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Revolução Industrial Um motor a vapor de Watt, o motor a vapor, alimentado principalmente com carvão, impulsionou a Revolução Industrial no Reino Unido e no mundo. A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada no Reino Unido em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era da agricultura foi superada, a máquina foi superando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos. Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente. Contexto histórico O escocês James Watt. Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) etapas do processo produtivo. Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura. Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica, econômica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média , com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica : Inglaterra , Escócia , Países Baixos , Suécia . Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes.

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Revolução Industrial

Um motor a vapor de Watt, o motor a vapor, alimentado principalmente com carvão, impulsionou a Revolução Industrial no Reino Unido e no mundo. A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada no Reino Unido em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.

Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era da agricultura foi superada, a máquina foi superando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos. Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente.

Contexto histórico

O escocês James Watt.

Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) etapas do processo produtivo.

Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.

Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica, econômica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes.

De acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial, iniciada na Grã-Bretanha, integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Para Marx, o capitalismo seria um produto da Revolução Industrial e não sua causa.

Com a evolução do processo, no plano das Relações Internacionais, o século XIX foi marcado pela hegemonia mundial britânica, um período de acelerado progresso econômico-tecnológico, de expansão colonialista e das primeiras lutas e conquistas dos trabalhadores. Durante a maior parte do período, o trono britânico foi ocupado pela rainha Vitória (1837-1901), razão pela qual é denominado como Era Vitoriana. Ao final do período, a busca por novas áreas para colonizar e descarregar os produtos maciçamente produzidos pela Revolução Industrial produziu uma acirrada disputa entre as potências industrializadas, causando diversos conflitos e um crescente espírito armamentista que culminou, mais tarde, na eclosão, da Primeira Guerra Mundial (1914).

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A Revolução Industrial ocorreu primeiramente na Europa devido a três fatores:

1) os comerciantes e os mercadores europeus eram vistos como os principais manufaturadores e comerciantes do mundo, detendo ainda a confiança e reciprocidade dos governantes quanto à manutenção da economia em seus estados;

2) a existência de um mercado em expansão para seus produtos, tendo a Índia, a África, a América do Norte e a América do Sul sido integradas ao esquema da expansão econômica européia;

3) o contínuo crescimento de sua população, que oferecia um mercado sempre crescente de bens manufaturados, além de uma reserva adequada (e posteriormente excedente) de mão-de-obra.

O pioneirismo do Reino Unido

Coalbrookdale, cidade britânica, considerada um dos berços da Revolução Industrial.

O Reino Unido foi pioneiro no processo da Revolução Industrial por diversos fatores:

Pela aplicação de uma política econômica liberal desde meados do século XVIII. Antes da liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais estavam cartelizadas pelo rígido sistema de guildas, razão pela qual a entrada de novos competidores e a inovação tecnológica eram muito limitados. Com a liberalização da indústria e do comércio ocorreu um enorme progresso tecnológico e um grande aumento da produtividade em um curto espaço de tempo.

O processo de enriquecimento britânico adquiriu maior impulso após a Revolução Inglesa, que forneceu ao seu capitalismo a estabilidade que faltava para expandir os investimentos e ampliar os lucros.

A Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros países. Um desses acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a decadência da monarquia absoluta portuguesa, em 1703, por meio do qual conseguiu taxas preferenciais para os seus produtos no mercado português.

A Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão mineral em seu subsolo, principais matérias-primas utilizadas neste período. Dispunham de mão-de-obra em abundância desde a Lei dos Cercamentos de Terras, que provocou o êxodo rural. Os trabalhadores dirigiram-se para os centros urbanos em busca de trabalho nas manufaturas.

A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir matérias-primas e máquinas e contratar empregados.

Para ilustrar a relativa abundância do capital que existia na Inglaterra, pode se constatar que a taxa de juros no final do século XVIII era de cerca de 5% ao ano; já na China, onde praticamente não existia progresso econômico, a taxa de juros era de cerca de 30% ao ano.

O liberalismo de Adam Smith

Adam Smith.

As novidades da Revolução Industrial trouxeram muitas dúvidas. O pensador escocês Adam Smith procurou responder racionalmente às perguntas da época. Seu livro A Riqueza das Nações (1776) é considerado uma das obras fundadoras da ciência econômica. Ele dizia que o individualismo é útil para a sociedade. Seu raciocínio era este: quando uma pessoa busca o melhor para si, toda a sociedade é beneficiada. Exemplo: quando uma cozinheira prepara uma deliciosa carne assada, você saberia explicar quais os motivos dela? Será porque ama o seu patrão e quer vê-lo feliz ou porque está pensando, em primeiro lugar, nela mesma ou no pagamento que receberá no final do mês? De qualquer maneira, se a cozinheira pensa no salário dela, seu individualismo será benéfico para ela e para seu patrão. E por que um açougueiro vende uma carne muito boa para uma pessoa que nunca viu antes? Porque deseja que ela se alimente bem ou porque está olhando para o lucro que terá com futuras vendas? Graças ao individualismo dele o freguês pode comprar boa carne. Do mesmo jeito, os trabalhadores pensam neles mesmos. Trabalham bem para poder garantir seu salário e emprego.

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Portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam em seus lucros. Mas, para lucrar, têm que vender produtos bons e baratos. O que, no fim, é ótimo para a sociedade.

Então, já que o individualismo é bom para toda a sociedade, o ideal seria que as pessoas pudessem atender livremente a seus interesses individuais. E, para Adam Smith, o Estado é quem atrapalhava a liberdade dos indivíduos. Para o autor escocês, "o Estado deveria intervir o mínimo possível sobre a economia". Se as forças do mercado agissem livremente, a economia poderia crescer com vigor. Desse modo, cada empresário faria o que bem entendesse com seu capital, sem ter de obedecer a nenhum regulamento criado pelo governo. Os investimentos e o comércio seriam totalmente liberados. Sem a intervenção do Estado, o mercado funcionaria automaticamente, como se houvesse uma "mão invisível" ajeitando tudo. Ou seja, o capitalismo e a liberdade individual promoveria o progresso de forma harmoniosa.

Principais avanços tecnológicos

O PIB per capita mudou muito pouco durante a parte da história da humanidade anterior a Revolução Industrial. (As áreas vazias significam ausência de dados, e não de níveis muito baixos. Não há dados para os anos 1, 1000, 1500, 1600, 1700, 1820, 1900 e 2003)

Século XVII

1698 - Thomas Newcomen, em Staffordshire, na Grã-Bretanha, instala um motor a vapor para esgotar água em uma mina de carvão.

Século XVIII

1708 - Jethro Tull (agricultor), em Berkshire, na Grã-Bretanha, inventa a primeira máquina de semear puxada a cavalo, permitindo a mecanização da agricultura.

1709 - Abraham Darby, em Coalbrookdale, Shropshire, na Grã-Bretanha, utiliza o carvão para baratear a produção do ferro.

1733 - John Kay, na Grã-Bretanha, inventa uma lançadeira volante para o tear, acelerando o processo de tecelagem.

1740 - Benjamin Huntsman, em Handsworth, na Grã-Bretanha, descobre a técnica do uso de cadinho para fabricação de aço.

1761 - Abertura do Canal de Bridgewater, na Grã-Bretanha, primeira via aquática inteiramente artificial. 1764 - James Hargreaves, na Grã-Bretanha, inventa a fiadora "spinning Jenny", uma máquina de fiar rotativa

que permitia a um único artesão fiar oito fios de uma só vez. 1765 - James Watt, na Grã-Bretanha, introduz o condensador na máquina de Newcomen, componente que

aumenta consideravelmente a eficiência do motor a vapor. 1768 - Richard Arkwright, na Grã-Bretanha, inventa a "spinning-frame", uma máquina de fiar mais avançada

que a "spinning jenny". 1771 - Richard Arkwright, em Cromford, Derbyshire, na Grã-Bretanha, introduz o sistema fabril em sua

tecelagem ao acionar a sua máquina - agora conhecida como "water-frame" - com a força de torrente de água nas pás de uma roda.

1776 - 1779 - John Wilkinson e Abraham Darby, em Ironbridge, Shrobsihire, na Grã-Bretanha, constroem a primeira ponte em ferro fundido.

1779 - Samuel Crompton, na Grã-Bretanha, inventa a "spinning mule", combinação da "water frame" com a "spinning jenny", permitindo produzir fios mais finos e resistentes. A mule era capaz de fabricar tanto tecido quanto duzentos trabalhadores, apenas utilizando alguns deles como mão-de-obra.

1780 - Edmund Cartwright, de Leicestershire, na Grã-Bretanha, patenteia o primeiro tear a vapor. 1793 - Eli Whitney, na Geórgia, Estados Unidos da América, inventa o descaroçador de algodão. 1800 - Alessandro Volta, na Itália, inventa a bateria elétrica.

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Século XIX

1803 - Robert Fulton desenvolveu uma embarcação a vapor na Grã-Bretanha. 1807 - A iluminacão de rua, a gás, foi instalada em Pall Mall, Londres, na Grã-Bretanha. 1808 - Richard Trevithick expôs a "London Steam Carriage", um modelo de locomotiva a vapor, em Londres,

na Grã-Bretanha. 1825 - George Stephenson concluiu uma locomotiva a vapor, e inaugura a primeira ferrovia, entre Darlington

e Stockton-on-Tees, na Grã-Bretanha. 1829 - George Stephenson venceu uma corrida de velocidade com a locomotiva "Rocket", na linha Liverpool -

Manchester, na Grã-Bretanha. 1830 - A Bélgica e a França iniciaram as respectivas industrializações utilizando como matéria-prima o ferro e

como força-motriz o motor a vapor. 1843 - Cyrus Hall McCormick patenteou a segadora mecânica, nos Estados Unidos da América. 1844 - Samuel Morse inaugurou a primeira linha de telégrafo, de Washington a Baltimore, nos Estados Unidos

da América. 1856 - Henry Bessemer patenteia um novo processo de produção de aço que aumenta a sua resistência e

permite a sua produção em escala verdadeiramente industrial. 1865 - O primeiro cabo telegráfico submarino é estendido através do leito do oceano Atlântico, entre a Grã-

Bretanha e os Estados Unidos da América. 1869 - A abertura do Canal de Suez reduziu a viagem marítima entre a Europa e a Ásia para apenas seis

semanas. 1876 - Alexander Graham Bell inventou o telefone nos Estados Unidos da América (em 2002 o congresso

norte-americano reconheceu postumamente o italiano Antonio Meucci como legítimo invetor do telefone) 1877 - Thomas Alva Edison inventou o fonógrafo nos Estados Unidos da América. 1879 - A iluminação elétrica foi inaugurada em Mento Park, New Jersey, nos Estados Unidos da América. 1885 - Gottlieb Daimler inventou um motor a explosão. 1895 - Guglielmo Marconi inventou a radiotelegrafia na Itália.

O motor a vapor

Um motor a vapor.

As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam tecidos. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias aumentou muito. E os lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção. Por isso, os empresários ingleses começaram a investir na instalação de indústrias.

As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e provocaram mudanças tão profundas que os historiadores atuais chamam aquele período de Revolução Industrial. O modo de vida e a mentalidade de milhões de pessoas se transformaram, numa velocidade espantosa. O mundo novo do capitalismo, da cidade, da tecnologia e da mudança incessante triunfou.

As máquinas a vapor bombeavam a água para fora das minas de carvão. Eram tão importantes quanto as máquinas que produziam tecidos.

As carruagens viajavam a 12 km/h e os cavalos, quando se cansavam, tinham de ser trocados durante o percurso. Um trem da época alcançava 45 km/h e podia seguir centenas de quilômetros. Assim, a Revolução Industrial tornou o mundo mais veloz. Como essas máquinas substituiam a força dos cavalos, convencionou-se em medir a potência desses motores em HP (do inglês horse power ou cavalo-força).

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A classe trabalhadora

A produção manual que antecede à Revolução Industrial conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo:

O artesanato foi a forma de produção industrial característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possuía os meios de produção (era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja não havia divisão do trabalho ou especialização para a confecção de algum produto. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa” pela utilização das ferramentas.

“É importante lembrar que nesse período a produção artesanal estava sob controle das corporações de ofício, assim como o comércio também se encontrava sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da produção.”

A manufatura, que predominou ao longo da Idade Moderna e na Antiguidade Clássica, resultou da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido à divisão social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um único produto. A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção à América. Outra característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matéria-prima e a determinar o ritmo de produção.

A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e até terceira e quarta Revoluções Industriais. Porém, se concebermos a industrialização como um processo, seria mais coerente falar-se num primeiro momento (energia a vapor no século XVIII), num segundo momento (energia elétrica no século XIX) e num terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia nuclear e pelo avanço da informática, da robótica e do setor de comunicações ao longo dos séculos XX e XXI (aspectos, porém, ainda discutíveis).

Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi a transformação nas condições de vida nos países industriais em relação aos outros países da época, havendo uma mudança progressiva das necessidades de consumo da população conforme novas mercadorias foram sendo produzidas.

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades. Criando enormes concentrações urbanas; a população de Londres cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de 5 milhões em 1880, por exemplo. Durante o início da Revolução Industrial, os operários viviam em condições horríveis se comparadas às condições dos trabalhadores do século seguinte. Muitos dos trabalhadores tinham um cortiço como moradia e ficavam submetidos a jornadas de trabalho que chegavam até a 80 horas por semana. O salário era medíocre (em torno de 2.5 vezes o nível de subsistência) e tanto mulheres como crianças também trabalhavam, recebendo um salário ainda menor.

A produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores passava a dominar apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior. Como sua produtividade aumentava os salários reais dos trabalhadores ingleses aumentaram em mais de 300% entre 1800 até 1870. Devido ao progresso ocorrido nos primeiros 90 anos de industrialização, em 1860 a jornada de trabalho na Inglaterra já se reduzia para cerca de 50 horas semanais (10 horas diárias em cinco dias de trabalho por semana).

Horas de trabalho por semana para trabalhadores adultos nas indústrias têxteis:

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1780 - em torno de 80 horas por semana 1820 - 67 horas por semana 1860 - 53 horas por semana 2007 - 46 horas por semana

Segundo os socialistas, o salário, medido a partir do que é necessário para que o trabalhador sobreviva (deve ser notado de que não existe definição exata para qual seja o "nível mínimo de subsistência"), cresceu à medida que os trabalhadores pressionam os seus patrões para tal, ou seja, se o salário e as condições de vida melhoraram com o tempo, foi graças à organização e aos movimentos organizados pelos trabalhadores, que apesar de terem suas exigências atendidas, continuam a se organizar e protestar por ainda mais reduções da jornada de trabalho em todo o mundo.

Movimentos

Alguns trabalhadores, indignados com sua situação, reagiam das mais diferentes formas, das quais se destacam:

Movimento Ludista (1811-1812)

Reclamações contra as máquinas inventadas após a revolução para poupar a mão-de-obra já eram normais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou e surgiu o movimento ludista, uma forma mais radical de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um dos líderes do movimento. Os luditas chamaram muita atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até à forca. Os luditas ficaram lembrados como "os quebradores de máquinas".

Anos depois os operários ingleses mais experientes adotaram métodos mais eficientes de luta, como a greve e o movimento sindical.

Movimento Cartista (1837-1848)

Em seqüência veio o movimento "cartista", organizado pela "Associação dos Operários", que exigia melhores condições de trabalho como:

particularmente a limitação de oito horas para a jornada de trabalho a regulamentação do trabalho feminino a extinção do trabalho infantil a folga semanal o salário mínimo

Este movimento lutou ainda pelos direitos políticos, como o estabelecimento do sufrágio universal (apenas para os homens, nesta época) e extinção da exigência de propriedade para se integrar ao parlamento e o fim do voto censitário. Esse movimento se destacou por sua organização, e por sua forma de atuação, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores.

As "trade-unions"

Os empregados das fábricas também formaram associações denominadas trade unions, que tiveram uma evolução lenta em suas reivindicações. Na segunda metade do século XIX, as trade unions evoluíram para os sindicatos, forma de organização dos trabalhadores com um considerável nível de ideologização e organização, pois o século XIX foi um período muito fértil na produção de idéias antiliberais que serviram à luta da classe operária, seja para obtenção de conquistas na relação com o capitalismo, seja na organização do movimento

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revolucionário cuja meta era construir o socialismo objetivando o comunismo. O mais eficiente e principal instrumento de luta das trade unions era a greve.

A industrialização na Europa: a partir de 1815

Até 1850, a Inglaterra continuou dominando o primeiro lugar entre os países industrializados. Embora outros países já contassem com fábricas e equipamentos modernos, esses eram considerados uma "miniatura de Inglaterra", como por exemplo os vales de Ruhr e Wupper na Alemanha, que eram bem desenvolvidos, porém não possuíam a tecnologia das fábricas inglesas.

Na Europa, os maiores centros de desenvolvimento industrial, na época, eram as regiões mineradoras de carvão; lugares como o norte da França, nos vales do Rio Sambre e Meuse, na Alemanha, no vale de Ruhr, e também em algumas regiões da Bélgica. A Alemanha nessa época ainda não havia sido unificada. Eram 39 pequenos reinos e dentre esses a Prússia, que liderava a Revolução Industrial. A Alemanha se unificou em 1871, quando a Prússia venceu a Guerra Franco-Prussiana.

Fora estes lugares, a industrialização ficou presa:

às principais cidades, como Paris e Berlim; aos centro de interligação viária, como Lyon, Colônia, Frankfurt am Main, Cracóvia e Varsóvia; aos principais portos, como Hamburgo, Bremen, Roterdã, Le Havre, Marselha; a polos têxteis, como Lille, Região do Ruhr, Roubaix, Barmen-Elberfeld (Wuppertal), Chemmitz, Lodz e Moscou; e a distritos siderurgicos e indústria pesada, na bacia do rio Loire, do Sarre, e da Silésia.

De 1830 a 1929 : A Expansão pelo mundo

Após 1830, a produção industrial se descentralizou da Inglaterra e se expandiu rapidamente pelo mundo, principalmente para o noroeste europeu, e para o leste dos Estados Unidos da América. Porém, cada país se desenvolveu em um ritmo diferente baseado nas condições econômicas, sociais e culturais de cada lugar.

Na Alemanha com o resultado da Guerra Franco-prussiana em 1870, houve a Unificação Alemã que, liderada por Bismarck, impulsionou a Revolução Industrial no país que já estava ocorrendo desde 1815. Foi a partir dessa época que a produção de ferro fundido começou a aumentar de forma exponencial.

Na Itália a unificação política realizada em 1870, à semelhança do que ocorreu na Alemanha, impulsionou, mesmo que atrasada, a industrialização do país. Essa só atingiu ao norte da Itália, pois o sul continuou basicamente agrário. Muito mais tarde, começou a industrialização na Rússia, nas últimas décadas do século XIX. Os principais fatores para que ela acontecesse foram a grande disponibilidade de mão-de-obra, intervenção governamental na economia através de subsídios e investimentos estrangeiros à indústria.

Nos Estados Unidos a industrialização começou no final do século XVIII, e foi somente após a Guerra da Secessão que todo o país se tornou industrializado. A industrialização relativamente tardia dos EUA em relação à Inglaterra pode ser explicada pelo fato de que nos EUA existia muita terra per capita, já na Inglaterra existia pouca terra per capita, assim os EUA tinham uma vantagem comparativa na agricultura em relação à Inglaterra e consequentemente demorou bastante tempo para que a indústria ficasse mais importante que a agricultura. Outro fator é que os Estados do sul eram escravagistas o que retardava a acumulação de capital, como tinham muita terra eram essencialmente agrários, impedindo a total industrialização do país que até a segunda metade do século XIX era constituído só pelos Estados da faixa leste do atual Estados Unidos.

O término do conflito resultou na abolição da escravatura o que elevou a produtividade da mão de obra. aumentando assim a velocidade de acumulação de capital, e também muitas riquezas naturais foram encontradas no período incentivando a industrialização.

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A modernização do Japão data do início da era Meiji, em 1867, quando a superação do feudalismo unificou o país. A propriedade privada foi estabelecida. A autoridade política foi centralizada possibilitando a intervenção estatal do governo central na economia, o que resultou no subsidio a indústria. E como a mão-de-obra ficou livre dos senhores feudais, ocorreu assimilação da tecnologia ocidental e o Japão passou de um dos países mais atrasados do mundo a um país industrializado.

A industrialização no Brasil

O Brasil, como uma antiga colônia de uma nação europeia, faz parte de um grupo de países de industrialização tardia.

A industrialização em Portugal

Em Portugal, as reformas de Mouzinho da Silveira liquidam os resquícios das estruturas feudais e consolidam a burguesia no poder, modernizando o país. Na segunda metade do século XIX implanta-se a malha ferroviária no país em paralelo a um desenvolvimento industrial e do comércio, à dinâmica do colonialismo, e a uma grande emigração, principalmente em direcção ao Brasil e aos Estados Unidos da América.

As consequências da Revolução Industrial

A partir da Revolução Industrial o volume de produção aumentou extraordinariamente: a produção de bens deixou de ser artesanal e passou a ser maquinofaturada; as populações passaram a ter acesso a bens industrializados e deslocaram-se para os centros urbanos em busca de trabalho. As fábricas passaram a concentrar centenas de trabalhadores, que vendiam a sua força de trabalho em troca de um salário.

Outra das consequências da Revolução Industrial foi o rápido crescimento econômico. Antes dela, o progresso econômico era sempre lento (levavam séculos para que a renda per capita aumentasse sensivelmente), e após, a renda per capita e a população começaram a crescer de forma acelerada nunca antes vista na história. Por exemplo, entre 1500 e 1780 a população da Inglaterra aumentou de 3,5 milhões para 8,5, já entre 1780 e 1880 ela saltou para 36 milhões, devido à drástica redução da mortalidade infantil.

A Revolução Industrial alterou completamente a maneira de viver das populações dos países que se industrializaram. As cidades atraíram os camponeses e artesãos, e se tornaram cada vez maiores e mais importantes. Na Inglaterra, por volta de 1850, pela primeira vez em um grande país, havia mais pessoas vivendo em cidades do que no campo. Nas cidades, as pessoas mais pobres se aglomeravam em subúrbios de casas velhas e desconfortáveis, com condições horríveis de higiene e salubridade, se comparadas com as habitações dos países industrializados hoje em dia. Mas representavam uma grande melhoria se comparadas as condições de vida dos camponeses, que viviam em choupanas de palha. Conviviam com a falta de água encanada, com os ratos, o esgoto formando riachos nas ruas esburacadas.

O trabalho do operário era muito diferente do trabalho do camponês: tarefas monótonas e repetitivas. A vida na cidade moderna significava mudanças incessantes. A cada instante, surgiam novas máquinas, novos produtos, novos gostos, novas modas.

Estudos sobre as variações na altura média dos homens no norte da Europa, sugerem que o progresso econômico gerado pela industrialização demorou varias décadas até beneficiar a população como um todo. Eles indicam que, em média, os homens do norte europeu durante o início da Revolução Industrial eram 7,6 centímetros mais baixos que os que viveram 700 anos antes, na Alta Idade Média. É estranho que a altura média dos ingleses tenha caído continuamente durante os anos de 1100 até o início da revolução industrial em 1780, quando a altura média começou a subir. Foi apenas no início do século XX que essas populações voltaram a ter altura semelhante às registradas entre os séculos IX e XI. A variação da altura média de uma população ao longo do tempo é considerada um indicador de saúde e bem-estar econômico.

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Liberalismo económico

As teses do liberalismo Econômico foram criadas no século XVI com clara intenção de combater o mercantilismo, cujas práticas já não atendiam às novas necessidades do capitalismo. O pressuposto básico da teoria liberal é a emancipação da economia de qualquer dogma externo a ela mesma. Os economistas do final do século XVIII, eram contrários a intervenção do Estado na economia. Para eles o Estado deveria apenas dar condições para que o mercado seguisse de forma natural seu curso.

Um dos principais pensadores da época foi François Quesnay, que apesar de médico na corte de Luis XV teve contato com as ideologias econômicas. Em sua teoria afirmava que a verdadeira atividade produtiva estava inserida na agricultura. Para Vincent de Gournay as atividades comerciais e industriais deveriam usufruir de liberdade para o melhor prosseguimento em seus processos produtivos, para alcançar assim uma acumulação de capitais.

O criador da teoria mais aceita na economia moderna, nesse sentido, foi sem dúvida Adam Smith, economista escocês, que desenvolveu a teoria do liberalismo, apontando como as nações iriam prosperar. Nela ele confrontou as idéias de Quesnay e Gournay, afirmando que a desejada prosperidade econômica e a acumulação de riquezas não são concebidas pela atividade rural e nem comercial. Para Smith o elemento de geração de riqueza está no potencial de trabalho, trabalho livre sem ter, logicamente, o estado como regulador e interventor.

Outro ponto fundamental é o fato de que todos os agentes econômicos são movidos por um impulso de crescimento e desenvolvimento econômico, que poderia ser entendido como uma ambição ou ganância individual, que no contexto macro traria benefícios para toda a sociedade, uma vez que a soma desses interesses particulares promoveria a evolução generalizada, um equilibrio perfeito.

Neoliberalismo

Etimologia

O Neoliberalismo é um nome que foi usado em duas épocas diferentes com dois significados semelhantes, porém distintos: na primeira metade do século XX, significou a doutrina proposta por economistas franceses, alemães e norte-americanos voltada para a adaptação dos princípios do liberalismo clássico às exigências de um Estado regulador e assistencialista; a partir da década de 1960, passou a significar a doutrina econômica que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e ainda assim num grau mínimo (minarquia). É nesse segundo sentido que o termo é mais usado atualmente. Sem embargo, autores da filosofia econômica[4] e comentaristas de economia[5] que se alinham com as postulações liberais rejeitam a alcunha "neoliberal", preferindo adotar o termo liberal. Nesse sentido, pode-se afirmar que a denominação neoliberalismo é mais uma denominação elaborada pelos críticos dos pressupostos do liberalismo que uma reivindicação terminológica por parte dos precursores de sua doutrina.

a partir da década de 1930 o ordoliberalismo tornou-se a variante alemã do neoliberalismo.

Segundo Moraes o neoliberalismo é:

1. uma corrente de pensamento e uma ideologia, isto é, uma forma de ver e julgar o mundo social;

2. um movimento intelectual organizado, que realiza reuniões, conferências e congressos, edita publicações, cria think tanks, isto é centros de geração de idéias e programas, de difusão e promoção de eventos;

3. um conjunto de políticas adotadas pelos governos neoconservadores, sobretudo a partir da segunda metade dos anos 1970, e propagadas pelo mundo a partir das organizações multilaterais criadas pelo acordo de Bretton Woods (1945), isto é, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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O termo neoliberalismo, para os liberais, possui uma conotação pejorativa e recobre analises de escolas muito diferentes. Sua utilização para designar este conjunto de análises não faz assim consenso. Ele é usualmente utilizado pelas correntes críticas ao liberalismo contemporâneo, enquanto que a maioria dos analistas designados por este termo rejeitam se reconhecer como tais.

História

Origem

Quando se afirma a existência de governos "neoliberais", a utilização do prefixo 'neo' não se refere a uma nova corrente do Liberalismo, mas à aplicação de alguns dos preceitos liberais consagrados e em um certo contexto histórico (qual seja, o contemporâneo) diverso daquele no qual foram formulados (no início do século XVII, na Inglaterra, através de John Locke). A denominação 'neoliberal' assemelha-se ao termo 'neoclássico' na História da Arte.

As origens do que hoje se chama neoliberalismo nos remetem à Escola Austríaca, nos finais do século XIX, com o Prêmio de Ciências Econômicas Friedrich von Hayek, considerado o propositor da sua base filosófica e econômica, e Ludwig von Mises.

A Escola Austríaca adotava a Lei de Say e a teoria marginalista, que veio a ser contestada, mais tarde, por Keynes, quando este formulou, na década de 1930, sua política Keynesiana e defendeu as políticas econômicas com vistas à construção de um Estado de bem-estar social - hoje em dia também chamado, por alguns, de Estado Escandinavo - por ter sido esse caminho o adotado pelos países escandinavos (ou países nórdicos) tais como a Suécia, a Dinamarca e a Noruega e a Finlandia. Esse modelo é também chamado de welfare state, em inglês.

Mais recentemente, o liberalismo ressurgiu, em 1947, do célebre encontro entre um grupo de intelectuais liberais e conservadores realizado em Monte Pèlerin, na Suíça, onde foi fundada uma sociedade de ativistas em oposição às políticas do estado de bem-estar social, por eles consideradas "coletivistas" e, em última análise, "cerceadoras das liberdades individuais"[8] A Mont Pèlerin Society dedica-se a difundir e propagar as ideias conservadoras e liberais da Escola Austríaca e a combater ideologicamente todos os que delas divergem. Com esse objetivo promove conferências, publica livros, mantém sites na internet e conta para isso, em seus quadros, com vários economistas com treinamento acadêmico, como Jesús Huerta de Soto,[9] seu vice-presidente e professor da Universidade de Madrid.

Essas ideias atraíram mais adeptos depois da publicação, em 1942 na Inglaterra, do Relatório Benveridge,[12] um plano de governo britânico segundo o qual - depois de obtida a vitória na segunda grande guerra - a política econômica britânica deveria se orientar no sentido de promover uma ampla distribuição de renda, que seria baseada no tripé da Lei da Educação, a Lei do Seguro Nacional e a Lei do Serviço Nacional de Saúde (associadas aos nomes de Butler, Beveridge e Bevan).[12]

A defesa desse programa tornou-se a bandeira com a qual o Partido Trabalhista inglês venceu as eleições de 1945, colocando em prática os princípios do estado de bem-estar social.[12]

Para Friedrich August von Hayek, esse programa leva "a civilização ao colapso". Num de seus livros mais famosos O Caminho da Servidão (1944), Hayek expôs os princípios básicos de sua teoria, segundo a qual o crescente controle do estado é o caminho que leva à completa perda da liberdade, e indicava que os trabalhistas, em continuando no poder, levariam a Grã-Bretanha ao mesmo caminho dirigista que os nazistas haviam imposto à Alemanha.[12] Essas posições de von Hayek não são baseadas exclusivamente em leis econômicas ou na ciência pura da economia, mas incorporam, em sua argumentação, um grande componente político-ideológico. Isso explica por que o economista socialista Gunnar Myrdal, o teórico inspirador do Estado do bem-estar social sueco, ironicamente, dividiu o Prêmio de Ciências Econômicas (Prêmio Nobel), em 1974, com seu maior rival ideológico, von Hayek, cujo livro O Caminho da Servidão tornou-se referência para os defensores do capitalismo laissez-faire.[13][14]

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Essa discussão, que se iniciou no campo da teoria econômica, transbordou - na Inglaterra - para o campo da discussão político-partidária e serviu de mote à campanha que elegeu Winston Churchill, pelo Partido Conservador, o qual chegou a dizer que "os trabalhistas eram iguais aos nazistas".[12]

Uma outra vertente do liberalismo surgiu nos Estados Unidos da América e concentrou-se na chamada Escola de Chicago, defendida por outro laureado com o Prêmio de Ciências Econômicas, o professor Milton Friedman.

Milton Friedman criticou as políticas econômicas inauguradas por Roosevelt com o New Deal, que respaldaram, na década de 1930, a intervenção do Estado na Economia com o objetivo de tentar reverter uma depressão e uma crise social que ficou conhecida como a crise de 1929. Essas políticas, adotadas quase simultaneamente por Roosevelt nos Estados Unidos e por Hjalmar Horace Greeley Schacht[15][16] na Alemanha nazista foram, 3 anos mais tarde, defendidas por Keynes que lhe deu seu aracabouço teórico em sua obra clássica General theory of employment, interest and money (1936),[17] cuja publicação marcou o início do keynesianismo. Ao fenômeno de ressurgência dos princípios liberais do início do século XX, muitos chamam de neoliberalismo .

Friedman, assim como vários outros economistas defensores do capitalismo laissez-faire, como Hayek e Mises, argumentaram que a política do New Deal, do Presidente Franklin Delano Roosevelt, ao invés de recuperar a economia e o bem estar da sociedade, teria prolongado a depressão econômica e social. Principalmente, segundo Friedman, por ter redirecionado os recursos escassos da época para investimentos não viáveis economicamente, ou seja, os desperdiçavam, o que teria diminuído a eficiência, a produtividade e a riqueza da sociedade. Em resumo, os investimentos não estariam sendo mais realizados tomando como parâmetro principal a eficiência econômica, mas, ao contrário, a eficiência política. Os recursos destinavam-se aos setores mais influentes politicamente, que traziam maior popularidade ao governante, independentemente de seu valor produtivo para a sociedade.

Friedman era contra qualquer regulamentação que inibisse a ação das empresas, como, por exemplo, o salário mínimo que, segundo as teorias que defendia, além de não conseguir aumentar o valor real da renda, excluiria a mão-de-obra pouco qualificada do mercado de trabalho. Opunha-se, consequentemente, ao salário mínimo e a qualquer tipo de piso salarial fixado pelas categorias sindicais ou outro órgão de interesse social, pois estes pisos, conforme ele argumentava, distorceriam os custos de produção, e causariam o aumento do desemprego, baixando a produção e a riqueza e, consequentemente, aumentando a pobreza da sociedade. Friedman defendeu a teoria econômica que ficou conhecida como "monetarista" ou da "escola de Chicago"[12]

Queda do liberalismo clássico

O declínio do liberalismo clássico remonta ao final do século XIX quando começou a declinar lentamente. Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, e a subsequente Grande Depressão, a queda foi vertiginosa. A partir daí, caiu em descrédito, ao passo que ganharam força teorias de intervenção do Estado na economia, notadamente as idéias de Keynes, aplicadas, quase simultaneamente, pelo plano do New Deal do presidente norte-americano Franklin Roosevelt e pelo governo Nacional Socialista da Alemanha de Hitler, onde seu ministro da economia Horace Greely Hjalmar Schacht (1934–37), nesses três anos, enquanto o resto do mundo se afundava ainda mais na recessão, conseguiu acabar com o desemprego na Alemanha Nazista, sem provocar inflação, adotando um déficit orçamentário que chegou a atingir 5% do PIB alemão. Estas políticas já tinham sido incorporadas à legislação alemã no final de 1932 pelo governo de Kurt von Schleicher e tiveram influência nas políticas do New Deal de Roosevelt. Em 1936 Keynes publicou sua obra magna The General Theory of Employment, Interest and Money que veio a dar o suporte teórico a esse tipo de intervenção governamental na economia, a qual já vinha sendo adotada, intuitivamente, uns poucos anos antes da publicação do livro de Keynes.

Em 1944, os países ricos criaram os acordos de Bretton Woods e estabeleceram regras intervencionistas para a economia mundial. Entre outras medidas, surgiu o FMI. Com a adoção das metas dos acordos de Bretton Woods e a adoção de políticas keynesianas, os 30 anos seguintes foram de rápido crescimento nos países europeus e no Japão, que viveram sua Era de Ouro. A Europa renascia, devido ao financiamento conseguido por meio do Plano

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Marshall, e o Japão teve o período de maior progresso de sua história. O período de p ós-guerra, até o início da década de 1960 foram os "anos dourados" da economias capitalistas.

[editar] Liberalismo contemporâneo

O primeiro governo democrático a se inspirar em tais princípios foi o de Margaret Thatcher na Inglaterra, a partir de 1980 (no que foi precedida apenas por Pinochet e seus Chicago Boys, no Chile, no início da década de 1970).

Persuadindo o Parlamento Britânico da eficácia dos ideais neoliberais, fez aprovar leis que revogavam muitos privilégios até então concedidos aos sindicatos, privatizou empresas estatais, além de estabilizar a moeda.

Tal foi o entusiasmo de Thatcher pelo discurso do neoliberalismo então em voga que seu governo acabou por criar uma tributação regressiva, também chamada de Poll tax ou imposto comunitário.

Os neoliberais apontaram o modelo keynesiano como sendo o responsável pela crise. Liderados por economistas adeptos do laissez-faire, como Milton Friedman, denunciaram a inflação como sendo o resultado do aumento da oferta de moeda pelos bancos centrais. Responsabilizaram os impostos elevados e os tributos excessivos, juntamente com a regulamentação das atividades econômicas, como sendo os culpados pela queda da produção e do aumento da inflação.[12]

A solução que propunham para a crise seria a redução gradativa do poder do Estado, com a diminuição generalizada de tributos, a privatização [20] das empresas estatais e redução do poder do Estado de fixar ou autorizar preços.

O período Reagan foi de redução de impostos e de um mais elevado crescimento econômico, mas também de significativa elevação da dívida pública, o que os "neoliberais" apontam como sendo um de seus principais problemas.

[editar] Teorias econômicas

Ver artigo principal: Economia neoclássica

As teorias econômicas tidas como Neoliberais geralmente são agregadas no termo Economia neoclássica. O grau que essas teorias são aplicadas pode determinar o resultado final na política econômica como sendo classificada de neoliberal dependendo da corrente partidária avaliando a situação. Partidos de extrema-esquerda tendem usar o termo neoliberal para toda e qualquer aplicação de teorias do capital, independente da política econômica ser derivada das teorias neoclássicas ou não.

As teorias neoclássicas foram influenciadas ou interagem com as seguintes escolas de pensamento:

Liberalismo econômico Economia clássica Escola keynesiana Monetarismo

[editar] Governos neoliberais

[editar] Considerações

É importante ressaltar que a tentativa de "rotular políticos" é uma atitude mal colocada na análise do tema neoliberalismo econômico. Nem mesmo Augusto Pinochet, com toda a amplitude de ação que lhe permitia a sua ditadura, praticou exclusivamente ações de tipo neoliberal - adotou, com Hernán Büchi, algumas políticas de inspiração nitidamente keynesiana.

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Embora seja possível afirmar com segurança que um determinado economista, como, por exemplo, Milton Friedman, é um neoliberal, não se pode fazer o mesmo com a maioria dos políticos, uma vez que eles adotam, em seus governos, uma mistura de práticas indicadas por várias escolas de pensamento econômico, simultaneamente.

[editar] Chile

Ver artigo principal: Neoliberalismo chileno

O Chile foi o primeiro país do mundo a adotar o neoliberalismo. As privatizações no Chile durante o governo de Augusto Pinochet antecederam às da Grã-Bretanha de Margaret Thatcher. Em 1973, quando um golpe militar derrubou o presidente socialista Salvador Allende, o novo governo já assumiu com um plano econômico debaixo do braço.[21] Esse documento era conhecido como "El ladrillo" e fora elaborado, secretamente, pelos economistas opositores do governo da Unidade Popular poucos meses antes do golpe de 11 de setembro e estava nos gabinetes dos Generais golpistas vitoriosos, já no dia 12 de setembro.[22]

O general Augusto Pinochet se baseou em "El ladrillo" e na estreita colaboração de economistas chilenos, principalmente os graduados na Universidade de Chicago, os chamados Chicago Boys, para levar adiante sua reforma da economia.[21][23][24]

Os outros principais governos que adotaram as políticas neoliberais foram os de Margaret Thatcher (Grã-Bretanha) e Ronald Reagan (Estados Unidos), políticas essas que ficaram conhecidas como "thatcherismo" e "reaganismo". A política de Reagan, nos Estados Unidos, também ficou conhecida como Supply-side economics ou Economia do lado da oferta.[25]

[editar] O governo Thatcher

Thatcher obteve grande sucesso na estabilização da libra esterlina, na dinamização da economia britânica e na redução drástica da carga tributária, levando, por conseguinte, o Partido Conservador a obter larga margem de vantagem nas eleições parlamentares de 1983 e 1987 - tornando-se assim ícone mundial dos defensores das políticas econômicas neoliberais. Não obstante a pobreza infantil no Reino Unido triplicou entre 1979 e 1995 - um dos maiores aumentos jamais visto no mundo industrializado e, o custo social das políticas adotadas por seu governo foi considerado demasiadamente grande pelos críticos ao neoliberalismo.[26]

Durante o governo Thatcher a renda dos que estavam no decil superior cresceu pelo menos cinco vezes mais do que a renda dos que estavam no decil inferior; a desigualdade cresceu em um terço[27] Refletindo isso, o Coeficiente de Gini da Grã-Bretanha deteriorou-se substancial e continuamente durante todo o governo Thatcher, passando de 0,25 em 1979 para 0,34 em 1990. Esta siginificativa piora no Coeficiente de Gini não pôde ainda ser corrigida pelos governos que a sucederam.[28]

Quando Thatcher foi derrotada, em 1990, 28% das crianças inglesas eram consideradas pobres - o pior desempenho dentre os países desenvolvidos - índice que continuou subindo (até atingir um pico de 34%, em 1995-96, quando iniciou sua trajetória descendente).[29][30]

"Ao mesmo tempo em que é considerada a responsável por reavivar a economia britânica, Margaret Thatcher é acusada de ter dobrado seus índices de pobreza. O índice de pobreza das crianças britânicas, em 1997, era o pior da Europa."[30]

O governo Tony Blair (trabalhista) adotou, para corrigir essa distorção, a partir de 1997, medidas de inspiração keynesiana, tais como o restabelecimento de um salário mínimo, a criação de um programa pré-escolar para as crianças pequenas e aumento dos créditos fiscais (isenções) para a classe trabalhadora (uma medida de "transferência indireta de renda"). A proporção de crianças britânicas que vivem na pobreza caiu do pico de cerca de 34% em 1996-97, atingindo 11% no ano fiscal de 2005.[29][30]

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"Nosso objetivo histórico será tornar nossa geração a primeira a erradicar a pobreza infantil para sempre, e isso vai levar uma geração. É uma missão para 20 anos, mas acredito que possa ser cumprida. Tony Blair.[31]

Os partidos de oposição a Blair, e seus críticos, o acusam de estar sendo "assistencialista", de estar desequilibrando o orçamento, e de estar aumentando a dependência da população no Estado. Os adversários políticos dos trabalhistas fazem vistas grossas aos estudos que demonstram, por exemplo, que o custo - em prejuízos indiretos causados ao agregado da economia britânica - provocado pela existência de crianças abaixo da linha de pobreza onera a sociedade britânica em cerca de 600 libras por habitante; ou cerca de 40 bilhões de libras por ano no total (2005).[32] Todavia, o próprio Partido Trabalhista do Reino Unido aceitou, em termos macroeconômicos, certos princípios enfatizados por Thatcher. Peter Mandelson, político trabalhista próximo a Blair declarou, em 2002:

"A globalização pune com força qualquer país que tente administrar sua economia ignorando as realidades do mercado ou a prudência nas finanças públicas. Nesse estrito sentido específico, e devido à necessidade urgente de remover rigidezas e incorporar flexibilidade ao mercados de capitais, bens e trabalho, somos hoje todos tatcheristas."[33]

[editar] Resultados

Ver artigo principal: Críticas ao neoliberalismo

A mais recente onda liberalizante, que ficou conhecida como neoliberalismo, teve seu início com a queda do muro de Berlim. Foi promovida pelo FMI, por economistas liberais como Milton Friedman, por seguidores da Escola de Chicago, entre outros, sendo por eles apregoada como a solução que resolveria parte dos problemas econômicos mundiais, reduzindo a pobreza e acelerando o desenvolvimento global.[34]

Hoje, depois de 28 anos em que as "receitas neoliberais" vêm sendo aplicadas, em maior ou menor grau, por um grande número de países - entre eles o Brasil - a ONU resolveu analisar os resultados obtidos por esses fortes ventos liberalizantes e medir seus efeitos nas populações dos países em que as práticas neoliberais estão sendo adotadas.

Um livro denominado "Flat World, Big Gaps"[35] ("Um Mundo Plano, Grandes Disparidades" - tradução livre), foi editado por Jomo Sundaram, secretário-geral adjunto da ONU para o Desenvolvimento Econômico, e Jacques Baudot, economista especializado em temas de globalização, analisou essas questões e está despertando grande interesse.

Nesse livro seus autores concluem que: "A 'globalização' e 'liberalização', como motores do crescimento econômico e o desenvolvimento dos países, não reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas".[36]

A segunda parte do livro analisa as tendências das desigualdes econômicas que vêm ocorrendo em várias partes do mundo, inclusive na OECD, nos Estados Unidos, na América Latina, no Oriente Médio e norte da África, na África sub-saariana, Índia e China.

As políticas liberais adotadas não trouxeram ganhos significativos para a melhoria da distribuição de renda, pelo contrário: "A desigualdade na renda per capita aumentou em vários países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) durante essas duas décadas, o que sugere que a desregulação dos mercados teve como resultado uma maior concentração do poder econômico."[36]

Supreendentemente, a liberalização do fluxo de capitais financeiros internacionais, que era apontada como uma maneira segura de fazer os capitais jorrarem dos países ricos para irem irrigar as economias dos países pobres, deles sedentos, funcionou exatamente ao contrário.

O fluxo de dinheiro inverteu-se, e os capitais fugiram dos países mais pobres, indo para os mais ricos: "Houve uma tremenda liberalização financeira e se pensava que o fluxo de capital iria dos países ricos aos pobres, mas

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ocorreu o contrário", anotou Sundaram. "Como exemplo, citou que os EUA recebem investimentos dos países em desenvolvimento, concretamente nos bônus e obrigações do Tesouro, e em outros setores".[36]

Cumpre ressaltar que essa "liberalização" de fluxos financeiros é muito assimétrica. Os países que mais defendem a liberalização total dos fluxos de capitais não a praticam dentro de suas fronteiras. Os Estados Unidos, com seu forte discurso liberalizante criou, por exemplo, a "Community Reinvestment Act" (Lei do Reinvestimento Comunitário) que obriga seus bancos a reaplicar localmente parte do dinheiro que captam na comunidade. A Alemanha resistiu a todas as pressões para "internacionalizar" seus capitais; hoje, 60% da poupança da população alemã estão em caixas municipais, que financiam pequenas empresas, escolas e hospitais. A França criou um movimento chamado de "Operações Financeiras Éticas". A apregoada liberdade irrestrita para os fluxos de capitais parece ter sido adotada só pelos países subdesenvolvidos, que se vêem frequentemente pressionados pelo FMI e em decorrência submetidos a graves crises causadas por sua vulnerabilidade às violentas movimentações especulativas mundiais.[37]

Essa diferença entre o discurso liberalizante dos países desenvolvidos e suas práticas foi reconhecida até por Johan Norberg,[38] o jornalista sueco autor do "best-seller" In Defense of Global Capitalism que "atira coqueteis Molotov retóricos nas potências ocidentais, cujo discurso em prol dos livre-mercados é enormemente prejudicado por suas tarifas draconianas sobre a importação de produtos têxteis e agrícolas, as duas áreas nas quais os países subdesenvolvidos teriam condições de competir". Le Monde, 12 de Fevereiro de 2004.

De maneira geral, "a repartição da riqueza mundial piorou e os índices de pobreza se mantiveram sem mudanças entre 1980 e 2000",[36] como já previra Tobin em 1981.

Por outro lado, os liberais afirmam que as reformas chamadas de "neoliberais" foram insuficientes e os governos fracassaram em áreas fundamentais para terem êxito, e chegam a afirmar que não houve nenhum governo liberal de fato. Estes liberais geralmente estão ligados à Escola Austríaca, e são adeptos normalmente do minarquismo ou do anarcocapitalismo.

A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras) foi um conflito bélico mundial ocorrido entre 28 de Julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918.

A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de 1917) que derrotou a coligação formada pelas Potências Centrais (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano)[1], e causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geo-político da Europa e do Médio Oriente.

No início da guerra (1914), a Reino de Itália era aliada dos Impérios Centrais na Tríplice Aliança, mas, considerando que a aliança tinha carácter defensivo (e a guerra havia sido declarada pela Áustria) e a Itália não havia sido preventivamente consultada sobre a declaração de guerra, o governo italiano afirmou não se sentir vinculado à aliança e que, portanto, permaneceria neutro. Mais tarde, as pressões diplomáticas da Grã-Bretanha e da França fizeram-na firmar em 26 de abril de 1915 um pacto secreto contra o aliado austríaco, chamado Pacto de Londres, no qual a Itália se empenharia a entrar em guerra decorrido um mês em troca de algumas conquistas territoriais que obtivesse ao fim da guerra: o Trentino, o Tirol Meridional, Trieste, Gorizia, Ístria (com exceção da cidade de Fiume), parte da Dalmácia, um protetorado sobre a Albânia, sobre algumas ilhas do Dodecaneso e alguns territórios do Império Turco, além de uma expansão das colônias africanas, às custas da Alemanha (a Itália já possuía na África: a Líbia, a Somália e a Eritreia). O não-cumprimento das promessas feitas à Itália foi um dos fatores que a levaram a aliar-se ao Eixo na Segunda Guerra Mundial.

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Em 1917, a Rússia abandonou a guerra em razão do início da Revolução. No mesmo ano, os EUA, que até então só participavam na guerra como fornecedores, ao ver os seus investimentos em perigo, entram militarmente no conflito, mudando totalmente o destino da guerra e garantindo a vitória da Tríplice Entente.

Introdução

Muitos dos combates na Primeira Guerra Mundial ocorreram nas frentes ocidentais, em trincheiras e fortificações (separadas pelas "Terras de Ninguém", que era o espaço entre cada trincheira, onde vários cadáveres ficavam à espera do recolhimento) do Mar do Norte até a Suíça. As batalhas davam-se em invasões dinâmicas, em confrontos no mar, e pela primeira vez na história, no ar. O saldo foi de mais de 19 milhões de mortos, dos quais 5% eram civis [carece de fontes?]. Na Segunda Guerra Mundial, este número aumentou em 60%.

O conflito rompeu definitivamente com a antiga ordem mundial criada após as Guerras Napoleônicas, marcando a derrubada do absolutismo monárquico na Europa.

O mundo em 1914.

Três impérios europeus foram destruídos e consequentemente desmembrados: Alemão, o Austro-Húngaro e o Russo. Nos Bálcãs e no Médio Oriente o mesmo ocorreu com o Império Turco-Otomano. Dinastias imperiais europeias como as das famílias Habsburgos, Romanov e Hohenzollern, que vinham dominando politicamente a Europa e cujo poder tinha raízes nas Cruzadas, também caíram durante os quatro anos de guerra.

O fracasso da Rússia na guerra acabou contribuindo para a queda do sistema czariano, servindo de catalisador para a Revolução Russa que inspirou outras em países tão diferentes como China e Cuba, e que serviu também, após a Segunda Guerra Mundial, como base para a Guerra Fria. No Médio Oriente, o Império Turco-Otomano foi substituído pela República da Turquia e muitos territórios por toda a região acabaram em mãos inglesas e francesas.

Na Europa Central os novos estados Tchecoslováquia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Estônia e Iugoslávia "nasceram" depois da guerra e os estados da Áustria, Hungria e Polônia foram redefinidos. Pouco tempo depois da guerra, em 1923, os Fascistas tomaram o poder na Itália. A derrota da Alemanha na guerra e o fracasso em resolver assuntos pendentes no período pós-guerra, alguns dos quais haviam sido causas da Primeira Guerra, acabaram por criar condições para a ascensão do Nazismo quatorze anos depois e para a Segunda Guerra Mundial em 1939, vinte anos depois.

Antecedentes e possíveis causas

Ver artigo principal: Causas da Primeira Guerra Mundial e Assassinato de Sarajevo

Em 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, e sua esposa Sofia, Duquesa de Hohenberg, foram assassinados pelo sérvio Gavrilo Princip, que pertencia ao grupo nacionalista-terrorista armado Mão Negra (oficialmente chamado "Unificação ou Morte"), que lutava pela unificação dos territórios que continham sérvios.

O assassinato desencadeou os eventos que rapidamente deram origem à guerra, mas suas verdadeiras causas são muito mais complexas. Historiadores e políticos têm discutido essa questão por quase um século sem chegar a um consenso. Algumas das melhores explicações estão listadas abaixo:

Corrida armamentista

Ver artigo principal: Corrida armamentista

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HMS Dreadnought, símbolo da corrida armamentista.

A corrida naval entre Inglaterra e Alemanha foi intensificada em 1906 pelo surgimento do HMS Dreadnought, revolucionário navio de guerra. Uma evidente corrida armamentista na construção de navios desdobrava-se entre as duas nações. O historiador Paul Kennedy argumenta que ambas as nações acreditavam nas teorias de Alfred Thayer Mahan, de que o controle do mar era vital a uma nação.

O também historiador David Stevenson descreve a corrida como um "auto reforço de um ciclo de elevada prontidão militar", enquanto David Herrman via a rivalidade naval como parte de um grande movimento para a guerra. Contudo, Niall Ferguson argumenta que a superioridade britânica na produção naval acabou por transformar tal corrida armamentista em um fator que não contribuiu para a movimentação em direção a guerra.

Este período, entre 1885 e 1914,[2] ficou conhecido como a Paz Armada [3]

Militarismo e autocracia

O Kaiser, propaganda militar humorística francesa.

O presidente dos EUA Woodrow Wilson e outros observadores americanos culpam o militarismo pela guerra. A tese é que a aristocracia e a elite militar tinham um controle grande demais sobre a Alemanha, Itália e o Império Austro-Húngaro, e que a guerra seria a consequência de seus desejos pelo poder militar e o desprezo pela democracia.

Consequentemente, os partidários dessa teoria pediram pela abdicação de tais soberanos, o fim do sistema aristocrático e o fim do militarismo - tudo isso justificou a entrada americana na guerra depois que a Rússia czarista abandonou a Tríplice Entente. Wilson esperava que a Liga das Nações e um desarmamento universal poderia resultar numa paz, admitindo-se algumas variantes do militarismo como nos sistemas políticos da Inglaterra e França.[4]

Imperialismo econômico

Lênin era um famoso defensor de que o sistema imperialista vigente no mundo era o responsável pela guerra. Para corroborar as suas ideias ele usou as teorias econômicas de Karl Marx e do economista inglês John A. Hobson, que antes já tinha previsto as consequências do imperialismo econômico na luta interminável por novos mercados, que levaria a um conflito global, em seu livro de 1902 chamado "Imperialismo".[5] Tal argumento provou-se convincente no início imediato da guerra e ajudou no crescimento do Marxismo e Comunismo no desenrolar do conflito. Os panfletos de Lênin de 1917, "Imperialismo: O Último Estágio do Capitalismo", tinham como argumento que os interesses dos bancos em várias das nações capitalistas/imperialistas tinham levado à guerra.[6]

Nacionalismo, romantismo e a "nova era"

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Recrutamento de britânicos para a guerra, a exemplo da onda nacionalista que varria o continente europeu.

Os líderes civis das nações europeias estavam na época enfrentando uma onda de fervor nacionalista que estava se espalhando pela Europa há anos, como memórias de guerras enfraquecidas e rivalidades entre povos, apoiados por uma mídia sensacionalista e nacionalista. Os frenéticos esforços diplomáticos para mediar a rixa entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia foram irrelevantes, já que a opinião pública naquelas nações pediam pela guerra para defender a chamada honra nacional. Já a aristocracia exercia também forte influência pela guerra, acreditando que ela poderia consolidar novamente seu poder doméstico. A maioria dos beligerantes pressentiam uma rápida vitória com consequências gloriosas. O entusiasmo patriótico e a euforia presentes no chamado Espírito de 1914 revelavam um grande otimismo para o período pós-guerra.

Culminação da história europeia

A guerra localizada entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia teve como principal (e quase único) motivo o Pan-eslavismo, o movimento separatista dos Bálcãs. O Pan-eslavismo influenciava a política externa russa, principalmente pelos cidadãos eslavos no país e os desejos econômicos de um porto em águas quentes.[7] O desenrolar da Guerra dos Balcãs refletia essas novas tendências de poder das nações europeias.

Para os germânicos, tanto as Guerras Napoleónicas quanto a Guerra dos Trinta Anos foram caracterizados por invasões que tiveram um grande efeito psicológico; era a posição precária da Alemanha no centro da Europa que tinha levado a um plano ativo de defesa como o Plano Schlieffen [8]. Ao mesmo tempo a transferência da disputada Alsácia e Lorena e a derrota na Guerra franco-prussiana influenciaram a política francesa, dando origem ao chamado Revanchismo francês. Após a Liga dos Três Imperadores ter se desmanchado, a França formou uma aliança com a Rússia, e a guerra por duas frentes começou a se tornar uma preocupação para o exército alemão.

História

A crise de Julho e as declarações de guerra

Declaração de guerra do Império Alemão em 1914.

Após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em 28 de Junho, o Império Austro-Húngaro esperou três semanas antes de decidir tomar um curso de ação. Essa espera foi devida ao fato de que grande parte do efetivo militar estava na ajuda a colheita, o que impossibilitava a ação militar naquele período. Em 23 de Julho, graças ao apoio incondicional alemão (carta branca) ao Império Austro-Húngaro se a guerra eclodisse, o Ultimato de julho foi mandado a Sérvia, e que continha várias requisições, entre elas a que agentes austríacos fariam parte das investigações, e que a Sérvia seria a culpada pelo atentado. O governo sérvio aceitou todos os termos do ultimato, com exceção da participação de agentes austríacos, o que na opinião sérvia constituía uma violação de sua soberania.

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Por causa desse termo, rejeitado em resposta sérvia em 26 de Julho, o Império Austro-Húngaro cortou todas as relações diplomáticas com o país e declarou guerra ao mesmo em 28 de Julho, começando o bombardeio à Belgrado (capital sérvia) em 29 de Julho. No dia seguinte, a Rússia, que sempre tinha sido uma aliada da Sérvia, deu a ordem de locomoção a suas tropas. Os alemães, que tinham garantido o apoio ao Império Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerra mandaram um ultimato ao governo russo para parar a mobilização de tropas dentro de 12 horas, no dia 31. No primeiro dia de Agosto o ultimato tinha expirado sem qualquer reação russa. A Alemanha então declarou-lhe guerra. Em 2 de Agosto a Alemanha ocupou Luxemburgo, como o passo inicial da invasão à Bélgica e do Plano Schlieffen (estratégia de defesa alemã que previa a invasão da França, Inglaterra e Rússia). A Alemanha tinha enviado outro ultimato, desta vez à Bélgica, requisitando a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como tal pedido foi recusado, foi declarada guerra à Bélgica.

Em 3 de Agosto a Alemanha declarou guerra à França, e no dia seguinte invadiu a Bélgica. Tal ato, violando a soberania belga - que Grã-Bretanha, França e a própria Alemanha estavam comprometidos a garantir fez com que o Império Britânico saísse da sua posição neutra e declarasse guerra à Alemanha em 4 de Agosto.

O início dos confrontos

Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorreram no continente africano e no Oceano Pacífico, nas colônias e territórios das nações europeias. Em Agosto de 1914 um combinado da França e do Império Britânico invadiu o protetorado alemão da Togoland, no Togo. Pouco depois, em 10 de Agosto, as forças alemãs baseadas na Namíbia atacaram a África do Sul, que pertencia ao Império Britânico. Em 30 de Agosto a Nova Zelândia invadiu a Samoa, da Alemanha; em 11 de Setembro a Força Naval e Expedicionária Australiana desembarcou na ilha de Neu Pommern (mais tarde renomeada Nova Bretanha), que fazia parte da chamada Nova Guiné Alemã. O Japão invadiu as colônias micronésias e o porto alemão de abastecimento de carvão de Qingdao na península chinesa de Shandong. Com isso, em poucos meses, a Tríplice Entente tinha dominado todos os territórios alemães no Pacífico. Batalhas esporádicas, porém, ainda ocorriam na África.

Na Europa, a Alemanha e o Império Austro-Húngaro sofriam de uma mútua falta de comunicação e desconhecimento dos planos de cada exército. A Alemanha tinha garantido o apoio à invasão Austro-Húngara a Sérvia, mas a interpretação prática para cada um dos lados tinha sido diferente. Os líderes do Austro-Húngaros acreditavam que a Alemanha daria cobertura ao flanco setentrional contra a Rússia. A Alemanha, porém, tinha planejado que o Império Austro-Húngaro focasse a maioria de suas tropas na luta contra a Rússia enquanto combatia a França na Frente Ocidental. Tal confusão forçou o exército Austro-Húngaro a dividir suas tropas. Mais da metade das tropas foi combater os russos na fronteira, enquanto um pequeno grupo foi deslocado para invadir e conquistar a Sérvia.

Alianças militares europeias em 1914. A Tríplice Aliança está representada em castanho, a Tríplice Entente em verde e as nações neutras em pêssego.

O desenrolar do conflito de 1914 a 1918.██ Tríplice entente██ Aliados da Tríplice entente, colônias e territórios ocupados.██ Tríplice Aliança██ Colônias da Tríplice Aliança e territórios ocupados.██ Países neutros.

A Batalha Sérvia

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Tropas austríacas executando prisioneiros sérvios.

O exército sérvio submeteu-se a uma estratégia defensiva para conter os invasores austro-húngaros, o que culminou na Batalha de Cer. Os sérvios ocuparam posições defensivas no lado sul do rio Drina. Nas duas primeiras semanas os ataques austro-húngaros foram repelidos causando grandes perdas ao exército das Potências Centrais. Essa foi a primeira grande vitória da Tríplice Entente na guerra. As expectativas austro-húngaras de uma vitória fácil e rápida não foram realizadas e como resultado o Império Austro-Húngaro foi obrigado a manter uma grande força na fronteira sérvia, enfraquecendo as tropas que batalhavam contra a Rússia na Frente Oriental.

Alemanha na Bélgica e França

Assalto francês às posições alemãs em Champagne, França, 1917.

Após invadir o território belga, o exército alemão logo encontrou resistência na fortificada cidade de Liège. Apesar do exército ter continuado a rápida marcha rumo à França, a invasão germânica tinha provocado a decisão britânica de intervir em ajuda a Tríplice Entente. Como signatário do Tratado de Londres, o Império Britânico estava comprometido a preservar a soberania belga. Para a Grã-Bretanha os portos de Antuérpia e Oostende eram importantes demais para cair nas mãos de uma potência continental hostil ao país.[9] Para tanto, enviou um exército para a Bélgica, atrasando o avanço alemão.

Inicialmente os mesmos tiveram uma grande vitória na Batalha das Fronteiras (14 de Agosto a 24 de Agosto de 1914). A Rússia, porém, atacou a Prússia Oriental, o que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que estavam planejadas para ir a Frente Ocidental. A Alemanha derrotou a Rússia em uma série de confrontos chamados da Segunda Batalha de Tannenberg (17 de Agosto a 2 de Setembro de 1914). O deslocamento imprevisto para combater os russos, porém, acabou permitindo uma contra-ofensiva em conjunto das forças francesas e inglesas, que conseguiram parar os alemães em seu caminho para Paris, na Primeira Batalha do Marne (Setembro de 1914), forçando o exército alemão a lutar em duas frentes. O mesmo se postou numa posição defensiva dentro da França e conseguiu incapacitar permanentemente 230.000 franceses e britânicos.

A Guerra das Trincheiras

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Nas trincheiras: Infantaria com mascáras de gás, Ypres, 1917.

Os avanços na tecnologia militar significaram na prática um poder de fogo defensivo mais poderoso que as capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente mortífera. O arame farpado era um constante obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal que no século XIX, armada com poderosas metralhadoras. Os alemães começaram a usar gás tóxico em 1915, e logo depois, ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de tal artifício, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais miserável tornando-se um dos mais temidos e lembrados horrores de guerra.

Numa nota curiosa, temos que no início da guerra, chegando a primeira época natalícia, se encontram relatos de os soldados de ambos os lados cessarem as hostilidades e mesmo saírem das trincheiras e cumprimentarem-se. Isto ocorreu sem o consentimento do comando, no entanto, foi um evento único. Não se repetiu posteriormente por diversas razões: o número demasiado elevado de baixas aumentou os sentimentos de ódio dos soldados e o comando, dados os acontecimentos do primeiro ano, tentou usar esta altura para fazer propaganda, o que levou os soldados a desconfiar ainda mais uns dos outros.

A alimentação era sobretudo à base de carne, vegetais enlatados e biscoitos, sendo os alimentos frescos uma raridade.

Fim da Guerra

A partir de 1917 a situação começou a alterar-se, quer com a entrada em cena de novos meios, como o carro de combate e a aviação militar, quer com a chegada ao teatro de operações europeu das forças norte-americanas ou a substituição de comandantes por outros com nova visão da guerra e das tácticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas, que causam profundas alterações no desenho da frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego quando a revolução estala no Império Russo e o governo bolchevista, chefiado por Lênin, prontamente assina a paz sem condições, (Tratado de Brest-Litovski) assim anulando a frente leste, mas essa circunstância não será suficiente para evitar a derrota. O armistício que põe fim à guerra é assinado a 11 de Novembro de 1918.

Participação de países lusófonos

Brasil

Ver artigo principal: Brasil na Primeira Guerra Mundial

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O nono presidente do Brasil, Venceslau Brás, declara guerra aos Poderes Centrais. Ao seu lado, o ministro interino das Relações Exteriores Nilo Peçanha (em pé) e o presidente de Minas Gerais, Delfim Moreira (sentado).

No Brasil, o confronto foi conhecido popularmente até a 2ª Guerra como a Guerra de 14, em alusão à 1914.

No dia 5 de abril de 1917, o vapor brasileiro "Paraná", que navegava de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi torpedeado, supostamente por um submarino alemão. No dia 11 de abril o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do bloco liderado pela Alemanha. Em 20 de maio, o navio "Tijuca" foi torpedeado perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo Brasileiro confiscou 42 navios alemães, austro-húngaros e turco-otomanos que estavam em portos brasileiros, como uma indenização de guerra.

No dia 23 de outubro de 1917, o cargueiro nacional "Macau", um dos navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão, perto da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro. Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917 o país declarou guerra aos Poderes Centrais.

A partir deste momento, por um lado, sob a liderança de políticos como Ruy Barbosa recrudesceram agitações de caráter nacionalista, com comícios exigindo a "imperiosa necessidade de se apoiar os Aliados com ações" para por fim ao conflito. Por outro lado, sindicalistas, anarquistas e intelectuais como Monteiro Lobato criticavam essa postura e a possibilidade de grande convocação militar, pois segundo estes, entre outros efeitos negativos isto desviava a atenção do país em relação a seus problemas internos.

Assim, devido a várias razões, de conflitos internos à falta de uma estrutura militar adequada, a participação militar do Brasil no conflito foi muito pequena; resumindo-se no envio ao front ocidental em 1918 de um grupo de aviadores do Exército e da Marinha que foram integrados à Força Aérea Real Britânica e de um corpo médico-militar, composto por oficiais e sargentos do exército que foram integrados ao exército francês, tendo seus membros tanto prestado serviços na retaguarda como participado de combates no front. A Marinha também enviou uma divisão naval com a incumbência de patrulhar a costa noroeste da África a partir de Dakar e o Mediterrâneo desde o estreito de Gibraltar, evitando a ação de submarinos inimigos.[10]

Portugal

Ver artigo principal: Portugal na Primeira Guerra Mundial

Monumento aos mortos da Primeira Guerra Mundial em Coimbra, Portugal

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Portugal participou no primeiro conflito mundial ao lado dos Aliados, o que estava de acordo com as orientações da República ainda recentemente instaurada.

Na primeira etapa do conflito, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colónias africanas ameaçadas pela Alemanha. Face a este perigo e sem declaração de guerra, o Governo português enviou contingentes militares para Angola e Moçambique.

Em Março de 1916, apesar das tentativas da Inglaterra para que Portugal não se envolvesse no conflito, o antigo aliado decidiu pedir ao estado português o apresamento de todos os navios germânicos na costa lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra a Portugal pela Alemanha, a 9 de Março de 1916 (apesar dos combates em África desde 1914).

Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direcção à Flandres. Portugal envolveu-se, depois, em combates em França.

Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil homens. As perdas atingiram quase 10 mil mortos e milhares de feridos, além de custos económicos e sociais gravemente superiores à capacidade nacional. Os objectivos que levaram os responsáveis políticos portugueses a entrar na guerra saíram gorados na sua totalidade. A unidade nacional não seria conseguida por este meio e a instabilidade política acentuar-se-ia até à queda do regime democrático em 1926.

Consequências

Crimes de Guerra

Ver artigo principal: Genocídio armênio

Ossadas de vítimas do genocídio armênio em Erzingan, na Turquia.

A limpeza étnica da população armênica durante os anos finais do Império Turco-Otomano é amplamente considerada como um genocídio. Com a guerra em curso, os turcos acusaram toda a população armênica, cristãos em sua maioria, de serem aliados da Rússia, utilizando-se disso como pretexto para lidar com toda a minoria considerando-a inimiga do império. É dificil definir o número exato de mortos do período, sendo estimado por diversas fontes para quase um milhão de pessoas mortas em campos de concentração, excluindo-se as que morreram por outros motivos. Desde o evento os governos turcos têm sistematicamente negado as acusações de genocídio, argumentando que os armênicos morreram por uma guerra estar em curso ou que sua matança foi justificada pelo apoio dado aos inimigos do país.

Tecnologia

Ver artigo principal: Gás venenoso na Primeira Guerra Mundial, Guerra química

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Exército britânico utilizando uma metralhadora Vickers.

Tanque de guerra britânico capturado pelos Alemães durante a Primeira Guerra Mundial.

A Primeira Guerra Mundial foi uma mistura de tecnologia do século XX com tácticas do século XIX.

Muitos dos combates durante a guerra envolveram a guerra das trincheiras, onde milhares de soldados por vezes morriam só para ganhar um metro de terra. Muitas das batalhas mais sangrentas da história ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial. Tais batalhas incluiam Ypres, Vimy, Marne, Cambrai, Somme, Verdun, e de Gallipoli. A artilharia foi a responsável pelo maior número de baixas durante a guerra.

Neste conflito estiveram envolvidos cerca de 65 milhões de soldados e destacaram-se algumas figuras militares, como o estrategista da Batalha do Marne, o general francês Joffre, o general Ferdinand Foch, também da mesma nacionalidade, que veio a assumir o controle das forças aliadas, o general alemão Von Klück, que esteve às portas de Paris, general britânico John French, comandante do Corpo Expedicionário Britânico e o comandante otomano Kemal Ataturk, vencedor na Batalha de Gallipoli contra a Inglaterra e o ANZAC (Austrália e Nova Zelândia).

A guerra química e o bombardeamento aéreo foram utilizados pela primeira vez em massa na Primeira Guerra Mundial. Ambos tinham sido tornados ilegais após a Convenção Hague de 1907. Os aviões foram utilizados pela primeira vez com fins militares durante a Primeira Guerra Mundial. Inicialmente a sua utilização consistia principalmente em missões de reconhecimento, embora tenha depois se expandido para ataque ar-terra e atividades ar-ar, como caças.

Foram desenvolvidos bombardeiros estratégicos principalmente pelos alemães e pelos britânicos, já tendo os alemães utilizado os grandes dirigíveis (Zeppelins) para bombardeamento aéreo.

Segunda Guerra Mundial

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Segunda Guerra Mundial

Sentido horário, de cima para a esquerda: Forças chinesas na Batalha de Wanjialing;

forças australianas durante a Primeira Batalha de El Alamein; aviões alemães Stuka na Frente

Oriental; forças navais estadunidenses no Golfo de Lingayen; Wilhelm Keitel assinando a

Rendição Alemã; tropas soviéticas durante a Batalha de Stalingrado.

Data 1 de setembro de 1939- 2 de setembro de 1945

Local Europa, Oceano Atlântico, África, Médio Oriente, Sueste asiático e Oceano Pacífico

Desfecho Vitória Aliada

Criação da Organização das Nações UnidasCriação do Estado de IsraelEstabelecimento de duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, iniciando-se mais tarde a Guerra Fria.

Intervenientes

Aliados

Reino UnidoFrança União SoviéticaEstados Unidos

Eixo

AlemanhaImpério do JapãoReino de ItáliaRomênia

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República da ChinaPolônia Canadá

AustráliaNova ZelândiaIugosláviaÁfrica do Sul

NepalDinamarcaNoruegaPaíses BaixosBélgicaLuxemburgoGréciaBrasil

outros

HungriaBulgária

Co-intervenientes

FinlândiaTailândiaIraque

Fantoches

EslováquiaCroáciaAlbâniaManchukuo

outros

Principais líderesLíderes Aliados

Winston ChurchillJoseph StalinFranklin Roosevelt

outros

Líderes do Eixo

Adolf HitlerHirohitoBenito Mussolini

outros

VítimasSoldados:mais de 16 milhõesCidadãos:mais de 45 milhõesTotal:mais de 61 milhões...detalhes

Soldados:mais de 8 milhõesCidadãos:mais de 4 milhõesTotal:mais de 12 milhões...detalhes

A Segunda Guerra Mundial ou II Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo – incluindo todas as grandes potências – organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. Em estado de "guerra total", os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica a serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais letal da história da humanidade, com mais de setenta milhões de mortos.[1]

Geralmente considera-se o ponto inicial da guerra como sendo a invasão da Polônia pela Alemanha Nazista em 1 de setembro de 1939 e subsequentes declarações de guerra contra a Alemanha pela França e pela maioria dos países do Império Britânico e do Commonwealth. Alguns países já estavam em guerra nesta época, como Etiópia e Itália na Segunda Guerra Ítalo-Etíope e China e Japão na Segunda Guerra Sino-Japonesa.[2] Muitos dos que não se envolveram inicialmente acabaram aderindo ao conflito em resposta a eventos como a invasão da União Soviética pelos alemães e os ataques japoneses contra as forças dos Estados Unidos no Pacífico em Pearl Harbor

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e em colônias ultramarítimas britânicas, que resultou em declarações de guerra contra o Japão pelos EUA, Países Baixos e o Commonwealth Britânico.[3][4]

A guerra terminou com a vitória dos Aliados em 1945, alterando significativamente o alinhamento político e a estrutura social mundial. Enquanto a Organização das Nações Unidas era estabelecida para estimular a cooperação global e evitar futuros conflitos, a União Soviética e os Estados Unidos emergiam como superpotências rivais, preparando o terreno para uma Guerra Fria que se estenderia pelos próximos quarenta e seis anos. Nesse interim, a aceitação do princípio de autodeterminação acelerou movimentos de descolonização na Ásia e na África, enquanto a Europa ocidental dava início a um movimento de recuperação econômica e integração política.

Índice

1 Eventos pré-guerra 1.1 Hitler na rota da expansão1.2 Reincorporação do Sarre e criação da Luftwaffe1.3 Guerra Civil Espanhola1.4 Invasão japonesa da China2 A guerra 2.1 Guerra na Ásia2.2 Guerra na Europa2.3 Guerra na África2.4 Invasão da União Soviética2.5 Guerra no Pacífico2.6 Reconquista da Europa2.7 Colapso do Eixo e vitória Aliada3 Pós-guerra4 Consequências 4.1 Mortos e crimes de guerra4.2 Campos de concentração e trabalho escravo4.3 Desenvolvimento tecnológico4.4 Prisioneiros de guerra4.5 Danos materiais4.6 Territoriais4.7 Políticas4.8 Herança humana5 Participação de países lusófonos 5.1 Brasil5.2 Portugal6 Ver também7 Referências 7.1 Bibliografia8 Ligações externas

Eventos pré-guerra

Ver artigo principal: Causas da Segunda Guerra Mundial, Período entre-guerras e Política de apaziguamento

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Tropas germânicas em uma das Reuniões de Nuremberg, ocorrida em 1935

A Primeira Guerra Mundial - "feita para pôr fim a todas as guerras" - foi o ponto de partida de novos e irreconciliáveis conflitos, pois o Tratado de Versalhes disseminou entre os alemães um forte sentimento nacionalista, que culminou no totalitarismo nazi-fascista. As contradições se aguçaram com os efeitos da Grande Depressão, e nesse cenário surgiram e se consolidaram vários regimes totalitários na Europa. O germânico de origem austríaca Adolf Hitler - criador do Partido Nazista, que se tornara o Führer do Terceiro Reich - defendia que a Alemanha necessitava mais espaço vital, ou Lebensraum, e pretendia conquistá-lo na Europa Oriental. Esta política, ao lado da contraposição ideológica, o levaria cedo ou tarde a um confronto de grandes proporções com a URSS.

Valendo-se da Política de apaziguamento praticada pela Grã-Bretanha do Primeiro-ministro Neville Chamberlain e secundada pela França do presidente Édouard Daladier, Hitler conseguiu, inicialmente, concretizar uma série espantosa de conquistas incruentas: remilitarizou a Renânia, anexou a Áustria, e incorporou os Sudetos, destruindo a Tchecoslováquia. Mas quando avançou sobre a Polônia, os ingleses e franceses reagiram, iniciando-se a Segunda Guerra Mundial.

Hitler na rota da expansão

Ver artigo principal: Nazismo e Fascismo

Logo após o abandono da Liga das Nações (que já se ressentia da ausência dos Estados Unidos e URSS) pelo Japão, foi a vez da Alemanha retirar-se. Anunciando a saída da representação germânica, Hitler declarou que o não desarmamento das outras nações obrigava a Alemanha àquela forma de protesto. Embora na realidade ele simplesmente desejasse furtar-se às peias que a Liga das Nações poderia opor à sua política militarista, o Führer teve o cuidado de reiterar os propósitos pacifistas de seu governo. Aliás, nos anos seguintes, Hitler proclamaria suas intenções conciliatórias em várias oportunidades, como meio de acobertar objetivos expansionistas.

O nazismo fortalecia-se rapidamente na Alemanha. Hitler precisava do apoio de Reichswehr para realizar o rearmamento alemão, mas a maioria dos generais mantivera-se até então numa atitude de expectativa em relação ao novo governo. A pretensão da SA, manifestada por seus chefes em múltiplas ocasiões, de se transformarem em exército nacional, horrorizava os militares profissionais, educados na Escola von Seeckt. Parecia-lhes um absurdo entregar aquela pequena, mas eficientíssima máquina, que era Reichswehr, nas mãos dos turbulentos "camisas pardas", acostumados apenas a combates de rua. Hitler inclinava-se a dar razão aos generais, o que vinha contra os interesses dos membros da SA mais radicais. Em alguns círculos da milícia nazista, já se falava na necessidade de uma segunda revolução que restituísse ao Partido o ímpeto inicial.

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Benito Mussolini (esquerda) e Adolf Hitler.

O capitão Ernst Röhm, grande influenciador das tropas de choque nazistas, a SA, passou então a não só se mostrar mais radical ao Führer, mas ainda a incentivar a deposição de Adolf Hitler e fazer então um novo Putsch. Heinrich Himmler, chefe da SS, que na época era apenas uma subdivisão da SA, entregou a Hitler provas dos planos elaborados por Röhm - uma tentativa de assassinato a todos os grandes nomes do partido nazista, que, segundo os próprios planos, seria conhecido como Noite das facas longas.

Por ordem expressa do Führer, foram realizadas execuções sumárias, realizadas pela SS e pela SD, na noite de 29 para 30 de Junho de 1934. Por ironia, Adolf Hitler deu às execuções o próprio nome idealizado por Röhm, Noite das Facas Longas. Quase todos os líderes da SA, a começar por seu chefe, o Capitão Ernst Röhm, foram passados pelas armas, juntamente com alguns políticos oposicionistas e o General von Schleicher (Kurt, 1882-1934), que era o maior opositor a Hitler no seio da Reichswehr. Tal decisão provocou a morte de algumas centenas de pessoas, muitas das quais eram fiéis do Partido, desde longa data.

Com essas execuções, o Führer atingiu um duplo objetivo: extinguiu os gérmenes da rebelião entre os SA, desde então reduzidos a um papel meramente decorativo, e deu aos generais uma sangrenta garantia de que pretendia conservá-los na direção da Reichswehr. O expurgo fora levado a cabo pela SS, tropas de elite do Partido, ligadas a Hitler por um juramento especial. Esse corpo de homens selecionados, formando uma verdadeira guarda do regime, iniciou naquele dia a ascensão que iria levá-lo, sob a chefia de Heinrich Himmler, ao controle total da vida alemã, em nome de Hitler. Em 1945, quase um milhão de homens tinha envergado o uniforme negro com a insígnia da caveira, partindo de um núcleo que em 1929 contava com apenas 280 elementos.

A Noite das Facas Longas fez a Reichswehr cerrar fileiras em torno de Hitler, que, reforçado por tal sustentáculo, pode então se dedicar a seus planos longamente acalentados.

A primeira tentativa expansionista do III Reich fracassou. Desde sua ascensão ao poder, Hitler vinha incentivando o desenvolvimento de um partido nazista austríaco, como base para uma posterior anexação da Áustria à Alemanha. Nessa época, os austríacos estavam sob o governo ditatorial do chanceler católico Engelbert Dollfuss, inquebrantável defensor da independência de seu país. Em 27 de Julho de 1934, Dollfuss foi assassinado em Viena, por um grupo de nazistas sublevados. Mussolini, temendo que os alemães ocupassem a Áustria, enviou tropas para a fronteira, enquanto a Europa era sacudida por um frêmito de indignação contra a Alemanha. Hitler, porém, recuou, negando qualquer conivência com os conspiradores austríacos. Dollfuss foi sucedido por von Schuschnigg (Kurt Edler, n. 1897), que continuou a política conservadora e nacionalista de seu antecessor.

Reincorporação do Sarre e criação da Luftwaffe

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Localização do Sarre no atual território da Alemanha.

Em 13 de janeiro de 1935, o nazismo obteve seu primeiro sucesso internacional. O Sarre era um antigo território alemão que tivera suas jazidas exploradas pelos franceses, durante 15 anos, como parte das reparações de guerra estabelecidas pelo Tratado de Versalhes. Agora, um plebiscito junto à população decidia, por maioria esmagadora, a reincorporação do Sarre ao Reich. Logo em seguida, em março, Hitler abalava a Europa com duas declarações retumbantes: No dia 9, anunciou a criação da Luftwaffe (Força Aérea) e, no dia 16, o restabelecimento do serviço militar obrigatório, elevando imediatamente os efetivos de Wehrmacht (Força de Defesa, novo nome das forças armadas alemãs), de 100.000 para 500.000 homens. Ambas as declarações foram feitas em sábados, para que seu impacto internacional fosse amortecido pelos feriados dos fins-de-semana.

As potências, alarmadas com o rearmamento germânico, decidiram, na Conferência de Stresa (abril de 1935), formar uma frente antialemã, condenando o repúdio unilateral de qualquer tratado de fronteiras na Europa e garantindo a independência da Áustria. Observe-se, porém, que a declaração de Stresa, subscrita pela Grã-Bretanha, França e Itália, não proibia a alteração de fronteiras fora da Europa, não impedindo a Mussolini a conquista da Etiópia.

Em represália às decisões de Stresa, Hitler denunciou, em 21 de maio de 1935, todas as cláusulas militares do Tratado de Versalhes. Manifestando, como sempre, seus objetivos pacíficos, o Führer restituía à Alemanha a liberdade de ação no campo dos armamentos.

O governo inglês, preocupado com um possível desenvolvimento da marinha de guerra germânica, iniciou negociações secretas com os alemães, sem qualquer consulta à França. Em 18 de junho de 1935, a Europa soube, estarrecida, que Londres permitia aos nazistas a construção de uma frota de alto-mar, equivalente a 1/3 da marinha britânica, com uma proporção ainda maior de submarinos. Tal acordo equiparava a força naval alemã à francesa. A notícia provocou em Paris uma profunda irritação contra os britânicos, que haviam agido em função de seus interesses exclusivos e abandonado a França, diante de uma Alemanha cada vez mais poderosa. Ressentidos com os britânicos, os franceses procuraram então se aproximar da Itália, como um meio de barrar o caminho à Alemanha. O principal propugnador dessa nova orientação política da França foi o Primeiro-ministro francês Pierre Laval.

Mussolini aceitou com entusiasmo a mão que a França lhe estendia, o que vinha servir seus planos imperialistas. O fascismo consolidara-se internamente, e a população italiana atingira um nível de prosperidade material até então jamais alcançado. Fiume fora definitivamente incorporada à Itália, mediante a concordância iugoslava. Satisfaziam-se assim as reivindicações nacionalistas italianas.

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Entretanto, a própria psicologia do fascismo obrigava os dirigentes a estimularem constantemente o povo, conservando-o sempre excitado, a fim de manter o prestígio de Mussolini. O Duce queria evitar que a população italiana se habituasse à rotina, diminuindo o apoio ruidoso que lhe prestava e que afagava sua volúpia de poder. Devido a seu temperamento, era um líder que precisava de grandes gestos e de atos igualmente grandiosos, para alimentar sua enorme vaidade. Embora houvesse feito uma administração de incontestável valor na Itália, isso não lhe bastava. Sua concepção histórica impelia-o a imitar Júlio César, fazendo-o entrar, também, para a galeria dos grandes homens, sob o tríplice rótulo de administrador, estadista e conquistador.

Guerra Civil Espanhola

Ver artigo principal: Guerra Civil Espanhola

As ruínas de Guernica após os bombardeios.

A Alemanha e a Itália deram apoio à insurreição nacionalista liderada pelo general Francisco Franco na Espanha. A União Soviética apoiou o governo existente, a República Espanhola, que apresentou tendências esquerdistas. Ambos os lados usaram a guerra como uma oportunidade para testar armas e táticas melhores. O Bombardeio de Guernica, uma cidade de 5000-7000 habitantes, foi considerado um ataque terrível, na época, e usado como uma propaganda amplamente difundida no Ocidente, levando a acusações de "atentado terrorista" e de que 1.654 pessoas tinham morrido no ataque.[5] Na realidade, o ataque foi uma operação tática contra uma cidade com importantes comunicações militares próximas à linha de frente e as estimativas modernas não rendem mais de 300-400 mortos no fim do ataque.[5][6]

Invasão japonesa da China

Ver artigo principal: Segunda Guerra Sino-Japonesa e Massacre de Nanquim

A guerra sino-japonesa divide-se em dois grandes períodos: o primeiro deles, denominado de período crítico, teve seu início em julho de 1937[7] quando os nipônicos lançam sua ofensiva-relâmpago sobre as províncias do Norte e Leste (Hopei, Shantung, Shanxi, Chamar e Suyan) com o objetivo de separá-las da China, seguindo os ditames do "Memorial Tanaka". Numa audaciosa operação de desembarque, ocuparam mais ao sul Cantão, uns anos depois Hong Kong (que era colônia inglesa) e partes de Macau, nomeadamente Lapa, Dom João e Montanha. Os invasores tiveram seu caminho facilitado por encontrarem pela frente uma China politicamente desorganizada, onde a rivalidade militar entre nacionalistas e comunistas havia sido suspensa a contra gosto, vendo-se ainda subdividida em várias "autoridades locais", que se mostraram relutantes em oferecer-lhes uma resistência efetiva e coerente.

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Forças japonesas durante a Batalha de Wuhan.

Mesmo assim Chiang Kai-shek e Mao Tse-tung assinam um acordo em 22 de setembro de 1937, pelo qual os comunistas abandonam seu projeto de um governo revolucionário e passavam a designar sua área de domínio como Governo Autônomo da Região Fronteiriça, enquanto o Exército Vermelho mudou seu nome para ser o Exército Revolucionário Nacional, renunciando a insurgir-se contra o governo de Chiang Kai-shek que, pelo seu lado, comprometeu-se a suspender as operações anticomunistas.

A estratégia japonesa baseava-se em sua mobilidade, fruto do desenvolvimento industrial do país. A ofensiva-relâmpago deles rapidamente ocupou Pequim em 8 de agosto de 1937, em seguida capitularam Tientsin e Shangai. Depois de quebrarem a encarniçada resistência das tropas chinesas, que lhes resistiram por três meses numa batalha nas ruas de Shangai, os japoneses marcharam para dentro do continente e, logo depois, em 13 de dezembro de 1937 entram em Nanquim.

Nanquim era a antiga capital imperial, e também ex-sede do governo nacionalista de Chiang Kai-shek. Os soldados japoneses sob o comando do general Iwane Matsui realizaram a partir de dezembro de 1937 a invasão de Nanquim, onde a população foi submetida à mais extrema barbaridade. Um ano depois de terem tomado a ofensiva, os nipônicos controlam amplas margens do Mar da China, ocupando uma boa parte da costa, na tentativa de isolar o país de qualquer auxílio ocidental. Apesar das simpatias americanas e britânicas se inclinarem para os chineses, devido à rivalidade colonial que tinham com os nipônicos pela hegemonia sobre a Ásia, nada de prático foi feito para ajudá-los.

Este período de seguidos triunfos japoneses chegou ao seu clímax com a invasão de outras partes da Ásia pelo Exército e pela Marinha Imperial (Indochina, Indonésia, Malásia, Filipinas e Birmânia), seguida da desastrosa decisão do Micado de estender a guerra aos Estados Unidos.

A guerra

Ver artigo principal: Cronologia da Segunda Guerra Mundial

Guerra na Ásia

Soldados chineses fracamente armados, em marcha.

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Exército de Guangdong entrando em Shenyang após o Incidente de Mukden.

Em 1936, o governo japonês assinou com a Alemanha o Pacto Anti-Komintern (anticomunista) com o objetivo de combater o comunismo soviético, sendo a União Soviética a principal liderança comunista da Europa e Ásia. Devido a cultura militarista do Japão, um país de poucos recursos, eles planejaram conquistar todos os territórios da Ásia, o que incluía, a Coreia, a China e as ilhas do Pacífico. Porém o Tratado de Versalhes impedia as ambições japonesas, o que eles consideravam uma traição por parte das potências vencedoras da I Guerra (Tríplice Entente), pois o Japão ficou do lado delas, então eles se aliaram a Alemanha, cuja política expansionista ia ao encontro das ambições japonesas de conquistas territoriais.

O ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbour em 7 de dezembro de 1941, obrigou o império do Sol Nascente a espalhar os seus recursos militares pelo Pacífico Ocidental, declinando como consequência disso as atividades bélicas no fronte da China.

No segundo período, que vai de dezembro de 1941 até agosto de 1945, os Estados Unidos assumem a tarefa de derrotar os japoneses, enquanto os exércitos nacionalistas chineses atuam apenas em pequenas escaramuças visando à fixação e ao desgaste do inimigo.

Consciente da sua absoluta inferioridade militar e estratégica, Chiang Kai-shek após sete meses de infrutífera resistência, ordenara a adoção da política de "vender espaço para ganhar tempo", que implicava na renúncia de enormes extensões territoriais chinesas. Ao mesmo tempo em que recuavam, as tropas nacionalistas dedicaram-se à tática da destruição sistemática da infra-estrutura rural e urbana das regiões que fatalmente seriam ocupadas pelos invasores (semelhante à estratégia batizada de "terra devastada" que Stalin usou para enfrentar as tropas nazistas), tal como a explosão de diques do Rio Amarelo, que provocou a inundação de milhares de quilômetros quadrados de terras aráveis, arrasando e arruinando por muitos anos as propriedades camponesas, mas que somente atrasou o japoneses em três meses, ou o incêndio precipitado de Changsha, a capital de Hunan (fruto do pânico das tropas chinesas em debandada).

Mas havia outro motivo para Chiang Kai-shek evitar confrontar-se com os japoneses. Ele desejava preservar suas forças militares (e as armas que recebia dos Estados Unidos) para lutar contra o Exército Popular de Mao Tse-tung, na guerra civil que certamente eclodiria, após a expulsão dos japoneses. Foi uma decisão que acabou se revelando equivocada, pois enquanto os nacionalistas recuavam, o Exército Popular continuou fustigando os japoneses, granjeando a simpatia e o apoio dos camponeses chineses (apoio que se mostraria decisivo na guerra civil).

A estratégia de "luta de longa duração" contra os japoneses, adotada por Mao, fez crescer o número de camponeses que aderiram à guerrilha, enquanto nas zonas controladas pelo Kuomintang, eles se mostravam arredios em colaborar, pois além da brutal repressão japonesa, calcada nos "três tudo - "matar tudo, queimar tudo, destruir tudo" (Sanko Sakusen) -, o exército nacionalista cometia saques, confiscos e conscrições forçadas.[8]

Além disso, ao optar por evitar o combate, Chiang tornou desconfortável a ajuda que recebia tanto dos estadounidenses quanto da URSS, que também era sua aliada, apesar do Exército Popular ser dirigido pelo Partido Comunista Chinês.[9]

Guerra na Europa

Ver artigo principal: Anschluss, Acordo de Munique, Invasão da Polônia, Invasão Soviética da Polónia, Blitzkrieg, Batalha da França e França de Vichy

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1 de Setembro de 1939: os alemães invadem a Polônia.

O plano de expansão do governo envolvia uma série de etapas. Em 1938, com o apoio de parte da população austríaca, o governo nazista anexou a Áustria, episódio conhecido como Anschluss. Em seguida, reivindicou a integração das minorias germânicas que habitavam os Sudetos (região montanhosa da Tchecoslováquia). Como esta não estava disposta a ceder, a guerra parecia iminente, foi então convocada uma conferência internacional em Munique. Na conferência de Munique, em setembro de 1938, britânicos e franceses, seguindo a política de apaziguamento, cederam à vontade de Hitler, concordando com a anexação dos Sudetos.

O exército alemão lançou uma forte ofensiva de surpresa contra a Polónia, com o principal objectivo de reconquistar seus territórios perdidos na Primeira Guerra Mundial e com o objetivo secundário de expandir o território alemão. O ataque começa às 4h45 da madrugada de 1 de Setembro de 1939, quando os canhões do cruzador alemão SMS Schleswig-Holstein abream fogo sobre as posições polacas em Westerplatte, na então Cidade Livre de Danzig, hoje Gdansk.

As tropas alemãs conseguiram derrotar as tropas polacas em apenas um mês. A União Soviética tornou efetivo o acordo (Ribbentrop-Molotov) com a Alemanha nazi e ocupou a parte oriental da Polónia. A Grã-Bretanha e a França responderam à ocupação declarando guerra à Alemanha mas, apesar dos compromissos que haviam assumido para com a Polônia, nada fizeram para ir em socorro do país, limitando-se a formar uma linha defensiva para enfrentar um possível ataque alemão a oeste. A Itália, nesta fase, declarou-se "país neutro".

O exército alemão desfila com os seus panzers em Paris, 1941.

Tropas alemãs pelo Arco do Triunfo, em Paris, após a queda da França.

Contrastando com o que aconteceu em 1914, quando trens ou comboios de soldados partiam para a guerra enfeitados de flores e sob aplausos da multidão, os povos das nações que iniciaram a Segunda Guerra Mundial não demonstraram euforia com o reinício da matança na Europa.

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Quando Hitler anunciou no Reichtag, em 1 de setembro de 1939, a guerra contra a Polônia, as ruas de Berlim se mantiveram mortalmente silenciosas. As pessoas estavam sisudas, oprimidas pela preocupação com o futuro. Aceitaram o que estava acontecendo com resignação pacífica, como uma fatalidade que não podiam evitar, mas sem nenhum entusiasmo.[10]

A 10 de Maio de 1940, após um período de ausência de hostilidades - a "Falsa guerra" - o exército alemão lançou uma ofensiva contra os Países Baixos, dando início à Batalha da França. Os alemães visavam a contornar as poderosas fortificações francesas da Linha Maginot, construídas anos antes na fronteira franco-alemã. Com os britânicos e franceses julgando que se repetiria a guerra de trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e graças à combinação de ofensivas de pára-quedistas com rápidas manobras de blindados em combinação com rápidos deslocamentos de infantaria motorizada (a chamada "guerra-relâmpago" - Blitzkrieg, em alemão), os alemães derrotaram sem grande dificuldade as forças franco-britânicas, destacadas para a defesa da França. Nesta fase, ocorre a famosa retirada das forças aliadas para o Reino Unido por Dunquerque. O Marechal Pétain assumiu então a chefia do governo na França, que ficou conhecido como o governo de Vichy, assinou um armistício com Adolf Hitler e começou a colaborar com os alemães. Aproveitando-se da situação, a Itália fascista, de Benito Mussolini, declarou guerra aos franco-britânicos e ordenou a invasão do sul da França (Batalha dos Alpes).

Guerra na África

Ver artigo principal: Afrika Korps, Campanha Norte-Africana e Operação Tocha

O 39.º Grupo de Panzerjäger avança pelo deserto

Em Setembro de 1940, após a tomada da França pelas forças alemãs, as tropas italianas destacadas na Líbia sob o comando do Marechal Graziani, uma vez livres da ameaça das forças francesas estacionadas na Tunísia, iniciaram uma série de ofensivas contra o Egito, então colônia da Grã-Bretanha. Esta ofensiva tinha em vista dominar o canal de Suez e depois atingir as reservas petrolíferas do Iraque, também sob domínio britânico.

Os efetivos ingleses destacados no norte da África e que compunham o então designado XIII Corpo de Exército, comandado pelo General Wavell, após alguns reveses iniciais realizaram uma espetacular contra-ofensiva contra as forças italianas que, apesar de sua superioridade numérica foram empurradas por 1200 km de volta à Líbia, perdendo todos os territórios anteriormente conquistados. Esta derrota custou aos italianos a destruição de 10 divisões, a perda de 130.000 homens feitos prisioneiros, além de 390 tanques e 845 canhões.

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Tanques britânicos Crusader Mk VI (A15) durante a Campanha Norte-Africana

Como a situação que surgia na África era crítica para as forças do Eixo, Adolf Hitler e o Oberkommando der Wehrmacht (OKW) decidiram enviar tropas alemãs a fim de não permitir a completa desagregação das forças italianas. Cria-se dessa forma em Janeiro de 1941 o Afrika Korps (Corpo Expedicionário Alemão na África), cujo comando foi passado ao então Leutenantgeneral (Tenente-General) Erwin Rommel, que posteriormente se tornaria uma figura legendária sob a alcunha de "A Raposa do Deserto". Foram enviadas a África duas divisões alemãs em auxílio aos Italianos, a 5a. Divisão Ligeira e a 15a. Divisão Panzer.

Os alemães, sob o hábil comando de Rommel, conseguiram reverter a iminente derrota italiana e empreenderam uma ofensiva esmagadora contra as forças britânicas enfraquecidas (muitos efetivos britânicos haviam sido desviados para a campanha da Grécia, então sob pressão do Eixo) empurrando-as de volta à fronteira egípcia. Após uma sucessão de batalhas memoráveis como El Agheila, El Mechili, Sollum, Gazala, Tobruk e Marsa Matruh os alemães e italianos são detidos por falta de combustível e provisões na linha fortificada de El Alamein, uma vez que o Mediterrâneo encontrava-se sob domínio da marinha britânica. Finalmente, a Outubro de 1942, após 4 meses de preparação os Britânicos contra-atacaram na Segunda Batalha de El Alamein, sob o comando do General Bernard Montgomery.

Rechaçadas pelas bem supridas forças britânicas, as tropas ítalo-alemãs iniciaram um grande recuo de volta à Líbia de forma a encurtar suas linhas de suprimento e ocupar posições defensivas mais favoráveis. Entretanto, dias depois, a 8 de Novembro, as forças do Eixo recebem a notícia de que estão sendo cercadas pelo oeste por forças norte-americanas do 1o. Exército Aliado que haviam desembarcado em Marrocos através da Operação Tocha. Pelo leste, o 8o. Exército Britânico continua o seu avanço, empurrando as forças ítalo-alemãs para a Tunísia. Finalmente, cercado pelos exércitos americano e britânico e sem a guia de seu audacioso comandante, pois Rommel havia sido hospitalizado na Alemanha, o "Afrika Korps" e o restante do contingente italiano na África do Norte, totalizando mais de 250 mil homens e reduzidos à inatividade pela falta de suprimentos e de apoio aéreo, se rendem aos aliados na Tunísia em maio de 1943, dando fim à guerra na África.

Os cruzadores HMS Edinburgh, HMS Hermione e HMS Euryalus escoltam um comboio de navios de Gibraltar a Malta

O calcanhar de Aquiles de Rommel na África do Norte era o reabastecimento. O transporte das tropas e suprimentos italianos e alemães era feito por mar, e os homens da marinha mercante partiam para a África para proverem as tropas de alimentos, roupas, água, armas, munições e combustível, devendo então empreender uma jornada de quinhentos quilômetros da Sicília, no sul da Itália, até a Tripolitânia, no norte da África. Mas, para que a guerra do deserto fosse vencida pelo Eixo, o domínio marítimo do Mediterrâneo era um fator prepoderante, e seu principal adversário neste aspecto era a Marinha Real da Grã-Bretanha.

Em 22 de julho de 1941,o cargueiro alemão Preussen parte da Itália rumo à África do Norte. No caminho, é posto a pique por um esquadrão de bombardeiros Bristol Blenheim da RAF. Com ele afundam 200 dos 650 soldados e tripulação a bordo. Além de perdas humanas, vão para o fundo do mar mil toneladas de alimentos, seis mil toneladas de munições, mil toneladas de gasolina e 320 tanques e caminhões de transporte que seriam usados pelas tropas do Eixo. Muitos outros navios como o Arta, o Aegina, o Iserlohn, o Samos, o Larissa, o Birmânia, o

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Arcturus, o Citá di Bari, dentre outros, tiveram o mesmo destino do Preussen, pois o Mediterâneo tornou-se um cemitério de homens e máquinas que tentavam chegar à África.

Na convergência de todos esses desastres estava a ilha de Malta, principal ponto de apoio das forças aéreas e navais britânicas no Mediterâneo. Malta foi tomada do domínio francês pelos britânicos em 1800 e desde então era parte da Coroa Britânica, sendo uma base naval da Marinha Real. Percebendo a importância estratégica da ilha, os britânicos tornaram-na cada vez mais fortificada, transformando sua retomada pelos italianos em uma tarefa a cada dia mais improvável. Apesar dos bombadeios alemães e italianos, Malta resistia, e, com as pesadas perdas sofridas pelos alemães na tomada da ilha de Creta, Hitler decidiu não mais arriscar suas tropas para tomar Malta. Essa decisão acabou acarretando o afundamento de até 77% dos navios do Eixo que cruzaram o Mediterrâneo. Com as tropas mal supridas, a derrota dos italianos e do Afrika Korps foi inevitável.

Invasão da União Soviética

Ver artigo principal: Operação Barbarossa, Batalha de Stalingrado e Batalha de Kursk

Conquistas alemãs e outras do Eixo (em azul) na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial.

Frente do Leste, na altura da Batalha de Moscou: ██ Avanço inicial da Wehrmacht - 9 de julho de 1941██ Avanços subsequentes- 1 de setembro, 1941██ Cerco e batalha de Kiev - 9 de setembro, 1941██ Final do avanço da Wehrmacht - 5 de dezembro, 1941

Em 22 de junho de 1941, os exércitos do Eixo lançam-se à conquista do território soviético com a chamada Operação Barbarossa. Contavam com 180 divisões, entre tropas alemãs, italianas, húngaras, romenas e finlandesas, num total de mais de três milhões e meio de soldados. A estes se opunham 320 divisões soviéticas, num total de mais de seis milhões de homens, porém apenas 160 destas divisões estavam situadas na região de

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fronteira com a Alemanha Nazi. Grande parte das tropas soviéticas estava na região leste do país, na fronteira com a China ocupada, antecipando a possibilidade de mais um ataque japonês contra a União Soviética, conforme acontecera em março de 1939.

A ofensiva era amplamente esperada, pois a invasão da União Soviética fazia parte do discurso nazista desde o surgimento do partido, tendo sido fortemente pregada por Adolf Hitler em seu livro "Mein Kampf" e em diversos de seus pronunciamentos políticos anteriores até mesmo ao início da guerra. Relatórios de serviços secretos davam conta da iminência da invasão, partindo não somente da espionagem soviética mas também de informações obtidas pelos ingleses e norte-americanos. A mobilização de grande número de tropas alemãs para a região de fronteira também foi percebida. Os soviéticos já vinham tomando medidas contra a invasão desde a década de 1930, aumentando exponencialmente o contingente de seu exército.

Apesar de tudo isto, a invasão começa a 22 de junho de 1941. Veio como uma surpresa, pois não se esperava que a Alemanha atacasse a URSS antes que o Reino Unido se retirasse da guerra, conforme se previa. O resultado disto foi uma enorme vantagem tática para as tropas alemãs nos primeiros dias da guerra, o que permitiu o envolvimento de grande número de divisões do exército vermelho e a destruição de grande parte dos aviões soviéticos ainda nas suas bases, antes mesmo que conseguissem levantar voo.

As tropas do Eixo foram divididas em três grupos de exércitos: norte, central e sul. O grupo norte atravessou os países bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia) e marchou contra Leningrado, que foi atacada ao mesmo tempo pelos finlandeses, mais ao norte, numa atitude de revanchismo por parte destes. A cidade foi completamente cercada a 8 de setembro de 1941; a partir de então só foi possível abastecê-la pela rota que atravessava o lago Ladoga, constantemente vigiada pelos aviões alemães. O resultado foi uma grave crise de fome, que segundo as estimativas teria vitimado por volta de um milhão de civis e provocou alguns episódios de canibalismo. A partir de 20 de novembro de 1941, foi possível estabelecer uma rota segura para Leningrado através do lago congelado, devido à recaptura do eixo ferroviário na cidade de Tikhvin, o que permitiu a evacuação de civis, melhorando a situação da cidade. O cerco de Leningrado só foi completamente levantado em Janeiro de 1944.

O exército central foi o que progrediu mais rapidamente, tendo conquistado completamente a cidade de Minsk a 29 de junho de 1941, operação que resultou na captura de 420 mil soldados do exército vermelho. A ofensiva prosseguiu com o grupo central marchando através da Bielorrússia até atingir a cidade de Smolensk, penetrando finalmente no território da Rússia propriamente dita. Aqui o avanço das tropas alemãs foi interrompido pela primeira vez, dada a forte resistência oposta pelas tropas soviéticas, porém a cidade foi conquistada a 16 de julho.

O exército sul prosseguiu mais vagarosamente do que os outros dois, sendo forçado a combater no terreno dos pântanos Pripet, o que reduzia a velocidade dos avanços. Apesar disso, conseguiu empurrar o grupo sul do exército vermelho até a cidade de Kiev, onde seu avanço foi interrompido. Aproveitando-se do fato de que o exército central havia avançado muito mais adiante, os alemães deslocaram boa parte desse segundo grupo de exércitos para o sul, conseguindo assim envolver um enorme grupo de divisões no que ficou conhecido como o bolsão de Kiev. O resultado foi a captura de 700 mil soldados soviéticos, o que resultou praticamente na destruição do grupo sul do exército vermelho. A luta pela captura da capital da Ucrânia prosseguiu até 26 de setembro.

Após esta operação, o grupo sul do exército lançou-se à captura da península da Crimeia. Esta operação seria concluída a 30 de outubro, com o cerco da cidade de Sebastopol que, no entanto, só foi capturada em Julho de 1942. A cidade de Odessa, sitiada por tropas romenas desde os primeiros dias da guerra, só foi tomada em setembro. Após capturar o território da Crimeia, os alemães voltaram-se para o Cáucaso, chegando a tomar Rostov a 21 de novembro. Entretanto, a cidade foi retomada pelos soviéticos poucos dias depois, a 27 de novembro.

As tropas do exército central uniram-se a várias unidades do grupo norte e iniciaram a operação que tinha por objetivo envolver a cidade de Moscou, a 30 de setembro de 1941. Inicialmente as tropas do eixo prosseguiram com velocidade, capturando Bryansk, Orel e Vyazma, numa batalha em que foram cercados e capturados 650

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000 homens, no que seria o último grande envolvimento em 1941. As tropas alemãs continuaram avançando até capturarem a cidade de Tula, a 165 quilômetros da capital russa, que passou a sofrer bombardeamentos aéreos. Entretanto, o avanço do exército alemão foi barrado, e as pinças norte e sul do ataque não puderam se encontrar, fechando o cerco. Apesar das gigantescas perdas que o exército vermelho havia sofrido, os soviéticos conseguiram formar novas divisões de conscritos, trazendo também para a frente oeste tropas anteriormente localizadas na região leste do país, repondo suas perdas e conseguindo dar combate aos alemães.

Khreshchatyk, a principal rua de Kiev após os bombardeios alemães.

No dia 6 de dezembro, em pleno inverno, começou a contra-ofensiva dos russos, chefiada pelo general Georgy Zhukov. Utilizando equipamentos novos como os tanques T-34 e os morteiros foguetes Katyusha, o exército vermelho conseguiu retomar uma quantidade significativa de território, afastando definitivamente a ameaça que pairava sobre sua capital.

Em 1942, o exército alemão já não se encontrava em condições de tentar uma nova ofensiva contra Moscou, que também seria demasiadamente previsível. A Wehrmacht voltou-se então contra a região do Cáucaso, de grande importância econômica e militar devido a seus recursos petrolíferos (reservas de petróleo soviéticas no mar Cáspio), industriais e agrícolas. Além disso, a conquista da região permitiria bloquear o rio Volga. A operação de captura do Cáucaso foi chamada de operação Azul e teve início em 28 de junho de 1942. No final do mês de julho os alemães já haviam avançado até a linha do rio Don e começaram os preparativos para o envolvimento da cidade de Stalingrado, defendida pelas tropas do General Chuikov. A cidade sofreu pesados bombardeamentos aéreos.

No fim de Agosto, Stalingrado foi cercada ao norte e no 1.º de setembro as comunicações ao sul também foram interrompidas. A partir de então, as tropas que combatiam na cidade só puderam ser abastecidas através do rio Volga, constantemente bombardeado pelos alemães. A batalha durou três meses, conhecendo avanços e recuos de ambas as partes, com lutas sangrentas pela conquista de simples casas, prédios ou fábricas. O tipo de terreno resultante das ruínas da cidade arrasada favorecia o combate de infantaria, impedindo a utilização eficiente de tanques. Milhares de civis aprisionados no interior da cidade foram vitimados, principalmente em consequência dos bombardeios. Em novembro, os alemães haviam alcançado a margem do rio Volga, impedindo o abastecimento das tropas soviéticas.

Um soldado soviético agitando a bandeira vermelha sobre a praça central em Stalingrado, 1943.

Em novembro de 1942, os soviéticos iniciaram seu contra-ataque, batizado de Operação Urano, que tinha o objetivo de envolver as divisões alemãs em Stalingrado. Em 19 de novembro, as tropas do general Vatutin, que formavam a pinça norte do ataque, irromperam contra o flanco dos exércitos do Eixo, enquanto ao sul as tropas

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de Konstantin Rokossovsky faziam o mesmo. Os alemães foram cercados pelo Exército Vermelho e as tentativas de abastecê-los através de uma ponta aérea não tiveram sucesso. Uma tentativa de romper o cerco foi feita pelas tropas do General Erich von Manstein, numa operação chamada de Tempestade de Inverno, porém as tropas cercadas no interior da cidade já estavam sem abastecimento há um bom tempo e não tiveram condições de colaborar com as demais tropas alemãs. Os soviéticos continuavam seu contra-ataque (agora a Operação Saturno), ameaçando envolver os exércitos de Manstein, que foi forçado a abandonar sua tentativa de salvamento e retirar-se. A 2 de fevereiro de 1943, os alemães remanescentes na cidade renderam-se.

Mais de 800 milhares de soldados do eixo, entre alemães, húngaros, romenos e italianos, além de dois milhões de soviéticos, morreram nas operações que envolveram Stalingrado e todo o restante do 6.º Exército alemão, comandado pelo Generalfieldmarschall (Marechal-de-Campo)Friedrich Von Paulus, que obedeceu até ao fim às ordens de Hitler de não romper o cerco, sendo feito prisioneiro junto com o seu exército. A batalha de Stalingrado dura cinco meses. Dos trezentos mil soldados alemães encurralados no cerco, noventa mil morrem de frio e fome e mais de cem mil são mortos nas três semanas anteriores à rendição. Devido às rigorosas dificuldades do inverno nesse ano, que dificultava a subsistência até da população local, um grande número dos soldados alemães, sem proteção contra o frio nos campos de prisioneiros, não sobreviveu, sendo que poucos retornaram a sua terra natal após a guerra. Após a tomada de Stalingrado, as tropas soviéticas continuaram avançando e em fevereiro de 1943 retomaram Kursk, Kharkov e Rostov, retomando completamente a região do Cáucaso. A 20 de fevereiro de 1943, os alemães retomaram Kharkov, formando uma saliência no front soviético em Kursk, o que teria importantes consequências nos meses seguintes.

Soldados da 2ª Divisão SS Das Reich durante a Batalha de Kursk.

Os generais alemães e o próprio Hitler, após a queda de Stalingrado, tinham noção que esse quadro de desestabilização geral estava ocorrendo, e começaram a planejar medidas para reduzir seus efeitos. Muitos oficiais preferiam esperar uma ofensiva soviética e contra-atacar – a "ação de retaguarda" proposta por Manstein – buscando paralisar os russos com contra-ataques locais; outros militares defendiam que uma ofensiva deveria ser desfechada o quanto antes para incapacitar os soviéticos e depois esperar pelos ataques dos aliados ocidentais. Essa tática acabou sendo a escolhida por Hitler, resultando na "Operação Cidadela", cognome do ataque contra a cidade de Kursk, onde estavam concentradas grandes forças russas que deveriam ser cercadas e destruídas. Foi uma operação perdida desde o início para os alemães, pois os soviéticos tinham superioridade em artilharia, tanques, homens e aviões, o que talvez não fizesse tanta diferença se também não tivessem as informações sobre os planos de ataque alemães – obtidas através da rede de espiões comunistas Orquestra vermelha na Alemanha – e contassem com defesas em profundidade largamente preparadas na região. A culminância dessa malfadada operação foi a Batalha de Kursk, em julho de 1943, onde os alemães sofreram uma grande derrota e foram recuando até saírem da URSS e as forças soviéticas avançando em direção à Alemanha.

Embora o significado das batalhas entre Alemanha e URSS tenha sido enormemente relativizado no mundo capitalista pós-guerra, por conta de questões ideológicas próprias da Guerra Fria (quando não era mais conveniente ressaltar qualidades positivas do antigo aliado soviético), o chamado fronte oriental foi onde aconteceram as mais ferozes batalhas, com as maiores perdas civis e militares da história, e mostrou excepcionais tenacidade e capacidade de reorganização e aprendizado do Exército Vermelho frente à Wehrmacht. Apesar de imensas perdas humanas e materiais, a URSS foi a única nação da guerra a ser invadida territorialmente pela Werhmacht (então o maior, melhor treinado, mais bem equipado, e mais eficiente exército

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do mundo, cujos vários feitos em eficiência e versatilidade em campo permanecem inigualados até hoje) a ser capaz de se reorganizar, e, sem rendição ou acordos colaboracionistas (como o do "Governo de Vichy", na França), resistir, combater, e efetivamente rechaçar as forças alemãs para fora de seu território sem tropas externas atuando em seu território (como na recuperação da França, por exemplo, que precisou da ajuda maciça de tropas americanas e britânicas), e, mais importante, seguir um curso de vitórias até a capital da Alemanha - terminando, na prática, a guerra: poucos dias depois do suicídio de Hitler na Berlim já completamente ocupada pelo Exército Vermelho, as forças alemãs assinaram sua rendição incondicional.

Guerra no Pacífico

Ver artigo principal: Ataque a Pearl Harbor e Guerra do Pacífico

O encouraçado USS Arizona adernando e em chamas após ser atingido por uma bomba japonesa durante o Ataque a Pearl Harbor.

Por volta de 1940, o Japão já havia ocupado vários territórios no Pacífico, e tentava agora aumentar a sua influência no Sudoeste Asiático, invadindo, em Junho de 1941, a Indochina. O governo dos Estados Unidos da América, indignado, impõe sanções econômicas ao Japão. Como represália, a 7 de Dezembro de 1941, a aviação japonesa ataca Pearl Harbor, a maior base norte-americana do Pacífico. Em apenas duas horas, os pilotos japoneses conseguiram inutilizar todos os navios ancorados no porto, cinco navios de guerra e destruir ou afundar outras quinze embarcações.

No dia seguinte os Estados Unidos declaram guerra ao Japão, dando início à Guerra do Pacífico. Apenas duas horas após o ataque a Pearl Harbor, os japoneses iniciaram a invasão de vários territórios da Ásia e do Pacífico. Em maio de 1942 o Japão tinha já conquistado esses vastos territórios, controlando Hong Kong, Malásia, Singapura — a qual a Grã-Bretanha abandonou a 15 de Fevereiro de 1942, Indonésia, Filipinas, Birmânia e diversas ilhas no Pacífico.

O sucesso dos japoneses, devia-se à adaptação do conceito de Blitzkrieg às condições da geografia da Ásia e Pacífico: a utilização de um relativamente pequeno número de tropas em relação ao inimigo, altamente treinadas, motivadas e protegidas por um poder naval que logo derrotou os aliados no mar e por uma força aérea que tinha como trunfo principal, tanto defensivamente (servindo de escolta dos bombardeiros japoneses) como ofensivamente, o avião caça mais moderno na época, o Mitsubishi Zero que, em combates individuais, demonstrou não ser superado nem mesmo pelo lendário Spitfire britânico. Em terra, os conflitos decisivos foram efetuados por divisões de infantaria utilizando-se pontualmente de tanques e blindados leves e carregando peças de artilharia compacta facilmente desmontáveis e tranportáveis.

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Um kamikaze (parte superior esquerda da foto) prestes a impactar contra o USS Missouri em 11 de abril de 1945. Agindo a partir de outubro de 1944, estes pilotos-suicidas foram uma tentativa desesperada e inútil dos japoneses para impedir o avanço Aliado. Afundaram entre 50 e 90 navios aliados (dependendo da fonte), causando a morte de cerca de 5000 homens - mas a um custo de quase 4000 pilotos e suas aeronaves.[11][12]

No entanto, esse mesmo material que dava agilidade e leveza na movimentação, portanto uma vantagem ofensiva, se tornaria obsoleto se transformando em desvantagem quando no decorrer dos anos seguintes, o exército imperial viu-se obrigado a defender as posições conquistadas sem a vantagem da cobertura aeronaval que dispunha durante a ofensiva e sem poder contar com a reposição por mar deste armamento mais leve por um mais pesado e, dentro daquelas condições, apropriado à defesa.

Já em meados de 1942 a guerra na Ásia e Pacífico começava a progredir mais devagar para os japoneses, que não mantinham o ritmo inicial da campanha. Ao mesmo tempo que a aviação de caça das forças aliadas, ainda em inferioridade técnica começava a se utilizar de técnicas de combate aéreo que compensavam tal desnível. Com o impasse causado pela Batalha do Mar de Coral em maio daquele ano, resultando em vitória estratégica para os aliados, devido aos japoneses, por não terem uma ideia precisa do real poder aeronaval dos aliados na região, terem sido induzidos a desistirem de desembarcar em Port Moresby na Nova Guiné; a derrota em Midway no mês seguinte resultando, por parte dos japoneses, na perda de 4 porta-aviões e de grande número de tripulantes e pilotos altamente experientes; somado ao desembarque e estabelecimento em terra dos americanos em Guadalcanal em agosto; fizeram com que os japoneses passassem à defensiva no Pacífico já no último trimestre daquele ano. Com a vitória americana em Guadalcanal em fevereiro de 1943, após meses de intensos combates aéreos, marítimos e terrestres que resultaram em grandes perdas humanas e materiais para ambos os lados, o rumo do conflito naquele teatro de operações virou definitivamente em favor dos aliados.

O sucesso da guerra submarina irrestrita levada a cabo pela marinha americana que privava o Japão das matérias primas essenciais, necessárias não só para levar a cabo seu projeto expansionista, como para manter a própria indústria e economia internas em pleno funcionamento, bem como o abastecimento da população por um lado e; a capacidade do complexo militar-industrial americano de repor não apenas suas perdas humanas e materiais mas também as perdas materiais de seus aliados num ritmo muito acima das do Japão; resultou que, a partir de meados de 1943, americanos e seus aliados no Pacífico se mantivessem na ofensiva ininterruptamente, avançando de complexo em complexo de ilhas rumo ao Japão. Ao mesmo tempo que a chegada em grande número à frente de combate de novos modelos de aviões-caça, que se equiparavam ou superavam em performance o Mitsubishi A6M Zero, fazia com que mesmo a relativa vantagem que o Japão dispunha no ar também fosse anulada.

Nos territórios ocupados durante a ofensiva do primeiro semestre de 1942, com exceção das Filipinas, num primeiro momento as forças japonesas foram recebidas como libertadoras pelas populações nativas ressentida da colonização europeia. Porém, em poucos meses devido às duras condições impostas pelos novos governos militares japoneses que recrudesceram a opressão e a repressão sobre as populações locais, a exemplo do que já faziam na China e Coreia; o sentimento dessas populações ocupadas passou da simpatia à hostilidade, fomentando movimentos de resistência que cedo encontraram apoio material dos anglo-americanos.

Reconquista da Europa

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Ver artigo principal: Campanha da Itália e Batalha da Normandia

Batalha da Normandia, na França, durante o chamado Dia D.

A partir de meados 1943, os exércitos Aliados foram recuperando território passo a passo. Enquanto na frente principal os soviéticos obtinham a rendição dos alemães em Stalingrado em fevereiro, e em agosto tomavam a iniciativa dos combates após terem derrotado no mês anterior a última grande ofensiva alemã realizada à Leste, em Kursk, anglo-americanos e franceses livres, após a vitória no norte da África em maio, tomaram a partir de julho, Sicília, Córsega, Sardenha e o sul da Itália, causando tanto a queda do gabinete de Benito Mussolini, e a prisão deste, que foi resgatado por comandos alemães, quanto a rendição e a adesão formal da Itália à causa aliada em setembro.

Vídeo produzido pelos Estados Unidos em 1943 sobre o bombardeamento de Hamburgo pelos Aliados.

A 6 de junho de 1944, no chamado Dia D (D-Day), os Aliados efectuaram um desembarque nas praias da Normandia (Operação Overlord), em que participaram o Exército Britânico (lutando nas praias de Gold e Sword), o Exército Americano (lutando em Omaha e Utah) e o Exército Canadense (lutando em Juno). Os americanos sofreram por volta de duas mil baixas, pois os tanques Sherman, (disfarçados de Chatas pelo Exército Americano para os esconder, e torná-los um fator surpresa) afundaram. Já o Exército britânico não teve muitas baixas em Gold e Sword, pois seus tanques blindados e especializados (em cortar trincheiras e explodir minas) conseguiram ultrapassar. Era o início da Batalha da Normandia. Apesar da inferioridade aérea, e submetida a constantes bombardeios aéro-navais, os alemães resistiram durante mais de um mês antes que os aliados tomassem o primeiro porto, Cherbourg em meados de julho, o que somado à outro desembarque aliado no sul da França no final de agosto, forçou o recuo das forças alemãs para a Bélgica.

Após a libertação de Paris, seguiu-se em Setembro de 1944 a libertação de parte da Bélgica, incluindo sua capital e a operação Market Garden que tinha como um dos objectivos libertar os Países Baixos. Esta operação foi superior à Overlord no que respeita ao número de pára-quedistas envolvidos, mas resultou num enorme fracasso, contando-se cerca de 20 mil mortos, só entre os americanos, e 6500 britânicos foram feitos prisioneiros. O objectivo dos Aliados era conquistar uma série de pontes nos Países Baixos, o que lhes permitiria atravessar o rio Reno.

Colapso do Eixo e vitória Aliada

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Ver artigo principal: Batalha das Ardenas, Batalha de Berlim, Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki e Rendição do Japão

Tropas estadunidenses e soviéticas se encontram em abril de 1945, a leste do rio Elba.

Apesar da evidente superioridade militar Aliada, as tropas alemãs resistiram tenazmente, até porque Hitler alimentava a esperança de que as contradições internas entre os aliados, especialmente a perspectiva de ocupação da Europa Oriental pelos soviéticos, levasse os anglo-americanos a firmarem uma paz em separado com a Alemanha. Afinal, como ele disse aos seus generais: "Jamais houve, em toda a história, uma coalizão composta por parceiros tão heterogêneos quanto essa de nossos inimigos. Estados ultra-capitalistas de um lado e um estado marxista do outro".[13] Foi dentro desse objetivo estratégico de ganhar tempo até que ocorresse a "reviravolta política", que Hitler ordenou, em dezembro de 1944, uma inesperada investida na Bélgica - a contra-ofensiva das Ardenas - cujo objetivo tático era tomar Liège e Antuérpia, para se apropriar dos enorme depósitos de suprimentos dos aliados ocidentais, sobretudo petróleo, do qual a Wehrmacht e a Luftwaffe já careciam seriamente. Apanhadas de surpresa, as forças anglo-americanas sofreram pesadas baixas. Além disso, a infiltração de soldados alemães, disfarçados de soldados americanos, em áreas controladas pelos aliados, causou sérios transtornos, como mudança de caminhos de divisões inteiras, mudanças de placas, implantações de minas e emboscadas. Estes soldados alemães, os primeiros comandos, estavam sob a liderança do Oberst Otto Skorzeny, que em 1943 libertara Mussolini de uma prisão na Itália. A situação se mostrou de tal maneira confusa que o general Patton postou tropas negras guarnecendo armazens e depósitos de combustível na região ordenando que atirassem em qualquer tropa branca que se aproximasse sem autorização agendada via rádio por seu quartel general.[14] No entanto, passado o momento inicial, a ofensiva perdeu força[15] e tão logo o tempo melhorou a superioridade aérea aliada também se fez presente no ataque constante às tropas alemãs no solo.

Em 1944, ocorreu o atentado de 20 de julho, uma fracassada tentativa de assassinar Hitler. Executado por Claus von Stauffenberg, este foi o último atentado da resistência alemã contra a vida do führer.

Rua do centro de Berlim devastada após o fim da Batalha de Berlim, 3 de julho de 1945.

Na Itália, contando com tropas experientes[16], como a 1ª divisão de paraquedistas Hermann Goering[17] e a 16ª divisão SS, somada à vantagem do terreno montanhoso para as tropas defensoras e ao desinteresse do alto comando aliado que após a queda de Roma e a invasão da Normandia, passou a considerar o front italiano

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secundário[18][19], o general alemão Kesselring não encontrou maiores dificuldades em manter lento e penoso o avanço das tropas aliadas (das quais fazia parte uma divisão brasileira)[20] ao longo da península. Somente em 2 de maio de 1945 a rendição das forças alemãs que lá combatiam foi oficializada.

Antes mesmo de findar a guerra, as grandes potências firmaram acordos sobre seu encerramento. O primeiro dos acordos foi a Conferência de Teerã, na Pérsia, em 1943. Aproveitando-se da oportunidade, os alemães planejaram a malograda operação Long Jump, que tinha como objetivo sequestrar (ou assassinar) os líderes aliados reunidos em Teerã. Em janeiro de 1945, Winston Churchill, Franklin D. Roosevelt e Josef Stalin reúnem-se novamente em Ialta, Ucrânia, já sabendo da inevitabilidade da derrota alemã, para decidir sobre o futuro da Europa pós-guerra. Nesta conferência definiu-se a partilha da Europa, cabendo à União Soviética o predomínio sobre a Europa Oriental, enquanto as potências capitalistas prevaleceriam na Europa Ocidental. Acertou-se também a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), a participação da URSS na guerra contra o Japão e a divisão da Coreia em bases diferentes das da Liga das Nações. Definiu-se, ademais, a partilha mundial, cabendo a incorporação dos territórios alemães a leste e a participação da URSS na rendição do Japão, com a divisão da Coreia em áreas de influência soviética e norte-americana. Lançavam-se assim as bases para a Guerra Fria.

Enquanto isso, o avanço das tropas aliadas e soviéticas chegava ao território alemão. O avanço dos dois exércitos já havia sido previamente combinado, ficando a tomada de Berlim a cargo do Exército Vermelho. Esta decisão foi encarada com apreensão pela população, pois era conhecido o rasto de pilhagens, execuções e violações que os soldados soviéticos deixavam atrás de si, em grande parte como retaliação pela mortes causadas pelos soldados alemães na União Soviética. Em 30 de abril de 1945, Adolf Hitler suicidou-se quando as tropas soviéticas estavam a exatamente dois quarteirões do führerbunker. Em 7 de maio o seu sucessor, o almirante Karl Dönitz, assina a capitulação alemã.

Explosão nuclear em Nagasaki, Japão, em 9 de agosto de 1945.

No Pacífico, as forças estadunidenses acompanhadas por forças da Comunidade das Filipinas avançam nas Filipinas, tomando Leyte até o final de abril de 1945. Eles desembarcam em Luzon em janeiro de 1945 e ocupam Manila em março, deixando-a em ruínas. Combates continuaram em Luzon, Mindanao e em outras ilhas das Filipinas até o final da guerra.[21]

Em maio de 1945, tropas australianas aterraram em Bornéu. Forças britânicos, estadunidenses e chinesas derrotaram os japoneses no norte da Birmânia, em março, e os britânicos chegam a Yangon em 3 de maio.[22] Forças estadunidenses também chegam ao Japão, tomando Iwo Jima em março e Okinawa até o final de junho.[23] Bombardeiros estadunidenses destroem as cidades japonesas e submarinos bloqueiam as importações do país.[24]

Em 11 de julho, os líderes Aliados se reuniram em Potsdam, na Alemanha. Lá eles confirmam acordos anteriores sobre a Alemanha[25] e reiteram a exigência de rendição incondicional de todas as forças japonesas, especificamente afirmando que "a alternativa para o Japão é a rápida e total destruição."[26] Durante esta conferência, o Reino Unido realizou a sua eleição geral, e Clement Attlee substituí Churchill como primeiro-ministro.[27] Como o Japão continuou a ignorar os termos de Potsdam, os Estados Unidos lançam bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em agosto. Entre as duas bombas, os soviéticos,

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em conformidade com o acordo de Yalta, invadem a Manchúria, dominada pelos japoneses, e rapidamente derrotam o Exército de Guangdong, que era a principal força de combate japonesa.[28][29] O Exército Vermelho também captura a ilha Sacalina e as ilhas Curilas. Em 15 de agosto de 1945 o Japão se rende, com os documentos de rendição finalmente assinados a bordo do convés do navio de guerra americano USS Missouri em 2 de setembro de 1945, pondo fim à guerra.[30]

Pós-guerra

Ver artigo principal: Zonas ocupadas pelos Aliados na Áustria, Zonas ocupadas pelos Aliados na Alemanha, Plano Marshall, Organização das Nações Unidas e Guerra Fria

Os Comandantes Supremos em 5 de junho de 1945 em Berlim: Bernard Montgomery, Dwight D. Eisenhower, Georgy Zhukov e Jean de Lattre de Tassigny.

Os aliados estabeleceram administrações de ocupação na Áustria e na Alemanha. O primeiro se tornou um estado neutro, não alinhado com qualquer bloco político. O último foi dividido em zonas de ocupação ocidentais e orientais controlada pelos Aliados Ocidentais e pela União Soviética, em conformidade. Um programa de "desnazificação" da Alemanha levou à condenação de criminosos de guerra nazistas e a remoção de ex-nazistas do poder, ainda que esta política se mudou para a anistia e a reintegração dos ex-nazistas na sociedade da Alemanha Ocidental.[31] A Alemanha perdeu um quarto dos seus territórios pré-guerra (1937), os territórios orientais: Silésia, Neumark e a maior parte da Pomerânia foram assumidos pela Polônia; Prússia Oriental foi dividida entre a Polônia e a URSS, seguido pela expulsão de 9 milhões de alemães dessas províncias, bem como 3 milhões de alemães dos Sudetos, na Tchecoslováquia, para a Alemanha. Na década de 1950, um em cada 5 habitantes da Alemanha Ocidental era um refugiado do leste. A URSS também assumiu as províncias polonesas a leste da linha Curzon (dos quais 2 milhões de poloneses foram expulsos),[32] leste da Romênia,[33][34] e parte do leste da Finlândia[35] e três países Bálticos.[36][37]

O primeiro-ministro Winston Churchill profere o sinal de "Vitória" para multidões em Londres, no Dia da Vitória na Europa.

Em um esforço para manter a paz,[38] os Aliados formaram a Organização das Nações Unidas, que oficialmente passou a existir em 24 de outubro de 1945,[39] e aprovaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, como um padrão comum para todas as nações-membro.[40] A aliança entre os Aliados Ocidentais e a União Soviética havia começado a deteriorar-se ainda antes da guerra,[41] a Alemanha havia sido dividida de facto e dois

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estados independentes, a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã,[42] foram criados dentro das fronteiras das zonas de ocupação dos Aliados e dos Soviéticos, em conformidade. O resto da Europa também foi dividido em esferas de influência ocidentais e soviética.[43] A maioria dos países europeus orientais e centrais ficaram sob a esfera soviética, o que levou à criação de regimes comunistas, com o apoio total ou parcial das autoridades de ocupação soviética. Como resultado, a Polônia, Hungria,[44] Tchecoslováquia,[45] Romênia, Albânia,[46] e a Alemanha Oriental tornaram-se Estados satélite dos soviéticos. A Iugoslávia comunista realizou uma política totalmente independente, o que causou tensão com a URSS.[47]

A divisão pós-guerra do mundo foi formalizada por duas alianças militares internacionais, a OTAN, liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética;[48] o longo período de tensões políticas e militares da concorrência entre esses dois grupos, a Guerra Fria, seria acompanhado de uma corrida armamentista sem precedentes e guerras por procuração.[49]

Mapa mundial dos impérios coloniais no final da Segunda Guerra Mundial em 1945. Com o fim da guerra, guerras de libertação nacional se espalharam pelo mundo, levando à criação de Israel e à descolonização da Ásia e da África.

Na Ásia, os Estados Unidos ocuparam o Japão e administraram as antigas ilhas do Japão no Pacífico Ocidental, enquanto os soviéticos anexaram a ilha Sacalina e as ilhas Curilas.[50] A Coreia, anteriormente sob o governo japonês, foi dividida e ocupada pelos Estados Unidos no Sul e pela União Soviética no Norte entre 1945 e 1948. Repúblicas separadas surgiram em ambos os lados do paralelo 38, em 1948, afirmando ser o governo legítimo de toda a Coreia, o que levou a Guerra da Coreia.[51] Na China, forças nacionalistas e comunistas retomaram a guerra civil em junho de 1946. As forças comunistas foram vitoriosas e estabeleceram a República Popular da China no continente, enquanto as forças nacionalistas fugiram para a ilha de Taiwan em 1949 e fundaram a República da China.[52] No Oriente Médio, a rejeição árabe ao Plano de Partilha da Palestina da Organização das Nações Unidas e à criação de Israel, marcou a escalada do conflito árabe-israelense. Enquanto as potências coloniais europeias tentaram reter parte ou a totalidade de seus impérios coloniais, a sua perda de prestígio e de recursos durante a guerra fracassou seus objetivos, levando a descolonização.[53][54]

A economia mundial sofreu muito com a guerra, embora os participantes da Segunda Guerra Mundial tenham sido afetados de forma diferente. Os Estados Unidos emergiram muito mais ricos do que qualquer outro país; no país aconteceu o "baby boom" em 1950, seu produto interno bruto (PIB) per capita o maior do mundo e dominou a economia mundial.[55][56] O Reino Unido e os Estados Unidos implementaram uma política de desarmamento industrial na Alemanha Ocidental nos anos 1945-1948.[57] Devido à interdependência do comércio internacional, este levou à estagnação da economia europeia e o atraso, em vários anos, da recuperação europeia.[58][59] A recuperação começou com a reforma monetária de meados de 1948 na Alemanha Ocidental e foi acelerada pela liberalização da política econômica europeia, que o Plano Marshall (1948-1951) causou tanto direta quanto indiretamente.[60][61] A recuperação pós-1948 da Alemanha Ocidental foi chamada de milagre econômico alemão.[62] Além disso, as economias italiana[63][64] e francesa também se recuperaram.[65] Em contrapartida, o Reino Unido estava em um estado de ruína econômica[66] e entrou em relativo declínio econômico contínuo ao longo de décadas.[67] A União Soviética, apesar dos enormes prejuízos humanos e materiais, também experimentou um rápido aumento da produção no pós-guerra imediato.[68] O Japão passou por um crescimento econômico incrivelmente rápido, tornando-se uma das economias mais poderosas do mundo na década de 1980.[69] A China voltou a sua produção industrial de pré-guerra em 1952.[70]

Consequências

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Mortos e crimes de guerra

Ver página anexa: Mortos na Segunda Guerra MundialVer artigo principal: Crimes de guerra do Japão Imperial, Crimes de guerra dos Aliados e Julgamentos de

Nuremberg

Mortes durante a Segunda Guerra por país (legendas em inglês).

As estimativas para o total de mortos na guerra variam, pois muitas mortes não foram registradas. A maioria sugere que cerca de 60 milhões de pessoas morreram na guerra, incluindo cerca de 20 milhões de soldados e 40 milhões de civis.[71][72][73] Somente na Europa, houve 36 milhões de mortes, sendo a metade de civis. Muitos civis morreram por causa de doenças, fome, massacres, bombardeios e genocídio deliberado. A União Soviética perdeu cerca de 27 milhões de pessoas durante a guerra,[74] quase metade de todas as mortes da Segunda Guerra Mundial.[75] Um em cada quatro cidadãos soviéticos foram mortos ou feridos nessa guerra.[76]

Do total de óbitos na Segunda Guerra Mundial cerca de 85 por cento, na maior parte soviéticos e chineses, foram do lado dos Aliados e 15 por cento do lado do Eixo. Muitas dessas mortes foram causadas por crimes de guerra cometidos pelas forças alemãs e japonesas nos territórios ocupados. Estima-se que entre 11[77] e 17[78] milhões de civis morreram como resultado direto ou indireto das políticas ideológicas nazistas, incluindo o genocídio sistemático de cerca de seis milhões de judeus durante o Holocausto, juntamente com mais cinco milhões de ciganos, eslavos, homossexuais e outras minorias étnicas e grupos minoritários.[79] Aproximadamente 7,5 milhões de civis morreram na China durante a ocupação japonesa[80] e os sérvios foram alvejados pela Ustaše, organização croata alinhada ao Eixo.[81]

Civis chineses sendo enterrados vivos por soldados japoneses.

A atrocidade mais conhecida cometida pelo Império do Japão foi o Massacre de Nanquim, na qual centenas de milhares de civis chineses foram estuprados e assassinadas.[82] Entre 3 milhões e 10 milhões de civis, a maioria chineses, foram mortos pelas forças de ocupação japonesas.[83] Mitsuyoshi Himeta registrou 2,7 milhões de vítimas durante a Sanko Sakusen. O general Yasuji Okamura implementou a política em Heipei e Shandong.[84]

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As forças do Eixo fizeram uso de armas biológicas e químicas. Os italianos usaram gás mostarda durante a conquista da Abissínia,[85] enquanto o Exército Imperial Japonês usou uma variedade de armas biológicas durante a invasão e ocupação da China (ver: Unidade 731)[86][87] e nos conflitos iniciais contra os soviéticos.[88] Tanto os alemães quanto os japoneses testaram tais armas contra civis[89] e, em alguns casos, sobre prisioneiros de guerra.[90] Na Alemanha nazista foram realizadas experiências que utilizaram seres humanos como cobaias (ver: Experimentos humanos nazistas).

Embora muitos dos atos do Eixo tenham sido levados a julgamento nos primeiros tribunais internacionais,[91] muitos dos crimes causados pelos Aliados não foram julgados. Entre os exemplos de ações dos Aliados estão a transferência de população na União Soviética e o internamento estadunidenses-japoneses em campos de concentração nos Estados Unidos; a Operação Keelhaul,[92] a expulsão dos alemães após a Segunda Guerra Mundial, os estupros em massa de mulheres alemãs pelo Exército Vermelho Soviético; o Massacre de Katyn cometido pela União Soviética, para o qual os alemães enfrentaram contra-acusações de responsabilidade. O grande número de mortes por fome também pode ser parcialmente atribuída à guerra, como a fome de 1943 em Bengala e a fome de 1945 no Vietnã.[93]

Também tem sido sugerido como crimes de guerra por alguns historiadores o bombardeio em massa de áreas civis em território inimigo, incluindo Tóquio e mais notadamente nas cidades alemãs de Dresden, Hamburgo e Colônia pelos Aliados ocidentais,[94] que resultou na destruição de mais de 160 cidades e matou um total de mais de 600 mil civis alemães.[95]

Campos de concentração e trabalho escravo

Vídeo produzido pelos Estados Unidos em 1944 sobre a internação de japoneses naturalizados estadunidenses em campos de concentração.

Ver artigo principal: Holocausto

Os corpos mortos no campo de concentração de Mauthausen-Gusen após a libertação, possivelmente presos políticos ou prisioneiros de guerra soviéticos.

Os nazistas foram responsáveis pelo Holocausto, a matança de cerca de seis milhões de judeus (esmagadoramente asquenazes), bem como dois milhões de poloneses e quatro milhões de outros que foram considerados "indignos de viver" (incluindo os deficientes e doentes mentais, prisioneiros de guerra soviéticos, homossexuais, maçons, testemunhas de jeová e ciganos), como parte de um programa de extermínio deliberado. Cerca de 12 milhões, a maioria dos quais eram do Leste Europeu, foram empregados na economia de guerra alemã como trabalhadores forçados.[96]

Além de campos de concentração nazistas, os gulags soviéticos (campos de trabalho) levou à morte de cidadãos dos países ocupados, como a Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia, bem como prisioneiros de guerra alemães e até mesmo cidadãos soviéticos que foram considerados apoiadores ou simpatizantes dos nazistas.[97] Sessenta por cento dos prisioneiros de guerra soviéticos dos alemães morreram durante a guerra.[98] Richard Overy aponta o número de 5,7 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos. Destes, cinquenta e sete por cento morreram ou foram mortos, um total de 3,6 milhões.[99] Ex-prisioneiros de guerra soviéticos e civis repatriados foram tratados

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com grande suspeita e como potenciais colaboradores dos nazistas e alguns deles foram enviados para gulags no momento da revista pelo NKVD.[100]

Os campos de prisioneiros de guerra do Japão, muitos dos quais foram utilizados como campos de trabalho, também tiveram altas taxas de mortalidade. O Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente concluiu que a a taxa de mortalidade de prisioneiros ocidentais foi de 27,1 por cento (para prisioneiros de guerra estadunidenses, 37 por cento),[101] sete vezes maior do que os prisioneiros de guerra dos alemães e italianos.[102] Apesar de 37.583 prisioneiros do Reino Unido, 28.500 da Holanda e 14.473 dos Estados Unidos tenham sido libertados após a rendição do Japão, o número de chineses foi de apenas 56.[102]

Prisioneiros maltratados e famintos no campo de Mauthausen, na Áustria, em 1945.

Segundo o historiador Zhifen Ju, pelo menos cinco milhões de civis chineses do norte da China e de Manchukuo foram escravizados pelo Conselho de Desenvolvimento da Ásia Oriental, ou Kōain, entre 1935 e 1941, para trabalhar nas minas e indústrias de guerra. Após 1942, esse número atingiu 10 milhões.[103] A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos estima que, em Java, entre 4 e 10 milhões de romushas (em japonês: "trabalhadores braçais") foram forçados a trabalhar pelos militares japoneses. Cerca de 270.000 destes trabalhadores javaneses foram enviados para outras áreas dominadas pelos japoneses no Sudeste Asiático e somente 52.000 foram repatriados para Java.[104]

Em 19 de fevereiro de 1942, Roosevelt assinou a Ordem Executiva 9066, internando milhares de japoneses, italianos, estadunidenses, alemães e alguns emigrantes do Havaí que fugiram após o bombardeio de Pearl Harbor durante o período da guerra. Os governos dos Estados Unidos e do Canadá internaram 150.000 estadunidenses-japoneses,[105][106] bem como cerca de 11.000 alemães e italianos residentes nos EUA.[105]

Em conformidade com o acordo Aliado feito na Conferência de Ialta, milhões de prisioneiros de guerra e civis foram usados em trabalhos forçado por parte da União Soviética.[107] No caso da Hungria, os húngaros foram forçados a trabalhar para a União Soviética até 1955.[108]

Desenvolvimento tecnológico

Ver artigo principal: Projeto Manhattan

Fat Man, a bomba nuclear usada em Nagasaki

A tecnologia bélica evoluiu rapidamente durante a Segunda Guerra Mundial e foi crucial para determinar o rumo da guerra. Algumas das principais tecnologias foram usadas pela primeira vez, como as bombas nucleares, o

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radar, sistemas de comunicação por micro-ondas, o fuzil mais rápido, os mísseis balísticos e os processadores analógicos de dados (computadores primitivos). Enormes avanços foram feitos em aeronaves, navios, submarinos e tanques. Muitos dos modelos usados no início da guerra se tornaram obsoletos quando a guerra acabou. Um novo tipo de navio foi adicionado aos avanços: navio de desembarque anfíbio (usado no Dia D).

Prisioneiros de guerra

Ver artigo principal: Gulag, Campo de concentração e Campo de extermínio

Prisioneiros soviéticos enforcados pelas forças alemãs em janeiro de 1943.

Com a derrota e posterior separação da Alemanha, cerca de 3 mil civis alemães viraram prisioneiros de guerra tendo que trabalhar em campos de trabalhos forçados no Gulag, na Rússia. Apenas em 1950, os civis puderam ter a sua liberdade e voltar para a Alemanha.

Muitos dos prisioneiros de guerra alemães e italianos foram trabalhar na reconstrução da Grã-Bretanha e da França. Cerca de 100 mil prisioneiros foram enviados para a Grã-Bretanha e cerca de 700 mil para a França. Além disso, os milhares de soldados presos pelos soviéticos continuaram em cativeiro, diferentemente dos prisioneiros pelos aliados, que foram libertados entre 1945 e 1948.

No início dos anos 1950, alguns prisioneiros alemães foram libertados pelos russos, mas somente em 1955, após a visita de Konrad Adenauer à URSS é que os restantes prisioneiros ainda vivos foram libertados e retornaram a sua terra natal após até 14 anos de cativeiro.

Danos materiais

Os Aliados determinaram o pagamento de indenizações de guerra às nações derrotadas para a reconstrução e indenização dos países vencedores, assinado no Tratado de Paz de Paris. A Hungria, Finlândia e Romênia foi ordenado o pagamento de 300 milhões de dólares (valor baseado no valor do dólar em 1938) para a União Soviética. A Itália foi obrigada a pagar o correspondente a 360 milhões de dólares de indenizações cobrados pela Grécia, Iugoslávia e União Soviética.[carece de fontes?]

No fim da guerra, cerca de 70% da infra-estrutura europeia estava destruída. Os países membros do Eixo tiveram que indenizar os países Aliados em mais de 2 bilhões de dólares.

Com a derrota do Eixo, a Alemanha teve expressivos recursos financeiros e materiais transferidos para os Estados Unidos e a União Soviética, além de ter as indústrias bélicas desmanteladas para evitar um novo rearmamento.

A guerra impediu também a realização de eventos esportivos, como foi o caso da Copa do Mundo FIFA de 1942 e de 1946.

Territoriais

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Zonas ocupadas pelos Aliados na Alemanha em 1947, com os territórios a leste da linha Oder-Neisse sob administração polaca ou anexação soviética, além do protetorado de Sarre e a Berlim dividida. A Alemanha Oriental era formada pela Zona Soviética, enquanto a Alemanha Ocidental era formada pelas zonas estadunidense, britânica e francesa em 1949 e do Sarre em 1957.

Ver artigo principal: Descolonização da Ásia e da Oceania

As transformações territoriais provocadas pela Segunda Guerra começaram a ser delineadas pouco antes do fim desta. A Conferência de Ialta (4-12 de Fevereiro de 1945) teria como resultado a partilha entre os Estados Unidos e a União Soviética de zonas de influência na Europa. Alguns meses depois a Conferência de Potsdam, realizada já com a derrota da Alemanha, consagra a divisão deste país em quatro zonas administradas pelas potências vencedoras. No lado Oriental, ficaria a administração sob incumbência da União Soviética e, no lado Ocidental, a administração ficaria sob incumbência dos Estados Unidos, França e Reino Unido, tendo estas duas últimas desistido da incumbência.

A Itália perderia todas as suas colónias; a Ístria acabaria por ser integrada na Jugoslávia, tendo também sofrido pequenas alterações fronteiriças a favor da França.

O território da nação polaca desloca-se para oeste, integrando províncias alemãs (Pomerânia, Brandemburgo, Silésia), colocando a sua fronteira ocidental até aos cursos do Oder e do Neisse. A URSS progrediu igualmente para oeste, graças principalmente à reversão das perdas territoriais sofridas pelo Pacto de Brest-Litovsk: houve a criação da República Socialista Soviética da Bielorrússia (numa área de maioria étnica bielorussa, mas que havia sido concedida à Polônia), e também a ampliação da Ucrânia, que também havia perdido território, duas décadas antes, para a Polônia.

O Japão teve que abandonar, de acordo com o estabelecido no acordo de paz de 1951 com os Estados Unidos, a Manchúria e a Coreia, além dos territórios que havia conquistado durante o conflito. Nos anos 1970, os Estados Unidos devolvem Okinawa ao Japão.

Políticas

Ver artigo principal: ONU

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Sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque. A fundação da ONU foi uma das consequências da II grande guerra

No plano político, a Segunda Guerra Mundial produziu, entre outros, os seguintes resultados:[109]

O esmagamento dos imperialismos alemão, italiano e japonês; O enfraquecimento dos imperialismos britânico e francês; O início da descolonização, com independência das antigas colônias européias na Ásia; A criação do Estado de Israel em 1948; Ascensão dos Estados Unidos como potência imperialista hegemônica no mundo; Ascensão da URSS como potência militar dominante na Europa Oriental; Ascensão dos movimentos de libertação nacional nos países explorados pelo colonialismo europeu, em alguns

casos combinando nacionalismo com revolução social (como na China); Deflagração da Guerra Fria, como um teste de força entre os Estados Unidos e a União Soviética; O sistema financeiro de Bretton Woods e a criação do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial; Fundação da Organização das Nações Unidas, em Junho de 1945, em substituição à Sociedade das Nações.

Uma das razões apontadas para o fracasso da Liga das Nações seria a igualdade entre países pequenos e grandes, bloqueando o processo de tomada de decisões. Valendo-se desse discutível argumento, as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial reservaram-se um papel de destaque e domínio dentro da ONU, através de assento permanente no Conselho de Segurança, onde possuem direito de veto. Os outros membros do Conselho são seis países eleitos rotativamente (sem poder de veto).

Herança humana

A herança de destruição deixada pela Segunda Guerra Mundial foi assombrosa. Além das mortes causadas, direta ou indiretamente (fome e doenças), pelo conflito, dezenas de cidades foram arrasadas, inúmeras florestas desapareceram, e milhares de hectares de terras cultiváveis foram transformados em desertos, em proporções nunca vistas desde a Guerra dos Trinta Anos.

Mas o pior foi a devastação causada ao comportamento humano. Violência bárbara e desrespeito generalizado aos mais elementares direitos humanos - sobretudo o direito à vida -, disseminaram-se numa escala bem maior do que se viu durante e depois da Primeira Guerra Mundial, e cujos exemplos mais gritantes foram os Holocaustos nazistas, o Massacre de Nanquim e as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.

Recursos materiais volumosos, capazes de alimentar, vestir e educar milhões de seres humanos, que vivem na linha da pobreza (ou abaixo dela), foram desperdiçados para fins puramente destrutivos.[110]

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Participação de países lusófonos

Brasil

Ver artigo principal: Brasil na Segunda Guerra Mundial

Monumento aos Pracinhas, Rio de Janeiro, Brasil

Embora estivesse sendo comandado por um regime ditatorial simpático ao modelo fascista (o Estado Novo getulista), o Brasil acabou participando da Guerra junto aos Aliados. Em de fevereiro de 1942, submarinos alemães e italianos iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália à adesão do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico (que previa o alinhamento automático com qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potência extra-continental), o que tornava sua neutralidade apenas teórica.

Devido à pressão popular, após meses de torpedeamento de navios mercantes brasileiros, finalmente o Brasil declarou guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista, em agosto de 1942. Sendo na época, um país com uma população majoritariamente analfabeta, vivendo no campo, com uma economia com foco principal voltado para exportação de commodities, uma política internacional tradicionalmente isolacionista com eventuais alinhamentos automáticos contra "perturbadores da ordem e do comércio internacionais", sem uma infra-estrutura industrial-médico-educacional que pudesse servir de sustentação material e humana ao esforço de guerra que aquele conflito exigia[111], o Brasil não apenas se viu impedido de seguir uma linha de ação autônoma no conflito como encontrou dificuldades em assumir mesmo um modesto papel[112]. A Força Expedicionária Brasileira, por exemplo, teve sua formação inicialmente protelada por um ano após a declaração de guerra. Por fim, seu envio para a frente de batalha foi iniciado somente em julho de 1944, quase 2 anos após a declaração. Tendo sido enviados cerca de 25 000 homens, de um total inicial previsto de 100 000. Mesmo com problemas na preparação e no envio, já na Itália, treinada e equipada pelos americanos, a FEB cumpriu as principais missões que lhe foram atribuídas pelo comando aliado.

Portugal

Ver artigo principal: Portugal na Segunda Guerra Mundial

Durante a Segunda Grande Guerra, Portugal estava sob um regime político quase fascista (Estado Novo) e que, embora se declarasse neutro, era um país que vendia os seus produtos aos países que pagavam mais, fossem aliados, neutros ou do eixo. O Estado Português, em Março de 1939, assina um tratado de amizade e não agressão com a Espanha nacionalista, representada pela Junta de Burgos e pelo Nuevo Estado dirigido por Franco, recusando o convite do embaixador italiano, em Abril do mesmo ano, para aderir ao Pacto Anti-Komintern, aliança da Alemanha, Itália e Japão contra a ameaça comunista.

Em Agosto de 1939, a Grã-Bretanha assina um acordo de cooperação militar com Portugal, aceitando apoiar directamente o esforço de rearmamento e modernização das forças armadas portuguesas. Todavia, o acordo só começará a ser cumprido a partir de Setembro de 1943. No dia 29 de Junho de 1940, Espanha e Portugal assinam um protocolo adicional ao Tratado de Amizade e Não Agressão. Embora se tenha declarado como um país neutro, Portugal assina um Acordo Luso-Britânico, em Agosto de 1943, que concede ao Reino Unido instalações

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militares nos Açores, que será divulgado em 12 de Outubro seguinte. Embora, tal como já foi referido, Portugal fosse para todos os efeitos um país neutro no panorama da Segunda Guerra Mundial, exportava uma série de produtos para os países em conflito, como açúcar, tabaco e mesmo volfrâmio (tungstênio), produto cuja exportação é suspensa apenas em 1944, datando deste mesmo ano o acordo de concessão de instalações militares nos Açores com os Estados Unidos. Com o final da guerra, o governo de Salazar decreta luto oficial de três dias pela morte de Hitler aquando da sua morte, em 1945

Guerra Fria

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Guerra Fria

Mikhail Gorbachev, Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética, e Ronald Reagan, Presidente dos Estados Unidos,

assinando o Tratado INF.

Data 1947 — 1991Local GlobalDesfecho Vitória do Primeiro Mundo

(capitalistas)Status Fim da União Soviética

Fim do socialismo na maioria dos países de Segundo MundoDivisão do mundo de acordo com a Teoria dos Mundos, principalmenteIntrodução do capitalismo como exemplo mundial

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Intervenientes

Primeiro Mundo (capitalistas)

Estados Unidos Canadá Reino Unido França Itália Alemanha

Ocidental Vietnã do Sul Espanha Portugal Irlanda Bélgica Países BaixosSuíça Áustria Dinamarca Noruega Suécia Finlândia Islândia Grécia Chipre Turquia Luxemburgo Liechtenstein Andorra São Marino Austrália Nova Zelândia Japão Coreia do SulTaiwan

Segundo Mundo (socialistas)

União Soviética China Alemanha OrientalVietnã do NorteCoreia do Norte CubaLaosMongólia Polónia Bulgária Hungria Eslováquia República Checa Roménia Albânia Bósnia e

Herzegovina Croácia Macedónia Sérvia Montenegro

Guerra Fria é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Em resumo, foi um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência.

Uma parte dos historiadores defende que esta foi uma disputa entre o capitalismo, representado pelos Estados Unidos e o socialismo, defendido pela União Soviética (URSS). Entretanto, esta caracterização só pode ser considerada válida com uma série de restrições e apenas para o período do imediato pós-Segunda Guerra Mundial, até a década de 1950. Logo após, nos anos 1960, o bloco socialista se dividiu e durante as décadas de 1970 e 1980, a China comunista se aliou aos Estados Unidos na disputa contra a União Soviética. Além disso, muitas das disputas regionais envolveram Estados capitalistas, como os Estados Unidos contra diversas potências locais mais nacionalistas.

É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta ou seja bélica, "quente", entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear. A corrida armamentista pela construção de um grande

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arsenal de armas nucleares foi o objetivo central durante a primeira metade da Guerra Fria, estabilizando-se na década de 1960 até à década de 1970 e sendo reativada nos anos 1980 com o projeto do presidente estadunidense Ronald Reagan chamado de "Guerra nas Estrelas".

Dada a impossibilidade da resolução do confronto no plano estratégico, pela via tradicional da guerra aberta e direta que envolveria um confronto nuclear; as duas superpotências passaram a disputar poder de influência política, econômica e ideológica em todo o mundo. Este processo se caracterizou pelo envolvimento dos Estados Unidos e União Soviética em diversas guerras regionais, onde cada potência apoiava um dos lados em guerra. Estados Unidos e União Soviética não apenas financiavam lados opostos no confronto, disputando influência político-ideológica, mas também para mostrar o seu poder de fogo e reforçar as alianças regionais.

Neste contexto, os chamados países não alinhados, mantiveram-se fora do conflito não alinhando-se aos blocos pró-URSS ou pró-EUA. E formariam um "terceiro bloco" de países neutros: o Movimento Não Alinhado.

Norte-americanos e soviéticos travaram uma luta ideológica, política e econômica durante esse período. Se um governo socialista fosse implantado em algum país do Terceiro Mundo, o governo norte-americano entendia como uma ameaça à sua hegemonia; se um movimento popular combatesse um governo aliado à soviético, logo poderia ser visto com simpatia pelos EUA e receber apoio.

A Guerra da Coreia (1950-1953), a Guerra do Vietnã (1962-1975) e a Guerra do Afeganistão (1979-1989) são os conflitos mais famosos da Guerra Fria. Além da famosa tensão na Crise dos mísseis em Cuba (1962) e, também na América do Sul, a Guerra das Malvinas (1982). Entretanto, durante todo este período, a maior parte dos conflitos locais, guerras civis ou guerras inter-estatais foi intensificado pela polarização entre EUA e URSS.

Esta polarização dos conflitos locais entre apenas dois grandes polos de poder mundial, é que justifica a caracterização da polaridade deste período como bipolar. Principalmente porque, mesmo que tenham existido outras potências regionais entre 1945 e 1991, apenas EUA e URSS tinham capacidade nuclear de segundo ataque, ou seja, capacidade de dissuasão nuclear.

Índice

1 História 1.1 A Crise no Pós-Guerra 1.1.1 Operação Impensável1.1.2 Bloqueio de Berlim (Junho/1948 - Maio/1949)1.2 Plano Marshall e COMECON1.3 Corrida armamentista1.4 OTAN e Pacto de Varsóvia1.5 Guerra da Coreia (Junho/1950 - Julho/1953)1.6 Operação Washtub1.7 Corrida Espacial1.8 Arpanet1.9 A coexistência pacífica (1953 - 1962)1.10 Os países não alinhados1.11 Crises da Guerra Fria (1956 - 1962) 1.11.1 Revolução húngara (1956)1.11.2 Guerra de Suez (1956)1.11.3 Crise dos Mísseis (1962)1.11.4 América Latina1.12 A Distensão (1962 - 1979) 1.12.1 Guerra do Vietnã (1964 - 1975)1.12.2 A Distensão na Europa1.12.3 O reconhecimento da China pelos Estados Unidos1.13 A "Segunda" Guerra Fria (1979-1985)

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1.14 A Era Gorbachev - o fim da Guerra Fria (1985-1991) 1.14.1 Perestroika e Glasnost1.14.2 O desalinhamento das repúblicas orientais2 Nova Guerra Fria 2.1 A Era Medvedev (2008-2009)2.2 A Guerra na Ossétia do Sul e Geórgia3 Cronologia4 Ver também5 Referências

História

A Crise no Pós-Guerra

Com o final da Segunda Guerra Mundial, a Europa estava arrasada e ocupada pelos exércitos das duas grandes potências vencedoras, os EUA e a URSS. O desnível entre o poder destas duas superpotências e o restante dos países do mundo era tão gritante, que rapidamente se constitui um sistema global bipolar, ou seja, centrada em dois grandes polos.

Os EUA defendiam a economia capitalista, argumentando ser ela a representação da democracia e da liberdade. Em contrapartida a URSS enfatizava o socialismo, argumentando defesa ao domínio burguês e solução dos problemas sociais.

Churchill, Roosevelt e Stalin na Conferência de Ialta, 1945.

Sob a influência das duas doutrinas, o mundo foi dividido em dois blocos liderados cada um por uma das superpotências: a Europa Ocidental e a América Central e do Sul sob influência cultural, ideológica e econômica estado-unidense, e a maior parte do Leste Asiático, Ásia central e Leste europeu, sob influência soviético. Assim, o mundo dividido sob a influência das duas maiores potências econômicas e militares da época, estava também polarizado em duas ideologias opostas: o Capitalismo e o Socialismo.

Entretanto era notória deste o início da Guerra Fria a superioridade norte americana.[carece de fontes?] Em 1945 os Estados Unidos tinham metade do PIB mundial, 2/3 das reservas mundiais de ouro, 60% da capacidade industrial ativa do mundo, 67% da capacidade produtora de petróleo, além da maior Marinha e da maior Força Aérea que existia. Seus exércitos intactos ocupavam metade ocidental da Europa e o Japão, algumas das zonas mais ricas e industrializadas do mundo antes da Guerra. Também ocupavam parte do sudeste asiático, especificamente metade da península da Coreia e grande parte das ilhas do Pacífico. O território continental americano nunca havia sido realmente ameaçado durante a Segunda Guerra Mundial, sendo que a batalha travada geograficamente mais próxima do continente foi a de Pearl Harbor, no Havai.

Por sua vez a União Soviética ocupava a metade oriental da Europa e a metade norte da Ásia, uma parte da Manchúria e da Coreia, regiões tradicionalmente agrícolas e pobres. O próprio território soviético havia sido palco de batalhas durante a II Guerra Mundial, contra divisões alemãs. O resultado é que em 1945 os Estados

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Unidos contabilizavam cerca de 500 mil mortos na guerra, contra cerca de 20 milhões de soviéticos mortos (civis e militares). Centenas de cidades soviéticas estavam destruídas em 1945. A maior parte das industrias, da capacidade produtiva agrícola e da infra-estrutura de transportes, energia e comunicações estava destruída ou seriamente comprometida.

Operação Impensável

Ver artigo principal: Operação Impensável

Operação Impensável é o nome de um plano inicial de guerra feito pelo governo britânico em 1945. Tal operação consistia na invasão da então União Soviética por forças militares britânicas, poloneses exilados, americanos e mesmo alemães recém rendidos.

Bloqueio de Berlim (Junho/1948 - Maio/1949)

Ver artigo principal: Bloqueio de Berlim, Desnazificação, Zonas ocupadas pelos Aliados na Alemanha, Zonas ocupadas pelos Aliados na Áustria

Após a derrota alemã na Segunda Guerra, os países vencedores lhe impuseram pesadas sanções. Dentre as quais a divisão da Alemanha em 4 áreas administrativas, cada uma chefiada por um dos vencedores: Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética e duas zonas de influência: Capitalista e Socialista. Berlim, a capital da Alemanha, também foi dividida, ainda que sob território de influência soviética. A comunicação entre o lado ocidental da cidade fragmentada e as outras zonas era feita por pontes aéreas e terrestres.

C-47 no Aeroporto de Tempelhof em Berlim durante o Bloqueio de Berlim.

Em 1948, numa tentativa de controlar a inflação galopante da Alemanha, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido criaram uma "trizona" entre suas zonas de influência, para fazer valer nestes territórios o Deutsche Mark (Marco alemão). Josef Stalin, então líder da URSS, reprovou a ideia e, como contra-ataque, procurou reunificar Berlim sob sua influência. Desse modo, em 23 de Junho de 1948, todas as rotas terrestres foram fechadas pelas tropas soviéticas, numa violação dos acordos da Conferência de Ialta.

Para não abandonar as zonas ocidentais de Berlim e dar vitória à União Soviética, os países ocidentais prontificaram-se a criar uma grande ponte aérea, em que bombardeiros estado-unidenses saíam da "trizona" levando mantimentos aos mais de dois milhões de berlinenses que viviam no ocidente da cidade. Stalin reconheceu a derrota dos seus planos em 12 de Maio de 1949. Pouco depois, as zonas estado-unidense, francesa e britânica se unificaram, originando a Bundesrepublik Deutschland (República Federativa da Alemanha ou Alemanha Ocidental), cuja capital era Bonn. Da zona soviética surgiu a Deutsche Demokratische Republik (República Democrática Alemã ou Alemanha Oriental), com capital Berlim, a porção oriental.

[1]

Plano Marshall e COMECON

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Ver artigo principal: Plano Marshall, COMECON

Mapa da Europa mostrando os países que receberam ajuda do Plano Marshall. As colunas azuis mostram a quantidade total relativa de ajuda por país.

A fragilização das nações europeias, após uma guerra violenta, permitiu que os Estados Unidos estendessem uma série de apoios econômicos à Europa aliada, para que estes países pudessem se reerguer e mostrar as vantagens do capitalismo. Assim, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall, propõe a criação de um amplo plano econômico, que veio a ser conhecido como Plano Marshall. Tratava-se da concessão de uma série de empréstimos a baixos juros e investimentos públicos para facilitar o fim da crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população descontente. Durante os primeiros anos da Guerra Fria, principalmente, os Estados Unidos fizeram substanciais investimentos nos países aliados, com notável destaque para o Reino Unido, a França e a Alemanha Ocidental.

O Japão, entre 1947 e 1950, recebeu menos apoio americano. A situação só se transformou com a explosão da Guerra da Coreia, que fez do Japão o principal aliado das tropas das Nações Unidas. Após a declaração da guerra, os americanos realizaram importantes investimentos na economia japonesa, que também foi impulsionada com a demanda de guerra.

Em 1951 foi elaborado o Plano Colombo, uma organização realizada por países do Sudeste Asiático, com intenções de reestruturação social. Os norte-americanos realizaram alguns investimentos para estimular a economia do sub-continente, mas o volume de capital investido foi muito menor ao destacado para o Plano Marshall, porém bem menos ambicioso, para estimular o desenvolvimento de países do sul e sudeste da Ásia.

Em resposta ao plano econômico estadunidense, a União Soviética propôs-se a ajudar também seus países aliados, com a criação do COMECON (Conselho para Assistência Econômica Mútua). O COMECON fora proposto como maneira de impedir os países-satélites da União Soviética de demonstrar interesse no Plano Marshall, e não abandonarem a esfera de influência de Moscou.

Corrida armamentista

Ver artigo principal: Corrida armamentista

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Teste nuclear realizado em 18 de Abril de 1953 na Área de Testes de Nevada.

Terminada a Segunda Guerra Mundial, as duas potências vencedoras dispunham de uma enorme variedade de armas, muitas delas desenvolvidas durante o conflito, outras obtidas dos cientistas alemães e japoneses.

Novos tanques, aviões, submarinos, navios de guerra e mísseis balísticos constituíam as chamadas armas convencionais. Mas também haviam sido desenvolvidas novas gerações de armas não convencionais, como armas químicas, que praticamente não foram utilizadas em batalha. A Alemanha que desenvolveu a maior indústria de armas químicas do mundo, utilizou esses gases mortais em câmaras de gás nos campos de concentração. Algumas armas biológicas foram testadas, principalmente pelo Japão na China ocupada, mas a tecnologia da época ainda era muito pouco eficiente. O maior destaque ficou com uma nova arma não-convencional, mais poderosa que qualquer outra arma já testada até então: bomba atómica. Só os Estados Unidos tinham essa tecnologia, o que aumentava em muito seu poderio bélico e sua superioridade militar estratégica em relação aos soviéticos.

A União Soviética iniciou então seu programa de pesquisas para também produzir tais bombas, o que conseguiu em 1949. Mas logo a seguir, os EUA testavam a primeira bomba de hidrogênio, centena de vezes mais poderosa. A União soviética levaria até 1953 para desenvolver a sua versão desta arma, dando início a uma nova geração de ogivas nucleares menores, mais leves e mais poderosas.

A União Soviética obteve a tecnologia para armas nucleares através de espionagem. Em 1953, nos EUA, o casal Julius e Ethel Rosenberg foi condenado a morte por transmitir à União Soviética segredos sobre a bomba atómica norte americana.

Essa corrida ao armamento era movida pelo receio recíproco de que o inimigo passasse a frente na produção de armas, provocando um desequilíbrio no cenário internacional. Se um deles tivesse mais armas, seria capaz de destruir o outro.

A corrida atingiu proporções tais que, já na década de 1960, os EUA e a URSS tinham armas suficiente para vencer e destruir qualquer outro país do mundo. Uma quantidade tal de armas nucleares foi construída, que permitiria a qualquer uma das duas superpotências, sobreviver a um ataque nuclear massivo do adversário, e a seguir, utilizando apenas uma fração do que restasse do seu arsenal, pudesse destruir o mundo. Esta capacidade de sobreviver a um primeiro ataque nuclear, para a seguir retaliar o inimigo com um segundo ataque nuclear devastador, produziu medo suficiente nos líderes destes dois países para impedir uma Guerra Nuclear, sintetizado em conceitos como Destruição Mútua Assegurada ou "Equilíbrio do terror".

OTAN e Pacto de Varsóvia

Ver artigo principal: OTAN, Pacto de Varsóvia

Em 1949 os EUA e o Canadá, juntamente com a maioria da Europa capitalista, criaram a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar com o objetivo de proteção internacional em caso de um suposto ataque dos países do leste europeu.

Em resposta à OTAN, a URSS firmou entre ela e seus aliados o Pacto de Varsóvia (1955) para unir forças militares da Europa Oriental. Logo as alianças militares estavam em pleno funcionamento, e qualquer conflito entre dois países integrantes poderia ocasionar uma guerra nunca vista antes.

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Mapa dos países pertencentes ao Pacto de Varsóvia.

A tensão sentida pelas pessoas com relação às duas superpotências acentuou-se com o início da corrida armamentista, cujo “vencedor” seria a potência que produzisse mais armas e mais tecnologia bélica. Em contraponto, a corrida espacial trouxe grandes inovações tecnológicas e proporcionou um grande avanço nas telecomunicações e na informática.

Com a vitória aparente dos estadunidenses, a política Macartista foi implantada e divulgada no mundo por meio de longametragens e propagandas políticas. O macartismo, criado pelo senador estadunidense Joseph McCarthy nos anos 50, culminou na criação do Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado dos Estados Unidos. Em outras palavras, toda e qualquer atividade pró-comunismo estava terminantemente proibida e qualquer um que as estimulasse estaria sujeito à prisão ou extradição. Inúmeros artistas e produtores de filmes ou de programas de televisão que criticavam o governo americano foram acusados de comunistas. Foi criada a Lista Negra de Hollywood contendo os nomes de pessoas do meio artístico acusados de atividades antiamericanas. A era do macartismo acabou por extirpar do meio artístico americano a maior parte dos produtores progressistas ou simpatizantes da esquerda.

Guerra da Coreia (Junho/1950 - Julho/1953)

Ver artigo principal: Guerra da Coreia

O único grande confronto militar que envolveu batalhas em que de um lado haviam forças militares americanas e do outro forças soviéticas, foi a Guerra da Coreia. A península da Coreia foi dividida, em 1945, pelo paralelo 38 N, em duas zonas de influência: uma ao norte, ocupada pela União Soviética, e a partir de 1949 pela República Popular da China, comunista; era a República Popular Democrática da Coreia. A outra porção, ao sul do paralelo 38 N, foi ocupada pelas tropas americanas e permaneceu capitalista com apoio das nações ocidentais passou a ser conhecida como República da Coreia.

Forças das Nações Unidas em retirada da Coreia do Norte, após o armistício.

Em 1950, os líderes da Coreia do Norte, incentivada pela vitória do socialismo na China um ano antes, recebeu apoio da URSS para tentar reunificar a Coreia sob o comando de um governo socialista, invadiu e ocupou a capital sul-coreana Seul, desencadeando um conflito armado. Os Estados Unidos solicitaram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, a formação de uma força multinacional para defender a Coreia do Sul. Na ocasião a URSS se recusou a participar da reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em que esta medida foi discutida, e os Estados Unidos conseguiram legitimar a primeira grande batalha militar da Guerra Fria contra o bloco soviético.

As tropas anglo-americanas fizeram a resistência no sul, reconquistando a cidade e partindo em uma investida contra o norte. A China, sentindo-se ameaçada pela aproximação das forças ocidentais, enviou reforços à frente de batalha, fazendo da Coreia um grande campo de batalha.

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Após muitas batalhas, com avanços e recuos de ambos os lados, um primeiro acordo de paz é negociado, mas demora dois anos para ser ratificado. O General americano Douglas MacArthur chegou a solicitar o uso de armas nucleares contra a Coreia do Norte e a China, mas foi afastado do comando das forças americanas.

Apenas quando a União Soviética já havia testado sua primeira bomba de hidrogênio, em 1953, é que um armistício foi assinado em Panmunjon, em 27 de Julho de 1953. O acordo manteve a península da Coreia dividida em dois Estados soberanos, praticamente como antes do início da guerra, com mudanças mínimas na linha de fronteira. Essa divisão da Coreia em dois países se mantém até hoje. Em Junho de 2000, os governos das duas Coreias anunciaram planos de reaproximação dos dois países. Isso significou o início da desmilitarização da região, a diminuição do isolamento internacional da Coreia do Norte e, para milhares de coreanos, a possibilidade de reencontrar parentes separados há meio século pelo conflito. Pela tentativa, o então presidente da Coreia do Sul, Kim Dae Jung, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2000.

Operação Washtub

Ver artigo principal: Operação Washtub

A Operação Washtub, foi uma operação secreta da CIA organizada para plantar um falso esconderijo de armas Soviético na Nicarágua para demonstrar que a Guatemala tinha laços com Moscou. A operação fazia parte de um plano para derrubar o Presidente da Guatemala, Jacobo Arbenz Guzmán em 1954.

Corrida Espacial

Ver artigo principal: Corrida espacial

Yuri Gagarin, a primeira pessoa no espaço (1961).

Um dos campos que mais se beneficiaram com a Guerra Fria foi o da tecnologia. Na urgência de se mostrarem superiores aos rivais, Estados Unidos e União Soviética procuraram melhorar os seus arsenais militares. Como consequência, algumas tecnologias conhecidas hoje (como alguns tecidos sintéticos) foram frutos dessa corrida.

A corrida espacial está nesse contexto. A tecnologia aeroespacial necessária para o lançamento de mísseis e de foguetes é praticamente a mesma, e portanto os dois países investiram pesadamente na tecnologia espacial.

Sentindo-se ameaçada pelos bombardeiros estratégicos americanos, carregados de artefatos nucleares que sobrevoavam as fronteiras com a URSS constantemente, a URSS começou a investir em uma nova geração de armas que compensasse esta debilidade estratégica. Assim, a União Soviética dá início à corrida espacial no ano de 1957, quando os soviéticos lançaram Sputnik, o primeiro artefato humano a ir ao espaço e orbitar o planeta.

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Em novembro do mesmo ano, os russos lançaram Sputnik II e, dentro da nave foi a bordo o primeiro ser vivo a sair do planeta: a cadela Laika.

Após as missões Sputnik, os Estados Unidos entraram na corrida, lançando o Explorer I, em 1958. Mas a União Soviética tinha um passo na frente, e em 1961 os soviéticos conseguiram lançar Vostok I, que era tripulada por Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a ir ao espaço e voltar são e salvo.

Astronauta Buzz Aldrin fotografado por Neil Armstrong (o primeiro homem a pisar na Lua) durante a missão Apollo 11, em 20 de Julho de 1969.

A partir daí, a rivalidade aumentou a ponto de o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, prometer enviar americanos à Lua e trazê-los de volta até o fim da década. Os soviéticos apressaram-se para vencer os estadounidenses na chegada ao satélite. As missões Zond deveriam levar os primeiros humanos a orbitarem a Lua, mas devido a falhas, só foi possível aos soviéticos o envio de missões não-tripuladas, Zond 5 e Zond 6, em 1968. Os Estados Unidos, por outro lado, conseguiram enviar a missão tripulada Apollo 8 no Natal de 1968 a uma órbita lunar.

O passo seguinte, naturalmente, seria o pouso na superfície da Lua. A missão Apollo 11 conseguiu realizar com sucesso a missão, e Neil Armstrong e Edwin Aldrin tornaram-se os primeiros humanos, respectivamente, a caminhar em outro corpo celeste.

A corrida espacial se tornou secundária com a distensão dos anos 1960-1970, mas volta a ter relevância nos anos 1980, no que pode ser considerado o último capítulo daquela disputa. O presidente dos EUA anuncia investimentos bilionários na construção de um sistema espacial de defesa anti-mísseis balísticos. A oficialmente denominada Iniciativa Estratégica de Defesa e conhecida como guerra nas estrelas, poderia defender o território americano dos mísseis russos e acabar com a lógica da Destruição Mútua Assegurada.

Neste contexto os EUA enviam ao espaço o primeiro veículo espacial reutilizáveis: o ônibus espacial. A URSS levaria alguns anos para construir a sua versão do ônibus espacial, (o Buran) mas foi a primeira a colocar no espaço uma nave espacial armada de ogivas nucleares, a Polyus, que teria sido destruída pelos próprios líderes soviéticos em 1987, quando já estavam avançadas as negociações diplomáticas para por fim à Guerra Fria.

Arpanet

Ver artigo principal: ARPANET

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Mapa da rede ARPANET em 1972.

Outro campo em que ocorreu grande desenvolvimento durante a Guerra Fria foi o das comunicações. Temendo um possível bombardeio soviético, durante a década de 1960, O Pentágono financiou o desenvolvimento de um sistema de comunicação entre os computadores, que envolveu centros de pesquisa militares e civis, como algumas das principais universidades americanas. A rede de comunicações criada pela agência Arpa ficaria conhecida como Arpanet.

A lógica do sistema era a seguinte: caso fosse feito um bombardeio soviético, a central de informações não estaria em um só lugar, mas sim em vários pontos conectados em uma rede, ou seja, cada nó da rede funcionaria como uma central, todas conectadas entre si. A infraestrutura da rede foi construída com fibra óptica para não sofrer interferência dos pulsos eletromagnéticos produzidos pelas explosões nucleares.[2] O sistema foi inaugurado com sucesso em 1969, na Universidade da Califórnia (UCLA), com o envio de uma mensagem de caracteres para outro servidor.

Durante toda a década de 1970 e 1980 o uso dessa tecnologia se manteve restrito a fins militares e acadêmicos. Somente em Convenção realizada no ano de 1987 a rede seria liberada para uso comercial. A partir de então a Arpanet passou a se chamar Internet. Em 1990, o físico inglês Tim Berners-Lee criaria o HTML (Linguagem de Marcação de Hipertexto). Na década de 1990 a Internet passaria por um processo de expansão gigantesco, tornando-se um grande meio de comunicação da atualidade.

A coexistência pacífica (1953 - 1962)

Nikita Khrushchov.Ver artigo principal: Coexistência pacífica

Após a morte de Stalin, em 1953, Nikita Khrushchov subiu ao posto de Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética e, portanto, governante dos soviéticos. Condenou os crimes de seu antecessor e pregou a política da coexistência pacífica entre os soviéticos e americanos, o que significaria os esforços de ambos os lados

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em evitar o conflito militar, havendo apenas confronto ideológico e tecnológico (corrida espacial). Houve apenas tentativas de espionagem. Esta política também possibilitou uma aproximação entre os líderes. Khrushchov reuniu-se diversas vezes com os presidentes americanos: com Dwight D. Eisenhower, em 1956, no Reino Unido; em 1959 nos Estados Unidos; e em 1960 na França; e com Kennedy se encontrou uma vez, em 1961, em Viena, Áustria.

Os países não alinhados

Ver artigo principal: Conferência de Bandung, Movimento Não Alinhado

Um grupo de países optou por não tomar parte na Guerra Fria. Em sua maioria, países africanos, asiáticos e ex colônias europeias de independência recente. Para garantir sua neutralidade, os assim denominados países não alinhados promoveram, em abril de 1955 e através da Conferência de Bandung, a criação do Movimento Não Alinhado. Seu objetivo era dar apoio e segurança aos países em desenvolvimento contra as duas superpotências. Condenavam o colonialismo, imperialismo e o domínio de países estrangeiros em geral.[3]

A primeira conferência do movimento foi realizada em setembro de 1961, na cidade de Belgrado, com a presença de representantes de 25 países.[3] Nessas conferências, se torna óbvio os conflitos entre os países do movimento, como por exemplo, entre o Irã e o Iraque, o que favorecia a posição das duas superpotências e até da China. Além disso, era difícil a neutralidade dos países por causa da fraca economia e agrava-se pelo atraso no desenvolvimento dos países recém-independentes.[4]

Com o fim da Guerra Fria e a extinção da União Soviética, o princípio político de "neutralidade" deixou de ter um sentido comum.[4]

Crises da Guerra Fria (1956 - 1962)

Revolução húngara (1956)

Ver artigo principal: Primavera de Praga, Revolução Húngara de 1956

Cabeça da estátua de Josef Stálin, derrubada durante a revolução.

Na Hungria, a ocupação da Hungria pelo Exército Vermelho, após a Segunda Guerra Mundial, garantiu a influência da União Soviética sobre a região.[5] O país no período pós-guerra tornou-se uma democracia pluripartidária, até 1949, quando a República Popular da Hungria foi declarada[6] e tornou-se um estado comunista liderado por Mátyás Rákosi.[7] Com o novo governo, começou uma série de prisões em campos de concentração, torturas, julgamentos e deportações para o leste. A economia não estava indo bem, sofria com a desvalorização da moeda húngara, o pengő, considerada uma das mais altas hiperinflações conhecidas.

Esgotados com os índices econômicos cada vez piores e com os governos de Enrö Gero e Mátyás Rákosi, a população tomou as ruas de Budapeste na noite de 23 de outubro de 1956.[8] O objetivo desse levante era o fim da ocupação da União Soviética e a implantação do "socialismo verdadeiro".[9] Houve um confronto entre autoridades policiais e manifestantes e durante esse confronto, houve a derrubada da estátua de Josef Stálin.[8]

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Mesmo após a troca de governo, os conflitos foram intensificando-se. Com isso, os soviéticos organizaram uma trégua com os populares. Logo após, o exército soviético executou uma violenta ação contra os populares, colocando no poder Janos Kadar. No dia 4 de novembro de 1956, um novo exército soviético provocou destruição nas ruas da capital húngara. Os populares foram derrubados.[8]

Guerra de Suez (1956)

Ver artigo principal: Guerra do Suez

O rei do Egito, pró-europeu, foi derrubado por Gamal Abdel Nasser em 1953, que procurou instalar uma política nacionalista e pan-arabista. Sua primeira manobra política de efeito foi a guerra que declarou contra o recém-criado estado de Israel, porque eles teriam humilhado os árabes na Guerra de Independência Israelita. Com os clamores de outros países árabes para uma nova investida contra os judeus, Nasser aliou-se à Jordânia e à Síria.

Anúncio na nacionalização do Canal de Suez, feito por Gamal Abdel Nasser.

Na mesma época, Nasser teria declarado a intenção de nacionalizar o Canal de Suez, que era controlado majoritariamente por franceses e britânicos. Isso preocupou as duas potências, que necessitavam do canal para seus interesses colonialistas na África e Ásia. Assim, a França, o Reino Unido e Israel decidiram formar uma aliança, declararam guerra ao Egito de Nasser e cuidaram da ocupação do Egito. Os europeus cuidaram de bombardear e lançar paraquedistas em locais estratégicos, enquanto os israelitas cuidaram da invasão terrestre, invadindo a península do Sinai em poucos dias depois.

A guerra no Egito perturbou a paz que vinha sendo mantida entre Washington D.C. e Moscou. Dwight D. Eisenhower, então presidente americano, criticava a repressão em Budapeste, na Hungria, e teve que provar que era contra a invasão a Israel. Os Estados Unidos tentaram várias vezes fazer os europeus mudarem de ideia e retirar os ocupantes do Egito, ao mesmo tempo que Khrushchev demandava respostas. Os Estados Unidos, inclusive, tentaram, a 30 de Outubro de 1956, levar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a petição de retirada das tropas do Egito, mas França e Reino Unido vetaram a petição. A União Soviética seguia a mesma linha de raciocínio do Estados Unidos, sendo assim favorável à desocupação das terras egípcias porque queria estreitar laços com os árabes, e se aliou rapidamente à Síria e ao Egito.

A crescente pressão econômica estadunidense e a ameaça de Khrushchov de que "modernas armas de destruição" seriam usadas em Londres e Paris fizeram os dois países recuarem, e os aliados se retiraram do Sinai em 1957. Após a retirada, o Reino Unido e a França foram forçadas a perceber que não eram mais líderes políticos do mundo, enquanto o Egito manteve sua política nacionalista e, mais tarde, pró-soviética.

Crise dos Mísseis (1962)

Ver artigo principal: Crise dos mísseis de Cuba

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Cuba, a maior das ilhas caribenhas, sofreu uma revolução em 1959, que retirou o ditador pró-estadunidense Fulgêncio Batista do poder, e instaurou a ditadura de Fidel Castro a partir de 1959. A instauração de um regime socialista preocupou a Casa Branca que ainda em 1959 tentou depor o novo governo, apoiando membros ligados ao antigo regime e iniciando um embargo econômico à ilha. Com o bloqueio do comércio de petróleo e grãos, Cuba passa a adquirir esses produtos da URSS. O governo de Fidel Castro, inicialmente composto por uma frente de grupos nacionalistas, populistas e de esquerda, que variava de social-democratas aos de inspiração marxista-leninista, rapidamente se tornaria polarizaria em torno dos líderes mais pró-URSS. Em 1961, a CIA chegou a organizar o desembarque de grupos de oposição armados que deporiam Fidel Castro na operação da Invasão da Baía dos Porcos, que foi um fracasso completo. Diante desta situação o novo regime cubano se aproxima rapidamente da URSS, que oferece proteção militar.

Em 1962, a União Soviética foi flagrada construindo 40 silos nucleares em Cuba. Segundo Kruschev, a medida era puramente defensiva, para evitar que os Estados Unidos tentassem nova investida contra os cubanos. Por outro lado, no plano estratégico global, isto representava uma resposta à instalação de mísseis Júpiter II pelos estadunidenses na cidade de Esmirna, Turquia, que poderiam ser usadas para bombardear todas as grandes cidades da União Soviética.

Local de lançamento de mísseis em Cuba, dia 1 de Novembro de 1962.

Rapidamente, o presidente Kennedy tomou medidas contrárias, como a ordenação de quarentena à ilha de Cuba, posicionando navios militares no mar do Caribe e fechando os contatos marítimos entre a União Soviética e Cuba. Vários pontos foram levantados a respeito deste bloqueio naval: os soviéticos disseram que não entendiam porque Kennedy havia tomado essa medida, já que vários mísseis estadunidenses estavam instalados em territórios dos países da OTAN contra os soviéticos, em distâncias equivalentes àquela entre Cuba e os EUA; Fidel Castro revelou que não havia nada de ilegal em instalar mísseis soviéticos em seu território[carece de fontes?]; e o primeiro-ministro britânico Harold Macmillan disse não ter entendido por que não foi sequer ventilada a hipótese de acordo diplomático[carece de fontes?].

Em 23 e 24 de Outubro, Kruschev teria enviado uma carta a Kennedy[carece de fontes?], informando suas intenções pacíficas. Em 26 de Outubro disse que retiraria seus mísseis de Cuba se Washington se comprometesse a não invadir Cuba[carece de fontes?]. No dia seguinte, pediu também a retirada dos balísticos Júpiter da Turquia. Mesmo assim, dois aviões espiões estadunidenses U-2 foram abatidos em Cuba e na Sibéria em 27 de Outubro, o ápice da crise. Neste mesmo dia, os navios mercantes soviéticos haviam chegado ao Caribe e tentariam passar pelo bloqueio. Em 28 de Outubro, Kennedy foi obrigado a ceder os pedidos, e concordou em retirar os mísseis da Turquia e não atacar Cuba. Assim, Nikita Kruschev retirou os mísseis nucleares soviéticos da ilha.

Apesar de o acordo ter sido negativo para os dois lados, o grande derrotado foi o líder soviético, que foi visto como um fraco que não soube manter sua posição frente aos estadunidenses.

Sobre isso, disse o Secretário de Estado Dean Rusk:

"Nós estivemos cara a cara, mas eles piscaram"[carece de fontes?].

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Dois anos depois, Kruschev não aguentou a pressão e saiu do governo. Kennedy também foi mal-visto pelos comandantes militares dos Estados Unidos. O general Curtis LeMay disse a Kennedy que este episódio foi "a maior derrota da história estadunidense" [carece de fontes?], e pediu para que os Estados Unidos invadissem imediatamente Cuba[carece de fontes?].

América Latina

Ver artigo principal: Intervencionismo

Durante a Guerra Fria, a propaganda e os os esforços anticomunistas dos EUA fizeram-se sentir na região. De 1946 a 1984, os Estados Unidos mantiveram no Panamá a Escola das Américas. A finalidade deste órgão era formar lideranças militares pró-EUA. Vários ditadores latino-americanos foram alunos desta instituição, entre eles o ditador do Panamá Manuel Noriega, e Leopoldo Galtieri, líder da Junta Militar da Argentina. A partir de 1954, os serviços de inteligência norte-americanos participaram de golpes de estado contra governos latino-americanos.[10][11] Após a Revolução cubana, o receio de que o comunismo se espalhasse pelas Américas cresceu muito. Governos simpáticos ao comunismo ou democraticamente eleitos, mas contrários aos interesses políticos e econômicos dos EUA foram removidos do poder.

Em 1961, o presidente Kennedy criou a Aliança para o Progresso, para abrandar as tensões sociais e auxiliar no desenvolvimento econômico das nações latino-americanas, além de conter o avanço comunista no continente americano. Este programa ofereceu ajuda técnica e econômica a vários países. Com isto pretendia-se afastar a possibilidade das nações da América Latina alinharem-se com o bloco soviético. Mas, como programa não alcançou os resultados esperados, foi extinto em 1969 pelo presidente Richard Nixon.

Golpes de Estado ocorridos na América Latina neste período:

1954: Golpe de Estado na Guatemala - Jacobo Arbenz Guzmán presidente reformista, eleito, foi deposto pelo 1º Golpe de Estado promovido pela CIA na América Latina.[12]

1964: Golpe de Estado no Brasil: João Goulart foi deposto por uma revolta militar e exilou-se no Uruguai. 1973: Golpe de Estado no Chile: em 11 de Setembro de 1973, uma rebelião militar liderada por Augusto Pinochet

e apoiada pelos EUA, depôs o presidente Salvador Allende.

A Distensão (1962 - 1979)

Ver artigo principal: Détente

Jimmy Carter e Leonid Brejnev assinando o SALT II, em 1979.

O período da distensão (Détente) seguiu-se à Crise dos Mísseis, por ela quase ter levado as duas superpotências a um embate nuclear. Os EUA e a URSS decidiram, então, realizar acordos para evitar uma catástrofe mundial. Nesta época, vários tratados foram assinados entre os dois lados. A política Détente, foi principalmente seguida por Brejnev, que mais tarde criaria um grande sistema diplomático e de distensão, sendo este o sistema que salvaria a pele de Brejnev, que entrara em uma estagnação econômica, apesar de alcançar um bem-estar para o povo soviético. Durante a direção de Brejnev e sua inseparável doutrina, o povo que nascera depois da Guerra Fria nunca havia presenciado um momento de tanta paz mundial.

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Tratado de Moscou (1963) - Os dois países regularam a pesquisa de novas tecnologias nucleares e concordaram em não ocupar a Antártica.

TPN (Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares) (1968) - Os países signatários (EUA, URSS, China, França e Reino Unido) comprometiam-se a não transmitir tecnologia nuclear a outros e a se desarmarem de arsenais nucleares.

SALT I (Strategic Arms Limitation Talks - Acordo de Limitação de Armamentos Estratégicos) (1972) - Previa o congelamento de arsenais nucleares dos Estados Unidos e da União Soviética.

SALT II (1979) - Prorrogação das negociações do SALT I. (ver: Conversações sobre Limites para Armas Estratégicas)

Os dois países tinham seus motivos particulares para buscar acordos militares e políticos. A URSS estava com problemas nos relacionamentos com a China, e viu este país se desalinhar do socialismo monopolista de Moscou. Isso criou a prática da diplomacia triangular, entre Washington, Moscou e Pequim. Também estavam com dificuldades agrícolas e econômicas. E os Estados Unidos haviam entrado numa guerra contra o Vietnã, e na década de 1970 entrariam em uma grave crise econômica.

A Distensão, apesar de garantir o não-confronto militar, acirrou a rivalidade política e ideológica, culminando em algumas revoltas sociais e apoios a revoltas e revoluções na Europa e no Terceiro Mundo.

Como exemplo, pode-se citar a Invasão do Afeganistão, a Intervenção Soviética em Praga, e a própria guerra do Vietnã.

Guerra do Vietnã (1964 - 1975)

Ver artigo principal: Guerra do Vietnã

A Guerra do Vietnã foi um dos maiores confrontos militares envolvendo capitalistas e socialistas no período da Guerra Fria. Opôs o Vietname do Norte e guerrilheiros pró-comunistas do Vietname do Sul contra o governo pró-capitalista do Vietname do Sul e os Estados Unidos.

Após a Convenção de Genebra (1954), o Vietnã, recém-independente da França, seria dividido em duas zonas de influência, como a Coreia, e estas zonas seriam desmilitarizadas e mantidas cada uma sob um dos regimes (capitalismo e socialismo). Foi estipulada uma data (1957) para a realização de um plebiscito, decidindo entre a reunificação do país ou não e, se sim, qual regime seria adotado.

Corpos de Vietnamitas em Saigon, Vietname do Sul, 1968.

Infelizmente para o Vietname do Sul, o líder do Norte, Ho Chi Minh, era muito benquisto entre a população, por ser defensor popular e herói de guerra. O governo do Vietname do Sul decidiu proibir o plebiscito de ocorrer em seu território, pois queria manter o alinhamento com os estadunidenses. Como o Vietname do Norte queria a reunificação, lançaram-se em uma guerra contra o Sul.

O Vietname do Norte contou com o apoio da Frente de Liberação Nacional, ou vietcongs, um grupo de rebeldes no Vietname do Sul. E o Vietname do Sul contou, em 1965, com a valiosa ajuda dos Estados Unidos. Eles

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entraram na guerra para manter o governo capitalista no Vietname, e temendo a ideia do "efeito dominó" (Teoria do Dominó) no qual, ao verem um país que se libertou do capitalismo preferindo o socialismo, outros países poderiam seguir o exemplo (como foi o caso de Cuba).

Até 1965, a guerra estava favorável ao Vietname do Norte, mas quando os Estados Unidos se lançaram ao ataque contra o Vietname do Norte, tudo parecia indicar que seria um grande massacre dos vietnamitas, e uma fácil vitória ocidental. Mas os vietnamitas do norte viram nessa guerra uma extensão da guerra de independência que haviam acabado de vencer contra a França, e lutaram incessantemente. Contando com o conhecimento do território, os vietnamitas do norte conseguiram vencer os Estados Unidos, o que é visto como uma das mais vergonhosas derrotas militares dos Estados Unidos. Em 1975, os Estados Unidos e o Vietname do Norte assinaram os Acordos de Paz de Paris, onde os EUA reconheceram a unificação do Vietnã sob o regime comunista de Ho Chi Minh.

A derrota dos EUA evidenciou o fracasso da política norte-americana na Ásia e acarretou a reformulação, no Governo Nixon, da política externa no Oriente. Com isso, os norte-americanos buscaram uma maior flexibilidade e novos parceiros, destacando a aproximação com a China comunista.

A Distensão na Europa

A Europa, continente que mais sofreu com a divisão mundial, também sofreu os efeitos da distensão política. Os países começaram a questionar as ideologias a que foram impostos, e optaram cada vez mais pelo abrandamento, no lado ocidental, e pela revolta popular seguida de forte repressão, no lado oriental.

Em 1968, a Tchecoslováquia viu uma grande manifestação popular apoiar ideias de abertura política em direção à social-democracia e a um "socialismo com uma face humana". Este movimento ficou conhecido como Primavera de Praga, em alusão à capital da Tchecoslováquia, Praga, local onde os movimentos populares tomavam corpo. Temendo a liberdade política da Tchecoslováquia, Leonid Brejnev, líder da URSS, ordenou a invasão de Praga e a repressão do movimento popular.

Em 1966, Charles de Gaulle, presidente da França, manteve os seus ideais de nacionalismo francês e antiamericanismo e desalinhou-se com as práticas estadunidenses, saindo da OTAN.

Em 1969, o chanceler da Alemanha Ocidental anuncia a "Ostpolitik", uma política de aproximação dos vizinhos, os alemães orientais. Em 1972 os Estados passam a se reconhecerem mutuamente podendo, assim, voltar a integrar a ONU.

O reconhecimento da China pelos Estados Unidos

Richard Nixon e Mao Tse-Tung durante a visita do Presidente americano à República Popular da China, em 1972.

Desde o início da década de 1950 a República Popular da China tinha problemas com a União Soviética, por causa de hierarquia de poderes. Moscou queria que o socialismo no mundo fosse unificado, sob a tutela do Kremlin, enquanto Pequim achava que a República Popular da China não deveria se submeter aos soviéticos. Além disso, o governo chines exigia que a URSS transferisse sua tecnologia nuclear para a China, o que não era bem visto por Moscou. Este processo acabou levando a ruptura sino-soviética.

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Ao longo dos anos 1960 os Estados Unidos iniciaram uma aproximação com a URSS que levaria ao que ficou conhecido como distensão política, enquanto recrudesceram suas relações com a China comunista, aprofundando a disputa com este pais no Sudeste Asiático, onde se aprofundava a Guerra do Vietnã. Neste período as disputas entre URSS e China cresceram ainda mais. Esta tensão tornou-se um problema crescente para os soviéticos, que perdiam um forte aliado no Leste Asiático e passaram a ver a China como uma potencial ameaça. No fim dos anos 1960, a China passa a manter cerca de 1 milhão de soldados na fronteira com a URSS, o que força a URSS a manter outro volume equivalente de tropas na região.

O auge da disputa entre China e URSS é considerado o ano de 1969, quando ocorre um confronto armado na fronteira sino-soviética, na região do rio Ussuri (nordeste da Manchúria) e os dois países quase entram em guerra.

Nos anos 1970 a situação se inverte e os EUA passam a se aproximar da China e isolar novamente a URSS, iniciando inclusive um processo de ampliação das relações ecônomicas com a China e de guerra comercial com a URSS.[13]

Estas mudanças ocorridas na década de 1970, pioraram ainda mais a situação da URSS, pois Mao Tse-tung, secretario-geral da China socialista, ampliou o processo de aproximação com os EUA. Além de isolar a URSS, a aproximação com os EUA trouxe vantagens para a China, como o fim da Guerra do Vietnã, o reconhecimento diplomático pelos americanos, a adesão da China à ONU e a substituição de Taiwan (China nacionalista) pela China no Conselho de Segurança da ONU.

Desde a Revolução Chinesa de 1949, o mundo ocidental via o governo de Mao Tse-Tung como ilegal, e continuaram reconhecendo como governo legítimo da China o governo refugiado em Taiwan. Com a aproximação entre Pequim e Washington, os Estados Unidos passaram a reconhecer o governo de Mao Tse-tung como o legítimo regente chinês, ou seja, a República Popular da China como a China de fato. Assim, outros países ocidentais tomaram a mesma decisão, e a China pôde entrar para ONU, como participante e como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Em 1975, os Estados Unidos e o Vietname do Norte assinaram os Acordos de Paz de Paris, os EUA reconheceram a unificação do Vietnã e iniciaram uma nova fase de cooperação com a China. A partir deste período, e principalmente nos anos 1980, a China passaria a apoiar os EUA na disputa deste pais com a URSS.

A "Segunda" Guerra Fria (1979-1985)

A Guerra Fria em 1980.

Após o ano de 1979, seguiu-se uma nova fase nas relações amistosas entre os Estados Unidos e a União Soviética, que ampliaram as relações entre as duas superpotências. O período que vai de 1979 a 1985, 1987 ou 1988 (dependendo da classificação), ficou conhecido como "II Guerra Fria", devido à retomada das hostilidades indiretas entre EUA e URSS, após o período da "distensão". No plano estratégico ficou clara a formação de uma grande coalizão global contra a União Soviética, que passou a incluir, além dos Estados Unidos e seus aliados da OTAN e o Japão, também a China.[14]

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Embora na época o apoio chinês à estratégia americana de cercamento da URSS tenha sido considerado secundário, hoje muitos historiadores consideram que este papel pode ter sido determinante para o desfecho da Guerra Fria.

Os principais episódios que marcaram este período foram:

Em 1979 a União Soviética invade o Afeganistão, assassinando Hafizullah Amin, e colocando em seu posto Brabak Karmal, que era a favor das políticas de Moscou. A este evento seguiu-se uma grande resistência anti-soviética, principalmente da parte dos mujahidin das montanhas afegãs. Eles eram abastecidos por outros países, como China, Arábia Saudita, Paquistão e o próprio Estados Unidos. Após dez anos de lutas, as tropas soviéticas tiveram que abandonar o país, em 1988. Esta vitória dos mujahidin possibilitou, anos depois, a formação do grupo Taleban, que aproveitou a desordem no país para instaurar um governo autoritário fundamentalista no Afeganistão, nos anos 1990.

Donald Rumsfeld, em 1983, viaja como enviado especial dos EUA ao Oriente Medio, no Governo Reagan, para reforcar o apoio ao governo iraquiano de Saddam Hussein, na guerra contra o Irã, conhecida como Guerra Irã-Iraque, que era vista como uma forma de conter a influencia soviética na região. Posteriormente Donald Rumsfeld veio a ocupar o cargo de Secretario de Defesa dos EUA no Governo Bush.

Ainda em 1979 Margaret Thatcher foi eleita primeira-ministra do Reino Unido pelo Partido Conservador, e deu à política externa do país uma face mais agressiva contra o regime soviético.

Por fim, ainda em 1979 o principal aliado americano no Golfo Pérsico, o Irã, que passava por grande turbulência interna, passa por uma Revolução Islâmica nacionalista e de caráter fortemente anti-americana, que levou os EUA a iniciarem uma longa disputa com o novo regime no país.[15] Como resultado deste processo, a partir de 1980, os Estados Unidos passaram a apoiar o Iraque na guerra deste país contra o Irã, que ficou conhecida como "Guerra Irã-Iraque".

Em 1981, Ronald Reagan foi eleito presidente dos Estados Unidos e, ao contrário de seus antecessores, que pregavam a Distensão, Reagan defendia a retomada da estrategia de cercamento da URSS, conforme defendido por Henry Kissinger no fim dos anos 1970 e, de forma mais clara, por Zbigniew Brzezinski e Donald Rumsfeld, nos anos 1980, o que implicava na retomada do confrontdo com a União Soviética. Dentre os resultados desta política, foi ampliado o fornecimento de armamentos a Saddam Hussein, ditador iraquiano, que lutava contra o Irã na Guerra Irã-Iraque e o apoio aos guerrilheiros mujahidin que lutavam contra os soviéticos no Afeganistão.[16]

Em 1983, forças militares americanas invadiram Granada, que havia sofrido um golpe militar liderado pelo vice-primeiro-ministro Bernard Coard, que havia depôsto o primeiro-ministro granadino, Maurice Bishop. O governo instituído por Bernard Coard, tinha o apoio de Cuba, mas em 25 de Outubro, 7.300 combatentes americanos invadiram a ilha, derrotando as forças granadinas e cubanas. Após a vitória dos EUA, o governador-geral de Granada, Paul Scoon, nomeou um novo governo e, em meados de Dezembro, as forças dos EUA retiraram-se.

Em 1983 o Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, anuncia a criação da Iniciativa Estratégica de Defesa, que ficaria conhecida como "Programa Guerra nas Estrelas", que tinha por objetivo criar um "escudo" contra os mísseis balísticos soviéticos, dando grande vantagem aos Estados Unidos na corrida armamentista e na corrida espacial.[17] A reação soviética foi ampliar ainda mais os seus elevados gastos na área de defesa e no desenvolvimento do seu dispendioso programa espacial.

A Era Gorbachev - o fim da Guerra Fria (1985-1991)

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Mudanças políticas na Europa após 1989, incluindo a reunificação alemã.

Depois da gestão de Brejnev, a União Soviética teve duas rápidas governanças, Yuri Andropov e Konstantin Chernenko, homens que durante o período de Brejnev eram seus segundo homens, tendo um poder quase total sobre o país, sendo Andropov o chefe da temida e poderosa polícia secreta KGB e Chernenko, por treze anos carregando o segundo mais alto cargo dentro do país, que, na prática, governou o país durante a decadência na saúde de Brejnev, no final da década de 1970, e que surpreendentemente foi derrotado nas eleições por Andropov, que morreu pouco tempo depois de chegar ao cargo político máximo.

Seguinte a Chernenko, o chamado último bolchevique, foi eleito Mikhail Gorbachev, cuja plataforma política defendida era a necessidade de reformar a União Soviética, para que ela se adequasse à realidade mundial. Em seu governo, uma nova geração de políticos tecnocratas - que vinham ganhando espaço desde o governo Khrushchov - se firmou, e impulsionou a dinâmica de reformas na URSS e a aproximação diplomática com o mundo ocidental.

Perestroika e Glasnost

Ver artigo principal: Colapso econômico da União Soviética, Perestroika e Glasnost

Gorbachev, embora defensor de Karl Marx, defendeu o liberalismo econômico na URSS como a única saída viável para os graves problemas econômicos e sociais. A União Soviética, desde o início dos anos 70, passava por grande fragilidade, evidenciada na queda da produtividade dos trabalhadores e a queda da expectativa de vida. A alta nos preços do petróleo no período 1973-1979 e a nova alta de 1979-1985, deram uma sobrevida temporária a um sistema econômico que já estava falido. A crise econômica mundial dos anos 1980, a escassez de moedas fortes e a queda no preço das commodities exportadas pela URSS (petróleo e cereais), ajudaram a aprofundar a crise do sistema econômico planificado da União Soviética.

Ronald Reagan e Mikhail Gorbachov em Genebra, Suíça, em 1985.

Os gastos militares estavam tornando-se muito altos para uma economia como a soviética, planificada, extremamente burocratizada e com cerca de metade do PIB dos EUA. A economia de mercado dos EUA era muito mais competitiva e permitia o repasse acelerado de tecnologias militares e aeroespaciais de ponta para o setor civil. Na URSS tudo que seria produzido era previamente planejado nos Planos Quinquenais. A burocracia dificultava qualquer transferência de tecnologia sensível para o setor produtivo civil e toda a produção agrícola era milimetricamente planejada. Quando ocorre o acidente nuclear de Chernobil 1986, toda a produção agrícola daquele ano foi perdida, os gastos inesperados foram enormes e o Estado que havia planejado exportar uma

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safra recorde de grãos, teve que importar comida. Rapidamente começava a faltar até mesmo pão no país que havia sido o maior produtor mundial de trigo. Somando-se aos custos do envolvimento de meio milhão de homens no Afeganistão durante os anos 1980, mais os gastos militares da nova corrida armamentista, conhecida como segunda Guerra Fria, aquela enorme economia engessada colapsou.

Frente a estes problemas, Mikhail Gorbachev aplicou dois planos de reforma na URSS: a perestroika e a glasnost.

Perestroika: série de medidas de reforma econômicas. Para Gorbachev, não seria necessário erradicar o sistema socialista, mas uma reformulação deste seria inevitável. Para tanto, ele passou a diminuir o orçamento militar da União Soviética, o que implicou diminuição de armamentos e a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão.

Glasnost: a "liberdade de expressão" à imprensa soviética e a transparência do governo para a população, retirando a forte censura que o governo comunista impunha.

A nova situação de liberdade na União Soviética possibilitou um afrouxamento na ditadura que Moscou impunha aos outros países. Pouco a pouco, o Pacto de Varsóvia começou a enfraquecer, e cada vez mais o Ocidente e o Oriente caminhavam para vias pacíficas. Em 1986, Ronald Reagan encontrou Gorbachev em Reykjavík, Islândia, para discutir novas medidas de desarmamento dos mísseis estacionados na Europa.

O desalinhamento das repúblicas orientais

Ver artigo principal: Dissolução da União Soviética, Revoluções de 1989

Alemães em pé em cima do Muro de Berlim, em 1989, ele começaria a ser destruído no dia seguinte.

O ano de 1989 viu as primeiras eleições livres no mundo socialista, com vários candidatos e com a mídia livre para discutir. Ainda que muitos partidos comunistas tivessem tentado impedir as mudanças, a perestroika e a glasnost de Gorbachev tiveram grande efeito positivo na sociedade. Assim, os regimes comunistas, país após país, começaram a cair.

A Polônia e a Hungria negociaram eleições livres (com destaque para a vitória do partido Solidariedade na Polônia), e a Tchecoslováquia, a Bulgária, a Romênia e a Alemanha Oriental tiveram revoltas em massa, que pediam o fim do regime socialista. O ponto culminante foi a queda do Muro de Berlim em 9 de Novembro de 1989, que pôs fim à Cortina de Ferro e, para alguns historiadores, à Guerra Fria em si.

Formação da CEI, o fim oficial da União Soviética.

Esta situação repentina levou alguns conservadores da União Soviética, liderados pelo General Guenédi Ianaiev e Boris Pugo, a tentar um golpe de estado contra Gorbachev em Agosto de 1991. O golpe, todavia, foi frustrado

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por Boris Iéltsin. Mesmo assim, a liderança de Gorbachev estava em decadência e, em Setembro, os países bálticos conseguiram a independência.

Em Dezembro, a Ucrânia também se tornou independente. Finalmente, no dia 31 de Dezembro de 1991, Gorbachev anunciava o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, renunciando ao cargo que ocupava e ao seu sonho de ver um mundo socialista.

Nova Guerra Fria

Ver artigo principal: Nova Ordem Mundial, Relações entre Estados Unidos e Rússia

A Nova Guerra Fria é a designação de um novo contexo político internacional, de tensão entre, adotado novamente as grandes potências militares que disputaram a Guerra Fria - EUA e Rússia -, na primeira década do novo milénio, onde ambos os países buscam redefinir suas respectivas regiões de influência e poder. A ideia de uma nova Guerra Fria nasce a partir da constatação do surgimento de uma série de novas tensões criadas entre EUA e Rússia nos anos 2000. Dentre os diversos atritos entre EUA e Rússia nesta década, destaca-se principalmente o projeto estadunidense de construir um "Escudo antimísseis", durante o governo Bush, que incluiria uma rede de radares e de sistemas anti-mísseis (bases de mísseis anti-mísseis, satélites e armas laser) em países da antiga área de influência soviética.[18]

Entretanto, outras disputas entre Rússia e EUA também se desenvolveram ao longo da década de 2000, incluindo as tensões relacionadas aos projetos de ampliação da OTAN para o leste da Europa, incluindo países da ex-URSS, como a Ucrânia, país alvo de novas tensões desde a "Revolução Laranja" de 2004-2005, que implementou um governo anti-russo no país. Destacaram-se ainda novas disputas envolvendo a região do Ártico.[19] Também contribuíram para o aumento das tensões russo-americanas, o apoio indireto dos EUA aos separatistas da Chechênia, o apoio da Rússia (na forma de fornecimento de armas modernas) a governos considerados hostis aos interesses dos Estados Unidos, como a Venezuela e o Irã,[20] e, principalmente, a resposta russa durante a Guerra da Geórgia.[21][22]

A Era Medvedev (2008-2009)

Em 2008, a tensão entre Washington e Moscou, a antiga capital da URSS, se agravaram depois dos EUA ter anunciado o início da construção do Escudo antimísseis no Leste Europeu, na área próxima e de influência direta da Rússia. Em resposta ao fato, Moscou condena a atitude dos EUA e anuncia a instalação de mísseis táticos Iskander na região ocidental de Kaliningrado, o desenvolvimento de contramedidas eletrônicas dos elementos do Escudo Antimísseis que Washington planeja instalar no Leste Europeu, composto por um radar na República Tcheca e mísseis interceptadores na Polônia,[23] e o desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares e mísseis balisticos moveis por parte da Rússia.[18]

Em 2009, Moscou anuncia que irá rearmar suas forças militares e ampliar seu arsenal nuclear em resposta ao fortalecimento da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), criada para combater o avanço do socialismo na era bipolar. O reingresso da França e de outros países do Leste Europeu tem provocado tensões na região.[24][25]

Com a ascensão de Barack Obama a Presidência dos Estados Unidos, ocorre uma redução das tensões entre EUA e Rússia, principalmente devido ao anúncio da interrupção do plano de construção da infra-estrutura do "Escudo anti-mísseis" (radares e sistemas anti-mísseis) em torno da Rússia.[26]

A Guerra na Ossétia do Sul e Geórgia

Ver artigo principal: Guerra na Ossétia do Sul em 2008

Em Agosto de 2008, a Ossétia do Sul (apoiada pela Rússia), e a Geórgia (apoiada pelos EUA), entraram em conflito armado, tropas da Geórgia ocuparam militarmente a capital da Ossétia do Sul, região separatista da

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república georgiana. Em resposta ao ocorrido, tropas russas atacaram militarmente a Geórgia e reconheceu as regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abecásia, o que causou forte desgaste diplomático entre Washington e Moscou.[27][28][29]

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Cronologia

Ano Acontecimento

1945 Cientistas estadunidenses testam com sucesso o primeiro dispositivo atômico do mundo. Em agosto de 1945 os EUA atacam as cidades de Hiroshima e Nagasaki com armas nucleares.

1946 Winston Churchill cita a expressão "iron curtain" ou, em português, "cortina de ferro", em discurso pronunciado no Westminster College, em Fulton, Missouri, nos Estados Unidos, em 5 de março de 1946.

1947

O presidente estadunidenses, Harry S. Truman estabelece a Doutrina Truman, em um violento discurso no dia 12 de março de 1947, assumindo o compromisso de "defender o mundo capitalista contra a ameaça socialista", iniciando a Guerra Fria. Em seguida, o secretário de estado George Catlett Marshall anunciou a disposição de os Estados Unidos colaborar financeiramente para a recuperação da economia dos países europeus, o Plano Marshall. Truman deu início à concessão de créditos auxiliando a Grécia e a Turquia, com o objetivo de sustentar governos pró-ocidentais naqueles países.

1949 A URSS testa seu primeiro dispositivo nuclear. Criada a OTAN.

1950

Grupos desarmamentistas começam a pressionar em favor do desarmamento nuclear unilateral, em que um lado desiste de suas armas nucleares esperando que o outro faça o mesmo. Durante a Guerra da Coreia o general americano Douglas MacArthur discute publicamente a possibilidade de usar armas nucleares para definir o conflito.

1952 O Reino Unido explode um dispositivo nuclear. Ano da primeira bomba termonuclear (hidrogênio), testada pelos Estados Unidos.

1953 Morte de Stálin, assume em seu lugar Nikita Kruschev, o novo chefe da União Soviética. Fim da Guerra da Coréia. A URSS testa sua primeira bomba termonuclear (hidrogênio).

1957 A União Soviética lança o primeiro satélite artificial, o Sputnik, lançado com o foguete Sputinik-1, cuja versao militar foi o primeiro Míssil balístico intercontinental, o R-7 Semyorka.

1960 A França explode um dispositivo nuclear.

1961 A União Soviética lança o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin, a bordo do foguete Vostok-1, da família R-7, uma versão civil do Míssil balístico intercontinental Vostok-K (GRAU 8K72K).

1964 A China testa o seu primeiro dispositivo nuclear.1964 Renúncia de Kruschev, Leonid Brejnev se torna o novo Secretário-geral da União Soviética.

1969

Os estadunidenses testam o MRV (veículos de reentradas múltiplas), permitindo que os mísseis transportem até cinco ogivas nucleares separadas. Os soviéticos fazem o mesmo. Estadunidenses e soviéticos discutem o controle da tecnologia nuclear, enquanto sua proliferação ameaça o equilíbrio nuclear conhecido como MAD. Confronto armado na fronteira da URSS e China, marca o auge das tensoes entre soviéticos e chineses.

1971 A República Popular da China substituiu Taiwan (República da China) como representante da China na ONU e como um dos cinco membros permanentes do seu Conselho de Segurança.

1972Um tratado sobre mísseis antibalísticos limitando o emprego de apenas dois sistemas em cada superpotência, em suas capitais, foi assinado como parte do SALT I. Presidente Nixon, dos EUA visita a China comunista.

1973 Estados Unidos reconhecem a China comunista como representante da China, ao invés de Taiwan, embora as Relações diplomaticas so sejam normalizadas em 1979.

1974 Acordo EUA-URSS para impor um "teto" na quantidade de sistemas de ataque nuclear (bombardeiros, mísseis balísticos intercontinentais e submarinos nucleares) em cada superpotência.

1977 Criada a Constituição Soviética de 1977, de acordo com esta, Brejnev é eleito o presidente.

1979 O acordo SALT II reduziu os limites de armas nucleares. Invasão soviética do Afeganistão dificultou a ratificação do tratado pelo senado norte-americano.

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1980 START (conversações sobre redução de armas estratégicas), que sucedeu o SALT, faz pouco progresso.1982 Morte de Brejnev, Iuri Andropov é o novo secretário-geral e presidente da União Soviética.

1983 O presidente dos EUA, Ronald Reagan, anuncia sua decisão de custear um sistema defensivo aeroespacial anti mísseis balísticos chamado de "Guerra nas Estrelas".

1984 Morte de Iuri Andropov, Konstantin Chernenko é o novo secretário-geral e presidente da União Soviética.

1985 Morte de Konstantin Chernenko, Mikhail Gorbatchov é o novo secretário-geral e presidente, inicio do fim da Guerra e da URSS.

1987 Acordo EUA-URSS para abolir as forças nucleares intermediárias terrestres.

1988 A URSS inicia a retirada de suas tropas do Afeganistão. Fim da Guerra Irã-Iraque. Iniciadas as tratativas para encerrar o confronto entre Angola e África do Sul na África Austral, pondo fim à Guerra Civil Angolana.

1989 Queda do muro de Berlim. Primeiro grande marco do fim da Guerra Fria e do conflito Capitalista X Socialista.

1990 Com base no acordo START, as duas superpotências concordam em reduzir, até 1998, os arsenais estratégicos para 6.000 ogivas nucleares em cada um dos países.

1991

As superpotências concordam em eliminar todos os mísseis táticos terrestres armados com ogivas nucleares táticas que havia na Europa e na Península Coreana. Com a dissolução da União Soviética, as armas nucleares estratégicas não ficaram apenas na Rússia, mas também na Bielorrússia, Ucrânia e Cazaquistão, que concordam com sua transferência para a Rússia para a destruição de todos. Marco definitivo do fim da Guerra Fria, com o desmantelamento da URSS.