Revolução Francesa

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Revolução Francesa Participantes Sociedade francesa Localização França Data 17891799 Resultado Abolição e substituição damonarquia, aristocracia e da igreja por uma república democráticasecular radical, que, por sua vez, tornou-se mais autoritária, militarista e baseada na propriedade; Mudança social radical baseada nonacionalismo, na democracia, em princípiosiluministas de cidadania e em direitos inalienáveis; Ascensão de Napoleão Bonaparte; Conflitos armados com outros países europeus. Revolução Francesa (em francês: Révolution Française, 1789-1799) foi um período de intensa agitação política e social na França, que teve um impacto duradouro na história do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu. A monarquia absolutista que tinha governado a nação durante séculos entrou em colapso em apenas três anos. A sociedade francesa passou por uma transformação épica, quando privilégios feudais, aristocráticos e religiosos evaporaram-se sob um ataque sustentado de grupos políticos radicais de esquerda, das massas nas ruas e de camponeses na região rural do país. 1 Antigos ideais da tradição e da hierarquia de monarcas, aristocratas e da Igreja Católica foram abruptamente derrubados pelos novos princípios de Liberté, Égalité, Fraternité (em português: liberdade, igualdade e fraternidade). As casas reais da Europa ficaram aterrorizadas com a revolução e iniciaram um movimento contrário que até 1814 tinha restaurado a antiga monarquia, mas muitas reformas importantes tornaram-se permanentes. O mesmo aconteceu com os antagonismos entre os partidários e inimigos da revolução, que lutaram politicamente ao longo dos próximos dois séculos. Antecedentes A França tomada pelo Antigo Regime era um grande edifício construído por cinquenta gerações, por mais de quinhentos anos. As suas fundações mais antigas e mais profundas eram obras da Igreja, estabelecidas durante mil e trezentos anos. A sociedade francesa do século XVIII mantinha a divisão em três Ordens ou Estados típica do Antigo Regime Clero ou Primeiro Estado, Nobreza ou Segundo Estado, e Povo ou Terceiro Estado cada qual regendo-se por leis próprias (privilégios), com um Rei absoluto (ou seja, um Rei que detinha um poder supremo independente) no topo da hierarquia dos Estados. O Rei fora antes de tudo o obreiro da unidade nacional através do seu poder independente das Ordens, significando que era ele quem tinha a última palavra sobre a justiça, a economia, a diplomacia, a paz e a guerra, e quem se lhe opusesse teria

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Revolução Francesa

Participantes Sociedade francesa

Localização França

Data 1789–1799

Resultado Abolição e substituição damonarquia, aristocracia e da igreja por uma

república democráticasecular radical, que, por sua vez, tornou-se mais

autoritária, militarista e baseada na propriedade;

Mudança social radical baseada nonacionalismo, na democracia, em

princípiosiluministas de cidadania e em direitos inalienáveis;

Ascensão de Napoleão Bonaparte;

Conflitos armados com outros países europeus.

Revolução Francesa (em francês: Révolution Française, 1789-1799) foi um período de

intensa agitação política e social na França, que teve um impacto duradouro

na história do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu. A monarquia

absolutista que tinha governado a nação durante séculos entrou em colapso em

apenas três anos. A sociedade francesa passou por uma transformação épica, quando

privilégios feudais, aristocráticos e religiosos evaporaram-se sob um ataque

sustentado de grupos políticos radicais de esquerda, das massas nas ruas e de

camponeses na região rural do país.1 Antigos ideais da tradição e da hierarquia de

monarcas, aristocratas e da Igreja Católica foram abruptamente derrubados pelos

novos princípios de Liberté, Égalité, Fraternité (em português: liberdade, igualdade e

fraternidade). As casas reais da Europa ficaram aterrorizadas com a revolução e

iniciaram um movimento contrário que até 1814 tinha restaurado a antiga monarquia,

mas muitas reformas importantes tornaram-se permanentes. O mesmo aconteceu com

os antagonismos entre os partidários e inimigos da revolução, que lutaram

politicamente ao longo dos próximos dois séculos.

Antecedentes

A França tomada pelo Antigo Regime era um grande edifício construído por cinquenta

gerações, por mais de quinhentos anos. As suas fundações mais antigas e mais profundas

eram obras da Igreja, estabelecidas durante mil e trezentos anos.

A sociedade francesa do século XVIII mantinha a divisão em três Ordens ou Estados típica

do Antigo Regime – Clero ou Primeiro Estado, Nobreza ou Segundo Estado, e Povo ou

Terceiro Estado – cada qual regendo-se por leis próprias (privilégios), com um Rei

absoluto (ou seja, um Rei que detinha um poder supremo independente) no topo da

hierarquia dos Estados. O Rei fora antes de tudo o obreiro da unidade nacional através do

seu poder independente das Ordens, significando que era ele quem tinha a última palavra

sobre a justiça, a economia, a diplomacia, a paz e a guerra, e quem se lhe opusesse teria

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como destino a prisão da Bastilha. A França sofrera uma evolução assinalável nos últimos

anos: não havia censura, a tortura fora proibida em 1788, e a representação do Terceiro

Estado nos Estados Gerais acabava de ser duplicada para contrariar a Nobreza e o Clero

que não queriam uma reforma dos impostos. Em 14 de julho de 1789, quando a Bastilha

foi tomada pelos revolucionários, albergava oito prisioneiros.

Ao longo da História, a miséria tem provocado muitos motins, mas em regra não provoca

revoluções. A situação da França, antes da Revolução, era a de um Estado pobre num

país rico.

Causas

As causas da revolução francesa são remotas e imediatas. Entre as do primeiro grupo, há

de considerar que a França passava por um período de crise financeira. A participação

francesa na Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, a participação (e

derrota) na Guerra dos Sete Anos, os elevados custos da Corte de Luís XVI, tinham

deixado as finanças do país em mau estado.

Os votos eram atribuídos por ordem (1- clero, 2- nobreza, 3- Terceiro Estado) e não por

cabeça. Havia grandes injustiças entre as antigas ordens e ficava sempre o Terceiro

Estado prejudicado com a aprovação das leis.

Os chamados Privilegiados estavam isentos de impostos, e apenas uma ordem sustentava

o país, deixando obviamente a balança comercial negativa ante os elevados custos das

sucessivas guerras, altos encargos públicos e os supérfluos gastos da corte do rei Luís

XVI.

O rei Luís XVI acaba por convidar o Conde Turgot para gerir os destinos do país como

ministro e implementar profundas reformas sociais e econômicas.

Política

Em fevereiro de 1787, o ministro das finanças, Loménie de Brienne, submeteu a uma

Assembleia de Notáveis, escolhidos de entre a nobreza, clero, burguesia e burocracia, um

projeto que incluía o lançamento de um novo imposto sobre a propriedade da nobreza e do

clero. Esta Assembleia não aprovou o novo imposto, pedindo que o rei Luís

XVI convocasse os Estados-Gerais.

Em 8 de agosto, o rei concordou, convocando os Estados Gerais para maio de 1789.

Fazendo parte dos trabalhos preparatórios da reunião dos Estados Gerais, começaram a

ser escritos os tradicionais cahiers de doléances, onde se registraram as queixas das três

ordens.

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A Revolução

O período da Assembleia Constituinte decorre de 9 de julho de 1789 a 30 de

setembro de 1791. As primeiras ações dos revolucionários deram-se quando, em 17 de

junho, a reunião do Terceiro Estado se proclamou "Assembleia Nacional" e, pouco depois,

"Assembleia Nacional Constituinte". Em 12 de julho, começam os motins em Paris,

culminando em 14 de julho com a tomada da prisão da Bastilha, símbolo do poder real e

depósito de armas. Sob proposta de dois aristocratas, o visconde de Noailles e do duque

de Aiguillon, a Assembleia suprime todos os privilégios das comunidades e das pessoas,

as imunidades provinciais e municipais, as banalidades, e os direitos feudais. Pouco

depois, aprovava-se a solene "Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão", contudo

a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, não foi aprovada pela mesma

Assembleia e a idealizadora, Olympe de Gouges, foi executada. O lema dos

revolucionários era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", mas logo em 14 de junho de

1791, se aprovou a Lei de Le Chapelier que proibia os sindicatos de trabalhadores e as

greves, com penas que podiam ir até à pena de morte. Em 19 de abril de 1791, o Estado

nacionaliza e passa a administrar todos os bens da Igreja Católica, sendo aprovada em

julho a Constituição Civil do Clero, por intermédio da qual os padres católicos passam a

ser funcionários públicos.

Datas e Fatos Essenciais[editar | editar código-fonte]

1787: Revolta dos Notáveis

1789: Revolta do Terceiro Estado; 14 de julho: Tomada da Bastilha; 26 de

agosto: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

1790: Confisco dos bens do Clero.

1791: Constituição que estabeleceu a Monarquia Constitucional.

1791: Tentativa de fuga e prisão do rei Luís XVI.

1792: Invasão da França pela Áustria e Prússia.

1793: Oficialização da República e morte do Rei Luís XVI; 2ª Constituição.

1793: Terror contra os inimigos da revolução.

1794: Deposição de Robespierre.

1795: Regime do Diretório — 3ª Constituição.

1799: Golpe do 18 de brumário (9 de novembro) de Napoleão.

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Referências

1. Ir para cima↑ French Revolution.

2. Ir para cima↑ Donald Greer, The Incidence of the Terror during the French Revolution:

A Statistical Interpretation (1935).

3. Ir para cima↑ BELL, David Avrom. The First Total War: Napoleon's Europe and the birth

of warfare as we know it. New York: Houghton Mifflin Harcourt, 2007. p. 51. ISBN 0-618-

34965-0

4. Ir para cima↑ Pierre Gaxotte (da Academia Francesa), La Révolution Française, Paris,

Librairie Arthème Fayard, 1957, pp. 31-54.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Francesa

http://www.infoescola.com/historia/revolucao-francesa/

Pode se dizer que a Revolução Francesa teve relevante papel nas bases da sociedade de

uma época, além de ter sido um marco divisório da história dando início à idade

contemporânea.

Foi um acontecimento tão importante que seus ideais influenciaram vários movimentos ao

redor do mundo, dentre eles, a nossa Inconfidência Mineira.Esse movimento teve a

participação de vários grupos sociais: pobres, desempregados, pequenos comerciantes,

camponeses (estes, tinham que pagar tributos à nobreza e ao clero).Em 1789, a população

da França era a maior do mundo, e era dividida em três estados: clero (1º estado), nobreza

(2º estado) e povo (3º estado).Clero

Alto clero (bispos, abades e cônicos)

Baixo clero (sacerdotes pobres)

Nobreza

Nobreza cortesã (moradores do Palácio de Versalhes)

Nobreza provincial (grupo empobrecido que vivia no interior)

Nobreza de Toga (burgueses ricos que compravam títulos de nobreza e cargos

políticos e administrativos)

Povo

Camponeses

Grande burguesia (banqueiros, grandes empresários e comerciantes)

Média burguesia (profissionais liberais)

Pequena burguesia (artesãos e comerciantes)

Sans-culottes (aprendizes de ofícios, assalariados, desempregados). Tinham este

nome porque não usavam os calções curtos com meias típicos da nobreza.

O clero e a nobreza tinham vários privilégios: não pagavam impostos, recebiam pensões do

estado e podiam exercer cargos públicos.

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O povo tinha que arcar com todas as despesas do 1º e 2º estado. Com o passar do tempo e

influenciados pelos ideais do Iluminismo, o 3º estado começou a se revoltar e a lutar pela

igualdade de todos perante a lei. Pretendiam combater, dentre outras coisas, o absolutismo

monárquico e os privilégios da nobreza e do clero.

A economia francesa passava por uma crise, mais da metade da população trabalhava no

campo, porém, vários fatores ( clima, secas e inundações), pioravam ainda mais a situação

da agricultura fazendo com que os preços subissem, e nas cidades e no campo, a população

sofria com a fome e a miséria.

Além da agricultura, a indústria têxtil também passava por dificuldades por causa da

concorrência com os tecidos ingleses que chegavam do mercado interno francês. Como

conseqüência, vários trabalhadores ficaram desempregados e a sociedade teve o seu número

de famintos e marginalizados elevados.

Toda esta situação fazia com que a burguesia (ligada à manufatura e ao comércio) ficasse

cada vez mais infeliz. A fim de contornar a crise, o Rei Luís XVI resolveu cobrar tributos ao

povo (3º estado), em vez de fazer cobranças ao clero e a nobreza.

Sentindo que seus privilégios estavam ameaçados, o 1º e 2º estado se revoltaram e

pressionaram o rei para convocar a Assembléia dos Estados Gerais que ajudaria a obrigar

o povo a assumir os tributos.

OBS: A Assembléia dos Estados Gerais não se reunia há 175 anos. Era formada por

integrantes dos três estados, porém, só era aceito um voto para cada estado, como clero e

nobreza estavam sempre unidos, isso sempre somava dois votos contra um do povo.

Essa atitude prejudicou a nobreza que não tinha consciência do poder do povo e também

porque as eleições para escolha dos deputados ocorreram em um momento favorável aos

objetivos do 3º estado, já que este vivia na miséria e o momento atual do país era de crise

econômica, fome e desemprego.

Em maio de 1789, após a reunião da Assembléia no palácio de Versalhes, surgiu o

conflito entre os privilegiados (clero e nobreza) e o povo.

A nobreza e o clero, perceberam que o povo tinha mais deputados que os dois primeiros

estados juntos, então, queria de qualquer jeito fazer valer o voto por ordem social. O povo

(que levava vantagem) queria que o voto fosse individual.

Para que isso acontecesse, seria necessário uma alteração na constituição, mas a nobreza e

o clero não concordavam com tal atitude. Esse impasse fez com que o 3º estado se

revoltasse e saísse dos Estados Gerais.

Fora dos Estados Gerais, eles se reuniram e formaram a Assembléia Nacional Constituinte.

O rei Luís XVI tentou reagir, mas o povo permanecia unido, tomando conta das ruas. O

slogan dos revolucionários era“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Em 14 de julho de 1789 os parisienses invadiram e tomaram a Bastilha (prisão) que

representava o poder absoluto do rei, já que era lá que ficavam os inimigos políticos dele.

Esse episódio ficou conhecido como "A queda da Bastilha".

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O rei já não tinha mais como controlar a fúria popular e tomou algumas precauções para

acalmar o povo que invadia, matava e tomava os bens da nobreza: o regime feudal sobre os

camponeses foi abolido e os privilégios tributários do clero e da nobreza acabaram.

No dia 26 de agosto de 1789 a Assembléia Nacional Constituinte proclamou a Declaração

dos Direitos do Homem e do Cidadão, cujos principais pontos eram:

O respeito pela dignidade das pessoas

Liberdade e igualdade dos cidadãos perante a lei

Direito à propriedade individual

Direito de resistência à opressão política

Liberdade de pensamento e opinião

Em 1790, a Assembléia Constituinte reduziu o poder do clero confiscando diversas terras da

Igreja e pôs o clero sob a autoridade do Estado. Essa medida foi feita através de um

documento chamado “Constituição Civil do Clero”. Porém, o Papa não aceitou essa

determinação.

Sobraram duas alternativas aos sacerdotes fiéis ao rei.

1. Sair da França

2. Lutar contra a revolução

Muitos concordaram com essa lei para poder permanecer no país, mas os insatisfeitos

fugiram da França e no exterior decidiram se unir e formar um exército para reagir à

revolução.

Em 1791, foi concluída a constituição feita pelos membros da Assembléia Constituinte.

Principais tópicos dessa constituição

Igualdade jurídica entre os indivíduos

Fim dos privilégios do clero e nobreza

Liberdade de produção e de comércio (sem a interferência do estado)

Proibição de greves

Liberdade de crença

Separação do estado da Igreja

Nacionalização dos bens do clero

Três poderes criados (Legislativo, Executivo e Judiciário)

O rei Luís XVI não aceitou a perda do poder e passou a conspirar contra a revolução, para

isso contatava nobres emigrados e monarcas da Áustria e Prússia (que também se sentiam

ameaçados). O objetivo dos contra-revolucionários era organizar um exército que invadisse a

França e restabelecesse a monarquia absoluta (veja Absolutismo na França).

Em 1791, Luís XVI quis se unir aos contra-revolucionários e fugiu da França, mas foi

reconhecido, capturado, preso e mantido sob vigilância.

Em 1792, o exército austro-prussiano invadiu a França, mas foi derrotado pelas tropas

francesas na Batalha de Valmy. Essa vitória deu nova força aos revolucionários franceses e

tal fato levou os líderes da burguesia decidir proclamar a República (22 de setembro de

1792).