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Revista do Hospital São Vicente de Paulo Ano 1 • Número 2 • Mar/2011 CUIDADOS COM SAÚDE E BELEZA Prioridade para a mulher moderna DOR ZERO, CUIDADO 10 Hospital participa de campanha mundial para alívio do paciente Pág. 8 ALEXANDRA RICHTER Bom humor é remédio até para crises de enxaqueca Pág. 6 ARCEBISPO DO RIO A importância da fé na recuperação dos doentes Pág. 5 Informativo bimestral do Hospital São Vicente de Paulo

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Revista do HospitalSão Vicente de Paulo

Ano 1 • Número 2 • Mar/2011

cuidados com saúde e

belezaPrioridade para

a mulher moderna

dor zero, cuidado 10Hospital participa de campanha mundial para alívio do pacientePág. 8

alexandra richterBom humor é remédio até para crises de enxaquecaPág. 6

arcebisPo do rioA importância da fé na recuperação dos doentesPág. 5

Informativo bimestral do Hospital São Vicente de Paulo

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O ANO dA MulHer

Caro(a) leitor(a),

A segunda edição da Revista do HSVP destaca a saúde e a beleza da mulher, neste início de

2011, quando as mulheres estão cada vez mais presentes na sociedade brasileira, na disputa do

mercado de trabalho, empreendendo sucesso profissional, porém sem deixar de serem esposas e

mães. Até mesmo o nosso país tem uma mulher na Presidência da República, fato inédito em nossa

História.

Sobre a saúde da mulher brasileira, trazemos alguns detalhes interessantes. As mulheres frequen-

tam mais consultórios e são menos resistentes a entrar nos hospitais e clínicas para internações. Em

2009, elas responderam pela maior parte das consultas realizadas no Brasil. Se, por um lado, as

mulheres querem ficar saudáveis, por outro, a beleza também está entre as prioridades femininas.

Das cirurgias plásticas realizadas em 2009 no Brasil, 82% foram feitas em benefício delas. Nossos

especialistas traçaram um perfil completo dos atendimentos do nosso hospital para esse público e

fazem um alerta sobre a incidência de câncer nessa parcela significativa da população.

Outra matéria de destaque é a que trata o riso como um verdadeiro “elixir” contra variados pro-

blemas de saúde. Médicos e psicólogo do HSVP explicam como a vida pode ser melhor se o bom

humor fizer parte do nosso dia a dia.

Movimento liderado pela Associação Internacional de Estudo da Dor (IASP) classifica 2011 como

o Ano Global contra a Dor Aguda. A falta de tratamento da dor pode causar consequências drásticas

ao paciente, incluindo baixa autonomia, sofrimento desnecessário e retardo na recuperação. Inse-

rida nesse mapa mundial de luta contra a dor, nossa instituição acaba de lançar a campanha Dor

Zero, Cuidado 10. A iniciativa reforça o compromisso do hospital com o atendimento humanizado

e está sendo liderada pela médica Maria Luíza Maddalena, responsável pelo Serviço de Clínica da

Dor, que funciona há 18 anos no HSVP, ampliando o bem-estar de milhares de pacientes.

Desejo a você uma boa leitura.

Irmã Marinete Tibério - Diretora Executiva

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SUMÁRIO EXPEDIENTE

HOSPItAl SãO VIceNte de PAulO Rua Dr. Satamini, 333 – Tijuca – RJ Tel.: 2563-2121

FuNdAdO, eM 1930, pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo

dIretOrIA MédIcAEliane Castelo Branco (CRM: 52 28752-5)

cONSelHO AdMINIStrAtIVOIr. Marinete Tiberio, Ir. Custódia Gomes de Queiroz, Ir. Maria das Dores da Silva e Ir. Ercília de Jesus Bendine.

cONSelHO edItOrIAlIrmã Custódia Gomes de Queiroz - Diretora de EnfermagemIrmã Ercília de Jesus Bendine - Diretora da QualidadeIrmã Josefa Lima - Coordenadora da Pastoral da SaúdeIrmã Marinete Tibério - CEO do HSVPAlexandre Essinger - Gerente Executivo, Administrativo e FinanceiroMartha Lima - Gerente da QualidadeOlga Oliveira - Gerente de SuprimentosSandro Eloi - Gerente do Capital Humano PrOJetO edItOrIAl e redAÇãOSB Comunicação – tel.: 3798-4357edIÇãO: Simone BejateXtOS: Flávio Araújo e Flávio DilasciodIAGrAMAÇãO: Sumaya Cavalcanti APOIO edItOrIAl: Cláudia Bluvol

Notas

HSVP entra no mapa mundial de luta contra a dor aguda

Epilepsia na mulher jovem

Nefrologista do HSVP colabora em pesquisas internacionais

Espaço do Conhecimento

Linda e saudável

Exemplo de amor e dedicação ao próximo

Responsabilidade sócioambiental

Sorriso, um santo remédio

Dom Orani TempestaFé, liberdade e cidadania

19

8

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cOlABOre cOM A reVIStA dO HSVPEnvie suas dicas e sugestões de pauta para:[email protected]

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eXeMPlO de AMOr e dedIcAÇãO AO PróXIMOProjeto Nova Sepetiba beneficia 2 mil moradores

Casados há 33 anos, Roberto e Ana Maria Ebecken, dermatologistas do HSVP, deci-diram dedicar um pouco de seu tempo e

amor para cuidar dos mais necessitados. O ca-sal – que se conheceu na Faculdade de Medicina e optou pela mesma especialização – é um dos voluntários e pioneiro no projeto Nova Sepetiba, que desde 2002 oferece saúde gratuita à comu-nidade carente da Zona Oeste da cidade e já beneficiou cerca de 2 mil pessoas. “Quando co-meçamos, atendendo a uma solicitação do padre e das irmãs, encontramos pessoas extremamente debilitadas, com três, quatro patologias”, recorda Ana Maria. “Nem a água do local era potável”, completa Roberto Ebecken.

No início, a realização das ‘feiras de saúde’ foi a fórmula encontrada pelos médicos para le-var aos moradores o maior número possível de atendimentos e para superar a falta de um espaço apropriado. “A pobreza e o abandono eram tão grandes que as pessoas viviam em barracas de pa-pelão e plástico”, diz Roberto. Após oito anos de projeto, a semente plantada pelo HSVP germinou e, a partir de 2004, a Prefeitura instalou posto de saúde – que atualmente funciona como policlínica – e ampliou os serviços de saneamento básico. “A melhora na saúde dessas pessoas é clara, não tem comparação”, avalia Roberto.

O trabalho dos médicos conta hoje com três es-pecialidades: dermatologia, odontologia e clínica médica, além da farmácia social. O atendimento médico é feito uma vez por mês em ambulatórios instalados em um espaço da Igreja Católica. Este ano, o HSVP ampliou o atendimento com um novo serviço de apoio nutricional. “São oferecidos 500 cestas básicas mensalmente, o sopão para 300 famílias aos domingos e o Leite Forte, contendo a multimistura, para 65 crianças com desnutrição

e 12 adultos com doenças crônicas, em parceria com a Pastoral da Criança”, informa a coordena-dora do trabalho, a assistente social Eliane Fernan-des, acrescentando que a previsão de investimento para este ano é da ordem de meio milhão de re-ais.

A gerente de Qualidade do HSVP, Martha Lima, que acompanhou os primeiros passos do projeto, lembra que a população local não tinha acesso a nenhuma informação sobre educação e saúde. “Ensinávamos coisas básicas, como segurança no lar, já que tínhamos muitos casos de incêndio nas barracas improvisadas em que eles viviam. Ensi-návamos sobre dengue, leptospirose, medição de pressão, glicose, a escovar dentes, enfim muitos cuidados básicos”, observa Martha.

A dentista Adriana Marques, outra voluntária, ressalta que a situação ainda é precária em sua área. “Há portadores de HIV, pacientes com para-lisia cerebral e síndrome de Down e normalmente essas pessoas encontram dificuldade para serem atendidas na rede pública. A satisfação de ajudá-las não tem valor”, relata a dentista do HSVP. A falta de infraestrutura acarreta outros problemas à comunidade de Nova Sepetiba. “A poeira na re-gião favorece os casos de asma e doenças respi-ratórias. A alimentação inadequada e a falta de cuidados médicos regulares acarreta quadros de hipertensão arterial e casos de insuficiência cardí-aca”.

Além dos serviços de saúde e do apoio nutricional, ambos a cargo do hospital, a Associação São Vicente de Paulo também oferece aos moradores ofi-cinas de artesanato, aulas de inglês, reforço escolar e alfabetização.

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Há pouco mais de um ano à frente da Ar-quidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta vê as

mudanças na sociedade como um pano de fundo para o desafio da Igreja Católica de aprofundar a fé das pessoas. O arcebispo acredita que a pacifi-cação de áreas antes em poder de bandidos é um passo importante na recuperação da liberdade, da cidadania e da paz dos cariocas, mas alerta que há muito a ser feito, sobretudo na área social, elevando a dignidade humana, o que para ele é também tarefa da Igreja. Em entrevista exclusiva à revista do HSVP, Dom Orani fala da importância da fé para a recuperação dos doentes e de como o exemplo de São Vicente de Paulo está vivo e nor-teia as ações do HSVP.

Revista do HSVP - Como o senhor avalia a pacifi-cação das comunidades comandada pelo governo e de que forma a religião pode interferir na paz do Rio?

Dom Orani – É um passo importante, porque é responsabilidade do governo administrar todas as áreas, dando segurança e, ao mesmo tempo, re-alizando ações sociais tão necessárias. É um pro-cesso que veio em boa hora para que o Rio de Janeiro esteja sob o domínio da lei. Um dos papéis mais importantes da Igreja nesses locais é ajudar a recuperação da cidadania.

Revista do HSVP - Como a fé pode ajudar a cura de doenças?

D.O. – As pessoas precisam dar importância à as-sistência médica, aos remédios. É necessário bus-car o que Deus colocou como sabedoria e como conhecimento para o ser humano e para o seu tra-

Fé, liberdade e cidadania “JuNtO AOS trAtAMeNtOS MédIcOS, A Fé AJudA A eNFreNtAr certAS SItuAÇõeS cOM MAIS trANquIlIdAde.” dom Orani, arcebispo do rio de Janeiro

Por Flávio Araújo

tamento. Milagres podem ocorrer, acontecem mui-to, onde a intervenção de Deus se dá e a ciência médica muitas vezes não consegue explicar. A fé, por outro lado, ajuda a pessoa a enfrentar certas situações com mais tranquilidade.

Revista do HSVP – Qual a importância da Associa-ção São Vicente de Paulo para o desenvolvimento dos preceitos católicos no Rio?

D.O. - O exemplo de São Vicente permanece hoje de muitas formas, pois a vida dele chama as pes-soas a darem respostas cristãs e católicas para um mundo em mudança. A associação e o hospital São Vicente de Paulo carregam essa mesma ca-racterística de demonstrar que os católicos podem servir à Igreja e ao povo em geral, especialmente aos necessitados, com preocupação com a quali-dade e com a eficiência.

Revista do HSVP – Essa opção pelos pobres, sem abrir mão da qualidade e de eficiência, pode ser vista, por exemplo, em trabalhos como os realiza-dos na comunidade Nova Sepetiba e no programa de descarte de resíduos do hospital?

D.O. – Certamente. De um lado, toda entidade tem a obrigação de ir ao encontro dos mais ne-cessitados, dos mais carentes, como lá em Sepe-tiba, onde há o trabalho médico e o trabalho de evangelização dos padres e das irmãs. A questão do lixo reciclável que o hospital destina para a As-sociação Beneficente Padre Navarro, em Benfica, é uma resposta à próxima Campanha da Fraternida-de: A Fraternidade e a Vida no Planeta. Todos nós estamos sendo chamados a dar respostas de como trabalhar neste nosso planeta, que é único e com o qual temos responsabilidades.

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Carlos Moioli - Arquidiocese do Rio

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A frase ‘sorrir é o melhor remédio’, para al-guns, é considerada um clichê. No entanto, profissionais de saúde garantem que ela é

verdadeira. Gente que faz rir concorda. Esse é o caso da atriz Alexandra Richter, que interpretou a invejosa secretária Jaqueline Mourão na novela Passione, da TV Globo, encerrada recentemen-te. “Tenho enxaqueca crônica há 22 anos, mas, no momento em que vou entrar no palco, falo para as pessoas: - “Olha como estou linda! Mes-mo que esteja péssima por dentro. Sei que vou ver aquele teatro lotado, rindo de minhas falas e fico curada. A dor volta só no fim do espetáculo”, conta a carioca, lembrando que o humor é mais do que profissão para ela: “O humor é minha filosofia de vida.”

O que a atriz relata já foi comprovado por es-tudos científicos: o riso estimula o cérebro a libe-rar endorfina e serotonina — substâncias respon-sáveis pela sensação de prazer e felicidade. Essas substâncias também ativam o sistema imunológi-

SOrrISO, uM SANtO reMédIO

co, o que ajuda a prevenir doenças ocasionadas por elevado grau de estresse. Pesquisa divulgada em 2006 pela Escola de Medicina da Universi-dade Loma Linda, na Califórnia (EUA), compro-va ainda que o riso colabora para aumentar a produção e a atividade no organismo das células NK (do inglês, natural killers), responsáveis por destruir vírus e até células tumorais presentes no organismo.

Apesar de achar que humor é vocação. Ale-xandra diz que ninguém pode viver sempre sério. “Acho que fazer as pessoas rirem é um dom divino que tenho”, acredita a atriz que alcançou o suces-so depois de 20 anos de carreira e, desde meni-na, faz graça até involuntariamente. “Não gosto de quem reclama o tempo todo. Lamentações não nos levam a nada”, relata ela, que também é produtora da comédia romântica A História de Nós Dois. Nessa outra atividade profissional, o bom humor também anda de braços dados com Alexandra. “Sempre procuro dar uma gargalha-da, ao menos uma vez por dia. No ambiente de trabalho, eu mesma provoco as gargalhadas das pessoas. Na minha equipe de produção, o bom humor é pré-requisito.”

‘Palhaços’ da saúde A importância do sorriso é tamanha que che-

ga a ser utilizado como recurso de humanização no cuidado de pacientes no mundo todo. Psicólo-go do HSVP, Vanderlei Timbó concorda. “Acho in-teressantíssimo, principalmente para as crianças, o trabalho de palhaços em ambientes como hos-pitais, como foi mostrado no filme Patch Adams – em que o personagem do ator Robin Williams é um médico que usa o humor para tratar seus pacientes – ou as ações realizadas pelos Doutores da Alegria”, avalia Vanderlei.

Alexandra Richter: bom humor é remédio também para as

frequentes crises de enxaqueca

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No HSVP, iniciativas semelhantes foram adota-das pelo Serviço de Oncologia Pediátrica. O psi-cólogo conta que uma voluntária da Pastoral da Saúde se vestia de palhaço e uma visitante ensina-va às crianças a fazerem brinquedos com palitos de sorvete. “Essas iniciativas fogem da rotina do exame de sangue, do soro, da agulha, da dor, dos remédios. Remetem a criança à normalidade, tra-zendo o lúdico para um espaço que não é lúdico”, analisa Timbó.

A seriedade com que o HSVP encara a impor-tância da felicidade para o bem-estar do paciente é tamanha que o bom humor é um dos assuntos estudados no curso de integração para os novos colaboradores. “Os treinamentos para a equipe de saúde abordam também a importância de uma palavra leve e alegre. Isso induz o paciente a se comportar de maneira semelhante”, conta o psicólogo, ressaltando, porém, que não há uma fórmula pronta. “A pessoa adoentada e internada passa por um processo natural em que perde o controle sobre seus problemas, que teoricamente só podem ser resolvidos pelos médicos. Nesses casos, o bom humor é substituído pelo sarcasmo e pela ironia”, diz.

No entanto, existem também os pacientes de alto astral, pessoas com doenças crônicas e que buscam forças junto a familiares, a amigos, no tra-balho. “Quem ri mais tem uma vida melhor e mais longa”, sentencia o psicólogo. De acordo com ele, é como se a pessoa usasse “óculos” que mostram um mundo melhor. “Tivemos um paciente idoso que sempre me contava uma piada e me desafia-va a contar outra para ele. Todo dia eu precisava

saber uma piada nova. Um dia me enrolei todo, esqueci o fim da piada, mas rimos mais ainda desse esquecimento.” Para Vanderlei Timbó, isso é bom humor.

“Amizade” com a doença

O riso tem efeitos além dos psicológicos so-bre a saúde. Para Eliane Gomes, cardiologista do HSVP, os benefícios são ainda maiores para o sis-tema imunológico. “A imunidade está relacionada ao equilíbrio emocional. Quem fica deprimido é mais acometido de gripe, de candidíase, de her-pes, de infecção urinária”, enumera a médica, que conta a história de uma paciente em especial: “Ela tem 83 anos de idade, operou o coração, usa marca-passo e passou por uma cirurgia de fêmur. Mora em Copacabana e vai a Niterói fazer dança de salão durante duas horas com as amigas e só não faz mais uma aula de forró porque o cansaço a impede”, diverte-se Eliane.

No pós-operatório de cirurgias cardíacas, o pa-ciente deprimido tende a desenvolver mais infecções, tromboses e outras complicações, demora a se le-vantar. “Quem quer se recuperar se alimenta, mesmo sem fome; participa mais dos exercícios de fisiotera-pia; procura dormir para ajudar o organismo a lutar contra a doença. Quem vive assim enfrenta a doença melhor e o tratamento evolui mais rápido”, declara. O segredo é, segundo a cardiologista, fazer da do-ença uma amiga, que obriga o paciente a ceder em alguns pontos, mas que vai ceder também em outros. “Sorria com a sua doença e faça-a sorrir com você”, sugere Eliane Gomes.

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HSVP eNtrA NO MAPA MuNdIAl

de lutA cONtrA A dOr AGudA

A Associação Internacional de Estudo da Dor (IASP) escolheu 2011 como o Ano Global contra a Dor Aguda e o Hospital

São Vicente de Paulo (HSVP) também lança a sua campanha Dor Zero, Cuidado 10. “Que-remos aproveitar o momento de maior divulga-ção internacional do controle da dor para co-locar nossa instituição no mapa mundial dessa luta. No Brasil, o HSVP já tem tradição nessa área”, conta a médica anestesiologista Maria Luíza Maddalena, que chefia o serviço de clíni-ca da dor do hospital desde 1993.

A campanha do HSVP quer ampliar a cons-cientização dos profissionais de saúde para a importância do controle da dor. Para isso, a Dor Zero, Cuidado 10 terá peças educati-vas, treinamentos técnicos e um evento aberto aos especialistas de outras instituições. “Essa iniciativa foi amplamente discutida pela Co-missão de Prontuário Médico e optamos por inserir no próprio prontuário uma escala de avaliação da dor, que ajudará médicos e en-fermeiros”, adianta a diretora médica do HSVP, Eliane Castelo Branco.

consequências da dor não tratada

Para Maria Luíza, controlar a dor de um pa-ciente de maneira insuficiente significa baixa qualidade do cuidado médico. Quando não é tratada de forma adequada, a dor provoca so-frimento desnecessário e baixa autonomia, além de retardar a recuperação final. “O paciente com dor corre o risco de desenvolver retenção urinária, trombose e insuficiência respiratória, entre outros prejuízos”, explica.

Segundo a médica, apesar de todos os es-forços, profissionais de saúde de todo o mundo precisam evoluir na questão do controle da dor. “Os avanços tecnológicos e as pesquisas cien-tíficas dos últimos 20 anos foram inacreditáveis e possibilitam ao médico não só preocupar-se com a cura, mas também com o bem-estar do paciente. No entanto, muitos colegas ainda con-duzem o tratamento sem priorizar o controle da dor”, avalia, ressaltando que uma pesquisa do IASP mostrou que, no período pós-operatório, 80% dos pacientes entrevistados afirmaram sen-tir dor de moderada a intensa.

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Psicólogo do HSVP, Vanderlei Timbó afirma que a dor é um problema a mais contra o âni-mo de quem precisa se recuperar. “A dor mina a capacidade física do paciente, com repercussões no estado psicológico, implicando desdobra-mentos muito nocivos no contexto da internação hospitalar. Paciente com dor mal controlada não colabora com o tratamento e passa a ter outro foco de preocupação”, avalia, explicando que a questão é mais grave com crianças, idosos e portadores de problemas mentais. “Esses pa-cientes têm maior dificuldade para relatar com maior exatidão a dor, logo ficam mais expostos aos seus efeitos”, conclui Timbó.

A base religiosa do HSVP é também determi-nante para que a instituição se dedique a cui-dar do bem-estar de seus pacientes. “Além do ato médico, existe a questão da caridade. O compromisso de aliviar a dor nos remete a um ensinamento de São Vicente de Paulo que diz: Como ser cristão e ver o seu irmão aflito, sem chorar com ele? É permanecer sem caridade, é ser cristão de pintura, é não possuir nada de hu-manidade”, reflete Irmã Marinete Tibério, CEO do HSVP.

No controle da dor, é fundamental contar com a participação e o envolvimento da equipe de enfermagem. “O papel do enfermeiro é ava-liar o paciente e conferir se está prescrito medi-camento contra a dor”, detalha Adriana Castro, gerente de Enfermagem do HSVP. De acordo com ela, a qualquer sinal de dor ou desconforto, é preciso reavaliar o caso e, se necessário, cha-mar o médico.

Os profissionais do HSVP e no-vos colaboradores são constan-temente treinados. “É fundamental que todos saibam que quem procura atendimento médi-co está com medo: medo da dor, medo

da morte”, diz Vanderlei Timbó. Adriana Castro detalha: “No curso, todos aprendem que a dor é o quinto sinal vital, assim como o pulso, a pres-são arterial, a temperatura e a respiração”, enu-mera a gerente de Enfermagem.

uma questão de qualidade

Tratar a dor de forma eficaz é também uma das atividades que recebem espe-

cial atenção da Joint Commission Inter-national (JCI), representada no Brasil pelo Consórcio Brasileiro de Acredi-tação (CBA). Desde 2004, a institui-ção concedeu ao HSVP seu primeiro selo de acreditação, pela qualidade de seus processos médicos e ge-renciais, voltados para a segurança do paciente. “O manual JCI tem um capítulo que reforça o direito dos pa-cientes e dos familiares de que a dor

seja monitorada e controlada”, analisa Martha Lima, gerente

de Qualidade do HSVP.

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médicas, modalidades e serviços oferecidos pelo HSVP e as novas necessidades dos clientes, das operadoras e do mercado de saúde do Rio de Ja-neiro”, conta a Irmã Marinete.

A manutenção da boa saúde da mulher exige uma série de cuidados e atitudes preventivas. Cada mulher tem uma história e uma bagagem hereditá-ria que devem ser analisadas cuidadosamente com a supervisão de diferentes especialistas, para ga-rantir uma vida saudável e sem surpresas. Se, por um lado, as mulheres querem ficar saudáveis e se cuidam mais que os homens, por outro, a beleza também está entre as prioridades femininas. Das cirurgias plásticas realizadas em 2009 no Brasil, 82% foram em benefício delas. Até mesmo a pre-sidente Dilma Rousseff, que enfrentou um linfoma um ano e meio antes da campanha eleitoral, já se rendeu ao bisturi em nome da boa imagem.

lINdA e SAudáVelMulheres cuidam mais da

saúde, sem esquecer a beleza

As mulheres vivem, em média, sete anos a mais que os homens, de acor-do com o Instituto Brasileiro de Geo-

grafia e Estatística (IBGE). Um dos motivos da longevidade é o cuidado com a saúde: mulheres frequentam mais consultórios e são menos resistentes a entrar nos hospitais e clínicas para internações. Em 2009, elas responderam pela maior parte das consultas realizadas no Brasil, com 54% dos atendi-mentos, na frente dos homens.

Exames de ginecologia e obstetrícia compõem grande parte dos atendimentos. Juntamente com programas que estimulam o autocuidado femini-no, em especial o Saúde da Mulher (Ministério da Saúde) e projetos contra a violência doméstica, as mulheres recebem a orientação de que devem visi-tar o médico desde cedo.

O HSVP contará com um centro direcionado à Saúde da Mulher, que está planejado para o se-gundo semestre de 2011. “Seu objetivo será aten-der diretamente à saúde e ao novo cotidiano das mulheres, ampliando e integrando os serviços es-pecíficos”, antecipa a Irmã Marinete Tibério, CEO do hospital. De acordo com ela, essa decisão faz parte de uma nova estratégia da direção: “Des-de o ano passado, a Diretoria Executiva do HSVP, em conjunto com a Divisão Médica, vem realizan-do uma grande reflexão sobre as especialidades

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especialistas variados

Chefiado pelo cirurgião Mário Galvão há 30 anos, o Serviço de Cirurgia Plástica do HSVP re-aliza cirurgia plástica reparadora e microcirurgia nos defeitos congênitos e adquiridos, como cân-cer de pele, reimplantes, reconstrução da mama, microcirurgia de nervos e acidentados. “No HSVP, funcionamos com característica multidisciplinar, atuando em conjunto com todas as especialida-des cirúrgicas. Por exemplo, na mastologia, com reconstrução imediata e tardia da mama, ou na cirurgia vascular, na reparação das feridas dos membros inferiores”, explica o médico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

“Temos dezenas de procedimentos por mês, em conjunto com a cirurgia geral, oftalmológi-ca, ortopedia, cirurgia de cabeça e pescoço e até em doentes crônicos, como a correção das úlceras de pressão”, detalha o cirurgião. Para ele, estética e reparação caminham lado a lado. “O cirurgião, para ser completo, tem que realizar cirurgia estética e também reparadora. As duas estão interligadas. A cirurgia reparadora corrige as complicações e imperfeições da estética”.

Segundo Galvão, as mulheres procuram com maior frequência procedimentos na face, mama e abdômen. As mais jovens buscam estética de na-

riz e prótese mamária. “Após os 40 anos de ida-de, a demanda é maior por abdômen, em função de problemas causados por gravidez. Também há procura por estética de mama, também pelo mesmo motivo, já que na gestação o seio cresce, mas, depois do fim do período de amamentação, tende a se tornar flácido”, analisa Mário Galvão.

O câncer e a mulher

O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres, devido à sua alta frequên-cia e sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a ima-gem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas, acima dessa faixa etária, sua incidência cresce rápida e progressivamente. A cirurgia plástica é também um recurso funda-mental na recuperação da autoestima da mulher que sofre câncer de mama. Mário Galvão conta que 90% das mulheres que precisam retirar todo o seio ou parte dele apresentam problemas psi-cológicos e conjugais. O serviço de mastologia do HSVP existe desde maio de 2008 e é forma-do pelas médicas Joyce Ribeiro e Sandra Gioia. São dois ambulatórios por semana, um período de quatro horas cada um. “A procura é relativa-mente grande e as pacientes vêm por demanda

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espontânea ou encaminhadas pelo serviço de ginecologia ou oncologia”, explica Joyce.

De acordo com o Instituto Nacional do Cân-cer (Inca), em 2010, no Brasil, foram registrados 49.240 novos casos de câncer de mama, com 11.860 mortes. “A principal razão para isso é que não existe prevenção. Só há como detec-tar a lesão depois que ela está instalada”, aler-ta Joyce Ribeiro, que destaca que o câncer de mama é a maior causa de mortes por câncer entre as brasileiras. “No HSVP, a paciente tem acesso a todo o tratamento para o câncer de mama, que envolve cirurgia, quimioterapia e hormonoterapia, radioterapia e cirurgia recons-trutora”, detalha a médica, frisando que o mas-tologista é o especialista no cuidado da saúde das mamas. Logo, é preciso acompanhamento e fazer exames periódicos de acordo com a faixa etária de cada paciente.

Outro tipo de câncer que merece cuidado é o câncer de pele, o mais frequente no Brasil, correspondendo a 25% de todos os tumores ma-lignos registrados no país. A boa notícia é que esse tipo de câncer apresenta altos percentuais de cura, se for detectado precocemente. “O me-lanoma, mais comum em adultos brancos, é um tipo de câncer de pele que tem origem nas célu-las produtoras de melanina, substância que de-termina a cor da pele”, explica Ana Maria Ebe-cken, dermatologista do HSVP, que trabalha em conjunto com os serviços de oncologia e apoio laboratorial para os exames de biópsia.

A médica diz que o melanoma representa apenas 4% das neoplasias malignas do órgão, mas tem alta possibilidade de metástase. Por isso, é preciso cuidado com a ex-posição aos raios solares, sobretudo entre as10h e as 15h. São eles, os maiores causadores de desgas-te na pele, aparecimento de rugas e, como consequência mais grave, o câncer de pele. “O envelhecimento da pele é um processo natural e que vai ser influenciado pela herança genética e pelo relógio bioló-gico, porém o sol é o maior inimigo”, alerta a especialista. Café, álcool, estresse e taba-gismo também contribuem para prejudicar a pele.

Acompanhamento regular Ao contrário do câncer de mama, o câncer de

colo de útero pode ser prevenido. Ele é o segun-do tipo mais frequente nas mulheres, com cerca de 18.430 novos casos relatados em 2010, de acordo com o Inca. “O exame Papanicolau tem 60 anos, é simples, barato e detecta lesões no útero que poderão se transformar em câncer”, explica o chefe da Ginecologia do HSVP, Marco Antônio Gouvêa, ressaltando que essa é a gran-de vantagem do exame preventivo em relação, por exemplo, à mamografia, que apenas detecta o tumor depois de seu aparecimento.

O Serviço de Ginecologia do HSVP é considera-do de alto padrão técnico.”Realizamos

os mais modernos procedimen-tos clínicos e cirúrgicos, com

constantes atualizações por parte da equipe médica e com todo o aparato tec-nológico necessário”, ex-plica Marco Antônio. O médico acrescenta que a faixa etária das pacien-tes é predominantemen-te superior aos 40 anos, idade em que passam a frequentar mais assidua-mente os consultórios de ginecologia, visando à

rotina preventiva.

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eSPAÇO dO cONHecIMeNtOBIBLIOTECA DO HSVP TEM ACERVO DE MAIS DE

8 MIL PERIóDICOS MÉDICOS

U m espaço dedicado ao conhecimento, den-tro de um centro de saúde. Assim é a bi-blioteca do Hospital São Vicente de Paulo

(HSVP), que funciona no Centro de Convenções Irmã Mathilde. Lá, médicos e colaboradores têm acesso à internet, a um acervo de cerca de 300 livros e mais de 8 mil periódicos especializados, como a conceituada revista médica New England Journal of Medicine. “Essa revista é uma publica-ção prestigiadíssima, muito lida no mundo todo, de interesse para todos os médicos, independente da especialidade. Pessoalmente, posso acessá-la também através do iPhone, mas prefiro fazê-lo através da nossa biblioteca, que ainda nos dá a possibilidade de obter os artigos na íntegra tam-bém no nosso e-mail”, conta a médica Maria Luíza Maddalena, assídua frequentadora da biblioteca.

Responsável pelo setor, a bibliotecária Márcia Amorim explica que são 51 publicações interna-cionais com assinaturas anuais e que o controle de acesso das consultas ao banco de dados cola-bora para manter a biblioteca sempre atualizada. “Sabemos se uma publicação é muito acessada e considerada fundamental, ou se tem poucas con-sultas. Dessa forma, podemos cancelar a assina-tura e buscar um título mais apropriado.” O HSVP investe cerca de US$ 38 mil por ano na biblioteca e 50% do acervo está disponível também on line para os colaboradores do hospital.

Surgida na década de 1980, a biblioteca foi organizada e gerida pelo cirurgião Euro Leal. “Fiz

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a organização da antiga biblioteca e dividíamos os custos entre os médicos por um tempo. Chega-mos a ter 58 publicações e eu, para economizar o custo da entrega, pegava meu carro e ia buscar as revistas no Centro. Com essa economia, assinava mais um periódico”, relembra o médico, hoje apo-sentado e que deixou o HSVP em 1999. “Durante muito tempo, mesmo depois que saí do hospital, continuei frequentando a biblioteca.”

Se no passado somente os médicos tinham acesso ao local, desde 2000 houve uma democra-tização do espaço para todo e qualquer colabo-rador do HSVP. O perfil dos médicos que utilizam a biblioteca é amplo, mas o destaque é para a cardiologia, segundo Márcia Amorim. “As pessoas usam a biblioteca como um suporte para estudos. Devido ao acesso à internet, muitos vêm preparar trabalhos para a faculdade. E funciona também como um centro de socialização do corpo de fun-cionários”, destaca Márcia.

Para a médica Maria Luíza, a biblioteca ser-ve ainda como fonte de informações para pre-parar aulas. “A presença física da biblioteca no hospital é fundamental tanto por aspectos práti-cos como simbolicamente porque lembra que o nosso hospital é um ambiente de trabalho onde continuamos estudando, aprendendo e ensinan-do”, avalia.

O espaço funciona de segunda a quinta, das 7h30 às 12h e de 13h às 17h. Às sextas-feiras, a biblioteca fecha meia hora mais cedo: 16h30.

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Grupo de eliteEla faz parte de um seleto grupo de especia-

listas do mundo que discute e pesquisa os avanços, as técnicas e a eficiência de medi-

camentos na área de nefrologia. Com 46 anos de carreira – sendo 40 destes vividos no Hospital São Vicente de Paulo –, a médica Deise Rosa De Boni Monteiro de Carvalho participou, no semestre pas-sado, do encontro realizado pela Sociedade Ame-ricana de Transplantes (AST), em San Diego (EUA), e do Congresso Luso-Brasileiro de Transplantação,

realizado no Porto (Por-tugal), assim como

do Congresso Brasileiro de Nefrologia em Vitória (Espíri-to Santo).

Presença constante em eventos desse porte, a chefe do serviço de nefrologia do HSVP, que já realizou milhares de diálises e mais de 2 mil transplantes renais, contou à Revista do HSVP um pouco da trajetória que a fez ser uma das profissionais mais requisitadas e respeitadas do mundo no segmento de nefrologia.

Natural de São Paulo, Deise afirma que o Brasil ocupa hoje uma posição de destaque em tratamento de pacientes renais, usando o que há de mais moderno em medicamentos. Entre os avanços nos últimos anos, ela cita a manu-tenção dos pacientes crônicos com a melhora do tratamento dialítico e as novas drogas imu-nossupressoras (inibidoras da rejeição), as quais colaboram para que haja maior sobrevida e qualidade de vida do paciente renal. Modesta, ressalta que somente com uma boa equipe é possível alcançar o êxito no atendimento.

Nefrologista do HSVP colabora em pesquisas

internacionaisPor Flávio Dilascio

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Grupo de eliteAntenada com o mundo atual, Deise desta-

ca que o desenvolvimento de doenças renais muitas vezes está correlacionado com patolo-gias como diabetes e hipertensão.

revista do HSVP: Os hábitos de vida atuais con-tribuem para o aumento do número de pacientes renais?

deise carvalho: Duas das causas do aumento de problemas renais são diabetes e hipertensão, e isso está diretamente ligado ao ritmo de vida contem-porâneo. Hoje, há muitos obesos também, e isso tudo pode favorecer a insuficiência renal. Não há uma fórmula perfeita para não ter problemas re-nais. Provavelmente quem leva uma vida saudável é menos propenso. Sem dúvida, fumo, hipertensão, obesidade e uso de drogas são fatores importantes que podem favorecer esse tipo de doença.

revista do HSVP: Quais os maiores avanços da nefrologia brasileira nos últimos anos?

dc: Sem dúvida, a manutenção dos pacientes crô-nicos. Hoje em dia, é possível ter qualidade de vida através da diálise e do uso de drogas, que fazem esses pacientes deixar de ter anemia e demais sinto-mas causados pela insuficiência renal, levando uma vida digna. Temos também um grande avanço em drogas imunossupressoras e consequentemente nos transplantes renais. Neste último caso, posso dizer que a sobrevida do paciente vem aumentando.

revista do HSVP: Comparada a outros países, como está a nefrologia brasileira?

dc: Estamos bem. Em diálise e transplantes, temos índices equiparados aos melhores do mundo. Tan-to é que participo de muitas pesquisas internacio-nais, principalmente em transplantes, pois estamos trabalhando com drogas novas, que são o que há de mais moderno no mundo. Quando surge uma droga nova, somos uns dos primeiros no mundo a sermos procurados pelos pesquisadores. Participa-mos também de pesquisas internacionais com os

melhores especialistas do planeta, que vêm aqui acompanhar o nosso dia a dia e promover trocas de experiências, todas coordenadas por padrões éticos internacionais. Temos avaliações globais, com encontros em todo o mundo, tanto é que viajo constantemente para o exterior para estar reunida com todos esses profissionais.

revista do HSVP: Quais as maiores realizações de sua trajetória como médica?

dc: A maior delas foi ser uma das pioneiras em procedimentos de nefrologia no Rio de Janeiro. Criei, junto com o meu marido (o nefrologista Sér-gio Monteiro de Carvalho), os setores de nefrolo-gia do Hospital Federal de Bonsucesso e daqui do HSVP, no fim dos anos 60. Comecei a atender aqui há 40 anos, ainda no hospital antigo. O meu ma-rido estava aqui desde 1967. Em 1980, criamos o setor de diálise e passamos a fazer transplantes renais em 1984.

revista do HSVP: Tem ideia de quantos pacientes renais a senhora já tratou?

dc: Difícil (risos)! Foram milhares de diálises. Trans-plantes: mais de 2 mil. Foram tantos doentes trata-dos que fica até difícil lhe dizer quais os casos mais complicados que eu e a minha equipe tratamos. Foram muitos pacientes que passaram pela minha equipe e não por mim apenas. Tenho profissionais muito bons ao meu redor, selecionados com muito critério. A maioria fez residência no nosso serviço e posso dizer que todos tocam a mesma música. O trabalho da nefrologia é em equipe. E eu tenho muita sorte com a minha.

revista do HSVP: E por que a senhora optou pela nefrologia?

dc: Porque é uma especialidade clínica que abrange praticamente toda a clínica médica. Ou-tra coisa que me atraiu é a possibilidade de traba-lhar com rim artificial e pacientes mais graves, o que é muito desafiante.

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Ao saber que a segunda edição da Revis-ta do HSVP abordaria como tema central a saúde da mulher, logo me lembrei de

uma jovem paciente de 19 anos que foi encami-nhada ao nosso serviço de Eletroencefalografia com diagnóstico de epilepsia, de difícil controle. Ela vinha, havia cerca de quatro anos, sofrendo de intensos abalos e tremores nos braços, que eram mais frequentes ao despertar pela manhã. Como grande parte das adolescentes, gostava de se divertir em discotecas. Esse prazer, entre-tanto, transformou-se em vilão quando, durante uma noite de balada, foi exposta à luz estrobos-cópica (o pisca-pisca das discotecas) e sofreu uma convulsão. A partir de então, houve tentati-va de tratamento com vários medicamentos anti-convulsivantes, mas ela, continuava a ter crises. Essa paciente ilustra uma condição comum na prática clínica neurológica e que, como veremos mais adiante, tem particulares consequências na vida de uma mulher jovem: a epilepsia mioclô-nica juvenil.

Primeiramente descrita por Janz e Christian em 1957, a epilepsia mioclônica juvenil é princi-palmente caracterizada pela existência de crises mioclônicas. Essas crises são semelhantes a aba-los musculares fortes que ocorrem sobretudo nos braços, nos ombros e na face, mas também nas

pernas, podendo fazer com que o paciente deixe cair objetos das mãos ou sofra quedas. Alguns pacientes também sofrem de crises de ausência, quando parecem estar “fora do ar”, ou de con-vulsões, denominadas crises generalizadas tônico-clônicas, como foi o caso dessa paciente. Frequen-temente, são as convulsões que fazem com que o paciente procure o médico. Em geral, a epilepsia mioclônica juvenil tem início na adolescência. Há relatos de início do quadro dos sete aos 18 anos, raramente mais tardiamente. Ela corresponde a cerca de 10 % de todas as epilepsias. Embora presente em pacientes de ambos os sexos, alguns estudos apontam uma incidência um pouco maior em mulheres. A privação de sono, a fadiga excessi-va e o uso de álcool são fatores que precipitam as crises. Cerca de 30% dos pacientes afetados tam-bém sofrem de fotossensibilidade, o que significa que suas crises podem ser desencadeadas por estí-mulos luminosos, a exemplo da luz estroboscópica da discoteca. A fotossensibilidade também é mais comum nas mulheres. Alguns estudos revelaram genes envolvidos na doença, mas esses genes são múltiplos e a hereditariedade da doença é de difícil prevenção. Nesse tipo de epilepsia, os exames de imagem, como a ressonância magnética, são nor-mais e o eletroencefalograma é fundamental para o diagnóstico.

Por Dra. Glenda Lacerda, neurofisiologistamédica responsável pelo Serviço de

Eletroencefalografia do HSVP

ePIlePSIA NA MulHer JOVeM:

O eXeMPlO dA ePIlePSIA MIOclôNIcA JuVeNIl

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O eletroencefalograma é um exame que capta a atividade elétrica espontânea do cérebro através de fios com terminações de metal (cobre, prata ou ouro) denominadas eletrodos. Essa atividade é transformada matematicamente de forma a gerar um traçado numa tela. O traçado eletroencefa-lográfico dos pacientes com epilepsia mioclônica juvenil mostra descargas de complexos de ondas espiculadas e ondas lentas generalizadas ou mais amplas nas regiões frontais do cérebro.

Uma descarga como essa pode ser vista na figura 1, durante o procedimento de fotoestimulação, no qual uma luz piscante é apresentada ao paciente.

A figura 2 mostra trecho do exame realizado após instituição de tratamento apropriado. Aqui, a fo-toestimulação não provocou descarga epiléptica. Mais comumente, as descargas presentes no exame não são totalmente extintas com o uso de medicamento, mas costumam se tornar me-nos frequentes. O eletroencefalograma ajuda a diferenciar esse de outros tipos de epilepsia, tornando mais segura a escolha do medicamen-to anticonvulsivante, uma vez que alguns desses

medicamentos podem agravar as crises mioclô-nicas, gerando um falso diagnóstico de epilepsia de difícil controle. Algumas vezes, o diagnóstico acurado também requer testemunhar as mani-festações clínicas das crises. Para tanto, po-demos nos valer do videoeletroencefalograma, que consiste na filmagem do paciente ao mesmo tempo que um eletroencefalograma prolongado é realizado. O videoeletroencefalograma, exa-me realizado no Serviço de Eletroencefalografia do HSVP – permite a correlação inequívoca entre os sinais e sintomas do paciente e as alterações epilépticas vistas no traçado.

O diagnóstico de epilepsia mioclônica juvenil é frequentemente realizado em mulheres jovens em idade fértil. Nesse caso (e também no caso de outros tipos de epilepsia diagnosticados na mesma faixa etária), interfere em ciclos impor-tantes da vida da mulher, como o planejamento da gravidez, a gravidez em si e o aleitamento. A epilepsia mioclônica juvenil não tem cura, mas pode ser bem controlada com anticonvulsivantes adequados. Como os medicamentos anticonvul-sivantes podem interferir no desenvolvimento fí-sico e mental do bebê, é muito importante que a gravidez seja planejada. Uma medida preventiva importante é o uso oral de ácido fólico iniciado três meses antes das tentativas de engravidar. O ácido fólico protege a formação do tubo neural no feto, que dá origem às estruturas que forma-rão o cérebro e a medula. É importante dizer que o mais importante durante a gravidez é que a futura mãe permaneça sem crises, que podem comprometer a segurança dela e do bebê. As-sim, uma paciente bem controlada que se des-cubra grávida não deve interromper o uso do seu medicamento. É sempre preferível utilizar a menor dose eficaz do medicamento, mas, se houver crises, a dose deverá ser aumentada. O aleitamento materno é geralmente recomenda-do, pois o percentual de anticonvulsivante que passa para o leite é pequeno. O aleitamento poderá ser descontinuado em caso de sedação ou irritabilidade do bebê. Também vale lembrar às mulheres que optaram pela anticoncepção que alguns anticonvulsivantes diminuem a eficá-cia dos contraceptivos orais. Com um diagnós-tico acertado, crises bem controladas e um bom planejamento, mais de 90% das mulheres com essa condição atravessarão muito bem os ciclos da maternidade.

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Além de rigorosamente dentro da lei, essa orga-nização permitiu uma economia mensal de 20% a 30% em relação ao processo realizado antes. “Todos os pavimentos do hospital contam com re-cipientes específicos e também com uma sala de descarte, onde cada tipo de resíduo é armazenado até ser levado ao abrigo externo, local provisório de acondicionamento do lixo até seu recolhimento para descarte definitivo”, explica Robson, desta-cando a constante limpeza do abrigo externo, ou-tro diferencial do Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS).

O descarte final do lixo hospitalar passa por um severo monitoramento, garantindo que toda a coleta vá para um aterro sanitário, manipulada por pessoas habilitadas e que utilizam equipamentos de proteção, como luvas, procedimentos exigidos pelo padrão internacional de Acreditação da JCI. “Nossa responsabilidade só acaba quando o lixo é descartado no aterro sanitário”, ressalta Martha.

A reciclagem do lixo hospitalar – ainda rara nos municípios brasileiros – também faz parte do PGRSS do hospital. “O recolhimento dos resíduos gera risco e alto custo para o hospital. No entanto, a partir do correto descarte e de simples procedimentos, transformamos muitos desses resíduos infectantes em recicláveis e comuns, obtendo eficiência e gerando economia mensal para a instituição”, orgulha-se Robson.

O Brasil gera cerca de 150 mil toneladas de resíduos urbanos por dia. Desse montante, de 1% a 3% são resíduos de

serviços de saúde (RSS), mais conhecidos como lixo hospitalar. Por sua crescente produção e pelos riscos de contaminação humana e degradação do meio ambiente, o lixo hospitalar é um desafio para administradores e autoridades de saúde. No HSVP, a preocupação com o lixo hospitalar é an-tiga. “Mesmo antes de receber a certificação de qualidade, conferida pela Joint Commission Inter-national (JCI) em 2008, o hospital já mantinha processos eficazes para tratar e descartar esse material”, conta a gerente de Qualidade, Martha Lima.

Desde 2006, o HSVP desenvolveu um progra-ma especial para tratar dos 312 mil litros de lixo hospitalar que produz mensalmente. O objetivo, segundo o coordenador de risco do HSVP, Robson Luiz Maciel, era reduzir a quantidade gerada e encaminhar os resíduos de maneira segura, pro-

tegendo colaboradores e preservando a saúde pública e os recursos naturais. O processo de segregação do lixo passou a ser iniciado dentro de cada setor do hospital, através da separa-

ção em cinco categorias: biológico, químico, radioativo, comum/

reciclável e perfurocortante.

reSPONSABIlIdAde SOcIOAMBIeNtAl

Vanguarda no cuidado com o lixo hospitalar

Ação Social

O PGRSS permitiu ao HSVP ampliar suas ações sociais. Todos os resíduos recicláveis coletados no hospital são doados para a Associação Beneficente Padre Navarro, em Benfica. O projeto beneficia 60 pessoas, que trabalham diariamente na separação do lixo para sua posterior venda a uma usina de

reciclagem. “Os que trabalham são remunerados”, diz a ad-ministradora da associação, Maria Cristina Knack-

fuss. “Somos muito gratos à parceria com o HSVP”, finaliza.

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infecção viral é tema em congresso

A infectologista e coordenadora do Serviço de Higiene e Controle de Infecção Hospitalar do HSVP, Isabella Albuquerque participará do Congresso de Medicina Tropical, entre 23 e 26 de março, em Natal (RN). A médica vai apresentar o caso clínico de um paciente de 41 anos que deu entrada no hospital, após viagem a Sumatra, na Indonésia, em agosto de 2010. Foi o primeiro caso de infecção pelo vírus Chikungunya (CHIKV) registrado no Rio de Janeiro. Até esse momento, a doença estava restrita a países da África e da Ásia e também havia sido diagnosticada na Europa e nas Américas. “Com a elevada infesta-ção pelo mosquito vetor Aedes aegypti e o movimento turístico mundial, as chances de introdução e disseminação do vírus CHIKV são reais”, explica.

tecnologia cirúrgica de primeiro mundo

O HSVP adquiriu quatro mesas cirúrgicas multifuncionais. São equipamentos com tecnologia de ponta, indicados para qualquer tipo de cirurgia. Reforçadas com espuma especial e 100% automáticas, as mesas cirúrgicas garantem mais conforto aos pacientes e segurança para a prática médica. O HSVP acaba de comprar tam-bém um novo foco cirúrgico, equipado com LED. “O aparelho, com tecnologia ale-mã, proporciona uma luminosidade 50% mais forte que os focos nacionais. Além

dessa vantagem, o foco também é de fácil manuseio, por ser mais leve”, explica a cirurgiã Mônica Resano. Para finalizar o pacote de investimentos, chegaram ao hospi-

tal aparelhos de videocirurgia, compatíveis com os demais equipamentos cirúrgicos.

hsVP recebe comitiva da china

O gerenciamento de medicamentos implantado no HSVP foi motivo de visitação internacional. A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China enviou, no mês de janeiro, 13 executivos da área farmacêutica, entre eles o presidente da China Asso-ciation Pharmaceutical Commerce, Fu Ming Zhong, e a diretora do Tianjin Municipal Labor And Social Security Bureau, Kong Chang Qi. Os membros da comitiva troca-ram experiências sobre gestão e comercialização de medicamentos com os profissio-nais do HSVP. Há três anos, eles vêm realizando visitas técnicas no hospital. “Fizemos uma apresentação da instituição, seguida de palestra com a nossa coordenadora de farmácia, Mônica Nascimento. Os visitantes chineses perguntaram sobre finanças e legislação de medicamentos”, conta a gerente de Qualidade, Martha Lima.

“Produção caseira”

Uma câmera na mão e muita força de vontade. Assim, Irmã Josefa e Celeste Barros, ambas da Pastoral da Saúde, criaram, há cinco anos, o primeiro programa que foi ao ar pelo canal 5, do circuito interno de TV do HSVP. Além da programação domés-tica, a Pastoral da Saúde mantém parceria com outras instituições para a exibição de vídeos profissionais. Um dos destaques é o acervo de vídeos doados pela Fundação Oswaldo Cruz, em convênio com o Canal Futura. “Transmitimos ao vivo a oração da manhã, o momento de reflexão e os eventos da capela. Nos demais horários, exi-bimos programas educativos, com dicas de saúde e prevenção de várias doenças”, diz Celeste. O hospital possui 135 televisores em suas dependências.

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