dos

pontos de crack. Eu trabalhava de portas fechadas e a minha

primeira fábrica era protegida por grades porque, de vez

em quando, recebíamos ameaças,” ela lembra, com o ar

de quem diz parece que foi ontem. E foi mesmo! Hoje em

novo endereço, com arquitetura de Alfredo Pimenta, muitos

doces, bombons, barras de chocolate e salgados, a Sweet

Brazil conta com trinta funcionários e uma loja defronte da

pequena fábrica que é outro grande sucesso: serve mais de

trezentos cafés, no horário do almoço, para executivos e,

especialmente, segundo sua proprietária, publicitários que

descem de seus edifícios de escritórios na Rua Funchal e na

Rua das Olimpíadas e circulam pela ainda pacata Alameda

Raja Gabaglia, onde está a Sweet Brazil de Paula. Outro que

apostou na Vila Olímpia foi o chef Roberto Ravióli. Lá, ele

inaugurou o seu primeiro espaço gastronômico, o Empório

Ravioli, na Rua Fidêncio Ramos. E o bairro é também

incubadora de outras cozinhas muito apetitosas: foi ali

que se estabeleceu a cozinha do Arábia, famosa cadeia de

restaurantes de comida árabe da cidade, entre outras.

48 REVISTA OUTUBRO 2010

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P E R F I L

m dos mais respeitados especialistas em

Direito Imobiliário do Brasil, o advogado

Marcelo Terra, sócio do escritório Duarte

Garcia, Caselli Guimarães e Terra, tem duas

certezas. A primeira é de que a construção,

cada vez mais frequente, de condomínios horizontais

e verticais na capital do estado e em outros grandes

centros, atende necessidade dos habitantes das cidades,

hoje básica e crescente, de segurança não apenas

patrimonial, mas também pessoal. São empreendimentos

que, além do mais, em geral, oferecem serviços in loco

aos seus moradores – o que proporciona mais flexibilidade

de locomoção através de ruas e avenidas congestionadas.

A segunda afirmativa de Terra diz respeito à prática da

sua especialidade no Direito. “É o Direito que trata dos

negócios cuja base é o imobiliário”, diz ele. Trata-se de uma

atividade que visa a proteção de todos os protagonistas

envolvidos nas operações de negócios – investidores de

imóveis e compradores de unidades habitacionais.

Membro do Conselho Jurídico do Sindicato de Compra e

Venda de Imóveis (Secovi-SP) e autor de diversos livros

sobre o tema, Marcelo Terra também observa que esses

condomínios atendem a todas as classes. E para quem

deseja seguir o seu exemplo pessoal, deve prestar

MORAR E COMPRAR(OU VENDER)

BEM UM IMÓVELDr. Marcelo Terra: “O Direito Imobiliário é uma proteção a toda a sociedade”.

POR LÉA MARIA AARÃO REIS

atenção à trilogia que acompanha a boa compra de

imóvel: a escolha do local, a análise atenta da planta e

o preço convidativo. A seguir, uma entrevista construtiva

do Dr. Marcelo.

Yuny: Quase diariamente lemos, na mídia, o noticiário

sobre o boom da indústria da construção civil e uma

retomada das atividades imobiliárias, nos grandes

centros do País. Ela existe mesmo?

Marcelo Terra: Sim, sem dúvida. Todos os indicadores

divulgados apontam para este incremento na atividade

da indústria imobiliária. Aqueles que de alguma forma

trabalham com a indústria imobiliária sentem este

acréscimo de atividade. E todos os indicadores apontam

para uma efervescência sustentada.

Y: Em uma grande cidade como é São Paulo, em quais

regiões essa movimentação se verifica?

MT: Em todas as regiões. São Paulo é, na realidade, um

conjunto de diversas cidades. Cada bairro do centro

urbano e cada cidade da região metropolitana têm as

suas características e o seu público. Com o programa de

governo Minha Casa Minha Vida, efetivamente todas as

regiões encontram demanda para os produtos imobiliários. Dr. Marcelo Terra em seu escritório de São Paulo

51 REVISTA OUTUBRO 2010 50 REVISTA OUTUBRO 2010

U

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P E R F I L

Y: No Brasil, o Direito Imobiliário já é uma área jurídica bastante

conhecida. Como ele pode ser definida e quais são os seus objetivos?

MT: O Direito Imobiliário é uma expressão bastante ampla. Na

realidade, o advogado que trabalha com Direito Imobiliário pratica

uma série de ramos do Direito (Civil, Comercial, Ambiental,

Urbanístico, Tributário) interagindo com Direito Societário, Família e

Sucessões. Gosto de dizer que o Direito Imobiliário praticado pelo

nosso escritório é o direito dos negócios com base no Imobiliário.

Y: E a quem ele protege? Aos incorporadores e construtores, e

também aos clientes?

MT: Como todo ramo do Direito, o Imobiliário existe e está à disposição

da sociedade. Seu objetivo é regrar e disciplinar a vida em sociedade,

protegendo, portanto, não essa ou aquela parte isoladamente, mas

a relação contratual firmada. Portanto, em última análise, protege a

própria sociedade como um todo.

Y: Qual é a função do advogado nas incorporações, na

aprovação da compra do terreno, no contrato entre os

sócios do negócio, na montagem jurídica do processo e no

relacionamento da empresa com poder público?

MT: Hoje em dia, o advogado dos negócios com base imobiliária

exerce estas múltiplas facetas, incluindo o relacionamento com o

adquirente final do produto imobiliário: lote, unidade autônoma,

ou título de valor mobiliário com base imobiliária como certificados

de recebíveis imobiliários, debêntures imobiliárias, fundos de

investimento imobiliário, etc.

Y: Problemas na aquisição dos terrenos, por exemplo: pessoas

idosas que não pretendem deixar as suas casas; o número cada

vez menor de terrenos disponíveis para compra; o tombamento

de imóveis pelos serviços de patrimônio... Em que medida tudo

isto dificulta o trabalho de incorporação e compra de áreas

interessantes?

MT: A sociedade é cada vez mais complexa nos seus múltiplos

regramentos. A atividade da indústria imobiliária permeia o meio

ambiente, o consumidor, o urbanístico. A complexidade da legislação

é cada vez maior. Alie-se este incremento de complexidade à natural

diminuição de áreas destinadas a empreendimentos imobiliários nos

grandes centros urbanos. Resultado: maior dificuldade na aquisição,

com rapidez e com a necessária segurança, de áreas destinadas a

empreendimentos imobiliários.

Y: Um empreendimento que seja espetacular, por exemplo, em São

Paulo, em uma área até então semidegradada, tem capacidade

de atrair negócios nas proximidades dele e, em médio prazo,

transformar a qualidade de vida dos moradores da região?

MT: Sem dúvida. Há vários e inúmeros exemplos. Basta olharmos

o mapa da cidade. Alguns exemplos podem ser vistos no Shopping

Iguatemi, em Alphaville, no Centro Empresarial.

Y: E qual é a sua opinião sobre a legislação – nacional, estadual,

municipal – que regulamenta o zoneamento urbano? Ela

realmente protege o patrimônio público? E as alterações mais

recentes nesse conjunto de leis? São justas? Elas procedem?

MT: O grande segredo de uma boa legislação urbanística ambiental

consiste na sábia e ponderada coordenação entre atividade econômica

e proteção urbanística e ambiental. E precisa ser de fácil compreensão

por todos os cidadãos. Mais ainda: precisa haver um grau de segurança

jurídica para os investimentos que não podem ser surpreendidos a

meio do caminho, seja por causa da alteração legislativa ou pela

modificação de entendimento de legislação anterior.

Y: Quais os cuidados que o empresário da atividade imobiliária,

devidamente assessorado pelos seus advogados, deve ter para

realizar um bom negócio e, ao mesmo tempo, evitar a agressão

ao meio ambiente?

MT: Trabalhar com os melhores profissionais de todas as áreas, saber

compreender a importância de sua atividade e de sua atuação no

seio da coletividade.

Y: Em que medida os novos lançamentos de condomínios

horizontais ou verticais, onde os moradores podem usufruir de

dezenas de serviços, estão determinando novos comportamentos

e estilos de vida inéditos para os moradores das cidades?

MT: Em um grande centro urbano recheado de preocupações

relacionadas ao trânsito e à segurança pessoal e patrimonial, os

grandes condomínios vieram preencher uma lacuna para determinada

camada da população. São extremamente positivos.

Y: E a insegurança crescente, em um grande centro como São

Paulo? Determina mudanças nos lançamentos imobiliários?

MT: Sem dúvida. Voltamos ao exemplo dos grandes empreendimentos.

E devemos lembrar também dos empreendimentos do tipo

loteamento fechado e de alterações arquitetônicas mais singelas,

como as guaritas, que eram inexistentes nos projetos e no cenário

paulistano até a década de 1980.

Y: Qual é o perfil do cliente mais cortejado pela atividade

imobiliária? Jovem? Idoso? Desejoso de adquirir seu primeiro

imóvel? Vem do interior do estado? É investidor? Compra para

fazer negócio?

MT: Penso que todo cliente é cortejado. O segredo está em se

descobrir o projeto adequado para o público desejado.

Y: O senhor mora em condomínio? Em apartamento? Em casa?

Costuma se beneficiar dos serviços do seu condomínio?

MT: Moro em apartamento situado em prédio, e me beneficio da

sala de fitness.

Y: Como escolheu a sua moradia?

MT: Pelo local, pela planta e pelo preço.

“A atividade da indústria imobiliária permeia o meio ambiente, o consumidor, o urbanístico. A complexidade da legislação é cada vez maior”.

52 REVISTA OUTUBRO 2010 53 REVISTA OUTUBRO 2010

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E S T I L O Y U N Y

Limited Funchal traduz o jeito de morar contemporâneo.

VIDANA VILA OLÍMPIA,

O NOVO MODO DE

01. Perspectiva ilustrada da Fachada.

54 REVISTA OUTUBRO 2010 55 REVISTA OUTUBRO 2010

iluminado, como em edifícios de escritórios nova-iorquinos – um loft moderno. “Buscamos trabalhar

com muito vidro, e por isso todos os terraços têm este tipo de fechamento e massa texturizada branca.

Portanto, é um edifício bem clean, com o forro dos terraços em madeira para aquecer um pouco“, diz

a arquiteta Grazzieli S. Gomes, coordenadora de projetos no Aflalo&Gasperini, escritório emblemático

na cidade e no país, e autor do Limited Funchal, cujo paisagismo leva a assinatura de Marcelo Novaes.

O Limited tem um salão de festas no térreo e no sexto pavimento está a área de lazer, que inclui

fitness, sauna, área de descanso e uma raia descoberta em cima do edifício mais baixo, conectado ao

corpo mais alto por uma elegante passarela – e as garagens ficam nos quatro subsolos. “Em todas as

opções de apartamentos buscamos criar um espaço qualitativo e flexível”, diz Grazielli. E continua: “Na

verdade, trata-se de um grande ambiente que pode ser dividido como se queira. Afinal, somente nos

apartamentos de dois dormitórios é que eles aparecem definidos e mais separados”. Mas ela relembra

om uma localização excepcional – um dos

últimos terrenos localizados no coração da Vila

Olímpia, na esquina das ruas Funchal e Gomes

de Carvalho –, em duas torres residenciais, com

apenas algumas lojas abaixo do corpo de um

destes dois edifícios, o Limited Funchal lança,

em São Paulo, o conceito nova-iorquino de arquitetura

contemporânea: espaços inteligentes e multiuso. São

pouco mais de 80 apartamentos de áreas variadas, com

um ou dois dormitórios, em cinco tipos de plantas –

entre 62 e 130 m2 – os tamanhos ideais para os seus

objetivos. As unidades são totalmente integradas, como

manda o jeito de morar contemporâneo: sala, quarto,

lavabo e cozinha formando um único volume – todos

com janelas de piso a teto e terraço em toda a sua

frente, permitindo assim uma grande luminosidade no

apartamento e flexibilidade total de layout. Ainda há os

duplex, apartamentos diferenciados, com 1 dormitório

no pavimento superior, e as áreas sociais no inferior.

O fechamento dos terraços do Limited Funchal é feito

em “pele de vidro”, e em ambos os andares do duplex

a sensação (e a realidade) é de um espaço amplo e

C

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E S T I L O Y U N Y

FICHA TÉCNICA*

* Material preliminar sujeito a alteração.

TORRE A03 apartamentos duplex com 65,40 m²

18 apartamentos duplex com 64,53 m²

VAGAS

1 ou 2 vagas para unidades duplex

TORRE B16 apartamentos com 67,30 m²;

14 apartamentos com 66,37 m²

16 apartamentos com 62,51 m²

01 apartamento com 129,43 m²

01 apartamento com 130,79 m²

06 apartamentos com 106,06 m²

07 apartamentos com 76,25 m²

VAGAS

1 vaga por unidade

02. Imagem ilustrativa.03. Perspectiva ilustrada do apartamento de 67 m2.

02 03

que a solução estrutural “limpa” da torre possibilita

a junção de apartamentos, dando maior flexibilidade

aos futuros moradores e/ou investidores.

NADA MAIS A DIZERTem gente que é antenada com o mundo, que tem

um lifestyle globalizado. E que busca as melhores

marcas porque sabe que seus produtos têm mais

qualidade. A Yuny entendeu isso e buscou enfrentar

um de seus maiores desafios: trazer para São

Paulo um novo padrão “grifado” de apartamentos.

A partir de pesquisas, a incorporadora constatou

que, no contexto urbano de uma megalópole, a

localização da moradia é fundamental – e traz

contemporaneidade, além de status ao seu morador.

Como no Limited Funchal, cujo nome já diz tudo,

é para quem preza conforto com praticidade! “Ser

Limited já traz uma dimensão da exclusividade e alto

padrão”, diz a campanha de lançamento. Porque o

nome do empreendimento, que tem este conceito,

já diz tudo. Daí o slogan criado: “Nada mais a dizer”,

que mostra a força do produto, valorizando tudo

o que é Limited. E que começa na Vila Olímpia,

desenvolvido para quem tem muito a dizer.

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S O C I A L

Toca, Zezinho!

Iniciado em fevereiro de 2009, visa o ensino de canto coral, musicalização infantil e o

uso dos instrumentos musicais, atingindo 440 crianças e adolescentes atendidos pela

ONG Casa do Zezinho. Utilizando um repertório de música erudita internacional, e

com especial enfoque na música brasileira clássica e folclórica – além da participação

de músicos das principais orquestras de nossa cidade –, o Toca, Zezinho! busca a

educação e o crescimento dessas crianças através da música. Em 2010, a Yuny

duplicou seus investimentos nesse projeto.

O investimento social da Yuny Como toda corporação que se preze no mundo de hoje, a Yuny tem uma estratégia de investimento socioambiental, o que contribui para minimizar o impacto causado pela sua atividade econômica e para promover o desenvolvimento social.Os projetos desta área, desenvolvidos com a assessoria especializada da Lynx Consultoria, são quatro até o momento.

MEIO AMBIENTE,

EDUCAÇÃOE ENSINOPROFISSIONALIZANTE

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S O C I A L

Escola Verde

Trata-se de um projeto de educação ambiental em escolas públicas, localizadas no

entorno dos empreendimentos da Yuny. E que visa mobilizar e capacitar gestores,

professores e, ainda, mobilizar alunos através de um conteúdo pedagógico

adequado às necessidades e realidades de cada público-alvo. A primeira Escola

Verde Yuny está sendo implantada próximo aos empreendimentos Le Paisage

e Marquise, no bairro do Ibirapuera, dentro da Escola Municipal de Educação

Infantil (EMEI) Heitor Villa Lobos, localizada na Rua Curitiba, e que atende 165

crianças de 3 a 6 anos de idade. Neste projeto pioneiro, o foco é em jardinagem,

reciclagem, e na horta.

Semana do Planeta

Utilizando a Semana Internacional do Meio Ambiente, de 7 a 11 de junho, a

Semana do Planeta Yuny promoveu a conscientização dos funcionários da

incorporadora através de uma série de iniciativas que tinham como objetivo o

engajamento e a sensibilização do público interno para questões ambientais.

Houve testes de consumo, revoada de balões biodegradáveis, plantio de mudas

e sorteios de itens orgânicos, buscando assim sensibilizar os colaboradores diante

do desafio de se preservar nossa natureza.

Construindo o futuro

Este projeto quer contribuir para a qualificação profissional e inclusão dos jovens

com menos oportunidades no mercado de trabalho, dentro do setor da construção

civil, promovendo seu desenvolvimento socioeconômico. Após a conclusão do

curso, a intenção é que os jovens, de 18 a 24 anos, sejam contratados pelas

construtoras parceiras para trabalhar nos empreendimentos da Yuny.

60 REVISTA OUTUBRO 2010 61 REVISTA OUTUBRO 2010

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L I F E S T Y L E

EXECUTIVO IMPREVISÍVELDepois de fazer a noite paulista, Beto Pandiani veleja profissionalmente em busca do inóspito.

POR SERGIO ZOBARAN • FOTOS ARQUIVO PESSOAL

62 REVISTA OUTUBRO 2010 63 REVISTA OUTUBRO 2010

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L I F E S T Y L E

m São Paulo, o ex-homem da noite Beto Pandiani

leva hoje uma vida regrada de executivo, ainda

que sem terno e gravata. Em casa o velejador e

palestrante lê (livros prediletos: O Poder do Mito,

Expedição Kontiki e Abaixo da Convergência),

assiste TV (filmes preferidos: todos os de Fellini, além

de Dersu Uzala e Fitzcarraldo), pesquisa na internet.

Nos fins de semana, quase sempre vai para a Ilhabela.

Bem, aí tem a vela, paixão que move sua vida para

lugares imprevisíveis.

Beto escreve bem – já lançou seis livros, como o mais

recente Travessia do Pacífico (Terra Virgem Editora, com

Igor Bely) –, rodou três filmes – e fará mais um em sua

próxima viagem pelo mar polar do Ártico, este para

o cinema –, e organizou inúmeras exposições de suas

fotografias. E, como atividade principal, dá palestras

motivacionais para empresas sobre este seu trabalho

Yuny: O que motiva um homem a singrar os mares ao

invés de sentar-se em frente ao computador e trabalhar

como executivo?

Beto Pandiani: Foram seis viagens no total (até agora),

mas engana-se quem pensa que deixei de trabalhar como

executivo. Só não ando de terno e gravata, mas o meu

trabalho continua sendo o de empreender, organizar,

liderar, cuidar do orçamento, motivar o time, tomar

decisões, administrar riscos, etc. A motivação é o novo,

o desconhecido, é a tentativa de realizar o impossível, a

superação física e organizacional.

Y: Quantos dias por ano dedica ao mar e quantos passa

em terra?

BP: Depende; se for ano de viagem, posso me afastar de

São Paulo por alguns meses; se não, só velejo nos fins

de semana. As minhas atividades giram em torno das

viagens. Já fiz seis livros, três filmes, inúmeras exposições

de fotografia e, como atividade principal, faço palestras

motivacionais para empresas.

Y: Como funcionou a tripulação desta viagem mais

recente, quantas pessoas, com que funções?

BP: Como o barco é pequeno, e não tem cabine, só velejo

com mais um companheiro. Temos sempre um fotógrafo e

um cinegrafista nos seguindo e, dependendo da viagem,

eles vão de avião, barco, carro ou mesmo, em determinados

trechos, no nosso barco. Sempre tem alguém em São Paulo

coordenando a viagem, além da assessoria de imprensa e

das empresas que patrocinam também.

inusitado. Ele explica como tudo começou: “Velejo

desde os 23 anos, e só não comecei aos 15 por motivos

financeiros e falta de oportunidade, mas já sonhava em

dar uma volta ao mundo. Nasci em Santos, de frente para

o mar, que amo desde pequeno. Meu pai foi velejador

também, e acho que a inspiração também veio dele. Como

profissão, não imaginei que isso fosse possível, tanto que

estudei achando que ia para o lado administrativo de

alguma empresa. Depois fui trabalhar em restaurante e no

final fui parar na noite paulistana, sendo sócio de diversas

casas noturnas nas décadas de 1980 e 90 – AeroAnta,

Singapore Sling, Clube BASE, Lounge, Mr. Fish e Olivia.

Passados alguns anos, veio a oportunidade de fazer uma

longa viagem Miami-Ilhabela, em 1994. Larguei tudo e fui.

Mesmo durante a época do trabalho na noite eu velejava,

competia na Classe Hobiecat 16”. E aí perguntamos ao

Betão, como é chamado pelos amigos!

65 REVISTA OUTUBRO 2010 64 REVISTA OUTUBRO 2010

E

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L I F E S T Y L E

Y: O que comiam e bebiam; enjoavam, passavam mal?

BP: Maiores dificuldades, medos... Comemos um pouco de tudo.

Pratos principais quentes são as comidas liofilizadas; café da manhã

são cereais, leite, frutas secas, frutas, barras. Comemos também

castanhas, nozes, queijos, salames, biscoitos, doces e barras

energéticas. Enjoar faz parte, pode acontecer, mas é difícil. Adoecer

nunca aconteceu, felizmente. As maiores dificuldades são inerentes

ao fato do barco ser aberto e ficarmos expostos ao frio, calor e à água

do mar. Tem os dias lindos no mar, como também os dias feios de

mau tempo, quando não conseguimos descansar à noite, e somos

obrigados a resistir até passar a tempestade.

Dois fatos mais curiosos: a primeira viagem, que foi de Miami a Ilhabela

na sua primeira parte, velejamos pelo Caribe e, quando chegamos à

América do Sul, não contornamos as Guianas como seria normal para

atingir a costa brasileira. Ao invés disso, entramos no Rio Orinoco, na

Venezuela, e subimos este gigante por 1.800 quilômetros até o encontro

do Canal do Casiquiare. De lá, passamos a navegar em direção ao Rio

Negro. Mais um mês e chegamos ao Rio Amazonas e, por fim, Belém.

Cortamos a Amazônia toda por rios durante 75 dias, navegamos mais

de 5 mil quilômetros por uma rota praticamente desconhecida.

Y: Qual foi a maior viagem, o maior desafio?

BP: A mais longa viagem em distância foi a última, a Travessia do

Pacífico: 9 mil milhas náuticas, quase 17 mil quilômetros. Mas a que

mais tempo durou foi a Entre Trópicos, 289 dias de Miami à Ilhabela.

Sempre o maior desafio é ficar exposto por meses em situações de

risco. Basta uma decisão errada, um descuido, e tudo pode estar

perdido. Ficar muito tempo velejando nestas condições requer uma

cabeça em ordem, calma, confiança e determinação.

Y: E as próximas, para onde e quando?

BP: A próxima viagem deve ser a mais difícil e complicada. A ideia

é partir da Groenlândia, onde chegamos em 2005, e continuar

velejando para o norte, acima do Círculo Polar Ártico passando por

cima do Canadá e chegando ao Alaska. Uma viagem pelo mar polar

do Ártico que descongela em parte no verão. Serão noventa dias pela

região mais imprevisível do planeta. A viagem deve acontecer em

2012, e desta vez vamos produzir um filme para o cinema.

Sonhos futuros de outras viagens? Quais, para onde? Continuar a

velejar por lugares inóspitos, pouco explorados, quase sem ninguém

morando por perto.

Imagens e capa do livro em parceria com Igor Bely.

66 REVISTA OUTUBRO 2010

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T U R I S M O

Descendentes de imigrantes refazem o caminho de origem.

POR ANA MARIA SANTEIRO • CONTEÚDO CONCIERGE TURISMO

DE VOLTA ÀS

RAÍZES

Scaliger - Castelo do Sec. XIIlocalizado em Sirmione uma

comunidade na Brescia

68 REVISTA OUTUBRO 2010 69 REVISTA OUTUBRO 2010

prendemos na escola que os brasileiros são frutos de três povos: índios, africanos e europeus,

ingredientes básicos para a formação da brasilidade durante quatro séculos. No final do século

XIX e início do XX, entretanto, outros temperos foram salpicados a esse melting pot, dando-

lhe novos sabores. Portugueses e espanhóis da Europa deram lugar aos italianos. E, de outros

continentes, vieram árabes e japoneses. Entre 1870 e 1929, grandes levas de imigrantes

aportaram aqui através de processos migratórios organizados pelo Governo brasileiro e incentivados

pelos países de origem. De um lado, a procura de mão de obra para a lavoura ante a iminência

do fim da escravatura. De outro, a busca por melhores condições de vida, fugindo da fome ou de

perseguições religiosas. Cento e quarenta anos depois, rendidos à total miscigenação, que sempre

fala mais alto, esses grupos são parte indelével da cultura brasileira. Afinal, quem não conhece (ou

gosta de) uma esfiha, uma pizza ou um sushi? Uma vez estabelecidas e ascendidas, muitas famílias

de imigrantes, e agora seus descendentes, fazem o caminho de volta, para rever ou conhecer suas

origens, pois nele há muita história a se contar e coisas a se ver.

ITÁLIA: TUTTI BUONA GENTE

Da Itália veio um total de 1.243.633 imigrantes, de todas as regiões. O Vêneto, no norte italiano, foi

a que mais exportou: 365.710 pessoas! A origem do nome vem do povo que habitava a laguna de

Veneza, às margens do Mediterrâneo, na época romana. Na Idade Média, a República de Veneza

estendeu sua influência às demais cidades-estado vizinhas, como Verona, Vicenza e Pádova. Da capital

é fácil e rápido visitar estas lindas cidades históricas, que conservaram fabuloso patrimônio cultural e

arquitetônico. Lugares repletos de monumentos romanos, medievais e renascentistas, villas, palácios,

castelos, pontes e museus. O Vêneto também oferece excelentes vinhos e gastronomia, com pratos

à base de frutos do mar – incluindo risotos e massas. Veneza é uma cidade singular, tanto pela sua

construção sobre o mar – as quadras são ilhas e as ruas, na maior parte, canais – e pela sua arquitetura

cheia de palácios e belos edifícios, tão diversos entre si e, ao mesmo tempo, tão homogêneos, como

pela forte influência oriental, que dá à cidade uma aura de conto de fadas.

A

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T U R I S M O

Praça São Marcos, em Veneza

Noite em Verona

70 REVISTA OUTUBRO 2010

Na Piazza San Marco fica a Basílica em estilo veneziano-

bizantino e o Palazzo Ducale (ou Palácio do Doge), em

estilo gótico-veneziano, construído a partir do século XII. À

esquerda de quem olha para a basílica, a linda Torre dell

Orologio. Pela Ponte dos Suspiros, do século XVI, chega-

se ao Palácio do Doge. E durante o inverno acontece o

Carnaval de Veneza: a população sai às ruas com as

tradicionais máscaras inspiradas nos personagens da

Commedia dell’arte: Arlequim, Colombina, Polichinelo e

Balanzone. Bem perto dali está a eterna cidade de Romeu

e Julieta, Verona. Seu patrimônio histórico inclui a Arena

construída no século I d.C., um castelo medieval com altas

muralhas, o Castelvecchio, residência da família Scaligeri,

as igrejas de Santa Maria Antica e a Basílica di San Zeno

Maggiore (1120). E, para não sair do conto de fadas que

a cidade também inspira, a “Casa de Julieta”, do século

XIII. Uma das mais antigas cidades de Vêneto, Pádova foi

importante centro comercial e agrícola, e do século XI ao

XII tornou-se comuna livre, até sua anexação à República

de Veneza, no século XV. São desta época a Universidade

de Pádova e a Basílica de Santo Antonio, que era

português e ali viveu e morreu. Giotto, autor dos afrescos

da Cappella degli Scrovegni, também viveu em Pádova

entre 1305 e 1310. De lá, pelo Canale di Brenta – ladeado

por dezenas de magníficos palácios – chega-se à Laguna

de Veneza. Vicenza, fundada antes da era Cristã, viveu

grandes disputas com Verona e Pádova, até ser anexada

a Veneza em 1404. As villas e os palácios projetados pelo

arquiteto renascentista Andrea Palladio e seus discípulos

constituem importante patrimônio arquitetônico. O Palácio

Chiericati – atual Museo Cívico – construído em 1549, é

todo ornamentado por estátuas, com arcos e colunas

jônicas. Obras de Tintoretto, Mantegna, Carpaccio e

Veronese fazem parte do acervo. O Teatro Olímpico, na

Piazze Matteotti é o mais antigo teatro coberto da Europa.

Em Cortina d’Ampezzo, uma das principais estações de

esqui italiana, desfruta-se de belas paisagens no inverno,

e no verão os morros floridos convidam ao trekking, ao

mountain bike, às escaladas.

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T U R I S M O

Uma das belas vistas de Beirute

72 REVISTA OUTUBRO 2010

LÍBANO: JOIA DO ORIENTE MÉDIO

Do Oriente Médio, também banhando pelo Mediterrâneo, vieram os árabes da Síria e do Líbano.

Do ponto de vista étnico, sírios e libaneses têm a mesma origem, embora política e culturalmente

haja diferenças marcantes entre eles. Seus passaportes eram da Turquia, pois o Líbano e a Síria

não existiam como países independentes. Faziam parte do Império Otomano (1299-1922), regido

pela Turquia. Esse detalhe fez com que, aqui no Brasil, todo árabe fosse referido como turco. Como

Nassib, o personagem de Jorge Amado, em Gabriela, Cravo e Canela. O Líbano é um pequeno país

montanhoso, de rica cultura. Protetorado da França até 1926, tem o francês como segunda língua,

além do árabe. Faz fronteira ao sul com Israel, a norte e leste com a Síria. Na estreita costa banhada

pelo Mediterrâneo estão Beirute, Trípoli, Byblos, Sidon e Tyro, cidades com muita história. Outras

grandes e pequenas cidades ou aldeias formam o resto da costa do norte ao sul na sombra do Monte

Líbano, que parece levantar-se do Mediterrâneo de maneira súbita.

Sua capital Beirute é conhecida pelas belezas naturais e

modernidade. Durante muitos anos foi conhecida como a

Paris do Oriente. Normalmente, o turista que vai ao Líbano

se hospeda em Beirute, onde há uma infinidade de hotéis

de todas as categorias, e de lá visita às outras partes do

país e retorno no mesmo dia, pois fica tudo muito próximo

(em geral, menos de duas horas de viagem). Por toda

cidade, construções modernas convivem com construções

em estilo arabesco-otomano e francês, que lhe conferem

um charme próprio. Às margens do Mediterrâneo, seu

clima é perfeito para viagens o ano inteiro. Deve-se fazer

compras nas boutiques mais fashion nos diversos souqs,

explorar os tesouros do país no Museu Nacional, visitar

galerias de arte, dançar nos clubs super trendy, jogar no

cassino, ver o pôr do sol, relaxar nos spa na La Corniche:

com certeza Beirute tem muitas coisa a oferecer para

todos. A Torre do relógio, na Place d’Etoile, é o ponto

central da cidade, de onde saem vários calçadões cheios

de lojas chiques, cafés e restaurantes. Mais à frente, pode-

se apreciar a Mesquita Al Omari, sobretudo iluminada, à

noite. Durante o dia, Ras Beirut, onde fica o campus da

Universidade Americana do Líbano, fundada em 1866,

e Hamra são bairros onde se pode conferir o dia a dia

alegre e contagiante dos beirutianos. E à noite, Beirute não

para. Na rua Manot, no bairro Achrafiyé, estão as baladas

do momento. Junto a Beirute, estão Jounieh, balneário

elegante; Harissa, na montanha, acima de Jounieh, sítio

da Basílica e Santuário de Nossa Senhora do Líbano e da

Basílica de São Paulo, umas das mais fantásticas atrações

do Líbano, onde se chega de carro ou por teleférico, e de

onde se tem uma vista espetacular: o o mar até a ilha de

Chipre; a Gruta de Jeita, localizada no vale do rio Nahr Al-

Kalb, uma das maravilhas do mundo, descoberta em 1836,

formada for cavernas em dois níveis – na de cima se vai

de barco (é uma rota de escape do rio Nahr Al-Kalb) e na

de baixo vai-se a pé –; e Faqra, estação de esqui, cheia

de ruínas de templos, túmulos, colunas e altares, onde se

pode continuar a honrar deuses e antepassados.

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T U R I S M O

Na pág. anterior,rochas em Beirute, à beira do Mediterâneo

Ao lado,01. Noite agitada noverão libanês.02. Universidade Americanado Líbano.03. Centro de Beirute.

Kasato Maru, navio que trouxe mais de 800 japoneses ao Brasil.

74 REVISTA OUTUBRO 2010 75 REVISTA OUTUBRO 2010

Nas cidades históricas, chega-se ao berço da

Humanidade e se maravilha com o maior conjunto

arquitetônico romano existente no mundo, os templos

dedicados a Júpiter, Vênus e Baco, datados dos séculos I

e III, em Baalbek, no vale de Beka; as ruínas de palácios,

souqs, thermas, ruas com colunas e muros, recintos com

impressos dos primeiros muçulmanos, em Anjar; o Palácio

Beit Ed-Dine, pérola da arquitetura oriental, em Beit Ed-

Dine; os vestígios de um castelo dos Cruzados, num dos

sítios arqueológicos mais ricos do Oriente Médio e uma

das cidades mais antigas do mundo, Biblos ou Jbeil. Ao sul,

Sidon e Tiro mantêm não só os vestígios dos povos que

por ali passaram como mantêm a tradição de importantes

portos e entrepostos comerciais que são desde os tempos

imemoriais do Rei Salomão, como nos conta Z. Rodrix em

seu livro Joabel, a Reconstrução do Templo (Ed. Record).

Ao norte, Trípoli, a segunda maior cidade libanesa, encarou

sua parte no drama através das eras desde o século XIV

a.C.; foi dominada por persas, romanos, o muslim de

Manluke, turcos, otomanos, resultando numa cidade cheia

de história, mesquitas, banhos turcos, castelos medievais

e mercados (souqs) tradicionais.

01

02

03

NO JAPÃO, A PORTA DE SAÍDA É A MESMA DE ENTRADA

Com o fim do reinado dos Xoguns, o Japão iniciou um processo de

transformação – a Restauração Meiji (1868) – inserindo o país no mundo

moderno. As mudanças econômicas e políticas ocasionaram tensões

sociais internas por conta da escassez de terras e do endividamento dos

trabalhadores rurais. Assim, o projeto de emigração de trabalhadores

japoneses para outros países teve como objetivo aliviar tais tensões e

foi altamente promovido pelo governo.

A opção pelo Brasil começou quando os Estados Unidos e a Europa

limitaram a entrada dos japoneses. O fluxo migratório se concentra

entre 1904-1940, quando cerca de 150.000 japoneses iniciam sua

aventura brasileira. Na década de 1950, o Brasil recebe ainda outros

35.000 japoneses. O estado de São Paulo foi o destino de quase 80%

deste contingente de trabalhadores, que contribuíram muito para a sua

riqueza e prosperidade.

Kobe, a porta de saída para os nikkies, pode ser a porta de entrada

para os nisseis – seus descendentes – iniciarem o caminho de origem

em terras japonesas. Capital da província de Hyogo, é importante

centro econômico e um dos maiores portos do Japão e do mundo, de

onde saiu o primeiro navio – o Kasato Maru – com 802 imigrantes, com

destino ao Brasil, em 1908. Localizada na região de Kinki, é parte da

área metropolitana de Keihanshin, também muito conhecida por seu

próspero entorno, cuja paisagem é realçada pelo Monte Rokko, e está

aproximadamente a três horas de Tóquio, pelo “trem-bala”. Kobe foi

uma das primeiras cidades a abrir o comércio com o Ocidente, no final

do século XIX, e desde então é conhecida como uma cidade portuária

associada ao cosmopolitismo e à moda, com atmosfera exótica para os

padrões japoneses, sintetizada na frase “se você não pode ir a Paris, vá

a Kobe”. Ali, a cada dois anos acontece o Kobe Fashion Week – a Kobe

Collection – importante evento de moda não só para os japoneses como

para os países da Ásia oriental. O estilo de Kobe é caracterizado pelas

roupas do dia a dia muito refinadas, nas cores neutras: azul marinho,

preto, branco e cinza, em contraste, por exemplo, com estilo popular

das meninas de Osaka. Outro evento importante da cidade é o Kobe

Jazz Festival. A história da cidade está intimamente ligada ao Templo de

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T U R I S M O

Pôr do sol na baía de Kobe. Noite em Kobe

76 REVISTA OUTUBRO 2010 77 REVISTA OUTUBRO 2010

Ikuta, e seu nome deriva de “kanbe”, o nome arcaico das famílias que

mantinham o santuário que, curiosamente, está plantado no meio da

área comercial do distrito de Sannomiya. Talvez por essa proximidade,

os jovens japoneses o elegeram como um templo para os pedidos e

promessas amorosas. Os noves bairros ou regiões administrativas que

compõem a cidade oferecem o que se ver e visitar. Em Nishi-ku está a

Universidade Kobe Gakuin e de lá se vê a cidade de Akashi; na área mais

extensa, Kita-ku, os escarpados montes Rokko e Maya são conhecidos

pelas trilhas de caminhadas e pelas águas termais quentes do resort

de Arima; no subúrbio, Tarumi-ku é uma elegante e tranquila área

residencial, onde começa a maior ponte suspensa do mundo, Akashi

Kaikyo, que liga esta zona à ilha de Awaji, ao sul; no verão tem a praia

de Suma, em Suma-ku; o Templo de Nagata, em Nagata-ku. Em várias

épocas conhecida como Ancoradouro Owada ou Porto Hyogo, Hyogo-ku

é coração histórico da cidade; o centro comercial e de entretenimento de

Kobe fica em Chuo-ku, que significa literalmente centro. Suas principais

zonas de entretenimento são: Sannomiya – eixo de transporte –,

Motomachi, antigo downtown, adjacente à Nankinmachi ou Chinatown,

e a Kyu-kyoryuchi, com restaurantes e cafés em construções do século

XIX; e Harborland, uma área de shopping construída na antiga praça

de frente à estação de Minatogawa Kamotsu, com grandes lojas,

excelentes restaurantes, muitos hotéis, de fácil acesso por trem, metrô,

ou barco, o paraíso dos pedestres. Na zona portuária está o Meriken

Park com sua Torre do Porto, que oferece uma vista espetacular da

baía e dos arredores, o Museu Marítimo e o memorial aos mortos do

grande terremoto de Hanshin (1995); o monumento dedicado aos

emigrantes – Kibou No Funade –, e o Museu Municipal de

Hyogo, um moderníssimo museu, aberto em 2004, com

coleções de esculturas e gravuras de artistas estrangeiros

e japoneses, que pretende ser um amuseum, onde não só

se aprecia as artes plásticas, mas também se encoraja as

trocas com as outras expressões artísticas como a música,

o teatro, o cinemas, e realiza uma variedade enorme de

eventos culturais. Conhecida pelo seu sakê, Nada-ku abriga

o Oji Zoo e a Universidade de Kobe. Rokko, a segunda maior

ilha artificial de Higashinada-ku, hospeda hotéis, espaços

para esporte e convenções, mercados, parques aquáticos,

edifícios de apartamentos com vista para o mar e o Museu

da Moda. Kobo ainda tem o atrativo de ser uma cidade que,

por pressão de seus cidadãos, conseguiu, em 1975, impedir

que barcos carregados com armas nucleares circulassem

pelo seu porto. Para completar o roteiro de memórias, a

10 minutos de táxi do parque Meriken, em uma colina, fica

a antiga Hospedaria Nacional dos Emigrantes Ultramarinos

de Kobe, fundada em 1928, que alojava os emigrantes,

dias antes de embarcarem para o Brasil, e onde recebiam

seus passaportes, aulas sobre a cultura brasileira, além de

aprenderem um pouco de português. Tendo resistido ao

grande terremoto de 1995 que arruinou Kobe, a antiga

Hospedaria foi alvo de um movimento dos nikkeis e nisseis

do Brasil para a preservação da construção. Rebatizado de

Museu da Emigração e Centro de Intercâmbio Cultural Kobe,

a antiga hospedaria é um museu com exposições de fotos

e objetos relacionados ao Brasil – e abriga ainda a sede da

Comunidade Brasileira Kansai (CBK), que ensina português

aos filhos dos sanseis.

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T U R I S M O

Rio Douro em Portugal

78 REVISTA OUTUBRO 2010

DE VOLTA À TERRINHA

Eugénia Melo e Castro dá uma receita de Lisboa

Recém-condecorada pela Academie de Arts Sciences et Lettres da

França, a cantora portuguesa Eugénia Melo e Castro comemora, em

2010, três décadas vividas (e trabalhadas) entre Brasil e Portugal,

em constante viagem musical e pessoal recheada de parcerias com

muitos brasileiros. Atualmente morando em Lisboa, em dezembro

virá ao Brasil homenagear Dorival Caymmi em uma série de shows.

Para ela, antes de mais nada, é uma boa ideia navegar no www.

avidaebela.com (um site para encontrar todos os tipos de aventuras

em Portugal, desde passeios de balão, escaladas, presentes-surpresa,

turismo original, spas, cruzeiros no Rio Douro ou no Alqueva). Outras

sugestões práticas de Eugênia: para se hospedar, o Hotel Hermitage

Liberdade e o Hotel do Bairro Alto; ir à La Vie en Rose Flores / Loja

Gourmet, ao restaurante Tavares Rico (com o chef português mais

premiado, José Avillez), à Galeria Luis Serpa, à Happy Days, loja de

sapatos irreverentes, com decoração rétro, no Bairro Alto. E não deixar

de ir ao lugar mais cool e trendy da cidade, o Silk Club: a melhor vista

e noite de Lisboa na zona histórica Alfacinha, é sofisticado, moderno

e exclusivo. Aberto há dois anos, no último andar de um antigo centro

comercial do Chiado, tem paredes de vidro, uma zona chill out e pista

de dança. No repertório, jazz&blues ao vivo às quartas. Entre quinta

a sábado, house vocal com incursões pelos anos 1980 e sucessos

recentes. Fora de Lisboa, “visite a loja e o museu Bordallo Pinheiro,

nas Caldas da Rainha, é imperdível! E também a Aldeia da Luz e o

Museu da Luz no Alqueva (Alentejo)”.

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V E R N I S S A G E

ma super mostra de fotografias e o lançamento de um livro, com os trabalhos de quatro profissionais brasileiros da área, está

festejando o lançamento do Marquise, no bairro do Ibirapuera, empreendimento da Yuny e R. Yazbek. O edifício resgata as

linhas arquitetônicas e os espaços internos criados para as habitações na glamorosa década dos anos 60, em São Paulo, e agora

adaptados às necessidades e à estética da vida moderna. As redondezas do Marquise – o Parque do Ibirapuera, a Rua Curitiba,

os Jardins e até a Av. Paulista –, foram captadas pelas lentes sensíveis de Cássio Vasconcellos, Daniel Klajmic, Kadu Niemeyer e

Renato Elkis. Através dos ensaios fotográficos, onde se misturam a arquitetura paulistana da época e os cortes de imagens valorizando as linhas

rétro, o público revisita os recantos e as perspectivas das imediações do Marquise, batizado assim em homenagem à famosa marquise do

próprio parque, uma das joias esculturais do arquiteto no Ibirapuera. E ainda: será publicado um livro com textos poéticos e os ensaios desses

fotógrafos, relatando e relembrando a História e as histórias curiosas da cidade.

Renato Elkis, Daniel Klajmic, Kadu Niemeyer e Cássio Vasconcellos: Ensaios fotográficos grifados lançam Marquise Ibirapuera.

NO PARQUE

UMPASSEIO

80 REVISTA OUTUBRO 2010

U

POR LÉA MARIA AARÃO REIS

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V E R N I S S A G E

OS FOTÓGRAFOS E SUAS LENTES

Cássio Vasconcellos, nascido e criado no bairro do Brooklin,

em São Paulo, um dos integrantes do famoso grupo Blink,

já expôs em 20 países, ganhando o prêmio de melhor

exposição, em 2002 com a série de trabalhos Noturnos

SP. Neste ensaio ele foi percorrendo, a pé, o parque, as

ruas, praças e avenidas ao entorno do Marquise, clicando

as grandes e copadas árvores que quebram a “dureza

da paisagem”, como observa. Cássio gosta de fotografar

paisagens urbanas e procura sempre transformar a

realidade através da foto. “O meu caminho é onírico”,

diz ele, “e por isso o resultado é o do fantástico”. Andar

pela cidade de São Paulo e tentar conhecê-la melhor para

compreendê-la é o objetivo habitual de Cássio, como

método de trabalho.

82 REVISTA OUTUBRO 2010 83 REVISTA OUTUBRO 2010

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V E R N I S S A G E

Já o fotógrafo Daniel Klajmic, no seu ensaio, utilizou uma modelo para recriar a atmosfera sessentista. “Usei lentes,

figurinos da roupa e ângulos das imagens, tudo bem característico daquele período,” diz Daniel que, nesse trabalho para

o Marquise, seguiu o grafismo da arquitetura com o movimento também gráfico, “porém mais orgânico” da modelo.

Carioca, Klajmic foi assistente do célebre fotógrafo Luis Garrido, no Rio de Janeiro. Viveu e trabalhou em Nova York e Paris

e, bem jovem ainda, participou da Coleção Pirelli do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Daniel foi o único brasileiro

a expor suas fotos na mostra New Photographers 2006, da Getty Images, no Festival de Cannes. Hoje publica fotos nas

principais revistas europeias e americanas – I.D., Sunday Times, Visionaire, Vogue, Elle e Tattler, entre outras, e fotografa

para inúmeras campanhas de publicidade.

84 REVISTA OUTUBRO 2010 85 REVISTA OUTUBRO 2010

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V E R N I S S A G E

Assim como Klajmic, o fotógrafo Kadu Niemeyer, neto do arquiteto Oscar Niemeyer, com quem

aprendeu a fotografar ainda menino, também é nascido no Rio. Viveu em Brasília em 1970 e 71, na

companhia da mãe e do avô, com quem mantém uma relação afetiva forte. Apaixonado pela Capital

Federal, ele costuma dizer, com orgulho, que é “quase um candango”. Em São Paulo, Kadu gosta de

fotografar o Ibirapuera e o Memorial da América Latina – não se cansa de registrar os trabalhos de

Oscar. “Atualmente, estou realizando um trabalho batizado de Fachadas, no qual o edifício Copan

se destaca”, diz ele. “Mas fotografar o Ibirapuera tem gosto especial. Representa

um retorno aos anos 60. E lá encontramos paz na natureza. As pessoas passeando

mudam a imagem a cada momento e é onde relembramos a arquitetura que tanto

projetou o parque no mundo”. Para Kadu, “é uma emoção renovada fotografar

projetos do meu avô nos quais surge sempre uma novidade: um ângulo ou uma luz

diferente; e é como se os visse pela primeira vez”.

86 REVISTA OUTUBRO 2010 87 REVISTA OUTUBRO 2010

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V E R N I S S A G E

Renato Elkis completa, com brilho, o quarteto de fotógrafos do Marquise Ibirapuera. Renato é graduado

pela Brooks Institute of Photographers, da Califórnia, e há 20 anos trabalha com agências de publicidade

e com os melhores arquitetos e decoradores brasileiros. “Gosto de captar fragmentos de luzes e sombras,

de formas e movimentos, contrastes e saturação das fotos”, diz Elkis que usa, em fine arts, o requinte

dos pigmentos minerais e do papel de algodão. Registrar o Ibirapuera, para Renato, é apreender uma

“linguagem simples e pura”, como costuma dizer Oscar Niemeyer. “Adoro captar os reflexos do parque nos

vidros das janelas do prédio da Bienal”, comenta, “e as suas formas geométricas e orgânicas bem definida”.

Mas Renato ressalta que gostou, especialmente, de registrar um contraste, no edifício do Marquise: “Sua

forma também orgânica em contraste com as colunas. É muito interessante!”.

88 REVISTA OUTUBRO 2010

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airro que mais rapidamente se atualiza em São Paulo,

sem perder suas características básicas de zona

residencial e comercial – por isso tão dinâmica em sua

(re)construção –, Pinheiros acaba de ganhar a estação

de metrô Faria Lima, primeira entre as outras duas

anunciadas para a região, a Fradique Coutinho e a Pinheiros, previstas

para inauguração nos próximos anos. Quem circula por lá, hoje, vê

os novos prédios crescerem ao mesmo tempo em que surgem

incessantemente, a cada semana, ainda mais atrações culturais e

gastronômicas, entre outras, que vão dos shows e baladas roqueiras

aos simpáticos botecos das esquinas, das antiguidades aos móveis

contemporâneos, da moda básica ao luxo, do artesanal das feirinhas

aos carros importados.

Se por um lado o início da última década viu ali nascer o imponente e

moderno prédio que abriga o Instituto Tomie Ohtake, e a implantação

da grande livraria de origem francesa FNAC, a contemporaneidade

aportou agora em Pinheiros definitivamente (acompanhe, com

atenção, a revitalização total do anteriormente degradado Largo da

Batata): é expressivo o número de galerias de arte recém-instaladas,

e de bistrôs e padarias que chegam com saboroso jeito francês, por

exemplo. Estes vêm se unir à grande oferta de bares e restaurantes com

especialidades dos mais diversos estados – vide o carioquíssimo Pirajá

e os lugares de comida típica baiana, nordestina e capixaba – e países,

como os bons japoneses, chineses, mexicanos e até sul americanos,

como um chileno e um peruano, além dos tradicionais portugueses,

E S T I L O Y U N Y I I

No “novo” bairro de Pinheiros, escritórios cult ganham espaço.

BOUTIQUE OFFICESCONCEITO:

aqueles que já existiam na região, ao lado de pizzarias, grills e outras

regionalidades que só existem mesmo em Pinheiros, que assim se

globaliza. Vida noturna também tem – do pequeno e sofisticado Bar

Secreto ao eclético Estúdio Emme, um complexo que abriga teatro,

loja, casa de shows e balada. Some a tudo isso a proximidade de dois

shopping centers, o Iguatemi e o Eldorado, também revitalizado em

seu mix de lojas e inúmeros serviços, e eis o novo perfil de uma grande

área bem localizada, tanto para a moradia quanto para o trabalho, em

função de tudo o que oferece, e das facilidades de circulação e acesso

aos demais bairros da cidade.

Neste clima, com sofisticação em cada detalhe, a Yuny oferece ao

mercado um empreendimento diferente, o Boutique Offices, “uma

união de referências de moda, design e cultura em um projeto

arquitetônico único”, como se anuncia em sua campanha de lançamento

– “uma identidade contemporânea criada a partir do melhor espírito

cosmopolita, o de reunir o melhor para você e sua empresa em um

só lugar”. Bem no coração de Pinheiros, na esquina das ruas Artur de

Azevedo e Pedroso de Moraes, o Boutique Offices está próximo ao

Largo da Batata, que em breve ganha um shopping center. Pensado

detalhe por detalhe para ser único, ele se destaca por sua sofisticação,

com arquitetura contemporânea, design inovador, espaços do tamanho

ideal e elevadores panorâmicos. Por ter tudo o que é preciso à sua

volta, é um empreendimento sem igual na região, o que resulta em

um alto potencial de valorização, e leva ao seu escritório um conceito

e um prestígio nunca antes explorados neste segmento.

B

90 REVISTA OUTUBRO 2010 91 REVISTA OUTUBRO 2010

Fotomontagem da perspectiva artística da Fachada

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N O T A S Y U N Y

92 REVISTA OUTUBRO 2010 93 REVISTA OUTUBRO 2010

m dos principais diferenciais da Atua Construtora é

a localização dos seus empreendimentos”, diz Hugo

Louro, arquiteto, urbanista e gerente responsável pelo

Departamento de Incorporações da jovem empresa

com mais de três mil unidades comercializadas

na região metropolitana em São Paulo, além de outros

empreendimentos localizados nas proximidades de

estações de metrô e de vias arteriais importantes da

cidade – o que facilita a locomoção dos clientes. Outro

objetivo da Atua o braço econômico da Yuny Incorporadora,

observa Hugo Louro, é proporcionar facilidade de acesso

aos aparelhos urbanos, como shoppings centers e edifícios

institucionais. Deste modo, segundo ele, estão garantidas

a qualidade de vida para os compradores dos imóveis e

a valorização para os investidores. “Isto demonstra”, ele

lembra, “a preocupação da Atua em relação a todos os

detalhes dos produtos comercializados. Sem dúvida, a

localização de um imóvel, atualmente, é item fundamental

no processo de concepção do negócio”.

Para Louro, que é pós-graduado em Negócios

Imobiliários pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é difícil

destacar, especificamente, uma região de São Paulo na

qual a efervescência imobiliária, verificada atualmente,

seja mais significativa. “Toda a cidade se encontra

no ápice de sua produtividade se considerarmos a

história e a vocação de cada bairro”, diz ele,” mas no

nosso segmento, em função de áreas disponíveis e

da demanda reprimida de clientes, podemos assinalar

a Zona Leste da cidade como aquela que se encontra

em grande movimentação”. Para ele, o que a mídia

chamou de “crise”, ano passado, não passou de uma

acomodação de mercado. Segundo ele, isso é natural

nos setores em franca expansão. “E não julgamos que

todo esse sucesso, na nossa atividade, seja apenas

uma ‘bolha’, mas uma valorização importante do bem

imóvel e do lastro garantidor que ele representa. Assim,

acreditamos que a atual movimentação seja sustentável,

sólida, real e crescente”.

Desde o primeiro lançamento da Atua, em 2007, considerada

um exemplo positivo no seu mercado, um novo empreendimento é

anunciado a cada sessenta dias. Mas a meta da empresa, a partir do

próximo semestre, é a de colocar na rua um lançamento de trinta

em trinta dias. Para o seu gerente de Incorporações, a Atua e a Yuny,

juntas, são empresas que acreditam e, principalmente, constroem uma

nova São Paulo. “E um dos pilares do nosso processo – a inteligência

construtiva – é utilizar uma técnica construtiva para atingir seu melhor

aproveitamento estrutural, usufruir de suas vantagens arquitetônicas,

criar economia na obra para repassá-la aos clientes e desenvolver a

sua gestão de modo a gerar menor quantidade de resíduos, o que

motiva uma economia ainda maior e contribui para diminuir o impacto

da ação do homem no planeta”.

Em sua opinião, e dentro desse quadro, a forte e importante

parceria da Atua Construtora com a Caixa Econômica Federal

perdurará. “Trata-se de um trabalho conjunto que vem rendendo

bons frutos. Somos agentes complementares de uma história de

sucesso. E, como se costuma dizer: em time que está ganhando não

se mexe”. A previsão de Louro para vencer o déficit de habitação,

no Brasil, é impossível mensurar. “Mas garantimos que a Atua está

fazendo a sua parte”. Já a sua ação no Minha Casa Minha Vida significa

800 unidades comercializadas nos últimos meses, e enquadradas

nesse programa 450 delas estão localizadas no centro expandido de

São Paulo. “E mais: estamos prospectando outras 5.000 unidades

também enquadradas nesse programa para os próximos doze meses.

E mais de 600 unidades com previsão para serem lançadas ainda

neste semestre”. Como exemplo de lançamentos de grande sucesso,

Hugo Louro destaca o Atua Mooca II. “São 232 unidades incluídas no

programa Minha Casa Minha Vida, localizadas a 120 metros da rua da

Mooca. Vendemos todas as unidades em pouco menos de 8 horas! O

nosso histórico de sucessos recorrentes existe graças à competência

de uma excelente equipe – do pessoal do departamento de Novos

Negócios, passando pelas áreas de Produtos, Aprovações, Jurídico,

Financeiro, Engenharia e, enfim, Incorporações”.

Boa localização dos imóveis e transporte fácil são itens fundamentais.

LANÇAMENTOS ESTRATÉGICOS

“UPerspectivas artísticas das fachadas

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E S T I L O D E V I D A

96 REVISTA OUTUBRO 2010

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