Revolução verde sobre rodas
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32 33Horizonte Geográfico Horizonte Geográfico
Revolução VERDEsobre rodasO número de carros nas ruas é cada vez maior, mas avanços tecnológicos podem ajudar a diminuir os impactos ambientais desse crescimento
Texto | Natália Martino
breve ser estendida para outras regiões do
país, já que uma nova resolução do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama) de-
terminou que os estados terão de apresentar
um plano de controle de poluição veicular e
colocá-lo em prática até 25 de abril de 2012.
Soluções tecnológicasA indústria automotiva também é pres-
sionada para buscar respostas eficientes ao
problema. Um bom exemplo é o Programa
de Controle da Poluição do Ar por Veículos
Automotores (Proconve), iniciativa do Cona-
ma que estabeleceu um cronograma para a
redução gradual de emissão de poluentes
por veículos a partir do seu lançamento, em
1986. Graças a pressões como essa, a indús-
tria investe cada vez mais em tecnologias
que deixem seus veículos menos poluidores.
Nos gráficos abaixo, é possível observar que
a emissão de monóxido de carbônico (CO),
por exemplo, diminuiu ao longo dos anos
em todos os tipos de veículos. A emissão de
gás carbônico (CO2), porém, aumentou pro-
porcionalmente à frota de veículos, já que os
programas governamentais não controlam
esse gás, que, apesar de ter impacto negativo
no efeito estufa, não é considerado poluente
por não ser nocivo à saúde humana. Evidên-
cias de que a indústria automobilística ain-
da tem muitos desafios pela frente.
As ruas estavam cheias. A iluminação
externa do Teatro Municipal de São
Paulo impressionava a elite da cidade
em 1911. Além da inauguração do prédio, ou-
tro acontecimento marcaria o 12 de setem-
bro daquele ano: o primeiro congestiona-
mento registrado em São Paulo. Pouco mais
de três centenas de carros protagonizaram
esse tráfego intenso. Um século depois, a len-
tidão do trânsito se transformou em rotina
nesta capital e em muitas outras cidades es-
palhadas pelo Brasil (veja quadro abaixo).
Hoje, mais de 30 milhões de veículos cir-
culam pelo país, número alcançado depois
de um crescimento da frota em mais de 60%
entre 2000 e 2010. Os gases poluentes libera-
dos por esses veículos lotam os hospitais dos
grandes centros urbanos. Além do prejuízo
à saúde humana, esses gases, resultado da
queima de combustíveis fósseis, agravam o
efeito estufa. Foi isso que transformou a in-
dústria automobilística em um dos maiores
vilões ambientais da atualidade, responsá-
vel por 90% das emissões de poluentes.
Pressões governamentaisMelhoria do transporte coletivo e incen-
tivo ao uso de bicicletas são algumas das so-
luções paliativas, mas, enquanto nada disso
é colocado em prática em larga escala, pro-
postas que buscam minimizar os danos vão
se tornando realidade. Uma das respostas
encontradas, em 1989, pela Cidade do Mé-
xico, que apresentava níveis de poluição até
cinco vezes maiores do que o recomendado,
foi o rodízio de carros, mecanismo que tira
alguns veículos de circulação em determi-
nados dias da semana. São Paulo seguiu o
exemplo e implantou o sistema em 1997.
E as pressões continuam aumentando.
Desde 2008, os carros registrados em São
Paulo, inicialmente apenas aqueles movidos
a diesel e hoje todos, precisam passar por
uma inspeção veicular ambiental, medida
que já está em vigor na Cidade do México há
mais de 20 anos. A inspeção verifica, entre
outras coisas, se a emissão de gases pelos
carros está dentro dos limites permitidos por
lei. Cerca de 20% dos automóveis são repro-
vados, de acordo com Eduardo Rosin, diretor
executivo da Controlar, empresa respon-
sável pelas inspeções. A iniciativa pode em
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Emissões de CO por categoria de veículo
Emissões de CO2 por categoria de veículo
(em milhões de toneladas/ ano) (em milhões de toneladas/ ano)
Fonte: Inventário de Emissões Veiculares - MMA, 2011
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A emissão de gases poluentes como o CO (monóxido de carbono) tem sido controlada com inovações tecnológicas. Já a emissão de CO2 (dióxido de carbono), que apesar de ser um gás de efeito estufa não é considerado poluente por não ser prejudicial à saúde humana, aumenta com o crescimento da frota
Práticas Sustentáveis
33Horizonte Geográfico
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Rio de Janeiro 3,06
Curitiba 1,40São Paulo
Habitante por veículo
1,76Belo Horizonte 1,77
Brasília 2,06
Número de habitantes por veículo nas capitais brasileiras
FortalezaFontes: Denatran, 2010 e IBGE, 2010
Recife 3,103,43
Salvador 4,13
34 Horizonte Geográfico
Melhores Práticas
Do Brasil para o mundoETANOL
Tecnologia em evolução
Quem teve veículo a álcool entre as décadas de 70 e 90 se lembra da dificuldade em dar partida no motor em dias mais frios. Na época, um tanque para armazenamento de gasolina diminuiu o problema. O Polo E-Flex, lançado em 2009 pela Volkswagen, deu um passo adiante: é o único carro que dispensa a partida a frio. O sistema Flex Start identifica a temperatura ambiente, aquecendo o combustível.
Consumo de etanol se iguala ao de gasolina
* os números incluem o consumo de etanol anidro e hidratado** inclui apenas a gasolina A, sem o acréscimo de etanol anidro
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Consumo final dos principais combustíveis veiculares no país (em bilhões de litros)
Etanol* Gasolina** Óleo diesel
Fonte: ANP
“O combustível do futuro”: foi as-
sim que a Agência de Proteção
Ambiental americana (EPA)
chamou o etanol produzido no Brasil. Isso
porque, além de ser um recurso renovável,
a emissão de gás carbônico proveniente na
queima do etanol chega a ser 40% inferior
à da gasolina. E, ao crescer, a cana-
de-açúcar, matéria-prima
do etanol brasileiro, ab-
sorve grande parte do gás carbônico libe-
rado durante a produção do combustível.
O etanol começou a ser pesquisado no
Brasil em 1920 e, em 1975, a crise mundial do
petróleo levou à criação Programa Nacional
do Álcool (Proálcool). A iniciativa pretendia
ampliar a autossuficiência energética do
país e foi um sucesso até o fim da década
de 1980. Quando a queda nos preços do pe-
tróleo e liberação de importações de carros
desestimularam as vendas, era possível pre-
ver o fim da era do etanol, mas a crescente
demanda por combustíveis verdes fez o pro-
duto ressurgir como alternativa.
Em 2003, a entrada no mercado brasi-
leiro dos veículos flex-fuel, que podem ser
movidos por combinações entre gasolina e
etanol, reaqueceu o mercado e, hoje, 90%
dos automóveis fabricados no país possuem
essa tecnologia. O número significa, segun-
do a Única (União da Indústria da Cana-
-de-Açúcar), que mais de 120 milhões de
toneladas de gás carbônico deixaram de ser
lançados na atmosfera desde 2003, equiva-
lente ao serviço ambiental prestado por 800
milhões de árvores nativas retirando gás
carbônico da atmosfera durante 20 anos.
Mas o combustível não é uma unanimi-
dade. Os críticos salientam que sua produ-
ção exige grandes extensões de terra para as
plantações de cana-de-açúcar, o que pode
significar desmatamento ou, ainda, subs-
tituição de culturas alimentícias. Segundo
Alfred Szwarc, consultor de emissões e tec-
nologia da Única, o medo é infundado, já que
quase a totalidade da expansão da cultura
da cana na última década se deu em pasta-
gens degradadas. De qualquer forma, o go-
verno federal criou, no fim de 2009, o Zone-
amento Agroecológico da Cana-de-Açúcar,
que determina rigorosamente as áreas do
país em que o cultivo é permitido.
35Horizonte Geográfico
Embaixo do salGÁS NATURAL VEICULAR (GNV)
Item de série
O único automóvel do mercado brasileiro que sai de fábrica com a opção de funcionar com o GNV (Gás Natural Veicular) é o Siena Tetra Fuel, da Fiat Automóveis. O carro, lançado em 2006, funciona também com etanol, gasolina brasileira (que contém cerca de 20% de etanol) e gasolina pura. De acordo com Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat, o veículo não apresenta prejuízo na hora da manutenção. “Não há necessidade de que a manutenção seja feita mais vezes se comparado a outros veículos”, garante.
“F oi o governo anunciar a descober-
ta do pré-sal e o trabalho por aqui
aumentou consideravelmente”,
conta Lincon Luís, consultor de vendas da
Gás Point, uma das empresas autorizadas a
fazer a conversão dos combustíveis de car-
ros para Gás Natural Veicular (GNV). Além
do petróleo, a camada pré-sal, encontrada
em 2007 na região da costa brasileira que
vai do Espírito Santo até Santa Catarina, es-
conde esse outro combustível fóssil. Usado
como gerador de energia desde o início do
século 20, o gás começou a movimentar car-
ros já na década de 1930 nos EUA. No Brasil,
tornou-se bastante procurado por taxistas
e profissionais liberais que dirigem muitos
quilômetros diários. O motivo é financeiro: o
gás natural já chegou a ser 70% mais barato
que a gasolina.
O maior obstáculo ao uso do combus-
tível no Brasil é a dependência do gás im-
portado da Bolívia, que chega por meio do
gasoduto construído em 1999, e já foi inter-
rompido algumas vezes por instabilidades
políticas naquele país. A descoberta da nova
reserva do pré-sal, aliada aos recentes in-
vestimentos da Petrobras na construção de
infraestrutura de portos para a importação
do gás de outros países, pode ajudar a incre-
mentar o uso dessa tecnologia.
Entre os usuários, porém, ainda existem
alguns receios. “Os gastos com manutenção
do carro ficam tão altos depois da conversão
que a economia com combustível não vale a
pena”, afirma Manoel Monteiro Neto, taxista
há 14 anos. De acordo com ele, a vida útil de
itens como velas, bombas de combustível e
filtros de óleo chega a ser reduzida pela me-
tade. Já para Lincon Luís, da Gás Point, tudo
não passa de más lembranças de quem con-
viveu com a tecnologia ainda em seu início.
“Essas ocorrências eram fruto da mistura
do gás natural com a gasolina, mas os equi-
pamentos mais novos possuem injeção ele-
trônica para equilibrar essa mistura e não
apresentam mais esses problemas”, explica.
Mas convencer aqueles que já tiveram uma
experiência ruim pode não ser tão fácil.
35Horizonte Geográfico
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Melhores Práticas
36 Horizonte Geográfico
Transporte público sustentável
O Brasil é o maior produtor mundial de ônibus, com mais de 50 mil unidades fabricadas por ano. Se todos eles fossem movidos a hidrogênio, os benefícios ambientais seriam enormes. Os primeiros passos nesse sentido já foram dados em vários centros de pesquisa do país. Em São Paulo, um ônibus já circula com hidrogênio no Corredor Metropolitano ABD (São Mateus – Jabaquara) desde dezembro de 2010. O veículo ainda está em fase de testes e percorre apenas pequenos trechos, mas o projeto, coordenado pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU/SP), já representou um grande passo. Por enquanto, ainda não há postos de abastecimento com o combustível e o hidrogênio precisa ser enviado em cilindros pela Petrobras, mas o próximo passo da EMTU é inaugurar um posto em São Bernardo do Campo, onde o ônibus fica estacionado. O Rio de Janeiro também já tem seu ônibus a hidrogênio, desenvolvido pela COPPE-UFRJ, que começará a circular no segundo semestre de 2011.
Ônibus a
hidrogênio
já circula em
São Paulo
Um carro que, ao se movimentar, libe-
ra um único resíduo: água. Além dis-
so, é duas vezes mais eficiente do que
outros automóveis no aproveitamento do
combustível. Não é à toa que os protótipos
de veículos movidos a hidrogênio
elevam as expectativas em rela-
ção à possibilidade de, no futu-
ro, termos uma frota de carros
mais verdes. Funciona assim:
uma célula de combustível
utiliza eletricidade para com-
binar átomos de hidrogênio
e de oxigênio em um processo que
produz vapor d’água e corrente elétrica. O
primeiro é resíduo, o segundo movimenta o
HIDROGÊNIO
carro. “Seria o fim da poluição local nos cen-
tros urbanos”, afirma Paulo Palhaeam, pes-
quisador do Laboratório de Hidrogênio do
Instituto de Física da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp).
Como o hidrogênio não existe de forma
livre na natureza, precisa ser obtido a partir
de outras moléculas. Uma opção é aprovei-
tar os hidrocarbonetos do petróleo ou do gás
natural, mas o que sobra dessa operação é
gás carbônico, de efeito estufa. “Ainda as-
sim, os carros a hidrogênio levam vantagem
sobre os movidos a combustíveis fósseis,
pois, sendo mais eficientes, demandam me-
nos combustível”, explica Palhaeam.
Outra possibilidade é obter o hidrogênio
a partir da molécula de água; a desvanta-
gem desse método é que ele demanda muita
eletricidade. “Apesar de ser aparentemente
o mais interessante, esse método é hoje o
mais caro por causa do custo da eletricida-
de”, diz Paulo Emílio Valadão, chefe do Labo-
ratório de Hidrogênio do COPPE, instituição
ligada à Faculdade de Engenharia da Uni-
versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Valadão explica que existem muitas ou-
tras formas de conseguir o hidrogênio, como
a partir do lixo urbano, do esgoto ou dos rejei-
tos da agropecuária. “A grande vantagem é
a versatilidade. Qualquer país tem insumos
para produzir o combustível”, afirma. Atual-
mente, a tecnologia já existe e é viável. Mui-
tos países europeus estão utilizando ônibus
a hidrogênio e alguns carros já circulam nas
estradas dos EUA e do Japão. O Estado da Ca-
lifórnia, nos EUA, foi pioneiro nesse sentido
e conta com algumas dezenas de postos de
hidrogênio para abastecer os veículos das
frotas de teste que estão em circulação.
Gás sem resíduos
37Horizonte Geográfico
O carro na tomadaCARROS ELÉTRICOS
Um meio de transporte que não emi-
te gases poluentes. É com essa ideia
atrativa que os carros elétricos ga-
nham cada vez mais entusiastas ao redor do
mundo. Esses veículos, porém, ainda terão
de percorrer um longo caminho para che-
gar até os consumidores brasileiros. Um dos
passos mais importantes será investir em
infraestrutura. As baterias desenvolvidas
até agora chegam a demandar 12 horas para
sua recarga total e instalar tomadas para
abastecimento em locais públicos onde os
carros ficam estacionados por muito tempo
torna-se, assim, indispensável.
Outro desafio da indústria é desenvolver
uma bateria forte o suficiente para garantir
autonomia ao carro. Nesse sentido, os esfor-
ços têm se concentrado principalmente nas
baterias de lítio, a mesma usada nos celula-
res, que oferecem uma boa proporção entre
energia e peso – mas o seu alto custo ainda é
impeditivo para a produção em larga escala.
“O custo das baterias ainda representa cerca
de metade do valor final dos veículos”, afirma
Marcelo Rodrigues Soares, coordenador do
projeto de veículos elétricos da CPFL Energia.
Superadas essas dificuldades, outra
questão se coloca: a geração de eletricidade.
De acordo com Soares, se metade da frota
de veículos brasileiros fosse elétrica hoje e
estivesse recarregando ao mesmo tempo, a
rede elétrica brasileira não suportaria. “Mas
como a troca por carros elétricos deve ser
gradual, não haverá problemas, pois tere-
mos tempo hábil de adaptação dessa rede”,
diz. De acordo com estudo realizado pela
empresa, se 5% dos veículos forem elétricos
em 2020, o impacto será de 1% no consumo
de energia do Estado de São Paulo.
Correio elétrico
Os carros elétricos estão sendo utilizados para percorrer pequenas distâncias a baixa velocidade. Vem de Campinas (SP) um dos exemplos. Uma unidade do Aris, pequeno utilitário elétrico desenvolvido pela fabricante Edra em parceria com a CPFL Energia, vem sendo testado pelos Correios na cidade. De acordo com Marcelo Rodrigues Soares, coordenador do projeto, além do benefício na diminuição de emissão de gases poluentes, outra vantagem importante do Aris é que o custo por quilômetro rodado do modelo não ultrapassa 25% do gasto com veículos convencionais. O carteiro Carlos Alberto Genovez dirige e aprova o Aris: “Inclusive, costumo pedir um carro desses de presente nas entrevistas”, diz.
37Horizonte Geográfico
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38 Horizonte Geográfico
Melhores Práticas
38 Horizonte Geográfico
Nem lá, nem cá
Primeiros modelos
S400 BlueHybrid
foi o primeiro
híbrido a circular
no Brasil
Se o sonho dos automóveis elétricos ou
movidos a hidrogênio ainda parece
distante de se tornar realidade, os ve-
ículos híbridos suprem parte do desejo pelo
carro verde. A ideia é simples. Basta combi-
nar uma tecnologia nova e avançada, porém
com deficiências que ainda limitam seu uso,
com outra já consagrada, mesmo que não
tão ecologicamente correta. O mais comum
é a combinação entre motores movidos a
combustíveis fósseis (gasolina ou diesel) e
HÍBRIDOS
elétrico. Assim, o propulsor elétrico confe-
re mais força na aceleração e move o carro
quando a velocidade é baixa, evitando até
80% das emissões de poluentes. A queima
de combustíveis fósseis, por sua vez, garan-
te a autonomia que os carros elétricos ain-
da não alcançaram. Na maioria dos casos,
a mistura ajuda a resolver outro problema
que dificulta a comercialização de carros
elétricos: a recarga da bateria, que nos híbri-
dos pode ser feita pelo motor a combustão.
38 Horizonte Geográfico
O primeiro carro híbrido a circular pelas ruas brasileiras foi o S400 BlueHybrid, da Mercedes-Benz, em 2009. De acordo com Arthur Wong, analista de vendas da montadora, a tecnologia híbrida está sendo introduzida aos poucos nos veículos mais baratos de cada linha. “Fomos os primeiros a lançar carros com freios ABS, que hoje estão em quase todos os veículos do mercado. Na Mercedes, já é item de série. Tudo começa aos poucos, mas a expectativa é que, em breve, a maioria dos carros possua essa tecnologia híbrida”, diz.
39Horizonte Geográfico
OUTRAS SOLUCÕES
A busca por combustíveis menos po-
luentes está no topo das preocupa-
ções ambientais quando o assunto é
indústria automobilística. Apesar disso, al-
terações simples em outros aspectos dessa
indústria podem ajudar a reduzir os impac-
tos dos veículos. A substituição de peças de
alumínio e aço por plásticos e fibras natu-
rais, por exemplo, pode reduzir em até 50%
o peso dos veículos e, em consequência, di-
minuir em mais de 20% o consumo de com-
bustíveis. E alguns polímeros já estão sendo
desenvolvidos especialmente para esse fim,
mantendo, ou até superando, as caracterís-
ticas de resistência dos materiais originais.
Outras soluções podem chegar não apenas
das montadoras, mas também de empresas
que atuam no setor automotivo de outras
formas, como prestadores de serviços de re-
visão e manutenção.
Espaço Economia Verde, da DPaschoal, mostra aos
clientes as vantagens ambientais da correta utilização dos
componentes dos carros
Perder primeiro para ganhar depois
“A DPaschoal deixou de comercializar mais de 1 milhão de produtos desde a implantação do Economia Verde, porém o número de clientes aumentou consideravelmente”, explica William Bossolani, gerente de marketing da empresa. O projeto Economia Verde, implantando pela DPaschoal em 2007, baseia-se na premissa de que não se deve trocar nenhuma peça antes do tempo correto, o que pode aumentar a vida útil de partes dos veículos que são ambientalmente muito agressivas, como pneus e baterias, em até 25%. “A ordem é uma só: troca de qualquer item ou execução de qualquer serviço somente se for estritamente necessário. Do contrário,
o imperativo é não vender. O nosso vendedor se tornou um consultor”, explica Bossolani. Ao mesmo tempo, a empresa pretende reduzir o descarte de resíduos no meio ambiente. Parece simples, mas empresas de serviços automotivos podem pagar um alto preço por adotar essa postura. No caso da DPaschoal, o resultado a curto prazo foi o fechamento de 15 lojas de um total de 200. Depois de quatro anos, porém, a receita foi recuperada e os números são animadores. Só em pneus, foram 3.400 toneladas enviadas para a reciclagem. No caso do óleo, 221 mil litros foram destinados a um novo refinamento.
Além dos combustíveis
39Horizonte Geográfico 39Horizonte Geográfico
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