Revistas Suínos

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Edição 39 da revista

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Atendendo a tantas necessidades,com certeza esta é a solução

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Editorial

Falar de Recursos Humanos é fundamental em qualquer segmento da economia, da indústria ao comércio, do campo à cidade. Em todas elas, as pessoas qualificadas fazem a diferen-ça e podem explicar o sucesso ou o fracasso de uma organiza-ção. Na suinocultura, a situação se repete, e essa foi a razão para tratarmos do tema em nossa entrevista, para que o leitor acompanhe um pouco a trajetória desta área, que a cada dia assume maior importância em todo o segmento da suinocul-tura. O assunto também foi abordado de maneira clara no artigo sobre como formar equipe de alto desempenho.

Ainda nesta edição, a Suínos&Cia também trata a área de nutrição de forma clara e consciente, mostrando as limitações para a eficiência da utilização de aminoácidos no crescimento e no sistema imune do suíno.

Prevenir sempre foi e será a melhor estratégia para diminuir os riscos de introduzir agentes causadores de doenças nas unidades de produção suína. Confira as di-cas de manejo, que certamente lhe ajudarão a preservar seu maior tesouro: a saúde do plantel. Complementa-mos esta edição com o Jogo Rápido, que lhe colocará o quanto eficiente encontra-se seu sistema no que se refere à proteção e preservação da saúde animal.

Na área de sanidade, iniciamos uma nova era de atualização da informação por meio de um con-vênio com a Universidade de Minnesota, que a cada edição abordará temas atuais referentes à saúde su-ína. Neste número de Suínos&Cia, o primeiro tema será atualização e perspectivas no diagnóstico e controle da influenza suína.

Aproveite para completar sua preciosa lei-tura com o sumário de pesquisa, que sempre traz informações complementares capazes de atuali-zar seus conhecimentos e colocá-los em prática, unido a linha de pesquisa ao dia a dia do campo. Confira a seção Divirta-se e aprenda por meio do Teste seus Conhecimentos, Jogo Rápido e Dicas de Manejo.

Finalmente, aprecie esta edição com temas atuais, que têm como objetivo atualizar seus co-nhecimentos de forma prática, científica e diver-tida.

Boa leitura!

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Índice

6 EntrevistaJuan Jose Maqueda Acosta

12 NutriçãoLimitações para a Eficiência da Utilização de Aminoácidos para o Crescimento e Sistema Imune dos Suínos

24 SanidadeAtualização e futuras perspectivas no diagnóstico e controle da influenza suína no Brasil

29 Recursos HumanosEspecialização dos Recursos Humanos na Suinocultura

34 Revisão TécnicaDisenteria e ileíte: momento exato para tentar decifrar a difícil ciência por trás dessas doenças

Resumo da 42ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV)

50 Recursos HumanosO Caso Pulga!

52 Sumários de Pesquisa56 Dicas de Manejo60 Jogo Rápido62 Informe Publicitário

Saúde suinícola Phibro

Chr. Hansen ganha mais um reforço para o time de Saúde & Nutrição Animal

Poli Nutri inaugura nova unidade em Santa Catarina

64 Divirta-seEncontre as palavras

Relacione as palavras

Jogo dos 7 erros

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Revista Técnica da Suinocultura

A Revista Suínos&Cia é destinada a médicos-veterinários, zootecnistas,

produtores e demais profissionais que atuam na área de suinocultura. Contém artigos técnico-científicos e editorias

instrutivas, apresentados por especialistas do Brasil e do mundo.

Editora TécnicaMaria Nazaré Lisboa

CRMV-SP 03906

Consultoria TécnicaAdriana Cássia Pereira

CRMV - SP 18.577Edison de AlmeidaCRMV - SP 3045

Jornalista ResponsávelPaulo Viarti

MTB.: 26.493

Projeto Gráfico e EditoraçãoT2D Comunicaçã[email protected]

IlustraçõesRoque de Ávila Júnior

Departamento CormercialKellilucy da Silva

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Atendimento ao ClienteAdriana Cássia Pereira

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Assinaturas AnuaisBrasil: R$ 120,00

Exterior: R$ 160,00Liria Santos

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ImpressãoGráfica Silva Marts

Administração, Redação e Publicação

Rua Felipe dos Santos, 50Jardim Guanabara

CEP 13073-270 - Campinas - SPTels.: (19) 3243-8868 / 3241-6259

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A reprodução parcial ou total de reportagens e artigos será permitida apenas com a autorização por escrito dos editores.

Expediente

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O valor das pessoas na suinocultura

Para Juan Jose Maqueda Acosta, a qualificação profissional através da educação continuada é

fundamental para se obter sucesso

Suínos &Cia - Na atualidade, a suinocultura tem abordado de forma diferente a área de Gestão de Recursos humanos. Quais são as principais dificuldades a serem enfrentadas nesta área?

JM - Na maioria das vezes o principal problema é a alta rotatividade. A dificuldade para contratar novos colabora-dores que gostem e estejam dispostos a este tipo de tra-balho tem sido, cada dia, mais difícil. Atualmente, e em um futuro próximo, existem e existirão mais oportunida-des de trabalho em diferentes áreas, já que a economia encontra-se crescente nos países emergentes. Sem dúvida, temos que selecionar, contratar e motivar pessoas em um plano empresarial. A gestão profissional nas granjas de forma especial é a área de Recursos Humanos, capaz de contribuir com os resultados de forma positiva e dura-doura, necessitando, assim, da ajuda e colaboração de profissionais especializados, como psicólogos industriais, assistentes sociais e líderes gestores capazes de assistirem e cuidarem dessa área com a devida importância que ela merece.

Suínos &Cia - Visando à especialização de profissionais que lidam com suínos, como tem sido abordada e implantada a educação continuada para aqueles que trabalham na área de produção e qual seria a melhor estratégia?

Juan Jose Maqueda Acosta

Médico-veterinário e zootecnista formado em 1969 pela Faculdade de Medi-cina Veterinária e Zootecnia da Universi-dade Nacional Autônoma do México, Juan Jose Maqueda Acosta é considerado um excelente professor, carreira na qual atuou por 15 anos. Dedicado à produção e sani-dade, trabalhou em diversas granjas de suí-nos como clínico e, atualmente, é consultor em suinocultura na área de treinamento em recursos humanos. Desde 1988 capacita profissionais em organização, supervisão, liderança, motivação e operação.

Com 40 anos de experiência em sui-nocultura, Acosta acredita que a internet facilitou a educação continuada e aposta nas pessoas como o grande diferencial de qualquer segmento profissional. Para ele, a mão de obra é fundamental para se atingir o sucesso. Nesta entrevista, Dr. Maqueda relata sobre a importância de reter talentos, motivá-los capacitá-los e permitir cresci-mento profissional (plano de carreira).

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Entrevista

Suínos&Cia Ano VII - nº 39/2011

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JM - Atualmente, a internet permite obter constantemente atualização através de grande quantidade de informações, no entanto necessita ter cautela na qualidade da informação, para escolher o que pode ser creditado e aplicado. Necessita ser criterioso para uma análise da fonte, do autor, credibilidade e tudo que possa real-mente gerar qualidade da informação a ser multiplicada. Congressos, simpósios, revis-tas, artigos técnicos e todas essas vias de informações estão presentes no dia a dia, sendo importantes vias de conhecimento e atualização. Porém, o mais tradicional será a formação continuada por meio de cursos diplomados ou especialidades outorgadas por universidades e outras instituições de prestígios.

Suínos &Cia - Dedicando parte do seu tempo profissional à capacitação e especialização de pessoas, cujo objetivo é formar talen-tos e colaboradores na suinocultura, o que realmente mudou em relação à gestão de Recursos Humanos na última década e qual sua visão para os próximos anos nesta área?

JM - Hoje, a suinocultura faz parte de uma cadeia altamente empresarial, deixou de ser uma simples criação de animais. Quando a fragmenta se depara com as áreas finan-ceira e tecnológica aliadas aos avanços que são muito frequentes e rápidos, produzindo carnes não apenas suínos. Sendo necessá-rio o máximo de eficiencia e menor custo. Muitas empresas adotam a automatzação para otimizar os diferentes segmentos da

produção. Porém, os animais são seres vivos que estão confinados e dependem da atenção, já que se tem total dependencia de pessoas para viver e, muito mais, para ser eficientes. Água, alimento, temperatura ambiental, prevenção e controle de doen-ças são itens que viabilizam e mantêm o negócio da suinocultura. Sendo assim, é indispensável colocar muito mais aten-ção na área de Recursos Humanos: sele-ção, organização, capacitação, motivação, supervisão, formação de equipes de traba-lho, liderança, remuneração, motivação e estabilidade são chaves para o sucesso de uma equipe produtiva e estabilizada.

Suínos &Cia - Por muito tempo se tenta ou se tentou substituir a mão de obra por máqui-nas e equipamentos, porém, à medida que o sistema se sofistica, mais pessoas espe-cializadas são requeridas. Qual sua opinião sobre o assunto, onde estamos e para aonde vamos?

JM - Definitivamente, recomendo a auto-matização em três áreas: limpeza, alimen-tação e controle de temperaturas ambien-tais, nessa ordem de prioridade, reduzindo pessoal e os concentrando em atividades que não se podem automatizar, como na determinação do momento do cio, insemi-nação, parto e vacinações. Esses itens são prioridades e necessitam de capacitação constantemente.

Suínos &Cia - Como vê a atual remunera-ção e os incentivos existentes em muitas empresas para motivar pessoas que atuam na área de produção? Acredita que possa ser uma boa estratégia?

JM - A remuneração é muito importante e deve ser condizente à região e aos níveis de responsabilidades; em muitas ocasiões, até um pouco acima de outras fontes de trabalho regionais. Nem sempre o dinheiro é tudo, às vezes é preferível ficar em um ambiente agradável que ganhar mais em outro; em outras é preferível buscar novas oportunidades. Quanto a incentivos sobre a produção, é necessário analisar se real-mente existe certo esforço adicional nos resultados em relação às vendas, neste caso leva-se em consideração a rela-ção custo/benefício. Porém, se a empresa remunera bem e mantém seus colaborado-

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Entrevista

Suínos&CiaAno VII - nº 39/2011

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res conscientizados e comprometidos com seu papel, fazendo tudo o que se tem de fazer para atingir suas metas, sem dúvida, a relação é favorável e positiva. É preciso que estas metas sejam simples de entender, facilmente medidas e desafiadoras, porém alcançáveis. Devem ser claras e conferidas a cada período determinado. Por exemplo, para o pessoal de operação recomenda-se uma análise mensal; já para a área para gerencial, semestral ou anual, com bônus de produtividade ou participação nos lucros. Finalmente, é preciso sempre avaliar e revi-sar a relação custo/benefício e ajustá-la dependendo de cada situação. Devem-se evitar cópias e fórmulas de remuneração

de determinadas empresas, pois cada uma tem uma realidade diferente. Caso contrá-rio, pode haver muitos conflitos, descon-tentamentos e desmotivação.

Suínos &Cia - Existem necessidades de grandes líderes para a gestão dos diferen-tes segmentos da suinocultura. Falando em liderança, podem-se criar bons líderes ou essa característica já nasce com eles?

JM - Pode-se desenvolver líderes por meio da educação, valores, direcionamento, escolaridade, meio ambiente, fracassos, sucessos, visão, mente positiva, atitude proativa, família, amigos. Algumas carac-

terísticas hereditárias podem ajudam, mas a maioria dos líderes é formada.

Suínos &Cia - Qual a sua visão de carga horária na suinocultura? Tem sido uma boa estratégia administrar dois ou mais turnos no sistema de produção suína?

JM - Como mencionei anteriormente, auto-matizar limpeza, alimentação e controle da temperatura ambiente é uma boa estraté-gia, aproveitando a tecnologia e o manejo e concentrando as pessoas nas atividades que requerem mais a atenção, como no caso das inseminações, partos, vacinações, observação dos animais, tratamentos indi-viduais. Mas é sempre bom lembrar que são seres humanos, e não máquinas. Já o com-partilhamento de responsabilidades por duas pessoas, em dois turnos, não é uma boa ideia.

Suínos &Cia - Conhecendo o quanto é difí-cil manter o trabalho de fim de semana e o quanto a produção necessita de mão de obra para gerar resultados satisfatórios, como tem administrado este tipo de pro-blema?

JM - É necessário contar com pessoas nos finais de semana, chegando a acordos, como nos hospitais, clínicas, restaurantes e lojas. E muitas empresas trabalham todos os dias da semana. Uma forma pode ser a rotatividade de pessoas. Se elas estiverem conscientes de suas responsabilidades e comprometidas com os objetivos da equipe e da empresa, vão colaborar.

Suínos &Cia - Quais os pontos fundamen-tais para manter pessoas trabalhando em equipe e sempre motivadas?

JM - Para simplificar, poderia mencionar dois pontos: Pirâmide de Maslow e lide-rança positiva; surpreendentemente não é difícil, tudo ao contrário é muito fácil.

Suínos &Cia - Qual sua recomendação sobre plano de carreira nos diferentes segmentos de produção de suínos?

JM - A indústria precisa de pessoas qua-lificadas, com conhecimentos e experiên-cias em sistemas de produção modernos e com abertura às tecnologias do futuro. Elas são e seguirão sendo muito valiosas e bem remuneradas. Os proprietários e diretores das empresas têm o conhecimento muito claro destas pessoas que fazem parte da equipe, seja técnico, profissional de recur-sos humanos, administração ou marketing, diretor ou qualquer outro trabalhador.

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Entrevista

Suínos&Cia Ano VII - nº 39/2011

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Suínos &Cia - A cada dia observam-se dificuldades de aquisição de mão de obra para a suinocultura. O que precisa mudar ou adequar na atividade para atrair novos colaboradores?

JM - Em algumas ocasiões a percepção que nós temos é que o trabalho com suínos é sujo, de baixo nível social, mal remunerado, sem motivação e com um estilo geren-cial autocrático. Primeiramente é preciso mudar esta imagem, sobretudo a limpeza e o sistema de alimentação. Deve-se propor-cionar roupas de uso exclusivo para o tra-balho na granja, ter vestiários com banho e refeitório para que o ambiente de traba-lho seja limpo, agradável e seguro para os

funcionários e oferecer e apoiar o trans-porte até o local do trabalho. É importante selecionar pessoal preferencialmente de origem rural, acostumado a conviver com animais; oferecer um ambiente de trabalho adequado e capacitação constante, com acompanhamento do encarregado do sis-tema do início ao fim; trabalhar com dis-posição de chefe como facilitador; ter lide-rança positiva; saber trabalhar em equipe e ter conhecimento das metas e objetivos.

Suínos &Cia - Existe pouca disponibilidade de pessoas para serem contratadas na sui-nocultura. Como exercer a seleção quando a oferta é maior que a procura?

JM - Necessitamos desenvolver um pro-fissional para cada posição da granja que tenha um perfil mais próximo possível dos requerimentos exigidos. Pode ser uma pes-soa interna ou um novo funcionário.

Suínos &Cia - Quais os meios de comunica-ção que poderiam ser utilizados para atrair novos talentos a optarem pela suinocultura como atividade profissional?

JM - A internet é o meio mais utilizado, além das conversas entre amigos e cole-gas em congressos e simpósios, nos quais os almoços e os estandes se convertem em reais oportunidades para troca de conheci-mentos profissionais.

Suínos &Cia - Poucos veterinários se dedi-cam à gestão empresarial na suinocultura. Conhecendo sua trajetória, observa-se que boa parte do seu tempo de especializa-ção profissional esteve dedicada à área de recursos humanos. Quando e por que ocor-reu esse interesse?

JM - Depois de trabalhar muitos anos com suínos, descobri que estes são muito obe-dientes, comem, crescem, formam anti-corpos com as vacinas e se reproduzem. O problema está com as pessoas, que mui-tas vezes são ignorantes e demonstram desgosto pela atividade. Por isso tenho desenvolvido muito trabalho nas áreas de capacitação, organização, motivação e liderança.

Suínos &Cia - Poderia deixar uma men-sagem motivacional para a suinocultura preservar seus talento e os caminhos para atrair novos colaboradores?

JM - Primeiramente deve-se gostar da atividade, isto dá entusiasmo, interesse e vontade de saber sempre mais. Depois é preciso gostar de desafios constantes, pois esta atividade não é rotineira. Quem assim a vê, fica estagnado e não cresce. A lei da gravidade atua, caindo os níveis profissional, econômico, pessoal, familiar e social. Por fim, é fundamental colocar paixão em tudo o que se faz. Isto te retroa-limenta positivamente, maximiza os suces-sos, minimiza os erros e permite encontrar novos caminhos, sempre te impulsionando a fazer mais. Isto não acontece somente na área da suinocultura, e sim em qualquer atividade da vida.

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Entrevista

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Nutrição

Suínos&Cia Ano VII - nº 39/2011

Introdução

A proteína é, quantitativamente, o nutriente de maior custo na produ-ção de suínos. O processo de con-

versão de proteína alimentar em proteína animal requer processos bioquímicos e fisiológicos complexos, no qual inclui a digestão, a absorção, o metabolismo (envolvendo microorganismos do sistema intestino-lúmen, o complexo esplênico e outros órgãos), e a regulação destes even-tos via caminhos sinalizadores múltiplos (Wu, 2009). Este processo reflete o quão dinâmico é a utilização de aminoácidos essenciais e não-essenciais (Figura 1). Exceto para o glutamato, glutamina e o aspartato, os aminoácidos da dieta são, primariamente, utilizados para a deposi-ção protéica nos suínos em crescimento (Wu et al. 2010). Entretanto, o conheci-mento da quantidade de aminoácidos uti-lizados para a síntese de substâncias não-protéicas pelo animal ainda permanece desconhecido. Estima-se que 10 a 40% dos aminoácidos essenciais e alguns não-essenciais (aspargina, cisteína, serina, e tirosina) entram na corrente sanguínea e são degradados pelos tecidos extra-intes-tinais (Wu et al., 2010).

Com os programas alimentares atuais, a eficiência da utilização de proteí-nas presentes na dieta para o crescimento animal é subótima. Por exemplo, leitões lactentes com 14 dias de idade e leitões com 30 dias de idade, ambos desmama-dos aos 21 dias, cerca de 70% e 55% dos aminoácidos da dieta são, respectiva-mente, depositados sob a forma de proteína corporal (Wu et al., 2010). Os aminoáci-dos restantes precisam ser redireciona-dos para a mantença do sistema imune e degradados sob a forma de CO2 (dióxido de carbônico), NO (óxido nítrico), CO

(monóxido de carbono), H2S (hidrogênio sulfídrico), CH4 (metano), H2O (água), NH3 (amônia), (NH2)2CO (ureia), NO3 (nitrato), e outros compostos metabólicos nitrogenados (Li et al., 2009). A excreção destes compostos via urina e fezes torna-se uma fonte de poluição ambiental.

A defesa dos suínos à agentes estranhos como; vírus, bactérias, protozo-ários e outros parasitas ocorre devido ao trabalho fundamental do sistema imunoló-gico dos animais. O equilíbrio entre a boa funcionalidade do sistema imune (imu-nocompetência) e os desafios de campo é o fator determinante para a saúde de um animal. Sempre que houver aumento da pressão de infecção ou a diminuição da capacidade imunológica em um indivíduo

ocorrerá o que caracterizamos como doença.

Suínos desafiados imunologi-camente são menos produtivos, e, além disso, aumentam os custos de produção por necessidade da utilização de medica-mentos e intervenções veterinárias. Por outro lado, sabe-se, também, que a ativa-ção do sistema imune demanda recursos orgânicos que podem comprometer o bom desempenho animal, isso porque, quando ativado, o sistema imune desvia parte de proteínas, vitaminas, energia e minerais para gerar a reação inflamatória e, assim diminuindo a disponibilidade destes para a deposição de proteínas. Assim, a nutri-ção está, diretamente, relacionada à capa-cidade dos suínos em apresentar resposta

Limitações para a Eficiência da Utilização de Aminoácidos para o Crescimento e Sistema Imune dos Suínos

Dr. Bruno A.N. Silva 1 Paulo H. R. F. Campos 2

Dra. Andrea Panzardi 3

1 Pesquisador e Nutricionista de SuínosIPG, Institute for Pig Genetics/ TOPIGS International – S&D, Holanda

2 Estudante MSc., UFV, Universidade – MG, Brasil3 Reprodução de Suínos e Suporte Técnico, TOPIGS do Brasil

[email protected]

Figura 1. Utilização da dinâmica de aminoácidos em suínos. A degradação deaminoácidos essenciais via inter-cooperação de órgãos resulta na síntese de aminoácidosnão-essenciais. Aminoácidos de cadeia longa (BCAA); D3PG, D-3-fosfoglicerato (umintermediário do metabolismo da glicose); HYP, hidroxiprolina. Síntese da serina a partirdo esqueleto de carbono (D3PG) requer aminoácidos (e.x. aspartato e glutamato) comodoadores do grupo amino (Wu, 2010).

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imunológica frente à situações de elevado desafio sanitário. Com isso, é necessário empregar níveis nutricionais que visem não só o máximo crescimento, mas que também propiciem o adequado funciona-mento do sistema imunológico.

A Interação entre nutrição e imu-nidade é, particularmente, importante para o desenvolvimento e produtividade animal (Tabela 1). A nutrição pode modu-lar quantitativamente e qualitativamente aspectos da resposta imune contra pató-genos. Respostas do sistema imune contra patógenos influencia a homeostase meta-bólica e necessidades nutricionais, entre-tanto, pouca atenção tem sido direcionada à eficiência da utilização deste mecanismo ou a sua significância prática.

Os dados da tabela acima indicam que a eficiência de absorção de aminoá-cidos pela mucosa intestinal é 2 vezes superior quando o suíno é mantido em um sistema livre de agentes patogênicos ao comparar com o sistema convencio-nal (Tabela 1). Sendo assim, uma melhor compreensão dos processos bioquímicos e fisiológicos que limitam a eficiência de utilização dos aminoácidos no suíno para um bom crescimento e funcionamento do sistema imune torna-se fundamental para um adequado retorno econômico da ativi-dade produtiva.

Limitações para a Eficiência da Utilização de Aminoácidos para o Crescimento

Efeitos da utilização de dietas desbalanceadas na relação proteína: carboidratos/ gorduras

Após a ingestão de grandes quan-tidades de proteínas, o intestino e o fígado utilizam a maior parte dos aminoácidos absorvidos. O glutamato e o aspartato são usados como fontes de energia pelo intes-tino, e muito pouco dessas duas substân-cias entram na veia porta (Colditz, 2002). O intestino também usa alguns outros aminoácidos. O fígado capta de 60 a 70% dos aminoácidos presentes na veia porta. Esses aminoácidos, em sua maior parte, são convertidos a glicose pela gliconeo-gênese. O aumento dos níveis de amino-ácidos obtidos pela dieta estimula o pân-creas a liberar glucagon em níveis acima daqueles obtidos no jejum, aumentando a captação dos aminoácidos pelo fígado e estimulando a gliconeogênese (Dan-dona et al., 2004). A liberação de insulina

também é estimulada, mas não próximo dos níveis encontrados após uma ingesta rica em carboidratos.

No geral, a liberação de insulina após uma alimentação rica em proteínas é suficientemente alta para permitir a capta-ção dos aminoácidos pelo músculo esque-lético e a síntese protéica, entretanto, a gliconeogênese no fígado não é inibida (Dandona et al., 2004). Quando se eleva os níveis de carboidratos na alimentação, há um aumento na relação insulina/glu-cagon, o que possibilita uma diminuição da gliconeogênese hepática a partir de aminácidos e um aumento na utilização desses aminoácidos para a síntese de pro-teínas como as proteínas plasmáticas.

A maior parte dos aminoácidos que entram na circulação periférica após uma dieta rica em proteínas são aqueles que não são utilizados, ou pouco utili-zados, pelo fígado, visto que este possui baixos níveis de transaminases para estes aminoácidos, e isso o impossibilita de oxidá-los de forma significativa, por isso eles entram na circulação sistêmica (Dan-dona et al., 2004). Esses aminoácidos são captados pelo músculo esquelético e outros tecidos, que os utilizam principal-mente para a síntese protéica (Baker et al., 1999).

Dietas com baixas quantidades de carboidratos e gorduras mantém os níveis de insulina baixos, como se o conteúdo energético do organismo estivesse dimi-nuído. Isso faz com que a secreção de glucagon pelo pâncreas esteja estimulada, diminuindo a relação insulina/glucagon (Husband e Bryden, 1996). Dessa forma, há uma mobilização das reservas energé-ticas do organismo, principalmente dos ácidos graxos provenientes dos adipócitos e sua oxidação por outros tecidos, o que contribui para a redução da quantidade de gordura corporal e, consequentemente, para a perda de peso e queda no desempe-nho produtivo (Elsasser et al., 2008).

Uso de Aminoácidos essencias (AAE) e não-essenciais (AANE) na produção de compostos nitrogenados não protéicos

Os aminoácidos são precusso-res essenciais para a síntese de diver-sas substâncias nitrogenadas de grande importância biológica. Algumas destas moléculas bioativas estão presentes na Tabela 2, representadas por neurotrans-missores (Ex. γ-aminobutirato, dopamina e serotonina), hormônios (e.x. epinefrina e noraepinefrina), vasodilatadores, gases sinalizadores (NO, CO e H2S), antioxi-dantes (glutationa, creatina, melatonina, melanina, e taurina), doadores metílicos, bem como fatores reguladores do meta-bolismo, crescimento, desenvolvimento, resposta imune, e saúde (Wu, 2009).

Grandes quantidades de glutamina e arginina são utilizados pelas células do sistema imune para a defesa do animal contra agentes infecciosos, particular-mente, em resposta a desafios imunoló-gicos, como, por exemplo, o consumo de 50% de glutamina livre e 50% de arginina livre no plasma com 1 h e 2,5 h, respec-tivamente (Li et. al., 2007). Em adição, 17% da arginina proveniente da dieta é utilizada para a síntese de creatina em lei-tões (Wu et al., 2004), e 25% da metionina dietética é utilizada por reações de metila-ção através da formação da S-adenosilme-tionina em leitões jovens (Brosnan et al., 2009). Estas transformações metabólicas são essenciais para a reprodução, saúde e sobrevivência do suíno.

Degradação de aminoácidos essenciais (AAE) da dieta para a síntese de aminoácidos não-essenciais (AANE) no intestino delgado

Estudos recentes têm revelado que tanto os AAE e AANE da dieta são extensivamente degradados no instetino

Tabela 1. Eficiência de utilização de aminoácidos de suínos em crescimento, criados em sistema de produção convencional ou em sistema livre de agentes patogênicos (Adaptado de Visek, 1978 e Gaskins, 2009)

VariáveisSistema de Produção

Convencional Livre de patógenos

Taxa metabólica basal, % 100 80

Taxa de renovação da mucosa, % 100 60 – 70

NH3 Cecal, % 100 10

NH3 Portal, % 100 25

Absorção de Aminoácidos, % 100 > 200

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Nutrição

Suínos&CiaAno VII - nº 39/2011

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delgado dos suínos (Wu, 1998; Stoll e Burrin, 2006). Além disso, resultados de estudos tem indicado que, aproxima-damente, todo o glutamato, aspartato, 67 a 70% de glutamina, e 30 a 40% de prolina na dieta enteral são catabolizados pelo intestino delgado dos suínos (Wu et al., 2010). A taxa de degradação do glutamato na dieta enteral pelo intestino delgado é a mais alta entre os aminoáci-dos, seguido pela glutamina, aspartato, e prolina. A presença da bactéria no lúmen do intestino delgado pode degradar estes aminoácidos (Bergen e Wu, 2009; Dai et al., 2010). Em adição, células absortivas do epitélio no trato intestinal do neonato (enterócitos) são capazes de catabolizar extensivamente o glutamato, aspartato, glutamina e prolina (Wu e Morris, 1998). Dados do fluxo portal e visceral líquido (intestinos, pâncreas, estômago, e baço) de aminoácidos em leitões estão presen-tes na Tabela 3. Resultados indicam que menos de 20% dos AAE são utilizados

para a síntese protéica através da mucosa intestinal (Stoll e Burrin, 2006), e mais de 80% dos AAE utilizados são, provavel-mente, degradados pelos microorganis-mos no lúmen intestinal (Dai et al., 2010). Neste sentido, os aminoácidos da dieta desempenham um papel fundamental na regulação da composição microbiana e atividade intestinal.

O metabolismo de aminoácidos no intestino é de grande importância nutricional e fisiológica. Por exemplo, os aminoácidos desempenham um papel importante na manutenção da integridade e funcionamento do trato intestinal, regu-lando a síntese endógena de aminoácidos (citrulina, arginina, prolina e alanina), e modulando a disponibilidade de aminoá-cidos da dieta para tecidos extra-intesti-nais (Wu, 2009).

Em virtude dos níveis elevados de glutamato e aspartato presentes na cir-culação exercerem um efeito neurotóxico

(Meldrum e Garthway, 1990; Stout et al., 1998), o catabolismo deles pelo intestino delgado é essencial para a sobrevivência animal. Entretanto, perdas irreversíveis de aminoácidos da dieta (particularmente AAE) vindas do intestino, resultam na diminuição da eficiência de utilização deles para o crescimento. Contudo, ini-bindo a atividade microbiana através da suplementação de antibióticos ou pré-bi-óticos pode melhorar a entrada de amino-ácidos vindos da dieta no portal circulató-rio (Yin et al., 2010) e, assim, aumentar o desempenho dos suínos na fase de cresci-mento (Kong et al., 2009).

Van Goudoever et al. (2007) observaram que sob condições de restri-ção protéica, porém com consumo normal de energia, o fluxo portal visceral líquido mantém uma taxa elevada de metabo-lismo e continua a utilizar de forma des-proporcional grandes quantidades de AAE (Tabela 4). Estes mesmos autores obser-varam que a lisina mesmo sendo cataboli-zada no intestino, e contribuindo com 31% de sua oxidação total-corporal, em suínos alimentados com dietas ricas em proteína, este aminoácido é fortemente suprimido quando a proteína se torna um nutriente limitante. Entretanto, os resultados indi-cam a importância crítica que o intestino exerce ativamente sobre a regulação do fluxo de AAE para o corpo, indicando claramente a necessidade de se considerar a biodisponibilidade de AAE nos cálculos das recomendações nutricionais.

Degradação de aminoácidos essenciais da dieta para síntese de aminoácidos não-essenciais extra-intestinal

Grandes quantidades de arginina, prolina, aspartato, glutamina, e glicina

Tabela 2. Principais metabólitos nitrogenados produzidos apartir dos aminoácidos em suínos. AGGS, aspartato, glutamina, glicina e serina; BCAA, aminoácidos de cadeia longa; BET, betaína; CHO, colina; CO, monóxido de carbono; DOP, dopamina; EPN, epinefrina e noraepinefrina; GlcN-6P, glucosamina-6-fosfatase; MEL, melatonina; MH, 3-metilhistidina; NO, óxido nitrico; SAM, S-adenosilmetionina; STN, seratonina; UCA, acido urocanico (Adaptado de Wu, 2009)

Aminoácido Metabólito Aminoácido Metabólito Aminoácido Metabólito

Arginina NO e ornitina Lisina Hidroxilisinaw Arg & Met Poliaminas

Cisteína Taurina e H2S Metionina BET, CHO e SAM Arg, Met & Gly Creatina

Glutamato Ƴ-Aminobutirato Fenilalanina Tirosina Cis, Glu & Gly Glutationa

Glutamina NH3 e GlcN-6P Prolina Hidroxiprolina AGGS Ác. Nucleico

Glicina Heme e UCA Serina Glicina Lys, Met & Ser Carnitina

Histidina Histamina e UCA Triptofano STN, MLT e ANS β-Ala & His Carnosina

BCAA Glutamina Tirosina DOP, MEL e EPN β-Ala & MH Balenina

Tabela 3. Fluxo portal e visceral (PDV) líquido em leitões (6 – 10kg) alimentados a base de leite (Adaptado de Stoll e Burrin, 2006; e Wu et al., 2010)

Aminoácido % de consumo da dieta Aminoácido % de consumo da dieta

AAE AANE

Arginina 147 Alanina 154

Histidina 71 Aspargina 74

Isoleucina 66 Aspartato 5

Leucina 64 Cistina 69

Lisina 55 Glutamato 3

Metionina 69 Glutamina -16

Fenilalanina 63 Glicina 69

Prolina 59 Serina 66

Treonina 50 Prolina 71

Triptofano 75

Valina 65

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devem ser sintetizados em suínos em crescimento. Isto também é verdadeiro para alanina em leitões durante a lactação. A síntese de alguns aminoácidos requer a degradação de AAE (cujos esqueletos de carbono não podem ser sintetizados) em suínos. Entretanto, quando as dietas não contém um balanço adequado de AANE, os AAE são catabolizados para preencher um propósito importante em suínos em crescimento. Recentes avanços na nutri-ção utilizando AANE tem importantes implicações para a formulação de novas dietas de suínos, que tem como objetivo reduzir o conteúdo de AAE. Por exem-plo, dietas atuais contém mais AAE, e menos AANE, do que o necessário para a deposição protéica em suínos na fase de crescimento (Tabela 3). A suplementação de AANE em dietas de baixa densidade protéica podem melhorar efetivamente a eficiência das transformações metabólicas e permitir um bom desempenho de cresci-mento dos suínos (Wu, 2010).

Alteração na expressão gênica aumenta a eficiência de deposição muscular

A eficiência da utilização dos ami-noácidos na dieta pelos suínos depende da regulação da expressão gênica em nível celular (Wu, 2009). Aminoácidos não são somente substratos para a síntese protéica, mas também afetam uma ou mais das eta-pas descritas a seguir: modificação da cromatina, transcrição, modificação pós-transcriptal, transporte de RNA, degrada-ção do mRNA, tradução, e modificações pós-tradução (Bruhat et al., 2009). O alvo da rapamicina (mTOR), uma kinase pro-téica para serina/treonina, é o regulador chave da deposição protéica (Figura 2; Wu et al., 2007; Shaw, 2008). Aminoácidos

(Ex. glutamina, arginina, e leucina) esti-mulam a fosforilação do mTOR em nível celular, levando a formação do processo de iniciação do complexo de tradução gênico (Yao et. al., 2008; Davis e Fio-rotto, 2009; Rhoads e Wu, 2009). Além da sinalização do mTOR, a arginina pode regular a expressão de genes e a atividade da AMPK, uma importante proteína na detecção de nutrientes que modulam a oxi-dação dos substratos de energia e de sen-sibilidade à insulina (Jobgen et. al., 2006). Em adição, a glutamina é conhecida por ativar diversos sinalizadores extracelula-res (Brasse-Lagnel et al., 2009; Rhoads e Wu, 2009). O NO, CO, e o H2S,, produtos do catabolismo da arginina, glicina, e cis-tina, respectivamente, beneficiam a regu-lação de diversos processos fisiológicos e

imunológicos (Li et al., 2009). Crescentes evidências indicam

que a expressão dos genes, bem como a de proteínas anti-oxidantes e regulatórias em tecidos de suínos mudam no decorrer da vida do animal (Wang et al., 2010). Notavelmente, níveis de proteína para reguladores positivos do mTOR são mais elevados em fibras musculares esqueléti-cas de suínos jovens do que em adultos (Suryawan et al., 2009), resultando na redução na taxa de síntese protéica com o avanço da idade (Davis e Fiorotto, 2009). Com isso, a eficiência de AAE da dieta e AANE da síntese protéica é 35% e 26% maior, respectivamente, em leitões na fase de lactação do que na fase pós-desmame (Wu et al., 2010).

Tabela 4. Concentrações do ingerido, arterial e portal, e o balanço líquido portal de aminoácidos essenciais em leitões em fase de creche recebendo uma dieta com alta densidade proteica (HP) ou baixa densidade proteica (LP) (Adapatdo de Van Goudoever et al., 2007)

AAE

HP LP

Concentração μmol/L Concentração μmol/L

Ingerido Arterial Portal % Ingerido Ingerido Arterial Portal % Ingerido

Thr 934 918 954 16 374 456 456 -1

Val 765 572 638 41 306 277 299 31

Iso 780 299 348 28 312 187 202 19

Leu 748 406 484 47 299 237 267 40

Phe 254 110 131 37 102 52 60 28

Lis 518 616 678 54 207 385 394 16

Figura 2. Ativação da sintese proteica através de aminoácidos e fatores de crescimento via mTOR (proteina kinase)(adaptado de Wu et al., 2007).

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Oportunidades para aumentar a eficiência de utilização dos aminoácidos da dieta para crescimento

Dados recentes sobre a expressão de genes e mecanismos sinalizadores têm permitido desenvolver novas estratégias nutricionais para reduzir as limitações bioquímicas e fisiológicas na utilização de aminoácidos em suínos. Por exemplo, a administração oral de L-glutamina (1 g/kg PV/dia) para leitões de baixo peso durante a amamentação pode melhorar sua sobre-vivência e crescimento (Haynes et al., 2009). A suplementação da dieta com 1% de L-glutamina em leitões recém desma-mados previne atrofia do jejuno durante a primeira semana no pós-desmame e melhora a conversão alimentar em 25% durante a segunda semana pós-desmame (Wu et al., 1996; Wang et al., 2008).

A suplementação da dieta com 0,2% e 0,4% de L-arginina para leitões melhora concentração plasmática de argi-nina (30% e 61%), reduzindo níveis cir-culantes de amônia (20% e 35%), aumen-tando o ganho de peso (28% e 66%) (Kim e Wu, 2004). Já a suplementação de L-ar-ginina aumenta a capacidade antioxidante dos tecidos (Ma et al., 2010), aumentando a deposição de carne magra (Tan et al., 2009) em suínos na fase de crescimento-terminação.

Limitações para a Eficiência de Utilização de Aminoácidos para o Sistema Imune

A resposta normal à inflama-ção consiste em uma série de alterações metabólicas que facilitam a recuperação

do organismo e diminuem a extensão da lesão do hospedeiro. Classicamente, essa resposta inclui, pelo menos, duas fases bem características, sendo que na fase ini-cial (Ebb phase, ou Fase de Choque), há o predomínio da circulação inadequada, metabolismo anaeróbico, acidose e hiper-lactiacidemia (Gershwin et al., 1995). Na fase seguinte (Flow phase), as alterações do metabolismo decorrem do aumento da secreção e atividade de interleucinas, catecolaminas, corticosteróides e hormô-nio do crescimento, com hiperinsulinemia (Tizard, 1992).

Substâncias como a interleucina-1 (IL-1), as prostaglandinas (PG), os fato-res do complemento, corpos estranhos e endotoxinas estimulam o hipotálamo, a secretar (ou induz a secreção pancreática e da supra-renal) hormônios como o cor-tisol, catecolaminas, glucagon, insulina, ADH, GH, endorfinas, etc (Baker e Johnson, 1999). Um resumo dos media-dores da resposta de fase aguda podem ser visualizados na Figura 3.

As diversas citocinas podem apresentar diferentes efeitos fisiológicos (pleiotropia citocínica) e, ainda, citocinas diferentes podem provocar efeitos meta-bólicos semelhantes (redundância citocí-nica) (Matarese e La Cava, 2004). Apesar destas propriedades, está claro que algu-mas citocinas são mais potentes que outras na indução de algumas respostas espe-cíficas. Assim, a IL-1 é responsável pela febre, anorexia, secreção de ACTH, con-sequentemente, glicocorticóides e síntese de proteínas de fase aguda pelo fígado. Além disso, induz a expressão de inter-feron γ (IFN-γ) pelos linfócitos T. IFN-γ é outra importante citocina envolvida no controle do catabolismo da arginina e trip-tofano (Stenz e Kitabchi, 2003). A IL-1 e o fator de necrose tumoral causam inibição

da síntese protéica muscular e provocam desgaste muscular. A IL-6 atua de forma sinérgica com a IL-1 sobre o fígado, mas ela é o principal iniciador da resposta de fase aguda (Dandona et al., 2004).

Alteração do estado metabólico associado às repostas de fase aguda

As taxas e os padrões de utiliza-ção dos aminoácidos pelos diferentes teci-dos podem ser alterados pela dieta, como descrito anteriormente, e pelos diferentes estados fisiológicos em que o suíno se encontra (Matarese e La Cava, 2004). Esses dois estados, o período subseqüente a uma dieta hiperproteíca e o estado hiper-catabólico produzido por desafios imuno-lógicos, diferem do estado pós-absortivo com relação à disponibilidade de aminoá-cidos e outros nutrientes e quanto ao perfil hormonal no sangue (Husband e Bryden, 1996). Como resultado, os padrões de uti-lização dos aminoácidos serão diferentes.

A ativação do sistema imunoló-gico induz um estado hipercatabólico, que é caracterizado por um aumento na utilização de fontes energéticas e por um balanço negativo de nitrogênio (Waldron et al., 2003). A mobilização das proteínas corporais, lipídios e reservas de carboi-dratos ajudam a manter o funcionamento normal dos tecidos na presença de uma dieta limitada, bem como fornecer os aminoácidos necessários para o desenvol-vimento da resposta imune (Webel et al., 1997). O balanço negativo de nitrogênio que ocorre durante a ativação do sistema imune é resultado de uma renovação ace-lerada das proteínas em geral e de um aumento na taxa de degradação dos ami-noácidos de constituição do organismo, primeiramente oriundos da musculatura esquelética.

No intuito de compensar o desa-fio imune, em função da alteração meta-bólica, há uma diminuição expressiva da síntese protéica no músculo esquelético e um aumento na degradação de proteínas. A oxidação dos aminoácidos aumenta, bem como a síntese de glutamina, já em contrapartida a captação de aminoácidos diminui. O principal hormônio media-dor dessas respostas é o cortisol, embora algumas citocinas podem também ter efeito no metabolismo do músculo esque-lético (Elsasser et al., 2008). Da mesma forma como ocorre durante a acidose metabólica no jejum, níveis elevados de cortisol estimulam a proteólise mediada

Figura 3. Algumas ações gerais da rede citocínica (adaptado de Baker e Johnson, 1999).

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Aconteceu Aconteceu

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pela ubiquitina, induzem a síntese de glu-tamina-sintetase e aumentam a liberação de aminoácidos e glutamina das células musculares.

Os aminoácidos liberados do músculo esquelético durante períodos de estresse imunológico são utilizados prio-ritariamente juntamente com os compo-nentes do sistema imune. Por exemplo, a captação de aminoácidos pelo fígado para a síntese de proteínas da fase aguda, que são parte do sistema imune, fica, conside-ravelmente, aumentada (Broussard et al., 2003). Inversamente, durante o início da fase aguda da resposta imunológica, a sín-tese de outras proteínas do plasma, como a albumina, está diminuída. O aumento na disponibilidade de aminoácidos e o aumento nos níveis de cortisol também estimulam a gliconeogênese, deste modo o organismo provém energia às células do sistema imune dependentes de gli-cose, como os linfócitos (Colditz, 2002). Um aumento na síntese de uréia acom-panha a aceleração da degradação dos aminoácidos.

O aumento no efluxo de glutamina do músculo esquelético durante a infecção destina-se a inúmeras funções. Primeira-mente, fornece energia para a rápida divi-são das células do sistema imune (Johnson et al., 2006). A glutamina serve como um reservatório de nitrogênio para a síntese de purinas, para a síntese de NAD, e para outras funções biossintéticas essenciais no crescimento e divisão das células (Lobley et al., 2001). Os estados hipercatabólicos podem vir acompanhados de um aumento na produção de ácidos metabólicos, por isso havendo um aumento na utilização de glutamina pelo rim.

Sob a influência de elevados níveis de glicocorticóides, epinefrina e glucagon, os ácidos graxos são mobili-zados do tecido adiposo para servir como uma fonte alternativa de energia aos outros tecidos e, assim, disponibilizar glicose àqueles tecidos que as utilizam exclusiva-mente (Lacetera et al., 2004). Nessas con-dições os ácidos graxos funcionam como a principal fonte de energia do músculo esquelético, o que provoca a diminuição da captação de glicose.

Modulação nutricional da resposta imune e resistência a desafios imunológicos com atenção especial para exigências de aminoácidos específicos

Diversos estudos foram condu-zidos nos últimos anos para identificar nutrientes capazes de estimular respos-tas imunes em suínos. Blecha e Charley (1990) observaram que a utilização de nutrientes que estimulam o sistema imune são essenciais quando o sistema imunoló-gico está comprometido.

Quando analisamos a eficiência da utilização de aminoácidos para o sis-tema imune, devemos, sempre, considerá-los como uma ferramenta de auxílio para melhorar a habilidade dos suínos em esta-belecerem uma resposta imune frente ao desafio sanitário.

O uso da glutamina para suínos tem sido avaliado de forma intensa nos últimos anos, principalmente pela sua capacidade de aumentar a atividade das funções imunes e da redução de infecções (Johnson et al., 2006). A Glutamina é o aminoácido neutro mais abundante na cir-culação e no espaço intracelular. Classi-camente, é um aminoácido não essencial, mas pode ser considerado condicional-mente essencial, em condições de estresse, como desmame, sepse, transporte, exer-cício ou durante o período de cresci-mento rápido dos tecidos (Li et al. 2007). Embora muitos tecidos possam sintetizar a glutamina, apenas alguns são capazes de liberar quantidades significativas para a corrente sanguínea. Estes incluem o pulmão, cérebro, músculo esquelético e talvez tecido adiposo. Devido à sua grande massa, o músculo esquelético é considerado o mais importante produtor de glutamina no corpo, contribuindo com,

aproximadamente, 60% da glutamina cir-culante. A glutamina é a mais importante fonte de energia para células de divisão rápida, como enterócitos e linfócitos, e para outros tipos de células, como macró-fagos e células renais, fornecendo ATP para o “turnover” protéico intracelular, transporte de nutrientes através da mem-brana plasmática, crescimento e migração celular, assim como para manutenção da integridade da célula (Li et al., 2007). Este aminoácido também é precursor da síntese dos nucleotídeos purina e pirimidina, que são essenciais para a proliferação de célu-las, incluíndo os linfócitos intra-epiteliais, células embrionárias e trofoblastos (Wu et al. 2006). Em suínos a glutamina é o prin-cipal substrato para a síntese endógena de arginina, compensando, dessa forma, a deficiência desse aminoácido no leite (Wu et al. 1995) e o intenso catabolismo de arginina no intestino delgado. O muco e o complexo de junção, que protegem o epitélio intestinal, são ricos em glicopro-teínas que são sintetizadas a partir de glu-cosamina-6-fosfato, de cuja síntese a glu-tamina participa (Figura 4). A glutamina pode promover a deposição protéica e o crescimento dos animais por estimular a secreção de hormônios anabólicos, como insulina, e inibir a produção de glicocorti-cóides. Diversas pesquisas mostraram que a suplementação com glutamina impede atrofia intestinal em condições de hiper-catabolismo (Buchman et al., 1995; Li et al., 1994; Schroder et al., 1995; Tamada et al. 1992) e que a glutamina é necessária para a manutenção dos tecidos linfáticos associados ao intestino e a produção e

Figura 4. Participação da glutamina na proteção do epitélio intestinal (Adaptado de Newsholme, 1998).

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secreção de imunoglobulina A, da integri-dade intestinal e da prevenção a infecções bacteriana (Alverdy., 1990). Wu et al. (1996) observaram que a suplementação de glutamina (1,0%) impediu atrofia do jejuno na primeira semana pós-desmama e melhorou o desempenho durante a segunda semana pós-desmame. Abreu et al. (2007) observaram que a inclusão de glutamina em uma ração com soja micro-nizada, leite desnatado e lactose melhorou o ganho de peso dos animais em 20%, no período de 21 a 42 dias de idade. Kitt et al. (2002) relataram que a adição de 1% de glutamina na dieta melhorou a eficiência alimentar e aumentou a altura das vilosi-dades intestinais em leitões desmamados. Estudos indicam claramente que a suple-mentação de Glutamina pode aumentar o ganho de peso de leitões na saída de creche em aproximadamente 1 kg, como consequência da prevenção da atrofia das vilosidades intestinais, o que reflete em melhoria da conversão alimentar. A dimi-nuição da ocorrência de diarréia também é observada com a suplementação de glu-tamina, pois a melhor digestão e absorção de nutrientes reduz o substrato para pro-liferação de microrganismos indesejáveis. A melhoria de desempenho na fase de creche tem como consequência melhor desempenho nas fases subsequentes de recria e terminação, o que resulta em suí-nos mais pesados ou abatidos mais preco-cemente ao término do ciclo de criação.

A lisina é um nutriente essencial para a síntese de proteínas da muscula-tura (6,5 a 7,0%), entretanto possui uma importância relativamente menor em pro-teínas com funções biológicas de manu-tenção (2,4%) (Machado e Fontes, 2006).

Diversos estudos têm evidenciado que suínos com alta ou baixa ativação

crônica do sistema imune reagem de forma diferenciada a níveis crescentes de lisina (Klasing et al., 1999). Suínos com baixa ativação respondem positivamente a maiores níveis de lisina quando compara-dos com animais com alta ativação imune crônica. Isto se deve ao maior potencial de deposição protéica nos animais com baixa ativação do sistema imune, uma vez que tal atividade metabólica não está limitada. No caso dos suínos com o sistema imune ativado, estes apresentam catabolismo muscular para direcionar aminoácidos para síntese de componentes do sistema imune (Le Floc’h et al., 2004).

Em uma série de ensaios, Williams et al. (1997a) obtiveram infor-mações importantes sobre o impacto da

ativação crônica do sistema imune sobre a composição do crescimento, exigências de aminoácidos e características de car-caça de suínos de 6 a 112 kg de peso vivo (Tabela 5).

Podemos observar que a ativação imune atua de forma significativa sobre o ganho de peso diário, eficiência alimentar, e sobre o consumo de ração. Os resulta-dos obitdos pelos autores indicaram que a baixa ativação crônica do sistema imune induz positivamente a maiores níveis de lisina (1,50% Lis, com um consumo diá-rio de 14,7 g) em comparação com aque-les submetidos a alta ativação crônica do sistema imune (1,2% Lis, com uma inges-tão diária de 8,8 g).

Podemos concluir que suínos sem ativação do sistema imune apresentam maior exigência nutricional, isto devido ao maior potencial intrínseco de deposi-ção protéica neste grupo em comparação aos suínos com alta resposta imune. No entanto, a prática da concentração de ami-noácidos, como, por exemplo, de lisina ou níveis de proteína é ainda comum em condições de estresse imunológico. Cada vez se torna mais evidente que esta prática representa um impacto econômico signifi-cativo na nutrição dos suínos, uma vez que os animais não são capazes de responder a este aumento, devido ao efeito de cito-cinas (Baker & Johnson, 1999). Por outro lado, também é evidente que os animais com excelente estado sanitário (baixa ativação do sistema imunológico) terão necessidades nutricionais mais elevadas para poderem maximizar a expressão de seu potencial genético (Williams, 1998).

Tabela 5. Interação entre níveis de lisina, grau de ativação do sistema imune (ISA), desempenho, e deposição de proteína e gordura na carcaça (6 a 27 kg) (Adaptado de Williams et al., 1997a)

Níveis de lisina (%)

0,6 0,9 1,20 1,50

Consumo (g/dia)ê ISA 1 896 1025 1052 1002

é ISA 889 954 889 911

Ganho de peso (g/dia)ê ISA 400 556 644 663

é ISA 357 495 510 504

Deposição de proteína (g/dia)ê ISA 47,6 77,8 100,7 110,8

é ISA 40,3 67,3 80,3 79,4

Deposição de gordura (g/dia)ê ISA 106,6 101,7 86,4 79,3

é ISA 97,3 90,0 69,0 71,01 ê ou é ISA (baixa ou elevada ativação crônica do sistema imunológico)

Com a suplementação de aminoácidos, a melhoria do desempenho na creche tem consequência na recria e terminação, resultado de animais mais pesados ou abatidos precocemente

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Outro aminoácido considerado de grande importância para o sistema imune é a arginina, um aminoácido básico, que pode influenciar a resposta imune e a resistência às doenças (Le Floc’h et al. 2004). Todas as investigações realizadas com arginina estabeleceram uma associa-ção entre arginina, óxido nítrico e resposta imune. Por isso, nas últimas duas déca-das, a arginina tem sido o foco de estudos como um regulador de muitos processos imunológicos e fisiológicos (Tayade et al., 2006).

Pensando-se em aminoácidos sul-furados, a suplementação suficiente via dieta e a quebra das proteínas teciduais são necessárias para a síntese de proteí-nas e dos peptídeos envolvidos em um funcionamento normal do sistema imune. Alguns trabalhos têm demonstrado que a metionina interfere no sistema imune, acentuando sua resposta, tanto humoral quanto celular. Foi constatado que a exi-gência de metionina é maior para uma ótima imunidade do que para um ótimo crescimento (Tsiagbe et al., 1987; Swain & Johri, 2000; Shini et al., 2005) e que a restrição de aminoácidos sulfurados resulta em uma severa depleção de linfó-citos do tecido intestinal (placas de Peyer) e lâmina própria (Swain e Johri, 2000).

A treonina é um aminoácido essencial para suínos, sendo encontrado em altas concentrações no coração, nos músculos, no esqueleto e sistema nervoso central. Além de sua utilização para sín-tese de proteína do tecido muscular e do leite, a treonina está envolvida em outras funções fisiológicas, como a digestão e a imunidade (Stoll et.al., 1998; Wu, 1998). As secreções digestivas, entre elas, o muco, é composto principalmente de água (95%) e mucinas (5%), que são gli-coproteínas de alto peso molecular, espe-cialmente, ricas em treonina. Do mesmo modo que as mucinas, os anticorpos são glicoproteínas globulares que contêm alto nível de treonina, sendo, provavelmente, o primeiro aminoácido limitante para a produção de imunoglobulinas G. Conse-quentemente, é provável que toda a exi-gência de treonina mude de acordo com a importância de cada função. Devido à baixa digestibilidade das mucinas, os ami-noácidos que as constituem não podem ser reabsorvidos e daí sua alta recupera-ção nas perdas endógenas ao final do íleo (Hoskins 1984; Jansman et al., 2002). Segundo Lien et al. (1997), as mucinas contribuem com aproximadamente 30% da treonina nas perdas endógenas. A rela-ção Thr:Lys em perdas endógenas chega a 120% comparada com 57%, em média, na carcaça de suínos (Mahan e Shields,

1998). Li Defa et al. (1999) estudaram o impacto da treonina dietética (4 níveis de Thr:Lys: 64, 75, 83 e 99%) em suínos em crescimento (17-31 kg) desafiados com Albumina Sérica Bovina (BSA) ou Vacina Atenuada da Peste Suína (SFAV). Foi observado pelos autores que as concentra-ções de IgG aumentaram com a treonina dietética. Avaliar exigência de treonina para um determinado estado fisiológico é essencial para formular dietas balance-adas em aminoácidos.

A importância do triptofano para o sistema imune também tem sido inves-tigado. Animais acometidos por dife-rentes doenças ou estados inflamatórios apresentam a concentração plasmática de triptofano diminuída, sugerindo um aumento da utilização desse aminoácido nessas situações. Melchior et al. (2002) demonstraram que após uma indução de uma inflamação do pulmão, a concentra-ção plasmática de triptofano declinou por 10 dias embora essas concentrações per-manecessem constantes nos animais do grupo controle. Pode-se sugerir que, em suínos, as exigências de triptofano podem estar aumentadas durante a estimulação do sistema imune e que as exigências desse aminoácido para a síntese de prote-ína de fase aguda é elevada.

Considerações Finais

O equilíbrio metabólico é essen-cial para garantir um potêncial de cres-cimento adequado e o funcionamento

correto do sistema imune e garantir uma máxima resistência à agentes infecciosos. Nos últimos anos foi observado avanços significativos na nutrição aminoácidica. Apesar destes avanços, a eficiência de utilização da proteína na dieta para o cres-cimento e sistema imune de suínos ainda permanece subótimo devido as limitações tanto bioquímicas quanto fisiológicas. Entre os fatores limitantes podemos citar: (1) a extensiva degradação de ambos os aminoácidos essenciais e não-essenciais, (2) o uso obrigatório de aminoácidos para manter o metabolismo e homeostasia em situações de desafio imune, e (3) redu-ção da atividade mTOR com o avanço da idade do suíno. Baseado em novas descobertas sobre o metabolismo intesti-nal, bem como a regulação da expressão de genes, métodos práticos envolvendo suplementação de aminoácidos tem possi-bilitado uma maior absorção de nutrientes da dieta direto para a circulação sistêmica, estimulando a síntese protéica de células, e, com isso, potencializando a eficiência da utilização dos aminoácidos para o sis-tema imune e crescimento dos suínos.

Um maior número de pesqui-sas nesta área ainda são necessárias para melhor elucidar os possíveis mecanismos de interação entre metabolismo e imuni-dade, e, assim permitir o estabelecimento de uma intervenção imuno-nutricional que poderá auxiliar a manter os suínos saudá-veis e capazes de alcançar seu potencial genético máximo.

A suplementação com glutamina, impede a atrofia das vilosidades do jejuno dos animais na primeira semana pós desmame

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Nutrição

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Referência:1. Karlsson, M. and Franklin, A. (2000). Proc. 16th IPVS Congress, Melbourne, Australia. p123.

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Introdução

O vírus da influenza tipo A é respon-sável por sinais clínicos respirató-rios agudos e falhas reprodutivas

em suínos. Os surtos são caracterizados por alta morbidade e baixa mortalidade, sendo que a gravidade da infecção depen-de da amostra viral, idade, estado imuni-tário dos animais, presença de infecções secundárias e outros fatores estressantes (Vannier et al., 1985; Van Reeth et al., 2001).

Estudos determinando a prevalên-cia dos diferentes sorotipos virais têm sido importantes para avaliar a dinâmica da infecção nas diferentes fases do sistema de produção. Recentes evidências de dis-seminação viral entre populações de suí-nos infectados subclinicamente demons-tram o significante risco sanitário para a indústria suinícola (Corzo et al 2011). Neste contexto, o diagnóstico preciso e o controle da infecção a campo, baseados em medidas de manejo e profilaxia, são fundamentais para a saúde do rebanho e o sucesso produtivo. O presente artigo tem como objetivo discutir a importância da influenza suína e apresentar, de forma sucinta, informações atuais e relevantes envolvendo o diagnóstico e o controle da infecção em nível de campo.

Importância do vírus Influenza em suínos

O vírus Influenza é dividido em três subtipos, A, B e C. O subtipo A constitui o grupo de vírus responsável por surtos em aves e diversos mamíferos, incluindo humanos e suínos. A partir de oito fragmentos independentes de RNA, recombinações genéticas podem gerar 256 diferentes combinações. E uma úni-ca célula pode ser infectada por múltiplos subtipos virais ao mesmo tempo. Desta forma, recombinações genéticas entre

dois vírus no ambiente intracelular resul-tam em novas variantes contendo caracte-rísticas antigênicas inéditas.

O genoma do vírus Influenza codi-fica 11 proteínas, sendo duas estruturais, hemaglutinina (HA) e neuramidase (NA) (Olsen et al., 2006). Até o momento, em mamíferos e aves foram identificados 16 subtipos de HAs e nove de NAs, podendo todas as variantes infectar aves aquáticas, que servem de reservatórios para os vírus tipo A (Webster et al., 1992). A proteína HA é responsável pela fixação do vírus em receptores celulares e pela fusão entre vírus-membrana celular após endocitose (Wiley et al., 1987; Harrison et al., 2008; Das et al., 2010). Desta forma, variações na estrutura da proteína HA são deter-minantes no reconhecimento antigênico do vírus pelo hospedeiro. A proteína NA está envolvida na liberação de novas par-tículas virais no meio extracelular. Este mecanismo é importante na disseminação

da infecção para outras células e tecidos. Diferenças genéticas nas proteínas HA e NA são usadas para classificação do vírus em diferentes subtipos. Os genes que codificam essas proteínas estão direta-mente relacionados com a resposta imu-ne protetora do hospedeiro. Portanto, a vacinação com amostras virais diferentes daquelas envolvidas no surto não induz proteção imune completa (Romagosa et al., 2011).

A espécie suína exerce importante papel na composição de novas variantes virais, pois possui receptores para o vírus da influenza suína, humana e aviária. Diferentes amostras são capazes de infec-tar a mesma célula do trato respiratório superior dos suínos e dar origens a novas variantes virais por meio de recombina-ções genéticas. Este mecanismo ocorre por meio de dois fenômenos chamados “drift” e “shift” antigênicos. O primeiro refere-se a pequenas mutações pontuais

Atualização e futuras perspectivas no diagnóstico e controle da

influenza suína no BrasilMédico Veterinário 1

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O suíno exerce importante papel na composição de novas variantes virais, pois possuí receptores para o vírus da influenza aviária, humana e suína.

Fabio Vannucci 1, 2Daniel Linhares 1, 2, 3

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em genes que codificam as proteínas HA (hemaglutinina) e/ou NA (neuramidase). No segundo, amostras infectando conco-mitantemente uma única célula passam por recombinações genéticas, resultando na formação de novos subtipos. A partir de “shifts” novas variantes podem se adaptar a outras espécies. Fato associado à pan-dêmica “gripe suína” durante 2009/2010 em humanos.

Os subtipos virais associados à doença em suínos foram identificados a partir da ocorrência da pandemia chama-da de “gripe espanhola” em 1918. Desde então, o subtipo H1N1, circulante entre populações de suínos, tem sido chamado “H1N1 clássico”. Atualmente, os subtipos predominantes nos rebanhos suínos dos EUA são H1N1 clássico e H3N2. Também foram descritos os subtipos H1N2 (produ-to de rearranjo genético entre H1N1 clás-sico e H3N2), H3N1 e H1N1 com genes aviários. Em levantamento soroepidemio-lógico, a Embrapa Suínos e Aves identi-ficou rebanhos sorologicamente positivo para os subtipos H1N1 clássico e H3N2 (Embrapa Suínos e Aves, 2002 e 2008). Cada subtipo pode ainda ser dividido em outras variantes, cuja proteção imune cruzada é limitada (Carrat et al., 2010; Vincent et al., 2010). Neste contexto, existem centenas de vírus geneticamente e imunologicamente distintos. Estes sub-grupos são divididos em categorias (clus-ters) (Poljak et al., 2007; Fourment et al., 2010; Vincent et al., 2010). Por exemplo, os vírus H1 podem ser classificados nos seguintes clusters: α, β, γ, and δ, sendo todos estes endêmicos na suinocultura norte-americana (Vincent et al., 2009).

Evidências de rearranjo entre diferentes isolados de vírus Influenza têm sido demonstradas pela identificação de isolados suínos H3N2 contendo genes de vírus Influenza originalmente de humanos e de suínos (duplo rearranjo) ou mesmo de humanos/suínos/aves (triplo rearranjo) (Zhou et al., 1999).

Dinâmica da infecção

Quadro respiratório agudo e altamente contagioso são as principais características do surto de influenza suí-na (Thacker et al., 2001). Em condições de campo, infecções subclínicas são fre-quentes, e a ausência de controle da enfer-midade permite a constante circulação de diferentes amostras virais na granja. Pos-teriormente, novas variantes virais surgem por rearranjos genéticos, e o surto clínico ocorre, potencialmente, de forma mais grave, o que exige maior investimento

no controle sanitário do rebanho. Recen-te estudo epidemiológico demonstrou que múltiplos subtipos podem circular no mesmo sistema de produção. O subtipo dominante pode variar ao longo do tempo (Corzo et al., 2011).

As características clínicas do sur-to são tosse, dispneia, descarga nasal e/ou ocular, febre, letargia e perda de peso. Geralmente, os sinais são agudos e transi-tórios, com recuperação dos animais entre 5 e 7 dias após o início da doença clínica (Milev et al., 1981) (Figura 1). No entan-to, a doença pode persistir quando asso-ciada a infecções bacterianas secundárias, fato que dificulta significativamente o diagnóstico da enfermidade. Os surtos têm sido observados com maior frequên-cia durante os períodos mais frios do ano, a partir da fase de creche até a termina-ção. A doença também pode comprometer o desempenho reprodutivo da granja por redução na qualidade do sêmen. Em fême-as, estros irregulares, abortos e redução

da viabilidade dos leitões ao nascimento estão associados ao surto de influenza.

A replicação viral é limitada ao trato respiratório superior, especificamen-te nas células epiteliais da mucosa nasal, tonsilas, traqueia, brônquios e bronquío-los (Brown et al., 1993). Portanto, descar-gas nasais constituem a principal rota de excreção viral. O vírus excretado pode, potencialmente, infectar suínos, aves e outros mamíferos, incluindo humanos. A transmissão entre granjas ocorre pela introdução de animais infectados, trânsito de pessoas carreando o vírus ou por aeros-sóis. A densidade de suínos na região, fonte externa de reposição e tamanho do plantel são fatores associados à alta soro-prevalência da doença. (Poljak et al., 2008a; Poljak et al., 2008b).

A resposta humoral frente às infecções por influenza é centrada inicial-mente na produção de IgM, seguido de IgG no soro e IgA nas mucosas. Embora

Figura 1 – Curso da infecção

Os sinais clinicos associados a infecção por influenza incluem tosse, dispnéia, febre, letargia e perda de peso.

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anticorpos contra proteínas de membrana, nucleoproteínas e neuramidases sejam importantes para retardar a ação viral, apenas anti-hemaglutininas são suficien-tes para neutralizar a infecção do vírus. A produção de anticorpos atinge pico de 2 a 3 semanas após a infecção e persis-te até a décima semana. (Larsen et al., 2000). A resposta imune celular envolve estimulação de linfócitos T citotóxicos em infecções naturais (vírus vivo). No entanto, a vacinação com o vírus inativa-do não induz significativa resposta celular (Vleeschawer et al., 2010). Tais células não previnem infecções, mas são úteis na identificação e destruição de células infectadas.

A imunidade passiva maternal pode proteger os leitões até oito semanas de vida, mas também pode interferir com desenvolvimento de anticorpos produzi-dos em resposta à vacina. A transferência de imunidade celular materna também pode interferir na resposta vacinal. Estu-dos estão sendo desenvolvidos para deter-minar em que condições a imunidade (humoral e celular) materna pode influen-ciar na resposta vacinal.

Diagnóstico

O diagnóstico de infecções pelo vírus da influenza em suínos tem sido ba-seado nos sinais clínicos, lesões anatomo-histopatológicas, imunoensaios (ELISAs, imunofluorescência e imunoistoquímica),

isolamento viral e/ou detecção do RNA viral por RT-PCR. Como citado anterior-mente, o curso da doença é agudo e tran-sitório, portanto, a seleção apropriada dos animais a campo para a coleta de amostras é fundamental para o diagnóstico preciso. Neste sentido, a experiência do profis-sional veterinário tem sido um dos pon-tos-chave na identificação de rebanhos potencialmente afetados. Atenção aos sinais clínicos respiratórios, temperatura corpórea dos animais e histórico da doença na granja, que devem ser consi-derados na investigação da enfermidade a campo. Swabs nasais e traqueais, lavado bronqueo-alveolares, pulmões e fluidos orais são as amostras de escolha para diag-nóstico. Planteis com imunidade parcial contra Influenza secretam quantidades li-mitadas do vírus, o que pode interferir na capacidade de testes diagnósticos em de-tectar a infecção (Swenson et al., 2001).

Kits de diagnósticos rápidos (ex. DirectigenTM - BD Diagnostics System) são utilizados como triagem de granjas infectadas e fornecem resultados em 15 minutos. Todavia, estudos mostram que, apesar da alta especificidade, tais kits ofe-recem baixa sensibilidade (Ruest et al., 2003). O teste ELISA oferece adequada especificidade e sensibilidade para avaliar o perfil sorológico da granja. Contudo, este método deve ser utilizado somente para diagnóstico em nível de rebanho. Os testes de escolha para diagnóstico da infecção têm sido inibição da hemaglu-tinação (HI), isolamento viral e PCR. O

sequenciamento da amostra é importante para a identificação do subtipo viral cir-culante e o monitoramento da infecção em futuros surtos, bem como para com-paração de amostras entre granjas e sis-temas de produção. Recentes estudos têm demonstrado sensibilidade similar entre PCR e HI (Joo, 2011 comunicação pes-soal). O isolamento viral demanda mais tempo comparado às técnicas molecula-res. Entretanto, após o isolamento, o vírus poder ser tipificado, amplificado em cul-tivo celular e utilizado como vacina autó-gena (Vincent et al., 2010).

Em infecções não-complicadas por outros agentes, pela necrópsia é pos-sível identificar áreas de consolidação nos lobos apical e cardíaco do pulmão. As vias aéreas podem estar preenchidas com exsudato fibrino-sanguinolento, e os lin-fonodos regionais (bronquiais e medias-tínicos) aumentados de volume. O trato respiratório superior, incluindo traqueia, brônquios e bronquíolos, é fundamental no diagnóstico histopatológico. Bronquite e bronquiolite necrótica, associados ou não ao processo pneumônico, são importantes características de infecções por influenza. O exame histopatológico torna-se menos preciso quando existem infecções bacte-rianas secundárias. Nestes casos, a avalia-ção imunoistoquímica pode ser essencial no esclarecimento do diagnóstico.

Assim como em outras enfermi-dades, é importante ressaltar que a sim-ples identificação do RNA viral por meio de técnicas moleculares (ex. PCR) não caracteriza o diagnóstico da doença no rebanho. Desta forma, a avaliação macros-cópica e histopatológica deve ser o ponto de partida para suportar o diagnóstico. A interpretação equivocada de resultados laboratoriais leva à aplicação de medidas de controle ineficientes e frustração por parte do produtor e veterinário.

Prevenção e Controle

Em humanos o tratamento para Influenza é feito com drogas antivirais, como oseltamir e zanamivir (Agrawal et al., 2010; (Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 2009). Contudo, o benefício do tratamento não se justifi-ca economicamente na suinocultura, e o tratamento se limita a fornecimento de anti-inflamatórios via água e/ou tratamen-to com antibióticos de amplo espectro para prevenção de infecções bacterianas secundárias (Mateusen et al., 2001).

A vacinação tem sido a princi-pal ferramenta usada para prevenção e

A imunidade passiva maternal pode proteger os leitões até oito semanas de vida, mas também pode interferir com o desenvolvimento de anticorpos produzidos em resposta à vacina

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controle da influenza suína. Antes de 1998, o subtipo circulante no rebanho suíno mundial era apenas o H1N1 clás-sico. Este fato permitia o controle da enfermidade a campo com a utilização de vacinas comerciais. Na última década, recombinações genéticas entre amostras virais resultaram em significantes varia-ções antigênicas e, atualmente, surtos da infecção podem ser observados em reba-nhos vacinados com a antiga amostra de H1N1 clássico. Estudos têm demonstrado

apenas proteção parcial quando animais são imunizados com amostras heteró-logas do vírus de campo (Romagosa, 2011). Após uma série de estudos recen-tes realizados na granja experimental da Universidade de Minnesota, foi estimado por Romagosa et al. (2011) que utilizan-do vacina autógena, a imunização de 90% dos animais de uma granja é suficiente para conter a transmissão do vírus (imu-nidade de rebanho), enquanto que utili-zando vacinas com amostras heterólogas,

Um dos métodos de diagnóstico é a utilização da coleta de swabs nasais para verificar a presença do agente

seria teoricamente necessário a vacinação de 140% dos animais para completa con-tenção da infecção por meio de imunida-de de rebanho (obviamente impossível na prática). Desta forma, em condições expe-rimentais, vacinas homólogas (autógenas) foram mais apropriadas para o controle de infecções por Influenza.

Além de medidas de vacinação, práticas de biossegurança devem ser implementadas na granja para redução do risco de infecções por Influenza. Conside-rando que as fontes de introdução do vírus em granjas têm sido associadas à introdu-ção de animais positivos, aves, aerossóis, água, dejetos, veículos e outros fômites contaminados (Hinshaw et al., 1980; Bean et al., 1982; Myers et al., 2006; Tellier et al., 2006; Poljak et al., 2008), as práticas de biossegurança devem focar estes pon-tos. Adicionalmente, considerando que a influenza também pode ser transmitida para suínos por intermédio de humanos, o programa de biossegurança deve conside-rar monitoria/vacinação de funcionários e visitantes contra influenza, vazio sanitário de funcionários com sintomas de gripe, hábito de cobrir tosse (humanos) com o antebraço quando dentro da granja, uso de luvas e práticas de higiene de funcioná-rios antes de contato com suínos.

Conclusões

Infecções por influenza em suí-nos constituem uma das viroses mais importantes do mundo, sobretudo pelo seu caráter zoonótico. O risco de infec-ção e a severidade de manifestação clí-nica da gripe suína variam entre granjas e até mesmo entre regiões. Surtos com manifestação clínica moderada ou dis-creta são frequentemente subestimados em nível de campo. As fontes de infecção são variadas e o controle requer diagnós-tico rápido, escolha cuidadosa do proto-colo vacinal e monitoramento da eficácia da vacina escolhida. O diagnóstico deve incluir a identificação do subtipo viral em virtude da alta taxa de mutação do vírus e da limitada imunoproteção cruzada entre subtipos. As ferramentas para diagnós-tico, prevenção e controle de Influenza estão validadas e disponíveis para uso a campo. Cabe ao profissional veterinário escolher os métodos a serem utilizados para a melhoria da sanidade do rebanho e o sucesso da produção.

Referências bibliográficas:

Disponíveis no site:www.consuitec.com.br/revista

Pulmão obtido de suíno experimentalmente inoculado com o vírus da Influenza: ausência de colabamento pulmonar associado a áreas de consolidamento.

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Sanidade

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Recursos Humanos

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A suinocultura moderna passa, cons-tantemente, por várias mudanças, exigindo posicionamento e atitude

firmes de seus líderes para que ela esteja sempre em evolução e busque a tão procu-rada competitividade, tornando o negócio duradouro e rentável.

Com este objetivo, precisamos desenvolver pessoas que participem e sai-bam compreender o espírito do trabalho em equipe. É necessária a compreensão que para a empresa existir, ela precisa gerar lucros. Dessa forma, o capital inves-tido trará retorno ao investimento e será possível realizar melhorias, tais como implantação de tecnologias de ponta, novas instalações, melhores condições de trabalho, e consequentemente, remunera-ção mais adequada às pessoas envolvidas, ou seja, é um processo ganha-ganha. Para gerar bons resultados, sempre será neces-sário acreditar nas pessoas, pois são elas que mantêm as empresas, independente-mente do que se produz.

Faz-se necessário ter regras claras e objetivas para que todos os envolvidos nos diferentes processos compreendam que o sucesso dependerá de erros e acer-tos, e que a equipe deverá atuar em con-junto, diminuindo ao máximo estas even-tuais falhas.

Por que as metas falham?

Por ausência de um plano estratégico • e metas bem definidas, alinhados às necessidades da granja e das pessoas que fazem parte da estrutura;Ausência de um investimento inicial por • parte das empresas em formar e buscar os melhores talentos e processos. E por parte das pessoas em acreditar na pro-posta da empresa;Conhecimento insuficiente das pessoas • envolvidas;

Especialização dos Recursos Humanos na Suinocultura

Definição inadequada dos papéis dos • envolvidos, deixando de utilizar plena-mente o potencial de cada um;Baixo nível de comunicação e sintonia • entre as pessoas;Perda de profissional-chave, não pri-• mando pela sequência do trabalho pro-posto;Dificuldade em mudar a cultura organi-• zacional de um determinado setor;Falta de um líder realmente competente • e comprometido, disposto a fazer as mudanças necessárias.

Por que faz sentido buscarmos alto desempenho em nossas unidades?

Quando comparamos uma granja de 5.000 matrizes, que desmama 26 lei-tões fêmea/ano, a outra que desmama 30 leitões, teremos um custo 7% inferior (R$ 0,25/kg) para cada quilo produzido na granja com 30 desmamados/fêmea.

Exemplificando: 5.000 matrizes x 30 leitões x R$ 5,75 (R$ 0,25 x 23 kg) = R$ 862.500,00. Ou seja, mais de 70%

da folha de pagamento anual, com encar-gos, de toda a equipe desta unidade; não ficando dúvida alguma que a produtivi-dade é o principal fator para a redução dos custos do leitão produzido em uma uni-dade produtora. No entanto, se a empresa quiser ser competitiva, terá de primar pela alta produtividade, e isso passa pelas pes-soas, que deverão buscar o alto desempe-nho.

Levando em consideração a rele-vância que este item tem em uma UPL, é necessário dar ênfase às fontes que tra-zem vantagens competitivas ao negócio. São elas:

A tecnologia envolvida no processo;1. A arquitetura organizacional, ou a 2. forma como estão dispostos os car-gos, salários, funções, organograma da empresa, relação entre as pessoas e líderes, entre outros aspectos;As pessoas.3.

De nada adianta ter a melhor tecnologia envolvida no processo se não tiver, ao mesmo tempo, pessoas capacita-das que possam otimizar ao máximo tal

Panorama da Suinocultura Brasileira

Ontem Hoje

Proprietário Investidor

Gerente Gestor

Encarregados Líderes

Atividade de subsistência Atividade lucrativa

Pequenos projetos Grandes projetos

Negócio familiar Negócio empresarial

Gestão amadora Gestão Profissional

20 desmamados / fêmea / ano 31 desmamados / fêmea / ano

Granjas manuais Granjas automatizadas

Trabalho masculino Trabalho masculino / feminino.

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Recursos Humanos

Dirceu Celeste ZottiAdministrador de Empresas

MBA em Gestão Estratégica de [email protected]

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recurso. A arquitetura organizacional é, sem dúvida, importante, mas de qualquer forma foi concebida pelo homem (líder, gerente, proprietário). Portanto, o grande diferencial em toda e qualquer empresa, independentemente de sua atividade e porte, está nas pessoas. Elas são e sempre serão a fonte decisiva para a obtenção da excelência.

Estudos da Fundação Getúlio Var-gas mostram que empresas que gerenciam bem as pessoas têm desempenho de 30% a 40% superior ao das companhias que não o fazem, e que para cada melhoria de 1% no clima da equipe, ocorre um aumento de 2% na receita, daí a importância de se desenvolver um bom trabalho junto às equipes.

Cenário Atual

Número de funcionários por matrizes • na maioria das granjas:

Maternidade: 1 pessoa para 40 • matrizes assistidas 24h.

Gestação: 1 pessoa para 400 matrizes•

Creche: 1 pessoa para 1.500 leitões•

Terminação: 1 pessoa para 1.500 • animais

Mão de obra geral em UPL: 1 pessoa • para 90 matrizes.

Desafios Futuros

Maior especialização da mão de obra;• Remunerar por eficiência e capacidade • individual;Vencer o paradigma da relação • matriz/funcionário: 1 pessoa para 200 matrizes;Automatização total dos projetos;• Uso racional da água;• Climatização dos projetos;• Melhorar a gestão de nossas granjas: • detalhar minuciosamente tudo;ISO 9001: rastreabilidade de toda a • cadeia produtiva.

Neste contexto cabe analisar em profundidade quais são realmente os papéis das lideranças com o intuito de provocar na equipe a mudança necessária e tornar, de fato, aquela equipe capaz de vencer os paradigmas que nos desafiam.

Papéis da liderança

Apontar o caminho, traçar metas;•

Inspirar uma visão compartilhada, ter • visão de futuro;

Desafiar o atingido, buscar novas • oportunidades, quebrar paradigmas;

Permitir que os outros ajam, delegar • funções, dar autonomia às pessoas comprometidas;

Criar uma cultura de insatisfação • do status quo, quer dizer, ser sempre insatisfeito com o que está acontecendo e buscar melhores formas de realizar.

Muitas vezes uma liderança é valorizada pelos problemas que resolve e não pela capacitação de sua equipe, para que os problemas não aconteçam nova-mente. Nesta frase há uma grande opor-tunidade para todos os líderes. No dia a dia das atividades da suinocultura, as lideranças e gerências devem estar sem-pre atentas ao contexto no que diz respeito a seus deveres como líder, para que este seja entendido por todos que coordena, e que todos possam colaborar e fazer parte desta caminhada.

Deveres dos líderes

Mostrar claramente o que quer e porque • quer que seja feita determinada tarefa, dando ao liderado o fundamento para que aquilo seja realizado; desta maneira fica muito mais fácil esta pessoa reali-zar de forma coerente aquele trabalho;

Dar o exemplo a ser seguido. Como • poderá um líder querer respeito de sua equipe se não age com respeito perante seus liderados;

Saber ouvir e aproveitar as ideias e con-• tribuições das pessoas, desde alguém com grandes conhecimentos até o mais humilde daquela equipe, pois ele tam-bém poderá ter ideias que possam revo-lucionar o processo ou a tarefa;

Ter senso de justiça e dar oportunida-• des de crescimento, sempre baseado em competência, capacidade e disponibili-dade, jamais por que é parente ou amigo ou se simpatiza com tal pessoa;

Traçar um plano de estratégia e metas;•

O líder tem que imprimir um sentimento • positivo em sua equipe, pois quanto mais felizes estiverem, mais produtivas e colaboradoras serão as pessoas.

Satisfazer às necessidades das pessoas e • não às vontades, isso significa dar todo o apoio de que necessita para desem-penhar um bom trabalho, treiná-las, capacitá-las incessantemente, doar-se às pessoas, servi-las e dar o que elas precisam, não o que querem.

Desta forma a liderança precisa ter consciência que desenvolver pessoas é um grande desafio que deve ser encarado de forma positiva, com muita paciência e amor pelas pessoas que lidera para se obter o máximo daquela equipe. Dentre estes desafios temos:

Desafios da liderança

Adequar funções e perfis de acordo • com a capacidade e competência indi-vidual;

Lidar de forma positiva com a falta • de iniciativa e de visão, despertando o interesse coletivo;

Definição clara dos processos envolvi-• dos para o desenvolvimento otimizado da tarefa;

Despertar na equipe o comprometi-• mento. “Quando comemos um ome-lete temos o ovo e o bacon, neste caso, a galinha estava envolvida, e o suíno, comprometido’’(James Hunter,2005). Isso é um belo parecer do que é real-mente estar comprometido.

Fazer com que as pessoas sintam-se • parte de um processo maior. Por exem-plo, um atendente de parto não deve somente fazer esta tarefa, e sim ter um sentido bem mais amplo, pois é desta tarefa (atendimento do parto) que está em jogo toda a vida daquele leitão, que, por consequência, poderá refletir lá no final com um bom ou péssimo resultado daquele animal ou grupo de animais. E esta pessoa deve ser conscientizada disso e ser colocada no contexto, assim, com certeza, tenderá a dar o melhor de si, pois entenderá o quanto aquela pequena atividade é importante para a cadeia produtiva como um todo.

Uma tarefa muito importante de uma liderança é a contratação, e ela deverá estar sempre atenta a duas variáveis:

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Recursos Humanos

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O que buscar em um candidato?

Capacidade de entregar resultados;1. Vontade de aprender permanente-2. mente.

A segunda é de grande valia e mais importante que a primeira. A vida prática tem nos mostrado que o bom ou o ótimo funcionário não é aquele que tem grande capacidade intelectual, mas sim aquele que está sempre disposto a absorver novos conhecimentos, aberto às mudan-ças e disposto a sair da zona de conforto para evoluir, como voltar a estudar, criar o hábito da leitura, comunicar-se fluen-temente com líderes e colegas e assumir novas responsabilidades. É aquele que busca incessantemente, dia após dia, a melhoria continua.

Caso prático

Entre 2003 e 2004 assumi uma nova unidade dentro da empresa. Na época existia uma cultura de baixo desempenho impregnado nas pessoas que formavam a equipe (desmamavam 22,3 leitões fêmea/ano). Elas não acreditavam em melhores resultados e sempre culpavam as insta-lações, a genética, a nutrição e, muitas vezes o companheiro ao lado. Enfim, existia sempre um culpado alheio, e nunca enfrentavam de frente os reais problemas.

Para resumir, nesta equipe restou apenas uma pessoa, que é líder e gerente desta unidade. Três anos depois já atingia 29,7 leitões desmamados/fêmea/ano e, hoje, na mesma unidade, desmama 31 leitões/fêmea/ano. A pessoa referida como exem-plo tem um perfil que condiz com as regras de um bom líder acima citado e conforme demonstra abaixo a figura ilustrativa (Per-fil A2: vontade de aprender).

Conclui-se que faltavam apoio, desafios, metas, prioridades de objetivos, quebra de paradigmas e rompimento da famosa cultura de baixo desempenho, fazendo com que se sentissem donos do negócio. Resultado de tudo isso: voltou para a escola, saiu da zona de conforto e hoje está se formando em Administra-ção de Empresas, sendo cogitado a assu-mir novos e maiores desafios dentro da empresa.

O quadrante abaixo ilustra de forma resumida os perfis que há nas equi-pes. O líder precisa, de forma muito tran-quila e incisiva, tomar decisões no sentido de reconhecer o A1, eliminar o A3, apoiar o A2, e recuperar o A4. Este é um traba-lho árduo, mas imprescindível no dia a dia das lideranças e que jamais se deve prote-lar se quisermos evoluir constantemente.

Uma equipe, no decorrer de sua trajetória, passa por três estágios até se tornar de alto desempenho, o que poderá levar vários anos para atingir este nível, ou mesmo nunca atingir. Dependerá do nível, disponibilidade e capacidade de sua liderança em coordenar esta caminhada. Os estágios são os seguintes:

Estágios de desenvolvimento das equipes

º Reunião de pessoas: 1. dividem tarefas, mas não há sinergismo nesta fase;º Processo de formação de grupo: 2. já otimizam recursos e informações, porém, as pessoas somente agem para si e não para o grupo;º Transformação do grupo em equipe: 3. as pessoas já são comprometidas e par-tilham de uma missão, há objetivos comuns e forte relação de confiança e parceria.º Evolução para equipe de alto desem-4. penho: é um estágio de fortalecimento da equipe, há interesse no crescimento coletivo e alto nível de comunicação e sintonia.

O ponto alto aqui é a superação contínua. Uma equipe neste estágio, desde que bem conduzida e trabalhada, jamais retorna aos estágios anteriores, pois as pessoas passam a não aceitar resultados inferiores. Isso já não é somente uma pre-ocupação do líder, e sim de toda a equipe, pois neste nível o comprometimento é pleno. As pessoas têm alta expectativa em relação a si mesmo, possuem conhe-cimento, habilidade e atitudes (C-H-A) elevados, vigiam constantemente seus resultados, comemoram suas conquistas, vibram com os resultados conseguidos e sentem orgulho em pertencer àquela equipe. Acima de tudo possuem um plano de estratégia e metas alinhados com todo o processo, e as pessoas os conhecem pro-fundamente.

Na sequência mostramos como pode ser iniciado um plano de estratégia e metas:

Iniciando um plano de estratégias e metas

- Deve sempre ser iniciado pelo nível estratégico (diretor, proprietário, gerente), a fim de comprometer todos os envolvidos, identificando os resultados reais que deverão ser buscados dentro de cada setor. Se possuir um histórico, buscar os resultados dos três ou quatro últimos anos e desafiar de acordo com a capaci-dade da equipe; se não possuir histórico, buscar a média da região, Estado ou país para se ter como base e criar um ponto de partida. Após este estágio é importante priorizar somente os itens impactantes

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Recursos Humanos

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para aquela unidade, ou aqueles que real-mente trarão resultados financeiros e zoo-técnicos, comprometendo a equipe e defi-nindo o plano de monitoramento, dando continuidade ao trabalho, diário, semanal, quinzenal ou mensal, conforme a necessi-dade da unidade.

Histórico da definição das metas anuais com as equipes em nossas unidades

No mês de dezembro envol-vem-se todas as pessoas e por equipe, separadamente, fazendo, primeiramente, uma reunião da gerência com os líderes de setor. Após esta reunião, os líderes de setores reúnem-se com suas equipes e debatem o que foi visto na reunião com a gerência. Por último a gerência faz uma reunião com todas as pessoas para conclu-são e fechamento dos números por setor.

No mês de janeiro já é rotina reu-nir todas as pessoas, e o gerente da uni-dade faz a apresentação de tudo que foi discutido e acordado, passando as metas para o ano e os resultados do ano ante-rior.

O monitoramento destes dados se dá diariamente em maternidade por meio da coleta dos dados pertinentes àquele setor, e em todos os setores são realiza-das reuniões semanais com data e horário pré-determinados. Estas apresentações são sempre em sistema de rodízio, e todos podem e devem participar, apresentando seus dados às demais pessoas, para que

todas se sintam parte do processo. Claro que antes elas precisam ser treinadas. Ao final de cada mês faz-se uma reunião de análise crítica (conforme norma ISO 9001), em que são envolvidos todos os líderes, gerências e a equipe de controle de qualidade para exaurir todas as possi-bilidades de melhorias que deverão estar em pauta para serem discutidas com o grupo.

Como fazer para que tudo que citamos acima funcione para manter nossos resultados?

Ter de forma muito clara, juntamente a) com toda a equipe, as metas que que-remos;Estabelecer, juntamente com as nos-b) sas equipes, os padrões técnicos (PT), padrões gerenciais (PG) e padrões ope-racionais (PO) de todo o processo;Treinamento e certificação dos traba-c) lhadores no cumprimento dos padrões acima citados;Verificação dos cumprimentos das d) especificações e padrões (supervisio-nar, auditar). O gerente deverá ordenar a forma de fazê-lo de acordo com o grau de importância de cada item, e nesta tarefa este deverá ser auxiliado pelos líderes de setor e pelo controle de qua-lidade (CQ). Desta forma assegura-se que tudo seja cumprido e, assim, todos possam estar sempre num processo de melhoria contínua.

Conclusões finais

Precisamos romper paradigmas para seguirmos evoluindo. Destaco como principais:

Relação matrizes/funcionário, corte • de cauda, dente e amarrar umbigo são realmente necessários? Precisamos eliminar algumas atividades para isso acontecer.Remunerar individualmente por produ-• tividade e capacidade.Comprometer ainda mais as pessoas • nas atividades e especializá-las;Estabelecer metas com as equipes;• Definir um cronograma de reuniões • disciplinadamente;Ter consciência de que pessoas são o • grande diferencial de qualquer negócio, elas deverão ser sempre o nosso foco, nosso grande tesouro;Desenvolver líderes e lideranças.•

Bibliografias consultadas

Hunter James, 2004 - O Monge e 1. o executivo, Como se Tornar um líder Servidor.

Elijah M. Gouldratt, 2009 - A 2. Meta, um processo de melhoria continua.

Falconi Vicente, 2010 - O 3. Verdadeiro Poder, Publicações FGV Management - Capacitação e Desenvolvimento de Pessoas, Desenvolvimento de equipes, Gestão estratégica de Pessoas, Atração e Seleção de Pessoas, Gestão de Desempenho, Gestão por Competências.

Silvio Luiz Johann, 2005 - Gestão 4. da Cultura Corporativa.

Ricardo Cogo, 2008 - 4º Simpósio 5. internacional de produção suína.

Covey Stephen, 2005 - Os 7 6. Hábitos das pessoas Altamente Eficazes, Publicações da Revista Você/SA.

Jane Smith, 1996 - Delegando 7. Poder.

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Qualidade é o nosso DNA

aúde suinícola

Animais Saudáveis. Alimentos Saudáveis. Mundo Saudável.

anunc_suinos.indd 1 16/06/11 10:23

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Disenteria suína

As características clínicas da disenteria suína (DS) têm sido bem des-critas, desde os anos 20, na suinocultura industrial. Trata-se de uma grave inflama-ção do intestino grosso, com a presença de diarreia mucosa sanguinolenta. Nas propriedades afetadas, a doença costuma ocorrer normalmente nos suínos em fase de terminação, de 12 kg a 75 kg, embora ocorra também, com regularidade, em marrãs e porcas A difusão da doença no plantel ocorre de modo lento, crescendo em número de casos na medida em que o agente se multiplica no ambiente. O período de incu-bação, nos casos de campo, vai normalmente de 7 a 14 dias. Os suínos que se recuperam desenvolvem apenas uma fraca imunidade, mas raramente sofrem as consequências totais da doença outra vez. O grande preju-ízo econômico da doença está associado à mortalidade dos suínos, à sua alta morbi-dade, à depressão no crescimento exigido pelo mercado e na eficácia da conversão alimentar, além dos custos da medicação contínua por meio da ração É uma doença opressiva para os suinocultores, os quais raramente conseguem manter a granja em condições normais, enquanto persiste a presença da doença.

A disenteria suína persiste como um tema importante, em termos de sani-dade, na Europa e nas regiões da Ásia-Pacífico e vem crescendo na América do Norte, na medida em que diminui o uso do carbadox. Nenhuma vacina ou teste san-guíneo convenientes estão disponíveis, e a medicação contínua é problemática no que diz respeito à DS endêmica – uma questão importante nas criações de suí-nos da Europa central é a alta prevalência de cepas de B hyodysenteriae, altamente

Disenteria e ileíte: momento exato para tentar decifrar a difícil ciência por trás dessas doenças

resistentes à tiamulina e patogênicas. As ações das autoridades regulatórias têm removido muitas drogas anti-DS eficazes e convenientes (quinoxalinas, metronida-zóis, ionóforos) ao longo do mundo da criação de suínos.

Essa importante doença entérica é causada pela bactéria espiroqueta, em forma de serpente, chamada Brachyspira hyodysenteriae. Esse micro-organismo foi cultivado pela primeira vez e usado para comprovar os postulados de Koch em 1970, pelos grupos de David J.Taylor, na Universidade de Cambridge, e de Hank Harris, em Iowa. Eles publicaram uma série de estudos explorando a questão da invasão das células epiteliais do cólon pelas espiroquetas e outras características patogênicas-chave das lesões precoces (ver Taylor e Blakemore, 1971).

O diagnóstico microbiológico

é crítico por causa da gravidade da DS. Por exemplo, uma questão fundamental envolvendo a aquisição de reprodutores é a existência de uma garantia da condi-ção livre de DS, por parte do fornecedor. O diagnóstico, por sua vez, baseia-se no histórico, quadro clínico, exames post-mortem e testes laboratoriais envolvendo ambos, isolamento em anaerobiose e identificação da B hyodysenteriae hemo-lítica pela prova do PCR. Esse diagnós-tico é complicado pelo fato do gênero Brachyspira possuir um número de espé-cies proximamente relacionadas, as quais podem desenvolver cruzamentos gené-ticos devido à presença comum de pró-fagos (ver Motro et al, 2009).

As questões científicas-chave relativas à Brachyspira hyodysenteriae e a DS são: i) aquelas relativas à patoge-nia da DS – como esse micro-organismo causa as lesões? e ii) aquelas relacionadas

Habitat da Brachyspira hyodysenteriae, criptas do colón intestinal

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Revisão Técnica

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Steven McOristEscola de Medicina Veterinária e Ciências

Universidade de Nottingham – Grã Bretanha – Reino Unido [email protected]

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Revisão Técnica

Suínos&CiaAno VII - nº 39/2011

à imunidade – por que as reações soroló-gica e imunológica são tão fracas? A falha da comunidade científica veterinária em responder a essas questões críticas, desde 1970, vem sendo notada regularmente (ver ter Huurne & Gaastra, 1995) e eu espero ressaltá-la novamente aqui. O genoma foi finalmente elucidado (ver Bellgard et al, 2009) e aponta para a existência de seis prováveis hemolisinas e 15 proteases. Entretanto, os poucos estudos mecanísti-cos (fisiológicos e farmacológicos) relati-vos aos fatores patogênicos da motilidade, revestimento lipo-polissacarídeo externo e supostas hemolisinas não correspondem à explanação baseada no desafio-exposição real, de como essa bactéria produz uma lesão impressionante – ainda que silen-ciosa do ponto de vista imunológico – e a doença. O efeito desejado das vacinas, testes sorológicos e novas drogas contra a DS, os quais se tornaram metas viáveis em 1971, presumidamente aguardarão muitos anos adicionais até que esses estu-dos microbiológicos desafio-exposição aconteçam.

Parte dessa falha pode ser devida à falta de suporte econômico para a con-dução de estudos básicos sobre doenças entéricas nos suínos. Muitas das des-cobertas prévias no campo da pesquisa microbiológica em animais de produção foram realizadas nos setores de avicultura e bovinos, tendo sido focalizadas – em sua maioria – nos temas de zoonoses/indústria de alimentos, como Salmonela. Qualquer sobra para estudos na área de suínos acaba direcionada para esses assuntos da indús-tria de alimentos ou estudos relacionados a doenças respiratórias, como PRRS.

Ileíte – enteropatia

proliferativa

As características clínicas da enteropatia proliferativa (EP, ileíte) vêm sendo bem descritas na suinocultura desde os anos 30. Em suínos de engorda com proliferação de mucosa não complicada, a condição é a enteropatia proliferativa crônica, também conhecida como adeno-matose intestinal suína (AIS). Lesões e sinais clínicos podem variar entre suaves e subclínicos e diarreia clínica com perda

de peso; ou – nos casos mais severos – mudanças adicionais podem se sobrepor a essas lesões básicas, incluindo enterite necrótica ou enteropatia hemorrágica pro-liferativa aguda. Todas essas formas de EP permanecem como doenças entéricas comuns e importantes. Estimativas entre a suinocultura global indicam que 96% dos locais das granjas estão infectados e, neles, cerca de 30% dos suínos – entre desmamados e terminados – têm frequen-temente lesões detectáveis em algum ponto, as quais causam claras perdas eco-nômicas (ver McOrist et al, 2003).

A natureza da EP não estava clara até 1973, quando suas lesões foram exa-minadas no nível ultra estrutural e uma pequena bactéria em forma de vibrião, curvada e intracelular, achava-se con-sistentemente presente na mucosa afe-tada, apenas no interior das células de proliferação anormal (ver Rowland & Lawson, 1974). A identidade dessas bac-térias EP e seu verdadeiro sistema etio-lógico foram finalmente elucidados em 1993, com a bem-sucedida co-cultura do microrganismo intracelular e a reprodu-ção da doença em suínos, usando-se uma cultura pura desse agente (ver Lawson et al, 1993 e McOrist et al, 1993). O nome Lawsonia intracellularis foi escolhido por refletir o papel-chave e a persistência do veterinário escocês Gordon Lawson, em sua descoberta. A característica singular da patogenia da EP é, por conseguinte, o claro desencadeamento de uma prolifera-

ção celular epitelial monotípica, causada por uma bactéria infectante. Que eu saiba apenas duas outras bactérias (espécies não relacionadas de Bartonella e Citrobacter) têm algum paralelo nessa patogenia pro-liferativa, sendo que o seu mecanismo exato ainda permanece desconhecido.

A pesquisa relativa à Lawsonia tem se focalizado principalmente em seus aspectos importantes para a suinocultura, entre eles a susceptibilidade do agente a vários antibióticos, sua epidemiologia dentro e entre granjas e os métodos de diagnóstico e tópicos relativos aos mes-mos, voltados para suínos vivos (ver Stege et al, 2004). A Lawsonia tem um genoma pequeno, mono circular e três plasmídeos (incluindo um megaplasmídeo), os quais são vistos de modo característico em outras bactérias simbióticas intracelulares (ver Gebhart & Kapur, 2007 e Schmitz-Esser et al, 2008). Uma vacina contra ileíte foi registrada pela primeira vez em 2001 (Enterisol™ Ileitis, sendo, agora, usada largamente ao redor do mundo (ver Guedes & Gebhart, 2003 e Kroll et al, 2004). Presumivelmente a escolha da forma da vacina (viva atenuada e de aplicação oral) adequa-se a esse tipo de agente intracelular da mucosa intestinal. Esse rápido desenvolvimento da vacina contra ileíte contrasta com o ritmo lento do desenvolvimento de vacinas contra outras doenças entéricas-chave dos suí-nos, como a disenteria suína e a colibaci-lose pós desmame.

Lesão característica da Lawsonia intracellularis, enterite proliferativa de grau moderado

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Entretanto, apesar da caracte-rística única e interessante da natureza proliferativa da EP com, talvez, ideias a serem extrapoladas para o câncer de colon humano e a flora intestinal, nenhum pro-gresso específico vem sendo realizado com relação à questão científica-chave referente à Lawsonia: como esse orga-nismo bacteriano causa as lesões prolife-rativas monotípicas no epitélio intestinal? O intrigante mecanismo por meio do qual a bactéria faz com que células epiteliais infectadas falhem – em termos de matu-ração –, mas continuem a fazer mitose e transformem as criptas de hiperplásicas em adenomatosas, ainda não é totalmente compreendido. Esse efeito adenoma-toso possivelmente causa uma inibição Lawsonia-específica no processo de diferenciação celular da cripta normal, como que regulado localmente no pes-coço da cripta (ver McOrist et al, 2006 e Oh et al, 2010). As criptas intestinais infectadas pela L. intracellularis podem se tornar largamente alongadas e frequen-temente divididas. Perda de proteína cor-poral e aminoácidos para o lúmen intes-tinal e absorção reduzida de nutrientes pela mucosa intestinal, com deficiência de enterócitos maduros, são as prováveis causas da redução no ganho de peso e da piora na conversão alimentar observadas em suínos afetados por lesões crônicas e não complicadas de EP (ver Rowan & Lawrence, 1982 e Gogolewski et al, 1991). Até então, os exames adicionais do genoma da Lawsonia têm revelado uma ajuda limi-tada, no que diz respeito à determinação de quais genes seriam os responsáveis pelo efeito de diferenciação do ciclo, com muitos genes desconhecidos evidentes.

Nós, por essa razão, notamos outra vez a falha da comunidade científica veterinária em responder a essa questão crítica com estudos básicos sobre doenças entéricas dos suínos. Presumivelmente as razões para essa falha residem outra vez na falta de verba para estudos bási-cos sobre essas doenças, dentro da grande soma alocada para a pesquisa da micro-biologia nas espécies domésticas.

Ficamos na expectativa de novos estudos e pesquisas atribuídas a estas doen-ças entéricas.

Referências selecionadas:

BELLGARD, M.I.; 1. WANCHANTHUEK, P.; LA, T.; RYAN, K.; MOOLHUIJZEN, P. et al. Genome sequence of the pathogenic intestinal spirochete Brachyspira hyodysenteriae reveals adaptations to its llifestyle in the porcine large intestine. Plos One v. 4 n. 3 p. 4641. 2009

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RESUMO

Quero dedicar este resumo ao meu colega de SETNA e amigo, Sr. José Ruano, que chegou à aposentadoria merecida, após longo período anterior de uma vida de tra-balho intensivo. Aprecio muitíssimo toda a sua qualidade humana e profissional. Obri-gado por sua aula magistral.

No último AASV, Dr Antonio desenvolve uma apresentação das ideias principais da Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Veterinários Especia-listas em Suínos, realizada em março, em Phoenix, Estado do Arizona. Confira estes itens ordenados que Dr Palomo desenvol-veu para os leitores da Suinos & Cia as primeiras ideias, colocando-as, então, em nossa prática de produção. Os assuntos desse resumo são:

Itens gerais •

Bem-estar •

Vírus da PRRS•

Vírus PCV-2•

Vírus da Influenza •

PFTS (síndrome de grave perda •de condição corporal)

Rotavírus•

Mycoplasma sp•

Brachispira hyodisenteriae•

Haemophilus parasuis•

Lawsonia intracellularis•

Salmonella sp•

Nutrição•

Transtornos reprodutivos .•

GERAL

KARRIKER, L. Desde a pri-meira edição do livro Diseases of Swine, em 1958, são muitos os paradigmas que mudaram sobre as doenças e seus tra-tamentos. A importância da segurança alimentar e a confluência com a saúde humana exigem cada dia mais da nossa profissão veterinária. Os conceitos e os princípios de ambas são similares e, para se tomar decisões sobre sanidade, se requer a evidência obtida por meio do estudo consciente, explícito e correto, baseado nos princípios médicos e na expe-riência prática. Quatro pontos básicos são determinantes nessa nova fase:

A observação sistemática tem maior o valor que aquela ao acaso. A experiência aumenta com a educação continuada.

A redução dos fatores de variabilidade o

(variáveis) que possam interferir apoiou essas condições.

Um informe completo e explícito das o condições da prova, material e métodos aumenta o valor do trabalho.

A similaridade das conclusões com o as condições de produção, na qual se aplica o tratamento, aumentará o seu valor clínico.

Devemos aprender durante toda a nossa vida profissional para poder ter uma longa vida como veterinários (www.ebuma.org). “A ignorância entusiasta é uma das forças mais daninhas“.

CONNOR, J.F. Temos de investir os recursos necessários para con-duzir testes de campo ou, de outra forma, é melhor não realizá-los. Ciência e produ-ção devem ir de mãos dadas e não inter-

Resumo da 42ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV)

Antonio Palomo YagüeDiretor da Divisião de Suínos

SETNA NUTRICION – INVIVO NSA [email protected]

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ferirem uma com a outra. Precisamos não apenas de dados, mas também de congruência biológica, pois os dados fora de con-texto podem nos levar ao erro. Devemos considerar a pirâmide de decisões e estabelecer o momento da coleta e análise dos dados. Qualquer intervenção em sanidade deve ter uma relação custo-benefício superior a 1, incluindo o tempo, o trabalho e o dinheiro.

O uso de fluidos orais (saliva e transudato da mucosa •oral) para detecção de agentes infecciosos por PCR e – mais recentemente – para a detecção de anticorpos está sendo introduzido em muitas doenças, incluindo a causada pelo vírus da gripe; o vírus da PRRS (sídrome respiratória e reprodutiva dos suínos), ou PRRSv; o circovírus (PCV2); a parvovirose; a leptospirose; a Salmonela sp; a Lawsonia intracellularis e o Mycoplasma hyopneumoniae (os fluidos se conservam congelados a 80°C).

O mapeamento genético de suínos iniciou um grande •projeto em 2006 e contribuirá, a priori, para melhorar a compre-ensão sobre a variação da tolerância em adquirir certas doenças (nos primeiros estudos relativos ao PRRSv estima-se uma her-dabilidade de 0,26).

O cariótipo dos cachaços, medido a partir do sangue •fresco, é a maneira de se determinar as translocações recíprocas em seus cromossomos, responsáveis por até 50% da redução no tamanho da leitegada. Nos EUA, assume-se que 0,7% dos cachaços tenham esse problema. Trata-se de uma técnica com um elevado índice de oportunidade para Centrais de Insemina-ção e granjas que produzam cachaços.

O florfenicol foi testado contra • Streptococcus suis, Salmonella choleraesuis, Escherichia coli e Bordetella bronchiseptica, revelando sinergia com oxitetraciclina e tulatromicina e nenhum antagonismo com ceftiofur, clortetraciclina, enrofloxacina, oxitetraciclina, tetraciclina tiamulina e tilosina.

10% das melhores granjas dos EUA têm um tamanho •de leitegada superior a 9%, enquanto a mortalidade nas mesmas, durante a lactação, aumentou apenas 4%, entre 2005 e 2010. A maioria desses casos é devida a baixas no nascimento, esmaga-mentos, viabilidade reduzida e a desordens digestivas. As prin-cipais áreas a serem revistas para a melhoria deste parâmetro são a correta preparação da sala de parto (fluxo contínuo, vazio sanitário estrito e reparo das instalações); a limitação do uso de drogas para indução do parto (se nem todos eles são atendidos, acompanhar e assistir – especialmente – os 3 a 5 dias posteriores aos mesmos); a ingestão de colostro; os protocolos de cessões e adoções; a manutenção das áreas de descanso secas e com calor adequado (zonas de conforto); os cuidados com leitões jovens, doentes e pouco viáveis; o controle da manutenção equilibrada dos ciclos reprodutivos.

As opções de tratamento dos distúrbios locomotores •em suínos incluem medidas nutricionais, genéticas, de alo-jamento e manejo. A saúde dos tecidos à base de queratina é influenciada pelos níveis de cálcio, fósforo, cobre, zinco, man-

ganês e vitaminas A, D, E e H (biotina) na dieta. As lesões nos cascos determinam piora na fertilidade, aumento na taxa de renovação e menor longevidade. A prevenção desse tipo de lesão passa pelo desenvolvimento adequado da futura reprodu-tora (seleção e alimentação), alojamento adequado/pisos e uma condição corporal correta das mesmas (nutrição específica para as futuras reprodutoras).

O • Streptococcus suis intervem como patógeno envol-vido em casos de meningite, endocardite, septicemia, artrite, broncopneumonia, poliserosite e morte súbita, havendo um conhecimento limitado de sua patogenia e epidemiologia. O papel dos diferentes marcadores de virulência não é bem conhe-cido (muraminidase, hemolisina, hialuronidase, fator extrace-lular e OFS). O sorotipo 2 é o mais isolado (37%), mas nem todos são virulentos; em seguida vêm os sorotipos 3, 8, 1, 4, 7 e 9. Ocorre uma alta dispersão genética, segundo as granjas e as regiões geográficas.

O TorqueTenoVirus (TTV) é transmitido por via ute-•rina em granjas de alta prevalência e com possível contaminação do cordão umbilical pelo sangue da porca (presente nos fluidos peritoneias), durante a cesariana. O TTV2 tem prevalência supe-rior ao TTV1 em fetos abortados. Sabe-se também da transmis-são oro-fecal e horizontal.

Em um estudo de 99 artigos sobre úlceras gastro-•esofágicas, foi constatado que os dados são inconsistentes para

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associá-los com o Helicobacter sp. Existe a possibilidade de que a referida bactéria possa causar gastrite.

A medida da atividade da con-•centração de um antibiótico no fluído extracelular é o método preferido para correlacioná-lo com as taxas de eficácia clínica de farmacocinética e farmacodi-nâmica (PK-PD). Estuda-se a meia-vida da enrofloxacina e de seu metabólito, a ciprofloxacina.

O uso da tilmicosina • vs tia-mutina + clortetraciclina, em leitões desmamados positivos para o SRRSv, Mycoplasma hyopneumoniae, Pasteurella multocida, Streptococcus suis e Actinoba-cillus suis, entre os 21 dias de idade e o desmame e aos 60 dias, em doses diferen-tes, resultou em melhora no ganho médio de peso diário, consumo médio diário e taxa de conversão em relação ao controle, com um custo similar por suíno em ambos os tratamentos.

Em um levantamento reali-•zado em 19 granjas de sete Estados, com estações eletrônicas de alimentação, os criadores informaram como as mesmas melhoraram o manejo das porcas, reduzi-ram o custo da alimentação e aumentaram o bem-estar das mesmas – ao melhorar suas condições corporais. Como pontos críticos temos o custo, a necessidade de mão de obra qualificada e os serviços de apoio técnico pós instalação do sistema. Todos os suinocultores recomendam o uso de tais centrais eletrônicas de arraçoa-mento em porcas gestantes.

A exposição oral de porcas a •derivados de material orgânico (fezes, placentas e outros) vem sendo feita há anos para estimular a imunidade na granja, a fim de controlar e prevenir doen-ças (Bay em 1953, contra a gastrenterite transmissível (TGE) e Kohler em 1974, contra a Escherichia coli). No entanto, é importante dizer que – com este método – não se deve esperar a prevenção das infec-ções. O colostro é uma relação de IgA e IgG, de 0,16 a 0,22, e de leite, de 2,1 a 6,96, além de induzir a formação de outros componentes importantes da imunidade, tais como células polimorfonucleares, linfócitos, macrófagos e células epiteliais. O colostro tem mais células fagocíticas

(linfócitos: 26%) e células epiteliais, mais leite. Um estudo realizado em uma granja de 5.400 porcas com problemas de diar-reia neonatal por E. coli e Clostridium perfringens do tipo C determinou que a exposição oral de marrãs e de porcas em fase anterior ao parto não influenciou nos fatores de imunidade medidos no colos-tro, além de não influenciar na excreção destas bactérias na sala de parto.

Para introduzir, com êxito, ani-•mais de alta sanidade em granjas positi-vas, devemos levar em conta os seguintes pontos-chave:

- Indicação de um veterinário que conheça e analise o status sanitário real da granja, tanto na origem, como no destino. A comunicação entre os profissionais de ambos os pontos é imprescindível, con-siderando o plano sanitário e os exames laboratoriais.

- Isolamento das porcas que entram para definir a duração, localiza-ção, distância e espaço, pessoal encar-regado, qualidade da água e da ração. É fundamental a participação de pessoal qualificado e observador.

- Aclimatação: vacinação, exposi-ção, feedback e imunidade.

- Monitoria sanitária: observar sinais clínicos, exames clínicos, exames post mortem e testes diagnósticos.

- Introdução no plantel de repro-dutores: área específica, com observação dos sinais clínicos.

Uma nova iniciativa chamada •“We Care” foi desenvolvida pelos pro-dutores e associações para promover a carne suína, atrelada à segurança alimen-tar, bem-estar animal, meio ambiente e saúde pública. Nos EUA, menos de 2% da população está envolvida no meio rural, em comparação com os 53% de um século atrás, tornando-se difícil fazê-los entender o sistema de produção de alimentos. Um objetivo básico seria demonstrar que se produz de forma responsável (novos prin-cípios éticos dos produtores de suínos), sendo necessário – para tanto – maior profissionalismo e respeito às boas práti-cas de manejo em cada etapa da produção (granja, transporte, abate).

BEM-ESTAR SUÍNO

Destacam-se três escolas, na •hora de abordar o bem-estar na suinocul-tura:

Baseada nas sensações: prazer, sofri-o mento, estresse e dor

Baseada no exercício e saúde dos ani-o mais

Baseada no comportamento normal dos o suínos, em condições naturais

Bem-estar animal é uma questão que envolve várias disciplinas científicas, que são parte da ciência animal e incluem produção, fisiologia, anatomia, saúde e comportamento (etologia). O uso razoá-vel, a análise e a interpretação corretas e a sua aplicação profissional são componen-tes críticos na pesquisa do bem-estar dos suínos. Sua correta aplicação conduzirá a melhores condições sanitárias e financei-ras, bem como à redução de comporta-mentos estereotipados e lesões.

http://vet-med.iastate.edu/rese-arch/labs/swineLab

Conceito de “Engarrafamento”: •mudança na visão da sociedade com rela-ção ao bem-estar animal e sua utilização na agricultura. Daqui saíram muitos dos movimentos sobre direitos dos animais, transferidos para todas as estâncias buro-cráticas. Para evitar sua polarização, devemos construir uma agenda que comu-nique ao público os indicadores reais e as práticas corretas de produção, por meio de canais de informação que estabeleçam as bases do conhecimento, evitando o con-flito de quadros legais antagônicos relati-vos ao sistema produtivo.

•O controle da dor tem uma grande relevância social. Os analgésicos validados estão definidos em quatro gru-pos:

- Opiáceos: de curta duração e de uso exclusivamente veterinário

- Alfa-2 agonistas adrenérgicos: devem ser usados em combinação

- Anestésicos locais: aliviam a dor durante pouco tempo

- NAIDs: com vantagens sobre os

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anteriores, de efeito a longo prazo, anti-in-flamatórios, não afetam o comportamento e não têm efeitos cardiovasculares adver-sos; legalizados para uso veterinário em várias formas de administração. Os desta-ques são ketoprofeno (Anafen®), flunixin e meloxicam (Metacam®). Este último produz boa analgesia quando combinado com o butorphanol. Como sedativos tam-bém são utilizados o azaperone (Stres-nil®), usado em conjunto com a ketamina (20 mg/kg), a 2 mg/kg, para castração.

PRRSv

As perdas anuais estimadas, •devido ao referido vírus nos EUA, são de US$ 560 milhões, o equivalente a US$ 1,5 milhão por dia. O custo estimado por suíno está entre US$ 28,00 e US$ 76,00; por suíno abatido, entre US$ 1,98 e US$ 2,38. Um dos aspectos que torna

difícil o controle da doença é a presença de animais persistentemente infectados, mas com baixo nível de infecção, por um longo tempo. As biópsias de tonsilas determinam com muita precisão a pre-sença do vírus; a pesquisa da presença do mesmo nos fluidos orais tem tanta sensibilidade quanto a sua determinação em amostras de soro. Os fluidos orais de cachaços, monitorados por qRT-PCR para o vírus da PRRS, são muito efica-zes a partir do quarto dia pós-infecção, o que facilita tanto a amostragem como o manejo dos cachaços. Existe uma cor-relação positiva entre os resultados de sorologia individual e o pool de fluidos orais por lotes, analisados pela prova do RT-PCR.

Estudos canadenses indicam •perdas de 340 a 460 dólares por porca/ano nos episódios agudos da doença, e de 250 dólares nos casos crônicos. Deram início em um projeto-piloto no oeste do país para certificar granjas SRRPv livres, incluindo

produtores, pesquisadores, veterinários de suínos e laboratórios, sendo válidos ape-nas os testes sorológicos de ELISA e PCR para o diagnóstico e acompanhamento. Estimam que as duas principais fontes de incursão viral nas granjas sejam a entrada de animais e sêmen.

Foram analisadas sete granjas •com mais de 3 mil matrizes, em áreas de alta densidade nos Estados de Minnesota e Iowa (EUA), com histórico clínico de PRRS nos últimos quatro anos. Foram instalados filtros com sistemas de venti-lação por pressão negativa, que captam as partículas maiores que 0,3 microns e não houve – durante um ano – quaisquer sintomas clínicos da doença em nenhuma delas.

Em uma granja mexicana de •750 porcas, com quadros clínicos recor-rentes da doença causada pelo SRRPv desde 2005, foram adotadas mudanças no manejo e utilizadas vacinas a vírus de

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campo vivo em marrãs e porcas, não sendo possível controlar a viremia nos leitões ao desmame. O padrão de vacinação foi alterado, passando-se a usar a vacina viva modificada comercial em massa: para todo o efetivo de reprodutores, revacinando-os quatro semanas mais tarde; para leitões, aplicando uma única dose no desmame. Com esse novo esquema estabilizou-se a granja, passando os leitões a serem negativos, no desmame, condição essa determinada por PCR, após 14 semanas da segunda dose em massa. Passaram os índices de aborto, de 4,16% para 3,28%, mumificados de 2,93% para 1,46%, a mortalidade na lactação de 8,23% para 7,31% e a mortalidade de leitões desma-mados de 3,77% para 1,83 %.

Em um estudo onde se vaci-•nou leitões contra o PCV2 quando havia uma infecção aguda pelo SRRPv, não foi encontrado nenhum efeito adverso sobre a eficácia das vacinas contra o PCV2 (2 mL/ds.), Ingelvac® Circoflex (1 mL/ds.) e Circumvet® (2 mL/ds).

As altas temperaturas do verão e •as infecções sazonais reduzem a probabi-lidade de detecção do SRRPv. Da mesma forma, as práticas de descontaminação de caminhões (desinfecção + secagem), bem como o treinamento do motorista e o res-peito às medidas de biossegurança, são essenciais para o controle e a eliminação potencial do referido vírus. Sua dissemi-nação via aerossol é demonstrada por até 9,2 km. A alta umidade do ambiente e a condensação também favorecem a disse-

minação do mesmo. O SRRPv sobrevive em baixas temperaturas extremamente bem, sendo facilmente inativado por lava-gem com detergente e desinfecção com Virkon®.

A viremia em leitões desmama-•dos pode durar 35 dias, mantendo-se os mesmos persistentemente infectados por até 250 dias. As subpopulações virais são atribuidas à variabilidade do status imu-nológico das leitoas ao entratrem na fase de produção.

VÍRUS PCV2

O DNA do PCV2 é transmitida •por meio do sêmen de machos infectados, de modo natural e experimentais. Cacha-ços infectados pelo m. hyopneumoniae têm títulos mais elevados contra o PCV2 no soro. Machos vacinados contra o PCV2 reduzem a excreção viral no sêmen, sua viremia e os sinais clínicos da doença.

Nova combinação PCV2 + •Mycoplasma hyopneumoniae aprovada nos EUA (Circumvet® PCV M) a 2 mL/ds., com 3 e 6 semanas de idade, sendo efi-caz contra infecções mistas por ambos os agentes infecciosos.

A vacinação conjunta com três •semanas de idade, comparada à única vacinação contra o PCV2, realizada em uma granja na Suécia, leva a melhores resultados na produção e a uma melhora

clínica estatisticamente significativa. Também no estudo de suínos para o abate houve melhora na qualidade da carcaça, obtendo-se um ROI de 2,3.

Em um estudo com leitões •SRRPv + Mycoplasma hyopneumoniae negativos, vacinados com 3 semanas e entre 3 e 6 semanas de idade, com vacinas de uma e duas doses, observou-se ausên-cia de reações no local da injeção no caso da primeira (0,8 a 1,7%), em comparação com 67,71% na de duas doses. O USDA aprova vacinas mistas de uma dose, que sejam seguras e não reativas.

A aplicação de Suvaxyn• ® PCV2 – vacina quimérica PCV1.2 inativada (1 ds. de 2 mL com 3 semanas de idade) em 74 leitões saudáveis, infectados há 22 dias com o PCV2 heterólogo, determinou uma redução significativa na carga viral (de 2,3 a 5,8% vs 41% do placebo) e não provocou reações secundárias no ponto de inoculação.

O PCV2 é transmitido lateral-•mente e verticalmente. O impacto sobre a viremia anterior ao desmame varia entre granjas, sendo maior nos leitões de porcas com mais de três partos. A quan-tidade de vírus encontrada no colostro está bem abaixo da do cordão umbilical. Demonstra-se que a vacinação das repro-dutoras não previne a transmissão verti-cal. A vacinação de futuras reprodutoras pode levar a uma redução da carga viral nos leitões lactentes, principalmente em granjas PRRS positivas, razão pela qual seria aconselhável evitar coinfecções pelo SRRPv. A vacinação de porcas reduz os sinais clínicos e melhora os parâmetros de produção, mas nem sempre promove uma completa prevenção da infecção do feto no útero. A infecção pelo PCV2 in útero pode ser diagnosticada pela demonstração de anticorpos ou DNA no soro e tecidos de leitões natimortos. Estudos têm demons-trado que a mosca pode ser um potencial portador e transmissor do PCV2b e da Lawsonia intracellularis.

São reconhecidos cinco subti-•pos de PCV2 (a, b, c, d, e), sendo a e b os mais frequentes. Os problemas reproduti-vos associados ao PCV2 manifestam-se como um aumento no número de abor-tos, mumificados de tamanhos diferentes,

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fetos macerados, natimortos e leitões fracos ao nascer. A porca não costuma mostrar sintomas clínicos, nem previamente ou nem no momento do problema infeccioso. É possível a ocorrên-cia de pseudogestações e atraso no dia previsto para o parto. O diagnóstico por sorologia é pouco viável e nem mesmo a fêmea pode estar virêmica no momento do parto. A primeira replicação de PCV2 no feto realiza-se no miocárdio, espalhando-se entre os demais fetos no útero. É possível se detectar o antígeno do PCV2, ou o DNA viral, em tecidos fetais (miocárdio, fluido torá-cico, timo, baço, tireóide e pulmões).

VÍRUS DA GRIPE

Os três subtipos de vírus da gripe (influenza) em •suínos, mais relevantes em nível mundial são: H1N1, H1N2 e H3N2. Nos EUA, nos anos 70 e 80 prevaleceu o H1N1; o H3N2 nos anos 90, com uma incidência de 8% e, no final de 1998, uma nova cepa H3N2 surgiu na Carolina do Norte, Texas, Iowa e Minnesota. Em 1999, um novo sorotipo H1N2 foi detectado. Em um estudo realizado entre junho de 2009 e outubro de 2010, em 960 swabs nasais de 32 granjas se obteve uma taxa positiva de 4,18% com o tipo de vírus influenza A (leitões com cinco sema-nas até 32 semanas de vida foram determinados positivos), por meio da prova de RRT-PCR. Os subtipos encontrados na Europa

diferem dos americanos. Na Europa, num estudo francês em 33 granjas e num italiano, em 25 granjas, utilizando o teste de ini-bição da hemaglutinação, revelou-se mais de 50% positivas para o H1N2, e outros 40% positivas para o H1N1. 30% das granjas estão infectadas com dois subtipos e 20% com três subtipos do vírus da gripe.

Suínos infectados excretam o vírus por um período •limitado de 7 a 10 dias. Em reprodutoras são criadas subpopu-lações, as quais mantêm o vírus na granja. O vírus foi detectado em suínos de apenas 11 dias de idade. O vírus se espalha rapi-damente entre as populações de suínos não imunizados e a sua transmissão pode ser prevenida com vacinas homólogas, sendo a mesma variável de quando se usa vacinas heterólogas (“Ro Ratio”: número de infecções secundárias após a primeira infec-ção; Ro> 1 significa a propagação do vírus). Transmissão por aerossol é uma das principais vias de propagação, especialmente em áreas de alta densidade (detectores ciclônicos são usados para determinar a presença do vírus no meio ambiente).

A capacidade de detectar o vírus da gripe em flui-•dos orais aumenta ao se incrementar a prevalência do HIV na população estudada. O diagnóstico por meio do teste de ELISA indireto, normalmente, produz falsos negativos, dependendo do status da vacinação, no número de dias pós-infecção, do tipo de vírus e da interação entre o vírus de campo e o da vacina.

O uso de vacinas baseadas no sistema de replicantes •alfavirus, com partículas de RNA e expressas no gene da hema-glutinina viral H3N2 a partir do cluster 4, determina a ausência de excreção viral entre os suínos vacinados e – assim – se dis-semina entre a população. Não há reversão da virulência. Uma simples alteração de um único aminoácido viral pode levar a uma redução na capacidade da vacina em diminuir os sinais clí-nicos da influenza nos suínos.

PFTS

A síndrome de grave perda de condição corporal após o desmame (PETS - Porcine Peri-weaning failure to Thrive Syndrome) tem sido descrita recentemente por vários grupos de médicos veterinários, no Canadá e nos Estados Unidos. Foi feita uma referência a ela, precisamente pela primeira vez, no evento D´Leman Swine Conference de 2008, como sendo uma síndrome catabólica onde os leitões mobilizam suas reservas de gordura e perdem massa muscular e peso, tendo seus fígados tomados, frequentemente, por infiltração gordurosa. Em 2010 voltaram a apresentar um novo caso nesse mesmo evento, dessa vez realizado na Universidade de Minnesota e também no IPVS 2010, de Vancouvert (Canadá).

Esta síndrome de leitões no desmame está alcançando notoriedade na suinocultura. Observada em leitões de boa qua-lidade, que subitamente tornan-se deprimidos, apáticos e ina-petentes, perdendo peso continuamente durante 4 a 10 dias até terem que ser sacrificados após 3 semanas, por emaciação. A

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taxa de mortalidade pode chegar até 15%, devendo-se considerar que – até onde sabemos – essa síndrome apresenta mor-bidade muito variável. Há desvios na sua incidência, intensidade e frequência, den-tro da mesma granja e mudando, a cada semana de desmame. Observa-se também um aumento da severidade nos meses mais frios do ano.

A PFTS foi observada em granjas de status sanitário diferentes, sendo rara a presença em propriedades de alto nível sanitário (SRRPv e Mycoplasma hyop-neumoniae negativas, onde se vacina con-tra o PCV2). O tamanho da granja, idade do desmame, as orientações de manejo da lactação sobre adoções e transferências, sexo e genética não foram identificados até agora como fatores de risco.

Se olharmos cronologicamente a clínica da doença, veremos que, entre 60 e 72 horas pós desmame já é possível identificar leitões com boa aparência e que ainda não tenham comido, aparente-mente saudáveis , sem febre, ativos mas com os flancos afundados e vazio abdo-minal. Esses leitões afetados movem-se lentamente e em distâncias mais curtas, parecem confusos e têm comportamen-tos exploratórios orais anormais e contí-nuos. Com o passar das horas tornam-se magros, apresentando rosário raquítico, desidratação, palidez e alterações na pela-gem. Episódios de vômitos ou regurgita-ção não foram descritos.

Além da falta de ingestão de ração, há uma queda drástica no consumo de água (entre 25 e 50%). Nos estágios finais de complicações gastrintestinais há presença de diarréia e septicemia bacte-riana secundária. Não há evidência conhe-cida de doenças infecciosas.

Na necropsia, os suínos são des-critos como não tendo nenhuma gordura corporal, trato gastrintestinal vazio de alimento, mas com conteúdo intesti-nal aquoso, parede intestinal mais fina e severa atrofia do timo. Nenhuma das lesões são características e patognomôni-cas. Na informação mais recente (evento da AASV, Março de 2011) foram eviden-ciadas lesões gastrintestinais com foco em atrofia das vilosidades intestinais, fases de colite crônica (de nível médio a grave), o

que compromete seriamente a permeabili-dade intestinal e – consequentemente – a absorção de nutrientes. Em suínos doentes há mudanças básicas nos níveis séricos de glicose e fósforo.

Os diferentes tratamentos testados com antibióticos não deram nenhuma res-posta positiva, tampouco a implementa-ção dos dez princípios básicos de manejo Madec. No entanto, recomenda-se a iden-tificar precocemente os leitões-problema, nos dias posteriores ao desmame (de segunda a sexta-feira seguinte à quinta-feira antes do desmame) e separá-los para a monitorização individual em um local específico, onde possam ser alimentados e recebam eletrólitos através da água de bebida (em vários pontos); considerar, para a alimentação dos mesmos, o uso de rações iniciais de primeira linha, em forma de papa, a fim de tentar incentivar o consumo.

Até agora não há nenhuma evidên-cia, com a concordância de muitos pesqui-sadores, de que a PFTS seja causada por um agente infeccioso viral, bacteriano ou parasitário, entre os conhecidos. Embora se desconheça a sua etiologia, suspeita-se de uma origem infecciosa. As teorias etio-lógicas mais referendadas são o caliciví-rus entérico suíno, o vírus da encefalite suína hemaglutinante, o citomegalovírus suíno, ou um novo agente viral. Como consequência, serão necessárias investi-gações mais precisas, através do moni-toramento de novos casos clínicos, para entender melhor a patogênese da PFTS e preencher todas as lacunas que temos neste momento, inclusive para encontrar soluções eficazes tanto para a sua cura como prevenção.

ROTAVÍRUS

O rotavírus suíno é um patógeno •entérico associado com as diarréias neo-natal e posterior ao desmame, que infecta os enterócitos das vilosidades intestinais, destruindo-as e provocando a atrofia das mesmas. Sua principal consequência é uma má absorção. A diarreia causada pelo rotavírus é amarelada ou branca e há pre-sença de leite não digerido no estômago

dos leitões. Em um estudo realizado em 4 granjas determinou-se que a sua preva-lência varia até 80%. Em nenhum deles isolou-se o sorotipo B do rotavírus (mais frequente nos episódios de vômitos), mas sim o sorotipo C, com maior prevalência em fêmeas de 4 ou mais partos. Em mui-tas granjas positivas podem não ser obser-vados todos os sintomas clínicos.

A gravidade da doença depende •do nível de anticorpos maternais, da idade dos leitões, idade do desmame e pres-são de infecção. O rotavírus é um vírus RNA não envelopado, similar ao vírus da influenza em seu comportamento genético (conhecido como “vírus da gripe intesti-nal”). São conhecidos quatro grupos de rotavírus suíno: A, B, C e E, sendo A o mais comum. No entanto, dados recentes do IUS-UDL sugerem que, na diarreia de leitões lactentes prevalece o rotavírus C (58% a 70% dos suínos com menos de 8 semanas de vida são positivos – estudos semelhantes na Itália, Irlanda e Coreia do Sul). O grupo A é altamente resistente aos desinfetantes e estável em pH entre 3 e 9. Entre os grupos não existe proteção cruzada, o que limita bastante o uso de vacinas, de modo eficaz. Há uma maior incidência de rotavírus do tipo A em lei-tões de fêmeas primíparas (38%) do que de multíparas (3%). A sua prevalência, tanto em casos clínicos como subclíni-cos de diarreia, antes e após o desmame, é muito semelhante. Infecções mistas são comuns, pelos rotavírus A, B e C (50%). O relato de mortalidade nos casos agudos da doença é de 7% a 20% em leitões lac-tentes e de 30% a 50% em leitões desma-mados.

MYCOPLASMA SP

O • Mycoplasma hyopneumoniae é uma das menores bactérias existentes na natureza, que por si só é minimamente patogênica, mas que em infecções simul-tâneas com outras bactérias ou vírus, leva a graves problemas respiratórios. Ataca o epitélio ciliar do trato respiratório baixo, reduzindo a função do aparelho mucoci-liar e alterando a resposta imune. A técnica mais utilizada para estabelecer a sua pre-sença é a sorologia, com alta taxa de falsos

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negativos e um baixo valor preditivo. Para a sua detecção é necessário tecido pulmo-nar e lavado brônquico, obtido por meio de uma nova técnica de PCR conhecida como ensaio cíclico térmio de DNA (Iso-thermal DNA Technique), que é bastante eficaz. As amostras oriundas da cavidade nasal dão resultados variáveis.

O nível de anticorpos circulan-•tes tem pouca correlação com o grau de proteção. A vacinação em uma idade pre-coce ajuda a controlar a clínica de pneu-monia enzoótica, não havendo diferenças nos parâmetros produtivos e na qualidade das carcaças pela utilização de vacinas comerciais de uma ou duas doses, nos EUA.

A • Pasteurella multocida é uma bactéria comum, complicante dos quadros respiratórios, em conjunto com o Mycoplasma hyopneumoniae. O uso de clortetraciclina, em 1 ou 2 pulsos de medicação, em suínos de engorda (2 semanas na entrada e 6 a 7 semanas depois), à base de 575 a 660 g / ton. reduz a mortalidade (0,63%) e os refugos (0,79 %), com um ROI = 2. As tetraciclinas são bacteriostáticas.

Mycoplasma hyosioviae:• bac-téria ubíqua localizada nas articulações e principal responsável por episódios de claudicação em suínos com 3 a 5 meses de vida. É isolada nas amígdalas e no trato respiratório superior, estando associados à sua patologia os fatores predisponentes ao estresse. A bactéria apresenta resistência, segundo o Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Iowa State University (ISU - VDL), à penicilina, ampicilina, ceftiofur e sulfametoxazol + trimetoprima. O anti-biótico de escolha é a tilosina tatrato com CIM de 0,25 microgramas por mL. A clin-damicina também é muito sensível.

Mycoplasma hyorhinis:• agente causador da poliserosite emergiu atual-mente, após o seu primeiro isolamento, em 1955, por Switzer, por causar mor-talidade em leitões (associada a sinais clínicos de prostração, tosse, respiração abdominal, febre, claudicação e presença de muco nasal). Os swabs nasais são mais sensíveis, para a detecção do patógeno, que costuma fazer parte da flora sapró-fita presente nas amígdalas e na cavidade

nasal. Ele se sobresai em co-infecções com o SRRPv, PCV2 e Haemophilus parasuis. A tulatromicina a 2,5 mg / kg de peso corporal, aplicada no desmame, tem efeito positivo no controle da clínica da doença e melhora os índices de produção (ganho médio diário, conversão alimentar e mortalidade).

Haemophilus parasuis

Foi desenvolvido um teste de •ELISA específico (OppA), que permite detectar a infecção pela bactéria em lei-tões não vacinados. Ele também detecta anticorpos recebidos passivamente da mãe. O H. parasuis causa, principalmente, quadros de pneumonia e poliserosite asso-ciados a fatores de estresse e agravados por infecções virais, como a causada pelo SRRPv.

Entre 2000 e 2006, a NAHMS •relatou um aumento de 230 e 340% nos casos de doença de Glasser, na creche e na engorda, respectivamente. O efeito do SRRPv sobre as vacinas comerciais não tem sido bem demonstrado.

Brachispira sp

Bactéria Gram negativa que coloniza o intestino do suíno. O Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Universidade de Minnesota, determinou, através de PCR, que 70% das Brachispiras não são classificados como B. hyodisenteriae e B. pilosicoli. As cinco espécies mais frequentemente identificados, incluindo as duas acima, são a B. intermediária murdochii e a B. innocens.

Até 1990, a incidência de Bra-chispiras nos EUA (ISU VDL) diminuiu, voltando a aumentar novamente após 2005, com outro pico em 2010. Foram identificadas 79 diferentes isolados. Ape-nas 29,1% eram B. hyodisenteriae e os outros 62% eram espécies de Brachispira diferentes da anterior e B. pilosicoli. 25% correspondeu à B. Murdochii, que é des-crita como não patogênica.

Em quadros causados pela B. hyodisenteriae, nem sempre se

encontra episódios de diarréias mucosas e sanguinolentas. Nos casos de enterite em suínos de engorda, normalmente vemos múltiplos agentes. Em um estudo realizado em 22 engordas, esses tipos de lesão foram detectados em 45% dos suínos e em 81,8% das propriedades, sendo as infecções mistas (Lawsonia intracellularis + Brachispira sp), as mais prevalentes.

A disenteria suína é uma doença causada pela bactéria aneróbia facultativa Brachispira hyodisenteriae (anteriormente: Treponema, Serpula, Serpulina), descrita pela primeira vez em 1921 por Whiting et al. Ela reduz de 5 a 10% o valor potencial do suíno, no aabate e está associada com a piora no ganho médio diário, à maior taxa de conversão, maior mortalidade e a uma alta porcentagem de leitões atrasados. As lesões são confinadas ao intestino e os uínos infectados podem permanecer como portadores por toda a vida, resultando em baixa imunidade, podendo haver recaídas graves. A Brachispira pilosicoli causa um quadro de fezes pastosas e mucóides. Já as espécies B. intermedia, B. murdochii e B. innocens não parecem produzir sinais clínicos ou lesões. A gravidade da diarréia está associada a inúmeros fatores, destacando-se a qualidade e os tipos de dietas e o uso de antimicrobianos, que afetam o equilíbrio da flora intestinal. Dietas altamente digestíveis reduzir a gravidade da doença e a inclusão de inulina reduz a disenteria clínica. As lesões típicas, na mucosa do intestino grosso, são: mucosa congesta, edema, presença de leucócitos e hiperplasia de células de Globet, com neutrófilos na lâmina própria. O diagnóstico deve ser feito a partir de fezes de animais não medicados, por meio de PCR. O diagnóstico diferencial é feito com relação a Salmonella, Lawsonia, Yersinia, Trichuris, Eimeria, PCV2, Coronavirus e úlceras gastro-esofágicas. Os sinais clínicos variam muito, nem sempre ocorrendo diarréia sanguinolenta e afetando a muitos ou a bem poucos animais ao mesmo tempo. Diarréia generalizada com muco, que nem sempre é acompanhada de sangue. Os suínos entre 30 e 130 quilos de peso e as marrãs no final da gestação são particularmente afetados.

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As granjas cronicamente afetadas têm menos sinais clínicos.

Lawsonia intracellularis

As principais vias de transmis-•são de Lawsonia intracellularis são fecal e oral, sendo a prova de PCR em fezes muito eficiente para o diagnóstico. A inclusão de tiamutina, a 10 a 35 g / ton. reduz os sinais clínicos, a prevalência e a quantidade/duração da excreção fecal.

Os níveis de IgG são detectados •por IPMA, até 12 semanas após a infecção experimental e 14 dias após, no caso de infecções controladas. Não há correlação entre os títulos pelo IPMA e a excreção fecal de bactérias detectadas por qPCR.

Salmonella sp

Em um estudo em nível nacio-•nal sobre a prevalência de Salmonelas nos EUA, realizado em 2006, o índice foi de 7,2%, com variações sazonais significati-vas. Os cinco sorotipos mais isolados de Salmonella sp, entre 1997 e 2009, foram S. derby, S. typhimurium, S. joanesburg, S. infantis e S. anatum, por ordem de pre-valência.

www.ars.usda.gov/main/site_main.htm?modecode=66120508

Em um estudo realizado em três •grandes granjas da Carolina do Norte, em 37% de, aproximadamente, 1899 amos-tras de fezes frescas isolou-se Salmonella sp. Apenas 9,1% desses isolados foram resistentes à ceftriaxona.

O sorotipo mais comumente •isolado em granjas é o S. typhimurium, que se localiza na mucosa intestinal, inva-dindo a lâmina própria e sendo fagocitado pelos macrófagos. O suíno o portador de Salmonela nas amígdalas, linfonodos e placas de Peyer. A Salmonela é excretada nas fezes, com um tempo de eliminação variável, de modo a não ser representativo da infecção atual o grau de infecção pre-sente. Para reduzir a poluição ambiental pela Salmonela é essencial a observação de práticas sanitárias integradas (limpeza, lavagem, desinfecção). Os sinais clínicos se focalizam em diarreia, desidratação e morte, por enterocolite necrosante fibri-nosa.

NUTRIÇÃO

O aumento no tamanho da lei-•tegada determina um percentual maior de leitões de baixo peso, enquanto a quanti-dade de leite por leitão diminui. O inte-resse pelo uso de alimentação “de arran-que”, para melhorar a condição – particu-larmente dos leitões menores – aumenta,

especialmente para melhorar o desempe-nho dos animais após o desmame (ganho médio de peso diário aos 8 e aos 34 dias posteriores). Ao mesmo tempo, um maior número de leitões come em um espaço de tempo mais curto, após o desmame, redu-zindo a dispersão dos pesos e melhorando assim a taxa de conversão de leitões mais leves no desmame, durante toda a fase do pós-desmame . Daí a conclusão de que apenas 17% dos leitões, em comparação com os 28% citados anteriormente, não comem corretamente no terceiro dia após o desmame.

A manutenção da saúde intesti-•nal e da função imunológica são os pri-meiros benefícios do uso de manano oli-gossacarideos para os leitões, Eu um teste realizado com leitões desmamados aos 24 dias, com Actigen® a 0,1%, o ganho de peso médio diário melhorou em 3,4% e a taxa de conversão em 3,8%.

No desmame, os níveis séricos •ótimos de alfa tocoferol (3 microgramas por mL) determinam uma resposta imune celular máxima. A forma de vitamina E presente no leite da porca normal é a de d-alfa-tocoferol.

O uso de óleos essenciais de •orégano (polifenóis, como o carbacol e o timol) em dietas de porcas gestantes e lactantes, promove um maior peso nos leitões ao nascer, aumentando também o número de leitões nascidos (0,61) e ganho médio diário durante a lactação (3 g / porca / dia). Dados obtidos após a utili-zação de 200 g / t de ração. Além disso, pode haver redução na incidência de coc-cidiose, tendo sido atribuido também ao óleo de orégano, ação antibacteriana e antioxidante.

REPRODUÇÃO

Em um estudo realizado em •330 mil porcas, distribuídas em 258 gran-jas nos EUA, entre 2007 e 2009, a média de idade na primeira inseminação foi de 252 dias. Houve um aumento de 0,7 leitão nascido vivo nas porcas em que se detec-tou o cio muito antes da inseminação (+ 2,1 leitões em sua vida produtiva).

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A taxa de melhoria de valor •genético varia entre as empresas do setor, dependendo muito dos cachaços da linha mãe e dos índices taxas dos finalizado-res. Comparando os machos elite com os padrões, estima-se um benefício econô-mico da ordem de US$ 2,03 / suíno.

A baixa fertilidade do macho •depende de fatores nutricionais, estresse, problemas sazonais, libido, distúrbios reprodutivos, infecções e genética. Pela análise de 500 testículos concluiu-se que a patologia mais comum é a varicocele, seguida por fibrose, inflamação e sangra-mentos, como epididimites e hemorra-gias.

A média de doses de sêmen •semanais/cachaço varia de 21 a 40, váli-das para inseminar entre 8 e 16 porcas semanais. Índices de fertilidade ideais são obtidos quando se insemina 24 horas antes ou algumas horas após a ovulação. O momento da ovulação varia de acordo com o intervalo desmame-cio e a duração do cio. Foi testada a injeção de 5 mg de LH suíno, intramuscular em porcas no dia da inseminação, inseminando-as somente uma vez em 24 horas após a detecção do cio, com 3.000 milhões de espermatozói-des/dose de 80 mL . 90% das porcas de 1 a 7 partos estavam no cio entre 4 e 6 dias (112 horas após o desmame).

Em um estudo feito em 1787 •ejaculados, na Espanha (Magapor), determinou-se que 26,24% dos mesmos estavam infectados (18,9% por bactérias Gram positivas e 81,08% por Gram-nega-tivas).

Doenças infecciosas em porcas resultam em falhas reprodutivas, mortali-dade e porcas descartadas no abatedouro. Elas podem ser diagnosticadas através do soro fetal e material abortado, encaminha-dos ao laboratório. Em casos de abortos, o ISU os classifica de acordo com dois mecanismos básicos:

- doença da fêmea: que dá origem a perdas de embriões ou fetos (influenza, PRRS, smedi, encefalomio-cardite). A porca geralmente tem sintomas clínicos.

- infecção do feto / placenta: a fêmea não apresenta, necessariamente, sintomatologia clínica (Leptospira, Erisi-pela, PCV2).

Processos virais representam 23% dos abortos diagnosticados no laboratório. As bactérias são responsáveis por 6,4% deles (Leptospira, Brucella, Salmonella, Erisipela). A prevalência de Leptospira caiu dramaticamente nos últimos 30 anos, em decorrencia de mudanças no manejo. A maioria das bactérias isoladas de fetos abortados (65%) são patógenos primários em animais adultos (Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Streptococcus suis, A. pyogenes). Apesar de todos os vírus que causa abortos serem patógenos potencialmente infecciosos, a maioria das bactérias envolvidas causam abortos esporádicos, ocasionais e indivíduais, com limitações significativas para a sani-

dade geral da granja. Devemos considerar que nem todos os fetos de uma leitegada foram infectados no momento do aborto (por exemplo, pelo SRRPv), por isso é sempre necessário enviar a maior parte do material abortado para o laboratório (e não apenas 1 ou 2 fetos). As duas doenças que mais comumente geram mumificados são a circovirose e a parvovirose. Ambos os vírus podem ser detectados por PCR em múmias geradas pela infecção entre 30 e 70 de gestação.

Para estudar falhas reprodutivas em uma granja é preciso ter todas as infor-mações sobre os parâmetros reprodutivos, uma vez que “não podemos gerenciar aquilo que não podemos medir”, Cada vari-ável, cada parâmetro, deve ser verificado. Os principais parâmetros a monitorar são: Taxa de natalidade, como um barômetro da reprodução

Taxa de concepção1.

Intervalo desmame a inseminação e 2. inseminações férteis

A distribuição destes parâmetros com 3. os ciclos de produção

Duração da lactação4.

Taxa de abortos5.

Taxa de mortalidade6.

Índices sazonais7.

Leitões nascidos totais: nascidos vivos, 8. natimortos e mumificados

Leitões desmamados vivos9.

Há muitos fatores a analisar e nunca se deve esquecer, pelo menos, dos protocolos de detecção de cio, tempo de inseminação, qualidade do sêmen, manejo do sêmen, manipulação técnica da IA, programa sanitário, programa de reno-vação de nulíparas, qualidade ambiental, sistemas de ventilação, qualidade - quan-tidade de água, curva de alimentação e condição corporal, dados de diagnóstico para acompanhamento laboratorial, tanto de saúde, como da qualidade do sêmen.

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Muitas empresas caíram e caem na armadilha das mudanças drásticas de coisas que não

precisam de alteração, apenas aprimora-mento. O que lembra a história de duas pulgas.

Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra:

- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.

E elas contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:

- Quer saber? Voar não é o sufi-ciente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente.

E elas contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes ensi-nou a técnica do chega-suga-voa. Funcio-nou, mas não resolveu. A primeira pulga explicou por quê:

- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimen-tando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.

E um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen.

Resolvido, mas por poucos minu-tos. Como tinham ficado maiores, a apro-ximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar. Foi aí que encon-traram uma saltitante pulguinha:

- Ué, vocês estão enormes! Fize-ram plástica?

- Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos arma-zenar mais alimento.

- E por que é que estão com cara de famintas?

- Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar. E você?

O CASO PULGA!

- Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.

Era verdade. A pulguinha estava viçosa e bem alimentada. Mas as pulgo-nas não quiseram dar a pata a torcer:

- Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em uma reen-genharia?

- Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.

- O que as lesmas têm a ver com pulgas?

- Tudo. Eu tinha o mesmo pro-blema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então ela me deu o diagnóstico.

- E o que a lesma sugeriu fazer?- “Não mude nada. Apenas sente

no cocuruto do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança”

Moral: você não precisa de uma reengenharia radical para ser mais efi-ciente. Muitas vezes, a grande mudança é uma simples questão de reposiciona-mento.

Autor desconhecido

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Recursos Humanos

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Resultados obtidos em diferentes condições:

100 - 150g peso médio ao nascer.

300 - 500g peso médio ao desmame.

Gestação (1 - 30 dias): Melhora as condições para implantação embrionária

(aumenta nascidos);

Gestação (71 - 110 dias): Fase que ocorre grande desenvolvimento do sistema

mamário (melhora a quantidade e qualidade de colostro), e desenvolvimento dos fetos

(aumenta do peso ao nascer);

Lactação: Promove melhoria na síntese do leite e melhor efetividade no uso

da energia disponível no alimento (melhora o peso médio ao desmame).

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Sumários de Pesquisa

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Vacinologia para Mycoplasma

hyopneumoniae: o que a literatura nos diz sobre a imunidade e o momento de vacinar?

Quando se trata de Mycoplasma hyopneumoniae ainda há muita coisa que permanece desconhecida com relação aos mecanismos da doença, imunidade protetora, prevenção e estratégias de tra-tamento. A literatura disponível é incom-pleta e, por vezes, contraditória quando se trata destes temas que podem fazer de sua aplicação no campo um desafio.

Estudos realizados no campo podem ser difíceis de interpretar devido à dificuldade na definição e controle de alguns fatores, como coinfecções e mudanças ambientais. Embora, por outro lado, os estudos realizados em condições experimentais nem sempre refletiram o campo. Um trabalho de revisão biblio-gráfica de autoria de Erin Strait, DVM, PhD, da Iowa State University, sobre este tema, foi apresentado no encontro anual da AASV (American Association of Swine Veterinarians, 2010).

Mecanismos da doença: Doen-ças associadas ao M. hyopneumoniae são consideradas, em grande parte, de patologia autoimune. Alguns fatores de virulência específicos foram descritos e relacionados à aderência, que parece

ser uma função complexa e redundante. Assim, anticorpos contra eles são apenas parcialmente protetores. Outros fatores de virulência potencial foram descritos, mas não bem definidos, e incluem a inibição da função dos macrófagos, além de fato-res mitogênicos ou citotóxicos.

Imunidade protetora: Postula-se que tanto as imunidades humoral e celular contribuem para a imunidade protetora, mas a identidade de antígenos proteto-res está longe de estar completa. Devido a esse fato, as vacinas disponíveis atu-almente são bacterinas constituídas por misturas de proteínas, principalmente de função desconhecida. Parece que pelo menos algumas dessas proteínas são imu-nodominantes, mas não de proteção, e é por isso que os anticorpos IgG sistêmicos, medidos após a vacinação e/ou infecção natural, por meio de ELISAs disponíveis, não se correlacionam com proteção. Se os ELISAs consistissem apenas de antígenos específicos de proteção, esses provavel-mente seriam mais preditivos da proteção animal.

É amplamente aceito que as vaci-nas contra M. hyopneumoniae diminuem as lesões após a infecção e estão asso-ciadas a parâmetros melhorados de cres-cimento, mas não impedem a ocorrência de colonização, embora as diferenças na virulência entre isolados de campo tenham sido demonstradas, e a proteção contra diferentes isolados possa ser variável. Como há relativamente poucos isolados de M. hyopneumoniae disponíveis para estudo, a extensão da proteção heteróloga de bacterinas comerciais não é totalmente

conhecida. As diferenças genéticas tam-bém foram mostradas, mas uma correla-ção entre essas diferenças e a virulência ainda precisa ser identificada.

Estratégias de vacinação: As recomendações para o momento da vaci-nação variam de uma até várias semanas de idade e são dependentes de padrões e status da infecção, tipo de rebanho, prefe-rências e finanças do produtor. A vacina-ção pode ocorrer antes da infecção aguda e, assim, a prevenção da pneumonia por Mycoplasma inicia-se com a otimização das práticas de manejo. Uma longa lista de condições ambientais e de alojamento tem sido correlacionada com a doença por M. hyopneumoniae dentro de rebanhos, e a minimização dos seus efeitos pode melhorar substancialmente o sucesso de outras intervenções, tais como vacinação e/ou medicação.

Foi demonstrado que a prevalên-cia de M. hyopneumoniae no desmame pode ser preditiva de lesões pulmonares ao abate. Portanto, uma meta de maxi-mizar o sucesso da vacina nos suínos em crescimento seria a redução da eliminação materna de M. hyopneumoniae, que pode variar amplamente, mesmo dentro do mesmo sistema. Isso minimiza a transmis-são vertical e dá tempo para a vacinação induzir imunidade antes de um desafio significativo para os suínos.

Imunidade passiva: O impacto da imunidade passiva não está totalmente resolvido na literatura. Há alguma con-tradição, mas parece que uma resposta imune eficaz pode ser montada em leitões na presença de imunidades humoral e celular de origem maternal, embora níveis muito elevados de anticorpos maternos possam ser inibitórios sob certas condi-ções. A enxertia não impede os leitões de absorverem anticorpos passivos, mas pode interferir com a transferência de imunidade celular.

Conclusões: Quanto a interven-ções contra a doença não há um modelo único de estratégia para todas as vaci-nações contra o M. hyopneumoniae. A literatura disponível apresenta algumas ideias, mas certamente existe uma série de lacunas importantes que precisam ser pre-enchidas. Quando os fatores envolvidos na imunidade protetora forem mais bem definidos, essas lacunas serão preenchi-das mais facilmente. Nesse meio tempo, os protocolos deverão ser adaptados com base nos melhores e sempre crescentes conhecimentos disponíveis.

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Prevalência de parasitas internos

em um sistema de produção integrada

Historicamente, os parasitas inter-nos têm sido uma fonte de perdas econô-micas para a indústria suína, estimadas em US$ 155 milhões anualmente. Uma pesquisa de 2006, nos EUA, indicou que 74,7% das unidades produtoras de leitões (UPL) e 30,6% dos locais de crescimento-terminação regularmente administram anti-helmínticos. No entanto, o para-sitismo interno é um tópico de pouca discussão ou preocupação em muitos dos modernos sistemas de produção de suínos.

A prevalência total de parasitismo interno provavelmente diminuiu com o advento da criação de suínos confinados e a aplicação de anti-helmínticos mais eficazes em programas de controle de parasitas. Entretanto, uma vez que um criatório é contaminado com os ovos dos principais parasitas internos de suínos, ou seja, Ascaris suum (verme redondo grande) e Trichuris suis (verme chicote), há o risco contínuo de um desempe-nho reduzido devido ao parasitismo. O objetivo do estudo de Gene Shepherd e colaboradores, apresentado no encontro anual da AASV (American Association of Swine Veterinarians, 2010), foi investigar a prevalência de parasitas internos em um grande sistema de produção integrada, levando também em consideração a con-cepção da instalação e os parâmetros de produção dos vários sítios.

Método: Um total de 2.894 amos-tras de fezes foram coletadas, processadas e analisadas, incluindo 1.197 amostras individuais de porcas, a partir de 40 reba-nhos, o que representa 44.050 animais reprodutores e 1.697 amostras compostas de suínos em terminação. Um composto continha um pool de cinco amostras de fezes separadas dentro da mesma baia. O número total de compostos por galpão variou de 10 a 24, dependendo da capa-cidade do alojamento. Os 1.697 compos-tos de amostras de animais de terminação representam 153 alojamentos (33,2% dos galpões) e 91 sítios de terminação (100% dos sítios).

Além da coleta da amostra, foi aplicado um questionário para cada granja UPL e de terminação para diagnosticar o

status histórico dos parasitas, parâmetros de saúde e de produção e desenho das ins-talações, a fim de avaliar possíveis fatores de risco que poderiam influenciar a carga parasitária. Foram coletadas informações sobre a ordem de parto e a duração da lactação para cada porca na amostragem. Dados fechados do grupo de terminação foram coletados por galpão para correla-cionar o potencial impacto da carga para-sitária no desempenho de produção (mor-talidade, refugos, ganho diário de peso, conversão alimentar, dias para o peso de mercado). Todas as amostras de fezes foram processadas usando uma modifica-ção da técnica de flotação e centrifugação (Wiscosin Sugar). A presença de qualquer número de ovos foi considerada positiva, e um galpão com pelo menos uma amos-tra positiva foi considerada positivo.

Resultados: O Ascaris suum foi o parasito predominante detectado. O Tri-churis suis foi encontrado em um sítio de terminação. Globalmente, 25% dos reba-nhos de matrizes foram positivos, repre-sentando 12 mil animais para reprodução. Quanto aos suínos em terminação, 31,7% dos galpões e 38,1% dos sítios foram positivos, representando 37.911 e 90.072 espaços de terminação, respectivamente. Em resumo, a prevalência de parasitas intestinais no âmbito deste sistema de integração foi inesperadamente alta, espe-cialmente nos sítios de terminação. Além disso, o tipo de piso significativamente influenciou o status parasitário nos sítios de terminação.

Soroprevalência do vírus influenza A

em suínos - H3N2: interferência do manejo animal e das condições climáticas

Desde o início do século XX, a gripe pode ser entendida como uma doença associada a uma infecção viral e, assim, seu agente etiológico pode ser mais bem caracterizado. Nos anos 90 foi demonstrado que o suíno é um fator importante no processo de adaptação do vírus da gripe para os seres humanos, pois, em sua forma aguda, o vírus pode-ria sofrer um “rearranjo” genético e se reproduzir em humanos com alta eficiên-cia. A partir de então, a espécie suína tem ocupado um lugar de destaque na epide-miologia da gripe, pois ela permite a cir-culação e a replicação de vírus de origem potencialmente humana e aviária.

Em 2006, pesquisadores propuse-ram que o surgimento de subtipos do vírus altamente patogênicos está relacionado à possibilidade de replicação em várias espécies animais e, principalmente, à den-sidade da população em que o vírus está presente. Segundo esses autores, estes foram os componentes relevantes para o surgimento de subtipos de H5N1 alta-mente patogênicos, que desde 1997 vêm

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Sumários de Pesquisa

Suínos&CiaAno VII - nº 39/2011

Page 54: Revistas Suínos

causando várias epizootias, aumentando o risco de uma nova pandemia de gripe.

Em suínos, a prevalência, princi-palmente do subtipo H3N2, além do sub-tipo H1N1, tem sido observada e, diferen-temente dos humanos, apresenta algumas mudanças antigênicas e genéticas ao longo do tempo. Vários estudos sugeriram que os trabalhadores da suinocultura têm maior risco de apresentar infecções com vírus da gripe comum aos seres humanos e suínos. O risco de rearranjo pode aumen-tar em situações em que o suíno faz parte da epidemiologia de alguns subtipos e, na medida em que o H3N2 está em causa, com evidências de que essa possibilidade é real e atual.

Devido aos riscos que os suínos representam na epidemiologia da gripe, um estudo conduzido por Caron, L.F. (UFPR) e colaboradores (VIRUS REVIEWS AND RESEARCH 15, Nr. 1, 2010) teve como objetivo determinar a soroprevalência em suínos do subtipo que infecta humanos, H3N2, em dois grupos de sistemas de produção de suínos no Estado do Paraná e correlacionar os dados sobre a proveni-ência das amostras - como manejo nutri-cional, sanidade, clima e, especialmente, densidade - com os resultados obtidos. Uma discussão é proposta para permi-tir correlacionar, em caso de alta preva-lência em suínos, os riscos de gerar uma

pandemia e aumento da suscetibilidade nos trabalhadores da suinocultura.

Método: Amostras de soro de suí-nos foram coletadas em diversos municí-pios do Estado do Paraná, de propriedades divididas em duas categorias: a primeira de pequenos criatórios com baixo número de animais (sem sanidade e manejo nutri-cional adequados), e a segunda de gran-jas comerciais (propriedades com maior número de animais com um manejo adequado quanto à nutrição, sanidade e ambiência). De um total de 675 amostras, 482 vieram de 74 granjas comerciais e 193 vieram desses 90 pequenos criatórios familiares. Para execução do trabalho, as amostras de sangue suíno foram analisa-das por meio de ensaio de HI (inibição da hemaglutinação). Também foi analisada a interferência do manejo dos suínos e das condições climáticas de cada região.

Resultados: Os resultados mos-traram que 46% das granjas comerciais de suínos eram positivas, ao contrário aos 6% dos pequenos criatórios familiares. Estes resultados salientam uma condição interessante: que a densidade dos animais possivelmente influencia os resultados, demonstrando que a influenza é uma doença respiratória comum nas criações industriais. 20% dos animais nas granjas comerciais eram soropositivos, contra 3% dos suínos nos pequenos criatórios.

É importante observar que, em condições de maior densidade populacional, mesmo com um manejo ideal, o vírus da gripe é mais capaz de se difundir, mas não pro-duzindo sinais clínicos nos animais, com diagnóstico conclusivo, como é o caso das propriedades testadas, nas quais não houve registro da gripe clínica nos ani-mais. Da mesma forma, as amostras pro-venientes das áreas mais frias do Estado apresentaram, em regra, um alto índice de positividade.

A constante e contígua coexis-tência do homem e do suíno é um fator relevante quando se considera o possibi-lidade de replicação dos mesmos subtipos virais em ambas as espécies. Analisando soro de 128 pacientes nos EUA, pesqui-sadores mostraram que em 49 deles, que tinham contato frequente com a pro-dução de suínos, a prevalência de anti-corpos contra a gripe subtipo H1N1 foi maior, especialmente quando as técnicas de manejo - como o uso de luvas - não foram utilizadas. Da mesma forma, outro estudo concluiu que houve um aumento da susceptibilidade à infecção por gripe em trabalhadores envolvidos na indústria de produção suína, detectando soroposi-tividade em veterinários, funcionários de granjas e manipuladores de carne.

Nas granjas paranaenses testadas, a detecção de 20% dos animais infectados poderia justificar a aplicação de medidas de controle a fim de evitar manifestações clínicas associadas nos suínos. Da mesma forma, o seu papel na geração de uma possível pandemia justifica a adoção de medidas preventivas relativas ao contato e manejo dos suínos pelos funcionários das granjas, minimizando as chances de infecção em ambas as espécies. Os resul-tados permitiram aos autores concluir que o vírus está presente nas instalações de criação de suínos, e as estratégias para prevenir futuras epidemias e epizootias devem considerar o papel dos suínos como um fator importante na epidemio-logia da gripe.

Por Dr. Paulo Roberto S. da [email protected]

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Sumários de Pesquisa

Suínos&Cia Ano VII - nº 39/2011

Page 55: Revistas Suínos
Page 56: Revistas Suínos

BIOSSEGURIDADEVamos conferir quais são as principais medidas relacionados a biosseguridade, que quando aplicadas adequadamente se pode prevenir a entrada de doenças

nas unidades de produção suína. Confira!

As granjas devem estar localizadas geograficamente em local isolados e distantes de outras propriedades

pecuárias como também de frigoríficos. Protegê-las dos ventos

contaminados e animais predadores através de barreiras naturais e

físicas sem duvida é uma excelente estratégia.

Para controle de possível contaminação através de veículos se recomenda dispor de arco de desinfecção para que todos os transportes sejam lavados e desinfetados antes de se aproximarem da propriedade e unidades de produção. Devendo também existir área externa de estacionamento.

Para o programa de melhoramento genético através da aquisição dos

animais de reposição, sempre receber os animais

reprodutores em caminhões fechados, climatizados com

presença de filtros de ar.

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Dicas de Manejo

Suínos&Cia Ano VII - nº 39/2011

Page 57: Revistas Suínos

A granja deve dispor de instalações de quarentena para receber os

animais de reposição e que esteja separada das unidades de produção.

Deverá proteger a unidade através de barreira verde como também manter

funcionários que operem apenas nesse sistema.

Todo e qualquer tipo de reprodutor adquirido deve ser livres de doenças que comprometa a saúde do plantel. Deverá ter certificado de origem quanto a saúde e índices zootécnicos dos animais recém adquiridos.

Apenas após a certificação de provas laboratoriais de

diagnóstico que comprovem que os animais realmente estão livres

de enfermidades , os mesmos poderão ser introduzidos no

plantel.

O escritório deve estar localizado estrategicamente para que se possa cumprir o objetivo de controlar e rastrear a entrada de pessoas. O visitante sempre deve ser acompanhado por um encarregado ou gerente.

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Dicas de Manejo

Suínos&CiaAno VII - nº 39/2011

Page 58: Revistas Suínos

As instalações devem ser protegidas com

a utilização de tela anti-passáros,

evitando que os mesmos tenham contato com os

animais e ração.Evitar presença de outras espécies no interior das instalações. O controle de roedores e pragas deve ser realizados por empresas especializadas

Cumprir com o programa de manejo tudo dentro tudo fora em todas as fases de produção. Lavar, desinfetar, secar as

instalações e cumprir o vazio sanitário entre os lotes

Qualquer objeto de uso pessoal ou de utilidades deverá passar

por processo de fumigação antes de entrarem na área interna da

granja.

Funcionários e visitantes devem cumprir o programa de banho e troca de roupas antes de entrarem nas unidades de produção.

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Dicas de Manejo

Suínos&Cia Ano VII - nº 39/2011

Page 59: Revistas Suínos

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Page 60: Revistas Suínos

1. A localização e a distância en-tre granjas respeitam os limites de controle sanitário?

o Sim o Não

2. Existe barreira com cerca de iso-lamento em volta das instalações e telas antipássaros nas laterais dos galpões para evitar presença de pássaros em contato com alimen-tos e animais?

o Sim o Não

3. O controle de tráfego é limita-do por meio de cercas, impedindo a entrada de pessoas e animais de outras espécies?

o Sim o Não

4. O escritório está localizado es-trategicamente para que se possa cumprir o objetivo de controlar e rastrear a entrada de pessoas e todo tipo de transportes?

o Sim o Não

5. Antes da entrada na granja exis-te um arco de desinfecção?

o Sim o Não

6. Todos os veículos passam pelo processo de lavagem, secagem e desinfecção antes de entrarem na granja?

o Sim o Não

7. Os caminhões são lavados, se-cados e desinfetados sempre que terminam o descarregamento dos animais, em locais especificamen-te selecionados e preparados para tal?

o Sim o Não

8. Existe um quarentenário, aliado ao apoio laboratorial, minimizando os riscos de introdução de animais portadores de doenças, asseguran-do seu status sanitário?

o Sim o Não

9. Existe um programa de limpeza e desinfecção como peça fundamen-tal dentro do conjunto de práticas de manejo presente na granja?

o Sim o Não

10. É realizado o vazio sanitário como uma prática complementar à

desinfecção, permitindo a destrui-ção de microorganismos?

o Sim o Não

11. Existe adequado destino aos animais mortos e demais matérias orgânicas?

o Sim o Não

12. Realiza, com frequência, a análise da água de bebida quan-to à qualidade e contaminantes, tomando as devidas providencias quando necessário para favorecer o consumo de água potável?

o Sim o Não

13. Existe um consistente e ade-quado controle de pragas por meio de produtos e profissionais espe-cializados para o controle de mos-cas, mosquitos e larvas?

o Sim o Não

14. Existe um programa de rotina para coleta de amostras das maté-rias-primas e envio a laboratórios idôneos com o intuito de controle do grau de contaminação e, ainda, a possibilidade de uso?

o Sim o Não

BIOSSEGURIDADEDra. Nazaré Lisboa pergunta: Sua granja adota medidas de biosseguridade?

A adoção de medidas de biosseguridade se faz necessária na suinocultura, sendo a melhor manei-ra de diminuir os riscos de entrada de agentes causadores de doença. Respondendo às perguntas

abaixo simplesmente com Sim (S) ou Não (N), você certamente estará revisando como se encontra o sistema que preserva a saúde do rebanho, que é, atualmente, a principal prioridade da suinocultura

viável e sustentável.

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Jogo Rápido

Suínos&Cia Ano VII - nº 39/2011

Page 61: Revistas Suínos

Se respondeu 18 SIM e 2 NÃO

Parabéns! Você cuida muito bem da biosseguridade de sua granja e adota medidas que, sem dúvida, são a melhor estratégia para diminuir os riscos de introduzir agentes causadores de doença. Siga mantendo e aprimorando suas medidas para prevenir possíveis entradas de doenças em seu plantel. A regra básica é capacitar sempre seus novos contratados. Evite que um pequeno descuido comprometa o excelente trabalho que desenvolveu durante todos esses anos. Mantenha-se consciente que medidas de prevenção são investimentos e se pagam em curto, médio e longo prazos. Certamente sua empresa é exemplo para os demais suinocultores!

Se respondeu entre 12 e 16 SIM e 8 e 4 NÃO

Estado de alerta! Precisa rever seus conceitos e iniciar um trabalho listando as prioridades.

Certamente, em curto prazo, garantirá um melhor controle à entrada de agentes causa-dores de doenças, que podem produzir perdas

econômicas incalculáveis.

Se respondeu menos de 12 SIM e mais de 8 NÃO

Encontra-se altamente vulnerável. A qualquer momento pode enfrentar problemas. Há riscos de perder tudo que adquiriu ao longo dos anos. Lembre-se: saúde é um tesouro que deve ser preservado. Certamente nenhuma empresa consegue resistir a perdas de 30% a 50% na produção. Reflita e saiba que antes tarde do que nunca. Estabeleça um programa de biosseguridade e comece a implantação do conjunto de normas e medidas.

15. Resíduos de partos e sujidades são devidamente destinados em sistemas de compostagem, lixeiras, fossas ou outros sistemas de des-carte?

o Sim o Não

16. Existe um eficiente check list para avaliar o programa de con-trole de pragas e ajustá-lo quando necessário?

o Sim o Não

17. Existe um programa de vacina-ção que ofereça adequada imuni-dade sem que cause reação anafi-lática?

o Sim o Não

18. Existe um monitoramento la-boratorial por meio de exames periódicos que avaliem o status sanitário de cada população nos diferentes sítios de produção?

o Sim o Não

19. Existe um programa de rotina de monitoramento em laboratório de diagnóstico especializado para controle de agentes patogênicos que possa comprometer a saúde dos doadores de sêmen e do sêmen da Central de Inseminação Artifi-cial ?

o Sim o Não

Preencha a tabela abaixo com as suas respostas. De acordo com a soma delas, você saberá se sua granja apresenta um adequado programa de biosseguridade.

SIM NÃO

TOTAL:

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Jogo Rápido

Suínos&CiaAno VII - nº 39/2011

Page 62: Revistas Suínos

A Phibro Animal Health é líder global na produção e comercialização de aditivos para nutrição e saúde ani-mal utilizados na alimentação de bovinos, aves e suí-

nos. A empresa possui duas unidades industriais no Brasil: em Guarulhos (SP), onde são produzidas moléculas antimicrobianas e anticoccidianas, por meio de processos de fermentação como a virginiamicina, a salinomicina e a semduramicina, usadas localmente e exportadas para o Japão, Austrália, Estados Uni-dos, Canadá, Europa e muitos outros países; e a Planalquímica Industrial, em Bragança Paulista (SP), especializada em síntese de nicarbazina de alta pureza e na fabricação de produtos à base desta molécula. Sua produção é exportada para mais de 30 paí-ses.

Por meio de sua linha de produtos para nutrição e saúde animal para suinocultura, a Phibro oferece ao mercado aditivos melhoradores de desempenho e antimicrobianos para o trata-mento de importantes enfermidades dos suínos:

POSISTAC® – Salinomicina Phibro, princípio ativo do POSISTAC®, é um aditivo zootécnico melhorador de desempe-nho para ser incorporado às rações de suínos nas fases de cresci-mento e terminação. POSISTAC® proporciona excelente desem-penho nas fases em que os animais consomem mais alimento e faz com que cheguem ao peso de abate mais cedo, liberando rapidamente as instalações para a entrada de novos animais. POSISTAC® não requer período de retirada, podendo ser usado até antes do abate.

STAFAC® - Virginiamicina é o princípio ativo que só STAFAC® contém. É um aditivo melhorador de desempenho com modo de ação único que, além de melhorar a saúde intestinal, de gerar maio ganho de peso e melhor conversão alimentar, proporciona o efeito economizador de nutrientes, através do qual uma mesma formula de ração é melhor aproveitada. STAFAC® atua exclu-sivamente no intestino, não é absorvido pelo organismo e não requer período de retirada.

TM® 700 – Terramicina®, princípio ativo do TM® 700, é a tetra-ciclina que alia a melhor relação entre custo e eficácia. Seu amplo espectro e alta margem de segurança permitem que TM®

700 seja empregado com sucesso no tratamento em uma grande variedade de enfermidades respiratórias e entéricas causadas por microrganismos Gram positivos e Gram negativos em suínos de todas as idades.

A Phibro se destaca no mercado global por utilizar prin-cípios ativos produzidos em suas próprias instalações para a fabricação da grande maioria dos produtos que coloca no mer-cado. A qualidade dos produtos, os processos de fabricação da Phibro, o atendimento e o suporte técnico dado aos seus clientes complementam a excelente qualidade de todos os seus produtos. A unidade de negócios de suínos conta com profissionais alta-mente capacitados e escolhidos após um exigente processo de seleção. São eles:

Saúde suinícola Phibro

Thaciane SoaresCoordenadora de contas

Encarregada pelo suporte comer-cial e atenção aos fabricantes de premix e distribuidores do Brasil.

Contato: [email protected]

Felipe Leonardo KollerGerente de mercado de suínos

Médico veterinário, formado pela UDESC (Lages, SC), com mestrado em sanidade de suínos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Responsável pelo suporte técnico-comercial às grandes contas dos Estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Contato: [email protected]

Lilian Martini PulzGerente de contas-chaves para suínos

Zootecnista, formada pela UNESP (Botucatu, SP), com mestrado em nutrição de suínos pela Universidade de Missouri (EUA). Responsável pelo suporte técnico-comercial às grandes contas e ao mercado independente do Paraná, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

Contato: [email protected]

Phibro Animal HealthAv. Presidente Tancredo Neves, 1111 - Guarulhos - SP - CEP 07112-070 - SAC 0800 722 8011 - [email protected] - www.phibro.com.br

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Suínos&Cia Ano VII - nº 39/2011

Page 63: Revistas Suínos

No último mês, a divisão de Saúde & Nutrição Animal da Chr. Hansen rece-beu mais uma nova integrante na equipe, Maria Carolina Toth Tonelli, consultora técnica comercial da área de suínos, que chegou com bastante entusiasmo. Maria Carolina ficará sediada em Santa Cata-rina e atuará em toda a região Sul do país (PR, SC e RS). Nos últimos quatro anos, adquiriu grande experiência em produção de suínos, atuando em uma das maiores empresas produtoras de suínos no Estado de São Paulo. Seu conhecimento é bas-tante amplo nos segmentos de genética, saúde e nutrição animal.

Na Chr. Hansen, Maria Carolina tem o desafio de expandir o conceito e uso de probióticos frente às recentes exi-gências do Ministério da Agricultura. “A razão dessa nova força para a equipe é dar foco no negócio e estreitar ainda mais a relação com os nossos clientes, podendo contribuir com informações que os auxi-liem nas mais diversas necessidades de

negócios da área de suinocultura em todo o Sul do país”, explica Andréa Silvestrim, gerente de Vendas Aves & Suínos.

Segundo Andréa, a expectativa da unidade de negócios de Saúde & Nutrição Animal é ampliar a presença da empresa no campo junto aos clientes.

Chr. Hansen ganha mais um reforço para o time de Saúde & Nutrição AnimalDisposta a agregar experiência de produção e impulsionar ainda mais o desempenho do time de suínos, Maria Carolina

chega à companhia bastante motivada

Com a presença de mais de 500 convidados a Poli-Nutri inaugurou a sua 4ª e maior fábrica na cidade de Treze Tílias, Santa Catarina.

A nova unidade, construída com investimentos de 15 milhões de reais, traz o que há de mais avançado em tecnologia de pro-dutos para a nutrição animal e vai produzir 5 mil toneladas/mês entre núcleos, premixes e rações prontas, atendendo aos segmen-tos de aves, suínos, ruminantes e aqüicultura.

A inauguração ocorrida no dia 08 de abril, reuniu empresá-rios, representantes do agronegócio, presidentes de cooperativas, políticos e diversas autoridades.

Para o prefeito de Treze Tílias, Romeu Luiz Rabuski, a nova fábrica é um marco para a região: “A cidade só tem a agradecer à Poli-Nutri pela decisão do investimento que fizeram. Tenho cer-teza que a Poli-Nutri acertou, e que a empresa vai ter muito mais sucesso ao se instalar no centro oeste de Santa Catarina”.

O Secretário Estadual de Desenvolvimento Regional, Jair Antônio Lorensetti, que representou o governador Raimundo Colombo, avaliou que a nova fábrica chega para fortalecer a produção de alimentos: “A produção de insumos com alto valor agregado é o que Santa Catarina precisa. Além disso, a presença da Poli-Nutri mostra a confiança na região, o que servirá de estímulo para que empreendedores locais sintam-se motivados a investir em seus projetos”.

“A Poli-Nutri, uma empresa brasileira de capital 100% nacional, não poderia mais adiar o estabelecimento no estado de Santa Catarina, onde há de reproduzir a experiência de mais de duas décadas de pesquisa e tecnologia em nutrição animal, mas também a mesma disposição de vencer que a tem distin-guido desde a sua fundação”, disse no seu discurso o diretor de nutrição e produtos Júlio Flávio Neves.

Para o deputado estadual Reno Caramori, Santa Catarina é uma região privilegiada, pois passa a contar com o fornecimento de produtos de nutrição animal com a mais alta tecnologia dispo-nível. “A Poli-Nutri é o exemplo de empresa que desejamos para Santa Catarina, ou seja, uma empresa que promove desenvolvi-mento sem comprometer o meio ambiente”, elogia.

Sobre a fábrica

A fábrica de Treze Tílias tem uma área de 8 mil metros qua-drados, e foi construída de acordo com todas as normas ambien-tais vigentes, além das Normas Legais de Segurança e de Boas Práticas de Fabricação. A unidade já nasceu com a preocupação de preservar o meio ambiente, contando com um sistema de reaproveitamento da água da chuva e um programa de gerencia-mento de resíduos. Com este projeto, a Poli-Nutri vai gerar mais de 150 empregos diretos e totalizará 750 funcionários.

Todo este esforço visa atender aos clientes de forma diferen-ciada, de acordo com suas necessidades, garantindo os melhores resultados.

“Mais do que a alegria de poder ter a inauguração da nova unidade como uma meta alcançada, o que move a Poli-Nutri é poder fazer parte da cadeia de produção de alimentos da região catarinense, tão importante para a economia do país, afirma Leandro Bruzeguez, diretor da companhia.

Confiram as fotos e vídeo sobre o evento nas redes sociais da Poli-Nutri, que podem ser acessadas através do site ou no link http://www.youtube.com/watch?v=97e5LrYmRLg

Stella Grell - Gerente de Marketing

Poli Nutri inaugura nova unidade em Santa Catarina

Para mais informações, contate:Andréa Maria Silvestrim

Gerente de Vendas, Aves e Suínos(19)3881-8312 - [email protected]

Sobre a Chr. Hansen Unidade de

Negócio Saúde & Nutrição Animal

A Chr. Hansen fornece soluções eficientes e documentadas que ajudam a aumentar a produtividade na agroindús-tria suinícola e avícola. Os nossos pro-dutos são 100% naturais e melhoram o desempenho dos animais, especialmente no ganho de peso e conversão alimentar.

Somos referência no desenvolvi-mento, produção e distribuição de produ-tos microbianos vivos. Clientes de todo o mundo se beneficiam de nosso profundo conhecimento e tradição em biotecnolo-gia para ingredientes naturais. Atualmente comercializamos produtos de duas áreas: aditivos probióticos de inclusão direta e inoculantes para silagem.

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Informe Publicitário

Suínos&CiaAno VII - nº 39/2011

Page 64: Revistas Suínos

Jogo dos 7 erros

S S D F A H J K L P Q O W E R O T A Y R U C S L O R L D O KM S C D F G A H O J S F O S E C A D O R D E C A B E L O D SA F D I G B O T A S J P I W H E T P O I D K C U N M B T Y OI F G O H X D S Q C I P E I R F Y F E C F M O Z A Q W T D DS R T Q A X C C R O A I Z U N X P L F B U T S N D S D R S ÉI S S Q E L T E S D D M R Y T B I E Q G X C A A W R L Y N F

D N J I O W B I G Y O F I X D S G T O A N W B Z X S W O D LA F R T C H I N E L O O I S L O V I L E L H O U N H B U Y GF Q G V I A K E J G O D O T A M I E Q N I U N A A Q C A D OT D T A Y N B B R G H J M N K S P O I U D I E H F C D M S HG W I S T H E L L P O I U Y T R E W Q Z X U T B L M K H V DS L R M K H S N G Y T F C X D R E S Z A Q W E I X N S E D OH G O X R B C C Y U J M K I O L P P O I L K E F Y M H H Y RN D U N J X O M W S Z X A Q W A S D E R F C J Z K E A E D FJ R P L E J V D F G H J M N K L P O I U J K H G F I T X C ZT D A G H U A L L P O I U Y T R E W Q Z X C V B N A M P T KK T Í V O K B R G Y T F C X D R E S Z A Q W A Z X S R L L CR D N R N R N H Y U J M K I O L P P O I L K J U N M I H F TL F T B C L S E W S Z X A Q W A S D E R F C X Z A H E E B SO R I B H C B E F G H J M N K L P O I U J I T G D C N X O ZM S M N L M A C A C Ã O U Y T R P W Q Z X E L O N R W O R KY M A R I O B V G Y T F C X D R E E Z A X W D U A A A E F CM Z N X T J G P B H U O I E K L P M N J E O W H F L Q H D TE F O L L I K F J I H O T G O F I D E T T C N I H I H E H FX E T Y R B B V S C H J M O L L P B I H E R X G A C A A R ZR S D F G T O C A O O I P C G R O G S Z M Q F B R A T A O KO N Q O W F E E R T T M Y O U T A P E T E O L F O L Z D N CV L Q N K O J F H T A B F C D L S I A O L K J U E Ç B H Y ER F G V C Z D E A H Q A L I R A D I U T X L K O A A W E D FG R T Y H N B T S R A E I W A D O C H A T O S G F S D X S Z

Ratos1. Baratas2. Moscas3. Mosquitos4. Pássaros5. Gatos6. Galhinhas7.

Relacione as palavras

No diagrama ao lado existem alguns objetos encontrados nos vestiários das granjas que são fundamentais para que se cumpram as medidas de biosseguridade. Vamos

encontrá-los e preservá-los?

Botas• Meias• Macacão• Calcas • Camisas• Roupa intima• Secador de cabelo• Shampoo•

Sabonete• Chinelo• Toalha• Toca• Boné• Tapete• Escova• Pente•

Encontre as palavras

A maioria das enfermidades são transmitidas por diferentes vetores muitas vezes de difícil controle nas granjas de suínos. No relacione as palavras abaixo existe uma correlação entre os vetores e as doenças que os mesmos podem transmitir. Vamos assinalar?

( ) Meningoencefalite Streptococica ( ) Toxoplasmose( ) Linfadenite( ) Erisipela( ) Diarréias( ) PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína)( ) Leptospirose

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Divirta-se

Suínos&Cia Ano VII - nº 39/2011

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S S D F A H J K L P Q O W E R O T A Y R U C S L O R L D O KM S C D F G A H O J S F O S E C A D O R D E C A B E L O D SA F D I G B O T A S J P I W H E T P O I D K C U N M B T Y OI F G O H X D S Q C I P E I R F Y F E C F M O Z A Q W T D DS R T Q A X C C R O A I Z U N X P L F B U T S N D S D R S ÉI S S Q E L T E S D D M R Y T B I E Q G X C A A W R L Y N F

D N J I O W B I G Y O F I X D S G T O A N W B Z X S W O D LA F R T C H I N E L O O I S L O V I L E L H O U N H B U Y GF Q G V I A K E J G O D O T A M I E Q N I U N A A Q C A D OT D T A Y N B B R G H J M N K S P O I U D I E H F C D M S HG W I S T H E L L P O I U Y T R E W Q Z X U T B L M K H V DS L R M K H S N G Y T F C X D R E S Z A Q W E I X N S E D OH G O X R B C C Y U J M K I O L P P O I L K E F Y M H H Y RN D U N J X O M W S Z X A Q W A S D E R F C J Z K E A E D FJ R P L E J V D F G H J M N K L P O I U J K H G F I T X C ZT D A G H U A L L P O I U Y T R E W Q Z X C V B N A M P T KK T Í V O K B R G Y T F C X D R E S Z A Q W A Z X S R L L CR D N R N R N H Y U J M K I O L P P O I L K J U N M I H F TL F T B C L S E W S Z X A Q W A S D E R F C X Z A H E E B SO R I B H C B E F G H J M N K L P O I U J I T G D C N X O ZM S M N L M A C A C Ã O U Y T R P W Q Z X E L O N R W O R KY M A R I O B V G Y T F C X D R E E Z A X W D U A A A E F CM Z N X T J G P B H U O I E K L P M N J E O W H F L Q H D TE F O L L I K F J I H O T G O F I D E T T C N I H I H E H FX E T Y R B B V S C H J M O L L P B I H E R X G A C A A R ZR S D F G T O C A O O I P C G R O G S Z M Q F B R A T A O KO N Q O W F E E R T T M Y O U T A P E T E O L F O L Z D N CV L Q N K O J F H T A B F C D L S I A O L K J U E Ç B H Y ER F G V C Z D E A H Q A L I R A D I U T X L K O A A W E D FG R T Y H N B T S R A E I W A D O C H A T O S G F S D X S Z

Relacione as palavras

Encontre as palavras

( 3 ) Meningoencefalite Streptococica ( 6 ) Toxoplasmose( 7 ) Linfadenite( 5 ) Erisipela( 2 ) Diarréias( 4 ) PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína)( 1 ) Leptospirose

Jogo dos 7 erros

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Ligue Grátis: 0800-011-1919 | [email protected]

Proteção precocePode ser aplicada na 1a semana de vida (3 dias de idade).

Rápida resposta imuneAnimais protegidos já na 2a semana após a vacinação.

Proteção duradouraUma única aplicação e mais de 25 semanas de cobertura vacinal.

Garantia de resultadosAmpla quantidade de estudos e mais de 2 bilhões de doses aplicadas.

Número 1 em proteção contra Pneumonia Enzoótica.

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