Revolução industrial

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  • 1. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 1 Revoluo Industrial Antecedentes das Revolues Inglesas As Revolues do sculo XVII na Inglaterra foram responsveis por uma grande transformao no pas, abolindo as estruturas do Antigo Regime. Introduo "Nos fins do sculo XVI a terra passou das mos da alta aristocracia gentry (pequena e media nobreza rural), e das mos de uma multido de arrendatrios jornaleiros, emparedados entre preos e rendas em alta inflacionista e salrios estancados, s dos camponeses proprietrios e terratenentes (yeomen). A terra tambm passou aos comerciantes, sobretudo aos pequenos (cujas margens de lucro aumentavam com a inflao) e aos mercadores mais ricos (que exploravam lucractivos monoplios comerciais). Por outra parte, tambm cresceram notavelmente o nmero e a fortuna dos juristas de prestgio. Em resumo, o que se produziu foi um deslocamento macio das riquezas da Igreja e da Coroa, e das pessoas muito ricas ou muito pobres, para as mos da classe mdia e da classe mdia alta". Lawrence Stone La Revolucin Inglesa, in Revoluciones y Rebeliones de la Europa Moderna - Madri, Alianza Editorial, 1978 ANTECEDENTES SCIO-ECONMICOS A expanso do mercado de terras no continente europeu em meados do sculo XVI ocorre de forma diferenciada. Enquanto que na Frana esse fenmeno foi responsvel pelo fortalecimento de relaes feudais, na Inglaterra, ocorreu exactamente o contrrio, resultando no crescimento de caractersticas rurais capitalistas que transformaram a terra numa mercadoria. O aumento dos preos dos derivados agrcolas e do consumo de matrias-primas e alimentos contribua para valorizar o preo da terra. Aproveitando-se dessa situao, tanto os grandes como os pequenos produtores rurais, tentaram tirar vantagens ampliando suas posses atravs dos "cercamentos" (transformao da posse das terras coletivas, em propriedade privada). O Estado, por sua vez, para preservar seus interesses, impedia o avano dos cercamentos e passava a enfrentar a oposio da "gentry" (nobreza rural mais progressista) e dos "yeomen" (camada mais rica dos pequenos e mdios proprietrios livres). Nesse perodo, a Inglaterra passou a ser a segunda potncia martimo-comercial, ficando atrs apenas da Holanda. Sua indstria txtil era a maior da Europa, alm de representar mais de 4/5 da produo de todo carvo do continente. Os nobres que se voltaram para essas atividades se enriqueceram, enquanto que os outros se empobreceram e perderam suas terras para gentry. Entre os camponeses, enquanto os yeomen prosperavam, a maioria se empobreceu e submetida ao processo de cercamentos das propriedades (enclousures), engrossou o contingente de pobres urbanos.

2. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 2 Os cercamentos eram quase sempre apoiados pelo Parlamento, apesar da omisso da Coroa. Foram praticados por todas as classes proprietrias, desarticulando a comunidade alde e separando o campons da terra. Essa realidade fez com que na Inglaterra, os camponeses precocemente deixassem de ser uma fora poltica. Nas primeiras dcadas do sculo XVII, enquanto massas de camponeses estavam em revolta na Frana, Rssia, Itlia e Espanha, na Inglaterra o campesinato foi uma classe politicamente ausente. A QUESTO POLTICA "Gostaria de governar a Inglaterra maneira francesa". Essa afirmao, feita pelo embaixador espanhol na Inglaterra no final do sculo XV, caracteriza certos limites existentes ao poder absolutista ingls, j que desde a Magna Carta (1215), o Conselho da Nobreza, (depois o Parlamento) instituio que representa os cidados, passa a ter o poder "de direito". Em contrapartida, os reis da dinastia Tudor possuam o poder "de facto" e pouco convocavam o Parlamento, que composto principalmente por elementos da burguesia e da gentry, no se opunha ao poder absolutista do rei, representante dos interesses dessas camadas. Com a morte da rainha Elisabeth na Inglaterra em 1603 ocorre a passagem da dinastia Tudor para uma dinastia de linhagem escocesa, a dos Stuart. Enquanto os Tudor tinham representado um anglicanismo com mais nfase ao contedo calvinista, favorecendo a burguesia, os Stuart valorizaram a forma catlica do anglicanismo, condizente com os interesses da aristocracia contra a burguesia. Atravs do catolicismo ficava mais fcil justificar o poder absoluto do rei. Com isso, o Parlamento, majoritariamente burgus, assumiu uma postura de oposio identificada com os princpios calvinistas, em rejeio ao anglicanismo. O primeiro reinado Stuart na Inglaterra, deu-se com Jaime VI, rei da Esccia que assumiu o poder na Inglaterra com o nome de Jaime I. Esse monarca, admirador dos reis franceses, queria implantar na Inglaterra um absolutismo de direito, tentando inclusive acabar com o poder nominal terico do Parlamento, e iniciar uma poltica de perseguio aos puritanos. Para atingir esse objetivo, o poder real deveria ser considerado de origem divina, a exemplo dos reis da Frana, valorizando-se a forma catlica do anglicanismo, identificada com a aristocracia contra a burguesia. De facto, pelo catolicismo era mais fcil justificar a origem divina do poder real. Com um governo de carter pessoal, Jaime I dissolveu vrias vezes o Parlamento e perseguiu vrios grupos religiosos de oposio, inclusive os catlicos. Com a morte de Jaime I em 1625 assumiu o trono seu filho Carlos I e ao longo de seu reinado as lutas entre o poder real e o Parlamento se radicalizaram. Em 1628 o Parlamento imps a Carlos I a "Petio de Direitos", determinando que impostos, prises, julgamentos e convocaes do exrcito somente poderiam ser executados aps apreciao e autorizao parlamentar. 3. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 3 Carlos I reagiu, dissolvendo o Parlamento e governando de forma absolutista apoiando-se em seu "Conselho Privado" durante onze anos. Nesse tempo o rei, auxiliado por dois enrgicos ministros (o arcebispo Laud e Thomas Wentworth, conde de Stratford), procurou criar mecanismos para combater as foras contrrias ao absolutismo monrquico. Para obter recursos que sustentassem a mquina do Estado e controlar a vida econmica o rei restabeleceu uma srie de medidas de carter feudal, como o "Ship Money" (antigo impostos originalmente pago por cidades porturias para defesa da marinha), que foi transformado num tributo nacional. Decises como essa, provocaram protestos em toda Gr-Bretanha. Na Esccia, onde predominava o calvinismo presbiteriano, os Stuart atravs do ministro Laud, tentam uniformizar o reino impondo o anglicanismo, o que provocou uma rebelio dos escoceses que invadiram o norte da Inglaterra. A primeira reao de Carlos I foi convocar o Parlamento, que se reuniu de 1640 at 1653, no perodo conhecido como "Longo Parlamento". Os deputados calvinistas fizeram o rei decapitar seus ministros. A partir desse momento o rei no tinha mais direito a um exrcito permanente e a poltica religiosa e tributria seria conduzida pelo Parlamento, que independentemente da convocao do rei, se reuniria regularmente a cada trs anos. Em 1641 na Irlanda catlica inicia-se um levante separatista contra o domnio protestante dos ingleses. Na Inglaterra, os puritanos e o rei anglicano estavam de acordo com a necessidade de um grande exrcito para combater os catlicos irlandeses, discordando porm, quanto a liderana do exrcito, j que os puritanos no acreditavam na capacidade do rei para chefia do exrcito. O rei ordenou ento a invaso do Parlamento para efetuar a priso de alguns deputados. Nesse mesmo momento comeava em Londres uma revolta armada, onde as milcias passaram para o lado do Parlamento, iniciando- se assim, a Guerra Civil que corresponde primeira fase da Revoluo Puritana. As revolues burguesas na Inglaterra devem ser analisadas no processo de incio da crise do Antigo Regime europeu. Historicamente, refletem a necessidade de superao do absolutismo, na medida em que esse sistema cada vez mais representava um entrave ao capitalismo, impedindo a livre concorrncia e limitando o direito de propriedade. Foi nessa conjuntura que a burguesia passou a lutar pelo exerccio do poder poltico como pr-condio para um mais amplo desenvolvimento do prprio sistema capitalista. 1 Revoluo 1750 a 1860 Pases : Inglaterra , Frana e Blgica Matria Prima : minrio de ferro , carvo e algodo Indstria bsica : textil Energia : vapor 4. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 4 2 Revoluo 1860 a 1945 Pases : Alemanha , Itlia , Russia , EUA e Japo Matria Prima : ao e petrleo Indstria : siderrgica , petroqumica e automobilstica Energia : derivados do petrleo e energia eltrica A Revoluo Industrial representa as transformaes a nvel social, poltico e econmico para o estabelecimento do sistema capitalista. A Revoluo Industrial na Inglaterra At as primeiras dcadas do sculo XIX, a Revoluo Industrial foi um privilgio ingls. Esta primazia pode ser explicada pelo facto de a Inglaterra ter reunido as chamadas condies bsicas da industrializao, ou seja: - Acumulou capitais nos sculos anteriores - na chamada fase da acumulao primitiva do capital, no Mercantilismo - fruto das operaes comerciais no mercado internacional, da explorao colonial, do trfico de escravos, do contrabando e, at mesmo, das atividades pirticas. Outras formas de acumulao foram: o cercamento dos campos (Enclosures Land's) que, significou a transformao dos campos, antes comuns ou abertos, em unidades fundirias particulares e fechadas, ou a diviso de terras antes comuns, mas no cultivadas, em propriedades privadas. Esse processo foi intensificado a partir do sculo XVII, por meio de uma srie de actos legislativos (enclosures acts), votados por parlamentares ligados a propriedade fundiria. Os enclosures acts implicaram no s no fechamento das terras como na expulso dos pequenos cultivadores. Em sntese o Cercamento possibilitou o controle da burguesia sobre a terra, cuja etapa inicial foi a expulso do posseiro e o fim do "velho" sistema de arrendamento: o surgimento das manufacturas e a conseqente falncia do artesanato, isto , a burguesia assumiu o controle do setor e o arteso se viu despojado de seus instrumentos e dos frutos de sua produo que a partir da passam a pertencer ao dono do capital e da munufactura; -Grande disponibilidade de mo-de-obra - fruto do xodo rural resultante do Cercamento dos Campos, da falncia dos artesos e do crescimento populacional; -Domnio de grandes mercados - onde incluem-se as colnias americanas; -Grandes reservas de matrias primas como o ferro e o carvo que garantiam o fornecimento de matria prima e energia. Havia as grandes jazidas na regio norte inglesa - a Inglaterra Negra. -Forma parlamentar de governo, instituda em 1688, atravs do Bill of Rights, resultante da Revoluo Gloriosa liderada pela burguesia e pela gentry que lutara, contra a pretenso absolutista de James II. 5. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 5 A partir da victria da revoluo, o poder passou a ser exercido pelo Parlamento, atravs do 1 Ministro, dominado pelas classes burguesa e gentry que, governariam a Inglaterra segundo seus interesses. Conforme relatrio elaborado a partir de uma pesquisa, feita pelo governo ingls, foi possvel detectar as condies de trabalho e de vida da classe trabalhadora, aps a Revoluo Industrial. Longas jornadas de trabalho que duravam entre doze e dezenove horas; Direito conferido ao empresrio pela Lei "Senhor e Empregado" de encarceramento do operrio que abandonasse o trabalho; Pagamento de um salrio to nfimo que obrigava o operrio a trabalhar sem parar para obter o mnimo necessrio a sua sobrevivncia; Ausncia de qualquer garantia previdenciria, para eventuais acidentes que o operrio sofresse e que o impedisse de continuar trabalhando; Utilizao, em larga escala, do trabalho infantil e feminino, em funo dos menores salrios pagos a esses trabalhadores; Ocupao de pores, sob a forma de habitaes, onde famlias ocupavam um espao que no era suficiente para duas ou trs pessoas. A promiscuidade, as pssimas condies de higiene, a falta de ventilao e de luz solar tornavam esses locais muito propcios a incidncia de doenas que atingiam os operrios e suas famlias. Em funo das condies a que ficaram submetidos, os operrios iniciaram um processo de reao. Inicialmente, denunciando-as como ilegais e imorais e, em seguida passaram a quebrar as mquinas, era o movimento Ludita (1811-12). A partir de 1824, as associaes de trabalhadores deixaram de ser ilegais e passaram a representar a forma de luta da classe operria, era o incio do movimento Cartista (1837-1848), movimento popular que reivindicava reformas nas condies de trabalho, particurlamente na limitao da jornada de trabalho, regulamentao do trabalho feminino, extino do trabalho infantil, repouso semanal e salrio mnimo; e direitos polticos: estabelecimento do sufrgio universal e extino da exigncia de propriedade para integrar o parlamento. Na segunda metade do sculo XIX, as Trade-Unions foram substitudas pelos sindicatos, forma de organizao dos trabalhadores com um considervel nvel de ideologizao, pois o sculo XIX, foi um perodo muito frtil na produo de ideologias anti-liberais que, serviram a luta da classe operria, seja para obteno de conquistas na relao com o capitalismo, seja na organizao do movimento revolucionrio cuja meta era destruir a ordem capitalista. Como j foi dito anteriormente, o sculo XIX viu surgir, na Europa, uma srie de correntes ideolgicas que, propunham reformulaes sociais e a construo de uma sociedade mais justa, entre eles os tericos socialistas e os anarquistas. 6. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 6 AS TEORIAS ANTI-LIBERAIS -Socialismo Utpico Primeiros socialistas a formularem crticas a ordem capitalista gerada na Revoluo Industrial, os utpicos ou romnticos atacavam a grande propriedade mas revelavam uma estima com relao a pequena propriedade. A denominao utpica resulta da crena deles em um possvel acordo entre as classes sociais, no desprezando nenhuma, para a construo da sociedade ideal. Entre os socialistas utpicos encontravam-se Conde Claude de Saint-Simon (1760-1825) que propunha a formao de uma sociedade em que no existiriam ociosos, nem a explorao do homem pelo homem; Charles Fourier (1772-1837) idealizador dos falanstrios, fazendas coletivistas e agro industriais ; Robert Owen (1771-1858) nas empresas que controlava - cotonifcios - criou uma comunidade de alto padro em que, os trabalhadores produziam por 10 horas/dia e recebiam alto nvel de instruo. - Socialismo Marxista ou Cientfico Enquanto os utpicos propunham uma atitude conciliatria, surgia o socialismo cientfico, com base no pensamento de Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) que defendiam a transformao da realidade social atravs de uma ao revolucionria do proletariado. Marx e Engels apresentaram suas proposies socialistas no Manifesto Comunista (1848), mas foi no Capital que Marx, colocou de forma mais explcita suas concepes polticas e econmicas. O socialismo Cientfico ou Marxista se constri a partir de alguns conceitos: luta de classes, mais valia e revoluo socialista. O PROCESSO DE PRODUO Nessa evoluo, a produo manual que antecede a industrial conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo: O artesanato, foi a forma de produo caracterstica da Baixa Idade Mdia, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produo de carter familiar, na qual o produtor (arteso), possua os meios de produo ( era o proprietrio da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a famlia em sua prpria casa, realizando todas as etapas da produo, desde o preparo da matria-prima, at o acabamento final; ou seja no havia diviso do trabalho ou especializao. Em algumas situaes o arteso tinha junto a si um ajudante, porm no assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma taxa pelo utilizao das ferramentas. importante lembrarmos que nesse perodo a produo artesanal estava sob controle das corporaes de ofcio, assim como o comrcio tambm encontrava-se sob controle de associaes, limitando o desenvolvimento da produo. 7. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 7 A manufactura, que predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliao do mercado consumidor com o desenvolvimento do comrcio monetrio. Nesse momento, j ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido a diviso social da produo, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confeco de um produto. A ampliao do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comrcio, tanto em direo ao oriente como em direo Amrica, permanecendo o lucro nas mos dos grandes mercadores. Outra caracterstica desse perodo foi a interferncia do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matria prima e a determinar o ritmo de produo, uma vez que controlava os principais mercados consumidores. A partir da mquina, fala-se numa primeira, numa segunda e at numa terceira e quarta Revoluo Industrial. Porm, se concebermos a industrializao, como um processo , seria mais coerente falar-se num primeiro momento (energia a vapor no sculo XVIII), num segundo momento (energia eltrica no sculo XIX) e num terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia nuclear e pelo avano da informtica, da robtica e do setor de comunicaes ao longo dos sculo XX e XXI, porm aspectos ainda discutveis. O Pioneirismo da Inglaterra A Inglaterra industrializou-se cerca de um sculo antes de outras naes, por possuir uma srie de condies histricas favorveis dentre as quais, destacaram-se: a grande quantidade de capital acumulado durante a fase do mercantilismo; o vasto imprio colonial consumidor e fornecedor de matrias-primas, especialmente o algodo; a mudana na organizao fundiria, com a aprovao dos cercamentos (enclousures) responsvel por um grande xodo no campo, e consequentemente pela disponibilidade de mo-de-obra abundante e barata nas cidades. Outro factor determinante, foi a existncia de um Estado liberal na Inglaterra, que desde 1688 com a Revoluo Gloriosa. Essa revoluo que se seguiu Revoluo Puritana (1649), transformou a Monarquia Absolutista inglesa em Monarquia Parlamentar, libertando a burguesia de um Estado centralizado e intervencionista, que dar lugar a um Estado Liberal Burgus na Inglaterra um sculo antes da Revoluo Francesa. Principais avanos da Maquinofactura Em 1733, John Kay inventa a lanadeira volante. Em 1767 James Hargreaves inventa a spinning janny, que permitia a um s arteso fiar 80 fios de uma nica vez. Em 1768 James Watt inventa a mquina a vapor. Em 1769 Richard Arkwright inventa a water frame. 8. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 8 Em 1779 Samuel Crompton inventa a mule, uma combinao da water frame com a spinning jenny com fios finos e resistentes. Em 1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecnico. Desdobramentos Sociais A Revoluo Industrial alterou profundamente as condies de vida do trabalhador braal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da populao rural para as cidades, com enormes concentraes urbanas. A produo em larga escala e dividida em etapas ir distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, j que cada grupo de trabalhadores ir dominar apenas uma etapa da produo. Na esfera social, o principal desdobramento da revoluo foi o surgimento do proletariado urbano (classe operria), como classe social definida. Vivendo em condies deplorveis, tendo o cortio como moradia e submetido a salrios irrisrios com longas jornadas de trabalho, a operariado nascente era facilmente explorado, devido tambm, inexistncia de leis trabalhistas. O desenvolvimento das ferrovias ir absorver grande parte da mo-de-obra masculina adulta, provocando em escala crescente a utilizao de mulheres e a crianas como trabalhadores nas fbricas txteis e nas minas. O agravamento dos problemas scio-econmicos com o desemprego e a fome, foram acompanhados de outros problemas, como a prostituio e o alcoolismo. Os trabalhadores reagiam das mais diferentes formas, destacando-se o movimento ludista (o nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruio das mquinas por operrios, e o movimento cartista, organizado pela Associao dos Operrios, que exigia melhores condies de trabalho e o fim do voto censitrio. Destaca-se ainda a formao de associaes denominadas trade-unions, que evoluram lentamente em suas reivindicaes, originando os primeiros sindicatos modernos. O divrcio entre capital e trabalho resultante da Revoluo Industrial, representado socialmente pela polarizao entre burguesia e proletariado. Esse antagonismo define a luta de classes tpica do capitalismo, consolidando esse sistema no contexto da crise do Antigo Regime. O Ludismo A Rebelio contra o Futuro O assalto s lavouras experimentais de transgnicos que se processam hoje e os protestos dos ambientalistas engenharia gentica em outras partes da mundo, particularmente na Europa, nos faz lembrar dos luditas, um movimento popular que surgiu na Gr-Bretanha entre 1811-1818, dedicado destruio das mquinas e protestos contra a tecnologia. 9. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 9 Ludd ataca "Sua obra de destruio no se atm a mtodo nenhum / O fogo e a gua serve-lhe para destruir/ pois os elementos ajudam no seu designo.../ ele destruir tudo de dia ou noite/ e nada poder escapar da sua sentena." Certa vez, no ano de 1812, h quase dois sculos atrs, Mr. Smith, um dono de uma tecelagem no distrito de Huddersfild, no leste da Inglaterra, recebeu uma estranha carta assinada por um tal de "general Ludd". Continha pesadas ameaas. A sua fbrica em breve seria invadida e as mquinas destrudas caso ele no se desfizesse delas. Um incndio devoraria o edifcio e at a sua casa, se ele tentasse reagir. O nome Ludd era conhecido nos meios fabris desde que um maluco chamado Ned Ludd, uns trinta anos antes, em 1779, invadira uma oficina para desengonar as mquinas a marteladas. A missiva no era brincadeira. Uns meses antes, nos finais de 1811, uma onda de assaltos aos estabelecimentos mecnicos espalhara-se pela regio de Nottingamshire, uma antiga rea ligada criao de ovelhas e que desde o sculo 17 vira crescer por l, espalhadas, pequenas empresas de fiao e tecelagem. A revoluo industrial, com a rpida disseminao da mquina a vapor, como era de esperar, provocou ali uma radical mutao socio-econmica. Por todo lado novos teares e mquinas tricotadeiras embaladas pela nova tecnologia da energia vapor, substituram os antigos procedimentos das rocas de fiar. As reaes no demoraram. A Carta do General Ludd "Possumos informaes de que voc um dos proprietrios que tm um desses detestveis teares mecnicos e meus homens me encarregaram de escrever-lhe, fazendo um advertncia para que voc se desfazer deles... atente para que se eles no forem despachados at o final da prxima semana enviarei um dos meus lugar-tenentes com uns 300 homens para destru- los, e, alm disso, tome nota de que se voc nos causar problemas, aumentaremos o seu infortnio queimando o seu edifcio, reduzindo-o a cinzas; se voc tiver o atrevimento de disparar contra os meus homens, eles tm ordem de assassin-lo e de queimar a sua casa. Assim voc ter a bondade de informar aos seus vizinhos de que esperem o mesmo destino se os seus tricotadores no sejam rapidamente desactivados.." Ass.: General Ludd, maro de 1812 Outras Destruies Atacar e destruir mquinas uma atividade bem mais antiga do que se supe. Bem antes do desencadeamento do Movimento Ludita registraram-se, no princpio do sculo XVIII, aes depedradoras na periferia de Londres contra uma serra movida a gua, como tambm contra uma tosquiadeira automtica, inventada por um tal de Everet em 1758. 10. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 10 O prprio Marx assinala (no cap. XIII, 5, d'O Capital) as rebelies ocorridas em certas partes da Europa provocadas pela introduo de moinho de fazer fitas e gales. O que levava aquele gente humilde, geralmente cordata, a cometer tais atos desesperados? Medo e insegurana. Assustavam-se com a possibilidade das mquinas estreitarem ou suprimirem com o trabalho deles, alm do receito sobrenatural ao novo to comum entre as gentes. O Movimento Ludita "E noite trs noite, quando tudo est tranqilo e a lua se esconde por detrs da colina Ns marchamos para executar a nossa vontade Com acha, lana ou fuzil Oh meus valentes cortadores Os que com um s forte golpe rompem com as mquinas cortadeiras O grande Enoch dirigir a nossa vanguarda Quem se atrever a det-lo? Adiante sempre todos homens valentes Com acha, lana e fuzil Oh meus valentes cortadores..." - Cano ludita - Os Luditas, porm, foram mais alm dos quebra-quebras. Se bem que no seu princpio houve incurses antimquinas espontneas, tal como se deu em maro de 1811, em Arnold, um lugarejo de Nottingham, onde um bando devastou 60 teares sob o aplauso de um multido de desempregados, em Yorkshire, Leicestershire e em Derbyshire, regies vizinhas, no se tratava mais de exploses irracionais, esparsas e desordenadas. Nos momentos seguintes, nunca tendo um lder s, foram pequenos grupos organizados e disciplinados, atuando segundo um plano, quem entraram em actividade. Estima-se que o seu nmero oscilou de trs a oito mil integrantes, dependendo do distrito. Os Esquadres Luditas Liderados pelos assim apontados "homens de maus desgnios", usando mscaras ou escurecendo o rosto, os esquadres luditas, armados com martelos, achas, lanas e pistolas, aproveitando-se para deslocarem-se noite, vagavam de um distrito ao outro demolindo tudo o que encontravam, apavorando os donos das fbricas. O comandante da operao chamava- se de "General Ludd", com poder de vida e morte sobre os companheiros 11. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 11 Em Nottingham revelou-se um tipo enorme, Enoch Taylor, um ferreiro que levava ao ombro uma poderosa maa de ferro batizada com o seu nome mesmo: Enoch. Bastava uma martelada daquelas para que a porta do estabelecimento viesse abaixo, enquanto que mais uma outra aplicada num engenho qualquer reduzia-o a um monte de ferro intil. Um Quadro Insurrecional O pano de fundo em que o ludismo emergiu formou-se pelas dificuldades sofridas pelas exportaes britnicas, decorrentes do bloqueio continental imposto em 1806 por Napoleo Bonaparte, e, em seguida, pelos problemas enfrentados com a obteno do algodo para a as tecelagens, visto que em 1812 os ingleses estavam em guerra contra os Estados Unidos (o seu principal fornecedor). Naquele mesmo ano, no dia 11 de maio, algo raro na histria poltica inglesa ocorreu: o assassinato do seu primeiro ministro Perceval, em plena Cmara dos Comuns, vtima de um maluco. O clima, pois, era de generalizada revolta em larga parte da Inglaterra, sendo que E.P. Thompson - um dos maiores historiadores da classe operria britnica - acredita que o movimento extrapolou seu objetivos originais, como assegurou um testemunho da poca, ambicionando "derrubar o sistema de governo pondo em revoluo o pas inteiro". Esta foi a razo do Parlamento ter aprovado em Londres em 1812, apesar da eloqente oposio de Lord Byron, a Frame Braking Act, que estabeleceu a pena de morte para quem destrusse as mquinas. O Massacre de Peterloo Uns sete anos depois dos amotinamentos luditas, por volta de 1818-9, as coisas voltaram a se acalmar. A insurgncia sofreria um rude golpe com a mobilizao do exrcito e dos corpos auxiliares e com os enforcamentos coletivos que as autoridades submeteram os insurretos, como deu-se em York onde um dos lderes, George Mellor, subiu ao patbulo com 13 companheiros. Represso que atingiu sua culminncia nos Massacres de Perterloo (uma pardia jocosa de Waterloo, porque deu-se no comando-geral do generalssimo Duque de Wellington, o vencedor de Napoleo), quando 15 manifestantes foram mortos pelas tropas nas redondezas de Manchester. No dia 16 de agosto de 1819, no parque de Saint-Peter, uma multido de umas 50 mil pessoas, reunidas num protesto, foi exposta a uma brutal carga de cavalaria que chocou a Gr-Bretanha inteira. Marxismo e Ludismo A literatura marxista a respeito do ludismo (E.P.Taylor, E.Hobsbawn, e o prprio Marx) procurou retirar a pecha de analfabetos ignorantes que o restante da populao inglesa havia lanado sobre os inimigos das mquinas (tornando desde ento o termo ludita algo pejoractivo). 12. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 12 Entenderam-no, o movimento, como um proto-sindicalismo, uma reao desculpvel e natural contra algo que provocava o desemprego e o rebaixamento salarial. Alm, claro, de ser uma contestao ao capitalismo, ainda que no quadro da grande transformao operada na transio do trabalho manual para o trabalho automatizado. Mesmo assim, no conseguiram evictar as bvias associaes do ludismo com o obscurantismo medieval, to comuns a certos setores das classes populares. Marx, socorrendo-se de um tal de Andrew Ure (The Philosophy of the Manufactures, 1835), um terico, defendeu a tese de que graas s ameaas dos trabalhadores que os capitalistas, para reduzirem as presses e as rebeldias, aceleravam as implementaes tecnolgicas, concluindo que a mquina era estruturalmente uma "potncia hostil ao trabalhador" (O Capital, vol. I, cap. XIII, 5). Opinies Controversas Lord Byron, o poeta, viu no ludismo a transgresso das normas. Algo assim como uma espcie de reforma religiosa - um luteranismo aplicado s fbricas. William Blake, outro poeta, entendeu-os como os instrumentos de uma revolta sagrada contra os dark Satanic Mills, os tenebrosos moinhos satnicos (o clima geral dentro das fbricas daquela poca), nos quais as mulheres e crianas inglesas eram obrigadas a trabalhar em condies deprimentes. A romancista Charlote Bront, no seu livro Shirley, de 1849, entretanto, no devotou-lhes simpatia. Alm de assegurar a um master (um patro), de nome Cartwright (nome de um inventor) o papel de heri resistente, frente a uma assalto de uma turba armada, disse que os chefes luditas "no vinham das classes operosas", vendo-os como gente "fracassada, decada, um bando de endividados e desocupados, muitos deles entregues bebida". Mas o pavor s mquinas no partiu s de gente iletrada. A Tecnofobia O filsofo Martin Heidegger, o mais significactivo pensador alemo deste sculo, oriundo da Floresta Negra, irmanou-se a eles na sua tecnofobia, denunciando a mecanizao como vil, interesseira, inclinada ao lucro e, pior, desumanizante. Aliou-se aos nazistas em 1933 na expectactiva de que Hitler cumprisse o programa Blut und Boden, o do sangue e solo, um reacionrio projeto de ruralizao de desmecanizao da Alemanha (nos quadros de Baumgartner, Wisser e Janesh, Junghanns, pintores nazistas, o campo aparece sem uma mquina sequer, toda a lavoura orgnica). O pensador via a tecnologia como pertinente ao mundo moderno, levando-o devastao da natureza, massificao sufocadora da criatividade, estandardizao do comportamento e da cultura, banalizao da existncia, provocando-lhe por fim uma doena quase que incurvel. 13. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 13 Neoluditismo Logo no de se estranhar a ocorrncia de peridicos assaltos em vrios cantos do mundo contra laboratrios que fazem experincias biogenticas, nem s lavouras transgnicas. Da mesma forma que os luditas ingleses atacaram nos comeos do sculo XIX as mquinas, a tecnologia e o capitalismo laissez-faire ento nascente, hoje, na transio do milnio, um neoluditismo globalizado quem encabea a vanguarda das aes antiliberais e anticientficas. A adaptao Social Par alguns pases foi mais fcil do que para outros aceitar as mudanas sociais envolvidas na transio de uma economia agrria para uma economia industrial. Uma sociedade com uma classe mdia bem desenvolvida, divises de classes flexveis e operrios que podiam aprender novas tcnicas e aceitar uma nova espcie de disciplina era prpria para se abrir mais rpidamente do que uma sociedade com uma classe mdia fraca, barreiras rgidas de classes e camponeses altamente conservadores. Os legados de feudalismo retardaram por isso seriamente a primeira industrializao da Europa. A sobrevivncia da escravatura em muitos pases (na Frana at a Revoluo, e na Alemanha, ustria e Russia at o sculo XIX) tornou virtualmente impossvel o recrutamento de trabalhadores industriais em quantidade. Os operrios estavam sujeitos s regras e privilgios de classes tradicionais e das municipalidades e tinham, geralmente, de obter uma permisso para emigrar de uma provncia para outra. Na Inglaterra do sculo XVIII, contudo, a escravatura tinha j desaparecido e as restries impostas pelas guildas e pelas autoridades municipais aos industriais pioneiros no eram to severas como em muitos lugares do Continente. Os empresrios tinham pouco a recear da interferncia do Governo, particularmente erguiam as suas fbricas fora dos limites municipais. Os trabalhadores podiam mudar-se livremente de um lado para o outro do pas. Na Inglaterra, alm disso, no havia barreiras rgidas entre a cidade e o campo. Por outro lado, os proprietrios de terras estavam preparados para explorar as suas prprias fontes minerais e no objetavam a que membros das suas famlias tomassem parte activa nas empresas comerciais e fabris. Por outro lado, os industriais bem sucedidos das cidades podiam comprar terras no campo e as suas famlias penetravam nas fileiras da alta sociedade rural. Desenvolveu-se assim uma classe mdia suficientemente grande e variada para fornecer muitos dos empresrios e gerentes das novas fbricas. Ao mesmo tempo, os camponeses e artfices britnicos amoldaram-se bem aos novos tipos de trabalho. Ainda houve, certo, uma vociferante oposio operria ( Luddite ) s novas mquinas e dura disciplina das fbricas pioneiras, mas os Luddites formavam apenas uma pequena minoria do operariado. O progresso industrial foi rpido. 14. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 14 A inveno das mquinas provocou reaes por parte dos artesos, que foram prejudicados nas suas atividades. O industrial ingls Wedgwood conta a destruio das edifcios e mquinas em Lancaster, no ano de 1769. "Quando chegvamos a Bolton, encontramos no caminho vrias centenas de homens. Creio que eram aproximadamente uns quinhentos; e como perguntssemos a um dentre eles por que se concentravam reunidos em to grande nmero, responderam-nos que iam destruir as mquinas e que fariam o mesmo em todo o pais. No mesmo dia, aps o meio-dia, uma grande fbrica situada perto de Chorley foi atacada por eles. A localizao dos edifcios no lhes permitia aproximar-se a no ser por uma passagem estreita, graas qual o chefe da fbrica pde, com o auxilio de alguns vizinhos, salv-la do ataque. Dois dos assaltantes foram mortos no local e vrios foram feridos. A massa no possua armas de fogo e no esperava uma tal recepo; ficou exasperada e jurou vingana. os trabalhadores passaram ento o dia de domingo e a manh de segunda-feira a reunir armas e munies. Os mineiros do Duque de Bridgewater juntaram-se a eles e outros trabalhadores tambm, a ponto de seu nmero atingir aproximadamente oito mil. Estes oito mil homens marcharam ao som da tambor em direo fbrica e destruram, totalmente, instrumentos avaliados em mais de 10000 libras. Tera-feira, pela manh, escutamos seus tambores a uma distncia de 2 milhas, um pouco antes de chegar a Bolton. Sua inteno declarada era apossar-se da cidade, em seguida de Manchester e de Stockport, e de marchar em direo a Cromford, para destruir as mquinas no somente nesses diversos lugares mas em toda a Inglaterra." Na Frana, as condies foram menos favorveis e o progresso industrial lento. Os proprietrios rurais estavam profundamente agarrados terra e fortemente influenciados por laos de famlia e era difcil seduzi-los para as cidades e fbricas. Diligentes e frugais, investiam fortemente na terra e nos papis do Governo. Desconfiavam dos bancos e tinham relutncia em arriscar o seu dinheiro em aes de caminhos-de-ferro ou de outras empresas. Nas cidades, as classes mdias eram poucos menos conservadora, se interessavam no comrcio, no artesanato ou na indstria, tendiam a trabalhar em unidades familiares muito fechadas. A empresa familiar era o tipo tradicional da organizao industrial; a grande companhia por aes, a exceo. Alm disso, um sistema muito centralizado de governo agia sobre a economia. As provncias, habituadas a ver Paris como guia, tinham relutncia em iniciar as suas prprias aventuras econmicas. O Choque da Guerra A guerra teve uma influncia especial no desenvolvimento da Revoluo Industrial na Europa, agindo em certos setores da economia europeia como um emoliente e em outros como um poderoso estmulo de progresso. 15. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 15 Enquanto nos sculos XVIII e XIX a Inglaterra mantinha as suas guerras longe do solo ptrio, os seus vizinhos do outro lado do Canal eram frequentementes perturbados por presenas militares. Muitas vezes, os resultados nesses pases eram totalmente negactivos. No fim da Guerra dos Sete Anos, por exemplo, a populao da Prssia baixara perto de 330 000 almas. Tinham sido destrudas cidades, aldeias, quintas e oficinas, e em algumas regies sofria-se de escassez de comida e de forragem. A moeda era falsificada, as finanas pblicas estavam em desordem, e a administrao civil em perigo de colapso. Na Polnia, a guerra levara fome e peste que, juntas, causaram, em 1770, 200 000 mortes. , pois, quase um paradoxo que vinte e trs anos de guerras revolucionrias e napolenicas marcassem o incio da expanso industrial no continente europeu. Naturalmente que a Europa sofreu. O movimento de grandes exrcitos, as pesadas perdas humanas e o macio desvio de ocupaes mais pacficas dos homens aptos para a guerra tiveram as suas inevictveis consequncias, enquanto o " sistema continental " de Napoleo e o bloqueio britnico arruinavam todos os grandes portos. Certas indstrias, contudo, expandiram-se muito sob a presso da guerra. A necessidade de vestir, prover e armar muitos milhares de soldados criou uma quase insacivel exigncia de certos artigos (exigncia muito acentuada pela excluso da competio britnica ). Um impressionante desenvolvimento foi evidente nas indstrias de algodo de Ghent Paris, Mulhouse e Saxnia e nas indstrias metalrgicas e de armamento da Blgica, Alemanha e Suia. Nasceram grandes firmas de engenharia como as fbricas de John Cockerill, em Liege , e as instalaes Escher-Wyss, em Zurique. Alm disso, quando Napoleo dominava grande parte da Europa Ocidental e Central, foram enviados peritos franceses para regies menos desenvolvidas, a fim de levarem a cabo inspees geogrficas, prospeco de minerais e dirigirem minas e fbricas. O sistema continental de Napoleo pretendia ser no um estmulo para a indstria europia mas uma medida de guerra destinada a destruir a economia inglesa, cortando-lhe o comrcio de exportao. Claro que a Inglaterra no ficou parada, por volta de 1816 incorrera num dbito nacional de 876 milhes de libras, e houve perodos de srios distrbios financeiros, desemprego e angustia social. Mas o progresso industrial da Inglaterra era j to grande que, apesar da perda de valiosos mercados `a sua porta, os negociantes ingeleses foram capazes de manter as exportaes, abrindo novos mercados na Amrica do Sul e em outros lugares. As grandes indstrias da Inglaterra continuaram a se expandir e a sua capacidade de dominar os mares, aguentar os exrcitos de Wellington na Guerra Peninsular e financiar a guerra dos seus aliados com substanciais subsdios manteve-se incomparvel. Os efeitos da guerra no desenvolvimento industrial foram particularmente notveis na Rssia. Conforme Gerschenkron nota, o desenvolvimento econmico da Rssia no sculo XIX, tornou- se verdadeiramente uma funo de exigncias militares. 16. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 16 Avanava rapidamente onde quer que as necessidades militares apertassem e cessava logo que a presso blica abrandava A revelao da fraqueza econnica do tempo de guerra levaria em seguida a uma ao vigorosa: a Guerra da Crimeia representou um estmulo para a emancipao dos escravos e a expanso do sistema ferrovirio, e a Guera Turca, de 1876, foi seguida de um grande impulso para expandir as indstrias pesadas da Rssia. Progresso Industrial 1870-1914 Os anos entre 1870 e 1914 presenciaram um aumento rpido na marcha da industrializao europia e uma aguda intensificao de interesse em novos mercados coloniais. A Inglaterra e a Frana estenderam as suas possesses na frica e no Pacfico. Em 1880, a Alemanha, a Itlia e a Blgica juntaram-se lhes na disputa por novas colnias. Bismarck assegurou certos territrios africanos para a Alemanha, embora o seu valor econmico fosse limitado. A Blgica adquiriu uma colnia no Congo. A Itlia teve de se contentar com a Lbia e parte da Somlia. A Inglaterra mantinha-se frente entre as naes fabris, mas outras, em especial a Alemanha, estavam a principiar a desafiar-lhe a preponderncia. Chegou o tempo em que o papel de pioneiro da Inglaterra encontrava obstculos. As mquinas, que eram as melhores do mundo, eram agora menos eficientes do que os modelos mais recentes desenvolvidos no estrangeiro, e os mtodos do mercado ingls comeavam a ficar fora de moda. Nos dias em que a Inglaterra tinha virtualmente monopolizado a venda de certos produtos em mercados estrangeiros, o cliente no tinha outro remdio seno aceitar o que lhe era oferecido. Agora, os vendedores ingleses achavam difcil adaptar-se situao competitiva. Para mais, muito industriais ingleses persistiam em treinar a sua mo-de-obra em linhas tradicionais, ignorando mtodos modernos mais eficientes. A Alemanha forneceu muito do mpeto da nova irrupo da atividade industrial e das inovaes que caracterizaram o ltimo quartel do sculo XIX. A victria da Prssia em Sdan e a criao de um Reich unido tinha fortalecido muito o moral alemo. Embora em 1873 uma depresso se seguisse ao boom de 1871-1872, um rpido desenvolvimento ocorreu no s nas antigas indstrias da Alemanha, como a do ferro, do ao, do carvo e dos txteis, mas tambm na construo de navios, nos produtos qumicos e na indstria eltrica. Criaram-se grandes cartis apropriados s condies da poca. Deu-se uma impressionante expanso na exportao de produtos manufacturados e na exportao de invisveis, como servios bancrios, seguros e embarques. Antes de 1870, a Alemanha tinha contrado emprstimos no mercado internacional de dinheiro, mas, depois disso, a sua riqueza nacional aumentou a tal ponto que ficou apta a investir grandes somas em empresas mineiras, de plantao, ferrovirias e fabris, em muitas partes do Mundo. 17. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 17 Pelo comeo do sculo XX, a Alemanha podia comparar-se a Inglaterra como produtora de ao e em 1914 no estava muito atrs desta como produtora de carvo. Foi no perodo que se seguiu a 1870 que a Rssia comeou a representar um papel importante na vida econmica da Europa. Embora possusse vastas fontes de matria-primas e de trabalho, a Rssia foi vagarosa na industrializao. A sobrevivncia da escravatura em 1860, um clima severo, estradas fracas, poucas ligaes ferrovirias, rios gelados, falta de portos de gua temperada e a lonjura dos seus depsitos de carvo e de minrio de ferro, tudo era obstculos. No entanto, uma vez que o investimento estrangeiro e a ajuda tcnica se dispuseram a auxiliar a arrancada inicial, a largada tardia da Rssia e o papel extraordinriamente activo do Estado asseguraram um progresso espetacular, levando ao mesmo tempo a uma situao paradoxal. Nos princpios do sculo XX, a Rssia podia gabar- se de uma quantidade de grandes e eficientes empresas industriais to avanadas como qualquer outra da Europa, e os seus grandes trusts industriais eram to poderosos como os da Alemanha ou dos Estados Unidos; todavia, ao lado das modernas minas de carvo, das fundies, das instalaes mecnicas e das fbricas txteis existiam tambm milhares de pequenas oficinas domsticas, que usavam ainda utenslios simples e mquinas manuais. O progresso no resto da Europa foi muito de vagar comparado com a Inglaterra, Blgica, Alemanha e Rssia. O desenvolvimento industrial na Frana foi firme mas pouco espetacular. A facilidade com que ela pagou a sua indenizao Alemanha, aps 1871, e a rapidez com que recuperou dos efeitos desastrosos da Guerra Franco-Prussiana e da Comuna de Paris mostraram a fora da sua economia. Novas regies fabris desenvolveram-se na Terceira Repblica para substituir as perdidas com a anexao alem da Alscia-Lorena. Mas as altas tarifas aduaneiras francesas refrearam a expanso do seu comrcio com o estrangeiro e a das indstrias navais e de construo naval As indstrias eltricas e qumica no podiam competir eficientemente com as suas rivais alems. O Papel do Capital A razo pela qual o cidado de um pas industrializado goza de um padro de vida mais alto do que seu semelhante num pas pr-industrial que ele produz mais bens e servios por hora de esforo; e uma das razes pelas quais ele pode fazer isso que ele, em mdia, tem a vantagem de um maior volume disponvel de capital para assisti-lo em suas atividades produtivas. A comunidade, na qual ele vive, possui mais equipamentos mecnicos, mais quilmetros de rodovia ou ferrovias, mais canais ou vias fluviais, mais edifcios, ou mais de todo tipo de bens que so utilizados para produzir outros bens. Pode esperar gozar um padro de vida crescente porque ele ou alguns de seus concidados formaram o hbito de separar do consumo corrente o suficiente para acrescentar ao estoque de bens de produo da comunidade. 18. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 18 H bastante poupana anual, isto , no apenas para recolocar o capital que se gasta no processo de produo, mas tambm para adquirir artigos adicionais. Afirmar que um pas pr-industrial tem um menor estoque de capital do que um pas industrializado no equivale a dizer que necessariamente tenha um nvel mais baixo de capital por unidade de produo do que uma economia mais avanada. Na verdade, porque tem inadequada organizao de transporte, armazenagem ou crdito, por exemplo, ou porque faz uso intermitente ou improdutivo de seus recursos de capital existentes, pode ser altamente capitalizado em relao a seu nvel de produo: ou, em outras palavras, pode ter uma proporo mdia capital-produo elevada. O certo que exige uma adio substancial a seu estoque existente de capital, caso tenha por objetivo alcanar a industrializao e que ter de prosseguir adicionando capital a seu estoque, caso os trabalhadores desejem continuar aumentando seus nveis de produo per capita e, por conseguinte, seus padres de vida. Se houvesse estatsticas sobre a renda nacional e o investimento abrangendo o perodo da Revoluo Industrial, poderamos afirmar quando a mudana na taxa de investimento ocorreu para a Inglaterra. Infelizmente essas estatsticas no existem.Os clculos de Gregory King feitos no final do sculo XVII sugerem que a nao estava ento investindo cerca de 5% de sua renda total: e estimactivas da renda e investimentos nacionais para o sculo XIX indicam que a taxa de investimentos de aproximadamente 10% ao ano tinha sido alcanada por volta do final da dcada de 1850. Aquilo em que as estatsticas no ajudam em nada sobre a determinao da ocasio da mudana com relao Revoluo Industrial. Para compreender isso, necessrio perguntar-nos quais eram as mudanas implcitas na natureza dos recursos de capital e quando entraram em vigor. As melhorias introduzidas nas comunicaes troxeram como consequncia substanciais investimentos em rodovias, pontes, navegao fluvial e canais. Esses desenvolvimentos ocorreram em todo o decorrer do sculo, embora mais intensivamente na segunda metade do que na primeira, e houve uma acelerao acentuada sobre as trs ltimas dcadas no ritmo dos encerramentos, da urbanizao e da construo dos canais. Houve tambm uma acelerao notvel nos investimentos por volta do final do sculo nas indstrias ou ramos de negcios afetados pela mudana tcnica, especialmente nas indstrias algodoeira e siderrgica e na minerao. Mas se o capital nacional cresceu mais rapidamente na segunda metade do sculo XVIII do que nunca antes, assim tambm o fizeram a renda nacional e a populao. A populao da Inglaterra e do Pas de Gales aumentaram aproximadamente 50% entre 1751 e 1801: o volume de comrcio exterior quase triplicou: a renda nacional real provavelmente duplicou. 19. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 19 Portanto, o nvel de investimento teria de crescer em algo como 50% apenas para fazer que o estoque de capital acompanhasse, no mesmo ritmo, o crescimento da fora de trabalho: teria de ter mais do que dobrado para elevar a taxa de investimento como uma porcentagem da renda nacional. O investimento nas minas e na indstria siderrgicas parece ter estado intimamente aliado expanso na cosntruo das ferrovias. Por volta de 1850, vinte e sete altos-fornos por ano estavam sendo construdos, e novas jazidas de carvo e minrio de ferro estavam sendo exploradas na Esccia na dcada de 1830, nos campos de minrio de ferro em Cleveland na dcada de 1850, e nas jazidas Cumberland-Lancashire na dcada de 1860. O investimento nos fornos de pudlagem tambm aumentou de maneira acentuada no terceiro quarto de sculo. Entre 1860 e 1870-antes da grande mudana do fero malevel para o ao- o nmero de fornos de pudlagem praticamente dobrou. Mas, acima de tudo, essas dcadas intermedirias do sculo XIX foram dominadas por desenvolvimento macios no transporte. No apenas no que diz respeito s ferrovias. O valor dos navios construdos no Reino Unido comeou a crescer acentuadamente no final da dcada de 1840 quando os navios de ferro comearam a ser construdos em nmeros crescentes. Entre essa poca e os primrdios da dcada de 1860 o valor das novas construes mais do que dobrou. Por volta de 1860, o valor anual dos navios construdos e registrados no Reino Unido excedeu 1% da renda nacional. Esse foi provavelmente seu auge de importncia relactiva, embora no somente na dcada de 1870 que as novas tonelagens comeassem a predominar sobre as antigas tonelagens dos navios vela. O investimento em navios envolvia investimentos paralelo em docas e portos. A rea porturia de Liverpool havia quase dobrado no segundo quarto do sculo XIX. De aproximadamente 10 milhes de Libra gasto pelo Governo Ingls em instalaes porturias durante os trs primeiros quartos do sculo XIX, cerca de metade foi investida entre 1850 e 1870. A caracterstica mais impressionante no processo de acumulao de capital nas dcadas intermedirias do sculo XIX foi, bvio, a expanso da construo ferroviria. As ferrovias em si no eram novidades. O que era novidade era o triunfo da locomotiva a vapor. Durante o primeiro quarto do sculo XIX, a construo de ferrovias tinha sido limitadaa ferrovias localizadas, de pequena escala, operadas por mquinas puxadas a cavalos. Aquelas que ultrapassavam os limites das grandes propriedades privadas eram mais do que simples anexos de uma mina ou siderurgia necessitavam de uma lei do Parlamento, de modo que h alguns registros de sua extenso e custos de construo. 20. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 20 No final de 1825, havia entre 500 e 650 Km de ferrovias no Reuno Unido, representando um investimento de capital total de provavelmente menos de 2 milhes de libra. A ferrovia mais longa era Stockton-Darlington; com cerca de 40 Km era a primeira a ser destinada locomotiva a vapor e ao trfego de passageiros, e sua abertura pode ser considerada como incio da era das ferrovias.Mas ainda passou quase uma dcada para a locomotiva a vapor conseguir obter xito. A construo de ferrovias prosseguiu numa srie de exploses ou manias. A primeira mania promotora de ferrovias coincidiu com o auge de 1824-1825 e resultou em mais de 100 Km de ferrovias abertas ao trfego .A seguinte atingiu o crescendo em 1836-1837 entre 650 e 800Km de ferrovias haviam sido abertos ao trfego. No trinio 1838-1840, os gastos com a construo e material rolante atingiram um mdia de mais de 10 milhes de libras por ano, e por volta de 1840 o valor do capital investido nas ferrovias era de aproximadamente de 50 milhes de libras. O auge da construo de ferrovias foi em 1847 quando mais de um quarto de milho de homens foi empregado na construo de 10.000 Km de estrada de ferro. O gasto total em ferrovias ( incluindo o capital de giro ) alcanava ento um nvel que era ento mais do que o valor declarado das exportaes britnicas e cerca de 12% da renda nacional. A segunda grande mania ferroviria, a qual se desenvolveu na primavera de 1845, foi ainda mais espetacular e resultou em um desperdcio ainda maior de capital. Foi caracterizada pela apario em massa de capital especulactivo no mercado em busca de aes ferrovirias.O xito slido das primitivas ferrovias, as quais tinham tempo de mostrar sua velocidade, levantou esperana de um enorme trfego potencial, e um grande nmero de pessoas de todas as condies procurou uma participao nessa fonte de riqueza. Havia motivos respeitveis, conquanto ultra-otimistas, para investimento em ferrovias. Mas medida que a mania se prolongava, um crculo de pessoas mais amplo do que nunca comeou a especular no com a lucratividade das ferrovias, mas com um aumento em potencial nas tarifas. Houvera, certamente, algum aumento na poupana desde o momento em que a Revoluo Industrial adquiria impulso. O Governo tinha comeado a incentivar hbitos de poupanas entre a classe trabalhadora desde 1790 quando a Lei de Rose de 1793 consolidou a legislao relacionada com as sociedades de socorros mtuos. Em 1801, segundo as estimactivas de Eden, havia mais de 7.000 sociedades de socorros mtuos na Inglaterra com mais de 600.000 menbros. O primeiro banco verdadeiramente de depsitos foi fundado em 1804. Era chamado Charitable Bank ( Banco Beneficiente ) e, em verdade, demonstrou ser mais beneficiente do que era sua situao inicial, pois os 5% de juros que pagava nos depsitos implicava uma perda para seus fundadores, e o Banco teve de suspender suas atividades. Pouco a Pouco, entretanto o movimento se espalhou e, por volta de 1818, havia 70 bancos de poupanas em operao na Inglaterra. 21. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 21 Outro meio de financiar a formao de capital usar a inflao como meio de gerar " poupana forada ". A inflao crnica tem-se transformado numa condio familiar nos pases subdesenvolvidos em via de industrializao de nossos dias. Sob condio de inflao contnua, os preos se elevam mais rapidamente do que os salrios; os lucros crescem mais rapidamente do que ambos; e porque esperam que os preos ( e lucros ) continuem subindo, os industriais esto mais do que propensos a aplicar esse retorno na formao de capital que lhes permitir produzir mais e vender mais a esses preos atraentes. Os " que poupam " nessa situao so os assalariados que tm de pagar preos mais elevados por bens cujos custos de produo no aumentaram na mesma proporo: os investidores so os empresrios individuais que esto, assim, capacitados a financiar seus investimentos por meio da " poupana forada " de seus fregueses. O Papel dos Bancos Uma das vantagens com que a Inglaterra ingressou na primeira revoluo industrial foi um sistema desenvolvidos de bancos e um elaborado sistema monetrio. Estava bastante desenvolvido com relao aos sistemas monetrios adotados por muitas das naes subdesenvolvidas de nossos dias e, em verdade, com relao a seus contemporneos na Europa: embora muito tivesse de evoluir antes que pudesse ser comparado com os padres de um Estado moderno que exera controle direto e deliberado sobre seu prprio suprimento monetrio. Quo eficazmente o seu sistema bancrio do final do sculo XVIII desempenhou sua tarefa de prover a economia sob o processo de industrializao com recursos financeiros mveis exigidos pela mudana e crescimento econmicos. Por volta de 1750 o Banco da Inglaterra j estava em existncia por mais de meio sculo. Fora fundado em 1694 no decorrer do auge da fundao de companhias da dcada de 1690 com um capital de 1,2 milho de libras, seu principal objetivo sendo levantar dinheiro para o Governo. Dentro de um ano de sua fundao j havia assumido a tarefa arriscada de transferir divisas para financiar as guerras do holands Guilherme contra Lus XIV. Em 1700 ofereceu-se para estocar ouro importado e logo comeou a fazer emprstimos tendo tais depsitos como garantia. Por volta da dcada de 1720 era a principal fonte de ouro do Tesouro e dos guinus do pblico. Amainou a tempestade do South Sea Bubble a qual destruiu muitas das companhias fundadas nas exploses anteriores das primitivas sociedades por aes. Desempenhou um papel-chave na poltica determinada e bem sucedida de Walpole de aliviar o nus do Dbito Nacional nas dcadas de 1720 e 1730. Por volta dadcada de 1750 as relaes entre o Banco e o Tesouro tinham-se tornado completamente regularizadas e formalizadas; e o Governo que, nos tempos dos Stuart, fora um dos tomadores de dinheiro que inspirava menos confiana a nao, torna-se um dos mais seguros canais de investimento. 22. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 22 Nessa poca, o Banco era um banqueiro com relao ao Governo e para a maioria de seus departamentos. Comeando como uma " especulao com um futuro incerto", tornara-se uma instituio nacional, embora ainda no um banco central com controle sobre a oferta de dinheiro. Em princpio, a libra do sculo XVIII se baseava na prata-era ainda a libra esterlina. A partir da era elisabetiana a libra inglesa tinha sido identificada com uma quantidade fixa de prata. O valor do guinu de ouro era fixado em termos de um nmero de xelins( moeda da ustria ). Na verdade, entretanto, havia uma escassez relactiva de prata na maioria da Europa e ainda mais no Extremo Oriente, onde o preo corrente no mercado era mais elevado do que o preo do Tesouro ingls.Compensava aos mercadores portanto adquirir prata ao preo em vigor na Inglaterra e despach-la para a Europa continental e o Extremo Oriente em troca de ouro. O resultado inevictvel foi uma desvalorizao da cunhagem de prata inglesa.; e quando da grande recunhagem de 1696-1698 as peas de prata foram substitudas por moedas de peso integral com bordas serrilhadas ( estas gradactivamente desapareceram de circulao ). Nem, em verdade, estava o Tesouro preparado para continuar cunhando novas peas de prata a esse preo. De modo que por volta da dcada de 1760 havia muito poucas moedas de prata ainda em circulao alm de uns poucos shillings e sixpences usados. Com o efeito, como se ainda no na lei, a Inglaterra adotava o padro-ouro. Na dcada de 1770, isso foi formalmente reconhecido ( embora ainda no legalizado ) por uma reforma da cunhagem que substituiu a moeda de ouro leve pelas peas de peso adequado e limitou a apresentao legal de prata para pagamentos no excedendo 25 libras. Recebeu reconhecimento legal em 1816 quando o ouro foi declarado como sendo o nico padro e moeda legal. Alm da moeda havia outros tipos de dinheiro em uso corrente por volta de meados do sculo XVIII. Os cheques sobreviventes mais antigos datam do final do sculo XVII, embora seja duvidoso se tornaram, de facto, comuns at o sculo XIX. Mais importante eram as notas de banco, isto , promessas de pagar ao portador uma soma especificada quando da apresentao da mesma. O Banco da Inglaterra emitia tais notas para seus depositantes desde a sua fundao ( embora no fosse seno mais tarde no sculo que vieram a ser de somas regulares arredondadas ) e elas eram empregadas livremente como papel-moeda, pelo qual podiam ser prontamente trocadas para saldar dbitos entre indivduos. Os bancos privados tambm emitiam notas. Em Londres, nenhum deles tinha a reputao do Banco da Inglaterra, e essas emisses de notas privadas tinham praticamente desaparecido por volta de 1770. Mas na Esccia havia uma longa tradio de emisso de notas privadas e na Inglaterra provinciana os bancos do interior emitiam notas ao portador para a circulao local. Quais foram os determinantes da oferta de dinheiro na primeira revoluo industria e como isso afetou o nvel de preos e situao comercial? 23. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 23 O volume de moeda em circulao dependia primordialmente da oferta de ouro no Banco da Inglaterra e este, por sua vez, dependia, em parte, da procura mundial do ouro e da procura do mesmo e, em parte, do balano comercial ingls. Pois se as exportaes excedessem as importaes, isso geralmente implicava um influxo de ouro: e ao contrrio, se as importaes excedessem as exportaes, o excesso tinha de ser financiado pela exportao de ouro. O ouro, na verade, era a moeda internacional atravs da qual os dbitos entre povos de diferentes nacionalidades tinham de ser saldados. A habilidade do Banco em colocar moedas de ouro em circulao dependia do preo que tinha de pagar pelo ouro no mercado mundial e, por conseguinte, na situao cambial, pois era isso que determinava o preo em ouro da libra esterlina. Em 1821, a Inglaterra adotou formal e legalmente o padro-ouro. As instituies monetrias inglesas na poca consistiam em: 1) um banco central, com estrutura de sociedade por aes- o Banco da Inglaterra- que agia como o banco governamental e como guarda das reservas de ouro da nao; 2) cerca de 60 bancos privados londrinos de grande poder e reputao, mas que no emitiam notas; 3) cerca de 800 pequenos bancos do interior que emitiam notas e que no estavam sujeitos a nenhum controle exceto com relao ao valor nominal das notas emitidas. Neste terceiro grupo reside tanto a fraqueza como a fortaleza do sistema bancrio ingls da dcada de 1820; a fraqueza apareceu na primeira grande crise financeira da dcada. Durante o perodo 1809-1830 houve 311 falncias de bancos do interior, das quais 179 ocorreram em dois trinios de crise-1814/1816 e 1824/1826. Com efeito, a existncia de centenas de instituies emitentes de notas de pequena monta, nem todas igualmente eficientes e honestas, tornaram toda a cadeia de crdito to vulnervel quanto alguns de seus elos mais frgeis. O Banco da Inglaterra, por exemplo, pouco podia fazer para expandir ou restringir o crdito quando existiam tantas outras fontes de crdito na economia. A fraqueza essencial da estrutura de crdito evidenciou-se nos negcios internos da nao nos meados da dcada de 1820 quando uma expanso especulactiva, tendo sua origem na recuperao e reflexo que comeou em 1823, resultou num colapso financeiro em 1825. Houve uma criao desenfreada de novas companhias, altos emprstimos estrangeiros para serem aplicados em muitos projetos de minerao luntiocos na Amrica do Sul, muitas exportaes que nunca foram pagas. Quando atingiu o auge, isso no apenas provocou um nmero de falncias de bancos do interior como quase levou o pas ao abandono do padro-ouro. Em fins de 1825, 73 bancos na Inglaterra e Pas de Gales tinham suspendidos os pagamentos, e quase que houve uma paralisao no prprio Banco da Inglaterra. 24. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 24 O Governo prontamente. A Legislao promulgada em 1826 reduziu a influncia dos bancos do interior, ao proibir a emisso de notas de valor inferior a 5 libras, permitiu a fundao de bancos estruturados como sociedades por aes com mais de seis scios ou acionistas ( exceto dentro de um raio de 100 km de Londres ) e autorizou o Banco da Inglaterra a fundar agncias prprias por todo o pas. Uma lei posterior, em 1833, permitiu que os bancos estruturados como sociedades por aes se instalassem na rea de Londres e em suas proximidades, contando que o banco no emitisse notas. Embora a legislao de 1826 e 1833 abolisse o monoplio do Banco da Inglaterra no sentido de exercer atividades bancrias sob forma de sociedade por aes, teve o efeito de fortalecer grandemente a posio do Banco. Pois concedeu ao Banco o monoplio virtual da emisso de notas na rea de Londres e em suas proximidades e capacitou-o a operar diretamente nas provncias. As notas do Banco da Inglaterra, por exemplo, se tornaram um factor especialmente importante na oferta de dinheiro no Lancashire. Havia ainda uma boa dose de oposio ao Banco como rbitro da oferta de dinheiro da nao, pois pontos de vista extremos sobre a " liberdade econmica " eram populares, e o Banco tinha muitos inimigos entre os banqueiros de influncia do interior. No foi seno quando a Lei de Carta-Patente dos Bancos em 1844 concentrou a emisso de notas no Banco da Inglaterra que a supremacia final do Banco como a pedra fundamental da estrutura de crdito da nao foi assegurada. Entre aquela poca e o seu final do sculo, os antigos bancos do interior desapareceram, seus servios bancrios foram assumidos pelos gigantescos bancos londrinos organizados sob a forma de sociedades por aes, seus direitos de emisso voltando ao Banco da Inglaterra. O Papel do Governo comum considerar-se a revoluo industrial britnica como um acontecimento espontneo, e at o ponto em que o resultado final da primeira revoluo industrial foi algo que nenhum Governo podia ter esperado conscientemente planejar foi, em verdade, espontneo. Mas no se devia supor, entretanto, que o papel desempenhado pelo Governo no processo foi inteiramente passivo. Ao contrrio, ento-como agora- a incapacidade ou competncia dos Governos era um favor importante no sentido de retardar ou acelerar o crescimento econmico. Mudanas nas condies de oferta e procura, sob as quais as diferenas industriais operavam, exigiam e provocavam mudanas na legislao econmica. O fracasso em legislar podia ser to importante quanto uma nova legislao no assisitir ou impedir a mudana estrutural que era essencial industrializao eficaz. Um dos mitos que surgiu a rspeito da revoluo industrial na Inglaterra que ela aconteceu na ausncia e no com a presena da interveno econmica, que o papel do Governo no processo foi omitir-se to rapidamente quanto possvel a fim de permitir que a empresa privada se dedicasse sua parte benfica de gerar crescimento econmico prolongado. 25. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 25 Uma famosa passagem de Adam Smith, em um captulo advogando o livre comrcio, forneceu o fundamento lgico dessa lenda ai sustentar que a maximizao do lucro privado por indivduos envolve a maximizao da renda nacional. " Como todo indivduo... esfora-se tanto quanto pode para empregar seu capital em apoio da indstria nacional e assim para dirigir essa indstria de maneira que a sua produo seja do maior valor; todo indivduo forosamente trabalha para tornar a receita anual da sociedade to grande quanto possvel. Ele geralmente, na verdade, no pretende incentivar o interesse pblico nem sabe quanto ele incentiva. Preferindo apoiar a indstria nacional, em detrimento da estrangeira, ele tem em vista unicamente a sua prpria segurana; e dirigindo essa indstria de tal maneira que a sua produo seja do maior valor, ele tem em vista unicamente seu prprio ganho, e ele nisso, como em muitas outras coisas, levado por uma mo invisvel a promover um fim que no estava absolutamente em suas cogitaes " Esta era " a doutrina da mo invisvel ". Adan Smith se valeu dela para justificar o livre comrcio. Seus seguidores desenvolveram um pouco mais a filosofia do laissez faire , o ponto de vista de que a funo do Governo era deixar as coisas correrem por si mesmas, e adotaram de todo o corao o ponto de vista de que o funcionamento irrestrito da empresa privada era a maneira mais eficiente de assegurar a taxa de crescimento econmico. Duas questes precisam ser consideradas com referncia a isso. Por um lado, at onde era verdade que a doutrina do laissez faire foi posta em pleno funcionamento no decorrer da revoluo industrial inglesa? E, por outro lado, era verdade que a principal contribuio do Governo ingls para a revoluo industrial foi deixar as coisas correrem por si mesmas? Para comear, ento, o laissez faire triunfou? No h qualquer dvida de que entre 1760 e 1850 uma srie de regras e restries governamentais referentes atividade econmica, muitas delas remontando aos tempos medievais, foi eliminada dos livros jurdicos. No comeo do perodo, por exemplo, havia uma srie total de restries quanto mobilidade da fora de trabalho e do capital. Pelo Estatuto dos Aprendizes, uma pessoa tinha de servir sete anos antes que pudesse seguir um ofcio e havia muitas limitaes locais quanto ao nmero de aprendizes. Adam Smith, num ataque virulento aos privilgios das corporaes, relacionou uma lista indignada dos mesmos: " Em Sheffield nenhum mestre podia ter mais de um aprendiz de cada vez... Em Norfolk e Norwich, nenhum tecelo-mestre podia ter mais de dois aprendizes em qualquer lugar da Inglaterra ou nas plantaes inglesas ". Os salrios dos alfaiates londrinos estavam sujeitos a um mximo prescrito por legislao que podia ser alterada pelos Juzes de Paz nas sees quadrimestrais. Ento havia as leis que restringiam a mobilidade e a aplicao do capital. As leis de usura, por exemplo, estabeleciam um limite de 5% quanto taxa que podia ser cobrada por emprstimos. 26. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 26 O efeito disso foi desviar capital de aplicaes comerciais e industriais, onde havia riscos e os limites de juros eram por demais baixos para compensar os riscos, para os emprstimos governamentais; pois o Governo no estava sujeito a qualquer restrio legal quando emitia letras ou obrigaes, e o preo do papel governamental existente podia cair at um ponto em que fazia seu rendimento efetivo para um provvel investidor exceder qualquer alternactiva comercial. Havia tambm as leis regulamentando a organizao do capital das empresas. O Bubble Act de 1720 proibia a formao de companhias por aes exceto sob licena especial concedida exclusivamente por Lei do Parlamento. " Tem-se dito frequentes vezes que o Bubble Act impediu por mais de cem anos o uso de indstrias manufactureiras em grande escala na Inglaterra ". Depois havia os numerosos regulamentos impostos pelas Leis da Navegao que proibiam importaes de certos continentes exceto em navios de bandeira inglesa, com a maior parte da tripulao constituda de ingleses; e havia os vrios monoplios do comrcio exterior mantido por companhias licenciadas, embora estas estivessem comeando a se disslover em meados do sculo XVIII. Alm disso existia uma variedade de regulamentos que especificavam, muitas vezes com detalhes meticulosos, como os artigos deviam ser manufacturados ou postos a venda. O objetivo era exercer algum controle sobre a quantidade dos mesmos no interesse do consumidor tanto dentro das prprias fronteiras inglesas como no exterior. A guerra, entretanto, criou uma situao inteiramente nova. Por um lado, os excessos da Revoluo Francesa e o perigo nacional presente tornaram as classes governantes mais nervosas do que o teriam sido de outro modo, e as leis contra as associaes de trabalhadores foram revigoradas.Por outro lado, a busca de arrecadao para fazer frente aos gastos com a guerra inverteu a tendncia no sentido da reduo na Proteo. Aps a guerra, a busca prosseguiu, pois o impopular imposto de renda do perodo de guerra foi abolido apressadamente e deixou uma lacuna na arrecadao governamental a ser preenchida por tributao indireta. As alquotas aduaneiras britnicas subiram proporcionalmente durante a guerra e o ps guerra para alcanar em 1822 o recorde de 64% do valor de mercado de importaes lquidas. Segundo Imlah, " tornaram-se to mais severas em peso e efeito aps a guerra que constituram virtualmente um novo sistema ".Houve deficits crnicos no balano comercial durante todo esse perodo, e razovel supor que o pesado encargo do Protencionismo na Inglaterra do ps-guerra prejudicou a recuperao da indstria britnica e depresso social envolvida na mudana econmica. A explicao tradicional para o que ocorreu a seguir foi que os Governos sucessivos, reconhecendo o erro de suas intervenes no campo econmico, inspirados pelos utilitrios benthamistas, por um lado, e pelos espoentes da doutrina de Adam Smith da " mo de obra invisvel ", por outro, gradactivamente relaxaram o peso morto das restries legislactivas impostas ao empreendimento privado e deram livres rdeas economia. 27. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 27 Em 1850, assim diz a histria, o triunfo da filosofia do laissez faire do Governo era praticamente completo na Gr-Bretanha. Qual o fundamento para esse ponto de vista? Inicialmente, natural, havia o facto de que muitas das restries impostas atividade econmica e ao ar livre fluxo do comrcio foram reduzidas ou abolidas. As clasulas relactivas ao aprendizado do Direito trabalhista elisabetiano estavam entre as primeiras a serem revogadas em 1814. As Leis de Usura tambm foram submetidas a reviso nos anos de ps-guerra. A lei de Carta-Patente dos Bancos de 1833 permitiu que o Banco da Inglaterra deixasse de observar as Leis de Usura, e mais tarde as sociedades construtoras tiveram permisso para fazer o mesmo, de modo que quando as Leis de Usura foram finalmente revogadas por Gladstone em 1854 isso passou quase despercebido exceto pelo mercado hipotecrio. Algum progresso, tambm foi feito na liberalizao das relaes trabalhistas nas dcadas do ps-guerra. as leis sobre o direito de associao aprovadas em 1799 e 1800, quando sindicatos num estado embrionrio eram vistos como pretextos para agitao poltica e atividade subversiva, foram revogadas em 1824, como o foram as leis do sculo XVIII impedindo a emigrao de artesos e a exportao de instrumentos e maquinaria. Mas as greves que se seguiram revogao das referidas leis reviveram as ansiedades do Governo, e em 1825 (um ano de alimentos de preos elevados e sria instabilidade trabalhista) uma lei nova sobre o direito de associao foi promulgada que, embora afirmasse a legalidade das associaes dos trabalhadores para fins de negociao coletiva dos salrios ou horas de trabalho, na realidade proibiu-os de organizar greves. O triunfo espetacular do laissez faire veio, entretanto, no campo do comrcio exterior. O que muitas pessoas tem em mente quando falam do triunfo do laissez faire no sculo XIX o afastamento do Protencionismo e a adopo de uma completa poltica de livre comrcio. Que a adoo do livre comrcio foi muito vantajosa para a indstria britnica nessa altura dos acontecimentos parece no haver dvida. Na dcada de 1850 os custos e preos em declnio na agricultura e indstria britnicas tornavam os produtores britnicos quase invulnerveis competio externa exceto em casos fora do comum e muitos especiais. Tinham assegurados por meio de sua eficincia superior uma participao cada vez maior nos mercados mundiais, e devido s rendas e populao crescentes um mercado interno em expanso. O que importava, ento, era que consumidores potenciais no deviam ser privados do poder aquisitivo por meio de restries s suas importaes e que nenhum pretexto possvel de represlia devia ser oferecido aqueles que podiam ser tentados a excluir as mercadorias inglesas dos mercados estrangeiros. Foi na verdade quando o Governo assumiu um papel mais positivo e srio na economia que comeou a racionalizar sua mquina administractiva, a abrir mo de regulamentaes que no tinha esperana de fazer cumprir, a formular um ponto de vista ponderado sobre a forma que 28. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 28 suas intervenes deviam assumir e a aumentar seus poderes nas reas onde queria exercer maior influncia. Os comeos de uma poltica econmica governamental intencional podem ser remontados a pitt, o Jovem. Antes que as guerras da Frana viessem substituir um nico objetivo da poltica econmica-victria-pelo objetivo complexos da paz, Pit comeou com toda a seriedade a racionalizar as finanas do governo. Experimentou uma variedade de novos tributos, reduziu certos direitos proibitivos e assim desciou o lucro dos contrabandistas para o tesouro nacional, estabeleceu um fundo para a reduo da dvida pblica e " pregou uma economia nos servios pblicos to rigorosa quanto Gladstone iria fazer nos meados do sculo XIX ". O ponto crucial nesta revoluo no Governo parece ter sido alcanada na dcada de 1830. O Governo intervira na economia com base em princpios humanitrios antes disso, evidentemente. A Lei de Hanway para proteger os limpadores de chamins da explorao foi aprovada em 1788. A Lei de Sir Robert Peel para controlar as condies de trabalho das crianas pobres, aprovada em 1802, e a Lei dos Passageiros de 1803 estabeleceram um sistema complexo de regulamentaes para a proteo dos emigrantes pobres. Alm do mais, nas dcadas imediatamente seguintes s Guerras Napolenicas, a iniciactiva na elaborao de legislao econmica e social tendia a passar dos dedicados Membros particulares do Parlamento para o Governo e o funcionalismo civil permanente. A Junta do Comrcio foi dominada pelos economistas que estavam dogmaticamente certos de que sabiam o que se devia fazer a respeito da poltica do comrcio exterior. Os utilitrios benthamistas " dominavam as comisses reais e as comisses parlamentares por meio de sua extraordinria confiana de que sabiam exata e cientificamente o que fazer ". Esses desenvolvimentos marcaram o comeo do recuo do laissez faire: mas no tinham ainda consequncias revolucionrias porque eram completamente ineficazes. Ento na dcada de 1830 a legislao reformadora comeou a incluir dispositivos para inspeo e observncia por meio de funcionrios estaduais com poderes executivos. Os primeiros destes foram os inspetores fabris. A Lei Fabril de 1802, que pouco tinha feito para proteger " a sade e o estado de esprito dos aprendizes " porque no tinha sido efetivamente cumprida, foi substituda pela Lei Fabril de 1833, que estabeleceu uma autoridade central e uma inspetoria local subordinada com poderes para baixar e fazer cumprir regulamentos. Foi seguida por uma srie de leis semelhantes ( limpeza de chamins em 1840, minas em 1842, dez horas em 1847-50, e assim por diante ) que regulamentavam a educao e a segurana dos trabalhadores e as condies de trabalho de maneira geral. O primeiro funcionrio da emigrao foi nomeado em Liverpool em 1833 para supervisionar o cumprimento das leis sobre os passageiros e para trabalhar com o magistrado local no sentido de que a justia fosse imposta aos infratores e em 1834 seis outros portos aceitaram funcionrios da emigrao nomeados pelo Colonial Office ( Ministrio das Colnias ). Esses foram os primeiros de uma corporao em expanso de inspetores 29. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 29 governamentais que tinham muito o que fazer para pr em vigor, experimentar e formular a legislao social no sculo XIX. Em alguns crculos do desenvolvimento da dcada de 1830 foram mais longe na direo da burocratizao do que a nao estava preparada para tolerar permanentemente. A tradicional lei dos pobres, por exemplo, que deixara muito a critrio das autoridades locais, foi substituida por uma nova lei dos pobres destinada a liquidar o problema da pobreza por meio da ao administractiva. Nisso no conseguiu xito: as causas da pobreza eram mais profundas do que os Inspetores da Lei dos Pobres imaginavam. Mas representou uma revoluo na administrao social. Criou um novo grupo de unidades governamentais locais sob a forma de sindicatos paroquiais e estabeleceu uma poltica assistencial padronizada num mbito nacional, imposta e controlada por um grupo de burocratas sem nenhuma responsabilidade parlamentar. " As novas unies viriam a ser veculos passivos da assistncia repressiva que devia provir da Comisso da Lei dos Pobres ". Tal Comisso perdeu sua independncia burocrtica em 1847 quando se tornou a Junta da Lei dos Pobres sob direo de um ministro responsvel no Parlamento, mas a responsabilidade do Governo central no sentido de impedir a depresso social tinha sido irremediavelmente estabelecida. Um comeo tambm havia sido feito com a tarefa de organizar um servio nacional de sade eficaz, pois a nova Lei dos Pobres disps sobre a nomeao de funcionrios mdicos pagos para os sindicatos ou grupos de sindicatos que prestavam assistncia mdica gratuita a todos os velhos e doentes e os permanentemente doentes ou incapazes que recebiam penses. A tentactiva de centralizar a administrao da sade pblica que foi includa na Lei de Sade Pblica de Chadwick de 1848 tambm foi mais alm do que a sociedade contempornea podia digerir, e em 1854 " as foras nefastas e a descentralizao triunfaram " quando Chadwick, o ditador reformista, foi demitido. Mas isso era um problema que s interessava s grandes cidades, que enfrentavam o problema em sua forma mais crtica. Podia tambm ser supervisionado e orientado mais delicadamente no nvel nacional. O primeiro Medical Officer of Health ( Mdico da Sade Pblica ) foi nomeado em Liverpool em 1847, e quando a Junta Geral de Sade foi abolida em 1858 suas funes foram transferidas para o Conselho Privado, tendo o Dr. Simon ( um reformador igualmente dedicado, mas menos ditatorial do que Chadwick ) como seu conselheiro. Com o correr do tempo, inspetores de sade foram nomeados para a equipe do Dr. Simon a fim de viajarem pelo pas para se certificarem de que as autoridades locais estavam observando as Leis Sanitrias. Nem foi somente na esfera social que a interveno governamental na economia em mudana se tornou direta e decisiva. As ferrovias inglesas eram construdas pelo empreendimento privado, mas eram apoiadas e controladas por uma liga inteira de regulamentaes estatais includas em leis do Parlamento. Pelas Leis Ferovirias de 1840 e 1842, foi criado um Departamento Ferrovirio da Junta de Comrcio e trs funcionrios foram nomeados para inspecionar o funcionamento das companhias ferrovirias e para process-las se deixaram de 30. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 30 cumprir a lei. Esses inspetores tinham liberdade de acesso a todos os projetos ferrovirios, o direito de adiar a abertura de linhas at que estivessem satisfeitos com elas e o dever de decidir disputas entre as companhias sobre a administrao do trfego direto. Assim tambm a Lei de Carta-Patente dos Bancos, a qual ao criar um sistema de controle monetrio " automtico " parece primeira vista outra pea de legislao do laissez faire, foi na verdade outra esfera na qual o Governo usou o empreendimento privado como um instrumento, mas ele prprio aceitou a responsabilidade final. Quando o governador e vice- governador do Banco da Inglaterra, por exemplo, foram examinados pela Comisso Secreta sobre a Depresso Comercial, que se reuniu em 1847-8, concordaram que a Lei dos Bancos tinha isentado o Banco de qualquer responsabilidade pela circulao. Era sua tarefa seguir um conjunto de regulamentos mecnicos, e a funo do Governo era entrar em cena quando a crise fosse tal que o ajustamento automtico falhasse em restabelecer o equlbrio. A responsabilidade, alegavam, est com a lei, no com o Banco. Mesmo na esfera do comrcio exterior o Governo estava pronto para tomar ao decisiva. O Ministrio das Relaes Exteriores, por exemplo, aceitou a responsabilidade pelo controle poltico do comrcio. Quando os chineses tomaram medidas contra os contrabandistas de pio em 1840, a marinha britnica bloqueou o esturio de Canto e em 1842 os chineses tiveram de admitir comerciantes britnicos segundo as condies impostas pelo Governo ingls. A prpria igreja veio a ser includa na esfera de ao governamental e se tornou devidamente subordinada. Os privilgios exclusivos do clero anglicano foram constantemente eliminados e os auxlios financeiros para a educao foram concedidos tanto a escolas anglicanas como no- anglicanas em soma cada vez maiores a partir de 1833. No era apenas o Governo Central que estava fortalecendo seu poder e sua vontade de intervir na conduta do empeendimento privado. O Governo local, especialmente o Governo das grandes concentraes urbanas, comeou a assumir responsabilidades mais amplas a esse respeito. Os problemas sociais tendiam a surgir em sua forma mais aguda no nvel local. Foi com base na iniciactiva do prefeito e do municpio de Liverpool que o Ministro das Colnias nomeou o primeiro funcionrio da emigrao, por exemplo. Quando a Lei da Corporao Municipal de 1835 reformou todas as corporaes existentes e estendeu a concesso a todos os contribuintes, comeou o equilbrio de poder dos representantes da econimia pr-industrial para os reformadores da classe mdia.A mudana foi realizada mais rapidamente em algumas reas do que em outras, mas significou que as experincias relacionadas com o controle social podiam, algumas vezes, ser adotadas mais prontamente no nvel local do que no nacional. Isso acontecia especialmente, por exemplo, com o tipo de interveno que era exigida pelos problemas de ordem sanitria e melhorias na cidade. Foi no nvel local que o Governo primeiro comeou a regulamentar as atividades dos latifundirios e construtores especuladores que estavam transformando os centros das grandes cidades industriais em favelas sem condies sanitria. A Lei Policial do Burgo que a Corporao de Manchester promoveu em 1844 imps 31. Revoluo Industrial _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ Propriedade: Manyanga On - Line [email protected] 31 padres de habitao e condio sanitria que levaram mais de uma gerao para s